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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


O LIVRO PERDIDO DE ENKI / Zecharia Sitchin
O LIVRO PERDIDO DE ENKI / Zecharia Sitchin

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

 

Faz 445.000 anos que astronautas de outro planeta chegaram à Terra em busca de ouro.

Depois de amerissar em um dos mares da Terra, desembarcaram e fundaram Eridú, “Lar na Lonjura”. Com o tempo, o assentamento inicial se estendeu até converter-se na flamejante Missão Terra, com um Centro de Controle de Missões, um espaçoporto, operações mineiras e, inclusive, uma estação orbital em Marte.

Escassos de mão de obra, os astronautas utilizaram a engenharia genética para dar forma aos Trabalhadores Primitivos - o Homo sapiens. Mais tarde, o Dilúvio varreu a Terra em uma imensa catástrofe que fez necessário um novo começo; os astronautas se converteram em deuses e lhe concederam a civilização à Humanidade, transmitindo-lhe através do culto.

Depois, faz uns quatro mil anos, todo o conseguido se desmoronou em uma catástrofe nuclear provocada pelos visitantes no transcurso de suas próprias rivalidades e guerras.

Todo o ocorrido na Terra, e especialmente os acontecimentos acontecidos do início da história do ser humano, recolheu-o Zecharia Sitchin em sua série de Crônicas da Terra, à partir da Bíblia, de tabuletas de argila, de mitos da Antigüidade e de descobrimentos arqueológicos. Mas, o que ocorreu antes dos acontecimentos na Terra, o que ocorreu no próprio planeta dos astronautas, Nibiru, que lhes levou às viagens espaciais, a sua necessidade de ouro e à criação do Homem?

 

 

 

 

Que emoções, rivalidades, crenças, morais (ou ausência destas) motivaram aos principais protagonistas nas sagas celestes e espaciais? Quais foram as relações que levaram a uma escalada da tensão no Nibiru e na Terra, que tensões surgiram entre velhos e jovens, entre os que haviam chegado de Nibiru e os nascidos na Terra? E até que ponto o acontecido vinha determinado pelo Destino? Um destino cujo registro de acontecimentos do passado guarda a chave do futuro?

Não seria prometedor que um dos principais protagonistas, uma testemunha presencial que podia distinguir entre Sorte ou Fado e Destino, registrasse para a posteridade o como, o onde, o quando e o porquê de tudo, os Princípios e os Finais?

Pois isso é, precisamente, o que alguns deles fizeram; e entre os principais destes esteve o líder que comandou o primeiro grupo de astronautas!

Tanto peritos como teólogos reconhecem na atualidade que os relatos bíblicos da Criação, de Adão e Eva, do Jardim do Éden, do Dilúvio ou da Torre de Babel se apoiaram em textos escritos milênios antes na Mesopotâmia, em especial escritos pelos sumérios. E estes, por sua vez, afirmavam com toda claridade que obtiveram seus conhecimentos a respeito do acontecido no passado (muitos deles de uma época anterior ao começo das civilizações, inclusive anterior ao nascimento da Humanidade) dos escritos dos Anunnaki (“Aqueles Que do Céu à Terra Vieram”), os “deuses” da Antigüidade.

Como resultado de um século e meio de descobrimentos arqueológicos nas ruínas das civilizações da Antigüidade, especialmente no Oriente Próximo, descobriu-se um grande número destes primitivos textos; os achados revelaram um grande número de textos desaparecidos - chamando-os de livros perdidos - que, ou se mencionavam nos textos descobertos, ou se inferiam à partir deles, ou era conhecida sua existência devido ao fato que tinham sido catalogados nas bibliotecas reais ou dos templos.

Em algumas ocasiões, os “segredos dos deuses” se revelaram em parte em relatos épicos, como na Epopéia de Gilgamesh, que desvelam o debate que teve lugar entre os deuses e que levou à decisão de que a Humanidade perecesse no Dilúvio, ou em um texto intitulado Atra Hasis, que recorda o motim dos Anunnaki que trabalhavam nas minas de ouro e que levou à criação dos Trabalhadores Primitivos - os Terrestres. De quando em quando, os mesmos líderes dos astronautas foram os que criaram as composições; às vezes, ditando o texto à um escriba, como no intitulado A Epopéia de Ra, no qual um dos dois deuses que desencadearam a catástrofe nuclear tentou culpar a seu adversário; às vezes, escrevendo os fatos, como ocorre com o Livro dos Segredos do Thot (o deus egípcio do conhecimento), que o mesmo deus tinha oculto em uma câmara subterrânea.

Segundo a Bíblia, quando o Senhor Deus Yahveh deu os Mandamentos a seu povo eleito, inscreveu-os em um princípio por sua própria mão em duas pranchas de pedra que entregou ao Moisés no Monte Sinai. Mas, depois que Moisés arrojou e rompeu estas pranchas como resposta ao incidente do bezerro de ouro, as novas pranchas as inscreveu o mesmo Moisés, por ambos os lados, enquanto permaneceu no monte durante quarenta dias e quarenta noites, tomando o ditado às palavras do Senhor.

Se não tivesse sido por um relato escrito em um papiro da época do faraó egípcio Khufu (Keops) concernente ao Livro dos Segredos do Thot, não se teria chegado a conhecer a existência desse livro. Se não tivesse sido pelas narrações bíblicas do Êxodo e do Deuteronômio, nunca teríamos sabido nada das pranchas divinas nem de seu conteúdo; tudo isto se teria convertido em parte da enigmática coleção dos "livros perdidos” cuja existência nunca teria saído à luz. E não resulta tão doloroso o fato de que, em alguns casos, saibamos que tenham existido determinados textos, que seu conteúdo permaneça na escuridão. Este é o caso do Livro das Guerras do Yahveh e do Livro do Jasher (o “Livro do Justo”), que mencionam-se especificamente na Bíblia. Em ao menos dois casos, pode-se inferir a existência de livros antigos (textos primitivos conhecidos pelo narrador bíblico). O capítulo 5 da Gênese começa com a afirmação “Este é o livro do Toledoth do Adão”, traduzindo-se normalmente o termo Toledoth como “gerações”, mas seu significado mais preciso é “registro histórico ou genealógico”. De fato, ao longo de milênios, sobreviveram versões parciais de um livro que se conheceu como o Livro do Adão e Eva em armênio, eslavo, siríaco e etíope; e o Livro de Henoc (um dos chamados livros apócrifos que não se incluíram na Bíblia canônica) contém fragmentos que, segundo os peritos, pertenceram a um livro muito mais antigo, o Livro de Noé.

Um exemplo que se menciona com freqüência sobre o grande número de livros perdidos é o da famosa Biblioteca da Alexandria, no Egito. Fundada pelo general Ptolomeu depois da morte de Alexandre em 323 a.C. diz-se que continha mais de meio milhão de “volumes”, de livros inscritos em diversos materiais (argila, pedra, papiro, pergaminho). Aquela grande biblioteca, onde os eruditos se reuniam para estudar o conhecimento acumulado, queimou-se e foi destruída nas guerras que se desenvolveram entre 48 a.C. e a conquista árabe, em 642 D.C. O que ficou de seus tesouros é uma tradução do grego dos cinco primeiros livros da Bíblia hebréia, e fragmentos que se conservaram nos escritos de alguns dos eruditos residentes da biblioteca.

E é assim como sabemos que o segundo rei Ptolomeu comissionou, por volta de 270 a.C. à um sacerdote egípcio que os gregos chamaram Maneton para que recolhesse a história e a pré-história do Egito. Em princípio, escreveu Maneton, só os deuses reinaram ali; logo, os semideuses e, finalmente, por volta do 3100 a.C. começaram as dinastias faraônicas. Escreveu que os reinados divinos começaram dez mil anos antes do Dilúvio e que se prolongaram durante milhares de anos, presenciando-se no último período batalha e guerras entre os deuses.

Nos domínios asiáticos de Alexandre, onde o cetro caiu em mãos do general Seleucos e de seus sucessores, também teve lugar um empenho similar por proporcionar aos sábios gregos um registro dos acontecimentos do passado. Um sacerdote do deus babilônico Marduk, Beroso, com acesso às bibliotecas de tabuletas de argila, cujo centro era a biblioteca do templo de Jarán (agora no sudeste da Turquia), escreveu uma história de deuses e homens em três volumes que começava em 432.000 anos antes do Dilúvio, quando os deuses chegaram à Terra dos céus. Em uma lista em que figuravam os nomes e a duração dos reinados dos dez primeiros comandantes, Beroso dizia que o primeiro líder, vestido como um peixe, chegou à costa desde mar. Era o que lhe daria a civilização à Humanidade, e seu nome, passado para o grego, era Oannes.

Encaixando muitos detalhes, ambos os sacerdotes fizeram entrega de relatos de deuses do céu que haviam vindo à Terra, de um tempo em que só os deuses reinavam na Terra e do catastrófico Dilúvio. Nas partes e nos fragmentos conservados (em outros escritos contemporâneos) dos três volumes, Beroso dava conta especificamente da existência de escritos anteriores à Grande Inundação - tabuletas de pedra que se ocultaram para as proteger em uma antiga cidade chamada Sippar, uma das cidades originais que fundaram os antigos deuses.

Embora Sippar fosse arrasada pelo Dilúvio, igual ao resto das cidades antediluvianas dos deuses, apareceu uma referência aos escritos antediluvianos nos anais do rei assírio Assurbanipal (668- 633 a.C.). Quando, em meados do século XIX, os arqueólogos descobriram a antiga capital do Nínive (até então, conhecida só pelo Antigo Testamento), acharam nas ruínas do palácio de Assurbanipal uma biblioteca com os restos ao redor de 25.000 tabuletas de argila inscritas. Colecionador assíduo de “textos antigos”, Assurbanipal fazia alarde em seus anais: “O deus dos escribas me concedeu o dom do conhecimento de sua arte; fui iniciado nos segredos da escritura; inclusive posso ler as intrincadas tabuletas em sumério; entendo as palavras enigmáticas cinzeladas na pedra dos dias anteriores à Inundação”.

Sabemos agora que a civilização suméria floresceu no que é agora o Iraque quase um milênio antes dos inícios da época faraônica no Egito, e que ambas seriam seguidas posteriormente pela civilização do Vale do Indo, no subcontinente Índico.Também sabemos agora que os sumérios foram os primeiros em plasmar, por escrito, os anais e os relatos de deuses e homens, dos quais todos outros povos, incluídos os hebreus, obtiveram os relatos da Criação, de Adão e Eva, Cain e Abel, o Dilúvio e a Torre de Babel; e das guerras e os amores dos deuses, como se refletiram nas escritas e as lembranças dos gregos, os hititas, os cananeus, os persas e os indo-europeus. Como testemunham todos estes antigos escritos, suas fontes foram ainda mais antigas; algumas descobertas, muitas perdidas.

O volume destes primitivos escritos é assombroso; não milhares, a não ser dezenas de milhares de tabuletas de argila descobertas nas ruínas do Oriente Próximo da Antigüidade. Muitas tratam ou registram aspectos da vida cotidiana, como acordos comerciais ou salários dos trabalhadores, ou registros matrimoniais.

Outros, descobertos principalmente nas bibliotecas palacianas, conformam os Anais Reais; outros mais, descobertos nas ruínas das bibliotecas dos templos ou nas escolas de escribas, conformam um grupo de textos canônicos, de literaturas sagradas, que se escreveram em língua suméria e se traduziram depois ao acádio (a primeira língua semita) e, mais tarde, a outras línguas da Antigüidade. E, inclusive, nestes escritos primitivos, que se remontam a quase seis mil anos, encontramos referências a “livros” (textos inscritos em tabuletas de pedra) perdidos.

Entre os achados incríveis (pois, dizer “afortunados” não transmitiria plenamente a idéia de milagre) realizados nas ruínas das cidades da Antigüidade e em suas bibliotecas, encontram-se uns prismas de argila onde aparece informação dos dez soberanos antediluvianos e de seus 432.000 anos de reinado, uma informação a que já aludia Beroso. Conhecidas como as Listas dos Reis dos Suma (e exibidas no Museu Ashmolean de Oxford, Inglaterra), suas distintas versões não deixam lugar a dúvida de que os compiladores sumérios tiveram acesso a certo material comum ou canônico de textos primitivos. Junto com outros textos, igualmente antiqüíssimos, descobertos em diversos estados de conservação, estes textos sugerem rotundamente que o cronista original da Chegada, assim como dos acontecimentos que a precederam e a seguiram, tinha sido um daqueles líderes, um participante -chave, uma testemunha presencial.

Essa testemunha presencial dos acontecimentos e participante-chave era o líder que havia amerissado com o primeiro grupo de astronautas. Naquele momento, seu nome-epíteto era E.A., “Aquele Cujo Lar É Água”, e sofreu a amarga decepção de que o mando da Missão Terra desse a seu meio-irmão e rival EN.LIL (“Senhor do Mandato”), uma humilhação que não ficaria suficientemente mitigada com a concessão do título de EN.KI, “Senhor da Terra”. Relegado das cidades dos deuses e de seu espaçoporto no E.DIN (“Éden”) para fiscalizar a extração de ouro no AB.ZU (África sudoriental), Ea/Enki foi, além de um grande cientista, que descobriu os hominídios que habitavam aquelas zonas. E, deste modo, quando se amotinaram e disseram “Já basta!” os Anunnaki que trabalhavam nas minas, foi ele quem pensou que a mão de obra que necessitavam se podia conseguir adiantando-se a evolução por meio da engenharia genética; e assim apareceu o Adam (literalmente, “o da Terra”, o Terrestre). Como híbrido que era, o Adão não podia procriar; mas os acontecimentos dos que se ecoa o relato bíblico do Adão e Eva no Jardim do Éden dão conta da segunda manipulação genética de Enki, que acrescentou os gens cromosômicos extras necessários para a procriação. E quando a Humanidade, ao proliferar, resultou não adequar-se ao que tinham previsto os deuses, foi ele, Enki, que desobedeceu ao plano de seu irmão Enlil de deixar que a Humanidade perecesse no Dilúvio, uns acontecimentos que o herói humano recebeu o nome de Noé na Bíblia, e Ziusudra no texto sumério original, mais antigo.

Ea/Enki era o primogênito de Anu, soberano de Nibiru, e como tal estava versado no passado de seu planeta (Nibiru) e de seus habitantes. Cientista competente, Enki legou os aspectos mais importantes dos avançados conhecimentos dos Anunnaki a seus dois filhos, Marduk e Ningishzidda (que, como deuses egípcios, eram conhecidos ali como Ra e Thot, respectivamente). Mas também jogou um papel fundamental ao compartilhar com a Humanidade certos aspectos de tão avançados conhecimentos, ensinando a indivíduos selecionados os “segredos dos deuses”. Em ao menos duas ocasiões, estes iniciados plasmaram por escrito (tal como se os indicou que fizessem) àqueles ensinos divinos como legado da Humanidade. Um deles, chamado Adapa, e provavelmente filho de Enki com uma fêmea humana, é conhecido por ter escrito um livro intitulado Escritos referentes ao Tempo - um dos livros perdidos mais antigos. O outro, chamado Enmeduranki, foi com toda probabilidade o protótipo do Henoc bíblico, aquele que foi elevado ao céu depois de confiar a seus filhos o livro dos segredos divinos, e do qual possivelmente tenha sobrevivido uma versão no extra-bíblico Livro de Henoc.

Apesar de ser o primogênito de Anu, Enki não estava destinado a ser o sucessor de seu pai no trono de Nibiru. Algumas complexas normas sucessórias, reflexo da convulsa história dos nibiruanos, dava esse privilégio ao meio-irmão de Enki, Enlil. Em um esforço por resolver este azedo conflito, Enki e Enlil terminaram em uma missão em um planeta estranho - a Terra-, cujo ouro necessitavam para criar um escudo que preservasse a, cada vez mais, tênue atmosfera de Nibiru. Foi neste marco, complicado ainda mais com a presença na Terra de sua meio-irmã Ninharsag (a oficial médica-chefe dos Anunnaki), onde Enki decidiu desafiar os planos de Enlil em fazer com que a Humanidade perecesse no Dilúvio.

O conflito seguiu adiante entre os meio-irmãos, e inclusive entre seus netos; e o fato de que todos eles, e especialmente os nascidos na Terra, enfrentassem-se à perda de longevidade que o amplo período orbital de Nibiru lhes proporcionava, incrementou ainda mais as angústias pessoais e aguçou as ambições. E tudo isto culminou no último século do terceiro milênio a.C. quando Marduk, primogênito de Enki, com sua esposa oficial proclamou que ele, e não o primogênito de Enlil, Ninurta, devia herdar a Terra. O amargo conflito, que supôs o desenvolvimento de uma série de guerras levou, afinal, à utilização de armas nucleares; embora não intencionado, o resultado de tudo isso foi o afundamento da civilização suméria.

A iniciação de indivíduos escolhidos nos “segredos dos deuses” marcou o início do Sacerdócio, as linhagens de mediadores entre os deuses e o povo, os transmissores da Palavra Divina aos mortais terrestres. Os oráculos (interpretações dos pronunciamentos divinos) mesclaram-se com a observação dos céus em busca de augúrios. E à medida que a Humanidade se viu arrastada a tomar parte nos conflitos dos deuses, a Profecia começou a jogar seu papel. De fato, a palavra para designar a estes porta-vozes dos deuses que proclamavam o que ia passar, Nabih, era o epíteto do filho primogênito de Marduk, Nabu, que em nome de seu pai exilado, tentou convencer à Humanidade de que os signos celestes indicavam a iminente supremacia de Marduk.

Este estado de coisas levou a necessidade de diferenciar entre Sorte e Destino. As promulgações de Enlil, e às vezes inclusive de Anu, que sempre tinham sido indisputáveis, viam-se sujeitas agora ao exame da diferença entre o NAM (o Destino, como as órbitas planetárias, cujo curso está determinado e não se pode trocar) e NAM.TAR, literalmente, o destino que pode ser torcido, quebrado, trocado (que era a Sorte ou o Fado). Revisando e rememorando a seqüência dos acontecimentos, e o paralelismo aparente entre o que tinha acontecido no Nibiru e o que tinha ocorrido na Terra, Enki e Enlil começaram a ponderar filosoficamente o que, certamente, estava destinado e não se podia evitar, e o fado que vinha como conseqüência de decisões acertadas ou equivocadas e do livre arbítrio. Estas não se podiam predizer, enquanto que as primeiras se podiam antecipar (especialmente, se eram cíclicas, como as órbitas planetárias; se o que foi voltaria a ser, se o Primeiro também seria o Último).

As conseqüências climáticas da desolação nuclear aguçaram o exame de consciência entre os líderes dos Anunnaki e levaram à necessidade de explicar às devastadas massas humanas por que tinha ocorrido aquilo. Tinha sido coisa do destino, ou tinha sido o resultado de um engano dos Anunnaki? Havia algum responsável, alguém que tivesse que prestar contas?

Nas reuniões dos Anunnaki nas vésperas da calamidade, foi Enki o único que se opôs à utilização das armas proibidas. Desde aí a importância que teve para Enki explicar aos sobreviventes o que tinha acontecido na saga dos extraterrestres que, apesar de suas boas intenções, tinham terminado sendo tão destruidores. E quem, a não ser Ea/Enki, que tinha sido o primeiro a chegar e presenciar tudo, era o mais qualificado para relatar o Passado, com o fim de poder adivinhar o Futuro? E a melhor forma de relatar tudo era em um relatório, escrito em primeira pessoa pelo mesmo Enki.

É certo que fez uma autobiografia, por isso se deduz de um comprido texto (pois se estende ao menos em doze tabuletas) descoberto na biblioteca de Nippur, onde se cita a Enki dizendo:

 

Quando cheguei à Terra, havia muito alagado.

Quando cheguei a suas verdes pradarias, montículos e colinas se levantaram às minhas ordens.

Em um lugar puro construí meu lar, um nome adequado lhe dava.

 

Este comprido texto continua dizendo que Ea/Enki atribuiu tarefas a seus lugar-tenentes, pondo em sua marcha a Missão na Terra.

Outros muitos textos, que relatam diversos aspectos do papel de Enki nos acontecimentos que seguiram servem para completar o relato de Enki; entre eles há uma cosmogonia, uma Epopéia da Criação, em cujo núcleo se acha o próprio texto de Enki, que os peritos chamam A Gênese do Eridú. Neles, incluem-se descrições detalhadas do desenho de Adão, e contam como outros Anunnaki, varão e fêmea, chegaram até Enki em sua cidade de Eridú para obter dele o ME, uma espécie de disco de dados onde se achavam codificados todos os aspectos da civilização; e também há textos da vida privada e dos problemas pessoais de Enki, como o relato de suas intenções para conseguir ter um filho com sua meio-irmã Ninharsag, suas promíscuas relações tanto com deusas como com as Filhas do Homem e as imprevistas conseqüências que se derivaram de tudo isso. O texto do Atra Hasis joga luz sobre os esforços de Anu por acautelar um estado das rivalidades Enki-Enlil ao dividir os domínios da Terra entre eles; e os textos que registram os acontecimentos que precederam ao Dilúvio refletem quase palavra por palavra os debates do Conselho dos Deuses sobre a sorte da Humanidade e o subterfúgio de Enki conhecido como o relato de Noé e a arca, relato conhecido só pela Bíblia, até que se encontrou uma de suas versões originais mesopotâmicas nas tabuletas da Epopéia de Gilgamesh.

As tabuletas de argila sumérias e acádias, as bibliotecas dos templos babilônicos e assírios, os “mitos” egípcios, hititas e cananeus, e as narrações bíblicas formam o corpo principal de memórias escritas dos assuntos de deuses e homens. E pela primeira vez na história, este material disperso e fragmentado foi reunido e utilizado, da mão de Zecharia Sitchin, para recriar o relato presencial de Enki, as lembranças autobiográficos e as penetrantes profecias de um deus extraterrestre.

Apresentado como um texto que tivesse ditado Enki a um escriba escolhido, um Livro Testamonial, para ser descoberto no momento apropriado, traz para a mente as instruções de Yahveh ao profeta Isaías (século VII a.C):

 

Agora vêem, escreve-o em uma tabuleta selada, grava-o como um livro; para que seja um testemunho até o último dia, um testemunho para sempre.

Isaías 30,8 

 

Ao tratar do passado, o mesmo Enki percebeu o futuro. A idéia de que os Anunnaki, exercitando o livre arbítrio, eram senhores de sua sorte (assim como da sorte da Humanidade) desembocou, em última instância, na constatação de que se tratava de um Destino que, depois de todo o dito e feito, determinava o curso dos acontecimentos; e, portanto, como reconheceram os profetas hebreus, o Primeiro será o Último.

O registro dos acontecimentos ditado por Enki se converte, assim, no fundamento da Profecia, e o Passado se converte em Futuro.

 

Palavras de Endubsar, escriba mestre, filho da cidade de Eridú, servo do senhor Enki, o grande deus.

No sétimo ano depois da Grande Calamidade, no segundo mês, no décimo sétimo dia, fui chamado por meu Mestre o Senhor Enki, o grande deus, benévolo criador da Humanidade, onipotente e misericordioso.

Eu estava entre os sobreviventes de Eridú que tinham escapado à árida estepe quando o Vento Maligno estava se aproximando da cidade.

E vaguei pelo deserto, procurando ramos secos para fazer fogo. E olhei para cima e eis que um Torvelinho chegou do sul. Tinha um resplendor avermelhado, e não fazia som algum. E quando tocou o chão, saíram de seu ventre quatro largos pés e o resplendor desapareceu. E me joguei no chão e me prostrei, pois sabia que era uma visão divina.

E quando levantei meus olhos, havia dois emissários divinos perto de mim.

E tinham rostos de homens, e suas roupas brilhavam como metal brunido. E me chamaram por meu nome e me falaram, dizendo: foste chamado pelo grande deus, o senhor Enki. Não tema, pois foste puro. E estamos aqui para te levar ao alto, e te levar até seu retiro na Terra do Magan, na ilha no meio do Rio de Magan, onde estão as comportas.

E enquanto falavam, o Torvelinho se elevou como um carro de fogo e se foi. E me tiraram das mãos, cada um deles de uma mão. E me elevaram e me levaram velozmente entre a Terra e os céus, igual a uma águia. E pude ver a terra e as águas, e as planícies e as montanhas. E me deixaram na ilha, ante a porta da morada do grande deus. E no momento em que me soltaram das mãos, um resplendor como nunca tinha visto me envolveu e me afligiu, e caí ao chão como se tivesse ficado vazio do espírito de vida.

Meus sentidos vitais voltaram para mim, como se despertasse do mais profundo dos sonhos, quando escutei o som de uma voz me chamando. Estava em uma espécie de recinto. Estava escuro, mas também havia uma aura. Então, a mais profunda das vozes pronunciou meu nome outra vez.

E, embora pudesse escutá-la, não saberia dizer de onde vinha a voz, nem pude ver quem estava falando. E respondi, aqui estou.

Então, a voz me disse: Endubsar, descendente de Adapa, escolhi-te para que seja meu escriba, para que ponha por escrito minhas palavras nas tabuletas.

E de repente apareceu um resplendor em uma parte do recinto. E vi um lugar disposto como o lugar de trabalho de um escriba: uma mesa de escriba e um tamborete de escriba, e havia pedras finamente lavradas sobre a mesa. Mas não vi tabuletas de argila nem recipientes de argila úmida. E sobre a mesa só havia um estilete, e este reluzia no resplendor como não o tivesse podido fazer nenhum estilete de cano.

E a voz voltou a falar, dizendo: Endubsar, filho da cidade de Eridú, meu fiel servo. Sou seu senhor Enki. Lhe convoquei para que escrevas minhas palavras, pois estou muito turbado pela Grande Calamidade que desceu sobre a Humanidade. É meu desejo registrar o verdadeiro curso dos acontecimentos, para que tanto deuses como homens saibam que minhas mãos estão podas. Do Grande Dilúvio, não tinha descido uma calamidade tal sobre a Terra, os deuses e os terrestres. Mas o Grande Dilúvio estava destinado a acontecer, mas não a grande calamidade. Esta, faz sete anos, não tinha que ter ocorrido. podia-se ter evitado, e eu, Enki, fiz tudo o que pude para impedi-la; mas, ai!, fracassei. E foi sorte ou foi destino? O futuro julgará, pois ao final dos dias um Dia do Julgamento haverá. Nesse dia, a Terra tremerá e os rios trocarão seu curso, e haverá escuridão ao meio-dia e um fogo nos céus de noite, será o dia da volta do deus celestial. E haverá quem sobreviva e quem pereça, quem é recompensado e quem é castigado, deuses e homens por igual, nesse dia tirará o chapéu; pois o que deva acontecer, por isso aconteceu, será determinado; e o que estava destinado, em um ciclo será repetido, e o que foi fruto da sorte e ocorreu só pela vontade do coração, para o bem ou para o mal deverá ser julgado.

A voz caiu no silêncio; depois, o grande senhor falou de novo, dizendo: É por esta razão que contarei o relato veraz dos Princípios e dos Tempos Prévios e dos Tempos de Antigamente; pois, no passado, o futuro se acha oculto. Durante quarenta dias e quarenta noites, eu falarei e você escreverá; quarenta será a conta dos dias e as noites de seu trabalho aqui, pois quarenta é meu número sagrado entre os deuses.

Durante quarenta dias e quarenta noites, não comerá nem beberá; só esta onça de pão e água tomará, e lhe manterá durante todo seu trabalho.

E a voz se deteve, e de repente apareceu um resplendor em outra parte do recinto. E vi uma mesa e, sobre ela, um prato e uma taça. E me levaram para ir ali, e havia pão no prato e água na taça.

E a voz do grande senhor Enki falou de novo, dizendo: Endubsar, come o pão e bebe a água, e lhe manterá durante quarenta dias e quarenta noites. E fiz como me indicou. E depois, a voz me indicou que me sentasse ante a mesa de escriba, e o resplendor se intensificou ali. Não pude ver nenhuma porta nem abertura onde me encontrava, entretanto o resplendor era tão forte como o do sol do meio-dia.

E a voz disse: Endubsar o escriba, o que vê?

E olhei e vi o resplendor que iluminava a mesa, as pedras e o estilete, e também: Vejo umas tabuletas de pedra, e seu tom é de um azul tão puro como o céu. E vejo um estilete como nunca antes tinha visto, seu corpo não parece de cano, e sua ponta tem a forma de uma garra de águia.

E a voz disse: São estas as tabuletas sobre as quais inscreverá minhas palavras. Por rápido meu desejo, hão-se esculpido do mais fino lápis lázuli, cada uma delas com duas caras lisas. E o estilete que vê é a obra de um deus, o corpo é feito de elétron e a ponta de cristal divino. Adaptará-se firmemente à sua mão, e te será tão fácil gravar com ele como marcar sobre argila úmida. Em duas colunas inscreverá a face frontal, em duas colunas inscreverá o dorso de cada tabuleta de pedra. Não te desvie de minhas palavras e minhas declarações!

E houve uma pausa, e eu toquei uma das pedras, e senti sua superfície como uma pele Lisa, suave ao tato. E tomei o estilete sagrado, e o senti como uma pluma em minha mão.

E, depois, o grande deus Enki começou a falar, e eu comecei a escrever suas palavras, exatamente como as dizia. Às vezes, sua voz era forte; às vezes, quase um sussurro. Às vezes, havia gozo ou orgulho em sua voz; às vezes, dor ou angústia. E quando uma tabuleta ficava inscrita em todas as suas faces, tomava outra para continuar.

E quando foram ditas as últimas palavras, o grande deus se deteve, e pude escutar um grande suspiro. E disse:

Endubsar, meu servo, durante quarenta dias e quarenta noites tem escrito fielmente minhas palavras. Seu trabalho aqui terminou. Agora, toma outra tabuleta, e nela escreverá seu próprio atestado; e ao final dela, como testemunha, marca-a com seu selo; e toma a tabuleta e ponha junto com as outras no cofre divino; pois, no momento designado, escolhidos virão até aqui e encontrarão o cofre e as tabuletas, e saberão tudo o que eu ditei a ti; e que o relato veraz dos Princípios, os Tempos Prévios, os Tempos de Antigamente e a Grande Calamidade será conhecida no sucessivo como As Palavras do Senhor Enki. E haverá um Livro de Testemunhos do passado, e um Livro de previsões do futuro, pois o futuro no passado se acha, e o primeiro também será o último.

E houve uma pausa, e tomei as tabuletas e as pus uma a uma na ordem correta dentro do cofre. E o cofre era feito de madeira de acácia com incrustações de ouro no exterior.

E a voz de meu senhor disse: Agora, fecha a tampa do cofre e fixa o fechamento. E fiz como me indicou.

E houve outra pausa, e meu senhor Enki disse: E quanto a ti, Endubsar, com um grande deus falaste e, embora não me viu, em minha presença estiveste, portanto, está puro, e será meu porta-voz ante o povo.

Admoestará para que eles sejam justos, pois nisso se baseia uma boa e larga vida. E os confortará, pois no prazo de setenta anos se reconstruirão as cidades e as colheitas voltarão a crescer. Haverá paz, mas também haverá guerras. Novas nações se farão poderosas, reinos se elevarão e cairão. Os deuses de antigamente se apartarão, e novos deuses decretarão as sortes. Mas ao final dos dias prevalecerá o destino, e esse futuro se prediz em minhas palavras sobre o passado. De tudo isso, Endubsar, às pessoas falará.

E houve uma pausa e um silêncio. E eu, Endubsar, prostrei-me no chão e disse: Mas, como saberei o que dizer?

E a voz do senhor Enki disse: Haverá sinais nos céus, e as palavras que tenha que pronunciar virão a ti em sonhos e em visões. E, depois de ti, haverá outros profetas escolhidos. E ao final, haverá uma Nova Terra e um Novo Céu, e já não haverá mais necessidade de profetas.

E, então, fez-se o silêncio, e as auras se extinguiram, e o espírito me deixou. E quando recuperei os sentidos, estava nos campos dos arredores de Eridú.

 

Sinopse da Primeira Tabuleta

  1. Selo de Endubsar, escriba mestre. 
  2. Sinopse da Primeira Tabuleta. 
  3. Lamentação sobre a desolação do Sumer. 
  4. Como fugiram os deuses de suas cidades à medida que se estendia a nuvem nuclear. 
  5. As discussões no conselho dos deuses. 
  6. A fatídica decisão de liberar as Armas de Terror. 
  7. A origem dos deuses e as armas terríveis de Nibiru. 
  8. As guerras norte-sul de Nibiru, unificação e normas dinásticas. 
  9. Localização de Nibiru no sistema solar. 
  10. A evanescente atmosfera provoca mudanças climáticas. 
  11. Os esforços por obter ouro para evitar a debilitação da atmosfera. 
  12. Alalu, um usurpador, utiliza armas nucleares para agitar os gases vulcânicos. 
  13. Anu, herdeiro dinástico, depõe Alalu. 
  14. Alalu rouba uma espaçonave e escapa de Nibiru. 
  15. Representações de Nibiru como planeta radiante. 

 

A PRIMEIRA TABULETA

Palavras do senhor Enki, primogênito de Anu, que reina em Nibiru.

Pesando no espírito, profiro os lamentos; lamentos amargos que enchem meu coração. Quão desolada está a terra, as pessoas entregues ao Vento Maligno, seus estábulos abandonados, seus redis vazios. Quão desoladas estão as cidades, as pessoas amontoadas como cadáveres hirtos, afligidas pelo Vento Maligno. Quão desolados estão os campos, murcha a vegetação, alcançada pelo Vento Maligno. Quão desolados estão os rios, já nada vive neles, águas puras e cintilantes convertidas em veneno. Das pessoas de negra cabeça, Sumer está vazia, foi-se toda vida; de suas vacas e suas ovelhas, Sumer está vazia, calado ficou o murmúrio do leite batido. Em suas gloriosas cidades, só ulula o vento; a morte é o único aroma. Os templos, cujas cúspides alcançavam o céu, por seus deuses foram abandonados. Não há domínio de senhorio nem de realeza; cetro e tiara desapareceram. Nas ribeiras dos dois grandes rios, em outro tempo exuberantes e cheios de vida, só crescem as más ervas. Ninguém percorre seus meio-fios, ninguém busca os caminhos; a florescente Sumer é como um deserto abandonado. Quão desolada está a terra, lar de deuses e homens! Nessa terra caiu a calamidade, uma calamidade desconhecida para o homem. Uma calamidade que a Humanidade nunca antes tinha visto, uma calamidade que não se pode deter. Em todas as terras, do oeste até o este, pousou-se uma mão de quebra e de terror. Os deuses, em suas cidades, estavam tão indefesos como os homens!

Um Vento Maligno, uma tormenta nascida em uma distante planície, uma Grande Calamidade forjada em seu atalho.

Um vento portador de morte nascido no oeste se encaminhou para o este, estabelecido seu curso pela sorte.

Uma devoradora tormenta como o dilúvio, de vento e não de água destruidora, de ar envenenado, não de ondas, entristecedora. Pela sorte, que não pelo destino, engendrou-se; os grandes deuses, em seu conselho, a Grande Calamidade provocaram. Enlil e Ninharsag o permitiram; só eu estive suplicando para que se contivessem. Dia e noite, por aceitar o que os céus decretam, argumentei, mas em vão! Ninurta, o filho guerreiro de Enlil, e Nergal, meu próprio filho, liberaram as venenosas armas na grande planície.

Não sabíamos que um Vento Maligno seguiria ao resplendor!, choram eles agora em sua angústia. Quem podia predizer que a tormenta portadora de morte, nascida no oeste, tomaria seu curso para o este?, lamentam-se os deuses agora. Em suas cidades sagradas, permaneceram os deuses, sem acreditar que o Vento Maligno tomaria sua rota para o Sumer. Um após o outro, os deuses fugiram de suas cidades, seus templos abandonaram ao vento. Em minha cidade, Eridú, não pude fazer nada por deter a nuvem venenosa. Fujam a campo aberto!, dava instruções às pessoas; com Ninki, minha esposa, a cidade abandonei. Em sua cidade, Nippur, lugar do Enlace Céu-Terra, Enlil não pôde fazer nada para detê-lo. O Vento Maligno se equilibrou sobre o Nippur. Em sua nave celestial, Enlil e sua esposa partiram apressadamente. No Ur, a cidade da realeza do Sumer, Nannar a seu pai Enlil implorou ajuda; no lugar do templo que ao céu em sete degraus se eleva, Nannar se negou a considerar a mão da sorte. Meu pai, você que me engendrou, grande deus que a Ur concedeu a realeza, não deixe entrar o Vento Maligno!, apelou Nannar. Grande deus que decreta as sortes, deixa que Ur e seus habitantes se livrem, seus louvores prosseguirão!, apelou Nannar. Enlil respondeu a seu filho Nannar: Nobre filho, à sua admirável cidade concedi a realeza, mas não lhe concedi reinado eterno. Toma a sua esposa Ningal e foge da cidade! Nem sequer eu, que decreto as sortes, posso impedir seu destino! Assim falou Enlil, meu irmão; ai, ai, que não era destino! O dilúvio não tinha causado uma calamidade maior sobre deuses e terrestres; ai, que não era destino! O Grande Dilúvio estava destinado a acontecer; mas não a Grande Calamidade da tormenta portadora de morte. Por romper uma promessa, por uma decisão do conselho foi provocada; pelas Armas de Terror foi criada. Por uma decisão, que não pelo destino, liberaram-se as armas venenosas; por deliberação se jogaram as sortes. Contra Marduk, meu primogênito, dirigiram a destruição os dois filhos; havia vingança em seus corações. Não tem que tomar Marduk o poder!, gritou o primogênito de Enlil. Com as armas oporei a ele, disse Ninurta. De entre o povo levantou um exército, para declarar a Babilônia umbigo da Terra!, assim gritou Nergal, irmão de Marduk. No conselho dos grandes deuses, palavras malévolas se difundiram. Dia e noite levantei minha voz opositora; a paz aconselhei, deplorando as pressas. Pela segunda vez, o povo tinha elevado sua imagem celeste; por que opor-se a que continue?, perguntei implorando. Comprovaram-se todos os instrumentos? Não tinha chegado a era de Marduk nos céus?, inquiri uma vez mais. Ningishzidda, meu filho, outros signos do céu citou. Seu coração, eu sabia, não podia perdoar a injustiça de Marduk contra ele.

Nannar, de Enlil na Terra nascido, também foi implacável. Marduk, de meu templo na cidade do norte, sua própria morada tem feito! Assim disse. Ishkur, o filho mais jovem de Enlil, exigiu um castigo; em minhas terras, fez prostituir-se ao povo ante ele!, disse. Utu, filho de Nannar, contra o filho de Marduk, Nabu, dirigiu sua ira: Tentou tomar o Lugar dos Carros Celestiais! Inanna, gêmea de Utu, estava fora de si; seguia exigindo o castigo de Marduk pelo assassinato de seu amado Dumuzi. Ninharsag, mãe de deuses e homens, desviou a olhar. Por que não está Marduk aqui? Disse simplesmente. Gibil, meu próprio filho, replicou pessimista: Marduk tem desprezado a todos os rogos; pelos sinais do céu reclama sua supremacia!

Só pelas armas será detido Marduk!, gritou Ninurta, primogênito de Enlil. Utu estava preocupado pela segurança do Lugar dos Carros Celestiais; não deve cair em mãos de Marduk! Assim disse. Nergal, senhor dos Domínios Inferiores, exigia ferozmente: Que se utilizem as antigas Armas de Terror para arrasar!

A meu próprio filho olhei sem poder acreditar nisso: Para irmão contra irmão as armas de terror se abjuraram!

Em lugar do comum acordo, houve silêncio. No silêncio, Enlil abriu a boca: Deve haver um castigo; como pássaros sem asas ficarão os malfeitores. Marduk e Nabu, de nosso patrimônio nos estão privando; há que lhes privar do Lugar dos Carros Celestiais! Que se calcine o lugar até o esquecimento!, gritou Ninurta: me deixem ser O Que Calcina! Excitado, Nergal ficou em pé e gritou: Que as cidades dos malfeitores também sejam destruídas, me deixem arrasar as cidades pecadoras, deixem que a partir de hoje meu nome seja o Aniquilador! Os terrestres, por nós criados, não devem ser danificados; os justos com os pecadores não devem perecer, exclamou energicamente. Ninharsag, a companheira que me ajudou a criá-los, estava de acordo: A questão somente tem que se resolver entre os deuses, o povo não deve ser prejudicado. Anu, da morada celestial, estava prestando atenção às discussões. Anu, que determina as sortes, sua voz fez escutar desde sua morada celestial: Que as Armas de Terror sejam por esta vez usadas, que o lugar das naves propulsadas seja arrasado, que ao povo lhe perdoe. Que Ninurta seja o Calcinador, que Nergal seja o Aniquilador! E assim Enlil a decisão anunciou. À eles um segredo dos deuses revelarei; o lugar oculto das armas de terror lhes desvelarei. Os dois filhos, um meu, um dele, em sua câmara interior Enlil convocou.

Nergal, quando voltou junto a mim, desviou o olhar. Ai!, gritei sem palavras, o irmão se revoltou contra o irmão! Acaso por sorte têm que repeti-los Tempos Prévios? Um segredo dos Tempos de Antigamente os revelou Enlil a eles, as Armas de Terror a suas mãos confiou! Enfeitadas de terror, com um resplendor se desataram; tudo o que tocam, em um montão de pó o convertem. Para irmão contra irmão na Terra foram abjuradas, nenhuma região afetar. Então, o juramento se violou, como uma vasilha rota em inúteis partes. Os dois filhos, plenos de gozo, com passos rápidos da câmara de Enlil emergiram, para a partida das armas. Os outros deuses voltaram para suas cidades; sem pressagiar nenhum deles sua própria calamidade!

 

Eis aqui o relato dos Tempos Prévios, e das Armas de Terror. Antes dos Tempos Prévios foi o Princípio; depois dos Tempos Prévios foram os Tempos de Antigamente. Nos Tempos de Antigamente, os deuses chegaram à Terra e criaram os terrestres. Nos Tempos Prévios, nenhum dos deuses estavam na Terra, nem se tinha feito ainda os terrestres. Nos Tempos Prévios, a morada dos deuses estava em seu próprio planeta; Nibiru é seu nome. Um grande planeta, avermelhado em resplendor; ao redor do Sol, uma volta alargada faz Nibiru. Durante um tempo, Nibiru está envolto no frio; durante parte de seu percurso, o Sol fortemente o esquenta.

Uma grossa atmosfera envolve a Nibiru, alimentada continuamente com erupções vulcânicas. Todo tipo de vida esta atmosfera mantém; sem ela, tudo pereceria! No período frio, conserva no planeta o calor interno de Nibiru, como um quente casaco que se renova constantemente. No período quente, protege a Nibiru dos abrasadores raios do Sol. Em sua metade, as chuvas agüentam e liberam, dando altura a lagos e rios.

Uma exuberante vegetação alimenta e protege nossa atmosfera; faz brotar todo tipo de vida nas águas e na terra. Depois de eones de tempo, brotou nossa própria espécie, por nossa própria essência uma semente eterna para procriar. À medida que nosso número crescia, nossos ancestrais se estenderam a muitas regiões de Nibiru. Alguns cultivaram a terra, as criaturas de quatro patas apascentavam.

Uns viviam nas montanhas, outros fizeram seus lares nos vales. Houve rivalidades, tiveram lugar usurpações; houve conflitos, e os paus se converteram em armas. Os clãs se reuniram em tribos, e logo duas grandes nações se enfrentaram entre si. A nação do norte contra a nação do sul tomou as armas.

O que sustentava a mão para lançar projéteis se permutou; armas de estrondo e resplendor incrementaram o terror. Uma guerra, larga e feroz, devorou o planeta; irmão lutou contra irmão. Houve morte e destruição, tanto no norte como no sul. Durante muitas órbitas, a desolação reinou nas terras; toda vida foi dizimada. Depois, declarou-se uma trégua; e mais tarde se fez a paz. Que as nações se unam, disseram os emissários entre si: que haja um trono em Nibiru, um rei que reine sobre todos. Que haja um líder do norte ou do sul eleito a sortes, um rei supremo tem que ser. Se fosse do norte, que o sul escolha a uma mulher para que seja sua esposa, em igualdade como reina, para reinarem juntos. Se por sortes fora eleito um homem do sul, que uma mulher do norte seja sua esposa. Que sejam marido e mulher, para fazer uma só carne.

Que seu filho primogênito seja o sucessor; que uma dinastia unificada seja assim formada, para estabelecer a unidade em Nibiru para sempre! Em meio às ruínas se iniciou a paz. Norte e sul por matrimônio se uniram.

O trono real em uma carne combinada, uma sucessão não interrompida de realeza estabelecida! O primeiro rei depois da paz foi feito, um guerreiro do norte foi um poderoso comandante. Por sortes, veraz e justo, foi ele eleito; foram aceitos seus decretos na unidade. Para morada dela, construiu uma esplêndida cidade; Agadé, que significa Unidade, foi seu nome. Para seu reinado, um título real foi concedido; An foi, o Celestial foi seu significado. Com braço forte, restabeleceu a ordem nas terras; decretou leis e regulamentos.

Designou governadores para cada terra; a restauração e o cultivo foi sua principal tarefa. Dele, nos anais reais, assim se registrou: An unificou as terras, a paz em Nibiru restaurou. Construiu uma nova cidade, os canais reparou, proveu alimento para o povo; houve abundância nas terras. Por esposa dele, o sul escolheu uma donzela, dotada tanto para o amor como para a luta. An.Tu foi seu título real; “A Líder Que É Esposa de An”, significava engenhosamente o nome dado. Deu a An três filhos e nenhuma filha. Ao primogênito pôs o nome de An.Ki; Pelo An um Sólido Fundamento era seu significado.

Só no trono, esteve ele sentado; uma esposa a escolher foi duas vezes proposta. Em seu reinado, as concubinas foram ao palácio; um filho não lhe nasceu. A dinastia assim iniciada se interrompeu com a morte de Anki; no fundamento, nenhum descendente seguiu. O filho médio, não o primogênito, Herdeiro Legal foi renomado.

Desde sua juventude, um dos três irmãos, Ib foi chamado amorosamente por sua mãe. Que Está em Médio significava seu nome. Nos anais reais, An.Ib é renomado: Em realeza celestial; durante gerações, “Que É Filho de An” significou seu nome. Aconteceu a seu pai An no trono; em suma, foi o terceiro a reinar. A filha de seu irmão pequeno escolheu por esposa. Nin.Ib foi chamada, “a Dama do Ib”.

Ninib deu um filho a Anib; o sucessor do trono foi, o quarto da conta dos reis. Pelo nome real de An.Shar.Gal desejou que lhe conhecesse; Príncipe de An “Que É o Maior dos Príncipes” era o significado. Sua esposa, uma meio-irmã, Ki.Shar.Gal foi chamada igualmente. O conhecimento e a compreensão foi sua principal ambição; estudou assiduamente os caminhos dos céus. Estudou a grande volta de Nibiru, sua longitude fixou em um Shar. Como um ano de Nibiru era a medida, por ele os reinados reais seriam numerados e registrados. Dividiu o Shar em dez partes, desse modo declarou duas festividades. Nas proximidades do Sol celebrou-se uma festividade do calor. Quando Nibiru fazia sua morada na distância, se decretou a festividade do frio. Substituindo a todas as festividades de antigamente de tribos e nações para unificar o povo, se estabeleceram as duas. Leis de marido e mulher, de filhos e filhas, estabeleceu por decreto; proclamou os costumes das primeiras tribos para todo o país. Nas guerras, as mulheres superavam em grande número aos homens. Decretos fez, um homem tem que ter mais de uma mulher por conhecer. Por lei, uma mulher tem que ser escolhida como esposa oficial, Primeira Esposa tem que ser chamada. Por lei, o filho primogênito era o sucessor de seu pai. Por estas leis, não demorou para chegar a confusão; se o filho primogênito não era nascido da Primeira Esposa. E depois nascia um filho da Primeira Esposa, convertendo-se por lei em Herdeiro Legal. Quem será o sucessor: aquele que pela conta do Shars nasceu primeiro? Aquele nascido da Primeira Esposa? O filho Primogênito? O Herdeiro Legal? Quem herdará? Quem acontecerá? No reinado do Anshargal, Kishargal foi declarada Primeira Esposa. Meia-irmã do rei era. No reinado de Anshargal, levaram-se concubinas de novo ao palácio. Das concubinas, nasceram-lhe filhos e filhas ao rei. Um filho de uma foi o primeiro em nascer; o filho de uma concubina foi o Primogênito. Depois, Kishargal teve um filho. Herdeiro Legal por lei era; mas Primogênito não era. No palácio, Kishargal levantou a voz, irada gritou:

Se pelas normas meu filho, de uma Primeira Esposa nascido, vê-se privado da sucessão, que o dobro da semente não se esqueça! Embora de diferentes mães, de um mesmo pai o rei e eu somos descendentes. Eu sou a meio-irmã do rei; de mim, o rei é meio-irmão. Por isso, meu filho possui o dobro de semente de nosso pai Anib! Que, na sucessão, a Lei da Semente, a Lei do Desposório prevaleça! Que, na sucessão, o filho de uma meio-irmã, quando queira que nasça, por cima de todos outros filhos alcance a sucessão!

Anshargal, considerando-o, concedeu-lhe seu favor à Lei da Semente: A confusão de esposa e concubinas, de matrimônio e divórcio, evitaria-se com ela. Em seu conselho, os conselheiros reais adotaram a Lei da Semente para a sucessão. Por ordem do rei, os escribas anotaram o decreto. Assim foi proclamado o próximo rei pela Lei da Semente para a sucessão. Foi-lhe concedido o nome real An.Shar. Foi o quinto no trono.

 

Vem agora o relato do reinado de Anshar e dos reis que lhe seguiram. Quando se trocou a lei, os outros príncipes se enfrentaram. Houve palavras, não houve rebelião. Como esposa, Anshar escolheu a uma meia-irmã. Fez a sua Primeira Esposa; lhe chamou com o nome de Ki.Shar. Assim foi, por esta lei, que a dinastia continuou.

No reinado de Anshar, os campos reduziram suas colheitas, frutos e cereais perderam abundância. De tempos em tempos, na cercania do Sol, o calor foi crescendo em força; nas moradas longínquas, o frio se fez mais intenso. No Agadé, a cidade do trono, o rei reuniu em assembléia àqueles de grande entendimento. À sábios eruditos, gente de grande conhecimento, lhes ordenou investigar. A terra examinaram, lagos e rios puseram a prova. Ocorreu antes, deu alguém uma resposta: Nibiru, no passado, mais fria e mais cálida foi; Destino é isto, na volta de Nibiru enraizado! Outros de conhecimento, observando a órbita, não consideraram culpado o destino de Nibiru. Na atmosfera, fez-se uma brecha; esse foi seu achado.

Os vulcões, ferreiros da atmosfera, lançavam ao céu menos erupções! O ar de Nibiru se havia feito mais tênue, o escudo protetor tinha diminuído! No reinado de Anshar e Kishar, fizeram aparição as pragas do campo; não as podia vencer com trabalho. O filho de ambos, En.Shar, ascendeu depois ao trono; da dinastia, era o sexto. “Nobre Professor do Shar” significava seu nome. Com grande entendimento nasceu, dominou muitos conhecimentos com muita erudição. Procurou caminhos para dominar as aflições; da órbita celeste de Nibiru, fez muito estudo. Pesquisava cinco membros da família do Sol, planetas de deslumbrante beleza. Procurando remédios para as aflições, fez examinar suas atmosferas. A cada um lhe deu um nome, a antepassados ancestrais honrou; considerou-os como casais celestes An e Antu, os planetas gêmeos, chamou os dois primeiros que foram encontrados. Além da órbita de Nibiru, estavam Anshar e Kishar, por seu tamanho os maiores. Como um mensageiro, Gaga entre os outros corria, às vezes o primeiro em encontrar Nibiru. Cinco em total eram os que recebiam a Nibiru no céu, enquanto circundava ao Sol.

Mais à frente, como uma fronteira, o Bracelete Esculpido circundava ao Sol; como um guardião da região proibida do céu, com escombros protegia. Outros filhos do Sol, quatro em número, defendiam da intrusão do bracelete.

As atmosferas dos cinco primeiros ficaram a estudar Enshar. Em sua volta repetida examinaram-se atentamente os cinco. Que atmosferas possuíam, examinaram-se intensamente por observação e com carros celestiais. Os achados foram surpreendentes, os descobrimentos confusos. De volta em volta, a atmosfera de Nibiru mais brechas sofria. Nos conselhos dos eruditos, os remédios se debatiam com avidez; consideraram-se formas de enfaixar a ferida urgentemente. tentou-se um novo escudo que envolvesse o planeta; tudo o que se lançou para cima, caiu de volta ao chão.

Nos conselhos dos eruditos, estudaram-se as erupções dos vulcões. A atmosfera, criou-se pelas erupções vulcânicas; sua ferida tinha tido lugar pela diminuição de erupções. Que com invenções se potencializem novas erupções, que os vulcões cuspam de novo!, estava dizendo um grupo de sábios. Como alcançar a façanha, com que ferramentas conseguir mais erupções, ninguém podia dar conta ao rei. No reinado do Enshar, fez-se maior a brecha nos céus. As chuvas se negavam, os ventos sopravam mais forte; os mananciais das profundidades não emergiam. Nas terras, havia uma maldição; os peitos das mães se secaram. No palácio, havia aflição; havia uma maldição ali dentro. Como Primeira Esposa, Enshar desposou a uma meio-irmã, seguindo-se à Lei da Semente. Nin.Shar foi chamada, dos Shars a Dama. Um filho não teve. Por uma concubina, ao Enshar nasceu um filho; foi o filho Primogênito. Pelo Ninshar, Primeira Esposa e meio-irmã, não chegou um filho. Pela Lei de Sucessão, o filho da concubina subiu ao trono; foi o sétimo em reinar. Du.Uru foi seu nome real; “No Lugar de Morada Forjado” era seu significado; de fato, foi concebido na Casa das Concubinas, não no palácio. Como esposa uma donzela amada desde sua juventude escolheu Duuru; por amor, não por semente, selecionou uma Primeira Esposa. Da.Uru foi seu nome real; “A Que Está a Meu Lado” era o significado. Na corte real a confusão corria desenfreada. Os filhos não eram herdeiros, as algemas não eram meio-irmãs. Na terra ia crescendo o sofrimento. Os campos esqueceram sua abundância, e entre o povo diminuiu a fertilidade. No palácio, a fertilidade estava ausente; não tinham tido nem filho nem filha. Da semente de An, sete foram os soberanos; depois, de sua semente se secou o trono. Dauru encontrou a um menino na porta do palácio; como a um filho o abraçou. Ao final, Duuru como a um filho o adotou, nomeou-o Herdeiro Legal; Lahma, que significa “Secura”, foi o nome que lhe deu. No palácio, os príncipes protestavam; no Conselho, havia queixa. Ao final, Lahma subiu ao trono. Embora não era da semente de An, foi o oitavo em reinar. Nos conselhos dos eruditos, deram-se duas sugestões para sanar a brecha: alguém sugeriu o uso de um metal, ouro era seu nome.

Em Nibiru, era muito raro; dentro do Bracelete Esculpido era abundante. Era a única substância que se podia moer até o pó mais fino; elevado até o céu, podia ficar suspenso. Assim, com reaprovisionamentos, a brecha se sanaria, haveria um melhor amparo. Que se construam naves celestiais, que uma frota celestial traga o ouro a Nibiru!

Que se utilizem as Armas de Terror!, foi a outra sugestão; armas que sacudam e afrouxem o chão, que gretem as montanhas; Atacar com projéteis os vulcões, sua letargia remover, estimular suas erupções, recarregar a atmosfera, fazer desaparecer a brecha! Lahma era fraco para tomar uma decisão; não sabia que opção tomar.

Nibiru completou uma volta, dois Shars seguiu contando Nibiru. Nos campos, a aflição não retrocedia. A atmosfera não se reparava com as erupções vulcânicas. Passou um terceiro Shar, um quarto se contou. Não se obtinha ouro. Os conflitos abundavam no reino; a comida e a água escasseavam. A unidade se perdeu no reino; as acusações eram abundantes. Na corte real, os sábios foram e vinham; os conselheiros corriam acima e abaixo. Ao rei não prestavam atenção às suas palavras. Só procurava conselho em sua esposa; Lahama era seu nome. Se fosse o destino, supliquemos ao Grande Criador de Tudo, ao rei, disse ela. Suplicar, não atuar, é a única esperança! Na corte real, os príncipes estavam inquietos; dirigiam acusações ao rei: De forma estúpida e absurda, está trazendo calamidades ainda maiores em vez de paz! Dos antigos depósitos, se recuperaram as armas; havia muito que falar de rebelião. Um príncipe, no palácio real, foi o primeiro em tomar as armas. Com palavras de promessa, agitou aos outros príncipes; Alalu era seu nome. Que Lahma já não seja mais o rei!, gritou. Que a decisão substitua à vacilação! Venham, vamos desalentar ao rei em sua morada; façamos que abandone o trono! Os príncipes fizeram caso às suas palavras; as portas do palácio abriram com violência; à sala do trono, sua entrada proibida, como águas em avalanche chegaram. O rei escapou à torre do palácio; Alalu foi em sua perseguição. Na torre houve luta; Lahma caiu morto. Lahma já não está!, gritou Alalu. Já não está o rei, anunciou com alvoroço. À sala do trono se dirigiu apressadamente Alalu, no trono ele mesmo se sentou. Sem direito nem conselho, ele mesmo se proclamou rei. perdeu-se a unidade no reino; uns se alegraram pela morte da Lahma, outros se entristeceram pelo que tinha feito Alalu. Vem agora o relato do reinado de Alalu e da ida à Terra. Perdeu-se a unidade no reino; muitos se sentiam ofendidos sobre a realeza. No palácio, os príncipes estavam agitados; no conselho, os conselheiros estavam turvados. De pai a filho, a sucessão de An prosseguiu no trono; inclusive Lahma, o oitavo, tinha sido declarado filho por adoção. Quem era Alalu? Acaso era um Herdeiro Legal, era o Primogênito? Com que direito tinha usurpado o trono? Não era o assassino do rei? Ante os Sete Que Julgam, foi convocado Alalu para considerar sua sorte. Ante os Sete Que Julgam, Alalu expôs suas pretensões: Ainda sem ser Herdeiro Legal nem filho Primogênito, de semente real sim que era! Do Anshargal descendo, ante os juízes reclamou. De uma concubina, meu antepassado nasceu; Alam era seu nome. Por conta do Shars, Alam foi o primogênito; lhe pertencia o trono. Por uma confabulação, deixou de lado seus direitos! A Lei da Semente de um nada se inventou, para que seu filho obtivesse a realeza. À Alam lhe privou da realeza; e ao filho dela, em seu lugar, foi concedida. Por descendência, sou o continuador das gerações de Alam; a semente do Anshargal está dentro de mim! Os Sete Que Julgam tiveram em conta as palavras de Alalu. Ao Conselho de Conselheiros passaram o assunto, para que dirimissem sua veracidade ou falsidade. trouxeram-se os anais reais da Casa de Registros; com muita atenção, leram-se.

An e Antu, o primeiro casal real estavam; três filhos e nenhuma filha lhes nasceram. O Primogênito foi Anki; ele morreu no trono; não teve descendência. Em seu lugar, o filho médio subiu ao trono; Anib foi seu nome. Anshargal foi seu Primogênito; ao trono ascendeu. depois dele, no trono, não continuou a realeza do Primogênito; A Lei de Sucessão se substituiu pela Lei da Semente. O filho de uma concubina era o Primogênito; pela Lei da Semente, lhe privava da realeza. Assim lhe concedeu a realeza ao filho de Kishargal; sendo a razão ser meio-irmã do rei. Do filho da concubina, do Primogênito, os anais não faziam menção. Dele sou descendente!, gritou Alalu aos conselheiros. Pela Lei de Sucessão, pertencia à realeza; pela Lei de Sucessão, à realeza tenho agora direito! Com vacilações, os conselheiros do Alalu exigiram um juramento de verdade. Alalu prestou o juramento; como rei lhe considerou o conselho. Convocaram aos anciões, convocaram aos príncipes; ante eles, pronunciaram a decisão. De entre os príncipes, um jovem príncipe se adiantou; queria dizer algo a respeito da realeza. deveria-se reconsiderar a sucessão, disse à assembléia. Embora nem Primogênito, nem filho da rainha, de pura semente descendo: A essência do An se preservou em mim, sem diluir-se em concubina! Os conselheiros escutaram suas palavras com surpresa; ao jovem príncipe lhe disseram que se aproximasse. Perguntaram-lhe seu nome. É Anu; por meu antepassado An fui assim renomado! Perguntaram-lhe por suas gerações; dos três filhos do An, recordou-lhes: Anki foi o Primogênito, sem filho nem filha morreu; Anib foi o médio, no lugar do Anki subiu ao trono; Anib tomou por casamento à filha de seu irmão menor; a partir deles, registra-se nos anais a sucessão. Quem foi o irmão pequeno, filho do An e do Antu, da semente mais pura? Os conselheiros, admirados, olhavam-se entre si. Enuru era seu nome!, anunciou-lhes Anu: Ele foi meu grande antepassado! Sua esposa, Ninuru, era uma meio-irmã; o filho dela foi o primogênito; Enama foi seu nome. A esposa deste era uma meio-irmã, pelas leis de semente e sucessão, um filho lhe deu. De descendentes puros continuaram as gerações, por lei e por semente perfeitas! Anu, por nosso antepassado An, puseram-me meus pais; Do trono se nos apartou; da semente pura do An não nos apartou! Que Anu seja rei!, gritaram muitos conselheiros. Que se destitua ao Alalu! Outros aconselharam cautela: Evitemos conflitos, que prevaleça a unidade! Chamaram o Alalu, para lhe contar o que foi descoberto. Ao príncipe Anu, Alalu lhe ofereceu seu braço em abraço; ao Anu disse assim: Embora de diferente descendência, de um único antepassado descendemos ambos; vivamos em paz, juntos devolveremos a abundância a Nibiru! Me deixe conservar o trono, conserva você a sucessão! Ao conselho dirigiu estas palavras: Que Anu seja Príncipe Coroado, que ele seja meu sucessor! Que seu filho se case com minha filha, que unifique-se a sucessão! Anu fez uma reverência ante o conselho, ante a assembléia declarou assim: De Alalu, o copeiro serei, seu sucessor à espera; meu filho a sua filha escolherá como noiva. Essa foi a decisão do conselho; inscreveu-se nos anais reais. Desta maneira, Alalu seguiu sentado no trono. Ele convocou aos sábios, a eruditos e comandantes consultou; para decidir, obteve muitos conhecimentos. Que se construam naves celestiais, decidiu, para procurar ouro no Bracelete Esculpido, decidiu. Os Braceletes Esculpidos destruíram as naves; nenhuma delas voltou. Que as Armas de Terror abram as vísceras de Nibiru, que os vulcões voltem para a erupção!, ordenou então. Armaram-se carros celestes com as Armas de Terror, com projéteis de terror golpearam aos vulcões dos céus. As montanhas se balançaram, os vales se estremeceram, enquanto grandes resplendores estalavam com estrondo. Havia muito alvoroço no reino; havia expectativas de abundância. No palácio, Anu era o copeiro do Alalu. Ele se prostraria aos pés do Alalu, poria-lhe a taça na mão. Alalu era o rei; a Anu tratava como a um servo. No reino, o alvoroço se apagou; as chuvas se negavam a cair, os ventos sopravam com mais força. As erupções dos vulcões não aumentavam, não sanava a brecha na atmosfera. Nibiru seguia percorrendo suas voltas nos céus; de volta em volta, o calor e o frio se faziam mais difíceis de suportar. O povo de Nibiru deixou de venerar a seu rei; em vez de alívio, havia trazido miséria! Alalu seguia sentado no trono. O forte e sábio Anu, o primeiro entre os príncipes estava de pé ante ele. Prostraria-se ante os pés do Alalu, poria-lhe a taça na mão. Durante nove períodos contados, Alalu foi rei em Nibiru. No nono Shar, Anu apresentou batalha a Alalu. Desafiou a Alalu à um combate mão à mão, com os corpos nus. Que o vencedor seja rei, disse Anu. Lutaram entre si na praça pública; as ombreiras das portas tremeram e as paredes se remexeram. Alalu fincou a joelho, caiu sobre seu peito. Alalu foi derrotado em combate; por aclamação, Anu foi proclamado rei.

Anu foi escoltado até o palácio; Alalu ao palácio não voltou. De entre as massas, sigilosamente escapou; tinha medo de morrer como Lahma.

Sem que o reconhecessem, foi apressadamente até o lugar dos carros celestiais. Alalu subiu a um carro armado de projéteis; fechou a portinhola atrás dele. Entrou na câmara da parte dianteira; ocupou o assento do comandante. Acendeu a luz, a câmara se encheu com uma aura azulada.

Levantou as Pedras de Fogo; o zumbido destas, como a música, era cativante. Avivou o Grande Quebrantador do carro; arrojava um resplendor avermelhado. Sem ninguém precaver-se disso, Alalu escapou de Nibiru na nave celestial. Para a gelada Terra pôs rumo Alalu; por um segredo do Princípio, escolheu seu destino.

 

Sinopse da Segunda Tabuleta

  1. A fuga de Alalu em uma espaçonave com armas nucleares. 
  2. Rumando a Ki, o sétimo planeta (a Terra).
  3. Por que esperava encontrar ouro na Terra. 
  4. A cosmogonia do sistema solar; a água e o ouro de Tiamat. 
  5. A aparição de Nibiru do espaço exterior. 
  6. A Batalha Celestial e a ruptura de Tiamat. 
  7. A Terra, a metade de Tiamat, herda suas águas e seu ouro. 
  8. Kingu, o principal satélite de Tiamat, converte-se na Lua da Terra. 
  9. Nibiru é destinado a orbitar para sempre ao Sol. 
  10. A chegada de Alalu e sua aterrissagem na Terra. 
  11. Alalu, ao descobrir ouro, tem a sorte de Nibiru em suas mãos. 
  12. Uma representação babilônica da Batalha Celestial. 

 

A SEGUNDA TABULETA

Para a gelada Terra pôs rumo Alalu; por um segredo do Princípio, escolheu seu destino. Para as regiões proibidas se encaminhou Alalu; ninguém tinha ido antes ali, ninguém tinha tentado cruzar o Bracelete Esculpido.

Um segredo do Princípio tinha determinado o curso de Alalu, a sorte de Nibiru punha em suas mãos, mediante um plano, faria sua realeza universal!

Em Nibiru, o exílio era seguro, à mesma morte se arriscava.

Em seu plano, havia riscos na viagem; mas a glória eterna do êxito era a recompensa!

Como uma águia, Alalu explorou os céus; abaixo, Nibiru era uma bola suspensa no vazio.

Sua silhueta era atrativa, seu resplendor blasonava os céus circundantes. Seu tamanho era enorme, cintilava o fogo de suas erupções. Seu pacote sustentador de vida, seu tom avermelhado, era como espuma marinha; Em sua metade, via-se a brecha, como uma ferida escura.

Olhou para baixo de novo; a ampla brecha se converteu em uma cubeta.

Voltou a olhar, a grande bola de Nibiru se converteu em uma fruta pequena.

Olhando de novo, Nibiru tinha desaparecido no grande mar escuro.

O remorso se aferrou ao coração de Alalu, o medo o tinha entre suas mãos; a decisão se permutou em dúvida.

Alalu considerou deter sua trajetória; depois, com audácia retornou à decisão.

Cem léguas, mil léguas percorreu o carro; dez mil léguas viajou o carro. Nos amplos céus, a escuridão foi a mais escura; na lonjura, as estrelas distantes piscavam ante seus olhos. Mais léguas viajou Alalu e, logo, seu olhar encontrou uma visão de grande alvoroço:

Na extensão dos céus, o emissário dos celestiais lhe dava as boas-vindas!

O pequeno Gaga, “Que Mostra o Caminho”, dava o bem-vindo a Alalu com sua volta, até ele estendia seu bem-vindo.

Perambulando esvaído, estava destinado a viajar antes e depois do celestial Antu, com o rosto para diante, com o rosto para trás, com dois rostos estava dotado.

Sua aparição, ao ser o primeiro em receber a Alalu, considerou-o este como um bom augúrio; pelos deuses celestiais é bem-vindo!, assim o entendeu.

Em seu carro, Alalu seguiu o atalho de Gaga; até o segundo deus dos céus se dirigia.

Logo o celestial Antu, o nome que lhe desse o Rei Enshar, divisou-se na escuridão das profundidades; azul como as águas puras era sua cor; das Águas Superiores era o começo.

Alalu ficou encantado com a beleza da visão; a certa distância continuou seu percurso.

Na lonjura, o marido de Antu começou a brilhar, por tamanho igual ao de Antu.

Como o dobro de sua esposa, por um verde azulado se distinguia ao An. Uma fascinante multidão o circundava; de chãos firmes estavam providos. Alalu lhes deu uma afetuosa despedida aos dois celestiais, discernindo ainda o atalho de Gaga. Estava mostrando o atalho para seu antigo senhor, do qual uma vez foi conselheiro: para o Anshar, o Primeiro dos Príncipes dos céus, dirigia-se o percurso.

Acelerando o carro, Alalu pôde vencer a insidiosa atração do Anshar; com anéis brilhantes de fascinantes cores enfeitiçava o carro!

Alalu dirigiu rapidamente o olhar a um lado, e desviou com força O Que Mostra o Caminho.

Então, ante ele apareceu uma visão ainda mais temível: nos céus longínquos, a estrela brilhante da família chegou a ver!

Uma visão mais atemorizadora seguiu à revelação:

Um monstro gigante, movendo-se em seu destino, arrojou uma sombra sobre o Sol; Kishar se tragou a seu criador!

Pavoroso foi o acontecimento; um mau augúrio, pensou de fato Alalu. O gigante Kishar, o primeiro dos Planetas Estáveis, tinha um tamanho entristecedor.

Tormentas de redemoinhos obscureciam seu rosto, e moviam manchas de cores daqui para lá;

Uma hoste inumerável, uns rápidos, outros lentos, circundavam ao deus celestial.

Dificultosos eram seus caminhos, adiante e atrás se agitavam.

O mesmo Kishar lançou um feitiço, estava arrojando relâmpagos divinos.

Enquanto Alalu observava, seu curso se viu afetado, distraiu-se sua direção, seus atos se fizeram confusos.

Depois, o obscurecimento da profundidade começou a passar: Kishar em seu destino prosseguiu sua volta.

Movendo-se lentamente, levantou seu véu sobre o Sol radiante; Aquele do Princípio chegou a ver-se plenamente.

Mas a alegria do coração de Alalu não durou muito; mais à frente do quinto planeta, espreitava o maior dos perigos, como já sabia.

O Bracelete Esculpido dominava mais adiante, era de esperar a destruição!

De rochas e pedras estava composto, como órfãos sem mãe se agrupavam.

Equilibrando-se por diante e por detrás, seguiam um destino passado.

Seus feitos eram detestáveis; difíceis seus atalhos.

Tinham devorado aos carros de exploração de Nibiru como leões famintos; negavam-se a entregar o precioso ouro, necessário para a sobrevivência. Para o Bracelete Esculpido se precipitou o carro de Alalu, a enfrentar-se audazmente em estreito combate com as ferozes pedras. Alalu atirou para cima com mais força as Pedras de Fogo de seu carro, dirigiu “O Que Mostra o Caminho” com mão firme. As sinistras rochas investiram contra o carro, como um inimigo ao ataque na batalha.

Alalu soltou do carro um projétil portador de morte para elas; e depois, outra e outra, contra o inimigo, as armas de terror arrojou. Como guerreiros assustados, as rochas retornaram, abrindo um atalho para Alalu.

Como por feitiço, o Bracelete Esculpido abriu uma porta ao rei. Na escura profundidade, Alalu pôde ver os céus com claridade; não foi derrotado pela ferocidade do Bracelete, sua missão não tinha terminado!

Na distância, a bola ígnea do Sol estendia seu resplendor; estava emitindo raios de bem-vindo para Alalu.

Diante do Sol, um planeta pardo avermelhado percorria sua volta; era o sexto na conta de deuses celestiais.

Alalu não pôde a não ser entrevê-lo: sobre seu predestinado percorrido, apartava-se com rapidez do atalho de Alalu.

Depois, apareceu a gelada Terra, o sétimo na conta celestial. Alalu pôs rumo ao planeta, para um destino mais tentador. Sua atrativa esfera era menor que Nibiru, sua rede de atração era mais fraco que a de Nibiru. Sua atmosfera era mais magra que a de Nibiru, nela se formavam redemoinhos de nuvens.

Abaixo, a Terra estava dividida em três regiões: branco de neve no topo e na base, azul e marrom entre elas. Com destreza, Alalu desdobrou as asas de detenção do carro para circundar a bola da Terra.

Na região medeia, pôde discernir terra firme e oceanos aquosos. Dirigiu para baixo o “Raio Que Penetra”, para detectar as interioridades da Terra.

Consegui-o!, gritou estaticamente: Ouro, muito ouro, tinha indicado o raio; estava por debaixo da região de cor escura, nas águas também havia! Com o coração aos pulos no peito, Alalu estava tomando uma decisão: faria descender seu carro sobre a terra seca, possivelmente para explodir e morrer?

Poria rumo às águas, possivelmente para afundar-se no esquecimento? Que caminho devia tomar para sobreviver?

Descobriria o valioso ouro? No assento da Águia, Alalu não se agitou; em mãos da sorte confiou o carro.

Completamente cativo na rede atrativa da Terra, o carro se ia movendo cada vez mais rápido. A asas estendidas se acenderam; a atmosfera da Terra era como um forno.

Logo, o carro tremeu, emitindo um estrondo mortífero.

Abruptamente, o carro chocou, detendo-se de repente.

Sem sentido pela sacudida, aturdido pelo choque, Alalu ficou imóvel. Logo, abriu os olhos e soube que estava entre os vivos; ao planeta do ouro tinha chegado vitorioso.

 

Vem agora o relato da Terra e seu ouro; é um relato do Princípio, e de como os deuses celestiais foram criados. No Princípio, quando no Acima os deuses dos céus não tinham sido chamados a ser, e no Ki de Abaixo, o Chão Firme ainda não tinha sido renomado, só no vazio existia Apsu, seu Engendrador Primitivo.

Nas alturas do Acima, os deuses celestiais ainda não tinham sido criados; nas águas do Abaixo, os deuses celestiais ainda não tinham aparecido. Acima e Abaixo, os deuses ainda não tinham sido formados, os destinos ainda não se tinham decretado.

Nenhum cano se formou ainda, nem terra pantanosa tinha aparecido;

Apsu, sozinho, reinava no vazio.

Depois, mediante os ventos do Apsu, as águas primitivas se mesclaram, um hábil e divino conjuro lançou Apsu sobre as águas.

Sobre a profundidade do vazio, ele verteu um profundo sonho; Tiamat, a Mãe de Tudo, forjou como esposa para si mesmo.

Uma mãe celestial, era certamente uma beleza aquosa! Junto a ele, Apsu trouxe depois ao pequeno Mummu, como mensageiro seu o nomeou, para fazer um presente a Tiamat.

Um presente resplandecente concedeu Apsu à sua esposa: um radiante metal, o imperecível ouro, para que só ela o possuísse!

Depois foi quando os dois mesclaram suas águas, para que saíssem entre eles os filhos divinos.

Varão e fêmea foram criados os celestiais; Lahmu e Lahamu por nomes lhes deram.

No Abaixo, Apsu e Tiamat lhes fizeram uma morada. Antes que tivessem crescido em idade e em estatura, em que as águas do Acima, Anshar e Kishar foram formados, ultrapassando a seus irmãos em tamanho. Os dois foram forjados como casal celestial; um filho, An, nos céus distantes foi seu herdeiro. Depois, Antu, para ser sua esposa, foi criada como igual de An; a morada de ambos se fez como fronteira das Águas Superiores. Assim foram criadas três casais celestes, Abaixo e Acima, nas profundidades; por seus nomes chamou-lhes, eles formaram a família do Apsu com o Mummu e Tiamat.

Naquele tempo, Nibiru ainda não se via, a Terra ainda não tinha sido chamada a ser. Estavam mescladas as águas celestes; ainda não estavam separadas por um Bracelete Esculpido.

Naquele tempo, as voltas ainda não estavam de tudo desenhadas; os destinos dos deuses ainda não estavam firmemente decretados; os parentes celestiais se agrupavam; erráticos eram seus caminhos. Para o Apsu, seus caminhos eram certamente detestáveis; Tiamat, sem poder descansar, sentia-se ofendida e enfurecida. Uma multidão formou para que partissem a seu lado, uma multidão rugiente e terrível criou contra os filhos do Apsu. Em total, onze desta espécie criou; ela fez ao primogênito, Kingu, chefe entre eles.

Quando os deuses celestiais ouviram isto, em conselho se reuniram.

Elevou ao Kingu, deu-lhe mando até o grau do An!, disseram-se entre si.

Uma Tabuleta do Destino em seu peito pôs, para que se procure sua própria volta, instruiu a seu vastago Kingu para combater contra os deuses.

Quem resistirá a Tiamat?, Os deuses se perguntaram entre si.

Nenhum em suas voltas se adiantou, nenhum levaria uma arma para a batalha.

Naquele tempo, no coração do Profundo foi engendrado um deus, nasceu em uma Câmara de Sortes, um lugar dos destinos.

Um hábil Criador o forjou, era filho de seu próprio Sol.

Do Profundo, onde foi engendrado, o deus se separou de sua família em um arrebatamento; com ele levava um presente de seu Criador, a Semente de Vida.

Pôs rumo para o vazio; um novo destino estava procurando.

A primeira em espionar ao celestial errante foi a sempre atenta Antu.

Sua figura era atrativa, resplandecia radiante, senhoriais era seu andar, extremamente grande era seu curso. De todos os deuses era o mais elevado, sua volta ultrapassava às de outros. A primeira em vislumbrá-lo foi Antu, de cujo peito nenhum filho tinha mamado.

Vêem, sei meu filho!, chamou-lhe. Deixa que seja sua mãe! Lhe arrojou sua rede e lhe deu as boas-vindas, fez seu rumo adequado para o propósito. Suas palavras encheram de orgulho o coração do recém-chegado; aquela que o criaria o fez altivo.

Sua cabeça até o dobro de seu tamanho cresceu; quatro membros a seus lados brotaram.

Moveu seus lábios em reconhecimento, um fogo divino fulgurou entre eles. Virou seu rumo para Antu, e não demorou para mostrar seu rosto a An. Quando An o viu, Meu filho!, exaltado gritou.

Para a liderança te confiará! junto a ti, uma hoste serão seus servos! Que Nibiru seja seu nome, conhecido para sempre como Cruzamento!

Ele se prostrou ante a Nibiru, voltou seu rosto ante o passo de Nibiru; estendeu sua rede, quatro servos formou para Nibiru, para que fossem, junto a ele, sua hoste: o Vento Sul, o Vento Norte, o Vento Leste, o Vento Oeste.

Com o coração contente, An anunciou ao Anshar, seu predecessor, a chegada de Nibiru.

Para ouvir isto, Anshar enviou a Gaga, que estava a seu lado, como emissário. Palavras de sabedoria transmitiu a An, para atribuir uma tarefa a Nibiru. Encarregou a Gaga que pusesse voz ao que havia em seu coração, ao An lhe dizer assim: Tiamat, a que nos engendrou, agora nos detesta; pôs em pé uma hoste de guerra, está enfurecida e enche de ira. Contra os deuses, seus filhos, onze guerreiros partem a seu lado; de entre eles, elevou ao Kingu, e o marcou no peito um destino sem direito. Nenhum deus entre nós poderá sustentar-se frente a sua malevolência, sua hoste pôs o medo em todos nós. Que Nibiru se converta em nosso Vingador!

Que ele vença a Tiamat, que salve nossas vidas!

Para ele decretou uma sorte, que saia e siga em frente a nossa poderosa inimizade!

Gaga partiu para An; prostrou-se ante ele e as palavras de Anshar repetiu. An repetiu a Nibiru as palavras de seu predecessor, revelou-lhe a mensagem de Gaga. Nibiru escutou maravilhado as palavras; fascinado ouviu falar da mãe que devoraria a seus filhos.

Sem dizê-lo, seu coração já o tinha impulsionado a sair contra Tiamat. Abriu a boca, e disse assim a An e a Gaga: Se para salvar suas vidas tenho que vencer a Tiamat, convoquem os deuses em assembléia, proclamem supremo meu destino! Que todos os deuses acordem em conselho para me fazer o líder, submeter-se a meu mandato!

Quando Lahmu e Lahamu ouviram isto, gritaram angustiados: Estranha era a demanda, não se pode compreender seu sentido!, disseram eles. Os deuses que decretam as sortes consultaram entre si; Acessaram a fazer de Nibiru seu vingador, para ele decretaram uma sorte exaltado; A partir deste dia, inalteráveis serão seus mandatos!, disseram a ele.

Nenhum de entre nós os deuses transgredirão seus limites!

Vê, Nibiru, seja nosso Vingador!

Forjaram para ele uma volta principesca para que avançasse para Tiamat; deram suas benções a Nibiru, e deram armas terríveis a Nibiru.

Anshar forjou três ventos mais de Nibiru: o Vento Maligno, o Torvelinho, o Vento Sem Par.

Kishar encheu seu corpo com uma chama ardorosa, e uma rede para envolver a Tiamat. Assim, preparado para a batalha, Nibiru pôs rumo em direção a Tiamat.

Vem agora o relato da Batalha Celestial, e de como a Terra deveria ser, e do destino de Nibiru.

O senhor saiu; estabelecido pelas sortes, seguiu seu rumo; a terrível Tiamat encarou, com seus lábios pronunciou um conjuro.

Como manto de amparo, pôs em marcha o Pulsador e o Emissor; com uma impressionante radiação foi coroada sua cabeça.

A sua direita, apostou no “Que Fere”; em sua esquerda, colocou o “Repulsor”.

Os sete ventos, sua hoste de auxiliares, como uma tormenta enviou; precipitou-se para a terrível Tiamat, com um clamor de batalha.

Os deuses formaram redemoinhos junto a ele, depois se separaram de seu caminho, avançou sozinho para examinar a Tiamat e a seus ajudantes, para fazer uma idéia dos planos de Kingu, o comandante de sua hoste.

Quando viu o valente Kingu, lhe nublou a vista; enquanto olhava aos monstros, lhe distraiu a direção, seu rumo se transtornou, seus atos se confundiram.

O grupo de Tiamat a rodeava estreitamente, tremiam de terror.

Tiamat estremeceu suas raízes, um rugido poderoso emitiu; lançou um feitiço sobre Nibiru, envolveu-o com seus encantos.

A sorte entre eles estava lançada, a batalha era inevitável!

Cara a cara se encontraram, Tiamat e Nibiru; avançavam um contra outro aproximavam-se da batalha, procurando o singular combate.

O Senhor estendeu sua rede, para envolvê-la a lançou; Tiamat gritou com fúria; como possuída, perdeu seus sentidos. O Vento Maligno, que tinha estado atrás dele, a Nibiru adiantou, ante o rosto dela o soltou; ela abriu a boca para tragar-se ao Vento Maligno, mas não pôde fechar os lábios.

O Vento Maligno carregou contra seu ventre, abriu-se passo em suas vísceras. Suas vísceras uivavam, seu corpo se dilatou, a boca lhe abriu.

Através da abertura, Nibiru disparou uma flecha brilhante, um relâmpago divino.

A flecha lhe despedaçou as vísceras, fez-lhe pedaços o ventre; rasgou-lhe a matriz, partiu-lhe o coração.

Havendo-a submetido assim, ele extinguiu seu fôlego vital. Nibiru contemplou o corpo sem vida, Tiamat era agora um cadáver massacrado.

Junto à sua senhora sem vida, seus onze ajudantes tremiam de terror; ficaram capturados na rede de Nibiru, incapazes como eram de fugir. Kingu, a quem Tiamat fazia chefe de sua hoste, estava entre eles. O Senhor lhe pôs grilhões, e a sua senhora sem vida o encadeou. Arrebatou a Kingu as Tabuletas dos Destinos, que sem nenhum direito lhe tinham dado, estampou-lhe seu próprio selo, sujeitou o Destino a seu próprio peito. Ao resto do grupo de Tiamat os atou como cativos, em sua própria volta os apanhou.

Pô-los sob seu pé, cortou-os em pedaços.

Atou-os a todos a sua volta; fez-lhes girar ao redor, com o rumo investido. Depois, Nibiru partiu do Lugar da Batalha, anunciou a vitória aos deuses que lhe tinham renomado. Deu a volta ao redor do Apsu, para Kishar e Anshar viajou. Gaga saiu a lhe receber, e como arauto para outros viajou depois além de An e Antu, Nibiru se encaminhou para a Morada no Profundo.

Sobre a sorte da inerte Tiamat e do Kingu refletiu depois, a Tiamat, a que tinha submetido, o Senhor Nibiru voltou mais tarde. encaminhou-se para ela, deteve-se para ver seu corpo sem vida; esteve planejando em seu coração dividir habilmente o monstro.

Depois, como um mexilhão, em duas partes a dividiu, separou o tronco das partes inferiores.

Separou os canais internos dela, maravilhado contemplou suas veias douradas. Pisando em sua parte posterior, o Senhor cortou completamente a parte superior. O Vento Norte, seu ajudante, a seu lado chamou, que se levasse a cabeça cerceada, ordenou-lhe ao Vento, que a pusesse no vazio.

O Vento de Nibiru se abateu, pois, sobre Tiamat, varrendo suas chorreantes água.

Nibiru disparou um raio, ao Vento Norte lhe deu um sinal; em um resplendor, a parte superior de Tiamat foi levada a uma região desconhecida.

Com ela, também foi exilado o encadeado Kingu, para que fora companheiro da parte seccionada.

Depois, Nibiru refletiu sobre a sorte da parte posterior: queria que fosse um troféu imperecível da batalha, um aviso constante nos céus, que assinalasse o Lugar da Batalha.

Com sua maça, golpeou a parte posterior até fazê-la partes pequenas, depois os enlaçou em uma banda até formar um Bracelete Esculpido, entrelaçando-os, situou-os como guardiões, um Firmamento para dividir as águas das águas.

As Águas Superiores por cima do Firmamento das Águas Inferiores separou; assim forjou Nibiru suas hábeis obras.

Depois, o Senhor cruzou os céus para inspecionar as regiões; da zona do Apsu até a morada de Gaga mediu as dimensões.

Deteve-se e vacilou; depois, retornou lentamente ao Firmamento, ao Lugar da Batalha.

Passando de novo pela região do Apsu, na desaparecida esposa do Sol, pensou com remorso.

Contemplou a metade ferida de Tiamat, prestou atenção à Parte Superior; as águas de vida, generosas nela, das feridas seguiam emanando, suas veias douradas refletiam os raios do Apsu. Da Semente da Vida, do legado do Criador, lembrou-se então Nibiru. Quando pôs seu pé sobre Tiamat, quando a partiu em pedaços, sem dúvida repartiu a semente dela!

Nibiru se dirigiu ao Apsu, lhe dizendo assim: Com seus quentes raios, dá saúde às feridas! Que à parte rota, nova vida lhe seja dada, que seja em sua família como uma filha, que as águas em um lugar se reúnam, que apareça terra firme! Por Terra firme que seja chamada, Ki será seu nome a partir de agora! Apsu fez caso às palavras de Nibiru: Que a Terra se una à minha família, Ki, Terra firme do Abaixo, que Terra seja seu nome a partir de agora! Que, com seu giro, haja dia e haja noite; nos dias, proverei-a com meus raios curadores!

Que Kingu seja uma criatura da noite, designarei-o para que brilhe na noite companheira da Terra, para sempre Lua será! Nibiru escutou satisfeito as palavras do Apsu. Nibiru cruzou os céus e inspecionou as regiões, aos deuses que lhe tinham elevado concedeu posições permanentes, destinou suas voltas para que nenhum transgredisse a de outros nem ficasse curto.

Fortaleceu as eclusas celestes, pôs portas em ambos os lados. Uma morada remota escolheu para si, além de Gaga estavam suas dimensões.

Suplicou ao Apsu que decretasse para ele a grande volta como seu destino. Todos os deuses levantaram sua voz desde suas posições: Que a soberania de Nibiru seja sobressalente!

O mais radiante dos deuses é que seja na verdade o Filho do Sol! Desde sua região, Apsu deu sua bênção: Nibiru manterá o cruzamento de Céu e Terra; Cruzamento será seu nome!

Os deuses não cruzarão nem acima nem abaixo; Ele manterá a posição central, será o pastor dos deuses.

Um Shar será sua volta; esse será seu Destino para sempre!

 

Vem agora o relato de como começaram os Tempos de Antigamente, e da era que, nos Anais, foi conhecida pelo nome de Era Dourada, e como foram as missões de Nibiru à Terra para obter ouro.

A fuga de Alalu desde Nibiru foi seu começo.

Alalu estava dotado de grande entendimento, muitos conhecimentos tinha adquirido em sua aprendizagem. De seu antecessor Anshargal, dos céus e das voltas tinha acumulado muitos conhecimentos, através do Enshar, seus conhecimentos aumentaram grandemente; de tudo isso aprendeu muito Alalu; com os sábios discutia, a eruditos e comandantes consultava. Assim se determinaram os conhecimentos do Princípio, assim possuiu Alalu estes conhecimentos. O ouro no Bracelete Esculpido era a confirmação, o ouro no Bracelete Esculpido era o indício de ouro na Parte Superior de Tiamat.

E ao planeta do ouro chegou Alalu vitoriosamente, com um choque ensurdecedor de seu carro. Com um raio, explorou o lugar, para descobrir seus arredores; seu carro descendeu em terra seca, ao fio de amplas terras pantanosas aterrissou.

Ficou um casco de Águia, ficou um traje de Peixe.

Abriu a portinhola do carro; ante a portinhola aberta se deteve com assombro.

Escuro era o chão, azul-branco eram os céus; não havia sons, ninguém que lhe oferecesse as boas-vindas.

Estava sozinho em um planeta estranho, possivelmente exilado para sempre de Nibiru!

Baixou a terra, sobre o escuro estou acostumado a pôr o pé; havia colinas na distância; nas cercanias, havia muita vegetação.

Ante ele, havia terras pantanosas, nelas se introduziu; com o frio de suas águas se estremeceu.

Voltou para chão seco; estava sozinho em um planeta estranho! Viu-se possuído por seus pensamentos, esposa e descendentes com nostalgia recordava; estaria exilado de Nibiru para sempre? Perguntava-se isto uma e outra vez.

Não demorou para voltar para o carro, com alimento e bebida para manter-se. Depois, venceu-lhe um profundo sonho, uma poderosa vontade de dormir. Quanto tempo esteve dormindo, não podia recordá-lo; tampouco podia dizer o que o tinha despertado.

Fora havia muito resplendor, um resplendor nunca visto em Nibiru. Estendeu um pau do carro; com um Provador estava equipado. O Provador respirou o ar do planeta; indicou sua compatibilidade! Abriu a portinhola do carro, com a portinhola aberta tomou ar. Outra vez tomou ar, e outra e outra; certamente, o ar de Ki era compatível!

Alalu aplaudiu, ficou a cantar uma alegre canção. Sem o casco de Águia, sem o traje de Peixe, baixou até o chão. O resplendor do exterior cegava; os raios do Sol o afligiam! Voltou para o carro, colocou uma máscara para os olhos. Tomou a arma portátil, agarrou o prático Tomador de Amostras. Baixou à terra, sobre o escuro estou acostumado a pôs o pé. Encaminhou-se para os atoleiros; escuras e esverdeadas eram as águas. Na margem do pântano havia calhaus; Alalu tomou um calhau, jogou-o no pântano.

Seus olhos vislumbraram um movimento no pântano: as águas estavam cheias de peixes!

Introduziu o Tomador de Amostras no pântano, para considerar as turvas águas; a água não era adequada para beber, descobriu Alalu muito decepcionado. afastou-se dos pântanos, e foi em direção às colinas. Passou através da vegetação; os arbustos davam passo às árvores.

O lugar era como uma horta, as árvores estavam carregadas de frutos.

Seduzido por seu doce aroma, Alalu tomou uma fruta; a pôs na boca.

Se doce era seu aroma, mais doce era seu sabor! Alalu se deleitou enormemente.

Alalu caminhava evitando os raios do Sol, dirigindo-se para as colinas.

Entre as árvores, sentiu umidade sob seus pés, um sinal de águas próximas.

Pôs rumo em direção à umidade; na metade do bosque havia um lago, uma lacuna de águas silenciosas.

Inundou o Tomador de Amostras na lacuna, a água era boa para beber!

Alalu riu; uma risada sem fim fez presa nele.

O ar era bom, a água era apta para beber; havia fruta, havia peixes!

Entusiasmado, Alalu se agachou, juntou as mãos fazendo uma terrina, levou água até sua boca.

A água tinha frescura, um sabor diferente da água de Nibiru.

Bebeu uma vez mais e logo, assustado, deu um salto: podia escutar um resmungo; um corpo se deslizava pela borda da lacuna!

Aferrou a arma portátil, dirigiu uma rajada de seu raio para o que assobiava.

O que se movia se deteve, o assobio terminou.

Alalu se adiantou para examinar o perigo.

O corpo que se deslizava estava imóvel; a criatura estava morta, uma visão da mais estranha: seu comprido corpo era como uma corda, sem mãos nem pés era o corpo; havia olhos ferozes em sua pequena cabeça, fora da boca pendurava uma larga língua.

Algo que nunca antes tinha visto em Nibiru, uma criatura de outro mundo!

Seria o guardião da horta? Meditou Alalu para si mesmo. Seria o dono da água? Perguntou-se.

Pôs água em um recipiente que levava; muito alerta, empreendeu o caminho até seu carro.

Também tomou as frutas doces; para o carro se encaminhou.

A brilhantismo dos raios do Sol tinha diminuído enormemente; era escuro quando chegou ao carro.

Alalu refletiu sobre a brevidade do dia, sua brevidade lhe surpreendeu.

Sobre os pântanos, uma fria luminosidade se elevava no horizonte.

Não demorou para elevar-se nos céus uma esfera esbranquiçada:

Kingu, o companheiro da Terra, estava contemplando.

O que nos relatos do Princípio, seus olhos podiam ver agora a verdade: os planetas e suas voltas, o Bracelete Esculpido, Ki, a Terra, Kingu, sua lua, todos foram criados, todos por seus nomes chamados!

Em seu coração, Alalu conhecia uma verdade mais que era necessário contemplar: o ouro, o meio para a salvação, era necessário encontrá-lo.

Se havia verdade nos relatos do Princípio, se foram as águas as que lavaram as veias douradas de Tiamat, nas águas de Ki, sua metade cerceada, encontraria-se o ouro!

Com mãos vacilantes, Alalu desmontou o Provador do pau do carro.

Com mãos trementes, vestiu o traje de Peixe, esperando ansioso a rápida chegada da luz diurna.

Ao nascer o dia, saiu do carro, aos pântanos rapidamente se encaminhou.

Introduziu-se em águas mais profundas, inundou o Provador nas águas.

Ansioso observava sua iluminada face, o coração lhe golpeava no peito.

O Provador indicava os conteúdos da água, com símbolos e números desvelava seus achados.

E, depois, o batimento do coração de Alalu se deteve: Há ouro nas águas, estava dizendo o Provador!

Instável sobre suas pernas, Alalu se adiantou, dirigiu-se para o mais profundo do pântano.

Uma vez mais, inundou o Provador nas águas; uma vez mais, o Provador anunciou ouro!

Um grito, um grito de triunfo, da garganta do Alalu emanou: a sorte de Nibiru estava agora em suas mãos!

De volta ao carro se dirigiu, tirou o traje de Peixe, ocupou o assento do comandante.

Animou as Tabuletas dos Destinos que conhecem todas as voltas, para encontrar a direção para a volta de Nibiru.

Levantou o Falador de Palavras, para levar as palavras a Nibiru.

Depois, para Nibiru pronunciou as palavras, dizendo assim: As palavras do grande Alalu para Anu em Nibiru se dirigem. Em outro mundo estou, encontrei o ouro da salvação; a sorte de Nibiru está em minhas mãos; deve escutar minhas condições!

 

Sinopse da Terceira Tabuleta

  1. Alalu transmite as notícias a Nibiru, reclama a realeza.
  2. Anu, assombrado, expõe o assunto ante o conselho real. 
  3. Enlil, o Filho Principal de Anu, sugere uma verificação in situ.
  4. Ea, o Primogênito de Anu e genro de Alalu, é eleito, em troca Ea equipa com engenho o navio celestial para a viagem. 
  5. A espaçonave, pilotada por Anzu, leva cinqüenta heróis.
  6.  Superando os perigos, os nibiruanos se estremecem ante a visão da Terra. 
  7. Dirigidos por Alalu, amerissam e ganham a costa.
  8. Eridú, Lar Longe do Lar, surge em sete dias. 
  9. Começa a extração de ouro das águas. 
  10. Embora a quantidade seja minúscula, Nibiru exige a entrega. 
  11. Abgal, um piloto, escolhe a espaçonave de Alalu para a viagem. Descobre armas nucleares proibidas na espaçonave. 
  12. Ea e Abgal tiram as Armas de Terror e as ocultam. 
  13. Conexão Terra-Marte (representação por volta de 2500 a.C.).

 

A TERCEIRA TABULETA

A sorte de Nibiru está em minhas mãos; minhas condições deve escutar!

Essas foram as palavras de Alalu, da escura Terra a Nibiru que as transmitiu o Falador.

Quando as palavras de Alalu a Anu, o rei, foram-lhe comunicadas, Anu se assombrou; assombraram-se também os conselheiros, os sábios ficaram surpreendidos.

Alalu não está morto? Perguntavam-se entre si. Podia estar vivo em outro mundo? Diziam-se com incredulidade.

Não se tinha oculto em Nibiru, tendo ido com o carro até um lugar ignoto?

Convocou-se os comandantes dos carros, os sábios refletiram sobre as palavras transmitidas.

As palavras não chegaram de Nibiru; disseram-se desde mais à frente do Bracelete Esculpido, esta foi sua conclusão, e isto lhe reportou ao rei, Anu.

Anu ficou aturdido; refletiu sobre o acontecido.

Que lhe enviem palavras de reconhecimento a Alalu, disse aos reunidos.

No Lugar dos Carros Celestiais se deu a ordem, a Alalu palavras foram sortes: Anu, o rei, envia-te suas saudações; sente prazer em saber que te encontra bem; não havia razão para que se fosse de Nibiru, no coração de Anu não há inimizade; Se realmente encontraste o ouro da salvação, que Nibiru se salve!

As palavras de Anu chegaram ao carro de Alalu; Alalu as respondeu com rapidez:

Se seu salvador tiver que ser, para suas vidas salvar, convoquem aos príncipes em assembléia, declarem suprema minha ascendência!

Que os comandantes me convertam em seu líder, que se inclinem ante minhas ordens!

Que o conselho me nomeie rei, para substituir a Anu no trono! Quando as palavras de Alalu se escutaram em Nibiru, grande foi a consternação. Como se podia depor a Anu? Perguntavam-se os conselheiros. E se não era certo o que contava Alalu? E se era uma artimanha? Onde ele está? De verdade encontrou ouro? Reuniram aos sábios, pediram o conselho dos doutos e instruídos. O mais ancião deles falou: Eu fui o professor de Alalu! Disse. Ele tinha escutado com atenção os ensinos do Princípio, da Batalha Celestial tinha aprendido; do monstro aquoso Tiamat e de suas veias douradas adquiriu conhecimentos; se realmente foi mais à frente do Bracelete Esculpido, na Terra, o sétimo planeta, está seu asilo!

Na assembléia, um príncipe tomou a palavra; era um filho de Anu, do ventre de Antu, a esposa de Anu.

Enlil era seu nome, que quer dizer “Senhor do Mandato”. Palavras de cautela estava pronunciando: Alalu não pode falar de condições. As calamidades foram sua obra, e perdeu o trono em combate singular.

Se for certo que encontrou ouro em Tiamat, fazem falta provas disso; haverá suficiente ouro para proteger nossa atmosfera? Como o traremos até Nibiru através do Bracelete Esculpido? Assim falou Enlil, o filho de Anu; e outras muitas perguntas formulou também. Muitas provas faziam falta, muitas respostas se precisavam, concordaram todos. Transmitiram a Alalu as palavras da assembléia, uma resposta se exigiu.

Alalu ponderou o mérito das palavras, e acessou a transmitir seus segredos; de sua viagem e seus perigos fez em verdade relato.

Do Provador tirou o cristal de suas vísceras, do Tomador de Amostras tirou seu coração de cristal; Inseriu os cristais no Falador, para transmitir todos os achados.

Agora que se entregaram as provas, me declarem rei, lhes incline ante minhas ordens! Exigiu severamente.

Os sábios se horrorizaram; com Armas de Terror, Alalu causaria mais estragos em Nibiru, com Armas de Terror um atalho tinha aberto através do Bracelete!

No momento Nibiru passa em sua volta por essa região, Alalu está procurando calamidades!

No conselho havia muita consternação; alterar a realeza era, certamente, um assunto grave.

Anu não só era rei por ascendência: tinha alcançado o trono em justa lide!

Na assembléia dos príncipes, um filho de Anu se levantou para falar.

Era sábio em todas as matérias, entre os sábios lhe reconhecia.

Dos segredos das águas era um professor; E.A, “Aquele Cujo Lar É a Água”, era chamado.

De Anu era o Primogênito; com a Damkina, a filha de Alalu, estava casado.

Meu pai por nascimento é Anu, o rei, disse Ea; Alalu, por matrimônio, é meu pai.

Levar a uníssono os dois clãs foi a intenção de meus esponsais; me deixem ser o que traga a unidade neste conflito!

Me deixem ser o emissário de Anu ante Alalu, me deixem ser o que dê suporte aos descobrimentos de Alalu!

Deixem que eu viaje à Terra em um carro, riscarei um atalho através do Bracelete com água, não com fogo.

Na Terra, deixem que obtenha das águas o precioso ouro; a Nibiru se enviará de volta.

Que Alalu seja rei na Terra, um veredicto dos sábios esperar: se Nibiru se salvar, que haja uma segunda luta; que esta determine quem governará Nibiru! Os príncipes, os conselheiros, os sábios, os comandantes escutaram as palavras de Ea com admiração; estavam cheias de sabedoria, pois encontravam solução ao conflito. Que assim seja! Anunciou Anu. Que parta Ea, que fique a prova o ouro.

Lutarei com o Alalu pela segunda vez, que o vencedor seja rei de Nibiru!

Transmitiram ao Alalu as palavras da decisão.

Este as ponderou e acessou: Que Ea, meu filho por matrimônio, venha à Terra! Que se obtenha ouro das águas, que fique a prova para a salvação de Nibiru; que uma segunda luta pela realeza se salde entre Anu e eu!

Assim seja! Decretou Anu na assembléia.

Enlil fez uma objeção; a palavra do rei era inalterável.

Ea foi ao lugar dos carros, com comandantes e sábios consultou. Contemplou os perigos da missão, considerou como extrair e trazer o ouro. Estudou com atenção a transmissão de Alalu, e pediu a Alalu mais provas dos resultados. Desenhou uma Tabuleta dos Destinos para a missão. Se a água for a Força, onde poderia-se repor? Onde, no carro, poderemos armazená-la? Como se converterá em Força? Toda uma volta de Nibiru passou com as reflexões, um Shar de Nibiru passou nos preparativos.

Preparou-se o carro celestial maior para a missão, calculou-se seu destino de volta, uma Tabuleta do Destino se fixou com firmeza; cinqüenta heróis farão falta para a missão, para viajar à Terra e obter o ouro!

Anu deu sua aprovação à viagem; os astrônomos escolheram o momento adequado para começá-lo. No Lugar dos Carros se congregaram as multidões, chegaram para se despedir dos heróis e de seu líder. Levando cascos de Águia, levando cada um, um traje de Peixe, os heróis entraram no carro de um em um.

O último a embarcar foi Ea; dos congregados se despediu. ajoelhou-se ante seu pai, Anu, para receber a bênção do rei. Meu filho, o Primogênito: uma comprida viagem empreendeste, para te pôr em perigo por todos nós; que seu êxito desterre de Nibiru a calamidade; vá e volta com vida! Assim fez Anu para pronunciar uma bênção para seu filho, despedindo-se dele.

A mãe de Ea, a quem chamavam Ninul, apertou-o contra seu peito.

Por que, depois que foste dado como filho de Anu, ele te dotou com um coração incansável?

Vá e volta, percorre sem novidade o perigoso caminho! Disse-lhe ela.

Com ternura, Ea beijou a sua esposa, abraçou a Damkina sem palavras.

Enlil estreitou os braços com seu meio-irmão. Que seja bendito, que tenha êxito! Disse-lhe.

Com o coração encolhido, Ea entrou no carro, e deu a ordem de partida.

 

Vem agora o relato da viagem até o sétimo planeta, e de como se iniciou a lenda do Diospez que veio das águas. Com o coração encolhido, Ea entrou no carro, e deu a ordem de partida. O assento do comandante estava ocupado por Anzu, não por Ea; Anzu, não Ea, era o comandante do carro; “Aquele Que Conhece os Céus” significava seu nome; para esta tarefa fora selecionado especialmente.

Era um príncipe entre os príncipes, de semente real era sua ascendência. O carro celestial guiou com perícia; o elevou poderosamente de Nibiru, para o distante Sol o dirigiu.

Dez léguas, cem léguas o carro percorreu, mil léguas o carro viajou. O pequeno Gaga saiu a recebê-los, eles transmitiu aos heróis o bem-vindo. Azulada Antu, formosa e encantadora, mostrou-lhe o caminho. Anzu se sentiu atraído ante sua vista. Examinemos suas águas! Disse Anzu. Ea deu a ordem de continuar sem deter-se; é um planeta sem retorno, disse energicamente.

Para o celestial An, o terceiro na conta planetária, prosseguiu o carro. A seu lado jazia An, seu exército de luas se formavam redemoinhos. Os raios do Provador revelaram a presença de água; indicou a Ea se era necessário deter-se, Ea disse que se continuasse a viagem, para o Anshar, o maior dos príncipes do céu, se estava dirigindo. Logo puderam sentir o insidioso puxão de Anshar, e admiraram com temor seus anéis de cores.

Com perícia, Anzu guiou o carro, os demolidores perigos habilmente evitou. A gigante Kishar, o maior dos planetas estáveis, foi o seguinte em encontrar-se. A atração de sua rede era entristecedora; com grande habilidade, Anzu desviou o rumo do carro.

Com fúria, Kishar esteve lançando raios ao carro divino, dirigiu seu exército para o intruso.

Lentamente, Kishar se afastou, para que o carro se encontrasse com o seguinte inimigo: mais à frente do quinto planeta, o Bracelete Esculpido estava à espreita! Ea ordenou que em seu artefato se fixasse um zumbido, que se preparasse o Propulsor de Água.

Para o exército de rochas giratórias se precipitava o carro, cada uma, como a pedra de uma funda, dirigia-se ferozmente para o carro. A palavra de Ea foi dada; com a força de um milhar de heróis, lançou-se a corrente de água. Uma a uma, as rochas voltaram a cara; estavam deixando um atalho para o carro!

Mas, enquanto uma rocha fugia, outra atacava em seu lugar; uma multidão além de toda conta era seu número, um exército procurando vingança pela divisão de Tiamat!

Uma e outra vez, Ea deu as ordens para que o Propulsor de Água mantivesse um zumbido;

Uma e outra vez, dirigiram-se correntes de água para o exército de rochas.

Uma e outra vez, as rochas voltaram suas caras, deixando um atalho para o carro. E, depois, ao fim, o atalho ficou claro; o carro podia continuar sem danos!

Os heróis elevaram um grito de alegria; e dobrada foi a alegria ante a visão do Sol que agora se revelava.

No meio do regozijo, Anzu fez soar o alarme: para riscar o atalho, consumou-se muita água, não havia água suficiente para alimentar as Pedras ígneas do carro durante o resto da viagem!

Na escura profundidade, podiam ver o sexto planeta, estava refletindo os raios do Sol. Há água no Lahmu, estava dizendo. Pode fazer descender o carro sobre ele? Perguntou ao Anzu.

Destramente, Anzu dirigiu o carro para o Lahmu; ao chegar ao deus celestial, a seu redor fez circundar o carro.

A rede do planeta não é grande, sua atração se pode dirigir com facilidade, disse Anzu.

Lahmu merecia ser contemplado, tinha muitos tons; de branca neve era seu gorro, de branca neve eram suas sandálias.

Avermelhado em sua metade, em sua metade lagos e rios reluziam!

Habilmente, Anzu fez viajar o carro mais devagar, junto à borda de um lago o fez descender brandamente.

Seguindo as ordens, os heróis estenderam O Que Aspira Água, as vísceras do carro se encheram com as águas do lago.

Enquanto o carro se enchia de água, Ea e Anzu examinaram os arredores.

Com o Provador e o Tomador de Amostras, determinaram tudo o que importa: as águas eram boas para beber, havia ar suficiente.

Tudo se registrou nos anais do carro, e se descreveu a necessidade de desviar-se.

Reabastecido seu vigor, o carro se remontou, despedindo do benévolo Lahmu.

Mais à frente, o sétimo planeta estava dando sua volta; a Terra e seu companheiro estavam convidando o carro!

No assento do comandante, Anzu estava sem palavras; Ea também estava calado.

Diante deles estava seu destino, que continha o ouro da salvação ou a perdição de Nibiru.

O carro deve frear-se, ou perecerá na grossa atmosfera da Terra! Declarou Anzu. Faz círculos para frear ao redor do companheiro da Terra, a Lua! Sugeriu-lhe. Circundaram a Lua; jazia prostrada e cheia de cicatrizes, depois da vitória de Nibiru na Batalha Celestial.

Depois de frear assim o carro, Anzu o dirigiu por volta do sétimo planeta.

Uma vez, duas vezes fez circundar o carro ao redor do globo da Terra, ainda mais perto da Terra firme o fez descender. Havia tons de neve nas duas terceiras partes do planeta, de um tom escuro era sua parte meia. Podiam ver os oceanos, podiam ver as Terras Firmes; estavam procurando o sinal da baliza de Alalu.

Onde um oceano tocava terra seca, onde quatro rios eram tragados pelos pântanos, balizava o sinal de Alalu.

O carro é muito pesado e grande para os pântanos! Declarou Anzu. A rede de atração da Terra é muito capitalista para descender em terra seca!, anunciou Anzu.

Amerissa! Amerissa nas águas do oceano! Gritou Ea a Anzu. Anzu deu uma volta a mais ao redor do planeta; com muito cuidado, fez descender o carro para o bordo do oceano. Encheu de ar os pulmões do carro; nas águas amerissou, não se afundou nas profundidades. No Falador se escutou uma voz: Sede bem-vindos à Terra! Estava dizendo Alalu.

Pela transmissão de suas palavras, determinou-se a direção de seu paradeiro. Para o lugar dirigiu Anzu o carro, flutuando como um navio se movia sobre as águas. Logo se estreitou o amplo oceano, aparecendo terras secas de ambos os lados como dois guardiões.

Na parte esquerda, elevavam-se colinas pardas; na direita, as montanhas elevavam suas cabeças até o céu. Para o lugar do Alalu se dirigiu o carro, ia flutuando sobre as águas como um navio. Por diante, a terra seca estava coberta de água, os pântanos substituíam ao oceano. Anzu deu ordens aos heróis, ele ordenou que ficassem com os trajes de peixes. Então, abriu-se uma portinhola do carro, e os heróis descenderam aos pântanos.

Ataram fortes cordas ao carro, com as cordas atiraram do carro. As palavras transmitidas pelo Alalu chegavam com mais força. Rápido! Rápido! Estava dizendo.

Ao fio dos pântanos, uma visão terei que contemplar: reluzindo sob os raios do Sol, havia um carro de Nibiru; era o navio celestial de Alalu! Os heróis aceleraram seus passos, para o carro de Alalu se apressaram.

Impaciente, Ea ficou sem traje de peixe; em seu peito, o coração golpeava como um tambor.

Saltou ao pântano, com passo apressado se dirigiu para a borda.

Altas eram as águas do pântano, o fundo estava mais fundo do que esperava.

Deixou de caminhar para nadar, com braçadas audazes avançou.

Enquanto se aproximava da terra seca, pôde ver verdes pradarias.

Depois, seus pés tocaram chão firme; ficou de pé e seguiu caminhando.

Diante dele, pôde ver Alalu, de pé, saudando com as mãos vigorosamente.

Alcançando a borda, Ea saiu das águas: estava sobre a escura Terra!

Alalu chegou correndo até ele; abraçou com força a seu filho por matrimônio.

Bem-vindo a um planeta diferente!, disse-lhe Alalu. 

Vem agora o relato de como se fundou Eridú na Terra, de como começou a conta dos sete dias. Alalu abraçou a Ea em silêncio, com os olhos cheios de lágrimas de alegria.

Ea inclinou sua cabeça ante ele, em sinal de respeito ante seu pai por matrimônio.

Nos pântanos, os heróis seguiam avançando; outros mais ficaram os trajes de peixes, outros mais para a terra seca se apressavam.

Mantenham a flutuação do carro!, ordenou Anzu. Ancorem nas águas, evitem a lama da borda!

Os heróis alcançaram a borda, ante o Alalu se inclinaram.

Anzu chegou à borda, o último em sair do carro.

inclinou-se ante o Alalu; com ele estreitou os braços Alalu em sinal de bem-vinda.

A todos os que tinham chegado, Alalu deu palavras de bem-vindo. A todos os que estavam reunidos, Ea deu palavras de mandato. Aqui na Terra, eu sou o comandante!, disse-lhes.

Em uma missão a vida ou morte chegamos; em nossas mãos está a sorte de Nibiru!

Olhou ao redor, estava procurando um lugar para acampar. Amontoem terra, façam montículos ali!, ordenou Ea para levantar um acampamento.

A um lugar não longínquo estava assinalando, uma cabana de canos erigiu por morada para o Alalu. Logo, dirigiu estas palavras ao Anzu: Transmite estas palavras a Nibiru, ao rei, meu pai Anu, anuncia a feliz chegada!

Não demorou para trocar o tom dos céus, do resplendor ao avermelhado se tornou. Ante seus olhos se revelou uma visão nunca antes vista: o Sol, como uma esfera vermelha, estava desaparecendo no horizonte! O temor se apoderou dos heróis, temiam uma Grande Calamidade! Alalu, com palavras risonhas, confortou-lhes dizendo: É uma posta de Sol, marca o fim de um dia na Terra. Aproveitem para um breve descanso; uma noite na Terra é mais curta do que possam imaginar. Antes do que possam esperar, o Sol fará sua aparição; será de dia na Terra!

Inesperadamente, chegou a escuridão, e separou os céus da Terra. Os relâmpagos rompiam a escuridão, e a os trovões lhes seguiram as chuvas. Os ventos sopraram sobre as águas, eram tormentas de um deus estranho.

No carro, os heróis ficaram esperando.

Para eles, não chegou o descanso; estavam muito agitados. Com os corações acelerados, esperavam a volta do Sol. Sorriram quando apareceram seus raios, contentes e dando-se palmadas nas costas.

E anoiteceu e amanheceu, foi seu primeiro dia na Terra. Ao romper o dia, Ea refletiu sobre a situação; devia pensar sobre como separar as águas das águas. Nomeou ao Engur senhor das águas doces, para que provesse de águas potáveis.

Este foi à lacuna da serpente com o Alalu, para valorizar suas águas doces; A laguna estava abarrotada de serpentes malignas!, disse Engur. Então, Ea contemplou os pântanos, sopesando a abundância de águas de chuva.

Ao Enbilulu o pôs ao cargo dos pântanos, lhe indicou que assinalasse os matagais de treliças. Ao Enkimdu se pô-lhe ao cargo da sarjeta e do dique, para que elaborasse uma fronteira frente aos pântanos, para que fizesse um lugar onde reunir as águas que choviam do céu, Assim se separaram as águas de debaixo das águas de acima, separaram-se as águas dos atoleiros das águas doces.

E anoiteceu e amanheceu, foi o segundo dia na Terra.

Quando o Sol anunciou a manhã, os heróis já estavam levando a cabo as tarefas atribuídas. Ea dirigiu seus passos, junto ao Alalu, para o lugar de erva e árvores, para examinar tudo o que cresce no horta, ervas e frutas segundo sua espécie.

Ao Isimud, seu vizir, Ea lhe fez umas perguntas: Que planta é esta? Que planta é aquela?, perguntava-lhe.

Isimud, muito instruído, pôde distinguir os mantimentos que crescem bem; arrancou uma fruta para a Ea, é uma planta de mel!, dizia a Ea: Ele mesmo comeu uma fruta, Ea estava comendo uma fruta!

Do alimento que cresce, diferenciado por sua bondade, Ea pôs ao cargo ao herói Guru.

Assim se proveram os heróis de água e mantimentos; não se fartavam.

E anoiteceu e amanheceu, foi o terceiro dia na Terra.

O quarto dia cessaram de sopro os ventos, o carro já não se viu perturbado pelas ondas.

Que se tragam ferramentas do carro, que se construam moradas no acampamento!, ordenou Ea, pôs a Kulla ao cargo do molde e o tijolo, para que fizesse tijolos de argila; ao Mushdammu lhe indicou que pusesse os alicerces, para levantar moradas habitáveis.

Todo o dia esteve brilhando o Sol, uma grande luz houve durante o dia. Ao anoitecer, Kingu, a lua da Terra, jogou em sua plenitude uma luz pálida sobre a Terra, uma luz menor para governar a noite, para ser contado entre os deuses celestiais.

E anoiteceu e amanheceu, foi o quarto dia na Terra. O quinto dia, Ea ordenou ao Ningirsig que fizesse um navio de juncos, para tomar a medida dos pântanos, para analisar a extensão dos atoleiros.

Ulmash, que conhece o que prolifera nas águas, que tem conhecimentos das aves de caça que voam, ao Ulmash levou Ea por companheiro, para que distinguisse o bom do mau. Das espécies que pululam nas águas, das espécies que oferecem suas asas no céu, muitas eram desconhecidas para Ulmash; seu número era desconcertante. Boas eram as carpas, entre o mau foram nadando. Ea convocou a Enbilulu, o senhor dos pântanos; Ea convocou ao Enkimdu, a cargo da sarjeta e o dique; lhes deu palavras, para fazer uma barreira nos pântanos; para fazer um recinto com canos e juncos verdes, e separar ali uns peixes de outros, uma armadilha para carpas, que de uma rede não pudessem escapar, um lugar de cuja armadilha não pudesse escapar nenhum ave que fora boa para comer. Assim, os heróis se proveriam de pescado e de caça, separando as espécies boas.

E anoiteceu e amanheceu, foi o quinto dia na Terra. O sexto dia, Ea teve em conta às criaturas da horta. Ao Enursag lhe atribuiu a tarefa de distinguir o que se arrasta pelo chão do que caminha sobre pés.

Enursag se assombrou de suas espécies, de sua ferocidade deu conta. Ea convocou a Kulla, ao Mushdammu deu ordens urgentes: Para a noite, as moradas têm que estar terminadas, e rodeadas por uma cerca de amparo! Os heróis puseram mãos à obra, sobre os alicerces ficaram os tijolos com rapidez. Os cobertos se fizeram de cano, e a cerca se levantou com árvores cortadas.

Anzu trouxe do carro um Raio-que-mata, um Falador-Que-Transmite-Palavras pôs na morada de Ea; Ao anoitecer, o acampamento estava terminado! Os heróis se congregaram em seu interior de noite.

Ea, Alalu e Anzu consideraram os fatos; tudo o que foi feito era na verdade bom!

E anoiteceu e amanheceu, o sexto dia.

O sétimo dia se reuniram os heróis no acampamento, Ea lhes disse estas palavras: empreendemos uma perigosa viagem, percorremos um perigoso caminho desde Nibiru até o sétimo planeta.

À Terra chegamos sem novidade, muitas coisas boas conseguimos, estabelecemos um acampamento.

Que este dia seja de descanso; a partir de agora, o sétimo dia será sempre de descanso!

Que a partir de agora chame a este lugar Eridú, Lar na Lonjura será seu significado!

Que se mantenha uma promessa, que Alalu seja declarado comandante de Eridú!

Os heróis assim reunidos, gritaram ao uníssono os acordos.

Palavras de acordo pronunciou Alalu, depois rendeu grande comemoração a Ea.

Que dê um segundo nome a Ea, que lhe chame Nudimmud, o Hábil Ferreiro!

Ao uníssono, os heróis anunciaram o acordo.

E anoiteceu e amanheceu, o sétimo dia.

Vem agora o relato de como começou a busca de ouro, e de como os planos no Nibiru não proporcionavam a salvação a Nibiru. Depois de estabelecer o acampamento do Eridú e depois de saciar os heróis de alimento, Ea começou a tarefa de obter ouro das águas.

No carro, levantaram-se as Pedras de Fogo, e cobrou vida o Grande Crujidor; desde o carro, estendeu-se O Que Suga Água, inseriu-se nas águas pantanosas.

As águas se introduziram em um recipiente de cristais, das águas, os cristais do recipiente extraíram tudo o que tinha que metal.

Depois, do recipiente, O Que Cospe cuspiu as águas à laguna dos peixes; assim se recolhiam no recipiente os metais que havia nas águas. O artefato de Ea era engenhoso, na verdade, era um Hábil Ferreiro! Durante seis dias da Terra se introduziram águas pantanosas, cuspiram-se águas pantanosas; no recipiente se recolhiam os metais! O sétimo dia, Ea e Alalu examinaram os metais; de muitas classes eram os metais que havia no recipiente. Havia ferro, havia muito cobre; o ouro não era abundante. No carro outro recipiente, o engenhoso artefato do Nudimmud, os metais se separaram segundo tipos, levaram-se a borda por classes. Assim trabalharam os heróis durante seis dias; ao sétimo dia descansaram. Durante seis dias, os recipientes de cristal se encheram e se esvaziaram, o sétimo dia se fez conta dos metais. Havia ferro e havia cobre, e outros metais também; de ouro, acumulou-se o montão menor. De noite, a Lua subia e baixava; a sua volta, Ea lhe pôs o nome de Mês.

Ao começo do Mês, seis dias se mostravam seus raios luminosos, com sua meia coroa se anunciava o sétimo dia; era um dia de descanso. A metade de caminho, a Lua se distinguia por sua plenitude; depois, se detinha para começar a decrescer. Com o curso do Sol, ia aparecendo a volta da Lua, ia revelando seu rosto com a volta da Terra. Ea estava fascinado com os movimentos da Lua, contemplava sua atração como Kingu ao Ki:

A que propósito servia essa atração? Que sinal celeste estava dando? Mês chamou Ea à volta da Lua, deu-lhe o nome de Mês a sua volta. Por um Mês, por dois meses, separaram-se as águas no carro; o Sol, cada seis meses, dava à Terra outra estação; Inverno e Verão as chamou. Houve Inverno e houve Verão; e Ea chamou Ano da Terra a toda a volta. Ao finalizar o Ano se fez conta do ouro acumulado; não havia muito para enviar a Nibiru.

As águas dos pântanos são insuficientes, que se translade o carro ao profundo do oceano!, assim disse, soltou-se o carro de suas amarras, de volta de onde chegou se voltou. Elevaram-se com muito cuidado os recipientes de cristal, as águas salgadas passaram através deles.

Separaram-se os metais por classes; entre eles cintilava o ouro!

Do carro, Ea transmitiu a Nibiru palavra dos acontecimentos; para Anu foi agradável de escutar.

Em sua predestinada volta, Nibiru estava voltando para a morada do Sol, em sua volta do Shar, Nibiru estava se aproximando da Terra.

Ansiosamente, Anu perguntou pelo ouro. Há suficiente para enviá-lo a Nibiru?, perguntou.

Ai!, não se tinha recolhido suficiente ouro das águas; Que passe outro Shar, que se dobro a quantidade!, Aconselhou Ea a Anu. Seguiu-se obtendo ouro das águas do oceano; o coração de Ea se enchia de apreensão.

Extraíram-se partes do carro, com elas se montou uma câmara celeste. Abgal, que sabe pilotar, foi atribuído ao cargo da câmara celeste; Ea se remontava diariamente no ar com o Abgal na câmara celeste, para descobrir os segredos da Terra.

Construiu-se um recinto para a câmara celeste, ficou junto ao carro de Alalu: Ea estudava diariamente os cristais no carro de Alalu, para compreender o que por seus raios tirava o chapéu; De onde vem o ouro?, perguntou a Alalu. Onde na Terra estão as veias douradas do Tiamat?

Ea se remontou no ar com o Abgal na câmara celeste, para conhecer a Terra e seus segredos.

Vagaram sobre as grandes montanhas, grandes rios viram nos vales; estepes e bosques se estendiam abaixo deles, milhares de léguas percorreram.

Tomaram nota de vastas terras separadas por oceanos, com o Raio Que Explora penetraram os chãos.

A impaciência crescia em Nibiru. Pode oferecer amparo o ouro?, crescia o clamor. Reúnam o ouro, quando se aproxime Nibiru terão que entregá-lo!, ordenou Anu. Reparem o carro de Alalu, disponham para que volte para Nibiru, para que esteja disposto quando terminar o Shar!, disse assim Anu. Ea obedeceu as palavras de seu pai, o rei; ficou a refletir sobre a reparação do carro de Alalu.

Uma noite em que aterrissaram a câmara celeste junto ao carro, entrou neste com o Abgal, para levar a cabo uma ação secreta na escuridão.

As Armas de Terror, as sete, tiraram do carro; levaram-nas a câmara celeste, dentro da câmara celeste esconderam-nas. Ao amanhecer, Ea e Abgal se remontaram no céu com a câmara celeste, com direção a outra terra.

Ali, em um lugar secreto, Ea ocultou as armas; em uma cova, um lugar desconhecido, armazenou-as. Depois, Ea deu ao Anzu palavras de mandato, indicou-lhe que reparasse o carro de Alalu, que o dispusera para voltar para Nibiru, que estivesse preparado para quando terminasse o Shar.

Anzu, muito perito nos assuntos dos carros, colocou mãos à obra; fez que seus propulsores zumbissem de novo, teve muita conta de suas tabuletas; mas não demorou para descobrir a ausência das Armas de Terror!

Anzu gritou enfurecido; Ea lhe deu explicação de sua ocultação: É um perigo utilizar estas armas!, disse. Jamais devem ser armadas nem nos céus nem nas Terras Firmes! Sem elas, será perigoso atravessar o Bracelete Esculpido!, disse Anzu. Sem elas, e sem os Propulsores de Água, há perigo de que não resista! Alalu, comandante do Eridú, considerou as palavras de Ea, às palavras de Anzu prestou atenção: As palavras de Ea ficam testemunhadas pelo Conselho de Nibiru!, disse Alalu;

Mas, se não retornar o carro, Nibiru estará perdido!

Abgal, que sabe pilotar, adiantou-se audazmente para os líderes.

Eu serei o piloto, confrontarei os perigos valorosamente!, disse.

Assim se tomou a decisão: Abgal será o piloto, Anzu ficará na Terra!

No Nibiru, os astrônomos contemplaram os destinos dos deuses celestiais, escolheram o dia oportuno.

Levaram-se cestadas de ouro ao carro de Alalu;

Abgal entrou na parte dianteira do carro, ocupou o assento do comandante.

Ea lhe deu uma Tabuleta do Destino de seu próprio carro;

Será para ti O-que-mostra-o-caminho, com ela encontrará um caminho aberto!

Abgal levantou as Pedras de Fogo do carro; seu zumbido cativava como a música.

Deu vida ao Grande Crujidor do carro, arrojando um resplendor avermelhado.

Ea e Alalu, junto com a multidão de heróis estavam de pé ao redor, estavam-lhe dando a despedida.

Depois, com um rugido, o carro se elevou para os céus, aos céus ascendeu!

Ao Nibiru se transmitiram palavras da ascensão; no Nibiru havia muita espera.

 

Sinopse da Quarta Tabuleta

Os nibiruanos celebram inclusive a pequena quantidade de ouro entregue.

As provas sobre a utilização do ouro como escudo atmosférico têm êxito. Enviam-se à Terra mais heróis e novas equipes.

 A extração de ouro das águas segue sendo decepcionante. Ea descobre menos ouro que precisam de uma profunda extração no Abzu. 

Enlil, e depois Anu, vêm à Terra para tomar decisões cruciais.

Quando os meio-irmãos brigam, as sortes decidem as tarefas. 

Ea, renomado Enki (Senhor da Terra), vai ao Abzu.

Enlil fica para desdobrar instalações permanentes no Edin. 

Enquanto Anu se prepara para partir, é atacado pelo Alalu. 

Os Sete Que Julgam sentenciam ao Alalu ao exílio no Lahmu Ninmah, filha do Anu e oficial médico, é enviada à Terra. 

Ao fazer uma parada no Lahmu (Marte), Ninmah encontra morto ao Alalu.

 Uma rocha, esculpida com o aspecto do rosto do Alalu, serve-lhe de tumba.

Dá ao Anzu o mando da Estação de passagem no Lahmu. 

Enki representado como deus das águas e a mineração. 

 

A QUARTA TABULETA

Ao Nibiru se transmitiram palavras da ascensão; no Nibiru havia muita espera.

Abgal dirigiu o carro com confiança; deu uma volta ao redor do Kingu, a Lua, para ganhar velocidade com a força de sua rede.

Mil léguas, dez mil léguas viajou até o Lahmu, para obter com a força de sua rede uma direção para o Nibiru.

Além do Lahmu se formava redemoinhos o Bracelete Esculpido.

Com destreza, Abgal fez brilhar os cristais de Ea, para localizar os atalhos abertos.

O olho da sorte lhe olhou favoravelmente!

Mais à frente do Bracelete, o carro recebeu os sinais transmitidos desde o Nibiru;

Para casa, para casa era a direção.

Frente a ele, na escuridão, com um tom avermelhado brilhava Nibiru; uma formosa visão!

O carro se dirigia agora por meio dos sinais transmitidos.

Três voltas deu ao redor do Nibiru, para frear-se com a força de sua rede.

Aproximando-se do planeta, Abgal pôde ver a brecha em sua atmosfera; sentiu que lhe encolhia o coração, pensando no ouro que trazia. Atravessando a espessura de sua atmosfera, o carro refulgiu, seu calor insuportável;

Habilmente, Abgal desdobrou as asas do carro, detendo assim sua descida.

Mais à frente estava o lugar dos carros, uma visão da mais atrativa;

Brandamente, Abgal fez baixar o carro até um lugar eleito pelos raios.

Abriu a portinhola; havia uma multidão reunida!

Anu se adiantou para ele, estreitou-lhe os braços, pronunciou palavras de bem-vinda. Os heróis se precipitaram dentro do carro, tiraram os cestos de ouro.

Levavam os cestos em cima da cabeça, Anu exclamou palavras de vitória ante os reunidos: A salvação está aqui!, disse-lhes. Abgal foi acompanhado até o palácio, lhe escoltou para que descansasse e contasse tudo.

O ouro, uma visão do mais deslumbrante, o levaram aos sábios rapidamente; para convertê-lo no mais fino pó, para lançá-lo para o céu se transportou.

A elaboração levou todo um Shar, outro Shar levaram as provas. Com projéteis se levou o pó até o céu, com raios de cristais se dispersou.

Onde houve uma brecha, havia agora sanado! A alegria encheu o palácio, era de esperar a abundância nas terras. Anu transmitiu boas palavras à Terra: O ouro dá a salvação! A extração de ouro deve continuar!

Quando Nibiru chegou às cercanias do Sol, o pó de ouro se viu perturbado por seus raios; diminuiu a cura na atmosfera, a brecha se voltou a fazer grande. Anu ordenou que Abgal voltasse para a Terra; no carro viajaram mais heróis, em suas vísceras, ficaram mais O Que Suga as Águas e Expulsadores; Com eles, ordenou ao Nungal que partisse, para que ajudasse ao Abgal na pilotagem.

Houve grande alegria quando Abgal voltou para o Eridú; houve muita bem-vinda e estreitar de braços! Ea refletiu com atenção sobre as novas obras hidráulicas; havia um sorriso em seu rosto, mas seu coração estava encolhido. Para quando chegou o Shar, Nungal estava preparado para partir no carro; em suas vísceras, o carro só levava umas quantas cestas de ouro. O coração de Ea lhe estava antecipando a decepção no Nibiru!

Ea intercambiou palavras com o Alalu, reconsideraram o que sabiam: se a Terra, a cabeça de Tiamat, foi atalho na Batalha Celestial, onde estava o pescoço, onde estavam as veias de ouro que se cortaram?

Por onde se sobressairiam as veias das vísceras da Terra?

Ea viajou sobre montanhas e vales na câmara celeste, examinou com o Explorador as terras separadas pelos oceanos.

Uma e outra vez, encontrava-se a mesma indicação: as vísceras da Terra se revelaram onde se rasgou a terra seca da terra seca; onde a massa de terra tomou a forma de um coração, na parte inferior da mesma, as veias douradas das vísceras da Terra seriam abundantes! Abzu, do Ouro o Lugar de nascimento, nomeou Ea à região. Logo, Ea transmitiu ao Anu palavras de sabedoria: Na verdade, a Terra está cheia de ouro; das veias, não das águas, terá que conseguir o ouro.

Das vísceras da Terra, não de suas águas, tem-se que obter o ouro, de uma região mais à frente do oceano, Abzu será chamada, pode-se conseguir ouro em abundância! No palácio, houve grande assombro, sábios e conselheiros refletiram sobre as palavras da Ea; que terá que obter ouro, nisso havia unanimidade; como obtê-lo das vísceras da Terra, nisso havia muita discussão. Na assembléia, um príncipe falou; era Enlil, o meio-irmão Primeiro. Alalu, logo seu filho por matrimônio, Ea, nas águas puseram todas suas esperanças; asseguravam a salvação pelo ouro das águas, Shar detrás o Shar, todos esperávamos a salvação, agora escutamos coisas diferentes, empreender um trabalho além do imaginável, fazem falta provas das veias douradas, terá que garantir um plano para o êxito!

Assim disse Enlil à assembléia; muitos estiveram de acordo com suas palavras. Que vá Enlil à Terra!, disse Anu. Que obtenha provas, que ponha em marcha um plano!

Suas palavras serão tidas em conta, suas palavras serão ordens!

A assembléia deu seu consentimento, aprovou a missão do Enlil.

Com o Alalgar, seu lugar-tenente, Enlil partiu para a Terra; Alalgar era seu piloto.

A cada um lhes proveu com uma câmara celeste. transmitiram-se à Terra as palavras do Anu, o rei, palavras de decisões:

Enlil estará ao mando da missão, sua palavra será ordem! Quando Enlil chegou à Terra, Ea estreitou os braços calidamente com seu meio-irmão, Ea deu a boa-vinda ao Enlil como irmão.

Ante o Alalu, Enlil fez uma reverência, Alalu lhe deu a boa-vinda com débeis palavras.

Os heróis proferiram palavras de cálida boa-vinda ao Enlil; muito esperavam de seu mandato.

Enlil ordenou que se ensamblassem as câmaras celestes, em uma câmara celeste, remontou-se no céu; Alalgar, seu lugar-tenente, ia de piloto com ele. Ea, em outra câmara celeste pilotada pelo Abgal, mostrou-lhes o caminho para o Abzu.

Inspecionaram as terras secas, dos oceanos tomaram cuidadosa nota. Desde mar Superior até o Mar Inferior, exploraram as terras, de tudo o que havia acima e abaixo tomaram nota. Fizeram provas do chão em o Abzu. Na verdade, havia ouro; com muita terra e rochas estava misturado, não estava refinado como nas águas, estava oculto em uma mescla. Voltaram para o Eridú; refletiram sobre o que tinham encontrado. Terá que empreender novos trabalhos no Eridú, não pode seguir sozinha na Terra!, assim disse Enlil; descreveu um grande plano, estava propondo uma grande missão: trazer mais heróis, fundar mais assentamentos, para obter o ouro das vísceras da Terra, para separar o ouro da mescla, e transportá-lo em naves celestes e carros, para levar a cabo trabalhos em lugares de aterrissagem.

Quem estará ao mando dos assentamentos, quem estará ao mando do Abzu?, assim perguntou Ea ao Enlil. Quem tomará o mando para a ampliação do Eridú, quem fiscalizará os assentamentos?, assim dizia Alalu. Quem tomará o mando das naves celestes e do lugar de aterrissagem?, assim inquiriu Anzu. Que venha Anu à Terra, que ele tome as decisões!, assim disse Enlil em resposta.

 

Vem agora o relato de como Anu veio à Terra, de como se tornaram sortes entre a Ea e Enlil, de como deu a Ea o título de Enki, de como lutou Alalu pela segunda vez com o Anu.

Em um carro celestial viajou Anu à Terra; seguiu a rota junto aos planetas.

Nungal, o piloto, deu uma volta ao redor do Lahmu; Anu o observou atentamente.

A Lua, que em outro tempo foi Kingu, circundaram e admiraram.

Por ventura, não se poderá encontrar ouro aí?, perguntava-se Anu em seu coração.

Nas águas, junto aos pântanos, amerissou seu carro; para a chegada, Ea preparou embarcações de juncos, para que Anu chegasse navegando.

Acima se abatiam as câmaras celestes, estavam-lhe oferecendo uma boa-vinda real.

Na primeira embarcação, ia o mesmo Ea, foi o primeiro em receber ao rei, seu pai.

Ante o Anu se inclinou, depois Anu o abraçou. Meu filho, meu Primogênito!, exclamou Anu.

Na praça do Eridú, os heróis estavam formados, dando uma boa-vinda régia na Terra a seu rei.

Frente a eles estava Enlil, seu comandante.

Este se inclinou ante a Anu, o rei; Anu o abraçou contra seu peito.

Alalu também estava ali, de pé, não estava seguro do que fazer.

Anu lhe ofereceu a saudação. Estreitemos os braços, como camaradas! Disse ao Alalu.

Duvidando, Alalu se adiantou, com o Anu estreitou os braços! preparou-se uma comida para o Anu; de noite, Anu retirou-se a uma cabana de cano que lhe tinha construído No dia seguinte, o sétimo pela conta começada por Ea, era dia de descanso. Era um dia de palmadas nas costas e celebração, como correspondia a chegada de um rei.

Ao dia seguinte, Ea e Enlil apresentaram seus achados ante o Anu, discutiram com ele o que se feito e o que terei que fazer. Deixem que veja as terras por mim mesmo!, disse-lhes Anu. Todos eles se elevaram nas câmaras celestes, observaram as terras de mar a mar.

Voaram até o Abzu, aterrissaram em seu chão, onde se ocultava o ouro. A extração de ouro será difícil!, disse Anu. É necessário obter ouro; terá que consegui-lo, por muito profundo que se encontre! Que Ea e Enlil desenhem ferramentas para este propósito, e que lhes atribuam trabalho aos heróis, que averiguem como separar o ouro da terra e as rochas, como enviar ouro puro ao Nibiru! Que se construa um lugar de aterrissagem, que se atribuam mais heróis aos trabalhos na Terra! Assim disse Anu a seus dois filhos; em seu coração, estava pensando em estações de passagem nos céus.

Essas foram as ordens do Anu; Ea e Enlil inclinaram a cabeça as aceitando.

Houve anoiteceres e amanheceres; e ao Eridú voltaram todos. No Eridú tiveram um conselho, para atribuir trabalhos e deveres. Ea, que tinha baseado Eridú, foi o primeiro em pronunciar-se: eu fundei Eridú; que se estabeleçam outros assentamentos nesta região, que se conheça pelo nome de Edin, Morada dos Retos.

Deixe para mim o comando de Edin, que se encarregue Enlil da extração do ouro!

Enlil se enfureceu com estas palavras: O plano é improcedente!, disse a Anu.

Do mando e de trabalhos a realizar, eu sou o melhor; de naves celestes, eu tenho os conhecimentos.

Da Terra e seus segredos, meu meio-irmão, Ea, é conhecedor; ele descobriu o Abzu, que ele seja o senhor do Abzu!

Anu escutou com atenção as iradas palavras; os irmãos eram de novo meio-irmãos, o Primogênito e o Herdeiro Legal disputavam com palavras como armas. Ea era o Primogênito, nascido de Anu com uma concubina.

Enlil, nascido depois, foi concebido por Antu, a esposa de Anu. Era meio-irmã de Anu, fazendo, portanto, Enlil Herdeiro Legal, impondo-se assim ao Primogênito para a sucessão.

Anu estava temendo um conflito que pusesse em perigo a obtenção do ouro; um dos irmãos devia retornar ao Nibiru, a sucessão devia ser excluída de qualquer consideração, assim se dizia Anu a si mesmo. E em voz alta fez uma surpreendente sugestão aos dois:

A gente voltará para Nibiru para sentar-se no trono, a gente mandará no Edin, a gente será o senhor do Abzu, entre os três, eu com vós, determinaremo-lo a sortes!

Os irmãos ficaram calados, aquelas audazes palavras os pegou de surpresa.

Joguemo-lo a sortes!, disse Anu. Que a decisão venha da mão do fado!

Os três, o pai e os dois filhos, uniram as mãos.

Jogaram sortes, as tarefas se dividiram por sortes:

Anu para que volte para Nibiru, para seguir sendo seu soberano no trono; o Edin tocou a Enlil, para ser o Senhor do Mandato, como seu nome indicava. Para fundar mais assentamentos, para fazer-se carregamento das naves celestes e de seus heróis, para ser o líder de todas as terras até que encontrassem a barreira dos mares.

A Ea lhe concederam como domínio os mares e os oceanos, para que governasse as terras sob a barreira das águas, para ser o senhor do Abzu, para com engenho procurar o ouro.

Enlil esteve de acordo com as sortes, aceitou com uma inclinação a mão do fado. Os olhos da Ea se encheram de lágrimas, não queria separar-se do Eridú nem do Edin. Que Ea conserve para sempre seu lar do Eridú!, disse Anu ao Enlil. Que se recorde sempre que foi o primeiro em amerissar, que se conheça a Ea como o senhor da Terra; Enki, Senhor da Terra, seja seu título! Enlil aceitou com uma inclinação as palavras de seu pai; a seu irmão disse assim: Enki, Senhor da Terra, será a partir de agora seu título; eu serei conhecido como Senhor do Mandato.

Anu, Enki e Enlil anunciaram as decisões aos heróis em assembléia. As tarefas estão atribuídas, o êxito está à vista!, disse-lhes Anu. Agora posso me despedir de vós, posso voltar para o Nibiru com o coração tranqüilo!

Alalu se adiantou para o Anu. esqueceu-se um assunto importante!, gritou. O senhorio da Terra foi atribuído a mim; essa foi a promessa quando anunciei ao Nibiru o achado do ouro!

Tampouco renunciei às minhas pretensões sobre o trono do Nibiru, e é uma grave abominação que Anu o compartilhe tudo com seus filhos! Assim desafiou Alalu ao Anu e a suas decisões.

Ao princípio, Anu ficou sem palavras; depois, enfurecido, respondeu: Que nossa disputa se dita em uma segunda luta, briguemos aqui, façamo-lo agora!

Com desprezo, Alalu tirou a roupa; do mesmo modo, Anu se despiu. Nus, os dois membros da realeza começaram a lutar, foi uma poderosa luta.

Alalu fincou o joelho, ao chão Alalu caiu; Anu pisou com seu pé o peito do Alalu, declarando assim a vitória na luta.

Pela luta se tomou a decisão; eu sou o rei, Alalu não voltará para o Nibiru!

Assim estava falando Anu quando tirou o pé do cansado Alalu.

Como um raio, Alalu se levantou do chão. Derrubou Anu pelas pernas.

Abriu a boca e, rapidamente, arrancou-lhe de um bocado sua dignidade ao Anu, Alalu se tragou a dignidade do Anu!

Em dolorosa agonia, Anu lançou um alarido aos céus; não estou acostumado a cair ferido.

Enki se precipitou sobre o cansado Anu, Enlil tomou cativo Alalu.

Os heróis levaram Anu à sua cabana, palavras de maldição pronunciou ele contra Alalu. Que se faça justiça!, gritou Enlil a seu lugar-tenente. Com sua arma-raio, que Alalu seja morto! Não! Não!, gritou encarnizadamente Enki. A justiça está dentro dele, em suas vísceras entrou o veneno! Levaram Alalu a uma cabana de canos, ataram suas mãos e seus pés como a um prisioneiro.

Vem agora o relato do julgamento do Alalu, e dos sucessos que aconteceram depois na Terra e no Lahmu.

Em sua cabana de cano, Anu estava ferido; na cabana de cano, Enki lhe aplicava a cura.

Em sua cabana de cano, Alalu estava sentado, cuspia saliva de sua boca; em suas vísceras, a dignidade de Anu era como uma carga, suas vísceras se impregnaram com o sêmen do Anu; como uma fêmea no parto, o ventre lhe estava inchando.

Ao terceiro dia, as dores de Anu remeteram; seu orgulho estava enormemente ferido.

Quero voltar para Nibiru!, disse Anu a seus dois filhos.

Mas antes se tem que fazer um julgamento de Alalu; deve ser imposta uma sentença adequada ao crime!

Segundo as leis do Nibiru, faziam falta sete juizes, presidiria o de maior fila deles.

Na praça do Eridú, os heróis se reuniram em assembléia para presenciar o julgamento de Alalu.

Para os Sete Que Julgam ficaram sete assentos; para o Anu, presidindo, preparou-se o assento mais alto.

A sua direita se sentou Enki; Enlil se sentou à esquerda de Anu.

À direita de Enki se sentaram Anzu e Nungal; Abgal e Alalgar se sentaram à esquerda do Enlil.

Ante estes Sete Que Julgam foi levado Alalu; sem desatar suas mãos e seus pés. Enlil foi o primeiro em falar: Em justiça, levou-se a cabo uma luta, Alalu perdeu a realeza ante Anu! O que diz você, Alalu?, perguntou-lhe Enki.

Em justiça, levou-se a cabo uma luta, a realeza perdi!, disse Alalu. Tendo sido vencido, Alalu perpetrou um abominável crime, a dignidade de Anu mordeu e se tragou!

Assim fez Enlil a acusação do crime. A morte é o castigo!, disse Enlil. O que diz você, Alalu?, perguntou-lhe Enki a seu pai por matrimônio. Houve silêncio; Alalu não respondeu à pergunta.

Todos presenciamos o crime!, disse Alalgar. A sentença deve ser conforme a isso! Se houver palavras que queira pronunciar, as diga antes do julgamento!, disse Enki ao Alalu.

No silêncio, Alalu começou a falar lentamente: No Nibiru fui rei, por direito de sucessão estive reinando.

Anu foi meu copeiro. Aos príncipes pôs em pé, a uma luta desafiou; durante nove voltas fui rei no Nibiru, a minha semente pertencia a realeza. O mesmo Anu se sentou em meu trono, e para escapar da morte fiz um perigosa viagem até a distante Terra.

Eu, Alalu, descobri em um planeta estranho a salvação de Nibiru! Me prometeu que voltaria para o Nibiru, para me repor em justiça no trono! Depois, veio Ea à Terra; que, por compromisso, foi designado o seguinte para reinar no Nibiru.

Depois, veio Enlil, reivindicando para si a sucessão de Anu. Depois, veio Anu, a sortes enganou a Ea; Enki, o Senhor da Terra, foi proclamado, para ser o senhor da Terra, não de Nibiru.

Depois, concedeu ao Enlil o mando, ao distante Abzu foi relegado Enki.

De tudo isto se doía meu coração, o peito me ardia de vergonha e fúria; depois, Anu pôs seu pé sobre meu peito, sobre meu doído coração estava pisando! No silêncio, Anu levantou a voz: Pela semente real e pela lei, em justa luta ganhei o trono.

Minha dignidade mordeu e tragou, para interromper minha linhagem!

Enlil falou: O acusado admitiu o crime, que se dite sentença, que o castigo seja a morte! A Morte!, disse Alalgar. Morte!, disse Abgal. Morte!, disse Nungal.

Por si mesmo chegará a morte ao Alalu, o que tragou em suas vísceras lhe trará a morte!, disse Enki.

Que Alalu esteja na prisão para o resto de seus dias na Terra!, disse Anzu.

Anu refletia nas palavras deles; sentia-se afligido pela ira e a compaixão a um tempo.

Morrer no exílio, que essa seja a sentença!, disse Anu.

Surpreendidos, os juízes se olharam uns aos outros. Não entendiam o que Anu estava dizendo.

Nem na Terra nem no Nibiru será o exílio!, disse Anu.

No trajeto, está o planeta Lahmu, dotado com águas e atmosfera.

Enki, sendo Ea, deteve-se ali; a respeito dele estive pensando para uma estação de passagem.

A força de sua rede é menor que a da Terra, uma vantagem que terá que considerar sabiamente.

Alalu será levado no carro celestial, quando eu partir da Terra, ele fará a viagem comigo.

Daremos voltas ao redor do planeta Lahmu, proporcionaremos a Alalu uma câmara celeste, para que nela descenda ao planeta Lahmu.

Só em um planeta estranho, exilado estará, Para que conte por si mesmo seus dias até seu último dia!

Assim pronunciou Anu as palavras da sentença, com toda solenidade. Por unanimidade se impôs esta sentença sobre o Alalu, em presença dos heróis se anunciou. Que Nungal seja meu piloto até o Nibiru, para que de ali dirija de novo a outros carros levando heróis para a Terra.

Que Anzu se una à viagem, para que se faça cargo da descida ao Lahmu! Assim pronunciou suas ordens Anu.

Para o dia seguinte se dispôs a partida; todos os que tinham que partir foram levados em embarcações até o carro. Tem que preparar um lugar para aterrissagens em terra firme!, disse-lhe Anu a Enlil. Terá que fazer planos sobre como utilizar Lahmu como estação de passo!

Teve despedidas, tão alegres como tristes. Anu embarcou no carro coxeando, Alalu entrou no carro com as mãos atadas.

Depois, o carro se remontou nos céus, e a visita real terminou. Deram uma volta ao redor da Lua; Anu estava encantado com sua visão.

Viajaram para o avermelhado Lahmu, duas vezes o circundaram. Descenderam para o estranho planeta, viram montanhas tão altas como o céu e gretas na superfície.

Observaram o sítio onde uma vez aterrissou o carro de Ea; estava à beira de um lago.

Freados pela força da rede do Lahmu, dispuseram no carro a câmara celeste.

Então, Anzu, seu piloto, disse ao Anu umas palavras inesperadas: Descenderei com o Alalu ao chão firme de Lahmu, não quero voltar para o carro com a câmara celeste!

Ficarei com o Alalu no planeta estranho; protegerei-o até que morra. Quando morrer pelo veneno em suas vísceras, enterrarei-o como se merece um rei!

Quanto a mim, farei meu nome.

Anzu, dirão, frente a tudo, foi companheiro de um rei no exílio, viu coisas que outros não viram, em um planeta estranho se enfrentou a coisas desconhecidas!

Anzu, até o final dos tempos dirão, tem cansado como um herói! Havia lágrimas nos olhos do Alalu, havia assombro no coração do Anu.

Seu desejo será honrado, disse Anu ao Anzu. Desde este momento, faço-te uma promessa, levantando a mão eu te faço este juramento:

Na próxima viagem, um carro circundará Lahmu, sua nave celeste descenderá até ti.

Se te encontrar com vida, será proclamado senhor do Lahmu; quando se funde no Lahmu uma estação de passagem, você será seu comandante! Anzu inclinou a cabeça. Assim seja!, disse ao Anu. Alalu e Anzu se acomodaram na câmara celeste, com cascos de águias e trajes de peixes foram providos, lhes subministraram mantimentos e ferramentas.

A nave celeste partiu do carro, do carro se observou sua descida. Depois, desapareceu da vista, e o carro prosseguiu para o Nibiru.

Durante nove Shars foi Alalu rei do Nibiru, durante oito Shars comandou no Eridú.

No nono Shar, sua sorte foi morrer no exílio no Lahmu.

 

Vem agora o relato da volta de Anu ao Nibiru, e de como foi enterrado Alalu no Lahmu, de como construiu Enlil o Lugar de Aterrissagem na Terra.

Houve uma alegre boa-vinda para o Anu no Nibiru.

Anu deu conta do acontecido no conselho e ante os príncipes; não procurava deles nem piedade nem vingança.

Deu instruções a todos para que se discutissem os trabalhos que terei que fazer.

Esboçou para os reunidos uma visão de grande alcance: Estabelecer estações de passagem entre o Nibiru e a Terra, reunir a toda a família do Sol em um grande reino!

Terei que desenhar a primeira no Lahmu, também terei que considerar nos planos à Lua; levantar estações em outros planetas ou em suas hostes circundantes, uma cadeia, uma caravana constante de carros de fornecimento e salvaguarda, trazer sem interrupções ouro desde a Terra ao Nibiru, possivelmente, inclusive, também se pudesse encontrar ouro em algum outro lugar! Os conselheiros, os príncipes, os sábios tomaram em consideração os planos do Anu, todos viam nos planos uma promessa de salvação para o Nibiru. Os sábios e os comandantes aperfeiçoaram os conhecimentos dos deuses celestiais, aos carros e as naves celestes lhes acrescentou uma nova classe, as naves espaciais. Selecionaram-se heróis para os trabalhos, para os trabalhos havia muito que aprender. Lhes transmitiram os planos a Enki e a Enlil, lhes disse que acelerassem os preparativos na Terra. Houve muita discussão na Terra sobre o que tinha acontecido e sobre o que se requeria fazer. Enki assinalou ao Alalgar para que fora o Supervisor do Eridú, e dirigiu seus próprios passos para o Abzu; depois, determinou onde obter ouro das vísceras da Terra. Calculou quantos heróis necessitava para os trabalhos, considerou que ferramentas se necessitavam.

Enki desenhou um Agrietador de Terra, pediu que se elaborasse em Nibiru, com ele faria um corte na Terra, chegaria à suas vísceras através de túneis; também desenhou O-que-parte e O-que-tritura, para que os forjassem em Nibiru para o Abzu.

Aos sábios de Nibiru lhes pediu que refletissem sobre outros assuntos. Fez uma relação de necessidades, dos assuntos de saúde e bem-estar dos heróis.

Os heróis estavam se vendo afetados pelas rápidas voltas da Terra, os rápidos ciclos dia-noite da Terra lhes causavam vertigens. A atmosfera, embora boa, tinha carências em alguns costumes, e era muito abundante em outras; os heróis se queixavam da uniformidade das comidas. Enlil, o comandante, via-se afetado pelo calor do Sol na Terra, desejava frescura e sombra.

Enquanto no Abzu Enki fazia seus preparativos, Enlil fiscalizava em sua nave celeste os trabalhos no Edin.

Tomou conta de montanhas e rios, tomou medidas de vales e planícies.

Estava procurando onde estabelecer um Lugar de Aterrissagem, um lugar para as naves espaciais.

Enlil, afetado pelo calor do Sol, estava procurando um lugar fresco e sombrio.

As montanhas cobertas de neve da parte norte do Edin eram de seu agrado; ali, em um bosque de cedros, estavam as árvores mais altas que jamais tinha visto.

Ali, em um vale entre montanhas, aplainou a superfície com raios de força. Os heróis extraíram das ladeiras grandes pedras para as esculpir.

Transportaram-nas e as colocaram para sustentar a plataforma com as naves celestes.

Enlil viu com satisfação a obra, realmente, era uma obra incrível, uma estrutura imperecível!

Uma morada para ele, no topo da montanha, era seu desejo.

Das altas árvores no bosque de cedros se prepararam largas vigas, decretou que delas se construiria uma morada para si mesmo:

nomeou-a a Morada do Topo Norte.

No Nibiru, preparou-se um novo carro celestial para elevar-se nas alturas, transportaram-se novas classes de naves espaciais, naves celestes, e a que Enki tinha desenhado.

Um grupo de reserva com cinqüenta partiu desde o Nibiru; entre eles havia mulheres escolhidas.

Estavam comandadas por Ninmah, Dama Elevada; estavam treinadas em auxílios e cura.

Ninmah, Dama Elevada, era filha de Anu; era meio-irmã, não irmã de tudo, de Enki e Enlil.

Era muito instruída em auxílio e cura, sobressaía-se no tratamento das enfermidades.

Prestou muita atenção às queixas da Terra, estava preparando uma cura!

Nungal, o piloto, seguiu o rumo de carros prévios, registrado nas Tabuletas dos Destinos.

Sem novidade, chegaram ao deus celestial Lahmu; circundaram o planeta, lentamente descenderam à sua superfície.

Um grupo de heróis seguiu uma débil transmissão; Ninmah ia com eles. Encontraram Anzu à beira de um lago; eram de seu casco os sinais de transmissão.

Anzu não se movia, estava prostrado, jazia morto.

Ninmah tocou seu rosto, prestou atenção a seu coração.

Tirou o Pulsador de sua bolsa; dirigiu-o sobre o batimento do coração de Anzu. Tirou o Emissor de sua bolsa, dirigiu sobre o corpo de Anzu as emissões doadoras de vida de seus cristais.

Sessenta vezes dirigiu Ninmah o Pulsador, sessenta vezes dirigiu o Emissor; na sexagésima ocasião, Anzu abriu os olhos, moveu os lábios. Com muito cuidado, Ninmah derramou Água de Vida sobre seu rosto, umedeceu seus lábios com ela. Brandamente, pôs em sua boca Alimento de Vida; Então, ocorreu o milagre: Anzu se elevou de entre os mortos! Mais tarde, perguntaram-lhe sobre o Alalu; Anzu lhes contou a morte de Alalu. Levou-os até uma grande rocha, sobressaía-me da planície para o céu. Ali lhes contou o que havia acontecido: Pouco depois da aterrissagem, Alalu começou a gritar de dor. De sua boca, suas vísceras cuspia; com tremendas dores pereceu do outro lado do muro! Assim lhes disse Anzu. Levou-os até uma grande rocha, que se elevava como uma montanha da planície para o céu.

Na grande rocha encontrei uma cova, dentro dela ocultei o cadáver de Alalu, cobri sua entrada com pedras. Assim disse-lhes Anzu. Eles o seguiram até a rocha, tiraram as pedras, entraram na cova.

Dentro encontraram o que restava de Alalu; que uma vez fora rei de Nibiru jazia agora em uma cova, era uma pilha de ossos! Pela primeira vez em nossos anais, um rei não morreu em Nibiru, não tinha sido enterrado em Nibiru! Assim disse Ninmah. Que descanse em paz por toda a eternidade!, disse.

Voltaram a cobrir a entrada da cova com pedras; sobre a grande montanha rochosa, esculpiram com raios a imagem de Alalu.

Mostravam-lhe levando um capacete de águia; deixaram o rosto descoberto.

Que a imagem de Alalu olhe para sempre para Nibiru que governou, para a Terra cujo ouro descobriu!

Assim falou Ninmah, Dama Elevada, em nome de seu pai Anu.

Quanto a ti, Anzu, Anu, o rei, manterá a promessa que te fez!

Permanecerão aqui, contigo, vinte homens, para que comecem a construir a estação de passagem; as naves espaciais da Terra entregarão aqui o mineral de ouro, carros celestiais transportarão depois, daqui, o ouro até Nibiru.

Centenas de homens farão sua morada no Lahmu, você, Anzu, será seu comandante!

Assim disse ao Anzu a Grande Dama, em nome de seu pai Anu.

Minha vida te pertence, Grande Dama!, disse Anzu. Minha gratidão a Anu não terá limites!

O carro partiu do planeta Lahmu; continuou sua viagem para a Terra.

 

Sinopse da Quinta Tabuleta

Ninmah chega à Terra com um grupo de enfermeiras.

Faz entrega de sementes para novelo que proporcionarão um elixir. 

Leva notícias a Enlil de seu filho extra-matrimonial Ninurta.

No Abzu, Enki estabelece uma morada e instalações mineiras. 

No Edin, Enlil constrói instalações espaciais e de outros tipos.

Os nibiruanos na Terra («Anunnaki») somam seiscentos.

E trezentos «Igigi» operam as instalações no Lahmu (Marte).

Estando exilado pela violação de sua acompanhante Sud, Enlil se inteira das armas escondidas.

Sud se converte na esposa de Enlil, dá-lhe um filho (Nannar).

Ninmah se une a Enki no Abzu, dá-lhe filhas. 

Ninki, esposa de Enki, chega com o filho de ambos, Marduk. 

À medida que Enki e Enlil engendram mais filhos, formam-se clãs na Terra.

Acossados pelas privações, os Igigi lançam um golpe contra Enlil. 

Ninurta derrota o seu líder, Anzu, nas batalhas aéreas.

Os Anunnaki, obrigados a produzir ouro com mais rapidez, amotinam-se. 

Enlil e Ninurta denunciam os amotinados.

Enki sugere a criação artificial de Trabalhadores Primitivos. 

Enlil, Ninmah, Enki e Isimud (Representação suméria).

 

A QUINTA TABULETA

O carro partiu do planeta Lahmu; continuou sua viagem para a Terra.

Deram voltas ao redor da Lua, para ver se dava para fazer ali uma estação de passagem.

Deram voltas ao redor da Terra, desacelerando para uma amerissagem. Nungal fez descender o carro nas águas, junto ao Eridú.

Desembarcaram em um cais construído por Enlil; já não faziam falta as embarcações.

Enlil e Enki receberam com abraços a sua irmã; com Nungal, o piloto, estreitaram os braços.

Os heróis, homens e mulheres, foram recebidos com vitória pelos igigi presentes.

Tudo o que levava o carro se descarregou com rapidez: naves espaciais e naves celestes, e as ferramentas desenhadas por Enki, e provisões de todo tipo.

De tudo o que ocorria em Nibiru, da morte e o enterro de Alalu, falou Ninmah a seus irmãos; da estação de passagem do Lahmu e do comando de Anzu lhes falou.

Enki expressou sua aprovação a isto, Enlil expressou palavras de desconcerto.

É uma decisão de Anu, sua palavra é inalterável!, disse Ninmah a Enlil.

Trouxe alívio para as enfermidades, disse Ninmah a seus irmãos.

Tirou de sua bolsa um pacote de sementes, sementes para serem plantadas na terra; multidão de matagais brotarão das sementes, e produzirão frutos suculentos.

Com o suco se fará um elixir, será bom para que o bebam os igigi.

Isto afugentará as enfermidades; porá-lhes contentes!

Terá que semear as sementes em um lugar fresco, necessitam de calor e água para alimentar-se!

Assim falou Ninmah a seus irmãos. Vou lhe mostrar um sítio perfeito para isso!, disse-lhe Enlil. É onde se construiu o Lugar de Aterrissagem, onde construí uma morada de madeira de cedro! Na nave celeste de Enlil se remontaram no céu os dois, Enlil e Ninmah; Irmão e irmã foram até o Lugar de Aterrissagem, nas montanhas cobertas de neve, junto ao bosque de cedros.

Na grande plataforma de pedra aterrissou a nave celeste, foram à morada de Enlil.

Uma vez dentro, Enlil a abraçou, com ardor beijou a Ninmah. OH, irmã minha, minha amada!, sussurrava Enlil. A tomou por sob seu ventre, não derramou o sêmen em seu útero.

De nosso filho, Ninurta, trago-te notícias!, disse-lhe brandamente Ninmah. É um jovem príncipe, está disposto para a aventura, está preparado para unir-se a ti na Terra! Se ficar você aqui, que tragam Ninurta, nosso filho!, disse-lhe Enlil.

Os igigi foram chegando ao Lugar de Aterrissagem, as naves celestes levavam naves espaciais até a plataforma. Da bolsa de Ninmah se tiraram as sementes, semearam-se nas terras do vale.

Um fruto de Nibiru cresceria na Terra! Na nave celeste, Enlil e Ninmah voltaram para o Eridú.

No caminho, Enlil lhe mostrou a paisagem, mostrou-lhe o Edin em toda sua extensão, dos céus, Enlil lhe explicou seus planos. Desenhei um plano imperecível!, dizia-lhe. Dispus o que determinará sua construção para sempre; longe do Eridú, onde começa a terra seca, estará minha residência, Laarsa será seu nome, se converterá em um lugar de comando.

À beira do Burannu, o Rio de Águas Profundas, estará localizada, uma cidade que surgirá no futuro, nomearei-a Lagash.

Entre as duas, nas planícies, risquei uma linha, a sessenta léguas dali, haverá uma cidade, será sua própria cidade, Shurubak, a Cidade Refúgio a nomearei.

Na linha central estará localizada, dirigirá por volta da quarta cidade; Nibru-ki, Lugar do Cruzamento da Terra a nomearei, estabelecerei nela um Enlace Céu-Terra.

Albergará as Tabuletas dos Destinos, controlará todas as missões! junto ao Eridú, somarão cinco cidades, existirão para toda a eternidade! Em uma tabuleta de cristal, Enlil mostrou a Ninmah seu plano; na tabuleta, ela viu mais marcas, sobre elas perguntou a Enlil. Além das cinco cidades, construirei no futuro um Lugar do Carro, para que chegue diretamente de Nibiru à Terra!, respondeu-lhe Enlil. Então compreendeu Ninmah por que o desconcerto de Enlil ante os planos de Anu sobre o Lahmu.

Irmão meu, é magnífico seu plano para as cinco cidades!, disse-lhe Ninmah.

A criação de Shurubak, uma cidade de cura, como minha morada, para mim mesma, é algo pelo que estou agradecida; além desse plano, não transgrida a seu pai, não ofenda tampouco a seu irmão!

É tão sábia como formosa!, disse-lhe Enlil.

No Abzu, Enki também estava concebendo planos, onde construir sua casa, onde preparar moradas para os igigi, por onde entrar nas vísceras da Terra.

Em sua nave celeste, mediu a extensão do Abzu, inspecionou cuidadosamente suas regiões.

O Abzu era uma terra distante, estava além das águas do Edin; era uma terra rica, transbordante de riquezas, perfeita em sua totalidade.

Poderosos rios atravessavam a região, grandes águas discorriam rapidamente; uma morada junto às águas correntes fez Enki para si mesmo, no meio do Abzu, em um lugar de águas puras ficou Enki a si mesmo. Nessa terra, Enki determinou o Lugar da Profundidade, para que os igigi descendessem às vísceras da Terra. Ali pôs Enki o Agrietador de Terra, para com ele lhe fazer um corte à Terra, chegar por meio de túneis às interioridades da Terra, descobrir as veias douradas.

Muito perto, convocou O-que-parte e O-que-tritura, para partir e triturar o mineral aurífero, para transportá-lo em naves celestes, levá-lo a Lugar de Aterrissagem nas montanhas de cedros, de ali transportá-lo à estação de passagem do Lahmu com naves espaciais. Mais igigi foram chegando à Terra, uns eram atribuídos ao Edin, a outros lhes davam trabalhos no Abzu.

Enlil construiu Laarsa e Lagash, fundou Shurubak para Ninmah. Um exército de curadoras vivia ali com ela, as jovens que dão auxílio. No Nibru-ki, Enlil estava ensamblando um Enlace Céu-Terra, para comandar todas as missões de ali.

Enki viajava entre o Eridú e o Abzu, ia e vinha para fiscalizar. No Lahmu, a construção seguia progredindo; também foram chegando os igigi para a Estação de passagem.

Um Shar, dois Shars duraram os preparativos; então, Anu deu a palavra. Na Terra, era o sétimo dia, um dia de descanso decretado por Enki no princípio. Em todas as partes, os igigi se reuniram para escutar uma mensagem de Anu irradiado desde o Nibiru;

No Edin se reuniram, Enlil estava ali ao mando. Com ele, estava Ninmah; seu exército de jovens estavam a seu lado reunidas. Alalgar, senhor do Eridú, estava ali; Abgal, que comandava o Lugar de Aterrissagem, também estava.

No Abzu estavam reunidos os igigi, ante o olhar de Enki se encontravam.

Com Enki, estava seu vizir Isimud; Nungal, o piloto, também estava. No Lahmu, estavam reunidos os igigi; com seu orgulhoso comandante, Anzu, estavam. Seiscentos havia na Terra, trezentos se reuniam no Lahmu.

Em total, foram novecentos os que escutaram as palavras de Anu, o rei:

Igigi, vós são os salvadores de Nibiru! A sorte de todos está em suas mãos!

Seus frutos serão recordados por toda a eternidade, lhes chamará com nomes gloriosos.

Os que estão na Terra serão conhecidos como Anunnaki, Os Que do Céu à Terra Vieram!

Os que estão no Lahmu, serão nomeados Igigi, Os Que Observam e Vêem serão!

Tudo o que faz falta está disposto: Que comece a chegar o ouro, que se salve Nibiru!

Vem agora o relato de Enki, Enlil e Ninmah, de seus amores e esponsais, e das rivalidades por seus filhos.

Os três líderes eram descendentes de Anu, de diferentes mães nascidos.

Enki foi o Primogênito; uma concubina de Anu foi sua mãe.

Enlil, de Antu, a esposa de Anu, nasceu; convertendo-se assim no Herdeiro Legal.

Ninmah foi filha de outra concubina, sendo meio-irmã dos dois meio-irmãos.

Era a Primogênita de Anu, isto ficava indicado por seu título-epípeto de Ninmah.

Era extremamente formosa, cheia de sabedoria, rápida em aprender.

Ea, como chamava então a Enki, foi eleito por Anu para que se casasse com Ninmah, pelo qual o filho de ambos se converteria a partir de então no sucessor legal.

Ninmah estava apaixonada por Enlil, um arrojado comandante; ela se deixou seduzir por ele, em seu ventre derramou ele sua semente, da semente de Enlil, ela teve um filho; Ninurta nomearam-lhe os dois. Anu se enfureceu com o ocorrido; como castigo, proibiu a Ninmah que se casasse com ninguém!

Ea abandonou a que, por decreto de Anu, tinha que ser sua noiva; e se casou em seu lugar com uma princesa chamada Damkina; um filho, um herdeiro, nasceu-lhes; Marduk lhe puseram por nome, que significava O Nascido em um Lugar Puro. E quanto a Enlil, não tinha filho algum por matrimônio, não tinha a seu lado uma esposa.

Foi na Terra, não em Nibiru, onde Enlil se casou; sua história é a história de uma violação, de um exílio e de um amor que trouxe o perdão, e de mais filhos que não foram mais que meio-irmãos. Na Terra, era verão; Enlil se retirou a sua morada no bosque de cedros. Pelo bosque de cedros ia Enlil passeando quando refrescava o dia; em uma fria corrente de montanha, estavam se banhando umas jovens de Ninmah atribuídas ao Lugar de Aterrissagem. Enlil ficou enfeitiçado pela beleza e a graça de uma delas, Sud era seu nome.

Enlil a convidou a sua morada no bosque de cedros: Vem e bebe comigo do elixir do fruto de Nibiru que cresce aqui!, disse-lhe a ela.

Sud entrou na morada de Enlil; em uma taça, ofereceu-lhe Enlil o elixir.

Sud bebeu, Enlil também bebeu; Enlil lhe falou de relações sexuais. Não estava disposta a moça. Minha vagina é muito pequena, não conhece a cópula!, disse a Enlil.

Enlil lhe falou de beijos; não estava disposta a moça: Meus lábios são muito pequenos, não conhecem os beijos!, disse a Enlil. Enlil se pôs-se a rir e a abraçou, ele riu e a beijou; Seu sêmen derramou em sua matriz!

A Ninmah, o comandante de Sud, lhe informou da imoral ação. Enlil, o imoral! Por sua ação, terá que confrontar um julgamento! Assim lhe disse enfurecida Ninmah.

Em presença de cinqüenta Anunnaki, reuniram-se os Sete Que Julgam, os Sete Que Julgam decretaram um castigo para Enlil: Fique banido Enlil de todas as cidades, seja exilado a uma Terra Sem Retorno!

Em uma câmara celeste lhe fizeram abandonar o Lugar de Aterrissagem; Abgal era seu piloto.

A uma Terra Sem Retorno lhe levou, para não voltar jamais!

Os dois viajaram na câmara celeste, a outra terra se dirigiram.

Ali, em meio de inóspitas montanhas, em um lugar de desolação, aterrissou Abgal a câmara celeste.

Este será seu lugar de exílio!, disse Abgal a Enlil.

Não por acaso o escolhi!, disse a Enlil. Há oculto aqui um segredo de Enki; em uma cova próxima, Enki ocultou sete Armas de Terror, tirou-as do carro celestial de Alalu.

Toma posse das armas, com as armas conseguirá a liberdade!

Assim lhe disse Abgal seu comandante; um segredo de Enki revelou a Enlil!

Logo, Abgal partiu do lugar secreto; Enlil ficou ali sozinho.

No Edin, Sud falou com Ninmah, sua comandante:

Da semente de Enlil estou grávida, concebi em minha matriz a um filho de Enlil!

Ninmah transmitiu a Enki as palavras de Sud; ele era o Senhor da Terra, na Terra era supremo!

Convocaram a Sud ante os Sete Que Julgam: Tomará a Enlil como marido?, perguntaram-lhe.

Ela pronunciou palavras de consentimento; Abgal transmitiu as palavras a Enlil em seu exílio.

Enlil voltou de seu exílio para casar-se com Sud; deste modo, Enki e Ninmah lhe deram o perdão.

Sud foi declarada esposa oficial de Enlil; lhe concedeu o título-epípeto de Ninlil, Dama do Mandato.

Depois disso, um filho nasceu a Ninlil e Enlil; Nannar, o Brilhante, chamou-lhe Ninlil.

Foi o primeiro dos Anunnaki em ser concebido na Terra, um da semente real de Nibiru nascido em um planeta estranho!

Foi depois disto que Enki falou com Ninmah: Vem comigo ao Abzu!

No meio do Abzu, em um lugar de águas puras, construí uma morada.

Com um metal brilhante, prata é seu nome, embelezei-a, com uma pedra de um azul profundo, lápis lázuli, está adornada; vem, Ninmah, vem comigo, abandona sua adoração por Enlil!

Ao Abzu, à morada de Enki, viajou Ninmah; ali, Enki lhe falou palavras de amor, de parecer um para o outro, doces palavras lhe sussurrou.

Segue sendo minha amada!, disse-lhe acariciando-a.

Abraçou-a, beijou-a; ela fez que seu falo transbordasse.

Enki derramou seu sêmen na matriz de Ninmah. Me dê um filho! Me dê um filho!, gritava.

Ela acolheu o sêmen em sua matriz, o sêmen de Enki a fecundou. Um dia de Nibiru era um mês da Terra para ela, dois dias, três dias, quatro dias de Nibiru, eram como meses da Terra, cinco, seis, sete e oito dias de meses se completaram; a conta novena da maternidade se culminou; Ninmah estava de parto. Deu a luz a uma menina; a recém-nascida era fêmea; à beira do rio, no Abzu, nasceu uma filha de Enki e Ninmah! Enki estava decepcionado com a menina. Beija à pequena!, dizia-lhe Ninmah. Beija à pequena!, disse-lhe Enki a seu vizir Isimud: Eu desejava um filho, hei de ter um filho de minha meio-irmã! De novo beijou a Ninmah, pelo ventre tomou, seu sêmen derramou em seu matriz.

De novo deu a luz ela, de novo uma filha deu a Enki. Um filho, um filho tenho que ter um filho contigo!, gritava-lhe Enki a Ninmah.

Depois do qual, Ninmah pronunciou uma maldição sobre Enki, que todo alimento seja veneno em suas vísceras; que lhe doa a mandíbula, que lhe doam os dentes, que lhe doam as costelas. Isimud convocou aos Anunnaki, a Ninmah o rogavam alívio. Distanciar-se da vulva de Ninmah jurou Enki com o braço em alto; um a um, os achaques o tirou, Enki se liberou da maldição dela. Ninmah voltou para o Edin, para não casar-se nunca; a ordem de Anu se cumpriu! Enki trouxe para a Terra a sua esposa Damkina e a seu filho Marduk; Ninki, Dama da Terra, lhe concedeu a ela por título. Enki teve cinco filhos mais, dela e de concubinas, estes foram seus nomes: Nergal e Gibil, Ninagal e Ningishzidda, e Dumuzi o mais jovem. Enlil e Ninmah trouxeram para a Terra a seu filho Ninurta, com sua esposa Ninlil, teve Enlil um filho mais, um irmão de Nannar; Ishkur foi seu nome.

Três filhos em total teve Enlil, nenhum nascido de concubinas, Dois clãs se estabeleceram assim na Terra; suas rivalidades levaram às guerras.

Vem agora o relato do motim dos Igigi, e de como deu morte ao Anzu, em castigo por roubar as Tabuletas dos Destinos.

Do Abzu, levava-se o ouro das veias da Terra até o Lugar de Aterrissagem, dali, os Igigi o transportavam de naves espaciais até a estação de passagem no Lahmu.

Do planeta Lahmu, o metal precioso se levava ao Nibiru em carros celestiais; no Nibiru, o ouro se convertia no mais fino pó, empregava-se para proteger a atmosfera.

Lentamente se curou a brecha nos céus, lentamente se salvou Nibiru! No Edin, as cinco cidades se aperfeiçoaram.

Enki fez uma morada deslumbrante no Eridú, da terra a elevou para o céu, como uma montanha a elevou por cima do chão, em um bom lugar a construiu.

Sua esposa Damkina morava nela; e ali ensinou Enki a sabedoria a seu filho Marduk.

Enlil estabeleceu no Nibru-ki o Enlace Céu-Terra, era digno de ver.

Em seu centro, um alto pilar o mesmo céu alcançava, ficou sobre uma plataforma que não se podia derrubar; com isto, as palavras de Enki chegavam a todos os assentamentos, em Lahmu e no Nibiru se podiam escutar. Dali se elevaram raios, podiam procurar no coração de todas as terras; seus olhos podiam explorar todas as terras, sua rede fazia impossível uma aproximação não desejada.

Em sua elevada casa, uma câmara como uma coroa era o centro, olhava com atenção os céus distantes; olhava fixamente para o horizonte, aperfeiçoou o zênite celestial.

Em sua santificada câmara escura, com doze emblemas estava marcada a família do Sol, nos ME estavam registradas as fórmulas secretas do Sol e a Lua, Nibiru e a Terra, e os oito deuses celestiais.

As Tabuletas dos Destinos emitiam seus tons de cores na câmara, com elas, Enlil fiscalizava todas as idas e vindas.

Na Terra, os Anunnaki trabalhavam sem descanso, queixavam-se do trabalho e do sustento. Estavam transtornados pelos rápidos ciclos da Terra, e do elixir só se davam-lhes pequenas rações. No Edin, os Anunnaki trabalhavam sem descanso; no Abzu, o trabalho era ainda mais extenuante. Por equipes, enviavam-se Anunnaki de volta ao Nibiru; por equipes, outros novos chegavam.

Os Igigi, que moravam no Lahmu, eram os que mais ruidosamente se queixavam: demandavam um lugar de descanso na Terra, para quando desciam de Lahmu à Terra.

Enlil e Enki intercambiaram palavras com Anu, ao rei consultaram: Deixem que o líder vá à Terra, discutam com o Anzu! Assim lhes disse Anu. Anzu descendeu dos céus à Terra, entregou os términos das queixa a Enlil e Enki.

Deixa que Anzu conheça o mecanismo!, disse Enki a Enlil.

Eu lhe mostrarei o Abzu, lhe revele você o Enlace Céu-Terra!

Enlil consentiu com as palavras de Enki.

Enki mostrou o Abzu a Anzu, o exaustivo trabalho nas minas lhe mostrou.

Enlil convidou Anzu ao Nibru-ki, na sagrada câmara escura lhe deixou entrar.

No mais profundo do santuário, explicou a Anzu as Tabuletas dos Destinos.

Mostrou a Anzu o que os Anunnaki estavam fazendo nas cinco cidades; prometeu alívio aos Igigi que chegavam ao Lugar de Aterrissagem.

Voltou depois para o Nibru-ki para discutir as queixa dos Igigi.

Anzu era um príncipe entre os príncipes, de semente real era sua ascendência; malvados pensamentos encheram seu coração quando voltou para Enlace Céu-Terra.

Estava planejando levar as Tabuletas dos Destinos; em seu coração, estava planejando tomar o controle dos decretos do céu e a Terra.

Concebeu em seu coração arrebatá-las de Enlil. Seu objetivo era governar aos Igigi e aos Anunnaki!

Sem levantar suspeitas, Enlil deixou a Anzu que se instalasse na entrada do santuário.

sem levantar suspeitas, Enlil deixou o santuário, foi tomar um banho refrescante.

Com malvadas intenções, Anzu se apoderou das Tabuletas dos Destinos; fugiu em uma câmara celeste, foi rapidamente à montanha das câmaras celestes; ali, no Lugar de Aterrissagem, estavam-lhe esperando Igigi rebeldes, estavam-se preparando para declarar a Anzu rei da Terra e do Lahmu!

No santuário do Nibru-ki, o resplendor se desvaneceu, o zumbido se sossegou, o silêncio prevalecia no lugar, as fórmulas sagradas tinham ficado suspensas.

No Nibru-ki, Enlil ficou sem palavras; estava afligido pela traição. Palavras furiosas proferiu contra Enki, duvidou da ascendência de Anzu.

Reuniram-se os líderes no Nibru-ki, os Anunnaki que decretam as sortes se consultaram com Anu.

Terá que deter o Anzu, as Tabuletas devem voltar para santuário!, decretou Anu.

Quem enfrentará ao rebelde? Quem recuperará as Tabuletas?, perguntavam-se entre si os líderes.

Estando de posse das Tabuletas dos Destinos, Anzu é invencível!, diziam-se uns aos outros.

Ninurta, animado por sua mãe, adiantou-se entre os reunidos: Serei o guerreiro de Enlil, vencerei ao Anzu! Assim falou Ninurta. Ninurta se dirigiu para a ladeira da montanha, comprometeu-se a vencer ao fugitivo Anzu.

Anzu fazia pouco caso de Ninurta do seu esconderijo: As Tabuletas são meu amparo, sou invencível! Dardos relampejantes dirigiu Ninurta ao Anzu; as flechas não puderam aproximar-se de Anzu, voltaram para trás.

A batalha se deteve, as armas de Ninurta não venceriam a Anzu! Então, Enki deu um conselho a Ninurta:

Levanta uma tormenta com você, um Torvelinho, que o rosto de Anzu se cubra de pó, que as asas de seu pássaro celeste encrespem-se!

Enlil forjou uma poderosa arma para seu filho, era um projétil Tillu; sujeita a sua Arma-tormentosa, quando se aproximarem asa com asa, dispara-as contra Anzu!

Assim instruiu Enlil a seu filho Ninurta.

Quando se aproximarem asa com asa entre si, deixa que o projétil voe como um raio!

De novo se remontou no céu Ninurta com seu Torvelinho; Anzu se elevou com seu pássaro celeste para lhe fazer frente.

Asa com asa!, gritou Anzu enfurecido. Esta batalha será sua destruição!

Ninurta seguiu o conselho de Enki; com seu Torvelinho criou uma tormenta de pó. O pó cobriu o rosto de Anzu, ficaram ao descoberto os pinhões de seu pássaro celeste; em meio deles, deixou ir Ninurta o projétil, os pinhões de Anzu se viram sumidos em um resplendor de fogo.

Suas asas começaram a bater como as asas de mariposas; Anzu caiu até o chão.

A Terra se sacudiu, os céus se obscureceram.

Ninurta fez cativo ao cansado Anzu, dele recuperou as Tabuletas.

Os Igigi estavam observando do topo da montanha; quando Ninurta chegou ao Lugar de Aterrissagem, tremeram e lhe beijaram os pés.

Ninurta liberou o cativo Abgal e aos Anunnaki, anunciou sua vitória a Anu e a Enlil.

Depois, voltou para o Nibru-ki, e as Tabuletas se reinstalaram na câmara mais profunda. De novo voltou o resplendor ali dentro, restabeleceu-se o zumbido dos ME nas Tabuletas.

Anzu foi submetido a julgamento ante os Sete Que Julgam;

Enlil e Ninlil, sua esposa, Enki e sua esposa Ninki, a que anteriormente se conhecia como Damkina, e os filhos Nannar e Marduk estavam ali, Ninmah também estava no julgamento.

Ninurta falou dos malvados atos: Não há justificação, que a morte seja sua pena!, disse.

Os Igigi se queixavam com razão, necessitam de um lugar de descanso na Terra!, Retrucou Marduk em contra.

Por sua malvada ação, Anzu pôs em perigo a todos os Anunnaki e aos Igigi!, disse Enlil.

Enki e Ninmah deram razão a Enlil; o mau deve ser extinto!, disseram. Os sete sentenciaram a Anzu a morte por execução; com um raio mortal foi extinto o fôlego vital de Anzu. Deixem seu corpo aos abutres!, disse Ninurta.

Deixem que seja enterrado no Lahmu, que lhe ponha em uma cova junto ao Alalu para seu descanso!, disse Enki.

Da mesma semente ancestral eram ambos!

Que Marduk leve seu corpo ao Lahmu, que Marduk fique ali como comandante!

Isso sugeriu Enki aos juizes. Assim seja!, disse Enlil.

 

Vem agora o relato de como se fundou Bad-Tibira, a Cidade do Metal, e de como, no quadragésimo Shar, os Anunnaki se amotinaram no Abzu.

Anzu foi julgado e executado no vigésimo-quinto Shar, isto subjugou o mal-estar dos Igigi, embora seguiu fervendo lentamente.

Marduk foi enviado ao Lahmu para levantar os espíritos dos Igigi, para prestar atenção a seu bem-estar.

Na Terra, Enlil e Enki discutiram mudanças, estiveram refletindo sobre como evitar o mal-estar na Terra.

As estadias na Terra são muito prolongadas, diziam-se um a outro.

Pediram conselho a Ninmah; ficaram alarmados pela mudança de semblante nela. O ouro deve fluir com mais rapidez ao Nibiru, terá que prover de salvação com mais rapidez!, Concordaram todos. Ninurta era um perito nas interioridades dos planetas; disse palavras sobre isso e a seus maiores: Que se estabeleça uma Cidade do Metal, para que ali se funda e se refine o mineral aurífero, ali se poderão dispor carregamentos menos pesados da Terra. Cada espaçonave poderá levar mais ouro, e ficará espaço para que os Anunnaki retornem a Nibiru, que os esgotados retornem ao Nibiru, que outros frescos os substituam na Terra! Enlil, Enki e Ninmah consideraram favoravelmente a sugestão da Ninurta, consultou a Anu e deu sua aprovação.

No Edin, planejou-se uma Cidade do Metal, nessa localização insistiu Enlil! construiu-se com materiais do Nibiru, equipou-se com ferramentas de Nibiru.

Três Shars levou sua construção, lhe deu por nome Bad-Tibira. Ninurta, que fez a sugestão, foi seu primeiro comandante. Desta forma, o fluxo de ouro ao Nibiru se fez mais fácil e rápido, aqueles que haviam vindo à Terra e ao Lahmu ao princípio dos Tempos Prévios voltaram para o Nibiru; Alalgar, Abgal e Nungal estavam entre eles. Os recém chegados que os substituíram eram mais jovens e entusiastas; não estavam acostumados aos ciclos da Terra e do Lahmu nem a outros rigores. No Nibiru, de onde tinham vindo, a brecha na atmosfera se estava curando; os mais jovens não tinham conhecido as grandes calamidades que haviam tido lugar no planeta e em seus céus. De sua missão dourada albergavam especialmente o desejo de emoções e aventuras! Tal como tinha concebido Ninurta, os minerais se traziam do Abzu, no Bad-Tibira se fundiam e se refinavam, com naves espaciais se enviavam ao Lahmu; o ouro puro se levava do Lahmu ao Tibiru em carros celestiais. Tal como tinha concebido Ninurta, o ouro fluía do Abzu até o Nibiru; o que não tinha concebido era o mal-estar dos Anunnaki recém chegados que trabalhavam sem descanso no Abzu!

A verdade seja dita, Enki não teve em conta o que se estava forjando, punha sua atenção em outros assuntos do Abzu. Tinha chegado a fascinar-se com o que cresce e vive no Abzu; desejava aprender as diferenças entre o que tinha aparecido na Terra e o que tinha aparecido no Nibiru, queria descobrir como se causavam as enfermidades pela atmosfera e os ciclos da Terra.

No Abzu, junto às chorreantes água, erigiu um magnífico lugar de estudo, dotou-o com todo tipo de ferramentas e de equipes.

Chamou o lugar Casa da Vida, a ela convidou a seu filho Ningishzidda.

Configuraram fórmulas sagradas, diminutos ME, a posse dos segredos da vida e a morte, procuravam desentranhar os mistérios da vida e a morte das criaturas da Terra.

Enki estava especialmente apaixonado por algumas criaturas vivas; estas viviam entre as árvores altas, utilizavam suas patas dianteiras como mãos.

Nas altas ervas dos estepes se viam estranhas criaturas; pareciam caminhar eretas.

Enki estava absorvido com estes estudos; mas não se dava conta do que estava-se forjando entre os Anunnaki. O primeiro em dar-se conta do problema foi Ninurta: no Bad-Tibira havia observado uma diminuição em mineral de ouro.

Enlil enviou Ninurta ao Abzu para averiguar o que estava acontecendo.

Ennugi, o oficial chefe, acompanhou-o nas escavações, com seus próprios ouvidos escutou as queixa dos Anunnaki; murmuravam e se lamentavam, resmungavam nas escavações; O trabalho é insuportável!, disseram a Ninurta.

Ninurta deu conta disto a seu tio Enki. Convoquemos ao Enlil!, disse Enki. Enlil chegou ao Abzu, instalou-se em uma casa próxima às escavações. Vamos enervar a Enlil em sua morada!, gritaram os heróis que trabalhavam nas minas.

Que nos libere do duro trabalho!

Proclamemos a guerra, liberaremo-nos através das hostilidades!, gritavam outros.

Os Anunnaki das escavações ouviram as palavras de instigação, prenderam fogo a suas ferramentas, queimaram suas tochas. enfrentaram-se ao Ennugi, oficial chefe das minas, capturaram-no nos túneis; levaram-no com eles, abriram-se passo até a porta da morada de Enlil.

Era de noite, na metade da vigília; rodearam a morada de Enlil, sustentavam no alto suas ferramentas como se fossem tochas.

Kalkal, o guardião da entrada, trancou a porta e despertou ao Nusku; Nusku, o vizir de Enlil, despertou a seu senhor, tirou-o da cama, dizendo assim: Meu senhor, a casa está rodeada, até a porta chegaram os hostis Anunnaki!

Enlil convocou a Enki, Enlil convocou a Ninurta a sua presença: O que é o que estão vendo meus olhos! É contra mim contra quem se está fazendo isto?

Assim lhes disse Enlil: Quem é o instigador das hostilidades? Os Anunnaki se mantiveram unidos: Cada um de nós declarou as hostilidades!

O trabalho é excessivo, nosso trabalho é duro, grande é nossa aflição! Assim disseram a Enlil. Enlil o transmitiu a Anu palavras do que estava acontecendo. Do que acusam a Enlil?, inquiriu Anu.

O trabalho, não Enlil, é a causa do problema!, disse Enki a Anu. Graves sons dos lamentos, todos os dias podemos escutar as queixa! Terá que obter ouro!, disse Anu. O trabalho deve continuar! Liberem o Ennugi para consultas!, disse Enki aos hostis Anunnaki.

Ennugi foi liberado; aos líderes disse:

Desde que aumentou o calor na Terra, o trabalho é insuportável, insuportável!

Que os rebeldes voltem para o Nibiru, e que outros novos venham em seu lugar!, disse Ninurta.

Não poderia forjar novas ferramentas?, disse Enlil ao Enki. Para que os heróis Anunnaki evitassem os túneis?

Chamemos a meu filho Ningishzidda, desejo que me ele assessore!, respondeu Enki.

Convocaram a Ningishzidda, veio da Casa da Vida; Enki se apartou com ele, intercambiaram palavras entre eles. É possível uma solução!, disse Enki.

Criaremos um Lulu, um Trabalhador Primitivo, para que se ocupe do trabalho mais duro, que esse ser carregue sobre suas costas o duro trabalho dos Anunnaki!

Assombrados ficaram os líderes assediados, certamente ficaram sem palavras.

Quem tinha ouvido falar antes de um ser criado de novo, um trabalhador que pudesse fazer o trabalho dos Anunnaki?

Chamaram a Ninmah, que em cura e ajuda era perita.

Repetiram-lhe as palavras de Enki: Acaso há alguém que tenha ouvido falar disso?, perguntaram-lhe.

Não se tinha ouvido falar de algo assim!, disse ela a Enki. Todos os seres descendem de uma semente, Cada ser se desenvolveu ao longo de eones a partir de outro, nenhum veio nunca de um nada!

Quanta razão tem, irmã!, disse Enki sorrindo.

Me deixem que lhes revele um segredo do Abzu:

O ser que precisamos já existe!

Tudo o que temos que fazer é lhe pôr o sinal de nossa essência, assim se criará um Lulu, um Trabalhador Primitivo! Assim lhes disse Enki.

Tomemos, pois, uma decisão, dêem a bênção a meu plano:

Criar um Trabalhador Primitivo, forjá-lo pelo sinal de nossa essência!

 

Sinopse da Sexta Tabuleta

Enki revela um segredo aos incrédulos líderes: no Abzu perambula um ser selvagem similar aos Anunnaki; acrescentando sua essência vital com a dos Anunnaki, lhe poderá elevar até lhe converter em um Trabalhador Primitivo inteligente.

A criação pertence ao Pai de Todo Princípio, gritou Enlil. Só lhe daremos nossa imagem a um ser já existente, argüiu Ninmah. Necessitamos urgentemente do ouro para sobreviver, os líderes votam Sim. Enki, Ninmah e Ningishzidda, o filho de Enki, começam os experimentos. Depois de muitos fracassos, consegue-se o modelo-perfeito. Adamu,  Ninmah grita triunfante: Minhas mãos o têm feito!

Se a renomada Ninti («Dama da Vida») por seu turno Ninki, a esposa de Enki, ajuda a criar a Ti-Amat, uma fêmea Terrestre. Os terrestres, sendo híbridos, emparelham-se mas não procriam. Ningishzidda acrescenta dois ramos de essência à Árvore da Vida dos Terrestres. Ao descobrir os acontecimentos não passados, Enlil expulsa aos Terrestres. A dupla hélice do DNA, emblema de Ninghishzidda. 

 

A SEXTA TABULETA

Criar um Trabalhador Primitivo, forjá-lo pelo sinal de nossa essência!

Assim disse Enki aos líderes.

O ser que precisamos existe já!

Assim lhes revelou Enki um segredo do Abzu.

Assombrados escutaram outros as palavras de Enki; ficaram fascinados com suas palavras.

Existem criaturas no Abzu, disse Enki, que caminham eretas, sobre duas pernas, as patas dianteiras as utilizam como braços, de mãos estão dotados. Vivem entre os animais das estepes. Não sabem vestir-se, comem novelo com a boca, bebem água dos lagos e das sarjetas. Têm todo o corpo peludo, o cabelo da cabeça é como o de um leão; pulam com as gazelas, desfrutam com as criaturas prolíficas nas águas! Os líderes escutaram as palavras de Enki com surpresa.

No Edin não se viu nenhuma criatura como essa!, disse Enlil sem poder acreditar.

Faz eones, no Nibiru, nossos predecessores possivelmente foram assim!, disse Ninmah.

É um ser, não uma criatura!, disse Ninmah. Deve ser emocionante contemplá-lo!

Enki lhes levou à Casa da Vida; em fortes jaulas havia uns destes seres.

Ao ver Enki e os outros, ficaram a saltar, golpeavam com os punhos nas barras da jaula.

Grunhiam e sopravam; não diziam palavras.

São macho e fêmea!, disse Enki; têm masculinidade e feminilidade, procriam como nós, vindos de Nibiru.

Ningishzidda, meu filho, comprovou sua Essência de Elaboração; é similar à nossa, como duas serpentes entrelaçadas; nossa essência vital se combinará com a deles, nosso sinal ficará sobre eles, criará-se um Trabalhador Primitivo! Compreenderá nossas ordens, dirigirá nossas ferramentas, levará a cabo os trabalhos duros nas escavações;

dará alívio aos Anunnaki no Abzu!

Assim falava Enki, com entusiasmo, suas palavras soavam excitadas. Enlil vacilava ante as palavras: É um assunto de grande importância! Faz muito que se aboliu a escravidão em nosso planeta, os escravos são as ferramentas, não outros seres!

Quer trazer para a existência a uma nova criatura, não existente previamente; a criação só está em mãos do Pai de Todo Princípio! Assim disse Enlil, opondo-se; suas palavras eram severas. Enki respondeu a seu irmão: Não escravos, a não ser ajudantes é meu plano! O ser já existe!, disse Ninmah. O plano consiste em lhe dar mais capacidade! Não se trata de fazer uma nova criatura, mas sim de fazer mais a nossa imagem já existente!, disse Enki persuasivamente.

Com poucas mudanças se pode conseguir, só se necessita uma gota de nossa essência!

É este um assunto grave, e não é de meu agrado!, disse Enlil. Vai contra as regras da viagem de planeta em planeta, proibiu-se pelas regras da vinda à Terra. Nosso objetivo era obter ouro, não era substituir ao Pai de Todo Princípio!

Depois de falar assim Enlil, Ninmah foi a que lhe respondeu: Irmão meu!, disse Ninmah a Enlil, o Pai de Todo Princípio nos dotou de sabedoria e entendimento, para que propósito se nos aperfeiçoou deste modo, se não ser para fazer o máximo uso disso?

O Criador de Tudo encheu nossa essência vital de sabedoria e entendimento, para que fôssemos capazes de fazer qualquer uso disso, não é isso para o que fomos destinados? Assim foram as palavras que Ninmah dirigiu a seu irmão Enlil.

Com isso que nos concedeu em nossa essência, aperfeiçoamos ferramentas e carros, fizemos em pedacinhos as montanhas com as armas de terror, e os céus curamos com ouro!

Assim disse Ninurta à sua mãe.

Com a sabedoria não vamos criar novos seres, a não ser a forjar novas ferramentas, vamos aliviar o trabalho com novas equipes, não com escravos!

Lá onde nosso entendimento nos leve, a isso fomos destinados!

Assim disse Ningishzidda, estava de acordo com Enki e com Ninmah.

Não podemos impedir que se usem os conhecimentos que possuímos!, disse Ningishzidda.

Certamente, o Destino não pode ser alterado, desde o começo até o Final foi determinado!

Disse-lhes Enlil. É Destino, ou é Sorte, o que nos trouxe para este planeta, a tirar ouro das águas, a pôr a trabalhar nas escavações aos heróis Anunnaki, a estar negando a criação de um Trabalhador Primitivo?

Essa, meus parentes, é a questão! Assim, com gravidade, disse Enlil.

É Destino, é Sorte? Isso é o que terá que decidir. Está ordenado desde o começo, ou é algo pelo que devemos nos decidir?

Decidiram expor o assunto ante Anu; Anu apresentou o assunto ante o conselho.

Consultou-se aos anciões, aos sábios, aos comandantes.

As discussões foram largas e amargas, disseram-se palavras de Vida e Morte, de Sorte e Destino.

Há alguma outra forma de obter ouro? A sobrevivência está em perigo! Se tiver que obter ouro, que se elabore o ser!, decidiu o conselho.

Que Anu deixe a um lado as regras das viagens planetárias, que se salve Nibiru!

A decisão se transmitiu do palácio de Anu até a Terra; a Enki encantou. Que Ninmah seja minha ajudante, tem conhecimentos destes assuntos!

Assim disse Enki. Olhava a Ninmah com desejo.

Assim seja!, disse Ninmah. Assim seja!, disse Enlil.

Através do Ennugi se anunciou a decisão aos Anunnaki no Abzu: Até que se consiga o ser, têm que voltar voluntariamente para o trabalho!, disse.

Houve decepção; não houve rebelião; os Anunnaki voltaram para o trabalho. Na Casa da Vida, no Abzu, Enki explicou a Ninmah como elaborar o ser.

Levou Ninmah a um lugar entre as árvores, era um lugar de jaulas. Nas jaulas havia estranhas criaturas, algo que ninguém tinha visto em liberdade: tinham a parte superior de uma espécie, a parte inferior de outra criatura; Enki mostrou a Ninmah criaturas de duas espécies combinadas por suas essências!

Voltaram para a Casa da Vida, levaram-na a um lugar limpo com um brilhante resplendor.

No lugar limpo, Ningishzidda explicou a Ninmah os segredos da essência vital, como se pode combinar a essência de duas espécies, ele lhe mostrou. As criaturas das três jaulas são muito estranhas, são monstruosas!, disse Ninmah.

Sim, são!, respondeu Enki. Obter a perfeição, para isso te necessita! Como combinar as essências, quanto delas, quanto disso reunir, em que útero começar a concepção, em que útero deverá dar a luz?

Para isso se necessitam seus conhecimentos de ajuda e cura; necessitam-se os conhecimentos de alguém que tenha dado a luz, de alguém que seja mãe! No rosto de Ninmah havia um sorriso; recordava bem as duas filhas que tinha tido com Enki.

Ninmah fiscalizou com Ningishzidda as fórmulas sagradas que se guardavam secretamente nos ME, perguntava-lhe como se fez isto e aquilo.

Examinou as criaturas das três jaulas, contemplou às criaturas bípedas.

As essências se transmitem por inseminação de um macho a uma fêmea, os dois fios entrelaçados se separam e combinam para forjar uma descendência.

Que um varão Anunnaki fecunde a uma fêmea bípede, que nasça uma descendência de combinação! Assim disse Ninmah.

Isso tentamos, mas houve falhas!, respondeu-lhe Enki.

Não houve concepção, não houve parto!

 

Vem agora o relato de como se criou o Trabalhador Primitivo, de como Enki e Ninmah, com a ajuda da Ningishzidda, forjaram ao ser.

Terá que tentar conseguir outra forma de mesclar as essências, disse Ninmah.

Terá que encontrar outra forma de combinar os dois fios das essências, para que não resulte danificada a porção da Terra.

Tem-se que configurar para que receba nossa essência gradualmente, só se poderia tentar pouco a pouco a partir das fórmulas ME da essência do Nibiru!

Ninmah preparou uma mescla em um recipiente de cristal, pôs com muito cuidado o óvulo de uma fêmea bípede, junto com a que continha a semente Anunnaki, fecundou o óvulo; inseriu de novo o óvulo na matriz da fêmea bípede.

Desta vez houve concepção, havia um parto em florações!

Os líderes esperaram o tempo previsto para o nascimento, esperavam os resultados com o coração cheio de ansiedade.

O tempo previsto se cumpriu, mas não houve nascimento!

Desesperada, Ninmah fez um corte, o que tinha sido concebido extraiu com tenazes. Era um ser vivo! Enki exclamou com regozijo. Conseguimo-lo!, gritou Ningishzidda jubiloso.

Ninmah sustentava em suas mãos ao recém-nascido, mas ela não estava cheia de gozo: o recém-nascido tinha cabelo por toda parte, sua parte superior era como as das criaturas da Terra, as partes inferiores se pareciam mais às dos Anunnaki.

Deixaram que a fêmea bípede cuidasse do recém-nascido, que mamasse seu leite. O recém-nascido cresceu rápido, o que no Nibiru era um dia, era um mês no Abzu. O menino da Terra se fez mais alto, não era a imagem dos Anunnaki; suas mãos não se adaptavam às ferramentas, e não emitia mais que grunhidos!

Temos que voltar a tentá-lo!, disse Ninmah. Terá que ajustar a mescla; me deixem ensaiar com os ME, deixem que faça o esforço com este ou aquele ME! Com a ajuda de Enki e de Ningishzidda repetiram os procedimentos, Ninmah considerou cuidadosamente as essências dos ME, tomou um pouco de um deles, tomou um pouco de outro deles, logo fecundou na terrina de cristal o óvulo da fêmea da Terra.

Houve concepção, quando se cumprisse o tempo haveria nascimento!

Este se parecia mais aos Anunnaki; deixaram que a mãe lhe desse de mamar, deixaram que o recém-nascido se convertesse em menino.

Por seu aspecto, era atrativo; suas mãos estavam conformadas para sustentar ferramentas; puseram a prova seus sentidos, encontraram-nos deficientes: o menino da Terra não podia ouvir, sua visão era vacilante. Uma e outra vez, Ninmah reajustou as mesclas, das fórmulas tomou pingos e partes; um ser tinha os pés paralisados, a outro gotejava o sêmen, a outro tremiam as mãos, a outro lhe funcionava mal o fígado; outro tinha as mãos muito curtas para alcançar a boca, outro não tinha os pulmões adequados para respirar. Enki estava decepcionado com os resultados. Não conseguimos o Trabalhador Primitivo!, disse a Ninmah.

Estou descobrindo através de ensaios o bom ou mau neste ser! Respondeu Ninmah a Enki. Meu coração anima-me a que siga tentando-o! Uma vez mais, Ninmah fez uma mescla; uma vez mais, o recém-nascido era deficiente.

Possivelmente o déficit não se encontre na mescla!, disse-lhe Enki.

Possivelmente o impedimento não esteja nem no óvulo da fêmea nem nas essências!

Pelo que a Terra mesma está forjada, possivelmente seja isso o que falta!

Não use um recipiente de cristais de Nibiru, faz o da argila da Terra!

Assim disse Enki, em posse de grande sabedoria, a Ninmah.

Possivelmente se requeira o que é a própria mescla da Terra, de ouro e cobre!

Assim animou Enki, que sabe coisas, a Ninmah, para que usará a argila do Abzu.

Na Casa da Vida, Ninmah fez um recipiente, o fez com a argila do Abzu.

Como um banho purificador conformou o recipiente, para fazer dentro dele a mescla.

Pôs com cuidado o óvulo de uma fêmea terrestre, de uma bípede, no recipiente de argila, pôs no recipiente a essência vital extraída do sangue de um Anunnaki, através das fórmulas ME dirigiu isso a essência e pouco a pouco e com mesura foram acrescentadas ao recipiente, depois, inseriu o óvulo assim fertilizado na matriz da fêmea terrestre.

Há concepção!, anunciou alegre Ninmah. Esperaram o tempo do nascimento.

Quando se cumpriu o tempo, a fêmea terrestre começou a parir, um menino, um recém-nascido estava a ponto de chegar!

Ninmah extraiu ao recém-nascido com as mãos; era um varão!

Em suas mãos sustentou ao menino; Enki e Ningishzidda estavam pressentem.

Os três líderes puseram-se a rir alegremente. Enki e Ningishzidda se davam palmadas nas costas, Ninmah e Enki se abraçaram e se beijaram. Suas mãos o têm feito!, disse-lhe Enki com um brilho nos olhos.

Deixaram que a mãe desse de mamar ao recém-nascido; este cresceu mais rápido que um menino de Nibiru.

O recém-nascido progrediu de mês em mês, passou de bebê a menino.

Seus membros eram adequados para o trabalho, falar não sabia, não compreendia as palavras, emitia grunhidos e bufos! Enki valorou o assunto, tomou em consideração o que se tinha feito em cada passo e em cada mescla. De tudo o que tentamos e trocou, há uma coisa que nunca se alterou!, disse a Ninmah: sempre se inseriu o óvulo fertilizado na matriz de uma fêmea terrestre.

Possivelmente seja a obstrução que fica! Assim disse Enki. Ninmah olhou Enki, contemplou-o desconcertada. O que, na verdade, está dizendo? dele, exigia ela uma resposta. Estou falando da matriz que dá a luz!, Respondeu Enki. De quem nutre o óvulo fertilizado, de quem dá a luz; para que seja a nossa imagem e semelhança, possivelmente se necessite uma matriz Anunnaki! Na Casa da Vida houve silêncio; Enki estava pronunciando palavras nunca antes escutadas! olharam-se um a outro, estavam pensando no que poderia estar pensando o outro.

Sábia são suas palavras, irmão meu!, disse Ninmah por fim. Possivelmente se inseriu a mescla correta na matriz equivocada; Agora bem, onde está a fêmea entre os Anunnaki que ofereça sua matriz, para criar possivelmente ao Trabalhador Primitivo perfeito, para levar possivelmente um monstro em seu ventre? Assim disse Ninmah, com a voz tremente. Deixa que pergunte a Ninki, minha esposa!, disse Enki. Convoquemos ela à Casa da Vida, para expor o assunto ante ela. Estava-se voltando para partir quando Ninmah lhe pôs a mão no ombro:

Não! Não!, disse a Enki.

Eu fiz as mesclas, a recompensa e o perigo devem ser meus! Serei eu a que proporcione a matriz Anunnaki, a que confronte o bom ou o mau fado!

Enki inclinou a cabeça, abraçou-a brandamente. Assim seja!, disse-lhe. Fizeram a mescla no recipiente de argila, uniram o óvulo de uma fêmea terrestre com a essência masculina Anunnaki.

Enki inseriu o óvulo fertilizado na matriz de Ninmah; houve concepção!

O tempo, concebido por uma mescla, quanto durará?, perguntaram-se um a outro.

Serão nove meses de Nibiru? Serão nove meses da Terra?

Depois que na Terra, antes que no Nibiru, chegou o parto; Ninmah deu a luz a um varão!

Enki sustentou entre suas mãos ao menino; era a imagem da perfeição.

Deu umas palmadas nas partes traseiras do menino; o recém-nascido emitiu os sons adequados!

Passou o recém-nascido a Ninmah; ela o levantou entre suas mãos.

Minhas mãos o têm feito!, exclamou vitoriosa.

 

Vem agora o relato de como lhe pôs por nome Adamu, e de como se fez Ti-Amat para ele, uma contraparte fêmea.

Os líderes examinaram com atenção o aspecto e os membros do recém nascido: suas orelhas tinham boa forma, não tinha os olhos obstruídos, tinha os membros adequados, conformados como pernas na parte inferior e como mãos na parte superior.

Não era peludo como os selvagens, seu cabelo era negro escuro, sua pele era tersa (pura, limpa, brilhante), tersa como a pele dos Anunnaki, a cor de seu sangue era vermelho escuro, do mesmo tom que a argila do Abzu.

Olharam sua parte íntima: sua forma era estranha, a parte dianteira estava envolta com uma pele. À diferença da parte íntima dos Anunnaki, pendurava-lhe uma pele da parte dianteira!

Que o Terrestre se distingua de nós, os Anunnaki, por esta pele!, disse Enki.

O recém-nascido começou a chorar; Ninmah o estreitou contra seu peito; deu-lhe o peito, o menino ficou a chupar do peito.

Conseguimos a perfeição!, disse Ningishzidda eufórico.

Enki olhava fixamente a sua irmã; não estava vendo Ninmah e a um ser, a não ser a mãe e filho.

Porá-lhe um nome?, perguntou Enki. É um ser, não uma criatura! Ninmah pôs sua mão sobre o corpo do recém-nascido, acariciou com seus dedos sua vermelha e escura pele. Chamarei-lhe Adamu!, disse Ninmah. Que Como Argila da Terra É, esse será seu nome! Fizeram um berço para o recém-nascido Adamu, puseram-no em um rincão da Casa da Vida. Verdadeiramente, conseguimos um modelo de Trabalhador Primitivo!, disse Enki. Agora se necessita um exército de trabalhadores como ele!, recordou-lhes Ningishzidda a seus maiores. Na verdade, será um modelo; por isso a ele se refere, será tratado como um primogênito, do duro trabalho lhe protegerá, só sua essência será como um molde! Assim disse Enki; Ninmah ficou muito satisfeita com seu decreto. Que matrizes levarão os óvulos fertilizados à partir de agora?, perguntou Ningishzidda.

Os líderes ponderaram o assunto; Ninmah ofereceu uma solução. Ninmah reuniu as curadoras de sua cidade, Shurubak; explicou-lhes o trabalho que se requeria delas, levou-as até o berço de Adamu, para que apreciassem ao recém-nascido Terrestre. Não é um mandato levar a cabo este trabalho!, disse-lhes Ninmah: Seu próprio desejo é a decisão!

Das Anunnaki reunidas, sete se adiantaram, sete aceitaram a tarefa. Que se recordem seus nomes para sempre!, disse Ninmah a Enki. Seu trabalho é heróico, graças a elas nascerá uma raça de Trabalhadores Primitivos! As sete que se adiantaram, cada uma anunciou seu nome; Ningishzidda registrou os nomes: Ninimma, Shuzianna, Ninmada, Ninbara, Ninmug, Musardu e Ningunna. Estes foram os nomes das sete que, por desejo próprio, mães de nascimento foram ser, para conceber e levar Terrestres em suas matrizes, para criar Trabalhadores Primitivos.

Em sete recipientes, feitos de argila do Abzu, Ninmah pôs óvulos das fêmeas bípedas, Ninmah extraiu a essência vital de Adamu, inseriu-a pouco a pouco nos recipientes.

Depois, fez uma incisão nas partes masculinas de Adamu para deixar sair uma gota de sangue.

Seja isto um Signo de Vida; proclame-se sempre que Carne e Alma se combinaram!

Apertou as partes masculinas para que sangrassem, uma gota de sangue acrescentou em cada recipiente para a mescla.

Nesta mescla de argila, o Terrestre e o Anunnaki se enlaçarão! Assim disse Ninmah, um encantamento pronunciou:

À unidade as duas essências, uma do Céu, uma da Terra, juntas se levarão, a da Terra e a de Nibiru, enlaçarão-se por parentesco sangüíneo! Isto pronunciou Ninmah; Ningishzidda também tomou nota de suas palavras.

Os óvulos fertilizados se inseriram nas matrizes das heroínas iluminadas.

Houve concepção; por antecipado, calculou-se o tempo previsto.

No tempo previsto, tiveram lugar os partos!

No tempo previsto, nasceram sete Terrestres varões, seus rasgos eram os adequados, emitiam bons sons; foram amamentados pelas heroínas.

Criaram-se sete Trabalhadores Primitivos!, disse Ningishzidda. Repita o procedimento, que sete mais assumam o trabalho!

Meu filho!, disse-lhe Enki. Nem sequer de sete em sete será suficiente, fariam falta muitas heroínas curadoras, seu trabalho deste modo se faria eterno!

Certamente, é um trabalho muito exigente, é pouco menos que insuportável!, disse-lhes Ninmah.

Temos que fazer fêmeas!, disse Enki, para que sejam os casais do varões.

Que se conheçam, para que os dois se façam uma só carne.

Que procriem por si só, que façam sua própria prole, que por si mesmos façam nascer Trabalhadores Primitivos, para relevar às mulheres Anunnaki! Tem que trocar as fórmulas ME, ajustaria de varão a fêmea! Assim disse Enki a Ningishzidda. Para fazer um casal para o Adamu, é necessária a concepção na matriz de uma Anunnaki!

Assim lhe respondeu Ningishzidda a seu pai Enki. Enki dirigiu seu olhar para Ninmah; antes que ela pudesse falar, ele levantou a mão.

Deixa que esta vez chame a minha esposa Ninki!, disse com voz poderosa, Se estiver disposta, que ela crie o molde para a fêmea Terrestre! Ao Abzu, à Casa da Vida, chamaram Ninki, mostraram ao Adamu, explicaram tudo, deram-lhe explicações do trabalho que se requeria, deram-lhe conta do êxito e do perigo.

Ninki estava fascinada com o trabalho. Faça-se!, disse-lhes. Ningishzidda fez os ajustes das fórmulas ME, com a mescla se fertilizou um óvulo. Enki o inseriu na matriz de sua esposa; fê-lo com muito cuidado. Houve concepção; no tempo previsto, Ninki ficou de parto; não houve nascimento.

Ninki contou os meses, Ninmah contou os meses; O décimo mês, um mês de maus fados, começaram a chamar.

Ninmah, a dama cuja mão tinha aberto matrizes, fez uma incisão com um cortador.

Levava a cabeça coberta, levava amparos nas mãos; fez a abertura com destreza, o rosto se iluminou de repente: o que havia na matriz, da matriz saiu.

Uma fêmea! deste a luz a uma fêmea!, disse-lhe com regozijo a Ninki. Examinaram com atenção o aspecto e os membros da recém-nascida, suas orelhas tinham boa forma, não tinha os olhos obstruídos, tinha os membros adequados, conformados como pernas na parte inferior e como mãos na parte superior.

Não era peluda, como as areias da praia era a cor de seu cabelo, sua pele era tersa, era como a dos Anunnaki em textura e em cor.

Ninmah sustentou em suas mãos à menina. Deu-lhe uma palmada na parte traseira.

A recém-nascida emitiu os sons adequados!

Passou a recém-nascida a Ninki, a esposa de Enki, para que a amamentasse, nutrisse-a e a cuidasse.

Porá-lhe nome?, perguntou-lhe Enki a sua esposa. É um ser, não uma criatura.

Está feita a sua imagem e semelhança, está feita à perfeição, obtiveste um modelo para trabalhadoras fêmeas!

Ninki pôs a mão sobre o corpo da recém-nascida, acariciou sua pele com os dedos.

Ti-Amat será seu nome, a Mãe da Vida!, disse Ninki.

Será chamada como o planeta de antigamente, do qual se forjaram a Terra Lua, das essências vitais de sua matriz se moldarão outras iluminadas, dará assim a vida a uma multidão de Trabalhadores Primitivos!

Assim disse Ninki; outros pronunciaram palavras de acordo.

 

Vem agora o relato de Adamu e Ti-Amat no Edin, e de como lhes deu o Conhecimento da procriação e ao Abzu foram expulsos.

Depois de que fora feita Ti-Amat na matriz de Ninki, em sete recipientes feitos de argila do Abzu pôs Ninmah óvulos de fêmeas bípedas.

Extraiu a essência vital de Ti-Amat e a inseriu nos recipientes. Nos sete recipientes, feitos de argila do Abzu, Ninmah formou a mescla; pronunciou encantamentos, como requeria o procedimento. Nas matrizes das heroínas iluminadas se inseriram os ovalóides fertilizados.

Houve concepção, no tempo previsto houve iluminações, no tempo previsto, nasceram sete fêmeas Terrestres.

Seus rasgos eram os adequados, emitiam bons sons.

Assim se criaram as sete homólogas femininas dos Trabalhadores Primitivos; os quatro líderes criaram sete varões e sete fêmeas.

Depois de serem assim criados os Terrestres, inseminem os varões às fêmeas, que os Trabalhadores Primitivos tenham descendência por si mesmos!

Assim disse Enki a outros. Depois do tempo previsto, os descendentes terão outros descendentes, abundante será o número de Trabalhadores Primitivos, eles levarão os trabalhos duros dos Anunnaki!

Enki e Ninki, Ninmah e Ningishzidda estavam contentes, beberam do elixir do fruto.

Fizeram-se jaulas para os sete e sete puseram-nas entre as árvores; Que cresçam juntos, alcancem a virilidade e a feminilidade, inseminem os varões às fêmeas, tenham descendência por si mesmos!

Assim se diziam uns aos outros.

Quanto ao Adamu e a Ti-Amat, lhes protegerá dos duros trabalhos das escavações, lhes levemos ao Edin, para mostrar ali nossa obra aos Anunnaki! Assim disse Enki a outros; com isto coincidiram outros.

Ao Eridú, a cidade do Enki no Edin, foram levados Adamu e Ti-Amat, lhes construiu uma morada em um recinto, para que pudessem vagar por ali.

Os Anunnaki do Edin vieram a vê-los, vieram do Lugar de Aterrissagem.

Enlil veio a vê-los; seu desgosto diminuiu ante sua visão.

Ninurta veio a vê-los; Ninlil também.

Da estação de passagem no Lahmu, Marduk, o filho do Enki, também baixou a ver.

Era uma visão da mais surpreendente, uma maravilha das maravilhas!

Suas mãos o têm feito, disseram os Anunnaki aos ferreiros.

Os Igigi, que foram e vinham entre a Terra e Lahmu, estavam todos espectadores também.

Fazendo-se Trabalhadores Primitivos, nossos dias de esforços chegarão a um fim! Assim diziam todos.

No Abzu, os recém-nascidos cresceram, os Anunnaki esperavam ansiosamente sua maturação.

Enki era o supervisor, Ninmah e Ningishzidda também chegaram.

Nas escavações, os Anunnaki se queixavam, cedendo o passado a paciência à impaciência.

Enki perguntava freqüentemente ao Ennugi, o supervisor; este lhe transmitia os protestos, pedindo Trabalhadores Primitivos.

À volta da Terra cresceram em número, atrasava-se a maturidade dos Terrestres; observou-se que entre as fêmeas não havia concepção, não havia nascimentos!

Ningishzidda se fez um assento de erva junto às jaulas de entre as árvores; esteve observando aos Terrestres dia e noite para determinar suas ações.

Na verdade, viu-os emparelhar-se, os varões inseminavam às fêmeas!

Mas não havia concepção, não havia nascimentos.  Enki ponderou o assunto em profundidade, refletiu sobre as criaturas combinadas.

Nenhuma, nenhuma delas teve descendência!

Ao combinar duas espécies, criou-se uma maldição!, disse Enki aos demais.

Examinemos de novo as essências de Adamu e Ti-Amat!, disse Ningishzidda.

Estudemos pouco a pouco seus ME para averiguar o que está mau!

No Shurubak, na Casa da Cura, contemplaram-se as essências de Adamu e Ti-Amat, compararam-se com as essências vitais de varões e fêmeas Anunnaki. Ningishzidda separou as essências como duas serpentes entrelaçadas, as essências estavam dispostas como vinte e dois ramos em uma Árvore da Vida, suas porções eram comparáveis, determinavam adequadamente as imagens e semelhanças.

Vinte e dois eram em número; não incluíam a capacidade de procriar!

Ningishzidda mostrou aos outros, outras duas porções da essência presentes nos Anunnaki. Uma masculina, outra feminina; sem elas, não havia procriação! Assim os explicava ele a eles.

Nos moldes de Adamu e Ti-Amat, na combinação não se incluíram! Ninmah escutou isto e ficou muito preocupada; Enki se viu cheio de frustração. O clamor no Abzu é grande, está-se preparando de novo o motim! Assim disse-lhes Enki. Terá que procurar Trabalhadores Primitivos, para que não se deixe de extrair ouro!

Ningishzidda, perito nestes assuntos, propôs uma solução; a seus maiores, Enki e Ninmah, disse-lhes em um sussurro na Casa da Cura.

Entre todos, fizeram sair às heroínas que ajudavam ao Ninmah, fecharam as portas atrás deles, e ficaram os três a sós com os dois Terrestres. Ningishzidda fez descer um profundo sonho sobre os outros quatro, aos quatro os fez insensíveis. Da costela de Enki extraiu a essência vital, na costela de Adamu inseriu a essência vital de Enki; da costela de Ninmah extraiu a essência vital, na costela de Ti-Amat inseriu a essência vital.

Ali onde se fizeram as incisões, Ningishzidda fechou a carne depois. Logo, Ningishzidda despertou aos quatro. Já parece!, declarou com orgulho.

À Árvore da Vida deles lhe acrescentaram dois ramos, com forças procriadoras se entrelaçaram agora suas essências vitais!

Deixemos eles vagarem livremente, que se conheçam entre si como uma carne única!, disse Ninmah. Nos hortas do Edin ficou ao Adamu e a Ti-Amat para que vagassem livremente.

Tomaram consciência de sua nudez, fizeram-se conscientes de sua virilidade e seu feminilidade.

Ti-Amat se fez um avental de folhas, para distinguir-se das bestas selvagens.

Enlil passeava pela horta com o calor do dia, desfrutava das sombras.

Encontrou-se de improviso com o Adamu e com Ti-Amat, deu-se conta dos aventais com os que cobriam seu baixo ventre.

O que significa isto?, perguntou Enlil; Enki lhe convocou para explicar-lhe. Enki explicou a Enlil o assunto da procriação: Os sete e sete fracassaram, admitiu a Enlil;

Ningishzidda examinou as essências vitais, fazia falta uma combinação adicional!

Grande foi o aborrecimento de Enlil, furiosas eram suas palavras:

Nada de tudo isto era de meu agrado, eu me opunha a que atuássemos como Criadores.

O ser que necessitamos já existe! Isso disse você, Enki.

Tudo o que temos que fazer é pôr nosso sinal nele, para assim forjar aos Trabalhadores Primitivos!

Às mesmas heroínas curadoras as tem feito correr riscos, ao Ninmah e ao Ninki lhes pôs em perigo, tudo em vão, sua obra era um fracasso!

Agora deste a estas criaturas as últimas porções de nossa essência vital, para que sejam como nós no conhecimento da procriação, possivelmente para lhes conferir a eles nossos ciclos vitais!

Assim, com palavras iradas, falou Enlil.

Enki chamou a Ninmah e a Ningishzidda para apaziguar com suas palavras a Enlil.

Meu senhor Enlil!, disse Ningishzidda. Receberam o conhecimento da procriação, mas não lhes deu o ramo da Larga Vida em sua árvore essencial! Depois falou Ninmah, disse a seu irmão Enlil:

Que escolha tínhamos, irmão meu? Que acabasse tudo no fracasso, que confrontasse Nibiru sua fatídica sorte, tentar, tentar, tentar, e fazer que assumam o trabalho os Terrestres através da procriação?

Então, que estejam onde lhes necessita!, disse Enlil furioso. Ao Abzu, longe do Edin, sejam expulsos!

 

Sinopse da Sétima Tabuleta

De retorno ao Abzu, Adamu e Ti-Amat têm filhos. Os Terrestres proliferam, trabalhando nas minas e como serventes. Nascem os netos de Enlil, os gêmeos Utu e Inanna. Os casais Anunnaki têm outros descendentes na Terra. As mudanças climáticas provocam penúrias na Terra e no Lahmu. A aproximação orbital de Nibiru vem acompanhada de transtornos. Enki e Marduk exploram a Lua, encontram-na inóspita. Enki determina as constelações e o Tempo Celestial. Amargurado por sua própria sorte, Enki promete a Marduk a supremacia. Anu ordena a Utu, não a Marduk, a criação de um novo espaçoporto. Enki encontra e se emparelha com duas fêmeas Terrestres. Alguém tem um filho, Adapa, a outra uma filha, Titi. Enki mantém em segredo sua paternidade e os cria como enjeitados. Adapa, extremamente inteligente, converte-se no primeiro Homem Civilizado. Adapa e Titi se emparelham, têm dois filhos: K-in e Abael Utu (Shamash) e Inanna (Ishtar).

 

A SÉTIMA TABULETA

Ao Abzu, longe do Edin, sejam expulsos!

Assim o ordenou Enlil; Adamu e Ti-Amat foram expulsos do Edin ao Abzu.

Enki os pôs em um recinto entre as árvores; deixou-os para que se conhecessem. Enki viu com alegria o que Ningishzidda tinha provocado: Ti-Amat estava pulando com um menino.

Ninmah veio para observar o parto: um filho e uma filha, gêmeos, hão-lhes nascido aos Seres Terrestres!

Ninmah e Enki viam os recém-nascidos com assombro, era uma maravilha como cresciam e se desenvolviam; os dias eram como meses, os meses acumulavam anos para a Terra. Para quando Adamu e Ti-Amat tiveram outros filhos e filhas, os primeiros já estavam procriando por si mesmos!

Antes que tivesse passado um Shar de Nibiru, os Terrestres estavam proliferando.

Aos Trabalhadores Primitivos lhes tinha dotado de entendimento, entendiam os mandatos; estavam desejando estar com os Anunnaki, trabalhavam duro e bem com suas rações de comida, não se queixavam do calor nem do pó, não resmungavam dizendo estar desancados; os Anunnaki do Abzu se viram liberados das penúrias do trabalho.

O ouro vital ia chegando ao Nibiru, a atmosfera de Nibiru ia sarando lentamente.

A Missão-Terra prosseguia para satisfação de todos. Entre os Anunnaki, Aqueles Que do Céu à Terra Vieram, também havia esponsais e procriação.

Os filhos de Enlil e Enki, de entre irmãs e meio-irmãs, de entre heroínas curadoras tomaram forma. A eles, nasceram-lhes filhos e filhas na Terra.

Embora estivessem dotados com os ciclos vitais de Nibiru, viram-se acelerados pelos ciclos da Terra.

O que ainda estaria em fraldas no Nibiru, na Terra se converteu em menino; que havia começado a engatinhar estando no Nibiru, nascendo na Terra já estava correndo por aí.

Muita alegria houve quando lhes nasceram gêmeos a Nannar e Ningal, uma filha e um filho tiveram; Ningal os chamou Inanna e Utu. Com eles, se fazia presente a terceira geração dos Anunnaki na Terra! Se os atribuíram trabalhos aos descendentes dos líderes; repartiram-se algumas tarefas de antigamente, entre os descendentes se faziam mais fáceis.

Às tarefas de antigamente, lhes acrescentavam novas tarefas. Sobre a Terra o calor era crescente, a vegetação florescia, criaturas selvagens percorriam a terra; as chuvas eram mais fortes, os rios emanavam, terei que reparar as moradas. Sobre a Terra cada vez fazia mais calor, as zonas de branca neve se fundiam em água, os oceanos não continham as barreiras dos mares. Das profundidades da Terra, os vulcões arrojavam fogo e enxofre. No Mundo Inferior, o lugar de cor branca de neve, a Terra grunhia; na ponta do Abzu, Enki estabeleceu um lugar de observação, confiou o mando a seu filho Nergal e a sua esposa Ereshkigal. Algo desconhecido, algo insólito, está se forjando ali abaixo!, disse Nergal a seu pai, Enki. No Nibru-ki, o lugar do Enlace Céu-Terra, Enlil observava as voltas celestes, comparava os movimentos celestes com os ME das Tabuletas dos Destinos;

Há alvoroço nos céus!, disse-lhe Enlil a seu irmão Enki.

Do planeta Lahmu, o lugar da estação de passagem, Marduk se queixava a Enki, seu pai.

Fortes ventos estão perturbando, estão levantando irritantes tormentas de pó!

Estas palavras lhe transmitiu Marduk a seu pai, Enki: No Bracelete Esculpido está havendo transtornos!

Sobre a Terra, caía enxofre do céu.

Demônios desumanos que causavam estragos, aproximavam-se violentamente à Terra, inflamavam-se com fogos chamejantes no céu.

Traziam a escuridão a um dia claro, faziam estragos com tormentas e Ventos Malignos.

Estavam atacando a Terra como projéteis pétreos, Kingu, a Lua da Terra, e Lahmu também, viam-se afligidos por estes estragos.

Enlil e Enki transmitiram a Anu, o rei, palavras urgentes, alertaram aos sábios do Nibiru:

A Terra, a Lua e Lahmu se enfrentam a uma calamidade desconhecida!

Desde o Nibiru, os sábios responderam; suas palavras não acalmaram os corações dos líderes: nos céus, a família do Sol estava tomando posições, os celestiais, dos quais a Terra é o sétimo, estavam escolhendo lugares. Nos céus, Nibiru se aproximava, aproximava-se da morada do Sol. Nibiru se via perturbado pelos sete, em uma fileira dispostos, o atalho através do Bracelete Esculpido tinha desaparecido, tinha estado deslocando partes e peças do Bracelete! Despojado da barreira celestial, Lahamu com o Mummu se escondiam perto do Sol, nos céus, Lahamu tinha abandonado sua gloriosa morada, via-se atraída para o Nibiru, o rei celestial, uma rainha do céu desejava ser! Para contê-la, Nibiru fez aparecer um monstruoso demônio da profundidade celestial.

Um monstro que pertenceu uma vez ao exército do Tiamat, forjado na Batalha Celestial, da profundidade celestial se abriu caminho, despertado de seu sonho pelo Nibiru. Como um dragão ondulante, estendia-se do horizonte até a metade do céu, uma légua tinha sua cabeça, cinqüenta léguas de comprimento tinha, sua cauda era impressionante.

Pelo dia, obscurecia os céus da Terra.

De noite, arrojava um feitiço de escuridão sobre o rosto da Lua. A seus irmãos, os celestiais, Lahamu pediu ajuda: Quem se enfrentará ao dragão, quem o deterá e o matará?, perguntava. Só o valente Kingu, em outro tempo protetor do Tiamat, adiantou-se para responder.

Kingu se apressou para interceptar ao dragão em seu atalho: Feroz foi o encontro, uma tempestade de nuvens levantou-se sobre o Kingu; Kingu se sacudiu até seus alicerces, a Lua se estremeceu e tremeu pelo impacto.

Depois, o transtorno celeste se acalmou, Nibiru voltava para sua distante morada no Profundo, Lahamu não abandonou seu lugar de morada, os projéteis pétreos cessaram em sua chuva sobre a Terra e Lahmu. Enki e Enlil se reuniram com Marduk e Ninurta, empreenderam a inspeção dos estragos.

Enki inspecionou os alicerces da Terra, examinou o que tinha acontecido com suas plataformas. Mediu as profundidades dos oceanos, explorou as montanhas de ouro e cobre dos longínquos rincões da Terra. Não haverá escassez do ouro vital. Assim disse Enki. No Edin, Ninurta foi o inspetor, onde as montanhas tremeram e os vales se estremeceram, em sua nave celeste, elevou-se e viajou. A Plataforma de Aterrissagem estava intacta; nos vales do norte, a Terra derramava líquidos ígneos! Assim lhe contava Ninurta a seu pai, Enlil; descobriu brumas sulfúricas e betumes.

No Lahmu, a atmosfera estava danificada, as tormentas de pó interferiam com a vida e com o trabalho, Assim dizia Marduk a Enki. Desejo voltar para a Terra!, revelou a seu pai.

Enlil voltou de novo sobre seus antigos planos, reconsiderou as cidades que tinha planejado e suas funções.

Terá que estabelecer no Edin um Lugar do Carro!, disse a outros. Mostrou-lhes os antigos desenhos do esboçado sobre a tabuleta de cristal.

O transporte do Lugar de Aterrissagem até a estação de passagem em Lahmu já não é seguro,  temos que ser capazes de subir até Nibiru da Terra! Assim lhes falou Enlil.

Da primeira amerissagem, contavam-se já oitenta Shars.

 

Vem agora o relato da viagem à Lua de Enki e Marduk, e de como Enki determinou os três Caminhos do Céu e as constelações.

Que se estabeleça o Lugar dos Carros, perto do Bad-Tibira, a Cidade do Metal, dali, leve o ouro diretamente da Terra ao Nibiru nos carros! Estas palavras lhes disse Ninurta, o comandante do Bad-Tibira.

Enlil teve em conta as palavras da Ninurta, seu filho; estava orgulhoso da sabedoria de seu filho.

Enlil transmitiu rapidamente o plano a Anu, o rei, lhe dizendo estas palavras:

Que se estabeleça um Lugar de Carros Celestiais no Edin, que se construa perto do lugar onde se funde e se refina o mineral de ouro.

Leve o ouro puro nos carros diretamente da Terra até o Nibiru, que heróis e fornecimentos sejam gastos diretamente à Terra desde o Nibiru!

De grande mérito é o plano de meu irmão!, disse Enki a seu pai Anu. Mas uma grande desvantagem alberga em seu núcleo: a atração da rede da Terra é muito maior que a do Lahmu; para superá-la, nossas energias ficarão exaustas!

Antes que haja pressa por decidir, examinemos uma alternativa: perto da Terra há um acompanhante, trata-se da Lua! A atração de sua rede é menor, daí que se precise pouco esforço para ascender e descender. Consideremo-la como estação de passagem, que se nos permita ao Marduk e a mim viajar até ali!

Anu, o rei, apresentou à consideração de conselheiros e sábios os dois planos. Examine-se primeiro a Lua!, aconselharam ao rei. Examine-se primeiro a Lua!, transmitiu Anu a decisão à Enki e à Enlil. Enki se alegrou enormemente; a Lua sempre lhe tinha resultado atrativa, sempre se tinha perguntado se haveria águas ocultas em algum lugar, e o que atmosfera possuía.

Nas noites de insônia, tinha observado encantado seu frio disco prateado, seus crescentes e decrescentes jogavam com o Sol, e lhe desejavam muito uma maravilha entre as maravilhas. Enki desejava descobrir que segredos a Lua conservava do Princípio.

Em uma espaçonave, fizeram Enki e Marduk sua viagem até a Lua; três vezes circundaram à companheira da Terra, observaram a profunda ferida que lhe tinha causado o dragão, a cara da Lua estava marcada com muitas depressões, obra dos destrutivos demônios. Em um lugar de ondulantes colinas fizeram descender a espaçonave, em sua metade aterrissaram; desde aquele lugar puderam observar a Terra e a amplitude dos céus. Tiveram que ficar com os capacetes de águias; a atmosfera era insuficiente para respirar.

Deram um passeio com facilidade, foram nesta e naquela direção; a obra do maligno dragão foi de secura e desolação. Não se parece com o Lahmu, não é adequado para uma estação de passagem!, disse Marduk a seu pai.

Vamos embora daqui, voltemos para a Terra! Não te precipite, meu filho! Assim disse Enki ao Marduk. Acaso não está enfeitiçado com a dança celestial da Terra, a Lua e o Sol?

Daqui, a visão está limpa, a região do Sol está à mão, a Terra não pendura de nada, como um globo no vazio.

Com nossos instrumentos, podemos explorar os céus distantes, nesta solidão podemos admirar a obra do Criador de Tudo!

Fiquemos, observemos as voltas, como circunda a Lua à Terra, como faz suas voltas a Terra ao redor do Sol!

Assim lhe falava Enki a seu filho Marduk, excitado pelo que via.

Marduk se persuadiu com as palavras de seu pai; fizeram sua morada na espaçonave.

Durante uma volta da Terra, durante três voltas, permaneceram na Lua; mediram seus movimentos com respeito à Terra, calcularam a duração de um mês.

Durante seis voltas da Terra, durante doze voltas ao redor do Sol, mediram o ano da Terra.

Tomaram nota de como se emparelhavam ambos, fazendo desaparecer às luminárias.

Depois, prestaram atenção à região do Sol, estudaram os atalhos do Mummu e do Lahamu.

Junto com a Terra e a Lua, Lahmu constituía a segunda região do Sol, Seis eram os celestiais das Águas Inferiores. Assim explicou Enki a Marduk.

Seis eram os celestiais das Águas Superiores, estavam além da barreira, do Bracelete Esculpido:

Anshar e Kishar, Anu e Nudimmud, Gaga e Nibiru; estes eram os outros seis, eram doze em total, doze era a conta do Sol e sua família. Dos transtornos mais recentes, Marduk inquiriu a seu pai: por que tomaram lugares em uma fileira sete celestiais? Assim perguntou a seu pai.

Enki considerou então suas voltas ao redor do Sol.

Enki observou com atenção a grande volta destes ao redor do Sol, seu progenitor, as posições da Terra e a Lua marcou Enki em um mapa, Pelos movimentos do Nibiru, não descendente do Sol, esboçou a largura da grande volta.

O Caminho de Anu, o rei, decidiu Enki nomeá-la.

Na amplitude dos céus profundos, pai e filho observaram as estrelas;

Enki estava fascinado com suas proximidades e grupamentos.

Desenhou imagens de doze constelações, de horizonte a horizonte, em toda a volta dos céus. Na Grande Volta, o Caminho de Anu, emparelhou a cada uma com os doze da família do Sol, a cada uma designou uma estação, por nomes seriam chamadas. Logo, nos céus por debaixo do Caminho do Anu, por onde Nibiru se aproxima do Sol, desenhou um caminho parecido a uma volta, designou-o o Caminho do Enki; também atribuiu a ele doze constelações por suas formas. Aos céus por cima do Caminho do Anu, à Fileira Superior, chamou-a o Caminho do Enlil, também agrupou ali as estrelas em doze constelações. Trinta e seis foram as constelações de estrelas, nos três Caminhos estavam localizadas. No sucessivo, quando Nibiru se aproxime e se vá, de sua Terra curso será conhecido pelas estações de estrelas, Assim se designará a posição da Terra enquanto viaja ao redor do Sol! Enki indicou ao Marduk o início do ciclo, a medida do Tempo Celestial: Quando cheguei à Terra, a estação a que dava final, a Estação de Peixes foi nomeada. Nomeei-a com meu próprio nome! «o das águas». Assim disse Enki, com satisfação e orgulho, a seu filho Marduk.

Sua sabedoria abrange os céus, seus ensinos ultrapassam minha própria compreensão, mas na Terra e no Nibiru, o conhecimento e o governo andam separados! Assim lhe disse Marduk a seu pai.

Meu filho! meu filho! O que é o que não sabe, o que é o que joga em falta?, disse-lhe Enki.

Os segredos dos céus, os segredos da Terra compartilhei contigo! Ai, meu pai!, disse Marduk. Havia angústia em sua voz. Quando os Anunnaki no Abzu deixaram de trabalhar e te pôs a forjar ao Trabalhador Primitivo, não minha mãe, a não ser Ninmah, a mãe da Ninurta, para ajudar foi convocada, não eu, a não ser Ningishzidda, de mim o mais jovem, para ajudar foi convidado, com eles, não comigo, seus conhecimentos da vida e a morte compartilhou!

Meu filho!, respondeu Enki a Marduk. A seu mandato foi dado dos Igigi e Lahmu ser supremo!

Ai, meu pai!, disse-lhe Marduk. Da supremacia, pelo fado fomos privados!

Você, meu pai, é o Primogênito do Anu; entretanto, Enlil, e não você, é o Herdeiro Legal; você, meu pai, foi o primeiro em amerissar e em fundar Eridú, entretanto, Eridú está nos domínios de Enlil, os teus estão no distante Abzu.

Eu sou seu Primogênito, de sua esposa legítima no Nibiru nasci, entretanto, o ouro se reúne na cidade de Ninurta, para dali enviá-lo ou retê-lo, a sobrevivência do Nibiru está em suas mãos, não em minhas mãos.

Agora voltamos para a Terra; qual será meu trabalho, o fado me destina à fama e a realeza, ou a ser humilhado de novo?

Em silêncio, Enki abraçou a seu filho, na desolada Lua lhe fez uma promessa:

Isso do qual me privou , seu destino futuro será!

Seu tempo celestial chegará, minha estação junto à tua haverá!

 

Vem agora o relato do Sippar, o Lugar dos Carros no Edin, e de como os Trabalhadores Primitivos voltaram para o Edin.

Durante muitas voltas da Terra, pai e filho estiveram ausentes da Terra; na Terra, não se levava a cabo nenhum plano; no Lahmu, os Igigi estavam alvoroçados.

Enlil transmitiu ao Anu palavras secretas, suas preocupações transmitiu ao Anu desde o Nibru-ki:

Enki e Marduk foram à Lua, durante incontáveis voltas se ficaram ali.

Suas ações são um mistério, não se sabe o que estão tramando; Marduk abandonou a estação de passo do Lahmu, os Igigi estão ansiosos, a estação de passagem se viu afetada por tormentas de pó, os danos que possa haver nos são desconhecidos.

O Lugar dos Carros no Edin deve ser construído, de ali se levará o ouro diretamente da Terra ao Nibiru, a partir de então, já não será necessária uma estação de passagem no Lahmu; esse é o plano de Ninurta, seu entendimento é grande nestas matérias, Estabeleça o Lugar dos Carros no Bad-Tibira, seja Ninurta seu primeiro comandante!

Anu deu muita consideração às palavras de Enlil; ao Enlil, uma resposta lhe deu:

Enki e Marduk estão voltando para a Terra.

Escutemos primeiro suas palavras do que na Lua têm descoberto! Da Lua partiram Enki e Marduk, à Terra retornaram; deram conta das condições ali; não é viável uma estação de passagem agora!, informaram.

Que se construa o Lugar dos Carros!, disse Anu. Seja Marduk seu comandante!, disse Enki ao Anu. Essa tarefa está reservada para Ninurta!, gritou Enlil com raiva. Já não faz falta comando para os Igigi, Marduk tem conhecimentos desses trabalhos, que se faça cargo Marduk do Pórtico do Céu! Assim lhe disse Enki a seu pai. Anu refletiu sobre o assunto com preocupação: Agora os filhos se vêem afetados pelas rivalidades!

Com sabedoria estava dotado Anu, com sabedoria tomou suas decisões: O Lugar dos Carros para conduzir o ouro por novos caminhos está designado, ponhamos em mãos de uma nova geração o que deve partir de agora.

Nem Enlil nem Enki, nem Ninurta nem Marduk estarão ao mando, que assuma a responsabilidade a terceira geração, seja Utu o comandante! Construa o Lugar dos Carros Celestiais, seja seu nome Sippar, Cidade Pássaro!

Esta foi a palavra de Anu; inalterável foi a palavra do rei.

A construção começou no Shar oitenta e um, seguiram-se os planos do Enlil.

Nibru-ki estava no centro, Enlil o designou como Umbigo da Terra, por sua localização e por distâncias, as cidades de antigamente se situaram como em círculos, dispuseram-se como uma flecha, desde o mar Inferior para as montanhas ele riscou uma linha sobre os picos gêmeos da Arrata, até os céus em norte, onde a flecha intercepta a linha da Arrata, marcou o lugar do Sippar, o Lugar dos Carros da Terra; a ele levava diretamente a flecha, desde o Nibru-ki estava exatamente se localizado por um círculo igual!

Engenhoso era o plano, todos se maravilhavam por sua precisão.

No octuagésimo-segundo Shar se terminou a construção do Sippar; lhe deu o mando ao herói Utu, neto de Enlil. Forjou-se para ele um capacete de águia, decorou-se com asas de águia.

Anu chegou no primeiro carro que, desde o Nibiru, veio diretamente até o Sippar; desejava ver por si mesmo as instalações, queria maravilhar-se com o que se conseguiu.

Para a ocasião, os Igigi, comandados por Marduk, desceram do Lahmu à Terra, do Lugar de Aterrissagem e do Abzu vieram os Anunnaki.

Houve palmadas nas costas e aclamações, festa e celebração.

Inanna, neta de Enlil, obsequiou ao Anu com cantos e danças; antes de partir, Anu convocou aos heróis e às heroínas.

Uma nova era começou! Assim lhes disse.

Com o fornecimento direto da salvação dourada, o fim do duro trabalho está próximo!

No momento haja suficiente ouro de amparo amontoado e armazenado no Nibiru, poderá reduzir o trabalho na Terra, heróis e heroínas voltarão para o Nibiru! Isto prometeu Anu, o rei, aos ali reunidos, transmitiu-lhes uma grande esperança: uns quantos Shars mais de duro trabalho, e voltarão para casa!

Anu subiu de volta ao Nibiru com muita pompa; ouro, ouro puro levava com ele. Utu levou a cabo sua nova tarefa com carinho; Ninurta conservou o mando em Bad-Tibira.

Marduk não voltou para o Lahmu; tampouco foi ao Abzu com seu pai. Desejava vagar por todas as terras, percorrer a Terra em sua nave celeste, dos Igigi, alguns no Lahmu, outros na Terra, fez-se ao Utu comandante. Depois da volta de Anu ao Nibiru, os líderes na Terra tinham grandes expectativas: esperavam que os Anunnaki trabalhassem com renovado vigor. Amassar rapidamente ouro, para voltar para casa quanto antes. Mas isso, ai, não foi o que aconteceu! No Abzu, as expectativas dos Anunnaki não eram as de continuar com o duro trabalho, a não ser as de liberar-se dele, agora que os Terrestres estão proliferando, que eles se encarreguem do trabalho!

Assim diziam os Anunnaki no Abzu.

No Edin, os trabalhos eram maiores; faziam falta mais moradas, mais provisões. Os heróis do Edin exigiram Trabalhadores Primitivos, até então confinados no Abzu, Durante quarenta Shars, só se proporcionou alívio no trabalho no Abzu!, gritavam os heróis no Edin, nosso trabalho se incrementou além de toda resistência, tenhamos também Trabalhadores! Enquanto Enki e Enlil debatiam o assunto, Ninurta tomou a decisão em suas mãos: dirigiu uma expedição até o Abzu com cinqüenta heróis, foram providos com armas.

Nos bosques e nos estepes do Abzu, perseguiram os Terrestres, com redes os capturaram, levaram varões e fêmeas ao Edin.

Treinaram-nos para fazer todo tipo de tarefas, tanto nos hortas como nas cidades.

Enki se zangou com o acontecido, também se enfureceu Enlil: revogaste minha decisão de expulsar ao Adamu e a Ti-Amat! Assim disse Enlil a Ninurta.

Para que não se repetisse no Edin o motim que houve uma vez no Abzu!

Assim disse Ninurta ao Enlil. Com os Terrestres no Edin, os heróis se acalmaram, uns quantos Shars mais, e não terá com o que preocupar-se! Assim disse Ninurta ao Enlil.

Enlil não se apaziguou; Assim seja!, disse-lhe resmungando a seu filho.

Amontoe-se com rapidez o ouro, voltemos todos logo ao Nibiru!

No Edin, os Anunnaki observavam com admiração aos Terrestres:

Têm inteligência, compreendem as ordens.

Encarregaram-se de todo tipo de tarefas; foram nus ao realizar seus trabalhos.

Entre eles, varões e fêmeas se emparelhavam constantemente, proliferando-se com rapidez.

Em um Shar, às vezes quatro, às vezes mais, tinham lugar suas gerações!

Enquanto os Terrestres crescessem em número, teriam trabalhadores os Anunnaki, os Anunnaki não se saciavam com os mantimentos; nas cidades e nas hortas, nos vales e nas colinas, os Terrestres estavam procurando comida constantemente.

Naqueles dias, ainda não existiam os cereais, não havia ovelhas, ainda não se tinha criado o cordeiro.

A respeito de tudo isto, Enlil disse palavras iradas a Enki:

Com seus atos geraste confusão, assim procura você a salvação!

Vem agora o relato de como foi o Homem Civilizado, de como se criou, mediante um segredo de Enki, a Adapa e ao Titi no Edin.

Com a proliferação dos Terrestres, Enki estava agradado, Enki estava preocupado; o grupo dos Anunnaki se acomodou em grande medida, seu descontentamento tinha decrescido, com a proliferação, os Anunnaki fugiam do trabalho, os trabalhadores estavam se convertendo em servos.

Durante sete Shars, o grupo dos Anunnaki se acomodou muito, seu descontentamento diminuiu.

Com a proliferação dos Terrestres, o que crescia por si só era insuficiente para todos; em três Shars mais houve escassez de pescado e de caça, nem Anunnaki nem Terrestres ficavam saciados com o que por si mesmo cresce. Em seu coração, Enki estava planejando uma nova empresa; concebia a criação de uma Humanidade Civilizada. Cereais que sejam semeados por eles para serem cultivados, ovelhas para que as apascentem! Em seu coração, Enki estava planejando uma nova empresa; refletia sobre como consegui-lo.

Observou para estes planos aos Trabalhadores Primitivos do Abzu, refletiu sobre os Terrestres no Edin, nas cidades e nos hortas. O que lhes poderia adequar para os trabalhos? O que terá que não se haja combinado na essência vital?

Observou aos descendentes dos Terrestres, constatou algo alarmante: Com a repetição das cópulas, se estavam degradando para seus antepassados selvagens!

Enki esteve olhando pelas zonas pantanosas, navegou pelos rios e observou; com ele, só ia Isimud, seu vizir, que guardava os segredos. Viu que na borda do rio se banhavam e pulavam uns Terrestres; entre eles, havia duas fêmeas de selvagem beleza, firmes eram seus seios.

Contemplando elas, o falo do Enki se umedeceu, tinha um ardente desejo. Dou um beijo nas jovens?, Perguntou Enki a seu vizir Isimud. Levarei a embarcação até ali, beija as jovens!, disse-lhe Isimud ao Enki. Isimud dirigiu a barco até ali, Enki saltou do barco para terra firme.

Enki chamou uma jovem, lhe ofereceu uma fruta. Enki se inclinou para ela, abraçou-a, nos lábios a beijou; doces eram seus lábios, firmes de maturidade eram seus seios. Em sua matriz derramou seu sêmen, no emparelhamento a conheceu. Ela guardou em seu ventre o sagrado sêmen, ficou fecundada com o sêmen do senhor Enki.

Enki chamou à segunda jovem, lhe ofereceu bagos do campo.

Enki se inclinou para ela, abraçou-a, nos lábios a beijou; doces eram seus lábios, firmes de maturidade eram seus seios.

Em sua matriz derramou seu sêmen, no emparelhamento a conheceu.

Ela guardou em seu ventre o sagrado sêmen, ficou fecundada com o sêmen do senhor Enki.

Fica com as jovens, para ver se ficaram grávidas!

Assim lhe disse Enki a seu vizir Isimud.

Isimud se sentou junto às jovens; por volta da quarta conta apareceram as barrigas.

Para a décima conta, a novena se completou, a primeira jovem ficou de cócoras e deu à luz, dela nasceu um menino; a segunda jovem ficou de cócoras e deu à luz, dela nasceu uma menina. Ao amanhecer e ao crepúsculo, o qual delimita um dia, no mesmo dia deram a luz as duas, como as Cheias de Graça, Amanhecer e Crepúsculo, a partir de então lhes conheceu nas lendas. No nonagésimo-terceiro Shar, engendrados por Enki, nasceram os dois no Edin.

Isimud levou rapidamente a Enki notícia das iluminações.

Enki estava em êxtase com as iluminações: Quem tinha ouvido falar de algo assim!

Conseguiu-se a concepção entre o Anunnaki e Terrestres, trouxe o ser ao Homem Civilizado! Enki deu instruções a seu vizir, Isimud: Minha ação deve permanecer em segredo! Que os recém-nascidos sejam amamentados por suas mães; depois disso trará-os para minha casa. Entre as aneas, em cestas de junco, encontrei-os!, disse Isimud a tudo o mundo.

Ninki tomou carinho aos enjeitados, criou-os como a seus próprios filhos. Adapa, o Enjeitado, chamou o menino; Titi, Uma com Vida, chamou à menina. A diferença do resto de meninos Terrestres, o casal era de crescimento mais lento que os Terrestres, muito mais rápidos de compreensão; estavam dotados de inteligência, eram capazes de falar com palavras.

Formosa e agradável era a menina, muito boa com as mãos.

Ninki, a esposa de Enki, tomou carinho a Titi; ensinou-lhe todo tipo de ofício.

A Adapa, foi o mesmo Enki quem lhe ensinou, instruiu-lhe em como fazer notas.

Enki mostrou orgulhoso ao Isimud seus lucros, criei ao Homem Civilizado!, disse ao Isimud.

De minha semente, foi criado um novo tipo de Terrestre, a minha imagem e semelhança!

Das sementes, farão crescer mantimentos; e apascentarão ovelhas, a partir de então, os Anunnaki e os Terrestres ficarão saciados! Enki enviou palavras a seu irmão Enlil; Enlil veio desde o Nibru-ki até Eridú.

No deserto, apareceu um novo tipo de Terrestre!, disse Enki a Enlil. São rápidos em aprender,  podemos ensinar conhecimentos e ofícios. Que nos tragam do Nibiru sementes das que se semeiam, que se tragam de Nibiru ovelhas para repartir pela Terra, ensinemos a esta nova raça de Terrestres a agricultura e o pastoreio, nos saciemos juntos Anunnaki e Terrestres! Assim disse Enki ao Enlil. Certamente, são similares aos Anunnaki em muitos aspectos!, disse Enlil a seu irmão. É uma maravilha de maravilhas que tenham aparecido por si mesmos no deserto!

Chamaram o Isimud. Entre as aneas, em cestas de juncos, encontrei-os!, disse. Enlil ponderou o assunto com gravidade, sacudia a cabeça com assombro. Certamente, é uma maravilha das maravilhas, que tenha surgido uma nova raça de Terrestres, que a mesma Terra tenha feito um Homem Civilizado, que lhe pode ensinar agricultura e pastoreio, ofícios e elaboração de ferramentas!

Assim dizia Enlil a Enki. Enviemos palavras a Anu da nova raça! transmitiram-se palavras da nova raça ao Anu, no Nibiru. Que nos enviem sementes que possam ser plantadas e ovelhas para o pastoreio!

Isto sugeriram Enki e Enlil ao Anu.

Que o Homem Civilizado sacie aos Anunnaki e aos Terrestres!

Anu escutou as palavras, ficou assombrado com elas.

Que um tipo de essências vitais leve a outro não é algo inaudito!, disse-lhes em resposta, mas nunca se ouviu algo assim, que na Terra aparecesse tão rapidamente um Homem Civilizado a partir do Adamu!

Para a semeia e o pastoreio fará falta um grande número; são capazes de proliferar os seres?

Enquanto os sábios do Nibiru refletiam sobre o assunto, no Eridú ocorriam coisas importantes.

Adapa conheceu a Titi no emparelhamento, ele derramou seu sêmen em sua matriz.

Houve concepção, houve iluminação.

Titi iluminou gêmeos, dois irmãos!

Transmitiram-se palavras do nascimento ao Anu no Nibiru:

O casal é compatível para a concepção, podem proliferar!

Que se repartam pela Terra sementes que se possam semear e ovelhas para o pastoreio, que comece a agricultura e o gado na Terra, nos saciemos todos! Assim disseram Enki e Enlil ao Anu em Nibiru.

Permaneça Titi no Eridú, para amamentar e cuidar dos recém-nascidos, traga-se para o Nibiru a Adapa, o Terrestre! Assim pronunciou sua decisão Anu.

 

Sinopse da Oitava Tabuleta

A ampla compreensão da Adapa assombra aos sábios no Nibiru. 

Por ordem do Anu, levam a Adapa ao Nibiru. 

A primeira viagem espacial de um Terrestre.

Enki revela ao Anu a verdade de sua paternidade de Adapa.

Enki justifica sua ação pela necessidade de mantimentos.

Se envia de volta a Adapa para que comece com a agricultura e o pastoreio.

Enlil e Enki criam sementes de cultivo e linhagens de ovelhas. 

Ninurta ensina o cultivo a K-in. 

Marduk ensina ao Abael o pastoreio e a elaboração da lã.

Lutando pela água, K-in golpeia e dá morte ao Abael. 

K-in é julgado por assassinato e sentenciado ao exílio. 

Adapa e Titi têm outros descendentes que se casam entre eles. 

Em seu leito de morte, Adapa benze a seu filho Sati como seu herdeiro. 

Um descendente, Enkime, é levado ao Lahmu por Marduk. 

Ninurta e seu símbolo da Águia Divina. 

 

A OITAVA TABULETA

Traga-se para o Nibiru a Adapa, o Terrestre! Assim pronunciou sua decisão Anu.

Ao Enlil não agradava a decisão: Quem ia pensar isto, que forjado por um Trabalhador Primitivo, o ser se faria como nós, dotado de conhecimento, que entre o Céu e a Terra viajaria!

No Nibiru, beberá das águas da larga vida, comerá o alimento da larga vida, como um de nós, os Anunnaki, o da Terra se converterá! Assim dizia Enlil ao Enki e a outros líderes.

Enki tampouco estava agradado com a decisão do Anu; depois de que falasse Anu, seu rosto ficou sombrio. depois de que falasse Enlil, Enki se mostrou de acordo com seu irmão Enlil.

É certo, quem o ia pensar! Assim disse Enki a outros. Os irmãos se sentaram e refletiram; Ninmah também se sentou com eles para deliberar. O mandato de Anu não se pode evitar!, disse-lhes ela.

Que nossos jovens acompanhem a Adapa ao Nibiru, seu medo a diminuir, explique ao Anu! Assim disse Enki a outros. Que Ningishzidda e Dumuzi sejam seus acompanhantes, e que, de passagem, vejam com seus próprios olhos Nibiru pela primeira vez!

Ninmah apoiou a sugestão: Nossos jovens, nascidos na Terra, estão se esquecendo de Nibiru, seus ciclos vitais se estão vendo superados pelos da Terra; viajem os dois filhos do Enki, sem casar ainda, ao Nibiru, Possivelmente encontrem noivas ali para si mesmos!

Quando chegou ao Sippar a seguinte câmara celestial procedente do Nibiru, Ilabrat, um vizir do Anu, saiu da câmara.

Venho em busca do Terrestre Adapa! Assim disse aos líderes.

Os líderes apresentaram a Adapa ao Ilabrat; também mostraram ao Titi e a seus filhos.

Certamente, têm nossa imagem e semelhança! Assim disse Ilabrat. Apresentaram ao Ilabrat a Ningishzidda e ao Dumuzi, filhos do Enki. Lhes escolheu para que acompanhem a Adapa em sua viagem!, disse-lhe Enki. Anu estará agradado de ver seus netos! Assim disse Ilabrat. Enki convocou ante ele a Adapa para lhe dar instruções. A Adapa lhe disse assim: Adapa, ao Nibiru, o planeta de onde viemos, vai, ante o Anu, nosso rei, chegará, ante sua majestade te apresentará; ante ele te inclinará. Fala só quando te perguntar, dá breves respostas às perguntas!

Te dará roupa nova; ponha objetos novos. Darão um pão que não se encontra na Terra; o pão é mortal, não o coma! Darão-lhe um elixir em um cálice para que o beba; o elixir é mortal, não bebes dele! Contigo irão meus filhos, Ningishzidda e Dumuzi, atende a suas palavras, e viverá!

Assim instruiu Enki a Adapa. Recordarei-o!, disse Adapa. Enki convocou a Ningishzidda e ao Dumuzi e lhes deu uma bênção e conselho. Vão ante o Anu, o rei, meu pai; ante ele lhes inclinarão e lhe renderão homenagem; não lhes encolham ante príncipes nem ante nobres, deles são seus iguais. Sua missão é trazer Adapa de volta à Terra, não lhes deixem enfeitiçar pelas delícias do Nibiru! Recordaremo-lo!, disseram Ningishzidda e Dumuzi. Enki abraçou ao mais jovem, Dumuzi, beijou-lhe na face; Enki abraçou ao sábio, a Ningishzidda, beijou-lhe na face. Às escondidas, pôs uma tabuleta selada na mão da Ningishzidda, A meu pai, Anu, entregará esta tabuleta em segredo! Assim disse Enki a Ningishzidda.

Depois, partiram para o Sippar os dois junto com a Adapa, ao Lugar dos Carros Celestiais foram, ante o Ilabrat, o vizir do Anu, apresentaram-se os três.

A Ningishzidda e ao Dumuzi lhes deu o traje do Igigi, vestiram-se como águias celestiais.

Quanto a Adapa, cortou seu cabelo solto, lhe deu um capacete como o de uma águia, em lugar de sua tanga, fizeram-lhe ficar uma vestimenta ajustada, lhe pôs entre a Ningishzidda e Dumuzi no interior de O Que Ascende. Quando se deu o sinal, o Carro Celestial rugiu e se estremeceu;

Adapa se encolheu de medo e gritou: A águia sem asas se está elevando!

Ningishzidda e Dumuzi lhe puseram os braços nos ombros, com palavras tranqüilas o acalmaram.

Quando se elevaram no alto uma légua, jogaram uma olhada sobre a Terra; viram suas terras, separadas em partes por mares e oceanos. Quando estiveram a duas léguas de altura, o oceano se tinha feito pequeno como uma banheira, a terra era do tamanho de uma cesta.

Quando estiveram a três léguas de altura, novamente jogaram uma olhada ao lugar de que tinham partido; a Terra era agora uma bola pequena, tragada por muito escuridão na vastidão.

De novo, Adapa se agitou; encolheu-se e gritou: me levem de volta!, gritou.

Ningishzidda pôs a mão na nuca da Adapa; em um instante, Adapa se tranqüilizou.

Quando aterrissaram no Nibiru, havia muita curiosidade, por ver os filhos do Enki, nascidos na Terra, mas inclusive mais por encontrarem com um Terrestre: chegou ao Nibiru um ser de outro mundo! Assim diziam as massas.

Foram levados com o Ilabrat ao palácio, para serem lavados e perfumados com ungüentos.

Lhes deram vestimentas frescas e adequadas.

Tendo em conta as palavras do Enki, Adapa ficou com as novas roupas. No palácio, nobres e heróis formavam grupos; no salão do trono, reuniam-se os príncipes e os conselheiros.

Ilabrat lhes levou até o salão do trono, Adapa atrás dele; logo, os dois filhos do Enki. No salão do trono, ante o Anu, o rei, inclinaram-se; Anu se adiantou desde seu trono. Meus netos! Meus netos!, exclamava. Abraçou ao Dumuzi, abraçou ao Ningishzidda, com lágrimas nos olhos os abraçou, beijou-os. Ofereceu ao Dumuzi que se sentasse a sua direita, Ningishzidda se sentou a sua esquerda.

Depois, Ilabrat apresentou ao Anu a Adapa, o Terrestre. Entende o que falamos?, perguntou-lhe o rei a Ilabrat. É obvio, ensinou-lhe o senhor Enki!, respondeu Ilabrat. Vêem aqui!, disse Anu a Adapa. Como lhe chamas e qual é sua ocupação? Adapa se adiantou, de novo se inclinou: Meu nome é Adapa, servo do senhor Enki!

Assim falou Adapa; suas palavras causaram grande assombro. Maravilha das maravilhas conseguida na Terra!, declarou Anu. Maravilha das maravilhas conseguida na Terra!, exclamaram os reunidos.

Que se celebre, damos as boas-vindas a nossos convidados!, disse Anu. Anu levou a todos os que se haviam reunido até o salão de banquetes, indicando alegremente para as mesas.

Nas mesas ofereceram a Adapa pão do Nibiru; Adapa não comeu. Nas mesas ofereceram a Adapa elixir do Nibiru; Adapa não bebeu. Anu, o rei, ficou confuso com isto, estava ofendido: por que enviou Enki ao Nibiru a este mal educado Terrestre, para lhe revelar os caminhos celestes? Venha, Adapa!, disse Anu a Adapa. Por que não come nem bebe, por que rechaça nossa hospitalidade?

Meu professor, o senhor Enki, ordenou-me: Não coma pão, não beba elixir! Assim respondeu Adapa ao rei Anu. Que estranho é isto!, disse Anu. Para que lhe ia proibir Enki de nossa comida e nosso elixir a um Terrestre?

Perguntou ao Ilabrat, perguntou ao Dumuzi; Ilabrat não sabia a resposta, Dumuzi não pôde explicar-lhe. Perguntou a Ningishzidda.

Possivelmente se encontre aqui a resposta!, disse Ningishzidda ao Anu.

E então deu a Anu, o rei, a tabuleta secreta que tinha sido escondida.

Anu estava confuso, Anu estava preocupado; foi a sua câmara privada para decifrar a tabuleta.

 

Vem agora o relato de Adapa, o progenitor da Humanidade Civilizada, e de como por seus filhos, K-in e Abael, deu-se início à saciedade na Terra.

Em sua câmara privada, Anu rompeu o selo da tabuleta, inseriu a tabuleta no explorador para decifrar o mensagem de Enki.

Adapa nasceu por minha semente de uma mulher Terrestre! Assim dizia a mensagem de Enki.

Do mesmo modo, Titi foi concebida por minha semente em outra mulher Terrestre. Estão dotados de sabedoria e de palavra; mas não da larga vida de Nibiru.

Adapa não deveria comer do pão da larga vida, tampouco deveria beber do elixir da larga vida.

Adapa deve voltar para viver e morrer na Terra, a mortalidade deve ser sua sorte, com a semeia e o pastoreio de seus descendentes, haverá saciedade na Terra! Assim revelou Enki o segredo de Adapa a seu pai, Anu.

Anu ficou surpreso com a mensagem secreta de Enki; não sabia se ficava zangado ou se ria.

Chamou o Ilabrat, seu vizir, à sua câmara privada, lhe disse:

Este meu filho, Ea, nem sequer como Enki emendou sua libertinagem com as mulheres!

Ao Ilabrat, seu vizir, mostrou-lhe a mensagem da tabuleta. Quais são as normas, o que deve fazer o rei?, Perguntou Anu a seu vizir. Nossas normas permitem as concubinas; mas não existem normas de coabitação interplanetária!

Assim lhe respondeu Ilabrat ao rei. Se houver algum prejuízo, que se restrinja, que Adapa volte imediatamente para a Terra, que Ningishzidda e Dumuzi fiquem mais tempo!

Depois, Anu chamou a Ningishzidda à sua câmara privada; Sabe o que dizia a mensagem de seu pai?, Perguntou a Ningishzidda. Ningishzidda baixou a cabeça, com um sussurro disse: Não sei, mas posso adivinhá-lo. Hei submetido a prova a essência vital de Adapa, é da semente de Enki! Essa é na verdade a mensagem!, disse-lhe Anu. Adapa deve voltar para a Terra imediatamente, seu destino será converter-se no progenitor do Homem Civilizado! Quanto a ti, Ningishzidda, voltará para a Terra com Adapa, da Humanidade Civilizada, ao lado de seu pai, será o professor! Essa foi a decisão de Anu, o rei; ele determinou o destino de Adapa e o de Ningishzidda. Anu e os outros dois voltaram junto aos sábios e nobres reunidos, junto aos príncipes e os conselheiros, Anu anunciou palavras de decisão ante os da assembléia: Não se deve estender em demasia as boas-vindas ao Terrestre, em nosso planeta não pode comer nem beber; todos vimos suas assombrosas capacidades, deixemos que volte para a Terra, lavrem os campos na Terra seus descendentes, e pastoreiem nas pradarias!

Para cuidar de sua segurança e evitar sua agitação, Ningishzidda voltará com ele, com ele se enviarão as sementes de cereais do Nibiru, que se multiplicarão na Terra.

Dumuzi, o mais jovem, permanecerá conosco durante um Shar, Depois voltará com ovelhas e a essência das ovelhas! Esta foi a decisão de Anu. Ante as palavras do rei todos inclinaram a cabeça em sinal de acordo. No momento certo, Ningishzidda e Adapa foram levados até o Lugar dos Carros Celestiais, Anu e Dumuzi, Ilabrat e os conselheiros, nobres e heróis foram se despedir.

Houve estrondo e estremecimento, e o carro se elevou; viram como o planeta Nibiru se fazia menor, depois viram os céus do horizonte até o cenit.

Na viagem, Ningishzidda falou com Adapa dos deuses planetas.

Do Sol, a Terra e a Lua lhe deu lições, ensinou-lhe como se seguem os meses e como se conta o ano da Terra.

Quando retornaram à Terra, Ningishzidda relatou a seu pai, Enki, tudo o que tinha acontecido.

Enki riu e deu palmadas em suas coxas: Tudo foi como eu esperava!, disse com regozijo; Exceto a retenção do Dumuzi, que é desconcertante para mim! Assim disse Enki.

Enlil ficou muito desconcertado pela rápida volta da Ningishzidda e de Adapa. O que ocorre, o que acontece em Nibiru? Perguntou a Enki e a Ningishzidda. Chamemos também a Ninmah, que quer saber também o que aconteceu!, disse-lhe Enki. Depois que Ninmah chegou, Ningishzidda contou tudo a Enlil e a ela.

Enki também contou o de sua coabitação com as duas fêmeas Terrestres.

Não tenho quebrado nenhuma norma, assegurei nossa saciedade! Assim lhes disse Enki.

Não tem quebrado nenhuma norma, mas com uma ação precipitada determinaste os fados dos Anunnaki e dos Terrestres!

Assim disse Enlil, enfurecido. Agora, a sorte está arremessada, o fado se há imposto ao destino!

Enlil se deixou levar pela fúria, com ira deu a volta e os deixou plantados. Marduk chegou ao Eridú, havia-lhe chamado sua mãe Damkina. Ele queria verificar os estranhos acontecimentos de seu pai e seu irmão. Pai e irmão decidiram ocultar o segredo de Marduk; Anu estava cativado com o Homem Civilizado, deu a ordem de que todos na Terra se saciassem imediatamente! Assim, só revelaram parte da verdade a Marduk.

Marduk ficou impressionado com Adapa e Titi, tomou carinho aos meninos. Enquanto Ningishzidda instrui a Adapa, deixem que eu seja o professor dos meninos!

Assim disse Marduk a seu pai Enki e a Enlil.

Que Marduk ensine a um, que Ninurta ensine ao outro!, respondeu-lhes Enlil. Ningishzidda ficou no Eridú com Adapa e com Titi, ensinou a Adapa os números e a escritura.

Ninurta levou o gêmeo que nasceu primeiro à sua cidade, ao Bad-Tibira, K-in, Aquele Que no Campo Faz Crescer Mantimentos, chamou-lhe. Ensinou-lhe a cavar canais de irrigação, a semear e a colher lhe ensinou. Ninurta fez para K-in um arado com madeira das árvores, para que com ele lavrasse a terra.

Ao outro irmão, filho de Adapa, o levou Marduk às pradarias, Abael, o das Pradarias Molhadas, chamou-lhe a partir de então. Marduk lhe ensinou como construir redis; para começar com o pastoreio, esperaram a volta de Dumuzi. Quando se cumpriu o Shar, Dumuzi retornou à Terra, a semente essencial da ovelha e ovelhas para a cria trouxe com ele, transportou animais quadrúpedes do Nibiru até outro planeta, a Terra! Sua volta com semente essencial e ovelhas foi causa de muitas celebrações, aos cuidados de seu pai, Enki, Dumuzi retornou com sua preciosa carga. Então, os líderes se reuniram, refletiram sobre como proceder com a nova espécie: Nunca antes tinha havido uma ovelha na Terra, nunca se tinha deixado cair um cordeiro dos céus à Terra, nunca antes uma cabra tinha iluminado a seu cabrito, nunca antes se tinha tecido lã de ovelha! Os líderes Anunnaki, Enki e Enlil, Ninmah e Ningishzidda, que foram os criadores, decidiram estabelecer uma Câmara de Criação, uma Casa de Elaboração. Sobre o puro montículo do Lugar de Aterrissagem, nas Montanhas dos Cedros, estabeleceu-se, a Câmara de Criação se estabeleceu perto de onde se plantaram as 55 sementes de elixir que havia trazido Ninmah, ali começou a multiplicação de cereais e de ovelhas na Terra. Ninurta era o mentor de K-in para a semeia e a colheita, Marduk era o mentor de Abael nas artes de cria e pastoreio de ovelhas e cordeiros.

Quando se recolherem as primeiras colheitas, quando maturar a primeira ovelha, fará-se a Celebração das Primícias! Proclamou Enlil como decreto.

Ante os Anunnaki reunidos se apresentaram os primeiros grãos, os primeiros cordeiros, aos pés de Enlil e Enki, K-in pôs sua oferenda, dirigido por Ninurta; aos pés de Enlil e Enki, Abael pôs sua oferenda, dirigido por Marduk. Enlil deu aos irmãos uma alegre bênção, elogiou seus trabalhos.

Enki abraçou a seu filho Marduk, levantou o cordeiro para que todos o vissem. Carne para comer, lã para vestir chegou à Terra!, disse Enki.

 

Vem agora o relato das gerações de Adapa, e o do assassinato de Abael por K-in, e o que aconteceu depois.

Quanto terminou a Celebração das Primícias, o rosto de K-in estava sombrio; sentia-se muito ferido porque Enki não lhe tinha abençoado.

Quando os irmãos voltaram para seus trabalhos, Abael alardeou diante de seu irmão:

Eu sou o que traz a abundância, que sacia aos Anunnaki, que dá força aos heróis, que proporciona lã para suas roupas!

K-in se sentiu ofendido com as palavras de seu irmão, objetou contundentemente seu alarde:

Sou eu o que enche de abundância as planícies, que faz pesados de grão os sulcos, em cujos campos se multiplicam os pássaros, em cujos canais se fazem abundantes os peixes, o pão sustentador produzo eu, com pescado e caça variei a dieta dos Anunnaki!

Uma e outra vez, os gêmeos discutiam entre si, com o passar do inverno discutiram.

Quando chegou o verão, não houve chuva; as pradarias estavam secas, os pastos diminuíam.

Abael levou seus rebanhos aos campos de seu irmão, para que bebessem água dos sulcos e dos canais. K-in se enfureceu por isso; ordenou a seu irmão que se levasse os rebanhos.

Agricultor e pastor, irmão e irmão, palavras de acusação pronunciaram.

Cuspiram-se um a outro, com os punhos brigaram. Extremamente enfurecido, K-in tomou uma pedra e golpeou na cabeça de Abael.

Uma e outra vez lhe golpeou, até que Abael caiu, emanando sangue dele. Abael ficou no chão imóvel, sua alma havia partido. K-in ficou junto ao irmão que tinha morto, durante muito tempo esteve sentado, chorando.

Foi Titi a primeira em saber, por uma premonição, do assassinato. Em uma visão-sonho, enquanto dormia, viu o sangue de Abael, estava na mão de K-in.

Ela despertou Adapa de seu sonho, lhe contou sua visão-sonho. Um grande pesar enche meu coração, haverá acontecido algo terrível? Assim disse Titi a Adapa; estava muito agitada.

À manhã seguinte, partiram os dois do Eridú; foram até onde estavam acostumados a encontrar-se K-in e Abael.

Encontraram no campo a K-in, ainda estava sentado junto ao morto Abael. Titi soltou um grande grito de angústia, Adapa jogou barro sobre a cabeça.

O que tem feito? O que tem feito? Gritaram a K-in.

Silêncio foi a resposta de K-in; caiu no chão e chorou.

Adapa voltou para a cidade do Eridú, contou-lhe ao senhor Enki o que havia acontecido.

Enki enfrentou a K-in com fúria. Maldito seja!, disse-lhe. Tem que ir do Edin, não te vais ficar entre os Anunnaki e os Terrestres Civilizados! Quanto ao Abael, seu corpo não pode ficar nos campos devido às aves selvagens; como é costume entre os Anunnaki, será enterrado em uma tumba, debaixo de um montão de pedras.

Enki mostrou a Adapa e a Titi como enterrar Abael, pois o costume lhes era desconhecido.

Durante trinta dias e trinta noites, foi Abael chorado por seus pais. K-in foi levado ao Eridú para ser julgado, Enki desejava que se pronunciasse uma sentença de exílio.

Por sua ação, K-in deve ser morto! Assim, com ira, disse Marduk.

Que se reúnam os Sete Que Julgam! Assim disse Ninurta, o mentor de K-in.

Quem ouviu falar alguma vez de uma reunião assim?, gritou Marduk, Que para um que não é do Nibiru terei que chamar os líderes Anunnaki para que julguem?

Não é suficiente que o apadrinhado por Ninurta tenha assassinado àquele a que eu favorecia?

Não é assim como Ninurta venceu ao Anzu, assim se levantou K-in contra seu irmão?

A sorte de K-in deve ser como a sorte de Anzu, tem que lhe extinguir o fôlego vital!

Assim lhe disse Marduk, cheio de ira, a Enki, Enlil e Ninurta.

Ninurta se entristeceu com as palavras de Marduk; silêncio, não palavras, foi sua resposta.

Deixem que eu fale em privado com meu filho Marduk!, disse-lhes Enki.

Quando nas câmaras privadas de Enki estiveram ele e Marduk, meu filho! meu filho! Enki lhe falou brandamente com Marduk. Sua angústia é grande. Não agravemos a angústia com mais angústia! Deixa que te conte um segredo que muito me pesa no coração!

Em certa ocasião, enquanto passeava pelo rio, duas donzelas Terrestres cativaram meu capricho, por elas, de minha semente, foram concebidos Adapa e Titi, uma nova classe de Terrestres, um Homem Civilizado, trouxe-se deste modo à Terra; nosso rei, Anu, tinha dúvidas se seriam capazes de procriar, com o nascimento de K-in e de Abael, Anu e o conselho no Nibiru se convenceram.

Uma nova fase da presença Anunnaki neste planeta foi bem-vinda e passada; agora que Abael foi assassinado, e se a K-in lhe extingue também, a saciedade chegará a seu final, os motins se repetirão, tudo o que se há conseguido se desmoronará!

Não é de surpreender que tomasse carinho ao Abael, era o filho de seu meio-irmão!

Agora, tenha piedade do outro, deixa que sobreviva a linhagem de Adapa! Este segredo revelou Enki a Marduk com tristeza.

A princípio, Marduk se surpreendeu com a revelação, depois se viu vencido pela risada: De suas proezas fazendo o amor muito se há rumores, agora estou convencido disso!

Perdoe-a vida de K-in, que desterre aos limites da Terra! Assim lhe disse Marduk a seu pai, trocando da ira à risada. No Eridú, Enki pronunciou a sentença sobre K-in: K-in deve partir para o este, a uma terra pela que errará por sua má ação, mas sua vida deve ser perdoada, a ele e a suas gerações lhes distinguirá!

Ningishzidda alterou a essência vital de K-in.

Ninghishzidda trocou a essência vital de K-in para que em sua face não crescesse a barba. Com sua irmã Awan como esposa, K-in partiu do Edin, à Terra de Errar se encaminhou.

Então, os Anunnaki se sentaram e se perguntaram entre si: Sem o Abael, sem K-in, quem fará crescer o cereal e fará pão para nós, quem será o pastor, as ovelhas multiplicará, de lã para roupa proverá? Que por Adapa e Titi haja mais proliferação! Assim disseram os Anunnaki. Com a bênção de Enki, Adapa conheceu uma e outra vez a sua esposa Titi; uma filha, outra filha, cada vez, uma e outra vez nasciam. No nonagésimo quinto Shar, Adapa e Titi tiveram finalmente um filho; Sati, Que Ata a Vida de novo, chamou-lhe Titi; por ele se contaram as gerações de Adapa.

Em total, trinta filhos e trinta filhas tiveram Adapa e Titi, deles, houve lavradores da terra e pastores que trabalharam para os Anunnaki, por eles voltou a saciedade aos Anunnaki e aos Terrestres Civilizados.

No nonagésimo sétimo Shar, ao Sati nasceu um filho de sua esposa Azura.

Lhe anotou nos anais com o nome do Enshi; Professor da Humanidade significava seu nome.

Adapa, seu pai, fez-lhe compreender a escritura e os números, e Adapa contou ao Enshi os quais eram os Anunnaki e tudo sobre o Nibiru.

Os filhos de Enlil lhe levaram ao Nibru-ki; ensinaram-lhe os segredos dos Anunnaki.

Nannar, o major na Terra de Enlil, mostrou-lhe o modo dos ungüentos perfumados, Ishkur, o mais jovem de Enlil, ensinou-lhe a preparar o elixir dos frutos Inbu.

Foi a partir de então que os Anunnaki foram chamados senhores pelo Homem Civilizado.

E foi o começo dos ritos de culto dos Anunnaki.

Depois, Enshi teve um filho com sua irmã Noam;

Kunin, o dos Fornos, significava seu nome.

Seu tutor foi Ninurta, no Bad-Tibira aprendeu de fogos e de fornos, lhe ensinou como fazer fogos com betumes, como fundir e refinar; na fundição e a refinação do ouro para o Nibiru trabalharam ele e seus descendentes.

No nonagésimo-oitavo Shar ocorreu tudo isto.

Vem agora o relato das gerações de Adapa depois de que fora exilado K-in, e das viagens celestiais do Enkime e da morte de Adapa. No nonagésimo-nono Shar lhe nasceu um filho ao Kunin, pelo Mualit, meio-irmã do Kunin, foi concebido. Malalu, Que Interpreta, nomeou-lhe ela; sobressaía-me em música e em canto. Para ele fez Ninurta uma harpa com cordas, conformou uma flauta para ele.

Malalu interpretava hinos a Ninurta; junto com suas filhas, cantava-os ante a Ninurta.

A esposa do Malalu era a filha do irmão de seu pai, Dunna era seu nome.

No centésimo Shar desde que começasse a conta na Terra, nasceu-lhes um filho ao Malalu e a Dunna, era seu primogênito.

Irid, o das Águas Doces, chamou-lhe sua mãe Dunna.  Dumuzi lhe ensinou como escavar poços, como prover de água aos rebanhos em distantes pradarias.

Foi ali, junto aos poços nas pradarias, que pastores e donzelas se reuniram, onde os esponsais e a proliferação da Humanidade Civilizada abundou sobremaneira.

Em seus dias, os Igigi vinham com mais freqüência à Terra. Para observar e ver, os céus pouco a pouco abandonaram, vigiar e ver o que ocorria na Terra desejavam cada vez mais; Enki suplicou ao Marduk que estivesse com eles no Lahmu, vigiar e ver o que ocorria na Terra desejava Marduk ardentemente. Em um poço, nas pradarias, encontrou-se Irid com sua esposa; Baraka era seu nome, era a filha do irmão de seu mãe. À conclusão do segundo centésimo Shar, nasceu-lhes um filho, com o nome de Enki-Me, pelo Enki ME Compreensão, lhe chamou nos anais.

Era sábio e inteligente, compreendeu com rapidez os números. Tinha muita curiosidade pelos céus e por todas as matérias celestiais. O senhor Enki tomou carinho, lhe contou todos os segredos que uma vez revelou a Adapa.

Da família do Sol e dos doze deuses celestiais lhe ensinou Enki, e de como os meses se contavam pela Lua e os anos pelo Sol, e de como se contavam os Shars pelo Nibiru, e de como Enki combinava as contas, de como o senhor Enki tinha dividido o círculo dos céus em doze partes, de como tinha atribuído Enki uma constelação a cada uma, doze estações em um grande círculo tinha disposto, de como, para honrar aos doze grandes líderes Anunnaki, tinha posto nomes às estações.

Enkime ansiava explorar os céus; fez duas viagens celestiais. E este é o relato das viagens do Enkime aos céus, e de como deu começo Marduk aos matrimônios mistos e aos problemas com os Igigi.

Enviou-se Enkime para que estivesse com Marduk no Lugar de Aterrissagem, dali, Marduk o levou em uma espaçonave até a Lua.

Ali, Marduk ensinou a Enkime o que tinha aprendido de seu pai, Enki.

Quando Enkime voltou para a Terra, lhe enviou para que estivesse com o Utu no Sippar, o Lugar dos Carros.

Ali, Utu deu ao Enkime uma tabuleta para escrever o que estava aprendendo, Utu o instalou em sua brilhante morada como um Príncipe dos Terrestres. Ensinou-lhe os ritos para começar com as funções do sacerdócio. Enkime residia no Sippar, com sua esposa Edinni, uma meio-irmã, a eles lhes nasceu um filho no quarto centésimo Shar, Matushal lhe chamou sua mãe, Que se Elevou pelas Brilhantes Águas significava seu nome.

Foi depois disso que Enkime fez sua segunda viagem aos céus, esta vez também foi Marduk, seu mentor e companheiro.

Em um carro celestial se remontaram para o céu, para o Sol e além dele fizeram um círculo.

Marduk o levou para visitar os Igigi, no Lahmu, os Igigi tomaram carinho, dele aprenderam sobre os Terrestres Civilizados.

Dele se diz nos Anais que partiu para os céus, que nos céus ficou até o final dos dias.

Antes que Enkime partisse para os céus, de tudo o que nos céus lhe tinha ensinado, fez um registro por escrito Enkime, para que seus filhos soubessem o escreveu; tomou nota de tudo o que há nos céus na família do Sol, e das regiões da Terra e suas terras e seus rios também. Confiou seus escritos em mãos de Matushal, seu primogênito, para que, junto com seus irmãos Ragim e Gaidad, estudasse-os e seguissem a eles.

No quarto centésimo Shar tinha nascido Matushal, ele foi testemunha dos problemas dos Igigi e do que Marduk fazia.

Ao Matushal nasceu um filho de sua esposa Ednat, Lu-Mach, Homem Poderoso, foi seu nome. Em seus dias, as condições sobre a Terra se fizeram mais difíceis; nos campos e nas pradarias, os trabalhadores se queixavam. Os Anunnaki designaram ao Lu-Mach como capataz, para fazer cumprir as cotas, para reduzir as rações. Em seus dias foi quando a Adapa chegou a hora de morrer; e quando Adapa soube que seus dias tinham chegado a seu fim, Que todos meus filhos e os filhos de meus filhos se reúnam ante mim!, disse. Para que antes que eu morra possa lhes benzer, e lhes fale antes de morrer. E quando Sati e os filhos dos filhos se reuniram, Onde está K-in, meu primogênito? Perguntou-lhes Adapa. Vão lhe buscar!, disse a todos eles. Sati apresentou o desejo de seu pai ante o senhor Enki, perguntou-lhe ao senhor o que fazer.

Então, Enki chamou a Ninurta: Que o banido, de quem você foi mentor, seja trazido ante o leito de morte da Adapa!

Ninurta subiu em seu Pássaro do Céu, até a Terra de Errar voou; sobre as terras perambulou, procurou dos céus a K-in.

E quando o encontrou, levou a K-in até a Adapa como sobre as asas de uma Águia. Quando informou a Adapa da chegada de seu filho, que venham ante mim K-in e Sati!, disse Adapa. Os dois foram ante seu pai; K-in, o primogênito, a sua direita. Sati, a sua esquerda.

E falhando a visão a Adapa, para reconhecer a seus filhos tocou seus rostos; e o rosto de K-in, à direita, era imberbe, e o rosto de Sati, à esquerda, tinha barba.

E Adapa pôs sua mão direita sobre a cabeça de Sati, o da esquerda, e lhe benzeu e disse: De sua semente se encherá a Terra, e de sua semente, como uma árvore com três ramos, a Humanidade sobreviverá a uma Grande Calamidade.

E pôs sua mão esquerda sobre a cabeça de K-in, a sua direita, e lhe disse: Por seu pecado, de seu direito de nascimento está privado, mas de você sementes virão. Sete nações, em um reino à parte crescerão, terras distantes habitarão; mas por ter assassinado a seu irmão com uma pedra, por uma pedra chegará seu fim.

E quando Adapa terminou de dizer estas palavras deixou cair as mãos e disse: Chamem agora a minha esposa Titi, e a todos os filhos e a todas as filhas, e depois de que meu espírito me deixe, me levem ao lugar em que nasci, junto ao rio, e me enterrem com o rosto para o Sol nascente.

Titi gritou como uma besta ferida, caiu sobre seus joelhos ao lado de Adapa.

E os dois filhos da Adapa, K-in e Sati, envolveram seu corpo em um tecido, em uma cova que lhes mostrou Titi, junto às bordas do rio, enterraram a Adapa.

Em metade do nonagésimo-terceiro Shar tinha nascido, ao final do oitavo centésimo morreu.

Uma larga vida para um Terrestre; mas não tinha o ciclo vital de Enki.

E depois que Adapa fora enterrado, K-in se despediu de sua mãe e de seu irmão.

Ninurta o levou de volta em seu Pássaro do Céu à terra de errar.

E em um distante reino, K-in teve filhos e filhas, e para eles construiu uma cidade, e enquanto a construía, a queda de uma pedra lhe matou.

No Edin, Lu-Mach serve aos Anunnaki como capataz, nos dias de Lu-Mach, Marduk e os Igigi se casavam com as Terrestres.

 

Sinopse da Nona Tabuleta

A Humanidade prolifera; a linhagem de Adapa serve como realeza. Desafiando a Enlil, Marduk se casa com uma mulher Terrestre. 

Transtornos celestiais e mudanças climáticas afetam ao Lahmu. 

Os Igigi descendem à Terra, tomam a mulheres Terrestres e se casam.  

O promíscuo Enki engendra um filho humano, Ziusudra. 

Secas e pestes causam sofrimentos na Terra. 

Enlil o vê como uma retribuição pelo fado, quer voltar para casa. 

Ninmah, envelhecida pelos ciclos da Terra, também quer voltar. 

Um emissário misterioso lhes adverte que não desafiem seu destino. 

Aumentam os sinais da iminência de um calamitoso Dilúvio. 

A maioria dos Anunnaki começa a partir para o Nibiru.

Enlil impõe um plano para deixar que a Humanidade pereça.

Enki e Ninmah começam a preservar as Sementes de Vida da Terra. O resto dos Anunnaki se prepara para o Dia do Dilúvio.

Nergal, Senhor do Mundo Inferior, tem que dar o aviso. 

Enki divulga o segredo do Dilúvio. 

 

A NONA TABULETA

Nos dias do Lu-Mach, Marduk e os Igigi se casavam com as Terrestres.

Naqueles dias, as tribulações eram crescentes na Terra, naqueles dias, Lahmu estava envolto em pó e aridez.

Os Anunnaki que decretam os fados, Enlil, Enki e Ninmah, consultaram entre si.

Perguntavam-se o que é que estava se alterando na Terra e no Lahmu. Tinham observado estalos no Sol, havia alterações nas forças da rede da Terra e do Lahmu. No Abzu, na ponta, em frente à Terra Branca, instalaram instrumentos de observação; os instrumentos ficaram a cargo do Nergal, o filho de Enki, e de sua esposa Ereshkigal.

Ninurta foi atribuído à Terra além dos Mares para estabelecer um Enlace Céu-Terra nas montanhas.

No Lahmu, os Igigi estavam inquietos; a Marduk lhe deu a tarefa de pacificá-los.

Até que saibamos o que está causando as tribulações, deve manter a estação de passagem do Lahmu! Assim disseram os líderes a Marduk.

Os três que decretam os destinos consultaram entre si; olharam-se uns aos outros. Que velhos estão! Pensou cada um sobre o outro. Enki, que chorava a morte de Adapa, foi o primeiro em falar. Passaram mais de cem Shars desde que cheguei!, disse a seu irmão e a sua irmã.

Eu era então um galhardo líder; agora, com barba, cansado e velho!

Eu era um herói entusiasta, disposto à chefia e a aventura!, disse depois Enlil.

Agora tenho filhos que têm filhos, todos nascidos na Terra.

Temo-nos feito velhos na Terra, mas os que nasceram na Terra serão ainda mais velhos dentro de pouco! Assim, lamentando-se, disse Enlil a seu irmão e a sua irmã. Quanto a mim, chamam-me velha ovelha!, disse Ninmah tristemente. Enquanto que o resto esteve indo e vindo, tem estado fazendo turnos de serviço, nós, os líderes, ficamo-nos! Possivelmente chegou o momento de partir! Assim disse Enlil. Disto me estou acostumado a perguntar, disse-lhes Enki. Cada vez que um de nós três deseja visitar Nibiru, sempre nos chegam palavras de Nibiru para impedir que vamos! Disso eu também me pergunto, disse Enlil: É um pouco do Nibiru, algo da Terra? Possivelmente tem que ver com as diferenças nos ciclos vitais, disse Ninmah.

Os três líderes decidiram observar e ver o que ocorre.

Naquele momento, o assunto estava em mãos do Fado, ou seria do Destino?

Por isso, deveu acontecer que, pouco depois, Marduk veio até seu pai Enki, desejava discutir com seu pai, Enki, uma questão de suma gravidade. Na Terra, os três filhos de Enlil tinham se casado: Ninurta tinha se casado com Bau, uma jovem filha de Anu; Nannar tinha eleito a Ningal, Ishkur tinha tomado Shala.

Nergal, seu filho, tomou por casamento a Ereshkigal, neta de Enlil, ameaçando matá-la, arrancou dela seu consentimento. Por esperar meus esponsais, sendo seu primogênito, Nergal não esperou, os outros quatro, por deferência, estão esperando meus esponsais. Desejo escolher noiva, ter uma esposa é meu desejo! Assim lhe disse Marduk a seu pai, Enki. Suas palavras me fazem feliz!, disse Enki a Marduk. Sua mãe também se alegrará!

Marduk levantou a mão para que seu pai guardasse estas palavras ante a Ninki. É acaso uma das jovens que curam e dão socorro?, foi perguntar Enki.

É uma descendente de Adapa, da Terra, não do Nibiru!, disse em um suave sussurro Marduk.

Enki ficou sem palavras, com o desconcerto no olhar; depois, pronunciou palavras incontroladas:

Um príncipe do Nibiru, um Primogênito titulado para a sucessão, casar-se com uma Terrestre?!

Não uma Terrestre, a não ser teu descendente!, disse-lhe Marduk.

É uma filha de Enkime, que fora arrebatado ao céu, seu nome é Sarpanit!

Enki chamou a sua esposa Ninki, lhe contou o que ocorria com Marduk. Marduk repetiu a Ninki, sua mãe, o desejo de seu coração, e disse:

Quando Enkime veio comigo de viagem, e eu lhe estava ensinando do céu e a Terra, presenciei com meus próprios olhos o que meu pai uma vez me tinha contado.

Passo a passo, neste planeta, a partir de um ser Primitivo, criamos a um como nós, a nossa imagem e semelhança é o Terrestre Civilizado, exceto pela larga vida, é como nós!

Uma filha do Enkime cativou meu capricho, desejo me casar com ela!

Ninki ponderou as palavras de seu filho. E a donzela, aprecia seu olhar?, perguntou a Marduk.

Na verdade que sim, disse-lhe Marduk a sua mãe. Esse não é um assunto para considerar!, disse Enki levantando a voz. Se nosso filho fizesse isto, nunca poderia ir ao Nibiru com sua esposa, perderia para sempre seus direitos principescos sobre o Nibiru!

A isto respondeu Marduk com um sorriso amargo: Meus direitos sobre o Nibiru são inexistentes, inclusive na Terra, meus direitos como Primogênito foram pisoteados.

Esta é minha decisão: De príncipe a rei na Terra me converter, senhor deste planeta!

Assim seja!, disse Ninki. Assim seja!, disse também Enki.

Chamaram a Matushal, o irmão da noiva; falaram-lhe do desejo de Marduk.

Matushal se viu afligido, com humildade mas com alegria. Assim seja!, disse. Quando contou a Enlil a decisão, encheu-se de fúria.

Uma coisa é que o pai tenha relações sexuais com as Terrestres, mas outra muito distinta é que o filho se case com uma Terrestre, lhe concedendo o senhorio!

Quando contou o assunto a Ninmah, ficou enormemente decepcionada.

Marduk poderia casar-se com qualquer donzela das nossas, inclusive poderia escolher a qualquer de minhas próprias filhas, das que tive com Enki, poderia casar-se com suas meio-irmãs, como é o costume real!. Assim disse Ninmah.

Com fúria, Enlil lhe transmitiu palavras sobre o assunto a Anu no Nibiru: Este comportamento foi muito longe, não se pode consentir!, disse Enlil a Anu, o rei. No Nibiru, Anu convocou aos conselheiros para discutir urgentemente o assunto.

Não encontraram nenhuma norma sobre isso nos livros de normas. Anu convocou também aos sábios para discutir as conseqüências do assunto.

Adapa, o progenitor da donzela, não pôde ficar no Nibiru!, disseram a Anu.

Portanto, a Marduk terei que impedir de nunca mais retornar a Nibiru com ela! Inclusive havendo-se acostumado aos ciclos da Terra, a Marduk poderia lhe resultar impossível voltar, ainda sem ela!

Assim disseram os sábios ao Anu; com isto coincidiram também os conselheiros. Transmita a decisão à Terra!, disse Anu: Marduk pode casar-se, mas já não será príncipe em Nibiru!

A decisão foi aceita por Enki e por Marduk, Enlil também acatou a palavra de Nibiru.

Celebre as bodas, e que seja no Eridú!, disse-lhes Ninki. No Edin, Marduk e sua esposa não podem ficar!, anunciou Enlil, o comandante.

Façamos um presente de bodas a Marduk e a sua noiva, uns domínios para eles, longe do Edin, em outra terra! Assim disse Enki a Enlil.

Enlil estava pensando se consentia que Marduk fosse enviado para longe.

De que terra, de que domínios está falando?, disse-lhe Enlil a seu irmão Enki.

Uns domínios por cima do Abzu, na terra que chega até o Mar Superior, uma que está separada do Edin pelas águas, a que se pode chegar com embarcações!

Assim disse Enki a Enlil. Assim seja!, disse Enlil.

Ninki dispôs uma celebração de bodas no Eridú para Marduk e Sarpanit. Seus habitantes anunciaram a cerimônia a golpe de tambor de cobre, com sete pandeiros, as irmãs da noiva apresentaram à esposa.

Uma grande multidão de Terrestres Civilizados se reuniu no Eridú, as bodas eram para eles como uma coroação. Também assistiram os jovens Anunnaki. Igigi do Lahmu vieram em grande número.

Vamos para celebrar as bodas de nosso líder, para presenciar uma união de Nibiru e da Terra!

Assim explicaram os Igigi sua numerosa presença.

 

Vem agora o relato de como os Igigi raptaram às filhas dos Terrestres, e das aflições que se seguiram e do estranho nascimento de Ziusudra.

Grande número de Igigi vieram do Lahmu à Terra, só um terço deles ficaram no Lahmu, à Terra vieram duzentos.

Para estar com seu líder Marduk, para assistir à celebração de suas bodas, foi sua explicação.

Desconhecido para Enki e para Enlil era seu segredo: raptar e ter união era seu plano.

Desconhecido para os líderes na Terra, uma multidão de Igigi se reuniram no Lahmu, O que permite a Marduk não nos deveria impedir a nós!, diziam-se entre si.

Basta de sofrimento e de solidão, de não ter tido descendentes!, era seu slogan.

Durante suas idas e vindas entre o Lahmu e a Terra, às filhas dos Terrestres, as Mulheres Adapitas como lhes chamavam eles, viam e cobiçavam; e os conspiradores se diziam entre eles: Venham, escolhamos esposas de entre as Mulheres Adapitas, e engendremos filhos!

Um deles, Shamgaz era seu nome, converteu-se em líder. Mesmo que nenhum de vós me siga, eu só farei a ação!, eles dizia a outros. Se se impor um castigo por este pecado, eu sozinho o assumirei por todos vós!

Um a um, outros se uniram à trama, emprestaram juramento de fazê-lo juntos.

Para as bodas de Marduk, duzentos deles descenderam no Lugar de Aterrissagem, baixaram sobre a grande plataforma na Montanha dos Cedros. Dali viajaram ao Eridú, passaram entre os Terrestres que trabalhavam, junto com a multidão de Terrestres chegaram ao Eridú. depois de que tivesse tido lugar a cerimônia de bodas de Marduk e Sarpanit, por um sinal combinado previamente, Shamgaz deu o sinal a outros.

Cada um dos Igigi tomou a uma donzela Terrestre, pela força as raptaram, os Igigi foram com as mulheres até o Lugar de Aterrissagem nas Montanhas dos Cedros, em uma fortaleza se reuniram, aos líderes formularam um desafio: Basta de privações e de não ter descendentes! Queremos nos casar com as filhas dos Adapitas. Têm que lhe dar a bênção a isto, ou do contrário destruiremos tudo na Terra pelo fogo! Os líderes estavam alarmados, exigiram a Marduk, comandante dos Igigi, que se fizesse cargo da situação. Se tiver que procurar uma solução ao assunto, meu coração está de acordo com os Igigi! Assim lhes disse Marduk a outros. O que eu tenho feito não lhes pode impedir !

Enki e Ninmah sacudiram a cabeça, a contra gosto mostraram seu acordo.

Só Enlil se enfureceu em lugar de apaziguar-se.

Uma má ação foi seguida por outra, os Igigi adotaram de Enki e de Marduk a fornicação, nosso orgulho e nossa sagrada missão ficaram abandonados aos ventos, por nossas próprias mãos, este planeta se verá invadido por multidões de Terrestres! Enlil falava muito aborrecido. Que os Igigi e suas mulheres partam da Terra!

No Lahmu, a situação se fez insuportável, não é possível a sobrevivência!

Assim disse Marduk a Enlil e a Enki. Não podem ficar no Edin!, gritou irado Enlil. Deixou a reunião muito aborrecido; em seu coração, Enlil tramava coisas contra Marduk e seus Terrestres. Na Plataforma de Aterrissagem, nas Montanhas dos Cedros, ficaram encerrados os Igigi com suas mulheres, ali lhes nasceram filhos, Filhos das Naves Espaciais lhes chamaram.

Marduk e Sarpanit, sua esposa, também tiveram filhos, Assar e Satu se chamaram os dois primeiros filhos.

A Marduk e a Sarpanit concederam os domínios de acima do Abzu, Marduk convidou aos Igigi, Marduk chamou os Igigi para que vivessem em duas cidades que para seus filhos tinha construído.

Alguns dos Igigi e seus descendentes chegaram aos domínios na terra de cor escura.

Shamgaz e outros ficaram na Plataforma de Aterrissagem nas Montanhas dos Cedros, até as longínquas terras do este, terras de altas montanhas, foram alguns de seus descendentes.

Ninurta observava com atenção de que modo Marduk incrementava sua própria força com Terrestres.

O que estão tramando Enki e Marduk?, perguntou-lhe Ninurta a seu pai Enlil. A Terra será herdada pelos Terrestres!, disse Enlil a Ninurta.

Vá, encontra aos descendentes de K-in, prepara com eles seus próprios domínios!

Ninurta foi ao outro lado da Terra; encontrou aos descendentes de K-in. Ensinou-lhes como fazer ferramentas e interpretar música, mostrou-lhes as técnicas da mineração e a fundir e refinar, mostrou-lhes como construir embarcações de madeira de balsa, guiou-lhes para que cruzassem um grande mar. Em uma nova terra estabeleceram seus domínios, construíram uma cidade com torres. Era um domínio além dos mares, não era a terra montanhosa do novo Enlace Céu-Terra. No Edin, Lu-Mach era o capataz, seu dever consistia em fazer cumprir as cotas, reduzir as rações dos Terrestres era sua tarefa. Sua esposa foi Batanash, ela era filha do irmão do pai do Lu-Mach. Era de uma beleza deslumbrante, Enki ficou assanhado com sua beleza. Enki enviou uma palavra a seu filho Marduk: Chama o Lu-Mach a seus domínios, para que aprenda como podem construir uma cidade os Terrestres! E quando foi chamado Lu-Mach aos domínios de Marduk, levaram a sua esposa Batanash à casa de Ninmah, no Shurubak, a Cidade Refúgio, para protegê-la e resguardá-la das enfurecidas massas de Terrestres. Pouco depois, Enki foi ao Shurubak visitar sua irmã Ninmah. No teto de uma morada, quando Batanash se estava banhando, Enki a tomou pelas coxas, beijou-a, derramou seu sêmen em sua matriz. Batanash ficou grávida, o ventre lhe estava inchando; enviou palavra a Lu-Mach desde o Shurubak: Volta para o Edin, vais ter um filho!

A Edin, de Shurubak, retornou Lu-Mach, Batanash lhe mostrou o menino. Tinha a pele branca como a neve, da cor da lã era seu cabelo, seus olhos eram como os céus, seus olhos brilhavam com um resplendor. Assombrado e assustado estava Lu-Mach; foi correndo até seu pai Matushal.

Batanash teve um filho que não parece Terrestre, estou muito confuso com esta iluminação! Matushal foi até o Batanash, viu o recém-nascido, ficou surpreso por seu aspecto. O pai do menino é um dos Igigi? Matushal exigiu a verdade de Batanash.

Revele a Lu-Mach, seu marido, se este menino for filho dele! Nenhum dos Igigi é o pai do menino, disto juro por minha vida! Assim respondeu Batanash. Então, Mathusal se voltou para seu filho Lu-Mach, pô-lhe a mão tranquilizadoramente sobre o ombro. O menino é um mistério, mas em sua mesma estranheza te revelou um augúrio, é único, para uma tarefa única foi eleito pelo destino.

Que trabalho é, não sei; quando chegar o momento se saberá!

Assim lhe disse Matushal a seu filho Lu-Mach; referia-se ao que na Terra estava acontecendo: naqueles dias, os sofrimentos foram aumentando na Terra, os dias se foram fazendo mais frios, os céus retinham suas chuvas, as colheitas diminuíam nos campos, nos redis havia poucos cordeiros. Que o filho que te nasceu, estranho como é, seja um augúrio de que nos chega uma pausa!

Assim lhe disse Matushal a seu filho Lu-Mach. Seja seu nome Respiro! Batanash não revelou o segredo de seu filho a Matushal nem ao Lu-Mach; chamou-lhe Ziusudra, o de Compridos e Brilhantes Dias de Vida; cresceu em Shurubak.

Ninmah lhe concedeu ao menino seu amparo e seu afeto.

Estava dotado de muita compreensão, lhe proporcionou conhecimentos.

Enki adorava enormemente ao menino, ensinou-lhe a ler os escritos de Adapa, o menino, como um jovem, aprendeu como observar e realizar os ritos sacerdotais.

No décimo centésimo Shar nasceu Ziusudra, no Shurubak cresceu e se casou com Emzara, e lhe deu três filhos.

Em seus dias, os sofrimentos se intensificaram na Terra; pragas e fome afligiam à Terra.

 

Vem agora o relato das tribulações da Terra antes do Dilúvio, e de como as misteriosas decisões de Galzu de vida e morte dirigiram em segredo. Enlil estava muito incomodado com a união dos Igigi e as filhas dos Terrestres, Enlil estava muito turbado com os esponsais de Marduk com uma mulher Terrestre.

A seus olhos, a missão dos Anunnaki na Terra se perverteu, para ele, as ruidosas e estridentes massas dos Terrestres se converteram em anátema; as declarações dos Terrestres lhe cansavam. As uniões me tiram o sonho!. Assim disse Enlil aos outros líderes. Nos dias de Ziusudra, pragas e pestes assolavam a Terra, dores, enjôos, calafrios e febres afligiam aos Terrestres. Ensinemos aos Terrestres a curar-se, que aprendam a dar-se remédios por si mesmos! Assim disse Ninmah. Proíbo-o por decreto!, replicou Enlil a suas súplicas. Nas terras onde se estenderam os Terrestres não emanam as águas de suas fontes, a terra fechou sua matriz, não brota vegetação. Ensinemos aos Terrestres a fazer lagos e canais, que obtenham pescado e sustento dos mares! Assim disse Enki aos outros líderes. Proíbo-o por decreto!, disse-lhe Enlil a Enki. Que pereçam os Terrestres de fome e de enfermidades!

Durante todo um Shar, os Terrestres comeram as ervas dos campos; durante o segundo Shar, o terceiro Shar, sofreram a vingança de Enlil. No Shurubak, a cidade de Ziusudra, o sofrimento se estava fazendo insuportável.

Ziusudra, porta-voz dos Terrestres, foi até o Eridú, dirigiu-se à casa do senhor Enki, invocou o nome de seu senhor, suplicou-lhe ajuda e salvação; Enki estava impedido pelos decretos de Enlil.

Naqueles dias, os Anunnaki estavam preocupados com sua própria sobrevivência; suas próprias rações diminuíam, eles mesmos se estavam vendo afetados pelas mudanças na Terra.

Tanto na Terra como no Lahmu, as estações tinham perdido sua regularidade.

Durante um Shar, durante dois Shars, estiveram-se estudando as voltas celestes desde o Nibiru. Desde o Nibiru se observaram coisas estranhas nos destinos planetários.

Estavam aparecendo manchas negras no Sol, disparavam-se chamas dele.

Kishar também se comportava mal, sua hoste tinha perdido o equilíbrio, instáveis eram suas voltas.

O Bracelete Esculpido se via estirado e empurrado por invisíveis forças de rede, por motivos incompreensíveis, o Sol estava perturbando a sua família; os destinos dos celestiais se viam afligidos por fados desagradáveis!

No Nibiru, os sábios deram a voz de alarme, a gente se reunia nos lugares públicos; o Criador de Tudo, está devolvendo os céus aos dias primitivos, irado está o Criador de Tudo!, gritavam algumas vozes entre o povo.

Na Terra, as tribulações aumentavam, o medo e a fome elevavam suas cabeças.

Durante três Shars, durante quatro Shars, estiveram observando os instrumentos frente à Terra Branca, Nergal e Ereshkigal tinham registrado estranhos estrondos nas neves da Terra Branca.

O gelo de neve que cobre a Terra Branca começou a deslizar-se!, informaram da ponta do Abzu.

Na Terra além dos Mares, Ninurta pôs instrumentos de predição em seu refúgio, terremotos e tremores no fundo da Terra descobriu com os instrumentos.

Algo estranho está passando!, enviou Enlil palavras de alarme ao Anu no Nibiru.

Durante o quinto Shar, durante o sexto Shar, os fenômenos ganharam força, no Nibiru, os sábios deram o alarme, de calamidades fizeram advertência ao rei.

A próxima vez que Nibiru se aproximar do Sol, a Terra ficará exposta à força da rede de Nibiru, Lahmu, em suas voltas, situará-se do outro lado do Sol.

A Terra não terá amparo nos céus ante a força da rede de Nibiru, Kishar e sua hoste se agitarão, Lahamu também se sacudirá e tremerá; no grande abaixo da Terra, o gelo de neve da Terra Branca está perdendo base; a próxima vez que Nibiru se aproximar da Terra, o gelo de neve da superfície da Terra Branca se deslizará. Provocará uma calamidade de água: A Terra será enrolada por uma gigantesca onda, um Dilúvio! Em Nibiru foi grande a consternação, inseguros ante o próprio fado de Nibiru, o rei, os sábios e os conselheiros estavam também muito preocupados com a Terra e pelo Lahmu. O rei e os conselheiros tomaram uma decisão: preparar-se para evacuar a Terra e Lahmu! No Abzu, fecharam-se as minas de ouro, dali foram os Anunnaki até o Edin; no Bad-Tibira, cessou-se a fundição e a refinação, todo o ouro se enviou a Nibiru. Vazia, disposta para a evacuação, uma frota de rápidos carros celestes retornou à Terra; No Nibiru se vigiavam os sinais dos céus, na Terra se tomava nota dos tremores. Foi então quando de um dos carros celestiais saiu um Anunnaki de cabelo branco, Galzu, Grande Conhecedor, era seu nome. Com passo majestoso se dirigiu até Enlil, lhe apresentou um mensagem selada de Anu. Sou Galzu, emissário plenipotenciário do Rei e do Conselho, disse a Enlil.

Enlil se surpreendeu por sua chegada: Não me tinha chegado palavra alguma de Anu sobre isto.

Enlil examinou o selo de Anu; estava intacto, e era autêntico.

No Nibru-ki se leu a mensagem da tabuleta, a codificação era de toda confiança.

Galzu fala em nome do Rei e do Conselho, suas palavras são minhas ordens! Isso afirmava a mensagem de Anu.

Que se chamasse também a Enki e a Ninmah foi a petição de Galzu.

Quando chegaram, Galzu sorriu agradavelmente a Ninmah. Somos da mesma escola e idade!, disse a ela.

Ninmah não podia recordar aquilo; o emissário era tão jovem como um filho, ela era como sua anciã mãe!

A explicação é singela!, disse-lhe Galzu: A causa se acha em nossos ciclos vitais de sonho invernal!

De fato, este assunto é parte de minha missão; há um segredo a respeito da evacuação.

Desde que Dumuzi esteve no Nibiru, esteve-se examinando aos Anunnaki que voltavam para o Nibiru; aqueles que mais tempo tinham estado na Terra eram os mais afetados ao voltar: seus corpos já não se habituaram aos ciclos do Nibiru, seu sonho estava alterado, sua visão falhava, a força da rede do Nibiru pesava em seus passos.

Suas mentes também se viram afetadas, dado que os filhos eram mais velhos que os pais aos que haviam deixado!

A morte, meus camaradas, chegou com rapidez aos retornados; por isso estou aqui, para lhes advertir!

Os três líderes, os que mais tempo tinham estado na Terra, guardaram silêncio ante as palavras.

Ninmah foi a primeira em falar: Era de esperar!, disse.

Enki, o sábio, mostrou-se de acordo com suas palavras: Era evidente!, disse. Enlil foi às nuvens: Antes, os Terrestres se estavam fazendo como nós, agora, nós nos temos feito como os Terrestres, para ficar prisioneiros deste planeta!

Toda a missão se converteu em um pesadelo, com Enki e seus Terrestres como senhores, acabaremos sendo escravos! Galzu escutou com compaixão a explosão de Enlil.

De fato, muito há que refletir, disse, no Nibiru se esteve pensando muito, e profundas questões se hão estado expondo ao exame de consciência: deveria-se ter deixado ao Nibiru a sua sorte, fora o que fora o que o Criador de Tudo pretendesse, para deixar que ocorresse, ou foi a chegada à Terra concebida pelo Criador de Tudo, e nós não fomos mais que emissários inconscientes? Sobre isto, meus camaradas, o debate continua! Assim lhes disse Galzu. E eis aqui a ordem secreta do Nibiru: Vós três permanecerão na Terra; só voltarão para o Nibiru para morrer! Em carros celestiais, circundarão a Terra, esperarão a calamidade no exterior; ao resto dos Anunnaki, lhes deve dar a opção de ir-se ou de esperar a calamidade no exterior. Os Igigi que se casaram com Terrestres devem escolher entre a partida ou aos casamentos.

A nenhum Terrestre, nem sequer Sarpanit, a de Marduk, lhe permitirá viajar a Nibiru!

Todos os que queiram ficar e ver o que acontece, deverão proteger-se nos carros celestes! E quanto a todos os outros, devem estar preparados para partir para Nibiru imediatamente! Assim, em segredo, revelou Galzu as ordens do Nibiru aos líderes.

 

Vem agora o relato de como os Annunaki decidiram abandonar a Terra, e de como prestaram juramento para deixar perecer à Humanidade no Dilúvio.

Enlil convocou um conselho de comandantes Anunnaki e Igigi no Nibru-ki, também estavam presentes os filhos dos líderes e seus filhos.

Enlil lhes revelou o segredo da iminente calamidade.

A Missão à Terra chegou a um amargo final!, disse-lhes solenemente.

Todos os que queiram partir em navios celestiais, que se preparem para serem evacuados ao Nibiru, mas se tiverem casamentos Terrestres, terão que ir-se sem as esposas.

Os Igigi que peguem suas esposas e descendentes e escapem aos picos mais altos da Terra!

Quanto aos poucos Anunnaki que decidam ficar, em Navios do Céu permaneceremos sobre os céus da Terra, para esperar a calamidade no exterior, para presenciar a sorte da Terra!

Como comandante, serei o primeiro em ficar !Assim falou Enlil.

Outros, que decidam por si mesmos!

Vou ficar com meu pai, confrontarei a calamidade!, anunciou Ninurta.

Depois do Dilúvio, voltarei para as Terras de além dos Oceanos!

Nannar, o primogênito de Enlil na Terra, anunciou um estranho desejo: esperar o Dilúvio não nos céus da Terra, a não ser na Lua; esse foi seu desejo.

Enki levantou uma sobrancelha; Enlil, embora desconcertado, aceitou.

Ishkur, o mais jovem de Enlil, tomou a decisão de ficar na Terra com seu pai.

Utu e Inanna, os filhos de Nannar que tinham nascido na Terra, declararam ficar.

Enki e Ninki, optaram por ficar e não abandonar a Terra; anunciaram com orgulho.

Não abandonarei aos Igigi nem ao Sarpanit!, afirmou Marduk com ira.

Um a um, outros filhos de Enki anunciaram sua decisão de ficar.

Nergal e Gibil, Ninagal e Ningishzidda, e Dumuzi também. Todos os olhos se voltaram então para Ninmah. Declarou com orgulho a decisão de ficar: O trabalho de toda minha vida está aqui! Aos Terrestres, meus criados, não os abandonarei! Ante suas palavras, removeu-se um clamor entre os Anunnaki e os Igigi perguntaram pela sorte dos Terrestres.

Que os Terrestres pelas abominações pereçam; assim o proclamou Enlil. Um assombroso ser foi criado por nós, por nós deve ser salvo, gritou Enki a Enlil.

Ante isto, replicou Enlil também com gritos:

Do mesmo princípio, em cada ocasião, você modificou as decisões! Você lhes deu a procriação aos Trabalhadores Primitivos, os dotou de Conhecimento!

Tomou em suas mãos os poderes do Criador de Tudo, para depois cair nas abominações.

Concebeu a Adapa com fornicação, deu-lhe Entendimento à sua linhagem! À sua descendência levaste aos céus, compartilhaste com eles nossa Sabedoria!

Tem quebrado todas as normas, ignoraste decisões e ordens, por tua culpa, um irmão Terrestre Civilizado matou a outro irmão, por culpa de Marduk, seu filho, os Igigi, imitando a ele, casaram-se com as Terrestres.

Ninguém sabe mais quem é o representante de Nibiru, o único ao que lhe pertence a Terra!

Basta! Basta!, é tudo o que digo. A abominação não pode continuar! Agora que uma calamidade foi ordenada por um destino desconhecido, que aconteça o que tenha que acontecer! Assim proclamou Enlil, enfurecido; que todos os líderes jurem solenemente que não interferirão nos acontecimentos, exigiu Enlil a todos. O primeiro em prestar juramento de silêncio foi Ninurta; outros do lado de Enlil lhe seguiram.

Acato suas ordens!, disse Marduk a Enlil. Mas, do que serve o juramento? Se os Igigi abandonassem a suas esposas, não se difundiria o medo entre os Terrestres? Ninmah estava alagada em lágrimas; sussurrou fracamente as palavras do juramento.

Enlil olhou fixamente seu irmão Enki. É a vontade do rei e do conselho!, disse-lhe.

Por que quer me atar com um juramento?, perguntou Enki a seu irmão Enlil.

Você tomaste a decisão, na Terra é um mandato!

Não posso deter a inundação, não posso salvar às multidões de Terrestres, assim, para que quer me atar com um juramento? Assim lhe perguntou Enki a seu irmão. Para que tudo ocorra como se tivesse sido decretado por fado, que se conheça como Decisão do Enlil, que fique sobre Enlil a responsabilidade para sempre! Assim disse Enki a todos.

Depois, Enki se foi da assembléia; Marduk também se foi com ele. Com ágeis palavras de mandato, Enlil chamou ordem à assembléia. Atribuiu tarefas para o que terei que fazer com firmes decisões, fez grupos entre os que foram partir e os que foram ficar, para designar lugares para a assembléia, para recolher equipes, para atribuir carros. Os primeiros em partir foram os que tinham que voltar para o Nibiru, com muitos abraços e estreitar de braços, a alegria mesclada com o pesar, embarcaram nas naves celestiais; um após o outro, os veículos rugiram e se elevaram desde o Sippar.

A princípio, os que ficavam atrás gritavam Viajem sem novidade!; logo, os gritos emudeciam.

Depois de completar os lançamentos para o Nibiru, chegou o turno de Marduk e dos Igigi com esposas Terrestres.

Marduk reuniu a todos no Lugar de Aterrissagem, ofereceu-lhes uma eleição: com ele e com o Sarpanit, e com os dois filhos e as filhas, ir ao Lahmu e esperar ali que passasse a calamidade, ou dispersar-se nas distantes terras montanhosas da Terra, para encontrar um refúgio ante o Dilúvio.

Depois, Enlil teve em conta aos que ficaram, por grupos lhes atribuiu carros.

Enlil mandou Ninurta às terras montanhosas além dos oceanos para que informasse do retumbar da Terra; também atribuiu ao Nergal e ao Ereshkigal a tarefa de vigiar a Terra Branca; ao Ishkur deu a tarefa de vigiar contra qualquer avalanche de Terrestres, para que proibisse acessos, para que levantasse e reforçasse barreiras e ferrolhos.

Sippar, o Lugar dos Carros Celestiais, foi o centro de todos os preparativos; desde o Nibru-ki, Enlil levou ao Sippar as Tabuletas dos Destinos, ali estabeleceu um Enlace Céu-Terra temporária. Depois, Enlil se dirigiu a seu irmão Enki, lhe disse assim: Para o caso de que se pudesse sobreviver à calamidade, que se recorde tudo o que aconteceu. Que se enterrem e resguardem as tabuletas dos registros no Sippar, nas profundidades da Terra, para que nos dias por vir tire o véu o que de um planeta se fez em outro! Enki aceitou de bom grau as palavras de seu irmão. Armazenaram os ME e outras tabuletas em arcas douradas, enterraram-nos para a posteridade no Sippar, nas profundidades da Terra.

Assim disposto tudo, os líderes esperaram o sinal de partir, vigiaram com apreensão a aproximação do Nibiru em sua grande volta. Foi naqueles momentos de ansiosa espera quando Enki se dirigiu a sua irmã Ninmah, a ela, disse-lhe assim Enki:

Em sua preocupação pelos Terrestres, Enlil não prestou atenção a todas as demais criaturas vivas!

Quando a avalanche de águas tomar as terras, outras criaturas vivas, algumas do Nibiru originadas por nós, a maior parte evoluída na mesma Terra, ficarão condenadas em um golpe repentino à extinção.

Preservemos você e eu sua semente de vida, extraiamos suas essências vitais para as proteger!

Ninmah, a que dá a vida, às palavras de Enki deu seu favor: Farei-o no Shurubak, você fá-lo com as criaturas vivas do Abzu! Assim lhe disse ao Enki.

Enquanto outros esperaram sentados e ociosos, Enki e Ninmah empreenderam um desafiante trabalho; a Ninmah ajudaram algumas de suas assistentes no Shurubak, a Enki ajudou Ningishzidda no Abzu, na antiga Casa da Vida.

Reuniram essências masculinas e femininas, e ovos de vida, de cada espécie, de dois em dois, de dois em dois os preservaram no Shurubak e no Abzu, para proteger, enquanto na Terra se dava a volta para recombinar depois as espécies vivas.

Então, chegaram as palavras de Ninurta: Os estrondos da Terra são sinistros!

Então, chegaram as palavras de Nergal e de Ereshkigal: A Terra Branca se estremece!

No Sippar, reuniram-se todos os Anunnaki, esperavam o Dia do Dilúvio.

 

Sinopse da Décima Tabuleta

O misterioso emissário aparece a Enki em uma visão-sonho. 

Ao Enki lhe diz que salve à Humanidade através de seu filho Ziusudra, 

Mediante um subterfúgio, Enki instrui a Ziusudra para que construa um submarino. 

Um navegador sobe a bordo, levando as sementes de vida da Terra. A cercania de Nibiru provoca o deslizamento da placa de gelo da Terra Branca. 

À onda resultante some a Terra sob as águas. 

Os Anunnaki que se foram se lamentam da calamidade da órbita terrestre. 

As águas se retiram; a embarcação da Ziusudra se posa sobre o Monte da Salvação. 

Descendendo em um Torvelinho, Enlil descobre o plano de Enki. Enki convence a Enlil de que o Criador de Tudo o tinha destinado assim.

Utilizam a Plataforma de Aterrissagem, ainda em pé, como base temporária. 

Ali, em uma Câmara de Criação, elaboram-se cultivos e gado. 

Tira o véu e encontra-se ouro em abundância nas Terras de além dos Mares. 

Estabelecem-se novas instalações espaciais nas antigas terras. 

Entre estas, incluem-se dois montículos artificiais e uma escultura com forma de leão.

Ninmah propõe um plano de paz para resolver as crescentes rivalidades. 

Lhe concede o gado e os cereais à Humanidade. 

 

A DÉCIMA TABULETA

No Sippar, reuniram-se todos os Anunnaki, esperavam o Dia do Dilúvio. Foi então, quando ia crescendo a tensão da espera, quando o senhor Enki, enquanto dormia em sua residência, teve uma visão-sonho.

Na visão-sonho aparecia a imagem de um homem, brilhante e resplandecente como os céus; e quando o homem se aproximou de Enki, Enki viu que era Galzu, o do cabelo branco!

Na mão direita sustentava um estilete-gravador, e na esquerda levava uma tabuleta de lápis lázuli, Lisa e brilhante.

E quando se aproximou o suficiente do leito de Enki, Galzu falou e disse:

Suas acusações contra Enlil foram injustificadas, pois só dizia a verdade; e a decisão que como Decisão de Enlil será conhecida, não a decretou ele, a não ser o Destino.

Agora, toma o Fado em suas mãos para que os Terrestres herdem a Terra; chama a seu filho Ziusudra, lhe revele a iminente calamidade sem romper o juramento.

Diga-lhe que construa uma embarcação que possa suportar a avalanche de água, uma embarcação submersível, semelhante a que te mostro nesta tabuleta; que se ele salvem e sua família nela, e que leve também a semente de tudo o que seja valioso, seja planta ou animal.

Essa é a vontade do Criador de Tudo!

E, na visão-sonho, Galzu desenhou uma imagem na tabuleta com o estilete, e deixou a tabuleta gravada junto ao leito de Enki; e quando se desvaneceu a imagem, a visão-sonho terminou, e Enki despertou com um estremecimento. Enki ficou durante um momento em seu leito, refletindo com assombro sobre a visão-sonho.

Qual é o significado disto, que presságio augura? Depois, quando se levantou do leito, eis que estava a tabuleta; o que em uma simples visão-sonho tinha visto estava agora materialmente junto à cama!

Com mãos trementes, o senhor Enki tomou a tabuleta, sobre a tabuleta viu o desenho de uma embarcação de forma curiosa, no canto da tabuleta havia marcas de medidas, indicavam as medidas da embarcação!

Sobressaltado e esperançado, o senhor Enki enviou rapidamente a seus emissários ao amanhecer. Encontrem ao chamado Galzu, tenho que falar com ele! Assim lhes disse. Todos voltaram ao entardecer, informaram-lhe assim ao Enki: Ninguém pôde encontrar a nenhum Galzu. Faz tempo que Galzu voltou para o Nibiru!, disseram-lhe. Enki estava muito desconcertado, esforçava-se por compreender o mistério e seu presságio.

Não pôde desentranhar o mistério, mas a mensagem para ele estava clara! Aquela noite, Enki foi sigilosamente até a cabana de juncos onde dormia Ziusudra; para não romper o juramento, o senhor Enki lhe disse à parede da cabana, não a Ziusudra: Acorde! Acorde!, disse Enki à parede de juncos, detrás da tela de juncos falava. Quando Ziusudra despertou, Enki lhe disse detrás da tela de juncos: Cabana de juncos, cabana de juncos! Dê atenção as minhas palavras, faz caso de minhas instruções!

Uma calamitosa tormenta cairá sobre todas as moradas, todas as cidades, será a destruição da Humanidade e de sua descendência.

Esta é a decisão final, a palavra da assembléia convocada por Enlil, esta é a decisão pronunciada por Anu, Enlil e Ninmah.

Agora, preste atenção às minhas palavras, observa a mensagem que te estou dizendo:

Abandona sua casa, constrói uma embarcação; renuncia às suas posses, salva a vida!

A embarcação que tem que construir, seu desenho e suas medidas se encontram em uma tabuleta, deixarei a tabuleta junto à parede da cabana de juncos.

Assegure-se de que a embarcação esteja coberta em toda sua extensão, do interior não deve ver-se o sol.

O arranjo tem que ser muito forte, o breu forte e espesso, para que não entre a água.

Que seja uma embarcação que possa dar volta e cair, para sobreviver à avalanche de água!

Constrói a embarcação em sete dias, reúne nela a sua família e a seus parentes, acumula na embarcação comida e água para beber, leve também animais domésticos.

Depois, no dia marcado, te darei um sinal; um guia de embarcação que conhece as águas, designado por mim, chegará nesse dia; nesse dia, terão que entrar na embarcação, terão que trancar bem a portinhola.

Um entristecedor Dilúvio, procedente do sul, devastará terras e vida;

sua embarcação se elevará sobre suas amarras, dará a volta e cairá.

Não tenham medo: o guia da embarcação lhes levará a um refúgio seguro. A semente da Humanidade Civilizada sobreviverá por vós!

Quando a voz de Enki se calou, Ziusudra estava ansioso, sobre seus joelhos caiu prostrado.

Meu senhor! Meu senhor!, gritou. Sua voz escutei, deixa que veja seu rosto! Não falei a ti, Ziusudra, à parede de juncos falei! Assim disse Enki.

Por decisão de Enlil, por um juramento estou ligado ao que juraram todos os Anunnaki.

Em meu rosto verá que, sem dúvida, como todos os terrestres, morrerá! Agora, cabana de juncos, preste atenção às minhas palavras: O propósito da embarcação, deverá guardá-lo como um segredo dos Anunnaki!

Quando a gente da cidade perguntar, lhes dirá: O senhor Enlil esteve zangado com meu senhor Enki, navegarei para a morada de Enki no Abzu, possivelmente assim Enlil se apazigúe! Durante um momento, seguiu um silêncio.

Ziusudra saiu detrás da parede de juncos, uma tabuleta de lápis lázuli, brilhando à luz da lua, viu e tomou; sobre ela estava desenhada a imagem de uma embarcação, os entalhes davam suas medidas; Ziusudra era o mais sábio dos Homens Civilizados, compreendeu o que tinha escutado.

À manhã seguinte, anunciou às pessoas da cidade: O senhor Enlil esteve zangado com o Senhor Enki, meu senhor, por isso o senhor Enlil me é hostil.

Não posso seguir vivendo nesta cidade, nem posso pôr já meu pé no Edin; ao Abzu, aos domínios do senhor Enki irei navegando. Em uma embarcação que devo construir com rapidez, partirei daqui; assim remeterá a ira do senhor Enlil, as penúrias terminarão, a partir de então, o senhor Enlil fará chover sobre vós a abundância! Ainda não se tinha ido a manhã quando a gente se reuniu ao redor de Ziusudra, animaram-se entre si para construir com rapidez sua embarcação. Os maiores transportavam tábuas de madeira de embarcação, os pequenos levavam betume dos pântanos. Enquanto os madeireiros cravavam as tábuas, Ziusudra fundia o betume em um caldeirão.

Com o betume, impermeabilizou a embarcação por dentro e por fora, ao quinto dia estava terminada a embarcação, igual a do desenho da tabuleta.

Ansiosos por ver partir a Ziusudra, as pessoas da cidade levou comida e água à embarcação, de suas próprias bocas tomaram o sustento; para apaziguar a Enlil, apressaram-se!

Também se introduziram na embarcação animais quadrúpedes, os pássaros do campo entraram voando por si mesmos.

Ziusudra fez embarcar a sua esposa e a seus filhos, as esposas destes e seus filhos também vieram.

Que suba à bordo também qualquer que deseje ir à morada do senhor Enki!

Assim se pronunciou Ziusudra ante às pessoas reunidas.

Prevendo a abundância de Enlil, só alguns dos artesãos escutaram a chamada.

Ao sexto dia, Ninagal, Senhor das Grandes Águas, chegou à embarcação, era filho de Enki, tinha sido eleito para ser o navegante da embarcação.

Sustentava em suas mãos uma caixa de madeira de cedro, manteve-a a seu lado na embarcação.

Contém as essências vitais e os ovos de vida das criaturas vivas, reunidas pelo senhor Enki e por Ninmah, para ocultá-los da ira de Enlil, para ressuscitar a vida se for vontade da Terra!

Isso explicou Ninagal a Ziusudra; assim se ocultaram na embarcação todas as bestas por seus casais.

Então, Ninagal e Ziusudra esperaram na embarcação a chegada do sétimo dia.

No vigésimo centésimo Shar se esperava o Dilúvio, no décimo Shar da vida de Ziusudra se aproximou o Dilúvio, na estação da Constelação do Leão se fez iminente a avalanche.

 

Vem agora o relato do Dilúvio que cobriu a Terra e de como escaparam os Anunnaki, e como Ziusudra sobreviveu na embarcação.

Durante dias antes do Dia do Dilúvio, a Terra esteve retumbando, como se gemesse de dor; durante noites antes de chegar a calamidade, esteve-se vendo nos céus a Nibiru como uma estrela resplandecente; depois, fez-se a escuridão durante o dia, e na noite, a Lua era como se a tivesse tragado um monstro.

A Terra começou a tremer, viu-se agitada por uma força de rede desconhecida até então.

Com o resplendor do amanhecer, uma nuvem negra se levantou pelo horizonte, a luz da manhã se converteu em escuridão, como se a sombra da morte a velasse. Depois, ouviu-se como um estrondo de trovões, os céus se acenderam com os raios.

Partam! Partam!, deu o sinal Utu aos Anunnaki. Escondidos nos navios do céu, os Anunnaki se elevaram nas alturas. No Shurubak, a dezoito léguas de distância, Ninagal viu as brilhantes erupções:

Tranca! Tranca a portinhola!, gritou Ninagal a Ziusudra. Juntos fecharam a tramela que ocultava a portinhola; hermética, completamente fechada, ficou a embarcação; dentro não penetrava nem um raio de luz.

Naquele dia, naquele inesquecível dia, o Dilúvio começou com um estrondo; na Terra Branca, no fundo da Terra, sacudiram-se os alicerces da Terra; logo, com um estrondo igual a mil trovões, a capa de gelo se deslizou de seus alicerces, separada pela invisível força da rede de Nibiru, se derramou contra o mar do sul.

Uma capa de gelo golpeou contra outra capa de gelo, a superfície da Terra Branca se vinha abaixo como a quebra de um ovo. De repente se levantou uma grande onda, a muralha de águas chegava até mesmo o céu. Uma tormenta de uma ferocidade nunca vista ficou a bramar no fundo da Terra, a muralha de água impulsionava seus ventos, a onda se desdobrou para o norte; a muralha de águas se encaminhava para o norte, alcançou as terras do Abzu. Dali, viajou até as terras habitadas, chegou a Edin.

Quando a onda, a muralha de águas, chegou ao Shurubak, a onda soltou de suas amarras à embarcação de Ziusudra, sacudindo-a, tragou-se à embarcação como um abismo de água.

Embora completamente inundada, a embarcação se manteve firme, não entrou sequer uma gota de água.

No exterior, a onda da tormenta pegou despreparada às pessoas como uma batalha mortal, ninguém podia ver seus semelhantes, o chão se desvaneceu, só havia água. De repente, as poderosas águas haviam coberto a terra firme; antes que terminasse o dia, a muralha de água, ganhando velocidade, chegou às montanhas.

Em suas embarcações celestiais, os Anunnaki circundavam a Terra.

Abarrotando os compartimentos, escondiam-se contra as paredes exteriores, contemplavam angustiados o que estava ocorrendo ali abaixo, na Terra.

Do navio celestial no qual estava, Ninmah ficou a gritar como uma mulher de parto.

As águas cobrem a meus criados como libélulas afogadas em um lago, a onda cobriu e levou toda a vida! Assim chorava e gemia Ninmah.

Inanna, que estava com ela, também chorava e se lamentava. Tudo ali abaixo, tudo o que vivia, converteu-se em barro!

Assim choravam Ninmah e Inanna; choraram e aliviaram seus sentimentos.

Em outros navios celestiais, os Anunnaki estavam aniquilados ante a visão daquela desenfreada fúria, naqueles dias presenciaram com temor um poder maior que o seu. Desejaram os frutos da Terra, tiveram sede do elixir fermentado.

Os dias de antigamente, ai, converteram-se em barro! Assim se diziam uns aos outros.

Depois de que a imensa onda varresse a Terra, reabriram as comportas do céu, e se desatou um aguaceiro dos céus à Terra.

Durante sete dias se mesclaram as águas de acima com as águas do Grande Abaixo; depois, a muralha de água, alcançando seus limites, cessou em sua investida, mas as chuvas dos céus continuaram durante quarenta dias e noites. De suas posições elevadas, os Anunnaki olhavam para baixo: onde uma vez houve terra firme, agora havia muito água, e onde uma vez houve montanhas que elevavam seus picos até os céus, seus topos eram agora como ilhas nas águas; e tudo o que vivia na terra firme havia perecido na avalanche das águas.

Depois, como no Princípio, as águas se reuniram em suas conchas, agitando-se acima e abaixo, dia a dia foi baixando o nível da água. Mais tarde, quarenta dias depois de que o Dilúvio cobrisse a Terra, as chuvas também se detiveram.

Depois dos quarenta dias, Ziusudra abriu a portinhola da embarcação para inspecionar os arredores. Era um dia luminoso, soprava uma suave brisa; completamente sozinha, sem nenhum outro signo de vida, a embarcação cabeceava sobre um vasto mar.

A Humanidade, tudo o que vivia, foi varrido da face da Terra, ninguém, salvo nós, sobreviveu, mas não há terra firme sobre a que pôr o pé!

Assim disse Ziusudra a seus parentes, enquanto se sentava e se lamentava. Então, Ninagal, nomeado por Enki, dirigiu a embarcação para os picos gêmeos da Arrata, fez uma vela para ela, para o Monte da Salvação levou a embarcação.

Ziusudra estava impaciente; liberou as aves que havia à bordo para que procurassem terra firme, enviou-as para que comprovassem se havia sobrevivido um pouco de vegetação. Deixou sair uma andorinha, deixou sair um corvo; ambos voltaram para a embarcação. Deixou sair a uma pomba; e voltou para a embarcação com um ramo de um árvore! Agora sabia Ziusudra que a terra firme tinha aparecido de debaixo das águas.

Uns quantos dias mais e a embarcação se deteve em umas rochas.

O Dilúvio passou, estamos no Monte da Salvação! Assim lhe disse Ninagal a Ziusudra.

Abrindo a portinhola hermética, Ziusudra saiu da embarcação; o céu era claro, o Sol brilhava, soprava um suave vento. Apressadamente, chamou a sua esposa e a seus filhos para que saíssem. Elogiemos ao senhor Enki, a ele demos obrigado!, disse-lhes Ziusudra. Juntou pedras com seus filhos, com elas construiu um altar, depois acendeu fogo sobre o altar, fez um fogo com incenso aromático.

Uma ovelha, uma sem mancha, escolheu para o sacrifício, e sobre o altar, ofereceu a ovelha a Enki como sacrifício.

Naquele momento, Enlil transmitiu palavras a Enki desde seu navio celestial:

Descendamos em Torvelinhos dos navios celestiais sobre o pico da Arrata, para revisar a situação, para determinar o que fazer!

Enquanto outros seguiam circundando a Terra em seus navios celestiais, Enlil e Enki descenderam em Torvelinhos sobre o pico Arrata.

Os dois irmãos se sorriram ao encontrar-se, com alegria estreitaram os braços.

Depois, Enlil ficou desconcertado com o aroma do fogo e da carne assada.

O que é isso?, gritou a seu irmão. Sobreviveu alguém ao Dilúvio?

Vamos ver!, respondeu-lhe Enki docilmente.

Em seus Torvelinhos foram voando até o outro pico da Arrata, viram a embarcação de Ziusudra, aterrissaram junto ao altar que este tinha construído.

Quando Enlil viu os sobreviventes, Ninagal entre eles, sua fúria não teve limites.

Todo Terrestre tinha que perecer!, gritou com fúria; partiu para cima de Enki irado, estava disposto a matar a seu irmão com as mãos nuas.

Ele não é um simples mortal, é meu filho!, gritou Enki apontando Ziusudra.

Por um momento, Enlil duvidou. Rompeu seu juramento!, gritou a Enki. Falei-lhe com uma parede de juncos, não a Ziusudra!, disse Enki, depois relatou a Enlil a visão-sonho. Então, alertados por Ninagal, também tinham baixado Ninurta e Ninmah em seus Torvelinhos; quando escutaram o relato dos acontecimentos, Ninurta e Ninmah não encolerizaram-se pelo relato. Deve ser a vontade do Criador de Todo que sobreviva a Humanidade!

Assim lhe disse Ninurta a seu pai.

Ninmah tocou seu colar de cristais, presente de Anu, e jurou: Juro que nunca se repetirá a aniquilação da Humanidade! Abrandando-se, Enlil pegou pelas mãos a Ziusudra e a Emzara, sua esposa, e os benzeu assim:

Frutifiquem e lhes multiplique, e povoem a Terra! Assim terminaram os Tempos de Antigamente.

 

Vem agora o relato de como se restabeleceu a sobrevivência na Terra, e de como se encontrou uma nova fonte de ouro, assim como a outros Terrestres além dos oceanos.

Depois do encontro em Arrata, as águas do Dilúvio seguiram retirando-se, e se mostrou pouco a pouco a face da Terra desde debaixo das águas. As terras montanhosas saíram ilesas em sua maior parte, mas nos vales ficaram buracos de lodo e lama.

Dos navios celestiais e dos Torvelinhos, os Anunnaki inspecionaram as paisagens: Tudo o que tinha existido nos Tempos de Antigamente no Edin e no Abzu estava enterrado sob o barro! Eridú, Nibru-ki, Shurubak, Sippar, todas tinham desaparecido, se haviam desvanecido por completo; mas nas Montanhas dos Cedros a grande plataforma de pedra reluzia sob a luz do Sol, o Lugar de Aterrissagem, feito nos Tempos de Antigamente, seguia em pé. Um após o outro, aterrissavam os Torvelinhos sobre a plataforma; a plataforma estava intacta; na quina de lançamento, os gigantescos blocos de pedra se mantinham firmes.

Apartando escombros e ramos de árvores, os primeiros em aterrissar fizeram sinais aos carros; um após o outro chegaram os carros celestiais, baixaram sobre a plataforma. Depois se enviaram palavras a Marduk no Lahmu e a Nannar na Lua, e eles também voltaram para a Terra, sobre o Lugar de Aterrissagem pousaram.

Então, os Anunnaki e os Igigi que se reuniram junto a Enlil foram convocados em assembléia.

Sobrevivemos ao Dilúvio, mas a Terra está devastada! Assim lhes disse Enlil.

Temos que avaliar todas as formas de recuperação, seja na Terra, seja onde seja!

Lahmu ficou devastado com o passo do Nibiru! Assim o relatou Marduk: Sua atmosfera foi absorvida para o exterior, suas águas se evaporaram, é um lugar de tormentas de pó!

Por si mesmo, a Lua não pode sustentar vida, só se pode permanecer ali com máscaras de Águia!

Assim deu conta Nannar a outros, e depois acrescentou com paixão.

Uma vez ali, alguém deve recordar que foi o líder do exército do Tiamat, companheira da Terra é, o destino da Terra está conectado com ela! Enlil pôs seu braço carinhosamente sobre os ombros de seu filho. Estamos preocupados agora com a sobrevivência!

Assim, brandamente, replicou Enlil a Nannar; Agora, o sustento é nossa maior preocupação!

Examinemos a Câmara da Criação selada; possivelmente ainda encontremos as sementes de Nibiru!

Assim disse Enlil a Enki, lhe recordando os grãos uma vez criados.

Ao lado da plataforma, apartando um pouco de lodo, encontraram o poço de tempos remotos, tiraram a pedra que o bloqueava, entraram no santuário. As arcas de diorita estavam seladas, fizeram abrir os selos com uma chave de cobre.

Dentro das arcas, em vasilhas de cristal, estavam as sementes dos cereais de Nibiru!

Uma vez fora, Enlil deu as sementes a Ninurta, lhe disse assim:

Vá ao terraço da ladeira, que os cereais de Nibiru provejam de pão uma vez mais!

Nas Montanhas dos Cedros, também em outras montanhas, Ninurta represou as quebradas, construiu terraços, ensinou-lhe a cultivar ao filho maior da Ziusudra. Ao Ishkur, seu filho mais jovem, Enlil lhe atribuiu outra tarefa: Ali onde se retiraram as águas, vê e encontra as árvores frutíferas que ficaram!

Para ele, atribuiu-se ao filho mais jovem de Ziusudra como cultivador de frutas: o primeiro frutífero que encontraram foi a videira, que havia trazido Ninmah; de seu suco, como o célebre elixir dos Anunnaki, Ziusudra tomou um sorvo.

Por um sorvo, depois outro e outro, Ziusudra foi vencido, ficou dormindo como bêbado!

Então, Enki ofereceu um presente aos Anunnaki e aos Terrestres: descobriu o arca que Ninagal tinha levado, anunciou a todos seu surpreendente conteúdo:

As essências vitais e os ovos de vida se podem combinar nas matrizes dos animais quadrúpedes da embarcação de Ziusudra, as ovelhas se multiplicarão, por sua lã e sua carne; todos terão ganho vacino, por seu leite e por suas peles, depois, com outras criaturas vivas povoaremos a Terra! Enki deu a Dumuzi as tarefas de pastoreio, nestas tarefas lhe ajudava o filho médio de Ziusudra. Depois, Enki pôs sua atenção na massa de terra de tom escuro, onde ele e seus filhos tinham tido seus domínios.

Com o Ninagal, represou as montanhas na confluência das águas poderosas, canalizou as ferozes cascatas até um lago, para que se acumulassem as águas como um lago.

Depois, inspecionou com Marduk as terras entre o Abzu e o Grande Mar: onde uma vez teve moradas, considerou como drenar o vale do rio.

Em metade da corrente, onde as águas do rio caíam em cascata, levantou uma ilha das águas.

Em suas vísceras escavou cavernas, por cima delas forjou comportas a partir de pedras.

Dali, esculpiu dois canais nas rochas, para as águas elaborou dois estreitos, assim podia diminuir ou acelerar as águas que vinham das terras altas; com represas e comportas, e com os dois estreitos, regulou as águas.

Da Ilha da Caverna, a ilha de Abu, levantou desde debaixo das águas o sinuoso vale do rio: na Terra dos Dois Estreitos, Enki criou um assentamento para Dumuzi e os pastores.

Com satisfação, Enlil enviou palavras de tudo isto a Nibiru; Nibiru respondeu com palavras de preocupação: o próximo trânsito que tinha afetado à Terra e ao Lahmu tinha provocado também muitos danos em Nibiru; o escudo de pó de ouro se rasgou, a atmosfera estava diminuindo de novo, era peremptória a chegada de novos fornecimentos de ouro!

Enki foi ao Abzu rapidamente, viajou com seu filho Gibil para inspecionar e procurar.

Todas as minas de ouro tinham desaparecido, tinham ficado enterradas com a avalanche de água!

No Edin, Bad-Tibira tampouco existia! No Sippar, já não havia um lugar para carros!

As centenas de Anunnaki que tinham trabalhado duro nas minas e no Bad-Tibira se foram da Terra, a multidão de Terrestres que serviam como Trabalhadores Primitivos se converteram em gradeio com o Dilúvio.

Já não se pode prover ouro da Terra!, anunciaram Enlil e Enki a Nibiru.

Na Terra e em Nibiru houve desespero.

Então, terminou Ninurta seus trabalhos nas montanhas dos cedros e uma vez mais se foi à terra montanhosa além dos oceanos. Dali, ao outro lado da Terra, enviou palavras assombrosas:

A avalanche de águas produziu profundos cortes nas ladeiras, das ladeiras, ouro incontável, em sementes grandes e pequenas, caem rios abaixo, pode-se recolher ouro sem ter que extraí-lo! Enlil e Enki foram apressadamente à distante terra montanhosa, com surpresa viram o descobrimento.

Ouro, ouro puro havia por toda parte, sem necessidade de refinação nem de fundição! É um milagre! Assim lhe disse Enki a Enlil. O que forjou Nibiru, Nibiru o emendou! A mão invisível do Criador de Tudo é permitir a vida em Nibiru! Assim disse Enlil.

Agora, quem recolherá as sementes, como as enviarão a Nibiru?, perguntaram-se entre si os líderes.

Para a primeira pergunta, Ninurta tinha uma resposta: Nas altas terras montanhosas, neste lado da Terra, sobreviveram alguns Terrestres!

São descendentes de K-in, sabem como manipular os metais; quatro irmãos e quatro irmãs são seus líderes, salvaram-se por si mesmos em balsas, agora o topo de sua montanha é uma ilha em metade de um grande lago. Recordam-me como protetor de seus antepassados, chamam-me o Grande Protetor!

Ao saber que tinham sobrevivido outros Terrestres, os líderes se esperançaram, nem sequer se enfureceu Enlil, que tinha planejado o fim de toda carne. É a vontade do Criador de Tudo!, se disseram uns aos outros. Estabeleçamos agora um novo Lugar dos Carros Celestiais, enviemos dali o ouro a Nibiru!

Procuraram uma nova planície que estivesse seca e endurecida, nas proximidades do Lugar de Aterrissagem, em uma península desolada, encontraram essa planície. Era lisa como um lago em calma, rodeada de montanhas brancas.

 

Vem agora o relato do novo Lugar dos Carros Celestiais, e dos Montes gêmeos artificiais e de como Marduk usurpou a imagem do leão. Na península escolhida pelos Anunnaki, refletiram-se os celestiais Caminhos de Anu e de Enlil na Terra;

Localize-se-me com exatidão nesses limites o novo Lugar dos Carros, que o coração da planície reflita os céus! Assim sugeriu Enlil a Enki. Quando Enki esteve de acordo com isto, Enlil tomou medidas de distâncias dos céus; fez um grande desenho sobre uma tabuleta para que todos o vissem. Que o Lugar de Aterrissagem nas Montanhas dos Cedros forme parte das instalações!, disse.

Mediu a distância entre o Lugar de Aterrissagem e o Lugar dos Carros, em sua metade, concebeu um lugar para um novo Centro de Controle de Missões: ali escolheu um monte adequado, chamou-o o Monte de Mostrar o Caminho. Ali ordenou construir uma plataforma de pedras, parecidas mas menores que as do Lugar de Aterrissagem; em seu centro, esculpiu-se uma rocha por dentro e por fora, fez-se para albergar um novo Enlace Céu-Terra. Um novo Umbigo da Terra, para fazer o papel de Nibru-ki antes do Dilúvio. O Atalho de Aterrissagem se ancorou no norte, nos picos gêmeos de Arrata; para demarcar o Corredor de Aterrissagem, Enlil necessitava outras duas séries de picos gêmeos, para delimitar os limites do Corredor de Aterrissagem, para assegurar o ascensão e a descida.

Na parte meridional da desolada península, um lugar de montanhas, Enlil escolheu dois picos contíguos, sobre eles ancorou o limite meridional. Mas onde se necessitava a segunda série de picos gêmeos não havia montanhas, só sobressaía do chão uma planície, por cima do vale encharcado. Podemos levantar ali uns picos artificiais! Assim disse Ningishzidda aos líderes.

Sobre uma tabuleta desenhou para eles a imagem de uns picos de lados lisos elevando-se para os céus. Se se pode fazer, seja!, disse Enlil com aprovação. Que sirvam também de balizas! Sobre a planície, por cima do vale do rio, Ningishzidda construiu um modelo. A escala, com ele aperfeiçoou os ângulos de elevação e os quatro lados lisos.

Junto a ele, situou um pico maior, estabeleceu seus lados às quatro esquinas da Terra; os Anunnaki cortaram e levantaram as pedras com suas ferramentas de poder.

Junto a ele, em uma localização precisa, colocou-se o pico que era seu gêmeo; desenhou-se com galerias e câmaras para cristais pulsantes. Quando este pico artificial se elevou para os céus, convidou-se aos líderes para que pusessem o arremate sobre ele, de elétron, uma mescla que elaborasse Gibil, fez-se a Pedra Ápice. Refletia a luz do sol até o horizonte, era como um pilar de fogo na noite, concentrava em um raio para os céus o poder de todos os cristais. Quando as obras desenhadas por Ningishzidda terminaram e estiveram listas, os líderes Anunnaki entraram no Grande Pico Gêmeo, maravilharam-se com o que viram; Ekur, Casa Que Como uma Montanha É, chamaram-no, era uma baliza para os céus. Proclamava que os Anunnaki tinham sobrevivido ao Dilúvio e venceriam sempre. Agora, o novo Lugar dos Carros Celestiais pode receber ouro de além dos mares, dali, os carros levarão o ouro da sobrevivência a Nibiru; dali para o este, onde o Sol se eleva no dia designado, ascenderão, até ali ao sudoeste, onde o Sol fica no dia designado, descenderão. Então, Enlil ativou com sua própria mão os cristais de Nibiru. Dentro, luzes horripilantes começaram a piscar, um zumbido mágico rompeu o silêncio.

Fora, o arremate ficou a brilhar de repente, era mais brilhante que o Sol. A multidão dos Anunnaki reunidos elevou um grande grito de alvoroço; Ninmah, que tinha vindo para a ocasião, recitou um poema e cantou: Casa que é como uma montanha, casa com um pico bicudo, está equipada para Céu-Terra, é a obra dos Anunnaki. Casa brilhante e escura, casa do céu e a Terra, para os navios celestiais se ensamblou, a construíram os Anunnaki. Casa cujo interior resplandece com uma avermelhada luz do céu, emite um raio que pulsa que chega longe e alto; nobre montanha de montanhas, criada grande e nobre, está além da compreensão dos Terrestres. Casa de equipamento, nobre casa de eternidade, as pedras de seus alicerces tocam as águas, sua grande circunferência se fixa na argila.

Casa cujas partes estão habilmente entretecidas, faz descender a quão grandes nos céus circulam para descansar; casa que é um ponto de referência para as naves espaciais, o Ekur está bento pelo mesmo Anu.

Assim recitou e cantou Ninmah na celebração.

Enquanto os Anunnaki celebravam sua notável obra, Enki disse a Enlil palavras de sugestão: Quando em dias futuros se pergunte, quando e quem fez esta maravilha?

Acreditam junto aos picos gêmeos um monumento; que anuncie a Era do Leão, A imagem de Ningishzidda, o desenhista dos picos, seja sua cara, que olhe exatamente para o Lugar dos Carros Celestiais. Quando, quem e o propósito revele-se a gerações futuras!

Esta foi a sugestão de Enki a Enlil. Ante suas palavras, Enlil consentiu, e disse a Enki:

Do lugar dos Carros Celestiais, Utu deve ser novamente o comandante; que o leão de olhar fixo, exatamente orientado ao este, tenha a imagem da Ningishzidda!

Quando se iniciaram os trabalhos de talha e modelagem do leão feito de rocha, Marduk disse a seu pai Enki palavras de ofensa:

Prometeu-me que dominaria a Terra toda, agora concedem a outros mandato e glória, sem tarefa nem domínios me deixa. Em meus antigos domínios se situaram os Montes artificiais, sobre o leão deve estar minha imagem! Ningishzidda se enfureceu com estas palavras de Marduk, o resto dos filhos também se sentiram molestados, Ninurta e seus irmãos também se levantaram em um clamor por domínios, todos exigiam terras para si mesmos, e Terrestres devotos! Não se converta em disputa a celebração!, gritou Ninmah em meio das vozes alteradas. A Terra ainda está desolada, somos poucos Anunnaki, dos Terrestres só há sobreviventes! Que a Marduk Ningishzidda da honra não prevê, tenhamos em conta também as palavras de Marduk!

Assim disse Ninmah, a pacificadora, aos líderes enfrentados. Para que prevaleça a paz, devemos repartir as terras habitáveis entre nós!, disse Enlil a Enki. Estiveram de acordo em fazer da península um separador incontestável, atribuiu à pacificadora Ninmah. Tilmun, Terra dos Projéteis, chamaram-na; estava fora dos limites dos Terrestres. As terras habitáveis ao leste da península se apartaram para Enlil e seu descendência, para os descendentes de dois filhos de Ziusudra, Sem e Jafet, para que vivessem ali. A massa de terra de tom escuro que incluía o Abzu lhe concedeu por domínio a Enki e a seu clã, para habitá-la se escolheu ao povo do filho médio de Ziusudra, CAM. Enki, para apaziguar a seu filho, sugeriu fazer a Marduk senhor deles, senhor de suas terras. Seja como você deseja!, disse Enlil a Enki a respeito disto.

No Tilmun, em seu montanhoso sul, Ninurta construiu uma morada para sua mãe, Ninmah; perto de um manancial com palmeiras datileras, localizou-se um fresco vale, o pico da montanha aterrou Ninurta, plantou um fragrante jardim para Ninmah.

Quando se terminou tudo, deu-se um sinal a todos os postos avançados na Terra: das terras montanhosas mais à frente do oceano, os Torvelinhos trouxeram as sementes de ouro, do Lugar dos Carros Celestiais, levou-se o ouro até o Nibiru. Naquele memorável dia, Enlil e Enki se disseram um a outro e coincidiram: Honremos a Ninmah, a pacificadora, com um novo nome-epíteto: seja seu nome Ninharsag, Senhora do Topo da Montanha!

Por aclamação deu esta honra a Ninmah, a partir de então lhe chamou Ninharsag.

Elogiem a Ninharsag, a pacificadora na Terra!, proclamaram em uníssono os Anunnaki.

 

Sinopse da Décima-Primeira Tabuleta

A terra do espaçoporto, Tümun, declara-se zona neutra. 

Concede a Ninmah, que recebe o nome do Ninharsag. 

Marduk consegue as Terras Escuras, os enlilitas conseguem as Terras de Antigamente. 

Os netos de Marduk brigam, Satu assassina a Assar. 

Fecundando-se a si mesmo, Haste, a esposa de Assar, engendra ao Horon. 

Horon vence ao Satu em batalhas aéreas sobre o Tilmun. 

Os enlilitas estimam prudente preparar outro espaçoporto. 

Dumuzi o filho de Enki, e Inanna, a neta de Enlil, apaixonam-se. 

Por temer às conseqüências, Marduk provoca a morte de Dumuzi. 

Procurando seu corpo, Inanna morre, posteriormente ressuscita. 

Inanna lança uma guerra para capturar e castigar a Marduk. 

Os enlilitas entram em seu esconderijo no Grande Monte. 

Os enlilitas selam a câmara superior para sepultar vivo a Marduk. 

Sarpanit, a esposa de Marduk, e Nabu, seu filho, rogam por sua vida. 

Ningishzidda, conhecedor dos segredos do Monte, chega até Marduk. 

Marduk, depois de lhe ser perdoada a vida, vai ao exílio.

Enki e Enlil dividem a Terra entre o resto de seus filhos. 

O triunfo de Ninurta e as Grandes Pirâmides. 

 

A DÉCIMA PRIMEIRA TABULETA

Elogiem a Ninharsag, a pacificadora na Terra!, proclamaram em uníssono os Anunnaki.

Durante o primeiro Shar depois do Dilúvio, Ninharsag as engenhou para moderar os humores.

Nibiru, a que terei que reabastecer de ouro, estava por cima de ambições e rivalidades.

Lentamente, a Terra voltou a alagar-se de vida; com as sementes de vida que preservou Enki, o que tinha sobrevivido por si só se acrescentou na terra, no ar e nas águas.

Mas o mais precioso de tudo, descobriram os Anunnaki, foram os próprios remanescentes da Humanidade!

Como nos dias passados, quando foram criados os Trabalhadores Primitivos, os Anunnaki, poucos e esgotados, clamaram de novo por Trabalhadores Civilizados.

Para quando terminou o primeiro Shar depois do Dilúvio, a pacífica trégua se fez em pedaços por causa de um acontecimento inesperado.

A erupção foi agora entre os clãs de Marduk e Ninurta, não entre os de Enki e Enlil: entre os próprios filhos de Marduk, ajudados pelos Igigi, rompeu-se a tranqüilidade.

Durante o tempo que Marduk, Sarpanit e seus filhos esperavam no Lahmu a causa do Dilúvio, os dois filhos varões, Assar e Satu, se apaixonaram pelas filhas de Shamgaz, o líder Igigi; quando voltaram para a Terra, os dois irmãos se casaram com as duas irmãs, Assar escolheu à chamada Haste, Satu com a chamada Nebat se prometeu.

Assar optou por viver com seu pai Marduk nas terras escuras, Satu fez sua morada no Lugar de Aterrissagem, onde moravam os Igigi, com o Shamgaz.

Shamgaz estava preocupado com os domínios na Terra: Onde serão senhores os Igigi? Assim incitava Shamgaz aos outros Igigi, do qual Nebat falava com Satu diariamente;

Estando com seu pai, Assar será o único sucessor, herdará as terras férteis!

Assim lhe diziam Shamgaz e sua filha Nebat a Satu dia após dia. Pai e filha tramavam como reter a sucessão só em mãos de Satu. Em um dia propício fizeram um banquete; a ele convidaram ao Igigi e ao Anunnaki. Assar, sem suspeitar nada, também chegou para celebrar com seu irmão. Nebat, a irmã de sua esposa, preparou as mesas, também pôs banquetas aos pés, Nebat se embelezou; com uma lira na mão, cantou uma canção ao capitalista Assar. Satu, diante dele, elegia fatias de carne assada, com uma faca lhe servia ceboncillos. Shamgaz, em uma grande monopolização, oferecia a Assar vinho novo, uma mescla feita por ele, em uma grande vasilha, suficientemente grande para tomá-la em consideração, pô-lhe vinho elixirado.

Assar estava de bom humor; ficou de pé e cantou alegremente, acompanhando-se com címbalos na mão.

Mais tarde, viu-se vencido pelo vinho misturado, caiu ao chão.

Vamos levá-lo para que durma profundamente!, disseram os anfitriões aos demais no banquete.

Levaram a Assar a outra câmara, puseram-no em um ataúde, fecharam o ataúde com fortes presilhas, ao mar o arrojaram. Quando chegou a Haste a notícia do acontecido, elevou lamentos a Marduk, o pai de seu marido.

Assar foi brutalmente arrojado às profundidades do mar para que morresse, terá que encontrar o ataúde com rapidez!

Revistaram o mar em busca do ataúde de Assar, encontraram-no à beira da terra escura.

Em seu interior jazia o rígido corpo de Assar, o fôlego de vida havia partido das aletas de seu nariz.

Marduk rasgou suas roupagens, ficou cinza na frente.

Meu filho! Meu filho!, gritava e soluçava Sarpanit, grande era seu pesar e seu duelo.

Enki estava abatido e chorava: repetiu-se a maldição de K-in!, disse a seu filho em sua angústia.

Haste elevou um lamento às alturas, fez petição a Marduk de um herdeiro para vingar-se.

Satu deve encontrar a morte. Me deixe conceber um sucessor de sua própria semente, que seu nome se recorde por seu nome, e a linhagem sobreviva!

Isso, ai, não se pode fazer!, disse Enki a Marduk e a Haste.

O irmão que assassinou, o irmão do irmão deve ser custódio, por isso lhe deve perdoar a vida a Satu, de sua semente deve conceber um herdeiro para Assar!

Haste ficou desconcertada por estes giros do destino; muito turvada, tomou a determinação de desafiar as normas.

Antes que o corpo de Assar fosse envolto e, no sudário, preservado em um santuário; de seu falo, Haste extraiu a semente de vida de Assar.

Com esta, Haste concebeu, um herdeiro e um vingador de Assar nasceu.

A Enki e a seus filhos, a Marduk e a seus irmãos, Satu disse:

Sou o único herdeiro e sucessor de Marduk, da Terra dos Dois Estreitos serei o senhor!

Ante o conselho dos Anunnaki refutou Haste a reclamação: Estou com o herdeiro de Assar, com seu filho.

Entre os juncos do rio se escondeu com o menino, para evitar a ira de Satu; Horon chamou o menino, educou-o para que fora o vingador de seu pai. Satu estava desconcertado com isto; Shamgaz não abandonava suas ambições.

De ano terrestre em ano terrestre, os Igigi se propagavam do Lugar de Aterrissagem, até os limites do Tilmun, a região sagrada de Ninharsag, chegaram-se a aproximar. Os Igigi e seus Terrestres amenzaban invadindo o Lugar dos Carros Celestiais.

Nas terras escuras, o menino Horon se converteu em um herói com os rápidos ciclos vitais da Terra, Horon foi adotado por seu tio avô Gibil, ele o treinou e o instruiu.

Gibil forjou para ele umas sandálias aladas para remontar-se no ar, era capaz de voar como um falcão.

Gibil fez um arpão divino para ele, suas flechas eram projéteis.

Nas terras altas do sul, Gibil lhe ensinou as artes dos metais e da ferraria.

Gibil revelou a Horon o segredo de um metal chamado ferro. Dele, fez armas. Horon, de Terrestres leais levantou um exército. Partiram para o norte, através de terra e rio, para desafiar a Satu e aos Igigi. Quando Horon e seu exército de Terrestres chegaram à fronteira do Tilmun, a Terra dos Projéteis, Satu enviou a Horon um desafio: Só entre nós dois é o conflito, nos encontremos na luta um a um! Nos céus do Tilmun, Satu esperou em seu Torvelinho o combate com Horon.

Quando Horon se remontou no céu como um falcão para ele, Satu lhe disparou um dardo envenenado, como o aguilhão de um escorpião caiu sobre Horon.

Quando Haste viu isto, lançou um grito ao céu, invocou a Ningishzidda. Ningishzidda baixou desde seu navio celestial, chegou para salvar o herói para sua mãe. Com poderes mágicos, Ningishzidda converteu o veneno em benévolo para o sangue, à manhã seguinte, Horon estava curado, havia voltado dentre os mortos.

Depois, com um Pilar ígneo, como um peixe celestial com aletas e uma cauda de fogo, Ningishzidda proveu a Horon, os olhos do Pilar trocavam suas cores do azul ao vermelho e ao azul.

Horon se elevou no Pilar ígneo para o triunfante Satu.

Perseguiram-se por toda parte; feroz e mortal foi a batalha.

Ao princípio, o Pilar ígneo de Horon recebeu um impacto; depois, Horon alcançou a Satu com seu arpão.

Satu bateu contra o chão; Horon o amarrou.

Quando Horon chegou ante o conselho com seu tio cativo, viram que estava cego, com os testículos esmagados, agüentava-se em pé como um cântaro descartado.

Que Satu viva cego e sem herdeiros! Assim disse Haste ao conselho.

O conselho determinou sua sorte, que terminasse seus dias como um mortal, entre os Igigi.

Declarou-se Horon triunfador, para herdar o trono de seu pai; sobre uma tabuleta de metal se inscreveu a decisão do conselho, no Salão de Registros a puseram.

Em sua morada, Marduk estava feliz com a decisão; mas estava com pena pelo que tinha acontecido:

Embora Horon, um filho de Assar, seu filho era, do Shamgaz o Igigi era descendente, um domínio, um como os atribuídos aos Anunnaki, não lhe tinha dado a ele.

Depois de perder a seus dois filhos, Marduk e Sarpanit procuravam distração um em outro.

Com o tempo, outro filho lhes nasceria; chamaram-lhe Nabu, o Possuidor da Profecia.

 

Vem agora o relato de por que se construiu na lonjura um novo lugar dos carros, e do amor de Dumuzi e Inanna, que Marduk rompeu com a morte de Dumuzi. Foi depois da luta entre Horon e Satu, e sua batalha aérea sobre o Tilmun, quando Enlil convocou a seus três filhos em conselho.

Com preocupação pelo que estava acontecendo, disse-lhes: No princípio, os Terrestres se fizeram a nossa imagem e semelhança, agora, os descendentes dos Anunnaki são feito à imagem e semelhança dos Terrestres! Então, foi K-in o que matou a seu irmão, agora um filho de Marduk é o assassino de seu irmão!

Pela primeira vez, um descendente dos Anunnaki levantou um exército de Terrestres, pôs em suas mãos armas de um metal, secreto dos Anunnaki! Dos dias em que Alalu e Anzu puseram a prova nossa legitimidade, os Igigi não deixaram de provocar transtornos e de romper as regras.

Agora, os picos baliza estão situados nos domínios de Marduk, o Lugar de Aterrissagem está em mãos dos Igigi, agora, os Igigi estão avançando para o Lugar dos Carros, dizem que, em nome de Satu, vão estabelecer-se em todas as instalações do Céu-Terra!

Assim disse Enlil a seus três filhos, propô-lhes tomar medidas contra isso: Temos que estabelecer em segredo uma instalação alternativa Céu-Terra! Que se estabeleça na terra de Ninurta além dos oceanos, em meio de Terrestres de confiança! Assim ficou a missão secreta em mãos de Ninurta; nas terras montanhosas além dos oceanos, junto ao grande lago, levantou um novo Enlace Céu-Terra, pô-lo no interior de um recinto; aos pés das montanhas onde se pulverizavam as sementes de ouro, escolheu uma planície de chão firme; sobre ela fez marcas para a ascensão e a descida.

As instalações são primitivas, mas servirão para seu propósito! Ao seu devido tempo, Ninurta declarou a seu pai Enlil: Dali podem continuar os envios de ouro a Nibiru, dali, em caso de necessidade, também podemos ascender! Naquele tempo, o que começou como uma bênção, terminou como um feito horrível.

Naquele tempo, Dumuzi, o filho mais jovem de Enki, se apaixonou por Inanna, a filha de Nannar.

Inanna, neta de Enlil, ficou cativada pelo senhor do pastoreio.

Um amor que não conhece limites os devorou, a paixão inflamou seus corações. Muitas das canções de amor que, a partir de então, cantaram-se durante muito tempo Inanna e Dumuzi foram os primeiros a cantar, narraram seu amor através das canções. Ao Dumuzi, seu filho mais jovem, Enki lhe atribuiu um grande domínio por cima do Abzu; Meluhha, a Terra Negra, chamava-se, ali cresciam árvores de terras altas, suas águas eram abundantes. Grandes touros vagavam entre os trechos de seu rio, muito numeroso era seu ganho, chegava prata de suas montanhas, seu cobre brilhava como o ouro. Dumuzi era muito amado; depois da morte de Assar, era o favorito de Enki. Mas Marduk estava ciumento de seu irmão mais jovem. Inanna era muito amada por seus pais, Nannar e Ningal, Enlil se sentava junto a seu berço. Era formosa, além de toda descrição, competia em artes marciais com os heróis Anunnaki.

De viagens nos céus e de navios celestiais tinha aprendido com seu irmão Utu; os Anunnaki lhe deram de presente uma nave celeste, para que perambulasse pelos céus da Terra. Depois do Dilúvio, na Plataforma de Aterrissagem, Dumuzi e Inanna puseram os olhos um em outro; a dedicação dos Montes artificiais foi para eles um quente encontro. No princípio estavam indecisos, ele do clã de Enki, ela da linhagem de Enlil. Quando Ninharsag trouxe a paz entre os clãs em disputa, Inanna e Dumuzi as engenharam para estarem juntos longe dos outros, se dedicaram a amar-se.

Enquanto passeavam juntos, diziam-se palavras doces de amor um a outro. Jaziam um ao lado do outro, o coração de um conversava com o coração do outro; Dumuzi rodeou com seu braço a cintura dela, desejava tomá-la como um touro selvagem, Deixa que te ensine! Deixa que te ensine!, dizia Dumuzi a Inanna. Brandamente, ela o beijou, e logo lhe falou de sua mãe: Que mentira poderia lhe contar a minha mãe? O que contará você a Ningal? Vamos falar com minha mãe de nosso amor! De contente, orvalhará perfume de cedro sobre nós!

Os amantes foram ao lugar onde vivia Ningal, a mãe da Inanna, Ningal lhes deu sua bênção, a mãe de Inanna aprovou a Dumuzi. Senhor Dumuzi, é digno como genro de Nannar!, disse-lhe. O mesmo Nannar deu a boa-vinda a Dumuzi como noivo; Utu, o irmão da Inanna, disse Assim seja! Possivelmente seus esponsais tragam verdadeiramente a paz entre os clãs!, Disse Enlil a todos. Quando Dumuzi lhe falou com seu pai e a seus irmãos de seu amor e de seu compromisso, Enki também pensou na paz através dos esponsais, deu sua bênção a Dumuzi. Dos irmãos de Dumuzi, todos exceto Marduk se alegraram com a notícia.

Gibil forjou um leito de esponsais de ouro, Nergal enviou pedras lápis azuladas. Doces tâmaras, a fruta favorita de Inanna, puseram em um montão junto ao leito, sob a fruta esconderam as contas de lápis para que Inanna as descobrisse.

Como era costume, enviou-se uma irmã de Dumuzi para que perfumasse e vestisse a Inanna, Geshtinanna, a-que-há-de-ser-curada, era seu nome. Revelou-lhe Inanna o que havia em seu coração, de seu futuro com Dumuzi lhe disse: Tenho a visão de uma grande nação, Dumuzi se elevará como um Grande Anunnaki.

Seu nome será exaltado sobre outros, eu serei sua esposa-reinante. Compartilharemos um status principesco, juntos submeteremos aos países rebeldes, eu darei status ao Dumuzi, dirigirei o país retamente!

Geshtinanna deu conta a seu irmão Marduk das visões de governo e glória de Inanna.

Marduk se inquietou enormemente com as ambições de Inanna; à Geshtinanna contou um plano secreto.

Geshtinanna foi até seu irmão Dumuzi, à morada do pastor. Encantada à vista e perfumada, disse-lhe assim a seu irmão Dumuzi: antes que sua jovem esposa durma entre seus braços, deve ter um herdeiro legítimo, nascido de uma irmã! O filho de Inanna não terá direito à sucessão, não crescerá sobre as joelhos de sua mãe!

Ela pôs a mão dele em sua mão, apertou seu corpo contra o seu. Irmão meu, eu jazerei contigo! Noivo, contigo teremos um par de Enki! Assim sussurrou Geshtinanna a Dumuzi, para que surgisse algo nobre de seu ventre. Em seu ventre derramou Dumuzi o sêmen, e logo dormiu com as carícias dela. Durante a noite, Dumuzi teve um sonho, visualizou uma premonição de morte:

No sonho, viu sete bandidos malvados que entravam em sua morada. O Senhor enviou-a por ti, filho de Duttur!, diziam-lhe. Afugentavam a suas ovelhas, levavam-se a seus cordeiros e seus cabritos, tiravam-lhe seu meio doido de senhorio, arrancavam-lhe de seu corpo a túnica real, tiravam-lhe e lhe rompiam o bastão de pastoreio, jogavam no chão sua taça. Nu e descalço o levavam preso, punham-lhe grilhões nas mãos, o deixavam moribundo em nome do Falcão e o Pássaro Principesco.

Inquieto e assustado despertou Dumuzi em metade da noite, contou-lhe seu sonho a Geshtinanna.

O sonho não é favorável!, disse-lhe Geshtinanna ao turbado Dumuzi.

Marduk te acusará de me haver violado, enviará emissários malvados para que lhe prendam.

Ordenará que te julgue e te desonre, para desunir a relação com uma enlilita!

Dumuzi gritou como uma besta ferida: Traição! Traição!, gritou.

Ao Utu, o irmão de Inanna, Me ajude!, enviou palavra; pronunciou o nome de seu pai Enki como um talismã.

Dumuzi escapou através do deserto do Emush, o Deserto das Serpentes, correu para ocultar-se dos malfeitores até o lugar das cataratas. Onde as abundantes águas fazem lisa e escorregadia as rochas, Dumuzi escorregou e caiu; a avalanche de água destroçou entre a branca espuma seu corpo sem vida.

 

Vem agora o relato da descida de Inanna até o mundo subterrâneo, sob o Abzu, e a Grande Guerra Anunnaki, e como Marduk foi encerrado vivo no Ekur.

Quando Ninagal recuperou o corpo sem vida de Dumuzi das águas do grande lago, levou-se o corpo até a morada de Nergal e Ereshkigal no mundo subterrâneo, sob o Abzu. Sobre uma laje de pedra ficou o cadáver de Dumuzi, um filho de Enki. Quando se enviou a Enki palavra do que tinha acontecido, Enki rasgou a roupa, jogou cinzas na frente. Meu filho! Meu filho!, lamentou-se pelo Dumuzi. Qual pecado hei cometido para ser assim castigado?, perguntou em voz alta. Quando vim do Nibiru à Terra, EA, Aquele Cujo Lar É Águas, era meu nome, com água obtinham sua força de propulsão os Carros Celestiais, nas águas me mergulhei; depois, uma avalanche de água varreu a Terra, nas águas se afogou meu neto Assar, pelas águas está morto agora meu amado Dumuzi!

Tudo o que tenho feito, fí-lo com propósitos justos. Por que sou castigado? Por que se tornou contra mim o Fado? Assim chorava e se lamentava Enki.

Quando através de Geshtinanna se descortinou a veracidade do acontecido, a angústia de Enki se fez ainda maior: Agora, Marduk, meu primogênito, também sofrerá por sua própria ação!

Inanna se preocupou e, logo, chorou pelo desaparecimento e a morte do Dumuzi; depois, foi velozmente até o mundo subterrâneo, sob o Abzu, para enterrar o corpo de Dumuzi. Quando Ereshkigal, sua irmã, soube da chegada de Inanna às portas do recinto, Ereshkigal suspeitou de um retorcido plano por parte de Inanna. Em cada uma das sete portas, a Inanna se o tirou um dos equipamento e das armas que levava, depois, nua e indefesa ante o trono de Ereshkigal, foi acusada de intrigar para ter um herdeiro de Nergal, irmão de Dumuzi! Tremendo de fúria, Ereshkigal não quis escutar as explicações de sua irmã. Solte contra ela as sessenta enfermidades!, ordenou-lhe furiosa a seu vizir, Namtar.

Com o desaparecimento de Inanna no mundo subterrâneo, sob o Abzu se preocuparam enormemente seus pais, Nannar foi com o assunto a Enlil, Enlil mandou uma mensagem a Enki. Enki soube o que tinha acontecido por Nergal, seu filho, marido de Ereshkigal, com argila do Abzu Enki forjou dois emissários, seres sem sangue, imunes aos raios da morte, enviou-os ao mundo subterrâneo sob o Abzu para trazer de volta a Inanna, viva ou morta. Quando chegaram ante a Ereshkigal, Ereshkigal ficou confundida com seu aspecto:

São Anunnaki? São Terrestres?, perguntou-lhes desconcertada. Namtar dirigiu contra eles as armas mágicas de poder, mas saíram ilesos os dois.

Tomaram o corpo sem vida de Inanna, estava dependurado de uma estaca. Os emissários de argila dirigiram sobre o cadáver um Pulsador e um Emissor, depois orvalharam sobre ela a Água da Vida, puseram em sua boca a Planta da Vida. Depois, Inanna se moveu, abriu os olhos; Inanna se levantou dentre os mortos. Quando os dois emissários estavam preparados para levar a Inanna ao Mundo Superior, Inanna lhes ordenou que tomassem também o corpo sem vida de Dumuzi. Nas sete portas do mundo subterrâneo sob o Abzu se devolveram a Inanna seu equipamento e atributos.

À morada de Dumuzi, na Terra Negra, ordenou aos emissários que levassem o amante de sua juventude, para lavá-lo com água pura, para ungi-lo com doce azeite, para envolvê-lo depois em um sudário vermelho, e pô-lo sobre uma laje de lápis; logo, lavrou para ele um lugar de descanso nas rochas, para esperar ali o Dia do Surgimento.

Quanto a ela mesma, Inanna se dirigiu para a morada de Enki, queria a retribuição pela morte de seu amado, exigia a morte de Marduk, o culpado. Já houve suficiente morte!, disse-lhe Enki. Marduk foi o instigador, mas não cometeu assassinato! Quando Inanna soube que Enki não ia castigar a Marduk, Inanna foi a seus pais e a seu irmão. Elevou seus lamentos ao alto céu: Justiça! Vingança! Morte a Marduk!, pediu. Na morada de Enlil se reuniram seus filhos, Inanna e Utu, reuniram-se para um conselho de guerra. Ninurta, que tinha derrotado ao rebelde Anzu, argumentou a favor de fortes medidas.

Utu lhes informou de palavras secretas trocadas entre Marduk e os Igigi. Marduk, uma serpente maligna, devemos libertar da Terra!, Enlil concordou com eles.

Quando se enviou a demanda da rendição de Marduk a Enki, seu pai, Enki convocou em sua morada a Marduk e ao resto de seus filhos. Embora ainda choro a meu amado Dumuzi, devo defender os direitos de Marduk! Embora Marduk instigou o mal, por um mau fado, não por mão de Marduk, morreu Dumuzi; Marduk é meu primogênito, Ninki é sua mãe, está destinado para a sucessão. Devemos lhe proteger todos da morte às mãos de Ninurta!

Assim disse Enki.

Só Gibil e Ninagal tiveram em conta a chamada de seu pai; Ningishzidda se opôs, Nergal vacilava: Só ajudarei se se encontrar em um perigo mortal!, disse.

Foi depois disso que uma guerra, de desconhecida ferocidade, explodiu entre os dois clãs.

Foi diferente da luta entre Horon e Satu, descendentes de Terrestres: uma batalha entre os Anunnaki, nascidos no Nibiru.

A guerra começou por meio de Inanna, que cruzou com sua nave celeste os domínios dos filhos de Enki.

Inanna desafiou a combater a Marduk, perseguiu-lhe até os domínios do Ninagal e do Gibil.

Para ajudá-la, Ninurta disparou os raios fulminantes de seu Pássaro da Tormenta contra as fortalezas do inimigo, Ishkur atacou dos céus com relâmpagos abrasadores e trovões demolidores.

No Abzu, varreu os peixes dos rios, dispersou o gado pelos campos. Marduk se retirou para o norte, ao lugar dos Montes artificiais; lhe perseguindo, Ninurta orvalhou com projéteis venenosos as moradas.

Com sua Arma Que Despedaça lhes roubou os sentidos às pessoas daquelas terras, os canais que levavam às águas do rio se voltaram vermelhos de sangue; os resplendores do Ishkur convertiam a escuridão das noites em dias chamejantes.

Enquanto as devastadoras batalhas avançavam para o norte, Marduk se hospedou no mesmo Ekur, Gibil desenhou um escudo invisível para este, Nergal elevou até o céu seu olho que todo o vê.

Inanna atacou o lugar escondido com uma Arma de Brilhantismo, dirigida com um corno.

Horon chegou para defender a seu avô; o Brilhantismo lhe danificou o olho direito. Enquanto Utu mantinha à distância além do Tilmun aos Igigi e a suas hordas de Terrestres, os Anunnaki, os que apoiavam a um e a outro clã, cercavam batalha aos pés dos Montes artificiais.

Que se renda Marduk, que termine o derramamento de sangue! Estas palavras transmitiu Enlil ao Enki. Que falem irmão com irmão!, enviou-lhe uma mensagem Ninharsag a Enki.

Em sua guarida, dentro do Ekur, Marduk seguia desafiando a seus perseguidores, da Casa Que Como uma Montanha É fez seu último baluarte. Inanna não podia superar a imensa estrutura de pedra, seus flancos lisos desviavam as armas dela. Depois, Ninurta se inteirou de que havia uma entrada secreta, encontrou uma pedra giratória no lado norte!

Ninurta atravessou um escuro corredor, chegou a grande galeria, sua abóbada reluzia como um arco-íris com as multicoloridos emissões dos cristais. No interior, alertado pela intrusão, Marduk esperava a Ninurta com as armas dispostas; respondendo com armas, destroçando os maravilhosos cristais, Ninurta seguiu subindo pela galeria. Marduk se retirou até a câmara superior, até o lugar da Grande Pedra que pulsa. Em sua entrada, Marduk baixou os fechamentos de pedras descendentes, que impediam qualquer entrada.

Inanna e Ishkur seguiram a Ninurta ao interior do Ekur; ficaram a pensar o que podiam fazer. Que a hermética câmara oculta seja o ataúde de pedra de Marduk!, disse Ishkur.

Ishkur prestou atenção aos três blocos de pedra, dispostos para deslizar-se para baixo.

Que morra lentamente, sendo enterrado vivo, seja a sentença do Marduk!, Inanna deu seu consentimento.

Ao final da galeria soltaram os três os blocos de pedra, cada um deles fez descender uma pedra para tapar, para encerrar a Marduk como em uma tumba.

 

Vem agora o relato de como Marduk foi salvo e partiu para o exílio, e de como se desmantelou o Ekur e se reorganizou o senhorio sobre as terras. Longe do Sol e da luz, sem comida nem água, Marduk foi enterrado vivo dentro do Ekur;

Sarpanit, sua esposa, elevou um lamento por sua prisão e castigo sem julgamento. Acudiu a Enki, seu sogro, chegou a ele com seu jovem filho Nabu. Marduk deve ser devolvido para estar entre os vivos!, disse-lhe Sarpanit a Enki.

Ele a enviou ao Utu e ao Nannar, que podiam interceder ante a Inanna. Rogou que dêem a vida ao senhor Marduk! Deixem que siga vivendo humildemente, deixará a um lado o governo! Inanna não se aplacou. Pela morte de meu amado, o Instigador deve morrer!, replicou Inanna.

Ninharsag, a pacificadora, convocou aos irmãos Enki e Enlil, Marduk deve ser castigado, mas não merece a morte!, disse-lhes. Viva Marduk no exílio, que entregue a Ninurta a sucessão na Terra!

Enlil se sentiu agradado com suas palavras e sorriu: Ninurta era seu filho, de Ninurta ela era a mãe!

Se entre sucessão e vida tenho que escolher, o que posso eu, um pai, dizer?

Assim respondeu Enki, com o coração doído. Em minhas terras se estendeu a desolação, a guerra deve terminar, pelo Dumuzi ainda estou de luto; que Marduk viva no exílio!

Se a paz deve voltar e Marduk viver, temos que chegar a acordos vinculantes!, disse Enlil a Enki.

Todas as instalações que enlaçam céu e Terra se devem confiar só a minhas mãos, o senhorio sobre a Terra dos Dois Estreitos deve dar-lhe a outro de seus filhos.

Os Igigi que seguem a Marduk devem renunciar ao Lugar de Aterrissagem e abandoná-lo, na Terra Sem Retorno, não habitada por nenhum descendente do Ziusudra, deve exilar-se Marduk! Assim se declarou Enlil, energicamente, pretendendo ser o principal entre os irmãos.

Enki reconheceu em seu coração a mão do fado: Assim seja!, disse inclinando a cabeça. Só Ningishzidda conhece as vísceras do Ekur; que ele seja o senhor de suas terras! depois de que se anunciassem as decisões dos Grandes Anunnaki, se chamou a Ningishzidda para o resgate.

Seu desafio era como tirar Marduk das vísceras seladas pelos blocos; para liberar ao que vivo está enterrado, deram-lhe uma tarefa inconcebível. Ningishzidda contemplou os planos secretos do Ekur, planejou como evitar os bloqueios: Marduk será resgatado através de uma abertura superior cinzelada!, eles disse aos líderes.

No lugar que eu lhes mostre, esculpirão uma entrada nas pedras, de ali, um sinuoso passadiço lhes levará para cima, criando um conduto de resgate.

Atravessando vãos ocultos prosseguirão até o centro do Ekur, no vórtice dos vãos, através das pedras se abrirão passo. Abrirão uma entrada até o interior, evitando assim os bloqueios; continuarão por cima da grande galeria, levantarão os três blocos de pedra, e chegarão à câmara superior, a prisão mortal de Marduk! Mais tarde, os Anunnaki, dirigidos por Ningishzidda, seguiram o plano esboçado, com ferramentas que racham as pedras fizeram a abertura, criaram o conduto de resgate, chegaram ao interior do monte artificial, abriram uma saída. Evitando os três blocos de pedra, chegaram à câmara superior, sobre uma pequena plataforma levantaram os restelos; resgataram a Marduk desacordado. Com cuidado baixaram ao senhor pelo sinuoso conduto, levaram-lhe até o ar fresco; no exterior, Sarpanit e Nabu esperavam ao marido e pai; foi uma alegre reunião.

Quanto a Marduk seu pai Enki transmitiu os términos da liberação, Marduk se enfureceu: Tivesse preferido morrer que renunciar a meu direito de nascimento!, gritou. Sarpanit confiou em seus braços a Nabu. Nós somos parte de seu futuro!, disse-lhe ela brandamente. Marduk se enfureceu, Marduk se humilhou. Rendo-me ante o Fado!, disse inaudivelmente.

Com o Sarpanit e com o Nabu partiu para uma Terra Sem Retorno, com mulher e filho, foi à uma terra onde se caçam bestas com chifres. Depois da partida de Marduk, Ninurta voltou a entrar no Ekur através do conduto, através de um corredor horizontal foi até a vulva do Ekur. Em sua parede oriental, em um nicho artisticamente lavrada, a Pedra do Destino emitia uma radiação vermelha. Seu poder me apanha para me matar, com uma atração mortal me subjuga!, gritou Ninurta dentro da câmara.

Levem isso. Destruam por completo!, gritou Ninurta à seus tenentes. Retrocedendo seus passos, Ninurta foi através da grande galeria até a câmara mais elevada, em um arca cavada pulsava o coração do Ekur, a força de sua rede se potencializava com cinco compartimentos. Ninurta golpeou o arca de pedra com sua vara; aquela respondeu com uma ressonância. Ninurta ordenou que se tirasse a Pedra Gug, que determina as direções; levou-se até um lugar de sua eleição.

Descendo pela grande galeria, Ninurta examinou os vinte e sete pares de cristais de Nibiru. Muitos deles tinham sido machucados em seu combate com Marduk; alguns tinham sobrevivido intactos à luta. Ninurta ordenou que se tirassem os que estavam inteiros de seus ranhuras, os outros os pulverizou com seu raio. Fora da Casa Que Como uma Montanha É, Ninurta se remontou no céu com seu Pássaro Negro, prestou atenção à Pedra Ápice; representava a personificação de seu inimigo. Com suas armas a soltou, até o chão se derrubou, feita em pedaços.

Com isto, termina para sempre o temor a Marduk!, declarou Ninurta vitorioso. No campo de batalha, os Anunnaki reunidos anunciaram seus louvores a Ninurta:

Como Anu parece!, gritaram a seu herói e líder. Para substituir à incapacitada baliza se escolheu um monte próximo ao Lugar dos Carros Celestiais, em suas vísceras se colocou os cristais resgatados. Em seu topo se instalou a Pedra Gug, a Pedra de Direção; ao monte lhe chamou Monte Mashu, Monte do Barco Celestial Supremo. Por então, Enlil convocou a seus três filhos; Ninlil e Ninharsag também assistiram. Reuniram-se para confirmar os mandatos sobre as terras de antigamente, para atribuir senhorios sobre as novas terras. A Ninurta, que tinha vencido ao Anzu e ao Marduk, se o concederam os poderes de Enlil, para substituir a seu pai em todas as terras. Ao Ishkur lhe concedeu o senhorio do Lugar de Aterrissagem, nas Montanhas dos Cedros, unindo assim o Lugar de Aterrissagem a seus domínios do norte. As terras ao sul e ao este dali, onde se haviam estendido os Igigi e seus descendentes, deram ao Nannar como dote imperecível, para que as custodiassem e conservassem seus descendentes e seguidores. A península onde estava o Lugar dos Carros se incluiu nas terras do Nannar, ao Utu lhe confirmou como comandante do Lugar e do Umbigo da Terra. Na Terra dos Dois Estreitos, como se lembrou, Enki atribuiu o senhorio a Ningishzidda. Nenhum dos outros filhos de Enki pôs objeções a isto; mas Inanna se opôs a isso!

Inanna reivindicou a herança do Dumuzi, seu noivo falecido, a Enki e a Enlil exigiu um domínio para ela sozinha.

Os líderes contemplaram como satisfazer as demandas de Inanna, pediram conselho sobre as terras e os povos aos Grandes Anunnaki que decretam os fados, intercambiaram palavras com Anu em relação à Terra e a seus assentamentos.

Tinham passado quase dois Shars dos tempos do Dilúvio, a Grande Calamidade, os Terrestres tinham proliferado, das terras montanhosas voltavam para as terras baixas.

Eram descendentes da Humanidade Civilizada através de Ziusudra, estavam misturados com a semente dos Anunnaki.

Os descendentes dos Igigi que se mesclaram com humanas também estavam por aí, nas terras distantes sobreviviam os parentes de K-in.

Poucos e nobres eram os Anunnaki que tinham chegado do Nibiru, poucos eram seus descendentes perfeitos.

Os Grandes Anunnaki consideraram como estabelecer assentamentos para eles mesmos e para os Terrestres, como manter sua nobreza sobre a Humanidade, como fazer que os muitos obedecessem e servissem aos poucos.

Os líderes intercambiaram palavras com Anu a respeito de tudo isto, sobre o futuro.

Anu decidiu ir à Terra uma vez mais; com Antu, sua esposa, desejava vir.

 

Sinopse da Décima-segunda Tabuleta

O chão seca, as planícies e os vales dos rios se repovoam. 

Ouro em abundância chega das Terras além dos Mares. 

Anu e sua esposa Antu chegam em uma visita memorável. 

Rememorando, os líderes se dão conta de que são marionetes do Destino.

Os líderes atribuem três regiões de civilização para a Humanidade. 

Indultado por Anu ao partir, Marduk mantém sua rebeldia.

A Primeira Região e as instalações espaciais são terras Enlilitas.

A primeira civilização do Homem começa na Primeira Região (Sumer).

Marduk usurpa um lugar para construir uma torre de lançamento ilícita.

Frustrado pelos Enlilitas, Marduk se dá procuração da Segunda Região. 

Depõe e exila a Ningishzidda (Thot) a terras longínquas declara-se a si mesmo Ra, deus supremo, em uma nova religião. 

Dá início aos reinados faraônicos para marcar uma nova civilização. 

Enlil designa a seu filho Ishkur para que proteja as fontes de metal. 

A Inanna lhe concedem os domínios da Terceira Região (o Vale do Indo).

Os deuses concedem a realeza, começam as guerras. 

 

A DÉCIMA SEGUNDA TABULETA

Anu decidiu ir à Terra uma vez mais; com Antu, sua esposa, desejava vir. Enquanto esperavam sua chegada, os Anunnaki começaram a restabelecer suas moradas no Edin.

Das terras montanhosas, onde moravam os descendentes de Sem, as pessoas de cabeça negra emigraram às terras de antigamente.

Sobre o terreno recém seco, os Anunnaki lhes deixaram assentar-se, para que provessem de mantimentos para todos.

Onde antes do Dilúvio se levantou Eridú, a primeira cidade de Enki, sobre montões de lodo e lama desenhou-se uma nova Eridú.

Em seu centro, sobre uma plataforma elevada, construiu-se uma morada para Enki e Ninki, a chamou Casa do Senhor Cujo Retorno É Triunfante; adornou-se com ouro, prata e metais preciosos que proporcionaram os filhos de Enki.

Em um círculo que assinalava para o céu, plasmaram-se as doze constelações por seus signos.

Abaixo, igual ao Abzu, fluíam as águas cheias de peixes.

Em um santuário, um lugar onde não podiam entrar os que não eram convidados, Enki guardava as fórmulas ME.

Para Enlil e Ninlil se fundou uma nova Nibru-ki sobre o lodo e a lama; em metade das moradas do povo, dos redis e os estábulos, murou-se um recinto sagrado.

Em seu interior se construiu uma morada para Enlil e Ninlil, em sete níveis se elevava; uma escada, que parecia subir ao céu, levava até a plataforma mais elevada.

Ali guardava Enlil suas Tabuletas dos Destinos, com suas armas se protegiam: o Olho Elevado que explora as terras, o Raio Elevado que tudo penetra. No pátio, em seu próprio recinto, guardava-se o veloz Pássaro celeste de Enlil.

Enquanto se aproximava a chegada de Anu e Antu, selecionou-se um novo lugar para sua estadia no Edin, que não fosse nem de Enlil nem de Enki.

Unug-ki, o Lugar Encantador, lhe chamou. Plantaram-se árvores de sombra, e em metade se construiu uma estrutura de um branco puro, a Casa de Anu. Seu exterior se elevava em sete níveis; seu interior era como a residência de um rei. Quando chegou à Terra o carro celestial de Anu, as naves celestes dos Anunnaki se elevaram para ele; lhe dirigiu para que aterrissasse a salvo no Lugar dos Carros, em Tilmun.

Utu, o comandante do Lugar, deu a boa-vinda à Terra a seus bisavôs. Os três filhos de Anu, Enlil, Enki e Ninharsag estavam ali para lhes receber. abraçaram-se e se beijaram, riram e choraram. Quanto tempo, quanto tempo foi a separação! diziam-se uns aos outros. olhavam-se uns aos outros, examinando o passado do tempo: Embora maiores no Shars eram os pais, pareciam mais jovens que os filhos! Aos dois filhos lhes via velhos e com barba; Ninharsag, em outro tempo bela, estava encurvada e enrugada.

Os cinco estavam molhados em lágrimas; mesclavam-se as lágrimas de alegria com as lágrimas de pesar.

Em naves celestes foram levados ao Edin os convidados e seus anfitriões, as naves celestes aterrissaram em um lugar preparado junto ao Unug-ki. Todos os Anunnaki que tinham ficado na Terra estavam de pé como guarda de honra. Salve e bem-vindos! Salve e bem-vindos!, gritavam ao uníssono para o Anu e Antu.

Depois, os Anunnaki acompanharam aos convidados em procissão, cantando e tocando música, até a Casa do Anu.

Na Casa do Anu, Anu se lavou e descansou, mais tarde se perfumou e se vestiu.

Antu foi escoltada pelas mulheres Anunnaki até a Casa do Leito Dourado; em um pátio aberto, enquanto a brisa da tarde fazia ranger as folhas das árvores, Anu e Antu se sentaram sobre tronos. Lhes flanqueando estavam Enlil, Enki e Ninharsag.

Os assistentes, Terrestres que foram completamente nus, serviram vinho e bom azeite; outros, em um rincão do pátio, estavam assando ao fogo um touro e um carneiro, presentes de Enlil e Enki.

Preparou-se um grande banquete para o Anu e Antu, esperava-se o sinal nos céus para começar.

Seguindo as instruções de Enlil, Zumul, que estava instruído em matéria de estrelas e planetas, ascendeu os níveis da Casa de Anu para anunciar a aparição dos planetas na noite.

No primeiro nível apareceu Kishar nos céus orientais, Lahamu se viu no segundo nível, Mummu se anunciou no terceiro nível, Anshar surgiu no quarto nível, Lahmu se viu no quinto nível, a Lua anunciou-se desde o sexto nível.

Depois, a um sinal do Zumul, começou-se a cantar o hino O Planeta do Anu se Eleva nos Céus, pois, do nível mais alto, o sétimo, divisou-se ao avermelhado Nibiru.

Os Anunnaki davam Palmas e dançavam com a música, dançavam e cantavam com a música; cantavam a aquele que aumenta em brilho, ao planeta celestial do senhor Anu. A um sinal se acendeu uma fogueira, vendo-se de lugar em lugar se acenderam mais fogueiras: antes que terminasse a noite, toda a terra do Edin estava acesa com fogueiras!

Depois da comida de carne de touro e carne de carneiro, de pescado e de caça, acompanhada de vinho e cerveja, acompanhou ao Anu e ao Antu a suas dependências para que passassem a noite; Anu e Antu agradeceram a todos os Anunnaki.

Durante vários dias e noites da Terra, Anu e Antu dormiram; ao sexto dia, Anu chamou a seus dois filhos e a sua filha. Escutou seus relatos do acontecido na Terra, soube da paz e da guerra.

Anu soube de como os Terrestres, que tinham que ter sido aniquilados pelo juramento de Enlil, haviam proliferado de novo.

Enlil lhe revelou o descobrimento de ouro na terra além dos oceanos e o lugar do carro que havia ali.

Foi então quando Enki contou a seu pai o sonho e a tabuleta de Galzu.

Anu ficou enormemente desconcertado com isto: Nunca enviei à Terra a um emissário secreto com esse nome! Assim disse Anu aos três líderes. Enki e Enlil estavam desconcertados, olharam-se perplexos um a outro.

Por causa de Galzu se salvaram Ziusudra e a semente de vida!, disse Enki. Devido ao Galzu nos ficamos na Terra!, disse Enlil a seu pai. O dia que voltarem para o Nibiru morrerão, disse-nos Galzu. Incrédulo disto estava Anu; a mudança de ciclos, certamente, causava estragos, mas se podia curar com elixires! De quem era o emissário Galzu, se não era teu?, disseram ao uníssono Enki e Enlil.

Quem tinha querido salvar aos Terrestres, quem fez que ficássemos na Terra?

Ninharsag moveu a cabeça lentamente: Galzu apareceu pelo Criador de Tudo!

A criação dos Terrestres também estava destinada, disso devo me maravilhar! Durante um momento guardaram silêncio os quatro; cada um rememorou em seu coração acontecimentos do passado. Enquanto nós decretávamos fados, a mão do destino dirigia cada passo! Assim disse Anu. A vontade do Criador de Tudo é evidente: Na Terra e para os Terrestres, só emissários somos. A Terra pertence aos Terrestres, nos utilizou para preservá-los e para lhes fazer avançar! Se essa for nossa missão aqui, atuemos de acordo com isso! Assim disse Enki.

Os grandes Anunnaki que decretam os fados intercambiaram conselhos no referente às terras: os Grandes Anunnaki decidiram criar regiões civilizadas, para proporcionar nelas conhecimentos à Humanidade; fundar Cidades de Homem, criar nelas recintos sagrados como morada para os Anunnaki; estabelecer a realeza na Terra, igual a no Nibiru, dar coroa e cetro a um homem escolhido; transmitir através dele a palavra dos Anunnaki ao povo, fazer cumprir o trabalho e a destreza; estabelecer nos recintos sagrados um sacerdócio, para servir e dar culto aos Anunnaki como senhores nobres.

Ensinar os conhecimentos secretos, transmitir a civilização à Humanidade.

Os Anunnaki resolveram criar quatro regiões, três para a Humanidade, uma restringida: estabelecer a primeira região na antiga terra do Edin, sob o domínio de Enlil e seus filhos; para seguir depois com a segunda região na Terra dos Dois Estreitos, para que dirigissem Enki e seus filhos; a terceira região concedeu a Inanna em uma terra distante, para que não se mesclasse com as outras dois; a quarta região, consagrada só para os Anunnaki, seria a península do Lugar dos Carros.

 

Vem agora o relato da viagem de Anu às terras de além dos oceanos, e de como na Primeira Região se restabeleceram cidades para os Anunnaki.

Tendo tomado as decisões a respeito das quatro regiões e das civilizações da Humanidade, Anu perguntou por seu neto Marduk. Devo lhe ver de novo!, disse Anu aos líderes.

Se eu mesmo causei a cólera de Marduk ao convidar ao Dumuzi e ao Ningishzidda ao Nibiru! Perguntava-se Anu; desejava reconsiderar o castigo de Marduk.

Quando fizer sua viagem às terras de além dos oceanos, lhe dirá ao Marduk que se encontre contigo! A terra por onde vaga está naquelas partes da Terra! Assim disse Enlil a Anu.

Antes do casal real ir às terras distantes, Anu e Antu inspecionaram o Edin e suas terras; visitaram Eridú e Nibru-ki, viram onde se planejaram as cidades da primeira região.

No Eridú, Enlil se queixou de Enki: Enki guarda para si as fórmulas ME! Anu, sentado no assento de honra, disse palavras de louvor a Enki: Meu filho construiu uma magnífica casa para si, belamente sobre uma plataforma está elevada.

Enki dará grandes conhecimentos às pessoas que rodeiam e servem à Casa; agora, os conhecimentos que se guardam em segredo nos ME, devem ser compartilhados com outros Anunnaki!

Enki se sentiu irritado; prometeu a Anu compartilhar com todos as fórmulas divinas. Nos dias posteriores, Anu e Antu inspecionaram as outras regiões em naves celestes. Depois, no décimo sétimo dia, o casal real voltou para o Unug-ki para descansar uma noite mais. À manhã seguinte, quando os Anunnaki mais jovens chegaram ante Anu e Antu para serem abençoados, Anu se afeiçoou por sua bisneta Inanna; estreitou-a, abraçou-a e a beijou. Tenham-se em conta todas meus palavras!, anunciou aos congregados: Este lugar, depois formos embora, dê a Inanna como dote, seja meu presente para a Inanna a nave celeste na qual inspecionamos a Terra! Com regozijo, Inanna se pôs a dançar e a cantar, seus louvores a Anu chegariam a serem cantados como hinos com o passar do tempo. Depois, despedindo-se dos Anunnaki, Anu e Antu partiram para as terras de além dos oceanos.

Enlil e Enki, Ninurta e Ishkur, foram com eles à terra dourada. Para impressionar a Anu, o rei, com as grandes riquezas de ouro, Ninurta construiu para Anu e Antu uma morada; seus blocos de pedra, esculpidos à perfeição, estavam talhados por dentro de ouro puro.

Um recinto dourado, com flores de coralina esculpida, esperava ao casal real!

À beira de um grande lago da montanha se erigiu a morada.

Mostrou aos visitantes como se recolhiam as sementes de ouro.

Aqui há ouro suficiente para muitos Shars vindouros!, disse Anu satisfeito.

Em um lugar próximo, Ninurta mostrou a Anu e ao Antu um montículo artificial, Ninurta explicava como foi feito um lugar para fundir e refinar metais.

Mostrou-lhes como se extraía um novo metal das pedras: Anak, Anunnaki feito, chamou-o, mostrou-lhes como, ao combiná-lo com o abundante cobre, tinha inventado um forte metal.

No grande lago, desde cujas costas chegam os metais, Anu e Antu navegaram.

O Lago do Anak o chamou Anu, a partir de então foi seu nome.

Depois, das terras do norte, terras onde se caçavam grandes bestas com chifres, veio Marduk ante seu pai Enki e seu avô Anu; Nabu, seu filho, estava com ele.

Quando Enki perguntou por Sarpanit, Marduk lhes falou com pesar de sua morte.

Agora, só Nabu fica comigo!, disse Marduk a seu pai e a seu avô.

Anu estreitou contra seu peito a Marduk: Suficiente foste castigado!, disse-lhe; pondo a mão direita na cabeça do Marduk, Anu benzeu ao Marduk para ser perdoado.

Do lugar dourado, acima nas montanhas, todos os que se reuniram foram até a planície de baixo.

Ali, estendendo-se até o horizonte, Ninurta tinha preparado um novo lugar para os carros.

O carro celestial de Anu e Antu estava ali preparado, carregado até os batentes de ouro.

Quando chegou a hora de partir, Anu disse a seus filhos palavras de despedida e de orientação:

Seja o que seja o que o Destino pretende da Terra e dos Terrestres, deixem que assim seja!

Se o Homem, e não os Anunnaki, está destinado a herdar a Terra, ajudemos ao destino. Dêem o conhecimento à Humanidade, lhes ensinem até certa medida os segredos do céu e da Terra, lhes ensinem leis de justiça e retidão. Estas instruções deu, fraternalmente, Anu a seus filhos. Uma vez mais se estreitaram, abraçaram-se e se beijaram, e do novo lugar dos carros Anu e Antu partiram para o Nibiru. O primeiro em romper o pesaroso silêncio foi Marduk; suas palavras levavam ira:

O que é este novo Lugar dos Carros Celestiais?, exigiu uma explicação de outros.

O que ocorreu depois de meu exílio sem meu conhecimento? Quando Enki lhe falou com Marduk das decisões das quatro regiões, a fúria de Marduk não conheceu limites: por que tem que ter Inanna, causador da morte de Dumuzi, sua própria região? As decisões foram tomadas, não se podem alterar! Assim lhe disse Enlil a Marduk.

Voltaram para o Edin e às terras adjacentes em naves celestes separadas.

Pressentindo problemas, Enlil deu instruções ao Ishkur para que ficasse atrás, para vigiar o ouro.

Para comemorar a visita do Anu, introduziu-se uma nova conta do passo do tempo: por anos da Terra, não pelo Shars do Nibiru, para contar o que acontecesse na Terra.

Na Era do Touro, dedicada ao Enlil, começou a conta de anos da Terra.

Quando os líderes retornaram ao Edin, o lugar da primeira região civilizada, os Anunnaki ensinaram aos Terrestres como fazer tijolos com o barro, para com eles construir cidades. Mas onde uma vez só se levantaram as cidades dos Anunnaki, levantaram-se agora cidades tanto para eles como para os Terrestres, nas novas cidades se consagraram recintos sagrados para os grandes Anunnaki, nelas, proporcionou aos Anunnaki nobres moradas, às que a Humanidade chamou Templos; neles, servia-se e se dava culto aos Anunnaki como Senhores Nobres, lhes honrava com fila-números, a linha sucessória à Humanidade fizeram saber:

Anu, o celestial, tinha a fila de sessenta, ao Enlil lhe deu a fila de cinqüenta, a Ninurta, seu filho principal, Enlil lhe concedeu a mesma fila. O seguinte na sucessão era o senhor Enki, sustentava a fila de quarenta; ao Nannar, o filho do Enlil e Ninlil, lhe atribuiu a fila de trinta. A seu filho e sucessor, Utu, tocou-lhe a fila de vinte; ao resto dos filhos dos líderes Anunnaki lhes concedeu o rango-número de dez. As filas dos cincos se compartilharam entre as mulheres Anunnaki e as esposas.

Depois de que se terminassem Eridú e Nibru-ki e suas morada-templos, construiu-se no Lagash o recinto do Girsu para Ninurta, ali se guardava Ninurta e Bau, sua esposa; O Caçador Supremo e o Golpeador Supremo, armas que lhe desse de presente Anu, protegiam o Eninnu. Onde tinha estado Sippar antes do Dilúvio, em cima de um solo elevado, Utu fundou uma nova Sippar. No Ebabbar, a Casa Brilhante, levantou-se uma morada para o Utu e sua esposa Aia.

Dali, Utu promulgou leis de justiça para a Humanidade. Onde a causa do lodo-lama não se pôde seguir os planos de antanho, se escolheram novas convocações. Adab, uma convocação não distante do Shurubak, converteu-se no novo centro do Ninharsag. Ali, sua morada-templo recebeu o nome da Casa do Socorro e do Conhecimento Curador; em seu santuário guardou Ninharsag os ME de como se criou aos Terrestres.

Ao Nannar lhe proporcionou uma cidade com retas ruas, canais e moles; Urim era seu nome, a morada-templo lhe chamou Casa da Semente do Trono, refletia os raios da Lua sobre suas terras.

Ishkur voltou para as terras montanhosas do norte, sua morada se chamou a Casa das Sete Tormentas.

Inanna residiu no Unug-ki, vivia na morada que Anu lhe tinha dado.

Marduk e Nabu viveram no Eridú, no Edin não tinham suas próprias moradas.

 

Vem agora o relato da primeira Cidade dos Homens e da realeza na Terra, e de como Marduk tramou construir uma torre e de onde Inanna roubou os ME.

Na Primeira Região, nas terras do Edin e nas cidades com recintos, seus senhores Anunnaki ensinaram trabalhos e ofícios aos Terrestres. Não muito depois se irrigaram os campos, logo as embarcações navegaram por canais e rios; redis e celeiros estavam transbordantes, a prosperidade enchia a terra. Ki-Engi, Terra dos Nobres Vigilantes, se chamou à Primeira Região. Depois, decidiu-se deixar que as pessoas de cabeça negra tivesse uma cidade para eles mesmos.

Kishi, Cidade Cetro, chamou-se, no Kishi começou a realeza do Homem. Ali, em terreno consagrado, Anu e Enlil implantaram o Objeto Brilhante Celestial.

Nele, Ninurta designou ao primeiro rei, Homem Poderoso foi seu título real. Para fazê-lo centro da Humanidade Civilizada, Ninurta viajou ao Eridú para obter de Enki as tabuletas ME que conservavam as fórmulas divinas para a realeza. Com o traje adequado, Ninurta entrou no Eridú com respeito, perguntou pelos ME da realeza:

Enki, o senhor que salvaguarda todos os ME, concedeu a Ninurta cinqüenta ME. No Kishi, ensinou às pessoas de cabeça negra a calcular com números, a celestial Nisaba lhes ensinou a escrever, a celestial Ninkashi lhes mostrou como fazer cerveja.

No Kishi, dirigidos por Ninurta, proliferou o trabalho do forno e a ferraria, carretas com rodas, puxadas por asnos machos, criaram-se habilmente no Kishi.

No Kishi se promulgaram leis de justiça e de reta conduta.

Foi no Kishi onde o povo compôs hinos de louvor a Ninurta: de suas heróicas façanhas e vitórias cantavam, de seu terrorífico Pássaro Negro cantavam, de como tinha submetido aos bisões em terras longínquas, como tinha encontrado o metal branco para mesclá-lo com o cobre.

Foi um tempo glorioso para Ninurta, com a Constelação do Arqueiro lhe honrou.

Enquanto isso, Inanna esperava seu senhorio na Terceira Região, Enquanto isso, exigia dos líderes seus domínios.

A Terceira Região virá depois da segunda!, asseguravam-lhe os líderes.

Depois de ver como Ninurta tinha ido ao Eridú, como tinha obtido o ME da realeza, Inanna urdiu um plano em seu coração, tramou a obtenção do ME de Enki.

Enviou a sua donzela de câmara Ninshubur ao Eridú, para anunciar uma visita de Inanna.

Depois de ouvir isto, Enki deu rapidamente instruções ao Isimud, seu mordomo: A donzela, completamente só, dirige seus passos até minha cidade do Eridú, Quando chegar, completamente sozinha, fá-la entrar em minhas câmaras interiores.

Lhe ponha água fria para que refresque seu coração, lhe dê bolos de cevada com manteiga, prepara vinho doce, enche vasilhas de cerveja até o bordo!

Quando Inanna entrou sozinha na morada de Enki, Isimud seguiu as ordens do Enki; depois, quando Enki recebeu a Inanna, viu-se afligido pela beleza da Inanna:

Inanna ia cheia de jóias, através de seu fino vestido se revelava seu corpo.

Quando se inclinava, Enki admirava completamente sua vulva.

Beberam vinho doce das taças de vinho, competiram em beber cerveja. Mostre-me os ME!, disse-lhe Inanna a Enki brincando, Deixa que sustente um ME em minha mão! Sete vezes no transcurso da competição Enki deixou Inanna sustentar os ME, as fórmulas divinas do senhorio e a realeza, do sacerdócio e o tabelionato, Enki lhe deixou sustentar a Inanna os ME do traje amoroso e da guerra; da música e do canto, do trabalho da madeira, os metais e as pedras preciosas, os noventa e quatro ME necessários para os reinos civilizados deu Enki a Inanna. Sujeitando com força seus prêmios, Inanna fugiu do dormitório de Enki; apressou-se em chegar a seu Navio do Céu, deu instruções de elevar-se e afastar-se a seu piloto. Quando Isimud despertou ao Enki de seu sonho. Prende a Inanna!, disse Isimud. Quando Enki ouviu do Isimud que Inanna já tinha partido em seu Navio do Céu, deu instruções ao Isimud para que perseguisse a Inanna na nave celeste de Enki. Tem que recuperar todos os ME!, disse-lhe.

Isimud interceptou o Navio do Céu da Inanna nas cercanias do Unug-ki, a fez voltar para o Eridú e enfrentar-se à ira de Enki.

Mas quando Inanna foi levada de volta ao Eridú, os ME não estavam com ela: os tinha dado à sua donzela de câmara, Ninshubur, à Casa do Anu en Unug-ki os tinha levado Ninshubur. Em nome de meu poder, em nome de meu pai Anu, ordeno que me devolvas os ME!

Assim lhe falou Enki, enfurecido, a Inanna; em sua morada a deixou cativa. Quando ouviu isto, Enlil foi ao Eridú a enfrentar-se com seu irmão. Em justiça obtive os ME, o mesmo Enki os pôs em minhas mãos! Assim o disse Inanna a Enlil; verdade que Enki admitiu. Quando chegar a seu fim o tempo do Kishi, a realeza passará ao Unug-ki declarou Enlil.

Quando Marduk ouviu tudo isto, enfureceu-se enormemente, sua ira não conheceu limites.

Suficiente foi minha humilhação!, gritou-lhe Marduk a seu pai Enki.

Imediatamente, exigiu de Enlil uma cidade sagrada para si mesmo no Edin.

Mas Enlil não teve em conta a petição de Marduk, e Marduk tomou em suas próprias mãos o fado.

Considerou um lugar que tinha sido selecionado para a chegada do Anu, antes que se decidissem pelo Unugki, chamou a Nabu, aos Igigi e a seus descendentes desde suas terras dispersas, para fundar uma cidade sagrada para Marduk, um lugar para naves celestes!

Quando seus seguidores reunidos no lugar não encontraram pedras com as que construir, Marduk lhes mostrou como fazer tijolos e cozê-los ao fogo, para que servissem como pedras; com tudo isto, começaram a construir uma torre cujo topo pudesse alcançar os céus.

Enlil se apressou em ir ao lugar para frustrar o plano, tentou aplacar a Marduk com palavras de calma; mas não conseguiu deter o Marduk e ao Nabu em sua empresa.

Enlil reuniu a seus filhos e netos no Nibru-ki; consideraram todos o que podiam fazer.

Marduk está construindo um Pórtico ao Céu não permitido, o está confiando aos Terrestres!

Assim disse Enlil a seus filhos e netos.

Se permitirmos que isto ocorra, nada de quanto se proponha a Humanidade deixará de alcançá-lo!

Terá que deter este malvado plano!, disse Ninurta; todos concordaram nisso.

Era de noite quando, desde o Nibru-ki, chegaram os Anunnaki enlilitas, desde suas naves celestes deixaram cair sobre a torre em construção fogo e enxofre; à torre e a todo o acampamento deram fim por completo. Então, Enlil decidiu dispersar o líder e a seus seguidores, Enlil decretou confundir seus conselhos no sucessivo, destruir sua unidade: até agora, todos os Terrestres tinham uma só linguagem, em uma única língua falam.

No sucessivo confundirei sua linguagem, para que não se compreendam entre si!

Tudo isto aconteceu no ano trezentos e dez desde que começasse a conta dos anos da Terra: em cada região e em cada terra fez falar às pessoas em línguas diferentes, depois deu a cada povo uma forma diferente de escritura, para que não se pudessem compreender uns a outros.

Vinte e três reis reinaram no Kishi, durante quatrocentos e oito anos foi a Cidade do Cetro; também foi no Kishi que um amado rei, Etana, foi levado a um viagem celestial.

Que no tempo atribuído se transfira a realeza ao Unug-ki! Assim o decretou Enlil.

Até seu chão se transferiu o Objeto Brilhante Celestial desde o Kishi. Quando lhe anunciou ao povo a decisão, cantaram a Inanna um hino de exaltação.

Dama dos ME, Reina, brilhante resplandecente, justa, vestida radiante, amada do céu e a Terra; pelo amor do Anu consagrada, portadora de grandes adorações, sete vezes obteve os ME, em sua mão os sustenta. Destinados para a tiara da realeza, adequados para o supremo sacerdócio, Dama dos grandes ME, deles é a guardiã! No ano quatrocentos e nove desde que começou a conta dos anos da Terra, se transferiu ao Unug-ki a realeza da Primeira Região; seu primeiro rei foi o supremo sacerdote da morada do templo de Eanna, filho de Utu era!

Quanto ao Marduk, foi à Terra dos Dois Estreitos, esperava ser o senhor da Segunda Região, una vez se estabelecesse.

 

Vem agora o relato de como se estabeleceram a Segunda e a Terceira Região, e de como Ningishzidda foi exilado e Unug-ki ameaçou a Aratta.

Quando Marduk, depois de uma larga ausência, voltou para a Terra dos Dois Estreitos, encontrou ali a Ningishzidda como seu senhor, seu Nobre Senhor era Ningishzidda.

Ningishzidda fiscalizava as terras com a ajuda dos descendentes dos Anunnaki que se haviam casado com Terrestres, o que uma vez Marduk tinha planejado e instruído, Ningishzidda o tinha revogado.

O que é o que passou?, exigiu saber Marduk.

Marduk acusou a Ningishzidda da destruição do oculto, de fazer partir para o Horon a um lugar deserto, um lugar que não tem água, um lugar sem limites onde não desfrutava de prazeres sexuais!

Os dois irmãos montaram um alvoroço, embarcaram-se em uma amarga disputa.

Disposta atenção, aqui estou em meu próprio lugar!, disse Marduk a Ningishzidda.

Você tiraste meu sítio; de agora em diante, só será um ajudante meu.

Mas se se sente inclinado para a rebelião, a outra terra terá que te largar!

Durante trezentos e cinqüenta anos da Terra, estiveram brigando os irmãos na Terra dos Estreitos. Durante trezentos e cinqüenta anos, esteve a terra no caos, houve diferenças entre os irmãos.

Então, Enki, o pai de ambos, disse a Ningishzidda: Pelo bem da paz, parte para outras terras!

Ningishzidda optou por ir a uma terra de além dos oceanos, com um grupo de seguidores se foi ali.

Seiscentos e cinqüenta anos da Terra era nesse momento a conta, mas nos novos domínios, onde a Ningishzidda lhe chamou a Serpente Alada, começou uma nova conta própria.

Na Terra dos Dois Estreitos se estabeleceu a Segunda Região sob o senhorio do Marduk; nos anais da Primeira Região lhe chamou Magan, Terra do Rio das Cascatas.

Mas, para a gente da Segunda Região, quando as línguas se confundiram, se lhe chamou a partir de então Hem-Lha, a Terra Marrom Escura. Na nova língua chamou os Anunnaki Neteru, os Vigilantes Guardiãs. Marduk foi adorado como Ra, o Brilhante; a Enki lhe venerou como Ptah, o Construtor.

A Ningishzidda se renomeou como Tehuti, o Medidor Divino; para apagar sua memória, Ra substituiu sua imagem no Leão de Pedra pela de seu filho Assar. Ra fez que o povo contasse por dez, não por sessenta; também dividiu o ano em doze, substituiu a observação da Lua pela observação do Sol. Enquanto sob o senhorio do Tehuti se restabeleceram as antigas Cidades do Norte e Cidade do Sul, Marduk/Ra uniu em uma só Cidade da Coroa as duas terras, a do Norte e a do Sul. Um rei, um descendente do Neteru e Terrestre, designou ali; Mena foi seu nome. Onde as duas terras se encontram e o grande rio divide, Ra fundou uma Cidade do Cetro. Deu-lhe esplendor para ultrapassar ao Kishi, na Primeira Região, e a chamou de Mena-Nefer, a Beleza da Mena. Para honrar a seus maiores, Ra construiu uma cidade sagrada, para honrar ao rei de Nibiru a chamou Annu; ali, sobre uma plataforma, erigiu uma morada-templo para seu pai Enki-Ptah, seu ápice, dentro de uma alta torre, saía para o céu como um foguete afiado. Em seu santuário, Ra depositou a parte superior de sua Barca Celestial, e a chamou Ben-Ben; era aquela na qual tinha viajado do Planeta dos Inumeráveis Anos. No dia de Ano Novo, o rei realizava as cerimônias como Sumo Sacerdote, unicamente nesse dia, entrava sozinho na profunda Sala da Estrela, ante o Ben-Ben punha as oferendas. Para beneficiar à Segunda Região, Ptah deu a Ra todo tipo de ME.

O que sei eu que você não saiba?, perguntou-lhe o pai a seu filho. Deu a Ra todo tipo de conhecimento, menos o de reviver aos mortos. Como um Grande dos Doze Celestiais, Ptah atribuiu a Ra a constelação do signo do Carneiro.

Ptah regulou o fluxo da água do Hapi, o grande rio do país, para a Ra e seu povo, não demorou para chegar a abundância aos férteis chãos, homens e gados se multiplicaram.

Os líderes se animaram com o êxito da Segunda Região; procederam a estabelecer a Terceira Região.

Decretaram fazê-la domínio de Inanna, tal como lhe tinha prometido.

Como corresponde à senhora de uma região, lhe atribuiu uma constelação celestial: previamente, junto com seu irmão Utu, compartilhava a Estação dos Gêmeos, a partir de então, como presente do Ninharsag, sua própria Constelação da Donzela atribuiu a Inanna; no ano oitocentos e sessenta, segundo a conta dos anos da Terra, honrou-se assim a Inanna.

Longe, nas terras orientais, além das sete cadeias montanhosas, estava a Terceira Região.

Zamush, Terra das Sessenta Pedras Preciosas, chamou a seu reino das terras altas.

Aratta, o Reino Arborizado, estava localizado no vale de um grande rio sinuoso; na grande planície, as pessoas cultivavam cereais e pastoreavam o gado.

Também se construíram duas cidades com tijolos de barro, encheram-nas de celeiros.

Como exigia o decreto de Enlil, o Senhor Enki, Senhor da Sabedoria, designou uma nova língua para a Terceira Região, um novo tipo de signos de escritura elaborou para ela, em sua sabedoria, Enki criou para a Aratta uma língua de homem até então desconhecida; mas Enki não deu os ME dos reino civilizados à Terceira Região: Que Inanna compartilhe com a nova região o que obteve para o Unug-ki!, declarou Enki.

Na Aratta, Inanna designou um pastor-chefe, era parecido a seu amado Dumuzi.

Inanna viajava em sua nave celeste do Unug-ki a Aratta, voava sobre montanhas e vales.

Tinha em muita estima as pedras preciosas do Zamush, levava com ela lápis lázuli puro até o Unug-ki.

Naquele tempo, o rei no Unug-ki era Enmerkar, era o segundo em reinar ali; foi ele o que expandiu as fronteiras do Unug-ki, por suas glórias se exaltou a Inanna.

Foi ele o que cobiçava a riqueza da Aratta, tramou conseguir a supremacia sobre a Aratta. Enmerkar despachou em direção à Aratta a um emissário para exigir as riquezas de Aratta como tributo. Sobre as sete cadeias montanhosas, cruzando terras ressecadas e, depois, empapado pelas chuvas, o emissário foi até a Aratta, repetiu-lhe palavra por palavra ao rei de Aratta as exigentes palavras de Enmerkar. O rei de Aratta era incapaz de entender sua língua; soava-lhe igual a um zurro de um burro.

O rei de Aratta deu ao emissário um cetro de madeira no que tinha inscrito uma mensagem.

A mensagem do rei pedia que Unug-ki compartilhasse com a Aratta os ME, como presente real para o Unug-ki se carregou muitos burros com cereais, foram com o emissário até o Unug-ki. Quando Enmerkar recebeu o cetro inscrito, ninguém compreendeu sua mensagem em Unug-ki.

Levou-o da luz à sombra, levou-o da sombra à luz; Que classe de madeira é esta?, perguntou.

Depois, ordenou que a plantassem no jardim. Passaram cinco anos, passaram dez anos, do cetro cresceu um arbusto, era um arbusto de sombra.

O que faço?, perguntou-lhe o frustrado Enmerkar a seu avô Utu. Utu intercedeu com a celestial Nisaba, senhora dos escribas e da escritura.

Nisaba ensinou ao Enmerkar a inscrever sua mensagem em uma tabuleta de argila, era na língua da Aratta.

A mensagem se entregou por mão de seu filho Banda: Submissão ou guerra!, dizia.

Inanna não abandonou Aratta, Aratta não se submeterá ao Unug-ki!, disse o rei da Aratta.

Se Unug-ki desejar a guerra, que se encontrem um guerreiro e um guerreiro! Melhor ainda, trocaremos tesouros pacificamente; que Unug-ki dê seu ME em troca das riquezas da Aratta!

No caminho de volta, levando a mensagem de paz, Banda caiu doente; seu espírito lhe deixou.

Seus camaradas lhe levantaram o pescoço, estava sem fôlego de vida; no Monte Hurum, no caminho da Aratta, Banda foi abandonado a sua morte, Unug-ki não recebeu as riquezas de Aratta, Aratta não obteve os ME do Unug-ki.

Na Terceira Região, a Humanidade Civilizada não floresceu de todo.

 

Sinopse da Décima-Terceira Tabuleta

Surgem cidades reais com recintos sagrados para os deuses.

Os semideuses servem como reis e sacerdotes em palácios e templos.

Marduk promete a seus reais seguidores uma vida eterna.

No Mais Além em Sumer, Inanna estimula a crença na Ressurreição. 

Augúrios celestiais e oráculos preditórios ganham partidários. 

Marduk proclama a chegada da Era do Carneiro como seu signo. 

Ningishzidda constrói observatórios de pedra para mostrar o contrário. 

Insurreições, guerras e invasões desestabilizam as terras enlilitas.

O emissário misterioso aparece a Enlil, prediz-lhe uma calamidade. Dá instruções a Enlil para que selecione a um Homem Digno que lidere a sobrevivência. 

Enlil escolhe a Ibruum, vastago de uma família real sacerdotal.

Os exércitos postos em pé por Nabu intentam conseguir o controle do espaçoporto. 

Desautorizando a Enki, os deuses recorrem às Armas de Terror. Ninurta e Nergal arrasam o espaçoporto e as cidades pecadoras.

À deriva a nuvem nuclear leva à morte a tudo no Sumer. 

O Deus dos Montes e o Homem.

 

DÉCIMA-TERCEIRA TABULETA

Na Terceira Região, a Humanidade Civilizada não floresceu de todo; Inanna desatendeu o que se o havia confiado; em seu coração, cobiçava outros domínios, não os que lhe tinham concedido. Quando, na conta de mil anos, retirou a realeza ao Unug-ki, quem tivesse previsto a calamidade que ia acontecer ao final do próximo milênio, quem poderia prever o desastre?

Quem podia predizer que, em menos de um terço do Shar, ia cair uma calamidade desconhecida?

Inanna daria início ao amargo fim; Marduk, como Ra, emaranharia-se com o Destino.

Ninurta e Nergal liberariam com suas próprias mãos o inexprimível final! por que Inanna não ficou satisfeita com os domínios que lhe tinham concedido? Por que seguiu sem perdoar ao Marduk?

Viajando entre o Unug-ki e Aratta, Inanna não se sentia gratificada, estava inquieta; ainda chorava a seu amado Dumuzi, seu desejo de amor seguia sem apagar-se.

Quando voava, via a imagem trêmula do Dumuzi chamando-a nos raios do Sol, pela noite, lhe aparecia em visões-sonhos; Voltarei!, dizia-lhe.

Lhe prometia as glórias de seus domínios na Terra dos Dois Estreitos.

No recinto sagrado do Unug-ki, Inanna estabeleceu uma Casa para o Prazer Noturno.

A este Gigunu atraía com enganos e doces palavras aos jovens heróis na de seus bodas: prometia-lhes larga vida e um ditoso futuro; ela imaginava que seu amante era Dumuzi.

À manhã seguinte, a todos lhes encontrava mortos na cama de Inanna. Foi então quando o herói Banda, ao que lhe tinha dado por morto, regressou ao Unug-ki vivo! Banda tinha retornado de entre os mortos por graça de Utu, de cuja semente era.

Milagre! Milagre!, gritou Inanna excitada. Meu amado Dumuzi volta para mim! Na morada da Inanna se banhou a Banda, com uma bandagem lhe sujeitou um manto com franjas. Dumuzi, amado meu!, chamou-lhe. Atraiu-o até seu leito, enfeitada com flores. À manhã seguinte, quando viu que Banda estava vivo, Inanna gritou alegre: pôs-se em minhas mãos o poder de não morrer, através de mim se concedeu a imortalidade!

Depois, Inanna decidiu chamar-se a si mesmo deusa, implicava o Poder da Imortalidade. Nannar e Ningal, os pais de Inanna, não estavam satisfeitos com sua proclamação; Enlil e Ninurta ficaram desconcertados com as palavras de Inanna; Utu, seu irmão, ficou pensativo.

Não é possível reviver aos mortos!, disseram-se entre si Enki e Ninharsag. Nas terras de Ki-Engi, o povo elogiava a boa fortuna que tinham: Os deuses estão entre nós, eles podem abolir a morte! Assim se dizia uns aos outros entre o povo. Banda sucedeu a seu pai Enmerkar no trono do Unug-ki; Lugal, Homem Grande, foi seu título.

A deusa Ninsun, da semente de Enlil, tomou para que fora seu marido, o herói Gilgamesh, filho de ambos, sucedeu a Lugal-Banda no trono de Unug-ki. À medida que passavam os anos e Gilgamesh se fazia maior, falava a sua mãe Ninsun da vida e a morte, se perguntava sobre a morte de seus antepassados, apesar de ser descendentes dos Anunnaki. Os deuses morrem?, Perguntou a sua mãe. Também eu, ainda sendo em duas terceiras partes divino, subirei ao muro como um mortal?, perguntava a ela.

Enquanto viva na Terra, a morte de um Terrestre te confundirá!, dizia-lhe Ninsun a seu filho.

Mas se te leva ao Nibiru, obterá ali uma larga vida! Ninsun pediu ao Utu, o comandante, que se levasse a Gilgamesh ao Nibiru, Incessantemente o pediu Ninsun ao Utu, um dia atrás de outro o rogou: Que vá Gilgamesh ao Lugar de Aterrissagem!, aceitou por fim Utu. Para lhe guiar e lhe proteger, Ninharsag elaborou um idêntico de Gilgamesh.

Enkidu, Como por Enki Criado, lhe chamou, não era nascido de ventre, não tinha sangue em suas veias.

Gilgamesh viajou com seu camarada Enkidu até o Lugar de Aterrissagem, Utu fiscalizou seu progresso com oráculos; na entrada do bosque de cedros, um monstro que cuspia fogo lhes bloqueou o caminho.

Com truques conseguiram confundir ao monstro, romperam-no em pedaços. Quando encontraram a entrada secreta aos túneis dos Anunnaki, desafiou-lhes o Touro do Céu, uma criatura de Enlil de bufos mortais.

O monstro lhes perseguiu até as portas do Unug-ki; Enkidu o derrotou ante as muralhas da cidade.

Quando Enlil ouviu isto, chorou em sua angústia; seus lamentos se escutaram nos céus do Anu; pois em seu coração sabia Enlil: Realmente mau era o augúrio!

Enkidu foi castigado a perecer nas águas por ter dado morte ao Touro do Céu.

Gilgamesh, por ter sido instruído pelo Ninsun e Utu, foi absolvido do crime.

Procurando ainda a larga vida do Nibiru, Utu permitiu ao Gilgamesh que entrasse no Lugar dos Carros.

Depois de muitas aventuras alcançou a Terra do Tilmun, a Quarta Região; entrou em seus túneis subterrâneos, em um jardim de pedras preciosas se encontrou com Ziusudra!

Ziusudra relatou a Gilgamesh os acontecimentos do Dilúvio, revelou-lhe o segredo da larga vida.

No manancial do jardim crescia uma planta que impedia que envelhecessem Ziusudra e sua esposa!

Era única entre todas as novidades da Terra; um homem em seu pleno vigor a pode recolher, o Homem em sua Velhice É Jovem de novo! Esse é o nome da planta, disse Ziusudra a Gilgamesh. Um presente de Enki, com a bênção de Enlil, nos concedeu no Monte da Salvação!

Quando Ziusudra e sua esposa estavam dormindo, Gilgamesh se atou pedras aos pés. Inundou-se no manancial, tomou e arrancou a planta de Ser Jovem de novo.

Com a planta em sua bolsa, atravessou precipitadamente os túneis, encaminhou-se para o Unug-ki. Quando estava cansado, dormiu; e uma serpente se viu atraída pela fragrância da planta. A planta fez que a serpente se aproveitasse de que Gilgamesh estava dormido; com a planta se desvaneceu. À manhã seguinte, ao descobrir sua perda, Gilgamesh se sentou e pôs-se a chorar.

Voltou para o Unug-ki com as mãos vazias, ali morreu como um mortal. depois de Gilgamesh reinaram sete reis, mas no Urug-ki; logo, sua realeza tocou a seu fim.

Foi exatamente quando se completou a conta de mil anos da Terra! A realeza da Primeira Região se transferiu ao Urim, a cidade de Nannar e Ningal. Marduk tinha muito em conta todos os assuntos do que acontecia nas outras Regiões. Ra estava inquieto com os sonhos e as visões de Inanna que aludiam aos domínios do Dumuzi.

Estava decidido a rebater os planos de expansão da Inanna; encontrou muito que ponderar em questões de ressurreição e imortalidade. Resultava-lhe enormemente atrativo o pensamento da divindade, de modo que se anunciou a si mesmo como um grande deus! Ra se enfureceu pelo que lhe tinha permitido a Gilgamesh, em boa medida um Terrestre, mas estimou um caminho mais hábil com o qual conservar a lealdade dos reis e do povo:

Se aos semideuses lhes mostra o pórtico para a imortalidade, que aplique aos reis de minha região!

Assim se disse Marduk, conhecido com o nome de Ra na Segunda Região: Que os reis de minha Região que sejam descendentes do Neteru, viajem ao Nibiru na Outra Vida!

Isto decretou Ra em seu reino. Ensinou aos reis a construir tumbas orientadas ao este, lhes ditou um comprido libero aos escribas-sacerdotes, nele se descrevia com detalhe a viagem à Outra Vida.

No livro se contava como chegar ao Duat, o Lugar dos Navios Celestiais, como, dali, por meio de uma Escada ao Céu, viajar até o Planeta Imperecível, da Planta da Vida comer, beber até não poder mais das Águas da Juventude.

Ra lhes falou com os sacerdotes da chegada dos deuses à Terra. O ouro é o esplendor da vida!, disse-lhes. É a carne dos deuses!, disse Ra aos reis.

Deu instruções aos reis para fazer expedições ao Abzu e aos Domínios Inferiores para obter ouro.

Quando os reis de Ra conquistaram pela força das armas terras que não eram suas, invadiu os reino de seus irmãos, fez nascer e crescer neles a ira.

O que está tramando Marduk, perguntavam-se os irmãos entre si, que vem a nos pisotear?

Apelaram a seu pai Enki; a Ptah, seu pai, Ra não escutou.

Ra ordenou aos reis de Magan e Meluhha que capturassem todas as terras adjacentes, o plano de seu coração era ser o senhor das Quatro Regiões.

A Terra é minha, para que a governe! Assim, inflexivelmente, falou com seu pai.

 

Vem agora o relato de como Marduk declarou sua própria supremacia e construiu Babili, e de como Inanna, ao mando de reis guerreiros, fez correr sangue e permitiu sacrilégios. Depois de que se transferisse a realeza desde o Unug-ki ao Urim, Nannar e Ningal sorriram sobre o povo. Como correspondia a sua Fila de Trinta, a Nannar se adorava como deus da Lua; decretou doze festividades cada ano, igual ao número de meses da Lua em um ano, a cada um dos doze grandes Anunnaki lhe dedicou um mês e sua festividade. Por toda a Primeira Região, aos deuses Anunnaki, maiores e menores, lhes construíram santuários e lugares de culto, o povo podia orar diretamente a seus deuses. Na Primeira Região, a civilização do Ki-Engi se difundiu às terras vicinais, nas Cidades do Homem se designou aos governantes locais como Pastores Justos; artesãos e granjeiros, pastores e tecedores, intercambiavam seus produtos por todas as partes, se decretaram leis de justiça, honraram-se contratos de comércio, de esponsais e de divórcio.

Nas escolas, os jovens estudavam, os escribas tomavam nota de hinos, provérbios e sabedoria.

Havia abundância e felicidade nas terras; também havia disputas e usurpações. Enquanto isso, Inanna vagava com sua nave celeste de terra em terra; cerca do Mar Superior pulava com o Utu.

Foi aos domínios de seu tio Ishkur, Dudu, Amado, chamava-lhe. Inanna tomou carinho às pessoas que viviam na planície superior dos dois rios; resultava-lhe agradável o som de sua língua, aprendeu a falar sua linguagem.

Eles a chamavam pelo nome do planeta Lahamu em sua língua, Ishtar, à sua cidade, Unug-ki, chamaram Uruk; Dudu, como Adad, pronunciavam em sua linguagem.

Sem, Senhor dos Oráculos, chamaram a seu pai, Nannar; à cidade Urim a chamaram Ur.

Shamash, Sol Brilhante, chamaram o Utu em sua língua, também lhe adoravam.

A Enlil, chamavam-lhe Pai Enlil, Nibru-ki era para eles Nippur; Ki-Engi, Terra dos Vigilantes Nobres, foi chamada em sua linguagem Sumer. No Sumer, a Primeira Região, a realeza rodava entre as cidades; na Segunda Região, Ra não permitia a diversidade, ele desejava reinar sozinho. O maior do Céu, primogênito que está na Terra! Assim queria que lhe conhecesse entre os sacerdotes.

O principal desde os primeiros tempos! Assim decretou que lhe chamasse nos hinos; senhor da eternidade, que tem feito a eternidade, que preside sobre todos os deuses. Aquele que não tem igual, o grande solitário e único!

Assim se situava a si mesmo Marduk, como Ra, por cima de todos os outros deuses, por si mesmo se atribuía seus poderes e atributos:

Sou como Enlil quanto a senhorio e decretos, como Ninurta na enxada e o combate; como Adad pelo raio e o trovão, como Nannar por iluminar a noite; como Utu sou Shamash, como Nergal reino sobre o Mundo Inferior; como Gibil, conheço as profundidades douradas, de onde cobre e prata vêm; como Ningishzidda mando sobre os números e sua conta, os céus falam de minha glória!

Os líderes Anunnaki se alarmaram enormemente com estas proclamações, os irmãos de Marduk falaram com seu pai Enki, Nergal transmitiu a Ninurta suas preocupações.

O que é que passa?, disse Enki a seu filho Marduk. Inauditas são suas pretensões!

Os céus, os céus falam de minha supremacia!, respondeu-lhe Marduk a seu pai Enki.

O Touro do Céu, signo da constelação de Enlil, foi morto por seu próprio descendente, nos céus, a era do Carneiro, minha era, está chegando, os augúrios são inequívocos!

Em sua morada, no Eridú, Enki examinou o círculo das doze constelações, no primeiro dia da primavera, o começo do ano, observou-se atentamente o amanhecer; aquele dia se elevou o sol nas estrelas da constelação do Touro. No Nibru-ki e no Urim, Enlil e Nannar fizeram as observações, no Mundo Inferior, onde tinha estado a Estação dos Instrumentos, Nergal testemunhou os resultados: O tempo do Carneiro ainda é remoto, segue sendo a Era de Touro de Enlil! Em seus domínios, Marduk não se abrandava em suas afirmações. Nabu lhe ajudou, não enviou seus emissários aos domínios, para anunciar às pessoas que seu tempo tinha chegado. Os líderes Anunnaki apelaram a Ningishzidda, como ensinar ao povo a observar os céus. Em sua sabedoria, Ningishzidda desenhou estruturas de pedra, Ninurta e Ish-kur lhes ajudaram às erigir.

Nas terras povoadas, perto e longe, ensinaram às pessoas como observar os céus, mostraram às pessoas que o sol seguia saindo na Constelação de Touro. Enki observava com pesar estes acontecimentos, analisava de que forma o Fado lhe estava dando um giro imprevisto à ordem legítima: depois de declararem-se a si mesmos deuses, os Anunnaki ficaram dependentes do apoio da Humanidade! Na Primeira Região, os Anunnaki decidiram unificar as terras com um único líder, desejavam um rei guerreiro. Confiou a Inanna, a adversária de Marduk, a tarefa de encontrar um homem adequado. Inanna indicou a Enlil um homem forte ao qual tinha conhecido e amado em suas viagens, Arbakad, comandante de quatro guarnições, era seu pai, sua mãe era uma suma sacerdotisa.

Enlil lhe deu cetro e coroa, Sharru-kin, Regente Justo, designou-lhe Enlil. Como uma vez se fez no Nibiru, se fundou uma nova cidade central para unificar as terras, Agadé, a Cidade Unificada, chamaram-na, não longe do Kishi estava se localizada.

Enlil deu poderes ao Sharru-kin; Inanna acompanhava a seus guerreiros com armas de brilhantismo.

Todas as terras, desde o mar Inferior até o Mar Superior, renderam obediência a seu trono, suas tropas se estacionaram nos limites da Quarta Região, para protegê-la.

Com olho precavido observava Ra, sem pestanejar, a Inanna e ao Sharru-kin; depois, como um falcão, se arremeteu sobre sua presa: do lugar onde Marduk tinha pretendido construir a torre que alcançasse o céu, Sharru-kin considerou chão sagrado dali ao Agadé, para implantar nele o Objeto Brilhante Celestial.

Enfurecido, Marduk se equilibrou sobre a Primeira Região, com Nabu e seus seguidores chegaram ao lugar da torre.

Do chão sagrado sou o único possuidor, por mim se estabelecerá um pórtico dos deuses!

Assim, veementemente, anunciou Marduk, deu instruções a seus seguidores para que desviassem o rio.

Levantaram diques e muralhas no Lugar da Torre, construíram o Esagil, Casa para o Deus Supremo.

Babili, o Pórtico dos Deuses, chamou-a Nabu em honra a seu pai, Marduk se estabeleceu no coração do Edin, em meio da Primeira Região!

A fúria de Inanna não teve limites; com suas armas infligiu a morte aos seguidores de Marduk.

O sangue do povo, como nunca antes na Terra, corria como rios.

Até o irmão Marduk, Nergal chegou ao Babili, para lhe persuadir de que abandonasse Babili pelo bem do povo.

Esperemos pacificamente os verdadeiros sinais do céu!, disse-lhe Nergal a seu irmão.

Marduk aceitou partir, viajou de terra em terra para observar os céus, Amun, o Invisível, chamou a Ra a partir de então na Segunda Região.

Durante um tempo se aplacou Inanna, dois filhos do Sharru-kin foram seus pacíficos sucessores.

Depois, subiu ao trono do Agadé o neto do Sharru-kin; Naram-Sem, Amado por Sem, lhe chamou.

Na Primeira Região, Enlil e Ninurta estavam ausentes, tinham ido às terras de além dos oceanos; na Segunda Região, Ra não estava, viajava como Marduk por outras terras.

Inanna viu a oportunidade em suas mãos para fazer-se com todos os poderes, ordenou ao Naram-Sem que se apoderasse de todas as terras.

Deu instruções ao Naram-Sem para que partisse contra Magan e Meluhha, domínios de Marduk.

Naram-Sem cometeu o sacrilégio de cruzar a Quarta Região com um exército de Terrestres, invadiu Magan, tentou entrar no selado Ekur, Casa Que Como uma Montanha É.

Enlil se enfureceu com seus sacrilégios e suas transgressões; lançou uma maldição contra Naram-Sem e Agadé:

Naram-Sem morreu pela picada de um escorpião, por mandato de Enlil foi aniquilada Agadé.

Isto aconteceu na conta de mil e quinhentos anos da Terra.

 

Vem agora o relato da profecia de Galzu a Enlil, dada em uma visão;

tratava da supremacia de Marduk, de como escolher a um homem para sobreviver a uma calamidade.

Depois que Marduk se converteu no Amun, desintegrou-se a realeza na Segunda Região, reinaram a desordem e a confusão; depois que Agadé fora aniquilada, na Primeira Região reinaram a desordem e a confusão.

Na Primeira Região, a realeza estava sumida no desconcerto, transladavam-se das Cidades dos Deuses às Cidades do Homem, Unug-ki, Lagash, Urim e Kish, Isin e lugares mais longínquos, a realeza foi trocando.

Depois, Enlil, depois de consultar com Anu, depositou a realeza em mãos do Nannar; pela terceira vez se concedeu a realeza a Urim, em cujo lugar estou acostumado a seguir implantado o divino Objeto Brilhante Celestial.

No Urim, Nannar designou como rei a um Pastor Justo de homens, seu nome era Ur-Nammu.

Ur-Nammu estabeleceu a igualdade nas terras, fez pôr fim à violência e os conflitos, em todas as terras fluem abundante a prosperidade.

Foi naquele tempo que, durante a noite, Enlil teve uma visão:

Apareceu-lhe a imagem de um homem, era brilhante e resplandecente como os céus; aproximou-se e ficou de pé junto ao leito de Enlil, então reconheceu Enlil a Galzu, o do cabelo branco!

Sustentava na mão esquerda uma tabuleta de lápis lázuli, nela estavam desenhados os céus estrelados; os céus estavam divididos nos doze signos das constelações, Galzu os assinalava com a mão esquerda.

Galzu deixou de indicar ao Touro para assinalar ao Carneiro; três vezes repetiu o movimento.

Depois, na visão-sonho, Galzu falou e disse a Enlil:

O tempo justo da benevolência e da paz virá seguido pela maldade e o derramamento de sangue.

O Carneiro de Marduk substituirá ao Touro de Enlil em três porções celestiais, aquele que a si mesmo se declarou como Deus Supremo se apoderará da supremacia na Terra.

Por decreto do Fado, acontecerá uma calamidade como nunca ocorreu!

Como nos tempos do Dilúvio, terá que escolher a um homem justo e digno, por ele e por sua semente se preservará a Humanidade Civilizada, tal como pretende o Criador de Tudo!

Assim disse Galzu, o emissário divino, a Enlil na visão-sonho.

Quando Enlil despertou da visão-sonho noturna, não havia nenhuma tabuleta junto a seu leito.

Era um oráculo do céu, ou o imaginei tudo em meu coração? Perguntava-se Enlil a si mesmo.

Não lhe contou a visão-sonho a nenhum de seus filhos, Nannar entre eles, nem a Ninlil.

Entre os sacerdotes, no templo do Nibru-ki, Enlil inquiriu sobre sábios celestiais, ao supremo sacerdote indicou ao Tirhu, um sacerdote oracular.

Era descendente do Ibru, neto do Arbakad, pertencia à sexta geração de sacerdotes do Nibru-ki, estavam casados com as filhas reais dos reis do Urim. Vê o templo de Nannar no Urim, observa o tempo celestial nos céus: Setenta e dois anos da Terra é a soma de uma Porção Celestial, toma cuidadosa nota do passo de três delas!

Assim disse Enlil ao Tirhu, o sacerdote, fez-lhe contar o tempo profetizado. Enquanto Enlil refletia sobre a visão-sonho e seus portentos, Marduk ia de terra em terra.

Às pessoas ia falando de sua supremacia, ganhar seguidores era seu objetivo.

Nas terras do Mar Superior e nas terras da fronteira do Ki-Engi, Nabu, o filho de Marduk, ia incitando ao povo; seu plano era apoderar-se da Quarta Região.

Houve enfrentamentos entre os habitantes do oeste e os habitantes do este, os reis formaram hostes de guerreiros, as caravanas deixaram de andar, se levantaram as muralhas nas cidades. Está ocorrendo o que Galzu predisse! Disse Enlil a si mesmo.

Enlil pôs seu olhar sobre o Tirhu e seus filhos, descendentes de digna linhagem: Este é o homem a escolher, o que indicara Galzu!, disse Enlil a si mesmo. A Nannar, sem lhe revelar a visão-sonho, disse-lhe Enlil: Na terra entre os rios, de onde veio Arbakad, há uma cidade como Urim, será para ti e para o Ningal uma morada longe do Urim. Em sua metade, erige um santuário-templo, e ponha a seu cargo ao Príncipe-Sacerdote Tirhu! Atendendo à palavra de seu pai, Nannar fundou a cidade do Jarán na terra do Arbakad. Para que fora supremo sacerdote em seu santuário-templo enviou ao Tirhu, e a sua família com ele; quando se completaram duas porções celestiais das três profetizadas, Tirhu foi ao Jarán.

Naquele tempo, Ur-Nammu, a Alegria do Urim, caiu de seu carro e morreu nas terras ocidentais.

Seu filho Shulgi lhe sucedeu no trono do Urim; Shulgi estava cheio de baixeza e de ânsia de batalhas.

No Nibru-ki, ele mesmo se ungiu supremo sacerdote, no Unug-ki procurou os gozos da vulva de Inanna; incluiu em seu exército a guerreiros das terras montanhosas, que não serviam a Nannar, com sua ajuda, invadiu as terras ocidentais e ignorou a santidade do Centro de Controle de Missões.

Na sagrada Quarta Região pôs seu pé, Rei das Quatro Regiões se declarou a si mesmo.

Enlil se enfureceu pelas profanações, Enki e Enlil falaram sobre as invasões.

Os soberanos de sua região ultrapassaram todos os limites!, disse-lhe com rispidez Enki a Enlil.

Marduk é a fonte de todos os problemas!, replicou Enlil.

Guardando para si ainda a visão-sonho, Enlil voltou sua atenção sobre o Tirhu.

Enlil tinha posto o olhar sobre o Ibru-Um, o filho maior do Tirhu.

Ibruum era de ascendência principesca e valente, e estava familiarizado com os segredos sacerdotais.

Enlil mandou Ibruum proteger os lugares sagrados e permitir as ascensões e descidas dos carros.

Logo que Ibruum partiu do Jarán chegou Marduk a essa cidade; ele também tinha observado as profanações, considerava-as como as dores de parto de uma Nova Ordem.

Desde o Jarán, nas soleiras do Shumer, planejou seu golpe final, desde Jarán, situada ao fio dos domínios do Ishkur, dirigiu o levantamento dos exércitos.

Depois de passar vinte e quatro anos terrestres de estadia no Jarán, Marduk, com lágrimas nos olhos, fez uma chamada ao resto dos deuses, fossem quais fossem seus ascendentes.

Confessando suas transgressões, mas insistindo em seu senhorio, lhes disse assim:

OH deuses do Jarán, OH grandes deuses que julgam, conheçam meus segredos!

Enquanto me rodeio a bandagem, recordo minhas memórias:

Eu sou o divino Marduk, um grande deus, em meus domínios sou conhecido como Ra. Por meus pecados fui ao exílio, às montanhas fui, por muitas terras perambulei, desde onde o sol se eleva até onde o sol fica fui, até a terra do Ishkur cheguei. No meio de Jarán aninhei durante vinte e quatro anos, em seu templo procurei um augúrio.

Até quando? Pedi um augúrio no templo a respeito de meu senhorio. Seus dias de exílio terminaram! Dirijo-me ao oráculo no templo. OH grandes deuses que determinam os fados, deixem que me encaminhe a minha cidade, que estabeleça em meu templo Esagil uma morada imperecível, que instale um rei no Babili; que se reúnam em minha casa todos os deuses Anunnaki, aceitem minha aliança!

Assim anunciou Marduk sua chegada aos outros deuses, confessando e apelando. Os deuses Anunnaki se inquietaram e se alarmaram ante a chamada da submissão feita pelo Marduk.

Enlil convocou a todos a uma grande assembléia para tomar conselho. Todos os líderes Anunnaki se reuniram em Nibru-ki; também foram Enki e os irmãos de Marduk.

Todos estavam inquietos pelos acontecimentos, todos se opunham a Marduk e a Nabu. No conselho dos grandes deuses, as acusações se desenfrearam, as recriminações enchiam a câmara. Ninguém pode impedir o que se aproxima; aceitemos a supremacia de Marduk!, unicamente Enki aconselhou. Se se aproximar o tempo do Carneiro, prevemos a Marduk do Enlace Céu-Terra! Propôs Enlil irado.

Todos, salvo Enki, concordaram em arrasar o Lugar dos Carros Celestiais; Nergal sugeriu para isso utilizar as Armas de Terror; só Enki se opôs: Da decisão, a Terra pronunciou as palavras a Anu; Anu repetiu as palavras à Terra. O que estava destinado a ser, fracassará por sua decisão de desfazer!

Assim falou Enki enquanto partia.

Para levar a cabo a maldade escolheu-se a Ninurta e ao Nergal.

 

Vem agora o relato de como o Fado ou Destino levou, como passo a passo, algum dado em tempos já esquecidos, a que acontecesse a Grande Calamidade!

Fique agora registrado e recordado para sempre:

Quando se tomou a decisão de usar as Armas de Terror, Enlil guardava dois segredos para si:

A ninguém, antes que se tomasse a terrível decisão, revelou-lhe Enlil o segredo da visão-sonho do Galzu; a ninguém, até que se tomou a fatídica decisão, tinha-lhe revelado Enlil seu conhecimento do lugar onde se ocultava o terror!

Quando, a despeito de todo os protestos, o conselho permitiu o uso das Armas do Terror, quando Enki, zangado e muito turbado abandonou a câmara do conselho, Enki sorria em seu coração: Só ele sabia onde estavam ocultas as armas! Assim acreditava Enki.

Pois foi ele, antes que Enlil chegasse à Terra, que ocultou as armas, junto com o Abgal, em um lugar desconhecido.

Enki não sabia que Abgal contou o lugar a Enlil durante seu exílio!

Quando Enki se inteirou deste segundo segredo, deu refúgio em seu coração a um desejo:

Que, depois de tão larga estadia, o terror das armas se evaporou!

Pouco esperava Enki que tão larga estadia ia provocar uma calamidade como nunca antes se havia conhecido na Terra.

E assim foi que, sem necessidade de Enki, Enlil revelou aos dois heróis o lugar da ocultação:

As sete Armas de Terror moram em uma montanha!, disse-lhes Enlil.

Moram no interior de uma cavidade da terra, requer-se as revestir com o terror!

Depois, Enlil lhes revelou o segredo de como despertar às armas de seu profundo sonho.

Antes que os dois filhos, um de Enlil, um de Enki, partissem para o lugar oculto, Enlil lhes deu palavras de advertência: antes que se usem as armas, o lugar dos carros deve estar vazio de Anunnaki; as cidades devem ser perdoadas, as pessoas não devem perecer!

Em sua nave celeste, Nergal se dirigiu ao lugar oculto, Ninurta se atrasou por causa de seu pai.

Enlil desejava lhe dizer uma palavra a seu filho a sós, lhe revelar a ele sozinho um segredo: falou com Ninurta da profecia de Galzu e da eleição do Ibruum.

Nergal é irrefletido, te assegure de que as cidades são perdoadas, terá que advertir ao Ibruum!, disse-lhe Enlil a Ninurta.

Quando Ninurta chegou ao lugar das armas, Nergal já as tinha tirado da cavidade, enquanto despertava seu ME do comprido sonho, Nergal deu um nome de trabalho a cada uma das sete: à primeira arma a chamou A Que Não Tem Rival; à segunda, chama-a Ardorosa; à terceira a chamou A Que Desmorona com Terror; Fundidora de Montanhas chamou à quarta; Vento Que Busca os Limites do Mundo chamou à quinta; A Que Acima e Abaixo a Ninguém Perdoa foi a sexta; a sétima se encheu com um monstruoso veneno, chamou-a Vaporizadora do Vivente.

Com a bênção do Anu lhes deram as sete a Nergal e a Ninurta, para com elas causar a destruição.

Quando Ninurta chegou ao lugar das Armas de Terror, Nergal estava disposto para destruir e aniquilar.

Eu matarei ao filho, eu aniquilarei ao pai!, gritava Nergal com ares de vingança.

As terras que cobiçam se desvanecerão, destruirei as cidades pecadoras!

Valente Nergal, destruirá ao justo com o injusto?, perguntou-lhe Ninurta a seu camarada.

As instruções de Enlil são claras! Eu levarei o rumo aos objetivos selecionados, você me seguirás detrás!

A decisão dos Anunnaki me é conhecida!, disse Nergal a Ninurta. Ambos esperaram o sinal de Enlil durante sete dias e sete noites.

Tal como era sua intenção, quando terminou sua espera, Marduk voltou para Babili, em presença de seus seguidores, providos com armas, declarou sua supremacia; a conta de anos terrestres era então de mil setecentos e trinta e seis. Naquele dia, naquele fatídico dia, Enlil enviou o sinal a Ninurta; Ninurta partiu para Monte Mashu, depois dele ia Nergal.

O Monte e a planície, no coração da Quarta Região, inspecionou Ninurta dos céus.

Com o coração encolhido, fez um sinal a Nergal: Fique aí!, assinalou-lhe.

Então, Ninurta soltou dos céus a primeira arma de terror; com um resplendor, o topo do Monte Mashu se rachou, as vísceras do monte se fundiram em um instante.

Sobre o Lugar dos Carros Celestiais liberou a segunda arma, com o resplendor de sete sóis, as rochas da planície se converteram em uma ferida chorreante, a Terra se sacudiu e se desmoronou, os céus se obscureceram depois do resplendor; a planície dos carros se cobriu de pedras queimadas e trituradas, de todos os bosques que tinham rodeado a planície, só três troncos ficaram em pé.

Feito!, exclamou Ninurta da nave celeste, seu Divino Pássaro Negro.

Do controle que Marduk e Nabu tanto cobiçavam lhes privou para sempre!

Então, Nergal desejou emular a Ninurta, seu coração lhe urgia a ser Erra, o Aniquilador; seguindo o Meio-fio do Rei, voou até o verde vale das cinco cidades.

Nergal planejava esmagar o verde vale onde Nabu estava convertendo às pessoas, esmagá-lo como um pássaro enjaulado!

Sobre as cinco cidades, uma atrás de outra, Erra enviou uma arma de terror dos céus, destruiu por completo as cinco cidades do vale, converteram-se em desolação.

Com fogo e enxofre foram arrasadas, tudo o que ali vivia se converteu em vapor.

Com tão terríveis armas, as montanhas se vieram abaixo, a barreira que continha as águas do mar se partiu, as água do mar se derramaram no vale, o vale ficou alagado pelas águas; quando as águas se derramaram sobre as cinzas das cidades, elevou-se o vapor para os céus.

Feito!, gritou Erra em sua nave celeste. No coração do Nergal já não havia vingança.

Inspecionando sua maligna obra, os dois heróis ficaram confundidos com o que viram: os resplendores foram seguidos pelo obscurecimento dos céus, depois ficou a sopro a tormenta.

Formando redemoinhos dentro de uma escura nuvem, um Vento Maligno levava a penumbra dos céus, com o transcurso do dia, o Sol desapareceu sobre o horizonte com a escuridão, com a noite, um pavoroso resplendor desenhava suas bordas, fez desaparecer à Lua quando saía.

Quando chegou o amanhecer do dia seguinte, do oeste, do Mar Superior, ficou a sopro um vento de tormenta, a nuvem marrom escura se dirigiu para o este, para as terras habitadas se estendeu a nuvem; ali aonde chegava, trazia sem misericórdia a morte a tudo o que vive; do Vale de Sem, sem compaixão, engendrada pelos resplendores, a morte foi transportada para o Sumer. Ninurta e Nergal deram a voz de alarme a Enlil e Enki: Implacável, o Vento Maligno leva a morte a todos! Enlil e Enki transmitiram o alarme aos deuses do Sumer: Escapem!

Escapem!, gritaram a todos. Que se disperse o povo! Que o povo se oculte! Os deuses fugiram de suas cidades, como pássaros assustados escaparam de seus ninhos.

Os habitantes das terras caíram sob as garras do Vento Maligno; inútil foi sua carreira.

Sigilosa era a morte, atravessava os muros mais grossos como as águas de uma inundação, não havia porta que pudesse lhe deixar fora, nem ferrolho que pudesse lhe impedir o passo.

Aqueles que, detrás de portas fechadas, ocultaram-se dentro de suas casas, como moscas caíram, aqueles que fugiram às ruas, nas ruas amontoaram seus cadáveres.

Os peitos cheios de cuspes e escarros, as bocas transbordantes de saliva e espuma; quando o Vento Maligno apanhava às pessoas sem ser visto, suas bocas se empapavam em sangue.

Lentamente soprou o Vento Maligno sobre as terras, cruzou do oeste a este sobre planícies e montanhas; tudo o que vivia, depois dele ficava morto e moribundo, a gente e o gado pereciam por igual.

As águas se envenenaram, nos campos se murchou toda vegetação.

Desde o Eridú no sul até o Sippar no norte, o Vento Maligno arrasou o país.

Babili, onde Marduk tinha declarado a supremacia, livrou-se do Vento Maligno.

 

Sinopse da Décima-quarta Tabuleta

Babili, o centro eleito por Marduk, sobrevive à calamidade.

Enki o vê como um augúrio da inevitável supremacia de Marduk. 

Enlil reflete sobre o passado, o Fado e o Destino.

Aceita a supremacia de Marduk, retira-se a terras distantes. 

Os irmãos se despedem emocionalmente. 

Enki vê o Passado como uma guia para predizer o Futuro. 

Decide tomar nota de tudo para a posteridade. 

Convocou o escriba Endubsar. 

Representação babilônica de um resplandecente.

 

DÉCIMA-QUARTA TABULETA

MARDUK

Babili, onde Marduk tinha declarado a supremacia, livrou-se do Vento Maligno.

Todas as terras ao sul de Babili foram devoradas pelo Vento Maligno, também alcançou ao coração da Segunda Região.

Depois da Grande Calamidade, Enlil e Enki se encontraram para estudar o desastre, Enki fez considerar a Enlil o livramento de Babili como um augúrio divino.

O livramento de Babili confirma que Marduk foi destinado para a supremacia! Assim disse Enki a Enlil.

Deve ter sido a vontade do Criador de Tudo!, disse Enlil a Enki. Então, Enlil lhe revelou a visão-sonho e a profecia de Galzu.

Se foi conhecedor disso, por que não impediu o uso das Armas de Terror?, perguntou-lhe Enki.

Irmão meu!, disse Enlil a Enki com uma voz afligida. Era evidente o motivo.

Depois de sua chegada à Terra, cada vez que a missão se via com obstáculos, encontrávamos uma forma de evitar o obstáculo; daí, a criação dos Terrestres, a grande solução foi também uma fonte de milhares de giros e voltas não desejados.

Quando chegou a compreender os ciclos celestes e atribuiu constelações, quem tivesse previsto nelas as mãos do Destino?

Quem teria podido distinguir entre os fados que escolhemos e o inquebrável destino?

Quem proclamava falsos augúrios e quem podia pronunciar profecias verdadeiras?

Daí que decidi guardar para mim mesmo as palavras de Galzu. Era de verdade o emissário do Criador de Tudo, ou era minha alucinação? O que tenha que acontecer, aconteça!, disse-me mesmo. Enki escutava as palavras de seu irmão, enquanto balançava com a cabeça para cima e para baixo. A Primeira Região está desolada, a Segunda Região está sumida na confusão, a Terceira Região está ferida, o Lugar dos Carros Celestiais já não existe; isso é o que aconteceu!, disse Enki a Enlil. Se era essa a vontade do Criador de Tudo, isso é o que ficou de nossa Missão na Terra! As sementes se semearam com as ambições de Marduk, o que sairá disso será para que ele o colha!

Assim lhe disse Enlil a seu irmão Enki, então aceitou o triunfo do Marduk. Que a fila de cinqüenta, que teria passado para Ninurta, seja-lhe dado em seu lugar a Marduk!

Que Marduk declare sua supremacia sobre a desolação nas Regiões! Quanto a mim e a Ninurta, não vamos nos interpor mais em seu caminho. Partiremos para as Terras de além dos Oceanos, pelo que viemos, levaremos a término a missão de obter ouro para o Nibiru! Assim disse Enlil a Enki; havia abatimento en suas palavras. Teriam sido diferentes as coisas se não se usassem as Armas de Terror? Questionou Enki a seu irmão.

E se não tivéssemos escutado as palavras de Galzu para que não voltássemos para o Nibiru?, replicou Enlil.

E se tivéssemos detido a Missão Terra quando os Anunnaki se amotinaram? Eu fiz o que fiz. Você mantém o que fez. Não se pode retroceder ao passado!

Acaso não há nisso também uma lição? Perguntou Enki para ambos.

Acaso o que ocorreu na Terra não é um reflexo do que teve lugar em Nibiru?

Acaso não está escrito no Passado o esboço do Futuro?

Repetirá a Humanidade, criada a nossa imagem, nossos êxitos e fracassos?

Enlil guardou silêncio. Quando ficou em pé para partir, Enki lhe estendeu o braço.

Estreitemos os braços como irmãos, como camaradas que, juntos, enfrentaram-se a muitos desafios em um planeta estranho!

Assim lhe disse Enki a seu irmão.

E Enlil, agarrando o braço de seu irmão, abraçou-o também.

Voltaremos a nos encontrar na Terra ou em Nibiru? Perguntou Enki.

Estaria certo Galzu de que morreríamos se voltávamos para o Nibiru? Respondeu Enlil. Logo, voltou-se e se foi.

Enki ficou sozinho; acompanhado tão somente pelos pensamentos de seu coração.

Sentou-se e refletiu sobre como tinha começado tudo e como tinha terminado.

Estava tudo destinado, ou foi o fado forjado por esta ou aquela decisão? Se Céu e Terra estavam regulados por ciclos dentro de ciclos, voltará a ocorrer o que aconteceu? Acaso o Passado é o Futuro? Imitarão os Terrestres aos Anunnaki, reviverá a Terra o que viveu Nibiru? O primeiro a chegar será o último a partir? Assediado por seus pensamentos, Enki tomou uma decisão:

De todos os acontecimentos e decisões, começando desde o Nibiru até este dia na Terra, tomará nota, para que seja um guia para gerações futuras.

Que a posteridade, no tempo que designe o destino, leia o registro, recorde o Passado, compreenda o Futuro como profecia, que o Futuro seja o juiz do Passado!

Estas são as palavras de Enki, Primogênito de Anu de Nibiru.

 

Décima-quarta tabuleta

As Palavras do senhor Enki.

 

Escritas da boca do grande senhor Enki, nenhuma palavra perdida, nenhuma palavra escondida, pelo escriba mestre Endubsar, um homem de Eridú, filho de Udbar.

Pelo senhor Enki, com larga vida fui agraciado.

 

 

                                                                  Zecharia Sitchin

 

 

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