Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


FREEING HER / A. M . Hargrove
FREEING HER / A. M . Hargrove

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

Este é o começo de uma história...
A história de duas pessoas destinadas a ficarem juntas. Por quê? Mesmo desconhecendo, elas compartilham passados aterrorizantes e as circunstâncias cruéis de seus nascimentos condenaram ambos a uma vida infernal.
Dois estranhos... Uma noite... Um encontro acidental que mudou suas vidas para sempre.
Gabriella Martinelli, psiquiatra de Manhattan, tinha apenas um objetivo na vida — ajudar as vítimas de abuso a evitar os horrores que ela experimentou. Ela trabalhava até tarde, oferecia e doava seus serviços para qualquer pessoa que precisasse deles. A vida era boa... Até que seu pesadelo ressurgiu. Ele a encontrou e começou a persegui-la, e ela sabia que ele não iria parar até que destruísse cada pedaço dela.
Kolson Hart, o solteiro mais elegível de Manhattan, era governado por seu passado sombrio. Ele gostava de controle, da sala de reuniões até o quarto, e não se importava de se envolver com alguém cuja vida estava tão destruída quanto a dele. Mas uma olhada em Gabriella causou um curto-circuito em tudo. Querer... desejar... precisar... Às vezes leva um homem a fazer coisas que ele jurou que nunca faria.
Ele a libertou de uma vida de medo... Quando ele nem sequer conseguia se salvar.

 

 

 

 

 

 

"Dos desejos mais profundos, muitas vezes vem o mais mortal ódio."
Sócrates


CAPÍTULO UM


A respiração de Gabby ofegou quando as palavras dele enviaram agulhas de medo correndo por sua espinha.

— Você nunca ficará livre de mim. Você acha que pode se esconder atrás do seu cargo e de uma cidade grande? Pense de novo, doçura. Eu consigo te achar. Eu sempre vou te encontrar. Vai ser preciso muito mais do que a cidade de Nova York para mantê-la longe de mim. — Então ele riu.

Imagens eidéticas1 bateram nela quando tropeçou para trás, batendo na parede. Fazia anos desde que o tinha visto ou escutado sua voz, mas os odores, texturas e visões que surgiam das memórias antigas faziam parecer que ele estava bem na frente dela. Bile a sufocou enquanto lutava para recuperar o controle.

— O quê? Eu te choquei, Gabs? Não é assim que seus amigos gostam de lhe chamar?

Sua mão agarrou seu pescoço enquanto processava o que ele estava dizendo. Como poderia saber disso? A não ser que...

— Não vai me responder, doce Gabs? Não se preocupe. Haverá muito tempo para você fazer isso. Estou aqui para ficar, então vou estar vendo-a por aí. E Gabs, lembra o quanto você amou quando eu te fodi? Pode esperar mais disso no futuro. — Seu insulto repugnante a fez tremer. — Vejo você por aí, docinho.

Ele terminou a ligação, mas ela estava colada na parede por alguma força invisível. Não, não era força. Era puro terror.

— Não! — Um grito primal rasgou através dela, seguido por uma série de tremores de corpo inteiro. Ela queria jogar o telefone do outro lado da sala, mas o aperto que o segurava era inflexível. Caralho! Oh Deus, ele me achou! O que eu vou fazer? A verdadeira questão que deveria ter se perguntado era quanto tempo iria aguentar aquele idiota. Ele já roubou dezesseis anos de sua vida. Quanto mais queria? Mas Gabby não foi corajosa o suficiente para lutar com ele. Fugindo todos esses anos, achou que ele havia perdido o interesse por ela. Mas agora sabia que estava errada.

Piscou rapidamente por vários momentos e olhou em volta de seu minúsculo apartamento. Ela precisava sair de lá. Pelo menos por um tempo. Talvez pegar uma bebida em algum lugar para tirar sua mente da chamada. Por que diabos atendeu? Gabby sabia muito bem o porquê. Seus pacientes. Ela tinha uma política de portas abertas, no que lhes dizia respeito. Talvez ela afinal pegasse um atendedor de chamadas.

Empurrando os braços trêmulos pelo casaco, ela pegou a bolsa e saiu apressada. O elevador demorou um pouco, mas quando finalmente chegou, desceu até o saguão. Aquele telefonema confirmou que estava certa ao escolher um apartamento em um prédio com um porteiro. Não havia como se arriscar a viver em qualquer lugar sem um. Não com Danny perseguindo-a. Ela não se importava se tivesse que comer uma vez por dia para poder pagar. Sua paz de espírito valia a pena o sacrifício.

Embora, na realidade, Danny poderia encontrá-la se ele se empenhasse nisso. Esse pensamento a fez estremecer. Estendeu o braço e espiou as cicatrizes em um de seus pulsos... Seu pequeno lembrete de como Danny tinha fodido sua cabeça.

— Olá de novo, doutora, — disse o porteiro ao sair do prédio. Sacudindo a cabeça em resposta, caminhou rapidamente pela porta. Pensamentos sobre Danny fizeram sua cabeça girar. Seus saltos estalavam ao longo da calçada. Ela não tinha nenhum destino específico em mente, contanto que fosse em algum lugar que vendesse bebidas fortes.

Espiando o copo de Martini na janela, ela entrou e sentou-se no bar.

— O que posso pegar para você? — Perguntou o barman.

— Martini duplo, azeitonas extras.

— É pra já.

Os nervos de Gabby estavam à flor da pele enquanto observava o ambiente. O lugar estava bastante vazio. Apenas outro homem estava sentado no bar e havia algumas outras pessoas espalhadas. Uma vez convencida que Danny não estava por perto, a única coisa que importava era acalmar a tensão de seu corpo. O álcool foi o método mais rápido para isso.

O barman entregou-lhe o Martini. Ela bebeu como água e pegou a pequena espada de plástico de azeitonas, arrancando-as uma a uma.

— Quer outro? — Perguntou o barman.

— Pode apostar.

Gabby não prestou atenção ao homem sentado a dois lugares dela. Ele a observou sugar suas bebidas como um sifão. Se ela não fosse devagar, acabaria plantando a cara no bar. Mas esse era problema dela, e ele já os tinha suficiente para lidar.

Quando o barman entregou a Gabby outro Martini, ela o ergueu para ele.

— Um brinde.

O barman olhou-a com preocupação. Nunca a tinha visto antes e trabalhava no local por tempo suficiente para conhecer a maioria dos frequentadores. Sua aparência primitiva a diferenciava da maioria de seus clientes. Sua intuição o fez acreditar que essa não era sua coisa normal também. Especialmente do jeito que estava derrubando aqueles martinis carregados. Ela estava respirando pesadamente e um fino brilho de transpiração cobria seu lábio superior. Seus movimentos bruscos fizeram-no questionar o que estava acontecendo. Ele olhou para o cara sentado perto dela e ambos deram de ombros. Não era seu negócio se ela queria se perder. Contanto que tivesse o dinheiro para cobrir sua conta, não se importava.

A mulher bebeu o conteúdo do seu segundo duplo.

— Ahh, — ela disse quando seu copo ficou vazio. Então esfregou as mãos.

— Que tal uma água gelada? — Perguntou o barman.

— Não, ainda não. — Gabby balançou a cabeça. — Não é potente o suficiente.

— Você deve ter tido um dia mau.

— Não, o dia foi muito bom. Foram os últimos vinte minutos que o arruinaram.

O barman olhou-a quando ela começou a esfregar os braços.

— Bem, não deixe isso arruinar sua noite. O que são vinte minutos?

A mulher levantou a cabeça e um olhar de dor tomou conta ela. A sobrancelha franzida, de repente a fez parecer trinta anos mais velha.

— Por favor, senhor, nunca diga isso a ninguém novamente. Vinte minutos podem levar a sua vida da alegria para o inferno. Aconteceu comigo e aqui estou, dezesseis anos depois, ainda vivendo o pesadelo.

O barman fechou a boca enquanto a olhava. Deve ter sido uma provação para provocar essa resposta. Ele assentiu e perguntou se queria outro Martini.

— Faça deste um especial. E mais azeitonas também,— disse ela.

O outro homem no bar ouviu-a. Ele normalmente não dava a mínima para os outros, mas o tom de sua voz arranhava para ele. Ele reconheceu algo naquele tom que estava muito familiarizado.

Virando-se para a mulher,levantou o copo.

— Este é pelos dias melhores que virão. — Olhos castanhos caramelo com cílios negros e grossos fixaram nele. Ele notou que ela tinha cabelo castanho escuro quase preto. Estava enrolado em um coque bagunçado que ela usava na nuca. O nariz dela seria perfeito se não fosse o leve alto que ele tinha.Parecia ter sido quebrado no passado. Uma boca um pouco larga o atraiu, e não conseguia parar de olhar para os lábios rosados dela. Era o modo como se moviam quando ela falava, e a sua adorável forma, que o faziam querer tê-los em sua boca e chupá-los. Ele teve que se forçar a ouvir o que a mulher disse e parar de cobiçar sua boca.

— Bem, eu certamente vou beber a isso. — Ela ergueu o copo e tilintou contra o dele. Suas palavras já estavam arrastadas, como deveriam estar. Estava no seu terceiro Martini. Se ela não parasse logo, estaria com sérios problemas.

Ele viu quando ela envolveu os lábios em outra azeitona e a tirou da pequena espada de plástico. Foi aí que o seu pau ficou duro. Decidiu que precisava parar de olhá-la, porque não se permitiria foder uma bagunça como ela. E embriagada muito menos.

— Então, qual é a sua história? — Gabby perguntou a ele.

Ele nunca deveria ter aberto a linha de conversa.

— Eu não tenho uma história. Eu tenho uma porra de saga.

Ela sorriu.

— Bem, não é uma coincidência. Eu também.

— Ouça, querida, você não poderia chegar perto do que eu tenho.

— Ha! Isso é o que você pensa, Skippy.

— Skippy? — Quem diabos é Skippy?

— Sim. Skippy. Você parece um Skippy para mim.

— Você acha que eu me pareço com um pote de manteiga de amendoim?

Ela se inclinou para ele e cheirou.

— Não. E você não cheira a manteiga de amendoim também.

Ele não conseguiu deter as gargalhadas que escaparam da sua boca.

— Bem, isso é bom, porque eu não quero um grupo de esquilos raivosos me perseguindo.

— Você tem nome? A menos que você queira que eu te chame de Skippy.

— Você primeiro.

— Gabby. — Ela estendeu a mão e ele apertou-a.

— Prazer em conhecê-la, Gabby.

A cabeça dela estava de lado enquanto tentava focar os seus olhos.

— Bem?

— Bem o quê?

— Ah, já entendi. Eu acho que terá que ser Skippy, então, não é?

O barman interrompeu e perguntou se precisavam de outra rodada.

— Pode apostar, — respondeu Gabby.

Skippy ergueu as sobrancelhas.

— Você não acha que é melhor desacelerar um pouco?

Gabby pegou outra azeitona e brandiu sua pequena espada de plástico para ele.

— Não, não acho que seria melhor desacelerar um pouco. Estou me sentindo muito maravilhosa no momento.

— Apenas espere até amanhã. Então os arrependimentos vão bater como um beijo.

— Você sabe que mais, Skippy? Acho que prefiro que você plante sua boca bem aqui nessa.— Ela fez bico e fechou os olhos.

Levou tudo de Skippy para não rir dela. Mas quanto mais ele a olhava, a vontade de rir foi rapidamente abafada por um desejo diferente. Ela usava uma blusa branca que estava desabotoada, expondo o V de seu peito cremoso. O jeito que a mulher estava se inclinando em sua direção lhe dava uma doce visão de seu lindo decote. Se Skippy não fosse cuidadoso, o pau dele ia dar uma festa em suas calças e isso não seria nada bom.

Com os olhos ainda fechados, Gabby perguntou:

— Por que você está demorando tanto, Skippy?

Ele colocou os lábios ao lado de sua orelha e perguntou:

— Você tem o hábito de oferecer esses lábios doces a perfeitos estranhos?

Ela sentou-se em frente ao banquinho.

— Claro que não. — Gabby balançou a cabeça enquanto seus dedos longos agarraram a borda do bar.

Skippy estava olhando para uma Gabby muito bêbada. Ele sinalizou ao garçom e mandou que ele entregasse um copo grande de água gelada.

— Gabby, beba isso, — disse ele enquanto entregava a ela.

— O que é isso?

— Água.

— Por que raios iria querer água? Eu não quero matar minha onda. — Ela riu.

— Eu não suponho que queira.

Ela virou a cabeça e quase caiu do banquinho.

— Woo, isso foi quase.

Por que diabos começou a falar com a mulher?

— Então, Shkippy, o que você faz para viver?

— Um pouco disso e daquilo.

— O que você gosta mais? Isso ou aquilo? — Ela começou a rir e não conseguia parar. Sua palma bateu no topo do bar e ela riu ainda mais. — Oh meu Deus, veja isso. Estou a chorar, — disse ela. — Você tem um lenço de papel?

Skippy entregou-lhe um guardanapo de bebidas. Ela se inclinou para ele e sussurrou em voz alta:

— Posso contar um segredo?

— Não sei, Gabby. Eu não sou bom com segredos.

O sangue drenou de seu rosto conforme se inundava de dor. Em uma voz calma, ela disse-lhe:

— Não importa porque eu sou muito boa com segredos, Shkippy. A melhor guardiã de segredos de sempre. Eu nunca conto. — Então esvaziou o copo e voltou a esfregar os braços.

Skippy pensou por um momento que poderia ter encontrado o seu par no departamento de passado. Ou pelo menos estava parecendo assim.

Gabby desejou que Skippy não puxasse assunto sobre o segredo. Oh, realmente não podia culpá-lo, poderia? Foi ela quem começou tudo. Agarrando seu braço e esfregando o polegar pelo pulso, massageando-o. Nunca deixaria de odiar Danny? Talvez. Se ele a deixasse em paz. Mas sabia que isso nunca aconteceria. Ela estremeceu, pensando sobre o que ele disse ao telefone.

— Você está bem aí?

— Tudo bem, — mentiu. Gabby aprendeu há muito tempo que era mais fácil mentir sobre as coisas. A verdade só te coloca em apuros. E causam muita dor. Foi assim que acabou em sua carreira. Precisava ajudar as pessoas que tinham ido e voltado do inferno, como ela tinha feito.

Conseguindo a atenção do barman, Gabby pediu mais um Martini.

Skippy ficou feliz em ver que o barman não fazia um duplo. Não que isso importasse. Gabby já estava mais do que bêbeda.

— Obrigada barman. Você tem sido bom para mim esta noite.

— De nada, senhora.

Skippy e o barman tentaram não rir.

Gabby pegou a pequena espada e começou a comer suas azeitonas.

— Você tem muitas armas escondidas aí, — observou Skippy.

— Sim. Agora posso defender a mim mesma contra aquele pervertido.

— Tenho certeza de que elas serão bastante eficazes.

Gabby descansou a cabeça contra a mão e torceu o rosto.

— Eu duvido. Nada nunca é. — Poucos minutos depois, ela se sentou novamente, cambaleou e anunciou que era hora de ir embora.

Olhando para Skippy, perguntou:

— Você sabe onde eu estou?

— Sim. 5 O’Clock.

Ela franziu a sobrancelha e perguntou:

— São cinco horas?

Skippy riu.

— Não, é onde você está. O nome do bar.

— Mas onde é isso?

Porra, ela precisa de uma mão.

— Gabby, onde você mora?

— Ah não. Você vai tentar entrar na minha calcinha. Eu não sou estúpida, cara.

— Não, eu ia te ajudar a ir para casa. Você bebeu muito.

— Eu bebi? — Ela se afastou do bar e saiu. Skippy pegou-a antes que ela caísse no chão.

— Sim, Gabby, você bebeu.

— Rut-Roh2. — Ela riu.

Skippy pagou ambas as contas e levou-a para fora. O ar frio parecia ótimo em seu rosto, mas ela disse que precisava voltar para dentro para pegar suas espadas.

— Você vai ficar bem sem elas.

Em uma voz séria, ela disse:

— Não, eu preciso delas para proteção. Elas vão me defender contra todo o mal e manter-me a salvo dos saqueadores que querem me matar ou estuprar e saquear.

— Eu acho que você leu muito George R. R. Martin.

Então ela virou seus olhos caramelo para ele e perguntou:

— Você vai me emprestar a sua espada? Eu realmente preciso de uma espada hoje à noite. Uma que seja longa, dura e perigosa. — Ela usava um sorriso travesso.

Ele balançou sua cabeça.

— Querida, você não quer se aproximar da minha espada.

— Não? Por que não?

— Porque ser longa, dura e perigosa, tudo bem, mas eu garanto a você que, se alguma vez penetrar em algo seu, você nunca mais será a mesma.

Ela começou a rir, mas depois soluçou e prontamente desmaiou.

— E agora que porra eu devo fazer? — Ele disse para ninguém em particular.


CAPÍTULO DOIS


O bip do telefone de Kolson o acordou. Ele sempre marcava o despertador para as 6 da manhã para que pudesse treinar antes do dia iniciar. Mas quando começou a se vestir, as lembranças da noite anterior surgiram na sua mente. Gabby. Em lugar de colocar as roupas de ginástica como de costume, foi ao chuveiro e depois à cozinha fazer o café, em seguida dirigiu-se ao seu escritório para verificar seu e-mail.

Ele considerou acordá-la. E se ela precisasse estar em algum lugar? Como um trabalho? Sua própria agenda estava lotada e não tinha muito tempo para ficar por aqui e esperar que ela dormisse. Pegando o telefone ligou para um de seus empregados.

— Quanto tempo você demora a chegar aqui? — Pausa. — Bem.

Seu corpo não se importava com o fato de estar perdendo o treino. Suas costas e pescoço já estavam tensos. Nada que pudesse fazer agora. Seguindo pelo corredor até chegar à porta onde Gabby dormia. Checando o relógio, notou que eram sete e vinte. Com a decisão tomada, ele bateu levemente na porta. Quando não obteve resposta, abriu a porta e entrou.

Movimento errado. No minuto em que a viu, seu pau virou granito e tentou estourar através de seus malditos jeans.

Porra. Ela sempre se parece com isso de manhã?

Seu cabelo castanho profundo havia escapado do coque bagunçado e se espalhava pelo travesseiro. A saia de lápis que usava estava amarrada em volta da cintura, mostrando um belo par de pernas, para não mencionar uma calcinha de renda preta. Gabby estava deitada de lado, uma perna dobrada em um ângulo e a outra em linha reta, e Kolson tinha todos os tipos de cenários correndo em sua mente do que ele poderia fazer com ela assim. Tudo o que teria que fazer seria levantar a perna e deslizar para dentro dela. Porra, sua mão estava esfregando seu pau e nem percebeu.

Seu segundo erro veio quando seus olhos viajaram até os seios, que ele nem podia ver. Mas a blusa dela estava torcida, mostrando uma tira de pele cremosa que queria lamber. E seu decote. Oh Deus, queria colocar seus lábios e chupar. E isso foi antes mesmo de chegar à boca dela. Os lábios se separaram um pouco, ele só podia imaginar como se sentiriam em torno de seu pau duro como pedra.

Foi isso. Virou-se e deu o fora dali antes que gozasse em seu jeans. O que diabos estava errado com ele? Suas preferências geralmente iam ao extremo. Não para o que estava deitado no quarto de hóspedes.

Depois de andar pelo corredor algumas vezes, ele sabia que precisava acordá-la. Desta vez, em vez de ficar em silêncio, ele voltou para dentro e disse:

— Ei. Hora de levantar!

Ela rolou um pouco. Mas foi só isso.

— Gabby. Você precisa se levantar. Agora!

— Hã? O quê? — Ela rolou e gemeu. — Oh Deus, minha cabeça.

— Sim. Eu tentei te avisar.

— Hã?

— Noite passada. Eu tentei dissuadi-la de beber.

Ela virou a cabeça e olhou para Kolson, apertando os olhos.

— Hum, quem é você?

— Skippy.

— Skippy?

— Sim. Você não lembra de mim?

— Uh, me dê um minuto. Minha cabeça está explodindo agora.

Na cabeça de Gabby parecia que mil martelos estavam tentando se superar uns aos outros. E a sua boca tinha um gosto como se algum animal houvesse urinado nela. Não que um animal tivesse urinado em sua boca antes, mas ainda assim...

Kolson entregou-lhe um copo de suco.

— Aqui. Isso pode ajudar.

— Uh, obrigada.

Ela engoliu em seco.

— Estou com muita sede.

— Eu não teria adivinhado.

Ela deitou-se e massageou as têmporas. Nem deu conta se estava vestida... ou despida, por assim dizer.

— Você trabalha? — Perguntou Kolson.

— Claro que eu trabalho. Que tipo de pergunta é essa? — Ela gemeu novamente.

— Uma legítima. Muitas pessoas não trabalham. Você poderia ser rica independentemente.

Gabby tentou rir, mas falhou.

— Isso é engraçado.

— Que horas?

— Hã?

— Trabalho? Que horas você tem que estar lá? — Kolson retrucou.

— Oh. Eu não sei. Tenho que verificar a minha agenda, — Gabby respondeu.

— Então Gabby, eu sugiro que você faça isso.

Ela o olhou para cima o vendo pela primeira vez. Mesmo em seu estado de ressaca, não havia como duvidar do homem que estava diante dela. Alto e bonito. Cabelos louros desbotados, cortados um pouco mais nas laterais, mas mais longos no topo, com um rosto esculpido que era algo que você veria em uma capa de revista. Não é o tipo de rosto bonito que você costumava ver, mas um rosto robusto com falhas que era muito mais sexy por causa delas. Atraente foi a palavra que me veio à mente.

— Quem é você? — Ela estava totalmente confusa.

Ele olhou-a e seus lábios se curvaram em um sorriso enfatizando uma cicatriz que ia do lábio inferior até o queixo. Estranhamente, isso só o tornou mais atraente. E os olhos dele. Chamavam a atenção. Uma estranha mistura de cores, Gabby não conseguia entender. Mas eles pareciam ser carvão no exterior, verde floresta no centro e marrom castanho mais próximo da pupila. Estranho, mas deslumbrante.

— Eu já te disse.Sou o Skippy.

Sua fraca tentativa de rir falhou novamente.

— Certo. — Deus, ela pensou, se apenas sua cabeça parasse de pulsar, talvez pudesse pensar. A tentativa de levantar-se quase a fez morrer. Uma onda de tontura atingiu-lhe no crânio e ela desabou na cama.

— Você está bem?

Ela gemeu.

— Não, eu não estou bem. Tenho uma ressaca épica.

— Tentei avisar você. Repetidamente. Aguente firme um segundo.

Como se estivesse indo para algum lugar?

Ele voltou e disse:

— Aqui. Tome isso e beba. — Dando-lhe alguns comprimidos e um copo de água.

— O que é isso?

— Ibuprofeno. Continue.

Ela tomou e então percebeu o estado da sua roupa.

— Puta merda! — se esforçando para se cobrir.

— Você não acha que é um pouco tarde para isso?

— Não! Eu não posso acreditar que você me deixou ficar aqui assim.

— E o que exatamente você esperava que eu fizesse?

— Me cobrir! Estou quase nua!

— Sei disso. E muito atraente.

— Pare com isso, Skippy.

Ele sorriu em sua direção.

— Onde diabos eu estou?

— Na minha casa. Eu ia te acompanhar até sua casa ontem à noite, mas você desmaiou antes que eu tivesse a chance.

— Mas, você não... — Sua voz sumiu quando a lembrança da ligação de Danny a atingiu. Ah caralho! Danny me encontrou. Ele voltou. Começando a suar enquanto pensava no telefonema dele.

Gabby não notou como o humor de Kolson desapareceu porque ela estava presa em um modo de pânico por causa da ligação de Danny.

Kolson virou seu olhar duro nela.

— Eu não fiz o quê? Eu me certifiquei de que nenhum dano lhe ocorresse. O que há de errado com você, sair sozinha assim, ficar bêbada e depois não saber como vai chegar em casa? — Ele retrucou.

— Mas isso não é o que eu...

Ele a cortou.

— Eu não dou a mínima para quais eram suas intenções. Foi o que aconteceu. E se eu fosse um bastardo miserável? Poderia tê-la fodido até que seus olhos revirassem em sua cabeça ou pior ainda, estuprasse e matasse você.

Tudo o que Gabby podia fazer era encará-lo. Inclinando a cabeça e engolindo em seco.

— Uau. Eu acho que deveria ir. Me desculpe, ter lhe causado tantos problemas. Mas você está absolutamente certo. Foi descuidado e muito idiota da minha parte. E nunca deveria ter feito isso. — Ela balançou a cabeça. Precisava sair dali e se afastar dele para poder pensar. Não era mais seguro para ela. Sua barriga se sacudiu com o pensamento.

Kolson examinou-a enquanto ela balançava as pernas perfeitas para o lado da cama. Gabby se levantou, instável, e agarrou a borda do colchão. Usando a mão livre, ela puxou a saia para o lugar. Então beliscou o nariz. Pontos pretos obscureceram sua visão, mas não tinha certeza se eles eram de medo ou de sua ressaca.

— Hum, seria muito incomodo usar o seu banheiro?

Ele apontou para uma porta.

— Ali.

Ela se encolheu ao tom dele. A ansiedade manteve-se no seu lugar familiar sob sua pele. Eita, ela já tinha pedido desculpas. O que mais ele queria?

No banheiro, ela viu artigos de toilette caros no balcão, exatamente como o que se encontraria em um hotel de luxo. Cuidando das suas necessidades, olhou no espelho. Envergonhada baixou a cabeça, respirou fundo e deixou o ar sair. Quando olhou para si mesma, fez uma careta quando viu a garota pálida, de olhos selvagens olhando, maquiagem borrada, cabelo emarranhado. Com as mãos trêmulas, ela fez o melhor para limpar o rímel e depois bochechou com elixir bucal. Seu cabelo provou ser um grande desafio, então apanhou-o em um coque.

— Gah, por que diabos você bebeu tanto? — Falou com a estranha que a olhou de volta. Espirrando água no rosto, se inclinou sobre os pulsos dobrados. — Ele tem razão. Você se colocou em grande risco, idiota, sabendo que Danny está de volta. O que diabos você vai fazer? — O fogo queimou sua barriga quando o terror a agarrou. — Oh Deus, por favor, não deixe que ele me encontre. — Então, em um tom resignado, sussurrou: — Ele vai. Ele sempre encontra.

Quando saiu do banheiro, não o encontrou. Olhando ao redor da sala, notou o mobiliário caro. Adoráveis cortinas, belos móveis, roupas de cama, e belas obras de arte exibidas nas paredes. Skippy tinha muito bom gosto. E muito dinheiro, pelo menos assim parecia.

Depois de colocar seus pés em seus sapatos, reuniu suas poucas coisas, e espiou o corredor fora do quarto. Talvez pudesse sair sem ter que dizer adeus. Isso seria bom, mas seria pedir demais com a sorte dela. Não sabendo onde a porta de saída estava, pegou um palpite e se dirigiu para a direita. Mas isso a colocou no covil, bem onde Kolson estava.

Ele não a ouviu se aproximar, então ela admirou brevemente o seu físico. Não foi difícil, já que ele era extraordinário de se ver.

— Então, sim, acho que vou seguir meu caminho. Obrigada por cuidar de mim na noite passada. Percebi que você poderia ter me deixado lá e agradeço imenso pela cama e tudo mais. Desculpe pela inconveniência. — Olhou para a porta para sair, mas a voz dele a parou.

— Alguém vai estar aqui em um momento para levá-la para casa.

— Ah não. Isso não é realmente necessário. Estou bem e posso ir sozinha para casa.

— Eu já tratei de tudo.

— Bem, ok então. Obrigada. Você tem sido mais do que gentil.— Ela se sentiu desconfortável, sem saber o que dizer.

— Sinto muito por ser tão duro com você.

Gabby ergueu a mão.

— Não. Você estava certo. Completamente. E eu mereci isso. — Deu-lhe um meio sorriso trêmulo.

Ele olhou-a e notou o olhar assombrado em seus olhos.

O porteiro ligou.

— Senhor, um carro está aqui para você.

— Obrigado, Manny.

— Venha. — Estendeu o braço, indicando a direção a tomar para ela.

— Eu tenho isso.

Ele soltou a respiração.

— Você é sempre tão difícil assim? — Ele observou o corpo dela se encolher e brevemente se intrigou.

Essa não foi a primeira vez que perguntaram isso. Difícil... Era assim que seus pais sempre a chamavam. — Por que você tem que ser tão difícil, Gabby? Nada é sempre fácil com você. — Querer ser independente significava que ela era difícil? Estava tentando dizer a seus pais que alguém fez algo terrível para você, algo tão horrível que fez você querer se esconder para sempre — foi ser difícil? Gabby não achava que sim, mas aparentemente todos os outros achavam.

Com uma voz tão baixa que Kolson teve que se esforçar para ouvir, ela disse:

— Suponho que sou. Pelo menos foi o que me disseram.

— Eu posso ver isso, — disse ele secamente, acompanhou-a para fora da porta.

Ele morava na cobertura de qualquer prédio em que estivessem. Gabby não se importava o suficiente para prestar atenção. Tudo o que queria fazer era se afastar daqui. Kolson tinha ideias diferentes, no entanto. Ela o intrigou, e isso era uma coisa rara, de fato. Desceram o elevador em silêncio e ele a conduziu para o carro que a esperava. Gabby deu ao motorista seu endereço e quando chegou em casa, insistiu em pagá-lo.

— Senhorita, já foi cuidado.

— Então, por favor, dê isso para quem pagou por isso.

O motorista deu-lhe um olhar estranho, mas não aceitou seu dinheiro. Depois de discutir com ele por vários minutos, o motorista finalmente disse:

— Senhorita, o Sr. H. é dono dessa empresa. Ele teria meu traseiro se soubesse que permiti que você pagasse por isso.

— Oh. Bem, obrigada. Foi muito gentil de sua parte em me trazer para casa. — Gabby abaixou a cabeça e saiu do carro. O Sr. H. deve ser o Skippy. Por isso seu apartamento era tão ricamente decorado. Não se permitiu mais pensar nele. Tinha um dia cheio de pacientes e precisava vê-los de ressaca. E tudo isso foi culpa de Danny. Pela primeira vez em sua vida, Gabby desejou ter o coração de um assassino, porque gostaria de matar Danny Martinelli pelo modo como havia destruído sua vida.


CAPÍTULO TRÊS


Sam ficou de olho em Gabby e observou em que prédio ela entrava. Uma vez que tinha o endereço dela, ligou para o Sr. Hart.

— Peguei, Sr. H.; 333 East 86th Street.

— Obrigado, Sam. — Kolson pensou por um momento e percebeu que o endereço era uma propriedade que adquirira recentemente.

— Hum, Sr. H., ela tentou me pagar e eu tive que dizer que o carro era de uma empresa sua.

— Tudo bem, Sam.

Sam respirou um pouco melhor. Não gostava quando seu chefe estava descontente com ele. O Sr. H. era justo em tudo, mas você não queria irritá-lo. Desde que deixou a empresa de seu pai e começou a sua própria, ele era seu próprio chefe, governado por ninguém. Mas o Sr. H. não era um homem com que se brincasse. E se você o fodia nos negócios, poderia bem entregar sua cabeça em uma bandeja.

— Você ainda quer que eu a siga?

— Sim. Quero saber onde ela trabalha.

— Entendi, chefe.

— E Sam. Se você vir algo incomum, como alguém a assediar, cuide disso ou me avise.

— Claro, senhor H.

Kolson desligou e estava prestes a sair para o escritório quando se lembrou de verificar o quarto de hóspedes. Queria ter certeza de que a cama estava desfeita para que sua governanta trocasse os lençóis. Foi quando descobriu que Gabby havia deixado sua carteira para trás. Deve ter caído de sua bolsa. Ele abriu para ver se poderia encontrar um número de contato. Em vez disso, encontrou alguns dólares, alguns cartões de crédito e sua carteira de motorista.

Ele rapidamente ligou para Sam.

— Sr. H.

— Sam, Gabby deixou sua carteira para trás. Você acha que tem tempo para voltar aqui antes que ela esteja pronta para o trabalho?

— Sim senhor.

— Bom. Eu vou te encontrar em frente ao prédio.


# # #


Gabby correu para dentro e se preparou para o trabalho em tempo recorde, optando por pegar um táxi para o trabalho. Não notou Sam seguindo-a.

O táxi a deixou no East 68th e ela subiu correndo os degraus de um edifício que continha uma placa de leitura, Gabriella Martinelli, M.D., ao lado de outros dois nomes. Mas quando chegou à porta, ela retirou um pedaço de papel dobrado. Não foi difícil para Sam perceber o quanto estava abalada quando olhou para ele.

Sam estacionou em fila dupla e foi atrás de Gabby. Entrou pela entrada e encontrou três portas, cada uma levando a escritórios separados. Um era conselheiro matrimonial, um massagista e o terceiro Gabby. Ele abriu a porta com o nome de Gabby. Quando entrou, Gabby quase gritou.

— Oh Deus! Você me assustou!

— Sinto muito, senhorita. Essa não foi minha intenção. Você está bem?

Sua mão estava em sua garganta e Sam não pôde deixar de notar como estava pálido o rosto dela.

Um suspiro atravessou os seus lábios enquanto ela assentia.

— Sim, estou bem. — Na outra mão, agarrou a nota da porta.

— Sr. H. queria que eu desse isso a você. Ele achou em sua cobertura e ligaria, mas ele não tinha o seu número.

Quando ela pegou a carteira, sua postura relaxou um pouco.

— Ó meu Deus. Obrigada. Eu estava preocupada quando fui pagar a corrida de táxi e não consegui encontrar minha carteira. Tive sorte de ter algum dinheiro na minha pasta. Como que você disse que seu nome era?

— É Sam, senhorita.

— Obrigada, Sam. — Ela tentou um sorriso, mas saiu mais como uma careta.

— Tem certeza de que está bem?

Respirando fundo, ela assentiu.

— Sim. Por favor, diga ao Sr. H. obrigada.

— Eu digo.

Sam se virou e saiu. Assim que entrou no carro, pegou o telefone e ligou para o Sr. Hart.

— Encontrei-a. Gabriella Martinelli, M.D., na East 68th Street. Mas a Doutora encontrou uma nota em sua porta e parece estar realmente chateada. Quando entrei para lhe entregar a carteira, ela estava muito abalada.

Kolson escondeu seu descontentamento. Mas era um mestre em esconder suas emoções.

— Mas ela estava bem? Não havia ninguém com ela?

— Não, senhor. Ela estava sozinha.

— Entendido. Bom trabalho, Sam. Por encontrar seu escritório, quero dizer, e devolver sua carteira.

Sam sorriu.

— Não foi nada, Sr. H. Quer que eu faça mais alguma coisa?

— Sim. Quero. Fique com Gabby por alguns dias. Mas pegue um carro diferente. Não quero que ela te veja. Eu quero saber se alguém a está incomodando. Em outras palavras, olhe por ela, Sam.

— Eu farei isso.

Sam foi até o HTS para trocar o carro. Entretanto, Kolson pesquisou no Google sobre Gabby e descobriu que era uma psiquiatra.

Uma psiquiatra com alguns problemas sérios. Talvez ele devesse marcar uma consulta com ela e eles pudessem tentar animar um ao outro. Ele soltou uma risada sem alegria. O que estava acontecendo em sua vida que a deixou tão chateada?

Kolson continuou a procurar mais sobre a doce médica. Suas credenciais eram muito boas. Fez sua graduação em Princeton. Foi para a faculdade de medicina na Columbia em Nova York e residência na NYU School of Medicine, principalmente em Bellevue e terminou há um ano. Trabalhou com vítimas de abuso sexual e viciados em drogas. E foi aqui que Kolson se animou. Descobriu que doou muito do seu tempo e esforço aos Narcóticos Anônimos e outras organizações que ajudavam pessoas com problemas de dependência. Ainda estava na equipe do programa de reabilitação de drogas em Bellevue. E também era voluntária em um abrigo para mulheres.

Demorava muito para impressionar Kolson, mas a Dra. Martinelli fez exatamente isso — só que ela não sabia disso.

Gabby. Gabriella Martinelli. De repente ele precisava saber mais.

Pegando o telefone, discou um número.

— Tom Barrett.

— Tom, aqui é Kolson Hart.

— Sr. Hart. O que posso fazer para você?

— Tom, eu preciso de você para reunir algumas informações para mim.

— É um cliente em potencial?

— Em uma maneira de falar.

Tom Barrett dirigia a divisão de segurança do Hart Transportation Service. Todos os funcionários tinham que ser examinados e testados antes de serem contratados. A HTS tinha clientes de alto perfil e eles tinham que garantir a segurança deles, então apenas os motoristas mais confiáveis eram contratados. Os funcionários também assinavam acordos de confidencialidade para que não pudessem discutir sua clientela.

Kolson disse:

— Eu preciso de algumas informações sobre uma Dra. Gabriella Martinelli.

— Certamente senhor. Para quando precisa?

— Assim que você consiga.

Tom Barrett conhecia bem. Isso significava o mais rápido possível.

— Sem problemas, senhor. Eu vou já tratar disso.

— Muito bem, Tom. Ah, e qualquer informação que você encontrar, envie diretamente para mim. Isso não deve ser compartilhado com ninguém. A Dra. Martinelli ainda não tem uma conta estabelecida. Estamos entendidos?

— Absolutamente, Sr. Hart. Devo mandar o arquivo via estafeta, ou via e-mail seria melhor?

— Você pode enviar tudo por e-mail para mim.

— Muito bem, senhor.

— Obrigado, Tom.

Kolson jogou o celular para baixo e sabia que teria suas informações em alguns dias no máximo. Ele decidiu que Sam ficaria com ela e se tudo parecesse bem, então seria o fim. Isto é, a menos que algo aparecesse em seu arquivo, ou se Sam encontrasse alguém a assediando. As coisas não batiam certo. Por que Gabriella ficaria tão chateada com uma nota e por que ela se embebedou tanto na noite passada? Algumas das coisas que lhe disse indicavam que estava com medo de alguém. Kolson não gostou nada disso. Ele geralmente não se intrometia, mas por alguma razão, essa situação o preocupava e não conseguia entender o porquê.


# # #


Gabby mal conseguiu passar pela porta de seu escritório, suas mãos tremiam tanto. Ele tinha passado mais cedo naquela manhã e deixado uma nota em sua porta.

Onde você está, sua putinha? Estou esperando por você.

O que ele queria com ela e por que estava de volta agora? Jesus, o que ia fazer? Não poderia viver naquele inferno novamente.

Ela conseguiu passar a manhã empurrando todos os pensamentos da nota para o fundo de sua mente. Tudo o que realmente queria fazer era engatinhar na cama e dormir a tarde toda. No entanto, isso não era uma opção. Ela ia se encontrar com seus amigos, Sky e Ryder, para o almoço. Este encontro tinha sido marcado há semanas. Seus horários estavam tão ocupados que nunca mais viu seus amigos.

Ryder era um ex-paciente e Gabby tinha visto Sky algumas vezes como um favor para Ryder após a morte de sua mãe. Os dois eram um casal. Sky havia sido forçada a se prostituir quando adolescente por sua mãe viciada em drogas que precisava de dinheiro para sustentar seu hábito. Sua mãe acabou morrendo de complicações do uso de drogas. Ryder era um viciado em recuperação. Isso fez um relacionamento interessante, para dizer o mínimo.

À uma da tarde, Gabby entrou no restaurante. Sky levantou-se e correu para abraçá-la. Ryder, pelo menos, esperou que ela chegasse à mesa.

— Deus, você parece péssima. O que diabos você está fazendo? — Sky perguntou.

— Sim, obrigada, querida. Também te amo, — disse Gabby.

Ryder olhou para Gabby.

— Eu tenho que concordar com a Sky. Você não parece bem, minha amiga. O que está acontecendo?

— Aw, não é nada. Eu tive um dia ruim ontem, saí à noite e bebi demais.

— Hum? — Ryder disse. — E o que trouxe isso? Você nunca faz isso.

— Ok, chega. E podemos, por favor, não falar sobre isso?

— Gabby, tudo está bem? — Ryder a observou com preocupação.

— Certo. Está tudo bem.

— Você vai ter que fazer melhor do que isso, — disse Ryder.

— Por que o interrogatório? Estou um pouco cansada, ok?

Ryder inclinou a cabeça para o lado e disse:

— Apenas um amigo preocupado com uma amiga. Isso é tudo.

— Sinto muito. Eu não quis ser rude.

— Você precisa de comida. Algo com muito amido, — disse Sky. — Isso é o que eu costumava dar a minha mãe depois de uma das suas farras. — Sky sabia do que estava falando. Ela tinha uma tonelada de experiência nessa área quando sua mãe ainda estava viva.

— Cheeseburger e batata frita. É o que estou pedindo. E uma coca de verdade — disse Gabby.

— Oh, eu estou tão gorda. Se não tivesse que manter minha figura de menina, eu teria a mesma coisa.

Ryder e Gabby lançaram um olhar para Sky, que dizia que ela estava a mentir.

— Você nem por um momento vê o que você come. Eu já vi você devorar meia pizza anteriormente,— disse Gabby.

Os três amigos conversaram sobre tudo, desde os cursos universitários de Ryder até a última audição da Sky para um papel de dança na Broadway até a vida entediante da Gabby. Ryder e Sky riram porque Gabby estava tão ocupada com seu trabalho, que não poderia ter tempo para ficar entediada.

— Ok, então derrame, — disse Ryder. — Você entra aqui parecendo um zumbi que acabou de ver um fantasma. É mais do que uma ressaca. O que há? E nós ficaremos aqui o dia todo. Você quer que eu chame Case e ele vem aqui? — Case era outro amigo em comum de quem Gabby era especialmente próxima.

— Não! — As mãos de Gabby seguraram o guardanapo e depois olhou para cima. — OK. Eu tenho um primo que costumava me assediar quando criança e ele meio que voltou a aparecer na noite passada. Então, esta manhã, havia uma nota presa na porta do meu escritório.

A mandíbula de Ryder se fechou enquanto ele olhava para Gabby.

— O que exatamente você quer dizer com assédio?

— Não é nada, realmente.

— Gabby. Você toma um grande porre na noite passada e agora eu posso ver como você está chateada. Isso é besteira. Nos diga. Ou eu chamarei Case.

— Ele fez algumas coisas que realmente não quero falar. E eu estou falando sério, Ryder. OK?

Ryder se inclinou para frente e perguntou:

— Você chamou a polícia?

— O que eles farão?

— Eles vão colocar uma ordem de restrição sobre ele?

— Por quê? Ele não fez nada e esta é a primeira vez que tenho notícias dele em três anos e meio. Está tudo bem. Eu serei mais cuidadosa. Estou apenas um pouco chateada com isso e chocada.

— Você precisa dizer a Case. — Ryder olhou para ela.

— Ryder, se eu disser ao Case, ele vai me manter em casa. Eu não estou dizendo a ele e nem você. Prometa-me que você não dirá uma palavra.

Ryder se recostou na cadeira e esticou o pescoço. Então passou a mão pelo cabelo.

— Se Case souber disso, ficará puto comigo e eu não gosto quando ele está chateado comigo. Não é uma boa situação. Ele é um dos meus melhores amigos.

— Eu sei e me desculpe, mas você tem que me prometer. — Gabby se virou para Sky e disse: — E você também. Prometa-me que você não dirá uma palavra a Case. Eu sei como você é.

— OK. Eu prometo. Apenas tenha cuidado.

Ryder balançou a cabeça e disse:

— Eu não gosto disso nem um pouco. Se você achar que há alguma possibilidade dele estar por perto, você me liga. Entendeu?

— Sim. E obrigada.

Percebendo o desagrado de Ryder, Sky mudou de assunto.

— Então, Gabby, você já conheceu um homem alto, escuro e perigoso?

A pergunta assustou Gabby tanto que ela engasgou com a Coca-Cola. Ryder deu um tapinha nas costas dela.

— Droga, Sky. Que aleatório. E por que você tem que ser tão intrometida?

— Bem, eu só quero que ela encontre alguém para fazê-la feliz.

— Ela vai encontrá-lo quando menos esperar. Agora deixe-a em paz.

Gabby finalmente parou de tossir e sorriu.

Eles terminaram o almoço e prometeram se encontrar em breve. Gabby disse que queria ter uma noite de meninas com Sky e Cara, outra amiga em comum.

Quando voltou para seu escritório, se sentiu um pouco melhor. O hambúrguer e as batatas fritas pareciam chumbo em sua barriga, mas sua dor de cabeça se foi e tinha mais energia para os pacientes da tarde. Embora Danny ainda abalasse seus nervos, ela estava mais focada em seu trabalho e a tarde passou.


# # #


Quando as seis horas chegaram, sua curiosidade não podia mais ser contida. Kolson se juntou a Sam quando foi checar Gabby. Estacionaram a cerca de meio quarteirão de distância, perto da entrada do metrô, e a viram sair do escritório. Kolson não conseguia tirar a psiquiatra de cabelos escuros da cabeça. Algo sobre ela havia alcançado dentro dele, o que o incomodou por mais de um motivo. Não era o tipo de cara que geralmente dava a mínima para estranhos e nunca se envolveu com a vida de outras pessoas, particularmente aquelas com problemas. Por que a estava seguindo não fazia absolutamente nenhum sentido. Ele precisava ter sua cabeça examinada.

Rindo para si mesmo. Que piada de merda. Ali estava ele, o indivíduo mais ferrado que conhecia, seguindo uma psiquiatra que aparentemente tinha seus próprios problemas e dizia a si mesmo que precisava examinar o raio do seu cérebro.

Depois que ela trancou a porta do escritório, se arrastou em direção à estação de metrô. Gabby pegara um táxi naquela manhã e, como estava com um orçamento quase inexistente, não podia pagar por outro. Carregando a pasta numa das mãos e segurando a bolsa ao lado do corpo com a outra. Cerca de vinte metros da escada até o trem, uma sombra cruzou na frente dela e ela olhou diretamente para o rosto dele. A pasta bateu na calçada com um baque.

— Eu não achei que veria você tão cedo, por quê?

Seu coração martelava suas costelas com tanta força que tinha certeza de que ele podia ouvir.

— C-como você me achou?

Danny riu.

— Para uma garota tão brilhante, você com certeza é estúpida. Você está na porra da lista telefônica, sua idiota.

Gabby tentou inalar, mas a faixa de aço que se apertou em torno de sua traquéia tornou isso impossível. Ele encontrou seu escritório. Deus, ela rezou para que ele não tivesse descoberto onde ela morava também. O que faria se ele tivesse?

— O quê? Você não está feliz em ver seu primo Danny? — Ele abriu os braços, como se fosse abraçá-la. Se ele a tocasse, ela gritaria. Ele riu de novo, o som como unhas em um quadro negro. Fazendo-a se encolher.

Gabby se abaixou para recuperar sua pasta, nunca tirando os olhos dele. Sua mente disparou, o que deveria fazer? Se fosse preciso, iria ficar em um hotel. Não havia como ele descobrir onde ela morava. A doutora tremeu de medo, e isso a irritou porque Danny sabia disso. Ele viu o efeito que tinha nela. Sua risada ameaçadora confirmou isso.

Sua mão se esticou como se tocasse sua bochecha e ela recuou. A calçada afundou ligeiramente, fazendo-a perder o equilíbrio e começar a cair.

Mas não caiu. Um par de braços fortes a envolveu e a puxou de volta para seus pés, firmando-a.

— Aí está você, querida. Estava me perguntando o que aconteceu com você.

Skippy! Ou o Sr. H. ou quem quer que ele fosse.

Ela se virou em seus braços, agarrou seu casaco e segurou-o como uma tábua de salvação, pressionando a bochecha contra o peito dele. Ela sabia que ele a sentia tremendo. Ele a abraçou enquanto seus olhos se estreitavam e atacou o primo Danny, que não parecia tão ameaçador quanto gostava de pensar que era. Um pouco barrigudo, Danny parecia ter vivido duro, embora ele possa ter sido atraente em algum momento de sua vida.

— Você deve ser o primo Danny de quem eu tanto ouvi falar. — Não havia como disfarçar a ameaça que envolvia a voz de Kolson.

— Sim, sou. O que isso importa para você? — Danny ficou de frente para Kolson, os olhos escuros piscando perigosamente como se fosse o dono do mundo.

Mas Danny não podia sentir falta da hostilidade no rosto de Kolson.

— Eu direi exatamente o que significa para mim. É óbvio que Gabby não quer nada com você. E, além disso, ela é minha agora. Então dê o fora daqui e não volte. Ou você vai me enfrentar. E posso garantir-lhe uma coisa: não jogo limpo. Entendeu, Danny Boy?

Danny encarou Kolson com força.

— Vamos ver sobre isso. Vejo você por aí, Gabs.

E Danny desapareceu na multidão.

Kolson ficou segurando-a até sentir a sua tremedeira acalmar. Deixando que Gabriella fosse a única a decidir quando estava pronta para libertá-lo. Quando ela olhou para cima, ele gentilmente perguntou:

— Posso te oferecer uma carona para casa?

Gabby assentiu.

— C-como você sabia que ele era meu primo?

— Eu o ouvi. Estava no carro e vi sua reação, então pulei e corri para você. Quando cheguei, ele perguntava se você estava feliz em vê-lo. Estava bem claro que você não estava. — Ele pegou a pasta e a acompanhou até o carro estacionado do outro lado da rua.

Enquanto dirigiam, Kolson observou sua aparência. Seu rosto estava pálido e trêmulo, pensou que talvez a última coisa que ela precisava era ficar sozinha.

— Sam, nos leve para o Antonio.

— Claro senhor H.

Kolson virou-se para Gabby e disse:

— Espero que você não se importe, mas achei que poderia precisar de um pouco de distração e conheço um ótimo lugar. Você sabe como o Upper East Side tem todos esses ótimos restaurantes de bairro? Bem, eu sei o perfeito onde podemos nos sentar um pouco. Parece bem?

— Sim. Obrigada. — Sua voz tremeu quando ela respondeu.

— A propósito, meu nome verdadeiro é Kolson Hart. Você pode parar com o Skippy. — Ele sorriu.

Seu comentário conseguiu tirou um sorriso dela.

— É um prazer conhecer você, Kolson.

Sam os deixou na East 83rd Street e eles entraram em um bistrô onde o anfitrião cumprimentou Kolson pelo seu primeiro nome. Ele lhes mostrou uma mesa no fundo do restaurante. A maioria dos restaurantes de Nova York ficava lotada e fechada, não permitindo conversas íntimas, mas esse era um pouco diferente. Estava mal iluminado e a mesa deles estava na parte de trás, então era muito mais privada que as outras.

— Espero que isso esteja bem. Conheço o proprietário, ele é bastante receptivo e é cedo, então essa mesa estava aberta.

— Não, isso é legal. Obrigada.

— Você está melhor?

— Sim, um pouco. Eu estava apenas...Ele só me pegou de surpresa.

— Eu pude ver isso.

O garçom aproximou-se da mesa e pegou o pedido da bebida. Gabby pediu água com limão e Kolson pediu uma taça de vinho.

— Você está com fome? — Perguntou Kolson.

— Eu não acho que poderia comer.

O garçom voltou com as bebidas e Kolson pediu um prato de antepasti. Gabby sorriu.

— Pelo menos eu consegui um sorriso de você.

— Só porque isso provavelmente será enorme.

— Sim, e eles são realmente bons aqui. Estou faminto.

Eles ficaram em silêncio.

Kolson pigarreou.

— O fato de seu primo ter assustado você não me passou despercebido. Você não precisa falar sobre isso se não quiser.

Gabby assentiu. Se Kolson esperava que ela se abrisse, ficaria desapontado.

— Então, uma psiquiatra, huh?

— Sim. Uma psiquiatra.

Os cantos de sua boca levantaram e sua atenção foi atraída para aquela cicatriz sexy dele.

— Como você conseguiu essa cicatriz?

Sua expressão ficou dura e ele disse:

— Um acidente de equitação. Não se ofenda com isso, mas você parece tão jovem para ser médica.

— Não ofendeu. Eu era uma nerd.— Disse, puxando o colarinho. — Sem amigos. Você conhece o tipo. Terminei o ensino médio um ano mais cedo e depois fiz o mesmo com a faculdade. Essa parte foi motivada pela parte financeira. — Ela fez uma careta. — Fui para Princeton e depois Columbia Med School. Acumulei um pouco da dívida. E agora estou tentando fazer meu consultório privado funcionar, mas não tem sido fácil.

Kolson ouviu-a e soube como ela deveria ter acumulado sérias obrigações financeiras. Princeton era cerca de quarenta mil por ano de ensino. E a Columbia Med School era cerca de cinquenta mil. Nenhum desses números incluía o custo de vida ou as taxas associadas a ele.

— Não deve ser. Não começando com esse tipo de dívida pairando sobre sua cabeça.

— Eu gostaria de poder estar no ponto onde poderia me dar ao luxo de gastar dinheiro, mas não estou estabelecida o suficiente. Reembolso do seguro para psiquiatras é terrível. Às vezes eu só recebo cerca de vinte por cento do que faturo, outras vezes, cinquenta por cento. Depende e cada política é diferente. Gasto muito tempo tentando entendê-los porque não tenho um especialista em seguros. Então, isso me coloca ainda mais para trás, além de eu ter uma renda no escritório que tenho que pagar.

— E sempre achei que os psiquiatras eram ricos.

Ela concordou com um pequeno aceno de cabeça.

— A maioria das pessoas acha. Mas não somos. Particularmente quando estamos começando. Eu tenho que trabalhar em turnos no hospital para ajudar com minhas contas. Desculpe. Eu não estou a reclamar.

— Você não está reclamando. Você está explicando. Há uma diferença.

Gabby estendeu a mão para tocar o único broto de rosa que estava em um vaso e sua manga moveu para fora de seu pulso. Kolson notou as cicatrizes que estavam escondidas anteriormente. A outra mão dela se moveu para cobrir o seu pulso. Ela olhou para cima para ver se ele tinha reparado nelas. Quando ela o encontrou observando-a, seu corpo se esvaziou.

— Isso é uma linda flor, não é?

— Sim, — ela murmurou.

— Não tão bonita como você.

Gabby não tinha certeza se o ouviu corretamente, enquanto inclinava a cabeça.

— Você não acredita em mim, não é?

— Eu, bem, eu... — Ela girou um pedaço de cabelo.

Kolson riu.

— Acredite em mim, Gabby. É a verdade.

O garçom apareceu com as bebidas e, logo depois, o prato de antepasti, Gabby sorriu do tamanho dele e do jeito que Kolson gostava de comer.

— Você está rindo de mim? — Ele perguntou.

— De modo nenhum. Eu gosto de ver as pessoas apreciarem a sua comida.

— Eu gostaria que você comesse.

— Eu acho que vou. — Ela deu algumas mordidas, mas isso era tudo que Gabriella conseguia.

Quando terminaram, Kolson pediu ao garçom para colocar numa caixa e depois deu a Gabby para levar para casa.

— Você pode sentir que está com fome mais tarde hoje à noite.

Ela sorriu e apertou seu antebraço.

— Obrigada. Você é muito gentil. — Ela pressionou os dedos nos lábios. Gabby não estava acostumada a esse tipo de tratamento de completos estranhos. Embora tivesse passado a noite na casa deste homem, ainda era uma estranha para ele.

O jantar aliviou um pouco suas preocupações, mas agora que estava indo para casa, os pensamentos de Danny estavam invadindo sua mente novamente.

Quando chegaram ao seu prédio, ele perguntou:

— Você gostaria que eu a levasse para cima?

— Por favor. — Sua voz era rouca e tensa.

Quando ele a deixou à porta e se certificou de que seu apartamento estava seguro, lhe entregou um cartão.

— Se você precisar de mim, para qualquer coisa, ligue.

Ela olhou para o cartão e não tinha nome. Apenas um único número de telefone. Ela sorriu. Enfiando a mão no bolso, ela disse:

— Tome. — Entregou-lhe um cartão que parecia idêntico ao dele, com uma exceção. O número era diferente.

Ele se virou para sair, mas ela o deteve com a mão. Segurando seu braço com firmeza, ela disse:

— Obrigada. Eu não tenho certeza de como, mas... — Ela apertou as pálpebras e engoliu em seco.

Então olhou para ele, os olhos cor de caramelo encontrando os seus, e repetiu-se:

— Obrigada por tudo. — Seu olhar transmitiu muito mais do que gratidão. Transmitiu-lhe exatamente o quanto ela apreciava o que ele fizera por ela.

Ele assentiu e saiu. Quando voltou para o carro, disse para Sam:

— Eu quero aquele homem, Danny, seja ele quem for, rastreado. Quero que você descubra tudo o que puder sobre ele. Esse cara é seu primo, mas ela não quer nada com ele. Na verdade, ele a assusta muito. Estou pondo Tom Barrett nisso. Há uma razão e isso tem que ser profundamente pessoal.

— Entendi chefe.

— E Sam, se ele a tocar de novo, colocar um dedo nela, e você estiver perto, dê uma surra nele. E eu quero dizer bater. Para. Caralho. Nele.

— Sim, senhor.

Kolson estava determinado a que Danny não chegasse perto de Gabby novamente. Se foi ele quem tinha fodido sua vida, Kolson faria o seu melhor para mantê-la segura. Sabia o que era viver com medo, temer cada minuto do dia, e se pudesse evitar que isso acontecesse com ela, faria tudo ao seu alcance para fazê-lo.


CAPÍTULO QUATRO


Quando a porta se fechou atrás de Kolson, Gabby quase desmoronou. Como é que ele estava lá quando Danny apareceu? O que teria acontecido se ele não estivesse por perto? O corpo de Gabby estremeceu tão violentamente, ela mal conseguia desabotoar sua blusa. Talvez um banho quente pudesse acalmar seus nervos desgastados.

Quando a água estava tão quente quanto ela podia suportar, ficou sob o jato e o deixou massagear seus músculos presos. Ela ficou lá por tanto tempo que o jato ficou frio, forçando-a a sair. A toalha fofinha que ela embrulhou parecia confortável, mas suas mãos ainda tremiam quando terminou de se secar.

O que diabos Danny estava planeando e por que ele não a deixava em paz? Depois que escovou os dentes e terminou de pentear o cabelo emaranhado, colocou o pijama Snoopy e subiu na cama. Em seguida, fez uma pesquisa no Google sobre si mesma, apenas para garantir que seu endereço residencial não estava listado em nenhum lugar. Se houvesse um indício em algum lugar, ela estaria em busca de um novo apartamento. O corpo dela relaxou de alívio quando o seu nome só revelou o endereço do escritório. Vasculhou a bolsa para se certificar de que ainda estava com o spray de pimenta e verificou a mesinha de cabeceira para o que guardava também lá. Tudo estava como deveria. Todas as luzes estavam acesas em sua casa quando ela se abaixou sob seus cobertores e o sono finalmente a reivindicou.

— Você nunca vai contar a ninguém sobre isso, porque se você fizer isso, eu vou te machucar ainda mais na próxima vez. Você me ouve, sua putinha? E confie em mim, haverá uma próxima vez.

Seu hálito cheirava a cerveja velha e cigarros. Ela queria abrir a boca. Mas não o fez porque a mão dele estava presa na boca dela, fazendo com que seus dentes rasgassem o interior de seus lábios. O sabor metálico do sangue penetrava em sua língua.

Ela fechou os olhos com força, mas ele sussurrou:

— Olhe para mim. Não pare de olhar para mim. Você me ouve? Eu quero que você me observe quando eu te foder.

Gabby pulou na cama com um grito abafado. Porra! Os pesadelos estão de volta. Seu pijama estava encharcado e a sua respiração entrava e saía rapidamente.

Respire, Gabby. Devagar e com calma.

Ela saiu do ataque de pânico, como havia feito inúmeras vezes antes. Tornou-se um ritual para ela. Inspire, um-dois-três-quatro, segure um-dois-três-quatro e expire, um-dois-três-quatro. Embora ela estivesse sempre a um fio de distância de um ataque de pânico, sentia orgulho pelo fato de ter aprendido a lidar com eles sem o uso de drogas.

Gabby olhou em volta do minúsculo apartamento, curiosa para saber se sua vida seria sempre assim. Ela escolheu a psiquiatria como uma forma de ajudar os outros, aqueles que passaram por eventos que mudaram sua vida como aconteceu com ela. Mas ao fazer isso, ela acumulou milhares de dólares em dívidas. Os pais não ajudaram, eles a expulsaram de casa há muito tempo.

Ela sempre seria sentimental onde seus serviços estivessem envolvidos. Se alguém não pudesse pagar, ela cobrava apenas uma taxa nominal ou não cobrava nada. Desse modo, ela nunca se livraria do monte de dívidas. Ela não vivia extravagantemente. Seu apartamento era minúsculo. Não era um estúdio mas não era um quarto completo, embora seu aluguel fosse alto porque estava em um prédio seguro. Ela não podia viver de outra maneira, não com Danny ainda a ameaçando. Entre o escritório e o aluguel de seu apartamento, ela mal estava se aguentando. E isso não incluia empréstimos estudantis das faculdades de medicina, seguros contra erros médicos ou outras despesas. Em uma palavra, ela estava sem dinheiro. Talvez ela deveria ter se juntado a um ensaio de grupo quando deixou sua residência, mas os que ela entrevistou não queriam que ela fizesse trabalho clandestino. Eles também não lhe ofereciam a flexibilidade de se voluntariar tanto, ou oferecer seus serviços gratuitamente para aqueles que não podiam pagar, então essa foi outra razão pela qual ela optou por seguir sozinha.

No ano passado, quando terminou sua residência, ela imaginou um cenário muito diferente, um que a tivesse financeiramente à frente de onde ela estava agora. No entanto ela se recusava a desistir de seu sonho. Era muito importante. Ajudar os menos afortunados era sua força impulsionadora. Ela queria arrecadar fundos, quando pudesse, para abrir um lugar onde os abusados pudessem encontrar serviços psiquiátricos a preços acessíveis e, se eles não tivessem fundos, ainda poderiam ser tratados. Ela sabia que era um sonho, mas era dela e faria tudo o que pudesse para que isso acontecesse.

Quando apertou os lençóis em frustração, percebeu que, junto com seu pijama, estavam úmidos de suor. Então mudou os dois e quando voltou para a cama, já passava das duas da manhã. Ela duvidava que fosse capaz de dormir.

Seus olhos estavam fixos em seu melhor amigo, o teto. Ao longo dos anos, ouviu cada um de seus segredos repugnantes, coisas que ninguém mais conhecia desde aquele dia terrível. Enquanto ela olhava para ele, os sussurros começaram, como em muitas noites.

— Eu gostaria que alguém tivesse me dito há muito tempo que a vida seria sempre tão sombria. Aquele maldito Danny. Eu simplesmente não entendo porque ele continua fazendo isso comigo.

— Gabby, não se atreva a dizer uma palavra a ninguém ou vou te matar. Você me ouve? Eu vou te matar primeiro e depois vou matar aquela sua estúpida mãe bêbada. Eu vou entrar no quarto dela enquanto ela desmaia e a sufoco. E tudo vai ser sua culpa. Você me entende? E só para você saber, eu vou vir aqui e foder você sempre que eu quiser. Compreendido?

Gabby sabia que nunca deveria ter dito ao seu pai. Ela sabia que depois daqueles primeiros anos, deveria ter guardado tudo para si mesma. Sua mãe não se importou. Ela não conseguia ficar sóbria por tempo suficiente para se importar com nada além da bebida e as únicas coisas que seu pai se importava eram seu filho e o que os outros pensavam da família. “Aparências externas. Temos que ter uma boa aparência para todos.” Isso é o que ele costumava dizer.

Quando ela finalmente teve coragem de dizer a ele, sua reação foi nada menos do que ela esperava.

— Só pode estar brincando comigo. Danny a estuprou? E quando isso aconteceu? — Ele riu dela. — Vamos lá, Gabby. Este é apenas um grito de atenção e você sabe disso. Outro exemplo de você sendo difícil. Danny nunca faria algo assim. Ele é como um membro desta família. Ele e seu irmão são mais como irmãos do que primos, eles são tão próximos. Pare de tentar pôr a culpa nele. Só porque você não tem nenhum amigo na escola, não aponte o dedo para Danny.

— Mas papai, ele me machucou. Ele realmente fez. E ele ainda está fazendo isso. Eu juro que ele faz. — Seu rosto estava encharcado de lágrimas enquanto ela implorava a seu pai para acreditar nela.

— Você se tornou uma atriz, mocinha. Acho que você precisa parar de ler todos esses livros e começar a passar mais tempo enfrentando a realidade. Agora pare com essa charada. Eu não vou acreditar. — Ele bateu a mão em sua mesa e ela se encolheu, com medo que ele fosse bater nela, como Danny tinha feito. — Agora saia daqui antes que eu faça algo que nós dois nos arrependamos.

Gabby olhou para o teto, lembrando como correu para seu quarto chorando naquela noite. Se lembrava de como tentou se convencer de que não tinha sido difícil, que tinha sido uma boa menina e que Danny realmente a machucara. E ele ainda estava machucando. Ele havia roubado muito de sua vida e ninguém acreditava nela. Por fim, tinha deixado de contar a alguém sobre ele... ela tinha deixado de tentar. E aquele pedaço de merda conseguiu o que queria, o que ele se propôs a fazer. A arruinou e ela manteve seu segredo imundo. Mesmo que ela nunca quisesse. E por causa dele, aquela menina esperta, bonita e gentil perdeu tudo. Ela cresceu uma mulher com um coração partido e um espírito danificado, sem ninguém para protegê-la.


# # #


Às 5 da manhã, Gabby foi até à lavanderia para começar a lavar. Havia uma grande parte dela que percebeu que provavelmente deveria conversar com um colega sobre o que estava acontecendo. Mas empurrou de volta em sua cabeça, porque sabia que, se o fizesse, sentiria tanta vergonha e humilhação que nunca mais poderia olhar nos olhos dele novamente. Então, mais uma vez, ela manteve seus segredos feios para si mesma.

Duas horas depois, arrastou a roupa para o andar de cima e se preparou para o trabalho. Seria outro dia cansativo, e naquela noite ela tinha uma reunião de NA3 que prometera ao seu amigo Case, um líder de grupo, que iria participar. As horas de voluntariado que ela pegou eram uma das coisas mais importantes que ela fazia. Ela realmente amava ajudar as pessoas que não tinham ninguém em quem confiar.

Hoje a agenda dela estava lotada, então ela estaria almoçando com um saco marrom. Ela enfiou na pasta e foi para o trem.

Na viagem para o escritório, ela não sabia onde procurar. Seus olhos olhavam para todos os lugares, não vendo nada porque estava muito nervosa. Com o coração batendo, ela fez a caminhada até o metrô, mas quase se apavorou quando chegou lá. Estava escuro e triste e o barulho que normalmente não a incomodava, a deixou super nervosa. Quando embarcou em seu trem, sentiu-se claustrofóbica com todos os passageiros espremidos ao seu lado. Felizmente, ela não teve muitas paradas antes da sua estação. Parecia que em todos os lugares que olhava, ela via o rosto de Danny. Mas depois de uma inspeção mais detalhada, ela percebeu que estava enganada. Finalmente olhou para o chão e se concentrou em seus pés.

Quando chegou a sua estação fez tudo o que podia fazer para não empurrar as pessoas para fora do caminho. Ela bateu os degraus em uma corrida e praticamente correu para seu escritório. Suas mãos tremiam tanto que ela não conseguiu encontrar as chaves para abrir a porta. A frustração aumentou e ela quase gritou.

— Senhorita, posso ajudá-la?

Ela pulou com a intromissão.

— Eu sinto muito. Não queria assustar você. Eu vi que estava tendo dificuldades, então pensei em ajudá-la.

Ela olhou para mais de seis metros de músculo corpulento. Os olhos castanhos e suaves olhavam para ela quando o reconhecimento a atingiu e instantaneamente relaxou.

— Você é o cara que me levou para casa ontem, não é? Sam, certo?

— Sim, senhora. Posso?

— Por favor. Estou uma bagunça.

Sam assentiu. Ele olhou em sua bolsa e espiou as chaves imediatamente. Puxando-as para fora, ele destrancou a porta, entregou as chaves de volta para ela e pegou sua pasta.

— Obrigada. — Ela suspirou enquanto esfregava a testa. — Ei, por que você estava aqui?

Ele sorriu, mas não respondeu.

— Você está me seguindo?

— Não seguindo, senhora.

Ela olhou para ele com as sobrancelhas franzidas.

— Vamos apenas dizer que estou mantendo você segura. Tenha um bom dia. — E foi embora.

Gabby entrou e fechou a porta atrás dela. Ela esperava que Sam estivesse por perto do escritório dela. Ela se sentiria muito melhor sabendo que ele estava lá. Levantou-se e olhou pela janela, mas não o viu.

Seu primeiro paciente deveria chegar em dez minutos, então ela precisava se recompor. Quando sua bunda bateu na cadeira ao lado de sua mesa, o telefone tocou. Ela respondeu. Não estava esperando a voz do outro lado.

— Gabby, você está bem?

— Hum, quem é?

— É Kolson. Você está bem aí? Aconteceu alguma coisa?

— Não, eu estou bem. Por quê?

— Não é nada, — respondeu Kolson.

— Você está me seguindo?

— Err, não exatamente. Eu estou tendo Sam olhando por um tempo. Apenas certificando-se de que seu primo não apareça.

— Oh. — Isso a pegou de surpresa. — Eu esqueci de te agradecer ontem por devolver minha carteira.

— Não foi um problema, — disse ele, parando antes de falar novamente. — Gabby, o seu primo Danny te ameaçou de novo?

Sua pergunta foi recebida com silêncio.

— Você está aí?

— Uh, sim, — ela respondeu com uma voz trêmula.

— Ei o que está acontecendo? Tem alguém aí?

— Não. Estou bem. Estava voltando para cá depois de ontem.

— Ele estava lá?

— Não. Foi apenas a minha imaginação vívida. Eu não posso falar agora. Preciso ir. Tenho um paciente.

O telefone ficou morto. Kolson queria saber o que diabos era isso. Infelizmente ele não teve tempo para descobrir. Ele tinha uma reunião, então empurrou todos os pensamentos dela para fora de sua mente e se concentrou na situação em que ele estava prestes a entrar.

Um contrato estava em cima do muro para uma empresa de entretenimento, a Bright World Enterprises. Eles encabeçavam todos os tipos de grandes nomes, de bandas a músicos individuais a estrelas de cinema. Eles eram uma enorme operação com clientes em todo o país. A HTS estava à beira de um grande negócio que catapultaria seus negócios para outro status financeiro. Seus analistas previam que, se ele conseguisse esse acordo, o prestígio da HTS seria inigualável nos negócios.

Apertou o nó da gravata, ajustou as abotoaduras e alisou as mãos sobre o paletó. Seu assistente estava esperando por ele com a documentação necessária.

Ele entrou na luxuosa sala de conferências, uma das poucas salas do prédio em que ele não poupara gastos. Todos os olhos estavam voltados para ele enquanto se movia para a cabeceira da mesa enorme e oblonga. Café e chá tinham sido servidos, junto com outras bebidas e lanches matinais.

— Bom dia, senhoras e senhores. Acredito que todos estão bem hoje.

O porta-voz da Bright World Enterprises, Janice Pittman, lembrou-o um pit bull. Kolson não gostou dela porque o olhou como um suculento pedaço de carne. Ele preferia manter separados seus interesses de negócios e de quarto, mas pelos olhares que atirava nele, ela não preferia.

— Estamos todos bem hoje. E você, Kolson? — Janice ronronou.

Ele nem gostou do jeito que ela disse o seu nome. Parecia que ela o estava provando, enxaguando em sua língua. Ele preferiria que ela cuspisse quando o dissesse. O pensamento de qualquer parte dele em sua boca não ficava bem.

— Estou ótimo, Janice, —disse rapidamente. — Vamos começar a trabalhar, então?

— Soa perfeito.

Não haviam muitas mulheres de seu status que o faziam estremecer, mas Janice Pittman era uma exceção. Tudo sobre ela ralou em seu último nervo. Ele se perguntou várias vezes se esse contrato valeria a pena, simplesmente por causa dela. Mas então se lembrou de seus empregados e o que isso significaria para eles. Engolindo sua aversão, e se moveu para fazer sua jogada. Oferecendo o seu sorriso mais encantador, Kolson Hart começou o jogo mortal de negociações de contrato, um jogo em que ele era altamente qualificado. Ele foi criado por um dragão, afinal de contas, e aprendeu jovem a salvar sua bunda de ser queimado. Nem uma única emoção que ele não queria que seus oponentes vissem cruzou seu rosto.

Se Janice achava que ela dirigia um negócio difícil, estava terrivelmente enganada. No final da manhã, o acordo foi assinado, selado e entregue, deixando Janice Pittman coçando a cabeça sobre como diabos ela entregava tudo a ele em uma bandeja de prata, servindo pedaços e tudo.

— Foi um grande prazer e estou ansioso por um relacionamento comercial benéfico. Bom dia para todos. — Mais uma vez, todos os olhos da sala observavam enquanto ele se afastava da mesa.

No caminho de volta ao seu escritório, ele tirou a gravata e o casaco. Era hora de ir ao ginásio durante o almoço. Ele usaria o saco de boxe para libertar suas tensões com a lasciva Janice. A cadela ficou de olho nele durante toda a reunião. O que ela não percebeu foi que estava lidando com um especialista em jogos.

Ela estava tentando dançar com Lúcifer, e ele tinha feito com que ela se acabasse queimando em seu próprio jogo.


CAPÍTULO CINCO


Quando Gabby entrou pela porta da reunião de NA, sua primeira parada foi a cafeteira. Esta talvez tenha sido sua décima quinta xícara até agora, seu nervosismo era a prova disso. Seu almoço tinha ficado pela metade porque sua cabeça ainda estava enrolada em torno de Danny. Mas honestamente, quem estava mais fodido? Ela ou o Danny? Como psiquiatra, ela sabia que era tão ruim quanto ele, embora não de uma maneira malévola.

— Ei!

Gabby empurrou e derramou café na frente de sua blusa. Ela se abanou e pegou guardanapos para limpar a bagunça.

— Droga, me desculpe. Não achei que isso fosse te assustar. — Case levou-a até uma pia para que ela pudesse molhar algumas toalhas de papel também.

— Está tudo bem. Eu estava pensando em um paciente. Estava aqui, mas não estava, entende?

— Bem, você não parece tão bem. Você está bem? — Sua voz estava cheia de preocupação.

— O que há com todos?

— Talvez estejamos certos. Já pensou nisso?

— Eu só estou cansada.

— Uh-huh. Bolsas de viagem.

— O quê?

Case sacudiu a cabeça.

— Você tem bolsas roxas sob seus olhos.

— Obrigada, Case.

— Por que você não vai para casa e dorme um pouco?

Gabby adorava Case Russell. Ela o conheceu durante sua residência. Um dependente em recuperação, ele estava limpo há oito anos e dirigia esse grupo de Narcóticos Anônimos. Seu vício foi o resultado de um assalto. Ele foi baleado, muito espancado e, consequentemente, viciado em drogas no rescaldo. Isso lhe custara muito, sua esposa, seu filho e seu trabalho como policial. Agora ele era um investigador particular e possuía sua própria firma, a Russell Investigator Services ou a RIS. Gabby adorava ajudá-lo porque ele era uma inspiração para os outros e dava tanto de si mesmo para colocar as pessoas de pé novamente.

E Case correspondia à adoração de Gabby. Ele olhava para ela como uma irmãzinha. A verdade era que ele faria qualquer coisa por ela. Ela o ajudou mais vezes com o seu pessoal de NA do que ele podia contar e ele devia muito a ela, duvidava que alguma vez pudesse recompensá-la.

— Você tem aquela garota vindo hoje à noite, lembra?

Os olhos de Case perfuraram os dela.

— Ei, você está bem?

— Claro. Por que eu não estaria?

— Uh, não sei. Talvez porque você trabalhe duro e nunca tome tempo para si mesma.

Gabby riu.

— Nossa, isso soa familiar. — Ela apontou seu indicador para ele. — Gostaria de ficar. Eu vou ficar bem. Você me conhece. — Ela deu-lhe um sorriso desleixado.

— Deus, eu sou tão otário com você. Se nos casássemos, você andaria em cima de mim e eu deixaria você.

— Eca, isso é quase incestuoso.

Ele riu.

— Sim, é muito desagradável, não é? — E era assim. Eles se amavam como irmãos, mas não passava disso entre eles.

— Então, quem é a garota?

— Eu não a vejo aqui ainda, mas tenho medo de perdê-la. Ela está pendurada por um fio. O namorado dela bate-lhe e ela está na H4. É ruim.

Gabby olhou em volta por um minuto, porque os fatos frios e duros eram, ele estava certo. A heroína era um osso duro de soltar e se você tivesse uma vida doméstica ruim também, era como atirar no pé repetidas vezes.

— Sinto muito, Case. Eu farei o que puder se ela entrar, mas você sabe o ponto. Eu não tenho que te dizer.

— Eu sei. Se ao menos eu pudesse afastá-la dele,— ele disse.

Gabby percebeu que se Case estivesse em sua vida quando tudo aconteceu com Danny, ele poderia ter acreditado nela. Talvez teria sido o único a lutar por ela. Então, novamente, provavelmente não. Seu irmão não tinha. Ele disse a todos os seus amigos que ela era uma mentirosa. Claro, ele era o melhor amigo de Danny. Ele persuadiu-os de que ele era o honesto.

— Ei, por quê a cara triste? — Perguntou Case.

— Oh, não é nada, — ela respondeu rapidamente com um sorriso. — Eu estava pensando sobre a garota.

— Tem certeza?

Gabby assentiu.

— Ok, eu tenho que começar esta reunião. Se eu a vir entrar, vou te dar um sinal. Mas ela tem um cabelo castanho claro. Cerca de 1,60m, ela tem aquela aparência típica dela.

— Entendido. Vou estar atenta. Qual é o nome dela?

— Juliana. Nenhum sobrenome.

Gabby se sentou no fundo da sala perto da porta. Uma coisa pela qual ela era grata, ela nunca usara drogas. Essas pessoas estavam em uma luta constante contra os seus impulsos para se automedicar. Ela queria se medicar, mas com outras coisas além de drogas. E apesar de seus impulsos poderem ser bem convincentes, eles não se importavam em se curvar e não tiravam sua capacidade de funcionar. Seus impulsos só a levavam a trabalhar muito. Mas esse era seu principal objetivo na vida, ajudar os outros.

Case deu início à reunião. Toda vez que Gabby o ouvia liderar o grupo, ela ficava surpresa com o amor dele pelo que fazia aqui. Ele estava tão envolvido nesta causa para ajudar; brilhava em cada palavra, ato e ação. O grupo circulou e um por um compartilharam seus problemas. Alguns estavam com raiva, alguns derrotados e alguns apáticos. Mas Case virou todas as emoções e fez com que cada indivíduo se importasse com sua própria vida, fazendo com que eles quisessem mudar.

No momento em que a reunião terminou, ele havia conseguido o compromisso de ficarem com ele por mais um dia. Vinte e quatro horas para um viciado em drogas era uma vida inteira. O triste foi que Juliana nunca apareceu e Gabby especulou se ela ainda estava viva.

O que Gabby não reconheceu foi que uma das razões pelas quais ela ia lá e dava a si mesma foi que isso a validou e deu à sua vida a auto-estima que ela nunca sentiu em casa. Por mais que seu treinamento em psiquiatria tivesse feito por ela, nunca usou isso para se aprofundar em sua própria mente. Ela não viu o grande buraco que existia em seu coração e alma, porque ela se recusou a olhar.

Ela se separou dos relacionamentos. Embora tivesse alguns amigos — Case, Sky, Ryder e Cara — os mais próximos dela sabiam muito pouco sobre seu passado. Ela nunca teve um namorado. Ela namorou um cara algum tempo e fez sexo, ou o que constituiu sexo, mas foi isso. E depois ela pensou que estava tudo bem, mas não o suficiente para se abrir para se machucar. E o mais estranho de tudo foi que Gabby era tão rápida em reconhecer esses problemas complexos em outras pessoas. Se ao menos ela tivesse tempo de olhar para si mesma, poderia ter curado a ferida que havia sido criada anos atrás.

Case estalou os dedos na frente dela, tentando chamar sua atenção. Ela piscou um par de vezes, depois riu.

— Desculpe, eu estava em Marte.

— Eu posso ver. O que há com você esta noite?

— Estou super cansada.

— Bem, eu estou fora daqui. Posso pegar um táxi para você?

— Ah não. Estou tomando o trem.

— Não, você não está. Não sozinha à noite.

Ela não tinha o dinheiro extra, mas estava envergonhada de contar a ele.

— Case, tudo bem. Eu faço isso o tempo todo. Além disso, vou chegar em casa muito mais rápido.

— Não. Eu sei o que acontece nesses trens quando estão vazios à noite. Você está tomando um táxi. Não há argumentos.

— Você é como um...

— Grande irmão. Eu sei.

Ela não disse isso, mas ele era muito melhor do que seu verdadeiro irmão mais velho.

— Tudo certo.Vamos?

Eles caminharam para fora, de braços dados, e ele chamou um táxi para ela. Quando o carro chegou, ela entrou no banco de trás e Case entregou ao motorista algum dinheiro.

— Você não tem que fazer isso, — Gabby chamou da parte de trás.

— Você também não precisa prestar seus serviços ao meu pessoal gratuitamente. A viagem é por minha conta. Falo com você depois. — Ele bateu as mãos no teto do carro e foi embora.

As luzes da cidade piscaram quando o táxi acelerou em direção ao Upper East Side, onde Gabby morava. A reunião de NA era perto do cruzamento das ruas Bleecker e Bowery, perto da NYU em Greenwich Village. Gabby amava aquela parte da cidade, mas era um pouco agitada demais para ela. Ela gostava do ritmo mais lento e da vizinhança do Upper East Side, sem mencionar que era muito mais fácil para ela trabalhar uma vez que seu escritório ficava a apenas vinte quarteirões de distância de seu apartamento.

Ela se aconchegou no banco de trás enquanto o frio da noite do início da primavera penetrava nela. Ideias de como ela poderia esticar seu orçamento mensal surgiram na sua cabeça. Ela teria que descobrir uma maneira de cortar nas despesas. De onde raios viriam os cortes ? Parecia que manteiga de amendoim e bananas seriam um dos pilares da sua dieta novamente, como se estivesse na escola de medicina.

Afastando esses pensamentos, ela apreciou a paisagem enquanto o táxi percorria a zona alta. A cidade brilhava com luzes e Gabby adorava como as pessoas circulavam a qualquer hora da noite. Uma das razões pelas quais ela adorava tanto Nova York. Crescendo tão isolada quanto ela, adorava o fato de estar imersa em Manhattan, um lugar que tinha uma população de mais de um milhão e meio de pessoas. Ela nunca se sentiu sozinha aqui. Quando o táxi parou em frente ao prédio dela, saiu e dirigiu-se para o seu pequeno apartamento. Havia uma razão para ela estar aqui, uma razão pela qual estava fazendo tudo isso. E ela estava avançando com seu sonho. Não se importava se levasse tudo que tinha ela nunca desistiria.


CAPÍTULO SEIS


As últimas semanas tinham sido extremamente ocupadas para Gabby e ela sabia que precisava reduzir a sua agenda. Algumas semanas depois de seu encontro com Danny, ela começou a relaxar, pensando que talvez o mais recente encontro deles tivesse sido apenas uma ameaça ociosa. Uma noite, depois de trabalhar na clínica para fazer um pouco mais de dinheiro, ela estava tão desgastada que não se incomodou em jantar, mas se preparou para dormir e caiu no sono.

Seu alarme disparou enquanto a noite ainda estava negra como carvão e isso a confundia. Mas não foi seu alarme afinal; era o seu telefone tocando.

— Martinelli.

— Oi, preciosa.Você está dormindo sozinha ou seu namoradinho está com você?

Gabby se sentou e seu coração disparou. Ela agarrou o pijama e tentou se acalmar. Mas toda maldita vez que ele ligava era assim.

— Você vai me responder, sua vadia? — Ele assobiou.

— Sim. Ele está aqui.

— Prove isto. Coloque ele no telefone.

Merda!

— Bem? Estou esperando.

Gabby poderia dizer que Danny esteve bebendo.

— Ele não pode vir ao telefone agora.

Danny riu.

— Então, onde ele está, preciosa?

Gabby não respondeu. Não adiantou. Danny sabia que Kolson não estava lá. Ela ia terminar a ligação quando a voz dele a deteve.

— Você nem sequer pense em me desligar, sua puta estúpida.

— O que você quer? — Ela sabia que ele podia ouvir os tremores em sua voz. Não adiantava tentar esconder seu medo.

— Você realmente tem que me fazer essa pergunta? — Ele riu e sua pele arrepiou.

— Eu disse a você depois da última vez, não haveria mais.

Ele gargalhou novamente.

— Sim, bem, você estava errada. Vai ter mais. Muito mais. Agora que eu te encontrei de novo, você não vai ficar longe de mim com muita facilidade. Então, se acostume com isso. Você pode dizer ao seu namorado que eu também não tenho medo dele. Falando nisso, vi seus pais na outra noite. Disse-lhes que estava seguindo o seu caminho. Você sabe o que eles me disseram? Disseram para ficar longe de você. Disseram que você era encrenca. Não é tão doce da parte deles?

— Foda-se, Danny. Você não é nada além de um cretino doente.

— Talvez sim. Talvez não. Mas você gostou quando te peguei forte. Eu me lembro de como você implorou, Gabby.

Ela jogou o telefone do outro lado da sala e ele se quebrou em vários pedaços. Ela não sabia que horas eram, nem se importava. Tudo o que sabia era que ela tinha que sair dali. Em minutos, as paredes se fechariam sobre ela. Puxou um sutiã e shorts, uma camiseta e sapatos. Ela nem se incomodou em colocar o cabelo em um rabo de cavalo. Saiu pela porta fora.

Assim que chegou no saguão, ela decolou como um foguete. Era muito tarde ou muito cedo, porque ninguém estava lá fora, o que era nada comum em Nova York. Ocasionalmente viu um homem ou uma mulher, mas continuou correndo. Quando chegou à fronteira do Central Park, ela decidiu não entrar no parque. Isso não seria inteligente. Estar fora a esta hora já era muito estúpido, mas agora ela era uma panela de pressão e esta era sua válvula de escape. Ela se arriscaria.

Tinha que haver uma solução para tudo isso. Tinha que haver um jeito de se livrar de Danny de uma vez por todas. As cicatrizes em seu pulso formigaram brevemente, lembrando-a do que tinha sido sua solução no passado. Ela não estava indo por essa estrada novamente. Estava determinada a encontrar outro caminho, porque tinha uma missão a cumprir.

O vento chicoteava seu cabelo em volta do rosto, mas mal notou. Ela mal sentiu quando picou suas bochechas, também. Seus sapatos roeram a calçada e ela correu e correu até que suas pernas pareciam geléia e o céu estava clareando.

Não demorou muito para que as ruas estivessem destruindo a solidão da noite quando as pessoas saíram de seus apartamentos. Mais corredores e caminhantes apareceram, alguns com cães, outros apenas para buscar café ou café da manhã, talvez para familiares ou entes queridos. Enquanto Gabby se movia, o aroma de café e pão recém-assado flutuava no ar ao seu redor. Ocorreu-lhe então o quão anormal sua vida era. Ela deveria estar lá fora pegando o café da manhã, ao contrário de correr para limpar o seu primo louco de sua cabeça. Fodido acima de qualquer coisa, ela pensou.

Danny era a raiz de todos os seus problemas. Ele tinha distorcido sua vida até que ela sentiu que não tinha outra escolha a não ser tentar acabar com tudo. O último feriado que ela passou com sua família foi quando tinha dezessete anos. Isso foi logo após a sua última tentativa. Eles nem a queriam lá porque ela era um embaraço para eles. Ela tinha sido a peça de mobília indesejada em que ninguém queria se sentar. Desprezada por aqueles que deveriam amá-la e protegê-la, ela nunca passou mais um feriado com eles depois que foi liberada do hospital.

Quando chegou em casa, eles a isolaram em seu quarto e a evitaram como se estivesse doente. Se soubesse o modo certo de cortar o pulso, ela estaria fora do caminho deles há muito tempo. Era estranho para ela que passou tanto tempo pensando sobre as pessoas que tinham rasgado seu coração em pedaços. Por quê isso? Por que ela não podia seguir em frente e esquecer deles? Apenas vá em frente e não viva novamente essas lembranças odiosas?

— Ele me machucou! Ele me estuprou. Fez coisas terríveis para mim. Por que você não acredita em mim?

— Gabby, pare de contar essas mentiras! Danny não faria essas coisas. Você precisa parar de inventar essas histórias. Tire sua cabeça dos livros que você lê e se controle.

— Papai, estou dizendo a verdade.

— Lá vai você, sendo difícil novamente. Pare com isso, garota!

— Gabby! O que raios você está fazendo aqui? Sozinha?

Sua voz a tirou de sua memória horrenda. Foi Kolson.

— Hum, correndo. — Ele estava muito parecido com ela, vestindo roupas da cabeça aos pés, exceto que ele usava fones de ouvido extravagantes e carregava um telefone.

Cabelos marrons percorreram o seu rosto e ela os afastou. Sua respiração estava pesada de correr e ele fixou em sua boca... a que era um pouco larga demais, mas na penumbra, tudo o que ele queria fazer era tocá-la, lambê-la. Sua língua rosa cutucou o lábio inferior e ele quase se perdeu. Ele queria amarrar suas mãos atrás das costas e enterrar as dele em seus fios escuros. Depois queria o corpo dela bem perto do seu para que pudesse morder seus lábios molhados. Raios, seu pau provavelmente estava fazendo um maldito show em sua bermuda agora.

Ele apertou a mão em torno do seu braço e puxou-a para o lado do passeio.

— Você está intencionalmente tentando se colocar em perigo?

Quem era esse cara e por que estava fazendo isso com ela?

— Por que você está tão interessado no meu bem-estar?

Kolson olhou para ela por um momento. Sua pergunta o pegou desprevenido. Ele teve que admitir que não poderia chegar perto de ter uma boa resposta para ela. Por que estava fazendo isso? Não podia lhe dizer que queria transar com ela. Nem poderia lhe dizer que ele sentia como se fossem almas gêmeas. Ela o acharia louco.

— Porque alguém precisa, caramba. É óbvio que você está alheia aos perigos ao seu redor. Seu primo Danny poderia estar aqui. Ou você já se esqueceu?

— Claro que eu não esqueci! — Como ele poderia pensar isso?

Ela tentou tirar o braço do aperto dele, mas ele apenas o apertou.

— Você parece ser algum tipo de, oh, eu não sei, imã de perigo. Ou talvez você seja uma daquelas mulheres que procuram perigo. Você é, Gabby?

— Não! Eu não posso acreditar que você sugeriu isso.

— O que você acharia se estivesse no meu lugar? Olhe à sua volta. Quantas mulheres sozinhas você vê aqui correndo?

Ela deu uma olhada rápida ao redor e não viu uma.

— Está certo. Não há nenhuma. Você tem algum spray de pimenta com você? Qualquer coisa para se proteger? — Ele balançou a cabeça. Então se dirigiu com ela na direção oposta do apartamento dela. Ela teve que correr para acompanhá-lo.

— Solte-me.

Ele não lhe deu atenção. Eles entraram em um prédio grande e bonito e ela se lembrou da outra manhã. Era o seu prédio.

Ele apertou o botão do elevador com o lado do punho. Quando as portas se abriram, ele quase a jogou para dentro. Foi quando a soltou para inserir uma série de códigos no painel do elevador. Sem dúvida, ela teria uma contusão onde ele a segurou. Mas pior que isso, ele a assustou. Com as pálpebras semicerradas e a boca formando um fino vinco, suas narinas se dilataram enquanto ele a olhava até baixo. Ela recuou para o canto, com medo de que ele fosse bater nela.

Quando as portas se abriram novamente, estavam em sua cobertura.

— Vamos lá, — disse,num tom seco.

Balançando a cabeça, ela disse:

— Eu não vou entrar ai. Você pode ser um lunático.

— Se fosse esse o caso, você já teria visto o modo louco bem antes de hoje.

— Não vou e você não pode me obrigar.

Ele olhou furioso para ela e disse:

— Oh, sim, você vai. — Ele a pegou e jogou por cima do ombro. Ela chutou e bateu os punhos nas costas dele, mas isso não o perturbou nem um pouco.

Gabby não tinha certeza se estava mais assustada ou enfurecida com suas ações. Quando chegou ao escritório, ele a jogou no sofá. Ela ficou de pé, cuspindo fogo.

— O que diabos foi aquilo? Você não pode simplesmente me pegar e me jogar como se me possuísse!

— Eu te disse. Você não tem nada que sair assim, sozinha, desprotegida.

— E quem você pensa que é? Meu pai ou algo assim?

— Eu gostaria de pensar que seu pai iria protegê-la melhor do que isso.

— Oh sim? Bem, para sua informação, meu pai não dá a mínima para mim. Ele acha que não sou nada além de uma dor no rabo. Nem sequer falo com ele! — Então seus dedos cobriram os lábios que ele estava morrendo de vontade de tocar quando a coloração rosa de suas bochechas ficou pálida. Ela nunca deu uma palavra sobre seu passado para ninguém. Nunca. As mãos dela voaram para a cabeça enquanto ficava lá, chocada que aquelas palavras secretas tinham passado por seus lábios, palavras que ela mantinha firmemente trancadas longe de todos.

Ela respirou fundo e saiu da sala, sabendo que era bobo fazê-lo, porque não tinha ideia de para onde estava indo. Abriu o primeiro par de portas duplas que viu. Empurrando o suficiente para passar, ela entrou e continuou se movendo. Não parou até chegar a uma enorme janela que dava para o parque e encarava a vista enquanto suas ações ridículas se repetiam em sua cabeça.

Droga, Gabby, que diabos você estava pensando?

— O que exatamente Danny fez com você, Gabriella?

As palavras foram suaves e o fato de ele ter usado o nome completo dela não foi registrado. Mas a questão em si fez. Parecia que ele gritou para ela.

— Ele não me fez nada! — Ela gritou. Negar. Negar. Negar.

— Sim, ele fez. Suas palavras contradizem suas ações.

Ela empurrou o cabelo emaranhado de seu rosto e foi quando ele teve um vislumbre de suas cicatrizes. Sua mão envolveu a dela e ele puxou em direção a ele. Com o dedo indicador, ele sondou levemente as linhas levantadas deixadas pelo cortador de caixas. Ela tentou se soltar do aperto dele, mas ele não a deixou.

— Oh, Gabriella. Todo mundo carrega cicatrizes. Você, de todas as pessoas, deveria saber disso.

— Sim, bem, se eu tivesse sido inteligente o suficiente para saber que precisava correr a lâmina na direção das minhas veias, não teríamos essa conversa.

— É isso que você queria? Você preferiria a morte?

— Uma só vez, sim. Mas não me sinto mais assim. Ter experimentado isso me deu a missão da minha vida. Para garantir que ninguém nunca tenha que passar pelo que passei e lidar com a merda do jeito que eu fiz.

Kolson franziu a testa enquanto olhava para ela.

— O que aquele bastardo fez com você?

Em voz baixa, cheia de desconforto, ela disse:

— Você não se lembra do que eu te disse, Skippy? Eu sou uma grande guardiã de segredos. Eu nunca direi.

Kolson respirou fundo e cerrou os dentes. Gabby viu o pequeno músculo em sua mandíbula contrair-se.

— Sim, você vai. Um dia vou tirar isso de você.

— Oh? Como você vai fazer isso?

Ele piscou, uma vez, e então disse:

— Assim. — A mão que segurava a dela puxou-a com força e ela caiu contra ele, bem em seus braços. Antes que ela soubesse o que ele planejava, sua boca colidiu com a dela, e ele a beijou. Duro. Sem desculpas. Tomando tudo o que ele queria. E ele sorriu por dentro quando a sentiu responder. Seus braços não foram gentis quando o agarraram pelo pescoço. Ela o puxou para mais perto, como se isso fosse mesmo uma possibilidade.

Gabby suspirou contra seus lábios e percebeu que tinha sido beijada no passado, mas nunca assim. Kolson a beijou com uma precisão implacável, exigindo tudo o que ele queria dela, sua língua impiedosa contra a dela enquanto ele atormentava e provocava-a em um estado de necessidade sexual. Sem qualquer deliberação, suas mãos tocaram seu cabelo grosso e o agarrou enquanto ele continuava a acariciar sua boca com a sua. Tonta de paixão, todos os pensamentos de resistência desapareceram quando Kolson pegou um pedaço do cabelo dela e puxou sua cabeça para trás. Seus lábios estavam inchados e brilhantes de seus beijos. Ele pegou a ponta da língua e correu sob a curva de seu lábio inferior, muito ligeiramente, então ela mal sentiu. Ele ouviu o assovio de sua respiração quando ela inalou, e ouviu novamente quando repetiu o movimento em seu lábio superior.

Ela parecia uma pintura, posando em seus braços, corada e excitada dos seus beijos e ele teve um desejo de beijá-la por horas. Mas não o fez. Ele trouxe as mãos que estavam atrás de sua cabeça para frente dela e ela abriu os olhos.

Gabriella era uma mulher apaixonada e Kolson acabara de desencadear essa paixão. Não havia como dizer o que aconteceria se ele realmente começasse a se interessar por ela.

Ele levantou o braço dela. Girando as cicatrizes para cima, ele baixou a cabeça e passou os lábios sobre elas, mal tocando-as. A respiração de Gabby se apressou através de seus dentes em um silvo, mas Kolson não parou. Ele pegou o pulso dela e descansou a bochecha barbada contra ele momentaneamente e então deixou-o deslizar pelo rosto, antes de se mover para beijá-lo novamente. Desta vez, sua língua espiou e pintou ao longo das linhas de cada borda irregular, logo antes de sua boca se fechar sobre elas e chupar. Gabby se contorceu, não por desconforto, mas por tensão sexual. Sua pele ficou tensa quando os arrepios surgiram ao longo da carne macia do seu braço. Os lábios de Kolson se moveram de suas cicatrizes até o cotovelo, sussurrando sobre sua pele sensível, enviando arrepios através de seu corpo. A essa altura ela estava ofegante. A mão dela se moveu para a camisa dele e a amassou enquanto gemia sob a ligeira ação de sua língua e lábios.

Como ele poderia excitá-la lambendo aquelas cicatrizes horríveis? Eles sempre repeliram Gabby e a envergonharam de si mesma, e ali estava ela se sentindo mais sexualmente consciente do que nunca em toda a sua vida.

— Gabriella, me diga. Você está molhada para mim?

— Sim, — ela gemeu.

— Alguém já beijou você assim antes?

— Não, — ela respirou. O ar passou através de seus pulmões e ela apertou suas coxas, tentando aliviar a dor que ele despertou.

— Um dia você vai me contar todos os seus segredos.

Sua boca moveu-se até seu ombro e sua língua deixou uma trilha quente e úmida enquanto lambia.

— Você é uma mulher muito sensual, Gabriella. Em breve, vou desencadear essa paixão. Eu quero ouvir você gritar meu nome quando você gozar na minha língua. Alguma vez gozou na língua de alguém?

— Não.

O que ela queria dizer era que gostaria de gozar em sua língua agora. Ela se absteve porque estava com vergonha de sua resposta e nem conhecia esse homem, mas ele estava fazendo coisas enlouquecedoras para o corpo dela, coisas más que ela queria mais.

Então ele voltou a beijar sua boca, exigindo tudo o que ela poderia dar. E ela deu. Sem hesitação. Ele forçou o joelho entre as pernas dela e ela se esfregou contra ele, mas não foi o suficiente para lhe dar alívio. Calor queimou através dela quando se entregou em seu desejo, deixando-se cair dentro dele, mas de repente o beijo terminou. Ela abriu os olhos para vê-lo olhando para ela com uma expressão encoberta.

— Alguns segredos não devem ser mantidos, Gabriella. Alguns são feitos para serem compartilhados. E pretendo descobrir todos os seus. Não só você vai me dizer, você vai ofegar e implorar para eu fazer coisas com você antes de gritar para mim. E quando eu terminar, conhecerei todos os seus segredos. Cada. Um. E você sabe de uma coisa? Não vai se arrepender nem por um minuto do que você me disse. E isso é uma promessa.


CAPÍTULO SETE


Kolson escoltou Gabby até o carro que a estava esperando e a alertou sobre os perigos de não apenas correr sozinha, mas também de não carregar um celular com ela.

— Pare de me ensinar. Eu não tenho doze anos.

— Então pare de agir assim.

— Quem você pensa que é? Você não é meu dono. E você não pode me dizer o que fazer. Eu sei que não foi a coisa mais inteligente, correr quando estava tão escuro, mas...

— Espere! Acabei de ouvir você concordar comigo? — Kolson perguntou.

— Você é um homem tão irritante.

— E você é a mulher mais teimosa que não se importa com a segurança dela. — A essa altura, eles haviam chegado ao carro. Kolson abriu a porta para Gabby e disse a Sam para levá-la para casa.

— Bom dia, Dra. Martinelli, — Sam cumprimentou-a. — Espero que você esteja bem hoje.

— Obrigada, Sam. Eu estou, agora que seu chefe mandão abandonou seu controle sobre mim. Espero que você também esteja bem.

— Sim, senhora. — Ele riu. — Sr. H. diz que eu devo esperar e depois levá-la para o trabalho.

— Você não precisa fazer isso. Além disso, preciso parar e comprar um celular no caminho.

— Sim, senhora, eu preciso. Ordens do Sr. H. E isso não será um problema.

Gabby observava as pessoas enquanto Sam dirigia através do tráfego crescente. Os pedestres já estavam vestidos de terno e trajes de trabalho, carregando maletas enquanto desciam as calçadas. A maioria falava ao telefone enquanto andavam. A avenida estava entupida com um mar de amarelo, até onde Gabby podia ver, indicando o enorme número de táxis na cidade.

Gabby achou que Sam seria uma boa fonte de informação para ela.

— Então, Sam, me fale sobre o Sr. H.

Os olhos de Sam encontraram os dela no espelho.

— O que você quer saber?

— O que ele faz?

— Bem, senhora, ele trabalha na HTS.

— E o que é isso?

— É esse serviço de carro, senhora.

— Oh...

— Você sabe, Hart Transportation Service? É o maior serviço de carros da cidade de Nova York — disse Sam com orgulho.

— Entendo. Você trabalha para Kolson há muito tempo?

— Sim, senhora. Bem, desde que ele criou a HTS. Eu trabalhei para o pai dele antes disso.

— Ah, então você o conhece há algum tempo?

— Sim, senhora. Aqui estamos, senhora. — Gabby não morava muito longe de Kolson.

— Hum, Sam, você pode me chamar de Gabby.

— Que tal se eu a chamar de Dra. M?

Gabby riu.

— Eu acho que isso vai funcionar bem. Eu voltarei assim que puder.

— Tome seu tempo, Dra. M. eu não tenho pressa.

Gabby não queria se aproveitar da generosidade de Kolson, então ela correu para se preparar para o trabalho. No momento em que voltou para o carro, ela estava ofegando. Sam disse:

— Eu lhe disse para não se apressar, Dra. M.

— Sim, mas estou um pouco atrasada.

— Bem, eu vou tê-la em seu escritório em um instante. — No caminho, eles fizeram uma rápida parada na loja de celulares, onde ela comprou um novo celular. Foi uma despesa inesperada que a irritou. Ela amaldiçoou Danny quando saiu da loja, especialmente porque ele agora tinha seu número de telefone. Ela adoraria ter mudado, mas isso era impossível, uma vez que afetaria todos os seus pacientes.

Atrasar-se forçou-a a reagendar seu primeiro paciente e agora seu dia ia ser uma confusão. Gabby normalmente odiava desordem, então isso azedou ainda mais seu mau humor. Danny tinha criado uma maldita confusão no que era normalmente executado dias a fio, começando com aquela ressaca estúpida na outra manhã. E tinha sido ladeira abaixo desde então.

Para piorar a situação, ao destrancar a porta do escritório, ela encontrou um aviso prévio de vencimento do seu aluguel. Ela estava atrasada em todas as suas contas, então ela teria que descobrir algo sobre suas finanças. No mês passado, ao receber não conseguiu cobrir o aluguel. Mentalmente assinalando todas as suas despesas não essenciais, ela foi reduzida a zero. Cortou as compras de café, e a única vez que gastou algum dinheiro extra recentemente foi na noite em que foi àquele bar e, nem isso, porque Kolson pagou a conta. Ela não sabia o que mais poderia cortar. A última vez que gastou dinheiro em um corte de cabelo tinha sido meses atrás, e isso foi em um lugar barato.

Um longo suspiro baixo escapou quando ela olhou para sua mesa. Estava cheia com revistas médicas, fichas e arquivos, entre eles um com as contas que estavam fazendo seu cérebro doer. Desordem não a fazia se sentir bem, e ela nunca deixou sua mesa tão confusa, então se apressou para a montanha bagunçada de papeis e começou a reorganizar as coisas. Sua vida estava começando a se assemelhar a sua mesa — confusa e caótica. Desde que Danny reapareceu, as coisas estavam confusas. Ela precisava se recompor.

A campainha soou, indicando que seu primeiro paciente havia chegado. Ela ficou surpresa porque a consulta não seria por mais uma hora.

Enfiando a cabeça no canto da porta, ela se preparava para dizer:

— Oi, senhora LaRue. — Mas não era a Sra. LaRue. Gabby ficou surpresa ao ver uma jovem de pé ali. Enormes olhos castanhos, sombreados por meias luas roxas, olhavam para ela de um pequeno rosto. Seus olhos estavam afundados e assombrados e Gabby pensou que se ficasse menor iria desaparecer.

— Oi, posso ajudá-la?

— M-meu nome é Juliana e Case me contou sobre você.

Era a garota que Case esperava mostrar na reunião de NA.

— Oh, sim. Olá Juliana. Por favor, entre. Eu sou a Gabby. Sente-se.

Gabby sabia que a garota estava com problemas. Ela tinha todos os sinais físicos: suor, tremores, esfregava os braços, nariz escorrendo e agitação.

— Juliana, seu estômago está doendo?

— Sim, — ela choramingou. Seus braços abraçaram seu corpo. — Eu quero sair. Eu quero.

— Posso te levar para um lugar onde ajudarão você? Eles facilitarão sua retirada. Mas se eu fizer, Juliana, você tem que me prometer que vai seguir com o tratamento. E você vai para o grupo de NA de Case.

Ela se aconchegou na cadeira abraçando seu estômago e balançou para frente e para trás.

— Meu namorado me bate. Ele não quer que eu pare de usar.

— Ouça-me, Juliana. Existe ajuda lá fora. Eu garanto a você que existe. Eu trabalho no abrigo para mulheres. Nós podemos protegê-la dele. Mas eu preciso do seu compromisso de ficar limpa primeiro. Um passo de cada vez. Você pode ficar na casa de NA de Case até que esteja limpa e estável e, em seguida, podemos colocá-la no abrigo. Nós vamos manter seu namorado longe de você. Mas eu preciso desse compromisso de você antes que eu possa ajudá-la a sair das drogas. Você vai me dar isso?

— Oh, estou tão doente agora. Eu preciso de algo.

— Nós podemos ajudar você. Podemos aliviar os sintomas de abstinência. Mas não vou mentir e dizer que será fácil. Vai ser muito mais difícil do que isso.

— Ok, — ela assentiu.

Gabby pegou o telefone e ligou para Case.

— Ei, Juliana está aqui. No meu escritório. Você pode vir? Ela quer se comprometer a ficar limpa. Na clínica.

Gabby puxou uma cadeira para a frente de Juliana. Ela foi e pegou algumas toalhas de papel e umedeceu com água fria e, em seguida, colocou-as na testa.

— Eu sei que isso não é muito, mas é o melhor que posso fazer por agora. Quantos anos você tem?

— Vinte e três, — ela gemeu.

— Há quanto tempo você está usando?

— Desde que eu tinha vinte anos. Nunca pensei que ficaria viciada.

— Ninguém o pensa. Sempre acham que podem parar quando quiserem. É assim que a heroína é.

— Meu namorado diz que vai me matar se eu sair. Eu acho que vou ficar doente. — O medo deu um soco no rosto de Gabby. Ela entendeu como essa garota se sentia e sabia como era ter medo de alguém.

Gabby mostrou a ela onde o banheiro estava e podia ouvi-la engasgando. Ela estava curiosa para saber se tinha alguma coisa no estômago para vomitar.

Juliana saiu e sua pele estava com aparência de cera.

— Estou tão fraca.

— É a abstinência e eles vão ajudar com isso na clínica. Case estará aqui em breve.

— Oh, Deus, me sinto tão mal.

Gabby caminhou até à janela para olhar para fora e foi quando ela o viu. Danny estava parado do outro lado da rua, olhando para o prédio dela.

Porra! E se ele vier aqui? O que eu vou fazer?

Ela rezou para que Case chegasse em breve.

— Gabby, meu estômago está doendo. Até onde isso vai dar?

— Assim que você chegar à clínica, eles lhe darão algo. Vou ligar para eles agora e avisar que você vai entrar. Qual é o seu sobrenome e quando foi a última vez que você usou?

— Meu sobrenome é Gibson e usei ontem à tarde.

Gabby pegou o telefone e ligou para a clínica para avisá-los que Case a estaria levando.

Case finalmente chegou.

— A clínica sabe que ela está indo com você. Aqui estão alguns sacos para o caso de ela passar mal no caminho. Não creio que haja algo no estômago dela, mas nunca se sabe, — disse Gabby.

— Ei obrigado. Você sabe o quanto isso é importante para mim. — Ele apertou a mão dela.

— É importante para mim também, você sabe. — Ela os acompanhou até à porta e quando eles saíram, ela olhou para fora e não viu Danny em qualquer lugar, mas viu Sam. Isso lhe proporcionou o conforto de que ela precisava. Não conseguia afastar a ideia de Danny estar fora de seu escritório, no entanto.

Por mais louca que a manhã dela tenha começado, acabou sendo muito boa. Quando a consulta das 12 horas foi embora, era depois de uma, e ela tinha cerca de vinte minutos até o próximo paciente. Olhou através de sua cozinha em busca de algo para mordiscar, mas só encontrou salgadinhos. Isso teria que servir, ela não ia gastar quinze dólares que não tinha em um almoço caro. Ouviu a porta zumbir e ficou desapontada que seu próximo paciente chegou cedo.

Quando saiu para cumprimentá-lo, ficou surpresa ao ver Sam em seu lugar.

— Olá, Dra. M., trouxe o almoço para você.

— Oi, Sam. Você não precisava fazer isso.

— Eu sei, mas o Sr. Hart me pediu para fazer isso. Ele disse que duvidava que você tivesse tempo de tomar o café da manhã por isso, almoço. — Ele ergueu um saco de papel branco e uma bebida.

O estômago de Gabby gorgolejou alto em apreciação.

— Ooh, desculpe. Eu acho que alguém está feliz em vê-lo.

Rindo, Sam respondeu:

— Fico feliz em deixar seu estômago feliz, então, Dra. M. Tome.

Ela pegou a bolsa e bebida dele, sem saber mais o que fazer.

— Hum, Sam?

— Sim, senhora?

— Você ainda está me observando?

Sam mexeu os pés um pouco.

— Tudo bem se você tiver.

— Então, sim, senhora, eu estou.

— Obrigada. Estou feliz que você esteja.

Sam sorriu quando saiu do escritório. Gabby estava feliz por ele estar no Team Gabby e não no Team Danny. Sam era um homem grande. Não, grande era uma palavra muito pequena para ele. Sam era gigantesco. Ele tinha que ter pelo menos 1,90m, mas era tão amplo. Uma de suas mãos poderia facilmente envolver seu pescoço, e ela estava bem certa de que ele poderia quebrá-lo como um palito de dente. Essa era a sensação que ele transmitia. Ele não era forte. Simplificando, ele era um gigante.

Gabby levou o almoço até à pequena cozinha e sentou-se para comer. O saco de papel continha um sanduíche de salada de frango em pão multigrãos, um recipiente de salada de orzo5 e um biscoito de chocolate. No fundo estava uma maçã vermelha brilhante. Isso era mais comida do que ela comia em qualquer refeição. Na verdade, isso era um dia inteiro de comida. Foi uma coisa boa o sanduíche ter sido cortado ao meio, porque ela salvaria a outra metade para o jantar. Isso e metade do cookie e salada orzo. Ela não teria espaço para a maçã por isso ela poderia comer no café da manhã na manhã seguinte.

Vinte minutos depois, seu paciente da tarde entrou e ela passou o resto do dia ocupada. Ela se sentiu muito mais alerta, depois daquele delicioso almoço. No final do dia, estava pronta para chegar em casa e se trocar. Ela precisava estar no hospital para o turno noturno na clínica, embora tivesse um pouco de tempo livre para si mesma antes disso.

Enquanto reunia suas coisas, ela pegou o resto do almoço enquanto saía. A caminho do metrô, os céus se abriram.

— Dra. M.! Por aqui.

Era Sam chamando-a do meio-fio. Ele estava sentado no carro.

— Venha, eu vou levá-la para casa.

Ela odiava tirar proveito dele, mas estava chovendo e ela seria um bicho afogado no momento em que chegasse em casa. Assentiu e correu para o carro.

— Eu sinto muito, Sam. Estou fazendo uma bagunça no seu carro.

— Não se preocupe com nada, Dra. M., vou cuidar de tudo depois que a deixar. O Sr. H. ficaria chateado se soubesse que você estava nessa chuva.

— Por que isso o incomoda tanto?

Sam não respondeu e seus olhos estavam colados na estrada em frente. Depois de alguns minutos desconfortavelmente silenciosos, Sam finalmente disse:

— M., eu não estou autorizado a discutir o Sr. H. com você. Me desculpe, senhora.

— Não faz mal. Compreendo. Mas posso perguntar por que ele está cuidando de mim?

— Eu não tenho a resposta para isso, senhora.

— Quanto ele sabe sobre mim?

— Ele sabe que você trabalha muitas horas como voluntária, além de seu trabalho regular.

— Hmm. — Gabby estava curiosa para saber como ele sabia disso. Kolson era um mistério para ela, mas claramente ele sabia mais sobre ela do que ela sabia sobre ele.

— Posso lhe dizer isto, Dra. M. Ele está zelando pela sua segurança, então você não precisa temê-lo.

Era o que Sam pensava. Depois desta manhã, Gabby tinha muito a temer quando Kolson estava preocupado. Ele fez coisas com ela... a fez sentir coisas que ela nunca sentiu antes e ela definitivamente não estava pronta para nada disso.


# # #


Danny fervilhava enquanto permanecia sob um toldo sob a chuva torrencial e observava Gabby entrar no carro que esperava. HTS. Serviços de Transporte Hart. Ele reconheceu essa companhia. Então esse é o novo namorado da Gabby. Não importava. Nada iria atrapalhar seus planos. Ele ia ter Gabby de um jeito ou de outro, mesmo que isso significasse esperar pacientemente.

Ele atacaria quando chegasse a hora, quando eles não estivessem em guarda. E tudo valeria a pena no final. Ele sorriu para si mesmo e imaginou como Gabby se sentiria quando empurrasse seu pênis dentro dela novamente. Seu pau instantaneamente endureceu com o pensamento. Havia uma coisa que ele amava, e isso era ouvir Gabby implorando para ele parar. Sua respiração ficou mais rápida quando ele pensou sobre o medo que veria em seus olhos. Não demoraria muito agora, e ele estaria ouvindo aquelas doces palavras saindo de sua boca.


CAPÍTULO OITO


Quando Gabby entrou pela porta, chutou seus sapatos. Ela esperava que não estivessem arruinados. Eles tomaram uma boa chuva e um novo par simplesmente não estava em seu orçamento agora. Suas roupas grudavam nela como cola e deixavam sua pele pegajosa. O que ela precisava era de um banho quente.

A água morna parecia divina quando seu corpo retornou à temperatura normal. O chuveiro relaxou sua tensão, mas logo seus pensamentos a levaram de volta ao beijo sensual de Kolson. Isso a excitou, tornando-a hiperconsciente do fato de que ela realmente não conseguia se lembrar da última vez que teve um orgasmo. Ela teria que remediar isso tomando as coisas em suas próprias mãos e logo.

Abriu a porta do chuveiro e o pequeno banheiro estava cheio de vapor. Batendo contra a porta, ela a abriu e foi se vestir. Uma emoção passou por ela enquanto pensava em trabalhar na clínica. Ela adorava as enfermeiras e enquanto outras pessoas mencionavam que parecia deprimente, ela não pensava assim. Gabby pensou nisso como uma forma de retribuir à comunidade e ajudar os necessitados. Os pacientes de lá eram resistentes à sua ajuda na maior parte do tempo. A maioria era forçado a vê-la. Mas, se conseguisse ajudar a um ou dois, andaria nas nuvem durante uma semana depois.

Depois de um rápido jantar dos restos de seu almoço, ela pegou a bolsa e o casaco e saiu. Estava escuro, mas pegou o metrô de qualquer maneira. O custo de um táxi era inacessível para ela. Constantemente procurando qualquer sinal de Danny, ela ficou feliz quando saiu da estação de trem.

O segurança escaneou seu distintivo e ela passou pelo detector de metais quando entrou no hospital. Era um grande centro médico em Nova York, então eles não se arriscavam.

Ela encontrou a clínica em pleno funcionamento. Roberta, a enfermeira-chefe de plantão, disse:

— Ei, doutora, espero que você tenha seus sapatos confortáveis hoje, porque vai ser difícil, infelizmente. Nós os pegamos vindo de todos os lugares.

— Nós vamos fazer isso. Assim como sempre fazemos, Roberta.

Gabby esperava que eles encontrassem um caminho para uma intervenção melhor. Ela sabia que muitos desses pacientes precisavam de ajuda antes de começarem a usar drogas. E não havia uma maneira de fazer isso acontecer. Você poderia pregar até que não houvesse mais palavras. Mesmo quando ela aconselhava adolescentes cujos amigos tinham morrido de overdose não intencional, eles ainda saíam e consumiam drogas recreativas. E a maior parte do uso de drogas começava na adolescência. A maioria, mas não todas.

Alguns dos pacientes que ela veria hoje à noite começaram a usar porque sofreram um acidente e não puderam sair da medicação para a dor. Qualquer que fosse o problema inicial, o foco da Gabby era levar esses pacientes para a terapia. Geralmente, havia um grande problema subjacente que os mantinha envolvidos com as drogas: o escapismo. Ela ficou surpresa por não ter seguido esse caminho ela mesma.

À meia-noite, a substituição de Gabby tinha assumido e ela estava finalizando sua papelada.

— Dra. Martinelli, você está terminando aqui?

Gabby olhou para Roberta. — Sim. — Ela suspirou.

— Eu disse que ia ser um mau plantão.

— Sabe, acho que convenci um paciente a ir para NA. Então foi um sucesso para mim.

Roberta sorriu. — Isso é o que impulsiona você, não é?

— Sim. Preciso limpá-los antes de qualquer outra coisa. É o mesmo com vítimas de abuso sexual e violência doméstica.

— Alguém já te disse o quanto nós apreciamos você por aqui? Você vem porque quer, não porque precisa. Essa é uma diferença enorme.

— Obrigada, Roberta, mas eu venho porque quero que essas pessoas melhorem. Só isso. Eu não posso imaginar viver minha vida dependente de qualquer tipo de substância, dia após dia.

— Triste, não é?

— E isso é apenas a ponta do iceberg. E os pacientes pobres com transtorno de personalidade esquizóide? As pessoas têm tanto medo delas porque não as entendem. A doença mental é terrível, mas não há ajuda suficiente para quem sofre.

— Conte-me sobre isso.

— Certo, Roberta, eu estou pregando para o coral aqui, não estou? — Gabby riu.

— Vamos lá, vamos sair daqui.

— Aguarde um minuto. Eu preciso checar um paciente. — Gabby fez uma ligação rápida para ver como Juliana estava e descobriu que ela estava indo tão bem quanto se poderia esperar no primeiro dia de reabilitação.

As duas mulheres saíram juntas e seguiram no metrô, mas Gabby não sabia que estava sendo vigiada. E ela não sabia que Danny a seguiu até em casa. Ele sorriu quando o porteiro abriu a porta para ela. Ele tomou nota do endereço, do número de medidas de segurança e de quantos homens estavam no saguão assim que ela entrou no elevador. Danny não era desleixado. Ele andou pelo quarteirão várias vezes até se convencer de que aquele lugar poderia ser uma possível entrada para ele. Ele poderia descansar fácil agora que Gabby estava de volta ao seu alcance. Logo ela seria dele.


# # #


Gabby estava de volta ao trabalho no dia seguinte, mas estava com dor. Ela sentia falta de sua corrida matinal, tudo por causa de Kolson. Ele a fez se sentir insegura. Ela analisou a situação e se sentiu boba agora. Estava em Manhattan há algum tempo e nunca se sentiu desconfortável com suas corridas matinais. Essa foi a única vez que ela teve que fazer seu exercício para aliviar o estresse. Por que ele a fez se sentir culpada por isso?

Ela precisava do exercício e não podia se permitir entrar em uma academia. Suas horas após o trabalho eram geralmente ocupadas como voluntária no NA, no hospital ou no abrigo das mulheres, de modo que as manhãs eram sua única opção. Ela pegaria uma lata grande de spray de pimenta e correria.

Seu telefone tocou e ela estava secretamente feliz em ouvir a voz de Kolson.

— Você está livre para jantar hoje à noite? Prometo não ser chato.

Ela podia sentir o sorriso por trás de suas palavras.

— Infelizmente não estou. Sou voluntaria no NA hoje à noite, — disse ela.

— Hmm. E amanhã?

Ela sorriu. — Amanhã seria legal. Essa promessa se estende até então?

Ele riu da pergunta dela. — Sim. Eu vou buscá-la às sete.

Ela estremeceu quando desligou o telefone, pensando na maneira como ele a beijou.

Naquela noite no NA, quando viu Case, ela decidiu perguntar a opinião dele sobre a coisa da corrida.

— Você acha que não é seguro para uma mulher correr sozinha no início da manhã?

— Claro que não é seguro. Não se atreva a fazer isso.

— Mas Case, é o único tempo que eu tenho.

— Então você precisa conseguir o tempo em outro lugar. — Ele olhou fixamente para ela. — Gabs, você está brincando com fogo. Em nome de Deus não estou lhe enganando.

— Ok, ok. Eu não vou. Entendi. — Ela gemeu.

— Estou apenas sendo protetor. Além disso, eu costumava ser...

— Um policial. Eu sei. E eu aprecio você cuidando de mim.

— Você parece mais irritada.

Gabby parecia arrependida.

— Sinto muito, Case. Estou apenas sendo sarcástica e não deveria estar. Você está apenas cuidando de mim. Estou frustrada por não poder correr no único tempo que tenho. Desculpe-me, sou tão idiota.

— Não se preocupe com isso. — Ele a abraçou e esfregou a cabeça com a junta até que ela riu.

— Ei, posso te pedir um favor?

— Qualquer coisa.

— Hum, você pode procurar alguém por mim?

— Você quer dizer executar uma verificação de antecedentes?

— Mais ou menos. — Ela não gostou de pedir a ele para fazer isso, mas ela precisava saber mais sobre Kolson. — Eu quero informações sobre alguém.

— Quanto e que tipo? Informações básicas ou mais profundas? Você sabe que posso muito bem conseguir qualquer coisa que você precise.

Ela soltou um longo suspiro.

— Ok, é o seguinte. Eu conheci esse cara há algumas semanas.

Case se animou e perguntou: — Ele mexeu com você?

— Não. Nada como isso. Na verdade, ele fez o oposto. Ajudou-me a sair. — Gabby sorriu ao ver a postura de Case aliviado. — Ei, não fique todo grande irmão em mim. — Eles riram.

— Ok, então o que você precisa?

— Ele é meio que... bem, eu não tenho certeza. Ele é rico e eu tenho certeza que ele é proeminente, mas há algo misterioso nele. Eu só quero saber mais e não acho que ele seja do tipo que compartilha.

— Você perguntou a ele?

— Não, e eu não quero.

— Por que diabos não?

— É complicado.

Case esfregou a testa. — Eu realmente não gosto do som disso.

— Sim, eu imaginei que você diria isso. Mas eu sei o que estou fazendo.

— OK. Você quer registros financeiros? Histórico de trabalho? Educação? Esse tipo de coisas?

— Sim, e coisas da família também.

— Entendi. Mas Gabby, preciso de mais uma coisa. O nome dele.

Ela riu. — Sim, acho que isso ajudaria. Kolson Hart.

Case assobiou. — O Kolson Hart?

— Hum, eu acho que sim.

Case sacudiu a cabeça.

— Você realmente precisa sair mais. Kolson Hart é considerado o solteiro mais elegível em toda Nova York, mas ele também é o mais evasivo. Ele fica completamente fora dos holofotes e se recusa a ser fotografado. Ele até contrata um chamariz se tiver que fazer uma aparição pública. Ele é um empresário que deixou de dirigir o negócio multimilionário do seu pai para abrir o seu próprio. Sua empresa é chamada de Hart Transportation Service e tem contratos para os maiores artistas do mundo, milionários, membros da realeza — você escolhe.

— Eu preciso sair mais. Ou correr na direção oposta. — Gabby sorriu. — Então, você acha que pode fazer isso? Eu não posso te pagar muito.

Case lançou-lhe um olhar que dizia tudo. — Como se eu fosse cobrar de você.

— Mas...

— Mas nada. Você faz muito por mim e pelo meu grupo de NA. Não haverá cobrança. E se você insistir, eu não farei isso.

Gabby levantou as mãos. — Você me pegou. Quanto tempo vai demorar?

— Eu devo ter algo para você em uma semana.


# # #


Na noite seguinte, às sete horas, Kolson Hart levou Gabby para Le Chatelaine, um dos melhores restaurantes de Manhattan. Diziam que era impossível conseguir reservas, mas para Kolson não foi. O cardápio era em francês, por isso Gabby não fazia ideia do que havia, e Kolson, sendo o cavalheiro que era, cuidou de pedir para ela, embora só depois de verificar com ela sobre suas escolhas. Gabby estava feliz, ela temia fazer algo errado e fazer papel de idiota.

— Então me diga, Gabriella, o que você gosta de fazer? — Sua boca se levantou quando ele sorriu.

— Eu amo ser voluntária no abrigo das mulheres e também ajudo no Narcóticos Anônimos. Faço umas horas na clínica de abuso de substâncias em Bellevue também. Eu fiz a minha residência lá, então foi difícil eu seguir em frente.

— Você é uma mulher muito ocupada. Por que todo o voluntariado?

— Eu quero ajudar os menos afortunados. Acho que eles se perdem na confusão.

Ele assentiu. — Essa é uma qualidade admirável. Poucas pessoas desistem de muito do seu tempo.

Suas bochechas aqueceram com o elogio. — Obrigada, mas eu amo isso.

— Não precisa me agradecer. Você é quem precisa ser agradecida. Pelo menos é assim que eu vejo.

— Eu não sei, há muitas almas perdidas por aí. Aqueles que precisam de direção e amor. E talvez, se conseguirem ajuda, isso pode fazer a diferença em suas vidas. Você sabia? — Ela perguntou.

— Sim.

— E você?

— Eu sou bem básico. Eu pego pessoas do ponto A ao ponto B e isso é tudo.

— Alguma atividade voluntária? — Gabby perguntou.

— Receio que não. Minha única atividade é assinar o cheque para a instituição de caridade.

Gabby sorriu. — Bem, os cheques são muito importantes.

As refeições chegaram e a conversa se tornou mínima enquanto eles comiam. A comida estava deliciosa, o vinho extraordinário. Ela nunca teve uma aventura culinária como essa. E riu porque não conseguia nem começar a pronunciar o que estava comendo. Kolson gostava de ver as expressões de prazer passarem pelo rosto de Gabriella ainda mais do que ele gostava de provar a comida.

— O quê? — Ela perguntou quando o pegou olhando para ela.

— O olhar no seu rosto. É requintado. Acho que não consigo me lembrar de ver alguém curtindo uma refeição como você.

A mão de Gabby tocou sua bochecha quente.

— Bem, foi a melhor refeição que eu já tive.

Kolson riu do olhar travesso no rosto dela.

— Estou feliz que você gostou tanto. No final desta semana, vou levá-la a La Taverna para que você possa desfrutar de um pouco de comida italiana. É um lugar maravilhoso em Little Italy — você vai se apaixonar por Giuseppe.

— Giuseppe?

— O dono. Pensando melhor, ele vai se apaixonar por você.

Gabby riu. — Eu adoraria ir. Italiano é meu favorito. Sem dúvida, como poderia não ser? — Ela tomou um gole do vinho e se recostou na cadeira. — Eu preciso te agradecer.

— Por quê? Sua presença tornou o jantar muito mais agradável do que qualquer coisa que eu tenha feito em anos.

— Isso não é o que eu queria agradecer, — ela disse, os olhos brilhando.

— Oh?

— Você manteve sua palavra de não ser chato.

Um estrondo de riso explodiu em seu peito e ele a olhou com diversão.

— Eu estou tão certo sobre você.

Agora foi a vez de Gabby ficar curiosa. — Como assim?

— Eu posso ver que você será uma mão cheia, Dra. Martinelli. — Kolson já havia decidido que a Dra. Gabriella Martinelli era uma mulher notável. Ela era estimulante, espirituosa e brilhante.

Gabby odiou que a noite chegou ao fim porque ela não conseguia se lembrar da última vez que se divertiu tanto. Quando Kolson a deixou em casa, ele a acompanhou até à porta e, quando partiu, ela ficou desapontada por ele ter lhe dado apenas um beijo no rosto e uma promessa de vê-la novamente em breve.

Alguns dias depois, Gabby estava perdida em seus pensamentos sobre Kolson quando seu telefone tocou. Ela estava entre pacientes e ficou feliz por conseguir atender.

— Oi.

— Oi pra você também. Queria saber se você estava preparada para um italiano?

— Depende. Ele é legal?

— Muito engraçada.

Kolson manteve sua promessa e na noite seguinte eles se encontraram sentados em La Taverna, tomando um adorável Chianti. Kolson estava certo. Giuseppe se apaixonara por Gabby.

— Signor Hart, você deve trazer a Dottore Martinelli com mais frequência. Vou mimá-la e engordá-la, si?

— Não, — Gabby disse, rindo. — Eu não quero engordar!

— Ah, mas Giuseppe vai trazer-lhe todos os seus pratos especiais hoje à noite, si?

— Sim, Giuseppe. Mime a linda senhora para mim, sim?

E isso foi exatamente o que ele fez. Ele trouxe prato após prato de massas e carnes, até que Gabby pensou que iria explodir. A comida foi tão boa aqui como tinha sido no Le Chatelaine, Kolson teve que se impedir de revirar os olhos pelo modo como Giuseppe bajulava Gabriella.

— Então, me conte um pouco sobre você, Kolson. O que você gosta de fazer?

— Eu gosto de ver você comer. Estou apaixonado por você, Gabriella. E tenho ciúmes de Giuseppe.

Gabby soltou uma risada nervosa. Ninguém poderia estar apaixonado por ela. Ela não tinha certeza de cada movimento que fazia e não tinha tato em torno dos homens.

— Você não respondeu a minha pergunta. Eu acho que você gosta de desviar muito. Deve haver uma razão para isso.

A expressão de Kolson se alterou. A última coisa que ele queria fazer era falar de si mesmo. Ele preferiria ser torturado. Bem, talvez não. Mas abrir-se para os outros não era uma opção. Então lançou-lhe um sorriso desarmante.

— Sim. Eu tenho um ótimo motivo. Quando estou sentado ao lado de uma mulher linda, por que diabos eu iria querer discutir sobre mim quando posso falar sobre ela? Não há nada mais intrigante do que descobrir os mistérios de uma mulher bonita. E você, Gabriella, é muito mais interessante do que eu.

Kolson estava ligando o jogo de flertar com ela. Ela não era muito boa porque nunca tinha flertado ou jogado esse jogo antes. Mordeu o interior de sua bochecha e franziu a testa.

— Ah, aí está de novo. Essa dúvida está nublando seus olhos. Você não acredita em mim, não é?

Ela olhou para ele. — Eu suponho que não tenho razão para não fazer isso.

Finalmente, Giuseppe apresentou o grand finale com a sobremesa, um tiramisu, que era a sua especialidade. Ele não fez qualquer velho tiramisu. O dele foi feito com uma camada de chocolate de creme e Gabby sabia que ela tinha encontrado o paraíso à primeira vista.

Kolson a olhou com interesse, porque ele sabia o que estava prestes a acontecer. Ele viu quando a boca dela se fechou ao redor do garfo, puxando a mistura meio amarga para dentro. Suas pálpebras tremeram, fecharam-se, depois se abriram de par em par quando ela cantarolou e gemeu, e Kolson teve a primeira ideia de como ela iria parecer na cama. Sua mão se fechou em um punho quando sentiu seu pau crescer duro.

Gabby sorriu e disse:

— Oh meu Deus! Isso é melhor que sexo.

Kolson rapidamente engoliu sua mordida de sobremesa e em uma voz engrossada com luxúria, ele disse:

— Então, minha linda Kea, você nunca teve relações sexuais com o homem certo, porque eu posso prometer-lhe isso: não há uma sobremesa no mundo que seja melhor do que sexo comigo.

Gabby só podia ficar boquiaberta quando ele olhou para ela, sorrindo.

— Isso é um desafio? — Ela finalmente perguntou.

— De modo nenhum. É uma promessa. Se você se quiser testar as águas...

— I-isso não é necessário. — Mas Gabby não se importaria de testar essas águas. Ela não se importaria de todo. Talvez ela nem se importasse de dar um mergulho. Um bom e longo mergulho.

— Se você mudar de ideia, me avise.

A temperatura na sala aumentara, e também a tensão entre eles. A corrente subia mais pesada de paixão. Gabby não conseguia olhar para Kolson sem imaginá-lo nu, beijando-a. E os pensamentos de Kolson eram muito mais sombrios do que isso. Ele queria fodê-la, ele queria ouvi-la gemer como ela fez quando provou seu tiramisu, e ele queria fazê-la gritar quando ela gozasse.

Ambos sabiam uma coisa: era apenas uma questão de tempo antes que isso acontecesse.


CAPÍTULO NOVE


Danny Martinelli era encantador. Ele era assim desde criança. Seus pais nunca lhe negaram nada; sua mãe se apaixonou por ele assim que a enfermeira o entregou. Ela deu uma olhada nele e foi tudo.

Aprendeu muito cedo a chorar, que tom de voz usar e o que dizer para conseguir o que queria. E recebeu tudo o que desejava, de roupas, brinquedos, o mais recente computador, videogames, o que quer que fosse no momento dado. Até mesmo sua tia e tio o bajulavam como se ele fosse algum tipo de criança talentosa, o que ele não era. Seu dom era que ele sabia o que as pessoas queriam ouvir e ele dizia-lhes essas palavras exatamente no momento certo para atingir seus objetivos.

Com uma exceção — sua prima Gabby. Ela nunca lhe deu a menor atenção. Não importava o que ele fizesse ou dissesse, ela se sentava em silêncio no canto, lendo seus livros estúpidos e nunca ria, sorria ou participava de qualquer de suas conversas.

Um dia, Danny decidiu que faria sua missão pessoal garantir que Gabby o notasse. Tudo começou quando ele tinha quinze anos e por um ano inteiro, ele fez os possíveis para aproveitar todas as oportunidades para prestar atenção a ela. Ele visitava sua tia alcoólatra e seu tio pomposo, passava tempo com Gabby e seu irmão, tentava envolvê-la em conversas, ia com ela a lugares e comprava suas pequenas bugigangas. Nada funcionou. As únicas coisas com que Gabby se importava eram ir bem na escola e ler seus malditos livros. Aqueles malditos livros estúpidos sem sentido.

Danny conseguiu o que queria. Sua tia, tio e primo estavam saindo, então Gabby precisava de uma babá. Danny gentilmente se ofereceu. E foi aí que tudo começou. Isso durou anos. Danny gostou tanto que voltava da faculdade muito mais cedo que provavelmente deveria. Ele disse que sentia falta da sua família. Mas essa não foi a verdadeira razão. A verdade era que ele sentia falta de aterrorizar e foder Gabby. Ele amava como tinha esse controle sobre ela. O irritou quando ela foi para a faculdade e ele perdeu algum. Ele só podia chegar até ela ocasionalmente então.

Mas a melhor parte foi quando ele convenceu a todos que ela era uma garota problemática e tinha inventado suas ridículas acusações. Até mesmo seus pais obtusos acreditaram nele. Danny lembrou Gabby disso constantemente, particularmente quando ele estava batendo nela. Ele gostava de fazer isso. Mas ela era durona. Ela nunca mostrou qualquer emoção e demorou muito para assustá-la.

Ele não teve problemas em arruinar sua vida. Ele nem se importou quando ela tentou cometer suicídio. A única coisa que ele se importava era se ela tivesse conseguido, ela não estaria mais por perto para ele foder.

Então sua mãe lhe contou um segredo, o melhor segredo que ele já ouvira. Foi um que fez dele o garoto mais feliz da Terra. Quando ela sussurrou a verdade para ele, Danny riu. Ele riu tanto que suas faces doíam. Foi tão perfeito porque quando ele foi para o pai de Gabby com seu pequeno plano de chantagem, ele assegurou que Gabby seria sua para sempre. As aparências significavam tudo para o velho, mais do que a sua própria filha.


# # #


Danny esperou do lado de fora do prédio de Gabby por mais de duas horas quando ele pensou que ela deveria estar chegando em casa do trabalho, mas não chegou. Sua raiva aumentou. Sem dúvida, seu namoradinho a pegou depois do trabalho e a levou a um encontro. Isso não iria funcionar para Danny. Gabby era dele, unicamente dele, e Danny não gostava de compartilhar. Soltou um palavrão, assustando uma pequena idosa que passeava com um poodle e saiu correndo pela rua. Ele voltaria mais tarde para verificar se ela estava de volta. Mas, de que adiantaria isso? Ela estaria lá em cima e em segurança em seu pequeno apartamento, e ele não poderia chegar até ela.

Examinou o local várias vezes, e havia muitos homens parados na frente e no saguão. Ele precisaria de uma distração para passar por eles, e Danny não era estúpido o suficiente para tentar algo por conta própria. Ele precisaria de um cúmplice, mas não confiava em ninguém para pedir ajuda.

Rangendo os dentes, ele se dirigiu para um lugar onde podia tomar alguns drinques rápidos. Talvez isso acalmesse seu temperamento. Depois de andar dez quarteirões, encontrou um bar decadente que parecia ter visto dias melhores. Várias pessoas se agrupavam em cabines e os bancos ao longo do bar estavam quase cheios. A mesa de sinuca sem uso sob música estridente. Ninguém deu a Danny um segundo olhar enquanto caçava um assento.

Uma garçonete anotou seu pedido e trouxe-lhe uma bebida... uísque puro.

— É melhor me trazer outro, — ele disse.

— Parece que você pode precisar de algo extra.

Ele olhou para ela e deu um meio sorriso. — Talvez. — Ele deixou seus olhos vagarem para cima e para baixo em seu corpo. Ela usava uma camiseta preta apertada com decote em V que se abaixava, expondo uma boa quantidade de seu amplo decote. Ela não usava sutiã e seus mamilos rígidos estavam firmes, cutucando através do tecido fino. A camisa terminava acima de seu umbigo e seu short preto apertado batia abaixo de seus quadris, expondo a pele bronzeada. Ela sabia como trabalhar, e como fazer dar certo. Pernas longas completavam o visual.

Quando Danny terminou sua inspeção, ela balançou perto dele e perguntou:

— Bem? Eu passei?

— Com louvor.

— Quer levar-me para um test drive?

— Depende.

— De quê?

— Quanto?

— Vamos apenas dizer que vou deixar você dar algumas voltas de graça.

Danny era um cara de boa aparência. De cabelos escuros e grossos e negros, algumas mulheres o achavam atraente. Mas ele era exibicionista e gostava de chamar a atenção onde estivesse. Nos últimos anos, sua preguiça havia acrescentado mais quilos ao seu corpo, fazendo com que ele parecesse muito mais velho que seus trinta e dois anos.

— Quando?

— Agora, mas precisamos ser discretos. Eu não quero que meu chefe saiba. Ele não vai gostar.

— É pra já. — Ofendeu Danny que ela quisesse que ele fosse discreto sobre isso. Ele era de primeira. Todos deviam saber sobre suas conquistas.

— Você vai primeiro e eu te encontro lá. Banheiro masculino.

Ele bebeu outro uísque e foi para os fundos. Não demorou muito para ela entrar, com um sorriso no rosto, mas ele o apagou quando a arrastou, puxou a blusa para cima e beliscou os dois mamilos com crueldade.

— Você é uma porra de provocação, andando por aí com suas tetas expostas assim. Sua putinha. O que você está tentando fazer comigo?

Então ele pegou a mesma camisa e girou em torno de seus pulsos, prendendo-os com força para que ela não pudesse se mexer. Enquanto ele a movia contra a parede, abriu o zíper de seu short e puxou-o para baixo. Deslizando o dedo sob o elástico de sua calcinha, ele deu uma reviravolta e arrancou-a. Então ele a enfiou na boca dela.

— Nem maldito pio ou eu vou fazer isso doer. Você entendeu? Isso vai ser divertido ou doloroso. Você pode ter de qualquer maneira. Vai ser divertido?

Seus olhos eram como pires enquanto ela assentia.

— Coloque as mãos acima da cabeça e não se mexa.

Danny pôs as mãos no seio dela e alguém bateu na porta.

— Maldição, Nadine, você está aí de novo? Abra a porta agora mesmo!

— Nadine? — Danny perguntou.

Nadine assentiu novamente.

— Maldição, Nadine, os clientes precisam de bebidas. Se você não abrir a porta neste exato segundo, eu estou lhe demitindo.

Danny pegou a calcinha de Nadine da boca e afrouxou a camisa ao redor de seus pulsos.

— Só um segundo, — Nadine chamou.

— AGORA, Nadine.

— Eu acho que nós vamos ter que fazer isso quando você sair do trabalho, — disse Danny. — Qual horário você sai?

— Onze. — Ela se abaixou e agarrou sua virilha, que estava dura como uma pedra e deu um aperto firme. — Pode aguentar?

— Aguentar? Duvido.

Nadine se contorceu de volta em seu short e colocou sua boca na dele.

— Estou ansiosa para te sugar. — Então ela saiu pela porta. Danny sorriu. Sexo com ela ia ser divertido. Mas então seu humor azedou. Isso nunca combinaria com o que ele tinha com Gabby, apesar de tudo. Nada poderia.


CAPÍTULO DEZ


Gabby estava em seu escritório quando o telefone tocou. Como estava com um paciente, ela ignorou, mas checou suas mensagens depois que seu paciente saiu. Era Kolson, convidando-a para jantar.

— Gabriella.

Toda vez que ele dizia o nome dela, o desejo se desenrolava em sua barriga.

— Kolson. Eu adoraria jantar com você hoje à noite, só que eu tenho que...

— Voluntária em algum lugar, — ele terminou por ela.

— Sim. Você já está começando a me entender.

— Então, Gabriella, há alguma noite que você não seja voluntária? Como um homem supostamente leva uma mulher em que está interessado a um jantar quando a mulher está sempre ocupada?

— Agora, isso é certamente um dilema para o tal homem, não é?

— Certamente é. Eu disse que ele está ficando muito frustrado com a agenda lotada da mulher?

— Hmm. Então talvez dissesse a ele que deveria acompanhá-la em suas atividades voluntárias.

Gabby recebeu um silêncio mortal.

— Kolson, eu só estava brincando.

— Onde e quando?

— Não. Foi uma brincadeira, — Gabby insistiu. — Além disso, você estará preso em um escritório onde é apertado e desagradável. Ou você terá que esperar na sala de espera com os pacientes. Você não pode estar comigo enquanto eu trabalho.

— Eu sei disso. Posso esperar por você em seu escritório e fazer meu próprio trabalho, ou ficar na sala de espera. Devo saber onde é por Sam?

— Esta noite não é um bom lugar para se juntar a mim. Pode ficar muito feio e, honestamente, você estaria no caminho.

— Não vou estar no caminho. Ficarei ao lado. Eu prometo. Que horas?

— Kolson. Estou falando sério.

— Eu também. Horas, Gabriella. Além disso, como vou conhecê-la e entender exatamente o que você faz se eu não o vejo ou pelo menos o ambiente em que você trabalha? Você pode entender que eu quero estar com você?

Seu olhar suavizou quando ela fixou nele.

— Sim, acho que posso. Às sete.

— Estarei lá.

— Hum, não. Você terá que vir comigo ou o segurança não deixará você entrar.

— Eu vou buscá-la com Sam às seis e meia, então.

Fiel à sua palavra, Kolson e Sam a pegaram às seis e meia. Ela notou o traje casual de Kolson.

— Estou feliz que você se vestiu assim. Esqueci de te dizer — disse ela.

— Eu percebi que o código de vestimenta seria casual.

— Você tem certeza de que está pronto para isso? A clínica pode ser um lugar muito desagradável à noite. É muito feio ver viciados em recuperação e que entram na fase da desintoxicação. E eles me odeiam quando tento investigar seus problemas. Eles sabem que eu sou o passo final e eles ficam muito maldosos na maior parte do tempo.

— Não se preocupe comigo, doutora. Apenas faça o seu trabalho. A propósito, você está linda esta noite.

Gabby olhou para baixo e sacudiu a cabeça.

— Aceite o elogio, Gabriella.

— OK. Obrigada. Mas eu...

Kolson a interrompeu com um beijo curto e doce. Ele se inclinou para ela e murmurou:

— Você é muito linda. Você ficaria adorável em qualquer coisa.

Gabby sorriu. — Obrigada. Novamente.

— Então, quanto tempo você fica no voluntariado?

— Isso depende da carga de pacientes esta noite. Mas geralmente pelo menos até às onze.

— Você comeu?

— Não. Eu não tive tempo.

Kolson assentiu e então disse:

— Ei, Sam, depois que você nos deixar, você pode pegar o jantar e trazê-lo de volta para o hospital?

— Claro, senhor H.

— Kolson, isso não é necessário, — disse Gabby.

— Claro que é. Você precisa comer e eu também. Sam vai nos esperar e ele poderá fazer isso. Isso lhe dará algo para fazer.

— Obrigada. Isso vai ser ótimo. Normalmente não como nessas noites.

Kolson estreitou os olhos.

— Você está sendo cuidadosa? Como não correr no escuro?

— Sim. Eu não corro há dias.

Ele inclinou a cabeça.

— Você não tem outro tempo para se exercitar, não é?

— Não, apenas bem cedo pela manhã, — disse ela.

— Você gostaria que eu acompanhasse você?

Sua cabeça se levantou quando ela olhou para ele.

— Você faria isso?

— Claro que sim. É perigoso estar lá sozinha e é evidente que você não tem amigos que correm. Claro que vou correr com você.

— Obrigada. Eu gostaria muito disso.

Eles chegaram ao hospital e Gabby disse a Sam:

— Eu vou avisá-los na segurança que você vai nos trazer comida. Eles vão me ligar para avisar. Você não poderá entrar, mas nos encontraremos com você.

— Isso vai ser bom, Dra. M.

— Obrigada, Sam.

Quando entraram, Gabby liderou o caminho pela segurança e deram a Kolson um crachá de visitante para usar. Ela disse que ele poderia se sentar no escritório atrás do que ela iria usar. Quando ela bateu na porta da clínica, todo o inferno se soltou. Um paciente começou uma briga com outro paciente e a segurança teve que ser chamada. Uma das enfermeiras levou um soco no rosto e foi escoltada até ao departamento de emergência com suspeita de nariz quebrado.

O paciente foi contido e sedado e depois admitido. Uma vez que ele foi retirado, três pacientes com crises de abstinência agudas chegaram, tão severas que tiveram que ser enviados à emergência para tratamento.

A segurança ligou quando Sam trouxe a comida, mas uma enfermeira teve que pegá-la porque Gabby estava muito ocupada. Só depois das dez ela conseguiu um intervalo para comer. Sam trouxe pizza, então ela pegou um pedaço rápido antes de terminar seu turno. Às onze horas, ela ainda tinha papelada para completar. Ela e Kolson não deixaram o hospital antes da meia-noite.

— Eu sinto muito que seja tão tarde.

— Não se desculpe. Não é sua culpa. Eu consegui fazer algum trabalho, então tudo bem. É assim toda vez que você trabalha aqui? — Perguntou Kolson.

— Nem sempre é assim tão louco, mas geralmente é estável.

— Gabriella, nunca pensei em como isso poderia ser perigoso para você.

Ela parou de andar e olhou para ele. — O que você quer dizer?

— Aquele paciente poderia ter lhe dado um soco em vez daquela enfermeira.

Acenando com a mão, ela disse: — Oh, aquilo. Coisas assim acontecem o tempo todo.

Eles ficaram sob a entrada iluminada e ela viu a testa dele. — Isso é um pouco inquietante.

— Temos uma boa segurança. Os viciados geralmente ficam um pouco nervosos, mas sempre há alguém por perto para lidar com eles.

Sua expressão sombria a deixou saber que ele não estava satisfeito com a resposta dela.

— Kolson, pense nisso. Se fosse um problema desenfreado, você ouviria sobre isso o tempo todo. Isso não é um grande problema. Eles geralmente são subjugados rapidamente. Às vezes pode sair do controle, como esta noite, mas não com muita frequência.

Ele assentiu, mas ela percebeu que ele estava preocupado.

— Eu acho que nunca pensei muito sobre o risco envolvido. Você desiste de muito pelo seu trabalho. Estou tão impressionado com tudo que você faz, Gabriella.

— Venha, vamos para casa. Estou exausta.

O silêncio a cumprimentou, mas ele a seguiu até ao carro que esperava. Ele estava quieto no caminho para o apartamento dela. Quando Sam parou na frente de seu prédio, ela disse:

— Eu acho que posso chegar bem a minha casa, ok.

— Absurdo. Eu estou te acompanhando.

Uma vez que eles estavam na frente de sua porta, ela disse:

— Obrigada novamente pelo jantar. Desculpe-me ser tão tarde.

— Pare. Gabriella, tenho um novo apreço pelo que você faz. Nunca imaginei que fosse tão intenso.

— Oh. — Sua admissão a surpreendeu.

— Por que você faz isso? — Ele perguntou.

— Eu gosto de ajudar pessoas. É porque eu quero... — Ela olhou para os dedos cheios de nós. Ela não ousava dizer a verdade sobre o motivo de ser tão importante para ela. — Essas pessoas precisam de ajuda. Eles precisam de alguém para dar a mínima, porque é uma possibilidade que ninguém mais faz. Eu quero ser essa pessoa.

— Que sorte eles têm de ter alguém como você. Agora eu ainda te devo um jantar adequado. Mas você tem que me dizer quando tiver uma noite livre.

Ela riu.

— Antes que eu esqueça... — ele enfiou a mão no bolso — uma das enfermeiras me deu isso para dar a você. Disse que alguém deixou para você.

Ele entregou-lhe uma nota. Quando ela abriu, seu rosto empalideceu e sua mão tremeu quando a soltou. Flutuou para o chão.

Kolson recuperou e leu o que dizia.

Não só sei onde é o seu consultório, como também sei que trabalha no hospital. E adivinha o que mais eu sei? Eu vou ter você em breve, Gabs.

O filho da puta a encontrou novamente.

— Gabriella, tudo bem. — Ele colocou o braço em volta dela e puxou-a para o peito. — Ele não sabe onde você mora.

— Como você sabe disso? Ele poderia ter nos seguido. — Seus punhos agarraram sua camisa.

— Não, ele não fez. Ele está tentando assustá-la em pensar que ele faz. Você está segura. Vou ter alguém para vigiar este edifício apenas para ter certeza.

Seu corpo tremeu, enquanto ela temia o que aconteceria a seguir. E Kolson fervilhava com o pensamento de Danny enviando-lhe aquela nota correndo em sua mente.

Puxando seu telefone, ele discou para Sam, que ainda estava esperando na calçada.

— Gabby recebeu outra nota enquanto estávamos no hospital. Você percebe alguém espreitando do lado de fora? — Pausa. — Bom. Ok, eu vou sair em alguns minutos, mas fique de olho.

Gabby olhou para Kolson, com o rosto envolto em alarme.

— Eu tenho medo que ele me encontre aqui.

— Eu sei que você tem, mas eu vou me certificar de que os porteiros não o deixem entrar. Ele não vai chegar até você se eu tiver alguma coisa a fazer sobre isso. Sam diz que tudo está claro na rua. Acho que ele está apenas tentando assustar você.

— Não me diga. E ele está fazendo um ótimo trabalho nisso.

— Você gostaria de ficar comigo esta noite?

— Não, tenho certeza que está tudo bem. Se Sam não viu ninguém lá fora, tenho certeza que está tudo bem.

— Sam vai levá-la para o trabalho. E se não for Sam, ligarei para informar quem será.

— Obrigada. Eu sei que você precisa ir.

— Não, eu estou bem. Deixe-me verificar lá dentro, apenas no caso.

Ela abriu a porta e ele fez uma passagem. Tudo estava bem.

— Ligue para mim se precisar de alguma coisa, — disse ele.

— Obrigada.

Deu-lhe um breve beijo e voltou para o carro que esperava.

— Eu quero ficar de olho no apartamento dela. Agora que Danny descobriu mais sobre ela, estou começando a me preocupar. — Kolson considerou que talvez Danny fosse o que eles deveriam estar seguindo, não Gabby.


CAPÍTULO ONZE


Enquanto Gabby estava com um paciente, chegou uma mensagem. Depois que o paciente foi embora, Gabby verificou a mensagem e viu que era de Case: Ligue para mim quando tiver um minuto.

Ela fez isso imediatamente.

— Ei, sou eu.

— Eu tenho a informação que você pediu de Kolson Hart.

— Perfeito. Sim?

— Oh, eu não trabalho assim. Quando você pode me ver?

— Eu terminarei em uma hora.

— Eu vou até você, — disse Case. — Vejo você em uma hora.

— Venha em uma hora e quinze.

Gabby mal conseguiu passar pela próxima paciente porque estava preocupada com o que saberia sobre Kolson. Os minutos foram passando. Mas Case apareceu na hora que prometeu, um arquivo na mão: Hart, Kolson (NMN).

— O que é NMN?

Case disse: — Sem nome do meio.

Ela abriu e começou a ler. Idade: trinta e dois. Pais biológicos: desconhecidos. Adotado por Langston e Sylvia Hart aos seis anos. Nenhum irmão biológico conhecido. Dois irmãos adotivos, Kestrel Hart e Kade Hart. Nenhuma detenção conhecida. Proprietário e CEO da HTS Enterprises, também conhecido como Hart Transportation Services. Deixou de trabalhar com seu pai aos vinte e cinco anos. Valor estimado: Centenas de milhões, mas número exato desconhecido porque sua empresa é privada. Contas bancárias e financeiras são inacessíveis. A HTS possui filiais na maioria das grandes cidades dos EUA e também possui linhas aéreas charter e serviços de helicóptero. Kolson Hart começou este negócio como motorista de táxi. Nenhuma informação educacional pode ser encontrada. Todos os registros foram limpos. Nenhum registro de adoção pode ser encontrado. Certidão de nascimento e passaporte têm seu sobrenome listado como Hart.

E foi isso. Gabby olhou para Case.

— Nunca vi algo como isso. Sua identidade está enterrada. Alguém com grandes conexões foi pago para enterrar suas informações. É muito difícil fazer isso, você sabe. Pesquisou no Google?

— Não,— Gabby respondeu.

— Bem, não se incomode. Nada surge. Nada. E isso é quase impossível. O Google tem algo sobre todos. Exceto de Kolson Hart. Eu tenho que dizer que me assustou um pouco. Agora, Gabby, tenho um amigo, um bom amigo. Ele é um detetive em Denver e está extremamente bem conectado. Se você quiser saber mais do que isso, posso pegar o telefone e ligar para Drexel Wolfe. Ele pode descobrir qualquer coisa, porque ele tem acesso a coisas do governo que eu não tenho. Ele provavelmente poderia me dizer se esse cara estava na WITSEC, o que eu duvido.

— O que é isso?

— Proteção a testemunha.

— Oh meu Deus. Você acha que...

— Não! Eu sinceramente não penso. Eu estava dizendo que Drex pode descobrir coisas que a maioria das pessoas não consegue. Então, se você quer que eu vá mais fundo, eu posso.

— Você acha que eu devo?

Case olhou para ela por um segundo.

— Deixe-me perguntar-lhe isto. Você está confortável em torno dele?

— Uhm, sim. Quero dizer...

— O quê?

Era um pouco embaraçoso discutir isso com Case.

— Bem, ele, o que eu quero dizer é...

— Você gosta dele, não é? — Case perguntou, sorrindo.

Gabby sentiu suas bochechas esquentarem.

— Sim, tipo. Quero dizer, ele bem...

Case saiu rindo.

— Há quanto tempo nos conhecemos?

— Três? Quatro anos?

— Sim, e eu nunca vi você tão agitada.

— É isso aí! Ele me agita!

— Você confia nele? Para não te machucar?

— Sem dúvida. Eu me sinto muito segura com ele. O homem está correndo três manhãs por semana comigo para me manter segura, pelo amor de Deus.

— Então eu deixaria ir. Às vezes, cavar o passado não vale a pena. Há coisas que as pessoas gostam de manter privadas por um motivo.

Gabby certamente concordou com isso.

— Você está certo. E obrigada, Case.

Ele deu-lhe um polegar para cima.


# # #


Kolson sentou-se na sua mesa e reviu o arquivo à sua frente pela enésima vez. Gabriella ia falir se não parasse com todas as horas de voluntariado. Entre isso e as horas extra no hospital, ela não tinha vida. Ele olhou para a lista que Tom havia lhe dado e que era apenas de duas semanas do que ela havia feito. Não contando como era seu ano passado. E ela dava mais de seus serviços do que ela cobrava. Não foi surpresa que sua situação financeira estivesse em tão triste estado. Seu monte de dívidas, embora enorme para os padrões da Gabby, não era nada para Kolson. Ela não tinha fluxo de caixa. Ela estava atrasada em todas as suas contas. Seu aluguel estava atrasado e pelo que ele poderia dizer, ela não era extravagante, no mínimo, sobre como ela gastava seu dinheiro. Simplesmente não era o suficiente. Ele gentilmente sugeriu o mesmo em suas corridas juntos, mas ela não ouviu nada disso.

Outro arquivo estava ao lado do aberto — continha informações sobre John Anthony Martinelli, pai de Gabriella. Um advogado de sucesso em Stanford, Connecticut, não era como se ele não pudesse dar ao luxo de ajudá-la. As palavras que saíram da boca de Gabriella continuavam voltando para Kolson. Deve ser horrível ter um segredo que ninguém acredita. Um que te magoou tão terrivelmente, e quando você finalmente ganha coragem para contar, eles dizem que você está mentindo.

Tudo o que Kolson viu no arquivo de Gabriella apontava para uma pessoa gentil, carinhosa e atenciosa. E tudo o que ele descobriu por conta própria apoiava isso. Então, por que os pais dela a tratavam como um pária, Kolson decidiu que precisava de mais informações sobre Danny Martinelli. Ele ligou para Tom Barrett e contou o que precisava. Barrett disse que voltaria a contactar em alguns dias. Kolson acreditava que tinha que haver alguma coisa. Se houvesse, Tom iria desenterrar isso para ele.

Olhando para o relógio, Kolson franziu a testa. Ele só tinha alguns minutos para examinar a papelada necessária para sua próxima reunião.

O telefone tocou e seu assistentete, Jack, estava do outro lado, deixando-o saber que sua carona esperava por ele no telhado. Ele estaria indo para Nova Jersey pela tarde. A caminho do helicóptero, ligou para Sam.

— Tudo bem por aí, Sam?

— Sim, senhor. O Sr. Russell parou em seu escritório hoje, mas não ficou tanto tempo assim.

— OK. Algum sinal de Danny?

— Não senhor.

— Mantenha os olhos abertos para esse escória.

— Nenhum problema, senhor.

Kolson abriu a porta para o barulho do helicóptero e subiu a bordo. Ele estava no ar momentos depois.


CAPÍTULO DOZE


Gabby olhou para o arquivo quase em branco. O mistério de Kolson Hart se intensificou. Ela achava que, depois de examinar o arquivo, isso resolveria suas perguntas, mas havia feito o oposto. O que ele estava escondendo? Por que ele tinha seu passado tão enterrado que até mesmo Case, um investigador, não conseguia descobri-lo? Seriam lembranças dolorosas que ele não queria que ninguém soubesse? Se assim fosse, ela certamente o entenderia. Mas e se fosse algo perturbador do qual ele estava fugindo?

Ela sabia que ele se importava com ela. Teve muitas oportunidades e não agiu. Na verdade, ela nunca se sentiu mais segura do que no dia em que ele colocou os braços ao redor dela, muito parecido com aquele proverbial cavaleiro de armadura brilhante. Se fosse honesta consigo mesma, ela teria querido ficar assim para sempre, envolta no cobertor de segurança de seu abraço.

O toque do celular dela invadiu seus pensamentos. Ela olhou para o identificador de chamadas e sorriu.

— Sky! O que você está fazendo me ligando a essa hora? Você não deveria estar se preparando para girar em torno de um poste?

— Ei, Gabby! E não, eu estou de folga esta semana, dando um tempo. Eu estou morrendo por uma noite de garotas. Cara e eu vamos nos encontrar para beber amanhã à noite e queremos que você venha conosco. Por favor?

Rindo, Gabby disse:

— Como posso recusar tal convite? Quando e onde?

— Sete no Extra Dirty.

— Vejo você, então.

Gabby pensou em Sky e Cara e desejou que as duas desistissem de seus empregos noturnos. Ela nunca sugeriu isso a elas, mas se preocupava com os efeitos em longo prazo que isso teria em suas vidas. Sky assegurou-lhe que seus clientes eram a camada superior da sociedade, homens ricos com gostos caros e uma predileção por mulheres atraentes. Mas Gabby ainda estava preocupada com elas.

No dia seguinte, ela sabia que não teria tempo suficiente para ir para casa e se trocar antes de encontrar Sky e Cara, então ela levou uma roupa para o trabalho para que pudesse se trocar. Colocou um par de jeans e uma camisa preta em uma bolsa e saiu. Sam estava esperando para levá-la ao trabalho.

A noite seguinte e encontrar seus amigos ocuparam sua mente, então ela não estava prestando atenção às coisas quando entrava em seu escritório. Tudo estava bem até o meio da manhã, quando ela foi usar o banheiro. Foi quando viu a mensagem que estava rabiscada no espelho com batom vermelho: estou esperando por você, sua puta.

Gabbysaiu para fora do banheiro, de costas, até bater na parede. Ela engasgou com o próprio fôlego quando ele ficou preso em sua garganta.

— Porra. Porra. Porra.

Então o pânico chegou. Ela saiu correndo pela porta da frente, esperando ver Sam em algum lugar. Sua cabeça se virou até que ela viu o familiar carro preto e ela saiu correndo em direção a ele. Sam ficou surpreso quando as palmas das mãos bateram na janela de vidro.

— Sam! Socorro!

— O que aconteceu, Dra. M.?

— Ele esteve lá dentro. Ele me deixou uma mensagem escrita no espelho.

Sam estava fora do carro e correndo para dentro com Gabby em seus calcanhares. Ele olhou para ela e ela apontou para o pequeno banheiro.

— Lá.

— Jesus. Esse cara é um filho da puta maluco.

Ela bateu a mão no ar.

— Ele entrou aqui, Sam.

— Com certeza, Dr. M. Precisamos ter suas fechaduras trocadas e instalar um sistema de segurança melhor. — Sam colocou a mão no bolso para o seu telefone e fez uma ligação.

— Sr. H. ele arrombou o escritório dela e deixou uma nota. — Pausa. — Umm hmm. Sim senhor. Eu vou.

— O que ele disse?

— Para eu não sair do seu lado e que está a caminho. Ele está enviando alguém da nossa equipe de segurança para mudar as fechaduras e tudo o resto.

Quando Kolson chegou, Gabby se acalmou. Sam procurou em seu escritório por quaisquer outros sinais de Danny, mas não encontrou nenhum. O homem do departamento de segurança chegou logo atrás de Kolson. Ele instalou duas trancas e um sistema de alarme. Ambas as janelas estavam seguras também.

— Parece que você está bem agora, — disse Kolson. — Eu preciso voltar para o escritório. Você vai ficar bem?

Gabby ficou em pé na ponta dos pés e beijou sua bochecha.

— Sim, obrigada. O que eu faria sem você? Você parece ser meu guardião.

— Fico feliz em estar de serviço, senhora. — Ele piscou. — Com toda a seriedade, você está bem, certo?

— Estou bem. — Ela balançou a cabeça. — E obrigada novamente.

— Sam estará do lado de fora, vigiando as coisas também.

Gabby cancelou seus pacientes matutinos para ter seu escritório assegurado, então agora ela precisava colocar as coisas em ordem, já que estava quase na hora de sua tarde começar. Ela estava feliz que estaria ocupada e manteria sua mente longe das coisas.

Quando seu último paciente saiu, ela teve algum tempo extra antes que tivesse que sair, então novamente olhou para a informação que Case havia lhe dado de Kolson. Sentindo-se frustrada pela falta do que estava lá, ela logou em seu computador e fez uma busca no Google. Assim como Case disse, nada surgiu. Como poderia ser? Dado que ele era um bilionário, deveria haver pelo menos um pequeno detalhe de informação sobre ele. Talvez um trecho de um artigo de jornal, uma fotografia antiga, alguma coisa. Mas as únicas visualizações que teve foram de seu pai e mãe.

Isso deu a ela uma ideia insensata. Ela pesquisou “como manter seu nome e informações fora do Google”. As visualizações que surgiram deixaram claro que isso era quase impossível, a menos que você tivesse uma maneira de acessar continuamente a toda e qualquer informação sobre si mesmo e conseguisse tirá-la da Web. Seria preciso uma equipe de segurança inteira para não fazer nada além de assistir à Internet para notícias sobre você. Quem poderia fazer isso e por que alguém iria tão longe? Parecia que Kolson Hart estava notavelmente empenhado em manter sua vida privada.

Ela olhou para o relógio e viu que precisava se apressar ou se atrasaria. Agarrando seu celular e a bolsa, ela saiu pela porta. Extra Dirty ficava no SoHo, então ela foi dizer a Sam onde estava indo.

— Eu ficarei feliz em levá-la, Dra. M.

— Você tem certeza? Eu não quero ser um incômodo.

— Não me incomoda em nada.

— Bem, se você não se importa.

— Dra. M., se eu não levar você, o Sr. H. ficará puto. Ah, desculpe a língua, senhorita.

Gabby riu. — Não se preocupe.

Sam a levou para o centro da cidade para o Extra Dirty. O tráfego era horrível, então Gabby observava os nova-iorquinos se movimentando como um enxame de insetos. Era incrível para ela quantas pessoas havia nessa ilha.

— Sam, qual é a sua coisa favorita sobre Manhattan?

— Oh, isso teria que ser a comida. Nada supera os restaurantes. — Ele riu. — Você não percebe olhando para mim?

Ambos começaram a rir.

— Quando me mudei para cá para começar a faculdade de medicina, achei que estava no paraíso com os bagels. Todas as manhãs eu pegava um novo da Deli desta esquina e ainda quente. Isso foi o melhor!

— Não. É a pizza. Eu amo a pizza.

— E o macarrão, — acrescentou Gabby.

Ambos continuaram até ficarem sem comida para acrescentar à sua lista.

— Você me deixou com fome, Dra. M.

— Eu deixei-me com fome, Sam!

Os dois ainda estavam rindo quando Sam parou na frente do Extra Dirty.

— Divirta-se e eu estarei aqui para levá-la para casa quando você estiver pronta.

Sky e Cara já estavam lá quando Gabby entrou.

— Bem, ela está muito atrasada! — Cara gritou.

— Eu sei! — Sky disse.

— Estou tão feliz que é sexta-feira. Onde está Ryder esta noite? — Gabby perguntou.

— Estudando para os exames. Você sabe como ele está se graduando cedo para poder entrar na faculdade de direito.

— Está certo. Muito ruim para ele, mas sorte para nós! — Gabby abraçou a amiga e então elas pegaram três assentos vazios no bar. Elas se amontoaram e começaram a conversar sobre bebidas. Cara era uma garota de programa de alto salário, como Sky. Ela e Sky também trabalharam juntas no Exotique-A, um clube de strip-tease.

— Quais as novidades? Como vai tudo? Alguma chance de convencer as duas damas a deixar sua profissão? — perguntou Gabby.

Sky e Cara riram. Cara respondeu:

— Não é uma chance com o dinheiro que eu faço. Não vou sair até que eu seja forçada. — Então Cara franziu a testa para Gabby. — Você não está nos julgando, não é? Porque você tem um título chique e tudo? Você sabe que raramente bebemos e nunca usamos drogas. Sky é a única que precisa sair de qualquer maneira. Eu não.

Gabby foi rápida em responder.

— Não. Eu não julgo. Você sabe disso. Eu me preocupo, no entanto.

Cara relaxou e Sky entrou na conversa:

— As coisas estão melhores entre Ryder e eu. Ele está ficando mais confortável com a minha profissão, eu acho. Ou talvez seja um desejo da minha parte. Ele está me incentivando a fazer mais audições para alguns papéis de dança na Broadway.

— Isso significa que você está pensando em desistir do seu trabalho noturno? — Gabby perguntou.

— Talvez.

— Bem, isso é um começo então. Eu aceito isso!

Sky perguntou:

— E você, Gabs?

— Não há muita coisa acontecendo comigo. — Gabby foi breve, o que era muito diferente dela.

— O que está acontecendo? Normalmente não podemos te calar.

Cara entrou na conversa.

— O que está acontecendo com você? Ah, espere um pouco! Você conheceu alguém, não é?

Gabby franziu as sobrancelhas. Suas companheiras riram e Sky gritou:

— Peguei! Você pensou que ia guardar isso de nós?

Gabby olhou intencionalmente para Cara e perguntou:

— Como diabos você descobriu isso?

Cara encolheu os ombros.

— Eu sou apenas boa em ler as pessoas.

Sky bateu no braço dela e disse:

— Desista, senhora. Cada pedacinho. Você já ouviu todas as nossas histórias de horror, desde tomadas de boca a travestis. Agora é a nossa vez.

Gabby riu.

— Sim, mas você me contou todas essas coisas em confiança.

Cara disse:

— Não eu. Eu nunca fui sua cliente. Meus segredos foram todos divulgados para você sob os efeitos aniquiladores da tequila.

Sky bateu a mão no joelho e bufou.

— Está certo. E eu não sou sua cliente há algum tempo agora. Sua vez. Cada detalhe. Fale.

— Vocês são tão maldosas. Eu posso ver a nuvem verde do mal se formando ao redor de seus corpos.

— Boa. Agora comece a falar porque nós só vamos ficar mais mal à medida que a noite passa e nós ficamos mais bêbadas.

— Grrrr,— Gabby gemeu. — OK. Algumas semanas atrás, saí para tomar um drinque e o conheci.

— Ei! Foi quando nos encontramos para o almoço e você estava toda de ressaca? — Sky perguntou.

Gabby pensou de volta e lembrou que era.

— Eu sabia que você estava agindo de forma engraçada.

Gabby explicou toda a história sobre Kolson Hart.

Cara esticou o dedo. — Espere! Pare aí mesmo. Você está falando sobre o Kolson Hart?

— Droga, você soa como Case.

— O que Case tem a ver com isso? — Sky perguntou.

— Eu o fiz pesquisar sobre Kolson.

Sky franziu a testa.

— Você não fez.

— Sim, fiz, e antes de você ficar toda irritada comigo, lembre-se do que eu te contei quando você descobriu como Ryder verificou sobre você? Eu não acho que seja uma má ideia.

— Ok, não vamos debater os méritos das verificações de antecedentes agora. Eu quero saber a novidade sobre O Kolson Hart. Agora! — Cara disse.

— Naquela noite, entrei em um bar e comecei a beber martinis duplos porque estava chateada.

Sky agarrou o braço dela.

— O que aconteceu?

Cara afastou a mão de Sky e disse:

— Pare de interromper e deixe-a contar sua história!

Gabby lançou um olhar para Sky e continuou:

— Então, eu estava literalmente martelando esses marcianos.

— Marcianos? — Perguntou Sky.

— Sim, eu chamo-lhes isso porque as malditas coisas me fizeram sentir verde no dia seguinte.

— Oh.

Cara olhou para o teto e exclamou:

— Pelo amor de Deus, você apenas pode parar de fazer perguntas?

— Ok, ok, — disse Sky. Ela estendeu a língua.

— Então, no começo eu não prestei atenção a esse cara sentado a dois lugares de distância de mim, mas eventualmente ele começou a falar comigo e se transformou em um trio.

— O quê? — As garotas gritaram.

— Não! Não esse tipo de trio! Uma conversa de três vias, pelo amor de deus.

— Oh, por um minuto, eu pensei que você pousou no lado negro — Cara disse. — Nós nem fazemos isso.

— Ah, você gostaria de ter esse tipo de história sórdida para contar.

— Sim, eu realmente queria.— Ela riu.

— Bem, enquanto a noite avançava, eu fiquei super destruída. Eu sinceramente não me lembro muito, além de chamá-lo de Skippy.

Sky riu. — Skippy? Por que você o chama de Skippy?

Gabby sacudiu a cabeça.

— Fiquei fora de mim. Mas quando voltei a mim, ele estava me acordando e eu estava num quarto incrível em sua casa.

— Na cama dele? Oh MeuDeus! — Sky agarrou o pulso de Gabby e apertou-o. Forte.

— Ai! Não, não era a cama dele! Era um quarto de hóspedes em sua cobertura na 5th Avenue.

— Oh. Bem, isso é chato,— disse Sky, fazendo beicinho.

— Uma cobertura na 5th Avenue é entediante?

— Não essa parte. A parte do quarto de hóspedes.

— O quê? Você esperava que eu pulasse na cama com um cara que eu apelidei de Skippy? Ele poderia ser um serial killer ou odiar animais ou algo assim.

— Sim, mas ele não era. Ele era Kolson Hart — Cara disse com um sorriso malicioso.

— Ok, Cara, eu sei disso agora, mas eu não sabia antes. Droga, eu nem sabia que estava na casa de um estranho até ele entrar e encontrei minha saia subida até o nariz e minha bunda saindo para todo mundo ver. E você deveria ter visto ele me checando.

— Oh, sim? — As duas mulheres olharam para Gabby, ofegando como filhotes esperando por um biscoito.

— Droga, vocês duas são tão ruins. — Gabby limpou o queixo de Sky com um guardanapo.

— O que você está fazendo?

— Limpando a baba.

— E depois? Você já o viu de novo? — Cara perguntou.

— Sim, saímos para jantar algumas vezes. E ouçam isso. Ele tem um dos seus homens me vigiando e sendo meu motorista. Como um guarda-costas ou algo assim.

— Saia da porra da cidade, — disse Cara. — Ele é um perseguidor?

— Não, é mais como se ele estivesse me protegendo.

— Hum, de quê? Dele mesmo? — Sky perguntou.

— Bem, essa é a parte complicada. Eu não quero falar sobre isso.

— Oh não, você não vai fazer isso, — disse Cara. — O que diabos está acontecendo que você precisa se proteger, porque eu posso levar o JD para colocar alguém...

— Não, isso não é necessário, — Gabby interrompeu. — Não preciso da ajuda do seu cafetão. Kolson estava apenas preocupado quando eu corria no início da manhã, não era seguro. Você sabe, ainda é meio escuro, esse tipo de coisa.

— Bem, raios, Gabs, ele está certo, — disse Sky. — Se Ryder soubesse que você estava fazendo isso, ele mataria você. O que diabos você está pensando?

— Eu sei, eu sei. Eu cuidei disso.

Cara perguntou:

— Como? Você não está fazendo nada maluco, está?

— Não, — Gabby sorriu. — Kolson corre comigo agora.

— Cacete! Então, como ele é? — Sky perguntou.

Gabby deu-lhes um sorriso sonhador.

— Hum, em poucas palavras, ele é muito lindo. Alto, um corpo para morrer, cabelo loiro e olhos que não consigo descrever. Eles são uma mistura de cinza, verde e marrom.

— Você quer dizer avelã? — Cara ofereceu.

— Não. É como se eles fossem meio listrados ou algo assim. Difícil de explicar. Você tem que vê-los.

— Ele é um alien? — Sky perguntou.

— Muito engraçado. E ele é construído. Músculos, mas não músculos estourando-fora-de-sua-pele.

Cara perguntou:

— Mas como ele é realmente?

— Ele é intenso. Surpreendente. Protetor. Ele é fofo. Ele até foi ao hospital em uma das noites em que trabalhei um turno e ficou lá comigo. Tudo porque ele queria passar um tempo comigo. Eu acho que ele se importa.

— Uau! Tudo isso. — Cara disse. — Então, você está namorando então?

— Eu acho que você poderia dizer que sim. Nós saímos algumas vezes.

— Bem, isso é um bom começo. Você não quer morar com o cara ou qualquer coisa. Bom e lento é o melhor. Como ele é na cama?

— Cara! — Gabby disse. — Eu não posso acreditar que você perguntou isso.

— Por que não? Essa é uma parte importante de um relacionamento.

— Humph.

— Bem? — Cara cutucou.

— Nós não dormimos juntos ainda.

— Hmm. Interessante. Ele realmente gosta de você.

A cabeça de Gabby se levantou.

— Por que você diz isso?

— Jeez, você é ingênua. Se ele não desse a mínima para você, teria dormido com você imediatamente. E depois ele podia ter pensado em vê-la novamente ou talvez não. Se ele continua rondando mesmo não tendo dormido com você, ele está completamente interessado. Use seu maldito cérebro, garota. Você deveria ser uma psiquiatra.

— Sim, mas eu sou uma perdedora total quando se trata de meus relacionamentos pessoais.

Sky assentiu.

— Eu concordo com Cara. Continue fazendo o que você está fazendo porque parece estar funcionando. Você o está encantando. E lento é bom.

— Não sei. Eu não acho que ele faça nada devagar. E tenho certeza que tudo é nos termos dele. Ei, vocês estão prontas para outro?

— Sim, e esta noite é por minha conta! — Sky anunciou. Ela fez sinal para o garçom trazer outra rodada.

Uma hora depois, as garotas riam mais alto e Cara decidiu que seria bom pedir comida. Enquanto comiam, Gabby decidiu que precisava de outra bebida.

— Deixe-me pedir para você — disse Sky.

Gabby deu-lhe um olhar desconfiado.

— Uh-huh. De jeito nenhum. Eu não sou fã dessas bebidas doces que você sempre recebe. Como tequila sunrise. Quem bebe isso, afinal?

A mão de Sky subiu no ar quando ela gritou:

— Eu bebo!

— Que tal um mai tai? — Cara gritou.

— Eca, não. Eu odeio rum. Eu quero uma bebida com vodka.

— Eu sei, peça um Sugar Tit. Eles fazem aqueles especiais aqui.

Gabby olhou para Sky como se ela fosse louca.

— Ou você está seriamente louca ou está tentando me fazer de boba.

— Não! Estou falando sério. Aqui, vou perguntar ao barman. — E ela assim fez. Gabby ficou surpresa ao descobrir que Sky estava certa. Elas pegaram uma bebida chamada Sugar Tit, feita com vodka, suco de abacaxi e laranja, e soda, o copo com açúcar e uma cereja vermelha em cima — daí o nome. Eles também colocam pedaços de abacaxi fresco e laranja.

— Ok, o que diabos. Se eu não gostar, vou mudar para marcianos.

A medida que bebiam mais, Gabby compartilhou um pouco mais sobre Kolson. Mas então ela se descuidou e mencionou Danny e a nota em seu espelho, que abriu os portões para problemas. Sky já sabia o básico, mas Cara queria dizer a JD para que ele pudesse pôr um de seus seguranças vigiando ela. Então elas insistiram que Gabby morasse com uma delas. Foi uma bagunça.

— Uau! Parem! Se acalmem. Agora escutem. A única maneira de eu morar com uma de vocês é se uma desistir da sua profissão. Sky, você sabe que Ryder será mais feliz se você fizer isso. E Cara, eu sei que há alguém lá fora para você também. Mas você não sabe por que está sempre com um cliente. E, além disso, é por isso que Sam está me seguindo.

— Quem diabos é Sam? — Cara perguntou.

— Ele é o cara de Kolson.

Sky levantou as mãos.

— Ok, isso é assustador. Você tem esse cara rico que não sabe muito sobre se preocupando com você e colocando um guarda-costas em você. E então você tem um primo assustador perseguindo você, escrevendo notas com batom no espelho do banheiro. Que diabos, Gabby? Dois meses atrás você levava a vida mais chata por aí. Então, o que você vai fazer?

Gabby riu. E riu ainda mais. Então ela levantou o copo e disse:

— Eu vou propor um brinde. Para todas as mulheres que têm primos loucos perseguindo-as e caras ricos e quentes tentando protegê-las. Um brinde com SugarTips!

— São Sugar Tits! — Cara e Sky disseram em uníssono.

— Com certeza são! — Gabby disse enquanto elas riam. — E eu preciso de outro.

A música melhorou então as garotas decidiram dançar. Gabby gritou:

— Você acha que vamos nos encrencar por dançar?

— Sim, eles vão chamar a polícia de dança!

Elas riram,mas depois Gabby começou a pensar.

— Vocês sabem, eles provavelmente vão me colocar na cadeia da dança, porque aqui estou eu dançando ao lado de vocês duas, profissionais de dança. Não é justo. — Ela fez uma careta.

— Você dança muito bem. Olhe para o jeito que você move seus quadris,— disse Sky.

Cara observou Gabby e assentiu.

— Sim, garota, você sabe como trabalhar.

— Talvez, mas só um pouco. Mas tem uma coisa acontecendo comigo. Aposto que meus Sugar Tits estão realmente saltando fora! — Ela não percebeu que Cara e Sky não apenas ignoraram sua pequena piada, mas também pararam de dançar. Em vez disso, elas olhavam para o espécime alto de masculinidade que estava diretamente atrás de Gabby enquanto ela ria sobre sua pequena piada. Ela finalmente notou seu silêncio.

— O quê? Vocês não gostam dos meus Sugar Tits? Oh, entendi. Vocês estão com ciúmes! Ha! Todo esse tempo, eu senti inveja de vocês e de todas as suas histórias com seus homens e do modo como vocês abanam suas bundas. E você, Sky, falando sobre Ryder, me fazendo babar de inveja e agora vocês foram totalmente superadas pelas minhas Sugar Titties. — Então ela baixou os braços e apertou os peitos juntos, fazendo seu decote parecer imenso.

Rindo, ela se inclinou no bar para pegar sua bebida quando uma mão quente apertou seu pulso e uma voz profunda zumbiu em seu ouvido.

— Eu acho que você já teve o suficiente. — Ela virou a cabeça ligeiramente e se viu olhando para aqueles olhos magníficos, embora agora eles estivessem escuros com uma emoção não especificada.

— Bem, olhem quem está aqui. — Levantando-se, ela anunciou a suas amigas: — Ei, pessoal, este é Holson Kart. — Ela bateu na boca com três dedos e disse novamente: — Kolson Hart. E esta é Ky e Scara. — Ela não se preocupou em corrigir seu segundo erro. Ele olhou para as meninas e baixou a cabeça uma vez por respeito, pois teria sido rude para ele fazer o contrário, mas era só isso.

Então seus olhos foram direto para Gabby.

— Diga adeus a suas amigas. Estamos indo embora.

— O quê? Mas eu quero mais Sugar Titties.

— Você já teve os suficientes, Kea. Confie em mim, você não precisa de mais. — Ele olhou para o peito dela enquanto falava.

— Mas eu não estou pronta para sair ainda. — Gabby fez beicinho.

— Não se preocupe, eu vou fazer valer a pena.

— Oh? E como você vai fazer isso?

Sua mão ainda estava fechada em torno de seu pulso, não dolorosamente, mas ela sabia que ele estava falando sério. Então ele se inclinou em direção a sua orelha e sussurrou, o rosto dela corou quando a mão livre foi até à sua bochecha. Os cantos de sua boca se curvaram ligeiramente enquanto Cara e Sky os encaravam curiosamente.

Seu corpo era um sentinela, pairando sobre o dela, mas Gabby não se importou nem um pouco. De fato, ela gostou muito da sua reação física a ele, como se ele soltasse uma carga estática e os cabelos finos em seu corpo lhe prestassem homenagem. Seus olhos miraram seus lábios e tudo o que ela queria fazer era prová-los novamente, então foi exatamente o que fez. Kolson não era um homem que era frequentemente pego de surpresa, mas Gabby tinha o elemento de surpresa quando ela jogou o braço em volta do pescoço dele e se lançou.

Não foi um beijo cauteloso, do tipo que testa o terreno. Era um tipo explosivo de controle. As armaduras desapareceram. Arma: jogadas de lado. Luvas: arrancadas. Ela não dava a mínima para precaução ou preliminares. Cara e Sky ficaram estupefatas por nunca terem visto Gabby em ação. Quanto a Kolson, ele não reclamou nem um pouco. Sua mão soltou seu pulso e ambos os braços a puxaram contra ele, levantando-a e prendendo-a contra seu enorme corpo. Era tão erótico que até Cara e Sky ofegaram.

Cara acabou por virar o rosto ao casal e disse:

— Peguem um quarto.

As mãos de Gabby estavam emaranhadas no cabelo de Kolson quando o beijo terminou. Ela disse, com voz sexy:

— Talvez devêssemos.

Kolson virou-se para as amigas de Gabby e disse:

— Boa noite, senhoras. Foi um prazer conhecê-las. — E então saiu carregando Gabby em seus braços.

Uma vez fora, Kolson perguntou:

— Por que saiu sem me deixar saber onde você estaria? Especialmente depois do que aconteceu hoje?

A pergunta a surpreendeu. Ela deveria dizer-lhe todos os seus movimentos?

— Eu não sabia que deveria.

Ele parou de andar.

— Conversar é impossível enquanto encaro sua boca. Ou te coloco no chão ou nos beijamos novamente. Qual será, Gabriella?

— Beije-me, Kolson.

— Estou indo contra os meus princípios. Você está me intoxicando.

Ela puxou o rosto dele para o dela e ficou satisfeita quando o ouviu gemer.

— Envolva suas pernas ao meu redor. Quero que sinta o que você faz comigo. — Então seus lábios encontraram os dela novamente. Mas desta vez eles a provocaram, mordiscaram e roçaram até que ela se contorceu contra ele, gemendo.

Ele murmurou contra a boca dela:

— Silêncio, Gabriella. Eu deixei você fazer do seu jeito no último beijo. Este é todo meu.

Ele se moveu até que as costas dela estavam contra o concreto áspero de um prédio e a roçava com seus lábios. Ele os roçou na maçã da bochecha dela, enviando ondas de calor sobre o seu corpo. Embora seu toque fosse delicado, ela estremeceu violentamente quando seu corpo reagiu a ele.

Seus lábios deixaram uma trilha aquecida até o canto da boca e depois se moveram para o pescoço dela. Ela podia sentir o restolho de sua bochecha, a aspereza que coçava sua pele macia, mas não se importava. De fato, a sensação masculina tornou isso mais atraente. Gabby pensou que deveria ter sido drogada porque seus sentidos estavam em hiperpropulsão.Ela inalou sua fragrância fresca, limpa e ligeiramente picante. Seu toque e o modo como ele segurava seu corpo contra o dele era possessivo, mas protetor e sexy ao mesmo tempo, e isso enviou seu coração diretamente para sua garganta. Que ele era agradável de olhar era um dado. O modo como ele se sentia sob as mãos dela, duro, mas suave, fez seus dedos formigarem. Se ela fosse uma alma mais corajosa, teria rasgado a camisa dele, deslizado suas mãos por baixo do tecido e iria até ao final com ele.

Nesse momento, os lábios de Kolson a tinham deixado num frenesim enquanto roçavam o pescoço dela. Gabby não conseguia pensar direito, já que estava quase hiperventilando. Quando ele levantou a cabeça, deslizou o dedo sobre a testa dela e disse:

— Gabriella, abra os olhos.

Atordoada, ela olhou para ele como uma idiota sem cérebro, incapaz de falar. Seu cabelo estava preso em seus punhos e ela não se lembrava de ter feito isso. Gabby sabia uma coisa: queria dormir com esse homem. Esta noite.

— Me leve para casa.

— Essa era a minha intenção. Mas você me distraiu.

— Essa foi a minha intenção. Ainda bem que funcionou.

— Devo carregar você?

— Eu acho que sou capaz de andar.

— Você tem certeza? Aqueles Sugar Tits...

Gabby gemeu. Ele a colocou no chão enquanto sorria. Com o braço ao redor dela, a acompanhou até o carro que esperava.

Gabby ficou surpresa quando Sam os levou para a sua casa, mas ela saiu e Kolson a seguiu. Quando chegaram ao seu apartamento, ele abriu a porta, acendeu as luzes e verificou as coisas. Então ele disse:

— Durma bem, Gabriella.

— O quê?

— Eu disse...

— Eu sei o que você disse. Eu pensei...

— E eu sei o que você pensou, mas não é assim que funciona.

— Eu não...

— Boa noite, linda Gabriella. — Sua testa franziu enquanto ele olhava para ela, como se lutasse com o desejo de ficar. Mas ele se virou e a deixou de pé ao lado da porta, sozinha.


CAPÍTULO TREZE


— Você tem que estar brincando comigo! — Sky gritou para o telefone.

— Ai! Não grite tão alto, e não, eu não estou brincando. Isso foi exatamente o que aconteceu. Estou deitada aqui sozinha. Eu, meu tesão, e eu. Bem, eu não estou mais com tesão. Mais como ressaca.

— O que diabos está errado com ele?

— Ele não deve me querer, eu acho — disse Gabby.

— Ele não queria se aproveitar de você. Foi o que aconteceu. Você estava bêbada.

— Não, não estava. Eu estava me sentindo bem. Estava me sentindo muito bem.

— Você estava ferrada. Vamos. Fico feliz que ele está cuidando de você.

— Você está absolutamente certa e eu estou sentindo pena de mim mesma que deixei uma grande oportunidade escapar pelos meus dedos. A verdade é que nunca quis dormir com ninguém, como quero com Kolson.

— Você vai dormir e quando o fizer,será no momento certo, — disse Sky.

— Isso vem da experiência?

— Deus não! Nem pense isso. Minha experiência é péssima. Bem, exceto Ryder e eu faria qualquer coisa por ele. Você sabe disso. Só estou dizendo que acho que esse cara tem muito respeito por você e quando for a hora certa, vai acontecer.

Gabby cobriu o rosto com um travesseiro.

— Oh Deus. Eu fiz papel de boba? Me joguei nele? Eu tenho essa visão de o atacar.

— Garota, você estava gostosa. Você até me fez contorcer. E é preciso muito para me fazer isso.

— Oh Deus. Estou tão envergonhada.

— Não esteja. O homem comeu como um algodão doce.

— Porra!

— Escute, tenho que encontrar Ryder em cinco minutos, então eu tenho que sair. Deixe-me saber o que suceder com tudo.

— Você sabe que sim.

Gabby puxou sua bunda miserável para fora da cama e fez café. Depois de tomar uma xícara rápida, saiu para uma corrida descontraída para eliminar os Sugar Tits e o resto das toxinas de seu corpo. Por que diabos ela deixou Sky e Cara convencê-la a beber aquela coisa doce? Estremeceu com a lembrança.

Era sábado, por volta das nove, então ela não precisava se preocupar em ser assaltada no escuro. Deixando seu prédio, ela fez um caminho para o parque.

Cantarolando enquanto se movia, tentou desvendar os acontecimentos da noite anterior. Não foi assim tão fácil, porque sua mente alcoolizada não permitia que ela produzisse uma imagem sólida. Mas uma coisa estava clara: aqueles beijos eram um tremor de terra. E ela iria deixá-lo subir em sua cama e entrar nela sem hesitação. Talvez ele não gostasse de suas mulheres bêbadas. Se isso fosse verdade, quem poderia culpá-lo? Mas ele também não a afastou.

Seu celular vibrando no bolso a sacudiu de seu devaneio. Tirando-o para fora, ela quase perdeu o equilíbrio quando leu o texto. Era de Danny: Onde diabos você está, sua putinha? Eu estou esperando por você e sei onde você mora. 333 East 86th. Não me deixe esperando por muito tempo ou você sabe o que vai acontecer.

Gabby estava no centro da trilha que circulava o reservatório do Central Park. Seu coração não estava batendo. Estava voando para longe dentro dos limites de sua caixa torácica, sua respiração presa em seus pulmões. Ela caiu de joelhos e agarrou sua garganta, tentando aliviar a tensão. Todas as técnicas que achou úteis no passado estavam além de sua capacidade no momento. Ela estava em um ataque de pânico, desesperada por ar.

Uma jovem veio em sua ajuda, mas Gabby não conseguia ouvi-la. Tudo o que ela podia fazer era respirar. Suas bochechas e lábios começaram a formigar, assim como suas mãos e pés. A garota pegou seu pulso e sentiu a pulsação.

— Vou ligar para o 911 , — disse a garota. Mas Gabby não se manifestou. Tudo o que ela ouvia era o sangue batendo em seus ouvidos.

Sua mente estava nas palavras de Danny. Ele sabia onde ela morava e estava esperando por ela. O ciclo vicioso foi posto em movimento com o coração de Gabby continuando a corrida. Ela sentiu como se não estivesse recebendo ar, quando na verdade seus níveis de oxigênio estavam altos demais. A hiperventilação se instalou e ela não conseguia se lembrar de suas técnicas de respiração para aumentar seus níveis de dióxido de carbono.

Os paramédicos chegaram. Gabby foi tratada no local, mas se recusou a ir ao hospital. Quando se acalmou e foi capaz de falar, ela agradeceu à menina e disse aos EMTs que sofria de ansiedade e tinha esquecido de tomar a medicação. Ela estava tão acostumada a negar a verdade, que saiu naturalmente fingir que estava bem. Eles se retiraram e ela se mudou para um banco escondido do parque e quase teve outro colapso. Desta vez, foi capaz de identificá-lo a tempo, por isso ela conseguiu controlá-lo. O que ela ia fazer agora? Danny sabia o endereço dela — agora estava tudo menos segura.

Quando verificou o relógio, ficou surpresa ao descobrir que já passava da hora do almoço. Ela caminhou ao longo da East Drive e saiu do parque na 84th Street, onde encontrou um mercado e comprou uma garrafa de água e uma barra de granola. Enquanto caminhava, tentou chegar a uma solução razoável para o problema. Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Ela teria que encontrar outro apartamento. Se ao menos pudesse sair de Nova York definitivamente. Mas isso não era possível. Era onde todas as suas conexões estavam, onde tinha feito sua residência e onde passou o último ano tentando estabelecer seu consultório. Embora mal estivesse conseguindo, começar de novo significaria falência, com certeza. Ela simplesmente não conseguia lidar com a pressão disso. Sair do apartamento era a única solução. Seria muito arriscado ficar lá com Danny sabendo onde morava. Imersa em pensamentos, ela ficou surpresa quando esbarrou em Sam.

— Tudo bem, Dra. M.? — Ele perguntou.

— Oh, Sam, olá. — Ela ficou tão aliviada ao vê-lo, que o abraçou.

Ele podia senti-la tremendo.

— Dra. M., você está bem? Com todo o respeito, senhora, você não parece muito bem.

Seus olhos esbugalharam e seus lábios tremeram quando tentou um sorriso indiferente.

— Por favor. Você sabe que está segura conosco. Totalmente.

A mão que segurava sua garrafa de água tremeu tanto que ela teve que segurá-la com a outra mão também. Seus grandes olhos pousaram em Sam e ela disse três palavras.

— Ele me encontrou.

Ela não precisava dizer mais nada. A mão enorme de Sam gentilmente envolveu seu braço e ele disse:

— Venha comigo, Dra. M.

Ela observou Sam pegar o telefone e enviar uma mensagem de texto enquanto andavam. Ela deixou que a conduzisse pelo quarteirão até uma entrada lateral de um prédio. Em suas reflexões, não percebeu onde estava ou que estava perto do apartamento de Kolson. Sam a levou por um corredor lateral até o elevador e esperou que as portas se abrissem. Ele marcou uma série de números e o elevador os levou até à cobertura. Quando as portas se abriram, Kolson estava ali parado e ela entorpecida caiu em seus braços estendidos. Era quase como se ele devesse estar lá, esperando, e como ela sabia que ele estaria.

— O que aconteceu? — Ele murmurou em seu ouvido. Ela se sentia segura dentro da gaiola possessiva do seu abraço e agora que estava aqui, era onde ela queria ficar.

Sem olhar para cima, entregou-lhe o telefone. Ele leu a mensagem de Danny.

O semblante vacilante de Kolson não chegou perto de igualar a fúria que se formava dentro dele. Ele jogou o telefone para Sam.Trocaram olhares e então ele levou Gabby para o seu quarto e até o seu banheiro. Ele começou a encher sua enorme banheira e colocou toalhas felpudas ao lado dela. De seu armário, ele tirou roupas para ela vestir depois.

Quando a banheira estava cheia o suficiente, ele ligou os jatos.

— Tome um banho e tente relaxar. Vou preparar um almoço para você. Leve o tempo que precisar. Peguei algumas coisas para você vestir, escolha o que preferir. Assim que terminar, junte-se a mim no escritório ou na cozinha. E Gabriella, por favor, tome seu tempo. Você está segura aqui. Ele não pode tocar em você. Posso pegar alguma coisa para você... algo para beber, talvez?

— Não, e obrigada. — Ela apertou a mão dele.

Ele assentiu e fechou a porta atrás dele.

Sam estava esperando por ele na sala.

— Que porra é essa, Sam? Eu a deixei lá ontem à noite. Sozinha. Pensei que você tinha lidado com isso?

— Também pensei que sim. Eu coloquei Ovaltine no apartamento dela nas primeiras horas da manhã.

— Quem diabos é Ovaltine?

— Ele é meu irmão mais novo, Leroy. Ovaltine é seu apelido. O garoto não bebia nada além de Ovaltine6 quando criança. Ele deveria estar vigiando o apartamento dela todas as noites, das onze às oito.

— Então como Danny a encontrou? Ovaltine relatou algo suspeito? E das cinco às onze? Quem a estava vigiando, então?

Sam olhou para Kolson timidamente.

— Essa é minha responsabilidade, chefe. Bem, eu assumo das oito da manhã às seis ou até ela chegar em casa. E se eu não posso fazê-lo, eu peço a Jimbo para me substituir.

— Então você teve uma falha em algum lugar. Nós temos que tirá-la de lá. Hoje.

— Sim, senhor.

— Esse cretino tem um arquivo de uma milha de comprimento. Ele é um maldito pervertido. Não o quero em qualquer lugar perto dela. Está claro?

— Sim senhor. Posso precisar de um homem extra ou dois.

— Obtenha quantos você precisar. E encontre outro apartamento em um de nossos prédios. Certifique-se de que é um com porteiro e segurança apertada. Esqueça isso. Vou pedir a um dos nossos funcionários para fazer isso. Temos que mudá-la hoje ou amanhã. Ela não sabe que o prédio dela pertence à HTS. Eu vou contar-lhe.

Sam assentiu.

— Onde ela vai ficar entretanto?

— Ela pode ficar aqui.

— Sim senhor.

— Vá até à casa dela e pegue as coisas que ela vai precisar até se mudar. Eu vou ajudá-lo a passar pela equipe de segurança. Não vou deixá-la sair daqui e preciso conseguir algo para ela comer. Você viu o olhar dela? Jesus. Como diabos? — Kolson esfregou o pescoço enquanto se dirigia para a cozinha.

A mente de Kolson estava cheia de todos os tipos de imagens enquanto pensava em Danny invadindo o apartamento de Gabby enquanto ela estava lá. E se ele estivesse lá ontem à noite, quando ela bebeu demais e ele a deixou sozinha? Foi uma coisa muito boa ela ter saído para aquela corrida. Nunca se sabe o que teria acontecido se ela não o tivesse.


CAPÍTULO QUATORZE


Gabby entrou no banho quente e deixou a água agir. Levou algum tempo, mas eventualmente a tensão diminuiu no seu corpo. Pouco a pouco, ela juntando as últimas horas. Como diabos Danny a encontrou? Ele a seguiu? Ela pensou que tinha sido esperta esse tempo todo, mas aparentemente não tinha. Kolson estava certo. Correr nas primeiras horas da manhã fora muito mais arriscado. Ela ficou surpresa por Danny não ter chegado até ela. Para onde teria ido sem Kolson? Sky, provavelmente.

Mas sua mente estava tão perturbada que não conseguia pensar direito. Agora o que diabos deveria fazer? Se voltasse para casa, tinha certeza de que voltaria direto para as garras de Danny. Mas ele não podia ficar de vigia o tempo todo, poderia? Tinha que haver um momento em que ele não estaria lá. Isso mesmo! Era isso que ela faria. Descobriria quando ele iria embora e então voltaria para casa.

Quando a água do banho esfriou, ela desligou os jatos e saiu. Depois que se secou, ela colocou os shorts que Kolson lhe tinha dado. Sim, eram enormes, mas ela podia apertar a cintura com o cordão. Depois vestiu a camiseta também grande demais. Ela se sentia tão sonolenta agora que a tensão se dissipara. Atravessando o quarto de Kolson, deu uma olhada rápida ao redor. Uma gigantesca cama de dossel estava encostada a uma parede e estava coberta com um tecido cremoso. Os dedos dos pés afundaram no tapete de pelúcia enquanto se movia silenciosamente em direção à porta. Tudo cheirava a dinheiro. Ela teve um desejo de deslizar sob o edredom de aparência cara e tirar uma soneca. Mas não o fez. Caminhou em direção ao que esperava ser a cozinha.

Kolson estava de costas para ela.

— Obrigada pelas roupas. Elas são um pouco grandes, mas vão servir.

Ele se virou para checá-la e riu.

— Você parece um moleque de rua de um daqueles filmes antigos.

— Fico feliz que os shorts tenham um cordão. Não poderia segurá-los de outra forma. — Ela puxou a camisa e ele riu novamente.

— Sam está indo para o seu apartamento para trazer de volta algumas de suas coisas.

— Minhas coisas?

— Sim. Você não pode voltar para lá com seu primo por perto. Simplesmente não é seguro.

— Então o que vou fazer?

— Gabriella, sente-se. Por que você não come primeiro e depois podemos discutir isso?

Ele colocou um prato de macarrão com molho vermelho e frango no balcão, junto com uma salada e água gelada.

— Você fez tudo isso?

— Você está questionando minhas habilidades culinárias?

— Não, mas...

— Coma, Gabriella.

Seu estômago soltou um grande rosnado e ela assentiu. Tomando um assento no enorme balcão de pedra, ela sentou em seu banquinho e começou a comer. Ele ficou em frente dela e pairou, perguntando-lhe se precisava disso ou daquilo. Ele encheu seu prato uma vez e seu copo duas vezes. Logo, ela acariciou sua barriga e riu.

— Eu acho que vou estourar. Não sabia que poderia guardar tanta comida.

— Tenho uma confissão a fazer. Eu não cozinhei tudo isso. Minha empregada cozinhou. Ela é ótima e deixa todos os tipos de comida para mim porque sabe que eu não cozinho. A propósito, quando foi a última vez que você comeu?

Sem pensar, ela respondeu:

— Ontem à noite. Comi um cheeseburger. Junto com meu Sugar Tits. — Então ela se lembrou do que tinha acontecido como resultado das bebidas e seu rosto queimou de vergonha. Rapidamente baixou a cabeça, torcendo o guardanapo no colo.

Kolson não disse uma palavra. Ele limpou o prato e sentou-se ao lado dela.

— Então me diga o que aconteceu.

Ficou feliz pela distração, ela disse:

— Eu fui correr. Pensei que estava tudo bem já que eram quase nove horas. Eu sabia que haveria pessoas a passear e ao redor. Então fui para o parque e estava dando a volta no lago, aproveitando o tempo bonito, quando recebi a mensagem.

— Mas isso foi há horas atrás. O que aconteceu entre esse momento e agora?

Kolson observou o jeito que seus olhos pareciam em todos os lugares, menos nele. Ele notou como ela agarrou seu pulso e repetidamente esfregou o polegar para trás e para frente sobre as cicatrizes. Depois de observá-la por alguns segundos, estendeu a mão e segurou a mão dela, parando a ação.

— Você está segura, Gabriella. Ele não pode chegar até você aqui. Conte-me. O que aconteceu?

— Recebi a mensagem dele e então entrei em pânico e não conseguia respirar. Sou uma psiquiatra e não consegui controlar a minha reação estúpida a ele. Eu permiti que ele tivesse esse controle sobre mim. Entrei num colapso total. Um ataque de pânico massivo. Uma senhora parou e me ajudou. Ela ligou para o 911 e os paramédicos vieram. A ambulância chegou.

A essa altura ela estava tremendo. Kolson não pôde determinar se era porque estava com raiva ou com medo ou uma combinação de ambos. Ela olhou para ele; Kolson novamente se viu cativado por seus olhos. Em forma de amêndoa e cor de caramelo, ele pensou que eles eram quentes e convidativos. Mas neste momento, eles estavam vivos e faiscando com manchas de fogo.

— Respire fundo, Kea. — Ele segurou seus ombros e viu o pânico escoar para fora dela.

— Por que você me chama assim?

— Chamo você o quê? Kea?

— Sim. Você me chamou assim antes.

— Você sabe o que é um Kea7?

— Não.

Kolson riu.

— É uma das aves mais bonitas do mundo. É um membro da família dos papagaios e é nativo da Nova Zelândia. Sua coloração é verde-oliva a marrom-caramelo, mas quando ele decola, a parte inferior de suas asas é laranja-ardente e os topos são azul-esverdeados. Eles são espetaculares. Seus olhos me lembram um Kea. Quando olho para eles,são castanhos caramelo, mas posso ver toques de verde oliva. No entanto, quando você fica chateada ou com raiva, como está agora, manchas de laranja e ouro saltam para fora. E é por isso que te chamo de Kea.

A mão de Gabriella cobriu a boca. Ninguém nunca tinha dito nada tão doce ou romântico para ela antes, e se estabeleceu em um lugar dentro de seu coração que ela não sabia que existia. Seus dedos se moveram para a ponte do nariz e ela tocou-a enquanto seus olhos ardiam com lágrimas não derramadas.

Kolson não disse uma palavra. Apenas passou o braço em volta dela com força e a segurou contra o peito por um momento. Quando ele estava satisfeito que ela não estava indo para outro ataque, perguntou:

— Estamos bem aqui?

— Sim.

— Você pode terminar de me dizer o que aconteceu? — Ele a soltou para que ela pudesse falar.

— Eles conseguiram controlar minha respiração. Eu não conseguia parar de hiperventilar. Minha frequência cardíaca estava em um noventa. Pressão sanguínea pelo teto. Sintomas clássicos. Eles queriam me levar, mas eu recusei. Então eles me liberaram com CCM.

— CCM8?

— Contra o Conselho Médico.

— Mas você está bem agora?

— Sim.

— Gabriella, a que horas foi isso?

Ela balançou a cabeça.

— Não tenho certeza. Dez talvez.

— O que aconteceu entre essa hora e agora?

— Eu andei.

— O quê. Porra! Você é maluca?

Ela tentou afastar a mão dele.

— Você está me machucando.

Ele imediatamente afrouxou o aperto. Kolson estava com raiva. Não particularmente com ela, mas para o fato de ela não ter vindo diretamente para ele. Seus olhos se encheram de remorso.

— Sinto muito. — Ele levantou a mão e beijou-a. — Por que você não veio direto pra cá?

Ela encolheu os ombros.

— Nós... eu... depois da noite passada, eu não achei que você iria querer. Honestamente, não planejei vir aqui. Só encontrei Sam por acidente.

— O que você quer dizer com "depois da noite passada"?

— Você me deixou! Sozinha no meu apartamento. Eu não achei...

Kolson soltou a respiração.

— Porque você bebeu demais. Eu nunca me aproveitaria de você nesse estado. Gabriella, o que exatamente Danny fez com você?

Ela tentou puxar a mão para longe dele novamente enquanto empurrava a cadeira para trás do balcão e se levantava.

— Nada.

Sua voz suavizou quando ele perguntou:

— Sabe o quão ridículo isso soa? Você recebe uma mensagem dele que provoca um forte ataque de pânico e depois você diz que ele não fez nada para você?

— Por favor, esqueça isso. Não importa de qualquer maneira. — Ela deu outro puxão na mão, mas não teve sucesso em se libertar.

— Sim. Veja o efeito que isso tem em você. Diga-me, Gabriella, isso importa? — Ele levantou o pulso com as cicatrizes.

— Não para as pessoas que deveriam contar na minha vida.

— Foda-se eles. Nem todo mundo faz o que deveria fazer. Que tal para você? Você é psiquiatra. Se você fosse seu próprio paciente, o que diria a você mesma?

Ele estava certo e ela sabia disso, mas ela não respondeu.

— Você precisa falar com alguém, então posso muito bem ser eu. Diga-me — insistiu.

Ela balançou a cabeça e ele disse:

— Eu vou descobrir. Tenho meus meios. E você sabe quais são.

Gabby estremeceu com suas palavras.

— Não vou desistir nem vou machucar você, Gabriella.

— Talvez não fisicamente. Mas isso não é o que eu temo. São as cicatrizes emocionais que causam o pior, Kolson. Elas nunca vão embora.

Kolson olhou para ela por um longo momento. Suas emoções estavam em conflito, parte dele queria levá-la para seu quarto, jogá-la em sua cama e transar com ela. Ele desejava-a e não adiantava negar. O desejo de dominá-la e desvendar todos os segredos que ela tinha o obrigava a fazer exatamente isso. Mas a outra parte implorou para que ele fosse gentil com ela, para tratá-la como uma taça frágil, que poderia quebrar com o menor toque. Isso o surpreendeu porque ele nunca pensara em tratar uma mulher assim antes. O lado mais sombrio dele emergiu e ansiava seduzir o mistério dela. Pela primeira vez que se conseguia lembrar, estava em grande desvantagem consigo mesmo. A tensão que se acumulou dentro dele só serviu para alimentar seus desejos.

Kolson se inclinou e tocou sua boca brevemente na dela. Então ele seguiu uma trilha invisível que ia do ouvido de Gabby até à clavícula dela. Quando ela suspirou, passou o braço ao redor de sua cintura e a apoiou contra a parede. Então ele levou seu tempo arrastando sua língua em seus lábios, mordiscando enquanto continuava.

— Você vai me dizer agora? — Ele perguntou.

— Mmm. Não — ela respirou.

Ele levantou a blusa e puxou-a sobre a cabeça, prendendo os braços atrás das costas. O ar frio deslizou pela sua pele quente e sua carne se apertou quando os arrepios se alargaram. Então sua boca foi para o seu peito. Ele provou sua pele, recém perfumada do seu banho, e se moveu para um de seus seios, provocando seu mamilo com os dentes. Ele soprou seu hálito quente sobre ela e ela se arqueou para ele, dando-lhe melhor acesso ao seu pico dolorido enquanto ele passava a língua por ele.

— Agora?

— Uh-huh, — ela ofegou.

— Então acho que isso exige algo ainda mais drástico.

Os olhos de Gabby estavam fechados enquanto a cabeça dela descansava contra a parede. Mas quando seus dedos deslizaram para dentro de seu short e entre seu vinco de seda, os alarmes dispararam. Ela lutou contra ele enquanto tentava se afastar, mas ele apenas se inclinou contra ela e a beijou novamente até que ela gemeu.

— Diga-me, Gabby, — exigiu contra seus lábios.

Ela estava ofegante agora, tanto de desejo quanto de desconforto.

— Eu não vou te machucar. Você sabe disso. Mas eu quero saber o que ele fez com você. Diga-me,— ele insistiu.

— Eu não posso. — Seus olhos estavam fechados quando a luxúria explodiu dentro dela. — Por favor, — ela implorou.

Sua boca voltou para o peito exposto e ele começou a provocar seu mamilo novamente. Sua língua era implacável enquanto se movia para a frente e para trás. Quando seus lábios se fecharam e começaram a chupar, Gabby gemeu e se curvou em sua boca deliciosa.

— Por favor, — ela implorou. Agora ela estava implorando por algo completamente diferente.

Ele a soltou com um estalo e se moveu para o outro seio. Seus dedos começaram sua perseguição entre as pernas mais uma vez, e ela moveu seus quadris, buscando uma liberação pela qual estava faminta.

Kolson reconheceu que seu orgasmo estava bem no horizonte, então diminuiu o movimento de seus dedos para baixo, apenas para prolongar seu êxtase quando viesse.

— Por favor, eu preciso...

— Diga-me, Gabriella.

— Por favor.

— Serei generoso com você se me disser.

Ela abriu os olhos. Seus lábios cheios brilhavam de onde ele estava torturando seus mamilos. Se apenas suas mãos não estivessem presas em sua camisa, ela o puxaria para mais perto para poder beijá-lo. Sua língua cutucou e correu pelo lábio inferior antes de ele arrastar os dentes por cima. Então ele levou o lábio dela para a boca e chupou. Duro. Ela sabia que poderia estar inchada, talvez até machucada, mas não se importava. Essa pequena ação fez com que seus sucos fluíssem ainda mais do que já estavam.

— Você gostou disso, não gostou?

Ela fechou os olhos, não querendo encará-lo.

— Gabriella. Conte-me.

Quando ela não disse nada, ele retomou o movimento de seus dedos em seu clitóris. Então ele introduziu um dentro dela e ela ficou tensa. Era errado sentir-se tão bem? Ela não era exatamente uma parceira disposta, mas seu corpo pensava diferente.

— Você vai me foder?

— Não. Agora não. Mas vou fazer você vir na minha mão. E você vai me implorar para fazer isso. Agora, me diga o que eu quero saber, Gabriella.

Por que era tão importante para ele?

Seus dedos deixaram de arrasar o seu sexo, e ela choramingou. Mas sua boca se moveu para sua orelha e ela sentiu seu hálito quente quando ele sussurrou para ela, — Estou esperando. — Então seus dentes afundaram na carne aveludada de seu lóbulo e ele puxou-a enquanto chupava.

Gabby nunca teve tantas sensações diferentes atacando-a de uma só vez. Ela queria tanto tocá-lo, seus dedos formigando com a necessidade. Ela gemeu quando a boca dele mordeu seu pescoço.

Kolson olhou para a cara que Gabby fez.

— Porra, você é um pedaço lindo de sexo quente, toda espalhada contra a parede. Mas resistente como aço também. Para o inferno com isso. — Deixando cair um joelho, ele empurrou seu short para seus tornozelos e enterrou seu rosto entre suas pernas. A ação pegou Gabby completamente de surpresa. Choque e depois calor elétrico puro correu de seu núcleo direto através de seu estômago e até os arcos de seus pés. Ela queria se afastar, queria apertar suas coxas juntas, mas não podia. Seu sangue rugia através de suas veias e não demorou muito para que ela sentisse seus músculos apertando, um orgasmo se aproximando rapidamente. Ela inclinou a pélvis para ele, mas ele levantou a cabeça e perguntou:

— O que ele fez com você, Gabriella?

— Não, não pare!

— Gabriella, — sua voz insistiu.

— Por favor, não pare.

— Eu vou lamber e chupar sua boceta por horas, se você me disser o que ele fez com você. Apenas diga as palavras, Gabriella.

— Eu nunca vou te dizer.

— Oh, você vai. — Ele levantou-se, esfregando-se em seu corpo ao longo do caminho. Ela olhou para ele e pôde ver o contorno de sua ereção. Ele seguiu o olhar dela e olhou para si mesmo e depois de volta para ela.

— É todo seu. Se você me disser.

— Não, — ela choramingou.

Ele olhou para ela pensativamente e colocou a mão em volta do braço dela. Ele arrastou-a para o outro lado da sala enquanto ela tropeçava atrás dele, chutando a bermuda para fora do caminho enquanto eles iam. Ela tentou se libertar do seu aperto, mas seus braços ainda estavam presos na camisa.

— O que você está fazendo?

Ele não respondeu enquanto se movia, arrastando-a atrás dele pelo seu quarto e para o seu banheiro. Ele a levou direto para o chuveiro e ela perguntou a si mesma o que diabos ele estava fazendo quando começou a se despir. Quando ele estava diante dela nu, sua mente girou com a ideia de que nenhum arquiteto, nenhum engenheiro poderia ter projetado algo tão perfeito, com aquelas curvas e cristas, planos e simetria. A saliva se acumulou em sua boca enquanto olhava boquiaberta para ele. Ele não era apenas um rostinho bonito. Seu corpo era lindo. Profundamente.

Seus peitos e abdominais eram tão belos, seus dedos presos se contorceram enquanto imaginava como sua pele firme e lisa se sentiria sob suas pontas. Ela gemeu alto enquanto sonhava como seria tocá-lo, onde suas mãos viajariam. Um brilho de prata chamou sua atenção e ela percebeu que ele tinha um piercing no mamilo. Oh, como ela queria colocar seus lábios ao redor disso. Queria passar a língua pelo anel apenas para ouvi-lo gemer. Tatuagens decoravam partes do seu torso, mas seus olhos não permaneceram ali por muito tempo. Eles vagaram direto para o que estava entre suas pernas, totalmente ereto e apontando para o teto. Ela queria tocá-lo, acariciá-lo e colocar a boca nele.

— Você vai me dizer agora?

Ela queria lambê-lo da cabeça aos pés, como um picolé gigante. Um picolé de cereja, pingando no calor do verão. Ela queria fazê-lo deslizar dentro dela. E montá-lo. Duro.

— Gabriella?

Deus, ele era inacreditável. Os únicos homens que ela já havia visto nus ou semi-nus (além dos pacientes quando estava na faculdade de medicina) eram Danny e depois Mitch, seu breve namorado de faculdade. E eles não pareciam nada assim.

Kolson pensou que Gabriella devia estar em transe porque não estava respondendo. Então tomou o assunto em suas próprias mãos. Ele emoldurou o rosto dela com as mãos e beijou-a, empurrando a língua para além dos lábios entreabertos. Ela respondeu febrilmente; esfregou o corpo contra o dele e tentou envolver a perna ao redor da dele.

— Não é decisão sua, Kea. Você não está no controle aqui. Não até você me dizer o que ele fez com você.

Ela parou e olhou para ele. Então recuou, ofegante.

— Por que você está fazendo isso? Por que você não pode simplesmente desistir? Não é da sua conta.

— Estou fazendo isso ser da minha conta. Agora me diga. — A voz sedutora se foi; em seu lugar estava o Kolson do mundo dos negócios. Forte. De aço. Vigoroso.

Empurrando a pesada porta de vidro, ele apertou uma série de botões e a água veio de várias posições diferentes. Então ele puxou Gabby para dentro.

— Minha camisa.

— Vai ficar muito molhada.

— Mas...

Ele a interrompeu com um beijo molhado enquanto seu corpo a empurrava contra a parede. A água caiu sobre eles como uma chuva e ela gemeu quando sentiu seu pênis contra a carne de seu abdômen. Ela tentou se esfregar contra ele novamente, mas ele se afastou dela. Em seguida, ele esguichou o gel de duche em sua mão e começou a lavá-la, demorando-se em seus seios. Ele beliscou e torceu seus mamilos até que seus seios se sentiram pesados com a necessidade e ela implorou para ele chupá-los. Mas ele ignorou seus pedidos. Continuou a lavar o resto dela em vez disso.

Quando a mão dele alcançou entre suas coxas, ele parou. A observou por um longo momento enquanto debatia seu próximo passo. Então rapidamente expos seu sexo e ela gemeu:

— Por favor.

— Você sabe o que eu quero. A escolha é sua, Gabriella.

Depois que lavou o cabelo dela, ele se lavou rapidamente, deixando-a na frente dele. Então a beijou novamente. Ele moveu a mão até o núcleo dela e começou aquela doce tortura, quase fazendo-a gozar, mas ainda negando seu prazer. Desta vez ele levou ainda mais longe. Quando ela abriu os olhos em frustração, se engasgou. Kolson estava diante dela acariciando-se.

— Tudo o que você precisa fazer é dizer as palavras e isso pode ser seu.

Ela estava paralisada de vontade e necessidade. Nunca conheceu esse desejo tão feroz como ela fazia nesse exato momento. Mas será que o risco de se permitir alguns momentos de prazer valia a pena revelar seus segredos a esse homem, esse estranho? Às vezes, no entanto, essas não eram as melhores pessoas para revelar seus segredos? Talvez ela lhe devesse dizer, se divertir e sair, para nunca mais vê-lo.

Mas ela sabia que isso não iria acontecer. Porque um gosto de Kolson Hart era como fruto proibido. Ela sabia que um gosto nunca seria o suficiente.

Sua mão agarrou seu pênis enquanto ele se masturbava. Para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Ela podia ver as veias e a cabeça gorda enquanto aumentava seu ritmo. As grossas faixas musculares de seu abdômen se destacavam, levando a um V bem definido, e Gabby sabia exatamente por que Deus havia colocado ali. Aquele V apontou os olhos diretamente para onde deveriam estar. E foi uma coisa de magnificência. Ela nunca tinha visto um homem se masturbar antes e ela estava em transe com isso. Sexy não poderia descrever o que ela estava testemunhando. Estava além do erótico. Era primitivo.

E naquele momento, mais do que tudo, ela o queria dentro dela, enchendo-a profunda e forte. Sua língua lambeu as gotas de umidade de seus lábios enquanto imaginava o que seu pênis provaria e sentiria.

Quando ele gemeu, ela também. Kolson apoiou o antebraço contra a parede do chuveiro enquanto continuava a se bombear. Seus olhos nunca a deixaram, o cabelo liso grudado na pele sedosa, os braços presos atrás das costas.

— Um dia, em vez da minha mão, será sua boceta ou sua boca, Gabriella. E você terá me contado seu pequeno segredo. Mas pense, eu poderia ter aliviado sua necessidade agora. — Sua respiração soou como se ele estivesse correndo. Gabby estava ofegante e ela estava apenas assistindo. Quando seu orgasmo chegou, ele gemeu longa e profundamente, e um fluxo de fluido cremoso grosso jorrou ao redor de sua mão. Ele o massajou no seu pênis enquanto continuava a se ordenhar. Seus olhos permaneceram nela, observando enquanto ela estava lá com a água escorrendo pelo seu corpo brilhante.

Quando ele terminou, caminhou até ela, seu corpo mal tocando o dela, e deixou a água enxaguar seu esperma enquanto ele lambia seus lábios.

— Pensar que você poderia ter provado também. — Sua mão percorreu seu corpo e se moveu para seu sexo. — Você está tão molhada por dentro quanto por fora. Que pena, Gabriella, não haverá orgasmo para você hoje.

Alcançando atrás dela, empurrou alguns botões e a água deixou de fluir. Ele tirou a camisa, envolveu-a em uma grande toalha fofa e se secou. Então ele a pegou e levou-a para fora do banheiro. Ainda embrulhada na toalha, ele a deitou na cama e abriu as pernas. Sua mão correu uma trilha de sua garganta até o começo de sua fenda.

Ela sussurrou:

— Por favor, Kolson. — Ela se contorceu.

— Diga. As. Palavras. Gabriella.

Ele levantou a perna dela e mordeu o interior de sua coxa e então a chupou até que ela tentou se soltar do aperto dele. Movendo-se para a outra coxa, ele repetiu suas ações. Ela assobiou novamente. Em seguida, a boca dele pousou no arco do pé dela e raspou os dentes ao longo dela até que ela implorou novamente. Uma emoção de prazer atingiu diretamente seu núcleo. Ela nunca imaginou que seus pés pudessem ser tão erógenos.

— Por favor.

— Conte-me.

Seu aço finalmente desmoronou e ela soltou:

— Ele me estuprou quando eu tinha treze anos e continuou fazendo isso por anos.

— E?

— Ninguém acreditou em mim.

Kolson parou o que estava fazendo. O que ela poderia querer dizer que ninguém acreditava nela?

— Repita isso.

Ela abriu os olhos e olhou diretamente para ele. Seus olhos eram tão incomuns; era impossível lê-los. Ela tirou o pé do aperto dele e se afastou dele. A última coisa que ela queria ver era outro olhar acusatório. Então ela fez o que aprendeu a fazer melhor — correr. Quando ela chegou ao escritório, ficou claro para ela que não tinha para onde ir porque estava nua.

— Onde você está indo? — Ele perguntou suavemente.

Qualquer lugar, longe, outro planeta.

As costas dela o encaravam porque ela não suportava ver o olhar de condenação em seu rosto.

Quando suas mãos agarraram seus ombros, ela quase saltou de sua pele.

— Eu não vou te machucar, Kea. Nunca faria isso.

— Talvez não por ações.

Ele virou-a e perguntou:

— Você acha que eu te julgaria? É isso?

Ela riu amargamente.

— O que você vai fazer?

— Bem, acreditar em você, para começar.

— Por quê? Dê-me uma boa razão?

Gabby estava de olhos baixos, diretos como uma flecha, preparando-se para o golpe que ela esperava vir para ela.

Ele inclinou o queixo para cima.

— Por que não acreditaria em você?

Ela bufou.

— Oh, não sei. Talvez porque ninguém mais tenha feito isso. Disseram-me que eu inventei tudo. E foi assim que ele teve liberdade para o fazer vezes sem conta. Até que ele me quebrou e eu tentei cometer suicídio. Meus pais ainda me disseram que eu estava sendo difícil e que tinha sido difícil a vida toda. Desde que nasci. “Você começou como um bebê com cólicas e não parou desde então.” Isso foi o que minha mãe me disse quando me buscaram no hospital depois que fiz isso. — Ela acenou com o pulso na frente do rosto dele. — Fui tão idiota, nem sequer conhecia a técnica correta. Pena que eles não tinham Suicídio para idiotas. — Sua voz falhou com emoção.

Kolson não riu, porque o suicídio não era uma brincadeira. Em vez disso, ele puxou-a em seus braços.

— Eu acredito em você, Gabriella. Eu acredito em você.

Ela ficou como um pedaço de madeira. Mas isso não importava para ele. Ele ainda a segurava.

— Por quê? Você nem me conhece, — ela murmurou.

— O que você quer dizer, eu não te conheço? Sei mais sobre você do que você mesma, pelo que parece. Eu sei que você é uma pessoa amorosa e carinhosa que dá tanto de si para os outros e se preocupa muito pouco consigo mesma. Também sei que você não mentiria sobre isso. Eu vi o jeito que você reagiu a ele. Esse não é o comportamento de alguém que gosta da companhia de outro. Você está com um medo de morte dele. Eu sabia que ele fez algo terrível para você e imaginei que era estupro, mas eu não tinha certeza.

— Tudo bem, — disse ela em uma voz derrotada.

— É tudo menos ok. Quantos anos?

Gabby levantou a cabeça e olhou para ele.

— O quê?

— Há quantos anos ele está controlando você?

— Desde que eu tinha treze anos. Tenho vinte e nove agora.

— Dezesseis anos. E ele nunca foi punido, foi?

Ela balançou a cabeça.

Um brilho de aço brilhava nos olhos de Kolson.

— Ele me deixou sozinha enquanto eu estava na faculdade de medicina e durante minha residência. Ele não estava por perto desde a faculdade, na verdade. Mas agora ele está de volta e eu não sei por quê.

— Gabriella, seus pais estão fodidos. Você sabe disso, não sabe? Você nunca deveria ter guardado isso para si mesma por tanto tempo.

— Eu sei, e você está certo sobre meus pais. Minha mãe é uma alcoólatra que só se importa com a bebida e meu pai só se preocupa com o modo como as pessoas pensam nele. Mas ao mesmo tempo, quando toda a sua família te abandona, isso acaba te afetando em todos os pontos que importam. Isso me quebrou, Kolson.

— Compreendo.

— Eu acho que não.

— Nunca faça suposições sobre coisas das quais você não sabe nada.

Ela se afastou do seu aperto e caminhou de volta para o seu quarto. Um cansaço tão profundo se instalou em seus ossos, ela não podia mais lutar. Não pensando no que estava fazendo, ou nas implicações por trás de suas ações, ela se arrastou sob os lençóis lisos e prontamente adormeceu.


CAPÍTULO QUINZE


Kolson observou Gabby se afastar. Ele não a seguiu, mas em vez disso cedeu-lhe algum espaço. Ele ficou curioso quando a viu se movendo na direção do seu quarto, então dez minutos depois, quando ela não voltou, ele foi checá-la.

Ele a encontrou em sua cama, aconchegada sob um monte de cobertores, dormindo profundamente. Seu rosto havia perdido as linhas de tensão e preocupação. Gabby parecia uma adolescente com o cabelo retorcido ao redor dela e os lábios macios entreabertos. Kolson teve o desejo de passar o polegar pela testa e ao longo daquele pequeno espaço entre os olhos, que muitas vezes era cheio de ansiedade.

Havia algo mais. Ele queria subir na cama e segurá-la contra ele. Não de uma maneira sexual, mas para deixá-la saber que estava segura com ele. Afastando essas ideias, foi para o seu armário para se vestir. Então arrumou mais shorts e camisetas para ela usar.

Pouco tempo depois, Sam ligou a avisar que estava subindo. Ele entrou com uma mala grande e uma valise menor.

— Quantas mais tem? — Perguntou Kolson.

— Nenhuma. É tudo, senhor.

— Eu lhe disse para fazer as malas por várias semanas. Ela pode precisar ficar aqui por muito tempo.

— Sim, senhor, mas isso é tudo. Esvaziei seu armário e cômoda. E é isso.

— Tudo? Em dois sacos?

— Sim senhor. Mas há algo mais que você precisa saber. Ele esteve lá.

— No apartamento dela?

— Sim senhor. Ele cortou algumas de suas roupas e deixou o lugar em uma bagunça. Não muito ruim, mas ele queria que ela soubesse que ele esteve lá.

— Aquele filho da puta. E eu não consigo parar de pensar que a deixei sozinha na noite passada. Graças a Deus ele não invadiu enquanto ela estava dormindo. — Kolson cerrou as mãos enquanto os músculos de suas bochechas se contraíam. — Sam, você o viu andando pelo prédio dela?

— Não senhor. Mas eu não prestei atenção.

— Sam!

— Me desculpe senhor. Acho que estava mais focado em tirar as coisas dela de lá.

Kolson esfregou o queixo.

— Sam, quando foi seu último dia de folga?

— Mais de seis semanas atrás, senhor. Quando me colocou a vigiar a Dra. M.

— Porra. Por que você não disse alguma coisa?

— Porque realmente gosto da Dra. M. e tenho me preocupado com ela.

— Vá. Saia daqui. Tire as próximas duas semanas.

— Oh, não, senhor. Não posso fazer isso.

— Sim, você pode. Chame seu irmão para acompanhar Gabriella. Eu também posso fazer isso. Depois quando ela se mudar para um apartamento novo, definimos um horário para os seus motoristas.

— Tem certeza, senhor?

As sobrancelhas de Kolson se elevaram.

— Você está duvidando da minha capacidade, Sam?

— Não, senhor.

Kolson bufou.

— Bom. Saia daqui e não quero ver seu rosto por pelo menos duas semanas.

Sam saiu e Kolson pegou o telefone.

— Lydia, você pode vir esta tarde? Odeio incomodar você no seu dia de folga, mas aconteceu um imprevisto. Ótimo. Obrigado.

Quarenta minutos depois, a governanta saiu do elevador. Lydia era uma mulher pequena na casa dos cinquenta anos, com cabelos grisalhos e olhos cinzentos afiados para combinar.

— Boa tarde, Sr. Hart. Em que posso ajudá-lo hoje?

— Obrigado por ter vindo tão em cima da hora. Vou ter uma convidada por um tempo. — Ele explicou as circunstâncias e pediu para Lydia colocar Gabby no quarto de hóspedes. — Algumas de suas coisas foram arruinadas por... bem, é uma longa história. Você pode arrumá-las para que depois eu as possa mostrar a ela?

— Certamente.Vou cuidar disso imediatamente, senhor.

Em alguns minutos, Lydia tinha as coisas de Gabriella descompactadas e instaladas no quarto de hóspedes. Quando terminou, mostrou a Kolson onde ele poderia encontrar todas as roupas destruídas. Kolson ficou enfurecido com a forma como Danny rasgou as roupas de Gabby.

Depois Lydia foi para a cozinha. Ela preparou uma lasanha de espinafre com molho béchamel. Kolson só precisava colocar no forno quando ele e Gabby estivessem prontos para o jantar. Quando ela fez a salada, foi procurar Kolson.

— Está tudo pronto, senhor. Todos os itens estão guardados e tem o jantar na geladeira. Tudo que precisa fazer é colocar no forno por uma hora a 180°C.

— Obrigado, Lydia. Você é um sonho.

— Até segunda-feira, senhor.

Ele a acompanhou até à porta e quando estava voltando para seu escritório, Gabby saiu do seu quarto.

— Sinto muito. Eu não queria dormir tanto tempo.

— Você estava cansada. — Ele estendeu a mão e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Como você se sente? — Ele queria aliviar qualquer constrangimento entre eles.

— Como se tivesse dormido por um ano. — Ela riu.

— Espero que seja uma coisa boa. Fico feliz que você encontrou as roupas que coloquei para você.

— Sim, obrigada. Essa é a cama mais confortável. É como o céu lá dentro.

— Estou feliz que você goste, Gabriella. — Ele sorriu. Ela não sabia se ele estava rindo dela ou sendo sincero. — Na verdade, gostaria que você dormisse nela comigo. Esta noite.

— Esta noite? Mas preciso ir para casa.

— Não. Não é mais seguro para você lá. Enquanto você dormia, pedi a Sam para ir na sua casa e pegar suas roupas. Há algo que preciso discutir com você. Venha e sente-se.

Uma vez que eles estavam sentados, ele explicou o que Sam descobriu.

— Você quer dizer que ele invadiu? Como ele conseguiu passar pelos porteiros?

— Não sei, mas foi uma coisa boa você ter ido correr quando o fez.

— Merda. O que vou fazer? — Ela se remexeu com a camisa, torcendo em suas mãos.

— Você não vai voltar para lá. Estou a tratar de encontrar outro apartamento para você. Enquanto isso, você ficará aqui. É seguro. E eu estou aqui. Ele não saberá encontrar-te aqui, por isso você não precisa se preocupar com nenhum problema de segurança relacionado com Danny.

— Mas e quanto ao aluguel do apartamento?

— Não se preocupe com isso. A HTS não lida apenas com transporte. Nós diversificamos para o setor imobiliário e seu prédio é um dos nossos mais recentes investimentos.

Ela franziu a testa e perguntou:

— Você é meu senhorio?

— De certa forma, sim. Não me apercebi, até que levei você para casa na noite em que Danny deixou o bilhete no hospital.

— Entendo. — Gabby juntou as mãos. A última coisa que ela queria era ser dependente de alguém. Isso não funcionaria de todo. Ela sentiu como se estivesse entre uma espada e uma parede

— Gabriella, é tudo uma grande coincidência.

— Sim. Mas sobre ficar aqui. Não me quero impor.

— Você não vai.

Ela ajeitou a camisa e esfregou-a entre os dedos.

— Além do óbvio, o que há de errado?

— Eu não posso. Ficar aqui, é isso.

— Por que não?

— Por que não. Não posso depender de ninguém. Quando minha família... — Ela balançou a cabeça e tentou se livrar daquelas lembranças terríveis.

“Você ainda não descobriu, não é? Você sempre será um constrangimento para essa família pelo que você nos fez passar. Você nos fez parecer um bando de malucos. Para nós, você sempre será aquela criança irritante. Todo esse dinheiro que gastamos com você para o seu tratamento e depois aquelas mentiras estúpidas que você contou. Então, vá para a sua escola de medicina e seja um desses psiquiatras malucos. Você vai se relacionar bem com isso. Afinal, você era mais feliz no manicômio do que quando estava conosco. Mas não volte aqui implorando por dinheiro. Além disso, duvido que você tenha o que é preciso para fazer isso sozinha. Nem acho que você tem o que é preciso para passar pela escola de medicina.” Então ele riu dela.

Ela estremeceu quando as palavras do pai se repetiram em sua cabeça. Saltando para ochão, ela correu para o banheiro, ofegando por ar. Pelo menos, jogar água fria no rosto dava-lhe a ilusão de se sentir melhor.

— Gabby, você está bem?

Porra! Claro que não, eu não estou bem! Minha vida está desmoronando ao meu redor por causa de Danny. Isso sempre volta para ele. Ele arruinou a minha vida! E isso nunca acaba!

— Hum, sim, sairei em um minuto.

Respire, Gabby. Respirações lentas e profundas. Você sabe como controlar isso, então faça.

Um minuto se passou, depois dois, e a calma lentamente penetrou nela. Quando abriu a porta, ela foi direto contra a parede impenetrável do peito de Kolson.

— Calma, lá.

— Desculpa. Não sabia que você estaria bem aqui.

Suas mãos quentes estavam em seus ombros e ela queria esfregar sua bochecha em uma delas.

— Você está bem?

Ela deu uma risada trêmula.

— Não. Estou melhor agora.

Suas mãos quentes deixaram seus ombros, mas ele procurou sua mão e a levou de volta para o sofá. Ele notou o quão pálido o rosto dela estava, mas não comentou sobre isso. Em vez disso, ele decidiu brincar com ela.

— Então, você vai me explicar sua aversão em ficar aqui comigo? São meus hábitos de vida desleixados, porque eu realmente faço a cama todos os dias? Ou é porque não faço café de manhã? Eu tenho uma daquelas coisas de café que você pode configurar na noite anterior. Ou talvez você não goste do tipo de travesseiro que tenho, porque eu posso comprar diferentes. O que é, Gabriella? Diga-me, e assim posso resolver.

Ela estava sorrindo e ele percebeu que a tinha.

— Você pendura sua toalha de banho?

— Nunca.

— Bem, então não posso ficar aqui.

— Você não me deixou terminar.

— Terminar?

— Sim, Gabriella, terminar. Eu estava prestes a dizer, nunca tiro a toalha do meu banheiro, mas vou fazer qualquer coisa por você, incluindo isso.

Brincadeira à parte, os olhos dele fixaram os dela. O ar desapareceu e não foi por causa de um ataque de pânico desta vez. Não, desta vez ela queria beijá-lo. Queria colocar a boca na dele e chupar o lábio inferior e afundar os dentes nele. Era porque ele roubou o ar da sala e ela não deu a mínima. E porque ele a fez esquecer que precisava de ar em primeiro lugar.

Sem parar para pensar, ela se inclinou contra ele e colocou as mãos no seu rosto. Seus polegares delinearam suas feições. Sobrancelhas primeiro, depois a inclinação do nariz, depois os ligeiros buracos criados pelas maçãs do rosto. Então eles se juntaram em seu queixo e seus lábios roçaram os dele, mas logo ela procurou seu alvo. Com avidez, tomou o lábio inferior dele, o que fez seu coração bater mais rápido e sua respiração mais veloz, quando ele falou ela umedeceu sua língua de vez em quando, e chupou sua boca. Brincando com isso até que ele gemeu dentro dela e seu núcleo umedeceu. Seus dentes rasparam e o morderam quando Kolson gemeu, desta vez mais alto.

Forçando sua boca longe da dela, ele disse:

— Você não pode fazer isso comigo, minha linda Kea, e esperar que não haja repercussões. Eu não posso esconder o fato de que quero você. Mas também não faço promessas. Desta vez não haverá parada.

Gabby forçou suas dúvidas para trás. Seu queimador frontal era de cem mil BTUs e ela não se importava com intromissões de conscientização. Ela também queria Kolson. Ele era uma fonte constante de distração. Precisava dele, seu corpo clamava por ele, e ela perdeu a vontade de lutar por mais tempo.

— A única promessa que peço é a honestidade. Você pode me dar isso? — Ela perguntou.

— Sim. Eu posso. Mas se você decidir dar esse salto comigo, devo avisá-la que tenho certas compulsões, se você concordar dar esse salto.

— Compulsões?

— Necessidades, compulsões, chame do que quiser. Mas você pediu honestidade e eu estou dando a você.

— Entendo. Então, o que essas necessidades implicam?

— Agora, eu gostaria de vendar você, amarrar seus pulsos em seda, rebolar na sua doce bunda e foder você até que suas pernas estejam tão fracas que você não poderia andar, mesmo que sua vida dependesse disso.

Kolson arrastou o dedo indicador do queixo para o buraco na base do pescoço. Seu sexo se contraiu tão poderosamente que ela sabia que se ele a tocasse, ela gozaria. Por causa de seu passado, ela sempre teve medo da escravidão, mas a forma como essas palavras acaloradas saíam de sua boca, ela sabia que estaria disposta a tentar isso com ele.

Quando sua respiração se agitou sobre a orelha, seu corpo se contorceu em resposta.

— Você não vai deixar a sua consciência ficar no caminho do nosso prazer, não é?

— Não é minha consciência, é o meu passado.

— Oh, Kea, não me confunda com ele. Nunca machucaria você ou faria qualquer coisa que você não aprovasse ou desejasse que eu fizesse.

Ele ergueu a mão dela e levou a ponta do dedo indicador à boca, mordendo-a e depois mergulhou fundo, sugando com força. Enquanto ele chupava, sua língua rodou a ponta até que ela gemeu.

— É isso que eu quero que sua boca faça comigo. — De repente, sua mente ficou em branco, exceto pelo que ele estava fazendo com o dedo. E suas ações tinham um caminho direto para o sexo dela.

Ele puxou o dedo e moveu a boca de volta para o pescoço dela. Sua língua traçou uma trilha abrasadora de sua orelha até seu ponto de pulsação, onde circulou ao redor, até que ela gemeu seu nome. Suas mãos apertaram punhados de sua camisa para se manter firme porque estava tonta de necessidade. O corpo de Gabby estava em chamas, respondendo a cada toque, a cada gosto. Seu cheiro limpo e levemente picante inundou seus sentidos enquanto ela inalava a fragrância inebriante. Ela abriu os olhos para vê-lo olhando para ela, e o calor fluíu para ela pelo olhar fixo dele. Sua voz carregada enviou calafrios por sua espinha quando ele perguntou:

— Então, como vai ser?

Suas narinas inflaram enquanto ela bebia seu cheiro e sabia que não podia recusá-lo. Ela ficou na ponta dos pés e passou a língua em seus lábios e depois beijou-o, chupando a língua em uma tentativa de dar-lhe a resposta.

Empurrando-a para longe, ele disse:

— Em algum momento no futuro muito próximo, esses seus lábios vão estar enrolados em algo além da minha língua, porque o seu tempo está acabando para você ter uma escolha aqui. — Então sua boca esmagou a dela quando ele a puxou contra ele, deixando-a sentir sua ereção. Ela combinou o beijo dele com tudo que ela tinha. Quando eles pararam, ele disse:

— Se você foder tão apaixonadamente como você beija, estamos indo para um passeio selvagem.

— Eu acho que você vai ter que descobrir, não é?

— Isso é um desafio? Porque posso assegurar-lhe, estou pronto para isso.

— Não é um desafio, mas um definitivo sim para suas necessidades.


CAPÍTULO DEZESSEIS


Kolson estendeu a mão e Gabby segurou. Então ele a levou de volta para seu quarto. Quando cruzaram a porta, ele a atacou. Suas costas se chocaram contra a parede, forçando o ar para fora dela. O O que seus lábios haviam formado agora estava ocupado por sua língua. Ele a beijou selvagemente, não deixando nenhuma parte de sua boca intocada. Ela cambaleou com a intensidade. Suas mãos rasgaram ao meio a camiseta que ele lhe tinha dado, então ela ficou pendurada em ambos os ombros, deixando os seios em exibição. Ele mergulhou para os mamilos e não demonstrou nenhuma compaixão enquanto chupava até que eles estivessem duros o suficiente para cortar vidro e se transformassem em uma rosa escura.

Em seguida foi seu short. Ela estava nua da cintura para baixo quando ele puxou a sua perna para cima do ombro. Ele se movia como um raio, e Gabby sentiu como se tivesse sido atingida por um quando sua boca se fixou no seu sexo. No começo, ela ficou tensa, mas ele não lhe deu tempo para pensar. Sua língua a tocou com um longo e delicioso golpe. Depois outro e mais outro, e ela gritou quando calor escaldante invadiu suas veias. Seus dedos separaram suas dobras brilhantes enquanto sua língua mergulhava em sua carne rosa e úmida, circulando e acariciando aquele pequeno broto. Ele escavou dentro dela, provando-a, dando-lhe o que ela precisava, o que ela agora implorava.

Desta vez, quando suas mãos atravessaram seu cabelo, ela não brincou. Ela agarrou com tanta força que Kolson estava absolutamente certo de que haveria fios entre os dedos quando finalmente se soltasse. Ele não dava a mínima. Ia fazê-la gozar como nunca antes. E ia ter certeza de que seria algo que ela nunca esqueceria.

Sua língua passou sobre seu clitóris, implacável em seu movimento. Franzindo os lábios sobre seu pequeno nó, ele chupou e lambeu quando inseriu dois dedos. Girando a mão, ele os fisgou para que pudessem colocar a pressão exatamente onde ela mais precisava.

Gabby tinha certeza de que Kolson poderia ler sua mente, ou pelo menos conhecer todos os segredos de seu corpo. Sua boca acariciou e lambeu-a como se a conhecesse há anos. Ela cerrou os dentes para reprimir seus gritos quando o êxtase explodiu dentro dela. Começou nos arcos dos pés e percorreu as pernas, o núcleo e depois o resto do corpo. Seu coração batia irregularmente quando gritou seu nome e depois gemeu quando suas mãos puxaram seu rosto para ela, então ele suavizou seus movimentos.

Quando ele sentiu o último de seus espasmos passar, espalhou uma série de beijos em sua barriga e se levantou, tirou a camisa rasgada e arrastou seu corpo flácido para a cama. A deitou no meio e depois que se livrou de suas roupas, se juntou a ela.

Ele procurou sua boca e ela o beijou com um fervor que o surpreendeu.

— Prove-se, Gabriella. Tão deleitável.

Ela detectou o sabor salgado e gemeu em sua boca. Ele rolou-a de lado e disse: — Eu quero olhar para você. Sua pele está corada de desejo e você é tão bonita. — Eles se encararam e ela desviou o olhar. — Não, não seja tímida. Você é uma mulher extremamente adorável. — Ele pegou o queixo e virou-a para encará-lo.

— Isso foi, hum, incrível. — Ela soltou uma risada nervosa.

— Ninguém nunca fez isso com você?

— Não exatamente.

Ela não olharia nos olhos dele, então ele levantou o queixo para corrigir isso.

— Não exatamente?

— Não a esse nível.

— Ah. Então eu sou um homem de sorte, de fato. — Seu comentário a confundiu até que ele acrescentou: — Porque você é espetacular e fico feliz por nunca ninguém ter tido o privilégio de ver, ouvir e sentir o que eu acabei de fazer.

As bochechas de Gabby queimavam com o calor. Ela não estava acostumada com homens olhando para seu corpo nu e sendo tão abertos com ela.

— Quantos parceiros sexuais você teve?

Não só isso era uma pergunta inesperada, mas a audácia disso a chocou.

— O quê?

Em uma voz rouca, ele disse:

— Responda-me.

— Dois. Apenas um por escolha. — Sua voz tremeu quando ela respondeu.

— Então, presumo que você está limpa?

— Claro. — O olhar que ela deu a ele estava murchando. — E você? Quantas parceiras você já teve?

— Não incluindo você, acho que podem ser dezoito ou vinte repetidas, mais ou menos.

— Repetidas?

— Sim. Isso não inclui aquelas de uma só única noite.

Ela engasgou e se moveu para se levantar. Mas ele não aceitou essa atitude. A empurrou de volta para baixo.

— Por que você me julga? Só estou sendo honesto.

— Mas vinte? Mais ou menos? Não incluindo os casos de uma noite só? Que diabos você é? Uma máquina de sexo?

Ele riu.

— Não, eu não acho, mas vou deixar você ser a juiza disso. A última vez que chequei, era um homem. — Para enfatizar seu comentário, seus olhos deslizaram para o seu pau e depois de volta para cima, e sorriu. Então seu rosto ficou sério novamente. — Mas não tenho uma contagem exata das minhas parceiras sexuais. Estou limpo. Eu faço testes depois de cada parceira. E sou honesto sobre minha história sexual com todas as mulheres com quem durmo. Assim como estou sendo com você.

Por mais que gostasse de encontrar falhas em suas ações, ela não podia negar a honestidade brutal por trás de suas palavras.

— Eu quero pegar você, Gabriella. Mas não farei isso sem a sua permissão. Diga-me que pode seguir em frente e eu vou fazê-lo.

— Tenho como que me preocupar?

— Você tem tudo com que se preocupar. Depois que eu te foder, você nunca mais será a mesma. E isso é uma promessa.

— A sério? Você parece muito seguro de si mesmo, bonitão.

— Você não tem ideia. Mas logo o fará. — Sua mão moveu-se nas grossas ondas de seu cabelo. Então ele os envolveu em torno de seus dedos e puxou, levando sua cabeça para trás para que pudesse ter acesso ao pescoço dela.

— Acho que estou tendo dificuldade em ficar longe de sua pele bonita. Você tem um gosto tão doce. — Seus lábios começaram a provocá-la, enviando correntes de calor líquido ao longo de suas veias. Não demorou muito para que a mão de Gabby estivesse envolvida em torno de seu pênis e estivesse guiando em direção a ela.

— Gabriella, você não está esquecendo algo?

— O quê?

— Um preservativo? Isto é, a menos que você tenha um desejo de sexo desprotegido?

— Estou tomando pílula porque tenho problemas com meu período, não que você precisasse saber disso, mas se você está certo de que está limpo e eu sei que estou, qual é o sentido? Estou protegida contra a gravidez.

— Você tem certeza disso? Porque eu não quero que você tenha dúvidas.

— Tenho certeza.

Ela segurou seu pênis e foi então que notou seu piercing. Como poderia ter perdido isso durante seu pequeno show no chuveiro? Ela tocou levemente com o dedo indicador, percorrendo as bolas de cada lado da cabeça grossa. Quando ela fez, ele suspirou.

— Isso machuca? — perguntou curiosa.

— Pelo contrário.

— Como é?

— Vou deixar você me dizer. Depois.

— Nunca vi um desses.

— Eu acho que você vai ser agradavelmente surpreendida.

— Estou com medo, Kolson. — Seus olhos encontraram os dele e ele viu medo neles.

— Ah, minha Kea, não tenha. Não vai te machucar. Está lá para o seu prazer também.

— Não, eu não tenho medo disso. É só... já faz muito tempo. Para mim.

Ele acariciou seu pescoço.

— Entendo. Nesse caso, vamos devagar. Você define o ritmo. Nós podemos parar quando quiser. Tudo o que você precisa fazer é conversar comigo... diga-me. Isso é tudo sobre o seu prazer. — Enquanto falava, ele esfregou seu comprimento para cima e para baixo em sua fenda, girando e pressionando a cabeça contra o clitóris. Sua respiração veio em suspiros quando sua excitação aumentou.

— Isso é bom?

— Sim, — ela respirou.

Ele envolveu a mão dela em torno de seu pênis e guiou a ponta para dentro dela. Então ele assumiu, rolou de costas, e puxou de volta, provocando seu clitóris.

Ela se contorceu debaixo dele e disse:

— Oh Deus, eu preciso de você. — Como uma amante que não era experiente na arte do prazer, Gabby não estava familiarizada com a abundância de sensações que estava sentindo.

— Sshh, — sua boca contra a dela, — devagar. Deixe-me fazer isso devagar. — Ele brincou com seu pênis até que ela estava implorando, e então ele entrou nela, centímetro por centímetro dolorido.

— Ah, você é tão apertada.

Kolson sentiu seu corpo todo tenso e parou.

— Você está bem?

Ele foi surpreendido com o silêncio. Suas mãos emolduraram seu rosto enquanto passava a ponta do nariz ao longo da bochecha dela. Ela sentiu o fôlego dele em seu rosto.

— Por favor, fale comigo, Gabriella. Preciso saber o que está acontecendo em sua cabeça agora. Isso é tão importante para você quanto para mim.

— Umm-hmm. Dê-me um segundo.

— Respire, preciso que você relaxe.

Sua boca foi para o canto dela, e seguiu até o seu pescoço. Em pouco tempo, ela esqueceu o desconforto e sentiu uma necessidade ardente por ele, então inclinou os seus quadris para os dele. Ele retirou-se um pouco e empurrou de volta e quando seu piercing tocou aquele ponto perfeito dentro, ela engasgou, — Ah, oh, Kolson. — O sentimento foi além de espetacular, enviando calafrios internos percorrendo seu corpo.

— Fale comigo, minha linda Kea. O que eu disse anteriormente sobre compulsões... necessidades. Não é sobre isso agora. Deixe-me cuidar de você, Gabriella. Eu sei que você está com medo, mas não vou te machucar. — Ele torceu os quadris e empurrou contra os dela.

Entre as respirações, ela ofegou:

— É uma sensação... incrível.

Ele sorriu para ela.

— Bom. É assim que deve ser. Como eu quero sentir isso. Seu prazer é tão importante quanto o meu. Solte-se.

Ele levantou a perna dela e a trouxe sobre o quadril para que ele pudesse balançar dentro dela, e uma sensação de plenitude incrível tomou conta de Gabby, enviando impulsos trêmulos dentro dela. Seus dedos rolaram seu mamilo endurecido enquanto ela enterrava o rosto em seu pescoço, inalando seu cheiro. Seus movimentos eram ferozes, mas gentis ao mesmo tempo, e era muito, muito para Gabby absorver. Nunca sentiu essa proximidade com alguém.

Mas então ele parou. E da posição levantada em seus cotovelos, ele olhou para ela, através dos olhos fortemente pálidos, enviando seu coração em um galope completo. A boca do estômago se contraiu quando a mão dele empurrou seu cabelo e seus lábios procuraram os dela.

— Me beije de volta. Eu preciso te foder com a minha boca. Você é tão perfeita.

Gabby queria congelar esse momento no tempo. Tudo sobre isso era tão carnal, tão erótico, e não havia uma molécula em seu corpo que não o sentisse.

— Eu amo seus lábios, Kolson.

Isso trouxe outro sorriso.

— Boa. Porque eles vão ficar muito em todo o seu corpo.

Ele se moveu dentro dela mais uma vez, sua língua torturando sua boca com perfeita precisão, assim como seu pênis se enterrava nela. Seu piercing massageava o lugar dentro dela que fazia seu prazer espiralar até explodir em um milhão de cacos. Ela gritou quando suas unhas arranharam a pele de seus braços. Seu orgasmo foi selvagem quando bateu nela, enviando onda após onda de prazer por todo seu corpo.

E então ele puxou para fora. Gabby achava que ele estava sendo cruel. Ela gritou quando os últimos espasmos apertaram seus músculos internos, e ele riu.

— Oh, eu não acabei com você. Apenas comecei. De barriga e abra as pernas para mim.

Quando ela estava em posição, ele enfiou um travesseiro sob seus quadris e depois cobriu seu corpo com o dele, sem colocar seu peso sobre ela. Ele esfregou seu pênis para cima e para baixo em sua fenda, provocando seu clitóris enquanto ela gemia.

— O que você quer, Gabriella? — Sua respiração emplumada sobre sua orelha, fazendo com que seu coração gaguejasse.

Gabby não conseguia falar, ainda superada com o tremor de seu clímax.

Ele esfregou a face eriçada contra a dela e perguntou:

— Devo continuar?

Ela só podia assentir.

Ele puxou seus braços acima de sua cabeça e segurou-os quando entrou nela. Ela gritou quando ele começou a empurrar novamente. Ele era rápido e poderoso alternando com lento e gentil, provocando-a até que ela era uma coisa selvagem, implorando por mais. Ele puxou uma das pernas dela e dobrou-a no joelho, abrindo-a ainda mais para ele. Ajoelhando-se, ele a segurou pelos quadris e continuou se movendo. A respiração de Gabby veio em rajadas curtas e todos os seus músculos ficaram tensos enquanto ela perseguia outro orgasmo. Quando Kolson sentiu que se aproximava, ele abrandou e pairou em sua entrada, provocando-a.

— Não! Eu preciso disso. Por favor, Kolson.

— Ainda não.

Quando ela estava quase lá de novo, tão perto, ele cessava seus movimentos e ela queria gritar.

— Agora, Kolson!

O tapa em sua bunda a chocou. Ela não estava esperando por isso. Em absoluto.

— Eu disse, ainda não. — E ele bateu nela novamente.

Depois da quinta vez, ela estava gemendo e sua bunda estava ardendo como fogo, mas seu coração disparou com um tipo diferente de calor.

— Agora? — Ela o testou.

— Se você não parar de perguntar, eu vou usar algo em você além da minha mão. É isso que você quer?

— Sim! Eu preciso gozar. Por favor, Kolson.

— Você não está escutando, Gabriella. Sem pedir e sem exigir.

Kolson se levantou e Gabby perguntou:

— Onde você está indo?

— Sem perguntas!

O silêncio seguiu e então ela o ouviu revirando. Quando ele voltou, lhe disse para fechar os olhos. Sentiu a seda fria deslizar sobre os olhos e sentiu-o amarrar um nó atrás da cabeça.

— Então você está me vendando, afinal?

— Nenhuma pergunta. Nos seus joelhos.

— Sim, senhor, — disse ela, escorrendo sarcasmo.

— Você vai perder o sarcasmo em um momento.

— O que você está fazendo?

— E isso, Gabriella, foi sua última pergunta.

Paulada. Paulada.

Ele a espancou novamente, mas não com a mão desta vez. Foi algo menor. Um remo estreito? Ela assobiou quando picou sua bunda. Mas também a despertou. Imensamente. Ela queria tocar sua pele para sentir o calor... para ver o quão quente sua carne estava. Queria saber se estava tão quente por fora quanto por dentro. Toda vez que o remo a ferroava, seu desejo subia mais alto.

— Oh, Gabriella, eu queria que você pudesse ver o quão perfeita sua bunda parece agora que é toda rosa do remo. Quase combina com sua boceta.

Ela estava se contorcendo contra ele, não só pela picada, mas porque desejava o toque dele. Ela queria o pau dele dentro dela.

— Kolson.

— Sshh, sem palavras. — Ela sentiu seus lábios beijando suas bochechas quentes. Então ele parou.

Quando ela tentou levantar a bunda mais perto dele, ela não estava preparada para o que ele fez em seguida. O gelo cobria sua pele onde ela queimava. A combinação enviou arrepios percorrendo seu corpo e ela gritou com a sensação intensa. Seus dedos gelados puxaram seus mamilos duros como pedra e ela quase gritou.

— Silêncio.

Ela quase mordeu a língua para ficar em silêncio. Sua palma estava na bunda dela novamente, trabalhando outro cubo de gelo ao redor. Então ele moveu para a fenda dela e ela gemeu quando sentiu o contraste de calor e gelo. Gabby engasgou quando ele esfregou os dedos para cima e para baixo em seu sexo, espalhando sua umidade ao redor, mas quando ele bateu seu clitóris com o remo, ela chegou ao clímax com um grito. Os espasmos eram incessantes, mesmo que ele tivesse parado todo movimento.

— Eu não lhe dei permissão para gozar, Gabriella. — Sua voz era baixa e rouca, mas sua pele se esticou com antecipação.

Antes que ela soubesse o que ele estava fazendo, sua bunda estava em chamas novamente com a picada do remo.

— Você só goza quando eu digo isso. Você entende?

— Sim. — Ela tremeu quando tentou segurar um gemido.

O gelo a tocou novamente. Desta vez, ele colocou o cubo dentro dela e acrescentou outro. Então ele deixou seu dedo circular seu clitóris e arrastou-o para cima e para baixo ao longo dela, parando para massageá-la enquanto ela arqueava as costas e pressionava em direção a ele. Ela gemeu e mordeu o lábio com tanta força que sentiu gosto de sangue.

— Você está pronta, não está? Você está pronta para me sentir dentro de você?

— Sim, Deus, sim!

Ele pegou os polegares e abriu as bochechas da bunda dela.

— Você é tão linda aqui embaixo, Gabriella. Todo bom e brilhante. Algum dia, eu vou ter você aqui também. — Ele pressionou levemente o polegar em seu pequeno botão de rosa e ela estremeceu em resposta. Então ele tirou a venda dela. — Mas não hoje. Levante a cabeça e olhe para o espelho. Assista quando eu te foder. — Então ele tomou seu tempo doce empurrando nela, saboreando cada centímetro, e ela gritou seu nome quando ele finalmente atingiu o lugar que ela amava. Um empurrão provocante, dois, então ele entrou nela com força, enchendo-a de novo e de novo.

— Olhe no espelho ou eu vou parar.

Quando olhou para cima, ela podia assistir Kolson transando com ela no espelho enorme na cabeceira da cama. Outro espelho estava pendurado na parede oposta. Gabriella tinha uma visão frontal e traseira que continuava pelo infinito.

— Ah, eu vejo que você pegou, não é? Você tem uma bunda tão boa. As coisas que eu poderia fazer para isso.

— Faça-as, — ela gritou. Ela se surpreendeu com essas palavras.

— Eu vou. Mas não hoje. Levante seus braços e coloque-os em volta do meu pescoço. Agora sente-se em mim. Eu quero que você veja todo o seu corpo enquanto eu te fodo.

Ela fez e soltou um suspiro alto quando ele empurrou todo o caminho para dentro dela. Seu piercing aterrou em seu ponto G novamente e ele a encheu tão fundo, esticando-a para o limiar da dor do prazer, sua cabeça rolando para a frente e para trás contra o peito dele. Ele a observou enquanto a pegava por trás; Gabby também assistiu, quando ela era coerente o suficiente para vislumbrar. Sua mão se moveu ao redor de seu corpo, abrangendo seus quadris enquanto seu dedo brincava com seu clitóris enquanto ele beijava seu pescoço e ombro. Ele trabalhou os mamilos com a outra mão enquanto se movia. Mas ele nunca parou de pulsar seus quadris dentro e fora dela.

Ele rolou-a de costas e passou as pernas pelos braços. Ele bateu nela, os músculos em seu pescoço, e disse:

— Deixe ir agora. Não posso mais segurar isso. — Ela sentiu o calor dele dentro dela enquanto ele se derramava nela, e foi quando ele a levou para outro orgasmo glorioso, seus músculos internos o apertando secamente.

A mão dela entrou no cabelo dele e ela puxou a boca dele para a dela, seus lábios colidindo, enquanto eles provavam um ao outro.

Gabby ficou abalada. Ela não tinha certeza se tal sexo épico era porque tinha sido espancada ou se era simplesmente Kolson. Seja qual for o caso, ele estava certo. Ela tinha tudo para se preocupar e Gabby sabia que nunca mais seria a mesma.

— Não se mova. — Ele se levantou e voltou com um pano quente para limpá-la. Então ele a puxou de volta em seus braços. — Como você está se sentindo?

Ela sorriu e disse:

— Eu estava certa.

— Sobre o quê?

— Você é uma máquina de sexo.

— Hmm. Acho que vou aceitar isso como um elogio, mas esse comentário pode exigir outra palmada.

— O que você estava usando, afinal?

— Isso. — Ele levantou uma pá de couro muito estreita.

— Agora sei por que minhas nádegas estão pegando fogo.

— Sim, tem isso. Eu deveria ter te avisado. Desculpe. — Então ele sorriu. — Valeu a pena?

— Raios sim. E o gelo. Mmm.

— Gostou disso, né? Vou ter que lembrar.

— Sim, por favor, faça.

— Gabriella, até onde você está disposta a ir?

— Não tenho certeza do que você quer dizer.

— Não pense sobre a questão. Apenas responda. Se você confia em mim para não te machucar, e eu prometo que não vou, até onde você está disposta a ir?

— Não quero usar um desses fatos de borracha com uma mangueira de ar ou qualquer coisa assim.

Ele soltou uma gargalhada.

— Não se preocupe com isso. Algo mais?

— Sem vários parceiros.

Seus olhos escureceram.

— Eu nunca compartilho. E isso funciona para os dois lados. Somos apenas nós dois. E se você decidir que quer sair, me avise antes de dormir com outra pessoa, porque isso afeta nossa saúde sexual. Você concorda?

— Absolutamente. Não durmo por aí. Obviamente, ou eu já teria mais parceiros agora.

— Algo mais? Você tem alguma aversão? Como brincadeira anal?

— Não, não realmente, embora nunca tenha feito isso. Mas sem exibicionismo.

— Você já fez isso? Exibicionismo?

— Não, mas tenho uma reputação a defender.

— E eu também, mas isso é feito anonimamente.

— Vou dizer não a isso.

— OK. O exibicionismo é um limite difícil para você. Algo mais?

— Não quero colocar essas coisinhas de borracha na minha boca.

Kolson riu.

— Oh, querida, você não precisa se preocupar lá. Eu gosto muito de ouvir os seus sons sensuais e sua voz

Gabby engoliu em seco. Sua voz a fez vibrar lá embaixo. Como isso era possível depois de todos os orgasmos que ele acabara de lhe dar?

— Tudo isto é tão estranho para mim, não sei se consigo pensar em mais alguma coisa.

Ele assentiu.

— Se você fizer, apenas fale ou se eu apresentar algo que não agrada a você, diga-me.

— Eu direi.

— Brinquedos estão bem? — Ele perguntou com um sorriso.

— Como vibradores?

— Sim e outras coisas. Floggers, gravatas de seda, gostaria de te ver com um pouco de couro, e talvez alguns brinquedos anais. Uma barra de propagação. Mas por favor, tenha em mente que eu nunca machucaria você.

— Eu percebo isso.

— Bom. — Ele pegou a ponta do dedo indicador e traçou o contorno de ambos os mamilos. — Talvez alguns grampos de mamilo. Mas agora acho que precisamos te colocar no banho. Isso vai acalmar suas lindas bochechas.

Gabby assentiu, mas quando tentou seguir Kolson, suas pernas estavam bambas e ela mal conseguia andar.

— Raios, você me bateu e me fodeu até eu não poder andar.

— Eu nunca quebro uma promessa. Eu e meus maus caminhos. — Ele a levantou e a carregou.

— Acho que sou uma covarde.

— Nem um pouco. Você fodeu muito e nunca implorou por misericórdia.

— Você está muito orgulhoso de suas habilidades, não é?

Ele lançou-lhe um sorriso triunfante.

— O que você esperava? Minhas habilidades são loucas.

Ela só balançou a cabeça em retorno.

— Você é um pouco convencido, não é?

Ele olhou para baixo e depois para ela e encolheu os ombros. Ela não pôde evitar balançar a cabeça.

Ele ligou a água e acrescentou sais de Epsom ao banho. Quando a água estava alta o suficiente, eles entraram e ele puxou Gabby para baixo em seu colo.

— Não quero que você esteja muito dolorida amanhã. Eu tenho um pouco de creme para esfregar na sua pele quando terminarmos, mas acho que você ficará bem.

— Eu tenho certeza que vou ficar bem.

— Deixe-me ser o juiz disso.

— Ei, eu sou médica, você sabe.

— Sim, mas eu sou o especialista com essas coisas.

Ela franziu o rosto para ele.

— Você já fez sexo normal?

— O que você quer dizer? Isso foi sexo normal.

— Isso não foi. Bater e dar palmadas. Isso foi tudo menos normal.

— Eu nunca uso marcas ou rótulos para o que faço. Para mim, o que acabamos de fazer foi sexo fantástico. Chame do que quiser, mas foi algo que satisfez minhas necessidades. E pelos olhares e sons que emanaram de você, satisfez muito bem as suas também. Você sabe quantos orgasmos teve?

— Oh não.

— Bem, eu sei. Três, não incluindo o que você teve na minha língua. Então eu acho que você gostou muito do que fiz. Chame o que quiser, mas ver você gozar era o meu objetivo e acho que o consegui.

Ela corou.

— Justo. Mas por quê a surra?

— Por que não? Você não gostou? Isso fez você chegar ao clímax pelo menos uma vez. Provavelmente mais indiretamente. E por favor, não fique envergonhada. Precisamos de linhas abertas aqui.

— Sim, eu adorei. E você sabe que adorei.

— Então, por quê a pergunta?

Ele colocou os braços em volta dela e puxou-a para o seu colo.

— Hum, isso é o que eu acho que é? — Ela perguntou quando ele a posicionou contra seu pênis endurecido.

— Hmm.

Ela se virou no colo dele e o encarou.

— Como isso é possível?

— Eu sou viril.

Ela não conseguiu se impedir de dizer:

— Oh, por favor.

— Ei, você é quem teve todos os orgasmos, não eu.

— Bom ponto. Me fale sobre o seu piercing.

— Me fale você sobre o meu piercing.

Ela o considerou com sinceridade.

— Eu adorei. É o sonho de toda mulher.

— Bem dito,— ele piscou.

Seus lábios estavam a centímetros dos dela. Ela o beijou.

— Tudo bem?

— Por que não estaria? — Sua pergunta o surpreendeu.

— Porque você era tão dominante há alguns minutos atrás.

— Então, na cama é uma coisa. Em todo lugar é outro. E nem sempre tenho que ser o dominante. Eu posso ser o cara mais doce se você quiser. Gabriella, você pode me beijar sempre que quiser. Seus lábios são um prêmio para mim. O melhor prêmio. Nunca se segure.

— Obrigada.

Suas sobrancelhas dispararam diretamente para sua linha do cabelo.

— Por dizer que está tudo bem em me beijar?

Ela socou o ombro dele.

— Não bobo. Por me deixar ficar aqui. Não sei o que eu teria feito sem você.

— Talvez eu tenha um motivo oculto.

— Eu certamente espero que sim. — Gabby piscou.

— Levante um segundo.

Ela fez e isso deu a Kolson apenas espaço suficiente para ele deslizar nela.

— Está bom assim?

Gabby suspirou.

— Acho que minha bunda não será a única coisa que vai ficar dolorida amanhã.

— Não se preocupe. Eu vou beijar sua boceta linda e fazer tudo melhor.

Sua respiração ficou presa na garganta enquanto ele se movia lentamente dentro dela.

— Eu quero chupar seu anel do mamilo.

— O que você está esperando, Kea? — Sua mão se moveu entre eles e ele segurou seu sexo.

Ele avançou para dentro e para fora dela e ela engasgou:

— Oh meu Deus, isso é bom.

Gabby se fundiu no olhar fixo de Kolson.

— Imagine que é o seu piercing no mamilo e faça comigo o que você acha que seria bom para você, — disse ele.

Ela engoliu em seco. Olhando para a maldita coisa quase a fez gozar.

— Eu não tenho certeza se isso é mais emocionante para você ou para mim. — Ela colocou os lábios ao redor e suavemente chupou. Girou levemente a parte de cima, tocando-a suavemente com a língua. Kolson torceu os quadris contra ela e ambos gemeram, então ela adicionou mais sucção e pressão ao piercing.

— Oh, foda-se, Gabriella. Pare.

Ela olhou para ele e suas mãos foram para seus quadris quando ele começou a empurrar rapidamente para ela. Não tirando os olhos dele por um segundo, eles se observaram enquanto a excitação aumentava, e Gabby montou em Kolson com força. A água espirrava por toda parte, mas nenhum deles se importava.

Quando ele parou, ela começou a protestar, mas ele a interrompeu e disse — Levante-se. — Ele a empurrou para lhe dar um impulso. Ele estava bem atrás dela quando lhe disse para se inclinar sobre o lado da banheira. Então ele voltou a entrar nela e ela achou que não conseguia se segurar.

— Eu vou cair.

Ele colocou o braço em volta da cintura dela e disse:

— Eu não vou deixar.

Ele tocou em lugares tão profundos, Gabby gemeu.

— Oh meu... Kolson. Eu estou...

Ele olhou para a cena que ela fazia, com as costas arqueadas e esticadas sobre a borda da grande banheira de hidromassagem. Kolson sabia que a imagem ficaria impressa em sua cabeça por muito tempo. Os globos cremosos da bunda dela brilhavam, e sua boceta rosada implorava por mais dele. Sua juba escura estava pendurada até a metade na água, encharcada e emaranhada, e tudo o que Kolson queria fazer era tomar tudo naquele momento.

Ele colocou o dedo em sua fenda e correu em torno de sua pequena protuberância, e depois esfregou-a quando um longo e lento gemido escapou dela.

— Oh, Gabriella. Eu gostaria que você pudesse ver como está linda agora. Sua pele está molhada, brilhante e corada.

— Ah, Kolson.

Ele empurrou nela novamente e novamente.

— Me diga o que você quer.

— Você. Eu quero você.

— Para fazer o quê?

— Continuar me fodendo.

— Por quê?

— Ah... eu... ah... quero que você me faça gozar.

— Foda-se, Kea, eu vou. Eu vou fazer você gozar. Duro.

Seus dedos afundaram em seus quadris e ele se balançou dentro dela e ela se sentiu o apertando dentro.

— Sim, Gabriella. Deixe ir. — Ele moveu a mão de volta para o sexo dela e então ela gritou seu nome enquanto seu clímax a fazia cambalear.

Ele seguiu o dela e depois, disse:

— Você é tão linda assim.

A cabeça de Gabby girou no rescaldo e ela sabia que não poderia ficar de pé sozinha.

— Kolson, eu vou entrar em colapso.

— Não, eu não vou deixar você. — Ele puxou para fora com um suspiro, colocou-a em cima de seu colo, e a beijou. — Você tem alguma ideia de como você é cativante?

Seus braços embalaram-na e ela se sentiu tão segura como sempre. Ela traçou seus lábios com o dedo e sorriu.

— Não, mas você pode me dizer.

— Eu tenho que te mostrar. E algum dia vou fotografar você. Eu quero olhar para você todos os dias, assim mesmo.

— Não, não há fotos nuas.

— Por quê? Você é tão bonita.

— Elas poderiam vazar.

— Eu nunca deixaria isso acontecer. Você é perfeita demais para não olhar, Kea. — Ele se inclinou e beijou o nariz dela. — Talvez devêssemos sair daqui antes de ficarmos permanentemente enrugados.

Gabby assentiu, mas ela não poderia ter se importado menos. Esta era a primeira vez em sua vida que ela se lembrava de ser verdadeiramente cuidada e se sentia como se estivesse na terra dos sonhos.


CAPÍTULO DEZESSETE


Kolson não era de sentir muita emoção pelos outros. Mas de alguma forma, Gabby conseguiu penetrar em suas barreiras. Sim, ele a queria sexualmente, agora mais do que nunca desde que teve o primeiro gosto requintado dela. Mas era mais que isso. O sádico que estava tentando chegar a ela, deveria ficar de olho nas suas próprias costas. Kolson não ia deixá-lo chegar perto dela, se ele pudesse evitar.

Eles se sentaram no balcão, terminando a deliciosa lasanha de espinafre de Lydia.

— Diga-me, — disse ele.

Ela engoliu sua mordida e perguntou, sorrindo — Te dizer o quê?

— O que Danny fez com você?

O garfo escorregou de sua mão e caiu no chão. Ela se inclinou para recuperá-lo quando a voz dele a deteve.

— Deixe-o, — disse enquanto envolvia a mão em torno de seu pulso. — Acho que você já sabe que pode confiar em mim. Gabriella, sei que o que ele fez com você foi horrível. Mas saiba que... Eu vou acreditar em tudo que você vai me dizer. — Ele moveu seu aperto do pulso para a mão dela e apertou-a. Ela sentiu seu calor fluir para dentro dela e inalou o nó em seu peito.

— Eu nunca contei a ninguém. — Sua voz tremeu. — Além de meus pais e irmão, — ela apertou os lábios trêmulos entre os dentes. Ela odiava pensar nisso, muito menos falar sobre isso. — Meu psiquiatra também, é claro.

— Você pode me dizer. Não vou te julgar, eu só vou apoiar você. Essa é a minha promessa.

Com o cenho franzido, ela o perfurou com o olhar. A honestidade crua a encarou de volta. Sua mão ainda segurava a dela enquanto ele assentia em encorajamento.

— Ele começou a me estuprar quando eu tinha treze anos. Continuou até eu ir para a faculdade de medicina. Claro, depois que saí de casa para a faculdade, era menos frequente. Ele obviamente era muito mais forte, maior do que eu. A primeira vez aconteceu quando ele estava cuidando de mim. Ele disse que realmente me machucaria se eu contasse. Eu estava tão... — Ela inclinou a cabeça em vergonha. — Depois, eu estava sangrando e ele me forçou a entrar na banheira e me esfregou lá embaixo. Ele me fez vê-lo fazer isso. — Ela estremeceu.

Kolson teve que se forçar a permanecer calmo. Danny era um maldito pervertido que não só molestou uma menina, mas também realizou atos obscenos nela depois.

— Quando minha mãe e meu pai chegaram em casa, eu não saí do meu quarto o resto da noite. Danny disse que eu tinha sido rude com ele, então me mandou para lá. Eles acreditaram nele. Então, duas semanas depois, ele voltou, para ser babá de novo. E adivinha o que ele fez? Mas desta vez ele foi esperto e me amarrou para que eu não pudesse arranhá-lo. Ou deixar algumas marcas. Ele me disse que se eu dissesse alguma coisa, ele me machucaria ainda mais na próxima vez. Então eu não contei. Ele continuou por dois anos antes de eu dizer qualquer coisa. Ele ameaçou matar minha mãe. A única coisa com que ela se importava era conseguir sua próxima bebida, ela é uma alcoólatra. Meu pai só se importa com as aparências, o que as pessoas pensam dele e da família. Ele encobriu o problema da minha mãe por anos. Então, quando finalmente tive coragem de contar ao meu pai, ele disse que eu era mentirosa e uma encrenqueira. Danny e meu irmão foram sempre próximos, então meu irmão também achou que menti. E Danny ganhou. Meu pai basicamente deu a ele licença para continuar. E ele fez. Repetidamente. Ele me fez todos os tipos de coisas horríveis.

— Ele arruinou a minha vida e ainda não tenho ideia do porquê. Por que ele me escolheu? O que lhe fiz para fazê-lo me odiar tanto. Ele é três anos mais velho do que eu e disse a todos que eu era uma prostituta. A notícia se espalhou na minha escola, porque todo mundo o conhecia. Todos os meus amigos me abandonaram. Fiquei retraída e deprimida. Foi quando fiz isto. — Ela levantou o braço.

— O que disse o seu médico?

Ela soltou uma risada abafada.

— Eu disse a verdade à minha médica. Mas também lhe disse que se ela fizesse um grande drama, eu negaria tudo. Mas foi assim que acabei na faculdade de medicina, para aprender como ajudar pessoas abusadas como eu. Eu sei como é terrível passar a vida sentindo medo o tempo todo. Sentir medo da sua própria sombra. Mas a pior parte foi quando a minha família ficou do lado dele. Quando eles não acreditaram em mim. As cicatrizes que deixaram em mim estavam muito além disso. — Ela estendeu o pulso. — É por isso que eu não confio em ninguém ou compartilho esse terrível segredo, porque se meus pais e meu irmão não acreditaram em mim, por que razão mais alguém iria acreditar?

— Eu acredito. Eu acredito em você, Gabriella. Não sei por que eles não acreditam, mas eu sim. Que Deus me ajude, eu juro que sim. — Então ele levantou o braço, virou-o e beijou suas cicatrizes. — Se você alguma vez se sentir insegura, você vem a mim. Como você fez isso? Quero dizer, estudar para entrar na faculdade se você estava tão deprimida?

O sorriso que se espalhou pelo rosto de Gabby pegou Kolson de surpresa.

— Foi a minha salvação. Eu fiz disso o objetivo da minha vida. Eu estava determinada a fazer isso para poder ajudar os outros que estavam no meu lugar. Então coloquei tudo o que tinha dentro e tirei minha mente do que estava acontecendo. Meu psiquiatra foi quem sugeriu que eu fizesse isso. Claro que eu estava tomando antidepressivos também. Mas mergulhei de cabeça em meus estudos e valeu a pena. Eu sempre fui uma nerd dos livros.

Kolson olhou para ela com admiração.

— Você é uma inspiração. Você deveria ser uma palestrante motivacional.

— Não. Eu só acredito que você pode fazer qualquer coisa se você colocar sua mente nisso. Mas você tem que se lembrar que é minha paixão. E tornou-se a família que eu não tinha.

A expressão de Gabby ficou sombria.

— O que é isso?

— Ele me assusta, Kolson. Eu não sei o que ele quer de mim.

— Eu sei.

— Então me diga, porque eu quero saber. Quero que ele pare.

— Você. Ele não vai parar até ter você.

— Mas...

— Ele quer te possuir, Gabriella. Em seu próprio jeito doentio, é o que ele quer. Pense sobre isso. Você é a especialista aqui.

— Então você realmente acha que ele é um verdadeiro perseguidor?

— Eu acredito que ele é.

— Então preciso chamar a polícia.

— Mas há um problema com isso. Porque você nunca relatou o crime quando tudo começou a acontecer e seus pais nunca fizeram a devida diligência, a polícia está muito desamparada aqui. Podemos ligar para eles e informá-los, mas eles realmente não podem fazer muita coisa neste momento. É a sua palavra contra a dele.

Seus ombros caíram enquanto ela o ouvia. A verdade a atravessou, mas ela sabia que ele estava certo. Kolson se levantou e foi lhe servir um copo de uísque.

— Pegue. Beba isso.

— Eu não bebo licor marrom.

— Bem, como não tenho Sugar Tits, isso é o melhor que posso arranjar.

A sua deixa trouxe um leve sorriso para seus lábios, então ela pegou o copo e tomou um gole.

— Beba.

Segurando o copo, ela jogou de volta o conteúdo e quase engasgou com a queimadura.

Ele deu um tapinha nas costas dela para aliviar a tosse, e ela balbuciou:

— Essa coisa é má!

— Primeira vez, hein?

— Uh, sim, e a última vez, eu acredito.

— Penso que não. — Ele voltou a encher o seu copo e lhe devolveu. — Agora, este é o que você vai saborear.

Seu estômago queimava do primeiro copo e ela o massajou quando alcançou o copo.

— O que é isso?

— Evan Williams 23. Ele vai acabar com sua agonia. Garantido. O primeiro era apenas um Bourbon vulgar. Mas este é de classe própria.

Desta vez, o gole aliviou sua garganta e criou um calor suave misturado com notas de chocolate amargo e ameixas. Ela rodou em torno de sua boca e enquanto cobria sua língua, ela se viu querendo gemer.

— Meu Deus, isso é maravilhoso!

Kolson deu uma gargalhada.

— Você deveria ver sua expressão em seu rosto. Quase coincide com a que você teve ao gozar quando eu estava dentro de você.

Sua cabeça virou e seus olhos encontraram os dele. Outra gargalhada escapou dele.

— Agora suas bochechas são da cor das papoulas. — Ele passou o dedo pela maçã de uma bochecha. E ele baixou a cabeça, tocando seus lábios nos dela por um segundo. Em uma voz rouca, ele acrescentou: — E seus lábios são quentes e convidativos.

— Eles devem estar quentes depois daquela bebida. Mas isso é realmente delicioso.

— Sim, é o meu Bourbon favorito. E deveria ser. Ele tem 23 anos e, infelizmente, eles só produzem uma quantidade limitada, por isso o meu stock também é muito limitado.

— Então vou aproveitar este e saboreá-lo de facto.

— Como um vinho muito bom.

Ela ficou em silêncio por um momento.

— Eu tenho um amigo. Um amigo muito próximo. Ele é um ex-policial, mas agora é um investigador particular.

— Case Russell?

A boca de Gabby caiu aberta. Ela colocou o copo no balcão e não respondeu.

— Sou um homem solteiro importante e bastante rico. Minha equipe de segurança investiga todos com quem entro em contato. Não apenas você. Você também me verificou. O que, a propósito, foi inteligente, especialmente com o que você está passando. Infelizmente, você ficou de mãos vazias. O meu passado está... enterrado, você pode dizer.

— E por que isso?

— Eu tenho uma boa razão.

— Como você mantém suas informações fora do Google? — Ela ficou de repente mortificada por ter perguntado.

Kolson olhou para ela e riu.

— Você me procurou no Google?

— Bem, sim. Quer dizer, depois de Case investigar você, ele disse que não conseguiu encontrar nada, então eu pesquisei no Google. — Ela tentou esconder seu constrangimento, afastando-se dele, mas ele segurou-a pelo braço e a obrigou a voltar.

— Então, o que você descobriu? — Seus olhos enrugaram com alegria.

— Nada. Até pesquisei no Google como manter o nome fora do Google!

Agora Kolson riu.

— Você é uma curiosa, não é?

— Bem, sim, porque parece que é quase impossível fazer isso.

— Gabriella, escute. Eu emprego uma equipe de segurança de alto nível que mantém meu nome fora das notícias e das páginas de fofocas. Eu evito a imprensa e os paparazzi. É por isso que uso uma equipe de segurança. Sou muito cuidadoso com quem me associo, e foi por isso que investiguei você.

— Eu sei muito pouco sobre você e você sabe tudo sobre mim. Todos os meus segredos mais sombrios.

Gabby ouviu o ar sair de Kolson.

— Gabriella, eu...

— Você não confia em mim. — Não era uma pergunta; era uma declaração.

— Eu confio. Surpreendentemente. O que, para mim, é incomum.

— Então, por que você não vai me dizer?

— Talvez um dia.

— Eu não entendo.

Kolson colocou as mãos no rosto dela e ergueu-o para poder olhar nos olhos dela.

— Meu passado é tão distorcido quanto o seu e um dia, quando for a hora certa, você ouvirá tudo. Mas agora não.

Sua voz estava carregada por uma emoção que Gabby entendia bem, ela vivera com ela por anos. Dor.

— A psiquiatra em mim está gritando para você se abrir, mas eu faço questão de não psicanalisar meus amigos. — Então ela ergueu a mão. — Mas quero que você saiba que entendo sua reticência em desenterrar um passado fodido. Olha como foi difícil te contar sobre o meu. Eu deveria estar seriamente chateada por você me ter manipulado de verdade. Mas não estou porque sinto que uma tonelada de tijolos foi tirada do meu peito. Também quero que você entenda que estou aqui para você quando estiver pronto para conversar. E eu não vou te julgar, Kolson. — Ela colocou as mãos nas dele. — Você vai me dizer algo sobre você?

— O que você quer saber?

— Qualquer coisa. Fale-me sobre sua empresa. Serviço de Transportes Hart. Como você começou?

Ele riu.

— Você não lê os tablóides ou as finanças, não é?

— Receio que não.

— Comecei com um táxi e uma limusine. Trabalhei noite e dia até poder pagar outra limusine. E assim foi. Eu contratava motoristas quando podia pagá-los e logo tive uma frota e estava disputando contratos. Honestamente, a velocidade com que o negócio cresceu me surpreendeu. Eu sabia como negociar desde que trabalhei na corporação do meu pai, então conseguir o negócio era a parte fácil. Mas nunca pensei que fosse crescer como aconteceu.

Gabby olhou para ele com admiração.

— Impressionante. E eu realmente sabia disso. Mas por que você deixou o negócio do seu pai? No relatório que Case me deu sobre você, ele disse que seu pai também tem uma grande corporação.

— Essa é uma história para outro dia. Mas digamos que não nos vemos olho a olho.

— Longe de mim julgar você em seu relacionamento com seu pai quando o meu é inexistente.

Kolson sabia que tinha que mudar de assunto. Uma discussão sobre seu pai estava fora dos limites por enquanto.

— Danny já bateu em você?

Gabby endureceu. Sua pergunta saiu do nada. Ela baixou a cabeça antes de responder.

— Sim, ele bateu.

— Diga-me, — ele rosnou.

Ela recuou, mas ele a pegou e disse, gentil desta vez:

— Eu tenho que saber, Kea. Quão ruim foi isso?

— Por que isso é tão importante para você?

— Apenas é. — Kolson queria magoar Danny. Ele podia sentir suas mãos ao redor do pescoço daquele cretino, a tirar-lhe a vida. E Kolson sabia que teria prazer nesse ato.

— Eu não quero...

— Gabriella, por favor me diga. Essas são coisas que podemos precisar, caso a polícia precise ser envolvida. E seu amigo, Case.

— Aconteceu muito, mas o pior momento foi quando ele me empurrou escada abaixo depois que me deu um soco no nariz. Eu quebrei meu pulso, braço e várias costelas. Claro que meu nariz também estava quebrado. Ele disse aos meus pais que eu tropecei e caí e ele me encontrou chorando no final da escada. Eles acreditaram nele, é claro, porque ele era o perfeito Danny. Ele me levou para o hospital e no caminho, continuou a me bater. O médico sabia que eu estava mentindo. Ele tentou me fazer dizer a verdade, mas eu sabia que se o fizesse, seria pior para mim quando chegasse em casa. Até então, meus pais estavam convencidos de que eu era desajeitada, porque eu tinha hematomas o tempo todo. E aqueles foram apenas os eles que viram. Eles nunca viram os que escondi.

— Porra. Tudo isso aconteceu durante seus anos do ensino fundamental e médio?

— Sim. Eu pensei que iria parar quando ele foi para a faculdade, mas ele ficou perto e voltava para casa o tempo todo. Não havia como escapar dele.

— Que merda de pais você tem?

— Obviamente, daqueles que não dão a mínima para mim.

Essas palavras rasgaram Kolson, palavras com as quais ele podia se relacionar de todo o coração. Exceto por Kolson, seu caso era diferente. Seu pai tinha um motivo e sua mãe não fazia ideia.

— Sinto muito. Por tudo que você passou.

— Você soa como se pudesse entender.

Suas sobrancelhas se ergueram, mas ele não disse nada. Afastando-se, ele pegou o copo e ela notou como o braço dele ficou tenso quando ele o esticou sobre o balcão. Ela ficou atrás dele e colocou os braços ao redor de sua cintura e apoiou a cabeça em seu ombro.

De alguma forma, ele tinha conseguido tomar a sua fortaleza de proteção perfeitamente construída e derrubá-la, pedra por pedra, até que ela ficou completamente exposta e nua diante dele. Não só isso, ele alcançou o inatingível. Ele havia arrancado a verdade dela. Todo segredo que ela já teve, todo mistério foi revelado e exposto a ele. Ela arrastou o último esqueleto para fora do armário, vestiu-o com toda a sua elegância e, de bom grado, mostrou-o para ele ver.

E a melhor parte? O fardo que a sobrecarregou durante todos esses anos levantou-se, libertando-a de sua horrível memória. O ar que ela inalou era mais limpo, mais fresco e seus pulmões se expandiam mais por causa disso. As vértebras nas costas dela se separaram, permitindo que sua coluna se elevasse mais alto. Ela alcançou essa altura, tudo devido a Kolson. Um homem e sua persistência, sua promessa de acreditar nela.

Ela apertou os braços ao redor dele e pressionou os lábios nas costas dele.

— Obrigada. Por tudo. Por permanecer firme na sua crença em mim.

Ele girou dentro de seu abraço e a puxou contra seu peito, segurando-a para que ela ouvisse seu coração bater sob sua orelha.

— Eu mantenho minhas promessas, Kea. Eu sempre mantenho minhas promessas. Você pode contar com isso. — Ele alisou a mão sobre o cabelo dela e murmurou: — Chega de falar hoje à noite. Eu sei que você deve estar exausta. Acho que é hora de dormir para nós.

Ela assentiu, mais cansada do que poderia parecer. Ele a levou para a sua cama, mas antes de ela entrar, disse:

— Suas coisas estão no quarto de hóspedes e se preferir ficar lá, você pode, você sabe.

— Você quer que eu fique lá?

— De jeito nenhum. Eu quero você nessa cama. Perto de mim.

— Então é aí que eu quero estar também.

Ele sorriu.

— Estava esperando que você dissesse isso. Tire suas roupas, Gabriella.

Seu rosto mostrou surpresa.

— Eu pensei que íamos dormir.

— Nós vamos. Mas eu não vou deitar com você se tiver qualquer pedaço de roupa entre nós. Quero sentir sua pele macia ao lado da minha, me tocando.

Isso era tudo que ela precisava ouvir. Ele levantou as cobertas para ela e, nua, ela arrastou-se para baixo. Ele a seguiu e puxou-a para a curva de seu corpo.

— Durma.

— Mmm. — Ela se enterrou nele e o cansaço a enviou direto para os braços do sono.


# # #


Gabby abriu os olhos para o brilho, percebendo que eles não fecharam as persianas ou puxaram as cortinas. Ela gemeu porque o quarto brilhava com o sol nascente.

— O que foi, Kea? — Kolson perguntou.

— Esquecemos de fechar as cortinas. É tão brilhante. — Ela se aconchegou mais perto do seu pescoço para afastar o máximo de luz possível, mas não serviu de muito. Depois de alguns minutos, ela se levantou e foi ao banheiro.

Quando saiu, notou que Kolson tinha voltado a dormir e foi até o quarto de hóspedes. Ela abriu o armário e encontrou as suas coisas que Lydia colocara ali. Virando-se para a cômoda, ela vasculhou as roupas até encontrar seu par favorito de calças de yoga e uma blusa.

Gabby estava em conflito. Ficar aqui era realmente sua única opção. Não havia qualquer outro lugar que ela pudesse ir. Sky morava em um estúdio e Ryder só tinha um apartamento de um quarto por isso ficava de fora. Por mais que adorasse Case, mudar para o estúdio não funcionaria. Ela não tinha dinheiro para ficar em um hotel por mais de uma noite ou duas.

Kolson era a salvação dela no momento, mas ela também não queria dar a impressão de que o estava usando.

Puxando sua roupa, entrou na cozinha para fazer café. Verificou o conteúdo da geladeira para ver se poderia preparar um café da manhã. Era domingo e ela tinha se oferecido como voluntária essa tarde no abrigo das mulheres. Mas teria muito tempo para uma corrida e uma boa refeição primeiro.

Kolson tinha uma cozinha totalmente equipada, o que a fez sorrir. Ela não conseguia se lembrar da última vez que esteve por perto de tanta comida. Procurando pelas panelas e os itens necessários, começou a fazer bacon, batatas e omeletes. Cortou cebolas, pimentões e cogumelos enquanto o bacon cozinhava.

Quando as batatas ficaram prontas e gratinadas, ela aqueceu a chapa e pegou os ovos. Não demorou muito para ter tudo preparado, então procurou uma bandeja para seu prato artisticamente arranjado, bem como para o café, creme, açúcar e suco de laranja. Ela sorriu para si mesma enquanto levava para Kolson.

Ele estava finalmente se mexendo e se sentou confuso.

— Bom dia, dorminhoco.

Ele lançou-lhe um sorriso cheio de dentes.

— O que é isso?

— Serviço de quarto.

— Café da manhã na cama? Para mim? — Ele deu um tapinha na cama ao lado dele e ela pousou a bandeja. Então ele a agarrou e a beijou. — Desculpe, eu ainda não escovei meus dentes.

— Está tudo bem. Eu tenho hálito de café. Volto já.

Ela voltou um momento depois com a bandeja e subiu ao lado dele. Kolson deu sua primeira mordida.

— Isto é excelente. Obrigado.

— Bom apetite. É o mínimo que eu poderia fazer depois de tudo que você fez por mim. Além disso, eu estava morrendo de fome e sua cozinha é um paraíso para os cozinheiros.

— A Lydia é assim. Ela mantém tudo abastecido para mim.

— Atenciosa.

— Como dormiu?

— Muito bem, até o maldito sol me acordar. Nós não fechamos as cortinas.

— Gabriella, eu não tenho nenhuma cortina.

— Oh! Como você pode suportar isso?

Ele olhou para o prato enquanto comia.

— Uma das melhores omeletes que eu já comi.

Depois de mais algumas mordidas, perguntou:

— Como que está sua agenda hoje?

— Tenho trabalho voluntário à uma. No abrigo das mulheres no centro da cidade. E ia até à biblioteca médica antes para pôr a leitura de um jornal em dia um pouco antes da minha hora.

— Eu vou levar você e buscá-la.

— Isso não é ne...

— Sim, certamente é. E também quero que você chame seu amigo, Case. Na verdade, acho que nós três deveríamos nos encontrar. Que horas você está livre hoje à noite?

— Sete.

— Veja se ele pode se encontrar para o jantar, por minha conta.

— Ok, você tem certeza disso?

— Não brigue comigo sobre isso. É a sua segurança que estamos discutindo. E enquanto você estiver fora, vou procurar um apartamento protegido para você.

Ela assentiu. Gabby sabia que era a coisa apropriada a fazer, mas ela gostava de estar ali com Kolson e não se importava de ficar mais algum tempo. A questão da segurança era importante, mas isso não era tudo. Kolson tinha-se envolvido em sua vida. Era impossível de ignorar, já que ele era uma presença monumental. E se ela fosse verdadeiramente honesta, duvidava que ele a deixasse esquecê-lo de qualquer maneira. Ele não era um homem que facilmente aceitaria ser deixado de lado. Não, ela só podia imaginar as coisas que ele faria para garantir que estaria com ela em primeiro e segundo plano. Ela sorriu ao pensar nisso.

— Porque você está sorrindo assim?

— Nada.

— Bem, espero que seja sobre mim. Eu quero ser aquele que coloca um sorriso assim em seu lindo rosto, Kea.

Oh, não se preocupe com isso. Você faz, Kolson Hart, você faz.

 

 


CONTINUA