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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


O MESTIÇO DA PORTA AO LADO / Lora Leigh
O MESTIÇO DA PORTA AO LADO / Lora Leigh

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

O vizinho de Lyra não podia ser real. Um homem que olhava o pão assado em casa como se nunca o tivesse provado. Que destroçava sua grama com o potente cortador de grama. Um homem que fazia com que seus hormônios acordassem e gritassem cada vez que o via. Corta suas roseiras, e abre caminho através de suas reservas para invadir seus sonhos, a noite. Mas Tarek Jordan é muito mais do que parece. Um Policial das Castas, com um plano. Primeiro, encontrar o Domador do Conselho que rastreou até Fayetteville, Arkansas; e segundo, reclamar à mulher que sabe que pertence somente a ele. Até que o perigo que escurece sua vida começa a escurecer também a dela, e então Tarek sabe que não pode mais esperar para reclamar à mulher pela qual seu coração e sua alma clamam. Sua vizinha da porta ao lado terá que aceitá-lo como ele é, agora e em seus termos... não nos dela.

 

 

 

 

“Foram criados. Criados para dar sua vida ao Conselho de Genética, em qualquer momento que se considere apropriado. São animais. Nada mais. Não têm pai. Não têm uma cadela como mãe. Têm apenas a nós. E nós decidiremos se são suficientemente fortes para viver ou morrer.”

O sonho era desumano, sombrio, lembrando-o de quem e o que era ele, enquanto olhava ao cientista indicar o procedimento que o tinha criado.

A melhora genética de óvulos e espermas desconhecidos. A fertilização, o desenvolvimento antes sequer que fosse colocado dentro de uma matriz humana. E finalmente, a morte de cada um dos recipientes que tinham criado a cada Mestiço Felino.

Não se ocultou nada às imaturas criaturas. Sentavam-se no chão de suas celas e olhavam o vídeo diariamente. Viam-no a cada noite, em seus sonhos.

“Não é humano, não importa sua aparência. É um animal. Uma criação. Uma ferramenta. Uma ferramenta para nosso uso. Nunca imagine que algum dia será algo diferente...”

Tarek se remexeu dentro do pesadelo, anos de sangue e morte passavam por ele. Os golpes do chicote mordendo suas costas, seu peito. Horas de tortura porque não tinha matado o bastante selvagemente, ou porque tinha sido piedoso. A dor de saber que o sonho de liberdade poderia ser nada mais que uma fantasia, rapidamente condenada a morte.

Despertou com um sobressalto, o sangue pulsando em suas veias, o suor umedecendo sua carne enquanto voltavam os horrores dos quais lutara tanto para distanciar-se. Respirando ofegante, levantou-se da cama, e colocou um shorts antes de abandonar o quarto.

Inalou profundamente, seu cérebro processando automaticamente os aromas da casa, examinando-os cuidadosamente, procurando anomalias. Não havia nenhuma. Seu território não estava corrompido, tão seguro agora como quando fora dormir.

Esfregou a mão sobre a dor em seu peito, com a lembrança quase sempre presente daquela última surra, e do chicote carregado com uma corrente de eletricidade que enviava ondas de agonia que corriam por seu corpo.

“Você foi criado, não parido”.

Essas palavras ressonavam em sua mente enquanto abria a porta traseira e saía ao alpendre. Criado para matar. Não é humano...

Olhou fixamente para o vazio triste das últimas horas da noite de Arkansas, enquanto permitia que as lembranças fluíssem. Combatê-las só as fazia piores, só tornava piores os pesadelos.

“Nunca conhecerá o amor. Os animais não amam; portanto, antes que imagine que tem uma vantagem que te espera, esqueça!”

Os treinadores tinham sido rápidos em destruir qualquer caco de esperança antes que este pudesse tomar forma, ou insinuar um final a seus torturados sofrimentos. O treinamento psicológico tinha sido brutal.

“Você não é nada. É uma besta quadrúpede que anda sobre duas patas. Nunca se esqueça disso! Sua habilidade de falar não significa que tenha permissão para fazê-lo”.

Olhou fixamente a noite estrelada.

“Deus não existe para voces. Deus cria Seus filhos, não adota animais”.

A destruição final. Um silencioso grunhido curvou seus lábios, enquanto lançava um olhar de ódio ao céu brilhante que nunca havia suposto que veria.

— Quem nos adota então? — Grunhiu ao Deus que tinham lhe ensinado que não tinha tempo para ele, ou para sua raça. — Quem?

 

Não havia nenhuma lei que dissesse que não era permitido a um homem parecer tão condenadamente bem? Especialmente os corpos grandes e duros que insistiam em destroçar uma grama absolutamente boa, no momento equivocado do ano.

Lyra Mason estava segura de que tinha que existir essa lei. Especialmente quando o referido macho, Tarek Jordan, cometia o imperdoável pecado de podar suas premiadas rosas irlandesas.

— Você enlouqueceu?!

Saiu correndo pela porta principal, gritando a plenos pulmões, para apartá-lo da formosa sebe, que finalmente tinha conseguido alcançar uma altura razoável.

Quer dizer, isso antes que ele a atacasse com o podador, que empunhava como uma espada.

— Pare! Caralho! Essas são minhas rosas! — Choramingou ela enquanto corria através da grama, patinava ao redor de seu carro, e quase escorregava e quebrava o pescoço na exuberante grama que estava diante dele.

Ao menos ele se deteve.

Ele baixou o podador, deslizou seus óculos escuros pelo seu arrogante nariz, e ficou olhando como se ela fosse a que estava cometendo algum ato atroz.

— Desligue isso! — Gritou ela, fazendo um movimento de cortar a garganta. — Agora. Desligue-o!

A irritação e a excitação ferviam em seu sangue, esquentavam sua face e a deixaram tremendo diante dele. Ele podia ser mais alto que ela, mas ela manipulara homens grandes e fortes durante toda sua vida. Ele seria uma brincadeira de crianças comparado com seus irmãos.

Bem, talvez.

Ele desligou o motor, elevou uma sobrancelha e mostrou todo aquele músculo glorioso e nu de seu peito e seus ombros. Como se pensasse que aquilo fosse salvá-lo. Ela não acreditava.

O homem tinha vivido na porta ao lado durante quase seis meses, e não tinha falhado em enfurecê-la totalmente ao menos uma vez por semana. E ela nem pensava admitir o quanto desfrutava tirar sarro do bobo cada vez que podia.

— Essas são minhas rosas! — Ela teve vontade de gritar, precipitando-se sobre os ramos rotos e assolados da sebe de um metro e vinte. — Tem idéia de quanto gastei para conseguir que crescesse? Perdeu a cabeça? Por que está atacando minhas rosas?

Ele elevou uma mão do eixo de aço do podador, e coçou o queixo pensativamente.

— Rosas, é?

Oh Deus, sua voz tinha aquele pequeno tom sensual. Profundo. O tipo de voz que uma mulher desejava ouvir na escuridão da noite. A voz que a tentava em sonhos tão malditamente sexuais, que avermelhava só de pensar neles.

Maldito fosse.

Ele inclinou a cabeça de lado, olhando suas rosas durante compridos minutos por detrás dos cristais de seus óculos escuros.

— Não posso acreditar que fez isso. — Disparou-lhe um olhar de desgosto, enquanto se encurvava diante do arbusto de concurso e começava a inspecionar o dano. — Viveu aqui durante seis meses, Tarek. Certamente deve ter te ocorrido que se eu quisesse podá-las, eu mesma o teria feito.

Alguns homens necessitavam de uma coleira. Obviamente, este era um deles. Mas era divertido — inclusive se ele não fosse consciente disso. Não lhe faria nenhum bem saber a freqüencia com que ela se desviava de seu caminho para topar-se com ele.

— Sinto muito, Lyra. Pensei que talvez o trabalho era muito para você. Parecia-me um desastre.

Ela o olhou com uma surpresa emocionada enquanto dizia tais blasfemas. Só um homem consideraria as rosas um desastre. Era uma coisa muito boa que gostasse desse olhar de macho indefeso que lhe dirigia, cada vez que colocava a pata onde não devia.

Só podia menear a cabeça. Quanto tempo teria que viver este homem a seu lado, antes que aprendesse a deixar em paz seu lado do jardim? Precisava de um guardião. Considerou em oferecer-se como voluntária para o cargo.

— Teria que ter permissão para usar um desses. Aposto que reprovaria no exame, se o fizesse.

Um sorriso curvou seus lábios masculinos. Ela adorava esse pequeno sorriso torcido, quase tímido, com um pequeno traço de maldade. Deixava-a molhada. Mas tampouco gostava disso.

Os olhos femininos se entrecerraram, ignorando o frio do ar de começo de inverno, e seus lábios se apertaram com verdadeira irritação desta vez.

Obviamente, ele estava ignorando o frio. Nem sequer vestia uma camisa. A temperatura estava em torno de 4º, e ele estava usando um podador como se fora junho, e os hierbajos estivessem fazendo campanha para tomar o poder. Isso, ou simplesmente não gostava de suas rosas.

— Olhe, só leve sua pequena ferramenta elétrica para o seu lado da propriedade. Ali não há vizinhos. Nem rosas para destroçar. — Fez um movimento com a mão para tocá-lo dali. — Vamos. Está expulso deste lado do jardim. Não te quero aqui.

Um cenho franzido se desenhou entre suas sobrancelhas marrom douradas, enquanto se baixavam e suas pálpebras se entrecerravam. Que fazia com que os homens pensassem que esse olhar funcionava com ela? Quase riu ante o pensamento.

Bem, ele era perigoso. Estava se zangando. Era maior e mais forte que ela. A quem importava?

— Não me olhe desse jeito. — Disse ela com desgosto. — Já deveria saber que não funciona comigo. Só me zanga mais. Agora vá.

Ele olhou ao redor, medindo aparentemente alguma linha invisível entre onde estavam, e sua própria casa a vários metros de distância.

— Acredito que estou em minha propriedade. — Informou ele friamente.

—Ah, sim? — Ela se fixou cuidadosamente sobre os pés, olhando sobre a borda de sua roseira penosamente talhada, aonde os pés dele estavam plantados. Menino, deveria ter sabido que não devia que ter feito isso. — Vá e leia sua escritura, Einstein. Eu li a minha. Minhas rosas estão plantadas exatamente a um metro e oitenta da linha da propriedade. De carvalho a carvalho. — Ela assinalou ao carvalho na rua, e depois ao que estava no bosque mais à frente. — Carvalho a carvalho. Meus irmãos desenharam uma linha e a marcaram muito cuidadosamente para uma pobre tola como eu. — Burlou-se ela docemente. — Isso te deixa em minha propriedade. Volte para seu próprio lado.

Ela teria rido se não fosse tão importante manter a aparência de ira. Se ia sobreviver ao lado de um anúncio andante e falante de sexo, então teria que estabelecer alguns limites.

Ele elevou o quadril e cruzou os braços sobre o peito, o pesado podador pendurado no arnês que cruzava suas costas. Uevava botas. Botas de couro, marcadas e muito usadas. Ela notou isso instantaneamente, assim como notou as largas e poderosas pernas sobre elas. E um vulto... Não, não olharia ali.

— Seu lado da propriedade é tão desastroso como seu arbusto. — Grunhiu ele. — Quando poda as plantas?

— Quando é o momento. — Espetou ela, erguendo-se em todo seu 1,60m de estatura. — E o meio do inverno não é o momento, quando nem sequer está crescendo.

De acordo, ela chegava apenas à altura de seu peito. E daí?

— Eu tiraria tempo para isso, se fosse você. — Usou aquele tom de superioridade masculina que nunca falhava em irritar-lhe os nervos. — Tenho um bom cortador motorizado. Poderia cortar para você.

Os olhos dela se dilataram pelo horror. Ele a estava olhando agora com um sorriso torcido e um olhar esperançoso em sua cara. Ela olhou de soslaio sobre seu ombro, contemplou suas plantas e logo estremeceu de consternação.

— Não. — Ela negou com a cabeça fervorosamente. Aquilo poderia sair do controle. — Não, obrigado. Já deu talhos nas suas o suficiente. Deixa as minhas em paz.

— Peço desculpas. — Ele jogou seus ombros para trás, e se ergueu com uma postura de orgulho masculino ferido enquanto apoiava as mãos nos quadris.

Ele o fazia tão bem. Cada vez que danificava algo, lançava essa tolice de arrogância sobre ela. Deveria saber que não ia funcionar.

— E bem que deveria. — Replicou ela, apoiando as mãos nos quadris enquanto fulminava-o com o olhar. — Cortaste a talhos sua grama. Pior ainda, cortou a talhos no inverno. Não há simetria no corte. Terá sorte se tiver grama no verão. Matou tudo.

Ele se voltou e olhou fixamente para a grama. Quando se voltou de novo para ela, uma arrogância descarada marcava seus traços.

— A grama está perfeita.

Ele tinha que estar brincando.

— Olhe. — Respirou ela bruscamente. — Limite-se a destroçar sua própria propriedade, está bem? Deixa a minha em paz. Lembre-se da linha, de carvalho a carvalho, e fique do seu lado dela.

Ele apoiou de novo as mãos nos quadris. O movimento atraiu os olhos dela à perfeição empapada em suor desse dourado peito masculino.

Deveria ser ilegal.

— Não está sendo uma boa vizinha. — Anunciou ele friamente, quase arruinando seu autocontrole ao levar um sorriso de pura diversão aos lábios femininos. — Quando comprei esta casa, me disseram que todo mundo nesta vizinhança era amistoso, mas você foi sistematicamente grosseira. Acredito que mentiram para mim.

Ele pareceu impressionado. Estava realmente zombando dela, e ela não estava gostando. Bom, talvez um pouquinho, mas não ia deixar que ele soubesse.

Negou-se a permitir que seus lábios se curvassem à vista da risada em seu olhar. Ele sorria muito raramente, mas às vezes, de vez em quando, ela podia fazer que seus olhos sorriam.

— Esse agente imobiliário teria dito que o sol nasce a oeste e que a lua era feita de queijo, se isso lhe assegurasse uma venda. — Ela sorriu ironicamente. — Ele me vendeu esta casa primeiro, portanto sabia que eu não era agradável. Suponho que se esqueceu de te informar desse fato.

De fato, ela tinha se dado bastante bem com o agente imobiliário. Era um senhor muito agradável, que lhe tinha assegurado que os lares desta vizinhança só seriam vendidos a um tipo específico de pessoa. Evidentemente, tinha mentido a ela também, porque o homem que estava parado diante dela não era respeitável, nem era um homem de família. Era um deus do sexo, e ela estava a um segundo de prostrar-se em adoração a seus pés masculinos e fortes. Oh, ela era tão débil.

Era um assassino de rosas, recordou-se ela firmemente, e ia chutar seu traseiro se atacasse mais uma vez suas preciosas roseiras. Melhor ainda, chamaria seus irmãos e choraria. Então eles chutariam seu traseiro.

Não, não o fariam, corrigiu-se rapidamente. Eles o matariam. Isso não era absolutamente o que ela queria.

— Provavelmente, deveria discutir isto com ele. — Ele deslizou os óculos pelo nariz uma vez mais, contemplando-a sobre a borda. — Ao menos, ele tinha razão sobre a vista.

Seu olhar correu desde suas canelas até a cabeça, enquanto seus olhos marrom dourado cintilavam pela risada — à suas custas, certamente. Como se ela não soubesse que era muito caseira. Muito normal. Não era do tipo sereia atraente, e não tinha desejos de sê-lo. Isso não queria dizer que ele tivesse que rir dela.

Era perfeitamente aceitável que ela brincasse com ele. Que ele invertesse a brincadeira não a divertia em nada.

— Isso não foi divertido. — Informou ela friamente, desejando agora poder esconder-se atrás de alguma coisa.

Os jeans velhos e rasgados caíam sobre os quadris, não por causa da moda mas sim porque eram um pouco soltos. A camiseta que usava ficava um pouco melhor, mas era muito cômoda. Mas estava limpando a casa, não fazendo uma entrevista para uma revista de moda.

— Não estava tentando ser divertido. — Seu sorriso era perverso, sensual. — Estava sendo honesto.

Estava tratando livrar-se de problemas. Ela conhecia bem esse olhar. Não era a primeira vez que o usava com ela.

— Tenho três irmãos mais velhos. — Disse ela friamente. — Conheço todos os truques, senhor...

— Jordan. Tarek Jordan — Recordou-lhe ele brandamente.

Como se ela não soubesse seu nome. Soubera seu nome desde o primeiro dia em que se mudara para aquela casa, fazendo soar a buzina da Harley em que tinha cruzado a grama do jardim.

Maldição, essa Harley era ótima, mas ele era muito melhor melhor sentado nela.

— Senhor, — repetiu ela — não está me enganando, não se engane. Agora, mantenha suas malditas máquinas afastadas de minha propriedade e de mim, ou poderia ter que mostrar como se usam, e danificar todo esse orgulho masculino que parece que tem tanto. — Ela o tocou outra vez. — Vamos. À sua propriedade, agora. E deixa minhas rosas em paz.

Seus olhos se entrecerraram para ela de novo. Desta vez, sua expressão também mudou. Tornou-se... predadora. Não perigosa. Não ameaçador. Mas tampouco era uma expressão cômoda. Era uma expressão que lhe assegurava que uma abundância de testosterona masculina estava preparando-se para sair. E ele representava a testosterona masculina realmente bem. Estava irritável, resmungão e de mau gênio enquanto a fulminava com o olhar, sua voz tornando-se perigosamente áspera enquanto grunhia.

Ela negou-se a voltar atrás.

—Tampouco me olhe assim. Já disse isso. Tenho três irmãos. Não me intimida.

A sobrancelha dele se arqueou. Lentamente.

— Foi muito agradável te ver hoje, Lyra. — Saudou ele, finalmente. — Talvez, na próxima vez não esteja de tão mau humor.

— Sim. Estaria bem se não estivesse acabando com o aspecto da vizinhança. — Disse ela, enquanto se girava e se afastava dele. — Caramba, só eu mesma poderia terminar com um vizinho sem absolutamente nenhum gosto para a jardinagem. Como demônios arrumarei isso?

Ela se afastou pisando forte, segura agora de que nunca deveria ter deixado que seu pai lhe falasse desta casa em particular.

— Está perto da família. — Zombou ela, girando os olhos. — O preço é perfeito. — Imitou a seu irmão mais velho. — Sim. Certo. E os vizinhos são uma porcaria...

Tarek a olhou indo embora, ouvindo sua fina voz zombadora todo o caminho até o alpendre, enquanto pisava em forte sobre a grama. Finalmente, a porta dianteira se fechou com um ponto de violência que teria feito com que qualquer outro homem estremecesse. As Castas não estremeciam.

Ele deu uma olhada ao podador que pendurava em seus ombros e aspirou profundamente, antes de voltar-se para observar a grama.

O corte da grama era bom, assegurou a si mesmo, tentando não estremecer. Está bem, podia não estar tão genial, mas tinha se divertido cortando-a. Demônios, inclusive se divertira usando o podador. Ao menos, até que a senhorita Não-Ataque-Minhas-Rosas tinha saído como uma louca de sua casa.

Como se ele não soubesse bem que toda essa fúria feminina era mais fingida que verdadeira cólera. Podia cheirar seu ardor, sua excitação e seu entusiasmo. Não o escondia tanto como pensava.

Ele riu entre dentes, e voltou o olhar para a casa de dois níveis de tijolo e vidro. Combinava com ela. Agradável e régia no exterior, mas com profundidade. Podia vê-lo em seus grandes olhos azuis, na brandura de seus lábios que faziam piadas.

Entretanto, era um gato montês. Bom, ao menos tão acesa como um gato montês. Clareou garganta e arranhou o peito pensativamente, logo elevou o podador sobre os ombros e se dirigiu ao pequeno abrigo de metal que estava detrás de sua própria casa.

Preferia sua casa, disse a si mesmo. Os dois pisos de áspera madeira com o alpendre que os rodeava eram... cômodos. Era espaçosa e natural, com ambientes abertos e um sentido de liberdade. Havia algo nesta casa que o acalmava, que aliviava os pesadelos que o assediavam freqüentemente.

Não estivera procurando um lar quando cedeu à sugestão do agente imobiliário para visitar a casa. Estivera procurando algo para alugar, nada mais. Mas quando pararam no meio-fio, com o aroma fresco da chuva do verão ainda flutuando no ar, misturado com o aroma do pão recém assado que flutuava da casa vizinha, soubera, nesse momento, que esta era dele.

Esticou-se para abrir a porta do abrigo, parando-se antes de entrar nos limites sufocantes do pequeno edifício para armazenar o podador. Teria que substituir o abrigo por um maior. Cada vez que entrava na escuridão, sentia-se como se estivesse se fechando sobre ele, apanhando-o. Enjaulando-o.

Entretanto, havia algo diferente. Fez uma pausa enquanto saía, olhando seu interior enquanto o considerava pensativamente.

Não tinha cheirado o mofo habitual do edifício. Por uma vez, o aroma de terra molhada não lhe embrulhara estômago com as lembranças. Era porque seus sentidos estavam ainda cheios com o aroma suave do café, o pão recém assado e uma fêmea cálida e doce.

Lyra Mason.

Voltou-se e ficou olhando a casa dela, esfregando o peito, sentindo as quase imperceptíveis cicatrize que cruzavam sua carne.

Café e pão recém assado.

Nunca tinha comido pão recém assado. Só o tinha cheirado saindo de sua casa nos passados meses. Tinha levado muito tempo para descobrir o que era o aroma. E o café era, infelizmente, sua debilidade. E ela tinha ambos.

Perguntou-se se ela poderia fazer melhor café que ele.

Demônios, certamente que poderia, grunhiu ele enquanto se girava, afastando-se e dando grandes pernadas para sua porta traseira. Empurrou-a para abri-la e entrou na casa, detendo-se para as botas antes de caminhar sobre os lisos azulejos de cor nata.

Moveu-se para a cafeteira com toda a intenção de preparar um café antes de deter-se e fazer uma careta. Ainda podia cheirar o aroma do café de Lyra.

Seu lábio se elevou e um grunhido retumbou em sua garganta. Queria o café dela. Cheirava muito melhor que o seu. E queria um pouco desse pão recém assado.

E não era provável que ela lhe desse algo. Tinha talhado seu precioso arbusto; ela certamente teria que castigá-lo. Essa era a forma que funcionava o mundo. Tinha aprendido isso nos laboratórios a uma idade muito tenra.

Bom, isso ele já sabia. As cicatrizes que marcavam seu peito e suas costas eram prova de que era uma lição que nunca tinha aprendido realmente.

Apoiou as mãos nos quadris e fulminou com o olhar a casa de Lyra. Pertencia à Casta dos Leões. Um macho completamente crescido, treinado para matar de cem modos diferentes. Sua especialidade era o rifle. Podia abater um homem a oitocentos metros com alguma das armas que tinha escondido em seu dormitório.

Tinha se sobressaído em seu treinamento, aprendido tudo o que os laboratórios tinham a lhe ensinar, logo lutou diariamente para escapar. Sua oportunidade tinha chegado, finalmente, com o ataque que se organizou ao laboratório das Castas sete anos antes.

Depois disso, estava tentando aprender como viver em um mundo que ainda não confiava totalmente no DNA animal que era uma parte dele.

Não que alguém na pequena cidade de Fayetteville, Arkansas, soubesse quem ou o que era ele. Somente aqueles que estavam no Santuário, o principal recinto das Castas, sabiam a verdade sobre ele. Eram sua família e seus patrões.

Descruzou os braços do peito e fincou as mãos nos quadris.

Não podia tirar- da cabeça o aroma desse café ou esse pão. Essa mulher o deixaria louco —era muito sensual, muito terrestre. Mas o aroma desse café... Suspirou ante o pensamento.

Ele moveu a cabeça, ignorando a sensação de seu cabelo muito comprido contra os ombros. Era hora de cortá-los, mas que o condenassem se podia encontrar o momento. O trabalho que o enviara até ali ocupava quase todos seus momentos de vigília. Exceto pelo tempo que tomou para cortar a grama.

E pelo tempo que ia tomar agora para ver se podia reparar o crime de cortar esse arbusto tolo e conseguir uma xícara do café de Lyra.

 

O pão se alinhava no balcão da bela e perfeita cozinha de Lyra. Pão branco fresco, pão de nozes e plátano, e os rolinhos de canela favoritos de seu pai. Uma xícara de café recém feito estava ao lado de seu cotovelo, e um livro de receitas jazia aberto na mesa diante dela, enquanto tentava encontrar as instruções para o etouffe que queria fazer.

O livro de cozinha não tinha mais que uma centenas de páginas, algumas escritas à mão, outras a máquina, e ainda outras impressas por computador, unidas sem ordem ao longo dos anos. Sua mãe o tinha começado, e agora Lyra acrescentava suas próprias receitas, usando também as que já estavam.

As melodias suaves de uma nova banda country estavam soando no aparelho de som da sala de estar, e seu pé se balançava com um ritmo alegre, seguindo a música.

— Realmente, você gosta dessa música?

Um chiado sobressaltado de medo escapou de sua garganta quando saltou da cadeira, enquanto quase lançava a xícara de café através do cozinha.

E ali estava ele. Seu nemesis. O homem que, com certeza, fora enviado até ali só para atormentá-la e torturá-la. Não havia outra resposta.

— O que fez agora? — Ela se voltou e levantou bruscamente a cadeira de onde estivera descansando contra a parede, colocando-a bruscamente em seu lugar antes de girar e apoiar as mãos nos quadris.

Ele estava aqui. E não parecia muito confortável para satisfazê-la. Devia ter quebrado algo outra vez.

Ele ficou de pé na soleira da porta, recém tomado banho e com um aspecto muito masculino para a paz mental de qualquer mulher. Se tivesse uma aparência convencional, ela poderia havê-lo ignorado. Mas não o era. Sua face estava grosseiramente esculpida, com ângulos agudos, maçãs do rosto altos e lábios sensuais e comestíveis.

Um homem não deveria ter lábios comestíveis. Era muito perigoso para aquelas mulheres que não tinham a mínima esperança de conseguir prová-los.

— Não fiz nada. — Passou a mão pela parte de atrás do pescoço, girando-se para olhar para fora como se estivesse confus, o antes de voltar o olhar para ela. — Vim para pedir perdão.

Não parecia compungido. Parecia como se estivesse querendo algo.

Esfregou o pescoço de novo, sua mão se movia sob o cabelo marrom claro e muito comprido, com um corte que definia e enfatizava os ásperos ângulos e planos de seu rosto.

Certamente queria algo. Todos os homens queriam. E duvidava muito que tivesse algo a ver com seu corpo. O que realmente era muito ruim. Podia pensar em um montão de coisas para as quais seria bom esse forte e masculino corpo dele.

Infelizmente, os homens como ele — fortes, sombrios e maus — geralmente nunca olhavam em sua direção.

— Pedir perdão? — Ela viu o olhar meio escondido e ansioso que dirigiu ao balcão, onde o pão descansava.

— Sim. Pedir perdão. —Ele assentiu muito ligeiramente, e sua expressão era mais calculista do que gostaria naquele momento.

Ela apertou os lábios, completamente consciente de que não estava ali para pedir perdão. Ele estava perdendo o tempo dela, tanto como o seu, mentindo para ela.

Queria seu pão. Podia vê-lo em seus olhos.

— Bem. — Ela encolheu os ombros desdenhosamente. Que mais podia fazer? — Fique longe do meu jardim e te perdoarei. Agora pode ir.

Ele se moveu e atraiu a atenção a seu peito e à branca camisa que usava. Tomara banho e trocara de roupas. Vestia jeans ajustados a seu corpo com a camisa branca passada com esmero. Um cinto de couro rodeava seus magros quadris, e as sempre pressente botas estavam em seus pés, embora estas se viam um pouco melhor que o par anterior.

Seu olhar se desviou ao pão uma vez mais.

E o brilho faminto e desesperado em seus olhos era quase sua perdição. Só quase. Não ia deixar-se enrolar, assegurou a si mesma.

Olhou-o fixa e friamente, enquanto sua mão se apertava no respaldo da cadeira. Não ia comer o seu pão. Esse pão era ouro no que concernia a seu pai e seus irmãos, e necessitava desesperadamente ods pontos que este lhe daria. Era a única forma de conseguir que construíssem um bonito abrigo de madeira, e ela sabia disso.

Ele olhou de novo para ela, sem incomodar-se em ocultar desta vez o frio cálculo de seu olhar.

— Podemos fazer um trato, você e eu. — Sugeriu ele firmemente, com sua voz firme, quase com um tom de negociação.

Ahã. Apostava que sim.

— Realmente? — Separou-se da cadeira e apoiou-se sobre o mostrador, observando-o com um olhar cético. — Que tipo de trato?

Oh menino, mal podia esperar para ouvir isto. Tinha que ser bom. Conhecia os homens, e sabia que obviamente estivera preparando o discurso cuidadosamente.

Mas estava intrigada. Poucos homens se incomodavam em ser francos, ou mesmo parcialmente honestos quando queriam algo. Ao menos, não estava usando seu encanto e fingindo estar vencido por sua atração por ela para conseguir o que queria.

— Como deseja. — Declarou ele firmemente. — Diga-me o que teria que fazer para conseguir um pedaço desse pão e uma xícara de café.

Devolveu-lhe o olhar, desconfiada. Não estava acostumada a tais táticas francas e totalmente mercenárias de alguém. Muito menos de um homem.

Olhou-o pensativamente.

Ele queria o pão; ela queria o abrigo. OK, possivelmente poderiam fazer negócio. Não era o que ela tinha esperado, mas estava disposta a conformar-se com a oportunidade que se apresentava.

— Pode usar um martelo melhor que um podador?

Ela necessitava desse abrigo.

Seus lábios se comprimiram. Olhou ao pão de novo, com uma débil expressão de pena.

— Poderia mentir e dizer que sim. — Inclinou a cabeça e lhe ofereceu um sorriso vacilante. — Estou muito tentado a fazê-lo.

Genial. Tampouco podia usar um martelo.

Ela voltou o olhar à condição muscular de seu corpo sutilmente tonificado. Um homem não se via assim como resultado de uma academia. Era graça e músculo natural, não a aparência pesada e maciça que os homens conseguem na academia. Mas se não podia cortar sua própria grama ou usar um martelo, como demônios tinha conseguido aqueles músculos?

Ela sacudiu a cabeça. Obviamente gostava realmente, mas realmente, da natureza. Tarek Jordan não era uma pessoa de estar ao ar livre.

— Deixe-me adivinhar. É realmente bom com o computador? — Ela suspirou ante o pensamento. Por que atraía aos técnicos em vez dos verdadeiros homens?

— Bem, realmente o sou. — Ofereceu-lhe um sorriso esperançoso. — O seu precisa de cuidados?

Ao menos era honesto — em algumas coisas. Supunha que merecia alguma compensação, embora admitisse totalmente que ela algumas vezes era muito boazinha.

— Olhe, promete manter suas máquinas longe de minha propriedade, e te darei café e uma fatia de pão —ofereceu ela.

— Só uma fatia? — Sua expressão se nublou, quase como um menino do qual tivessem arrancado das mãos seu presente especial.

Homens.

Ela olhou sobre o balcão. Demônios, de qualquer forma tinha assado muitos.

— Bem. Um inteiro.

— De cada tipo? — A esperança apareceu em seus olhos dourados, e por um momento a fez perguntar-se... Não, certamente que ele já tinha comido pão recém assado. Não o tinham feito todos? Mas ali havia uma curiosa luz, tênue, de vulnerabilidade. Uma que não tinha esperado.

Ela olhou ao balcão de novo. Tinha quatro pedaços de cada tipo e muitos rolinhos de canela. Não era como se não tivesse o suficiente.

— Vamos, entre. — Ela se voltou para conseguir uma xícara de café, quando parou e ficou olhando-o, surpresa.

Estava tirando as botas? Fazia-o de maneira natural, apoiando-se na porta até que o couro se deslizou de seus pés, e logo recolhendo-as para as colocar com esmero ao lado da porta.

Suas meias três-quartos eram brancas. Um branco puro e bonito, contra a cor escura de seus azulejos de cerâmica enquanto andava para a mesa.

Ele esperou, ansioso.

Que demônios era ele? Um extraterrestre? Nenhum homem que conhecesse tinha meias três-quartos brancas. E com certeza, não tomavam o cuidado em tirar os sapatos na porta, sem importar quão imundos ou lamacentos estivessem. Seus irmãos eram os piores.

Serviu o café e o colocou diante dele, antes de voltar-se para pegar o açúcar e o leite em pó do balcão. Quando se voltou de novo, franziu o cenho ao vê-lo tomar um comprido gole do escuro líquido.

O êxtase transformou seu rosto.

A expressão em sua face fez com que suas coxas se apertassem, enquanto que seu sexo se contraía com interesse. O que só a deixou zangada. Não ia excitar-se mais por este homem do que já estava. Estava vivendo perfeitamente bem sem um homem em sua vida. Não, repito, não necessitava dessa complicação.

Mas era que o homem parecia quando fazia sexo, então sua virgindade podia estar em um sério perigo. Estranhamente predador, selvagem, cheio de satisfação, seu rosto tinha um olhar intenso e primário de satisfação e fome crescente.

Por um momento, seu peito se contraiu com uma desilusão surpreendente. Queria que olhasse assim para ela, não para seu pão.

Mas essa era sua sorte. Alguém que perceguia mais por seu pão que por seu corpo. Não que quisesse que a acossassem por seu corpo, mas seria agradável se alguém o fizesse.

Tirou uma faca de pão e fatiou primeiro o pão de nozes e plátano, e depois o pão branco. O pão branco ainda estava quente o suficiente para derreter a fresca e cremosa manteiga que passou por cima.

Bom. Talvez poderia suborná-lo para que contratasse alguém para cortar a grama, e assim o deixaria em paz. Coisas piores já haviam acontecido.

 

O café era rico, escuro e delicioso. O pão quase se derretia na boca. Mas não era isso que mantinha seu pênis dolorosamente ereto, enquanto saboreava o café.

Essa excitação o estava matando. Não era intensa e esmagante, e sim curiosa e cálida. Quase tímida. Saboreou seu aroma mais do que saboreava o pão e o café, nos quais tentava manter-se centrado.

— E o que faz no computador? — Estava limpando fôrmas de pão que tinha usado para assá-los, lavando-os e secando-os cuidadosamente na pia.

Ele deu uma olhada à linha magra de suas costas, as curvas de seu traseiro, e moveu-se agitadamente em sua cadeira. Sua ereção estava matando-o.

Não quisera dar-lhe a impressão de que trabalhava principalmente com computadores, mas supunha que era melhor que dizer-lhe a verdade.

— Sobretudo, com investigações. — Ele encolheu os ombros, contando-lhe tanta verdade como era possível. Odiava o pensamento de mentir para ela. O que era estranho. Estava vivendo uma mentira, e sabia disso. Tinha sido assim desde sua criação. Portanto, por que devia incomodar-se com isso agora?

— Criminal ou financeira? — Recolheu a cafeteira e caminhou para a mesa, enchendo sua xícara com o restante do líquido quente.

Ele franziu o cenho ante a pergunta, enquanto olhava a forma em que a seda suave como a meia-noite de seu cabelo caía para frente, tentando seus dedos. Parecia suave e quente. Como tudo o que tinha acreditado que deveria ser uma mulher.

Ela não era dura, treinada para matar, ou revivendo seus próprios pesadelos, como muitas das mulheres das Castas Felinas. Era batalhadora e independente, mas também suave e deliciosa.

— Mais na linha das pessoas desaparecidas. — Respondeu ele, finalmente. — Entretanto, um pouquinho de tudo.

Quase se afogou com isso. Era, de maneira simples, um caçador de recompensas e um assassino. Sua missão atual era a busca de um dos Domadores que tinha escapado, e que tinha assassinado incontáveis membros das Castas Felinas enquanto os mantinham em cativeiro.

Entretanto, a missão estava começando a ocupar o segundo lugar, em relaçao à mulher que estava diante dele.

Esse maldito café era bom, mas se ela não levasse o aroma desse calor suave e acalorado que fervia a fogo lento em seu sexo para o outro lado da casa, e para longe dele, teriam sérios problemas.

Podia sentir a crescente necessidade sexual espremendo seu abdômen e palpitando em seu cérebro. Queria sacudir a cabeça, afastar aquele aroma dele, e recuperar o bom senso. Nunca tinha conhecido uma reação tão intensa, tão imediata, a nenhuma mulher.

Do primeiro olhar à sua expressão ultrajada quando cometeu o pecado supremo de montar seu Harley sobre sua grama, ela o havia cativado. Não estava assustada ou intimidada por ele. Não o olhava como um pedaço carne ou um animal que podia atacá-la a qualquer momento. Olhava-o com frustração, inocência e fome em partes iguais.

E se ele não fosse rapidamente para longe dela, ia cometer outro pecado. Ia mostrar-lhe quão desesperadamente queria aquele pequeno corpo curvilíneo dela.

— Suponho que eu deva ir. — Ficou em pé rapidamente, terminando o café, antes de levar a xícara e seu prato vazio à pia onde ela estava trabalhando.

Ela elevou o olhar para ele com assombro, enquanto os limpava rapidamente antes de depositá-los na água quente e saponácea diante dela.

Ele baixou o olhar para ela, apanhado por um momento nas profundidades de seus incríveis olhos safira. Brilhavam. Pequenos pontos de luz brilhante pareciam encher a cor escura, como estrelas sobre um fundo de veludo azul. Incrível.

— Obrigado. — Finalmente forçou as palavras a saírem de seus lábios. — Pelo café e o pão.

Ela respirou fortemente. O aroma dela o envolvia, um aroma nervoso e incerto de excitação que enchia seu peito com um repentino grunhido animal.

Estrangulou o som firmemente, apertando os dedos enquanto retrocedia, afastando-se dela.

— De nada. — Ela clareou a garganta, depois que as palavras saíram com um tom rouco e atraente de nervosismo.

Caralho, não tinha tempo para tais complicações. Tinha um trabalho para fazer. Um que não incluía uma mulher que sabia que fugiria dele gritando, se tivesse alguma idéia de quem e o que ele era.

Ela tinha envolto os pães e os tinha posto no balcão ao lado da porta para ele. Enfiou as botas rapidamente e recolheu o pão, abrindo a porta antes de voltar-se para ela.

— Se necessitar alguma ajuda... — Encolheu os ombroos. — Se houver algo que possa fazer por você... — Deixou que as palavras fossem se apagando.

O que podia ele fazer por ela, além de complicar-lhe a vida, e fazê-la lamentar o dia em que o conhecera? Havia pouco.

— Simplesmente, mantenha-se longe de meu pátio com suas ferramentas. — Seus olhos estavam cheios de humor. — Ao menos até que aprenda como usá-las.

A mulher obviamente não tinha respeito pelo orgulho do homem. Um sorriso dançou nos lábios dele.

— Prometo.

Voltou-se e deixou a casa, com pesar, odiando ter que fazer isso. Havia um calor dentro das paredes da casa dela que não existia dentro da sua própria, e o deixava sentindo-se inexplicavelmente entristecido por partir. O que havia nela, em sua casa, que repentinamente parecia que lhe faltava?

Ele sacudiu a cabeça, afundou sua mão livre no bolso de seu jeans e partiu pelo jardim dela, recortado com esmero, à própria grama. E à sua própria vida, menos que satisfatória.

 

Caía uma fria chuva de inverno, ainda não era gelo, mas era o bastante próxima para gelar a carne de Tarek, enquanto estava parado nas sombras de seu alpendre, às altas horas da noite.

Não estava seguro do que o tinha despertado. Mas algo o fizera. Colocou-se instantaneamente alerta, com seus sentidos em reboliço, o arrepio leve e quase imperceptível do pêlo por todo seu corpo enquanto deslizava da cama e se vestia silenciosamente.

Agora, estava parado dentro da escuridão que o ocultava, olhando ao redor do pátio, com seus olhos que sondavam a noite como se sua visão única lhe ajudasse a ver através da noite sem luar.

Em sua mão, uma poderosa metralhadora. Descansava ao lado de sua perna, enquanto em sua coxa sustentava o peso da faca letal, guardada com segurança na capa que amarrou ali.

O pêlo da parte de trás de seu pescoço formigava, advertindo-o que não estava sozinho na escuridão. Seus olhos examinaram seu pátio, e logo se voltaram o de Lyra.

As luzes de cima estavam acesas; a cada poucos minutos podia vê-la passear diante da janela do quarto. Necessitava de cortinas mais grossas. Algo oprimiu-lhe no peito, constrangeu-o ante o pensamento de que seja o que for que o espreitava na escuridão, poderia ser uma ameaça para ela também.

Sua mandíbula se endureceu enquanto elevava a cabeça, afundando-se nos aromas que o rodeavam e separando-os rápida e automaticamente.

Algo estava ali fora; sabia, e deveria ser capaz de cheirá-lo. Não tinha sentido que as respostas que procurava não estivessem no ar a seu redor.

Podia cheirar o aroma dos irmãos de Lyra. Tinham aparecido durante a tarde, e levaram pão quando partiram. Malditos fossem. Tinha considerado assaltá-los durante um louco minuto.

Podia cheirar os trastes velhos que haviam trazido, colocados em seu pátio traseiro, e o aroma do carvão de lenha no ar, dos filés que tinham assado na churrasqueira para o jantar. Mas não havia nenhum aroma de um intruso.

Flexionou os ombros, sabendo que a chuva podia estar suavizando o aroma, sabendo que ia ter que aventurar-se nela, e odiando o pensamento.

Saiu silenciosamente do alpendre, com cuidado de permanecer na sombra das pequenas árvores que plantara antes de vir morar ali. Estavam espaçadas à distância certa para proporcionar o encobrimento que necessitava enquanto percorria o perímetro de sua propriedade.

Ali.

Parou na esquina mais longínqua e elevou a cabeça para aspirar profundamente, sentindo a chuva contra seu rosto, o gelo que se formava ao longo de seu cabelo empapado. Mas aí estava o aroma que estava procurando, e estava na propriedade de Lyra.

Girou a cabeça, e seus olhos se estreitaram em busca do movimento que não estava ali, embora o aroma fosse quase irresistível.

“Onde você está, bastardo?”, grunhiu silenciosamente, dirigindo-se ao monte de trastes velhos, usando-os para ocultar-se da parte traseira da casa e tendo uma visão clara de seu alpendre, enquanto tirava a trava da poderosa arma que levava.

A chuva gelada corria em riachos por seu cabelo e seus braços, empapando a camisa de flanela e os jeans que usava. Afastou de sua mente o frio e a sensação do tecido molhado. Treinara em condições piores que estas durante anos.

Aspirou de novo e examinou cuidadosamente os aromas, até que pôde determinar de onde vinha esse, em concreto. O vento soprava do oeste e se movia através da casa para o pequeno vale em que estava situada a urbanização.

O aroma estava definitivamente na parte de trás da casa. Era muito claro, muito cheio de ameaça, para ter sido diluído pelos arbustos do pátio dianteiro.

A noite sem luar deixava o pátio quase como uma boca de lobo, mas o DNA que o convertia em uma abominação também o fazia capaz de ver muito mais claramente que o inimigo que espreitava na noite com ele.

Não era um Mestiço. Podia cheirar a um Mestiço a uma milha. Mas tampouco era uma ameaça inócua. Podia sentir a ameaça no ar, tornando-se mais forte a cada momento.

Afastou-se da camuflagem do monte de trastes, e abriu caminho até estar mais perto da casa. Mais importante que localizar a ameaça, era manter Lyra na casa, e segura. Era tão malditamente batalhadora, que se sequer cogitasse que havia alguém em seu pátio traseiro, sairia porta a fora para exigir respostas, ignorando o perigo.

Rodeou o pequeno arco de madeira que sustentava o balanço, esquivou-se com cuidado do começo de um abrigo no qual a tinha visto trabalhar nos dias passados, e se deslizou ao longo da linha que separava sua propriedade do vizinho do outro lado.

Podia sentir o intruso. O comichão na parte de atrás de seu pescoço estava ficando mais insistente. Fez uma pausa, agachando-se ao lado de um arbusto enquanto examinava a área de novo.

E aí estava. Em cócoras ao lado da casa e avançando pelo alpendre. Vestido inteiramente de negro, o bastardo poderia ter passado desapercebido se Tarek não tivesse captado o movimento do branco de seus olhos.

Era bom.

Tarek observou como se dirigia à caixa dos fusíveis a um lado da casa. Muito bom. Tarek observou quando uma lanterna de lápis enfocava um mínimo feixe de luz, enquanto o intruso trabalhava.

Quando terminou, Tarek apostaria seus incisivos que o sistema de segurança tinha sido anulado de alguma forma. As luzes estavam ainda acesas, e não houvera nem uma piscada na corrente de energia. Mas havia um ar de satisfação na forma em que a figura vestida de negro se dirigia à porta traseira.

Não ia acontecer.

Tarek moveu-se rapidamente, elevou a arma e apontou, só para amaldiçoar violentamente quando a figura se girou, sacudiu-se e elevou sua própria arma.

Tarek rodou quando ouviu o assobio da arma silenciada. Ao esperar, tolamente talvez, que o assaltante desse a volta e fugisse, ficou de joelhos e apontou de novo só para encontrar-se caído de volta à grama úmida enquanto a arma era arrancaca de uma patada da mão.

Rodou a um lado e ficou em pé de um salto. Sua perna voou para acertar uma mandíbula, e ouviu o grunhido de dor quando o outro homem retrocedeu, cambaleando em busca de equilíbrio.

Tarek tirou a faca da capa, agora preparado quando o outro homem veio sobre ele. Deu uma patada na arma que tinha na mão, lançou um poderoso murro ao plexo solar, e grunhiu quando se girou e viu o bastardo vir para ele de novo, armado também com uma faca.

Ao mesmo tempo, uma luz acendeu no alpendre, cegando-o durante um precioso segundo em que o atacante fez seu movimento. A dor queimou seu ombro quando a faca encontrou seu destino, antes que ele pudesse saltar para trás.

Um disparo ressoou na noite. O som da poderosa escopeta fez com que os dois homens se detivessm, respirando pesadamente, antes que o atacante girasse e corresse.

— Nem sonhando! — Grunhiu Tarek, enquanto se apressava a perseguí-lo, e seus pés se deslizavam na porcaria debaixo deles antes de tomar tração e correr a toda velocidade atrás dele.

Quase o pegara, maldição. Estava a centímetros de lançar-se contra o outro homem e derrubá-lo, quando outro disparo silencioso assobiou por sobre a sua cabeça, fazendo com que em vez diss,o tivesse que inclinar-se e jogar-se para um lado.

O som de um veículo rugindo rua abaixo rompeu a noite. Os pneus chiaram quando o carro parou de repente, vozes se elevaram exigentes e logo se afastaram rapidamente da casa, enquanto Tarek corria a toda velocidade para conseguir divisá-lo.

— Merda! Merda! — Sua maldição encheu a noite enquanto o sedan negro, sem placa é obvio, rugia afastando-se.

O atacante estava bem treinado e obviamente vinha com reforços. A suspeita de que era o Domador que estava procurando se assentou em sua mente. Mas por que ir atrás de Lyra? O homem era o suficientemente preparado, era muito bem treinado para se confundir de casa para atacar.

A seguir dessa suspeita, veio o conhecimento de que ele, o caçador, podia muito bem converter-se no caçado. E era como se tivessem colocado Lyra no meio da guerra que entre o Conselho e suas criações agora livres.

— A polícia está em caminho. — Gritou Lyra, da porta. — Tarek, você está bem?

Ao menos, ela ainda estava em casa.

Um grunhido vibrou em seu peito quando se voltou e correu de volta ao pátio, localizando a faca e a metralhadora ilegal no agora lamacento pátio.

A porta traseira estava aberta e ali estava ela, vestida com uma camisola comprida e uma bata por cima, segurando aquela escopeta de merda como se pudesse protegê-la.

Apertou os dentes quando ouviu as sereias que rugiam na distância e foi pisando forte para a casa.

— Não me mencione, entendeu? — Ordenou-lhe quando parou diante dela, fixando o olhar em seus olhos enormes e confusos, enquanto ela piscava para ele.

— Entendeu, Lyra? — Disse com impaciência. — Não me mencione. Depois que se forem, eu voltarei. Entendeu?

Estendeu a mão para agarrar seu braço, retrocedendo à vista do sangue que gotejava em sua mão. Caramba, como seu ombro ardia.

— Está ferido. — Ela tragou fortemente.

As sirenes estavam aproximando-se.

— Lyra. — Ele se aproximou e respirou seu aroma, seu medo. — Você me ouviu?

— Sim. Mas, por que? — Seus seios se elevavam e baixavam bruscamente, seus traços enfatizavam seus olhos grandes e escuros.

— Explicarei- isso mais tarde. Prometo. — Fez uma careta dolorida. — Logo que se forem, estarei de volta, Lyra. Mas não lhes diga o que aconteceu de fato.

Sua cobertura iria direto ao inferno, se ela simplesmente fizesse alusão a ele. A polícia cairia diretamente em sua casa, e se veria forçado a lhes dizer exatamente quem era. Adeus missão, adeus Domador.

Ela assentiu lentamente e voltou-se para casa enquanto o som das sirenes soavam ao redor deles.

Ele assentiu ferozmente antes de voltar-se e desaparecer na noite. O corte em seu ombro não era um perigo para sua vida, mas era profundo. Teria que ocupar-se primeiro disso. Desapareceu em sua casa, enquanto as unidades de polícia entravam bruscamente na rua e paravam com um chiado na frente da casa de Lyra. Fechou a porta rapidamente e perdeu preciosos segundos em tirar as botas, antes de mover-se pela escura casa.

Que demônios estava acontecendo?

Tirou suas roupas na lavanderia, e deixou cair a roupa fria e empapada na máquina de lavar, antes de tomar uma toalha limpa do armário e envolvê-la ao redor de seu braço. O maldito sangue ia manchá-la toda.

Subiu com rápidas pernadas, chegando até o banheiro, onde poderia ocupar-se da ferida de seu ombro. Enquanto se limpava e se costurava cuidadosamente, examinou os acontecimentos recentes, tentando encontrar-lhes sentido.

Por que alguém tentaria irromper na casa de Lyra quando era claro que estava em casa? Os ladrões esperavam até que suas vítimas estavam na cama, muito provavelmente dormindo, ou fora. Não forçavam a entrada enquanto as luzes brilhavam na casa, e com certeza não ficavam depois que se viam claramente apanhados.

E com toda segurança, não estavam tão bem treinados como o ladrão de Lyra. Não era um intento de roubo. Era um assassinato premeditado. Por que alguém tentaria matar Lyra, a menos que fora para chegar até ele? Uma advertência? E se era esse maldito Domador, como demônios sabia que Tarek o estava rastreando?

Lubrificou a gaze com anti-séptico antes de pô-la sobre a ferida costurada, e assegurá-la bem em seu lugar.

Então, vestiu-se e esperou. Ficou de pé na janela de seu dormitório, olhando, esperando, enquanto aguardava que a polícia falasse com Lyra, perguntando-se se ela prestara atenção a sua advertência anterior. Rezando para que o fizesse. Sabendo que seria melhor para ambos se não o fizesse.

 

Era um Mestiço.

Lyra respondeu às perguntas da polícia, completou e assinou um relatório e esperou impacientemente que se fossem.

Graças a Deus, não tinha chamado seus irmãos antes de tomar aquela escopeta e sair correndo à porta traseira. Nem sequer tinha pensado nisso. Olhava através da janela de seu quarto, quando a luz da lua surgira depois de uma nuvem e iluminara claramente as figuras que lutavam em seu pátio traseiro. Tinha reconhecido Tarek imediatamente.

Tarek Jordan era um Mestiço.

Tinha-o visto no brilho feroz de seus olhos de âmbar quando a luz tinha brilhado neles, nos incisivos muito compridos quando tinha grunhido suas furiosas ordens no alpendre traseiro.

Tinha sentido.

Deveria havê-lo suspeitado desde o começo.

Tinha vivido na casa ao lado durante meses. Sua óbvia desconforto ao fazer coisas que a maioria da pessoas faziam todos os dias de sua vida, deveria ter lhe dado uma pista.

As sombras de angústia em seus olhos. Sua incapacidade para cortar grama deveria lhe haver dito algo imediatamente. Todos os homens sabiam ao menos os rudimentos de cortar grama. A alegria que encontrou em uma xícara de café recém feito e no pão feito em casa. Como se nunca o tivesse conhecido.

Tinha pensado que era um fanático dos computadores. Não era um fanático dos computadores o que tinha lutado no pátio traseiro. Tinha-lhe recordado a seus irmãos, quando praticavam o taekwondo que aprenderam com os militares. Tinha-lhe recordado a um animal, grunhindo, com um grunhido que ressonava no pátio enquanto lutava com o ladrão frustrado.

Deveria ter percebido.

Tinha seguido cada história nos jornais, cada relatório das Castas, assim como seus irmãos tinham participado de muitas das missões de anos antes para resgatá-los. Tinham lhe contado as histórias dos homens e mulheres desgrenhados e selvagens que transferiram dos laboratórios para a casa base da Casta Felina, Santuário.

Homens próximos à morte, torturados, marcados, mas com olhos de assassinos. Homens que estavam sendo transformados lentamente em máquinas de matar e nada mais.

— Não há nada mais que possamos fazer, Srta. Mason. — Anunciou o oficial que estava tomando declaração quando ela assinou na linha apropriada. — Chamamos sua empresa de segurança, e estarão aqui pela manhã para reparar o sistema.

— Obrigado, oficial Roberts. — Ela sorriu cortesmente enquanto lhe devolvia os papéis, desejando simplesmente que se fossem.

— Vamos agora. — Ele saudou com a cabeça respeitosamente.

Já era hora.

Escoltou-os à porta e fechou-a, jogando a chave antes de colocar os pés em umas sapatilhas de esporte e esperar impacientemente que saíssem do caminho.

No instante em que suas luzes traseiras se dirigiram rua abaixo, agarrou as chaves, abriu de repente a porta e se deslizou no alpendre. Depois de fechá-la rapidamente, saiu correndo sob a chuva para a casa do Tarek.

Queria respostas agora. Não quando ele decidisse aparecer.

Um grito assustado rasgou seus lábios quando passou uma das espessas árvores do pátio dele e a apanharam por detrás, enquanto outra mão tampava sua boca.

Um braço duro rodeou sua cintura, quente, musculoso e que quase a elevou do chão, quando ele começou a mover-se rapidamente para a casa.

— Como eu saberia que faria algo tão estúpido? — Sua voz era um grunhido duro e perigoso no ouvido dela enquanto a empurrava através da porta da sala de estar e a fechava de repente. — Disse que não se movesse, Lyra.

Soltou-a rapidamente e jogou os ferrolhos da porta antes de marcar o código no teclado ao lado dela.

— Foi muito lento. — Espetou-lhe ela. — Que demônios estava acontecendo esta noite?

Ela se voltou para ele ferozmente, com toda a intenção de repreendê-lo pelos acontecimentos das últimas horas. Entretanto, seus olhos se alargaram quando viu seu pálido rosto e a atadura manchada de sangue.

— Você está bem? — Ela estendeu a mão, e seus dedos tocaram a carne dura e bronzeada pelo sol que havia sob a atadura.

— Sobreviverei. — Grunhiu ele. — E deixa de tentar me distrair. Mandei que ficasse quieta.

Seus olhos tinham um ameaçador brilho de ouro à débil luz da sala obscurecida por pesadas cortinas.

— Não obedeço ordens muito bem. — Ela se lambeu os secos lábios nervosamente. — E estava cansada de esperar.

— A polícia tinha acabado de ir embora, Lyra. — Ele passou os dedos pelo cabelo úmido com brusca impaciência. — Eu estava a caminho.

Sua voz se suavizou, embora não muito, quando baixou o olhar para ela. Durante um momento, sua expressão se abrandou, e logo se voltou feroz de novo.

— Faria com que um homem adulto se desse à bebida. — Grunhiu finalmente ele antes de girar-se e começar a cruzar a casa. — Vamos, preciso de café.

— Sabe como fazê-lo? — Seguiu-o rapidamente, e a pergunta escapou de seus lábios antes que pudesse detê-la.

— Diabos, não. Mas estou desesperado. — Resmungou ele com impaciência e a voz áspera.

— Então não toque essa cafeteira, porque eu também quero.

Ela se moveu rapidamente diante dele, antes de ficar parada bruscamente em meio da imaculada cozinha.

— Bom, adiante. — Ele a ultrapassou e se dirigiu à porta onde os azulejos brilhavam, com um forte aroma de desinfetante ainda no ar.

— O que está fazendo? — Ela quase temia tocar algo. Estava quase esterilizada.

— Sangue. — Grunhiu ele. — Não quero que manche os azulejos.

Ele se ajoelhou no chão com uma toalha grossa nas mãos, e esfregou o desinfetante que tinha derramado no chão.

Seus irmãos, benditos fossem seus corações, teriam esperado que ela tentasse limpá-lo. Duvidava que em nenhum momento limpassem algo mais que suas armas. Os preguiçosos.

— Alguma vez cozinhou nesta cozinha? — Perguntou-lhe nervosamente, enquanto se movia para o armário e a cafeteira que havia ali.

— Primeiro teria que saber como. — Grunhiu ele, trabalhando no chão com firme intensidade — Algum dia o farei.

Ela procurou nos armários até que encontrou o café moído e duas xícaras.

O término armários nus se aplicava definitivamente a este homem.

— O que você come? — O silêncio era sufocante quando ele ficou em pé, para ver como ela media o café e o punha em um filtro com olhos entrecerrados.

— Como. — Grunhiu finalmente ele, enquanto saía da cozinha para um pequeno corredor.

Segundos mais tarde ouviu a água correndo na pia e logo um fluxo mais forte, como de uma máquina de lavar roupa.

Ele voltou para a cozinha um minuto depois, enquanto ela olhava a geladeira.

Queijo. Salsichas defumadas. Presunto.

— Não todos somos uns naturalistas. — Resmungou ele, movendo-se em volta do armário sobre a cozinha e tirava o pão que lhe tinha dado essa tarde.

Não havia sinais dos rolinhos de canela. Ficara meio pão branco e possivelmente um terço do pão de noz e plátano.

Ela comprovou o congelador e logo suspirou. Tinha que estar faminto. Um corpo tão grande requeria energia.

— O que ocorreu esta noite? — Perguntou ela enquanto voltava para a cafeteira e enchia duas xícaras com a escura beberagem.

— Alguém tentou invadir em sua casa, e o impedi. — Ele encolheu os ombros com uma voz fria, enquanto tomava a jarra que lhe estendia.

— Sim. — Ela acreditava nisso. — Bom. Então, simplesmente irei para casa e chamarei a meu papai e meus três irmãos que pertenceram às Forças Especiais, e lhes farei saber o que passou. Não seria ruim, se isso for tudo o que aconteceu.

Ele fez uma pausa, e seu olhar a atravessou durante um comprido momento antes que baixasse a xícara.

Ela não pensava que houvesse nada que pudesse apartar sua mente desse café.

—Ex-Força Especiais, é? — Ele soltou o ar bruscamente, enquanto sacudia a cabeça com cansada resignação.

— Sim, são. — Ela assentiu com uma careta zombadora. — Se retiraram faz uns cinco anos. Foram parte dos resgates das Castas, que aconteceram depois que a Manada principal anunciou sua existência.

Sua expressão apagou-se e ficou fria e distante.

— Sei que é um Mestiço, Tarek. — Não fazer joguinhos com ele. Odiava quando o faziam com ela. —Diga-me o que está acontecendo.

Ele fez uma careta com força, pegou sua xícara e foi para a mesa da cozinha como se pusesse distância entre eles. Ela o seguiu.

Ele girou a cabeça e observou como se recostava contra o balcão que estava diante dele e esperava. À exceção dos aparelhos, a cozinha estava nua. Nenhuma desordem. Nem confusão nem decoração. A sala era sido igual, conforme recordava ela. Como se ele tivesse que decidir quem era antes de marcar seu lar com coisas que lhe definissem. A menos...

— Comprou a casa? — Perguntou-lhe então.

A surpresa atravessou seus traços.

— É minha. — Ele assentiu antes de sorver seu café. — O que tem isso a ver?

Nada, exceto que incomodava-a o pensamento de que se fosse. Está bem, ele não tinha interesse nela além de seu pão e seu café, mas gostava dele. Ao menos, não era aborrecido.

— Nada. — Ela encolheu os ombros. Por sorte, usava sua bata de flanela grossa em vez de uma das mais finas, que teriam mostrado claramente seus duros mamilos, e teriam tornado impossível ocultar sua resposta frente a ele.

Isso era o que a incomodava tanto nele. Era o único homem em anos que a interessara realmente, e parecia totalmente inconsciente dela como mulher.

Era uma merda.

— Ainda não me disse o que aconteceu esta noite. — Recordou-lhe ela, finalmente. — Fui bastante paciente, Tarek.

Ele grunhiu ante aquela declaração.

— Sim, eu vi enquanto corria sob a chuva.

Ele inalou profundamente, fez uma careta e se removeu inquieto na cadeira. Sua mão esfregou o braço, justo debaixo da atadura, como se estivesse esfregando a dor.

Ela sofria por ele, por essa ferida. A vista de seu sangue tinha debilitado seus joelhos e lhe enchido de um medo que não esperava. Ele tinha sido ferido. Enquanto ela falava com a polícia e preenchia o estúpido relatório, tudo o que podia pensar era em qual a gravidade de suas feridas.

— Não sei. — Respondeu ele finalmente, e olhando-a de maneira direta. — Sabia que havia alguém aí fora. Segui-o. Peguei-o remexendo na sua caixa de fusíveis, e tentando alcançar a porta traseira quando eu tentei dete-lo. — Ele passou de novo os dedos pelo cabelo, afastando os fios dourados de seu rosto. — Entretanto, não acredito que estivesse atrás de seu televisor.

Não gostava de como soava aquilo.

— A companhia de segurança disse que o alarme não poderia ser desmontado na caixa de fusíveis. Que tinha um respaldo...

— Pode-se fazer. — Ele encolheu os ombros fortemente. — Seu sistema é doméstico. Tem suas inconveniências. Conseguirei um novo para você manhã.

— Não te pedi que fizesse nada. — Ele estava deixando-a doente com aquele jogo de gato e rato. — Quero saber que demônios está se passando. Qualquer ladrão que se respeitasse teria fugido quando foi descoberto. Esse tipo não correu. Por que?

— Não sei. Estava esperando que você soubesse. — Isso não era uma mentira.

Ele ficou olhando, com seus estranhos olhos mais escuros e com as pálpebras pesadas... Ela engoliu fortemente. Não era luxúria o que brilhava nas douradas profundidades. Aos homens como ele, não lhes excitavam as pequenas desalinhadas.

Ela tomou ar de maneira profunda e irregular, passando sua língua nervosamente por seus lábios secos. Ele seguiu o movimento com olhar ardente.

Bom. Isto era bastante estranho. Podia entender que ela mesma estivesse mais quente que o inferno, mas agora ele? Por que? Tinha uma atração fetichista pela flanela ou o que?

— Está bem. Então, não foi nada do outro mundo. — Ela cruzou os braços sobre os seios só para estar segura de que ele não pudesse ver seus mamilos empurrando contra a roupa. — Vou para casa e...

— Esta noite, não. — Sua voz era mais sombria, mais profunda. — Não é seguro enquanto seu sistema estiver desligado. Pode ficar aqui, ou chamar a seus irmãos. Depende de você.

— Posso cuidar de mim mesma. — Ela se ergueu rigidamente enquanto o encarava.

Ele se levantou da mesa, parecendo de repente mais forte, mais largo e mais feroz, quando baixou a vista para ela com o cenho franzido.

— Já lhe disse isso, pode ficar aqui ou chamar seus irmãos. Não estou te dando outras opções. — Um grunhido ressonou em sua voz, enquanto seus olhos pareciam brilhar com arrogante resolução.

— Não te pedi opções, Tarek. — Ela tampouco estava disposta a inclinar-se submissamente ante ele. — Não preciso de um guardião.

Sua mandíbula se apertou furiosamente e seus lábios se contraíram enquanto a fulminava com o olhar.

E isso não deveria tê-la excitado mais. Mas o fez. Sentiu a umidade reunir-se, acumular-se, derramar-se ao longo das sensíveis dobras entre suas coxas. Seus seios pareciam mais pesados, inchados, muito sensíveis.

E ele já não estava exatamente indiferente.

Seu olhar deslizou para baixo, e seu rosto corou antes de que elevasse a vista de novo, de repente. Uau, ele enchia esses jeans como ninguém.

E ele tampouco se perdeu a direção de seu olhar.

— Não me tente, Lyra — Advertiu-lhe ele de repente, com uma voz que raspava suas sensíveis terminações nervosas. — Meu controle está acabado está noite. Ou chama seu irmão, ou leva seu doce traseiro escada acima, ao quarto que tenho livre, ou vai se encontrar estendida de costas em minha cama. É sua opção. As únicas opções que ficam. Faça-a.

 

Ele estava quase tremendo pela necessidade de tocá-la. Tarek conseguiu afastar a vista de seus traços de duendezinho, com o sangue bombeando com tanta força e tão rápido em suas veias que era quase doloroso. Seu pênis era uma dor torturante entre suas pernas, as glândulas dos lados de sua língua estavam inchadas e palpitantes.

Sua excitação tinha sentido. A velocidade do sangue era explicável. A língua era um enigma, e o sabor de especiarias em sua língua, confuso. A única coisa que tinha realmente sentido era sua necessidade de beijar Lyra.

Tinha-o atormentado durante meses. Tentado. Rido e zombado dele com um calor suave e feminino que deveria tê-lo tocado tão dentro como o fizera.

O aroma da excitação feminina estava matando-o. Era caramelo líquido e quente, e estava morrendo por lamber a suave calda que sabia que estava derramando-se de seu sexo. Estaria quente e espumoso por sua necessidade crescente, e tão rico como o amanhecer.

— Vá à merda com suas opções. — Seus braços se apertaram sobre seus seios.

Ele sabia o que ela estava ocultando. As curvas exuberantes de seus peitos, seus mamilos inchados.

— Faça-a rápido, se não se importa. — Grunhiu ele. A ereção estava acabando com ele. — Porque o aroma de sua excitação me está deixando louco, Lyra. Muito em breve vou fazer a opção por você.

Um gemido escapou de seus lábios enquanto seus olhos se abriam com horror. Com vergonha? Ele franziu o cenho enquanto ela empalidecia, e logo avermelhava furiosamente, com seus olhos brilhando como se tivessem lágrimas.

— O que? — Ele agarrou seus ombros quando ela se virou para longe dele, e a fez girar de novo para encará-lo, até sabendo que tocá-la era o engano maior que podia cometer.

— Sente o meu cheiro? — Ela tremeu, com a vergonha trazendo lágrimas a seus olhos enquanto lutava contra ele.

Ele suspirou cansadamente. Maldição, estava muito cansado, muito faminto de seu sabor para cuidar de cada maldita palavra que dizia, e cada movimento que fazia. Não era exatamente do tipo social, e as “regras da sociedade educada” não era uma coisa para a que tivesse encontrado tempo.

— Lyra. — Ele exaltou bruscamente, e sua mão se elevou à bochecha dela, maravilhando-se da textura sedosa de sua carne. — Sou um animal. — Sussurrou ele brandamente. — Meu sentido do olfato é tão altamente avançado que posso detectar qualquer aroma. Especialmente o calor suave e doce que vem de você. É como forçar um homem esfomeado a permanecer diante de um banquete, e não provar as delícias.

Olhou-o piscando, tragando fortemente, com um olhar suspeito que se suavizou ligeiramente quando seu polegar alisou seus lábios.

Ele queria dizer mais, mas as curvas sedosas capturaram sua atenção, hipnotizaram-no.

Sua língua palpitou enquanto as glândulas derramavam mais do sabor de especiarias em sua boca. O sangue corria mais forte por suas veias enquanto seu controle se afrouxava mais.

Ele levou as mãos a seus ombros cuidadosamente.

— O quarto está lá em cima, a terceira porta. Afaste-se de mim, Lyra. Agora. Antes que eu perca o controle.

Ela devolveu-lhe o cenho franzido.

— Eu não gosto da forma em que toma decisões por mim, Tarek. — Espetou ela furiosamente. Mas, graças a Deus, começou a lhe dar as costas com cuidado. — É irritante.

— Estou seguro de que seja. — O aroma dela ainda o envolvia, atormentava-o. — Podemos discutir amanhã, no café. Agora, vá para a cama.

Ela suspirou com desdém, fulminando-o com o olhar enquanto alcançava a porta.

— Esta tendência a me dar ordens é melhor que não se converta em um hábito. — Advertiu ela de novo. — De outro modo, eu poderia te tirar do engano de que pode sair impune. Considere-se afortunado porque estou soltando o anzol e escapando. Caso contrário seria um gatinho acossado, Jordan.

Ele não pôde fazer nada exceto ficar olhando, confuso, às costas que desaparecia quando ela murmurou as acaloradas palavras. Gatinho acossado? Gemeu ante a frase. Meu Deus, a mulher ia deixá-lo completamente louco!

Ele suspirou com alívio e forçou-se a deixá-la ir. Tirou o celular do bolso e apertou as teclas impacientemente.

— Jonas. — Jonas Wyatt, chefe dos Assuntos Policiais Felinos em Santuário, respondeu à primeira chamada.

—Temos um problema. — Disse Tarek, brandamente. — Penso que encontrei nosso Domador esta noite. Infelizmente, não ia atrás de mim.

Não podia tirar de sua mente o aroma do assaltante. Estava muito perto do aroma da roupa, é verdade que muitos anos antes, que o bastardo tinha usado. Não exato, mas condenadamente parecido.

— Explique-se. — Jonas era um homem de poucas palavras, o que era uma das razões pelas que Tarek gostava de trabalhar com ele.

— Estava assaltando a casa da vizinha. Lyra Mason, a irmã de três...

— Agentes das Forças Especiais. — Terminou Jonas por ele. — Grant, Marshal e Tyree Mason. Comandavam as forças que tomaram alguns dos principais laboratórios das Castas.

Tarek fechou os olhos e beliscou a ponta do nariz com irritação.

— Sabia que ela vivia aqui quando eu comprei esta casa? — Perguntou-lhe.

— Sabia dela. Não fiz uma investigação completa porque não vi razão para isso. — Quase podia ver o encolhimento do Jonas com as palavras. — Vinte e quatro anos, contadora, vive modestamente, umas pequenas economias mas nada substancial. Os arquivos médicos mostram que é virgem, com todas as enfermidades infantis normais e sem antecedentes penais. Não tive tempo para ir mais à frente, nem nenhuma razão. Por que?

Tarek sacudiu a cabeça.

— Por nada. Entretanto, penso que terei que ir embora logo; acredito que preciso de um exame ou algo assim. — Passou-se a borda da língua pelos dentes, sentindo que um suave calor se derramava em sua boca.

— O que está mal? — Jonas agora parecia preocupado. Já era hora.

— Não sei. — Moveu-se ao pequeno vestíbulo que conduzia às escadas. — Essas malditas glândulas dos lados da minha língua. Estão inflamadas e cuspindo merda. Juro, tem sabor de canela.

O silêncio encheu a linha.

— Onde está a garota? — Perguntou então Jonas. — A garota Mason.

Tarek franziu o cenho ante a pergunta.

— Em meu quarto de convidados. Seu sistema de segurança foi violado.

— Demônios! — Jonas respirou bruscamente. — Beijou-a?

Um grunhido se elevou em sua garganta.

— Isso é um fodido assunto seu, Jonas? — Perguntou-lhe sedosa e brandamente. — Não tire os pés do vaso, companheiro.

— Pode ser que seja. — Bufou ele. — E escute-me atentamente. Isto vem diretamente do velho cientista que trata aos membros da Manada principal. As glândulas inchadas contêm um hormônio especial. Esse hormônio que enche sua boca, colega, é um afrodisíaco. Lyra Mason é sua companheira.

Tarek riu. Maldição, não tinha tomado ao Jonas por um cômico.

— Está bem, acredito. — Grunhiu ele. — Agora me diga a verdade.

Ia matar Jonas por brincar com ele dessa forma. Não estava com humor para isso.

— Não é nenhuma piada, Tarek. — Jonas soava muito sério. — Se manténha em silêncio. Uma proibição completa de informar a qualquer um, a menos que pareça que se formando um casal. Um dos segredos melhor guardados do mundo.

O calor se precipitou a sua cabeça e logo a seu pênis.

— O que quer dizer? Ela é minha companheira? — Poderia isso explicar a luxúria quase obsessiva que tinha desenvolvido nos meses passados? A paciência com ela, que nunca tivera com ninguém mais? A fome crescente e dilaceradora que mantinha seu pênis duro e seus sentidos inflamados?

— Biológico, químico, como quer chamá-lo. — Soprou Jonas. — Se a beijar, isso fará com que o hormônio a afete inclusive mais que a você. Zelo de Acasalamento. Abandono sexual completo a partir de agora até sempre. Pobre bastardo. — Entretanto, havia um fio de inveja em sua voz.

Completo abandono sexual? A partir de agora para sempre? Sua companheira?

— Ela é minha. — Sussurrou ele.

—Sim. Isso é o que o doutor diz. De alguma form,a a natureza escolheu à mulher perfeita para você. Divirta-se.

— O que me divirtiria?

Jonas riu entre dentes.

—Tarek, parece confuso, companheiro.

Ele elevou o olhar às escadas, antes de fechar os olhos e sacudir a cabeça tristemente. Tinha a sensação de que Lyra agora ia ter realmente uma razão para estar zangada.

— Merda. — Cuspiu ele, bruscamente. — Este não é um bom momento para isso, Jonas. Não tenho tempo para o abandono sexual, ou para algum tipo de merda de afrodisíaco. Consiga a cura aí fora.

Jonas riu disso.

— Em vez disso, vou levar o último grito em anticoncepcionais. — Informou ele. —Diga a ela que demônios está acontecendo e, antes que a tome, assegure-se de que tome a pílula rosa. Funcionou até agora. A melhor hipótese é que o Zelo de Acasalamento é a forma em que a natureza se assegura do êxito das espécies. Porque, sem esta pílula, a concepção do primeiro filho ocorre rapidamente. Entretanto, certamente serão uns bebês preciosos.

Bebês? Tarek tragou forte. O pensamento do Lyra levando a seu bebê fazia-lhe coias que não podia explicar.

— Só me consiga alguma ajuda para sair daqui. — Espetou ele, tratando de encobrir a resposta emocional que surgia de repente nele. — Estou te dizendo, Jonas, que as coisas aqui estão ficando perigosas.

— Sim, farei isso. — Concordou. — Irei eu mesmo com Braden e te cobrirei. Me avise quando tomá-la ela.

Tarek grunhiu ante isso.

— A informação. Não o outro. — Ele riu, muito divertido para fazer bem ao Tarek. Então, sua voz se acalmou. — Pelo que sei é uma boa mulher, Tarek. Poderia ter sido pior.

— Poderia ter sido muito melhor para ela. — Disse ele. — Disse que é permanente?

— Como uma droga. – Disse Jonas, com sua voz agora mais suave. — Até agora só há uns poucos casais unidos. Ainda estão fazendo exames, tentando encontrar respostas. Mas até agora é permanente.

Estava fodido. Tinha que lhe dizer a verdade. Se tivesse um pouco de cérebro, correria tão rápido e tão longe dele como fosse possível. E ele estaria enganchado, obcecado, demônios, apaixonado por uma mulher que sabia que não teria nenhum direito nem oportunidade de tocar.

 

A manhã seguinte amanheceu fria, ainda caía uma garoa lânguida e gelada nos cristais da janela. Cada cortina da casa — cortinas pesadas, grosas e forradas de oleado — estava fechada fortemente, e a atmosfera entre Lyra e Tarek era decididamente tensa.

O café da manhã consistiu em um café rico e forte, e em um monte de bolachas com salsicha que Tarek tinha carbonizado no microondas. Ela tinha conseguido engolir dois. Deus, como suportava ele essas coisas? Logo se sentou, terminou seu café e observou como ele terminava o resto.

Ele estava muito calado. Meditabundo. Sua expressão grosseiramente implacável enquanto o silêncio chegou a ser tão espesso que se podia cortar com uma faca. Quase podia vê-lo deformar o ar ao redor deles.

—Tenho que ir para casa. — Anunciou ela, enquanto ficava em pé e levava sua xícara à pia. — A empresa de segurança deve chegar logo...

— Cancelei a chamada. — Sua resposta fez com que ela se voltasse para ele lentamente. — Minha gente estará aqui em umas poucas horas para substituir completamente o sistema.

Ela ficou olhando-o fixa e silenciosamente durante um comprido momento. Este não era o homem preguiçoso e freqüentemente cauteloso que tinha chegado a conhecer. Estava imóvel, preparado, seu corpo tenso. Ainda sexy como o demônio, mas a precaução tinha sido substituída por uma perigosa sensação de espera.

— Sério? — Respondeu ela finalmente, cruzando os braços sobre o peito. — E o que te deu permissão para isso?

Quando ele elevou os olhos para ela, ela tremeu; um tremor percorreu-lhe toda a espinha dorsal ante a luxúria intensa, a fome pura e impulsora que viu nesses olhos.

Podia sentir sua vagina chorar. A calda gotejava claramente de sua carne oculta. E ele podia cheirá-la. Observou-o inalar lentamente, como se saboreasse o aroma dela.

— Pervertido. — Resmungou ela, e franziu o cenho quando a sensualidade marcou completamente sua expressão. — Está bem, deixa-me excitada. Pode cheirá-lo. Agora é o momento de ir para casa. Obrigado por salvar a noite e tudo isso.

Voltou-se para a porta.

— Toque esse trinco e lamentará.

A mão dela estava a um centímetro de agarrá-lo, quando retrocedeu lentamente ante o som de sua voz. Girou-se, tragando com força pela expressão selvagem de sua cara enquanto elevava sua xícara e terminava o café lentamente.

—Tarek, está me enchendo o saco. — Advertiu, cautelosa de repente. — Essa merda de He-man não serve comigo.

Ele se reclinou em sua cadeira e a observou com um interesse predador. Ela tinha visto espionagens deste lado dele, mas nunca tinha estado inteiramente concentrado nela. Fazia com que seu corpo se esticasse, percorrido pela adrenalina e a excitação.

Estava doente. Isso era tudo o que acontecia.

Ele arranhou o peito lentamente.

— É uma coisa assombrosa a genética. — Declarou finalmente ele, com uma calma forçada que a fez pensar em um furacão. Isso não ia ser bom.

— Sério? — Ela elevou uma sobrancelha, e permaneceu perto da porta enquanto a arqueava de maneira zombadora.

— Sério. — Ele assentiu com a cabeça. — Toda classe de pequenas coisas começam a surgir, te surpreendendo até a morte, te recordando que o Destino sempre ri por último de todos nós.

Oh, isto não ia ser nada bom.

Ela se moveu mais perto. As sombras desoladas e angustiadas de seus olhos fizeram que seu peito se contraísse pelo medo.

— O que está acontecendo?

Ele devolveu-lhe o olhar silenciosamente, durante compridos e tensos momentos.

— Estou debatendo algo. — Grunhiu ele finalmente, com uma voz que se fazia mais profunda e mais áspera enquanto seu olhar se cravava nela.

Por que tinha ela esse mal pressentimento de que estava debatendo algo com o que ela não ia estar realmente contente?

— Sim? — Ela introduziu uma curiosidade mesurada em seu tom, embora cada osso e músculo de seu corpo estivesse centrado no que vinha a seguir.

— Sim. — Ele assentiu lentamente, e seu olhar percorreu o corpo dela com intenção luxuriosa. — Me deixou louco durante meses. Que me danem se não me mantive afastado, divertido e curioso, deixando-a zombar em cada ocasião que tinha.

Sim, isso também era uma coisa que a tinha incomodado. Ele nunca se zangava. Certamente não ia zangar se agora?

— O que, quer uma desculpa? — Perguntou-lhe incrédula. — Um pouco tarde, Tarek.

— Não podia entender por que. — Ele sacudiu a cabeça lentamente. — Então ocorreu a coisa mais estranha. Quando mais cheirava a suave excitação que fluía de sua vagina, quanto mais me negava a prová-lo, mais começava a notar algumas mudanças.

Ela se avermelhou acaloradamente ante a explícita linguagem, repreendendo-se furiosamente por sua reação sem fôlego a isso.

Ele se levantou da cadeira enquanto ela o olhava cautelosamente.

— Mudanças? — Ela engoliu em seco quando vislumbrou o vulto mais que saudável entre as coxas masculinas.

— Essas pequenas glândulas inchando-se ao longo da minha língua. O gosto de especiarias que enche minha boca. A fome de você, que cresce diariamente até que quase posso saborear seu beijo. E quero te beijar com loucura, Lyra. Tanto, que está me matando. Quero enfiar minha língua em sua boca e fazer que você também o saboreie. Te deixar tão louca por mim como eu estou por você.

Ele se aproximou.

Lyra respirava com dificuldade, suas mãos estavam agarradas à parte dianteira de seu vestido, enquanto olhava-o avançar.

— Está doente ou algo assim? —Teve que obrigar às palavras a sair de sua boca.

Um sorriso amargo e zombador retorceu seus lábios.

— Algo assim. — Concordou ele, enquanto a dominava com sua estatura e logo caminhava lentamente atrás dela.

Ela não ia fugir dele, sem importar quão estranho estivesse agindo.

— Você gostaria de saber o que acontece comigo, Lyra? — Ele se inclinou mais perto, e seu fôlego sussurrou sobre o ouvido dela enquanto falava.

Um tremor percorreu sua espinha dorsal, seus mamilos se endurecendo mais, raspando contra o vestido, quase fazendo-a gemer ante o prazer da ação.

— Não. — Tinha a sensação de estar segura de não querer sabê-lo.

— Há um pequeno hormônio que enche minha boca. — O grunhido era agora mais profundo, mais animal. —. É um afrodisíaco, Lyra. Gerado somente quando um macho das Castas Felinas tem fome de sua companheira. Sabe o que vai acontecer se eu te beijar?

Os joelhos dela se afrouxaram. Um afrodisíaco hormonal? Algo para deixá-la mais quente? Ela não acreditava.

— O que? — Ela não pôde reprimir o sussurro ofegante.

— Se te beijar, vai entrar no Zelo de Acasalamento. Completo abandono sexual, até que tenha terminado a ovulação. Sabe que está se preparando para ovular? Que meu corpo está reagindo a isso? Que meu pau está tão malditamente duro, e minhas bolas tão tensas pela necessidade de transar com você, que é como uma ferida aberta em minhas tripas? Tudo porque está ovulando. Minha companheira. Minha mulher.

Seus olhos se dilataram pelo horror antes as palavras que ele sussurrou em seu ouvido.

— Você está louco. — Ela se afastou violentamente, voltando-se furiosa para ele. — Isso não é possível.

A curva de seus lábios era triste.

— É o que você gostaria, não é? — Ele se moveu para o balcão, e agarrou um pequeno disco oval que colocou de repente sobre a pia da cozinha. — Isto impedirá a concepção. Nada pode parar o zelo. Agora, vejamos... meu problema é que estou preparado para arrancar seu vestido e te jogar no maldito chão, onde possa te comer até que ambos gritemos. Até que você esteja tão selvagem por mim, tão louca por mim, como eu o estou por você. Ou você pode sair por essa porta imediatamente, correr tão rápido como pode e encontrar algum lugar, qualquer um, onde possa se esconder; até que eu possa reunir controle suficiente para não te caçar e tomar como o animal que sou. Faça sua escolha agora, neném, e faça-a rápido. Porque este gatinhoaqui está ficando sem paciência.

 

Fazer uma escolha? Ele queria que ela escolhesse?

Ela ficou olhando com os olhos arregalados, tentando tirar seu cérebro da comoção para realmente decidir se estava ainda dormindo ou não. Porque isto tinha que ser algum tipo de pesadelo ruim. Isso era tudo.

— Deixe-me pôr isto de uma maneira mais simples. — Afastou-se dele, simplesmente porque estava ficando tão molhada que suas calcinhas estavam úmidas, e os olhos dele mais escuros. — Sua língua tem glândulas? Que têm um afrodisíaco hormonal dentro delas?

Ele assentiu enquanto avançava para ela. Não disse uma palavra, simplesmente assentiu com a cabeça enquanto inalava profundamente. Ela tremeu ao saber que realmente estava farejando-a.

— Se me beijar, entramos em zelo?

— Você entra em zelo. — Ele sorriu, uma curva dura e tensa de seus lábios que denotava uma intenção muito masculina, para que pudesse faze-la sentir-se cômoda.

Ela clareou garganta.

— E o que faz você?

— Apago as chamas.

Ela retrocedeu. De acordo. Estava retirando-se. E o que estava acontecendo? Ele a espreitava na habitação como o maldito Leão que era. E quanto mais se aproximava, mais excitada ficava ela.

— Tarek… — Ela saltou sobressaltada quando suas costas se chocaram contra a parede, e ficou olhando aturdida quando ele se deteve, apenas a alguns centímetros dela, e sua mão se elevou.

Ele a tocou. Seus dedos roçaram a garganta dela antes de baixar, deslizando-se até a clavícula, e os olhos dele seguiam cada movimento que faziam suas mãos, enquanto os seios dela começavam a inchar e palpitar.

— Está ficando sem tempo. — Seu sussurro gutural fez com que seu sexo se contraísse furiosamente, e o fôlego ficasse preso no peito.

Este era um lado de Tarek ao qual não estava acostumada. Um lado que sabia que não devia excitá-la como o fazia. Apenas a deixava tocada. Em quase seis meses de enfrentamentos, discussões e azedos debates, ele nunca a tocara, nunca a beijara, e ela estava ardendo por ele.

Podia sentí-lo em cada célula de seu corpo, em cada duro batimento do coração.

— Quanto tempo dura? — Perguntou ela, finalmente. — Essa coisa do zelo.

Seus olhos se entrecerraram enquanto baixava a cabeça. Ia beijá-la, ela sabia que ia. Seus lábios se moveram ao seu pescoço, queimando com uma carícia acalorada a carne sensível onde se uniam o pescoço e o ombro. Ali seus lábios se abriram, e a língua acariciou sua pele um segundo antes que incisivos se raspassem contra ela.

As mãos dela voaram a seus braços, suas mãos agarraram seus punhos enquanto os joelhos se dobravam.

— Dura para sempre. — Uma dor triste e amarga encheu sua voz. — A partir de agora para sempre, Lyra. Sempre minha.

Ele a mordeu. Não o suficientemente forte para romper a pele ou para lhe causar uma dor excessiva. Mas mordeu, seus dentes apertaram o músculo sensível, enquanto ela se levantava sobre a ponta dos pés e uma faísca de prazer elétrico arrancava um grito estrangulado de seus lábios.

Seus clitóris palpitava, sua vagina chorava, seus mamilos estavam tão duros, tão tensos que eram quase uma dor violenta, e uma debilidade letárgica a deixava ofegante, em vez de lutar por sua liberdade.

— Para sempre? — Deveria ter ficado alarmada. Não supunha que sempre estivesse em seu vocabulário. Não tinha desejo de estar sob o polegar de um homem, apenas sob o corpo deste homem.

Seus lábios se moveram de volta ao pescoço dela, a língua lambeu sua carne enquanto um grunhido retumbava em seu peito.

— Só prová-la. — Sussurrou, aproximando-se de seus lábios e descendo os braços de seu apoio na parede ao lado de sua cabeça. — Fica muito quieta, neném. Só preciso prová-la.

Seus lábios vagaram sobre os dela enquanto a olhava fixamente, seu olhar apanhado no dele, vendo a fome, a dor, a profunda necessidade de sua alma que tinha mantido ocultos sob as pestanas baixas ou o humor zombador.

Mas agora foi forte, tão claro, tão desesperado como a fome dolorosa dele que palpitava em seu estômago.

Ela tremeu quando sentiu suas mãos na frente de sua roupa, seus lábios mordiscando os seus, separando-os, retirando-se só para voltar para mais, enquanto ele a sujeitava pelos pulsos com um apertão mortal.

Os botões de sua roupa cederam, as bordas se abriram enquanto ambos respiravam asperamente, o silêncio da cozinha quebrado somente por seus gritos afogados de prazer.

— Está tão molhada. Posso cheirar quão molhada está. Quão doce é. — Sussurrou ele, enquanto a olhava e seus dedos trabalhavam nos botões de sua bata. — Como a fragrância do verão, me esquentando, me recordando a vida, o viver.

Suas palavras a sacudiram até o mais profundo de sua alma.

— Sabe o que me faz o aroma de seu sexo? — Ele abriu a bata e o ar frio roçou contra seus seios nus, enquanto ela gemia com uma excitação tão aguda, tão desesperada, que se perguntou se sobreviveria a ela. — Me deixa faminto, Lyra. Faminto por tomar, por te ouvir gritar debaixo de mim enquanto enterro cada polegada do meu pau tão profundamente dentro de você como for possível.

Ela gritou alto, incapaz de conter o som. Podia uma mulher alcançar o orgasmo só com palavras? Sua linguagem explícita estava levando-a até a beira, forte e luxuriosa, cheia de um desejo que nenhum homem tinha mostrado antes.

Ele fez uma careta e mostrou os incisivos, seu olhar movendo-se para a rápida ascensão e queda de seus seios.

— Olhe que bonito. — Ele soltou os pulsos dela, estendeu os dedos e logo cobriu com eles o montículo exuberante.

Ela o olhou, confusa, e seus olhos foram vacilantes para onde ela sustentava sua própria carne, com sua mão rodeada pela dele.

— Me alimente com ele. — Sussurrou ele com voz perversa e cheia de luxúria. — Quero prová-lo.

Ela estremeceu, e um gemido escapou de sua garganta ante o puro erotismo do que ele estava fazendo.

Sua mão voltou para a dela.

— Dê-me isso, Lyra. Empurra esse bonito e duro mamilo contra minha boca.

Ela não podia acreditar no que estava fazendo. Que estivesse elevando seu seio, inclinando-se para frente enquanto ele dobrava os joelhos, agachando-se para permitir que bonita protuberância passasse por seus lábios.

Ele o lambeu primeiro.

— OH, Deus, Tarek! — Ela estava tremendo como uma folha, com pequenas pontos de prazer explosivo detonando por seu corpo.

Ele o lambeu de novo, com sua língua que raspava como veludo úmido que se deslizava sobre a ponta sensível. Logo grunhiu. Um som duro e selvagem enquanto seus lábios se abriam, separavam-se, para envolver o duro ponto com o calor úmido e selvagem de sua boca.

Ela alcançou o clímax.

As mãos de Lyra saíram disparadas à cabeça dele, suas mãos se enredaram nas mechas ásperas de seu cabelo enquanto algo explodia no profundo de seu corpo. O prazer se precipitou por seu sexo, encharcando-a, derramando-se por suas coxas enquanto ela perdia o fôlego.

Ele nem sequer a beijara ainda.

A cabeça dele se elevou de seu mamilo, as mãos se levantaram e afastaram as delas de seu cabelo enquanto as colocava contra seu flanco.

Ele se apoiou contra seus ombros, alisando a bata desabotoada e deslizando-a lentamente por seus braços enquanto ela tremia diante dele.

Lyra tragou fortemente, e pequenos gemidos passaram seus lábios enquanto ela permanecia nua diante dele. Nua — nunca usava roupa íntima debaixo de sua bata — e ele ainda estava completamente vestido, observando-a com brilhantes olhos dourados que tinham uma expressão predadora e selvagem.

— Doce pequena virgem. — Sussurrou ele, com seu olhar descendo por seu corpo até descansar finalmente nas dobras nuas e escorregadias. — Pequena neném travessa. —Seus olhos voltaram para os dela. — Imagina como vai ser, sentir aí minha língua? Deslizando-se através desse xarope quente e doce. Gozará para mim, Lyra? Gritará por mim de novo?

Ele tomou a mão dela e a moveu ao zíper de suas calças, contemplando-a com olhos selvagens.

— Faça sua escolha agora, Lyra. Me aceite.

Bom Deus! O que se supunha que tinha que fazer com ele? Ela estava ali parada, nua frente a ele, e ele ainda não podia compreender que já o aceitara? Inclusive com todo esse assunto estranho do emparelhamento das Castas, não podia imaginar-se fazendo outra coisa que não aceitá-lo.

— Me beije — Exigiu ela violentamente, e seus dedos se moveram aos broches metálicos da calça e os liberaram lentamente, com o forte calor da ereção abaixo dificultado a tarefa.

— Deus. — Ele grunhiu a prece enquanto estremecia contra ela, suas mãos agarrando os quadris femininos, e fechava os olhos fortemente durante longos segundos.

— Me beije, Tarek. — Sussurrou ela, e estendeu a mão para ele, seus lábios o roçaram, a cabeça dele baixando com olhos ardentes de fome, dor e necessidade enquanto a olhava. — Me deixe mais louca.

A parte dianteira de seu jeans se separou sob seus dedos trementes, e a dura e generosa largura de sua ereção se elevou do tecido, avermelhada e desesperada enquanto ela baixava o olhar nervosamente.

Ela lambeu os lábios.

— Espero que você saiba o que fazer. — Ela finalmente disse, engolindo em seco. — Porque eu não tenho nenhuma pista.

E ele não se incomodou com as explicações. No mesmo segundo, sua cabeça baixou, seus lábios se inclinaram sobre os dela quando sua língua lambeu e logo pressionou exigentemente entre seus lábios.

Imediatamente o sabor de especiarias explodiu em sua boca. O calor a rodeou, açoitou sua mente e logo, célula a célula, começou a invadir seu corpo.

Ela pensou que a fome atormentadora e dilaceradora que sentia por seu toque, seu beijo, não podia piorar. Estava equivocada. Os toques, explosivos de sensações, começaram a rasgar suas terminações nervosas. A carne já dolorida entre suas coxas começou a arder com uma necessidade violenta e espasmódica.

Ela gritou em seu beijo, elevando-se nas pontas dos pés em busca de mais, apertando-se contra ele, tentando afundar-se no calor que emanava debaixo de sua roupa.

Ele afastou os lábios dos dela, com a respiração dura e áspera, enquanto ela tentava apanhar seu corpo e capturar seus lábios de novo.

— Essa fodida pílula. — Sua voz era animal, áspera, faminta.

— Não. Me beije de novo. — Agarrou-lhe o cabelo, baixando de novo sua cabeça até que seus lábios cobriram os dela outra vez, e um gemido rasgou a garganta masculina quando a língua dela empurrou entre seus lábios.

Era fogo incontrolável. Era destrutivo. Ela podia sentir as chamas lambendo seu corpo, pontadas de eletricidade sensibilizando sua carne. E o prazer — o prazer era esmagador.

Ela sentiu que a elevava. Tirou-lhe os pés do chão enquanto ela elevava as pernas e as dobrava para abraçar seus quadris, a longitude animal e quente de sua ereção queimando as dobras de seu sexo.

Ele estava movendo-se. Andando. Céus!, como podia andar?

Ele afastou os lábios de novo, com movimentos espasmódicos, enquanto apoiava o traseiro dela sobre a pia da cozinha e abria a pequena embalagem de plástico.

Ele empurrou a pílula entre seus lábios.

— Engole. — Grunhiu ele. — Agora, Lyra.

Ele se estava movendo contra ela, seu pênis deslizando-se nos sucos de seu sexo enquanto cravava ferozmente a vista nela, esfregando o broto tenro de seus clitóris, enviando espasmos de sensações que rasgavam seu ventre.

Ela tragou a pílula antes que seu olhar caísse a suas coxas.

Ela gemeu.

— Faça-o. — Sussurrou ela, olhando como a torcida cabeça de seu pênis a separava e logo se deslizava para cima, esfregando-se contra seus clitóris.

— Maldição. — A voz dele esta cheia de luxúria, de uma exigência intensa, seus dedos se enredavam em seu cabelo, jogando a cabeça dela para trás para forçar seu olhar no dele. — Eu lhe disse isso. Primeiro, vou comer essa doce vagina.

— Não posso esperar, Tarek. — Gemeu ela, com suas mãos agarrando camisa dele, assombrada quando os botões se romperam e revelaram seu peito dourado. — Agora. Necessito-o agora.

— Pode esperar.

Mas ele não ia faze-lo.

Os olhos dela se dilataram quando ele a empurrou para trás, abrindo suas coxas enquanto elevava suas pernas e afundava a cabeça entre elas.

Os primeiros toques de sua língua pela sensível fenda de seu sexo fizeram com que gritasse. Ele a lambeu, bebendo os sucos que se derramavam de sua vagina, grunhindo contra sua carne.

Ela nunca tinha imaginado um prazer tão agonizante. Retorceu-se por baixo dele, enroscou-se e corcoveou contra sua boca enquanto ele rodeava seu clitóris, só para mover-se mais abaixo para lambê-la de novo.

Ele mordiscou os sensíveis lábios, separou-os e de repente, assombrosamente, enfiou sua língua dentro dela. Explodiu em uma tormenta de prazer ardente, quando sua língua a comeu com golpes duros e abrasadores. Seus músculos se apertaram, estremeceram, e derreteu-se em mais líquido ardente de seus deliciosos lábios.

E mesmo assim, não era suficiente.

Ela ofegava, as lágrimas molhavam seu rosto enquanto se estremecia uma última vez, elevando a vista para ele quando se endireitou entre suas coxas.

—Tarek? — Ela soluçou seu nome, implorante. — Preciso de mais.

Ela estava esgotada, mas o fogo que ardia em seu corpo parecia interminável.

— Shh, neném. — Ele a levantou rapidamente nos braços. — Me nego a tomá-la sobre o balcão da cozinha, Lyra. Não o farei.

Ele tropeçou quando as pernas dela se enrolaram ao redor dele, abraçando fortemente seus quadris, seus clitóris esfregando-se contra o eixo de seu pênis, enquanto começava a levá-la para as escadas.

— Assim não vou conseguir chegar lá em cima. — Ela estava montando a grossa cunha, o prazer agonizante rasgando-lhe a mente.

Se apenas encontrasse a posição correta. Só um pouco mais alto...

Ela sentiu que a cabeça inchada a separava, alojando-se contra a tenra abertura antes que seu primeiro passo dele nas escadas o forçasse a introduzir-se dentro dela.

Ele tropeçou, grunhiu, e um braço se firmou ao redor dela enquanto ele apoiava a mão na parede, respirando pesadamente.

— Não assim. — Murmurou ele bruscamente. — Oh Deus, Lyra! Não assim. Não na sua primeira vez...

Pena, remorso. Ela o viu em sua expressão, ouviu-o em sua voz. Mas estirando sua entrada, brincando com ela, tentando-a, estava a cabeça do instrumento que necessitava para aliviar a luxúria atormentada que queimava seu sexo.

Ela se moveu em seu abraço, sentindo-o deslizar-se mais para dentro dela antes de parar contra a prova de sua virgindade.

— Neném… — Ele sussurrou o carinho contra seu ouvido, enquanto avançava com muita dificuldade outro passo.

Cada movimento retirava seu pênis, empurrava-o para dentro novamente e acariciava não mais que uns poucos centímetros dentro dos músculos de sua vagina que o agarravam, enviando sacudidas estremecidas por todo seu corpo ante o delicioso prazer.

Estava matando-a.

— Sinto muito. — Ele parou, e flexionando-se, colocou seu traseiro na beirada do degrau enquanto se ajoelhava diante dela. — Deus, Lyra, sinto muito!

Ela não teve mais que um segundo de advertência antes que seus quadris se flexionassem e logo empurrasse para diante, levando sua ereção grossa e ardente às profundidades de sua vagina faminta e absorvente.

Impactante, abrasador. A repentina penetração fez com que se arqueasse quando o prazer e a dor de sua brusca entrada chisparam por suas terminações nervosas. Repleta, fortemente estirada, podia sentir seu pênis palpitar dentro dela, e colocar chamas em suas profundidades ultra sensíveis.

A cabeça de Lyra caiu contra o degrau superior, suas pernas se elevaram e agarraram fortemente suas costas, quando ele começou a mover-se dentro dela.

Era diferente de tudo que tivesse imaginado. Podia sentí-lo separando seus músculos tenros, acariciando a malha delicada e enviando chicotadas de prazer insuportável por seu sistema.

Ela se agarrou a ele, sentindo seus lábios em seu pescoço, seus incisivos arrastando-se sobre sua carne enquanto a pressão começava a formar-se dentro de seu corpo, o prazer fundindo-se, reforçando-se a cada investida desesperada de seu pênis nas profundidades acolhedoras de sua vagina.

Mal sentiu a madeira dura do degrau debaixo ela. Tudo o que sentia era ao Tarek: duro, ardente, amplo, enchendo-a, fazendo-a tomar mais, empurrando dentro dela com um ritmo crescente até que sentiu que o mundo se dissolvia ao redor dela.

Então sentiu mais.

Seus olhos se abriram desmesuradamente, e olharam estarrecidos ao teto sobre ela quando os dentes dele morderam seu ombro e a imobilizaram para algo tão incrivelmente irreal, que estava segura de que tinha que estar imaginando.

Ele investiu profundamente, e seu corpo se esticou quando ela sentiu uma ereção adicional, uma extensão que saía de baixo de sua glande, acariciando um feixe de nervos que estavam no alto de sua vagina, e enviando a seu apressado êxtase anterior até o arrebatamento. O calor de seu sêmen a encheu, pulso atrás pulso violento, que ressonavam nas profundidades agitadas enquanto ele grunhia dolorosamente em seu pescoço.

Ele estava travado dentro dela. A extensão que o mantinha em seu lugar enviava cataclismos de sensações, que explodiam dentro dela uma e outra vez.

Quando finalmente terminou, quando os jorros fortes e pulsantes de sua liberação e os violentos estremecimentos da sua própria terminaram, seus olhos se fecharam pelo esgotamento.

Pensara que nenhuma excitação podia ser pior que a que tinha conhecido antes de seu beijo. Estava aprendendo rapidamente quão equivocada estava.

 

“Você não é humano… Pode se olhar no espelho e declarar sua humanidade. Pode dizer a si mesmo que as aparências são tudo o que importa. Não são. São animais. Criados em um laboratório, uma criação artificial, ao serviço dos homens que os fizeram. É um animal. Nossas ferramentas. Nada mais…”

Tarek olhou fixamente ao teto sustentando Lyra em seus braços, sua cabeça sobre seu peito, seu corpo cobrindo-a. Ela parecia um gatinho, determinada a aproximar-se tanto como fora possível em seu sonho, aconchegando-se contra ele com um suspiro antes de relaxar, depois do esgotamento várias horas antes.

Ele não era humano. Isso tinha ficado completamente claro nas escadas, com seu corpo cobrindo o dela, quando aquilo traiu seu sentido de humanidade. Sua crença em que era um homem, não um animal.

Uma lingüeta.

Fechou os olhos quando a amargura o alagou.

Refreou o tremor de luxúria pura ante a recordação das sensações. Meu Deus, o prazer! Tinha sido diferente de tudo o que pudesse ter imaginado. A extensão tinha sido extremamente sensível, pulsante, palpitando com prazer orgásmico enquanto vertia seu sêmen nela.

Ele inspirou profundamente, fazendo uma careta ante a ereção que ainda vivia. Sentia que nunca teria suficiente da sensação de sua sedosa vagina, com ou sem o Zelo de Acasalamento. Passou uma das mãos pelo cabelo dela, seus dedos enredando-se nos suaves fios enquanto saboreava o prazer de senti-la a seu lado.

Ela era cálida. Preciosa. Era um presente que jamais imaginara que teria.

E gostava. Sabia que ela sentia ao menos um pouco de afeto por ele, embora possivelmente não tanto quanto o que ele sentia por ela. Demônios, apaixonara-se por ela pouco tempo depois de conhecê-la. Soubera que era amor. Sabia que a possessividade, a alegria, o puro deleite que lhe dava não podiam ser nada mais.

Ele queria tomá-la, apertar seus braços a seu redor e manter o mundo do lado de fora para sempre. Mas tinha que ser realista, não era possível. Só podia abraçá-la agora e ver como reagiria quando despertasse.

E aquela parte o aterrorizou. Sentiria-se enojada?

Demônios, certamente que sim! Que mulher normal e razoável poderia aceitar facilmente algo tão animal? Tão fora dos limites do que conhecia como humano?

Ele a sentiu mover-se contra ele, e refreou seu grunhido de luxúria impaciente quando sua perna deslizou sobre sua coxa, seu joelho quase acariciava a carne tensa de seu escroto.

Doce Jesus, ela o punha quente. E não culpava ao Zelo de Acasalamento. Soubera que o faria desde seu primeiro encontro com ela.

Ela suspirou contra seu peito, um pequeno som suave que apertou seu coração, enquanto sua mão pousava em seu peito para logo mover-se para trás.

Ele suspirou, e seu fôlego quase parou enquanto ela repetia sua ação.

— O que aconteceu com você? — Seus dedos percorriam a linha quase invisível de cicatrizes que se entrecruzavam em seu peito.

—Treinamento. — Ele esperava que ela não perguntasse mais. Rezava para que não perguntasse mais.

— Que tipo de treinamento? — Ela se inclinou sobre ele, abrindo seus olhos sonolentos, embora seu olhar fosse tão agudo como sempre.

Ele estava disposto a apostar que ela enlouquecia seu pai. Era muito curiosa, muito independente e muito disposta a obter as respostas que exigia.

— Só treinamento, Lyra. —Respondeu ele finalmente. — De vez em quando, não era o pequeno soldado perfeito que deveria ter sido.

Ele ouviu a amargura que engolfava sua voz, estremecendo ante seu som.

Os dedos dela moveram-se de novo sobre as cicatrizes abrasivas, enquanto seu olhar se fixava no seu. Um olhar cheio de cólera. Não tinha sido sua intenção zangá-la. Só queria protegê-la do que tinha acontecido durante aqueles anos. Não havia nenhuma razão para que ela conhecesse a brutalidade e a crueldade daqueles que o criaram.

— Espero que estejam mortos. — Seu grunhido o surpreendeu, como o fez a fúria sanguinária daqueles formosos olhos enquanto o olhava fixamente. — Quem quer que tenha feito isso, espero que o tenha matado.

Fizera-o. Mas não era algo do que estivesse orgulhoso.

Entretanto, estava orgulhoso deste pequeno sinal protetor dela. Estava zangada em por ele, não com ele.

— Acabou. Isso é o que importa. — Ele tocou sua bochecha, encantado com ela, tal como estivera desde o primeiro momento em que a tinha visto.

Ela suspirou, um som pouco feminino que realmente não o surpreendeu, seu rosto lhe demonstrava seu desacordo.

— Preciso de uma ducha. — Ela finalmente se separou dele, seus movimentos eram vacilantes.

— Vou te mostrar a ducha e conseguirei uma de minhas camisas para que a use. — Ele saiu da cama antes de girar-se e levantá-la em seus braços.

Ela se agarrou a seus ombros enquanto o olhava, surpreendida.

— Está muito sensível. — E pesava menos que uma pluma. — Provavelmente, deveria tentar um banho para acalmar a irritação. Tenho alguns sais de banho no armário que te farão sentir-se melhor.

Jonas tinha aconselhado banhos quentes para ajudá-la a aliviar a dor e o calor da excitação, e assim, dar-lhe uma pequena pausa.

Ele conhecia seu aroma e podia detectar as mudanças enquanto ela percorria o processo de ovulação. A pílula que tinha tomado não faria nada para parar o zelo, apenas pararia com o processo de ovulação. Não haveria nenhum ovo, nenhuma concepção. Ele não fez caso à pequena labareda de pesar que lhe provocou pensar nisso.

— Também estou com fome. — Informou-lhe ela. — E não quero nenhuma dessas bolachas repugnantes. Quero comida de verdade.

Ele a deixou no banheiro, e ficou encarando-a com ar confuso.

— Como o que?

— Chamarei o Liu. Mandará a um dos garotos de entrega. — Ela olhou o enorme banheiro antes de voltar o olhar para ele de maneira significativa.

Um convite para partir. Isso não era difícil de entender. Mas não ainda.

— Diga-me o que quer, farei com que um amigo traga para nós. — Sugeriu, em troca, ele. — No momento, eu preferiria não deixar que alguém que não conheço entre na casa.

Um pequeno tremor percorreu seu corpo, enquanto ela afastava a vista dele por um momento e respirava com força.

— Bem. Posso entender isso. Desde que consiga minha dose de comida Chinesa.

Ele escutou com cuidado os pratos que ela queria que pedisse, contendo a risada. Era suficiente para alimentar um exército. Era bom que tivesse uma memória quase perfeita.

— Tome um banho. Chamarei Jonas, e farei o pedido. Quando tiver terminado, a comida já deverá estar aqui.

Ele podia cheirar como se aumentava sua excitação, e queria que ao menos tivesse tempo para desfrutar da comida

—Obrigado. Agora saia. — Pediu-lhe que se afastasse com um gesto delicado de seus dedos. — Não te necessito aqui por agora.

Seus lábios se torceram ante a expressão irritada dela, mas fez o que lhe pedia. E rezou. Rezou para que tivesse perdoado o animal que era, em vez do homem que sabia que necessitava.

 

— Tenho que ir para casa, pegar algumas roupa e outras coisas. — Lyra encontrou sua bata no banheiro, muito bem dobrada sobre a secadora, depois de consumirem a comida chinesa.

Sua fome estava saciada, mas isso era tudo. O calor da luxúria que crescia em seu corpo a enlouquecia.

Pinicava em seus seios, e provocava espasmos em sua vagina. E sentia dor, de tanta vontade de receber um beijo — literalmente. Estava segura que nenhuma droga seria tão poderosa, como eram seus beijos.

— Não pode deixar a casa ainda, Lyra. — Sua voz não permitia nenhum rechaço.

De acordo, um homem podia ser realmente sexy quando era tão dominante, sobretudo este homem. Mas ela não estava com humor para isso. Ela queria ser comida, mas que a condenassem se o pediria. E como que sabia que ele podia cheirar sua excitação, também sabia que era muito consciente da fome que crescia dentro dela.

Ela voltou-se cuidadosamente, apertando o tecido dobrado contra os seios.

— É uma pena. Preciso de roupa limpa, e de tempo para pensar…

Um amargo sorriso torceu seus lábios, uma dor furiosa refletindo-se em seu olhar.

— O tempo para pensar era antes que decidisse aceitar meu beijo.

Ela sacudiu a cabeça ante a cólera em sua voz.

— Não sobre isto. — Disse ela, ferozmente. — Tenho que decidir coisas, Tarek. Isto mudou minha vida, você sabe e eu também. Há outras coisas implicadas que não somos você e eu, e este Zelo de Acasalamento ou como quer que o chame.

Zelo? Infernos. Estava-a matando.

— Então, ocupe-se disso por telefone. — Ele não fazia nenhuma concessão.

Bom Deus!, por que não tinha prestado atenção às advertências de sua total teima masculina que tinha vislumbrado durante meses? Parecia tão imóvel como um penhasco.

— Preciso de roupas. Meu computador portátil...

— Não terá tempo de usar roupas ou trabalhar… — Ele avançou sobre ela, seus olhos brilhantes de luxúria. — Terá sorte de ter tempo para comer.

O estômago dela se contraiu ante o grunhido de sua voz enquanto ele a alcançava, tirando-lhe a camisola e a bata antes de colocá-los de novo na máquina de lavar roupa.

— Quero transar na cama, desta vez. — Seus dedos se enredaram no cabelo dela enquanto jogava sua cabeça para trás e baixava a cabeça para beijá-la.

Como se ela fosse tão fácil.

Não a preocupava quão quente estivesse ou quão dolorosa fosse a excitação. Ela não ia rebaixar-se e aceitar isso. Podia não ser uma Mestiça com um conhecimento claro do Zelo de Acasalamento, mas ainda tinha uma mente própria.

Antes que ele pudesse detê-la, ela se afastou, cruzando a entrada e caminhando através da cozinha até o vestíbulo. Não ia tentar usar a porta traseira. Mas podia ter uma oportunidade de chegar a sua própria casa antes que ele a parasse no pátio dianteiro. Com chuva gelada e tudo.

— Lyra! Onde demônios pensa que vai?

Ele moveu-se para diante dela antes que pudesse alcançar a porta, e ficou olhando-a reflexivamente enquanto ela continha o impulso de dar-lhe uma patada.

— À minha própria casa. — Recordou. — Lembra? Comida? Computador portátil?

— Não. — O áspero grunhido provocou calafrios em sua espinha dorsal e espasmos em sua vagina. Maldito fosse! Um homem nunca deveria ter uma voz tão intrínsicamente sexy.

— Tarek, tem a impressão de que este seu Zelo de Acasalamento te dá direitos que não tem. — Cravou-lhe o dedo no peito, empurrando ao obstinado músculo masculino que não se moveu nem um milímetro.

Uma intensidade selvagem endureceu sua expressão, dando-lhe um aspecto perigoso e predador.

— É minha companheira. É minha missão te proteger. — Ele virtualmente grunhiu as palavras, elevando os lábios para mostrar os incisivos terrivelmente brancos.

— É dia claro, Tarek. — Disse ela como se estivesse falando com um menino. Algumas vezes os homens não respondiam a nada mais. — Estou a salvo, coração. Só vou cruzar a grama.

— Não o fará. — Ele andou para ela.

E, é obvio, ela se afastou.

A expressão do seu rosto lhe disse que já tinha deixado de ignorar sua excitação, e que agora estava preparado para fazer algo. Certamente, a ereção que pulsava sob suas calças de esporte dizia o bastante por si mesma.

— Tarek, estas táticas de força vão me deixar zangada. — Disse ela entre dentes, com a irritação alagando-a. — Eu não gosto.

— E? — Seus lábios se curvaram em um sorriso zombador. — Diga-me, companheira, como pensa em parar com isso?

Uma tranqüila confiança masculina marcava seus traços.

— Vou te machucar. — Resmungou ela, enquanto a frustração a invadia porque sabia que realmente não havia nenhuma maldita coisa que pudesse fazer.

Podia chamar seus irmãos. Mas isso não seria jogo limpo. Seria?

Não, decidiu ela, tinha que cuidar disso por si mesma.

Ela retrocedeu de novo quando ele se aproximou e encarou-a com os olhos entrecerrados.

— Não estou preparada para fazer sexo com você. — Declarou ela imperiosamente, tentando de escapar para a sala de estar.

Ele sorriu. Um sorriso malicioso e sensual que fez com que seu sexo chorasse. Maldito fosse!

— Não? — Ele a espreitou na grande sala, e o olhar dela se moveu pelo pesado mobiliário, abrangendo as linhas masculinas e a esterilidade quase clínica da habitação. Não havia sequer uma fotografia.

— Não. Não estou.

OH, mas sim, estava. Estava golpeando em suas veias e palpitando em seu peito. Seus seios estavam contraídos com sua necessidade dele, seu sexo se apertava de fome.

Ele parou enquanto ela bordeava a pesada mesinha de centro de madeira de cerejeira, encarando-o cautelosamente.

— Faz-me querer sorrir. — Sussurrou então ele, e seus olhos se encheram de calor e desejo. — Até sendo tão obstinada como pode ser, me faz querer sorrir.

O coração dela se derreteu. Bom, maldição, como ia manter-se em sua posiçao quando ele dizia coisas como essa?

— Agora não é momento de ser agradável. — Espetou ela, enfurecida com ele.

— Mas eu quero ser agradável com você. — Ele usava essa voz áspera como o uísque a modo de carícia, e era muito efetiva para a paz mental de Lyra. — Quero ser muito agradável com você, Lyra. Quero te tombar nesse canapé, estender essas bonitas pernas e mostrar-lhe quão agradável posso ser contigo. Você não gostaria disso, neném?

O calor na casa subiu quarenta graus. Ela podia sentir a transpiração que se formava entre seus seios e em sua fronte, e a fome que a rasgava.

Ela não correu quando ele rodeou a mesa. Observou-o enquanto se perguntava que demônios acontecia com sua vontade, sua força, sua determinação de que este homem não a enrolasse tão facilmente.

Mas o fazia. Não com suas palavras. Ou sua intenção. Era o desejo em seus olhos, sua vulnerabilidade, a alegria que cintilava ali quando ela o enfrentava.

— Realmente, vou zangar-me muito com você um dia destes. — Avisou ela enquanto ele se aproximava, rodeando-a, e sua mão se movia sob seu cabelo para agarrar seu pescoço. — E tampouco me morda de novo. É muito estranho.

Podia sentir pulsar a ferida, dolorosamente sensível.

— Está se queixando da dentada, mas não da lingüeta? — O tom despreocupado de sua voz não se refletia na tensão de seu corpo.

— Bom, sim. — Ela clareou garganta nervosamente. — Pela lingüeta posso te perdoar. Entretanto, a dentada vai conseguir meus irmãos te chutem o traseiro se o virem. Prefiro te manter inteiro.

Ele fixou a vista nela pensativamente.

— Acho que gostou da lingüeta. — Ele baixou a cabeça e sua língua raspou a pequena ferida de sua mordida. — E penso que também você gostou da dentada, Lyra.

Ela tremeu enquanto sua língua a raspava e enviava correntes de prazer por toda ela.

— Possivelmente. — Ofegou ela de prazer, ficando quieta, as mãos nos flancos convertidas em punhos para evitar tocá-lo, para evitar turvar a emoção que sentia tecendo-se ao redor dela.

— Vem aqui, neném. — Ele a atraiu a seus braços, sem deixá-la com outra opção além elevar os seus, mover as mãos para seu pescoço, a seu glorioso cabelo. — Vejamos o quanto você gosta de ambos.

Sua cabeça baixou, seus lábios cobriram os dela... e estave perdida. Soube que estava perdida. Arrastada por uma tormenta de fogo, u calor sensual quando o hormônio de sabor delicado começou a filtrar-se em seus sentidos já preparados.

Ela gemeu em seu beijo, seus lábios se separaram aceitando sua língua, usando-a enquanto um grunhido selvagem vibrava na garganta dele. Suas unhas morderam os ombros dele, arranharam a carne e lhe acariciaram sucessivamente,enquanto suas mãos agarravam as nádegas dela e a elevavam contra ele.

Ela era consciente de como a movia, tombava-a sobre as almofadas de um sofá muito fofo enquanto se movia sobre ela. Ele empurrou a camisa sobre seus seios, mas nenhum dos dois pôde interromper o beijo por tempo suficiente para arrancá-la. Mas de alguma forma, sua camiseta se foi.

Ela podia sentir seu pênis duro e pesado contra sua coxa, enquanto suas mãos erravam sobre seu corpo sensibilizado. Gemeram, com os sons de prazer mesclando-se, fundindo-se, quando ele se elevou sobre ela e a ampla crista de sua ereção pressionou contra a entrada escorregadia e preparada de seu sexo agitado pelos espasmos.

OH, Deus, amava-o! Tudo nele. Cada porção dele.

— Agora. — Sussurrou ela quando ele parou. — Me ame, Tarek... Por favor...

Ele fez uma careta, seus lábios se separaram de seus dentes em um grunhido selvagem enquanto a olhava com surpresa.

— Não sabe, Lyra? — Seu sorriso era agridoce. — Não sabe o muito que te amo?

Ela o teria golpeado, ou ao menos teria gritado, por dizê-lo com tal dor desesperada. Mas ele escolheu esse momento para começar a empurrar dentro dela, estirando seus músculos apertados enquanto o pênis trabalhava em seu interior.

Um calor apaixonado e agonizante a encheu. O prazer era um rápido relâmpago que flamejava em cada porção de seu corpo enquanto ele se balançava contra ela.

Ela o sentiu centímetro por centímetro, afundando-se dentro dela, assim como tinha tomado seu coração. Pouco a pouco, forçando-a a abrir-se, queimando-a não só com o prazer mas também com a pura suavidade que usava.

— Morreria por você. — Sussurrou ele contra seu ouvido, ocultando sua expressão contra o pescoço enquanto ela se convulsionava ao redor dele, com as mãos enredadas em seu cabelo. — Não sabe, Lyra, que agora vivo por só você? Agora e sempre.

Ele se impulsionou através das profundidades finais de seu sexo dolorido, empurrando ferozmente antes de retirar-se com o mesmo ritmo atormentador que tinha usado para entrar nela.

— Tarek. — Ela mordeu sua orelha. Estava deixando-a selvagem, inflamando seu coração, envolvendo seu corpo em estremecimentos de prazer. — Simplesmente viva por mim. — Ofegou ela. — OH, Deus! — Ele empurrou dentro dela rapidamente e se retirou lentamente, roubando-lhe a respiração e o pensamento.

— OH, neném, não terminei ainda com você, nem de longe! — Sua voz era tão escura, tão aveludada e áspera que quase a lançou ao clímax. Seu interior se convulsionou, a respiração lhe entupiu na garganta enquanto seus clitóris se inchava próximo ao êxtase.

Ele se reclinou para trás, seus joelhos pressionaram contra o sofá enquanto cobria suas pernas. Sobre suas coxas. Com as mãos livres a elevou de novo contra ele, sustentando-a contra seu peito enquanto olhava fixamente seu rosto emocionado.

— Tire a camisa.

Seu pênis palpitava dentro dela, seu sexo estava sorvendo-o com gula entusiasmada e ele estava preocupado com a camisa?

— Agora. — Sua voz se endureceu, seu olhar se ficou obstinado. — Não te darei o que necessita, Lyra, até que o faça.

As mãos dela desceram de seu pescoço, agarraram a camisa e lutaram para tirá-la pela cabeça, enquanto uma mão agarrava sua nádega e a levantava vários centímetros da grossa coluna de seu pênis. Logo a liberou, empurrando mais forte e profundamente de novo em seu interior enquanto ela gemia com delirante necessidade.

A camisa liberou sua cabeça, embora lutou para tirá-la de seus braços. Finalmente se foi, suas mãos se moveram aos ombros dele de novo, suas pernas se endureceram ao redor de seus quadris enquanto lutava para forçá-lo a se mover dentro dela.

— Tarek, vou te esfolar vivo se continuar me torturando assim. — Ela sabia que o gemido lamentável de sua voz não fazia muito forte a ameaça. Mas ele deveria conhecê-la bem o bastante para saber que ela cumpriria sua palavra. Possivelmente.

Ele riu entre dentes.

— Resista. Vamos para a cama.

— A cama? — Seus olhos se dilataram com horror quando ele se retirou facilmente do sofá.

Ela tremia enquanto seu pênis se movia com cada movimento.

— Já ouvi isso a última vez. — Seu gemido estrangulado quase se converteu em um gemido de êxtase quando seu pênis começou a mover-se dentro e fora dela com cada degrau. — Esses degraus... —Ela gemeu ante a sensação de seus movimentos dentro dela. — Não são tão cômodos.

— Nós conseguiremos. — Ele soava muito crédulo. Muito decidido.

Doce Jesus, ia matá-la. Jurava que o faria. Sabia que o faria.

— OH, Deus! Tarek. Tarek, não posso suportar mais! — Gritava ela seu nome enquanto ele começava subir os degraus com passos rápidos e pesados.

Seu pênis golpeava dentro dela, levando sua respiração com cada retirada, balançando-se, empurrando com força, logo balançando-se de novo para dentro.

As unhas dela se cravaram em seus ombros, com gritos desesperados e ofegantes que caíam de seus lábios enquanto apertava as pernas ao redor dos quadris e lutava por agarrá-lo forte.

O primeiro orgasmo a açoitou no sexto degrau. No décimo segundo estava estremecendo-se, sacudindo-se em seus braços enquanto o segundo lhe roubava a respiração e a mente.

Foi apenas consciente de que ele chegou à cama, tombou-a sobre ela e agarrou seus quadris enquanto começava a tomá-la em um terceiro e destrutivo clímax.

Ela se arqueava, o fôlego abandonava seu corpo apressadamente enquanto sentia a liberação dele rasgando-a. A lingüeta se inchava com força debaixo da cabeça do pênis, pressionando o delicado molho de nervos que nenhum homem teria alcançado de outro modo. Palpitava, acariciava e a enviava voando a um orgasmo sem princípio nem fim. Só restava Tarek, sustentando-a, seus dentes se separaram da ferida que tinha deixado anteriormente antes que seus dente se fechassem sobre ela de novo e o esquecimento escuro a alcançasse.

— Eu te amo. OH, Deus, Tarek, Eu te amo…! — A escuridão aveludada a envolveu enquanto as palavras se sussurravam livres, seu coração se expandia enquanto sua alma parecia elevar-se, estremecer-se e abrir-se para aceitar uma parte dele que nem sequer a morte poderia roubar nunca.

 

—… Só estou cansada, papai. Saí ontem à noite para jantar com um amigo e tenho todo o trabalho atrasado. Penso que seria melhor se os meninos e você viessem depois de que tivesse passado toda esta chuva. Sabe como deixam minha cozinha quando está molhado...

Tarek escutou como Lyra fazia seu pai dançar ao som de uma canção que nem sequer ele teria acreditado. Sua pequena, sexy e sensual companheira estava dando desculpas a seu pai, que nem sequer ele, que não tinha experiência com pais, teria tentado nunca.

O que a fazia pensar que essa voz doce e delicada enganava a alguém?

“Está louca!”, articulou ele lentamente com a boca, e a ignorou quando o dispensou com um gracioso movimento de sua mão.

Depois de dois dias de sexo que deveriam tê-lo matado, em posições que não tinha tentado em toda sua vida sexual, era inclusive propenso a ser bastante parcial a seu favor. Mas o tom doce, inocente e encoberto de mel fez que girasse os olhos, antes que ela o encarasse ferozmente com o cenho franzido.

“O que?”, articulou ela com a boca, dirigindo-lhe um irritado olhar antes de voltar sua atenção à chamada que tinha feito a sua família.

Considerando o fato de que seus irmãos pertenciam às Forças Especiais, duvidava que seu pai fosse tolo. Mas aqui estava sua independente e batalhadora companheira, reclinada nua em sua cama, coberta nada mais que com um lençol, tecendo uma desculpa que fazia com que ele estremecesse dolorosamente.

Seu cabelo sedoso estava enredado ao redor de sua cara ruborizada, os olhos azuis brilhavam com irritação e ela tinha a cara de pau de sentar-se ali e tentar enganar seu pai dessa forma.

“Ela estava cansada. Não gostava de cozinhar. Seus irmãos montavam confusões...”

Dá um tempo. Demônios, que desse a ele forças, porque tinha o pressentimento de que toda a fúria de um pai e seus filhos chegaria à soleira dele, poluindo a cuidadosa armadilha que Braden tinha montado ali para apanhar o Domador.

— Sim, papai, sei que ficam chateados quando têm que esperar para fazer as coisas, mas meu pátio parece um pântano, e não poderiam fazer nada mesmo que quisessem. Só querem uma comida grátis, e eu estou ocupada.

Ela estava fazendo caretas. Fazendo caretas a sério. O que acontecia com a independente mulher de «faça à minha maneira ou de nenhuma» que conhecia? Meneou a cabeça e passou os dedos pelo cabelo, enquanto tentava pensar em formas de arrumar aquilo antes que a família dela se tornasse uma dor de cabeça.

Mas ela não parava de nenhuma forma. Passou a mão pela garganta, olhando-a com o cenho franzido em modo de advertência. Sem efeito. Tudo o que conseguiu foi um olhar feroz.

Esse olhar feroz endureceu efetivamente seu pênis. Tudo o que ela tinha que fazer era pensar em opor-se, e essa carne obstinada se elevava à rígida vida. Maldição. Ela estava desgastando-o.

Mas que forma de ir-se.

Ele teria sorrido ante o pensamento se ela não tivesse eleito esse momento para dizer papaizinho, nesse tom suave e inocente, vou trabalhar toda a tarde.

Foi suficiente para lhe fazer grunhir silenciosamente.

— Sim, papai, prometo que serei cuidadosa e fecharei as portas e janelas de noite. — Essa promessa foi feita em um tom quase automático. — Prometo, os únicos animais selvagens que permitirei entrar serão da variedade de quatro patas. E não é que tenha visto algum ultimamente. —Ela sorriu descaradamente ante suas palavras enquanto dava uma piscada ao Tarek.

«Mulher louca!», grunhiu ele silenciosamente, articulando as palavras enquanto ela fazia girar os olhos nas órbitas. Quem ela pensava que acreditava nisto?

— Hoje não é dia de assar pão. — Bocejou ela depois de que o som apagado da voz de seu pai deixou de falar. — Além disso, estou ocupada. Pode esperar um dia ou dois. — Se aconchegou mais profundamente nos travesseiros, franzindo o cenho enquanto ele a olhava com fascinação quase mórbida.

Ela estava realmente convencida de que estava tendo êxito. Podia vê-lo em seu rosto. No tom de voz de seu pai ele ouvia outra história. Não que pudesse ouvir as palavras, apenas o tom de alerta, a acuidade quase militar.

Ia conseguir que o matassem. Seu treinamento era excelente, mas eram três Forças Especiais do calibre dos que tinham ajudado a liberar as Castas dos Domadores do Conselho, e os soldados não seriam de maneira nenhuma fáceis de derrotar. Especialmente considerando que não podia exatamente matar à família de sua companheira.

— Sim, papai, prometo descansar e te ligo amanhã. — Respondeu em um tom calmante que era tão repugnantemente doce, que o fez perguntar-se se não lhe ia devolver o jantar.

Tomou nota mentalmente para não ser enganado nunca por esse tom de voz.

Quando ela desligou finalmente o telefone, ele a fulminou com um olhar severo.

— Espero que não esteja convencida de que enganou seu pai. — Grunhiu ele furiosamente. — Agora teremos a sua família fazendo a vizinhança em migalhas atrás de você.

— Não seja tolo. — Ela riu ante sua predição. — Virão aqui primeiro. Não acredito que confiem completamente em você. Um pouco relacionado com não ser capazes de encontrar suficiente informação sobre seus antecedentes. — Ela meneou provocativamente suas sobrancelhas sutilmente arqueadas. — Foi um menino mau, Tarek? Ocultando as informações e coisas assim?

Ela rebolou sob o lençol, apoiando as mãos no colchão enquanto se inclinava mais perto dele, em seus olhos dançavam luzes brilhantes de diversão enquanto lhe lançava um sorrisinho sugestivo.

— Deveria te surrar agora por ser mau?

Suas sobrancelhas se juntaram em um cenho. Estava ignorando a dor em seu pênis. Necessitava de comida e uma ducha, ou ia sofrer um colapso por esgotamento.

— Te surrarei mais tarde. — Ele apontou o dedo para ela com uma ênfase decidida. — Alguém precisa te ensinar que não se devem brincar de forma tão óbvia com homens que te conhecem muito bem.

— Sim. Bom. — Ela teve o descaramento de rir dele. — Não menti. Pode detectar minhas mentiras. Tudo o que disse era verdade...

— De um modo tortuoso. — Grunhiu ele.

—Como pensa que consegui sair de sua casa? —Ela se deixou cair contra o travesseiro, e o travesseiro se separou de seus seios e de seus mamilos duros e tentadores. — Mas pode me castigar agora, se quiser.

Ela estava confiando muito em sua habilidade de deixá-lo completamente louco.

Finalmente, apenas lançou as mãos ao ar enquanto se levantava da cama e caminhava com andar majestoso para a porta do banheiro. Se ia ter que lutar com seus irmãos, não queria cheirar a sexo quando isso acontecesse.

— Vou tomar uma ducha. — Disse ele. —. enho a sensação de que quererei estar preparado para a visita de sua família que terei que suportar. E é uma bagunceira, Lyra. Isto se voltará contra você e te golpeará no traseiro um destes dias.

— Sério? — O interesse brilhou em seu olhar cheio de riso. — Assim, faz com que eu fique ainda mais mollada.

Ele soprou.

— Não tenho nenhuma dúvida, pequena maliciosa.

E antes de que seu corpo pudesse anular a sua mente, forçou-se a entrar no banheiro e fechar a porta atrás dele antes que, em troca, unisse-se de novo a ela na cama.

Enquanto entrava sob a água tão quente que jogava vapor, tomou nota mentalmente de ficar em contato com Braden e lhe avisar que esperasse problemas. Tinha o mau pressentimento de que havia muitos em marcha.

Lyra riu enquanto a porta do banheiro se fechava atrás de Tarek, e deixou que a calidez que lhe provocava gracejar enchesse seu coração. Adorava a expressão de sua cara. Por uma vez, as sombras que normalmente habitavam ali tinham desaparecido. Em seu lugar, podia haver irritação ou incredulidade, mas também tinha visto a felicidade.

Fazia-o feliz.

Suspirou ante o pensamento, com uma estranha satisfação que a enchia. Faze-lo feliz não deveria fazê-la sentir-se como se estivesse brilhando de dentro para fora, mas o fazia.

E a fazia querer cozinhar. Realmente incrível.

Ela tinha comida. Finalmente. Levara horas, a noite passada, para convence-lo de que alguém lhe trouxesse os produtos básicos de cozinha junto com um pouco de carne, em vez dessas coisas que cozinhava no microondas todos os dias.

Argh! Essas coisas repugnantes.

Ela sacudiu a cabeça, levantou-se da cama e agarrou a camisola e a bata enquanto ignorava a dor entre suas coxas. Isso e o batimento do coração do desejo. Tinha a sensação de que, Zelo de Acasalamento ou não, podia esquecer que sua resposta ante ele se atenuasse algum dia. Tinha a sensação de que se molharia por ele em seu leito de morte.

Ela deixou o dormitório, desceu calmamente as escadas até o amplo vestíbulo e entrou na cozinha. Deteve-se bruscamente, seus olhos se dilataram e o terror fluiu por todo seu sistema enquanto seus joelhos se debilitavam.

— Bom, parece que Tarek tomou uma pequena companheira. — Zombou o intruso, sua pistola apontada ao coração dela. — Com certeza, o Conselho se divertirá muito com isto. Depois de que eliminemos a seu Leão, é obvio. O único Felino bom é o Felino morto.

Lyra se girou para correr, apenas para golpear-se contra um corpo duro que lhe bloqueava o caminho. O contato enviou uma dor aguda a todas suas terminações nervosas, fazendo que ofegasse pela comoção enquanto se separava do intruso.

E agora, o que? Respirando agitadamente, lutou por controlar seu medo com os olhos dilatados, quando mãos duras a empurraram a uma cadeira de cozinha.

— Ele vai matá-los. — Ela apertou os dedos aos flancos tratando de pensar, de encontrar uma forma de escapar, de avisar ao Tarek.

— Pode tentá-lo. Falhará. Tivemos muito cuidado esta vez. Nem sequer será capaz de nos cheirar. — Diabólico, malicioso. O mais alto dos dois homens a olhava com curiosidade, enquanto sustentava a arma sobre ela. — Agora diga-me, como é foder com um animal?

Lyra engoliu em seco, furiosa.

— Pergunta a sua mulher.

Ele grunhiu ante isso, sorrindo zombeteiramente.

— Não importa. — Encolheu os ombros. — Os cientistas terão a resposta.

Tinha que avisar Tarek. Seu olhar se dirigiu à entrada da cozinha. Ele terminaria logo e desceria as escadas, alheio ao perigo que o aguardava. Incapaz de cheirar a ameaça.

Engoliu saliva fortemente.

O Conselho o tinha torturado a maior parte de sua vida, tratara-o como a um animal, negara-lhe inclusive as considerações humanas mais básicas.

Nunca tinha comido pão feito em casa. Nunca tinha bebido café de verdade. Não sabia como cozinhar, mas pelo que seus irmãos haviam dito, muitos dos laboratórios das Castas tinham sido guaridas de sujeira e abandono. Mesmo assim ele mantinha sua casa brilhante, livre de pó, e tirava os sapatos na porta. Era um homem desesperado por viver, por ser livre. Um homem que sabia como amar, apesar dos horrores que tinha conhecido.

E agora estes dois pensavam que iriam usá-la para matá-lo?

Não podia ser, não o permitiria.

Agora, ele pertencia a ela. Ele era seu coração, sua alma, e ela não podia imaginar a vida sem ele. Morreria sem ele.

“Pensa, Lyra. Seus olhos se moveram a seu redor enquanto os outros dois a observavam estreitamente. “Avise-o. Como poderia lhe avisar...?”

Aroma. Ele podia cheirar a excitação. Poderia cheirar o medo.

Em lugar de esmagar o horror que a percorria, o terror que nublava sua mente, devia dar-lhes rédea solta. Tinha que avisa-lo...

 

Tarek saiu da ducha e se secou rapidamente, e vestiu calças limpas antes de ir à porta para dizer à Lyra que a ducha já estava livre.

Entrou no quarto, e franziu o cenho ante a cama vazia durante um longo segundo, antes de elevar a cabeça lentamente, com um aroma novo e perigoso que alcançava suas fossas nasais.

Medo.

Podia cheirá-lo, agudo, como uma advertência, sobre o rastro da essência única do Lyra. Mas não havia nada mais. Nenhum outro aroma se filtrava pela porta do dormitório que lhe desse uma idéia do que lhe esperava escada abaixo.

Ela era sua companheira, e ele podia sentir o perigo que a rodeava pulsando no ar.

Tirou o celular de baixo da cama e enviou o alerta de problemas antes de ocultar o dispositivo sob o colchão e dirigir-se à penteadeira.

Tirou uma das armas mais pequenas de uma gaveta antes de tirar o protetor do adesivo da ligeira pistolera que se aderia à pele. Pegando o flanco da pistola, ancorou a arma na parte baixa de suas costas, colocou a camisa, e comprovou a munição antes de mover-se para a entrada.

Fazendo uma pausa escutou cuidadosamente. Não havia luzes, mas não as necessitava. E não sabia o que ou quem estava lá em baixo, mas não era um Mestiço. Não havia nenhuma mísera chance de que um Mestiço pudesse disfarçar seu aroma com tanta eficácia. Mas às vezes, raramente, certos humanos podiam fazê-lo.

Os Domadores sabiam como. Era difícil, às vezes quase impossível, mas se podia fazer.

Enquanto se movia para as escadas, inalou cuidadosamente. Não cheirou nenhum aroma de Casta ou de humano além do de Lyra e seu medo. Era esmagador, imperativo. Mas junto com isso havia um aroma estéril, curiosamente oco. Como se algo estivesse limpo. E outro, não tão fresco, como se algo estivesse sangrando, apesar do que tivessem usado para disfarçar a maldade que o enchia.

Seus lábios se moveram em um frio grunhido.

Havia dois, e um deles estava nervoso, cauteloso. Possivelmente não tão seguro como o outro. Esse era débil. Cometeria um engano.

Quando Tarek começou a descer as escadas, depositou a arma extra em um degrau, o bastante perto para saltar e recuperá-la se a necessitasse. Se entrasse armado, saberiam que tinha sido consciente deles e o revistariam, usando Lyra para que ficasse quieto enquanto lhe tiravam a arma oculta.

— Lyra, deixou as luzes apagadas. — Disse em voz alta enquanto entrava no vestíbulo. — Agora basta de jogos. Onde está?

Ele manteve a voz brincalhona, brincando enquanto se movia para a cozinha, onde seu aroma era mais forte. Parou na entrada, colocando as mãos nos quadris enquanto contemplava a cena.

Tudo em seu interior se esticou de medo enquanto lutava por apresentar uma atitude despreocupada. Podia sentir o grunhido que crescia em seu peito, a mandíbula que se apertava com a necessidade de provar o sangue.

Os dois homens estavam parados a cada lado dela, um com sua arma colocada ameaçadoramente contra sua pele. Ela não fazia nenhum som, mas ele podia ver as lágrimas brilhando em seu rosto, seus lábios movendo-se.

«Sinto tanto...»

— Bom, admito, não tinha pensado que fosse realmente possível. — Anton Creighton sacudiu a cabeça enquanto estalava a língua. — E te encontrar tão descuidado. Seus Domadores eram menos rigorosos do que eu pensava durante sua estadia nos laboratórios.

Uns olhos frios e cinzas como o aço olhavam de uma pálida cara. Uma boina negra cobria seu cabelo loiro, mas Tarek recordava sua cor muita bem. Seu corpo largo e muito musculoso parecia relaxado, mas Tarek podia ver a tensão. O outro homem não estava nem de longe tão crédulo como parecia.

E seu companheiro estava aterrorizado.

— A peste de seu homem está começando a sangrar através do que quer que seja para cobrir. — Informou ao Creighton friamente. — Está assustado.

Os olhos do Creighton se entrecerraram quando Tarek se negou a responder à sua provocação. Sua vista se desviou levemente ao outro homem.

— A boa ajuda é tão difícil de encontrar. — Ele sorriu friamente. — Mas o fez o suficientemente bem para evitar que nos detectasse antes do momento apropriado.

Tarek assentiu com todos os sinais de uma atenção distraída enquanto jogava uma olhada em Lyra.

— E que querem esta noite, moços? — Perguntou mantendo sua voz comedida, sem ameaça.

Conhecia Creighton melhor do que o outro homem pensava. Era fácil jogar com ele, manejável em um pequeno grau, e vivia ao fio enquanto lutava por escapar tanto dos soldados das Castas como dos do Conselho.

Creighton era basicamente um covarde. Quando os laboratórios foram atacados por forças governamentais e independentes para resgatar às Castas que guardavam ali, tinha desertado da luta em vez de arriscar-se a que o capturassem. Agora era considerado um criminoso por ambos os bandos.

— Só a garota. — Creighton encolheu os ombros desdenhosamente. — Assim que te eliminar, posso usá-la para uma pequena troca. Deveria ter permanecido longe de meu traseiro, Tarek. Mas já que é tão insistente, agora me ocuparei de você e assegurarei minha volta às filas do Conselho com sua preciosa companheirinha

— O Conselho está dissolvido, Creighton. — Tarek o olhou compassivamente. — Não há ninguém com quem negociar.

Uma rica risada encheu o ar.

— Realmente acredita nisso, Tarek? — Perguntou ele, sacudindo a cabeça. — Não é necessário que se preocupe, menino Leão. Ainda estão aí. Bem escondidos e seguros, mas aí apesar de tudo.

— Cale-se, Creighton! — Urgiu seu sócio. —Mate-o e terminemos com isto.

Lyra piscou e seu olhar se tornou selvagem ante a exigência.

Maldição. Ela era o elemento imprevisível, não esses dois bastardos. E não havia nenhuma maldita coisa que pudesse fazer, salvo rezar para que seu bom senso ganhasse a batalha.

— Seu menino é um pouco impaciente, Creighton. — Zombou Tarek enquanto se recostava contra o batente da porta e cruzava os braços sobre o peito. — Um pouco mandão também, né?

O ego do Creighton era legendário.

— Fecha a boca, Tim! — Cuspiu ele. — Eu o tenho sob controle.

— Está seguro de que não é um coiote? — Tarek assinalou ao bom e velho Tim, com seus esvaídos olhos cor avelã cheios de medo e comprido cabelo marrom escuro. — Treme como um.

O sorriso de Creighton era zombador, chiando nos nervos de Tarek enquanto o tambor de sua arma se deslizava contra a têmpora de Lyra em uma fria carícia.

— Servirá. — Assegurou-lhe Creighton, olhando-o friamente. — Infelizmente, não há nenhuma recompensa por sua cabeça. Mas suponho que vou ter que te matar de todas formas. Se simplesmente me tivesse deixado em paz, moço, eu teria feito o mesmo. — Ele sacudiu a cabeça com pena fingida. — Embora alguns das Castas nunca aprendam.

Só um pouco mais. Só uns poucos segundos mais.

Podia cheirar a fúria de Braden e de outro Mestiço na porta traseira. Mas também podia cheirar o aroma esmagador da fúria na porta dianteira. Fúria humana. A fúria de um pai.

Mierda.

—Este foi um momento realmente mal para me chamar, Creighton. — Tarek meneou a cabeça, quase sentindo agora pena pelo outro homem. — Sabe? Hoje é noite de pão.

Ele deu uma olhada à Lyra, rezando por que ela captasse a mensagem. Ela piscou, com o assombro e uma onda de medo renovado brilhando em seus olhos.

— Noite de pão? — Creighton ficou olhando com confusão. — O que tem a ver o pão com...? A liberdade queimou seu cérebro?

— Infelizmente para você, acredito que sim, tem a ver.

A porta traseira saltou, feita lascas, enquanto o alarme da casa começava a soar. Lyra, abençoado fosse seu doce coração, não era nenhuma parva. Antes que Creighton pudesse pará-la, lançou-se ao chão, rodando sob a mesa enquanto seus pés golpeavam os joelhos de Tim quando Tarek se deixou cair, tirou a arma de suas costas e disparou ao Domador.

A porta dianteira explodiu enquanto Creighton caía e Tarek se jogava sob a mesa da cozinha, com seu corpo cobrindo o de Lyra, e deixando que Braden e quem demônios estivesse gritando como louco se ocupassem do outro homem.

— Disse que não ia funcionar. Não pode brincar com homens que te conhecem tão bem, Lyra. — Grunhiu ele, recordando-a de sua advertência quando tinha falado antes com seu pai. Empurrou-a mais sob a mesa, forçando-a a se colocar atrás dele, abrigando-a entre seu corpo e a parede enquanto ela lutava por ficar a seu lado.

Braden e Jonas estavam no chão, com as armas elevadas e preparadas, enquanto três Navy SEALs bem treinados irrompiam na habitação com as armas desencapadas e a morte brilhando em seus olhos.

— Maldição, Tarek, me deixe sair antes de que destruam a casa. — Gritou Lyra em seu ouvido. — A deixarão em migalhas.

— Melhor à casa que a mim. — Grunhiu ele, mantendo-a em seu lugar enquanto umas figuras vestidas de negro pararam diante da mesa, seguidas por um par de pernas embainhadas em jeans.

O pai.

Demônios.

— Olhe, eu gosto desta casa mais que da minha. — Ela golpeou seu ombro, antes de pôr os joelhos em suas costas e empurrar. — E vão arruiná-la.

— Maldição, fica em seu lugar, mulher. — Grunhiu ele. — Posso reconstruir a casa, e embora possa matar a esses bastardos por você, realmente preferiria permanecer a salvo. Se não se importar, é claro. — Grunhiu ele em tom zombador.

— Idiota.

— Teimosa.

— Bem, ao menos ela está viva. — Disse uma voz zombadora, arrastando as palavras quando três Navy SEALs se agacharam para olhar sob a mesa.

Uns olhos extraordinariamente similares aos de Lyra lhe devolveram o olhar. Rapidamente, deram-se conta do fato de que ele não ia permitir ainda que ela se movesse, e que ela estava muito contente de estar onde estava, apesar dos insultos.

— Não podem disparar em meu futuro marido. — Ela finalmente conseguiu arrastar-se e passar por ele.

Dando um suspiro, Tarek olhou para o chão enquanto Braden ficava lentamente em pé.

— Esses asnos ainda estão sangrando no chão da minha cozinha? —Lyra saiu de baixo da mesa bem diante dele, encarando a seus irmãos com as mãos nos quadris. — Por que estão sangrando em meu chão?

— Joga a culpa em seu noivo daí debaixo. — O mais largo dos quatro homens a enfrentou diretamente, baixando sua negra cabeça para grunhi-la, com a cólera iluminando seus olhos. — Ele disparou. Não nós. E desde quando, demônios, esta é sua casa?

— Desde que eu disse que era. — Tarek a colocou detrás dele, com seus instintos flamejando ante a fúria do outro homem para com sua companheira. Isto não era aceitável.

— E quem demônios é você? — A violência brilhava na expressão do irmão. Uma violência que seria melhor que dirigisse a qualquer lugar que não fosse Lyra.

— Seu companheiro… — Seu frio sorriso não melhorou em nada o anúncio.

Desatou-se o pandemonio.

 

— Não posso acreditar que realmente brigou a murros com meu irmão. — A expressão de Lyra não estava muito agradavel essa noite, mais tarde, enquanto estava parada diante dele, inspecionando o olho arroxeado e o lábio partido que tinha ganhado na briga.

— Nem eu, tampouco. — Grunhiu ele, fazendo uma careta enquanto ela apertava o algodão empapado em álcool sobre a ferida em sua bochecha. — Era um esforço desperdiçado. Você, Lyra, é uma bagunceira. Vi esta noite.

— Eu? — Ela se inclinou para atrás, com seus olhos inocentemente abertos enquanto o olhava com surpresa. — O que eu fiz?

— Chateia a seus irmãos. — Ele apanhou seus quadris quando ela tentava mover-se da cama onde estava sentado. — Desafia deliberadamente sua autoridade e os mantém continuamente preparados para o combate. Essa luta foi tua culpa. Se tivesse sido um pouco mais comunicativa, como te disse quando estava ao telefone, eles não teriam vindo à carga, determinados a proteger sua honra.

Os lábios dela se torceram. A pequena miserável.

— Se não tivesse se metido, não haveria uma luta. — Ela pôs as mãos nos ombros dele para evitar que lhe lambesse de novo o arranhão que tinha recebido, de alguma forma, nas atividades noturnas.

A marca vermelha se estendia desde seu ombro até a clavícula e, embora a pontada era irritante, não era nada comparado com o fogo que ardia no resto de seu corpo.

— Nenhum homem te dá ordens, salvo eu. — Resungou ele ao lhe ser negado o acesso a sua doce carne. Merecia algo em recompensa pelas dores e preocupações que ressonavam sob sua carne.

— Você tampouco me dá ordens. — Informou ela, imperiosamente. — O que é que acontece com vocês, meninos, para que pensem que podem?

Ele suspirou fracamente, vendo a vida que se estendia ante ele, constantemente assombrado ou exasperado por uma mulherzinha. Não é que não o esperasse com ânsia. Mas Lyra tinha o hábito de chatear a seus irmãos, quando possivelmente deveria ser menos agressiva.

Definitivamente, ia ter que falar com eles respeito a isto. Ela parecia desfrutar mantendo-os zangados.

— O fato de que te coloque tão facilmente em problemas? — Sua sobrancelha se arqueou ironicamente. — Lyra, coração, depois de discutir isto com seus irmãos, estou seguro de que é um ímã para os problemas.

A luta tinha sido condenadamente boa. Forte, brutal, com os punhos pelo ar e as maldições voando enquanto Grant, seu irmão mais velho, e ele continuavam a destroçar a cozinha.

Quando terminaram, Lyra tinha ido pisando forte ao quarto para fazer caretas, enquanto eles ficavam de acordo com uma cerveja e uma acalorada discussão sobre se Lyra permaneceria com ele ou não.

Não que houvesse nenhuma dúvida disso, no que se referia a ele, mas aos olhos de sua família tinha visto seu amor por ela e seus medos. Ele não era exatamente o menino da porta do lado. Era um Mestiço, e quase acabava de conseguir que a matassem. Isso seria o bastante para aterrorizar um irmão que tinha aceito a responsabilidade de sua irmã cabeçuda.

E eles pareciam aceitar tanto ele como a sua habilidade para protegê-la.

A maior parte dos homens teriam sentido dúvidas. Por sorte, os prejuízos contra as Castas estavam ausentes na família Mason, devido ao feito de que os três irmãos tinham contribuído decisivamente ao resgate de muitos dos cativos das Castas.

Ele a atraiu então contra ele, com o peito contraído ante a lembrança da pistola de Creighton acariciando sua pele, a bala muito perto de extinguir o fogo que esquentava tudo o que ela tocava. Como poderia agora suportar a vida sem ela?

— Não tinha que brigar com eles. — Ela se reclinou contra ele, seu corpo magro fluindo facilmente contra ele, enquanto a elevava para sentá-la escarranchado em seu regaço, os braços envoltos fortemente ao redor de suas costas enquanto seus lábios baixavam à marca que tinha deixado em seu ombro. — Eu os tinha sob controle.

 

— Provocou-lhes uma parada cardíaca. — Suspirou ele. — Seu pobre pai nunca voltará a ser o mesmo.

Lyle Mason, o pai em questão, tinha estado totalmente decidido a levar sua filha para casa, a envolvê-la no amparo que sentia que só ele podia proporcionar. Tinha sido um homem atormentado pelo pensamento de perder à filha que tão obviamente adorava.

Não que Tarek entendesse a dinâmica da família, mas entendia a necessidade de proteger, a necessidade de amar à diminuta mulher que sustentava em seus braços. Ela era sua luz. Seu mundo. Não podia ser menos para alguém que a amasse.

Ele a apertou mais forte contra ele, sentindo-a balançar-se contra a ereção que pulsava de suas suaves calças, molhando o tecido com o calor úmido de seu sexo.

Ela não usava calcinhas sob a camisola. As mãos dele alisavam o tecido até que apanharam a prega e o elevaram, e suas mãos agarraram seu traseiro liso e nu.

Um gemido se afogou em sua garganta ante a sensação dela deslizando-se contra ele, acelerando a respiração, o aroma do calor feminino enchendo o quarto.

— Não me abandone, Lyra. — Não pôde deter as palavras de cruzarem seus lábios enquanto a sustentava, elevava-a e apoiava suas costas na cama, elevando-se sobre ela.

— Não tenho intenção de te abandonar, Tarek. — Seus olhos brilhavam com emoção, com fome. — Já disse, eu te amo. E não digo de brincadeira.

Ele tocou sua bochecha, sua garganta se contraiu enquanto lutava por superar a confusão, a incredulidade de que esta mulher pudesse ama-lo. Esse Deus, em toda sua generosa misericórdia, finalmente adotara e dera este presente que nunca tinha pensado que pudesse ter. Algo, alguém, que sempre pudesse chamar próprio.

— Entretanto, na próxima vez que começar uma briga com seus irmãos, te surrarei. — Grunhiu ele enquanto a cabeça dela se elevava e seus lábios encontravam o broto endurecido de seu mamilo e o mordiscava provocadoramente.

— Soa divertido. De quantas brigas estamos falando antes que consiga a sobremesa que mereço?

Ele gemeu quando as unhas dela se deslizaram por seu abdômen, antes que seus dedos se enganchassem na cintura de suas calças e começassem a baixá-las lentamente.

— É uma bagunceira. — Disse ele asperamente enquanto saía da cama e se despia rapidamente.

O vestido dela passou voando a seu lado enquanto ele saía das calças. Quando se endireitou ali estava ela, sobre suas mãos e seus joelhos, estendendo a língua para lamber a protuberante cabeça de seu pênis.

O cabelo negro dela ondulava ao redor de seu rosto, seus olhos azuis brilhavam com emoção e fome. Eram tão brilhantes como a safira mais pura e brilhante, e mais preciosos que o ouro para ele.

Seu língua rosada vacilou de novo sobre a crista de sua ereção, deixando um rastro de fogo ao redor do sensível capuz, enquanto ele se esticava pelo prazer que se disparava desde seu pênis a cada uma das terminações nervosas de seu corpo. Não pensava que o prazer pudesse ser melhor — até que seus lábios se separaram, seu cálida boca se abriu para aceitar a cabeça de seu pênis nas úmidas profundidades.

Tarek contemplou como a estirada e avermelhada crista de sua ereção desaparecia entre seus lábios, sua língua o acariciava com um prazer tão incrível que se perguntava se poderia suportá-lo.

Suas mãos se enredaram no cabelo dela, apertando fortemente enquanto um grunhido estrangulado enchia seu peito e escapava de seus lábios, quando ela começou a chupá-lo com faminto abandono.

 

Seus movimentos eram dúbios, inocentes.

Estava matando-o.

Ela elevou a vista para ele, com a risada e a excitação brilhando em seu olhar enquanto sua língua acariciava, sua boca o desenhava, sua mão travessa subia lentamente por sua coxa até que rodeou seu testículo com dedos sedosos e prazer destrutivo.

— Teimosa. — Grunhiu ele lutando por respirar. Pelo controle.

Sua língua estava pulsando como uma dor de dentes, a necessidade de derramar o excesso de hormônio na boca dela o deixava selvagem. Podia saborear a especiaria, sentir seu efeito nele, sentir seu pênis apertando-se mais, a necessidade de liberar se convertia em um prazer quase agonizante.

E ainda sua boca se movia sobre ele. Lambidas lentas e delicadas, carícias profundas e que lhe delineavam até que um grunhido puramente animal escapou dele.

Tarek apertou suas mãos no cabelo dela, empurrou-a para trás quando sentiu o pulso da lingüeta justo sob o capuz de seu pênis.

— É o suficiente.

— Hum. Estou faminta. — Ela lambeu sensualmente os lábios, seus lábios cheios e inchados. — Acho que quero mais.

Ela riu, um som baixo e doce, quando ele a empurrou contra a cama e abriu-lhe as coxas enquanto baixava seus ombros entre eles.

Não havia tempo para preliminares. Tinha que saboreá-la. Provar a delicada seda líquida de seu sexo antes de enlouquecer. Ou beijá-la.

Se a beijava não haveria espera. Estava cavalgando muito perto da beira, a fome dela se elevava tão rapidamente que seu aroma estava subindo à sua cabeça.

— Vou te comer por completo — Grunhiu um segundo antes de lamber a seda nua e plena de xarope de suas dobras íntimas. —. Cada centímetro de você, Lyra. Até que seu sabor impregne cada fibra de meus sentidos.

Ela respirou asperamente, a carne de seu ventre se convulsionava enquanto ele a olhava com olhos entrecerrados. Cada ondulação de carne cremosa se correspondia com o nível de sua excitação.

Sua língua rodeou seus clitóris antes que o apanhasse entre os lábios, observando como seu estômago parecia convulsionar-se. Enquanto o sorvia moveu os dedos às dobras empapadas de seu sexo, abrindo-os até que pôde inserir um dedo dentro das profundidades ardentes.

Ela se sacudiu contra ele, seus quadris se retorceram, aproximaram-se da penetração enquanto seus sucos cremosos começavam a fluir.

— OH, Deus, Tarek!, Está me enlouquecendo. — Gritou desesperadamente, com sua vagina ondulando-se ao redor de seu dedo. — Pare de me torturar assim.

Ele cantarolou o prazer ante seu sabor. Doce. Aditivo. Empurrou-a mais perto da beira de sua liberação, com seu dedo introduzindo-se profundamente dentro dela, acariciando as sensíveis profundidades enquanto ela se elevava para ele.

— Sádico. — Sua áspera acusação estava repleta de prazer. — Foda-me, Tarek. Não faça que tenha que te matar.

Ele teria sorrido se não estivesse tão consumido pela fome dela.

—Tarek… — Seu meio grito foi seguido pela contração de sua vagina ao redor de seu dedo, seu ventre se contraiu. — Pagará por isso. — Seus joelhos se dobraram, seus pés apertaram o colchão enquanto se elevava para aproximar-se. — Juro que te farei pagar...

 

Deu-lhe o que necessitava. Depois de acrescentar outro dedo às profundidades acolhedoras de sua vagina começou a movê-los em seu interior usando seus lábios, sua língua e a sucção de sua boca para levá-la mais alto, para enviá-la a fragmentadas explosões de êxtase.

Ela se arqueou para ele, gritando seu nome enquanto ele se elevava rapidamente sobre ela, elevando-a, pressionando seu pênis dentro da convulsionada malha de sua vagina enquanto apertava os dentes contra o prazer.

Ela estava tão apertada. Tão quente.

Seda líquida. Nata ardente como a lava.

Ele agarrou seu quadril com uma mão, baixando seu peso ao cotovelo do braço oposto enquanto sentia suas pernas envolver-se ao redor dele.

Sua vagina se contraiu ao redor dele, diminutas agitações de sensação, carícias apertadas e arrepiadas sobre sua ereção enquanto ele entrava nela, primeiro com investidas curtas e desesperadas, e logo duras estocadas enquanto começava a tomá-la com toda a força e desespero da fome que surgia em seu interior.

Seus lábios baixaram aos dela, sua língua se introduziu em sua boca enquanto ela se movia baixo ele, abria-se para ele, tomava com gritos estrangulados e ondulações ainda mais apertados de sua sensível vagina.

Ela era o êxtase. Ela era a vida.

O ritmo de seus impulsos aumentou quando o hormônio passou de sua língua ao sistema dela, esquentando-os mais a ambos, enviando-os precipitadamente ao orgasmo.

Quando ele sentiu sua liberação comprimindo seu testículo, a extensão sob o capuz de seu pênis começou a engordar, erguendo-se firme e acaloradamente, e travando a ele fortemente em seu interior.

Estremecimentos violentos a sacudiram enquanto seus braços se apertavam ao redor do pescoço dele, e sua cabeça se girou quando seus lábios encontraram sem duvidar a marca que a identificava como sua companheira, enquanto ele começava a alagá-la com seu sêmen.

Um prazer violento, sobressaltado. Uma união diferente a qualquer que pudesse haver com conhecido. E Lyra. Sempre Lyra. O centro de sua vida.

— OH, Deus! Me diga que essa coisa da lingüeta não se vai com o zelo. — Ofegou ela quando recuperaram a prudência para respirar. — Não estaria contente.

— Suponho que teria que me machucar? — Ele riu brandamente entre dentes enquanto rodava sobre seu flanco, atraindo-a contra seu peito enquanto suspirava de alegria.

— Teria que te machucar muito. —Ela suspirou.

— Mas ainda me amaria. — Era melhor que o fizesse.

— Sempre te amarei. — Ela beliscou seu peito antes de jogar a cabeça para atrás e lhe sorrir chorosamente — Sempre, Tarek. Pode que não seja o menino da porta do lado, mas o Mestiço da porta do lado é muito melhor.

A risada dele era suave e contente. Sua alma estava cheia.

Ele não era completamente humano. Mas tampouco era um animal. Era um Mestiço, um Mestiço que tinha encontrado sua companheira e sua vida.

 

 

                                                                                                    Lora Leigh

 

 

 

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