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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


SANTA CLAUS / Barbara Biazioli
SANTA CLAUS / Barbara Biazioli

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Series & Trilogias Literarias

 

 

 

 

 

 

Bato com a caneta sobre a mesa do escritório, tento analisar o projeto que acabo de receber por e-mail. É o tipo de trabalho que gosto de fazer, onde posso deixar minha imaginação fluir, sem regras e normas, apenas o delicioso e libertino espaço da arquitetura.
Vou precisar de espaço para a área do jardim, penso comigo, e alcanço uma folha em branco. Faço um esboço e já imagino o espaço pronto. É como a dança, quando se monta uma coreografia, tudo se encaixa em seu devido ritmo.
Escuto a porta se abrindo e eu sei que é ele, meu Evan. Conheço o barulho das suas chaves, conheço quase tudo sobre ele. Sei quando seu humor está perfeito ou quando alguém conseguiu atrapalhar o seu dia. Hoje me sinto sozinha, as crianças estão na casa de Rose e John, possivelmente dormirão por lá.
Mas esse barulho eu não conheço; esse de suas chaves sendo despejadas sobre o aparador ao lado da escada, sinto que seu humor está severamente modificado e Evan entra no escritório e me olha como se lá fora o mundo estivesse sendo engolido por alguma desordem inevitável.
Ele puxa a gravata com pouca paciência e a deixa frouxa em seu pescoço, ele retira o paletó e o joga sobre o divã e se aproxima de mim, dá a volta na mesa e me encara por alguns instantes antes de se inclinar. Sela meus lábios demoradamente e eu abro meus olhos, e seus olhos estão em mim, sobre os meus e, apesar de nos encontrarmos infinitamente assim, nesse momento me sinto sem nenhuma direção.
Ele se levanta e coloca as mãos na cintura, sinto um tornado ao nosso redor. Estou com receio de perguntar, tenho receio pela resposta. Me levantei e ajeitei minha blusa branca e longa. O frio exige isso.
Quando olhei nos olhos de Evan, enxerguei uma sombra antiga, empoeirada e alguns sabores retornaram em mim. Todos eram amargos e sem esperança, eram sabores de dor, de um passado que guardo de forma diferente.
Ele abaixou a cabeça e em seguida a levantou e deixou seus olhos sobre os livros postos na estante do escritório. Ele ficou sobre a mitologia grega alguns instantes e eu fiquei perdida dentro desse tempo longe dos seus olhos. A sombra de seu olhar denunciava alguma catástrofe, avisava que o mar estava revolto e que antigas ondas escuras poderiam voltar a nos atingir. É isso que sinto nesse momento, sinto que algo não está sob o controle que deveria estar, sinto que não posso fazer absolutamente nada.
- O que tem para me dizer é grave? - perguntei e me aproximei dele e instintivamente ele me abraçou e colocou seu rosto em meu pescoço. Sinto seu inalar profundo, buscando oxigênio para seus pulmões e para o seu cérebro. Ele me aperta contra seu corpo e não sei o que está por vir, não sei se quero saber, não sei se quero um mundo diferente do que estou vivendo. Não estou preparada.
- Sra. Maccouant, boa tarde, desculpe a intromissão - Gunter entra no escritório e seus olhos estão com o mesmo tom dos olhos de Evan e tudo fica ainda pior. Evan se distancia e dá alguns passos de um lado e depois para o outro. - Sr, tudo foi providenciado conforme suas ordens.
- Obrigado, Gunter - Gunter sai e Evan me olha, e tenho receio do que ele está ensaiando. Não gosto desse clima que está entre nós, como se eu fosse descobrir algo desagradável.
-Victoria - Evan diz e respira fundo - Não pense que dizer isso é algo que eu queira fazer, mas eu preciso - Evan alcança a minha mão e me leva para junto dele.
O Natal é em poucos dias, e eu desconfio que meu presente não é exatamente o que eu esperava. -Vem comigo, vamos conversar.

 


 


Capítulo 1
Evan
Aprendemos algumas orações quando somos crianças, aquelas antes de cada refeição, ou antes de dormir.
Lembro-me quando minha mãe disse: Temos que ser gratos! Ela disse com tanta ternura, com tanta vontade que eu fosse um homem que pudesse entender esse tipo de gratidão,
que na época, eu com meus sete ou oito anos, agradecia todos ao meu redor.
Mas o tempo passa e a correria incabível do nosso dia-a-dia, nos deixa menos gratos ou com menos tempo de agradecer. Isso é realmente incabível.
Olho para minha vida, para tudo que consegui, deveria ser grato mais vezes ao dia. Tenho um pai que me apoiou independente do tamanho da loucura que eu pretendesse
fazer; uma mãe que me ama incondicionalmente e me salvaria de qualquer problema, ela sempre me salvou. Mães têm esse dom de estar onde mais precisamos, parece que
elas têm um super poder que revela a enrascada em que nós nos metemos.
Consegui, mesmo que patrocinado pelo meu pai no início, alcançar um grau satisfatório em minha vida profissional, eu deveria ser grato por ter tido essa oportunidade
e eu sou.
Ao meu lado repousa a mulher da minha vida, a mulher livre de preconceitos e que me aceitou cheio de falhas. Falhas que eu mesmo achei que minha fortuna precoce
fosse disfarçar ou eliminá-las. Enganei-me. Meu dinheiro me levou para um mundo paralelo, onde eu me escondia e brincava de gangster.
Ela é toda linda, toda cheia de manias chatas e bem-vindas em minha vida, porque mesmo possuindo defeitos, meus olhos sobre ela veem apenas o bem que ela me faz
e meu coração fica feliz em se apaixonar por ela. Porque eu me apaixono por ela todas as manhãs, quando ela desfila nua até o banheiro e mexe no meu pé. Me apaixono
por ela no fim do dia quando eu a olho debruçada sobre sua prancheta, desenhando e fazendo uma das coisas que ela mais ama. A carreira dela vai de vento em polpa
e tenho muito orgulho do que ela faz. Mal terminou a faculdade - depois de ter mostrado um talento absurdo para o que faz e ter conseguido puxar matérias, adiantando
o curso e terminando-o antes do prazo -, seu escritório já era listado como um dos mais requisitados. Claro que meu sobrenome deu uma pequena ajuda, quando seu nome
foi citado numa das revistas de arquitetura mais proeminentes, mas a verdade é que ela tem muito talento porque coloca paixão em tudo que faz, seja na ponta do lápis
ou na ponta dos pés.
Se ela soubesse o quanto sou grato por ela estar comigo... Não é apenas uma questão de aceitar, ela compreende, ela entende e por mais que tenha suas inquietudes
irritantes do universo feminino, ela é tudo que preciso.
Ah... se ela soubesse que olhar para ela agora, assim, deitada de bruços, nua e triunfante, me faz um feliz perdedor. Sou derrotado por ela todas as manhãs e todos
os finais de tarde e eu sou grato por isso. O sol surge discretamente através dos respiros da porta da varanda e tudo fica ainda mais iluminado.
Coloco seu cabelo para trás e assim que posso ver seu rosto tudo é novo, é como se fosse a primeira vez. Céus! Ela estava bêbada e tudo por minha culpa. Confesso
que naquela noite, remover seu vestido foi quase um teste. Seu corpo se mostrou perfeito diante de mim, apenas pintas lindas, alaranjadas, e um par de seios perfeitos.
Linda Victoria, e obviamente você seria minha, independente do planeta que eu precisasse tirar do lugar. Mas quem tirou foi ela, tão simples, tão humana. Tenho motivos
de sobra para agradecer a cada minuto; tenho uma mulher que me ama, ama de verdade e eu sei que falho ao tentar comparar o que sinto por ela e o que ela sente por
mim. Sempre tenho a sensação de que eu a amo, por nós dois.
-Você sabia que é indelicado encarar as pessoas? - ela diz com voz rouca de sono e ainda com os olhos fechados. Deus! Ela é tudo para mim. Me deito de lado e me
apoio em meu braço e deslizo minha mão sobre suas costas. Tiro o lençol e vejo seu corpo, todo nu e perfeito, tudo me pertence, mais do que ela possa imaginar.
- Indelicado é você fazer isso comigo - falo e me aproximo de sua testa, beijo entre as suas sobrancelhas e me afasto. Ela abre os olhos vagarosamente e o azul que
eleva tudo que sinto por ela me atinge, impetuosamente.
- Posso saber o que eu faço com você? - ela pergunta e se levanta, apoiando o corpo em seus braços, formando uma curva sedutora em suas costas. Tudo nela é sedutor,
é atraente e avassalador.
Eu olho em seus olhos e percorro lentamente seu corpo com meu olhar e volto para seu rosto, que mesmo com sinais de sono é lindo e revigorante.
- Posso lhe mostrar o que faz comigo - disparo com péssimas intenções e ela sorri, melhor sorriso do mundo. Percebo que ela se movimenta e leva sua mão até o meu
corpo e me agarra, coloca ao meu redor seus dedos e percebe o quanto estou duro, o quanto a quero.
- E eu vou ter que implorar por isso? - ela desafia e eu sorrio.
- Eu devo deixar que implore? - pergunto e ela começa um movimento de ir e vir, alimentando a ereção matinal que agora pulsa com mais vigor.
-Você deixaria? - Ela pisca um dos olhos e isso me revira e mesmo tendo feito amor com ela na noite passada, é como se há muito tempo não fizesse.
Levo minha mão até o seu sexo e remexo em seu ponto sensível, ela solta um gemido gostoso e isso me excita ainda mais e em um nano segundo a viro e fico sobre ela.
- Sim, eu deixaria você implorar, mas não hoje, não agora - Roço meu membro em seu sexo e ela tira os travesseiros que estão ao seu redor. Agora é apenas ela, eu
sobre ela e dentro dela, indo e vindo e tudo é perfeito, ela é perfeita para mim.
Fazer amor com Victoria é a melhor coisa do mundo porque ela me deu tudo, tudo que era único, tudo pertence a mim. Algo feito sob encomenda que nunca ninguém antes
tocou e eu sou grato por isso.
Entro e saio, devagar, sentindo-a, deslizando para dentro dela e saindo, tão devagar quanto entrei. Gosto de ver seu corpo se remexendo, gosto de senti-la assim,
molhada, intensa e gemendo.
Ela coloca suas mãos sobre meu traseiro, pedindo por mais força e eu concedo. Faço e ela geme e tudo explode em escalas dentro de mim. Meu amor aumenta, meu tesão
aumenta e ela me agarra com suas pernas e tudo é uma questão de controle que eu não consigo ter nesse momento.
- Goze comigo! - peço porque não sei mais como segurar, ela é minha necessidade, e talvez nem saiba disso.
- Evan! - ela sussurra quase gemendo e eu não resisto. Ela geme ainda mais e eu sei que ela está gozando, eu a conheço, conheço cada parte do seu corpo. Ela foi
um estudo que adorei fazer, e até hoje descubro coisas novas sobre essa mulher.
Ela leva seus olhos até os meus e sorri. Sim, meu amor, eu também gozei, porque fazer amor com você é isso, é tentar se superar e confesso muitas vezes não resistir
ao seu gemido e ao seu corpo molhado e tão receptivo.
Encosto minha testa na dela e fico por alguns segundos recobrando pequena parte da energia e de repente escuto um barulho na maçaneta e num impulso saio de Victoria
e a porta se abre de uma única vez. Puxo o lençol rapidamente e nos cobrimos.
- É hoje! - Romeo invade o quarto eufórico, segurando um boneco do Homem de Ferro e dispara. Foi por muito pouco que ele não nos flagra. Droga! Esqueci de trancar
a porta. Vejo Cora entrando logo em seguida com uma princesa de vestido amarelo nas mãos. - É hoje! - Romeo repete e sobe na cama junto com Cora.
-Vamos! - Cora diz. - É hoje! - ela repete o irmão e eu ainda tento acalmar meu coração que disparou com o susto de quase ser flagrado.
Toda essa empolgação é por conta de uma árvore de Natal, desta vez, uma árvore de verdade e não artificial.
- Está muito cedo, meus amores. -Victoria diz e Romeo está de pé em cima da cama mexendo os braços do Tony Stark.
- Não, mamãe! - Cora diz e se deita entre nós, mesmo não cabendo, mas ela é assim, toda cheia de charme e consegue o que quer. - Olha lá! - Ela aponta o dedinho
para a porta da varanda mostrando que o dia já está claro. - O sol já chegou! - Ela se aconchega entre meu braço e meu peito. Ela está de barriga para cima e remexe
na princesa que eu não sei realmente qual seja.
- Pelo visto faz tempo que vocês acordaram. - falo e Romeo sorri.
- Acordei e fui no quarto da Cora, ainda estava escuro e o Homem de Ferro me ajudou. - Ele liga o boneco que tem uma luz azul no peito.
- Ele me acordou, papai. - Cora diz e boceja.
- Tudo bem, então vamos tomar café da manhã primeiro. -Victoria diz e Romeo desce da cama.
- Então vamos. - ele diz chamando nós dois. Não podemos simplesmente sair nus, na frente das crianças, eles já viram nós dois sem roupa, mas isoladamente, e eu evito
esse tipo de situação com Cora.
-Vamos, mas antes eu preciso de um grande favor de vocês, pode ser? - pergunto.
- Sim! - Cora diz, se levanta e sai da cama, ficando ao lado de Romeo.
- Okay, vocês dois terão que arrumar a mesa do café da manhã, tudo bem? - pergunto e eles acenam que sim. - Então prestem atenção, não desçam as escadas correndo,
e um tem que ajudar o outro, tudo bem? - pergunto novamente e eu sei que tudo que eles estão pensando é na bendita árvore de Natal. - Então vão, sem correr. - falo
e eles saem devagar, mas escuto os pezinhos descendo as escadas apressadamente.
- Evan, cruel, são oito horas e Maria já arrumou a mesa do café. - Victoria adverte e eu sorrio para ela.
- Eu sei, mas eu precisava que eles saíssem. - Jogo a cabeça me referindo à nossa situação e ela sorriu negando com a cabeça. - Foi por muito pouco. - disparei e
saí da cama.
- A partir de hoje eu confiro para ver se a porta está devidamente trancada, Sr Maccouant. - ela diz assim que passa por trás de mim enquanto lavo meu rosto e me
dá um tapa no traseiro.
- Ei. - a advirto.
- Não esqueça a porta destrancada nunca mais. - Ela brinca e vai para o box.
- Este ano teremos uma árvore de Natal maior, Cora! - Escuto Romeo conversar com Cora. Eles estão sentados na escada em forma de arco. A neve transforma a paisagem
e os deixam assim, discutindo situações dentro de casa. Eles insistiram para ir brincar lá fora, mas os convencemos que ficar doente nessa época poderia atrapalhar
os planos do Papai Noel.
- Claro, né, Romeo! - Cora concorda lindamente. Ela está com seus cabelos soltos e sobre o casaco rosa e o jeans que ela veste, está o poncho que Maria fez e que
ela insiste em chamar de cobertor com buraco no meio. Ela irradia uma espécie de feitiço sobre as pessoas que a olham. Ela é a minha perfeitinha de narizinho arrebitado
que imita os passos da mãe na sala espelhada. Tenho vontade de trancá-la em um lugar e protegê-la desse mundo, mas com certeza apareceria alguém que a salvaria da
minha proteção e eu passaria de pai a carrasco em menos de dez minutos.
- Tomara que venha com esquilos! - Romeo que pula entre o primeiro e o segundo degraus confessa sua vontade para Cora. Ele parece não sentir frio e usa seu habitual
macacão jeans e uma camisa branca; está de meias, uma de cada cor e isso deixa Victoria um pouco irritada às vezes. Ela tenta entender o motivo pelo qual ele não
usa meias da mesma cor, mas ele já explicou, ele acha chato ter cores iguais em seus pés quando ele os balança ao estar sentado.
Romeo é galanteador, consegue de Maria tudo e mais um pouco. Há alguns dias, entrei na cozinha e observei uma cena que quase sempre se repete, mas resolvi registrar.
Cora e Romeo sentados sobre a ilha da cozinha enquanto esperavam Maria fazer um bolo de chocolate, existia mais farinha nos dois do que na receita.
Quase sempre é assim; sempre tem Maria ao redor dos meus filhos, assim como ela esteve ao meu redor. Escuto Vick chamando por Romeo, ela quer que ele troque de roupa.
Ele protesta, mas Vick se apoia no parapeito do mezanino com um troca de roupas na mão e dispara: - Romeo, suba agora, ou então ficaremos sem uma árvore de Natal.
- ela diz séria e linda. Eu a olho como se fosse a primeira vez, sempre que a observo caminhar pela casa é como se fosse a primeira vez.
- Mãe! As meias! - Romeo esbraveja.
- O que tem as meias, Romeo? - Ela segura um par de meias verdes e mostra para ele.
- São iguais, oras! - Ele cruza os braços e sobe os degraus, indo em direção ao seu quarto. Antes era a academia que foi levada para a área próxima à casa da piscina.
Por fim ele se trocou depois de tanto resmungar, colocou um casaco verde escuro sobre a calça jeans, um gorro marrom e verde que cobriu suas orelhas, e nos pés,
uma meia vermelha e a outra verde. Ele venceu novamente, ele detém um poder sobre pequenas coisas.
Cora sobe os degraus e caminha em minha direção. Ela tem olhos lindos, um castanho claro esverdeado, o cabelo liso, castanho claro e uma boca carnuda. Ela tem encantamento,
é feminina e ama tons de rosa e esse mundo incompreensível de princesas e fadas. Ela consegue de mim coisas que fazem Victoria se revirar, mas eu faço. Semana passada
eu fiquei de guarda no closet de seu quarto; segundo ela, um monstro queria roubar o castelo de uma de suas princesas.
Claro que parecia algo simples, mas quando Vick entrou no quarto de Cora e me viu com uma panela na cabeça e uma colher de pau na mão, ela não entendeu, mas Cora
explicou que era para me proteger do monstro e naquela noite eu esperei Cora dormir e voltei para o meu quarto.
Victoria aplicou um sermão do tipo isso não pode se tornar frequente! Mas foi a primeira vez e a última, afinal, na manhã seguinte, enquanto Cora estava na aula
de balé, eu pedi para Gunter arrumar uma caixa grande de madeira, coloquei uma corrente e um cadeado lacrando a caixa. Em um dos lados coloquei um papel, nele estava
escrito: “Devolver o monstro”, e deixei a caixa no jardim. Victoria não entendeu nada, até que tudo estivesse pronto.
Quando Cora chegou, eu a chamei e ela correu para o meu colo. Expliquei que foi muito difícil capturar o monstro e que o ‘capacete’ de ontem me protegeu e que a
‘espada’ ajudou, mas que o monstro agora iria voltar para casa dele e que ele nem era tão mau assim, ele queria apenas brincar.
Cora sorriu ao olhar para a imensa caixa e disparou: “Você é o príncipe das minhas princesas!” Victoria sorriu e mais à noite me lembrou disso com uma cena linda
de ciúmes das princesas de Cora.
-Vamos? -Victoria me desperta enquanto estou com Cora em meu colo, ela revira meu cabelo e eu sou completamente apaixonado por ela, por elas.
-Vamos - Retorno e beijo Vick no rosto.
- Papai beijou a mamãe! - Romeu fala com um boneco do Hulk na mão, fazendo cara de nojo e solta um argh! Romeo é uma criança comum, mas apresenta uma inteligência
que surpreende. Ele cria o próprio universo e o desfaz em questão de minutos. Ele é habilidoso com números, e isso encanta Victoria. Mas claro que, como ele é precoce
para sua idade, se encontra naquela fase de meninos contra meninas. Aahhhh... Deixe que ele chegue à fase em que ficamos absurdamente jogados aos pés delas...
Descemos a escada em forma de arco rindo do jeito de Romeo. Chegamos na garagem e Gunter abre a porta e cumprimenta as crianças; elas o cumprimentam de volta. Cora
e Romeo são colocados em suas cadeirinhas; Gunter não vai nos acompanhar.
Assim que alcanço a rua e as crianças se encantam com a neve, causam um alvoroço no banco de trás e pedem para brincar enquanto a neve cai. Victoria que está linda
com seu casaco branco e jeans que combinam com sua bota bicos finos em cor vinho, entorta a boca assim que eu prometo deixá-los brincar quando chegarmos ao lugar
onde se vende árvores de Natal.
- Evan, você não pode permitir tudo! -Victoria me adverte e mesmo brava ela é encantadora.
- Você sabe que sou um fraco diante deles - falo baixo para somente ela ouvir - Mas são apenas algumas bolas de neve, não correrão riscos. - Ela alcança a minha
mão e mesmo depois desses anos me sinto terrivelmente abalado por essa mulher.
O som toca Seal, Kiss From a Rose, olho para a mão de Vick que quase some sob a minha e algo bom acontece toda vez que estou perto dela, ela está constantemente
dentro de mim, e isso é o que me faz feliz.
Chegamos ao Park Tennessee, onde as crianças escolherão a árvore de Natal, elas acabam de saltar do carro e correm entre elas. Cora chama pela mãe e em seguida estão
lá, se divertindo. Mesmo tendo ralhado comigo no carro, agora Vick está junto a eles. E como eles se divertem correndo e atirando bolas de neve uns nos outros. Isso
me faz rico.
Capítulo 2
Vick
Alguns dias depois
Romeo está encostado no vidro da porta que impede seu acesso até o quintal. Ele faz caretas e sopra contra o vidro o fazendo embaçar e depois esfrega seu dedinho
ensaiando um desenho que não se parece com um desenho e de novo volta a bufar.
Eu sei que ele está entediado e que já levou para o andar de baixo seu pequeno trenó e seu carrinho de ferro, e eu sei o que ele faria: ele faria Gunter puxar seu
trenó por todo quintal. E o que Gunter faria? Sim, ele o puxaria, porque Gunter é apaixonado pelos gêmeos e os gêmeos idem, afinal, eles têm um “Tio Gun” para suas
estripulias e eu me torno expectadora dessa cena entre eles.
Mas Gunter não está, ele está com Evan em Boston há três dias e a casa ficou bem vazia. Os gêmeos tomam boa parte do meu tempo, mas eu sinto pesado esse tempo em
que Evan não está aqui.
- Mamãe! Só um pouquinho! - Romeo está com a testa encostada no vidro e as mãozinhas espalmadas de cada lado do seu rosto, implorando por alguns minutos na neve,
mas o frio está muito forte, mesmo aqui dentro com o aquecedor ligado.
Ele é encantador, ainda mais de macacão jeans e suas meias coloridas. Ele se recusou a colocar as botas, mas deixou que eu vestisse um casaco por cima de sua camiseta
de listras coloridas. Romeu é a mistura de cores dessa casa e mantém o reinado absoluto em seu pequeno machismo infantil.
- Não, meu amor, está muito frio! - falo sorrindo e me ajoelho ao seu lado. - Olha como a neve está forte, não está bom para brincar, está bom para ficar aqui dentro.
- Digo alisando seus cabelos vermelhos como os meus e ele me olha com piedade. Ah, Romeo! Como eu sou apaixonada por você e por esses olhos azuis intimidadores.
Ele volta seu rosto contra o vidro e faz algumas caretas, acho graça da inocência dele.
- Mas eu queria tanto brincar lá fora, estou sozinho aqui, a Cora só dorme! - ele resmunga a falta da irmã e que se rendeu ao sono depois do almoço. Ela havia acordado
muito cedo e correu para minha cama. Eu sabia que ela sucumbiria ao sono, ela é tão dorminhoca quanto eu. Já Romeo...
- Meu amor, ela está descansando, não gostaria de fazer o mesmo? Faço um chocolate quente com marshmalow e deitamos um pouquinho, o que me diz? - Tento fazer uma
proposta, mas eu conheço esse rostinho ruivinho de cérebro de Evan, teimoso igual ao pai.
- Quero o chocolate, dormir não, está de dia ainda e dormir é de noite. - ele rebate de forma linda se inclinando e apoiando o rosto em meu ombro. Ganho um abraço
e mãozinhas pequenas batem lentamente em minhas costas.
-Tudo bem, então vem comigo - digo e me levanto. O pego no colo e o sento sobre a ilha da cozinha - Fique quietinho para não cair - peço e coloco os ingredientes
sobre a ilha e ele se senta com as perninhas cruzadas, apoiando seus cotovelos nos joelhos e segurando seu rostinho com as mãos.
Misturo os ingredientes entre os suspiros entediados de Romeo. Ele é tão lindo com suas opiniões já formadas. Não me lembro de um só dia em que ele não surgiu com
alguma frase de efeito que não tivesse feito eu ou Evan rir.
- Mamãe? - Cora com voz de sono me chama do segundo andar.
- Cora, acordou! - Romeo diz com alegria e seu descontentamento vai embora, enfim terá companhia.
- Cora, meu amor, estou aqui na cozinha - digo e escuto ela descer a escada em arco cantando Let it Go, de Demi Lovato, do jeito dela, repetindo mil vezes o refrão,
mas cantando lindamente a música do filme Frozen. Ela acorda feliz sempre e isso faz parte desse mundo infantil e inocente, onde os monstros são criaturas fofas
e vivem de forma curiosa dentro de um armário.
Ela surge na cozinha com um rostinho inchado pelo sono, dormiu por quase uma hora.
- Mamãe, eu quero ir brincar na neve! - ela diz e empurra a banqueta alta, em seguida tenta subir, mas não consegue e eu a ajudo e na banqueta ao lado sento Romeo.
- Cora, a neve está muito forte e está muito frio, quer um chocolate quente também? - falo e olho para a menininha de conjunto cor de rosa que coça os olhos e boceja
lindamente.
- Quero, mas quero ir brincar na neve também - ela insiste.
- Eu também quero! - Romeo ajuda no pedido insistente, afinal, ele está há muito tempo pedindo e por mais que faça propostas sobre brincadeiras aqui dentro, nenhuma
dessas brincadeiras teria a magia da neve.
-Vamos esperar a neve parar um pouco, tudo bem? - pergunto e entrego para cada um uma caneca de plástico e o chocolate nem está tão quente, mas é chocolate e eles
bebem, formando um bigode marrom em torno de suas bocas pedintes.
Eles bebem, mas não ficam parados, Romeo empurra Cora com o pé e ela protesta com pequenos rosnados femininos. Eles colocam as canecas sobre a ilha e eu os desço.
-Vem, Cora, vem ver a neve! - Romeo convida a irmã e em seguida os dois estão sentados diante do vidro olhando a mágica acontecer.
Poderia ficar horas olhando os dois fazendo desenhos imagináveis no vidro à base de dedinhos tão macios, poderia anotar cada uma das frases engraçadas deles e os
planos que estão fazendo assim que a imensa porta de vidro lhes conceder a liberdade para o mundo gelado.
Escuto um barulho na porta da sala e em seguida um vento gelado entra e algumas vozes estão com ele.
- Sim, mande tudo para o e-mail de Jony, ele responderá na primeira hora de amanhã. Não quero problemas, a Maccouant cuida da Madson em sua totalidade, então, mantenha
o que for preciso para que não tenhamos atrasos nesse final de ano. É uma época complicada mas nunca tivemos problemas - Evan adentra a casa falando ao celular e
eu escuto o barulho da porta se fechando - Apenas isso e um Feliz Natal - ele diz e desliga. Ouvir a voz dele faz tudo se tumultuar aqui dentro, é como se estivesse
ouvindo pela primeira vez, é como se todo dia meu amor por ele fosse novo.
Ando até a sala e o vejo, está retirando seu sobretudo preto e colocando sobre a poltrona perto da escada. Nossos olhares se encontram e me jogar em seu pescoço
é minha ação diante da saudade dele.
- Oi - digo beijando seus lábios. Gunter passa por nós e vai em direção à cozinha.
- Oi, ruiva - ele diz esfregando o nariz com o meu. - Senti sua falta. Da próxima vez você e os gêmeos vão comigo - ele diz e me beija com mais intensidade.
- Isso é uma ordem, Sr Maccouant? - pergunto sorrindo.
- Sim, sempre será uma ordem minhas convocações sobre sua presença - ele diz e eu escuto a conversa vindo da cozinha.
- Mas eu não posso abrir essa porta sem que a mãe de vocês autorize - Gunter tenta se esquivar do pedido dos pequenos.
- Mas, tio Gun, abre só um pouquinho - Romeo pede com as mãozinhas unidas como se fosse uma oração.
Evan e eu caminhamos em direção a eles e observamos a cena. Cora está no colo de Gunter revirando o cabelo dele e Romeo está de pé em cima de uma cadeira perto da
fechadura da porta.
- Não ganho um abraço? - Evan pergunta e automaticamente Cora se joga para ir ao chão e Romeo desce da cadeira.
- Papai! - eles gritam e pulam, pedindo o colo dele.
- Que saudade de vocês! - ele diz com um em cada braço e beija seus rostos - O que vocês aprontaram enquanto estive fora? - ele pergunta e coloca ambos no chão,
se ajoelha diante dos filhos e sorri.
- Eu fui bonzinho - Romeo já se manifesta e não contaria por nada que a árvore de Natal misteriosamente se quebrou.
- Imagino - ele diz com um sorriso mas sabe que não foi bem isso que aconteceu.
- Eu fui mais boazinha que o Romeo - Cora diz se aproximando do pai e mexendo em seus cabelos. É uma cena boa de se ver. Cora mexendo nas madeixas de Evan e Romeo
tirando o relógio do pai do pulso.
- Não foi, Cora! - Romeo protesta, porque se ele não protestar não é ele.
- Fui sim! - Ela se defende e mostra língua para ele.
- Não faça assim Cora, é feio - Evan a reprime de forma carinhosa.
- Mas eu fui, papai, ele quebrou a árvore e eu limpei! - Ela entrega a travessura do irmão para se defender.
- Romeo? - Evan pergunta e inclina o rosto querendo parecer bravo, mas isso é impossível em relação aos filhos.
- Achei que tivesse uma família de esquilos! - Ele não tem medo e dispara o motivo que o levou a subir nos galhos que não suportaram nem a primeira tentativa.
Foi há dois dias e eu estava terminando de trocar Cora, ela havia saído do banho e em seguida eu teria que convencer Romeo a fazer o mesmo.
Não precisei convencer, havia folhas por toda a sala e era o último dia de Maria antes de suas férias. Escutei o barulho e corri para o parapeito do mezanino e vi,
ele caído entre os galhos e a árvore no chão. Todos os enfeites caíram e por sorte não temos bolinhas que quebram, quando as compramos avisamos que havia crianças
na casa.
Meu coração chegou à boca e voltou ao lugar em fração de segundos, achei que ele tivesse se machucado, mas não. Levantou, colocou as mãozinhas na cintura e disse:
- Não tem esquilos! Deus, quase enfartei e ele ainda protesta.
- Romeo, vamos ficar sem uma árvore este ano? - Evan pergunta em forma de advertência.
- Podemos consertar os galhos, papai - ele diz sugerindo uma ideia incabível, e a árvore já foi para o lixo.
- Acho que não podemos - ele diz ainda advertindo.
- Desculpe, papai, estava procurando por esquilos - Ele se defende fazendo charme e Evan está se desdobrando para não rir da travessura, afinal de contas, é coisa
de criança e seus argumentos são ótimos pela arte que aprontou.
Olho para Gunter que esconde o riso atrás dos dedos e nega com a cabeça, ele vai para a cozinha com medo de rir e tirar a autoridade do pai nesse momento.
- Bom, esse ano não teremos árvore e isso me preocupa; onde o Papai Noel deixará os presentes? - Evan diz e as crianças abrem os olhos assustadas com a informação.
- Podemos desenhar uma árvore na parede! - Romeo diz e ganha o apoio de Cora que diz emprestar seus lápis de cor para isso. Meu coração até estremece e tenho medo
que Evan concorde, mas fico em silêncio para ver até onde vai essa conversa sobre árvores e minhas paredes rabiscadas.
-Acho que isso ajudaria o Papai Noel, mas deixaria a mamãe zangada, acho que não queremos problemas, certo? - Evan diz e os dois balançam a cabeça de forma negativa.
Sim, eu sou mais rígida com eles, e Evan é essa mistura de coração e submissão diante deles.
- Papai, a gente pode deixar um bilhete na lareira dizendo que a árvore quebrou - Cora diz mexendo no colarinho do paletó de Evan. Ela é tão apaixonante e se mostrou
querer falar a verdade, isso é bom.
-Vou pensar em algo - Evan diz beijando os dois. - Mas não gostei da travessura, poderia ter se machucado - Evan diz olhando nos olhos de Romeo.
- Eu sou forte, papai, não me machuco - Ele se defende dobrando os braços como se fosse musculoso.
- Sei - Evan se levanta e me olha como se quisesse algo de mim. Sim, Evan, eu tenho algo para você, penso comigo e andamos juntos em direção à cozinha, onde Gunter
bebe um copo d’água.
- Boa tarde, Sra Maccouant - Gunter diz.
- Gunter, por favor, é Victoria, okay? - falo pela enésima vez e ele sorri, ele nunca me chama pelo nome. Ele se despede e vai para a porta de vidro. Ele a abre
e os gêmeos correm em direção dela, mas são impedidos de sair por ele.
- Pergunte à mamãe se pode - Gunter os conhece bem, eles suspiram e voltam para a cozinha. Vou até a porta e tranco para evitar pequenas fugas.
Evan os coloca sobre a ilha, sentados lado a lado e conversa com eles como se fosse da mesma idade, desconfio que nessas horas todos são crianças. Pergunto se Evan
está com fome e ele diz que sim, mas não se refere à comida e isso é bom de ouvir. Estava com tanta saudade dele, não gosto dessas viagens. Gunter o acompanha e
ele coloca dois seguranças em tempo integral comigo e com as crianças. Não fico à vontade com eles, mas fico tranquila em saber que estão por perto.
Na verdade tudo para ele gira em torno de uma preocupação desnecessária, tudo anda calmo e brando e com quem nós deveríamos nos preocupar, está em Calegary, presa,
e isso já me tranquiliza.
Fechei a porta do quarto do Romeo com calma e eu sei que ele só vai acordar amanhã. Brincou muito com o pai até agora há pouco, então concordou com o banho e dormiu.
Vejo Evan sair do quarto de Cora, ele está sorrindo e eu sorrio para ele, mesmo sabendo que esse gesto de alegria é por conta de sua menininha. Ele é devoto dela
e cumpridor de suas vontades. Já discutimos por conta da forma como ele reverencia e atende os pedidos dos filhos e ele apenas ouviu, se fazendo de desentendido,
mas continua realizando os pequenos desejos.
Semana passada ele saiu um pouco antes do jantar, e os levou até a loja da M&Ms na Times Square. O resultado disso? Inúmeros pacotes de confeitos, alguns bonecos
e um jantar dispensado por conta da comilança de chocolate antes da refeição.
Falei por muito tempo na orelha dele enquanto passava hidratante antes de deitar e ele sorriu, veio em minha direção e fez amor comigo.
- Pronto! - ele disse - Também agrado você - Ele concluiu ao me olhar largada na cama e exausta. Sim, Evan, você sempre me agrada.
Volto da lembrança e olho o caminhar dele em minha direção e isso me transmite a melhor sensação do mundo. Ele cheira a banho, seus cabelos ainda estão úmidos e
o tempo não tem efeito sobre esse homem. Ele está com um agasalho branco, descalço e a calça marca bem seu corpo.
Ele laça a minha cintura e me suspende, beijando ardentemente minha boca e tudo fica melhor com ele ao meu redor. Com ele por perto e mesmo ele estando aqui, tão
próximo e dentro de mim, consigo sentir a sua falta, porque ele é mais do que meu marido ou meu telespectador na sala espelhada, ele é meu porto seguro.
- Senti tanto a sua falta - ele sussurra e me conduz como uma dança na frente do quarto das crianças.
- Eu imagino que não tenha sentido mais do que eu - sussurro como ele e ele me pega em seu colo.
- Preciso matar essa vontade de você - ele diz. Entramos no quarto e ele fecha a porta em suas costas - Não quero perder tempo com nada, quero apenas investir meu
tempo em você - ele fala arrancando sua blusa e isso mexe comigo.
- Posso ajudar você com seu investimento - Arranco minha blusa grossa de lã e fico apenas de sutian - Posso facilitar tudo para você nessa questão - Tiro minhas
botas sem salto e me levanto abrindo meu jeans e deixando que ele desça pelas minhas pernas, revelando que minha lingerie é um belo conjunto em tom azul, com rendas
em torno dos seios e na extremidade da virilha.
Ele olha toda a região rendada e eu deixei tudo lhe esperando, meu marido, inclusive o hidratante que passei há pouco tempo depois do banho é o seu preferido. Termino
de remover o jeans e jogo com a perna para um lado do quarto e caminho apressadamente em sua direção, porque tudo que eu quero é isso, estar nele.
- Minha ruiva - ele diz me agarrando e sinto suas mãos subindo em meus seios, por cima da renda. Ele geme e eu o quero, eu sinto minha calcinha mudar de estado em
pouco tempo - Quero você, preciso estar aqui - ele diz e desce a mão para dentro de minha calcinha e acaricia meu sexo, já molhado.
Nosso sexo evoluiu em várias etapas, e não me importo se isso tudo ele trouxe de alguma escola de sexo que ficou em seu passado. O que importa é que ele se aproxima
de mim sempre com fome e eu agradeço por isso.
- Então entre, aqui você é bem-vindo - Brinco com ele e coloca seu dedo para dentro de mim. Gemo e me remexo. Gosto como ele deixa meu corpo à beira da explosão
e logo depois ele risca o fósforo e pronto, tudo acontece, e quando penso que está para acabar, eu o tenho novamente.
Ele tira a camiseta e deixa suas calças caírem. O sinto duro, agressivo e isso me deixa ainda mais excitada.
Ele tira sua mão do meu sexo e sobe até as minhas costas e abre meu sutian, ele acomoda meus seios em suas mãos e brinca com os bicos enrijecidos. Ele desce sua
boca até eles e os suga.
Removo sua cueca boxer e o vejo pronto e pulsante, pensei nele esses dias com tanta vontade, com tanta saudade. Ele tira a minha calcinha e a deixa cair no chão.
Me leva para a cama e coloca meu pé sobre ela.
- Muita saudade - ele diz e se coloca de joelhos na minha frente. Ele me abre com cuidado e desliza sua língua suavemente e eu agarro seu cabelo - Gostosa, Victoria
- ele diz e me devora, circulando o alto do meu sexo com sua língua e eu gemo. Ele não pode parar e então ele coloca um dedo dentro de mim e eu explodo mais alto
pedindo por mais.
Ele mantém o ritmo de sua língua e ele conhece meu corpo como ninguém e sabe que estou à beira de um orgasmo.
- Goze para mim - ele diz e suga meu sexo, deslizando toda a língua e eu não resisto. Gozo segurando seus cabelos e sinto ele me sugando e engolindo.
- Quero você - digo e ele se levanta com o rosto molhado e me encara por alguns segundos antes de me beijar. Sinto meu gosto e eu quero sentir o gosto dele.
O deito na cama e entro entre suas pernas, vou até sua boca e deslizo meus seios por todo seu abdômen. Beijo e desço, passeando pelo seu tórax e deslizando meus
lábios até o seu membro. Evan se contorce e eu adoro isso.
O agarro e suavemente começo um ir e vir, mas minhas mãos apenas começam o trabalho. Coloco vagarosamente em minha boca e escuto o gemido de Evan. Ah, Evan, se você
soubesse como meu corpo ouve esse gemido.
O engulo, deslizo para dentro de minha boca e deixo que ele encoste em minha garganta. O sinto pulsar e encaixo uma de suas pernas entre as minhas. Desço um pouco
meu quadril e permito encostar meu sexo em sua coxa, quase na altura do joelho.
Evan percebe meu intuito e levanta sutilmente a perna, permitindo que eu roce meu sexo nele. Vou e volto, e faço com que ele suma dentro da minha boca. Uma fusão
única de tesão e volúpia. Aprendi como buscar prazer e alguns caminhos facilitam outros.
- Por favor, continue o que está fazendo com a sua boca, mas me dê ela aqui, preciso que goze novamente na minha boca - ele pede e eu obedeço. Ajeito as minhas pernas
de cada lado da cabeça de Evan e desço meu quadril para que meu sexo chegue até a sua boca.
Ele segura cada lado do meu traseiro e eu vibro, pulso e amo esse tipo de atividade onde línguas funcionam com total empenho e com o máximo de resultado. Claro que
estamos a um passo de uma explosão mútua, e isso faz com que tudo tome uma direção feliz.
- Evan.. .mmmmmm... não pare... por favor! - peço e gozo, porque ele conhece minha senha e por mais que eu mude, ele descobre e volta a digitá-la.
- Minha vez - ele diz e me tira dele. Me deita na cama de bruços e entra, de uma única vez, forte e, de repente, ele suspende meu quadril e continua, mais forte,
mais intenso e para.
Chego a reclamar, mas não dá tempo, ele me vira e se enfia entre minhas pernas e agora ele olha em meus olhos, entra e sai e de repente para, circula meu corpo por
dentro e tudo aqui é dele.
- Muita saudade de você - ele diz e me beija, intenso e eu o laço com minhas pernas e sinto o momento em que ele me enche, gostoso e se debruçando em meu corpo.
Suspiros intensos em busca de oxigênio e eu deslizo minhas mãos por seus cabelos.
Ele suspende seu corpo, olha nos meus olhos e beija meus lábios - Eu te amo, Victoria.
- Amo você também - eu digo e ele sela minha boca. Nos ajeitamos, um encaixado ao corpo do outro e tudo fica completo, como sempre, desde o início foi assim. Nos
perdemos um no outro e depois nos encontramos, assim, como estamos agora.
Capítulo 3
Vick
São oito e quinze da manhã quando acordo, olho para o lado e Cora está deitada ao meu lado, ela dorme profundamente. Todas as manhãs ela faz isso, Evan se levanta
e ela ocupa o lugar dele. Ela é tão semelhante a ele, um rosto marcante e assim dormindo sinto que estou com um anjo.
Cora tem suas pequenas manias, ama todos os tons de rosa e vive rodeada de suas princesas. Ela cria os próprios contos de fada e eu gostaria que ela ficasse assim,
para sempre, minha bonequinha. Ela é tão doce. Sou ligada a ela de um jeito especial, como se fôssemos unidas e protegidas pelos homens da casa. Os mesmos homens
que conversam, possivelmente estão no mezanino de frente à vidraça olhando a neve cair.
Me levanto e deixo minha pequena dormindo, vou até o banheiro e logo em seguida saio em silêncio. Não quero que Cora acorde e eu quero escutar a conversa dos meus
rapazes. Abro a porta devagar e os vejo.
Evan está deitado na poltrona reclinável bem em frente à imensa janela e Romeo está em seu colo, segurando seu Buzz Lightyear, do Toy story.
- Mas, papai, toda árvore tem esquilo - Romeo está se defendendo e eu vejo Evan alisando seus cabelos enquanto ele levanta e abaixa a mão do Buzz. Evan está com
uma calça de malha branca, a mesma da noite anterior e uma camiseta verde escura. Romeo está com seu pijama laranja e verde e nos pés meias, no pé direito é vermelha
e no esquerdo, amarela.
Ele e suas pequenas manias.
- Mas você não deveria ter subido, poderia ter se machucado - Evan o adverte docemente e eu gosto de olhar essa mistura de homens que eu amo.
- Mas Cora deveria estar me ajudando, mas ela foi tomar banho - Ele protesta como se Cora fosse capaz de segurar a árvore para que ele subisse.
- Cora não poderia segurar, a árvore é pesada e com você em cima acho que ela não teria força o suficiente - Evan diz e a conversa entre eles é linda, cheia de amor
e tudo fica em um cenário perfeito com a neve que cai mais devagar essa manhã.
-Vamos ficar sem árvore? - Romeo pergunta em choramingo.
- Sim, amigão, você precisa entender que às vezes tomamos algumas decisões e depois temos que aguentar uma porção de coisas - ele explica e escuto Romeo puxar o
choro pelo nariz, mas eu sei que Evan está ensinando de forma calma e um dia ele vai entender mais sobre decisões.
- Mas eu prometo não subir mais - Ele tenta, mas não vai conseguir e por mais que o pai faça todos os gostos, Evan não volta em sua palavra.
- Eu acredito em você, mas vai ter que me provar isso no próximo ano, tudo bem? - ele diz beijando a cabeça de Romeo que suspira contendo o choro. Parte o coração,
a vontade é sair e comprar outra, mas acho que então alguns valores se perderiam e o que posso fazer é apenas concordar com o pai dele.
Observo ambos e vejo como Romeo acata o que o pai diz. Mesmo depois de saber que ficará sem a árvore ele se mantém no colo do pai e não faz nenhuma birra. Confesso
que Romeo me assusta com sua inteligência. Outro dia Evan e eu o flagramos solucionando uma pequena e simples questão matemática; Romeo tem quase cinco anos, frequenta
o jardim de infância e sempre somos surpreendidos com algo espantoso que ele fez com os números, além de já saber ler com uma fluência espantosa.
Cora é mais quieta, ela é organizada e tem mania de arrumar suas bonecas, o tempo todo ela faz isso. Cada uma delas tem nome e uma estória diferente. Tem uma princesa
que, se eu não me engano, veio de outro planeta. Apaixonante, ela consegue de Evan grandes façanhas, tudo porque ela não apronta e conversa com ele bagunçando o
cabelo do pai.
- Bom dia - falo e vejo a mão de Evan se levantar, me chamando para me juntar à reunião dos meninos.
- Minha linda, bom dia - ele diz assim que eu me aproximo e beija meus lábios.
- Eca, papai! - Romeo se manifesta. Há pouco tempo ele entrou nessa época em que meninos e meninas não se misturam. A professora explicou ser normal e que daqui
um tempo isso passa, ele não é um caso isolado.
- E o meu beijo, Romeo? - pergunto e ele se levanta e estende os bracinhos para mim. Ele beija meu rosto e eu peço um selinho e ele nega lindamente.
Evan dá risada do jeito machista dele e ele volta para o colo do pai.
- Mamãe? - Cora sai do quarto e me chama, como eu gosto de ouvir esse chamado.
-Vem aqui, meu amor! - Ela sai do quarto bocejando e coçando os olhinhos. Ela está com seu macacão branco e rosa, feito de flanela grossa.
Ela caminha em minha direção e eu a pego no colo e beijo todo seu rosto. Ela sorri lindamente e olha para o pai que está deitado a observando e ele estende os braços
para ela e ela vai.
- Bom dia, minha princesa - ele diz a apertando e Romeo se levanta, correndo com Buzz na mão, como se o boneco voasse. Ela diz um bom dia que nem gato e enfia o
rosto no pescoço de Evan.
Minhas versões de Evan agarrados e Romeo corre de um lado para o outro, acho que posso deixá-los brincar na neve hoje.
-Victoria, esqueci de lhe avisar, ontem quando eu voltava de Boston, meus pais ligaram e vão passar o dia de Ação de Graças aqui - ele fala tranquilamente e eu o
encaro fuzilando.
- Evan! Maria está de férias, assim como você! O que eu faço? Em dois dias é dia de Ação de Graças! - falo preocupada e ele alcança a minha mão e beija meus dedos.
- É apenas um almoço, Victoria - ele diz - E tem outro detalhe - ele diz e pelo visto é outra novidade ingrata.
- Sim? - rosno.
- Seus pais, junto com Sam, Lucca e Jasmin, chegam essa noite, vão ficar hospedados aqui - ele diz e me olha fechando um dos olhos.
- Evan! Por que eu não estou a par dessas informações? - pergunto cruzando os braços e possivelmente meus pais estão sobre o oceano a essa hora.
- Por que eles queriam fazer uma surpresa, mas eu sabia que não daria certo. Me ligaram há dois dias e, então, desconfiando que você ficaria assim - ele sobe e desce
o indicador em minha direção - eu achei melhor te contar.
- Evan, é dia de Ação de Graças e sua mãe sempre me fala da tradição de mesa farta e sem desperdício. Minhas especialidades na cozinha são papinha à base de legumes,
brigadeiro e mamadeiras que já estão prontas, basicamente é aquecer o leite - Disparo desesperada, achei que fôssemos para a casa da mãe dele.
- Fica linda preocupada - ele diz e beija a cabeça de Cora que ainda está aninhada em seu colo.
- Compra lanche do Mc Donalds! - Romeo dispara e Evan gargalha, eu o fuzilo com o olhar.
- Acho que não podemos passar o dia de Ação de Ação de Graças à base de fast food, meu amor - Olho torto para Evan.
-Victoria, fique tranquila, e eu sei que é capaz de fazer muita coisa naquela cozinha - Ele pisca um dos olhos - Mas já resolvi seu problema, confie em mim.
-Vou ter que confiar, mas em todo caso vou ao mercado - Me viro indo em direção ao quarto.
- Sem problemas, vamos todos ao mercado - Evan diz sorrindo em tom de brincadeira e as crianças vibram. Para elas o mercado é um verdadeiro paraíso e a verdade é
que mesmo tendo a Maria e uma auxiliar na limpeza da casa, tentamos fazer tudo de maneira simples - Eu liguei para Maria, que coincidentemente não viajou mais para
casa de uma cunhada e que acabaria sozinha. Claro que estou abusando da nobre governanta, mas foi a solução - Ele se explica tão calmamente e tenho vontade de enforcá-lo.
Mesmo com o meu trabalho e o de Evan, levamos uma vida comum. Vamos ao mercado, padaria e tentamos passar para as crianças alguns valores. Mesmo Maria sendo uma
funcionária, ela é praticamente parte da família e os gêmeos a tratam como uma tia, e isso é muito bom de ver.
Claro que com a convocação de Evan ao mercado, em menos de trinta minutos os gêmeos estavam prontos, já haviam tomado o café da manhã e escovado os dentes. Tudo
isso porque Evan vai enfiá-los no carrinho e brincar com eles, enquanto eu faço as compras.
- Victoria? - Escuto Evan me chamar. Confesso que fiquei irritada, mas depois passou. Não tenho tempo de discutir com ele sobre almoços tradicionais e lugares para
eles.
Ir ao mercado significa muita coisa, entre elas aprender mais sobre paciência, claro, por que não aprender sobre ela? Enquanto eu percorria os corredores, Evan estava
no corredor de brinquedos. Os gêmeos pediram tudo e Evan não concedeu nada, é isso que gosto nele. Mesmo com dinheiro nos bolsos, ele aplica valores em suas atitudes
e as crianças entendem que presentes têm datas para serem comprados e que eles têm que merecer.
Mas eles estão condicionados a isso, então Evan fica com eles no setor e escuta as estórias que Cora inventa para suas princesas e as observações de Romeo sobre
o Super Man. Ele prefere a Marvel, mas ainda não sabe disso.
- Estou aqui na cozinha, amor. - Ele se aproxima e eu escuto os gêmeos discutindo sobre onde o Papai Noel vai deixar os presentes.
- Vick, Gunter ligou, em dez minutos eles estarão aqui. - Evan diz enquanto termino de guardar as compras. Gunter foi buscar meus pais, Sam, Lucca e Jasmin no aeroporto.
- Sem problemas - digo, fecho a porta da dispensa e vou em direção à ilha da cozinha e me sento.
- Fiquei imaginando todos chegando e você sem saber de nada - Evan está gargalhando e eu estou séria.
- E isso obviamente seria divertido? - pergunto e cruzo meus braços.
- Confesso que não fico triste ao imaginar a cena - ele diz e se encaixa entre minhas pernas, eu coloco minhas mãos em sua cintura e ele me beija.
- Fico feliz em saber que se diverte às minhas custas, mas estou feliz em receber todos; é a primeira vez que teremos um almoço de dia de Ação de Graças aqui - Mexo
no colarinho de sua camiseta polo azul - Estou com saudade de todos, em especial de Jasmin - confesso a falta que minha sobrinha me faz.
Me lembro quando Lucca me ligou, era pouco mais de duas horas da tarde, avisando que estava na hora. Samantha entrara em trabalho de parto e eu queria atravessar
o oceano a nado e chegar lá o mais depressa.
Jasmin é uma cópia exata da Sam. Meus pais e os pais dela estavam presentes quando ela chegou ao mundo. Ela é europeia, nasceu em Londres e foi mais fácil para os
avós chegarem. Meus pais porque moram na Escócia e os pais de Sam estavam de férias em sua casa, propositalmente na época em que ela poderia dar à luz e eles não
perderiam isso por nada.
Sam trancou a faculdade e voltou um ano depois, ela se forma no ano seguinte e Lucca está concluindo a pós graduação em tecnologia da informação no próximo semestre.
Eles vivem muito bem e são felizes. Ela e sua moto ainda pregam sustos em Lucca, e Lucca... Bom, Lucca agora tem um novo amor, ela tem cabelos lisos e pouco mais
de um ano.
- Eu também estou feliz, serão apenas alguns dias com a casa mais cheia - Evan diz e acaricia meu rosto com as costas dos dedos - Vick, você sabe que eu tento não
ser o pai esbanjador, mas sabe também que um pedido das crianças me escraviza - Eu sei do que ele está falando. Romeo e Cora querem um bendito cachorro. Eu amo cachorro,
gato, periquito, mas temos que ponderar tudo.
- Onde você quer chegar?- pergunto com as sobrancelhas suspensas, já desconfiando da resposta de Evan.
-Vamos dar o cachorro para eles, um labrador é uma ótima opção - ele diz com muita propriedade e isso me leva a ter certeza que andou pesquisando sobre raças e convívios
infantis.
-Você ficaria tão feliz quanto eles por conta do cachorro - afirmo sorrindo.
- Sim, antes eu não tinha tempo de pensar nisso e agora imagino nossos passeios no Central Park com um companheiro - Ele sorri e posso jurar que é mais vontade dele
do que possivelmente das crianças.
- Tudo bem, vai ser bom e vai ocupá-las, vais gastar a energia do Romeo - Sorrio e Evan abre um sorriso lindo -Está feliz?
- Sim, tenho tudo que um homem sonha nessa vida, amor, filhos e agora um cachorro - ele diz e me beija novamente.
Alguns pequenos prazeres não é o dinheiro que proporciona, tem coisas que nenhuma fração monetária é capaz de conquistar. A felicidade por exemplo.
- Vovó! Vovô! - Romeo dispara do alto do mezanino. Ele e Cora montaram uma cabana de frente à vidraça.
- Tio Lucca! Tia Sam! - Cora fala e os dois descem as escadas. Jasmin está no colo de Lucca, está dormindo.
Vou em direção à porta e vejo todos entrarem indo à sala da escada em arco. Gosto do que vejo e vou em direção à minha mãe, instintivamente e a abraço.
- Filha! Como você está linda! - ela diz em meu ouvido e eu sinto tanta saudade dela, mesmo nos vendo duas vezes ao ano.
- Oi, mãe! - A abraço com força e beijo seu rosto. Nosso abraço é um pouco demorado, acertamos alguns ponteiros e parece que nossa relação é recente.
- Posso ganhar um abraço desses também? - Meu pai se aproxima e pede.
- Pode ganhar muitos desses se quiser - Fui em direção a ele e os outros cumprimentavam Evan e as crianças - Muita saudade de você, pai - Suspiro e digo em seu ouvido.
- Eu também, minha filha - ele diz e beija meu rosto.
Cumprimento Sam e Lucca, beijo a cabeça de Jasmin e em seguida, assim que Sam monta o carrinho que Gunter havia deixado ao lado das malas, Lucca a coloca ali.
- Boa noite - Maria dispara abrindo a porta da sala.
Todos a cumprimentam e caminhamos para a sala de jantar. Maria avisa que vai preparar algo para todos, enquanto meus pais abrem as malas e fazem exatamente tudo
que eu e Evan não fazemos, distribuem muitos presentes para eles.
Sei que são avós e que querem fazer tudo pelos netos, e não vou criar caso por conta disso. Jasmin acorda, ela está com um ano e oito meses e chama pela mãe. Romeo
e Cora largam os brinquedos e olham para ela. Não sei se se lembram dela, acredito que não, ela era um bebê de colo quando nos vimos da última vez, foi no aniversário
de casamento dos meus pais.
Eles se aproximam de Sam, que agora segura Jasmin no colo, e olham para ela com curiosidade. Sam abaixa com a filha no colo e a pequena olha para os gêmeos sem entender.
- Jasmin, essa é a Cora e esse é Romeo - Sam apresenta e ela esconde o rosto no pescoço da Sam. Ela ainda está sonolenta e não quer saber de muita conversa.
Me aproximo e explico para os gêmeos que ela é a priminha deles e eles olham curiosos para a garotinha de conjunto rosa, isso possivelmente já encantou Cora. Alguns
minutos depois, Jasmin desceu do colo de Sam.
- Cora, mostre suas princesas para Jasmin - peço e ela acena que sim. Cora sobe a escada e em seguida volta com algumas princesas. Elas se sentam no primeiro degrau
da escada e Romeo olha para ambas e em seguida olha procurando por Evan.
Romeo sobe a escada e depois de alguns instantes ele desce com alguns de seus heróis nas mãos. Ele estica o Capitão América para Jasmin e ela segura em uma mão a
Cinderela e na outra Steve Rogers.
- Acho que agora ela não vai querer saber tanto assim de mim - Samantha diz e eu a abraço de lado beijando seu rosto. Ela foi a minha primeira amiga aqui e um cupido
ao passar minha ficha da Gael para Evan.
- Sim, cunhadinha, acho que você perdeu o posto para o Capitão América - Rimos e andamos em direção dos demais na sala de jantar.
Capítulo 4
Vick
Diante da mesa posta e escutando as crianças brincarem, Sam e eu tentamos colocar o máximo da conversa em dia. Mesmo nos comunicando por e-mail e Skype, pessoalmente
tudo é melhor.
Ela me contou sobre as mudanças em sua vida desde que Jasmin nasceu e que Lucca tem sido o super pai. Mas antes, logo que Jasmin nasceu, tiveram uma discussão feia
e quase tudo acabou. Mas agora está tudo bem.
Ela não dança mais e o pole dance foi abolido de sua vida. Diferente de mim, danço com muita frequência, e, quanto ao pole dance, tenho uma plateia bem exclusiva:
Evan.
Olho para a vidraça e vejo meus pais com Evan conversando animadamente, mais à frente Lucca sentado no chão com as crianças. Maria está na cozinha conversando com
Gunter e todos estarão na mesa para o almoço.
- E os desenhos? - Sam pergunta sobre meu trabalho. Sinto que ela está escondendo algo ou quer contar alguma coisa, mas eu não sou boa em ler mentes.
- Tudo perfeito, semana passada consegui uma conta, Charper&Lousan e Campbell Storing competiram na licitação, ganhei porque se tratava de universo que conheço muito
bem: crianças! - Rimos juntas - É um espaço dentro de um prédio comercial no Wall Street que vai ser destinado aos filhos dos funcionários, acredito que a experiência
com os gêmeos tenha me ajudado.
- Que perfeito! Confesso que minha vida mudou muito depois de Jasmin. No começo foi tudo complicado e admito ter pedido socorro para uma babá, mas depois de algum
tempo a gente se acostuma com esse mundo de fraldas e pouco sexo - ela diz divertido - As fraldas continuam, mas o sexo agora está bem melhor.
- Tudo que é novo assusta, o ideal é tentar manter a vida normal, sem desespero. Eu contei muito com a Maria e até hoje ela me ajuda; quanto ao sexo não posso reclamar
-Sorrio e ela me cutuca com o dedo.
- Está na cara que vocês estão bem, fico feliz - ela diz e escuto a porta se abrindo. Um vento frio invade a casa e a neve voltou a cair. Evan se aproxima e me abraça
por trás.
- Evan, não está muito frio para as crianças ficarem lá fora? - pergunto e ele beija meu pescoço.
- Elas estão bem agasalhadas e o Lucca parece estar se divertindo - Olho para fora e vejo os quatro fazendo os anjos de neve - E você, Sam, como é a vida em Londres?
- Evan pergunta e andamos até a base da escada.
- Olha, Evan, é tudo bem diferente, mais organizado e menos barulhento - ela diz elogiando - Mas eu prefiro a desordem e o barulho nova-iorquino! - Ela ri e nós
também. Levo meus olhos até as crianças e vejo minha mãe abaixada, conversando com Cora, isso alegra meu coração, sem querer me flagro sorrindo.
- Então volte para Nova York - Evan diz e coloca seu braço em torno da minha cintura.
- A ideia é essa, mas não agora, temos alguns projetos que precisam ser concluídos e Lucca está terminando o curso agora - Ela se explica e Maria avisa que tudo
está pronto.
Andamos em direção à sala, mas eu vou até o quintal pegar os gêmeos e Evan vem comigo. Abro a porta e escuto minha mãe conversando com Cora, elas estão embaixo do
pergolado, onde a neve não cai.
- E você vai ser uma bailarina tão linda quanto a sua mãe - Escuto minha mãe falando e são pequenas atitudes que fazem a gente muito feliz.
- A mesa está servida - digo e minha mãe se levanta, esticando os braços para Cora e ela aceita. Romeo vem correndo e Lucca pega Jasmin e nos acompanha.
A porta da sala se abre e Rose e Jonh entram. Rose sempre impecável, com um conjunto de terninho branco e saltos vermelhos, Louboutins com certeza. Jonh está de
jeans e suéter creme, são jovens e formam realmente um belo casal, são apaixonados um pelo outro e sofrem das mesmas virtudes, solidariedade e altruísmo.
-Vô Jonh! - Romeo corre para ele e ele possuem suas próprias histórias. Romeo e Cora ficaram quatro dias na propriedade POWER&HEART e não perguntaram sobre mim ou
sobre o pai durante dois dias inteiros. Quando perguntaram, Jonh contou alguma coisa e os convenceu sobre nossa ausência.
Evan e eu fomos para Paris, uma segunda lua de mel e nos fez muito bem. Na segunda noite, às margens do rio Senna, renovamos nossos votos de casamento e eu agradeci
a Deus por ter colocado esse homem na minha vida.
Seria simples gostar dele, talvez o dinheiro que facilita ou sua postura, mas o fato é que gosto do homem simples, aquele que por vezes mexe em suas aplicações por
medo que falte algo para nós, ou porque simplesmente percebeu que o mercado sofreu uma queda. Sou apaixonada pelo homem de moletom que treina sem camiseta, todo
suado e simples. Sou apaixonada pelo homem que insiste em roubar flores do nosso próprio jardim e deixar sobre a mesa de café da manhã. Eu o amo pela companhia,
pelas risadas, amo por suas saídas de madrugada para comprar um simples absorvente para mim.
Evan não é apenas um jovem rico e bem sucedido, ele é um homem de paz e é exatamente isso que sinto ao lado dele.
- Vó Rose! - Cora corre para avó que a pega sem pensar duas vezes em sua roupa branca impecável. Cora sempre me acompanha no salão de Rose e faz questão de pintar
as unhas de rosa; quando as crianças vão para a casa deles, eles dormem entre os avós.
Jonh e Rose se aproximam com as crianças no colo e cumprimentam a todos segurando os gêmeos.
Rose se aproxima de mim e desliza sua mão livre sobre meu rosto e beija minha face, em seguida me abraça e eu retribuo. Temos um carinho muito grande uma pela outra
e por vezes esqueço que se trata da minha sogra.
Quando nos desprendemos uma da outra olho por toda a sala e vejo os olhos de minha mãe sobre mim. Algo estava doendo dentro dela, e isso é nítido em seu olhar. As
crianças descem do colo dos avós e atendem ao pedido de Evan para se sentarem à mesa.
Evan é o tipo de pai adorável. Esta manhã fez questão de dar banho nas crianças e escolher as roupas de ambos, as meias coloridas de Romeo e um dos casacos cor de
rosa de Cora.
Olho para Lucca com Jasmin em seu colo e tenho orgulho do laranjão. Ele fica bem de azul, Jasmin também está de azul, um conjunto lindo azul céu. Samantha, assim
como eu, está de jeans e a diferença são as blusas, a minha é verde e a dela, vermelha.
Todos se sentam à mesa e essa é a primeira vez que todos estão aqui, na minha casa.
- Eu tenho certeza que semana passada, assim que eu entrei por aquela porta - Jonh fala assim que terminamos a oração e todos começaram a se servir. Ele aponta o
dedo em direção da sala da escada em arco - eu vi uma imensa árvore de Natal. Acho que não estou tão velho assim para imaginar coisas - Evan e eu nos olhamos e sorrimos.
- Tivemos um problema com esquilos - Evan responde e olha divertido para Romeo que está mais interessado em olhar o que Maria está colocando em seu prato. Cora olha
para Evan que está colocando pequenos pedaços de carne branca e brócolis em seu prato.
- Uma infestação? - Rose brinca.
- Está mais para ausência - Sirvo meu prato e o de Evan, ele está ao meu lado e as crianças ao lado dele e de Maria. Gunter está entre meus pais e meus sogros e
tudo está em harmonia e o som dos talheres nos pratos me traz alegria - Romeo decidiu procurar por esquilos e os galhos não resistiram, era um pinheiro muito novo
e não estava apto para o pequeno escalador.
- Mas ele não se machucou? - Minha mãe pergunta e estica os olhos para ele.
- Não, é difícil Romeo se pôr em risco. Na hora com o barulho eu quase enfartei, mas depois percebi que eram apenas galhos quebrados e bolinhas natalinas espalhadas
- Todos riem e Romeo nem se dá o trabalho de perceber que estamos falando dele.
Percebo minha mãe me olhando diversas vezes e eu retribuo sorrindo. Ela está elegante também, escolheu uma calça verde e uma camisa fina branca. Meu pai com sua
camisa xadrez e jeans, isso não muda.
- Então, esse Natal não teremos uma árvore, Sr Romeo? - Jonh brinca com o neto que o olha com olhos espantados, como se dissesse: Ops! Todos sabem!
- Vô Jonh, eu achei que tinha esquilos! - ele diz com a boca cheia e com as palminhas das mãos para cima.
- Eu avisei que não tinha - Cora se manifesta lindamente sobre sua razão em relação aos esquilos, mas isso me faz pensar que ela sabia dos planos do irmão.
- Mas você disse que iria me ajudar! - Romeo entrega a irmã sem querer. Evan olha para Cora e ela suspende os ombrinhos.
- Mas eu não ajudei, papai! - Ela se defende.
- Depois conversamos - Evan se inclina até o ouvido de Cora e diz baixinho. Ela leva seus olhinhos aflitos até Evan e ondula a boca. Evan apenas nega discretamente
com a cabeça e ela engole o possível choro.
- Árvore de Natal só no ano que vem - Evan fala divertido e Romeo remexe a colher no prato.
- Acho que isso não será um grande problema, Cora, minha princesinha, reserve um espaço para que o Papai Noel saiba onde deixar os presentes - Jonh tenta distrair
Cora para que ela não fique preocupada, mas ela está. É como se Evan tivesse feito uma ameaça contra ela. Poder paternal infinito que Evan detém sobre os filhos,
confesso que por mais rígida que eu seja, eu não tenho essa pronta resposta dos meninos que ele tem.
- Coisas de criança - Minha mãe se pronuncia e Evan a olha inclinando a cabeça. Tento adivinhar o que ele diria, mas desisto assim que olho Sam se levantando e pedindo
um minuto.
- É muito bom estar aqui, nessa data em especial e com pessoas que amo; ficaria melhor ainda se meus pais estivessem aqui - Ela está de pé com um copo de suco na
mão e um sorriso quase escapando dos lábios. Os pais dela estão na África a trabalho, ela havia me contado em nossa última conversa online de forma triste pela falta
que tem sentido da mãe ultimamente, ela está bastante emotiva - Enfim, eu tenho algo para dizer que nem mesmo meu marido está sabendo - Lucca para o garfo de comida
no ar e a encara.
- Conte! - eu digo curiosa em nível extremo.
- Eu vou contar. Há alguns anos quando Victoria entrou pela porta da Gael, eu não imaginei que junto com ela viesse o melhor presente da minha vida - Ela leva os
olhos até Lucca e ele desce o garfo até o prato - Lucca se posicionou lindamente diante dos meus pais e oficializou em pouco tempo nossa união, viajamos pela Europa
como mochileiros e conhecemos muitos lugares, aprendemos muito e aprendemos sobre um e o outro.
Ela olha para todos na mesa e sorri, ela está feliz e Lucca ainda não está entendendo nada. Eles têm um excelente padrão de vida, Lucca trabalha na área em que estuda
e Sam é herdeira. Suas preocupações estão mais em torno de Jasmin e tudo que a cerca.
- Então, há algum tempo nossa vida ficou completa com Jasmin e por mais que tudo seja diferente e incrivelmente melhor, quem disse que não melhora? - Todos estão
curiosos e ela está fazendo uma enorme volta.
- Sam! - eu digo com urticária pela curiosidade e ela ri, ela me conhece.
- Então, nós, que éramos dois, nos tornamos três e há cinco dias eu descobri que seremos cinco! - Lucca para com as mãos espalmadas sobre a mesa e eu sem querer
solto um pequeno Yes!
Sam está com os olhos em Lucca e de repente ele se levanta e vai até ela, sem nenhum sorriso e todos ficam apreensivos, afinal é uma conta bem maluca quando pulamos
um número. Ele chega perto dela e a abraça e a beija, intensamente, não se importando com quem está ali e eu gosto de ver meu irmão assim.
- Eu amo você, Sam - Ele beija seu rosto todo - Por isso a vontade de sorvete de pistache? Por isso as batatas fritas de madrugada? Estar com você já é a melhor
soma e resultado da minha vida - ele volta a beijá-la e todos brindam e se levantam para cumprimentar os futuros pais de gêmeos.
- Prepare-se! É delicioso e surpreendente! - eu digo e a abraço e vou em direção a Lucca.
- Laranjão, parabéns! Estou muito feliz por vocês! - falo e beijo meu irmão no rosto. Eu o abraço e por alguns instantes lembro de nossas pequenas discussões, desde
nossa casa na Escócia até a primeira noite aqui em Nova York.
A vida é a soma de todas as nossas escolhas e decisões. Quando eu cheguei aqui em Nova York eu sabia que essa não era a decisão que eu tomaria, mas por algum motivo
foi minha escolha. Eu sei que tive um grande interesse e que tudo poderia ter sido diferente, eu poderia não estar aqui e viver tudo isso, mas eu acredito que por
mais que decidamos e escolhamos, existe um plano divino.
Às vezes me pego lembrando de como minha história com Evan começou e se isso não for um plano de Deus, eu não sei o que pode ser. Eu estava do outro lado do oceano
e vim parar aqui, na vida dele, e agora tudo é completo. Não existe nada do passado para ser resolvido ou consertado, tudo está dentro do nosso perfeito imperfeito,
de brigas por coisas bobas até nossas noites de sexo mais quente, com direito a fugas durante o dia para um hotel de luxo apenas para fazermos amor sem sermos interrompidos.
Sinto prazer nas tarefas, em levar os gêmeos à escola, à natação, Romeo ao judô e Cora ao balé. Esse tipo de coisa vai deixando a vida mais saborosa, ver Cora com
as sapatilhas que ainda não são de pontas me enche de orgulho e quando Romeo entra no carro com seu quimono ensaiando o que acabou de aprender na aula, eu agradeço
a Deus por ser eu a escolhida para viver isso.
Sou feliz com meu trabalho, com a dança, com a minha família e peço que Deus nos abençoe e nos dê saúde para vivermos isso por muito tempo.
Comemoramos a novidade e nos esbaldamos com as sobremesas. Maria me salvou nesse almoço e para minha surpresa, assim que terminamos, as mulheres foram todas para
cozinha cuidar da limpeza. Olho Rose lavando a louça e minha mãe enxugando, enquanto Maria e eu colocávamos a comida que sobrou (muita por sinal) em pequenos recipientes.
Alguns moradores de rua terão uma refeição diferente nesse dia de Ação de Graças, isso eu faço questão de fazer. Sam separa alguns talheres descartáveis e embrulha
junto com as marmitas e essa sensação de fazer o bem é mais gratificante para mim que executo do que possivelmente para quem a recebe.
Capítulo 5
Evan
Meus poucos dias de férias acabaram ontem e agora tenho que encarar mais dez dias antes do Natal e então a Maccouant Import Inc encerra suas atividades do ano e
retoma a partir da segunda semana de janeiro.
Tenho duas reuniões antes do almoço e eu preciso concluir com êxito esse encontro. A primeira é com Adália, das Indústrias Felmor de plásticos e abrasivos. Essa
reunião é a ultima, já foram duas e alguns pontos não ficaram bem esclarecidos.
A segunda é com um antigo cliente que vai expandir seus negócios para a Oceania, é Gilbert, da Seinor Laticínios e para esse novo ponto do planeta é necessário uma
documentação diferenciada.
Abro meus e-mails e enquanto a página carrega, me levanto e retiro meu paletó e o coloco no cabide de chão. Antes de me sentar olho para a rua através da janela
e observo o tempo ficando mais branco pela neve. Poucas pessoas estão caminhando, o frio é intenso e o barulho do meu telefone tocando me leva de volta para a mesa.
- Sim - Atendo.
- Sr, Sra. Adália ligou, sofreu um acidente de carro quando estava vindo para a reunião. Ela está bem, apenas solicitou que mudássemos a reunião de hoje para sexta-feira
- Sra. Everhill me comunica e por mais que eu odeie mudanças de percurso, hoje especialmente me sinto bem em não ter que falar com a magricela com cara de sofrimento.
Essa mulher conseguiu me irritar mais do que qualquer outra pessoa nessa vida.
- Tudo bem, mas marque para o período da manhã, à tarde tenho compromisso e não volto para o escritório - Disparo e desligamos em seguida.
Perfeito, tenho tempo de pesquisar melhor as condições da Oceania para a entrada de novos produtos. Não posso deixar nenhum detalhe para trás, nada pode sair errado
e nada pode atrapalhar a vida do meu cliente. Meu celular toca e ao olhar para tela sorrio, é ela, Victoria.
- Oi - Atendo sorrindo, sempre é bom falar com ela, seja para ouvir suas reclamações de ordem feminina, ou seu simples: oi!
- Oi, tudo bem? - ela pergunta calmamente.
- Melhor agora - respondo sorrindo - E você? - pergunto e clico no canto superior da tela, fechando as janelas de internet e deixando nossa foto aos meus olhos.
- Estou bem, as crianças estão com seus pais. Essa época de neve e férias os tem deixado entediados. Acabei de receber uma solicitação de um projeto, vou me dedicar
a isso hoje, mas antes vou sair com a Maria, precisa de alguma coisa? - ela fala de maneira tão doce e minha vontade é ir para casa e fazer amor com ela ou simplesmente
ficar com ela.
- Não, meu amor, tudo que preciso eu tenho, mas quero que Gunter as leve - Exijo e escuto a respiração profunda de Vick do outro lado.
- Evan, isso é incabível, ele vai atravessar Manhattan para nos levar a duas quadras daqui? Desculpe, meu querido, mas não. Eu e Maria vamos andar na neve e trazer
sacolas a pé. Liguei para avisar sobre as crianças e para saber como você está, não vou acatar sua ordem dessa vez, meu amor - Essa rebeldia aperta minha calça.
- Poderia lhe dar umas palmadas por conta de sua malcriação - Escuto ela rindo e nem parece que o tempo está frio, me sinto aquecido por ela.
- Okay, então prepare sua mão, vou estar lhe esperando - ela diz em um tom de malícia e eu derreto.
- Não provoque, Sra Maccouant, tenho alguns compromissos por aqui. E já que não vai obedecer, peço que me ligue assim que chegar, pode ser? Não estou pedindo muito
-Brinco.
- Vou pensar, talvez eu ligue - Ela ri e eu também.
- Conseguiu encontrar o boneco do Hulk do Romeo? Ele estava aflito procurando por ele - Há dois dias quando todos foram embora, Romeo começou sua busca pelo boneco
e ainda ontem à noite não havia encontrado.
- Sim, mas agora vai ser um pouco difícil ele brincar com o Hulk; possivelmente ele deixou cair na piscina e não percebeu, agora a água está congelada. Expliquei
que ele terá que esperar, e sabe o que ele me respondeu? - Ela está sorrindo, provavelmente ele arrumou mais uma pérola.
- Não consigo imaginar, ele é uma caixa de surpresas - Lembro dele ontem à noite explicando como foi escalar a árvore de Natal, fiz um esforço sobre humano para
não rir na frente dele, mas depois no quarto eu e Vick rimos muito.
- Ele disse que seria bom para o Hulk ficar congelado, assim como o Capitão América ficou - Ela ri mais alto.
- Ele derrubou o Capitão América na piscina também? - pergunto intrigado.
- Não, ele se referia ao filme mesmo - Rimos juntos, Romeo é fora do normal.
- Isso é bem ele, e minha princesinha? - pergunto sobre Cora. Ontem enquanto Romeo contava sua aventura em busca de esquilos, ela estava em meu colo revirando meu
cabelo. As mãozinhas dela em minha cabeça são um alívio, é como se o mundo realmente fosse um lugar perfeito.
- Cora pediu para eu desenhar uma árvore em uma folha grande para o Papai Noel e eu disse que pensaria a respeito. Não podemos voltar atrás sobre a árvore, mas eu
estou pensando em como resolver essa questão e acho que tenho uma solução - ela diz e sua voz é de alguém que pretende aprontar, isso é fato.
- Você sabe que por mim eu compraria outra, mas então eu não estaria colaborando com o caráter dele que ainda está em construção - digo passando por outras fotos
e observo Cora com o salto alto da mãe. Ela está de costa para a foto, foi tirada no mezanino, e de frente para ela a imensa vidraça. Linda.
- Eu sei e concordo com você, mas eles parecem que entenderam. Meu amor, eu vou sair e quando eu voltar eu te ligo, tudo bem? - ela diz sorrindo.
- Tudo bem, espero sua ligação e tente não demorar, ok? - Zombo.
- Vou pensar sobre isso também, um beijo e eu amo você - ela diz com a voz feliz e sou grato por isso.
- Eu também amo você, até mais tarde - Desligamos e eu continuei a percorrer as fotos. Minha reunião foi cancelada e olhar para eles é algo bom para minha alma.
Olho para Romeo sentado de pernas cruzadas sobre a poltrona do meu quarto, uma meia amarela e a outra azul, ele apoia o rostinho nas mãos e me observa enquanto coloco
minha gravata. Eu lembro bem desse dia, ele estava perguntando por que tenho que usar isso no pescoço, e eu tentei explicar de uma maneira bem didática, mas ele
estava inconformado.
Victoria tirou uma série de fotos nossa na sequência e ficou muito boa, mostra ele desde as mãozinhas sob o queixo até as palmas para cima, como se dissesse: Por
quê? Em relação a gravata. Meu vermelhinho terrível.
Outra foto de Cora, ela está na Gael, bem ao centro da sala espelhada. Na foto é possível ver todos os seus reflexos e uma sequência dela também, mostra-a caminhando
por toda a sala e deslizando sua mão sobre a barra de apoio.
Cora é a suavidade em forma de menina, ela é doce e carinhosa, apaixonada por cabelos revirados e ocupa meu lado da cama todas as manhãs. Ela é de um olhar profundo
e conquistador, sou escravo dela e Vick tem consciência disso.
Outra sequência de fotos, mas agora é de ambos, estávamos na casa da Escócia. Essa sequência mostra-os caminhando em direção aos balanços, juntos, e Romeo ajudando
Cora a subir no balanço que era de Vick.
Morreria por eles, mataria também e pouco me importaria com minha fortuna, eles são a minha maior riqueza.
Clico mais uma vez e uma foto de Vick com eles sentados na varanda surge, os gêmeos estão olhando para ela e eu lembro que ela estava falando sobre a infância naquela
casa, os pequenos olham com encantamento para ela e eu também.
A última foto mostra os gêmeos e eu, deitados no gramado em frente aos balanços; estava de tarde e o sol era fraco por conta do tempo, olhávamos as nuvens e seus
possíveis desenhos. Sou o homem mais feliz desse mundo, tenho a paz que preciso em mãozinhas atrevidas e mentes criativas.
Meu telefone toca e me desperta, atendo.
- Sim - Atendo feliz por conta das fotos. Clico sobre minha playlist e deixo Capital Cities tocar, o volume está baixo e a música é Safe And Sound.
- Sr, Jony ao telefone, disse que tentou ligar no seu celular e não conseguiu - Sra Everhill me avisa.
- Pode passar a ligação. Sim, Jony - Atendo.
- Preciso conversar com o senhor, estou a caminho da Maccouant - A voz dele é séria e percebo uma ponta de preocupação.
- Adiante o assunto, Jony - ordeno com a tom de advertência.
- Acabei de receber uma lig... - a linha caiu e automaticamente eu ligo de volta, e nada. Maldito sinal!
O que será que pode ter acontecido? Jony estava com o pessoal da FitPoint renovando o contrato e até onde sei deu tudo certo, vi a confirmação através da transferência
para minha conta.
Escuto a batida típica da Sra Everhill e eu peço que entre. Ela está com alguns envelopes, correspondências e caixas na mão. Ela pede que eu assine alguns documentos
e eu os faço.
Ela sai e eu me distraio com alguns postais de Giovani. Ele está esquiando na França com Alexander, dois putos. Sinto falta das cervejas com o bando todo, mas tudo
tem seu tempo.
Dois presentes são de Wallace e eu sei o motivo de vinhos tão estupidamente caros terem sido enviados. Fechamos uma bela conta no mês passado e ele vai faturar muito
e com um custo zero. Ele já iria fazer o transporte para uma empresa e outra surgiu precisando do mesmo itinerário; todo o custo foi pago pela primeira, além do
lucro obviamente cobrado, mas a segunda está pagando o mesmo valor por algo que já iria acontecer.
Foi uma jogada de mestre, demorou algum tempo mas quando recebemos a aprovação da diretoria foi estupendo.
Escuto alguém na porta e eu peço que entre, meus olhos estão nos rótulos de alguns milhares de dólares, duas reservas mais do que especiais.
- Sr. - Jony entra na sala e meus olhos vão direto para os dele, minha tentativa é tentar adivinhar o que está acontecendo.
- O que aconteceu? - pergunto e me ajeito na cadeira. - Sente-se.
- Recebi uma ligação, e eu sei o quanto trabalhamos para que isso não fosse possível, mas infelizmente existem brechas na lei - Ele enrola e eu não gosto desse tipo
de rodeio em torno de um assunto.
- Pode ser mais claro? - Sou irônico e já perdi a paciência.
- Lívia deixou a penitenciária de Calegary essa manhã - Ele dispara e eu tento analisar toda a informação.
- Desculpe, não entendi - Meu olhar é sério e profundamente enfurecido.
- A família dela, ou melhor, a mãe dela, contra a vontade do pai, entrou com um pedido e conseguiu um indulto de Natal, mas antes disso, foram feitos alguns exames
e parece que ela não mostra mais sinais de perigo à sociedade - ele diz incrédulo no que está pronunciando e eu não entendo essa merda de lei que favorece.
- Ela é uma assassina - Lembro de Victoria triste logo depois de perder o bebê e isso já me deixa completamente louco de raiva. Empurro minha cadeira para longe
da mesa e ando até a vidraça.
- A verdade é que ela não é, ela não matou ninguém, ela tentou e parece que o advogado dela conseguiu provar que ela precisa de apoio familiar, que ela pode não
estar em plena atividade mental - ele diz e sabe o quanto esse assunto me afeta, me fere.
- Está me dizendo que estão libertando-a porque ela é louca? - pergunto com uma dose cavalar de cinismo.
- Sim, é exatamente isso. Foram encontrados alguns diários e neles ela conta sobre tudo que fez e se diz arrependida, que ela merece ser sozinha e sofrer, mas que
era grata por ter alguém - Ele coça a testa e me olha - Ela escreveu coisas sem muito nexo e isso leva a crer que ela não é normal e pode estar com problemas psiquiátricos.
Por isso a mãe acha que um tratamento aqui fora seria melhor para a filha.
- Jony, você e eu sabemos que ela não é louca e agora ela pode caminhar livremente por aí - Me sento e tento não me preocupar, mas isso é impossível, imagino a reação
de Victoria. Ela tentou esconder, mas eu sei que ela criou uma espécie de pânico logo depois da perda do bebê e mesmo depois, quando ela deu a surra que deu, ela
ainda estava cautelosa. Ela só ficou em paz quando recebemos a notícia que Lívia estava presa.
- Sim, mas a lei que pune é a mesma lei que elege esse tipo de coisa, infelizmente - Ele se levanta e coloca as mãos nos bolsos - Entre a justiça e a lei, eu tenho
que escolher a lei por conta da Ordem, mas é fato que o correto seria escolher a justiça. Eu lamento ser portador de tal notícia nessa época, mas eu não confio nessa
insanidade supostamente comprovada. Eu entrei com recurso, mas não teremos resposta antes do ano novo - Ele dá dois passos em minha direção - Eu sei que Victoria
tem uma vida ativa, vive em convenções sobre arquitetura, é o trabalho dela, e tem também os gêmeos que têm suas pequenas tarefas, escola, cursos e passeios com
a Maria. Conheço bem sua vida, Sr Maccouant. Estamos trabalhando juntos há dez anos ou mais e tenho grande admiração pelo senhor, mas agora estou falando como um
amigo que lhe presta serviços de ordem judicial, avise Victoria e vamos ter cuidado.
- Jony, ela está muito feliz, trabalhando, cuidando dos nossos filhos e é Natal, como vou dar essa notícia? - pergunto e ele me olha preocupado.
- Eu entendo, mas se não contar, ela vai manter a rotina de sair sem nenhuma segurança, sem contar que os gêmeos estarão em horários iguais em locais diferentes.
Eu não deveria preocupá-lo ainda mais, mas eu sei do que essa mulher é capaz e não estou convencido que ela esteja com qualquer desordem mental.
- Eu acabei de voltar de férias, não posso ficar mais tempo fora daqui. Por outro lado eu poderia viajar com ela e os gêmeos - Esfrego meu polegar e meu indicador
em minha testa - Não posso, tenho alguns compromissos e isso seria a ruína cancelar nessa época, sem contar que temos um contrato de cumprimento até a véspera de
Natal com a Madson, não posso correr nenhum risco, nem com a minha família e nem com a minha empresa, eu vou ter que contar.
- É o melhor, não vai conseguir proteger sua família sem dividir isso com ela - ele diz e de repente me lembro que Victoria saiu com Maria, a pé, teimosa.
- Jony, que horas ela saiu da penitenciária?
- Há uma hora, ainda deve estar a caminho. E antes que me pergunte, sim, ela vai ficar na casa da mãe em Boston. Como você sabe os pais dela se separaram e a mãe
se mudou pra lá - Ele me avisa.
- Jony, obrigado - agradeço e minha cabeça agora tenta formatar a informação e como vou avisar Victoria.
- Estou à sua disposição - ele diz e caminha em direção à porta - Para o que precisar, me ligue - Ele se despede e vai embora.
Desligo o som e ligo para o meu pai, os gêmeos estão com ele.
- Pai - Eu o chamo assim que ele atende.
-Oi, filho, tudo bem? - Ele percebe meu tom de voz.
- Sim, está tudo bem, e as crianças? - pergunto.
- Estão bem, estão no quarto de brinquedos. Dina está fazendo um bolo de chocolate para eles para depois do almoço - Meu pai avisa sobre os mimos de sua empregada
em relação aos gêmeos - O que houve? - ele pergunta.
- Não crie alarde, ainda não contei para Victoria, mas Lívia deixou a penitenciária essa manhã - Escuto o soltar de sua respiração. Ele acompanhou os problemas e
depois que soube da perda do bebê, se tornou um guardião em relação a Victoria e as crianças.
- Isso não é bom - ele diz preocupado.
- Eu sei, cuide deles, vou buscá-los à noite - aviso.
- Evan, deixe-os aqui essa noite, amanhã eu os levo. Fique tranquilo. Tenho Roman como segurança em tempo integral e eles estarão seguros - Meu pai pede e eu penso
sobre não estar perto deles com essa maluca solta.
-Tudo bem, qualquer coisa me ligue - Ele entende minha preocupação e sabe que pela minha família eu tiraria a terra do eixo se for preciso.
- Fique tranquilo, tudo está bem - Ele tenta me tranquilizar.
- Obrigado, pai - Nos despedimos e desligamos em seguida.
Penso na calmaria que estava vivendo e agora isso para arruinar minha paz. Penso em ligar para Victoria, mas não acho prudente avisar isso por telefone.
Pego o telefone e ligo para Sra Everhill, peço que ela desmarque com Gilbert e o coloque na primeira hora de amanhã. Ela acata e minutos depois estou no banco de
trás do carro, analisando a situação.
Posso estar sendo exagerado, mas apenas quem passou por algumas situações sabe o que é ter medo, porque é exatamente isso. Eu tenho medo que algo aconteça à minha
família e eu não esteja lá para defendê-la.
Gunter me olha pelo retrovisor assim que para no primeiro semáforo, logo que saímos da Maccouant.
- Sim, Gunter, estou com um problema - Disparo.
- Posso ajudá-lo? - ele pergunta.
- Sim, sempre pode, nesse caso vou precisar e muito de você e de seus serviços - Disparo e seu olhar preocupante chega em mim - Lívia está solta, saiu da penitenciária
essa manhã - Ele me olha incrédulo e eu olho para ele com o mesmo tom.
-Vou providenciar a segurança - ele diz e eu sei que parece exagero, mas foda-se, é a minha família.
- Leonel? - pergunto sobre um amigo dele na época em fizeram os cursos de segurança e sobrevivência juntos.
- Sim - Ele é sucinto e eu sei que não preciso me preocupar com os detalhes.
Capítulo 6
Vick
Evan saiu bem cedo, havia me dito sobre duas reuniões para antes do almoço e se tem algo que ele detesta são atrasos, e parece que uma das reuniões com uma tal de
Adália é muito importante, pois vem se arrastando e alguns pontos não foram acertados. O relógio marca oito e quarenta e três da manhã e eu me sento na cadeira do
escritório. Hoje esse ambiente é mais usado por mim do que pelo Evan.
O telefone toca e escuto Maria atender. Era para ela estar de férias, mas desistiu de seus planos. Maria cuida com tanto amor dos gêmeos, uma sensação boa de ver,
e algumas vezes eles já dormiram na casa dela no fundo da casa da piscina. Sei que nessas noites acontecem as comidas proibidas altas horas da noite, então apenas
uma vez por mês está liberado a noite da farra com Maria.
Nos dias em que minha mãe esteve aqui por conta do dia de Ação de Graças, percebi a aproximação dela junto à Maria, e sei que ela fez suas perguntas. Maria me contou
depois sobre a preocupação de minha mãe. Confesso que fiquei feliz em ouvir e lembro da noite que antecedeu seu retorno à Escócia junto com meu pai.
- Filha - ela disse e eu estava na cozinha, cortando dois pedaços de bolo para os gêmeos. Eu estava de costas para a porta e de frente para ilha.
- Oi, mãe - respondi feliz. Gosto quando ela me chama assim, me sinto próxima de casa. Escuto seu caminhar e ela para ao meu lado observando como eu estava colocando
os pedaços, do mesmo tamanho, em pratos diferenciados apenas pela cor, rosa é o de Cora e verde é o de Romeo.
-Tem um minuto para sua mãe? - ela disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Todos os minutos, mãe, só deixe eu servir as crianças primeiro, logo eles vão para cama - avisei e em seguida chamei os gêmeos e os levei até a sala de jantar.
Sentei um ao lado do outro e igualmente beijei a testa deles. Eles já estavam apresentando sinais de sono, haviam brincado demais e só pararam quando Sam, Lucca
e Jasmin foram embora, há pouco mais de uma hora.
Voltei para a cozinha, guardei o bolo, lavei a faca, enxuguei e a guardei.
- Tudo bem, mãe? - perguntei e coloquei uma banqueta para ela se sentar e puxei outra para mim. Ela estava mais despojada, de jeans e blusão de lã, mas estava muito
bem vestida.
- Sim, minha filha, está tudo perfeito agora. Vejo você e como cuida de sua família, como cuida das crianças e eu sinto tanto orgulho que não sei como me expressar
- Ela esticou a mão e alcançou a minha -Victoria, durante muito tempo eu enxerguei em você uma grande adversária. Seu pai era e sempre será seu fiel escudeiro e
lamentavelmente eu não soube me aproximar de você como você se aproxima de Cora - ela disse e por mais que me doesse, não chorei.
- Me aproximo de Cora, assim como me aproximo de Romeo - Levo meus olhos até as crianças e as vejo comendo e tagarelando sobre alguma coisa do bolo.
- É exatamente isso, eu não tive a oportunidade de dizer antes o que vou lhe dizer agora. Na realidade eu não tinha coragem - Ela confessou e eu estou tentando entender
- Por mais que estejamos bem como nunca estivemos, eu preciso realmente lhe dizer isso.
- Sim...
- Quando eu deixei minha aulas de balé por conta do alcoolismo do meu pai, eu não me interessei por mais nada - Fico espantada. Nunca soube disso, nunca imaginei
que minha mãe tivesse usado sapatilhas como eu. Bom, eu tenho usado apenas para Evan - Então eu entrei no colegial e lá conheci seu pai e tudo foi tão rápido, quando
me dei conta estava entusiasmada com o curso que ele me pagaria de arquitetura - Os olhos dela brilham por conta das lágrimas que se acumulam, mas não caem.
- Você dançava!? - disse surpresa e sorrindo, fiquei feliz em ouvir isso, poderíamos ter dividido muitas coisas - Eu não sabia.
- Sim, eu dançava e era apaixonada pela dança assim como você e nunca comentei nada porque era frustrante, eu havia sido covarde em desistir - Ela respira fundo
e continua - Depois que me formei, vocês nasceram e então tudo ficou melhor. Eu havia encontrado minha função no mundo, eu era mãe dos gêmeos mais lindos do planeta.
- Coisas de mãe - disse com carinho alisando as costas de suas mãos.
- Então, quando você tinha dois aninhos fomos ao circo e você ficou encantada com as bailarinas e eu tive a ideia de colocar você no balé e você se tornou tudo que
eu gostaria de ter sido. E para completar, quando me via debruçada sobre a prancheta fazendo meus esboços, você desenhava suas casinhas típicas de uma criança de
cinco anos. Você era apaixonada pelas mesmas coisas que eu e seu pai começou a direcionar a atenção à minha pequena cópia. Eu sabia que você chegaria onde não cheguei,
e por fraqueza sentia pequenas doses de inveja e não o orgulho que sinto hoje - Ela desaba as palavras em cima de mim e as lágrimas de seus olhos se soltam como
pequenas gotas de chuva.
- Eu sempre admirei seus desenhos e achava fantástico como conseguia construir prédios e magazines em folhas em branco, eu havia decidido fazer arquitetura porque
eu queria ser como você - Confessei e mantive o carinho em sua mão, mas com a outra enxuguei seu rosto.
- Você foi além, sobreviveu sem minha presença em alguns momentos e eu reconheço isso. Acredite, dizer tudo isso que estou dizendo agora não é fácil e talvez não
precisasse, mas a terapia me ajudou - Abro os olhos em explosão, espanto-me com a notícia.
- Fez terapia? - perguntei.
- Sim, apesar de estar feliz pelos meus filhos, toda vez que pensava em seu rosto eu sentia um nó em minha garganta; sentia uma lança em chamas atravessando meu
peito e eu cheguei a conclusão que precisaria resolver isso, por mim e por você - Ela parece estar se aliviando de toneladas em cada palavra que diz.
- Mas estou bem, mãe, e sei que agiu da forma que achou que deveria agir - falo.
- Também pensei isso, meu amor, mas estava errada. Na minha primeira sessão, acredito que tenha sido a mais fácil, mas foi nela que descobri que precisaria admitir
uma série de equívocos. Errei muito com você, Victoria, mas acertei algumas vezes também - Ela divide seu olhar entre meus olhos, não desvia - Mas eu precisava aceitá-los,
só assim eu conseguiria resolver alguma coisa com você. Acredite, admitir erros é muito mais complicado quando se está em uma posição de exemplo como a minha - Ela
nega com a cabeça, como se sentisse vergonha - E a verdade, Victoria, é que se fosse correta a forma como lidei com algumas situações em relação a você, por que
me sentia tão mal ao pensar sobre isso? - Apesar de estar sendo cruel com ela mesma, sinto um alívio tomando conta de seu semblante - Victoria, direcionei a energia
boa apenas para uma direção. Sempre amei você, sempre, cada segundo da minha vida e eu deveria ter dito isso todos os dias para você. Poderíamos ter conversado sobre
balé, sobre sua falta de interesse em ter namorados, sobre as horas que se dedicava em fazer seus desenhos. Teríamos assunto para várias vidas, mas eu teria que
admitir que você era melhor do que eu e lamentavelmente eu falhei nisso - Ela enxuga o rosto - Minha terapeuta quando disse: Stella, liberte-se desse sentimento!
Eu perguntei: Como? E ela respondeu: Divida com a outra parte dessa história. É o que estou tentando fazer, estou tentando do meu jeito dizer que eu lamento profundamente,
que eu poderia ter tido sua vida dividida comigo e que a culpa por isso não ter acontecido é totalmente minha.
- Não existe culpa ou erro, aconteceu da forma que deveria e tudo está bem, mãe, fique em paz - Me levanto e beijo seu rosto.
- Você me perdoa? - Como uma mãe pode pedir perdão para um filho? Mães são seres santificados e livre de pecados.
- Você é a minha mãe, não precisa pedir perdão.
- Não, meu amor, eu preciso sim, e você não pense que ser mãe é acertar em tempo integral. Algumas vezes aprendemos com os filhos mais do que ensinamos - Ela acaricia
meu rosto - Olhe agora, olha o que está me ensinando, está me mostrando o que é viver sem mágoa ou raiva. Quem me dera ter descoberto antes que em minha filha havia
o melhor catálogo de virtudes, não posso recuperar o tempo que perdi, mas posso criar a oportunidade de um novo tempo.
- Tenho todo tempo do mundo para você, mãe, e está tudo bem - Beijo os dois lados do seu rosto e nunca imaginei que um dia teríamos essa conversa, tudo parece perfeito.
-Você é a melhor filha do mundo, agora vejo que também é uma excelente mãe e esposa, você é meu orgulho, hoje mais ainda - Ela se levanta e me abraça por longos
minutos, o melhor abraço de mãe que recebi em toda a minha vida e eu sei que é verdadeiro.
- Sra? - Maria me desperta e eu volto do colo da minha mãe em segundos.
- Sim, Maria, e pare de chamar assim, é Vick! - Brinco com ela e ela sorri.
- Sr. Maccouant ligou e perguntou se pode passar o dia com as crianças, acho que ele comprou mais brinquedos para o quarto deles em sua casa - Ela sorri e nega com
a cabeça.
- Claro que pode - Escuto o barulho de um e-mail chegando e olho o remetente. Fico feliz, é um projeto - Maria, por favor, retorne para ele e diga que tudo bem.
Se puder arrumar uma troca de roupa para cada um, sei que eles têm tudo por lá, mas acho chato não mandar nada - Ela acata e eu abro o e-mail e leio.
Bato com a caneta sobre a mesa do escritório, tento analisar o projeto que acabo de receber por e-mail. É o tipo de trabalho que gosto de fazer, onde posso deixar
minha imaginação fluir, sem regras e normas, apenas o delicioso e libertino espaço da arquitetura.
Vou precisar de espaço para a área do jardim, penso comigo, e alcanço uma folha em branco. Faço um esboço e já imagino o espaço pronto. É como a dança, quando se
monta uma coreografia, tudo se encaixa em seu devido ritmo.
Alguns minutos depois, escuto John e Rose entrando e vou até eles.
- Victoria, vamos roubá-los um pouquinho - Rose diz com carinho e em seguida eles descem cada um com uma mochila nas costas. Os avós babam e os pegam, Cora vai direto
para o colo do avô e em seguida desarruma o cabelo de John.
- Cora, não, meu amor, deixe o cabelo do vovô - A advirto mas com John adorando as mãozinhas dela em suas madeixas que começam a ficar grisalhas.
- Ora, deixe-a, ela tem mãos de anjo - Sorrio ao ver a cena e estico meus olhos até Romeo que olha com curiosidade para o pêndulo do colar de Rose.
- É pesado, vovó? - ele pergunta olhando com espanto para a pedra verde em seu pescoço.
- Não muito, meu amor - Ela beija o rosto dele.
- Vou ganhar algum beijo de despedida dos meus amores? - pergunto e ambos descem do colo dos avós e vem em minha direção. Me ajoelho e beijo seus rostinhos, peço
para se comportarem, inutilmente. Me despeço de John e Rose e volto para o meu projeto.
Ligo para Evan para avisar sobre os gêmeos e sobre minha saída com Maria. Evan continua o mesmo, mas agora estamos mais maduros em algumas situações, apenas em algumas.
As palmadas contra meu traseiro continuam e eu ainda tento me esquivar das ordens dele, como, por exemplo, dispensar a ideia de Gunter atravessar Manhattan para
me levar a poucas quadras daqui.
Desligo e volto meus olhos para o projeto. Me perco dentro do desenho por alguns instantes e de repente Maria volta para o escritório, avisa que a neve voltou a
cair com mais força e que talvez não seja uma boa ideia sairmos.
Eu concordo porque agora estou entusiasmada com o projeto. Deixo minha imaginação fluir, faço um primeiro esboço e depois outro e depois outro, com versões diferentes
de jardim e área principal.
Muitos minutos passam, e vários outros esboços são feitos. Sinto falta de música e coloco uma seleção do YouTube com algumas favoritas, a primeira é Love Me Again,
de John Newman.
Com música fica melhor e tudo acontece diante dos meus olhos, as paredes se levantam e o jardim fica ainda mais florido. A música sempre me ajuda e depois de algum
tempo escolho de todos os esboços, dois para a apresentação. Será na segunda semana de janeiro, tenho tempo para aperfeiçoar e é claro para azucrinar a orelha do
Evan, que com seu perfeccionismo me ajuda com detalhes.
Escuto a porta se abrindo e eu sei que é ele, meu Evan. Conheço o barulho das suas chaves, conheço quase tudo sobre ele, sei quando seu humor está perfeito ou quando
alguém conseguiu atrapalhar o seu dia.
Mas esse barulho eu não conheço; esse de suas chaves sendo despejadas sobre o aparador ao lado da escada, sinto que seu humor está severamente modificado e Evan
entra no escritório e me olha como se lá fora o mundo estivesse sendo engolido por alguma desordem inevitável.
Ele puxa a gravata com pouca paciência e a deixa frouxa em seu pescoço. Ele retira o paletó e o joga sobre o divã e se aproxima de mim, dá a volta na mesa e me encara
por alguns instantes antes de se inclinar. Sela meus lábios demoradamente e eu abro meus olhos, e seus olhos estão em mim, sobre os meus e apesar de nos encontrarmos
infinitamente assim, nesse momento me sinto sem nenhuma direção.
Ele se levanta e coloca as mãos na cintura, sinto um tornado ao nosso redor. Estou com receio de perguntar, tenho receio pela resposta. Me levantei e ajeitei minha
blusa branca e longa. O frio exige isso.
Quando olhei nos olhos de Evan, enxerguei uma sombra antiga, empoeirada e alguns sabores retornaram em mim. Todos eram amargos e sem esperança, eram sabores de dor,
de um passado que guardo de forma diferente.
Ele abaixou a cabeça e em seguida a levantou e deixou seus olhos sobre os livros postos na estante do escritório. Ele ficou sobre a mitologia grega alguns instantes
e eu fiquei perdida dentro desse tempo longe dos seus olhos. A sombra de seu olhar denunciava alguma catástrofe, avisava que o mar estava revolto e que antigas ondas
escuras poderiam voltar a nos atingir. É isso que sinto nesse momento, sinto que algo não está sob o controle que deveria estar, sinto que não posso fazer absolutamente
nada.
- O que tem para me dizer é grave? - perguntei e me aproximei dele e instintivamente ele me abraçou e colocou seu rosto em meu pescoço. Sinto seu inalar profundo,
buscando oxigênio para seus pulmões e para o seu cérebro. Ele me aperta contra seu corpo e não sei o que está por vir, não sei se quero saber, não sei se quero um
mundo diferente do que estou vivendo. Não estou preparada.
- Sra. Maccouant, boa tarde, desculpe a intromissão - Gunter entra no escritório e seus olhos estão com o mesmo tom dos olhos de Evan e tudo fica ainda pior. Evan
se distancia e dá alguns passos de um lado e depois para o outro - Sr, tudo foi providenciado conforme suas ordens.
- Obrigado, Gunter - Gunter sai e Evan me olha, e tenho receio do que ele está ensaiando. Não gosto desse clima que está entre nós, como se eu fosse descobrir algo
desagradável.
-Victoria - Evan diz e respira fundo - Não pense que dizer isso é algo que eu queira fazer, mas eu preciso - Evan alcança a minha mão e me leva para junto dele.
O Natal é em poucos dias, e eu desconfio que meu presente não é exatamente o que eu esperava -Vem comigo, vamos conversar - Ele me leva para o nosso quarto, e eu
não gosto do que estou sentindo nesse momento.
Capítulo 7
Evan
Entro no escritório e vejo a cena mais linda desse mundo, Victoria empolgada com a música e desenhando. Ela substitui facilmente as sapatilhas pelo lápis e essa
versatilidade em fazer bem feito tudo que ela toca me faz seu escravo.
Mas meu olhar me condena, e ela me conhece muito bem. Ela sabe que não estou bem e não posso ficar bem, algo incomoda minha tranquilidade e eu não quero que nada
me incomode.
-Vem comigo, vamos conversar - A levo para o quarto e eu sei que ela está me analisando, ela sabe que para Gunter ter entrado no escritório como entrou é porque
algo está errado.
Entramos no quarto e eu tranquei a porta. Dobro as mangas da camisa e olho para Victoria, que está sentada na poltrona me olhando como se esperasse uma bomba. Para
mim é. É porque sei que ela vai disfarçar e se fingir de forte e, na realidade, ela vai pensar nessa filha da puta da Lívia dia e noite, sem contar que os gêmeos
estarão em tempo integral sob seus cuidados.
- Se você demorar muito para me contar, corre o risco de conversar com um defunto, Evan. Fale de uma vez, não precisa me preparar, você sabe que isso me irrita -
Ela já está nervosa.
- Victoria, não tem como rodear, é direto e eu já providenciei tudo para que fique tranquila - digo e ela suspende as sobrancelhas.
- Tudo bem, até que foi rápido, só isso? - Ela é irônica e se levanta cruzando os braços.
-Vick, Lívia saiu da penitenciária essa manhã - falo de uma única vez e vejo o semblante de Victoria mudar, como se algo fosse retirado do seu peito e isso não é
bom.
- Soltaram a assassina - ela diz e fecha os dois punhos, seus olhos tremem e eu conheço minha esposa. Ouvi todos os gritos que deu durante seus pesadelos, cativeiro
e bebês foram assuntos abolidos nessa casa e agora tudo volta como avalanche.
- Vem aqui - Eu me aproximo dela e a abraço.
- Evan, como soltaram essa mulher? Ela confessou que queria me matar, ela matou meu bebê! - ela diz em sufoco, sem choro, mas fala de forma dolorida e isso me atinge.
Deus sabe o quanto me afeta quando Victoria sofre.
- A lei que nos ajuda, nos trai também, e alguns exames comprovaram que ela está com sinais de loucura - Tento falar de forma tranquila.
- O quê? - Ela se solta de mim. - Ela é louca? Que tipo de exame deram para ela fazer? Louco para mim come merda e rasga dinheiro, ela fez isso? Se ela não fez,
tranque essa mulher em uma jaula e não em uma cela - Ela está exaltada e acho melhor os gêmeos ficarem com meus pais essa noite.
- Eu sei, eu sei como se sente e eu não queria lhe contar, mas assim fica mais fácil eu proteger você. Você vai entender que não pode ficar saindo assim, a esmo,
quero Gunter com você em tempo integral - Assim que termino a frase o olhar dela sobre mim é quase que mortal.
- O quê? Nem pensar que essa mulher vai me deixar trancada, ela tem que ficar presa e não eu! E eu garanto, se ela atravessar a minha frente, quem vai precisar de
segurança é ela, eu termino de arrebentar a cara daquela vadia -Victoria anda como uma leoa de um lado para o outro.
-Victoria, você não vai ficar por aí sozinha e isso não é uma negociação - Disparo e fico irritado com essa relutância dela.
- Não mesmo, isso não é uma negociação, é ponto determinado, não fico presa. Ela não vai chegar perto de mim e se chegar acione o Jony, porque quem vai para a prisão
sou eu - Ela abre e fecha as mãos conforme anda.
-Victoria, pode não ser ela quem vai se aproximar de você, preciso que entenda o meu lado - Peço e ela me olha negando com a cabeça.
- Evan, não é justo, eu não sou criminosa, não tenho que ficar presa - Ela protesta e eu vou ter que usar armamento mais forte para convencê-la.
- Eu sei, minha ruiva, mas pense nos gêmeos - Assim que termino a frase ela para e me olha com preocupação.
- Meus filhos, Evan, os gêmeos, precisamos ir buscá-los - Ela vem em minha direção e me abraça, eu sei que por eles ela vai me obedecer.
- Calma, em primeiro lugar, Lívia está em Boston; em segundo, meu pai está sabendo e a segurança dele é em tempo integral. Fique tranquila, pedi para Gunter providenciar
os seguranças para a casa e está tudo sob controle. Não quero você preocupada, você vai estar segura e os gêmeos também, daria a minha vida por vocês - digo e beijo
o topo da cabeça dela.
- Não gostaria de perder minha liberdade por conta dela - ela diz triste.
- Não vai perder, mas eu preciso que acate o que estou pedindo. Não quero que você saia sozinha, não quero suas pequenas caminhadas até o pequeno mercado aqui perto
- Ela se solta de mim e acena que sim com a cabeça.
- Estou preocupada com as crianças, mas você acha que ela tentaria alguma coisa? - ela me pergunta e a única coisa que me vem à cabeça é que se ela tentar eu mesmo
a mato.
- Provavelmente não, mas esse é um risco que não quero correr. - Nos olhamos e eu sei que na cabeça dela passa um filme, ela se lembra de tudo e eu também.
Perdi as contas de quantas vezes a peguei chorando depois que o bebê se foi, as inúmeras vezes em que ela contou sobre os ratos e como ela evita contar a história
toda. Todas as vezes que ela começou ela nunca terminou, e quando ela contou sobre a alegria em ouvir a minha voz, ela travou. Eu nunca soube de tudo que aconteceu
com ela, o que sei é que vans brancas a deixam pálida e ela tenta disfarçar.
- É por conta do Natal que a soltaram? E se ela fugir? E se ela tentar algo? Não posso conviver com tudo isso de novo, Evan. Eu não quero ter que me preocupar com
cada carro, com cada telefonema - A sento na cama e beijo sua testa.
- Estou aqui para garantir que nada de ruim lhe aconteça, confie em mim - peço.
- Eu confio, mas é como se eu tivesse que sentir toda a dor de novo. Eu estive perto da morte, eu sei disso, e a culpada por isso agora está por aí, livre, e eu
estou de novo presa, porque é assim que eu me sinto em relação a ela. Eu deveria tê-la arrebentado quando pude, deveria ter dado muito mais socos - ela diz e olha
para a ponta dos dedos.
Tudo fica em silêncio e ela volta a me encarar.
- Evan, na primeira noite naquele lugar, eu havia apanhado tanto que eu não sabia nem como estava meu corpo. Meus olhos estavam inchados e tive medo de morrer naquele
momento. Alguns minutos depois os homens que me bateram voltaram lá e um deles disse... Eu me lembro de tudo e posso sentir o cheiro podre daquele lugar... Ele disse:
Ela era mesmo uma belezinha. Devíamos ter aproveitado antes de deixá-la nesse estado, daria uma boa foda - Ela começou a chorar e eu senti um ódio fora de controle
tomando conta do meu peito, mas eu preciso me conter.
- Não precisa remoer isso.
- Não é remoer, Evan, está aqui - Ela coloca o indicado sobre a própria têmpora e isso me machuca porque não tenho poder de remover isso de sua memória - Entende
que eu passei tantos anos me preservando e só fui salva de um estupro porque me fingi de morta? Ninguém merece passar por isso, ninguém - ela diz com dor e eu desejo
uma morte lenta e dolorosa para cada filho de uma puta que ousou tocar nela.
- Por favor, não fale mais nada, minha vontade é caçar cada um e arrancar seus pulmões com minhas mãos - A puxo para o meu colo - Eu amo você e prometo que nunca
mais ninguém vai lhe fazer mal algum - Beijo seu rosto e ela me olha com ternura.
- Me perdoe, não gosto de falar sobre isso, essa é a parte triste da minha vida e o que acontece depois por culpa dela também. São as formas que temos para ficar
de joelhos, de um jeito ou de outro alcançamos Deus - Ela mexe e retira minha gravata e desabotoa meu colete.
- Não se preocupe, está tudo bem, e vou cuidar de você - Eu a beijo e isso é tudo que preciso, apenas estar com ela.
Ficamos por alguns instantes em silêncio, ela em meu colo e eu apenas mexendo em seus cabelos que cheiram a morango. Ela é minha fraqueza de cores e sabores intensos.
Sinto necessidade dela, da alegria dela, é disso que preciso para continuar.
Nenhum projeto em minha vida tem importância perto do projeto Victoria Campbell Maccouant; nada nesse mundo se compara à relevância que ela tem em minha vida; o
bem que ela me faz apenas por dividir sua vida comigo.
- Evan, na segunda semana de janeiro tenho uma apresentação de um projeto, vai ser aqui mesmo da City, não quero deixar de ir - ela diz mexendo em meu cabelo.
- Mas você não vai deixar de ir e vai fazer a melhor apresentação de sua vida. Bom, a segunda melhor, suas melhores apresentações são para mim, sempre - A beijo
-Você vai e eu vou estar por perto, sempre - Volto a beijá-la e eu preciso que ela fique tranquila.
- Vai ser meu guarda-costas? - Ela sorri e isso me salva. Deus, como o sorriso dessa mulher é tudo para mim.
- Sim, posso ser seu mordomo, seu escravo e tudo que você precisar, porque você é tudo que eu preciso, minha ruiva -Ela me beija de forma mais intensa e se levanta.
- Sou tudo mesmo? - ela pergunta e arranca a blusa, mostrando uma lingerie de renda branca - Porque se você pode ser meu escravo, posso usar você como bem entender
- ela fala e abre o botão do seu jeans e desce a calça. Victoria mantém o corpo de bailarina que me excita como se fosse a primeira vez.
- Pretende me usar agora? Estamos perto da hora do almoço - digo e me levanto arrancando minha roupa.
- Estou falando exatamente sobre isso, sobre refeições e abusos em relação a isso - Ela tira a bota e o jeans e está apenas de lingerie na minha frente.
Me livro de minha roupa e fico nu na frente dela - Abuse, por favor - ordeno e a puxo para junto de mim.
Aperto seu corpo contra o meu e tiro seu sutien e em seguida sua calcinha. Ela é toda linda e minha. Céus, nem posso imaginar outro colocando as mãos sobre ela.
Desejo do fundo da minha alma algo doloroso para cada maldito que pensou em atacá-la.
Encosto meus lábios nos dela e a deito sobre a cama, encontro sua língua e me ajeito entre suas pernas. Deixo meu membro roçar sobre seu sexo e em pouco tempo a
sinto molhada.
Me afasto um pouco dela e olho dentro dos olhos dela, tudo que vejo é de um azul perfeito e quando me coloco dentro dela, nem ouso segurar meu gemido e ela me acompanha.
Entro e saio calmamente, a beijo com tranquilidade e tudo que preciso é que ela fique em paz; preciso dela bem e, assim, eu fico bem também. Estamos em um ritmo
tão bom e sei que não seremos perturbados.
Faz muito tempo que não temos esse tempo tranquilo, essa calma para fazer amor. Me deito e a coloco sobre mim. Ela se apoia em seus pés e começa um subir e descer
cauteloso, gostoso e a sinto até o seu limite.
Coloco minhas mãos sobre seus seios e ela suspende seus cachos em um coque a deixando com um perfil sexie e eu amo olhar para ela assim, com a face ruborizada e
mordendo o lábio inferior.
Ela mantém o ritmo, e eu sei que ela está prestes a gozar. Conheço o corpo da minha mulher e ela aumenta a velocidade, aumenta a intensidade e se o que ela quer
é companhia para esse orgasmo, okay, baby, estou aqui.
Gozamos juntos, seguro seu quadril e a ajudo a se remexer comigo ainda dentro dela, perfeita Victoria. Ela para vagarosamente e se deita sobre meu peito. Beijo o
topo de sua cabeça e a deixo ali, por alguns instantes.
O cheiro dela, o corpo, seu olhar que se divide em mil e tudo que a compõe me domina e estar com ela é de fato a melhor parte de minha vida. Não existe em meu histórico
sexual uma única mulher que tenha conseguido fazer meu coração vibrar junto com meu corpo, ao mesmo tempo. Victoria consegue e me sinto um homem de sorte por isso.
Ela sai e se deita ao meu lado, se aninhando entre meu braço e meu peito. Deslizo meus dedos em seu braço e minutos depois a sinto respirar profundamente, ela adormece
como um anjo, meu anjo.
Coloco um agasalho cinza e desço para o escritório. A deixo dormindo e confesso que a observei por alguns instantes enquanto dormia. Tão linda e tão minha.
Me sento e olho os seus desenhos. Ela tem um capricho perfeito nos detalhes, gosto de suas anotações no rodapé de cada esboço. Nesse aqui ela escreve: mini-margaridas
no jardim perto da ala infantil. É como se ela estivesse caminhando dentro do projeto e sinto orgulho da minha bailarina que desenha muito bem.
- Sr? - Gunter bate na porta do escritório e me flagro sorrindo ao ver os desenhos de Victoria.
- Sim? - Suspendo meu rosto ainda sorrindo e Gunter quase sorri também.
- A partir de amanhã os seguranças estarão aqui, farão o revezamento necessário apenas. Serão três turnos e não haverá folgas ou espaçamento no horário de almoço.
Providenciei a instalação de mais quatro câmeras com áudio e vídeo, serão colocadas na entrada principal, na entrada da garagem, na porta de acesso à piscina e no
topo da escada em arco; essa da escada é de rotação, e capta 360 graus. - Ele se aproxima e saca seu IPhone. - Estou encaminhando o usuário e senha do novo equipamento
para o seu e-mail.
- Não posso deixar que minha família corra nenhum risco, Gunter - digo e me levanto, dou a volta na mesa e me encosto - Entende que eu falhei naquele dia em que
fomos para New Jersey? Eu deveria tê-la protegido e o que fiz foi apenas trancar a porra da porta e aconteceu tudo que aconteceu.
- Sr, nada de ruim vai acontecer. Elaborei uma agenda para poder manter os gêmeos em suas atividades com segurança. Como eles têm aulas em lugares diferentes e ao
mesmo tempo, Leonel e eu faremos a escolta deles, os levaremos e esperaremos até que as atividades terminem. Enquanto isso, aqui na mansão, dois seguranças da equipe
de Leonel estarão fazendo o revezamento em cada turno - Ele coloca a mão sobre meu ombro -Não vou permitir que nada atinja sua família, senhor - ele diz.
- Nossa família, Gunter, nossa. Você faz parte dela, não se esqueça que você e Maria são padrinhos dos gêmeos - Bato no ombro do cara que tem feito mais do que qualquer
pessoa faria por mim.
- Fico honrado senhor, obrigado - ele diz e caminhamos para a sala da escada em arco - Pretende voltar para o escritório ainda hoje? - ele pergunta.
- Não, vou ficar aqui, com ela - respondo e olho para o alto da escada.
- Então vou pedir que adiantem a instalação das câmeras. Vamos aproveitar que as crianças não estão por aqui - ele sugere.
- Sim, é melhor que eles não se sintam curiosos em relação a isso - Olho ao meu redor e peço que nada de ruim aconteça, não com eles, não posso nem pensar nisso
- Gunter, obrigado - me despeço e subo as escadas. Hoje meu dia é todo para ela, só dela.
Capítulo 8
Vick
Escuto uma música e ela chega em meus ouvidos com lembranças perfeitas, é Iris, do Goo Goo Dolls. Está baixinho e vem do banheiro, escuto Evan acompanhando a letra
e eu sorrio, sozinha ao ouvir.
“E eu desistiria da eternidade para tocá-la
Pois sei que você me sente de alguma forma
Você é o mais próximo do paraíso que chegarei”
É como se o tempo voltasse e eu estivesse escutando-a pela primeira vez. Meu mundo tornou-se perfeito, mesmo com detalhes a serem resolvidos. Me levanto e olho para
ele através do espelho, ele está fazendo a barba e um toalha está em torno de sua cintura, ele todo é algo bom de olhar.
Me aproximo e encosto meu corpo ao dele, estou nua e percebo ele apoiar as mãos sobre a base da pia e ele joga sua cabeça para trás.
- Bom dia, minha ruiva - ele diz e se vira de frente para mim - Manhã de Natal e tenho a melhor visão do planeta - Ele beija a minha testa e inala profundamente.
- Bom dia, meu amor - O abraço e apoio a cabeça em seu tórax, tudo fica melhor, tudo fica calmo - Preciso acordar - Saio dele e vou para o chuveiro, sei que em poucos
minutos os gêmeos vão acordar, e sei também que eles não acordaram ainda porque ficaram com uma lanterna no topo da escada esperando o Papai Noel.
- Você viu a hora que eles desistiram de esperar? - Evan pergunta .
- Quase duas horas da manhã. Não deveríamos ter deixado, são crianças e deveriam estar dormindo e não de guarda no alto da escada - Evan sorri e nega com a cabeça
enquanto a lâmina está sob a água.
- Uma exceção, meu amor, isso não fará mal algum e na realidade preciso que eles demorem um pouco para acordar - ele diz e volta a se barbear.
- Eu imagino o motivo - Sorrio e sei que daqui a pouco eles descerão as escadas e vão ver que o plano funcionou.
Tive a ideia de substituir a árvore quebrada por brinquedos para doação, mas tinha uma condição, não poderia ser nenhum brinquedo quebrado e tinha que ser um brinquedo
que eles gostariam de ganhar caso não tivessem nenhum.
Achei que fosse encontrar resistência e o que encontrei foi uma lição, cada um desceu as escadas com alguns brinquedos nas mãos. Cora com três bonecas, um fogãozinho
e uma almofada em forma de flor. Romeo desceu com três carrinhos, uma bola e o boneco do Homem de Ferro e isso fez meu coração ficar apertado.
Perguntei a ele se não sentiria falta do Homem de Ferro, já que é um dos favoritos e ele disse: - Mamãe, esse é um brinquedo que eu gostaria de ganhar caso não tivesse
nenhum. E a luz no peito dele pode ajudar o menino a descobrir o caminho dele no escuro - Ele sorriu lindamente e os colocou dentro de uma caixa que deixei no lugar
da árvore com um aviso: Aqui é uma árvore de Natal! Eles riram, mas aceitaram. Cora colocou tudo lá dentro, mas antes apertou a almofada com um abraço. Ela disse:
- Essa almofada não deixa os joelhos doerem enquanto brincamos, quem ganhar o fogão vai precisar.
Sobre aprender mais do que ensinar, eu tenho que concordar com a minha mãe e eu fiquei feliz em ver a reação das crianças e o espírito de bondade delas.
- Onde ele está? - pergunto sobre o presente das crianças.
- Bom, no lugar da caixa para doação estão o que eles pediram de Natal, o Optimus Prime de Romeo e mais uma princesa que eu juro não lembrar o nome, para Cora -
Ele termina de se barbear e vem em minha direção enxugando o rosto - E o que eles estão pedindo há mais tempo, está na casa da piscina - Eu desligo o chuveiro e
ele estende uma toalha para mim.
-Você é um bom pai - O elogio e beijo seu rosto.
- Eu tento, mas confesso que estou ansioso para ver a reação deles - ele diz e me segue até o closet - Mas antes vou deixar que eles abram todos os presentes, dos
avós, Maria e Gunter. Ontem chegou os dos seus pais.
- Estou imaginando o rostinho deles - digo e escolho um macacão verde escuro de mangas longas. Coloco minha lingerie e Evan começa a se trocar comigo e eu me lembro
quando estive aqui.
- Por isso está sorrindo? - ele diz me surpreendendo e eu termino de me vestir. Prendo meu cabelo com um rabo de cavalo alto, passo um perfume suave e calço minhas
sapatilhas creme.
- Sim - respondo e olho para ele já pronto, jeans claro, camiseta branca e uma jaqueta marrom de couro escovado - Mas estou sorrindo porque lembrei da primeira vez
em que estive aqui e de todas as outras vezes e tudo é bom de lembrar - Confesso e ando em direção ao banheiro, preciso escovar meus dentes e ele vem em minha direção.
-Victoria - ele me chama e estou colocando creme dental sobre a escova e a enfio na boca antes de olhar para ele.
- Sim! - respondo com a boca cheia de espuma.
- Você é o melhor presente de Natal que ganhei em toda minha vida. Gosto de me apaixonar por você todos os dias, porque estar com você é algo novo, e por mais que
o tempo passe, para nós ele para e isso para mim basta - Paro de escovar os dentes e o observo. Busco em minha memória o momento exato em que o vi pela primeira
vez e a emoção que senti naquela noite é a mesma que sinto agora.
O encaro através do espelho e cada cheiro e sabor que vivi junto dele chega até mim. Pouco me importa se tenho que andar com uma dúzia de seguranças ou se tenho
que passar mais tempo dentro de casa, isso o deixa tranquilo e feliz, não preciso de mais nada. Evan ao meu lado é tudo que preciso. Termino de escovar meus dentes
e vou em direção a ele.
- Evan, vou te confessar uma coisa - digo e coloco minhas mãos apoiadas na parte mais baixa de seu quadril - Viveria tudo de novo, não mudaria nada na minha história.
Tenho certeza que tudo aconteceu para que hoje, esse momento, fosse perfeito e é, acredite. Eu tenho a maior de todas as riquezas, eu tenho um amor real comigo,
tanto o que sinto quanto o amor que recebo e isso sim para mim basta.
Quando nossas bocas se encontram e nossas línguas se enroscam, eu desejo que o tempo pare, eu peço que o tempo seja preguiçoso, porque eu preciso de mais vidas ao
lado dele, apenas uma não basta.
- Para sempre?
- Enquanto você desejar... - respondo sorrindo.
- Vamos, temos uma surpresa para realizar - ele diz e me leva para fora do quarto.
Estamos na cozinha quando escutamos a primeira porta se abrir e é claro que é Romeo. Ele agora abre a porta do quarto de Cora, escutamos ele chamando pela irmã e
minutos depois eles descem a escada em arco e espiam para o lugar onde estariam os presentes.
Romeo reage ao ver os embrulhos e ambos descem mais depressa. Ainda bem que é um carpete alto e amortece possíveis quedas. Evan e eu espiamos os dois de joelhos
abrindo os presentes. Não separamos por cor ou o que pertence a quem, deixamos que eles determinem e façam a divisão, é o primeiro ano que arriscamos isso.
Escutamos o entusiasmo de Cora com mais uma princesa e de Romeo com mais um boneco para sua coleção. Os brinquedos que eles doaram vamos encaminhar para uma instituição
válida e vamos registrar isso em fotos, em um futuro poderão mostrar um bom exemplo aos seus filhos.
- Eles terminaram de abrir todos os presentes - Evan está ansioso para entregar o ultimo presente.
- Tudo bem, eu vou lá com eles e você cuide do restante - digo e ele sela minha boca.
Caminho em direção às crianças e as vejo com sorrisos perfeitos e como eu sou feliz, agradeço a Deus por esse momento.
- Uau! Temos uma nova princesa e temos um novo boneco! - Olho para eles brincando e eu me ajoelho ao lado deles e os beijo, desejando um Natal perfeito com muita
saúde e eles estão empolgados e felizes e eu não consigo não sorrir.
- Crianças! - Evan chama da porta de vidro do outro lado. Elas suspendem o rosto procurando pelo pai e se levantam com seus brinquedos nas mãos - Precisamos de um
nome para ele - Ele dispara e solta a guia da coleira.
O filhote de labrador atravessa correndo e como se já conhecesse as crianças vem em direção delas.
Eles gritam, pulam com as mãozinhas na boca, felizes e colocam seus brinquedos de lado e se ajoelham para brincar. Ainda estão de pijama e agora pouco importa se
Optimus Prime está ali ou não, ou se a princesa vai ser raptada por algum monstro.
- Como se fala, crianças? - pergunto e elas correm em direção ao pai que caminha para junto de nós.
- Obrigado! - eles falam em coro e se jogam para que Evan os pegue. O agradecimento dura poucos segundos e um rápido beijo no rosto do pai encerra o momento gratidão,
eles querem brincar com o membro mais novo da família.
Eles descem e correm pela casa com o filhote. Evan me ajuda a levantar e por minutos olhamos eles subirem e descerem a escada. Evan está atrás de mim, com o rosto
apoiado em meu ombro e com os braços ao meu redor. As crianças sugerem alguns nomes e essa decisão sabemos que não será tomada agora.
- E esse é o seu presente de Natal - Ele me entrega uma caixinha branca de couro com um laço vermelho.
- Evan, você me deu o presente ontem à noite enquanto seus pais estavam aqui e eu entreguei o seu, não planejei o presente número dois - Alcanço a caixa e ele me
olha com tanto amor.
- Esse eu quis dar a você assim, só nós dois. Agora, por favor, abra - ele pede e eu abro.
Retiro da caixa um escapulário em ouro branco com um pequeno diamante ao centro. Dentro os rostos dos gêmeos, um de cada lado gravado.
- É lindo! Coloque para mim! - peço e entrego em suas mãos me virando de costas e segurando o meu cabelo. Assim que ele coloca me viro de frente para ele e abro
olhando os rostos mais apaixonantes do planeta - Obrigada! - O beijo intensamente -Teria que ter mais um espaço para gravar seu rosto também - Observo enquanto estou
entre seus braços.
Ele me solta e segura minhas mãos beijando as costas de cada uma delas. - Grave aqui - Ele coloca o dedo indicador sobre meu coração - Para mim já é o suficiente.

 

 

                                                   Barbara Biazioli         

 

 

 

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