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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


LAWLESS / T.M. Frazier
LAWLESS / T.M. Frazier

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT 

 

 

Series & Trilogias Literarias

 

 

 

 

 

 

Eu nasci um Bastard.
Um soldado no exército sem lei dos Beach Bastards Motorcycle Club. Preparado para um dia tomar o martelo do meu velho.
Dever vem antes da minha consciência, antes da família, antes de tudo.
Eu não escolhi essa vida, ela me escolheu, e vivê-la veio com conhecimento e com a aceitação de que todas as manhãs em que eu me levantava para dar uma mijada, poderia ser o meu último dia na terra.
Ou, dependendo das minhas ordens... o último dia para alguém.
Sendo um motoqueiro, um Bastard, não estava só no meu sangue. Eu não apenas vivi isso.
Eu respirei.
Eu bebi.
Porra, eu adorei.
Era tudo.
Até que não era mais.
Eu não me lembro do momento exato em que isso aconteceu, talvez depois da minha primeira morte, talvez no dia em que recebi meu patch, mas aconteceu. Óleo do motor, o couro, a violência e uma propensão de acabar com inimigos do clube, substituiu o sangue em minhas veias.
Me tornei mais motoqueiro do que homem.
E eu estava orgulhoso.
Eu nunca pensei nisso como um problema, mas eu também nunca pensei que chegaria um dia em que eu não seria um Beach Bastard mais.
Mas veio.
E eu não era.
No dia em que desisti do meu colete e saí pela porta do MC, eu virei minha própria ampulheta e coloquei em movimento a expiração na minha vida.
Uma vez um Bastard, você sempre vai ser um Bastard.
Ou você está morto.
Tinham vindo para mim. Mas a coisa mais fodida foi que não era o pensamento dos meus irmãos que tentaram acabar comigo que me incomodou mais, foi à incerteza.
Eu sabia tudo sobre ser um motoqueiro.
Eu não sabia nada sobre ser um homem.
Fui torturado e estive à beira da morte, violado para o divertimento dos meus captores. Passando por tudo isso eu nunca tinha perdido essa vantagem que me manteve vivo. Essa luta. Essa coisa dentro que faz o seu coração bater tão rápido que parece que vai passar através do seu peito e te dizer que não importa a situação, você não só vai sair dessa, mas que você vai queimar cada filho da puta vivo que tentou acabar com você.
Fui espancado, mas eu nunca tinha sido quebrado.
Até Thia...

 

 

 


 

 

 


Capítulo um

Thia

Dez anos de idade...

Eu não sei onde tudo deu errado.

Eu nunca entendi esse ditado. Porque olhando para trás em minha vida eu posso identificar o dia exato, a hora exata, quando tudo mudou e tomou um rumo que ninguém poderia ter previsto.

Especialmente eu.

Três semanas antes do meu décimo primeiro aniversário, eu tinha acabado de montar a minha pequena bicicleta vermelha para a Stop-n-Go1 a três milhas. Meu pai queria que eu levasse uma caixa de laranjas então eu amarrei em um skate e prendi uma corda que tinha encontrado no barco velho do meu pai nas rodas dianteiras da minha bicicleta. — Você vai ver o contador, Cindy? — perguntou Emma May, balançando os quadris de um lado para o outro, dançando seu caminho até a porta, segurando a bolsinha quadrado em sua mão. — Eu só vou dar um pulinho no salão de beleza. Ninguém provavelmente nem vai entrar, — ela acrescentou, se inclinando sobre o balcão, ela abriu a caixa registradora antiga usando uma série de botões e uma batida de seu punho em um ponto na parte inferior. Ela tirou algum dinheiro e sorriu para mim, empurrando através da porta de vidro que soou quando ela abriu e novamente quando ela se fechou.

Emma May estava certa. Ela me pediu para cuidar da loja antes e ninguém nunca tinha entrado.

Até aquele dia.

Não é como se eu estivesse ansiosa para chegar em casa. Mamãe tinha começado a agir estranho. Limpar o chão por horas até que a madeira perdesse seu brilho. Falando sozinha na cozinha. Sempre que eu perguntava a ela sobre isso, ela agia como ela não soubesse o que eu estava falando. Papai me disse que tudo ficaria bem e para ficar apenas fora do caminho dela e dar a ela algum espaço.

Eu fiz o que ele disse e fiquei longe, tanto quanto possível, na maioria das vezes não chegando em casa até logo após o pôr do sol.

Cuidar da loja era uma razão boa quanto qualquer outra para prolongar a ida para casa.

Depois de uma hora fiquei inquieta. Arrumei a parede de cigarros por detrás da caixa registradora, virei os cachorros quentes sobre os espetos que não funcionam, e tentei ler uma revista, mas eu não entendia o que ‘Dezessete Posições Para Fazer Ele se Contorcer’ significava.

Se alguém estava se contorcendo por que eles não apenas iam ver um médico? Ou um dentista? É lá que eu fui quando eu tive uma dor de dente.

Eu tinha desistido de revistas e estava recostada em um velho banquinho de bar que rangia toda vez que eu girava sobre ela. Com meus pés em cima do balcão, eu virei o canal na TV pequena e preto e branco que estava apoiada em uma lista telefônica no canto do balcão. Os dois únicos canais que pegavam era algum ocidental e o canal do tempo. Ambas as imagens estavam borradas e o único som que saia dos alto-falantes era um ruído de estática. Tentei virar a coisa toda fora, mas nada estava funcionando, se eu consegui fazer alguma coisa foi aumentar o volume. Se tornou tão alto que eu não ouvi as motos parando no estacionamento ou os sinos de porta contra o vidro tinirem.

Eu puxei o plugue da tomada. Eu ainda estava segurando o cabo quando eu olhei nos olhos de um estranho de cabelos escuros.

E sua arma.

— Tudo o que você tem, — ele ordenou, apontando com a arma para a caixa registradora. Ele estava balançando de um lado para o outro e seus olhos estavam bordados em vermelho.

— Eu não sei como... — eu comecei, mas o homem interrompeu.

— Apenas faça isso, porra! — ele ordenou, clicando a arma, ele pulou, então seu peito estava descansando no balcão e a arma estava apenas a alguns centímetros do lado da minha cabeça. Eu saí do banco e fui para a caixa registradora, me sentei em meus joelhos e tentei a combinação complicada de botões que Emma tinha usado quando ela abriu.

Nada.

— Vamos! Rápido, menina! — o homem gritou, ficando impaciente.

— Eu estou tentando, talvez eu esteja batendo no lugar errado. — eu tentei novamente, desta vez batendo mais na parte inferior do que no topo. O homem veio para o meu lado. Ele cheirava como quando meu irmão bebê ficou doente no banco de trás do caminhão em nosso caminho para Savannah.

— Escuta aqui sua puta, — disse ele, levantando a arma no ar, como se ele fosse me bater com ela. Eu pulei para fora do banco e me prendi debaixo do balcão.

Os sinos das portas dianteiras anunciou que a porta se abriu e uma voz ecoou pela sala, sacudindo a vitrine cheia com frascos de vidro de beef jerky2 caseiro. — Que porra você está fazendo? — perguntou a voz. O homem com a arma congelou com a mão ainda no ar.

— Eu estou recebendo o pagamento, filho da puta, — o homem disse.

Um braço colorido veio em frente ao balcão e agarrou o homem pelo pescoço, o puxando sobre o balcão como se ele não pesasse mais que um besouro. Houve uma comoção e novamente os sinos anunciaram a abertura e fechamento da porta.

Passaram-se mais alguns minutos antes de eu sair do meu esconderijo debaixo do balcão, rastejando de volta para a banqueta onde eu me inclinei apenas quando as portas se abriram. Entrou um homem loiro vestindo o mesmo tipo de colete de couro como o homem com a arma, só que ele não estava usando uma camisa por baixo. Ele tinha músculos que você só poderia ter visto sob sua pele como os lutadores na TV, só que não do tipo enorme. Sua pele estava decorada com tatuagens, uma grande no ombro e descendo pelo braço. As mesmas tatuagens coloridas no braço que tinham afastado o cara com a arma.

Seus olhos brilhantes eram do mesmo tom que a piscina nova de Maxwell. Um azul profundo brilhante. Seu cabelo loiro areia estava penteado para trás na parte superior e raspado nas laterais. Moicano eu acho que eles chamavam isso nos filmes. — Você é a única aqui? — ele perguntou, examinando o lugar, olhando para todos os três pequenos corredores.

Eu balancei a cabeça.

— Você é a única que Skid... — ele não terminou a frase. Se inclinando para frente, ele apoiou as mãos no balcão e respirou fundo. Suas tatuagens coloridas estendiam para os topos de suas mãos e dedos. Ele usava três grandes anéis de prata em cada uma de suas mãos. Ele tinha barba e até aquele momento, quando alguém falou sobre barbas, eu sempre imaginei um cabelo branco longo crescendo nos queixos de caras velhos e feios usando longas túnicas e enormes chapéus pontudos. A barba desse homem era um pouco mais escura do que o seu cabelo e com apenas uns dois centímetros.

Ele não era velho.

Ou feio.

— Você tem um cabelo legal, — eu disse. Ele era todo legal. Mais do que legal, ele era...

Bonito? Poderia um cara ser bonito?

Não, ele não era bonito.

Ele era lindo.

— Obrigado, querida, — disse ele, se inclinando sobre o balcão. Ele cheirava como o caminhão do meu pai quando ele estava mudando o óleo e o sabão lilás da Sra. Kitchener feita de raiz todo verão. — Seu cabelo é muito legal também. — foi à primeira vez na minha vida eu acho que corei. Minhas bochechas ficaram quentes e quando o homem percebeu, ele sorriu ainda mais e se inclinou mais perto.

— Por que você está aqui sozinha? Eles não respeitam as leis de trabalho infantil em Jessep?

— Eu não sei o que é, mas ninguém realmente vem aqui muito desde que abriu a nova estrada. Eu só estava tomando conta da loja enquanto Emma May foi para o salão de beleza. Ela disse que estaria de volta, mas se eles irão deixar Emma May linda, eu acho que ela vai demorar um tempo.

O homem riu e se inclinou sobre os cotovelos. — Ouça, menina doce. Sinto muito por meu amigo. — ele me deu um pequeno sorriso. — Ele está muito cansado por uma longa viagem e estava sendo realmente estúpido.

— Parecia mais bêbado para mim. Talvez ressaca, mas você deve dizer a ele para não beber e dirigir.

— De onde você vem? — ele pareceu divertido. Eu queria fazer o que fosse necessário para manter esse olhar em seu rosto. — Sim, passeios longos podem fazer isso com as pessoas. Mas você está bem? Ele não te machucou, não é?

Eu balancei minha cabeça. — Não, eu estou bem e você não precisa se preocupar. Eu estava chegando para a espingarda de Emma May apenas quando você entrou. — eu levantei a arma de seus ganchos sob o balcão para que ele pudesse vê-la e bombeei do eixo. O homem deu uma olhada para a arma e se curvou em um ataque de riso. Eu a coloquei novamente sob o balcão. — O que é tão engraçado? — perguntei.

— Oh cara, eu mal posso esperar para contar a Skid que ele quase foi condenado à morte por uma menina. — seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele continuava a rir, profundo e alto.

— Eu não sou uma menina. — eu argumentei. — Eu vou fazer onze no próximo mês. Quantos anos você tem?

— Eu tenho vinte e um. — ele sorriu ainda mais e de repente eu já não estava irritada sobre ele me chamando de menina. Se ele continuasse sorrindo para mim assim, ele poderia me chamar do que quisesse.

— Qual é o seu nome, querida? — ele perguntou.

— Eu sou Thia Andrews, — eu disse com orgulho, estendendo minha mão para ele como meu pai tinha me ensinado a fazer quando se apresentava.

— Thia? — ele perguntou, me dando o mesmo olhar estranho que a maioria das pessoas davam quando ouviam meu nome pela primeira vez.

— Abreviação para Cynthia, mas não como Cindy. Há doze meninas da minha turma e três delas são Cindy, então eu estou feliz que eu sou um Thia e não uma Cindy. — eu estiquei a minha língua e imitei degolar minha garganta com meu dedo. Eu odiava o nome Cindy, embora quando meu pai propôs Thia como uma alternativa, minha mãe se recusou a usar o novo apelido e tinha começado a me chamar de Cindy. — Qual o seu nome?

Ele pegou minha mão na sua. — Eles me chamam de Bear, querida. — sua pele era quente, exceto pelo metal frio de seus anéis. Eu parecia tão pequena e pálida em comparação com Bear, minha mão parecia mãos de boneca. — Eu tenho um amigo que aperta as mãos como uma criança também.

— Papai diz que é educado.

— Seu pai está certo.

— Seu amigo que aperta as mãos, ele é legal como você? — perguntei.

— Eu não diria exatamente que eu sou legal. Mas o meu amigo? Ele é... vamos apenas dizer, ele é diferente, — Bear disse com uma risada.

— Diferente é bom. Meus professores dizem que eu sou diferente porque tenho cabelo rosa, embora eles também dizem que eu tenho um problema de falar demais, — disse eu, com todo o conhecimento prolífico de uma criança de dez anos de idade.

— Às vezes diferente é bom de verdade, garota, — Bear concordou.

— Seu nome verdadeiro é Bear? — perguntei. — O seu sobrenome é Grizzly3 ou algo assim?

— Não, — disse ele. — Bear é apenas um apelido que meu clube me deu. Todos os membros tem apelidos, exceto os que tem nomes de ruas.

— Você está em um clube? — perguntei com entusiasmo. — Isso é tão legal! Se o seu nome real não é Bear, então qual é?

— Você pode guardar um segredo? — ele sussurrou, olhando em volta para se certificar de que ninguém estava ouvindo. — Eu não disse a ninguém o meu nome em anos. Até o meu velho me chama de Bear. Mas o meu verdadeiro nome? É Abel. E agora você é uma das poucas pessoas que sabem disso.

Abel.

— Isso é realmente um grande nome. — embora Bear combinasse muito. Ele era mais alto do que o meu pai e ele tinha um monte de músculos e suas mãos eram enormes como patas de urso.

Ele enfiou a mão no bolso de trás e tirou um clipe com notas dobradas. Mais dinheiro do que eu já tinha visto.

Mais do que o que estava no meu cofre do Buzz Lightyear no meu quarto em casa.

Mais do que o que estava na caixa registradora de Emma May.

Bear tirou três das notas e as colocou no balcão. — O que é isso? — perguntei, olhando para sua mão que estava cobrindo parcialmente o dinheiro quando ele a deslizou para mim e soltou.

— Isso, é três centenas de dólares.

— O que você quer comprar? Eu posso correr para o lugar de cabelo e trazer Emma porque esta máquina registra-

— Eu não vou comprar nada. É para você. Por sua ajuda hoje. Por não-

— Trezentos dólares para não chamar o xerife? — eu perguntei, entendendo o que ele estava oferecendo.

Três centenas de dólares para uma criança de dez anos de idade poderia muito bem ter sido um milhão.

— Considere isso como um agradecimento por não atirar nele, — Bear corrigiu.

— Está bem. Emma May teria ficado louca sobre o sangue de qualquer maneira. — Emma May odiava uma bagunça.

Bear riu de novo e eu sorri. — Você é engraçada, garota. Você sabe disso?

— Eu sou? — eu tinha sido chamada de louca, estranha, faladora, mas nunca engraçada. Eu decidi que eu gostava de ser chamada de engraçada.

— Sim, — disse ele empurrando o dinheiro mais perto de mim. Ele olhou para cima e ao redor do balcão. — Não há câmeras aqui?

— Eu nunca vi uma, mas Emma é mão de vaca, é o que diz mamãe porque ela usou flores falsas em seu casamento, então talvez ela não comprou câmeras. — eu soltei, ansiosa para dizer qualquer coisa para provocar outro sorriso de Bear.

— Certifique-se de manter esse dinheiro seguro. Esconda-o em algum lugar. Não conte a ninguém. É um segredo entre você e eu, — disse ele com uma piscadela. Tentei piscar de volta, mas só consegui piscar ambos os meus olhos para ele como o gênio nas antigas reprises de I Dream of Genie. Bear estendeu a mão e empurrou alguns dos meus cabelos dispersos loucos da minha cara, o colocando de volta atrás da minha orelha. Seus dedos eram ásperos, mas suaves, e quando ele retirou a mão, eu queria que meu cabelo caísse de volta para que ele pudesse fazer isso novamente.

— Eu não quero seu dinheiro, — eu soltei. Eu tinha ido para a loja do dólar na semana passada com a minha mesada de três dólares e não pude encontrar uma única coisa que eu realmente queria. Trezentos dólares de coisas eram muito mais do que eu poderia querer.

— Bem, no meu mundo quando alguém faz um favor, nós retribuímos esse favor, — disse Bear, apoiando o queixo na mão. Meus olhos dispararam para o anel em seu dedo médio, um crânio com uma pedra brilhante no centro do olho. Bear olhou para baixo, seguindo o meu olhar. — Você gosta disso? — ele perguntou, pegando o anel de seu dedo.

— Sim, eu nunca vi nada como isso.

Bear o segurou entre dois dedos e olhou para ele como se ele estivesse vendo pela primeira vez. Ele ficou quieto e franziu a testa como se estivesse pensando em alguma coisa da mesma maneira que eu fazia com a minha lição de matemática. — Eu tenho uma ideia, — disse ele, colocando o anel no balcão. — Este anel? É uma promessa. Em meu clube quando damos isto a alguém representa uma promessa.

— Uma promessa para o quê? — eu perguntei, olhando para o anel, espantada como se estivesse pairando no ar.

— Um favor, tudo o que você precisa. Isso significa que eu devo a você.

— Eu?

— Sim, — disse ele, enfiando as notas de volta no bolso. Ele deslizou o anel em meu polegar, era tão grande que eu tive que fechar os dedos em torno dele para mantê-lo no lugar.

— Uau. Legal! — eu olhei em seus olhos e sorri. — Obrigada. Eu vou mantê-lo seguro e eu prometo que eu não vou usá-lo a menos que seja super importante.

— Eu sei que você não vai, — disse Bear. Uma garganta limpou e nós dois olhamos na direção do som. De pé ao lado da porta aberta estava outro homem que usava o mesmo tipo de colete.

— Temos que ir, cara. Chop ligou. Temos que estar de volta ao MC em vinte minutos.

— Tenho que ir, querida, se certifique de manter isso seguro, está bem? — Bear bateu com o dedo sobre o meu punho fechado.

— Eu não vou dizer a ninguém. Eu juro, — eu disse, fazendo uma cruz sobre o peito, algo que você só fazer quando você é muito sério sobre a promessa que você estava fazendo e eu queria que Bear soubesse como eu estava séria sobre como ficar quieta.

Com uma piscadela e o sino tintilando na porta, ele se foi.

Eu vi quando ele deu um tapa na parte de trás da cabeça do homem de cabelos escuros que tentou roubar a loja. Eles trocaram algumas palavras raivosas antes de colocar os capacetes e voltarem para a estrada. O terceiro homem seguindo de perto.

Nem trinta segundos após o último motoqueiro ter saído, Emma May passeou pela porta. — Qualquer coisa emocionante aconteceu enquanto estive fora? — ela gritou, se dirigindo para a sala de trás.

Eu coloquei o anel no bolso de trás da minha bermuda. Então eu cruzei meus dedos atrás das costas.

— Não senhora. Nada.

 

 

 

BEAR

A luz do sol do meio-dia era ofuscante. Skid não era o único com ressaca. Tínhamos festejado em Coral Pines com algumas garotas de férias da primavera até o sol aparecer esta manhã. Skid ainda não tinha aprendido o valor de colírios e café forte.

O filho da puta tem sorte que eu não acabei com ele ali mesmo no estacionamento do fodido posto de gasolina.

— Você está louco em levantar uma arma em um posto de gasolina? Especialmente em um perto do clube. Eu não sei o que te disseram quando você ganhou seu patch, irmão, mas nós não somos um bando de delinquentes juvenis do caralho. Não montamos e apontamos armas em postos de gasolina ou fazemos qualquer outra coisa que corre o risco de merda bater em nós. Temos grande merda acontecendo agora e coisas como estar poderia mandar todos para a cadeia. E quem diabos aponta uma arma para uma fodida criança do caralho? Eu deveria atirar em você para te ensinar uma lição. Onde está o seu cérebro, cara? — eu bati na cabeça de Skid e seus óculos de sol foram para o chão. — Prospecto4, — eu gritei para Gus. — Por que não podemos fazer nada estúpido agora? Por que não apontamos armas para meninas?

— Uma merda grande está acontecendo. Temos que nos manter fora do radar, — Gus respondeu sem rodeios. — E porque isso é apenas uma parada fodida no geral.

— Cara, — Skid disse, esfregando os olhos. — Eu ainda estou bêbado de ontem à noite ou hoje pela manhã ou sempre. Sinto muito, foi estúpido. Só não diga isso para Chop, ok? — ele se abaixou para pegar seus óculos escuros e eu pensei seriamente sobre chutá-lo na cabeça. Mas então me acalmei um pouco quando eu pensei sobre toda a merda estúpida que eu tinha feito quando eu recebi meu patch, merda que deixaria meu velho puto se ele soubesse.

— Foi só uma vez e apenas uma vez. Isso é tudo o que você tem. Sua única passagem. Faça merda como essa de novo e você vai lidar com Chop sozinho e eu não vou estar lá para te salvar. — eu montei minha moto.

— O que foi aquela conversa sobre o anel? — perguntou Gus. — Essa é a primeira vez que ouvi sobre isso. Eu perdi alguma coisa que eu deveria saber? Eu deveria dar um anel também? Porque eu não tenho um tão bom quanto o de um crânio que você deu a ela. — Gus estava sempre ansioso para aprender e a possibilidade de que ele pudesse ter perdido alguma coisa o fazia parecer inquieto.

— Nada, cara, isso tudo foi besteira. Um anel em troca dela não ligar para o xerife ou dizer ao pai e a mãe dela o que os grandes motoqueiros maus fizeram, — eu disse.

— Criativo, — Gus disse, puxando as luvas para montar.

— Você deu à menina seu anel de caveira? Essa coisa não tem um diamante nele?

— Com certeza tem e você vai me pagar de volta cada centavo de merda. — eu liguei o motor, o barulho da moto vindo à vida entre as minhas coxas.

Eu ri todo o caminho para casa ao ver a expressão no rosto de Skid quando eu disse que ele me devia.

Eu nunca pensei sobre aquele dia ou aquela garota novamente.

Até sete anos depois, quando tudo voltou e me mordeu na bunda.


Capítulo dois

Thia

Sete anos mais tarde...

Silêncio.

Mais assustador do que qualquer arma de fogo ou explosão de um canhão. Mais alto do que trovões e dez vezes mais aterrorizante.

Levando uma das tortas de maçã famosas da Sra. Kitchener com uma mão e segurando o guidão da minha bicicleta com a outra, eu passei pelas pedras e buracos na estrada de terra que levava até a pequena fazenda que eu morava com meus pais.

Todo dia quando eu chegava em casa do meu trabalho em tempo parcial no Stop-N-Go, fui saudada pelas vozes das brigas de meus pais. Sem outras casas ao redor por milhas, suas vozes se ampliavam sobre as copas das árvores e podia ouvir bem antes de ver a luz na janela.

Antes do meu irmão mais novo morrer, eu nunca tinha ouvido eles brigarem. Quando Sunlandio Cooperation decidiu importar suas laranjas, o cancelamento de seus contratos com a fazenda da minha família, a briga se transformou em ódio cheio de gritaria.

Eu soltei a minha bicicleta no chão, deslocando cuidadosamente a torta de um lado para o outro. Incapaz de me abaixar para refazer o nó do meu cadarço que tinha se desfeito no passeio, eu continuei, tomando cuidado para não tropeçar nas cordas penduradas.

Arrepios irromperam sobre a minha pele úmida, fazendo os pequenos pelos na parte de trás do meu pescoço e meus braços se levantarem como se eu estivesse a momentos de distância de ser atingida por um raio.

Foi quando eu percebi.

O silêncio.

— Mãe? — eu chamei, mas não houve resposta.

— Pai? — eu perguntei quando eu abri a porta de tela. A lâmpada sobre a mesa lateral estava ligada, o abajur inclinado de lado como se ele também estivesse questionando o que diabos estava acontecendo.

Ouvi um tumulto no quarto de trás. — Vocês estão aí atrás? — perguntei, colocando a torta no balcão. Eu fiz meu caminho pelo corredor, abrindo a porta do quarto do meu pai, mas estava vazio. O mesmo para o único banheiro e meu quarto.

No final do corredor, a porta para o antigo quarto do meu irmão estava rachada. Minha mãe mantinha o quarto de Jesse como um santuário para ele desde que ele tinha morrido, ela sempre mantinha a porta fechada e sussurrava quando ela estava no corredor como se ele estivesse lá tirando um cochilo e ela não queria acordá-lo.

— Mãe? — perguntei de novo, lentamente abrindo a porta.

— Venha, Cindy. Nós estamos aqui, — disse ela alegremente. Foi a primeira vez que eu ouvi a voz de minha mãe tomar um tom feliz em anos, embora eu odiasse que ela me chamasse Cindy.

Isso fez o meu estômago rolar.

Algo estava tão errado que eu quase não queria ver o que estava esperando por mim do outro lado da porta.

E eu estava certa.

Eu não queria.

Porque não era minha mãe sentada na cadeira de balanço velha que ela costumava ler para Jesse agarrando seu dinossauro favorito, balançando para trás e para frente, segurando o bicho de pelúcia em seu peito e se esfregando contra ele.

Seus olhos estavam bordados em vermelho com olheiras, mas ela tinha um sorriso no rosto. — Estou tão feliz que você está em casa Cindy-loo-hoo, — disse ela, usando o apelido que ela não tinha me chamado em anos. — Você está pronta para ir? — ela perguntou.

— Onde? Ir para onde, mãe? Onde está o papai?

— Seu pai não queria esperar então ele já foi, mas eu queria que você viesse conosco, então eu esperei por você. — seu sorriso era grande, mas seus olhos estavam brilhando e completamente vazios de qualquer emoção.

— Mas onde ele foi? — perguntei novamente, dando um passo para dentro do quarto.

— Não se preocupe, nós vamos estar juntas com ele em breve. Eu só queria falar com Jesse primeiro, — disse ela, acariciando o dinossauro.

— Mãe, Jesse está morto. — eu a lembrei. — Ele morreu anos atrás.

Mamãe assentiu com a cabeça e seus olhos dispararam para o papel de parede do Star Wars e, em seguida, à sua pilha de Legos no canto. — Eu sei disso, boba.

— Ok, porque eu pensei por um segundo que você estava dizendo que...

— Eu só queria que ele soubesse que nós vamos nos juntar a ele em breve, — disse mamãe. Foi então, quando ela trocou o bicho de pelúcia de um braço para o outro, que eu notei a arma no colo dela.

— Mãe? — perguntei, todo o meu corpo começando a tremer com a consciência de que ela estava realmente dizendo. — Me diga onde o pai está, — eu sussurrei.

— Eu te disse. Ele se foi. Ele se foi sem nós porque ele não podia esperar. Ele sempre foi impaciente. — ela balançou a cabeça e revirou os olhos. — Você é muito parecida com ele de muitas maneiras, — ela cantou.

— Por que você tem uma arma, mamãe?

— Menina boba, de que outra forma é que vamos nos encontrar com Jesse e seu pai? Quer dizer, eu sei que há outras maneiras, mas eu acho que esse é o mais rápido e mais eficiente. Afinal de contas, nós não queremos fazê-los esperar muito tempo, — disse ela, acariciando as costas do dinossauro como se ela estivesse pondo ele para arrotar. Para frente e para trás, ela continuou a balançar, nunca quebrando o ritmo lento e constante. A cadeira rangendo sobre o piso de madeira.

Dei mais um passo em direção a ela na esperança de pegar a arma da mão dela, mas ela viu que eu estava olhando e pegou a pistola, acenando-a no ar. — Nah ah. Seu pai queria ser o único a segurá-la também, mas eu insisti. Este é um trabalho para a mamãe e ninguém mais. Já era hora de eu tomar algum controle e cuidar desta família. Levar a todos para o mesmo lugar é o primeiro passo.

Meu pé no assoalho soava tão calmo como uma batida de tambores. — Então, Cindy. Você nunca foi boa em esperar a sua vez, mas a boa notícia é que você vai ser a primeira.

— Onde você enviou papai para se encontrar com Jesse? — perguntei, as lágrimas picando atrás dos meus olhos, mas a adrenalina correndo em minhas veias impediu de derramar.

— Eu não vejo por que isso importa, — disse a mãe, soprando uma mecha de cachos escuros que caíram em seus olhos. — Mas se você quer saber, ele se foi no nosso quarto. Foi muito mais bagunçado do que eu esperava. Quando eu te enviar, eu acho que deveria ser na banheira, então eu vou subir atrás de você. Talvez eu vá deixar algum alvejante para o xerife, manchas vermelhas são as piores, especialmente no rejunte branco, — disse ela com a mesma voz estranhamente animadora com a qual ela me cumprimentou.

Eu dei um passo para trás e minha mãe continuou a olhar para mim, sorrindo um sorriso cheio de dentes de orelha a orelha. Ela não me seguiu quando eu me virei e abri a porta do quarto. Ele estava vazio.

Mamãe ficou louca. Isso não significa que o pai está morto. Ela poderia estar mentindo. Ela poderia estar inventando.

Rodei a cama.

Por favor, esteja vivo, por favor, esteja vivo.

No chão ao lado da cama contra a parede estava o corpo do meu pai sem vida, os olhos e a boca abertos, congelados em surpresa.

Engoli em seco e cobri minha boca. — Não, não, não, não, não! — gritei.

Eu me afastei do meu pai para o corredor e quando eu olhei para o quarto, minha mãe não estava mais na cadeira de balanço. Eu me virei para correr para fora da porta, mas corri diretamente no cetim macio de camisola rosa de minha mãe.

— Você está pronta, meu doce? — perguntou ela, inclinando a cabeça para o lado. A arma estava em suas mãos, mas não estava levantada.

— Eu, eu, eu preciso dizer algumas coisas para Jesse também, — eu disse, passando por ela em direção ao quarto dele.

Ela bateu na testa dela com o cano da arma. — Que tola eu sou, é claro que você quer. Eu estarei esperando aqui mesmo e depois de nos encontrarmos com eles, teremos sorvete.

— Sim, sim, ebaaaaa, sorvete é bom, mãe, — eu disse, fungando. Eu a evitei e fingi que estava voltando pelo corredor até o quarto de Jesse quando ela inclinou seus ombros indicando o quarto para mim e eu tomei a única chance que eu sabia que eu tinha e explodi em uma arrancada, me esquivando dela enquanto eu fazia uma corrida em direção oposta, para a porta.

A parede ao lado da porta explodiu quando uma bala rasgou o reboco velho. Minha mãe estava rindo enquanto ela descia os degraus da varanda. Um dos cadarços dos meus sapatos travou na escada e eu voei através do ar, pousando no meu peito. O ar abandonou meus pulmões e eu me virei de costas, desesperadamente com falta de ar.

— Você falou sobre essa viagem no último ano com Nana, você não vai sair dessa, — disse minha mãe quando ela olhou para mim a partir da varanda. De soslaio, avistei o velho rifle do meu pai contra a frente da casa. Ele a usava para assustar os bichos para não comer as laranjas. Eu não acho que isso tinha sido usado desde a safra anterior. Então ele não tinha usado por meses.

As chances eram de que a coisa nem mesmo funcionasse.

— Eu não estava falando disso, mãe, — eu disse, quando eu pude finalmente pegar o fôlego. Lentamente, eu caminhei em minhas mãos e os pés para os lados em direção à casa.

Na direção da única chance que eu tinha de sobreviver.

— Eu apenas pensei que talvez pudéssemos fazer isso juntas, você sabe, ir ao mesmo tempo, — eu disse, espelhando sua voz alegre o melhor que pude.

— Oh, Cindy, essa é uma bela ideia. Você sempre foi minha querida, você sabe. Teimosa. E um terror às vezes, mas você também podia ser muito doce. Eu amava o jeito que você costumava brincar com meus colares e brincos quando você era um bebê. — mamãe colocou a arma contra o peito e suspirou.

— Você pode me fazer um favor, mamãe? Você pode usar o velho rifle do papai? Dessa forma eu vou ter algo para falar com ele quando chegarmos lá. E eu posso usar a arma com a qual você o enviou para Jesse. Vai ser divertido e você sabe que é difícil para eu encontrar coisas para falar com o pai.

— Você sabe, — disse ela, pegando o rifle da casa. Eu subi para os meus pés e vacilei, segurando o tapume lascado para que eu não caísse. — Eu queria que seu pai tivesse pensado em algo agradável como isso. Teria sido muito mais fácil. Você deveria ter ouvido ele gritar e gritar. — ela soltou uma rápida explosão de risos. — Implorando. — ela inspecionou a arma para se certificar de que estava carregada, em seguida, a jogou para mim. Eu a peguei e conferir para ver se estava carregada assim como ela. — Consegue acreditar? Seu pai... implorando. Foi bastante ridículo.

Sob o luar, a pele de marfim da minha mãe brilhava. Eu sempre invejei seus longos cachos escuros e lábios naturalmente rosas. Para mim ela sempre parecia a Branca de Neve. Eu costumava vê-la pegar laranjas no bosque para sua famosa geleia de laranja e me perguntava por que eu fiquei presa com o cabelo rosa5, olhos verdes e sardas, em vez de sua boa aparência.

Branca de Neve estava lá em sua camisola de cetim e apontou o rifle para mim. Com o meu coração correndo no meu peito, eu levantei a pistola para ela. — Eu te amo, baby, vejo você do outro lado, — disse ela. Lágrimas brotaram nos meus olhos. Eu teria apenas uma fração de segundo. Mesmo se a arma emperrasse como muitas vezes fazia no primeiro acionamento do gatilho, haveria apenas um segundo.

Minha mãe sorriu maniacamente para mim com os olhos arregalados.

Em seguida, Branca de Neve puxou o gatilho.

Eu segurei minha respiração, mas nada aconteceu. Ela bateu na lateral da arma como ela tinha visto meu pai fazer um milhão de vezes antes e antes que ela fosse capaz de por seu dedo no gatilho de novo, eu atirei.

Sangue espirrou contra o piso, transformando a pintura descascada branca em vermelho brilhante.

Mamãe estava certa sobre uma coisa.

Foi rápido.

Eu caí de joelhos e apertei meu peito. Minha mente em branco. Eu não podia formar um pensamento coerente. Ambos os meus pais estavam mortos e eu não sabia o que eu deveria fazer. Quem eu deveria chamar.

Ambos os meus pais estavam mortos.

Você matou sua mãe.

Eu gemi para a noite; perdida, com medo e completamente sozinha.

Cheguei sob minha camisa e procurei conforto do jeito que eu sempre fazia quando meus pais estavam brigando, agarrando o anel que eu usava em uma corrente sob minha camisa.

Eu esfreguei o metal frio entre meus dedos. Um raio atingiu a torre de água e foi nesse momento que a resposta veio a mim. Eu sabia onde eu tinha que ir.

A quem eu tinha que ir.


Capítulo três

Thia

Estava chovendo.

Era verão na Flórida.

Estava sempre chovendo.

Em algum momento durante o passeio de bicicleta de quarenta minutos a partir da fazendo de Jessep até Logan’s Beach eu tinha perdido todo o sentimento em meus pés enquanto eu pedalava descontroladamente contra a força da chuva.

Eu tentei tirar o velho Ford do meu pai. O chaveiro na porta da frente estava vazio, o que deixou apenas outro lugar que poderia ter estado. Eu puxei minhas pernas para frente e para trás no quarto que continha o corpo sem vida do meu pai. Ao vê-lo anteriormente não diminuiu o impacto de caminhar ao redor da cama e encontrar meu pai jogado em um ângulo estranho contra a parede, com o cabelo ainda molhado com seu sangue.

— Papai, — eu chorei, passando por cima do rio vermelho que começou como uma piscina atrás de sua cabeça e ficou mais fino e mais fino até que ele saiu do quarto que meus pais compartilhavam e se infiltrou no espaço entre a parede e o chão, se espalhando tanto à esquerda quanto à direita, pintando os rodapés brancos em vermelho fresco.

Minha família inteira estava morta, mas eu não tive tempo para pensar sobre isso e eu estava grata porque o peso do que aconteceu estava ameaçando me esmagar onde eu estava.

Algo dentro de mim, um raio de esperança, me disse que se eu pudesse chegar à Bear, então tudo ficaria bem. Ele não poderia fazer tudo isso ir embora.

Mas ele poderia fazer tudo ficar bem.

Ele fez uma promessa. Ele irá te ajudar. Ele pode pensar por você. Você apenas tem que chegar lá.

Eu não poderia me fazer procurar nos bolsos do meu pai. Tocá-lo apenas tornaria isso mais real.

Sem outra opção, eu peguei minha bicicleta do chão e saí.

Cada rotação das minhas pernas fizeram os músculos de minhas coxas parecerem mais e mais pesadas. A única coisa que me impulsionava para frente era a salvação que eu esperava encontrar quando cheguei a casa do clube dos Beach Bastard’s.

Quando cheguei à Bear.


Capítulo quatro

 

Thia

 

A chuva ainda não tinha passado no momento em que cheguei ao portão. Um garoto magro montava guarda do lado de fora em um banquinho. Através da sua capa de chuva transparente eu podia ver o patch em seu colete que se lia prospecto. Ele me observou quando eu baixei minha bicicleta e manquei até ele, os músculos das minhas pernas ainda não tinha recebido a mensagem que eu tinha parado de pedalar. — Eu preciso ver Bear, — eu disse. — Por favor. Pode dizer a ele que Thia está aqui para vê-lo? Thia do posto de gasolina. Eu preciso falar com ele. Isso é muito importante.

— Como é importante? — perguntou o prospecto, movendo o palito que pendia em seus lábios de um lado para o outro com a língua.

Tirando meu colocar, eu segurei para que ele pudesse ver o anel do crânio de Bear oscilando dele. — Isso é importante.

O prospecto olhou para o anel com ceticismo antes de sair do seu assento. Ele tomou o colar da minha mão e desapareceu atrás da porta do metal. Quando ele voltou dez minutos depois, foi como se ele fosse outra pessoa. — Eu sou Pecker, — anunciou ele, dando um passo para o lado para que eu pudesse entrar. — Como você disse que era seu nome mesmo? — um sorriso substituiu sua carranca de antes.

— Thia, — eu disse, entrando no clube dos Beach Bastards, embora eu teria chamado isso mais como um complexo. Era um velho motel ou complexo de apartamento. Três andares com salas voltadas para um pátio circular abaixo, onde uma piscina vazia estava no centro. Ao lado havia uma porta de vidro transparente que parecia que costumava ser um velho bar ou restaurante e parecia que os Bastards ainda utilizavam para sua finalidade original. O bar foi totalmente abastecido e vários homens, todos com coletes, jogavam sinuca em uma das três mesas de bilhar.

— Onde está Bear? — perguntei novamente. Sair da chuva e estar sob a proteção de um teto, meu queixo começou a tremer e os meus dentes batiam. Minha blusa molhada e calças se agarraram ao meu corpo. Meu cabelo está solto e sem vida contra a minha testa e bochechas, pingando água dentro dos meus olhos.

— Bear está ocupado agora, mas ele me disse que você pode esperar por ele em seu quarto, — disse Pecker quando eu o segui até um lance de escadas para o segundo andar, segurando no corrimão de alumínio irregular para apoio. Eu cortei o dedo médio em um ponto especialmente acentuado, chupando a gota de sangue que se reuniu na superfície. — Desculpe, devia ter avisado a você sobre isso.

Chuva escorria para o pátio com tal ferocidade que os Bastards não precisariam de uma mangueira para encher sua piscina vazia. O telhado não era nenhuma proteção contra a chuva vinda da horizontal.

Pecker parou na frente de uma porta verde escura e abriu, fazendo sinal para eu entrar. — Ele vai te encontrar aqui, — disse ele com uma risada. Eu entrei no quarto escuro, mas me virei novamente quando ouvi a porta bater atrás de mim.

— Onde você conseguiu isso? — perguntou uma voz ameaçadora. Minha garganta apertou e, lentamente, eu me virei para encarar o dono da voz. Na borda da cama, estava sentado um homem que se parecia muito com o que eu lembrava de Bear, exceto que este homem tinha cabelos grisalhos e um rosto cheio de linhas duras.

Ele levantou o anel de Bear.

— Onde está Bear? Você é o pai dele? — perguntei, abraçando meus braços em volta da minha cintura. O homem se levantou e riu, fechando a distância entre nós. Eu recuei para evitar o contato e minha cabeça bateu contra a porta.

— Eu não tenho certeza se você me ouviu, querida, — disse ele com sinceridade falsa: — Mas eu te fiz uma fodida pergunta e eu não sei quem você pensa que é ou de onde você pensa que é, mas eu vou... — ele se inclinou para olhar para mim com um par de ardentes olhos azuis familiares. — Eu sou Chop. Chop Chop6 porque... — ele riu e passou um dedo calejado pela minha bochecha, eu me afastei e ele agarrou meu rosto com tanta força a minha boca se abriu e ele apertou minhas bochechas até que se tocaram no meio. — Bem, você não precisa saber essa história, não é? Eu mando nesta merda. O patch no meu colete diz isso. Você está em minha casa, então você vai me dizer onde diabos você conseguiu isso antes de eu empurrar isso em sua maldita garganta e te sufocar com ele. — Chop levantou o colar novamente, a luz da lâmpada refletia o diamante do olho do crânio.

Chop poderia ter olhos da mesma cor que Bear, mas eles não tinham nenhuma beleza. Chop queimava com instabilidade, raiva e violência.

Isso foi um erro.

Eu tinha ido para o complexo procurando... o que exatamente eu tinha estado procurando? Socorro? Proteção? Segurança? Tudo o que eu sabia era que naquele quarto, com o pai de Bear a apenas algumas polegadas do meu rosto, senti nada segura.

Quando eu não respondi imediatamente, Chop deu de ombros. — Do seu jeito então. — foi quando ele apertou o anel para os meus lábios quando de repente eu encontrei a minha voz.

— Bear deu para mim, — eu disparei.

— Besteira! Onde você conseguiu isso? — ele rugiu, novamente tentar forçar o anel entre meus lábios.

— Eu tinha dez anos! — eu gritei e quando eu abri minha boca o anel escorregou e bateu no contra a traseira de minha garganta. Eu engasguei e Chop deu um passo para trás, examinando o anel à luz da lâmpada. Eu não sabia se ele queria dizer para eu continuar, mas eu fiz de qualquer maneira. — Ele me deu em Jessep quando eu tinha dez anos porque eu fiz um favor para ele. — eu não sabia se eu iria por Bear em apuros dizendo à Chop exatamente o que aconteceu, então eu fui vaga. — Ele me disse que se eu precisasse da ajuda dele, que era para eu vir aqui e mostrar o anel e ele iria me ajudar.

Chop me soltou. — Cale a boca, — ele comandou, ainda torcendo o anel ao redor em sua mão como se não pudesse acreditar que estava ali. Um sorriso torcido assumiu seu rosto e ele soltou uma gargalhada. — Ele é uma porra de um homem morto andando, mas o garoto sempre foi engraçado.

— O que isso significa? — perguntei, não tendo certeza se a nova rodada de dentes batendo era por frio ou medo.

— Isso significa que o meu menino deu isso para você porque ele nunca esperava que você aparecesse, — Chop disse, colocando o anel no bolso costurado no interior de seu colete. — Ele não teria feito merda nenhuma para você, exceto, talvez, te mostrar o pau.

— Não! Ele disse que é uma promessa de motoqueiro. Era a maneira de vocês...

— Nós queridas, não temos esse código e eu sei disso porque todos os nossos códigos têm a ver com assassinato. Como o que, onde, quem e quando.

Bear mentiu para mim?

Sim, Bear mentiu e eu era uma pequena garota estúpida que se apaixonou por ele. Ele nunca quis me ajudar. Ele só não queria que eu dissesse sobre ele.

— Posso pelo menos falar com ele? — eu perguntei com um último resquício de esperança. Não importava se o anel que eu tinha estado agarrada por sete anos era uma piada. Eu ainda precisava de ajuda. — Eu só preciso...

— Bear não é um Beach Bastard mais. Ele largou o colete deve como um idiota que ele é e saiu por aquela porta, porque ele é um covarde. Ele não é um motoqueiro mais. Ele não é um amigo. Ele não é mesmo um homem do caralho. Você sabe o que ele é? — perguntou Chop, recuando diante de mim. Eu balancei a cabeça, congelada no lugar por seu olhar. — Ele. Está. Morto. Um filho da puta morto que acontece de ainda estar respirando. — ele apertou o nariz no espaço entre meu pescoço e ombro e inalou. Eu me encolhi, e tentei me afastar, mas seu corpo musculoso grande me manteve presa. — Mas eu irei consertar essa porra em breve, — ele sussurrou, sua respiração quente contra o meu ouvido me fez sentir como se eu estivesse indo vomitar.

— Se ele não está aqui, então eu deveria ir, — eu disse, cada alarme interno que eu tinha atingindo a volumes ensurdecedores dentro da minha cabeça.

Corra. Corra. Corra.

Senti a maçaneta da porta atrás de mim e quando eu achei que eu poderia girar, ela não se moveu. — Bloqueios do lado de fora, — Chop disse maliciosamente, as sobrancelhas sugestivamente saltando.

Me agarrando pelos ombros, ele me jogou no chão. Eu caí de lado e dor rasgou minhas costelas. Chop se ajoelhou e montou em mim, me segurando presa com suas coxas no tapete sujo. — Ele escolheu esse filho da puta King sobre seus irmãos. E ele vai pagar, porra.

— Me solta! — eu gemia, me contorcendo debaixo dele, tentando me libertar, mas ele estava tão preso no lugar como a maçaneta da porta. Eu tentei bater meus punhos contra o peito dele, mas ele agarrou meus pulsos e os torceu dolorosamente. — Por favor, me solte! — eu gritei.

— Não se preocupe, pequena. Eu não vou te matar. Na verdade, eu vou me certificar de que um dos meninos te dê uma carona para fora.

— É? — perguntei, sabendo que ele não estaria em cima de mim cortando a circulação das minhas mãos se seu único plano era me deixar em outro lugar.

— Sim. Os meninos irão te deixar ir na parte da manhã.

— Manhã? — perguntei, apenas metade da palavra audível, o resto saiu como um sussurro ofegante.

— Sim, de manhã. Porque primeiro nós queremos ter certeza de que Bear veja que ele sabe que ele é um homem morto, mas se ele quiser continuar respirando, é melhor não ser estúpido o suficiente para passear neste lado da calçada.

— Ok, me deixe ir. Se eu vê-lo eu vou dar a ele a mensagem. — eu prometi.

— Não, sua garota estúpida. Você é a mensagem. — Chop empurrou minhas mãos sobre minha cabeça com uma mão e se inclinou, mordendo meu mamilo através da minha camisa.

Duro.

Eu gritei e Chop sentou e riu, admirando a mancha de sangue fresca na minha camisa, onde seus dentes tinham estado. — Os irmãos e eu vamos nos divertir com você, cadela.

— Irmãos? — perguntei, ou pelo menos eu pensei que eu perguntei porque Chop cerrou o punho e o bateu em meu queixo, me fazendo ver estrelas. A imagem do seu sorriso acima de mim cintilou como se alguém estivesse acendendo e apagando as luzes do quarto. Um segundo eu vi e no segundo seguinte tudo estava preto, embora eu soubesse que ele estava lá porque o peso esmagador em cima de mim nunca mais saiu. — Ele não me conhece. Ele não vai se importar. Não faça isso. Por favor, não faça isso!

Chop me ignorou. — Espere até que Murphy se aposse de você. Ele gosta de quebrar meninas como você. — Chop suspirou. — Quando vimos você entrar, eu já tinha prometido a ele que eu iria guardar a sua buceta para ele, embora eu ache que provar não vai doer. — ele se sentou sobre os joelhos e quando eu pensei que ele estava prestes a dar o fora, ele me virou com um braço, minha cabeça batendo contra a cômoda. Ele puxou meus shorts e roupas íntimas molhadas pelas minhas pernas com um puxão áspero.

— Não! — eu gritei, chutando minhas pernas para fora.

Chop usou seu joelho para espalhar minhas pernas e com um de seus dedos ele forçou dentro de mim. Senti suas longas unhas rasparem contra as minhas paredes internas. Eu sentia cada cume de seu dedo até seu anel impedir de ir mais longe. — Tão apertada. Realmente é uma pena que eu sou um bastardo que guarda as minhas promessas aos meus irmãos. Você vai ter que lembrar disso à Bear quando você o ver. — ele puxou seu dedo para fora de mim e minhas entranhas pulsaram pela lesão. Arranquei minha bochecha do tapete e me virei para olhar no Chop que piscou para mim antes de estalar o dedo em sua boca. — Você tem um gosto tão bom pra caralho, querida. É uma pena estragar este seu pequeno corpo, porque nós poderíamos adorar uma nova buceta por aqui.

Chop soltou o cinto e empurrou seu jeans para baixo com uma mão, ainda se inclinando sobre mim, sua mão ainda me mantendo prisioneira. Sua enorme ereção saltou livre de sua calça jeans e eu virei minha cabeça de volta para o chão não querendo ver o que eu estava prestes a sentir. Eu apertei minhas coxas e tentei empurrar as pernas juntas, mas outro tapa do lado do meu rosto me tirou a vontade de lutar. Tentei levantar a cabeça novamente, mas meu pescoço não poderia apoiá-lo. Minha cabeça estava muito pesada. Era demais.

Era tudo demais.

Chop largou meus braços quando sentiu a luta em mim morrer, abrindo ainda mais as minhas pernas com o joelho. Eu senti sua ereção quente e pesada nas minhas costas. Ele sussurrou em meu ouvido, suas palavras além de frias. Além de insensíveis. — Eu vou destruir essa bela bunda sua. Eu vou ir seco, então isso vai doer pra caralho. — ele correu os dentes no meu ouvido, mordendo minha orelha. — Mas primeiro um pequeno teste para ver quão apertada esta bunda realmente é.

Ele pressionou seu polegar em mim e dor passou pela minha espinha como se eu estivesse sendo esfaqueada. Quanto mais longe ele pressionava, mais dor eu sentia.

Mais irregular a faca se tornava.

Eu usei toda a força que eu tinha para falar, — Eu vou dizer a Bear quem não é homem mais.

— O que foi, menina? — perguntou Chop, pressionando ainda mais dentro de mim até que eu desmoronei contra o braço, me segurando.

— Você me disse que Bear não é homem. É você que não é homem. Você não é nada. Você é um lixo do caralho! — eu gemi quando a dor se intensificou.

— Aqui eu sendo bonzinho em te aquecer, — Chop tirou o polegar, mas qualquer alívio que senti era temporário porque ele agarrou seu eixo e o pressionou firmemente contra o pacote apertado de nervos que ele tinha acabado de lesionar. — Chega, — eu tentei me preparar mentalmente para a dor, mas não houve quantidade de preparação que eu podia fazer para estar pronta para o que estava por vir.

Ele ia me quebrar.

O senti começar a empurrar, a sensação de esfaqueamento afiado.

Em seguida, ele tinha ido embora.

Chop tinha ido embora.

Vidro voou pelo ar quando a janela explodiu, se quebrando em um milhão de pedaços, cobrindo toda a superfície no quarto, incluindo a minha pele com fragmentos minúsculos que me furaram como pequenas estrelas chinesas.

O quarto estava girando.

Gritaria, e coisas se arrastando e batendo soou do lado de fora do quarto. Portas abriram e fecharam várias vezes.

O chão sólido debaixo de mim desapareceu e foi substituído por um balançar, bater, e uma ligeira vibração de um veículo.

Eu abri um dos meus olhos inchados. — Quem é você? — perguntei. Sombras escondiam o motorista. Chuva atirava no para-brisa mais rápido do que o limpador podia limpá-las.

— Eu sou Gus, — disse ele sem rodeios, com zero de emoção em sua voz.

— Oi, Gus, — eu cantei delirantemente, o lugar entrando em foco. Minha cabeça caiu para trás contra a janela do passageiro.

Gus, a chuva, a casa do clube, Chop, meus pais, tudo começou a se desvanecer. Mais e mais longe até que eu estava cercada por nada. Um nada delicioso. Eu queria existir nisso durante o tempo que eu podia.

Vivendo em um estado permanente de nada parecia uma boa ideia.

Talvez isso seja a morte?

Eu estava morrendo?

Eu não sabia, e com toda a honestidade, naquele momento...

Eu não me importava.

Escuridão veio para mim. Eu não lutei contra isso. Fechando os olhos, eu permiti que me devorassem, me deixando levar. Uma parte de mim esperava que isso fosse me manter lá para sempre. Eu nunca quis acordar para enfrentar a realidade do que a minha vida tinha se tornado em um curto espaço de tempo.

Não era uma vida.

Era um pesadelo.


Capítulo cinco

BEAR

Eu não estava arruinado.

Eu estava além de arruinado.

A nova palavra precisava ser inventada para o nível de fodido que eu estava.

Torcendo o cabelo escuro na minha mão, eu puxei duramente, arrancando um gemido do que quer que seja o nome da garota que estava lambendo minhas bolas. Sua amiga, que tinha a mesma cor de cabelo, apenas mais baixa, rolou um preservativo no meu pau e se afundou nele.

O quarto do motel estava escuro, as cortinas tão grossas que poderia ser meio-dia e eu não saberia.

Dia e noite. Tudo tinha se misturado.

O lugar cheirava a porra, suor e maconha. Nem é necessário dizer o que vinha acontecendo nos últimos muitos dias que eu estava lá.

Dormir era inútil, porque sempre que eu caía no sono não havia nada de reparador sobre isso. Que foi parcialmente devido aos sonhos recorrentes que eu estava tentando evitar, e um monte a ver com a quantidade de pó que eu enfiei em meu nariz.

Eu gozei? Quão triste essa porra é?

Ainda mais triste?

Eu não me importo.

Não importava que houvesse duas delas, poderia ter havido duas mil, todas molhadas e prontas, inclinadas e esperando, isso não teria mudado porra nenhuma.

O que quer que tivesse acontecido, pelo menos tinha acabado.

Eu nem sequer me lembro de onde eu conheci as meninas ou ate mesmo quando, e eu não sabia seus nomes porque eu nunca me preocupei em perguntar. Pela aparência delas não, não era a primeira vez. Elas podem não ser prostitutas de clube, mas eu poderia perceber de longe, e essas meninas tinham piranhas escrito na testa.

Eu tive a súbita vontade de ser deixado sozinho.

Agora.

Acendi um cigarro e joguei a mais leve para a mesa de cabeceira, observando-a girar ao redor até que ele caiu. — Dê o fora! — eu lati, acenando com a mão na direção da porta, apertando os olhos para me certificar de que estava acenando para a saída, e não o banheiro.

Sim. Saída.

Acertou em cheio.

Correndo ao redor do quarto como uma barata tonta, a de cabelos curtos procurou por suas roupas e sapatos. Uma vez que ela encontrou o que estava procurando, ela puxou o ombro da outra menina que ainda estava na cama, nua e deitada em seu estômago. — Clarissa, temos que ir, porra. — ela olhou para mim e minha expressão permaneceu dura. — Agora, Clarissa, temos que ir, AGORA!

Clarissa gemeu e se virou para o lado dela, apertando os lençóis para seu peito, — Eu estou dormindo, Julie. Me deixe em paz. Vovó não vai nos chamar para ir para igreja até o meio dia. Eu posso dormir hoje.

Julie continuou a tentar acordar sua amiga, sem sorte.

A cada tique do velho relógio na parede, senti meu sangue começar a ferver. Quando se aproximou ao clique número dez, era como um trovão em meus ouvidos.

Peguei um cinzeiro de vidro pesado da mesa e lancei contra a parede, criando um buraco no gesso e um som que explodiu através do espaço silencioso como se um tornado houvesse caído pela janela. Poeira se elevou do buraco na parede, nublando o pequeno espaço com o cheiro de cigarros velhos.

Clarissa pulou da cama, alerta e acordada. Ela pegou sua bolsa, e seu triste vestido do chão ao sair - deixando os sapatos para trás, e abriu a porta. Julie que estava perto dos sapatos os pegou, ambas correndo nas para a luz do dia, que estava tão ofuscante que tudo o que eu podia ver era branco.

Acho que isso responde a minha pergunta sobre se é noite ou dia.

Me levantando, eu saí da cama, protegendo os olhos da luz, tropecei até a porta e fechei antes de voltar e cair sobre o colchão duro.

Eu apaguei meu cigarro no chão, e pelo estado dos buracos no tapete eu poderia dizer que não era o primeiro. A meia garrafa vazia de JD7 me chamou atenção do lado da cama. Agarrando-a pelo pescoço, inclinei a cabeça para trás e derramei o líquido âmbar diretamente em minha boca. Eu não me incomodei em envolver meus lábios em torno do frasco com medo de abrandar o fluxo de uísque. Eu o engoli em grandes goles até que minha garganta ardia como se estivesse pegando fogo, e a garrafa estava vazia. Eu deixei minha cabeça cair novamente, desta vez em um travesseiro que cheirava a buceta. Eu o joguei no chão e pressionei meu rosto no colchão.

Bem, você está lidando com esta merda de um jeito muito fodido, querido Bear. Meu melhor amigo morto disse na minha cabeça. Preppy era tão claro em minha mente como ele teria sido se ele estivesse sentado na beira da cama. Eu adoro uma festa, mas isso não é uma fodida festa. Este é o lugar onde as festas morrem. Este filho da puta está a ponto de precisar de um desses tiros falsos no coração.

— Cale a boca, Prep. As pessoas que estão mortas não devem ser quietas? Porque se assim for, você, meu amigo não-vivo, está falhando em toda esta coisa sobre morte, — eu disse em voz alta.

Awe, é tão bonito que você acha que por eu estar morto você pode me fazer calar a boca. E eu não acabei ainda, querido Bear. Você acha que eu ficaria quieto enquanto você fode esse monte de puta? Não é legal, cara. Não mesmo.

— Eu vou fazer uma nota disso, — eu disse, quando o quarto começou a girar. Fechei os olhos em um esforço para parar de rodar, mas não funcionou. Eu chutei uma das minhas pernas para fora da cama e ancorei meu pé no chão, mas meu nível de sobriedade estava tão baixo que o velho truque não funcionou.

Quando abri os olhos de novo não só o quarto estava girando ainda mais rápido, mas eu quase podia jurar que vi Preppy de pé cima de mim, uma carranca no seu rosto normalmente feliz, sua gravata borboleta girando e girando, e ficando mais e mais escura quando halos negros encheram minha visão.

Eu estava vendo o meu melhor amigo morto.

Eu tinha razão.

Estou em outro nível de arruinado.

Ver você chafurdando na sua própria merda está começando a me deprimir e eu estou morto, porra!

Era a última coisa que eu ouvi, ou pensei, ou o que quer que seja essa comunicação estranha entre o meu fodido cérebro, antes da minha visão ficar completamente preta e as trevas me absorverem.

Mas até mesmo grandes quantidades de uísque não poderia me salvar dos sonhos.

Eu sinto o calor contra o meu lado tão perto que queima. Eu ouço o crepitar do fogo e quando eu abro meus olhos, eu posso ver as brasas do fogo voando no ar. Eu sinto a minha pele chamuscar quando uma se aterra na parte de trás do meu pescoço.

Eu tento me levantar, mas eu não posso. Não consigo mover meus braços também.

Eu estou no meu estômago, deitado através de um conjunto de cadeiras de plástico baratas.

Eu estou amarrado.

Homens, vários deles me cercam. Eles estão rindo. Me cutucando. Me socando no rosto. Me chutando nas laterais. Em um ponto as cadeiras caem para o lado e eu caio, certo que eu quebrei uma costela contra o tijolo da fogueira no processo. Há uma ordem para me colocarem na posição vertical, e é feito imediatamente.

Quando as cadeiras são colocadas de volta e eu levanto minha cabeça, eu vejo Eli, o homem responsável pelo meu estado atual, sentado com as pernas cruzadas e um charuto na boca. Quando a fumaça se dissipa em torno de seu rosto, seu sorriso divertido é revelado.

O qual eu ia cortar de seu rosto.

Minhas calças são puxadas para baixo. Tento gritar, protestar, mas há uma mordaça na minha boca. Um dos homens coloca as malditas mãos nas bochechas da minha bunda e abre. Eles estão cutucando minha bunda com algo e eu grito com dor quando eles me penetram uma e outra vez. Eu me concentro nas coisas que eu vou fazer com eles quando estiver livre para evitar desmaiar de dor.

Porque eu serei livre.

Esta não era a maneira que era para eu sair.

Eu penso em vingança. Removendo todos os seus dentes um a um com um alicate. Um cara no clube sabe como fazer isso de uma forma que maximiza a perda de sangue. A vítima morre de uma morte lenta e dolorosa pela perda dos dentes. Isso é, obviamente, só depois de eu tirar os intestinos através das bundas deles com uma chave.

Eles pensam que o que eles estão fazendo comigo é tortura.

Esses filhos da puta não têm ideia do que é uma fodida tortura.

Estou tão quieto que um deles pergunta ao outro se eu desmaiei. Meus olhos estão fechados quando eu sinto a presença de alguém na minha frente. Ele enfia o dedo no meu olho e eu não reajo. Estou sentindo a maior dor que senti na minha vida, mas eu encontrei o meu lugar de calma e eu não vou deixar isso ir até que eu possa matar cada um desses filhos da puta. Estou guardando minha energia para quando eu puder realmente usá-la.

Eu sou um Beach Bastard do caralho.

Cadelas foram se lançando para mim desde que a tinta ainda estava molhada na minha certidão de nascimento.

Esta não é a primeira vez que estou sendo amarrado e torturado.

As chances são de que não seria a última.

Nunca houve uma dúvida na minha cabeça que eu morreria lá.

Nunca.

Minha mordaça é removida e eu ouço o som inconfundível de um zíper sendo abaixado. Eu quase rio para mim mesmo, porque eu sei o que está por vir.

Mas ele não.

Ele ri com seus amigos quando ele empurra seu pau pequeno de gordo na minha boca. Eu luto contra a bile subindo na minha garganta. Meu reflexo de lutar. Eu fico totalmente imóvel por um, dois, três segundos.

Os mais longos três segundos da minha vida.

Eu fecho os meus dentes em torno do seu pau até que eles se encontram no meio. Quando ele grita e tenta se afastar, eu seguro mais apertado e sacudo minha cabeça para o lado.

Gosto de cobre quente enche minha boca e eu não posso deixar de rir quando o homem pula ao redor com dor.

Meu riso está fora de controle enquanto seu sangue escorre dos lados da minha boca e eu cuspo o que sobrou do seu pequeno pau no chão.

Os sons de tiros irrompem e corpos em torno de mim começam a cair. Há uma explosão e eu sou enviado pelo ar. Eu caio com um baque surdo na grama e espero para ser desatado.

Porque eu sei que é King.

Eu sei que ele está vindo para mim.

E eu sei que agora é hora de matar.

Em um flash, King está arrastando um amarrado e semiconsciente Eli em seu caminhão e eu estou colocando uma bala no último dos homens de Eli na doca quando ouço uma voz. E, de repente eu não estou coberto de sangue e acabando com uma vida. Estou sentado ao lado da garota mais bonita que eu já vi na minha vida.

A garota do meu melhor amigo.

A garota de King.

— Eu teria sido uma boa prostituta para você, — diz ela, e meu pau praticamente salta para a atenção dentro da minha calça. Seus grandes olhos azuis estão desfocados. Suas pupilas do tamanho da Lua, mas de alguma forma o jeito que ela está olhando para mim me faz acreditar que ela está olhando através de mim. Através da minha besteira. Através do motoqueiro e ao homem interior. Naquele momento, ela é a única pessoa no mundo que pode ver além do colete e devo ser um suicida, porque eu estou disposto a sofrer a ira de Link para estar com ela.

Eu não me importo se ela está bêbada, isso vai fazer o que tenho a dizer mais fácil. Mas agora eu não me importo com nada, além de colocar meus lábios nos dela. Rosa, cheios, bonitos. Imagino-os em volta do meu pau e meus jeans ficam mais apertados quando meu pau decide que ele gosta da ideia, tanto quanto eu. Quando ouço o clique de uma arma atrás de mim, eu sei que é King. O clique é um serviço de cortesia, porque eu sou um amigo. Eu sei em primeira mão que a maioria dos que se encontram na mira de sua arma não são estendidos a mesma cortesia em forma de aviso. Eu olho de volta para a garota que eles chamam de Doe e eu a quero tanto que eu quase posso prová-la na minha língua.

Contemplo ignorar meu amigo e recebe a bala.

Eu acho que ela poderia valer a pena.

Ela está com raiva de King, e tem todo o direito de estar. Ela acabou de encontrar ele e alguma cadela. Eu quase quero bater no filho da puta me por deixá-la tão chateada. Mas oh porra bem.

Eu vou mandar King ir se foder. Dizer a ele para atirar em mim, se isso é o que ele realmente quer. A meu ver, eu estou prestes a corrigir um erro. Eu nunca deveria ter enviado ela à King na festa. Eu deveria tê-la levado para a minha cama e a mantido ali no segundo em que pus os olhos nela.

Em vez disso, o idiota aqui a enviou para colocar um sorriso no rosto de King.

Como se aquele filho da puta sorrisse.

Doe se vira e olha para King e até mesmo através de toda a mágoa e raiva em seu rosto eu posso ver claramente como ela se sente sobre ele. Eu nunca vi o verdadeiro amor antes, mas eu sei que é isso e isso faz meu estômago virar, porque eu sei que o que estou vendo é a coisa real. Merda, eu posso sentir isso. Como a eletricidade estática piscando entre eles.

Fisicamente me dói desembrulhar os meus braços em torno dela, porque eu sei que é a última vez que eu irei tocá-la porque ela não pertence a mim. Nunca pertenceu.

Nunca poderia.

Eu passo por King e trombo com ele com o meu ombro, dando a ele um educado empurrão 'foda-se'. Quando eu volto para a casa, eu quase desmaio quando eu sinto a dor no centro do meu peito. Dói tanto que eu acho que por um segundo o filho da puta mudou de ideia e atirou em mim afinal de contas. Ou isso, ou eu estou tendo um ataque cardíaco.

Mas quando eu abro os olhos e olho para baixo, eu estou olhando para o meu melhor amigo Preppy, o sangue jorrando de seu peito e ele está morrendo na minha frente mais uma vez. A vida drenando de seus olhos e a dor em meu peito se intensifica. Eu olho para baixo e a mancha de sangue no meu peito corresponde com a de Preppy. A dor se torna insuportável.

Mas a dor não é por causa de qualquer bala.

É porque eu não pude salvá-lo.

E, então, um enxame de abelhas atacam.

Bzzzzz Bzzzzzz BZZZZZZZ

Abelhas?

Bzzzzzzz. Bzzzzzzz. Bzzzzzzzz.

Meu telefone está vibrando na mesa, pulando e tocando os mesmos toques se sempre. Alguma música do caralho feliz que nunca pareceu coincidir com o meu estado de humor.

Eu agradeci quando ele parou de tocar. Eu abaixei meu rosto de volta para o colchão.

Três segundos depois, ele começou de novo, e de novo eu ignorei.

Três segundos depois ele começou mais uma vez.

Apenas uma pessoa tinha o meu número e desde que eu saí de Logan’s Beach, ele me liga todos os dias.

Eu nunca atendi.

As chamadas desaceleraram para uma vez por semana.

Eu nunca atendi.

Quando as chamadas pararam completamente, senti uma mistura de dor e alívio.

O telefone tocou pela quarta vez e eu não aguentava mais. Estendi a mão e apertei o botão verde, o segurando ao meu ouvido sem dizer uma palavra. — Bear? Bear, é você? — perguntou uma voz feminina.

Doe.

— Estou tão feliz que você atendeu. Você não precisa dizer nada, mas você precisa voltar para casa. Alguma coisa aconteceu, — disse ela, preocupação em sua voz cortando meu nevoeiro.

Me sentei na cama rapidamente. Muito rapidamente, e vi estrelas.

— Eu não sei por onde começar. É só que... — ela fez uma pausa e soa como se ela tivesse coberto o receptor com a mão. — Você é tão agressivo, — disse ela, mas não para mim. Houve uma comoção na linha quando o telefone estava sendo passado e eu sabia exatamente para quem ele estava sendo passado, mesmo antes de ouvi-lo murmurar: — Eu vou fazer você se arrepender dessa boca inteligente depois que as crianças forem para cama.

Eu não preciso ouvir essa merda. Já era difícil sustentar a constante dor de cabeça que batia entre meus ouvidos e eu precisava para voltar para isso.

— Você está aí? — perguntou King. Eu respondi com um grunhido e o som do meu isqueiro quando eu acendi um cigarro. A fumaça abriu meus pulmões e enviou apenas nicotina suficiente ao meu cérebro para fazer as rodas enferrujadas na minha cabeça começar a girar novamente. — Eu estou aqui, — eu disse no caso dele não ter ouvido o meu grunhido, a minha voz seca e áspera. Estendi a mão para a minha garrafa de Jack Daniels, mas ela estava vazia.

Inclinei e abri minha boca, os restos escorreram em minha boca.

Um, dois, três, acabou.

— Você soa como merda, — disse King.

— Bem, olá para você também, porra. — eu cantei.

— Temos uma situação aqui mais importante do que o som de sua voz e tanto quanto eu gostaria de cuidar disso para você, eu não saberia por onde começar.

— O que?

— Gus esteve aqui...

Puta merda.

Eu pulei para fora da cama, e novamente foi muito rápido porque eu caí no chão com um baque. O telefone deslizou pelo carpete. Girando sobre minhas costas, eu peguei o telefone e, novamente, o segurou até minha orelha.

Pelo menos eu não perdi meu cigarro, eu pensei, cruzando os olhos para olhar para o cigarro ainda pendurado em meus lábios.

— O que diabos está acontecendo aí? — perguntou King.

Olhei para o relógio na mesa de cabeceira. — Não se preocupe com isso. O que você deve se preocupar é porque um irmão está à sua maldita porta às três horas da manhã. — o MC estava atrás de mim. Tanto quanto eles adorariam acabar com King, matar civis trazia muito problema, mas eu ainda não conseguia pensar em uma única razão pela qual Gus estaria lá além de pegar o meu amigo mais próximo para chegar a mim.

— Ele não está mais aqui. Ele tinha uma garota com ele.

— Gus tem uma garota? Ele é um filho da puta estranho, mas bom para ele, eu acho, — eu disse.

— Não, cale a boca e ouça...

— Eu tenho uma dor de cabeça do tamanho da porra do Grand Canyon, então vá direto ao ponto e me diga o que diabos é tão importante no meio da noite que uma mensagem não teria sido suficiente, — eu disse. O teto acima de mim tinha mofo escuro se arrastando nos cantos e se eu fechasse um olho eu praticamente podia ver essas coisas lentamente causando problemas pulmonares a longo prazo.

— É uma da tarde, — King corrigiu. — E eu acabei de te enviar uma foto. Olhe, — disse King.

Clicando sobre as mensagens, um pequeno número vermelho apareceu sobre a bolha verde. Eu cliquei no ícone e quando a imagem apareceu, eu suspirei. Era uma menina. Nua, machucada e sangrando. Seu cabelo era uma sombra estranha entre vermelho e loiro.

Rosa talvez? Ou talvez fosse o sangue em seu cabelo.

— Viu? — perguntou King

— Estou olhando agora, mas por que diabos você está me mandando uma foto de uma menina morta? — eu cliquei no botão de viva-vos para que eu pudesse falar com King e olhar para a imagem ao mesmo tempo. Ela parecia familiar. Seus olhos estavam fechados e seu cabelo colorido estava cobrindo a maior parte de seu rosto. — Eu não sou Preppy, este tipo de merda não deixa o meu pau duro.

— Não é uma garota morta, imbecil. Ela está viva, mas ela está aqui e ela está bem machucada.

— Então a leve ao hospital, caralho... — eu comecei, pronto para terminar a conversa e subornar uma das empregadas para ir até a loja de bebidas para mim.

— Bear! — King retrucou. — Ela está aqui, no apartamento da garagem. Gus a salvou antes que o MC pudesse deixá-la pior do que ela já está, mas ele tinha ouvido o seu velho dizer que ele ia largá-la aqui, para você.

Por que diabos o MC faria isso?

Eu não tenho que pensar muito sobre isso. Conhecendo o jeito que meu velho fazia as coisas, eu sabia que havia uma razão pela qual ele iria espancar uma menina indefesa. Bem, na verdade havia algumas. Mas só havia uma razão pela qual ele iria bater em uma e despejá-la em algum lugar que ele sabia que iria chegar a mim.

Enviar uma mensagem.

A realização me bateu enquanto King continuava falando, embora eu não podia ouvir o que ele estava dizendo. Foi o cabelo rosa. Eu não tinha visto em muito tempo. Não desde que...

— Olhe para a fodida mão dela, idiota, — King latiu, me trazendo de volta ao presente. Eu praticamente podia ver através do telefone a veia em seu pescoço que sempre pulsava quando ele estava zangado.

Eu usei meus dedos para dar zoom na mão dela e minha respiração ficou presa na minha garganta quando eu vi o que ela estava segurando entre os dedos.

Um anel. Um anel de caveira dos Bastard.

Meu anel de caveira dos Bastard.

— Estou indo.


Capítulo seis

BEAR

A dormência que havia sido bom para mim ao longo dos últimos meses tinha sido substituído com a raiva familiar que me acompanhou toda a minha vida. A raiva que me permitiu tirar vidas. A raiva que me permitiu odiar inimigos que eu nunca conheci. No entanto, este novo tipo de raiva borbulhando dentro de mim era para um homem e um homem só.

Chop.

Eu ainda estava meio bêbado. Era difícil não estar. Se eu quisesse estar completamente sóbrio levaria meses para limpar o meu sistema. Talvez anos.

As linhas tortas da rodovia se misturavam em uma longa sequencia de branco e amarelo enquanto eu pressionava o pedal do acelerador, o motor gritando e gemendo em protesto. A linha vermelha do velocímetro pulsava com hesitação, subindo mais e mais enquanto eu empurrava a caminhonete velha ao seu limite.

Eu tinha dado o anel para a menina como uma fodida brincadeira. Uma maneira de acalmá-la, fazê-la se sentir bem para não ligar para a polícia do caralho. Eu nunca esperava que ela aparecesse no maldito MC. Sobre o que ela poderia ter precisado da minha ajuda de qualquer maneira? Eu honestamente pensei que ela iria esquecer tudo sobre o anel e a falsa estória por trás dele.

Eu estava tão fodidamente errado.

Só porque era essa mesma menina na imagem que King me enviou não queria dizer que isso tudo não era uma armadilha elaborada por Chop para me fazer voltar à Logan’s Beach.

Meu velho era um filho da puta, mas ele era um filho da puta inteligente. Ele não queria vir atrás de mim em público, e com toda a vigilância na casa de King, ele com certeza estava tão longe de The Causeway quanto possível.

Mas e a menina?

Ela poderia estar na folha de pagamento dos Bastards pelo que eu sabia. Tudo o que ela precisava fazer era ir para um lugar tranquilo, sem vigilância para que os Bastards pudessem me levar de volta para o clube e me enforcar no meio do pátio para que eles pudessem jogar latas de cerveja no meu corpo até que eu começasse a cheirar mal.

Mas e se ela realmente foi para o MC porque ela precisava da minha ajuda? Precisava de mim para cumprir uma promessa que eu não tinha intenção de cumprir.

Na foto ela estava segurando o maldito anel como se fosse à coisa mais preciosa do mundo para ela. Eu senti um puxão do fundo do meu fodido intestino, mas como todas as emoções indesejáveis caindo pelo meu cérebro, eu empurrei essa merda para longe.

Minha piada estúpida acabou na porta de King. O plano era chegar à Logan’s Beach e silenciosamente limpar a bagunça que eu fiz. Então eu iria enviar à menina em seu caminho e dar o fora.

Cada solavanco na estrada me fez olhar para cima e olhar para o espelho retrovisor. As janelas traseiras estavam escuras e pareciam quase tão inúteis como um monge com um pau de vinte e três centímetros. A minha moto estava amarrada à traseira da caminhonete com cintas de nylon pesadas que ligava à ganchos no chão.

Uma besta mecânica amarrada enquanto ela foi concebida para estar voando pela estrada.

Como eu.

Eu tinha alugado a caminhonete sob um pseudônimo de um depósito fodido que operava exclusivamente em bilhetes de papel, nenhum sistema de computador de qualquer tipo. Eu não estava me escondendo do clube. Eu não era um covarde, mas eu não estava prestes a anunciar a minha chegada e colocar a família de King em risco também.

Eu não estava me escondendo, eu só precisava de tempo.

Tempo para quê, eu não tinha fodida certeza.

Ao longo dos últimos meses, a única coisa que eu estava fazendo era beber e comer buceta a rodo e logo que eu concluísse meu negócio, eu iria voltar para isso.

Meu velho não era estúpido o suficiente para levar a nossa luta para as ruas, mas ele era estúpido o suficiente para me enviar uma mensagem ao bater em uma menina a quem ele sabia que eu tinha dado a minha promessa de proteção.

Há quanto tempo foi isso? Seis, sete anos?

Parecia outra vida.

Um onde eu tinha tanta certeza do meu lugar dentro do clube. Uma onde eu estava contente de ser um soldado ingênuo cuja principal preocupação era buceta e festa.

Buceta.

Eu tinha estado de joelho nisso desde que eu tinha doze anos.

Perdi a virgindade da mesma forma que todos os outros meninos pré-adolescentes perderam no clube. Um membro mais velho, no meu caso foi o meu velho, me sentou no meio de uma sala cheia de irmãos já bêbados ou drogados ou ambos, quando uma prostituta seminua com o dobro da minha idade me deu uma desculpa triste para fazer um strip tease para uma velha canção do Bon Jovi, cada irmão que eu tinha conhecido desde que eu nasci observavam. Ela caiu de joelhos e me chupou antes de se sentar e virar as costas para mim. Ela segurou o braço de apoio quando ela se afundou, levando meu pau dentro de sua buceta.

A multidão aplaudiu e braço direito do meu velho, Tank, sacudiu uma garrafa de Bud, estalando a parte de cima com a faca, pulverizando de cerveja em cima de mim e na prostituta depois que eu gozei em menos de vinte segundos.

Melhor fodido dia da minha vida.

Eu daria qualquer coisa para ter esses dias de volta. Para ser alegremente inconsciente de toda a merda fodida que me fez eventualmente me virar contra meus irmãos e desistir do meu colete.

Eu estava feliz de ser apenas outra formiga no ninho, fazendo suas ordens sem questionar.

Minha vida fora do clube sempre irritava Chop. O fato de que eu estava próximo a civis, chamados Preppy e King, jamais descia bem para ele. Ele levou cada chance que ele tinha para me avisar a deixá-los e me lembrando de onde a lealdade precisava estar e como os de fora causavam nada mais que problemas em nosso mundo.

Eu nunca vi isso dessa forma. King e Preppy eram úteis para o clube. Os Bastards corriam para eles quando algo era demais para nós, e se apoiaram em nós quando eles precisavam de uma limpeza. Eles abraçaram meus irmãos e abriram suas casas para nós e nossos modos de festas selvagens.

Chop foi tão longe como oferecer a eles um colete. Patchs. Eu acho que ele fez isso pelo fato de que não ter poder sobre eles o deixava puto.

É claro que eles disseram não. King era um touro que corria em sua direção e Preppy era selvagem, correndo entre os touros sem nenhuma direção.

Eu fiz meu caminho e aproveitei todas as oportunidades para mostrar a Chop de que minha lealdade estava com ele. Com o clube. Atirei quando ele mandou. Enterrei seus problemas no fundo da floresta sem hesitação. Vivi a minha vida de acordo com o nosso código e de mais ninguém.

Mas nunca era suficiente.

Quanto mais ele me empurrava em sua ideia de que, a fim de tomar o martelo eu precisava desistir dos meus amigos, menos eu queria. Comecei a passar cada vez menos noites no complexo e mais noites no apartamento improvisado na garagem de King. Tivemos festas em seu quintal para meus irmãos que abraçaram King e Prep, não apenas como meus amigos, mas como amigos do clube.

Preppy morreu em nosso clube vários meses atrás porque havia um traidor entre os meus irmãos.

Um rato.

Chop estava mais preocupado com o sangue no concreto do que a morte de Preppy ou o traidor em seu meio. E isso é quando a coisa me pegou. A razão pela qual Chop estava preocupado com a minha lealdade era porque ele tinha uma razão para estar preocupado.

Quando a merda descesse. Vida ou morte. Uma arma mirada em Chop e uma mirada em meus amigos. Eu tinha que brincar de Deus e escolher cuja vida eu iria salvar, eu escolheria os meus amigos, a única família verdadeira que eu já tive além de Chop.

Eu acho que ele sabia disso muito antes de mim.

Quando ele se recusou a me deixar ajudar a salvar a garota de King, ele facilitou a escolha para mim. King ou o colete.

Não era nem mesmo uma decisão difícil de fazer. King tinha salvado minha vida num momento em que nem um único Bastard veio em meu socorro, quando Eli e sua gangue de filhos da puta idiotas me amarraram e me torturaram.

Chop falou bonito sobre a lealdade, mas ele nunca tinha feito uma coisa maldita para ganhar isso.

Eu me sentia nu sem o couro macio do meu colete contra a minha pele. E não é um bom tipo de nu. O tipo vergonhoso de nu.

Eu perdi.

Eu perdi o meu clube.

Eu perdi meus irmãos.

Eu sentia falta de saber o meu lugar no mundo e saber quem eu era, porque dirigindo a caminhonete de volta para os portões do meu inferno, eu não tinha ideia do caralho.

Tudo o que eu sabia era que eu não sentia falta de Chop.

Eu posso ter dado meu anel àquela garotinha como uma piada, mas isso não era mais uma piada.

Esta era uma fodida guerra.


Capítulo sete

BEAR

O dia que eu conheci King foi um dia sangrento.

 

Eu quebrei dois dentes e ganhei a cicatriz que atravessa o meu cotovelo esquerdo.

Nós tínhamos iniciado uma briga - eu nem me lembro o porquê. Pelo que quer que seja que as crianças de catorze anos de idade brigam. Bem, as crianças de catorze anos de idade que lidavam com drogas, roubos de carros, desmanche e fugindo da lei.

Nós tínhamos aguentado golpe por golpe até que estávamos tão ensanguentados e machucados que nenhum de nós poderia ver além das fendas dos nossos olhos negros inchados.

Preppy, um garoto magricelo que veio junto com King, se sentou em cima de um tronco nas proximidades e continuou correndo os dedos ao longo das pregas na frente de suas calças. Ele parecia totalmente imperturbável pelo espancamento mútuo ocorrendo apenas alguns metros de distância.

Na verdade, ele parecia... entediado.

— Vocês idiotas já acabaram? — Preppy gritou com um suspiro, soltando seus ombros. — Que luta de cadelas. Quando um de vocês desiste, aposto que é porque tem que ir trocar a porra do seu tampão. — ele balançou a cabeça e revirou os olhos.

King era mais pesado que eu, mas eu tinha a velocidade do meu lado. Para cada vez que ele me prendia debaixo dele, eu era rápido para manobrar para fora dele e aterrar mais um golpe em sua caixa torácica.

Isso pareceu durar horas.

Nós brigamos ferozmente, sem piedade. Rolando no chão molhado e macio, tentei cuspir a lama logo que entrou na minha boca para que eu pudesse recuperar o fôlego.

King recuou o braço e deu um soco contra o meu rosto, enviando minha cabeça para trás. A dor rolou pela ponte do meu nariz e vibrou contra minhas bochechas. O sangue escorria de minhas narinas na costura dos meus lábios, enviando um sabor de cobre em minha boca.

Era a terceira vez meu nariz tinha sido quebrado.

Um grito alto rasgou através do ar. King e eu viramos nossas cabeças em direção do som para ver Preppy, olhando para sua camisa branca em horror absoluto. Seu rosto já pálido parecia ficar ainda mais pálido. — Que porra é essa? — ele gritou, saltando do tronco. Ele puxou a alça do suspensório até o cotovelo, revelando um pequeno respingo de lama salpicado diretamente acima de seu bolso no peito.

Eu mal registrei que King e eu tínhamos parado de lutar. Suas mãos ainda estavam firmemente em volta do meu pescoço, meu joelho estava fortemente pressionado em seu estômago. Preppy lentamente olhou para cima a partir do ponto em sua camisa e de volta para nós. Suas bochechas estavam avermelhadas, os punhos cerrados ao lado do corpo. Antes que eu pudesse registrar o que diabos estava errado com o garoto, ele se lançou no ar com um grito que poderia rivalizar com os fodidos Braveheart8, e parou bem entre o King e eu, soprando o vento de meus pulmões, enviando King para trás na lama. Preppy então começou a se aproxima de nós com tudo o que tinha, mas desde que o garoto era construído apenas com cotovelos e joelhos...

Não era muito.

— Seus fodidos! — ele gritou, sua voz rachada sobre as vogais enquanto tentava seu melhor infligir dor em nós por sujar as roupas dele.

King e eu caímos na gargalhada e depois Preppy que tinha dado toda a luta que ele tinha para dar, ele caiu de costas e riu com a gente. Nós três passamos o resto do dia nos drogando no topo da torre de água. Essa foi à noite que Preppy desenhou um pau gigante na torre de água.

Eu aprendi naquele dia que Preppy tinha sido responsável por todos os paus que tinham sido pintados com tinta spray em placas de pare e postes de luz em toda a cidade. — Eu uso tinta especial também. A merda nunca vai sair. Quando eu estiver muito longe, meus lindos grandes paus pretos ainda vão estar em toda parte nesta cidade de merda.

— Oh, você gosta grandes pau pretos? — perguntei, cutucando sem suas costelas ossudas com meu cotovelo.

— Só o meu, — Preppy disse, agarrando seu pau através de suas calças cáqui.

King revirou os olhos. — Você não é preto, seu imbecil.

— Eu sou da cintura para baixo, filho da puta, você já viu o tamanho do meu pau? — Preppy estendeu a mão para seu cinto.

— Preppy, se você puxar a porra do seu pau para fora outra vez, eu vou te jogar da torre de água, — King advertiu.

— Você que sabe. — ele deu de ombros, tirando a mão de seu cinto. Ele se sentou entre mim e King e se inclinou sobre o corrimão olhando para as luzes esparsas abaixo. — Nós vamos possuir essa fodida cidade.

 

Grande. Grosso. Preto.

A torre de água de Logan’s Beach aparece. O esboço do spray de tinta em formato de pau ao redor da letra L ainda era visível, embora a cidade tenha tentado encobrir várias vezes com pintura fina barata. O cheiro do ar salgado misturado com protetor solar e peixes permeava o ar através da janela aberta e o cheiro de casa veio a memória... eu esperava que cidade nunca investisse em pintura decente, porque eu iria subi na torre do caralho no meio da noite e redesenharia o pau de Preppy mais uma vez.

Quando vou entrei na entrada de terra que levava até a casa de King, uma sensação estranha tomou conta de mim. Isso era pra sentir como casa.

Agora era o último lugar que eu queria estar.

Uma sensação de pavor permanecia dentro do meu peito, cada vez maior com cada rolar dos pneus me impulsionando para frente.

Livre-se da menina e dê o fora o mais rápido possível.

A casa de palafitas de três andares à minha direita era a casa principal, mas isso não era onde eu estava indo. Passando pela fogueira no quintal me fez querer vomitar, mas eu balancei a imagem da minha cabeça e em vez disso, escolhi lembrar de quando Preppy estava tão louco que ele convenceu a todos que ele poderia andar sobre as brasas.

Estávamos todos animados. Seus pés embora?

Queimaduras de segundo grau.

King estava do lado de fora de sua garagem recentemente reconstruída, os braços cruzados sobre o peito. Ele era um homem de poucas palavras e nunca falava antes de pensar, o que era o oposto de sua namorada, que estava sempre jorrando fora a primeira coisa que vinha a mente. King sempre foi um grande filho da puta, mas quando ele foi libertado da prisão no ano passado ele tinha saído ainda maior, como se ele tivesse saltado de ser a puta de alguém em troca de malhar. Seu cabelo estava curto e escuro e tinha um olhar ainda mais escuro em seus olhos.

Ele parecia o mesmo que ele sempre foi, mas havia algo nele que parecia... diferente, embora eu não conseguia descobrir o que era.

King levantou a tampa de um painel de teclas no lado da garagem que não estava lá antes de eu ir embora, e digitou um código. O lado direito do seu pescoço estava coberto com gaze. A porta da garagem abriu automaticamente. King acenou para eu entrar e eu dirigi para o espaço escurecido. Enquanto meus olhos se adaptaram, tomei cuidado para não bater em qualquer uma das motos clássicas e carros em diferentes estágios de reparação que eu sabia que estavam escondidos sob a infinidade de lonas empoeiradas.

Eu desliguei a caminhonete e pulei para fora.

— Você possui nada além de camisetas pretas e jeans escuro? — perguntei, tentando aliviar o clima e evitar qualquer conversa pesada ele podia sentir vontade de ter.

— Isso vindo do cara que não possui uma fodida camisa.

— Isso é o que está me incomodando. — eu disse, puxando a blusa preta sobre a minha cabeça e jogando-a de volta para o caminhão. — Muito melhor.

King revirou os olhos, mas eu podia ver a sombra de um sorriso. Não nos lábios, mas nele. Ele era um homem difícil de ler, mas eu tinha passado a entendê-lo. Só me levou quase 15 anos.

— A garagem parece melhor do que a última vez que eu vi, — disse eu, seguindo King. A atual área de garagem principal era duas vezes maior antes de Eli derrubar até o chão. — Você entrou em uma briga com um vampiro? — eu perguntei, apontando para a gaze no pescoço.

— Nova tattoo, — disse ele, abrindo uma porta que estava no mesmo lugar que o meu colchão costumava estar.

— Quem fez? — perguntei. King tinha feito todas as minhas e estavam muito melhor de quando ele começou. No meu braço direito não era uma imagem, mas um retrato da calçada durante o por do sol, uma moto em cima da ponte.

— Ray, — disse ele e ele sorriu.

— Puta merda, você deixar sua cadela tatuar você? — perguntei, me aproximando da gaze.

— Vá se foder. Chame ela de cadela novamente e eu vou te afogar no rio.

Entramos, mas não se parecia com a área improvisada que eu tinha usado antes como meu apartamento. Isso estava bom. A logo dos Beach Bastards que eu tinha pintado nas paredes tinha ido embora e essas paredes estavam nuas agora. O cheiro de tinta fresca pairava no ar.

Um sofá que parecia novo e TV formava a sala de estar. A pequena cozinha estava ao meu lado esquerdo. E ao contrário do estúdio que eu tinha antes, esta área tinha uma porta adicional que eu percebi que provavelmente levava a um quarto de verdade quando Doe abriu a porta e saiu.

Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. — Bear, — disse ela, os olhos brilhando, seu cabelo mais louro do que eu me lembrava.

— Doe, — disse eu, sem saber como cumprimentá-la mais. Me senti estranho. Ela era a única garota que eu pensei que eu poderia fazer minha. Não era que eu estava apaixonado por ela, era que ela era a única garota que eu tinha até mesmo considerado gastar mais tempo do que com o tempo que eu levava para gozar. Para mim? Isso era muito.

Doe parecia Doe, mas também diferente. Onde a mudança de King era algo que eu não poderia identificar, Doe era muito mais fácil de detectar. Ela usava bermudas coloridas brilhantes, uma blusa e chinelos pretos, seu estilo próprio, mas essa blusa era mais solta em torno da sua cintura do que eu estava acostumado a ver usando e fluiu quando ela caminhou em minha direção. Quando ela pegou meu pescoço para me trazer para um abraço, eu não podia deixar de olhar o decote amplo. Decote que certamente não estava lá antes.

— Ela prefere Ray, — disse King. Eu era um idiota. Eu tinha ouvido King dizer Ray, mas não tinha registrado.

— Ray, — eu corrigi. Eu não era tão perspicaz quando King me pegou olhando para ela.

— Pare de olhar para os peitos dela, porra, — King rosnou. Ray soltou uma pequena risada.

A segurei um pouco mais depois que ela tentou se afastar e ela bateu no meu ombro de brincadeira e riu de novo antes de eu finalmente soltá-la. Eu senti falta da sua voz. Sua risada. Foi mesmo bom ter King rosnando ao meu lado novamente.

Era tudo tão... normal.

— Você pôs mais peitos, gata? — perguntei na maior parte para irritar King, eu sabia que eles não eram falsos por causa de como eles pareciam esmagados contra o meu peito quando ela me abraçou. — Porque eu vou te dizer que eles estão fantásticos.

— Bear, — alertou King e eu me perguntava quão longe eu poderia empurrá-lo até que ele sacasse a arma.

— Oh, qual é, Bear, você seriamente não sabe? — perguntou ela, inclinando a cabeça para o lado.

King puxou seu braço, puxando-a contra seu peito.

Meu peito apertou.

Olhei para Ray de novo, e ela estava certa, eles eram macios e ainda assim pareciam que eles estavam prestes a explodir para fora do topo de sua camisa. O resto era mais curvas também, suas coxas um pouco mais grossas. Mesmo seu rosto tinha enlanguescido. E sim, a bunda dela tinha ficado maior, mas maldição, isso era uma coisa boa.

Cinco ou sete quilos pareciam bons para ela. Pareciam ótimos nela.

— Você seriamente não se lembra? — ela perguntou, cruzando os braços sobre o peito, que os fez estalar do topo ainda mais. King estendeu a mão e os descruzou, e isso foi quando eu notei através do tecido de sua camisa. Uma barriga ligeiramente arredondada. Como se ela tivesse recentemente... — Porra, eu sou um idiota, — eu admiti, finalmente percebendo o que eu tinha esquecido. — Parabéns, gente, sério, — eu disse, puxando Ray em outro abraço que foi recompensado com mais um rosnado de King.

Agora meu peito estava ferido por uma razão completamente novo. Meus amigos, mais próximos de mim do que qualquer família, tiveram um bebê enquanto eu estava fora e eu não tinha sequer me lembrado que Ray estava grávida.

Um grito agudo veio do outro quarto e, em seguida, parou tão rápido como tinha começado.

— Ela está fazendo isso a cada poucos minutos desde que Gus a trouxe aqui, — disse Ray, se afastando de King. — Sally, que dirige uma das Granny Growhouse. Ela é uma enfermeira aposentada. Ela simplesmente saiu há poucos minutos. Ela limpou e a enfaixou melhor que ela poderia onde a menina deixava, mas cada vez que ela tentou tirar o short para inspecionar os danos, a menina chutava e gritava. O que aconteceu, eu acho que foi brutal para dizer o mínimo.

Os olhos de King dispararam para os meus e eu sabia o que ele estava pensando. Ele era o único que sabia o que Eli e seu grupo de idiotas fizeram comigo e ele estava procurando o meu rosto para qualquer tipo de reação. Eu não era um idiota. Eu não era uma garota cuja virgindade foi roubada. Era uma tortura. Claro e simples. Nós matamos cada um desses filhos da puta?

Sim, nós matamos.

— Que bom que vocês acolheram ela, mas você já pensou que ela poderia estar na folha de pagamento deles? Que ela não é uma vítima, mas está aqui para conseguir informações?

— Passou pela minha cabeça. Não diga essa merda perto dela apenas no caso. Mas eu vou te dizer uma coisa. Se o que ela fez foi tudo um show, é um ato bastante impressionante, — disse King.

— Você deveria ir e ver como ela estava. Se ela começar a tremer ou qualquer coisa, Sally disse para colocá-la no chuveiro quente, — disse Ray.

— Porra! — eu disse, passando minhas mãos pelo meu cabelo. — Tremer? E se isso é real? Que porra eles fizeram com ela?

— Ray esteve com ela à noite toda e ela tem estado dormindo ou gritando, mas não disse nada sobre o que aconteceu, — disse King.

— Ela é apenas uma maldita criança! — eu gritei. — Você não acha que ele faria... — mas eu respondi minha própria pergunta. — Ele iria. Ele totalmente faria. E não apenas ele... — eu digo. Eu andei até o sofá e me sentei, sentindo meu estômago virar uma e outra vez quando eu pensei em Chop estuprando uma menina e, em seguida, deixando os doentes fodidos, e haviam vários no clube, terem ela.

— Como ela conseguiu o seu anel? — perguntou King.

— Eu era um garoto idiota e eu dei ele a uma menina para ela não chamar a polícia quando Skid a segurou com uma arma em um posto de gasolina. Eu nunca esperava vê-la novamente. Eu contei a ela uma história. Uma mentira. Disse que sempre que ela precisasse, qualquer coisa, era para vir me encontrar e mostrar o anel e eu iria fazer o que ela me pediu. Pensei que ela iria esquecer sobre isso.

— Você deve ir e vê-la, — disse Ray. — Se ela realmente veio procurar algum tipo de ajuda de você, ver você, saber que você está aqui, pode fazer algum bem.

— Por quê? — perguntei. — Ela não me conhece. Eu não a vi desde que eu dei o anel há ela anos atrás. — eu pulei para fora do sofá. — Chop queria me enviar uma mensagem ao bater e possivelmente estuprar essa menina. O que eu vou fazer é me esgueirar de volta para o clube e cortar a garganta do meu velho e, então pegar a estrada novamente. Esta merda não deve bater na porta de vocês. Eu não vou deixar isso acontecer novamente. Vou colocá-la na van e deixá-la no hospital. Nós dois vamos ter ido pela manhã.

— Você não acha que, se você levá-la para o hospital você corre o risco de arruinar a coisa pela qual ela precisava da sua ajuda? — perguntou Ray.

— Nunca pensei que eu iria ouvir você sugerir um hospital, — disse King.

— Foi uma mentira! Uma piada. Eu era a porra de um garoto idiota! — abaixei minha cabeça em minhas mãos.

E agora você é um idiota fodido de trinta anos, o fantasma de Preppy entrou na conversa.

— Vá lá e me diga se a menina lá dentro parece uma fodida brincadeira.

— Eu vou cuidar disso. Eu não sou um Bastard mais. Eu não estou preocupado com hospitais ou em ser pego. Além disso, se ela é um rato, o que diabos isso importa? Vou deixá-la e seguir meu caminho.

— Onde? — perguntou Ray.

— Qualquer lugar que não é aqui, — eu disse.

— Isso dói, você sabe, — disse Ray, se desembaraçando de King.

— Você não pode fugir para sempre, cara, — disse King.

— Eu não estou fugindo desses filhos da puta! — eu gritei. Os olhos de Ray correram para a porta fechada, eu abaixei minha voz de novo.

Não, mas você está fugindo de si mesmo.

— Eu tenho que ir ver o bebê, — Ray disse, dando um passo em direção à porta. Ela pegou um rádio, olhando a coisa no seu caminho para fora. — Babá eletrônica, — disse ela, segurando com um sorriso tenso em seu rosto. A última coisa que eu queria era machucá-la, mas eu não sabia como corrigir isso. Eu só precisava sair. Ficar na minha. Descobrir a porra da minha vida.

Por que eles não entendiam isso?

— Qual é o nome do bebê? — eu disse para ela, mas já era tarde demais. Ray já tinha ido embora.

King levantou a gaze do lado do pescoço revelando uma nova tattoo em letras cinza e preta escrito NICOLE GRACE.

— Você deu o mesmo nome da prostituta que atirou em sua mulher? — perguntei.

— Havia mais do que isso e você sabe disso. Além disso, Nicole Grace é muito melhor do que o que Sammy e Max queriam chamá-la.

— E do que era?

— Baby Pancakes, — disse King, revirando os olhos e sorrindo.

— Talvez um pouco melhor. Mas puta merda, cara. Ray fez isso? Isso é bom trabalho.

King arrancou o resto da gaze e o jogou em uma lixeira próxima. — É sim. Ela fica melhor a cada dia. Você deve ver algumas das merdas que ela esboça.

— Qual é o nome dela? — perguntou King, empurrando o queixo para a porta fechada.

— Thia, — eu disse. — A mãe dela a chama de Cindy, mas ela odeia isso, — eu disse, lembrando as palavras dela para mim todos esses anos atrás. — Se isto é uma armadilha de Chop, e ela está com ele, é melhor você acreditar que eu não dou a mínima para quantos anos ela tem. Eu vou enviá-la de volta para o MC em um saco preto do caralho.

— Concordo, — disse King. — Mas quanto tempo se passou desde que você a viu?

— Seis anos, talvez sete? — eu respondi, coçando o cabelo debaixo do meu nariz. — Por quê?

— Porque essa menina lá dentro? Ela é jovem. Mas ela não é uma fodida criança. — quando a última palavra deixou sua boca, outro grito estridente perfurou através do ar.

— Eu vou chamar Ray, — disse King.

— Não, a deixe ficar com o bebê, eu vou entrar. Melhor eu descobrir o que diabos está acontecendo mais cedo ou mais tarde.

King acenou com a cabeça, mas então ele parou, novamente procurando o meu rosto por algo que eu já sabia que não estava lá. — Tem certeza que está tudo bem, cara?

— Sim cara, tenho certeza. Vá dormir um pouco, — eu disse, acenando para ele.

King foi para sair, mas se virou. — Parece que cortar a garganta do seu velho será o plano para a noite. Vamos conversar sobre isso na parte da manhã. O que você precisar. Estou dentro.

Foi quando eu percebi o que estava diferente sobre King. A raiva. A raiva que ele estava se afogando desde antes de Ray chegar tinha ido embora. É por isso que ele parecia diferente. Mais claro.

Mais calmo.

Isso me assustou pra caralho.


Capítulo oito

BEAR

Que diabos há de errado comigo?

Talvez fosse a porra da explosão ou beber Jack por meses, mas eu estava realmente começando a questionar a minha sanidade. A imagem King tinha me enviado da menina era borrada e eu não conseguia distinguir o rosto dela, mas eu sabia que era a mesma menina do posto de gasolina com o cabelo rosa.

Thia.

O nome dela era Thia, eu me lembrava.

Eu achava que sabia o que esperar quando entrei naquele quarto.

Eu estava tão errado.

O cabelo longo de Thia estava espalhado no travesseiro e ele não era tão rosa como eu me lembrava, mais como loira com um toque de vermelho. Sua pele era pálida, com exceção do ferimento escuro no lado do lábio e do ponto de borboleta9 cobrindo um corte no lado do olho que estava ficando mais e mais escuro enquanto os segundos se passavam. Os círculos sob seus olhos eram de um roxo profundo debaixo de sua pele fina.

Ela foi espancada como o inferno.

Ela era tão linda. Eu estava tão surpreso com ela que eu senti como se ela não estivesse inconsciente, mas em vez disso tinha acabado de me dar um tapa na minha cabeça.

Quando seus lábios entreabriram, ela suspirou, arqueando as costas para fora da cama, empurrando seus seios contra o cobertor fino, antes de cair novamente.

A porra do meu pau saltou para a vida.

— Timing ruim pra caralho, idiota, — eu murmurei para mim mesmo.

Se ela era a porra de uma armadilha ou não, alguém, provavelmente o meu velho, tinha feito direitinho.

Ao vê-la em pessoa era tão diferente do que olhar para uma foto. Estar no mesmo quarto que ela, vendo como ela lutava em seu sono, a raiva que eu sentia minutos atrás em direção ao meu velho se amplificou por mil. As cordas em meu pescoço tencionaram e eu cerrei os punhos.

Eu não iria matar Chop.

Eu estripar o filho da puta.

Thia se debatia descontroladamente, seus braços e pernas flácidas e inúteis enquanto ela rolava de lado a lado. Sua boca abria e fechava, o nariz enrugado e as sobrancelhas retraídas como se estivesse tendo uma conversa acalorada com alguém em seu sonho. Ela começou a se debater novamente, desta vez chutando os lençóis e cobertores da cama.

Eu respirei fundo.

Ela não estava usando uma camisa ou um sutiã, seus seios eram cheios, empinados, arredondados, e perfeitos. Meu pau não tinha recebido a minha mensagem anterior para domar essa porra, porque ele se contraiu novamente em minhas calças quando todo o sangue do meu cérebro correu para o meu pau até que ele estava se esforçando dolorosamente contra o meu zíper. Thia rolou para o lado dela então ela estava de frente para mim e eu era capaz de ter uma visão melhor de seus mamilos cor de rosa. Havia uma marca em seu seio esquerdo e quando eu me inclinei para inspecioná-lo, eu vi vermelho.

Vermelho de raiva brilhante.

Dentes.

A marca de mordida na porra do seu mamilo.

Eu estava sobre Thia como uma mistura confusa de ódio, raiva, luxúria nadando dentro de mim. Eu adicionei decapitação à lista de coisas que eu ia fazer com Chop e possivelmente queimar seus próprios malditos mamilos eu mesmo.

Por outro lado, se a cadela estava trabalhando para Chop, seria uma vergonha ter que terminar o que tinha começado em um corpo tão perfeito.

Andei pelo quarto, estalando os nós dos dedos e respirando fogo. Se este fosse o velho lugar de King eu provavelmente já teria feito um buraco na merda do drywall e de repente desejei que aquela antiga garagem em ruínas, que costumava ser coberta com meus posters do Johnny Cash e bandeiras dos Beach Bastards não tivesse sido substituído pela tinta branca e fresca.

Thia se sentou de repente e abriu os olhos, revelando olhos verdes e grandes de boneca abaixo da superfície. — Bear, — ela sussurrou, fechando seu olhar em mim. Sua mão voou até o peito para agarrar o meu anel de caveira, que estava pendurado em uma corrente entre os peitos dela.

Eu abri minha boca, mas eu não tive a chance de dizer qualquer coisa, porque seus olhos reviraram em sua cabeça e ela começou a convulsionar.


Capítulo nove

Thia

Calor. Eu estava envolta em um casulo de calor e conforto que eu nunca quis emergir.

— Você está morta, querida? — a voz profunda penetrou o silêncio, me chamando de volta das trevas.

Água quente caiu sobre a minha pele. Eu estava sentada na superfície escorregadia de uma banheira rasa enquanto braços fortes me embalavam contra um duro peito largo. Algo enorme e duro cutucou minhas costas, fazendo com que meus olhos abrissem.

Pânico derramou em minhas veias como se eu tivesse levado um tiro no coração com adrenalina.

Me sentei e virei minha cabeça, olhando diretamente para as piscinas azul safira que fizeram a minha pele arrepiar e bile subir na minha garganta.

Não podia ser. Eu pensei que eu tinha escapado.

CHOP.

— Nããão!!!! — eu gritei, lutando para me afastar, tentando içar a minha perna sobre a borda, mas só conseguindo levantar minha perna o suficiente para bater o meu joelho diretamente no lado da banheira.

Os mesmos braços fortes em volta de mim e me puxaram de volta debaixo do spray.

Eu não conseguia respirar.

Isso não podia estar acontecendo.

Mas estava.

Estava acontecendo tudo de novo, e eu não podia. Respirar.

— Olhe para mim! — a voz ordenou, e quando eu não me virei, ele manteve uma mão em volta dos meus ombros e usou a outra para virar meu queixo para encará-lo. Eu lutei com ele usando toda a força que eu tinha, mas não foi o suficiente. Eu estava cansada. Fraca. Os músculos do meu pescoço cederam e eu fui forçada a novamente olhar nos olhos do meu captor.

Havia uma dureza e uma raiva, uma violência, à espreita nos olhos brilhantes diante de mim. A profunda exaustão que eu podia entender, no entanto, não havia ódio aberto, nenhuma malícia.

Não era ele.

Não era Chop.

Eu tinha conseguido escapar afinal de contas.

Mas para onde eu tinha fugido?

— Bear? — perguntei. Apesar de estar cercada por água a minha garganta estava seca e áspera, minhas palavras saíram como se eu tivesse estado no deserto durante meses respirando areia. — Como você está aqui?

— Não, você vai responder às minhas perguntas primeiro, — disse Bear, olhando para mim como se ele nunca tivesse me visto antes em sua vida. — Não se preocupe sobre onde você está ou como eu estou aqui. Você precisa estar mais preocupada em me dizer por que está aqui e quem te enviou. — a água escorria pelo seu rosto, pingando do fundo de sua barba, que estava muito maior do que eu lembrava. Ele tirou cabelo molhado da minha testa. Eu me afastei do seu toque, meu corpo ainda em modo de pânico completo.

Lembrando da dureza nas minhas costas, eu olhei para baixo para onde seu jeans incharam. Os olhos de Bear seguiram os meus. — Não pude evitar isso. O meu pau sabe que estou no chuveiro com alguém que tem uma buceta. — eu levantei minhas mãos para cobrir meus seios nus, de repente muito consciente da minha nudez, mas grata que eu ainda estava usando minha bermuda.

Meus músculos pareciam de borracha que tinham derretido no calor do sol como um pneu no meio da estrada.

Usada, gasta, quente, inútil.

Quebrada.

Bear queria saber por que eu estava lá.

Por que eu estava lá?

Alguma coisa tinha acontecido antes de eu ir para o MC. Antes de Chop. Mas meu cérebro estava nebuloso e eu não podia ver as imagens do dia que estava um pouco além do meu alcance.

— Eu não entendo, — eu disse. Desta vez, quando eu falei senti um puxão no canto do meu lábio. Toquei o local com os meus dedos, descobrindo uma crosta suave sobre uma ferida fresca.

— Você não se lembra de ir para o MC? — perguntou Bear, levantando uma sobrancelha. Eu não sei quem é o homem sentado na minha frente porque não havia nenhum charme e despreocupação que praticamente gotejava do Bear de sete anos atrás. Este homem era como uma versão vaga de seu eu mais jovem.

Fechei os olhos e deixei cair meu testa nos joelhos. — Me lembro de andar de bicicleta. Eu me lembro da chuva. Me lembro de ir até o portão. O prospecto chamado... Pick? Peck? Não, Pecker me deixou entrar.

— Nunca gostei desse pentelho, — Bear zombou.

Por que eu fui para o MC?

Pense, Thia. Pense. Por que você está com Bear agora?

As imagens que eu tinha tentado alcançar começou a piscar na minha mente como fotos Polaroid sendo jogadas em uma pilha, cada uma contendo um flash de memória, uma após a outra.

Minha mãe sentada na cadeira de balanço no antigo quarto de Jesse.

A arma em sua mão.

O corpo sem vida do meu pai.

A espingarda na mão.

Sangue da minha mãe contra o branco do lado da casa.

Engoli em seco quando as fotos começaram a se empilhar mais e mais, enchendo meu cérebro com imagens que eu nunca queria ver de novo. Isso não podia ser real. Eu tinha que estar morta. Mamãe tinha razão. Eu iria para o inferno. Porque isso é exatamente onde parecia que eu estava.

Meu estômago revirou. Ácido e bile subiu na minha garganta. Cobri minha boca com a mão.

— Ei! Você ainda está lá? Volte, — Bear perguntou, soando como um eco distante enquanto as imagens continuavam piscando em meu cérebro.

Um rio de sangue.

Tanto sangue.

Bear agarrou meus ombros e começou a me balançar. — Sangue de quem? Que porra você está falando?

— Eu matei minha mãe! — eu soltei, me inclinando sobre o lado da banheira apenas a tempo para levar o pouco que eu tinha estado no meu estômago para o vaso sanitário de porcelana. — É por isso... é por isso que eu vim para você. — eu limpei minha boca com as costas da minha mão, abrindo a cicatriz no meu lábio, sangue fresco e vômito riscado minha pele. — Eu... eu a matei.

Bear desligou o chuveiro e se inclinou sobre mim, agarrando seu telefone do topo da pia. — Onde? — ele perguntou, pressionando um botão no telefone. A tela se iluminou e ele o segurou ao ouvido. — Maldição garota. Onde?

— Onde o quê? — eu perguntei para o banheiro.

— Onde? Como em onde está o corpo da sua mãe? Onde ela está agora, porra? — ele perguntou com raiva, me deslizando para frente para que ele pudesse se levantar.

O corpo da minha mãe.

— Uh. Um ela está... — eu disse, tentando recuperar o fôlego o suficiente para não vomitar de novo. — Casa. Ela está em casa. Em Jessep. — sem a água quente contra a minha pele, eu comecei a tremer violentamente.

— Ray, King está lá em cima? — ele latiu no telefone. — Diga a ele para trazer sua bunda até aqui. — ele apertou um botão no telefone e o jogou sobre o balcão. Ele se levantou, me levantando sob meus ombros quando ele passou sobre a borda da banheira. Ele fechou a tampa do vaso sanitário e me pôs sobre ele. Rasgando uma toalha da prateleira na parede, ele jogou para mim e eu imediatamente a envolvi em volta dos meus ombros.

— Seus jeans estão todos molhados, — eu disse sem rodeios, olhando para o encharcado jeans escuro nos quadris de Bear, provavelmente, mais baixos do que normalmente ficavam com o peso da água os puxando ainda mais para baixo. Não havia uma parte em seu peito ou braços que não tinha sido tocado pela agulha de uma arma de tatuagem. Colorido e vibrante contra sua pele muscular lisa.

— A enfermeira disse para colocá-la sob a água quente se você convulsionasse, então eu corri para o chuveiro, — disse ele. — Não pensei muito sobre o que eu estava vestindo. — ele se inclinou para me levar do banheiro e eu acenei para ele, soltando o braço da toalha que estava enrolada sob meus braços para cobrir meus seios.

— Eu posso andar, — eu assegurei a ele.

Me levantei, trêmula no início, segurando o balcão para apoio. — Eu consigo, — eu disse novamente, desta vez dizendo mais para me convencer quando meus joelhos se dobraram. — Só preciso de um segundo, é tudo. — Bear rosnou e se abaixou, atirando o braço direito sobre a parte traseira de seu ombro. — Eu disse que eu consigo! — eu gritei, embora claramente que eu não tinha nada.

— Muito teimosa, cadela, — Bear murmurou, me levando do banheiro para um pequeno quarto. Ele me sentou na beira do colchão e voltou para o banheiro.

A porta se abriu e um homem apareceu, suas sobrancelhas juntas e eu só poderia assumir esta era a pessoa, King, que Bear tinha ligado. Cabelo escuro curto, uma camiseta cm a gola em v apertada e escura esticava contra seu peito musculoso. Ele foi um homem enorme. Pelo menos um e oitenta e cinco de altura, embora Bear fosse ainda mais alto. Ele se aproximou e agarrou a moldura da porta, seus bíceps e ombros ondulando quando ele se inclinou para o quarto. Ele também era coberto de tatuagens, mas considerando que Bear estava coberto, esse cara ainda tinha algumas manchas de pele nua visíveis entre as tatuagens. Pulseiras grossas de couro estavam ao redor de seus antebraços. Ele soltou o patente da porta e cruzou os braços sobre o peito, sua nova posição revelando as pulseiras, foi então que eu percebi que elas não eram pulseiras ou algemas, mas cintos. Sua pele era escura e bronzeada, os olhos de um verde fluorescente único.

Ele não olhou para mim. Nenhuma vez.

— O que você precisa? — o homem perguntou a Bear quando ele saiu do banheiro, ainda sem camisa, mas abotoando um par de jeans secos. Ele penteou o cabelo molhado para trás com a mão.

— Tenho que ir para Jessep. Eu preciso que você me ajude a carregar. Eu vou levar a caminhonete. É arriscado demais montar, — disse Bear, se esgueirando para passar por King quando ele saiu do quarto, em seguida, reapareceu um momento depois.

— Limpeza? — perguntou King. — Isso é por que ela está aqui? — seu queixo ligeiramente apontou em minha direção, o único reconhecimento da minha presença.

Limpeza? O que é uma limpeza?

Cada instinto no meu corpo tinha dito para eu procurá-lo, mas eu não pensei sobre o que eu iria realmente pedir a ele.

Provavelmente porque eu não sabia exatamente.

— Parece que sim, — disse Bear, vasculhando a mochila no chão e colocando um novo par de meias pretas. Ele enfiou os pés num par de botas pretas. Ele se virou para mim. — Qual é o endereço da fazenda?

— Não tem. Apenas Andrews Farm na rodovia Andrews Farm. — como um monte de fazendas em Jessep que tinham estado lá por tanto tempo como o nosso, as estradas vieram depois e eram geralmente nomeadas com os nomes das fazendas próximas. — É a única fazenda na rodovia. Uma caixa de correio no fim. Uma casa branca pequena. Sangue, — eu disse, ainda esperando que isso fosse tudo um pesadelo e que eu não estava dando a um motoqueiro meu endereço para limpar o corpo da minha mãe.

— Há quanto tempo? — perguntou King e Bear novamente se virou para mim para a resposta.

— Eu não tenho certeza, — eu disse, porque eu não sabia quanto tempo eu estava no MC ou quando era eu vim aqui. — Ummm... era sexta-feira depois do meu turno no trabalho. Cerca de seis horas, talvez sete? — eu franzi o nariz, tentando lembrar exatamente. — Eu acho? — eu acrescentei enquanto eu tentava lembrar quando minha vida havia mudado para sempre.

— Ela está dentro ou fora? — perguntou Bear de novo, e imediatamente me lembrei da maneira como seu corpo parecia caído ao lado da casa, minha garganta apertada.

— Fora, — eu disse, recordando o momento em que eu convenci minha mãe para trocar de arma comigo.

— Eu preciso chegar lá antes que o cheiro... — Bear começou e meu estômago revirou novamente.

King acenou com a cabeça. — Eu tenho o que você precisa na garagem. Quantos? — perguntou ele e desta vez Bear não se virou para mim em resposta.

— Um.

— Não, — eu disse, lágrimas picando atrás dos meus olhos. Ambos olharam para mim com expressões confusas. — Não. — eu repeti, sacudindo a cabeça vigorosamente. — Dois. Existem dois, — eu disse, segurando dois dedos ao mesmo tempo em que olhava fixamente para o teto.

— Eu vou começar, — disse King, desaparecendo da porta. — Te encontro na garagem.

Bear se ajoelhou diante de mim, lágrimas quentes caíram para o lado do meu rosto quando o meu olhar correu do teto para os olhos irritados da pessoa que eu fui estúpida o suficiente para pensar que de alguma forma poderia ter sido o meu salvador em tudo isso. — Esta é a sua única advertência, querida. Se eu descobrir que você está de alguma forma trabalhando para o MC. Se você estiver na folha de pagamento deles... — seus olhos ficaram escuros e eu tentei desviar o olhar novamente, mas ele me agarrou pela parte de trás do pescoço e se inclinou até a ponta do seu nariz tocar o meu. Sua respiração esvoaçava contra os meus lábios em rajadas raivosas enquanto ele falava entre seu grunhido. — Se isso é algum tipo fodido de armadilha, a porra que o meu pai fez com você no clube vai parecer como um machucado no joelho em comparação com o que eu vou fazer com você.


Capítulo dez

BEAR

King e eu carregamos a caminhonete com as lonas de plástico, diferentes tipos de serras, tanto elétricas e manuais, brocas, e material de limpeza suficientes para iniciar o nosso próprio serviço de limpeza.

— Você acha que Gus voltou para o MC? — perguntou King.

— Sim, é provavelmente exatamente onde ele foi. Se ele sumir por muito tempo, eles vão descobrir rapidamente que ele era a pessoa que pegou a menina. Chop foi sempre paranoico com ratos em nosso meio. — eu ri. — O fodido provavelmente está tendo um ataque cardíaco agora tentando descobrir o que diabos aconteceu.

— Ele não fez isso silenciosamente. O fodido disse que ele detonou uma bomba caseira como uma distração para chegar à menina, — disse King.

— A coisa louca é que o filho da puta tinha uma bomba nas mãos. Provavelmente tem uma pilha delas no teto do quarto dele. Ele sempre foi um pouco maluco. Uma vez eu estava no chuveiro no clube e quando eu puxei a cortina ele estava ali parado, olhando. Me assustou pra caralho.

— Filho da puta assustador, — disse King.

— Sim, mas ele tem suas qualidades. E ele é leal, obviamente, o que é mais do que eu posso dizer para a maioria das pessoas nos dias de hoje. — King e eu pegamos cada um uma porta na parte de trás da caminhonete e fechamos juntos.

— O que você fez para ele que ganhou esse tipo de lealdade, porque isso é uma merda grande, cara.

— Eu salvei a vida dele. O fodido estava prestes a ter uma bala na cabeça, — eu disse.

— De quem?

— De mim. Gus quase não virou prospecto porque Gus quase não passou pelo seu décimo sexto aniversário. Eu peguei espiando por uma janela do armazém onde ele estava me observando 'questionar' um dos nossos rivais para informação. O garoto era tão bom como morto. Exceto que quando eu estava prestes a puxar o gatilho para acabar com ele, o filho da puta não vacilou. Então ele me perguntou se era bom para destruir um homem e, em seguida, ele criticou a minha escolha de faca que eu tinha usado na cara antes dele. Eu decidi que era mais útil como um Bastard do que morto. Ele virou prospecto no dia seguinte. — o desgraçado se tornou o melhor ‘questionador’ que o clube já teve. Comprei a ele um conjunto de faca de açougueiro quando ele conseguiu o patch. Ele olhou para as facas e eu não sabia se ele estava prestes a chorar ou gozar.

Provavelmente, ambos.

— Pronto. Vamos, — disse King.

— Nah, cara. Não há necessidade de você se colocar em risco por esta merda. Eu vou chegar lá, limpar tudo e levar a menina da sua casa. Quanto mais cedo eu fizer isso, mais cedo eu posso pegar a estrada novamente.

— Foda-se. Eu vou com você. — ele apontou para a porta do apartamento. — Você sabe que pode ficar, certo? Esse apartamento é seu. Sempre foi. Reconstruí com você em mente. Além disso, eu construí algo mais. Uma espécie de saída do edifício, está na ilha.

— Saída do edifício? Como um abrigo antiaéreo? — perguntei. A ilha na parte de trás era um acre de terra na linha costeira da preservação, do outro lado da baía. Se você olhasse através da água da propriedade de King, você não podia ver que era uma ilha. Quando King e Prep se mudaram, eles nem sabiam que isso estava lá até que apareceu a vista de barco.

— Algo assim. Eu vou te mostrar um dia desses, — disse King.

Eu balancei minha cabeça. — Não vou estar aqui por muito tempo. Eu estar aqui coloca você e sua família em perigo. Você tem filhos agora, cara. Eu não seria capaz de viver comigo mesmo se alguma coisa acontecesse com eles.

Como o que aconteceu com Preppy.

Isso não foi culpa sua, idiota. Foi minha. Eu literalmente não pude me esquivar a bala. Viu o que eu fiz? Cara, eu sou hilário.

— Você acha que eu sou estúpido? Eu não sou. Eu sei que o MC não está no negócio de matar civis, — disse King, — além disso, vivemos como se não houvesse amanhã. Entendeu? — perguntou King, apontando para um canto alto da garagem onde uma pequena luz vermelha estava piscando. — Tenho câmeras em todos os lugares. Tudo está ligado no meu celular. Também dou ao xerife local uma parte da operação Granny Growhouse além de toda a fodida maconha que podem fumar e agora eles cuidam de nós. O MC teve algumas ofertas que deram erradas, então eles pararam de pagar a lei. Então você pode ficar aqui. Ninguém vai vir para a nossa porta. Ninguém.

Eu me encolhi, lembrando quando Eli tinha feito exatamente isso. Ele não apenas veio para a porta. Ele destruiu a própria porta e metade da garagem de King no processo. King deve ter notado minha reação. — Nunca mais, — ele emendou. Eu odiava o jeito que ele estava olhando para mim, como se estivesse prestes a me perguntar sobre como eu estava indo, então eu mudei de assunto.

— Eu pensei que você estava pensando em ser civil? — perguntei, surpreso ao ouvir que King ainda tinha as Granny Growhouses funcionando.

— Um cara civil como eu pode ir até certo ponto. Eu reduzi e eu não trouxe nada para a nossa porta. Nos mantem ocupados, embora. Durante o dia, Grace ficava cuidando das crianças e até termos Nikki, Ray estava aprendendo comigo. Ela é muito incrível. Pode desenhar melhor do que eu jamais poderia.

— É por isso que eu preciso ir, — eu disse. — Você tem toda essa merda acontecendo que eu não tenho parte nenhuma.

— Irmão, nós não éramos parte de nenhuma maldita coisa desde que éramos crianças e é por isso que você precisa ficar. A merda não é a mesma sem você. Pelo menos fique até você se reerguer e limpar sua cabeça. Então, se você ainda achar que estar na estrada é o que você quer, você pode voltar a ser Bear fodendo toda a América sem nunca pensar em Logan’s Beach novamente.

Eu ri com a forma como ele me conhecia. Melhor do que ninguém.

Melhor do que eu mesmo.

Ele me conhecia tão bem no fato de que ele já sabia que não havia como eu ficar. Logan’s Beach era a minha casa, é onde eu nasci, onde eu cresci. Mas agora não havia nada para mim, exceto problemas, e eu não queria nada mais do que colocar distância entre eu e minha moto, e os lembretes constantes da merda que a minha vida tinha se tornado que estavam em cada rua, cada sinal, cada concha e pedaço de areia da minha cidade natal.

King ignorou a minha recusa de sua ajuda e abriu a porta do lado do motorista. Ele colocou um detector de radar no painel, conectando à ignição. Números vermelhos brilharam à vida e fez um som parecido com um detector de metais pairando sobre uma moeda na areia. — Imaginei que poderia encurtar o caminho. Coiotes poderiam estar arrastando a cabeça da mãe dela até agora. Cada minuto conta.

Eu balancei a cabeça, o tempo não estava definitivamente do nosso lado. — Boa decisão.

— Aquela garota lá dentro... — King perguntou, me lançando um pacote de luvas de tatuagem pretas e dando a volta na caminhonete para o lado do passageiro. Nós sempre tivemos uma regra ‘seu passeio, você dirige’ que, aparentemente, se aplica ao aluguel da caminhonete. — ...ela te disse por que existem dois corpos apodrecendo sob o sol agora?

Eu balancei minha cabeça. — Não, ela não disse muito. Ela murmura muito. Balança pra trás e para frente. Sorte que consegui arrancar o endereço dela. Sério, você não deveria ir comigo. Essa coisa toda poderia ser uma armadilha. Se algo acontece com você, Ray iria me matar com as mãos nuas. — King tinha sido preso por deixar a própria mãe, que era uma fodida drogada, morrer em um incêndio que ele não começou. Você pode acreditar nessa merda? Ele não fez questão de matá-la. Ele só não salvou a fodida que negligenciou o bebê dele.

Foi besteira para mim há quatro anos e ainda era besteira para mim sentado ali naquela caminhonete.

— Quando vim para você com o MC. Depois de toda a merda que desceu com Eli e te pedi para me ajudar a ter minha garota de volta, você hesitou? Porra não, você não fez. Você estava pronto para matar!

— Sim, porque era Ray, mas esta não é a minha garota. Esta é apenas uma menina. Uma maluca que matou a mãe que pode ou não estar chupando o pau do meu velho. Este não é uma situação de vida ou morte, — eu disse. — Este é apenas um problema que precisa de conserto.

King riu. — Você já viu milhares das cadelas dos Beach Bastard ir e vir no clube. — ele empurrou o queixo em direção ao quarto onde eu tinha trancado Thia. — Me responda, honestamente, ela parece com qualquer puta que você já viu?

— Não, mas isso poderia ser parte da coisa toda. — Chop não poderia enviar exatamente alguém que tinha ‘cara de puta’ estampada na testa, então ele enviou uma menina inocente com um lábio inchado... e seios ainda maiores.

Maldição.

— Você ouviu a si mesmo agora? Você tem uma história com esta menina, certo? O suficiente para saber o nome dela? — perguntou King.

— Sim, mas... — eu comecei a discutir.

— Mas nada. Skid está morto tem anos. Quais são as chances dele ter contado ao seu velho essa história antes do cartel acabar com ele, e que o seu velho lembraria anos mais tarde, e depois decidisse que precisava ir buscar essa mesma menina, transformá-la em uma prostituta do clube, e então mandá-la de volta para você para levar a cabo a vingança dele contra você por deixar o MC que ele praticamente te expulsou? — King perguntou, apontando para os enormes e evidentes buracos em toda a minha conspiração que poucos segundos atrás parecia como a explicação mais plausível Thia de repente aparecer na minha vida.

— Bem, quando você coloca dessa forma, — eu disse, percebendo o quão absurdo a ideia parecia agora que King tinha dito isso em voz alta, mas isso não muda o fato de que algo sobre a garota não parecia certo, embora eu não pudesse descobrir o que. O que foi bom para mim, eu não ia ficar tempo suficiente para descobrir isso também.

— No que você andou se metendo na estrada? — perguntou King, e novamente o meu velho amigo me surpreendeu com a preocupação em sua voz.

— Nada de bom. — eu respondi honestamente, mas é melhor do que estar aqui. — Ansioso para voltar a ela logo depois que eu ver o que esta cadela louca fez com sua família.

— Ela disse se o segundo corpo era um membro da família? — perguntou King.

— Não, apenas acho que é, — eu admiti. — Ela matou a mãe, e se ela é realmente inocente, então só faz sentido que o outro corpo não seja um acaso, então eu percebi que provavelmente é outro membro de sua família.

— Não leve a mal, mas por que você se importa? Você mesmo disse que você nem sequer conhecia a menina e que a coisa do anel e a promessa era uma fodida piada. Por que fazer tudo isso?

— Eu não me importo. Não sobre a menina. Não é sobre ela. — eu subi na caminhonete e bati a porta. — Mas eu já te disse. Quanto mais cedo eu corrigir isso, mais cedo eu posso mandá-la em seu caminho e voltar para a estrada até que eu possa descobrir o meu próximo passo. Se eu não fizer isso, ela pode causar problemas, fazer barulho, ficar por aí mais tempo do que ela é bem-vinda, sem falar no tempo que eu já perdi em vir para a cidade ver sobre isso, — eu disse, não disposto a admitir que um pouco de minha motivação foi uma palavra de cinco letras que vem me assombrando desde o ano passado.

CULPA.

— Isso faz uma porra de um monte de nenhum sentido, — disse King, acendendo um baseado e passando para mim, que dei uma tragada e passei de volta.

— Não acho que faz, cara, — eu disse, ligando a caminhonete e saindo da garagem. Virei e comecei a descer a estrada estreita.

Puxei para a estrada principal e esperei que o detector de radar apitasse, e mesmo que King disse que ele era pareado com os policiais locais eu ainda fiquei aliviado quando ele permaneceu em silêncio.

— Você sabe o quê? — perguntou King, pegando o baseado antes de dar outra tragada profunda.

— Huh, — eu disse. Ele o passou de volta para mim.

— Você pode não usar um colete mais... mas você ainda é um filho da puta, — disse ele enquanto soprava, uma profunda gargalhada explodindo de sua boca em uma nuvem de fumaça.

— Haha, foda-se, — eu cuspi, enquanto ele continuava a rir.

Havia uma pergunta que eu estava querendo fazer a ele desde que eu tinha voltado que estalou de volta na minha cabeça. — Lembra da noite que nós estávamos falando sobre ouvir Preppy? — perguntei.

King acenou com a cabeça. — Sim, na noite em que botamos fogo em Eli e seu grupo. — a veia em seu pescoço começou a pulsar ao recordar a noite em que fui torturado.

A noite em que ele salvou minha vida.

— Sim, essa. Eu estava apenas curioso. Você ainda o ouviu? — quando King levantou uma sobrancelha, eu esclareci. — Prep. Ele ainda fala com você? Você ainda o ouve?

— Todo o tempo, cara. Ele ficou em silêncio por um tempo, mas quando nós nos estabelecemos com as crianças é como ele estivesse de volta com uma vingança. Às vezes, quando Max e Sammy estão gritando no alto de seus pulmões, eu acho que ele é ainda mais alto do que eles. Como quando o garoto tomou quatro refrigerantes às nove da noite e em vez de dormir decidiu correr ao redor da sala de estar. — King virou para mim. — Você?

— Sim. Toda a porra do tempo. Especialmente quando eu estou fodido. Ou quando ele parece pensar que eu estou fodendo. Você acha que é estranho? — perguntei, sabendo muito bem o quão estranho era realmente viver com uma segunda voz na sua cabeça que entrava na conversa quando ele bem entendesse.

Você me lisonjeia, querido Bear.

— Você quer dizer que é estranho nós dois ouvirmos a voz de nosso amigo morto falando com a gente? — ele sorriu. — Naaaahhhh.

— Bem, quando você coloca dessa forma. — eu dei um trago no baseado novamente, segurando a fumaça em meus pulmões até que queimou.

Ei pressionei no acelerador e corri pela estrada em direção aos corpos em decomposição dos parentes de Thia Andrews.

Mas toda a pressa era inútil.

Chegamos tarde.

Chegamos fodidamente tarde.


Capítulo onze

Thia

Eu não tinha a intenção de bisbilhotar. Eu queria SAIR. Mas quando eu descobri que outra porta estava trancada, me prendendo por dentro, eu não pude evitar escutar quando eu tinha ouvido vozes do outro lado.

Eu não me importo com a menina.

Quando Bear disse aquelas palavras, não deveriam ter doído no coração. Eu já sabia que ele não se importava. Foi só depois que ele já tinha saído que me lembrei o que Chop tinha dito sobre o anel e sobre Bear ter feito a promessa motociclista como uma brincadeira.

Isso ainda era, provavelmente, uma piada para ele. Eles provavelmente não iriam para Jessep. Eles estavam, provavelmente, na caminhonete a caminho de algum tipo de convenção de tatuagem onde Bear iria dizer a todos sobre o truque estúpido que ele jogou em uma garota que realmente se apaixonou por sua mentira estúpida e voltou anos depois, ainda segurando um anel que tinha significado tudo para ela enquanto crescia e nada para ele a partir do momento em que ele colocou na minha mão.

Eu sabia que ele não se importava comigo. Não aqueles anos atrás.

Não agora.

Então, por que eu sinto como se alguém tivesse me dado um soco no estômago?

Depois que meu irmão morreu, meu pai sempre me disse que sob o peso da grande tragédia, vinha uma grande responsabilidade. Eu levei isso a sério e, como o passar dos anos eu me encontrei em mais e mais responsabilidade na fazendo, assim meu pai poderia cuidar da minha mãe, que estava escorregando mais e mais em seu delírio. Antes da Sunlandio Corporation cancelar nosso contrato, eu tinha dezessete anos e gerenciava a fazenda inteira, muitas vezes faltando à escola para me encontrar com fornecedores ou me certificar de que os pedidos saíssem na hora certa. Uma noite, durante uma geada extremamente rara, eu reuni os trabalhadores e passamos a noite toda regando as laranjas para não perdê-las para o frio.

Sob o grande peso da tragédia eu assumi a responsabilidade, mas sob o peso das novas dificuldades foi demais, muito pesado, e foi me esmagando antes que eu pudesse fazer quaisquer decisões racionais ou responsáveis.

Por que eu saí da cidade? Por que eu não simplesmente chamei o xerife?

Eu sei por quê. Eu entrei em pânico. Pânico e medo nublou qualquer tipo de lógica, mas quando a lógica começou a tomar peso mais uma vez, o mesmo aconteceu com a gravidade da minha perda. Eu amava meu pai. Ele me ensinou a dizer quando as laranjas estavam maduras para a colheita pela forma como eles cheirava. Ele me ensinou a pescar. Ele me deixou sentar na frente dele no trator quando ele cortava o campo atrás da casa, o único espaço não ocupado por laranjeiras. Eu não acho que perdê-lo era algo que eu jamais seria capaz de superar. Meu irmão tinha morrido quando eu era jovem e, apesar de doer como o inferno, o que doía mais era ver meus pais sofrendo.

Eu amava minha mãe, mas eu não sentia falta dela. Não da mesma maneira que eu sentia falta do meu pai. Ela não tinha sido minha mãe por muito tempo. Meu pai pegava sua folga nos dias que ela se recusava a sair da cama, se recusava a tomar a sua medicação, ou depois que Jesse morreu, se recusava a reconhecer que ela ainda tinha uma criança viva.

Na noite em que ela matou meu pai ela tinha estado mais maníaca do que eu jamais vi. O olhar da morte rodava em seus olhos.

Eu não tinha escolha e meu único e verdadeiro arrependimento foi não chegar lá mais cedo.

Não ser capaz de salvar o meu pai.

A responsabilidade não significava fugir. Não é isso que eu tinha feito? Eu tinha fugido.

E se eu voltasse para Jessep? E se eu dissesse ao xerife o que aconteceu. Eles conheciam a minha mãe e, embora ela e meu pai tivessem feito um grande esforço para encobrir os problemas mentais dela, eles tinham que entender que eu não tive escolha. Não é dessa forma como a justiça funcionava?

Pessoas culpadas não fugiam. Mas eu entrei em pânico e em vez de ligar para o xerife por ajuda, a única pessoa que me veio à minha mente foi Bear. Chegar a ele era meu único foco e através da minha visão embaçada, era tudo que eu podia ver no final.

Isso foi um erro.

Eu não quero ser essa garota fraca. Eu nunca fui fraca antes e eu odiava estar sendo fraca agora. Eu iria voltar e enfrentar tudo o que viesse para mim. Com sorte, eu iria chegar lá na hora para contar a minha história antes que alguém tropeçasse no pesadelo em casa.

Eu também imaginei o alívio que Bear sentiria quando ele voltasse e não me encontrasse, o que fez a minha decisão ainda mais fácil.

Eu não tinha uma camisa e não é como se eu pudesse andar todo o caminho de volta para Jessep vestindo uma toalha, então eu peguei uma camiseta preta de uma pequena pilha de roupas de Bear no chão. Antes que eu pudesse registrar o que eu estava fazendo, eu levantei a camisa para meu nariz e inalei profundamente. Sabão em pó, suor e cigarros não deveria cheirar tão bem. Puxei em cima da minha cabeça. Em Bear provavelmente estava apertada, em mim, era uma lona.

O pequeno apartamento que eu estava era simples, mas cheirava como pintura nova. Quando nós construímos um novo galpão no laranjal e as portas foram instaladas, a empresa de reforma colocou as chaves da porta no topo da moldura. A porta era mais alta e eu tendo apenas um metro e sessenta, era um problema. Eu deslizei uma cadeira até a porta, ignorando a queimadura protestando nos meus músculos quando eu fiz isso. Eu cuidadosamente subi na cadeira e tomei no topo da moldura.

Não tive essa sorte.

Eu deveria ter adivinhado, uma vez que sorte e eu não tínhamos sido amigas e não apenas nos últimos anos, mas toda a minha vida.

Olhei ao redor do apartamento para algo que eu poderia usar como uma chave, como uma chave de fenda pequena ou uma lixa de unha, quando notei um lençol salpicado de tinta no canto da sala cobrindo o que parecia ser um pequeno nicho.

Atravessando a sala tão rápido quanto meu corpo quebrado permitiria, eu puxei a parte inferior do lençol, o libertando de atrás de alguma coisa no topo da pilha que estava escondendo. Quando caiu no chão, revelou toda a vida que tinha sido escondida por baixo.

A vida de Bear.

Uma TV mais velha, muito mais grossa do que as telas planas mais modernas, com painéis de madeira falsos nas laterais estava no centro. No topo da TV estava uma pilha de revistas Harley Davidson e atrás disso estava uma vitrine com três ganchos segurando espadas de samurai longas com punhos dourados. Um cartaz emoldurado de Johnny Cash tinha o título ‘Em San Quentin’ e sobre seu ombro direito no chão contra a parede estava uma enorme bandeira preta escrito BEACH BASTARDS, o logotipo dos Beach Bastards espreitando para fora das dobras como uma hóspede não convidado.

Eu estava prestes a procurar as gavetas da cozinha quando algo no centro da pilha chamou minha atenção. Um retrato emoldurado de três jovens.

Um eu reconheci imediatamente Bear, seus olhos azuis praticamente brilhavam através da imagem desvanecida e embora eu o conheci quando ele tinha vinte e um anos, ele era ainda mais jovem na foto, eu acho que em torno de quinze ou dezesseis anos. Ele não tinha barba e suas bochechas ainda tinham esse ligeiro arredondamento que acabaria por desaparecer e dar lugar à intensidade acentuada que Bear tinha hoje. O colete que ele usava tinha escrito PROSPECTO através de um lado em forma de U na parte inferior. Reconheci o outro menino como King, mas com o cabelo um pouco mais longo que era curto demais para dar forma aos cachos brotamento que rodeavam seu rosto. King também estava sorrindo, mas ao contrário de Bear, King já parecia endurecido na imagem, talvez até um pouco triste.

No meio dos dois adolescentes estava um menino que era uns bons centímetros menor do que Bear ou King, que eram mais altos que o padrão da maioria. Ele se vestia diferente que os seus amigos, que usavam camisetas e calças de brim, embora o cenário não parecia como se estivessem indo para algum lugar que exigia esse tipo de roupa formal. Eles estavam sentados em uma mesa de piquenique azul brilhante, árvores finas e altas e água cintilante no fundo. O garoto que eu não conhecia usava uma camisa branca de manga curta escondida em calças cáqui com uma gravata borboleta verde limão com suspensórios e, assim como o cartaz de Johnny Cash10, ele estava de lado para a câmera. A letras FU11 estavam tatuados em seu dedo médio.

Com toda a merda que estava acontecendo e com a necessidade de correr espalhando pelo meu próprio, fiquei surpresa que uma imagem de todas as coisas me fez parar. Corri meus dedos através dos rostos dos três meninos e perguntei se eles sabiam o tipo de homens que acabariam por se tornar.

Eu me encontrei com ciúmes da amizade fácil que irradiava através da foto.

Socialmente desajeitada era um eufemismo, mas depois que Jesse morreu e eu assumiu a fazendo, amigos não eram um problema, porque eu não tinha tempo para eles. Entre o meu emprego em tempo parcial no Stop-n-Go e tentar não explodir sob a pressão, bailes da escola e primeiros beijos nunca foram uma prioridade.

Eles nunca foram nem mesmo uma consideração.

Eu tinha um amigo.

Buck. Eu o chamava de Bucky. Ele era o único que não importava quantas vezes eu lhe dizia que não eu podia sair, ele sempre tinha tempo para vir para a fazenda me verificar. Me trazia o almoço. Ele era a única pessoa que entre um mar de adultos perceberam que eu estava carregando mais do que qualquer adolescente normal jamais poderia ou deveria.

Buck era o vice-xerife. Ele e o Sheriff Buckingham eram a única lei em Jessep, talvez se eu tivesse falar com Bucky primeiro, então ele poderia ter me ajudado a convencer o xerife da verdade? Que tudo isso era apenas um horrível acidente trágico.

Eu não poderia ir para a cadeia. Não que eu tenha pensado que a prisão ou o pensamento de estar lá tomou qualquer precedência sobre o que tinha acontecido com meus pais. Mas porque eu não poderia me sentar lá dia após dia pensando sobre o que eu tinha feito. O que eu poderia ter feito diferente. Que toda a minha família estava morta.

Eu não iria sobreviver.

O pensamento de sobrevivência me trouxe de volta para o presente e minha tarefa na mão. Guardando a imagem, eu fui para a cozinha, onde as gavetas e armários estavam todos sem nada. Ficando frustrada a cada segundo que se passava, eu tomei uma decisão. Eu andei até as espadas de samurai e removi uma dos ganchos, desembainhando lentamente para que eu não me cortasse acidentalmente na lâmina.

Eu posso não ser capaz de abrir a porta.

Mas eu posso cortar a maldita maçaneta.

E assim eu fiz.

Com um rugido gutural, eu rompi com a maçaneta da porta com a espada, revelando o mecanismo de prata por baixo. Eu empurrei meus dedos no pequeno espaço e belisquei as duas extremidades da pequena barra de metal juntos, soltando o parafuso.

O sol do meio-dia me cegou enquanto eu caminhava para fora da cobertura da garagem e para a luz do dia. Depois que meus olhos se ajustaram, eu segui o caminho, passando por uma casa de palafitas de três andares. Eu não tinha certeza de onde eu estava até que eu cheguei ao fundo da estreita entrada e vi a rua à minha direita e soube imediatamente que eu ainda estava em Logan’s Beach e que se eu virasse à esquerda eu eventualmente encontraria o meu caminho de volta para a estrada.

Eu queria ter a caminhonete do meu pai ou minha bicicleta.

Não havia jeito de eu ter uma chance de voltar ao MC para buscar. Eu balancei a cabeça, me recusando a reconhecer o que tinha acontecido comigo lá. Ainda não, de qualquer maneira.

Um evento terrível de cada vez.

Uma tragédia de cada vez para concentrar a minha tristeza e raiva.

Algum dia eu me permitiria estar chateada e irritada com o MC, com Chop. Eu amaldiçoaria o mundo pelo que ele me fez, ou tentou fazer comigo, mas não hoje. Eu comecei a descer a estrada. Indo para Jessep. Para casa. Os ferimentos causados por Chop e seus dedos fizeram a cada passo mais doloroso.

Com determinação recém-descoberta, eu manquei para frente.

Hoje era para os meus pais.

Hoje era para o meu pai.

E hoje eu seria forte, para eles. Para ele.

Amanhã, amanhã eu iria chorar.

Hoje não.

Apenas não hoje.

 

 

 

BEAR

Estávamos chegando à rua da casa de King quando seu telefone tocou. — Pequena, — disse ele. Houve uma pequena pausa. — Você viu em que direção ela foi?

Vi uma figura mancando pela estrada e imediatamente reconheci o cabelo rosa selvagem.

— Não se preocupe, nós a achamos, — disse ele, desligando o telefone.

— Onde diabos ela pensa que vai? — eu murmurei, me inclinando sobre o volante. Eu parei a caminhonete com um guincho e esforços consideráveis para estacionar.

— Vou levar isso de volta para a garagem enquanto você lida com isso, — King ofereceu. Eu balancei a cabeça e pulei para a rua, me aproximando rapidamente de Thia, que estava se movendo muito mais rápido que sua perna manca deveria permitir. Ela estava vestindo uma camiseta preta.

Minha camiseta.

Era tão grande e solta nela, que eu não poderia dizer se ela estava usando algo por baixo até que a brisa bateu, revelando os shorts sujos de sangue que usou na noite anterior.

— Você está usando a minha camisa, — eu apontei e grunhi, combinando com seu ritmo furioso. Não era a camisa que estava me incomodando, era ela não ter ficado aonde eu disse a ela para ficar.

— Eu vou te devolver, — disse ela amargamente, focando seus olhos na estrada em frente a ela.

— Onde diabos você acha que está indo? — perguntei, agarrando o ombro e a girando para mim. — Eu disse para você ficar. Merda, eu tranquei você lá. Como diabos você saiu?

— Eu não sou um animal enjaulado! Eu vou para casa! Não se preocupe, eu não vou sobrecarregar vocês mais. Eu vou dizer ao xerife o que aconteceu, o que eu deveria ter feito em primeiro lugar. Você nunca vai ter que pensar sobre mim novamente. Não precisa segurar esse fardo. — ela tentou se esquivar da minha mão, mas essa porra não iria acontecer. Quanto mais ela falava, mais furioso eu ficava e o mais meus dedos apertavam seus braços.

— Você acha que é tão fácil, — eu disse entre dentes cerrados. — Você acha que pode ir para casa como se nada disso tivesse acontecido, porra? Porque, confie em mim nisso, essa porra não funciona assim. — eu esperava que ela mostrasse um pouco de medo, se escondesse, até mesmo um pouco, mas a garota era ousada, bufando pelo nariz como se ela estivesse prestes a cuspir fogo, desafiando cada palavra minha com seu olhar. — Eu tenho notícias para você, menina. Você não pode ir a qualquer lugar. Você parece esquecer que o MC sabe quem você é e agora que você tem uma conexão comigo, você vai estar morta se estiver sozinha. Então, querendo ou não, você está presa aqui, pelo menos por enquanto, então volte até a porra da casa antes de eu agarrar esse cabelo alvoroçado seu e te arrastar até lá.

— Eu sei que era tudo uma mentira do caralho! — ela retrucou, travando os olhos nos meus. Medo e raiva irradiava dela quando ela me olhou.

— O quê? — perguntei, enfiando a mão em seu cabelo, dando um puxão de alerta e sua cabeça virou para trás, mas ela permaneceu forte.

— Eu disse a Chop sobre a sua promessa para mim, sobre o anel, e ele riu na minha cara. Então eu ouvi você dizer a King que era tudo uma brincadeira. — ela levantou sua camisa tão alta que ela revelou a parte inferior arredondada dos seios. Ela apontou para as contusões pretas e azuis em suas costelas. — Isto parece uma piada para você? — então ela apontou para o lábio inchado e, em seguida, os pontos ao redor de seu olho. — Estes parecem com piadas?

Pela primeira vez na minha vida eu fui pego desprevenido. Eu queria golpear a menina por não me ouvir, mas, pela primeira vez percebi que seus ferimentos não teriam acontecido se eu não tivesse dado a ela o anel ou tivesse contado a mentira. — Eu vou te levar. — ela empurrou contra o meu peito, mas foi inútil, eu tinha pelo menos cinquenta quilos a mais que ela.

Ela não ia a lugar nenhum.

— Apenas me deixe ir! Eu quero ir para casa! — ela gritou, continuando a lutar, estremecendo quando eu a agarrei pela cintura e a levantei do chão. Eu afrouxei meu aperto, mas não a coloquei no chão.

— Ouça as palavras que estou dizendo. — eu fervi, me inclinando, invadindo cada polegada de seu espaço pessoal. — Eu disse que eu não quero que você saísse? Eu estou implorando para você ficar? O que acabei de dizer? — perguntei, tentando fazer com que a menina visse a razão.

Thia engasgou e seus olhos se arregalaram. — Você disse... que eu não posso ir. — ela parou de lutar, mas eu continuava a segurá-la. — Por quê? Por que eu não posso?

— A razão número um é porque eu disse isso, porra. Eu ainda não sei se você está trabalhando para o meu velho filho da puta... — eu comecei, embora o que King tinha dito fez a possibilidade altamente improvável.

Altamente improvável não estava além de Chop.

— Eu não estou! — ela retrucou.

— Cale-se e ouça. Eu vou te mostrar uma coisa, mas eu preciso ser capaz de usar minhas mãos. Eu vou soltar seus braços. Faça um movimento para correr e eu não vou ser gentil da próxima vez, — eu avisei, finalmente soltando-a quando eu senti a tensão em seus braços começar a se desvanecer, a colocando de volta no chão. Peguei meu telefone e cliquei na internet onde eu já tinha acessado o site Logan’s Beach News. Eu cliquei nas últimas notícias da manhã e virei para que ela pudesse ver a tela.

Thia empalideceu. Sua pele já branca desaparecendo ao ver a manchete.

 

MARIDO E ESPOSA ENCONTRADOS mortos em Jessep

FILHA ADOLESCENTE DESAPARECIDA é a únicA suspeita

A POLÍCIA têm chamado os assassinatos de:

O ABATE DE 'ORANGE GROVE'

 

Eu fechei o telefone e respondi ela honestamente.

— Razão número dois, é porque chegamos muito tarde.


Capítulo doze

Thia

Eu era oficialmente procurada.

E não procurada.

Tudo ao mesmo tempo.

Bear não ia me deixar ir. Ir para casa, para Jessep e confessar o que eu tinha feito ao xerife não era mais uma opção. A manchete era tão condenável. Eles ainda acreditariam em mim se eu lhes dissesse a verdade? Eu enfrentaria acusações mesmo que acreditassem em mim?

Eu não podia fazer nada, mas eu queria fazer algo que iria tirar o caroço se formando na minha garganta e peito, lentamente me sufocando a cada respiração.

Inspire, expire.

Expire, mais.

Inspire, expire.

Expire, ainda mais.

Eu gostaria de poder dizer que me senti entorpecida. Eu queria estar entorpecida, ansiava por isso. Eu ansiava pela indiferença e desapego, porque eu era um trem desgovernado, correndo para frente a toda velocidade em direção ao fim dos trilhos e um acidente que eu podia ver claramente na minha frente como se já tivesse acontecido.

A luta em mim desapareceu tão rapidamente como tinha se construído.

Eu estava presa.

Nesse lugar.

Nesta vida horrível.

O amanhã havia chegado muito rápido.


Capítulo treze

BEAR

Thia estava sentada na beira da cama, olhando para a parede com uma expressão indecifrável no rosto. O mesmo lugar que ela tinha estado desde que pendurou sua cabeça em derrota e silenciosamente me seguiu de volta para a garagem.

Ray veio e trouxe algumas roupas frescas e uma escova de dentes para Thia que agradeceu e desapareceu no banheiro, mas quando ela voltou, tanto Ray quanto eu notamos imediatamente que, embora nós tínhamos ouvido o chuveiro e pia, ela ainda estava vestindo a mesma bermuda. Encaramos um ao outro, o mesmo olhar confuso. — Ummm, a enfermeira que te checou quando você chegou aqui, o nome dela é Sally, — disse Ray. — Você não deixou que ela olhasse todos os lugares. Ela ligou mais cedo e ela está preocupada e quer saber se você quer que ela venha e dê uma olhada para se certificar de que está tudo bem, — Ray ofereceu.

— Eu estou bem, mas obrigada. — Thia balançou a cabeça, oferecendo a Ray um pequeno sorriso que mal podia ser chamado de um sorriso. Ela tinha estado na mesma posição, olhando para o nada desde então.

Segui Ray, deixando Thia no quarto. — Desculpe a porta. Eu vou cuidar disso antes de eu ir, — eu disse, pegando a espada e a maçaneta da porta do tapete. Eu tinha esquecido como era pesada a espada, Thia deve ter estado realmente determinada a sair se ela foi capaz de não só levantá-la, mas balançá-la com força suficiente para cortar a porra da maçaneta.

Ray cruzou os braços sob o peito. — Qual é o seu plano com ela?

— Nem sei. Ela quer ir. Eu disse a ela que o MC estava atrás dela. Mostrei a ela o artigo do jornal do caralho. Ela vai morrer de uma forma ou de outra, mas ela ainda quer ir, então quem diabos sou eu para mantê-la aqui?

— Você é um cara que sabe um pouco do que ela está se sentindo.

— Como você sabe disso?

— Oh, eu não sei, talvez porque ela está deslocada e não tem para onde ir. Talvez porque ela teve alguma merda terrível acontecendo a ela que ela não quer falar sobre, — Ray disse, levantando uma sobrancelha para mim. — Alguma coisa disso soa familiar?

— Eu não pensei sobre isso assim, — eu disse, me inclinando contra a parede, correndo minha mão pela minha barba.

— Vocês, rapazes, nunca pensam, — Ray disse com um sorriso que não alcançou seus olhos. — Grace está vindo amanhã, você pode querer aparecer e dizer olá, então você não vai ouvir um sermão.

— Porra. Grace. Eu nem sequer pensei em ver como ela está. — o pequeno rádio babá na mão de Ray começou a chorar, ela o ergueu e acenou no ar. Grace tinha estado lutando contra o câncer, mas em todo o tempo que eu tinha saído, ela declarou que ela não estava pronta para morrer e só queria de repente parecer bem novamente.

Mulheres teimosas pareciam ser uma tendência na minha vida, mas eu estava feliz pela teimosia de Grace, se alguém poderia ir para a guerra com a morte e sair um vencedor, esse alguém era ela.

— Tenho que ir, mas você pode querer fazer um plano quando se trata daquela menina naquele quarto ali. Ou a deixe ir ou a mantenha aqui, de qualquer forma, você precisa decidir o que vai acontecer, porque nada disto é justo com ela. — ela abriu a porta quebrada e fez seu caminho até a garagem. Eu cliquei no abridor automático e segui para fora. — Escute isso de alguém que sabe sobre tudo isso. — eu assisti Ray sair, a seguindo com meus olhos pela janela até que ela fez seu caminho para dentro da casa através dos degraus dos fundos.

Ray estava certa. Eu precisava tomar uma decisão, mas eu não conseguia pensar em uma que resultaria em nós dois estarmos seguros e longe daqui. Eu poderia esgueirá-la para fora da cidade e levá-la em algum lugar que o MC não tinha alcance, mas se a lei achá-la, não importa onde ela esteja, se ela terminar em uma prisão ou cadeia em algum lugar, era melhor ela estar morta.

A menos que...

Eu cavei meu telefone do meu bolso e enquanto os meus dedos empurravam cada número, eu me encolhi com o que eu estava prestes a fazer. — Escritório de Bethany Fletcher.

Depois da minha ligação, achei Thia exatamente onde eu a deixei.

— Não podíamos chegar até a sua rua, — eu comecei, dando a volta na cama para ficar na frente dela. Seu olhar se deslocou para o chão. — Os policiais já tomavam conta do lugar e estavam passando a fita ao redor para deixar van do legista entrar. Nós abaixamos a cabeça e continuamos a dirigir. — eu ajoelhei na frente dela e novamente tentei fazê-la para olhar para mim, mas ela se virou, desta vez subindo na cama e entrando debaixo do cobertor. De costas para mim, ela puxou o cobertor até o queixo.

— Me deixe em paz. Eu só quero dormir, — ela disse, a voz monótona e vazia.

— Porra, — eu disse, me afastando. Eu queria dizer a ela o que diabos aconteceu porque eu pensei que ela iria querer saber. O que eu estava fazendo? Ray estava errada. Eu não poderia me relacionar com a garota de qualquer maneira, e só porque ela era estúpida o suficiente por acreditar uma das minhas mentiras malditas anos atrás não significava que eu devia a ela alguma merda. Eu não tinha necessidade de ficar para assistir alguma garota se fechar e se autodestruir.

Falando de autodestruição.

Eu vasculhei minha bolsa no chão, procurando no bolso lateral interno até que eu encontrei exatamente o que eu estava procurando. Fui até a única superfície no quarto, a mesa pequena que Thia estava encarando.

Eu não me importava que ela pudesse ver o que eu estava prestes a fazer.

Eu não dou a mínima para o que ela pensava sobre mim.

Eu joguei um pouco de pó na mesa de madeira em três linhas irregulares. Eu senti os olhos de Thia em mim quando eu cheirei todas as três linhas de falsa felicidade até a porra do meu nariz.

Eu inclinei minha cabeça para trás e belisquei minhas narinas juntas quando a droga enviou um fogo para o meu cérebro.

Isso é melhor.

Agora eu realmente não dou a mínima para o que ela pensava de mim.

Agora eu poderia saltar do telhado e voar para o outro lado da baía, e não dou à mínima.

— Porra, — eu disse, apertando meu dedo no resíduo restante e esfregando-o contra minhas gengivas.

— Isso é diversão ou você tem um problema?

— Olha quem de repente pode falar de novo. — revirei os olhos e tirou minha camisa, a jogando em cima da minha bolsa. — Parece que estou me divertindo para você? — eu bufei. — Não é um problema, pelo menos não neste exato momento. — eu pensei sobre o que eu tinha acabado de dizer e como a droga começou a melhorar e melhorar, até que eu concordei ainda mais com a minha afirmação anterior. — Na verdade, neste exato momento, eu não tenho nenhum problema no mundo, — eu cantei, apreciando os poucos momentos onde eu poderia me enganar em pensar que tudo estava bem.

— Não, não parece, — ela corrigiu.

— Eu sei, mas eu simplesmente não dou à mínima. — eu me virei na direção da porta.

— Posso... posso ter um pouco? — ela perguntou. Parei no meio do caminho.

— O quê? — eu perguntei, me virando. Thia se sentou.

— Você disse que você não se importa agora. Eu não quero me importar muito, — disse ela, lágrimas brotando dos seus olhos.

— Não, — eu disse, sem ter que pensar sobre isso.

— Por que não!? — perguntou ela com raiva, jogando o cobertor de seu colo e se levantando da cama. Ela caminhou em minha direção, seu mancar de antes quase imperceptível, seus seios sem sutiã saltando contra o material fino de sua camisola de alças enquanto ela caminhava em minha direção. — Por que você pode apagar os seus problemas e eu não. Chop me disse que você não está no MC mais, então você está cheirando cocaína para fazer isso ir embora, certo? Fingir? Bem, eu quero fingir também.

Chop obviamente tinha feito mais do que foder com ela no MC. Aparentemente, ele tinha falado bastante também.

— Não, — eu disse de novo, embora ela tivesse um ponto. Me lembrei então o que disse Ray e de repente desejei que eu não tivesse usado o último pacote.

— Está tudo bem para você esquecer, mas eu não estou autorizada a sentir como se o mundo não estivesse desmoronando ao meu redor por alguns minutos? Como se eu não estivesse sozinha? Como se eu não estivesse presa? Como se eu não fosse acabar morta ou apodrecendo em alguma prisão?

Eu não quero dizer a ela que se ela foi para a prisão, o MC provavelmente vai enviar uma old lady ou um amigo do clube para matá-la lá.

A prisão era como um acampamento de verão para os Beach Bastards.

Acampamento de verão com um lado de homicídio.

Thia estava perto de mim agora, tão perto que eu podia ver a agonia em seus olhos e as sardas na sua testa. Eu podia sentir o cheiro feminino do sabão que Ray lhe dera para usar, alguma coisa misturada com baunilha. Seu cabelo ainda estava úmido, caindo em ondas pesadas ao redor de seus ombros. Ela era uma coisa pequena, vinha somente até meu peito. Suas coxas e panturrilhas eram musculares e surpreendentemente magras e fortes para uma coisa tão pequena. Quando ela se levantou na ponta dos pés em desafio e estava prestes a dizer algo, eu tive a súbita vontade de morder a pele sensível entre seu pescoço e ombro. — O que ele fez para você? — perguntei, usando um tom muito mais suave do que eu tinha sido. — Chop. Me diga o que ele fez.

— Por quê? — ela perguntou.

— Eu não sei, — eu respondi honestamente.

E assim, com uma pergunta, ela começou a murchar novamente. Ela se abaixou de seus dedos dos pés e deu um passo para trás. Seus ombros caíram. Ela voltou para a cama, levantou de novo as cobertas até o queixo. — Nada, — ela mentiu, virando para o lado dela, de costas para mim, efetivamente me excluindo. — Nada que importa.

— Vou te dizer o que, — eu disse. — Eu vou fazer um acordo. Você me diz o que aconteceu e eu vou te ajudar a esquecer por um tempo, — eu disse, e eu quis dizer isso, só que não do jeito que ela estava pensando. Eu não estava acima do suborno.

Na verdade, eu era surpreendente em suborno.

Caramba, isso foi uma dose boa.

— Nós já estabelecemos que você não se importa, — disse ela, jogando minhas palavras de mais cedo na minha cara.

Bati na beira da cama e a virei de costas. Ela tentou me golpear, mas eu peguei seus pulsos e os prendi. — Você precisa tirar aqueles malditos shorts, mas algo te faz ficar com eles. Eles estão molhados, então eu sei que você nem sequer os tirou na porra do chuveiro. Então, por que você não me diz o que diabos aconteceu no MC, antes de eu te deixar nua, te por sobre o meu ombro, e te jogar na porra da baía.

— Você não faria isso, — disse ela, seus olhos finalmente contendo o medo que eu estava acostumado a ver nos olhos de alguém que eu estava ameaçando, mesmo tendo visto isso em um breve momento quando ela tinha acordado pela primeira vez no banheiro.

— Experimente. — eu avisei, amando que eu estava finalmente começando a ter a reação dela que eu queria. Vago e distante era uma besteira que me deixava puto. Raiva. A raiva eu poderia trabalhar.

Uma lágrima rebelde escorreu ao lado de seu rosto e seus ombros balançaram silenciosamente.

Que porra é essa?

— Faça o que tem que fazer, — ela choramingou, o nada de antes firmemente de volta no lugar. — Eu não quero falar sobre isso. Nada disso. — eu solto seus pulsos e ela rola novamente. — Por favor, Bear. Me deixe em paz. Eu só quero dormir.

Nunca na minha vida houve uma garota que me deixou tão irritado.

Peguei uma garrafa de uísque da minha bolsa e desliguei a luz no caminho para fora.

Cara, ela é gostosa quando ela está com raiva, Preppy piou na minha cabeça.

— Cale a boca, — eu murmurei. Ele estava certo, mas eu não chamaria exatamente de gostosa. Sem maquiagem ou até mesmo sem ter escovado os cabelos em um tempo, ela era devastadoramente sexy, e isso nem sequer começava a fazer jus.

Dolorosamente fodível era um pouco mais perto.

Eu me ajustei e me joguei no sofá depois de uma longa noite evitando dormir com o meu amigo Jack Daniels.

 

* * *

 

Um grito violento disparou pela porta. — Porra!

Eu peguei minha arma da mesa e corri para a porta, abrindo, pronto para matar qualquer filho da puta que tenha sido corajoso o suficiente para vir para mim no meio da porra da noite. Thia estava na cama, gritando como se estivesse sendo atacada, mas o quarto estava vazio. Seus olhos estavam fechados e suas costas se curvaram para fora da cama a cada nova explosão. A parte de trás de sua cabeça bateu na parede acima do colchão com um baque, mas nem sequer a fez parar.

— Vá se foder! Vá se foder! Eu te odeio! Você não pode fazer isso comigo! Você não pode! Eu não vou deixar você, porra! — ela se enfureceu. Eu não sabia o que fazer, mas eu sabia se ela continuasse bater contra a parede ela iria se machucar. Me ajoelhei no colchão e a peguei em meus braços, esmagando-a contra meu peito, mas ela não parou. Ela bateu os punhos fechados contra os lados do meu rosto, meu peito, algo que ela podia fazer contato uma e outra vez. Ela arranhou suas unhas na minha pele dos meus ombros.

— Pare! — rosnei, segurando seus braços ao seu lado. — Acorde!

— Vá se foder! Vá se foder! Vá se foder! — ela gritou, ainda lamentando, seus pequenos punhos parecendo mais como uma vibração no meu peito do que uma surra.

— Ti, sou eu, acorde! — eu disse ainda mais alto. — Droga, garota, você vai se machucar. Acorde, porra!

Ela se acalmou, mas eu continuava a segurá-la. Levou vários minutos, mas eu senti o momento que a luta deixou seu corpo quando ela caiu contra mim. Ela não se moveu, não havia dito uma palavra em tanto tempo que eu pensei que ela poderia ter caído no sono, até que ela falou contra a minha pele, sua respiração roçando meu mamilo. — Eu matei a minha mãe.

— Eu sei, — disse eu, sem saber o que mais eu deveria dizer. — Vem comigo, — eu disse e pela primeira vez ela realmente ouviu, saindo da cama e me seguindo para a noite. Fui até a fogueira, o mesmo lugar onde Eli e seus homens riram enquanto me torturaram. Eu iria levá-la até o cais, mas decidi não fazer, porque se ela me irritasse mais uma vez eu não sabia se eu seria capaz de resistir à minha ameaça de mais cedo e jogar sua bunda lá. Por pelo menos um pouco, enquanto os flashbacks fodidos que me seguiam ao redor como um cachorro possuído, essa minha memória teria que tomar um banco traseiro para a menina com o cabelo vermelho.

— Sente-se, — eu pedi, apontando para uma cadeira de gramado de plástico branco. Thia sentou e me observou acender um pequeno pedaço de palha. Quando ele brilhava intensamente, eu gentilmente o coloquei no interior da fogueira e coloquei duas pequenas toras cortadas em cima dela.

Ela perguntou: — Por que o fogo?

— O fogo é para um pouco de luz e... — Thia bateu no braço dela, e quando ela puxou a mão, ela revelou o corpo esmagado de um grande mosquito.

— E para manter os mosquitos longe. — ela limpou seu braço quando a fumaça começou a ondular no céu a partir da fogueira. — Isso deve ajudar.

Me sentei na beira da fogueira de tijolo, de frente para Thia em sua cadeira. Ela puxou as pernas para cima na cadeira e sob sua pequena regata branca, esticando o material sobre os joelhos, matando qualquer chance que eu tinha de ficar olhando para os peitos dela.

Arrumei o baseado e agarrei meu isqueiro. — Veja, — eu disse, quando eu acendi o baseado, mantendo o polegar sobre o buraco até que era hora de inalar toda a fumaça que eu tinha acabado de criar. Exalei e segurei o isqueiro para ela. — Não é muito, mas vai ajudar.

Thia virou o isqueiro em sua mão e examinou o baseado como se fosse um artefato de um museu, correndo os dedos suavemente. Ela tentou acender, mas deixou cair o isqueiro quando a única coisa que ela conseguiu foi queimar as pontas dos dedos. — Aqui, — eu disse, pegando o isqueiro da grama. Eu segurei a chama sobre a ponta e ela fez como eu mostrei a ela, tirando o polegar fora do buraco e dando uma tragada rasa, liberando a fumaça em uma tosse.

— Eu não matei meu pai, — disse ela quando a tosse diminuiu. — Minha mãe matou. Cheguei em casa e ela estava sentada lá no antigo quarto do meu irmão. Ela tinha a pistola do meu pai em seu colo, — disse ela, continuando a sua confissão.

Por mais que eu tenha pensado que Thia poderia estar trabalhando para Chop, nunca me ocorreu que ela maliciosamente matou seus pais, mas eu me calei com a menção de um irmão, me perguntando se ela estava prestes a me dizer que havia um terceiro corpo lá fora em algum lugar, mas ela encheu os espaços em branco antes que eu pudesse tirar minhas próprias conclusões. — Meu irmão morreu quando éramos crianças. Nós não éramos muito distantes em idade. Nós estávamos brincando na varanda. Sempre havia aranhas lá fora. Os bosques emitem uma grande quantidade de umidade e aranhas adoram um bom calor úmido e um pequeno buraco para esconder. A varanda tinha tudo isso. Vimos às patas da aranha subindo nas botas de trabalho do meu pai, eu ia espantá-la, mas meu irmão queria olhar. Ele enfiou a mão na bota do meu pai... — ela parou. — Eles o levaram para o hospital, mas já era tarde demais. Aranha Marrom. Nem sempre fatal em adultos, mas em crianças...

— Você não tem que me dizer, — eu disse, não querendo mandá-la de volta em um estado de choque que sua história poderia desencadear. — Eu sei como é não querer reviver a merda horrível uma e outra vez.

Thia continuou de qualquer maneira. Olhando para a fogueira enquanto ela falava. — Minha mãe começou se perder. Ela começou a ficar mais distante a cada dia. A maioria dos dias se passava e ela nem sequer falava comigo. Business começou a ir para merda. Eles estavam sempre brigando. Então, uma noite cheguei em casa e, — ela fungou, — não houve briga.

— Meu pai já estava morto. Eu não fui até ele, eu tropecei nele. Ela queria enviar a todos para o mesmo lugar. Disse que todos iriam estar juntos. Eu a convenci de que deveríamos ir ao mesmo tempo. Troquei armas com ela, dando a ela uma que eu sabia que sempre emperrava. Ela estava tão determinada. Não houve discussão, não havia como sair. Eu poderia ter atirado nela no braço, na perna, mas eu não podia ter garantida de que ela largasse a arma, ou que ela parasse de tentar atirar. O olhar de determinação em seus olhos me disse que disparando ou não ela continuaria vindo. Eu não podia deixar isso acontecer. Eu pensei sobre o meu pai. Sobre ele sempre me dizendo para ser sua garota forte. Então eu fiz o que tinha que fazer para ser sua garota forte, então apontei para o peito dela e atirei.

— Vou recordar este como o pior momento da minha vida inteira. O pior. — ela balançou a cabeça. — Não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Meninas da minha idade estão jogando esportes, indo à bailes e festas, beijando meninos. E comigo nunca foi assim. Eu tinha um emprego em tempo integral na fazendo e um emprego em tempo parcial no Stop-n-Go. Eu não fiz nada ao longo dos últimos anos, exceto trabalhar pra caramba e ver minha família desmoronar. Apenas quando eu pensei que não poderia ficar pior... acontece tudo isso. — ela acenou ao redor da casa e para mim e soltou um riso estranho. Ela deu outra tragada, passando de volta para mim. Sua tosse muito menor do que em sua primeira tentativa.

— Ti, quantos anos você tem? — perguntei, limpando minha garganta enquanto eu me aventurava em território que eu sabia que não deveria. Ela era uma pistola, mesmo ela estando triste, havia uma onda de inocência sobre ela que me fez sentir tão mal por ela e salivando para prová-la.

Isto é para ela, não você. Eu disse a mim mesmo. Foi só uma mentira parcial.

— Dezessete, — disse ela, fungando. — Dezoito em breve.

— Você foi já beijada? — perguntei, e seus olhos encontraram os meus. — E não um beijinho na bochecha ou um breve beijo dos lábios, mas a porra de um beijo de verdade. Um que deixa você sem ar em seus pulmões e suas coxas pressionando juntas em busca de mais? — eu disse, minha voz saindo profunda e tensa. Meu pau se avivou com a ideia de traçar a minha língua ao longo de seus lábios cheios.

— Por quê? — ela sussurrou, e assim que as palavras saíram de sua boca, eu sabia que não haveria mais volta do que eu estava prestes a fazer.

Eu me afastei da fogueira e a puxei para fora da cadeira, pressionando os peitos dela no meu peito e meu pau contra seu estômago. Eu puxei seu queixo para cima e olhei em seus olhos verdes esmeraldas. Ela seguiu meu polegar com os olhos enquanto eu seguia por seu lábio inferior. Havia muitas linhas estragando seu rosto, questionando o que era que eu estava fazendo. Eu sabia que ela iria tentar se afastar a qualquer momento, tentar me impedir. Mas já era tarde demais para isso.

Eu estava além de parar.

Apenas um gostinho.

— Responda a pergunta, — eu pressionei.

— Não, — ela disse com um leve aceno de cabeça, e antes que ela pudesse tentar argumentar, eu me inclinei e pressionei meus lábios nos dela.

Eu já estava indo para o inferno mesmo.

Poderia muito bem aproveitar o passeio lá.


Capítulo catorze

Thia

Bear está me beijando.

Saindo do puro choque eu empurrei contra seu peito duro, rompendo nossa conexão. Parecia frio onde seus lábios tinham estado momentos antes, ainda quente e formigando entre as minhas coxas.

Um beijo real.

— Eu não preciso de sua pena, — eu disse, tocando meus lábios como se eu precisava ter certeza de que o que acabou de acontecer era real.

Bear se inclinou novamente, desta vez correndo o nariz em toda a minha mandíbula. Fechei os olhos e suas palavras vibravam atrás da minha orelha, direto para um lugar dentro de mim que formigava à vida. — Isso ainda pode ser o pior momento da sua vida, Ti. Mas quando você se lembrar de toda a merda que aconteceu, você pode se lembrar do seu primeiro beijo também, e talvez isso vai afastar um pouco essa dor. Me deixe fazer isso por você. Me deixe te ajudar. — Bear segurou meu rosto com as mãos e novamente apertou seus lábios contra os meus. Ele agarrou meus pulsos, os colocando ao redor do seu pescoço antes de serpentear seus braços em volta da minha cintura, seus dedos mordendo meus quadris.

Tudo sobre o beijo foi suave. Calmo. Nada como eu pensei que beijar Bear seria. A sensação de sua barba contra o meu rosto me fez querer estender a mão e puxá-lo. Era mais suave do que eu pensava que seria.

Ele era mais suave do que eu pensei que ele seria.

Ele abriu a boca para mim, apenas um pouco, apenas o suficiente para sugar delicadamente meu lábio inferior em sua boca e a sua língua no meu lábio superior. Deixei escapar um gemido involuntário, imediatamente envergonhada pelo barulho. Bear recuou e passou a mão sobre a barba. — Desculpe, eu não quis... — eu comecei, mas então eu percebi que ele tinha feito isso. O tempo todo ele estava me beijando, apesar de ter sido apenas alguns segundos, eu não tinha pensado sobre o MC ou meus pais.

Foi trinta segundos de felicidade.

Eu queria mais.

— Se você continuar fazendo barulhos como esse, Ti, — Bear gemeu, seu peito subindo e descendo rapidamente. Eu chupei meu lábio inferior em minha própria boca, degustando onde a língua de Bear tinha estado antes. — Eu não posso prometer que isso apenas vai parar em um beijo.

— Você pediu para que se eu te contasse o que aconteceu no MC, então você poderia me fazer esquecer, — eu o lembrei. — Eu quero que você continue, — eu disse, sabendo o que eu queria, mas não tendo certeza se Bear estaria disposto a dar a mim.

— Não, Thia. Eu já te disse...

— Não. — eu o interrompi. — Me faça esquecer assim, — disse eu. Me sentindo ousada, estendi a mão e toquei seus lábios com os dedos. Bear gemeu e me surpreendeu quando ele chupou meus dedos em sua boca. Meus mamilos endureceram como se tivessem sido tocados por uma brisa fria. Bear me puxou contra seu corpo duro e gemeu, a vibração profunda ressonando em partes do meu corpo que eu não sabia que podia sentir essas coisas. — Eu não quero drogas. Eu quero que você seja minha droga. Me faça esquecer, Bear. Por favor. — Eu implorei. — Me faça esquecer tudo.

Bear olhou para baixo e por um minuto eu estava certa de que ele estava prestes a me dizer que ele se arrependeu de me beijar e não poderia fazer o que eu estava pedindo a ele. Ele era um motoqueiro. O que eles faziam não era um segredo ao redor do condado. Eu sei que eles tinham mulheres e prostitutas experientes do clube. Por que ele quer me beijar? — Me diga porque você ainda está usando isso e eu vou te beijar de novo, — disse ele, puxando o cós do meu short.

— Eu não sei como você vai reagir. Tudo parece meio louco, — eu disse honestamente.

— Eu não posso prometer que não vou estar com raiva, mas eu posso te prometer que eu não vou ficar com raiva de você, — disse Bear. — Você entende isso, Ti? — ele procurou meus olhos. — Nada disto é a porra da sua culpa. Você entende isso?

Eu balancei a cabeça. — Estou com medo, — eu admiti. Eu odeio ter medo. Quando eu era pequena eu era a única destemida. A pessoa que tinha que cuidar de todos os outros. — É como se dizer as palavras em voz alta é eu reconhecer que este pesadelo é real, e eu não quero que ele seja real. Eu não quero nada disso. E a pior parte é que eu me sinto tão fraca e essa não sou eu. Eu não sou uma garota fraca. Eu sempre fui a mais forte.

— Me diga e eu vou te beijar novamente. Talvez isso vá fazer você esquecer, talvez ele não. Talvez isso vá ajudar a te dar de volta um pouco dessa força. — Bear riu, esfregando em mim com a dureza entre suas pernas que quase me fez salta para trás até que ele disse: — Ou talvez só vai acrescentar mais alguma tortura para o meu pau duro.

Antes ele fez parecer como se sua ereção fosse apenas uma reação natural. Agora ele estava deixando claro.

Ele me queria.

A leveza em sua voz, um tom que eu não tinha ouvido ele usar nas últimas vinte e quatro horas ajudou a afrouxar as engrenagens apertadas ao redor do meu cérebro e eu, relutantemente, disse a ele a verdade. — Eu fico com o short porque eu não quero ver os hematomas. Eu não quero ser lembrada do que ele fez. — minha voz falhou com a minha admissão. Eu odiava a fraqueza na minha voz. — Eu não estou pronta para enfrentar isso ainda.

As narinas de Bear inflaram, mas quando ele me pegou olhando para seus lábios, ele estendeu a mão e agarrou meu rosto, se inclinando e pressionando um beijo em meus lábios. Desta vez mais duro e ele estava certo, ele estava com raiva, mas ele alimentou a raiva em seu beijo, em cada beliscar, chupar, e dança de sua língua eu me perdi nos seus lábios, nele, e dentro de alguns segundos não havia nada ao nosso redor. Nenhum fogo, nenhum baía, sem fantasmas de coisas terríveis.

Era apenas nós dois e nossos lábios com fome.

— Mais, — Bear disse, se afastando, beijando o canto da minha boca onde ele tinha apenas começado a se curar. Ele arrastou os lábios na minha clavícula suavemente escovando os lábios sobre cada polegada de pele, deixando um rastro de fogo que eu nem sabia que era possível. Ele parou. — Me diga mais, — ele disse enquanto eu me inclinei e ele se inclinou para trás. Eu fiz uma careta com a falta de contato.

— Eu estava em um quarto com Chop. Você parece como ele, — eu comecei. — Não exatamente, mas de uma maneira que eu poderia dizer imediatamente que ele era seu pai.

— Eu já ouvi isso antes, — ele murmurou. — Mas vamos deixar uma coisa clara. Ele tem sido meu velho desde que eu nasci, mas ele nunca foi um maldito pai para mim.

— Eu não posso imaginar ele sendo um, — eu disse.

— Continue falando, — ele ordenou baixinho, arrastando beijos pelos meus braços e, em seguida, ao longo das poucas polegadas de pele nua entre o meu top e shorts. Busquei meus pensamentos, mas não conseguiu encontrá-los com os seus lábios arrastando seu caminho em direção a uma parte de mim que estava pulsando com a necessidade que era diferente de tudo que eu já senti.

— Quarto com Chop, — Bear solicitou.

— Certo. Um... o prospecto já tinha dado a ele o anel. Seu anel. Ele estava louco. Ele me ameaçou. Ele... ele me bateu. — eu bufei em uma lembrança quando ele tinha me atirado ao chão. Bear deve ter sentido minha tensão e hesitação, porque ele estava de volta e capturou minha boca em outro beijo. Cada um mais tediosamente perfeito do que o último. Ele abriu a boca para mim e sua língua encontrou a minha. Eu não podia resistir à vontade de chupar levemente a ponta da língua. Ele gemeu em minha boca e o beijo se aprofundou e ficou mais pesado e mais rápido. Eu tentei imitar os movimentos de sua língua, mas não havia nenhum ritmo, exceto necessidade frenética.

Faíscas acenderam em minha própria essência, me fazendo sentir vazia. Eu esfreguei minhas coxas, precisando sentir algo mais. Atrito. Qualquer coisa. Apenas algo mais.

Bear enfiou os dedos no cós do meu short e puxou pelas minhas coxas. — Espere! — eu disse, estendendo a mão para o elástico.

Bear agarrou meu pulso quando tentei puxar meus shorts de volta. — Ti, me deixe te ajudar, — disse ele, olhando de volta para mim e naquele momento eu vi o Bear do Stop-N-Go, há sete anos, o Bear que eu confiava. Eu soltei meu aperto em meu shorts e ele puxou para os meus pés e saí deles.

Fechei os olhos, esperando o que quer que seja que ele ia fazer a seguir, mas os abri novamente quando eu o ouvi dizer. — Fique aqui. — Bear correu de volta para o apartamento, aparecendo menos de um minuto depois com um pano úmido em uma mão. Ele se ajoelhou na minha frente. — Eu não... — eu comecei, mas eu não tinha ideia do que eu ia dizer.

— Eu não vou transar com você, — disse Bear. E quando ele se inclinou e rodou sua língua ao redor do meu umbigo, esse movimento me fez dobrar meus joelhos involuntariamente, literalmente enfraquecendo pelo seu toque. Eu jurei que ouvi ele murmurar. — Ainda.

— Continue, — ele solicitou novamente, deslizando mais para baixo em meu estômago, lambendo e mordendo tudo em seu caminho, no entanto ele evitou os meus seios completamente, deixando minha camisa completamente intacta. Ele deslizou seus dedos em minha calcinha e eu me preparei para o que ele ia encontrar. A maioria dos meus ferimentos estavam doendo bastante, mas tudo o que ele tinha feito comigo lá parecia que tinha acontecido há horas, não dias.

— Ele mordeu meu mamilo. Tirou sangue. Então ele me virou sobre o meu estômago, — eu disse, revivendo a forma como seus dentes pareciam quando eles morderam minha carne sobre minha camisa.

— Ele te fodeu? — perguntou Bear, levantando a cabeça para que ele pudesse testemunhar a minha resposta.

— Ele disse que ia destruir meu corpo, me rasgar e mandar de volta os pedaços, — eu sussurrei.

Bear grunhiu e tirou minha calcinha. — O que você vai... — eu comecei, mas parei quando Bear pressionou a toalha fria entre as minhas pernas.

— Ele te tocou aqui? — disse Bear, arrastando o pano através de mim e em toda a minha abertura, me limpando do sangue seco.

De Chop.

Eu balancei a cabeça. — Com o dedo, ele me arranhou. Dentro. Com as unhas. — Bear baixou a cabeça entre as minhas pernas e arrastou a língua sobre o meu clitóris e através das minhas dobras, empurrando em minha abertura e recuando outra vez. Eu comecei a tremer e, pela primeira vez em dias não era porque eu estava entrando em choque.

Ou talvez eu já estava.

Tremendo por causa de uma longa lambida de sua língua quente e úmida em todo o meu núcleo, eu não tinha certeza de quanto tempo mais eu poderia permanecer em pé. O calor do fogo e o calor que irradiava dentro de mim era demais. Era muito quente. Era muito... oh meu Deus, ele fez isso novamente.

— Puta merda, — Bear rosnou. Se inclinando novamente, ele perguntou: — Ele te tocou aqui? — ele correu o pano entre as minhas pernas novamente, mas desta vez ele cutucou as minhas coxas e as estendeu ainda mais, empurrando o pano entre minhas nádegas e eu estremeci com o contato.

Os olhos de Bear dispararam para os meus.

— Só com o polegar e então ele tentou usar o seu... ele ia... mas ele não foi muito longe. Houve uma explosão e, em seguida, eu estava em um carro ou algo com um cara chamado Gus. Mas doeu. Doeu tanto, — eu admiti. — Era como se ele estivesse usando uma furadeira na base da minha espinha. — Bear se abaixou, suas grandes mãos apoiadas na parte interna das minhas coxas, espalhando as minhas pernas para dar espaço para ele. Eu empurrei contra ele, me sentindo subitamente envergonhada e constrangida, mas ele não me soltou.

— Ti, me deixe ver. Abra suas pernas para mim. Abra e me deixe ver o que ele fez com você. Me deixe tirar de você o que ele fez e tornar isso melhor. — relutantemente, eu abri meus joelhos e Bear sugou um suspiro.

— Você está machucada. Mas vai curar, — disse Bear, me chocando quando novamente sua língua tomou a mesma trilha que o pano tinha tomado, mergulhando em minhas dobras. Eu pensei que ele iria parar quando ele chegou mais longe, mas ele não parou, ele arrastou a língua entre minhas bochechas e rodou sobre o pacote sensível dos nervos lesados, me limpando de uma forma que o pano não podia.

— Bear, você não tem... — eu disse, tentando puxá-lo para cima pelos cabelos. Ele golpeou minha mão e deu um beijo sobre o pacote apertado e danificado de nervos.

Tudo dentro de mim apertou e a sensação me pegou tão de surpresa que acabei prendendo minhas coxas em torno da cabeça de Bear, o soltando quando ele riu em meu núcleo. Eu gemi e, em seguida, apertei minha mão sobre a minha boca.

— Você me contou tudo, Ti? — perguntou ele contra o meu clitóris antes de sugá-lo em sua boca. Meus quadris saltaram em direção à ele, mas ele me segurou firme no lugar.

— Sim, — respondi, sem fôlego.

Bear se levantou de repente e eu caí de volta na cadeira, surpresa. — Então acabamos por aqui, — disse ele, limpando a boca com as costas da mão, sua voz rouca e áspera. Ele apagou a fogueira com água de um balde vermelho de praia e me lançou um olhar de desgosto completo antes de se caminhar através da grama, de volta para a garagem.

Ele me deixou no escuro, sozinha, seminua, cantarolando nos lugares que sua língua tinha estado, e me perguntando o que diabos aconteceu.

Ele não tinha me curado. Ele não tinha me feito esquecer.

Não, se alguma coisa, ele tinha acabado de me quebrar ainda mais.


Capítulo quinze

Thia

Mosquitos do tamanho de pequenas aves zumbiam ao redor dos meus ouvidos como pequenos abutres circulando acima de sua presa pretendida. Eu não sei quanto tempo fiquei sentada lá fora, mas quando eu descobri como me mover e me arrastei de volta para a garagem, Bear não estava lá.

Ele não voltou naquela noite, ou na manhã seguinte. Era melhor, de qualquer maneira. A maçaneta da porta tinha sido substituída em algum momento, mas não estava mais bloqueada. Eu não era uma prisioneira. Ele não estava me mantendo lá.

Ele estava me dizendo para sair.

Ele queria que eu saísse.

Ele não tinha que me dizer duas vezes.

Eu odiava Bear. E não só porque ele me deixou lá no escuro, sem olhar para trás, mas porque eu não queria odiá-lo. Eu não queria gostar dele também, mas como um idiota eu baixei a minha guarda e me convidei para ser sua piada mais uma vez.

O que aconteceu na noite anterior não iria acontecer novamente. Minha vida poderia ter sido uma piada cruel, mas eu não iria me deixar passar por essa experiência de novo.

Eu tomei banho. Um banho de verdade, sem a barreira dos meus shorts. O sabão ardeu quando a água desceu pelo meu corpo e em minhas fendas, mas não durou muito tempo e depois de um minuto eu fui capaz de lavar e secar sem me sentir como se estivesse sufocando.

Eu limpei o vapor do espelho, meu estômago virou quando ouvi a porta do apartamento abrir.

Ele voltou.

Eu me odiava por esperar que fosse ele.

Ele não merecia a minha esperança.

— Thia? — uma voz feminina gritou, abrindo devagar a porta do quarto. — Oh, você está aí. — Ray apareceu com um sorriso brilhante. — Eu te trouxe algumas roupas limpas, — disse ela, colocando outra camisa e shorts na cama.

— Obrigado, — eu disse, me movendo em direção à pilha. — Eu realmente não tive muita chance de te dizer o quanto eu aprecio...

— Não se preocupe com isso. Confie em mim, eu sei que não é fácil ser a nova garota por aqui, — disse ela, a voz cheia de sinceridade. — Eu tinha alguém para me ajudar naquela época, e agora estou apenas feliz que eu estou aqui para te ajudar. — ela olhou para o chão e, em seguida, para o teto como se estivesse de repente tentando conter as lágrimas. — De qualquer forma, — disse ela, balançando para longe tudo o que tinha cruzado sua mente, — Eu só estava me perguntando se você queria vir até a casa um pouco? Almoçar? Eu vejo que você realmente não tem comido a maior parte da comida que eu tenho trazido, então, talvez você só precise de novos ares por um tempo? Um pequeno recomeço? — eu fiquei ali, sem responder, porque eu realmente não sabia o que dizer. Eu precisava de um plano, não almoçar em companhia, mas eu também não queria decepcioná-la. — Talvez você possa me ajudar a não estrangular as crianças?

Pesquisando meu cérebro por razões por que não seria uma boa ideia, suas palavras de repente me bateram. — Crianças? — a menina não parecia velha o suficiente para ter um filho, imagina mais de um. Eu a tinha visto quase todos os dias de uma forma ou de outra por breves períodos de tempo, mas esta foi a primeira vez que eu senti como se o nevoeiro tivesse clareado o suficiente para ser realmente capaz de pensar nela como mais do que a portadora de roupas e alimentos.

O cabelo de Ray era tão loiro que era quase branco. Era longo demais, pendurado sobre os ombros, terminando sob os seios. Seu ombro estava coberto com tatuagens coloridas, ainda femininas que desciam até a metade do antebraço. Enquanto as tatuagens do Bear davam a ele uma vantagem ainda mais dura, elas pareciam fazer o oposto em Ray, as rosas claras e azuis a fizeram parecer suave. Mais feminina. Ela era definitivamente jovem, talvez da minha idade ou um pouco mais velha, mas tinha um ar estranho de maturidade sobre ela que me fez pensar que ela poderia ter dezenove ou ela poderia ter trinta. — Se vista e venha. Eles amam aterrorizar gente nova, — disse ela, batendo na pilha de roupas.

Eu segurei minha toalha, envolvendo-a ainda mais apertado debaixo dos meus braços. — Eu não sou realmente uma pessoa de criança, — eu menti. Eu sempre amei crianças e eu era praticamente uma mãe para Jesse, mas ela não precisa saber disso.

Ray piscou como se ela pudesse ver através de mim e eu sabia que de jeito nenhum ela iria me deixar fora do almoço. — Ótimo, porque eu também não, — disse ela, me jogando a camisa da pilha. — Mas no ano passado eu adquiri três deles, então se apresse, antes que os dois mais velhos derrubem os pilares da casa.

Ray estava na sala quando saí do quarto. Ela me olhou de cima abaixo e jogou um par de chinelos marrons no chão na minha frente e eu deslizei os meus pés neles. Eles se encaixam perfeitamente, assim como os shorts. Embora a blusa preta que ela tinha me dado estava um pouco apertado sobre meus seios, estava limpa e confortável e eu estava grata por ter roupas limpas. — Como você consegue seu cabelo dessa cor? — Ray perguntou quando eu a segui para a garagem. Ela atravessou o gramado da mesma forma que Bear fez na noite anterior, quando ele tinha me levado para a fogueira.

Minha pele formigava traidoramente, me arrepiando quando me lembrei de como ele pressionou seus lábios nos meus. Quando ele me lavou delicadamente, quando ele usou a língua...

— Você está aí? — disse Ray, cutucando o meu ombro.

— Sim, desculpe. Apenas perdida em pensamentos, — eu admiti. — Eu não faço qualquer coisa para conseguir o meu cabelo desta cor. Quando eu nasci, meu pai disse que era uma viatura de bombeiros vermelho, mas quando eu cresci, o loiro começou a assumir. A partir da idade dos cinco até os 12 era praticamente rosa, ainda bem que isso desvaneceu um pouco. Crianças na escola não achavam tão incrível, — eu respondi.

— Sim, as crianças podem ser idiotas, — disse Ray. — Estou tão feliz que as roupas couberam. Pelo menos alguém pode ter algum uso delas agora. Tentei apertar minha bunda nesses shorts esta manhã, mas não teve jeito, eles estavam tão apertados que eu acho que minhas partes femininas se danificaram enquanto eu tentava abotoar, — disse ela com um suspiro.

Ray era seriamente bonita e à luz do sol seus brilhantes olhos azuis pareciam enormes geleiras. Se ela tinha ganhado peso, foi provavelmente para o melhor, porque ela não estava acima de jeito nenhum e eu me encontrei invejando suas curvas.

A casa principal era uma enorme casa de três andares que à noite parecia escura e ameaçadora, mas à luz do dia não era nada disso. Ela era velho e precisava de algum reparo, mas era bonita, orgulhosamente no centro de um grande pedaço gramado da propriedade.

O cheiro de tinta ficou mais forte quando passamos pela fogueira que eu evitei olhar inteiramente. — Nós estamos pintando a casa, o que você acha? Estou tendo problemas para escolher uma cor. — ela apontou para onde uma escada estava encostada na lateral da casa. A cor cinzenta era bonita e tinha sido pintado contra o tapume desbotado com vários outros pequenos quadrados ao seu redor, todos com diversos tons de cinza. Um pouco mais de azul, algumas partes com um tom lavanda. — Eu fiz isso esta manhã, mas eu continuo indo e voltando. Eu acho que essas crianças estão apodrecendo meu cérebro. — no segundo que ela abriu a porta de trás, os gritos das crianças nos assaltou.

Soava como casa.

Quando eu ainda tinha uma.

— Mamãe! Mamãe, manda Sammy parar! — gritou uma menina bonita com tranças louras que saltou para os braços de Ray, quase a derrubando contra a parede.

— Sammy, pare de perseguir sua irmã. — Ray advertiu o garoto de cabelo encaracolado que correu círculos em torno de seus pés todo o caminho para a cozinha.

Grandes janelas se alinhavam na parede oposta ao lado da porta da frente. A cozinha, sala de estar e sala de jantar estavam em um grande espaço claro e aberto. — Entre, há um trabalho em andamento aqui também, mas nós acabamos colocando novos pisos de madeira. Sammy brincando de pintar foi o fim do velho tapete, mas foi para melhor, o tapete já tinha mais de dez anos, — Ray disse, colocando a menina no chão. Ela decolou novamente, seus pezinhos correndo em pleno ar antes de seus pés até baterem no chão. Imediatamente Sammy começou sua perseguição tudo de novo, — Maaaaaaxxxxxxxy venha aqui, — depois eles sumiram pelo corredor em um furacão de latidos, gritos e risadas.

— Não acorde o bebê! — Ray chamou atrás deles em um sussurro que era impossível eles ouvirem do outro lado da casa.

Só quando eu estava me perguntando se Ray tinha deixado as crianças em casa sozinhas para vir até o apartamento que ouvi uma garganta se limpando e vi uma velhinha de cabelos brancos sentada na pequena sala de jantar situada no centro da cozinha. Ao lado dela estava um jarro de algum tipo de bebida verde e um copo cheio de gelo que ela estava preguiçosamente traçando seu dedo indicador ao redor da borda. Um monitor digital estava encostado na parede e na tela estava um pequeno bebê dormindo enrolado em um cobertor rosa.

É por isso que Ray estava sendo tão crítica de seu peso.

Ela tinha acabado de ter um bebê.

— Grace, eu juro por Deus, se você deixá-los comer todos os picolés novamente, vou enviar eles para casa com você, — Ray disse, abrindo a tampa da lata de lixo.

— Não sei de nada, — disse Grace, lambendo o dedo e virando a página de seu jornal. Ray enfiou a mão na lata de lixo e pegou uma caixa de picolés, revirando os olhos enquanto ela balançava a caixa vazia antes de jogá-la de volta na lata.

— Essas crianças são todas suas? — eu perguntei e ao ouvir a minha voz, Grace finalmente olhou para cima.

— Sim, todas elas, — disse Ray, sentando na cadeira em frente a Grace e apontou para o assento ao lado dela. — É uma longa história, mas, tecnicamente Max é de King, e Sammy é meu, mas todos nós somos uma família agora. Nicole Grace nasceu no mês passado. — ela poderia ter se queixado sobre as crianças, mas a forma como ela olhou para o salão onde a menina e o menino tinha acabado de desaparecer me fez pensar que Ray estava mais do que feliz com sua situação familiar atual.

— Estou de folga agora? — Grace perguntou, pegando a alça do jarro verde e olhando para Ray como se ela estivesse pedindo a sua permissão.

— Vá em frente, — disse Ray com um rolar de olhos.

Grace sorriu e se serviu de um copo. Ela tomou um longo gole e soltando algo como um 'aaaaaaahhhhh'. — Assim é melhor. — com as pernas cruzadas e um cotovelo apoiado na mesa, ela se virou para mim. — Mojito? — ela perguntou, erguendo o copo e agitando-o, tilintando o gelo de lado a lado.

— Não, obrigada, senhora, — eu disse.

— Oh calma aí, você pode me chamar de Grace, e ainda bem que você não quer, sobra mais para mim, — disse ela tomando metade de sua bebida. — Então você é a garota...

— O nome dela é Thia, — Ray interrompeu. — Thia, esta é Grace.

— Thia é um nome tão bonito, Abel me disse que é abreviação para Cynthia, não é mesmo?

— Sim, — eu disse. O nome Abel soava estranhamente familiar, embora eu não soubesse a quem Grace estava se referindo.

— Bem-vinda, bem-vinda. Estou muito feliz em conhecê-la. Eu queria ir arrancar você daquela garagem escura, mas eu fui advertida para te dar algum espaço e que você ia sair quando você estivesse pronta, e aqui está você. — Grace estendeu a mão e com uma força que eu não achava que a mulher mais velha e frágil tinha, me arrancou do meu lugar e me puxou para um abraço que ameaçava esmagar meus pulmões. — É um prazer finalmente conhecê-la.

— Igualmente, — eu disse do canto da minha boca, meu rosto pressionado contra sua clavícula enquanto ela me esmagava contra seu peito ossudo.

Ray riu. Grace recuou e me deixou na cadeira. Ela se sentou e cruzou suas pernas, tomando outro gole de sua bebida. — Obrigada por trazer meu filho para casa, — disse Grace.

— Seu filho? — perguntei.

— Abel, — disse Grace.

— Quem?

— Bear, — disse Ray.

Abel.

Bear era Abel. Eu sabia disso. Ele me disse isso quando nos conhecemos, mas eu sempre pensei nele como Bear e quase esqueci completamente que ele me disse o seu nome real.

Abel.

— Eu não o trouxe para casa. Eu precisava da ajuda dele e, eu não sabia mais para onde ir... — eu disse, sem saber o quanto eu deveria estar dizendo a ela. — É uma história muito longa.

Uma que eu não queria falar. Não agora.

Nem nunca.

Grace me dispensou. — Não há necessidade de explicar. Você está aqui agora, assim como meu menino e isso é tudo que importa.

— Você é a mãe de Bear? — perguntei.

— Não, mas eu sou a coisa mais próxima que ele tem disso. Alguém tem que cuidar desses meninos. Antes de Ray chegar aqui, todos eram meus e eu fiz o meu melhor para ter certeza de que eles sabiam que minha casa era a casa deles, — disse Grace. Ray torceu um anel de prata em sua mão esquerda e eu me perguntava se era um anel de noivado ou uma aliança de casamento. — E agora que você está aqui eu não terei que me preocupar tanto com Abel.

— Me desculpe, mas eu não vou ficar, — eu disse. — Estou indo embora. Muito em breve, na verdade.

Eles não tem que saber quão em breve.

Grace jogou o jornal que estava lendo sobre a mesa na minha frente e eu o peguei antes de deslizar para fora da mesa. A manchete na primeira página era a mesma que a do telefone de Bear alguns dias antes. Só que desta vez havia uma imagem de uma menina sob a manchete.

Uma imagem minha.

— Bem, isso não parece para mim como se você estivesse indo em qualquer lugar, a qualquer hora em breve. — Grace suspirou e se recostou como se tivesse sido resolvido, e eu estava hospedada, independentemente do meu argumento ao contrário. O que eu notei foi um padrão com Grace. Ela ignorava qualquer coisa que ela não queria acreditar que era verdade e se decidia por sua própria versão distorcida do que estava acontecendo.

— Estou tão feliz que meus meninos conheceram as meninas, — disse Grace, apesar do meu argumento de que Bear e eu não estávamos juntos. Eu queria discutir, mas Ray me lançou um olhar como se ela estivesse me dizendo que eu estava lutando uma batalha perdida. — Eu amei Abel como se ele fosse meu próprio desde o dia que Brantley o levou até a casa.

— Brantley? — perguntei.

— King, — Ray corrigiu. — Meu King. Meu noivo.

— Abel tinha montado sua moto até no meu gramado após uma chuva torrencial, deixando vales profundos por todo o caminho até os meus canteiros de plantas, então ele deixou uma mancha de graxa do tamanho da Carolina do Norte em meu assento preferido. — ela segurou o copo com ambos de suas mãos e olhou para o gelo como se ela visse o dia que ela conheceu Bear bem ali na sua bebida. — Ele era muito jovem para estar dirigindo aquela coisa maldita, eu disse isso a ele pessoalmente, mas na próxima vez que ele veio para a casa era natural. Esse menino nasceu para ser um motoqueiro. O homem e a máquina.

Eu só tinha o visto em uma moto uma vez e ele estava dirigindo para longe do posto de gasolina e, embora eu fosse apenas uma criança na época, eu sabia exatamente o que Grace estava falando quando ela disse que ele nasceu para estar em uma moto.

— Ele era um engraçado também, — disse Grace.

— Engraçado? — perguntei. Bear era um monte de coisas. Grosseiro. Bruto. Sexy como o inferno. Irritante. Mas engraçado era um lado eu não tinha visto.

— Muito. Ele costumava me contar uma nova piada sobre o bolo da minha mãe nas noites de quinta. As piadas mais ridículas que ele provavelmente já ouviu falar ao redor do clube. A maioria delas era do tipo imunda que você não poderia repetir mais alto do que um sussurro e não poderia dizer dentro de dez milhas de uma igreja, isso é certo. — ela balançou a cabeça. — Quando ele ficou mais velho, a luz nos olhos do menino ficou mais escuro, e quando ele partiu alguns meses atrás, não havia mais luz neles. Quebrou meu coração. — Grace enxugou uma lágrima que derramou de seu olho. — Ele merece mais do que andar por aí sozinho neste mundo e com seu próprio coração quebrado.

Ray se levantou quando o bebê se agitou no monitor. — Eu já volto, — ela se desculpou, e se dirigiu ao fundo do corredor, saindo poucos minutos depois com um pequeno bebê enrolado em um cobertor rosa.

— Não é linda a minha bebê? — Grace perguntou com orgulho.

— Sim, ela realmente é, — eu concordei. Ela era uma pequena coisinha com a cabeça cheia de cachos castanhos. Ela bocejou e abriu os olhos, e eu tive um forte desejo de querer abraçá-la, mas eu não queria pedir. Ray não me conhecia muito bem e eu tenho certeza que houve algum tipo de regra de mãe por aí sobre quanto tempo você tem que conhecer alguém antes de deixar segurar seus bebês.

Ray deve ter visto minha expressão em guerra, porque ela perguntou: — Você gostaria de segurá-la? — antes que eu pudesse responder, ela gentilmente colocou o bebê em meus braços esperando. Suas mãozinhas e pés eram enrugados, as bochechas tão gordinhas que eles empurraram seus olhos enormes, os fazendo parecer muito menor do que realmente eram.

— Não é uma pessoa para crianças, huh? — perguntou Ray, se encostando ao balcão, acabando com a minha mentira de mais cedo.

— Quando for a sua vez, eu acho que Abel vai ser realmente um grande pai. — Grace entrou na conversa. — Assim como meu Brantley é.

— Grace, — eu disse, incapaz de tirar os olhos da pequena em meus braços, — Eu apenas não estou negando isso por uma questão de negar. Bear e eu não estamos juntos. Eu sou um problema para ele, não qualquer tipo de solução.

— Grace costumava me dizer a mesma coisa e eu costumada negar também. Mas acontece que eu estava errada, — disse Ray, se inclinando sobre os cotovelos.

Grace escovou o dedo pela bochecha do bebê, o contraste das mãos velhas e enrugadas contra a pele gordinha e inocente era uma bela visão que fez meu coração cantar um pouco.

Basta um pequeno afago como esse para reviver o coração.

— Qual é nome dela? — perguntei.

— Nicole Grace, mas vamos chamá-la de Nikki, — Ray disse, olhando com orgulho para o bebê em meus braços. Grace sorriu para a menção de seu nome como parte do nome do bebê.

— Eu vi Abel esta manhã pela primeira vez desde que ele voltou, — Grace me encarou. — Ele ainda parece irritado como o inferno, mas posso dizer que alguma coisa está mudando e eu só sei que a luz vai voltar em breve. Marque minhas palavras, meu Abel estará de volta. Então, eu vou dizer agora que você está errada também, você apenas não percebeu isso ainda. — ela sorriu para o bebê e depois para mim. As rugas ao redor dos seus olhos mudando de forma que seus lábios se curvaram para cima em um sorriso. — Eu não estou muito bem, Thia. Estou me sentindo bem agora, mas meu tempo na terra está limitado.

— Isso é tão triste... — eu comecei, mas Grace me cortou.

— Oh, não. Não se desculpe. Só não machuque meu filho e eu não terei que gastar meu tempo restante viva caçando você e fazer você pagar. — ela se inclinou em sua cadeira e eu olhei para cima em Ray para ver se talvez eu não entendi o significado por trás das palavras de Grace, mas Ray só ficou lá escondendo um sorriso. — Agora, quem quer almoçar? — Grace perguntou, saindo de sua cadeira e indo até a geladeira.

Ray ficou na ponta dos pés e abriu um armário, tirando alguns pratos e pondo a mesa, enquanto eu fiquei lá, o bebê nos braços, a minha boca aberta. — O que diabos aconteceu? — sussurrei para Ray.

Ela encolheu os ombros. — Parabéns, você foi ameaçada por Grace.

— O que isso quer dizer? — eu sussurrei, não querendo que Grace me ouvisse e não querendo acordar a menina que tinha adormecido nos meus braços.

— De certa forma, — Ray disse, colocando um prato na minha frente, — isso significa bem-vinda à família.

Grace tinha trazido algum tipo de caçarola de queijo e batata e uma grande salada de folhas. Embora Ray tivesse estado me trazendo comida pelos últimos dias, foi a primeira refeição que eu realmente me lembro de degustar.

E o gosto era fantástico.

Grace adormeceu logo após o almoço no sofá e as crianças desceram para um cochilo depois de se recusarem a comer qualquer coisa além da salada e leite com chocolate. — Obrigada por me arrastar até aqui. Realmente me senti muito bem estar na terra dos vivos novamente, — eu disse quando Ray me acompanhou até a porta dos fundos. — É bom saber que não importa quanta coisa horrível acontece na vida, o mundo ainda consegue continuar girando.

— Ouça Thia, eu sei que você está passando por um monte, e eu sei que é realmente difícil, mas você tem que lembrar que você não é a única pessoa que perdeu a família, e você certamente não é a única pessoa aqui que passou por alguma merda seriamente horrível. Eu não sei o que Chop fez com você no MC, e a dor de perguntar isso me dá arrepios, mas você tem que saber que você não é a única na casa que passou por algo terrível como isso.

— Você? — eu sabia que havia mais de Ray e sua história, a bela e jovem mãe diante de mim.

— Sim, e eu vou te dizer toda a história algum dia, mas na verdade não é de mim que eu estou falando.

— Grace? — eu olhei para onde ela estava dormindo no sofá. Seus roncos profundos ficando cada vez mais alto com cada inspiração. — Quem iria prejudicar Grace?

Ray balançou a cabeça. — Não, não é Grace.

— Então quem? — eu pedia a Deus que ela não ia dizer uma das crianças.

Ray olhou para fora da porta para a garagem e depois de volta para mim. — Bear.

Era a última pessoa que eu esperava que ela dissesse, mas depois que ela disse isso, fazia sentido. Por que ele odiava que eu tinha sido ferida. Por que ele queria me curar. Por que ele me odiava tudo ao mesmo tempo.

Por que ele queria que eu me fosse.

Eu era mais do que apenas um fardo. Eu era um lembrete. Não admirava que ele se afastasse de mim na noite passada. Ele estava lidando com sua própria merda.

Ele não precisa lidar com a minha também.

Se eu não tinha certeza antes, eu estava definitivamente certa agora.

No segundo que eu pudesse saber como, eu iria.

As consequências que se danem.


Capítulo dezesseis

BEAR

— Você tem algum baseado? — perguntei à Ray, que estava no sofá na sala de estar.

— Eu não sei, Bear, você sabe bater primeiro? — perguntou Ray, atirando adagas para mim com os olhos.

— Nunca bati antes.

— Eu não estava amamentando antes, — disse Ray, e é aí que notei o pacote pequeno pressionado contra o seio nu de Ray. Eu nunca tinha visto alguém amamentar um bebê antes. Não pessoalmente, pelo menos. Eu sempre pensei que seria algo bruto, mas eu estava errado. Bebê ligado a ele ou não, uma teta nua ainda é uma teta nua e, embora eu soubesse que meus sentimentos por Ray nunca tinha sido qualquer coisa real, ela ainda era fodidamente linda... e seu peitos ainda estavam de fora.

— Você tem algum baseado? — perguntei de novo, tentando não olhar para os peitos dela, mas acabando os encarando.

Ela pegou um pequeno cobertor de cima do sofá e colocou por cima do ombro. — Você pode olhar agora.

— Não pense que eu parei, — eu admiti. — Mas você tem? É meio que importante. — na verdade, era muito importante. Eu tinha fodido. Eu beijei Thia. Eu pressionei minha língua em sua buceta e em toda a minha vida eu posso dizer honestamente que eu nunca provei nada tão incrível.

Mas então eu me levantei e a deixei sentada lá e ela deve estar se perguntando o que diabos ela tinha feito de errado quando ela tinha feito nada de errado. Era o oposto. Ela tinha feito tudo certo.

Muito certo.

Ela era tão sensível e eu sabia que se eu passasse mais tempo com a minha boca sobre ela ou a tocasse de qualquer forma ela iria gozar.

Foi o simples pensamento dela gozar ao redor da minha língua que me partiu e me fez começar a perder o controle. Merda, foi provavelmente aquele fodido primeiro beijo. Sua língua inocente encontrando o seu caminho para a minha.

Meu pau estava tão duro que machucava e eu estava a segundos de tomá-la ali mesmo, à beira da fogueira. Se não fosse pelo crepitar do fogo, um lembrete do que eu tinha passado naquele mesmo lugar me trazendo de volta à realidade, não havia dúvida de que eu teria feito exatamente isso.

A maconha seria a minha oferta de paz para ela. Minha maneira de mostrar a ela que eu realmente queria fazê-la esquecer de uma maneira que não envolvesse eu passando através da barreira de sua buceta virgem com meu pau. Eu também tinha outra coisa para lhe dizer. Algo que me manteve na pista com o meu plano original de voltar para a porra da estrada.

— Você acha que eu posso fumar maconha durante a amamentação? — perguntou Ray, me chamando de volta ao presente.

— Pelo jeito que você esta me olhando vou ser um grande filho da puta se eu disser que não? — perguntei.

— Você está certo, — disse Ray. — King está em seu estúdio, ele mantém tudo muito bem trancado nestes dias com as crianças ao redor, mas ele provavelmente tem algo. — ela trocou o bebê e sua camisa deslizou. — Isso foi tão difícil? — eu gostava de discutir com Ray quase tanto quanto eu gostava de discutir com Ti.

HA HA você acabou de admitir que você gosta de brigar com ela. Você tem uma queda grande pra caralho, seu idiota!

Eu revirei os olhos para o comentário mental de Preppy.

King estava em seu novo estúdio, do outro lado da garagem do apartamento, assim como Ray tinha dito que ele estaria. Ele estava debruçado sobre uma mesa angular, seu lápis se movendo rapidamente sobre a página. Me inclinei para verificar o que ele estava desenhando, era um dragão old school, lançando chamas e foi um dos desenhos mais detalhados que eu já vi ele fazer. Dramático. Corajoso. — Muito bom, — eu disse, olhando ao redor do seu novo estúdio. O estúdio era um pequeno quarto na casa, equipado em neon e cartazes. Este era mais limpo, melhor. Mais estéril. Fotos de tatuagens anteriores que ele tinha feito estavam pendurados em quadros na parede, a placa KING’S TATTOO com um crânio usando uma coroa estava pendurada sobre a porta.

— Obrigado. É bom ter um espaço de trabalho novamente desde que as crianças ocupam cada polegada da casa e mais um pouco. Nunca soube que crianças tinham tanta merda, — disse ele, manchando uma linha com seu dedo mindinho, limpando o topo da página com o lado da mão.

— Você sempre me surpreende, irmão. Essa é uma merda muito boa, — eu disse, apontando para o dragão.

— Você nunca vai adivinhar para quem é, — disse King, girando em seu banco.

— Quem?

— Para o pai de Ray.

— Não brinca. O senador idiota está virando um tatuado? O que aconteceu com os bons velhos tempos quando estávamos planejando sua morte rápida e oportuna? — eu perguntei quando eu continuei a olhar ao redor da parede nos diferentes tipos de tatuagens que ele tinha feito.

— As coisas mudam. Ele tem cicatrizes de onde ele tirou a bala no peito e no ombro. Quer um dragão para encobrir parte dela, lhe recordar os velhos filmes de Jet Li que ele gosta ou alguma merda assim.

— Se eu tivesse qualquer espaço sobrando, queria que você tatuasse isso em mim. Esse desenho tá foda demais12, — eu disse. — Falando em peitos, eu acabei de ver Ray lá em casa e eu queria saber se você tem maconha.

— Por que diabos sua sentença começa com FALANDO EM PEITOS? — perguntou King, colocando seu esboço na mesa ao lado da janela e olhando para mim como se eu tivesse topado com ela encima da cama.

— Porque a sua menina estava lá em cima dando de mamar a sua filha. Ela estava na sala de estar. Se acalme cara, não é como se eu tivesse visto o bico ou qualquer coisa assim.

— Você está começando a soar como Preppy, — disse King. — E a única razão pela qual você não está morto agora é porque você está prestes a me dizer que você cobriu os olhos, virou sua bunda e caminhou para fora da porta quando você percebeu que ela tinha o seio para fora.

— Certo. Parece bom. Isso é exatamente o que aconteceu, — eu disse sarcasticamente. — Mas, falando sério, você tem algum baseado aí? Eu vou sair e eu preciso dele para algo.

— Como pra ficar doidão? — perguntou King.

Espertinho.

— Sim, filho da puta, como ficar doidão. Mas não é para mim, é para Ti. Ela me perguntou por que eu estava usando e eu disse a ela que era para sair da realidade um pouco e ela me surpreendeu ao me implorar para ela que ela pudesse esquecer também, eu cedi.

Acabei não dizendo a ele que eu também precisava me desculpar por lambê-la sem terminar. Que eu prometi ajudá-la a esquecer e, em vez disso eu fugi bem quando eu estava chegando na melhor parte.

— Por que você parou? Nunca vi você não dar a uma menina um bom divertimento, — disse King.

— Eu não tinha mais, mas não parecia bom de qualquer maneira. Ela não é uma prostituta de clube.

— Você finalmente decidiu que ela não está atrás de você? — perguntou King.

— Acho que não.

— Você descobriu o que fazer com ela?

— O plano não mudou. E eu fiz uma ligação que deve ajudar.

— Que tipo de ligação? — perguntou King, me olhando com cautela.

— Bethany Fletcher, — eu admiti.

— Uau.

— Não é possível chamar os advogados do clube, eles não trabalham para mim mais. Se eu conseguir tirar a conexão de Ti dos disparos em seus pais, então eu posso tirar ela daqui e deixá-la longe o suficiente onde o MC nunca vai procurar por ela.

— Eu ainda não posso acreditar que você ligou para Bethany, — disse King.

— Quando você está em guerra com o diabo às vezes você tem que ligar para um demônio, — eu disse.

— Espero que você saiba o que está fazendo.

— Eu sei.

Eu não tinha uma fodida ideia.

King caminhou até a parede onde uma grande pintura de um relógio pendia do teto ao chão. Ele trocou a pintura, revelando um cofre escondido. Ele girou o botão e quando ele a abriu, havia outro, este exigindo um código.

— Você quer que eu espere enquanto você cava o chão no quintal em busca da chave para abrir cofre número três? — perguntei.

— Vá se foder, — disse King. — As crianças estão correndo por todo canto agora. As coisas são diferentes. Não podemos ter merda em todos os lugares como costumávamos fazer.

Era difícil imaginar King, um homem que fez o que queria toda a sua vida sem dar à mínima se ele estava certo ou errado, escapando à noite para ficar doidão na garagem depois das crianças irem dormir.

— Minha mãe fazia de tudo na minha frente, — continuou ele. — Eu não quero isso para os meus filhos. Quero que eles não saibam sobre essas merdas ruins. Quero que eles acreditem no Papai Noel, no coelhinho da Páscoa, e na maldita fada do dente até que eles estejam com quarenta.

— Por quê? — perguntei, sem entender onde ele estava tentando chegar.

— Porque eles são crianças. Quero que eles sejam apenas crianças. Brincar com armas de brinquedo e não ter que se preocupar com o verdadeiro negócio antes deles terem idade suficiente para dirigir. Eu quero que a maior preocupação deles seja sobre se nós vamos ter pizza ou cachorro-quente para o jantar. Você e eu? Nós não tivemos a chance de sermos crianças. Isso foi roubado de nós por nossos pais de merda, e em vez de uma infância, nos foi dado um grande prato de uma dura fodida realidade. Não vou fazer isso com eles. Eu não vou.

Desde que eu tinha voltado à Logan’s Beach eu tinha percebido que King tinha começado a amansar, mas eu estava errado. Querendo proteger seus filhos não o deixou manso. Isso o deixou mais louco, apenas de uma forma diferente.

Porque ele tinha um propósito diferente.

— Você vai entender um dia. Você vai ter os seus para se preocupar, e, então você vai perceber que o psicopata que você pensou que era, aquele que ninguém era estúpido o suficiente para foder, deve ter muito medo do psicótico que você vai se tornar para proteger sua família.

— Agora eu não posso ver além do amanhã, imagina um futuro distante. Meus dias estão contados de qualquer maneira. O MC vai mirar em mim no segundo que eu entrar no seu território. Talvez eu não vá viver o suficiente para bater em alguém.

King me jogou um pequeno saco fechado e eu coloquei no meu bolso de trás. Ele fechou o cofre e se encostou em sua mesa, cruzando os braços sobre o peito. — Me desculpe, eu não sabia que você tinha se transformado nesse grande idiota fresco enquanto você estava fora.

— Vá se foder, — eu cuspi.

— O velho Bear teria formulado essa merda diferente. Me diga uma coisa, cara. Você ainda quer? O martelo? Porque alguns meses atrás você disse que não queria e agora você está vagando por aqui como se fosse um cachorrinho perdido do caralho.

— Agora a resposta é ‘não sei’, — eu disse honestamente. — Tenho me feito a mesma pergunta de merda.

— Você não vai encontrar a sua resposta em uma garrafa de Jack.

— Ah, sim, desde quando você se tornou a porra da minha mãe?

— Desde que um velho amigo me perguntou se eu lembrava quem eu era e eu percebi que tinha perdido minha família. Pensei que você poderia precisar do mesmo tipo de lembrete, — King disse, jogando as palavras que eu disse há ele meses atrás de volta para mim. — Você quer saber o que aquele velho amigo teria dito?

— Claro, — eu disse, porque eu queria saber.

— O velho Bear não teria dito que o MC iria acabar com ele no segundo que ele pisasse em seu território, o velho Bear não teria dito merda como essa, mas ele teria jogado o fogo do inferno sobre eles até que não existisse o reinado deles mais, — disse King.

— Como diabos eu deveria fazer isso? Eu sou apenas eu. Todos os meus irmãos, menos um, seguem os pedidos de Chop. Eu sou apenas um soldado quando eles têm dezenas. Ir para o MC seria a porra de suicídio e eu não estou pronto para ir ainda.

— Engraçado, porque um segundo atrás parecia que você estava desistindo.

— Eu não estou, estou apenas fazendo o que eu tenho que fazer para sobreviver, cara.

— Isso é ainda mais engraçado, — disse King, acendendo um cigarro.

— O que? — perguntei, ficando irritado com o meu amigo.

— Que você acha que você está vivendo, — King apontou.

— É tão fácil dizer essa merda vindo de alguém que se tornou um civil.

— Eu vou ser um soldado para você, — disse King. Eu estava prestes a acender um cigarro, mas suas palavras me fizeram parar, a chama bruxuleante polegadas longe do meu cigarro, balançando no ar enquanto eu recolhia a gravidade do que ele tinha acabado de dizer.

— Não, — eu disse finalmente. — Você tem Ray e as crianças. Se ela descobrir que iria ser um soldado para mim para que pudéssemos tomar o MC de volta, ela iria te matar antes que eles tivessem a chance.

— Vê? É assim que eu sei que você não sabe de nada, — disse King, apontando para a casa pela janela. — Ray e meus filhos são tudo para mim, mas ela sabe e me aceita por quem eu sou e o que eu preciso fazer. Quando chegar a hora, e você ver o seu caminho claro de todas as besteiras que você está insistindo em dizer, eu estou dentro. Eu vou ser um soldado. Não faça perguntas.

King finalmente perdido a maldita cabeça. — Não. E eu não estou dizendo isso só para dizer, cara. Eu não posso deixar. Se Ray não te matar, ela definitivamente vai me matar.

— Ah, é? — disse King, se sentando em sua mesa e virando as costas para mim. Ele pegou o lápis e começou outro esboço. — Então por que ela sugeriu isso?

Eu estava pensando na ideia de ter King no MC em minha mente. Me perguntando se era uma possibilidade real. A cada passo que eu dava em direção ao apartamento eu revirava isso em meu cérebro e quando eu abri a porta eu entendi, mas o pensamento não durou muito tempo, porque logo que eu abri a porta eu senti algo no ar. Eu sabia antes mesmo de olhar para o quarto. Eu sabia antes de eu corri de volta até a casa para perguntar à Ray se ela tinha visto. Eu sabia antes mesmo de ver meu anel na mesa de café ainda ligado à corrente.

Thia tinha ido embora.


Capítulo dezessete

Thia

O veneno de uma aranha marrom é seis vezes mais poderoso que o veneno da sua prima, a viúva-negra. Mas ao contrário de seu parente mais escuro, a primeira resposta da viúva marrom a uma ameaça é recuar, raramente picando a menos que o contato direto seja feito. Atacar é a sua última opção.

Um último recurso.

Assim como eu.

Eu tinha mais em comum com a aranha que matou meu irmão mais novo do que eu tinha com Bear.

Xerife Donaldson nem sempre estava em seu escritório depois de três horas. A cidade de Jessep pode ter sido grande em questão de terra, mas era pequena em população, tão pequena que nosso xerife da cidade só trabalhava em tempo parcial.

Jessep era uma das mais antigas cidades da Flórida e ser velha significava que suas leis tinham sido escritas há muito tempo. Um de seus encantos é que essas leis não tinham sido revistos, deixando todos os tipos de regras para trás.

Sob a lei de Jessep, os homens não eram autorizados a usar roupas femininas, mas isso não parava por aí. Mais especificamente, a punição para esses homens capturados usando vestidos sem alças de cetim seria muito mais grave do que aqueles que eram pegos vestindo saias na altura do joelho.

Tomar banho nu também era um grande não. O sexo oral, mesmo entre os casais, era estritamente proibido também.

Era ilegal cantar em um lugar público enquanto vestia um maiô. Quem fez as regras não gostava de cantar mesmo, porque também era ilegal cantar para uma cabra.

Mesmo no dia do aniversário da cabra.

Era ilegal para uma mulher solteira pular de paraquedas aos domingos.

Eu planejava voltar para minha cidade natal em uma bicicleta que tinha encontrado na garagem, uma velha bicicleta de praia azul com uma bandeira laranja esfarrapada conectada à parte traseira do assento13. Eu montei todo o caminho de volta para Jessep sem parar, uma necessidade de colocar uma distância entre mim e Bear e meu desejo de enfrentar o que eu tinha que enfrentar me impeliu a continuar, mais rápido e mais rápido até que eu finalmente desacelerei quando virei para a estrada com o sinal de Bem Vindo à Jessep, População 64. Eu tinha a intenção de ir direto para o gabinete do xerife, mas eram só duas horas. Eu não tinha a intenção de ir para casa, mas antes que eu percebesse, eu ainda estava na bicicleta com meus pés no chão olhando para a fita amarela da cena do crime que tinha desgarrado de um lado e agora estava flutuando no vento .

Caminhei lentamente pela calçada, levando a bicicleta comigo. Eu não planejava sair ou caminhar até a varanda ou sentar na cadeira de balanço e inalar o cheiro de laranjas pobres.

Mas eu fiz.

As chuvas da tarde tinha lavado o sangue da minha mãe ao lado da casa. Qualquer pessoa que não sabia o que aconteceu lá teria pensado que era uma mancha de lama.

Mas eu sabia que o que aconteceu aqui.

O que eu não sabia era o que ia acontecer a seguir.

Foi quando eu vi.

A aranha.

Eu estava na varanda segurando uma vassoura de palha velha com o cabo quebrado. Eu assisti o pequeno inseto usando algumas das suas muitas pernas longas e listradas. Ele estava sob o beiral, cuidando de seu próprio negócio, encerrando o almoço, enquanto eu estava apenas a alguns centímetros de distância planejando sua morte iminente.

O sol começava a se pôr, uma das únicas horas do dia quando o clima era tolerável e logo antes da chuva de verão descer em Jessep.

Eu entendi como era querer ser deixada em paz e por um breve momento eu contemplei poupar a aranha da sentença de morte, mas rapidamente mudei minha mente.

Uma igualzinha matou Jesse.

Ela tinha que morrer.

Parece que eu era boa em matar coisas.

Cheguei à nosso velha e enferrujado escada e subi ao topo, posicionando o fim do cabo de vassoura sobre a aranha inocente que não tinha ideia do que estava por vir. — Me desculpe, — eu sussurrei, logo antes de esmagar em um canto. Uma e outra vez eu bati e bati e bati nela, esmagando-a ao esquecimento. Eu matei aquela aranha uma e outra vez e continuei matando até que minhas mãos estavam sangrando por causa do cabo de vassoura quebrado e lágrimas corriam pelo meu rosto, muito tempo depois da aranha cair na grama.

— Srta. Andrews? — perguntou um homem. Seguei o topo da escada com as duas mãos para manter meu equilíbrio, e soltei a vassoura. Ele caiu sobre a varanda e rolou do lado na grama.

Um homem muito alto estava segurando uma pasta de documentos e um lenço que ele usava para limpar o suor do rosto vermelho. Ele estava vestindo um terno cinza amarrotado e um sorriso.

— Me desculpe, senhorita. Eu não queria te assustar, — disse ele com um sotaque do sul. Se suas roupas não deixava claro que ele não um local, seu sotaque teria feito o truque. — Eu estou procurando uma Srta. Andrews? — perguntou o homem de novo, segurando o arquivo para proteger os olhos do sol, enquanto me observava descer da escada.

— Quem quer saber? — perguntei, me virando para limpar os olhos, pegando o cabo de vassoura quebrada da grama e jogando de volta para a varanda.

— Meu nome é Ben Coleman e eu estou aqui em nome de The Sun... — eu não precisava ouvi-lo terminar a frase para saber por que ele estava lá. A Sunnlandio Corporation era uns abutres e assistiram a decadência da minha mãe antes dela se perder e levar meu pai com ela.

Ben Coleman parecia não notar a fita da cena do crime flutuando no vento. Ele estava em pé na calçada em uma noite de terça-feira, vestindo um terno cinza amarrotado e pingando suor tanto que parecia como se tivesse sido apanhado na tempestade de chuva que eu podia ver à distância, mas ainda não havia chegado.

Ben se aproximou e estendeu a mão para mim. Peguei a escada e passei direto por ele, indo para o galpão ao lado da casa. — Você pode ir, Sr. Coleman, eu sei por que você está aqui e eu quero saber de nada disso. — eu coloquei a escada no galpão e fechei a porta.

Eu podia sentir o cheiro da chuva se aproximando antes que eu pudesse vê-la. Eu costumava tirar sarro de meu pai por dizer que ele podia sentir o cheiro da chuva, mas quando fiquei mais velha eu podia sentir a mudança no ar e eu aprendi a reconhecer o ar ficar mais fresco antes das nuvens rolarem, as estrelas se apagando e o céu da noite mudando do preto ao cinza. — Senhorita Anderson, eu só preciso que você faça isso. Temos os melhores interesses no coração, — disse Ben, estendendo a pasta em direção a mim.

Eu ri. — Você tinha o melhor interesse no coração quando sua empresa cancelou o contrato que a fazenda tinha com a Sunnlandio desde os anos 60? Porque eu iria perguntar se eles se tinham os melhores interesses no coração, mas eu não posso. E a julgar pelo olhar em seu rosto você sabe por que eu não posso. Então, seja qual for o motivo pelo qual você está aqui, venda isso para outra pessoa. Eu não estou interessada e eu não tenho tempo. Tenho uma reunião com o xerife.

O vento aumentou, fechando em torno da casa, soprando meu cabelo em meu rosto. O paletó de Ben abriu enquanto ele continuava a me seguir no meu caminho para frente da casa.

Isso é quando eu vi a arma dele.

Ou ele era o tipo de empresário que era acostumado com sulistas atirando contra ele ou ele não era um homem de negócios.

A chuva já estava encharcando o campo ao lado da casa e era apenas uma questão de segundos antes dela encontrar o seu caminho. — Corte essa merda, Sr. Coleman. Se esse é mesmo o seu nome. O que é que você quer?

— Eu preciso que você olhe este arquivo. Me diga o que você acha. É uma oferta para comprar a fazenda. Algo generoso. — ele estendeu o arquivo em papel pardo.

— Saia desta propriedade agora e leve isso com você, — eu avisei.

— Você vai querer que eu jogue duro com você, Srta. Andrews? Eu estava disposto a te fazer uma oferta adequada, mas você não me deixa outra escolha. Desde que você ainda não tem dezoito anos quando, seus pais morreram e não tinham registrado, essa propriedade não é sua e não será sua até que ela passe por um processo judicial dispendioso e bastante demorado. E eu odeio dizer o óbvio, mas sem um contrato com um distribuidor como a Sunnlandio a fazenda não vale nada. Há também a pequena questão de você potencialmente indo embora por um tempo muito longo e eu suponho que é o que seu pequeno encontro com o xerife está em causa. Mas nós da Sunnlandio preferimos cuidar disso agora e colocar o dinheiro na frente e depois esperar para o juiz nos dar a escritura da propriedade.

É quando a gravidade da situação me bateu, que o mal se escondia de terno e gravata e escondia seus crimes em pastas. — É por isso que você fez isso? É por isso que você cancelou os contratos dos meus pais, não é? Para desvalorizar a terra, então foder com eles com alguma oferta ridícula?

— Srta. Andrews, eu não tomo essas decisões, mas vou admitir que a lei está do nosso lado aqui. Estamos apenas tentando agilizar o processo com você assinando.

— Eu nem tenho dezoito anos, então eu não posso assinar nada, — eu disse.

— Seu aniversário não foi há dois dias, doze de julho? — perguntou o Sr. Carson, abrindo o seu arquivo e lendo a data, antes de fechar novamente.

Eu perdi o meu próprio aniversário?

A parede de chuva veio, absorvendo tudo em seu caminho, incluindo o homem de terno que se manteve firme, sorrindo enquanto seu cabelo achatava no topo da sua cabeça. — Eu vou ao tribunal amanhã para apresentar a oferta ao juiz de paz e exigir que a fazenda seja devidamente avaliada. Você pode assinar isto agora ou se aprontar para uma batalha que você não vai ganhar. A batalha que você não pode pagar.

A lei está do nosso lado.

A lei está do nosso lado.

Eu vi vermelho. Tanta coisa vermelha que eu quis que um relâmpago saísse do céu e atingisse este cara de terno. Ben colocou a pasta na varanda e me lançou aquele sorriso presunçoso e uma saudação antes de voltar para a entrada de automóveis. — Sr. Coleman? — perguntei docemente. Ele se virou. — Sim, Srta. Andrews? — ele perguntou, gritando acima do som da chuva torrencial.

— Você acabou de dizer que a lei está do seu lado? — perguntei, inclinando a cabeça para o lado.

— Sim. Está certo.

— Bem, então, — eu digitei o código sobre a caixa no alpendre da varanda e as dobradiças abriram. Eu removi o que eu precisava dos ganchos ligados ao lado de baixo da tampa. Ao contrário de quando eu arrisquei minha vida quando minha mãe e eu jogamos roleta russa, dessa vez funcionou no primeiro puxão. — Você sabia que aqui em Jessep, qualquer pessoa pode atirar em alguém em sua propriedade por nenhuma razão?

— Você não faria isso, — disse ele, não havia medo em sua voz. Havia desafio. Ele estendeu a mão sobre o casaco, mas ele sabia que não tinha tempo de chegar até sua arma.

Um passo é tudo que dele deu.

Ele deu um passo em frente, blefando.

Eu puxei o gatilho.

— Bem-vindo à Jessep, Sr. Carson.


Capítulo dezoito

BEAR

Um CRACK ecoou a noite, tão alto que eu ouvi acima do rugido da minha moto, ondulando o ar em torno de mim como se eu estivesse preso em uma onda. Algo pequeno, mas rápido passou por minha orelha como um grito, tão perto que eu senti o rastro de calor no lado do meu pescoço.

Uma bala.

Crack. Eco. Crack. Eco.

Havia duas motos na minha cola. Duas motos que eu reconheci. Duas motos que eu ajudei a construir.

Bastards.

Eu sabia que havia uma possibilidade de que no segundo que eu deixasse Logan’s Beach na minha moto esses filhos da puta poderiam ir atrás de mim. O problema era que eu estava muito envolvido em encontrar Thia que eu sai em disparada, mesmo sem contar a King onde eu estava indo.

Porra, talvez eles já fizeram.

Meu peito doeu como eu já tivesse sido atingido por uma bala.

Os Beach Bastards poderiam não ter leis, mas eles não eram sem alma, um dos códigos pelos quais viviam era ‘Sempre olhe um homem nos olhos quando você estiver prestes a tomar sua vida’.

O clube deveria estar mais fodido do que eu tinha imaginado originalmente porque os dois idiotas atrás de mim disparando nas minhas costas tinham escolhido ignorar esse código em particular.

CRACK.

Senti o calor contra a pele do meu pescoço quando a bala passou zunindo.

Passei pela placa Bem Vindo à Jessep e tentei despistar os filhos da puta me seguindo tomando uma acentuada curva à direita.

Não tive essa sorte.

As balas podem ter estado voando, Thia poderia estar em perigo ou já morta, mas quando eu peguei velocidade e me inclinei para frente empurrando a máquina entre as minhas pernas até o seu limite, me lembrei de outro tempo, outra noite sem nuvens, quando ir rápido não era rápido o suficiente.

 

Eu estou com cinco anos de idade e eu estou no banco do passageiro de um carro que eu nunca estive antes. Minha mãe está dirigindo.

Ela está resmungando para si mesma e mordendo as unhas.

Quando ela me pegou da escola, eu tinha entrado em seu conversível vermelho, mas ela passou pela rua que a gente sempre evita, o que nos levava à sede do clube. A única parada que tínhamos feito era quando tínhamos negociado seu carro atrás do Stop-n-Go.

O pequeno Toyota que estamos andando cheira como quando eu vomitei depois de beber o refrigerante especial que tinha sido deixado na mesa de sinuca. A única coisa especial sobre o refrigerante foi a quantidade de vômito que me fez pulverizar por todo o chão do escritório do meu pai.

Dr. Pepper é muito melhor.

Mamãe acende um cigarro e abre a janela, mas só um pouquinho. O carro se enche com a fumaça que ela bufa, mas isso não me incomoda porque eu estou acostumado com isso. Todo mundo no clube fuma. Eu vi um comercial na TV dizer que fumar faz você parar de crescer, e eu quero ser alto como meu velho, então eu decidi que eu vou esperar até eu crescer muito mais antes de eu começar a fumar.

Está escuro lá fora, mas uma vez que estamos na estrada, cada vez que passamos por uma rua iluminada o interior do carro bilha e, em seguida fica escuro, como se alguém estivesse apagando e acendendo um interruptor de luz. Eu não conto quantas vezes o interruptor fica ligado, mas é muito. Eu paro quando eu chego a uma centena, porque esse é o maior número que eu conheço.

Toda vez que uma moto passa, minha mãe agarra o volante realmente apertado e prende a respiração até que ele passa por nós. Ela continua verificando os espelhos e tirando o cabelo fora de seus olhos. Ela tem pingos de suor em seu rosto e quando o carro se ilumina na próxima vez, eu noto que ela tem lágrimas vazamento de seus olhos.

— O que está errado, piranha14? — pergunto.

Mamãe revira os olhos e me lança um olhar irritado. — Só porque seu pai me chama assim, não significa que é uma coisa agradável a dizer a alguém. Você pode me chamar de mamãe, ok?

— Piranha não significa menina bonita? — pergunto, confuso porque Tripod foi o único que me disse o que isso significava, e ele é o vice-presidente do clube do meu velho, então ele sabe muito.

— Não querido, não significa isso. É uma má palavra, então nunca diga de novo, ok? — ela bagunça meu cabelo com a mão e volta a verificar os espelhos.

Quando eu voltar para o clube eu vou perguntar à Tripod sobre a palavra de novo. O meu velho diz que as meninas, as vezes, não entendem as coisas do mesmo jeito que os meninos, então mamãe está, provavelmente, apenas confusa.

— Como pode uma palavra ser ruim? — pergunto.

— Só pode, Abel. — ela diz com um bufo. Mamãe tem o mesmo olhar no rosto que ela tem quando me envia para fora, mas pelo menos seus olhos não estão vazando mais.

Eu não gosto quando seus olhos vazam.

Eu também não gosto quando seu nariz vaza sangue depois que ela discute com Chop, meu velho.

— Mamãe, o que há de errado? — eu pergunto a ela novamente.

Ela balança a cabeça para mim e sorri. — Nada, bebê. Nada há de errado. Na verdade tudo está bem.

— Mas eu quero voltar para o clube, — eu lamento.

— Não! — mamãe grita, batendo o punho contra o volante. Ela respira fundo e dá outra tragada em seu cigarro, apagando no cinzeiro. Ela se estica e agarra meu joelho. Eu rio porque é o meu ponto delicado. — Abel, estamos indo para algum lugar que você vai amar. É ainda melhor do que o clube. Eu prometo. — ela retira a mão e acende outro cigarro.

Eu dou de ombros e começo a ficar animado, principalmente porque eu acho que minha mãe poderia estar me levando para a Disney World. Eu nunca estive lá, mas é o único lugar que eu poderia pensar que poderia ser melhor do que o clube.

Eu volto a esticar os braços de meu Stretch Armstrong15 e os amarro atrás das costas do jeito que eu vi os policiais fazerem quando levaram o tio Gator ontem. Policiais não são amigos do clube, então eu não contei a meu velho o quão legal eu achei as luzes e sirenes. Ele disse que o tio Gator não vai estar em casa em breve, mas que podemos visitá-lo no próximo mês em um lugar chamado Up-State.

Eu ouço um estrondo familiar e me viro para olhar atrás de nós. — Ei mamãe, papai está aqui, — eu digo, mas ela só olha para frente e assente. Seus olhos começam a vazar novamente. Motos cercam o carro e minha mãe reduz, mas não para. Eu reconheço Tank e sua moto quando ele passa ao nosso lado. Mesmo com seu capacete e óculos de proteção amarelos posso dizer que ele está com raiva pelas linhas ao redor de sua boca. Ele está gritando alguma coisa, mas eu não posso ouvi-lo sobre as outras motos. Minha mãe ouve porque ela balança a cabeça ‘não’ como se ela estivesse respondendo a ele.

Vejo Tank chutar sua bota e a próxima coisa que eu sei é que as janelas explodem no carro e o vidro voa por toda parte. Mesmo me empurrando para o assento, já é tarde demais. Eu sinto um pedaço passar no canto do meu olho e o que parece um arranhão profundo queima. Minha mãe grita e a próxima coisa que eu sei é que eu sinto o carro virar para a direita, os pneus esbarram em terreno irregular antes de parar.

Eu tiro a minha mão do meu olho e tento abri-lo, mas o segundo que eu faço isso eu o fecho automaticamente e tenho certeza que o pedaço de vidro ainda pode estar no meu olho. Mamãe pega meu rosto e inspeciona meu olho. As motos todas pararam ao redor do carro e agora vejo Chop. Ele sai da sua moto e joga seu capacete no chão. Minha mãe tira um pequeno de caco de vidro do meu olho que está manchado de vermelho. — Eu te amo, Abel. Agora e para sempre. Se lembre disso. — ela sussurra quando Chop abre a posta e a arrasta para fora do carro pelos cabelos. Ela grita e chuta pontapés, mas Chop não para de arrastá-la até que eles passam pelas árvores no lado da estrada.

Eu posso não ser capaz de vê-los, mas eu ainda posso ouvi-los. — Você não sabe como ouvir, porra! — Chop grita. — Eu te disse que se você colocasse os pés em Logan’s Beach ou preto da porra do meu filho novamente, eu iria cortar suas tetas e pendurá-las em cima do muro do clube! Eu pareço estar de brincadeira, piranha!

Eu já os ouvi gritar um com o outro antes, mas algo sobre essa vez parece diferente. — Vamos lá, amigo. — Tank me diz, me levando para fora do carro e para sua moto.

— Por que diabos você achou que poderia roubar o meu filho e viver para contar isso! — ele grita. Ele deve ter batido ela, porque eu ouvi minha mãe gritar de novo. As folhas das árvores agitam e eu não posso levar a minha atenção para longe de onde eu sei que eles estão. Tank continua a me levar até sua moto, mas eu estou andando.

— Eu tinha que tentar. — eu ouvi minha mãe gritar. — Eu tive que tentar dar a ele uma vida onde ele não iria acabar... — ela faz uma pausa.

— Diga, cadela. Você sabe como isso funciona. Isto termina da mesma forma, não importa o que, então é melhor falar agora... enquanto você tem a chance. , — diz Chop. Eu ouço um clique.

— Eu queria levá-lo daqui para que ele não acabasse como você! — minha mãe grita e assim que a última palavra deixa sua boca há um som de estalo.

E depois nada.

Tank me coloca na parte traseira de sua moto e liga, os outros que estão com a gente fazem o mesmo. Biggie, um dos caras mais jovens, salta para o Toyota e acelera. Pager, uma dos mais antigos nos Bastards, está esperando quando Chop aparece com sangue respingado em seu rosto, sua arma ainda na mão. Ele joga a arma para Pager que a envolve em um pano.

Tank acena algo com a mão para Chop, que o vê porque ele acena com a cabeça em resposta, mas seus olhos estão presos nos meus. Ele quebra a nossa conexão para limpar o sangue do rosto com a mão.

Eu nunca tive medo dele. Nem quando ele batia na minha mãe. Nem quando ele me bateu por qualquer coisa que eu tinha feito que ele não gostou. Nem quando ele me trouxe em seu bote e me obrigou a ver quando ele atirou em um homem e jogou seu corpo no Everglades.

É neste momento, quando um tremor de medo serpenteia pela minha espinha e pela primeira vez eu tenho medo do meu pai. Ele olha para a palma da mão agora vermelha. Tremores dançam na minha espinha quando seus olhos novamente encontram os meus...

E ele sorri.

 

Calor explodiu em minhas costas, irradiando através do meu ombro, seguido pela dor entorpecente quando a bala conectou com o osso, rasgando a frente do meu ombro. Eu tinha sido baleado antes, mas não é um sentimento que você pode se acostumar. A bala cravando nos minúsculos, rasgando sua pele, então explodindo uma vez que está afundado a uma profundidade suficiente dentro de você. Cada nervo de minha espinha saltou e meus braços se contorceram, dirigindo a moto para o lado, a fazendo desviar pela estrada. — POOOOOOOOOORRA — eu gritei através de meus dentes enquanto pegava o guidão, corrigindo minha moto apenas alguns segundos antes do pneu dianteiro mergulhar na vala do lado da estrada. Grama e sujeira se espalharam sob os pneus, lama choveu em cima de mim quando meus pneus voltaram para a estrada.

Quando balas ainda zuniam ao redor da minha cabeça levei tudo que eu tinha para manter a moto em linha reta e manter a minha velocidade. Se eu diminuísse a velocidade eu era um homem morto.

Posso não ter estado usando um colete, mas eu não era uma cadela, eu estava correndo em direção a Thia, não correndo pela minha vida.

Eu bati no freio, virando minha moto ao redor para enfrentar as cadelas que estavam vindo para mim a toda velocidade. Tank e Cash. Dois irmãos que eu pessoalmente recrutei como prospectos.

Fodidos ingratos.

Dois irmãos que também estavam prestes a aprender da maneira mais difícil que só porque eu não estava usando meu colete não significava que eu era fraco.

Ou que eu esqueci como puxar um gatilho do caralho.

Minha moto continuou a girar quando eu levantei minhas mãos do guidão e puxei ambas as armas dos meus coldres. A dor me rasgou ao meu movimento brusco, mas meu objetivo era estável.

Eu gostei do olhar de choque no rosto daqueles filhos da puta quando eles encararam o cano das minhas armas e eu comecei a disparar. Cash caiu primeiro, virando sua moto de lado quando eu coloquei duas balas em seu peito. Tank seguiu, capotando depois de eu colocar um através da sua bochecha direita.

Minha moto ficou fora de controle, mas parecia que era o mundo em volta de mim girando em vez de mim. Laranjais me rodeavam e assim como o cheiro de algo podre. Eu inclinei de lado na estrada, caindo na vala que tinha conseguido evitar poucos minutos mais cedo. Eu naveguei sobre a minha moto, voando pelo ar, sorrindo.

Eu poderia morrer, mas pelo menos eu morreria sabendo que eu levei esses dois filhos da puta comigo.

Meu último pensamento antes de eu atingir o chão foi de uma menina com cabelo vermelho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo dezenove

Thia

Sr. Carson tinha se afastado por sua própria vontade e eu corri para o laranjal antes que ele pudesse se lembrar que ele tinha uma arma. Eu não gostei do que eu tinha feito, e estava ainda mais revoltada com o fato de que eu não me arrependo.

Quando meus pulmões queimavam e eu não podia correr mais, eu caí de joelhos. — Eu sinto muito, pai. Eu sinto muito não poder salvar tudo isso para você. Para nós. Mas acima de tudo eu sinto muito por não poder te salvar, — eu disse para as árvores. As folhas em torno de mim sussurravam com o vento, de vez em quando eu ouvia o baque de uma laranja caindo.

Eu brevemente contemplei queimar tudo ao chão, ir tão longe como pegar uma folha de uma árvore próxima para testar o quão seco estava e quão rápido iria queimar quando o chão sob mim sacudiu, pequenos pedaços de folhas e pedaços soltos de terra pularam em torno de meus joelhos.

Eu morava na Flórida toda a minha vida, e nunca tinha tido um terremoto antes.

Um terremoto era mesmo possível?

Um estrondo começou ao longe e me levantei em pânico, me preparando para a terra se mexer. O barulho ficou mais alto e mais alto e meu coração bateu mais rápido e mais rápido, cada músculo do meu corpo ficou tenso enquanto os segundos passavam, enchendo lentamente o silêncio.

Era um som que você sentia antes de você ouvir. Um estrondo que ficou mais alto e vibrou em seus ossos.

Um terremoto em duas rodas.

Uma moto. E a partir do som dela, talvez mais do que uma.

Bear.

Ele tinha vindo para mim.

Não seja estúpida, Thia. Milhões de pessoas conduzem motos além dele, não é ele.

Mas poderia ser o MC.

E então... BOOM.

Uma explosão tão alto que meu cabelo soprou como se uma bomba tivesse explodido.

Uma explosão de luz laranja brilhante para a noite, seguido pelo contraste de fumaça cinza contra o céu negro sem nuvens.

Eu estava correndo em direção à explosão antes que eu pudesse me convencer do contrário, chegando à estrada em menos de um minuto.

Os destroços de metal mutilado estavam espalhados em ambos os lados da estrada. Eu não tinha certeza se era uma moto ou duas até que eu vi dois corpos espalhados pela estrada, caídos em ângulos não naturais sem vida. Eu corri para o primeiro corpo e meu coração começou a correr fora de controle. Os braços do homem estavam cobertos de tanto sangue que eu não poderia ver qualquer de suas fraturas ou tatuagens.

Em pânico, eu me ajoelhei e usei toda a minha força para tentar virar o homem, mas ele não se mexeu. Então, eu imaginei o rosto do homem que eu não queria que fosse e eu precisava saber se era ele. Tentei de novo, usando toda a força que eu não sabia que eu tinha. Eu não fui bem sucedida em virá-lo completamente, mas tinha conseguido tirá-lo de lado. O segundo que eu vi o rosto arredondado e cabelos castanhos curtos eu soltei um suspiro de alívio.

Quando me deparei com os destroços eu tinha certeza que era uma batida, um acidente. Eu tinha certeza de que havia dois cadáveres na estrada que morreram com o impacto.

Eu estava errada.

Corri para o próximo homem que estava deitado de barriga para cima, com a cabeça virada para o lado, os olhos e a boca estavam abertos.

Um buraco de bala em sua bochecha.

Engoli em seco. Levantando, eu me afastei para o bosque de onde eu vim, como se por algum motivo eu tivesse que manter meus olhos sobre os destroços e os corpos ou eles iriam aparecer de volta e vir atrás de mim.

Foi quando eu percebi que o meu pânico que um dos corpos seria Bear foi sem motivo. Ambos os homens mortos estavam usando coletes dos Beach Bastard.

Eles tinham vindo para mim.

Bear não.

Eu sabia que ele não iria, mas eu ainda não podia deixar de me sentir decepcionada e com medo, tudo ao mesmo tempo.

Poderia haver mais deles em seu caminho.

Lentamente eu recuei até que as árvores tinham quase me engolido inteira. Grilos gorjearam em volta de mim. Sapos resmungaram e o mata-mosquitos na varanda da frente podia ser ouvido daqui, o que era uma boa meia milha de distância. Lentamente eu me afastei até bati em algo grande e duro que definitivamente não era uma árvore. Calafrios dispararam em minha espinha quando uma mão veio ao redor da minha cintura e outra cobriu minha boca, abafando meu grito.

— Ti, pare, sou eu, — Bear rosnou no meu ouvido enquanto eu lutava contra ele.

Eu me acalmei.

Ele tinha vindo para mim.

Bear afrouxou o aperto e me virei em seus braços. A lua era grande e brilhante, agindo como um holofote logo acima de nossas cabeças. Ele estava sem camisa e coberto de terra. Seu cabelo e barba loira estavam manchados de lama escura. Sua calça jeans estava rasgada no joelho. — Quão movimentada está estrada? — ele perguntou de repente.

— Não há movimento. Há outra fazenda, mas fica na parte de trás do outro lado. Nós paramos em um beco sem saída.

— Qualquer um está programado para vir por esse caminho? Carteiros, entregas de qualquer tipo. Eu preciso que você pense.

— Não, nada. Correio vai para o caixa da cidade e a fazenda está fora dos negócios por um tempo.

Ping.

Ping.

Ping.

Não havia mangueiras em qualquer lugar, nenhuma água corrente desde que a empresa de água desligou o fornecimento quando não podíamos pagar a conta.

BAQUE. Girei ao redor. — Que diabos foi isso? — ele perguntou.

— Laranjas. Elas soam assim quando caem das árvores, — eu disse. Com as costas para mim, vi a fonte do gotejamento.

Ele estava vindo de Bear.

Sangue.

Um rio de sangue brilhante que parecia preto sob a luz da lua pingava na parte de trás do seu ombro, fundindo em seu cinto, em seguida, caindo no chão macio. — Você está ferido, — eu disse, apontando para o óbvio.

Bear se virou, seus olhos escureceram e brilhavam como chamas azuis. — Eu não dou a mínima para o meu ombro, Ti. O que eu dou a mínima é você ter ido embora quando eu te disse que não era seguro. — Bear olhou para mim como se eu o tivesse passo por ele de uma maneira que eu não entendia. — Talvez você não acreditasse em mim quando eu disse que o MC estaria vindo para você. — ele acenou para os corpos na estrada. — Você acredita em mim agora? — ele perguntou, seus narinas dilatadas.

Eu dei um passo para trás e ele deu um passo para frente, não me permitindo a distância que eu queria colocar entre nós. — Por que você veio?

— Que porra é essa que acabei de dizer? Eu vim porque você não deu ouvidos. Eu vim porque não é seguro e se eu não tivesse vindo ou você estaria morta agora ou desejando que você estivesse morta, uma vez que conseguissem por a mão em você, — Bear disse. E pela primeira vez, eu tive medo dele. Não porque eu pensei que ele iria me machucar, mas porque eu nunca o tinha visto tão irritado.

— Eu não entendo você, — eu disse.

— Você não tem que me entender, — ele rosnou, e como se estivesse provando seu ponto, ele bateu seus lábios sobre os meus.

Eu queria afastá-lo. Eu queria dizer a ele que não. Mas depois de pensar que ele poderia ter sido um daqueles homens mortos na estrada, meu corpo não me deixou. Meu cérebro queria gritar com ele, socá-lo, mas quando ele correu sua língua ao longo da costura da minha boca, meus lábios traidores abriram para ele, gemendo quando sua língua encontrou a minha, me pressionando contra seu corpo sujo. Ele colocou as mãos em volta do meu rosto e me beijou como se ele estivesse gritando comigo, me punindo por desobedecê-lo, por estar em sua vida, por não estar em sua vida.

Eu aceitei a sua punição e dei de volta para ele, dizendo a ele todas as coisas com o nosso beijo. A frieza de seus anéis pressionou contra a pele das minhas costas por debaixo da barra da minha camisa.

Bear recuou, respirando pesadamente, olhando através de mim como se ele pudesse ver diretamente em minha alma. — Você tem que me ouvir, mas tanto quanto eu quero ter uma conversa com você agora onde você me diz que fodida pessoa eu sou e eu lhe digo que você é a garota mais idiota que pus os olhos. E tanto quanto eu quero manter minha boca em você, nós temos outro par de problemas que eu vou precisar que você me ajude antes que se tornarem problemas maiores. — Bear enrolou uma mão enlameada ao redor do meu pescoço e fechou a distância entre nós.

— O quê? — perguntei, tremendo sob o peso de seu olhar, de alguma forma esquecendo os mortos que estavam apenas a alguns de nós.

— Você sabe costurar?

— Essa é uma pergunta estranha.

— Não tanto quanto me ver sangrando, — disse Bear, me liberando e agarrando seu ombro. — Está limpo, atravessou, só preciso colar a pele novamente.

— Merda. Aqui, — eu disse, arrancando minha camisa eu me levantei na ponta dos pés para pressionar na parte de trás de seu ombro.

— Porra, — Bear gemeu. Eu abrandei a pressão, pensando que eu iria machucá-lo. — Talvez você devesse me deixar sangrar. Pode valer a pena, — ele disse, lambendo os lábios. Segui seu olhar para os meus seios nus. Meus mamilos se endureceram sob seu olhar.

— Porra, Ti, você pode não ter puxado o gatilho do caralho, mas eu acho que você ainda vai me matar. — suas mãos se estabeleceram na minha bunda, enquanto eu tentava parar o sangramento, seus dedos massagearam minha carne enquanto eu concentrava meus esforços em sua ferida.

— Qual é a outra coisa que temos que fazer? — perguntei, sentindo o rubor queimando em minhas bochechas e pescoço, grata pela escuridão da noite por esconder o meu embaraço sobre estar tão obviamente excitada.

— Limpar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte

Thia

— Eu não posso ir lá, — eu disse, evitando os degraus da varanda da frente, os braços cruzados sobre o peito nu.

— Agulha e linha, — disse Bear, se encolhendo, ainda segurando minha camisa ensanguentada por cima do ombro. — Onde é que eu encontro? — ele perguntou e eu estava aliviada por ele não me forçar a entrar.

— A sala de costura e do lado de fora da cozinha, à direita e depois esquerda. Mamãe mantinha esse material em uma caixa ao lado da Singer.

Bear desapareceu dentro da casa, emergindo alguns minutos mais tarde com a caixa da minha mãe. — Nada de luzes, — Bear disse, acendendo o isqueiro que ele vinha usando para guiar seu caminho através da casa escura, no bolso de sua calça jeans. Claro que não havia luzes. A conta venceu antes das mortes dos meus pais, e os mortos não pagam a conta de energia elétrica. Na nossa casa, na maioria das vezes nem os vivos.

Ele me jogou uma blusa azul que ele tinha pegado do meu quarto e eu corri para me cobrir com ela. — Obrigada, — eu disse. A resposta de Bear foi um pequeno grunhido.

Eu abri a caixa na varanda e peguei uma lanterna. Eu cliquei no botão e, felizmente, ele veio à vida. — Você já esteve aqui durante todo o dia e você não entrou ainda? — perguntou Bear, sentado no degrau mais alto, de costas para mim. Eu lancei a luz para baixo enquanto Bear escolhia o que ele precisava da caixa de equipamentos.

— Eu não tinha planos de vir aqui.

— Então por que voltou aqui? — perguntou ele, abrindo a tampa da garrafa de vodka que eu não percebi que ele tinha trazido. Ele entregou a garrafa para mim. — Despeje na parte de trás do meu ombro.

Peguei a garrafa e usando a lanterna finalmente fui capaz de dar uma boa olhada no ferimento de Bear. Ele estava certo, estava completamente limpo, mas era muito mais profundo do que eu pensava. — Merda, — eu disse, deixando cair a lanterna. — Basta derramar, Ti e me diga por que está aqui se isso não fosse o seu plano.

Eu direcionei a luz em sua ferida e por algum motivo me vi fechando os olhos quando eu derrubei a garrafa e derramei o álcool diretamente em sua ferida. Todos os músculos do corpo do Bear ficaram tensos. — Ti, fale. Agora, — Bear disse, rangendo os dentes. Ele pegou a garrafa da minha mão e derramou o resto sobre o buraco na frente de seu ombro, apoiando a mão na borda do degrau da frente, ele arrancou um pedaço da madeira velha podre. Quando ele terminou, ele jogou a madeira para o quintal e baixou a garrafa, me entregando a agulha e linha.

— Xerife Donaldson não está até a tarde. Eu estava indo vê-lo, mas depois acabei por aqui e eu fiquei... distraída. — distraída foi um bom termo para Ben Carson e sua audácia de até mesmo de pisar na fazenda.

— Você ia confessar? — perguntou Bear, a raiva escoando em sua voz. Ele cruzou os braços sobre as coxas e se inclinou para frente para que eu pudesse ter melhor acesso à sua ferida. Eu deixei a lanterna no corrimão e usei o único ponto eu me lembrei que minha mãe me ensinou eu puxei a pele de Bear tão próximo quanto possível e tentei fingir que não era sua carne e músculo que eu estava remendando, mas uma espessa colcha ou couro resistente.

— Sim, eu pensei que seria melhor colocar tudo para fora, tomar o que viria para mim. Meu amigo Buck é o substituto, talvez ele me dessa alguma folga. Não é como se eu fosse para a prisão alguém sentiria minha falta. O mundo ainda se transformaria. Ninguém sequer saberia que eu tinha ido embora.

— Eu iria.

— Sim, você saberia que eu tinha ido embora, mas você ficaria feliz em se livrar de mim, — eu disse amargamente.

— Ti... — Bear começou. Eu parei de respirar, esperando ouvir o que ele tinha a dizer. — Aaaahhhh, — ele grunhiu quando eu cavei a agulha mais fundo do que eu tinha previsto.

— Desculpe, — eu sussurrei, pensando que talvez eu devesse me lembrar que eu estava costurando uma pessoa afinal de contas.

— Eu tenho uma advogada para você, — disse Bear, me surpreendendo. — Uma que eu não queria ligar, mas ela vai fazer isso certo por você.

— Você fez o quê?

— Eu tenho uma advogada, uma cadela. Se o diabo usasse ternos elegantes e usasse batom vermelho, seria Bethany Fletcher. Ela é boa, embora. Agora ela está triando toda essa merda. Fazendo ligações e cavando um pouco mais em seu caso. Agora você só é procurada pela justiça, você não vai ser presa. Mas você iria ser trancada antes que eu tivesse a chance de te dizer.

— Você reparou a porta, mas você a deixou desbloqueada. Eu percebi que você estava me dizendo para ir, — eu disse honestamente.

— Eu estava dizendo a você que você não era uma fodida prisioneira, — ele corrigiu. — Eu achei que você ia me ouvir e fazer o que eu quero de você. Vejo agora que foi um erro e não se preocupe, eu não vou fazer isso de novo. Eu deveria ter escutado King e te algemado à porra da cama. — seu corpo inteiro ficou tenso e minha agulha parou, incapaz de progredir em seu músculo.

Eu ignorei sua ameaça de me algemar, e focando na minha tarefa. — Eu sei que é difícil, mas tente não ficar tenso, só vai piorar a dor.

— Ah, é? — perguntou Bear, parecendo se divertir. — Onde você aprendeu isso? — seus músculos relaxaram um pouco e a agulha entrava e saía com mais facilidade, tornando o trabalho mais rápido.

Eu sorri, lembrando a memória. — Dr. Hartman me disse isso quando ele deu pontos no meu joelho. Meu irmão, meu amigo Jesse Buck e eu estávamos praticando lançando alguns anzóis que ganhamos no Natal. Bem, eles não foram totalmente novos, mas eles eram novos para nós.

— Vocês tem água por aqui? — perguntou Bear.

— Oh sim, temos uma lagoa no meio do bosque, uma bem profunda. De vez em quando o Sr. Miller usava para estocar com coisas que ele pegava em uma de suas viagens para o lago. Mas naquele dia não estávamos praticando na lagoa. Nós estávamos em terra firme, ao redor da clareira. Montamos o material no chão para alvos e ponderamos nossas linhas. Foi uma boa prática também, mas olhando para trás, eu acho que não precisávamos dos ganchos. Eu andei um pouco perto demais atrás de Buck quando ele estava prestes a lançar e o gancho pegou no meu joelho. — eu estendi a minha perna para o degrau da frente de modo que Bear podia ver a longa cicatriz que corria a partir do topo do meu joelho para baixo. — Ele não sabia que ele me fisgou e continuou, rasgou a pele toda. Doze pontos, — eu disse, puxando a minha perna de volta.

Bear estendeu a mão esquerda e apontou para uma cicatriz entre o polegar e o dedo indicador. — A mesma lesão. Amigo diferente. Tínhamos provavelmente cerca de dezesseis anos fazendo uma pesca pela costeira. Se pagássemos alguns peixes vermelhos, a gente vendia a um dos restaurantes do outro lado da calçada por alguns dólares. Às vezes eles eram apenas para comer. Mas a única coisa que pegamos aquele dia foi um peixe do tamanho da metade da minha mão.

— Eu acabei deste lado, — eu disse, mordendo o fio e amarrando em uma série de nós inquebráveis. Eu passei novamente a agulha e me ajoelhei no degrau ao lado de Bear. Era uma posição desconfortável que me fez quase cair e ele percebeu, porque ele agarrou meus braços e abriu as pernas, me puxando no meio e descansando os cotovelos nas coxas, ele lançou os braços e suas mãos vieram ao redor e descansou na parte inferior das minhas costas.

— Melhor, — disse ele, olhando diretamente nos meus olhos. Eu estava muito consciente de seu olhar quando eu comecei a fechar a ferida, que era menor na frente. Ele me observou enquanto eu trabalhava, a borda de sua barba roçou contra a minha pele, sua respiração quente contra o meu pescoço enviando arrepios entre as minhas coxas.

Eu precisava me concentrar em costurar antes de machucá-lo novamente. — Havia uma foto no apartamento de você quando você era mais jovem. Você e King com outro menino que usava uma gravata. Era Preppy?

Bear se inclinou para frente, apoiando o nariz na dobra do meu pescoço e assentiu com a cabeça, seus lábios e barba pondo minha pele em chamas.

Tanta coisa para se concentrar.

Limpei a garganta. — Ele mora em Logan’s Beach? — perguntei quando eu terminei o último ponto. O fio estava curto após a costura da frente e de trás de seu ombro. Eu tive que fechar minha boca ao redor do fio, os meus lábios contra sua pele quando eu cortei com meus dentes, resistindo à vontade de saboreá-lo com a minha língua, antes de amarrá-lo como eu tinha feito do outro lado. Eu soprei em sua pele para aliviar um pouco da dor e Bear se levantou, me pegando antes de eu cair nos degraus e me colocando de volta para os meus pés.

— Ele está morto, — Bear disse, pegando a garrafa de vodka e a despejando sobre ambos os lados de sua ferida, sibilando entre os dentes.

Esse foi o fim da nossa conversa pessoal, depois disso Bear ficou todo negócios. Até o momento que ele tinha perguntado quão profundo era a lagoa no meio do bosque e testou o trator no lado da casa para ver se ele estava correndo, eu estava começando a entender o que ele quis dizer com ‘limpeza’.

Depois que eu o assisti amarrar os corpos de seus ex-irmãos e o que restava de suas motos e afundá-los na lagoa... eu tinha uma ideia ainda melhor.

 

* * *

 

— O sol vai nascer em breve, — Bear disse, olhando para a distância até onde o rosa tinha apenas começado a invadir o céu noturno. Ele pegou seu telefone e empurrou alguns botões, seus lábios se movendo em silêncio enquanto ele lia algo, empurrando seu telefone de volta no bolso quando ele terminou. Ele pulou do trator e veio para o meu lado, prestes a me ajudar a descer.

Revirei os olhos. Eu tinha estado pulando dentro e fora do trator desde que eu usava fraldas. Bear caminhou em minha direção, iluminado pelo sol nascente. Ele estava sujo, suado e enlameado como o inferno, mas ele foi cercado com um halo de luz como se ele fosse um anjo do inferno. — Bethany me enviou mensagens. Ela providenciou para que você possa ser questionada pelo xerife em seu escritório em Coral Pines. Ele queria fazer isso amanhã, mas ela conseguiu empurrá-lo por mais quarenta e oito horas, porque ela quer se encontrar com você primeiro e passar por cima de algumas coisas.

— Que tipo de coisas? — perguntei.

— Sua história, — disse Bear. — Ela quer ter a certeza de dizer a coisa certa e que você saiba como responder às suas perguntas.

— Que coisa certa? — perguntei, o seguindo para o lado da casa onde ele desenrolou a mangueira. — Eu matei a minha mãe depois que ela matou o meu pai. Isso é tudo que existe nisso.

Ele soltou um suspiro de frustração e segurou a extremidade da mangueira com o bico, procurando a torneira.

Eu pisei até onde estava a torneira, escondido por um arbusto espinhoso e liguei a água.

— Quando é que você vai aprender a parar de me questionar e me ouvir? Sua história, — disse ele, fechando a distância entre nós, — será o que Bethany lhe diz que é.

— Quando você vai entender que eu não gosto que mandem em mim? — eu cruzei os braços sobre o peito e Bear ajustou do bico, pulverizando água na grama.

Seus olhos ardiam com raiva, um aviso para não continuar a discutir com ele. Bem. Eu não vou discutir.

Mas isso não significava que eu iria concordar com ele também.

— Você disse que o xerife não está em funções até à tarde? — perguntou.

— É, não até as duas ou três, — eu disse. — Buck poderia estar ao redor, mas isso é tudo para Jessep, apenas os dois.

— Ótimo. A minha moto não está em pior forma, mas eu preciso de um par de peças. Nós podemos fazer uma corrida rápida quando amanhecer e voltar para Logan’s Beach. — meu estômago escolheu esse momento para deixar sair um grunhido embaraçosamente alto.

Quanto tempo se passou desde que eu tinha comido? Então eu me lembrei, não desde o almoço com Grace e Ray.

— E nós temos que pegar um pouco de comida, — Bear acrescentou. Minhas bochechas coraram.

— Espere, você quer que eu volte com você? Por quê?

— Você faz muitas perguntas, — Bear rosnou, desafivelando a calça jeans não me dando nenhum aviso antes de empurrá-las para baixo para a grama e saindo delas. Ele virou a mangueira em si mesmo, enxaguando os acontecimentos da noite.

Me virei porque eu não estava certa do que fazer ou onde mais olhar. — Eu pergunto, porque eu quero saber, — eu disse com um bufo, a imagem da bunda de Bear queimando em minha mente. Meus mamilos endureceram e algo dentro de mim se apertou. Eu não precisava voltar para Logan’s Beach com ele, eu precisava ir para um manicômio para adolescentes que não conseguem manter seus hormônios quietos. — Por que você veio atrás de mim? Por que você quer se certificar de que o MC não me mate? — e porque eu não posso resistir e porque minha boca estava correndo solta, — E por que você me beijou?

Esperei, mas ele não respondeu. Eu ouvi o pulverizador da mangueira desligar e estava prestes a me virar para ver se ele se afastou quando senti seu calor contra minhas costas. Seu calor úmido.

Seu calor úmido e nu.

Ele me puxou contra ele, seu peito forte nas minhas costas e as coxas duras contra a minha bunda. Com uma das mãos, ele espalmou sob a barra da minha camisa contra o meu estômago nu e respirou no meu ouvido: — Pare de fazer tantas perguntas, — disse ele, a ponta de sua língua fazendo contato com minha pele, enviando uma onda de umidade entre as minhas pernas.

— Apenas me responda por que, — eu disse. Isso saiu como um sussurro.

Como um pedido.

Bear riu e vibrou contra o meu pescoço. Me inclinei para ele, minha parte inferior das costas entrando em contato com sua ereção.

— Você realmente quer saber? — ele perguntou, traçando o lado de baixo do meu peito com o polegar calejado. — Você realmente quer saber por que eu te beijei? Por que eu beijei sua buceta doce? Você quer saber que eu ainda posso te provar na minha língua agora e eu estou salivando por mais? Você quer saber que você estava apertada em minha língua e eu imaginei o tempo todo que era o meu pau que você estava apertando com sua buceta virgem? — ele perguntou, balançando contra mim.

— Sim, — eu implorei. — Sim, eu quero saber.

— Porque eu queria, porra, — disse ele e meu estômago virou para fora do meu corpo. Ele pontuou suas palavras beliscando em meu pescoço antes de me empurrar para frente e apontar a mangueira em mim.

O fluxo frio apagando o fogo da luxúria que tinha começado a construir na minha barriga.

— Filho da puta, — eu gritei, correndo em direção à pulverização da água, com a intenção de matá-lo e adicioná-lo aos corpos no fundo da lagoa.

Ele me jogou a mangueira e eu a peguei. — Limpar.

— Você poderia ter apenas dito isso, — eu cuspi.

— Onde estaria à diversão nisso? — ele se abaixou e pegou a calça jeans do chão, as colocando novamente. Eu cobri os olhos com as mãos, mas não pude deixar de espreitar por entre meus dedos para pegar outro vislumbre da sua bunda apertada.

— Sinto muito, eu não estava ciente de que isso era divertido, — disse Bear. — Você pode abaixar sua mão agora e parar de fingir que não estava olhando.

— Eu não estava olhando! — eu menti. Bear riu para si mesmo, desaparecendo de volta até os degraus para a casa assim que eu terminei de me lavar, desejando que a água estivesse mais fria.

Muito, muito mais fria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e um

Thia

— Eu posso ir para a cidade sozinha, — eu disse, subindo para o banco do motorista do velho Ford do meu pai.

Bear tinha pegado para mim algumas roupas secas da casa, mas não conseguiu encontrar as chaves. Depois de alguns minutos puxando os fios sob o volante, ele conseguiu ligar depois de torcer por alguns fios juntos. — Apenas me diga o que você precisa e eu vou buscar. — eu fui fechar a porta, mas Bear estendeu a mão e parou.

— Eu não vou deixar você ir sozinha, — disse Bear. — Temos tempo antes do MC descobrir que Tank e Cash não estão mais neste mundo. O telefone de Tank quebrou, mas eu mandei algumas mensagens de Cash para Chop antes de irem nadar. Isso nos comprou algum tempo.

— Ok, então temos tempo. Isso significa que é seguro. Você não tem que vir comigo, — eu argumentei, novamente tentando puxar a porta e novamente ele me parou.

— Você tem medo de ser vista comigo ou algo assim? Com medo de que as pessoas da cidade vão pensar? — ele brincou.

— Não, não é isso.

— Ah, então você acha que o motoqueiro mal vai assustar os nativos, — Bear disse, dando um passo para dentro da caminhonete. Eu não tinha escolha a não ser fugir para o lado do passageiro para evitar ser esmagada debaixo dele.

A verdade era que eu não conseguia pensar ao redor dele. Poucos minutos para mim poderia ser capaz de limpar um pouco da neblina induzida por Bear que estava me seguindo por aí, mas não havia nenhuma maneira no inferno que eu estava prestes a dizer a ele isso, então eu vim com algo que ainda era verdade, embora um pouco menos importante na minha escala de razões para não levá-lo para a cidade comigo.

Eu joguei minhas mãos no ar, deixando a minha frustração aparecer. — Você não tem uma camisa e Emma May do Stop-N-Shop vai dar uma olhada em você e ter o terceiro ataque do coração.

O canto da boca do Bear virou para cima em um sorriso torto que fez pequenas linhas aparecerem no canto de seus olhos. Ele lentamente se inclinou sobre mim, cada vez mais perto. Me inclinei para longe, me rebocando contra o assento como se eu estivesse tentando me forçar a me unir ao banco. — Você acha que eu estou gostoso, Ti? — sua respiração vibrou contra o meu pescoço. — Você está com ciúmes? Receosa que eu vou deixar a calcinha de uma senhora tão molhada como eu faço a sua ficar?

— O que... o que você está fazendo? — eu perguntei sem fôlego quando ele chegou em meu colo.

— Eu dirijo um pouco... selvagem, — Bear disse, puxando o cinto velho em minha cintura e clicando sobre ele na fivela enferrujada.

Eu soltei um suspiro de alívio e decepção quando ele se sentou ereto e começou a subir na caminhonete. Ele se levantou do assento e tirou algo que tinha estado pendurado na parte de trás de um de seus bolsos.

Uma camisa.

Ele a puxou sobre sua cabeça.

Mais como uma blusa preta apertada.

De qualquer coisa fez seus músculos definidos do seu peito e em seu estômago parecerem melhores, se arrastando para baixo para o V que apontava para baixo em seus jeans. — Viu? Você estava errada, eu possuo uma camisa, — Bear disse com uma piscadela. Com um braço longo do outro lado da parte de trás do banco, seus dedos tocaram meu ombro quando ele virou a caminhonete e se dirigiu até a estrada.

— Como se isso ajudasse, — eu murmurei.

— Não entendi, — disse Bear, embora eu tenha tido a sensação de que ele tinha.

— Eu sou perfeitamente capaz de dirigir, — eu disse.

— Tenho certeza que você é, mas você está comigo agora, e enquanto você está comigo, eu dirijo.

Virei à cabeça em direção a minha janela e revirei os olhos.

Eu assisti o laranjal passar por nós enquanto fazíamos o nosso caminho pela estrada e passando pelo local onde Bear tinha limpado para apagar quaisquer e todos os vestígios do acidente da noite anterior. Laranjas estavam empilhadas sob as árvores. O cheiro enjoativo e doce que tinha estado permeando o ar por semanas antes da noite que mudou tudo tinha se transformado algo que cheirava a algo esquecido no frigorífico durante uma semana muito longa.

— Por que cheira como se algo tivesse morrido aqui? — perguntou Bear.

Eu atirei a ele um olhar óbvio. — Talvez porque algo morreu? — eu respondi sarcasticamente.

— Não é o que eu quis dizer, Ti. Você sabe disso. Quero dizer, por que as laranjas cheiram a podre?

— Quando Sunnlandio retirou o contrato se tornou inútil.

— Por quê? — perguntou Bear, parecendo genuinamente preocupado. Ele acendeu um cigarro usando o velho isqueiro no chão. Ele abriu a janela e se debruçou com o cotovelo no parapeito, com o cabelo balançando na brisa.

Dei de ombros e tentei não amaldiçoar Sunnlandio Corporation. — A história curta é que eles descobriram que era mais barato importar do México.

— Mas por que deixar as laranjas apodrecer?

— Colheita custa muito dinheiro, — expliquei. — E quando você não tem compradores certos, então elas se tornam lixo. Cadeias de supermercados e grandes empresas de suco já têm os seus próprios contratos ou seus próprios pomares, ou como a Sunnlandio, eles mudaram para a importação. É mais barato do que deixá-las apodrecer, o que é uma merda, porque é um desperdício. Não podemos nem mesmo doá-las porque isso ainda significa que alguém tem que escolher e entregá-las.

— Você tem feito tudo isso sozinha? — perguntou Bear, dando uma tragada no cigarro. Eu disse a ele o que tinha acontecido com a fazenda antes, mas estar cara a cara com milhares de laranjas podres tornou a situação ainda mais real. Ainda mais perturbadora.

— A maior parte. Papai tinha as mãos cheias com a mamãe. Eu fiz o que pude. Fazendas em toda a América estão no mesmo barco. Quer se trate de laranjas ou outra cultura. Deixando tudo apodrecer nas árvores porque eles não podem se dar ao luxo de colher. As pessoas estão morrendo de fome em todo o país e eu estou sentada no meio de toneladas e toneladas de frutas mortas. — eu balancei minha cabeça.

— Quantos anos você tem mesmo? — perguntou Bear de repente. Quando ele me perguntou anteriormente eu disse dezessete, mas isso foi antes do Sr. Carson ter me lembrado que eu tinha perdido o meu aniversário.

— Dezoito, — eu disse pela primeira vez. Bear ergueu as sobrancelhas como se calculasse. — Eu fiz aniversário recentemente. Muito recentemente.

— Eu não posso acreditar que você está fazendo toda essa merda sozinha. — Bear jogou o cigarro pela janela. — De onde eu venho à maioria dos jovens de dezoito anos não podem juntar duas frases, especialmente as meninas pairando em torno do clube, e você está aqui gerindo um laranjal do caralho.

Eu ri. — Você faz soar como uma realização. Quando na realidade eu não tenho conseguido nada. Exatamente o oposto. Talvez se eu soubesse mais, se eu tivesse feito mais, eu poderia ter salvado ele. — eu suspirei. — Não há nada impressionante sobre isso.

— Como você tem vivido? Sua família?

— Eu tenho um emprego na Stop-N-Shop algumas noites por semana.

Bear perguntou. — Stop-n-Shop

— Sim, o mesmo lugar onde tudo começou, — eu cantei, olhando pela janela quando passamos em linha após linha do meu fracasso.

— Eu também costumava ir até Corbin para limpar quartos de motel nos fins de semana, — disse eu. — Depois que eu pagava às despesas da fazenda a gente até conseguia comprar alguma coisa... Às vezes.

— Você percebe que isso é louco, certo? Você tem dois empregos para sustentar seu outro trabalho?— perguntou Bear.

— Vire aqui, — eu disse, apontando para a estrada um pouco mais ampla escondida atrás de um arbusto cheio de mato. Bear virou o volante e a caminhonete saltava e balançava de um lado para o outro enquanto ele andava através da estrada que levava para a cidade. — E não me chame de louca, — eu acrescentei, cruzando os braços sobre o peito.

— Eu retiro ter dito que você era madura para dezoito anos, porque agora você está fazendo beicinho como uma criança, — disse Bear quando passamos pela primeira placa dizendo que tínhamos atingido a extremidade da cidade, Armazém de Aparelhos Usados de Margie que era mais sucata que armazém.

— Não sou, — argumentei, olhando para frente. — Você pode estacionar ali. — eu apontei para a rua vazia na frente da Stop-N-Shop.

— Logan’s Beach não é exatamente uma cidade grande, mas este lugar é como uma cidade fantasma. — Bear desligou a caminhonete e saiu. Eu fiz o mesmo e quando eu saltei, ele já tinha chegado do meu lado.

— Sim, desde que eles fecharam a saída da autoestrada, as únicas pessoas que ficaram aqui foram os agricultores e mais e mais deles estão desaparecendo, abandonando suas fazendas e se mudando para onde o trabalho está. — eu tapei meus olhos do sol e olhei em volta. Duas caminhonetes e um John Deere16 estavam estacionados do outro lado da rua em frente à Bait Shop e Bar do Mickey. Duas bicicletas estavam amarradas no poste em frente ao Tick Tock Cafe. — Parece muito ocupado para mim, — ele acrescentou.

Bear olhou ao redor de novo, como se tivesse faltando alguma coisa. — A loja de hardware tem uma seção de auto, — eu disse, me dirigindo para a loja. — Principalmente peças para caminhões, mas você pode ter sorte e encontrar o que precisa lá, — eu disse, apontando para a Hardware e Handy Feed Store.

— Dinheiro, — Bear disse, jogando algo em mim que eu peguei antes de bater no chão.

— Para quê? — eu perguntei, olhando para o crânio de prata com o olho de diamante que tinha estado na minha posse em uma grande parte da minha vida. — Isso não é meu.

— Apenas o penhore para mim. Eu te ligo quando eu terminar, — disse Bear. — Seja rápida e mantenha os olhos abertos.

Revirei os olhos, apertando minha mão em torno do anel. Eu coloquei a corrente de volta ao redor do meu pescoço e seu peso familiar era mais reconfortante do que qualquer abraço poderia ser. Eu balancei a cabeça, indo em direção à porta. — Ti, Eu preciso do seu número. — Bear puxou um telefone celular do bolso da frente.

— Eu não tenho um telefone.

— Se você não tem um telefone, então por que você concordou que eu deveria te chamar quando eu terminar?

— À maneira antiga. — eu coloquei minhas mãos em volta da minha boca e gritei: — THEEEEEEEEYYYYYAAAAAAAA! — abri as portas de vidro e deixei Bear rindo no meio da estrada.

 

* * *

 

BEAR

— Está perdido? — o cara atrás do balcão na loja de ferragens perguntou. Ele usava um macacão sem camisa por baixo, o material esticando sobre sua barriga saliente.

Perdido? Talvez lentamente encontrando meu caminho.

Ele me olhou, seus olhos parando sobre a tatuagem no meu ombro bom. O símbolo do crânio dos Beach Bastards. — Eu não quero nenhum problema, — disse o homem, levantando as mãos como se eu estivesse roubando ele.

— Ponha as mãos para baixo, cara. Eu não estou à procura de problemas hoje, — eu disse.

— Não parece que você está evitando problemas, — disse ele apontando para minha lesão recém-costurada.

— Isso não é da sua conta, mas eu quis dizer isso quando eu disse que eu não estou procurando problema.

Eu já tinha problemas. Muitos deles na forma de uma menina de cabelo rosa com tanta atitude que me deixava louco.

E duro.

Duro pra caralho.

O homem assentiu. — Já faz um tempo desde que os Bastards passaram por estas bandas. Eu só quero que você saiba que nada mudou. Eu ainda estou acenando com a bandeira branca. Eu ainda estou inativo.

— Inativo? — perguntei. Ele se virou e apontou para o símbolo enorme de um lobo nas costas, claramente reconhecível para mim como o símbolo dos WOLF WARRIORS, embora partes dele foram cobertos com as tiras de seu macacão. Chop tinha começado uma briga com os guerreiros anos atrás sobre as armas vindo de Miami e eu não sabia os detalhes da briga, tudo o que eu sabia é que Chop disse que estávamos em guerra, então estávamos em guerra, e eu coloquei alguns WOLF WARRIORS a sete palmos do chão.

— Eles me chamavam de Bones naquela época, mas agora eu só sou Ted. — o homem se virou.

— Você não tem nada para se preocupar. Eu meio que estou fora do MC nesse momento, — eu brinquei, puxando a gola da camisa que eu iria tirar no segundo que eu voltasse para a caminhonete, porque enquanto vestir meu colete costumava ser como me envolver em couro macio, a blusa simples parecia que estava me estrangulando.

Ted assentiu, visivelmente relaxando quando ele finalmente conseguiu ver através de sua cabeça que eu não estava querendo agitar uma velha guerra entre homens idosos sobre algo que eu não dou a mínima.

— O que posso fazer por você? — perguntou ele com um sorriso, se afastando do motoqueiro Bones e virando o homem das ferramentas Ted.

Olhei ao redor da pequena loja, mas não vi qualquer coisa que eu poderia usar à primeira vista nas pequenas três prateleiras de autopeças. — Eu não acho que você tem uma seção de moto aqui. Eu estou precisando de algumas partes. — eu olhei para fora da porta e vi Thia na loja em frente, enchendo uma cesta vermelha.

Ted balançou a cabeça. — Não tenho peças de moto nas prateleiras, mas eu poderia ser capaz de fazer melhor. — ele passou por baixo do balcão e foi até uma porta que estava coberta com chaves em pequenos ganchos. Eu nem sequer percebi que era uma porta até que ele girou a maçaneta e abriu. Ted deu um passo para o lado e acenou para mim. Eu quase caí depois de ver o que estava do outro lado.

Era um cemitério.

Um cemitério de motos.

— A minha mulher não quer que eu tenha nada a ver com motos desde que eu deixei os Warriors, então ela me fez tirar tudo isso de casa. Ela acha que eu joguei tudo fora. — centenas de motos em diferentes estágios de ferrugem e podridão. Peças penduradas no teto e nas paredes. Havia peças e parte empilhada umas encima das outras.

— Eu não sou mais um soldado, mas eu nunca perdi meu amor à máquina que me fez querer andar em primeiro lugar, — disse Ted, me batendo na parte de trás. Rival MC ou não, Ted, o cara da loja de ferramentas que se vestia normalmente, era provavelmente a única pessoa na Terra que entendia o que eu estava passando.

— Esta sala deixa a porra do meu pau duro, Ted, — eu disse com uma cara séria.

Ted riu e caminhou de volta para o balcão. — Procure e pegue o que você precisa. Nós vamos resolver o preço quando eu vir o que você encontrou.

Só me levou quinze minutos para encontrar o que eu precisava na moto velha de Ted. Paguei e me despedi.

Joguei as peças na caçamba da caminhonete e limpei as palmas das mãos gordurosas no meu jeans. Olhei em volta por Thia, mas não a encontrei através das portas de vidro da loja. Dei um passo nessa direção quando um grito estridente atravessou o ar.

Eu alcancei dentro da cabine da caminhonete e agarrei minhas armas, correndo à velocidade máxima em direção ao grito.

Rumo à Thia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e dois

Thia

— Tire as mãos de mim, Buck! — gritei. Eu me debatia descontroladamente, dando socos e pontapés em qualquer lugar que eu pensei que eu poderia fazer danos em sua estrutura assustadoramente gigante. Meus pequenos braços e pernas não eram páreas para o pé grande que tinha me içado através de seus ombros como um saco de cimento, mas eu pensei que talvez, pelo menos, eu poderia fazê-lo parar e me ouvir. — Me ponha no chão! — eu pedi novamente.

Não tive essa sorte.

Apesar dos meus melhores esforços, Buck ainda conseguiu caminhar até a pequena sala que eu estava tentando o meu melhor não deixar que ele me enfiasse. — Nãooooooo! — eu protestei, estendendo a mão para agarrar a moldura da porta com toda a luta que eu tinha em mim. Me agarrei com tanta força que eu senti como se meus dedos fossem se soltar e saltar ao redor da sala como as bolas de metal brilhante em um jogo de pinball.

Com um último grunhido gutural, Buck deu mais um passo para dentro da sala e os meus dedos deslizaram da moldura da porta. Antes que eu pudesse ficar chateada, ele já tinha me afastado de seus ombros e me jogado na pequena cela de metal, batendo a porta. Eu pousei de lado no concreto frio, mas não fiquei lá por muito tempo, brotando do chão. Eu me agarrei às barras quando Buck apressadamente virou a chave de aparência velha na fechadura, o metal da chave fez um barulho agudo quando ele raspou contra o metal das barras, fazendo minha mandíbula doer e meus ouvidos parecem como se estivessem prestes a sangrar. — Eu tenho uma hora marcada com o delegado para o interrogatório. Você não pode me prender aqui!

— Você não acha que eu sei disso? Eu sou o delegado, pelo amor de Deus. Vamos voltar para ver o que aconteceu com seus pais, mas isso não é sobre isso. Isto é sobre um certo Sr. Carson, — disse Buck, apoiando as mãos na arma no cinto.

Merda.

— Você e eu sabemos que eu estava dentro dos meus direitos legais e, além disso, não é como se eu realmente tivesse machucado ele, — argumentei.

— Quantas vezes eu tenho que te dizer para me chamar de Delegado Douglas quando eu estou em trabalho? Oh, e aqui está algo que você não pode ter pensado: desta vez você não tem dez anos de idade e você não está pintando de rosa o novo John Deere de Griffin. Você atirou em um cara, Thia! O que você espera que eu faça? Que eu olhe para o outro lado enquanto ele está falando merda para o Dr. Sanderson? — Buck se se estatelou na frente da minha cela em uma caixa de madeira com o logotipo do feijão verde de Blue Mountain, a poeira da caixa soprando para o ar em torno dele.

Ele acenou, concentrando sua atenção em seu novo prisioneiro.

Eu.

A sala de trás do Stop-N-Shop dava para a estação do xerife. Prateleiras forravam cada polegada disponível do espaço da parede. Várias linhas de pintura descolorida marcavam o lugar em uma das paredes, onde algumas linhas de estantes tinham sido removidas para dar espaço para a velha mesa de madeira onde Buck e o xerife Donaldson deviam escrever seus relatórios.

Como funcionária da Stop-N-Shop eu sabia de fato que a caixa na prateleira acima da escrivaninha continha uma velha TV preta e branca que viu muito mais ação do que qualquer trabalho de papel já teve.

Não é como se alguma coisa acontecesse em Jessep de qualquer maneira.

A cela em si tinha uma cama retrátil que pendia em uma corrente e era apenas suficientemente grande para duas pessoas pequenas, ou um grande.

Se eu não tivesse abastecido as prateleiras para Emma May, eu teria vivido sem saber que a nossa pequena cidade tinha qualquer tipo de estação de xerife.

Ou a cela onde eu estava.

— Eu atirei nele, mas apenas na perna! — eu gritei, batendo meu pé como uma criança. — Ele quase não gritou.

Buck revirou os olhos e tirou seu chapéu de abas largas de xerife, revelando seus poucos cabelos que o fazia parecer vinte anos mais velho do que seus dezenove anos, e uma marca vermelha na testa de onde o chapéu tinha estado apertando a cabeça com muita força. Ele enxugou o suor do rosto com um lenço. — Ou a sua cabeça está ficando maior do que já é, Bucky, ou esse chapéu encolheu. De qualquer maneira, você precisa de outro antes que seu cérebro seja espremido através de seus ouvidos.

— Delegado DOUGLAS! — Buck corrigiu novamente. Desta vez mais baixo, enunciando todas as sílabas de forma dramática. Ele suspirou. — Você parece realmente sentir muito por tudo isso, — disse ele sarcasticamente.

Eu não estava. Nem um pouco.

A única coisa que eu gostaria de mudar sobre o que aconteceu seria que a próxima vez que eu sentisse o ligeiro vento da tempestade iminente, algo que eu geralmente considerava quando as latas amarradas no poste começavam a se sacudir, mas tinha estranhamente esquecido quando meu alvo se tornou vivo, respirando, da espécie humana. — A única coisa que eu sinto muito foi de ter errado o meu alvo. — eu bufei. Eu estava sendo uma pirralha, mas eu não me importei. Eu fui ‘adulta’ desde que eu tinha quatorze anos. Tanto quanto eu estava preocupada, estar trancado em uma cela por alguém que eu costumava compartilhar momentos na hora do banho, era uma boa ocasião para fazer jus ao meu tempo malcriado não utilizado.

— Thia, você ganhou todas as competições de tiro ao alvo em três municípios desde que éramos crianças. Você atirou bem na coxa. Eu chamaria isso de um erro bem grande, — disse Buck, se inclinando e apertando a ponte de seu nariz. Não era a primeira dor de cabeça que eu tinha causado a ele ao longo dos anos.

— Eu não estava apontando para a perna, eu estava apontando para as bolas dele! — eu gritei, cruzando os braços sobre o peito e me recostando contra as grades. Eu soltei um suspiro de frustração.

— Você não pode simplesmente sair por aí atirando nas pessoas, — disse Buck, como se eu fosse uma criança que precisava ser repreendida e ensinada uma lição.

Isso não é necessariamente verdade, eu pensei, minha mente vagando para a lagoa no meio da fazendo que agora detinha mais do que algas e velhas iscas de pesca.

Eu odiava que falassem baixo comigo. Fazia muito tempo que Buck e eu éramos amigos de verdade e uma vida atrás desde que ele sabia o que eu estava passando ou qualquer coisa sobre minha vida que lhe deu qualquer tipo de autoridade para me julgar ou falar baixo comigo como se eu fosse uma criança. Dei a Buck meu melhor sorriso falso. — Você sabe tão bem quanto eu que a lei do município afirma que eu posso atirar em qualquer um na minha propriedade por qualquer maldito motivo que eu quero. Essa é a única lei boa nesta cidade. Então ME. DEIXE. SAIR.

— Tenho certeza de que a lei não diz isso, — disse Buck, colocando o chapéu de volta em sua cabeça e se levantando.

— Eu sei que não é exatamente essas palavras, mas você sabe o que quero dizer, não aja como se você não soubesse o que eu estou falando. Todo mundo por aqui sabe disso. Aos olhos de qualquer caipira que escreveu essa lei, e quaisquer outros caipiras que manteve isso nos livros, eu não fiz nada de errado. — em vez de desbloquear a cela, Buck se virou e se dirigiu para a porta.

— Onde você está indo? — perguntei em pânico. — Você não pode me manter aqui dentro!

Buck balançou a cabeça. — Eu posso não te levar para ver o juiz amanhã, porque tanto quanto eu odeio admitir isso, a lei é a lei e você está certa, eu não posso te prender.

— Ok, então desbloqueie esta cela, — eu disse, estendendo a mão para Buck através das grades, colocando meu melhor olhar de me salve.

— Mas eu vou te segurar até você ver o xerife, me certificar de que você não vá a lugar algum até que possamos saber o que aconteceu na casa de seus pais. — Buck suspirou. — Por que você não me ligou? Eu poderia ter ajudado. Eu poderia ter feito alguma coisa, mas em vez disso você fugiu. Onde você foi?

— Eu só fui embora. Eu fui para... — quando eu tentei dizer algo, eu distraidamente corri minha mão sobre o anel de Bear.

— Você foi para ele, não é? — ele perguntou e eu olhei para baixo para onde ele estava olhando e soltei o anel da minha mão como se ele tivesse me pego fazendo algo decadente.

— Buck, — eu comecei a explicar e então eu percebi porque Buck estava realmente me segurando nessa cela.

— Thia, você sabe que dói você não ter vindo até mim, mas dói ainda mais você ter virado uma completa estranha. Passar algum tempo lá sentando e pensando, poder te fazer bem. — com um aceno em seu chapéu e o mesmo sorriso de lado que ele costumava me dar logo antes de queimar uma velha nas minhas costelas, Buck tinha ido embora.

— Isso é besteira! — eu gritei para a porta fechada. — Nós não estamos no jardim de infância mais, Buck. Você não pode simplesmente me deixar aqui por mais tempo, — eu disse, batendo as mãos contra as grades. Minhas mãos vibraram, doendo pelo impacto da sensível carne e osso contra o metal duro. Me inclinei e esfreguei as mãos juntas para aliviar a dor. Quando me levantei, percebi que Buck realmente não estava voltando.

— Merda! — eu disse, e sem pensar eu acertei a barra novamente, minha mão direita se transformando em um osso engraçado gigantesco17.

Toda a situação estava longe de ser engraçada.

O que realmente não era engraçado era o motoqueiro que provavelmente estava rasgando a cidade ao meio procurando por mim e o que ele faria com Buck se ele entrasse em seu caminho. — Buck! — eu chamei novamente, desta vez não porque ele precisava me soltar, mas porque eu precisava avisá-lo.

Mas já era tarde demais.

Houve uma agitação no outro lado da porta, seguido por uma pancada. — Onde ela está, idiota? — vociferou uma voz profunda familiar.

Ah, merda.

A porta se abriu e um Buck parecendo assustado apareceu na porta. Seus olhos arregalados e as palmas das mãos em sinal de rendição. Atrás dele, com uma arma firmemente pressionada entre as omoplatas, estava Bear. — Você está bem, Ti? — Bear perguntou através de seus dentes com seu nariz amassado em um grunhido.

— Estou bem. Bear, Este é Buck. O ajudante do xerife. Ele é o amigo que te falei. Bem, eu pensei que ele era um amigo até que ele me jogou aqui, — eu disse, envolvendo minhas mãos em torno das barras de metal frias.

— Quantas vezes eu tenho que continuar lembrando que você atirou em alguém? — Buck gritou de volta. Bear cutucou com sua arma e ele tropeçou para frente, agarrando as barras da cela para não cair. Buck se virou para olhar para Bear. — Você tem armas escondidas?

— Eu pareço estar escondendo alguma coisa, filho da puta? — Bear ferveu. Gesticulando com o queixo para o coldre que ele usava em torno de seus braços que ele não estava lá mais cedo. Ele deve ter pego seu coldre na caminhonete, mas eu não o tinha visto colocá-lo lá.

Buck levantou as mãos e deslizou para o chão, as costas contra as grades. — Escute, eu estou apenas fazendo o meu trabalho.

— Não, você não está, Buck. Sim, eu atirei nele. Mas ele estava na minha terra e não saiu quando eu pedi. Lei é a lei. Você não tem o direito de me manter aqui porque você acha que eu preciso de um tempo fora! Eu entendo que você está ferido, mas você tem que me deixar ir.

— Se ela não quebrou nenhuma lei. Eu sugiro que você a deixe sair dessa gaiola agora antes que eu quebre uma que você não vai viver tempo suficiente para me prender. — Bear advertiu.

As mãos de Buck tremiam quando ele pegou a chave do bolso e abriu a porta da cela. Bear estendeu a mão e me agarrou pelo braço, me arrastando para fora da cela e, em seguida, da sala. Deixando Buck no chão dentro da sala ele bateu a porta e a trancou do lado de fora.

Os passos de Bear eram largos e tinha que dar três dos meus apenas para m manter com ele. Seu aperto em volta do meu braço aumentou quando ele me arrastou em direção a caminhonete. Eu estava prestes a perguntar a ele o que havia de errado, mas algo me disse que eu não queria saber a resposta. Ele abriu a porta do passageiro e não esperou. Agarrando minha cintura, ele me jogou dentro da cabine e bateu a porta.

— Você estava gritando, — Bear disse através de seus dentes, entrando no lado do condutor e ligando o veículo.

— Sim, porque Buck estava sendo um idiota, — eu disse. — Ele está apenas ferido e tentando provar um ponto.

— Eu deveria voltar e matar esse filho da puta agora por colocar as mãos em você, — Bear disse, esfregando a parte de trás do seu pescoço com uma mão enquanto a outra estava branca por apertar o volante. Ele nos levou para a estrada e em poucos segundos estávamos longe da cidade.

— Ele não ia me machucar, — eu assegurei a ele. Eu estava ficando preocupada com o fato de que ele não estava olhando para mim. Eu fiquei mais preocupada quando ele ficou completamente em silêncio, o barulho de pedras saltando debaixo do carro soavas como balas na quietude.

— Você tem história com aquele cara? Ele era o seu namorado ou algo assim? — perguntou Bear.

— Buck? Não! Ele costumava ser meu amigo. Meu único amigo. Agora ele é apenas um idiota que trabalha para o xerife.

Sua mandíbula estava em uma linha dura, uma veia em sua testa saltou e sua garganta estava apertada com a tensão. Bear repente puxou para o lado da estrada e estacionou a caminhonete. Ele avançou para mim, minhas costas esmagadas contra a porta do passageiro quando pôs as mãos sobre minha cabeça na janela e olhou para mim. — Ele colocou as mãos em você. Você gritou. Ele não parou. Eu iria matá-lo sem pestanejar. Eu quase fiz. — os olhos de Bear escureceram, brilhando com intensidade. — Se ele te tocar mais uma vez eu vou fazer exatamente isso. Você me entendeu? Espere que eu vou quebrar os malditos pulsos ou acabar com a fodida vida dele, mas eu vou escolher qual. Você não. Entendido? — eu balancei a cabeça, não porque eu concordei com ele, mas porque eu sabia que ele quis dizer cada palavra. — Boa menina. Essa merda entre nós? Eu não tenho ideia do que é, mas é alguma coisa. É por isso que eu te dei meu anel de volta. Você sabe disso também, e é por isso que você não hesitou em colocá-lo novamente. — ao mencionar isso, eu senti o anel de caveira debaixo da minha camisa. — Mas, Ti, eu estou falando sério quando te digo isso, se você precisar atirar em alguém, eu vou estar feliz em ser quem vai atirar. — ele correu seu nariz ao longo da linha da minha mandíbula. — Essa porra está clara? — perguntou ele, se afastando, pegando meu queixo em sua mão, procurando meus olhos para a resposta.

— Sim, — eu sussurrei, perdida no que era que eu estava concordando, porque meus pensamentos estavam principalmente no fato de que Bear era apenas a centímetros do meu rosto.

Dos meus lábios.

Que foi onde seus olhos pararam quando minha língua saiu para molhá-los.

— Ótimo, agora me beije, — disse Bear, esmagando seus lábios nos meus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e três

Thia

Os lábios de Bear nos meus não era apenas algo incrível. Era um evento. Era mágico.

É por isso que eu precisava parar.

Tudo isso precisava parar.

Eu me afastei, mas ele não se mexeu, pairando sobre mim, respirando com dificuldade. Seus lábios brilhavam do nosso beijo, seu cabelo caiu em seu rosto. Seus músculos incharam quando ele se apoiou na janela acima da minha cabeça. Seus olhos azuis safira espelhavam o desejo cru. Eu sabia que ele tinha de ver isso no meu, porque era tão avassalador que eu senti como se estivesse prestes a rebentar da minha própria pele. — Você não pode fazer isso de novo. Eu não vou deixar. Se você está pensando em me beijar e ir embora para provar algum tipo de ponto sobre a piada que eu sou, então pare agora porque eu não vou deixar que ninguém mexa comigo.

Bear rosnou. — É isso que você acha que aconteceu quando eu deixei você na fogueira? Que eu estava jogando algum jogo do caralho?

— Sim.

— O único jogo que eu estava jogando era ser um cara legal, que eu admito é extremamente difícil ser e eu não entendo completamente todas as regras.

— Um cara legal? Você se afastou porque você estava bancando o papel do mocinho? Afinal, o que isso quer dizer?

— Isso significa que eu fui embora porque você foi machucada e ferida e eu beijar você, provar você, foi um erro.

— Oh.

— Não da maneira que você pensa, Ti. Foi um erro, porque eu estava a segundos de subir em você e forçar meu pau em sua buceta apertada e perfeita. Eu fui embora porque era a coisa certa a fazer, o que é novo para mim. Eu pensei que eu deveria me sentir bem em fazer a decisão certa, mas eu não senti, me arrependi de não tomá-la. Doeu pra caralho naquela noite. — eu subi e empurrei o cabelo do seu rosto que tinha caído em seus olhos e ele se inclinou para a palma da minha mão. — Eu ainda estou doendo.

— Não minta para mim.

— E não venha me dizer que você não sabe o que diabos você está falando. Porque me deixe te dizer uma coisa, Ti. Se eu não desse a mínima para você, eu teria ficado depois daquele beijo, depois que eu provei você. Eu teria fodido sua buceta virgem até que você não conseguisse andar direito, ver direito, pensar direito. Eu teria feito você ver Deus se eu achasse que tal merda existisse. Mas eu fui cuidadoso. Eu me importo. Então eu deixei você sozinha e fui embora.

— E agora? — perguntei, oprimida por sua confissão.

— Eu estou cansado de te deixar sozinha. — Bear emaranhou suas mãos na parte de trás do meu cabelo e puxou meus lábios para os seus. — Eu quero você. Ainda quero você, mais do que eu alguma vez quis algo. Já fui um homem morto andando com um preço na minha cabeça e eu estou andando com a porra de um pau duro durante todo o dia pensando em estar dentro de você. Naquela primeira noite, quando eu vi você na cama segurando o meu anel como se você estivesse se afogando e ele o seu colete salva-vidas, eu só sabia.

— Sabia o quê? — eu perguntei quando Bear inclinou para correr os lábios nos meus.

— Que você era minha. E desde antes, no dia em que nos conhecemos. Você era minha. Não da maneira que meu pau quer reivindicar você agora, mas de uma maneira que me fez me importar e eu não me importo com um monte de gente Ti, mas no primeiro dia? Eu gostei de você. Então, não, eu não vou apenas beijá-la e ir embora. — ele ergueu a parte de trás da sua blusa sobre a sua cabeça e a atirou ao chão. — Porque eu não vou parar de te beijar. Eu não vou parar até você ser minha em todos os sentidos do caralho. Vou tentar não te machucar, mas essa merda vai acontecer agora. Estou avisando que eu te quero tanto, a minha versão gentil ainda pode ser realmente muito duro. — os lábios de Bear novamente encontraram os meus e sua língua dançou com a minha. Meu coração corria no meu peito e eu estava tão molhada entre minhas pernas, minhas coxas internas deslizaram uma contra a outra enquanto eu tentei encontrar algum tipo de atrito, o que ia ser impossível, dado o grande corpo de Bear na minúscula cabine da caminhonete.

Ou assim eu pensei.

Bear sentou e me puxou para o seu colo então eu estava montando ele, sua enorme ereção cutucou contra o mesmo lugar que eu mais precisava dele. Eu joguei minha cabeça para trás e gemi, não me importando como eu parecia. Eu moí contra ele. — Porra, — ele rosnou e eu fiz de novo, amando a reação que eu poderia persuadir dele.

Eu vagamente ouvi a porta abrir e, em seguida, de repente eu estava no ar. As mãos de Bear estavam na minha bunda quando ele me levou para a caçamba da caminhonete e puxou a porta traseira pra baixo. Ele me empurrou em minhas costas, o metal frio mordendo minha pele nua. Ele balançou para dentro de mim, empurrando sua dureza contra o meu núcleo, criando uma onda de aperto no meu ventre.

— Eu não vou prometer uma coisa que eu não posso te dar, — Bear disse, sua mão serpenteando pela minha camisa e puxando sobre meu estômago. — Então você precisa me dizer para parar. Agora mesmo. Antes que seja tarde demais e eu não posso mais me segurar. Esta é sua última chance de fugir, menina. — Bear avisou, falando ao redor da minha boca, quando o nosso beijo se transformou em uma frenética posse dos lábios um do outro.

 

 

 

BEAR

Eu era egoísta. Eu era um idiota.

Eu precisava transar com ela mais do que eu precisava respirar.

Eu esperava que ela me dissesse não. Que me dissesse para ir para o inferno. Que me dissesse que ela percebeu que me deixar entrar dentro dela foi um grande erro e só traria sofrimento e dor.

A cadela estúpida não fez nenhuma dessas coisas.

— Sim, — ela gemeu, fechando os olhos e arqueando as costas para mim, empurrando os peitos dela no meu peito e meu monstro interior reviveu, querendo mais do que apenas foder. Eu queria possuí-la. Tê-la.

Reclamá-la.

Me inclinei perto de seu ouvido e sussurrei. — Sua estúpida, garota estúpida.

— O que isso faz de você? — ela sussurrou de volta.

— Eu? — eu ri, correndo a mão pelo lado de sua camisa, empurrando-a para cima e escovando a parte externa do seu seio com os meus dedos, — Eu sou o cara que está prestes a foder a estúpida, garota estúpida.

 

 

 

Thia

Ele estava certo.

Eu era uma garota estúpida, porque quando ele trancou a boca no meu mamilo eu me arqueei e todos os pensamentos racionais sumiram, ou o caminhonete, ou o que seja. — Você já foi tocada assim? — perguntou Bear, enganchando seus dedos dentro da minha calcinha. Eu balancei a cabeça, mal capaz de recuperar o fôlego. — Que tal assim? — ele perguntou, encontrando minhas dobras e em correndo as pontas dos dedos através da minha umidade e sobre o meu clitóris.

Eu estava em chamas. Cada nervo do meu corpo estava disparando, vivo e ativo e cada um deles queria que Bear me fizesse sua uma vez por todas.

Cada promessa que escorria de sua boca me fez sentir como se eu estivesse viva pela primeira vez em semanas, e não apenas uma pessoa que vive na terra dos mortos, mas uma pessoa viva de verdade, com necessidades e desejos. Aconteceu então que ambas as minhas necessidades e desejos estavam na mesma página.

Bear.

Seus lábios assaltaram minha boca, em seguida, se mudou para o meu pescoço, ele continuou balançar contra mim, o meu interior abrindo e fechando, meu núcleo apertando, os meus sentidos explodindo e tudo que eu podia ver na minha visão era Bear e quando ele empurrou um dedo dentro de mim eu deixei escapar um gemido que podia ser ouvido a três condados daqui.

— Você é tão apertada, baby. Na fogueira, quando você estava prestes a gozar na minha língua eu senti quão apertada você era, mas agora, com apenas um dedo... — ele empurrou mais e gemeu. — Sua buceta vai estrangular a porra do meu pau.

Bear empurrou a minha camisa para cima, expondo um dos meus seios para ele. — Seios perfeitos, — ele murmurou, mergulhando sua língua para a ponta do bico já duro. Como é que eu não sabia que mamilos poderia fazer isso? Eu senti como se eles tivessem uma conexão direta para o meu núcleo e cada vez Bear acariciou sua língua talentosa sobre minha carne, era como se ele estivesse acariciando meu clitóris. Ele enganchou o dedo dentro de mim e chupou meu mamilo em sua boca.

Puta merda.

— Sim, — eu disse. — Sim, por favor. Mais.

— Você vai ter mais. Muito mais. — Bear empurrou dentro de mim profundo, arrastando o dedo ao longo da frente da minha parede interna quando ele puxou e depois entrou novamente. Mais e mais rápido até que eu estava descaradamente montando sua mão. O dentro e o fora era uma doce tortura. Ele chupou meu mamilo enquanto sua mão trabalhava em mim até o aperto no meu estômago inferior se tornou quase doloroso.

Ele agarrou a minha nuca e me beijou como se ele estivesse me fodendo não apenas com seus dedos, mas a língua. Nós estávamos em guerra, uma guerra de paixão e desejo, raiva e ódio e todos os sentimentos que eu tinha pelo homem confuso desde que eu tinha dez anos de idade. A pressão se construiu e quando ele acrescentou o polegar para acariciar meu clitóris, eu gritei em sua boca quando uma explosão de prazer explodiu como uma bomba no meu núcleo, espalhando por todo o resto do meu corpo em ondas sobre ondas de puro êxtase como eu nunca soube que existia.

Eu ainda estava vendo estrelas quando Bear me pegou e me colocou no colo de novo, então eu estava montando ele, minhas pernas abertas sobre sua dureza pulsante fazendo meu interior tremer como se eu não tivesse acabado de ter um orgasmo e a mente soprando. — Você gozando é a coisa bonita que eu já vi, — disse Bear, empurrando um fio de cabelo do meu rosto e colocando-o atrás das minhas orelhas. Com uma mão ele levantou minha camisa e a jogou no chão da caminhonete.

— Eu preciso tirar isso de você agora. Eu preciso de você, babe. Eu preciso estar dentro de você, — disse Bear, a voz tensa e rouca, arrepios dançaram pela minha espinha. Ele puxou o cós do meu short com uma mão e eu levantei meus quadris para que ele pudesse removê-los e minha calcinha em um puxar.

Nós estávamos cara a cara, pele com pele. Ele sabia todos os meus segredos. Ele sabia exatamente quem eu era e cada vez que eu queria correr e me esconder dele, ele não tinha me deixado. Eu estava totalmente exposta, por dentro e por fora e, embora eu nunca tivesse estado nua perto de qualquer um desde que eu era criança, eu me senti mais confortável na caminhonete com Bear do que eu tinha estado totalmente vestida com mais ninguém em toda minha vida.

Os olhos de Bear estavam fortemente estreitos com luxúria quando ele deu um passo para trás para me olhar com satisfação e necessidade animalesca pura. Ele desfez a fivela e o botão de sua calça jeans. Com uma mão na minha garganta novamente, ele me empurrou até que minhas costas estavam contra o metal frio da caminhonete, a mão arrastando pelo meu peito, entre os meus seios, seu polegar novamente encontrando o meu clitóris e um gemido primitivo escapou da minha boca, não soando em nada como a minha voz normal. Eu podia sentir o cheiro de ferrugem das peças da moto acima da minha cabeça, os sulcos da caçamba da caminhonete cavando em meus ombros tornou difícil mover meus braços.

Não foi romântico.

Não foi florido.

Mas também não era mentira.

Era apenas nós.

Bear agarrou meus pés e, quando ele subiu em cima de mim, ele passou as mãos por dentro das minhas pernas, as espalhando para ele entrar entre as minhas coxas. É quando eu o vi. Tudo dele. Seu pau grosso e pesado saltou ligeiramente com seus movimentos, a ponta brilhando com a umidade. Seu dedo pareceu enorme e enchendo dentro de mim, não de jeito nenhum isso ia se encaixar, mas eu confiava nele e eu não me importava. Ele poderia me rasgar em duas, e eu ainda não iria me importar porque não era o que ele poderia fazer com o meu corpo que eu estava preocupada.

Era o que ele poderia fazer para o meu coração.

Ele parou e se apoiou com as mãos na parte de baixo dos meus joelhos, baixou a cabeça e passou a língua ao longo de minhas dobras, endurecendo sua língua e empurrando-a dentro de mim o mais longe que podia. Ele se afastou e lambeu os lábios. — Nunca provei nada melhor do que você, — disse ele e com as mãos dentro das minhas coxas, seus dedos massagearam minha carne sensível, espalhando minhas pernas, tanto quanto elas poderiam ir.

Ele me beijou. Duro e ansioso, sua ereção deslizando cima e para baixo minha umidade até que eu estava me contorcendo embaixo dele, a necessidade que havia sido saciada minutos antes estava agora de volta e cem vezes mais poderosa do que antes. Ele alcançou entre nós e agarrou a base de seu eixo, alinhando-o com a minha entrada. Sua pele era suave e quente e o contato era quase demais. A antecipação dele dentro de mim m fez arrastar as minhas unhas ao longo de suas costas. Ele gemeu e grunhiu e xingou no meu ouvido antes de empurrar para a frente, esticando a minha abertura até o ponto de dor, me enchendo com ele.

— Puta merda, Ti. Mais, abra para mim, — disse ele como se ele também estivesse em algum tipo de dor. Ele empurrou meus joelhos afastados até que eu estava tão aberta quanto eu poderia estar e Bear não perdeu tempo empurrando para frente em um impulso duro.

Ele realmente estava me rasgando. Isso dói. Muito.

Eu realmente não me importo.

Eu não poderia estar mais completa. Corpo e coração. Ambos felizes. Ambos em paz.

Ambos doloridos.

— Porra. Eu sabia que ia ser incrível, baby. Mas Jesus Cristo, sua buceta virgem realmente está me estrangulando, — Bear gemeu, as cordas do seu pescoço tensos e apertados quando ele empurrou até que ele foi tão longe dentro de mim quanto nossos corpos permitiam. — Nunca duvide que isso sempre me pertenceu. Você sempre me pertenceu, — disse ele, olhando nos meus olhos que estavam molhados pela dor e algo mais que estava borbulhando dentro de mim. Medo. Alívio.

Amor?

Eu não conseguia pensar porque Bear começou a se mover, saindo de mim e empurrando de volta, se enterrando ao máximo tudo de novo. A sensação de dor física ainda estava lá, mas se transformou em uma espécie de dor prazerosa. Cada vez que ele entrava em mim, ele percorria todo o caminho, me fazendo ofegar. Quando ele puxou, ele arrastou seu pau ao longo de cada feixe de nervos sensíveis dentro de mim, me fazendo gemer. Cada vez mais duro, mais e mais rápido ele empurrou e puxou para fora até que a minha visão ficou turva e minhas entranhas se apertaram em torno dele em ritmo com seus movimentos. Eu estava perdida no prazer. Eu estava perdida no momento.

Eu estava perdida em Bear.

Eu soube então e ali que não haveria como voltar a partir disso.

— Eu sinto você apertar em torno de mim, Ti. Eu sei que você está perto. Tenho pensado em te fazer gozar ao redor meu pau desde aquela primeira noite no apartamento. — ele empurrou dentro de mim, duro. Chegando entre nós, ele usou a ponta do polegar para esfregar círculos furiosos em volta do meu clitóris. Eu estava quase lá. Quase no limite. — Você é tão linda, — disse Bear, que desceu sobre mim e pressionou seus lábios nos meus.

Isso é quando eu me perdi.

Isso é quando eu gozei.

Seu polegar.

Seu pau.

Os lábios dele.

Ele.

Eu gozei até eu pensei que minhas entranhas iriam saltar. Eu gozei tanto que eu pensei que ia desmaiar. Eu gozei e gozei, e as ondas de prazer só aumentaram com cada pulsar da minha libertação. Ele me beijou e me fodeu e me reivindicou até que havia apenas uma verdade entre nós que Bear apontou quando ele disse: — Nunca duvide que esta buceta sempre pertenceu a mim. Você sempre pertenceu a mim.

Ele me beijou de novo, então ordenou. — Envolva seus braços em volta de mim. — eu fiz o que ele disse e passei meus braços em volta do seu pescoço. Ele colocou as mãos na parte de trás das minhas coxas, me levantando ligeiramente para fora do chão da caminhonete, me inclinando para que ele pudesse empurrar ainda mais fundo. Mais e mais rápido ele empurrou dentro e para fora até que nós éramos um barulho de lábios e dentes e até que ele inclinou a cabeça para trás e abriu a boca soltando um rugido gutural que me fez pensar que eu iria gozar de novo. Com um último impulso enlouquecido, ele continuou ainda dentro de mim, pulsando duramente, me enchendo com carinho e satisfação, amor e confusão.

Me enchendo com ele.

— Ti, — Bear gemeu, respirando com dificuldade.

Ele tinha feito o que ele se propôs a fazer.

Ele me afirmou.

Corpo e alma.

Lá fora, no leito daquela caminhonete enferrujada no lado da estrada, com apenas o cheiro das laranjas podres e a brisa quente como nossas testemunhas, naquele momento não havia mais como esconder, como negar a verdade.

Bear estava certo.

Eu sempre tinha sido sua.

 

 

BEAR

Minha

 

 

Thia

Estávamos nus, ofegantes e em um monte de membros emaranhados. Meus braços repousavam sobre algum tipo de peça que Bear tinha comprado para a moto. Ele estava entre os meus seios.

Ainda dentro de mim.

Ele levantou o rosto e olhou para mim. Ele levantou seu anel que tinha caído para o lado. — Eu ainda não posso acreditar que você guardou todos esses anos.

— Nunca tirei, — eu disse. Então eu desejei que eu não tivesse dito isso, percebendo o quão patética me fez soar. — Eu quero dizer...

— Você nunca o tirou? — perguntou Bear, seus olhos azuis tão brilhantes que rivalizavam com a cor do céu sem nuvens.

— Não, — eu respondi honestamente. — Eu disse aos meus pais que eu achei, não era como se eles realmente se importassem, eles tinham outras coisas com que se preocupar. Buck é a única pessoa que sabia a verdade por trás disso. Eu acho que é por isso que ele estava todo chateado antes. Com raiva que eu corri para você em vez de pedir ajuda dele.

— E me diga alguma coisa. Seja honesta, — disse Bear. Um nódulo estava se formando na minha garganta enquanto ele brincava com o anel, o virando mais e mais em sua mão. — Você realmente atirou em um cara? — ele disse com uma risada.

— Sim, foi estúpido, mas ele era da Sunnlandio. Ele tentou comprar a fazenda já que eles tinham cancelado os contratos e ela se tornou inútil.

— Foi uma fodida armação.

— Basicamente. Acho que eu deveria ter pensado primeiro, disparado depois, mas eu estava tão puta.

— Então você pode atirar? — perguntou Bear, beijando seu caminho em torno do meu umbigo, sua barba arranhando minha pele.

— Sim. Meu pai me ensinou. Ganhei algumas competições quando eu era mais jovem. Filha de um fazendeiro da América.

— Soa como um site de namoro caipira.

— É mesmo, né? — eu perguntei com uma risada.

— É tão sexy saber que você pode atirar, — Bear disse, deslizando para fora de mim e pelo meu corpo. Meu núcleo apertou como se não querendo deixá-lo ir. — Tão, gostosa, — Bear disse novamente, desta vez sobre o meu clitóris.

Sua calça jeans tremeu e com um gemido, ele se aproximou de mim e para o bolso. Ele pegou um telefone e olhou para a tela. Ele franziu a testa. — Temos que ir. — a brincadeira de um momento anterior tinha ido embora. Sua mandíbula dura estava em linha reta mais uma vez. Ele me jogou minhas roupas. — Vista-se, — ele ordenou. — Agora.

— O que está acontecendo? Quem era no telefone? — perguntei, puxando minha camisa e correndo para a extremidade da caminhonete para pegar meus shorts.

— Mais Bastards estão vindo.

— Eles mandaram mensagem para você? — perguntei, confusa. Bear puxou sua calça jeans e pulou da caminhonete. Ele me levantou a porta da bagageira e fechou.

— Não, eles disseram à Cash, — disse ele, me atirando o telefone que ele tirou do corpo de Cash para manter o controle sobre o MC. Eu olhei para a tela.

ESTAMOS CHEGANDO.

Saímos para Logan’s Beach na caminhonete do meu pai sem voltar para a moto de Bear, que ele havia escondido na parte de trás sob uma lona velha. Bear não disse uma palavra. Ele fumou um cigarro e continuou verificando os espelhos retrovisores. Ele ligou para King para dizer que estávamos a caminho e ele estava esperando por nós do lado de fora da garagem quando chegamos. — Eu vou estar de volta, vá para o apartamento e por Deus do céu, me escute e fique lá, — Bear ordenou, mas quando eu olhei em seus olhos eu vi mais do que uma ordem. Eu vi um apelo.

— Tudo bem, — eu disse, um pouco mais acentuada do que eu queria. Eu fui para o apartamento e King e Bear saíram da garagem, fechando a porta atrás de si.

Ray me trouxe um pouco de comida, mas saiu rapidamente, porque as crianças estavam em casa sozinhas. Troquei os canais na TV antiga e olhei as páginas de uma velha revista de 2007.

Tomei banho e vesti uma das camisetas de Bear, me aconchegando na cama. Eu não iria conseguir dormir sem saber onde ele estava. Eu queria sair, descobrir onde ele estava, mas eu também queria manter a minha promessa.

Então eu fiquei.

Era bem depois da meia-noite quando ouvi a porta do quarto abrir e fechar. Eu não podia vê-lo na escuridão e eu não sabia o que dizer. O que perguntar. O colchão afundou quando Bear se sentou na beira da cama. O ouvi lançar suas botas, então o tilintar de sua fivela de cinto enquanto ele tirava suas calças jeans. Uma brisa fresca lambeu minhas costas quando ele levantou os cobertores, mas foi rapidamente substituído pelo calor de Bear quando ele veio atrás de mim, me surpreendendo quando ele estendeu a mão e agarrou a minha cintura, me arrastando contra seu peito. Ele estava nu. Sua ereção se contorceu no segundo em que entrou em contato com a minha bunda. Ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça, a sua mão espalmou para fora sob minha camisa, sobre a pele do meu estômago inferior.

— Onde você estava? — eu sussurrei.

— Tentando concertar a merda. As coisas meio que mudaram. Planos precisam mudar, — disse Bear, ouvi-lo reconhecer o que tinha acontecido entre nós mais cedo me fez capaz de relaxar em seu aperto.

— Você tem um novo plano?

— Ainda não, — Bear disse com um suspiro.

— Qualquer coisa que eu posso fazer para ajudar?

— Isto. Isso ajuda, — disse ele na parte de trás do meu pescoço e eu arqueei para trás em sua ereção agora dura. — Você está bem? — ele perguntou, serpenteando a mão entre as minhas pernas. — Aqui, eu quero dizer. Eu fiquei um pouco louco antes e esqueci de perguntar.

— Eu estou bem, — eu disse. E eu estava. Eu estava um pouco dolorida, mas nada que pudesse compensar a magnitude do que tinha acontecido entre nós.

— Ótimo, porque eu preciso entrar em você, Ti. — Bear passou a língua na parte de trás do meu pescoço e meus lábios se separaram quando ele chupou a ponta do meu lóbulo da orelha em sua boca. Ele empurrou um dedo longo dentro de mim. — Porra, a sua buceta já está tão molhada para mim, — Bear disse, acariciando meu clitóris.

Eu gemi. — Vou fazer isso rápido e duro, — ele murmurou contra a minha pele. Ele levantou minha perna e empurrou para dentro de mim, alongando e me enchendo. Ele começou a bombear em mim antes do meu corpo estar pronto para ele e a mordida de dor fez cada impulso de Bear se tornar tortuosamente erótico.

— Nunca senti nada assim, Ti. Quero transar com você e beijar você, tudo ao mesmo tempo. Não sei o que isso é, mas isso me faz querer mantê-la preenchida com meu pau todo o dia e te deixar molhada com minha porra. Eu quero te marcar. Eu quero possuir você. — ele grunhiu enquanto suas estocadas se tornaram mais duras, mais frenéticas, mais erráticas.

Só mais.

— Que porra você está fazendo comigo? — ele perguntou em um suspiro irregular.

Faíscas apareceram atrás dos meus olhos e Bear deve ter percebido que eu estava perto porque ele esticou o braço e circulou meu clitóris com dois dedos até que me desfiz em torno dele. — Porra, isso é tão bom, — ele gemeu, encontrando a sua libertação dentro de mim, me puxando tão perto para ele que eu pensei que ele iria quebrar uma das minhas costelas.

Eu não iria querer isso de nenhuma outra maneira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e quatro

BEAR

Eu estava dizendo a verdade quando eu disse a Ti que eu não tinha uma fodida ideia de qual plano seguiríamos. Merda tinha mudado tão rapidamente. Com ela, e se eu estava sendo honesto, comigo mesmo.

Eu queria falar com King na noite anterior, mas ele tinha clientes indo e vindo toda noite, então eu sentei no banco sozinho com uma garrafa intocada de Jack no chão ao meu lado, tentando descobrir o meu próximo passo, e nas horas que passei lá embaixo tudo o que eu descobri foi que eu não sabia merda nenhuma.

Ainda não de qualquer maneira.

Meu novo plano era simples. Que nos encontraríamos com Bethany, a advogada, e de lá iríamos seguir.

Nós lidaríamos com a lei primeiro.

Depois sem lei.

— Onde diabos você acha que está indo? — eu lati quando Ti saiu da garagem e passou onde eu estava agachado na calçada tentando concertar a minha moto. King tinha enviado um caminhão de reboque para trazê-la do galpão da casa de Ti e, felizmente, ele voltou sem levantar suspeitas. Eu limpei o suor na testa com o pano do meu bolso de trás e acendi o cigarro que tinha estado pendurado em meus lábios. Eu encarei as longas pernas musculosas de Ti e a porra do meu pau saltou como sempre acontecia quando ela estava por perto.

Deus amaldiçoe, ela era linda.

E ela era minha.

— Eu estava procurando por você. — ela cruzou os braços sobre o peito, pressionando os seus seios sem sutiã contra o tecido da camiseta que eu tinha dado a ela para vestir na noite anterior. — Eu acordei e você não estava. Você sabe que não há problema em ser legal. Você não tem que fugir o tempo todo.

— Eu não durmo muito, — eu disse, me levantando e dando uma tragada de meu cigarro. Eu me senti mal por mentir para ela, mas a verdade era que quando eu a vi sair eu tive um flashback dela tentando fugir e eu imediatamente me emputeci.

— Eu não consigo dormir com seu rabo apertado pressionado contra o meu pau. Você precisa de algo? — eu perguntei, dando outra tragada no meu cigarro e deixando a nicotina invadir meu cérebro. A verdade também era que tinha sido dias desde que eu cheirei a última vez e a dor de cabeça que eu estava ostentando fazia parecer que o mundo estava gritando comigo.

Ela olhou para baixo. — Sim. Não. Quero dizer... sim?

— Ti, fala logo, — eu disse, olhando para ela rapidamente. As contusões em torno de seu olho eram pouco visíveis. Cada minuto que passava ela parecia mais e mais fodível, e agora que eu realmente tinha ela, tudo o que eu queria era mais.

Eu costumava pensar que eu queria sair desse mundo em uma explosão de balas e glória. Agora eu acho que queria ir com as bolas bem fundo na minha menina.

Minha menina.

— Podemos apenas... por hoje, podemos simplesmente, fingir? — ela perguntou, balançando para trás sobre os calcanhares e mordendo o lábio.

— Fingir? Fingir o quê? — eu dei uma tragada no meu cigarro e deslizei minha outra mão no meu bolso de trás, me inclinando contra a lateral da garagem.

— Vamos fingir que eu sou apenas Thia Andrews, uma menina cujos pais não estão... — ela olhou para longe e fungou, sacudindo a cabeça. — E você é apenas Bear, e você não está chateado com o mundo. — ela sorriu e inclinou a cabeça para o lado. — Não hoje de qualquer maneira.

Eu procurei seu rosto por uma piada, mas não havia sinais de uma piada.

Ela desenhou um círculo no cascalho com seus chinelos. — Hoje eu quero ser uma garota normal e você pode ser um menino normal e vamos fazer tudo o que as pessoas normais fazem. Não conseguimos pensar presos em toda a merda ruim que está acontecendo. — ela fechou a distância entre nós e veio para ficar debaixo de mim, olhando para cima com olhos verdes suplicantes. — Por favor, Bear. Por favor. Apenas me dê isso hoje. Seja normal comigo. Só por hoje.

A ideia era absurda, eu nem sabia o que era normal. Normal era o que eu estava lutando desde que eu tinha deixado o clube. Eu não sabia como diabos ser normal. Eu abri minha boca para lhe dizer exatamente isso, mas a dor em seus olhos quando viu a rejeição vindo me quebrou.

Ela balançou a cabeça e se virou. — Não importa. Eu sabia que você não...

Estendi a mão e agarrei seu pulso, a puxando de volta para mim. — Vá colocar algumas roupas, — eu disse. — Esteja de volta aqui em vinte minutos. — eu parecia um idiota novamente, dando ordens a uma menina que só queria sair como uma garota normal, mas depois de anos realmente sendo um idiota, era um hábito difícil de quebrar.

— Sério? — ela perguntou, saltando sobre as bolas de seus pés e sorrindo de orelha a orelha. A menina não tinha nenhum ponto de maquiagem, não havia uma coisa falsa sobre ela e ainda assim ela era mais bonita do que qualquer supermodelo que eu já vi na capa de qualquer revista e sem mencionar a mais incrível buceta do caralho que eu já tive o prazer de afundar meu pau.

Eu realmente preciso começar a pensar em outra coisa...

— Vinte minutos, — eu repeti, tossindo quando meu coração traidor pulou uma fodida batida.

Quem é você? Um pré-adolescente?

Com seu novo sorriso brilhante estampado em seu rosto, ela se virou e pulou de volta para a garagem escura em direção ao apartamento.

Eu pisei no meu cigarro com a minha bota e me dirigi até a casa principal. — Espere! — Ti chamou. Me virei para encontrá-la do lado de fora novamente. — Aonde você vai? — ela perguntou.

Eu apontei para a casa principal. — Você quer ser normal hoje, certo?

— Sim?

Eu comecei a andar de novo, chamando Ti de volta. — Então, eu tenho que ir descobrir o que diabos é que as pessoas normais fazem.

 

* * *

 

Ray tinha me olhado como se eu tivesse brotado uma cabeça extra quando lhe perguntei onde ela achava que eu deveria levar Ti. — Bear, eu tenho dezenove anos, tecnicamente viúva, noiva e com três filhos. Isso não é normal, não importa como você olhe para isso. — ela disse.

Ela tinha razão.

Eu não podia levar Ti a qualquer lugar remoto, então eu decidi sobre o Parque Estadual Rosinus. Tinha gente o suficiente para que se o MC soubesse onde estávamos, eles ainda não fariam um movimento.

— Aqui, use isso, — eu disse, entregando a ela um boné de beisebol preto.

— O que? Isto é suposto ser uma espécie de disfarce? — ela perguntou.

— Só coloque isso, — eu disse, olhando para ela enfiando seu cabelo através da abertura na parte de trás.

— Você pode me reconhecer? — ela perguntou sarcasticamente.

— Espertinha.

— Ok, então onde está o seu ótimo disfarce? — ela perguntou.

Eu puxei a camiseta preta de gola V sobre a minha cabeça. — Sim.

— Uma camisa? Seu disfarce é uma camisa?

— Sim.

— O engraçado é que eu posso realmente ver como isso poderia funcionar, — disse Ti, me olhando para cima e para baixo.

— Sério?

— Não! — ela abriu a porta e correu para fora da caminhonete, pulando em cima da mesa de piquenique mais próxima, seus seios saltando enquanto dançava ao redor.

O parque era pequeno, não mais do que cinco acres com uma área tipo praia, exceto que em vez de areia era coberto com pinheiros que chegavam até um enorme lago. Pinheiros altos estavam alinhados à beira da água, a cada dez árvores uma tinha sido removida para dar espaço para uma mesa de piquenique ou banco. Havia pessoas ao redor, mas não muitas para tornar o lugar lotado, apenas o suficiente para fazer testemunhas.

Ti estendeu os braços e respirou fundo, inalando o ar fresco. Ela olhou para mim quando me aproximei e meu peito se apertou.

— Este lugar é perfeito, — disse ela, me piscando outro sorriso brilhante. Ela pulou para a bancada da mesa e caminhou até a borda, saltando drasticamente antes de aterrar em seus pés no chão como se ela fosse uma ginasta, levantando os braços acima da cabeça e dando um passo para trás como se ela estivesse nos Jogos Olímpicos.

— Sete, — eu disse, segurando um cartão de pontuação falso.

— Até parece, motoqueiro, — ela zombou. — Esse foi, pelo menos, um onze. Sete? Por favor! — ela pulou de volta para outro banco e apontou o dedo indicador no ar. — Vamos para as fitas! — ela anunciou, na fila de repetição imaginária.

— Desculpe, — eu disse, sugando o ar entre os dentes e balançando a cabeça de um lado para o outro. Eu estava abaixo dela, meu rosto apenas polegadas de distância do topo de suas coxas. — Os juízes revisaram a fita, e todos concordam. Embora tivesse sido um dois... — eu disse, a virando pelas pernas, de modo que ela estava de costas para mim. — Mas você tem os pontos extras, porque eu realmente gosto do seu traseiro estar no nível dos olhos. — virei a cabeça para o lado e descansei minha bochecha na bunda dela como se fosse um travesseiro no qual eu queria tirar uma soneca.

Porque era.

Eu não era capaz de permanecer na imagem fenomenalmente sexy do meu rosto pressionado contra a bunda dela nua por muito tempo porque ela chegou por trás e deu um tapa na minha cabeça com seu boné como se eu fosse uma abelha zumbindo em torno de suas pernas. — Bear! — ela gritou, brincando, pulando para baixo e, em seguida, correndo ao redor, segurando seu bumbum como se estivéssemos em um vestiário e ela estava se protegendo de um golpe iminente de uma toalha.

— Assistir você pular é desgastante, — eu disse, alcançando no meu jeans e puxando os meus cigarros. Acendi um e soltei a fumaça para longe do meu rosto.

— Mamãe costumava me chamar de seu pequeno feijão saltitante porque nunca poderia me fazer sentar, — admitiu ela, finalmente se sentando em cima da mesa de piquenique.

— Encaixa, — eu disse, sentindo como se eu fosse capaz de relaxar agora que o feijão saltitante tinha parado de saltar.

Eu dei uma tragada do meu cigarro e soprei a fumaça. Tinha me levado uma eternidade para descobrir para onde levar Ti. Tanto tempo que o sol já tinha começado a se por no horizonte. Eu gostava da noite. Eu gostava do escuro. Fumar no escuro sempre teve mais apelo para mim do que fumar durante o dia. Talvez tivesse algo a ver com a possibilidade de ver a fumaça contra o fundo escuro do céu noturno. Ou talvez fosse ser capaz de ver a brasa da ponta do cigarro ou a chama amarela brilhante quando eu usava meu isqueiro. Fumar era familiar para mim. Me sentia bem.

Também me fazia lembrar de casa.

Eu ficaria na merda em fazer um daqueles anúncios de serviço público antitabagismo.

Ti se recostou sobre a mesa, fechando os olhos como se estivesse absorvendo os raios que há muito desapareceram com o sol baixando.

— Eu sinto que você sabe tanto sobre mim, — disse ela, embora eu não achasse que isso fosse verdade. Eu não acho que eu não sabia nem metade do que fazia Thia Andrews feliz. — Mas eu não sei muito sobre você.

— Você sabe mais do que qualquer um, — eu disse, e isso era realmente verdade, com exceção de King e talvez Dove. No pouco tempo que eu passei com ela, ela aprendeu mais sobre mim do que os homens no clube.

Homens que deveriam ser meus irmãos.

A maioria dos quais eu conhecia desde o dia em que nasci.

Eu me inclinei em meus cotovelos, da mesma forma que Ti tinha feito, absorvendo os mesmos raios imaginários. Uma estranha sensação de calma tomou conta de mim. Eu queria queimar o sentimento em minha memória, porque eu sabia que não iria durar. Após a reunião de amanhã com Bethany, planos precisavam ser feitos.

Decisões precisam ser feitas.

Rapidamente.

Meu telefone tocou. — É Bethany, — eu disse a Ti, segurando o telefone até minha orelha. — Sim, — eu respondi.

— Nós temos um problema, — disse Bethany. Olhei para Ti, que felizmente não tinha ouvido. Eu me levantei e saí casualmente.

— Vá em frente, — eu disse tão calmamente quanto eu poderia falar.

— Ela já não é procurada para interrogatório, — Bethany estalou.

— Isso é ótimo, — eu disse, olhando sobre Ti que sorriu.

— Não, ela não é mais procurada para interrogatório porque há um mandado de prisão.

Porra.

— Eles terminaram analisando a arma e eles chamaram alguma CSI de Atlanta. Há apenas três digitais em toda a casa e apenas duas em ambas as armas. A da mãe de Thia e a dela e desde que a mãe está morta...

— Como é que vamos avançar a partir daqui?

— Ela se entrega. Eu tento conseguir tantos favores como possível e, nesse meio tempo eu vou montar uma estratégia de autodefesa no caso disso se mover a julgamento.

— Existe uma alternativa? — perguntei, olhando para as árvores como se eu estivesse realmente interessado nos pinheiros fodidos que vinham crescendo nesse parque desde antes de eu nascer.

— Eu tenho outra ideia, — disse Bethany, — Mas você pode não gostar. Na verdade, você não vai gostar nada disso. — eu não tenho que gostar disso. Ti estava morta se ela fosse presa. Poderia muito bem levá-la para o MC e despejá-la no portão.

Não ia acontecer.

— Fala, — eu disse.

— Como você está com esta menina?

— O quê? — Perguntei.

— Eu preciso saber se este é um caso ou uma foda ou se engravidou ou eu preciso saber se este é o negócio real, confie em mim. É importante.

Olhei para Thia e não tive que procurar muito para a resposta. Ela tinha pego um dente de leão18 e estava soprando no vento, as penugens voando quando a brisa soprava as pequenas pétalas brancas.

— Bem sério.

Eu deixei Bethany contar a sua ideia, em seguida, desliguei o telefone e caminhei de volta para Ti. Eu prometi a ela um dia normal e eu iria dar a ela, não importa o quê. Nós ainda tínhamos o hoje.

Amanhã não.

Mas tínhamos hoje.

— O que a senhora advogada disse? — Ti perguntou quando eu me sentei ao lado dela.

— Só para ter certeza de chegarmos na hora certa amanhã. Ela é uma espécie de defensora de detalhes, — eu disse, o que era verdade, eu apenas não adicionei a parte sobre os policiais que estariam lá esperando com um mandado.

Eu pensei sobre fugir. Colocar Ti na parte traseira da minha moto e sair do estado tão rápido como minha moto podia nos levar. A alternativa que Bethany ofereceu não era muito bem uma alternativa.

A escolha que tive que fazer era fácil.

Também seria um fim a algo que ainda não tinha tido a chance de começar.

— Acho que isso é um ponto bom em um advogado.

— Acho que sim, — eu disse.

— Então, como eu estava dizendo, — disse ela, me tirando dos meus pensamentos. — Eu não sei nem mesmo qual é sua cor favorita. — ela parou no meio da frase para me olhar por cima, minha camisa, botas, e calças jeans, que eram todas pretas. — Ok, esquece, então sua cor favorita é preto, mas qual é o seu filme favorito? Feriado favorito? Na verdade, eu nem sei quantos anos você tem.

Eu ri e balancei a cabeça.

— Ok bem, mas além de ser um motoqueiro mau que tem problemas com seu pai, e tem olhos que poderia derreter o bloqueio de um cinto de castidade, eu não sei muito sobre você e você sabe tudo sobre mim, então vai. Derrame o feijão, Bear. Lave a sujeira. Reparta as coisas boas. — Ti ordenou, me cutucando com seu cotovelo afiado. Ela puxou as pernas para cima da mesa e abraçou os joelhos contra o peito.

— Derreter o bloqueio de um cinto de castidade, hein? — perguntei, levantando minha sobrancelha para ela sugestivamente.

Ela revirou os olhos. — É a única coisa que eu sei de você. É apenas uma expressão.

— Uh huh, que eu nunca ouvi, — eu provoquei, me sentindo um pouco mal quando seu rosto começou a ficar vermelho. Limpei a garganta. — Mas eu nunca ouvi falar da metade da merda que sai da sua boca.

Ela encolheu os ombros. — Você não é a primeira pessoa a me dizer isso. Meu pai costumava dizer isso o tempo todo.

— Ok, Ti. Você ganhou, — eu disse, mudando de assunto. — Mas meu filme favorito é uma pergunta difícil, que categoria que estamos falando?

— Todas, — disse ela com um sorriso. — Comece com drama.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. — A senhora é exigente.

— Sim, sou, — disse ela. — Aposto que é Scarface. É Scarface?

Eu ri. — Pergunte a qualquer outra pessoa no clube e eu acho que essa é a resposta que dariam a você. Mas eu gosto dos clássicos. Assisti a um monte de filmes de faroeste enquanto eu crescia. Eu não tenho um favorito, mas qualquer coisa com Clint Eastwood e quanto mais velho melhor.

— Faroeste? Eu tinha certeza que você ia dizer O Poderoso Chefão ou Scarface.

— O que diabos há de errado com Faroeste? Faroeste é foda.

— Oh sim, me diga, por que os Faroestes são foda? — disse Ti, fazendo aspas da palavra foda.

— Porque por trás no velho oeste, os homens eram homens reais. Eles tomavam conta da situação. Eles cuidavam dos seus negócios, ganhavam respeito e acabavam com qualquer um que entrava em seu caminho. Os cowboys foram os primeiros caras a terem coragem de virarem sem lei e dizer tudo para a sociedade. — eu segurei meu cigarro entre os lábios e puxei a minha camisa, apontando para uma das tatuagens em minha caixa torácica. — Esta foi uma das minhas primeiras tatuagens.

Thia engasgou. — Clint Eastwood? Você tem uma tatuagem do Clint Eastwood? — ela cobriu a boca com a mão. — Quer dizer, eu vi você sem camisa e eu sabia que era um retrato, mas eu não percebi que era realmente Clint Eastwood.

Eu puxei minha camisa para baixo e dei uma tragada no meu cigarro. — Ria o quanto quiser, Ti. Clint Eastwood foi Chuck Norris antes que houvesse um Chuck Norris.

— Oh meu Deus, por favor, não me diga que você tem uma tatuagem do Chuck Norris, — disse ela, agarrando seu estômago e continuando a rir às minhas custas.

Eu amei esse som.

Queria me lembrar desse som.

— O que há de errado com uma tatuagem do Chuck Norris? — eu brinquei.

— Oh, eu não sei. Ele é ummm... — comecei a rir quando ela tentou recuar.

Eu poderia tê-la deixado lutar um pouco mais de tempo, ela parecia adorável quando ela estava nervosa, mas eu estava tendo problemas para manter uma cara séria. — Eu só estou zoando com você, — eu finalmente disse.

Ela soltou um suspiro de alívio. — Oh, graças a Deus. Eu não sabia como eu iria sair dessa.

— Ok, então agora você sabe o meu favorito, então qual é o seu? Mesma categoria.

Thia sorriu tão grande e brilhantemente que achei que sua boca estava prestes a engolir seu rosto. — Eu tenho dois.

— E...? — eu pressionei.

— Scarface e O Poderoso Chefão.

Eu ri mais naquele dia do que eu ri nos últimos vinte e sete anos, tudo por causa da menina com o cabelo rosa louco.

A garota que eu tinha me apaixonado.

Porra.

— Você é diferente, Ti, — eu disse, quando nós dois recuperamos o suficiente para falar novamente. — Mas eu soube disso desde o dia em que te conheci.

— Você quer dizer o dia que seu amigo apontou uma arma em mim, — ela corrigiu.

— Sim, eu quero dizer o dia que a versão pequena sua quase atirou em um motoqueiro sete vezes o seu tamanho, — eu disse.

— Bem, está certo. Ele não deveria ter tentado roubar uma criança, — argumentou.

— Tecnicamente, ele estava tentando roubar uma loja, não uma garota, — retruquei.

Ela me lançou um olhar que dizia ‘oh, por favor’. — Então você está dizendo que se fosse Emma May no balcão as coisas teriam de alguma forma acabado melhor? Porque eu posso te dizer agora, não teria sido melhor para Skid ou Skud ou Skuzz ou o que quer que o nome dele era, porque Emma May é uma atiradora de primeira, ela não quer nem saber de conversa. Pergunte ao primeiro marido dela. — ela arranhou o queixo e franziu o nariz. — Ou o quarto...

A maneira que Thia falava com as mãos me fez lembrar de um personagem que você encontraria em uma história em quadrinhos.

Um com peitos muito, muito agradáveis.

— Vê o que eu quero dizer? — eu apontei. — Eu nunca ouvi ninguém dizer esse tipo de merda que você diz. É apenas... diferente.

— Diferente, — ela disse a palavra lentamente como se estivesse examinando-a, virando-a em sua língua. Ela girou uma mecha de seu cabelo em torno de seus dedos. — Diferente não é apenas uma palavra melhor para louca pra caralho? — perguntou ela, o rosto sério.

Ela olhou para seus pés.

Estendi a mão e levantei seu queixo para que ela pudesse olhar para mim.

Para que ela pudesse me ver.

— Não, eu disse diferente e isso é exatamente o que eu quis dizer. No meu mundo isso é uma coisa boa. Não, isso é uma grande coisa do caralho. Você não é como as outras meninas, certamente nada como as BBB. — quando Ti franziu o nariz em confusão, eu continuei. — Beach Bastard Bitches, prostitutas do clube, — eu esclareci. — Quando eu tenho certeza que você vai reagir de uma maneira sobre alguma coisa, você continua me surpreendendo, fazendo o oposto completo e eu sou um homem difícil de surpreender, — eu disse, apagando o cigarro na parte inferior da minha bota.

— Eu aposto que você diz a todas as meninas como elas são diferentes. Aposto que isso funcionou mil vezes. — Ti puxou o queixo para longe e olhou para a mesa, na tinta vermelha antiga que estava descascando na superfície. Houve uma pitada de ciúme que penetrou em sua pergunta, e se isso tivesse saído da boca de qualquer outra pessoa, eu provavelmente já teria terminado a conversa e saído no segundo que a pessoa perguntasse. Mas isso não veio de qualquer outra pessoa.

Veio de Thia.

Era... fofo.

Eu poderia ter mentido para ela e dito que ela era a única garota a quem eu disse isso, mas já havia uma mentira persistente entre nós, ou melhor, uma omissão da verdade da minha parte, e eu não queria acrescentar à pilha crescente. — Havia uma garota, apenas uma. Ela era diferente, mas não da mesma maneira que você. Eu pensei que ela poderia ser diferente para mim também. — eu admiti em voz alta pela primeira vez, lembrando da dor que eu senti quando vi King e Ray foder contra o pilar sob a casa na noite em que tentei fazê-la minha, e falhei.

— O que aconteceu? Por que acabou? — ela perguntou, olhando para cima de onde ela tinha acabado de tirar uma enorme casca da pintura, expondo uma faixa azul brilhante sob o vermelho.

— Meu melhor amigo a engravidou. Eles estão noivos. — eu disse, e então eu esperei. Mas isso não veio. O arrependimento. A amargura que geralmente seguia todos os pensamentos do meu melhor amigo estar com a garota que eu achei que gostava.

Nada.

— Você quer dizer King e... Ray? Você e Ray?

— Não, eu e Ray nada. Nunca sequer começou. Era uma ideia na minha cabeça. Uma ideia que foi extinta rapidamente. Eu nunca me importei com uma mulher em toda a minha vida e meio que confundi os meus sentimentos para algo que não era.

— Sinto muito, — disse Ti e eu realmente acreditava que ela estava sentia, qualquer amargura ou inveja havia desaparecido de sua voz.

Eu balancei minha cabeça. — Não sinta. Estou feliz por eles.

Eu realmente quis dizer isso.

— Ti, você está com ciúmes? — eu provoquei, embora eu soubesse que ela não estava. Eu cutuquei um pouco demais e ela quase caiu da mesa, mas se recuperou rapidamente, usando as mãos para recuperar o equilíbrio.

Eu oficialmente perdi a minha maldita cabeça. Não só eu estava flertando, mas eu recorri a empurrá-la como uma paixonite na escola na adolescência.

— Não, eu não estou com ciúmes, — ela argumentou. — Eu não deveria ter sequer perguntado. Não é da minha conta. Além disso, você não precisa dizer a uma menina que elas são diferentes para conseguir elas na cama, você provavelmente apenas sorri e diz ‘querida’ e as calcinhas começam a cair, — disse Ti, cruzando e descruzando as pernas que me fez querer afastá-las e afundar o meu rosto em seu calor apertado.

Eu coloquei minha mão sobre a dela para acalmar a sua divagação, mas quando nossas mãos se encontraram eu não esperava a energia estática que provocou entre nós a partir de um simples toque. Ti olhou para mim e seu queixo caiu.

Ela sentiu isso também.

Eu tentei tirar minha mão, mas eu simplesmente não conseguia.

Melhor ainda, eu não queria.

Eu apertei minha mão em torno da dela que era muito menor e a puxei para o meu colo, ela gritou de surpresa. Eu quase me esqueci o que eu estava prestes a dizer quando notei que meus lábios estavam alinhados perfeitamente com aquele pequeno ponto recuado, onde seu pescoço e ombro se encontravam. Ela lutou para sair de mim, mas eu a segurei firme e me inclinei o mais próximo que pude, sem chegar a tocá-la. — Você está certa, você sabe. Eu nunca na minha vida disse qualquer coisa para uma garota que não fosse a verdade para consegui-la na minha cama, — eu disse contra sua pele.

Ti estremeceu. — O que você dizia a elas? — perguntou ela, inclinando a cabeça para me conceder mais acesso à seu pescoço. Sua pergunta me pegou de surpresa.

— Você quer exemplos? — eu perguntei com uma pequena risada. — Ok, eu vou te dizer. — eu peguei seu pescoço com uma mão e a segurei firmemente na cintura com a outra. Ela cheirava a algum tipo de merda feminina que estava deixando meu pau ainda mais duro do que já estava por ela estar no meu colo. Cada pequeno movimento de sua luta enviou outra onda de sangue para meu pau. A conversa que estávamos tendo estava fazendo muito pouco para aliviar a pressão atrás do meu zíper. Eu sabia que eu ia deixar ela molhada e vazando com a minha porra antes de sequer chegarmos na caminhonete.

Corri o meu nariz ao longo do seu ombro e até o pescoço em direção a sua orelha, onde fiquei oficialmente louco, porque eu sussurrei as palavras que eu realmente tinha dito às mulheres antes de fodê-las sem sentido, contra o ponto sensível atrás da orelha. — Eu apenas dizia a verdade. O que eu queria delas. O que eu queria fazer com elas. — e então as palavras caíram de meus lábios. — Tire suas roupas e fique em seus fodidos joelhos.

— O quê? — perguntou Ti nervosamente, um pouco sem fôlego.

— Isso é o que eu digo quando eu quero foder. — eu tirei o cabelo do seu pescoço, roçando meus lábios e as minhas palavras sobre sua pele sensível que estava fica viva com arrepios quando eu fiz o meu caminho de uma orelha para a outra. — Eu dizia a elas para me foder. Me chupar. Montar meu pau. Se curvar e levantar a saia. Me fazer gozar. — ela engasgou e eu sabia que minhas palavras estavam tendo um efeito sobre ela, especialmente quando seus movimentos se tornaram devagar e lutando por mais do atrito contra mim para algum alívio.

— Continue. Me conte mais. O que mais? — perguntou ela, fechando os olhos, deixando cair a cabeça para o lado.

Ver Ti excitada era além de belo.

Isso era glorioso.

A agarrei pela cintura, girando-a no meu colo para me encarar. Suas pernas estavam em volta de mim como eu esperava que estariam.

Ela abriu os olhos e, em seguida a boca para dizer algo sobre a nossa súbita mudança de posição, mas eu corri a ponta do meu dedo indicador em toda a sua clavícula, seguindo o contato com um leve toque dos meus lábios, deixando escapar um suspiro que eu não sabia que eu estava segurando quando ela novamente fechou os olhos e começou lentamente a balançar para frente e para trás no meu colo, me fazendo assobiar entre os dentes com a sensação. Eu não queria que ela saísse de toda essa realidade nebulosa onde nós estávamos, porque nessa realidade, Ti tinha as pernas em volta de mim e estava moendo sua buceta no meu pau, e estava tão excitada pelas minhas palavras brutas e toques simples que eu podia sentir o espaço entre as pernas dela ficar mais quente e mais úmida quando nós continuamos com o que diabos é que estávamos fazendo, e se eu fizesse as coisas do meu jeito, nós nunca iríamos parar.

Estávamos completamente vestidos.

Estávamos em um lugar público.

No entanto, o pequeno espaço que nós estávamos compartilhando cheirava a sexo.

À buceta.

À buceta de Ti.

Eu gemi em seu cabelo e meu pau endureceu até o ponto de dor, mas não foi suficiente para me fazer parar.

Eu nunca quis parar.

— Abra suas pernas, — eu continuei, minha voz saindo tensa e áspera. Cada polegada de mim doía para rasgar seu shorts ali mesmo na mesa de piquenique e enterrar meu pau tão profundamente dentro dela que ela seria capaz de senti-lo em sua garganta. — Me mostre sua buceta. — eu sabia muito bem que eu estava falando com ela agora, e não repetindo merdas que eu tinha dito no passado.

Seus lábios se separaram e ela virou o rosto para cima em direção ao céu, continuando rebolando encima de mim. Para cima e para baixo, ela lentamente se arrastou contra mim e até mesmo através do meu jeans e shorts dela eu senti o calor da sua buceta contra o meu pau duro.

Foi o pensamento de como seria a sensação de estar fazendo a mesma coisa com Ti, sem roupas no caminho, que me levou à beira de explodir a minha carga bem ali. Eu peguei um punhado do seu cabelo e eu usei como rédeas, a puxando tão perto quanto possível, enquanto eu continuava a falar contra a sua pele arrepiada. — Eu vou fazer você gozar tão duro, que vai doer. — ela se inclinou para trás, empurrando seus seios em direção a mim. Aumentei meu aperto na cintura dela.

Ela gemeu novamente e desta vez os meus quadris involuntariamente empurraram para cima com o som, batendo meu pau contra ela com tanta força que a dor irradiou pelo meu eixo. Completamente valeu a pena, porque o som que saiu da boca de Ti foi francamente animalesco. Foi mais um rugido do que um gemido, algo tão primordial vindo de um lugar tão profundo dentro dela que explodiu na forma de um som que me fez balançar sob a tremenda quantidade de necessidade que continuou se construindo e construindo.

Minha pequena provocadora do caralho.

Eu estava cego de tudo à nossa volta e tudo que eu podia ver, tudo o que eu podia sentir, tudo que eu conseguia pensar era em foder a minha menina novamente. — Eu quero você, — eu suspirei. — Quero transar com você. Tão duro.

Ela colocou a mão sobre sua boca quando ela percebeu o quão alto ela tinha gemido, mas eu a puxei. — Ninguém pode te ouvir, — eu disse, olhando em volta para onde as únicas outras pessoas no parque, um casal de adolescentes a pelo menos dez mesas de distância. — Você pode gritar tão alto quanto quiser. Além disso, eu gosto quando você grita. — o sol tinha acabado de se por, mas verdade seja dita, poderia estar claro como o dia com mil pessoas em pé ao redor assistindo e eu só teria parado quando a polícia viesse para nos arrastar para longe.

Péssima linha de pensamento.

— Eu quero te provar novamente. Eu vou fazer você gritar meu nome até que você fique rouca. E quando você achar que não é fisicamente possível gozar de novo ou você vai quebrar... eu vou fazer você voltar... e eu vou quebrar você.

Ou eu vou morrer tentando.

— Bear, — Ti gemeu, se contorcendo contra mim. Eu iria gozar se ela não parasse, mas quando eu abri minha boca para dizer a ela para parar, nada saiu.

Eu estava tão varrido com a sensação dela contra o meu pau que levei alguns segundos para registrar o farfalhar nas proximidades.

Eu vi os canos de suas armas antes que eu visse quem estava segurando.

Eu rosnei contra seu ouvido, — Finja que o momento acabou, baby.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e cinco

BEAR

Eu sabia o momento Thia registrou que não estávamos sozinhos porque suas pernas ficaram tensas ao redor da minha cintura. Me virei para enfrentar a ameaça e cheguei atrás de mim, empurrando seus joelhos para, mantendo o máximo dela escondido atrás de mim que eu podia. — Fique quieta, — eu pedi.

Cheguei no cós da minha calça para minha arma, mas eu mal tinha escovado a alça quando o primeiro atirador surgiu dos arbustos vestindo um colete dos Bastards.

— Melhor não, Bear, — disse Mono, um sorriso grande e gordo em seu rosto grande e gordo. — Mãos fora da porra da arma ou eu começo a disparar agora e as chances são, de que se eu fizer isso, a pequena atrás de você vai estar tão cheia de buracos de bala como você vai estar. — ele parou cerca de três metros na nossa frente.

Eu soltei minha arma e agarrei meu isqueiro em vez disso. — Só pegando os meus cigarros, cara, — eu disse, acendendo outro cigarro. — Você pode dizer a Harris para sair dos arbustos do caralho, — eu disse, apontando para as árvores. — Eu sei que os gêmeos irlandeses nunca viajam sozinhos e, além disso, eu posso ver a cabeça calva do idiota brilhar daqui. — os joelhos de Ti balançaram contra as minhas costas e eu empurrei de volta contra ela para aliviar os nervos, mas sua agitação só se intensificou.

Harris surgiu a partir das árvores com o mesmo sorriso estúpido em seu rosto barbudo e vermelho e se juntou à seu irmão, levantando sua pistola enquanto se aproximava.

— Chop colocou vocês dois atrás de mim? Eu pensei que ele tinha pelo menos enviado alguém com um fodido cérebro, mas ele envia os malditos gêmeos para fazer seu trabalho sujo?

Mono e Harris se juntaram ao MC quase ao mesmo tempo que eu recebi meu patch. O nome ‘Irish Twins’ não tinha nada a ver como eles se pareciam porque eles nem eram da mesma família e além de suas cabeças carecas e barbas vermelhas, eles não poderiam se parecer mais diferentes. Mono tinha cerca de um e oitenta e era atarracado, enquanto Harris tinha um pouco mais de um e cinquenta, mas era muito mais magro. Eram suas personalidades que eram idênticas, desde a música fodida que eles ouviam sempre explodindo de seus quartos no clube, à cerveja escura e amarga que eles gostavam.

Mono se aproximou e sorriu, seus dentes amarelos de tártaro. — Você não foi tão difícil de encontrar, você sabe, você poderia ter tentado fugir.

Eu bufei e dei uma tragada no meu cigarro. — Eu estive na cidade por semanas. Eu estava bem debaixo do nariz de vocês o tempo todo, seus estúpidos.

Harris entrou na conversa. — Mais fácil acabar com você quando King não está na sua bunda, embora eu adoraria levar essa buceta como um dano colateral de civis.

— Há apenas um punhado de lugares que você poderia ir. Até tínhamos olhos sobre aquela velha idiota que você tanto gosta.

Grace.

— Estou realmente surpreso que vocês, dois idiotas do caralho, me encontraram, — eu disse. — Vocês dois não conseguem encontrar a porra dos seus paus a metade do tempo. De jeito nenhum vocês me encontraram sozinhos. — Mono bufou e se aproximou até que nós estávamos quase peito a peito. Havia dois rastreadores que o MC usava e eu pedia a Deus que fosse Gus, porque se fosse Rage não haveria como eu sobreviver aos próximos minutos.

Rage nunca perdeu um alvo.

Nunca.

— Você está prestes a morrer, filho da puta, — ele cuspiu. — Se você fechar a boca do caralho e aceitar a sua morte como um homem, então talvez nós não vamos matar essa coisa bonita atrás de você quando terminarmos de brincar com ela.

— Você não vai tocar nela, porra, — eu avisei.

— Recue ou você vai morrer assistindo Mono transar com ela antes de enfiar uma faca em sua garganta, — disse Harris, se movendo para o lado da mesa de piquenique para dar uma olhar em Thia. Ele lambeu os lábios e chupou os dentes de cima.

— Não, — eu rosnei, mas depois senti um puxão na cintura de trás da minha calça.

Não. Sua estúpida. Não.

Isto é tudo culpa minha. Ti ia morrer porque eu menti para ela quando ela era criança. Porque eu tinha que mantê-la em minha vida uma vez que ela entrou no meu caminho.

Foi por causa de mim que iríamos morrer.

Mono e Harris não pareceram perceber que era Ti e ela não pareceu entender a minha mensagem telepática, então quando senti um puxão final libertando minha arma, eu sabia que era agora ou nunca. Nós iríamos sobreviver porque tínhamos que sobreviver.

Porque Ti tinha que sobreviver.

Não importa. O que.

— Eu vou me mover, eu vou me levantar, — eu disse. Dando um passo lado largo em direção à Harris, obstruindo sua visão de Ti.

Ti disparou.

Corri para Harris e felizmente eu já tinha minha mão em sua arma e estava lutando com ele quando uma arma disparou. Eu caí em cima dele e no segundo que eu fui capaz de pegar a arma de sua mão eu girei sobre ele, colocando uma bala em sua testa.

Eu virei para trás e esperei ver Mono caído, mas ele não estava no chão. Ele estava de pé. O sangue estava escorrendo do seu ombro. Seu bom braço estava enrolado em torno de Thia, uma faca em sua garganta. — Que porra é essa que você acabou de fazer! — Mono rugiu, a faca na pele dela e filetes de sangue descendo por seu pescoço.

— Solte ela ou eu vou explodir sua cabeça do caralho. — eu avisei, virando a arma para ele. Era um blefe e ele sabia disso. Eu não tinha uma boa chance. Não havia como matá-lo sem correr o risco de acertar Ti também.

Mono riu e era baixo e maligno. — Eu não me importo. — ele deu de ombros, os olhos presos e, mim. — Olho por olho e tudo mais. — Mono apertou ainda mais em Ti, os nós dos dedos dele brancos apertando a faca quando ele começou a arrastá-la pela garganta. Corri para eles, mas eu não seria capaz de alcançá-los a tempo.

— Nãooooooooooo!

Um tiro foi disparado e os olhos de Mono rolaram em sua cabeça e o lado do pescoço dele explodiu. Seu olhar ficou em branco quando ele soltou Ti e caiu de lado na terra.

— Ti! — eu disse, correndo para ela e pegando-a do chão.

— Eu estou bem? — ela perguntou como se fosse uma pergunta e não uma declaração. Examinei onde o sangue estava escorrendo de seu pescoço. O corte era cerca de metade de uma polegada de largura. — Não é profundo. — eu suspirei de alívio. Talvez um ou dois pontos.

Obrigado fodido Deus.

— Quem o matou? — perguntou Ti apontando para Mono quando eu a peguei e a segurei firmemente ao meu peito. Passando por cima do corpo de Mono, eu a levei de volta para a mesa e a coloquei no chão para examiná-la por outras lesões. — Quem? — perguntou Thia novamente, olhando ao redor em busca de mais Bastards.

Eu não precisa olhar em volta, porque eu sabia exatamente quem atirou em Mono.

— Fui eu. — uma voz familiar disse com um leve sotaque espanhol. Eu me virei para me encontrar cara a cara com Gus. — E de nada, porra.

 

 

 

Thia

Foi a primeira vez que eu tinha visto Gus desde que ele me salvou de Chop naquela noite. — Que desperdício, — disse ele, olhando para os dois corpos sem vida de quem Bear tinha chamado Mono e Harris. Gus tinha arrastado um deles ao lado do outro, então agora eles estavam deitados lado a lado em suas costas.

Bear continuou a procurar o meu corpo por feridas que não estavam lá e eu tentei recuperar o fôlego.

— Oi. Eu sou Gus, — Gus disse, sem tirar os olhos de cima dos corpos. Seu tom de voz era plano e ele falava mais baixo do que a maioria das pessoas.

— Eu me lembro de você, — eu disse e Gus simplesmente assentiu.

— Eu estava rezando para que eles usassem você e não Rage, — Bear disse depois de finalmente estar satisfeito que eu não estava sangrando de qualquer lugar além da pequena ferida no meu pescoço. Ele virou para mim e empurrou o cabelo do meu rosto, descansando sua testa na minha.

— Essa foi uma jogada estúpida, — disse ele.

— Bear, — eu comecei a discutir.

— Me deixe terminar, — ele interrompeu. — Foi um movimento estúpido que eu estou feliz que você fez ou nós estaríamos mortos agora. — ele se afastou e puxou um baseado do seu bolso. Ele não acendeu, em vez disso, ele passou para Gus que chegou por trás dele para pegar, seus olhos ainda colados nos corpos quando ele acendeu e deu uma tragada profunda.

Gus se ajoelhou ao lado dos motoqueiros e me surpreendeu quando ele correu o dedo indicador no rosto ensanguentado de Mono, deixando um rastro branco em sua bochecha através do vermelho pegajoso. Ele se afastou e segurou o dedo sangrento no nariz. Fechando os olhos ele inalou o sangue como se ele estivesse cheirando um vinho fino. — Que vergonha, — ele repetiu, abrindo os olhos. Ele usou um trapo do bolso de trás para limpar o sangue de seu dedo.

Na noite que Gus me salvou do MC, ele era apenas uma sombra, sem rosto, sem corpo. A memória distante de uma explosão e um passeio em uma van.

Gus era agora uma pessoa respirando de pele morena e cabelos escuros, grande o suficiente para deslizar para frente. Sua franja pendurava no alto da testa. Sua altura era quase a mesma que a minha. Ele não estava usando um colete, apenas uma camisa azul e branca de flanela e jeans claros com botas amarelas. Ele não era atraente, não da mesma forma que Bear era. As bochechas rechonchudas de Gus estavam revestidas com a barba escura de alguns dias sem fazer, sem contar que ele era mais pesado do que a sua estatura mediana. Uma tatuagem ornamentada decorava a tenta do lado direito. Os brancos de seus olhos pareciam brilhantes d contra a escuridão de suas pupilas grandes.

Eu estava ciente de que ele não piscou muitas vezes e me encontrei olhando para seus olhos tentando pegá-lo no ato.

— Eu deveria ter torturado eles, começando pelos dentes. Eu teria tomado o meu tempo e começado a partir de trás. A parte de trás é um bom lugar para começar a puxar. Molares são os mais dolorosos e mais difíceis de extrair. Eles também são os mais sangrentos e quando o sangue escorre goela abaixo, sufoca e a asfixia aumenta o medo. Você pode sentir o cheiro no ar. — ele balançou a cabeça e olhou para Bear. — Teria sido bonito.

— Tenho certeza de que teria sido, cara, — disse Bear, se recostando contra a mesa, obviamente utilizada para as esquisitices de Gus.

— Você me deve, — disse Gus, parando na nossa frente. — Duas. — ele acrescentou, levantando dois dedos, sua voz nunca subindo ou caindo com suas palavras.

— Duas, — Bear concordou. — Com a tempestade de merda que está vindo em minha direção eu não acho que vai ser um problema.

Gus se virou para mim e eu estendi minha mão. — Nós nunca fomos devidamente apresentados. Eu sou Thia, — eu disse, limpando a garganta para remover qualquer vestígio de nervosismo em minha voz. Gus olhou para a minha mão e saltou para trás como se estivesse segurando uma aranha.

Bear colocou a mão no meu braço e o empurrou para baixo. — Gus não aperta mãos, — disse Bear, quando Gus balançou a cabeça freneticamente de um lado para outro, os punhos enrolados em bolas sob o queixo enquanto ele se afastava de mim.

— Você tem medo de mim? Eu acabei de ver você matar um cara então esfregar o dedo no sangue dele. — eu apontei.

Gus descruzou os braços de si mesmo quando viu que eu não estava com a mão estendida e se levantou, alisando sua camisa já lisa. — O sangue é limpo. O sangue é bonito. Sangue é vida e ver a vida escorrer e desaparecer é um presente que eu gostaria de me dar o mais rápido possível. Mãos são sujas. Tão sujas. Como quartos de motel. — ele divagava, engasgando quando ele mencionou ‘quartos de motel’, virando a boca na dobra do cotovelo. Ele respirou fundo, concertando dentro de si mesmo o que foi que eu tinha quebrado tentando apertar sua mão. — Você sabia que a maioria dos quartos de motel são cobertos de fezes e sêmen? — perguntou Gus do nada. — E eu não estou falando sobre a cama. Dependendo da idade do motel e do número de quartos disponíveis e da quantidade de lugares de estacionamento, em um momento ou outro toda superfície tinha sido coberta quer por sêmen ou fezes, ou ambos.

— Bem olá para você também, Gus, — Bear disse com uma risada.

— É verdade, — disse Gus, se virando para Bear. — E não é engraçado. Agora você me deve três. — Gus deu outra tragada no baseado e o passou de volta para Bear que segurou entre seus lábios e inalou até a brasa vermelha na ponta gotejar com cinzas.

Ele falou quando ele exalou. — Eu sei que não é engraçado, cara. O que também não é engraçado é que, se não fosse por Ti agarrando minha arma e você aparecendo, seríamos um par de cadáveres empilhados em sua pilha agora.

— Eu mantenho minhas promessas, — Gus disse: — Você salvou minha vida.

— Nunca duvidei de você, irmão, mas você não tem que tirar o seu colete por mim. Eu nunca teria te pedido isso. — Bear disse, apontando para a blusa de Gus.

— Eu não o tirei por você. Tirei por mim mesmo.

— Por quê? — eu entrei na conversa.

— Porque eu descobri quem é o rato.

— Que rato? — perguntei.

— Aquele que alimentou Isaac com informações e, em seguida, Eli. Aquele que tentou me matar duas vezes, mas ainda não consigo terminar a porra do trabalho, — Bear me informou. — Mas isso não importa agora, porque Chop quer me matar.

— Três vezes, — corrigiu Gus.

— O quê? — Bear perguntou, suas sobrancelhas enrugadas com a confusão.

— Três vezes, — disse Gus. — A primeira vez foi quando ele deixou Isaac entrar no clube quando ele sabia quais os planos de Isaac eram. A segunda vez foi quando ele disse à Eli onde você estava. A terceira vez foi hoje, agora.

Bear se sentou em silêncio e deu outra tragada no baseado, esfregando a testa com o polegar. — Poooooooorra! — ele gritou, se levantando da mesa.

— Eu não entendo, — eu disse. — O que você sair do MC e o rato tem a ver um com o outro... — eu parei quando a realização me bateu.

Bear olhou para mim e balançou a cabeça.

— O rato é... — eu comecei, mas parei quando tudo fez sentido.

Bear rosnou e terminou a minha frase.

— Meu velho do caralho.

Gus assentiu. — Chop. Chop é o rato.

Tanto para algo normal.


Capítulo vinte e seis

BEAR

— Então o seu velho estava querendo acabar com você muito antes de você desistir do colete? Por quê? — perguntou King, acendendo um baseado e passando para mim. — Isso não faz qualquer sentido do caralho.

— Eu sei. Tem que ser mais do que isso. Meu velho é um filho da puta, mas ele não é estúpido. O problema agora é que não podemos mais ter informações. Gus entregou o colete. Ele está fora, o que significa que eu não tenho ninguém do lado de dentro. — nós estávamos em seu estúdio de tatuagem e eu tinha acabado de contar o que aconteceu no parque. Felizmente, Gus estava muito ansioso para lidar com a limpeza por conta própria, então deixei isso por conta dele. — Não é como se essa porra importasse. Se ele quer me ver morto, ele me quer morto, a razão não é mais importante. O único problema real é que ele está disposto a passar por Ti para chegar até mim.

— Mas por que Thia? Você tem outras pessoas que ele pode chegar. Eu. Grace. Ray. Por que escolher ela?

— Porque Chop é um filho da puta, mas ele não é estúpido também, ele deu uma olhada nela e sabia... — fiz uma pausa. — Ele está seguindo o código, ou pelo menos ele está fazendo parecer aos irmãos que ele está, entretanto ele está indo pelas costas, planejando me matar por sabe quanto tempo agora.

— Mas isso ainda não faz sentido. Como ele poderia passar por Thia para chegar até você... — King começou, mas parou quando eu lhe lancei um olhar compreensivo. Ele respondeu à sua própria pergunta. — Meninas no clube, old ladies, até mesmo as BBB19, todas são consideradas civis. Ela é um jogo justo, tanto quanto ele está preocupado porque ele pensou que você iria reivindicá-la.

Coloquei minha cabeça contra a parede. — Eu a reivindiquei.

— Ah merda.

Me levantei do sofá e fingi estar interessado no novo esboço que King estava trabalhando para terminar o braço de Ray. Havia todos os três nomes de seus filhos tecidos em uma árvore dos manguezais na baía.

— Nunca pensei que veria esse dia do caralho, cara.

— Foi estúpido. Duas vezes agora e eu não vai acabar em qualquer momento.

King riu e fez sinal para eu trazer o baseado de volta para ele.

Eu o empurrei em sua mão. — O que é tão engraçado, porra?

— Me deixe perguntar uma coisa, cara. De todas as meninas que você já fodeu, com quantas você já se envolveu?

— Nenhuma. Nenhuma, porra, — eu admiti.

— É engraçado porque é assim que você sabe. Nunca pensei sobre isso com Ray. Nunca passou pela minha cabeça e, honestamente, se tivesse, eu não dou a mínima para as consequências. Qualquer coisa para mantê-la ligada a mim estava tudo bem para mim. Eu posso não ter sabido disso no início, mas eu tenho certeza como a merda que eu sei hoje.

— Agora você tem três filhos, cara. Dois dos quais estão rasgando a casa bloco por bloco.

— Sim, é muito foda. Mesmo não tendo pensado em ter qualquer um, — disse ele com uma risada.

— Eu não estou pensando em ter filhos agora. Estou pensando em como manter essa garota viva.

— Sua menina.

— Sim, minha menina! Eu disse isso, isso faz você feliz agora?

— É um começo, — disse King. — Então você pensou sobre o que Bethany disse para você? Porque se você vai fazer isso, então você precisa dizer a ela. Ela deve saber o que está por vir. Existem coisas que você precisa passar por cima com ela. Eu estive lá, cara. Você não quer deixá-la no escuro.

Acendi um cigarro. King estava certo, mas eu não tinha ideia de como começar a conversa com ela. — Eu tenho outra coisa em mente, — eu disse.

— Se você está pensando em fazer algo estúpido, não, — King advertiu.

— Estúpido era a tomar em um lugar público e quase se matar. Estúpido foi fazer uma promessa para uma criança de dez anos que eu nunca teve a intenção de manter. Estúpido é cada coisa de merda que eu já fiz na minha vida até este ponto. Eu tenho que mantê-la segura. — Eu apaguei meu cigarro no cinzeiro na mesa de café. — Nada estúpido sobre isso.

 

* * *

 

Thia estava na casa para ajudar Ray com as crianças ou jantar ou alguma coisa, para ser honesto, eu não estava prestando atenção porque eu estava muito focado no fato de que, se não fosse por Gus ou o raciocínio rápido de Ti, ela não retornaria respirando agora. Eu estava muito ocupado pensando com o meu pau em vez de me preocupar em mantê-la segura.

Você estava pensando com seu coração, imbecil. É outro órgão útil em seu corpo. Preppy me informou.

Eu fiz uma promessa a mim mesmo que, apesar de toda essa merda ter começado como uma mentira, eu manteria a minha promessa a ela. Eu iria protegê-la, mas eu fiz uma promessa a mim mesmo também. Eu não apenas iria protegê-la, mas eu não iria deixá-la ser sugada para a minha vida. Ela era melhor do que isso.

Melhor que eu.

Eu queria mantê-la segura.

Eu simplesmente não poderia mantê-la para mim.

Trinta minutos e uma mensagem de texto mais tarde, uma mão foi envolvida em torno do meu pau.

Eu bebi diretamente da garrafa de Jack até que eu não me importava, nem a mão profissional me masturbando não estava funcionando. Porque Ti iria a qualquer momento entrar e ver que tipo de homem eu realmente era. Eu estava esperando ter bebido o suficiente para não ver o olhar de dor em seus olhos. Não registrar o olhar de decepção em seu rosto.

Por que eu ainda me importava?

Ela sabia que eu tinha planejado sair a partir do momento em que nos conhecemos. Eu nunca disse a ela que tinha mudado. Eu nunca prometi a ela que eu iria ficar.

Ou que ela iria ficar.

King ficou preso por anos. Eu o fiz prometer que ele iria me pedir ajuda nos problemas que tivesse porque eu poderia protegê-la por agora, mas não seria capaz disso quando não estivéssemos mais juntos.

Porra, por que isso é tão ruim?

— Mmmmmmmmm... — murmurou a garota quando eu não estava prestando atenção nela me masturbando. Eu não estava nem mesmo duro.

Toda vez que eu começava a acordar de qualquer autoindução de coma que eu tinha me colocado, meu estado recém-consciente sempre trouxe uma onda de decepção com ele.

Não é que eu queria morrer. Eu só queria viver em um estado de esquecimento. Era pedir muito? Estar no esquecimento era não ter pensamentos de ser um motoqueiro sem um lar. Estar no esquecimento era não ter pensamentos confusos sobre Ray, embora nos últimos dias eles tivessem começado a desaparecer.

Estar no esquecimento era definitivamente não tê-la.

Eu queria que fosse a mão dela no meu pau e eu imaginava que era, vivendo em minha imaginação e na mentira por apenas alguns momentos mais ignorantes.

Jodi me acariciou. Ou era Dee? Danni? Denise?

Independentemente da experiência que eu estava usando para me fazer parar de ser macio e suave. Pensei nos lábios cor de rosa pálido e cabelo loiro morango, mas cada vez que ela aparecia atrás de minhas pálpebras fechadas, ela desaparecia com a mesma rapidez.

Eu gemi em frustração. A menina me masturbando levou o ruído como um sinal de encorajamento, pegando o ritmo. Me empurrando mais duros. Unhas postiças longas me arranhavam enquanto ela trabalhava.

Não havia como eu gozar, e eu estava feliz por isso. Eu queria me castigar pelo que eu estava prestes a fazer.

Por que ela estava prestes a ver.

Infelizmente, a única descida que eu estava fazendo era da minha brisa20, que era a última coisa que eu queria. Era uma merda ficar sóbrio.

Eu mudei de ideia.

Eu não poderia fazer isso.

Eu não poderia machucá-la. Queria encontrar outra maneira. Eu peguei o antebraço da menina para fazer sua mão inútil parar, mas não foi nela que meus olhos pararam.

Foi em Ti.

MINHA Ti.

Ao pé da cama.

Ela pareceu confrontada. Impassível. Quase inexpressiva. Thia tinha sentimentos profundos, mas ela encobria isso ainda mais fundo. O que eu vi atrás de sua expressão plana me assustou pra caralho, porque era mais do que a cabeça quente que ela tinha normalmente.

Ela estava puta.

Era pura RAIVA.

A loira nua ajoelhada ao meu lado mal deu à Thia qualquer atenção, e continuou a me acariciar, apesar da minha mão em seu braço tentando impedi-la. — Você quer entrar? — ela perguntou à Thia.

Talvez ela não estivesse lá. Talvez eu estivesse apenas sonhando. Porque Thia Andrews tinha estado ocupando meus sonhos desde aquela primeira noite no chuveiro.

Não foi até que ela falou que eu sabia com certeza que não era um sonho, afinal de contas.

Eu pensei que ela ia correr.

Eu tinha feito isso para que ela pudesse correr.

Não da casa. De mim.

Mas ela não fez. A menina estava sempre me surpreendendo.

Ela caminhou até a cama com um olhar de determinação em seus olhos que eu nunca tinha visto antes. Ela chegou por cima de mim e arrancou uma das minhas armas de um dos meus coldres, que era a única coisa que eu estava vestindo. Ela mirou na loira nua e se inclinou. — Dê. O. Fora. Agora. — o olhar sedutor falso no rosto da loira instantaneamente desapareceu e foi substituído pelo medo. Ela pulou da cama e correu para fora da porta sem olhar para trás.

Eu sei que foi a coisa idiota a se fazer, mas eu não pude evitar.

Talvez fosse porque eu estava bêbado.

Talvez porque eu estava cansado de não saber o que fazer ou a quem confiar ou como proteger a garota que tinha acertado o caminho para meu coração partido.

Eu ri.

Não apenas uma pequena risada. Eu ri do absurdo que a minha vida tinha se tornado, bem como a situação que eu estava no momento.

Thia virou a arma em mim e isso foi quando notei as lágrimas ameaçando vazar dos cantos de seus belos olhos verdes.

Eu congelei.

— Merda.

Ti fungou, embora ela estivesse obviamente tentando esconder o fato de que ela estava prestes a chorar. Uma sensação estranha tomou conta. Meu coração deu uma guinada em minha barriga e eu me sentia doente.

Culpa.

Eu tinha cometido todos os crimes que havia para cometer. Eu tinha feito merda que os homens sãos nunca ousariam até mesmo pensar, mas eu nunca senti um pingo de culpa por nada disso.

Nunca.

Até agora.

Até Thia.

Amor. Esse era o único tipo de tortura com o qual eu não estava familiarizado.

Eu estava aprendendo rapidamente que era o tipo mais doloroso de todos eles.

— Você sabe, — ela começou. Sua voz era tão instável como a arma em sua mão. — Você realmente precisa parar de tentar me fazer te odiar.

Eu fiquei confuso através dos meus pensamentos nublados em busca de uma resposta: — E por que isso? — foi o melhor que eu poderia conseguir dizer.

Ti colocou a arma na minha barriga nua e eu resisti à vontade de estender a mão e puxá-la em mim. Ela estava prestes a virar a maçaneta na porta quando ela se virou. Havia lágrimas em suas bochechas coradas e meu intestino torceu em uma maneira que eu estava começando a odiar tanto quanto eu me odiava.

Ela me olhou bem nos olhos e segurou o meu olhar.

— Porque está funcionando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e sete

BEAR

Nenhuma quantidade de café ou água fria poderia ter me arrastado de volta para a sobriedade depois de eu ter visto o olhar no rosto de Ti naquele quarto.

Álcool e raiva andam de mãos dadas como namorados adolescentes.

Eu bebi Jack suficiente para colocar em um coma, mas depois que ela saiu do quarto eu fiquei mais sóbrio do que antes de eu ter tomado uma única gota.

Eu puxei meu jeans e corri atrás dela.

Thia não estava na sala de estar. Ela não estava na garagem também. Eu estava preocupado que ela tinha saído e comecei a pensar donde diabos ela iria ou quem estava lá fora esperando para machucá-la quando eu a vi em um banco. Ela estava curvada, as mãos movendo furiosamente. Eu não percebi o que estava fazendo até que ela soltou a corda da doca e pulou.

No momento em que eu cheguei até o cais ela já tinha empurrado e estava muito longe de mim para estender a mão e puxá-la de volta. — Ti, temos que conversar.

— Eu acho que você já disse muito.

— Ti, traga seu traseiro aqui. — me ignorando, ela continuou a remar furiosamente. Ela era obviamente inexperiente e não se moveu muito longe e muito rápido. Os músculos de seus braços estavam tensos enquanto ela remava cada vez mais duro sem muito progresso.

— Há uma corrente muito forte. É difícil para eu ou King andarmos de barco com essa corrente, então você poderia muito bem desistir e voltar agora, — eu disse, me agachando no paredão.

Ela só lutou mais, lentamente ela ganhou terreno avançando ainda mais longe do cais e de mim. Eu não estava mentindo. A corrente era uma cadela para passar se você não sabia exatamente onde parava e começava. Nos levou meses para descobrir como passar por isso em menos de alguns minutos.

Tanto quanto eu odiava o fato de que ela estava fazendo de tudo para ficar longe de mim, eu fiquei impressionado com a força da minha menina.

Não havia como eu acertar as coisas.

Eu ansiava por seu perdão tanto quanto eu ansiava por seu corpo. Sua alma. Seu espírito.

O coração dela.

Palavras derramaram dos meus lábios rapidamente. Eu tinha que chegar até ela antes que ela fosse longe demais para me ouvir. Falei tão rápido que eu não tive tempo para editar a mim mesmo e escolher as palavras certas, então eu só fui com o meu intestino porque ir com a minha cabeça só resultava em ela começar a me odiar e, tanto quanto isso era parte do plano, eu não contei com o golpe esmagador na minha alma que veio com isso.

Eu queria dizer a ela tudo.

Eu comecei com a verdade.

Bear sem censura.

— Eu não a queria. Eu nunca a quis, — eu gritei. — Eu só não sei o que estou fazendo aqui. Eu não sei mais nada.

— Parecia que você a queria sim, — disse Ti, bufando fortemente, mas fazendo progresso. Se ela mantivesse o ritmo por mais alguns minutos, ela estaria livre da corrente e estaria rapidamente longe para ouvir qualquer coisa.

— O que você quer que eu diga? Você quase foi morta no parque!

— Assim como você.

— Essa é minha VIDA. Estou acostumado a filhos da puta atirando para mim. Isso não deveria sua a sua vida, porém.

— Não decida o rumo da minha vida, Bear. Você não. Nem ninguém.

— Quando eu estou com você é como se você me colocasse sobre este pedestal inacessível. Eu não mereço esse tipo de admiração e, as vezes, — eu tentei pegar meu fôlego, mas as palavras continuavam se derramando. — isso me assusta pra caralho. O que quer que você pensa que sabe sobre mim ou sobre quem eu sou, você não sabe nada. Você não sabe as coisas que eu fiz, as coisas que eu fiz para as pessoas. Você não sabe que eu matei as pessoas porque me mandaram, ou porque eu pensei que era bom para os negócios do clube, ou apenas porque eles me olharam da porra do jeito errado. É isso que você quer ouvir? Porque essa é a verdade. Eu fiz tudo isso e você olha para mim como se eu fosse de alguma forma, uma boa pessoa e isso me faz querer arrancar a porra do meu cabelo porque é tudo uma mentira. A verdade é que eu não sou um cara bom. Eu sou a porra do cara mau, com o clube ou não, isso não mudou. — eu passei a mão pelo meu cabelo e respirei fundo.

Não era exatamente um poema de amor, mas era a verdade.

— Quando eu disse isso? — perguntou Ti em um pequeno sussurro, esquecendo temporariamente de remar, o barco deslizou para a frente. — Me diga exatamente quando foi que eu disse que eu queria mudar você? — sua voz ficou mais alta. Corajosa. — Você acha que eu sou alguma idiota? Eu sei quem você é e quem os Bastards Beach são. Eu cresci aqui. O que eu quero saber é por que você acha isso? Eu não tenho você em um pedestal. Eu não penso em uma vida colorida quando se trata de quem você é. Na verdade, eu poderia ser uma das poucas pessoas no mundo que conhece o verdadeiro você. Eu queria você por causa de quem você é, não importa quem você é. Você não estava em um pedestal, você estava no meu coração!

ESTAVA.

Estava no meu coração.

Até que eu o quebrei.

Ti flutuou de volta na minha direção e eu lutei com o meu plano original para afastá-la de novo, mas quanto mais ela se aproximava, mais determinado eu estava a consertar o que eu tinha quebrado. Amanhã estava vindo, não importa o que aconteceria esta noite.

Me ajoelhei para puxá-la, mas quando ela viu meu braço estendido, ela balançou a cabeça. Remando com ainda mais vigor do que antes, água salpicou para dentro do barco em sua tentativa furiosa de chegar o mais longe possível de mim.

Porra.

Ela acabou de me dizer que ela me queria por causa de quem eu sou e isso era uma coisa boa, porque eu estava prestes a mostrar a ela exatamente quem eu era.

Já com os pés descalços e vestindo apenas minha calça jeans, eu os empurrei dos meus quadris e sai deles. A partir da posição de Ti, eu sabia que ela não podia me ver nas sombras. Joguei meu jeans sobre o deck.

Era um aviso. Eu estava vindo para ela.

Eu estava completamente nu, e eu não dava à mínima.

O ar ligeiramente salgado tinha gosto de fodida liberdade. O cheiro de mofo das áreas úmidas próximas picaram meu nariz, mas eu queria mais.

Mais era o plano.

Mais estava em um barco a pleno remo no meio da baía e eu não pude deixar de pensar quão pequena ela parecia. Quão inocente. Quão vulnerável.

Meu pau endureceu.

— O que você está fazendo? — Ti disse, o medo em sua voz não fez nada para aplacar minha fúria dura.

— Fiquei com vontade de mergulhar de repente, — eu disse perversamente, esticando os braços sobre a cabeça.

— Não! Fique longe, Bear. Eu quero dizer isso! — Ti gritou, puxando seus remos tão rápido na água, que ela finalmente foi capaz de se libertar da corrente, deslizando facilmente sobre a água. — Não chegue perto.

Isto é o que você pensa.

— Ah sim. Eu vou, — eu murmurei. Eu respirei fundo e mergulhei de cabeça na água escura.

Um predador procurando sua presa.

 

 

 

Capítulo vinte e oito

Thia

Bear tinha perdido a maldita cabeça.

No segundo que nós deixamos o parque ele não tinha sido o mesmo.

Eu sabia que ele queria que eu o visse com aquela garota. Não era o que ela estava fazendo com ele que me irritou e quebrou meu coração. Foi o fato de que eu sabia que ele tinha feito isso de propósito. Ele queria ser pego.

Ele queria me machucar.

Mesmo que eu estava livre da corrente, eu continuei a remar, querendo ficar longe o suficiente da costa para que Bear desistisse de nadar e voltar. Quando cheguei mais perto da costa no lado oposto, eu pensei que eu iria ver outras casas ao redor da baía, mas o resto da costa estava coberto de uma mistura de árvores altas que dobravam e balançavam com a brisa leve e as árvores baixas do mangue pairavam acima da água em pequenos paus que me lembraram dos pilares que sustentavam a casa de King e Ray.

Eu realmente não tinha achado que Bear fosse pular. Uma ameaça vazia que acabou por não ser tão vazia.

O local onde Bear tinha pulado na água criou um efeito de ondulação em toda a superfície, ficando cada vez maior, uma vez que se estendeu para fora. No momento em que atingiu o barco, tinha se transformado em uma pequena onda, balançando o barco de lado a lado.

Foi quando eu percebi que não havia outra ondulação na água. Não havia indicação de qualquer tipo.

Onde ele está? Minha raiva e irritação temporariamente foi substituída por preocupação.

Contei até dez.

Nada.

Contei novamente.

Nada.

— Bear! — gritei.

Nenhuma resposta.

Mantendo um remo levantado para fora da água eu virei o barco em volta e segui o caminho de onde eu vim, verificando sinais de vida. Eu só tinha começado a procurar quando a quietude explodiu ao lado do barco. Meu coração pulou no meu estômago quando Bear se lançou através da superfície da água como uma orca, encharcando meu cabelo e roupas.

— Por quê você se importa? Por que você é louca assim? — perguntou Bear, agarrando o lado do barco. — Me diga, Ti, e seja honesta comigo porque nós dois sabemos que você não pode mentir. Por que você se importa se eu foder e beber até morrer? — fogo dançou em seus olhos, a água escorria em seu rosto e boca. — Me diga, — ele desafiou. — Agora porque eu preciso saber. — ele levantou uma perna para o lado do barco. Eu segurei os lados para me impedir de cair quando ele inclinou para o lado, então eu pensei que o barco poderia virar. Bear levantou a outra perna para dentro do barco e se endireitou novamente quando ele entrou. Com o espaço limitado, ele se sentou atrás de mim, de costas para seu peito. Seus joelhos espalharam aos lados dos meus quadris. Eu me virei de lado para encará-lo.

Bear estava passando a mão sobre a cabeça, tirando a água em acesso.

Ele também estava nu.

Completamente e totalmente, devastadoramente e lindamente... nu.

Eu queria odiá-lo e eu tinha certeza que eu odiava, mas isso não significava que sua mera presença não me afetava.

Sob a luz da lua suas tatuagens e pele lisa pareciam estar brilhando, brilhando com a mesma luz iridescente refletindo na água. O peito e os braços flexionados pelo seu mergulho. Seus músculos abdominais subiam e desciam enquanto tentava recuperar o fôlego e eu me encontrei encaram onde eles se transformavam em um V, apontando para baixo em seu...

Desviei o olhar para as árvores. — Você ganhou, Bear, o que você está tentando argumentar. Está bem. Eu concordo. Você ganhou. Apenas vá!

— Mentira, — disse ele. — Eu não ganhei. Eu fodi as coisas, Ti. Se isso é ganhar, eu me sinto como um perdedor, então, por favor, me diga o que é que você acha que eu ganhei?

Era exatamente o que eu queria ouvir.

Era besteira pura.

— Você queria me afastar, — eu o lembrei. — Você queria me machucar. Missão cumprida. Agora saia do meu barco.

— Em primeiro lugar, este é o meu barco. Eu o construí com King e Preppy quando eles compraram o lugar, então se alguém vai sair, é você. Em segundo lugar, eu tentei te afastar. Eu admito isso, até mesmo me convenci de que eu queria fazer isso. Eu pensei que seria melhor se você me odiasse. — seus olhos encontraram os meus. — E parte de mim ainda acha que é melhor. Mas nada sobre o olhar em seu rosto parecia que eu estava fazendo a coisa certa. A realidade de você me odiar era nada como eu pensei que seria. — sua voz ficou baixa e suas palavras afundaram ainda mais na barreira que eu tinha tentado manter erguida. — Isso me matou, Ti.

Não dê ouvidos. Ele está mentindo. Não acredite nele.

— Eu conheço o sentimento, — eu disse, as palavras gotejando com a amargura que eu sentia.

Não dê ouvidos. Ele está mentindo. Não acredite nele.

— Aqui eu pensando que você estava sendo um idiota, mas realmente, você apenas não poderia empurrar a mão no seu pau rápido o suficiente? — eu lati. — Faz sentido total. Por favor, por todos os meios, continue, — eu disse sarcasticamente, descansando meu queixo no meu punho fechado e me inclinando em direção a ele para ouvir o resto de suas mentiras ridículas. A brisa soprando pegou meu cabelo sobre meus ombros. Bear alcançou sobre meu ombro e roçou o lado do meu pescoço com as costas de seus dedos. Eu tremi quando ele puxou meu cabelo para trás, arrastando as pontas dos dedos na minha pele enquanto ajustava meu cabelo nas minhas costas. — Você não pode me tocar. — eu fervi, tentando o meu melhor não demonstrar o desejo correndo por mim.

— Eu disse a mim mesmo que eu não posso ter você, mas eu não consigo me livrar de você. Por que você acha? — Bear perguntou, suas palavras um sussurro contra o meu pescoço nu. Seus dedos continuaram a dançar para a parte de trás dos meus braços, apesar do meu protesto.

Uma parte de mim queria virar e esmagar meus lábios nos dele.

Uma parte de mim queria afogá-lo na baía.

Eu estava perdida na sensação quando minha pele se arrepiou com a vida e um músculo dentro de mim apertou. Era uma guerra. Desejo vs Raiva.

A raiva estava perdendo, mas eu não estava pronta para desistir da luta tão facilmente.

Ou assim eu pensei. Eu abri minha boca para argumentar, mas de alguma forma o meu cérebro pensou nas palavras da minha boca e entregou a mensagem, mas eu não estava plenamente consciente do que eu estava dizendo.

A verdade.

— Você não pode me afastar, porque eu te amo, seu babaca, — eu disse. Arrependimento imediato e medo bateram em mim e eu considerei saltar para dentro na água para evitar ver a reação de Bear.

Suas coxas ficaram tensas ao meu redor.

Depois do que pareceu uma eternidade, ele finalmente falou e meu coração começou a quebrar de novo. — Não, você não pode me amar.

— Não? — perguntei, sentindo cada traço de raiva voltando com ferocidade, raiva correndo em direção ao meu pescoço, meu sangue queimando em minhas veias pulsantes. — Não? Você realmente é um idiota, então! Você não consegue me dizer isso. Novidade: eu te amei desde que eu te vi pela primeira vez quando eu era apenas uma criança e eu vou te amar até que eu tenha cem anos de idade e até mesmo depois deles me enterrarem no chão — me virei no assento e Bear mexeu sua perna para afastar os meus joelhos que estavam perigosamente perto de seu pau que eu não pude evitar, mas vi que já estava duro, pulsando. — Você não tem o direito de me dizer que não, o amor não é assim que funciona. A maneira que eu sinto por você é a única coisa na minha vida eu ainda tenho que é completamente minha, e acredite ou não, você não pode tirar isso de mim. — eu peguei os remos e tentei remar de volta à costa, mas Bear fechou as coxas em torno de mim para que eu não pudesse me virar. Ele agarrou os remos de mim e os jogou ao mar, um de cada vez, os lançando como pequenos dardos através da água.

— Que porra é essa!

— Nós não vamos ir a lugar algum, — Bear disse, olhando nos meus olhos. Onde havia irritação antes estava agora só confusão. Dor. Foi quando eu percebi isso.

Ele me disse que eu não poderia amá-lo, não porque ele não queria esse amor.

Mas porque ele não achava que ele era digno.

FODA-SE ISSO. Peguei seu rosto em minhas mãos e o puxei mais perto de mim. — Você entrou na minha vida quando eu não tinha mais nada. — eu disse a ele, colocando tudo o que tinha para fora para ele entendesse. Eu pensei que eu iria me sentir fraca em dizer a verdade, mas não me senti. De qualquer coisa eu me senti mais forte a cada nova confissão, encontrando força na verdade. — Você tem sido tudo para mim. — eu me inclinei para frente e dei um pequeno beijo suave no canto da sua boca, os lábios entreabertos e seu olhar caiu sobre os meus lábios quando eu me afastei. — Você apenas tem que se lembrar de como ser algo para si mesmo.

— Eu não posso, — disse Bear, tão baixinho que eu não tinha certeza se ele realmente falou. — Eu não posso, — repetiu ele. Seus ombros caíram e seu olhar caiu no chão do barco.

— Por quê? Me diga por quê? — perguntei, me levantando do meu assento. Bear estava agora no nível dos olhos com o meu peito.

— Eu estou perdido... — ele admitiu, e meu coração afundou.

— Então eu vou te ajudar a encontrar o seu caminho, — eu disse com nova determinação encontrada, esfregando os dedos sobre sua testa. Bear se inclinou para o meu toque e fechou os olhos, mas não durou muito tempo. De repente, ele se afastou.

— Não é tão fácil. Eu sou um motoqueiro sem clube. Eu sinto que eu não sou nada, porque eu não sei mais quem eu sou. — sua honestidade brutal deveria ter me feito pular de euforia, finalmente, quebrei a casca dura que era Bear, mas a felicidade nunca veio, porque o meu coração estava sofrendo por ele.

Doer rapidamente se transformou raiva.

— O que você quer? — perguntei. Isso saiu um pouco mais duro do que eu pretendia. Ele balançou a cabeça e permaneceu em silêncio. — Me responda, porra!

Seus olhos fixaram nos meus e eu vi o segundo em que ele colocou a parede de volta no lugar. — Eu quero o que todo homem quer, Ti. Uma garrafa de Jack e a porra do meu pau chupado. Você quer isso, baby? Pronta para envolver esses belos lábios de sua volta do meu pau? Ou devo trazer essa outra garota de volta para terminar o trabalho? Ou talvez você queira se juntar a nós? É o mínimo que você pode fazer para compensar a interrupção de antes. — os olhos de Bear brilharam com uma pitada de maldade, mas eu vi suas mentiras espreitando debaixo da superfície, sob a fachada que ele era tão bom em se agarrar quando ele não queria mostrar seus verdadeiros sentimentos.

Eu dei um tapa em seu rosto.

Duro.

Suas mãos cavaram duramente em meus quadris e ele me empurrou em direção a ele, o barco balançou violentamente. — Cuidado, — ele alertou.

— Você pode tentar me distrai, me deixando irritada, mas você não pode, não vai funcionar. Agora não. Então me diga Bear, — eu repeti a pergunta. — O quê. Você. Quer? — eu estava com raiva que o homem bonito na minha frente não podia ver o que eu via nele.

— O que eu quero não é importante, — disse Bear. Ele moveu as mãos em volta de parte inferior das minhas costas e me puxou para mais perto. — Eu não posso ter o que eu quero.

— Por que não?

— Porque o que eu quero não é possível, porra! — ele disse. — Me diga, Ti. Você vai trazer o meu amigo morto de volta? Porque Preppy morreu bem na frente dos meus olhos e eu não pude salvá-lo! Você vai me dar o meu clube? Eu quero que as coisas sejam do jeito que deveriam ser antes de tudo isso ir à merda. Você vai levar os pesadelos para longe? Aqueles onde eu revivo Eli e seus homens me torturando, empurrando um bastão quebrado na minha bunda e empurrando seus paus na minha boca? Porque eu quero tudo isso e mais do que qualquer coisa eu quero... — ele olhou para longe, mas eu não estava disposta a deixá-lo parar por aí. Eu trouxe seu olhar de volta para o meu e segurei lá.

— O que? O que mais você quer? — perguntei, suavemente desta vez. Quando ele não respondeu de imediato, eu estava receosa que eu já tinha perdido ele.

Depois de uma eternidade, ele finalmente falou e quando ele fez suas palavras bateram no meu peito. — Você. — ele finalmente admitiu, sua voz mais forte, mais assertiva do que apenas alguns segundos antes. — Eu tenho sido um homem arruinado por um longo tempo. Eu não posso arruinar você também.

— Você não vai me arruinar, — eu disse. — Você me salvou.

Eu nem sequer percebi o barco começar a tombar até que fosse tarde demais. Eu perdi meu controle sobre Bear e cai na água escura.

Os braços fortes de Bear me levantaram. — Se agarre ao lado, — disse ele, batendo na lateral do barco. Eu não poderia chegar ao chão, mas Bear poderia porque ele segurou o barco e levou em direção à costa nas proximidades. Eu estava tão envolvida com Bear que eu não tinha percebido o quão longe nós tínhamos flutuado. A casa de King e Ray parecia tão pequena do outro lado da baía. Luzes piscaram nas janelas. Parecia um milhão de milhas de distância, e não apenas alguns metros.

De repente eu estava no ar e em segundos eu estava de costas em uma pequena praia enlameada e Bear estava em cima de mim. Seus lábios esmagaram os meus até que eu não podia respirar, sua mão apalpando meu peito, seu pau duro e pronto entre as minhas pernas.

— Baby, eu sinto muito, — disse ele baixando a testa na minha em um raro momento de vulnerabilidade. Sua voz era áspera e instável. — Me ajude. Por favor. Eu não sei o que estou fazendo aqui.

— O que você está tentando fazer? — perguntei. Ele se levantou, apenas o suficiente para me olhar nos olhos.

— Eu estou tentando te amar.

Nós éramos duas almas torturadas. Ambos em mais maneiras do que uma pessoa deve experimentar.

Mas nós nos encontramos um no outro.

Precisávamos um do outro.

Então eu o ajudei.

Me sentei o suficiente para puxá-lo de volta para mim, as conchas na lama cavando minhas costas. A água da baía rodou sobre os meus pés descalços. Bear era um milhão de coisas diferentes, mas éramos semelhantes em muitos aspectos. Ele era apenas um garoto que não tinha ideia do que estava fazendo e eu era apenas uma menina que não tinha ideia do que fazer com todos os sentimentos que eu estavam pulando em torno dentro de mim.

Eu só sabia que eu o queria.

Que eu o amava.

— Me prometa que não importa o que, você não vai desistir de mim. Me prometa, Ti, — Bear disse, seus olhos brotando com água. Limpei o canto dos olhos com o polegar e ele se inclinou para o meu toque.

— Eu não vou desistir de você, — eu prometi e eu quis dizer isso.

Eu nunca iria desistir dele.

Nenhum de nós sabia o que o futuro reservava para nós. Tudo o que sabíamos é que tínhamos hoje. Ali, nós éramos apenas um garoto normal e uma garota normal tentando descobrir como amar um ao outro.

Hoje.

Amanhã nós descobríamos o resto.

Hoje, Bear puxou meu short e calcinha para o lado, afundou seu pau duro dentro de mim e me fodeu freneticamente até que eu não conseguia pensar em nada além dele, o orgasmo que rasgou através do meu corpo, as lágrimas que corriam pelo meu rosto e a exaltação do meu coração pareceu saber que o garoto estúpido que cometeu erros me amava.

E isso era bom o suficiente.

Por hoje.

Porque amanhã nunca veio.

 

 

 

Capítulo vinte e nove

Thia

Brear pressionou o barco de volta na água e usou um galho grosso para nos remar de volta para o outro lado da baía. — Eu realmente sinto muito, — Bear disse novamente quando estávamos do outro lado.

— Eu realmente amo você, — eu disse, e eu quis dizer isso.

— Você sabe que você é a única pessoa na minha vida que já me disse isso? — perguntou Bear.

— O que está acontecendo? — perguntei, notando uma comoção acontecendo no paredão, que Bear estava de costas enquanto ele remava.

— Eu não sei. Isto é tudo novo para mim também, — disse Bear, alheio ao que eu estava me referindo.

— Não, vire-se, — eu disse e Bear olhou para onde uma mulher vestindo um terninho todo branco estava no paredão. Seu cabelo escuro estava preso em um coque e seu batom vermelho era tão brilhante que eu poderia vê-lo mesmo nas luzes ofuscantes da doca. Ao lado dela estavam três policiais com suas armas levantadas, mirando no nosso barco.

Bear se virou e, logo que viu na direção onde estávamos indo, ele tentou virar sutilmente o barco, mas já era tarde demais, nós batemos na corrente e fomos empurrados rapidamente para o paredão. — Sinto muito, — disse a mulher, — Eu sei que isso não era suposto ser até amanhã, mas eu não poderia mantê-los fora. Tentei ligar para o seu celular.

— Bear, o que ela está falando? — perguntei. — O que está acontecendo?

— Porra! — Bear amaldiçoou, deixando cair o remo inútil na água.

— Cynthia Anne Andrews? — um dos policiais perguntou.

— Por que eles estão chamando meu nome? — perguntei à Bear que olhou para o chão do barco e depois de volta para mim.

— Não esqueça sua promessa, Ti. Não desista de mim, — ele disse quando o barco bateu no paredão. Um dos policiais me agarrou e eu gritei.

— Não toque nela! — ele advertiu, se levantando do barco. O oficial recuou, mas ergueu a arma novamente. — Ti, você tem que ir com eles.

— O quê? — perguntei. Meu coração batendo rapidamente contra o meu peito. Ray e King tinham saído da casa e estavam a vários metros atrás da mulher e os policiais assistindo a cena se desenrolar.

— Thia, eu sou Bethany, sua advogada, e ele está certo, você tem que vir comigo.

— Eu pensei que era apenas um encontro? Eu pensei que era amanhã? — eu perguntei quando a compreensão do que estava acontecendo se afundou.

— Sinto muito, — disse ela e eu acreditei nela. Bear se abaixou para me levar para o paredão e eu dei de ombros.

Eu estava indo para a prisão.

E Bear sabia.

É por isso que ele tentou me empurrar para longe. Ele sabia que eles estavam vindo para mim e queria cortar o que é que nós tivemos antes dele fazerem.

Antes de eu ter ido.

— Não, não me toque, — argumentei, mas Bear não deu ouvidos.

Ele me agarrou pela parte de trás das minhas pernas. — Se lembre da sua promessa, — ele sussurrou de novo, me içando em direção aos policiais aguardando. Bethany jogou a Bear a sua calça jeans e ele deu um passo para elas antes de subir para o paredão, o pequeno barco ondulando para longe dele e sem ser amarrado, ele foi rapidamente lançado para dentro dos mangues pela corrente.

Baixei a cabeça e estendi as mãos atrás das costas, à espera de ser algemada. Bethany veio ao meu lado e deu ao meu ombro um pequeno aperto reconfortante. Não funcionou.

— Você está presa pelo assassinato de Wayne e Trinity Andrews, qualquer coisa que você dizer... — um dos oficiais começou e quando eu olhei para cima, notei que suas atenções não estavam em mim. E nem as suas armas.

Eles estavam em Bear.

— Não! — eu gritei, correndo, mas Bethany me pegou pela camisa e me puxou de volta. Eles algemaram Bear e guardaram suas armas. Eles o empurraram para frente, através da grama até um dos carros patrulha aguardando que estavam estacionados junto à casa, as luzes pintando tudo em toques de azul e vermelho.

— King! — eu gritei, mas ele olhou para mim com um aviso de que era melhor eu manter a minha boca fechada. Eu soltei do aperto de Bethany e corri para frente. Bear pulou, se esquivando dos oficiais tempo suficiente para girar de volta para mim. Me lancei para ele, passando os braços em volta do pescoço e minhas pernas ao redor da cintura dele e eu o beijei furiosamente até que um dos policiais me afastou, nossos lábios a última da nossa ligação a ser cortada.

— Você não tem que fazer isso. Por favor. Por favor, não faça isso, — eu implorei a ele, ainda não compreendendo totalmente o que exatamente estava acontecendo. Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto os oficiais me tiravam de King, que desenrolou os braços em volta dos meus ombros. Ray veio para ficar ao meu lado, e Bethany ao lado dela.

Os oficiais vigorosamente empurraram Bear para frente, empurrando o lado de seu rosto contra o carro da polícia onde lhe deram um tapinha nas costas. Antes de jogá-lo na parte de trás do carro, ele olhou para mim.

— Eu te amo, — ele murmurou e com o eco da batida da porta fechando Bear para longe de mim, da minha vida, eu jurei que também ouvi o som do meu coração quebrar.


Capítulo trinta

BEAR

Eu dei socos no rosto de Corps até que era uma bagunça mutilada de pele e sangue e meu macacão laranja estava salpicado de vermelho.

Assim que eu soube que Corps estava na cidade, eu sabia que ele estaria vindo para mim. Pena que eles enviaram um fodido para fazer o trabalho de um homem.

Duas semanas que eu fiquei esperando e observando até que ele finalmente fez o seu movimento, mas eu estava pronto.

A julgar pelos destroços que costumavam ser seu rosto eu posso honestamente dizer que ele não estava.

— McAdams, você tem um visitante, — retrucou o guarda. Corps gemeu e eu dei um último soco ao lado de sua mandíbula, o nocauteando. Me levantei quando o guarda abriu minha cela.

— Eu vejo que a sua visita correu bem, — disse o guarda desinteressado, pegando seu telefone quando ele me levou ao visitante na área de espera. Ele era o idiota que o colocou lá, para começar, totalmente compreendendo que foi o que Corps planejava fazer.

— Sim. Ele era uma péssima companhia. Não fala muito. Geme e suspira demais. Eu acho que ele pode estar doente. Dor de cabeça, — eu brinquei enquanto o guarda olhou de seu telefone tempo suficiente para revirar os olhos e abrir a porta que separava o bloco de celas do corredor que levava para a área de visitação. — Minha advogada veio mais cedo. Quem está aqui? — perguntei.

— Alguma garota, — disse o guarda, abrindo outra porta. Eu parei.

— Me leve de volta, — eu disse. Eu disse a King para não deixar Ti vir. Por mais que eu queria vê-la, eu não queria que ela me visse aqui e sua vinda para uma visita não iria funcionar com a confissão que eu tinha assinado.

— Não é possível, você tem um visitante. Ela mostrou a identidade. Ela assinou. Você vai. Você tem cinco minutos, — disse o oficial, abrindo a pequena sala que parecia uma cafeteria. Eu fiz a varredura nas mesas, que estavam quase vazias. Só me levei segundos para perceber que Ti não estava entre os visitantes. Havia apenas uma mesa onde uma mulher solitária estava sentada à espera, olhando para as mãos.

— Ela? — perguntei ao guarda.

— Sim, — disse ele, fechando a porta atrás de mim.

Eu fiz meu caminho até ela e estava prestes a dizer que ela pediu para ver o prisioneiro errado, mas quando ela olhou para mim, todo o ar em meus pulmões saiu.

— Abel? — ela perguntou, olhando por trás da franja prata com listras marrons.

Minha cabeça girou e eu pisquei para me certificar de que o que eu estava vendo não era uma alucinação.

— Mamãe?


TREXO DE Soulless

Thia

Havia algemas em meus pulsos. Meus braços esticaram acima da minha cabeça em um tubo que corria pelo teto. Eu não conseguia mais me segurar e os meus músculos cederam com um POP quando minhas articulações dolorosamente deslocaram. Meu queixo caiu para meu peito. Uma ampla fita cobriu minha boca, envolvida em torno da parte de trás da minha cabeça, puxando meu cabelo cada vez que eu virava minha cabeça. Com uma narina entupida eu me senti tonta, mal capaz de obter oxigênio suficiente através da outra.

Minha visão desfocou enquanto tentava me concentrar no meu entorno. Cinza. Concreto. Um teto coberto com tubulações e fios. Nada nas paredes nuas. Uma gaiola de metal estava no canto mais distante. No centro da pequena sala estava uma lona azul. Perto da lona estava uma caixa de ferramentas vermelha com um conjunto de furadeira elétrica amarela no topo. Era tudo tão limpo.

Estéril.

Isso é quando o pânico apareceu e meus olhos se arregalaram quando a realização do plano de Gus para mim. Eu puxei as algemas acima da minha cabeça com uma nova força que eu não tinha segundos antes. Minhas pernas se agitaram ao redor inutilmente no ar enquanto eu lutava contra as minhas restrições.

A porta se abriu e Gus entrou. Quando eu o conheci pela primeira vez no parque, ele tinha protegido Bear e eu. Eu até achei ele fofo com aquelas bochechas gorduchas.

Não foi esse Gus que entrou. Este Gus olhou para mim, pendurada no teto, como se eu fosse um bife e ele era um leão com fome que não tinha comido em meses.

— Eu realmente gostaria que fosse eu que pudesse ter toda a diversão com você hoje, mas olha só, tenho que ligar para Bear. Eu tenho que deixá-lo saber que sua namorada foi raptada pelo MC. Eu tenho que continuar fazendo o papel de soldado leal, portanto, infelizmente para mim, eu tive que chamar um substituto. — ele andou até mim e eu me preparei para o que fosse que ele estava prestes a fazer. Meu coração correndo no meu peito.

A fita que está sendo puxada doía, mas saiu depressa e eu finalmente fui capaz de tomar respirações profundas. Engolindo em seco para o ar como se eu tivesse estado me afogando. — Por que fazer isso? — perguntei, depois de finalmente ser capaz de recuperar o fôlego. — Eu, Bear, o MC? Por quê?

— Eu não perguntei por quê. Eu faço o que me mandam. Perguntar por que não é o meu trabalho.

— Então, qual é o seu trabalho? Quem te contratou?

Gus cobriu minha boca com a mão e pressionou sua testa na minha. Meu estômago revirou. — Isso não importa. O que importa agora é o que está prestes a acontecer com você. Meu conselho? Renda-se a dor. Aproveite. O corpo humano é uma máquina fascinante e, embora eu não consiga fazer isso sozinho, eu vou assistir ao vídeo mais tarde e eu tenho certeza que assisti essa máquina desmoronar vai ser nada menos que espetacular. — ele soltou a minha boca e colocou a fita de volta no lugar. — Embora eu tenha certeza que Bear não vai gostar tanto como eu gosto. Ele não aprecia a beleza nisso como eu.

Ele mostrou a língua gorda e lambeu meu rosto do meu queixo para o meu olho e meu estômago revirou novamente.

Gus recuou e deu um último olhar de cobiça em mim. — Que pena. — antes que ele saísse, ele ajustou uma câmera ao lado da porta que eu não tinha notado. Uma luz vermelha apareceu. — Talvez eu vá ficar. Apenas para a primeira parte, — disse Gus, abrindo a porta. — Estamos prontos, — ele gritou e um homem loiro apareceu, fechando a porta atrás de si. Ele estava sem camisa, era alto e muscular, tatuagens cobriam seus braços e peito.

Havia uma chave de fenda em suas mãos que ele bateu na sua palma uma e outra vez enquanto ele me olhava decima e abaixo.

Gus era mal.

Esse cara, com sua clássica boa aparência, era o fodido diabo.

Seus olhos eram negros e brilhantes como um demônio em um filme e eu percebi que não havia como sair dessa. Meu destino tinha sido selado. Com cada passo que o diabo dava em minha direção, o medo que senti aumentou mais e mais até que eu esperava morrer de um ataque cardíaco antes que esse lunático pudesse dar cabo a quaisquer planos de doentes que ele tinha para mim.

O diabo colocou a chave de fenda encima da caixa de ferramentas e puxou seu cabelo na altura dos ombros em cima de sua cabeça com um elástico. Ele inclinou a cabeça de lado a lado, fazendo um estalo enjoativo. Ele fez o mesmo com os nós dos dedos.

Então ele veio para mim.

Enquanto Gus olhava para mim como se ele estivesse cobiçando meu sangue, o diabo loiro parecia natural. Em seu elemento.

Possuído.

Ele estendeu a mão e desabotoou uma das algemas, me pegando antes que eu caísse no chão de concreto. Meus braços ainda estavam levantados acima da minha cabeça quando eles se tornaram completamente inúteis e desconexos. — Nãooooooo! — tentei gritar por trás da fita, lágrimas correndo dos meus olhos. Ele me levou para a lona e me deitou em cima dela, amarrando meus tornozelos juntos com a fita.

— Você pode tirar a fita dela. Ela quer ter certeza de que seus gritos apareçam no vídeo, — disse Gus. — Comece com os dentes, eles são os mais dolorosos.

— Por que você ainda está aqui? — perguntou o diabo. Eu estava tremendo tanto que eu podia ouvir meu queixo chocalhar atrás da fita.

— Só queria ver o começo divertido.

— Eu não gosto de público, — disse ele com firmeza.

— Vamos lá cara, apenas um dente, então eu vou embora.

— Faça você então, — disse o diabo, de pé quando ele atirou a Gus a chave de fenda. O rosto de Gus se iluminou e ele praticamente correu para mim, se agachando pela caixa de ferramentas e levantando uma engenhoca de metal.

— Apenas um. E então eu tenho que ir, — disse Gus, rasgando a fita da minha boca. Ele pressionou o céu da minha boca para me forçar a obedecer.

Não era a primeira vez que ele fez isso.

O diabo loiro deu um passo atrás e olhou para nós com um olhar irritado em seu rosto. Ele estava chateado que Gus estava tomando seu trabalho longe dele. — Eu tenho merda para fazer, então se apresse.

— Eu adoraria tomar meu tempo, pequena. Mas isso vai ter que servir. — ele empurrou a chave na minha boca e apertou em um dos meus molares. Ele não arrancou rapidamente, ele começou a puxar devagar, construindo a dor, fazendo cada nervo queimar, prolongando a dor quando ele puxou mais duro e mais duro até que eu senti como se toda a minha mandíbula estivesse sendo arrancada do meu crânio. Eu gritei tão alto que meu peito doeu. Cobre quente inundou minha boca.

Gus se sentou, o peito arfando para cima e para baixo. Meu molar ensanguentado entre as pinças de sua chave. — Isso foi fantástico, porra.

— Ótimo. Agora dê o fora ou eu vou embora.

— Tudo bem, — disse Gus, se levantando e colocando a chave na lona. — Apenas se certifique de que ela grite, ela foi inflexível sobre isso. — o diabo acenou com a cabeça e se ajoelhou ao meu lado novamente, escolhendo através da caixa de ferramentas. Eu comecei a engasgar enquanto o sangue escorria pela minha garganta. Ele empurrou minha cabeça para o lado para que o sangue pudesse correr para fora da minha boca, à barra extensora na minha boca dolorosamente rasgando a carne.

Como alguém tão bonito poderia ser tão mal? Eu refleti para mim mesma. E então me lembrei de algo que Bear tinha dito.

Ele se parece com a luz do sol. Cabelo loiro e olhos azuis. O tipo que você veria na TV como qualquer adolescente nos dias de hoje. Mas esse garoto tem o diabo nele. Só dá valor à vida da sua esposa, Abby, e agora ao seu filho. Jake é a única pessoa no mundo que me assusta pra caralho. Você sabe, além de você.

Era a minha única chance. — Jake, — eu disse. Mas eu estava cansada, muito cansada, e com a barra extensora na minha boca soou como. — Gggggggech.

Ele me ignorou e continuou vasculhando sua caixa de ferramentas e é aí que eu percebi que tudo estava acabado.

Eu ia morrer.

Eu te amo, Bear.

Eu nasci um Bastard.
Um soldado no exército sem lei dos Beach Bastards Motorcycle Club. Preparado para um dia tomar o martelo do meu velho.
Dever vem antes da minha consciência, antes da família, antes de tudo.
Eu não escolhi essa vida, ela me escolheu, e vivê-la veio com conhecimento e com a aceitação de que todas as manhãs em que eu me levantava para dar uma mijada, poderia ser o meu último dia na terra.
Ou, dependendo das minhas ordens... o último dia para alguém.
Sendo um motoqueiro, um Bastard, não estava só no meu sangue. Eu não apenas vivi isso.
Eu respirei.
Eu bebi.
Porra, eu adorei.
Era tudo.
Até que não era mais.
Eu não me lembro do momento exato em que isso aconteceu, talvez depois da minha primeira morte, talvez no dia em que recebi meu patch, mas aconteceu. Óleo do motor, o couro, a violência e uma propensão de acabar com inimigos do clube, substituiu o sangue em minhas veias.
Me tornei mais motoqueiro do que homem.
E eu estava orgulhoso.
Eu nunca pensei nisso como um problema, mas eu também nunca pensei que chegaria um dia em que eu não seria um Beach Bastard mais.
Mas veio.
E eu não era.
No dia em que desisti do meu colete e saí pela porta do MC, eu virei minha própria ampulheta e coloquei em movimento a expiração na minha vida.
Uma vez um Bastard, você sempre vai ser um Bastard.
Ou você está morto.
Tinham vindo para mim. Mas a coisa mais fodida foi que não era o pensamento dos meus irmãos que tentaram acabar comigo que me incomodou mais, foi à incerteza.
Eu sabia tudo sobre ser um motoqueiro.
Eu não sabia nada sobre ser um homem.
Fui torturado e estive à beira da morte, violado para o divertimento dos meus captores. Passando por tudo isso eu nunca tinha perdido essa vantagem que me manteve vivo. Essa luta. Essa coisa dentro que faz o seu coração bater tão rápido que parece que vai passar através do seu peito e te dizer que não importa a situação, você não só vai sair dessa, mas que você vai queimar cada filho da puta vivo que tentou acabar com você.
Fui espancado, mas eu nunca tinha sido quebrado.
Até Thia...

 


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Capítulo um

Thia

Dez anos de idade...

Eu não sei onde tudo deu errado.

Eu nunca entendi esse ditado. Porque olhando para trás em minha vida eu posso identificar o dia exato, a hora exata, quando tudo mudou e tomou um rumo que ninguém poderia ter previsto.

Especialmente eu.

Três semanas antes do meu décimo primeiro aniversário, eu tinha acabado de montar a minha pequena bicicleta vermelha para a Stop-n-Go1 a três milhas. Meu pai queria que eu levasse uma caixa de laranjas então eu amarrei em um skate e prendi uma corda que tinha encontrado no barco velho do meu pai nas rodas dianteiras da minha bicicleta. — Você vai ver o contador, Cindy? — perguntou Emma May, balançando os quadris de um lado para o outro, dançando seu caminho até a porta, segurando a bolsinha quadrado em sua mão. — Eu só vou dar um pulinho no salão de beleza. Ninguém provavelmente nem vai entrar, — ela acrescentou, se inclinando sobre o balcão, ela abriu a caixa registradora antiga usando uma série de botões e uma batida de seu punho em um ponto na parte inferior. Ela tirou algum dinheiro e sorriu para mim, empurrando através da porta de vidro que soou quando ela abriu e novamente quando ela se fechou.

Emma May estava certa. Ela me pediu para cuidar da loja antes e ninguém nunca tinha entrado.

Até aquele dia.

Não é como se eu estivesse ansiosa para chegar em casa. Mamãe tinha começado a agir estranho. Limpar o chão por horas até que a madeira perdesse seu brilho. Falando sozinha na cozinha. Sempre que eu perguntava a ela sobre isso, ela agia como ela não soubesse o que eu estava falando. Papai me disse que tudo ficaria bem e para ficar apenas fora do caminho dela e dar a ela algum espaço.

Eu fiz o que ele disse e fiquei longe, tanto quanto possível, na maioria das vezes não chegando em casa até logo após o pôr do sol.

Cuidar da loja era uma razão boa quanto qualquer outra para prolongar a ida para casa.

Depois de uma hora fiquei inquieta. Arrumei a parede de cigarros por detrás da caixa registradora, virei os cachorros quentes sobre os espetos que não funcionam, e tentei ler uma revista, mas eu não entendia o que ‘Dezessete Posições Para Fazer Ele se Contorcer’ significava.

Se alguém estava se contorcendo por que eles não apenas iam ver um médico? Ou um dentista? É lá que eu fui quando eu tive uma dor de dente.

Eu tinha desistido de revistas e estava recostada em um velho banquinho de bar que rangia toda vez que eu girava sobre ela. Com meus pés em cima do balcão, eu virei o canal na TV pequena e preto e branco que estava apoiada em uma lista telefônica no canto do balcão. Os dois únicos canais que pegavam era algum ocidental e o canal do tempo. Ambas as imagens estavam borradas e o único som que saia dos alto-falantes era um ruído de estática. Tentei virar a coisa toda fora, mas nada estava funcionando, se eu consegui fazer alguma coisa foi aumentar o volume. Se tornou tão alto que eu não ouvi as motos parando no estacionamento ou os sinos de porta contra o vidro tinirem.

Eu puxei o plugue da tomada. Eu ainda estava segurando o cabo quando eu olhei nos olhos de um estranho de cabelos escuros.

E sua arma.

— Tudo o que você tem, — ele ordenou, apontando com a arma para a caixa registradora. Ele estava balançando de um lado para o outro e seus olhos estavam bordados em vermelho.

— Eu não sei como... — eu comecei, mas o homem interrompeu.

— Apenas faça isso, porra! — ele ordenou, clicando a arma, ele pulou, então seu peito estava descansando no balcão e a arma estava apenas a alguns centímetros do lado da minha cabeça. Eu saí do banco e fui para a caixa registradora, me sentei em meus joelhos e tentei a combinação complicada de botões que Emma tinha usado quando ela abriu.

Nada.

— Vamos! Rápido, menina! — o homem gritou, ficando impaciente.

— Eu estou tentando, talvez eu esteja batendo no lugar errado. — eu tentei novamente, desta vez batendo mais na parte inferior do que no topo. O homem veio para o meu lado. Ele cheirava como quando meu irmão bebê ficou doente no banco de trás do caminhão em nosso caminho para Savannah.

— Escuta aqui sua puta, — disse ele, levantando a arma no ar, como se ele fosse me bater com ela. Eu pulei para fora do banco e me prendi debaixo do balcão.

Os sinos das portas dianteiras anunciou que a porta se abriu e uma voz ecoou pela sala, sacudindo a vitrine cheia com frascos de vidro de beef jerky2 caseiro. — Que porra você está fazendo? — perguntou a voz. O homem com a arma congelou com a mão ainda no ar.

— Eu estou recebendo o pagamento, filho da puta, — o homem disse.

Um braço colorido veio em frente ao balcão e agarrou o homem pelo pescoço, o puxando sobre o balcão como se ele não pesasse mais que um besouro. Houve uma comoção e novamente os sinos anunciaram a abertura e fechamento da porta.

Passaram-se mais alguns minutos antes de eu sair do meu esconderijo debaixo do balcão, rastejando de volta para a banqueta onde eu me inclinei apenas quando as portas se abriram. Entrou um homem loiro vestindo o mesmo tipo de colete de couro como o homem com a arma, só que ele não estava usando uma camisa por baixo. Ele tinha músculos que você só poderia ter visto sob sua pele como os lutadores na TV, só que não do tipo enorme. Sua pele estava decorada com tatuagens, uma grande no ombro e descendo pelo braço. As mesmas tatuagens coloridas no braço que tinham afastado o cara com a arma.

Seus olhos brilhantes eram do mesmo tom que a piscina nova de Maxwell. Um azul profundo brilhante. Seu cabelo loiro areia estava penteado para trás na parte superior e raspado nas laterais. Moicano eu acho que eles chamavam isso nos filmes. — Você é a única aqui? — ele perguntou, examinando o lugar, olhando para todos os três pequenos corredores.

Eu balancei a cabeça.

— Você é a única que Skid... — ele não terminou a frase. Se inclinando para frente, ele apoiou as mãos no balcão e respirou fundo. Suas tatuagens coloridas estendiam para os topos de suas mãos e dedos. Ele usava três grandes anéis de prata em cada uma de suas mãos. Ele tinha barba e até aquele momento, quando alguém falou sobre barbas, eu sempre imaginei um cabelo branco longo crescendo nos queixos de caras velhos e feios usando longas túnicas e enormes chapéus pontudos. A barba desse homem era um pouco mais escura do que o seu cabelo e com apenas uns dois centímetros.

Ele não era velho.

Ou feio.

— Você tem um cabelo legal, — eu disse. Ele era todo legal. Mais do que legal, ele era...

Bonito? Poderia um cara ser bonito?

Não, ele não era bonito.

Ele era lindo.

— Obrigado, querida, — disse ele, se inclinando sobre o balcão. Ele cheirava como o caminhão do meu pai quando ele estava mudando o óleo e o sabão lilás da Sra. Kitchener feita de raiz todo verão. — Seu cabelo é muito legal também. — foi à primeira vez na minha vida eu acho que corei. Minhas bochechas ficaram quentes e quando o homem percebeu, ele sorriu ainda mais e se inclinou mais perto.

— Por que você está aqui sozinha? Eles não respeitam as leis de trabalho infantil em Jessep?

— Eu não sei o que é, mas ninguém realmente vem aqui muito desde que abriu a nova estrada. Eu só estava tomando conta da loja enquanto Emma May foi para o salão de beleza. Ela disse que estaria de volta, mas se eles irão deixar Emma May linda, eu acho que ela vai demorar um tempo.

O homem riu e se inclinou sobre os cotovelos. — Ouça, menina doce. Sinto muito por meu amigo. — ele me deu um pequeno sorriso. — Ele está muito cansado por uma longa viagem e estava sendo realmente estúpido.

— Parecia mais bêbado para mim. Talvez ressaca, mas você deve dizer a ele para não beber e dirigir.

— De onde você vem? — ele pareceu divertido. Eu queria fazer o que fosse necessário para manter esse olhar em seu rosto. — Sim, passeios longos podem fazer isso com as pessoas. Mas você está bem? Ele não te machucou, não é?

Eu balancei minha cabeça. — Não, eu estou bem e você não precisa se preocupar. Eu estava chegando para a espingarda de Emma May apenas quando você entrou. — eu levantei a arma de seus ganchos sob o balcão para que ele pudesse vê-la e bombeei do eixo. O homem deu uma olhada para a arma e se curvou em um ataque de riso. Eu a coloquei novamente sob o balcão. — O que é tão engraçado? — perguntei.

— Oh cara, eu mal posso esperar para contar a Skid que ele quase foi condenado à morte por uma menina. — seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele continuava a rir, profundo e alto.

— Eu não sou uma menina. — eu argumentei. — Eu vou fazer onze no próximo mês. Quantos anos você tem?

— Eu tenho vinte e um. — ele sorriu ainda mais e de repente eu já não estava irritada sobre ele me chamando de menina. Se ele continuasse sorrindo para mim assim, ele poderia me chamar do que quisesse.

— Qual é o seu nome, querida? — ele perguntou.

— Eu sou Thia Andrews, — eu disse com orgulho, estendendo minha mão para ele como meu pai tinha me ensinado a fazer quando se apresentava.

— Thia? — ele perguntou, me dando o mesmo olhar estranho que a maioria das pessoas davam quando ouviam meu nome pela primeira vez.

— Abreviação para Cynthia, mas não como Cindy. Há doze meninas da minha turma e três delas são Cindy, então eu estou feliz que eu sou um Thia e não uma Cindy. — eu estiquei a minha língua e imitei degolar minha garganta com meu dedo. Eu odiava o nome Cindy, embora quando meu pai propôs Thia como uma alternativa, minha mãe se recusou a usar o novo apelido e tinha começado a me chamar de Cindy. — Qual o seu nome?

Ele pegou minha mão na sua. — Eles me chamam de Bear, querida. — sua pele era quente, exceto pelo metal frio de seus anéis. Eu parecia tão pequena e pálida em comparação com Bear, minha mão parecia mãos de boneca. — Eu tenho um amigo que aperta as mãos como uma criança também.

— Papai diz que é educado.

— Seu pai está certo.

— Seu amigo que aperta as mãos, ele é legal como você? — perguntei.

— Eu não diria exatamente que eu sou legal. Mas o meu amigo? Ele é... vamos apenas dizer, ele é diferente, — Bear disse com uma risada.

— Diferente é bom. Meus professores dizem que eu sou diferente porque tenho cabelo rosa, embora eles também dizem que eu tenho um problema de falar demais, — disse eu, com todo o conhecimento prolífico de uma criança de dez anos de idade.

— Às vezes diferente é bom de verdade, garota, — Bear concordou.

— Seu nome verdadeiro é Bear? — perguntei. — O seu sobrenome é Grizzly3 ou algo assim?

— Não, — disse ele. — Bear é apenas um apelido que meu clube me deu. Todos os membros tem apelidos, exceto os que tem nomes de ruas.

— Você está em um clube? — perguntei com entusiasmo. — Isso é tão legal! Se o seu nome real não é Bear, então qual é?

— Você pode guardar um segredo? — ele sussurrou, olhando em volta para se certificar de que ninguém estava ouvindo. — Eu não disse a ninguém o meu nome em anos. Até o meu velho me chama de Bear. Mas o meu verdadeiro nome? É Abel. E agora você é uma das poucas pessoas que sabem disso.

Abel.

— Isso é realmente um grande nome. — embora Bear combinasse muito. Ele era mais alto do que o meu pai e ele tinha um monte de músculos e suas mãos eram enormes como patas de urso.

Ele enfiou a mão no bolso de trás e tirou um clipe com notas dobradas. Mais dinheiro do que eu já tinha visto.

Mais do que o que estava no meu cofre do Buzz Lightyear no meu quarto em casa.

Mais do que o que estava na caixa registradora de Emma May.

Bear tirou três das notas e as colocou no balcão. — O que é isso? — perguntei, olhando para sua mão que estava cobrindo parcialmente o dinheiro quando ele a deslizou para mim e soltou.

— Isso, é três centenas de dólares.

— O que você quer comprar? Eu posso correr para o lugar de cabelo e trazer Emma porque esta máquina registra-

— Eu não vou comprar nada. É para você. Por sua ajuda hoje. Por não-

— Trezentos dólares para não chamar o xerife? — eu perguntei, entendendo o que ele estava oferecendo.

Três centenas de dólares para uma criança de dez anos de idade poderia muito bem ter sido um milhão.

— Considere isso como um agradecimento por não atirar nele, — Bear corrigiu.

— Está bem. Emma May teria ficado louca sobre o sangue de qualquer maneira. — Emma May odiava uma bagunça.

Bear riu de novo e eu sorri. — Você é engraçada, garota. Você sabe disso?

— Eu sou? — eu tinha sido chamada de louca, estranha, faladora, mas nunca engraçada. Eu decidi que eu gostava de ser chamada de engraçada.

— Sim, — disse ele empurrando o dinheiro mais perto de mim. Ele olhou para cima e ao redor do balcão. — Não há câmeras aqui?

— Eu nunca vi uma, mas Emma é mão de vaca, é o que diz mamãe porque ela usou flores falsas em seu casamento, então talvez ela não comprou câmeras. — eu soltei, ansiosa para dizer qualquer coisa para provocar outro sorriso de Bear.

— Certifique-se de manter esse dinheiro seguro. Esconda-o em algum lugar. Não conte a ninguém. É um segredo entre você e eu, — disse ele com uma piscadela. Tentei piscar de volta, mas só consegui piscar ambos os meus olhos para ele como o gênio nas antigas reprises de I Dream of Genie. Bear estendeu a mão e empurrou alguns dos meus cabelos dispersos loucos da minha cara, o colocando de volta atrás da minha orelha. Seus dedos eram ásperos, mas suaves, e quando ele retirou a mão, eu queria que meu cabelo caísse de volta para que ele pudesse fazer isso novamente.

— Eu não quero seu dinheiro, — eu soltei. Eu tinha ido para a loja do dólar na semana passada com a minha mesada de três dólares e não pude encontrar uma única coisa que eu realmente queria. Trezentos dólares de coisas eram muito mais do que eu poderia querer.

— Bem, no meu mundo quando alguém faz um favor, nós retribuímos esse favor, — disse Bear, apoiando o queixo na mão. Meus olhos dispararam para o anel em seu dedo médio, um crânio com uma pedra brilhante no centro do olho. Bear olhou para baixo, seguindo o meu olhar. — Você gosta disso? — ele perguntou, pegando o anel de seu dedo.

— Sim, eu nunca vi nada como isso.

Bear o segurou entre dois dedos e olhou para ele como se ele estivesse vendo pela primeira vez. Ele ficou quieto e franziu a testa como se estivesse pensando em alguma coisa da mesma maneira que eu fazia com a minha lição de matemática. — Eu tenho uma ideia, — disse ele, colocando o anel no balcão. — Este anel? É uma promessa. Em meu clube quando damos isto a alguém representa uma promessa.

— Uma promessa para o quê? — eu perguntei, olhando para o anel, espantada como se estivesse pairando no ar.

— Um favor, tudo o que você precisa. Isso significa que eu devo a você.

— Eu?

— Sim, — disse ele, enfiando as notas de volta no bolso. Ele deslizou o anel em meu polegar, era tão grande que eu tive que fechar os dedos em torno dele para mantê-lo no lugar.

— Uau. Legal! — eu olhei em seus olhos e sorri. — Obrigada. Eu vou mantê-lo seguro e eu prometo que eu não vou usá-lo a menos que seja super importante.

— Eu sei que você não vai, — disse Bear. Uma garganta limpou e nós dois olhamos na direção do som. De pé ao lado da porta aberta estava outro homem que usava o mesmo tipo de colete.

— Temos que ir, cara. Chop ligou. Temos que estar de volta ao MC em vinte minutos.

— Tenho que ir, querida, se certifique de manter isso seguro, está bem? — Bear bateu com o dedo sobre o meu punho fechado.

— Eu não vou dizer a ninguém. Eu juro, — eu disse, fazendo uma cruz sobre o peito, algo que você só fazer quando você é muito sério sobre a promessa que você estava fazendo e eu queria que Bear soubesse como eu estava séria sobre como ficar quieta.

Com uma piscadela e o sino tintilando na porta, ele se foi.

Eu vi quando ele deu um tapa na parte de trás da cabeça do homem de cabelos escuros que tentou roubar a loja. Eles trocaram algumas palavras raivosas antes de colocar os capacetes e voltarem para a estrada. O terceiro homem seguindo de perto.

Nem trinta segundos após o último motoqueiro ter saído, Emma May passeou pela porta. — Qualquer coisa emocionante aconteceu enquanto estive fora? — ela gritou, se dirigindo para a sala de trás.

Eu coloquei o anel no bolso de trás da minha bermuda. Então eu cruzei meus dedos atrás das costas.

— Não senhora. Nada.

 

 

 

BEAR

A luz do sol do meio-dia era ofuscante. Skid não era o único com ressaca. Tínhamos festejado em Coral Pines com algumas garotas de férias da primavera até o sol aparecer esta manhã. Skid ainda não tinha aprendido o valor de colírios e café forte.

O filho da puta tem sorte que eu não acabei com ele ali mesmo no estacionamento do fodido posto de gasolina.

— Você está louco em levantar uma arma em um posto de gasolina? Especialmente em um perto do clube. Eu não sei o que te disseram quando você ganhou seu patch, irmão, mas nós não somos um bando de delinquentes juvenis do caralho. Não montamos e apontamos armas em postos de gasolina ou fazemos qualquer outra coisa que corre o risco de merda bater em nós. Temos grande merda acontecendo agora e coisas como estar poderia mandar todos para a cadeia. E quem diabos aponta uma arma para uma fodida criança do caralho? Eu deveria atirar em você para te ensinar uma lição. Onde está o seu cérebro, cara? — eu bati na cabeça de Skid e seus óculos de sol foram para o chão. — Prospecto4, — eu gritei para Gus. — Por que não podemos fazer nada estúpido agora? Por que não apontamos armas para meninas?

— Uma merda grande está acontecendo. Temos que nos manter fora do radar, — Gus respondeu sem rodeios. — E porque isso é apenas uma parada fodida no geral.

— Cara, — Skid disse, esfregando os olhos. — Eu ainda estou bêbado de ontem à noite ou hoje pela manhã ou sempre. Sinto muito, foi estúpido. Só não diga isso para Chop, ok? — ele se abaixou para pegar seus óculos escuros e eu pensei seriamente sobre chutá-lo na cabeça. Mas então me acalmei um pouco quando eu pensei sobre toda a merda estúpida que eu tinha feito quando eu recebi meu patch, merda que deixaria meu velho puto se ele soubesse.

— Foi só uma vez e apenas uma vez. Isso é tudo o que você tem. Sua única passagem. Faça merda como essa de novo e você vai lidar com Chop sozinho e eu não vou estar lá para te salvar. — eu montei minha moto.

— O que foi aquela conversa sobre o anel? — perguntou Gus. — Essa é a primeira vez que ouvi sobre isso. Eu perdi alguma coisa que eu deveria saber? Eu deveria dar um anel também? Porque eu não tenho um tão bom quanto o de um crânio que você deu a ela. — Gus estava sempre ansioso para aprender e a possibilidade de que ele pudesse ter perdido alguma coisa o fazia parecer inquieto.

— Nada, cara, isso tudo foi besteira. Um anel em troca dela não ligar para o xerife ou dizer ao pai e a mãe dela o que os grandes motoqueiros maus fizeram, — eu disse.

— Criativo, — Gus disse, puxando as luvas para montar.

— Você deu à menina seu anel de caveira? Essa coisa não tem um diamante nele?

— Com certeza tem e você vai me pagar de volta cada centavo de merda. — eu liguei o motor, o barulho da moto vindo à vida entre as minhas coxas.

Eu ri todo o caminho para casa ao ver a expressão no rosto de Skid quando eu disse que ele me devia.

Eu nunca pensei sobre aquele dia ou aquela garota novamente.

Até sete anos depois, quando tudo voltou e me mordeu na bunda.


Capítulo dois

Thia

Sete anos mais tarde...

Silêncio.

Mais assustador do que qualquer arma de fogo ou explosão de um canhão. Mais alto do que trovões e dez vezes mais aterrorizante.

Levando uma das tortas de maçã famosas da Sra. Kitchener com uma mão e segurando o guidão da minha bicicleta com a outra, eu passei pelas pedras e buracos na estrada de terra que levava até a pequena fazenda que eu morava com meus pais.

Todo dia quando eu chegava em casa do meu trabalho em tempo parcial no Stop-N-Go, fui saudada pelas vozes das brigas de meus pais. Sem outras casas ao redor por milhas, suas vozes se ampliavam sobre as copas das árvores e podia ouvir bem antes de ver a luz na janela.

Antes do meu irmão mais novo morrer, eu nunca tinha ouvido eles brigarem. Quando Sunlandio Cooperation decidiu importar suas laranjas, o cancelamento de seus contratos com a fazenda da minha família, a briga se transformou em ódio cheio de gritaria.

Eu soltei a minha bicicleta no chão, deslocando cuidadosamente a torta de um lado para o outro. Incapaz de me abaixar para refazer o nó do meu cadarço que tinha se desfeito no passeio, eu continuei, tomando cuidado para não tropeçar nas cordas penduradas.

Arrepios irromperam sobre a minha pele úmida, fazendo os pequenos pelos na parte de trás do meu pescoço e meus braços se levantarem como se eu estivesse a momentos de distância de ser atingida por um raio.

Foi quando eu percebi.

O silêncio.

— Mãe? — eu chamei, mas não houve resposta.

— Pai? — eu perguntei quando eu abri a porta de tela. A lâmpada sobre a mesa lateral estava ligada, o abajur inclinado de lado como se ele também estivesse questionando o que diabos estava acontecendo.

Ouvi um tumulto no quarto de trás. — Vocês estão aí atrás? — perguntei, colocando a torta no balcão. Eu fiz meu caminho pelo corredor, abrindo a porta do quarto do meu pai, mas estava vazio. O mesmo para o único banheiro e meu quarto.

No final do corredor, a porta para o antigo quarto do meu irmão estava rachada. Minha mãe mantinha o quarto de Jesse como um santuário para ele desde que ele tinha morrido, ela sempre mantinha a porta fechada e sussurrava quando ela estava no corredor como se ele estivesse lá tirando um cochilo e ela não queria acordá-lo.

— Mãe? — perguntei de novo, lentamente abrindo a porta.

— Venha, Cindy. Nós estamos aqui, — disse ela alegremente. Foi a primeira vez que eu ouvi a voz de minha mãe tomar um tom feliz em anos, embora eu odiasse que ela me chamasse Cindy.

Isso fez o meu estômago rolar.

Algo estava tão errado que eu quase não queria ver o que estava esperando por mim do outro lado da porta.

E eu estava certa.

Eu não queria.

Porque não era minha mãe sentada na cadeira de balanço velha que ela costumava ler para Jesse agarrando seu dinossauro favorito, balançando para trás e para frente, segurando o bicho de pelúcia em seu peito e se esfregando contra ele.

Seus olhos estavam bordados em vermelho com olheiras, mas ela tinha um sorriso no rosto. — Estou tão feliz que você está em casa Cindy-loo-hoo, — disse ela, usando o apelido que ela não tinha me chamado em anos. — Você está pronta para ir? — ela perguntou.

— Onde? Ir para onde, mãe? Onde está o papai?

— Seu pai não queria esperar então ele já foi, mas eu queria que você viesse conosco, então eu esperei por você. — seu sorriso era grande, mas seus olhos estavam brilhando e completamente vazios de qualquer emoção.

— Mas onde ele foi? — perguntei novamente, dando um passo para dentro do quarto.

— Não se preocupe, nós vamos estar juntas com ele em breve. Eu só queria falar com Jesse primeiro, — disse ela, acariciando o dinossauro.

— Mãe, Jesse está morto. — eu a lembrei. — Ele morreu anos atrás.

Mamãe assentiu com a cabeça e seus olhos dispararam para o papel de parede do Star Wars e, em seguida, à sua pilha de Legos no canto. — Eu sei disso, boba.

— Ok, porque eu pensei por um segundo que você estava dizendo que...

— Eu só queria que ele soubesse que nós vamos nos juntar a ele em breve, — disse mamãe. Foi então, quando ela trocou o bicho de pelúcia de um braço para o outro, que eu notei a arma no colo dela.

— Mãe? — perguntei, todo o meu corpo começando a tremer com a consciência de que ela estava realmente dizendo. — Me diga onde o pai está, — eu sussurrei.

— Eu te disse. Ele se foi. Ele se foi sem nós porque ele não podia esperar. Ele sempre foi impaciente. — ela balançou a cabeça e revirou os olhos. — Você é muito parecida com ele de muitas maneiras, — ela cantou.

— Por que você tem uma arma, mamãe?

— Menina boba, de que outra forma é que vamos nos encontrar com Jesse e seu pai? Quer dizer, eu sei que há outras maneiras, mas eu acho que esse é o mais rápido e mais eficiente. Afinal de contas, nós não queremos fazê-los esperar muito tempo, — disse ela, acariciando as costas do dinossauro como se ela estivesse pondo ele para arrotar. Para frente e para trás, ela continuou a balançar, nunca quebrando o ritmo lento e constante. A cadeira rangendo sobre o piso de madeira.

Dei mais um passo em direção a ela na esperança de pegar a arma da mão dela, mas ela viu que eu estava olhando e pegou a pistola, acenando-a no ar. — Nah ah. Seu pai queria ser o único a segurá-la também, mas eu insisti. Este é um trabalho para a mamãe e ninguém mais. Já era hora de eu tomar algum controle e cuidar desta família. Levar a todos para o mesmo lugar é o primeiro passo.

Meu pé no assoalho soava tão calmo como uma batida de tambores. — Então, Cindy. Você nunca foi boa em esperar a sua vez, mas a boa notícia é que você vai ser a primeira.

— Onde você enviou papai para se encontrar com Jesse? — perguntei, as lágrimas picando atrás dos meus olhos, mas a adrenalina correndo em minhas veias impediu de derramar.

— Eu não vejo por que isso importa, — disse a mãe, soprando uma mecha de cachos escuros que caíram em seus olhos. — Mas se você quer saber, ele se foi no nosso quarto. Foi muito mais bagunçado do que eu esperava. Quando eu te enviar, eu acho que deveria ser na banheira, então eu vou subir atrás de você. Talvez eu vá deixar algum alvejante para o xerife, manchas vermelhas são as piores, especialmente no rejunte branco, — disse ela com a mesma voz estranhamente animadora com a qual ela me cumprimentou.

Eu dei um passo para trás e minha mãe continuou a olhar para mim, sorrindo um sorriso cheio de dentes de orelha a orelha. Ela não me seguiu quando eu me virei e abri a porta do quarto. Ele estava vazio.

Mamãe ficou louca. Isso não significa que o pai está morto. Ela poderia estar mentindo. Ela poderia estar inventando.

Rodei a cama.

Por favor, esteja vivo, por favor, esteja vivo.

No chão ao lado da cama contra a parede estava o corpo do meu pai sem vida, os olhos e a boca abertos, congelados em surpresa.

Engoli em seco e cobri minha boca. — Não, não, não, não, não! — gritei.

Eu me afastei do meu pai para o corredor e quando eu olhei para o quarto, minha mãe não estava mais na cadeira de balanço. Eu me virei para correr para fora da porta, mas corri diretamente no cetim macio de camisola rosa de minha mãe.

— Você está pronta, meu doce? — perguntou ela, inclinando a cabeça para o lado. A arma estava em suas mãos, mas não estava levantada.

— Eu, eu, eu preciso dizer algumas coisas para Jesse também, — eu disse, passando por ela em direção ao quarto dele.

Ela bateu na testa dela com o cano da arma. — Que tola eu sou, é claro que você quer. Eu estarei esperando aqui mesmo e depois de nos encontrarmos com eles, teremos sorvete.

— Sim, sim, ebaaaaa, sorvete é bom, mãe, — eu disse, fungando. Eu a evitei e fingi que estava voltando pelo corredor até o quarto de Jesse quando ela inclinou seus ombros indicando o quarto para mim e eu tomei a única chance que eu sabia que eu tinha e explodi em uma arrancada, me esquivando dela enquanto eu fazia uma corrida em direção oposta, para a porta.

A parede ao lado da porta explodiu quando uma bala rasgou o reboco velho. Minha mãe estava rindo enquanto ela descia os degraus da varanda. Um dos cadarços dos meus sapatos travou na escada e eu voei através do ar, pousando no meu peito. O ar abandonou meus pulmões e eu me virei de costas, desesperadamente com falta de ar.

— Você falou sobre essa viagem no último ano com Nana, você não vai sair dessa, — disse minha mãe quando ela olhou para mim a partir da varanda. De soslaio, avistei o velho rifle do meu pai contra a frente da casa. Ele a usava para assustar os bichos para não comer as laranjas. Eu não acho que isso tinha sido usado desde a safra anterior. Então ele não tinha usado por meses.

As chances eram de que a coisa nem mesmo funcionasse.

— Eu não estava falando disso, mãe, — eu disse, quando eu pude finalmente pegar o fôlego. Lentamente, eu caminhei em minhas mãos e os pés para os lados em direção à casa.

Na direção da única chance que eu tinha de sobreviver.

— Eu apenas pensei que talvez pudéssemos fazer isso juntas, você sabe, ir ao mesmo tempo, — eu disse, espelhando sua voz alegre o melhor que pude.

— Oh, Cindy, essa é uma bela ideia. Você sempre foi minha querida, você sabe. Teimosa. E um terror às vezes, mas você também podia ser muito doce. Eu amava o jeito que você costumava brincar com meus colares e brincos quando você era um bebê. — mamãe colocou a arma contra o peito e suspirou.

— Você pode me fazer um favor, mamãe? Você pode usar o velho rifle do papai? Dessa forma eu vou ter algo para falar com ele quando chegarmos lá. E eu posso usar a arma com a qual você o enviou para Jesse. Vai ser divertido e você sabe que é difícil para eu encontrar coisas para falar com o pai.

— Você sabe, — disse ela, pegando o rifle da casa. Eu subi para os meus pés e vacilei, segurando o tapume lascado para que eu não caísse. — Eu queria que seu pai tivesse pensado em algo agradável como isso. Teria sido muito mais fácil. Você deveria ter ouvido ele gritar e gritar. — ela soltou uma rápida explosão de risos. — Implorando. — ela inspecionou a arma para se certificar de que estava carregada, em seguida, a jogou para mim. Eu a peguei e conferir para ver se estava carregada assim como ela. — Consegue acreditar? Seu pai... implorando. Foi bastante ridículo.

Sob o luar, a pele de marfim da minha mãe brilhava. Eu sempre invejei seus longos cachos escuros e lábios naturalmente rosas. Para mim ela sempre parecia a Branca de Neve. Eu costumava vê-la pegar laranjas no bosque para sua famosa geleia de laranja e me perguntava por que eu fiquei presa com o cabelo rosa5, olhos verdes e sardas, em vez de sua boa aparência.

Branca de Neve estava lá em sua camisola de cetim e apontou o rifle para mim. Com o meu coração correndo no meu peito, eu levantei a pistola para ela. — Eu te amo, baby, vejo você do outro lado, — disse ela. Lágrimas brotaram nos meus olhos. Eu teria apenas uma fração de segundo. Mesmo se a arma emperrasse como muitas vezes fazia no primeiro acionamento do gatilho, haveria apenas um segundo.

Minha mãe sorriu maniacamente para mim com os olhos arregalados.

Em seguida, Branca de Neve puxou o gatilho.

Eu segurei minha respiração, mas nada aconteceu. Ela bateu na lateral da arma como ela tinha visto meu pai fazer um milhão de vezes antes e antes que ela fosse capaz de por seu dedo no gatilho de novo, eu atirei.

Sangue espirrou contra o piso, transformando a pintura descascada branca em vermelho brilhante.

Mamãe estava certa sobre uma coisa.

Foi rápido.

Eu caí de joelhos e apertei meu peito. Minha mente em branco. Eu não podia formar um pensamento coerente. Ambos os meus pais estavam mortos e eu não sabia o que eu deveria fazer. Quem eu deveria chamar.

Ambos os meus pais estavam mortos.

Você matou sua mãe.

Eu gemi para a noite; perdida, com medo e completamente sozinha.

Cheguei sob minha camisa e procurei conforto do jeito que eu sempre fazia quando meus pais estavam brigando, agarrando o anel que eu usava em uma corrente sob minha camisa.

Eu esfreguei o metal frio entre meus dedos. Um raio atingiu a torre de água e foi nesse momento que a resposta veio a mim. Eu sabia onde eu tinha que ir.

A quem eu tinha que ir.


Capítulo três

Thia

Estava chovendo.

Era verão na Flórida.

Estava sempre chovendo.

Em algum momento durante o passeio de bicicleta de quarenta minutos a partir da fazendo de Jessep até Logan’s Beach eu tinha perdido todo o sentimento em meus pés enquanto eu pedalava descontroladamente contra a força da chuva.

Eu tentei tirar o velho Ford do meu pai. O chaveiro na porta da frente estava vazio, o que deixou apenas outro lugar que poderia ter estado. Eu puxei minhas pernas para frente e para trás no quarto que continha o corpo sem vida do meu pai. Ao vê-lo anteriormente não diminuiu o impacto de caminhar ao redor da cama e encontrar meu pai jogado em um ângulo estranho contra a parede, com o cabelo ainda molhado com seu sangue.

— Papai, — eu chorei, passando por cima do rio vermelho que começou como uma piscina atrás de sua cabeça e ficou mais fino e mais fino até que ele saiu do quarto que meus pais compartilhavam e se infiltrou no espaço entre a parede e o chão, se espalhando tanto à esquerda quanto à direita, pintando os rodapés brancos em vermelho fresco.

Minha família inteira estava morta, mas eu não tive tempo para pensar sobre isso e eu estava grata porque o peso do que aconteceu estava ameaçando me esmagar onde eu estava.

Algo dentro de mim, um raio de esperança, me disse que se eu pudesse chegar à Bear, então tudo ficaria bem. Ele não poderia fazer tudo isso ir embora.

Mas ele poderia fazer tudo ficar bem.

Ele fez uma promessa. Ele irá te ajudar. Ele pode pensar por você. Você apenas tem que chegar lá.

Eu não poderia me fazer procurar nos bolsos do meu pai. Tocá-lo apenas tornaria isso mais real.

Sem outra opção, eu peguei minha bicicleta do chão e saí.

Cada rotação das minhas pernas fizeram os músculos de minhas coxas parecerem mais e mais pesadas. A única coisa que me impulsionava para frente era a salvação que eu esperava encontrar quando cheguei a casa do clube dos Beach Bastard’s.

Quando cheguei à Bear.


Capítulo quatro

 

Thia

 

A chuva ainda não tinha passado no momento em que cheguei ao portão. Um garoto magro montava guarda do lado de fora em um banquinho. Através da sua capa de chuva transparente eu podia ver o patch em seu colete que se lia prospecto. Ele me observou quando eu baixei minha bicicleta e manquei até ele, os músculos das minhas pernas ainda não tinha recebido a mensagem que eu tinha parado de pedalar. — Eu preciso ver Bear, — eu disse. — Por favor. Pode dizer a ele que Thia está aqui para vê-lo? Thia do posto de gasolina. Eu preciso falar com ele. Isso é muito importante.

— Como é importante? — perguntou o prospecto, movendo o palito que pendia em seus lábios de um lado para o outro com a língua.

Tirando meu colocar, eu segurei para que ele pudesse ver o anel do crânio de Bear oscilando dele. — Isso é importante.

O prospecto olhou para o anel com ceticismo antes de sair do seu assento. Ele tomou o colar da minha mão e desapareceu atrás da porta do metal. Quando ele voltou dez minutos depois, foi como se ele fosse outra pessoa. — Eu sou Pecker, — anunciou ele, dando um passo para o lado para que eu pudesse entrar. — Como você disse que era seu nome mesmo? — um sorriso substituiu sua carranca de antes.

— Thia, — eu disse, entrando no clube dos Beach Bastards, embora eu teria chamado isso mais como um complexo. Era um velho motel ou complexo de apartamento. Três andares com salas voltadas para um pátio circular abaixo, onde uma piscina vazia estava no centro. Ao lado havia uma porta de vidro transparente que parecia que costumava ser um velho bar ou restaurante e parecia que os Bastards ainda utilizavam para sua finalidade original. O bar foi totalmente abastecido e vários homens, todos com coletes, jogavam sinuca em uma das três mesas de bilhar.

— Onde está Bear? — perguntei novamente. Sair da chuva e estar sob a proteção de um teto, meu queixo começou a tremer e os meus dentes batiam. Minha blusa molhada e calças se agarraram ao meu corpo. Meu cabelo está solto e sem vida contra a minha testa e bochechas, pingando água dentro dos meus olhos.

— Bear está ocupado agora, mas ele me disse que você pode esperar por ele em seu quarto, — disse Pecker quando eu o segui até um lance de escadas para o segundo andar, segurando no corrimão de alumínio irregular para apoio. Eu cortei o dedo médio em um ponto especialmente acentuado, chupando a gota de sangue que se reuniu na superfície. — Desculpe, devia ter avisado a você sobre isso.

Chuva escorria para o pátio com tal ferocidade que os Bastards não precisariam de uma mangueira para encher sua piscina vazia. O telhado não era nenhuma proteção contra a chuva vinda da horizontal.

Pecker parou na frente de uma porta verde escura e abriu, fazendo sinal para eu entrar. — Ele vai te encontrar aqui, — disse ele com uma risada. Eu entrei no quarto escuro, mas me virei novamente quando ouvi a porta bater atrás de mim.

— Onde você conseguiu isso? — perguntou uma voz ameaçadora. Minha garganta apertou e, lentamente, eu me virei para encarar o dono da voz. Na borda da cama, estava sentado um homem que se parecia muito com o que eu lembrava de Bear, exceto que este homem tinha cabelos grisalhos e um rosto cheio de linhas duras.

Ele levantou o anel de Bear.

— Onde está Bear? Você é o pai dele? — perguntei, abraçando meus braços em volta da minha cintura. O homem se levantou e riu, fechando a distância entre nós. Eu recuei para evitar o contato e minha cabeça bateu contra a porta.

— Eu não tenho certeza se você me ouviu, querida, — disse ele com sinceridade falsa: — Mas eu te fiz uma fodida pergunta e eu não sei quem você pensa que é ou de onde você pensa que é, mas eu vou... — ele se inclinou para olhar para mim com um par de ardentes olhos azuis familiares. — Eu sou Chop. Chop Chop6 porque... — ele riu e passou um dedo calejado pela minha bochecha, eu me afastei e ele agarrou meu rosto com tanta força a minha boca se abriu e ele apertou minhas bochechas até que se tocaram no meio. — Bem, você não precisa saber essa história, não é? Eu mando nesta merda. O patch no meu colete diz isso. Você está em minha casa, então você vai me dizer onde diabos você conseguiu isso antes de eu empurrar isso em sua maldita garganta e te sufocar com ele. — Chop levantou o colar novamente, a luz da lâmpada refletia o diamante do olho do crânio.

Chop poderia ter olhos da mesma cor que Bear, mas eles não tinham nenhuma beleza. Chop queimava com instabilidade, raiva e violência.

Isso foi um erro.

Eu tinha ido para o complexo procurando... o que exatamente eu tinha estado procurando? Socorro? Proteção? Segurança? Tudo o que eu sabia era que naquele quarto, com o pai de Bear a apenas algumas polegadas do meu rosto, senti nada segura.

Quando eu não respondi imediatamente, Chop deu de ombros. — Do seu jeito então. — foi quando ele apertou o anel para os meus lábios quando de repente eu encontrei a minha voz.

— Bear deu para mim, — eu disparei.

— Besteira! Onde você conseguiu isso? — ele rugiu, novamente tentar forçar o anel entre meus lábios.

— Eu tinha dez anos! — eu gritei e quando eu abri minha boca o anel escorregou e bateu no contra a traseira de minha garganta. Eu engasguei e Chop deu um passo para trás, examinando o anel à luz da lâmpada. Eu não sabia se ele queria dizer para eu continuar, mas eu fiz de qualquer maneira. — Ele me deu em Jessep quando eu tinha dez anos porque eu fiz um favor para ele. — eu não sabia se eu iria por Bear em apuros dizendo à Chop exatamente o que aconteceu, então eu fui vaga. — Ele me disse que se eu precisasse da ajuda dele, que era para eu vir aqui e mostrar o anel e ele iria me ajudar.

Chop me soltou. — Cale a boca, — ele comandou, ainda torcendo o anel ao redor em sua mão como se não pudesse acreditar que estava ali. Um sorriso torcido assumiu seu rosto e ele soltou uma gargalhada. — Ele é uma porra de um homem morto andando, mas o garoto sempre foi engraçado.

— O que isso significa? — perguntei, não tendo certeza se a nova rodada de dentes batendo era por frio ou medo.

— Isso significa que o meu menino deu isso para você porque ele nunca esperava que você aparecesse, — Chop disse, colocando o anel no bolso costurado no interior de seu colete. — Ele não teria feito merda nenhuma para você, exceto, talvez, te mostrar o pau.

— Não! Ele disse que é uma promessa de motoqueiro. Era a maneira de vocês...

— Nós queridas, não temos esse código e eu sei disso porque todos os nossos códigos têm a ver com assassinato. Como o que, onde, quem e quando.

Bear mentiu para mim?

Sim, Bear mentiu e eu era uma pequena garota estúpida que se apaixonou por ele. Ele nunca quis me ajudar. Ele só não queria que eu dissesse sobre ele.

— Posso pelo menos falar com ele? — eu perguntei com um último resquício de esperança. Não importava se o anel que eu tinha estado agarrada por sete anos era uma piada. Eu ainda precisava de ajuda. — Eu só preciso...

— Bear não é um Beach Bastard mais. Ele largou o colete deve como um idiota que ele é e saiu por aquela porta, porque ele é um covarde. Ele não é um motoqueiro mais. Ele não é um amigo. Ele não é mesmo um homem do caralho. Você sabe o que ele é? — perguntou Chop, recuando diante de mim. Eu balancei a cabeça, congelada no lugar por seu olhar. — Ele. Está. Morto. Um filho da puta morto que acontece de ainda estar respirando. — ele apertou o nariz no espaço entre meu pescoço e ombro e inalou. Eu me encolhi, e tentei me afastar, mas seu corpo musculoso grande me manteve presa. — Mas eu irei consertar essa porra em breve, — ele sussurrou, sua respiração quente contra o meu ouvido me fez sentir como se eu estivesse indo vomitar.

— Se ele não está aqui, então eu deveria ir, — eu disse, cada alarme interno que eu tinha atingindo a volumes ensurdecedores dentro da minha cabeça.

Corra. Corra. Corra.

Senti a maçaneta da porta atrás de mim e quando eu achei que eu poderia girar, ela não se moveu. — Bloqueios do lado de fora, — Chop disse maliciosamente, as sobrancelhas sugestivamente saltando.

Me agarrando pelos ombros, ele me jogou no chão. Eu caí de lado e dor rasgou minhas costelas. Chop se ajoelhou e montou em mim, me segurando presa com suas coxas no tapete sujo. — Ele escolheu esse filho da puta King sobre seus irmãos. E ele vai pagar, porra.

— Me solta! — eu gemia, me contorcendo debaixo dele, tentando me libertar, mas ele estava tão preso no lugar como a maçaneta da porta. Eu tentei bater meus punhos contra o peito dele, mas ele agarrou meus pulsos e os torceu dolorosamente. — Por favor, me solte! — eu gritei.

— Não se preocupe, pequena. Eu não vou te matar. Na verdade, eu vou me certificar de que um dos meninos te dê uma carona para fora.

— É? — perguntei, sabendo que ele não estaria em cima de mim cortando a circulação das minhas mãos se seu único plano era me deixar em outro lugar.

— Sim. Os meninos irão te deixar ir na parte da manhã.

— Manhã? — perguntei, apenas metade da palavra audível, o resto saiu como um sussurro ofegante.

— Sim, de manhã. Porque primeiro nós queremos ter certeza de que Bear veja que ele sabe que ele é um homem morto, mas se ele quiser continuar respirando, é melhor não ser estúpido o suficiente para passear neste lado da calçada.

— Ok, me deixe ir. Se eu vê-lo eu vou dar a ele a mensagem. — eu prometi.

— Não, sua garota estúpida. Você é a mensagem. — Chop empurrou minhas mãos sobre minha cabeça com uma mão e se inclinou, mordendo meu mamilo através da minha camisa.

Duro.

Eu gritei e Chop sentou e riu, admirando a mancha de sangue fresca na minha camisa, onde seus dentes tinham estado. — Os irmãos e eu vamos nos divertir com você, cadela.

— Irmãos? — perguntei, ou pelo menos eu pensei que eu perguntei porque Chop cerrou o punho e o bateu em meu queixo, me fazendo ver estrelas. A imagem do seu sorriso acima de mim cintilou como se alguém estivesse acendendo e apagando as luzes do quarto. Um segundo eu vi e no segundo seguinte tudo estava preto, embora eu soubesse que ele estava lá porque o peso esmagador em cima de mim nunca mais saiu. — Ele não me conhece. Ele não vai se importar. Não faça isso. Por favor, não faça isso!

Chop me ignorou. — Espere até que Murphy se aposse de você. Ele gosta de quebrar meninas como você. — Chop suspirou. — Quando vimos você entrar, eu já tinha prometido a ele que eu iria guardar a sua buceta para ele, embora eu ache que provar não vai doer. — ele se sentou sobre os joelhos e quando eu pensei que ele estava prestes a dar o fora, ele me virou com um braço, minha cabeça batendo contra a cômoda. Ele puxou meus shorts e roupas íntimas molhadas pelas minhas pernas com um puxão áspero.

— Não! — eu gritei, chutando minhas pernas para fora.

Chop usou seu joelho para espalhar minhas pernas e com um de seus dedos ele forçou dentro de mim. Senti suas longas unhas rasparem contra as minhas paredes internas. Eu sentia cada cume de seu dedo até seu anel impedir de ir mais longe. — Tão apertada. Realmente é uma pena que eu sou um bastardo que guarda as minhas promessas aos meus irmãos. Você vai ter que lembrar disso à Bear quando você o ver. — ele puxou seu dedo para fora de mim e minhas entranhas pulsaram pela lesão. Arranquei minha bochecha do tapete e me virei para olhar no Chop que piscou para mim antes de estalar o dedo em sua boca. — Você tem um gosto tão bom pra caralho, querida. É uma pena estragar este seu pequeno corpo, porque nós poderíamos adorar uma nova buceta por aqui.

Chop soltou o cinto e empurrou seu jeans para baixo com uma mão, ainda se inclinando sobre mim, sua mão ainda me mantendo prisioneira. Sua enorme ereção saltou livre de sua calça jeans e eu virei minha cabeça de volta para o chão não querendo ver o que eu estava prestes a sentir. Eu apertei minhas coxas e tentei empurrar as pernas juntas, mas outro tapa do lado do meu rosto me tirou a vontade de lutar. Tentei levantar a cabeça novamente, mas meu pescoço não poderia apoiá-lo. Minha cabeça estava muito pesada. Era demais.

Era tudo demais.

Chop largou meus braços quando sentiu a luta em mim morrer, abrindo ainda mais as minhas pernas com o joelho. Eu senti sua ereção quente e pesada nas minhas costas. Ele sussurrou em meu ouvido, suas palavras além de frias. Além de insensíveis. — Eu vou destruir essa bela bunda sua. Eu vou ir seco, então isso vai doer pra caralho. — ele correu os dentes no meu ouvido, mordendo minha orelha. — Mas primeiro um pequeno teste para ver quão apertada esta bunda realmente é.

Ele pressionou seu polegar em mim e dor passou pela minha espinha como se eu estivesse sendo esfaqueada. Quanto mais longe ele pressionava, mais dor eu sentia.

Mais irregular a faca se tornava.

Eu usei toda a força que eu tinha para falar, — Eu vou dizer a Bear quem não é homem mais.

— O que foi, menina? — perguntou Chop, pressionando ainda mais dentro de mim até que eu desmoronei contra o braço, me segurando.

— Você me disse que Bear não é homem. É você que não é homem. Você não é nada. Você é um lixo do caralho! — eu gemi quando a dor se intensificou.

— Aqui eu sendo bonzinho em te aquecer, — Chop tirou o polegar, mas qualquer alívio que senti era temporário porque ele agarrou seu eixo e o pressionou firmemente contra o pacote apertado de nervos que ele tinha acabado de lesionar. — Chega, — eu tentei me preparar mentalmente para a dor, mas não houve quantidade de preparação que eu podia fazer para estar pronta para o que estava por vir.

Ele ia me quebrar.

O senti começar a empurrar, a sensação de esfaqueamento afiado.

Em seguida, ele tinha ido embora.

Chop tinha ido embora.

Vidro voou pelo ar quando a janela explodiu, se quebrando em um milhão de pedaços, cobrindo toda a superfície no quarto, incluindo a minha pele com fragmentos minúsculos que me furaram como pequenas estrelas chinesas.

O quarto estava girando.

Gritaria, e coisas se arrastando e batendo soou do lado de fora do quarto. Portas abriram e fecharam várias vezes.

O chão sólido debaixo de mim desapareceu e foi substituído por um balançar, bater, e uma ligeira vibração de um veículo.

Eu abri um dos meus olhos inchados. — Quem é você? — perguntei. Sombras escondiam o motorista. Chuva atirava no para-brisa mais rápido do que o limpador podia limpá-las.

— Eu sou Gus, — disse ele sem rodeios, com zero de emoção em sua voz.

— Oi, Gus, — eu cantei delirantemente, o lugar entrando em foco. Minha cabeça caiu para trás contra a janela do passageiro.

Gus, a chuva, a casa do clube, Chop, meus pais, tudo começou a se desvanecer. Mais e mais longe até que eu estava cercada por nada. Um nada delicioso. Eu queria existir nisso durante o tempo que eu podia.

Vivendo em um estado permanente de nada parecia uma boa ideia.

Talvez isso seja a morte?

Eu estava morrendo?

Eu não sabia, e com toda a honestidade, naquele momento...

Eu não me importava.

Escuridão veio para mim. Eu não lutei contra isso. Fechando os olhos, eu permiti que me devorassem, me deixando levar. Uma parte de mim esperava que isso fosse me manter lá para sempre. Eu nunca quis acordar para enfrentar a realidade do que a minha vida tinha se tornado em um curto espaço de tempo.

Não era uma vida.

Era um pesadelo.


Capítulo cinco

BEAR

Eu não estava arruinado.

Eu estava além de arruinado.

A nova palavra precisava ser inventada para o nível de fodido que eu estava.

Torcendo o cabelo escuro na minha mão, eu puxei duramente, arrancando um gemido do que quer que seja o nome da garota que estava lambendo minhas bolas. Sua amiga, que tinha a mesma cor de cabelo, apenas mais baixa, rolou um preservativo no meu pau e se afundou nele.

O quarto do motel estava escuro, as cortinas tão grossas que poderia ser meio-dia e eu não saberia.

Dia e noite. Tudo tinha se misturado.

O lugar cheirava a porra, suor e maconha. Nem é necessário dizer o que vinha acontecendo nos últimos muitos dias que eu estava lá.

Dormir era inútil, porque sempre que eu caía no sono não havia nada de reparador sobre isso. Que foi parcialmente devido aos sonhos recorrentes que eu estava tentando evitar, e um monte a ver com a quantidade de pó que eu enfiei em meu nariz.

Eu gozei? Quão triste essa porra é?

Ainda mais triste?

Eu não me importo.

Não importava que houvesse duas delas, poderia ter havido duas mil, todas molhadas e prontas, inclinadas e esperando, isso não teria mudado porra nenhuma.

O que quer que tivesse acontecido, pelo menos tinha acabado.

Eu nem sequer me lembro de onde eu conheci as meninas ou ate mesmo quando, e eu não sabia seus nomes porque eu nunca me preocupei em perguntar. Pela aparência delas não, não era a primeira vez. Elas podem não ser prostitutas de clube, mas eu poderia perceber de longe, e essas meninas tinham piranhas escrito na testa.

Eu tive a súbita vontade de ser deixado sozinho.

Agora.

Acendi um cigarro e joguei a mais leve para a mesa de cabeceira, observando-a girar ao redor até que ele caiu. — Dê o fora! — eu lati, acenando com a mão na direção da porta, apertando os olhos para me certificar de que estava acenando para a saída, e não o banheiro.

Sim. Saída.

Acertou em cheio.

Correndo ao redor do quarto como uma barata tonta, a de cabelos curtos procurou por suas roupas e sapatos. Uma vez que ela encontrou o que estava procurando, ela puxou o ombro da outra menina que ainda estava na cama, nua e deitada em seu estômago. — Clarissa, temos que ir, porra. — ela olhou para mim e minha expressão permaneceu dura. — Agora, Clarissa, temos que ir, AGORA!

Clarissa gemeu e se virou para o lado dela, apertando os lençóis para seu peito, — Eu estou dormindo, Julie. Me deixe em paz. Vovó não vai nos chamar para ir para igreja até o meio dia. Eu posso dormir hoje.

Julie continuou a tentar acordar sua amiga, sem sorte.

A cada tique do velho relógio na parede, senti meu sangue começar a ferver. Quando se aproximou ao clique número dez, era como um trovão em meus ouvidos.

Peguei um cinzeiro de vidro pesado da mesa e lancei contra a parede, criando um buraco no gesso e um som que explodiu através do espaço silencioso como se um tornado houvesse caído pela janela. Poeira se elevou do buraco na parede, nublando o pequeno espaço com o cheiro de cigarros velhos.

Clarissa pulou da cama, alerta e acordada. Ela pegou sua bolsa, e seu triste vestido do chão ao sair - deixando os sapatos para trás, e abriu a porta. Julie que estava perto dos sapatos os pegou, ambas correndo nas para a luz do dia, que estava tão ofuscante que tudo o que eu podia ver era branco.

Acho que isso responde a minha pergunta sobre se é noite ou dia.

Me levantando, eu saí da cama, protegendo os olhos da luz, tropecei até a porta e fechei antes de voltar e cair sobre o colchão duro.

Eu apaguei meu cigarro no chão, e pelo estado dos buracos no tapete eu poderia dizer que não era o primeiro. A meia garrafa vazia de JD7 me chamou atenção do lado da cama. Agarrando-a pelo pescoço, inclinei a cabeça para trás e derramei o líquido âmbar diretamente em minha boca. Eu não me incomodei em envolver meus lábios em torno do frasco com medo de abrandar o fluxo de uísque. Eu o engoli em grandes goles até que minha garganta ardia como se estivesse pegando fogo, e a garrafa estava vazia. Eu deixei minha cabeça cair novamente, desta vez em um travesseiro que cheirava a buceta. Eu o joguei no chão e pressionei meu rosto no colchão.

Bem, você está lidando com esta merda de um jeito muito fodido, querido Bear. Meu melhor amigo morto disse na minha cabeça. Preppy era tão claro em minha mente como ele teria sido se ele estivesse sentado na beira da cama. Eu adoro uma festa, mas isso não é uma fodida festa. Este é o lugar onde as festas morrem. Este filho da puta está a ponto de precisar de um desses tiros falsos no coração.

— Cale a boca, Prep. As pessoas que estão mortas não devem ser quietas? Porque se assim for, você, meu amigo não-vivo, está falhando em toda esta coisa sobre morte, — eu disse em voz alta.

Awe, é tão bonito que você acha que por eu estar morto você pode me fazer calar a boca. E eu não acabei ainda, querido Bear. Você acha que eu ficaria quieto enquanto você fode esse monte de puta? Não é legal, cara. Não mesmo.

— Eu vou fazer uma nota disso, — eu disse, quando o quarto começou a girar. Fechei os olhos em um esforço para parar de rodar, mas não funcionou. Eu chutei uma das minhas pernas para fora da cama e ancorei meu pé no chão, mas meu nível de sobriedade estava tão baixo que o velho truque não funcionou.

Quando abri os olhos de novo não só o quarto estava girando ainda mais rápido, mas eu quase podia jurar que vi Preppy de pé cima de mim, uma carranca no seu rosto normalmente feliz, sua gravata borboleta girando e girando, e ficando mais e mais escura quando halos negros encheram minha visão.

Eu estava vendo o meu melhor amigo morto.

Eu tinha razão.

Estou em outro nível de arruinado.

Ver você chafurdando na sua própria merda está começando a me deprimir e eu estou morto, porra!

Era a última coisa que eu ouvi, ou pensei, ou o que quer que seja essa comunicação estranha entre o meu fodido cérebro, antes da minha visão ficar completamente preta e as trevas me absorverem.

Mas até mesmo grandes quantidades de uísque não poderia me salvar dos sonhos.

Eu sinto o calor contra o meu lado tão perto que queima. Eu ouço o crepitar do fogo e quando eu abro meus olhos, eu posso ver as brasas do fogo voando no ar. Eu sinto a minha pele chamuscar quando uma se aterra na parte de trás do meu pescoço.

Eu tento me levantar, mas eu não posso. Não consigo mover meus braços também.

Eu estou no meu estômago, deitado através de um conjunto de cadeiras de plástico baratas.

Eu estou amarrado.

Homens, vários deles me cercam. Eles estão rindo. Me cutucando. Me socando no rosto. Me chutando nas laterais. Em um ponto as cadeiras caem para o lado e eu caio, certo que eu quebrei uma costela contra o tijolo da fogueira no processo. Há uma ordem para me colocarem na posição vertical, e é feito imediatamente.

Quando as cadeiras são colocadas de volta e eu levanto minha cabeça, eu vejo Eli, o homem responsável pelo meu estado atual, sentado com as pernas cruzadas e um charuto na boca. Quando a fumaça se dissipa em torno de seu rosto, seu sorriso divertido é revelado.

O qual eu ia cortar de seu rosto.

Minhas calças são puxadas para baixo. Tento gritar, protestar, mas há uma mordaça na minha boca. Um dos homens coloca as malditas mãos nas bochechas da minha bunda e abre. Eles estão cutucando minha bunda com algo e eu grito com dor quando eles me penetram uma e outra vez. Eu me concentro nas coisas que eu vou fazer com eles quando estiver livre para evitar desmaiar de dor.

Porque eu serei livre.

Esta não era a maneira que era para eu sair.

Eu penso em vingança. Removendo todos os seus dentes um a um com um alicate. Um cara no clube sabe como fazer isso de uma forma que maximiza a perda de sangue. A vítima morre de uma morte lenta e dolorosa pela perda dos dentes. Isso é, obviamente, só depois de eu tirar os intestinos através das bundas deles com uma chave.

Eles pensam que o que eles estão fazendo comigo é tortura.

Esses filhos da puta não têm ideia do que é uma fodida tortura.

Estou tão quieto que um deles pergunta ao outro se eu desmaiei. Meus olhos estão fechados quando eu sinto a presença de alguém na minha frente. Ele enfia o dedo no meu olho e eu não reajo. Estou sentindo a maior dor que senti na minha vida, mas eu encontrei o meu lugar de calma e eu não vou deixar isso ir até que eu possa matar cada um desses filhos da puta. Estou guardando minha energia para quando eu puder realmente usá-la.

Eu sou um Beach Bastard do caralho.

Cadelas foram se lançando para mim desde que a tinta ainda estava molhada na minha certidão de nascimento.

Esta não é a primeira vez que estou sendo amarrado e torturado.

As chances são de que não seria a última.

Nunca houve uma dúvida na minha cabeça que eu morreria lá.

Nunca.

Minha mordaça é removida e eu ouço o som inconfundível de um zíper sendo abaixado. Eu quase rio para mim mesmo, porque eu sei o que está por vir.

Mas ele não.

Ele ri com seus amigos quando ele empurra seu pau pequeno de gordo na minha boca. Eu luto contra a bile subindo na minha garganta. Meu reflexo de lutar. Eu fico totalmente imóvel por um, dois, três segundos.

Os mais longos três segundos da minha vida.

Eu fecho os meus dentes em torno do seu pau até que eles se encontram no meio. Quando ele grita e tenta se afastar, eu seguro mais apertado e sacudo minha cabeça para o lado.

Gosto de cobre quente enche minha boca e eu não posso deixar de rir quando o homem pula ao redor com dor.

Meu riso está fora de controle enquanto seu sangue escorre dos lados da minha boca e eu cuspo o que sobrou do seu pequeno pau no chão.

Os sons de tiros irrompem e corpos em torno de mim começam a cair. Há uma explosão e eu sou enviado pelo ar. Eu caio com um baque surdo na grama e espero para ser desatado.

Porque eu sei que é King.

Eu sei que ele está vindo para mim.

E eu sei que agora é hora de matar.

Em um flash, King está arrastando um amarrado e semiconsciente Eli em seu caminhão e eu estou colocando uma bala no último dos homens de Eli na doca quando ouço uma voz. E, de repente eu não estou coberto de sangue e acabando com uma vida. Estou sentado ao lado da garota mais bonita que eu já vi na minha vida.

A garota do meu melhor amigo.

A garota de King.

— Eu teria sido uma boa prostituta para você, — diz ela, e meu pau praticamente salta para a atenção dentro da minha calça. Seus grandes olhos azuis estão desfocados. Suas pupilas do tamanho da Lua, mas de alguma forma o jeito que ela está olhando para mim me faz acreditar que ela está olhando através de mim. Através da minha besteira. Através do motoqueiro e ao homem interior. Naquele momento, ela é a única pessoa no mundo que pode ver além do colete e devo ser um suicida, porque eu estou disposto a sofrer a ira de Link para estar com ela.

Eu não me importo se ela está bêbada, isso vai fazer o que tenho a dizer mais fácil. Mas agora eu não me importo com nada, além de colocar meus lábios nos dela. Rosa, cheios, bonitos. Imagino-os em volta do meu pau e meus jeans ficam mais apertados quando meu pau decide que ele gosta da ideia, tanto quanto eu. Quando ouço o clique de uma arma atrás de mim, eu sei que é King. O clique é um serviço de cortesia, porque eu sou um amigo. Eu sei em primeira mão que a maioria dos que se encontram na mira de sua arma não são estendidos a mesma cortesia em forma de aviso. Eu olho de volta para a garota que eles chamam de Doe e eu a quero tanto que eu quase posso prová-la na minha língua.

Contemplo ignorar meu amigo e recebe a bala.

Eu acho que ela poderia valer a pena.

Ela está com raiva de King, e tem todo o direito de estar. Ela acabou de encontrar ele e alguma cadela. Eu quase quero bater no filho da puta me por deixá-la tão chateada. Mas oh porra bem.

Eu vou mandar King ir se foder. Dizer a ele para atirar em mim, se isso é o que ele realmente quer. A meu ver, eu estou prestes a corrigir um erro. Eu nunca deveria ter enviado ela à King na festa. Eu deveria tê-la levado para a minha cama e a mantido ali no segundo em que pus os olhos nela.

Em vez disso, o idiota aqui a enviou para colocar um sorriso no rosto de King.

Como se aquele filho da puta sorrisse.

Doe se vira e olha para King e até mesmo através de toda a mágoa e raiva em seu rosto eu posso ver claramente como ela se sente sobre ele. Eu nunca vi o verdadeiro amor antes, mas eu sei que é isso e isso faz meu estômago virar, porque eu sei que o que estou vendo é a coisa real. Merda, eu posso sentir isso. Como a eletricidade estática piscando entre eles.

Fisicamente me dói desembrulhar os meus braços em torno dela, porque eu sei que é a última vez que eu irei tocá-la porque ela não pertence a mim. Nunca pertenceu.

Nunca poderia.

Eu passo por King e trombo com ele com o meu ombro, dando a ele um educado empurrão 'foda-se'. Quando eu volto para a casa, eu quase desmaio quando eu sinto a dor no centro do meu peito. Dói tanto que eu acho que por um segundo o filho da puta mudou de ideia e atirou em mim afinal de contas. Ou isso, ou eu estou tendo um ataque cardíaco.

Mas quando eu abro os olhos e olho para baixo, eu estou olhando para o meu melhor amigo Preppy, o sangue jorrando de seu peito e ele está morrendo na minha frente mais uma vez. A vida drenando de seus olhos e a dor em meu peito se intensifica. Eu olho para baixo e a mancha de sangue no meu peito corresponde com a de Preppy. A dor se torna insuportável.

Mas a dor não é por causa de qualquer bala.

É porque eu não pude salvá-lo.

E, então, um enxame de abelhas atacam.

Bzzzzz Bzzzzzz BZZZZZZZ

Abelhas?

Bzzzzzzz. Bzzzzzzz. Bzzzzzzzz.

Meu telefone está vibrando na mesa, pulando e tocando os mesmos toques se sempre. Alguma música do caralho feliz que nunca pareceu coincidir com o meu estado de humor.

Eu agradeci quando ele parou de tocar. Eu abaixei meu rosto de volta para o colchão.

Três segundos depois, ele começou de novo, e de novo eu ignorei.

Três segundos depois ele começou mais uma vez.

Apenas uma pessoa tinha o meu número e desde que eu saí de Logan’s Beach, ele me liga todos os dias.

Eu nunca atendi.

As chamadas desaceleraram para uma vez por semana.

Eu nunca atendi.

Quando as chamadas pararam completamente, senti uma mistura de dor e alívio.

O telefone tocou pela quarta vez e eu não aguentava mais. Estendi a mão e apertei o botão verde, o segurando ao meu ouvido sem dizer uma palavra. — Bear? Bear, é você? — perguntou uma voz feminina.

Doe.

— Estou tão feliz que você atendeu. Você não precisa dizer nada, mas você precisa voltar para casa. Alguma coisa aconteceu, — disse ela, preocupação em sua voz cortando meu nevoeiro.

Me sentei na cama rapidamente. Muito rapidamente, e vi estrelas.

— Eu não sei por onde começar. É só que... — ela fez uma pausa e soa como se ela tivesse coberto o receptor com a mão. — Você é tão agressivo, — disse ela, mas não para mim. Houve uma comoção na linha quando o telefone estava sendo passado e eu sabia exatamente para quem ele estava sendo passado, mesmo antes de ouvi-lo murmurar: — Eu vou fazer você se arrepender dessa boca inteligente depois que as crianças forem para cama.

Eu não preciso ouvir essa merda. Já era difícil sustentar a constante dor de cabeça que batia entre meus ouvidos e eu precisava para voltar para isso.

— Você está aí? — perguntou King. Eu respondi com um grunhido e o som do meu isqueiro quando eu acendi um cigarro. A fumaça abriu meus pulmões e enviou apenas nicotina suficiente ao meu cérebro para fazer as rodas enferrujadas na minha cabeça começar a girar novamente. — Eu estou aqui, — eu disse no caso dele não ter ouvido o meu grunhido, a minha voz seca e áspera. Estendi a mão para a minha garrafa de Jack Daniels, mas ela estava vazia.

Inclinei e abri minha boca, os restos escorreram em minha boca.

Um, dois, três, acabou.

— Você soa como merda, — disse King.

— Bem, olá para você também, porra. — eu cantei.

— Temos uma situação aqui mais importante do que o som de sua voz e tanto quanto eu gostaria de cuidar disso para você, eu não saberia por onde começar.

— O que?

— Gus esteve aqui...

Puta merda.

Eu pulei para fora da cama, e novamente foi muito rápido porque eu caí no chão com um baque. O telefone deslizou pelo carpete. Girando sobre minhas costas, eu peguei o telefone e, novamente, o segurou até minha orelha.

Pelo menos eu não perdi meu cigarro, eu pensei, cruzando os olhos para olhar para o cigarro ainda pendurado em meus lábios.

— O que diabos está acontecendo aí? — perguntou King.

Olhei para o relógio na mesa de cabeceira. — Não se preocupe com isso. O que você deve se preocupar é porque um irmão está à sua maldita porta às três horas da manhã. — o MC estava atrás de mim. Tanto quanto eles adorariam acabar com King, matar civis trazia muito problema, mas eu ainda não conseguia pensar em uma única razão pela qual Gus estaria lá além de pegar o meu amigo mais próximo para chegar a mim.

— Ele não está mais aqui. Ele tinha uma garota com ele.

— Gus tem uma garota? Ele é um filho da puta estranho, mas bom para ele, eu acho, — eu disse.

— Não, cale a boca e ouça...

— Eu tenho uma dor de cabeça do tamanho da porra do Grand Canyon, então vá direto ao ponto e me diga o que diabos é tão importante no meio da noite que uma mensagem não teria sido suficiente, — eu disse. O teto acima de mim tinha mofo escuro se arrastando nos cantos e se eu fechasse um olho eu praticamente podia ver essas coisas lentamente causando problemas pulmonares a longo prazo.

— É uma da tarde, — King corrigiu. — E eu acabei de te enviar uma foto. Olhe, — disse King.

Clicando sobre as mensagens, um pequeno número vermelho apareceu sobre a bolha verde. Eu cliquei no ícone e quando a imagem apareceu, eu suspirei. Era uma menina. Nua, machucada e sangrando. Seu cabelo era uma sombra estranha entre vermelho e loiro.

Rosa talvez? Ou talvez fosse o sangue em seu cabelo.

— Viu? — perguntou King

— Estou olhando agora, mas por que diabos você está me mandando uma foto de uma menina morta? — eu cliquei no botão de viva-vos para que eu pudesse falar com King e olhar para a imagem ao mesmo tempo. Ela parecia familiar. Seus olhos estavam fechados e seu cabelo colorido estava cobrindo a maior parte de seu rosto. — Eu não sou Preppy, este tipo de merda não deixa o meu pau duro.

— Não é uma garota morta, imbecil. Ela está viva, mas ela está aqui e ela está bem machucada.

— Então a leve ao hospital, caralho... — eu comecei, pronto para terminar a conversa e subornar uma das empregadas para ir até a loja de bebidas para mim.

— Bear! — King retrucou. — Ela está aqui, no apartamento da garagem. Gus a salvou antes que o MC pudesse deixá-la pior do que ela já está, mas ele tinha ouvido o seu velho dizer que ele ia largá-la aqui, para você.

Por que diabos o MC faria isso?

Eu não tenho que pensar muito sobre isso. Conhecendo o jeito que meu velho fazia as coisas, eu sabia que havia uma razão pela qual ele iria espancar uma menina indefesa. Bem, na verdade havia algumas. Mas só havia uma razão pela qual ele iria bater em uma e despejá-la em algum lugar que ele sabia que iria chegar a mim.

Enviar uma mensagem.

A realização me bateu enquanto King continuava falando, embora eu não podia ouvir o que ele estava dizendo. Foi o cabelo rosa. Eu não tinha visto em muito tempo. Não desde que...

— Olhe para a fodida mão dela, idiota, — King latiu, me trazendo de volta ao presente. Eu praticamente podia ver através do telefone a veia em seu pescoço que sempre pulsava quando ele estava zangado.

Eu usei meus dedos para dar zoom na mão dela e minha respiração ficou presa na minha garganta quando eu vi o que ela estava segurando entre os dedos.

Um anel. Um anel de caveira dos Bastard.

Meu anel de caveira dos Bastard.

— Estou indo.


Capítulo seis

BEAR

A dormência que havia sido bom para mim ao longo dos últimos meses tinha sido substituído com a raiva familiar que me acompanhou toda a minha vida. A raiva que me permitiu tirar vidas. A raiva que me permitiu odiar inimigos que eu nunca conheci. No entanto, este novo tipo de raiva borbulhando dentro de mim era para um homem e um homem só.

Chop.

Eu ainda estava meio bêbado. Era difícil não estar. Se eu quisesse estar completamente sóbrio levaria meses para limpar o meu sistema. Talvez anos.

As linhas tortas da rodovia se misturavam em uma longa sequencia de branco e amarelo enquanto eu pressionava o pedal do acelerador, o motor gritando e gemendo em protesto. A linha vermelha do velocímetro pulsava com hesitação, subindo mais e mais enquanto eu empurrava a caminhonete velha ao seu limite.

Eu tinha dado o anel para a menina como uma fodida brincadeira. Uma maneira de acalmá-la, fazê-la se sentir bem para não ligar para a polícia do caralho. Eu nunca esperava que ela aparecesse no maldito MC. Sobre o que ela poderia ter precisado da minha ajuda de qualquer maneira? Eu honestamente pensei que ela iria esquecer tudo sobre o anel e a falsa estória por trás dele.

Eu estava tão fodidamente errado.

Só porque era essa mesma menina na imagem que King me enviou não queria dizer que isso tudo não era uma armadilha elaborada por Chop para me fazer voltar à Logan’s Beach.

Meu velho era um filho da puta, mas ele era um filho da puta inteligente. Ele não queria vir atrás de mim em público, e com toda a vigilância na casa de King, ele com certeza estava tão longe de The Causeway quanto possível.

Mas e a menina?

Ela poderia estar na folha de pagamento dos Bastards pelo que eu sabia. Tudo o que ela precisava fazer era ir para um lugar tranquilo, sem vigilância para que os Bastards pudessem me levar de volta para o clube e me enforcar no meio do pátio para que eles pudessem jogar latas de cerveja no meu corpo até que eu começasse a cheirar mal.

Mas e se ela realmente foi para o MC porque ela precisava da minha ajuda? Precisava de mim para cumprir uma promessa que eu não tinha intenção de cumprir.

Na foto ela estava segurando o maldito anel como se fosse à coisa mais preciosa do mundo para ela. Eu senti um puxão do fundo do meu fodido intestino, mas como todas as emoções indesejáveis caindo pelo meu cérebro, eu empurrei essa merda para longe.

Minha piada estúpida acabou na porta de King. O plano era chegar à Logan’s Beach e silenciosamente limpar a bagunça que eu fiz. Então eu iria enviar à menina em seu caminho e dar o fora.

Cada solavanco na estrada me fez olhar para cima e olhar para o espelho retrovisor. As janelas traseiras estavam escuras e pareciam quase tão inúteis como um monge com um pau de vinte e três centímetros. A minha moto estava amarrada à traseira da caminhonete com cintas de nylon pesadas que ligava à ganchos no chão.

Uma besta mecânica amarrada enquanto ela foi concebida para estar voando pela estrada.

Como eu.

Eu tinha alugado a caminhonete sob um pseudônimo de um depósito fodido que operava exclusivamente em bilhetes de papel, nenhum sistema de computador de qualquer tipo. Eu não estava me escondendo do clube. Eu não era um covarde, mas eu não estava prestes a anunciar a minha chegada e colocar a família de King em risco também.

Eu não estava me escondendo, eu só precisava de tempo.

Tempo para quê, eu não tinha fodida certeza.

Ao longo dos últimos meses, a única coisa que eu estava fazendo era beber e comer buceta a rodo e logo que eu concluísse meu negócio, eu iria voltar para isso.

Meu velho não era estúpido o suficiente para levar a nossa luta para as ruas, mas ele era estúpido o suficiente para me enviar uma mensagem ao bater em uma menina a quem ele sabia que eu tinha dado a minha promessa de proteção.

Há quanto tempo foi isso? Seis, sete anos?

Parecia outra vida.

Um onde eu tinha tanta certeza do meu lugar dentro do clube. Uma onde eu estava contente de ser um soldado ingênuo cuja principal preocupação era buceta e festa.

Buceta.

Eu tinha estado de joelho nisso desde que eu tinha doze anos.

Perdi a virgindade da mesma forma que todos os outros meninos pré-adolescentes perderam no clube. Um membro mais velho, no meu caso foi o meu velho, me sentou no meio de uma sala cheia de irmãos já bêbados ou drogados ou ambos, quando uma prostituta seminua com o dobro da minha idade me deu uma desculpa triste para fazer um strip tease para uma velha canção do Bon Jovi, cada irmão que eu tinha conhecido desde que eu nasci observavam. Ela caiu de joelhos e me chupou antes de se sentar e virar as costas para mim. Ela segurou o braço de apoio quando ela se afundou, levando meu pau dentro de sua buceta.

A multidão aplaudiu e braço direito do meu velho, Tank, sacudiu uma garrafa de Bud, estalando a parte de cima com a faca, pulverizando de cerveja em cima de mim e na prostituta depois que eu gozei em menos de vinte segundos.

Melhor fodido dia da minha vida.

Eu daria qualquer coisa para ter esses dias de volta. Para ser alegremente inconsciente de toda a merda fodida que me fez eventualmente me virar contra meus irmãos e desistir do meu colete.

Eu estava feliz de ser apenas outra formiga no ninho, fazendo suas ordens sem questionar.

Minha vida fora do clube sempre irritava Chop. O fato de que eu estava próximo a civis, chamados Preppy e King, jamais descia bem para ele. Ele levou cada chance que ele tinha para me avisar a deixá-los e me lembrando de onde a lealdade precisava estar e como os de fora causavam nada mais que problemas em nosso mundo.

Eu nunca vi isso dessa forma. King e Preppy eram úteis para o clube. Os Bastards corriam para eles quando algo era demais para nós, e se apoiaram em nós quando eles precisavam de uma limpeza. Eles abraçaram meus irmãos e abriram suas casas para nós e nossos modos de festas selvagens.

Chop foi tão longe como oferecer a eles um colete. Patchs. Eu acho que ele fez isso pelo fato de que não ter poder sobre eles o deixava puto.

É claro que eles disseram não. King era um touro que corria em sua direção e Preppy era selvagem, correndo entre os touros sem nenhuma direção.

Eu fiz meu caminho e aproveitei todas as oportunidades para mostrar a Chop de que minha lealdade estava com ele. Com o clube. Atirei quando ele mandou. Enterrei seus problemas no fundo da floresta sem hesitação. Vivi a minha vida de acordo com o nosso código e de mais ninguém.

Mas nunca era suficiente.

Quanto mais ele me empurrava em sua ideia de que, a fim de tomar o martelo eu precisava desistir dos meus amigos, menos eu queria. Comecei a passar cada vez menos noites no complexo e mais noites no apartamento improvisado na garagem de King. Tivemos festas em seu quintal para meus irmãos que abraçaram King e Prep, não apenas como meus amigos, mas como amigos do clube.

Preppy morreu em nosso clube vários meses atrás porque havia um traidor entre os meus irmãos.

Um rato.

Chop estava mais preocupado com o sangue no concreto do que a morte de Preppy ou o traidor em seu meio. E isso é quando a coisa me pegou. A razão pela qual Chop estava preocupado com a minha lealdade era porque ele tinha uma razão para estar preocupado.

Quando a merda descesse. Vida ou morte. Uma arma mirada em Chop e uma mirada em meus amigos. Eu tinha que brincar de Deus e escolher cuja vida eu iria salvar, eu escolheria os meus amigos, a única família verdadeira que eu já tive além de Chop.

Eu acho que ele sabia disso muito antes de mim.

Quando ele se recusou a me deixar ajudar a salvar a garota de King, ele facilitou a escolha para mim. King ou o colete.

Não era nem mesmo uma decisão difícil de fazer. King tinha salvado minha vida num momento em que nem um único Bastard veio em meu socorro, quando Eli e sua gangue de filhos da puta idiotas me amarraram e me torturaram.

Chop falou bonito sobre a lealdade, mas ele nunca tinha feito uma coisa maldita para ganhar isso.

Eu me sentia nu sem o couro macio do meu colete contra a minha pele. E não é um bom tipo de nu. O tipo vergonhoso de nu.

Eu perdi.

Eu perdi o meu clube.

Eu perdi meus irmãos.

Eu sentia falta de saber o meu lugar no mundo e saber quem eu era, porque dirigindo a caminhonete de volta para os portões do meu inferno, eu não tinha ideia do caralho.

Tudo o que eu sabia era que eu não sentia falta de Chop.

Eu posso ter dado meu anel àquela garotinha como uma piada, mas isso não era mais uma piada.

Esta era uma fodida guerra.


Capítulo sete

BEAR

O dia que eu conheci King foi um dia sangrento.

 

Eu quebrei dois dentes e ganhei a cicatriz que atravessa o meu cotovelo esquerdo.

Nós tínhamos iniciado uma briga - eu nem me lembro o porquê. Pelo que quer que seja que as crianças de catorze anos de idade brigam. Bem, as crianças de catorze anos de idade que lidavam com drogas, roubos de carros, desmanche e fugindo da lei.

Nós tínhamos aguentado golpe por golpe até que estávamos tão ensanguentados e machucados que nenhum de nós poderia ver além das fendas dos nossos olhos negros inchados.

Preppy, um garoto magricelo que veio junto com King, se sentou em cima de um tronco nas proximidades e continuou correndo os dedos ao longo das pregas na frente de suas calças. Ele parecia totalmente imperturbável pelo espancamento mútuo ocorrendo apenas alguns metros de distância.

Na verdade, ele parecia... entediado.

— Vocês idiotas já acabaram? — Preppy gritou com um suspiro, soltando seus ombros. — Que luta de cadelas. Quando um de vocês desiste, aposto que é porque tem que ir trocar a porra do seu tampão. — ele balançou a cabeça e revirou os olhos.

King era mais pesado que eu, mas eu tinha a velocidade do meu lado. Para cada vez que ele me prendia debaixo dele, eu era rápido para manobrar para fora dele e aterrar mais um golpe em sua caixa torácica.

Isso pareceu durar horas.

Nós brigamos ferozmente, sem piedade. Rolando no chão molhado e macio, tentei cuspir a lama logo que entrou na minha boca para que eu pudesse recuperar o fôlego.

King recuou o braço e deu um soco contra o meu rosto, enviando minha cabeça para trás. A dor rolou pela ponte do meu nariz e vibrou contra minhas bochechas. O sangue escorria de minhas narinas na costura dos meus lábios, enviando um sabor de cobre em minha boca.

Era a terceira vez meu nariz tinha sido quebrado.

Um grito alto rasgou através do ar. King e eu viramos nossas cabeças em direção do som para ver Preppy, olhando para sua camisa branca em horror absoluto. Seu rosto já pálido parecia ficar ainda mais pálido. — Que porra é essa? — ele gritou, saltando do tronco. Ele puxou a alça do suspensório até o cotovelo, revelando um pequeno respingo de lama salpicado diretamente acima de seu bolso no peito.

Eu mal registrei que King e eu tínhamos parado de lutar. Suas mãos ainda estavam firmemente em volta do meu pescoço, meu joelho estava fortemente pressionado em seu estômago. Preppy lentamente olhou para cima a partir do ponto em sua camisa e de volta para nós. Suas bochechas estavam avermelhadas, os punhos cerrados ao lado do corpo. Antes que eu pudesse registrar o que diabos estava errado com o garoto, ele se lançou no ar com um grito que poderia rivalizar com os fodidos Braveheart8, e parou bem entre o King e eu, soprando o vento de meus pulmões, enviando King para trás na lama. Preppy então começou a se aproxima de nós com tudo o que tinha, mas desde que o garoto era construído apenas com cotovelos e joelhos...

Não era muito.

— Seus fodidos! — ele gritou, sua voz rachada sobre as vogais enquanto tentava seu melhor infligir dor em nós por sujar as roupas dele.

King e eu caímos na gargalhada e depois Preppy que tinha dado toda a luta que ele tinha para dar, ele caiu de costas e riu com a gente. Nós três passamos o resto do dia nos drogando no topo da torre de água. Essa foi à noite que Preppy desenhou um pau gigante na torre de água.

Eu aprendi naquele dia que Preppy tinha sido responsável por todos os paus que tinham sido pintados com tinta spray em placas de pare e postes de luz em toda a cidade. — Eu uso tinta especial também. A merda nunca vai sair. Quando eu estiver muito longe, meus lindos grandes paus pretos ainda vão estar em toda parte nesta cidade de merda.

— Oh, você gosta grandes pau pretos? — perguntei, cutucando sem suas costelas ossudas com meu cotovelo.

— Só o meu, — Preppy disse, agarrando seu pau através de suas calças cáqui.

King revirou os olhos. — Você não é preto, seu imbecil.

— Eu sou da cintura para baixo, filho da puta, você já viu o tamanho do meu pau? — Preppy estendeu a mão para seu cinto.

— Preppy, se você puxar a porra do seu pau para fora outra vez, eu vou te jogar da torre de água, — King advertiu.

— Você que sabe. — ele deu de ombros, tirando a mão de seu cinto. Ele se sentou entre mim e King e se inclinou sobre o corrimão olhando para as luzes esparsas abaixo. — Nós vamos possuir essa fodida cidade.

 

Grande. Grosso. Preto.

A torre de água de Logan’s Beach aparece. O esboço do spray de tinta em formato de pau ao redor da letra L ainda era visível, embora a cidade tenha tentado encobrir várias vezes com pintura fina barata. O cheiro do ar salgado misturado com protetor solar e peixes permeava o ar através da janela aberta e o cheiro de casa veio a memória... eu esperava que cidade nunca investisse em pintura decente, porque eu iria subi na torre do caralho no meio da noite e redesenharia o pau de Preppy mais uma vez.

Quando vou entrei na entrada de terra que levava até a casa de King, uma sensação estranha tomou conta de mim. Isso era pra sentir como casa.

Agora era o último lugar que eu queria estar.

Uma sensação de pavor permanecia dentro do meu peito, cada vez maior com cada rolar dos pneus me impulsionando para frente.

Livre-se da menina e dê o fora o mais rápido possível.

A casa de palafitas de três andares à minha direita era a casa principal, mas isso não era onde eu estava indo. Passando pela fogueira no quintal me fez querer vomitar, mas eu balancei a imagem da minha cabeça e em vez disso, escolhi lembrar de quando Preppy estava tão louco que ele convenceu a todos que ele poderia andar sobre as brasas.

Estávamos todos animados. Seus pés embora?

Queimaduras de segundo grau.

King estava do lado de fora de sua garagem recentemente reconstruída, os braços cruzados sobre o peito. Ele era um homem de poucas palavras e nunca falava antes de pensar, o que era o oposto de sua namorada, que estava sempre jorrando fora a primeira coisa que vinha a mente. King sempre foi um grande filho da puta, mas quando ele foi libertado da prisão no ano passado ele tinha saído ainda maior, como se ele tivesse saltado de ser a puta de alguém em troca de malhar. Seu cabelo estava curto e escuro e tinha um olhar ainda mais escuro em seus olhos.

Ele parecia o mesmo que ele sempre foi, mas havia algo nele que parecia... diferente, embora eu não conseguia descobrir o que era.

King levantou a tampa de um painel de teclas no lado da garagem que não estava lá antes de eu ir embora, e digitou um código. O lado direito do seu pescoço estava coberto com gaze. A porta da garagem abriu automaticamente. King acenou para eu entrar e eu dirigi para o espaço escurecido. Enquanto meus olhos se adaptaram, tomei cuidado para não bater em qualquer uma das motos clássicas e carros em diferentes estágios de reparação que eu sabia que estavam escondidos sob a infinidade de lonas empoeiradas.

Eu desliguei a caminhonete e pulei para fora.

— Você possui nada além de camisetas pretas e jeans escuro? — perguntei, tentando aliviar o clima e evitar qualquer conversa pesada ele podia sentir vontade de ter.

— Isso vindo do cara que não possui uma fodida camisa.

— Isso é o que está me incomodando. — eu disse, puxando a blusa preta sobre a minha cabeça e jogando-a de volta para o caminhão. — Muito melhor.

King revirou os olhos, mas eu podia ver a sombra de um sorriso. Não nos lábios, mas nele. Ele era um homem difícil de ler, mas eu tinha passado a entendê-lo. Só me levou quase 15 anos.

— A garagem parece melhor do que a última vez que eu vi, — disse eu, seguindo King. A atual área de garagem principal era duas vezes maior antes de Eli derrubar até o chão. — Você entrou em uma briga com um vampiro? — eu perguntei, apontando para a gaze no pescoço.

— Nova tattoo, — disse ele, abrindo uma porta que estava no mesmo lugar que o meu colchão costumava estar.

— Quem fez? — perguntei. King tinha feito todas as minhas e estavam muito melhor de quando ele começou. No meu braço direito não era uma imagem, mas um retrato da calçada durante o por do sol, uma moto em cima da ponte.

— Ray, — disse ele e ele sorriu.

— Puta merda, você deixar sua cadela tatuar você? — perguntei, me aproximando da gaze.

— Vá se foder. Chame ela de cadela novamente e eu vou te afogar no rio.

Entramos, mas não se parecia com a área improvisada que eu tinha usado antes como meu apartamento. Isso estava bom. A logo dos Beach Bastards que eu tinha pintado nas paredes tinha ido embora e essas paredes estavam nuas agora. O cheiro de tinta fresca pairava no ar.

Um sofá que parecia novo e TV formava a sala de estar. A pequena cozinha estava ao meu lado esquerdo. E ao contrário do estúdio que eu tinha antes, esta área tinha uma porta adicional que eu percebi que provavelmente levava a um quarto de verdade quando Doe abriu a porta e saiu.

Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. — Bear, — disse ela, os olhos brilhando, seu cabelo mais louro do que eu me lembrava.

— Doe, — disse eu, sem saber como cumprimentá-la mais. Me senti estranho. Ela era a única garota que eu pensei que eu poderia fazer minha. Não era que eu estava apaixonado por ela, era que ela era a única garota que eu tinha até mesmo considerado gastar mais tempo do que com o tempo que eu levava para gozar. Para mim? Isso era muito.

Doe parecia Doe, mas também diferente. Onde a mudança de King era algo que eu não poderia identificar, Doe era muito mais fácil de detectar. Ela usava bermudas coloridas brilhantes, uma blusa e chinelos pretos, seu estilo próprio, mas essa blusa era mais solta em torno da sua cintura do que eu estava acostumado a ver usando e fluiu quando ela caminhou em minha direção. Quando ela pegou meu pescoço para me trazer para um abraço, eu não podia deixar de olhar o decote amplo. Decote que certamente não estava lá antes.

— Ela prefere Ray, — disse King. Eu era um idiota. Eu tinha ouvido King dizer Ray, mas não tinha registrado.

— Ray, — eu corrigi. Eu não era tão perspicaz quando King me pegou olhando para ela.

— Pare de olhar para os peitos dela, porra, — King rosnou. Ray soltou uma pequena risada.

A segurei um pouco mais depois que ela tentou se afastar e ela bateu no meu ombro de brincadeira e riu de novo antes de eu finalmente soltá-la. Eu senti falta da sua voz. Sua risada. Foi mesmo bom ter King rosnando ao meu lado novamente.

Era tudo tão... normal.

— Você pôs mais peitos, gata? — perguntei na maior parte para irritar King, eu sabia que eles não eram falsos por causa de como eles pareciam esmagados contra o meu peito quando ela me abraçou. — Porque eu vou te dizer que eles estão fantásticos.

— Bear, — alertou King e eu me perguntava quão longe eu poderia empurrá-lo até que ele sacasse a arma.

— Oh, qual é, Bear, você seriamente não sabe? — perguntou ela, inclinando a cabeça para o lado.

King puxou seu braço, puxando-a contra seu peito.

Meu peito apertou.

Olhei para Ray de novo, e ela estava certa, eles eram macios e ainda assim pareciam que eles estavam prestes a explodir para fora do topo de sua camisa. O resto era mais curvas também, suas coxas um pouco mais grossas. Mesmo seu rosto tinha enlanguescido. E sim, a bunda dela tinha ficado maior, mas maldição, isso era uma coisa boa.

Cinco ou sete quilos pareciam bons para ela. Pareciam ótimos nela.

— Você seriamente não se lembra? — ela perguntou, cruzando os braços sobre o peito, que os fez estalar do topo ainda mais. King estendeu a mão e os descruzou, e isso foi quando eu notei através do tecido de sua camisa. Uma barriga ligeiramente arredondada. Como se ela tivesse recentemente... — Porra, eu sou um idiota, — eu admiti, finalmente percebendo o que eu tinha esquecido. — Parabéns, gente, sério, — eu disse, puxando Ray em outro abraço que foi recompensado com mais um rosnado de King.

Agora meu peito estava ferido por uma razão completamente novo. Meus amigos, mais próximos de mim do que qualquer família, tiveram um bebê enquanto eu estava fora e eu não tinha sequer me lembrado que Ray estava grávida.

Um grito agudo veio do outro quarto e, em seguida, parou tão rápido como tinha começado.

— Ela está fazendo isso a cada poucos minutos desde que Gus a trouxe aqui, — disse Ray, se afastando de King. — Sally, que dirige uma das Granny Growhouse. Ela é uma enfermeira aposentada. Ela simplesmente saiu há poucos minutos. Ela limpou e a enfaixou melhor que ela poderia onde a menina deixava, mas cada vez que ela tentou tirar o short para inspecionar os danos, a menina chutava e gritava. O que aconteceu, eu acho que foi brutal para dizer o mínimo.

Os olhos de King dispararam para os meus e eu sabia o que ele estava pensando. Ele era o único que sabia o que Eli e seu grupo de idiotas fizeram comigo e ele estava procurando o meu rosto para qualquer tipo de reação. Eu não era um idiota. Eu não era uma garota cuja virgindade foi roubada. Era uma tortura. Claro e simples. Nós matamos cada um desses filhos da puta?

Sim, nós matamos.

— Que bom que vocês acolheram ela, mas você já pensou que ela poderia estar na folha de pagamento deles? Que ela não é uma vítima, mas está aqui para conseguir informações?

— Passou pela minha cabeça. Não diga essa merda perto dela apenas no caso. Mas eu vou te dizer uma coisa. Se o que ela fez foi tudo um show, é um ato bastante impressionante, — disse King.

— Você deveria ir e ver como ela estava. Se ela começar a tremer ou qualquer coisa, Sally disse para colocá-la no chuveiro quente, — disse Ray.

— Porra! — eu disse, passando minhas mãos pelo meu cabelo. — Tremer? E se isso é real? Que porra eles fizeram com ela?

— Ray esteve com ela à noite toda e ela tem estado dormindo ou gritando, mas não disse nada sobre o que aconteceu, — disse King.

— Ela é apenas uma maldita criança! — eu gritei. — Você não acha que ele faria... — mas eu respondi minha própria pergunta. — Ele iria. Ele totalmente faria. E não apenas ele... — eu digo. Eu andei até o sofá e me sentei, sentindo meu estômago virar uma e outra vez quando eu pensei em Chop estuprando uma menina e, em seguida, deixando os doentes fodidos, e haviam vários no clube, terem ela.

— Como ela conseguiu o seu anel? — perguntou King.

— Eu era um garoto idiota e eu dei ele a uma menina para ela não chamar a polícia quando Skid a segurou com uma arma em um posto de gasolina. Eu nunca esperava vê-la novamente. Eu contei a ela uma história. Uma mentira. Disse que sempre que ela precisasse, qualquer coisa, era para vir me encontrar e mostrar o anel e eu iria fazer o que ela me pediu. Pensei que ela iria esquecer sobre isso.

— Você deve ir e vê-la, — disse Ray. — Se ela realmente veio procurar algum tipo de ajuda de você, ver você, saber que você está aqui, pode fazer algum bem.

— Por quê? — perguntei. — Ela não me conhece. Eu não a vi desde que eu dei o anel há ela anos atrás. — eu pulei para fora do sofá. — Chop queria me enviar uma mensagem ao bater e possivelmente estuprar essa menina. O que eu vou fazer é me esgueirar de volta para o clube e cortar a garganta do meu velho e, então pegar a estrada novamente. Esta merda não deve bater na porta de vocês. Eu não vou deixar isso acontecer novamente. Vou colocá-la na van e deixá-la no hospital. Nós dois vamos ter ido pela manhã.

— Você não acha que, se você levá-la para o hospital você corre o risco de arruinar a coisa pela qual ela precisava da sua ajuda? — perguntou Ray.

— Nunca pensei que eu iria ouvir você sugerir um hospital, — disse King.

— Foi uma mentira! Uma piada. Eu era a porra de um garoto idiota! — abaixei minha cabeça em minhas mãos.

E agora você é um idiota fodido de trinta anos, o fantasma de Preppy entrou na conversa.

— Vá lá e me diga se a menina lá dentro parece uma fodida brincadeira.

— Eu vou cuidar disso. Eu não sou um Bastard mais. Eu não estou preocupado com hospitais ou em ser pego. Além disso, se ela é um rato, o que diabos isso importa? Vou deixá-la e seguir meu caminho.

— Onde? — perguntou Ray.

— Qualquer lugar que não é aqui, — eu disse.

— Isso dói, você sabe, — disse Ray, se desembaraçando de King.

— Você não pode fugir para sempre, cara, — disse King.

— Eu não estou fugindo desses filhos da puta! — eu gritei. Os olhos de Ray correram para a porta fechada, eu abaixei minha voz de novo.

Não, mas você está fugindo de si mesmo.

— Eu tenho que ir ver o bebê, — Ray disse, dando um passo em direção à porta. Ela pegou um rádio, olhando a coisa no seu caminho para fora. — Babá eletrônica, — disse ela, segurando com um sorriso tenso em seu rosto. A última coisa que eu queria era machucá-la, mas eu não sabia como corrigir isso. Eu só precisava sair. Ficar na minha. Descobrir a porra da minha vida.

Por que eles não entendiam isso?

— Qual é o nome do bebê? — eu disse para ela, mas já era tarde demais. Ray já tinha ido embora.

King levantou a gaze do lado do pescoço revelando uma nova tattoo em letras cinza e preta escrito NICOLE GRACE.

— Você deu o mesmo nome da prostituta que atirou em sua mulher? — perguntei.

— Havia mais do que isso e você sabe disso. Além disso, Nicole Grace é muito melhor do que o que Sammy e Max queriam chamá-la.

— E do que era?

— Baby Pancakes, — disse King, revirando os olhos e sorrindo.

— Talvez um pouco melhor. Mas puta merda, cara. Ray fez isso? Isso é bom trabalho.

King arrancou o resto da gaze e o jogou em uma lixeira próxima. — É sim. Ela fica melhor a cada dia. Você deve ver algumas das merdas que ela esboça.

— Qual é o nome dela? — perguntou King, empurrando o queixo para a porta fechada.

— Thia, — eu disse. — A mãe dela a chama de Cindy, mas ela odeia isso, — eu disse, lembrando as palavras dela para mim todos esses anos atrás. — Se isto é uma armadilha de Chop, e ela está com ele, é melhor você acreditar que eu não dou a mínima para quantos anos ela tem. Eu vou enviá-la de volta para o MC em um saco preto do caralho.

— Concordo, — disse King. — Mas quanto tempo se passou desde que você a viu?

— Seis anos, talvez sete? — eu respondi, coçando o cabelo debaixo do meu nariz. — Por quê?

— Porque essa menina lá dentro? Ela é jovem. Mas ela não é uma fodida criança. — quando a última palavra deixou sua boca, outro grito estridente perfurou através do ar.

— Eu vou chamar Ray, — disse King.

— Não, a deixe ficar com o bebê, eu vou entrar. Melhor eu descobrir o que diabos está acontecendo mais cedo ou mais tarde.

King acenou com a cabeça, mas então ele parou, novamente procurando o meu rosto por algo que eu já sabia que não estava lá. — Tem certeza que está tudo bem, cara?

— Sim cara, tenho certeza. Vá dormir um pouco, — eu disse, acenando para ele.

King foi para sair, mas se virou. — Parece que cortar a garganta do seu velho será o plano para a noite. Vamos conversar sobre isso na parte da manhã. O que você precisar. Estou dentro.

Foi quando eu percebi o que estava diferente sobre King. A raiva. A raiva que ele estava se afogando desde antes de Ray chegar tinha ido embora. É por isso que ele parecia diferente. Mais claro.

Mais calmo.

Isso me assustou pra caralho.


Capítulo oito

BEAR

Que diabos há de errado comigo?

Talvez fosse a porra da explosão ou beber Jack por meses, mas eu estava realmente começando a questionar a minha sanidade. A imagem King tinha me enviado da menina era borrada e eu não conseguia distinguir o rosto dela, mas eu sabia que era a mesma menina do posto de gasolina com o cabelo rosa.

Thia.

O nome dela era Thia, eu me lembrava.

Eu achava que sabia o que esperar quando entrei naquele quarto.

Eu estava tão errado.

O cabelo longo de Thia estava espalhado no travesseiro e ele não era tão rosa como eu me lembrava, mais como loira com um toque de vermelho. Sua pele era pálida, com exceção do ferimento escuro no lado do lábio e do ponto de borboleta9 cobrindo um corte no lado do olho que estava ficando mais e mais escuro enquanto os segundos se passavam. Os círculos sob seus olhos eram de um roxo profundo debaixo de sua pele fina.

Ela foi espancada como o inferno.

Ela era tão linda. Eu estava tão surpreso com ela que eu senti como se ela não estivesse inconsciente, mas em vez disso tinha acabado de me dar um tapa na minha cabeça.

Quando seus lábios entreabriram, ela suspirou, arqueando as costas para fora da cama, empurrando seus seios contra o cobertor fino, antes de cair novamente.

A porra do meu pau saltou para a vida.

— Timing ruim pra caralho, idiota, — eu murmurei para mim mesmo.

Se ela era a porra de uma armadilha ou não, alguém, provavelmente o meu velho, tinha feito direitinho.

Ao vê-la em pessoa era tão diferente do que olhar para uma foto. Estar no mesmo quarto que ela, vendo como ela lutava em seu sono, a raiva que eu sentia minutos atrás em direção ao meu velho se amplificou por mil. As cordas em meu pescoço tencionaram e eu cerrei os punhos.

Eu não iria matar Chop.

Eu estripar o filho da puta.

Thia se debatia descontroladamente, seus braços e pernas flácidas e inúteis enquanto ela rolava de lado a lado. Sua boca abria e fechava, o nariz enrugado e as sobrancelhas retraídas como se estivesse tendo uma conversa acalorada com alguém em seu sonho. Ela começou a se debater novamente, desta vez chutando os lençóis e cobertores da cama.

Eu respirei fundo.

Ela não estava usando uma camisa ou um sutiã, seus seios eram cheios, empinados, arredondados, e perfeitos. Meu pau não tinha recebido a minha mensagem anterior para domar essa porra, porque ele se contraiu novamente em minhas calças quando todo o sangue do meu cérebro correu para o meu pau até que ele estava se esforçando dolorosamente contra o meu zíper. Thia rolou para o lado dela então ela estava de frente para mim e eu era capaz de ter uma visão melhor de seus mamilos cor de rosa. Havia uma marca em seu seio esquerdo e quando eu me inclinei para inspecioná-lo, eu vi vermelho.

Vermelho de raiva brilhante.

Dentes.

A marca de mordida na porra do seu mamilo.

Eu estava sobre Thia como uma mistura confusa de ódio, raiva, luxúria nadando dentro de mim. Eu adicionei decapitação à lista de coisas que eu ia fazer com Chop e possivelmente queimar seus próprios malditos mamilos eu mesmo.

Por outro lado, se a cadela estava trabalhando para Chop, seria uma vergonha ter que terminar o que tinha começado em um corpo tão perfeito.

Andei pelo quarto, estalando os nós dos dedos e respirando fogo. Se este fosse o velho lugar de King eu provavelmente já teria feito um buraco na merda do drywall e de repente desejei que aquela antiga garagem em ruínas, que costumava ser coberta com meus posters do Johnny Cash e bandeiras dos Beach Bastards não tivesse sido substituído pela tinta branca e fresca.

Thia se sentou de repente e abriu os olhos, revelando olhos verdes e grandes de boneca abaixo da superfície. — Bear, — ela sussurrou, fechando seu olhar em mim. Sua mão voou até o peito para agarrar o meu anel de caveira, que estava pendurado em uma corrente entre os peitos dela.

Eu abri minha boca, mas eu não tive a chance de dizer qualquer coisa, porque seus olhos reviraram em sua cabeça e ela começou a convulsionar.


Capítulo nove

Thia

Calor. Eu estava envolta em um casulo de calor e conforto que eu nunca quis emergir.

— Você está morta, querida? — a voz profunda penetrou o silêncio, me chamando de volta das trevas.

Água quente caiu sobre a minha pele. Eu estava sentada na superfície escorregadia de uma banheira rasa enquanto braços fortes me embalavam contra um duro peito largo. Algo enorme e duro cutucou minhas costas, fazendo com que meus olhos abrissem.

Pânico derramou em minhas veias como se eu tivesse levado um tiro no coração com adrenalina.

Me sentei e virei minha cabeça, olhando diretamente para as piscinas azul safira que fizeram a minha pele arrepiar e bile subir na minha garganta.

Não podia ser. Eu pensei que eu tinha escapado.

CHOP.

— Nããão!!!! — eu gritei, lutando para me afastar, tentando içar a minha perna sobre a borda, mas só conseguindo levantar minha perna o suficiente para bater o meu joelho diretamente no lado da banheira.

Os mesmos braços fortes em volta de mim e me puxaram de volta debaixo do spray.

Eu não conseguia respirar.

Isso não podia estar acontecendo.

Mas estava.

Estava acontecendo tudo de novo, e eu não podia. Respirar.

— Olhe para mim! — a voz ordenou, e quando eu não me virei, ele manteve uma mão em volta dos meus ombros e usou a outra para virar meu queixo para encará-lo. Eu lutei com ele usando toda a força que eu tinha, mas não foi o suficiente. Eu estava cansada. Fraca. Os músculos do meu pescoço cederam e eu fui forçada a novamente olhar nos olhos do meu captor.

Havia uma dureza e uma raiva, uma violência, à espreita nos olhos brilhantes diante de mim. A profunda exaustão que eu podia entender, no entanto, não havia ódio aberto, nenhuma malícia.

Não era ele.

Não era Chop.

Eu tinha conseguido escapar afinal de contas.

Mas para onde eu tinha fugido?

— Bear? — perguntei. Apesar de estar cercada por água a minha garganta estava seca e áspera, minhas palavras saíram como se eu tivesse estado no deserto durante meses respirando areia. — Como você está aqui?

— Não, você vai responder às minhas perguntas primeiro, — disse Bear, olhando para mim como se ele nunca tivesse me visto antes em sua vida. — Não se preocupe sobre onde você está ou como eu estou aqui. Você precisa estar mais preocupada em me dizer por que está aqui e quem te enviou. — a água escorria pelo seu rosto, pingando do fundo de sua barba, que estava muito maior do que eu lembrava. Ele tirou cabelo molhado da minha testa. Eu me afastei do seu toque, meu corpo ainda em modo de pânico completo.

Lembrando da dureza nas minhas costas, eu olhei para baixo para onde seu jeans incharam. Os olhos de Bear seguiram os meus. — Não pude evitar isso. O meu pau sabe que estou no chuveiro com alguém que tem uma buceta. — eu levantei minhas mãos para cobrir meus seios nus, de repente muito consciente da minha nudez, mas grata que eu ainda estava usando minha bermuda.

Meus músculos pareciam de borracha que tinham derretido no calor do sol como um pneu no meio da estrada.

Usada, gasta, quente, inútil.

Quebrada.

Bear queria saber por que eu estava lá.

Por que eu estava lá?

Alguma coisa tinha acontecido antes de eu ir para o MC. Antes de Chop. Mas meu cérebro estava nebuloso e eu não podia ver as imagens do dia que estava um pouco além do meu alcance.

— Eu não entendo, — eu disse. Desta vez, quando eu falei senti um puxão no canto do meu lábio. Toquei o local com os meus dedos, descobrindo uma crosta suave sobre uma ferida fresca.

— Você não se lembra de ir para o MC? — perguntou Bear, levantando uma sobrancelha. Eu não sei quem é o homem sentado na minha frente porque não havia nenhum charme e despreocupação que praticamente gotejava do Bear de sete anos atrás. Este homem era como uma versão vaga de seu eu mais jovem.

Fechei os olhos e deixei cair meu testa nos joelhos. — Me lembro de andar de bicicleta. Eu me lembro da chuva. Me lembro de ir até o portão. O prospecto chamado... Pick? Peck? Não, Pecker me deixou entrar.

— Nunca gostei desse pentelho, — Bear zombou.

Por que eu fui para o MC?

Pense, Thia. Pense. Por que você está com Bear agora?

As imagens que eu tinha tentado alcançar começou a piscar na minha mente como fotos Polaroid sendo jogadas em uma pilha, cada uma contendo um flash de memória, uma após a outra.

Minha mãe sentada na cadeira de balanço no antigo quarto de Jesse.

A arma em sua mão.

O corpo sem vida do meu pai.

A espingarda na mão.

Sangue da minha mãe contra o branco do lado da casa.

Engoli em seco quando as fotos começaram a se empilhar mais e mais, enchendo meu cérebro com imagens que eu nunca queria ver de novo. Isso não podia ser real. Eu tinha que estar morta. Mamãe tinha razão. Eu iria para o inferno. Porque isso é exatamente onde parecia que eu estava.

Meu estômago revirou. Ácido e bile subiu na minha garganta. Cobri minha boca com a mão.

— Ei! Você ainda está lá? Volte, — Bear perguntou, soando como um eco distante enquanto as imagens continuavam piscando em meu cérebro.

Um rio de sangue.

Tanto sangue.

Bear agarrou meus ombros e começou a me balançar. — Sangue de quem? Que porra você está falando?

— Eu matei minha mãe! — eu soltei, me inclinando sobre o lado da banheira apenas a tempo para levar o pouco que eu tinha estado no meu estômago para o vaso sanitário de porcelana. — É por isso... é por isso que eu vim para você. — eu limpei minha boca com as costas da minha mão, abrindo a cicatriz no meu lábio, sangue fresco e vômito riscado minha pele. — Eu... eu a matei.

Bear desligou o chuveiro e se inclinou sobre mim, agarrando seu telefone do topo da pia. — Onde? — ele perguntou, pressionando um botão no telefone. A tela se iluminou e ele o segurou ao ouvido. — Maldição garota. Onde?

— Onde o quê? — eu perguntei para o banheiro.

— Onde? Como em onde está o corpo da sua mãe? Onde ela está agora, porra? — ele perguntou com raiva, me deslizando para frente para que ele pudesse se levantar.

O corpo da minha mãe.

— Uh. Um ela está... — eu disse, tentando recuperar o fôlego o suficiente para não vomitar de novo. — Casa. Ela está em casa. Em Jessep. — sem a água quente contra a minha pele, eu comecei a tremer violentamente.

— Ray, King está lá em cima? — ele latiu no telefone. — Diga a ele para trazer sua bunda até aqui. — ele apertou um botão no telefone e o jogou sobre o balcão. Ele se levantou, me levantando sob meus ombros quando ele passou sobre a borda da banheira. Ele fechou a tampa do vaso sanitário e me pôs sobre ele. Rasgando uma toalha da prateleira na parede, ele jogou para mim e eu imediatamente a envolvi em volta dos meus ombros.

— Seus jeans estão todos molhados, — eu disse sem rodeios, olhando para o encharcado jeans escuro nos quadris de Bear, provavelmente, mais baixos do que normalmente ficavam com o peso da água os puxando ainda mais para baixo. Não havia uma parte em seu peito ou braços que não tinha sido tocado pela agulha de uma arma de tatuagem. Colorido e vibrante contra sua pele muscular lisa.

— A enfermeira disse para colocá-la sob a água quente se você convulsionasse, então eu corri para o chuveiro, — disse ele. — Não pensei muito sobre o que eu estava vestindo. — ele se inclinou para me levar do banheiro e eu acenei para ele, soltando o braço da toalha que estava enrolada sob meus braços para cobrir meus seios.

— Eu posso andar, — eu assegurei a ele.

Me levantei, trêmula no início, segurando o balcão para apoio. — Eu consigo, — eu disse novamente, desta vez dizendo mais para me convencer quando meus joelhos se dobraram. — Só preciso de um segundo, é tudo. — Bear rosnou e se abaixou, atirando o braço direito sobre a parte traseira de seu ombro. — Eu disse que eu consigo! — eu gritei, embora claramente que eu não tinha nada.

— Muito teimosa, cadela, — Bear murmurou, me levando do banheiro para um pequeno quarto. Ele me sentou na beira do colchão e voltou para o banheiro.

A porta se abriu e um homem apareceu, suas sobrancelhas juntas e eu só poderia assumir esta era a pessoa, King, que Bear tinha ligado. Cabelo escuro curto, uma camiseta cm a gola em v apertada e escura esticava contra seu peito musculoso. Ele foi um homem enorme. Pelo menos um e oitenta e cinco de altura, embora Bear fosse ainda mais alto. Ele se aproximou e agarrou a moldura da porta, seus bíceps e ombros ondulando quando ele se inclinou para o quarto. Ele também era coberto de tatuagens, mas considerando que Bear estava coberto, esse cara ainda tinha algumas manchas de pele nua visíveis entre as tatuagens. Pulseiras grossas de couro estavam ao redor de seus antebraços. Ele soltou o patente da porta e cruzou os braços sobre o peito, sua nova posição revelando as pulseiras, foi então que eu percebi que elas não eram pulseiras ou algemas, mas cintos. Sua pele era escura e bronzeada, os olhos de um verde fluorescente único.

Ele não olhou para mim. Nenhuma vez.

— O que você precisa? — o homem perguntou a Bear quando ele saiu do banheiro, ainda sem camisa, mas abotoando um par de jeans secos. Ele penteou o cabelo molhado para trás com a mão.

— Tenho que ir para Jessep. Eu preciso que você me ajude a carregar. Eu vou levar a caminhonete. É arriscado demais montar, — disse Bear, se esgueirando para passar por King quando ele saiu do quarto, em seguida, reapareceu um momento depois.

— Limpeza? — perguntou King. — Isso é por que ela está aqui? — seu queixo ligeiramente apontou em minha direção, o único reconhecimento da minha presença.

Limpeza? O que é uma limpeza?

Cada instinto no meu corpo tinha dito para eu procurá-lo, mas eu não pensei sobre o que eu iria realmente pedir a ele.

Provavelmente porque eu não sabia exatamente.

— Parece que sim, — disse Bear, vasculhando a mochila no chão e colocando um novo par de meias pretas. Ele enfiou os pés num par de botas pretas. Ele se virou para mim. — Qual é o endereço da fazenda?

— Não tem. Apenas Andrews Farm na rodovia Andrews Farm. — como um monte de fazendas em Jessep que tinham estado lá por tanto tempo como o nosso, as estradas vieram depois e eram geralmente nomeadas com os nomes das fazendas próximas. — É a única fazenda na rodovia. Uma caixa de correio no fim. Uma casa branca pequena. Sangue, — eu disse, ainda esperando que isso fosse tudo um pesadelo e que eu não estava dando a um motoqueiro meu endereço para limpar o corpo da minha mãe.

— Há quanto tempo? — perguntou King e Bear novamente se virou para mim para a resposta.

— Eu não tenho certeza, — eu disse, porque eu não sabia quanto tempo eu estava no MC ou quando era eu vim aqui. — Ummm... era sexta-feira depois do meu turno no trabalho. Cerca de seis horas, talvez sete? — eu franzi o nariz, tentando lembrar exatamente. — Eu acho? — eu acrescentei enquanto eu tentava lembrar quando minha vida havia mudado para sempre.

— Ela está dentro ou fora? — perguntou Bear de novo, e imediatamente me lembrei da maneira como seu corpo parecia caído ao lado da casa, minha garganta apertada.

— Fora, — eu disse, recordando o momento em que eu convenci minha mãe para trocar de arma comigo.

— Eu preciso chegar lá antes que o cheiro... — Bear começou e meu estômago revirou novamente.

King acenou com a cabeça. — Eu tenho o que você precisa na garagem. Quantos? — perguntou ele e desta vez Bear não se virou para mim em resposta.

— Um.

— Não, — eu disse, lágrimas picando atrás dos meus olhos. Ambos olharam para mim com expressões confusas. — Não. — eu repeti, sacudindo a cabeça vigorosamente. — Dois. Existem dois, — eu disse, segurando dois dedos ao mesmo tempo em que olhava fixamente para o teto.

— Eu vou começar, — disse King, desaparecendo da porta. — Te encontro na garagem.

Bear se ajoelhou diante de mim, lágrimas quentes caíram para o lado do meu rosto quando o meu olhar correu do teto para os olhos irritados da pessoa que eu fui estúpida o suficiente para pensar que de alguma forma poderia ter sido o meu salvador em tudo isso. — Esta é a sua única advertência, querida. Se eu descobrir que você está de alguma forma trabalhando para o MC. Se você estiver na folha de pagamento deles... — seus olhos ficaram escuros e eu tentei desviar o olhar novamente, mas ele me agarrou pela parte de trás do pescoço e se inclinou até a ponta do seu nariz tocar o meu. Sua respiração esvoaçava contra os meus lábios em rajadas raivosas enquanto ele falava entre seu grunhido. — Se isso é algum tipo fodido de armadilha, a porra que o meu pai fez com você no clube vai parecer como um machucado no joelho em comparação com o que eu vou fazer com você.


Capítulo dez

BEAR

King e eu carregamos a caminhonete com as lonas de plástico, diferentes tipos de serras, tanto elétricas e manuais, brocas, e material de limpeza suficientes para iniciar o nosso próprio serviço de limpeza.

— Você acha que Gus voltou para o MC? — perguntou King.

— Sim, é provavelmente exatamente onde ele foi. Se ele sumir por muito tempo, eles vão descobrir rapidamente que ele era a pessoa que pegou a menina. Chop foi sempre paranoico com ratos em nosso meio. — eu ri. — O fodido provavelmente está tendo um ataque cardíaco agora tentando descobrir o que diabos aconteceu.

— Ele não fez isso silenciosamente. O fodido disse que ele detonou uma bomba caseira como uma distração para chegar à menina, — disse King.

— A coisa louca é que o filho da puta tinha uma bomba nas mãos. Provavelmente tem uma pilha delas no teto do quarto dele. Ele sempre foi um pouco maluco. Uma vez eu estava no chuveiro no clube e quando eu puxei a cortina ele estava ali parado, olhando. Me assustou pra caralho.

— Filho da puta assustador, — disse King.

— Sim, mas ele tem suas qualidades. E ele é leal, obviamente, o que é mais do que eu posso dizer para a maioria das pessoas nos dias de hoje. — King e eu pegamos cada um uma porta na parte de trás da caminhonete e fechamos juntos.

— O que você fez para ele que ganhou esse tipo de lealdade, porque isso é uma merda grande, cara.

— Eu salvei a vida dele. O fodido estava prestes a ter uma bala na cabeça, — eu disse.

— De quem?

— De mim. Gus quase não virou prospecto porque Gus quase não passou pelo seu décimo sexto aniversário. Eu peguei espiando por uma janela do armazém onde ele estava me observando 'questionar' um dos nossos rivais para informação. O garoto era tão bom como morto. Exceto que quando eu estava prestes a puxar o gatilho para acabar com ele, o filho da puta não vacilou. Então ele me perguntou se era bom para destruir um homem e, em seguida, ele criticou a minha escolha de faca que eu tinha usado na cara antes dele. Eu decidi que era mais útil como um Bastard do que morto. Ele virou prospecto no dia seguinte. — o desgraçado se tornou o melhor ‘questionador’ que o clube já teve. Comprei a ele um conjunto de faca de açougueiro quando ele conseguiu o patch. Ele olhou para as facas e eu não sabia se ele estava prestes a chorar ou gozar.

Provavelmente, ambos.

— Pronto. Vamos, — disse King.

— Nah, cara. Não há necessidade de você se colocar em risco por esta merda. Eu vou chegar lá, limpar tudo e levar a menina da sua casa. Quanto mais cedo eu fizer isso, mais cedo eu posso pegar a estrada novamente.

— Foda-se. Eu vou com você. — ele apontou para a porta do apartamento. — Você sabe que pode ficar, certo? Esse apartamento é seu. Sempre foi. Reconstruí com você em mente. Além disso, eu construí algo mais. Uma espécie de saída do edifício, está na ilha.

— Saída do edifício? Como um abrigo antiaéreo? — perguntei. A ilha na parte de trás era um acre de terra na linha costeira da preservação, do outro lado da baía. Se você olhasse através da água da propriedade de King, você não podia ver que era uma ilha. Quando King e Prep se mudaram, eles nem sabiam que isso estava lá até que apareceu a vista de barco.

— Algo assim. Eu vou te mostrar um dia desses, — disse King.

Eu balancei minha cabeça. — Não vou estar aqui por muito tempo. Eu estar aqui coloca você e sua família em perigo. Você tem filhos agora, cara. Eu não seria capaz de viver comigo mesmo se alguma coisa acontecesse com eles.

Como o que aconteceu com Preppy.

Isso não foi culpa sua, idiota. Foi minha. Eu literalmente não pude me esquivar a bala. Viu o que eu fiz? Cara, eu sou hilário.

— Você acha que eu sou estúpido? Eu não sou. Eu sei que o MC não está no negócio de matar civis, — disse King, — além disso, vivemos como se não houvesse amanhã. Entendeu? — perguntou King, apontando para um canto alto da garagem onde uma pequena luz vermelha estava piscando. — Tenho câmeras em todos os lugares. Tudo está ligado no meu celular. Também dou ao xerife local uma parte da operação Granny Growhouse além de toda a fodida maconha que podem fumar e agora eles cuidam de nós. O MC teve algumas ofertas que deram erradas, então eles pararam de pagar a lei. Então você pode ficar aqui. Ninguém vai vir para a nossa porta. Ninguém.

Eu me encolhi, lembrando quando Eli tinha feito exatamente isso. Ele não apenas veio para a porta. Ele destruiu a própria porta e metade da garagem de King no processo. King deve ter notado minha reação. — Nunca mais, — ele emendou. Eu odiava o jeito que ele estava olhando para mim, como se estivesse prestes a me perguntar sobre como eu estava indo, então eu mudei de assunto.

— Eu pensei que você estava pensando em ser civil? — perguntei, surpreso ao ouvir que King ainda tinha as Granny Growhouses funcionando.

— Um cara civil como eu pode ir até certo ponto. Eu reduzi e eu não trouxe nada para a nossa porta. Nos mantem ocupados, embora. Durante o dia, Grace ficava cuidando das crianças e até termos Nikki, Ray estava aprendendo comigo. Ela é muito incrível. Pode desenhar melhor do que eu jamais poderia.

— É por isso que eu preciso ir, — eu disse. — Você tem toda essa merda acontecendo que eu não tenho parte nenhuma.

— Irmão, nós não éramos parte de nenhuma maldita coisa desde que éramos crianças e é por isso que você precisa ficar. A merda não é a mesma sem você. Pelo menos fique até você se reerguer e limpar sua cabeça. Então, se você ainda achar que estar na estrada é o que você quer, você pode voltar a ser Bear fodendo toda a América sem nunca pensar em Logan’s Beach novamente.

Eu ri com a forma como ele me conhecia. Melhor do que ninguém.

Melhor do que eu mesmo.

Ele me conhecia tão bem no fato de que ele já sabia que não havia como eu ficar. Logan’s Beach era a minha casa, é onde eu nasci, onde eu cresci. Mas agora não havia nada para mim, exceto problemas, e eu não queria nada mais do que colocar distância entre eu e minha moto, e os lembretes constantes da merda que a minha vida tinha se tornado que estavam em cada rua, cada sinal, cada concha e pedaço de areia da minha cidade natal.

King ignorou a minha recusa de sua ajuda e abriu a porta do lado do motorista. Ele colocou um detector de radar no painel, conectando à ignição. Números vermelhos brilharam à vida e fez um som parecido com um detector de metais pairando sobre uma moeda na areia. — Imaginei que poderia encurtar o caminho. Coiotes poderiam estar arrastando a cabeça da mãe dela até agora. Cada minuto conta.

Eu balancei a cabeça, o tempo não estava definitivamente do nosso lado. — Boa decisão.

— Aquela garota lá dentro... — King perguntou, me lançando um pacote de luvas de tatuagem pretas e dando a volta na caminhonete para o lado do passageiro. Nós sempre tivemos uma regra ‘seu passeio, você dirige’ que, aparentemente, se aplica ao aluguel da caminhonete. — ...ela te disse por que existem dois corpos apodrecendo sob o sol agora?

Eu balancei minha cabeça. — Não, ela não disse muito. Ela murmura muito. Balança pra trás e para frente. Sorte que consegui arrancar o endereço dela. Sério, você não deveria ir comigo. Essa coisa toda poderia ser uma armadilha. Se algo acontece com você, Ray iria me matar com as mãos nuas. — King tinha sido preso por deixar a própria mãe, que era uma fodida drogada, morrer em um incêndio que ele não começou. Você pode acreditar nessa merda? Ele não fez questão de matá-la. Ele só não salvou a fodida que negligenciou o bebê dele.

Foi besteira para mim há quatro anos e ainda era besteira para mim sentado ali naquela caminhonete.

— Quando vim para você com o MC. Depois de toda a merda que desceu com Eli e te pedi para me ajudar a ter minha garota de volta, você hesitou? Porra não, você não fez. Você estava pronto para matar!

— Sim, porque era Ray, mas esta não é a minha garota. Esta é apenas uma menina. Uma maluca que matou a mãe que pode ou não estar chupando o pau do meu velho. Este não é uma situação de vida ou morte, — eu disse. — Este é apenas um problema que precisa de conserto.

King riu. — Você já viu milhares das cadelas dos Beach Bastard ir e vir no clube. — ele empurrou o queixo em direção ao quarto onde eu tinha trancado Thia. — Me responda, honestamente, ela parece com qualquer puta que você já viu?

— Não, mas isso poderia ser parte da coisa toda. — Chop não poderia enviar exatamente alguém que tinha ‘cara de puta’ estampada na testa, então ele enviou uma menina inocente com um lábio inchado... e seios ainda maiores.

Maldição.

— Você ouviu a si mesmo agora? Você tem uma história com esta menina, certo? O suficiente para saber o nome dela? — perguntou King.

— Sim, mas... — eu comecei a discutir.

— Mas nada. Skid está morto tem anos. Quais são as chances dele ter contado ao seu velho essa história antes do cartel acabar com ele, e que o seu velho lembraria anos mais tarde, e depois decidisse que precisava ir buscar essa mesma menina, transformá-la em uma prostituta do clube, e então mandá-la de volta para você para levar a cabo a vingança dele contra você por deixar o MC que ele praticamente te expulsou? — King perguntou, apontando para os enormes e evidentes buracos em toda a minha conspiração que poucos segundos atrás parecia como a explicação mais plausível Thia de repente aparecer na minha vida.

— Bem, quando você coloca dessa forma, — eu disse, percebendo o quão absurdo a ideia parecia agora que King tinha dito isso em voz alta, mas isso não muda o fato de que algo sobre a garota não parecia certo, embora eu não pudesse descobrir o que. O que foi bom para mim, eu não ia ficar tempo suficiente para descobrir isso também.

— No que você andou se metendo na estrada? — perguntou King, e novamente o meu velho amigo me surpreendeu com a preocupação em sua voz.

— Nada de bom. — eu respondi honestamente, mas é melhor do que estar aqui. — Ansioso para voltar a ela logo depois que eu ver o que esta cadela louca fez com sua família.

— Ela disse se o segundo corpo era um membro da família? — perguntou King.

— Não, apenas acho que é, — eu admiti. — Ela matou a mãe, e se ela é realmente inocente, então só faz sentido que o outro corpo não seja um acaso, então eu percebi que provavelmente é outro membro de sua família.

— Não leve a mal, mas por que você se importa? Você mesmo disse que você nem sequer conhecia a menina e que a coisa do anel e a promessa era uma fodida piada. Por que fazer tudo isso?

— Eu não me importo. Não sobre a menina. Não é sobre ela. — eu subi na caminhonete e bati a porta. — Mas eu já te disse. Quanto mais cedo eu corrigir isso, mais cedo eu posso mandá-la em seu caminho e voltar para a estrada até que eu possa descobrir o meu próximo passo. Se eu não fizer isso, ela pode causar problemas, fazer barulho, ficar por aí mais tempo do que ela é bem-vinda, sem falar no tempo que eu já perdi em vir para a cidade ver sobre isso, — eu disse, não disposto a admitir que um pouco de minha motivação foi uma palavra de cinco letras que vem me assombrando desde o ano passado.

CULPA.

— Isso faz uma porra de um monte de nenhum sentido, — disse King, acendendo um baseado e passando para mim, que dei uma tragada e passei de volta.

— Não acho que faz, cara, — eu disse, ligando a caminhonete e saindo da garagem. Virei e comecei a descer a estrada estreita.

Puxei para a estrada principal e esperei que o detector de radar apitasse, e mesmo que King disse que ele era pareado com os policiais locais eu ainda fiquei aliviado quando ele permaneceu em silêncio.

— Você sabe o quê? — perguntou King, pegando o baseado antes de dar outra tragada profunda.

— Huh, — eu disse. Ele o passou de volta para mim.

— Você pode não usar um colete mais... mas você ainda é um filho da puta, — disse ele enquanto soprava, uma profunda gargalhada explodindo de sua boca em uma nuvem de fumaça.

— Haha, foda-se, — eu cuspi, enquanto ele continuava a rir.

Havia uma pergunta que eu estava querendo fazer a ele desde que eu tinha voltado que estalou de volta na minha cabeça. — Lembra da noite que nós estávamos falando sobre ouvir Preppy? — perguntei.

King acenou com a cabeça. — Sim, na noite em que botamos fogo em Eli e seu grupo. — a veia em seu pescoço começou a pulsar ao recordar a noite em que fui torturado.

A noite em que ele salvou minha vida.

— Sim, essa. Eu estava apenas curioso. Você ainda o ouviu? — quando King levantou uma sobrancelha, eu esclareci. — Prep. Ele ainda fala com você? Você ainda o ouve?

— Todo o tempo, cara. Ele ficou em silêncio por um tempo, mas quando nós nos estabelecemos com as crianças é como ele estivesse de volta com uma vingança. Às vezes, quando Max e Sammy estão gritando no alto de seus pulmões, eu acho que ele é ainda mais alto do que eles. Como quando o garoto tomou quatro refrigerantes às nove da noite e em vez de dormir decidiu correr ao redor da sala de estar. — King virou para mim. — Você?

— Sim. Toda a porra do tempo. Especialmente quando eu estou fodido. Ou quando ele parece pensar que eu estou fodendo. Você acha que é estranho? — perguntei, sabendo muito bem o quão estranho era realmente viver com uma segunda voz na sua cabeça que entrava na conversa quando ele bem entendesse.

Você me lisonjeia, querido Bear.

— Você quer dizer que é estranho nós dois ouvirmos a voz de nosso amigo morto falando com a gente? — ele sorriu. — Naaaahhhh.

— Bem, quando você coloca dessa forma. — eu dei um trago no baseado novamente, segurando a fumaça em meus pulmões até que queimou.

Ei pressionei no acelerador e corri pela estrada em direção aos corpos em decomposição dos parentes de Thia Andrews.

Mas toda a pressa era inútil.

Chegamos tarde.

Chegamos fodidamente tarde.


Capítulo onze

Thia

Eu não tinha a intenção de bisbilhotar. Eu queria SAIR. Mas quando eu descobri que outra porta estava trancada, me prendendo por dentro, eu não pude evitar escutar quando eu tinha ouvido vozes do outro lado.

Eu não me importo com a menina.

Quando Bear disse aquelas palavras, não deveriam ter doído no coração. Eu já sabia que ele não se importava. Foi só depois que ele já tinha saído que me lembrei o que Chop tinha dito sobre o anel e sobre Bear ter feito a promessa motociclista como uma brincadeira.

Isso ainda era, provavelmente, uma piada para ele. Eles provavelmente não iriam para Jessep. Eles estavam, provavelmente, na caminhonete a caminho de algum tipo de convenção de tatuagem onde Bear iria dizer a todos sobre o truque estúpido que ele jogou em uma garota que realmente se apaixonou por sua mentira estúpida e voltou anos depois, ainda segurando um anel que tinha significado tudo para ela enquanto crescia e nada para ele a partir do momento em que ele colocou na minha mão.

Eu sabia que ele não se importava comigo. Não aqueles anos atrás.

Não agora.

Então, por que eu sinto como se alguém tivesse me dado um soco no estômago?

Depois que meu irmão morreu, meu pai sempre me disse que sob o peso da grande tragédia, vinha uma grande responsabilidade. Eu levei isso a sério e, como o passar dos anos eu me encontrei em mais e mais responsabilidade na fazendo, assim meu pai poderia cuidar da minha mãe, que estava escorregando mais e mais em seu delírio. Antes da Sunlandio Corporation cancelar nosso contrato, eu tinha dezessete anos e gerenciava a fazenda inteira, muitas vezes faltando à escola para me encontrar com fornecedores ou me certificar de que os pedidos saíssem na hora certa. Uma noite, durante uma geada extremamente rara, eu reuni os trabalhadores e passamos a noite toda regando as laranjas para não perdê-las para o frio.

Sob o grande peso da tragédia eu assumi a responsabilidade, mas sob o peso das novas dificuldades foi demais, muito pesado, e foi me esmagando antes que eu pudesse fazer quaisquer decisões racionais ou responsáveis.

Por que eu saí da cidade? Por que eu não simplesmente chamei o xerife?

Eu sei por quê. Eu entrei em pânico. Pânico e medo nublou qualquer tipo de lógica, mas quando a lógica começou a tomar peso mais uma vez, o mesmo aconteceu com a gravidade da minha perda. Eu amava meu pai. Ele me ensinou a dizer quando as laranjas estavam maduras para a colheita pela forma como eles cheirava. Ele me ensinou a pescar. Ele me deixou sentar na frente dele no trator quando ele cortava o campo atrás da casa, o único espaço não ocupado por laranjeiras. Eu não acho que perdê-lo era algo que eu jamais seria capaz de superar. Meu irmão tinha morrido quando eu era jovem e, apesar de doer como o inferno, o que doía mais era ver meus pais sofrendo.

Eu amava minha mãe, mas eu não sentia falta dela. Não da mesma maneira que eu sentia falta do meu pai. Ela não tinha sido minha mãe por muito tempo. Meu pai pegava sua folga nos dias que ela se recusava a sair da cama, se recusava a tomar a sua medicação, ou depois que Jesse morreu, se recusava a reconhecer que ela ainda tinha uma criança viva.

Na noite em que ela matou meu pai ela tinha estado mais maníaca do que eu jamais vi. O olhar da morte rodava em seus olhos.

Eu não tinha escolha e meu único e verdadeiro arrependimento foi não chegar lá mais cedo.

Não ser capaz de salvar o meu pai.

A responsabilidade não significava fugir. Não é isso que eu tinha feito? Eu tinha fugido.

E se eu voltasse para Jessep? E se eu dissesse ao xerife o que aconteceu. Eles conheciam a minha mãe e, embora ela e meu pai tivessem feito um grande esforço para encobrir os problemas mentais dela, eles tinham que entender que eu não tive escolha. Não é dessa forma como a justiça funcionava?

Pessoas culpadas não fugiam. Mas eu entrei em pânico e em vez de ligar para o xerife por ajuda, a única pessoa que me veio à minha mente foi Bear. Chegar a ele era meu único foco e através da minha visão embaçada, era tudo que eu podia ver no final.

Isso foi um erro.

Eu não quero ser essa garota fraca. Eu nunca fui fraca antes e eu odiava estar sendo fraca agora. Eu iria voltar e enfrentar tudo o que viesse para mim. Com sorte, eu iria chegar lá na hora para contar a minha história antes que alguém tropeçasse no pesadelo em casa.

Eu também imaginei o alívio que Bear sentiria quando ele voltasse e não me encontrasse, o que fez a minha decisão ainda mais fácil.

Eu não tinha uma camisa e não é como se eu pudesse andar todo o caminho de volta para Jessep vestindo uma toalha, então eu peguei uma camiseta preta de uma pequena pilha de roupas de Bear no chão. Antes que eu pudesse registrar o que eu estava fazendo, eu levantei a camisa para meu nariz e inalei profundamente. Sabão em pó, suor e cigarros não deveria cheirar tão bem. Puxei em cima da minha cabeça. Em Bear provavelmente estava apertada, em mim, era uma lona.

O pequeno apartamento que eu estava era simples, mas cheirava como pintura nova. Quando nós construímos um novo galpão no laranjal e as portas foram instaladas, a empresa de reforma colocou as chaves da porta no topo da moldura. A porta era mais alta e eu tendo apenas um metro e sessenta, era um problema. Eu deslizei uma cadeira até a porta, ignorando a queimadura protestando nos meus músculos quando eu fiz isso. Eu cuidadosamente subi na cadeira e tomei no topo da moldura.

Não tive essa sorte.

Eu deveria ter adivinhado, uma vez que sorte e eu não tínhamos sido amigas e não apenas nos últimos anos, mas toda a minha vida.

Olhei ao redor do apartamento para algo que eu poderia usar como uma chave, como uma chave de fenda pequena ou uma lixa de unha, quando notei um lençol salpicado de tinta no canto da sala cobrindo o que parecia ser um pequeno nicho.

Atravessando a sala tão rápido quanto meu corpo quebrado permitiria, eu puxei a parte inferior do lençol, o libertando de atrás de alguma coisa no topo da pilha que estava escondendo. Quando caiu no chão, revelou toda a vida que tinha sido escondida por baixo.

A vida de Bear.

Uma TV mais velha, muito mais grossa do que as telas planas mais modernas, com painéis de madeira falsos nas laterais estava no centro. No topo da TV estava uma pilha de revistas Harley Davidson e atrás disso estava uma vitrine com três ganchos segurando espadas de samurai longas com punhos dourados. Um cartaz emoldurado de Johnny Cash tinha o título ‘Em San Quentin’ e sobre seu ombro direito no chão contra a parede estava uma enorme bandeira preta escrito BEACH BASTARDS, o logotipo dos Beach Bastards espreitando para fora das dobras como uma hóspede não convidado.

Eu estava prestes a procurar as gavetas da cozinha quando algo no centro da pilha chamou minha atenção. Um retrato emoldurado de três jovens.

Um eu reconheci imediatamente Bear, seus olhos azuis praticamente brilhavam através da imagem desvanecida e embora eu o conheci quando ele tinha vinte e um anos, ele era ainda mais jovem na foto, eu acho que em torno de quinze ou dezesseis anos. Ele não tinha barba e suas bochechas ainda tinham esse ligeiro arredondamento que acabaria por desaparecer e dar lugar à intensidade acentuada que Bear tinha hoje. O colete que ele usava tinha escrito PROSPECTO através de um lado em forma de U na parte inferior. Reconheci o outro menino como King, mas com o cabelo um pouco mais longo que era curto demais para dar forma aos cachos brotamento que rodeavam seu rosto. King também estava sorrindo, mas ao contrário de Bear, King já parecia endurecido na imagem, talvez até um pouco triste.

No meio dos dois adolescentes estava um menino que era uns bons centímetros menor do que Bear ou King, que eram mais altos que o padrão da maioria. Ele se vestia diferente que os seus amigos, que usavam camisetas e calças de brim, embora o cenário não parecia como se estivessem indo para algum lugar que exigia esse tipo de roupa formal. Eles estavam sentados em uma mesa de piquenique azul brilhante, árvores finas e altas e água cintilante no fundo. O garoto que eu não conhecia usava uma camisa branca de manga curta escondida em calças cáqui com uma gravata borboleta verde limão com suspensórios e, assim como o cartaz de Johnny Cash10, ele estava de lado para a câmera. A letras FU11 estavam tatuados em seu dedo médio.

Com toda a merda que estava acontecendo e com a necessidade de correr espalhando pelo meu próprio, fiquei surpresa que uma imagem de todas as coisas me fez parar. Corri meus dedos através dos rostos dos três meninos e perguntei se eles sabiam o tipo de homens que acabariam por se tornar.

Eu me encontrei com ciúmes da amizade fácil que irradiava através da foto.

Socialmente desajeitada era um eufemismo, mas depois que Jesse morreu e eu assumiu a fazendo, amigos não eram um problema, porque eu não tinha tempo para eles. Entre o meu emprego em tempo parcial no Stop-n-Go e tentar não explodir sob a pressão, bailes da escola e primeiros beijos nunca foram uma prioridade.

Eles nunca foram nem mesmo uma consideração.

Eu tinha um amigo.

Buck. Eu o chamava de Bucky. Ele era o único que não importava quantas vezes eu lhe dizia que não eu podia sair, ele sempre tinha tempo para vir para a fazenda me verificar. Me trazia o almoço. Ele era a única pessoa que entre um mar de adultos perceberam que eu estava carregando mais do que qualquer adolescente normal jamais poderia ou deveria.

Buck era o vice-xerife. Ele e o Sheriff Buckingham eram a única lei em Jessep, talvez se eu tivesse falar com Bucky primeiro, então ele poderia ter me ajudado a convencer o xerife da verdade? Que tudo isso era apenas um horrível acidente trágico.

Eu não poderia ir para a cadeia. Não que eu tenha pensado que a prisão ou o pensamento de estar lá tomou qualquer precedência sobre o que tinha acontecido com meus pais. Mas porque eu não poderia me sentar lá dia após dia pensando sobre o que eu tinha feito. O que eu poderia ter feito diferente. Que toda a minha família estava morta.

Eu não iria sobreviver.

O pensamento de sobrevivência me trouxe de volta para o presente e minha tarefa na mão. Guardando a imagem, eu fui para a cozinha, onde as gavetas e armários estavam todos sem nada. Ficando frustrada a cada segundo que se passava, eu tomei uma decisão. Eu andei até as espadas de samurai e removi uma dos ganchos, desembainhando lentamente para que eu não me cortasse acidentalmente na lâmina.

Eu posso não ser capaz de abrir a porta.

Mas eu posso cortar a maldita maçaneta.

E assim eu fiz.

Com um rugido gutural, eu rompi com a maçaneta da porta com a espada, revelando o mecanismo de prata por baixo. Eu empurrei meus dedos no pequeno espaço e belisquei as duas extremidades da pequena barra de metal juntos, soltando o parafuso.

O sol do meio-dia me cegou enquanto eu caminhava para fora da cobertura da garagem e para a luz do dia. Depois que meus olhos se ajustaram, eu segui o caminho, passando por uma casa de palafitas de três andares. Eu não tinha certeza de onde eu estava até que eu cheguei ao fundo da estreita entrada e vi a rua à minha direita e soube imediatamente que eu ainda estava em Logan’s Beach e que se eu virasse à esquerda eu eventualmente encontraria o meu caminho de volta para a estrada.

Eu queria ter a caminhonete do meu pai ou minha bicicleta.

Não havia jeito de eu ter uma chance de voltar ao MC para buscar. Eu balancei a cabeça, me recusando a reconhecer o que tinha acontecido comigo lá. Ainda não, de qualquer maneira.

Um evento terrível de cada vez.

Uma tragédia de cada vez para concentrar a minha tristeza e raiva.

Algum dia eu me permitiria estar chateada e irritada com o MC, com Chop. Eu amaldiçoaria o mundo pelo que ele me fez, ou tentou fazer comigo, mas não hoje. Eu comecei a descer a estrada. Indo para Jessep. Para casa. Os ferimentos causados por Chop e seus dedos fizeram a cada passo mais doloroso.

Com determinação recém-descoberta, eu manquei para frente.

Hoje era para os meus pais.

Hoje era para o meu pai.

E hoje eu seria forte, para eles. Para ele.

Amanhã, amanhã eu iria chorar.

Hoje não.

Apenas não hoje.

 

 

 

BEAR

Estávamos chegando à rua da casa de King quando seu telefone tocou. — Pequena, — disse ele. Houve uma pequena pausa. — Você viu em que direção ela foi?

Vi uma figura mancando pela estrada e imediatamente reconheci o cabelo rosa selvagem.

— Não se preocupe, nós a achamos, — disse ele, desligando o telefone.

— Onde diabos ela pensa que vai? — eu murmurei, me inclinando sobre o volante. Eu parei a caminhonete com um guincho e esforços consideráveis para estacionar.

— Vou levar isso de volta para a garagem enquanto você lida com isso, — King ofereceu. Eu balancei a cabeça e pulei para a rua, me aproximando rapidamente de Thia, que estava se movendo muito mais rápido que sua perna manca deveria permitir. Ela estava vestindo uma camiseta preta.

Minha camiseta.

Era tão grande e solta nela, que eu não poderia dizer se ela estava usando algo por baixo até que a brisa bateu, revelando os shorts sujos de sangue que usou na noite anterior.

— Você está usando a minha camisa, — eu apontei e grunhi, combinando com seu ritmo furioso. Não era a camisa que estava me incomodando, era ela não ter ficado aonde eu disse a ela para ficar.

— Eu vou te devolver, — disse ela amargamente, focando seus olhos na estrada em frente a ela.

— Onde diabos você acha que está indo? — perguntei, agarrando o ombro e a girando para mim. — Eu disse para você ficar. Merda, eu tranquei você lá. Como diabos você saiu?

— Eu não sou um animal enjaulado! Eu vou para casa! Não se preocupe, eu não vou sobrecarregar vocês mais. Eu vou dizer ao xerife o que aconteceu, o que eu deveria ter feito em primeiro lugar. Você nunca vai ter que pensar sobre mim novamente. Não precisa segurar esse fardo. — ela tentou se esquivar da minha mão, mas essa porra não iria acontecer. Quanto mais ela falava, mais furioso eu ficava e o mais meus dedos apertavam seus braços.

— Você acha que é tão fácil, — eu disse entre dentes cerrados. — Você acha que pode ir para casa como se nada disso tivesse acontecido, porra? Porque, confie em mim nisso, essa porra não funciona assim. — eu esperava que ela mostrasse um pouco de medo, se escondesse, até mesmo um pouco, mas a garota era ousada, bufando pelo nariz como se ela estivesse prestes a cuspir fogo, desafiando cada palavra minha com seu olhar. — Eu tenho notícias para você, menina. Você não pode ir a qualquer lugar. Você parece esquecer que o MC sabe quem você é e agora que você tem uma conexão comigo, você vai estar morta se estiver sozinha. Então, querendo ou não, você está presa aqui, pelo menos por enquanto, então volte até a porra da casa antes de eu agarrar esse cabelo alvoroçado seu e te arrastar até lá.

— Eu sei que era tudo uma mentira do caralho! — ela retrucou, travando os olhos nos meus. Medo e raiva irradiava dela quando ela me olhou.

— O quê? — perguntei, enfiando a mão em seu cabelo, dando um puxão de alerta e sua cabeça virou para trás, mas ela permaneceu forte.

— Eu disse a Chop sobre a sua promessa para mim, sobre o anel, e ele riu na minha cara. Então eu ouvi você dizer a King que era tudo uma brincadeira. — ela levantou sua camisa tão alta que ela revelou a parte inferior arredondada dos seios. Ela apontou para as contusões pretas e azuis em suas costelas. — Isto parece uma piada para você? — então ela apontou para o lábio inchado e, em seguida, os pontos ao redor de seu olho. — Estes parecem com piadas?

Pela primeira vez na minha vida eu fui pego desprevenido. Eu queria golpear a menina por não me ouvir, mas, pela primeira vez percebi que seus ferimentos não teriam acontecido se eu não tivesse dado a ela o anel ou tivesse contado a mentira. — Eu vou te levar. — ela empurrou contra o meu peito, mas foi inútil, eu tinha pelo menos cinquenta quilos a mais que ela.

Ela não ia a lugar nenhum.

— Apenas me deixe ir! Eu quero ir para casa! — ela gritou, continuando a lutar, estremecendo quando eu a agarrei pela cintura e a levantei do chão. Eu afrouxei meu aperto, mas não a coloquei no chão.

— Ouça as palavras que estou dizendo. — eu fervi, me inclinando, invadindo cada polegada de seu espaço pessoal. — Eu disse que eu não quero que você saísse? Eu estou implorando para você ficar? O que acabei de dizer? — perguntei, tentando fazer com que a menina visse a razão.

Thia engasgou e seus olhos se arregalaram. — Você disse... que eu não posso ir. — ela parou de lutar, mas eu continuava a segurá-la. — Por quê? Por que eu não posso?

— A razão número um é porque eu disse isso, porra. Eu ainda não sei se você está trabalhando para o meu velho filho da puta... — eu comecei, embora o que King tinha dito fez a possibilidade altamente improvável.

Altamente improvável não estava além de Chop.

— Eu não estou! — ela retrucou.

— Cale-se e ouça. Eu vou te mostrar uma coisa, mas eu preciso ser capaz de usar minhas mãos. Eu vou soltar seus braços. Faça um movimento para correr e eu não vou ser gentil da próxima vez, — eu avisei, finalmente soltando-a quando eu senti a tensão em seus braços começar a se desvanecer, a colocando de volta no chão. Peguei meu telefone e cliquei na internet onde eu já tinha acessado o site Logan’s Beach News. Eu cliquei nas últimas notícias da manhã e virei para que ela pudesse ver a tela.

Thia empalideceu. Sua pele já branca desaparecendo ao ver a manchete.

 

MARIDO E ESPOSA ENCONTRADOS mortos em Jessep

FILHA ADOLESCENTE DESAPARECIDA é a únicA suspeita

A POLÍCIA têm chamado os assassinatos de:

O ABATE DE 'ORANGE GROVE'

 

Eu fechei o telefone e respondi ela honestamente.

— Razão número dois, é porque chegamos muito tarde.


Capítulo doze

Thia

Eu era oficialmente procurada.

E não procurada.

Tudo ao mesmo tempo.

Bear não ia me deixar ir. Ir para casa, para Jessep e confessar o que eu tinha feito ao xerife não era mais uma opção. A manchete era tão condenável. Eles ainda acreditariam em mim se eu lhes dissesse a verdade? Eu enfrentaria acusações mesmo que acreditassem em mim?

Eu não podia fazer nada, mas eu queria fazer algo que iria tirar o caroço se formando na minha garganta e peito, lentamente me sufocando a cada respiração.

Inspire, expire.

Expire, mais.

Inspire, expire.

Expire, ainda mais.

Eu gostaria de poder dizer que me senti entorpecida. Eu queria estar entorpecida, ansiava por isso. Eu ansiava pela indiferença e desapego, porque eu era um trem desgovernado, correndo para frente a toda velocidade em direção ao fim dos trilhos e um acidente que eu podia ver claramente na minha frente como se já tivesse acontecido.

A luta em mim desapareceu tão rapidamente como tinha se construído.

Eu estava presa.

Nesse lugar.

Nesta vida horrível.

O amanhã havia chegado muito rápido.


Capítulo treze

BEAR

Thia estava sentada na beira da cama, olhando para a parede com uma expressão indecifrável no rosto. O mesmo lugar que ela tinha estado desde que pendurou sua cabeça em derrota e silenciosamente me seguiu de volta para a garagem.

Ray veio e trouxe algumas roupas frescas e uma escova de dentes para Thia que agradeceu e desapareceu no banheiro, mas quando ela voltou, tanto Ray quanto eu notamos imediatamente que, embora nós tínhamos ouvido o chuveiro e pia, ela ainda estava vestindo a mesma bermuda. Encaramos um ao outro, o mesmo olhar confuso. — Ummm, a enfermeira que te checou quando você chegou aqui, o nome dela é Sally, — disse Ray. — Você não deixou que ela olhasse todos os lugares. Ela ligou mais cedo e ela está preocupada e quer saber se você quer que ela venha e dê uma olhada para se certificar de que está tudo bem, — Ray ofereceu.

— Eu estou bem, mas obrigada. — Thia balançou a cabeça, oferecendo a Ray um pequeno sorriso que mal podia ser chamado de um sorriso. Ela tinha estado na mesma posição, olhando para o nada desde então.

Segui Ray, deixando Thia no quarto. — Desculpe a porta. Eu vou cuidar disso antes de eu ir, — eu disse, pegando a espada e a maçaneta da porta do tapete. Eu tinha esquecido como era pesada a espada, Thia deve ter estado realmente determinada a sair se ela foi capaz de não só levantá-la, mas balançá-la com força suficiente para cortar a porra da maçaneta.

Ray cruzou os braços sob o peito. — Qual é o seu plano com ela?

— Nem sei. Ela quer ir. Eu disse a ela que o MC estava atrás dela. Mostrei a ela o artigo do jornal do caralho. Ela vai morrer de uma forma ou de outra, mas ela ainda quer ir, então quem diabos sou eu para mantê-la aqui?

— Você é um cara que sabe um pouco do que ela está se sentindo.

— Como você sabe disso?

— Oh, eu não sei, talvez porque ela está deslocada e não tem para onde ir. Talvez porque ela teve alguma merda terrível acontecendo a ela que ela não quer falar sobre, — Ray disse, levantando uma sobrancelha para mim. — Alguma coisa disso soa familiar?

— Eu não pensei sobre isso assim, — eu disse, me inclinando contra a parede, correndo minha mão pela minha barba.

— Vocês, rapazes, nunca pensam, — Ray disse com um sorriso que não alcançou seus olhos. — Grace está vindo amanhã, você pode querer aparecer e dizer olá, então você não vai ouvir um sermão.

— Porra. Grace. Eu nem sequer pensei em ver como ela está. — o pequeno rádio babá na mão de Ray começou a chorar, ela o ergueu e acenou no ar. Grace tinha estado lutando contra o câncer, mas em todo o tempo que eu tinha saído, ela declarou que ela não estava pronta para morrer e só queria de repente parecer bem novamente.

Mulheres teimosas pareciam ser uma tendência na minha vida, mas eu estava feliz pela teimosia de Grace, se alguém poderia ir para a guerra com a morte e sair um vencedor, esse alguém era ela.

— Tenho que ir, mas você pode querer fazer um plano quando se trata daquela menina naquele quarto ali. Ou a deixe ir ou a mantenha aqui, de qualquer forma, você precisa decidir o que vai acontecer, porque nada disto é justo com ela. — ela abriu a porta quebrada e fez seu caminho até a garagem. Eu cliquei no abridor automático e segui para fora. — Escute isso de alguém que sabe sobre tudo isso. — eu assisti Ray sair, a seguindo com meus olhos pela janela até que ela fez seu caminho para dentro da casa através dos degraus dos fundos.

Ray estava certa. Eu precisava tomar uma decisão, mas eu não conseguia pensar em uma que resultaria em nós dois estarmos seguros e longe daqui. Eu poderia esgueirá-la para fora da cidade e levá-la em algum lugar que o MC não tinha alcance, mas se a lei achá-la, não importa onde ela esteja, se ela terminar em uma prisão ou cadeia em algum lugar, era melhor ela estar morta.

A menos que...

Eu cavei meu telefone do meu bolso e enquanto os meus dedos empurravam cada número, eu me encolhi com o que eu estava prestes a fazer. — Escritório de Bethany Fletcher.

Depois da minha ligação, achei Thia exatamente onde eu a deixei.

— Não podíamos chegar até a sua rua, — eu comecei, dando a volta na cama para ficar na frente dela. Seu olhar se deslocou para o chão. — Os policiais já tomavam conta do lugar e estavam passando a fita ao redor para deixar van do legista entrar. Nós abaixamos a cabeça e continuamos a dirigir. — eu ajoelhei na frente dela e novamente tentei fazê-la para olhar para mim, mas ela se virou, desta vez subindo na cama e entrando debaixo do cobertor. De costas para mim, ela puxou o cobertor até o queixo.

— Me deixe em paz. Eu só quero dormir, — ela disse, a voz monótona e vazia.

— Porra, — eu disse, me afastando. Eu queria dizer a ela o que diabos aconteceu porque eu pensei que ela iria querer saber. O que eu estava fazendo? Ray estava errada. Eu não poderia me relacionar com a garota de qualquer maneira, e só porque ela era estúpida o suficiente por acreditar uma das minhas mentiras malditas anos atrás não significava que eu devia a ela alguma merda. Eu não tinha necessidade de ficar para assistir alguma garota se fechar e se autodestruir.

Falando de autodestruição.

Eu vasculhei minha bolsa no chão, procurando no bolso lateral interno até que eu encontrei exatamente o que eu estava procurando. Fui até a única superfície no quarto, a mesa pequena que Thia estava encarando.

Eu não me importava que ela pudesse ver o que eu estava prestes a fazer.

Eu não dou a mínima para o que ela pensava sobre mim.

Eu joguei um pouco de pó na mesa de madeira em três linhas irregulares. Eu senti os olhos de Thia em mim quando eu cheirei todas as três linhas de falsa felicidade até a porra do meu nariz.

Eu inclinei minha cabeça para trás e belisquei minhas narinas juntas quando a droga enviou um fogo para o meu cérebro.

Isso é melhor.

Agora eu realmente não dou a mínima para o que ela pensava de mim.

Agora eu poderia saltar do telhado e voar para o outro lado da baía, e não dou à mínima.

— Porra, — eu disse, apertando meu dedo no resíduo restante e esfregando-o contra minhas gengivas.

— Isso é diversão ou você tem um problema?

— Olha quem de repente pode falar de novo. — revirei os olhos e tirou minha camisa, a jogando em cima da minha bolsa. — Parece que estou me divertindo para você? — eu bufei. — Não é um problema, pelo menos não neste exato momento. — eu pensei sobre o que eu tinha acabado de dizer e como a droga começou a melhorar e melhorar, até que eu concordei ainda mais com a minha afirmação anterior. — Na verdade, neste exato momento, eu não tenho nenhum problema no mundo, — eu cantei, apreciando os poucos momentos onde eu poderia me enganar em pensar que tudo estava bem.

— Não, não parece, — ela corrigiu.

— Eu sei, mas eu simplesmente não dou à mínima. — eu me virei na direção da porta.

— Posso... posso ter um pouco? — ela perguntou. Parei no meio do caminho.

— O quê? — eu perguntei, me virando. Thia se sentou.

— Você disse que você não se importa agora. Eu não quero me importar muito, — disse ela, lágrimas brotando dos seus olhos.

— Não, — eu disse, sem ter que pensar sobre isso.

— Por que não!? — perguntou ela com raiva, jogando o cobertor de seu colo e se levantando da cama. Ela caminhou em minha direção, seu mancar de antes quase imperceptível, seus seios sem sutiã saltando contra o material fino de sua camisola de alças enquanto ela caminhava em minha direção. — Por que você pode apagar os seus problemas e eu não. Chop me disse que você não está no MC mais, então você está cheirando cocaína para fazer isso ir embora, certo? Fingir? Bem, eu quero fingir também.

Chop obviamente tinha feito mais do que foder com ela no MC. Aparentemente, ele tinha falado bastante também.

— Não, — eu disse de novo, embora ela tivesse um ponto. Me lembrei então o que disse Ray e de repente desejei que eu não tivesse usado o último pacote.

— Está tudo bem para você esquecer, mas eu não estou autorizada a sentir como se o mundo não estivesse desmoronando ao meu redor por alguns minutos? Como se eu não estivesse sozinha? Como se eu não estivesse presa? Como se eu não fosse acabar morta ou apodrecendo em alguma prisão?

Eu não quero dizer a ela que se ela foi para a prisão, o MC provavelmente vai enviar uma old lady ou um amigo do clube para matá-la lá.

A prisão era como um acampamento de verão para os Beach Bastards.

Acampamento de verão com um lado de homicídio.

Thia estava perto de mim agora, tão perto que eu podia ver a agonia em seus olhos e as sardas na sua testa. Eu podia sentir o cheiro feminino do sabão que Ray lhe dera para usar, alguma coisa misturada com baunilha. Seu cabelo ainda estava úmido, caindo em ondas pesadas ao redor de seus ombros. Ela era uma coisa pequena, vinha somente até meu peito. Suas coxas e panturrilhas eram musculares e surpreendentemente magras e fortes para uma coisa tão pequena. Quando ela se levantou na ponta dos pés em desafio e estava prestes a dizer algo, eu tive a súbita vontade de morder a pele sensível entre seu pescoço e ombro. — O que ele fez para você? — perguntei, usando um tom muito mais suave do que eu tinha sido. — Chop. Me diga o que ele fez.

— Por quê? — ela perguntou.

— Eu não sei, — eu respondi honestamente.

E assim, com uma pergunta, ela começou a murchar novamente. Ela se abaixou de seus dedos dos pés e deu um passo para trás. Seus ombros caíram. Ela voltou para a cama, levantou de novo as cobertas até o queixo. — Nada, — ela mentiu, virando para o lado dela, de costas para mim, efetivamente me excluindo. — Nada que importa.

— Vou te dizer o que, — eu disse. — Eu vou fazer um acordo. Você me diz o que aconteceu e eu vou te ajudar a esquecer por um tempo, — eu disse, e eu quis dizer isso, só que não do jeito que ela estava pensando. Eu não estava acima do suborno.

Na verdade, eu era surpreendente em suborno.

Caramba, isso foi uma dose boa.

— Nós já estabelecemos que você não se importa, — disse ela, jogando minhas palavras de mais cedo na minha cara.

Bati na beira da cama e a virei de costas. Ela tentou me golpear, mas eu peguei seus pulsos e os prendi. — Você precisa tirar aqueles malditos shorts, mas algo te faz ficar com eles. Eles estão molhados, então eu sei que você nem sequer os tirou na porra do chuveiro. Então, por que você não me diz o que diabos aconteceu no MC, antes de eu te deixar nua, te por sobre o meu ombro, e te jogar na porra da baía.

— Você não faria isso, — disse ela, seus olhos finalmente contendo o medo que eu estava acostumado a ver nos olhos de alguém que eu estava ameaçando, mesmo tendo visto isso em um breve momento quando ela tinha acordado pela primeira vez no banheiro.

— Experimente. — eu avisei, amando que eu estava finalmente começando a ter a reação dela que eu queria. Vago e distante era uma besteira que me deixava puto. Raiva. A raiva eu poderia trabalhar.

Uma lágrima rebelde escorreu ao lado de seu rosto e seus ombros balançaram silenciosamente.

Que porra é essa?

— Faça o que tem que fazer, — ela choramingou, o nada de antes firmemente de volta no lugar. — Eu não quero falar sobre isso. Nada disso. — eu solto seus pulsos e ela rola novamente. — Por favor, Bear. Me deixe em paz. Eu só quero dormir.

Nunca na minha vida houve uma garota que me deixou tão irritado.

Peguei uma garrafa de uísque da minha bolsa e desliguei a luz no caminho para fora.

Cara, ela é gostosa quando ela está com raiva, Preppy piou na minha cabeça.

— Cale a boca, — eu murmurei. Ele estava certo, mas eu não chamaria exatamente de gostosa. Sem maquiagem ou até mesmo sem ter escovado os cabelos em um tempo, ela era devastadoramente sexy, e isso nem sequer começava a fazer jus.

Dolorosamente fodível era um pouco mais perto.

Eu me ajustei e me joguei no sofá depois de uma longa noite evitando dormir com o meu amigo Jack Daniels.

 

* * *

 

Um grito violento disparou pela porta. — Porra!

Eu peguei minha arma da mesa e corri para a porta, abrindo, pronto para matar qualquer filho da puta que tenha sido corajoso o suficiente para vir para mim no meio da porra da noite. Thia estava na cama, gritando como se estivesse sendo atacada, mas o quarto estava vazio. Seus olhos estavam fechados e suas costas se curvaram para fora da cama a cada nova explosão. A parte de trás de sua cabeça bateu na parede acima do colchão com um baque, mas nem sequer a fez parar.

— Vá se foder! Vá se foder! Eu te odeio! Você não pode fazer isso comigo! Você não pode! Eu não vou deixar você, porra! — ela se enfureceu. Eu não sabia o que fazer, mas eu sabia se ela continuasse bater contra a parede ela iria se machucar. Me ajoelhei no colchão e a peguei em meus braços, esmagando-a contra meu peito, mas ela não parou. Ela bateu os punhos fechados contra os lados do meu rosto, meu peito, algo que ela podia fazer contato uma e outra vez. Ela arranhou suas unhas na minha pele dos meus ombros.

— Pare! — rosnei, segurando seus braços ao seu lado. — Acorde!

— Vá se foder! Vá se foder! Vá se foder! — ela gritou, ainda lamentando, seus pequenos punhos parecendo mais como uma vibração no meu peito do que uma surra.

— Ti, sou eu, acorde! — eu disse ainda mais alto. — Droga, garota, você vai se machucar. Acorde, porra!

Ela se acalmou, mas eu continuava a segurá-la. Levou vários minutos, mas eu senti o momento que a luta deixou seu corpo quando ela caiu contra mim. Ela não se moveu, não havia dito uma palavra em tanto tempo que eu pensei que ela poderia ter caído no sono, até que ela falou contra a minha pele, sua respiração roçando meu mamilo. — Eu matei a minha mãe.

— Eu sei, — disse eu, sem saber o que mais eu deveria dizer. — Vem comigo, — eu disse e pela primeira vez ela realmente ouviu, saindo da cama e me seguindo para a noite. Fui até a fogueira, o mesmo lugar onde Eli e seus homens riram enquanto me torturaram. Eu iria levá-la até o cais, mas decidi não fazer, porque se ela me irritasse mais uma vez eu não sabia se eu seria capaz de resistir à minha ameaça de mais cedo e jogar sua bunda lá. Por pelo menos um pouco, enquanto os flashbacks fodidos que me seguiam ao redor como um cachorro possuído, essa minha memória teria que tomar um banco traseiro para a menina com o cabelo vermelho.

— Sente-se, — eu pedi, apontando para uma cadeira de gramado de plástico branco. Thia sentou e me observou acender um pequeno pedaço de palha. Quando ele brilhava intensamente, eu gentilmente o coloquei no interior da fogueira e coloquei duas pequenas toras cortadas em cima dela.

Ela perguntou: — Por que o fogo?

— O fogo é para um pouco de luz e... — Thia bateu no braço dela, e quando ela puxou a mão, ela revelou o corpo esmagado de um grande mosquito.

— E para manter os mosquitos longe. — ela limpou seu braço quando a fumaça começou a ondular no céu a partir da fogueira. — Isso deve ajudar.

Me sentei na beira da fogueira de tijolo, de frente para Thia em sua cadeira. Ela puxou as pernas para cima na cadeira e sob sua pequena regata branca, esticando o material sobre os joelhos, matando qualquer chance que eu tinha de ficar olhando para os peitos dela.

Arrumei o baseado e agarrei meu isqueiro. — Veja, — eu disse, quando eu acendi o baseado, mantendo o polegar sobre o buraco até que era hora de inalar toda a fumaça que eu tinha acabado de criar. Exalei e segurei o isqueiro para ela. — Não é muito, mas vai ajudar.

Thia virou o isqueiro em sua mão e examinou o baseado como se fosse um artefato de um museu, correndo os dedos suavemente. Ela tentou acender, mas deixou cair o isqueiro quando a única coisa que ela conseguiu foi queimar as pontas dos dedos. — Aqui, — eu disse, pegando o isqueiro da grama. Eu segurei a chama sobre a ponta e ela fez como eu mostrei a ela, tirando o polegar fora do buraco e dando uma tragada rasa, liberando a fumaça em uma tosse.

— Eu não matei meu pai, — disse ela quando a tosse diminuiu. — Minha mãe matou. Cheguei em casa e ela estava sentada lá no antigo quarto do meu irmão. Ela tinha a pistola do meu pai em seu colo, — disse ela, continuando a sua confissão.

Por mais que eu tenha pensado que Thia poderia estar trabalhando para Chop, nunca me ocorreu que ela maliciosamente matou seus pais, mas eu me calei com a menção de um irmão, me perguntando se ela estava prestes a me dizer que havia um terceiro corpo lá fora em algum lugar, mas ela encheu os espaços em branco antes que eu pudesse tirar minhas próprias conclusões. — Meu irmão morreu quando éramos crianças. Nós não éramos muito distantes em idade. Nós estávamos brincando na varanda. Sempre havia aranhas lá fora. Os bosques emitem uma grande quantidade de umidade e aranhas adoram um bom calor úmido e um pequeno buraco para esconder. A varanda tinha tudo isso. Vimos às patas da aranha subindo nas botas de trabalho do meu pai, eu ia espantá-la, mas meu irmão queria olhar. Ele enfiou a mão na bota do meu pai... — ela parou. — Eles o levaram para o hospital, mas já era tarde demais. Aranha Marrom. Nem sempre fatal em adultos, mas em crianças...

— Você não tem que me dizer, — eu disse, não querendo mandá-la de volta em um estado de choque que sua história poderia desencadear. — Eu sei como é não querer reviver a merda horrível uma e outra vez.

Thia continuou de qualquer maneira. Olhando para a fogueira enquanto ela falava. — Minha mãe começou se perder. Ela começou a ficar mais distante a cada dia. A maioria dos dias se passava e ela nem sequer falava comigo. Business começou a ir para merda. Eles estavam sempre brigando. Então, uma noite cheguei em casa e, — ela fungou, — não houve briga.

— Meu pai já estava morto. Eu não fui até ele, eu tropecei nele. Ela queria enviar a todos para o mesmo lugar. Disse que todos iriam estar juntos. Eu a convenci de que deveríamos ir ao mesmo tempo. Troquei armas com ela, dando a ela uma que eu sabia que sempre emperrava. Ela estava tão determinada. Não houve discussão, não havia como sair. Eu poderia ter atirado nela no braço, na perna, mas eu não podia ter garantida de que ela largasse a arma, ou que ela parasse de tentar atirar. O olhar de determinação em seus olhos me disse que disparando ou não ela continuaria vindo. Eu não podia deixar isso acontecer. Eu pensei sobre o meu pai. Sobre ele sempre me dizendo para ser sua garota forte. Então eu fiz o que tinha que fazer para ser sua garota forte, então apontei para o peito dela e atirei.

— Vou recordar este como o pior momento da minha vida inteira. O pior. — ela balançou a cabeça. — Não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Meninas da minha idade estão jogando esportes, indo à bailes e festas, beijando meninos. E comigo nunca foi assim. Eu tinha um emprego em tempo integral na fazendo e um emprego em tempo parcial no Stop-n-Go. Eu não fiz nada ao longo dos últimos anos, exceto trabalhar pra caramba e ver minha família desmoronar. Apenas quando eu pensei que não poderia ficar pior... acontece tudo isso. — ela acenou ao redor da casa e para mim e soltou um riso estranho. Ela deu outra tragada, passando de volta para mim. Sua tosse muito menor do que em sua primeira tentativa.

— Ti, quantos anos você tem? — perguntei, limpando minha garganta enquanto eu me aventurava em território que eu sabia que não deveria. Ela era uma pistola, mesmo ela estando triste, havia uma onda de inocência sobre ela que me fez sentir tão mal por ela e salivando para prová-la.

Isto é para ela, não você. Eu disse a mim mesmo. Foi só uma mentira parcial.

— Dezessete, — disse ela, fungando. — Dezoito em breve.

— Você foi já beijada? — perguntei, e seus olhos encontraram os meus. — E não um beijinho na bochecha ou um breve beijo dos lábios, mas a porra de um beijo de verdade. Um que deixa você sem ar em seus pulmões e suas coxas pressionando juntas em busca de mais? — eu disse, minha voz saindo profunda e tensa. Meu pau se avivou com a ideia de traçar a minha língua ao longo de seus lábios cheios.

— Por quê? — ela sussurrou, e assim que as palavras saíram de sua boca, eu sabia que não haveria mais volta do que eu estava prestes a fazer.

Eu me afastei da fogueira e a puxei para fora da cadeira, pressionando os peitos dela no meu peito e meu pau contra seu estômago. Eu puxei seu queixo para cima e olhei em seus olhos verdes esmeraldas. Ela seguiu meu polegar com os olhos enquanto eu seguia por seu lábio inferior. Havia muitas linhas estragando seu rosto, questionando o que era que eu estava fazendo. Eu sabia que ela iria tentar se afastar a qualquer momento, tentar me impedir. Mas já era tarde demais para isso.

Eu estava além de parar.

Apenas um gostinho.

— Responda a pergunta, — eu pressionei.

— Não, — ela disse com um leve aceno de cabeça, e antes que ela pudesse tentar argumentar, eu me inclinei e pressionei meus lábios nos dela.

Eu já estava indo para o inferno mesmo.

Poderia muito bem aproveitar o passeio lá.


Capítulo catorze

Thia

Bear está me beijando.

Saindo do puro choque eu empurrei contra seu peito duro, rompendo nossa conexão. Parecia frio onde seus lábios tinham estado momentos antes, ainda quente e formigando entre as minhas coxas.

Um beijo real.

— Eu não preciso de sua pena, — eu disse, tocando meus lábios como se eu precisava ter certeza de que o que acabou de acontecer era real.

Bear se inclinou novamente, desta vez correndo o nariz em toda a minha mandíbula. Fechei os olhos e suas palavras vibravam atrás da minha orelha, direto para um lugar dentro de mim que formigava à vida. — Isso ainda pode ser o pior momento da sua vida, Ti. Mas quando você se lembrar de toda a merda que aconteceu, você pode se lembrar do seu primeiro beijo também, e talvez isso vai afastar um pouco essa dor. Me deixe fazer isso por você. Me deixe te ajudar. — Bear segurou meu rosto com as mãos e novamente apertou seus lábios contra os meus. Ele agarrou meus pulsos, os colocando ao redor do seu pescoço antes de serpentear seus braços em volta da minha cintura, seus dedos mordendo meus quadris.

Tudo sobre o beijo foi suave. Calmo. Nada como eu pensei que beijar Bear seria. A sensação de sua barba contra o meu rosto me fez querer estender a mão e puxá-lo. Era mais suave do que eu pensava que seria.

Ele era mais suave do que eu pensei que ele seria.

Ele abriu a boca para mim, apenas um pouco, apenas o suficiente para sugar delicadamente meu lábio inferior em sua boca e a sua língua no meu lábio superior. Deixei escapar um gemido involuntário, imediatamente envergonhada pelo barulho. Bear recuou e passou a mão sobre a barba. — Desculpe, eu não quis... — eu comecei, mas então eu percebi que ele tinha feito isso. O tempo todo ele estava me beijando, apesar de ter sido apenas alguns segundos, eu não tinha pensado sobre o MC ou meus pais.

Foi trinta segundos de felicidade.

Eu queria mais.

— Se você continuar fazendo barulhos como esse, Ti, — Bear gemeu, seu peito subindo e descendo rapidamente. Eu chupei meu lábio inferior em minha própria boca, degustando onde a língua de Bear tinha estado antes. — Eu não posso prometer que isso apenas vai parar em um beijo.

— Você pediu para que se eu te contasse o que aconteceu no MC, então você poderia me fazer esquecer, — eu o lembrei. — Eu quero que você continue, — eu disse, sabendo o que eu queria, mas não tendo certeza se Bear estaria disposto a dar a mim.

— Não, Thia. Eu já te disse...

— Não. — eu o interrompi. — Me faça esquecer assim, — disse eu. Me sentindo ousada, estendi a mão e toquei seus lábios com os dedos. Bear gemeu e me surpreendeu quando ele chupou meus dedos em sua boca. Meus mamilos endureceram como se tivessem sido tocados por uma brisa fria. Bear me puxou contra seu corpo duro e gemeu, a vibração profunda ressonando em partes do meu corpo que eu não sabia que podia sentir essas coisas. — Eu não quero drogas. Eu quero que você seja minha droga. Me faça esquecer, Bear. Por favor. — Eu implorei. — Me faça esquecer tudo.

Bear olhou para baixo e por um minuto eu estava certa de que ele estava prestes a me dizer que ele se arrependeu de me beijar e não poderia fazer o que eu estava pedindo a ele. Ele era um motoqueiro. O que eles faziam não era um segredo ao redor do condado. Eu sei que eles tinham mulheres e prostitutas experientes do clube. Por que ele quer me beijar? — Me diga porque você ainda está usando isso e eu vou te beijar de novo, — disse ele, puxando o cós do meu short.

— Eu não sei como você vai reagir. Tudo parece meio louco, — eu disse honestamente.

— Eu não posso prometer que não vou estar com raiva, mas eu posso te prometer que eu não vou ficar com raiva de você, — disse Bear. — Você entende isso, Ti? — ele procurou meus olhos. — Nada disto é a porra da sua culpa. Você entende isso?

Eu balancei a cabeça. — Estou com medo, — eu admiti. Eu odeio ter medo. Quando eu era pequena eu era a única destemida. A pessoa que tinha que cuidar de todos os outros. — É como se dizer as palavras em voz alta é eu reconhecer que este pesadelo é real, e eu não quero que ele seja real. Eu não quero nada disso. E a pior parte é que eu me sinto tão fraca e essa não sou eu. Eu não sou uma garota fraca. Eu sempre fui a mais forte.

— Me diga e eu vou te beijar novamente. Talvez isso vá fazer você esquecer, talvez ele não. Talvez isso vá ajudar a te dar de volta um pouco dessa força. — Bear riu, esfregando em mim com a dureza entre suas pernas que quase me fez salta para trás até que ele disse: — Ou talvez só vai acrescentar mais alguma tortura para o meu pau duro.

Antes ele fez parecer como se sua ereção fosse apenas uma reação natural. Agora ele estava deixando claro.

Ele me queria.

A leveza em sua voz, um tom que eu não tinha ouvido ele usar nas últimas vinte e quatro horas ajudou a afrouxar as engrenagens apertadas ao redor do meu cérebro e eu, relutantemente, disse a ele a verdade. — Eu fico com o short porque eu não quero ver os hematomas. Eu não quero ser lembrada do que ele fez. — minha voz falhou com a minha admissão. Eu odiava a fraqueza na minha voz. — Eu não estou pronta para enfrentar isso ainda.

As narinas de Bear inflaram, mas quando ele me pegou olhando para seus lábios, ele estendeu a mão e agarrou meu rosto, se inclinando e pressionando um beijo em meus lábios. Desta vez mais duro e ele estava certo, ele estava com raiva, mas ele alimentou a raiva em seu beijo, em cada beliscar, chupar, e dança de sua língua eu me perdi nos seus lábios, nele, e dentro de alguns segundos não havia nada ao nosso redor. Nenhum fogo, nenhum baía, sem fantasmas de coisas terríveis.

Era apenas nós dois e nossos lábios com fome.

— Mais, — Bear disse, se afastando, beijando o canto da minha boca onde ele tinha apenas começado a se curar. Ele arrastou os lábios na minha clavícula suavemente escovando os lábios sobre cada polegada de pele, deixando um rastro de fogo que eu nem sabia que era possível. Ele parou. — Me diga mais, — ele disse enquanto eu me inclinei e ele se inclinou para trás. Eu fiz uma careta com a falta de contato.

— Eu estava em um quarto com Chop. Você parece como ele, — eu comecei. — Não exatamente, mas de uma maneira que eu poderia dizer imediatamente que ele era seu pai.

— Eu já ouvi isso antes, — ele murmurou. — Mas vamos deixar uma coisa clara. Ele tem sido meu velho desde que eu nasci, mas ele nunca foi um maldito pai para mim.

— Eu não posso imaginar ele sendo um, — eu disse.

— Continue falando, — ele ordenou baixinho, arrastando beijos pelos meus braços e, em seguida, ao longo das poucas polegadas de pele nua entre o meu top e shorts. Busquei meus pensamentos, mas não conseguiu encontrá-los com os seus lábios arrastando seu caminho em direção a uma parte de mim que estava pulsando com a necessidade que era diferente de tudo que eu já senti.

— Quarto com Chop, — Bear solicitou.

— Certo. Um... o prospecto já tinha dado a ele o anel. Seu anel. Ele estava louco. Ele me ameaçou. Ele... ele me bateu. — eu bufei em uma lembrança quando ele tinha me atirado ao chão. Bear deve ter sentido minha tensão e hesitação, porque ele estava de volta e capturou minha boca em outro beijo. Cada um mais tediosamente perfeito do que o último. Ele abriu a boca para mim e sua língua encontrou a minha. Eu não podia resistir à vontade de chupar levemente a ponta da língua. Ele gemeu em minha boca e o beijo se aprofundou e ficou mais pesado e mais rápido. Eu tentei imitar os movimentos de sua língua, mas não havia nenhum ritmo, exceto necessidade frenética.

Faíscas acenderam em minha própria essência, me fazendo sentir vazia. Eu esfreguei minhas coxas, precisando sentir algo mais. Atrito. Qualquer coisa. Apenas algo mais.

Bear enfiou os dedos no cós do meu short e puxou pelas minhas coxas. — Espere! — eu disse, estendendo a mão para o elástico.

Bear agarrou meu pulso quando tentei puxar meus shorts de volta. — Ti, me deixe te ajudar, — disse ele, olhando de volta para mim e naquele momento eu vi o Bear do Stop-N-Go, há sete anos, o Bear que eu confiava. Eu soltei meu aperto em meu shorts e ele puxou para os meus pés e saí deles.

Fechei os olhos, esperando o que quer que seja que ele ia fazer a seguir, mas os abri novamente quando eu o ouvi dizer. — Fique aqui. — Bear correu de volta para o apartamento, aparecendo menos de um minuto depois com um pano úmido em uma mão. Ele se ajoelhou na minha frente. — Eu não... — eu comecei, mas eu não tinha ideia do que eu ia dizer.

— Eu não vou transar com você, — disse Bear. E quando ele se inclinou e rodou sua língua ao redor do meu umbigo, esse movimento me fez dobrar meus joelhos involuntariamente, literalmente enfraquecendo pelo seu toque. Eu jurei que ouvi ele murmurar. — Ainda.

— Continue, — ele solicitou novamente, deslizando mais para baixo em meu estômago, lambendo e mordendo tudo em seu caminho, no entanto ele evitou os meus seios completamente, deixando minha camisa completamente intacta. Ele deslizou seus dedos em minha calcinha e eu me preparei para o que ele ia encontrar. A maioria dos meus ferimentos estavam doendo bastante, mas tudo o que ele tinha feito comigo lá parecia que tinha acontecido há horas, não dias.

— Ele mordeu meu mamilo. Tirou sangue. Então ele me virou sobre o meu estômago, — eu disse, revivendo a forma como seus dentes pareciam quando eles morderam minha carne sobre minha camisa.

— Ele te fodeu? — perguntou Bear, levantando a cabeça para que ele pudesse testemunhar a minha resposta.

— Ele disse que ia destruir meu corpo, me rasgar e mandar de volta os pedaços, — eu sussurrei.

Bear grunhiu e tirou minha calcinha. — O que você vai... — eu comecei, mas parei quando Bear pressionou a toalha fria entre as minhas pernas.

— Ele te tocou aqui? — disse Bear, arrastando o pano através de mim e em toda a minha abertura, me limpando do sangue seco.

De Chop.

Eu balancei a cabeça. — Com o dedo, ele me arranhou. Dentro. Com as unhas. — Bear baixou a cabeça entre as minhas pernas e arrastou a língua sobre o meu clitóris e através das minhas dobras, empurrando em minha abertura e recuando outra vez. Eu comecei a tremer e, pela primeira vez em dias não era porque eu estava entrando em choque.

Ou talvez eu já estava.

Tremendo por causa de uma longa lambida de sua língua quente e úmida em todo o meu núcleo, eu não tinha certeza de quanto tempo mais eu poderia permanecer em pé. O calor do fogo e o calor que irradiava dentro de mim era demais. Era muito quente. Era muito... oh meu Deus, ele fez isso novamente.

— Puta merda, — Bear rosnou. Se inclinando novamente, ele perguntou: — Ele te tocou aqui? — ele correu o pano entre as minhas pernas novamente, mas desta vez ele cutucou as minhas coxas e as estendeu ainda mais, empurrando o pano entre minhas nádegas e eu estremeci com o contato.

Os olhos de Bear dispararam para os meus.

— Só com o polegar e então ele tentou usar o seu... ele ia... mas ele não foi muito longe. Houve uma explosão e, em seguida, eu estava em um carro ou algo com um cara chamado Gus. Mas doeu. Doeu tanto, — eu admiti. — Era como se ele estivesse usando uma furadeira na base da minha espinha. — Bear se abaixou, suas grandes mãos apoiadas na parte interna das minhas coxas, espalhando as minhas pernas para dar espaço para ele. Eu empurrei contra ele, me sentindo subitamente envergonhada e constrangida, mas ele não me soltou.

— Ti, me deixe ver. Abra suas pernas para mim. Abra e me deixe ver o que ele fez com você. Me deixe tirar de você o que ele fez e tornar isso melhor. — relutantemente, eu abri meus joelhos e Bear sugou um suspiro.

— Você está machucada. Mas vai curar, — disse Bear, me chocando quando novamente sua língua tomou a mesma trilha que o pano tinha tomado, mergulhando em minhas dobras. Eu pensei que ele iria parar quando ele chegou mais longe, mas ele não parou, ele arrastou a língua entre minhas bochechas e rodou sobre o pacote sensível dos nervos lesados, me limpando de uma forma que o pano não podia.

— Bear, você não tem... — eu disse, tentando puxá-lo para cima pelos cabelos. Ele golpeou minha mão e deu um beijo sobre o pacote apertado e danificado de nervos.

Tudo dentro de mim apertou e a sensação me pegou tão de surpresa que acabei prendendo minhas coxas em torno da cabeça de Bear, o soltando quando ele riu em meu núcleo. Eu gemi e, em seguida, apertei minha mão sobre a minha boca.

— Você me contou tudo, Ti? — perguntou ele contra o meu clitóris antes de sugá-lo em sua boca. Meus quadris saltaram em direção à ele, mas ele me segurou firme no lugar.

— Sim, — respondi, sem fôlego.

Bear se levantou de repente e eu caí de volta na cadeira, surpresa. — Então acabamos por aqui, — disse ele, limpando a boca com as costas da mão, sua voz rouca e áspera. Ele apagou a fogueira com água de um balde vermelho de praia e me lançou um olhar de desgosto completo antes de se caminhar através da grama, de volta para a garagem.

Ele me deixou no escuro, sozinha, seminua, cantarolando nos lugares que sua língua tinha estado, e me perguntando o que diabos aconteceu.

Ele não tinha me curado. Ele não tinha me feito esquecer.

Não, se alguma coisa, ele tinha acabado de me quebrar ainda mais.


Capítulo quinze

Thia

Mosquitos do tamanho de pequenas aves zumbiam ao redor dos meus ouvidos como pequenos abutres circulando acima de sua presa pretendida. Eu não sei quanto tempo fiquei sentada lá fora, mas quando eu descobri como me mover e me arrastei de volta para a garagem, Bear não estava lá.

Ele não voltou naquela noite, ou na manhã seguinte. Era melhor, de qualquer maneira. A maçaneta da porta tinha sido substituída em algum momento, mas não estava mais bloqueada. Eu não era uma prisioneira. Ele não estava me mantendo lá.

Ele estava me dizendo para sair.

Ele queria que eu saísse.

Ele não tinha que me dizer duas vezes.

Eu odiava Bear. E não só porque ele me deixou lá no escuro, sem olhar para trás, mas porque eu não queria odiá-lo. Eu não queria gostar dele também, mas como um idiota eu baixei a minha guarda e me convidei para ser sua piada mais uma vez.

O que aconteceu na noite anterior não iria acontecer novamente. Minha vida poderia ter sido uma piada cruel, mas eu não iria me deixar passar por essa experiência de novo.

Eu tomei banho. Um banho de verdade, sem a barreira dos meus shorts. O sabão ardeu quando a água desceu pelo meu corpo e em minhas fendas, mas não durou muito tempo e depois de um minuto eu fui capaz de lavar e secar sem me sentir como se estivesse sufocando.

Eu limpei o vapor do espelho, meu estômago virou quando ouvi a porta do apartamento abrir.

Ele voltou.

Eu me odiava por esperar que fosse ele.

Ele não merecia a minha esperança.

— Thia? — uma voz feminina gritou, abrindo devagar a porta do quarto. — Oh, você está aí. — Ray apareceu com um sorriso brilhante. — Eu te trouxe algumas roupas limpas, — disse ela, colocando outra camisa e shorts na cama.

— Obrigado, — eu disse, me movendo em direção à pilha. — Eu realmente não tive muita chance de te dizer o quanto eu aprecio...

— Não se preocupe com isso. Confie em mim, eu sei que não é fácil ser a nova garota por aqui, — disse ela, a voz cheia de sinceridade. — Eu tinha alguém para me ajudar naquela época, e agora estou apenas feliz que eu estou aqui para te ajudar. — ela olhou para o chão e, em seguida, para o teto como se estivesse de repente tentando conter as lágrimas. — De qualquer forma, — disse ela, balançando para longe tudo o que tinha cruzado sua mente, — Eu só estava me perguntando se você queria vir até a casa um pouco? Almoçar? Eu vejo que você realmente não tem comido a maior parte da comida que eu tenho trazido, então, talvez você só precise de novos ares por um tempo? Um pequeno recomeço? — eu fiquei ali, sem responder, porque eu realmente não sabia o que dizer. Eu precisava de um plano, não almoçar em companhia, mas eu também não queria decepcioná-la. — Talvez você possa me ajudar a não estrangular as crianças?

Pesquisando meu cérebro por razões por que não seria uma boa ideia, suas palavras de repente me bateram. — Crianças? — a menina não parecia velha o suficiente para ter um filho, imagina mais de um. Eu a tinha visto quase todos os dias de uma forma ou de outra por breves períodos de tempo, mas esta foi a primeira vez que eu senti como se o nevoeiro tivesse clareado o suficiente para ser realmente capaz de pensar nela como mais do que a portadora de roupas e alimentos.

O cabelo de Ray era tão loiro que era quase branco. Era longo demais, pendurado sobre os ombros, terminando sob os seios. Seu ombro estava coberto com tatuagens coloridas, ainda femininas que desciam até a metade do antebraço. Enquanto as tatuagens do Bear davam a ele uma vantagem ainda mais dura, elas pareciam fazer o oposto em Ray, as rosas claras e azuis a fizeram parecer suave. Mais feminina. Ela era definitivamente jovem, talvez da minha idade ou um pouco mais velha, mas tinha um ar estranho de maturidade sobre ela que me fez pensar que ela poderia ter dezenove ou ela poderia ter trinta. — Se vista e venha. Eles amam aterrorizar gente nova, — disse ela, batendo na pilha de roupas.

Eu segurei minha toalha, envolvendo-a ainda mais apertado debaixo dos meus braços. — Eu não sou realmente uma pessoa de criança, — eu menti. Eu sempre amei crianças e eu era praticamente uma mãe para Jesse, mas ela não precisa saber disso.

Ray piscou como se ela pudesse ver através de mim e eu sabia que de jeito nenhum ela iria me deixar fora do almoço. — Ótimo, porque eu também não, — disse ela, me jogando a camisa da pilha. — Mas no ano passado eu adquiri três deles, então se apresse, antes que os dois mais velhos derrubem os pilares da casa.

Ray estava na sala quando saí do quarto. Ela me olhou de cima abaixo e jogou um par de chinelos marrons no chão na minha frente e eu deslizei os meus pés neles. Eles se encaixam perfeitamente, assim como os shorts. Embora a blusa preta que ela tinha me dado estava um pouco apertado sobre meus seios, estava limpa e confortável e eu estava grata por ter roupas limpas. — Como você consegue seu cabelo dessa cor? — Ray perguntou quando eu a segui para a garagem. Ela atravessou o gramado da mesma forma que Bear fez na noite anterior, quando ele tinha me levado para a fogueira.

Minha pele formigava traidoramente, me arrepiando quando me lembrei de como ele pressionou seus lábios nos meus. Quando ele me lavou delicadamente, quando ele usou a língua...

— Você está aí? — disse Ray, cutucando o meu ombro.

— Sim, desculpe. Apenas perdida em pensamentos, — eu admiti. — Eu não faço qualquer coisa para conseguir o meu cabelo desta cor. Quando eu nasci, meu pai disse que era uma viatura de bombeiros vermelho, mas quando eu cresci, o loiro começou a assumir. A partir da idade dos cinco até os 12 era praticamente rosa, ainda bem que isso desvaneceu um pouco. Crianças na escola não achavam tão incrível, — eu respondi.

— Sim, as crianças podem ser idiotas, — disse Ray. — Estou tão feliz que as roupas couberam. Pelo menos alguém pode ter algum uso delas agora. Tentei apertar minha bunda nesses shorts esta manhã, mas não teve jeito, eles estavam tão apertados que eu acho que minhas partes femininas se danificaram enquanto eu tentava abotoar, — disse ela com um suspiro.

Ray era seriamente bonita e à luz do sol seus brilhantes olhos azuis pareciam enormes geleiras. Se ela tinha ganhado peso, foi provavelmente para o melhor, porque ela não estava acima de jeito nenhum e eu me encontrei invejando suas curvas.

A casa principal era uma enorme casa de três andares que à noite parecia escura e ameaçadora, mas à luz do dia não era nada disso. Ela era velho e precisava de algum reparo, mas era bonita, orgulhosamente no centro de um grande pedaço gramado da propriedade.

O cheiro de tinta ficou mais forte quando passamos pela fogueira que eu evitei olhar inteiramente. — Nós estamos pintando a casa, o que você acha? Estou tendo problemas para escolher uma cor. — ela apontou para onde uma escada estava encostada na lateral da casa. A cor cinzenta era bonita e tinha sido pintado contra o tapume desbotado com vários outros pequenos quadrados ao seu redor, todos com diversos tons de cinza. Um pouco mais de azul, algumas partes com um tom lavanda. — Eu fiz isso esta manhã, mas eu continuo indo e voltando. Eu acho que essas crianças estão apodrecendo meu cérebro. — no segundo que ela abriu a porta de trás, os gritos das crianças nos assaltou.

Soava como casa.

Quando eu ainda tinha uma.

— Mamãe! Mamãe, manda Sammy parar! — gritou uma menina bonita com tranças louras que saltou para os braços de Ray, quase a derrubando contra a parede.

— Sammy, pare de perseguir sua irmã. — Ray advertiu o garoto de cabelo encaracolado que correu círculos em torno de seus pés todo o caminho para a cozinha.

Grandes janelas se alinhavam na parede oposta ao lado da porta da frente. A cozinha, sala de estar e sala de jantar estavam em um grande espaço claro e aberto. — Entre, há um trabalho em andamento aqui também, mas nós acabamos colocando novos pisos de madeira. Sammy brincando de pintar foi o fim do velho tapete, mas foi para melhor, o tapete já tinha mais de dez anos, — Ray disse, colocando a menina no chão. Ela decolou novamente, seus pezinhos correndo em pleno ar antes de seus pés até baterem no chão. Imediatamente Sammy começou sua perseguição tudo de novo, — Maaaaaaxxxxxxxy venha aqui, — depois eles sumiram pelo corredor em um furacão de latidos, gritos e risadas.

— Não acorde o bebê! — Ray chamou atrás deles em um sussurro que era impossível eles ouvirem do outro lado da casa.

Só quando eu estava me perguntando se Ray tinha deixado as crianças em casa sozinhas para vir até o apartamento que ouvi uma garganta se limpando e vi uma velhinha de cabelos brancos sentada na pequena sala de jantar situada no centro da cozinha. Ao lado dela estava um jarro de algum tipo de bebida verde e um copo cheio de gelo que ela estava preguiçosamente traçando seu dedo indicador ao redor da borda. Um monitor digital estava encostado na parede e na tela estava um pequeno bebê dormindo enrolado em um cobertor rosa.

É por isso que Ray estava sendo tão crítica de seu peso.

Ela tinha acabado de ter um bebê.

— Grace, eu juro por Deus, se você deixá-los comer todos os picolés novamente, vou enviar eles para casa com você, — Ray disse, abrindo a tampa da lata de lixo.

— Não sei de nada, — disse Grace, lambendo o dedo e virando a página de seu jornal. Ray enfiou a mão na lata de lixo e pegou uma caixa de picolés, revirando os olhos enquanto ela balançava a caixa vazia antes de jogá-la de volta na lata.

— Essas crianças são todas suas? — eu perguntei e ao ouvir a minha voz, Grace finalmente olhou para cima.

— Sim, todas elas, — disse Ray, sentando na cadeira em frente a Grace e apontou para o assento ao lado dela. — É uma longa história, mas, tecnicamente Max é de King, e Sammy é meu, mas todos nós somos uma família agora. Nicole Grace nasceu no mês passado. — ela poderia ter se queixado sobre as crianças, mas a forma como ela olhou para o salão onde a menina e o menino tinha acabado de desaparecer me fez pensar que Ray estava mais do que feliz com sua situação familiar atual.

— Estou de folga agora? — Grace perguntou, pegando a alça do jarro verde e olhando para Ray como se ela estivesse pedindo a sua permissão.

— Vá em frente, — disse Ray com um rolar de olhos.

Grace sorriu e se serviu de um copo. Ela tomou um longo gole e soltando algo como um 'aaaaaaahhhhh'. — Assim é melhor. — com as pernas cruzadas e um cotovelo apoiado na mesa, ela se virou para mim. — Mojito? — ela perguntou, erguendo o copo e agitando-o, tilintando o gelo de lado a lado.

— Não, obrigada, senhora, — eu disse.

— Oh calma aí, você pode me chamar de Grace, e ainda bem que você não quer, sobra mais para mim, — disse ela tomando metade de sua bebida. — Então você é a garota...

— O nome dela é Thia, — Ray interrompeu. — Thia, esta é Grace.

— Thia é um nome tão bonito, Abel me disse que é abreviação para Cynthia, não é mesmo?

— Sim, — eu disse. O nome Abel soava estranhamente familiar, embora eu não soubesse a quem Grace estava se referindo.

— Bem-vinda, bem-vinda. Estou muito feliz em conhecê-la. Eu queria ir arrancar você daquela garagem escura, mas eu fui advertida para te dar algum espaço e que você ia sair quando você estivesse pronta, e aqui está você. — Grace estendeu a mão e com uma força que eu não achava que a mulher mais velha e frágil tinha, me arrancou do meu lugar e me puxou para um abraço que ameaçava esmagar meus pulmões. — É um prazer finalmente conhecê-la.

— Igualmente, — eu disse do canto da minha boca, meu rosto pressionado contra sua clavícula enquanto ela me esmagava contra seu peito ossudo.

Ray riu. Grace recuou e me deixou na cadeira. Ela se sentou e cruzou suas pernas, tomando outro gole de sua bebida. — Obrigada por trazer meu filho para casa, — disse Grace.

— Seu filho? — perguntei.

— Abel, — disse Grace.

— Quem?

— Bear, — disse Ray.

Abel.

Bear era Abel. Eu sabia disso. Ele me disse isso quando nos conhecemos, mas eu sempre pensei nele como Bear e quase esqueci completamente que ele me disse o seu nome real.

Abel.

— Eu não o trouxe para casa. Eu precisava da ajuda dele e, eu não sabia mais para onde ir... — eu disse, sem saber o quanto eu deveria estar dizendo a ela. — É uma história muito longa.

Uma que eu não queria falar. Não agora.

Nem nunca.

Grace me dispensou. — Não há necessidade de explicar. Você está aqui agora, assim como meu menino e isso é tudo que importa.

— Você é a mãe de Bear? — perguntei.

— Não, mas eu sou a coisa mais próxima que ele tem disso. Alguém tem que cuidar desses meninos. Antes de Ray chegar aqui, todos eram meus e eu fiz o meu melhor para ter certeza de que eles sabiam que minha casa era a casa deles, — disse Grace. Ray torceu um anel de prata em sua mão esquerda e eu me perguntava se era um anel de noivado ou uma aliança de casamento. — E agora que você está aqui eu não terei que me preocupar tanto com Abel.

— Me desculpe, mas eu não vou ficar, — eu disse. — Estou indo embora. Muito em breve, na verdade.

Eles não tem que saber quão em breve.

Grace jogou o jornal que estava lendo sobre a mesa na minha frente e eu o peguei antes de deslizar para fora da mesa. A manchete na primeira página era a mesma que a do telefone de Bear alguns dias antes. Só que desta vez havia uma imagem de uma menina sob a manchete.

Uma imagem minha.

— Bem, isso não parece para mim como se você estivesse indo em qualquer lugar, a qualquer hora em breve. — Grace suspirou e se recostou como se tivesse sido resolvido, e eu estava hospedada, independentemente do meu argumento ao contrário. O que eu notei foi um padrão com Grace. Ela ignorava qualquer coisa que ela não queria acreditar que era verdade e se decidia por sua própria versão distorcida do que estava acontecendo.

— Estou tão feliz que meus meninos conheceram as meninas, — disse Grace, apesar do meu argumento de que Bear e eu não estávamos juntos. Eu queria discutir, mas Ray me lançou um olhar como se ela estivesse me dizendo que eu estava lutando uma batalha perdida. — Eu amei Abel como se ele fosse meu próprio desde o dia que Brantley o levou até a casa.

— Brantley? — perguntei.

— King, — Ray corrigiu. — Meu King. Meu noivo.

— Abel tinha montado sua moto até no meu gramado após uma chuva torrencial, deixando vales profundos por todo o caminho até os meus canteiros de plantas, então ele deixou uma mancha de graxa do tamanho da Carolina do Norte em meu assento preferido. — ela segurou o copo com ambos de suas mãos e olhou para o gelo como se ela visse o dia que ela conheceu Bear bem ali na sua bebida. — Ele era muito jovem para estar dirigindo aquela coisa maldita, eu disse isso a ele pessoalmente, mas na próxima vez que ele veio para a casa era natural. Esse menino nasceu para ser um motoqueiro. O homem e a máquina.

Eu só tinha o visto em uma moto uma vez e ele estava dirigindo para longe do posto de gasolina e, embora eu fosse apenas uma criança na época, eu sabia exatamente o que Grace estava falando quando ela disse que ele nasceu para estar em uma moto.

— Ele era um engraçado também, — disse Grace.

— Engraçado? — perguntei. Bear era um monte de coisas. Grosseiro. Bruto. Sexy como o inferno. Irritante. Mas engraçado era um lado eu não tinha visto.

— Muito. Ele costumava me contar uma nova piada sobre o bolo da minha mãe nas noites de quinta. As piadas mais ridículas que ele provavelmente já ouviu falar ao redor do clube. A maioria delas era do tipo imunda que você não poderia repetir mais alto do que um sussurro e não poderia dizer dentro de dez milhas de uma igreja, isso é certo. — ela balançou a cabeça. — Quando ele ficou mais velho, a luz nos olhos do menino ficou mais escuro, e quando ele partiu alguns meses atrás, não havia mais luz neles. Quebrou meu coração. — Grace enxugou uma lágrima que derramou de seu olho. — Ele merece mais do que andar por aí sozinho neste mundo e com seu próprio coração quebrado.

Ray se levantou quando o bebê se agitou no monitor. — Eu já volto, — ela se desculpou, e se dirigiu ao fundo do corredor, saindo poucos minutos depois com um pequeno bebê enrolado em um cobertor rosa.

— Não é linda a minha bebê? — Grace perguntou com orgulho.

— Sim, ela realmente é, — eu concordei. Ela era uma pequena coisinha com a cabeça cheia de cachos castanhos. Ela bocejou e abriu os olhos, e eu tive um forte desejo de querer abraçá-la, mas eu não queria pedir. Ray não me conhecia muito bem e eu tenho certeza que houve algum tipo de regra de mãe por aí sobre quanto tempo você tem que conhecer alguém antes de deixar segurar seus bebês.

Ray deve ter visto minha expressão em guerra, porque ela perguntou: — Você gostaria de segurá-la? — antes que eu pudesse responder, ela gentilmente colocou o bebê em meus braços esperando. Suas mãozinhas e pés eram enrugados, as bochechas tão gordinhas que eles empurraram seus olhos enormes, os fazendo parecer muito menor do que realmente eram.

— Não é uma pessoa para crianças, huh? — perguntou Ray, se encostando ao balcão, acabando com a minha mentira de mais cedo.

— Quando for a sua vez, eu acho que Abel vai ser realmente um grande pai. — Grace entrou na conversa. — Assim como meu Brantley é.

— Grace, — eu disse, incapaz de tirar os olhos da pequena em meus braços, — Eu apenas não estou negando isso por uma questão de negar. Bear e eu não estamos juntos. Eu sou um problema para ele, não qualquer tipo de solução.

— Grace costumava me dizer a mesma coisa e eu costumada negar também. Mas acontece que eu estava errada, — disse Ray, se inclinando sobre os cotovelos.

Grace escovou o dedo pela bochecha do bebê, o contraste das mãos velhas e enrugadas contra a pele gordinha e inocente era uma bela visão que fez meu coração cantar um pouco.

Basta um pequeno afago como esse para reviver o coração.

— Qual é nome dela? — perguntei.

— Nicole Grace, mas vamos chamá-la de Nikki, — Ray disse, olhando com orgulho para o bebê em meus braços. Grace sorriu para a menção de seu nome como parte do nome do bebê.

— Eu vi Abel esta manhã pela primeira vez desde que ele voltou, — Grace me encarou. — Ele ainda parece irritado como o inferno, mas posso dizer que alguma coisa está mudando e eu só sei que a luz vai voltar em breve. Marque minhas palavras, meu Abel estará de volta. Então, eu vou dizer agora que você está errada também, você apenas não percebeu isso ainda. — ela sorriu para o bebê e depois para mim. As rugas ao redor dos seus olhos mudando de forma que seus lábios se curvaram para cima em um sorriso. — Eu não estou muito bem, Thia. Estou me sentindo bem agora, mas meu tempo na terra está limitado.

— Isso é tão triste... — eu comecei, mas Grace me cortou.

— Oh, não. Não se desculpe. Só não machuque meu filho e eu não terei que gastar meu tempo restante viva caçando você e fazer você pagar. — ela se inclinou em sua cadeira e eu olhei para cima em Ray para ver se talvez eu não entendi o significado por trás das palavras de Grace, mas Ray só ficou lá escondendo um sorriso. — Agora, quem quer almoçar? — Grace perguntou, saindo de sua cadeira e indo até a geladeira.

Ray ficou na ponta dos pés e abriu um armário, tirando alguns pratos e pondo a mesa, enquanto eu fiquei lá, o bebê nos braços, a minha boca aberta. — O que diabos aconteceu? — sussurrei para Ray.

Ela encolheu os ombros. — Parabéns, você foi ameaçada por Grace.

— O que isso quer dizer? — eu sussurrei, não querendo que Grace me ouvisse e não querendo acordar a menina que tinha adormecido nos meus braços.

— De certa forma, — Ray disse, colocando um prato na minha frente, — isso significa bem-vinda à família.

Grace tinha trazido algum tipo de caçarola de queijo e batata e uma grande salada de folhas. Embora Ray tivesse estado me trazendo comida pelos últimos dias, foi a primeira refeição que eu realmente me lembro de degustar.

E o gosto era fantástico.

Grace adormeceu logo após o almoço no sofá e as crianças desceram para um cochilo depois de se recusarem a comer qualquer coisa além da salada e leite com chocolate. — Obrigada por me arrastar até aqui. Realmente me senti muito bem estar na terra dos vivos novamente, — eu disse quando Ray me acompanhou até a porta dos fundos. — É bom saber que não importa quanta coisa horrível acontece na vida, o mundo ainda consegue continuar girando.

— Ouça Thia, eu sei que você está passando por um monte, e eu sei que é realmente difícil, mas você tem que lembrar que você não é a única pessoa que perdeu a família, e você certamente não é a única pessoa aqui que passou por alguma merda seriamente horrível. Eu não sei o que Chop fez com você no MC, e a dor de perguntar isso me dá arrepios, mas você tem que saber que você não é a única na casa que passou por algo terrível como isso.

— Você? — eu sabia que havia mais de Ray e sua história, a bela e jovem mãe diante de mim.

— Sim, e eu vou te dizer toda a história algum dia, mas na verdade não é de mim que eu estou falando.

— Grace? — eu olhei para onde ela estava dormindo no sofá. Seus roncos profundos ficando cada vez mais alto com cada inspiração. — Quem iria prejudicar Grace?

Ray balançou a cabeça. — Não, não é Grace.

— Então quem? — eu pedia a Deus que ela não ia dizer uma das crianças.

Ray olhou para fora da porta para a garagem e depois de volta para mim. — Bear.

Era a última pessoa que eu esperava que ela dissesse, mas depois que ela disse isso, fazia sentido. Por que ele odiava que eu tinha sido ferida. Por que ele queria me curar. Por que ele me odiava tudo ao mesmo tempo.

Por que ele queria que eu me fosse.

Eu era mais do que apenas um fardo. Eu era um lembrete. Não admirava que ele se afastasse de mim na noite passada. Ele estava lidando com sua própria merda.

Ele não precisa lidar com a minha também.

Se eu não tinha certeza antes, eu estava definitivamente certa agora.

No segundo que eu pudesse saber como, eu iria.

As consequências que se danem.


Capítulo dezesseis

BEAR

— Você tem algum baseado? — perguntei à Ray, que estava no sofá na sala de estar.

— Eu não sei, Bear, você sabe bater primeiro? — perguntou Ray, atirando adagas para mim com os olhos.

— Nunca bati antes.

— Eu não estava amamentando antes, — disse Ray, e é aí que notei o pacote pequeno pressionado contra o seio nu de Ray. Eu nunca tinha visto alguém amamentar um bebê antes. Não pessoalmente, pelo menos. Eu sempre pensei que seria algo bruto, mas eu estava errado. Bebê ligado a ele ou não, uma teta nua ainda é uma teta nua e, embora eu soubesse que meus sentimentos por Ray nunca tinha sido qualquer coisa real, ela ainda era fodidamente linda... e seu peitos ainda estavam de fora.

— Você tem algum baseado? — perguntei de novo, tentando não olhar para os peitos dela, mas acabando os encarando.

Ela pegou um pequeno cobertor de cima do sofá e colocou por cima do ombro. — Você pode olhar agora.

— Não pense que eu parei, — eu admiti. — Mas você tem? É meio que importante. — na verdade, era muito importante. Eu tinha fodido. Eu beijei Thia. Eu pressionei minha língua em sua buceta e em toda a minha vida eu posso dizer honestamente que eu nunca provei nada tão incrível.

Mas então eu me levantei e a deixei sentada lá e ela deve estar se perguntando o que diabos ela tinha feito de errado quando ela tinha feito nada de errado. Era o oposto. Ela tinha feito tudo certo.

Muito certo.

Ela era tão sensível e eu sabia que se eu passasse mais tempo com a minha boca sobre ela ou a tocasse de qualquer forma ela iria gozar.

Foi o simples pensamento dela gozar ao redor da minha língua que me partiu e me fez começar a perder o controle. Merda, foi provavelmente aquele fodido primeiro beijo. Sua língua inocente encontrando o seu caminho para a minha.

Meu pau estava tão duro que machucava e eu estava a segundos de tomá-la ali mesmo, à beira da fogueira. Se não fosse pelo crepitar do fogo, um lembrete do que eu tinha passado naquele mesmo lugar me trazendo de volta à realidade, não havia dúvida de que eu teria feito exatamente isso.

A maconha seria a minha oferta de paz para ela. Minha maneira de mostrar a ela que eu realmente queria fazê-la esquecer de uma maneira que não envolvesse eu passando através da barreira de sua buceta virgem com meu pau. Eu também tinha outra coisa para lhe dizer. Algo que me manteve na pista com o meu plano original de voltar para a porra da estrada.

— Você acha que eu posso fumar maconha durante a amamentação? — perguntou Ray, me chamando de volta ao presente.

— Pelo jeito que você esta me olhando vou ser um grande filho da puta se eu disser que não? — perguntei.

— Você está certo, — disse Ray. — King está em seu estúdio, ele mantém tudo muito bem trancado nestes dias com as crianças ao redor, mas ele provavelmente tem algo. — ela trocou o bebê e sua camisa deslizou. — Isso foi tão difícil? — eu gostava de discutir com Ray quase tanto quanto eu gostava de discutir com Ti.

HA HA você acabou de admitir que você gosta de brigar com ela. Você tem uma queda grande pra caralho, seu idiota!

Eu revirei os olhos para o comentário mental de Preppy.

King estava em seu novo estúdio, do outro lado da garagem do apartamento, assim como Ray tinha dito que ele estaria. Ele estava debruçado sobre uma mesa angular, seu lápis se movendo rapidamente sobre a página. Me inclinei para verificar o que ele estava desenhando, era um dragão old school, lançando chamas e foi um dos desenhos mais detalhados que eu já vi ele fazer. Dramático. Corajoso. — Muito bom, — eu disse, olhando ao redor do seu novo estúdio. O estúdio era um pequeno quarto na casa, equipado em neon e cartazes. Este era mais limpo, melhor. Mais estéril. Fotos de tatuagens anteriores que ele tinha feito estavam pendurados em quadros na parede, a placa KING’S TATTOO com um crânio usando uma coroa estava pendurada sobre a porta.

— Obrigado. É bom ter um espaço de trabalho novamente desde que as crianças ocupam cada polegada da casa e mais um pouco. Nunca soube que crianças tinham tanta merda, — disse ele, manchando uma linha com seu dedo mindinho, limpando o topo da página com o lado da mão.

— Você sempre me surpreende, irmão. Essa é uma merda muito boa, — eu disse, apontando para o dragão.

— Você nunca vai adivinhar para quem é, — disse King, girando em seu banco.

— Quem?

— Para o pai de Ray.

— Não brinca. O senador idiota está virando um tatuado? O que aconteceu com os bons velhos tempos quando estávamos planejando sua morte rápida e oportuna? — eu perguntei quando eu continuei a olhar ao redor da parede nos diferentes tipos de tatuagens que ele tinha feito.

— As coisas mudam. Ele tem cicatrizes de onde ele tirou a bala no peito e no ombro. Quer um dragão para encobrir parte dela, lhe recordar os velhos filmes de Jet Li que ele gosta ou alguma merda assim.

— Se eu tivesse qualquer espaço sobrando, queria que você tatuasse isso em mim. Esse desenho tá foda demais12, — eu disse. — Falando em peitos, eu acabei de ver Ray lá em casa e eu queria saber se você tem maconha.

— Por que diabos sua sentença começa com FALANDO EM PEITOS? — perguntou King, colocando seu esboço na mesa ao lado da janela e olhando para mim como se eu tivesse topado com ela encima da cama.

— Porque a sua menina estava lá em cima dando de mamar a sua filha. Ela estava na sala de estar. Se acalme cara, não é como se eu tivesse visto o bico ou qualquer coisa assim.

— Você está começando a soar como Preppy, — disse King. — E a única razão pela qual você não está morto agora é porque você está prestes a me dizer que você cobriu os olhos, virou sua bunda e caminhou para fora da porta quando você percebeu que ela tinha o seio para fora.

— Certo. Parece bom. Isso é exatamente o que aconteceu, — eu disse sarcasticamente. — Mas, falando sério, você tem algum baseado aí? Eu vou sair e eu preciso dele para algo.

— Como pra ficar doidão? — perguntou King.

Espertinho.

— Sim, filho da puta, como ficar doidão. Mas não é para mim, é para Ti. Ela me perguntou por que eu estava usando e eu disse a ela que era para sair da realidade um pouco e ela me surpreendeu ao me implorar para ela que ela pudesse esquecer também, eu cedi.

Acabei não dizendo a ele que eu também precisava me desculpar por lambê-la sem terminar. Que eu prometi ajudá-la a esquecer e, em vez disso eu fugi bem quando eu estava chegando na melhor parte.

— Por que você parou? Nunca vi você não dar a uma menina um bom divertimento, — disse King.

— Eu não tinha mais, mas não parecia bom de qualquer maneira. Ela não é uma prostituta de clube.

— Você finalmente decidiu que ela não está atrás de você? — perguntou King.

— Acho que não.

— Você descobriu o que fazer com ela?

— O plano não mudou. E eu fiz uma ligação que deve ajudar.

— Que tipo de ligação? — perguntou King, me olhando com cautela.

— Bethany Fletcher, — eu admiti.

— Uau.

— Não é possível chamar os advogados do clube, eles não trabalham para mim mais. Se eu conseguir tirar a conexão de Ti dos disparos em seus pais, então eu posso tirar ela daqui e deixá-la longe o suficiente onde o MC nunca vai procurar por ela.

— Eu ainda não posso acreditar que você ligou para Bethany, — disse King.

— Quando você está em guerra com o diabo às vezes você tem que ligar para um demônio, — eu disse.

— Espero que você saiba o que está fazendo.

— Eu sei.

Eu não tinha uma fodida ideia.

King caminhou até a parede onde uma grande pintura de um relógio pendia do teto ao chão. Ele trocou a pintura, revelando um cofre escondido. Ele girou o botão e quando ele a abriu, havia outro, este exigindo um código.

— Você quer que eu espere enquanto você cava o chão no quintal em busca da chave para abrir cofre número três? — perguntei.

— Vá se foder, — disse King. — As crianças estão correndo por todo canto agora. As coisas são diferentes. Não podemos ter merda em todos os lugares como costumávamos fazer.

Era difícil imaginar King, um homem que fez o que queria toda a sua vida sem dar à mínima se ele estava certo ou errado, escapando à noite para ficar doidão na garagem depois das crianças irem dormir.

— Minha mãe fazia de tudo na minha frente, — continuou ele. — Eu não quero isso para os meus filhos. Quero que eles não saibam sobre essas merdas ruins. Quero que eles acreditem no Papai Noel, no coelhinho da Páscoa, e na maldita fada do dente até que eles estejam com quarenta.

— Por quê? — perguntei, sem entender onde ele estava tentando chegar.

— Porque eles são crianças. Quero que eles sejam apenas crianças. Brincar com armas de brinquedo e não ter que se preocupar com o verdadeiro negócio antes deles terem idade suficiente para dirigir. Eu quero que a maior preocupação deles seja sobre se nós vamos ter pizza ou cachorro-quente para o jantar. Você e eu? Nós não tivemos a chance de sermos crianças. Isso foi roubado de nós por nossos pais de merda, e em vez de uma infância, nos foi dado um grande prato de uma dura fodida realidade. Não vou fazer isso com eles. Eu não vou.

Desde que eu tinha voltado à Logan’s Beach eu tinha percebido que King tinha começado a amansar, mas eu estava errado. Querendo proteger seus filhos não o deixou manso. Isso o deixou mais louco, apenas de uma forma diferente.

Porque ele tinha um propósito diferente.

— Você vai entender um dia. Você vai ter os seus para se preocupar, e, então você vai perceber que o psicopata que você pensou que era, aquele que ninguém era estúpido o suficiente para foder, deve ter muito medo do psicótico que você vai se tornar para proteger sua família.

— Agora eu não posso ver além do amanhã, imagina um futuro distante. Meus dias estão contados de qualquer maneira. O MC vai mirar em mim no segundo que eu entrar no seu território. Talvez eu não vá viver o suficiente para bater em alguém.

King me jogou um pequeno saco fechado e eu coloquei no meu bolso de trás. Ele fechou o cofre e se encostou em sua mesa, cruzando os braços sobre o peito. — Me desculpe, eu não sabia que você tinha se transformado nesse grande idiota fresco enquanto você estava fora.

— Vá se foder, — eu cuspi.

— O velho Bear teria formulado essa merda diferente. Me diga uma coisa, cara. Você ainda quer? O martelo? Porque alguns meses atrás você disse que não queria e agora você está vagando por aqui como se fosse um cachorrinho perdido do caralho.

— Agora a resposta é ‘não sei’, — eu disse honestamente. — Tenho me feito a mesma pergunta de merda.

— Você não vai encontrar a sua resposta em uma garrafa de Jack.

— Ah, sim, desde quando você se tornou a porra da minha mãe?

— Desde que um velho amigo me perguntou se eu lembrava quem eu era e eu percebi que tinha perdido minha família. Pensei que você poderia precisar do mesmo tipo de lembrete, — King disse, jogando as palavras que eu disse há ele meses atrás de volta para mim. — Você quer saber o que aquele velho amigo teria dito?

— Claro, — eu disse, porque eu queria saber.

— O velho Bear não teria dito que o MC iria acabar com ele no segundo que ele pisasse em seu território, o velho Bear não teria dito merda como essa, mas ele teria jogado o fogo do inferno sobre eles até que não existisse o reinado deles mais, — disse King.

— Como diabos eu deveria fazer isso? Eu sou apenas eu. Todos os meus irmãos, menos um, seguem os pedidos de Chop. Eu sou apenas um soldado quando eles têm dezenas. Ir para o MC seria a porra de suicídio e eu não estou pronto para ir ainda.

— Engraçado, porque um segundo atrás parecia que você estava desistindo.

— Eu não estou, estou apenas fazendo o que eu tenho que fazer para sobreviver, cara.

— Isso é ainda mais engraçado, — disse King, acendendo um cigarro.

— O que? — perguntei, ficando irritado com o meu amigo.

— Que você acha que você está vivendo, — King apontou.

— É tão fácil dizer essa merda vindo de alguém que se tornou um civil.

— Eu vou ser um soldado para você, — disse King. Eu estava prestes a acender um cigarro, mas suas palavras me fizeram parar, a chama bruxuleante polegadas longe do meu cigarro, balançando no ar enquanto eu recolhia a gravidade do que ele tinha acabado de dizer.

— Não, — eu disse finalmente. — Você tem Ray e as crianças. Se ela descobrir que iria ser um soldado para mim para que pudéssemos tomar o MC de volta, ela iria te matar antes que eles tivessem a chance.

— Vê? É assim que eu sei que você não sabe de nada, — disse King, apontando para a casa pela janela. — Ray e meus filhos são tudo para mim, mas ela sabe e me aceita por quem eu sou e o que eu preciso fazer. Quando chegar a hora, e você ver o seu caminho claro de todas as besteiras que você está insistindo em dizer, eu estou dentro. Eu vou ser um soldado. Não faça perguntas.

King finalmente perdido a maldita cabeça. — Não. E eu não estou dizendo isso só para dizer, cara. Eu não posso deixar. Se Ray não te matar, ela definitivamente vai me matar.

— Ah, é? — disse King, se sentando em sua mesa e virando as costas para mim. Ele pegou o lápis e começou outro esboço. — Então por que ela sugeriu isso?

Eu estava pensando na ideia de ter King no MC em minha mente. Me perguntando se era uma possibilidade real. A cada passo que eu dava em direção ao apartamento eu revirava isso em meu cérebro e quando eu abri a porta eu entendi, mas o pensamento não durou muito tempo, porque logo que eu abri a porta eu senti algo no ar. Eu sabia antes mesmo de olhar para o quarto. Eu sabia antes de eu corri de volta até a casa para perguntar à Ray se ela tinha visto. Eu sabia antes mesmo de ver meu anel na mesa de café ainda ligado à corrente.

Thia tinha ido embora.


Capítulo dezessete

Thia

O veneno de uma aranha marrom é seis vezes mais poderoso que o veneno da sua prima, a viúva-negra. Mas ao contrário de seu parente mais escuro, a primeira resposta da viúva marrom a uma ameaça é recuar, raramente picando a menos que o contato direto seja feito. Atacar é a sua última opção.

Um último recurso.

Assim como eu.

Eu tinha mais em comum com a aranha que matou meu irmão mais novo do que eu tinha com Bear.

Xerife Donaldson nem sempre estava em seu escritório depois de três horas. A cidade de Jessep pode ter sido grande em questão de terra, mas era pequena em população, tão pequena que nosso xerife da cidade só trabalhava em tempo parcial.

Jessep era uma das mais antigas cidades da Flórida e ser velha significava que suas leis tinham sido escritas há muito tempo. Um de seus encantos é que essas leis não tinham sido revistos, deixando todos os tipos de regras para trás.

Sob a lei de Jessep, os homens não eram autorizados a usar roupas femininas, mas isso não parava por aí. Mais especificamente, a punição para esses homens capturados usando vestidos sem alças de cetim seria muito mais grave do que aqueles que eram pegos vestindo saias na altura do joelho.

Tomar banho nu também era um grande não. O sexo oral, mesmo entre os casais, era estritamente proibido também.

Era ilegal cantar em um lugar público enquanto vestia um maiô. Quem fez as regras não gostava de cantar mesmo, porque também era ilegal cantar para uma cabra.

Mesmo no dia do aniversário da cabra.

Era ilegal para uma mulher solteira pular de paraquedas aos domingos.

Eu planejava voltar para minha cidade natal em uma bicicleta que tinha encontrado na garagem, uma velha bicicleta de praia azul com uma bandeira laranja esfarrapada conectada à parte traseira do assento13. Eu montei todo o caminho de volta para Jessep sem parar, uma necessidade de colocar uma distância entre mim e Bear e meu desejo de enfrentar o que eu tinha que enfrentar me impeliu a continuar, mais rápido e mais rápido até que eu finalmente desacelerei quando virei para a estrada com o sinal de Bem Vindo à Jessep, População 64. Eu tinha a intenção de ir direto para o gabinete do xerife, mas eram só duas horas. Eu não tinha a intenção de ir para casa, mas antes que eu percebesse, eu ainda estava na bicicleta com meus pés no chão olhando para a fita amarela da cena do crime que tinha desgarrado de um lado e agora estava flutuando no vento .

Caminhei lentamente pela calçada, levando a bicicleta comigo. Eu não planejava sair ou caminhar até a varanda ou sentar na cadeira de balanço e inalar o cheiro de laranjas pobres.

Mas eu fiz.

As chuvas da tarde tinha lavado o sangue da minha mãe ao lado da casa. Qualquer pessoa que não sabia o que aconteceu lá teria pensado que era uma mancha de lama.

Mas eu sabia que o que aconteceu aqui.

O que eu não sabia era o que ia acontecer a seguir.

Foi quando eu vi.

A aranha.

Eu estava na varanda segurando uma vassoura de palha velha com o cabo quebrado. Eu assisti o pequeno inseto usando algumas das suas muitas pernas longas e listradas. Ele estava sob o beiral, cuidando de seu próprio negócio, encerrando o almoço, enquanto eu estava apenas a alguns centímetros de distância planejando sua morte iminente.

O sol começava a se pôr, uma das únicas horas do dia quando o clima era tolerável e logo antes da chuva de verão descer em Jessep.

Eu entendi como era querer ser deixada em paz e por um breve momento eu contemplei poupar a aranha da sentença de morte, mas rapidamente mudei minha mente.

Uma igualzinha matou Jesse.

Ela tinha que morrer.

Parece que eu era boa em matar coisas.

Cheguei à nosso velha e enferrujado escada e subi ao topo, posicionando o fim do cabo de vassoura sobre a aranha inocente que não tinha ideia do que estava por vir. — Me desculpe, — eu sussurrei, logo antes de esmagar em um canto. Uma e outra vez eu bati e bati e bati nela, esmagando-a ao esquecimento. Eu matei aquela aranha uma e outra vez e continuei matando até que minhas mãos estavam sangrando por causa do cabo de vassoura quebrado e lágrimas corriam pelo meu rosto, muito tempo depois da aranha cair na grama.

— Srta. Andrews? — perguntou um homem. Seguei o topo da escada com as duas mãos para manter meu equilíbrio, e soltei a vassoura. Ele caiu sobre a varanda e rolou do lado na grama.

Um homem muito alto estava segurando uma pasta de documentos e um lenço que ele usava para limpar o suor do rosto vermelho. Ele estava vestindo um terno cinza amarrotado e um sorriso.

— Me desculpe, senhorita. Eu não queria te assustar, — disse ele com um sotaque do sul. Se suas roupas não deixava claro que ele não um local, seu sotaque teria feito o truque. — Eu estou procurando uma Srta. Andrews? — perguntou o homem de novo, segurando o arquivo para proteger os olhos do sol, enquanto me observava descer da escada.

— Quem quer saber? — perguntei, me virando para limpar os olhos, pegando o cabo de vassoura quebrada da grama e jogando de volta para a varanda.

— Meu nome é Ben Coleman e eu estou aqui em nome de The Sun... — eu não precisava ouvi-lo terminar a frase para saber por que ele estava lá. A Sunnlandio Corporation era uns abutres e assistiram a decadência da minha mãe antes dela se perder e levar meu pai com ela.

Ben Coleman parecia não notar a fita da cena do crime flutuando no vento. Ele estava em pé na calçada em uma noite de terça-feira, vestindo um terno cinza amarrotado e pingando suor tanto que parecia como se tivesse sido apanhado na tempestade de chuva que eu podia ver à distância, mas ainda não havia chegado.

Ben se aproximou e estendeu a mão para mim. Peguei a escada e passei direto por ele, indo para o galpão ao lado da casa. — Você pode ir, Sr. Coleman, eu sei por que você está aqui e eu quero saber de nada disso. — eu coloquei a escada no galpão e fechei a porta.

Eu podia sentir o cheiro da chuva se aproximando antes que eu pudesse vê-la. Eu costumava tirar sarro de meu pai por dizer que ele podia sentir o cheiro da chuva, mas quando fiquei mais velha eu podia sentir a mudança no ar e eu aprendi a reconhecer o ar ficar mais fresco antes das nuvens rolarem, as estrelas se apagando e o céu da noite mudando do preto ao cinza. — Senhorita Anderson, eu só preciso que você faça isso. Temos os melhores interesses no coração, — disse Ben, estendendo a pasta em direção a mim.

Eu ri. — Você tinha o melhor interesse no coração quando sua empresa cancelou o contrato que a fazenda tinha com a Sunnlandio desde os anos 60? Porque eu iria perguntar se eles se tinham os melhores interesses no coração, mas eu não posso. E a julgar pelo olhar em seu rosto você sabe por que eu não posso. Então, seja qual for o motivo pelo qual você está aqui, venda isso para outra pessoa. Eu não estou interessada e eu não tenho tempo. Tenho uma reunião com o xerife.

O vento aumentou, fechando em torno da casa, soprando meu cabelo em meu rosto. O paletó de Ben abriu enquanto ele continuava a me seguir no meu caminho para frente da casa.

Isso é quando eu vi a arma dele.

Ou ele era o tipo de empresário que era acostumado com sulistas atirando contra ele ou ele não era um homem de negócios.

A chuva já estava encharcando o campo ao lado da casa e era apenas uma questão de segundos antes dela encontrar o seu caminho. — Corte essa merda, Sr. Coleman. Se esse é mesmo o seu nome. O que é que você quer?

— Eu preciso que você olhe este arquivo. Me diga o que você acha. É uma oferta para comprar a fazenda. Algo generoso. — ele estendeu o arquivo em papel pardo.

— Saia desta propriedade agora e leve isso com você, — eu avisei.

— Você vai querer que eu jogue duro com você, Srta. Andrews? Eu estava disposto a te fazer uma oferta adequada, mas você não me deixa outra escolha. Desde que você ainda não tem dezoito anos quando, seus pais morreram e não tinham registrado, essa propriedade não é sua e não será sua até que ela passe por um processo judicial dispendioso e bastante demorado. E eu odeio dizer o óbvio, mas sem um contrato com um distribuidor como a Sunnlandio a fazenda não vale nada. Há também a pequena questão de você potencialmente indo embora por um tempo muito longo e eu suponho que é o que seu pequeno encontro com o xerife está em causa. Mas nós da Sunnlandio preferimos cuidar disso agora e colocar o dinheiro na frente e depois esperar para o juiz nos dar a escritura da propriedade.

É quando a gravidade da situação me bateu, que o mal se escondia de terno e gravata e escondia seus crimes em pastas. — É por isso que você fez isso? É por isso que você cancelou os contratos dos meus pais, não é? Para desvalorizar a terra, então foder com eles com alguma oferta ridícula?

— Srta. Andrews, eu não tomo essas decisões, mas vou admitir que a lei está do nosso lado aqui. Estamos apenas tentando agilizar o processo com você assinando.

— Eu nem tenho dezoito anos, então eu não posso assinar nada, — eu disse.

— Seu aniversário não foi há dois dias, doze de julho? — perguntou o Sr. Carson, abrindo o seu arquivo e lendo a data, antes de fechar novamente.

Eu perdi o meu próprio aniversário?

A parede de chuva veio, absorvendo tudo em seu caminho, incluindo o homem de terno que se manteve firme, sorrindo enquanto seu cabelo achatava no topo da sua cabeça. — Eu vou ao tribunal amanhã para apresentar a oferta ao juiz de paz e exigir que a fazenda seja devidamente avaliada. Você pode assinar isto agora ou se aprontar para uma batalha que você não vai ganhar. A batalha que você não pode pagar.

A lei está do nosso lado.

A lei está do nosso lado.

Eu vi vermelho. Tanta coisa vermelha que eu quis que um relâmpago saísse do céu e atingisse este cara de terno. Ben colocou a pasta na varanda e me lançou aquele sorriso presunçoso e uma saudação antes de voltar para a entrada de automóveis. — Sr. Coleman? — perguntei docemente. Ele se virou. — Sim, Srta. Andrews? — ele perguntou, gritando acima do som da chuva torrencial.

— Você acabou de dizer que a lei está do seu lado? — perguntei, inclinando a cabeça para o lado.

— Sim. Está certo.

— Bem, então, — eu digitei o código sobre a caixa no alpendre da varanda e as dobradiças abriram. Eu removi o que eu precisava dos ganchos ligados ao lado de baixo da tampa. Ao contrário de quando eu arrisquei minha vida quando minha mãe e eu jogamos roleta russa, dessa vez funcionou no primeiro puxão. — Você sabia que aqui em Jessep, qualquer pessoa pode atirar em alguém em sua propriedade por nenhuma razão?

— Você não faria isso, — disse ele, não havia medo em sua voz. Havia desafio. Ele estendeu a mão sobre o casaco, mas ele sabia que não tinha tempo de chegar até sua arma.

Um passo é tudo que dele deu.

Ele deu um passo em frente, blefando.

Eu puxei o gatilho.

— Bem-vindo à Jessep, Sr. Carson.


Capítulo dezoito

BEAR

Um CRACK ecoou a noite, tão alto que eu ouvi acima do rugido da minha moto, ondulando o ar em torno de mim como se eu estivesse preso em uma onda. Algo pequeno, mas rápido passou por minha orelha como um grito, tão perto que eu senti o rastro de calor no lado do meu pescoço.

Uma bala.

Crack. Eco. Crack. Eco.

Havia duas motos na minha cola. Duas motos que eu reconheci. Duas motos que eu ajudei a construir.

Bastards.

Eu sabia que havia uma possibilidade de que no segundo que eu deixasse Logan’s Beach na minha moto esses filhos da puta poderiam ir atrás de mim. O problema era que eu estava muito envolvido em encontrar Thia que eu sai em disparada, mesmo sem contar a King onde eu estava indo.

Porra, talvez eles já fizeram.

Meu peito doeu como eu já tivesse sido atingido por uma bala.

Os Beach Bastards poderiam não ter leis, mas eles não eram sem alma, um dos códigos pelos quais viviam era ‘Sempre olhe um homem nos olhos quando você estiver prestes a tomar sua vida’.

O clube deveria estar mais fodido do que eu tinha imaginado originalmente porque os dois idiotas atrás de mim disparando nas minhas costas tinham escolhido ignorar esse código em particular.

CRACK.

Senti o calor contra a pele do meu pescoço quando a bala passou zunindo.

Passei pela placa Bem Vindo à Jessep e tentei despistar os filhos da puta me seguindo tomando uma acentuada curva à direita.

Não tive essa sorte.

As balas podem ter estado voando, Thia poderia estar em perigo ou já morta, mas quando eu peguei velocidade e me inclinei para frente empurrando a máquina entre as minhas pernas até o seu limite, me lembrei de outro tempo, outra noite sem nuvens, quando ir rápido não era rápido o suficiente.

 

Eu estou com cinco anos de idade e eu estou no banco do passageiro de um carro que eu nunca estive antes. Minha mãe está dirigindo.

Ela está resmungando para si mesma e mordendo as unhas.

Quando ela me pegou da escola, eu tinha entrado em seu conversível vermelho, mas ela passou pela rua que a gente sempre evita, o que nos levava à sede do clube. A única parada que tínhamos feito era quando tínhamos negociado seu carro atrás do Stop-n-Go.

O pequeno Toyota que estamos andando cheira como quando eu vomitei depois de beber o refrigerante especial que tinha sido deixado na mesa de sinuca. A única coisa especial sobre o refrigerante foi a quantidade de vômito que me fez pulverizar por todo o chão do escritório do meu pai.

Dr. Pepper é muito melhor.

Mamãe acende um cigarro e abre a janela, mas só um pouquinho. O carro se enche com a fumaça que ela bufa, mas isso não me incomoda porque eu estou acostumado com isso. Todo mundo no clube fuma. Eu vi um comercial na TV dizer que fumar faz você parar de crescer, e eu quero ser alto como meu velho, então eu decidi que eu vou esperar até eu crescer muito mais antes de eu começar a fumar.

Está escuro lá fora, mas uma vez que estamos na estrada, cada vez que passamos por uma rua iluminada o interior do carro bilha e, em seguida fica escuro, como se alguém estivesse apagando e acendendo um interruptor de luz. Eu não conto quantas vezes o interruptor fica ligado, mas é muito. Eu paro quando eu chego a uma centena, porque esse é o maior número que eu conheço.

Toda vez que uma moto passa, minha mãe agarra o volante realmente apertado e prende a respiração até que ele passa por nós. Ela continua verificando os espelhos e tirando o cabelo fora de seus olhos. Ela tem pingos de suor em seu rosto e quando o carro se ilumina na próxima vez, eu noto que ela tem lágrimas vazamento de seus olhos.

— O que está errado, piranha14? — pergunto.

Mamãe revira os olhos e me lança um olhar irritado. — Só porque seu pai me chama assim, não significa que é uma coisa agradável a dizer a alguém. Você pode me chamar de mamãe, ok?

— Piranha não significa menina bonita? — pergunto, confuso porque Tripod foi o único que me disse o que isso significava, e ele é o vice-presidente do clube do meu velho, então ele sabe muito.

— Não querido, não significa isso. É uma má palavra, então nunca diga de novo, ok? — ela bagunça meu cabelo com a mão e volta a verificar os espelhos.

Quando eu voltar para o clube eu vou perguntar à Tripod sobre a palavra de novo. O meu velho diz que as meninas, as vezes, não entendem as coisas do mesmo jeito que os meninos, então mamãe está, provavelmente, apenas confusa.

— Como pode uma palavra ser ruim? — pergunto.

— Só pode, Abel. — ela diz com um bufo. Mamãe tem o mesmo olhar no rosto que ela tem quando me envia para fora, mas pelo menos seus olhos não estão vazando mais.

Eu não gosto quando seus olhos vazam.

Eu também não gosto quando seu nariz vaza sangue depois que ela discute com Chop, meu velho.

— Mamãe, o que há de errado? — eu pergunto a ela novamente.

Ela balança a cabeça para mim e sorri. — Nada, bebê. Nada há de errado. Na verdade tudo está bem.

— Mas eu quero voltar para o clube, — eu lamento.

— Não! — mamãe grita, batendo o punho contra o volante. Ela respira fundo e dá outra tragada em seu cigarro, apagando no cinzeiro. Ela se estica e agarra meu joelho. Eu rio porque é o meu ponto delicado. — Abel, estamos indo para algum lugar que você vai amar. É ainda melhor do que o clube. Eu prometo. — ela retira a mão e acende outro cigarro.

Eu dou de ombros e começo a ficar animado, principalmente porque eu acho que minha mãe poderia estar me levando para a Disney World. Eu nunca estive lá, mas é o único lugar que eu poderia pensar que poderia ser melhor do que o clube.

Eu volto a esticar os braços de meu Stretch Armstrong15 e os amarro atrás das costas do jeito que eu vi os policiais fazerem quando levaram o tio Gator ontem. Policiais não são amigos do clube, então eu não contei a meu velho o quão legal eu achei as luzes e sirenes. Ele disse que o tio Gator não vai estar em casa em breve, mas que podemos visitá-lo no próximo mês em um lugar chamado Up-State.

Eu ouço um estrondo familiar e me viro para olhar atrás de nós. — Ei mamãe, papai está aqui, — eu digo, mas ela só olha para frente e assente. Seus olhos começam a vazar novamente. Motos cercam o carro e minha mãe reduz, mas não para. Eu reconheço Tank e sua moto quando ele passa ao nosso lado. Mesmo com seu capacete e óculos de proteção amarelos posso dizer que ele está com raiva pelas linhas ao redor de sua boca. Ele está gritando alguma coisa, mas eu não posso ouvi-lo sobre as outras motos. Minha mãe ouve porque ela balança a cabeça ‘não’ como se ela estivesse respondendo a ele.

Vejo Tank chutar sua bota e a próxima coisa que eu sei é que as janelas explodem no carro e o vidro voa por toda parte. Mesmo me empurrando para o assento, já é tarde demais. Eu sinto um pedaço passar no canto do meu olho e o que parece um arranhão profundo queima. Minha mãe grita e a próxima coisa que eu sei é que eu sinto o carro virar para a direita, os pneus esbarram em terreno irregular antes de parar.

Eu tiro a minha mão do meu olho e tento abri-lo, mas o segundo que eu faço isso eu o fecho automaticamente e tenho certeza que o pedaço de vidro ainda pode estar no meu olho. Mamãe pega meu rosto e inspeciona meu olho. As motos todas pararam ao redor do carro e agora vejo Chop. Ele sai da sua moto e joga seu capacete no chão. Minha mãe tira um pequeno de caco de vidro do meu olho que está manchado de vermelho. — Eu te amo, Abel. Agora e para sempre. Se lembre disso. — ela sussurra quando Chop abre a posta e a arrasta para fora do carro pelos cabelos. Ela grita e chuta pontapés, mas Chop não para de arrastá-la até que eles passam pelas árvores no lado da estrada.

Eu posso não ser capaz de vê-los, mas eu ainda posso ouvi-los. — Você não sabe como ouvir, porra! — Chop grita. — Eu te disse que se você colocasse os pés em Logan’s Beach ou preto da porra do meu filho novamente, eu iria cortar suas tetas e pendurá-las em cima do muro do clube! Eu pareço estar de brincadeira, piranha!

Eu já os ouvi gritar um com o outro antes, mas algo sobre essa vez parece diferente. — Vamos lá, amigo. — Tank me diz, me levando para fora do carro e para sua moto.

— Por que diabos você achou que poderia roubar o meu filho e viver para contar isso! — ele grita. Ele deve ter batido ela, porque eu ouvi minha mãe gritar de novo. As folhas das árvores agitam e eu não posso levar a minha atenção para longe de onde eu sei que eles estão. Tank continua a me levar até sua moto, mas eu estou andando.

— Eu tinha que tentar. — eu ouvi minha mãe gritar. — Eu tive que tentar dar a ele uma vida onde ele não iria acabar... — ela faz uma pausa.

— Diga, cadela. Você sabe como isso funciona. Isto termina da mesma forma, não importa o que, então é melhor falar agora... enquanto você tem a chance. , — diz Chop. Eu ouço um clique.

— Eu queria levá-lo daqui para que ele não acabasse como você! — minha mãe grita e assim que a última palavra deixa sua boca há um som de estalo.

E depois nada.

Tank me coloca na parte traseira de sua moto e liga, os outros que estão com a gente fazem o mesmo. Biggie, um dos caras mais jovens, salta para o Toyota e acelera. Pager, uma dos mais antigos nos Bastards, está esperando quando Chop aparece com sangue respingado em seu rosto, sua arma ainda na mão. Ele joga a arma para Pager que a envolve em um pano.

Tank acena algo com a mão para Chop, que o vê porque ele acena com a cabeça em resposta, mas seus olhos estão presos nos meus. Ele quebra a nossa conexão para limpar o sangue do rosto com a mão.

Eu nunca tive medo dele. Nem quando ele batia na minha mãe. Nem quando ele me bateu por qualquer coisa que eu tinha feito que ele não gostou. Nem quando ele me trouxe em seu bote e me obrigou a ver quando ele atirou em um homem e jogou seu corpo no Everglades.

É neste momento, quando um tremor de medo serpenteia pela minha espinha e pela primeira vez eu tenho medo do meu pai. Ele olha para a palma da mão agora vermelha. Tremores dançam na minha espinha quando seus olhos novamente encontram os meus...

E ele sorri.

 

Calor explodiu em minhas costas, irradiando através do meu ombro, seguido pela dor entorpecente quando a bala conectou com o osso, rasgando a frente do meu ombro. Eu tinha sido baleado antes, mas não é um sentimento que você pode se acostumar. A bala cravando nos minúsculos, rasgando sua pele, então explodindo uma vez que está afundado a uma profundidade suficiente dentro de você. Cada nervo de minha espinha saltou e meus braços se contorceram, dirigindo a moto para o lado, a fazendo desviar pela estrada. — POOOOOOOOOORRA — eu gritei através de meus dentes enquanto pegava o guidão, corrigindo minha moto apenas alguns segundos antes do pneu dianteiro mergulhar na vala do lado da estrada. Grama e sujeira se espalharam sob os pneus, lama choveu em cima de mim quando meus pneus voltaram para a estrada.

Quando balas ainda zuniam ao redor da minha cabeça levei tudo que eu tinha para manter a moto em linha reta e manter a minha velocidade. Se eu diminuísse a velocidade eu era um homem morto.

Posso não ter estado usando um colete, mas eu não era uma cadela, eu estava correndo em direção a Thia, não correndo pela minha vida.

Eu bati no freio, virando minha moto ao redor para enfrentar as cadelas que estavam vindo para mim a toda velocidade. Tank e Cash. Dois irmãos que eu pessoalmente recrutei como prospectos.

Fodidos ingratos.

Dois irmãos que também estavam prestes a aprender da maneira mais difícil que só porque eu não estava usando meu colete não significava que eu era fraco.

Ou que eu esqueci como puxar um gatilho do caralho.

Minha moto continuou a girar quando eu levantei minhas mãos do guidão e puxei ambas as armas dos meus coldres. A dor me rasgou ao meu movimento brusco, mas meu objetivo era estável.

Eu gostei do olhar de choque no rosto daqueles filhos da puta quando eles encararam o cano das minhas armas e eu comecei a disparar. Cash caiu primeiro, virando sua moto de lado quando eu coloquei duas balas em seu peito. Tank seguiu, capotando depois de eu colocar um através da sua bochecha direita.

Minha moto ficou fora de controle, mas parecia que era o mundo em volta de mim girando em vez de mim. Laranjais me rodeavam e assim como o cheiro de algo podre. Eu inclinei de lado na estrada, caindo na vala que tinha conseguido evitar poucos minutos mais cedo. Eu naveguei sobre a minha moto, voando pelo ar, sorrindo.

Eu poderia morrer, mas pelo menos eu morreria sabendo que eu levei esses dois filhos da puta comigo.

Meu último pensamento antes de eu atingir o chão foi de uma menina com cabelo vermelho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo dezenove

Thia

Sr. Carson tinha se afastado por sua própria vontade e eu corri para o laranjal antes que ele pudesse se lembrar que ele tinha uma arma. Eu não gostei do que eu tinha feito, e estava ainda mais revoltada com o fato de que eu não me arrependo.

Quando meus pulmões queimavam e eu não podia correr mais, eu caí de joelhos. — Eu sinto muito, pai. Eu sinto muito não poder salvar tudo isso para você. Para nós. Mas acima de tudo eu sinto muito por não poder te salvar, — eu disse para as árvores. As folhas em torno de mim sussurravam com o vento, de vez em quando eu ouvia o baque de uma laranja caindo.

Eu brevemente contemplei queimar tudo ao chão, ir tão longe como pegar uma folha de uma árvore próxima para testar o quão seco estava e quão rápido iria queimar quando o chão sob mim sacudiu, pequenos pedaços de folhas e pedaços soltos de terra pularam em torno de meus joelhos.

Eu morava na Flórida toda a minha vida, e nunca tinha tido um terremoto antes.

Um terremoto era mesmo possível?

Um estrondo começou ao longe e me levantei em pânico, me preparando para a terra se mexer. O barulho ficou mais alto e mais alto e meu coração bateu mais rápido e mais rápido, cada músculo do meu corpo ficou tenso enquanto os segundos passavam, enchendo lentamente o silêncio.

Era um som que você sentia antes de você ouvir. Um estrondo que ficou mais alto e vibrou em seus ossos.

Um terremoto em duas rodas.

Uma moto. E a partir do som dela, talvez mais do que uma.

Bear.

Ele tinha vindo para mim.

Não seja estúpida, Thia. Milhões de pessoas conduzem motos além dele, não é ele.

Mas poderia ser o MC.

E então... BOOM.

Uma explosão tão alto que meu cabelo soprou como se uma bomba tivesse explodido.

Uma explosão de luz laranja brilhante para a noite, seguido pelo contraste de fumaça cinza contra o céu negro sem nuvens.

Eu estava correndo em direção à explosão antes que eu pudesse me convencer do contrário, chegando à estrada em menos de um minuto.

Os destroços de metal mutilado estavam espalhados em ambos os lados da estrada. Eu não tinha certeza se era uma moto ou duas até que eu vi dois corpos espalhados pela estrada, caídos em ângulos não naturais sem vida. Eu corri para o primeiro corpo e meu coração começou a correr fora de controle. Os braços do homem estavam cobertos de tanto sangue que eu não poderia ver qualquer de suas fraturas ou tatuagens.

Em pânico, eu me ajoelhei e usei toda a minha força para tentar virar o homem, mas ele não se mexeu. Então, eu imaginei o rosto do homem que eu não queria que fosse e eu precisava saber se era ele. Tentei de novo, usando toda a força que eu não sabia que eu tinha. Eu não fui bem sucedida em virá-lo completamente, mas tinha conseguido tirá-lo de lado. O segundo que eu vi o rosto arredondado e cabelos castanhos curtos eu soltei um suspiro de alívio.

Quando me deparei com os destroços eu tinha certeza que era uma batida, um acidente. Eu tinha certeza de que havia dois cadáveres na estrada que morreram com o impacto.

Eu estava errada.

Corri para o próximo homem que estava deitado de barriga para cima, com a cabeça virada para o lado, os olhos e a boca estavam abertos.

Um buraco de bala em sua bochecha.

Engoli em seco. Levantando, eu me afastei para o bosque de onde eu vim, como se por algum motivo eu tivesse que manter meus olhos sobre os destroços e os corpos ou eles iriam aparecer de volta e vir atrás de mim.

Foi quando eu percebi que o meu pânico que um dos corpos seria Bear foi sem motivo. Ambos os homens mortos estavam usando coletes dos Beach Bastard.

Eles tinham vindo para mim.

Bear não.

Eu sabia que ele não iria, mas eu ainda não podia deixar de me sentir decepcionada e com medo, tudo ao mesmo tempo.

Poderia haver mais deles em seu caminho.

Lentamente eu recuei até que as árvores tinham quase me engolido inteira. Grilos gorjearam em volta de mim. Sapos resmungaram e o mata-mosquitos na varanda da frente podia ser ouvido daqui, o que era uma boa meia milha de distância. Lentamente eu me afastei até bati em algo grande e duro que definitivamente não era uma árvore. Calafrios dispararam em minha espinha quando uma mão veio ao redor da minha cintura e outra cobriu minha boca, abafando meu grito.

— Ti, pare, sou eu, — Bear rosnou no meu ouvido enquanto eu lutava contra ele.

Eu me acalmei.

Ele tinha vindo para mim.

Bear afrouxou o aperto e me virei em seus braços. A lua era grande e brilhante, agindo como um holofote logo acima de nossas cabeças. Ele estava sem camisa e coberto de terra. Seu cabelo e barba loira estavam manchados de lama escura. Sua calça jeans estava rasgada no joelho. — Quão movimentada está estrada? — ele perguntou de repente.

— Não há movimento. Há outra fazenda, mas fica na parte de trás do outro lado. Nós paramos em um beco sem saída.

— Qualquer um está programado para vir por esse caminho? Carteiros, entregas de qualquer tipo. Eu preciso que você pense.

— Não, nada. Correio vai para o caixa da cidade e a fazenda está fora dos negócios por um tempo.

Ping.

Ping.

Ping.

Não havia mangueiras em qualquer lugar, nenhuma água corrente desde que a empresa de água desligou o fornecimento quando não podíamos pagar a conta.

BAQUE. Girei ao redor. — Que diabos foi isso? — ele perguntou.

— Laranjas. Elas soam assim quando caem das árvores, — eu disse. Com as costas para mim, vi a fonte do gotejamento.

Ele estava vindo de Bear.

Sangue.

Um rio de sangue brilhante que parecia preto sob a luz da lua pingava na parte de trás do seu ombro, fundindo em seu cinto, em seguida, caindo no chão macio. — Você está ferido, — eu disse, apontando para o óbvio.

Bear se virou, seus olhos escureceram e brilhavam como chamas azuis. — Eu não dou a mínima para o meu ombro, Ti. O que eu dou a mínima é você ter ido embora quando eu te disse que não era seguro. — Bear olhou para mim como se eu o tivesse passo por ele de uma maneira que eu não entendia. — Talvez você não acreditasse em mim quando eu disse que o MC estaria vindo para você. — ele acenou para os corpos na estrada. — Você acredita em mim agora? — ele perguntou, seus narinas dilatadas.

Eu dei um passo para trás e ele deu um passo para frente, não me permitindo a distância que eu queria colocar entre nós. — Por que você veio?

— Que porra é essa que acabei de dizer? Eu vim porque você não deu ouvidos. Eu vim porque não é seguro e se eu não tivesse vindo ou você estaria morta agora ou desejando que você estivesse morta, uma vez que conseguissem por a mão em você, — Bear disse. E pela primeira vez, eu tive medo dele. Não porque eu pensei que ele iria me machucar, mas porque eu nunca o tinha visto tão irritado.

— Eu não entendo você, — eu disse.

— Você não tem que me entender, — ele rosnou, e como se estivesse provando seu ponto, ele bateu seus lábios sobre os meus.

Eu queria afastá-lo. Eu queria dizer a ele que não. Mas depois de pensar que ele poderia ter sido um daqueles homens mortos na estrada, meu corpo não me deixou. Meu cérebro queria gritar com ele, socá-lo, mas quando ele correu sua língua ao longo da costura da minha boca, meus lábios traidores abriram para ele, gemendo quando sua língua encontrou a minha, me pressionando contra seu corpo sujo. Ele colocou as mãos em volta do meu rosto e me beijou como se ele estivesse gritando comigo, me punindo por desobedecê-lo, por estar em sua vida, por não estar em sua vida.

Eu aceitei a sua punição e dei de volta para ele, dizendo a ele todas as coisas com o nosso beijo. A frieza de seus anéis pressionou contra a pele das minhas costas por debaixo da barra da minha camisa.

Bear recuou, respirando pesadamente, olhando através de mim como se ele pudesse ver diretamente em minha alma. — Você tem que me ouvir, mas tanto quanto eu quero ter uma conversa com você agora onde você me diz que fodida pessoa eu sou e eu lhe digo que você é a garota mais idiota que pus os olhos. E tanto quanto eu quero manter minha boca em você, nós temos outro par de problemas que eu vou precisar que você me ajude antes que se tornarem problemas maiores. — Bear enrolou uma mão enlameada ao redor do meu pescoço e fechou a distância entre nós.

— O quê? — perguntei, tremendo sob o peso de seu olhar, de alguma forma esquecendo os mortos que estavam apenas a alguns de nós.

— Você sabe costurar?

— Essa é uma pergunta estranha.

— Não tanto quanto me ver sangrando, — disse Bear, me liberando e agarrando seu ombro. — Está limpo, atravessou, só preciso colar a pele novamente.

— Merda. Aqui, — eu disse, arrancando minha camisa eu me levantei na ponta dos pés para pressionar na parte de trás de seu ombro.

— Porra, — Bear gemeu. Eu abrandei a pressão, pensando que eu iria machucá-lo. — Talvez você devesse me deixar sangrar. Pode valer a pena, — ele disse, lambendo os lábios. Segui seu olhar para os meus seios nus. Meus mamilos se endureceram sob seu olhar.

— Porra, Ti, você pode não ter puxado o gatilho do caralho, mas eu acho que você ainda vai me matar. — suas mãos se estabeleceram na minha bunda, enquanto eu tentava parar o sangramento, seus dedos massagearam minha carne enquanto eu concentrava meus esforços em sua ferida.

— Qual é a outra coisa que temos que fazer? — perguntei, sentindo o rubor queimando em minhas bochechas e pescoço, grata pela escuridão da noite por esconder o meu embaraço sobre estar tão obviamente excitada.

— Limpar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte

Thia

— Eu não posso ir lá, — eu disse, evitando os degraus da varanda da frente, os braços cruzados sobre o peito nu.

— Agulha e linha, — disse Bear, se encolhendo, ainda segurando minha camisa ensanguentada por cima do ombro. — Onde é que eu encontro? — ele perguntou e eu estava aliviada por ele não me forçar a entrar.

— A sala de costura e do lado de fora da cozinha, à direita e depois esquerda. Mamãe mantinha esse material em uma caixa ao lado da Singer.

Bear desapareceu dentro da casa, emergindo alguns minutos mais tarde com a caixa da minha mãe. — Nada de luzes, — Bear disse, acendendo o isqueiro que ele vinha usando para guiar seu caminho através da casa escura, no bolso de sua calça jeans. Claro que não havia luzes. A conta venceu antes das mortes dos meus pais, e os mortos não pagam a conta de energia elétrica. Na nossa casa, na maioria das vezes nem os vivos.

Ele me jogou uma blusa azul que ele tinha pegado do meu quarto e eu corri para me cobrir com ela. — Obrigada, — eu disse. A resposta de Bear foi um pequeno grunhido.

Eu abri a caixa na varanda e peguei uma lanterna. Eu cliquei no botão e, felizmente, ele veio à vida. — Você já esteve aqui durante todo o dia e você não entrou ainda? — perguntou Bear, sentado no degrau mais alto, de costas para mim. Eu lancei a luz para baixo enquanto Bear escolhia o que ele precisava da caixa de equipamentos.

— Eu não tinha planos de vir aqui.

— Então por que voltou aqui? — perguntou ele, abrindo a tampa da garrafa de vodka que eu não percebi que ele tinha trazido. Ele entregou a garrafa para mim. — Despeje na parte de trás do meu ombro.

Peguei a garrafa e usando a lanterna finalmente fui capaz de dar uma boa olhada no ferimento de Bear. Ele estava certo, estava completamente limpo, mas era muito mais profundo do que eu pensava. — Merda, — eu disse, deixando cair a lanterna. — Basta derramar, Ti e me diga por que está aqui se isso não fosse o seu plano.

Eu direcionei a luz em sua ferida e por algum motivo me vi fechando os olhos quando eu derrubei a garrafa e derramei o álcool diretamente em sua ferida. Todos os músculos do corpo do Bear ficaram tensos. — Ti, fale. Agora, — Bear disse, rangendo os dentes. Ele pegou a garrafa da minha mão e derramou o resto sobre o buraco na frente de seu ombro, apoiando a mão na borda do degrau da frente, ele arrancou um pedaço da madeira velha podre. Quando ele terminou, ele jogou a madeira para o quintal e baixou a garrafa, me entregando a agulha e linha.

— Xerife Donaldson não está até a tarde. Eu estava indo vê-lo, mas depois acabei por aqui e eu fiquei... distraída. — distraída foi um bom termo para Ben Carson e sua audácia de até mesmo de pisar na fazenda.

— Você ia confessar? — perguntou Bear, a raiva escoando em sua voz. Ele cruzou os braços sobre as coxas e se inclinou para frente para que eu pudesse ter melhor acesso à sua ferida. Eu deixei a lanterna no corrimão e usei o único ponto eu me lembrei que minha mãe me ensinou eu puxei a pele de Bear tão próximo quanto possível e tentei fingir que não era sua carne e músculo que eu estava remendando, mas uma espessa colcha ou couro resistente.

— Sim, eu pensei que seria melhor colocar tudo para fora, tomar o que viria para mim. Meu amigo Buck é o substituto, talvez ele me dessa alguma folga. Não é como se eu fosse para a prisão alguém sentiria minha falta. O mundo ainda se transformaria. Ninguém sequer saberia que eu tinha ido embora.

— Eu iria.

— Sim, você saberia que eu tinha ido embora, mas você ficaria feliz em se livrar de mim, — eu disse amargamente.

— Ti... — Bear começou. Eu parei de respirar, esperando ouvir o que ele tinha a dizer. — Aaaahhhh, — ele grunhiu quando eu cavei a agulha mais fundo do que eu tinha previsto.

— Desculpe, — eu sussurrei, pensando que talvez eu devesse me lembrar que eu estava costurando uma pessoa afinal de contas.

— Eu tenho uma advogada para você, — disse Bear, me surpreendendo. — Uma que eu não queria ligar, mas ela vai fazer isso certo por você.

— Você fez o quê?

— Eu tenho uma advogada, uma cadela. Se o diabo usasse ternos elegantes e usasse batom vermelho, seria Bethany Fletcher. Ela é boa, embora. Agora ela está triando toda essa merda. Fazendo ligações e cavando um pouco mais em seu caso. Agora você só é procurada pela justiça, você não vai ser presa. Mas você iria ser trancada antes que eu tivesse a chance de te dizer.

— Você reparou a porta, mas você a deixou desbloqueada. Eu percebi que você estava me dizendo para ir, — eu disse honestamente.

— Eu estava dizendo a você que você não era uma fodida prisioneira, — ele corrigiu. — Eu achei que você ia me ouvir e fazer o que eu quero de você. Vejo agora que foi um erro e não se preocupe, eu não vou fazer isso de novo. Eu deveria ter escutado King e te algemado à porra da cama. — seu corpo inteiro ficou tenso e minha agulha parou, incapaz de progredir em seu músculo.

Eu ignorei sua ameaça de me algemar, e focando na minha tarefa. — Eu sei que é difícil, mas tente não ficar tenso, só vai piorar a dor.

— Ah, é? — perguntou Bear, parecendo se divertir. — Onde você aprendeu isso? — seus músculos relaxaram um pouco e a agulha entrava e saía com mais facilidade, tornando o trabalho mais rápido.

Eu sorri, lembrando a memória. — Dr. Hartman me disse isso quando ele deu pontos no meu joelho. Meu irmão, meu amigo Jesse Buck e eu estávamos praticando lançando alguns anzóis que ganhamos no Natal. Bem, eles não foram totalmente novos, mas eles eram novos para nós.

— Vocês tem água por aqui? — perguntou Bear.

— Oh sim, temos uma lagoa no meio do bosque, uma bem profunda. De vez em quando o Sr. Miller usava para estocar com coisas que ele pegava em uma de suas viagens para o lago. Mas naquele dia não estávamos praticando na lagoa. Nós estávamos em terra firme, ao redor da clareira. Montamos o material no chão para alvos e ponderamos nossas linhas. Foi uma boa prática também, mas olhando para trás, eu acho que não precisávamos dos ganchos. Eu andei um pouco perto demais atrás de Buck quando ele estava prestes a lançar e o gancho pegou no meu joelho. — eu estendi a minha perna para o degrau da frente de modo que Bear podia ver a longa cicatriz que corria a partir do topo do meu joelho para baixo. — Ele não sabia que ele me fisgou e continuou, rasgou a pele toda. Doze pontos, — eu disse, puxando a minha perna de volta.

Bear estendeu a mão esquerda e apontou para uma cicatriz entre o polegar e o dedo indicador. — A mesma lesão. Amigo diferente. Tínhamos provavelmente cerca de dezesseis anos fazendo uma pesca pela costeira. Se pagássemos alguns peixes vermelhos, a gente vendia a um dos restaurantes do outro lado da calçada por alguns dólares. Às vezes eles eram apenas para comer. Mas a única coisa que pegamos aquele dia foi um peixe do tamanho da metade da minha mão.

— Eu acabei deste lado, — eu disse, mordendo o fio e amarrando em uma série de nós inquebráveis. Eu passei novamente a agulha e me ajoelhei no degrau ao lado de Bear. Era uma posição desconfortável que me fez quase cair e ele percebeu, porque ele agarrou meus braços e abriu as pernas, me puxando no meio e descansando os cotovelos nas coxas, ele lançou os braços e suas mãos vieram ao redor e descansou na parte inferior das minhas costas.

— Melhor, — disse ele, olhando diretamente nos meus olhos. Eu estava muito consciente de seu olhar quando eu comecei a fechar a ferida, que era menor na frente. Ele me observou enquanto eu trabalhava, a borda de sua barba roçou contra a minha pele, sua respiração quente contra o meu pescoço enviando arrepios entre as minhas coxas.

Eu precisava me concentrar em costurar antes de machucá-lo novamente. — Havia uma foto no apartamento de você quando você era mais jovem. Você e King com outro menino que usava uma gravata. Era Preppy?

Bear se inclinou para frente, apoiando o nariz na dobra do meu pescoço e assentiu com a cabeça, seus lábios e barba pondo minha pele em chamas.

Tanta coisa para se concentrar.

Limpei a garganta. — Ele mora em Logan’s Beach? — perguntei quando eu terminei o último ponto. O fio estava curto após a costura da frente e de trás de seu ombro. Eu tive que fechar minha boca ao redor do fio, os meus lábios contra sua pele quando eu cortei com meus dentes, resistindo à vontade de saboreá-lo com a minha língua, antes de amarrá-lo como eu tinha feito do outro lado. Eu soprei em sua pele para aliviar um pouco da dor e Bear se levantou, me pegando antes de eu cair nos degraus e me colocando de volta para os meus pés.

— Ele está morto, — Bear disse, pegando a garrafa de vodka e a despejando sobre ambos os lados de sua ferida, sibilando entre os dentes.

Esse foi o fim da nossa conversa pessoal, depois disso Bear ficou todo negócios. Até o momento que ele tinha perguntado quão profundo era a lagoa no meio do bosque e testou o trator no lado da casa para ver se ele estava correndo, eu estava começando a entender o que ele quis dizer com ‘limpeza’.

Depois que eu o assisti amarrar os corpos de seus ex-irmãos e o que restava de suas motos e afundá-los na lagoa... eu tinha uma ideia ainda melhor.

 

* * *

 

— O sol vai nascer em breve, — Bear disse, olhando para a distância até onde o rosa tinha apenas começado a invadir o céu noturno. Ele pegou seu telefone e empurrou alguns botões, seus lábios se movendo em silêncio enquanto ele lia algo, empurrando seu telefone de volta no bolso quando ele terminou. Ele pulou do trator e veio para o meu lado, prestes a me ajudar a descer.

Revirei os olhos. Eu tinha estado pulando dentro e fora do trator desde que eu usava fraldas. Bear caminhou em minha direção, iluminado pelo sol nascente. Ele estava sujo, suado e enlameado como o inferno, mas ele foi cercado com um halo de luz como se ele fosse um anjo do inferno. — Bethany me enviou mensagens. Ela providenciou para que você possa ser questionada pelo xerife em seu escritório em Coral Pines. Ele queria fazer isso amanhã, mas ela conseguiu empurrá-lo por mais quarenta e oito horas, porque ela quer se encontrar com você primeiro e passar por cima de algumas coisas.

— Que tipo de coisas? — perguntei.

— Sua história, — disse Bear. — Ela quer ter a certeza de dizer a coisa certa e que você saiba como responder às suas perguntas.

— Que coisa certa? — perguntei, o seguindo para o lado da casa onde ele desenrolou a mangueira. — Eu matei a minha mãe depois que ela matou o meu pai. Isso é tudo que existe nisso.

Ele soltou um suspiro de frustração e segurou a extremidade da mangueira com o bico, procurando a torneira.

Eu pisei até onde estava a torneira, escondido por um arbusto espinhoso e liguei a água.

— Quando é que você vai aprender a parar de me questionar e me ouvir? Sua história, — disse ele, fechando a distância entre nós, — será o que Bethany lhe diz que é.

— Quando você vai entender que eu não gosto que mandem em mim? — eu cruzei os braços sobre o peito e Bear ajustou do bico, pulverizando água na grama.

Seus olhos ardiam com raiva, um aviso para não continuar a discutir com ele. Bem. Eu não vou discutir.

Mas isso não significava que eu iria concordar com ele também.

— Você disse que o xerife não está em funções até à tarde? — perguntou.

— É, não até as duas ou três, — eu disse. — Buck poderia estar ao redor, mas isso é tudo para Jessep, apenas os dois.

— Ótimo. A minha moto não está em pior forma, mas eu preciso de um par de peças. Nós podemos fazer uma corrida rápida quando amanhecer e voltar para Logan’s Beach. — meu estômago escolheu esse momento para deixar sair um grunhido embaraçosamente alto.

Quanto tempo se passou desde que eu tinha comido? Então eu me lembrei, não desde o almoço com Grace e Ray.

— E nós temos que pegar um pouco de comida, — Bear acrescentou. Minhas bochechas coraram.

— Espere, você quer que eu volte com você? Por quê?

— Você faz muitas perguntas, — Bear rosnou, desafivelando a calça jeans não me dando nenhum aviso antes de empurrá-las para baixo para a grama e saindo delas. Ele virou a mangueira em si mesmo, enxaguando os acontecimentos da noite.

Me virei porque eu não estava certa do que fazer ou onde mais olhar. — Eu pergunto, porque eu quero saber, — eu disse com um bufo, a imagem da bunda de Bear queimando em minha mente. Meus mamilos endureceram e algo dentro de mim se apertou. Eu não precisava voltar para Logan’s Beach com ele, eu precisava ir para um manicômio para adolescentes que não conseguem manter seus hormônios quietos. — Por que você veio atrás de mim? Por que você quer se certificar de que o MC não me mate? — e porque eu não posso resistir e porque minha boca estava correndo solta, — E por que você me beijou?

Esperei, mas ele não respondeu. Eu ouvi o pulverizador da mangueira desligar e estava prestes a me virar para ver se ele se afastou quando senti seu calor contra minhas costas. Seu calor úmido.

Seu calor úmido e nu.

Ele me puxou contra ele, seu peito forte nas minhas costas e as coxas duras contra a minha bunda. Com uma das mãos, ele espalmou sob a barra da minha camisa contra o meu estômago nu e respirou no meu ouvido: — Pare de fazer tantas perguntas, — disse ele, a ponta de sua língua fazendo contato com minha pele, enviando uma onda de umidade entre as minhas pernas.

— Apenas me responda por que, — eu disse. Isso saiu como um sussurro.

Como um pedido.

Bear riu e vibrou contra o meu pescoço. Me inclinei para ele, minha parte inferior das costas entrando em contato com sua ereção.

— Você realmente quer saber? — ele perguntou, traçando o lado de baixo do meu peito com o polegar calejado. — Você realmente quer saber por que eu te beijei? Por que eu beijei sua buceta doce? Você quer saber que eu ainda posso te provar na minha língua agora e eu estou salivando por mais? Você quer saber que você estava apertada em minha língua e eu imaginei o tempo todo que era o meu pau que você estava apertando com sua buceta virgem? — ele perguntou, balançando contra mim.

— Sim, — eu implorei. — Sim, eu quero saber.

— Porque eu queria, porra, — disse ele e meu estômago virou para fora do meu corpo. Ele pontuou suas palavras beliscando em meu pescoço antes de me empurrar para frente e apontar a mangueira em mim.

O fluxo frio apagando o fogo da luxúria que tinha começado a construir na minha barriga.

— Filho da puta, — eu gritei, correndo em direção à pulverização da água, com a intenção de matá-lo e adicioná-lo aos corpos no fundo da lagoa.

Ele me jogou a mangueira e eu a peguei. — Limpar.

— Você poderia ter apenas dito isso, — eu cuspi.

— Onde estaria à diversão nisso? — ele se abaixou e pegou a calça jeans do chão, as colocando novamente. Eu cobri os olhos com as mãos, mas não pude deixar de espreitar por entre meus dedos para pegar outro vislumbre da sua bunda apertada.

— Sinto muito, eu não estava ciente de que isso era divertido, — disse Bear. — Você pode abaixar sua mão agora e parar de fingir que não estava olhando.

— Eu não estava olhando! — eu menti. Bear riu para si mesmo, desaparecendo de volta até os degraus para a casa assim que eu terminei de me lavar, desejando que a água estivesse mais fria.

Muito, muito mais fria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e um

Thia

— Eu posso ir para a cidade sozinha, — eu disse, subindo para o banco do motorista do velho Ford do meu pai.

Bear tinha pegado para mim algumas roupas secas da casa, mas não conseguiu encontrar as chaves. Depois de alguns minutos puxando os fios sob o volante, ele conseguiu ligar depois de torcer por alguns fios juntos. — Apenas me diga o que você precisa e eu vou buscar. — eu fui fechar a porta, mas Bear estendeu a mão e parou.

— Eu não vou deixar você ir sozinha, — disse Bear. — Temos tempo antes do MC descobrir que Tank e Cash não estão mais neste mundo. O telefone de Tank quebrou, mas eu mandei algumas mensagens de Cash para Chop antes de irem nadar. Isso nos comprou algum tempo.

— Ok, então temos tempo. Isso significa que é seguro. Você não tem que vir comigo, — eu argumentei, novamente tentando puxar a porta e novamente ele me parou.

— Você tem medo de ser vista comigo ou algo assim? Com medo de que as pessoas da cidade vão pensar? — ele brincou.

— Não, não é isso.

— Ah, então você acha que o motoqueiro mal vai assustar os nativos, — Bear disse, dando um passo para dentro da caminhonete. Eu não tinha escolha a não ser fugir para o lado do passageiro para evitar ser esmagada debaixo dele.

A verdade era que eu não conseguia pensar ao redor dele. Poucos minutos para mim poderia ser capaz de limpar um pouco da neblina induzida por Bear que estava me seguindo por aí, mas não havia nenhuma maneira no inferno que eu estava prestes a dizer a ele isso, então eu vim com algo que ainda era verdade, embora um pouco menos importante na minha escala de razões para não levá-lo para a cidade comigo.

Eu joguei minhas mãos no ar, deixando a minha frustração aparecer. — Você não tem uma camisa e Emma May do Stop-N-Shop vai dar uma olhada em você e ter o terceiro ataque do coração.

O canto da boca do Bear virou para cima em um sorriso torto que fez pequenas linhas aparecerem no canto de seus olhos. Ele lentamente se inclinou sobre mim, cada vez mais perto. Me inclinei para longe, me rebocando contra o assento como se eu estivesse tentando me forçar a me unir ao banco. — Você acha que eu estou gostoso, Ti? — sua respiração vibrou contra o meu pescoço. — Você está com ciúmes? Receosa que eu vou deixar a calcinha de uma senhora tão molhada como eu faço a sua ficar?

— O que... o que você está fazendo? — eu perguntei sem fôlego quando ele chegou em meu colo.

— Eu dirijo um pouco... selvagem, — Bear disse, puxando o cinto velho em minha cintura e clicando sobre ele na fivela enferrujada.

Eu soltei um suspiro de alívio e decepção quando ele se sentou ereto e começou a subir na caminhonete. Ele se levantou do assento e tirou algo que tinha estado pendurado na parte de trás de um de seus bolsos.

Uma camisa.

Ele a puxou sobre sua cabeça.

Mais como uma blusa preta apertada.

De qualquer coisa fez seus músculos definidos do seu peito e em seu estômago parecerem melhores, se arrastando para baixo para o V que apontava para baixo em seus jeans. — Viu? Você estava errada, eu possuo uma camisa, — Bear disse com uma piscadela. Com um braço longo do outro lado da parte de trás do banco, seus dedos tocaram meu ombro quando ele virou a caminhonete e se dirigiu até a estrada.

— Como se isso ajudasse, — eu murmurei.

— Não entendi, — disse Bear, embora eu tenha tido a sensação de que ele tinha.

— Eu sou perfeitamente capaz de dirigir, — eu disse.

— Tenho certeza que você é, mas você está comigo agora, e enquanto você está comigo, eu dirijo.

Virei à cabeça em direção a minha janela e revirei os olhos.

Eu assisti o laranjal passar por nós enquanto fazíamos o nosso caminho pela estrada e passando pelo local onde Bear tinha limpado para apagar quaisquer e todos os vestígios do acidente da noite anterior. Laranjas estavam empilhadas sob as árvores. O cheiro enjoativo e doce que tinha estado permeando o ar por semanas antes da noite que mudou tudo tinha se transformado algo que cheirava a algo esquecido no frigorífico durante uma semana muito longa.

— Por que cheira como se algo tivesse morrido aqui? — perguntou Bear.

Eu atirei a ele um olhar óbvio. — Talvez porque algo morreu? — eu respondi sarcasticamente.

— Não é o que eu quis dizer, Ti. Você sabe disso. Quero dizer, por que as laranjas cheiram a podre?

— Quando Sunnlandio retirou o contrato se tornou inútil.

— Por quê? — perguntou Bear, parecendo genuinamente preocupado. Ele acendeu um cigarro usando o velho isqueiro no chão. Ele abriu a janela e se debruçou com o cotovelo no parapeito, com o cabelo balançando na brisa.

Dei de ombros e tentei não amaldiçoar Sunnlandio Corporation. — A história curta é que eles descobriram que era mais barato importar do México.

— Mas por que deixar as laranjas apodrecer?

— Colheita custa muito dinheiro, — expliquei. — E quando você não tem compradores certos, então elas se tornam lixo. Cadeias de supermercados e grandes empresas de suco já têm os seus próprios contratos ou seus próprios pomares, ou como a Sunnlandio, eles mudaram para a importação. É mais barato do que deixá-las apodrecer, o que é uma merda, porque é um desperdício. Não podemos nem mesmo doá-las porque isso ainda significa que alguém tem que escolher e entregá-las.

— Você tem feito tudo isso sozinha? — perguntou Bear, dando uma tragada no cigarro. Eu disse a ele o que tinha acontecido com a fazenda antes, mas estar cara a cara com milhares de laranjas podres tornou a situação ainda mais real. Ainda mais perturbadora.

— A maior parte. Papai tinha as mãos cheias com a mamãe. Eu fiz o que pude. Fazendas em toda a América estão no mesmo barco. Quer se trate de laranjas ou outra cultura. Deixando tudo apodrecer nas árvores porque eles não podem se dar ao luxo de colher. As pessoas estão morrendo de fome em todo o país e eu estou sentada no meio de toneladas e toneladas de frutas mortas. — eu balancei minha cabeça.

— Quantos anos você tem mesmo? — perguntou Bear de repente. Quando ele me perguntou anteriormente eu disse dezessete, mas isso foi antes do Sr. Carson ter me lembrado que eu tinha perdido o meu aniversário.

— Dezoito, — eu disse pela primeira vez. Bear ergueu as sobrancelhas como se calculasse. — Eu fiz aniversário recentemente. Muito recentemente.

— Eu não posso acreditar que você está fazendo toda essa merda sozinha. — Bear jogou o cigarro pela janela. — De onde eu venho à maioria dos jovens de dezoito anos não podem juntar duas frases, especialmente as meninas pairando em torno do clube, e você está aqui gerindo um laranjal do caralho.

Eu ri. — Você faz soar como uma realização. Quando na realidade eu não tenho conseguido nada. Exatamente o oposto. Talvez se eu soubesse mais, se eu tivesse feito mais, eu poderia ter salvado ele. — eu suspirei. — Não há nada impressionante sobre isso.

— Como você tem vivido? Sua família?

— Eu tenho um emprego na Stop-N-Shop algumas noites por semana.

Bear perguntou. — Stop-n-Shop

— Sim, o mesmo lugar onde tudo começou, — eu cantei, olhando pela janela quando passamos em linha após linha do meu fracasso.

— Eu também costumava ir até Corbin para limpar quartos de motel nos fins de semana, — disse eu. — Depois que eu pagava às despesas da fazenda a gente até conseguia comprar alguma coisa... Às vezes.

— Você percebe que isso é louco, certo? Você tem dois empregos para sustentar seu outro trabalho?— perguntou Bear.

— Vire aqui, — eu disse, apontando para a estrada um pouco mais ampla escondida atrás de um arbusto cheio de mato. Bear virou o volante e a caminhonete saltava e balançava de um lado para o outro enquanto ele andava através da estrada que levava para a cidade. — E não me chame de louca, — eu acrescentei, cruzando os braços sobre o peito.

— Eu retiro ter dito que você era madura para dezoito anos, porque agora você está fazendo beicinho como uma criança, — disse Bear quando passamos pela primeira placa dizendo que tínhamos atingido a extremidade da cidade, Armazém de Aparelhos Usados de Margie que era mais sucata que armazém.

— Não sou, — argumentei, olhando para frente. — Você pode estacionar ali. — eu apontei para a rua vazia na frente da Stop-N-Shop.

— Logan’s Beach não é exatamente uma cidade grande, mas este lugar é como uma cidade fantasma. — Bear desligou a caminhonete e saiu. Eu fiz o mesmo e quando eu saltei, ele já tinha chegado do meu lado.

— Sim, desde que eles fecharam a saída da autoestrada, as únicas pessoas que ficaram aqui foram os agricultores e mais e mais deles estão desaparecendo, abandonando suas fazendas e se mudando para onde o trabalho está. — eu tapei meus olhos do sol e olhei em volta. Duas caminhonetes e um John Deere16 estavam estacionados do outro lado da rua em frente à Bait Shop e Bar do Mickey. Duas bicicletas estavam amarradas no poste em frente ao Tick Tock Cafe. — Parece muito ocupado para mim, — ele acrescentou.

Bear olhou ao redor de novo, como se tivesse faltando alguma coisa. — A loja de hardware tem uma seção de auto, — eu disse, me dirigindo para a loja. — Principalmente peças para caminhões, mas você pode ter sorte e encontrar o que precisa lá, — eu disse, apontando para a Hardware e Handy Feed Store.

— Dinheiro, — Bear disse, jogando algo em mim que eu peguei antes de bater no chão.

— Para quê? — eu perguntei, olhando para o crânio de prata com o olho de diamante que tinha estado na minha posse em uma grande parte da minha vida. — Isso não é meu.

— Apenas o penhore para mim. Eu te ligo quando eu terminar, — disse Bear. — Seja rápida e mantenha os olhos abertos.

Revirei os olhos, apertando minha mão em torno do anel. Eu coloquei a corrente de volta ao redor do meu pescoço e seu peso familiar era mais reconfortante do que qualquer abraço poderia ser. Eu balancei a cabeça, indo em direção à porta. — Ti, Eu preciso do seu número. — Bear puxou um telefone celular do bolso da frente.

— Eu não tenho um telefone.

— Se você não tem um telefone, então por que você concordou que eu deveria te chamar quando eu terminar?

— À maneira antiga. — eu coloquei minhas mãos em volta da minha boca e gritei: — THEEEEEEEEYYYYYAAAAAAAA! — abri as portas de vidro e deixei Bear rindo no meio da estrada.

 

* * *

 

BEAR

— Está perdido? — o cara atrás do balcão na loja de ferragens perguntou. Ele usava um macacão sem camisa por baixo, o material esticando sobre sua barriga saliente.

Perdido? Talvez lentamente encontrando meu caminho.

Ele me olhou, seus olhos parando sobre a tatuagem no meu ombro bom. O símbolo do crânio dos Beach Bastards. — Eu não quero nenhum problema, — disse o homem, levantando as mãos como se eu estivesse roubando ele.

— Ponha as mãos para baixo, cara. Eu não estou à procura de problemas hoje, — eu disse.

— Não parece que você está evitando problemas, — disse ele apontando para minha lesão recém-costurada.

— Isso não é da sua conta, mas eu quis dizer isso quando eu disse que eu não estou procurando problema.

Eu já tinha problemas. Muitos deles na forma de uma menina de cabelo rosa com tanta atitude que me deixava louco.

E duro.

Duro pra caralho.

O homem assentiu. — Já faz um tempo desde que os Bastards passaram por estas bandas. Eu só quero que você saiba que nada mudou. Eu ainda estou acenando com a bandeira branca. Eu ainda estou inativo.

— Inativo? — perguntei. Ele se virou e apontou para o símbolo enorme de um lobo nas costas, claramente reconhecível para mim como o símbolo dos WOLF WARRIORS, embora partes dele foram cobertos com as tiras de seu macacão. Chop tinha começado uma briga com os guerreiros anos atrás sobre as armas vindo de Miami e eu não sabia os detalhes da briga, tudo o que eu sabia é que Chop disse que estávamos em guerra, então estávamos em guerra, e eu coloquei alguns WOLF WARRIORS a sete palmos do chão.

— Eles me chamavam de Bones naquela época, mas agora eu só sou Ted. — o homem se virou.

— Você não tem nada para se preocupar. Eu meio que estou fora do MC nesse momento, — eu brinquei, puxando a gola da camisa que eu iria tirar no segundo que eu voltasse para a caminhonete, porque enquanto vestir meu colete costumava ser como me envolver em couro macio, a blusa simples parecia que estava me estrangulando.

Ted assentiu, visivelmente relaxando quando ele finalmente conseguiu ver através de sua cabeça que eu não estava querendo agitar uma velha guerra entre homens idosos sobre algo que eu não dou a mínima.

— O que posso fazer por você? — perguntou ele com um sorriso, se afastando do motoqueiro Bones e virando o homem das ferramentas Ted.

Olhei ao redor da pequena loja, mas não vi qualquer coisa que eu poderia usar à primeira vista nas pequenas três prateleiras de autopeças. — Eu não acho que você tem uma seção de moto aqui. Eu estou precisando de algumas partes. — eu olhei para fora da porta e vi Thia na loja em frente, enchendo uma cesta vermelha.

Ted balançou a cabeça. — Não tenho peças de moto nas prateleiras, mas eu poderia ser capaz de fazer melhor. — ele passou por baixo do balcão e foi até uma porta que estava coberta com chaves em pequenos ganchos. Eu nem sequer percebi que era uma porta até que ele girou a maçaneta e abriu. Ted deu um passo para o lado e acenou para mim. Eu quase caí depois de ver o que estava do outro lado.

Era um cemitério.

Um cemitério de motos.

— A minha mulher não quer que eu tenha nada a ver com motos desde que eu deixei os Warriors, então ela me fez tirar tudo isso de casa. Ela acha que eu joguei tudo fora. — centenas de motos em diferentes estágios de ferrugem e podridão. Peças penduradas no teto e nas paredes. Havia peças e parte empilhada umas encima das outras.

— Eu não sou mais um soldado, mas eu nunca perdi meu amor à máquina que me fez querer andar em primeiro lugar, — disse Ted, me batendo na parte de trás. Rival MC ou não, Ted, o cara da loja de ferramentas que se vestia normalmente, era provavelmente a única pessoa na Terra que entendia o que eu estava passando.

— Esta sala deixa a porra do meu pau duro, Ted, — eu disse com uma cara séria.

Ted riu e caminhou de volta para o balcão. — Procure e pegue o que você precisa. Nós vamos resolver o preço quando eu vir o que você encontrou.

Só me levou quinze minutos para encontrar o que eu precisava na moto velha de Ted. Paguei e me despedi.

Joguei as peças na caçamba da caminhonete e limpei as palmas das mãos gordurosas no meu jeans. Olhei em volta por Thia, mas não a encontrei através das portas de vidro da loja. Dei um passo nessa direção quando um grito estridente atravessou o ar.

Eu alcancei dentro da cabine da caminhonete e agarrei minhas armas, correndo à velocidade máxima em direção ao grito.

Rumo à Thia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e dois

Thia

— Tire as mãos de mim, Buck! — gritei. Eu me debatia descontroladamente, dando socos e pontapés em qualquer lugar que eu pensei que eu poderia fazer danos em sua estrutura assustadoramente gigante. Meus pequenos braços e pernas não eram páreas para o pé grande que tinha me içado através de seus ombros como um saco de cimento, mas eu pensei que talvez, pelo menos, eu poderia fazê-lo parar e me ouvir. — Me ponha no chão! — eu pedi novamente.

Não tive essa sorte.

Apesar dos meus melhores esforços, Buck ainda conseguiu caminhar até a pequena sala que eu estava tentando o meu melhor não deixar que ele me enfiasse. — Nãooooooo! — eu protestei, estendendo a mão para agarrar a moldura da porta com toda a luta que eu tinha em mim. Me agarrei com tanta força que eu senti como se meus dedos fossem se soltar e saltar ao redor da sala como as bolas de metal brilhante em um jogo de pinball.

Com um último grunhido gutural, Buck deu mais um passo para dentro da sala e os meus dedos deslizaram da moldura da porta. Antes que eu pudesse ficar chateada, ele já tinha me afastado de seus ombros e me jogado na pequena cela de metal, batendo a porta. Eu pousei de lado no concreto frio, mas não fiquei lá por muito tempo, brotando do chão. Eu me agarrei às barras quando Buck apressadamente virou a chave de aparência velha na fechadura, o metal da chave fez um barulho agudo quando ele raspou contra o metal das barras, fazendo minha mandíbula doer e meus ouvidos parecem como se estivessem prestes a sangrar. — Eu tenho uma hora marcada com o delegado para o interrogatório. Você não pode me prender aqui!

— Você não acha que eu sei disso? Eu sou o delegado, pelo amor de Deus. Vamos voltar para ver o que aconteceu com seus pais, mas isso não é sobre isso. Isto é sobre um certo Sr. Carson, — disse Buck, apoiando as mãos na arma no cinto.

Merda.

— Você e eu sabemos que eu estava dentro dos meus direitos legais e, além disso, não é como se eu realmente tivesse machucado ele, — argumentei.

— Quantas vezes eu tenho que te dizer para me chamar de Delegado Douglas quando eu estou em trabalho? Oh, e aqui está algo que você não pode ter pensado: desta vez você não tem dez anos de idade e você não está pintando de rosa o novo John Deere de Griffin. Você atirou em um cara, Thia! O que você espera que eu faça? Que eu olhe para o outro lado enquanto ele está falando merda para o Dr. Sanderson? — Buck se se estatelou na frente da minha cela em uma caixa de madeira com o logotipo do feijão verde de Blue Mountain, a poeira da caixa soprando para o ar em torno dele.

Ele acenou, concentrando sua atenção em seu novo prisioneiro.

Eu.

A sala de trás do Stop-N-Shop dava para a estação do xerife. Prateleiras forravam cada polegada disponível do espaço da parede. Várias linhas de pintura descolorida marcavam o lugar em uma das paredes, onde algumas linhas de estantes tinham sido removidas para dar espaço para a velha mesa de madeira onde Buck e o xerife Donaldson deviam escrever seus relatórios.

Como funcionária da Stop-N-Shop eu sabia de fato que a caixa na prateleira acima da escrivaninha continha uma velha TV preta e branca que viu muito mais ação do que qualquer trabalho de papel já teve.

Não é como se alguma coisa acontecesse em Jessep de qualquer maneira.

A cela em si tinha uma cama retrátil que pendia em uma corrente e era apenas suficientemente grande para duas pessoas pequenas, ou um grande.

Se eu não tivesse abastecido as prateleiras para Emma May, eu teria vivido sem saber que a nossa pequena cidade tinha qualquer tipo de estação de xerife.

Ou a cela onde eu estava.

— Eu atirei nele, mas apenas na perna! — eu gritei, batendo meu pé como uma criança. — Ele quase não gritou.

Buck revirou os olhos e tirou seu chapéu de abas largas de xerife, revelando seus poucos cabelos que o fazia parecer vinte anos mais velho do que seus dezenove anos, e uma marca vermelha na testa de onde o chapéu tinha estado apertando a cabeça com muita força. Ele enxugou o suor do rosto com um lenço. — Ou a sua cabeça está ficando maior do que já é, Bucky, ou esse chapéu encolheu. De qualquer maneira, você precisa de outro antes que seu cérebro seja espremido através de seus ouvidos.

— Delegado DOUGLAS! — Buck corrigiu novamente. Desta vez mais baixo, enunciando todas as sílabas de forma dramática. Ele suspirou. — Você parece realmente sentir muito por tudo isso, — disse ele sarcasticamente.

Eu não estava. Nem um pouco.

A única coisa que eu gostaria de mudar sobre o que aconteceu seria que a próxima vez que eu sentisse o ligeiro vento da tempestade iminente, algo que eu geralmente considerava quando as latas amarradas no poste começavam a se sacudir, mas tinha estranhamente esquecido quando meu alvo se tornou vivo, respirando, da espécie humana. — A única coisa que eu sinto muito foi de ter errado o meu alvo. — eu bufei. Eu estava sendo uma pirralha, mas eu não me importei. Eu fui ‘adulta’ desde que eu tinha quatorze anos. Tanto quanto eu estava preocupada, estar trancado em uma cela por alguém que eu costumava compartilhar momentos na hora do banho, era uma boa ocasião para fazer jus ao meu tempo malcriado não utilizado.

— Thia, você ganhou todas as competições de tiro ao alvo em três municípios desde que éramos crianças. Você atirou bem na coxa. Eu chamaria isso de um erro bem grande, — disse Buck, se inclinando e apertando a ponte de seu nariz. Não era a primeira dor de cabeça que eu tinha causado a ele ao longo dos anos.

— Eu não estava apontando para a perna, eu estava apontando para as bolas dele! — eu gritei, cruzando os braços sobre o peito e me recostando contra as grades. Eu soltei um suspiro de frustração.

— Você não pode simplesmente sair por aí atirando nas pessoas, — disse Buck, como se eu fosse uma criança que precisava ser repreendida e ensinada uma lição.

Isso não é necessariamente verdade, eu pensei, minha mente vagando para a lagoa no meio da fazendo que agora detinha mais do que algas e velhas iscas de pesca.

Eu odiava que falassem baixo comigo. Fazia muito tempo que Buck e eu éramos amigos de verdade e uma vida atrás desde que ele sabia o que eu estava passando ou qualquer coisa sobre minha vida que lhe deu qualquer tipo de autoridade para me julgar ou falar baixo comigo como se eu fosse uma criança. Dei a Buck meu melhor sorriso falso. — Você sabe tão bem quanto eu que a lei do município afirma que eu posso atirar em qualquer um na minha propriedade por qualquer maldito motivo que eu quero. Essa é a única lei boa nesta cidade. Então ME. DEIXE. SAIR.

— Tenho certeza de que a lei não diz isso, — disse Buck, colocando o chapéu de volta em sua cabeça e se levantando.

— Eu sei que não é exatamente essas palavras, mas você sabe o que quero dizer, não aja como se você não soubesse o que eu estou falando. Todo mundo por aqui sabe disso. Aos olhos de qualquer caipira que escreveu essa lei, e quaisquer outros caipiras que manteve isso nos livros, eu não fiz nada de errado. — em vez de desbloquear a cela, Buck se virou e se dirigiu para a porta.

— Onde você está indo? — perguntei em pânico. — Você não pode me manter aqui dentro!

Buck balançou a cabeça. — Eu posso não te levar para ver o juiz amanhã, porque tanto quanto eu odeio admitir isso, a lei é a lei e você está certa, eu não posso te prender.

— Ok, então desbloqueie esta cela, — eu disse, estendendo a mão para Buck através das grades, colocando meu melhor olhar de me salve.

— Mas eu vou te segurar até você ver o xerife, me certificar de que você não vá a lugar algum até que possamos saber o que aconteceu na casa de seus pais. — Buck suspirou. — Por que você não me ligou? Eu poderia ter ajudado. Eu poderia ter feito alguma coisa, mas em vez disso você fugiu. Onde você foi?

— Eu só fui embora. Eu fui para... — quando eu tentei dizer algo, eu distraidamente corri minha mão sobre o anel de Bear.

— Você foi para ele, não é? — ele perguntou e eu olhei para baixo para onde ele estava olhando e soltei o anel da minha mão como se ele tivesse me pego fazendo algo decadente.

— Buck, — eu comecei a explicar e então eu percebi porque Buck estava realmente me segurando nessa cela.

— Thia, você sabe que dói você não ter vindo até mim, mas dói ainda mais você ter virado uma completa estranha. Passar algum tempo lá sentando e pensando, poder te fazer bem. — com um aceno em seu chapéu e o mesmo sorriso de lado que ele costumava me dar logo antes de queimar uma velha nas minhas costelas, Buck tinha ido embora.

— Isso é besteira! — eu gritei para a porta fechada. — Nós não estamos no jardim de infância mais, Buck. Você não pode simplesmente me deixar aqui por mais tempo, — eu disse, batendo as mãos contra as grades. Minhas mãos vibraram, doendo pelo impacto da sensível carne e osso contra o metal duro. Me inclinei e esfreguei as mãos juntas para aliviar a dor. Quando me levantei, percebi que Buck realmente não estava voltando.

— Merda! — eu disse, e sem pensar eu acertei a barra novamente, minha mão direita se transformando em um osso engraçado gigantesco17.

Toda a situação estava longe de ser engraçada.

O que realmente não era engraçado era o motoqueiro que provavelmente estava rasgando a cidade ao meio procurando por mim e o que ele faria com Buck se ele entrasse em seu caminho. — Buck! — eu chamei novamente, desta vez não porque ele precisava me soltar, mas porque eu precisava avisá-lo.

Mas já era tarde demais.

Houve uma agitação no outro lado da porta, seguido por uma pancada. — Onde ela está, idiota? — vociferou uma voz profunda familiar.

Ah, merda.

A porta se abriu e um Buck parecendo assustado apareceu na porta. Seus olhos arregalados e as palmas das mãos em sinal de rendição. Atrás dele, com uma arma firmemente pressionada entre as omoplatas, estava Bear. — Você está bem, Ti? — Bear perguntou através de seus dentes com seu nariz amassado em um grunhido.

— Estou bem. Bear, Este é Buck. O ajudante do xerife. Ele é o amigo que te falei. Bem, eu pensei que ele era um amigo até que ele me jogou aqui, — eu disse, envolvendo minhas mãos em torno das barras de metal frias.

— Quantas vezes eu tenho que continuar lembrando que você atirou em alguém? — Buck gritou de volta. Bear cutucou com sua arma e ele tropeçou para frente, agarrando as barras da cela para não cair. Buck se virou para olhar para Bear. — Você tem armas escondidas?

— Eu pareço estar escondendo alguma coisa, filho da puta? — Bear ferveu. Gesticulando com o queixo para o coldre que ele usava em torno de seus braços que ele não estava lá mais cedo. Ele deve ter pego seu coldre na caminhonete, mas eu não o tinha visto colocá-lo lá.

Buck levantou as mãos e deslizou para o chão, as costas contra as grades. — Escute, eu estou apenas fazendo o meu trabalho.

— Não, você não está, Buck. Sim, eu atirei nele. Mas ele estava na minha terra e não saiu quando eu pedi. Lei é a lei. Você não tem o direito de me manter aqui porque você acha que eu preciso de um tempo fora! Eu entendo que você está ferido, mas você tem que me deixar ir.

— Se ela não quebrou nenhuma lei. Eu sugiro que você a deixe sair dessa gaiola agora antes que eu quebre uma que você não vai viver tempo suficiente para me prender. — Bear advertiu.

As mãos de Buck tremiam quando ele pegou a chave do bolso e abriu a porta da cela. Bear estendeu a mão e me agarrou pelo braço, me arrastando para fora da cela e, em seguida, da sala. Deixando Buck no chão dentro da sala ele bateu a porta e a trancou do lado de fora.

Os passos de Bear eram largos e tinha que dar três dos meus apenas para m manter com ele. Seu aperto em volta do meu braço aumentou quando ele me arrastou em direção a caminhonete. Eu estava prestes a perguntar a ele o que havia de errado, mas algo me disse que eu não queria saber a resposta. Ele abriu a porta do passageiro e não esperou. Agarrando minha cintura, ele me jogou dentro da cabine e bateu a porta.

— Você estava gritando, — Bear disse através de seus dentes, entrando no lado do condutor e ligando o veículo.

— Sim, porque Buck estava sendo um idiota, — eu disse. — Ele está apenas ferido e tentando provar um ponto.

— Eu deveria voltar e matar esse filho da puta agora por colocar as mãos em você, — Bear disse, esfregando a parte de trás do seu pescoço com uma mão enquanto a outra estava branca por apertar o volante. Ele nos levou para a estrada e em poucos segundos estávamos longe da cidade.

— Ele não ia me machucar, — eu assegurei a ele. Eu estava ficando preocupada com o fato de que ele não estava olhando para mim. Eu fiquei mais preocupada quando ele ficou completamente em silêncio, o barulho de pedras saltando debaixo do carro soavas como balas na quietude.

— Você tem história com aquele cara? Ele era o seu namorado ou algo assim? — perguntou Bear.

— Buck? Não! Ele costumava ser meu amigo. Meu único amigo. Agora ele é apenas um idiota que trabalha para o xerife.

Sua mandíbula estava em uma linha dura, uma veia em sua testa saltou e sua garganta estava apertada com a tensão. Bear repente puxou para o lado da estrada e estacionou a caminhonete. Ele avançou para mim, minhas costas esmagadas contra a porta do passageiro quando pôs as mãos sobre minha cabeça na janela e olhou para mim. — Ele colocou as mãos em você. Você gritou. Ele não parou. Eu iria matá-lo sem pestanejar. Eu quase fiz. — os olhos de Bear escureceram, brilhando com intensidade. — Se ele te tocar mais uma vez eu vou fazer exatamente isso. Você me entendeu? Espere que eu vou quebrar os malditos pulsos ou acabar com a fodida vida dele, mas eu vou escolher qual. Você não. Entendido? — eu balancei a cabeça, não porque eu concordei com ele, mas porque eu sabia que ele quis dizer cada palavra. — Boa menina. Essa merda entre nós? Eu não tenho ideia do que é, mas é alguma coisa. É por isso que eu te dei meu anel de volta. Você sabe disso também, e é por isso que você não hesitou em colocá-lo novamente. — ao mencionar isso, eu senti o anel de caveira debaixo da minha camisa. — Mas, Ti, eu estou falando sério quando te digo isso, se você precisar atirar em alguém, eu vou estar feliz em ser quem vai atirar. — ele correu seu nariz ao longo da linha da minha mandíbula. — Essa porra está clara? — perguntou ele, se afastando, pegando meu queixo em sua mão, procurando meus olhos para a resposta.

— Sim, — eu sussurrei, perdida no que era que eu estava concordando, porque meus pensamentos estavam principalmente no fato de que Bear era apenas a centímetros do meu rosto.

Dos meus lábios.

Que foi onde seus olhos pararam quando minha língua saiu para molhá-los.

— Ótimo, agora me beije, — disse Bear, esmagando seus lábios nos meus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e três

Thia

Os lábios de Bear nos meus não era apenas algo incrível. Era um evento. Era mágico.

É por isso que eu precisava parar.

Tudo isso precisava parar.

Eu me afastei, mas ele não se mexeu, pairando sobre mim, respirando com dificuldade. Seus lábios brilhavam do nosso beijo, seu cabelo caiu em seu rosto. Seus músculos incharam quando ele se apoiou na janela acima da minha cabeça. Seus olhos azuis safira espelhavam o desejo cru. Eu sabia que ele tinha de ver isso no meu, porque era tão avassalador que eu senti como se estivesse prestes a rebentar da minha própria pele. — Você não pode fazer isso de novo. Eu não vou deixar. Se você está pensando em me beijar e ir embora para provar algum tipo de ponto sobre a piada que eu sou, então pare agora porque eu não vou deixar que ninguém mexa comigo.

Bear rosnou. — É isso que você acha que aconteceu quando eu deixei você na fogueira? Que eu estava jogando algum jogo do caralho?

— Sim.

— O único jogo que eu estava jogando era ser um cara legal, que eu admito é extremamente difícil ser e eu não entendo completamente todas as regras.

— Um cara legal? Você se afastou porque você estava bancando o papel do mocinho? Afinal, o que isso quer dizer?

— Isso significa que eu fui embora porque você foi machucada e ferida e eu beijar você, provar você, foi um erro.

— Oh.

— Não da maneira que você pensa, Ti. Foi um erro, porque eu estava a segundos de subir em você e forçar meu pau em sua buceta apertada e perfeita. Eu fui embora porque era a coisa certa a fazer, o que é novo para mim. Eu pensei que eu deveria me sentir bem em fazer a decisão certa, mas eu não senti, me arrependi de não tomá-la. Doeu pra caralho naquela noite. — eu subi e empurrei o cabelo do seu rosto que tinha caído em seus olhos e ele se inclinou para a palma da minha mão. — Eu ainda estou doendo.

— Não minta para mim.

— E não venha me dizer que você não sabe o que diabos você está falando. Porque me deixe te dizer uma coisa, Ti. Se eu não desse a mínima para você, eu teria ficado depois daquele beijo, depois que eu provei você. Eu teria fodido sua buceta virgem até que você não conseguisse andar direito, ver direito, pensar direito. Eu teria feito você ver Deus se eu achasse que tal merda existisse. Mas eu fui cuidadoso. Eu me importo. Então eu deixei você sozinha e fui embora.

— E agora? — perguntei, oprimida por sua confissão.

— Eu estou cansado de te deixar sozinha. — Bear emaranhou suas mãos na parte de trás do meu cabelo e puxou meus lábios para os seus. — Eu quero você. Ainda quero você, mais do que eu alguma vez quis algo. Já fui um homem morto andando com um preço na minha cabeça e eu estou andando com a porra de um pau duro durante todo o dia pensando em estar dentro de você. Naquela primeira noite, quando eu vi você na cama segurando o meu anel como se você estivesse se afogando e ele o seu colete salva-vidas, eu só sabia.

— Sabia o quê? — eu perguntei quando Bear inclinou para correr os lábios nos meus.

— Que você era minha. E desde antes, no dia em que nos conhecemos. Você era minha. Não da maneira que meu pau quer reivindicar você agora, mas de uma maneira que me fez me importar e eu não me importo com um monte de gente Ti, mas no primeiro dia? Eu gostei de você. Então, não, eu não vou apenas beijá-la e ir embora. — ele ergueu a parte de trás da sua blusa sobre a sua cabeça e a atirou ao chão. — Porque eu não vou parar de te beijar. Eu não vou parar até você ser minha em todos os sentidos do caralho. Vou tentar não te machucar, mas essa merda vai acontecer agora. Estou avisando que eu te quero tanto, a minha versão gentil ainda pode ser realmente muito duro. — os lábios de Bear novamente encontraram os meus e sua língua dançou com a minha. Meu coração corria no meu peito e eu estava tão molhada entre minhas pernas, minhas coxas internas deslizaram uma contra a outra enquanto eu tentei encontrar algum tipo de atrito, o que ia ser impossível, dado o grande corpo de Bear na minúscula cabine da caminhonete.

Ou assim eu pensei.

Bear sentou e me puxou para o seu colo então eu estava montando ele, sua enorme ereção cutucou contra o mesmo lugar que eu mais precisava dele. Eu joguei minha cabeça para trás e gemi, não me importando como eu parecia. Eu moí contra ele. — Porra, — ele rosnou e eu fiz de novo, amando a reação que eu poderia persuadir dele.

Eu vagamente ouvi a porta abrir e, em seguida, de repente eu estava no ar. As mãos de Bear estavam na minha bunda quando ele me levou para a caçamba da caminhonete e puxou a porta traseira pra baixo. Ele me empurrou em minhas costas, o metal frio mordendo minha pele nua. Ele balançou para dentro de mim, empurrando sua dureza contra o meu núcleo, criando uma onda de aperto no meu ventre.

— Eu não vou prometer uma coisa que eu não posso te dar, — Bear disse, sua mão serpenteando pela minha camisa e puxando sobre meu estômago. — Então você precisa me dizer para parar. Agora mesmo. Antes que seja tarde demais e eu não posso mais me segurar. Esta é sua última chance de fugir, menina. — Bear avisou, falando ao redor da minha boca, quando o nosso beijo se transformou em uma frenética posse dos lábios um do outro.

 

 

 

BEAR

Eu era egoísta. Eu era um idiota.

Eu precisava transar com ela mais do que eu precisava respirar.

Eu esperava que ela me dissesse não. Que me dissesse para ir para o inferno. Que me dissesse que ela percebeu que me deixar entrar dentro dela foi um grande erro e só traria sofrimento e dor.

A cadela estúpida não fez nenhuma dessas coisas.

— Sim, — ela gemeu, fechando os olhos e arqueando as costas para mim, empurrando os peitos dela no meu peito e meu monstro interior reviveu, querendo mais do que apenas foder. Eu queria possuí-la. Tê-la.

Reclamá-la.

Me inclinei perto de seu ouvido e sussurrei. — Sua estúpida, garota estúpida.

— O que isso faz de você? — ela sussurrou de volta.

— Eu? — eu ri, correndo a mão pelo lado de sua camisa, empurrando-a para cima e escovando a parte externa do seu seio com os meus dedos, — Eu sou o cara que está prestes a foder a estúpida, garota estúpida.

 

 

 

Thia

Ele estava certo.

Eu era uma garota estúpida, porque quando ele trancou a boca no meu mamilo eu me arqueei e todos os pensamentos racionais sumiram, ou o caminhonete, ou o que seja. — Você já foi tocada assim? — perguntou Bear, enganchando seus dedos dentro da minha calcinha. Eu balancei a cabeça, mal capaz de recuperar o fôlego. — Que tal assim? — ele perguntou, encontrando minhas dobras e em correndo as pontas dos dedos através da minha umidade e sobre o meu clitóris.

Eu estava em chamas. Cada nervo do meu corpo estava disparando, vivo e ativo e cada um deles queria que Bear me fizesse sua uma vez por todas.

Cada promessa que escorria de sua boca me fez sentir como se eu estivesse viva pela primeira vez em semanas, e não apenas uma pessoa que vive na terra dos mortos, mas uma pessoa viva de verdade, com necessidades e desejos. Aconteceu então que ambas as minhas necessidades e desejos estavam na mesma página.

Bear.

Seus lábios assaltaram minha boca, em seguida, se mudou para o meu pescoço, ele continuou balançar contra mim, o meu interior abrindo e fechando, meu núcleo apertando, os meus sentidos explodindo e tudo que eu podia ver na minha visão era Bear e quando ele empurrou um dedo dentro de mim eu deixei escapar um gemido que podia ser ouvido a três condados daqui.

— Você é tão apertada, baby. Na fogueira, quando você estava prestes a gozar na minha língua eu senti quão apertada você era, mas agora, com apenas um dedo... — ele empurrou mais e gemeu. — Sua buceta vai estrangular a porra do meu pau.

Bear empurrou a minha camisa para cima, expondo um dos meus seios para ele. — Seios perfeitos, — ele murmurou, mergulhando sua língua para a ponta do bico já duro. Como é que eu não sabia que mamilos poderia fazer isso? Eu senti como se eles tivessem uma conexão direta para o meu núcleo e cada vez Bear acariciou sua língua talentosa sobre minha carne, era como se ele estivesse acariciando meu clitóris. Ele enganchou o dedo dentro de mim e chupou meu mamilo em sua boca.

Puta merda.

— Sim, — eu disse. — Sim, por favor. Mais.

— Você vai ter mais. Muito mais. — Bear empurrou dentro de mim profundo, arrastando o dedo ao longo da frente da minha parede interna quando ele puxou e depois entrou novamente. Mais e mais rápido até que eu estava descaradamente montando sua mão. O dentro e o fora era uma doce tortura. Ele chupou meu mamilo enquanto sua mão trabalhava em mim até o aperto no meu estômago inferior se tornou quase doloroso.

Ele agarrou a minha nuca e me beijou como se ele estivesse me fodendo não apenas com seus dedos, mas a língua. Nós estávamos em guerra, uma guerra de paixão e desejo, raiva e ódio e todos os sentimentos que eu tinha pelo homem confuso desde que eu tinha dez anos de idade. A pressão se construiu e quando ele acrescentou o polegar para acariciar meu clitóris, eu gritei em sua boca quando uma explosão de prazer explodiu como uma bomba no meu núcleo, espalhando por todo o resto do meu corpo em ondas sobre ondas de puro êxtase como eu nunca soube que existia.

Eu ainda estava vendo estrelas quando Bear me pegou e me colocou no colo de novo, então eu estava montando ele, minhas pernas abertas sobre sua dureza pulsante fazendo meu interior tremer como se eu não tivesse acabado de ter um orgasmo e a mente soprando. — Você gozando é a coisa bonita que eu já vi, — disse Bear, empurrando um fio de cabelo do meu rosto e colocando-o atrás das minhas orelhas. Com uma mão ele levantou minha camisa e a jogou no chão da caminhonete.

— Eu preciso tirar isso de você agora. Eu preciso de você, babe. Eu preciso estar dentro de você, — disse Bear, a voz tensa e rouca, arrepios dançaram pela minha espinha. Ele puxou o cós do meu short com uma mão e eu levantei meus quadris para que ele pudesse removê-los e minha calcinha em um puxar.

Nós estávamos cara a cara, pele com pele. Ele sabia todos os meus segredos. Ele sabia exatamente quem eu era e cada vez que eu queria correr e me esconder dele, ele não tinha me deixado. Eu estava totalmente exposta, por dentro e por fora e, embora eu nunca tivesse estado nua perto de qualquer um desde que eu era criança, eu me senti mais confortável na caminhonete com Bear do que eu tinha estado totalmente vestida com mais ninguém em toda minha vida.

Os olhos de Bear estavam fortemente estreitos com luxúria quando ele deu um passo para trás para me olhar com satisfação e necessidade animalesca pura. Ele desfez a fivela e o botão de sua calça jeans. Com uma mão na minha garganta novamente, ele me empurrou até que minhas costas estavam contra o metal frio da caminhonete, a mão arrastando pelo meu peito, entre os meus seios, seu polegar novamente encontrando o meu clitóris e um gemido primitivo escapou da minha boca, não soando em nada como a minha voz normal. Eu podia sentir o cheiro de ferrugem das peças da moto acima da minha cabeça, os sulcos da caçamba da caminhonete cavando em meus ombros tornou difícil mover meus braços.

Não foi romântico.

Não foi florido.

Mas também não era mentira.

Era apenas nós.

Bear agarrou meus pés e, quando ele subiu em cima de mim, ele passou as mãos por dentro das minhas pernas, as espalhando para ele entrar entre as minhas coxas. É quando eu o vi. Tudo dele. Seu pau grosso e pesado saltou ligeiramente com seus movimentos, a ponta brilhando com a umidade. Seu dedo pareceu enorme e enchendo dentro de mim, não de jeito nenhum isso ia se encaixar, mas eu confiava nele e eu não me importava. Ele poderia me rasgar em duas, e eu ainda não iria me importar porque não era o que ele poderia fazer com o meu corpo que eu estava preocupada.

Era o que ele poderia fazer para o meu coração.

Ele parou e se apoiou com as mãos na parte de baixo dos meus joelhos, baixou a cabeça e passou a língua ao longo de minhas dobras, endurecendo sua língua e empurrando-a dentro de mim o mais longe que podia. Ele se afastou e lambeu os lábios. — Nunca provei nada melhor do que você, — disse ele e com as mãos dentro das minhas coxas, seus dedos massagearam minha carne sensível, espalhando minhas pernas, tanto quanto elas poderiam ir.

Ele me beijou. Duro e ansioso, sua ereção deslizando cima e para baixo minha umidade até que eu estava me contorcendo embaixo dele, a necessidade que havia sido saciada minutos antes estava agora de volta e cem vezes mais poderosa do que antes. Ele alcançou entre nós e agarrou a base de seu eixo, alinhando-o com a minha entrada. Sua pele era suave e quente e o contato era quase demais. A antecipação dele dentro de mim m fez arrastar as minhas unhas ao longo de suas costas. Ele gemeu e grunhiu e xingou no meu ouvido antes de empurrar para a frente, esticando a minha abertura até o ponto de dor, me enchendo com ele.

— Puta merda, Ti. Mais, abra para mim, — disse ele como se ele também estivesse em algum tipo de dor. Ele empurrou meus joelhos afastados até que eu estava tão aberta quanto eu poderia estar e Bear não perdeu tempo empurrando para frente em um impulso duro.

Ele realmente estava me rasgando. Isso dói. Muito.

Eu realmente não me importo.

Eu não poderia estar mais completa. Corpo e coração. Ambos felizes. Ambos em paz.

Ambos doloridos.

— Porra. Eu sabia que ia ser incrível, baby. Mas Jesus Cristo, sua buceta virgem realmente está me estrangulando, — Bear gemeu, as cordas do seu pescoço tensos e apertados quando ele empurrou até que ele foi tão longe dentro de mim quanto nossos corpos permitiam. — Nunca duvide que isso sempre me pertenceu. Você sempre me pertenceu, — disse ele, olhando nos meus olhos que estavam molhados pela dor e algo mais que estava borbulhando dentro de mim. Medo. Alívio.

Amor?

Eu não conseguia pensar porque Bear começou a se mover, saindo de mim e empurrando de volta, se enterrando ao máximo tudo de novo. A sensação de dor física ainda estava lá, mas se transformou em uma espécie de dor prazerosa. Cada vez que ele entrava em mim, ele percorria todo o caminho, me fazendo ofegar. Quando ele puxou, ele arrastou seu pau ao longo de cada feixe de nervos sensíveis dentro de mim, me fazendo gemer. Cada vez mais duro, mais e mais rápido ele empurrou e puxou para fora até que a minha visão ficou turva e minhas entranhas se apertaram em torno dele em ritmo com seus movimentos. Eu estava perdida no prazer. Eu estava perdida no momento.

Eu estava perdida em Bear.

Eu soube então e ali que não haveria como voltar a partir disso.

— Eu sinto você apertar em torno de mim, Ti. Eu sei que você está perto. Tenho pensado em te fazer gozar ao redor meu pau desde aquela primeira noite no apartamento. — ele empurrou dentro de mim, duro. Chegando entre nós, ele usou a ponta do polegar para esfregar círculos furiosos em volta do meu clitóris. Eu estava quase lá. Quase no limite. — Você é tão linda, — disse Bear, que desceu sobre mim e pressionou seus lábios nos meus.

Isso é quando eu me perdi.

Isso é quando eu gozei.

Seu polegar.

Seu pau.

Os lábios dele.

Ele.

Eu gozei até eu pensei que minhas entranhas iriam saltar. Eu gozei tanto que eu pensei que ia desmaiar. Eu gozei e gozei, e as ondas de prazer só aumentaram com cada pulsar da minha libertação. Ele me beijou e me fodeu e me reivindicou até que havia apenas uma verdade entre nós que Bear apontou quando ele disse: — Nunca duvide que esta buceta sempre pertenceu a mim. Você sempre pertenceu a mim.

Ele me beijou de novo, então ordenou. — Envolva seus braços em volta de mim. — eu fiz o que ele disse e passei meus braços em volta do seu pescoço. Ele colocou as mãos na parte de trás das minhas coxas, me levantando ligeiramente para fora do chão da caminhonete, me inclinando para que ele pudesse empurrar ainda mais fundo. Mais e mais rápido ele empurrou dentro e para fora até que nós éramos um barulho de lábios e dentes e até que ele inclinou a cabeça para trás e abriu a boca soltando um rugido gutural que me fez pensar que eu iria gozar de novo. Com um último impulso enlouquecido, ele continuou ainda dentro de mim, pulsando duramente, me enchendo com carinho e satisfação, amor e confusão.

Me enchendo com ele.

— Ti, — Bear gemeu, respirando com dificuldade.

Ele tinha feito o que ele se propôs a fazer.

Ele me afirmou.

Corpo e alma.

Lá fora, no leito daquela caminhonete enferrujada no lado da estrada, com apenas o cheiro das laranjas podres e a brisa quente como nossas testemunhas, naquele momento não havia mais como esconder, como negar a verdade.

Bear estava certo.

Eu sempre tinha sido sua.

 

 

BEAR

Minha

 

 

Thia

Estávamos nus, ofegantes e em um monte de membros emaranhados. Meus braços repousavam sobre algum tipo de peça que Bear tinha comprado para a moto. Ele estava entre os meus seios.

Ainda dentro de mim.

Ele levantou o rosto e olhou para mim. Ele levantou seu anel que tinha caído para o lado. — Eu ainda não posso acreditar que você guardou todos esses anos.

— Nunca tirei, — eu disse. Então eu desejei que eu não tivesse dito isso, percebendo o quão patética me fez soar. — Eu quero dizer...

— Você nunca o tirou? — perguntou Bear, seus olhos azuis tão brilhantes que rivalizavam com a cor do céu sem nuvens.

— Não, — eu respondi honestamente. — Eu disse aos meus pais que eu achei, não era como se eles realmente se importassem, eles tinham outras coisas com que se preocupar. Buck é a única pessoa que sabia a verdade por trás disso. Eu acho que é por isso que ele estava todo chateado antes. Com raiva que eu corri para você em vez de pedir ajuda dele.

— E me diga alguma coisa. Seja honesta, — disse Bear. Um nódulo estava se formando na minha garganta enquanto ele brincava com o anel, o virando mais e mais em sua mão. — Você realmente atirou em um cara? — ele disse com uma risada.

— Sim, foi estúpido, mas ele era da Sunnlandio. Ele tentou comprar a fazenda já que eles tinham cancelado os contratos e ela se tornou inútil.

— Foi uma fodida armação.

— Basicamente. Acho que eu deveria ter pensado primeiro, disparado depois, mas eu estava tão puta.

— Então você pode atirar? — perguntou Bear, beijando seu caminho em torno do meu umbigo, sua barba arranhando minha pele.

— Sim. Meu pai me ensinou. Ganhei algumas competições quando eu era mais jovem. Filha de um fazendeiro da América.

— Soa como um site de namoro caipira.

— É mesmo, né? — eu perguntei com uma risada.

— É tão sexy saber que você pode atirar, — Bear disse, deslizando para fora de mim e pelo meu corpo. Meu núcleo apertou como se não querendo deixá-lo ir. — Tão, gostosa, — Bear disse novamente, desta vez sobre o meu clitóris.

Sua calça jeans tremeu e com um gemido, ele se aproximou de mim e para o bolso. Ele pegou um telefone e olhou para a tela. Ele franziu a testa. — Temos que ir. — a brincadeira de um momento anterior tinha ido embora. Sua mandíbula dura estava em linha reta mais uma vez. Ele me jogou minhas roupas. — Vista-se, — ele ordenou. — Agora.

— O que está acontecendo? Quem era no telefone? — perguntei, puxando minha camisa e correndo para a extremidade da caminhonete para pegar meus shorts.

— Mais Bastards estão vindo.

— Eles mandaram mensagem para você? — perguntei, confusa. Bear puxou sua calça jeans e pulou da caminhonete. Ele me levantou a porta da bagageira e fechou.

— Não, eles disseram à Cash, — disse ele, me atirando o telefone que ele tirou do corpo de Cash para manter o controle sobre o MC. Eu olhei para a tela.

ESTAMOS CHEGANDO.

Saímos para Logan’s Beach na caminhonete do meu pai sem voltar para a moto de Bear, que ele havia escondido na parte de trás sob uma lona velha. Bear não disse uma palavra. Ele fumou um cigarro e continuou verificando os espelhos retrovisores. Ele ligou para King para dizer que estávamos a caminho e ele estava esperando por nós do lado de fora da garagem quando chegamos. — Eu vou estar de volta, vá para o apartamento e por Deus do céu, me escute e fique lá, — Bear ordenou, mas quando eu olhei em seus olhos eu vi mais do que uma ordem. Eu vi um apelo.

— Tudo bem, — eu disse, um pouco mais acentuada do que eu queria. Eu fui para o apartamento e King e Bear saíram da garagem, fechando a porta atrás de si.

Ray me trouxe um pouco de comida, mas saiu rapidamente, porque as crianças estavam em casa sozinhas. Troquei os canais na TV antiga e olhei as páginas de uma velha revista de 2007.

Tomei banho e vesti uma das camisetas de Bear, me aconchegando na cama. Eu não iria conseguir dormir sem saber onde ele estava. Eu queria sair, descobrir onde ele estava, mas eu também queria manter a minha promessa.

Então eu fiquei.

Era bem depois da meia-noite quando ouvi a porta do quarto abrir e fechar. Eu não podia vê-lo na escuridão e eu não sabia o que dizer. O que perguntar. O colchão afundou quando Bear se sentou na beira da cama. O ouvi lançar suas botas, então o tilintar de sua fivela de cinto enquanto ele tirava suas calças jeans. Uma brisa fresca lambeu minhas costas quando ele levantou os cobertores, mas foi rapidamente substituído pelo calor de Bear quando ele veio atrás de mim, me surpreendendo quando ele estendeu a mão e agarrou a minha cintura, me arrastando contra seu peito. Ele estava nu. Sua ereção se contorceu no segundo em que entrou em contato com a minha bunda. Ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça, a sua mão espalmou para fora sob minha camisa, sobre a pele do meu estômago inferior.

— Onde você estava? — eu sussurrei.

— Tentando concertar a merda. As coisas meio que mudaram. Planos precisam mudar, — disse Bear, ouvi-lo reconhecer o que tinha acontecido entre nós mais cedo me fez capaz de relaxar em seu aperto.

— Você tem um novo plano?

— Ainda não, — Bear disse com um suspiro.

— Qualquer coisa que eu posso fazer para ajudar?

— Isto. Isso ajuda, — disse ele na parte de trás do meu pescoço e eu arqueei para trás em sua ereção agora dura. — Você está bem? — ele perguntou, serpenteando a mão entre as minhas pernas. — Aqui, eu quero dizer. Eu fiquei um pouco louco antes e esqueci de perguntar.

— Eu estou bem, — eu disse. E eu estava. Eu estava um pouco dolorida, mas nada que pudesse compensar a magnitude do que tinha acontecido entre nós.

— Ótimo, porque eu preciso entrar em você, Ti. — Bear passou a língua na parte de trás do meu pescoço e meus lábios se separaram quando ele chupou a ponta do meu lóbulo da orelha em sua boca. Ele empurrou um dedo longo dentro de mim. — Porra, a sua buceta já está tão molhada para mim, — Bear disse, acariciando meu clitóris.

Eu gemi. — Vou fazer isso rápido e duro, — ele murmurou contra a minha pele. Ele levantou minha perna e empurrou para dentro de mim, alongando e me enchendo. Ele começou a bombear em mim antes do meu corpo estar pronto para ele e a mordida de dor fez cada impulso de Bear se tornar tortuosamente erótico.

— Nunca senti nada assim, Ti. Quero transar com você e beijar você, tudo ao mesmo tempo. Não sei o que isso é, mas isso me faz querer mantê-la preenchida com meu pau todo o dia e te deixar molhada com minha porra. Eu quero te marcar. Eu quero possuir você. — ele grunhiu enquanto suas estocadas se tornaram mais duras, mais frenéticas, mais erráticas.

Só mais.

— Que porra você está fazendo comigo? — ele perguntou em um suspiro irregular.

Faíscas apareceram atrás dos meus olhos e Bear deve ter percebido que eu estava perto porque ele esticou o braço e circulou meu clitóris com dois dedos até que me desfiz em torno dele. — Porra, isso é tão bom, — ele gemeu, encontrando a sua libertação dentro de mim, me puxando tão perto para ele que eu pensei que ele iria quebrar uma das minhas costelas.

Eu não iria querer isso de nenhuma outra maneira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e quatro

BEAR

Eu estava dizendo a verdade quando eu disse a Ti que eu não tinha uma fodida ideia de qual plano seguiríamos. Merda tinha mudado tão rapidamente. Com ela, e se eu estava sendo honesto, comigo mesmo.

Eu queria falar com King na noite anterior, mas ele tinha clientes indo e vindo toda noite, então eu sentei no banco sozinho com uma garrafa intocada de Jack no chão ao meu lado, tentando descobrir o meu próximo passo, e nas horas que passei lá embaixo tudo o que eu descobri foi que eu não sabia merda nenhuma.

Ainda não de qualquer maneira.

Meu novo plano era simples. Que nos encontraríamos com Bethany, a advogada, e de lá iríamos seguir.

Nós lidaríamos com a lei primeiro.

Depois sem lei.

— Onde diabos você acha que está indo? — eu lati quando Ti saiu da garagem e passou onde eu estava agachado na calçada tentando concertar a minha moto. King tinha enviado um caminhão de reboque para trazê-la do galpão da casa de Ti e, felizmente, ele voltou sem levantar suspeitas. Eu limpei o suor na testa com o pano do meu bolso de trás e acendi o cigarro que tinha estado pendurado em meus lábios. Eu encarei as longas pernas musculosas de Ti e a porra do meu pau saltou como sempre acontecia quando ela estava por perto.

Deus amaldiçoe, ela era linda.

E ela era minha.

— Eu estava procurando por você. — ela cruzou os braços sobre o peito, pressionando os seus seios sem sutiã contra o tecido da camiseta que eu tinha dado a ela para vestir na noite anterior. — Eu acordei e você não estava. Você sabe que não há problema em ser legal. Você não tem que fugir o tempo todo.

— Eu não durmo muito, — eu disse, me levantando e dando uma tragada de meu cigarro. Eu me senti mal por mentir para ela, mas a verdade era que quando eu a vi sair eu tive um flashback dela tentando fugir e eu imediatamente me emputeci.

— Eu não consigo dormir com seu rabo apertado pressionado contra o meu pau. Você precisa de algo? — eu perguntei, dando outra tragada no meu cigarro e deixando a nicotina invadir meu cérebro. A verdade também era que tinha sido dias desde que eu cheirei a última vez e a dor de cabeça que eu estava ostentando fazia parecer que o mundo estava gritando comigo.

Ela olhou para baixo. — Sim. Não. Quero dizer... sim?

— Ti, fala logo, — eu disse, olhando para ela rapidamente. As contusões em torno de seu olho eram pouco visíveis. Cada minuto que passava ela parecia mais e mais fodível, e agora que eu realmente tinha ela, tudo o que eu queria era mais.

Eu costumava pensar que eu queria sair desse mundo em uma explosão de balas e glória. Agora eu acho que queria ir com as bolas bem fundo na minha menina.

Minha menina.

— Podemos apenas... por hoje, podemos simplesmente, fingir? — ela perguntou, balançando para trás sobre os calcanhares e mordendo o lábio.

— Fingir? Fingir o quê? — eu dei uma tragada no meu cigarro e deslizei minha outra mão no meu bolso de trás, me inclinando contra a lateral da garagem.

— Vamos fingir que eu sou apenas Thia Andrews, uma menina cujos pais não estão... — ela olhou para longe e fungou, sacudindo a cabeça. — E você é apenas Bear, e você não está chateado com o mundo. — ela sorriu e inclinou a cabeça para o lado. — Não hoje de qualquer maneira.

Eu procurei seu rosto por uma piada, mas não havia sinais de uma piada.

Ela desenhou um círculo no cascalho com seus chinelos. — Hoje eu quero ser uma garota normal e você pode ser um menino normal e vamos fazer tudo o que as pessoas normais fazem. Não conseguimos pensar presos em toda a merda ruim que está acontecendo. — ela fechou a distância entre nós e veio para ficar debaixo de mim, olhando para cima com olhos verdes suplicantes. — Por favor, Bear. Por favor. Apenas me dê isso hoje. Seja normal comigo. Só por hoje.

A ideia era absurda, eu nem sabia o que era normal. Normal era o que eu estava lutando desde que eu tinha deixado o clube. Eu não sabia como diabos ser normal. Eu abri minha boca para lhe dizer exatamente isso, mas a dor em seus olhos quando viu a rejeição vindo me quebrou.

Ela balançou a cabeça e se virou. — Não importa. Eu sabia que você não...

Estendi a mão e agarrei seu pulso, a puxando de volta para mim. — Vá colocar algumas roupas, — eu disse. — Esteja de volta aqui em vinte minutos. — eu parecia um idiota novamente, dando ordens a uma menina que só queria sair como uma garota normal, mas depois de anos realmente sendo um idiota, era um hábito difícil de quebrar.

— Sério? — ela perguntou, saltando sobre as bolas de seus pés e sorrindo de orelha a orelha. A menina não tinha nenhum ponto de maquiagem, não havia uma coisa falsa sobre ela e ainda assim ela era mais bonita do que qualquer supermodelo que eu já vi na capa de qualquer revista e sem mencionar a mais incrível buceta do caralho que eu já tive o prazer de afundar meu pau.

Eu realmente preciso começar a pensar em outra coisa...

— Vinte minutos, — eu repeti, tossindo quando meu coração traidor pulou uma fodida batida.

Quem é você? Um pré-adolescente?

Com seu novo sorriso brilhante estampado em seu rosto, ela se virou e pulou de volta para a garagem escura em direção ao apartamento.

Eu pisei no meu cigarro com a minha bota e me dirigi até a casa principal. — Espere! — Ti chamou. Me virei para encontrá-la do lado de fora novamente. — Aonde você vai? — ela perguntou.

Eu apontei para a casa principal. — Você quer ser normal hoje, certo?

— Sim?

Eu comecei a andar de novo, chamando Ti de volta. — Então, eu tenho que ir descobrir o que diabos é que as pessoas normais fazem.

 

* * *

 

Ray tinha me olhado como se eu tivesse brotado uma cabeça extra quando lhe perguntei onde ela achava que eu deveria levar Ti. — Bear, eu tenho dezenove anos, tecnicamente viúva, noiva e com três filhos. Isso não é normal, não importa como você olhe para isso. — ela disse.

Ela tinha razão.

Eu não podia levar Ti a qualquer lugar remoto, então eu decidi sobre o Parque Estadual Rosinus. Tinha gente o suficiente para que se o MC soubesse onde estávamos, eles ainda não fariam um movimento.

— Aqui, use isso, — eu disse, entregando a ela um boné de beisebol preto.

— O que? Isto é suposto ser uma espécie de disfarce? — ela perguntou.

— Só coloque isso, — eu disse, olhando para ela enfiando seu cabelo através da abertura na parte de trás.

— Você pode me reconhecer? — ela perguntou sarcasticamente.

— Espertinha.

— Ok, então onde está o seu ótimo disfarce? — ela perguntou.

Eu puxei a camiseta preta de gola V sobre a minha cabeça. — Sim.

— Uma camisa? Seu disfarce é uma camisa?

— Sim.

— O engraçado é que eu posso realmente ver como isso poderia funcionar, — disse Ti, me olhando para cima e para baixo.

— Sério?

— Não! — ela abriu a porta e correu para fora da caminhonete, pulando em cima da mesa de piquenique mais próxima, seus seios saltando enquanto dançava ao redor.

O parque era pequeno, não mais do que cinco acres com uma área tipo praia, exceto que em vez de areia era coberto com pinheiros que chegavam até um enorme lago. Pinheiros altos estavam alinhados à beira da água, a cada dez árvores uma tinha sido removida para dar espaço para uma mesa de piquenique ou banco. Havia pessoas ao redor, mas não muitas para tornar o lugar lotado, apenas o suficiente para fazer testemunhas.

Ti estendeu os braços e respirou fundo, inalando o ar fresco. Ela olhou para mim quando me aproximei e meu peito se apertou.

— Este lugar é perfeito, — disse ela, me piscando outro sorriso brilhante. Ela pulou para a bancada da mesa e caminhou até a borda, saltando drasticamente antes de aterrar em seus pés no chão como se ela fosse uma ginasta, levantando os braços acima da cabeça e dando um passo para trás como se ela estivesse nos Jogos Olímpicos.

— Sete, — eu disse, segurando um cartão de pontuação falso.

— Até parece, motoqueiro, — ela zombou. — Esse foi, pelo menos, um onze. Sete? Por favor! — ela pulou de volta para outro banco e apontou o dedo indicador no ar. — Vamos para as fitas! — ela anunciou, na fila de repetição imaginária.

— Desculpe, — eu disse, sugando o ar entre os dentes e balançando a cabeça de um lado para o outro. Eu estava abaixo dela, meu rosto apenas polegadas de distância do topo de suas coxas. — Os juízes revisaram a fita, e todos concordam. Embora tivesse sido um dois... — eu disse, a virando pelas pernas, de modo que ela estava de costas para mim. — Mas você tem os pontos extras, porque eu realmente gosto do seu traseiro estar no nível dos olhos. — virei a cabeça para o lado e descansei minha bochecha na bunda dela como se fosse um travesseiro no qual eu queria tirar uma soneca.

Porque era.

Eu não era capaz de permanecer na imagem fenomenalmente sexy do meu rosto pressionado contra a bunda dela nua por muito tempo porque ela chegou por trás e deu um tapa na minha cabeça com seu boné como se eu fosse uma abelha zumbindo em torno de suas pernas. — Bear! — ela gritou, brincando, pulando para baixo e, em seguida, correndo ao redor, segurando seu bumbum como se estivéssemos em um vestiário e ela estava se protegendo de um golpe iminente de uma toalha.

— Assistir você pular é desgastante, — eu disse, alcançando no meu jeans e puxando os meus cigarros. Acendi um e soltei a fumaça para longe do meu rosto.

— Mamãe costumava me chamar de seu pequeno feijão saltitante porque nunca poderia me fazer sentar, — admitiu ela, finalmente se sentando em cima da mesa de piquenique.

— Encaixa, — eu disse, sentindo como se eu fosse capaz de relaxar agora que o feijão saltitante tinha parado de saltar.

Eu dei uma tragada do meu cigarro e soprei a fumaça. Tinha me levado uma eternidade para descobrir para onde levar Ti. Tanto tempo que o sol já tinha começado a se por no horizonte. Eu gostava da noite. Eu gostava do escuro. Fumar no escuro sempre teve mais apelo para mim do que fumar durante o dia. Talvez tivesse algo a ver com a possibilidade de ver a fumaça contra o fundo escuro do céu noturno. Ou talvez fosse ser capaz de ver a brasa da ponta do cigarro ou a chama amarela brilhante quando eu usava meu isqueiro. Fumar era familiar para mim. Me sentia bem.

Também me fazia lembrar de casa.

Eu ficaria na merda em fazer um daqueles anúncios de serviço público antitabagismo.

Ti se recostou sobre a mesa, fechando os olhos como se estivesse absorvendo os raios que há muito desapareceram com o sol baixando.

— Eu sinto que você sabe tanto sobre mim, — disse ela, embora eu não achasse que isso fosse verdade. Eu não acho que eu não sabia nem metade do que fazia Thia Andrews feliz. — Mas eu não sei muito sobre você.

— Você sabe mais do que qualquer um, — eu disse, e isso era realmente verdade, com exceção de King e talvez Dove. No pouco tempo que eu passei com ela, ela aprendeu mais sobre mim do que os homens no clube.

Homens que deveriam ser meus irmãos.

A maioria dos quais eu conhecia desde o dia em que nasci.

Eu me inclinei em meus cotovelos, da mesma forma que Ti tinha feito, absorvendo os mesmos raios imaginários. Uma estranha sensação de calma tomou conta de mim. Eu queria queimar o sentimento em minha memória, porque eu sabia que não iria durar. Após a reunião de amanhã com Bethany, planos precisavam ser feitos.

Decisões precisam ser feitas.

Rapidamente.

Meu telefone tocou. — É Bethany, — eu disse a Ti, segurando o telefone até minha orelha. — Sim, — eu respondi.

— Nós temos um problema, — disse Bethany. Olhei para Ti, que felizmente não tinha ouvido. Eu me levantei e saí casualmente.

— Vá em frente, — eu disse tão calmamente quanto eu poderia falar.

— Ela já não é procurada para interrogatório, — Bethany estalou.

— Isso é ótimo, — eu disse, olhando sobre Ti que sorriu.

— Não, ela não é mais procurada para interrogatório porque há um mandado de prisão.

Porra.

— Eles terminaram analisando a arma e eles chamaram alguma CSI de Atlanta. Há apenas três digitais em toda a casa e apenas duas em ambas as armas. A da mãe de Thia e a dela e desde que a mãe está morta...

— Como é que vamos avançar a partir daqui?

— Ela se entrega. Eu tento conseguir tantos favores como possível e, nesse meio tempo eu vou montar uma estratégia de autodefesa no caso disso se mover a julgamento.

— Existe uma alternativa? — perguntei, olhando para as árvores como se eu estivesse realmente interessado nos pinheiros fodidos que vinham crescendo nesse parque desde antes de eu nascer.

— Eu tenho outra ideia, — disse Bethany, — Mas você pode não gostar. Na verdade, você não vai gostar nada disso. — eu não tenho que gostar disso. Ti estava morta se ela fosse presa. Poderia muito bem levá-la para o MC e despejá-la no portão.

Não ia acontecer.

— Fala, — eu disse.

— Como você está com esta menina?

— O quê? — Perguntei.

— Eu preciso saber se este é um caso ou uma foda ou se engravidou ou eu preciso saber se este é o negócio real, confie em mim. É importante.

Olhei para Thia e não tive que procurar muito para a resposta. Ela tinha pego um dente de leão18 e estava soprando no vento, as penugens voando quando a brisa soprava as pequenas pétalas brancas.

— Bem sério.

Eu deixei Bethany contar a sua ideia, em seguida, desliguei o telefone e caminhei de volta para Ti. Eu prometi a ela um dia normal e eu iria dar a ela, não importa o quê. Nós ainda tínhamos o hoje.

Amanhã não.

Mas tínhamos hoje.

— O que a senhora advogada disse? — Ti perguntou quando eu me sentei ao lado dela.

— Só para ter certeza de chegarmos na hora certa amanhã. Ela é uma espécie de defensora de detalhes, — eu disse, o que era verdade, eu apenas não adicionei a parte sobre os policiais que estariam lá esperando com um mandado.

Eu pensei sobre fugir. Colocar Ti na parte traseira da minha moto e sair do estado tão rápido como minha moto podia nos levar. A alternativa que Bethany ofereceu não era muito bem uma alternativa.

A escolha que tive que fazer era fácil.

Também seria um fim a algo que ainda não tinha tido a chance de começar.

— Acho que isso é um ponto bom em um advogado.

— Acho que sim, — eu disse.

— Então, como eu estava dizendo, — disse ela, me tirando dos meus pensamentos. — Eu não sei nem mesmo qual é sua cor favorita. — ela parou no meio da frase para me olhar por cima, minha camisa, botas, e calças jeans, que eram todas pretas. — Ok, esquece, então sua cor favorita é preto, mas qual é o seu filme favorito? Feriado favorito? Na verdade, eu nem sei quantos anos você tem.

Eu ri e balancei a cabeça.

— Ok bem, mas além de ser um motoqueiro mau que tem problemas com seu pai, e tem olhos que poderia derreter o bloqueio de um cinto de castidade, eu não sei muito sobre você e você sabe tudo sobre mim, então vai. Derrame o feijão, Bear. Lave a sujeira. Reparta as coisas boas. — Ti ordenou, me cutucando com seu cotovelo afiado. Ela puxou as pernas para cima da mesa e abraçou os joelhos contra o peito.

— Derreter o bloqueio de um cinto de castidade, hein? — perguntei, levantando minha sobrancelha para ela sugestivamente.

Ela revirou os olhos. — É a única coisa que eu sei de você. É apenas uma expressão.

— Uh huh, que eu nunca ouvi, — eu provoquei, me sentindo um pouco mal quando seu rosto começou a ficar vermelho. Limpei a garganta. — Mas eu nunca ouvi falar da metade da merda que sai da sua boca.

Ela encolheu os ombros. — Você não é a primeira pessoa a me dizer isso. Meu pai costumava dizer isso o tempo todo.

— Ok, Ti. Você ganhou, — eu disse, mudando de assunto. — Mas meu filme favorito é uma pergunta difícil, que categoria que estamos falando?

— Todas, — disse ela com um sorriso. — Comece com drama.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. — A senhora é exigente.

— Sim, sou, — disse ela. — Aposto que é Scarface. É Scarface?

Eu ri. — Pergunte a qualquer outra pessoa no clube e eu acho que essa é a resposta que dariam a você. Mas eu gosto dos clássicos. Assisti a um monte de filmes de faroeste enquanto eu crescia. Eu não tenho um favorito, mas qualquer coisa com Clint Eastwood e quanto mais velho melhor.

— Faroeste? Eu tinha certeza que você ia dizer O Poderoso Chefão ou Scarface.

— O que diabos há de errado com Faroeste? Faroeste é foda.

— Oh sim, me diga, por que os Faroestes são foda? — disse Ti, fazendo aspas da palavra foda.

— Porque por trás no velho oeste, os homens eram homens reais. Eles tomavam conta da situação. Eles cuidavam dos seus negócios, ganhavam respeito e acabavam com qualquer um que entrava em seu caminho. Os cowboys foram os primeiros caras a terem coragem de virarem sem lei e dizer tudo para a sociedade. — eu segurei meu cigarro entre os lábios e puxei a minha camisa, apontando para uma das tatuagens em minha caixa torácica. — Esta foi uma das minhas primeiras tatuagens.

Thia engasgou. — Clint Eastwood? Você tem uma tatuagem do Clint Eastwood? — ela cobriu a boca com a mão. — Quer dizer, eu vi você sem camisa e eu sabia que era um retrato, mas eu não percebi que era realmente Clint Eastwood.

Eu puxei minha camisa para baixo e dei uma tragada no meu cigarro. — Ria o quanto quiser, Ti. Clint Eastwood foi Chuck Norris antes que houvesse um Chuck Norris.

— Oh meu Deus, por favor, não me diga que você tem uma tatuagem do Chuck Norris, — disse ela, agarrando seu estômago e continuando a rir às minhas custas.

Eu amei esse som.

Queria me lembrar desse som.

— O que há de errado com uma tatuagem do Chuck Norris? — eu brinquei.

— Oh, eu não sei. Ele é ummm... — comecei a rir quando ela tentou recuar.

Eu poderia tê-la deixado lutar um pouco mais de tempo, ela parecia adorável quando ela estava nervosa, mas eu estava tendo problemas para manter uma cara séria. — Eu só estou zoando com você, — eu finalmente disse.

Ela soltou um suspiro de alívio. — Oh, graças a Deus. Eu não sabia como eu iria sair dessa.

— Ok, então agora você sabe o meu favorito, então qual é o seu? Mesma categoria.

Thia sorriu tão grande e brilhantemente que achei que sua boca estava prestes a engolir seu rosto. — Eu tenho dois.

— E...? — eu pressionei.

— Scarface e O Poderoso Chefão.

Eu ri mais naquele dia do que eu ri nos últimos vinte e sete anos, tudo por causa da menina com o cabelo rosa louco.

A garota que eu tinha me apaixonado.

Porra.

— Você é diferente, Ti, — eu disse, quando nós dois recuperamos o suficiente para falar novamente. — Mas eu soube disso desde o dia em que te conheci.

— Você quer dizer o dia que seu amigo apontou uma arma em mim, — ela corrigiu.

— Sim, eu quero dizer o dia que a versão pequena sua quase atirou em um motoqueiro sete vezes o seu tamanho, — eu disse.

— Bem, está certo. Ele não deveria ter tentado roubar uma criança, — argumentou.

— Tecnicamente, ele estava tentando roubar uma loja, não uma garota, — retruquei.

Ela me lançou um olhar que dizia ‘oh, por favor’. — Então você está dizendo que se fosse Emma May no balcão as coisas teriam de alguma forma acabado melhor? Porque eu posso te dizer agora, não teria sido melhor para Skid ou Skud ou Skuzz ou o que quer que o nome dele era, porque Emma May é uma atiradora de primeira, ela não quer nem saber de conversa. Pergunte ao primeiro marido dela. — ela arranhou o queixo e franziu o nariz. — Ou o quarto...

A maneira que Thia falava com as mãos me fez lembrar de um personagem que você encontraria em uma história em quadrinhos.

Um com peitos muito, muito agradáveis.

— Vê o que eu quero dizer? — eu apontei. — Eu nunca ouvi ninguém dizer esse tipo de merda que você diz. É apenas... diferente.

— Diferente, — ela disse a palavra lentamente como se estivesse examinando-a, virando-a em sua língua. Ela girou uma mecha de seu cabelo em torno de seus dedos. — Diferente não é apenas uma palavra melhor para louca pra caralho? — perguntou ela, o rosto sério.

Ela olhou para seus pés.

Estendi a mão e levantei seu queixo para que ela pudesse olhar para mim.

Para que ela pudesse me ver.

— Não, eu disse diferente e isso é exatamente o que eu quis dizer. No meu mundo isso é uma coisa boa. Não, isso é uma grande coisa do caralho. Você não é como as outras meninas, certamente nada como as BBB. — quando Ti franziu o nariz em confusão, eu continuei. — Beach Bastard Bitches, prostitutas do clube, — eu esclareci. — Quando eu tenho certeza que você vai reagir de uma maneira sobre alguma coisa, você continua me surpreendendo, fazendo o oposto completo e eu sou um homem difícil de surpreender, — eu disse, apagando o cigarro na parte inferior da minha bota.

— Eu aposto que você diz a todas as meninas como elas são diferentes. Aposto que isso funcionou mil vezes. — Ti puxou o queixo para longe e olhou para a mesa, na tinta vermelha antiga que estava descascando na superfície. Houve uma pitada de ciúme que penetrou em sua pergunta, e se isso tivesse saído da boca de qualquer outra pessoa, eu provavelmente já teria terminado a conversa e saído no segundo que a pessoa perguntasse. Mas isso não veio de qualquer outra pessoa.

Veio de Thia.

Era... fofo.

Eu poderia ter mentido para ela e dito que ela era a única garota a quem eu disse isso, mas já havia uma mentira persistente entre nós, ou melhor, uma omissão da verdade da minha parte, e eu não queria acrescentar à pilha crescente. — Havia uma garota, apenas uma. Ela era diferente, mas não da mesma maneira que você. Eu pensei que ela poderia ser diferente para mim também. — eu admiti em voz alta pela primeira vez, lembrando da dor que eu senti quando vi King e Ray foder contra o pilar sob a casa na noite em que tentei fazê-la minha, e falhei.

— O que aconteceu? Por que acabou? — ela perguntou, olhando para cima de onde ela tinha acabado de tirar uma enorme casca da pintura, expondo uma faixa azul brilhante sob o vermelho.

— Meu melhor amigo a engravidou. Eles estão noivos. — eu disse, e então eu esperei. Mas isso não veio. O arrependimento. A amargura que geralmente seguia todos os pensamentos do meu melhor amigo estar com a garota que eu achei que gostava.

Nada.

— Você quer dizer King e... Ray? Você e Ray?

— Não, eu e Ray nada. Nunca sequer começou. Era uma ideia na minha cabeça. Uma ideia que foi extinta rapidamente. Eu nunca me importei com uma mulher em toda a minha vida e meio que confundi os meus sentimentos para algo que não era.

— Sinto muito, — disse Ti e eu realmente acreditava que ela estava sentia, qualquer amargura ou inveja havia desaparecido de sua voz.

Eu balancei minha cabeça. — Não sinta. Estou feliz por eles.

Eu realmente quis dizer isso.

— Ti, você está com ciúmes? — eu provoquei, embora eu soubesse que ela não estava. Eu cutuquei um pouco demais e ela quase caiu da mesa, mas se recuperou rapidamente, usando as mãos para recuperar o equilíbrio.

Eu oficialmente perdi a minha maldita cabeça. Não só eu estava flertando, mas eu recorri a empurrá-la como uma paixonite na escola na adolescência.

— Não, eu não estou com ciúmes, — ela argumentou. — Eu não deveria ter sequer perguntado. Não é da minha conta. Além disso, você não precisa dizer a uma menina que elas são diferentes para conseguir elas na cama, você provavelmente apenas sorri e diz ‘querida’ e as calcinhas começam a cair, — disse Ti, cruzando e descruzando as pernas que me fez querer afastá-las e afundar o meu rosto em seu calor apertado.

Eu coloquei minha mão sobre a dela para acalmar a sua divagação, mas quando nossas mãos se encontraram eu não esperava a energia estática que provocou entre nós a partir de um simples toque. Ti olhou para mim e seu queixo caiu.

Ela sentiu isso também.

Eu tentei tirar minha mão, mas eu simplesmente não conseguia.

Melhor ainda, eu não queria.

Eu apertei minha mão em torno da dela que era muito menor e a puxei para o meu colo, ela gritou de surpresa. Eu quase me esqueci o que eu estava prestes a dizer quando notei que meus lábios estavam alinhados perfeitamente com aquele pequeno ponto recuado, onde seu pescoço e ombro se encontravam. Ela lutou para sair de mim, mas eu a segurei firme e me inclinei o mais próximo que pude, sem chegar a tocá-la. — Você está certa, você sabe. Eu nunca na minha vida disse qualquer coisa para uma garota que não fosse a verdade para consegui-la na minha cama, — eu disse contra sua pele.

Ti estremeceu. — O que você dizia a elas? — perguntou ela, inclinando a cabeça para me conceder mais acesso à seu pescoço. Sua pergunta me pegou de surpresa.

— Você quer exemplos? — eu perguntei com uma pequena risada. — Ok, eu vou te dizer. — eu peguei seu pescoço com uma mão e a segurei firmemente na cintura com a outra. Ela cheirava a algum tipo de merda feminina que estava deixando meu pau ainda mais duro do que já estava por ela estar no meu colo. Cada pequeno movimento de sua luta enviou outra onda de sangue para meu pau. A conversa que estávamos tendo estava fazendo muito pouco para aliviar a pressão atrás do meu zíper. Eu sabia que eu ia deixar ela molhada e vazando com a minha porra antes de sequer chegarmos na caminhonete.

Corri o meu nariz ao longo do seu ombro e até o pescoço em direção a sua orelha, onde fiquei oficialmente louco, porque eu sussurrei as palavras que eu realmente tinha dito às mulheres antes de fodê-las sem sentido, contra o ponto sensível atrás da orelha. — Eu apenas dizia a verdade. O que eu queria delas. O que eu queria fazer com elas. — e então as palavras caíram de meus lábios. — Tire suas roupas e fique em seus fodidos joelhos.

— O quê? — perguntou Ti nervosamente, um pouco sem fôlego.

— Isso é o que eu digo quando eu quero foder. — eu tirei o cabelo do seu pescoço, roçando meus lábios e as minhas palavras sobre sua pele sensível que estava fica viva com arrepios quando eu fiz o meu caminho de uma orelha para a outra. — Eu dizia a elas para me foder. Me chupar. Montar meu pau. Se curvar e levantar a saia. Me fazer gozar. — ela engasgou e eu sabia que minhas palavras estavam tendo um efeito sobre ela, especialmente quando seus movimentos se tornaram devagar e lutando por mais do atrito contra mim para algum alívio.

— Continue. Me conte mais. O que mais? — perguntou ela, fechando os olhos, deixando cair a cabeça para o lado.

Ver Ti excitada era além de belo.

Isso era glorioso.

A agarrei pela cintura, girando-a no meu colo para me encarar. Suas pernas estavam em volta de mim como eu esperava que estariam.

Ela abriu os olhos e, em seguida a boca para dizer algo sobre a nossa súbita mudança de posição, mas eu corri a ponta do meu dedo indicador em toda a sua clavícula, seguindo o contato com um leve toque dos meus lábios, deixando escapar um suspiro que eu não sabia que eu estava segurando quando ela novamente fechou os olhos e começou lentamente a balançar para frente e para trás no meu colo, me fazendo assobiar entre os dentes com a sensação. Eu não queria que ela saísse de toda essa realidade nebulosa onde nós estávamos, porque nessa realidade, Ti tinha as pernas em volta de mim e estava moendo sua buceta no meu pau, e estava tão excitada pelas minhas palavras brutas e toques simples que eu podia sentir o espaço entre as pernas dela ficar mais quente e mais úmida quando nós continuamos com o que diabos é que estávamos fazendo, e se eu fizesse as coisas do meu jeito, nós nunca iríamos parar.

Estávamos completamente vestidos.

Estávamos em um lugar público.

No entanto, o pequeno espaço que nós estávamos compartilhando cheirava a sexo.

À buceta.

À buceta de Ti.

Eu gemi em seu cabelo e meu pau endureceu até o ponto de dor, mas não foi suficiente para me fazer parar.

Eu nunca quis parar.

— Abra suas pernas, — eu continuei, minha voz saindo tensa e áspera. Cada polegada de mim doía para rasgar seu shorts ali mesmo na mesa de piquenique e enterrar meu pau tão profundamente dentro dela que ela seria capaz de senti-lo em sua garganta. — Me mostre sua buceta. — eu sabia muito bem que eu estava falando com ela agora, e não repetindo merdas que eu tinha dito no passado.

Seus lábios se separaram e ela virou o rosto para cima em direção ao céu, continuando rebolando encima de mim. Para cima e para baixo, ela lentamente se arrastou contra mim e até mesmo através do meu jeans e shorts dela eu senti o calor da sua buceta contra o meu pau duro.

Foi o pensamento de como seria a sensação de estar fazendo a mesma coisa com Ti, sem roupas no caminho, que me levou à beira de explodir a minha carga bem ali. Eu peguei um punhado do seu cabelo e eu usei como rédeas, a puxando tão perto quanto possível, enquanto eu continuava a falar contra a sua pele arrepiada. — Eu vou fazer você gozar tão duro, que vai doer. — ela se inclinou para trás, empurrando seus seios em direção a mim. Aumentei meu aperto na cintura dela.

Ela gemeu novamente e desta vez os meus quadris involuntariamente empurraram para cima com o som, batendo meu pau contra ela com tanta força que a dor irradiou pelo meu eixo. Completamente valeu a pena, porque o som que saiu da boca de Ti foi francamente animalesco. Foi mais um rugido do que um gemido, algo tão primordial vindo de um lugar tão profundo dentro dela que explodiu na forma de um som que me fez balançar sob a tremenda quantidade de necessidade que continuou se construindo e construindo.

Minha pequena provocadora do caralho.

Eu estava cego de tudo à nossa volta e tudo que eu podia ver, tudo o que eu podia sentir, tudo que eu conseguia pensar era em foder a minha menina novamente. — Eu quero você, — eu suspirei. — Quero transar com você. Tão duro.

Ela colocou a mão sobre sua boca quando ela percebeu o quão alto ela tinha gemido, mas eu a puxei. — Ninguém pode te ouvir, — eu disse, olhando em volta para onde as únicas outras pessoas no parque, um casal de adolescentes a pelo menos dez mesas de distância. — Você pode gritar tão alto quanto quiser. Além disso, eu gosto quando você grita. — o sol tinha acabado de se por, mas verdade seja dita, poderia estar claro como o dia com mil pessoas em pé ao redor assistindo e eu só teria parado quando a polícia viesse para nos arrastar para longe.

Péssima linha de pensamento.

— Eu quero te provar novamente. Eu vou fazer você gritar meu nome até que você fique rouca. E quando você achar que não é fisicamente possível gozar de novo ou você vai quebrar... eu vou fazer você voltar... e eu vou quebrar você.

Ou eu vou morrer tentando.

— Bear, — Ti gemeu, se contorcendo contra mim. Eu iria gozar se ela não parasse, mas quando eu abri minha boca para dizer a ela para parar, nada saiu.

Eu estava tão varrido com a sensação dela contra o meu pau que levei alguns segundos para registrar o farfalhar nas proximidades.

Eu vi os canos de suas armas antes que eu visse quem estava segurando.

Eu rosnei contra seu ouvido, — Finja que o momento acabou, baby.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e cinco

BEAR

Eu sabia o momento Thia registrou que não estávamos sozinhos porque suas pernas ficaram tensas ao redor da minha cintura. Me virei para enfrentar a ameaça e cheguei atrás de mim, empurrando seus joelhos para, mantendo o máximo dela escondido atrás de mim que eu podia. — Fique quieta, — eu pedi.

Cheguei no cós da minha calça para minha arma, mas eu mal tinha escovado a alça quando o primeiro atirador surgiu dos arbustos vestindo um colete dos Bastards.

— Melhor não, Bear, — disse Mono, um sorriso grande e gordo em seu rosto grande e gordo. — Mãos fora da porra da arma ou eu começo a disparar agora e as chances são, de que se eu fizer isso, a pequena atrás de você vai estar tão cheia de buracos de bala como você vai estar. — ele parou cerca de três metros na nossa frente.

Eu soltei minha arma e agarrei meu isqueiro em vez disso. — Só pegando os meus cigarros, cara, — eu disse, acendendo outro cigarro. — Você pode dizer a Harris para sair dos arbustos do caralho, — eu disse, apontando para as árvores. — Eu sei que os gêmeos irlandeses nunca viajam sozinhos e, além disso, eu posso ver a cabeça calva do idiota brilhar daqui. — os joelhos de Ti balançaram contra as minhas costas e eu empurrei de volta contra ela para aliviar os nervos, mas sua agitação só se intensificou.

Harris surgiu a partir das árvores com o mesmo sorriso estúpido em seu rosto barbudo e vermelho e se juntou à seu irmão, levantando sua pistola enquanto se aproximava.

— Chop colocou vocês dois atrás de mim? Eu pensei que ele tinha pelo menos enviado alguém com um fodido cérebro, mas ele envia os malditos gêmeos para fazer seu trabalho sujo?

Mono e Harris se juntaram ao MC quase ao mesmo tempo que eu recebi meu patch. O nome ‘Irish Twins’ não tinha nada a ver como eles se pareciam porque eles nem eram da mesma família e além de suas cabeças carecas e barbas vermelhas, eles não poderiam se parecer mais diferentes. Mono tinha cerca de um e oitenta e era atarracado, enquanto Harris tinha um pouco mais de um e cinquenta, mas era muito mais magro. Eram suas personalidades que eram idênticas, desde a música fodida que eles ouviam sempre explodindo de seus quartos no clube, à cerveja escura e amarga que eles gostavam.

Mono se aproximou e sorriu, seus dentes amarelos de tártaro. — Você não foi tão difícil de encontrar, você sabe, você poderia ter tentado fugir.

Eu bufei e dei uma tragada no meu cigarro. — Eu estive na cidade por semanas. Eu estava bem debaixo do nariz de vocês o tempo todo, seus estúpidos.

Harris entrou na conversa. — Mais fácil acabar com você quando King não está na sua bunda, embora eu adoraria levar essa buceta como um dano colateral de civis.

— Há apenas um punhado de lugares que você poderia ir. Até tínhamos olhos sobre aquela velha idiota que você tanto gosta.

Grace.

— Estou realmente surpreso que vocês, dois idiotas do caralho, me encontraram, — eu disse. — Vocês dois não conseguem encontrar a porra dos seus paus a metade do tempo. De jeito nenhum vocês me encontraram sozinhos. — Mono bufou e se aproximou até que nós estávamos quase peito a peito. Havia dois rastreadores que o MC usava e eu pedia a Deus que fosse Gus, porque se fosse Rage não haveria como eu sobreviver aos próximos minutos.

Rage nunca perdeu um alvo.

Nunca.

— Você está prestes a morrer, filho da puta, — ele cuspiu. — Se você fechar a boca do caralho e aceitar a sua morte como um homem, então talvez nós não vamos matar essa coisa bonita atrás de você quando terminarmos de brincar com ela.

— Você não vai tocar nela, porra, — eu avisei.

— Recue ou você vai morrer assistindo Mono transar com ela antes de enfiar uma faca em sua garganta, — disse Harris, se movendo para o lado da mesa de piquenique para dar uma olhar em Thia. Ele lambeu os lábios e chupou os dentes de cima.

— Não, — eu rosnei, mas depois senti um puxão na cintura de trás da minha calça.

Não. Sua estúpida. Não.

Isto é tudo culpa minha. Ti ia morrer porque eu menti para ela quando ela era criança. Porque eu tinha que mantê-la em minha vida uma vez que ela entrou no meu caminho.

Foi por causa de mim que iríamos morrer.

Mono e Harris não pareceram perceber que era Ti e ela não pareceu entender a minha mensagem telepática, então quando senti um puxão final libertando minha arma, eu sabia que era agora ou nunca. Nós iríamos sobreviver porque tínhamos que sobreviver.

Porque Ti tinha que sobreviver.

Não importa. O que.

— Eu vou me mover, eu vou me levantar, — eu disse. Dando um passo lado largo em direção à Harris, obstruindo sua visão de Ti.

Ti disparou.

Corri para Harris e felizmente eu já tinha minha mão em sua arma e estava lutando com ele quando uma arma disparou. Eu caí em cima dele e no segundo que eu fui capaz de pegar a arma de sua mão eu girei sobre ele, colocando uma bala em sua testa.

Eu virei para trás e esperei ver Mono caído, mas ele não estava no chão. Ele estava de pé. O sangue estava escorrendo do seu ombro. Seu bom braço estava enrolado em torno de Thia, uma faca em sua garganta. — Que porra é essa que você acabou de fazer! — Mono rugiu, a faca na pele dela e filetes de sangue descendo por seu pescoço.

— Solte ela ou eu vou explodir sua cabeça do caralho. — eu avisei, virando a arma para ele. Era um blefe e ele sabia disso. Eu não tinha uma boa chance. Não havia como matá-lo sem correr o risco de acertar Ti também.

Mono riu e era baixo e maligno. — Eu não me importo. — ele deu de ombros, os olhos presos e, mim. — Olho por olho e tudo mais. — Mono apertou ainda mais em Ti, os nós dos dedos dele brancos apertando a faca quando ele começou a arrastá-la pela garganta. Corri para eles, mas eu não seria capaz de alcançá-los a tempo.

— Nãooooooooooo!

Um tiro foi disparado e os olhos de Mono rolaram em sua cabeça e o lado do pescoço dele explodiu. Seu olhar ficou em branco quando ele soltou Ti e caiu de lado na terra.

— Ti! — eu disse, correndo para ela e pegando-a do chão.

— Eu estou bem? — ela perguntou como se fosse uma pergunta e não uma declaração. Examinei onde o sangue estava escorrendo de seu pescoço. O corte era cerca de metade de uma polegada de largura. — Não é profundo. — eu suspirei de alívio. Talvez um ou dois pontos.

Obrigado fodido Deus.

— Quem o matou? — perguntou Ti apontando para Mono quando eu a peguei e a segurei firmemente ao meu peito. Passando por cima do corpo de Mono, eu a levei de volta para a mesa e a coloquei no chão para examiná-la por outras lesões. — Quem? — perguntou Thia novamente, olhando ao redor em busca de mais Bastards.

Eu não precisa olhar em volta, porque eu sabia exatamente quem atirou em Mono.

— Fui eu. — uma voz familiar disse com um leve sotaque espanhol. Eu me virei para me encontrar cara a cara com Gus. — E de nada, porra.

 

 

 

Thia

Foi a primeira vez que eu tinha visto Gus desde que ele me salvou de Chop naquela noite. — Que desperdício, — disse ele, olhando para os dois corpos sem vida de quem Bear tinha chamado Mono e Harris. Gus tinha arrastado um deles ao lado do outro, então agora eles estavam deitados lado a lado em suas costas.

Bear continuou a procurar o meu corpo por feridas que não estavam lá e eu tentei recuperar o fôlego.

— Oi. Eu sou Gus, — Gus disse, sem tirar os olhos de cima dos corpos. Seu tom de voz era plano e ele falava mais baixo do que a maioria das pessoas.

— Eu me lembro de você, — eu disse e Gus simplesmente assentiu.

— Eu estava rezando para que eles usassem você e não Rage, — Bear disse depois de finalmente estar satisfeito que eu não estava sangrando de qualquer lugar além da pequena ferida no meu pescoço. Ele virou para mim e empurrou o cabelo do meu rosto, descansando sua testa na minha.

— Essa foi uma jogada estúpida, — disse ele.

— Bear, — eu comecei a discutir.

— Me deixe terminar, — ele interrompeu. — Foi um movimento estúpido que eu estou feliz que você fez ou nós estaríamos mortos agora. — ele se afastou e puxou um baseado do seu bolso. Ele não acendeu, em vez disso, ele passou para Gus que chegou por trás dele para pegar, seus olhos ainda colados nos corpos quando ele acendeu e deu uma tragada profunda.

Gus se ajoelhou ao lado dos motoqueiros e me surpreendeu quando ele correu o dedo indicador no rosto ensanguentado de Mono, deixando um rastro branco em sua bochecha através do vermelho pegajoso. Ele se afastou e segurou o dedo sangrento no nariz. Fechando os olhos ele inalou o sangue como se ele estivesse cheirando um vinho fino. — Que vergonha, — ele repetiu, abrindo os olhos. Ele usou um trapo do bolso de trás para limpar o sangue de seu dedo.

Na noite que Gus me salvou do MC, ele era apenas uma sombra, sem rosto, sem corpo. A memória distante de uma explosão e um passeio em uma van.

Gus era agora uma pessoa respirando de pele morena e cabelos escuros, grande o suficiente para deslizar para frente. Sua franja pendurava no alto da testa. Sua altura era quase a mesma que a minha. Ele não estava usando um colete, apenas uma camisa azul e branca de flanela e jeans claros com botas amarelas. Ele não era atraente, não da mesma forma que Bear era. As bochechas rechonchudas de Gus estavam revestidas com a barba escura de alguns dias sem fazer, sem contar que ele era mais pesado do que a sua estatura mediana. Uma tatuagem ornamentada decorava a tenta do lado direito. Os brancos de seus olhos pareciam brilhantes d contra a escuridão de suas pupilas grandes.

Eu estava ciente de que ele não piscou muitas vezes e me encontrei olhando para seus olhos tentando pegá-lo no ato.

— Eu deveria ter torturado eles, começando pelos dentes. Eu teria tomado o meu tempo e começado a partir de trás. A parte de trás é um bom lugar para começar a puxar. Molares são os mais dolorosos e mais difíceis de extrair. Eles também são os mais sangrentos e quando o sangue escorre goela abaixo, sufoca e a asfixia aumenta o medo. Você pode sentir o cheiro no ar. — ele balançou a cabeça e olhou para Bear. — Teria sido bonito.

— Tenho certeza de que teria sido, cara, — disse Bear, se recostando contra a mesa, obviamente utilizada para as esquisitices de Gus.

— Você me deve, — disse Gus, parando na nossa frente. — Duas. — ele acrescentou, levantando dois dedos, sua voz nunca subindo ou caindo com suas palavras.

— Duas, — Bear concordou. — Com a tempestade de merda que está vindo em minha direção eu não acho que vai ser um problema.

Gus se virou para mim e eu estendi minha mão. — Nós nunca fomos devidamente apresentados. Eu sou Thia, — eu disse, limpando a garganta para remover qualquer vestígio de nervosismo em minha voz. Gus olhou para a minha mão e saltou para trás como se estivesse segurando uma aranha.

Bear colocou a mão no meu braço e o empurrou para baixo. — Gus não aperta mãos, — disse Bear, quando Gus balançou a cabeça freneticamente de um lado para outro, os punhos enrolados em bolas sob o queixo enquanto ele se afastava de mim.

— Você tem medo de mim? Eu acabei de ver você matar um cara então esfregar o dedo no sangue dele. — eu apontei.

Gus descruzou os braços de si mesmo quando viu que eu não estava com a mão estendida e se levantou, alisando sua camisa já lisa. — O sangue é limpo. O sangue é bonito. Sangue é vida e ver a vida escorrer e desaparecer é um presente que eu gostaria de me dar o mais rápido possível. Mãos são sujas. Tão sujas. Como quartos de motel. — ele divagava, engasgando quando ele mencionou ‘quartos de motel’, virando a boca na dobra do cotovelo. Ele respirou fundo, concertando dentro de si mesmo o que foi que eu tinha quebrado tentando apertar sua mão. — Você sabia que a maioria dos quartos de motel são cobertos de fezes e sêmen? — perguntou Gus do nada. — E eu não estou falando sobre a cama. Dependendo da idade do motel e do número de quartos disponíveis e da quantidade de lugares de estacionamento, em um momento ou outro toda superfície tinha sido coberta quer por sêmen ou fezes, ou ambos.

— Bem olá para você também, Gus, — Bear disse com uma risada.

— É verdade, — disse Gus, se virando para Bear. — E não é engraçado. Agora você me deve três. — Gus deu outra tragada no baseado e o passou de volta para Bear que segurou entre seus lábios e inalou até a brasa vermelha na ponta gotejar com cinzas.

Ele falou quando ele exalou. — Eu sei que não é engraçado, cara. O que também não é engraçado é que, se não fosse por Ti agarrando minha arma e você aparecendo, seríamos um par de cadáveres empilhados em sua pilha agora.

— Eu mantenho minhas promessas, — Gus disse: — Você salvou minha vida.

— Nunca duvidei de você, irmão, mas você não tem que tirar o seu colete por mim. Eu nunca teria te pedido isso. — Bear disse, apontando para a blusa de Gus.

— Eu não o tirei por você. Tirei por mim mesmo.

— Por quê? — eu entrei na conversa.

— Porque eu descobri quem é o rato.

— Que rato? — perguntei.

— Aquele que alimentou Isaac com informações e, em seguida, Eli. Aquele que tentou me matar duas vezes, mas ainda não consigo terminar a porra do trabalho, — Bear me informou. — Mas isso não importa agora, porque Chop quer me matar.

— Três vezes, — corrigiu Gus.

— O quê? — Bear perguntou, suas sobrancelhas enrugadas com a confusão.

— Três vezes, — disse Gus. — A primeira vez foi quando ele deixou Isaac entrar no clube quando ele sabia quais os planos de Isaac eram. A segunda vez foi quando ele disse à Eli onde você estava. A terceira vez foi hoje, agora.

Bear se sentou em silêncio e deu outra tragada no baseado, esfregando a testa com o polegar. — Poooooooorra! — ele gritou, se levantando da mesa.

— Eu não entendo, — eu disse. — O que você sair do MC e o rato tem a ver um com o outro... — eu parei quando a realização me bateu.

Bear olhou para mim e balançou a cabeça.

— O rato é... — eu comecei, mas parei quando tudo fez sentido.

Bear rosnou e terminou a minha frase.

— Meu velho do caralho.

Gus assentiu. — Chop. Chop é o rato.

Tanto para algo normal.


Capítulo vinte e seis

BEAR

— Então o seu velho estava querendo acabar com você muito antes de você desistir do colete? Por quê? — perguntou King, acendendo um baseado e passando para mim. — Isso não faz qualquer sentido do caralho.

— Eu sei. Tem que ser mais do que isso. Meu velho é um filho da puta, mas ele não é estúpido. O problema agora é que não podemos mais ter informações. Gus entregou o colete. Ele está fora, o que significa que eu não tenho ninguém do lado de dentro. — nós estávamos em seu estúdio de tatuagem e eu tinha acabado de contar o que aconteceu no parque. Felizmente, Gus estava muito ansioso para lidar com a limpeza por conta própria, então deixei isso por conta dele. — Não é como se essa porra importasse. Se ele quer me ver morto, ele me quer morto, a razão não é mais importante. O único problema real é que ele está disposto a passar por Ti para chegar até mim.

— Mas por que Thia? Você tem outras pessoas que ele pode chegar. Eu. Grace. Ray. Por que escolher ela?

— Porque Chop é um filho da puta, mas ele não é estúpido também, ele deu uma olhada nela e sabia... — fiz uma pausa. — Ele está seguindo o código, ou pelo menos ele está fazendo parecer aos irmãos que ele está, entretanto ele está indo pelas costas, planejando me matar por sabe quanto tempo agora.

— Mas isso ainda não faz sentido. Como ele poderia passar por Thia para chegar até você... — King começou, mas parou quando eu lhe lancei um olhar compreensivo. Ele respondeu à sua própria pergunta. — Meninas no clube, old ladies, até mesmo as BBB19, todas são consideradas civis. Ela é um jogo justo, tanto quanto ele está preocupado porque ele pensou que você iria reivindicá-la.

Coloquei minha cabeça contra a parede. — Eu a reivindiquei.

— Ah merda.

Me levantei do sofá e fingi estar interessado no novo esboço que King estava trabalhando para terminar o braço de Ray. Havia todos os três nomes de seus filhos tecidos em uma árvore dos manguezais na baía.

— Nunca pensei que veria esse dia do caralho, cara.

— Foi estúpido. Duas vezes agora e eu não vai acabar em qualquer momento.

King riu e fez sinal para eu trazer o baseado de volta para ele.

Eu o empurrei em sua mão. — O que é tão engraçado, porra?

— Me deixe perguntar uma coisa, cara. De todas as meninas que você já fodeu, com quantas você já se envolveu?

— Nenhuma. Nenhuma, porra, — eu admiti.

— É engraçado porque é assim que você sabe. Nunca pensei sobre isso com Ray. Nunca passou pela minha cabeça e, honestamente, se tivesse, eu não dou a mínima para as consequências. Qualquer coisa para mantê-la ligada a mim estava tudo bem para mim. Eu posso não ter sabido disso no início, mas eu tenho certeza como a merda que eu sei hoje.

— Agora você tem três filhos, cara. Dois dos quais estão rasgando a casa bloco por bloco.

— Sim, é muito foda. Mesmo não tendo pensado em ter qualquer um, — disse ele com uma risada.

— Eu não estou pensando em ter filhos agora. Estou pensando em como manter essa garota viva.

— Sua menina.

— Sim, minha menina! Eu disse isso, isso faz você feliz agora?

— É um começo, — disse King. — Então você pensou sobre o que Bethany disse para você? Porque se você vai fazer isso, então você precisa dizer a ela. Ela deve saber o que está por vir. Existem coisas que você precisa passar por cima com ela. Eu estive lá, cara. Você não quer deixá-la no escuro.

Acendi um cigarro. King estava certo, mas eu não tinha ideia de como começar a conversa com ela. — Eu tenho outra coisa em mente, — eu disse.

— Se você está pensando em fazer algo estúpido, não, — King advertiu.

— Estúpido era a tomar em um lugar público e quase se matar. Estúpido foi fazer uma promessa para uma criança de dez anos que eu nunca teve a intenção de manter. Estúpido é cada coisa de merda que eu já fiz na minha vida até este ponto. Eu tenho que mantê-la segura. — Eu apaguei meu cigarro no cinzeiro na mesa de café. — Nada estúpido sobre isso.

 

* * *

 

Thia estava na casa para ajudar Ray com as crianças ou jantar ou alguma coisa, para ser honesto, eu não estava prestando atenção porque eu estava muito focado no fato de que, se não fosse por Gus ou o raciocínio rápido de Ti, ela não retornaria respirando agora. Eu estava muito ocupado pensando com o meu pau em vez de me preocupar em mantê-la segura.

Você estava pensando com seu coração, imbecil. É outro órgão útil em seu corpo. Preppy me informou.

Eu fiz uma promessa a mim mesmo que, apesar de toda essa merda ter começado como uma mentira, eu manteria a minha promessa a ela. Eu iria protegê-la, mas eu fiz uma promessa a mim mesmo também. Eu não apenas iria protegê-la, mas eu não iria deixá-la ser sugada para a minha vida. Ela era melhor do que isso.

Melhor que eu.

Eu queria mantê-la segura.

Eu simplesmente não poderia mantê-la para mim.

Trinta minutos e uma mensagem de texto mais tarde, uma mão foi envolvida em torno do meu pau.

Eu bebi diretamente da garrafa de Jack até que eu não me importava, nem a mão profissional me masturbando não estava funcionando. Porque Ti iria a qualquer momento entrar e ver que tipo de homem eu realmente era. Eu estava esperando ter bebido o suficiente para não ver o olhar de dor em seus olhos. Não registrar o olhar de decepção em seu rosto.

Por que eu ainda me importava?

Ela sabia que eu tinha planejado sair a partir do momento em que nos conhecemos. Eu nunca disse a ela que tinha mudado. Eu nunca prometi a ela que eu iria ficar.

Ou que ela iria ficar.

King ficou preso por anos. Eu o fiz prometer que ele iria me pedir ajuda nos problemas que tivesse porque eu poderia protegê-la por agora, mas não seria capaz disso quando não estivéssemos mais juntos.

Porra, por que isso é tão ruim?

— Mmmmmmmmm... — murmurou a garota quando eu não estava prestando atenção nela me masturbando. Eu não estava nem mesmo duro.

Toda vez que eu começava a acordar de qualquer autoindução de coma que eu tinha me colocado, meu estado recém-consciente sempre trouxe uma onda de decepção com ele.

Não é que eu queria morrer. Eu só queria viver em um estado de esquecimento. Era pedir muito? Estar no esquecimento era não ter pensamentos de ser um motoqueiro sem um lar. Estar no esquecimento era não ter pensamentos confusos sobre Ray, embora nos últimos dias eles tivessem começado a desaparecer.

Estar no esquecimento era definitivamente não tê-la.

Eu queria que fosse a mão dela no meu pau e eu imaginava que era, vivendo em minha imaginação e na mentira por apenas alguns momentos mais ignorantes.

Jodi me acariciou. Ou era Dee? Danni? Denise?

Independentemente da experiência que eu estava usando para me fazer parar de ser macio e suave. Pensei nos lábios cor de rosa pálido e cabelo loiro morango, mas cada vez que ela aparecia atrás de minhas pálpebras fechadas, ela desaparecia com a mesma rapidez.

Eu gemi em frustração. A menina me masturbando levou o ruído como um sinal de encorajamento, pegando o ritmo. Me empurrando mais duros. Unhas postiças longas me arranhavam enquanto ela trabalhava.

Não havia como eu gozar, e eu estava feliz por isso. Eu queria me castigar pelo que eu estava prestes a fazer.

Por que ela estava prestes a ver.

Infelizmente, a única descida que eu estava fazendo era da minha brisa20, que era a última coisa que eu queria. Era uma merda ficar sóbrio.

Eu mudei de ideia.

Eu não poderia fazer isso.

Eu não poderia machucá-la. Queria encontrar outra maneira. Eu peguei o antebraço da menina para fazer sua mão inútil parar, mas não foi nela que meus olhos pararam.

Foi em Ti.

MINHA Ti.

Ao pé da cama.

Ela pareceu confrontada. Impassível. Quase inexpressiva. Thia tinha sentimentos profundos, mas ela encobria isso ainda mais fundo. O que eu vi atrás de sua expressão plana me assustou pra caralho, porque era mais do que a cabeça quente que ela tinha normalmente.

Ela estava puta.

Era pura RAIVA.

A loira nua ajoelhada ao meu lado mal deu à Thia qualquer atenção, e continuou a me acariciar, apesar da minha mão em seu braço tentando impedi-la. — Você quer entrar? — ela perguntou à Thia.

Talvez ela não estivesse lá. Talvez eu estivesse apenas sonhando. Porque Thia Andrews tinha estado ocupando meus sonhos desde aquela primeira noite no chuveiro.

Não foi até que ela falou que eu sabia com certeza que não era um sonho, afinal de contas.

Eu pensei que ela ia correr.

Eu tinha feito isso para que ela pudesse correr.

Não da casa. De mim.

Mas ela não fez. A menina estava sempre me surpreendendo.

Ela caminhou até a cama com um olhar de determinação em seus olhos que eu nunca tinha visto antes. Ela chegou por cima de mim e arrancou uma das minhas armas de um dos meus coldres, que era a única coisa que eu estava vestindo. Ela mirou na loira nua e se inclinou. — Dê. O. Fora. Agora. — o olhar sedutor falso no rosto da loira instantaneamente desapareceu e foi substituído pelo medo. Ela pulou da cama e correu para fora da porta sem olhar para trás.

Eu sei que foi a coisa idiota a se fazer, mas eu não pude evitar.

Talvez fosse porque eu estava bêbado.

Talvez porque eu estava cansado de não saber o que fazer ou a quem confiar ou como proteger a garota que tinha acertado o caminho para meu coração partido.

Eu ri.

Não apenas uma pequena risada. Eu ri do absurdo que a minha vida tinha se tornado, bem como a situação que eu estava no momento.

Thia virou a arma em mim e isso foi quando notei as lágrimas ameaçando vazar dos cantos de seus belos olhos verdes.

Eu congelei.

— Merda.

Ti fungou, embora ela estivesse obviamente tentando esconder o fato de que ela estava prestes a chorar. Uma sensação estranha tomou conta. Meu coração deu uma guinada em minha barriga e eu me sentia doente.

Culpa.

Eu tinha cometido todos os crimes que havia para cometer. Eu tinha feito merda que os homens sãos nunca ousariam até mesmo pensar, mas eu nunca senti um pingo de culpa por nada disso.

Nunca.

Até agora.

Até Thia.

Amor. Esse era o único tipo de tortura com o qual eu não estava familiarizado.

Eu estava aprendendo rapidamente que era o tipo mais doloroso de todos eles.

— Você sabe, — ela começou. Sua voz era tão instável como a arma em sua mão. — Você realmente precisa parar de tentar me fazer te odiar.

Eu fiquei confuso através dos meus pensamentos nublados em busca de uma resposta: — E por que isso? — foi o melhor que eu poderia conseguir dizer.

Ti colocou a arma na minha barriga nua e eu resisti à vontade de estender a mão e puxá-la em mim. Ela estava prestes a virar a maçaneta na porta quando ela se virou. Havia lágrimas em suas bochechas coradas e meu intestino torceu em uma maneira que eu estava começando a odiar tanto quanto eu me odiava.

Ela me olhou bem nos olhos e segurou o meu olhar.

— Porque está funcionando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e sete

BEAR

Nenhuma quantidade de café ou água fria poderia ter me arrastado de volta para a sobriedade depois de eu ter visto o olhar no rosto de Ti naquele quarto.

Álcool e raiva andam de mãos dadas como namorados adolescentes.

Eu bebi Jack suficiente para colocar em um coma, mas depois que ela saiu do quarto eu fiquei mais sóbrio do que antes de eu ter tomado uma única gota.

Eu puxei meu jeans e corri atrás dela.

Thia não estava na sala de estar. Ela não estava na garagem também. Eu estava preocupado que ela tinha saído e comecei a pensar donde diabos ela iria ou quem estava lá fora esperando para machucá-la quando eu a vi em um banco. Ela estava curvada, as mãos movendo furiosamente. Eu não percebi o que estava fazendo até que ela soltou a corda da doca e pulou.

No momento em que eu cheguei até o cais ela já tinha empurrado e estava muito longe de mim para estender a mão e puxá-la de volta. — Ti, temos que conversar.

— Eu acho que você já disse muito.

— Ti, traga seu traseiro aqui. — me ignorando, ela continuou a remar furiosamente. Ela era obviamente inexperiente e não se moveu muito longe e muito rápido. Os músculos de seus braços estavam tensos enquanto ela remava cada vez mais duro sem muito progresso.

— Há uma corrente muito forte. É difícil para eu ou King andarmos de barco com essa corrente, então você poderia muito bem desistir e voltar agora, — eu disse, me agachando no paredão.

Ela só lutou mais, lentamente ela ganhou terreno avançando ainda mais longe do cais e de mim. Eu não estava mentindo. A corrente era uma cadela para passar se você não sabia exatamente onde parava e começava. Nos levou meses para descobrir como passar por isso em menos de alguns minutos.

Tanto quanto eu odiava o fato de que ela estava fazendo de tudo para ficar longe de mim, eu fiquei impressionado com a força da minha menina.

Não havia como eu acertar as coisas.

Eu ansiava por seu perdão tanto quanto eu ansiava por seu corpo. Sua alma. Seu espírito.

O coração dela.

Palavras derramaram dos meus lábios rapidamente. Eu tinha que chegar até ela antes que ela fosse longe demais para me ouvir. Falei tão rápido que eu não tive tempo para editar a mim mesmo e escolher as palavras certas, então eu só fui com o meu intestino porque ir com a minha cabeça só resultava em ela começar a me odiar e, tanto quanto isso era parte do plano, eu não contei com o golpe esmagador na minha alma que veio com isso.

Eu queria dizer a ela tudo.

Eu comecei com a verdade.

Bear sem censura.

— Eu não a queria. Eu nunca a quis, — eu gritei. — Eu só não sei o que estou fazendo aqui. Eu não sei mais nada.

— Parecia que você a queria sim, — disse Ti, bufando fortemente, mas fazendo progresso. Se ela mantivesse o ritmo por mais alguns minutos, ela estaria livre da corrente e estaria rapidamente longe para ouvir qualquer coisa.

— O que você quer que eu diga? Você quase foi morta no parque!

— Assim como você.

— Essa é minha VIDA. Estou acostumado a filhos da puta atirando para mim. Isso não deveria sua a sua vida, porém.

— Não decida o rumo da minha vida, Bear. Você não. Nem ninguém.

— Quando eu estou com você é como se você me colocasse sobre este pedestal inacessível. Eu não mereço esse tipo de admiração e, as vezes, — eu tentei pegar meu fôlego, mas as palavras continuavam se derramando. — isso me assusta pra caralho. O que quer que você pensa que sabe sobre mim ou sobre quem eu sou, você não sabe nada. Você não sabe as coisas que eu fiz, as coisas que eu fiz para as pessoas. Você não sabe que eu matei as pessoas porque me mandaram, ou porque eu pensei que era bom para os negócios do clube, ou apenas porque eles me olharam da porra do jeito errado. É isso que você quer ouvir? Porque essa é a verdade. Eu fiz tudo isso e você olha para mim como se eu fosse de alguma forma, uma boa pessoa e isso me faz querer arrancar a porra do meu cabelo porque é tudo uma mentira. A verdade é que eu não sou um cara bom. Eu sou a porra do cara mau, com o clube ou não, isso não mudou. — eu passei a mão pelo meu cabelo e respirei fundo.

Não era exatamente um poema de amor, mas era a verdade.

— Quando eu disse isso? — perguntou Ti em um pequeno sussurro, esquecendo temporariamente de remar, o barco deslizou para a frente. — Me diga exatamente quando foi que eu disse que eu queria mudar você? — sua voz ficou mais alta. Corajosa. — Você acha que eu sou alguma idiota? Eu sei quem você é e quem os Bastards Beach são. Eu cresci aqui. O que eu quero saber é por que você acha isso? Eu não tenho você em um pedestal. Eu não penso em uma vida colorida quando se trata de quem você é. Na verdade, eu poderia ser uma das poucas pessoas no mundo que conhece o verdadeiro você. Eu queria você por causa de quem você é, não importa quem você é. Você não estava em um pedestal, você estava no meu coração!

ESTAVA.

Estava no meu coração.

Até que eu o quebrei.

Ti flutuou de volta na minha direção e eu lutei com o meu plano original para afastá-la de novo, mas quanto mais ela se aproximava, mais determinado eu estava a consertar o que eu tinha quebrado. Amanhã estava vindo, não importa o que aconteceria esta noite.

Me ajoelhei para puxá-la, mas quando ela viu meu braço estendido, ela balançou a cabeça. Remando com ainda mais vigor do que antes, água salpicou para dentro do barco em sua tentativa furiosa de chegar o mais longe possível de mim.

Porra.

Ela acabou de me dizer que ela me queria por causa de quem eu sou e isso era uma coisa boa, porque eu estava prestes a mostrar a ela exatamente quem eu era.

Já com os pés descalços e vestindo apenas minha calça jeans, eu os empurrei dos meus quadris e sai deles. A partir da posição de Ti, eu sabia que ela não podia me ver nas sombras. Joguei meu jeans sobre o deck.

Era um aviso. Eu estava vindo para ela.

Eu estava completamente nu, e eu não dava à mínima.

O ar ligeiramente salgado tinha gosto de fodida liberdade. O cheiro de mofo das áreas úmidas próximas picaram meu nariz, mas eu queria mais.

Mais era o plano.

Mais estava em um barco a pleno remo no meio da baía e eu não pude deixar de pensar quão pequena ela parecia. Quão inocente. Quão vulnerável.

Meu pau endureceu.

— O que você está fazendo? — Ti disse, o medo em sua voz não fez nada para aplacar minha fúria dura.

— Fiquei com vontade de mergulhar de repente, — eu disse perversamente, esticando os braços sobre a cabeça.

— Não! Fique longe, Bear. Eu quero dizer isso! — Ti gritou, puxando seus remos tão rápido na água, que ela finalmente foi capaz de se libertar da corrente, deslizando facilmente sobre a água. — Não chegue perto.

Isto é o que você pensa.

— Ah sim. Eu vou, — eu murmurei. Eu respirei fundo e mergulhei de cabeça na água escura.

Um predador procurando sua presa.

 

 

 

Capítulo vinte e oito

Thia

Bear tinha perdido a maldita cabeça.

No segundo que nós deixamos o parque ele não tinha sido o mesmo.

Eu sabia que ele queria que eu o visse com aquela garota. Não era o que ela estava fazendo com ele que me irritou e quebrou meu coração. Foi o fato de que eu sabia que ele tinha feito isso de propósito. Ele queria ser pego.

Ele queria me machucar.

Mesmo que eu estava livre da corrente, eu continuei a remar, querendo ficar longe o suficiente da costa para que Bear desistisse de nadar e voltar. Quando cheguei mais perto da costa no lado oposto, eu pensei que eu iria ver outras casas ao redor da baía, mas o resto da costa estava coberto de uma mistura de árvores altas que dobravam e balançavam com a brisa leve e as árvores baixas do mangue pairavam acima da água em pequenos paus que me lembraram dos pilares que sustentavam a casa de King e Ray.

Eu realmente não tinha achado que Bear fosse pular. Uma ameaça vazia que acabou por não ser tão vazia.

O local onde Bear tinha pulado na água criou um efeito de ondulação em toda a superfície, ficando cada vez maior, uma vez que se estendeu para fora. No momento em que atingiu o barco, tinha se transformado em uma pequena onda, balançando o barco de lado a lado.

Foi quando eu percebi que não havia outra ondulação na água. Não havia indicação de qualquer tipo.

Onde ele está? Minha raiva e irritação temporariamente foi substituída por preocupação.

Contei até dez.

Nada.

Contei novamente.

Nada.

— Bear! — gritei.

Nenhuma resposta.

Mantendo um remo levantado para fora da água eu virei o barco em volta e segui o caminho de onde eu vim, verificando sinais de vida. Eu só tinha começado a procurar quando a quietude explodiu ao lado do barco. Meu coração pulou no meu estômago quando Bear se lançou através da superfície da água como uma orca, encharcando meu cabelo e roupas.

— Por quê você se importa? Por que você é louca assim? — perguntou Bear, agarrando o lado do barco. — Me diga, Ti, e seja honesta comigo porque nós dois sabemos que você não pode mentir. Por que você se importa se eu foder e beber até morrer? — fogo dançou em seus olhos, a água escorria em seu rosto e boca. — Me diga, — ele desafiou. — Agora porque eu preciso saber. — ele levantou uma perna para o lado do barco. Eu segurei os lados para me impedir de cair quando ele inclinou para o lado, então eu pensei que o barco poderia virar. Bear levantou a outra perna para dentro do barco e se endireitou novamente quando ele entrou. Com o espaço limitado, ele se sentou atrás de mim, de costas para seu peito. Seus joelhos espalharam aos lados dos meus quadris. Eu me virei de lado para encará-lo.

Bear estava passando a mão sobre a cabeça, tirando a água em acesso.

Ele também estava nu.

Completamente e totalmente, devastadoramente e lindamente... nu.

Eu queria odiá-lo e eu tinha certeza que eu odiava, mas isso não significava que sua mera presença não me afetava.

Sob a luz da lua suas tatuagens e pele lisa pareciam estar brilhando, brilhando com a mesma luz iridescente refletindo na água. O peito e os braços flexionados pelo seu mergulho. Seus músculos abdominais subiam e desciam enquanto tentava recuperar o fôlego e eu me encontrei encaram onde eles se transformavam em um V, apontando para baixo em seu...

Desviei o olhar para as árvores. — Você ganhou, Bear, o que você está tentando argumentar. Está bem. Eu concordo. Você ganhou. Apenas vá!

— Mentira, — disse ele. — Eu não ganhei. Eu fodi as coisas, Ti. Se isso é ganhar, eu me sinto como um perdedor, então, por favor, me diga o que é que você acha que eu ganhei?

Era exatamente o que eu queria ouvir.

Era besteira pura.

— Você queria me afastar, — eu o lembrei. — Você queria me machucar. Missão cumprida. Agora saia do meu barco.

— Em primeiro lugar, este é o meu barco. Eu o construí com King e Preppy quando eles compraram o lugar, então se alguém vai sair, é você. Em segundo lugar, eu tentei te afastar. Eu admito isso, até mesmo me convenci de que eu queria fazer isso. Eu pensei que seria melhor se você me odiasse. — seus olhos encontraram os meus. — E parte de mim ainda acha que é melhor. Mas nada sobre o olhar em seu rosto parecia que eu estava fazendo a coisa certa. A realidade de você me odiar era nada como eu pensei que seria. — sua voz ficou baixa e suas palavras afundaram ainda mais na barreira que eu tinha tentado manter erguida. — Isso me matou, Ti.

Não dê ouvidos. Ele está mentindo. Não acredite nele.

— Eu conheço o sentimento, — eu disse, as palavras gotejando com a amargura que eu sentia.

Não dê ouvidos. Ele está mentindo. Não acredite nele.

— Aqui eu pensando que você estava sendo um idiota, mas realmente, você apenas não poderia empurrar a mão no seu pau rápido o suficiente? — eu lati. — Faz sentido total. Por favor, por todos os meios, continue, — eu disse sarcasticamente, descansando meu queixo no meu punho fechado e me inclinando em direção a ele para ouvir o resto de suas mentiras ridículas. A brisa soprando pegou meu cabelo sobre meus ombros. Bear alcançou sobre meu ombro e roçou o lado do meu pescoço com as costas de seus dedos. Eu tremi quando ele puxou meu cabelo para trás, arrastando as pontas dos dedos na minha pele enquanto ajustava meu cabelo nas minhas costas. — Você não pode me tocar. — eu fervi, tentando o meu melhor não demonstrar o desejo correndo por mim.

— Eu disse a mim mesmo que eu não posso ter você, mas eu não consigo me livrar de você. Por que você acha? — Bear perguntou, suas palavras um sussurro contra o meu pescoço nu. Seus dedos continuaram a dançar para a parte de trás dos meus braços, apesar do meu protesto.

Uma parte de mim queria virar e esmagar meus lábios nos dele.

Uma parte de mim queria afogá-lo na baía.

Eu estava perdida na sensação quando minha pele se arrepiou com a vida e um músculo dentro de mim apertou. Era uma guerra. Desejo vs Raiva.

A raiva estava perdendo, mas eu não estava pronta para desistir da luta tão facilmente.

Ou assim eu pensei. Eu abri minha boca para argumentar, mas de alguma forma o meu cérebro pensou nas palavras da minha boca e entregou a mensagem, mas eu não estava plenamente consciente do que eu estava dizendo.

A verdade.

— Você não pode me afastar, porque eu te amo, seu babaca, — eu disse. Arrependimento imediato e medo bateram em mim e eu considerei saltar para dentro na água para evitar ver a reação de Bear.

Suas coxas ficaram tensas ao meu redor.

Depois do que pareceu uma eternidade, ele finalmente falou e meu coração começou a quebrar de novo. — Não, você não pode me amar.

— Não? — perguntei, sentindo cada traço de raiva voltando com ferocidade, raiva correndo em direção ao meu pescoço, meu sangue queimando em minhas veias pulsantes. — Não? Você realmente é um idiota, então! Você não consegue me dizer isso. Novidade: eu te amei desde que eu te vi pela primeira vez quando eu era apenas uma criança e eu vou te amar até que eu tenha cem anos de idade e até mesmo depois deles me enterrarem no chão — me virei no assento e Bear mexeu sua perna para afastar os meus joelhos que estavam perigosamente perto de seu pau que eu não pude evitar, mas vi que já estava duro, pulsando. — Você não tem o direito de me dizer que não, o amor não é assim que funciona. A maneira que eu sinto por você é a única coisa na minha vida eu ainda tenho que é completamente minha, e acredite ou não, você não pode tirar isso de mim. — eu peguei os remos e tentei remar de volta à costa, mas Bear fechou as coxas em torno de mim para que eu não pudesse me virar. Ele agarrou os remos de mim e os jogou ao mar, um de cada vez, os lançando como pequenos dardos através da água.

— Que porra é essa!

— Nós não vamos ir a lugar algum, — Bear disse, olhando nos meus olhos. Onde havia irritação antes estava agora só confusão. Dor. Foi quando eu percebi isso.

Ele me disse que eu não poderia amá-lo, não porque ele não queria esse amor.

Mas porque ele não achava que ele era digno.

FODA-SE ISSO. Peguei seu rosto em minhas mãos e o puxei mais perto de mim. — Você entrou na minha vida quando eu não tinha mais nada. — eu disse a ele, colocando tudo o que tinha para fora para ele entendesse. Eu pensei que eu iria me sentir fraca em dizer a verdade, mas não me senti. De qualquer coisa eu me senti mais forte a cada nova confissão, encontrando força na verdade. — Você tem sido tudo para mim. — eu me inclinei para frente e dei um pequeno beijo suave no canto da sua boca, os lábios entreabertos e seu olhar caiu sobre os meus lábios quando eu me afastei. — Você apenas tem que se lembrar de como ser algo para si mesmo.

— Eu não posso, — disse Bear, tão baixinho que eu não tinha certeza se ele realmente falou. — Eu não posso, — repetiu ele. Seus ombros caíram e seu olhar caiu no chão do barco.

— Por quê? Me diga por quê? — perguntei, me levantando do meu assento. Bear estava agora no nível dos olhos com o meu peito.

— Eu estou perdido... — ele admitiu, e meu coração afundou.

— Então eu vou te ajudar a encontrar o seu caminho, — eu disse com nova determinação encontrada, esfregando os dedos sobre sua testa. Bear se inclinou para o meu toque e fechou os olhos, mas não durou muito tempo. De repente, ele se afastou.

— Não é tão fácil. Eu sou um motoqueiro sem clube. Eu sinto que eu não sou nada, porque eu não sei mais quem eu sou. — sua honestidade brutal deveria ter me feito pular de euforia, finalmente, quebrei a casca dura que era Bear, mas a felicidade nunca veio, porque o meu coração estava sofrendo por ele.

Doer rapidamente se transformou raiva.

— O que você quer? — perguntei. Isso saiu um pouco mais duro do que eu pretendia. Ele balançou a cabeça e permaneceu em silêncio. — Me responda, porra!

Seus olhos fixaram nos meus e eu vi o segundo em que ele colocou a parede de volta no lugar. — Eu quero o que todo homem quer, Ti. Uma garrafa de Jack e a porra do meu pau chupado. Você quer isso, baby? Pronta para envolver esses belos lábios de sua volta do meu pau? Ou devo trazer essa outra garota de volta para terminar o trabalho? Ou talvez você queira se juntar a nós? É o mínimo que você pode fazer para compensar a interrupção de antes. — os olhos de Bear brilharam com uma pitada de maldade, mas eu vi suas mentiras espreitando debaixo da superfície, sob a fachada que ele era tão bom em se agarrar quando ele não queria mostrar seus verdadeiros sentimentos.

Eu dei um tapa em seu rosto.

Duro.

Suas mãos cavaram duramente em meus quadris e ele me empurrou em direção a ele, o barco balançou violentamente. — Cuidado, — ele alertou.

— Você pode tentar me distrai, me deixando irritada, mas você não pode, não vai funcionar. Agora não. Então me diga Bear, — eu repeti a pergunta. — O quê. Você. Quer? — eu estava com raiva que o homem bonito na minha frente não podia ver o que eu via nele.

— O que eu quero não é importante, — disse Bear. Ele moveu as mãos em volta de parte inferior das minhas costas e me puxou para mais perto. — Eu não posso ter o que eu quero.

— Por que não?

— Porque o que eu quero não é possível, porra! — ele disse. — Me diga, Ti. Você vai trazer o meu amigo morto de volta? Porque Preppy morreu bem na frente dos meus olhos e eu não pude salvá-lo! Você vai me dar o meu clube? Eu quero que as coisas sejam do jeito que deveriam ser antes de tudo isso ir à merda. Você vai levar os pesadelos para longe? Aqueles onde eu revivo Eli e seus homens me torturando, empurrando um bastão quebrado na minha bunda e empurrando seus paus na minha boca? Porque eu quero tudo isso e mais do que qualquer coisa eu quero... — ele olhou para longe, mas eu não estava disposta a deixá-lo parar por aí. Eu trouxe seu olhar de volta para o meu e segurei lá.

— O que? O que mais você quer? — perguntei, suavemente desta vez. Quando ele não respondeu de imediato, eu estava receosa que eu já tinha perdido ele.

Depois de uma eternidade, ele finalmente falou e quando ele fez suas palavras bateram no meu peito. — Você. — ele finalmente admitiu, sua voz mais forte, mais assertiva do que apenas alguns segundos antes. — Eu tenho sido um homem arruinado por um longo tempo. Eu não posso arruinar você também.

— Você não vai me arruinar, — eu disse. — Você me salvou.

Eu nem sequer percebi o barco começar a tombar até que fosse tarde demais. Eu perdi meu controle sobre Bear e cai na água escura.

Os braços fortes de Bear me levantaram. — Se agarre ao lado, — disse ele, batendo na lateral do barco. Eu não poderia chegar ao chão, mas Bear poderia porque ele segurou o barco e levou em direção à costa nas proximidades. Eu estava tão envolvida com Bear que eu não tinha percebido o quão longe nós tínhamos flutuado. A casa de King e Ray parecia tão pequena do outro lado da baía. Luzes piscaram nas janelas. Parecia um milhão de milhas de distância, e não apenas alguns metros.

De repente eu estava no ar e em segundos eu estava de costas em uma pequena praia enlameada e Bear estava em cima de mim. Seus lábios esmagaram os meus até que eu não podia respirar, sua mão apalpando meu peito, seu pau duro e pronto entre as minhas pernas.

— Baby, eu sinto muito, — disse ele baixando a testa na minha em um raro momento de vulnerabilidade. Sua voz era áspera e instável. — Me ajude. Por favor. Eu não sei o que estou fazendo aqui.

— O que você está tentando fazer? — perguntei. Ele se levantou, apenas o suficiente para me olhar nos olhos.

— Eu estou tentando te amar.

Nós éramos duas almas torturadas. Ambos em mais maneiras do que uma pessoa deve experimentar.

Mas nós nos encontramos um no outro.

Precisávamos um do outro.

Então eu o ajudei.

Me sentei o suficiente para puxá-lo de volta para mim, as conchas na lama cavando minhas costas. A água da baía rodou sobre os meus pés descalços. Bear era um milhão de coisas diferentes, mas éramos semelhantes em muitos aspectos. Ele era apenas um garoto que não tinha ideia do que estava fazendo e eu era apenas uma menina que não tinha ideia do que fazer com todos os sentimentos que eu estavam pulando em torno dentro de mim.

Eu só sabia que eu o queria.

Que eu o amava.

— Me prometa que não importa o que, você não vai desistir de mim. Me prometa, Ti, — Bear disse, seus olhos brotando com água. Limpei o canto dos olhos com o polegar e ele se inclinou para o meu toque.

— Eu não vou desistir de você, — eu prometi e eu quis dizer isso.

Eu nunca iria desistir dele.

Nenhum de nós sabia o que o futuro reservava para nós. Tudo o que sabíamos é que tínhamos hoje. Ali, nós éramos apenas um garoto normal e uma garota normal tentando descobrir como amar um ao outro.

Hoje.

Amanhã nós descobríamos o resto.

Hoje, Bear puxou meu short e calcinha para o lado, afundou seu pau duro dentro de mim e me fodeu freneticamente até que eu não conseguia pensar em nada além dele, o orgasmo que rasgou através do meu corpo, as lágrimas que corriam pelo meu rosto e a exaltação do meu coração pareceu saber que o garoto estúpido que cometeu erros me amava.

E isso era bom o suficiente.

Por hoje.

Porque amanhã nunca veio.

 

 

 

Capítulo vinte e nove

Thia

Brear pressionou o barco de volta na água e usou um galho grosso para nos remar de volta para o outro lado da baía. — Eu realmente sinto muito, — Bear disse novamente quando estávamos do outro lado.

— Eu realmente amo você, — eu disse, e eu quis dizer isso.

— Você sabe que você é a única pessoa na minha vida que já me disse isso? — perguntou Bear.

— O que está acontecendo? — perguntei, notando uma comoção acontecendo no paredão, que Bear estava de costas enquanto ele remava.

— Eu não sei. Isto é tudo novo para mim também, — disse Bear, alheio ao que eu estava me referindo.

— Não, vire-se, — eu disse e Bear olhou para onde uma mulher vestindo um terninho todo branco estava no paredão. Seu cabelo escuro estava preso em um coque e seu batom vermelho era tão brilhante que eu poderia vê-lo mesmo nas luzes ofuscantes da doca. Ao lado dela estavam três policiais com suas armas levantadas, mirando no nosso barco.

Bear se virou e, logo que viu na direção onde estávamos indo, ele tentou virar sutilmente o barco, mas já era tarde demais, nós batemos na corrente e fomos empurrados rapidamente para o paredão. — Sinto muito, — disse a mulher, — Eu sei que isso não era suposto ser até amanhã, mas eu não poderia mantê-los fora. Tentei ligar para o seu celular.

— Bear, o que ela está falando? — perguntei. — O que está acontecendo?

— Porra! — Bear amaldiçoou, deixando cair o remo inútil na água.

— Cynthia Anne Andrews? — um dos policiais perguntou.

— Por que eles estão chamando meu nome? — perguntei à Bear que olhou para o chão do barco e depois de volta para mim.

— Não esqueça sua promessa, Ti. Não desista de mim, — ele disse quando o barco bateu no paredão. Um dos policiais me agarrou e eu gritei.

— Não toque nela! — ele advertiu, se levantando do barco. O oficial recuou, mas ergueu a arma novamente. — Ti, você tem que ir com eles.

— O quê? — perguntei. Meu coração batendo rapidamente contra o meu peito. Ray e King tinham saído da casa e estavam a vários metros atrás da mulher e os policiais assistindo a cena se desenrolar.

— Thia, eu sou Bethany, sua advogada, e ele está certo, você tem que vir comigo.

— Eu pensei que era apenas um encontro? Eu pensei que era amanhã? — eu perguntei quando a compreensão do que estava acontecendo se afundou.

— Sinto muito, — disse ela e eu acreditei nela. Bear se abaixou para me levar para o paredão e eu dei de ombros.

Eu estava indo para a prisão.

E Bear sabia.

É por isso que ele tentou me empurrar para longe. Ele sabia que eles estavam vindo para mim e queria cortar o que é que nós tivemos antes dele fazerem.

Antes de eu ter ido.

— Não, não me toque, — argumentei, mas Bear não deu ouvidos.

Ele me agarrou pela parte de trás das minhas pernas. — Se lembre da sua promessa, — ele sussurrou de novo, me içando em direção aos policiais aguardando. Bethany jogou a Bear a sua calça jeans e ele deu um passo para elas antes de subir para o paredão, o pequeno barco ondulando para longe dele e sem ser amarrado, ele foi rapidamente lançado para dentro dos mangues pela corrente.

Baixei a cabeça e estendi as mãos atrás das costas, à espera de ser algemada. Bethany veio ao meu lado e deu ao meu ombro um pequeno aperto reconfortante. Não funcionou.

— Você está presa pelo assassinato de Wayne e Trinity Andrews, qualquer coisa que você dizer... — um dos oficiais começou e quando eu olhei para cima, notei que suas atenções não estavam em mim. E nem as suas armas.

Eles estavam em Bear.

— Não! — eu gritei, correndo, mas Bethany me pegou pela camisa e me puxou de volta. Eles algemaram Bear e guardaram suas armas. Eles o empurraram para frente, através da grama até um dos carros patrulha aguardando que estavam estacionados junto à casa, as luzes pintando tudo em toques de azul e vermelho.

— King! — eu gritei, mas ele olhou para mim com um aviso de que era melhor eu manter a minha boca fechada. Eu soltei do aperto de Bethany e corri para frente. Bear pulou, se esquivando dos oficiais tempo suficiente para girar de volta para mim. Me lancei para ele, passando os braços em volta do pescoço e minhas pernas ao redor da cintura dele e eu o beijei furiosamente até que um dos policiais me afastou, nossos lábios a última da nossa ligação a ser cortada.

— Você não tem que fazer isso. Por favor. Por favor, não faça isso, — eu implorei a ele, ainda não compreendendo totalmente o que exatamente estava acontecendo. Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto os oficiais me tiravam de King, que desenrolou os braços em volta dos meus ombros. Ray veio para ficar ao meu lado, e Bethany ao lado dela.

Os oficiais vigorosamente empurraram Bear para frente, empurrando o lado de seu rosto contra o carro da polícia onde lhe deram um tapinha nas costas. Antes de jogá-lo na parte de trás do carro, ele olhou para mim.

— Eu te amo, — ele murmurou e com o eco da batida da porta fechando Bear para longe de mim, da minha vida, eu jurei que também ouvi o som do meu coração quebrar.


Capítulo trinta

BEAR

Eu dei socos no rosto de Corps até que era uma bagunça mutilada de pele e sangue e meu macacão laranja estava salpicado de vermelho.

Assim que eu soube que Corps estava na cidade, eu sabia que ele estaria vindo para mim. Pena que eles enviaram um fodido para fazer o trabalho de um homem.

Duas semanas que eu fiquei esperando e observando até que ele finalmente fez o seu movimento, mas eu estava pronto.

A julgar pelos destroços que costumavam ser seu rosto eu posso honestamente dizer que ele não estava.

— McAdams, você tem um visitante, — retrucou o guarda. Corps gemeu e eu dei um último soco ao lado de sua mandíbula, o nocauteando. Me levantei quando o guarda abriu minha cela.

— Eu vejo que a sua visita correu bem, — disse o guarda desinteressado, pegando seu telefone quando ele me levou ao visitante na área de espera. Ele era o idiota que o colocou lá, para começar, totalmente compreendendo que foi o que Corps planejava fazer.

— Sim. Ele era uma péssima companhia. Não fala muito. Geme e suspira demais. Eu acho que ele pode estar doente. Dor de cabeça, — eu brinquei enquanto o guarda olhou de seu telefone tempo suficiente para revirar os olhos e abrir a porta que separava o bloco de celas do corredor que levava para a área de visitação. — Minha advogada veio mais cedo. Quem está aqui? — perguntei.

— Alguma garota, — disse o guarda, abrindo outra porta. Eu parei.

— Me leve de volta, — eu disse. Eu disse a King para não deixar Ti vir. Por mais que eu queria vê-la, eu não queria que ela me visse aqui e sua vinda para uma visita não iria funcionar com a confissão que eu tinha assinado.

— Não é possível, você tem um visitante. Ela mostrou a identidade. Ela assinou. Você vai. Você tem cinco minutos, — disse o oficial, abrindo a pequena sala que parecia uma cafeteria. Eu fiz a varredura nas mesas, que estavam quase vazias. Só me levei segundos para perceber que Ti não estava entre os visitantes. Havia apenas uma mesa onde uma mulher solitária estava sentada à espera, olhando para as mãos.

— Ela? — perguntei ao guarda.

— Sim, — disse ele, fechando a porta atrás de mim.

Eu fiz meu caminho até ela e estava prestes a dizer que ela pediu para ver o prisioneiro errado, mas quando ela olhou para mim, todo o ar em meus pulmões saiu.

— Abel? — ela perguntou, olhando por trás da franja prata com listras marrons.

Minha cabeça girou e eu pisquei para me certificar de que o que eu estava vendo não era uma alucinação.

— Mamãe?


TREXO DE Soulless

Thia

Havia algemas em meus pulsos. Meus braços esticaram acima da minha cabeça em um tubo que corria pelo teto. Eu não conseguia mais me segurar e os meus músculos cederam com um POP quando minhas articulações dolorosamente deslocaram. Meu queixo caiu para meu peito. Uma ampla fita cobriu minha boca, envolvida em torno da parte de trás da minha cabeça, puxando meu cabelo cada vez que eu virava minha cabeça. Com uma narina entupida eu me senti tonta, mal capaz de obter oxigênio suficiente através da outra.

Minha visão desfocou enquanto tentava me concentrar no meu entorno. Cinza. Concreto. Um teto coberto com tubulações e fios. Nada nas paredes nuas. Uma gaiola de metal estava no canto mais distante. No centro da pequena sala estava uma lona azul. Perto da lona estava uma caixa de ferramentas vermelha com um conjunto de furadeira elétrica amarela no topo. Era tudo tão limpo.

Estéril.

Isso é quando o pânico apareceu e meus olhos se arregalaram quando a realização do plano de Gus para mim. Eu puxei as algemas acima da minha cabeça com uma nova força que eu não tinha segundos antes. Minhas pernas se agitaram ao redor inutilmente no ar enquanto eu lutava contra as minhas restrições.

A porta se abriu e Gus entrou. Quando eu o conheci pela primeira vez no parque, ele tinha protegido Bear e eu. Eu até achei ele fofo com aquelas bochechas gorduchas.

Não foi esse Gus que entrou. Este Gus olhou para mim, pendurada no teto, como se eu fosse um bife e ele era um leão com fome que não tinha comido em meses.

— Eu realmente gostaria que fosse eu que pudesse ter toda a diversão com você hoje, mas olha só, tenho que ligar para Bear. Eu tenho que deixá-lo saber que sua namorada foi raptada pelo MC. Eu tenho que continuar fazendo o papel de soldado leal, portanto, infelizmente para mim, eu tive que chamar um substituto. — ele andou até mim e eu me preparei para o que fosse que ele estava prestes a fazer. Meu coração correndo no meu peito.

A fita que está sendo puxada doía, mas saiu depressa e eu finalmente fui capaz de tomar respirações profundas. Engolindo em seco para o ar como se eu tivesse estado me afogando. — Por que fazer isso? — perguntei, depois de finalmente ser capaz de recuperar o fôlego. — Eu, Bear, o MC? Por quê?

— Eu não perguntei por quê. Eu faço o que me mandam. Perguntar por que não é o meu trabalho.

— Então, qual é o seu trabalho? Quem te contratou?

Gus cobriu minha boca com a mão e pressionou sua testa na minha. Meu estômago revirou. — Isso não importa. O que importa agora é o que está prestes a acontecer com você. Meu conselho? Renda-se a dor. Aproveite. O corpo humano é uma máquina fascinante e, embora eu não consiga fazer isso sozinho, eu vou assistir ao vídeo mais tarde e eu tenho certeza que assisti essa máquina desmoronar vai ser nada menos que espetacular. — ele soltou a minha boca e colocou a fita de volta no lugar. — Embora eu tenha certeza que Bear não vai gostar tanto como eu gosto. Ele não aprecia a beleza nisso como eu.

Ele mostrou a língua gorda e lambeu meu rosto do meu queixo para o meu olho e meu estômago revirou novamente.

Gus recuou e deu um último olhar de cobiça em mim. — Que pena. — antes que ele saísse, ele ajustou uma câmera ao lado da porta que eu não tinha notado. Uma luz vermelha apareceu. — Talvez eu vá ficar. Apenas para a primeira parte, — disse Gus, abrindo a porta. — Estamos prontos, — ele gritou e um homem loiro apareceu, fechando a porta atrás de si. Ele estava sem camisa, era alto e muscular, tatuagens cobriam seus braços e peito.

Havia uma chave de fenda em suas mãos que ele bateu na sua palma uma e outra vez enquanto ele me olhava decima e abaixo.

Gus era mal.

Esse cara, com sua clássica boa aparência, era o fodido diabo.

Seus olhos eram negros e brilhantes como um demônio em um filme e eu percebi que não havia como sair dessa. Meu destino tinha sido selado. Com cada passo que o diabo dava em minha direção, o medo que senti aumentou mais e mais até que eu esperava morrer de um ataque cardíaco antes que esse lunático pudesse dar cabo a quaisquer planos de doentes que ele tinha para mim.

O diabo colocou a chave de fenda encima da caixa de ferramentas e puxou seu cabelo na altura dos ombros em cima de sua cabeça com um elástico. Ele inclinou a cabeça de lado a lado, fazendo um estalo enjoativo. Ele fez o mesmo com os nós dos dedos.

Então ele veio para mim.

Enquanto Gus olhava para mim como se ele estivesse cobiçando meu sangue, o diabo loiro parecia natural. Em seu elemento.

Possuído.

Ele estendeu a mão e desabotoou uma das algemas, me pegando antes que eu caísse no chão de concreto. Meus braços ainda estavam levantados acima da minha cabeça quando eles se tornaram completamente inúteis e desconexos. — Nãooooooo! — tentei gritar por trás da fita, lágrimas correndo dos meus olhos. Ele me levou para a lona e me deitou em cima dela, amarrando meus tornozelos juntos com a fita.

— Você pode tirar a fita dela. Ela quer ter certeza de que seus gritos apareçam no vídeo, — disse Gus. — Comece com os dentes, eles são os mais dolorosos.

— Por que você ainda está aqui? — perguntou o diabo. Eu estava tremendo tanto que eu podia ouvir meu queixo chocalhar atrás da fita.

— Só queria ver o começo divertido.

— Eu não gosto de público, — disse ele com firmeza.

— Vamos lá cara, apenas um dente, então eu vou embora.

— Faça você então, — disse o diabo, de pé quando ele atirou a Gus a chave de fenda. O rosto de Gus se iluminou e ele praticamente correu para mim, se agachando pela caixa de ferramentas e levantando uma engenhoca de metal.

— Apenas um. E então eu tenho que ir, — disse Gus, rasgando a fita da minha boca. Ele pressionou o céu da minha boca para me forçar a obedecer.

Não era a primeira vez que ele fez isso.

O diabo loiro deu um passo atrás e olhou para nós com um olhar irritado em seu rosto. Ele estava chateado que Gus estava tomando seu trabalho longe dele. — Eu tenho merda para fazer, então se apresse.

— Eu adoraria tomar meu tempo, pequena. Mas isso vai ter que servir. — ele empurrou a chave na minha boca e apertou em um dos meus molares. Ele não arrancou rapidamente, ele começou a puxar devagar, construindo a dor, fazendo cada nervo queimar, prolongando a dor quando ele puxou mais duro e mais duro até que eu senti como se toda a minha mandíbula estivesse sendo arrancada do meu crânio. Eu gritei tão alto que meu peito doeu. Cobre quente inundou minha boca.

Gus se sentou, o peito arfando para cima e para baixo. Meu molar ensanguentado entre as pinças de sua chave. — Isso foi fantástico, porra.

— Ótimo. Agora dê o fora ou eu vou embora.

— Tudo bem, — disse Gus, se levantando e colocando a chave na lona. — Apenas se certifique de que ela grite, ela foi inflexível sobre isso. — o diabo acenou com a cabeça e se ajoelhou ao meu lado novamente, escolhendo através da caixa de ferramentas. Eu comecei a engasgar enquanto o sangue escorria pela minha garganta. Ele empurrou minha cabeça para o lado para que o sangue pudesse correr para fora da minha boca, à barra extensora na minha boca dolorosamente rasgando a carne.

Como alguém tão bonito poderia ser tão mal? Eu refleti para mim mesma. E então me lembrei de algo que Bear tinha dito.

Ele se parece com a luz do sol. Cabelo loiro e olhos azuis. O tipo que você veria na TV como qualquer adolescente nos dias de hoje. Mas esse garoto tem o diabo nele. Só dá valor à vida da sua esposa, Abby, e agora ao seu filho. Jake é a única pessoa no mundo que me assusta pra caralho. Você sabe, além de você.

Era a minha única chance. — Jake, — eu disse. Mas eu estava cansada, muito cansada, e com a barra extensora na minha boca soou como. — Gggggggech.

Ele me ignorou e continuou vasculhando sua caixa de ferramentas e é aí que eu percebi que tudo estava acabado.

Eu ia morrer.

Eu te amo, Bear.

Eu nasci um Bastard.
Um soldado no exército sem lei dos Beach Bastards Motorcycle Club. Preparado para um dia tomar o martelo do meu velho.
Dever vem antes da minha consciência, antes da família, antes de tudo.
Eu não escolhi essa vida, ela me escolheu, e vivê-la veio com conhecimento e com a aceitação de que todas as manhãs em que eu me levantava para dar uma mijada, poderia ser o meu último dia na terra.
Ou, dependendo das minhas ordens... o último dia para alguém.
Sendo um motoqueiro, um Bastard, não estava só no meu sangue. Eu não apenas vivi isso.
Eu respirei.
Eu bebi.
Porra, eu adorei.
Era tudo.
Até que não era mais.
Eu não me lembro do momento exato em que isso aconteceu, talvez depois da minha primeira morte, talvez no dia em que recebi meu patch, mas aconteceu. Óleo do motor, o couro, a violência e uma propensão de acabar com inimigos do clube, substituiu o sangue em minhas veias.
Me tornei mais motoqueiro do que homem.
E eu estava orgulhoso.
Eu nunca pensei nisso como um problema, mas eu também nunca pensei que chegaria um dia em que eu não seria um Beach Bastard mais.
Mas veio.
E eu não era.
No dia em que desisti do meu colete e saí pela porta do MC, eu virei minha própria ampulheta e coloquei em movimento a expiração na minha vida.
Uma vez um Bastard, você sempre vai ser um Bastard.
Ou você está morto.
Tinham vindo para mim. Mas a coisa mais fodida foi que não era o pensamento dos meus irmãos que tentaram acabar comigo que me incomodou mais, foi à incerteza.
Eu sabia tudo sobre ser um motoqueiro.
Eu não sabia nada sobre ser um homem.
Fui torturado e estive à beira da morte, violado para o divertimento dos meus captores. Passando por tudo isso eu nunca tinha perdido essa vantagem que me manteve vivo. Essa luta. Essa coisa dentro que faz o seu coração bater tão rápido que parece que vai passar através do seu peito e te dizer que não importa a situação, você não só vai sair dessa, mas que você vai queimar cada filho da puta vivo que tentou acabar com você.
Fui espancado, mas eu nunca tinha sido quebrado.
Até Thia...

 


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Capítulo um

Thia

Dez anos de idade...

Eu não sei onde tudo deu errado.

Eu nunca entendi esse ditado. Porque olhando para trás em minha vida eu posso identificar o dia exato, a hora exata, quando tudo mudou e tomou um rumo que ninguém poderia ter previsto.

Especialmente eu.

Três semanas antes do meu décimo primeiro aniversário, eu tinha acabado de montar a minha pequena bicicleta vermelha para a Stop-n-Go1 a três milhas. Meu pai queria que eu levasse uma caixa de laranjas então eu amarrei em um skate e prendi uma corda que tinha encontrado no barco velho do meu pai nas rodas dianteiras da minha bicicleta. — Você vai ver o contador, Cindy? — perguntou Emma May, balançando os quadris de um lado para o outro, dançando seu caminho até a porta, segurando a bolsinha quadrado em sua mão. — Eu só vou dar um pulinho no salão de beleza. Ninguém provavelmente nem vai entrar, — ela acrescentou, se inclinando sobre o balcão, ela abriu a caixa registradora antiga usando uma série de botões e uma batida de seu punho em um ponto na parte inferior. Ela tirou algum dinheiro e sorriu para mim, empurrando através da porta de vidro que soou quando ela abriu e novamente quando ela se fechou.

Emma May estava certa. Ela me pediu para cuidar da loja antes e ninguém nunca tinha entrado.

Até aquele dia.

Não é como se eu estivesse ansiosa para chegar em casa. Mamãe tinha começado a agir estranho. Limpar o chão por horas até que a madeira perdesse seu brilho. Falando sozinha na cozinha. Sempre que eu perguntava a ela sobre isso, ela agia como ela não soubesse o que eu estava falando. Papai me disse que tudo ficaria bem e para ficar apenas fora do caminho dela e dar a ela algum espaço.

Eu fiz o que ele disse e fiquei longe, tanto quanto possível, na maioria das vezes não chegando em casa até logo após o pôr do sol.

Cuidar da loja era uma razão boa quanto qualquer outra para prolongar a ida para casa.

Depois de uma hora fiquei inquieta. Arrumei a parede de cigarros por detrás da caixa registradora, virei os cachorros quentes sobre os espetos que não funcionam, e tentei ler uma revista, mas eu não entendia o que ‘Dezessete Posições Para Fazer Ele se Contorcer’ significava.

Se alguém estava se contorcendo por que eles não apenas iam ver um médico? Ou um dentista? É lá que eu fui quando eu tive uma dor de dente.

Eu tinha desistido de revistas e estava recostada em um velho banquinho de bar que rangia toda vez que eu girava sobre ela. Com meus pés em cima do balcão, eu virei o canal na TV pequena e preto e branco que estava apoiada em uma lista telefônica no canto do balcão. Os dois únicos canais que pegavam era algum ocidental e o canal do tempo. Ambas as imagens estavam borradas e o único som que saia dos alto-falantes era um ruído de estática. Tentei virar a coisa toda fora, mas nada estava funcionando, se eu consegui fazer alguma coisa foi aumentar o volume. Se tornou tão alto que eu não ouvi as motos parando no estacionamento ou os sinos de porta contra o vidro tinirem.

Eu puxei o plugue da tomada. Eu ainda estava segurando o cabo quando eu olhei nos olhos de um estranho de cabelos escuros.

E sua arma.

— Tudo o que você tem, — ele ordenou, apontando com a arma para a caixa registradora. Ele estava balançando de um lado para o outro e seus olhos estavam bordados em vermelho.

— Eu não sei como... — eu comecei, mas o homem interrompeu.

— Apenas faça isso, porra! — ele ordenou, clicando a arma, ele pulou, então seu peito estava descansando no balcão e a arma estava apenas a alguns centímetros do lado da minha cabeça. Eu saí do banco e fui para a caixa registradora, me sentei em meus joelhos e tentei a combinação complicada de botões que Emma tinha usado quando ela abriu.

Nada.

— Vamos! Rápido, menina! — o homem gritou, ficando impaciente.

— Eu estou tentando, talvez eu esteja batendo no lugar errado. — eu tentei novamente, desta vez batendo mais na parte inferior do que no topo. O homem veio para o meu lado. Ele cheirava como quando meu irmão bebê ficou doente no banco de trás do caminhão em nosso caminho para Savannah.

— Escuta aqui sua puta, — disse ele, levantando a arma no ar, como se ele fosse me bater com ela. Eu pulei para fora do banco e me prendi debaixo do balcão.

Os sinos das portas dianteiras anunciou que a porta se abriu e uma voz ecoou pela sala, sacudindo a vitrine cheia com frascos de vidro de beef jerky2 caseiro. — Que porra você está fazendo? — perguntou a voz. O homem com a arma congelou com a mão ainda no ar.

— Eu estou recebendo o pagamento, filho da puta, — o homem disse.

Um braço colorido veio em frente ao balcão e agarrou o homem pelo pescoço, o puxando sobre o balcão como se ele não pesasse mais que um besouro. Houve uma comoção e novamente os sinos anunciaram a abertura e fechamento da porta.

Passaram-se mais alguns minutos antes de eu sair do meu esconderijo debaixo do balcão, rastejando de volta para a banqueta onde eu me inclinei apenas quando as portas se abriram. Entrou um homem loiro vestindo o mesmo tipo de colete de couro como o homem com a arma, só que ele não estava usando uma camisa por baixo. Ele tinha músculos que você só poderia ter visto sob sua pele como os lutadores na TV, só que não do tipo enorme. Sua pele estava decorada com tatuagens, uma grande no ombro e descendo pelo braço. As mesmas tatuagens coloridas no braço que tinham afastado o cara com a arma.

Seus olhos brilhantes eram do mesmo tom que a piscina nova de Maxwell. Um azul profundo brilhante. Seu cabelo loiro areia estava penteado para trás na parte superior e raspado nas laterais. Moicano eu acho que eles chamavam isso nos filmes. — Você é a única aqui? — ele perguntou, examinando o lugar, olhando para todos os três pequenos corredores.

Eu balancei a cabeça.

— Você é a única que Skid... — ele não terminou a frase. Se inclinando para frente, ele apoiou as mãos no balcão e respirou fundo. Suas tatuagens coloridas estendiam para os topos de suas mãos e dedos. Ele usava três grandes anéis de prata em cada uma de suas mãos. Ele tinha barba e até aquele momento, quando alguém falou sobre barbas, eu sempre imaginei um cabelo branco longo crescendo nos queixos de caras velhos e feios usando longas túnicas e enormes chapéus pontudos. A barba desse homem era um pouco mais escura do que o seu cabelo e com apenas uns dois centímetros.

Ele não era velho.

Ou feio.

— Você tem um cabelo legal, — eu disse. Ele era todo legal. Mais do que legal, ele era...

Bonito? Poderia um cara ser bonito?

Não, ele não era bonito.

Ele era lindo.

— Obrigado, querida, — disse ele, se inclinando sobre o balcão. Ele cheirava como o caminhão do meu pai quando ele estava mudando o óleo e o sabão lilás da Sra. Kitchener feita de raiz todo verão. — Seu cabelo é muito legal também. — foi à primeira vez na minha vida eu acho que corei. Minhas bochechas ficaram quentes e quando o homem percebeu, ele sorriu ainda mais e se inclinou mais perto.

— Por que você está aqui sozinha? Eles não respeitam as leis de trabalho infantil em Jessep?

— Eu não sei o que é, mas ninguém realmente vem aqui muito desde que abriu a nova estrada. Eu só estava tomando conta da loja enquanto Emma May foi para o salão de beleza. Ela disse que estaria de volta, mas se eles irão deixar Emma May linda, eu acho que ela vai demorar um tempo.

O homem riu e se inclinou sobre os cotovelos. — Ouça, menina doce. Sinto muito por meu amigo. — ele me deu um pequeno sorriso. — Ele está muito cansado por uma longa viagem e estava sendo realmente estúpido.

— Parecia mais bêbado para mim. Talvez ressaca, mas você deve dizer a ele para não beber e dirigir.

— De onde você vem? — ele pareceu divertido. Eu queria fazer o que fosse necessário para manter esse olhar em seu rosto. — Sim, passeios longos podem fazer isso com as pessoas. Mas você está bem? Ele não te machucou, não é?

Eu balancei minha cabeça. — Não, eu estou bem e você não precisa se preocupar. Eu estava chegando para a espingarda de Emma May apenas quando você entrou. — eu levantei a arma de seus ganchos sob o balcão para que ele pudesse vê-la e bombeei do eixo. O homem deu uma olhada para a arma e se curvou em um ataque de riso. Eu a coloquei novamente sob o balcão. — O que é tão engraçado? — perguntei.

— Oh cara, eu mal posso esperar para contar a Skid que ele quase foi condenado à morte por uma menina. — seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele continuava a rir, profundo e alto.

— Eu não sou uma menina. — eu argumentei. — Eu vou fazer onze no próximo mês. Quantos anos você tem?

— Eu tenho vinte e um. — ele sorriu ainda mais e de repente eu já não estava irritada sobre ele me chamando de menina. Se ele continuasse sorrindo para mim assim, ele poderia me chamar do que quisesse.

— Qual é o seu nome, querida? — ele perguntou.

— Eu sou Thia Andrews, — eu disse com orgulho, estendendo minha mão para ele como meu pai tinha me ensinado a fazer quando se apresentava.

— Thia? — ele perguntou, me dando o mesmo olhar estranho que a maioria das pessoas davam quando ouviam meu nome pela primeira vez.

— Abreviação para Cynthia, mas não como Cindy. Há doze meninas da minha turma e três delas são Cindy, então eu estou feliz que eu sou um Thia e não uma Cindy. — eu estiquei a minha língua e imitei degolar minha garganta com meu dedo. Eu odiava o nome Cindy, embora quando meu pai propôs Thia como uma alternativa, minha mãe se recusou a usar o novo apelido e tinha começado a me chamar de Cindy. — Qual o seu nome?

Ele pegou minha mão na sua. — Eles me chamam de Bear, querida. — sua pele era quente, exceto pelo metal frio de seus anéis. Eu parecia tão pequena e pálida em comparação com Bear, minha mão parecia mãos de boneca. — Eu tenho um amigo que aperta as mãos como uma criança também.

— Papai diz que é educado.

— Seu pai está certo.

— Seu amigo que aperta as mãos, ele é legal como você? — perguntei.

— Eu não diria exatamente que eu sou legal. Mas o meu amigo? Ele é... vamos apenas dizer, ele é diferente, — Bear disse com uma risada.

— Diferente é bom. Meus professores dizem que eu sou diferente porque tenho cabelo rosa, embora eles também dizem que eu tenho um problema de falar demais, — disse eu, com todo o conhecimento prolífico de uma criança de dez anos de idade.

— Às vezes diferente é bom de verdade, garota, — Bear concordou.

— Seu nome verdadeiro é Bear? — perguntei. — O seu sobrenome é Grizzly3 ou algo assim?

— Não, — disse ele. — Bear é apenas um apelido que meu clube me deu. Todos os membros tem apelidos, exceto os que tem nomes de ruas.

— Você está em um clube? — perguntei com entusiasmo. — Isso é tão legal! Se o seu nome real não é Bear, então qual é?

— Você pode guardar um segredo? — ele sussurrou, olhando em volta para se certificar de que ninguém estava ouvindo. — Eu não disse a ninguém o meu nome em anos. Até o meu velho me chama de Bear. Mas o meu verdadeiro nome? É Abel. E agora você é uma das poucas pessoas que sabem disso.

Abel.

— Isso é realmente um grande nome. — embora Bear combinasse muito. Ele era mais alto do que o meu pai e ele tinha um monte de músculos e suas mãos eram enormes como patas de urso.

Ele enfiou a mão no bolso de trás e tirou um clipe com notas dobradas. Mais dinheiro do que eu já tinha visto.

Mais do que o que estava no meu cofre do Buzz Lightyear no meu quarto em casa.

Mais do que o que estava na caixa registradora de Emma May.

Bear tirou três das notas e as colocou no balcão. — O que é isso? — perguntei, olhando para sua mão que estava cobrindo parcialmente o dinheiro quando ele a deslizou para mim e soltou.

— Isso, é três centenas de dólares.

— O que você quer comprar? Eu posso correr para o lugar de cabelo e trazer Emma porque esta máquina registra-

— Eu não vou comprar nada. É para você. Por sua ajuda hoje. Por não-

— Trezentos dólares para não chamar o xerife? — eu perguntei, entendendo o que ele estava oferecendo.

Três centenas de dólares para uma criança de dez anos de idade poderia muito bem ter sido um milhão.

— Considere isso como um agradecimento por não atirar nele, — Bear corrigiu.

— Está bem. Emma May teria ficado louca sobre o sangue de qualquer maneira. — Emma May odiava uma bagunça.

Bear riu de novo e eu sorri. — Você é engraçada, garota. Você sabe disso?

— Eu sou? — eu tinha sido chamada de louca, estranha, faladora, mas nunca engraçada. Eu decidi que eu gostava de ser chamada de engraçada.

— Sim, — disse ele empurrando o dinheiro mais perto de mim. Ele olhou para cima e ao redor do balcão. — Não há câmeras aqui?

— Eu nunca vi uma, mas Emma é mão de vaca, é o que diz mamãe porque ela usou flores falsas em seu casamento, então talvez ela não comprou câmeras. — eu soltei, ansiosa para dizer qualquer coisa para provocar outro sorriso de Bear.

— Certifique-se de manter esse dinheiro seguro. Esconda-o em algum lugar. Não conte a ninguém. É um segredo entre você e eu, — disse ele com uma piscadela. Tentei piscar de volta, mas só consegui piscar ambos os meus olhos para ele como o gênio nas antigas reprises de I Dream of Genie. Bear estendeu a mão e empurrou alguns dos meus cabelos dispersos loucos da minha cara, o colocando de volta atrás da minha orelha. Seus dedos eram ásperos, mas suaves, e quando ele retirou a mão, eu queria que meu cabelo caísse de volta para que ele pudesse fazer isso novamente.

— Eu não quero seu dinheiro, — eu soltei. Eu tinha ido para a loja do dólar na semana passada com a minha mesada de três dólares e não pude encontrar uma única coisa que eu realmente queria. Trezentos dólares de coisas eram muito mais do que eu poderia querer.

— Bem, no meu mundo quando alguém faz um favor, nós retribuímos esse favor, — disse Bear, apoiando o queixo na mão. Meus olhos dispararam para o anel em seu dedo médio, um crânio com uma pedra brilhante no centro do olho. Bear olhou para baixo, seguindo o meu olhar. — Você gosta disso? — ele perguntou, pegando o anel de seu dedo.

— Sim, eu nunca vi nada como isso.

Bear o segurou entre dois dedos e olhou para ele como se ele estivesse vendo pela primeira vez. Ele ficou quieto e franziu a testa como se estivesse pensando em alguma coisa da mesma maneira que eu fazia com a minha lição de matemática. — Eu tenho uma ideia, — disse ele, colocando o anel no balcão. — Este anel? É uma promessa. Em meu clube quando damos isto a alguém representa uma promessa.

— Uma promessa para o quê? — eu perguntei, olhando para o anel, espantada como se estivesse pairando no ar.

— Um favor, tudo o que você precisa. Isso significa que eu devo a você.

— Eu?

— Sim, — disse ele, enfiando as notas de volta no bolso. Ele deslizou o anel em meu polegar, era tão grande que eu tive que fechar os dedos em torno dele para mantê-lo no lugar.

— Uau. Legal! — eu olhei em seus olhos e sorri. — Obrigada. Eu vou mantê-lo seguro e eu prometo que eu não vou usá-lo a menos que seja super importante.

— Eu sei que você não vai, — disse Bear. Uma garganta limpou e nós dois olhamos na direção do som. De pé ao lado da porta aberta estava outro homem que usava o mesmo tipo de colete.

— Temos que ir, cara. Chop ligou. Temos que estar de volta ao MC em vinte minutos.

— Tenho que ir, querida, se certifique de manter isso seguro, está bem? — Bear bateu com o dedo sobre o meu punho fechado.

— Eu não vou dizer a ninguém. Eu juro, — eu disse, fazendo uma cruz sobre o peito, algo que você só fazer quando você é muito sério sobre a promessa que você estava fazendo e eu queria que Bear soubesse como eu estava séria sobre como ficar quieta.

Com uma piscadela e o sino tintilando na porta, ele se foi.

Eu vi quando ele deu um tapa na parte de trás da cabeça do homem de cabelos escuros que tentou roubar a loja. Eles trocaram algumas palavras raivosas antes de colocar os capacetes e voltarem para a estrada. O terceiro homem seguindo de perto.

Nem trinta segundos após o último motoqueiro ter saído, Emma May passeou pela porta. — Qualquer coisa emocionante aconteceu enquanto estive fora? — ela gritou, se dirigindo para a sala de trás.

Eu coloquei o anel no bolso de trás da minha bermuda. Então eu cruzei meus dedos atrás das costas.

— Não senhora. Nada.

 

 

 

BEAR

A luz do sol do meio-dia era ofuscante. Skid não era o único com ressaca. Tínhamos festejado em Coral Pines com algumas garotas de férias da primavera até o sol aparecer esta manhã. Skid ainda não tinha aprendido o valor de colírios e café forte.

O filho da puta tem sorte que eu não acabei com ele ali mesmo no estacionamento do fodido posto de gasolina.

— Você está louco em levantar uma arma em um posto de gasolina? Especialmente em um perto do clube. Eu não sei o que te disseram quando você ganhou seu patch, irmão, mas nós não somos um bando de delinquentes juvenis do caralho. Não montamos e apontamos armas em postos de gasolina ou fazemos qualquer outra coisa que corre o risco de merda bater em nós. Temos grande merda acontecendo agora e coisas como estar poderia mandar todos para a cadeia. E quem diabos aponta uma arma para uma fodida criança do caralho? Eu deveria atirar em você para te ensinar uma lição. Onde está o seu cérebro, cara? — eu bati na cabeça de Skid e seus óculos de sol foram para o chão. — Prospecto4, — eu gritei para Gus. — Por que não podemos fazer nada estúpido agora? Por que não apontamos armas para meninas?

— Uma merda grande está acontecendo. Temos que nos manter fora do radar, — Gus respondeu sem rodeios. — E porque isso é apenas uma parada fodida no geral.

— Cara, — Skid disse, esfregando os olhos. — Eu ainda estou bêbado de ontem à noite ou hoje pela manhã ou sempre. Sinto muito, foi estúpido. Só não diga isso para Chop, ok? — ele se abaixou para pegar seus óculos escuros e eu pensei seriamente sobre chutá-lo na cabeça. Mas então me acalmei um pouco quando eu pensei sobre toda a merda estúpida que eu tinha feito quando eu recebi meu patch, merda que deixaria meu velho puto se ele soubesse.

— Foi só uma vez e apenas uma vez. Isso é tudo o que você tem. Sua única passagem. Faça merda como essa de novo e você vai lidar com Chop sozinho e eu não vou estar lá para te salvar. — eu montei minha moto.

— O que foi aquela conversa sobre o anel? — perguntou Gus. — Essa é a primeira vez que ouvi sobre isso. Eu perdi alguma coisa que eu deveria saber? Eu deveria dar um anel também? Porque eu não tenho um tão bom quanto o de um crânio que você deu a ela. — Gus estava sempre ansioso para aprender e a possibilidade de que ele pudesse ter perdido alguma coisa o fazia parecer inquieto.

— Nada, cara, isso tudo foi besteira. Um anel em troca dela não ligar para o xerife ou dizer ao pai e a mãe dela o que os grandes motoqueiros maus fizeram, — eu disse.

— Criativo, — Gus disse, puxando as luvas para montar.

— Você deu à menina seu anel de caveira? Essa coisa não tem um diamante nele?

— Com certeza tem e você vai me pagar de volta cada centavo de merda. — eu liguei o motor, o barulho da moto vindo à vida entre as minhas coxas.

Eu ri todo o caminho para casa ao ver a expressão no rosto de Skid quando eu disse que ele me devia.

Eu nunca pensei sobre aquele dia ou aquela garota novamente.

Até sete anos depois, quando tudo voltou e me mordeu na bunda.


Capítulo dois

Thia

Sete anos mais tarde...

Silêncio.

Mais assustador do que qualquer arma de fogo ou explosão de um canhão. Mais alto do que trovões e dez vezes mais aterrorizante.

Levando uma das tortas de maçã famosas da Sra. Kitchener com uma mão e segurando o guidão da minha bicicleta com a outra, eu passei pelas pedras e buracos na estrada de terra que levava até a pequena fazenda que eu morava com meus pais.

Todo dia quando eu chegava em casa do meu trabalho em tempo parcial no Stop-N-Go, fui saudada pelas vozes das brigas de meus pais. Sem outras casas ao redor por milhas, suas vozes se ampliavam sobre as copas das árvores e podia ouvir bem antes de ver a luz na janela.

Antes do meu irmão mais novo morrer, eu nunca tinha ouvido eles brigarem. Quando Sunlandio Cooperation decidiu importar suas laranjas, o cancelamento de seus contratos com a fazenda da minha família, a briga se transformou em ódio cheio de gritaria.

Eu soltei a minha bicicleta no chão, deslocando cuidadosamente a torta de um lado para o outro. Incapaz de me abaixar para refazer o nó do meu cadarço que tinha se desfeito no passeio, eu continuei, tomando cuidado para não tropeçar nas cordas penduradas.

Arrepios irromperam sobre a minha pele úmida, fazendo os pequenos pelos na parte de trás do meu pescoço e meus braços se levantarem como se eu estivesse a momentos de distância de ser atingida por um raio.

Foi quando eu percebi.

O silêncio.

— Mãe? — eu chamei, mas não houve resposta.

— Pai? — eu perguntei quando eu abri a porta de tela. A lâmpada sobre a mesa lateral estava ligada, o abajur inclinado de lado como se ele também estivesse questionando o que diabos estava acontecendo.

Ouvi um tumulto no quarto de trás. — Vocês estão aí atrás? — perguntei, colocando a torta no balcão. Eu fiz meu caminho pelo corredor, abrindo a porta do quarto do meu pai, mas estava vazio. O mesmo para o único banheiro e meu quarto.

No final do corredor, a porta para o antigo quarto do meu irmão estava rachada. Minha mãe mantinha o quarto de Jesse como um santuário para ele desde que ele tinha morrido, ela sempre mantinha a porta fechada e sussurrava quando ela estava no corredor como se ele estivesse lá tirando um cochilo e ela não queria acordá-lo.

— Mãe? — perguntei de novo, lentamente abrindo a porta.

— Venha, Cindy. Nós estamos aqui, — disse ela alegremente. Foi a primeira vez que eu ouvi a voz de minha mãe tomar um tom feliz em anos, embora eu odiasse que ela me chamasse Cindy.

Isso fez o meu estômago rolar.

Algo estava tão errado que eu quase não queria ver o que estava esperando por mim do outro lado da porta.

E eu estava certa.

Eu não queria.

Porque não era minha mãe sentada na cadeira de balanço velha que ela costumava ler para Jesse agarrando seu dinossauro favorito, balançando para trás e para frente, segurando o bicho de pelúcia em seu peito e se esfregando contra ele.

Seus olhos estavam bordados em vermelho com olheiras, mas ela tinha um sorriso no rosto. — Estou tão feliz que você está em casa Cindy-loo-hoo, — disse ela, usando o apelido que ela não tinha me chamado em anos. — Você está pronta para ir? — ela perguntou.

— Onde? Ir para onde, mãe? Onde está o papai?

— Seu pai não queria esperar então ele já foi, mas eu queria que você viesse conosco, então eu esperei por você. — seu sorriso era grande, mas seus olhos estavam brilhando e completamente vazios de qualquer emoção.

— Mas onde ele foi? — perguntei novamente, dando um passo para dentro do quarto.

— Não se preocupe, nós vamos estar juntas com ele em breve. Eu só queria falar com Jesse primeiro, — disse ela, acariciando o dinossauro.

— Mãe, Jesse está morto. — eu a lembrei. — Ele morreu anos atrás.

Mamãe assentiu com a cabeça e seus olhos dispararam para o papel de parede do Star Wars e, em seguida, à sua pilha de Legos no canto. — Eu sei disso, boba.

— Ok, porque eu pensei por um segundo que você estava dizendo que...

— Eu só queria que ele soubesse que nós vamos nos juntar a ele em breve, — disse mamãe. Foi então, quando ela trocou o bicho de pelúcia de um braço para o outro, que eu notei a arma no colo dela.

— Mãe? — perguntei, todo o meu corpo começando a tremer com a consciência de que ela estava realmente dizendo. — Me diga onde o pai está, — eu sussurrei.

— Eu te disse. Ele se foi. Ele se foi sem nós porque ele não podia esperar. Ele sempre foi impaciente. — ela balançou a cabeça e revirou os olhos. — Você é muito parecida com ele de muitas maneiras, — ela cantou.

— Por que você tem uma arma, mamãe?

— Menina boba, de que outra forma é que vamos nos encontrar com Jesse e seu pai? Quer dizer, eu sei que há outras maneiras, mas eu acho que esse é o mais rápido e mais eficiente. Afinal de contas, nós não queremos fazê-los esperar muito tempo, — disse ela, acariciando as costas do dinossauro como se ela estivesse pondo ele para arrotar. Para frente e para trás, ela continuou a balançar, nunca quebrando o ritmo lento e constante. A cadeira rangendo sobre o piso de madeira.

Dei mais um passo em direção a ela na esperança de pegar a arma da mão dela, mas ela viu que eu estava olhando e pegou a pistola, acenando-a no ar. — Nah ah. Seu pai queria ser o único a segurá-la também, mas eu insisti. Este é um trabalho para a mamãe e ninguém mais. Já era hora de eu tomar algum controle e cuidar desta família. Levar a todos para o mesmo lugar é o primeiro passo.

Meu pé no assoalho soava tão calmo como uma batida de tambores. — Então, Cindy. Você nunca foi boa em esperar a sua vez, mas a boa notícia é que você vai ser a primeira.

— Onde você enviou papai para se encontrar com Jesse? — perguntei, as lágrimas picando atrás dos meus olhos, mas a adrenalina correndo em minhas veias impediu de derramar.

— Eu não vejo por que isso importa, — disse a mãe, soprando uma mecha de cachos escuros que caíram em seus olhos. — Mas se você quer saber, ele se foi no nosso quarto. Foi muito mais bagunçado do que eu esperava. Quando eu te enviar, eu acho que deveria ser na banheira, então eu vou subir atrás de você. Talvez eu vá deixar algum alvejante para o xerife, manchas vermelhas são as piores, especialmente no rejunte branco, — disse ela com a mesma voz estranhamente animadora com a qual ela me cumprimentou.

Eu dei um passo para trás e minha mãe continuou a olhar para mim, sorrindo um sorriso cheio de dentes de orelha a orelha. Ela não me seguiu quando eu me virei e abri a porta do quarto. Ele estava vazio.

Mamãe ficou louca. Isso não significa que o pai está morto. Ela poderia estar mentindo. Ela poderia estar inventando.

Rodei a cama.

Por favor, esteja vivo, por favor, esteja vivo.

No chão ao lado da cama contra a parede estava o corpo do meu pai sem vida, os olhos e a boca abertos, congelados em surpresa.

Engoli em seco e cobri minha boca. — Não, não, não, não, não! — gritei.

Eu me afastei do meu pai para o corredor e quando eu olhei para o quarto, minha mãe não estava mais na cadeira de balanço. Eu me virei para correr para fora da porta, mas corri diretamente no cetim macio de camisola rosa de minha mãe.

— Você está pronta, meu doce? — perguntou ela, inclinando a cabeça para o lado. A arma estava em suas mãos, mas não estava levantada.

— Eu, eu, eu preciso dizer algumas coisas para Jesse também, — eu disse, passando por ela em direção ao quarto dele.

Ela bateu na testa dela com o cano da arma. — Que tola eu sou, é claro que você quer. Eu estarei esperando aqui mesmo e depois de nos encontrarmos com eles, teremos sorvete.

— Sim, sim, ebaaaaa, sorvete é bom, mãe, — eu disse, fungando. Eu a evitei e fingi que estava voltando pelo corredor até o quarto de Jesse quando ela inclinou seus ombros indicando o quarto para mim e eu tomei a única chance que eu sabia que eu tinha e explodi em uma arrancada, me esquivando dela enquanto eu fazia uma corrida em direção oposta, para a porta.

A parede ao lado da porta explodiu quando uma bala rasgou o reboco velho. Minha mãe estava rindo enquanto ela descia os degraus da varanda. Um dos cadarços dos meus sapatos travou na escada e eu voei através do ar, pousando no meu peito. O ar abandonou meus pulmões e eu me virei de costas, desesperadamente com falta de ar.

— Você falou sobre essa viagem no último ano com Nana, você não vai sair dessa, — disse minha mãe quando ela olhou para mim a partir da varanda. De soslaio, avistei o velho rifle do meu pai contra a frente da casa. Ele a usava para assustar os bichos para não comer as laranjas. Eu não acho que isso tinha sido usado desde a safra anterior. Então ele não tinha usado por meses.

As chances eram de que a coisa nem mesmo funcionasse.

— Eu não estava falando disso, mãe, — eu disse, quando eu pude finalmente pegar o fôlego. Lentamente, eu caminhei em minhas mãos e os pés para os lados em direção à casa.

Na direção da única chance que eu tinha de sobreviver.

— Eu apenas pensei que talvez pudéssemos fazer isso juntas, você sabe, ir ao mesmo tempo, — eu disse, espelhando sua voz alegre o melhor que pude.

— Oh, Cindy, essa é uma bela ideia. Você sempre foi minha querida, você sabe. Teimosa. E um terror às vezes, mas você também podia ser muito doce. Eu amava o jeito que você costumava brincar com meus colares e brincos quando você era um bebê. — mamãe colocou a arma contra o peito e suspirou.

— Você pode me fazer um favor, mamãe? Você pode usar o velho rifle do papai? Dessa forma eu vou ter algo para falar com ele quando chegarmos lá. E eu posso usar a arma com a qual você o enviou para Jesse. Vai ser divertido e você sabe que é difícil para eu encontrar coisas para falar com o pai.

— Você sabe, — disse ela, pegando o rifle da casa. Eu subi para os meus pés e vacilei, segurando o tapume lascado para que eu não caísse. — Eu queria que seu pai tivesse pensado em algo agradável como isso. Teria sido muito mais fácil. Você deveria ter ouvido ele gritar e gritar. — ela soltou uma rápida explosão de risos. — Implorando. — ela inspecionou a arma para se certificar de que estava carregada, em seguida, a jogou para mim. Eu a peguei e conferir para ver se estava carregada assim como ela. — Consegue acreditar? Seu pai... implorando. Foi bastante ridículo.

Sob o luar, a pele de marfim da minha mãe brilhava. Eu sempre invejei seus longos cachos escuros e lábios naturalmente rosas. Para mim ela sempre parecia a Branca de Neve. Eu costumava vê-la pegar laranjas no bosque para sua famosa geleia de laranja e me perguntava por que eu fiquei presa com o cabelo rosa5, olhos verdes e sardas, em vez de sua boa aparência.

Branca de Neve estava lá em sua camisola de cetim e apontou o rifle para mim. Com o meu coração correndo no meu peito, eu levantei a pistola para ela. — Eu te amo, baby, vejo você do outro lado, — disse ela. Lágrimas brotaram nos meus olhos. Eu teria apenas uma fração de segundo. Mesmo se a arma emperrasse como muitas vezes fazia no primeiro acionamento do gatilho, haveria apenas um segundo.

Minha mãe sorriu maniacamente para mim com os olhos arregalados.

Em seguida, Branca de Neve puxou o gatilho.

Eu segurei minha respiração, mas nada aconteceu. Ela bateu na lateral da arma como ela tinha visto meu pai fazer um milhão de vezes antes e antes que ela fosse capaz de por seu dedo no gatilho de novo, eu atirei.

Sangue espirrou contra o piso, transformando a pintura descascada branca em vermelho brilhante.

Mamãe estava certa sobre uma coisa.

Foi rápido.

Eu caí de joelhos e apertei meu peito. Minha mente em branco. Eu não podia formar um pensamento coerente. Ambos os meus pais estavam mortos e eu não sabia o que eu deveria fazer. Quem eu deveria chamar.

Ambos os meus pais estavam mortos.

Você matou sua mãe.

Eu gemi para a noite; perdida, com medo e completamente sozinha.

Cheguei sob minha camisa e procurei conforto do jeito que eu sempre fazia quando meus pais estavam brigando, agarrando o anel que eu usava em uma corrente sob minha camisa.

Eu esfreguei o metal frio entre meus dedos. Um raio atingiu a torre de água e foi nesse momento que a resposta veio a mim. Eu sabia onde eu tinha que ir.

A quem eu tinha que ir.


Capítulo três

Thia

Estava chovendo.

Era verão na Flórida.

Estava sempre chovendo.

Em algum momento durante o passeio de bicicleta de quarenta minutos a partir da fazendo de Jessep até Logan’s Beach eu tinha perdido todo o sentimento em meus pés enquanto eu pedalava descontroladamente contra a força da chuva.

Eu tentei tirar o velho Ford do meu pai. O chaveiro na porta da frente estava vazio, o que deixou apenas outro lugar que poderia ter estado. Eu puxei minhas pernas para frente e para trás no quarto que continha o corpo sem vida do meu pai. Ao vê-lo anteriormente não diminuiu o impacto de caminhar ao redor da cama e encontrar meu pai jogado em um ângulo estranho contra a parede, com o cabelo ainda molhado com seu sangue.

— Papai, — eu chorei, passando por cima do rio vermelho que começou como uma piscina atrás de sua cabeça e ficou mais fino e mais fino até que ele saiu do quarto que meus pais compartilhavam e se infiltrou no espaço entre a parede e o chão, se espalhando tanto à esquerda quanto à direita, pintando os rodapés brancos em vermelho fresco.

Minha família inteira estava morta, mas eu não tive tempo para pensar sobre isso e eu estava grata porque o peso do que aconteceu estava ameaçando me esmagar onde eu estava.

Algo dentro de mim, um raio de esperança, me disse que se eu pudesse chegar à Bear, então tudo ficaria bem. Ele não poderia fazer tudo isso ir embora.

Mas ele poderia fazer tudo ficar bem.

Ele fez uma promessa. Ele irá te ajudar. Ele pode pensar por você. Você apenas tem que chegar lá.

Eu não poderia me fazer procurar nos bolsos do meu pai. Tocá-lo apenas tornaria isso mais real.

Sem outra opção, eu peguei minha bicicleta do chão e saí.

Cada rotação das minhas pernas fizeram os músculos de minhas coxas parecerem mais e mais pesadas. A única coisa que me impulsionava para frente era a salvação que eu esperava encontrar quando cheguei a casa do clube dos Beach Bastard’s.

Quando cheguei à Bear.


Capítulo quatro

 

Thia

 

A chuva ainda não tinha passado no momento em que cheguei ao portão. Um garoto magro montava guarda do lado de fora em um banquinho. Através da sua capa de chuva transparente eu podia ver o patch em seu colete que se lia prospecto. Ele me observou quando eu baixei minha bicicleta e manquei até ele, os músculos das minhas pernas ainda não tinha recebido a mensagem que eu tinha parado de pedalar. — Eu preciso ver Bear, — eu disse. — Por favor. Pode dizer a ele que Thia está aqui para vê-lo? Thia do posto de gasolina. Eu preciso falar com ele. Isso é muito importante.

— Como é importante? — perguntou o prospecto, movendo o palito que pendia em seus lábios de um lado para o outro com a língua.

Tirando meu colocar, eu segurei para que ele pudesse ver o anel do crânio de Bear oscilando dele. — Isso é importante.

O prospecto olhou para o anel com ceticismo antes de sair do seu assento. Ele tomou o colar da minha mão e desapareceu atrás da porta do metal. Quando ele voltou dez minutos depois, foi como se ele fosse outra pessoa. — Eu sou Pecker, — anunciou ele, dando um passo para o lado para que eu pudesse entrar. — Como você disse que era seu nome mesmo? — um sorriso substituiu sua carranca de antes.

— Thia, — eu disse, entrando no clube dos Beach Bastards, embora eu teria chamado isso mais como um complexo. Era um velho motel ou complexo de apartamento. Três andares com salas voltadas para um pátio circular abaixo, onde uma piscina vazia estava no centro. Ao lado havia uma porta de vidro transparente que parecia que costumava ser um velho bar ou restaurante e parecia que os Bastards ainda utilizavam para sua finalidade original. O bar foi totalmente abastecido e vários homens, todos com coletes, jogavam sinuca em uma das três mesas de bilhar.

— Onde está Bear? — perguntei novamente. Sair da chuva e estar sob a proteção de um teto, meu queixo começou a tremer e os meus dentes batiam. Minha blusa molhada e calças se agarraram ao meu corpo. Meu cabelo está solto e sem vida contra a minha testa e bochechas, pingando água dentro dos meus olhos.

— Bear está ocupado agora, mas ele me disse que você pode esperar por ele em seu quarto, — disse Pecker quando eu o segui até um lance de escadas para o segundo andar, segurando no corrimão de alumínio irregular para apoio. Eu cortei o dedo médio em um ponto especialmente acentuado, chupando a gota de sangue que se reuniu na superfície. — Desculpe, devia ter avisado a você sobre isso.

Chuva escorria para o pátio com tal ferocidade que os Bastards não precisariam de uma mangueira para encher sua piscina vazia. O telhado não era nenhuma proteção contra a chuva vinda da horizontal.

Pecker parou na frente de uma porta verde escura e abriu, fazendo sinal para eu entrar. — Ele vai te encontrar aqui, — disse ele com uma risada. Eu entrei no quarto escuro, mas me virei novamente quando ouvi a porta bater atrás de mim.

— Onde você conseguiu isso? — perguntou uma voz ameaçadora. Minha garganta apertou e, lentamente, eu me virei para encarar o dono da voz. Na borda da cama, estava sentado um homem que se parecia muito com o que eu lembrava de Bear, exceto que este homem tinha cabelos grisalhos e um rosto cheio de linhas duras.

Ele levantou o anel de Bear.

— Onde está Bear? Você é o pai dele? — perguntei, abraçando meus braços em volta da minha cintura. O homem se levantou e riu, fechando a distância entre nós. Eu recuei para evitar o contato e minha cabeça bateu contra a porta.

— Eu não tenho certeza se você me ouviu, querida, — disse ele com sinceridade falsa: — Mas eu te fiz uma fodida pergunta e eu não sei quem você pensa que é ou de onde você pensa que é, mas eu vou... — ele se inclinou para olhar para mim com um par de ardentes olhos azuis familiares. — Eu sou Chop. Chop Chop6 porque... — ele riu e passou um dedo calejado pela minha bochecha, eu me afastei e ele agarrou meu rosto com tanta força a minha boca se abriu e ele apertou minhas bochechas até que se tocaram no meio. — Bem, você não precisa saber essa história, não é? Eu mando nesta merda. O patch no meu colete diz isso. Você está em minha casa, então você vai me dizer onde diabos você conseguiu isso antes de eu empurrar isso em sua maldita garganta e te sufocar com ele. — Chop levantou o colar novamente, a luz da lâmpada refletia o diamante do olho do crânio.

Chop poderia ter olhos da mesma cor que Bear, mas eles não tinham nenhuma beleza. Chop queimava com instabilidade, raiva e violência.

Isso foi um erro.

Eu tinha ido para o complexo procurando... o que exatamente eu tinha estado procurando? Socorro? Proteção? Segurança? Tudo o que eu sabia era que naquele quarto, com o pai de Bear a apenas algumas polegadas do meu rosto, senti nada segura.

Quando eu não respondi imediatamente, Chop deu de ombros. — Do seu jeito então. — foi quando ele apertou o anel para os meus lábios quando de repente eu encontrei a minha voz.

— Bear deu para mim, — eu disparei.

— Besteira! Onde você conseguiu isso? — ele rugiu, novamente tentar forçar o anel entre meus lábios.

— Eu tinha dez anos! — eu gritei e quando eu abri minha boca o anel escorregou e bateu no contra a traseira de minha garganta. Eu engasguei e Chop deu um passo para trás, examinando o anel à luz da lâmpada. Eu não sabia se ele queria dizer para eu continuar, mas eu fiz de qualquer maneira. — Ele me deu em Jessep quando eu tinha dez anos porque eu fiz um favor para ele. — eu não sabia se eu iria por Bear em apuros dizendo à Chop exatamente o que aconteceu, então eu fui vaga. — Ele me disse que se eu precisasse da ajuda dele, que era para eu vir aqui e mostrar o anel e ele iria me ajudar.

Chop me soltou. — Cale a boca, — ele comandou, ainda torcendo o anel ao redor em sua mão como se não pudesse acreditar que estava ali. Um sorriso torcido assumiu seu rosto e ele soltou uma gargalhada. — Ele é uma porra de um homem morto andando, mas o garoto sempre foi engraçado.

— O que isso significa? — perguntei, não tendo certeza se a nova rodada de dentes batendo era por frio ou medo.

— Isso significa que o meu menino deu isso para você porque ele nunca esperava que você aparecesse, — Chop disse, colocando o anel no bolso costurado no interior de seu colete. — Ele não teria feito merda nenhuma para você, exceto, talvez, te mostrar o pau.

— Não! Ele disse que é uma promessa de motoqueiro. Era a maneira de vocês...

— Nós queridas, não temos esse código e eu sei disso porque todos os nossos códigos têm a ver com assassinato. Como o que, onde, quem e quando.

Bear mentiu para mim?

Sim, Bear mentiu e eu era uma pequena garota estúpida que se apaixonou por ele. Ele nunca quis me ajudar. Ele só não queria que eu dissesse sobre ele.

— Posso pelo menos falar com ele? — eu perguntei com um último resquício de esperança. Não importava se o anel que eu tinha estado agarrada por sete anos era uma piada. Eu ainda precisava de ajuda. — Eu só preciso...

— Bear não é um Beach Bastard mais. Ele largou o colete deve como um idiota que ele é e saiu por aquela porta, porque ele é um covarde. Ele não é um motoqueiro mais. Ele não é um amigo. Ele não é mesmo um homem do caralho. Você sabe o que ele é? — perguntou Chop, recuando diante de mim. Eu balancei a cabeça, congelada no lugar por seu olhar. — Ele. Está. Morto. Um filho da puta morto que acontece de ainda estar respirando. — ele apertou o nariz no espaço entre meu pescoço e ombro e inalou. Eu me encolhi, e tentei me afastar, mas seu corpo musculoso grande me manteve presa. — Mas eu irei consertar essa porra em breve, — ele sussurrou, sua respiração quente contra o meu ouvido me fez sentir como se eu estivesse indo vomitar.

— Se ele não está aqui, então eu deveria ir, — eu disse, cada alarme interno que eu tinha atingindo a volumes ensurdecedores dentro da minha cabeça.

Corra. Corra. Corra.

Senti a maçaneta da porta atrás de mim e quando eu achei que eu poderia girar, ela não se moveu. — Bloqueios do lado de fora, — Chop disse maliciosamente, as sobrancelhas sugestivamente saltando.

Me agarrando pelos ombros, ele me jogou no chão. Eu caí de lado e dor rasgou minhas costelas. Chop se ajoelhou e montou em mim, me segurando presa com suas coxas no tapete sujo. — Ele escolheu esse filho da puta King sobre seus irmãos. E ele vai pagar, porra.

— Me solta! — eu gemia, me contorcendo debaixo dele, tentando me libertar, mas ele estava tão preso no lugar como a maçaneta da porta. Eu tentei bater meus punhos contra o peito dele, mas ele agarrou meus pulsos e os torceu dolorosamente. — Por favor, me solte! — eu gritei.

— Não se preocupe, pequena. Eu não vou te matar. Na verdade, eu vou me certificar de que um dos meninos te dê uma carona para fora.

— É? — perguntei, sabendo que ele não estaria em cima de mim cortando a circulação das minhas mãos se seu único plano era me deixar em outro lugar.

— Sim. Os meninos irão te deixar ir na parte da manhã.

— Manhã? — perguntei, apenas metade da palavra audível, o resto saiu como um sussurro ofegante.

— Sim, de manhã. Porque primeiro nós queremos ter certeza de que Bear veja que ele sabe que ele é um homem morto, mas se ele quiser continuar respirando, é melhor não ser estúpido o suficiente para passear neste lado da calçada.

— Ok, me deixe ir. Se eu vê-lo eu vou dar a ele a mensagem. — eu prometi.

— Não, sua garota estúpida. Você é a mensagem. — Chop empurrou minhas mãos sobre minha cabeça com uma mão e se inclinou, mordendo meu mamilo através da minha camisa.

Duro.

Eu gritei e Chop sentou e riu, admirando a mancha de sangue fresca na minha camisa, onde seus dentes tinham estado. — Os irmãos e eu vamos nos divertir com você, cadela.

— Irmãos? — perguntei, ou pelo menos eu pensei que eu perguntei porque Chop cerrou o punho e o bateu em meu queixo, me fazendo ver estrelas. A imagem do seu sorriso acima de mim cintilou como se alguém estivesse acendendo e apagando as luzes do quarto. Um segundo eu vi e no segundo seguinte tudo estava preto, embora eu soubesse que ele estava lá porque o peso esmagador em cima de mim nunca mais saiu. — Ele não me conhece. Ele não vai se importar. Não faça isso. Por favor, não faça isso!

Chop me ignorou. — Espere até que Murphy se aposse de você. Ele gosta de quebrar meninas como você. — Chop suspirou. — Quando vimos você entrar, eu já tinha prometido a ele que eu iria guardar a sua buceta para ele, embora eu ache que provar não vai doer. — ele se sentou sobre os joelhos e quando eu pensei que ele estava prestes a dar o fora, ele me virou com um braço, minha cabeça batendo contra a cômoda. Ele puxou meus shorts e roupas íntimas molhadas pelas minhas pernas com um puxão áspero.

— Não! — eu gritei, chutando minhas pernas para fora.

Chop usou seu joelho para espalhar minhas pernas e com um de seus dedos ele forçou dentro de mim. Senti suas longas unhas rasparem contra as minhas paredes internas. Eu sentia cada cume de seu dedo até seu anel impedir de ir mais longe. — Tão apertada. Realmente é uma pena que eu sou um bastardo que guarda as minhas promessas aos meus irmãos. Você vai ter que lembrar disso à Bear quando você o ver. — ele puxou seu dedo para fora de mim e minhas entranhas pulsaram pela lesão. Arranquei minha bochecha do tapete e me virei para olhar no Chop que piscou para mim antes de estalar o dedo em sua boca. — Você tem um gosto tão bom pra caralho, querida. É uma pena estragar este seu pequeno corpo, porque nós poderíamos adorar uma nova buceta por aqui.

Chop soltou o cinto e empurrou seu jeans para baixo com uma mão, ainda se inclinando sobre mim, sua mão ainda me mantendo prisioneira. Sua enorme ereção saltou livre de sua calça jeans e eu virei minha cabeça de volta para o chão não querendo ver o que eu estava prestes a sentir. Eu apertei minhas coxas e tentei empurrar as pernas juntas, mas outro tapa do lado do meu rosto me tirou a vontade de lutar. Tentei levantar a cabeça novamente, mas meu pescoço não poderia apoiá-lo. Minha cabeça estava muito pesada. Era demais.

Era tudo demais.

Chop largou meus braços quando sentiu a luta em mim morrer, abrindo ainda mais as minhas pernas com o joelho. Eu senti sua ereção quente e pesada nas minhas costas. Ele sussurrou em meu ouvido, suas palavras além de frias. Além de insensíveis. — Eu vou destruir essa bela bunda sua. Eu vou ir seco, então isso vai doer pra caralho. — ele correu os dentes no meu ouvido, mordendo minha orelha. — Mas primeiro um pequeno teste para ver quão apertada esta bunda realmente é.

Ele pressionou seu polegar em mim e dor passou pela minha espinha como se eu estivesse sendo esfaqueada. Quanto mais longe ele pressionava, mais dor eu sentia.

Mais irregular a faca se tornava.

Eu usei toda a força que eu tinha para falar, — Eu vou dizer a Bear quem não é homem mais.

— O que foi, menina? — perguntou Chop, pressionando ainda mais dentro de mim até que eu desmoronei contra o braço, me segurando.

— Você me disse que Bear não é homem. É você que não é homem. Você não é nada. Você é um lixo do caralho! — eu gemi quando a dor se intensificou.

— Aqui eu sendo bonzinho em te aquecer, — Chop tirou o polegar, mas qualquer alívio que senti era temporário porque ele agarrou seu eixo e o pressionou firmemente contra o pacote apertado de nervos que ele tinha acabado de lesionar. — Chega, — eu tentei me preparar mentalmente para a dor, mas não houve quantidade de preparação que eu podia fazer para estar pronta para o que estava por vir.

Ele ia me quebrar.

O senti começar a empurrar, a sensação de esfaqueamento afiado.

Em seguida, ele tinha ido embora.

Chop tinha ido embora.

Vidro voou pelo ar quando a janela explodiu, se quebrando em um milhão de pedaços, cobrindo toda a superfície no quarto, incluindo a minha pele com fragmentos minúsculos que me furaram como pequenas estrelas chinesas.

O quarto estava girando.

Gritaria, e coisas se arrastando e batendo soou do lado de fora do quarto. Portas abriram e fecharam várias vezes.

O chão sólido debaixo de mim desapareceu e foi substituído por um balançar, bater, e uma ligeira vibração de um veículo.

Eu abri um dos meus olhos inchados. — Quem é você? — perguntei. Sombras escondiam o motorista. Chuva atirava no para-brisa mais rápido do que o limpador podia limpá-las.

— Eu sou Gus, — disse ele sem rodeios, com zero de emoção em sua voz.

— Oi, Gus, — eu cantei delirantemente, o lugar entrando em foco. Minha cabeça caiu para trás contra a janela do passageiro.

Gus, a chuva, a casa do clube, Chop, meus pais, tudo começou a se desvanecer. Mais e mais longe até que eu estava cercada por nada. Um nada delicioso. Eu queria existir nisso durante o tempo que eu podia.

Vivendo em um estado permanente de nada parecia uma boa ideia.

Talvez isso seja a morte?

Eu estava morrendo?

Eu não sabia, e com toda a honestidade, naquele momento...

Eu não me importava.

Escuridão veio para mim. Eu não lutei contra isso. Fechando os olhos, eu permiti que me devorassem, me deixando levar. Uma parte de mim esperava que isso fosse me manter lá para sempre. Eu nunca quis acordar para enfrentar a realidade do que a minha vida tinha se tornado em um curto espaço de tempo.

Não era uma vida.

Era um pesadelo.


Capítulo cinco

BEAR

Eu não estava arruinado.

Eu estava além de arruinado.

A nova palavra precisava ser inventada para o nível de fodido que eu estava.

Torcendo o cabelo escuro na minha mão, eu puxei duramente, arrancando um gemido do que quer que seja o nome da garota que estava lambendo minhas bolas. Sua amiga, que tinha a mesma cor de cabelo, apenas mais baixa, rolou um preservativo no meu pau e se afundou nele.

O quarto do motel estava escuro, as cortinas tão grossas que poderia ser meio-dia e eu não saberia.

Dia e noite. Tudo tinha se misturado.

O lugar cheirava a porra, suor e maconha. Nem é necessário dizer o que vinha acontecendo nos últimos muitos dias que eu estava lá.

Dormir era inútil, porque sempre que eu caía no sono não havia nada de reparador sobre isso. Que foi parcialmente devido aos sonhos recorrentes que eu estava tentando evitar, e um monte a ver com a quantidade de pó que eu enfiei em meu nariz.

Eu gozei? Quão triste essa porra é?

Ainda mais triste?

Eu não me importo.

Não importava que houvesse duas delas, poderia ter havido duas mil, todas molhadas e prontas, inclinadas e esperando, isso não teria mudado porra nenhuma.

O que quer que tivesse acontecido, pelo menos tinha acabado.

Eu nem sequer me lembro de onde eu conheci as meninas ou ate mesmo quando, e eu não sabia seus nomes porque eu nunca me preocupei em perguntar. Pela aparência delas não, não era a primeira vez. Elas podem não ser prostitutas de clube, mas eu poderia perceber de longe, e essas meninas tinham piranhas escrito na testa.

Eu tive a súbita vontade de ser deixado sozinho.

Agora.

Acendi um cigarro e joguei a mais leve para a mesa de cabeceira, observando-a girar ao redor até que ele caiu. — Dê o fora! — eu lati, acenando com a mão na direção da porta, apertando os olhos para me certificar de que estava acenando para a saída, e não o banheiro.

Sim. Saída.

Acertou em cheio.

Correndo ao redor do quarto como uma barata tonta, a de cabelos curtos procurou por suas roupas e sapatos. Uma vez que ela encontrou o que estava procurando, ela puxou o ombro da outra menina que ainda estava na cama, nua e deitada em seu estômago. — Clarissa, temos que ir, porra. — ela olhou para mim e minha expressão permaneceu dura. — Agora, Clarissa, temos que ir, AGORA!

Clarissa gemeu e se virou para o lado dela, apertando os lençóis para seu peito, — Eu estou dormindo, Julie. Me deixe em paz. Vovó não vai nos chamar para ir para igreja até o meio dia. Eu posso dormir hoje.

Julie continuou a tentar acordar sua amiga, sem sorte.

A cada tique do velho relógio na parede, senti meu sangue começar a ferver. Quando se aproximou ao clique número dez, era como um trovão em meus ouvidos.

Peguei um cinzeiro de vidro pesado da mesa e lancei contra a parede, criando um buraco no gesso e um som que explodiu através do espaço silencioso como se um tornado houvesse caído pela janela. Poeira se elevou do buraco na parede, nublando o pequeno espaço com o cheiro de cigarros velhos.

Clarissa pulou da cama, alerta e acordada. Ela pegou sua bolsa, e seu triste vestido do chão ao sair - deixando os sapatos para trás, e abriu a porta. Julie que estava perto dos sapatos os pegou, ambas correndo nas para a luz do dia, que estava tão ofuscante que tudo o que eu podia ver era branco.

Acho que isso responde a minha pergunta sobre se é noite ou dia.

Me levantando, eu saí da cama, protegendo os olhos da luz, tropecei até a porta e fechei antes de voltar e cair sobre o colchão duro.

Eu apaguei meu cigarro no chão, e pelo estado dos buracos no tapete eu poderia dizer que não era o primeiro. A meia garrafa vazia de JD7 me chamou atenção do lado da cama. Agarrando-a pelo pescoço, inclinei a cabeça para trás e derramei o líquido âmbar diretamente em minha boca. Eu não me incomodei em envolver meus lábios em torno do frasco com medo de abrandar o fluxo de uísque. Eu o engoli em grandes goles até que minha garganta ardia como se estivesse pegando fogo, e a garrafa estava vazia. Eu deixei minha cabeça cair novamente, desta vez em um travesseiro que cheirava a buceta. Eu o joguei no chão e pressionei meu rosto no colchão.

Bem, você está lidando com esta merda de um jeito muito fodido, querido Bear. Meu melhor amigo morto disse na minha cabeça. Preppy era tão claro em minha mente como ele teria sido se ele estivesse sentado na beira da cama. Eu adoro uma festa, mas isso não é uma fodida festa. Este é o lugar onde as festas morrem. Este filho da puta está a ponto de precisar de um desses tiros falsos no coração.

— Cale a boca, Prep. As pessoas que estão mortas não devem ser quietas? Porque se assim for, você, meu amigo não-vivo, está falhando em toda esta coisa sobre morte, — eu disse em voz alta.

Awe, é tão bonito que você acha que por eu estar morto você pode me fazer calar a boca. E eu não acabei ainda, querido Bear. Você acha que eu ficaria quieto enquanto você fode esse monte de puta? Não é legal, cara. Não mesmo.

— Eu vou fazer uma nota disso, — eu disse, quando o quarto começou a girar. Fechei os olhos em um esforço para parar de rodar, mas não funcionou. Eu chutei uma das minhas pernas para fora da cama e ancorei meu pé no chão, mas meu nível de sobriedade estava tão baixo que o velho truque não funcionou.

Quando abri os olhos de novo não só o quarto estava girando ainda mais rápido, mas eu quase podia jurar que vi Preppy de pé cima de mim, uma carranca no seu rosto normalmente feliz, sua gravata borboleta girando e girando, e ficando mais e mais escura quando halos negros encheram minha visão.

Eu estava vendo o meu melhor amigo morto.

Eu tinha razão.

Estou em outro nível de arruinado.

Ver você chafurdando na sua própria merda está começando a me deprimir e eu estou morto, porra!

Era a última coisa que eu ouvi, ou pensei, ou o que quer que seja essa comunicação estranha entre o meu fodido cérebro, antes da minha visão ficar completamente preta e as trevas me absorverem.

Mas até mesmo grandes quantidades de uísque não poderia me salvar dos sonhos.

Eu sinto o calor contra o meu lado tão perto que queima. Eu ouço o crepitar do fogo e quando eu abro meus olhos, eu posso ver as brasas do fogo voando no ar. Eu sinto a minha pele chamuscar quando uma se aterra na parte de trás do meu pescoço.

Eu tento me levantar, mas eu não posso. Não consigo mover meus braços também.

Eu estou no meu estômago, deitado através de um conjunto de cadeiras de plástico baratas.

Eu estou amarrado.

Homens, vários deles me cercam. Eles estão rindo. Me cutucando. Me socando no rosto. Me chutando nas laterais. Em um ponto as cadeiras caem para o lado e eu caio, certo que eu quebrei uma costela contra o tijolo da fogueira no processo. Há uma ordem para me colocarem na posição vertical, e é feito imediatamente.

Quando as cadeiras são colocadas de volta e eu levanto minha cabeça, eu vejo Eli, o homem responsável pelo meu estado atual, sentado com as pernas cruzadas e um charuto na boca. Quando a fumaça se dissipa em torno de seu rosto, seu sorriso divertido é revelado.

O qual eu ia cortar de seu rosto.

Minhas calças são puxadas para baixo. Tento gritar, protestar, mas há uma mordaça na minha boca. Um dos homens coloca as malditas mãos nas bochechas da minha bunda e abre. Eles estão cutucando minha bunda com algo e eu grito com dor quando eles me penetram uma e outra vez. Eu me concentro nas coisas que eu vou fazer com eles quando estiver livre para evitar desmaiar de dor.

Porque eu serei livre.

Esta não era a maneira que era para eu sair.

Eu penso em vingança. Removendo todos os seus dentes um a um com um alicate. Um cara no clube sabe como fazer isso de uma forma que maximiza a perda de sangue. A vítima morre de uma morte lenta e dolorosa pela perda dos dentes. Isso é, obviamente, só depois de eu tirar os intestinos através das bundas deles com uma chave.

Eles pensam que o que eles estão fazendo comigo é tortura.

Esses filhos da puta não têm ideia do que é uma fodida tortura.

Estou tão quieto que um deles pergunta ao outro se eu desmaiei. Meus olhos estão fechados quando eu sinto a presença de alguém na minha frente. Ele enfia o dedo no meu olho e eu não reajo. Estou sentindo a maior dor que senti na minha vida, mas eu encontrei o meu lugar de calma e eu não vou deixar isso ir até que eu possa matar cada um desses filhos da puta. Estou guardando minha energia para quando eu puder realmente usá-la.

Eu sou um Beach Bastard do caralho.

Cadelas foram se lançando para mim desde que a tinta ainda estava molhada na minha certidão de nascimento.

Esta não é a primeira vez que estou sendo amarrado e torturado.

As chances são de que não seria a última.

Nunca houve uma dúvida na minha cabeça que eu morreria lá.

Nunca.

Minha mordaça é removida e eu ouço o som inconfundível de um zíper sendo abaixado. Eu quase rio para mim mesmo, porque eu sei o que está por vir.

Mas ele não.

Ele ri com seus amigos quando ele empurra seu pau pequeno de gordo na minha boca. Eu luto contra a bile subindo na minha garganta. Meu reflexo de lutar. Eu fico totalmente imóvel por um, dois, três segundos.

Os mais longos três segundos da minha vida.

Eu fecho os meus dentes em torno do seu pau até que eles se encontram no meio. Quando ele grita e tenta se afastar, eu seguro mais apertado e sacudo minha cabeça para o lado.

Gosto de cobre quente enche minha boca e eu não posso deixar de rir quando o homem pula ao redor com dor.

Meu riso está fora de controle enquanto seu sangue escorre dos lados da minha boca e eu cuspo o que sobrou do seu pequeno pau no chão.

Os sons de tiros irrompem e corpos em torno de mim começam a cair. Há uma explosão e eu sou enviado pelo ar. Eu caio com um baque surdo na grama e espero para ser desatado.

Porque eu sei que é King.

Eu sei que ele está vindo para mim.

E eu sei que agora é hora de matar.

Em um flash, King está arrastando um amarrado e semiconsciente Eli em seu caminhão e eu estou colocando uma bala no último dos homens de Eli na doca quando ouço uma voz. E, de repente eu não estou coberto de sangue e acabando com uma vida. Estou sentado ao lado da garota mais bonita que eu já vi na minha vida.

A garota do meu melhor amigo.

A garota de King.

— Eu teria sido uma boa prostituta para você, — diz ela, e meu pau praticamente salta para a atenção dentro da minha calça. Seus grandes olhos azuis estão desfocados. Suas pupilas do tamanho da Lua, mas de alguma forma o jeito que ela está olhando para mim me faz acreditar que ela está olhando através de mim. Através da minha besteira. Através do motoqueiro e ao homem interior. Naquele momento, ela é a única pessoa no mundo que pode ver além do colete e devo ser um suicida, porque eu estou disposto a sofrer a ira de Link para estar com ela.

Eu não me importo se ela está bêbada, isso vai fazer o que tenho a dizer mais fácil. Mas agora eu não me importo com nada, além de colocar meus lábios nos dela. Rosa, cheios, bonitos. Imagino-os em volta do meu pau e meus jeans ficam mais apertados quando meu pau decide que ele gosta da ideia, tanto quanto eu. Quando ouço o clique de uma arma atrás de mim, eu sei que é King. O clique é um serviço de cortesia, porque eu sou um amigo. Eu sei em primeira mão que a maioria dos que se encontram na mira de sua arma não são estendidos a mesma cortesia em forma de aviso. Eu olho de volta para a garota que eles chamam de Doe e eu a quero tanto que eu quase posso prová-la na minha língua.

Contemplo ignorar meu amigo e recebe a bala.

Eu acho que ela poderia valer a pena.

Ela está com raiva de King, e tem todo o direito de estar. Ela acabou de encontrar ele e alguma cadela. Eu quase quero bater no filho da puta me por deixá-la tão chateada. Mas oh porra bem.

Eu vou mandar King ir se foder. Dizer a ele para atirar em mim, se isso é o que ele realmente quer. A meu ver, eu estou prestes a corrigir um erro. Eu nunca deveria ter enviado ela à King na festa. Eu deveria tê-la levado para a minha cama e a mantido ali no segundo em que pus os olhos nela.

Em vez disso, o idiota aqui a enviou para colocar um sorriso no rosto de King.

Como se aquele filho da puta sorrisse.

Doe se vira e olha para King e até mesmo através de toda a mágoa e raiva em seu rosto eu posso ver claramente como ela se sente sobre ele. Eu nunca vi o verdadeiro amor antes, mas eu sei que é isso e isso faz meu estômago virar, porque eu sei que o que estou vendo é a coisa real. Merda, eu posso sentir isso. Como a eletricidade estática piscando entre eles.

Fisicamente me dói desembrulhar os meus braços em torno dela, porque eu sei que é a última vez que eu irei tocá-la porque ela não pertence a mim. Nunca pertenceu.

Nunca poderia.

Eu passo por King e trombo com ele com o meu ombro, dando a ele um educado empurrão 'foda-se'. Quando eu volto para a casa, eu quase desmaio quando eu sinto a dor no centro do meu peito. Dói tanto que eu acho que por um segundo o filho da puta mudou de ideia e atirou em mim afinal de contas. Ou isso, ou eu estou tendo um ataque cardíaco.

Mas quando eu abro os olhos e olho para baixo, eu estou olhando para o meu melhor amigo Preppy, o sangue jorrando de seu peito e ele está morrendo na minha frente mais uma vez. A vida drenando de seus olhos e a dor em meu peito se intensifica. Eu olho para baixo e a mancha de sangue no meu peito corresponde com a de Preppy. A dor se torna insuportável.

Mas a dor não é por causa de qualquer bala.

É porque eu não pude salvá-lo.

E, então, um enxame de abelhas atacam.

Bzzzzz Bzzzzzz BZZZZZZZ

Abelhas?

Bzzzzzzz. Bzzzzzzz. Bzzzzzzzz.

Meu telefone está vibrando na mesa, pulando e tocando os mesmos toques se sempre. Alguma música do caralho feliz que nunca pareceu coincidir com o meu estado de humor.

Eu agradeci quando ele parou de tocar. Eu abaixei meu rosto de volta para o colchão.

Três segundos depois, ele começou de novo, e de novo eu ignorei.

Três segundos depois ele começou mais uma vez.

Apenas uma pessoa tinha o meu número e desde que eu saí de Logan’s Beach, ele me liga todos os dias.

Eu nunca atendi.

As chamadas desaceleraram para uma vez por semana.

Eu nunca atendi.

Quando as chamadas pararam completamente, senti uma mistura de dor e alívio.

O telefone tocou pela quarta vez e eu não aguentava mais. Estendi a mão e apertei o botão verde, o segurando ao meu ouvido sem dizer uma palavra. — Bear? Bear, é você? — perguntou uma voz feminina.

Doe.

— Estou tão feliz que você atendeu. Você não precisa dizer nada, mas você precisa voltar para casa. Alguma coisa aconteceu, — disse ela, preocupação em sua voz cortando meu nevoeiro.

Me sentei na cama rapidamente. Muito rapidamente, e vi estrelas.

— Eu não sei por onde começar. É só que... — ela fez uma pausa e soa como se ela tivesse coberto o receptor com a mão. — Você é tão agressivo, — disse ela, mas não para mim. Houve uma comoção na linha quando o telefone estava sendo passado e eu sabia exatamente para quem ele estava sendo passado, mesmo antes de ouvi-lo murmurar: — Eu vou fazer você se arrepender dessa boca inteligente depois que as crianças forem para cama.

Eu não preciso ouvir essa merda. Já era difícil sustentar a constante dor de cabeça que batia entre meus ouvidos e eu precisava para voltar para isso.

— Você está aí? — perguntou King. Eu respondi com um grunhido e o som do meu isqueiro quando eu acendi um cigarro. A fumaça abriu meus pulmões e enviou apenas nicotina suficiente ao meu cérebro para fazer as rodas enferrujadas na minha cabeça começar a girar novamente. — Eu estou aqui, — eu disse no caso dele não ter ouvido o meu grunhido, a minha voz seca e áspera. Estendi a mão para a minha garrafa de Jack Daniels, mas ela estava vazia.

Inclinei e abri minha boca, os restos escorreram em minha boca.

Um, dois, três, acabou.

— Você soa como merda, — disse King.

— Bem, olá para você também, porra. — eu cantei.

— Temos uma situação aqui mais importante do que o som de sua voz e tanto quanto eu gostaria de cuidar disso para você, eu não saberia por onde começar.

— O que?

— Gus esteve aqui...

Puta merda.

Eu pulei para fora da cama, e novamente foi muito rápido porque eu caí no chão com um baque. O telefone deslizou pelo carpete. Girando sobre minhas costas, eu peguei o telefone e, novamente, o segurou até minha orelha.

Pelo menos eu não perdi meu cigarro, eu pensei, cruzando os olhos para olhar para o cigarro ainda pendurado em meus lábios.

— O que diabos está acontecendo aí? — perguntou King.

Olhei para o relógio na mesa de cabeceira. — Não se preocupe com isso. O que você deve se preocupar é porque um irmão está à sua maldita porta às três horas da manhã. — o MC estava atrás de mim. Tanto quanto eles adorariam acabar com King, matar civis trazia muito problema, mas eu ainda não conseguia pensar em uma única razão pela qual Gus estaria lá além de pegar o meu amigo mais próximo para chegar a mim.

— Ele não está mais aqui. Ele tinha uma garota com ele.

— Gus tem uma garota? Ele é um filho da puta estranho, mas bom para ele, eu acho, — eu disse.

— Não, cale a boca e ouça...

— Eu tenho uma dor de cabeça do tamanho da porra do Grand Canyon, então vá direto ao ponto e me diga o que diabos é tão importante no meio da noite que uma mensagem não teria sido suficiente, — eu disse. O teto acima de mim tinha mofo escuro se arrastando nos cantos e se eu fechasse um olho eu praticamente podia ver essas coisas lentamente causando problemas pulmonares a longo prazo.

— É uma da tarde, — King corrigiu. — E eu acabei de te enviar uma foto. Olhe, — disse King.

Clicando sobre as mensagens, um pequeno número vermelho apareceu sobre a bolha verde. Eu cliquei no ícone e quando a imagem apareceu, eu suspirei. Era uma menina. Nua, machucada e sangrando. Seu cabelo era uma sombra estranha entre vermelho e loiro.

Rosa talvez? Ou talvez fosse o sangue em seu cabelo.

— Viu? — perguntou King

— Estou olhando agora, mas por que diabos você está me mandando uma foto de uma menina morta? — eu cliquei no botão de viva-vos para que eu pudesse falar com King e olhar para a imagem ao mesmo tempo. Ela parecia familiar. Seus olhos estavam fechados e seu cabelo colorido estava cobrindo a maior parte de seu rosto. — Eu não sou Preppy, este tipo de merda não deixa o meu pau duro.

— Não é uma garota morta, imbecil. Ela está viva, mas ela está aqui e ela está bem machucada.

— Então a leve ao hospital, caralho... — eu comecei, pronto para terminar a conversa e subornar uma das empregadas para ir até a loja de bebidas para mim.

— Bear! — King retrucou. — Ela está aqui, no apartamento da garagem. Gus a salvou antes que o MC pudesse deixá-la pior do que ela já está, mas ele tinha ouvido o seu velho dizer que ele ia largá-la aqui, para você.

Por que diabos o MC faria isso?

Eu não tenho que pensar muito sobre isso. Conhecendo o jeito que meu velho fazia as coisas, eu sabia que havia uma razão pela qual ele iria espancar uma menina indefesa. Bem, na verdade havia algumas. Mas só havia uma razão pela qual ele iria bater em uma e despejá-la em algum lugar que ele sabia que iria chegar a mim.

Enviar uma mensagem.

A realização me bateu enquanto King continuava falando, embora eu não podia ouvir o que ele estava dizendo. Foi o cabelo rosa. Eu não tinha visto em muito tempo. Não desde que...

— Olhe para a fodida mão dela, idiota, — King latiu, me trazendo de volta ao presente. Eu praticamente podia ver através do telefone a veia em seu pescoço que sempre pulsava quando ele estava zangado.

Eu usei meus dedos para dar zoom na mão dela e minha respiração ficou presa na minha garganta quando eu vi o que ela estava segurando entre os dedos.

Um anel. Um anel de caveira dos Bastard.

Meu anel de caveira dos Bastard.

— Estou indo.


Capítulo seis

BEAR

A dormência que havia sido bom para mim ao longo dos últimos meses tinha sido substituído com a raiva familiar que me acompanhou toda a minha vida. A raiva que me permitiu tirar vidas. A raiva que me permitiu odiar inimigos que eu nunca conheci. No entanto, este novo tipo de raiva borbulhando dentro de mim era para um homem e um homem só.

Chop.

Eu ainda estava meio bêbado. Era difícil não estar. Se eu quisesse estar completamente sóbrio levaria meses para limpar o meu sistema. Talvez anos.

As linhas tortas da rodovia se misturavam em uma longa sequencia de branco e amarelo enquanto eu pressionava o pedal do acelerador, o motor gritando e gemendo em protesto. A linha vermelha do velocímetro pulsava com hesitação, subindo mais e mais enquanto eu empurrava a caminhonete velha ao seu limite.

Eu tinha dado o anel para a menina como uma fodida brincadeira. Uma maneira de acalmá-la, fazê-la se sentir bem para não ligar para a polícia do caralho. Eu nunca esperava que ela aparecesse no maldito MC. Sobre o que ela poderia ter precisado da minha ajuda de qualquer maneira? Eu honestamente pensei que ela iria esquecer tudo sobre o anel e a falsa estória por trás dele.

Eu estava tão fodidamente errado.

Só porque era essa mesma menina na imagem que King me enviou não queria dizer que isso tudo não era uma armadilha elaborada por Chop para me fazer voltar à Logan’s Beach.

Meu velho era um filho da puta, mas ele era um filho da puta inteligente. Ele não queria vir atrás de mim em público, e com toda a vigilância na casa de King, ele com certeza estava tão longe de The Causeway quanto possível.

Mas e a menina?

Ela poderia estar na folha de pagamento dos Bastards pelo que eu sabia. Tudo o que ela precisava fazer era ir para um lugar tranquilo, sem vigilância para que os Bastards pudessem me levar de volta para o clube e me enforcar no meio do pátio para que eles pudessem jogar latas de cerveja no meu corpo até que eu começasse a cheirar mal.

Mas e se ela realmente foi para o MC porque ela precisava da minha ajuda? Precisava de mim para cumprir uma promessa que eu não tinha intenção de cumprir.

Na foto ela estava segurando o maldito anel como se fosse à coisa mais preciosa do mundo para ela. Eu senti um puxão do fundo do meu fodido intestino, mas como todas as emoções indesejáveis caindo pelo meu cérebro, eu empurrei essa merda para longe.

Minha piada estúpida acabou na porta de King. O plano era chegar à Logan’s Beach e silenciosamente limpar a bagunça que eu fiz. Então eu iria enviar à menina em seu caminho e dar o fora.

Cada solavanco na estrada me fez olhar para cima e olhar para o espelho retrovisor. As janelas traseiras estavam escuras e pareciam quase tão inúteis como um monge com um pau de vinte e três centímetros. A minha moto estava amarrada à traseira da caminhonete com cintas de nylon pesadas que ligava à ganchos no chão.

Uma besta mecânica amarrada enquanto ela foi concebida para estar voando pela estrada.

Como eu.

Eu tinha alugado a caminhonete sob um pseudônimo de um depósito fodido que operava exclusivamente em bilhetes de papel, nenhum sistema de computador de qualquer tipo. Eu não estava me escondendo do clube. Eu não era um covarde, mas eu não estava prestes a anunciar a minha chegada e colocar a família de King em risco também.

Eu não estava me escondendo, eu só precisava de tempo.

Tempo para quê, eu não tinha fodida certeza.

Ao longo dos últimos meses, a única coisa que eu estava fazendo era beber e comer buceta a rodo e logo que eu concluísse meu negócio, eu iria voltar para isso.

Meu velho não era estúpido o suficiente para levar a nossa luta para as ruas, mas ele era estúpido o suficiente para me enviar uma mensagem ao bater em uma menina a quem ele sabia que eu tinha dado a minha promessa de proteção.

Há quanto tempo foi isso? Seis, sete anos?

Parecia outra vida.

Um onde eu tinha tanta certeza do meu lugar dentro do clube. Uma onde eu estava contente de ser um soldado ingênuo cuja principal preocupação era buceta e festa.

Buceta.

Eu tinha estado de joelho nisso desde que eu tinha doze anos.

Perdi a virgindade da mesma forma que todos os outros meninos pré-adolescentes perderam no clube. Um membro mais velho, no meu caso foi o meu velho, me sentou no meio de uma sala cheia de irmãos já bêbados ou drogados ou ambos, quando uma prostituta seminua com o dobro da minha idade me deu uma desculpa triste para fazer um strip tease para uma velha canção do Bon Jovi, cada irmão que eu tinha conhecido desde que eu nasci observavam. Ela caiu de joelhos e me chupou antes de se sentar e virar as costas para mim. Ela segurou o braço de apoio quando ela se afundou, levando meu pau dentro de sua buceta.

A multidão aplaudiu e braço direito do meu velho, Tank, sacudiu uma garrafa de Bud, estalando a parte de cima com a faca, pulverizando de cerveja em cima de mim e na prostituta depois que eu gozei em menos de vinte segundos.

Melhor fodido dia da minha vida.

Eu daria qualquer coisa para ter esses dias de volta. Para ser alegremente inconsciente de toda a merda fodida que me fez eventualmente me virar contra meus irmãos e desistir do meu colete.

Eu estava feliz de ser apenas outra formiga no ninho, fazendo suas ordens sem questionar.

Minha vida fora do clube sempre irritava Chop. O fato de que eu estava próximo a civis, chamados Preppy e King, jamais descia bem para ele. Ele levou cada chance que ele tinha para me avisar a deixá-los e me lembrando de onde a lealdade precisava estar e como os de fora causavam nada mais que problemas em nosso mundo.

Eu nunca vi isso dessa forma. King e Preppy eram úteis para o clube. Os Bastards corriam para eles quando algo era demais para nós, e se apoiaram em nós quando eles precisavam de uma limpeza. Eles abraçaram meus irmãos e abriram suas casas para nós e nossos modos de festas selvagens.

Chop foi tão longe como oferecer a eles um colete. Patchs. Eu acho que ele fez isso pelo fato de que não ter poder sobre eles o deixava puto.

É claro que eles disseram não. King era um touro que corria em sua direção e Preppy era selvagem, correndo entre os touros sem nenhuma direção.

Eu fiz meu caminho e aproveitei todas as oportunidades para mostrar a Chop de que minha lealdade estava com ele. Com o clube. Atirei quando ele mandou. Enterrei seus problemas no fundo da floresta sem hesitação. Vivi a minha vida de acordo com o nosso código e de mais ninguém.

Mas nunca era suficiente.

Quanto mais ele me empurrava em sua ideia de que, a fim de tomar o martelo eu precisava desistir dos meus amigos, menos eu queria. Comecei a passar cada vez menos noites no complexo e mais noites no apartamento improvisado na garagem de King. Tivemos festas em seu quintal para meus irmãos que abraçaram King e Prep, não apenas como meus amigos, mas como amigos do clube.

Preppy morreu em nosso clube vários meses atrás porque havia um traidor entre os meus irmãos.

Um rato.

Chop estava mais preocupado com o sangue no concreto do que a morte de Preppy ou o traidor em seu meio. E isso é quando a coisa me pegou. A razão pela qual Chop estava preocupado com a minha lealdade era porque ele tinha uma razão para estar preocupado.

Quando a merda descesse. Vida ou morte. Uma arma mirada em Chop e uma mirada em meus amigos. Eu tinha que brincar de Deus e escolher cuja vida eu iria salvar, eu escolheria os meus amigos, a única família verdadeira que eu já tive além de Chop.

Eu acho que ele sabia disso muito antes de mim.

Quando ele se recusou a me deixar ajudar a salvar a garota de King, ele facilitou a escolha para mim. King ou o colete.

Não era nem mesmo uma decisão difícil de fazer. King tinha salvado minha vida num momento em que nem um único Bastard veio em meu socorro, quando Eli e sua gangue de filhos da puta idiotas me amarraram e me torturaram.

Chop falou bonito sobre a lealdade, mas ele nunca tinha feito uma coisa maldita para ganhar isso.

Eu me sentia nu sem o couro macio do meu colete contra a minha pele. E não é um bom tipo de nu. O tipo vergonhoso de nu.

Eu perdi.

Eu perdi o meu clube.

Eu perdi meus irmãos.

Eu sentia falta de saber o meu lugar no mundo e saber quem eu era, porque dirigindo a caminhonete de volta para os portões do meu inferno, eu não tinha ideia do caralho.

Tudo o que eu sabia era que eu não sentia falta de Chop.

Eu posso ter dado meu anel àquela garotinha como uma piada, mas isso não era mais uma piada.

Esta era uma fodida guerra.


Capítulo sete

BEAR

O dia que eu conheci King foi um dia sangrento.

 

Eu quebrei dois dentes e ganhei a cicatriz que atravessa o meu cotovelo esquerdo.

Nós tínhamos iniciado uma briga - eu nem me lembro o porquê. Pelo que quer que seja que as crianças de catorze anos de idade brigam. Bem, as crianças de catorze anos de idade que lidavam com drogas, roubos de carros, desmanche e fugindo da lei.

Nós tínhamos aguentado golpe por golpe até que estávamos tão ensanguentados e machucados que nenhum de nós poderia ver além das fendas dos nossos olhos negros inchados.

Preppy, um garoto magricelo que veio junto com King, se sentou em cima de um tronco nas proximidades e continuou correndo os dedos ao longo das pregas na frente de suas calças. Ele parecia totalmente imperturbável pelo espancamento mútuo ocorrendo apenas alguns metros de distância.

Na verdade, ele parecia... entediado.

— Vocês idiotas já acabaram? — Preppy gritou com um suspiro, soltando seus ombros. — Que luta de cadelas. Quando um de vocês desiste, aposto que é porque tem que ir trocar a porra do seu tampão. — ele balançou a cabeça e revirou os olhos.

King era mais pesado que eu, mas eu tinha a velocidade do meu lado. Para cada vez que ele me prendia debaixo dele, eu era rápido para manobrar para fora dele e aterrar mais um golpe em sua caixa torácica.

Isso pareceu durar horas.

Nós brigamos ferozmente, sem piedade. Rolando no chão molhado e macio, tentei cuspir a lama logo que entrou na minha boca para que eu pudesse recuperar o fôlego.

King recuou o braço e deu um soco contra o meu rosto, enviando minha cabeça para trás. A dor rolou pela ponte do meu nariz e vibrou contra minhas bochechas. O sangue escorria de minhas narinas na costura dos meus lábios, enviando um sabor de cobre em minha boca.

Era a terceira vez meu nariz tinha sido quebrado.

Um grito alto rasgou através do ar. King e eu viramos nossas cabeças em direção do som para ver Preppy, olhando para sua camisa branca em horror absoluto. Seu rosto já pálido parecia ficar ainda mais pálido. — Que porra é essa? — ele gritou, saltando do tronco. Ele puxou a alça do suspensório até o cotovelo, revelando um pequeno respingo de lama salpicado diretamente acima de seu bolso no peito.

Eu mal registrei que King e eu tínhamos parado de lutar. Suas mãos ainda estavam firmemente em volta do meu pescoço, meu joelho estava fortemente pressionado em seu estômago. Preppy lentamente olhou para cima a partir do ponto em sua camisa e de volta para nós. Suas bochechas estavam avermelhadas, os punhos cerrados ao lado do corpo. Antes que eu pudesse registrar o que diabos estava errado com o garoto, ele se lançou no ar com um grito que poderia rivalizar com os fodidos Braveheart8, e parou bem entre o King e eu, soprando o vento de meus pulmões, enviando King para trás na lama. Preppy então começou a se aproxima de nós com tudo o que tinha, mas desde que o garoto era construído apenas com cotovelos e joelhos...

Não era muito.

— Seus fodidos! — ele gritou, sua voz rachada sobre as vogais enquanto tentava seu melhor infligir dor em nós por sujar as roupas dele.

King e eu caímos na gargalhada e depois Preppy que tinha dado toda a luta que ele tinha para dar, ele caiu de costas e riu com a gente. Nós três passamos o resto do dia nos drogando no topo da torre de água. Essa foi à noite que Preppy desenhou um pau gigante na torre de água.

Eu aprendi naquele dia que Preppy tinha sido responsável por todos os paus que tinham sido pintados com tinta spray em placas de pare e postes de luz em toda a cidade. — Eu uso tinta especial também. A merda nunca vai sair. Quando eu estiver muito longe, meus lindos grandes paus pretos ainda vão estar em toda parte nesta cidade de merda.

— Oh, você gosta grandes pau pretos? — perguntei, cutucando sem suas costelas ossudas com meu cotovelo.

— Só o meu, — Preppy disse, agarrando seu pau através de suas calças cáqui.

King revirou os olhos. — Você não é preto, seu imbecil.

— Eu sou da cintura para baixo, filho da puta, você já viu o tamanho do meu pau? — Preppy estendeu a mão para seu cinto.

— Preppy, se você puxar a porra do seu pau para fora outra vez, eu vou te jogar da torre de água, — King advertiu.

— Você que sabe. — ele deu de ombros, tirando a mão de seu cinto. Ele se sentou entre mim e King e se inclinou sobre o corrimão olhando para as luzes esparsas abaixo. — Nós vamos possuir essa fodida cidade.

 

Grande. Grosso. Preto.

A torre de água de Logan’s Beach aparece. O esboço do spray de tinta em formato de pau ao redor da letra L ainda era visível, embora a cidade tenha tentado encobrir várias vezes com pintura fina barata. O cheiro do ar salgado misturado com protetor solar e peixes permeava o ar através da janela aberta e o cheiro de casa veio a memória... eu esperava que cidade nunca investisse em pintura decente, porque eu iria subi na torre do caralho no meio da noite e redesenharia o pau de Preppy mais uma vez.

Quando vou entrei na entrada de terra que levava até a casa de King, uma sensação estranha tomou conta de mim. Isso era pra sentir como casa.

Agora era o último lugar que eu queria estar.

Uma sensação de pavor permanecia dentro do meu peito, cada vez maior com cada rolar dos pneus me impulsionando para frente.

Livre-se da menina e dê o fora o mais rápido possível.

A casa de palafitas de três andares à minha direita era a casa principal, mas isso não era onde eu estava indo. Passando pela fogueira no quintal me fez querer vomitar, mas eu balancei a imagem da minha cabeça e em vez disso, escolhi lembrar de quando Preppy estava tão louco que ele convenceu a todos que ele poderia andar sobre as brasas.

Estávamos todos animados. Seus pés embora?

Queimaduras de segundo grau.

King estava do lado de fora de sua garagem recentemente reconstruída, os braços cruzados sobre o peito. Ele era um homem de poucas palavras e nunca falava antes de pensar, o que era o oposto de sua namorada, que estava sempre jorrando fora a primeira coisa que vinha a mente. King sempre foi um grande filho da puta, mas quando ele foi libertado da prisão no ano passado ele tinha saído ainda maior, como se ele tivesse saltado de ser a puta de alguém em troca de malhar. Seu cabelo estava curto e escuro e tinha um olhar ainda mais escuro em seus olhos.

Ele parecia o mesmo que ele sempre foi, mas havia algo nele que parecia... diferente, embora eu não conseguia descobrir o que era.

King levantou a tampa de um painel de teclas no lado da garagem que não estava lá antes de eu ir embora, e digitou um código. O lado direito do seu pescoço estava coberto com gaze. A porta da garagem abriu automaticamente. King acenou para eu entrar e eu dirigi para o espaço escurecido. Enquanto meus olhos se adaptaram, tomei cuidado para não bater em qualquer uma das motos clássicas e carros em diferentes estágios de reparação que eu sabia que estavam escondidos sob a infinidade de lonas empoeiradas.

Eu desliguei a caminhonete e pulei para fora.

— Você possui nada além de camisetas pretas e jeans escuro? — perguntei, tentando aliviar o clima e evitar qualquer conversa pesada ele podia sentir vontade de ter.

— Isso vindo do cara que não possui uma fodida camisa.

— Isso é o que está me incomodando. — eu disse, puxando a blusa preta sobre a minha cabeça e jogando-a de volta para o caminhão. — Muito melhor.

King revirou os olhos, mas eu podia ver a sombra de um sorriso. Não nos lábios, mas nele. Ele era um homem difícil de ler, mas eu tinha passado a entendê-lo. Só me levou quase 15 anos.

— A garagem parece melhor do que a última vez que eu vi, — disse eu, seguindo King. A atual área de garagem principal era duas vezes maior antes de Eli derrubar até o chão. — Você entrou em uma briga com um vampiro? — eu perguntei, apontando para a gaze no pescoço.

— Nova tattoo, — disse ele, abrindo uma porta que estava no mesmo lugar que o meu colchão costumava estar.

— Quem fez? — perguntei. King tinha feito todas as minhas e estavam muito melhor de quando ele começou. No meu braço direito não era uma imagem, mas um retrato da calçada durante o por do sol, uma moto em cima da ponte.

— Ray, — disse ele e ele sorriu.

— Puta merda, você deixar sua cadela tatuar você? — perguntei, me aproximando da gaze.

— Vá se foder. Chame ela de cadela novamente e eu vou te afogar no rio.

Entramos, mas não se parecia com a área improvisada que eu tinha usado antes como meu apartamento. Isso estava bom. A logo dos Beach Bastards que eu tinha pintado nas paredes tinha ido embora e essas paredes estavam nuas agora. O cheiro de tinta fresca pairava no ar.

Um sofá que parecia novo e TV formava a sala de estar. A pequena cozinha estava ao meu lado esquerdo. E ao contrário do estúdio que eu tinha antes, esta área tinha uma porta adicional que eu percebi que provavelmente levava a um quarto de verdade quando Doe abriu a porta e saiu.

Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. — Bear, — disse ela, os olhos brilhando, seu cabelo mais louro do que eu me lembrava.

— Doe, — disse eu, sem saber como cumprimentá-la mais. Me senti estranho. Ela era a única garota que eu pensei que eu poderia fazer minha. Não era que eu estava apaixonado por ela, era que ela era a única garota que eu tinha até mesmo considerado gastar mais tempo do que com o tempo que eu levava para gozar. Para mim? Isso era muito.

Doe parecia Doe, mas também diferente. Onde a mudança de King era algo que eu não poderia identificar, Doe era muito mais fácil de detectar. Ela usava bermudas coloridas brilhantes, uma blusa e chinelos pretos, seu estilo próprio, mas essa blusa era mais solta em torno da sua cintura do que eu estava acostumado a ver usando e fluiu quando ela caminhou em minha direção. Quando ela pegou meu pescoço para me trazer para um abraço, eu não podia deixar de olhar o decote amplo. Decote que certamente não estava lá antes.

— Ela prefere Ray, — disse King. Eu era um idiota. Eu tinha ouvido King dizer Ray, mas não tinha registrado.

— Ray, — eu corrigi. Eu não era tão perspicaz quando King me pegou olhando para ela.

— Pare de olhar para os peitos dela, porra, — King rosnou. Ray soltou uma pequena risada.

A segurei um pouco mais depois que ela tentou se afastar e ela bateu no meu ombro de brincadeira e riu de novo antes de eu finalmente soltá-la. Eu senti falta da sua voz. Sua risada. Foi mesmo bom ter King rosnando ao meu lado novamente.

Era tudo tão... normal.

— Você pôs mais peitos, gata? — perguntei na maior parte para irritar King, eu sabia que eles não eram falsos por causa de como eles pareciam esmagados contra o meu peito quando ela me abraçou. — Porque eu vou te dizer que eles estão fantásticos.

— Bear, — alertou King e eu me perguntava quão longe eu poderia empurrá-lo até que ele sacasse a arma.

— Oh, qual é, Bear, você seriamente não sabe? — perguntou ela, inclinando a cabeça para o lado.

King puxou seu braço, puxando-a contra seu peito.

Meu peito apertou.

Olhei para Ray de novo, e ela estava certa, eles eram macios e ainda assim pareciam que eles estavam prestes a explodir para fora do topo de sua camisa. O resto era mais curvas também, suas coxas um pouco mais grossas. Mesmo seu rosto tinha enlanguescido. E sim, a bunda dela tinha ficado maior, mas maldição, isso era uma coisa boa.

Cinco ou sete quilos pareciam bons para ela. Pareciam ótimos nela.

— Você seriamente não se lembra? — ela perguntou, cruzando os braços sobre o peito, que os fez estalar do topo ainda mais. King estendeu a mão e os descruzou, e isso foi quando eu notei através do tecido de sua camisa. Uma barriga ligeiramente arredondada. Como se ela tivesse recentemente... — Porra, eu sou um idiota, — eu admiti, finalmente percebendo o que eu tinha esquecido. — Parabéns, gente, sério, — eu disse, puxando Ray em outro abraço que foi recompensado com mais um rosnado de King.

Agora meu peito estava ferido por uma razão completamente novo. Meus amigos, mais próximos de mim do que qualquer família, tiveram um bebê enquanto eu estava fora e eu não tinha sequer me lembrado que Ray estava grávida.

Um grito agudo veio do outro quarto e, em seguida, parou tão rápido como tinha começado.

— Ela está fazendo isso a cada poucos minutos desde que Gus a trouxe aqui, — disse Ray, se afastando de King. — Sally, que dirige uma das Granny Growhouse. Ela é uma enfermeira aposentada. Ela simplesmente saiu há poucos minutos. Ela limpou e a enfaixou melhor que ela poderia onde a menina deixava, mas cada vez que ela tentou tirar o short para inspecionar os danos, a menina chutava e gritava. O que aconteceu, eu acho que foi brutal para dizer o mínimo.

Os olhos de King dispararam para os meus e eu sabia o que ele estava pensando. Ele era o único que sabia o que Eli e seu grupo de idiotas fizeram comigo e ele estava procurando o meu rosto para qualquer tipo de reação. Eu não era um idiota. Eu não era uma garota cuja virgindade foi roubada. Era uma tortura. Claro e simples. Nós matamos cada um desses filhos da puta?

Sim, nós matamos.

— Que bom que vocês acolheram ela, mas você já pensou que ela poderia estar na folha de pagamento deles? Que ela não é uma vítima, mas está aqui para conseguir informações?

— Passou pela minha cabeça. Não diga essa merda perto dela apenas no caso. Mas eu vou te dizer uma coisa. Se o que ela fez foi tudo um show, é um ato bastante impressionante, — disse King.

— Você deveria ir e ver como ela estava. Se ela começar a tremer ou qualquer coisa, Sally disse para colocá-la no chuveiro quente, — disse Ray.

— Porra! — eu disse, passando minhas mãos pelo meu cabelo. — Tremer? E se isso é real? Que porra eles fizeram com ela?

— Ray esteve com ela à noite toda e ela tem estado dormindo ou gritando, mas não disse nada sobre o que aconteceu, — disse King.

— Ela é apenas uma maldita criança! — eu gritei. — Você não acha que ele faria... — mas eu respondi minha própria pergunta. — Ele iria. Ele totalmente faria. E não apenas ele... — eu digo. Eu andei até o sofá e me sentei, sentindo meu estômago virar uma e outra vez quando eu pensei em Chop estuprando uma menina e, em seguida, deixando os doentes fodidos, e haviam vários no clube, terem ela.

— Como ela conseguiu o seu anel? — perguntou King.

— Eu era um garoto idiota e eu dei ele a uma menina para ela não chamar a polícia quando Skid a segurou com uma arma em um posto de gasolina. Eu nunca esperava vê-la novamente. Eu contei a ela uma história. Uma mentira. Disse que sempre que ela precisasse, qualquer coisa, era para vir me encontrar e mostrar o anel e eu iria fazer o que ela me pediu. Pensei que ela iria esquecer sobre isso.

— Você deve ir e vê-la, — disse Ray. — Se ela realmente veio procurar algum tipo de ajuda de você, ver você, saber que você está aqui, pode fazer algum bem.

— Por quê? — perguntei. — Ela não me conhece. Eu não a vi desde que eu dei o anel há ela anos atrás. — eu pulei para fora do sofá. — Chop queria me enviar uma mensagem ao bater e possivelmente estuprar essa menina. O que eu vou fazer é me esgueirar de volta para o clube e cortar a garganta do meu velho e, então pegar a estrada novamente. Esta merda não deve bater na porta de vocês. Eu não vou deixar isso acontecer novamente. Vou colocá-la na van e deixá-la no hospital. Nós dois vamos ter ido pela manhã.

— Você não acha que, se você levá-la para o hospital você corre o risco de arruinar a coisa pela qual ela precisava da sua ajuda? — perguntou Ray.

— Nunca pensei que eu iria ouvir você sugerir um hospital, — disse King.

— Foi uma mentira! Uma piada. Eu era a porra de um garoto idiota! — abaixei minha cabeça em minhas mãos.

E agora você é um idiota fodido de trinta anos, o fantasma de Preppy entrou na conversa.

— Vá lá e me diga se a menina lá dentro parece uma fodida brincadeira.

— Eu vou cuidar disso. Eu não sou um Bastard mais. Eu não estou preocupado com hospitais ou em ser pego. Além disso, se ela é um rato, o que diabos isso importa? Vou deixá-la e seguir meu caminho.

— Onde? — perguntou Ray.

— Qualquer lugar que não é aqui, — eu disse.

— Isso dói, você sabe, — disse Ray, se desembaraçando de King.

— Você não pode fugir para sempre, cara, — disse King.

— Eu não estou fugindo desses filhos da puta! — eu gritei. Os olhos de Ray correram para a porta fechada, eu abaixei minha voz de novo.

Não, mas você está fugindo de si mesmo.

— Eu tenho que ir ver o bebê, — Ray disse, dando um passo em direção à porta. Ela pegou um rádio, olhando a coisa no seu caminho para fora. — Babá eletrônica, — disse ela, segurando com um sorriso tenso em seu rosto. A última coisa que eu queria era machucá-la, mas eu não sabia como corrigir isso. Eu só precisava sair. Ficar na minha. Descobrir a porra da minha vida.

Por que eles não entendiam isso?

— Qual é o nome do bebê? — eu disse para ela, mas já era tarde demais. Ray já tinha ido embora.

King levantou a gaze do lado do pescoço revelando uma nova tattoo em letras cinza e preta escrito NICOLE GRACE.

— Você deu o mesmo nome da prostituta que atirou em sua mulher? — perguntei.

— Havia mais do que isso e você sabe disso. Além disso, Nicole Grace é muito melhor do que o que Sammy e Max queriam chamá-la.

— E do que era?

— Baby Pancakes, — disse King, revirando os olhos e sorrindo.

— Talvez um pouco melhor. Mas puta merda, cara. Ray fez isso? Isso é bom trabalho.

King arrancou o resto da gaze e o jogou em uma lixeira próxima. — É sim. Ela fica melhor a cada dia. Você deve ver algumas das merdas que ela esboça.

— Qual é o nome dela? — perguntou King, empurrando o queixo para a porta fechada.

— Thia, — eu disse. — A mãe dela a chama de Cindy, mas ela odeia isso, — eu disse, lembrando as palavras dela para mim todos esses anos atrás. — Se isto é uma armadilha de Chop, e ela está com ele, é melhor você acreditar que eu não dou a mínima para quantos anos ela tem. Eu vou enviá-la de volta para o MC em um saco preto do caralho.

— Concordo, — disse King. — Mas quanto tempo se passou desde que você a viu?

— Seis anos, talvez sete? — eu respondi, coçando o cabelo debaixo do meu nariz. — Por quê?

— Porque essa menina lá dentro? Ela é jovem. Mas ela não é uma fodida criança. — quando a última palavra deixou sua boca, outro grito estridente perfurou através do ar.

— Eu vou chamar Ray, — disse King.

— Não, a deixe ficar com o bebê, eu vou entrar. Melhor eu descobrir o que diabos está acontecendo mais cedo ou mais tarde.

King acenou com a cabeça, mas então ele parou, novamente procurando o meu rosto por algo que eu já sabia que não estava lá. — Tem certeza que está tudo bem, cara?

— Sim cara, tenho certeza. Vá dormir um pouco, — eu disse, acenando para ele.

King foi para sair, mas se virou. — Parece que cortar a garganta do seu velho será o plano para a noite. Vamos conversar sobre isso na parte da manhã. O que você precisar. Estou dentro.

Foi quando eu percebi o que estava diferente sobre King. A raiva. A raiva que ele estava se afogando desde antes de Ray chegar tinha ido embora. É por isso que ele parecia diferente. Mais claro.

Mais calmo.

Isso me assustou pra caralho.


Capítulo oito

BEAR

Que diabos há de errado comigo?

Talvez fosse a porra da explosão ou beber Jack por meses, mas eu estava realmente começando a questionar a minha sanidade. A imagem King tinha me enviado da menina era borrada e eu não conseguia distinguir o rosto dela, mas eu sabia que era a mesma menina do posto de gasolina com o cabelo rosa.

Thia.

O nome dela era Thia, eu me lembrava.

Eu achava que sabia o que esperar quando entrei naquele quarto.

Eu estava tão errado.

O cabelo longo de Thia estava espalhado no travesseiro e ele não era tão rosa como eu me lembrava, mais como loira com um toque de vermelho. Sua pele era pálida, com exceção do ferimento escuro no lado do lábio e do ponto de borboleta9 cobrindo um corte no lado do olho que estava ficando mais e mais escuro enquanto os segundos se passavam. Os círculos sob seus olhos eram de um roxo profundo debaixo de sua pele fina.

Ela foi espancada como o inferno.

Ela era tão linda. Eu estava tão surpreso com ela que eu senti como se ela não estivesse inconsciente, mas em vez disso tinha acabado de me dar um tapa na minha cabeça.

Quando seus lábios entreabriram, ela suspirou, arqueando as costas para fora da cama, empurrando seus seios contra o cobertor fino, antes de cair novamente.

A porra do meu pau saltou para a vida.

— Timing ruim pra caralho, idiota, — eu murmurei para mim mesmo.

Se ela era a porra de uma armadilha ou não, alguém, provavelmente o meu velho, tinha feito direitinho.

Ao vê-la em pessoa era tão diferente do que olhar para uma foto. Estar no mesmo quarto que ela, vendo como ela lutava em seu sono, a raiva que eu sentia minutos atrás em direção ao meu velho se amplificou por mil. As cordas em meu pescoço tencionaram e eu cerrei os punhos.

Eu não iria matar Chop.

Eu estripar o filho da puta.

Thia se debatia descontroladamente, seus braços e pernas flácidas e inúteis enquanto ela rolava de lado a lado. Sua boca abria e fechava, o nariz enrugado e as sobrancelhas retraídas como se estivesse tendo uma conversa acalorada com alguém em seu sonho. Ela começou a se debater novamente, desta vez chutando os lençóis e cobertores da cama.

Eu respirei fundo.

Ela não estava usando uma camisa ou um sutiã, seus seios eram cheios, empinados, arredondados, e perfeitos. Meu pau não tinha recebido a minha mensagem anterior para domar essa porra, porque ele se contraiu novamente em minhas calças quando todo o sangue do meu cérebro correu para o meu pau até que ele estava se esforçando dolorosamente contra o meu zíper. Thia rolou para o lado dela então ela estava de frente para mim e eu era capaz de ter uma visão melhor de seus mamilos cor de rosa. Havia uma marca em seu seio esquerdo e quando eu me inclinei para inspecioná-lo, eu vi vermelho.

Vermelho de raiva brilhante.

Dentes.

A marca de mordida na porra do seu mamilo.

Eu estava sobre Thia como uma mistura confusa de ódio, raiva, luxúria nadando dentro de mim. Eu adicionei decapitação à lista de coisas que eu ia fazer com Chop e possivelmente queimar seus próprios malditos mamilos eu mesmo.

Por outro lado, se a cadela estava trabalhando para Chop, seria uma vergonha ter que terminar o que tinha começado em um corpo tão perfeito.

Andei pelo quarto, estalando os nós dos dedos e respirando fogo. Se este fosse o velho lugar de King eu provavelmente já teria feito um buraco na merda do drywall e de repente desejei que aquela antiga garagem em ruínas, que costumava ser coberta com meus posters do Johnny Cash e bandeiras dos Beach Bastards não tivesse sido substituído pela tinta branca e fresca.

Thia se sentou de repente e abriu os olhos, revelando olhos verdes e grandes de boneca abaixo da superfície. — Bear, — ela sussurrou, fechando seu olhar em mim. Sua mão voou até o peito para agarrar o meu anel de caveira, que estava pendurado em uma corrente entre os peitos dela.

Eu abri minha boca, mas eu não tive a chance de dizer qualquer coisa, porque seus olhos reviraram em sua cabeça e ela começou a convulsionar.


Capítulo nove

Thia

Calor. Eu estava envolta em um casulo de calor e conforto que eu nunca quis emergir.

— Você está morta, querida? — a voz profunda penetrou o silêncio, me chamando de volta das trevas.

Água quente caiu sobre a minha pele. Eu estava sentada na superfície escorregadia de uma banheira rasa enquanto braços fortes me embalavam contra um duro peito largo. Algo enorme e duro cutucou minhas costas, fazendo com que meus olhos abrissem.

Pânico derramou em minhas veias como se eu tivesse levado um tiro no coração com adrenalina.

Me sentei e virei minha cabeça, olhando diretamente para as piscinas azul safira que fizeram a minha pele arrepiar e bile subir na minha garganta.

Não podia ser. Eu pensei que eu tinha escapado.

CHOP.

— Nããão!!!! — eu gritei, lutando para me afastar, tentando içar a minha perna sobre a borda, mas só conseguindo levantar minha perna o suficiente para bater o meu joelho diretamente no lado da banheira.

Os mesmos braços fortes em volta de mim e me puxaram de volta debaixo do spray.

Eu não conseguia respirar.

Isso não podia estar acontecendo.

Mas estava.

Estava acontecendo tudo de novo, e eu não podia. Respirar.

— Olhe para mim! — a voz ordenou, e quando eu não me virei, ele manteve uma mão em volta dos meus ombros e usou a outra para virar meu queixo para encará-lo. Eu lutei com ele usando toda a força que eu tinha, mas não foi o suficiente. Eu estava cansada. Fraca. Os músculos do meu pescoço cederam e eu fui forçada a novamente olhar nos olhos do meu captor.

Havia uma dureza e uma raiva, uma violência, à espreita nos olhos brilhantes diante de mim. A profunda exaustão que eu podia entender, no entanto, não havia ódio aberto, nenhuma malícia.

Não era ele.

Não era Chop.

Eu tinha conseguido escapar afinal de contas.

Mas para onde eu tinha fugido?

— Bear? — perguntei. Apesar de estar cercada por água a minha garganta estava seca e áspera, minhas palavras saíram como se eu tivesse estado no deserto durante meses respirando areia. — Como você está aqui?

— Não, você vai responder às minhas perguntas primeiro, — disse Bear, olhando para mim como se ele nunca tivesse me visto antes em sua vida. — Não se preocupe sobre onde você está ou como eu estou aqui. Você precisa estar mais preocupada em me dizer por que está aqui e quem te enviou. — a água escorria pelo seu rosto, pingando do fundo de sua barba, que estava muito maior do que eu lembrava. Ele tirou cabelo molhado da minha testa. Eu me afastei do seu toque, meu corpo ainda em modo de pânico completo.

Lembrando da dureza nas minhas costas, eu olhei para baixo para onde seu jeans incharam. Os olhos de Bear seguiram os meus. — Não pude evitar isso. O meu pau sabe que estou no chuveiro com alguém que tem uma buceta. — eu levantei minhas mãos para cobrir meus seios nus, de repente muito consciente da minha nudez, mas grata que eu ainda estava usando minha bermuda.

Meus músculos pareciam de borracha que tinham derretido no calor do sol como um pneu no meio da estrada.

Usada, gasta, quente, inútil.

Quebrada.

Bear queria saber por que eu estava lá.

Por que eu estava lá?

Alguma coisa tinha acontecido antes de eu ir para o MC. Antes de Chop. Mas meu cérebro estava nebuloso e eu não podia ver as imagens do dia que estava um pouco além do meu alcance.

— Eu não entendo, — eu disse. Desta vez, quando eu falei senti um puxão no canto do meu lábio. Toquei o local com os meus dedos, descobrindo uma crosta suave sobre uma ferida fresca.

— Você não se lembra de ir para o MC? — perguntou Bear, levantando uma sobrancelha. Eu não sei quem é o homem sentado na minha frente porque não havia nenhum charme e despreocupação que praticamente gotejava do Bear de sete anos atrás. Este homem era como uma versão vaga de seu eu mais jovem.

Fechei os olhos e deixei cair meu testa nos joelhos. — Me lembro de andar de bicicleta. Eu me lembro da chuva. Me lembro de ir até o portão. O prospecto chamado... Pick? Peck? Não, Pecker me deixou entrar.

— Nunca gostei desse pentelho, — Bear zombou.

Por que eu fui para o MC?

Pense, Thia. Pense. Por que você está com Bear agora?

As imagens que eu tinha tentado alcançar começou a piscar na minha mente como fotos Polaroid sendo jogadas em uma pilha, cada uma contendo um flash de memória, uma após a outra.

Minha mãe sentada na cadeira de balanço no antigo quarto de Jesse.

A arma em sua mão.

O corpo sem vida do meu pai.

A espingarda na mão.

Sangue da minha mãe contra o branco do lado da casa.

Engoli em seco quando as fotos começaram a se empilhar mais e mais, enchendo meu cérebro com imagens que eu nunca queria ver de novo. Isso não podia ser real. Eu tinha que estar morta. Mamãe tinha razão. Eu iria para o inferno. Porque isso é exatamente onde parecia que eu estava.

Meu estômago revirou. Ácido e bile subiu na minha garganta. Cobri minha boca com a mão.

— Ei! Você ainda está lá? Volte, — Bear perguntou, soando como um eco distante enquanto as imagens continuavam piscando em meu cérebro.

Um rio de sangue.

Tanto sangue.

Bear agarrou meus ombros e começou a me balançar. — Sangue de quem? Que porra você está falando?

— Eu matei minha mãe! — eu soltei, me inclinando sobre o lado da banheira apenas a tempo para levar o pouco que eu tinha estado no meu estômago para o vaso sanitário de porcelana. — É por isso... é por isso que eu vim para você. — eu limpei minha boca com as costas da minha mão, abrindo a cicatriz no meu lábio, sangue fresco e vômito riscado minha pele. — Eu... eu a matei.

Bear desligou o chuveiro e se inclinou sobre mim, agarrando seu telefone do topo da pia. — Onde? — ele perguntou, pressionando um botão no telefone. A tela se iluminou e ele o segurou ao ouvido. — Maldição garota. Onde?

— Onde o quê? — eu perguntei para o banheiro.

— Onde? Como em onde está o corpo da sua mãe? Onde ela está agora, porra? — ele perguntou com raiva, me deslizando para frente para que ele pudesse se levantar.

O corpo da minha mãe.

— Uh. Um ela está... — eu disse, tentando recuperar o fôlego o suficiente para não vomitar de novo. — Casa. Ela está em casa. Em Jessep. — sem a água quente contra a minha pele, eu comecei a tremer violentamente.

— Ray, King está lá em cima? — ele latiu no telefone. — Diga a ele para trazer sua bunda até aqui. — ele apertou um botão no telefone e o jogou sobre o balcão. Ele se levantou, me levantando sob meus ombros quando ele passou sobre a borda da banheira. Ele fechou a tampa do vaso sanitário e me pôs sobre ele. Rasgando uma toalha da prateleira na parede, ele jogou para mim e eu imediatamente a envolvi em volta dos meus ombros.

— Seus jeans estão todos molhados, — eu disse sem rodeios, olhando para o encharcado jeans escuro nos quadris de Bear, provavelmente, mais baixos do que normalmente ficavam com o peso da água os puxando ainda mais para baixo. Não havia uma parte em seu peito ou braços que não tinha sido tocado pela agulha de uma arma de tatuagem. Colorido e vibrante contra sua pele muscular lisa.

— A enfermeira disse para colocá-la sob a água quente se você convulsionasse, então eu corri para o chuveiro, — disse ele. — Não pensei muito sobre o que eu estava vestindo. — ele se inclinou para me levar do banheiro e eu acenei para ele, soltando o braço da toalha que estava enrolada sob meus braços para cobrir meus seios.

— Eu posso andar, — eu assegurei a ele.

Me levantei, trêmula no início, segurando o balcão para apoio. — Eu consigo, — eu disse novamente, desta vez dizendo mais para me convencer quando meus joelhos se dobraram. — Só preciso de um segundo, é tudo. — Bear rosnou e se abaixou, atirando o braço direito sobre a parte traseira de seu ombro. — Eu disse que eu consigo! — eu gritei, embora claramente que eu não tinha nada.

— Muito teimosa, cadela, — Bear murmurou, me levando do banheiro para um pequeno quarto. Ele me sentou na beira do colchão e voltou para o banheiro.

A porta se abriu e um homem apareceu, suas sobrancelhas juntas e eu só poderia assumir esta era a pessoa, King, que Bear tinha ligado. Cabelo escuro curto, uma camiseta cm a gola em v apertada e escura esticava contra seu peito musculoso. Ele foi um homem enorme. Pelo menos um e oitenta e cinco de altura, embora Bear fosse ainda mais alto. Ele se aproximou e agarrou a moldura da porta, seus bíceps e ombros ondulando quando ele se inclinou para o quarto. Ele também era coberto de tatuagens, mas considerando que Bear estava coberto, esse cara ainda tinha algumas manchas de pele nua visíveis entre as tatuagens. Pulseiras grossas de couro estavam ao redor de seus antebraços. Ele soltou o patente da porta e cruzou os braços sobre o peito, sua nova posição revelando as pulseiras, foi então que eu percebi que elas não eram pulseiras ou algemas, mas cintos. Sua pele era escura e bronzeada, os olhos de um verde fluorescente único.

Ele não olhou para mim. Nenhuma vez.

— O que você precisa? — o homem perguntou a Bear quando ele saiu do banheiro, ainda sem camisa, mas abotoando um par de jeans secos. Ele penteou o cabelo molhado para trás com a mão.

— Tenho que ir para Jessep. Eu preciso que você me ajude a carregar. Eu vou levar a caminhonete. É arriscado demais montar, — disse Bear, se esgueirando para passar por King quando ele saiu do quarto, em seguida, reapareceu um momento depois.

— Limpeza? — perguntou King. — Isso é por que ela está aqui? — seu queixo ligeiramente apontou em minha direção, o único reconhecimento da minha presença.

Limpeza? O que é uma limpeza?

Cada instinto no meu corpo tinha dito para eu procurá-lo, mas eu não pensei sobre o que eu iria realmente pedir a ele.

Provavelmente porque eu não sabia exatamente.

— Parece que sim, — disse Bear, vasculhando a mochila no chão e colocando um novo par de meias pretas. Ele enfiou os pés num par de botas pretas. Ele se virou para mim. — Qual é o endereço da fazenda?

— Não tem. Apenas Andrews Farm na rodovia Andrews Farm. — como um monte de fazendas em Jessep que tinham estado lá por tanto tempo como o nosso, as estradas vieram depois e eram geralmente nomeadas com os nomes das fazendas próximas. — É a única fazenda na rodovia. Uma caixa de correio no fim. Uma casa branca pequena. Sangue, — eu disse, ainda esperando que isso fosse tudo um pesadelo e que eu não estava dando a um motoqueiro meu endereço para limpar o corpo da minha mãe.

— Há quanto tempo? — perguntou King e Bear novamente se virou para mim para a resposta.

— Eu não tenho certeza, — eu disse, porque eu não sabia quanto tempo eu estava no MC ou quando era eu vim aqui. — Ummm... era sexta-feira depois do meu turno no trabalho. Cerca de seis horas, talvez sete? — eu franzi o nariz, tentando lembrar exatamente. — Eu acho? — eu acrescentei enquanto eu tentava lembrar quando minha vida havia mudado para sempre.

— Ela está dentro ou fora? — perguntou Bear de novo, e imediatamente me lembrei da maneira como seu corpo parecia caído ao lado da casa, minha garganta apertada.

— Fora, — eu disse, recordando o momento em que eu convenci minha mãe para trocar de arma comigo.

— Eu preciso chegar lá antes que o cheiro... — Bear começou e meu estômago revirou novamente.

King acenou com a cabeça. — Eu tenho o que você precisa na garagem. Quantos? — perguntou ele e desta vez Bear não se virou para mim em resposta.

— Um.

— Não, — eu disse, lágrimas picando atrás dos meus olhos. Ambos olharam para mim com expressões confusas. — Não. — eu repeti, sacudindo a cabeça vigorosamente. — Dois. Existem dois, — eu disse, segurando dois dedos ao mesmo tempo em que olhava fixamente para o teto.

— Eu vou começar, — disse King, desaparecendo da porta. — Te encontro na garagem.

Bear se ajoelhou diante de mim, lágrimas quentes caíram para o lado do meu rosto quando o meu olhar correu do teto para os olhos irritados da pessoa que eu fui estúpida o suficiente para pensar que de alguma forma poderia ter sido o meu salvador em tudo isso. — Esta é a sua única advertência, querida. Se eu descobrir que você está de alguma forma trabalhando para o MC. Se você estiver na folha de pagamento deles... — seus olhos ficaram escuros e eu tentei desviar o olhar novamente, mas ele me agarrou pela parte de trás do pescoço e se inclinou até a ponta do seu nariz tocar o meu. Sua respiração esvoaçava contra os meus lábios em rajadas raivosas enquanto ele falava entre seu grunhido. — Se isso é algum tipo fodido de armadilha, a porra que o meu pai fez com você no clube vai parecer como um machucado no joelho em comparação com o que eu vou fazer com você.


Capítulo dez

BEAR

King e eu carregamos a caminhonete com as lonas de plástico, diferentes tipos de serras, tanto elétricas e manuais, brocas, e material de limpeza suficientes para iniciar o nosso próprio serviço de limpeza.

— Você acha que Gus voltou para o MC? — perguntou King.

— Sim, é provavelmente exatamente onde ele foi. Se ele sumir por muito tempo, eles vão descobrir rapidamente que ele era a pessoa que pegou a menina. Chop foi sempre paranoico com ratos em nosso meio. — eu ri. — O fodido provavelmente está tendo um ataque cardíaco agora tentando descobrir o que diabos aconteceu.

— Ele não fez isso silenciosamente. O fodido disse que ele detonou uma bomba caseira como uma distração para chegar à menina, — disse King.

— A coisa louca é que o filho da puta tinha uma bomba nas mãos. Provavelmente tem uma pilha delas no teto do quarto dele. Ele sempre foi um pouco maluco. Uma vez eu estava no chuveiro no clube e quando eu puxei a cortina ele estava ali parado, olhando. Me assustou pra caralho.

— Filho da puta assustador, — disse King.

— Sim, mas ele tem suas qualidades. E ele é leal, obviamente, o que é mais do que eu posso dizer para a maioria das pessoas nos dias de hoje. — King e eu pegamos cada um uma porta na parte de trás da caminhonete e fechamos juntos.

— O que você fez para ele que ganhou esse tipo de lealdade, porque isso é uma merda grande, cara.

— Eu salvei a vida dele. O fodido estava prestes a ter uma bala na cabeça, — eu disse.

— De quem?

— De mim. Gus quase não virou prospecto porque Gus quase não passou pelo seu décimo sexto aniversário. Eu peguei espiando por uma janela do armazém onde ele estava me observando 'questionar' um dos nossos rivais para informação. O garoto era tão bom como morto. Exceto que quando eu estava prestes a puxar o gatilho para acabar com ele, o filho da puta não vacilou. Então ele me perguntou se era bom para destruir um homem e, em seguida, ele criticou a minha escolha de faca que eu tinha usado na cara antes dele. Eu decidi que era mais útil como um Bastard do que morto. Ele virou prospecto no dia seguinte. — o desgraçado se tornou o melhor ‘questionador’ que o clube já teve. Comprei a ele um conjunto de faca de açougueiro quando ele conseguiu o patch. Ele olhou para as facas e eu não sabia se ele estava prestes a chorar ou gozar.

Provavelmente, ambos.

— Pronto. Vamos, — disse King.

— Nah, cara. Não há necessidade de você se colocar em risco por esta merda. Eu vou chegar lá, limpar tudo e levar a menina da sua casa. Quanto mais cedo eu fizer isso, mais cedo eu posso pegar a estrada novamente.

— Foda-se. Eu vou com você. — ele apontou para a porta do apartamento. — Você sabe que pode ficar, certo? Esse apartamento é seu. Sempre foi. Reconstruí com você em mente. Além disso, eu construí algo mais. Uma espécie de saída do edifício, está na ilha.

— Saída do edifício? Como um abrigo antiaéreo? — perguntei. A ilha na parte de trás era um acre de terra na linha costeira da preservação, do outro lado da baía. Se você olhasse através da água da propriedade de King, você não podia ver que era uma ilha. Quando King e Prep se mudaram, eles nem sabiam que isso estava lá até que apareceu a vista de barco.

— Algo assim. Eu vou te mostrar um dia desses, — disse King.

Eu balancei minha cabeça. — Não vou estar aqui por muito tempo. Eu estar aqui coloca você e sua família em perigo. Você tem filhos agora, cara. Eu não seria capaz de viver comigo mesmo se alguma coisa acontecesse com eles.

Como o que aconteceu com Preppy.

Isso não foi culpa sua, idiota. Foi minha. Eu literalmente não pude me esquivar a bala. Viu o que eu fiz? Cara, eu sou hilário.

— Você acha que eu sou estúpido? Eu não sou. Eu sei que o MC não está no negócio de matar civis, — disse King, — além disso, vivemos como se não houvesse amanhã. Entendeu? — perguntou King, apontando para um canto alto da garagem onde uma pequena luz vermelha estava piscando. — Tenho câmeras em todos os lugares. Tudo está ligado no meu celular. Também dou ao xerife local uma parte da operação Granny Growhouse além de toda a fodida maconha que podem fumar e agora eles cuidam de nós. O MC teve algumas ofertas que deram erradas, então eles pararam de pagar a lei. Então você pode ficar aqui. Ninguém vai vir para a nossa porta. Ninguém.

Eu me encolhi, lembrando quando Eli tinha feito exatamente isso. Ele não apenas veio para a porta. Ele destruiu a própria porta e metade da garagem de King no processo. King deve ter notado minha reação. — Nunca mais, — ele emendou. Eu odiava o jeito que ele estava olhando para mim, como se estivesse prestes a me perguntar sobre como eu estava indo, então eu mudei de assunto.

— Eu pensei que você estava pensando em ser civil? — perguntei, surpreso ao ouvir que King ainda tinha as Granny Growhouses funcionando.

— Um cara civil como eu pode ir até certo ponto. Eu reduzi e eu não trouxe nada para a nossa porta. Nos mantem ocupados, embora. Durante o dia, Grace ficava cuidando das crianças e até termos Nikki, Ray estava aprendendo comigo. Ela é muito incrível. Pode desenhar melhor do que eu jamais poderia.

— É por isso que eu preciso ir, — eu disse. — Você tem toda essa merda acontecendo que eu não tenho parte nenhuma.

— Irmão, nós não éramos parte de nenhuma maldita coisa desde que éramos crianças e é por isso que você precisa ficar. A merda não é a mesma sem você. Pelo menos fique até você se reerguer e limpar sua cabeça. Então, se você ainda achar que estar na estrada é o que você quer, você pode voltar a ser Bear fodendo toda a América sem nunca pensar em Logan’s Beach novamente.

Eu ri com a forma como ele me conhecia. Melhor do que ninguém.

Melhor do que eu mesmo.

Ele me conhecia tão bem no fato de que ele já sabia que não havia como eu ficar. Logan’s Beach era a minha casa, é onde eu nasci, onde eu cresci. Mas agora não havia nada para mim, exceto problemas, e eu não queria nada mais do que colocar distância entre eu e minha moto, e os lembretes constantes da merda que a minha vida tinha se tornado que estavam em cada rua, cada sinal, cada concha e pedaço de areia da minha cidade natal.

King ignorou a minha recusa de sua ajuda e abriu a porta do lado do motorista. Ele colocou um detector de radar no painel, conectando à ignição. Números vermelhos brilharam à vida e fez um som parecido com um detector de metais pairando sobre uma moeda na areia. — Imaginei que poderia encurtar o caminho. Coiotes poderiam estar arrastando a cabeça da mãe dela até agora. Cada minuto conta.

Eu balancei a cabeça, o tempo não estava definitivamente do nosso lado. — Boa decisão.

— Aquela garota lá dentro... — King perguntou, me lançando um pacote de luvas de tatuagem pretas e dando a volta na caminhonete para o lado do passageiro. Nós sempre tivemos uma regra ‘seu passeio, você dirige’ que, aparentemente, se aplica ao aluguel da caminhonete. — ...ela te disse por que existem dois corpos apodrecendo sob o sol agora?

Eu balancei minha cabeça. — Não, ela não disse muito. Ela murmura muito. Balança pra trás e para frente. Sorte que consegui arrancar o endereço dela. Sério, você não deveria ir comigo. Essa coisa toda poderia ser uma armadilha. Se algo acontece com você, Ray iria me matar com as mãos nuas. — King tinha sido preso por deixar a própria mãe, que era uma fodida drogada, morrer em um incêndio que ele não começou. Você pode acreditar nessa merda? Ele não fez questão de matá-la. Ele só não salvou a fodida que negligenciou o bebê dele.

Foi besteira para mim há quatro anos e ainda era besteira para mim sentado ali naquela caminhonete.

— Quando vim para você com o MC. Depois de toda a merda que desceu com Eli e te pedi para me ajudar a ter minha garota de volta, você hesitou? Porra não, você não fez. Você estava pronto para matar!

— Sim, porque era Ray, mas esta não é a minha garota. Esta é apenas uma menina. Uma maluca que matou a mãe que pode ou não estar chupando o pau do meu velho. Este não é uma situação de vida ou morte, — eu disse. — Este é apenas um problema que precisa de conserto.

King riu. — Você já viu milhares das cadelas dos Beach Bastard ir e vir no clube. — ele empurrou o queixo em direção ao quarto onde eu tinha trancado Thia. — Me responda, honestamente, ela parece com qualquer puta que você já viu?

— Não, mas isso poderia ser parte da coisa toda. — Chop não poderia enviar exatamente alguém que tinha ‘cara de puta’ estampada na testa, então ele enviou uma menina inocente com um lábio inchado... e seios ainda maiores.

Maldição.

— Você ouviu a si mesmo agora? Você tem uma história com esta menina, certo? O suficiente para saber o nome dela? — perguntou King.

— Sim, mas... — eu comecei a discutir.

— Mas nada. Skid está morto tem anos. Quais são as chances dele ter contado ao seu velho essa história antes do cartel acabar com ele, e que o seu velho lembraria anos mais tarde, e depois decidisse que precisava ir buscar essa mesma menina, transformá-la em uma prostituta do clube, e então mandá-la de volta para você para levar a cabo a vingança dele contra você por deixar o MC que ele praticamente te expulsou? — King perguntou, apontando para os enormes e evidentes buracos em toda a minha conspiração que poucos segundos atrás parecia como a explicação mais plausível Thia de repente aparecer na minha vida.

— Bem, quando você coloca dessa forma, — eu disse, percebendo o quão absurdo a ideia parecia agora que King tinha dito isso em voz alta, mas isso não muda o fato de que algo sobre a garota não parecia certo, embora eu não pudesse descobrir o que. O que foi bom para mim, eu não ia ficar tempo suficiente para descobrir isso também.

— No que você andou se metendo na estrada? — perguntou King, e novamente o meu velho amigo me surpreendeu com a preocupação em sua voz.

— Nada de bom. — eu respondi honestamente, mas é melhor do que estar aqui. — Ansioso para voltar a ela logo depois que eu ver o que esta cadela louca fez com sua família.

— Ela disse se o segundo corpo era um membro da família? — perguntou King.

— Não, apenas acho que é, — eu admiti. — Ela matou a mãe, e se ela é realmente inocente, então só faz sentido que o outro corpo não seja um acaso, então eu percebi que provavelmente é outro membro de sua família.

— Não leve a mal, mas por que você se importa? Você mesmo disse que você nem sequer conhecia a menina e que a coisa do anel e a promessa era uma fodida piada. Por que fazer tudo isso?

— Eu não me importo. Não sobre a menina. Não é sobre ela. — eu subi na caminhonete e bati a porta. — Mas eu já te disse. Quanto mais cedo eu corrigir isso, mais cedo eu posso mandá-la em seu caminho e voltar para a estrada até que eu possa descobrir o meu próximo passo. Se eu não fizer isso, ela pode causar problemas, fazer barulho, ficar por aí mais tempo do que ela é bem-vinda, sem falar no tempo que eu já perdi em vir para a cidade ver sobre isso, — eu disse, não disposto a admitir que um pouco de minha motivação foi uma palavra de cinco letras que vem me assombrando desde o ano passado.

CULPA.

— Isso faz uma porra de um monte de nenhum sentido, — disse King, acendendo um baseado e passando para mim, que dei uma tragada e passei de volta.

— Não acho que faz, cara, — eu disse, ligando a caminhonete e saindo da garagem. Virei e comecei a descer a estrada estreita.

Puxei para a estrada principal e esperei que o detector de radar apitasse, e mesmo que King disse que ele era pareado com os policiais locais eu ainda fiquei aliviado quando ele permaneceu em silêncio.

— Você sabe o quê? — perguntou King, pegando o baseado antes de dar outra tragada profunda.

— Huh, — eu disse. Ele o passou de volta para mim.

— Você pode não usar um colete mais... mas você ainda é um filho da puta, — disse ele enquanto soprava, uma profunda gargalhada explodindo de sua boca em uma nuvem de fumaça.

— Haha, foda-se, — eu cuspi, enquanto ele continuava a rir.

Havia uma pergunta que eu estava querendo fazer a ele desde que eu tinha voltado que estalou de volta na minha cabeça. — Lembra da noite que nós estávamos falando sobre ouvir Preppy? — perguntei.

King acenou com a cabeça. — Sim, na noite em que botamos fogo em Eli e seu grupo. — a veia em seu pescoço começou a pulsar ao recordar a noite em que fui torturado.

A noite em que ele salvou minha vida.

— Sim, essa. Eu estava apenas curioso. Você ainda o ouviu? — quando King levantou uma sobrancelha, eu esclareci. — Prep. Ele ainda fala com você? Você ainda o ouve?

— Todo o tempo, cara. Ele ficou em silêncio por um tempo, mas quando nós nos estabelecemos com as crianças é como ele estivesse de volta com uma vingança. Às vezes, quando Max e Sammy estão gritando no alto de seus pulmões, eu acho que ele é ainda mais alto do que eles. Como quando o garoto tomou quatro refrigerantes às nove da noite e em vez de dormir decidiu correr ao redor da sala de estar. — King virou para mim. — Você?

— Sim. Toda a porra do tempo. Especialmente quando eu estou fodido. Ou quando ele parece pensar que eu estou fodendo. Você acha que é estranho? — perguntei, sabendo muito bem o quão estranho era realmente viver com uma segunda voz na sua cabeça que entrava na conversa quando ele bem entendesse.

Você me lisonjeia, querido Bear.

— Você quer dizer que é estranho nós dois ouvirmos a voz de nosso amigo morto falando com a gente? — ele sorriu. — Naaaahhhh.

— Bem, quando você coloca dessa forma. — eu dei um trago no baseado novamente, segurando a fumaça em meus pulmões até que queimou.

Ei pressionei no acelerador e corri pela estrada em direção aos corpos em decomposição dos parentes de Thia Andrews.

Mas toda a pressa era inútil.

Chegamos tarde.

Chegamos fodidamente tarde.


Capítulo onze

Thia

Eu não tinha a intenção de bisbilhotar. Eu queria SAIR. Mas quando eu descobri que outra porta estava trancada, me prendendo por dentro, eu não pude evitar escutar quando eu tinha ouvido vozes do outro lado.

Eu não me importo com a menina.

Quando Bear disse aquelas palavras, não deveriam ter doído no coração. Eu já sabia que ele não se importava. Foi só depois que ele já tinha saído que me lembrei o que Chop tinha dito sobre o anel e sobre Bear ter feito a promessa motociclista como uma brincadeira.

Isso ainda era, provavelmente, uma piada para ele. Eles provavelmente não iriam para Jessep. Eles estavam, provavelmente, na caminhonete a caminho de algum tipo de convenção de tatuagem onde Bear iria dizer a todos sobre o truque estúpido que ele jogou em uma garota que realmente se apaixonou por sua mentira estúpida e voltou anos depois, ainda segurando um anel que tinha significado tudo para ela enquanto crescia e nada para ele a partir do momento em que ele colocou na minha mão.

Eu sabia que ele não se importava comigo. Não aqueles anos atrás.

Não agora.

Então, por que eu sinto como se alguém tivesse me dado um soco no estômago?

Depois que meu irmão morreu, meu pai sempre me disse que sob o peso da grande tragédia, vinha uma grande responsabilidade. Eu levei isso a sério e, como o passar dos anos eu me encontrei em mais e mais responsabilidade na fazendo, assim meu pai poderia cuidar da minha mãe, que estava escorregando mais e mais em seu delírio. Antes da Sunlandio Corporation cancelar nosso contrato, eu tinha dezessete anos e gerenciava a fazenda inteira, muitas vezes faltando à escola para me encontrar com fornecedores ou me certificar de que os pedidos saíssem na hora certa. Uma noite, durante uma geada extremamente rara, eu reuni os trabalhadores e passamos a noite toda regando as laranjas para não perdê-las para o frio.

Sob o grande peso da tragédia eu assumi a responsabilidade, mas sob o peso das novas dificuldades foi demais, muito pesado, e foi me esmagando antes que eu pudesse fazer quaisquer decisões racionais ou responsáveis.

Por que eu saí da cidade? Por que eu não simplesmente chamei o xerife?

Eu sei por quê. Eu entrei em pânico. Pânico e medo nublou qualquer tipo de lógica, mas quando a lógica começou a tomar peso mais uma vez, o mesmo aconteceu com a gravidade da minha perda. Eu amava meu pai. Ele me ensinou a dizer quando as laranjas estavam maduras para a colheita pela forma como eles cheirava. Ele me ensinou a pescar. Ele me deixou sentar na frente dele no trator quando ele cortava o campo atrás da casa, o único espaço não ocupado por laranjeiras. Eu não acho que perdê-lo era algo que eu jamais seria capaz de superar. Meu irmão tinha morrido quando eu era jovem e, apesar de doer como o inferno, o que doía mais era ver meus pais sofrendo.

Eu amava minha mãe, mas eu não sentia falta dela. Não da mesma maneira que eu sentia falta do meu pai. Ela não tinha sido minha mãe por muito tempo. Meu pai pegava sua folga nos dias que ela se recusava a sair da cama, se recusava a tomar a sua medicação, ou depois que Jesse morreu, se recusava a reconhecer que ela ainda tinha uma criança viva.

Na noite em que ela matou meu pai ela tinha estado mais maníaca do que eu jamais vi. O olhar da morte rodava em seus olhos.

Eu não tinha escolha e meu único e verdadeiro arrependimento foi não chegar lá mais cedo.

Não ser capaz de salvar o meu pai.

A responsabilidade não significava fugir. Não é isso que eu tinha feito? Eu tinha fugido.

E se eu voltasse para Jessep? E se eu dissesse ao xerife o que aconteceu. Eles conheciam a minha mãe e, embora ela e meu pai tivessem feito um grande esforço para encobrir os problemas mentais dela, eles tinham que entender que eu não tive escolha. Não é dessa forma como a justiça funcionava?

Pessoas culpadas não fugiam. Mas eu entrei em pânico e em vez de ligar para o xerife por ajuda, a única pessoa que me veio à minha mente foi Bear. Chegar a ele era meu único foco e através da minha visão embaçada, era tudo que eu podia ver no final.

Isso foi um erro.

Eu não quero ser essa garota fraca. Eu nunca fui fraca antes e eu odiava estar sendo fraca agora. Eu iria voltar e enfrentar tudo o que viesse para mim. Com sorte, eu iria chegar lá na hora para contar a minha história antes que alguém tropeçasse no pesadelo em casa.

Eu também imaginei o alívio que Bear sentiria quando ele voltasse e não me encontrasse, o que fez a minha decisão ainda mais fácil.

Eu não tinha uma camisa e não é como se eu pudesse andar todo o caminho de volta para Jessep vestindo uma toalha, então eu peguei uma camiseta preta de uma pequena pilha de roupas de Bear no chão. Antes que eu pudesse registrar o que eu estava fazendo, eu levantei a camisa para meu nariz e inalei profundamente. Sabão em pó, suor e cigarros não deveria cheirar tão bem. Puxei em cima da minha cabeça. Em Bear provavelmente estava apertada, em mim, era uma lona.

O pequeno apartamento que eu estava era simples, mas cheirava como pintura nova. Quando nós construímos um novo galpão no laranjal e as portas foram instaladas, a empresa de reforma colocou as chaves da porta no topo da moldura. A porta era mais alta e eu tendo apenas um metro e sessenta, era um problema. Eu deslizei uma cadeira até a porta, ignorando a queimadura protestando nos meus músculos quando eu fiz isso. Eu cuidadosamente subi na cadeira e tomei no topo da moldura.

Não tive essa sorte.

Eu deveria ter adivinhado, uma vez que sorte e eu não tínhamos sido amigas e não apenas nos últimos anos, mas toda a minha vida.

Olhei ao redor do apartamento para algo que eu poderia usar como uma chave, como uma chave de fenda pequena ou uma lixa de unha, quando notei um lençol salpicado de tinta no canto da sala cobrindo o que parecia ser um pequeno nicho.

Atravessando a sala tão rápido quanto meu corpo quebrado permitiria, eu puxei a parte inferior do lençol, o libertando de atrás de alguma coisa no topo da pilha que estava escondendo. Quando caiu no chão, revelou toda a vida que tinha sido escondida por baixo.

A vida de Bear.

Uma TV mais velha, muito mais grossa do que as telas planas mais modernas, com painéis de madeira falsos nas laterais estava no centro. No topo da TV estava uma pilha de revistas Harley Davidson e atrás disso estava uma vitrine com três ganchos segurando espadas de samurai longas com punhos dourados. Um cartaz emoldurado de Johnny Cash tinha o título ‘Em San Quentin’ e sobre seu ombro direito no chão contra a parede estava uma enorme bandeira preta escrito BEACH BASTARDS, o logotipo dos Beach Bastards espreitando para fora das dobras como uma hóspede não convidado.

Eu estava prestes a procurar as gavetas da cozinha quando algo no centro da pilha chamou minha atenção. Um retrato emoldurado de três jovens.

Um eu reconheci imediatamente Bear, seus olhos azuis praticamente brilhavam através da imagem desvanecida e embora eu o conheci quando ele tinha vinte e um anos, ele era ainda mais jovem na foto, eu acho que em torno de quinze ou dezesseis anos. Ele não tinha barba e suas bochechas ainda tinham esse ligeiro arredondamento que acabaria por desaparecer e dar lugar à intensidade acentuada que Bear tinha hoje. O colete que ele usava tinha escrito PROSPECTO através de um lado em forma de U na parte inferior. Reconheci o outro menino como King, mas com o cabelo um pouco mais longo que era curto demais para dar forma aos cachos brotamento que rodeavam seu rosto. King também estava sorrindo, mas ao contrário de Bear, King já parecia endurecido na imagem, talvez até um pouco triste.

No meio dos dois adolescentes estava um menino que era uns bons centímetros menor do que Bear ou King, que eram mais altos que o padrão da maioria. Ele se vestia diferente que os seus amigos, que usavam camisetas e calças de brim, embora o cenário não parecia como se estivessem indo para algum lugar que exigia esse tipo de roupa formal. Eles estavam sentados em uma mesa de piquenique azul brilhante, árvores finas e altas e água cintilante no fundo. O garoto que eu não conhecia usava uma camisa branca de manga curta escondida em calças cáqui com uma gravata borboleta verde limão com suspensórios e, assim como o cartaz de Johnny Cash10, ele estava de lado para a câmera. A letras FU11 estavam tatuados em seu dedo médio.

Com toda a merda que estava acontecendo e com a necessidade de correr espalhando pelo meu próprio, fiquei surpresa que uma imagem de todas as coisas me fez parar. Corri meus dedos através dos rostos dos três meninos e perguntei se eles sabiam o tipo de homens que acabariam por se tornar.

Eu me encontrei com ciúmes da amizade fácil que irradiava através da foto.

Socialmente desajeitada era um eufemismo, mas depois que Jesse morreu e eu assumiu a fazendo, amigos não eram um problema, porque eu não tinha tempo para eles. Entre o meu emprego em tempo parcial no Stop-n-Go e tentar não explodir sob a pressão, bailes da escola e primeiros beijos nunca foram uma prioridade.

Eles nunca foram nem mesmo uma consideração.

Eu tinha um amigo.

Buck. Eu o chamava de Bucky. Ele era o único que não importava quantas vezes eu lhe dizia que não eu podia sair, ele sempre tinha tempo para vir para a fazenda me verificar. Me trazia o almoço. Ele era a única pessoa que entre um mar de adultos perceberam que eu estava carregando mais do que qualquer adolescente normal jamais poderia ou deveria.

Buck era o vice-xerife. Ele e o Sheriff Buckingham eram a única lei em Jessep, talvez se eu tivesse falar com Bucky primeiro, então ele poderia ter me ajudado a convencer o xerife da verdade? Que tudo isso era apenas um horrível acidente trágico.

Eu não poderia ir para a cadeia. Não que eu tenha pensado que a prisão ou o pensamento de estar lá tomou qualquer precedência sobre o que tinha acontecido com meus pais. Mas porque eu não poderia me sentar lá dia após dia pensando sobre o que eu tinha feito. O que eu poderia ter feito diferente. Que toda a minha família estava morta.

Eu não iria sobreviver.

O pensamento de sobrevivência me trouxe de volta para o presente e minha tarefa na mão. Guardando a imagem, eu fui para a cozinha, onde as gavetas e armários estavam todos sem nada. Ficando frustrada a cada segundo que se passava, eu tomei uma decisão. Eu andei até as espadas de samurai e removi uma dos ganchos, desembainhando lentamente para que eu não me cortasse acidentalmente na lâmina.

Eu posso não ser capaz de abrir a porta.

Mas eu posso cortar a maldita maçaneta.

E assim eu fiz.

Com um rugido gutural, eu rompi com a maçaneta da porta com a espada, revelando o mecanismo de prata por baixo. Eu empurrei meus dedos no pequeno espaço e belisquei as duas extremidades da pequena barra de metal juntos, soltando o parafuso.

O sol do meio-dia me cegou enquanto eu caminhava para fora da cobertura da garagem e para a luz do dia. Depois que meus olhos se ajustaram, eu segui o caminho, passando por uma casa de palafitas de três andares. Eu não tinha certeza de onde eu estava até que eu cheguei ao fundo da estreita entrada e vi a rua à minha direita e soube imediatamente que eu ainda estava em Logan’s Beach e que se eu virasse à esquerda eu eventualmente encontraria o meu caminho de volta para a estrada.

Eu queria ter a caminhonete do meu pai ou minha bicicleta.

Não havia jeito de eu ter uma chance de voltar ao MC para buscar. Eu balancei a cabeça, me recusando a reconhecer o que tinha acontecido comigo lá. Ainda não, de qualquer maneira.

Um evento terrível de cada vez.

Uma tragédia de cada vez para concentrar a minha tristeza e raiva.

Algum dia eu me permitiria estar chateada e irritada com o MC, com Chop. Eu amaldiçoaria o mundo pelo que ele me fez, ou tentou fazer comigo, mas não hoje. Eu comecei a descer a estrada. Indo para Jessep. Para casa. Os ferimentos causados por Chop e seus dedos fizeram a cada passo mais doloroso.

Com determinação recém-descoberta, eu manquei para frente.

Hoje era para os meus pais.

Hoje era para o meu pai.

E hoje eu seria forte, para eles. Para ele.

Amanhã, amanhã eu iria chorar.

Hoje não.

Apenas não hoje.

 

 

 

BEAR

Estávamos chegando à rua da casa de King quando seu telefone tocou. — Pequena, — disse ele. Houve uma pequena pausa. — Você viu em que direção ela foi?

Vi uma figura mancando pela estrada e imediatamente reconheci o cabelo rosa selvagem.

— Não se preocupe, nós a achamos, — disse ele, desligando o telefone.

— Onde diabos ela pensa que vai? — eu murmurei, me inclinando sobre o volante. Eu parei a caminhonete com um guincho e esforços consideráveis para estacionar.

— Vou levar isso de volta para a garagem enquanto você lida com isso, — King ofereceu. Eu balancei a cabeça e pulei para a rua, me aproximando rapidamente de Thia, que estava se movendo muito mais rápido que sua perna manca deveria permitir. Ela estava vestindo uma camiseta preta.

Minha camiseta.

Era tão grande e solta nela, que eu não poderia dizer se ela estava usando algo por baixo até que a brisa bateu, revelando os shorts sujos de sangue que usou na noite anterior.

— Você está usando a minha camisa, — eu apontei e grunhi, combinando com seu ritmo furioso. Não era a camisa que estava me incomodando, era ela não ter ficado aonde eu disse a ela para ficar.

— Eu vou te devolver, — disse ela amargamente, focando seus olhos na estrada em frente a ela.

— Onde diabos você acha que está indo? — perguntei, agarrando o ombro e a girando para mim. — Eu disse para você ficar. Merda, eu tranquei você lá. Como diabos você saiu?

— Eu não sou um animal enjaulado! Eu vou para casa! Não se preocupe, eu não vou sobrecarregar vocês mais. Eu vou dizer ao xerife o que aconteceu, o que eu deveria ter feito em primeiro lugar. Você nunca vai ter que pensar sobre mim novamente. Não precisa segurar esse fardo. — ela tentou se esquivar da minha mão, mas essa porra não iria acontecer. Quanto mais ela falava, mais furioso eu ficava e o mais meus dedos apertavam seus braços.

— Você acha que é tão fácil, — eu disse entre dentes cerrados. — Você acha que pode ir para casa como se nada disso tivesse acontecido, porra? Porque, confie em mim nisso, essa porra não funciona assim. — eu esperava que ela mostrasse um pouco de medo, se escondesse, até mesmo um pouco, mas a garota era ousada, bufando pelo nariz como se ela estivesse prestes a cuspir fogo, desafiando cada palavra minha com seu olhar. — Eu tenho notícias para você, menina. Você não pode ir a qualquer lugar. Você parece esquecer que o MC sabe quem você é e agora que você tem uma conexão comigo, você vai estar morta se estiver sozinha. Então, querendo ou não, você está presa aqui, pelo menos por enquanto, então volte até a porra da casa antes de eu agarrar esse cabelo alvoroçado seu e te arrastar até lá.

— Eu sei que era tudo uma mentira do caralho! — ela retrucou, travando os olhos nos meus. Medo e raiva irradiava dela quando ela me olhou.

— O quê? — perguntei, enfiando a mão em seu cabelo, dando um puxão de alerta e sua cabeça virou para trás, mas ela permaneceu forte.

— Eu disse a Chop sobre a sua promessa para mim, sobre o anel, e ele riu na minha cara. Então eu ouvi você dizer a King que era tudo uma brincadeira. — ela levantou sua camisa tão alta que ela revelou a parte inferior arredondada dos seios. Ela apontou para as contusões pretas e azuis em suas costelas. — Isto parece uma piada para você? — então ela apontou para o lábio inchado e, em seguida, os pontos ao redor de seu olho. — Estes parecem com piadas?

Pela primeira vez na minha vida eu fui pego desprevenido. Eu queria golpear a menina por não me ouvir, mas, pela primeira vez percebi que seus ferimentos não teriam acontecido se eu não tivesse dado a ela o anel ou tivesse contado a mentira. — Eu vou te levar. — ela empurrou contra o meu peito, mas foi inútil, eu tinha pelo menos cinquenta quilos a mais que ela.

Ela não ia a lugar nenhum.

— Apenas me deixe ir! Eu quero ir para casa! — ela gritou, continuando a lutar, estremecendo quando eu a agarrei pela cintura e a levantei do chão. Eu afrouxei meu aperto, mas não a coloquei no chão.

— Ouça as palavras que estou dizendo. — eu fervi, me inclinando, invadindo cada polegada de seu espaço pessoal. — Eu disse que eu não quero que você saísse? Eu estou implorando para você ficar? O que acabei de dizer? — perguntei, tentando fazer com que a menina visse a razão.

Thia engasgou e seus olhos se arregalaram. — Você disse... que eu não posso ir. — ela parou de lutar, mas eu continuava a segurá-la. — Por quê? Por que eu não posso?

— A razão número um é porque eu disse isso, porra. Eu ainda não sei se você está trabalhando para o meu velho filho da puta... — eu comecei, embora o que King tinha dito fez a possibilidade altamente improvável.

Altamente improvável não estava além de Chop.

— Eu não estou! — ela retrucou.

— Cale-se e ouça. Eu vou te mostrar uma coisa, mas eu preciso ser capaz de usar minhas mãos. Eu vou soltar seus braços. Faça um movimento para correr e eu não vou ser gentil da próxima vez, — eu avisei, finalmente soltando-a quando eu senti a tensão em seus braços começar a se desvanecer, a colocando de volta no chão. Peguei meu telefone e cliquei na internet onde eu já tinha acessado o site Logan’s Beach News. Eu cliquei nas últimas notícias da manhã e virei para que ela pudesse ver a tela.

Thia empalideceu. Sua pele já branca desaparecendo ao ver a manchete.

 

MARIDO E ESPOSA ENCONTRADOS mortos em Jessep

FILHA ADOLESCENTE DESAPARECIDA é a únicA suspeita

A POLÍCIA têm chamado os assassinatos de:

O ABATE DE 'ORANGE GROVE'

 

Eu fechei o telefone e respondi ela honestamente.

— Razão número dois, é porque chegamos muito tarde.


Capítulo doze

Thia

Eu era oficialmente procurada.

E não procurada.

Tudo ao mesmo tempo.

Bear não ia me deixar ir. Ir para casa, para Jessep e confessar o que eu tinha feito ao xerife não era mais uma opção. A manchete era tão condenável. Eles ainda acreditariam em mim se eu lhes dissesse a verdade? Eu enfrentaria acusações mesmo que acreditassem em mim?

Eu não podia fazer nada, mas eu queria fazer algo que iria tirar o caroço se formando na minha garganta e peito, lentamente me sufocando a cada respiração.

Inspire, expire.

Expire, mais.

Inspire, expire.

Expire, ainda mais.

Eu gostaria de poder dizer que me senti entorpecida. Eu queria estar entorpecida, ansiava por isso. Eu ansiava pela indiferença e desapego, porque eu era um trem desgovernado, correndo para frente a toda velocidade em direção ao fim dos trilhos e um acidente que eu podia ver claramente na minha frente como se já tivesse acontecido.

A luta em mim desapareceu tão rapidamente como tinha se construído.

Eu estava presa.

Nesse lugar.

Nesta vida horrível.

O amanhã havia chegado muito rápido.


Capítulo treze

BEAR

Thia estava sentada na beira da cama, olhando para a parede com uma expressão indecifrável no rosto. O mesmo lugar que ela tinha estado desde que pendurou sua cabeça em derrota e silenciosamente me seguiu de volta para a garagem.

Ray veio e trouxe algumas roupas frescas e uma escova de dentes para Thia que agradeceu e desapareceu no banheiro, mas quando ela voltou, tanto Ray quanto eu notamos imediatamente que, embora nós tínhamos ouvido o chuveiro e pia, ela ainda estava vestindo a mesma bermuda. Encaramos um ao outro, o mesmo olhar confuso. — Ummm, a enfermeira que te checou quando você chegou aqui, o nome dela é Sally, — disse Ray. — Você não deixou que ela olhasse todos os lugares. Ela ligou mais cedo e ela está preocupada e quer saber se você quer que ela venha e dê uma olhada para se certificar de que está tudo bem, — Ray ofereceu.

— Eu estou bem, mas obrigada. — Thia balançou a cabeça, oferecendo a Ray um pequeno sorriso que mal podia ser chamado de um sorriso. Ela tinha estado na mesma posição, olhando para o nada desde então.

Segui Ray, deixando Thia no quarto. — Desculpe a porta. Eu vou cuidar disso antes de eu ir, — eu disse, pegando a espada e a maçaneta da porta do tapete. Eu tinha esquecido como era pesada a espada, Thia deve ter estado realmente determinada a sair se ela foi capaz de não só levantá-la, mas balançá-la com força suficiente para cortar a porra da maçaneta.

Ray cruzou os braços sob o peito. — Qual é o seu plano com ela?

— Nem sei. Ela quer ir. Eu disse a ela que o MC estava atrás dela. Mostrei a ela o artigo do jornal do caralho. Ela vai morrer de uma forma ou de outra, mas ela ainda quer ir, então quem diabos sou eu para mantê-la aqui?

— Você é um cara que sabe um pouco do que ela está se sentindo.

— Como você sabe disso?

— Oh, eu não sei, talvez porque ela está deslocada e não tem para onde ir. Talvez porque ela teve alguma merda terrível acontecendo a ela que ela não quer falar sobre, — Ray disse, levantando uma sobrancelha para mim. — Alguma coisa disso soa familiar?

— Eu não pensei sobre isso assim, — eu disse, me inclinando contra a parede, correndo minha mão pela minha barba.

— Vocês, rapazes, nunca pensam, — Ray disse com um sorriso que não alcançou seus olhos. — Grace está vindo amanhã, você pode querer aparecer e dizer olá, então você não vai ouvir um sermão.

— Porra. Grace. Eu nem sequer pensei em ver como ela está. — o pequeno rádio babá na mão de Ray começou a chorar, ela o ergueu e acenou no ar. Grace tinha estado lutando contra o câncer, mas em todo o tempo que eu tinha saído, ela declarou que ela não estava pronta para morrer e só queria de repente parecer bem novamente.

Mulheres teimosas pareciam ser uma tendência na minha vida, mas eu estava feliz pela teimosia de Grace, se alguém poderia ir para a guerra com a morte e sair um vencedor, esse alguém era ela.

— Tenho que ir, mas você pode querer fazer um plano quando se trata daquela menina naquele quarto ali. Ou a deixe ir ou a mantenha aqui, de qualquer forma, você precisa decidir o que vai acontecer, porque nada disto é justo com ela. — ela abriu a porta quebrada e fez seu caminho até a garagem. Eu cliquei no abridor automático e segui para fora. — Escute isso de alguém que sabe sobre tudo isso. — eu assisti Ray sair, a seguindo com meus olhos pela janela até que ela fez seu caminho para dentro da casa através dos degraus dos fundos.

Ray estava certa. Eu precisava tomar uma decisão, mas eu não conseguia pensar em uma que resultaria em nós dois estarmos seguros e longe daqui. Eu poderia esgueirá-la para fora da cidade e levá-la em algum lugar que o MC não tinha alcance, mas se a lei achá-la, não importa onde ela esteja, se ela terminar em uma prisão ou cadeia em algum lugar, era melhor ela estar morta.

A menos que...

Eu cavei meu telefone do meu bolso e enquanto os meus dedos empurravam cada número, eu me encolhi com o que eu estava prestes a fazer. — Escritório de Bethany Fletcher.

Depois da minha ligação, achei Thia exatamente onde eu a deixei.

— Não podíamos chegar até a sua rua, — eu comecei, dando a volta na cama para ficar na frente dela. Seu olhar se deslocou para o chão. — Os policiais já tomavam conta do lugar e estavam passando a fita ao redor para deixar van do legista entrar. Nós abaixamos a cabeça e continuamos a dirigir. — eu ajoelhei na frente dela e novamente tentei fazê-la para olhar para mim, mas ela se virou, desta vez subindo na cama e entrando debaixo do cobertor. De costas para mim, ela puxou o cobertor até o queixo.

— Me deixe em paz. Eu só quero dormir, — ela disse, a voz monótona e vazia.

— Porra, — eu disse, me afastando. Eu queria dizer a ela o que diabos aconteceu porque eu pensei que ela iria querer saber. O que eu estava fazendo? Ray estava errada. Eu não poderia me relacionar com a garota de qualquer maneira, e só porque ela era estúpida o suficiente por acreditar uma das minhas mentiras malditas anos atrás não significava que eu devia a ela alguma merda. Eu não tinha necessidade de ficar para assistir alguma garota se fechar e se autodestruir.

Falando de autodestruição.

Eu vasculhei minha bolsa no chão, procurando no bolso lateral interno até que eu encontrei exatamente o que eu estava procurando. Fui até a única superfície no quarto, a mesa pequena que Thia estava encarando.

Eu não me importava que ela pudesse ver o que eu estava prestes a fazer.

Eu não dou a mínima para o que ela pensava sobre mim.

Eu joguei um pouco de pó na mesa de madeira em três linhas irregulares. Eu senti os olhos de Thia em mim quando eu cheirei todas as três linhas de falsa felicidade até a porra do meu nariz.

Eu inclinei minha cabeça para trás e belisquei minhas narinas juntas quando a droga enviou um fogo para o meu cérebro.

Isso é melhor.

Agora eu realmente não dou a mínima para o que ela pensava de mim.

Agora eu poderia saltar do telhado e voar para o outro lado da baía, e não dou à mínima.

— Porra, — eu disse, apertando meu dedo no resíduo restante e esfregando-o contra minhas gengivas.

— Isso é diversão ou você tem um problema?

— Olha quem de repente pode falar de novo. — revirei os olhos e tirou minha camisa, a jogando em cima da minha bolsa. — Parece que estou me divertindo para você? — eu bufei. — Não é um problema, pelo menos não neste exato momento. — eu pensei sobre o que eu tinha acabado de dizer e como a droga começou a melhorar e melhorar, até que eu concordei ainda mais com a minha afirmação anterior. — Na verdade, neste exato momento, eu não tenho nenhum problema no mundo, — eu cantei, apreciando os poucos momentos onde eu poderia me enganar em pensar que tudo estava bem.

— Não, não parece, — ela corrigiu.

— Eu sei, mas eu simplesmente não dou à mínima. — eu me virei na direção da porta.

— Posso... posso ter um pouco? — ela perguntou. Parei no meio do caminho.

— O quê? — eu perguntei, me virando. Thia se sentou.

— Você disse que você não se importa agora. Eu não quero me importar muito, — disse ela, lágrimas brotando dos seus olhos.

— Não, — eu disse, sem ter que pensar sobre isso.

— Por que não!? — perguntou ela com raiva, jogando o cobertor de seu colo e se levantando da cama. Ela caminhou em minha direção, seu mancar de antes quase imperceptível, seus seios sem sutiã saltando contra o material fino de sua camisola de alças enquanto ela caminhava em minha direção. — Por que você pode apagar os seus problemas e eu não. Chop me disse que você não está no MC mais, então você está cheirando cocaína para fazer isso ir embora, certo? Fingir? Bem, eu quero fingir também.

Chop obviamente tinha feito mais do que foder com ela no MC. Aparentemente, ele tinha falado bastante também.

— Não, — eu disse de novo, embora ela tivesse um ponto. Me lembrei então o que disse Ray e de repente desejei que eu não tivesse usado o último pacote.

— Está tudo bem para você esquecer, mas eu não estou autorizada a sentir como se o mundo não estivesse desmoronando ao meu redor por alguns minutos? Como se eu não estivesse sozinha? Como se eu não estivesse presa? Como se eu não fosse acabar morta ou apodrecendo em alguma prisão?

Eu não quero dizer a ela que se ela foi para a prisão, o MC provavelmente vai enviar uma old lady ou um amigo do clube para matá-la lá.

A prisão era como um acampamento de verão para os Beach Bastards.

Acampamento de verão com um lado de homicídio.

Thia estava perto de mim agora, tão perto que eu podia ver a agonia em seus olhos e as sardas na sua testa. Eu podia sentir o cheiro feminino do sabão que Ray lhe dera para usar, alguma coisa misturada com baunilha. Seu cabelo ainda estava úmido, caindo em ondas pesadas ao redor de seus ombros. Ela era uma coisa pequena, vinha somente até meu peito. Suas coxas e panturrilhas eram musculares e surpreendentemente magras e fortes para uma coisa tão pequena. Quando ela se levantou na ponta dos pés em desafio e estava prestes a dizer algo, eu tive a súbita vontade de morder a pele sensível entre seu pescoço e ombro. — O que ele fez para você? — perguntei, usando um tom muito mais suave do que eu tinha sido. — Chop. Me diga o que ele fez.

— Por quê? — ela perguntou.

— Eu não sei, — eu respondi honestamente.

E assim, com uma pergunta, ela começou a murchar novamente. Ela se abaixou de seus dedos dos pés e deu um passo para trás. Seus ombros caíram. Ela voltou para a cama, levantou de novo as cobertas até o queixo. — Nada, — ela mentiu, virando para o lado dela, de costas para mim, efetivamente me excluindo. — Nada que importa.

— Vou te dizer o que, — eu disse. — Eu vou fazer um acordo. Você me diz o que aconteceu e eu vou te ajudar a esquecer por um tempo, — eu disse, e eu quis dizer isso, só que não do jeito que ela estava pensando. Eu não estava acima do suborno.

Na verdade, eu era surpreendente em suborno.

Caramba, isso foi uma dose boa.

— Nós já estabelecemos que você não se importa, — disse ela, jogando minhas palavras de mais cedo na minha cara.

Bati na beira da cama e a virei de costas. Ela tentou me golpear, mas eu peguei seus pulsos e os prendi. — Você precisa tirar aqueles malditos shorts, mas algo te faz ficar com eles. Eles estão molhados, então eu sei que você nem sequer os tirou na porra do chuveiro. Então, por que você não me diz o que diabos aconteceu no MC, antes de eu te deixar nua, te por sobre o meu ombro, e te jogar na porra da baía.

— Você não faria isso, — disse ela, seus olhos finalmente contendo o medo que eu estava acostumado a ver nos olhos de alguém que eu estava ameaçando, mesmo tendo visto isso em um breve momento quando ela tinha acordado pela primeira vez no banheiro.

— Experimente. — eu avisei, amando que eu estava finalmente começando a ter a reação dela que eu queria. Vago e distante era uma besteira que me deixava puto. Raiva. A raiva eu poderia trabalhar.

Uma lágrima rebelde escorreu ao lado de seu rosto e seus ombros balançaram silenciosamente.

Que porra é essa?

— Faça o que tem que fazer, — ela choramingou, o nada de antes firmemente de volta no lugar. — Eu não quero falar sobre isso. Nada disso. — eu solto seus pulsos e ela rola novamente. — Por favor, Bear. Me deixe em paz. Eu só quero dormir.

Nunca na minha vida houve uma garota que me deixou tão irritado.

Peguei uma garrafa de uísque da minha bolsa e desliguei a luz no caminho para fora.

Cara, ela é gostosa quando ela está com raiva, Preppy piou na minha cabeça.

— Cale a boca, — eu murmurei. Ele estava certo, mas eu não chamaria exatamente de gostosa. Sem maquiagem ou até mesmo sem ter escovado os cabelos em um tempo, ela era devastadoramente sexy, e isso nem sequer começava a fazer jus.

Dolorosamente fodível era um pouco mais perto.

Eu me ajustei e me joguei no sofá depois de uma longa noite evitando dormir com o meu amigo Jack Daniels.

 

* * *

 

Um grito violento disparou pela porta. — Porra!

Eu peguei minha arma da mesa e corri para a porta, abrindo, pronto para matar qualquer filho da puta que tenha sido corajoso o suficiente para vir para mim no meio da porra da noite. Thia estava na cama, gritando como se estivesse sendo atacada, mas o quarto estava vazio. Seus olhos estavam fechados e suas costas se curvaram para fora da cama a cada nova explosão. A parte de trás de sua cabeça bateu na parede acima do colchão com um baque, mas nem sequer a fez parar.

— Vá se foder! Vá se foder! Eu te odeio! Você não pode fazer isso comigo! Você não pode! Eu não vou deixar você, porra! — ela se enfureceu. Eu não sabia o que fazer, mas eu sabia se ela continuasse bater contra a parede ela iria se machucar. Me ajoelhei no colchão e a peguei em meus braços, esmagando-a contra meu peito, mas ela não parou. Ela bateu os punhos fechados contra os lados do meu rosto, meu peito, algo que ela podia fazer contato uma e outra vez. Ela arranhou suas unhas na minha pele dos meus ombros.

— Pare! — rosnei, segurando seus braços ao seu lado. — Acorde!

— Vá se foder! Vá se foder! Vá se foder! — ela gritou, ainda lamentando, seus pequenos punhos parecendo mais como uma vibração no meu peito do que uma surra.

— Ti, sou eu, acorde! — eu disse ainda mais alto. — Droga, garota, você vai se machucar. Acorde, porra!

Ela se acalmou, mas eu continuava a segurá-la. Levou vários minutos, mas eu senti o momento que a luta deixou seu corpo quando ela caiu contra mim. Ela não se moveu, não havia dito uma palavra em tanto tempo que eu pensei que ela poderia ter caído no sono, até que ela falou contra a minha pele, sua respiração roçando meu mamilo. — Eu matei a minha mãe.

— Eu sei, — disse eu, sem saber o que mais eu deveria dizer. — Vem comigo, — eu disse e pela primeira vez ela realmente ouviu, saindo da cama e me seguindo para a noite. Fui até a fogueira, o mesmo lugar onde Eli e seus homens riram enquanto me torturaram. Eu iria levá-la até o cais, mas decidi não fazer, porque se ela me irritasse mais uma vez eu não sabia se eu seria capaz de resistir à minha ameaça de mais cedo e jogar sua bunda lá. Por pelo menos um pouco, enquanto os flashbacks fodidos que me seguiam ao redor como um cachorro possuído, essa minha memória teria que tomar um banco traseiro para a menina com o cabelo vermelho.

— Sente-se, — eu pedi, apontando para uma cadeira de gramado de plástico branco. Thia sentou e me observou acender um pequeno pedaço de palha. Quando ele brilhava intensamente, eu gentilmente o coloquei no interior da fogueira e coloquei duas pequenas toras cortadas em cima dela.

Ela perguntou: — Por que o fogo?

— O fogo é para um pouco de luz e... — Thia bateu no braço dela, e quando ela puxou a mão, ela revelou o corpo esmagado de um grande mosquito.

— E para manter os mosquitos longe. — ela limpou seu braço quando a fumaça começou a ondular no céu a partir da fogueira. — Isso deve ajudar.

Me sentei na beira da fogueira de tijolo, de frente para Thia em sua cadeira. Ela puxou as pernas para cima na cadeira e sob sua pequena regata branca, esticando o material sobre os joelhos, matando qualquer chance que eu tinha de ficar olhando para os peitos dela.

Arrumei o baseado e agarrei meu isqueiro. — Veja, — eu disse, quando eu acendi o baseado, mantendo o polegar sobre o buraco até que era hora de inalar toda a fumaça que eu tinha acabado de criar. Exalei e segurei o isqueiro para ela. — Não é muito, mas vai ajudar.

Thia virou o isqueiro em sua mão e examinou o baseado como se fosse um artefato de um museu, correndo os dedos suavemente. Ela tentou acender, mas deixou cair o isqueiro quando a única coisa que ela conseguiu foi queimar as pontas dos dedos. — Aqui, — eu disse, pegando o isqueiro da grama. Eu segurei a chama sobre a ponta e ela fez como eu mostrei a ela, tirando o polegar fora do buraco e dando uma tragada rasa, liberando a fumaça em uma tosse.

— Eu não matei meu pai, — disse ela quando a tosse diminuiu. — Minha mãe matou. Cheguei em casa e ela estava sentada lá no antigo quarto do meu irmão. Ela tinha a pistola do meu pai em seu colo, — disse ela, continuando a sua confissão.

Por mais que eu tenha pensado que Thia poderia estar trabalhando para Chop, nunca me ocorreu que ela maliciosamente matou seus pais, mas eu me calei com a menção de um irmão, me perguntando se ela estava prestes a me dizer que havia um terceiro corpo lá fora em algum lugar, mas ela encheu os espaços em branco antes que eu pudesse tirar minhas próprias conclusões. — Meu irmão morreu quando éramos crianças. Nós não éramos muito distantes em idade. Nós estávamos brincando na varanda. Sempre havia aranhas lá fora. Os bosques emitem uma grande quantidade de umidade e aranhas adoram um bom calor úmido e um pequeno buraco para esconder. A varanda tinha tudo isso. Vimos às patas da aranha subindo nas botas de trabalho do meu pai, eu ia espantá-la, mas meu irmão queria olhar. Ele enfiou a mão na bota do meu pai... — ela parou. — Eles o levaram para o hospital, mas já era tarde demais. Aranha Marrom. Nem sempre fatal em adultos, mas em crianças...

— Você não tem que me dizer, — eu disse, não querendo mandá-la de volta em um estado de choque que sua história poderia desencadear. — Eu sei como é não querer reviver a merda horrível uma e outra vez.

Thia continuou de qualquer maneira. Olhando para a fogueira enquanto ela falava. — Minha mãe começou se perder. Ela começou a ficar mais distante a cada dia. A maioria dos dias se passava e ela nem sequer falava comigo. Business começou a ir para merda. Eles estavam sempre brigando. Então, uma noite cheguei em casa e, — ela fungou, — não houve briga.

— Meu pai já estava morto. Eu não fui até ele, eu tropecei nele. Ela queria enviar a todos para o mesmo lugar. Disse que todos iriam estar juntos. Eu a convenci de que deveríamos ir ao mesmo tempo. Troquei armas com ela, dando a ela uma que eu sabia que sempre emperrava. Ela estava tão determinada. Não houve discussão, não havia como sair. Eu poderia ter atirado nela no braço, na perna, mas eu não podia ter garantida de que ela largasse a arma, ou que ela parasse de tentar atirar. O olhar de determinação em seus olhos me disse que disparando ou não ela continuaria vindo. Eu não podia deixar isso acontecer. Eu pensei sobre o meu pai. Sobre ele sempre me dizendo para ser sua garota forte. Então eu fiz o que tinha que fazer para ser sua garota forte, então apontei para o peito dela e atirei.

— Vou recordar este como o pior momento da minha vida inteira. O pior. — ela balançou a cabeça. — Não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Meninas da minha idade estão jogando esportes, indo à bailes e festas, beijando meninos. E comigo nunca foi assim. Eu tinha um emprego em tempo integral na fazendo e um emprego em tempo parcial no Stop-n-Go. Eu não fiz nada ao longo dos últimos anos, exceto trabalhar pra caramba e ver minha família desmoronar. Apenas quando eu pensei que não poderia ficar pior... acontece tudo isso. — ela acenou ao redor da casa e para mim e soltou um riso estranho. Ela deu outra tragada, passando de volta para mim. Sua tosse muito menor do que em sua primeira tentativa.

— Ti, quantos anos você tem? — perguntei, limpando minha garganta enquanto eu me aventurava em território que eu sabia que não deveria. Ela era uma pistola, mesmo ela estando triste, havia uma onda de inocência sobre ela que me fez sentir tão mal por ela e salivando para prová-la.

Isto é para ela, não você. Eu disse a mim mesmo. Foi só uma mentira parcial.

— Dezessete, — disse ela, fungando. — Dezoito em breve.

— Você foi já beijada? — perguntei, e seus olhos encontraram os meus. — E não um beijinho na bochecha ou um breve beijo dos lábios, mas a porra de um beijo de verdade. Um que deixa você sem ar em seus pulmões e suas coxas pressionando juntas em busca de mais? — eu disse, minha voz saindo profunda e tensa. Meu pau se avivou com a ideia de traçar a minha língua ao longo de seus lábios cheios.

— Por quê? — ela sussurrou, e assim que as palavras saíram de sua boca, eu sabia que não haveria mais volta do que eu estava prestes a fazer.

Eu me afastei da fogueira e a puxei para fora da cadeira, pressionando os peitos dela no meu peito e meu pau contra seu estômago. Eu puxei seu queixo para cima e olhei em seus olhos verdes esmeraldas. Ela seguiu meu polegar com os olhos enquanto eu seguia por seu lábio inferior. Havia muitas linhas estragando seu rosto, questionando o que era que eu estava fazendo. Eu sabia que ela iria tentar se afastar a qualquer momento, tentar me impedir. Mas já era tarde demais para isso.

Eu estava além de parar.

Apenas um gostinho.

— Responda a pergunta, — eu pressionei.

— Não, — ela disse com um leve aceno de cabeça, e antes que ela pudesse tentar argumentar, eu me inclinei e pressionei meus lábios nos dela.

Eu já estava indo para o inferno mesmo.

Poderia muito bem aproveitar o passeio lá.


Capítulo catorze

Thia

Bear está me beijando.

Saindo do puro choque eu empurrei contra seu peito duro, rompendo nossa conexão. Parecia frio onde seus lábios tinham estado momentos antes, ainda quente e formigando entre as minhas coxas.

Um beijo real.

— Eu não preciso de sua pena, — eu disse, tocando meus lábios como se eu precisava ter certeza de que o que acabou de acontecer era real.

Bear se inclinou novamente, desta vez correndo o nariz em toda a minha mandíbula. Fechei os olhos e suas palavras vibravam atrás da minha orelha, direto para um lugar dentro de mim que formigava à vida. — Isso ainda pode ser o pior momento da sua vida, Ti. Mas quando você se lembrar de toda a merda que aconteceu, você pode se lembrar do seu primeiro beijo também, e talvez isso vai afastar um pouco essa dor. Me deixe fazer isso por você. Me deixe te ajudar. — Bear segurou meu rosto com as mãos e novamente apertou seus lábios contra os meus. Ele agarrou meus pulsos, os colocando ao redor do seu pescoço antes de serpentear seus braços em volta da minha cintura, seus dedos mordendo meus quadris.

Tudo sobre o beijo foi suave. Calmo. Nada como eu pensei que beijar Bear seria. A sensação de sua barba contra o meu rosto me fez querer estender a mão e puxá-lo. Era mais suave do que eu pensava que seria.

Ele era mais suave do que eu pensei que ele seria.

Ele abriu a boca para mim, apenas um pouco, apenas o suficiente para sugar delicadamente meu lábio inferior em sua boca e a sua língua no meu lábio superior. Deixei escapar um gemido involuntário, imediatamente envergonhada pelo barulho. Bear recuou e passou a mão sobre a barba. — Desculpe, eu não quis... — eu comecei, mas então eu percebi que ele tinha feito isso. O tempo todo ele estava me beijando, apesar de ter sido apenas alguns segundos, eu não tinha pensado sobre o MC ou meus pais.

Foi trinta segundos de felicidade.

Eu queria mais.

— Se você continuar fazendo barulhos como esse, Ti, — Bear gemeu, seu peito subindo e descendo rapidamente. Eu chupei meu lábio inferior em minha própria boca, degustando onde a língua de Bear tinha estado antes. — Eu não posso prometer que isso apenas vai parar em um beijo.

— Você pediu para que se eu te contasse o que aconteceu no MC, então você poderia me fazer esquecer, — eu o lembrei. — Eu quero que você continue, — eu disse, sabendo o que eu queria, mas não tendo certeza se Bear estaria disposto a dar a mim.

— Não, Thia. Eu já te disse...

— Não. — eu o interrompi. — Me faça esquecer assim, — disse eu. Me sentindo ousada, estendi a mão e toquei seus lábios com os dedos. Bear gemeu e me surpreendeu quando ele chupou meus dedos em sua boca. Meus mamilos endureceram como se tivessem sido tocados por uma brisa fria. Bear me puxou contra seu corpo duro e gemeu, a vibração profunda ressonando em partes do meu corpo que eu não sabia que podia sentir essas coisas. — Eu não quero drogas. Eu quero que você seja minha droga. Me faça esquecer, Bear. Por favor. — Eu implorei. — Me faça esquecer tudo.

Bear olhou para baixo e por um minuto eu estava certa de que ele estava prestes a me dizer que ele se arrependeu de me beijar e não poderia fazer o que eu estava pedindo a ele. Ele era um motoqueiro. O que eles faziam não era um segredo ao redor do condado. Eu sei que eles tinham mulheres e prostitutas experientes do clube. Por que ele quer me beijar? — Me diga porque você ainda está usando isso e eu vou te beijar de novo, — disse ele, puxando o cós do meu short.

— Eu não sei como você vai reagir. Tudo parece meio louco, — eu disse honestamente.

— Eu não posso prometer que não vou estar com raiva, mas eu posso te prometer que eu não vou ficar com raiva de você, — disse Bear. — Você entende isso, Ti? — ele procurou meus olhos. — Nada disto é a porra da sua culpa. Você entende isso?

Eu balancei a cabeça. — Estou com medo, — eu admiti. Eu odeio ter medo. Quando eu era pequena eu era a única destemida. A pessoa que tinha que cuidar de todos os outros. — É como se dizer as palavras em voz alta é eu reconhecer que este pesadelo é real, e eu não quero que ele seja real. Eu não quero nada disso. E a pior parte é que eu me sinto tão fraca e essa não sou eu. Eu não sou uma garota fraca. Eu sempre fui a mais forte.

— Me diga e eu vou te beijar novamente. Talvez isso vá fazer você esquecer, talvez ele não. Talvez isso vá ajudar a te dar de volta um pouco dessa força. — Bear riu, esfregando em mim com a dureza entre suas pernas que quase me fez salta para trás até que ele disse: — Ou talvez só vai acrescentar mais alguma tortura para o meu pau duro.

Antes ele fez parecer como se sua ereção fosse apenas uma reação natural. Agora ele estava deixando claro.

Ele me queria.

A leveza em sua voz, um tom que eu não tinha ouvido ele usar nas últimas vinte e quatro horas ajudou a afrouxar as engrenagens apertadas ao redor do meu cérebro e eu, relutantemente, disse a ele a verdade. — Eu fico com o short porque eu não quero ver os hematomas. Eu não quero ser lembrada do que ele fez. — minha voz falhou com a minha admissão. Eu odiava a fraqueza na minha voz. — Eu não estou pronta para enfrentar isso ainda.

As narinas de Bear inflaram, mas quando ele me pegou olhando para seus lábios, ele estendeu a mão e agarrou meu rosto, se inclinando e pressionando um beijo em meus lábios. Desta vez mais duro e ele estava certo, ele estava com raiva, mas ele alimentou a raiva em seu beijo, em cada beliscar, chupar, e dança de sua língua eu me perdi nos seus lábios, nele, e dentro de alguns segundos não havia nada ao nosso redor. Nenhum fogo, nenhum baía, sem fantasmas de coisas terríveis.

Era apenas nós dois e nossos lábios com fome.

— Mais, — Bear disse, se afastando, beijando o canto da minha boca onde ele tinha apenas começado a se curar. Ele arrastou os lábios na minha clavícula suavemente escovando os lábios sobre cada polegada de pele, deixando um rastro de fogo que eu nem sabia que era possível. Ele parou. — Me diga mais, — ele disse enquanto eu me inclinei e ele se inclinou para trás. Eu fiz uma careta com a falta de contato.

— Eu estava em um quarto com Chop. Você parece como ele, — eu comecei. — Não exatamente, mas de uma maneira que eu poderia dizer imediatamente que ele era seu pai.

— Eu já ouvi isso antes, — ele murmurou. — Mas vamos deixar uma coisa clara. Ele tem sido meu velho desde que eu nasci, mas ele nunca foi um maldito pai para mim.

— Eu não posso imaginar ele sendo um, — eu disse.

— Continue falando, — ele ordenou baixinho, arrastando beijos pelos meus braços e, em seguida, ao longo das poucas polegadas de pele nua entre o meu top e shorts. Busquei meus pensamentos, mas não conseguiu encontrá-los com os seus lábios arrastando seu caminho em direção a uma parte de mim que estava pulsando com a necessidade que era diferente de tudo que eu já senti.

— Quarto com Chop, — Bear solicitou.

— Certo. Um... o prospecto já tinha dado a ele o anel. Seu anel. Ele estava louco. Ele me ameaçou. Ele... ele me bateu. — eu bufei em uma lembrança quando ele tinha me atirado ao chão. Bear deve ter sentido minha tensão e hesitação, porque ele estava de volta e capturou minha boca em outro beijo. Cada um mais tediosamente perfeito do que o último. Ele abriu a boca para mim e sua língua encontrou a minha. Eu não podia resistir à vontade de chupar levemente a ponta da língua. Ele gemeu em minha boca e o beijo se aprofundou e ficou mais pesado e mais rápido. Eu tentei imitar os movimentos de sua língua, mas não havia nenhum ritmo, exceto necessidade frenética.

Faíscas acenderam em minha própria essência, me fazendo sentir vazia. Eu esfreguei minhas coxas, precisando sentir algo mais. Atrito. Qualquer coisa. Apenas algo mais.

Bear enfiou os dedos no cós do meu short e puxou pelas minhas coxas. — Espere! — eu disse, estendendo a mão para o elástico.

Bear agarrou meu pulso quando tentei puxar meus shorts de volta. — Ti, me deixe te ajudar, — disse ele, olhando de volta para mim e naquele momento eu vi o Bear do Stop-N-Go, há sete anos, o Bear que eu confiava. Eu soltei meu aperto em meu shorts e ele puxou para os meus pés e saí deles.

Fechei os olhos, esperando o que quer que seja que ele ia fazer a seguir, mas os abri novamente quando eu o ouvi dizer. — Fique aqui. — Bear correu de volta para o apartamento, aparecendo menos de um minuto depois com um pano úmido em uma mão. Ele se ajoelhou na minha frente. — Eu não... — eu comecei, mas eu não tinha ideia do que eu ia dizer.

— Eu não vou transar com você, — disse Bear. E quando ele se inclinou e rodou sua língua ao redor do meu umbigo, esse movimento me fez dobrar meus joelhos involuntariamente, literalmente enfraquecendo pelo seu toque. Eu jurei que ouvi ele murmurar. — Ainda.

— Continue, — ele solicitou novamente, deslizando mais para baixo em meu estômago, lambendo e mordendo tudo em seu caminho, no entanto ele evitou os meus seios completamente, deixando minha camisa completamente intacta. Ele deslizou seus dedos em minha calcinha e eu me preparei para o que ele ia encontrar. A maioria dos meus ferimentos estavam doendo bastante, mas tudo o que ele tinha feito comigo lá parecia que tinha acontecido há horas, não dias.

— Ele mordeu meu mamilo. Tirou sangue. Então ele me virou sobre o meu estômago, — eu disse, revivendo a forma como seus dentes pareciam quando eles morderam minha carne sobre minha camisa.

— Ele te fodeu? — perguntou Bear, levantando a cabeça para que ele pudesse testemunhar a minha resposta.

— Ele disse que ia destruir meu corpo, me rasgar e mandar de volta os pedaços, — eu sussurrei.

Bear grunhiu e tirou minha calcinha. — O que você vai... — eu comecei, mas parei quando Bear pressionou a toalha fria entre as minhas pernas.

— Ele te tocou aqui? — disse Bear, arrastando o pano através de mim e em toda a minha abertura, me limpando do sangue seco.

De Chop.

Eu balancei a cabeça. — Com o dedo, ele me arranhou. Dentro. Com as unhas. — Bear baixou a cabeça entre as minhas pernas e arrastou a língua sobre o meu clitóris e através das minhas dobras, empurrando em minha abertura e recuando outra vez. Eu comecei a tremer e, pela primeira vez em dias não era porque eu estava entrando em choque.

Ou talvez eu já estava.

Tremendo por causa de uma longa lambida de sua língua quente e úmida em todo o meu núcleo, eu não tinha certeza de quanto tempo mais eu poderia permanecer em pé. O calor do fogo e o calor que irradiava dentro de mim era demais. Era muito quente. Era muito... oh meu Deus, ele fez isso novamente.

— Puta merda, — Bear rosnou. Se inclinando novamente, ele perguntou: — Ele te tocou aqui? — ele correu o pano entre as minhas pernas novamente, mas desta vez ele cutucou as minhas coxas e as estendeu ainda mais, empurrando o pano entre minhas nádegas e eu estremeci com o contato.

Os olhos de Bear dispararam para os meus.

— Só com o polegar e então ele tentou usar o seu... ele ia... mas ele não foi muito longe. Houve uma explosão e, em seguida, eu estava em um carro ou algo com um cara chamado Gus. Mas doeu. Doeu tanto, — eu admiti. — Era como se ele estivesse usando uma furadeira na base da minha espinha. — Bear se abaixou, suas grandes mãos apoiadas na parte interna das minhas coxas, espalhando as minhas pernas para dar espaço para ele. Eu empurrei contra ele, me sentindo subitamente envergonhada e constrangida, mas ele não me soltou.

— Ti, me deixe ver. Abra suas pernas para mim. Abra e me deixe ver o que ele fez com você. Me deixe tirar de você o que ele fez e tornar isso melhor. — relutantemente, eu abri meus joelhos e Bear sugou um suspiro.

— Você está machucada. Mas vai curar, — disse Bear, me chocando quando novamente sua língua tomou a mesma trilha que o pano tinha tomado, mergulhando em minhas dobras. Eu pensei que ele iria parar quando ele chegou mais longe, mas ele não parou, ele arrastou a língua entre minhas bochechas e rodou sobre o pacote sensível dos nervos lesados, me limpando de uma forma que o pano não podia.

— Bear, você não tem... — eu disse, tentando puxá-lo para cima pelos cabelos. Ele golpeou minha mão e deu um beijo sobre o pacote apertado e danificado de nervos.

Tudo dentro de mim apertou e a sensação me pegou tão de surpresa que acabei prendendo minhas coxas em torno da cabeça de Bear, o soltando quando ele riu em meu núcleo. Eu gemi e, em seguida, apertei minha mão sobre a minha boca.

— Você me contou tudo, Ti? — perguntou ele contra o meu clitóris antes de sugá-lo em sua boca. Meus quadris saltaram em direção à ele, mas ele me segurou firme no lugar.

— Sim, — respondi, sem fôlego.

Bear se levantou de repente e eu caí de volta na cadeira, surpresa. — Então acabamos por aqui, — disse ele, limpando a boca com as costas da mão, sua voz rouca e áspera. Ele apagou a fogueira com água de um balde vermelho de praia e me lançou um olhar de desgosto completo antes de se caminhar através da grama, de volta para a garagem.

Ele me deixou no escuro, sozinha, seminua, cantarolando nos lugares que sua língua tinha estado, e me perguntando o que diabos aconteceu.

Ele não tinha me curado. Ele não tinha me feito esquecer.

Não, se alguma coisa, ele tinha acabado de me quebrar ainda mais.


Capítulo quinze

Thia

Mosquitos do tamanho de pequenas aves zumbiam ao redor dos meus ouvidos como pequenos abutres circulando acima de sua presa pretendida. Eu não sei quanto tempo fiquei sentada lá fora, mas quando eu descobri como me mover e me arrastei de volta para a garagem, Bear não estava lá.

Ele não voltou naquela noite, ou na manhã seguinte. Era melhor, de qualquer maneira. A maçaneta da porta tinha sido substituída em algum momento, mas não estava mais bloqueada. Eu não era uma prisioneira. Ele não estava me mantendo lá.

Ele estava me dizendo para sair.

Ele queria que eu saísse.

Ele não tinha que me dizer duas vezes.

Eu odiava Bear. E não só porque ele me deixou lá no escuro, sem olhar para trás, mas porque eu não queria odiá-lo. Eu não queria gostar dele também, mas como um idiota eu baixei a minha guarda e me convidei para ser sua piada mais uma vez.

O que aconteceu na noite anterior não iria acontecer novamente. Minha vida poderia ter sido uma piada cruel, mas eu não iria me deixar passar por essa experiência de novo.

Eu tomei banho. Um banho de verdade, sem a barreira dos meus shorts. O sabão ardeu quando a água desceu pelo meu corpo e em minhas fendas, mas não durou muito tempo e depois de um minuto eu fui capaz de lavar e secar sem me sentir como se estivesse sufocando.

Eu limpei o vapor do espelho, meu estômago virou quando ouvi a porta do apartamento abrir.

Ele voltou.

Eu me odiava por esperar que fosse ele.

Ele não merecia a minha esperança.

— Thia? — uma voz feminina gritou, abrindo devagar a porta do quarto. — Oh, você está aí. — Ray apareceu com um sorriso brilhante. — Eu te trouxe algumas roupas limpas, — disse ela, colocando outra camisa e shorts na cama.

— Obrigado, — eu disse, me movendo em direção à pilha. — Eu realmente não tive muita chance de te dizer o quanto eu aprecio...

— Não se preocupe com isso. Confie em mim, eu sei que não é fácil ser a nova garota por aqui, — disse ela, a voz cheia de sinceridade. — Eu tinha alguém para me ajudar naquela época, e agora estou apenas feliz que eu estou aqui para te ajudar. — ela olhou para o chão e, em seguida, para o teto como se estivesse de repente tentando conter as lágrimas. — De qualquer forma, — disse ela, balançando para longe tudo o que tinha cruzado sua mente, — Eu só estava me perguntando se você queria vir até a casa um pouco? Almoçar? Eu vejo que você realmente não tem comido a maior parte da comida que eu tenho trazido, então, talvez você só precise de novos ares por um tempo? Um pequeno recomeço? — eu fiquei ali, sem responder, porque eu realmente não sabia o que dizer. Eu precisava de um plano, não almoçar em companhia, mas eu também não queria decepcioná-la. — Talvez você possa me ajudar a não estrangular as crianças?

Pesquisando meu cérebro por razões por que não seria uma boa ideia, suas palavras de repente me bateram. — Crianças? — a menina não parecia velha o suficiente para ter um filho, imagina mais de um. Eu a tinha visto quase todos os dias de uma forma ou de outra por breves períodos de tempo, mas esta foi a primeira vez que eu senti como se o nevoeiro tivesse clareado o suficiente para ser realmente capaz de pensar nela como mais do que a portadora de roupas e alimentos.

O cabelo de Ray era tão loiro que era quase branco. Era longo demais, pendurado sobre os ombros, terminando sob os seios. Seu ombro estava coberto com tatuagens coloridas, ainda femininas que desciam até a metade do antebraço. Enquanto as tatuagens do Bear davam a ele uma vantagem ainda mais dura, elas pareciam fazer o oposto em Ray, as rosas claras e azuis a fizeram parecer suave. Mais feminina. Ela era definitivamente jovem, talvez da minha idade ou um pouco mais velha, mas tinha um ar estranho de maturidade sobre ela que me fez pensar que ela poderia ter dezenove ou ela poderia ter trinta. — Se vista e venha. Eles amam aterrorizar gente nova, — disse ela, batendo na pilha de roupas.

Eu segurei minha toalha, envolvendo-a ainda mais apertado debaixo dos meus braços. — Eu não sou realmente uma pessoa de criança, — eu menti. Eu sempre amei crianças e eu era praticamente uma mãe para Jesse, mas ela não precisa saber disso.

Ray piscou como se ela pudesse ver através de mim e eu sabia que de jeito nenhum ela iria me deixar fora do almoço. — Ótimo, porque eu também não, — disse ela, me jogando a camisa da pilha. — Mas no ano passado eu adquiri três deles, então se apresse, antes que os dois mais velhos derrubem os pilares da casa.

Ray estava na sala quando saí do quarto. Ela me olhou de cima abaixo e jogou um par de chinelos marrons no chão na minha frente e eu deslizei os meus pés neles. Eles se encaixam perfeitamente, assim como os shorts. Embora a blusa preta que ela tinha me dado estava um pouco apertado sobre meus seios, estava limpa e confortável e eu estava grata por ter roupas limpas. — Como você consegue seu cabelo dessa cor? — Ray perguntou quando eu a segui para a garagem. Ela atravessou o gramado da mesma forma que Bear fez na noite anterior, quando ele tinha me levado para a fogueira.

Minha pele formigava traidoramente, me arrepiando quando me lembrei de como ele pressionou seus lábios nos meus. Quando ele me lavou delicadamente, quando ele usou a língua...

— Você está aí? — disse Ray, cutucando o meu ombro.

— Sim, desculpe. Apenas perdida em pensamentos, — eu admiti. — Eu não faço qualquer coisa para conseguir o meu cabelo desta cor. Quando eu nasci, meu pai disse que era uma viatura de bombeiros vermelho, mas quando eu cresci, o loiro começou a assumir. A partir da idade dos cinco até os 12 era praticamente rosa, ainda bem que isso desvaneceu um pouco. Crianças na escola não achavam tão incrível, — eu respondi.

— Sim, as crianças podem ser idiotas, — disse Ray. — Estou tão feliz que as roupas couberam. Pelo menos alguém pode ter algum uso delas agora. Tentei apertar minha bunda nesses shorts esta manhã, mas não teve jeito, eles estavam tão apertados que eu acho que minhas partes femininas se danificaram enquanto eu tentava abotoar, — disse ela com um suspiro.

Ray era seriamente bonita e à luz do sol seus brilhantes olhos azuis pareciam enormes geleiras. Se ela tinha ganhado peso, foi provavelmente para o melhor, porque ela não estava acima de jeito nenhum e eu me encontrei invejando suas curvas.

A casa principal era uma enorme casa de três andares que à noite parecia escura e ameaçadora, mas à luz do dia não era nada disso. Ela era velho e precisava de algum reparo, mas era bonita, orgulhosamente no centro de um grande pedaço gramado da propriedade.

O cheiro de tinta ficou mais forte quando passamos pela fogueira que eu evitei olhar inteiramente. — Nós estamos pintando a casa, o que você acha? Estou tendo problemas para escolher uma cor. — ela apontou para onde uma escada estava encostada na lateral da casa. A cor cinzenta era bonita e tinha sido pintado contra o tapume desbotado com vários outros pequenos quadrados ao seu redor, todos com diversos tons de cinza. Um pouco mais de azul, algumas partes com um tom lavanda. — Eu fiz isso esta manhã, mas eu continuo indo e voltando. Eu acho que essas crianças estão apodrecendo meu cérebro. — no segundo que ela abriu a porta de trás, os gritos das crianças nos assaltou.

Soava como casa.

Quando eu ainda tinha uma.

— Mamãe! Mamãe, manda Sammy parar! — gritou uma menina bonita com tranças louras que saltou para os braços de Ray, quase a derrubando contra a parede.

— Sammy, pare de perseguir sua irmã. — Ray advertiu o garoto de cabelo encaracolado que correu círculos em torno de seus pés todo o caminho para a cozinha.

Grandes janelas se alinhavam na parede oposta ao lado da porta da frente. A cozinha, sala de estar e sala de jantar estavam em um grande espaço claro e aberto. — Entre, há um trabalho em andamento aqui também, mas nós acabamos colocando novos pisos de madeira. Sammy brincando de pintar foi o fim do velho tapete, mas foi para melhor, o tapete já tinha mais de dez anos, — Ray disse, colocando a menina no chão. Ela decolou novamente, seus pezinhos correndo em pleno ar antes de seus pés até baterem no chão. Imediatamente Sammy começou sua perseguição tudo de novo, — Maaaaaaxxxxxxxy venha aqui, — depois eles sumiram pelo corredor em um furacão de latidos, gritos e risadas.

— Não acorde o bebê! — Ray chamou atrás deles em um sussurro que era impossível eles ouvirem do outro lado da casa.

Só quando eu estava me perguntando se Ray tinha deixado as crianças em casa sozinhas para vir até o apartamento que ouvi uma garganta se limpando e vi uma velhinha de cabelos brancos sentada na pequena sala de jantar situada no centro da cozinha. Ao lado dela estava um jarro de algum tipo de bebida verde e um copo cheio de gelo que ela estava preguiçosamente traçando seu dedo indicador ao redor da borda. Um monitor digital estava encostado na parede e na tela estava um pequeno bebê dormindo enrolado em um cobertor rosa.

É por isso que Ray estava sendo tão crítica de seu peso.

Ela tinha acabado de ter um bebê.

— Grace, eu juro por Deus, se você deixá-los comer todos os picolés novamente, vou enviar eles para casa com você, — Ray disse, abrindo a tampa da lata de lixo.

— Não sei de nada, — disse Grace, lambendo o dedo e virando a página de seu jornal. Ray enfiou a mão na lata de lixo e pegou uma caixa de picolés, revirando os olhos enquanto ela balançava a caixa vazia antes de jogá-la de volta na lata.

— Essas crianças são todas suas? — eu perguntei e ao ouvir a minha voz, Grace finalmente olhou para cima.

— Sim, todas elas, — disse Ray, sentando na cadeira em frente a Grace e apontou para o assento ao lado dela. — É uma longa história, mas, tecnicamente Max é de King, e Sammy é meu, mas todos nós somos uma família agora. Nicole Grace nasceu no mês passado. — ela poderia ter se queixado sobre as crianças, mas a forma como ela olhou para o salão onde a menina e o menino tinha acabado de desaparecer me fez pensar que Ray estava mais do que feliz com sua situação familiar atual.

— Estou de folga agora? — Grace perguntou, pegando a alça do jarro verde e olhando para Ray como se ela estivesse pedindo a sua permissão.

— Vá em frente, — disse Ray com um rolar de olhos.

Grace sorriu e se serviu de um copo. Ela tomou um longo gole e soltando algo como um 'aaaaaaahhhhh'. — Assim é melhor. — com as pernas cruzadas e um cotovelo apoiado na mesa, ela se virou para mim. — Mojito? — ela perguntou, erguendo o copo e agitando-o, tilintando o gelo de lado a lado.

— Não, obrigada, senhora, — eu disse.

— Oh calma aí, você pode me chamar de Grace, e ainda bem que você não quer, sobra mais para mim, — disse ela tomando metade de sua bebida. — Então você é a garota...

— O nome dela é Thia, — Ray interrompeu. — Thia, esta é Grace.

— Thia é um nome tão bonito, Abel me disse que é abreviação para Cynthia, não é mesmo?

— Sim, — eu disse. O nome Abel soava estranhamente familiar, embora eu não soubesse a quem Grace estava se referindo.

— Bem-vinda, bem-vinda. Estou muito feliz em conhecê-la. Eu queria ir arrancar você daquela garagem escura, mas eu fui advertida para te dar algum espaço e que você ia sair quando você estivesse pronta, e aqui está você. — Grace estendeu a mão e com uma força que eu não achava que a mulher mais velha e frágil tinha, me arrancou do meu lugar e me puxou para um abraço que ameaçava esmagar meus pulmões. — É um prazer finalmente conhecê-la.

— Igualmente, — eu disse do canto da minha boca, meu rosto pressionado contra sua clavícula enquanto ela me esmagava contra seu peito ossudo.

Ray riu. Grace recuou e me deixou na cadeira. Ela se sentou e cruzou suas pernas, tomando outro gole de sua bebida. — Obrigada por trazer meu filho para casa, — disse Grace.

— Seu filho? — perguntei.

— Abel, — disse Grace.

— Quem?

— Bear, — disse Ray.

Abel.

Bear era Abel. Eu sabia disso. Ele me disse isso quando nos conhecemos, mas eu sempre pensei nele como Bear e quase esqueci completamente que ele me disse o seu nome real.

Abel.

— Eu não o trouxe para casa. Eu precisava da ajuda dele e, eu não sabia mais para onde ir... — eu disse, sem saber o quanto eu deveria estar dizendo a ela. — É uma história muito longa.

Uma que eu não queria falar. Não agora.

Nem nunca.

Grace me dispensou. — Não há necessidade de explicar. Você está aqui agora, assim como meu menino e isso é tudo que importa.

— Você é a mãe de Bear? — perguntei.

— Não, mas eu sou a coisa mais próxima que ele tem disso. Alguém tem que cuidar desses meninos. Antes de Ray chegar aqui, todos eram meus e eu fiz o meu melhor para ter certeza de que eles sabiam que minha casa era a casa deles, — disse Grace. Ray torceu um anel de prata em sua mão esquerda e eu me perguntava se era um anel de noivado ou uma aliança de casamento. — E agora que você está aqui eu não terei que me preocupar tanto com Abel.

— Me desculpe, mas eu não vou ficar, — eu disse. — Estou indo embora. Muito em breve, na verdade.

Eles não tem que saber quão em breve.

Grace jogou o jornal que estava lendo sobre a mesa na minha frente e eu o peguei antes de deslizar para fora da mesa. A manchete na primeira página era a mesma que a do telefone de Bear alguns dias antes. Só que desta vez havia uma imagem de uma menina sob a manchete.

Uma imagem minha.

— Bem, isso não parece para mim como se você estivesse indo em qualquer lugar, a qualquer hora em breve. — Grace suspirou e se recostou como se tivesse sido resolvido, e eu estava hospedada, independentemente do meu argumento ao contrário. O que eu notei foi um padrão com Grace. Ela ignorava qualquer coisa que ela não queria acreditar que era verdade e se decidia por sua própria versão distorcida do que estava acontecendo.

— Estou tão feliz que meus meninos conheceram as meninas, — disse Grace, apesar do meu argumento de que Bear e eu não estávamos juntos. Eu queria discutir, mas Ray me lançou um olhar como se ela estivesse me dizendo que eu estava lutando uma batalha perdida. — Eu amei Abel como se ele fosse meu próprio desde o dia que Brantley o levou até a casa.

— Brantley? — perguntei.

— King, — Ray corrigiu. — Meu King. Meu noivo.

— Abel tinha montado sua moto até no meu gramado após uma chuva torrencial, deixando vales profundos por todo o caminho até os meus canteiros de plantas, então ele deixou uma mancha de graxa do tamanho da Carolina do Norte em meu assento preferido. — ela segurou o copo com ambos de suas mãos e olhou para o gelo como se ela visse o dia que ela conheceu Bear bem ali na sua bebida. — Ele era muito jovem para estar dirigindo aquela coisa maldita, eu disse isso a ele pessoalmente, mas na próxima vez que ele veio para a casa era natural. Esse menino nasceu para ser um motoqueiro. O homem e a máquina.

Eu só tinha o visto em uma moto uma vez e ele estava dirigindo para longe do posto de gasolina e, embora eu fosse apenas uma criança na época, eu sabia exatamente o que Grace estava falando quando ela disse que ele nasceu para estar em uma moto.

— Ele era um engraçado também, — disse Grace.

— Engraçado? — perguntei. Bear era um monte de coisas. Grosseiro. Bruto. Sexy como o inferno. Irritante. Mas engraçado era um lado eu não tinha visto.

— Muito. Ele costumava me contar uma nova piada sobre o bolo da minha mãe nas noites de quinta. As piadas mais ridículas que ele provavelmente já ouviu falar ao redor do clube. A maioria delas era do tipo imunda que você não poderia repetir mais alto do que um sussurro e não poderia dizer dentro de dez milhas de uma igreja, isso é certo. — ela balançou a cabeça. — Quando ele ficou mais velho, a luz nos olhos do menino ficou mais escuro, e quando ele partiu alguns meses atrás, não havia mais luz neles. Quebrou meu coração. — Grace enxugou uma lágrima que derramou de seu olho. — Ele merece mais do que andar por aí sozinho neste mundo e com seu próprio coração quebrado.

Ray se levantou quando o bebê se agitou no monitor. — Eu já volto, — ela se desculpou, e se dirigiu ao fundo do corredor, saindo poucos minutos depois com um pequeno bebê enrolado em um cobertor rosa.

— Não é linda a minha bebê? — Grace perguntou com orgulho.

— Sim, ela realmente é, — eu concordei. Ela era uma pequena coisinha com a cabeça cheia de cachos castanhos. Ela bocejou e abriu os olhos, e eu tive um forte desejo de querer abraçá-la, mas eu não queria pedir. Ray não me conhecia muito bem e eu tenho certeza que houve algum tipo de regra de mãe por aí sobre quanto tempo você tem que conhecer alguém antes de deixar segurar seus bebês.

Ray deve ter visto minha expressão em guerra, porque ela perguntou: — Você gostaria de segurá-la? — antes que eu pudesse responder, ela gentilmente colocou o bebê em meus braços esperando. Suas mãozinhas e pés eram enrugados, as bochechas tão gordinhas que eles empurraram seus olhos enormes, os fazendo parecer muito menor do que realmente eram.

— Não é uma pessoa para crianças, huh? — perguntou Ray, se encostando ao balcão, acabando com a minha mentira de mais cedo.

— Quando for a sua vez, eu acho que Abel vai ser realmente um grande pai. — Grace entrou na conversa. — Assim como meu Brantley é.

— Grace, — eu disse, incapaz de tirar os olhos da pequena em meus braços, — Eu apenas não estou negando isso por uma questão de negar. Bear e eu não estamos juntos. Eu sou um problema para ele, não qualquer tipo de solução.

— Grace costumava me dizer a mesma coisa e eu costumada negar também. Mas acontece que eu estava errada, — disse Ray, se inclinando sobre os cotovelos.

Grace escovou o dedo pela bochecha do bebê, o contraste das mãos velhas e enrugadas contra a pele gordinha e inocente era uma bela visão que fez meu coração cantar um pouco.

Basta um pequeno afago como esse para reviver o coração.

— Qual é nome dela? — perguntei.

— Nicole Grace, mas vamos chamá-la de Nikki, — Ray disse, olhando com orgulho para o bebê em meus braços. Grace sorriu para a menção de seu nome como parte do nome do bebê.

— Eu vi Abel esta manhã pela primeira vez desde que ele voltou, — Grace me encarou. — Ele ainda parece irritado como o inferno, mas posso dizer que alguma coisa está mudando e eu só sei que a luz vai voltar em breve. Marque minhas palavras, meu Abel estará de volta. Então, eu vou dizer agora que você está errada também, você apenas não percebeu isso ainda. — ela sorriu para o bebê e depois para mim. As rugas ao redor dos seus olhos mudando de forma que seus lábios se curvaram para cima em um sorriso. — Eu não estou muito bem, Thia. Estou me sentindo bem agora, mas meu tempo na terra está limitado.

— Isso é tão triste... — eu comecei, mas Grace me cortou.

— Oh, não. Não se desculpe. Só não machuque meu filho e eu não terei que gastar meu tempo restante viva caçando você e fazer você pagar. — ela se inclinou em sua cadeira e eu olhei para cima em Ray para ver se talvez eu não entendi o significado por trás das palavras de Grace, mas Ray só ficou lá escondendo um sorriso. — Agora, quem quer almoçar? — Grace perguntou, saindo de sua cadeira e indo até a geladeira.

Ray ficou na ponta dos pés e abriu um armário, tirando alguns pratos e pondo a mesa, enquanto eu fiquei lá, o bebê nos braços, a minha boca aberta. — O que diabos aconteceu? — sussurrei para Ray.

Ela encolheu os ombros. — Parabéns, você foi ameaçada por Grace.

— O que isso quer dizer? — eu sussurrei, não querendo que Grace me ouvisse e não querendo acordar a menina que tinha adormecido nos meus braços.

— De certa forma, — Ray disse, colocando um prato na minha frente, — isso significa bem-vinda à família.

Grace tinha trazido algum tipo de caçarola de queijo e batata e uma grande salada de folhas. Embora Ray tivesse estado me trazendo comida pelos últimos dias, foi a primeira refeição que eu realmente me lembro de degustar.

E o gosto era fantástico.

Grace adormeceu logo após o almoço no sofá e as crianças desceram para um cochilo depois de se recusarem a comer qualquer coisa além da salada e leite com chocolate. — Obrigada por me arrastar até aqui. Realmente me senti muito bem estar na terra dos vivos novamente, — eu disse quando Ray me acompanhou até a porta dos fundos. — É bom saber que não importa quanta coisa horrível acontece na vida, o mundo ainda consegue continuar girando.

— Ouça Thia, eu sei que você está passando por um monte, e eu sei que é realmente difícil, mas você tem que lembrar que você não é a única pessoa que perdeu a família, e você certamente não é a única pessoa aqui que passou por alguma merda seriamente horrível. Eu não sei o que Chop fez com você no MC, e a dor de perguntar isso me dá arrepios, mas você tem que saber que você não é a única na casa que passou por algo terrível como isso.

— Você? — eu sabia que havia mais de Ray e sua história, a bela e jovem mãe diante de mim.

— Sim, e eu vou te dizer toda a história algum dia, mas na verdade não é de mim que eu estou falando.

— Grace? — eu olhei para onde ela estava dormindo no sofá. Seus roncos profundos ficando cada vez mais alto com cada inspiração. — Quem iria prejudicar Grace?

Ray balançou a cabeça. — Não, não é Grace.

— Então quem? — eu pedia a Deus que ela não ia dizer uma das crianças.

Ray olhou para fora da porta para a garagem e depois de volta para mim. — Bear.

Era a última pessoa que eu esperava que ela dissesse, mas depois que ela disse isso, fazia sentido. Por que ele odiava que eu tinha sido ferida. Por que ele queria me curar. Por que ele me odiava tudo ao mesmo tempo.

Por que ele queria que eu me fosse.

Eu era mais do que apenas um fardo. Eu era um lembrete. Não admirava que ele se afastasse de mim na noite passada. Ele estava lidando com sua própria merda.

Ele não precisa lidar com a minha também.

Se eu não tinha certeza antes, eu estava definitivamente certa agora.

No segundo que eu pudesse saber como, eu iria.

As consequências que se danem.


Capítulo dezesseis

BEAR

— Você tem algum baseado? — perguntei à Ray, que estava no sofá na sala de estar.

— Eu não sei, Bear, você sabe bater primeiro? — perguntou Ray, atirando adagas para mim com os olhos.

— Nunca bati antes.

— Eu não estava amamentando antes, — disse Ray, e é aí que notei o pacote pequeno pressionado contra o seio nu de Ray. Eu nunca tinha visto alguém amamentar um bebê antes. Não pessoalmente, pelo menos. Eu sempre pensei que seria algo bruto, mas eu estava errado. Bebê ligado a ele ou não, uma teta nua ainda é uma teta nua e, embora eu soubesse que meus sentimentos por Ray nunca tinha sido qualquer coisa real, ela ainda era fodidamente linda... e seu peitos ainda estavam de fora.

— Você tem algum baseado? — perguntei de novo, tentando não olhar para os peitos dela, mas acabando os encarando.

Ela pegou um pequeno cobertor de cima do sofá e colocou por cima do ombro. — Você pode olhar agora.

— Não pense que eu parei, — eu admiti. — Mas você tem? É meio que importante. — na verdade, era muito importante. Eu tinha fodido. Eu beijei Thia. Eu pressionei minha língua em sua buceta e em toda a minha vida eu posso dizer honestamente que eu nunca provei nada tão incrível.

Mas então eu me levantei e a deixei sentada lá e ela deve estar se perguntando o que diabos ela tinha feito de errado quando ela tinha feito nada de errado. Era o oposto. Ela tinha feito tudo certo.

Muito certo.

Ela era tão sensível e eu sabia que se eu passasse mais tempo com a minha boca sobre ela ou a tocasse de qualquer forma ela iria gozar.

Foi o simples pensamento dela gozar ao redor da minha língua que me partiu e me fez começar a perder o controle. Merda, foi provavelmente aquele fodido primeiro beijo. Sua língua inocente encontrando o seu caminho para a minha.

Meu pau estava tão duro que machucava e eu estava a segundos de tomá-la ali mesmo, à beira da fogueira. Se não fosse pelo crepitar do fogo, um lembrete do que eu tinha passado naquele mesmo lugar me trazendo de volta à realidade, não havia dúvida de que eu teria feito exatamente isso.

A maconha seria a minha oferta de paz para ela. Minha maneira de mostrar a ela que eu realmente queria fazê-la esquecer de uma maneira que não envolvesse eu passando através da barreira de sua buceta virgem com meu pau. Eu também tinha outra coisa para lhe dizer. Algo que me manteve na pista com o meu plano original de voltar para a porra da estrada.

— Você acha que eu posso fumar maconha durante a amamentação? — perguntou Ray, me chamando de volta ao presente.

— Pelo jeito que você esta me olhando vou ser um grande filho da puta se eu disser que não? — perguntei.

— Você está certo, — disse Ray. — King está em seu estúdio, ele mantém tudo muito bem trancado nestes dias com as crianças ao redor, mas ele provavelmente tem algo. — ela trocou o bebê e sua camisa deslizou. — Isso foi tão difícil? — eu gostava de discutir com Ray quase tanto quanto eu gostava de discutir com Ti.

HA HA você acabou de admitir que você gosta de brigar com ela. Você tem uma queda grande pra caralho, seu idiota!

Eu revirei os olhos para o comentário mental de Preppy.

King estava em seu novo estúdio, do outro lado da garagem do apartamento, assim como Ray tinha dito que ele estaria. Ele estava debruçado sobre uma mesa angular, seu lápis se movendo rapidamente sobre a página. Me inclinei para verificar o que ele estava desenhando, era um dragão old school, lançando chamas e foi um dos desenhos mais detalhados que eu já vi ele fazer. Dramático. Corajoso. — Muito bom, — eu disse, olhando ao redor do seu novo estúdio. O estúdio era um pequeno quarto na casa, equipado em neon e cartazes. Este era mais limpo, melhor. Mais estéril. Fotos de tatuagens anteriores que ele tinha feito estavam pendurados em quadros na parede, a placa KING’S TATTOO com um crânio usando uma coroa estava pendurada sobre a porta.

— Obrigado. É bom ter um espaço de trabalho novamente desde que as crianças ocupam cada polegada da casa e mais um pouco. Nunca soube que crianças tinham tanta merda, — disse ele, manchando uma linha com seu dedo mindinho, limpando o topo da página com o lado da mão.

— Você sempre me surpreende, irmão. Essa é uma merda muito boa, — eu disse, apontando para o dragão.

— Você nunca vai adivinhar para quem é, — disse King, girando em seu banco.

— Quem?

— Para o pai de Ray.

— Não brinca. O senador idiota está virando um tatuado? O que aconteceu com os bons velhos tempos quando estávamos planejando sua morte rápida e oportuna? — eu perguntei quando eu continuei a olhar ao redor da parede nos diferentes tipos de tatuagens que ele tinha feito.

— As coisas mudam. Ele tem cicatrizes de onde ele tirou a bala no peito e no ombro. Quer um dragão para encobrir parte dela, lhe recordar os velhos filmes de Jet Li que ele gosta ou alguma merda assim.

— Se eu tivesse qualquer espaço sobrando, queria que você tatuasse isso em mim. Esse desenho tá foda demais12, — eu disse. — Falando em peitos, eu acabei de ver Ray lá em casa e eu queria saber se você tem maconha.

— Por que diabos sua sentença começa com FALANDO EM PEITOS? — perguntou King, colocando seu esboço na mesa ao lado da janela e olhando para mim como se eu tivesse topado com ela encima da cama.

— Porque a sua menina estava lá em cima dando de mamar a sua filha. Ela estava na sala de estar. Se acalme cara, não é como se eu tivesse visto o bico ou qualquer coisa assim.

— Você está começando a soar como Preppy, — disse King. — E a única razão pela qual você não está morto agora é porque você está prestes a me dizer que você cobriu os olhos, virou sua bunda e caminhou para fora da porta quando você percebeu que ela tinha o seio para fora.

— Certo. Parece bom. Isso é exatamente o que aconteceu, — eu disse sarcasticamente. — Mas, falando sério, você tem algum baseado aí? Eu vou sair e eu preciso dele para algo.

— Como pra ficar doidão? — perguntou King.

Espertinho.

— Sim, filho da puta, como ficar doidão. Mas não é para mim, é para Ti. Ela me perguntou por que eu estava usando e eu disse a ela que era para sair da realidade um pouco e ela me surpreendeu ao me implorar para ela que ela pudesse esquecer também, eu cedi.

Acabei não dizendo a ele que eu também precisava me desculpar por lambê-la sem terminar. Que eu prometi ajudá-la a esquecer e, em vez disso eu fugi bem quando eu estava chegando na melhor parte.

— Por que você parou? Nunca vi você não dar a uma menina um bom divertimento, — disse King.

— Eu não tinha mais, mas não parecia bom de qualquer maneira. Ela não é uma prostituta de clube.

— Você finalmente decidiu que ela não está atrás de você? — perguntou King.

— Acho que não.

— Você descobriu o que fazer com ela?

— O plano não mudou. E eu fiz uma ligação que deve ajudar.

— Que tipo de ligação? — perguntou King, me olhando com cautela.

— Bethany Fletcher, — eu admiti.

— Uau.

— Não é possível chamar os advogados do clube, eles não trabalham para mim mais. Se eu conseguir tirar a conexão de Ti dos disparos em seus pais, então eu posso tirar ela daqui e deixá-la longe o suficiente onde o MC nunca vai procurar por ela.

— Eu ainda não posso acreditar que você ligou para Bethany, — disse King.

— Quando você está em guerra com o diabo às vezes você tem que ligar para um demônio, — eu disse.

— Espero que você saiba o que está fazendo.

— Eu sei.

Eu não tinha uma fodida ideia.

King caminhou até a parede onde uma grande pintura de um relógio pendia do teto ao chão. Ele trocou a pintura, revelando um cofre escondido. Ele girou o botão e quando ele a abriu, havia outro, este exigindo um código.

— Você quer que eu espere enquanto você cava o chão no quintal em busca da chave para abrir cofre número três? — perguntei.

— Vá se foder, — disse King. — As crianças estão correndo por todo canto agora. As coisas são diferentes. Não podemos ter merda em todos os lugares como costumávamos fazer.

Era difícil imaginar King, um homem que fez o que queria toda a sua vida sem dar à mínima se ele estava certo ou errado, escapando à noite para ficar doidão na garagem depois das crianças irem dormir.

— Minha mãe fazia de tudo na minha frente, — continuou ele. — Eu não quero isso para os meus filhos. Quero que eles não saibam sobre essas merdas ruins. Quero que eles acreditem no Papai Noel, no coelhinho da Páscoa, e na maldita fada do dente até que eles estejam com quarenta.

— Por quê? — perguntei, sem entender onde ele estava tentando chegar.

— Porque eles são crianças. Quero que eles sejam apenas crianças. Brincar com armas de brinquedo e não ter que se preocupar com o verdadeiro negócio antes deles terem idade suficiente para dirigir. Eu quero que a maior preocupação deles seja sobre se nós vamos ter pizza ou cachorro-quente para o jantar. Você e eu? Nós não tivemos a chance de sermos crianças. Isso foi roubado de nós por nossos pais de merda, e em vez de uma infância, nos foi dado um grande prato de uma dura fodida realidade. Não vou fazer isso com eles. Eu não vou.

Desde que eu tinha voltado à Logan’s Beach eu tinha percebido que King tinha começado a amansar, mas eu estava errado. Querendo proteger seus filhos não o deixou manso. Isso o deixou mais louco, apenas de uma forma diferente.

Porque ele tinha um propósito diferente.

— Você vai entender um dia. Você vai ter os seus para se preocupar, e, então você vai perceber que o psicopata que você pensou que era, aquele que ninguém era estúpido o suficiente para foder, deve ter muito medo do psicótico que você vai se tornar para proteger sua família.

— Agora eu não posso ver além do amanhã, imagina um futuro distante. Meus dias estão contados de qualquer maneira. O MC vai mirar em mim no segundo que eu entrar no seu território. Talvez eu não vá viver o suficiente para bater em alguém.

King me jogou um pequeno saco fechado e eu coloquei no meu bolso de trás. Ele fechou o cofre e se encostou em sua mesa, cruzando os braços sobre o peito. — Me desculpe, eu não sabia que você tinha se transformado nesse grande idiota fresco enquanto você estava fora.

— Vá se foder, — eu cuspi.

— O velho Bear teria formulado essa merda diferente. Me diga uma coisa, cara. Você ainda quer? O martelo? Porque alguns meses atrás você disse que não queria e agora você está vagando por aqui como se fosse um cachorrinho perdido do caralho.

— Agora a resposta é ‘não sei’, — eu disse honestamente. — Tenho me feito a mesma pergunta de merda.

— Você não vai encontrar a sua resposta em uma garrafa de Jack.

— Ah, sim, desde quando você se tornou a porra da minha mãe?

— Desde que um velho amigo me perguntou se eu lembrava quem eu era e eu percebi que tinha perdido minha família. Pensei que você poderia precisar do mesmo tipo de lembrete, — King disse, jogando as palavras que eu disse há ele meses atrás de volta para mim. — Você quer saber o que aquele velho amigo teria dito?

— Claro, — eu disse, porque eu queria saber.

— O velho Bear não teria dito que o MC iria acabar com ele no segundo que ele pisasse em seu território, o velho Bear não teria dito merda como essa, mas ele teria jogado o fogo do inferno sobre eles até que não existisse o reinado deles mais, — disse King.

— Como diabos eu deveria fazer isso? Eu sou apenas eu. Todos os meus irmãos, menos um, seguem os pedidos de Chop. Eu sou apenas um soldado quando eles têm dezenas. Ir para o MC seria a porra de suicídio e eu não estou pronto para ir ainda.

— Engraçado, porque um segundo atrás parecia que você estava desistindo.

— Eu não estou, estou apenas fazendo o que eu tenho que fazer para sobreviver, cara.

— Isso é ainda mais engraçado, — disse King, acendendo um cigarro.

— O que? — perguntei, ficando irritado com o meu amigo.

— Que você acha que você está vivendo, — King apontou.

— É tão fácil dizer essa merda vindo de alguém que se tornou um civil.

— Eu vou ser um soldado para você, — disse King. Eu estava prestes a acender um cigarro, mas suas palavras me fizeram parar, a chama bruxuleante polegadas longe do meu cigarro, balançando no ar enquanto eu recolhia a gravidade do que ele tinha acabado de dizer.

— Não, — eu disse finalmente. — Você tem Ray e as crianças. Se ela descobrir que iria ser um soldado para mim para que pudéssemos tomar o MC de volta, ela iria te matar antes que eles tivessem a chance.

— Vê? É assim que eu sei que você não sabe de nada, — disse King, apontando para a casa pela janela. — Ray e meus filhos são tudo para mim, mas ela sabe e me aceita por quem eu sou e o que eu preciso fazer. Quando chegar a hora, e você ver o seu caminho claro de todas as besteiras que você está insistindo em dizer, eu estou dentro. Eu vou ser um soldado. Não faça perguntas.

King finalmente perdido a maldita cabeça. — Não. E eu não estou dizendo isso só para dizer, cara. Eu não posso deixar. Se Ray não te matar, ela definitivamente vai me matar.

— Ah, é? — disse King, se sentando em sua mesa e virando as costas para mim. Ele pegou o lápis e começou outro esboço. — Então por que ela sugeriu isso?

Eu estava pensando na ideia de ter King no MC em minha mente. Me perguntando se era uma possibilidade real. A cada passo que eu dava em direção ao apartamento eu revirava isso em meu cérebro e quando eu abri a porta eu entendi, mas o pensamento não durou muito tempo, porque logo que eu abri a porta eu senti algo no ar. Eu sabia antes mesmo de olhar para o quarto. Eu sabia antes de eu corri de volta até a casa para perguntar à Ray se ela tinha visto. Eu sabia antes mesmo de ver meu anel na mesa de café ainda ligado à corrente.

Thia tinha ido embora.


Capítulo dezessete

Thia

O veneno de uma aranha marrom é seis vezes mais poderoso que o veneno da sua prima, a viúva-negra. Mas ao contrário de seu parente mais escuro, a primeira resposta da viúva marrom a uma ameaça é recuar, raramente picando a menos que o contato direto seja feito. Atacar é a sua última opção.

Um último recurso.

Assim como eu.

Eu tinha mais em comum com a aranha que matou meu irmão mais novo do que eu tinha com Bear.

Xerife Donaldson nem sempre estava em seu escritório depois de três horas. A cidade de Jessep pode ter sido grande em questão de terra, mas era pequena em população, tão pequena que nosso xerife da cidade só trabalhava em tempo parcial.

Jessep era uma das mais antigas cidades da Flórida e ser velha significava que suas leis tinham sido escritas há muito tempo. Um de seus encantos é que essas leis não tinham sido revistos, deixando todos os tipos de regras para trás.

Sob a lei de Jessep, os homens não eram autorizados a usar roupas femininas, mas isso não parava por aí. Mais especificamente, a punição para esses homens capturados usando vestidos sem alças de cetim seria muito mais grave do que aqueles que eram pegos vestindo saias na altura do joelho.

Tomar banho nu também era um grande não. O sexo oral, mesmo entre os casais, era estritamente proibido também.

Era ilegal cantar em um lugar público enquanto vestia um maiô. Quem fez as regras não gostava de cantar mesmo, porque também era ilegal cantar para uma cabra.

Mesmo no dia do aniversário da cabra.

Era ilegal para uma mulher solteira pular de paraquedas aos domingos.

Eu planejava voltar para minha cidade natal em uma bicicleta que tinha encontrado na garagem, uma velha bicicleta de praia azul com uma bandeira laranja esfarrapada conectada à parte traseira do assento13. Eu montei todo o caminho de volta para Jessep sem parar, uma necessidade de colocar uma distância entre mim e Bear e meu desejo de enfrentar o que eu tinha que enfrentar me impeliu a continuar, mais rápido e mais rápido até que eu finalmente desacelerei quando virei para a estrada com o sinal de Bem Vindo à Jessep, População 64. Eu tinha a intenção de ir direto para o gabinete do xerife, mas eram só duas horas. Eu não tinha a intenção de ir para casa, mas antes que eu percebesse, eu ainda estava na bicicleta com meus pés no chão olhando para a fita amarela da cena do crime que tinha desgarrado de um lado e agora estava flutuando no vento .

Caminhei lentamente pela calçada, levando a bicicleta comigo. Eu não planejava sair ou caminhar até a varanda ou sentar na cadeira de balanço e inalar o cheiro de laranjas pobres.

Mas eu fiz.

As chuvas da tarde tinha lavado o sangue da minha mãe ao lado da casa. Qualquer pessoa que não sabia o que aconteceu lá teria pensado que era uma mancha de lama.

Mas eu sabia que o que aconteceu aqui.

O que eu não sabia era o que ia acontecer a seguir.

Foi quando eu vi.

A aranha.

Eu estava na varanda segurando uma vassoura de palha velha com o cabo quebrado. Eu assisti o pequeno inseto usando algumas das suas muitas pernas longas e listradas. Ele estava sob o beiral, cuidando de seu próprio negócio, encerrando o almoço, enquanto eu estava apenas a alguns centímetros de distância planejando sua morte iminente.

O sol começava a se pôr, uma das únicas horas do dia quando o clima era tolerável e logo antes da chuva de verão descer em Jessep.

Eu entendi como era querer ser deixada em paz e por um breve momento eu contemplei poupar a aranha da sentença de morte, mas rapidamente mudei minha mente.

Uma igualzinha matou Jesse.

Ela tinha que morrer.

Parece que eu era boa em matar coisas.

Cheguei à nosso velha e enferrujado escada e subi ao topo, posicionando o fim do cabo de vassoura sobre a aranha inocente que não tinha ideia do que estava por vir. — Me desculpe, — eu sussurrei, logo antes de esmagar em um canto. Uma e outra vez eu bati e bati e bati nela, esmagando-a ao esquecimento. Eu matei aquela aranha uma e outra vez e continuei matando até que minhas mãos estavam sangrando por causa do cabo de vassoura quebrado e lágrimas corriam pelo meu rosto, muito tempo depois da aranha cair na grama.

— Srta. Andrews? — perguntou um homem. Seguei o topo da escada com as duas mãos para manter meu equilíbrio, e soltei a vassoura. Ele caiu sobre a varanda e rolou do lado na grama.

Um homem muito alto estava segurando uma pasta de documentos e um lenço que ele usava para limpar o suor do rosto vermelho. Ele estava vestindo um terno cinza amarrotado e um sorriso.

— Me desculpe, senhorita. Eu não queria te assustar, — disse ele com um sotaque do sul. Se suas roupas não deixava claro que ele não um local, seu sotaque teria feito o truque. — Eu estou procurando uma Srta. Andrews? — perguntou o homem de novo, segurando o arquivo para proteger os olhos do sol, enquanto me observava descer da escada.

— Quem quer saber? — perguntei, me virando para limpar os olhos, pegando o cabo de vassoura quebrada da grama e jogando de volta para a varanda.

— Meu nome é Ben Coleman e eu estou aqui em nome de The Sun... — eu não precisava ouvi-lo terminar a frase para saber por que ele estava lá. A Sunnlandio Corporation era uns abutres e assistiram a decadência da minha mãe antes dela se perder e levar meu pai com ela.

Ben Coleman parecia não notar a fita da cena do crime flutuando no vento. Ele estava em pé na calçada em uma noite de terça-feira, vestindo um terno cinza amarrotado e pingando suor tanto que parecia como se tivesse sido apanhado na tempestade de chuva que eu podia ver à distância, mas ainda não havia chegado.

Ben se aproximou e estendeu a mão para mim. Peguei a escada e passei direto por ele, indo para o galpão ao lado da casa. — Você pode ir, Sr. Coleman, eu sei por que você está aqui e eu quero saber de nada disso. — eu coloquei a escada no galpão e fechei a porta.

Eu podia sentir o cheiro da chuva se aproximando antes que eu pudesse vê-la. Eu costumava tirar sarro de meu pai por dizer que ele podia sentir o cheiro da chuva, mas quando fiquei mais velha eu podia sentir a mudança no ar e eu aprendi a reconhecer o ar ficar mais fresco antes das nuvens rolarem, as estrelas se apagando e o céu da noite mudando do preto ao cinza. — Senhorita Anderson, eu só preciso que você faça isso. Temos os melhores interesses no coração, — disse Ben, estendendo a pasta em direção a mim.

Eu ri. — Você tinha o melhor interesse no coração quando sua empresa cancelou o contrato que a fazenda tinha com a Sunnlandio desde os anos 60? Porque eu iria perguntar se eles se tinham os melhores interesses no coração, mas eu não posso. E a julgar pelo olhar em seu rosto você sabe por que eu não posso. Então, seja qual for o motivo pelo qual você está aqui, venda isso para outra pessoa. Eu não estou interessada e eu não tenho tempo. Tenho uma reunião com o xerife.

O vento aumentou, fechando em torno da casa, soprando meu cabelo em meu rosto. O paletó de Ben abriu enquanto ele continuava a me seguir no meu caminho para frente da casa.

Isso é quando eu vi a arma dele.

Ou ele era o tipo de empresário que era acostumado com sulistas atirando contra ele ou ele não era um homem de negócios.

A chuva já estava encharcando o campo ao lado da casa e era apenas uma questão de segundos antes dela encontrar o seu caminho. — Corte essa merda, Sr. Coleman. Se esse é mesmo o seu nome. O que é que você quer?

— Eu preciso que você olhe este arquivo. Me diga o que você acha. É uma oferta para comprar a fazenda. Algo generoso. — ele estendeu o arquivo em papel pardo.

— Saia desta propriedade agora e leve isso com você, — eu avisei.

— Você vai querer que eu jogue duro com você, Srta. Andrews? Eu estava disposto a te fazer uma oferta adequada, mas você não me deixa outra escolha. Desde que você ainda não tem dezoito anos quando, seus pais morreram e não tinham registrado, essa propriedade não é sua e não será sua até que ela passe por um processo judicial dispendioso e bastante demorado. E eu odeio dizer o óbvio, mas sem um contrato com um distribuidor como a Sunnlandio a fazenda não vale nada. Há também a pequena questão de você potencialmente indo embora por um tempo muito longo e eu suponho que é o que seu pequeno encontro com o xerife está em causa. Mas nós da Sunnlandio preferimos cuidar disso agora e colocar o dinheiro na frente e depois esperar para o juiz nos dar a escritura da propriedade.

É quando a gravidade da situação me bateu, que o mal se escondia de terno e gravata e escondia seus crimes em pastas. — É por isso que você fez isso? É por isso que você cancelou os contratos dos meus pais, não é? Para desvalorizar a terra, então foder com eles com alguma oferta ridícula?

— Srta. Andrews, eu não tomo essas decisões, mas vou admitir que a lei está do nosso lado aqui. Estamos apenas tentando agilizar o processo com você assinando.

— Eu nem tenho dezoito anos, então eu não posso assinar nada, — eu disse.

— Seu aniversário não foi há dois dias, doze de julho? — perguntou o Sr. Carson, abrindo o seu arquivo e lendo a data, antes de fechar novamente.

Eu perdi o meu próprio aniversário?

A parede de chuva veio, absorvendo tudo em seu caminho, incluindo o homem de terno que se manteve firme, sorrindo enquanto seu cabelo achatava no topo da sua cabeça. — Eu vou ao tribunal amanhã para apresentar a oferta ao juiz de paz e exigir que a fazenda seja devidamente avaliada. Você pode assinar isto agora ou se aprontar para uma batalha que você não vai ganhar. A batalha que você não pode pagar.

A lei está do nosso lado.

A lei está do nosso lado.

Eu vi vermelho. Tanta coisa vermelha que eu quis que um relâmpago saísse do céu e atingisse este cara de terno. Ben colocou a pasta na varanda e me lançou aquele sorriso presunçoso e uma saudação antes de voltar para a entrada de automóveis. — Sr. Coleman? — perguntei docemente. Ele se virou. — Sim, Srta. Andrews? — ele perguntou, gritando acima do som da chuva torrencial.

— Você acabou de dizer que a lei está do seu lado? — perguntei, inclinando a cabeça para o lado.

— Sim. Está certo.

— Bem, então, — eu digitei o código sobre a caixa no alpendre da varanda e as dobradiças abriram. Eu removi o que eu precisava dos ganchos ligados ao lado de baixo da tampa. Ao contrário de quando eu arrisquei minha vida quando minha mãe e eu jogamos roleta russa, dessa vez funcionou no primeiro puxão. — Você sabia que aqui em Jessep, qualquer pessoa pode atirar em alguém em sua propriedade por nenhuma razão?

— Você não faria isso, — disse ele, não havia medo em sua voz. Havia desafio. Ele estendeu a mão sobre o casaco, mas ele sabia que não tinha tempo de chegar até sua arma.

Um passo é tudo que dele deu.

Ele deu um passo em frente, blefando.

Eu puxei o gatilho.

— Bem-vindo à Jessep, Sr. Carson.


Capítulo dezoito

BEAR

Um CRACK ecoou a noite, tão alto que eu ouvi acima do rugido da minha moto, ondulando o ar em torno de mim como se eu estivesse preso em uma onda. Algo pequeno, mas rápido passou por minha orelha como um grito, tão perto que eu senti o rastro de calor no lado do meu pescoço.

Uma bala.

Crack. Eco. Crack. Eco.

Havia duas motos na minha cola. Duas motos que eu reconheci. Duas motos que eu ajudei a construir.

Bastards.

Eu sabia que havia uma possibilidade de que no segundo que eu deixasse Logan’s Beach na minha moto esses filhos da puta poderiam ir atrás de mim. O problema era que eu estava muito envolvido em encontrar Thia que eu sai em disparada, mesmo sem contar a King onde eu estava indo.

Porra, talvez eles já fizeram.

Meu peito doeu como eu já tivesse sido atingido por uma bala.

Os Beach Bastards poderiam não ter leis, mas eles não eram sem alma, um dos códigos pelos quais viviam era ‘Sempre olhe um homem nos olhos quando você estiver prestes a tomar sua vida’.

O clube deveria estar mais fodido do que eu tinha imaginado originalmente porque os dois idiotas atrás de mim disparando nas minhas costas tinham escolhido ignorar esse código em particular.

CRACK.

Senti o calor contra a pele do meu pescoço quando a bala passou zunindo.

Passei pela placa Bem Vindo à Jessep e tentei despistar os filhos da puta me seguindo tomando uma acentuada curva à direita.

Não tive essa sorte.

As balas podem ter estado voando, Thia poderia estar em perigo ou já morta, mas quando eu peguei velocidade e me inclinei para frente empurrando a máquina entre as minhas pernas até o seu limite, me lembrei de outro tempo, outra noite sem nuvens, quando ir rápido não era rápido o suficiente.

 

Eu estou com cinco anos de idade e eu estou no banco do passageiro de um carro que eu nunca estive antes. Minha mãe está dirigindo.

Ela está resmungando para si mesma e mordendo as unhas.

Quando ela me pegou da escola, eu tinha entrado em seu conversível vermelho, mas ela passou pela rua que a gente sempre evita, o que nos levava à sede do clube. A única parada que tínhamos feito era quando tínhamos negociado seu carro atrás do Stop-n-Go.

O pequeno Toyota que estamos andando cheira como quando eu vomitei depois de beber o refrigerante especial que tinha sido deixado na mesa de sinuca. A única coisa especial sobre o refrigerante foi a quantidade de vômito que me fez pulverizar por todo o chão do escritório do meu pai.

Dr. Pepper é muito melhor.

Mamãe acende um cigarro e abre a janela, mas só um pouquinho. O carro se enche com a fumaça que ela bufa, mas isso não me incomoda porque eu estou acostumado com isso. Todo mundo no clube fuma. Eu vi um comercial na TV dizer que fumar faz você parar de crescer, e eu quero ser alto como meu velho, então eu decidi que eu vou esperar até eu crescer muito mais antes de eu começar a fumar.

Está escuro lá fora, mas uma vez que estamos na estrada, cada vez que passamos por uma rua iluminada o interior do carro bilha e, em seguida fica escuro, como se alguém estivesse apagando e acendendo um interruptor de luz. Eu não conto quantas vezes o interruptor fica ligado, mas é muito. Eu paro quando eu chego a uma centena, porque esse é o maior número que eu conheço.

Toda vez que uma moto passa, minha mãe agarra o volante realmente apertado e prende a respiração até que ele passa por nós. Ela continua verificando os espelhos e tirando o cabelo fora de seus olhos. Ela tem pingos de suor em seu rosto e quando o carro se ilumina na próxima vez, eu noto que ela tem lágrimas vazamento de seus olhos.

— O que está errado, piranha14? — pergunto.

Mamãe revira os olhos e me lança um olhar irritado. — Só porque seu pai me chama assim, não significa que é uma coisa agradável a dizer a alguém. Você pode me chamar de mamãe, ok?

— Piranha não significa menina bonita? — pergunto, confuso porque Tripod foi o único que me disse o que isso significava, e ele é o vice-presidente do clube do meu velho, então ele sabe muito.

— Não querido, não significa isso. É uma má palavra, então nunca diga de novo, ok? — ela bagunça meu cabelo com a mão e volta a verificar os espelhos.

Quando eu voltar para o clube eu vou perguntar à Tripod sobre a palavra de novo. O meu velho diz que as meninas, as vezes, não entendem as coisas do mesmo jeito que os meninos, então mamãe está, provavelmente, apenas confusa.

— Como pode uma palavra ser ruim? — pergunto.

— Só pode, Abel. — ela diz com um bufo. Mamãe tem o mesmo olhar no rosto que ela tem quando me envia para fora, mas pelo menos seus olhos não estão vazando mais.

Eu não gosto quando seus olhos vazam.

Eu também não gosto quando seu nariz vaza sangue depois que ela discute com Chop, meu velho.

— Mamãe, o que há de errado? — eu pergunto a ela novamente.

Ela balança a cabeça para mim e sorri. — Nada, bebê. Nada há de errado. Na verdade tudo está bem.

— Mas eu quero voltar para o clube, — eu lamento.

— Não! — mamãe grita, batendo o punho contra o volante. Ela respira fundo e dá outra tragada em seu cigarro, apagando no cinzeiro. Ela se estica e agarra meu joelho. Eu rio porque é o meu ponto delicado. — Abel, estamos indo para algum lugar que você vai amar. É ainda melhor do que o clube. Eu prometo. — ela retira a mão e acende outro cigarro.

Eu dou de ombros e começo a ficar animado, principalmente porque eu acho que minha mãe poderia estar me levando para a Disney World. Eu nunca estive lá, mas é o único lugar que eu poderia pensar que poderia ser melhor do que o clube.

Eu volto a esticar os braços de meu Stretch Armstrong15 e os amarro atrás das costas do jeito que eu vi os policiais fazerem quando levaram o tio Gator ontem. Policiais não são amigos do clube, então eu não contei a meu velho o quão legal eu achei as luzes e sirenes. Ele disse que o tio Gator não vai estar em casa em breve, mas que podemos visitá-lo no próximo mês em um lugar chamado Up-State.

Eu ouço um estrondo familiar e me viro para olhar atrás de nós. — Ei mamãe, papai está aqui, — eu digo, mas ela só olha para frente e assente. Seus olhos começam a vazar novamente. Motos cercam o carro e minha mãe reduz, mas não para. Eu reconheço Tank e sua moto quando ele passa ao nosso lado. Mesmo com seu capacete e óculos de proteção amarelos posso dizer que ele está com raiva pelas linhas ao redor de sua boca. Ele está gritando alguma coisa, mas eu não posso ouvi-lo sobre as outras motos. Minha mãe ouve porque ela balança a cabeça ‘não’ como se ela estivesse respondendo a ele.

Vejo Tank chutar sua bota e a próxima coisa que eu sei é que as janelas explodem no carro e o vidro voa por toda parte. Mesmo me empurrando para o assento, já é tarde demais. Eu sinto um pedaço passar no canto do meu olho e o que parece um arranhão profundo queima. Minha mãe grita e a próxima coisa que eu sei é que eu sinto o carro virar para a direita, os pneus esbarram em terreno irregular antes de parar.

Eu tiro a minha mão do meu olho e tento abri-lo, mas o segundo que eu faço isso eu o fecho automaticamente e tenho certeza que o pedaço de vidro ainda pode estar no meu olho. Mamãe pega meu rosto e inspeciona meu olho. As motos todas pararam ao redor do carro e agora vejo Chop. Ele sai da sua moto e joga seu capacete no chão. Minha mãe tira um pequeno de caco de vidro do meu olho que está manchado de vermelho. — Eu te amo, Abel. Agora e para sempre. Se lembre disso. — ela sussurra quando Chop abre a posta e a arrasta para fora do carro pelos cabelos. Ela grita e chuta pontapés, mas Chop não para de arrastá-la até que eles passam pelas árvores no lado da estrada.

Eu posso não ser capaz de vê-los, mas eu ainda posso ouvi-los. — Você não sabe como ouvir, porra! — Chop grita. — Eu te disse que se você colocasse os pés em Logan’s Beach ou preto da porra do meu filho novamente, eu iria cortar suas tetas e pendurá-las em cima do muro do clube! Eu pareço estar de brincadeira, piranha!

Eu já os ouvi gritar um com o outro antes, mas algo sobre essa vez parece diferente. — Vamos lá, amigo. — Tank me diz, me levando para fora do carro e para sua moto.

— Por que diabos você achou que poderia roubar o meu filho e viver para contar isso! — ele grita. Ele deve ter batido ela, porque eu ouvi minha mãe gritar de novo. As folhas das árvores agitam e eu não posso levar a minha atenção para longe de onde eu sei que eles estão. Tank continua a me levar até sua moto, mas eu estou andando.

— Eu tinha que tentar. — eu ouvi minha mãe gritar. — Eu tive que tentar dar a ele uma vida onde ele não iria acabar... — ela faz uma pausa.

— Diga, cadela. Você sabe como isso funciona. Isto termina da mesma forma, não importa o que, então é melhor falar agora... enquanto você tem a chance. , — diz Chop. Eu ouço um clique.

— Eu queria levá-lo daqui para que ele não acabasse como você! — minha mãe grita e assim que a última palavra deixa sua boca há um som de estalo.

E depois nada.

Tank me coloca na parte traseira de sua moto e liga, os outros que estão com a gente fazem o mesmo. Biggie, um dos caras mais jovens, salta para o Toyota e acelera. Pager, uma dos mais antigos nos Bastards, está esperando quando Chop aparece com sangue respingado em seu rosto, sua arma ainda na mão. Ele joga a arma para Pager que a envolve em um pano.

Tank acena algo com a mão para Chop, que o vê porque ele acena com a cabeça em resposta, mas seus olhos estão presos nos meus. Ele quebra a nossa conexão para limpar o sangue do rosto com a mão.

Eu nunca tive medo dele. Nem quando ele batia na minha mãe. Nem quando ele me bateu por qualquer coisa que eu tinha feito que ele não gostou. Nem quando ele me trouxe em seu bote e me obrigou a ver quando ele atirou em um homem e jogou seu corpo no Everglades.

É neste momento, quando um tremor de medo serpenteia pela minha espinha e pela primeira vez eu tenho medo do meu pai. Ele olha para a palma da mão agora vermelha. Tremores dançam na minha espinha quando seus olhos novamente encontram os meus...

E ele sorri.

 

Calor explodiu em minhas costas, irradiando através do meu ombro, seguido pela dor entorpecente quando a bala conectou com o osso, rasgando a frente do meu ombro. Eu tinha sido baleado antes, mas não é um sentimento que você pode se acostumar. A bala cravando nos minúsculos, rasgando sua pele, então explodindo uma vez que está afundado a uma profundidade suficiente dentro de você. Cada nervo de minha espinha saltou e meus braços se contorceram, dirigindo a moto para o lado, a fazendo desviar pela estrada. — POOOOOOOOOORRA — eu gritei através de meus dentes enquanto pegava o guidão, corrigindo minha moto apenas alguns segundos antes do pneu dianteiro mergulhar na vala do lado da estrada. Grama e sujeira se espalharam sob os pneus, lama choveu em cima de mim quando meus pneus voltaram para a estrada.

Quando balas ainda zuniam ao redor da minha cabeça levei tudo que eu tinha para manter a moto em linha reta e manter a minha velocidade. Se eu diminuísse a velocidade eu era um homem morto.

Posso não ter estado usando um colete, mas eu não era uma cadela, eu estava correndo em direção a Thia, não correndo pela minha vida.

Eu bati no freio, virando minha moto ao redor para enfrentar as cadelas que estavam vindo para mim a toda velocidade. Tank e Cash. Dois irmãos que eu pessoalmente recrutei como prospectos.

Fodidos ingratos.

Dois irmãos que também estavam prestes a aprender da maneira mais difícil que só porque eu não estava usando meu colete não significava que eu era fraco.

Ou que eu esqueci como puxar um gatilho do caralho.

Minha moto continuou a girar quando eu levantei minhas mãos do guidão e puxei ambas as armas dos meus coldres. A dor me rasgou ao meu movimento brusco, mas meu objetivo era estável.

Eu gostei do olhar de choque no rosto daqueles filhos da puta quando eles encararam o cano das minhas armas e eu comecei a disparar. Cash caiu primeiro, virando sua moto de lado quando eu coloquei duas balas em seu peito. Tank seguiu, capotando depois de eu colocar um através da sua bochecha direita.

Minha moto ficou fora de controle, mas parecia que era o mundo em volta de mim girando em vez de mim. Laranjais me rodeavam e assim como o cheiro de algo podre. Eu inclinei de lado na estrada, caindo na vala que tinha conseguido evitar poucos minutos mais cedo. Eu naveguei sobre a minha moto, voando pelo ar, sorrindo.

Eu poderia morrer, mas pelo menos eu morreria sabendo que eu levei esses dois filhos da puta comigo.

Meu último pensamento antes de eu atingir o chão foi de uma menina com cabelo vermelho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo dezenove

Thia

Sr. Carson tinha se afastado por sua própria vontade e eu corri para o laranjal antes que ele pudesse se lembrar que ele tinha uma arma. Eu não gostei do que eu tinha feito, e estava ainda mais revoltada com o fato de que eu não me arrependo.

Quando meus pulmões queimavam e eu não podia correr mais, eu caí de joelhos. — Eu sinto muito, pai. Eu sinto muito não poder salvar tudo isso para você. Para nós. Mas acima de tudo eu sinto muito por não poder te salvar, — eu disse para as árvores. As folhas em torno de mim sussurravam com o vento, de vez em quando eu ouvia o baque de uma laranja caindo.

Eu brevemente contemplei queimar tudo ao chão, ir tão longe como pegar uma folha de uma árvore próxima para testar o quão seco estava e quão rápido iria queimar quando o chão sob mim sacudiu, pequenos pedaços de folhas e pedaços soltos de terra pularam em torno de meus joelhos.

Eu morava na Flórida toda a minha vida, e nunca tinha tido um terremoto antes.

Um terremoto era mesmo possível?

Um estrondo começou ao longe e me levantei em pânico, me preparando para a terra se mexer. O barulho ficou mais alto e mais alto e meu coração bateu mais rápido e mais rápido, cada músculo do meu corpo ficou tenso enquanto os segundos passavam, enchendo lentamente o silêncio.

Era um som que você sentia antes de você ouvir. Um estrondo que ficou mais alto e vibrou em seus ossos.

Um terremoto em duas rodas.

Uma moto. E a partir do som dela, talvez mais do que uma.

Bear.

Ele tinha vindo para mim.

Não seja estúpida, Thia. Milhões de pessoas conduzem motos além dele, não é ele.

Mas poderia ser o MC.

E então... BOOM.

Uma explosão tão alto que meu cabelo soprou como se uma bomba tivesse explodido.

Uma explosão de luz laranja brilhante para a noite, seguido pelo contraste de fumaça cinza contra o céu negro sem nuvens.

Eu estava correndo em direção à explosão antes que eu pudesse me convencer do contrário, chegando à estrada em menos de um minuto.

Os destroços de metal mutilado estavam espalhados em ambos os lados da estrada. Eu não tinha certeza se era uma moto ou duas até que eu vi dois corpos espalhados pela estrada, caídos em ângulos não naturais sem vida. Eu corri para o primeiro corpo e meu coração começou a correr fora de controle. Os braços do homem estavam cobertos de tanto sangue que eu não poderia ver qualquer de suas fraturas ou tatuagens.

Em pânico, eu me ajoelhei e usei toda a minha força para tentar virar o homem, mas ele não se mexeu. Então, eu imaginei o rosto do homem que eu não queria que fosse e eu precisava saber se era ele. Tentei de novo, usando toda a força que eu não sabia que eu tinha. Eu não fui bem sucedida em virá-lo completamente, mas tinha conseguido tirá-lo de lado. O segundo que eu vi o rosto arredondado e cabelos castanhos curtos eu soltei um suspiro de alívio.

Quando me deparei com os destroços eu tinha certeza que era uma batida, um acidente. Eu tinha certeza de que havia dois cadáveres na estrada que morreram com o impacto.

Eu estava errada.

Corri para o próximo homem que estava deitado de barriga para cima, com a cabeça virada para o lado, os olhos e a boca estavam abertos.

Um buraco de bala em sua bochecha.

Engoli em seco. Levantando, eu me afastei para o bosque de onde eu vim, como se por algum motivo eu tivesse que manter meus olhos sobre os destroços e os corpos ou eles iriam aparecer de volta e vir atrás de mim.

Foi quando eu percebi que o meu pânico que um dos corpos seria Bear foi sem motivo. Ambos os homens mortos estavam usando coletes dos Beach Bastard.

Eles tinham vindo para mim.

Bear não.

Eu sabia que ele não iria, mas eu ainda não podia deixar de me sentir decepcionada e com medo, tudo ao mesmo tempo.

Poderia haver mais deles em seu caminho.

Lentamente eu recuei até que as árvores tinham quase me engolido inteira. Grilos gorjearam em volta de mim. Sapos resmungaram e o mata-mosquitos na varanda da frente podia ser ouvido daqui, o que era uma boa meia milha de distância. Lentamente eu me afastei até bati em algo grande e duro que definitivamente não era uma árvore. Calafrios dispararam em minha espinha quando uma mão veio ao redor da minha cintura e outra cobriu minha boca, abafando meu grito.

— Ti, pare, sou eu, — Bear rosnou no meu ouvido enquanto eu lutava contra ele.

Eu me acalmei.

Ele tinha vindo para mim.

Bear afrouxou o aperto e me virei em seus braços. A lua era grande e brilhante, agindo como um holofote logo acima de nossas cabeças. Ele estava sem camisa e coberto de terra. Seu cabelo e barba loira estavam manchados de lama escura. Sua calça jeans estava rasgada no joelho. — Quão movimentada está estrada? — ele perguntou de repente.

— Não há movimento. Há outra fazenda, mas fica na parte de trás do outro lado. Nós paramos em um beco sem saída.

— Qualquer um está programado para vir por esse caminho? Carteiros, entregas de qualquer tipo. Eu preciso que você pense.

— Não, nada. Correio vai para o caixa da cidade e a fazenda está fora dos negócios por um tempo.

Ping.

Ping.

Ping.

Não havia mangueiras em qualquer lugar, nenhuma água corrente desde que a empresa de água desligou o fornecimento quando não podíamos pagar a conta.

BAQUE. Girei ao redor. — Que diabos foi isso? — ele perguntou.

— Laranjas. Elas soam assim quando caem das árvores, — eu disse. Com as costas para mim, vi a fonte do gotejamento.

Ele estava vindo de Bear.

Sangue.

Um rio de sangue brilhante que parecia preto sob a luz da lua pingava na parte de trás do seu ombro, fundindo em seu cinto, em seguida, caindo no chão macio. — Você está ferido, — eu disse, apontando para o óbvio.

Bear se virou, seus olhos escureceram e brilhavam como chamas azuis. — Eu não dou a mínima para o meu ombro, Ti. O que eu dou a mínima é você ter ido embora quando eu te disse que não era seguro. — Bear olhou para mim como se eu o tivesse passo por ele de uma maneira que eu não entendia. — Talvez você não acreditasse em mim quando eu disse que o MC estaria vindo para você. — ele acenou para os corpos na estrada. — Você acredita em mim agora? — ele perguntou, seus narinas dilatadas.

Eu dei um passo para trás e ele deu um passo para frente, não me permitindo a distância que eu queria colocar entre nós. — Por que você veio?

— Que porra é essa que acabei de dizer? Eu vim porque você não deu ouvidos. Eu vim porque não é seguro e se eu não tivesse vindo ou você estaria morta agora ou desejando que você estivesse morta, uma vez que conseguissem por a mão em você, — Bear disse. E pela primeira vez, eu tive medo dele. Não porque eu pensei que ele iria me machucar, mas porque eu nunca o tinha visto tão irritado.

— Eu não entendo você, — eu disse.

— Você não tem que me entender, — ele rosnou, e como se estivesse provando seu ponto, ele bateu seus lábios sobre os meus.

Eu queria afastá-lo. Eu queria dizer a ele que não. Mas depois de pensar que ele poderia ter sido um daqueles homens mortos na estrada, meu corpo não me deixou. Meu cérebro queria gritar com ele, socá-lo, mas quando ele correu sua língua ao longo da costura da minha boca, meus lábios traidores abriram para ele, gemendo quando sua língua encontrou a minha, me pressionando contra seu corpo sujo. Ele colocou as mãos em volta do meu rosto e me beijou como se ele estivesse gritando comigo, me punindo por desobedecê-lo, por estar em sua vida, por não estar em sua vida.

Eu aceitei a sua punição e dei de volta para ele, dizendo a ele todas as coisas com o nosso beijo. A frieza de seus anéis pressionou contra a pele das minhas costas por debaixo da barra da minha camisa.

Bear recuou, respirando pesadamente, olhando através de mim como se ele pudesse ver diretamente em minha alma. — Você tem que me ouvir, mas tanto quanto eu quero ter uma conversa com você agora onde você me diz que fodida pessoa eu sou e eu lhe digo que você é a garota mais idiota que pus os olhos. E tanto quanto eu quero manter minha boca em você, nós temos outro par de problemas que eu vou precisar que você me ajude antes que se tornarem problemas maiores. — Bear enrolou uma mão enlameada ao redor do meu pescoço e fechou a distância entre nós.

— O quê? — perguntei, tremendo sob o peso de seu olhar, de alguma forma esquecendo os mortos que estavam apenas a alguns de nós.

— Você sabe costurar?

— Essa é uma pergunta estranha.

— Não tanto quanto me ver sangrando, — disse Bear, me liberando e agarrando seu ombro. — Está limpo, atravessou, só preciso colar a pele novamente.

— Merda. Aqui, — eu disse, arrancando minha camisa eu me levantei na ponta dos pés para pressionar na parte de trás de seu ombro.

— Porra, — Bear gemeu. Eu abrandei a pressão, pensando que eu iria machucá-lo. — Talvez você devesse me deixar sangrar. Pode valer a pena, — ele disse, lambendo os lábios. Segui seu olhar para os meus seios nus. Meus mamilos se endureceram sob seu olhar.

— Porra, Ti, você pode não ter puxado o gatilho do caralho, mas eu acho que você ainda vai me matar. — suas mãos se estabeleceram na minha bunda, enquanto eu tentava parar o sangramento, seus dedos massagearam minha carne enquanto eu concentrava meus esforços em sua ferida.

— Qual é a outra coisa que temos que fazer? — perguntei, sentindo o rubor queimando em minhas bochechas e pescoço, grata pela escuridão da noite por esconder o meu embaraço sobre estar tão obviamente excitada.

— Limpar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte

Thia

— Eu não posso ir lá, — eu disse, evitando os degraus da varanda da frente, os braços cruzados sobre o peito nu.

— Agulha e linha, — disse Bear, se encolhendo, ainda segurando minha camisa ensanguentada por cima do ombro. — Onde é que eu encontro? — ele perguntou e eu estava aliviada por ele não me forçar a entrar.

— A sala de costura e do lado de fora da cozinha, à direita e depois esquerda. Mamãe mantinha esse material em uma caixa ao lado da Singer.

Bear desapareceu dentro da casa, emergindo alguns minutos mais tarde com a caixa da minha mãe. — Nada de luzes, — Bear disse, acendendo o isqueiro que ele vinha usando para guiar seu caminho através da casa escura, no bolso de sua calça jeans. Claro que não havia luzes. A conta venceu antes das mortes dos meus pais, e os mortos não pagam a conta de energia elétrica. Na nossa casa, na maioria das vezes nem os vivos.

Ele me jogou uma blusa azul que ele tinha pegado do meu quarto e eu corri para me cobrir com ela. — Obrigada, — eu disse. A resposta de Bear foi um pequeno grunhido.

Eu abri a caixa na varanda e peguei uma lanterna. Eu cliquei no botão e, felizmente, ele veio à vida. — Você já esteve aqui durante todo o dia e você não entrou ainda? — perguntou Bear, sentado no degrau mais alto, de costas para mim. Eu lancei a luz para baixo enquanto Bear escolhia o que ele precisava da caixa de equipamentos.

— Eu não tinha planos de vir aqui.

— Então por que voltou aqui? — perguntou ele, abrindo a tampa da garrafa de vodka que eu não percebi que ele tinha trazido. Ele entregou a garrafa para mim. — Despeje na parte de trás do meu ombro.

Peguei a garrafa e usando a lanterna finalmente fui capaz de dar uma boa olhada no ferimento de Bear. Ele estava certo, estava completamente limpo, mas era muito mais profundo do que eu pensava. — Merda, — eu disse, deixando cair a lanterna. — Basta derramar, Ti e me diga por que está aqui se isso não fosse o seu plano.

Eu direcionei a luz em sua ferida e por algum motivo me vi fechando os olhos quando eu derrubei a garrafa e derramei o álcool diretamente em sua ferida. Todos os músculos do corpo do Bear ficaram tensos. — Ti, fale. Agora, — Bear disse, rangendo os dentes. Ele pegou a garrafa da minha mão e derramou o resto sobre o buraco na frente de seu ombro, apoiando a mão na borda do degrau da frente, ele arrancou um pedaço da madeira velha podre. Quando ele terminou, ele jogou a madeira para o quintal e baixou a garrafa, me entregando a agulha e linha.

— Xerife Donaldson não está até a tarde. Eu estava indo vê-lo, mas depois acabei por aqui e eu fiquei... distraída. — distraída foi um bom termo para Ben Carson e sua audácia de até mesmo de pisar na fazenda.

— Você ia confessar? — perguntou Bear, a raiva escoando em sua voz. Ele cruzou os braços sobre as coxas e se inclinou para frente para que eu pudesse ter melhor acesso à sua ferida. Eu deixei a lanterna no corrimão e usei o único ponto eu me lembrei que minha mãe me ensinou eu puxei a pele de Bear tão próximo quanto possível e tentei fingir que não era sua carne e músculo que eu estava remendando, mas uma espessa colcha ou couro resistente.

— Sim, eu pensei que seria melhor colocar tudo para fora, tomar o que viria para mim. Meu amigo Buck é o substituto, talvez ele me dessa alguma folga. Não é como se eu fosse para a prisão alguém sentiria minha falta. O mundo ainda se transformaria. Ninguém sequer saberia que eu tinha ido embora.

— Eu iria.

— Sim, você saberia que eu tinha ido embora, mas você ficaria feliz em se livrar de mim, — eu disse amargamente.

— Ti... — Bear começou. Eu parei de respirar, esperando ouvir o que ele tinha a dizer. — Aaaahhhh, — ele grunhiu quando eu cavei a agulha mais fundo do que eu tinha previsto.

— Desculpe, — eu sussurrei, pensando que talvez eu devesse me lembrar que eu estava costurando uma pessoa afinal de contas.

— Eu tenho uma advogada para você, — disse Bear, me surpreendendo. — Uma que eu não queria ligar, mas ela vai fazer isso certo por você.

— Você fez o quê?

— Eu tenho uma advogada, uma cadela. Se o diabo usasse ternos elegantes e usasse batom vermelho, seria Bethany Fletcher. Ela é boa, embora. Agora ela está triando toda essa merda. Fazendo ligações e cavando um pouco mais em seu caso. Agora você só é procurada pela justiça, você não vai ser presa. Mas você iria ser trancada antes que eu tivesse a chance de te dizer.

— Você reparou a porta, mas você a deixou desbloqueada. Eu percebi que você estava me dizendo para ir, — eu disse honestamente.

— Eu estava dizendo a você que você não era uma fodida prisioneira, — ele corrigiu. — Eu achei que você ia me ouvir e fazer o que eu quero de você. Vejo agora que foi um erro e não se preocupe, eu não vou fazer isso de novo. Eu deveria ter escutado King e te algemado à porra da cama. — seu corpo inteiro ficou tenso e minha agulha parou, incapaz de progredir em seu músculo.

Eu ignorei sua ameaça de me algemar, e focando na minha tarefa. — Eu sei que é difícil, mas tente não ficar tenso, só vai piorar a dor.

— Ah, é? — perguntou Bear, parecendo se divertir. — Onde você aprendeu isso? — seus músculos relaxaram um pouco e a agulha entrava e saía com mais facilidade, tornando o trabalho mais rápido.

Eu sorri, lembrando a memória. — Dr. Hartman me disse isso quando ele deu pontos no meu joelho. Meu irmão, meu amigo Jesse Buck e eu estávamos praticando lançando alguns anzóis que ganhamos no Natal. Bem, eles não foram totalmente novos, mas eles eram novos para nós.

— Vocês tem água por aqui? — perguntou Bear.

— Oh sim, temos uma lagoa no meio do bosque, uma bem profunda. De vez em quando o Sr. Miller usava para estocar com coisas que ele pegava em uma de suas viagens para o lago. Mas naquele dia não estávamos praticando na lagoa. Nós estávamos em terra firme, ao redor da clareira. Montamos o material no chão para alvos e ponderamos nossas linhas. Foi uma boa prática também, mas olhando para trás, eu acho que não precisávamos dos ganchos. Eu andei um pouco perto demais atrás de Buck quando ele estava prestes a lançar e o gancho pegou no meu joelho. — eu estendi a minha perna para o degrau da frente de modo que Bear podia ver a longa cicatriz que corria a partir do topo do meu joelho para baixo. — Ele não sabia que ele me fisgou e continuou, rasgou a pele toda. Doze pontos, — eu disse, puxando a minha perna de volta.

Bear estendeu a mão esquerda e apontou para uma cicatriz entre o polegar e o dedo indicador. — A mesma lesão. Amigo diferente. Tínhamos provavelmente cerca de dezesseis anos fazendo uma pesca pela costeira. Se pagássemos alguns peixes vermelhos, a gente vendia a um dos restaurantes do outro lado da calçada por alguns dólares. Às vezes eles eram apenas para comer. Mas a única coisa que pegamos aquele dia foi um peixe do tamanho da metade da minha mão.

— Eu acabei deste lado, — eu disse, mordendo o fio e amarrando em uma série de nós inquebráveis. Eu passei novamente a agulha e me ajoelhei no degrau ao lado de Bear. Era uma posição desconfortável que me fez quase cair e ele percebeu, porque ele agarrou meus braços e abriu as pernas, me puxando no meio e descansando os cotovelos nas coxas, ele lançou os braços e suas mãos vieram ao redor e descansou na parte inferior das minhas costas.

— Melhor, — disse ele, olhando diretamente nos meus olhos. Eu estava muito consciente de seu olhar quando eu comecei a fechar a ferida, que era menor na frente. Ele me observou enquanto eu trabalhava, a borda de sua barba roçou contra a minha pele, sua respiração quente contra o meu pescoço enviando arrepios entre as minhas coxas.

Eu precisava me concentrar em costurar antes de machucá-lo novamente. — Havia uma foto no apartamento de você quando você era mais jovem. Você e King com outro menino que usava uma gravata. Era Preppy?

Bear se inclinou para frente, apoiando o nariz na dobra do meu pescoço e assentiu com a cabeça, seus lábios e barba pondo minha pele em chamas.

Tanta coisa para se concentrar.

Limpei a garganta. — Ele mora em Logan’s Beach? — perguntei quando eu terminei o último ponto. O fio estava curto após a costura da frente e de trás de seu ombro. Eu tive que fechar minha boca ao redor do fio, os meus lábios contra sua pele quando eu cortei com meus dentes, resistindo à vontade de saboreá-lo com a minha língua, antes de amarrá-lo como eu tinha feito do outro lado. Eu soprei em sua pele para aliviar um pouco da dor e Bear se levantou, me pegando antes de eu cair nos degraus e me colocando de volta para os meus pés.

— Ele está morto, — Bear disse, pegando a garrafa de vodka e a despejando sobre ambos os lados de sua ferida, sibilando entre os dentes.

Esse foi o fim da nossa conversa pessoal, depois disso Bear ficou todo negócios. Até o momento que ele tinha perguntado quão profundo era a lagoa no meio do bosque e testou o trator no lado da casa para ver se ele estava correndo, eu estava começando a entender o que ele quis dizer com ‘limpeza’.

Depois que eu o assisti amarrar os corpos de seus ex-irmãos e o que restava de suas motos e afundá-los na lagoa... eu tinha uma ideia ainda melhor.

 

* * *

 

— O sol vai nascer em breve, — Bear disse, olhando para a distância até onde o rosa tinha apenas começado a invadir o céu noturno. Ele pegou seu telefone e empurrou alguns botões, seus lábios se movendo em silêncio enquanto ele lia algo, empurrando seu telefone de volta no bolso quando ele terminou. Ele pulou do trator e veio para o meu lado, prestes a me ajudar a descer.

Revirei os olhos. Eu tinha estado pulando dentro e fora do trator desde que eu usava fraldas. Bear caminhou em minha direção, iluminado pelo sol nascente. Ele estava sujo, suado e enlameado como o inferno, mas ele foi cercado com um halo de luz como se ele fosse um anjo do inferno. — Bethany me enviou mensagens. Ela providenciou para que você possa ser questionada pelo xerife em seu escritório em Coral Pines. Ele queria fazer isso amanhã, mas ela conseguiu empurrá-lo por mais quarenta e oito horas, porque ela quer se encontrar com você primeiro e passar por cima de algumas coisas.

— Que tipo de coisas? — perguntei.

— Sua história, — disse Bear. — Ela quer ter a certeza de dizer a coisa certa e que você saiba como responder às suas perguntas.

— Que coisa certa? — perguntei, o seguindo para o lado da casa onde ele desenrolou a mangueira. — Eu matei a minha mãe depois que ela matou o meu pai. Isso é tudo que existe nisso.

Ele soltou um suspiro de frustração e segurou a extremidade da mangueira com o bico, procurando a torneira.

Eu pisei até onde estava a torneira, escondido por um arbusto espinhoso e liguei a água.

— Quando é que você vai aprender a parar de me questionar e me ouvir? Sua história, — disse ele, fechando a distância entre nós, — será o que Bethany lhe diz que é.

— Quando você vai entender que eu não gosto que mandem em mim? — eu cruzei os braços sobre o peito e Bear ajustou do bico, pulverizando água na grama.

Seus olhos ardiam com raiva, um aviso para não continuar a discutir com ele. Bem. Eu não vou discutir.

Mas isso não significava que eu iria concordar com ele também.

— Você disse que o xerife não está em funções até à tarde? — perguntou.

— É, não até as duas ou três, — eu disse. — Buck poderia estar ao redor, mas isso é tudo para Jessep, apenas os dois.

— Ótimo. A minha moto não está em pior forma, mas eu preciso de um par de peças. Nós podemos fazer uma corrida rápida quando amanhecer e voltar para Logan’s Beach. — meu estômago escolheu esse momento para deixar sair um grunhido embaraçosamente alto.

Quanto tempo se passou desde que eu tinha comido? Então eu me lembrei, não desde o almoço com Grace e Ray.

— E nós temos que pegar um pouco de comida, — Bear acrescentou. Minhas bochechas coraram.

— Espere, você quer que eu volte com você? Por quê?

— Você faz muitas perguntas, — Bear rosnou, desafivelando a calça jeans não me dando nenhum aviso antes de empurrá-las para baixo para a grama e saindo delas. Ele virou a mangueira em si mesmo, enxaguando os acontecimentos da noite.

Me virei porque eu não estava certa do que fazer ou onde mais olhar. — Eu pergunto, porque eu quero saber, — eu disse com um bufo, a imagem da bunda de Bear queimando em minha mente. Meus mamilos endureceram e algo dentro de mim se apertou. Eu não precisava voltar para Logan’s Beach com ele, eu precisava ir para um manicômio para adolescentes que não conseguem manter seus hormônios quietos. — Por que você veio atrás de mim? Por que você quer se certificar de que o MC não me mate? — e porque eu não posso resistir e porque minha boca estava correndo solta, — E por que você me beijou?

Esperei, mas ele não respondeu. Eu ouvi o pulverizador da mangueira desligar e estava prestes a me virar para ver se ele se afastou quando senti seu calor contra minhas costas. Seu calor úmido.

Seu calor úmido e nu.

Ele me puxou contra ele, seu peito forte nas minhas costas e as coxas duras contra a minha bunda. Com uma das mãos, ele espalmou sob a barra da minha camisa contra o meu estômago nu e respirou no meu ouvido: — Pare de fazer tantas perguntas, — disse ele, a ponta de sua língua fazendo contato com minha pele, enviando uma onda de umidade entre as minhas pernas.

— Apenas me responda por que, — eu disse. Isso saiu como um sussurro.

Como um pedido.

Bear riu e vibrou contra o meu pescoço. Me inclinei para ele, minha parte inferior das costas entrando em contato com sua ereção.

— Você realmente quer saber? — ele perguntou, traçando o lado de baixo do meu peito com o polegar calejado. — Você realmente quer saber por que eu te beijei? Por que eu beijei sua buceta doce? Você quer saber que eu ainda posso te provar na minha língua agora e eu estou salivando por mais? Você quer saber que você estava apertada em minha língua e eu imaginei o tempo todo que era o meu pau que você estava apertando com sua buceta virgem? — ele perguntou, balançando contra mim.

— Sim, — eu implorei. — Sim, eu quero saber.

— Porque eu queria, porra, — disse ele e meu estômago virou para fora do meu corpo. Ele pontuou suas palavras beliscando em meu pescoço antes de me empurrar para frente e apontar a mangueira em mim.

O fluxo frio apagando o fogo da luxúria que tinha começado a construir na minha barriga.

— Filho da puta, — eu gritei, correndo em direção à pulverização da água, com a intenção de matá-lo e adicioná-lo aos corpos no fundo da lagoa.

Ele me jogou a mangueira e eu a peguei. — Limpar.

— Você poderia ter apenas dito isso, — eu cuspi.

— Onde estaria à diversão nisso? — ele se abaixou e pegou a calça jeans do chão, as colocando novamente. Eu cobri os olhos com as mãos, mas não pude deixar de espreitar por entre meus dedos para pegar outro vislumbre da sua bunda apertada.

— Sinto muito, eu não estava ciente de que isso era divertido, — disse Bear. — Você pode abaixar sua mão agora e parar de fingir que não estava olhando.

— Eu não estava olhando! — eu menti. Bear riu para si mesmo, desaparecendo de volta até os degraus para a casa assim que eu terminei de me lavar, desejando que a água estivesse mais fria.

Muito, muito mais fria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e um

Thia

— Eu posso ir para a cidade sozinha, — eu disse, subindo para o banco do motorista do velho Ford do meu pai.

Bear tinha pegado para mim algumas roupas secas da casa, mas não conseguiu encontrar as chaves. Depois de alguns minutos puxando os fios sob o volante, ele conseguiu ligar depois de torcer por alguns fios juntos. — Apenas me diga o que você precisa e eu vou buscar. — eu fui fechar a porta, mas Bear estendeu a mão e parou.

— Eu não vou deixar você ir sozinha, — disse Bear. — Temos tempo antes do MC descobrir que Tank e Cash não estão mais neste mundo. O telefone de Tank quebrou, mas eu mandei algumas mensagens de Cash para Chop antes de irem nadar. Isso nos comprou algum tempo.

— Ok, então temos tempo. Isso significa que é seguro. Você não tem que vir comigo, — eu argumentei, novamente tentando puxar a porta e novamente ele me parou.

— Você tem medo de ser vista comigo ou algo assim? Com medo de que as pessoas da cidade vão pensar? — ele brincou.

— Não, não é isso.

— Ah, então você acha que o motoqueiro mal vai assustar os nativos, — Bear disse, dando um passo para dentro da caminhonete. Eu não tinha escolha a não ser fugir para o lado do passageiro para evitar ser esmagada debaixo dele.

A verdade era que eu não conseguia pensar ao redor dele. Poucos minutos para mim poderia ser capaz de limpar um pouco da neblina induzida por Bear que estava me seguindo por aí, mas não havia nenhuma maneira no inferno que eu estava prestes a dizer a ele isso, então eu vim com algo que ainda era verdade, embora um pouco menos importante na minha escala de razões para não levá-lo para a cidade comigo.

Eu joguei minhas mãos no ar, deixando a minha frustração aparecer. — Você não tem uma camisa e Emma May do Stop-N-Shop vai dar uma olhada em você e ter o terceiro ataque do coração.

O canto da boca do Bear virou para cima em um sorriso torto que fez pequenas linhas aparecerem no canto de seus olhos. Ele lentamente se inclinou sobre mim, cada vez mais perto. Me inclinei para longe, me rebocando contra o assento como se eu estivesse tentando me forçar a me unir ao banco. — Você acha que eu estou gostoso, Ti? — sua respiração vibrou contra o meu pescoço. — Você está com ciúmes? Receosa que eu vou deixar a calcinha de uma senhora tão molhada como eu faço a sua ficar?

— O que... o que você está fazendo? — eu perguntei sem fôlego quando ele chegou em meu colo.

— Eu dirijo um pouco... selvagem, — Bear disse, puxando o cinto velho em minha cintura e clicando sobre ele na fivela enferrujada.

Eu soltei um suspiro de alívio e decepção quando ele se sentou ereto e começou a subir na caminhonete. Ele se levantou do assento e tirou algo que tinha estado pendurado na parte de trás de um de seus bolsos.

Uma camisa.

Ele a puxou sobre sua cabeça.

Mais como uma blusa preta apertada.

De qualquer coisa fez seus músculos definidos do seu peito e em seu estômago parecerem melhores, se arrastando para baixo para o V que apontava para baixo em seus jeans. — Viu? Você estava errada, eu possuo uma camisa, — Bear disse com uma piscadela. Com um braço longo do outro lado da parte de trás do banco, seus dedos tocaram meu ombro quando ele virou a caminhonete e se dirigiu até a estrada.

— Como se isso ajudasse, — eu murmurei.

— Não entendi, — disse Bear, embora eu tenha tido a sensação de que ele tinha.

— Eu sou perfeitamente capaz de dirigir, — eu disse.

— Tenho certeza que você é, mas você está comigo agora, e enquanto você está comigo, eu dirijo.

Virei à cabeça em direção a minha janela e revirei os olhos.

Eu assisti o laranjal passar por nós enquanto fazíamos o nosso caminho pela estrada e passando pelo local onde Bear tinha limpado para apagar quaisquer e todos os vestígios do acidente da noite anterior. Laranjas estavam empilhadas sob as árvores. O cheiro enjoativo e doce que tinha estado permeando o ar por semanas antes da noite que mudou tudo tinha se transformado algo que cheirava a algo esquecido no frigorífico durante uma semana muito longa.

— Por que cheira como se algo tivesse morrido aqui? — perguntou Bear.

Eu atirei a ele um olhar óbvio. — Talvez porque algo morreu? — eu respondi sarcasticamente.

— Não é o que eu quis dizer, Ti. Você sabe disso. Quero dizer, por que as laranjas cheiram a podre?

— Quando Sunnlandio retirou o contrato se tornou inútil.

— Por quê? — perguntou Bear, parecendo genuinamente preocupado. Ele acendeu um cigarro usando o velho isqueiro no chão. Ele abriu a janela e se debruçou com o cotovelo no parapeito, com o cabelo balançando na brisa.

Dei de ombros e tentei não amaldiçoar Sunnlandio Corporation. — A história curta é que eles descobriram que era mais barato importar do México.

— Mas por que deixar as laranjas apodrecer?

— Colheita custa muito dinheiro, — expliquei. — E quando você não tem compradores certos, então elas se tornam lixo. Cadeias de supermercados e grandes empresas de suco já têm os seus próprios contratos ou seus próprios pomares, ou como a Sunnlandio, eles mudaram para a importação. É mais barato do que deixá-las apodrecer, o que é uma merda, porque é um desperdício. Não podemos nem mesmo doá-las porque isso ainda significa que alguém tem que escolher e entregá-las.

— Você tem feito tudo isso sozinha? — perguntou Bear, dando uma tragada no cigarro. Eu disse a ele o que tinha acontecido com a fazenda antes, mas estar cara a cara com milhares de laranjas podres tornou a situação ainda mais real. Ainda mais perturbadora.

— A maior parte. Papai tinha as mãos cheias com a mamãe. Eu fiz o que pude. Fazendas em toda a América estão no mesmo barco. Quer se trate de laranjas ou outra cultura. Deixando tudo apodrecer nas árvores porque eles não podem se dar ao luxo de colher. As pessoas estão morrendo de fome em todo o país e eu estou sentada no meio de toneladas e toneladas de frutas mortas. — eu balancei minha cabeça.

— Quantos anos você tem mesmo? — perguntou Bear de repente. Quando ele me perguntou anteriormente eu disse dezessete, mas isso foi antes do Sr. Carson ter me lembrado que eu tinha perdido o meu aniversário.

— Dezoito, — eu disse pela primeira vez. Bear ergueu as sobrancelhas como se calculasse. — Eu fiz aniversário recentemente. Muito recentemente.

— Eu não posso acreditar que você está fazendo toda essa merda sozinha. — Bear jogou o cigarro pela janela. — De onde eu venho à maioria dos jovens de dezoito anos não podem juntar duas frases, especialmente as meninas pairando em torno do clube, e você está aqui gerindo um laranjal do caralho.

Eu ri. — Você faz soar como uma realização. Quando na realidade eu não tenho conseguido nada. Exatamente o oposto. Talvez se eu soubesse mais, se eu tivesse feito mais, eu poderia ter salvado ele. — eu suspirei. — Não há nada impressionante sobre isso.

— Como você tem vivido? Sua família?

— Eu tenho um emprego na Stop-N-Shop algumas noites por semana.

Bear perguntou. — Stop-n-Shop

— Sim, o mesmo lugar onde tudo começou, — eu cantei, olhando pela janela quando passamos em linha após linha do meu fracasso.

— Eu também costumava ir até Corbin para limpar quartos de motel nos fins de semana, — disse eu. — Depois que eu pagava às despesas da fazenda a gente até conseguia comprar alguma coisa... Às vezes.

— Você percebe que isso é louco, certo? Você tem dois empregos para sustentar seu outro trabalho?— perguntou Bear.

— Vire aqui, — eu disse, apontando para a estrada um pouco mais ampla escondida atrás de um arbusto cheio de mato. Bear virou o volante e a caminhonete saltava e balançava de um lado para o outro enquanto ele andava através da estrada que levava para a cidade. — E não me chame de louca, — eu acrescentei, cruzando os braços sobre o peito.

— Eu retiro ter dito que você era madura para dezoito anos, porque agora você está fazendo beicinho como uma criança, — disse Bear quando passamos pela primeira placa dizendo que tínhamos atingido a extremidade da cidade, Armazém de Aparelhos Usados de Margie que era mais sucata que armazém.

— Não sou, — argumentei, olhando para frente. — Você pode estacionar ali. — eu apontei para a rua vazia na frente da Stop-N-Shop.

— Logan’s Beach não é exatamente uma cidade grande, mas este lugar é como uma cidade fantasma. — Bear desligou a caminhonete e saiu. Eu fiz o mesmo e quando eu saltei, ele já tinha chegado do meu lado.

— Sim, desde que eles fecharam a saída da autoestrada, as únicas pessoas que ficaram aqui foram os agricultores e mais e mais deles estão desaparecendo, abandonando suas fazendas e se mudando para onde o trabalho está. — eu tapei meus olhos do sol e olhei em volta. Duas caminhonetes e um John Deere16 estavam estacionados do outro lado da rua em frente à Bait Shop e Bar do Mickey. Duas bicicletas estavam amarradas no poste em frente ao Tick Tock Cafe. — Parece muito ocupado para mim, — ele acrescentou.

Bear olhou ao redor de novo, como se tivesse faltando alguma coisa. — A loja de hardware tem uma seção de auto, — eu disse, me dirigindo para a loja. — Principalmente peças para caminhões, mas você pode ter sorte e encontrar o que precisa lá, — eu disse, apontando para a Hardware e Handy Feed Store.

— Dinheiro, — Bear disse, jogando algo em mim que eu peguei antes de bater no chão.

— Para quê? — eu perguntei, olhando para o crânio de prata com o olho de diamante que tinha estado na minha posse em uma grande parte da minha vida. — Isso não é meu.

— Apenas o penhore para mim. Eu te ligo quando eu terminar, — disse Bear. — Seja rápida e mantenha os olhos abertos.

Revirei os olhos, apertando minha mão em torno do anel. Eu coloquei a corrente de volta ao redor do meu pescoço e seu peso familiar era mais reconfortante do que qualquer abraço poderia ser. Eu balancei a cabeça, indo em direção à porta. — Ti, Eu preciso do seu número. — Bear puxou um telefone celular do bolso da frente.

— Eu não tenho um telefone.

— Se você não tem um telefone, então por que você concordou que eu deveria te chamar quando eu terminar?

— À maneira antiga. — eu coloquei minhas mãos em volta da minha boca e gritei: — THEEEEEEEEYYYYYAAAAAAAA! — abri as portas de vidro e deixei Bear rindo no meio da estrada.

 

* * *

 

BEAR

— Está perdido? — o cara atrás do balcão na loja de ferragens perguntou. Ele usava um macacão sem camisa por baixo, o material esticando sobre sua barriga saliente.

Perdido? Talvez lentamente encontrando meu caminho.

Ele me olhou, seus olhos parando sobre a tatuagem no meu ombro bom. O símbolo do crânio dos Beach Bastards. — Eu não quero nenhum problema, — disse o homem, levantando as mãos como se eu estivesse roubando ele.

— Ponha as mãos para baixo, cara. Eu não estou à procura de problemas hoje, — eu disse.

— Não parece que você está evitando problemas, — disse ele apontando para minha lesão recém-costurada.

— Isso não é da sua conta, mas eu quis dizer isso quando eu disse que eu não estou procurando problema.

Eu já tinha problemas. Muitos deles na forma de uma menina de cabelo rosa com tanta atitude que me deixava louco.

E duro.

Duro pra caralho.

O homem assentiu. — Já faz um tempo desde que os Bastards passaram por estas bandas. Eu só quero que você saiba que nada mudou. Eu ainda estou acenando com a bandeira branca. Eu ainda estou inativo.

— Inativo? — perguntei. Ele se virou e apontou para o símbolo enorme de um lobo nas costas, claramente reconhecível para mim como o símbolo dos WOLF WARRIORS, embora partes dele foram cobertos com as tiras de seu macacão. Chop tinha começado uma briga com os guerreiros anos atrás sobre as armas vindo de Miami e eu não sabia os detalhes da briga, tudo o que eu sabia é que Chop disse que estávamos em guerra, então estávamos em guerra, e eu coloquei alguns WOLF WARRIORS a sete palmos do chão.

— Eles me chamavam de Bones naquela época, mas agora eu só sou Ted. — o homem se virou.

— Você não tem nada para se preocupar. Eu meio que estou fora do MC nesse momento, — eu brinquei, puxando a gola da camisa que eu iria tirar no segundo que eu voltasse para a caminhonete, porque enquanto vestir meu colete costumava ser como me envolver em couro macio, a blusa simples parecia que estava me estrangulando.

Ted assentiu, visivelmente relaxando quando ele finalmente conseguiu ver através de sua cabeça que eu não estava querendo agitar uma velha guerra entre homens idosos sobre algo que eu não dou a mínima.

— O que posso fazer por você? — perguntou ele com um sorriso, se afastando do motoqueiro Bones e virando o homem das ferramentas Ted.

Olhei ao redor da pequena loja, mas não vi qualquer coisa que eu poderia usar à primeira vista nas pequenas três prateleiras de autopeças. — Eu não acho que você tem uma seção de moto aqui. Eu estou precisando de algumas partes. — eu olhei para fora da porta e vi Thia na loja em frente, enchendo uma cesta vermelha.

Ted balançou a cabeça. — Não tenho peças de moto nas prateleiras, mas eu poderia ser capaz de fazer melhor. — ele passou por baixo do balcão e foi até uma porta que estava coberta com chaves em pequenos ganchos. Eu nem sequer percebi que era uma porta até que ele girou a maçaneta e abriu. Ted deu um passo para o lado e acenou para mim. Eu quase caí depois de ver o que estava do outro lado.

Era um cemitério.

Um cemitério de motos.

— A minha mulher não quer que eu tenha nada a ver com motos desde que eu deixei os Warriors, então ela me fez tirar tudo isso de casa. Ela acha que eu joguei tudo fora. — centenas de motos em diferentes estágios de ferrugem e podridão. Peças penduradas no teto e nas paredes. Havia peças e parte empilhada umas encima das outras.

— Eu não sou mais um soldado, mas eu nunca perdi meu amor à máquina que me fez querer andar em primeiro lugar, — disse Ted, me batendo na parte de trás. Rival MC ou não, Ted, o cara da loja de ferramentas que se vestia normalmente, era provavelmente a única pessoa na Terra que entendia o que eu estava passando.

— Esta sala deixa a porra do meu pau duro, Ted, — eu disse com uma cara séria.

Ted riu e caminhou de volta para o balcão. — Procure e pegue o que você precisa. Nós vamos resolver o preço quando eu vir o que você encontrou.

Só me levou quinze minutos para encontrar o que eu precisava na moto velha de Ted. Paguei e me despedi.

Joguei as peças na caçamba da caminhonete e limpei as palmas das mãos gordurosas no meu jeans. Olhei em volta por Thia, mas não a encontrei através das portas de vidro da loja. Dei um passo nessa direção quando um grito estridente atravessou o ar.

Eu alcancei dentro da cabine da caminhonete e agarrei minhas armas, correndo à velocidade máxima em direção ao grito.

Rumo à Thia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e dois

Thia

— Tire as mãos de mim, Buck! — gritei. Eu me debatia descontroladamente, dando socos e pontapés em qualquer lugar que eu pensei que eu poderia fazer danos em sua estrutura assustadoramente gigante. Meus pequenos braços e pernas não eram páreas para o pé grande que tinha me içado através de seus ombros como um saco de cimento, mas eu pensei que talvez, pelo menos, eu poderia fazê-lo parar e me ouvir. — Me ponha no chão! — eu pedi novamente.

Não tive essa sorte.

Apesar dos meus melhores esforços, Buck ainda conseguiu caminhar até a pequena sala que eu estava tentando o meu melhor não deixar que ele me enfiasse. — Nãooooooo! — eu protestei, estendendo a mão para agarrar a moldura da porta com toda a luta que eu tinha em mim. Me agarrei com tanta força que eu senti como se meus dedos fossem se soltar e saltar ao redor da sala como as bolas de metal brilhante em um jogo de pinball.

Com um último grunhido gutural, Buck deu mais um passo para dentro da sala e os meus dedos deslizaram da moldura da porta. Antes que eu pudesse ficar chateada, ele já tinha me afastado de seus ombros e me jogado na pequena cela de metal, batendo a porta. Eu pousei de lado no concreto frio, mas não fiquei lá por muito tempo, brotando do chão. Eu me agarrei às barras quando Buck apressadamente virou a chave de aparência velha na fechadura, o metal da chave fez um barulho agudo quando ele raspou contra o metal das barras, fazendo minha mandíbula doer e meus ouvidos parecem como se estivessem prestes a sangrar. — Eu tenho uma hora marcada com o delegado para o interrogatório. Você não pode me prender aqui!

— Você não acha que eu sei disso? Eu sou o delegado, pelo amor de Deus. Vamos voltar para ver o que aconteceu com seus pais, mas isso não é sobre isso. Isto é sobre um certo Sr. Carson, — disse Buck, apoiando as mãos na arma no cinto.

Merda.

— Você e eu sabemos que eu estava dentro dos meus direitos legais e, além disso, não é como se eu realmente tivesse machucado ele, — argumentei.

— Quantas vezes eu tenho que te dizer para me chamar de Delegado Douglas quando eu estou em trabalho? Oh, e aqui está algo que você não pode ter pensado: desta vez você não tem dez anos de idade e você não está pintando de rosa o novo John Deere de Griffin. Você atirou em um cara, Thia! O que você espera que eu faça? Que eu olhe para o outro lado enquanto ele está falando merda para o Dr. Sanderson? — Buck se se estatelou na frente da minha cela em uma caixa de madeira com o logotipo do feijão verde de Blue Mountain, a poeira da caixa soprando para o ar em torno dele.

Ele acenou, concentrando sua atenção em seu novo prisioneiro.

Eu.

A sala de trás do Stop-N-Shop dava para a estação do xerife. Prateleiras forravam cada polegada disponível do espaço da parede. Várias linhas de pintura descolorida marcavam o lugar em uma das paredes, onde algumas linhas de estantes tinham sido removidas para dar espaço para a velha mesa de madeira onde Buck e o xerife Donaldson deviam escrever seus relatórios.

Como funcionária da Stop-N-Shop eu sabia de fato que a caixa na prateleira acima da escrivaninha continha uma velha TV preta e branca que viu muito mais ação do que qualquer trabalho de papel já teve.

Não é como se alguma coisa acontecesse em Jessep de qualquer maneira.

A cela em si tinha uma cama retrátil que pendia em uma corrente e era apenas suficientemente grande para duas pessoas pequenas, ou um grande.

Se eu não tivesse abastecido as prateleiras para Emma May, eu teria vivido sem saber que a nossa pequena cidade tinha qualquer tipo de estação de xerife.

Ou a cela onde eu estava.

— Eu atirei nele, mas apenas na perna! — eu gritei, batendo meu pé como uma criança. — Ele quase não gritou.

Buck revirou os olhos e tirou seu chapéu de abas largas de xerife, revelando seus poucos cabelos que o fazia parecer vinte anos mais velho do que seus dezenove anos, e uma marca vermelha na testa de onde o chapéu tinha estado apertando a cabeça com muita força. Ele enxugou o suor do rosto com um lenço. — Ou a sua cabeça está ficando maior do que já é, Bucky, ou esse chapéu encolheu. De qualquer maneira, você precisa de outro antes que seu cérebro seja espremido através de seus ouvidos.

— Delegado DOUGLAS! — Buck corrigiu novamente. Desta vez mais baixo, enunciando todas as sílabas de forma dramática. Ele suspirou. — Você parece realmente sentir muito por tudo isso, — disse ele sarcasticamente.

Eu não estava. Nem um pouco.

A única coisa que eu gostaria de mudar sobre o que aconteceu seria que a próxima vez que eu sentisse o ligeiro vento da tempestade iminente, algo que eu geralmente considerava quando as latas amarradas no poste começavam a se sacudir, mas tinha estranhamente esquecido quando meu alvo se tornou vivo, respirando, da espécie humana. — A única coisa que eu sinto muito foi de ter errado o meu alvo. — eu bufei. Eu estava sendo uma pirralha, mas eu não me importei. Eu fui ‘adulta’ desde que eu tinha quatorze anos. Tanto quanto eu estava preocupada, estar trancado em uma cela por alguém que eu costumava compartilhar momentos na hora do banho, era uma boa ocasião para fazer jus ao meu tempo malcriado não utilizado.

— Thia, você ganhou todas as competições de tiro ao alvo em três municípios desde que éramos crianças. Você atirou bem na coxa. Eu chamaria isso de um erro bem grande, — disse Buck, se inclinando e apertando a ponte de seu nariz. Não era a primeira dor de cabeça que eu tinha causado a ele ao longo dos anos.

— Eu não estava apontando para a perna, eu estava apontando para as bolas dele! — eu gritei, cruzando os braços sobre o peito e me recostando contra as grades. Eu soltei um suspiro de frustração.

— Você não pode simplesmente sair por aí atirando nas pessoas, — disse Buck, como se eu fosse uma criança que precisava ser repreendida e ensinada uma lição.

Isso não é necessariamente verdade, eu pensei, minha mente vagando para a lagoa no meio da fazendo que agora detinha mais do que algas e velhas iscas de pesca.

Eu odiava que falassem baixo comigo. Fazia muito tempo que Buck e eu éramos amigos de verdade e uma vida atrás desde que ele sabia o que eu estava passando ou qualquer coisa sobre minha vida que lhe deu qualquer tipo de autoridade para me julgar ou falar baixo comigo como se eu fosse uma criança. Dei a Buck meu melhor sorriso falso. — Você sabe tão bem quanto eu que a lei do município afirma que eu posso atirar em qualquer um na minha propriedade por qualquer maldito motivo que eu quero. Essa é a única lei boa nesta cidade. Então ME. DEIXE. SAIR.

— Tenho certeza de que a lei não diz isso, — disse Buck, colocando o chapéu de volta em sua cabeça e se levantando.

— Eu sei que não é exatamente essas palavras, mas você sabe o que quero dizer, não aja como se você não soubesse o que eu estou falando. Todo mundo por aqui sabe disso. Aos olhos de qualquer caipira que escreveu essa lei, e quaisquer outros caipiras que manteve isso nos livros, eu não fiz nada de errado. — em vez de desbloquear a cela, Buck se virou e se dirigiu para a porta.

— Onde você está indo? — perguntei em pânico. — Você não pode me manter aqui dentro!

Buck balançou a cabeça. — Eu posso não te levar para ver o juiz amanhã, porque tanto quanto eu odeio admitir isso, a lei é a lei e você está certa, eu não posso te prender.

— Ok, então desbloqueie esta cela, — eu disse, estendendo a mão para Buck através das grades, colocando meu melhor olhar de me salve.

— Mas eu vou te segurar até você ver o xerife, me certificar de que você não vá a lugar algum até que possamos saber o que aconteceu na casa de seus pais. — Buck suspirou. — Por que você não me ligou? Eu poderia ter ajudado. Eu poderia ter feito alguma coisa, mas em vez disso você fugiu. Onde você foi?

— Eu só fui embora. Eu fui para... — quando eu tentei dizer algo, eu distraidamente corri minha mão sobre o anel de Bear.

— Você foi para ele, não é? — ele perguntou e eu olhei para baixo para onde ele estava olhando e soltei o anel da minha mão como se ele tivesse me pego fazendo algo decadente.

— Buck, — eu comecei a explicar e então eu percebi porque Buck estava realmente me segurando nessa cela.

— Thia, você sabe que dói você não ter vindo até mim, mas dói ainda mais você ter virado uma completa estranha. Passar algum tempo lá sentando e pensando, poder te fazer bem. — com um aceno em seu chapéu e o mesmo sorriso de lado que ele costumava me dar logo antes de queimar uma velha nas minhas costelas, Buck tinha ido embora.

— Isso é besteira! — eu gritei para a porta fechada. — Nós não estamos no jardim de infância mais, Buck. Você não pode simplesmente me deixar aqui por mais tempo, — eu disse, batendo as mãos contra as grades. Minhas mãos vibraram, doendo pelo impacto da sensível carne e osso contra o metal duro. Me inclinei e esfreguei as mãos juntas para aliviar a dor. Quando me levantei, percebi que Buck realmente não estava voltando.

— Merda! — eu disse, e sem pensar eu acertei a barra novamente, minha mão direita se transformando em um osso engraçado gigantesco17.

Toda a situação estava longe de ser engraçada.

O que realmente não era engraçado era o motoqueiro que provavelmente estava rasgando a cidade ao meio procurando por mim e o que ele faria com Buck se ele entrasse em seu caminho. — Buck! — eu chamei novamente, desta vez não porque ele precisava me soltar, mas porque eu precisava avisá-lo.

Mas já era tarde demais.

Houve uma agitação no outro lado da porta, seguido por uma pancada. — Onde ela está, idiota? — vociferou uma voz profunda familiar.

Ah, merda.

A porta se abriu e um Buck parecendo assustado apareceu na porta. Seus olhos arregalados e as palmas das mãos em sinal de rendição. Atrás dele, com uma arma firmemente pressionada entre as omoplatas, estava Bear. — Você está bem, Ti? — Bear perguntou através de seus dentes com seu nariz amassado em um grunhido.

— Estou bem. Bear, Este é Buck. O ajudante do xerife. Ele é o amigo que te falei. Bem, eu pensei que ele era um amigo até que ele me jogou aqui, — eu disse, envolvendo minhas mãos em torno das barras de metal frias.

— Quantas vezes eu tenho que continuar lembrando que você atirou em alguém? — Buck gritou de volta. Bear cutucou com sua arma e ele tropeçou para frente, agarrando as barras da cela para não cair. Buck se virou para olhar para Bear. — Você tem armas escondidas?

— Eu pareço estar escondendo alguma coisa, filho da puta? — Bear ferveu. Gesticulando com o queixo para o coldre que ele usava em torno de seus braços que ele não estava lá mais cedo. Ele deve ter pego seu coldre na caminhonete, mas eu não o tinha visto colocá-lo lá.

Buck levantou as mãos e deslizou para o chão, as costas contra as grades. — Escute, eu estou apenas fazendo o meu trabalho.

— Não, você não está, Buck. Sim, eu atirei nele. Mas ele estava na minha terra e não saiu quando eu pedi. Lei é a lei. Você não tem o direito de me manter aqui porque você acha que eu preciso de um tempo fora! Eu entendo que você está ferido, mas você tem que me deixar ir.

— Se ela não quebrou nenhuma lei. Eu sugiro que você a deixe sair dessa gaiola agora antes que eu quebre uma que você não vai viver tempo suficiente para me prender. — Bear advertiu.

As mãos de Buck tremiam quando ele pegou a chave do bolso e abriu a porta da cela. Bear estendeu a mão e me agarrou pelo braço, me arrastando para fora da cela e, em seguida, da sala. Deixando Buck no chão dentro da sala ele bateu a porta e a trancou do lado de fora.

Os passos de Bear eram largos e tinha que dar três dos meus apenas para m manter com ele. Seu aperto em volta do meu braço aumentou quando ele me arrastou em direção a caminhonete. Eu estava prestes a perguntar a ele o que havia de errado, mas algo me disse que eu não queria saber a resposta. Ele abriu a porta do passageiro e não esperou. Agarrando minha cintura, ele me jogou dentro da cabine e bateu a porta.

— Você estava gritando, — Bear disse através de seus dentes, entrando no lado do condutor e ligando o veículo.

— Sim, porque Buck estava sendo um idiota, — eu disse. — Ele está apenas ferido e tentando provar um ponto.

— Eu deveria voltar e matar esse filho da puta agora por colocar as mãos em você, — Bear disse, esfregando a parte de trás do seu pescoço com uma mão enquanto a outra estava branca por apertar o volante. Ele nos levou para a estrada e em poucos segundos estávamos longe da cidade.

— Ele não ia me machucar, — eu assegurei a ele. Eu estava ficando preocupada com o fato de que ele não estava olhando para mim. Eu fiquei mais preocupada quando ele ficou completamente em silêncio, o barulho de pedras saltando debaixo do carro soavas como balas na quietude.

— Você tem história com aquele cara? Ele era o seu namorado ou algo assim? — perguntou Bear.

— Buck? Não! Ele costumava ser meu amigo. Meu único amigo. Agora ele é apenas um idiota que trabalha para o xerife.

Sua mandíbula estava em uma linha dura, uma veia em sua testa saltou e sua garganta estava apertada com a tensão. Bear repente puxou para o lado da estrada e estacionou a caminhonete. Ele avançou para mim, minhas costas esmagadas contra a porta do passageiro quando pôs as mãos sobre minha cabeça na janela e olhou para mim. — Ele colocou as mãos em você. Você gritou. Ele não parou. Eu iria matá-lo sem pestanejar. Eu quase fiz. — os olhos de Bear escureceram, brilhando com intensidade. — Se ele te tocar mais uma vez eu vou fazer exatamente isso. Você me entendeu? Espere que eu vou quebrar os malditos pulsos ou acabar com a fodida vida dele, mas eu vou escolher qual. Você não. Entendido? — eu balancei a cabeça, não porque eu concordei com ele, mas porque eu sabia que ele quis dizer cada palavra. — Boa menina. Essa merda entre nós? Eu não tenho ideia do que é, mas é alguma coisa. É por isso que eu te dei meu anel de volta. Você sabe disso também, e é por isso que você não hesitou em colocá-lo novamente. — ao mencionar isso, eu senti o anel de caveira debaixo da minha camisa. — Mas, Ti, eu estou falando sério quando te digo isso, se você precisar atirar em alguém, eu vou estar feliz em ser quem vai atirar. — ele correu seu nariz ao longo da linha da minha mandíbula. — Essa porra está clara? — perguntou ele, se afastando, pegando meu queixo em sua mão, procurando meus olhos para a resposta.

— Sim, — eu sussurrei, perdida no que era que eu estava concordando, porque meus pensamentos estavam principalmente no fato de que Bear era apenas a centímetros do meu rosto.

Dos meus lábios.

Que foi onde seus olhos pararam quando minha língua saiu para molhá-los.

— Ótimo, agora me beije, — disse Bear, esmagando seus lábios nos meus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e três

Thia

Os lábios de Bear nos meus não era apenas algo incrível. Era um evento. Era mágico.

É por isso que eu precisava parar.

Tudo isso precisava parar.

Eu me afastei, mas ele não se mexeu, pairando sobre mim, respirando com dificuldade. Seus lábios brilhavam do nosso beijo, seu cabelo caiu em seu rosto. Seus músculos incharam quando ele se apoiou na janela acima da minha cabeça. Seus olhos azuis safira espelhavam o desejo cru. Eu sabia que ele tinha de ver isso no meu, porque era tão avassalador que eu senti como se estivesse prestes a rebentar da minha própria pele. — Você não pode fazer isso de novo. Eu não vou deixar. Se você está pensando em me beijar e ir embora para provar algum tipo de ponto sobre a piada que eu sou, então pare agora porque eu não vou deixar que ninguém mexa comigo.

Bear rosnou. — É isso que você acha que aconteceu quando eu deixei você na fogueira? Que eu estava jogando algum jogo do caralho?

— Sim.

— O único jogo que eu estava jogando era ser um cara legal, que eu admito é extremamente difícil ser e eu não entendo completamente todas as regras.

— Um cara legal? Você se afastou porque você estava bancando o papel do mocinho? Afinal, o que isso quer dizer?

— Isso significa que eu fui embora porque você foi machucada e ferida e eu beijar você, provar você, foi um erro.

— Oh.

— Não da maneira que você pensa, Ti. Foi um erro, porque eu estava a segundos de subir em você e forçar meu pau em sua buceta apertada e perfeita. Eu fui embora porque era a coisa certa a fazer, o que é novo para mim. Eu pensei que eu deveria me sentir bem em fazer a decisão certa, mas eu não senti, me arrependi de não tomá-la. Doeu pra caralho naquela noite. — eu subi e empurrei o cabelo do seu rosto que tinha caído em seus olhos e ele se inclinou para a palma da minha mão. — Eu ainda estou doendo.

— Não minta para mim.

— E não venha me dizer que você não sabe o que diabos você está falando. Porque me deixe te dizer uma coisa, Ti. Se eu não desse a mínima para você, eu teria ficado depois daquele beijo, depois que eu provei você. Eu teria fodido sua buceta virgem até que você não conseguisse andar direito, ver direito, pensar direito. Eu teria feito você ver Deus se eu achasse que tal merda existisse. Mas eu fui cuidadoso. Eu me importo. Então eu deixei você sozinha e fui embora.

— E agora? — perguntei, oprimida por sua confissão.

— Eu estou cansado de te deixar sozinha. — Bear emaranhou suas mãos na parte de trás do meu cabelo e puxou meus lábios para os seus. — Eu quero você. Ainda quero você, mais do que eu alguma vez quis algo. Já fui um homem morto andando com um preço na minha cabeça e eu estou andando com a porra de um pau duro durante todo o dia pensando em estar dentro de você. Naquela primeira noite, quando eu vi você na cama segurando o meu anel como se você estivesse se afogando e ele o seu colete salva-vidas, eu só sabia.

— Sabia o quê? — eu perguntei quando Bear inclinou para correr os lábios nos meus.

— Que você era minha. E desde antes, no dia em que nos conhecemos. Você era minha. Não da maneira que meu pau quer reivindicar você agora, mas de uma maneira que me fez me importar e eu não me importo com um monte de gente Ti, mas no primeiro dia? Eu gostei de você. Então, não, eu não vou apenas beijá-la e ir embora. — ele ergueu a parte de trás da sua blusa sobre a sua cabeça e a atirou ao chão. — Porque eu não vou parar de te beijar. Eu não vou parar até você ser minha em todos os sentidos do caralho. Vou tentar não te machucar, mas essa merda vai acontecer agora. Estou avisando que eu te quero tanto, a minha versão gentil ainda pode ser realmente muito duro. — os lábios de Bear novamente encontraram os meus e sua língua dançou com a minha. Meu coração corria no meu peito e eu estava tão molhada entre minhas pernas, minhas coxas internas deslizaram uma contra a outra enquanto eu tentei encontrar algum tipo de atrito, o que ia ser impossível, dado o grande corpo de Bear na minúscula cabine da caminhonete.

Ou assim eu pensei.

Bear sentou e me puxou para o seu colo então eu estava montando ele, sua enorme ereção cutucou contra o mesmo lugar que eu mais precisava dele. Eu joguei minha cabeça para trás e gemi, não me importando como eu parecia. Eu moí contra ele. — Porra, — ele rosnou e eu fiz de novo, amando a reação que eu poderia persuadir dele.

Eu vagamente ouvi a porta abrir e, em seguida, de repente eu estava no ar. As mãos de Bear estavam na minha bunda quando ele me levou para a caçamba da caminhonete e puxou a porta traseira pra baixo. Ele me empurrou em minhas costas, o metal frio mordendo minha pele nua. Ele balançou para dentro de mim, empurrando sua dureza contra o meu núcleo, criando uma onda de aperto no meu ventre.

— Eu não vou prometer uma coisa que eu não posso te dar, — Bear disse, sua mão serpenteando pela minha camisa e puxando sobre meu estômago. — Então você precisa me dizer para parar. Agora mesmo. Antes que seja tarde demais e eu não posso mais me segurar. Esta é sua última chance de fugir, menina. — Bear avisou, falando ao redor da minha boca, quando o nosso beijo se transformou em uma frenética posse dos lábios um do outro.

 

 

 

BEAR

Eu era egoísta. Eu era um idiota.

Eu precisava transar com ela mais do que eu precisava respirar.

Eu esperava que ela me dissesse não. Que me dissesse para ir para o inferno. Que me dissesse que ela percebeu que me deixar entrar dentro dela foi um grande erro e só traria sofrimento e dor.

A cadela estúpida não fez nenhuma dessas coisas.

— Sim, — ela gemeu, fechando os olhos e arqueando as costas para mim, empurrando os peitos dela no meu peito e meu monstro interior reviveu, querendo mais do que apenas foder. Eu queria possuí-la. Tê-la.

Reclamá-la.

Me inclinei perto de seu ouvido e sussurrei. — Sua estúpida, garota estúpida.

— O que isso faz de você? — ela sussurrou de volta.

— Eu? — eu ri, correndo a mão pelo lado de sua camisa, empurrando-a para cima e escovando a parte externa do seu seio com os meus dedos, — Eu sou o cara que está prestes a foder a estúpida, garota estúpida.

 

 

 

Thia

Ele estava certo.

Eu era uma garota estúpida, porque quando ele trancou a boca no meu mamilo eu me arqueei e todos os pensamentos racionais sumiram, ou o caminhonete, ou o que seja. — Você já foi tocada assim? — perguntou Bear, enganchando seus dedos dentro da minha calcinha. Eu balancei a cabeça, mal capaz de recuperar o fôlego. — Que tal assim? — ele perguntou, encontrando minhas dobras e em correndo as pontas dos dedos através da minha umidade e sobre o meu clitóris.

Eu estava em chamas. Cada nervo do meu corpo estava disparando, vivo e ativo e cada um deles queria que Bear me fizesse sua uma vez por todas.

Cada promessa que escorria de sua boca me fez sentir como se eu estivesse viva pela primeira vez em semanas, e não apenas uma pessoa que vive na terra dos mortos, mas uma pessoa viva de verdade, com necessidades e desejos. Aconteceu então que ambas as minhas necessidades e desejos estavam na mesma página.

Bear.

Seus lábios assaltaram minha boca, em seguida, se mudou para o meu pescoço, ele continuou balançar contra mim, o meu interior abrindo e fechando, meu núcleo apertando, os meus sentidos explodindo e tudo que eu podia ver na minha visão era Bear e quando ele empurrou um dedo dentro de mim eu deixei escapar um gemido que podia ser ouvido a três condados daqui.

— Você é tão apertada, baby. Na fogueira, quando você estava prestes a gozar na minha língua eu senti quão apertada você era, mas agora, com apenas um dedo... — ele empurrou mais e gemeu. — Sua buceta vai estrangular a porra do meu pau.

Bear empurrou a minha camisa para cima, expondo um dos meus seios para ele. — Seios perfeitos, — ele murmurou, mergulhando sua língua para a ponta do bico já duro. Como é que eu não sabia que mamilos poderia fazer isso? Eu senti como se eles tivessem uma conexão direta para o meu núcleo e cada vez Bear acariciou sua língua talentosa sobre minha carne, era como se ele estivesse acariciando meu clitóris. Ele enganchou o dedo dentro de mim e chupou meu mamilo em sua boca.

Puta merda.

— Sim, — eu disse. — Sim, por favor. Mais.

— Você vai ter mais. Muito mais. — Bear empurrou dentro de mim profundo, arrastando o dedo ao longo da frente da minha parede interna quando ele puxou e depois entrou novamente. Mais e mais rápido até que eu estava descaradamente montando sua mão. O dentro e o fora era uma doce tortura. Ele chupou meu mamilo enquanto sua mão trabalhava em mim até o aperto no meu estômago inferior se tornou quase doloroso.

Ele agarrou a minha nuca e me beijou como se ele estivesse me fodendo não apenas com seus dedos, mas a língua. Nós estávamos em guerra, uma guerra de paixão e desejo, raiva e ódio e todos os sentimentos que eu tinha pelo homem confuso desde que eu tinha dez anos de idade. A pressão se construiu e quando ele acrescentou o polegar para acariciar meu clitóris, eu gritei em sua boca quando uma explosão de prazer explodiu como uma bomba no meu núcleo, espalhando por todo o resto do meu corpo em ondas sobre ondas de puro êxtase como eu nunca soube que existia.

Eu ainda estava vendo estrelas quando Bear me pegou e me colocou no colo de novo, então eu estava montando ele, minhas pernas abertas sobre sua dureza pulsante fazendo meu interior tremer como se eu não tivesse acabado de ter um orgasmo e a mente soprando. — Você gozando é a coisa bonita que eu já vi, — disse Bear, empurrando um fio de cabelo do meu rosto e colocando-o atrás das minhas orelhas. Com uma mão ele levantou minha camisa e a jogou no chão da caminhonete.

— Eu preciso tirar isso de você agora. Eu preciso de você, babe. Eu preciso estar dentro de você, — disse Bear, a voz tensa e rouca, arrepios dançaram pela minha espinha. Ele puxou o cós do meu short com uma mão e eu levantei meus quadris para que ele pudesse removê-los e minha calcinha em um puxar.

Nós estávamos cara a cara, pele com pele. Ele sabia todos os meus segredos. Ele sabia exatamente quem eu era e cada vez que eu queria correr e me esconder dele, ele não tinha me deixado. Eu estava totalmente exposta, por dentro e por fora e, embora eu nunca tivesse estado nua perto de qualquer um desde que eu era criança, eu me senti mais confortável na caminhonete com Bear do que eu tinha estado totalmente vestida com mais ninguém em toda minha vida.

Os olhos de Bear estavam fortemente estreitos com luxúria quando ele deu um passo para trás para me olhar com satisfação e necessidade animalesca pura. Ele desfez a fivela e o botão de sua calça jeans. Com uma mão na minha garganta novamente, ele me empurrou até que minhas costas estavam contra o metal frio da caminhonete, a mão arrastando pelo meu peito, entre os meus seios, seu polegar novamente encontrando o meu clitóris e um gemido primitivo escapou da minha boca, não soando em nada como a minha voz normal. Eu podia sentir o cheiro de ferrugem das peças da moto acima da minha cabeça, os sulcos da caçamba da caminhonete cavando em meus ombros tornou difícil mover meus braços.

Não foi romântico.

Não foi florido.

Mas também não era mentira.

Era apenas nós.

Bear agarrou meus pés e, quando ele subiu em cima de mim, ele passou as mãos por dentro das minhas pernas, as espalhando para ele entrar entre as minhas coxas. É quando eu o vi. Tudo dele. Seu pau grosso e pesado saltou ligeiramente com seus movimentos, a ponta brilhando com a umidade. Seu dedo pareceu enorme e enchendo dentro de mim, não de jeito nenhum isso ia se encaixar, mas eu confiava nele e eu não me importava. Ele poderia me rasgar em duas, e eu ainda não iria me importar porque não era o que ele poderia fazer com o meu corpo que eu estava preocupada.

Era o que ele poderia fazer para o meu coração.

Ele parou e se apoiou com as mãos na parte de baixo dos meus joelhos, baixou a cabeça e passou a língua ao longo de minhas dobras, endurecendo sua língua e empurrando-a dentro de mim o mais longe que podia. Ele se afastou e lambeu os lábios. — Nunca provei nada melhor do que você, — disse ele e com as mãos dentro das minhas coxas, seus dedos massagearam minha carne sensível, espalhando minhas pernas, tanto quanto elas poderiam ir.

Ele me beijou. Duro e ansioso, sua ereção deslizando cima e para baixo minha umidade até que eu estava me contorcendo embaixo dele, a necessidade que havia sido saciada minutos antes estava agora de volta e cem vezes mais poderosa do que antes. Ele alcançou entre nós e agarrou a base de seu eixo, alinhando-o com a minha entrada. Sua pele era suave e quente e o contato era quase demais. A antecipação dele dentro de mim m fez arrastar as minhas unhas ao longo de suas costas. Ele gemeu e grunhiu e xingou no meu ouvido antes de empurrar para a frente, esticando a minha abertura até o ponto de dor, me enchendo com ele.

— Puta merda, Ti. Mais, abra para mim, — disse ele como se ele também estivesse em algum tipo de dor. Ele empurrou meus joelhos afastados até que eu estava tão aberta quanto eu poderia estar e Bear não perdeu tempo empurrando para frente em um impulso duro.

Ele realmente estava me rasgando. Isso dói. Muito.

Eu realmente não me importo.

Eu não poderia estar mais completa. Corpo e coração. Ambos felizes. Ambos em paz.

Ambos doloridos.

— Porra. Eu sabia que ia ser incrível, baby. Mas Jesus Cristo, sua buceta virgem realmente está me estrangulando, — Bear gemeu, as cordas do seu pescoço tensos e apertados quando ele empurrou até que ele foi tão longe dentro de mim quanto nossos corpos permitiam. — Nunca duvide que isso sempre me pertenceu. Você sempre me pertenceu, — disse ele, olhando nos meus olhos que estavam molhados pela dor e algo mais que estava borbulhando dentro de mim. Medo. Alívio.

Amor?

Eu não conseguia pensar porque Bear começou a se mover, saindo de mim e empurrando de volta, se enterrando ao máximo tudo de novo. A sensação de dor física ainda estava lá, mas se transformou em uma espécie de dor prazerosa. Cada vez que ele entrava em mim, ele percorria todo o caminho, me fazendo ofegar. Quando ele puxou, ele arrastou seu pau ao longo de cada feixe de nervos sensíveis dentro de mim, me fazendo gemer. Cada vez mais duro, mais e mais rápido ele empurrou e puxou para fora até que a minha visão ficou turva e minhas entranhas se apertaram em torno dele em ritmo com seus movimentos. Eu estava perdida no prazer. Eu estava perdida no momento.

Eu estava perdida em Bear.

Eu soube então e ali que não haveria como voltar a partir disso.

— Eu sinto você apertar em torno de mim, Ti. Eu sei que você está perto. Tenho pensado em te fazer gozar ao redor meu pau desde aquela primeira noite no apartamento. — ele empurrou dentro de mim, duro. Chegando entre nós, ele usou a ponta do polegar para esfregar círculos furiosos em volta do meu clitóris. Eu estava quase lá. Quase no limite. — Você é tão linda, — disse Bear, que desceu sobre mim e pressionou seus lábios nos meus.

Isso é quando eu me perdi.

Isso é quando eu gozei.

Seu polegar.

Seu pau.

Os lábios dele.

Ele.

Eu gozei até eu pensei que minhas entranhas iriam saltar. Eu gozei tanto que eu pensei que ia desmaiar. Eu gozei e gozei, e as ondas de prazer só aumentaram com cada pulsar da minha libertação. Ele me beijou e me fodeu e me reivindicou até que havia apenas uma verdade entre nós que Bear apontou quando ele disse: — Nunca duvide que esta buceta sempre pertenceu a mim. Você sempre pertenceu a mim.

Ele me beijou de novo, então ordenou. — Envolva seus braços em volta de mim. — eu fiz o que ele disse e passei meus braços em volta do seu pescoço. Ele colocou as mãos na parte de trás das minhas coxas, me levantando ligeiramente para fora do chão da caminhonete, me inclinando para que ele pudesse empurrar ainda mais fundo. Mais e mais rápido ele empurrou dentro e para fora até que nós éramos um barulho de lábios e dentes e até que ele inclinou a cabeça para trás e abriu a boca soltando um rugido gutural que me fez pensar que eu iria gozar de novo. Com um último impulso enlouquecido, ele continuou ainda dentro de mim, pulsando duramente, me enchendo com carinho e satisfação, amor e confusão.

Me enchendo com ele.

— Ti, — Bear gemeu, respirando com dificuldade.

Ele tinha feito o que ele se propôs a fazer.

Ele me afirmou.

Corpo e alma.

Lá fora, no leito daquela caminhonete enferrujada no lado da estrada, com apenas o cheiro das laranjas podres e a brisa quente como nossas testemunhas, naquele momento não havia mais como esconder, como negar a verdade.

Bear estava certo.

Eu sempre tinha sido sua.

 

 

BEAR

Minha

 

 

Thia

Estávamos nus, ofegantes e em um monte de membros emaranhados. Meus braços repousavam sobre algum tipo de peça que Bear tinha comprado para a moto. Ele estava entre os meus seios.

Ainda dentro de mim.

Ele levantou o rosto e olhou para mim. Ele levantou seu anel que tinha caído para o lado. — Eu ainda não posso acreditar que você guardou todos esses anos.

— Nunca tirei, — eu disse. Então eu desejei que eu não tivesse dito isso, percebendo o quão patética me fez soar. — Eu quero dizer...

— Você nunca o tirou? — perguntou Bear, seus olhos azuis tão brilhantes que rivalizavam com a cor do céu sem nuvens.

— Não, — eu respondi honestamente. — Eu disse aos meus pais que eu achei, não era como se eles realmente se importassem, eles tinham outras coisas com que se preocupar. Buck é a única pessoa que sabia a verdade por trás disso. Eu acho que é por isso que ele estava todo chateado antes. Com raiva que eu corri para você em vez de pedir ajuda dele.

— E me diga alguma coisa. Seja honesta, — disse Bear. Um nódulo estava se formando na minha garganta enquanto ele brincava com o anel, o virando mais e mais em sua mão. — Você realmente atirou em um cara? — ele disse com uma risada.

— Sim, foi estúpido, mas ele era da Sunnlandio. Ele tentou comprar a fazenda já que eles tinham cancelado os contratos e ela se tornou inútil.

— Foi uma fodida armação.

— Basicamente. Acho que eu deveria ter pensado primeiro, disparado depois, mas eu estava tão puta.

— Então você pode atirar? — perguntou Bear, beijando seu caminho em torno do meu umbigo, sua barba arranhando minha pele.

— Sim. Meu pai me ensinou. Ganhei algumas competições quando eu era mais jovem. Filha de um fazendeiro da América.

— Soa como um site de namoro caipira.

— É mesmo, né? — eu perguntei com uma risada.

— É tão sexy saber que você pode atirar, — Bear disse, deslizando para fora de mim e pelo meu corpo. Meu núcleo apertou como se não querendo deixá-lo ir. — Tão, gostosa, — Bear disse novamente, desta vez sobre o meu clitóris.

Sua calça jeans tremeu e com um gemido, ele se aproximou de mim e para o bolso. Ele pegou um telefone e olhou para a tela. Ele franziu a testa. — Temos que ir. — a brincadeira de um momento anterior tinha ido embora. Sua mandíbula dura estava em linha reta mais uma vez. Ele me jogou minhas roupas. — Vista-se, — ele ordenou. — Agora.

— O que está acontecendo? Quem era no telefone? — perguntei, puxando minha camisa e correndo para a extremidade da caminhonete para pegar meus shorts.

— Mais Bastards estão vindo.

— Eles mandaram mensagem para você? — perguntei, confusa. Bear puxou sua calça jeans e pulou da caminhonete. Ele me levantou a porta da bagageira e fechou.

— Não, eles disseram à Cash, — disse ele, me atirando o telefone que ele tirou do corpo de Cash para manter o controle sobre o MC. Eu olhei para a tela.

ESTAMOS CHEGANDO.

Saímos para Logan’s Beach na caminhonete do meu pai sem voltar para a moto de Bear, que ele havia escondido na parte de trás sob uma lona velha. Bear não disse uma palavra. Ele fumou um cigarro e continuou verificando os espelhos retrovisores. Ele ligou para King para dizer que estávamos a caminho e ele estava esperando por nós do lado de fora da garagem quando chegamos. — Eu vou estar de volta, vá para o apartamento e por Deus do céu, me escute e fique lá, — Bear ordenou, mas quando eu olhei em seus olhos eu vi mais do que uma ordem. Eu vi um apelo.

— Tudo bem, — eu disse, um pouco mais acentuada do que eu queria. Eu fui para o apartamento e King e Bear saíram da garagem, fechando a porta atrás de si.

Ray me trouxe um pouco de comida, mas saiu rapidamente, porque as crianças estavam em casa sozinhas. Troquei os canais na TV antiga e olhei as páginas de uma velha revista de 2007.

Tomei banho e vesti uma das camisetas de Bear, me aconchegando na cama. Eu não iria conseguir dormir sem saber onde ele estava. Eu queria sair, descobrir onde ele estava, mas eu também queria manter a minha promessa.

Então eu fiquei.

Era bem depois da meia-noite quando ouvi a porta do quarto abrir e fechar. Eu não podia vê-lo na escuridão e eu não sabia o que dizer. O que perguntar. O colchão afundou quando Bear se sentou na beira da cama. O ouvi lançar suas botas, então o tilintar de sua fivela de cinto enquanto ele tirava suas calças jeans. Uma brisa fresca lambeu minhas costas quando ele levantou os cobertores, mas foi rapidamente substituído pelo calor de Bear quando ele veio atrás de mim, me surpreendendo quando ele estendeu a mão e agarrou a minha cintura, me arrastando contra seu peito. Ele estava nu. Sua ereção se contorceu no segundo em que entrou em contato com a minha bunda. Ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça, a sua mão espalmou para fora sob minha camisa, sobre a pele do meu estômago inferior.

— Onde você estava? — eu sussurrei.

— Tentando concertar a merda. As coisas meio que mudaram. Planos precisam mudar, — disse Bear, ouvi-lo reconhecer o que tinha acontecido entre nós mais cedo me fez capaz de relaxar em seu aperto.

— Você tem um novo plano?

— Ainda não, — Bear disse com um suspiro.

— Qualquer coisa que eu posso fazer para ajudar?

— Isto. Isso ajuda, — disse ele na parte de trás do meu pescoço e eu arqueei para trás em sua ereção agora dura. — Você está bem? — ele perguntou, serpenteando a mão entre as minhas pernas. — Aqui, eu quero dizer. Eu fiquei um pouco louco antes e esqueci de perguntar.

— Eu estou bem, — eu disse. E eu estava. Eu estava um pouco dolorida, mas nada que pudesse compensar a magnitude do que tinha acontecido entre nós.

— Ótimo, porque eu preciso entrar em você, Ti. — Bear passou a língua na parte de trás do meu pescoço e meus lábios se separaram quando ele chupou a ponta do meu lóbulo da orelha em sua boca. Ele empurrou um dedo longo dentro de mim. — Porra, a sua buceta já está tão molhada para mim, — Bear disse, acariciando meu clitóris.

Eu gemi. — Vou fazer isso rápido e duro, — ele murmurou contra a minha pele. Ele levantou minha perna e empurrou para dentro de mim, alongando e me enchendo. Ele começou a bombear em mim antes do meu corpo estar pronto para ele e a mordida de dor fez cada impulso de Bear se tornar tortuosamente erótico.

— Nunca senti nada assim, Ti. Quero transar com você e beijar você, tudo ao mesmo tempo. Não sei o que isso é, mas isso me faz querer mantê-la preenchida com meu pau todo o dia e te deixar molhada com minha porra. Eu quero te marcar. Eu quero possuir você. — ele grunhiu enquanto suas estocadas se tornaram mais duras, mais frenéticas, mais erráticas.

Só mais.

— Que porra você está fazendo comigo? — ele perguntou em um suspiro irregular.

Faíscas apareceram atrás dos meus olhos e Bear deve ter percebido que eu estava perto porque ele esticou o braço e circulou meu clitóris com dois dedos até que me desfiz em torno dele. — Porra, isso é tão bom, — ele gemeu, encontrando a sua libertação dentro de mim, me puxando tão perto para ele que eu pensei que ele iria quebrar uma das minhas costelas.

Eu não iria querer isso de nenhuma outra maneira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e quatro

BEAR

Eu estava dizendo a verdade quando eu disse a Ti que eu não tinha uma fodida ideia de qual plano seguiríamos. Merda tinha mudado tão rapidamente. Com ela, e se eu estava sendo honesto, comigo mesmo.

Eu queria falar com King na noite anterior, mas ele tinha clientes indo e vindo toda noite, então eu sentei no banco sozinho com uma garrafa intocada de Jack no chão ao meu lado, tentando descobrir o meu próximo passo, e nas horas que passei lá embaixo tudo o que eu descobri foi que eu não sabia merda nenhuma.

Ainda não de qualquer maneira.

Meu novo plano era simples. Que nos encontraríamos com Bethany, a advogada, e de lá iríamos seguir.

Nós lidaríamos com a lei primeiro.

Depois sem lei.

— Onde diabos você acha que está indo? — eu lati quando Ti saiu da garagem e passou onde eu estava agachado na calçada tentando concertar a minha moto. King tinha enviado um caminhão de reboque para trazê-la do galpão da casa de Ti e, felizmente, ele voltou sem levantar suspeitas. Eu limpei o suor na testa com o pano do meu bolso de trás e acendi o cigarro que tinha estado pendurado em meus lábios. Eu encarei as longas pernas musculosas de Ti e a porra do meu pau saltou como sempre acontecia quando ela estava por perto.

Deus amaldiçoe, ela era linda.

E ela era minha.

— Eu estava procurando por você. — ela cruzou os braços sobre o peito, pressionando os seus seios sem sutiã contra o tecido da camiseta que eu tinha dado a ela para vestir na noite anterior. — Eu acordei e você não estava. Você sabe que não há problema em ser legal. Você não tem que fugir o tempo todo.

— Eu não durmo muito, — eu disse, me levantando e dando uma tragada de meu cigarro. Eu me senti mal por mentir para ela, mas a verdade era que quando eu a vi sair eu tive um flashback dela tentando fugir e eu imediatamente me emputeci.

— Eu não consigo dormir com seu rabo apertado pressionado contra o meu pau. Você precisa de algo? — eu perguntei, dando outra tragada no meu cigarro e deixando a nicotina invadir meu cérebro. A verdade também era que tinha sido dias desde que eu cheirei a última vez e a dor de cabeça que eu estava ostentando fazia parecer que o mundo estava gritando comigo.

Ela olhou para baixo. — Sim. Não. Quero dizer... sim?

— Ti, fala logo, — eu disse, olhando para ela rapidamente. As contusões em torno de seu olho eram pouco visíveis. Cada minuto que passava ela parecia mais e mais fodível, e agora que eu realmente tinha ela, tudo o que eu queria era mais.

Eu costumava pensar que eu queria sair desse mundo em uma explosão de balas e glória. Agora eu acho que queria ir com as bolas bem fundo na minha menina.

Minha menina.

— Podemos apenas... por hoje, podemos simplesmente, fingir? — ela perguntou, balançando para trás sobre os calcanhares e mordendo o lábio.

— Fingir? Fingir o quê? — eu dei uma tragada no meu cigarro e deslizei minha outra mão no meu bolso de trás, me inclinando contra a lateral da garagem.

— Vamos fingir que eu sou apenas Thia Andrews, uma menina cujos pais não estão... — ela olhou para longe e fungou, sacudindo a cabeça. — E você é apenas Bear, e você não está chateado com o mundo. — ela sorriu e inclinou a cabeça para o lado. — Não hoje de qualquer maneira.

Eu procurei seu rosto por uma piada, mas não havia sinais de uma piada.

Ela desenhou um círculo no cascalho com seus chinelos. — Hoje eu quero ser uma garota normal e você pode ser um menino normal e vamos fazer tudo o que as pessoas normais fazem. Não conseguimos pensar presos em toda a merda ruim que está acontecendo. — ela fechou a distância entre nós e veio para ficar debaixo de mim, olhando para cima com olhos verdes suplicantes. — Por favor, Bear. Por favor. Apenas me dê isso hoje. Seja normal comigo. Só por hoje.

A ideia era absurda, eu nem sabia o que era normal. Normal era o que eu estava lutando desde que eu tinha deixado o clube. Eu não sabia como diabos ser normal. Eu abri minha boca para lhe dizer exatamente isso, mas a dor em seus olhos quando viu a rejeição vindo me quebrou.

Ela balançou a cabeça e se virou. — Não importa. Eu sabia que você não...

Estendi a mão e agarrei seu pulso, a puxando de volta para mim. — Vá colocar algumas roupas, — eu disse. — Esteja de volta aqui em vinte minutos. — eu parecia um idiota novamente, dando ordens a uma menina que só queria sair como uma garota normal, mas depois de anos realmente sendo um idiota, era um hábito difícil de quebrar.

— Sério? — ela perguntou, saltando sobre as bolas de seus pés e sorrindo de orelha a orelha. A menina não tinha nenhum ponto de maquiagem, não havia uma coisa falsa sobre ela e ainda assim ela era mais bonita do que qualquer supermodelo que eu já vi na capa de qualquer revista e sem mencionar a mais incrível buceta do caralho que eu já tive o prazer de afundar meu pau.

Eu realmente preciso começar a pensar em outra coisa...

— Vinte minutos, — eu repeti, tossindo quando meu coração traidor pulou uma fodida batida.

Quem é você? Um pré-adolescente?

Com seu novo sorriso brilhante estampado em seu rosto, ela se virou e pulou de volta para a garagem escura em direção ao apartamento.

Eu pisei no meu cigarro com a minha bota e me dirigi até a casa principal. — Espere! — Ti chamou. Me virei para encontrá-la do lado de fora novamente. — Aonde você vai? — ela perguntou.

Eu apontei para a casa principal. — Você quer ser normal hoje, certo?

— Sim?

Eu comecei a andar de novo, chamando Ti de volta. — Então, eu tenho que ir descobrir o que diabos é que as pessoas normais fazem.

 

* * *

 

Ray tinha me olhado como se eu tivesse brotado uma cabeça extra quando lhe perguntei onde ela achava que eu deveria levar Ti. — Bear, eu tenho dezenove anos, tecnicamente viúva, noiva e com três filhos. Isso não é normal, não importa como você olhe para isso. — ela disse.

Ela tinha razão.

Eu não podia levar Ti a qualquer lugar remoto, então eu decidi sobre o Parque Estadual Rosinus. Tinha gente o suficiente para que se o MC soubesse onde estávamos, eles ainda não fariam um movimento.

— Aqui, use isso, — eu disse, entregando a ela um boné de beisebol preto.

— O que? Isto é suposto ser uma espécie de disfarce? — ela perguntou.

— Só coloque isso, — eu disse, olhando para ela enfiando seu cabelo através da abertura na parte de trás.

— Você pode me reconhecer? — ela perguntou sarcasticamente.

— Espertinha.

— Ok, então onde está o seu ótimo disfarce? — ela perguntou.

Eu puxei a camiseta preta de gola V sobre a minha cabeça. — Sim.

— Uma camisa? Seu disfarce é uma camisa?

— Sim.

— O engraçado é que eu posso realmente ver como isso poderia funcionar, — disse Ti, me olhando para cima e para baixo.

— Sério?

— Não! — ela abriu a porta e correu para fora da caminhonete, pulando em cima da mesa de piquenique mais próxima, seus seios saltando enquanto dançava ao redor.

O parque era pequeno, não mais do que cinco acres com uma área tipo praia, exceto que em vez de areia era coberto com pinheiros que chegavam até um enorme lago. Pinheiros altos estavam alinhados à beira da água, a cada dez árvores uma tinha sido removida para dar espaço para uma mesa de piquenique ou banco. Havia pessoas ao redor, mas não muitas para tornar o lugar lotado, apenas o suficiente para fazer testemunhas.

Ti estendeu os braços e respirou fundo, inalando o ar fresco. Ela olhou para mim quando me aproximei e meu peito se apertou.

— Este lugar é perfeito, — disse ela, me piscando outro sorriso brilhante. Ela pulou para a bancada da mesa e caminhou até a borda, saltando drasticamente antes de aterrar em seus pés no chão como se ela fosse uma ginasta, levantando os braços acima da cabeça e dando um passo para trás como se ela estivesse nos Jogos Olímpicos.

— Sete, — eu disse, segurando um cartão de pontuação falso.

— Até parece, motoqueiro, — ela zombou. — Esse foi, pelo menos, um onze. Sete? Por favor! — ela pulou de volta para outro banco e apontou o dedo indicador no ar. — Vamos para as fitas! — ela anunciou, na fila de repetição imaginária.

— Desculpe, — eu disse, sugando o ar entre os dentes e balançando a cabeça de um lado para o outro. Eu estava abaixo dela, meu rosto apenas polegadas de distância do topo de suas coxas. — Os juízes revisaram a fita, e todos concordam. Embora tivesse sido um dois... — eu disse, a virando pelas pernas, de modo que ela estava de costas para mim. — Mas você tem os pontos extras, porque eu realmente gosto do seu traseiro estar no nível dos olhos. — virei a cabeça para o lado e descansei minha bochecha na bunda dela como se fosse um travesseiro no qual eu queria tirar uma soneca.

Porque era.

Eu não era capaz de permanecer na imagem fenomenalmente sexy do meu rosto pressionado contra a bunda dela nua por muito tempo porque ela chegou por trás e deu um tapa na minha cabeça com seu boné como se eu fosse uma abelha zumbindo em torno de suas pernas. — Bear! — ela gritou, brincando, pulando para baixo e, em seguida, correndo ao redor, segurando seu bumbum como se estivéssemos em um vestiário e ela estava se protegendo de um golpe iminente de uma toalha.

— Assistir você pular é desgastante, — eu disse, alcançando no meu jeans e puxando os meus cigarros. Acendi um e soltei a fumaça para longe do meu rosto.

— Mamãe costumava me chamar de seu pequeno feijão saltitante porque nunca poderia me fazer sentar, — admitiu ela, finalmente se sentando em cima da mesa de piquenique.

— Encaixa, — eu disse, sentindo como se eu fosse capaz de relaxar agora que o feijão saltitante tinha parado de saltar.

Eu dei uma tragada do meu cigarro e soprei a fumaça. Tinha me levado uma eternidade para descobrir para onde levar Ti. Tanto tempo que o sol já tinha começado a se por no horizonte. Eu gostava da noite. Eu gostava do escuro. Fumar no escuro sempre teve mais apelo para mim do que fumar durante o dia. Talvez tivesse algo a ver com a possibilidade de ver a fumaça contra o fundo escuro do céu noturno. Ou talvez fosse ser capaz de ver a brasa da ponta do cigarro ou a chama amarela brilhante quando eu usava meu isqueiro. Fumar era familiar para mim. Me sentia bem.

Também me fazia lembrar de casa.

Eu ficaria na merda em fazer um daqueles anúncios de serviço público antitabagismo.

Ti se recostou sobre a mesa, fechando os olhos como se estivesse absorvendo os raios que há muito desapareceram com o sol baixando.

— Eu sinto que você sabe tanto sobre mim, — disse ela, embora eu não achasse que isso fosse verdade. Eu não acho que eu não sabia nem metade do que fazia Thia Andrews feliz. — Mas eu não sei muito sobre você.

— Você sabe mais do que qualquer um, — eu disse, e isso era realmente verdade, com exceção de King e talvez Dove. No pouco tempo que eu passei com ela, ela aprendeu mais sobre mim do que os homens no clube.

Homens que deveriam ser meus irmãos.

A maioria dos quais eu conhecia desde o dia em que nasci.

Eu me inclinei em meus cotovelos, da mesma forma que Ti tinha feito, absorvendo os mesmos raios imaginários. Uma estranha sensação de calma tomou conta de mim. Eu queria queimar o sentimento em minha memória, porque eu sabia que não iria durar. Após a reunião de amanhã com Bethany, planos precisavam ser feitos.

Decisões precisam ser feitas.

Rapidamente.

Meu telefone tocou. — É Bethany, — eu disse a Ti, segurando o telefone até minha orelha. — Sim, — eu respondi.

— Nós temos um problema, — disse Bethany. Olhei para Ti, que felizmente não tinha ouvido. Eu me levantei e saí casualmente.

— Vá em frente, — eu disse tão calmamente quanto eu poderia falar.

— Ela já não é procurada para interrogatório, — Bethany estalou.

— Isso é ótimo, — eu disse, olhando sobre Ti que sorriu.

— Não, ela não é mais procurada para interrogatório porque há um mandado de prisão.

Porra.

— Eles terminaram analisando a arma e eles chamaram alguma CSI de Atlanta. Há apenas três digitais em toda a casa e apenas duas em ambas as armas. A da mãe de Thia e a dela e desde que a mãe está morta...

— Como é que vamos avançar a partir daqui?

— Ela se entrega. Eu tento conseguir tantos favores como possível e, nesse meio tempo eu vou montar uma estratégia de autodefesa no caso disso se mover a julgamento.

— Existe uma alternativa? — perguntei, olhando para as árvores como se eu estivesse realmente interessado nos pinheiros fodidos que vinham crescendo nesse parque desde antes de eu nascer.

— Eu tenho outra ideia, — disse Bethany, — Mas você pode não gostar. Na verdade, você não vai gostar nada disso. — eu não tenho que gostar disso. Ti estava morta se ela fosse presa. Poderia muito bem levá-la para o MC e despejá-la no portão.

Não ia acontecer.

— Fala, — eu disse.

— Como você está com esta menina?

— O quê? — Perguntei.

— Eu preciso saber se este é um caso ou uma foda ou se engravidou ou eu preciso saber se este é o negócio real, confie em mim. É importante.

Olhei para Thia e não tive que procurar muito para a resposta. Ela tinha pego um dente de leão18 e estava soprando no vento, as penugens voando quando a brisa soprava as pequenas pétalas brancas.

— Bem sério.

Eu deixei Bethany contar a sua ideia, em seguida, desliguei o telefone e caminhei de volta para Ti. Eu prometi a ela um dia normal e eu iria dar a ela, não importa o quê. Nós ainda tínhamos o hoje.

Amanhã não.

Mas tínhamos hoje.

— O que a senhora advogada disse? — Ti perguntou quando eu me sentei ao lado dela.

— Só para ter certeza de chegarmos na hora certa amanhã. Ela é uma espécie de defensora de detalhes, — eu disse, o que era verdade, eu apenas não adicionei a parte sobre os policiais que estariam lá esperando com um mandado.

Eu pensei sobre fugir. Colocar Ti na parte traseira da minha moto e sair do estado tão rápido como minha moto podia nos levar. A alternativa que Bethany ofereceu não era muito bem uma alternativa.

A escolha que tive que fazer era fácil.

Também seria um fim a algo que ainda não tinha tido a chance de começar.

— Acho que isso é um ponto bom em um advogado.

— Acho que sim, — eu disse.

— Então, como eu estava dizendo, — disse ela, me tirando dos meus pensamentos. — Eu não sei nem mesmo qual é sua cor favorita. — ela parou no meio da frase para me olhar por cima, minha camisa, botas, e calças jeans, que eram todas pretas. — Ok, esquece, então sua cor favorita é preto, mas qual é o seu filme favorito? Feriado favorito? Na verdade, eu nem sei quantos anos você tem.

Eu ri e balancei a cabeça.

— Ok bem, mas além de ser um motoqueiro mau que tem problemas com seu pai, e tem olhos que poderia derreter o bloqueio de um cinto de castidade, eu não sei muito sobre você e você sabe tudo sobre mim, então vai. Derrame o feijão, Bear. Lave a sujeira. Reparta as coisas boas. — Ti ordenou, me cutucando com seu cotovelo afiado. Ela puxou as pernas para cima da mesa e abraçou os joelhos contra o peito.

— Derreter o bloqueio de um cinto de castidade, hein? — perguntei, levantando minha sobrancelha para ela sugestivamente.

Ela revirou os olhos. — É a única coisa que eu sei de você. É apenas uma expressão.

— Uh huh, que eu nunca ouvi, — eu provoquei, me sentindo um pouco mal quando seu rosto começou a ficar vermelho. Limpei a garganta. — Mas eu nunca ouvi falar da metade da merda que sai da sua boca.

Ela encolheu os ombros. — Você não é a primeira pessoa a me dizer isso. Meu pai costumava dizer isso o tempo todo.

— Ok, Ti. Você ganhou, — eu disse, mudando de assunto. — Mas meu filme favorito é uma pergunta difícil, que categoria que estamos falando?

— Todas, — disse ela com um sorriso. — Comece com drama.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. — A senhora é exigente.

— Sim, sou, — disse ela. — Aposto que é Scarface. É Scarface?

Eu ri. — Pergunte a qualquer outra pessoa no clube e eu acho que essa é a resposta que dariam a você. Mas eu gosto dos clássicos. Assisti a um monte de filmes de faroeste enquanto eu crescia. Eu não tenho um favorito, mas qualquer coisa com Clint Eastwood e quanto mais velho melhor.

— Faroeste? Eu tinha certeza que você ia dizer O Poderoso Chefão ou Scarface.

— O que diabos há de errado com Faroeste? Faroeste é foda.

— Oh sim, me diga, por que os Faroestes são foda? — disse Ti, fazendo aspas da palavra foda.

— Porque por trás no velho oeste, os homens eram homens reais. Eles tomavam conta da situação. Eles cuidavam dos seus negócios, ganhavam respeito e acabavam com qualquer um que entrava em seu caminho. Os cowboys foram os primeiros caras a terem coragem de virarem sem lei e dizer tudo para a sociedade. — eu segurei meu cigarro entre os lábios e puxei a minha camisa, apontando para uma das tatuagens em minha caixa torácica. — Esta foi uma das minhas primeiras tatuagens.

Thia engasgou. — Clint Eastwood? Você tem uma tatuagem do Clint Eastwood? — ela cobriu a boca com a mão. — Quer dizer, eu vi você sem camisa e eu sabia que era um retrato, mas eu não percebi que era realmente Clint Eastwood.

Eu puxei minha camisa para baixo e dei uma tragada no meu cigarro. — Ria o quanto quiser, Ti. Clint Eastwood foi Chuck Norris antes que houvesse um Chuck Norris.

— Oh meu Deus, por favor, não me diga que você tem uma tatuagem do Chuck Norris, — disse ela, agarrando seu estômago e continuando a rir às minhas custas.

Eu amei esse som.

Queria me lembrar desse som.

— O que há de errado com uma tatuagem do Chuck Norris? — eu brinquei.

— Oh, eu não sei. Ele é ummm... — comecei a rir quando ela tentou recuar.

Eu poderia tê-la deixado lutar um pouco mais de tempo, ela parecia adorável quando ela estava nervosa, mas eu estava tendo problemas para manter uma cara séria. — Eu só estou zoando com você, — eu finalmente disse.

Ela soltou um suspiro de alívio. — Oh, graças a Deus. Eu não sabia como eu iria sair dessa.

— Ok, então agora você sabe o meu favorito, então qual é o seu? Mesma categoria.

Thia sorriu tão grande e brilhantemente que achei que sua boca estava prestes a engolir seu rosto. — Eu tenho dois.

— E...? — eu pressionei.

— Scarface e O Poderoso Chefão.

Eu ri mais naquele dia do que eu ri nos últimos vinte e sete anos, tudo por causa da menina com o cabelo rosa louco.

A garota que eu tinha me apaixonado.

Porra.

— Você é diferente, Ti, — eu disse, quando nós dois recuperamos o suficiente para falar novamente. — Mas eu soube disso desde o dia em que te conheci.

— Você quer dizer o dia que seu amigo apontou uma arma em mim, — ela corrigiu.

— Sim, eu quero dizer o dia que a versão pequena sua quase atirou em um motoqueiro sete vezes o seu tamanho, — eu disse.

— Bem, está certo. Ele não deveria ter tentado roubar uma criança, — argumentou.

— Tecnicamente, ele estava tentando roubar uma loja, não uma garota, — retruquei.

Ela me lançou um olhar que dizia ‘oh, por favor’. — Então você está dizendo que se fosse Emma May no balcão as coisas teriam de alguma forma acabado melhor? Porque eu posso te dizer agora, não teria sido melhor para Skid ou Skud ou Skuzz ou o que quer que o nome dele era, porque Emma May é uma atiradora de primeira, ela não quer nem saber de conversa. Pergunte ao primeiro marido dela. — ela arranhou o queixo e franziu o nariz. — Ou o quarto...

A maneira que Thia falava com as mãos me fez lembrar de um personagem que você encontraria em uma história em quadrinhos.

Um com peitos muito, muito agradáveis.

— Vê o que eu quero dizer? — eu apontei. — Eu nunca ouvi ninguém dizer esse tipo de merda que você diz. É apenas... diferente.

— Diferente, — ela disse a palavra lentamente como se estivesse examinando-a, virando-a em sua língua. Ela girou uma mecha de seu cabelo em torno de seus dedos. — Diferente não é apenas uma palavra melhor para louca pra caralho? — perguntou ela, o rosto sério.

Ela olhou para seus pés.

Estendi a mão e levantei seu queixo para que ela pudesse olhar para mim.

Para que ela pudesse me ver.

— Não, eu disse diferente e isso é exatamente o que eu quis dizer. No meu mundo isso é uma coisa boa. Não, isso é uma grande coisa do caralho. Você não é como as outras meninas, certamente nada como as BBB. — quando Ti franziu o nariz em confusão, eu continuei. — Beach Bastard Bitches, prostitutas do clube, — eu esclareci. — Quando eu tenho certeza que você vai reagir de uma maneira sobre alguma coisa, você continua me surpreendendo, fazendo o oposto completo e eu sou um homem difícil de surpreender, — eu disse, apagando o cigarro na parte inferior da minha bota.

— Eu aposto que você diz a todas as meninas como elas são diferentes. Aposto que isso funcionou mil vezes. — Ti puxou o queixo para longe e olhou para a mesa, na tinta vermelha antiga que estava descascando na superfície. Houve uma pitada de ciúme que penetrou em sua pergunta, e se isso tivesse saído da boca de qualquer outra pessoa, eu provavelmente já teria terminado a conversa e saído no segundo que a pessoa perguntasse. Mas isso não veio de qualquer outra pessoa.

Veio de Thia.

Era... fofo.

Eu poderia ter mentido para ela e dito que ela era a única garota a quem eu disse isso, mas já havia uma mentira persistente entre nós, ou melhor, uma omissão da verdade da minha parte, e eu não queria acrescentar à pilha crescente. — Havia uma garota, apenas uma. Ela era diferente, mas não da mesma maneira que você. Eu pensei que ela poderia ser diferente para mim também. — eu admiti em voz alta pela primeira vez, lembrando da dor que eu senti quando vi King e Ray foder contra o pilar sob a casa na noite em que tentei fazê-la minha, e falhei.

— O que aconteceu? Por que acabou? — ela perguntou, olhando para cima de onde ela tinha acabado de tirar uma enorme casca da pintura, expondo uma faixa azul brilhante sob o vermelho.

— Meu melhor amigo a engravidou. Eles estão noivos. — eu disse, e então eu esperei. Mas isso não veio. O arrependimento. A amargura que geralmente seguia todos os pensamentos do meu melhor amigo estar com a garota que eu achei que gostava.

Nada.

— Você quer dizer King e... Ray? Você e Ray?

— Não, eu e Ray nada. Nunca sequer começou. Era uma ideia na minha cabeça. Uma ideia que foi extinta rapidamente. Eu nunca me importei com uma mulher em toda a minha vida e meio que confundi os meus sentimentos para algo que não era.

— Sinto muito, — disse Ti e eu realmente acreditava que ela estava sentia, qualquer amargura ou inveja havia desaparecido de sua voz.

Eu balancei minha cabeça. — Não sinta. Estou feliz por eles.

Eu realmente quis dizer isso.

— Ti, você está com ciúmes? — eu provoquei, embora eu soubesse que ela não estava. Eu cutuquei um pouco demais e ela quase caiu da mesa, mas se recuperou rapidamente, usando as mãos para recuperar o equilíbrio.

Eu oficialmente perdi a minha maldita cabeça. Não só eu estava flertando, mas eu recorri a empurrá-la como uma paixonite na escola na adolescência.

— Não, eu não estou com ciúmes, — ela argumentou. — Eu não deveria ter sequer perguntado. Não é da minha conta. Além disso, você não precisa dizer a uma menina que elas são diferentes para conseguir elas na cama, você provavelmente apenas sorri e diz ‘querida’ e as calcinhas começam a cair, — disse Ti, cruzando e descruzando as pernas que me fez querer afastá-las e afundar o meu rosto em seu calor apertado.

Eu coloquei minha mão sobre a dela para acalmar a sua divagação, mas quando nossas mãos se encontraram eu não esperava a energia estática que provocou entre nós a partir de um simples toque. Ti olhou para mim e seu queixo caiu.

Ela sentiu isso também.

Eu tentei tirar minha mão, mas eu simplesmente não conseguia.

Melhor ainda, eu não queria.

Eu apertei minha mão em torno da dela que era muito menor e a puxei para o meu colo, ela gritou de surpresa. Eu quase me esqueci o que eu estava prestes a dizer quando notei que meus lábios estavam alinhados perfeitamente com aquele pequeno ponto recuado, onde seu pescoço e ombro se encontravam. Ela lutou para sair de mim, mas eu a segurei firme e me inclinei o mais próximo que pude, sem chegar a tocá-la. — Você está certa, você sabe. Eu nunca na minha vida disse qualquer coisa para uma garota que não fosse a verdade para consegui-la na minha cama, — eu disse contra sua pele.

Ti estremeceu. — O que você dizia a elas? — perguntou ela, inclinando a cabeça para me conceder mais acesso à seu pescoço. Sua pergunta me pegou de surpresa.

— Você quer exemplos? — eu perguntei com uma pequena risada. — Ok, eu vou te dizer. — eu peguei seu pescoço com uma mão e a segurei firmemente na cintura com a outra. Ela cheirava a algum tipo de merda feminina que estava deixando meu pau ainda mais duro do que já estava por ela estar no meu colo. Cada pequeno movimento de sua luta enviou outra onda de sangue para meu pau. A conversa que estávamos tendo estava fazendo muito pouco para aliviar a pressão atrás do meu zíper. Eu sabia que eu ia deixar ela molhada e vazando com a minha porra antes de sequer chegarmos na caminhonete.

Corri o meu nariz ao longo do seu ombro e até o pescoço em direção a sua orelha, onde fiquei oficialmente louco, porque eu sussurrei as palavras que eu realmente tinha dito às mulheres antes de fodê-las sem sentido, contra o ponto sensível atrás da orelha. — Eu apenas dizia a verdade. O que eu queria delas. O que eu queria fazer com elas. — e então as palavras caíram de meus lábios. — Tire suas roupas e fique em seus fodidos joelhos.

— O quê? — perguntou Ti nervosamente, um pouco sem fôlego.

— Isso é o que eu digo quando eu quero foder. — eu tirei o cabelo do seu pescoço, roçando meus lábios e as minhas palavras sobre sua pele sensível que estava fica viva com arrepios quando eu fiz o meu caminho de uma orelha para a outra. — Eu dizia a elas para me foder. Me chupar. Montar meu pau. Se curvar e levantar a saia. Me fazer gozar. — ela engasgou e eu sabia que minhas palavras estavam tendo um efeito sobre ela, especialmente quando seus movimentos se tornaram devagar e lutando por mais do atrito contra mim para algum alívio.

— Continue. Me conte mais. O que mais? — perguntou ela, fechando os olhos, deixando cair a cabeça para o lado.

Ver Ti excitada era além de belo.

Isso era glorioso.

A agarrei pela cintura, girando-a no meu colo para me encarar. Suas pernas estavam em volta de mim como eu esperava que estariam.

Ela abriu os olhos e, em seguida a boca para dizer algo sobre a nossa súbita mudança de posição, mas eu corri a ponta do meu dedo indicador em toda a sua clavícula, seguindo o contato com um leve toque dos meus lábios, deixando escapar um suspiro que eu não sabia que eu estava segurando quando ela novamente fechou os olhos e começou lentamente a balançar para frente e para trás no meu colo, me fazendo assobiar entre os dentes com a sensação. Eu não queria que ela saísse de toda essa realidade nebulosa onde nós estávamos, porque nessa realidade, Ti tinha as pernas em volta de mim e estava moendo sua buceta no meu pau, e estava tão excitada pelas minhas palavras brutas e toques simples que eu podia sentir o espaço entre as pernas dela ficar mais quente e mais úmida quando nós continuamos com o que diabos é que estávamos fazendo, e se eu fizesse as coisas do meu jeito, nós nunca iríamos parar.

Estávamos completamente vestidos.

Estávamos em um lugar público.

No entanto, o pequeno espaço que nós estávamos compartilhando cheirava a sexo.

À buceta.

À buceta de Ti.

Eu gemi em seu cabelo e meu pau endureceu até o ponto de dor, mas não foi suficiente para me fazer parar.

Eu nunca quis parar.

— Abra suas pernas, — eu continuei, minha voz saindo tensa e áspera. Cada polegada de mim doía para rasgar seu shorts ali mesmo na mesa de piquenique e enterrar meu pau tão profundamente dentro dela que ela seria capaz de senti-lo em sua garganta. — Me mostre sua buceta. — eu sabia muito bem que eu estava falando com ela agora, e não repetindo merdas que eu tinha dito no passado.

Seus lábios se separaram e ela virou o rosto para cima em direção ao céu, continuando rebolando encima de mim. Para cima e para baixo, ela lentamente se arrastou contra mim e até mesmo através do meu jeans e shorts dela eu senti o calor da sua buceta contra o meu pau duro.

Foi o pensamento de como seria a sensação de estar fazendo a mesma coisa com Ti, sem roupas no caminho, que me levou à beira de explodir a minha carga bem ali. Eu peguei um punhado do seu cabelo e eu usei como rédeas, a puxando tão perto quanto possível, enquanto eu continuava a falar contra a sua pele arrepiada. — Eu vou fazer você gozar tão duro, que vai doer. — ela se inclinou para trás, empurrando seus seios em direção a mim. Aumentei meu aperto na cintura dela.

Ela gemeu novamente e desta vez os meus quadris involuntariamente empurraram para cima com o som, batendo meu pau contra ela com tanta força que a dor irradiou pelo meu eixo. Completamente valeu a pena, porque o som que saiu da boca de Ti foi francamente animalesco. Foi mais um rugido do que um gemido, algo tão primordial vindo de um lugar tão profundo dentro dela que explodiu na forma de um som que me fez balançar sob a tremenda quantidade de necessidade que continuou se construindo e construindo.

Minha pequena provocadora do caralho.

Eu estava cego de tudo à nossa volta e tudo que eu podia ver, tudo o que eu podia sentir, tudo que eu conseguia pensar era em foder a minha menina novamente. — Eu quero você, — eu suspirei. — Quero transar com você. Tão duro.

Ela colocou a mão sobre sua boca quando ela percebeu o quão alto ela tinha gemido, mas eu a puxei. — Ninguém pode te ouvir, — eu disse, olhando em volta para onde as únicas outras pessoas no parque, um casal de adolescentes a pelo menos dez mesas de distância. — Você pode gritar tão alto quanto quiser. Além disso, eu gosto quando você grita. — o sol tinha acabado de se por, mas verdade seja dita, poderia estar claro como o dia com mil pessoas em pé ao redor assistindo e eu só teria parado quando a polícia viesse para nos arrastar para longe.

Péssima linha de pensamento.

— Eu quero te provar novamente. Eu vou fazer você gritar meu nome até que você fique rouca. E quando você achar que não é fisicamente possível gozar de novo ou você vai quebrar... eu vou fazer você voltar... e eu vou quebrar você.

Ou eu vou morrer tentando.

— Bear, — Ti gemeu, se contorcendo contra mim. Eu iria gozar se ela não parasse, mas quando eu abri minha boca para dizer a ela para parar, nada saiu.

Eu estava tão varrido com a sensação dela contra o meu pau que levei alguns segundos para registrar o farfalhar nas proximidades.

Eu vi os canos de suas armas antes que eu visse quem estava segurando.

Eu rosnei contra seu ouvido, — Finja que o momento acabou, baby.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e cinco

BEAR

Eu sabia o momento Thia registrou que não estávamos sozinhos porque suas pernas ficaram tensas ao redor da minha cintura. Me virei para enfrentar a ameaça e cheguei atrás de mim, empurrando seus joelhos para, mantendo o máximo dela escondido atrás de mim que eu podia. — Fique quieta, — eu pedi.

Cheguei no cós da minha calça para minha arma, mas eu mal tinha escovado a alça quando o primeiro atirador surgiu dos arbustos vestindo um colete dos Bastards.

— Melhor não, Bear, — disse Mono, um sorriso grande e gordo em seu rosto grande e gordo. — Mãos fora da porra da arma ou eu começo a disparar agora e as chances são, de que se eu fizer isso, a pequena atrás de você vai estar tão cheia de buracos de bala como você vai estar. — ele parou cerca de três metros na nossa frente.

Eu soltei minha arma e agarrei meu isqueiro em vez disso. — Só pegando os meus cigarros, cara, — eu disse, acendendo outro cigarro. — Você pode dizer a Harris para sair dos arbustos do caralho, — eu disse, apontando para as árvores. — Eu sei que os gêmeos irlandeses nunca viajam sozinhos e, além disso, eu posso ver a cabeça calva do idiota brilhar daqui. — os joelhos de Ti balançaram contra as minhas costas e eu empurrei de volta contra ela para aliviar os nervos, mas sua agitação só se intensificou.

Harris surgiu a partir das árvores com o mesmo sorriso estúpido em seu rosto barbudo e vermelho e se juntou à seu irmão, levantando sua pistola enquanto se aproximava.

— Chop colocou vocês dois atrás de mim? Eu pensei que ele tinha pelo menos enviado alguém com um fodido cérebro, mas ele envia os malditos gêmeos para fazer seu trabalho sujo?

Mono e Harris se juntaram ao MC quase ao mesmo tempo que eu recebi meu patch. O nome ‘Irish Twins’ não tinha nada a ver como eles se pareciam porque eles nem eram da mesma família e além de suas cabeças carecas e barbas vermelhas, eles não poderiam se parecer mais diferentes. Mono tinha cerca de um e oitenta e era atarracado, enquanto Harris tinha um pouco mais de um e cinquenta, mas era muito mais magro. Eram suas personalidades que eram idênticas, desde a música fodida que eles ouviam sempre explodindo de seus quartos no clube, à cerveja escura e amarga que eles gostavam.

Mono se aproximou e sorriu, seus dentes amarelos de tártaro. — Você não foi tão difícil de encontrar, você sabe, você poderia ter tentado fugir.

Eu bufei e dei uma tragada no meu cigarro. — Eu estive na cidade por semanas. Eu estava bem debaixo do nariz de vocês o tempo todo, seus estúpidos.

Harris entrou na conversa. — Mais fácil acabar com você quando King não está na sua bunda, embora eu adoraria levar essa buceta como um dano colateral de civis.

— Há apenas um punhado de lugares que você poderia ir. Até tínhamos olhos sobre aquela velha idiota que você tanto gosta.

Grace.

— Estou realmente surpreso que vocês, dois idiotas do caralho, me encontraram, — eu disse. — Vocês dois não conseguem encontrar a porra dos seus paus a metade do tempo. De jeito nenhum vocês me encontraram sozinhos. — Mono bufou e se aproximou até que nós estávamos quase peito a peito. Havia dois rastreadores que o MC usava e eu pedia a Deus que fosse Gus, porque se fosse Rage não haveria como eu sobreviver aos próximos minutos.

Rage nunca perdeu um alvo.

Nunca.

— Você está prestes a morrer, filho da puta, — ele cuspiu. — Se você fechar a boca do caralho e aceitar a sua morte como um homem, então talvez nós não vamos matar essa coisa bonita atrás de você quando terminarmos de brincar com ela.

— Você não vai tocar nela, porra, — eu avisei.

— Recue ou você vai morrer assistindo Mono transar com ela antes de enfiar uma faca em sua garganta, — disse Harris, se movendo para o lado da mesa de piquenique para dar uma olhar em Thia. Ele lambeu os lábios e chupou os dentes de cima.

— Não, — eu rosnei, mas depois senti um puxão na cintura de trás da minha calça.

Não. Sua estúpida. Não.

Isto é tudo culpa minha. Ti ia morrer porque eu menti para ela quando ela era criança. Porque eu tinha que mantê-la em minha vida uma vez que ela entrou no meu caminho.

Foi por causa de mim que iríamos morrer.

Mono e Harris não pareceram perceber que era Ti e ela não pareceu entender a minha mensagem telepática, então quando senti um puxão final libertando minha arma, eu sabia que era agora ou nunca. Nós iríamos sobreviver porque tínhamos que sobreviver.

Porque Ti tinha que sobreviver.

Não importa. O que.

— Eu vou me mover, eu vou me levantar, — eu disse. Dando um passo lado largo em direção à Harris, obstruindo sua visão de Ti.

Ti disparou.

Corri para Harris e felizmente eu já tinha minha mão em sua arma e estava lutando com ele quando uma arma disparou. Eu caí em cima dele e no segundo que eu fui capaz de pegar a arma de sua mão eu girei sobre ele, colocando uma bala em sua testa.

Eu virei para trás e esperei ver Mono caído, mas ele não estava no chão. Ele estava de pé. O sangue estava escorrendo do seu ombro. Seu bom braço estava enrolado em torno de Thia, uma faca em sua garganta. — Que porra é essa que você acabou de fazer! — Mono rugiu, a faca na pele dela e filetes de sangue descendo por seu pescoço.

— Solte ela ou eu vou explodir sua cabeça do caralho. — eu avisei, virando a arma para ele. Era um blefe e ele sabia disso. Eu não tinha uma boa chance. Não havia como matá-lo sem correr o risco de acertar Ti também.

Mono riu e era baixo e maligno. — Eu não me importo. — ele deu de ombros, os olhos presos e, mim. — Olho por olho e tudo mais. — Mono apertou ainda mais em Ti, os nós dos dedos dele brancos apertando a faca quando ele começou a arrastá-la pela garganta. Corri para eles, mas eu não seria capaz de alcançá-los a tempo.

— Nãooooooooooo!

Um tiro foi disparado e os olhos de Mono rolaram em sua cabeça e o lado do pescoço dele explodiu. Seu olhar ficou em branco quando ele soltou Ti e caiu de lado na terra.

— Ti! — eu disse, correndo para ela e pegando-a do chão.

— Eu estou bem? — ela perguntou como se fosse uma pergunta e não uma declaração. Examinei onde o sangue estava escorrendo de seu pescoço. O corte era cerca de metade de uma polegada de largura. — Não é profundo. — eu suspirei de alívio. Talvez um ou dois pontos.

Obrigado fodido Deus.

— Quem o matou? — perguntou Ti apontando para Mono quando eu a peguei e a segurei firmemente ao meu peito. Passando por cima do corpo de Mono, eu a levei de volta para a mesa e a coloquei no chão para examiná-la por outras lesões. — Quem? — perguntou Thia novamente, olhando ao redor em busca de mais Bastards.

Eu não precisa olhar em volta, porque eu sabia exatamente quem atirou em Mono.

— Fui eu. — uma voz familiar disse com um leve sotaque espanhol. Eu me virei para me encontrar cara a cara com Gus. — E de nada, porra.

 

 

 

Thia

Foi a primeira vez que eu tinha visto Gus desde que ele me salvou de Chop naquela noite. — Que desperdício, — disse ele, olhando para os dois corpos sem vida de quem Bear tinha chamado Mono e Harris. Gus tinha arrastado um deles ao lado do outro, então agora eles estavam deitados lado a lado em suas costas.

Bear continuou a procurar o meu corpo por feridas que não estavam lá e eu tentei recuperar o fôlego.

— Oi. Eu sou Gus, — Gus disse, sem tirar os olhos de cima dos corpos. Seu tom de voz era plano e ele falava mais baixo do que a maioria das pessoas.

— Eu me lembro de você, — eu disse e Gus simplesmente assentiu.

— Eu estava rezando para que eles usassem você e não Rage, — Bear disse depois de finalmente estar satisfeito que eu não estava sangrando de qualquer lugar além da pequena ferida no meu pescoço. Ele virou para mim e empurrou o cabelo do meu rosto, descansando sua testa na minha.

— Essa foi uma jogada estúpida, — disse ele.

— Bear, — eu comecei a discutir.

— Me deixe terminar, — ele interrompeu. — Foi um movimento estúpido que eu estou feliz que você fez ou nós estaríamos mortos agora. — ele se afastou e puxou um baseado do seu bolso. Ele não acendeu, em vez disso, ele passou para Gus que chegou por trás dele para pegar, seus olhos ainda colados nos corpos quando ele acendeu e deu uma tragada profunda.

Gus se ajoelhou ao lado dos motoqueiros e me surpreendeu quando ele correu o dedo indicador no rosto ensanguentado de Mono, deixando um rastro branco em sua bochecha através do vermelho pegajoso. Ele se afastou e segurou o dedo sangrento no nariz. Fechando os olhos ele inalou o sangue como se ele estivesse cheirando um vinho fino. — Que vergonha, — ele repetiu, abrindo os olhos. Ele usou um trapo do bolso de trás para limpar o sangue de seu dedo.

Na noite que Gus me salvou do MC, ele era apenas uma sombra, sem rosto, sem corpo. A memória distante de uma explosão e um passeio em uma van.

Gus era agora uma pessoa respirando de pele morena e cabelos escuros, grande o suficiente para deslizar para frente. Sua franja pendurava no alto da testa. Sua altura era quase a mesma que a minha. Ele não estava usando um colete, apenas uma camisa azul e branca de flanela e jeans claros com botas amarelas. Ele não era atraente, não da mesma forma que Bear era. As bochechas rechonchudas de Gus estavam revestidas com a barba escura de alguns dias sem fazer, sem contar que ele era mais pesado do que a sua estatura mediana. Uma tatuagem ornamentada decorava a tenta do lado direito. Os brancos de seus olhos pareciam brilhantes d contra a escuridão de suas pupilas grandes.

Eu estava ciente de que ele não piscou muitas vezes e me encontrei olhando para seus olhos tentando pegá-lo no ato.

— Eu deveria ter torturado eles, começando pelos dentes. Eu teria tomado o meu tempo e começado a partir de trás. A parte de trás é um bom lugar para começar a puxar. Molares são os mais dolorosos e mais difíceis de extrair. Eles também são os mais sangrentos e quando o sangue escorre goela abaixo, sufoca e a asfixia aumenta o medo. Você pode sentir o cheiro no ar. — ele balançou a cabeça e olhou para Bear. — Teria sido bonito.

— Tenho certeza de que teria sido, cara, — disse Bear, se recostando contra a mesa, obviamente utilizada para as esquisitices de Gus.

— Você me deve, — disse Gus, parando na nossa frente. — Duas. — ele acrescentou, levantando dois dedos, sua voz nunca subindo ou caindo com suas palavras.

— Duas, — Bear concordou. — Com a tempestade de merda que está vindo em minha direção eu não acho que vai ser um problema.

Gus se virou para mim e eu estendi minha mão. — Nós nunca fomos devidamente apresentados. Eu sou Thia, — eu disse, limpando a garganta para remover qualquer vestígio de nervosismo em minha voz. Gus olhou para a minha mão e saltou para trás como se estivesse segurando uma aranha.

Bear colocou a mão no meu braço e o empurrou para baixo. — Gus não aperta mãos, — disse Bear, quando Gus balançou a cabeça freneticamente de um lado para outro, os punhos enrolados em bolas sob o queixo enquanto ele se afastava de mim.

— Você tem medo de mim? Eu acabei de ver você matar um cara então esfregar o dedo no sangue dele. — eu apontei.

Gus descruzou os braços de si mesmo quando viu que eu não estava com a mão estendida e se levantou, alisando sua camisa já lisa. — O sangue é limpo. O sangue é bonito. Sangue é vida e ver a vida escorrer e desaparecer é um presente que eu gostaria de me dar o mais rápido possível. Mãos são sujas. Tão sujas. Como quartos de motel. — ele divagava, engasgando quando ele mencionou ‘quartos de motel’, virando a boca na dobra do cotovelo. Ele respirou fundo, concertando dentro de si mesmo o que foi que eu tinha quebrado tentando apertar sua mão. — Você sabia que a maioria dos quartos de motel são cobertos de fezes e sêmen? — perguntou Gus do nada. — E eu não estou falando sobre a cama. Dependendo da idade do motel e do número de quartos disponíveis e da quantidade de lugares de estacionamento, em um momento ou outro toda superfície tinha sido coberta quer por sêmen ou fezes, ou ambos.

— Bem olá para você também, Gus, — Bear disse com uma risada.

— É verdade, — disse Gus, se virando para Bear. — E não é engraçado. Agora você me deve três. — Gus deu outra tragada no baseado e o passou de volta para Bear que segurou entre seus lábios e inalou até a brasa vermelha na ponta gotejar com cinzas.

Ele falou quando ele exalou. — Eu sei que não é engraçado, cara. O que também não é engraçado é que, se não fosse por Ti agarrando minha arma e você aparecendo, seríamos um par de cadáveres empilhados em sua pilha agora.

— Eu mantenho minhas promessas, — Gus disse: — Você salvou minha vida.

— Nunca duvidei de você, irmão, mas você não tem que tirar o seu colete por mim. Eu nunca teria te pedido isso. — Bear disse, apontando para a blusa de Gus.

— Eu não o tirei por você. Tirei por mim mesmo.

— Por quê? — eu entrei na conversa.

— Porque eu descobri quem é o rato.

— Que rato? — perguntei.

— Aquele que alimentou Isaac com informações e, em seguida, Eli. Aquele que tentou me matar duas vezes, mas ainda não consigo terminar a porra do trabalho, — Bear me informou. — Mas isso não importa agora, porque Chop quer me matar.

— Três vezes, — corrigiu Gus.

— O quê? — Bear perguntou, suas sobrancelhas enrugadas com a confusão.

— Três vezes, — disse Gus. — A primeira vez foi quando ele deixou Isaac entrar no clube quando ele sabia quais os planos de Isaac eram. A segunda vez foi quando ele disse à Eli onde você estava. A terceira vez foi hoje, agora.

Bear se sentou em silêncio e deu outra tragada no baseado, esfregando a testa com o polegar. — Poooooooorra! — ele gritou, se levantando da mesa.

— Eu não entendo, — eu disse. — O que você sair do MC e o rato tem a ver um com o outro... — eu parei quando a realização me bateu.

Bear olhou para mim e balançou a cabeça.

— O rato é... — eu comecei, mas parei quando tudo fez sentido.

Bear rosnou e terminou a minha frase.

— Meu velho do caralho.

Gus assentiu. — Chop. Chop é o rato.

Tanto para algo normal.


Capítulo vinte e seis

BEAR

— Então o seu velho estava querendo acabar com você muito antes de você desistir do colete? Por quê? — perguntou King, acendendo um baseado e passando para mim. — Isso não faz qualquer sentido do caralho.

— Eu sei. Tem que ser mais do que isso. Meu velho é um filho da puta, mas ele não é estúpido. O problema agora é que não podemos mais ter informações. Gus entregou o colete. Ele está fora, o que significa que eu não tenho ninguém do lado de dentro. — nós estávamos em seu estúdio de tatuagem e eu tinha acabado de contar o que aconteceu no parque. Felizmente, Gus estava muito ansioso para lidar com a limpeza por conta própria, então deixei isso por conta dele. — Não é como se essa porra importasse. Se ele quer me ver morto, ele me quer morto, a razão não é mais importante. O único problema real é que ele está disposto a passar por Ti para chegar até mim.

— Mas por que Thia? Você tem outras pessoas que ele pode chegar. Eu. Grace. Ray. Por que escolher ela?

— Porque Chop é um filho da puta, mas ele não é estúpido também, ele deu uma olhada nela e sabia... — fiz uma pausa. — Ele está seguindo o código, ou pelo menos ele está fazendo parecer aos irmãos que ele está, entretanto ele está indo pelas costas, planejando me matar por sabe quanto tempo agora.

— Mas isso ainda não faz sentido. Como ele poderia passar por Thia para chegar até você... — King começou, mas parou quando eu lhe lancei um olhar compreensivo. Ele respondeu à sua própria pergunta. — Meninas no clube, old ladies, até mesmo as BBB19, todas são consideradas civis. Ela é um jogo justo, tanto quanto ele está preocupado porque ele pensou que você iria reivindicá-la.

Coloquei minha cabeça contra a parede. — Eu a reivindiquei.

— Ah merda.

Me levantei do sofá e fingi estar interessado no novo esboço que King estava trabalhando para terminar o braço de Ray. Havia todos os três nomes de seus filhos tecidos em uma árvore dos manguezais na baía.

— Nunca pensei que veria esse dia do caralho, cara.

— Foi estúpido. Duas vezes agora e eu não vai acabar em qualquer momento.

King riu e fez sinal para eu trazer o baseado de volta para ele.

Eu o empurrei em sua mão. — O que é tão engraçado, porra?

— Me deixe perguntar uma coisa, cara. De todas as meninas que você já fodeu, com quantas você já se envolveu?

— Nenhuma. Nenhuma, porra, — eu admiti.

— É engraçado porque é assim que você sabe. Nunca pensei sobre isso com Ray. Nunca passou pela minha cabeça e, honestamente, se tivesse, eu não dou a mínima para as consequências. Qualquer coisa para mantê-la ligada a mim estava tudo bem para mim. Eu posso não ter sabido disso no início, mas eu tenho certeza como a merda que eu sei hoje.

— Agora você tem três filhos, cara. Dois dos quais estão rasgando a casa bloco por bloco.

— Sim, é muito foda. Mesmo não tendo pensado em ter qualquer um, — disse ele com uma risada.

— Eu não estou pensando em ter filhos agora. Estou pensando em como manter essa garota viva.

— Sua menina.

— Sim, minha menina! Eu disse isso, isso faz você feliz agora?

— É um começo, — disse King. — Então você pensou sobre o que Bethany disse para você? Porque se você vai fazer isso, então você precisa dizer a ela. Ela deve saber o que está por vir. Existem coisas que você precisa passar por cima com ela. Eu estive lá, cara. Você não quer deixá-la no escuro.

Acendi um cigarro. King estava certo, mas eu não tinha ideia de como começar a conversa com ela. — Eu tenho outra coisa em mente, — eu disse.

— Se você está pensando em fazer algo estúpido, não, — King advertiu.

— Estúpido era a tomar em um lugar público e quase se matar. Estúpido foi fazer uma promessa para uma criança de dez anos que eu nunca teve a intenção de manter. Estúpido é cada coisa de merda que eu já fiz na minha vida até este ponto. Eu tenho que mantê-la segura. — Eu apaguei meu cigarro no cinzeiro na mesa de café. — Nada estúpido sobre isso.

 

* * *

 

Thia estava na casa para ajudar Ray com as crianças ou jantar ou alguma coisa, para ser honesto, eu não estava prestando atenção porque eu estava muito focado no fato de que, se não fosse por Gus ou o raciocínio rápido de Ti, ela não retornaria respirando agora. Eu estava muito ocupado pensando com o meu pau em vez de me preocupar em mantê-la segura.

Você estava pensando com seu coração, imbecil. É outro órgão útil em seu corpo. Preppy me informou.

Eu fiz uma promessa a mim mesmo que, apesar de toda essa merda ter começado como uma mentira, eu manteria a minha promessa a ela. Eu iria protegê-la, mas eu fiz uma promessa a mim mesmo também. Eu não apenas iria protegê-la, mas eu não iria deixá-la ser sugada para a minha vida. Ela era melhor do que isso.

Melhor que eu.

Eu queria mantê-la segura.

Eu simplesmente não poderia mantê-la para mim.

Trinta minutos e uma mensagem de texto mais tarde, uma mão foi envolvida em torno do meu pau.

Eu bebi diretamente da garrafa de Jack até que eu não me importava, nem a mão profissional me masturbando não estava funcionando. Porque Ti iria a qualquer momento entrar e ver que tipo de homem eu realmente era. Eu estava esperando ter bebido o suficiente para não ver o olhar de dor em seus olhos. Não registrar o olhar de decepção em seu rosto.

Por que eu ainda me importava?

Ela sabia que eu tinha planejado sair a partir do momento em que nos conhecemos. Eu nunca disse a ela que tinha mudado. Eu nunca prometi a ela que eu iria ficar.

Ou que ela iria ficar.

King ficou preso por anos. Eu o fiz prometer que ele iria me pedir ajuda nos problemas que tivesse porque eu poderia protegê-la por agora, mas não seria capaz disso quando não estivéssemos mais juntos.

Porra, por que isso é tão ruim?

— Mmmmmmmmm... — murmurou a garota quando eu não estava prestando atenção nela me masturbando. Eu não estava nem mesmo duro.

Toda vez que eu começava a acordar de qualquer autoindução de coma que eu tinha me colocado, meu estado recém-consciente sempre trouxe uma onda de decepção com ele.

Não é que eu queria morrer. Eu só queria viver em um estado de esquecimento. Era pedir muito? Estar no esquecimento era não ter pensamentos de ser um motoqueiro sem um lar. Estar no esquecimento era não ter pensamentos confusos sobre Ray, embora nos últimos dias eles tivessem começado a desaparecer.

Estar no esquecimento era definitivamente não tê-la.

Eu queria que fosse a mão dela no meu pau e eu imaginava que era, vivendo em minha imaginação e na mentira por apenas alguns momentos mais ignorantes.

Jodi me acariciou. Ou era Dee? Danni? Denise?

Independentemente da experiência que eu estava usando para me fazer parar de ser macio e suave. Pensei nos lábios cor de rosa pálido e cabelo loiro morango, mas cada vez que ela aparecia atrás de minhas pálpebras fechadas, ela desaparecia com a mesma rapidez.

Eu gemi em frustração. A menina me masturbando levou o ruído como um sinal de encorajamento, pegando o ritmo. Me empurrando mais duros. Unhas postiças longas me arranhavam enquanto ela trabalhava.

Não havia como eu gozar, e eu estava feliz por isso. Eu queria me castigar pelo que eu estava prestes a fazer.

Por que ela estava prestes a ver.

Infelizmente, a única descida que eu estava fazendo era da minha brisa20, que era a última coisa que eu queria. Era uma merda ficar sóbrio.

Eu mudei de ideia.

Eu não poderia fazer isso.

Eu não poderia machucá-la. Queria encontrar outra maneira. Eu peguei o antebraço da menina para fazer sua mão inútil parar, mas não foi nela que meus olhos pararam.

Foi em Ti.

MINHA Ti.

Ao pé da cama.

Ela pareceu confrontada. Impassível. Quase inexpressiva. Thia tinha sentimentos profundos, mas ela encobria isso ainda mais fundo. O que eu vi atrás de sua expressão plana me assustou pra caralho, porque era mais do que a cabeça quente que ela tinha normalmente.

Ela estava puta.

Era pura RAIVA.

A loira nua ajoelhada ao meu lado mal deu à Thia qualquer atenção, e continuou a me acariciar, apesar da minha mão em seu braço tentando impedi-la. — Você quer entrar? — ela perguntou à Thia.

Talvez ela não estivesse lá. Talvez eu estivesse apenas sonhando. Porque Thia Andrews tinha estado ocupando meus sonhos desde aquela primeira noite no chuveiro.

Não foi até que ela falou que eu sabia com certeza que não era um sonho, afinal de contas.

Eu pensei que ela ia correr.

Eu tinha feito isso para que ela pudesse correr.

Não da casa. De mim.

Mas ela não fez. A menina estava sempre me surpreendendo.

Ela caminhou até a cama com um olhar de determinação em seus olhos que eu nunca tinha visto antes. Ela chegou por cima de mim e arrancou uma das minhas armas de um dos meus coldres, que era a única coisa que eu estava vestindo. Ela mirou na loira nua e se inclinou. — Dê. O. Fora. Agora. — o olhar sedutor falso no rosto da loira instantaneamente desapareceu e foi substituído pelo medo. Ela pulou da cama e correu para fora da porta sem olhar para trás.

Eu sei que foi a coisa idiota a se fazer, mas eu não pude evitar.

Talvez fosse porque eu estava bêbado.

Talvez porque eu estava cansado de não saber o que fazer ou a quem confiar ou como proteger a garota que tinha acertado o caminho para meu coração partido.

Eu ri.

Não apenas uma pequena risada. Eu ri do absurdo que a minha vida tinha se tornado, bem como a situação que eu estava no momento.

Thia virou a arma em mim e isso foi quando notei as lágrimas ameaçando vazar dos cantos de seus belos olhos verdes.

Eu congelei.

— Merda.

Ti fungou, embora ela estivesse obviamente tentando esconder o fato de que ela estava prestes a chorar. Uma sensação estranha tomou conta. Meu coração deu uma guinada em minha barriga e eu me sentia doente.

Culpa.

Eu tinha cometido todos os crimes que havia para cometer. Eu tinha feito merda que os homens sãos nunca ousariam até mesmo pensar, mas eu nunca senti um pingo de culpa por nada disso.

Nunca.

Até agora.

Até Thia.

Amor. Esse era o único tipo de tortura com o qual eu não estava familiarizado.

Eu estava aprendendo rapidamente que era o tipo mais doloroso de todos eles.

— Você sabe, — ela começou. Sua voz era tão instável como a arma em sua mão. — Você realmente precisa parar de tentar me fazer te odiar.

Eu fiquei confuso através dos meus pensamentos nublados em busca de uma resposta: — E por que isso? — foi o melhor que eu poderia conseguir dizer.

Ti colocou a arma na minha barriga nua e eu resisti à vontade de estender a mão e puxá-la em mim. Ela estava prestes a virar a maçaneta na porta quando ela se virou. Havia lágrimas em suas bochechas coradas e meu intestino torceu em uma maneira que eu estava começando a odiar tanto quanto eu me odiava.

Ela me olhou bem nos olhos e segurou o meu olhar.

— Porque está funcionando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo vinte e sete

BEAR

Nenhuma quantidade de café ou água fria poderia ter me arrastado de volta para a sobriedade depois de eu ter visto o olhar no rosto de Ti naquele quarto.

Álcool e raiva andam de mãos dadas como namorados adolescentes.

Eu bebi Jack suficiente para colocar em um coma, mas depois que ela saiu do quarto eu fiquei mais sóbrio do que antes de eu ter tomado uma única gota.

Eu puxei meu jeans e corri atrás dela.

Thia não estava na sala de estar. Ela não estava na garagem também. Eu estava preocupado que ela tinha saído e comecei a pensar donde diabos ela iria ou quem estava lá fora esperando para machucá-la quando eu a vi em um banco. Ela estava curvada, as mãos movendo furiosamente. Eu não percebi o que estava fazendo até que ela soltou a corda da doca e pulou.

No momento em que eu cheguei até o cais ela já tinha empurrado e estava muito longe de mim para estender a mão e puxá-la de volta. — Ti, temos que conversar.

— Eu acho que você já disse muito.

— Ti, traga seu traseiro aqui. — me ignorando, ela continuou a remar furiosamente. Ela era obviamente inexperiente e não se moveu muito longe e muito rápido. Os músculos de seus braços estavam tensos enquanto ela remava cada vez mais duro sem muito progresso.

— Há uma corrente muito forte. É difícil para eu ou King andarmos de barco com essa corrente, então você poderia muito bem desistir e voltar agora, — eu disse, me agachando no paredão.

Ela só lutou mais, lentamente ela ganhou terreno avançando ainda mais longe do cais e de mim. Eu não estava mentindo. A corrente era uma cadela para passar se você não sabia exatamente onde parava e começava. Nos levou meses para descobrir como passar por isso em menos de alguns minutos.

Tanto quanto eu odiava o fato de que ela estava fazendo de tudo para ficar longe de mim, eu fiquei impressionado com a força da minha menina.

Não havia como eu acertar as coisas.

Eu ansiava por seu perdão tanto quanto eu ansiava por seu corpo. Sua alma. Seu espírito.

O coração dela.

Palavras derramaram dos meus lábios rapidamente. Eu tinha que chegar até ela antes que ela fosse longe demais para me ouvir. Falei tão rápido que eu não tive tempo para editar a mim mesmo e escolher as palavras certas, então eu só fui com o meu intestino porque ir com a minha cabeça só resultava em ela começar a me odiar e, tanto quanto isso era parte do plano, eu não contei com o golpe esmagador na minha alma que veio com isso.

Eu queria dizer a ela tudo.

Eu comecei com a verdade.

Bear sem censura.

— Eu não a queria. Eu nunca a quis, — eu gritei. — Eu só não sei o que estou fazendo aqui. Eu não sei mais nada.

— Parecia que você a queria sim, — disse Ti, bufando fortemente, mas fazendo progresso. Se ela mantivesse o ritmo por mais alguns minutos, ela estaria livre da corrente e estaria rapidamente longe para ouvir qualquer coisa.

— O que você quer que eu diga? Você quase foi morta no parque!

— Assim como você.

— Essa é minha VIDA. Estou acostumado a filhos da puta atirando para mim. Isso não deveria sua a sua vida, porém.

— Não decida o rumo da minha vida, Bear. Você não. Nem ninguém.

— Quando eu estou com você é como se você me colocasse sobre este pedestal inacessível. Eu não mereço esse tipo de admiração e, as vezes, — eu tentei pegar meu fôlego, mas as palavras continuavam se derramando. — isso me assusta pra caralho. O que quer que você pensa que sabe sobre mim ou sobre quem eu sou, você não sabe nada. Você não sabe as coisas que eu fiz, as coisas que eu fiz para as pessoas. Você não sabe que eu matei as pessoas porque me mandaram, ou porque eu pensei que era bom para os negócios do clube, ou apenas porque eles me olharam da porra do jeito errado. É isso que você quer ouvir? Porque essa é a verdade. Eu fiz tudo isso e você olha para mim como se eu fosse de alguma forma, uma boa pessoa e isso me faz querer arrancar a porra do meu cabelo porque é tudo uma mentira. A verdade é que eu não sou um cara bom. Eu sou a porra do cara mau, com o clube ou não, isso não mudou. — eu passei a mão pelo meu cabelo e respirei fundo.

Não era exatamente um poema de amor, mas era a verdade.

— Quando eu disse isso? — perguntou Ti em um pequeno sussurro, esquecendo temporariamente de remar, o barco deslizou para a frente. — Me diga exatamente quando foi que eu disse que eu queria mudar você? — sua voz ficou mais alta. Corajosa. — Você acha que eu sou alguma idiota? Eu sei quem você é e quem os Bastards Beach são. Eu cresci aqui. O que eu quero saber é por que você acha isso? Eu não tenho você em um pedestal. Eu não penso em uma vida colorida quando se trata de quem você é. Na verdade, eu poderia ser uma das poucas pessoas no mundo que conhece o verdadeiro você. Eu queria você por causa de quem você é, não importa quem você é. Você não estava em um pedestal, você estava no meu coração!

ESTAVA.

Estava no meu coração.

Até que eu o quebrei.

Ti flutuou de volta na minha direção e eu lutei com o meu plano original para afastá-la de novo, mas quanto mais ela se aproximava, mais determinado eu estava a consertar o que eu tinha quebrado. Amanhã estava vindo, não importa o que aconteceria esta noite.

Me ajoelhei para puxá-la, mas quando ela viu meu braço estendido, ela balançou a cabeça. Remando com ainda mais vigor do que antes, água salpicou para dentro do barco em sua tentativa furiosa de chegar o mais longe possível de mim.

Porra.

Ela acabou de me dizer que ela me queria por causa de quem eu sou e isso era uma coisa boa, porque eu estava prestes a mostrar a ela exatamente quem eu era.

Já com os pés descalços e vestindo apenas minha calça jeans, eu os empurrei dos meus quadris e sai deles. A partir da posição de Ti, eu sabia que ela não podia me ver nas sombras. Joguei meu jeans sobre o deck.

Era um aviso. Eu estava vindo para ela.

Eu estava completamente nu, e eu não dava à mínima.

O ar ligeiramente salgado tinha gosto de fodida liberdade. O cheiro de mofo das áreas úmidas próximas picaram meu nariz, mas eu queria mais.

Mais era o plano.

Mais estava em um barco a pleno remo no meio da baía e eu não pude deixar de pensar quão pequena ela parecia. Quão inocente. Quão vulnerável.

Meu pau endureceu.

— O que você está fazendo? — Ti disse, o medo em sua voz não fez nada para aplacar minha fúria dura.

— Fiquei com vontade de mergulhar de repente, — eu disse perversamente, esticando os braços sobre a cabeça.

— Não! Fique longe, Bear. Eu quero dizer isso! — Ti gritou, puxando seus remos tão rápido na água, que ela finalmente foi capaz de se libertar da corrente, deslizando facilmente sobre a água. — Não chegue perto.

Isto é o que você pensa.

— Ah sim. Eu vou, — eu murmurei. Eu respirei fundo e mergulhei de cabeça na água escura.

Um predador procurando sua presa.

 

 

 

Capítulo vinte e oito

Thia

Bear tinha perdido a maldita cabeça.

No segundo que nós deixamos o parque ele não tinha sido o mesmo.

Eu sabia que ele queria que eu o visse com aquela garota. Não era o que ela estava fazendo com ele que me irritou e quebrou meu coração. Foi o fato de que eu sabia que ele tinha feito isso de propósito. Ele queria ser pego.

Ele queria me machucar.

Mesmo que eu estava livre da corrente, eu continuei a remar, querendo ficar longe o suficiente da costa para que Bear desistisse de nadar e voltar. Quando cheguei mais perto da costa no lado oposto, eu pensei que eu iria ver outras casas ao redor da baía, mas o resto da costa estava coberto de uma mistura de árvores altas que dobravam e balançavam com a brisa leve e as árvores baixas do mangue pairavam acima da água em pequenos paus que me lembraram dos pilares que sustentavam a casa de King e Ray.

Eu realmente não tinha achado que Bear fosse pular. Uma ameaça vazia que acabou por não ser tão vazia.

O local onde Bear tinha pulado na água criou um efeito de ondulação em toda a superfície, ficando cada vez maior, uma vez que se estendeu para fora. No momento em que atingiu o barco, tinha se transformado em uma pequena onda, balançando o barco de lado a lado.

Foi quando eu percebi que não havia outra ondulação na água. Não havia indicação de qualquer tipo.

Onde ele está? Minha raiva e irritação temporariamente foi substituída por preocupação.

Contei até dez.

Nada.

Contei novamente.

Nada.

— Bear! — gritei.

Nenhuma resposta.

Mantendo um remo levantado para fora da água eu virei o barco em volta e segui o caminho de onde eu vim, verificando sinais de vida. Eu só tinha começado a procurar quando a quietude explodiu ao lado do barco. Meu coração pulou no meu estômago quando Bear se lançou através da superfície da água como uma orca, encharcando meu cabelo e roupas.

— Por quê você se importa? Por que você é louca assim? — perguntou Bear, agarrando o lado do barco. — Me diga, Ti, e seja honesta comigo porque nós dois sabemos que você não pode mentir. Por que você se importa se eu foder e beber até morrer? — fogo dançou em seus olhos, a água escorria em seu rosto e boca. — Me diga, — ele desafiou. — Agora porque eu preciso saber. — ele levantou uma perna para o lado do barco. Eu segurei os lados para me impedir de cair quando ele inclinou para o lado, então eu pensei que o barco poderia virar. Bear levantou a outra perna para dentro do barco e se endireitou novamente quando ele entrou. Com o espaço limitado, ele se sentou atrás de mim, de costas para seu peito. Seus joelhos espalharam aos lados dos meus quadris. Eu me virei de lado para encará-lo.

Bear estava passando a mão sobre a cabeça, tirando a água em acesso.

Ele também estava nu.

Completamente e totalmente, devastadoramente e lindamente... nu.

Eu queria odiá-lo e eu tinha certeza que eu odiava, mas isso não significava que sua mera presença não me afetava.

Sob a luz da lua suas tatuagens e pele lisa pareciam estar brilhando, brilhando com a mesma luz iridescente refletindo na água. O peito e os braços flexionados pelo seu mergulho. Seus músculos abdominais subiam e desciam enquanto tentava recuperar o fôlego e eu me encontrei encaram onde eles se transformavam em um V, apontando para baixo em seu...

Desviei o olhar para as árvores. — Você ganhou, Bear, o que você está tentando argumentar. Está bem. Eu concordo. Você ganhou. Apenas vá!

— Mentira, — disse ele. — Eu não ganhei. Eu fodi as coisas, Ti. Se isso é ganhar, eu me sinto como um perdedor, então, por favor, me diga o que é que você acha que eu ganhei?

Era exatamente o que eu queria ouvir.

Era besteira pura.

— Você queria me afastar, — eu o lembrei. — Você queria me machucar. Missão cumprida. Agora saia do meu barco.

— Em primeiro lugar, este é o meu barco. Eu o construí com King e Preppy quando eles compraram o lugar, então se alguém vai sair, é você. Em segundo lugar, eu tentei te afastar. Eu admito isso, até mesmo me convenci de que eu queria fazer isso. Eu pensei que seria melhor se você me odiasse. — seus olhos encontraram os meus. — E parte de mim ainda acha que é melhor. Mas nada sobre o olhar em seu rosto parecia que eu estava fazendo a coisa certa. A realidade de você me odiar era nada como eu pensei que seria. — sua voz ficou baixa e suas palavras afundaram ainda mais na barreira que eu tinha tentado manter erguida. — Isso me matou, Ti.

Não dê ouvidos. Ele está mentindo. Não acredite nele.

— Eu conheço o sentimento, — eu disse, as palavras gotejando com a amargura que eu sentia.

Não dê ouvidos. Ele está mentindo. Não acredite nele.

— Aqui eu pensando que você estava sendo um idiota, mas realmente, você apenas não poderia empurrar a mão no seu pau rápido o suficiente? — eu lati. — Faz sentido total. Por favor, por todos os meios, continue, — eu disse sarcasticamente, descansando meu queixo no meu punho fechado e me inclinando em direção a ele para ouvir o resto de suas mentiras ridículas. A brisa soprando pegou meu cabelo sobre meus ombros. Bear alcançou sobre meu ombro e roçou o lado do meu pescoço com as costas de seus dedos. Eu tremi quando ele puxou meu cabelo para trás, arrastando as pontas dos dedos na minha pele enquanto ajustava meu cabelo nas minhas costas. — Você não pode me tocar. — eu fervi, tentando o meu melhor não demonstrar o desejo correndo por mim.

— Eu disse a mim mesmo que eu não posso ter você, mas eu não consigo me livrar de você. Por que você acha? — Bear perguntou, suas palavras um sussurro contra o meu pescoço nu. Seus dedos continuaram a dançar para a parte de trás dos meus braços, apesar do meu protesto.

Uma parte de mim queria virar e esmagar meus lábios nos dele.

Uma parte de mim queria afogá-lo na baía.

Eu estava perdida na sensação quando minha pele se arrepiou com a vida e um músculo dentro de mim apertou. Era uma guerra. Desejo vs Raiva.

A raiva estava perdendo, mas eu não estava pronta para desistir da luta tão facilmente.

Ou assim eu pensei. Eu abri minha boca para argumentar, mas de alguma forma o meu cérebro pensou nas palavras da minha boca e entregou a mensagem, mas eu não estava plenamente consciente do que eu estava dizendo.

A verdade.

— Você não pode me afastar, porque eu te amo, seu babaca, — eu disse. Arrependimento imediato e medo bateram em mim e eu considerei saltar para dentro na água para evitar ver a reação de Bear.

Suas coxas ficaram tensas ao meu redor.

Depois do que pareceu uma eternidade, ele finalmente falou e meu coração começou a quebrar de novo. — Não, você não pode me amar.

— Não? — perguntei, sentindo cada traço de raiva voltando com ferocidade, raiva correndo em direção ao meu pescoço, meu sangue queimando em minhas veias pulsantes. — Não? Você realmente é um idiota, então! Você não consegue me dizer isso. Novidade: eu te amei desde que eu te vi pela primeira vez quando eu era apenas uma criança e eu vou te amar até que eu tenha cem anos de idade e até mesmo depois deles me enterrarem no chão — me virei no assento e Bear mexeu sua perna para afastar os meus joelhos que estavam perigosamente perto de seu pau que eu não pude evitar, mas vi que já estava duro, pulsando. — Você não tem o direito de me dizer que não, o amor não é assim que funciona. A maneira que eu sinto por você é a única coisa na minha vida eu ainda tenho que é completamente minha, e acredite ou não, você não pode tirar isso de mim. — eu peguei os remos e tentei remar de volta à costa, mas Bear fechou as coxas em torno de mim para que eu não pudesse me virar. Ele agarrou os remos de mim e os jogou ao mar, um de cada vez, os lançando como pequenos dardos através da água.

— Que porra é essa!

— Nós não vamos ir a lugar algum, — Bear disse, olhando nos meus olhos. Onde havia irritação antes estava agora só confusão. Dor. Foi quando eu percebi isso.

Ele me disse que eu não poderia amá-lo, não porque ele não queria esse amor.

Mas porque ele não achava que ele era digno.

FODA-SE ISSO. Peguei seu rosto em minhas mãos e o puxei mais perto de mim. — Você entrou na minha vida quando eu não tinha mais nada. — eu disse a ele, colocando tudo o que tinha para fora para ele entendesse. Eu pensei que eu iria me sentir fraca em dizer a verdade, mas não me senti. De qualquer coisa eu me senti mais forte a cada nova confissão, encontrando força na verdade. — Você tem sido tudo para mim. — eu me inclinei para frente e dei um pequeno beijo suave no canto da sua boca, os lábios entreabertos e seu olhar caiu sobre os meus lábios quando eu me afastei. — Você apenas tem que se lembrar de como ser algo para si mesmo.

— Eu não posso, — disse Bear, tão baixinho que eu não tinha certeza se ele realmente falou. — Eu não posso, — repetiu ele. Seus ombros caíram e seu olhar caiu no chão do barco.

— Por quê? Me diga por quê? — perguntei, me levantando do meu assento. Bear estava agora no nível dos olhos com o meu peito.

— Eu estou perdido... — ele admitiu, e meu coração afundou.

— Então eu vou te ajudar a encontrar o seu caminho, — eu disse com nova determinação encontrada, esfregando os dedos sobre sua testa. Bear se inclinou para o meu toque e fechou os olhos, mas não durou muito tempo. De repente, ele se afastou.

— Não é tão fácil. Eu sou um motoqueiro sem clube. Eu sinto que eu não sou nada, porque eu não sei mais quem eu sou. — sua honestidade brutal deveria ter me feito pular de euforia, finalmente, quebrei a casca dura que era Bear, mas a felicidade nunca veio, porque o meu coração estava sofrendo por ele.

Doer rapidamente se transformou raiva.

— O que você quer? — perguntei. Isso saiu um pouco mais duro do que eu pretendia. Ele balançou a cabeça e permaneceu em silêncio. — Me responda, porra!

Seus olhos fixaram nos meus e eu vi o segundo em que ele colocou a parede de volta no lugar. — Eu quero o que todo homem quer, Ti. Uma garrafa de Jack e a porra do meu pau chupado. Você quer isso, baby? Pronta para envolver esses belos lábios de sua volta do meu pau? Ou devo trazer essa outra garota de volta para terminar o trabalho? Ou talvez você queira se juntar a nós? É o mínimo que você pode fazer para compensar a interrupção de antes. — os olhos de Bear brilharam com uma pitada de maldade, mas eu vi suas mentiras espreitando debaixo da superfície, sob a fachada que ele era tão bom em se agarrar quando ele não queria mostrar seus verdadeiros sentimentos.

Eu dei um tapa em seu rosto.

Duro.

Suas mãos cavaram duramente em meus quadris e ele me empurrou em direção a ele, o barco balançou violentamente. — Cuidado, — ele alertou.

— Você pode tentar me distrai, me deixando irritada, mas você não pode, não vai funcionar. Agora não. Então me diga Bear, — eu repeti a pergunta. — O quê. Você. Quer? — eu estava com raiva que o homem bonito na minha frente não podia ver o que eu via nele.

— O que eu quero não é importante, — disse Bear. Ele moveu as mãos em volta de parte inferior das minhas costas e me puxou para mais perto. — Eu não posso ter o que eu quero.

— Por que não?

— Porque o que eu quero não é possível, porra! — ele disse. — Me diga, Ti. Você vai trazer o meu amigo morto de volta? Porque Preppy morreu bem na frente dos meus olhos e eu não pude salvá-lo! Você vai me dar o meu clube? Eu quero que as coisas sejam do jeito que deveriam ser antes de tudo isso ir à merda. Você vai levar os pesadelos para longe? Aqueles onde eu revivo Eli e seus homens me torturando, empurrando um bastão quebrado na minha bunda e empurrando seus paus na minha boca? Porque eu quero tudo isso e mais do que qualquer coisa eu quero... — ele olhou para longe, mas eu não estava disposta a deixá-lo parar por aí. Eu trouxe seu olhar de volta para o meu e segurei lá.

— O que? O que mais você quer? — perguntei, suavemente desta vez. Quando ele não respondeu de imediato, eu estava receosa que eu já tinha perdido ele.

Depois de uma eternidade, ele finalmente falou e quando ele fez suas palavras bateram no meu peito. — Você. — ele finalmente admitiu, sua voz mais forte, mais assertiva do que apenas alguns segundos antes. — Eu tenho sido um homem arruinado por um longo tempo. Eu não posso arruinar você também.

— Você não vai me arruinar, — eu disse. — Você me salvou.

Eu nem sequer percebi o barco começar a tombar até que fosse tarde demais. Eu perdi meu controle sobre Bear e cai na água escura.

Os braços fortes de Bear me levantaram. — Se agarre ao lado, — disse ele, batendo na lateral do barco. Eu não poderia chegar ao chão, mas Bear poderia porque ele segurou o barco e levou em direção à costa nas proximidades. Eu estava tão envolvida com Bear que eu não tinha percebido o quão longe nós tínhamos flutuado. A casa de King e Ray parecia tão pequena do outro lado da baía. Luzes piscaram nas janelas. Parecia um milhão de milhas de distância, e não apenas alguns metros.

De repente eu estava no ar e em segundos eu estava de costas em uma pequena praia enlameada e Bear estava em cima de mim. Seus lábios esmagaram os meus até que eu não podia respirar, sua mão apalpando meu peito, seu pau duro e pronto entre as minhas pernas.

— Baby, eu sinto muito, — disse ele baixando a testa na minha em um raro momento de vulnerabilidade. Sua voz era áspera e instável. — Me ajude. Por favor. Eu não sei o que estou fazendo aqui.

— O que você está tentando fazer? — perguntei. Ele se levantou, apenas o suficiente para me olhar nos olhos.

— Eu estou tentando te amar.

Nós éramos duas almas torturadas. Ambos em mais maneiras do que uma pessoa deve experimentar.

Mas nós nos encontramos um no outro.

Precisávamos um do outro.

Então eu o ajudei.

Me sentei o suficiente para puxá-lo de volta para mim, as conchas na lama cavando minhas costas. A água da baía rodou sobre os meus pés descalços. Bear era um milhão de coisas diferentes, mas éramos semelhantes em muitos aspectos. Ele era apenas um garoto que não tinha ideia do que estava fazendo e eu era apenas uma menina que não tinha ideia do que fazer com todos os sentimentos que eu estavam pulando em torno dentro de mim.

Eu só sabia que eu o queria.

Que eu o amava.

— Me prometa que não importa o que, você não vai desistir de mim. Me prometa, Ti, — Bear disse, seus olhos brotando com água. Limpei o canto dos olhos com o polegar e ele se inclinou para o meu toque.

— Eu não vou desistir de você, — eu prometi e eu quis dizer isso.

Eu nunca iria desistir dele.

Nenhum de nós sabia o que o futuro reservava para nós. Tudo o que sabíamos é que tínhamos hoje. Ali, nós éramos apenas um garoto normal e uma garota normal tentando descobrir como amar um ao outro.

Hoje.

Amanhã nós descobríamos o resto.

Hoje, Bear puxou meu short e calcinha para o lado, afundou seu pau duro dentro de mim e me fodeu freneticamente até que eu não conseguia pensar em nada além dele, o orgasmo que rasgou através do meu corpo, as lágrimas que corriam pelo meu rosto e a exaltação do meu coração pareceu saber que o garoto estúpido que cometeu erros me amava.

E isso era bom o suficiente.

Por hoje.

Porque amanhã nunca veio.

 

 

 

Capítulo vinte e nove

Thia

Brear pressionou o barco de volta na água e usou um galho grosso para nos remar de volta para o outro lado da baía. — Eu realmente sinto muito, — Bear disse novamente quando estávamos do outro lado.

— Eu realmente amo você, — eu disse, e eu quis dizer isso.

— Você sabe que você é a única pessoa na minha vida que já me disse isso? — perguntou Bear.

— O que está acontecendo? — perguntei, notando uma comoção acontecendo no paredão, que Bear estava de costas enquanto ele remava.

— Eu não sei. Isto é tudo novo para mim também, — disse Bear, alheio ao que eu estava me referindo.

— Não, vire-se, — eu disse e Bear olhou para onde uma mulher vestindo um terninho todo branco estava no paredão. Seu cabelo escuro estava preso em um coque e seu batom vermelho era tão brilhante que eu poderia vê-lo mesmo nas luzes ofuscantes da doca. Ao lado dela estavam três policiais com suas armas levantadas, mirando no nosso barco.

Bear se virou e, logo que viu na direção onde estávamos indo, ele tentou virar sutilmente o barco, mas já era tarde demais, nós batemos na corrente e fomos empurrados rapidamente para o paredão. — Sinto muito, — disse a mulher, — Eu sei que isso não era suposto ser até amanhã, mas eu não poderia mantê-los fora. Tentei ligar para o seu celular.

— Bear, o que ela está falando? — perguntei. — O que está acontecendo?

— Porra! — Bear amaldiçoou, deixando cair o remo inútil na água.

— Cynthia Anne Andrews? — um dos policiais perguntou.

— Por que eles estão chamando meu nome? — perguntei à Bear que olhou para o chão do barco e depois de volta para mim.

— Não esqueça sua promessa, Ti. Não desista de mim, — ele disse quando o barco bateu no paredão. Um dos policiais me agarrou e eu gritei.

— Não toque nela! — ele advertiu, se levantando do barco. O oficial recuou, mas ergueu a arma novamente. — Ti, você tem que ir com eles.

— O quê? — perguntei. Meu coração batendo rapidamente contra o meu peito. Ray e King tinham saído da casa e estavam a vários metros atrás da mulher e os policiais assistindo a cena se desenrolar.

— Thia, eu sou Bethany, sua advogada, e ele está certo, você tem que vir comigo.

— Eu pensei que era apenas um encontro? Eu pensei que era amanhã? — eu perguntei quando a compreensão do que estava acontecendo se afundou.

— Sinto muito, — disse ela e eu acreditei nela. Bear se abaixou para me levar para o paredão e eu dei de ombros.

Eu estava indo para a prisão.

E Bear sabia.

É por isso que ele tentou me empurrar para longe. Ele sabia que eles estavam vindo para mim e queria cortar o que é que nós tivemos antes dele fazerem.

Antes de eu ter ido.

— Não, não me toque, — argumentei, mas Bear não deu ouvidos.

Ele me agarrou pela parte de trás das minhas pernas. — Se lembre da sua promessa, — ele sussurrou de novo, me içando em direção aos policiais aguardando. Bethany jogou a Bear a sua calça jeans e ele deu um passo para elas antes de subir para o paredão, o pequeno barco ondulando para longe dele e sem ser amarrado, ele foi rapidamente lançado para dentro dos mangues pela corrente.

Baixei a cabeça e estendi as mãos atrás das costas, à espera de ser algemada. Bethany veio ao meu lado e deu ao meu ombro um pequeno aperto reconfortante. Não funcionou.

— Você está presa pelo assassinato de Wayne e Trinity Andrews, qualquer coisa que você dizer... — um dos oficiais começou e quando eu olhei para cima, notei que suas atenções não estavam em mim. E nem as suas armas.

Eles estavam em Bear.

— Não! — eu gritei, correndo, mas Bethany me pegou pela camisa e me puxou de volta. Eles algemaram Bear e guardaram suas armas. Eles o empurraram para frente, através da grama até um dos carros patrulha aguardando que estavam estacionados junto à casa, as luzes pintando tudo em toques de azul e vermelho.

— King! — eu gritei, mas ele olhou para mim com um aviso de que era melhor eu manter a minha boca fechada. Eu soltei do aperto de Bethany e corri para frente. Bear pulou, se esquivando dos oficiais tempo suficiente para girar de volta para mim. Me lancei para ele, passando os braços em volta do pescoço e minhas pernas ao redor da cintura dele e eu o beijei furiosamente até que um dos policiais me afastou, nossos lábios a última da nossa ligação a ser cortada.

— Você não tem que fazer isso. Por favor. Por favor, não faça isso, — eu implorei a ele, ainda não compreendendo totalmente o que exatamente estava acontecendo. Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto os oficiais me tiravam de King, que desenrolou os braços em volta dos meus ombros. Ray veio para ficar ao meu lado, e Bethany ao lado dela.

Os oficiais vigorosamente empurraram Bear para frente, empurrando o lado de seu rosto contra o carro da polícia onde lhe deram um tapinha nas costas. Antes de jogá-lo na parte de trás do carro, ele olhou para mim.

— Eu te amo, — ele murmurou e com o eco da batida da porta fechando Bear para longe de mim, da minha vida, eu jurei que também ouvi o som do meu coração quebrar.


Capítulo trinta

BEAR

Eu dei socos no rosto de Corps até que era uma bagunça mutilada de pele e sangue e meu macacão laranja estava salpicado de vermelho.

Assim que eu soube que Corps estava na cidade, eu sabia que ele estaria vindo para mim. Pena que eles enviaram um fodido para fazer o trabalho de um homem.

Duas semanas que eu fiquei esperando e observando até que ele finalmente fez o seu movimento, mas eu estava pronto.

A julgar pelos destroços que costumavam ser seu rosto eu posso honestamente dizer que ele não estava.

— McAdams, você tem um visitante, — retrucou o guarda. Corps gemeu e eu dei um último soco ao lado de sua mandíbula, o nocauteando. Me levantei quando o guarda abriu minha cela.

— Eu vejo que a sua visita correu bem, — disse o guarda desinteressado, pegando seu telefone quando ele me levou ao visitante na área de espera. Ele era o idiota que o colocou lá, para começar, totalmente compreendendo que foi o que Corps planejava fazer.

— Sim. Ele era uma péssima companhia. Não fala muito. Geme e suspira demais. Eu acho que ele pode estar doente. Dor de cabeça, — eu brinquei enquanto o guarda olhou de seu telefone tempo suficiente para revirar os olhos e abrir a porta que separava o bloco de celas do corredor que levava para a área de visitação. — Minha advogada veio mais cedo. Quem está aqui? — perguntei.

— Alguma garota, — disse o guarda, abrindo outra porta. Eu parei.

— Me leve de volta, — eu disse. Eu disse a King para não deixar Ti vir. Por mais que eu queria vê-la, eu não queria que ela me visse aqui e sua vinda para uma visita não iria funcionar com a confissão que eu tinha assinado.

— Não é possível, você tem um visitante. Ela mostrou a identidade. Ela assinou. Você vai. Você tem cinco minutos, — disse o oficial, abrindo a pequena sala que parecia uma cafeteria. Eu fiz a varredura nas mesas, que estavam quase vazias. Só me levei segundos para perceber que Ti não estava entre os visitantes. Havia apenas uma mesa onde uma mulher solitária estava sentada à espera, olhando para as mãos.

— Ela? — perguntei ao guarda.

— Sim, — disse ele, fechando a porta atrás de mim.

Eu fiz meu caminho até ela e estava prestes a dizer que ela pediu para ver o prisioneiro errado, mas quando ela olhou para mim, todo o ar em meus pulmões saiu.

— Abel? — ela perguntou, olhando por trás da franja prata com listras marrons.

Minha cabeça girou e eu pisquei para me certificar de que o que eu estava vendo não era uma alucinação.

— Mamãe?


TREXO DE Soulless

Thia

Havia algemas em meus pulsos. Meus braços esticaram acima da minha cabeça em um tubo que corria pelo teto. Eu não conseguia mais me segurar e os meus músculos cederam com um POP quando minhas articulações dolorosamente deslocaram. Meu queixo caiu para meu peito. Uma ampla fita cobriu minha boca, envolvida em torno da parte de trás da minha cabeça, puxando meu cabelo cada vez que eu virava minha cabeça. Com uma narina entupida eu me senti tonta, mal capaz de obter oxigênio suficiente através da outra.

Minha visão desfocou enquanto tentava me concentrar no meu entorno. Cinza. Concreto. Um teto coberto com tubulações e fios. Nada nas paredes nuas. Uma gaiola de metal estava no canto mais distante. No centro da pequena sala estava uma lona azul. Perto da lona estava uma caixa de ferramentas vermelha com um conjunto de furadeira elétrica amarela no topo. Era tudo tão limpo.

Estéril.

Isso é quando o pânico apareceu e meus olhos se arregalaram quando a realização do plano de Gus para mim. Eu puxei as algemas acima da minha cabeça com uma nova força que eu não tinha segundos antes. Minhas pernas se agitaram ao redor inutilmente no ar enquanto eu lutava contra as minhas restrições.

A porta se abriu e Gus entrou. Quando eu o conheci pela primeira vez no parque, ele tinha protegido Bear e eu. Eu até achei ele fofo com aquelas bochechas gorduchas.

Não foi esse Gus que entrou. Este Gus olhou para mim, pendurada no teto, como se eu fosse um bife e ele era um leão com fome que não tinha comido em meses.

— Eu realmente gostaria que fosse eu que pudesse ter toda a diversão com você hoje, mas olha só, tenho que ligar para Bear. Eu tenho que deixá-lo saber que sua namorada foi raptada pelo MC. Eu tenho que continuar fazendo o papel de soldado leal, portanto, infelizmente para mim, eu tive que chamar um substituto. — ele andou até mim e eu me preparei para o que fosse que ele estava prestes a fazer. Meu coração correndo no meu peito.

A fita que está sendo puxada doía, mas saiu depressa e eu finalmente fui capaz de tomar respirações profundas. Engolindo em seco para o ar como se eu tivesse estado me afogando. — Por que fazer isso? — perguntei, depois de finalmente ser capaz de recuperar o fôlego. — Eu, Bear, o MC? Por quê?

— Eu não perguntei por quê. Eu faço o que me mandam. Perguntar por que não é o meu trabalho.

— Então, qual é o seu trabalho? Quem te contratou?

Gus cobriu minha boca com a mão e pressionou sua testa na minha. Meu estômago revirou. — Isso não importa. O que importa agora é o que está prestes a acontecer com você. Meu conselho? Renda-se a dor. Aproveite. O corpo humano é uma máquina fascinante e, embora eu não consiga fazer isso sozinho, eu vou assistir ao vídeo mais tarde e eu tenho certeza que assisti essa máquina desmoronar vai ser nada menos que espetacular. — ele soltou a minha boca e colocou a fita de volta no lugar. — Embora eu tenha certeza que Bear não vai gostar tanto como eu gosto. Ele não aprecia a beleza nisso como eu.

Ele mostrou a língua gorda e lambeu meu rosto do meu queixo para o meu olho e meu estômago revirou novamente.

Gus recuou e deu um último olhar de cobiça em mim. — Que pena. — antes que ele saísse, ele ajustou uma câmera ao lado da porta que eu não tinha notado. Uma luz vermelha apareceu. — Talvez eu vá ficar. Apenas para a primeira parte, — disse Gus, abrindo a porta. — Estamos prontos, — ele gritou e um homem loiro apareceu, fechando a porta atrás de si. Ele estava sem camisa, era alto e muscular, tatuagens cobriam seus braços e peito.

Havia uma chave de fenda em suas mãos que ele bateu na sua palma uma e outra vez enquanto ele me olhava decima e abaixo.

Gus era mal.

Esse cara, com sua clássica boa aparência, era o fodido diabo.

Seus olhos eram negros e brilhantes como um demônio em um filme e eu percebi que não havia como sair dessa. Meu destino tinha sido selado. Com cada passo que o diabo dava em minha direção, o medo que senti aumentou mais e mais até que eu esperava morrer de um ataque cardíaco antes que esse lunático pudesse dar cabo a quaisquer planos de doentes que ele tinha para mim.

O diabo colocou a chave de fenda encima da caixa de ferramentas e puxou seu cabelo na altura dos ombros em cima de sua cabeça com um elástico. Ele inclinou a cabeça de lado a lado, fazendo um estalo enjoativo. Ele fez o mesmo com os nós dos dedos.

Então ele veio para mim.

Enquanto Gus olhava para mim como se ele estivesse cobiçando meu sangue, o diabo loiro parecia natural. Em seu elemento.

Possuído.

Ele estendeu a mão e desabotoou uma das algemas, me pegando antes que eu caísse no chão de concreto. Meus braços ainda estavam levantados acima da minha cabeça quando eles se tornaram completamente inúteis e desconexos. — Nãooooooo! — tentei gritar por trás da fita, lágrimas correndo dos meus olhos. Ele me levou para a lona e me deitou em cima dela, amarrando meus tornozelos juntos com a fita.

— Você pode tirar a fita dela. Ela quer ter certeza de que seus gritos apareçam no vídeo, — disse Gus. — Comece com os dentes, eles são os mais dolorosos.

— Por que você ainda está aqui? — perguntou o diabo. Eu estava tremendo tanto que eu podia ouvir meu queixo chocalhar atrás da fita.

— Só queria ver o começo divertido.

— Eu não gosto de público, — disse ele com firmeza.

— Vamos lá cara, apenas um dente, então eu vou embora.

— Faça você então, — disse o diabo, de pé quando ele atirou a Gus a chave de fenda. O rosto de Gus se iluminou e ele praticamente correu para mim, se agachando pela caixa de ferramentas e levantando uma engenhoca de metal.

— Apenas um. E então eu tenho que ir, — disse Gus, rasgando a fita da minha boca. Ele pressionou o céu da minha boca para me forçar a obedecer.

Não era a primeira vez que ele fez isso.

O diabo loiro deu um passo atrás e olhou para nós com um olhar irritado em seu rosto. Ele estava chateado que Gus estava tomando seu trabalho longe dele. — Eu tenho merda para fazer, então se apresse.

— Eu adoraria tomar meu tempo, pequena. Mas isso vai ter que servir. — ele empurrou a chave na minha boca e apertou em um dos meus molares. Ele não arrancou rapidamente, ele começou a puxar devagar, construindo a dor, fazendo cada nervo queimar, prolongando a dor quando ele puxou mais duro e mais duro até que eu senti como se toda a minha mandíbula estivesse sendo arrancada do meu crânio. Eu gritei tão alto que meu peito doeu. Cobre quente inundou minha boca.

Gus se sentou, o peito arfando para cima e para baixo. Meu molar ensanguentado entre as pinças de sua chave. — Isso foi fantástico, porra.

— Ótimo. Agora dê o fora ou eu vou embora.

— Tudo bem, — disse Gus, se levantando e colocando a chave na lona. — Apenas se certifique de que ela grite, ela foi inflexível sobre isso. — o diabo acenou com a cabeça e se ajoelhou ao meu lado novamente, escolhendo através da caixa de ferramentas. Eu comecei a engasgar enquanto o sangue escorria pela minha garganta. Ele empurrou minha cabeça para o lado para que o sangue pudesse correr para fora da minha boca, à barra extensora na minha boca dolorosamente rasgando a carne.

Como alguém tão bonito poderia ser tão mal? Eu refleti para mim mesma. E então me lembrei de algo que Bear tinha dito.

Ele se parece com a luz do sol. Cabelo loiro e olhos azuis. O tipo que você veria na TV como qualquer adolescente nos dias de hoje. Mas esse garoto tem o diabo nele. Só dá valor à vida da sua esposa, Abby, e agora ao seu filho. Jake é a única pessoa no mundo que me assusta pra caralho. Você sabe, além de você.

Era a minha única chance. — Jake, — eu disse. Mas eu estava cansada, muito cansada, e com a barra extensora na minha boca soou como. — Gggggggech.

Ele me ignorou e continuou vasculhando sua caixa de ferramentas e é aí que eu percebi que tudo estava acabado.

Eu ia morrer.

Eu te amo, Bear.

 

 

                                                   T.M. Frazier         

 

 

 

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