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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


O PROFISSIONAL 3 / Kresley Cole
O PROFISSIONAL 3 / Kresley Cole

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Quando meu choque diminuiu um grau, fui capaz de compreender o que estava vendo além da parede de vidro do quarto.

Sevastyan me trouxe para este clube privado para observar... uma orgia.

E isto era barra pesada.

Lá deveria ter uns trinta participantes, atraentes. Eles estavam todos em um círculo central, como num circo, com aparatos de sexo por todos os lugares.

Homens e mulheres mascarados estavam amarrados em estruturas em X, enjaulados em troncos ou suspensos em correntes no teto. Uma mulher estava acorrentada ao que parecia com uma mesa de massagem em forma de corpo. Homens e mulheres estavam curvados sobre cadeiras de vestiário carmesim. Mãos fortemente agarradas aos tornozelos espalhados.

Uma vez que me recuperei o suficiente para reagir, minhas mãos voaram para minha máscara.

— Eles podem nos ver os assistindo?

— Eles não podem ver do lado de dentro. — Sevastyan assegurou-me. — Veem apenas um espelho, a menos que apertemos um botão no controle remoto. E, Natalie, estão completamente cientes que estão sendo observados.

Então apenas fui levada para o paraíso dos voyeurs.

— Isto — é — chocante.

— De fato.

 

 

 

 

Uma mulher nua estava sentada em um trapézio com a bunda em cima do bar, com os pés descansando em ambos os lados. O trapézio foi reduzido até que ela estivesse ao nível da boca de um cara, que escondia o rosto entre as pernas dela, enquanto um homem musculoso lentamente pegava-o por trás.

Nem todo mundo estava nu. Alguns usavam acessórios de couro. Outras usavam lingeries elaboradas: espartilhos cintilantes, ligas intrincadas e meias listradas como as de Moulin Rouge. Todo o corpo de um homem estava envolto em uma espécie de luva preta selada a vácuo, com apenas um tubo de ar e sua ereção saliente — esta última a qual estava prontamente sendo utilizada por uma mulher atraente.

Eu queria examinar cada pequeno detalhe, cada ato no círculo. Era como se houvessem cenas de todos os meus sonhos mais eróticos. Gostaria de ter dez pares de olhos! Ou que pudesse gravar isto.

Cada chicotada através dos seios empinados fazia o meu inchar contra meu corpete. Quando a mulher começou a gritar no trapézio a caminho do êxtase resistindo contra a boca do homem, minha calcinha ficou molhada.

Sem afastar meu olhar, eu disse:

— Há outros quartos como este? — Observei que todas as paredes que cercavam a orgia eram espelhadas.

— Há seis no total.

— Você me disse que esteve aqui antes. Você esteve lá embaixo?

— Ocasionalmente.

Uma mulher estava amarrada por trás sobre o que parecia com um barril enorme. Os homens alinhavam-se para usar sua boca, enquanto outros se revezavam lambendo-a. Ela parecia faminta por mais.

Sevastyan esteve entre aqueles homens?

Assim que o ciúme deflagrou, ele me puxou para o seu colo, curvando o dedo debaixo do meu queixo para que o encarasse.

— E ansiava estar onde estou agora. Com uma mulher sob minha guarda. Aposto que a maioria deles no círculo invejam a nossa posição.

— Você quer uma única mulher acima de todas estas belezas? — A mais próxima a nós era um bom modelo, de quatro e espetada por dois homens — um eixo em sua boca e outro entre as pernas. Eles estavam fodendo-a como o inferno, para o deleite flagrante dela.

Sevastyan disse.

— Considerando que você seja a mulher em questão, sim.

Escorregadio.

— Você quer que nós desçamos lá agora?

— Disse a você. Aprendi muito cedo a não compartilhar. Ninguém mais toca o que é meu. — Seu olhar fixou-se no meu rosto. — Pode lidar com isto?

Será que ele achava que iria implorar?

— Uma vez que não podem ver aqui dentro, é como assistir a pornografia. O que eu passo. Então, tudo bem aqui.

Ele me arrastou contra seu peito. Uma vez que tinha me colocado confortavelmente em seu colo, devolveu-me minha taça.

Bebendo champanhe e assistindo sexo ousado, enquanto o cheiro dele impregnava minha mente.

Na verdade, todos os meus sentidos estavam intensificados. Havia música, até mesmo riso, mas o resto dos sons eram eróticos. Gemidos, lamentos, gritos desenfreados. A crepitação do couro, correntes estirando e chibatas estalando.

Contra minha bunda, podia sentir o pau duro de Sevastyan como uma marca em brasa. Encontrei-me contorcendo-me contra ele, esfregando meu fio dental contra meus lábios molhados.

Até mesmo o champanhe borbulhante fazia cócegas na minha língua. Imaginei jogar isto abaixo pelo corpo dele e lambê-lo limpando-o...

No entanto, apesar de tudo o que eu estava vendo e sentindo, não podia parar de pensar sobre o fato de que Sevastyan escolheu trazer-me aqui, que tinha adquirido este quarto comigo em mente. A ideia dele tomando tal cuidado para acertar cada detalhe me comoveu.

Ele realmente estava tentando por nós.

Terminei meu champanhe vagamente ciente que ele pegou a minha taça.

Então sua mão vagou acima da fenda do meu vestido que tinha subido bem acima do topo da minha meia calça.

— Espalhe as pernas o máximo que você puder.

Nunca desviando o olhar do espetáculo eu o fiz, curvando um joelho sobre as pernas dele. Queria minhas coxas mais espalhadas; queria me livrar do confinamento deste vestido. Precisava de sua pele contra a minha, tanto quanto precisava ver tudo o que acontecia no círculo — cada novo laço, beijo, chicotada e orgasmo. Meu olhar saltava de uma cena para outra.

— Você não pode nem ao menos decidir para onde quer olhar. — Sevastyan observou com diversão sombria, enquanto usava o dedo indicador para desenhar círculos preguiçosos na parte interna da minha coxa. — E seu coração está disparado.

O champanhe e o vinho que tinha consumido, combinado com o meu corpete restritivo, estavam me deixando tonta. Minha respiração estava superficial, os seios tremendo debaixo do meu corpete.

Eles devem ter atraído à atenção dele — com a outra mão ele começou a desenhar esses mesmos círculos por cima dos meus seios. Então veio o choque elétrico. Parte da minha auréola estava espreitando por cima do busto do vestido, e ele estava raspando levemente a unha sobre ela.

Se continuasse assim, provavelmente eu gozaria.

— Sevastyan, antes que me esqueça... não importa o que aconteça, quero agradecer-lhe por me trazer aqui.

— Você quer me agradecer? O que trazê-la aqui diz sobre mim, Natalya? Para ganhar uma mulher estou disposto a profaná-la?

— Profanar? — Meu tom era de incredulidade, enquanto considerava um casal na extremidade direita do círculo. O homem estava preso em um banco de espancamento, enquanto uma mulher com botas de coxas altas açoitava-o. Sua pele estava suando, os músculos repuxados, a expressão de êxtase. — Isto é uma das coisas mais gloriosas que já testemunhei.

Sevastyan seguiu meu olhar, então franziu o cenho como se nós não estivéssemos olhando para a mesma coisa.

— Você considera isto assim?

— Sem dúvida. — Havia esplendor ao redor. Entre os participantes havia formalidade.

Ele alcançou meu fio dental e encontrou-o encharcado, um gemido reverberou do peito dele.

— O que está apreciando mais? — Ele falou áspero. — Os homens? As mulheres?

— Ambos. — Quando assistia a estes casais sexuais on-line sempre ficava com muito tesão. Mas esta noite?

Misericórdia.

Admirava um emparelhamento na parte de trás do círculo. Duas mulheres nuas estavam fazendo 69, tão presas em cima uma da outra que estavam alheias ao sexo ao redor delas. A de cima tinha a pele de ébano deliciosa e a bunda da outra era muito mais pálida do que a minha. O quadro vivo que elas apresentavam era tão surreal que achava que não esqueceria uma visão tão divina pelo resto da minha vida.

Uma vez que pude finalmente desviar o olhar, encontrei Sevastyan estudando minha expressão. Determinando o que me deixou com tesão?

— Você não vai assistir? — Perguntei.

— Estou olhando para o que me estimula mais. — Ele me encarava com tanta intensidade que tive que desviar meu olhar.

Inspecionei a sala atrás dele. Mais luz derramava do vidro, destacando aquelas formas drapejadas. Havia aparatos aqui também. Somente para nosso uso.

Vagarosamente acariciando minha calcinha molhada, ele disse.

— Não estamos aqui apenas para assistir.

— Bom. — Senti como se estivesse à beira de descobrir não somente o que faria Sevastyan conferir, mas eu mesma também, revelando nossas fantasias mais proibidas. Na última vez que aliviei minha curiosidade sexual, isto tinha crescido dentro de mim como o inferno.

— Vou pressioná-la esta noite, Natalie. Para determinar se isto é verdadeiramente o que precisa. Receberá três testes, e se passar por eles, esta vida será sua como você a deseja.

— Testes? — Ele tinha minha completa atenção.

— O primeiro é que me obedeça incondicionalmente — e prontamente — em todos os comandos, até os fora de sua zona de conforto normal. O segundo é que aceite quaisquer ferramentas que eu decida usar com você. — Ferramentas? — A terceira é que fique excitada com tudo o que eu faça com você.

Simplesmente falar sobre isto já estava me excitando.

— Como vai saber se estou excitada por você e suas ferramentas — ou pela estranha orgia acontecendo bem na minha frente?

Os lábios dele enrolaram.

— Saberei. Agora, você irá. — Uma vez que estávamos de pé, ele tirou sua jaqueta e desfez a gravata. Com um ar descuidado, lançou-as para longe. — Dê-me suas joias.

Removi meus brincos e pingente, entregando-os a ele.

Um cara as embolsou.

— Tire seus sapatos. — Quando fiz isto, ele virou-me para abrir meu vestido. — Ainda quer uma introdução neste mundo?

— Sim. — Tive que engolir assim que ele abriu o zíper.

— Tem certeza?

— Cem por cento. — Estava pronta para participar, para apreciar — e fazer progresso em nossa relação. Tínhamos dois obstáculos — frustração sexual e falta de intimidade emocional. Esta noite nós desmantelaríamos o primeiro, pavimentando o caminho na direção de consertar o segundo.

Uma vez que saí do vestido, ele o embolou e arremessou em direção à sua jaqueta. Homens.

Comigo parada virada para ele, ajoelhou-se para rolar uma de minhas meias; em seguida foi para a outra, deixando-me apenas com minha máscara, fio dental e corpete.

Antes dele se levantar, mordiscou a fenda do meu rabo com os dentes, enviando uma excitação por mim.

— Vire-se. — Quando eu o fiz, ele engoliu um gemido para dizer. — Meu Deus, você é adorável.

Um grito gutural no círculo chamou minha atenção, mas ele apertou meu queixo, trazendo meu foco de volta para si.

— Preste atenção apenas em mim. Eu direi quando pode olhar novamente.

Então eu poderia ouvir, mas não ver? Minha imaginação iria correr solta.

Soltando-me, ele cruzou para uma das cortinas drapejadas do quarto. Descobriu uma mesa coberta com um sortimento extenso de brinquedos, remos e vários equipamentos de bondage. Havia muitos artigos que nunca tinha visto — e não podia determinar qual o propósito.

Ele retornou com quatro algemas de couro, lançando três no sofá. Eram grossas, forradas com um pano acolchoado, cada uma com um grande anel de metal costurado no meio.

Com um beijo em meu pulso direito, ele afivelou a primeira algema. Um beijo no pulso esquerdo precedeu a seguinte.

Caindo de joelho, ele ergueu meu pé direito para colocá-lo sobre sua coxa. Acariciou meu tornozelo enquanto enrolava um couro em volta dele.

Este processo era uma preliminar propriamente dita, estimulando minha excitação ainda mais. Quando ele afivelou a última algema, olhei para baixo para meu corpo, para minhas impressionantes amarras de couro. Isto estava acontecendo de verdade! Quando ficou de pé, coloquei-me nas pontas dos pés para dar um beijo em seus lábios.

Recuei olhando para ele, deixando-o ver tudo o que eu estava sentindo.

Desejo, afeto, emoção... e mais.

— Acho que vejo a esperança de que falou mais cedo. — Você vê. — Minha Natalya chegou a algum lugar e sente isto? Pergunto-me o que mais você sente. O que sente por mim?

Tudo! Apertei meus lábios.

— Farei com que responda muito em breve. Agora venha. — Ele me levou acima de um estrado ao lado da mesa de ferramenta. Olhei para cima com certa trepidação, para ver uma corrente que oscilava do teto.

Ele alisou suas mãos por meus braços, então os levantou acima da minha cabeça, fechando os anéis das algemas em um aro da corrente. Entretanto não me suspendeu, eu estava definitivamente presa rapidamente.

— Espalhe suas pernas. — Ele disse, ajoelhando-se ao meu lado.

Confie nele, Nat. Tentei colocar meus pés separadamente.

— Mais afastado. — Ele fez pressão por dentro das algemas.

Uma vez que espalhei minhas pernas, ele prendeu a algema direita em um parafuso descansando no chão que eu não tinha visto. Anexou a algema esquerda no parafuso escondido, cada clique e estalo apenas exaltava aquela antecipação arrepiante.

Ele ergueu-se, recuando para admirar sua obra. Atrás de sua máscara, seus olhos dourados vagavam sobre mim.

Eu estava verdadeiramente bem amarrada. Tive que engolir um pico de pânico. Poderia ter ido longe demais.

Não, não, não. Nada poderia sinalizar a minha confiança mais do que abrir mão do controle total para este homem. E, por sua vez, ele confiaria mais em mim.

Certo?

O olhar dele se estreitou intensamente em meu corpete. Com sua atenção distraída, eu poderia ter espiado a orgia. O vidro se estendia diante de mim, um portal tentador, mas me recusei a olhar até que ele me dissesse que poderia, mesmo quando ouvi o estalar de um chicote pelo ar.

Com grande prazer, Sevastyan começou a desenganchar cada orifício individual do corpete de baixo para cima. Quando o vesti mais cedo, percebi que havia uma profusão de ganchos. Agora percebi por que; desabotoar o que lhe pertencia fazia parte do ritual dele, o que obviamente saboreava.

Assim como eu. Logo suas mãos ásperas substituíram o material...

Quando ele desabotoou o último gancho tenso, meus seios derramaram-se livremente, a visão ganhando um gemido dele. Descartou a roupa, em seguida virou-se para meu fio dental, rasgando-o de um lado.

  Acima do som dos meus suspiros, rasgou o outro lado, deixando o material molhado jogado entre minhas pernas.

Exceto por minha máscara, eu estava nua e ele permanecia vestido.

Passando o olhar sobre meu corpo, puxou o colarinho da camisa, arrancando alguns botões de sua garganta.

— Escolhi sua máscara de propósito.

— Por que uma borboleta?

Ele encontrou meus olhos.

— Porque você é indescritível para mim. Porque não capturei você ainda. — Ele estendeu a mão para enrolar meus mamilos entre os dedos até que se projetassem lascivamente, até que eu estivesse arqueando por mais.

Antes de me deixar, deu em cada um dos meus seios um tapinha de leve — que achei quase reconfortante. Retornou com duas barras de metal finas. Minha pulsação acelerou quando reconheci o que eram: braçadeiras da imagem que tinha lhe mostrado, duas batutas de regente — exceto que estas tinham uma argola sensual presa nas extremidades, que fazia um circuito para baixo em direção ao meu umbigo.

— Você está pronta para ser testada, Natalya? — Ele começou a enroscar as barras para baixo sobre meus mamilos tensos, tão longe quanto fossem possíveis os bicos irem.

O aperto estava mordendo, mas não me afastei. Não pedi especificamente por isto?

Uma vez que ele prendeu as barras olhei pra baixo, surpresa como fiquei excitada com a visão. Ver isto em uma revista era provocante. Ver meus próprios mamilos como estavam... era sublime.

— Olhe para você. Amarrada e presa para meu prazer. Há quanto tempo imaginava isto.

— É tudo como esperava que fosse?

— Melhor. Ideal'naya. — Imprevisível.

Seu elogio rouco apenas contribuiu para estimular, por isso expus um medo muito real:

— Sevastyan, e se eu gozar antes que você queira?

— Você será castigada. — O cintilar de antecipação em seus olhos fez meus quadris rolarem, puxando minhas coxas já estiradas.

Ele ergueu a corrente delicada que pendia das extremidades de minhas braçadeiras.

— Esta corrente vai à sua boca entre seus dentes. Se qualquer coisa acontecer que não queira, tudo o que tem a fazer é soltá-la para a noite terminar. Ponto. E você sabe que faço o que digo que farei.

Franzi o cenho, pensando que ele estava muito convencido sobre o fim desta noite. Apesar de apreciar que instalasse o equivalente a uma palavra de segurança, nada poderia por fim nisto. Muito menos que eu arruinasse isto!

Quando me ofereceu a corrente, peguei-a em minha boca e a mordi — o que puxou meus mamilos mais ainda. Mesmo assim, podia aguentar isto. Podia aguentar qualquer coisa.

— Você pode olhar para o círculo agora, Natalie. — Algo em seu tom fez meus ouvidos estremecerem.

— Mas para que isto continue deverá estar vulnerável. — Ele moveu-se para meu lado. — Revelada. Disse a você que ninguém mais te tocará; não disse nada sobre eles a observarem.

Sobre o que ele estava falando?

— Pretendo desobstruir o vidro para que todos possam ver meu lindo prêmio...

 

O que? Meu queixo caiu e eu quase soltei a corrente.

Ter dúzias de pessoas me vendo pendurada? Enquanto eu estava nua, presa, e prestes a conseguir quem sabe o que feito comigo?

Uma coisa era espiar os caras no riacho perto de casa. Este era um mundo diferente.

Sevastyan pegou aquele controle remoto, sua expressão inescrutável.

— Se você não quiser que eu revele este quarto, tudo que tem a fazer é soltar a corrente.

         A ficha caiu. Ele pensou que eu relutaria — que nós não iríamos mais longe que isto! E então ele podia dizer que tentou.

Então ele não estava se esforçando para me agradar? Não, ele veio para me enviar ao fracasso.

Cretino! Pro inferno com isto. Eu estava usando uma máscara; ninguém sabia quem eu era, e eu nunca mais veria estas pessoas. Esta era uma noite da minha vida, algumas horas de fantasia fugaz.

— Solte a corrente — ou prepare-se para sentir seus olhos em você, desejando cada polegada de sua pele pálida.

Ele estava tentando me deixar nervosa. Estava funcionando! Eu realmente teria coragem de fazer isto?

— Vem, vamos pra casa. — Ele era como um diabo no meu ombro, tentando me afastar do que eu precisava — do que nós precisamos. — Tudo isso será como um sonho.

Na minha cabeça, seguir em frente com isto se equiparava a seguir em frente em nossa vida juntos. E eu ansiava por isso. E quando eu queria muito alguma coisa, nada podia me deter.

Nem mesmo o olhar de soslaio olhos de trinta estranhos.

Recusei-me a soltar a corrente. Recusei-me a ficar no chão e não subir até o cavalete. Uma vez que subisse nele, tudo isto valeria a pena.

Quando soube que minha decisão já estava tomada, comecei a tremer — como uma principiante. Como uma menina prestes a mergulhar de cabeça.

As sobrancelhas do Sevastyan juntaram-se.

— Você está tremendo? — Ele deitou a parte de trás dos seus dedos na minha bochecha como se estivesse verificando se eu tinha febre. — Solte a corrente, milaya. Isso é tudo que você tem a fazer.

Cerrei os dentes, definindo meu maxilar e desviei o olhar dele para encarar o vidro. Ok. Pode. Começar.

Eu o ouvi exalar uma respiração atordoada. Ele nunca pensou que eu faria isto. Ele armou para minha queda. Às vezes nem ligo em cair, babaca.

— Muito bem. Eles verão minha mulher. — Tive a sensação que ele odiava a ideia de me exibir. Pego em sua própria armadilha?

Eu tinha secado aqueles na arena; logo eles devolveriam o favor. Olho por olho. Eu quase ri histericamente.

— Não é sempre que um destes quartos é revelado. — disse Sevastyan. — Isto será um deleite para eles, e para os outros quartos também.

Esqueci-me dos outros quartos, com seus ocupantes escondidos que não estaria me dando o mesmo. Mas não havia volta atrás; ele apertou o botão.

Ouvi um zumbido e me preparei para seus olhares fixos.

Quando a atenção caiu sobre mim, os participantes acotovelaram uns aos outros, cabeças se esticando. Como um bando de animais famintos que acabaram de sentir o cheiro de uma refeição.

Meu tremor piorou.

Ainda um diabo na minha orelha, Sevastyan murmurou.

— Você sabe o que fazer. E então esconderei você mais uma vez.

Parceiros estavam virando no meio do sexo, ajustando suas posições para visualizarem melhor. Não perca a coragem, Nat!

— Eu disse a você que sentiria a picada do couro por seus seios, sua picada entre as pernas. — Sim, oh, sim. — Vai deixá-los testemunhar sua primeira descida comigo?

Descida? Recusei-me a olhar para ele, só olhando fixamente para as brincadeiras na arena.

— Você deve querer isto muito mesmo. — Em tom admirado, ele meditou. — Para uma submissa, você pode ser extremamente agressiva.

Ele não fazia ideia. Você estará me dominando hoje à noite, Siberiano. Por que luta com isto?

— Você tomou sua decisão. — Ele saiu da minha linha de visão. De volta à mesa de instrumentos?

Ele retornou com um enorme vibrador feito de aço. Eu vi daqueles no site onde encomendei meu próprio arsenal, mas eles eram caros.

— Você quer isto, Natalie?

Era quase tão grande quanto o pau dele. Tão molhada e vazia quanto me sentia, eu ansiava isto. Mas ter todo mundo lá fora vendo minha penetração?

Seus olhos eram desafiadores atrás de sua máscara de safado.

— Solte a corrente se não quiser que eu trabalhe isto dentro de você — para seu prazer.

Ele começou a esfregá-lo entre suas palmas, aquecendo-o para mim. A visão de suas mãos hábeis e os dedos tatuados trabalhando aquele falo de aço fez meus quadris remexerem.

Quando ele correu a cabeça dele pela minha barriga abaixo, o metal estava quente ao toque, parecendo queimar contra minha pele. Ele o arrastou mais pra baixo, passou pelo meu umbigo, em seguida pelo meu pequeno trecho de cachos.

A ponta rolou brevemente acima do meu clitóris formigando. Quando fixou a cabeça contra minha entrada necessitada, esqueci-me de respirar. Não existia não dar a este vibrador rigidez total, e parecia tão pesado quanto um peso de mão.

Ainda assim ele queria que eu tomasse isso tudo?

Ele torceu a coroa bem na minha abertura encharcada, como se estivesse transando a coisa enorme dentro de mim.

— Tome isso — estou dando a você. — Ele se posicionou para que todo mundo pudesse vê-lo cunhando o membro brilhante dentro de mim. — Ou solte a corrente.

O embaraço me escaldou tão quente quanto à própria coisa em si.

Mas quando esquadrinhei a multidão — vi lábios entreabertos, expressões cativadas, ritmos incrementados — minha vergonha se transformou em... excitação. E outra excitação.

Assim como tinha me excitado me ver nua na câmera do quarto do Sevastyan, isto estava me despertando além de qualquer coisa que eu tinha imaginado. Como ele usou minha umidade para forçar o vibrador dentro de mim, centímetro a centímetro me estirando, floresci em seus olhares fixos.

Sevastyan seguiu meu olhar.

— Minha pequena exibicionista. Eles desejam minha mulher quase mais do que eu posso suportar. — Ele se debruçou até que seu rosto estava ao lado do meu. — Há uma necessidade em mim de destruí-los por desejar o que é meu. Nunca se esqueça disso.

Sua ciumenta possessividade só me deixou mais molhada.

— Eu quero isto profundamente dentro de você, Natalya. Abra e o aceite. — Tentei relaxar meus músculos, tomando-o, tomando-o...

Quando o falo deslizou no lugar, ele o bombeou algumas vezes até que eu estava quase babando em volta da corrente. Então ele ajustou tiras de couro finas ao redor da minha cintura para travar a coisa pesada dentro de mim. Uma vez que estava assegurado, ele deu à base um bofetão decisivo que me fez — e aos outros — gemer.

— Você me agradece por isto?

Eu assenti, ajustando meus pulsos e tornozelos em suas amarras, preparando-me para o que quer que esteja vindo.

Notei um homem alto e magro próximo ao vidro que parecia estar preso à minha virilha enquanto martelava em sua parceira, uma mulher voluptuosa amarrada sobre uma almofada de seda no chão.

Quando mexi meus quadris em círculos algumas vezes para me acostumar à intrusão dentro de mim, o homem estremeceu, deu um grito alto e retirou-se. Seu olhar de pálpebras pesadas encontrou o meu quando ele esguichou no monte de sua parceira.

Ele queria que eu o visse gozar? Para reagir? Interagir?

— Agora, agora, Natalya. — Sevastyan me repreendeu. — Não há necessidade de insultá-los com o que eles nunca terão.

Eu fiz isso? Bem, inferno. Talvez?

Sevastyan se afastou. Segundos depois, senti tiras de couro esgueirar-se pela minha espinha abaixo. Um flogger. Como sugeri a ele na viagem para Paris.

— Você está pronta, bichinho?

Eu estava pronta. Mordi a corrente e acenei...

Couro estalou na parte de trás das minhas coxas.

A picada fez meus olhos lacrimejarem. Mas quando ele se moveu ao meu lado para avaliar minha reação, dei a ele um olhar isso é tudo que você tem?

Suas sobrancelhas subiram acima da máscara. Seus lábios se curvaram.

O flogger aterrissou mais duro. E de novo. Até mesmo enquanto eu choramingava em torno da corrente, eu me vi levantando minha bunda por mais — o que me rendeu gemidos do público, especialmente daqueles que estavam amarrados de maneira semelhante.

Que submissa não iria querer que um homem como Sevastyan a dominasse?

Um homem tão sombrio e perigoso. Tão envolvente e poderoso.

E era meu.

Sevastyan estalou o flogger nas minhas coxas, minha bunda, até no topo das minhas costas, então repetiu a rotação. A cada golpe, a dor montava e montava, até que... não doía mais.

Em vez de me contrair em agonia, tudo que podia sentir eram áreas de calor; meus receptores de dor ainda estavam alfinetando, mas deviam estar confusos. Arqueei pedindo mais, deslocando o membro pesado dentro de mim.

Quando as chicotadas do Sevastyan choveram mais fortes, a paixão parecia escalar no ringue. Tive que lutar com a força dos golpes para permanecer na posição. Logo a transpiração pontilhava minha pele.

— Minha adorável Natalya resiste em encontrar seu castigo. — Seu tom estava vibrando de orgulho.

Cada centímetro da minha carne estava ficando hipersensível, tão sensível quanto meu dolorido clitóris. Quando Sevastyan me atingia, isso se tornava sexual. Um ataque sexual. Ele sabia exatamente o quanto podia ir para aumentar minha excitação sem amortecê-la.

Ele queria que eu aguentasse seus instrumentos. Eu não estava apenas suportando ou até mesmo aceitando, estava exaltando-os. Quando ele fez uma pausa para avaliar minha resposta, eu o enfrentei com olhos arregalados. O que você está fazendo comigo?

Ele estreitou os seus, aí pareceu prender a respiração enquanto o flogger se lançaram para pegar meus seios pinçados, meus mamilos presos. A picada do couro contra seus seios... eu me contorcia em choque deliciada, silenciosamente implorando por outro.

Ele iria me fazer gozar assim?

Quando sua mão desceu entre minhas pernas afagando de maneira rude, ondulei para seu toque, enviando aquele vibrador ainda mais fundo dentro de mim. Quase selvagem com a necessidade do clímax, não me importei que me vissem montando desenfreadamente seus dedos, molhando-os.

Ele gemeu com satisfação ao me encontrar encharcada em torno da base do vibrador.

— Você sabe o quanto vou fazer você gozar? — Ele parecia um menino com um brinquedo novo. Excitação chiava nele. — Prepare-se, linda. — Seu foco estava todo em mim.

Recordei suas palavras de nossa briga hoje mais cedo: preciso controlar você, mandar em você, castigar você. Pra te deixar louca.

Tudo que ele estava fazendo era com o objetivo final do meu prazer, o seu próprio era secundário.

Minha reação era a que o excitava mais.

E tinha a intenção de me fazer reagir como nunca fiz antes.

— Posso não reconhecer tudo que uma jovem precisa. — disse entre dentes. — Mas isto eu sei. Isto eu posso te dar. O resto...?

O que estava tentando dizer? Minha pergunta foi esquecida quando ele se moveu na minha frente trazendo sua boca quente para um de meus mamilos alfinetados. Eu podia sentir sua respiração rápida contra o bico.

Quando lambeu o cume, pensei que desfaleceria de prazer. Contra minha carne, ele disse.

— Mais chicotadas, amor? — Ele chupou meu outro mamilo, deixando ambos brilhando para nosso público.

Eu assenti com a cabeça avidamente conforme a necessidade dupla brotava dentro de mim como lava prestes a entrar em erupção: minha urgência enlouquecida para gozar — e minha fome desesperada por mais do flogger.

Ele retornou à sua tarefa, destacando minha bunda para sua atenção, seus golpes me forçando a ficar nas pontas dos pés. Quando me empurrei para trás para encontrar o flogger, o vibrador balançou, impulsionando-me muito mais perto do orgasmo.

A frequência das chicotadas foram dispersas, mas agora a velocidade aumentou para quase constante. O suor umedeceu meu cabelo e alisou minha pele. A cauda do flogger umedecido incendiou minhas terminações nervosas, enviando minha mente em um turbilhão.

O que deveria ter sido dor transformou-se em delírio e então em euforia — e Sevastyan estava alimentando-a com cada golpe.

Minha visão ficou turva. Já não podia ver a orgia. Já não conseguia ouvir nada, mas os gemidos dele sufocados acompanharam cada pancada do couro. Era como se todos os meus sentidos tivessem recuado para que eu pudesse perceber melhor cada filamento individual do flogger — e o beijo da brisa precedendo uma chicotada.

Para melhor apreciar o membro de aço que ele teve a previsão de me dar.

Flutuar mais e mais alto até que eu estava voando.

Alto. Eu estava... no alto. Meus olhos rolaram pra trás na minha cabeça, meus lábios enrolaram com deleite, meus dentes cerraram na corrente para que ele não tomasse esta sensação.

Nunca tome isto. Toda mole, pendurada em minhas restrições, eu voei — justamente quando minha liberação me rasgava em cruas ondas de choque devastadoras. Com dos dentes cerrados, eu gemi dolorosamente meu prazer.

Lágrimas escorriam de meus olhos à medida que minha envoltura ordenhava o vibrador de novo e de novo...

— Natalya? — ouvi vagamente Sevastyan chamando. — Natalya!

Chamando-me? Onde eu fui? Queira ir pra lá novamente.

Uma vez que as últimas ondas de choque passaram eu pisquei, virando para ele com um sorriso sonhador.

Por alguma razão, minha resposta fez seus olhos brilharem.

Então ele descansou sua testa no meu ombro, como se subjugado pelo que descobriu, como se isto fosse mais do que ele podia acreditar.

— Ty sozdana dlya menya. — Você foi feita para mim. Ele lambeu o suor do meu pescoço, mordiscando minha pele enquanto esfregava sua ereção contra mim. Na minha orelha, ele disse. — Você estava certa, nunca vi nada mais glorioso.

Ele lançou o flogger de lado e começou a correr suas mãos sobre mim em todos os lugares. A aspereza de suas palmas cheias de calos em cima de minha carne abusada fez meus dedões do pé enrolarem.

Quando ele desabotoou a correia ao redor da minha cintura para remover o vibrador, meus músculos internos apertaram ao redor dele, parecia não querer soltá-lo. Ele insistentemente arrastou até que deslizou para fora. Atrás de mim, tudo desapareceu.

— Você gosta de se exibir, moya plohaya devchonka. — Minha menina má. — Quer revelar mais para eles?

Franzi o cenho — o que eu tinha mais para mostrar a eles? — Mas acenei com a cabeça de qualquer forma.

Eu ouvi o sussurro dos itens na mesa de instrumentos. Quando retornou, ele desabotoou a restrição do meu tornozelo esquerdo.

Nosso público diminuiu o ritmo de seus prazeres? Perguntando-se o que ele tinha em estoque para mim a seguir?

Ao redor da minha perna livre, ele envolveu uma correia de couro, usando-a como uma funda para levantar meu joelho, até que estava no nível da minha cintura. Ele firmou a correia na mesma corrente que prendia meus pulsos lá em cima.

Eu estava equilibrada em um pé, ainda mais exposta e vulnerável para ele, para os outros.

Ouvi seu zíper descendo. Agora ele iria foder-me? Contra a pele em chamas das minhas coxas, senti seu comprimento pulsando.

— Você quer que eles te vejam? — Ele correu a cabeça úmida na fenda da minha bunda dolorida. — Realmente vê-la. Por dentro?

Ele estendeu a mão ao meu redor para espalhar meus lábios. Inclusive depois de tudo isso que aconteceu, rubor tingiu minha pele. Podia sentir o ar fresco na minha entrada — podia sentir os olhos cobiçosos se concentrando em mim ali.

Isso não me impediu de ficar ainda mais molhada, dos meus lábios incharem contra os dedos dele.

Ele me envolveu com as palmas das mãos completamente.

— Ofereça-me isto, — ele mandou. — Mostre isto.

Arqueei para trás o máximo que pude, projetando minha bunda contra ele.

— Muito bom. — Ele beliscou as pontas dos meus mamilos em recompensa, deixando minha cabeça leve. — Quer que eles a vejam gozar novamente? — Antes que eu pudesse responder, ele me agarrou, uma mão levantando do meu joelho, a outra agarrando meu quadril. Com uma punhalada certeira, ele entrou em mim por trás.

Gemi em torno da corrente, já à beira. Senti como se nunca tivesse gozado, como se meu orgasmo tivesse sido alimentada por dias sem liberação.

Ele me deu longas e duras investidas que empurravam meu corpo. Meus seios saltavam, meus mamilos presos gritando a cada vez que a corrente apertava.

Enquanto ele dirigia dentro de mim, ele disse com voz rasgada.

— Você pensou que eu estava saindo para encontrar outra mulher naquele dia que me rejeitou. — Ele se moveu mais perto, a língua saindo para saborear meu suor. — Como eu poderia substituí-la? Já naquela época sabia que era impossível.

Não posso pensar. Ele já sentia essa coisa forte por mim?

— Sou insubstituível para você? Deixe a corrente cair se eu for.

Insubstituível? Neste momento ele era tudo. Um doador de dor e êxtase, com um corpo divino que costumava dar prazer ao meu.

Com esforço, afrouxei minha mandíbula, empurrando a corrente para fora com a língua. Isto caiu com um som suave de tinido.

Lambi meus lábios e trabalhei minha mandíbula, perguntando-me o que ele faria a seguir, ansiando por isto.

Ele cobriu um lado do meu rosto com sua mão grande, puxando-me para trás para aceitar seu beijo. Até mesmo enquanto martelava entre minhas pernas, seus lábios eram ternos nos meus. A combinação de punhaladas brutais com a carícia reverente de sua língua era como se a mente estivesse explodindo como nada mais nesta noite...

Ouvi um súbito estalar de couro, senti sua picada atravessando meu montículo. Choraminguei em sua boca. Isso era um dogging bat? [1]Como aquele que lhe mostrei na revista?

Não conseguia olhar para baixo para ver porque ele ainda emoldurava meu rosto. Continuando a me beijar — avisando-me que não era para eu ver com o que me golpeava. Era para eu sentir, aceitar seu beijo de amante, gozar enquanto me atormentava e me fodia por trás.

Outro golpe aterrissou em meu montículo e clitóris, fazendo barulho contra meus cachos encharcados; houve uma mordida, mas não era dor, só fricção e pressão onde eu tão febrilmente precisava.

Talvez eu estivesse sem sensibilidade, porque estava balançando meus quadris por mais enquanto seu pau continuava a saquear.

Contra meus lábios, ele mandou.

— Renda tudo para mim, milaya. — Outro golpe.

E outro. Eu estava tão perto.

— Sevastyan, — sussurrei. — Mais.

Ele empurrou...

— Quero ouvi-la gritar sua rendição... — e golpeou.

Perdida nele, eu entreguei tudo. Quando veio a batida da minha chicotada, lancei minha cabeça para trás e gritei. Agarrando impotente em minhas restrições, gozei por ele, encharcando-o com creme. Com cada tremor lá do fundo do meu ventre, minha junção apertava seu eixo espesso.

— Sinto você me ordenhando, — ele rosnou na minha orelha. — Dê a você o que quer! — Ele fodia com todo seu poder...

Sêmen abrasador estourou dentro de mim; meu controlado e inabalável Sevastyan rugiu incontrolavelmente para todo mundo ouvir... mais e mais...

Abandonado, estremecendo, esvaziou a última gota de seu sêmen em mim.

Com um gemido rasgado, ele continuou a empurrar suavemente para misturar nossos orgasmos, enquanto estava aturdida.

Todos os meus sentidos se concentraram nele, apenas nele: seu coração batendo, a arfada fria de sua respiração em minha pele, o calor de seu pau ainda nos juntando.

Quando minha cabeça caiu pra trás no seu ombro, ele pressionou beijos no meu pescoço.

Despertei um pouco quando aplausos surgiram de repente, apimentados com vaias e assovios. Esperei uma onda devastadora de embaraço, mas ainda estava muito devastada para reagir. Um rápido esquadrinhar no circulo mostrou o descontrole dos amantes, sedas e veludos molhado de gozo, bocas e queixos brilhando.

Enquanto olhávamos fixamente para o vidro, Sevastyan embrulhou um braço musculoso ao redor do meu pescoço, outro ao redor de minha cintura, aconchegando-me para mostrar sua reivindicação.

Sentindo sua fúria ardente pelos outros, ergui o olhar para espiá-lo.

Não, ele não gostou de me exibir; agora que o calor do momento passou, estava cerrando os dentes.

— Dei-lhes demais de você. — Ele estendeu a mão pra cima da mesa e apertou um botão no controle remoto.

Estávamos escondidos mais uma vez.

 

Os aplausos estrondosos continuaram, mesmo depois que o vidro foi escurecido.

No entanto, não podia me arrepender de nada uma vez que ouvi a voz de Sevastyan cheia de orgulho:

— Minha fantasia se realizou. Nunca deveria ter duvidado que você não conhecesse sua própria mente. — Ele retirou-se de mim cuidadosamente, fechando seu zíper enquanto se movia para me encarar.

        Ele afastou o cabelo úmido de minha testa, sua expressão alternando entre possessiva e... reverente.

Mas quando tremi, ele se tornou todo profissional. Com movimentos rápidos e eficientes, soltou meu joelho levantado e removeu minhas restrições do tornozelo, então segurou meus seios para soltar as pinças.

Ele desenroscou um parafuso, afrouxando o metal de um bico.

— Isto vai doer, amor, — ele murmurou enquanto soltava isto do meu mamilo esquerdo.

O sangue escorreu por ele. Tive que sufocar um grito.

Ele tomou o bico latejante em sua boca, acariciando com sua língua para ajudar com a dor. O direito estava pior porque eu sabia o que esperar. No instante em que a pinça estava fora, ele moveu-se para aquele mamilo.

— Xi, amor — ele acalmou a ponta — pronto, está quase acabando...

Com meu próximo arrepio, ele se afastou, retornando com um roupão branco e macio no braço. Ele o segurou prontamente enquanto liberava meus punhos da corrente do teto. Desmoronei em seus braços que estavam à espera, encapsulando-me na maciez do roupão.

Tremi encostada nele, enquanto removia a restrição do punho e beijava a pele úmida debaixo disso. Ele repetiu o beijo no outro.

— Você está livre agora.

Com tais palavras carregadas eu já estava solta. Ele descreveu este tipo de comportamento como uma descida. Era exatamente o oposto. Com este homem, eu voei. Disparei para o alto. De certa forma, para submeter... tinha que subir.

Talvez eu ainda estivesse voando. Tudo parecia silencioso e suave, as luzes mais escuras.

— Como se sente?

— Um pouco atordoada — disse com uma voz arranhada. — O que acontece agora? — Haveria tempo suficiente para não acreditar no que eu tinha acabado de fazer. Mas esta noite apenas deixaria rolar.

— Estou levando-a para casa. — Ele guiou meus braços inertes nas mangas do roupão. — Espero que relaxe e não se preocupe com nada enquanto a mimo.

Eu podia lidar com isto.

Ele me agasalhou, embalando-me contra seu tórax, em seguida me carregou para fora do nosso quarto.

Teríamos que ver aquelas pessoas? Atravessaríamos o salão? Quando enrijeci, ele disse.

— Nós estamos indo por uma saída privativa, amor. O carro está esperando.

Mesmo quando estávamos abrigados no banco de trás da limusine e a caminho, Sevastyan não me soltou, mantendo-me no seu colo. Removeu minha máscara e a dele, então meteu a mão no cooler e pegou uma garrafa de suco de laranja.

— Beba. — Ergueu-o até meus lábios.

Arqueei uma sobrancelha.

— Sem leite morno?

— Não tem nenhuma ideia do quanto seu corpo trabalhou esta noite. Quero que desça suavemente.

Tomei um gole do suco — tinha que ser o melhor que já provei. Só faltei engoli-lo como um universitário no bocal de um barril de chopp.

— O que você quer dizer com descendo?

Ele chegou mais perto para lamber uma gota de suco do meu lábio, fazendo minhas pálpebras ficarem mais pesadas.

— Seu sangue está inundado com endorfinas. É por isso que se sentiu...

— Alta?

— Precisamente. Mas tudo que sobe tem que descer.

— Vai estar aqui para me pegar quando eu cair?

Ele curvou um dedo debaixo do meu queixo.

— Vsegda. — Sempre.

Esta noite conseguimos resolver algumas coisas. Certamente que as barreiras caíram. Agora faríamos progressos juntos.

Beijei a ponte do nariz torto dele, então enterrei o rosto em seu tórax. Corri meus dedos por seu cabelo espesso, enfiando as mãos neles enquanto abraçava este homem grande e corajoso bem apertado. Nunca me senti tão querida. E tão protegida.

Ele era meu anjo da guarda, meu amigo, meu amante dos sonhos.

Aleksandr Sevastyan era tudo. Tudo.

Ele me puxou para trás para encontrar meu olhar, seus olhos semicerrados como moedas de ouro.

— Revelador?

Eu sussurrei de volta.

— Obcessão.

 

Na casa da cidade, ele me manteve em seus braços, carregando-me para dentro e levando-me no colo até nosso banheiro. A luz estava fraca, a banheira de hidromassagem já borbulhando.

Quando retirou meu roupão e me abaixou na água, quis voltar para os braços dele. Como se detestasse a distância tanto quanto eu, ele se despiu apressadamente, então deslizou ao meu lado. Sentou no banco submerso, puxando-me de volta para seu colo, meu ombro em seu peito.

— Podia me acostumar com isto. — Suspirei. Tinha lido sobre os cuidados após uma sessão de BDSM e o quanto isto era importante, mas não tinha percebido o quanto precisaria disso. Senti como se tivesse sido quebrada ao nível mais primário, e agora tinha que me reajustar a tudo.

Era como se persistisse nas bordas de uma euforia induzida por drogas, produzida pela queimação das drogas mais inimagináveis.

Ele começou a massagear meus ombros.

— Pretendo que se acostume a isto. Esta noite cuidarei de você.

Senti seu membro enrijecendo debaixo de mim e sorri para mim mesma — mais dele, nesta mesma noite? E sua massagem! Massageando... massageando... Isto era. Muito bom

Uma vez que suas grandes mãos me tornaram um amontoado de felicidade, ele começou a ensaboar meu cabelo, massageando meu couro cabeludo até que eu estava a ponto de babar pela segunda vez esta noite.

Depois de enxaguar as mechas com o chuveirinho, ele passou condicionador neles. Virei para observá-lo por cima do ombro. Seu rosto estava repuxado com absorção, como se realmente quisesse fazer isto direito, dar banho e cuidar de mim, só isso. Isso derreteu meu coração.

Ele me pegou olhando-o fixamente como uma boba.

— Está apreciando esta parte?

— Detestando.

Ele deu uma risadinha. Realmente o fiz rir? Seus lábios estavam curvados. Ainda não era um sorriso completo, mas quase.

Sua leveza sinalizou muito para mim, e fiquei ainda mais otimista sobre nosso futuro.

— Você nunca pensou que eu iria até o fim, não é?

— Admito que sim. — Terminando com meu cabelo, alisou o comprimento sobre um dos meus ombros, então esfregou óleo de banho na dolorida parte superior das minhas costas.

— Algum arrependimento?

— Decidi que se estava disposta a passar por aquilo — sua primeira vez de verdade — então devia querer isto muito mesmo. — Seu membro pulsou contra minha bunda; seria porque estava repassando aquelas cenas? — Eu te levei para um lugar que achava sórdido. E você viu beleza em toda parte e senti esperança. Talvez aquele clube tenha feito isso? Fazê-la vir com tudo.

— Acredito nisto, especialmente agora.

— Estava falando sério mais cedo. Você conhece sua própria mente. Esqueci-me disso no caminho.

— O que quer dizer?

Ele ergueu um dos meus braços, lavando da ponta dos dedos até o ombro, antes de lavar minhas axilas, fazendo-me cócegas.

— Em Nebraska testemunhei seu modo de ser, quando enfiava algo na cabeça. Vi o quanto trabalhou duro; em tudo, você tentou pra caralho. — Ele foi para meu outro braço. — Queria saber como você podia continuar, sem garantia de sucesso.

— Mas você não podia falar comigo para me perguntar.

— Podia apenas observá-la de longe. — Ele agarrou um dos meus seios, passando o polegar no mamilo. — Estão doloridos?

Mal podia manter meus olhos abertos enquanto ele me acariciava.

— Um pouco. Mas meio que gosto. Um lembrete constante das coisas que fizemos.

Ele fez um som de aprovação.

— Estabelecemos que você seja sangue quente — e conhece sua própria mente. Mesmo quando era virgem?

Quando ele se moveu para meu outro seio, minhas pálpebras deslizaram fechando.

— Tive algumas experiências ruins.

Deixando suas mãos caírem, ele ficou tenso ao meu redor, dizendo uma palavra entre dentes:

— Nomes.

Meus olhos arregalaram.

— Não, não, não assim! Tive algumas experiências infelizes e desastradas, devo dizer.

— Não entendo.

Então contei a ele sobre o cara que ejaculou no seu preservativo.

— Ele fugiu depois disso, nunca mais ouvi falar dele. Desperdicei semanas com aquele cara.

— Agora que sei o que ele esteve tão perto de experimentar, quase sinto pena dele.

Uou.

— Namorei outro cara por uns meses, mas tenho quase certeza de que era um submisso. Houve alguns outros que simplesmente não valeram a pena.

Olhando para trás, pude ver que estive esperando por um homem de verdade — um mais velho do que eu, muito mais dominante, com algumas arestas rudes e perigosas. Em outras palavras, não um universitário típico.

— Sua perda é meu ganho.

Arrastei minhas unhas no seu antebraço.

— Não queria ser virgem. Você sabe como é desafiador ter consciência sexual e ser descolada em um campus de faculdade e ainda ser virgem? Na minha idade? Era como um segredinho sujo.

Em um tom sério, ele disse.

— Estou contente que pude ajudar com isto.

Sorrindo, virei para encará-lo melhor, pendurando minhas pernas sobre sua outra coxa.

— E aí, qual é sua história?

— História? — Ele pareceu desconcertado que a conversa tinha sido conduzida em direção a ele.

— É aqui que trocamos histórias de namoro.

Ele me deu um olhar do tipo não entendi nada.

— Você realmente não passou muito tempo com mulheres sem ser para sexo, não é?

— Nem um pouco. — Ele começou a massagear meus pés, trabalhando o óleo de banho até em cima das minhas panturrilhas surpreendentemente doloridas.

— Como normalmente encontrava, bem, companheiras de cama? Suponho que na máfia não tinham mulheres?

Ele levantou as sobrancelhas para isto.

— Eu ia para um bar ou um clube de cena e esperaria uma mulher me abordar, — ele disse sem presunção, só constatando os fatos. — Ficava pelo tempo de tomar algumas bebidas; a situação se resolvia ou não.

Meu rosto corou quando percebi que fui uma daquelas mulheres o abordando.

— Então quando cheguei até você naquela primeira noite me comparou com elas?

Ele deu de ombros.

— Você não namorou nenhuma das mulheres com quem dormiu? Nenhuma ida ao cinema ou saída para tomar um café? — Não conseguia imaginá-lo fazendo nada disso.

— Nunca.

— Além de nossos jantares na estrada, esta noite foi seu primeiro encontro de verdade?

— Sim. — Conforme escondia minha surpresa, ele acrescentou. — Como me saí?

Meu coração acelerou.

— Na pontuação dos juízes tirou dez.

Ele franziu o cenho.

— Suponho que não deveria ter admitido isso para você.

— Não, você devia. Eu amo — tudo que aprendo sobre você — ouvir coisas novas sobre você.

— Meu primeiro encontro, seu primeiro açoite, — ele disse com diversão.

— Eu adorei o que você fez para mim.

— Esta noite percebi que posso te atormentar e guardar como se fosse um tesouro. Para você, isso pode ser a mesma coisa. — Suas mãos começaram a subir por minhas pernas. — E há muito mais para mostrar-lhe.

Minha respiração tornou-se difícil.

— Quero ver isso tudo.

— Terei umas coisas entregues amanhã. Vamos levar isto devagar, mas se prepare para onde quer que isto nos leve.

— Você realmente sabia como usar essas coisas. — Apesar de ter aberto bastante minhas coxas convidativamente, ele simplesmente me provocou com aqueles leves círculos. — Há quanto tempo faz isto?

— Algum tempo.

Bastante evasivo?

— Agora vai me contar sobre seus interesses particulares? — Com seus dedos trabalhando, lutei para manter minha concentração. — Quando você os reconheceu?

Ele abriu a boca para responder, então fechou.

— Por favor, conte-me. Gostaria de saber, já que me beneficiei tanto desses interesses.

— Eu vou, um dia. No momento, não quero voltar a pensar num passado tão distante. — Quanto tempo atrás? — Saiba disso: antes de você, participei, mas agora vejo aqueles encontros como eles realmente eram.

— O que?

Seu olhar prendeu o meu.

— Prática.

— Para mim?

— Para você.

Eu não pude impedir que um sorriso lento abrisse em meu rosto.

Seus olhos imersos nisto, escurecendo.

— Haverá regras, Natalie. — Ele alcançou entre minhas coxas, apalpando-me com um aperto firme. — Isto é meu. Sou o único que te acariciará aqui. Planejo mantê-la bem satisfeita, mas se precisar gozar, espere por mim — ou pelo meu comando.

— Então nunca vou tocar em mim mesma na frente de uma câmera para você? — Eu me contorci em cima de sua ereção, fazendo-o inalar de forma audível.

— Vou mandá-la fazer isto novamente quando eu puder apreciar isto adequadamente. Estava em uma reunião naquele dia quando dei uma olhadinha em você. — Contra meu pescoço úmido, ele disse. — Fiquei duro como pedra imediatamente, tive que sair correndo do prédio. O telefone tremia na minha mão o caminho inteiro até você.

Suas palavras fizeram uma excitação me atravessar.

— Então aguardarei seu comando.

— E minha permissão. Não pode gozar de maneira nenhuma até pedir — e receber — minha permissão.

— Posso viver com isto. Alguma outra regra?

— Sim, uma. — Ele beliscou meu queixo. — Nunca mais olhe para outro homem com luxúria, a menos que o queira morto.

Sabia que ele estava dizendo isto literalmente.

— Você pertence apenas a mim. Nenhum homem pode se sentir mais possessivo com uma mulher do que eu por você. — Seus olhos me hipnotizavam, como se pudesse ver dentro da minha alma. Neste momento, me senti mais vulnerável com Sevastyan do que me senti na frente de uma plateia de dúzias de pessoas. — Está me entendendo?

Fitando-o, eu assenti.

— Horosho. — Bom. — Acho que isso merece uma recompensa. — Ele me instalou no banco submerso — sozinha. Antes que pudesse protestar, ele se levantou na água.

Gotas escorreram abaixo naqueles músculos magníficos, acima de suas tatuagens fascinantes. Somente a visão de seu corpo fez meus mamilos doloridos ficarem ainda mais duros, minha boceta mais molhada.

Depois de espalhar outro roupão felpudo sobre a expansão de mármore plano na borda da banheira, ele me ergueu.

— Fique de quatro em cima do roupão. — Ele me ajudou a subir.

Até mesmo fora da água, me senti flutuando e toda mole, deixando-o me guiar na posição que desejava — uma que me deixava nua para seu olhar.

— Agora coloque o rosto de lado e endireite seus braços para trás ao lado do seu corpo. Assim. Abra bem suas pernas. — Ainda mais exposta? — Bom. Mantenha esta posição. — Ele se moveu atrás de mim. — Só relaxe e aceite o que vou fazer com você.

Que seria exatamente...

Ele roçou a cabeça do seu pau ao longo da fenda da minha bunda.

Ofeguei. Certamente ele não iria fazer isto?

— Tão sensível. — Outro roçar. — Por que ainda fico surpreso?

Bem quando eu estava resignada, arqueando para ele fazer o que quisesse, ele se debruçou e começou a beijar um lado da minha bunda, beliscões leves e lambidas onde me chicoteou.

— Vai ficar dolorida aqui também. — O outro lado da minha bunda recebeu a mesma atenção. — Você estava tão primorosa com estas chicotadas rosa claro em cima de sua pele pálida. — Ele correu o rosto na parte de trás das minhas coxas. — Imaginei como cada uma deve tê-la feito se sentir e quase gozei só de ver.

Ele moveu seu rosto entre minhas pernas, inclinando para minha boceta. Para beijar deste ângulo? Isso era tão quente...

Com sua primeira lambida, não pude reprimir um grito.

— Você parece surpresa. — Ele provocou minha entrada com a ponta da sua língua, então disse: — Não achou que eu passaria um dia sem te saborear aqui? Hã uma razão para que te chame de milaya moya. — Meu doce. — Ficarei irritado no dia em que não tiver minha dose disso. — Ele me beijou como se fosse um beijo francês na minha boca, com sua língua varrendo e buscando entre meus lábios.

Gemi, já quase perto. Queria que continuasse — mas estava em chamas por ele dentro de mim.

— Sevastyan, por favor, foda-me novamente.

— Não pode. Deve estar sensível. Não quero te machucar. — Ele me separou com seus polegares, acomodando-se com mais fome ainda.

Arquejando, eu disse.

— E-eu aguento.

Ele se moveu ainda mais abaixo para meu clitóris.

— Isto não é suficiente?

— Oh, Deus! — Minhas mãos fecharam em punhos.

Uma risada sombria soou contra minha carne.

— Relaxe e aceite. — Ele continuou lambendo e chupando, até que eu estava em crise: não querendo gozar sem permissão, mas tropeçando na borda.

— Sevastyan, eu posso...

— Não.

— Por favor, me deixe gozar!

— Como? — Ele exigiu.

— O-o que?

— O que quer que eu faça para você gozar? Seja mais específica quando implorar para mim. E mantenha sua posição se quiser minha boca.

Eu me forcei a relaxar.

— Por favor, continue fazendo o que está fazendo. Mais duro. — Minhas palavras eram guturais com paixão.

— Onde? Seja mais específica. — Ele era tão dominador que meus pensamentos ficaram embaralhados pela milésima vez esta noite.

— Por favor... lamba meu clitóris... até que me faça gozar.

— Humm. Melhor. — Ele estava usando seu poder sexual sobre mim, e eu não sabia qual de nós apreciava mais isso.

Quando se curvou ainda mais para usar a língua melhor no meu broto, ele espalhou os globos da minha bunda, seus dedos se aproximando do meu anel.

Não podia acreditar no que eu estava prestes a dizer.

— M-me toque ali ao mesmo tempo.

Todo inocência, ele perguntou.

— Aqui, amor? — pouco antes de sua língua endurecer e lancetar dentro da minha boceta.

Eu bati os meus pés em frustração.

— Você sabe o que quero dizer!

— Ah sim, isto. — Ele me deu outra punhalada abençoada e frustrante de sua língua.

Com metade da minha cabeça sem funcionar, eu choraminguei.

— Por favor, lamba meu clitóris enquanto toca minha bunda.

Num tom irônico, ele disse.

— Melhor assim, então.

Em uma parte turva do meu cérebro, compreendi que meu assassino implacável estava brincando comigo, divertindo-se! E amei isto.

Ele pegou meu clitóris entre os lábios e o puxou umidamente.

— Ah, Deus, ah, Deus...

A ponta do seu polegar achou meu centro...

Explodi, surpreendendo-me com meu grito agudo.

— Sevastyan!

A pressão entre minhas bochechas e em volta do meu clitóris latejante espremeu onda após onda de mim, enquanto ele chupava e brincava.

Uma vez que arrancou a última gota de meu gozo, manteve-se atrás de mim com a voz áspera.

— Menina gulosa. Você gozou sem permissão? Amanhã vou castigá-la por isto. Esta noite conseguiu um passe porque me agradou muito bem.

Entrecortadamente eu perguntei.

— Agora você vai me foder?

— Você não pode esta noite. — Ele estava acariciando a si mesmo? — Além do mais, vendo-a assim... não vou durar muito tempo.

— Sério?

— Se colocar um preservativo agora, com certeza vou gozar nele.

Até no meio disto, não pude sufocar uma risada. Homem fascinante e enlouquecedor!

Descansei na minha fronte, dobrando minha cabeça para baixo para vê-lo. Aquelas tatuagens em seus braços ondulavam sobre seus músculos à medida que trabalhava em seu comprimento grosso.

Ele deixou escapar.

— Se soubesse o que estou imaginando agora, linda...

Meus dedões dos pés enrolaram pelo seu tom malvado, pelos seus olhos maliciosos.

— Quer que meu esperma a marque? — Ele apertou seu punho ainda mais forte, como se para conter uma inundação disto.

Em resposta, arqueei minhas costas, arreganhando-me toda...

Ele soltou um berro derrotado. Um momento mais tarde, uma tira de calor aterrissou por toda minha bunda. Com os quadris trabalhando, ele fodeu seu punho, listrando minha carne com sêmen.

Cada chicotada pesada era tão escaldante quanto o couro que usou para me chicotear. Ele berrou seu prazer mais e mais... até que finalmente acabou.

Com a respiração ofegante, ele disse.

— Olhe para a visão da minha mulher.

Meu rosto enrubesceu. Podia apenas imaginar como eu parecia — espalhada, vulnerável, meu bumbum avermelhado revestido.

— Estou guardando isso na memória.

Os segundos se passaram; seu olhar permaneceu até que eu estava me contorcendo.

— Sevastyan...

Em seguida fomos para debaixo d’água novamente, e ele estava me lavando, derramando beijos e elogios — o que lambi, como um gatinho em um prato de leite.

Ele se levantou, se enxugou, então me arrancou da água, erguendo-me como se eu não pesasse nada.

Tão atordoada como sempre, eu o deixei me secar com uma toalha e me levar para a cama. Debaixo das cobertas, ele deitou de costas, puxando-me para seu lado. Assim que me aconcheguei nele, ele soltou um suspiro — de pura satisfação masculina.

Minha orelha estava acima do seu coração, sua batida forte me embalando para dormir. Não podia me lembrar da última vez que me senti tão relaxada, tão... em paz.

Nunca me senti tão apaixonada.

Ele me arrastou para ainda mais perto, dizendo encostado no meu cabelo.

— Você me agradou acima de todas as coisas. Nunca imaginei que pudesse sentir tanto orgulho.

Pouco antes de ficar à deriva, sorri sonolenta. Esta noite, tivemos uma bola de demolição nas paredes entre nós.

Amanhã tudo seria diferente com ele...

 

Nada está diferente, pensei enquanto andava pelo quarto. Nenhuma maldita coisa...

Hoje dormi até depois do almoço — um total de dez horas! — Despertando com um grande sorriso no rosto e as palavras do homem, meu rabo estava dolorido assim como meus lábios. Apenas para perceber que estava sozinha.

Sevastyan não deixou um recado ou um torpedo, não ligou.

Estava completamente de mau humor, de ressaca, gelada, e nervosa com a retirada de minha endorfina. Apesar de ter algumas marcas residuais, sentia como se tivesse passado pelo espremedor.

Assim mesmo, até mesmo três horas depois. E sua ausência continuava a me confundir. Sim, entendi que ele estava fora fazendo negócios secretos do sindicato, mas não podia ter tirado um dia de folga? Nunca deveria ter saído da cama, deveria estar aconchegada nele!

Por que não está aqui comigo? Andei de um lado para o outro mais rápido enquanto minha imaginação fugia. E se ele se arrependeu de me levar ao clube? E se estava cheio de segundas intenções? Por que não consigo me aquecer?

E se eu o desapontei de alguma maneira?

Normalmente, o pânico não estaria entrando em minhas emoções. Mas depois dos extremos físicos e sentimentais de ontem à noite, eu me sentia como um pião.

Agarrei meu telefone enquanto dizia a mim mesma, não ligue para ele. Não queria passar por uma garota carente que não podia ficar sem reafirmar-se —meramente porque foi chicoteada, fodida e forçada a gozar na frente de dezenas de pessoas, somente na noite anterior...

Mais cedo, estive encarando o telefone divagando quando Jess ligou. Depois da minha saudação tépida, ela exigiu.

— Onde ele a levou ontem à noite? Estou morrendo de vontade de saber, tanto que aprendi como ligar da França!

Uma vez que contei tudo sobre minha experiência, ela disse.

— Você realmente o deixou amarrá-la? Na frente de uma plateia? Uau, Nat, estou tão enervantemente orgulhosa da mulher que se tornou! — Depois de uma pausa, ela disse. — Espere, você está me ultrapassando sexualmente? Quero minha própria passagem para o Cirque Du Pau! Vamos, sua vadia depravada, compre-me uma, hein, hein?

Não estava com nenhuma disposição para piadas.

— Ele não estava aqui quando despertei e não deixou nenhum recado. Jess, por que ele transou e correu?

— Ele provavelmente está fora quebrando a cabeça com seu próximo jogo. Erguer o Cirque Du Pau não é uma tarefa fácil.

Depois que desligamos tentei me distrair observando a câmera carregar, mas isto não adiantou. Aqui estava eu andando de um lado para o outro novamente, marchando de parede a parede pelo tapete felpudo.

Tinha compassado mais desde que conheci Sevastyan do que em todos os anos antes dele.

Cada minuto que ele permanecia ausente meu humor continuava a despencar. Não iria ligar...

Orgulho — misturado com a raiva — deu-me forças para lançar o telefone na cama.

Ainda gelada e dolorida tomei um banho de imersão, então me dirigi para o closet. Saias e blusas delicadas, sapatos de salto altos e meias de seda. Se ele tivesse reordenado os artigos de meu vasto guarda-roupa em Berezka, deveria ter escolhido a dedo estas roupas.

Franzi o cenho para suas escolhas. Às vezes queria apenas relaxar dentro de um suéter e uma camiseta manchada de pizza. Às vezes preferiria vestir calça jeans e botas confortáveis, enquanto estava presa em minha gaiola dourada.

Com uma ressaca sexual, mal tinha alcançado automaticamente uma camisola transparente...

O sol estava se pondo quando Sevastyan retornou. A primeira coisa que notei — foi que seu olhar estava obscuro.

— Onde você estava? — Soei notavelmente tranquila, considerando o fato de que queira assá-lo com uma esposa obcecada.

— Reuniões. — Ele não estava frio, mas havia uma diferença marcante entre o amante dos sonhos de ontem à noite e o homem em destaque de pé na minha frente agora.

— Então como foi seu dia? — (Querido.)

— Foi bom.

Olhei fixamente para ele confusa.

— O meu também foi bom. Agradável realmente. — Era assim que ele iria me tratar depois de tudo o que compartilhamos? Como fui ingênua; só porque superamos nossos obstáculos sexuais não significava que podíamos superar nossos sentimentos também.

— Bom. — Ele se virou, removendo sua jaqueta e o coldre.

Tive a sensação de que ele estava tentando distanciar-se. E se eu fosse paranoica diria até que ele estava... inquieto ao meu redor.

Depois que chegamos à mesma sintonia afinal? Isso não podia estar certo. Forçando uma risada, eu disse.

— Você esteve me evitando hoje?

— Não. — ele respondeu, mas estava girando aquele anel.

 

— Você está mito quieta. — Sevastyan observou.

— Apenas pensando. — Fiquei olhando fixamente para o lado de fora da janela da limusine, enquanto navegávamos pelas ruas de Paris, passando por fileiras de lâmpadas a gás e castanheiras. Ele disse que tinha uma surpresa para mim esta noite, algum destino não especificado.

Tinham se passado quatro dias desde o clube, e enquanto Sevastyan e eu continuamos a fazer progressos na cama, estávamos travados em outras áreas. Ou seja: cada um na sua.

Nós nos encrespamos naquela noite, e agora parecia ser o fundo do poço.

— Você está pensativa. — Ele tamborilava com os dedos tatuados no descanso de braço. — Nunca te vi assim.

— Acho que tenho muita coisa na cabeça. — Apreensão. Elas estavam me inundando.

Não havia como negar mais — Sevastyan estava me evitando durante os dias.

O que era muito diferente das noites, quando me mimava com prazer, comandando, guiando-me a cada interlúdio. Repetidamente, ele demonstrava que nossas perversões de tirar o fôlego combinavam bem.

Como prometido, ele teve uma coleção de instrumentos e equipamentos entregue. Foi armazenado em um armário de tamanho considerável — basicamente um armário de BDSM. Embora não tivesse estreado nenhum equipamento pesado ainda — fiel à sua palavra de levar as coisas mais devagar — ele tinha usado brinquedos diferentes em mim.

Parecia fascinado pelos meus orgasmos: a rapidez que podia forçar um em mim, quanto tempo ele podia me negar, até que eu estivesse suplicando sua permissão.

À noite, ele era perfeito. Mas durante o dia, se estivesse por perto ficava quieto e fechado. O que me irritava em mais de uma maneira. Sevastyan estava pressionando por mais vulnerabilidade sexual minha, uma entrega cada vez mais profunda, o que me deixava exposta no dia seguinte — bem a tempo para que fosse um idiota.

Como pegar uma bola voadora de efeito — com a minha cara.

Ele tamborilava com seus dedos novamente. Aquele tum tum tum estava encrespando meus nervos. A noite do clube, nós nos engrenamos sem problemas. Agora o atrito nos irritava.

— Diga-me sobre o que você está pensando, — ele disse.

Oh, isso era ótimo.

— Nenhuma sugestão de onde estamos indo? — Perguntei desviando o assunto, deixando-o saber como seria.

— Queria que fosse uma surpresa.

Outro clube de sexo? Não estou realmente no clima, Sevastyan. No entanto, tive que admitir que ele colocou minha curiosidade em fogo lento.

— Para alguém que odeia surpresas, você gosta bastante de fazê-las.

— Preferia ficar em casa? Está ficando tarde.

Minhas emoções estavam em tal tumulto que podia ter empacado em ir com ele, exceto por duas coisas: eu estava desesperada para sair da casa. E mais cedo, ele agiu diferente comigo.

Quando retornou da sua reunião, tomou-me em seus braços sem uma palavra e me segurou como se eu fosse à única coisa que o mantinha à tona. Como se estivesse cruzando uma linha de chegada para me alcançar.

Aquilo foi tão confuso!

Ele exalou uma respiração longa.

— Às vezes você é um mistério absoluto para mim. — Se ele continuasse batucando seus dedos, eu os estalaria como se fossem gravetos secos.

— Olha quem fala. Além disso, conto-lhe tudo o que está na minha mente.

— Não esta noite.

— Talvez não, — eu concedi.

— Eu te pedi para me dizer o que precisava. Você concordou.

Por onde começar?

— Você realmente quer fazer isto?

— Sim.

Aqui vai...

— Quando você saiu naquele dia depois do clube, esperava que deixasse um recado ou um torpedo. Para me tranquilizar.

— Para que? Não havia nenhuma dúvida de como me senti depois daquela noite.

— Teria sido bom receber qualquer reconhecimento.

Tum, tum, tum.

— Tudo bem. E...?

— Quero saber aonde você vai todo dia.

— Tenho questões de negócios que não posso resolver daqui.

— Negócios do sindicato com aquele tal Maksim? — Perguntei. Quando ele assentiu, eu disse: — Sei que te deu informações sobre Berezka. Sei que conversa com ele tanto quanto faço com Jess. Quem é ele para você?

— Nada além de um aliado temporário. Ele está me ajudando com obstáculos do trabalho com o qual topei.

Mais uma vez tive a impressão de que Sevastyan estava me protegendo. Negação plausível?

— O que mais está te incomodando? — Tum tum.

— Não posso mais ficar enfiada sozinha na casa da cidade.

— Que é uma das razões pelo qual estou te levando para sair esta noite.

Eu olhei para ele de cara feia.

— Quanto tempo mais nós ficaremos aqui? Estou acostumada a estar perto de pessoas, conversando e rindo. Estou acostumada a ter metas e trabalhar para alcançá-las. Preciso de uma data final, esta merda indefinida não funciona para mim.

— Vamos voltar para a Rússia no princípio da semana que vem. As coisas serão diferentes lá, Natalie.

Por que tive a suspeita afundando que eu estaria ouvindo muito essa linha?

— Como?

— Você vai conhecer novos amigos. Seus dias serão cheios, e me sentirei mais confiante com sua segurança. No momento, preciso que seja paciente.

Resmunguei interiormente. Supus que poderia fazer isto mais alguns dias...

Quando a limusine diminuiu a velocidade, perguntei:

— Já chegamos? — Minha voz soou ridiculamente expectante; curiosidade matou a Nat.

Sevastyan puxou um pano de seda do bolso do seu paletó.

— Como eu disse, é uma surpresa.

— Tudo bem. — Deixei ele me vendar. Assim que estacionamos, ajudou-me a sair na noite tempestuosa.

Enquanto ele me guiava subindo um lance de degraus de concreto, perguntei.

— Oh, então estamos indo para a superfície desta vez? — Sarcasmo.

— Não me acostumaria com isto, — ele devolveu o sarcasmo.

Nós cruzamos um limiar em um interior aquecido. Fora o eco dos saltos dos meus sapatos, estava quieto do lado de dentro.

Quando ele removeu minha venda pisquei os olhos, ajustando para área ascendente. O reconhecimento me atingiu, e dei meia volta no lugar.

Estávamos no Museu de Orsay! Li tudo sobre este museu no meu guia turístico, vi fotos. Esta era uma reformada galeria de uma antiga estação de trem de impressionistas franceses famosos e outros artistas do período.

Noite Estrelada acima do Rhone, de Van Gogh, meu favorito de todos eles, estava... aqui. Surpreendeu-me que logo o veria pessoalmente.

Olhei ao redor, não vendo outra alma. As luzes estavam diminuídas.

Isto era só para nós? Minha irritação de antes dissipou como um sussurro, e me senti culpada pelo meu impulso de quebrar seus dedos.

Em um tom seco, Sevastyan perguntou.

— Isto é uma teta?

Explodi numa risada.

— É! Você está se redimindo, Siberiano. Como conseguiu que entrássemos depois de fechar?

— Pedindo um favor. Este museu é menor e mais pessoal que o Louvre, mais adequado para a exploração de uma noite. Venha.

Uma das primeiras esculturas era da adorável Safo com sua lira, sua expressão pensativa.

— Ela compôs seus poemas para ser acompanhada pela lira, — eu disse. — Pode-se dizer que ela é a primeira dama das letras.

O autodidata pareceu impressionado.

— Você conhece poesia grega antiga?

— Você não estuda a história da sexualidade sem chegar a conhecer Safo. — Natalie Porter, estudante de história. Aquela designação se ajustaria a qualquer tempo?

Talvez eu devesse seguir o conselho de Paxán e viajar pelo mundo, viver meus sonhos. Com o homem ao meu lado...?

Enquanto Sevastyan e eu dávamos uma volta, passando por uma estátua maravilhosa atrás da outra, eu olhava furtivamente para ele. Apesar de ter tirado este golpe do museu, ele parecia um pouco menos confiante que seu modo orgulhoso de costume.

Recordei de sua expressão atenta quando lavou meu cabelo, o quanto ele queria fazer aquilo direito. Parecia do mesmo jeito esta noite, como se fosse fundamental me impressionar.

De fato, ele estava medindo minhas reações mais do que estava admirando a exposição. Exatamente como quando observava meu rosto — em vez da orgia.

— Você não está interessado em arte? — Perguntei.

— Estou mais fascinado pela forma como você responde a isto.

Irresistível Siberiano. Quando ele fazia comentários assim, como eu poderia ficar zangada com ele?

Uma das últimas exposições no andar térreo era a Mulher Mordida por uma Serpente, uma escultura de tamanho natural de uma mulher nua se contorcendo em uma cama de flores. Seu corpo era voluptuoso, suas curvas à mostra para a eternidade.

Mesmo em meio de uma visão tão sensual, podia sentir o olhar ardente de Sevastyan em mim. Quando o perscrutei os olhos dele escureceram, informando quais curvas ele queria ver pela eternidade.

Tinha me acostumado aquele seu olhar sensual — na cama, no chuveiro, em um clube de sexo. Mas em um museu, fiquei meio nervosa. Como fiquei quando tentei fisgá-lo da primeira vez.

Coloquei meu cabelo atrás da orelha de forma bem feminina — uh, posso te pagar uma bebida? — E segui em frente. Subimos os degraus em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos.

Mas no segundo andar, acelerei passando outras obras-primas sem a devida reverência para chegar à Noite Estrelada. E então...

Ele estava aí. Bem na minha frente.

— Não posso acreditar que estou olhando para isto.

Ele permaneceu em silêncio ao meu lado, permitindo-me absorver isto.

As cópias que tinha visto nunca transmitiram a textura elaborada da peça, as pinceladas exageradas. Esses reflexos à meia luz acima da água eram borrões ousados. Cada estrela era um agrupamento de camadas habilmente pintadas, criando relevo na tela.

Pisquei para ele, não tendo nenhuma ideia de quanto tempo tinha passado. Com um rubor, expliquei.

— É meu favorito da era.

— Por que este aqui?

— Os barcos, as luzes sobre a água... Esta cena é um mundo distante dos campos de casa, de tudo que já conheci. Nunca tinha visto estes tipos de azul no Cinturão do Milho. Para uma menina como eu, as cores eram exóticas, chamando por mim. — Sem contar que suspirei secretamente pelos dois amantes no primeiro plano, compartilhando de tal noite.

Sevastyan chegou ainda mais perto de mim.

— Quando fica excitada, suas bochechas ficam cor de rosa e seus olhos se tornam muito mais brilhantes contra esse cabelo vermelho flamejante. — Ele estendeu a mão para enroscar um cacho em torno do seu dedo. — Suas cores me chamam.

Perdi o fôlego. Ao vê-lo assim, disse a mim mesma que aquela experiência marcante de sexo, os olhares de admiração e elogios sinceros poderiam me dar forças para superar.

Até quando?

Até que ele me visse como uma parceira, uma confidente.

Ele recuou.

— Mais uma vez, falo com liberdade demais com você. — Agora a cor sombreava as maçãs do rosto dele. — Sempre que estou perto de você, falo mais do que quero.

— Então devemos passar mais tempo juntos. — Eu o deixei me levar pela mão para outra sala da galeria.

— Ou menos, — ele disse, mesmo enquanto parecia descontente com aquela perspectiva.

— Seria tão ruim para eu saber mais sobre você?

— Não acho que gostaria do que eu revelasse.

Era essa a razão para todo seu segredo? Ele não queria me assustar? Isso não pressagiava nada de bom.

Enquanto examinava cuidadosamente outra exibição, lembrei-me do meu primeiro semestre na UNL. Jess e eu tínhamos acabado de nos tornar amigas, e ela estava namorando um novo cara “promissor”. Aí uma noite ele lhe disse com um ar misterioso.

— Não acho que você gostaria de mim se realmente chegasse a me conhecer.

Para seu espanto, ela chutou a bunda dele para o meio-fio. Para mim, ela explicou:

— Quando um homem lhe disser algo assim querida, é melhor levar ao pé da letra.

Jess e eu fizemos uma promessa uma à outra: quando os homens falarem sobre si mesmos negativamente, “não sou bom para você”, “tenho dificuldade em me comprometer”, “não vou sossegar tão cedo”, nós os escutaríamos.

Sevastyan me disse que ele não era um bom sujeito. Pensei que queria dizer por que era um assassino. Então o que estava escondendo de mim?

— Talvez eu te conte mais sobre mim, — ele disse — se tiver mais certeza sobre você.

A linha de chegada ainda estava entre nós, uma linha brilhante de giz.

— Então estamos de volta na mesma situação paradoxal. Acho difícil jogar todas as fichas quando sei tão pouco sobre você. Você me dá apenas uma migalha de informação a cada poucos dias. No ritmo em que estamos indo, quando eu estiver pronta para seguir, vinte anos terão se passado.

Falando de tempo... Nós nos dirigimos ao stand na frente da grande janela relógio Orsay. Por entre os números romanos, podia olhar para fora e ver o enevoado Sena abaixo, as luzes do Louvre e o Jardim das Tolherias.

Diante desta vista, meu atual atrito com Sevastyan desapareceu, dando lugar às memórias de meu pai, o Relojoeiro. Quando o ponteiro do minuto atingiu o chão adiante, tive que conter minhas lágrimas.

— Como está indo, Sevastyan? — Não precisava ser mais específica.

Seu rosto era granito sob pressão.

— Lamento, como você. Penso muito nele.

Pequei a mão de Sevastyan entre as minhas.

— Os pensamentos sobre ele vem o tempo todo, desencadeados por tantas coisas diferentes. — Hoje à noite refleti a respeito de sua carta, sobre suas esperanças para mim. No início desta semana, vi tigres brancos em um outdoor na rua e minha mente estalou de volta de rir com ele. — Você me contaria uma história sobre ele?

Sevastyan estava abrindo a boca, sem dúvida para recusar.

— Só uma, — eu disse apressadamente. — Pozhaluista. — Por favor.

Parecendo como se estivesse para falar na frente de milhares de pessoas, ele pigarreou.

— Quando eu estava com ele há uns meses, ele me levou para uma reunião de cúpula. O filho do outro vor disse algo sobre Paxán que tomei como um insulto. Eu me meti com o menino mais velho — o que significava que nós dois estávamos condenados a lutar no meio de um armazém lotado. “Você é inteligente demais para estar tomando golpes na cabeça” Paxán me disse enquanto caminhava comigo atravessando a multidão. —Sevastyan franziu a testa. — Ele estava sempre me dizendo que eu era inteligente. Então disse a ele que eu “lutaria de forma inteligente”.

Podia imaginar esta troca tão vividamente: Paxán o guiando através de uma multidão da mafiya, um Sevastyan duro com seu queixo saliente — mesmo enquanto absorvia ao máximo a atenção de Paxán. Porque ninguém lhe deu atenção antes?

— Enquanto me encaminhava em direção ao ringue improvisado, homens estavam berrando ao nosso redor, fazendo apostas. Eu tinha apenas quatorze anos, e ele era... muito para lidar. — Eufemismo. — Paxán parecia tão preocupado que eu ficaria machucado. Disse a ele que não deveria se preocupar comigo.

— O que ele disse?

— Suspirou e me disse, “Melhor se acostumar a isto, filho”. Foi a primeira vez que ele me chamou de filho. Algo clicou na minha cabeça e finalmente aceitei que eu teria um lar com ele, que isso era permanente.

Se tivesse se preocupado há meses ele teria retornado às ruas? Deixaria um lugar como Berezka? Oh, Sevastyan.

— Depois disso, eu estava determinado a deixá-lo orgulhoso, vencendo.

— E você o deixou?          

— Foi preciso três homens para me arrastar de cima do meu oponente inconsciente.

Aos quatorze anos.

— Paxán o deixou continuar a lutar depois disto?

— Eu o convenci que faria isto sem motivo algum — ou por dinheiro e respeito. Ele não teve escolha a não ser concordar.

— Você não foi para a escola?

— Estava aprendendo com ele. — Sevastyan disse com naturalidade. Ele não era revoltado e culpava as pessoas por causa da educação; nenhuma surpresa, Filip mentiu. Ficou claro que Sevastyan era confiante em sua inteligência e conhecimento. Também ficou claro que Paxán nutria essa confiança.

— Toda semana, ele me comprava livros. Matemática, teoria econômica, filosofia, grande literatura russa. E história, — ele disse. — Ele nunca me disse que eu tinha que lê-los, mas a recompensa era discutir os livros com ele, normalmente enquanto consertava aqueles malditos relógios.

O carinho inconfundível de Sevastyan fez meus olhos novamente se encherem de lágrimas.

         — Obrigado por me contar esta história. — Ele se abriu para mim sobre algo! Toda vez que me mostrava estes vislumbres de si mesmo, eu ficava um pouco mais apaixonada por ele.

Ele levantou as sobrancelhas.

— Acho que nunca falei tanto.

Não podia dizer se ele estava brincando ou não.

Naquele momento, as nuvens se abriram para nós, revelando a lua. Sua luz se derramou acima do rio e iluminou os números deste relógio, fazendo-os brilhar.

        Lua cheia. Já tinha passado um mês desde que Sevastyan me levou para a Rússia? Desde que me beijou pela primeira vez?

Eu me perguntei se ele percebeu isto. Parecia que tudo que fez foi projetado. Poderia Sevastyan ser um romântico enrustido? Em um tom casual, eu disse.

— Isto é um tipo de aniversário para nós.

Ele não pareceu nem um pouco surpreso.

— Sim. É.

— Nós estamos comemorando a primeira noite que nos beijamos? — Antes de eu ter qualquer ideia do que este homem significaria para mim.

— Eu queria muito. — Ele me puxou para ele. — Não pode imaginar o quanto quis reivindicar aquele beijo.

— Você reivindicou muito mais do que isso no avião.

Suas pálpebras ficaram pesadas enquanto ele obviamente voltou a pensar no que fizemos.

— Fui um homem de muita sorte aquela noite.

— E agora?

— Vou me considerar sortudo, minha menina esquiva, assim que se considerar tomada. Todo homem tem uma fraqueza; você é a minha. Aceitei isto. Agora tem que me aceitar.

Não, toda pessoa tinha uma fraqueza. Aleksandr Sevastyan era a minha.

— Preciso de você completamente, Natalie.

Ele se abriu para mim esta noite, e nós poderíamos construir a partir daí. Sorri para ele.

— Não estou regulando nada, Siberiano.

— Suponho que isto é bom o suficiente — por enquanto. — Ele esfregou a ponta do polegar na minha bochecha. — Quer ver sua pintura novamente? Podemos voltar.

Voltar? Quando o ponteiro do minuto atingiu o chão mais uma vez, não senti tristeza. Desta vez senti um minúsculo florescer de otimismo.

Talvez finalmente estivéssemos avançando.

 

— Essa vida de juntar os trapinhos não está te tratando bem? — Jess perguntou uns dias depois. — Achei que ficariam melosos o tempo todo depois do museu.

— Se possível, ele está ainda mais distante. — Esta manhã mais uma vez desapareceu em ação. E, pasme, não deixou nenhum recado, bem mais tarde me enviou um torpedo: em reunião.

Nossa, obrigada. Pensei que conversar sobre Paxán seria nosso assunto em comum. Ainda que falar sobre meu pai fosse à última coisa que eu pudesse arrancar de Sevastyan.

— Ele soa muito deprimente para mim. — Jess observou.

— Devemos ir para a Rússia em dois dias. Ele jura que tudo será diferente lá.

— E?

— Estou desconfiada. Jess, não tenho certeza se quero voltar com ele. — Em alguns momentos sombrios, não sei se posso — não sem sacrificar alguma parte de mim mesma. — Como o sexo pode ser tão bom quando outras partes de nossa vida são tão carentes? Sei, sem dúvida nenhuma, que nenhum outro cara vai se encaixar tão bem na cama comigo. Eu o encontrei na minha primeira incursão.

— Você soa como se estivesse apaixonada por ele, Nat.

— Estou, — admiti. — Mas é complicado. Este amor poderia ser o fio da navalha para isto. E isso é exaustivo. Não me lembro da última vez que estive tão cansada.

Talvez precisasse sair debaixo da influência dele e processar tudo que aconteceu. A personalidade dele era maior que a vida, as coisas que me mostrou também; pode ser que eu estivesse sobrecarregada.

Às vezes penso que uma pausa da intensidade dele pudesse ser bem-vinda. Outras vezes me encolhia ao pensar em me separar dele.

— Você precisa tomar uma decisão, — disse Jess. — Se quiser arrancar respostas dele, então exija-as. Fale com ele no idioma que ele entende: sem apego. Ou Glock, ou qualquer outra coisa. Cave até chegar à farpa da pata do leão.

— E se eu não puder tirá-la?

— Então o deixe ficar com a porra da gangrena — sozinho. Ponha um limite nisso, menina. Dê mais uma chance, mas depois termine.

Talvez ela estivesse certa. Ele esperava que eu fizesse todo o ajuste — enquanto teimosamente permanecia o mesmo. Talvez devesse parar de me comprometer e arrumar desculpas para ele.

— Você sabe que provavelmente vai ter que se livrar disso, Nat. Acho que está esperando que eu te diga para esticar isto nos bons e maus momentos, por toda essa punhetagem que fizeram com ele quando era criancinha. Errado. Algumas vezes autopreservação significa preservação de si mesma.

— Isto é profundo, Jess. — E era exatamente onde eu estava falhando: manter a Natalie dentro da Natalie. — Onde você ouviu isto?

— Li em um romance hot meio besta.

Eu ofeguei.

— Você sabe ler?

— Essa é minha Nat! Senti sua falta. Largue esse safado deprimente e volte pra casa.

Recordei sua reação na última vez que sugeri dar um tempo; ele destruiu a cômoda.

— Dar um tempo será difícil com um cara como ele.

— Então se lembre do meu conselho. SSML, baby. — Seja Sempre Mais Louca.

Depois que desligamos me vesti, preparando-me para a batalha. O que não daria por uma calça jeans e botas rústicas — ou qualquer peça de roupa do fundo da minha cesta de roupa suja de Nebraska.

Resolvi usar uma blusa de cetim azul cobalto e uma saia lápis preta. Prendi meu cabelo no alto da cabeça com um coque, enquanto deslizava em um par de sapatos de bico fino.

Não foi até o final daquela tarde que ele retornou, fazendo seu caminho para nosso quarto. Cansaço emanava dele.

Não apenas cansaço — distância. Isso foi pior do que jamais foi. E eu podia jurar que vi até ressentimento em sua expressão.

Ressentimento em relação... a mim? Que diabo eu fiz?

— Nós precisamos conversar.

Ele sacou seu coldre, rolando sua cabeça nos ombros.

— Não quero fazer isto agora.

— Não vai me deixar de fora por mais tempo. Cansei de ficar de braços cruzados aqui, enquanto sai para suas reuniões misteriosas — que você mantém em segredo de mim. Cansei de ser excluída de sua vida.

Seus olhos estavam cheios de advertência.

— Você precisa aprender a ter paciência.

Paciência? Ele estava empurrando isso de volta novamente?

— Quando pretende me deixar entrar? Quando terei valor suficiente para chegar a conhecer seus negócios? Para realmente discutir as coisas com você? Depois que dormirmos juntos? Já fiz isso! Assim que estivermos vivendo juntos? Nós estamos. — Toquei no meu queixo. — Hum? Talvez depois que me chicotear e me foder na frente de uma plateia? Como as coisas podem ficar mais pessoais do que isto? Ainda assim, você não compartilha o que está acontecendo em sua vida? Em seus pensamentos?

— Talvez isso nunca aconteça, — ele disse, enchendo-me de alarme. — Você já pensou nisso, Natalie? Que tal nunca?

— Se não sou sua parceira nisso, então não sou melhor do que uma boneca, um brinquedo que usa e armazena longe sempre que lhe convier. — Como eu fiz com meu arsenal. — Como você pensa que me faz sentir? — Para ele, eu era somente um pertence — era o que ele dizia.

Deveria tê-lo escutado, querida.

Ele esfregou sua palma por cima da boca.

— Talvez você espere coisas de mim que não sei como dar.

— Você sabe como. Você só recusa!

— Então devo assumir toda a culpa? Por que deveria te dizer qualquer coisa quando posso sentir que você está se afastando de mim?

— Oh, não, não, não, Siberiano. Não estou me afastando — você está me empurrando para fora da porra da porta! Continue com isto e vou cair fora. Está me entendendo?

Embora eu tenha sentido um tipo estranho de pânico nele, seu comportamento era todo confiante.

— Não existe isso de ir embora, doçura. Você é tão viciada em mim quanto sou em você.

Sob a influência. Não podia negar isto. Sem falar que estava estupidamente apaixonada por ele. No entanto, se ele não era bom para mim, por mim...

— É verdade, sou viciada em você. Mas talvez esteja na hora de largar o vício...

Uma confusão soou no andar de baixo. Sevastyan se lançou para seu coldre, sua arma estava de fora em um instante.

— Fique aqui. Tranque a porta atrás de mim.

Meu coração martelava.

— Quem está aqui? São os homens do outro vor?

Ele inclinou sua cabeça. Depois de um momento, ele disse

— Não, e isto é um problema.

— Como? Por quê?

— Porque posso matar os homens do inimigo.

 

Enquanto trancava a porta atrás dele, me perguntei por que Sevastyan não me disse para ir para o quarto seguro.

Mas eu não sabia? Ele não queria que eu assistisse os retornos da câmera. O que significava que tinha que fazer.

Na escrivaninha, escaneei tela após tela enquanto ele descia para o andar de baixo. Meus olhos arregalaram quando vi o monitor que cobria a área do estacionamento. Nosso guarda estava jogado no chão. Pelo menos parecia que ainda estava respirando.

Na cozinha avistei um homem de cabelos negros tão alto quanto Sevastyan flexionando os dedos de sua mão direita. O cara tinha nocauteado aquele guarda grandão com o punho?

Ele podia ser o misterioso Maksim? Vestia-se tão bem quanto Sevastyan, talvez de uma forma ainda mais conservadora. Apesar de ter derrubado alguém, ele conseguiu manter seu terno escuro limpo e sem defeito.

Na tela colorida, pude ver que seus olhos eram de um azul penetrante. E por alguma razão, este estranho parecia familiar para mim.

Serviu-se de uma garrafa de vodca e agarrou alguns cálices, como se estivesse apenas esperando Sevastyan se juntar a ele. No entanto, pegou três copos. Então onde estava o terceiro sujeito?

Sevastyan entrou no aposento. Apesar de parecer que estava prestes a explodir, guardou sua arma, enfiando-a na cintura da calça em suas costas.

Por incrível que pareça, o outro homem não tinha nenhum medo dele. Sorriu enquanto fazia algum comentário, seu porte agressivo.

Ele não podia ver o quanto Sevastyan estava perto da violência? Estava fervendo logo abaixo da superfície, esperando para explodir.

Depois de outra troca — eles estavam falando russo? — Sevastyan inspirou e expirou, como se para se controlar.

Eu tinha que ouvir o que eles estavam dizendo! Tirei meus sapatos de salto, levando-os comigo enquanto me esgueirava pra fora do quarto. Desci as escadas sorrateiramente, então parei do lado de fora da porta da cozinha. Agora eu era uma voyeur estranha — e uma bisbilhoteira?

Se ele tivesse conversado comigo, eu não seria forçada a me rebaixar a isto!

— Responda-me! — Sevastyan exigiu em russo. — Que diabos está fazendo aqui?

O homem respondeu no mesmo tom.

— Estas são as boas-vindas que recebo? Depois de todo o trabalho que tive para ajudar sua noiva, não vai nem me deixar conhecê-la?

Noiva? Por que Sevastyan teria dito a ele que estávamos noivos? E o que este homem tinha feito por mim?

— Você não esteve ajudando porque é honrado, Maksim. Queria apenas algo para ocupar sua mente perturbada.

Um sopro de ar me escapou. Maksim. Em carne e osso.

— Um criador de jogos em repouso é um homem perigoso. — Maksim disse num tom de concordância. — Como o velho canalha sempre nos disse, “A vida passa muito lentamente sem esquemas”. Em todo caso, veja quem fala — você está jogando um jogo traiçoeiro agora.

Que jogo? Será que ele estava falando sobre os negócios do sindicato? Do lado de fora olhando para dentro.

— Quando pedi sua ajuda — disse Sevastyan —, disse para não ver isto como uma oportunidade para mais. Você concordou.

— Você assume que nós queremos mais de você, Roman? — Roman? — Não se iluda. Quero apenas encontrar a mulher que deixou meu irmão mais velho de joelhos.

Eu caí contra a parede. Maksim era irmão de Sevastyan?

Podia ver isto. Ambos tinham cabelos pretos como carvão, altos e musculosos. Apesar dos olhos de Maksim ser de um azul penetrante, enquanto os de Sevastyan eram dourados e o nariz dele ter sido quebrado, o resto de suas feições tinham uma semelhança.

Mas não era por isso que ele parecia tão familiar. Finalmente me lembrei. Vi suas fotos on-line quando li sobre a outra família Sevastyan — os Sevastyans mega ricos e bem conectados.

Este homem era Maksimilian Sevastyan, o político.

Não tinha lido sobre três irmãos? Lancei minha mente de volta para aquele artigo. Acreditava que o mais novo se chamava Dmitri e era Diretor Executivo de alguma empresa. Não havia nenhuma informação sobre o mais velho, além de seu nome. Roman Sevastyan.

O mesmo nome que estava em seu passaporte falso. Só que não era falso. Seu verdadeiro nome era Roman. E ele tinha nascido na riqueza e privilégio.

Não admira que seus modos fossem impecáveis. Não era à toa que parecia que nasceu um cavaleiro.

O que mais ele não tinha me contado? Olhei para o teto. A pergunta seria: o que tinha me contado?

E as escassas migalhas de informações que eu tinha trabalhado tanto para conseguir nem sequer eram verdade! Quando perguntei se tinha alguma família — e especificamente algum irmão — ele respondeu nenhum. Ele não tinha somente um; tinha dois.

De alguma forma ele foi de uma família respeitada e abastada para as favelas. Se ele esteve nas ruas, não foi por muito tempo antes de Paxán encontrá-lo.

A menos que fosse tudo uma mentira. Talvez ele tivesse enganado Paxán. Quem diabos sabia?

Relembrando às vezes em que me gabei, senti minhas bochechas queimarem. Meus instintos com homens são intocáveis. Consigo entender os homens facilmente...

— Dê o fora, Maks. Não vou te pedir novamente.

— Você a levou para o clube na semana passada, mas não vai sequer marcar um jantar comigo?

Coloquei a mão sobre a minha boca. O irmão de Sevastyan sabia sobre o Le Libertin? Ele me viu?

E por que diabos Sevastyan me levaria para um clube de sexo que seu irmão também frequentava? Como... eca!

— Não pareça tão surpreso. — Maksim lhe disse. — Sei tudo o que você faz. Esquece que estou no negócio de informações. Agora chame minha cunhada para me conhecer ou vou forçar meu caminho lá para cima.

Cunhada! Precisava dar um fim a esta loucura. Deslizei nos meus sapatos, alisei meu cabelo, então entrei na cozinha.

Sevastyan disparou adiante, inserindo-se entre Maksim e eu.

— Natalie, vá para cima. Agora.

Meus pés estavam enraizados no lugar.

— Você me disse que não restava nenhuma família. E nenhum irmão.

Maksim estalou a língua fazendo tsc, deslizando ao redor de Sevastyan.

— Roman tem dois irmãos. Sou Maksim, o mais bonito. E você, Natalie Porter, é muito mais encantadora do que esperava. Evidentemente preciso programar uma viagem para Nebraska. — Ele estendeu a mão, então ofereci a minha. Ele girou minha mão para colocar um beijo surpreendente no ponto de pulsação em meu pulso, olhando para cima com seus penetrantes olhos azuis. — É um prazer.

Sevastyan não gostou nada disso. Então brinquei com ele. Sorri de volta para Maksim.

— Muito prazer em conhecê-lo.

Sevastyan pegou minha mão, usando-a para me arrastar para trás.

— Você vai esperar por mim em nosso quarto.

Dispensando-me? Ele nem sequer iria agir como culpado a respeito do fato de que mentiu para mim e que foi pego?

— Não, Natalie permanecerá para tomar uma bebida, — disse Maksim, despejando umas doses. Supus que não tinha as mesmas inibições sobre o álcool que seu irmão. — Vamos brindar. — Ele era tão dominador quanto Sevastyan! — Recuso-me a sair até que chegue a conhecer minha cunhada.

— Eu não sou casada com Sevastyan.

— Detalhes. Você logo será. Roman a considera comprometida.

— Você quer dizer prometida?

— Oh, não, quero dizer na iminência de um casamento legal e vinculativo.

Sevastyan simplesmente assumia que eu iria? O babaca nem sequer tinha proposto! Senti meus punhos se fechando.

Perguntei-lhe quando chegaria a conhecer seus negócios. Ele nos considerava comprometidos e mesmo assim não me julgava digna de sua confiança?

Quanto mais distorcida esta “relação” podia ficar?

— Não apostaria em um casamento.

Sevastyan rangeu os dentes até que os músculos de sua mandíbula contraíram.

Eu me virei para Maksim.

— Ouvi que esteve me ajudando. Como?

— Sou um político na Rússia. Um poderoso. — Ele sorriu, polindo suas unhas encantadoramente. Ainda assim, senti uma dor escondida dentro dele. Usava seu charme como disfarce, sua própria máscara? — No momento, alguns de nós políticos compartilhamos os mesmos recursos que os vorys na máfia — e a mesma tática. Roman sabia que eu tinha homens à disposição para assegurar Berezka para você.

— Então, nesse caso, spasibo. — Obrigado.

Com a voz profunda, ele murmurou.

— Vsegda pozhaluista. — Você é muito bem-vinda. O carisma deste homem era além do esperado. Ele me deu outro sorriso que revelou dentes brancos. Lembrei-me da única vez em que vi Sevastyan sorrir de verdade e percebi que os dois homens se pareciam ainda mais do que eu pensava. — Você ainda chama meu irmão pelo seu sobrenome?

— Foi como ele me disse para chamá-lo.

Maksim virou-se para ele.

— Você não é mais um mero executor. Sua noiva devia te chamar de algo mais pessoal.

— Não sou sua... — Oh, esqueça. Nenhum dos dois estava me escutando.

Os dois se encaravam, Roman parecendo prestes a golpear. Antes da merda bater no ventilador, eu podia muito bem tentar conseguir respostas de um dos Sevastyan. Perguntei a Maksim.

— Por que você tem se encontrado com ele a semana toda?

— Ele esteve me usando para ajudar a desembaraçar você da mafiya — participação nos negócios do sindicato para uns limpos de igual valor. Como um jogo de bilhões de dólares do Monopólio. Ele tem poder de procurador, e eu tenho os meios para conseguir fazer estas coisas secreta e rapidamente. Então fiz — sem nem um único obrigado, poderia acrescentar. — Maksim lançou um olhar afiado para seu irmão, mas parecia haver uma diversão subjacente nele, como se achasse esta situação engraçada.

Dei meia volta para Sevastyan.

— Você podia ter me levado para essas reuniões ou pelo menos me contado sobre elas. Elas dizem respeito à minha herança!

— Você não mostrou nenhum interesse neste dinheiro...

— Olha quem fala irmão. — Maksim cortou a conversa. Para mim, ele disse. — Roman podia ter se tornado um bilionário esta semana. Mas por razões que não entendo, recusou-se a roubá-la, recusou-se a quebrar sua palavra para seu pai. Ele trabalhou em seu nome para desenredar o legado do Kovalev do crime. E uma vez que isto estiver completo, Roman entrará como vor no território.

Meus olhos estreitaram em Sevastyan.

— Perguntei-lhe sobre isto! Parece que esta poderia ter sido uma decisão que devíamos ter tomado juntos. — Ele assinou uma nova posição sem nem sequer mencionar para mim. Porque não sou uma parceira; sou uma posse.

Não se pede a um dos seus brinquedos favoritos para discutir planos de carreira potencial. Ugh!

Franzindo o cenho para mim, ele mordeu as palavras.

— Natalie, para cima. Agora.

— Não vocifere outra ordem para mim. — Na frente de seu irmão? O sangue aqueceu minhas bochechas. Será que pensava que podia mandar em mim assim simplesmente porque fazia isso na cama?

Por que ele não acreditaria nisto? Querido Deus, não melhorei as coisas por confiar nele sexualmente — piorei.

Semanas atrás, perguntei a mim mesma o que estava preparada para fazer para conseguir mais de Sevastyan.

Minha resposta definitivamente: não isto.

Precisava aceitar que nada que eu fizesse faria diferença com este homem. Ele sempre seria fechado. E eu merecia mais do que gravitar em torno de uma coleção de mentiras.

Merecia preservar a mim mesma. Ou preferia ficar sozinha.

Era como se um sinal de neon estivesse lentamente crepitando, clicando, estalando a vida no meu cérebro. As luzes soletravam: Esta relação está condenada, idiota!

Tinha aço na minha espinha e fogo na minha barriga. Meu tempo era valioso; não recompensaria um comportamento de merda com mais disso. Não posso consertá-lo, Paxán.

Maksim me disse.

— Não dê ouvidos a ele, dorogaya moya. — Minha querida. — Precisa ensiná-lo que ordens — fora em algumas... exceções — não são bem-vindas.

Quanto este homem sabia sobre minha vida sexual? Se eles iam para o mesmo clube, os dois irmãos compartilhavam interesses semelhantes?

Sabe de uma coisa? Isto não é da minha conta.

— Roman está com a mão cheia, não? — Maksim continuou. — Ruminando uma silenciosa mão cheia. Se serve de consolo, ele sempre conversou pouco, não compartilhando nada de si mesmo. Quando éramos crianças, o silêncio era recompensado. O oposto... não era.

Não tive tempo para decifrar suas palavras antes de Sevastyan rosnar.

— Zatknis ‘ na hui! — Cala a porra dessa boca! Claramente prestes a explodir, ele me disse. — Saia agora! Ou vou carregá-la para nosso quarto.

Quando eu disse a Maksim.

— Foi um prazer conhecê-lo, — ele me lançou um olhar de decepção, como se pensasse que eu lutaria mais. — Estarei lá em cima, — disse. Uma mentira, para colocar junto com as de Sevastyan.

Não vou me estabelecer. Vou manter meus olhos no horizonte.

Em nosso quarto, arrumei uma bolsa com meu novo passaporte, minha estimada carta de Paxán e um pouco de dinheiro. Agarrei meu casaco, meu telefone celular, e nada mais.

Ao sair, desliguei a câmera do quarto. SSML, baby. Seja sempre mais louca.

Do svidaniya, Siberiano.

 

— Seu voo está para embarcar, — um segurança francês me disse enquanto ele inspecionava minha passagem e passaporte falso.

Com um falso sotaque correspondente, eu disse.

— Sou surpreendentemente rápida. — Especialmente se motivada corretamente.

Uma hora atrás, usei a entrada dos empregados para escapar da casa da cidade, passando furtivamente pelo guarda gemendo, então chamei um táxi. A caminho do aeroporto, usei meu telefone para comprar uma passagem na classe econômica para Nebraska.

Escolhi meu voo baseada em um critério. Partida, tipo, agora. Só tinha esperança que este passaporte funcionasse.

Reprimi um suspiro de alívio quando o homem o devolveu.

— Mademoiselle, você terá que correr para pegar seu avião.

— Obrigada! — Gritei por cima do ombro. Correr? De salto e com sutiã meia taça? Bonito. Meus saltos clicando e meus seios fartos saltando — para o deleite de alguns machos por quem passei. É por isso que preferia usar sutiãs de bojos!

Enquanto me apressava pelo saguão abaixo, liguei para Jess.

Ela respondeu no primeiro toque.

— Como vai a retirada da farpa?

— Eu o deixei morrer na mesa. — Dardejei olhares ao meu redor, perguntando-me quanto tempo tinha antes de Sevastyan notar que eu tinha ido embora. — Estou no aeroporto nesse instante. — Deixá-lo foi melhor. Precisava ir para casa, ver meus amigos e minha mãe. Para colocar em ordem tudo que aconteceu comigo. Para voltar ao meu antigo eu.

— Ele virá atrás de você?

— Você não faz ideia...

Uma mensagem soou no meu telefone. Com uma careta, eu a li.

Traga seu rabo de volta aqui ou vou chicoteá-lo até ficar em carne viva.

— Merda, Jess! Ele sabe que fui embora. Vai supor que vim para cá e vai me seguir. — Para me pegar e me levar de volta.

Como consegui me meter nesta confusão monumental? Isto tudo começou porque quis encontrar meus pais biológicos. Ambos estavam mortos, e agora eu estava sobrecarregada com a responsabilidade de uma fortuna, que ainda estava no ciclo de lavagem — junto com um ex-namorado perseguidor e mentiroso que também acontecia de ser um assassino.

Porra!

— Você tem uma boa vantagem sobre ele, certo? — disse Jess. — E aí tem que ter segurança em todos os lugares.

— Se eu puder escapar agora, você acha que poderíamos nos esconder na cabana do lago dos seus pais por umas semanas? — Meses? Anos?

— Esconder? Nat, o que ele fez com você?! — Ela soava à beira de foder alguma coisa.

— Nada do que você está imaginando. Mas ele não é quem eu pensava que fosse.

— Esqueletos no armário?

— Cemitério. E eu ainda não sei a metade. Ele me disse que não tinha família, mas acabei de conhecer seu irmão ainda há pouco! Um político influente. E sua família é rica.

— Pensei que tinha dito que Sevastyan era um menino de rua.

— Foi isso que ele me levou a acreditar. Você pode imaginar meu choque. Jess, nem sequer sabia seu verdadeiro nome.

— Puta merda, isto é sério. Então cabana, lá vamos nós. Vou fazer drinques de gelatina para nossa viagem, pegá-la no aeroporto, e então caímos fora. Pergunta rápida de nenhuma importância em particular: o irmão era gostoso?

— Jess! — Diminuí a velocidade, deslizando a palma da minha mão pela minha nuca. A primeira noite que conheci Sevastyan, eu tive a sensação de que estava sendo observada; tinha esta sensação novamente.

Cautelosa, inspecionei o terminal...

Sevastyan! Ele estava aqui, do outro lado do posto de segurança, lotado de viajantes se espremendo.

Deus, inclusive agora eu o achava de tirar o fôlego, com seu corpo poderoso e comportamento determinado.

Seus olhos dourados intensos varreram a área. Porque ele estava caçando.

A mim.

— Preciso ir. O filho da puta está aqui. — Clique. Como ele me achou tão depressa?

Nossos olhares se encontraram. Confusão faiscou no rosto dele. Como se realmente não tivesse nenhuma ideia por que parti?

Que pena Sevastyan, terminei.

Tinha esperança de que ele não conseguisse atravessar a longa linha de segurança. Quais eram as chances de que já tivesse comprado uma passagem — e perdido sua sempre presente pistola?

Sua confusão estava se tornando fúria. Sua linguagem corporal disse que mataria qualquer um que se metesse entre ele e eu. Para mim, seus olhos estavam cheios de advertência. Não se atreva a fugir.

Minha expressão lhe disse, este imbecil pode finalmente ler sinais de neon. Dei-lhe uma saudação de piloto com dois dedos, então me encaminhei em direção ao meu portão de embarque distante. Eles estavam embarcando! Se eu pudesse simplesmente embarcar no avião...

Estava sem fôlego quando entrei na fila que se movia lentamente.

— Com licença, — eu disse para um grupo de doces senhoras de idade na minha frente — vocês se importam se eu passar na frente?

Elas me deram aquele olhar de, por favor, vadia.

De rabo de olho, avistei a multidão se separando para um homem muito alto de cabelos pretos. Merda — ele cancelou a segurança! Minha fila andava com a lentidão de uma lesma...

Em pânico, corri para longe do portão para o terminal, sabendo que isto estava indo de mal a pior. Ele me pegaria e eu teria que gritar e lutar.

E mesmo assim ele nunca me deixaria ir.

Quando eu não tinha mais para onde correr, dei meia volta, enquadrando meus ombros.

Os olhos dele estavam enlouquecidos enquanto caminhava a passos largos em minha direção.

— Venha. — Ele pegou a parte de cima do meu braço.

— Deixe-me ir. — Tentei me livrar me contorcendo de seu aperto como um torno. — Não vou partir com você.

— Natalie, agora.

Pessoas estavam olhando fixamente para nós, sussurrando por trás das mãos. Baixinho, eu disse em um estalo.

— Por que não pode simplesmente me deixar em paz? Tem feito isto por semanas! — Pelo menos durante os dias.

— Lute comigo e vou para a prisão. Porque nada menos do que isso vai me manter longe de você.

Droga! Tinha visto sua linguagem corporal prometendo dor para qualquer um que ficasse entre nós. No banya ele me contou que mataria para me possuir.

Não queria que ninguém se machucasse. E não queria que ele fosse para a prisão. Novamente.

— A Interpol adoraria ter alguém como eu sob custódia.

Dei uma olhada para trás dele e vi um atendente do portão agarrando um telefone vermelho. Para alertar a segurança?

Por falar em tomar uma decisão importante sob pressão: minha liberdade pela dele?

Recordei como Sevastyan tinha sido na noite passada na nossa cama. Meu homem ideal.

Droga, droga, droga! Parecia que eu podia deixá-lo — mas não podia enviá-lo para a prisão. Não depois de tudo que ele fez por mim.

Este homem salvou minha vida.

Seu aperto aumentou, e seu olhar frenético alfinetou o meu. Suas pupilas explodiram, seus olhos parecendo quase pretos.

— Você não será tirada de mim. Você me entendeu?

Engoli em seco, esperando sinceramente que eu não tivesse entendido. Tive um flashback do que ele fez para Gleb, e senti pena de qualquer guarda que confrontasse este enfurecido executor. Não tinha nenhuma escolha senão ir com ele. Por enquanto.

— Solte meu braço e vou com você.

Ao invés disso, ele me arrastou junto, meus desejos ignorados mais uma vez.

— Você não pode fazer isto!

— Estou fazendo.

Ok, então ele podia me forçar a voltar — não significava que eu ficaria. Ele não podia me vigiar a cada hora do dia e da noite. Eu prometi a ele:

— Me tranque em uma gaiola, e retornarei a Nebraska.

— Não estou usando uma gaiola.

— Seu idiota! — Assim que estávamos do lado de fora do aeroporto, lancei a ponta de um dos meus sapatos de salto em sua panturrilha, chutando-o enquanto ia para o carro dele de volta a Berezka.

Ele não pareceu sentir nada. Então chutei seu tornozelo.

Nada. E então ele estava me lançando na parte de trás de sua limusine, sinalizando para o motorista seguir.

Apreensão subjugou minha raiva. A janela de isolamento estava levantada; eu estava à mercê do Sevastyan.

O que ele ia fazer comigo?

Como se até um pé fosse distância demais entre nós, arrastou-me para o colo dele. Ele me apertou contra seu tórax, aqueles músculos volumosos do seu braço ondulando ao meu redor.

No caminho de volta do clube, ele me segurou assim. Nunca me senti mais querida e protegida.

Agora? Nunca me senti mais em conflito. Alguma parte traidora minha clamava por ele, à medida que esquadrinhava a multidão pela sua mulher? Alguma parte minha teria se emocionado mais cedo ao ouvi-lo me chamar de sua noiva?

O que há de errado comigo?

Enquanto eu balbuciava protestos, ele tirou minha bolsa e casaco — ainda coisas demais entre nós? — então me apertou com mais força, inalando o cheiro do meu cabelo, como se estivéssemos separados há séculos. Em um tom distante, ele perguntou.

— Por que você partiu?

— Você sabe por que! Não concordei com uma relação unilateral, não concordei em ser tratada como uma coisa. Você não confia em mim, você me dá ordens e mente para mim!

Como se não tivesse me ouvido, ele disse áspero em russo.

— Você não vai me deixar, Natalya. Nunca a deixarei partir.

— Meu Deus, afinal está me ouvindo? Você soa como um maníaco! Não pode me manter se eu não quiser ser mantida! — Consegui recuar alguns centímetros para vislumbrar seu rosto — então desejei que não tivesse feito.

Um assassino profissional tinha se fixado em mim, e agora parecia estar experimentando algum tipo de ruptura mental porque eu o deixei. Era como se ele não pudesse distinguir minhas palavras porque alguma bomba explodia repetidamente em sua cabeça.

Percebendo o quanto era fútil tentar me comunicar com ele, caí em silêncio. Mas ele não tinha terminado.

— Por enquanto, vou discipliná-la.

Engoli em seco.

— Pondo o D de volta no BDSM?

Encostado no meu cabelo, ele disse.

— Disse a você que se fugisse de mim novamente, eu te pegaria. Disse que a colocaria sobre meus joelhos e chicotearia sua bunda até que você caísse em si.

Sua mensagem no torpedo disse que me chicotearia até ficar em carne viva. Só de pensar, fiquei ainda mais tensa em seu abraço de ferro.

— E eu não faço sempre o que digo que vou fazer?

 

Sevastyan me manteve presa em seus braços enquanto subia os degraus para nossa suíte. Soltou-me apenas para bater as portas atrás de nós.

Conforme sua ameaça se repetia na minha cabeça, me perguntava se deveria correr para o quarto seguro. Inclusive agora eu não conseguia ter medo deste homem.

— Nunca mais fuja de mim! — Ele não conseguia recuperar o fôlego. — O pensamento de não tê-la... — Ele deu um soco na parede perto do buraco de seu último show de fúria. Enquanto seu punho fazia o impacto, ele soltou um berro curto e violento. Como um animal com dor.

— Sevastyan, espere.

Flexionando a mão, ele se torceu para me enfrentar.

— Dispa-se.

— Não, não quero.

— DISPA-SE!

Eu rebati.

— Com toda certeza! — E dei um passo fora dos meus sapatos, pegando-os. — Aqui vamos nós! — Lancei o primeiro jogando o braço por cima do ombro como um punhal. Errei. Ele rebateu longe o segundo.

— Por que não se arma com sua camisa da próxima vez, doçura?

— Foda-se!

— Foder-me? — Apesar de suas pupilas ainda estarem dilatadas, seus lábios sensuais se curvaram. — Nós estamos chegando a isto. — Debaixo de toda esta dor e frenesi, Sevastyan ainda era Sevastyan.

Sedutor. Indiscutível.

Ele rondou mais perto, correndo a palma de sua mão por cima da protuberância em suas calças. Fui condicionada por ele; ver a ereção deste homem sempre me fazia ficar molhado para recebê-lo. Quando ele estava bem diante de mim, o calor do seu corpo e aroma viciante causou estragos em meus sentidos.

— Você não vai tirar suas roupas quando eu mandar? Acho que não quer que eu descubra o que está escondendo.

Escondendo?

Ele agarrou meu quadril com uma mão. Sua outra mão estava subindo debaixo da minha saia.

— Será que vou te encontrar molhada? Se estiver, será chicoteada. Se não, não a tocarei.

Não é justo — eu não podia controlar minha resposta! Apertei minhas coxas juntas, mas ele as forçou a se separarem.

Quando sentiu minha calcinha úmida, ele grunhiu com satisfação.

— Acho que quer muito o seu castigo.

Eu já estava tão estupidamente desejosa que... fiz? Ele me esfregou devagar com seus dedos quentes, enviando meus pensamentos ao caos.

Talvez eu devesse usá-lo para o prazer que sempre me deu, em seguida descobrir o que fazer depois. E daí se ele iria me espancar? Não era como se não tivesse feito isto antes — com um flogger. Eu podia aguentar.

Ou talvez eu estivesse arrumando desculpas para ele — mais uma vez! Empurrei seu pulso e me torci, afastando-me dele.

Ele me deixou dar um passo longe antes de suas mãos caírem sobre meus ombros para me puxarem de volta. Ele se inclinou, sua boca descendo na minha.

Meu grito foi seu acesso.

Sua língua sacudiu... deliberada, sensual. Nivelando minha resistência. Mesmo quando rasgou minha blusa como se fosse papel de seda, ele estava me dando seu beijo de amante de entorpecer e fazer os dedos dos pés enrolarem — como se não pudesse se conter.

Como se sua mente estivesse dizendo Discipline-a, enquanto seu coração estivesse dizendo Beije-a.

Apesar de minha mente gritar Resista a ele, meu coração me dizia... Renda-se.

Com um gemido derrotado, retribuí seu beijo, enroscando minha língua com a dele. Ele foi pego, e agora eu também. Poderia me odiar depois, mas não podia parar isto.

Seja o que for que acontecesse esta noite, seria meu tributo relutante para comprar minha ruptura com ele.

Ele interrompeu o beijo para pegar o fecho da minha saia, rasgando esse material também. Empurrou o que restava disso pelas minhas pernas abaixo, só faltando arranhar minha meia ao mesmo tempo. Sua declarada agressão estava me excitando, na borda selvagem para seu toque...

Enquanto rasgava meu sutiã, ele beijava meu pescoço — lambendo e chupando bem em cima da minha pulsação, sabendo como isso me deixava louca.

— Diga-me para te dar sua punição por que está tão molhada, — ele disse encostado na minha pele. — Ou diga que nunca mais quer sentir minhas mãos em você novamente.

Nunca mais sentir aqueles dedos tatuados na minha pele, tocando-me como um instrumento?

Não pude.

— Diga não, — ele raspava seus dentes sobre esse ponto no meu pescoço — ou diga que você quer isto.

Eu desembuchei.

— Eu quero.

Com um puxão brutal, ele arrancou meu fio dental. Uma vez que estava sem nada, me liberou, movendo-se para se sentar na poltrona de couro.

— Venha aqui. — Apesar dele ter soado como se estivesse à beira de perder o controle, cruzei o quarto para ficar diante dele.

— Dê meia volta, — ele ordenou. — Então fique de quatro.

Como fiquei no banheiro aquela noite? Era uma posição tão vulnerável para estar. Ele estava prestes a afundar em mim novamente?

— Agora, Natalie. — Seu rosto era ilegível.

O que ele ia fazer comigo? Curiosidade me inundou enquanto seguia o comando, ajoelhando-me no tapete felpudo...

Ele agarrou meus tornozelos, puxando-me para trás até que eu estava na posição de carrinho de mão em cima de seu colo, deixando-me equilibrada em minhas mãos.

— Sevastyan!

— Apoie-se em seus braços.

Eu fiz ofegante, descansando em meus antebraços e testa, o que deixava minha bunda no ar.

— Embrulhe suas pernas ao redor da minha cintura.

Não tinha escolha a não ser obedecer. Com minhas pernas circulando seu tronco ao contrário, eu podia sentir seu membro duro pressionando meu púbis e barriga. Ele me disse que me espalharia sobre seus joelhos; nunca especificou como.

Posicionada assim, eu estava totalmente arreganhada para ele, minha boceta e bunda à mostra para ele. Perfeito para chicotear, para explorar e atormentar. A exposição somente alimentava minha excitação...

Suas palmas desceram, estalando acima de ambas as bochechas. Silvei em uma expiração, mas a sensibilidade dolorosa do clube há muito tempo tinha desaparecido. Eu podia receber sua... correção.

Em breve, sem dúvida eu imploraria por isto.

Enquanto a ferroada se transformava em calor formigando, tive que reprimir um gemido.

— Minha doce Natalie anseia por isto. — Ele podia ver o quanto eu estava ficando molhada?

Gritei ante outro estalo agudo. Ele estava me punindo e isso era um prazer. Quando ergui minha bunda por mais, pude sentir a abertura dos meus lábios queimando pelo seu olhar, meu clitóris saliente contra a braguilha de suas calças.

— Você tem alguma coisa que quer me mostrar, amor? — Com um gemido baixo, ele me espalhou ainda mais aberta. — Bonita... pra... caralho. — Ele mergulhou um dedo, enroscando-o em meu núcleo escorregadio.

Quase gozei espontaneamente — sem permissão.

Ele mergulhou outro dedo, aumentando a pressão. E... outro? Ele estava impiedosamente trabalhando um terceiro. Eu não tinha certeza se queria isto, até que ele rugiu as palavras:

— Você pode aguentar isso por mim.

Com um choramingo, eu fiz.

— Ah, Deus, sim.

Enquanto eu arquejava, ele me fodia com aqueles dedos, rosnando com a visão. O tempo todo me espancava, balançando seu membro e apertando no meu púbis e clitóris.

Eu estava muito perto de gozar por ele...

Repetidas vezes, ele balançava, enfiava os dedos e batia — até que eu não aguentava mais isto.

— E-eu preciso gozar.

— Por que eu deveria te dar isto? Você estava me deixando. — Paft.

— Por favor!

Paft.

— Se quer tanto gozar — ele empurrou seu pau protuberante em mim — então me use, menina gananciosa.

Sem vergonha com a necessidade, eu fiz, rebolando contra sua dureza, tomando seus dedos molhados e sua ferroada correção. Mesmo antes dele gemer — Meu Deus, mulher, olhe pra você! — sabia a imagem que eu apresentava. Sabia que seu olhar escurecido estava extasiado na minha parte mais privada recheada com seus dedos.

E estava ainda mais excitada por isto, caminhando em direção ao meu orgasmo.

— Poderia olhar para isto a noite toda. — Paft.

Bem na beira, eu gemi.

— Oh, Deus, oh, Deus...

Ele abruptamente removeu seus dedos.

— Seu castigo não terminou.

Eu balbuciei.

— Sevastyan, não! — Ele nunca me deixou assim tão perto, apenas para me negar. Eu estava tremendo de necessidade.

Ele agarrou meus quadris, erguendo-me para meus pés, segurando-me conforme eu oscilava.   

— Você realmente pensa que eu a deixaria gozar tão facilmente? Recompensar sua fuga? — Sua raiva não parecia ter suavizado, somente... atrasado. — A partir de agora, tem que ganhar seu prazer de mim. E você está prestes a fazer. — Ele me guiou em direção ao armário de equipamentos, girando-me para não ficar de frente para ele.

Ouvi o sussurro do couro e o tinir de metal ali dentro, podia apenas imaginar o que estava procurando. Tentei invocar o medo, mas senti somente aquela curiosidade queimando. O que este homem faria a seguir?

— Dobre os braços atrás das costas e cruze seus pulsos, — ele disse. — Mantenha-os ai para que eu os amarre.

Ele não me conteve desde o clube.

— Não sei...

— Você sempre acha que estou pedindo, bichinho. — Ele deu uma palmada na minha bunda. — Obedeça-me agora.

Estar amarrada e impotente com este homem? Como eu podia querer tanto isso?

Tive que fingir hesitação enquanto cruzava meus pulsos atrás das costas. Eu os mantive lá para que ele os envolvesse com algemas de couro. Eles estavam presos um ao outro, prendendo meus braços no lugar.

Um instante depois, couro fresco encontrou minha garganta; fiquei assustada, mas ele já estava esticando um colar ao redor do meu pescoço.

Coleira e amarrá-la. O couro na frente mergulhava em um V, atingindo a cavidade acima do meu esterno. O interior era forrado com o que parecia seda acolchoada. Enquanto o afivelava no lugar, eu tremia.

Ele prendeu outra correia de couro nas algemas, puxando-os para cima. O que ele iria...

Click.

Ele conectou as algemas na parte de trás da coleira. Quando tentei mover meus braços, senti um puxão definido em minha garganta, o que — pude admitir — somente aumentava minha excitação obscura.

Sem uma palavra, ele me ergueu, depositando-me na cama. Eu me movi de lado para observá-lo andar a passos largos de volta para o armário.

Ele retornou com uma sacola preta de amarrar, uma mordaça de bola — e um frasco de óleo.

— Vire para baixo, Natalya. Vou te amordaçar, então fale abertamente. Assim como você descreveu para mim quando chegamos aqui.

Ele queria sexo anal? Agora?

— Sevastyan, você não pode. — Eu me manobrei para ficar de joelhos. Apesar do tesão que estava e da curiosidade que eu tinha... — Você está com muita raiva. Vai me machucar.

Com sedosa ameaça, ele disse.

— Não vou te machucar — não como fez comigo quando fugiu.

— Você poderia escutar apenas por um segundo?

Ele lançou o equipamento na cama e agarrou meus antebraços.

— Submeta-se a mim! — Ele me esmagou contra seu corpo, meus mamilos grudando no tecido de sua camisa. Ele beijou meu pescoço novamente, suas mãos descendo para agarrar as bochechas da minha bunda. Ele me esfregou contra seu pau latejante — até que a ideia dele tomando minha bunda não me encheu de alarme.

Isso me encheu de necessidade.

Ele me liberou, dizendo com voz rouca.

— Abra sua boca para mim. — Ele levantou a mordaça de bola diante de meus olhos arregalados.

Eu podia ter cerrado minha mandíbula, podia ter gritado com ele. Ao invés disso, me encontrei abrindo meus lábios.

— Assim, milaya. Agora olhe para mim quando lamber isto.

Lamber? Quando levantei o olhar para ele e deslizei minha língua sobre a bola, suas pálpebras ficaram pesadas de satisfação. Então fiz isto novamente.

Ele esfregou a umidade sobre meus lábios, traçando o contorno da minha boca, então ajustou a bola entre meus dentes. Enquanto eu tentava me acostumar à sensação estranha, ele firmou as correias atrás da minha cabeça.

Embora eu tenha sido amordaçada, colocada em uma coleira e amarrada — ele não estava com o equipamento. Ele me moveu para deitar de costas, então começou a puxar alguma outra coisa em cima das minhas pernas. O que estava naquela bolsa de amarrar?

Pensei ter sentido mais correias. Estas não pareciam ser de couro — eram mais como... elástico? Ele vibrou passando por meus tornozelos e joelhos, então mais alto, até que abraçaram cada lado da parte superior das minhas coxas.

O que é isto? O que podia ser? Deus, a curiosidade... Talvez fosse outro vibrador como o que ele usou no clube?

Quando ele prendeu uma terceira tira ao redor da minha cintura, senti algo esponjoso entre minhas pernas. Percebi o que era com a primeira vibração — um daqueles vibradores de controle remoto.

Ajustando-o confortavelmente em cima do meu clitóris, ele o ligou em uma velocidade frustrantemente baixa.

— Você vai gostar disso. — A sensação me fez gemer contra minha mordaça. — Mas não demais. — Ele arrumou para pulsar por um breve período, então desligar por muito mais tempo, então ligar novamente naquela velocidade lenta, muito lenta.

— De joelhos, — ele ordenou.

Isto estava realmente prestes a acontecer? Realmente eu poderia fazer isto? Se fosse honesta comigo mesma, admitiria que confiava nele para me manter segura, ter cuidado para não me machucar. Com as mãos ainda presas atrás das costas, dei um jeito para ficar de joelhos.

— Quero você de bruços. — Eu o ouvi se despindo atrás de mim.

Ele podia ter me posicionado para recebê-lo, mas parecia determinado a me fazer participar, a me submeter a cada oportunidade. Ele assumia que meu dolorido tesão me compeliria a obedecê-lo?

Se fosse assim, estava certo.

Com o coração acelerado, debrucei adiante para descansar minha testa na cama, deixando minha bunda no ar. Aquele vibrador voltou a ligar, fazendo meus quadris rebolarem.

— Você sempre consegue o que quer, não é? Mas não vou te dar o que quer.

Ele pressionou as costas das suas mãos na parte interna das minhas coxas.

— Espalhe suas pernas.

Minha mente sussurrou, Dê um passo fora do cavalete, justamente enquanto ele mandava.

— Submeta-se a mim, milaya. — Não podia resistir a ambos, meu desejo e o dele.

A antecipação do que ele estava para fazer comigo era enlouquecedora. A simples ideia deste ato... com ele...

Quando trabalhei meus joelhos para abri-los mais, senti a cabeça do seu pau roçando ao longo da parte de trás de uma das minhas coxas, deixando um rastro distinto de umidade. Como ele devia querer isto!

— Confia em mim para não te machucar?

Eu tive que acenar com a cabeça.

— Ótimo. — Ele bateu na minha bunda novamente, mas desta vez sua palma estava molhada. Com óleo? Ele regou uma linha ao longo de minha fenda.

Quando senti gotas escorrendo diretamente sobre seu alvo, a mordaça abafou outro gemido. Ele roçou seu dedo indicador de cima abaixo, mal fazendo contato com aquela minha parte necessitada.

A cada passada do seu dedo, ele aplicava um pouquinho mais de pressão. À medida que o vibrador ateava fogo novamente, continuando seu lento assalto no meu clitóris, ele pressionou com força suficiente para me quebrar, só um pouco.

Meu gemido de frustração o fez silvar uma inspiração.

— Minha menina gulosa quer mais?

Concordei balançando minha cabeça contra a cama, arqueando minhas costas. O vibrador parou e eu quis chorar. A esta altura, teria implorado para ele me foder lá.

Com uma mão agarrando meu quadril para me segurar firme, ele começou a circular com a ponta do dedo em cima da minha abertura, fazendo-me babar em torno da mordaça.

Esperando... esperando... bem quando o vibrador tornou a ligar, ele mergulhou seu dedo até a junção.

Até que enfim! Gemi pela sensação requintada. Com o vibrador zumbindo, ele bombeou seu dedo.

Contra a mordaça, eu gritei.

— Mais!

— Como você quiser. — Mais óleo. Penetração mais profunda. — Acha que te machucaria assim? Que não a prepararia? — Outro dedo juntou-se ao primeiro, cunhando dentro, estirando-me.

Pelo que pareceu horas agonizantes, ele me deu bombadas superficiais. Mais óleo. Mais fundo. Mais óleo. Mais largo. Vibrador zumbindo ligando e desligando.

Fiquei contente pela mordaça quando comecei a balbuciar e implorar. Por favor, por favor, por favor. Estava pronta — não poderia estar mais pronta. Quando ele removeu seus dedos, eu estava quase insensível.

Eu o ouvi esguichando mais óleo. Lambuzando em cima de seu comprimento pesado? Podia vê-lo se lubrificando todo, deslizando suas mãos grandes por toda a cabeça esticada, na base espessa, ao longo daquelas veias proeminentes.

Eu queria tanto acariciá-lo, lambê-lo, qualquer coisa, mas estava impotente. Mesmo sem a mordaça, minha boca teria ficado entreaberta, carente de algo para chupar. Cada centímetro do meu corpo estava vazio e aberto, receptivo a tudo que ele quisesse me dar...

Quando a coroa beijou meu orifício, sacudi da sensação de choque.

— Não lute comigo, — ele gemeu. — Deixe-me entrar. — Ele avançou pressionando, entrando em mim — exatamente quando o vibrador incrementava mais uma vez.

Uma vez que a cabeça lubrificada inteira estava lá dentro, gemi porque era tão bom. Melhor que bom.

Ele mergulhou mais distante, sua circunferência difícil de aceitar. Mesmo assim, o prazer me inundou quanto mais fundo ele foi.

Entre dentes cerrados, ele disse.

— Teper’ ti prenodlizhish mne vsetselo. — Agora eu já a possuo. Completamente. Ele soou tão enlouquecido quanto antes.

Torci minha cabeça ao redor e joguei uma olhada para trás. Seu olhar estava cravado onde nossos corpos se juntavam. Se olhos pudessem incinerar...

Ele estava tão subjugado quanto eu? Que estranho; estava amarrada, vulnerável, empalada — ainda assim ele parecia dominado por este ato acontecendo entre nós.

Ele se retirou uns centímetros. Conforme eu me contorcia tentando me ajustar a ele, eu o senti deixando mais óleo cair ali.

— Relaxe, amor. Renda-se a mim.

Desejava relaxar o máximo que podia.

— Boa menina. — Então ele deu sua primeira punhalada dentro do meu rabo, berrando de satisfação. A força disso balançou meu corpo, puxando meu colar.

Não podia fazer nada além de gritar seu nome contra minha mordaça — aceitando o fato de que eu tinha uma tira de couro amarrada ao redor do meu pescoço, que meus braços estavam imóveis, que estava conectada a um dispositivo destinado a me deixar louca.

Que o homem que eu amava estava me dominando completamente, e eu estava derretendo por ele.

Ele puxou seus quadris para trás, então rolou adiante, enviando seu pau muito mais fundo. Depois de outro golpe medido, ele fodeu mais duro, grunhindo com prazer. Seu corpo suado golpeava as curvas cobertas de óleo do meu rabo — mais punição contra a carne que já tinha sido chicoteada em submissão. Conquistada.

Mas eu me deleitava ao som de nossa pele colidindo, sabendo que ele estava a ponto de me fazer gozar. E então ele me seguiria. Disse que me encheria com gozo...

Mas aí ele ficou quieto.

— Ajoelhe. — Ele me ergueu, então eu estava ajoelhada com minhas costas contra seu peito. Ele passou um braço pelo meu peito, agarrando meu seio esquerdo em um aperto possessivo, prendendo meus braços amarrados entre nós.

Sua mão livre percorria minha barriga abaixo. Com a palma da mão, ele segurou o vibrador zumbindo mais apertado contra meu clitóris, então estirou dois dedos mais distantes entre minhas pernas. Ele os mergulhou dentro da minha boceta faminta bem quando corcoveou atrás de mim — e isso foi...

Cataclísmico.

Ele arrancou um orgasmo do meu âmago e gritos dos meus pulmões. Enquanto o prazer rolava e rolava em ondas, contrações ferozes tomaram a parte de baixo do meu corpo.

— Sinto você! — Com um urro selvagem, ele se juntou a mim, começando a ejacular. Seus dedos cravaram em minhas curvas, seus quadris empurrando com cada jato palpável de sêmen quente — um atrás do outro enquanto dizia com uma voz crua. — Nunca se esqueça... a quem você pertence!

Muito depois que se esvaziou dentro de mim, ele continuou empurrando, como se não quisesse renunciar a seu novo prêmio.

Finalmente, ele desmoronou em cima de mim. Em uma voz rouca como uma lixa, ele me disse em russo.

— Não restou mais nada de mim...

 

Sevastyan me libertou.

Ele não se aninhou no meu pescoço como costumava fazer, não me mostrou seu afeto habitual. Apenas se retirou de mim, deixando-me atordoada na cama, então começou a soltar as fivelas e correias.

Uma vez que removeu tudo, meus braços e mandíbula estavam doloridos. Não sabia o que deveria fazer ou dizer.

Sem uma palavra, ele me pegou no colo e entrou no banheiro, ligando o chuveiro. No emaranhado de minha mente, um pensamento se destacou. Nada mudou.

Eu ainda estava presa nesta relação sem esperança, destituída de confiança e de compartilhar. A não ser que agora ele parecia ainda mais distante.

Não restou mais nada de mim. O que ele quis dizer com isto? Será que quis dizer que gozou até o cérebro e estava vazio?

Ou que isto era tudo que eu conseguiria dele? Além de sexo, não havia nada?

Sondei minhas emoções e reconheci que estava sentindo... desespero.

Ele me carregou para dentro do chuveiro, deixando-me de pé para ficar com ele debaixo do jato de água quente. Despejou óleo de banho em suas palmas, lavando-me com suas mãos nuas.

— Deixe-me cuidar de você, — ele murmurou enquanto lavava meu corpo com tanta familiaridade, como se estivéssemos juntos por anos.

Como um marido com a esposa. Como duas pessoas que confiavam uma na outra.

Seu distanciamento diminuiu — ele não conseguiu mantê-lo — logo suaves carinhos russos derramaram de seus lábios. Sem hesitação nenhuma, ele viu cada centímetro do meu corpo, dentro e fora, até mesmo minha bunda.

Eu estaria dolorida amanhã, mas ele não me machucou. Pelo menos, não fisicamente. Meus olhos arderam com lágrimas.

Depois que terminou comigo, virou-se para ensaboar seu próprio corpo, dando a si mesmo uma massagem superficial.

Lágrimas continuaram se formando. Eu não chorava frequentemente; Deus sabia que eu era uma chorona feia. Fechei meus olhos bem apertados, ressentindo-me de cada gota que escapava, amaldiçoando o tremor em meu lábio inferior.

— Natalie? — Com o tom horrorizado, ele exigiu. — O que é isso? — Ele agarrou minhas bochechas, erguendo meu rosto. — Por que está chorando?

Abri meus olhos, mas não disse nada. Deixe-o ver como me sentia.

— Eu... machuquei você? — Ele pareceu furioso consigo mesmo, liberando-me dos seus punhos cerrados. — Foi demais.

Lágrimas continuaram a derramar.

— Ah, meu Deus, milaya. — Ele me arrastou contra seu tórax, enrolando seus braços ao redor da minha nuca. Abraçando-me bem apertado, lançou seu outro punho contra o mármore. Novamente.

Presa assim, eu não podia fazer nada além de esperar. Nada além de sentir...

Seus músculos se moveram contra mim. Seu tórax estremecendo com sua respiração.

Senti sua necessidade de punir, de causar dor. E pela primeira vez, percebi que o inimigo invisível que ele queria atacar... era ele mesmo.

Eu sussurrei.

— Pare, Sevastyan.

Para meu espanto, ele parou.

— Preferia morrer a machucá-la desse jeito.

Acreditei nele.

— Não estou m-machucada. — As lágrimas continuavam a derramar, traindo minhas palavras. — Você não machucou meu corpo.

— Então te assustei. Fiz você chorar. Diga-me como consertar isto e eu o farei. Qualquer coisa exceto deixá-la ir embora. Isso jamais poderei fazer.

— Não, você não vai consertar isto. Teve chances para fazer, mas nada mudou. — Eu me afastei para longe dele. — Me deixe em paz.

Claro que ele não iria. Ele tomou meu pulso, puxando-me pra fora do chuveiro. Agarrando uma toalha, começou a secar meus ombros e braços, minha barriga. Ajoelhou-se, esfregando minhas pernas como se eu fosse à coisa mais preciosa do mundo. Com um beijo no meu quadril, ele disse.

— Faz décadas desde que senti vergonha assim.

Vergonha é mais doloroso que golpes. Isso apenas me fez chorar mais forte.

Ele descansou sua testa na minha barriga.

— Você está me cortando por dentro, amor. Você quer me deixar — tem razão para isso — mas não posso deixá-la ir mais do que posso deixar de respirar.

Agora o que eu faria? Nada mudou.

Eu me retorci afastando-me dele, então agarrei meu roupão, vestindo-o enquanto saía do banheiro. Estava me dirigindo ao meu armário, quando ele tomou minhas mãos e suavemente me persuadiu a ir em direção à cama. Enquanto retirava as cobertas para mim, meus ombros afundaram com exaustão.

Talvez devesse descansar por um minuto ou dois. Não me lembrava de ter comido hoje, e todas as emoções que experimentei ao longo das últimas horas me drenaram.

O que ele tinha feito comigo me drenou.

Contudo, quando aquiesci e subi lentamente na cama, me senti como um fracasso, chorando ainda mais.

Ele puxou suas calças de volta — para ser menos ameaçador para mim? — em seguida andou até o pé da cama.

— Não sei o que fazer com isto. — Ele andava de um lado para o outro. — Não tenho nenhuma ideia do que fazer, Natalie. Preciso que me ajude a entender isto.

Ele se moveu para se sentar ao meu lado, mas meu olhar intenso cheio de lágrimas o deteve. Ele recuou para se sentar nos pés da cama.

— Converse comigo.

— Isto é tudo que temos feito. Converso com você. Eu me exponho. Você sai ileso, não compartilhando nada de si mesmo. Sabe como foi confuso eu não saber que você tinha uma família viva?

— Deveria ter lhe contado. Vejo isto agora.

— Um pouco tarde demais. Você espera que estejamos nesta relação, mas não estamos...

— Sim, nós estamos.

— Então você não sabe o significado da palavra. Se tivéssemos começado como um casal normal — garota normal conhece um cara normal — talvez as coisas pudessem ter sido diferentes. Nós teríamos chegado a conhecer um ao outro, revelando detalhes de nossas vidas em um campo de jogo igual. Mas não foi assim. Você sabia tudo sobre mim, e eu não sabia nada sobre você. Nada exceto mentiras. Nossa dinâmica foi arruinada desde o primeiro dia.

Sua respiração ficou superficial.

— Você está falando como se isto tivesse acabado, como se estivesse além da salvação.

Eu solucei.

— Por que... está!

Ele passou a palma da mão por cima do rosto desfigurado. Nunca o vi tão abalado. Nem mesmo quando Paxán morreu na nossa frente.

— Eu... não aceito isto.

— Pensei que se eu te desse a minha confiança, você devolveria. Mas você não vai. Jamais irá.

— E se eu fizesse? Poderia resolver isto?

— Não. Porque se é isto o que tenho que passar para obter uma migalha de informação sua, to fora. É muito cansativo! Além do mais, você me alertou a respeito disso. Disse à queima roupa que eu esperava muito de você. Disse hoje mais cedo que a confiança poderia nunca vir para nós, e que não podia me dar às coisas que eu precisava. Sou tão idiota. Deveria ter pensado melhor. Sei que quando um homem te diz que não é bom para você, então deve ouvi-lo.

Que estupidez, Nat, apaixonando-se por um homem emocionalmente indisponível.

Quando minhas lágrimas aceleraram, Sevastyan parecia como se eu o tivesse esbofeteado. O que apenas me deixou mais louca. Existiam emoções dentro dele — ele não estava entorpecido — Tinha apenas decidido mantê-las afastadas de mim a todo custo.

— Se é meu destino persegui-la, então eu irei. Farei qualquer coisa para mantê-la. — Ele pôs sua cabeça entre suas mãos e balançou-se para frente e para trás. — Depois que fugiu... imaginei minha existência sem você... e percebi...

— O que?

Ele levantou a cabeça para mim.

— As preocupações além de você já não importam. Você está no centro da minha vida — ele franziu o cenho — não, você é minha vida.

— Então por que não me trata como se eu fosse? Nem sequer sabia seu nome real! — Em um tom cortante, eu disse. — Isso não é algo que uma noiva deveria saber?

— Aleksandr era o nome do meu avô. Abandonei meu primeiro nome quando jovem. Maksim me chama de Roman para me provocar.

— Por que disse a ele que nós estávamos comprometidos?

— Já há o preocupante interesse em você como uma herdeira. Você estará mais segura se escapar que está casando com um homem que pode te proteger.

Então Sevastyan estava apenas dando um passo à frente para me manter segura, cumprir sua promessa para Paxán...

— E... eu esperava casar com você. — Ele admitiu. — Eu quero.

Um querer responder borbulhou dentro de mim! Então me lembrei de todas as razões que isso nunca daria certo.

— Mais cedo você me mandou ir para o quarto como um cachorro... na frente do seu irmão.

— Não deve estar perto dele, Natalie. Ele é perigoso.

Eu me perguntava o que levava um homem como Sevastyan a julgar outro perigoso.

— Por quê?

— Porque não posso predizer o que ele vai fazer.

— Teria machucado me dizer o que você e seu irmão têm feito por mim?

— O plano é arriscado. A qualquer momento podemos falhar. Se eu lhe disser que farei algo, é porque estou confiante que posso. Não é assim com isto. Pior ainda, quanto menos souber, mais seguro é para você.

Negação plausível. E para ser justa, eu não podia vê-lo me dizendo "tenho uma ideia — provavelmente não vai funcionar — mas vou dar uma chance de qualquer maneira.”

Ele acrescentou.

— Além disso, se eu te revelasse isso, então você teria perguntado sobre Maksim, forçando-me a continuar a mentir para você. Não quero mentir mais.

— E sobre você se tornar o vor? Não acha que esta é uma decisão que devíamos ter tomado juntos?

— Você poderia ter conversado comigo sem falar disso, entretanto não posso ver nenhuma maneira de contornar isto.

— Você nem sequer me deu uma chance de chegar à mesma conclusão? Eu o surpreendi antes. Não sou ilógico, bem, exceto com você.

Dor queimou em seus olhos.

— Não é que eu não queira sua opinião. Mas sei que quanto mais converso com você, mais você esperará de mim.

— Você está certo. Teria gostado que me contasse pelo menos as coisas mais básicas sobre seu passado!

— Talvez eu não quisesse revelar estas coisas porque sei que irão afastá-la de mim! Quanto mais te quero, mais temo isto. Você viu meu medo.

— Do que você está falando?

— A cada noite, tenho tentado conversar com você. Algumas vezes cheguei muito perto. Aí de manhã amaldiçoava minha estupidez, minha fraqueza. — Ele se virou. — Nunca fui tão fraco com outra. E talvez... talvez eu tenha te culpado por me fazer sentir assim.

— Assim como?

Ele se virou para mim.

— Como se fosse morrer sem você! E se meu passado te levar para longe, então onde isso me deixa? Um fodido morto! Então por que também tenho sentido a necessidade de te contar do passado? Não faz nenhum sentido!

— Essa é sua desculpa para sua frieza? — Depois de cada noite feliz, ele acordava ainda mais resolvido a me calar, culpando-me porque quase se dobrou? — Deixe-me ver se entendi. Você tem sido um idiota comigo porque me queria mais do que jamais quis antes?

        Ele não negou isto.

         — Deus! Novamente, você não está me dando uma chance. Está me afastando não falando comigo. Sabe do que mais? Eu — desisto. Se você temia cada vez que eu perguntava sobre seu passado, pois bem, agora realmente parei.

— O que isso quer dizer?

— Isso quer dizer que pode manter seus segredos. — Novas lágrimas derramaram pelo meu rosto. — Não os quero mais!

— Quer que eu confie em você porque acha que vai consertar as coisas em mim, me curar. Não vai! — Com a voz subindo a cada palavra, ele disse. — Sempre terei estas sombras dentro de mim!

Eu gritei de volta.

— Droga, Sevastyan, nunca quis que as sombras desaparecessem, eu queria que elas fossem nossas sombras!

Seus lábios se abriram, seus olhos cheios de confusão.

— Eu queria conhecê-lo; não consertá-lo.

Ele se recobrou o suficiente para dizer.

— E se estas sombras mostrarem que você nunca pode ter o que quer de mim? Que meu passado torna impossível para mim oferecer-lhe o futuro que deseja.

Enxuguei as lágrimas com as costas da mão.

— Que tipo de futuro você pensa que eu quero?

— Uma vida com um bom homem.

Não podia discutir com isto.

— Mas um homem é definido pelo seu passado, — ele disse. — O que significa que sou um assassino. Sempre serei. Não há nada que possa fazer para apagar isso para você. Não importa o quanto trabalhe ou o quanto sacrifique, isso me segue e sempre me seguirá. Como faço para impedir isto de manchá-la?

— Já sei sobre sua ocupação. Aceitei isto. Vi você matar duas vezes. Há mais?

Ele se lançou de pé, andando de um lado para o outro novamente. Por que responderia isto? Se comparasse suas revelações com o fim de nosso relacionamento, ele não iria. Não a menos que aceitasse que acabaria se ele não me contasse.

— Você não sabe o que está me pedindo! Nunca contei a Paxán estas coisas, e ele passou a confiar em mim. A me amar. Por que não pode ser a mesma coisa com você? — Sevastyan estava angulando para sua própria autopreservação. — Por que não pode simplesmente fingir que meu passado é um vazio em branco? — Falando em um só fôlego, ele disse amargamente. — É isso que eu faço.

— Não posso fingir. Tenho que saber.

Ele passou os dedos pelos cabelos, puxando as pontas.

— Natalie, preciso de você... preciso que você não me conheça. E ainda fique.

— Juro para você que isso não acontecerá.

Ele soltou as mãos.

— Porra, isto irá!

Balancei a cabeça, minhas lágrimas secando.

— Sevastyan...

Ele me encarou e permaneceu parado, como se estivesse à espera da forca descer.

—... já estou indo. — Eu me levantei para me vestir.

Ele agarrou sua garganta como se estivesse faminto por ar.

— Não fale assim! — Ele deu um pulo para frente para agarrar meus ombros. — Olhe pra mim. Olhe pra mim!

Seus olhos pareciam um negro total.

— Vou te contar que matei muitos filhos, muitos pais. Comecei com a idade de doze anos.

Prendi a respiração.

— O primeiro pai que matei foi o meu.

 

A admissão de Sevastyan me balançou. Não apenas por causa do que ele disse, mas por causa da vergonha que emanava dele.

Ele liberou seu aperto nos meus ombros.

— Diga alguma coisa, Natalie. — Ele estava esperando pelo meu desgosto, e não tinha dúvida nenhuma de que o receberia.

Do pouco que sabia sobre Sevastyan, pelo menos um traço estava bem claro: sua lealdade inabalável para com aqueles que ele amava. Considerando que ele tinha apenas doze anos quando isto aconteceu, e ele deu a entender que as coisas foram ruins com seu pai alcoólatra, eu tinha que acreditar que estava se defendendo.

— Seu pai não deve ter lhe deixado nenhuma escolha.

Sevastyan fez uma reação atrasada de surpresa, parecendo chocado que eu não corri do quarto.

— Como pode dizer isto? Você não me ouviu? Eu acabei de confessar... patricídio.

— Eu vi como você era com Paxán. Você teria se devotado para qualquer pai que fosse digno disto.

Sevastyan se sentou nos pés da cama, então se levantou abruptamente só para se sentar mais uma vez. A dor dentro deste homem! Algum mecanismo profundamente dentro dele está quebrado.

— Conte-me as circunstâncias.

Estreitando seu olhar, ele disse entre dentes.

— Consegui que meu pai estivesse no topo da escada em nossa casa, olhei-o nos olhos e o empurrei, sabendo que provavelmente morreria.

— O que aconteceu antes disso?

— Os fatos não são condenáveis o suficiente? Quando menino, eu tomei a decisão de matar. E tenho feito isto desde então.

Eu pressionei.

— O que aconteceu antes de seu pai morrer?

As sobrancelhas de Sevastyan se juntaram bem apertadas, como se eu tivesse acabado de confundi-lo.

— Eu... eu nunca cheguei tão longe quando imaginava te contar. Sempre esperei que você se afastasse com medo nos olhos.

Ao invés disso, sentei-me na cama acomodando minhas costas na cabeceira da cama.

— Conte-me agora.

Olhando pra qualquer lugar, menos pra mim, ele começou.

— Meu pai era violento quando bebia. Minhas primeiras lembranças são de bloquear golpes. Ele era um homem enorme, com aqueles punhos... eles eram inflexíveis. Eram armas.

Suas primeiras lembranças? A ideia de Sevastyan como um garotinho abusado pelo homem que deveria estar protegendo-o de danos, queimou dentro do meu cérebro.

Lembrei-me de suas palavras: Sou singularmente adequado para lutar, sempre fui. Paxán o testemunhou tomando uma surra e ficou perplexo como alguém tão jovem podia continuar a levantar.

Sevastyan foi capaz de tomar golpe após golpe porque estava tão acostumado a eles.

Oh, Deus. Tentando um tom firme, eu disse.

— Por favor, continue.

— Ele se considerava um homem disciplinado, gabando-se para os outros que bebia apenas quando estava escuro lá fora. O que significava que nunca parava durante os invernos siberianos. Inclusive agora, eu odeio inverno. Tanto quanto o outono.

— Por quê?

— Sempre será um tempo de tensão para mim, uma estação para antecipar a dor. A cada dia o sol se punha mais cedo. A antecipação pode ser tão dura quanto duradoura.

Tudo isso vinha acontecendo durante estas semanas de outono que compartilhei com ele? E eu nunca soube a dor profundamente arraigada com a qual ele esteve lutando.

— Sua mãe estava com você?

— Por um tempo, mas ela não podia nos proteger dele. Ela morreu dois invernos antes dele. Supostamente caiu daquela mesma escada. Um trágico acidente, foi o que disseram. No entanto, não tenho nenhuma dúvida que ele a empurrou. Ele apenas deixou o corpo dela lá, salpicado com hematomas, jogada fora como lixo. Dmitri a encontrou na manhã seguinte. Ele era muito jovem para lidar com aquela visão, ficou inconsolável.

Quem podia lidar em ver algo assim em qualquer idade?

— Embora amasse muito minha mãe, eu me lembro de estar mais zangado por causa do meu irmão estar sofrendo do que estava triste pela sua morte.

— Eu sinto tanto. — Sevastyan perdeu sua mãe aos dez anos. Quanto do abuso dela que ele e seus irmãos testemunharam antes disso? — Por favor, diga-me sobre a noite em que seu pai morreu.

Eu vi o exato momento em que Sevastyan decidiu sair do cavalete; ele engoliu em seco.

— Meu pai conhecia todos os lugares que seus filhos se escondiam dentro da mansão. Não importa o quanto estivéssemos quietos, ele nos achava, parecendo deliciar-se com nosso medo. Então meus irmãos e eu frequentemente nos escondíamos do lado de fora quando ele estava bêbado.

Agora eu sabia por que Sevastyan odiava surpresas. Agora entendia por que ele quase se tornou irracional quando Maksim revelou que a “quietude era recompensada”.

— A última noite que vi meus irmãos quando eram meninos, eu tinha acabado de fazer doze anos. Maksim tinha onze e Dmitri sete. Ao longo dos anos, todos nós sofremos concussões, membros e costelas quebradas.

O modo como Sevastyan relatava casualmente aquela vida potencialmente arriscada reduziu para informações de fundo.

— No entanto, nesta noite, a raiva do meu pai pareceu muito mais afiada que a habitual. Embora estivesse no auge de um inverno siberiano, não tivemos escolha a não ser fugir para o lado de fora. — Os olhos do Sevastyan ficaram vagos, como se ele estivesse revivendo isto. — Eu vesti Dmitri com as roupas mais quentes e o mais depressa que pude, então vagamos pela neve para alcançar a construção mais próxima, um galpão de ferramentas cheios de correntes de ar. Nós esperamos ali congelando por horas, olhando fixamente para o abrigo de nossa casa. A mansão estava iluminada, as janelas embaçadas pelo calor do interior. Nossa família tinha tamanha riqueza, mas nós estávamos prestes a morrer de exposição ao frio.

Eu podia imaginar a cena tão claramente: três meninos traumatizados ansiando pela mansão brilhantemente iluminada, enquanto temiam o monstro dentro dela.

— Quando os lábios de Dmitri começaram a ficar azuis, eu soube que tinha que ir lá pra dentro ver se o velho bastardo tinha desmaiado... — os olhos de Sevastyan faiscaram em minha direção. — Não quero me lembrar de nada disso. Nunca quis! Nunca disse a outra pessoa sobre esta noite.

— Por favor, confie em mim com isto.

Parecendo se tornar de aço, ele começou novamente, enfrentando esta agonia por mim.

— Eu não consegui passar da cozinha antes que ele me avistasse. Corri, mas minhas pernas estavam tão duras de frio que era como se meus pés estivessem presos em areia movediça. Ele me pegou, repetidamente batendo no meu rosto. Um de meus olhos inchou até fechar, e eu mal podia enxergar do outro.

Sevastyan começou a suar, seu tórax reluzindo com isto. Ele estava ciente que seus próprios punhos estavam cerrados até que suas juntas estavam brancas? Queria tocá-lo, acalmá-lo, mas temia que ele ficasse em silêncio.

— Ele exigiu saber onde seus outros filhos estavam, jurou que me bateria até a morte se eu não lhe contasse. De alguma maneira consegui me soltar, lutei meu caminho até o topo da escada. No patamar, ele me pegou novamente.

Com os olhos lacrimejando, eu sussurrei.

— Continue.

— Pela primeira vez na minha vida, eu fiz mais do que me preparar para um golpe. Eu... retribui. — Mesmo depois de todos estes anos, o tom de Sevastyan estava cheio de espanto. — Ele estava atordoado, mas machucado também. Eu era grande para minha idade, e de repente meus punhos pareciam inflexíveis. Nunca tinha batido em outra pessoa, nem mesmo em Maksim nas brincadeiras. Quando meu pai se recuperou do choque, seu olhar ficou letal. Eu soube que ele estava prestes a me matar.

— O que aconteceu então? — Meu coração estava na minha garganta.

— Anos de raiva equivalentes brotaram dentro de mim, e eu... bati nele. Mais e mais. Ele tinha se apoiado na beirada da escada, balançando ali de maneira instável. Nossos olhos se encontraram. Nunca esquecerei o sentimento estranho que tive naquele momento, sabia que foi assim exatamente que aconteceu com a minha mãe. Ele bateu nela, levando-a para a beirada. Mais estranho ainda, ele... registrou minha compreensão. E ele... deu este sorriso ensanguentado conforme dizia: “Você vai crescer para ser igual a mim. Sempre que se olhar no espelho, verá minha face.” A ideia era tão horrível que lancei meu punho sabendo que ele cairia, esperando que ele morresse. Ele estalou seu pescoço na parede do térreo. — Sevastyan deslizou outro olhar para mim.

— Estou aqui. O que você fez depois?

— Sabia que seria mandado para a prisão por assassinato. Então cobri seu corpo e recolhi meus irmãos. Mais tarde, juntei o dinheiro que pude encontrar e fugi para dentro da noite. Eu tinha o suficiente para alcançar São Petersburgo, para me perder entre as outras crianças lá.

— Quanto tempo antes de Paxán achar você?

— Um ano e meio. Tempo suficiente para eu suspeitar que Paxán fosse algum tipo de desviado quando se ofereceu para me levar. Tempo suficiente para eu ficar perplexo quando reconheci que ele era um bom homem.

— Como você sobreviveu antes disso?

Sevastyan esfregou uma tatuagem em seu dedo. Eu me lembrei de que aquela significava roubo.

         — Eu roubei. Mas quanto mais velho ficava, mais difícil se tornava, eu estava ficando mais alto e não podia escapar em uma multidão tão facilmente. Houve vezes em que fui pego. — Sua voz se partiu, ficando mais baixa. — Se você cruzasse as gangues de proteção erradas e não pudesse lutar para se livrar, as coisas estavam... acabadas.

Ele foi atacado por bandidos de rua?

— Seu pai te contou sobre como ele me achou da primeira vez. Mas o que nunca confessei para ele era que nem sempre eu ganhava naquelas ruas. E quando eu não ganhava — ele abaixou o olhar para seus punhos — eu perdia... muito.

Oh, Deus, não, não, não. Eu li sobre predadores indo pra cima dos fugitivos nos Estados Unidos, li coisas que fizeram minha pele arrepiar; o que aqueles homens fizeram para Sevastyan quando era menino?

Ele olhou pra cima.

— Você entende o que estou dizendo para você? — A vergonha é mais dolorosa...?

Mas ele não tinha nada do que se envergonhar! Será que ele não entendia isto? Esta noite eu não seria capaz de destruir vinte anos de pensamento, mas então Deus me ajude, em última análise, a convencê-lo.

Seus olhos ficaram vagos mais uma vez. Ele estava revivendo aquelas agonias também? Eu não queria que ele fizesse isso, queria apenas confortá-lo.

Em um tom vazio, ele repetiu.

— Perdi muito.

— Você vai me contar?

Ele fechou os olhos.

— Eu vou. Só não hoje. Não me peça isso hoje. — Seus olhos se abriram de estalo. — Mas você não vai embora.

Meu coração estava estilhaçando, todos os cacos ao meu redor.

— Não vou, — assegurei. O quanto foi fácil para eu exigir revelação igual sobre nossos passados quando eu não tinha nada chocante — ou até mesmo digno de nota — para divulgar. Queria que nós fôssemos iguais, contudo não tinha percebido que nossas histórias não eram. — Por que não me conta o que aconteceu com seus irmãos?

Claramente aliviado por deixar para trás este tópico, Sevastyan disse.

— Nós não tínhamos parentes, então eles permaneceram na mansão com curadores trazidos para prover sua educação. Eu fiquei longe temendo ser acusado, mas também porque pareço tanto com meu pai, mais a cada ano. Queria poupá-los da minha visão. Não sabia até anos mais tarde que Maksim convencera as autoridades de que ele e Dmitri testemunharam a queda do nosso pai bêbado, e que seu irmão mais velho estava desaparecido porque eu enlouqueci de pesar. Mesmo naquela época, Maksim podia transformar uma história como nenhum outro.

O carinho pelo seu irmão rastejava no tom de Sevastyan, em desacordo com a frieza entre eles mais cedo.

— Pensei que tinha salvado meus irmãos de um tirano abusivo e que eles estariam livres. Pelo menos eu podia usar este emblema. — Ele apertou sua testa. — Contudo, nesta mesma semana, Maksim admitiu para mim que os cuidadores que vieram para criar a ele e Dmitri eram... piores que nosso pai.

— Como? — Perguntei, mas podia adivinhar. Seus irmãos foram abusados, assim como Sevastyan — como se isso fosse sempre o destino deles, não importa o que fizessem ou o quanto eles lutassem.

— Não vou falar mais sobre isto, porque o segredo não é meu.

Recordei aquele dia do museu quando ele retornou para a casa da cidade. Ele não disse nada para mim, apenas embrulhou seus braços ao meu redor como se eu fosse à única coisa que o mantinha à tona. Ele tinha acabado de saber sobre Maksim?

— Eu entendo, Sevastyan. Mas não pode levar a culpa por isto. Você tinha apenas doze anos, não podia saber.

— Eu os abandonei. É assim que eles veem e me odeiam por isto. Maksim menos que Dmitri, porque ele se lembra de mais sobre mim. Mas no fundo, ambos querem que eu sofra pelo destino deles. Por que eu iria querer revelar minha família para você, quando sei que eles me desprezam?

— Não me importo com o que qualquer outra pessoa sente sobre você.

— Será que não? Não queria que nada afetasse sua opinião sobre mim. Às vezes você olha para mim como se eu fosse um tipo de herói. Não posso explicar... não há como explicar o que isso é para mim. — O olhar de desejo em seu rosto me deu uma ideia. — O que aconteceria se descobrisse que a maior parte da minha vida tem sido tudo menos heroica? E se você descobrisse que eu sou odiado, e que odeio a mim mesmo por cada vez que eu perdi?

Ele se moveu para mais perto de mim cortando a distância, e eu queria que ele o fizesse.

— Então, depois de finalmente conseguir ganhar no trabalho, na vida, eu a estava perdendo.

Não confiando em mim mesma para falar, ofereci-lhe minha mão.

Ele olhou fixamente com descrença, então só faltou se lançar para ela. Ele distraidamente tomou minha outra mão e começou a esquentá-la entre as suas. Porque elas estavam frias.

Finalmente, eu disse.

— Obrigada por confiar em mim com isto.   

— Você não está com nojo de mim?

— Claro que não. — Queria envolver meus braços ao redor dele, mas pensei que este momento era muito tênue. — Com seu pai, você agiu em legítima defesa. Acho que as coisas ficaram misturadas para você porque era muito jovem. — Com o passar do tempo, sua mente deve ter confundido suas memórias, a culpa sobrecarregando a realidade daquela noite: se ele não tivesse se protegido, teria morrido. — Você não teve escolha.

— Todo dia, olho no espelho... e meu pai olha de volta.

— Você não é nada parecido com ele, — eu disse veementemente.

Ele franziu o cenho para mim.

— Como pode dizer isso quando me diz que não me conhece?

— Seu pai teria abrigado esta culpa por quase duas décadas? Ele se odiaria por coisas que não tinha absolutamente nenhum controle?

Sevastyan engoliu em seco.

— E quanto à outra...?

— Sou apenas grata que você sobreviveu. Sou grata por que me contou.

Ele parecia que fervilhava de emoção.

— Não pode esperar que eu acredite que você está de bom grado aqui comigo depois que confessei o que fiz e o que fizeram comigo. Muito menos porque eu confessei isto!

— Você tem que acreditar nisto, porque é verdade. O que eu sei sobre você apenas me liga mais a você.

Ele caiu em silêncio pelo que pareceu uma eternidade.

— Diga-me o que está pensando, Sevastyan. O que está sentindo.

— Sentindo? — Ele fez um som cáustico. — Você acabou de me derrubar. Não, você me matou. Nunca vou querer outra, contudo estava pronta a desistir de mim. — Ele soltou minhas mãos, sua raiva crescendo. — Não pode pensar que tudo isso é fortuito! Paxán me achou há tantos anos. Do outro lado do mundo, você de alguma maneira o achou, e então ele me enviou a você. Em qualquer ponto, poderia ter estado perdida para mim.

        Sevastyan me disse no banya que nós éramos inevitáveis. Agora percebi por que ele acreditava nisto.

        Agora eu acreditei também.

        Ele estendeu as mãos para agarrar a parte superior dos meus braços.

         — Passei minha vida inteira, nunca imaginando que estava morrendo de fome por esta bonita e brilhante ruiva. Então eu a vi. Observei-a. O tempo todo, ela não tinha nenhuma ideia que seus dias estavam para acabar e me atormentar a cada um deles.

        Eu ofeguei.

         — Sevastyan...

         — A primeira vez que eu te vi, você quase me colocou de joelhos. Queria invadir seus pensamentos tão completamente como você fez com os meus. Quando conseguia dormir, sonhava com você e acordava fodendo os lençóis. — Seu aperto ficou mais duro, como se alguém estivesse tentando me levar para longe dele. — Desejava que você olhasse para mim. E então, naquele bar, você o fez. Mostrou interesse por mim, e surpreendentemente Paxán aprovou o jogo. Tudo que ele pediu foi para que eu te desse tempo. — Ele liberou meus ombros para andar de um lado para o outro. — Tempo, enquanto o maldito Filip dava em cima da minha mulher!

— Eu não escolhi Filip.

— Você não me escolheu também! Não até que estava sozinha e confusa, sofrendo com a morte de Paxán. Eu me aproveitei de você naquela noite, e a cada noite depois.

— Não — eu disse firmemente —, eu queria você.

— Porque você não conhece meu verdadeiro eu. Pode entender agora por que não queria ceder às minhas perversões com você, fazer você sentir dor? Eu temia me tornar como meu pai. Lutei tanto, mas só de pensar em você indo para outro... fez-me passar do limite.

Eu estava machucando-o colocando pressão? Para praticar sexo com o qual ele não estava confortável? Considerando tudo que eu sabia sobre o abuso — e o abuso eu podia apenas imaginar — eu tinha que perguntar.

Ele pode ter apreciado o que nós fizemos juntos, então ficar estarrecido consigo mesmo.

Ele estava conversando comigo agora; eu precisava cavar mais fundo com ele.

— Você vai me contar quando percebeu a primeira vez seus interesses particulares?

Sua voz era tão sombria quando ele perguntou.

— Tenho que revelar ainda mais?

— Sim, Sevastyan, — eu respondi. — Não há limites de palavras aqui.

Suas sobrancelhas se juntaram.

— Não começou como uma coisa sexual.

— Eu não entendo.

Ele exalou.

— Eu sempre tive meus irmãos na minha vida, mas em São Petersburgo, de repente não tinha ninguém. Embora existissem outras crianças, não podia me conectar com eles. Não com o meu passado. No entanto, odiava estar sozinho. Mesmo naquela idade, decidi que precisava de uma esposa, uma que pertencesse a mim.

Tentei imaginar Sevastyan como um menino, ponderando casamento de todas as coisas. Ainda que décadas mais tarde, ele nunca se casou. Ele quer casar com você, Nat...

— Eu era jovem suficiente para fazer planos ridículos, mas velho suficiente para perceber que estava sem casa e sem dinheiro. Sabia que eu não tinha nada para oferecer a ninguém. Até um ano depois... — Ele foi parando de falar.

— Conte-me.

Com relutância, ele disse.

— Havia uma prostituta de beco que todos os meninos costumavam ver. Eu podia dizer que ela estava fingindo paixão com seus clientes, simulando gritos, desesperada apenas para acabar a noite.

Eu me encolhi ao pensar em todas as coisas que ele viu quando vivia nas ruas.

— Então uma noite, um homem veio até ela, tocando-a de modos que nunca tinha visto antes, modos exigentes, até mesmo cruéis. Ele a fez postar suas mãos na parede enquanto ele a chicoteava. Não podia acreditar que ele estava golpeando-a. Estava pronto para matá-lo por bater em alguém muito menor. Comecei a ir para o homem, mas então olhei para o rosto dela, realmente olhei. Seus olhos estavam vidrados e ela não conseguia tomar fôlego. — O olhar de Sevastyan sacudiu para mim, para ver se eu ainda estava com ele? Então se afastou. — Ela estava... ela estava no céu.

— Continue.

— Uma vez que o homem finalmente a fodeu, esta mulher cansada derreteu por ele. Naqueles momentos, ela teria feito qualquer coisa por mais. Ela pertencia a ele absolutamente. — Sevastyan me encarou, segurando meu olhar como se precisasse que eu o entendesse inteiramente. —Ele tinha algo para oferecer a ela, algo que outros homens não tinham. Percebi que se pudesse aprender como fazer as coisas que ele fez, eu poderia dominar uma mulher assim. Poderia fazê-la derreter. Não ansiava os atos tanto como fazia com o resultado.

Eu suspeitava que o sexo distorcido para este homem tinha mais a ver com o prazer da mulher do que o seu. Agora entendi que ele imprimiu o dia que tinha visto uma mulher ser levada às alturas como ele nunca testemunhou antes.

— E mais tarde?

— Como eu lhe disse, sempre pareceu como prática. Depois que te conheci, entendi por que. Por isso quando minha necessidade ficou mais feroz com você, temi que estivesse interessado em dor pelas razões erradas. Talvez porque eu tenha recebido tanto disto. Talvez porque quisesse controlar isso como o álcool, tomando doses disso. Estava apavorado que eu pudesse te assustar fazendo você fugir ou perder o controle e te machucar.

E tudo o que fiz foi forçá-lo. O arrependimento pesou em mim.

— Então eu tenho pressionado em você coisas que não está confortável.

Ele sacudiu a cabeça vigorosamente.

— Quando alguém como você tem essas necessidades... o que lhe fiz não pareceu sórdido. Você tornou isso... limpo. Eu fui para um lugar como este clube, e senti esperança também.

Não devo ter parecido convencida, porque ele adicionou.

— Tinha razão todos àqueles anos atrás. Aquela noite no clube, você parecia como se estivesse no céu, e eu sabia que você era minha.

Lembrei-me de como seus olhos cintilavam, como ele descansou sua testa no meu ombro. Ele me disse que eu era feita para ele.

— Na volta para casa, você enrolou seus dedinhos no meu cabelo e estremeceu contra mim. Suspirou como se me amasse. — Seu olhar chateado dentro do meu. — Eu farei qualquer coisa por aquela reação.

Ele viu como o gosto pela dor podia afetar uma mulher, e ele interiorizou esse querer. Este homem desejava apenas me enlouquecer, levar-me para novas alturas. O que significava que eu não iria machucá-lo!

E ele estava realmente se comunicando comigo.

Bem quando eu estava ficando convencida que nós podíamos fazer isso funcionar, seus olhos se tornaram sombrios.

— Mas você não era minha, era?

— Eu era. Eu sou! — Eu fiz um som de exasperação. — Você sabe o quanto é frustrante se apaixonar por cada faceta que me deixa ver, mesmo quando eu acreditava que nunca me deixaria ver mais?

— Amor? — seu pomo de Adão foi para cima e para baixo.

— Sim, Sevastyan. Estou disposta a trabalhar em nós, se estiver também. Se você apenas continuar conversando comigo, acredito que poderemos lidar com qualquer coisa.

Ele me olhou com desconfiança, como se não pudesse imaginar o rumo dos acontecimentos.

— Está me dando outra chance?

— Se você me der uma também. Preciso aprender a ser mais paciente, assim como você disse.

Ele chegou mais perto.

— Sei que não estou bem. Mas se me ajudar, posso melhorar. É isso que eu quero. Natalie, entenda-me: estou... pedindo.

Eu já estava alcançando-o. Quando ele me balançou para me colocar montada em seu colo, embrulhei meus braços ao redor do seu pescoço. Contra mim, seu corpo estremecia como se um peso tivesse sido tirado dele — como um músculo sobrecarregado finalmente tivesse permissão de descansar.

Eu sussurrei.

— Você me deixou entrar.

Ele podia apenas concordar com a cabeça.

— Por favor, não me deixe de fora novamente. Contanto que converse comigo, nunca te deixarei.

— Farei o que for preciso.

Pelo que pode ter sido horas, ele me segurou assim.

— Sevastyan, o que acontece agora?

Com uma voz rouca de emoção, ele disse.

— Agora nós vamos para casa.

 

O Rio Moskva estava quase congelado.

Do pavilhão, eu obsevava lontras brincando sobre blocos de gelo. Vi um arminho, várias lebres e uma coruja das neves. Todos estavam prosperando nestas temperaturas amargas — um frio úmido ainda mais cortante do que conheci em Nebraska.

O pavilhão era um dos meus lugares favoritos na propriedade. Gostava de vir aqui sempre que Sevastyan estava trabalhando.

À minha volta, Berezka estava coberta de neve intocada. O que me ajudou a esquecer da luta até a morte na casa de barcos, a guerra pelo controle que tinha sido travada nestas terras.

A morte prematura de Paxán.

O branco perfeito me fez lembrar que as feridas cicatrizaram.

Embora o túmulo de Paxán fosse num lugar bonito — uma clareira no topo de uma colina, cercada por bétulas — eu me sentia mais perto dele aqui.

Seu funeral foi sombrio, com a presença de tantos que o amaram. Na frente dos outros, Sevastyan não tinha se permitido mostrar tristeza. Mais tarde naquela noite, na minha frente, duas lágrimas deslizaram por seu rosto, o que poderia também ter sido milhares para um homem endurecido como ele.

A cada dia que passava nós podíamos pensar em Paxán com menos dor. Eu estava grata por que cheguei a passar aquele curto período de tempo com ele. Em apenas algumas semanas, ele mudou meu destino para sempre.

Seu último desejo foi cumprido: minha vida estava melhor porque ele esteve nela.

Dei uma olhada para cima e vi Sevastyan andando a passos largos em minha direção, seu longo casaco preto como carvão chicoteando suas pernas; meu coração acelerou ao vê-lo. Sabia que isso sempre aconteceria.

O sol de inverno pegou seu rosto enquanto se aproximava. Ao olhar para ele agora, eu diria que ele encontrou alguma medida de paz. Parecia mais jovem, aquele cansaço que senti nele na primeira vez foi embora. Ele sorria com mais frequência, e eu podia até mesmo fazê-lo rir de vez em quando.

— Pronta para entrar? — Ele ofereceu seu braço para a caminhada de volta para a casa principal. Nós refizemos minha ala para nós dois, mudando as coisas dele de sua casa na propriedade.

— Pronta. — Tomei seu braço com uma mão enluvada, levantando o olhar para suas bochechas coradas e olhar brilhante. Suspirei.

Ao longo do último mês desde que retornamos, Sevastyan foi capaz de desembaraçar o legado de Paxán das preocupações da máfia; em seguida ele assumiu como vor, entretanto com uma capacidade de menor escala. Agora ele focava na proteção do território de Paxán e sua gente.

E, caramba, o trabalho de protetor caía muito bem em Sevastyan.

— Seus presentes para sua mãe e Jessica chegaram de Buccellati hoje. — Caixas de joias extravagantes.

Ok, ok, então o dinheiro estava subindo à minha cabeça.

Para o Natal, Sevastyan e eu estávamos planejando visitar Nebraska. Podia apenas imaginar o que minha família e amigos pensariam sobre meu ex-executor.

— Obrigada por me avisar sobre os presentes, — disse a ele com um sorriso. Estava certa que ele às vezes falava apenas para fazer algum tipo de “cota de palavras” mental. — Eu implicava com ele sobre isso o tempo todo. — Você pensou mais sobre seus irmãos? — Lancei a ideia de Sevastyan chamá-los para o Natal, uma tentativa de começo em direção a algo mais.

— Eu... não descartei nada. Embora Maksim possa pensar que estou inclinado na sua proposta.

— Você tem um ponto. — Enquanto eu estava angulando para um mero telefonema de feriado, Maksim estava angulando para unir seu poder com o do de Sevastyan e assumir, bem, a Rússia.

Sevastyan não concordou com nada, mas seus rivais pegaram carona na potencial aliança e recuaram consideravelmente. O que significava que ele não tinha que trabalhar tanto.

Talvez ele pudesse deixar seu posto nesta primavera e me levar ao redor do mundo?

Ou quem sabe eu me matriculasse na faculdade daqui. Nenhuma surpresa: eu ainda não decidi.

Uma coisa que eu tinha certeza? Estava determinada a tornar este inverno diferente para ele, para que o associasse com nossa cama quente, nosso modo de fazer amor perverso e nossas esperanças para o futuro.

— Oh, antes que me esqueça, Jess fez uma coisa chamada reclamação na sua antiga casa. Ela quer voar de volta conosco depois dos feriados. — E ela podia ter jurado nunca partir. Como ela colocou: “Se eu chegar a viver em meu próprio mini-palácio, serei uma vadia comedora de borscht[2].”

— Então tá. — Sevastyan disse, surpreendendo-me. — Contanto que eu tenha você pra mim durante as noites.

— Negócio fechado, Siberiano. — Pela primeira vez na sua vida, ele estava apreciando as longas noites. Nós nadamos juntos, lemos juntos e jogamos xadrez junto ao fogo. Ou nós tentávamos. Ontem à noite espalhamos as peças quando ele me lançou em cima do tabuleiro para fazer o queria comigo.

Nunca uma rainha foi tão feliz em ser tomada.

Muitas vezes nós conversávamos à noite enquanto ele compartilhava mais de seus fardos. A cada um, eu me maravilhava ante o homem amoroso e honrado que se tornou. Ele também me contou tudo sobre Paxán, e eu podia ver a mão do relojoeiro bondoso o guiando.

Sevastyan ainda tinha sombras; mas agora elas eram nossas sombras.

Quanto a mim, tenho trabalhado em me tornar mais paciente. Para ajudar com isto, eu estava consertando os relógios do meu bátja. Arrumar relógios exigia paciência.

Quando o vento chicoteou, Sevastyan disse.

— Venha aqui. — Ele me arrastou mais perto, protegendo-me com seu grande corpo. Ele sempre fazia isto, bem como aquecia minhas mãos sempre que elas ficavam frias.

Eu me aconcheguei a ele, embora estivesse quente em meu luxuoso casaco de cashmere e suéter — que usava com calça jeans e botas confortáveis e rústicas.

Tinha me esforçado para preservar meu eu; Natalie estava de volta — esperançosamente um pouco mais paciente e compreensiva. Talvez, só talvez, um pouco mais sábia...?

Quando uma lebre branca cruzou nosso caminho, eu murmurei.

— É tão bonito aqui.

— Espere até você ver isto no verão. — Ele começou a falar sobre o futuro, ficando cada vez mais confiante que eu não estava indo a lugar nenhum.

Provavelmente porque passamos a viver juntos passando por muitas coisas.

— Ei, talvez a gente se livre de Jess até lá.

Ele me lançou um olhar divertido.

A única coisa que faltava entre nós? Ele não me disse que me amava. Apesar de ele me mostrar todos os dia e certamente me convenceu disso em Paris, eu precisava ouvir as palavras. Mas isto era uma coisa que não podia perguntar a ele; tinha que vir naturalmente...

— Amanhã devemos visitar o banya. — Enquanto me perscrutava, o sol atingiu os olhos dele, deixando-os incandescentes.

Ouro derretido: minha nova cor favorita.

— Concordo. É importante. Para nossa saúde. — Pensei que sentiria falta da excitação de estar no Le Libertin? Errado. Sevastyan já tinha me feito voar em várias ocasiões desde que estamos em casa.

Outras vezes, ele fazia amor comigo com toques e beijos tão reverentes que eu não podia decidir que lado dele ansiava mais.

— E até que possamos chegar ao banya — ele disse em uma voz rouca — o que devíamos fazer por nossa saúde?

— Uma partida de xadrez? Ou talvez um chuveiro quente para dois? — Nós conservamos água sempre que possível porque somos cidadãos responsáveis. Que gostavam de sexo no chuveiro.

— Tenho uma ideia. Mas seria melhor se eu lhe mostrasse... — Sua voz foi diminuindo, sua expressão repleta de promessa sensual.

Ante aquele olhar, um bufo de fôlego escapou de mim.

— Podemos caminhar mais rápido, Sevastyan?

Ao invés disso ele parou, puxando-me ainda mais perto.

— Apesar de me doer dizer isto, meu irmão estava certo. Você devia me chamar por algo diferente de meu último nome.

— O que está pensando?

— Qualquer coisa. Escolha algo aleatório.

— Uau, tantas escolhas. — Décadas atrás, ele escolheu Aleksander para si mesmo. Talvez eu formasse isto aos poucos. — Pode ser que já tenha um nome escolhido. Talvez eu só esteja esperando pelo momento certo de dizer.

— Por que esperar?

— Você está sendo... impaciente? — Em um tom insolente, eu contradisse. — Certo, então por que está esperando para me propor?

Sorriso sexy.

— Não posso esperar muito mais, sei que você vai querer casar quando formos para Nebraska.

Pego. Em nossa primeira noite juntos, ele mencionou que me faria usar” seu ouro”. Quem sabe eu usaria isto primeiro na forma de um anel de casamento? Arqueei uma sobrancelha.

— Bastante confiante que serei sua esposa, não é?

Ele removeu sua luva para alisar a parte de trás de seus dedos sobre a minha bochecha.

— Eto dlya nas neizbezhno, milaya. — É inevitável.

 

Estávamos deitados em nossa cama nesta noite, recuperando nosso fôlego depois de uma rodada de sexo de derreter ossos. Sevastyan ainda estava empurrando suavemente, depositando beijos no meu rosto.

Eu estava totalmente saciada, aquecendo-me na felicidade de pálpebras pesadas, enquanto o fogo próximo à nossa cama crepitava. Lá fora a neve bombardeava as janelas e o vento uivava, mas tudo dentro era aconchegante.

Hoje à noite, decidi que não havia nada melhor que observar seu corpo se mover através da luz do fogo — e que este homem possuía uma bagagem sem fim de truques carnais.

Quando ele arrastou seus lábios descendo por meu pescoço, entrelacei meus dedos pelo seus cabelos espessos, arqueando para sua boca.

Entre beijos, ele disse rouco contra minha pele úmida.

— Ya lyublyu tebya. — Eu amo você.

Um tronco estalou no fogo; eu sorri como uma idiota.

Ele enrijeceu quando eu não respondi, levantando sua cabeça com uma expressão alarmada.

— O que foi?

Ainda sorrindo, eu disse.

— É bom ouvir essas palavras. — Eu me debrucei e beijei a ponte do seu nariz.

Seus lábios se curvaram.

— Eu posso imaginar.

Com todo meu coração, eu disse a ele.

— Ya lyublyu tebya, Aleks.

— Aleks? — Ele emoldurou meu rosto com suas palmas ásperas e os olhos alegres. — De todos os nomes, é esse o que você decidiu me chamar?

— Você não gosta dele? — Eu perguntei, embora pudesse dizer que ele gostou.

Ouro derretido.

— Gosto dele. — Então ele se debruçou para me dar um beijo de amante como nenhum outro...

A noite que eu conheci Aleks Sevastyan, desejei alguém para me aconchegar durante o inverno.

Nunca imaginei que as noites de inverno seriam tão frias — ou que os braços quentes ao meu redor pudessem ser tão fortes.

 

 

                                                                                Kresley Cole

 

 

 

[1] Dogging Bat – tipo de chicote usado em BDSM

[2] Borscht é um prato típico russo: sopa de batatas e beterraba.

 

 

 

 

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