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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


SAX / Lane Hart E D. B. West
SAX / Lane Hart E D. B. West

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Eu nunca pensei que seria estúpido o suficiente para fazer um acordo com o diabo, mas aqui estou, fazendo exatamente isso.
Não é como se ele realmente tivesse me dado uma escolha. Eu tenho que dar ao governador o que ele quer, ou ele vai jogar todos os meus irmãos Savage Kings MC, na prisão por décadas.
E o que exatamente o governador Satan precisa de mim? Essa é a verdadeira surpresa, o porque ele estar insistindo que eu... namore sua filha. Não, não apenas namorar com ela. Ele quer que eu convença Isobel a parar de ficar fora de controle, antes que ela acabe morta, ou pior – arruíne a chance de seu pai ser reeleito.
Não tenho ideia do porque sua linda criança selvagem está festejando a vida inteira, riscando itens de uma longa lista, e eu realmente não me importo. De alguma forma, de alguma maneira, tenho que convencê-la a criar raízes e voltar a ser a boa e perfeita menina que seu pai criou.
Como se eu não estivesse no fundo o suficiente, nunca quis ninguém mais do que o espírito livre que se recusa a passar sua curta vida, num lugar por muito tempo. Pena que Isobel vai odiar minhas entranhas, quando descobrir que sou o idiota que precisa trancá-la de volta numa gaiola.
E se eu não fizer isso, bem, não haverá um macacão laranja à minha espera. Nunca chegarei à prisão, porque o governador desenterrou toda a minha sujeira, que pensei ter enterrado cuidadosamente.
Se ele disser aos Kings, que eu comecei a prospectar com eles como um rato da DEA1 há dez anos, eles nunca me perdoarão.
Como poderiam, se eu ainda não me perdoei?

 


 


PRÓLOGO

Sax

Doze anos atrás...

— Olá, Sra. Neil. Aqui é o Sax. April está aí? — Pergunto quando a mãe dela atende ao telefone.

— Sax? — A Sra. Neil responde com um engate na voz. — Oh, Saxon, sinto muito. É claro que você não ouviu, — ela interrompe quando começa a soluçar.

Uma pressão incrível cresce no meu peito, quando alguém pega o telefone e o choro fica mais distante. — Saxon? — Uma voz masculina que reconheço como o pai de April diz.

— Sr. Neil? Sim, sou eu Sax. Eu não tive notícias de April, ontem, no Dia dos Namorados, e só queria ligar e ver como ela estava. Eu não queria ser insistente; sei que concordamos em ver outras pessoas, enquanto estou aqui na escola, mas...

— Saxon, escute, — o Sr. Neil me interrompe. — April... April faleceu ontem à noite. A mãe dela e eu estamos fazendo os preparativos para o memorial dela, uma vez que a autópsia... — A voz dele sai num soluço duro, enquanto eu lentamente me abaixo, aos pés da cama de solteiro no meu dormitório, além de atordoado.

Ele acabou de dizer... Ele apenas disse que April faleceu? Por isso que ela não retornou minhas ligações?

— Oh, meu Deus, — eu ofego. — Sinto muito, senhor. O que... O que aconteceu? — Minha voz quebra, quando lágrimas inundam meus olhos, e uma onda quente de angústia sufoca minha garganta.

— Ainda não temos muita certeza, — responde o Sr. Neil depois de alguns instantes. — A polícia apareceu aqui ontem à noite, e nos disse que foram chamados para um bar... onde encontraram April. Os médicos estão dizendo que foi uma overdose, mas nós não sabemos. — Ele faz uma pausa para assoar o nariz, enquanto eu deixo todas essas informações penetrarem. — Saxon, se você me der licença, eu sei o quão perto você e April estavam. Avisarei assim que descobrirmos mais. Por agora, eu preciso ir, filho.

— Claro, senhor, — eu consigo guinchar. Eu ouço a linha se desconectar, pouco antes de um soluço rasgar através de mim, me incapacitando completamente. Meus pulmões devem ter encolhido no peito, recusando-se a expandir enquanto o meu coração, se desintegra ao redor deles.

Como é que April pode estar morta? Ela e eu estávamos bem, juntos por dois anos, até o outono passado, quando fui aceito na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, com uma bolsa de futebol. Ficava a poucas horas de distâcia, mas ela me conveceu de que deveríamos tentar ver outras pessoas, até que ela se formasse e pudesse se juntar a mim. Eu havia concordado, não querendo pressioná-la, mas havia lhe dado um anel de compromisso, que ela sempre usava quando eu estava em casa. Estávamos planejando ter um futuro juntos algum dia...

Eu sabia que ela tinha alguns encontros com outros caras, assim como eu tinha saído com algumas outras mulheres. Eu nunca a tive como uma pessoa de drogas, e não tinha ideia de como ela poderia ter sofrido uma overdose.

Quando finalmente consigo respirar normalmente de novo, jogo algumas coisas na mochila e agarro o capacete, determinado a andar na minha velha motocicleta Honda Magna até Emerald Isle hoje à noite.


***


Os próximos dias passam num borrão de lágrimas, misturadas com períodos da solidão mais horrível que eu já conheci. Os pais de April finalmente conseguiram obter mais detalhes sobre sua morte, que eles compartilharam comigo quando ligaram para me contar sobre seu memorial.

Ela morreu no chão de um bar de motoqueiros chamado Savage Asylum, dirigido por um grupo de lixos locais que se autodenominavam os Savage Kings. Ela morreu depois de ingerir algum tipo de metanfetamina contaminada, que os motoqueiros, sem dúvida, lhe forneceram. A polícia fez algumas prisões não relacionadas às drogas, mas nada, nenhuma maldita coisa, foi feita sobre a morte de April!

Fiquei tão atormentado pela dor que antecedeu seu memorial, que ainda não tive tempo de ficar com raiva. Tudo isso mudou no decorrer do velório na funerária.

— O que diabos eles estão fazendo aqui? — Eu rosno para o meu amigo Tony. Tony e eu jogamos futebol juntos no ensino médio e nos formamos juntos. É no memorial de April a primeira vez que o vejo desde que deixei a cidade.

— De quem você está falando, cara? — Tony me pede para esclarecer.

Levanto minha cabeça em direção ao seu caixão prateado, onde três homens de jeans escuros e camisas de botão, vestindo coletes de couro, estão em pé sobre April. As costas de dois coletes estão estampadas com o logotipo daqueles malditos motoqueiros, os Savage Kings.

— Oh, você não se lembra dele? — Tony pergunta. — Aquele cara magro no colete de prospecto é o Chase Fury. Mas não sei quem são os militares com ele. Eu não os vi por aí antes.

— April morreu dentro da porra do clube deles, por causa das drogas que provavelmente lhe deram. Eu devo ir até lá e espancar aqueles bastardos agora!

— Cara, Sax, é uma péssima ideia, — diz Tony, colocando a mão no meu braço. — Esses caras matariam você. Olha, cara, — ele continua, enquanto eu tiro sua mão de cima mim — eu não queria te dar um monte de merda agora, mas April... cara, ela mudou depois que você saiu. Entendo porque você está chateado com esses caras, mas você tem que entender, sua garota estava correndo por aí e entrando em todo tipo de merda.

— Do que você está falando? Que tipo de merda? — Eu exijo, voltando-me para Tony.

— Eu não estou aqui para falar besteira sobre uma garota morta, — Tony recua suavemente, levantando as mãos para me acalmar. — Só estou dizendo que não foi como se aqueles caras segurassem um cachimbo nos lábios dela, sabe?

— Você não está ajudando, cara, — eu digo suspirando enquanto esfrego meus olhos inchados. — Eu não deveria ter saído da cidade. Se eu tivesse... se eu tivesse adiado a faculdade por mais um ano e ficado por perto dela, ela ainda estaria viva.

— Ah, cara, você não pode saber disso, — Tony começa a dizer antes de eu o interromper.

— Eu sei disso! Essa merda não teria acontecido se eu estivesse aqui por ela. Mas aconteceu. Não posso fazer isso direito, mas posso prometer à April e à família dela: vou me vingar daqueles bastardos. Vou mostrar a todos o que eles são e o que fizeram com ela. Eles andam por esta cidade chamando a si mesmos de 'Kings'. Quando eu acabar com eles, as pessoas se lembrarão deles pela escória que realmente são.


CAPÍTULO UM

Sax

Nos Dias de Hoje...

Nunca fui torturado, mas tenho certeza de que nada poderia ser pior, do que ter um gato bravo usando suas garras como lâmina de barbear, em seu peito nu enquanto você dorme.

— Mas que merda, Willy! — Grito enquanto coloco o canivete na posição sentado para avaliar o dano que ele acabou de causar no meu esterno. O merdinha já desapareceu quando levanto meu colar de corrente para ver se suas garras foram profundas o suficiente para me fazer sangrar.

Graças à luz do sol entrando pelas frestas das janelas, vejo dois conjuntos de listras vermelhas aparecerem lentamente na minha pele, queimando como fogo do inferno.

— Agora eu sei exatamente como você perdeu seu globo ocular, — eu resmungo para mim mesmo.

— O-o quê? — A morena nua enrolada ao meu lado pergunta grogue, sem abrir os olhos.

— Nada. Volte para... — Começo a dizer para ela voltar a dormir quando finalmente ouço o que obviamente fez o boceta do mal correr por sua vida.

Cães latindo.

Um bando inteiro deles julgando pelo coro ficando mais alto a cada segundo.

Meu barco não está no mar, mas estou atracado na marina. Não tenho ideia de porque alguém teria um monte de cães aqui tão cedo de manhã.

— DEA! SAIA LENTAMENTE COM AS MÃOS ATRÁS DA CABEÇA! —

Filho de uma puta.

— Oh, merda! — Minha companheira diz quando sai da cama e se abaixa ao lado do colchão.

Os federais estão realmente atrás dos Savage Kings por alguns quilos de maconha? Ok, tudo bem, talvez eu tenha transportado mais do que alguns quilos de maconha, junto com algumas armas de fogo grandes e de nível militar. O peso exato das plantas provavelmente já estaria mais próximo de toneladas. Ainda assim, a merda foi legalizada em cerca de uma dúzia de estados, então não faz realmente sentido porque eles se importariam com essa merda.

Eu ligaria para os caras para avisá-los, exceto que meu celular barato, perde o sinal assim que você entra nos portões da marina. Acho que os Kings estão sem sorte até eu receber meu telefonema na cadeia. Só espero não ver todos sentados na prisão primeiro.

Como eu não quero que os idiotas dos federais cheguem aqui invadindo a cozinha do barco, onde um novato com o dedo no gatilho pode facilmente explodir minha cabeça, junto com minha convidada não muito brilhante, rapidamente pego uma camiseta branca e enrugada dos Savage Kings do chão para jogar sobre a minha cabeça e, em seguida, puxo um par de jeans usado sobre minha cueca boxer.

— Levante-se e vista algumas roupas! — Digo à distração da noite passada, incapaz de lembrar o nome dela no momento. Tenho certeza de que começa com um L. Talvez. Não que isso importe, porque não voltarei a dormir com ela. Primeiro de tudo, é impossível que meu coração se machuque de novo se eu seguir minha política rígida de uma noite; e segundo, se os federais me cercaram, então acho que minhas noites podem não estar livres por alguns meses, ou inferno, anos.

Felizmente, a garota me escuta. Ela rapidamente se veste com seu vestido vermelho sacana que estava usando na noite passada quando eu a peguei no bar.

— Mantenha suas mãos onde eles possam vê-las, não faça movimentos bruscos e faça o que eles disserem, ok? — Digo a ela rapidamente, e o seus cabelos marrons, que parecem um ninho de rato balançam, me dando um aceno de entendimento. — Vamos.

Mesmo que a voz estridente tenha me dito para levantar as mãos na cabeça, eu as mantenho no ar, as palmas das mãos vazias para que eles possam ter certeza de que não estou armado antes que minha cabeça apareça no convés.

Parados em frente ao meu barco no cais de madeira estão quatro homens de terno com as armas apontadas em nossa direção e outros quatro em uniformes pretos. Cada um desses homens está segurando uma coleira de cachorro que ameaça se soltar, graças ao aumento dos rosnados e latidos dos pastores alemães em cada uma das extremidades.

— Oh, merda, oh, merda, oh, merda, — meu último arrependimento está cantando repetidamente atrás de mim. Eu nem giro o pescoço para ver se ela está seguindo minhas ordens, com medo de fazer movimentos bruscos.

— O que está acontecendo? — Eu grito sobre o barulho.

— Saxon Cole, você está preso! — Um dos idiotas armados grita alto o suficiente para ser ouvido sobre o barulho estridente. — Também temos um mandado para revistar o seu barco! — Enfiando a arma no coldre do ombro, ele puxa uma folha de papel dobrada de dentro do paletó.

— Deixe-a sair do barco, — digo apontando com a cabeça atrás de mim. — Ela acabou de me conhecer ontem à noite e não sabe de nada.

Com um aceno de cabeça, o federal segurando os papéis acena o cais para a garota; e ela sai correndo do meu barco e se aconchega nos braços dele. Então ela tem a coragem de me encarar como se eu fosse algum tipo de vilão. Inferno, foi ela quem colocou minha mão entre as suas pernas nuas no bar na noite passada e perguntou se eu queria sair dali.

— Então, que porra sou acusado de fazer? — Eu grito ao federal enquanto abaixo minhas mãos na parte de trás da minha cabeça, como ele originalmente solicitou.

— Alguém o algeme e depois deixe os cães procurarem, — eu o ouço ordenando, ignorando minha pergunta. — Não é surpresa que eles já sentiram o cheiro das drogas.

— Vou poupar vocês, algum tempo, — respondo. — Não há drogas no meu barco. Mas há um gato meio selvagem na cozinha. Ele é um maldito trovão mau, que alegremente arrancará os olhos de seus cães, — aviso os idiotas porque seria um erro se eles encurralassem o felino mal-humorado.

Como se ele respondesse o nome vulgar, Willy sobe as escadas ao meu lado, derrapando quando suas garras tentam cavar o piso liso do convés. Os latidos vão de irritantes a ensurdecedores com sua aparição repentina. Como se temesse por sua vida, Willy se arrasta para o lado do barco e depois se lança no ar para o iate vazio ao lado do meu barco.

Os cães farejadores estão puxando seus manipuladores na direção do felino.

Penso em aproveitar a distração, tentar correr para a sala de controle virando o corredor para ligar o motor. Mas se esses filhos da puta atirarem no meu barco, não irei muito longe antes que ele afunde. E se eles atirarem em mim, bem, duvido que mais alguém adotaria Willy quando eu partir. Deus os ajude se eles tentarem.

Decidindo que realmente não havia razão para tentar fugir, eu simplesmente digo: — Eu te avisei, — ao cara que assumo que está no comando quando outro entra no barco comigo e puxa um par de algemas.

— Você tem o direito de permanecer em silêncio, — ele começa, lendo meus direitos de Miranda2. Tenho certeza de que isso significa que ainda estou fodido, mesmo que eles não encontrem nada durante a busca.


***


Não sei quanto tempo os idiotas do governo me mantêm esperando, numa masmorra de cimento, com nada além de uma cama mais dura do que uma pedra e um banheiro fedorento, mas acho que são cerca de oito a dez horas, a julgar pelo meu estômago.

Nas primeiras horas, rosnei com fome de algo para comer enquanto eu esperava alguém, qualquer um, para me dizer porque diabos estou aqui. Embora eu assuma que são acusações relacionadas a drogas, por serem da Agência Anti-Drogas, eles precisam de algum tipo de prova de atividade ilegal. Pela minha vida, não consigo descobrir quais provas ou testemunhas eles podem ter.

Minha mente continua correndo com possibilidades, enquanto meu estômago passa de uma fome inconveniente a uma dor constante e atormentadora. Esqueça meu abdômen de seis, ele está começando a parecer mais com um buraco gigante.

Já chega!

Levantando-me da cama dura como pedra, finalmente bato os punhos na porta de metal pesada que só tem uma pequena fresta de janela. Se eu ficar na ponta dos pés das minhas botas, quase consigo ver fora da cela. Quase. Tudo o que consigo distinguir desse ângulo são as luzes no teto.

— Ei! Vocês, idiotas, esqueceram que estou aqui? Quero o meu maldito telefonema! — Eu rujo no topo dos meus pulmões. — Olá! Qualquer um? Você tem que me alimentar e, merda, eu tenho direitos!

Faço uma pausa nos meus gritos para colocar meu ouvido na porta e ouvir o som de passos ou outros prisioneiros, qualquer coisa.

Nada. Nem um pio. É como se eu fosse a única pessoa em todo esse buraco do inferno, o que é bom para os outros Kings, mas realmente é péssimo para mim.

— Droga! — Exclamo com um último golpe do meu punho na porta, antes de me arrastar de volta para a cama e me deitar.

Gostaria de saber quanto tempo ficarei num buraco de merda como este. Cinco anos de prisão, o mesmo que Ian? Pode levar dez anos ou mais para extorquir se eles estão tentando derrubar o clube. Porra, eu poderia até passar o resto da minha vida em quatro paredes de concreto se eles de alguma foram descobrissem sobre os assassinatos russos. Mas se é sobre os russos, onde diabos estão todos os outros?

O não saber é pior do que apenas tê-los me dizendo o quão profunda é essa merda, para que eu possa começar a me preparar. Mas, por enquanto, tudo o que posso fazer é esperar e pensar o pior.


CAPÍTULO DOIS

Sax

Horas, talvez dias depois, depois que adormeci, após sucumbir à exaustão e à fome, embora as luzes brilhantes como merda da masmorra nunca se apagem, acordo assustado ao som de uma porta batendo à distância. Quando me sento, meu coração dispara no peito com a esperança de que eu finalmente consiga algumas malditas respostas.

Meus olhos quase lacrimejam quando ouço as chaves tilintando diante da porta da cela grossa, revelando um homem magro num terno cinza de três peças com cabelos grossos e escuros que são uma maldita boa peruca ou estilizados profissionalmente. Tudo o que sei é que ele definitivamente não é um federal. Eles não podem se vestir como ele. Há vários agentes em guarda atrás dele, no entanto.

Além disso, o homem da frente parece vagamente familiar...

— Quem diabos é você? — Pergunto quando me levanto. Minha garganta está seca e coçando, graças à desidratação.

Ele sorri para mostrar todos os seus dentes brancos perfeitos, enquanto os dedos agarram os dois lados da lapela como se estivesse posando para alguém tirar uma foto. Por fim, ele diz: — Como eleitor registrado, você deve ter vergonha, Sr. Cole.

Oh, ótimo. Ele é político. Não, não apenas qualquer político. Eu vejo o rosto dele na televisão há anos.

Puta merda!

Esse cara é o maldito governador da Carolina do Norte!

Ele entra no quarto até ficar bem na minha frente e depois estende a mão. — Lawrence Washington.

A hospitalidade da criação do sul assume, quando eu pisco para ele e aperto sua mão.

Quando meu cérebro alcança, percebo que isso, ele aparecendo aqui, é realmente ruim.

— Devo sentir-me honrado que o governador está me investigando? Duvido que você esteja aqui para me pedir para votar em você em novembro. Criminosos encarcerados não conseguem chegar exatamente às urnas.

— Bem, se tudo correr como planejado, você não estará preso em novembro, — ele me diz. — Sente-se, Sr. Cole. — Então, por cima do ombro, ele diz: — Posso conseguir uma cadeira aqui e talvez uma refeição e bebida para o nosso convidado?

Convidado? Como se estivéssemos tendo uma festa de chá ou algo assim? Eu sou um maldito prisioneiro.

— Do que se trata isso? — Pergunto-lhe, minha paciência se esgotando. Embora, se ele atender a esse pedido de comida e bebida, ele poderia ser meu novo melhor amigo.

— Vamos colocar algo no seu estômago antes de começarmos a trabalhar, — diz ele. — As negociações sempre têm mais chances de sucesso após uma refeição decente.

— Negociações? — Repito, mas o político permanece de lábios cerrados enquanto fica de pé com as mãos atrás das costas e espera que seus pedidos sejam atendidos.

Um terno carrega uma bandeja de comida e o cheiro de um grande e suculento cheeseburger me atinge antes que eu o veja. Eu o pego e afundo meus dentes um segundo depois.

— Mmm. Deus, isso é bom, — eu gemo enquanto mastigo, saboreando o gosto, mesmo que esteja na temperatura ambiente, na melhor das hipóteses.

— Não sou Deus, mas estou de olho na presidência, — diz o governador enquanto como igual um animal faminto. Suponho que seria educado desacelerar e ouvir, mas realmente não dou a mínima para o que ele pensa. Estou com muita fome para me importar. E com sede. Porra, estou com sede. É quando vejo o enorme copo branco com tampa de fast food com um canudo. Não ligo se é limonada rosa nessa cadela, eu a pego e bebo.

— Chá doce. Legal, — digo quando paro tempo suficiente para prová-lo. A bebida é tão fria e refrescante que quase esqueço que fui trancado numa cela de prisão. Quase.

— Sente-se e vamos conversar enquanto você come, — diz Washington, apontando a mão para a cama desconfortável, assim que um dos outros caras traz uma cadeira dobrável de metal cinza e abre para ele.

Quando ele abaixa a bunda para se sentar, eu terminei meu hambúrguer, metade do meu chá e peguei as batatas fritas da bandeja, como-as uma de cada vez enquanto as agarro com os dentes, já que me recuso a desistir do copo.

— Isso é tudo por enquanto, — diz o governador aos homens, e todos nos deixam, fechando a porta atrás deles. O barulho estridente disso me lembra, que só porque ele me alimentou, não significa que eu possa sair tão cedo. Embora ele tenha dito algo sobre não ser preso em novembro, se eu cooperar...

Não, foda-se isso. Não pode ser assim tão fácil, a menos que ele queira que eu jorre alguns detalhes criminais para prender meus irmãos dos Savage Kings. Isso nunca vai acontecer.

— Então, vamos ouvir o seu discurso, — digo a ele, seguido por um longo arroto repugnante, orquestrado apenas para irritá-lo. — Eu aprecio a comida, mas posso poupar-lhe algum tempo, se você quiser. Minha resposta será não para o que você pedir.

— Você não quer ouvir primeiro?

Pegando outra batata frita com os dentes, eu a mastigo e finalmente me sento na cama, como ele queria. Depois de engolir, digo: — Eu só quero saber por quais acusações você me prendeu.

— As mais sérias, receio, — ele responde, apoiando as mãos nas coxas. — Federal, é claro. Você é um homem inteligente, com alguns anos de faculdade. Tenho certeza que você já ouviu falar de Racketeer Influenced e Corrupt Organizations Act , também conhecida como a sigla RICO3.

— O que tem isso? — Pergunto, recusando-me a dar mais detalhes.

— Você e todos os seus amigos do MC estão na água quente por uma infinidade de crimes organizados.

— Como o quê? No momento, parece que você está cheio de merda, e está tentando me usar como parte de sua expedição de pesca.

— Oh, não há necessidade de eu tentar pescar informações. Eu tenho muitos detalhes, se é isso que você quer de mim, — ele diz enquanto puxa o celular de dentro do paletó. — Conspiração, para começar.

— Conspiração? — Repito. — Eu tenho um registro limpo. Nosso advogado pode tirar a maioria de nós num segundo, por qualquer uma das suas acusações de maconha.

— Maconha, certo, — diz o governador. — Ninguém se importa com todos vocês cultivando e distribuindo maconha.

— Sério? Porque toda essa prisão da DEA mais cedo, onde fui jogado aqui, me faz pensar que alguém se importa.

— Eu tinha que trazê-lo e esses agentes federais estavam dispostos a me ajudar, — diz Washington com um encolher de ombros. Inclinando-se para frente, ele abaixa a voz e diz: — O fato é que os federais ainda não sabem da conspiração do Savage Kings MC para cometer os assassinatos de vinte cidadãos russos.

Oh, merda.

— Eu não sei do que diabos você está falando, — blefo.

— Bem, — ele diz com um suspiro enquanto aperta as teclas do telefone. — Talvez este pequeno vídeo feito fora do clube de strip Escapades em Greensboro refresque sua memória.

Ainda estou chocado ao ouvi-lo soltar esses detalhes, muito específicos, sobre nosso massacre há algumas semanas, quando ele vira o telefone para me mostrar a tela. Então, assisto a um vídeo silencioso de mim e de todos os outros Kings, menos Reece e Cooper, que ficaram aqui na cidade enquanto Cynthia estava se recuperando, entrando no clube.

— Deixe-me dar os spoilers, já que é um vídeo longo, — diz o governador. — Cerca de uma hora depois de todos vocês entrarem, o chefe da máfia russa Boris Kozlov e dezenove de seus homens entram, mas apenas os Savage Kings e Anthony Russo, ou Ivan Rivers, como você provavelmente o conhece, saem.

— Acho que os russos realmente gostaram das strippers e passaram a noite, — minto.

— Oh, não, eles não ficaram da noite para o dia, — responde Washington. Ele vira a tela do telefone; e então, quando ele me mostra de novo, é um vídeo da parte de trás do prédio, de vários homens carregando sacos de lixo pretos e jogando-os na traseira de um caminhão de comida. O vídeo é basicamente verde com visão noturna ou algo assim, mas ainda está claro.

Como? Como diabos ele conseguiu um vídeo de tudo isso? Eddie e Cedric procuraram câmeras em prédios próximos e Ivan garantiu que não havia nenhuma no beco. Não faz sentido!

— Aposto que você está se perguntando como obtivemos um vídeo tão interessante, — diz o governador, lendo minha mente enquanto ele trava a tela do telefone e o guarda no paletó. — Drones.

— Drones? — Repito.

— A tecnologia é simplesmente incrível, não é? — Ele pergunta. — Essas pequenas câmeras podem voar logo acima, digamos, de um comboio de Harleys, sem serem detectados.

— Tudo o que você tem é um vídeo de caras indo a um clube de strip. A única coisa que você poderia fazer com isso como 'evidência' é irritar um par de esposas, — murmuro.

— Mas, veja bem, nós também seguimos o caminhão de alimentos até o aterro, o que seria estranho o suficiente por si só, e conseguimos encontrar alguns desses sacos de lixo pretos.

Filho da puta!

Sussurrando, ele pergunta: — Você sabe o que encontramos naqueles sacos de lixo? As partes decepadas dos corpos e um monte de russos mortos.

O hambúrguer, as batatas fritas e o chá que ingeri começaram a ficar pesados no meu estômago. Na verdade, não tenho certeza se posso mantê-los embaixo por muito mais tempo.

— Ótimo! Agora parece que você está pronto para ouvir minha proposta, — diz o governador Washington, recostando-se na cadeira. — Estou disposto a fazer desaparecer as evidências, que acabei de mostrar, antes que os federais ponham as mãos nelas e peça alguns favores para que eles retirem as acusações de tráfico de maconha contra você e seus amigos do MC, se você concordar em fazer uma pequena coisa para mim, — ele diz. — Você realmente quer passar o resto da sua vida atrás das grades? Você quer que seus 'irmãos' passem a vida na prisão? Seria uma pena, já que alguns deles têm crianças pequenas e bebês a caminho...

Jesus Cristo.

Não apenas os caras ficariam infelizes se fossem presos e condenados por esses assassinatos, suas mulheres ficariam arrasadas. E seus filhos – o filho de War, o menino e a menina de Torin, o filho de Miles que está a caminho – seriam criados sem pai, o que destruiria suas famílias. Se há algo que eu possa fazer para evitar isso, preciso fazer, certo? Não apenas para salvar minha própria bunda, mas todos que eu conheço e me importo.

— Veja bem, Sr. Cole, na verdade não quero jogar você e seu pessoal do MC na prisão pelo resto da vida. Você pegou o lixo, literalmente, impedindo que uma das principais fontes de heroína viesse ao meu estado e economizando toneladas de dinheiro para os contribuintes, já que a polícia e o sistema judicial não precisaram se envolver. Mas não sou contra telefonar para o procurador dos EUA e entregar minhas provas também. De qualquer maneira, é uma vitória para mim, — ele diz com um encolher de ombros.

— Que porra você quer? — Pergunto, já que nós dois sabemos que ele me pegou pelas bolas.

— É realmente simples. Eu só preciso de alguém como você para cuidar da minha filha.

— Eu não sou uma babá, — digo a ele.

— Isobel não é um bebê. Ela tem vinte e oito.

Minhas sobrancelhas se juntam porque estou completamente perdido, pergunto: — Então por que você precisa que eu cuide de uma mulher crescida?

— Porque ela não deveria estar sozinha no mundo sem proteção, — diz ele.

— Então contrate um guarda-costas.

— Você acha que eu não tentei? — Ele bufa. — Ela se recusa a me deixar manter um homem por perto. E ainda por cima, continua perdendo os guardas que eu secretamente designo para ela, permanecendo constantemente em movimento. Eu só preciso que você tente desacelerá-la.

— Eu não entendo, — confesso.

— Você a encontrará num bar, comprará uma bebida para ela e sai de lá, — diz ele com um aceno de mão.

Quando ele fica em silêncio depois dessa afirmação, um latido de riso me escapa. — Você está me pedindo para foder sua filha? Deus, você é insano! Como diabos você foi eleito?

— Porque eu faço o que precisa ser feito para manter as pessoas no meu estado em segurança, — ele rosna, ficando vermelho quando perde a paciência pela primeira vez em nossa conversa. — Não farei menos por Isobel!

— Você está falando sério, — comento em descrença. — Tudo o que tenho que fazer para tirar minha bunda e meus irmãos da prisão perpétua é foder sua garotinha? Esse deve ser o pedido mais estranho já feito por um maldito pai, — digo a ele com um movimento de nojo da minha cabeça.

— Eu preciso que Isobel se acalme, crie raízes antes que o tempo acabe.

— Tempo? Que horas acaba? — Pergunto antes que me acerte. — Ohhh! Você quer dizer que você precisa de sua filha de castigo para ficar de olho nela, para que ela não estrague sua campanha de reeleição. Isso é baixo, cara.

— Minha filha está passando por uma fase difícil, só isso, — diz ele na defensiva. — Eu sei o que é melhor para ela, e posso cuidar dela, se ela parar de viver sua vida como se fosse uma grande festa.

— E de alguma forma eu deveria ser o homem que a faz parar de festejar e ajudar você e sua imagem pública?

— Isobel sempre preferiu homens do seu... calibre.

— Você quer dizer que ela é uma boa garota que ama meninos maus, hein? — Pergunto com um sorriso.

— Você não é todo ruim, porém, não é, Saxon? Como exatamente você se tornou um membro dos Savage Kings? — Ele me questiona.

— Eu prospectei por um ano, como todo mundo.

— Não, acho que foi um pouco mais do que isso. — Ele me encara, esperando que eu quebre. Ele pode esperar para sempre, porque nunca contei a ninguém o que fiz e nunca o contarei.

Quando me recuso a responder, Washington diz: — Você esqueceu? Faz doze anos ou mais, mas você disse ao agente Green da DEA que os membros de Emerald Isle Savage Kings MC eram responsáveis pela morte de sua namorada e que você iria provar isso.

Engolindo em volta da pedra que repentinamente se alojou na minha garganta, com a menção de April, eu disse a ele: — Eu estava errado. — Como diabos ele sabe toda essa merda?

— Talvez sim, mas os Savage Kings sabem que você começou na organização deles como um informante confidencial dos federais? Eu me pergunto o que eles diriam quando descobrissem...

— Sim, bem, eu me pergunto o que seus eleitores diriam sobre você tentando me chantagear!

— Boa tentativa, Sr. Cole, mas você precisaria expor toda a sua roupa suja para tocar o apito em mim. Você está disposto a arriscar perder tudo, inclusive sua vida, para tentar me derrubar? Sua palavra sobre a minha?

— Provavelmente, estou morto de qualquer maneira, certo? Os Kings me matarão se você contar a eles ou se descobrirem que eu concordei em trabalhar para você.

— Então eles não precisam saber. Você tem a minha palavra, — ele diz, estendendo a mão para eu sacudi-la como se tivéssemos feito um acordo.

Estou fodido de cabeça para baixo e de lado e o idiota sabe disso. Que vá para o inferno.

Soltando uma expiração pesada, me recuso a apertar sua mão, mas pergunto: — Como ela é?

— Minha filha? Ah, Isobel é linda, assim como a mãe dela, — ele responde antes de recuperar o telefone novamente e depois me mostrar sua foto.

Ela é tão pequena que parece muito mais jovem do que vinte e oito. Talvez seja apenas porque, na foto, ela está agachada, cercada por um bando de crianças da Pequena Orfã Annie em roupas esfarrapadas e cobertas de sujeiras como se fossem desabrigadas ou algo assim. Apesar de suas circunstâncias, todas estão abraçando-a com força como se ela fosse algum tipo de anjo enviado pelo céu. E não é de se admirar.

O governador mentiu sobre sua filha.

Ela não é linda.

Ela é tão linda que praticamente emite um brilho etéreo.

— Isobel é uma enfermeira pediátrica. Essa foto foi tirada no ano passado, quando ela estava vacinando crianças contra polio em Moçambique.

Uau, ela é a filha perfeita para um político, salvando crianças desfavorecidas e merdas assim.

— Tenho quase certeza de que não sou do tipo dessa mulher, — digo ao governador.

— Atualmente, ela não está trabalhando na área de enfermagem ou salvando crianças.

— Então o que ela está fazendo?

— Bebendo em bares e indo para casa, com um homem numa cidade diferente, todas as noites.

— Uau. Como ela passou de enfermeira de crianças para vagabunda da noite para o dia? — Pergunto, e seu punho me dá um soco na boca, meio segundo depois. Não que eu não estivesse pedindo por isso, mas ainda assim, estou surpreso que o político calmo e frio tenha quebrado.

— Você tratará minha filha com respeito ou eu vou te matar! — ele me ameaça, enquanto corro a língua pelos dentes para ter certeza de que estão todos lá. Felizmente, nenhum está faltando, mas tenho certeza de que há um corte no meu lábio.

— Respeitá-la ou fodê-la? Muito difícil fazer as duas coisas, — respondo.

— Seu trabalho é descobrir a partir de agora, até a eleição em novembro. Quero que ela volte à enfermagem e me deixe voltar à sua vida. Convença-a de ambas as coisas, se você quiser manter sua vida e seus irmãos, e a liberdade deles, — ele diz antes de ajeitar o paletó e começar a andar em direção à porta. Depois que ele bate o punho sem palavras três vezes, ele se vira para mim e diz: — Ah, e mais uma coisa. Além de nós dois, há apenas uma outra pessoa que saberá o que você está fazendo com Isobel. Insisto em que continuemos assim.

— Oh, sim? Quem mais sabe? — Eu pergunto enquanto estendo a mão para limpar uma gota de sangue dos meus lábios com as pontas dos dedos enquanto deixo suas demandas afundarem.

— Ian Long.

Meu corpo inteiro congela.

Porra. Ter um Savage King sabendo não é bom.

— Ian recusou você, não foi? É por isso que ele não está fora da prisão ainda? Ele deveria ser libertado meses atrás, mas depois houve algum tipo de 'briga'!

— Eu não tinha sujeira suficiente dele, — responde Washington. — Tudo o que eu podia oferecer a Long era uma liberdade antecipada e manter um de seus segredos do MC. Ele recusou cuspindo em mim, — ele diz com o lábio enrolado de nojo. — Um dos guardas viu, então o diretor o jogou na solitária e o colocou como um ataque, o que lhe custou um bom tempo de comportamento.

Merda. Ian já contou a alguém no MC? Eu preciso vê-lo o mais rápido possível para descobrir.

— Se eu fizer isso, quero que você deixe Ian sair, — digo ao governador. — Ele merece, e isso me daria uma moeda de troca para garantir que ele não conte a nenhum de nossos irmãos.

— Aqui está outra moeda de negociação gratuita, — ele responde. — De acordo com um dos guardas da prisão, Ian tem pagado por visitas conjugais privadas não autorizadas regularmente. Não foi chantagem suficiente para ele ceder ao meu pedido, mas não é algo que ele provavelmente queira que seus irmãos do MC saibam.

— E daí? Por que o MC daria uma merda se ele está pegando uma bunda na prisão? — Eu pergunto com minha testa franzida. O pobre rapaz está preso há quase cinco anos. O cara merece molhar seu pau de vez em quando.

— Bem, — diz o governador. — Por um lado, todos os encontros conjugais que esteve foi com um homem. E em segundo lugar, ele também é membro dos Savage Kings.

Meu queixo cai de surpresa por causa do que ele está insinuando. E sem mais informações, tenho certeza de que sei exatamente qual King esteve visitando Ian durante esse período privado.

— Ele não vacilou visivelmente quando eu o ameacei, mas eu poderia dizer que ele não estava ansioso para que essa informação chegasse aos seus 'amigos'. Essa informação deve ser útil para impedir o Sr. Long de discutir nosso acordo com os outros membros, você não acha?

— Ah, sim. Eu acho que sim, — eu digo, mesmo que eu nunca entregaria Ian e Gabe para os Kings, não importa o que aconteça. Não significa que estou acima de usar a ameaça como vantagem.

— Se você for bem-sucedido nessa empreitada, então processarei a papelada do Sr. Long, — concorda Washington.

— E como você vai saber se eu consegui? — Pergunto.

— Minha filha não sairá da Carolina do Norte novamente antes das eleições. A menos que ela esteja tratando crianças em países pobres com um fotógrafo capturando a cada segundo. Você também precisará convencê-la a conseguir seu emprego de volta e tentar reparar nosso relacionamento. Se você não conseguir fazer essas coisas acontecer, eu colocarei você e o resto da sua gangue em celas ao lado do seu amigo, Ian.

Foda-me. Na verdade, eu vou mesmo fazer essa merda por ele. Mas que outra opção eu tenho? Além disso, manipular uma mulher que eu nunca conheci e não dou à mínima, parece fácil em comparação com a vida na prisão para todos que me interessam.

— Como eu a encontro? — Pergunto ao líder idiota do nosso estado no momento em que a porta da cela se abre.

— Eu tenho o número do celular descartável que eles apreenderam do seu barco ontem. Mandarei o endereço do próximo bar que ela for avistada. Isobel foi vista recentemente na Geórgia, então estou prevendo que ela estará na Carolina do Sul esta semana. Isso lhe dará a chance perfeita de entrar e impedi-la de sair novamente. — Então, para os homens de terno, ele diz: — Fizemos um acordo, então ele está livre para ir. Eu já tive autorização com o agente Green. Você pode ligar para ele se precisar.

Ótimo, parece que sou um homem livre de novo.

Ou pelo menos tão livre quanto eu posso ficar pelos próximos meses, enquanto estou preso sob o maldito polegar do governador.


CAPÍTULO TRÊS

Sax

— E aí cara. Como você está? — Pergunto quando os guardas trazem Ian para a sala de visitas e nós apertamos as mãos e nos batemos nas costas. O cara era grosso antes da prisão, mas agora ele é enorme. Acho que não há muito o que fazer além de exercícios. E aparentemente brincar com Gabe...

— Estou o melhor que posso conseguir aqui, — Ian responde antes de se sentar numa das cadeiras na mesa vazia ao nosso lado. — Depois de um período na solitária, estar de volta ao bloco das celas é quase tão bom quanto estar em casa.

— Ouvi falar sobre, ah, 'briga' com um certo político, — digo a ele. — É por isso que estou aqui.

— Jesus, porra, — Ian geme, enquanto se encosta no assento. — O que eles têm sobre você?

— Evidências, — eu respondo, deixando de fora o fato de que ele está me chantageando sobre o meu passado. — Não apenas evidências para me implicar, e todos, exceto dois dos Kings. É sério, cara.

— Então você cedeu, hein? — Ele pergunta.

— Que escolha eu tive, porra? Estamos todos olhando para a vida sem liberdade condicional.

— Vida? — Ele repete com a sobrancelha levantada. — Não brinca? Todos os Kings?

— Vida para todos, bem, exceto Reece e Cooper, — digo novamente. — Mas eles também podem derrubá-los com o RICO.

— Até Gabriel poderia, você sabe, ter essa vida? — Ele pergunta preocupado. Os dois estão obviamente mais próximos do que todos pensavam.

— Oh, sim. Ele estava lá naquela noite.

— Porra. Então eu acho que você tem que fazer o que tem que fazer; certo, mano?

— Sim, eu aceitei, — concordo. — E eu esperava que pudéssemos, ah, apenas manter isso entre nós. Você já contou a alguém sobre a visita do governador?

— Não, — ele murmura. — Apenas Gabe visita regularmente, e ele não pôde vir enquanto eu estava no buraco.

Eu tento não deixar minha reação mostrar que estou bem ciente do que exatamente acontece nessas visitas com Gabe, que envolvem vindas e buracos. Eu acho que posso confiar em Ian sem jogar esse tipo de merda pessoal em seu rosto como chantagem. Se ou quando ele e Gabe estiverem prontos para nos contar o que está acontecendo, tenho certeza que o farão. Até lá, vou guardar o segredo deles.

— Ok, bom, — digo em alívio. — Eu vou fazer o que o idiota quer, e então todos estaremos livres e limpos, até você.

— Eu não quero merda nenhuma daquele idiota, — Ian bufa.

— Você não está pronto para dar o fora daqui? Faz muito tempo, cara.

— E a que exatamente voltarei para casa? Mal tenho um centavo em meu nome depois de gastar tudo o que tinha num advogado inútil.

— Você sabe que pode ficar no clube o tempo que precisar.

— Onde? Na banheira de alguém? Todos os quartos estão ocupados.

— Não, a maioria está vazia agora, — o informo. — Todos os caras estão fazendo as malas com suas old ladies. Gabe não te contou?

Rindo quando seus olhos se afastam, ele diz: — Você sabe como é o nosso garoto. Eu entro na sala e a porra do sistema hidráulico é ligado, então acabo falando sobre a facada da semana e merda.

Certo. Acho que eles não têm muito tempo para conversar quando estão fazendo outras coisas juntos.

— Gabe é um cara sensível que te admirava quando você o patrocinou. Ele odeia ver você aqui, — respondo. — Todos nós fazemos.

— Sim, bem, é por minha causa. Eu fodi tudo sendo pego com calor em mim, agora tenho que cumprir a pena.

— Você está saindo daqui, e logo, — lhe asseguro. Não vou decepcioná-lo e aos outros caras; porque se eu falhar, Ian não só ficará atrás das grades, como todos nós iremos nos juntar a ele.

— Não se preocupe comigo. Eu posso cuidar de mim mesmo.

— Sim, eu sei, — respondo. — Mas seria bom tê-lo de volta à mesa novamente.

Antes que ele possa responder, meu telefone vibra no meu bolso. Puxando para fora, li a nova mensagem de texto.

— Merda. Falando do diabo... — começo.

— Você tem que partir? — Ian pergunta.

— É melhor eu pegar a estrada e descer até Myrtle Beach para cuidar dos negócios.

— Faça o que você precisa fazer, mas observe sua bunda, — diz ele. — Você não pode confiar nesse idiota. Um favor levará a outro; e antes que você perceba, ele vai possuir o seu rabo.

— Isso nunca vai acontecer, — asseguro a ele, mesmo que eu sinceramente não tenha ideia de como garantir que o governador não continue segurando essa merda sobre minha cabeça no futuro e pedindo mais favores se eu conseguir.


***


O bar de motoqueiros na pista é o último lugar que eu esperava encontrar a filha do governador. Hoje à noite, está tão lotado que tenho que estacionar minha motocicleta no estacionamento da Huddle House e ir até lá. Eu posso ouvir as vaias e gritos de homens bêbados sobre a música do outro lado da rua. Uma coisa boa que noto quando entro na sala lotada, é que pelo menos não tenho que me preocupar em me destacar. A maioria dos clientes também usa jeans ou coletes com patches de MC. Inferno, alguns dos caras jogando sinuca são até Savage Kings locais. Afasto-me deles e vou ao bar para começar a procurar a mulher da foto que o governador me enviou junto com o endereço. Uma garota no palco canta com raiva “I Hate Myself for Loving You” de Joan Jett e os Blackhearts, para o deleite da turbulenta multidão.

— O que eu posso te pegar? — O barman gigante e careca se aproxima e pergunta.

— Garrafa de Miller Lite, — respondo. Então, antes que ele se afaste, eu pego meu telefone e pergunto: — Você viu essa mulher aqui esta noite? — Seus olhos escuros se estreitam para olhar mais de perto a foto na tela. Sua cabeça se inclina para o lado e então ele sorri. — Sim, eu vi.

— Ela ainda está aqui?

— Uh-huh.

— Então, onde posso encontrá-la? — Pergunto, ficando irritado com a enrolação dele.

— No palco, — ele responde. — Embora ela pareça um pouco diferente com o cabelo azul. Uma melhoria, se você me perguntar.

— No palco? — Repito enquanto giro no meu banco para encarar a frente da sala, o centro de atenção de cada homem. E agora eu vejo o porque.

Foda-me. A pequena cantora zangada é sexy como o inferno. Ela é pequena, um pouco menos que um metro e cinquenta e cinco mesmo em seus saltos pretos de 10 cm, com cabelos longos, ondulados e azul-turquesa, que caem quase até a cintura estreita. Na verdade, seu cabelo provavelmente cobre mais pele do que o vestido de couro preto com zíper, que ela está usando. Seus olhos estão pesados com maquiagem esfumaçada, e seus lábios são grossos e sensuais enquanto ela canta as conhecidas letras de rock 'n roll.

Essa é a filha do governador?

Se o cabelo dela fosse castanho e você removesse toda a maquiagem, então sim, acho que consigo ver a semelhança da jovem na foto com a cantora.

Não é mais a doce garota que salva crianças, agora podia facilmente passar por uma garota pin-up da revista Easy Riders. Não admira que Washington queira alguém para domá-la. Se a imprensa colocasse uma foto dela assim, cantando no palco, ele provavelmente teria um derrame.

Como homem, eu definitivamente aprecio seu show sexy; mas, por alguma razão desconhecida, há uma pequena parte de mim que adoraria jogar um longo casaco sobre seu corpo para cobrir seu decote e a abertura da coxa de dar água na boca, dos olhos lascivos de todos os homens que atualmente a observam.

— Aqui está, — diz o barman atrás de mim. — São três dólares, cara.

Levo vários momentos para tirar meus olhos dos movimentos sensuais da cantora para finalmente pescar o dinheiro da minha carteira para pagar.

Agarrando minha cerveja, eu giro de volta para encarar o palco. O barulho da multidão diminui quando a deusa do rock fala com eles com os dedos enrolados eroticamente ao redor do microfone. Sorrindo, ela diz: — Vamos desacelerar as coisas para vocês, garotos selvagens. Esta próxima música é dedicada às mulheres tristes e de ressaca que acordarão ao lado de suas bundas feias amanhã.

Risadas profundas enchem o ar quando um dos caras no palco traz um banquinho e o coloca na frente do suporte do microfone. A sereia sobe delicadamente e cruza as pernas; então alguém lhe entrega um violão que ela começa a dedilhar.

Ela canta as primeiras palavras tão suavemente no microfone que eu não tenho a menor ideia de qual é a música. Tudo o que sei é que os pelos dos meus braços estão em pé, porque ela tem a voz mais bonita que já ouvi. Suas notas aumentam gradualmente à medida que a bateria entra, e então ela fecha os olhos e canta o coro familiar de — Angel of the Morning.

Quando aqueles olhos esfumaçados dela finalmente reabrem, eu juro que eles pousam em mim mesmo que eu esteja a, pelo menos, seis metros do palco num oceano lotado de pessoas. Tenho certeza de que devo estar enganado, que ela está apenas olhando na minha direção em geral. Mas seu olhar penetrante trava com o meu até a última nota, me paralisando e fazendo meu coração pular algumas batidas.

Não houve muitos momentos em minha vida que ficaram comigo em detalhes excruciantes – a primeira vez que andei de bicicleta e uma Harley sem deixá-la cair, quando atravessei o palco para aceitar meu diploma do ensino médio, na noite em que recebi meu patch dos Savage Kings e o telefonema que eu tive com os pais de April quando eles me disseram que ela se fora. Mas, sem dúvida, hoje à noite haverá outra memória inesquecível gravada em meu cérebro – a primeira vez que vi e ouvi um anjo cantar.


CAPÍTULO QUATRO

Isobel

— Muito obrigada por me receber esta noite! Vamos lá, Myrtle Beach! — Digo à multidão depois do meu set; então, saio do palco, pronta para pegar uma bebida gelada e me refrescar. Talvez eu até converse com o motoqueiro loiro sentado no bar, aquele que eu poderia sentir olhando para mim durante toda a última música. Muitos homens olham para mim com desejo nos olhos enquanto estou no palco, mas esse cara era... diferente. Parecia que ele realmente podia me ver, quem eu sou por baixo do figurino e maquiagem. Eu não era apenas uma cantora aleatória para ele. O olhar ferido em seu rosto disse que eu era alguém que ele reconheceu, embora nunca tivéssemos nos conhecido antes. Eu definitivamente me lembraria dele se tivéssemos.

— Você foi incrível, Izzy, — diz Tim, o baterista, quando me segue para fora do palco, sua camiseta azul encharcada de suor.

— Agradeço a vocês por me deixarem cantar com vocês. Foi divertido, — digo a ele enquanto me agacho para colocar meu violão de volta no estojo. Agora, estou a apenas três estados do meu objetivo de cantar no palco em todos os cinquenta.

— Apenas diversão? — Ele diz quando eu me levanto e o encaro. — Por que diabos você não faz isso para viver? Aposto que as gravadoras estariam fazendo fila para assinar com você se ouvissem você cantar.

— Eh, eu não estou interessada em nenhum acordo ou excursão, — asseguro a ele. — Há muita coisa que quero ver e fazer no mundo. Não quero ninguém me segurando, especialmente uma gravadora me dizendo como viver cada segundo da minha vida.

— Sim, mas o dinheiro seria incrível, — ele responde com um sorriso enquanto esfrega o dedo e o polegar juntos.

— Eles podem pagar milhões, mas então eles possuem você. Ninguém nunca vai me possuir de novo.

— Eu ouvi você, — diz ele com as mãos no ar. — Se eu não tivesse que voltar lá, eu me ofereceria para te pagar uma bebida.

— Da próxima vez que estiver na cidade, talvez, — digo. — Até mais, Tim.

— Tchau, Izzy, — diz ele com um sorriso antes de voltar ao palco, me deixando sozinha no corredor.

Esse é o problema de viajar tanto, passo muito tempo sozinha. Claro, eu conheci pessoas fantásticas, mas elas são apenas temporárias. Somos navios passando à noite ou algo assim, às vezes literalmente. Depois de praticamente ser freira nos primeiros vinte e alguns anos da minha vida, que passei com o nariz enterrado em livros, tenho muito o que fazer no quarto. E é bom estar perto de outro ser humano por algumas horas, mesmo sabendo que os deixarei para trás assim que o sol nascer.

Pegando meu estojo de violão e jogando minha bolsa de andarilha, saio pela entrada dos fundos do bar e entro na escuridão, me deleitando com a brisa do litoral, enquanto chicoteia os fios do meu cabelo no meu rosto. Na verdade, estou tão distraída com o ar frio da noite, que não percebo que não estou sozinha até que uma mão forte aperta meu ombro nu.

— Pra trás! — Grito enquanto giro sobre o estranho, batendo a ponta da minha caixa do violão nos joelhos.

— Merda, — amaldiçoa o homem baixo de calça cáqui e camisa pólo escura. Quando ele olha para cima, dou uma boa olhada em seu rosto e solto um suspiro de alívio desde que o reconheço.

— O que você está fazendo aqui, Stu? — Eu pergunto ao capanga principal do meu pai.

— Desculpe assustá-la, Srta. Washington, mas preciso que você venha comigo, — diz ele quando coloca a mão no meu antebraço que ainda está segurando o estojo. — Receio que seu pai insiste.

Uma gargalhada é minha primeira resposta à sua afirmação. — Meu pai pode insistir quanto quiser, mas eu não vou a lugar nenhum com você, — digo a ele. — Agora tire sua mão de mim. — Eu ordeno através dos dentes cerrados enquanto tento me libertar de suas garras. Ele só aperta meu braço com mais força.

— Ei, imbecil, ela precisa desenhar para você? — Uma voz profunda pergunta atrás de nós. Eu olho de soslaio para a figura que se aproxima, mas não consigo distinguir muitos de seus traços. As luzes da rua atrás dele estão projetando seu rosto nas sombras enquanto ele caminha até nós. Ele é alto, tem ombros largos e usa couro, o que geralmente significa problemas. A próxima coisa que sei é que ele está empunhando uma faca grande e pressionando-a na garganta de Stu quando ele fica em seu rosto. — Tire a porra da sua mão antes que eu corte sua cabeça do seu corpo.

Uau! Essa é uma ameaça dura do estranho, mas funciona. Stu solta meu braço e até dá um passo para trás, o mais provável para afastar a lâmina da sua jugular.

— Vá para casa, Stu. Lembre a meu pai que eu não sou um cachorro e não gosto de ser tratado como um, — digo para tentar difundir a situação antes que meu cavaleiro das trevas decida tirar sangue.

— O-o jantar de aniversário dele é amanhã à noite às sete, — Stu me informa. — Ele adoraria que você viesse.

— Tenho certeza que ele faria, — murmuro. — Cuide-se, Stu. — Desistindo, provavelmente porque ele percebe que é uma causa perdida, o garoto de recados do meu pai finalmente se vira e sai, indo para a rua para tentar atravessar a estrada movimentada.

— Hum, então obrigada, mas ele não ia me machucar ou algo assim, — digo ao estranho, observando enquanto ele fecha e coloca sua potencial arma de assassinato de volta no coldre de faca no cinto. Seus braços estão nus, fazendo o brilho da luz da rua dançar ao longo de seus grossos bíceps cinzelados enquanto os músculos flexionam com seus movimentos.

— Não tem problema, — ele responde. — Mas eu não ia realmente machucá-lo. Bem, a menos que ele insistisse.

Quando levanto os olhos para o rosto dele, ele está sorrindo para mim de uma maneira tão divertida e amigável que acho que imaginei sua exibição violenta momentos antes. Está muito escuro aqui, mas eu quase posso jurar que ele é o mesmo homem loiro que vi do palco. Isso é altamente improvável, no entanto.

— Certo, claro que não. Você estava apenas mostrando, — digo sarcasticamente. — Aposto que sua faca nem era real.

— Totalmente uma farsa. Tenho andado com ela por aí, esperando a chance de resgatar uma mulher bonita.

— Oh, então isso era como sua linha de captação? — Pergunto, incapaz de impedir que meus lábios se transformem num sorriso.

— Exatamente, — diz ele, colocando as mãos nos bolsos para tentar parecer mais casual e menos ameaçador. Porra, se não funciona também. Agora ele parece um bom garoto do Sul, com um rosto bonito e descontraído e um corpo duro como uma pedra.

— Bem, funcionou muito melhor do que apenas aparecer e perguntar se você pode me comprar uma bebida.

— Se você pensar bem, é um plano bastante genial. Agora aposto que você quer me pagar uma bebida como agradecimento por figir com aquele imbecil.

Ele obviamente está flertando comigo; e enquanto a boa garota em mim sabe, no fundo, que ele é um cara perigoso, que não devo desperdiçar mais um minuto, a garota má interior que eu tenho abraçado recentemente quer voltar para o bar e ver onde as coisas vão com ele. Mesmo que não dê certo, eu sempre posso procurar o motoqueiro loiro com quem eu tranquei os olhos do palco.

— Ok, — concordo. — Deixe-me colocar meu estojo de violão no meu carro e depois eu te compro uma bebida.

Estendendo a mão, ele pega o estojo da minha mão e sussurra: — Eu deveria estar preocupado com você colocando alguma coisa na minha cerveja para que você possa tirar vantagem de mim?

— De que outra forma eu devo seduzir um homem como você? — Estou brincando.

Suspirando pesadamente, ele diz: — Acho que vou ter que me arriscar. Além disso, você é bonita demais para ter que drogar homens. Você tinha todos os caras no bar comendo da sua mão.

— Você deve ser o mais corajoso de todos, — digo a ele com um aceno de cabeça enquanto vasculho minha bolsa para encontrar as chaves do meu carro.

— Eu sou Sax, a propósito, caso você goste de manter registros de suas vítimas.

— Sax? — Repito enquanto começo a caminhar para o meu Lexus branco. — Como sexo, mas com um 'A'?

— Sim, abreviação de Saxon.

— Ok, isso é único, — eu digo, abrindo o porta-malas para ele colocar minha caixa de violão dentro. — Eu sou Izzy.

— Izzy é a abreviação de Isabella ou Isobel?

— Isobel, — respondo.

— Prazer em conhecê-la, Isobel, — diz Sax, depois bate o porta-malas. — Agora, que tal você me comprar aquela bebida e depois me dizer o que diabos foi aquela cena com o velho?

— Você tem certeza que quer ouvir sobre o meu drama familiar? — Pergunto quando começamos a voltar para frente do bar.

— Por que não? — Ele me questiona.

— Você se parece com o tipo que só quer falar sobre motocicletas e o que mais tira as mulheres da calcinha.

Sua risada é estridente e quente, o que faz com que toda minha barriga fique tremendo.

— Podemos adiar as conversas de moto e de calcinha até mais tarde, — responde Sax, mantendo a porta aberta para eu entrar primeiro no bar barulhento. — O que aquele cara estava dizendo sobre seu pai quando ele estava tentando arrastá-la para longe?

— Esse é o caminho de curso quando se trata de meu pai, querendo que eu vá aonde ele quer, quando ele quer, — explico, ansiosa para ver seu rosto em plena luz quando ele se junta a mim no bar. E que merda! É ele! Meu cavaleiro das trevas é o motoqueiro loiro. Eu senti uma atração por ele no palco; e depois de conversar com ele, essa conexão está definitivamente ficando mais forte.

Oh, droga.

Sobre o que estamos falando? Minha mente apaga completamente quando olho para Sax. De perto, posso ver o loiro escuro ao longo de sua mandíbula quadrada o que o deixa ainda mais sexy. Seus olhos são claros, mas não sei dizer se são azuis ou verdes. Ele é ainda mais atraente cara a cara, com certeza.

Percebendo que estou olhando para ele há muito tempo, balanço minha cabeça e finalmente me lembro de onde parei nossa conversa. Ele estava perguntando sobre o que Stu queria. E por qualquer motivo, me vejo, me abrindo para ele como se ele fosse um amigo de longa data e não um estranho que gosta de faca. — Por mais de vinte anos, deixei meu pai controlar todos os aspectos da minha vida. Ele só se preocupa em orquestrar aparências perfeitas. Então agora só faço o que quero, o que o deixa louco.

— E o que você quer fazer? — Sax pergunta quando encontramos dois banquinhos vazios no bar e subimos um ao lado do outro.

— Agora, hoje à noite? Nenhuma pista. — Alcançando minha bolsa que ainda está pendurada na frente do meu corpo, puxo meu minúsculo caderno espiral coberto de flores de cerejeira e uma caneta rosa minúscula presa na lombada. Entregando a Sax, eu digo: — Aqui. Diga-me você. A espontaneidade é minha nova melhor amiga.

— O que é isso? — Ele pergunta enquanto folheia as páginas.

— Minha lista de desejos.

— Você não é um pouco jovem para ter um desses? — Ele pergunta, segurando o caderno com uma sobrancelha loira arqueada. E pela primeira vez, finalmente consigo ver a cor dos olhos dele. Eles são um lindo azul-céu brilhante, me lembrando do oceano pela manhã quando o sol brilha, fazendo a superfície d’água brilhar. Leva alguns segundos para lembrar sua pergunta mais uma vez. Ah, certo, por que alguém da minha idade tem uma lista de desejos? Normalmente não sou tão distraída, mas olhar para Sax por muito tempo, provavelmente poderia me fazer esquecer o meu nome.

Em vez de dar a ele a verdade deprimente por trás da minha lista de desejos, digo a ele: — Nunca é cedo para começar a viver como se você pudesse morrer amanhã. Por que um monte de arrependimentos no seu leito de morte quando você poderia ter feito tudo o que sonhava antes de morrer?

— Verdade, — ele concorda com um sorriso torto enquanto olha para o meu rosto. Eventualmente, ele limpa a garganta e volta o olhar para o caderno.

— Hoje à noite você pode me ajudar a riscar alguma coisa, — digo enquanto ele lê as entradas. — Quero dizer, se você quiser...

— Foda-se, sim, — Sax concorda. — Eu sou a favor de ajudá-la... — Ele vira algumas páginas antes de escolher. — Participe de uma orgia.

— Tente novamente, amigo, — digo-lhe com um revirar dos olhos.

Rindo alto, ele continua lendo enquanto pergunta: — Então, hoje à noite, quando você estava no palco, isso era algo que você estava riscando da sua lista ou é isso que você faz para viver?

— Você viu isso, hein? — Pergunto, mesmo que eu o tenha pegado olhando.

— Não aja como se você não estivesse pensando em acordar na minha cama enquanto estava cantando a última música, — diz ele quando olha para mim com um olhar conhecedor nos olhos, chamando meu blefe. — Todo homem aqui estava imaginando você na cama deles. Na verdade, talvez eu precise mostrar minha faca falsa novamente para afastar alguns admiradores que ainda estão olhando para você.

— De jeito nenhum, — digo a ele. — Olhe isto. — Eu giro, de costas para Sax e sorrindo para o homem corpulento e barbudo ao meu lado quando ele olha para mim.

— Olá, querida. Você tem um conjunto incrível de pulmões. Que tal você me deixar lhe pagar uma bebida? — Ele pergunta. — Barman!

— Absolutamente! — Concordo. Quando o barman volta sua atenção para nós, digo-lhe: — Vou tomar um gim tônico e meu namorado gostaria... — Virando-me para Sax, pergunto: — Ei, querido. O que você quer beber?

Rindo enquanto tentava escondê-lo com uma tosse, ele diz: — O Miller Lite seria ótimo.

— Um gim tônico e um Miller Lite, — informo o barman. — Muito obrigada por nos tratar, — provoco o motoqueiro corpulento, colocando a mão em seu ombro.

Com um grunhido, ele joga uma nota de vinte dólares e depois sai na direção da mesa de sinuca.

— Isso foi cruel, — diz Sax, rindo. — Mas devo dizer que é a primeira vez que um urso me compra uma bebida. Estou meio lisonjeado.

— Apenas uma das vantagens de ser meu namorado falso, — eu respondo com um sorriso.

— Namorado falso, hein? — Ele diz com seu sorriso sexy e torto. — Você não adoraria ver a expressão no rosto de seu pai se trouxesse para casa um homem como eu?

— Oh, meu Deus, — murmuro enquanto imagino. — Você tem que conhecer meu pai! — Digo a ele. — Ele surtaria se eu trouxesse para casa alguém como você amanhã à noite.

O sorriso de Sax vira de cabeça para baixo num piscar de olhos, ao mesmo tempo em que meu caderno cai de suas mãos no balcão, fazendo-me quase cair da cadeira de rir. — Caramba! Você tinha que ver a sua cara! Hilário!

— Você estava brincando, certo? — Ele pergunta enquanto o barman coloca nossas bebidas na nossa frente.

— Não, eu estava falando sério, — digo enquanto pego meu copo e tomo um gole da bebida.

— Você quer que eu conheça seu pai? Depois de nos conhecermos, tipo, dez minutos atrás? — Ele diz às pressas, depois engole metade da cerveja.

— Sim, eu quero. Eu nunca tive tanta certeza de nada na minha vida. Ultimamente, vivo para irritar meu pai da maneira mais criativa possível. Eu não estava planejando ir ao jantar de aniversário dele ou o que quer que seja amanhã, mas agora... estou meio ansiosa por isso.

— Oh, sim? Por que isso? — Pergunta Sax.

— Porque ele não fez nada além de me manipular desde o dia em que nasci, — admito. — Minha vida nunca foi minha. Mas ele é tão especialista em manipulação que eu nem percebi o que ele estava fazendo até que finalmente o peguei numa enorme mentira!

— Droga. Parece que você odeia as entranhas dele.

— Eu faço, — concordo.

— Então por que você quer vê-lo no aniversário dele? — Ele pergunta.

— Porque... eu não sei, — digo, bebendo minha bebida e tomando meu tempo, enquanto tento descobrir como explicar isso a um estranho. — Porque ele é a única família que me resta. Então, enquanto eu não suporto ver seu rosto ou ouvir suas chatices irritantes sobre minhas escolhas de vida, eu adoraria trazê-lo comigo apenas para irritá-lo.

Sax fica em silêncio por tanto tempo, que olho para trás para me certificar de que ele ainda está sentado ao meu lado.

— Ok, eu vou com você para ver seu pai, — diz ele.

— Você irá? Você pode estar em seu pior comportamento. De fato, nada me faria mais feliz do que ver o olhar em seu rosto quando ele o conhecer.

— Parece... divertido, — ele responde, a maior mentira que eu já ouvi.

— Se você está falando sério sobre fazer isso por mim, talvez eu faça algo bom por você, — digo a ele, inclinando-me para bater seu ombro no meu.

— Sério? Como o quê? — Ele pergunta.

Batendo uma unha na parte superior do caderno da minha lista de desejos, digo: — Como deixar você escolher qualquer coisa na minha lista de desejos para riscar, até mesmo a orgia.

— Combinado, — Sax concorda rapidamente. — A propósito, você é uma grande negociadora.

— Ugh, — gemo. — Eu recebo isso do meu pai, infelizmente.

Antes que eu possa me debruçar sobre isso, ele pergunta: — Então, que tal esta noite? Você já decidiu o que quer fazer?

— Diga-me você. Estou a fim de me divertir um pouco na PG-134.

— Tem que manter o PG-13 hoje à noite, hein? — Ele pergunta enquanto seus olhos se abaixam para o zíper na frente do meu vestido de couro. Só sei que um milhão de pensamentos sujos provavelmente estão passando por sua mente imunda. Ele pode muito bem ter sorte esta noite, mas eu não pretendo torná-lo muito fácil para ele.

— Bem, sim. Acabei de te conhecer num bar. Que tipo de garota você pensa que sou? — Pergunto, fingindo indignação.

— O tipo bonita, sexy e misteriosa que de alguma forma me convenceu a conhecer o pai dela no nosso primeiro encontro, — Sax responde com um sorriso malicioso.

— E que tipo de cara você é?

Olhando ao redor do bar antes de seus olhos se fixarem nos meus, ele diz: — O tipo de motoqueiro fora da lei com tantos esqueletos escondidos no meu armário, que você correria na direção oposta a mim, se fosse esperta.

Balançando a cabeça, digo a ele: — Tentei ser uma garota boa e inteligente, mas não deu muito certo. Também não foi muito divertido. — Inclinando-me para frente, planto uma das minhas mãos na parte superior da sua coxa. Então, cravando minhas unhas no jeans, sussurro contra sua orelha: — Agora eu prefiro ser um pouco má.


***


Sax

Eu disse a mim mesmo que não ia foder a Isobel. Não é justo eu me divertir fodendo-a para seu pai salvar os caras.

Mas isso foi antes de a conhecer e ter seus lábios roçando em minha orelha, enviando uma sacudida de desejo até o meu pau.

Agora, a única coisa em que consigo pensar é em deixá-la nua e afundar dentro dela.

Dane-se. Eu já estou indo para o inferno. O que é mais um item na lista no grande esquema das coisas?

Dormir com Isobel não é pior do que participar de um assassinato em massa, com os outros Kings, há apenas algumas semanas.

E não é nem perto de ser tão ruim quanto trair meus irmãos desde o primeiro dia.

Mesmo assim, mesmo depois de doze anos, não tenho certeza se realmente penso nos Savage Kings como meus irmãos. Sou uma fraude que de alguma forma acabou não apenas sendo consertada, mas também foi eleita como oficial por eles. Como secretário do clube, sou encarregado de notificar os membros das tempestades de merda, planejando como me esconder durante as ditas tempestades e certificando-me de que os outros fiquem inteiros. Isso é uma enorme responsabilidade para um homem que já teve o objetivo de enviar todos os membros que usavam a caveira do rei barbudo para a prisão.

Naquela época, eu era jovem, burro e zangado. Eu também estava sofrendo e queria que alguém pagasse pelo fim da vida de April antes que ela realmente começasse.

— Você está bem? — Isobel pergunta, seu lindo rosto franzindo a testa para mim, quando meus olhos se concentram nela.

— Sim, — respondo e tenho que limpar minha garganta para tirar outras palavras. — Estava pensando em algumas atividades do PG-13 em que poderíamos participar hoje à noite.

— E? Qual é o veredito? — Pergunta, mordendo o lábio enquanto aguarda minha decisão.

— Você já montou uma Harley?

— Não, não fiz, mas está na minha lista, — ela me diz, passando para o item em seu pequeno caderno.

— Bom. O que você diz de riscarmos esse item e então eu a levo para o meu barco?

— Você tem um barco? — Ela pergunta com as duas sobrancelhas levantadas em surpresa. — Eu não vejo em você um marinheiro.

— Bom, porque eu não navego, — respondo. — E no meu barco, prefiro ser chamado de 'Capitão'.

— Certo, — Isobel fala com um revirar os olhos castanhos brilhantes quando joga a lista de desejos de volta na bolsa. — Só preciso fazer uma coisinha antes de decolarmos na sua Harley e chegarmos ao mar, no seu barco.

— O que é isso? — Pergunto.

Estendendo a mão, palma para cima, ela diz: — Posso ver sua carteira de motorista?

— O quê? Por quê? — Pergunto, ficando na defensiva, mesmo que não exista nada na minha carteira que possa revelar minha grande mentira para ela.

— Se vou ficar sozinha com um homem que acabei de conhecer num bar, tenho que ter algum tipo de garantia dele, — explica ela. — A maneira mais fácil de fazer isso é tirar uma foto da sua licença e enviá-la ao meu amigo Daniel. Nos conhecemos desde o colegial, e seu pai é o chefe de polícia de Cary. Então, se ele não tiver notícias minhas depois de doze horas, um APB será emitido.

— Oh, maldição. Não é que você é engenhosa, merda?

— As mulheres solteiras têm que ter cuidado hoje em dia, — ela responde com um encolher de ombros enquanto tiro minha carteira de couro do bolso de trás. Pego minha identificação de dentro, sem remover a carteira da corrente presa ao meu cinto. — Pronto, — digo a Isobel quando coloco o plástico na frente dela.

— Obrigada, — diz ela antes do telefone iluminar, tirando uma foto. Seus dedos voam sobre as teclas e então ouço o som de um texto sendo enviado. — Aqui. Agora Daniel saberá quem procurar se eu desaparecer ou aparecer morta!

— Eu pareço um serial killer? — Pergunto a ela.

— Você é charmoso e bonito, então sim, você seria o psicopata perfeito.

— Não tenho certeza se devo me sentir lisonjeado ou preocupado, — digo com um aceno de cabeça enquanto guardo minha licença.

— Você deveria me mostrar sua motocicleta, Saxon Cole, — diz Isobel enquanto se levanta e pega minha mão para me puxar do banquinho. — Você tem um capacete extra para mim?

— Ah, sim, eu tenho, — respondo enquanto a sigo pela porta.

Com outro rolar de olhos, ela diz: — Por que não estou surpresa?


CAPÍTULO CINCO

Isobel

Andar na traseira da motocicleta de Sax é assustador e emocionante. Eu o seguro, esse homem que não conheço, e rezo pela minha vida querida, para que ele não me deixe cair de costas.

Uma vez que chegamos em segurança à marina, onde ele diminui a velocidade e, finalmente, para completamente em frente a uma fileira de grandes barcos, fico um pouco triste que o passeio acabou.

— Uau, — eu suspiro em voz alta depois que ele desliga o motor e abaixa o suporte.

— Isso é um uau bom ou um uau que-merda-nunca-mais-vou-fazer-isso-de-novo? — Sax pergunta por cima do ombro.

— Principalmente, um bom uau, — digo a ele enquanto meus punhos se soltam do colete de couro. — Eu simplesmente não estava preparada para a quantidade de confiança envolvida. No começo, eu posso ter duvidado se você sabia ou não o que diabos estava fazendo sobre essa coisa e pensei que poderia morrer muito mais cedo do que eu esperava.

Dando um grunhido que parece ofendido, ele diz: — Ando de moto há mais de doze anos sem fatalidades até agora. Não pretendo quebrar esse recorde tão cedo.

— Sim, eu sei que sim, agora que chegamos em segurança, — digo a ele enquanto jogo minha perna trêmula para sair da máquina perigosa e retiro o capacete para sacudir meu cabelo. — A próxima vez não será tão assustadora.

— Sério? — Pergunta Sax. — Haverá uma próxima vez, hein?

— Você tem que me levar de volta para o meu carro, eventualmente, — eu indico. — E a motocicleta é mais divertida que um Uber. Talvez você possa me ensinar a conduzir uma?

— Talvez, mas eu tenho certeza que não vou te ensinar no meu bebê. Nós vamos ter que encontrar uma motocicleta de merda para que você possa aprender, — ele diz com uma risada quando desce e tira o capacete. — Se importa de segurar isso para mim, enquanto eu coloco a moto no barco?

— Claro, — concordo, tirando isso dele. — Qual desses barcos é seu?

— Advinhe.

— É difícil vê-los claramente, tão tarde da noite, — respondo enquanto olho em volta. Mas então vejo o robusto barco de pesca entre dois belos iates imaculados. — Aquele? — Pergunto, apontando em sua direção.

— É isso, — diz Sax com um sorriso quando ele começa a empurrar naquela direção. Ele faz uma pausa antes de chegarmos lá e pergunta: — Você não é alérgica a gatos, é?

— Gatos? — Repito, já que essa é a última pergunta que eu esperava dele.

— Bem, é apenas um gato, no singular. Alimentei um vadio alguns meses atrás, e agora ele não parece inclinado a deixar meu barco.

— Eu estou bem com gatos, — asseguro a ele, pensando que é adorável que um motoqueiro duro como ele teria acolhido um.

Sax leva alguns minutos para descer a rampa e empurrar sua motociceta a bordo, e depois a amarra em algum tipo de dispositivo destinado a mantê-la na vertical quando o barco está em movimento. Uma vez que ele coloca uma cobertura sobre ela, ele puxa a âncora e eu o sigo para dentro de uma pequena sala, onde ele liga o motor, e então estamos indo para o mar.

Enquanto estamos passando pelas ondas, saio e apoio meus braços no parapeito para ver as luzes da marina desaparecerem enquanto nos deslocamos no horizonte escuro que parece durar para sempre. A névoa leve da água atinge meu rosto como uma chuva suave.

Algo acaba fazendo cócegas nos meus tornozelos nus; e quando olho para baixo, há um gato malhado desalinhado se esfregando contra mim.

— Bem, olá, gatinho, — eu digo, inclinando-me para acariciar sua cabeça. Quando ele ou ela inclina a cabeça para mim, a luz da lua brilha sobre um olho, enquanto no local onde o outro olho deveria estar, é nada mais que um pedaço áspero de pelo.

— Pobrezinho. O que aconteceu com você?

— Não tenho certeza, mas estou apostando numa briga de gatos, — diz Sax quando sai da sala com todos os botões, acessórios e leme.

Agora percebo que diminuímos a velocidade e ele deve ter desligado o motor. Você não pode mais ver a costa, mesmo à distância. Estamos apenas flutuando no Oceano Atlântico.

— Parece que somos os únicos no universo aqui, — digo a Sax depois que ele joga a âncora na água, onde ela cai com um estrondo, antes de ficar ao meu lado.

— É incrível, certo? — Ele pergunta.

— Sim, é... Capitão, — eu concordo, enfatizando seu título com um ronronar sedutor. — E acho que você mostra, a muitas mulheres diferentes, essa visão incrível.

— Talvez algumas.

— Algumas, — zombo porque sei que ele está cheio de merda.

— Tudo bem. Várias mulheres vieram a bordo, — ele responde com um sorriso.

— Eu também estaria disposta a apostar, que você lhes dá uma noite da qual elas nunca esquecerão.

— Talvez sim, — diz ele. — Mas apenas uma noite. Eu não faço segundas ou terceiras.

— É bom saber, — eu digo, apreciando sua honestidade, porque uma noite só é tudo o que eu sou capaz de ter. Na verdade, eu tenho minha própria regra. Não só me limitei a apenas uma noite com um homem, como também limito o número de orgasmos. Não há razão para ter as endorfinas e outras substâncias químicas no meu cérebro tentando me convencer de que estou apaixonada por um estranho, só porque ele me dá prazer.

Sax e eu apreciamos a vista serena num silêncio agradável por tanto tempo que minhas pálpebras começam a ficar pesadas. Mas ainda não estou pronta para a noite terminar.

— Você acha que eu poderia emprestar uma de suas camisas para dormir? — Pergunto e me viro para Sax. — Eu realmente gostaria de sair desses saltos e deste vestido.

Baixando os olhos para o zíper prateado que corre na frente, ele diz: — Só se eu puder abrir o zíper pra você. Esse deve ser o maldito vestido mais sexy que eu já vi. Foi feito para deixar os homens obcecados em despir você.

— Então o prazer é todo seu, Capitão, — digo a ele.

— Sim, é verdade, — diz ele quando agarra o zíper entre o dedo e o polegar. Então, muito lentamente, ele arrasta-o uma polegada lenta de cada vez, expondo minha carne nua à brisa do oceano. Mesmo que eu esteja praticamente nua, exceto por uma tanga preta rendada e saltos altos, depois de desnudada, Sax é um bom menino e não tenta tocar uma única parte da minha pele, o que é mais do que um pouco decepcionante. Ele simplesmente fica de pé e me olha quando o couro se acumula nos meus pés.

— Deixe-me, uh, encontrar pra você uma, ah, uma camisa, — gagueja Sax, mesmo que ele não mova um músculo para sair.

— Ok, obrigada, — digo a ele.

— Eu volto já.

— Bom, — eu digo, e então ele finalmente se afasta.

Enquanto ele se vai, tiro meus sapatos e depois me viro para olhar o mar novamente. É uma noite de verão tão bonita. Perfeita mesmo. Aposto que a água abaixo seria incrível e seria incrivelmente refrescante após um dia quente e suado.


***


Sax

— Aqui está, — eu digo quando subo no convés com uma camiseta branca no punho para Isobel, embora eu odeie o pensamento de encobrir seu corpo incrível e muito nu. — Isobel? — Eu chamo quando ela não está mais no lugar onde eu a deixei. — Isobel? — Grito mais alto.

Então, vejo sua calcinha e sapatos adicionados à poça de seu vestido de couro antes de ouvir um respingo no lado esquerdo do convés, seguido por sua resposta. — Aqui embaixo! A água está incrível!

— Aqui embaixo? — Eu murmuro para mim mesmo enquanto me dirijo e olho por cima do parapeito. Sua cabeça está balançando acima das ondas, seu cabelo azul molhado e penteado para trás. — Uau, você está seriamente nadando pelada no oceano? — Digo surpreso.

— Quer se juntar a mim? — Pergunta, os dentes brilhando na escuridão com o enorme sorriso espalhado pelo rosto.

— Um peixe fode na água? — Respondo, já que isso é um inferno, sim.

Antes que todos os pensamentos coerentes fujam da minha mente, penduro a camiseta sobressalente ao lado e pego a escada para prendê-la e facilitar a subida de volta.

Assim que me despi para o meu traje de nascimento, corro para o lado do barco e afundo com um mergulho ao lado de Isobel.

Depois que subo e tiro a água salgada dos meus olhos, ela me diz: — Agora posso riscar, nadar pelada, da minha lista.

Quando consigo ver novamente, percebo que toda a maquiagem esfumaçada foi lavada do rosto de Isobel, fazendo-a parecer mais jovem e inocente. Ela é ainda mais impressionante.

— Você sabe, eu nunca realmente fiz isso antes, — digo a ela enquanto nós dois ficamos na água sob as estrelas. Não consigo tirar os olhos dela. — Mesmo quando estou aqui sozinho, nado num par de calções de banho.

— Realmente? — Ela pergunta surpresa. — Eu pensei que você parecia um homem que quebrou algumas regras em sua vida.

— Não tantas quanto você imagina.

— Você já foi preso? — Ela pergunta.

— Ah, apenas uma vez, durante a noite. Mas, felizmente, fui libertado sem ser oficialmente acusado, — respondo honestamente, pois o pai dela só queria uma conversa quando ele me jogou na cela.

— Como foi?

— Foi uma merda, — digo a ela. — Chato, fedorento, desconfortável.

— Quero passar uma noite na cadeia, — diz Isobel, excitada.

— Ta brincando né? — Pergunto, e ela balança a cabeça. — Por que você iria voluntariamente para a prisão?

— Porque acho que você não pode realmente apreciar sua liberdade até que ela seja tirada de você, — ela responde.

Rindo porque é verdade, eu digo a ela: — Eu nunca conheci alguém como você antes.

— Você quer dizer alguém louca? — Ela brinca com um sorriso.

— Não, quero dizer, você é tão... livre, vivendo a vida ao máximo. Eu acho que estou com um pouco de inveja.

— Por que você não pode ser livre também? — Isobel pergunta. — Você tem um barco que você pode levar para qualquer lugar.

— Eu poderia, mas não, — eu respondo. — Nos últimos doze anos, parece que eu tenho estado na água, sem sair do lugar, apenas tentando manter minha cabeça acima da superfície, mas nunca realmente avançando.

— Isso não parece divertido.

— Você sabe o que? Na verdade, não é, — digo com sinceridade. — Quero dizer, eu amo os caras do MC e faria qualquer coisa por eles. Eles fariam o mesmo por mim também, sabe? Mas...

— Mas algo está faltando? — Ela adivinha.

— Sim, está, — concordo com um suspiro. — Como você sabia?

— Porque eu estava fazendo a mesma coisa até cerca de um ano atrás – vivendo uma vida boa, mas não ótima. Mas nunca pareceu realmente minha. Eu estava acordando todas as manhãs e fazendo movimentos para fazer alguém feliz.

— Quem você estava tentando fazer feliz? — Pergunto mesmo tendo uma boa ideia.

— Meu pai, — diz ela em um suspiro pesado. — Quando descobri que ele mentia para mim há anos, isso colocou uma enorme distância entre nós. Fiquei chateada com ele até perceber que não devia mais nada a ele ou a mais ninguém. E, a princípio, era assustador pensar sobre o que eu queria para mim mesma, e não ter nenhuma pista. Então, começaram a surgir ideias, todos esses lugares que eu queria ir, coisas que eu queria fazer, mas estava com muito medo de tentar antes.

— Então você fez uma lista.

— Fiz uma lista e prometi a mim mesma tentar riscar o máximo de coisas possível, — diz ela.

— O que você está fazendo, é incrivelmente corajoso, Isobel, — começo. — Mas o que você faz para pagar por todas essas coisas legais que faz?

— Oh, bem, minha mãe veio de uma família rica que fez fortuna com o tabaco. Ela era filha única. Então, quando ela morreu, ela me deixou tudo. Eu acho que ela gostaria que eu gastasse dessa maneira, especialmente desde que ela morreu tão jovem.

— Sinto muito, — digo sinceramente. — Quando você a perdeu?

— Eu tinha apenas dez anos, dezoito anos atrás.

— Caramba, isso deve ter sido difícil.

— Foi, — ela concorda. — Mas, chega de falar sobre mim. Você viu minha lista de desejos. O que você tem na sua?

— Eu não tenho uma lista de desejos.

— Você realmente deveria. Se você tivesse uma, qual seria a primeira coisa que escreveria? — Ela pergunta.

— Se eu tivesse caneta e papel agora, provavelmente escreveria que queria beijar você.

Sorrindo, ela diz: — Acho que posso conceder esse desejo para você, Capitão. — Envolvendo seus braços em volta do meu pescoço, ela escova os lábios úmidos sobre os meus para um breve beijo. Isobel não nada depois, então eu abaixo e agarro seus quadris, puxando seu corpo contra o meu. Suas curvas macias e nuas pressionam contra o meu corpo duro e se sentem ainda melhor do que eu pensava. Suas pernas até envolvem minha cintura como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Agora, o que mais você quer fazer? — Ela sussurra.

— Eu aposto que você tem uma boa ideia do que eu gostaria de fazer agora, — eu respondo enquanto roubo outro beijo de seus lábios, porque meu pau endurecido está atualmente entre nossos corpos nus.

— Dê-me uma resposta melhor, e eu vou deixar você colocar sua língua na minha boca.

— Combinado, — eu concordo desde que colocar minha língua nela soa realmente muito bom. — Quando comprei meu barco há vários anos, queria viajar por todo o mundo, — admito.

— Mas você não foi? — Isobel pergunta.

— Não. Só subi e desci a Costa Atlântica.

— Então você deve ir.

— Não é tão fácil, — eu respondo antes de capturar seus lábios e deixo minha língua passar por seus lábios para acariciá-los. O contato quente e úmido faz meu pau se contorcer com a necessidade de estar dentro dela. Quando Isobel inclina os quadris como se estivesse tentando se empalar em mim, fico feliz por não ser o único superado pelo desejo.

— O que mais? — Ela pergunta. Seus dedos percorrem meus cabelos e agarram com força, inclinando minha cabeça para trás para que sua boca possa descer ao lado do meu pescoço, tornando impossível pensar com clareza.


CAPÍTULO SEIS

Isobel

Eu estive com meu quinhão de homens nos últimos meses, compensando o tempo perdido depois de ser celibatária pela primeira metade dos meus vinte anos, mas nenhum deles tinha o corpo tão grande e rasgado quanto o de Sax. Se eu não morresse de privação de oxigênio, ficaria feliz em afundar nas profundezas do oceano para beijar cada centímetro dele, especialmente os mais duros que estão pressionado atualmente na minha barriga.

Enquanto alguns caras já tentariam colocar dentro de mim agora, Sax está sendo um cavalheiro paciente. E não tenho vergonha de dizer que não estou facilitando a ele, lambendo seu pescoço e esfregando minha fenda para cima e para baixo em seu comprimento de aço, desfrutando do agradável atrito no meu clitóris.

— Eu não sei se você está tentando me afogar ou me foder, — diz Sax, sua voz mais rouca e mais profunda quando ele agarra minha bochecha com firmeza na mão esquerda e depois chega atrás de mim, com a direita, para se agarrar a um dos trilhos da escada. A mudança nos tira da água alguns centímetros para que as ondas não fiquem mais quebrando no nosso rosto. — Você disse que tínhamos que manter as coisas PG-13 hoje à noite, mas já estamos no território R.

— Boa. Estou pronta para o R, — respondo, depois sento minha bunda num dos degraus da escada, para que eu fique submersa apenas nas panturrilhas. Sax se lança para frente e lambe as gotas de água do meu estômago antes que seus lábios se movam para cima e cubram um dos meus mamilos com a língua.

— Oh, Deus, — eu gemo enquanto agarro os dois lados do seu rosto entre as mãos para mantê-lo exatamente onde ele está. Ele aplica sucção e depois passa a língua sobre a carne sensível, fazendo com que eu me contorça no degrau enquanto penso em ter sua língua em algum lugar mais baixo. Como se estivesse lendo minha mente, Sax libera meu mamilo e beija meu estômago. Enquanto sua mão direita segura o corrimão da escada, a esquerda cobre meu joelho e o empurra para o lado, me abrindo para ele.

Olhando para o meu rosto com desejo enchendo seus olhos, sua língua desliza sobre minha pélvis úmida, antes que ele diga: — Eu vou lamber sua boceta até suas pernas tremerem, a menos que você tenha alguma objeção?

— Não. Não há objeções, — ofego graças ao meu pulso acelerado e à respiração rápida causada pela antecipação.

Sax passa o dedo indicador pelas minhas dobras e, em seguida, seu rosto se inclina para frente para que sua língua possa seguir o mesmo caminho.

— Oh, merda! — Exclamo quando seu dedo me penetra no momento em que uma onda cai entre minhas pernas. Minhas mãos disparam para agarrar os trilhos da escada para segurar por minha vida querida enquanto sua boca entra em ação, sua língua trabalhando horas extras enquanto circula e sacode e me fode no esquecimento.

— Oh, Deus. Oh, Deus! — Grito quando meus olhos se fecham. Minhas costas arqueiam e meus quadris resistem precisando de mais. Há tantas sensações incríveis, que eu não consigo acompanhar todas elas – a brisa fresca do oceano sobre meus seios nus, as ondas me batendo entre as pernas, enquanto o dedo de Sax bombeia dentro de mim e sua língua... — Bem aí! Sim! Sim! Sim! — Grito no topo dos meus pulmões quando minhas coxas tremem e meu corpo inteiro convulsiona. É uma das poucas vezes em que não entro em pânico quando uma dessas coisas acontece comigo. Estes são os arrepios prazerosos que são tão intensos e tão bons que quase machucam.

Quando finalmente paro de tremer, largo os trilhos e afundo na água novamente. Ou estou sendo puxada, não tenho certeza de qual. Não importa, porque Sax está lá, me segurando em seu forte aperto. Envolvo minhas pernas em volta de sua cintura e, em seguida, minhas costas são pressionadas contra os degraus da escada enquanto a cabeça contundente de seu pau duro entra em mim. Não há resistência. Meu corpo aceita tudo dele, deixando-o me encher até que ele acerte um ponto que me faz gritar seu nome. Minhas unhas cravam em suas costas, agarrando-o pela minha vida querida, enquanto Sax usa toda a sua força para bombear dentro e fora de mim, sacudindo meus dentes com seus impulsos poderosos, como se ele estivesse tentando se aprofundar mais com cada um. Os sons que eu nunca fiz antes escapam da minha garganta e ecoam ao nosso redor na escuridão.

— Deus, Isobel, — Sax geme na lateral do meu pescoço. — Você me pegou. Assim. Porra. Quente. Seu gosto, seu cheiro, o som dos seus gritos. Você é tão linda que eu tive que entrar em você.

— Sim! Não pare, — eu imploro enquanto seus quadris se movem mais rápido. Meus próprios quadris estão ansiosos, tentando acompanhar à medida que o prazer se constrói e aumenta a partir do ponto em que ele está atingindo dentro de mim, e da maneira como meu clitóris mói contra sua pélvis. Apenas quando eu acho que Sax não pode se sentir melhor, ele bate seu pau o mais fundo que pode.

— Trabalhe sua boceta no meu pau até você gozar, — ele ordena antes que sua boca retorne à minha. Nossas línguas lutam entre si e eu faço como ele quer, não que eu realmente tenha uma escolha no assunto. Meu corpo está frenético pelo alívio que só pode obter dos centímetros duros que atualmente me empalam. Mais tarde, posso até ficar envergonhada com a agressividade com que o empurrei, mas agora tudo em que consigo me concentrar é perseguir o prazer.

— Foda-me, mais difícil, bebê. Aí está você, — Sax diz, quando eu quebro nosso beijo para jogar minha cabeça para trás, e bater meus quadris nele várias vezes. — Olhe para mim enquanto você goza.

Eu pisco minhas pálpebras pesadas e encontro as dele, enquanto continuo montando seu pau.

— Você gosta de como eu me sinto? — Ele pergunta.

— Sim, — respondo.

— Você quer gozar tão mal, não é?

— Tão ruim! — Eu concordo com um vigoroso aceno de cabeça.

— Mostre-me como você esfrega seu clitóris carente quando está com tesão e não há língua para lambê-lo.

Deslizo minha mão direita do ombro dele e deslizo pelo meu estômago até chegar à água logo acima de onde nossos corpos estão unidos. O tempo todo meu olhar está preso nos penetrantes olhos azuis de Sax. Eu suspiro quando meus dedos tocam no lugar certo.

— Minha língua se lembra desse ponto, — diz Sax. — É assim que eu vou te acordar de manhã. Vou enterrar meu rosto entre suas pernas e comer sua boceta até que esteja pingando.

— Sim, — eu gemo quando me lembro de cada segundo de sua boca talentosa trabalhando comigo.

— Então eu vou colocar você em suas mãos e joelhos e te dar meu pau. Depois que eu descarregar bem fundo dentro de você, você vai me agradecer por despertar lambendo sua boceta, me chupando até eu explodir na sua garganta.

— Oh, porra! — Eu suspiro quando me aproximo e ficando mais perto.

— Eu quero que você engula meu esperma enquanto ele ainda está escorrendo pelas suas coxas.

— Oh, meu Deus, — eu gemo de sua conversa suja que é tão imunda que eu provavelmente poderia gozar sozinha. Com seu pau enterrado dentro de mim e meus dedos brincando com meu clitóris, eu explodo para o auge do orgasmo, onde meus membros ficam moles com a intensidade do prazer que percorre minhas veias.

Lembro-me vagamente de Sax se movendo dentro de mim novamente, me fodendo com várias investidas fortes e rápidas antes que ele soltasse uma maldição ao lado da minha orelha.

Sexo nunca será tão bom com mais ninguém. É o primeiro pensamento racional em minha mente cheia de luxúria.


***


Sax

— Sinto muito. Não deveríamos – eu não deveria ter feito isso, — digo a Isobel assim que o sangue retorna à minha cabeça, onde preciso dele, para evitar tomar decisões estúpidas como essa.

— Está bem. Estou feliz que você fez — ela me assegura, seus lábios roçando meu ombro úmido.

Não, ela não diria isso se soubesse a verdade.

— Você disse para mantê-lo PG-13, — eu a lembro.

— Isso foi antes de eu ficar nua com você no oceano, — diz Isobel. — Eu pensei que era um sinal bastante óbvio que eu queria você.

— Ainda assim... eu deveria ter usado camisinha. Eu sempre uso camisinha, — digo, incapaz de dizer a ela o verdadeiro motivo de me sentir culpado por transar com ela.

— Estou limpa e você não pode me engravidar, se é com isso que você está preocupado.

— Você está no controle de natalidade? — Pergunto, mesmo que a pergunta seja um pouco tarde.

— Não, — ela responde. — Melhor ainda, eu tive meus tubos amarrados.

— Realmente? — Eu pergunto com a testa franzida, a confusão temporariamente afastando a culpa. — Porque você fez isso? Você é tão jovem. Você não quer ter filhos?

— Definitivamente, só não é a minha, — ela responde.

— Por que não? — Eu pergunto, incapaz de deixar passar, porque não faz sentido. Não entendo por que ela entraria em enfermagem pediátrica se não gosta de crianças.

— Por motivos de merda, que prefiro não pensar hoje, quando a noite é tão perfeita e estamos nadando nus no meio do Oceano Atlântico.

— Justo, o suficiente — concordo.

— Eu já gozei duas vezes com você, então só para você saber, mesmo que tenha sido incrível, e eu adoraria aceitar sua promessa para amanhã de manhã, só posso estar com você mais uma vez, no máximo— Isobel me informa. Esqueça confuso e culpado. Agora estou cheio de decepção.

— Só podemos foder mais uma vez? — Repito. — Você quer dizer mais uma vez hoje à noite ou para sempre? — Eu pergunto desde que eu estava planejando estar dentro dela pelo menos duas vezes antes de acordá-la com a língua entre suas pernas amanhã.

— Para sempre, — responde Isobel, o que é desanimador, não apenas por causa da minha tarefa, mas porque eu já sei que três vezes com ela nunca seria suficiente. — É uma coisa da lista de desejos, — acrescenta ela. — Não se apegue ou se apaixone, então não mais que três orgasmos com o mesmo homem. Além disso, você disse que só faz uma noite de qualquer maneira.

— Por que exatamente três orgasmos são o número mágico? Eu pensei que quanto mais, melhor — a questiono, esperando que eu possa descobrir algum tipo de lacuna para contornar o seu domínio.

— Bem, depois de três orgasmos, todas aquelas endorfinas felizes no cérebro de uma mulher começam a criar confiança e vínculo com o sujeito. E nos homens, a dopamina liberada após a liberação causa prazer intenso, obviamente, o que pode levá-los a formar um vício em uma mulher. Um casal pode pensar que está desenvolvendo sentimentos um pelo outro quando na verdade é apenas química causada pelo sexo.

— E tudo isso é ruim porque... — pergunto, percebendo que ela soa como uma enfermeira, mesmo que esteja fingindo que não é.

— Porque não tenho tempo para ficar amarrada a ninguém, — ela responde.

— Oh, — murmuro quando fica claro que fazê-la ficar comigo por mais de uma noite será ainda mais difícil do que eu imaginava. — Se eu soubesse sobre sua regra antes, tornaria suas duas primeiras vezes ainda melhores. Posso ter uma oportunidade de fazer melhor? — Eu pergunto, apenas brincando.

— Seria impossível melhorar as duas primeiras vezes, — diz Isobel com um sorriso.

— Sim? Meio que pensei assim, também, — concordo. Escovando seus cabelos molhados do rosto e atrás da orelha, digo: — Eu não mudaria nada sobre esta noite, especialmente conhecendo você. Parece que você pertence aqui comigo, nadando nua no oceano sob um céu estrelado – uma sereia em seu habitat natural.

— Uma sereia? — Ela zomba e depois ri quase tão adorável quanto canta.

— Ou eu acho que deveria ter dito sirena, — emendo.

— Uau. Nunca ouvi nenhum desses antes. Vou lhe dar crédito pela originalidade em suas tentativas de oferecer essa série de elogios, mesmo que seja um ponto discutível, desde que você já transou.

— Sim, mas eu quero transar com você de novo, pelo menos mais uma vez, — digo a ela. — E eu quis dizer cada palavra. Você é hipnotizante ao luar.

— É tão bom estar aqui fora, longe da civilização. Obrigada novamente por me trazer.

— Obrigado por concordar em vir a bordo do barco de um possível serial killer.

— Eu estou me arriscando hoje em dia. Culpo meu pai por me fazer jogar pelo seguro por tanto tempo que quase me deixou louca.

— Então eu acho que tenho que agradecer pela foda incrível, — digo. — Vou mencionar isso no jantar de aniversário dele amanhã à noite.

— Por favor, faça! — ela concorda com uma gargalhada. — Isso seria hilário. E, hum, eu mencionei para você que ele mora em Raleigh?

— Ah, não, você não fez, — eu respondo, mesmo tendo uma ideia. — Estamos indo para Raleigh amanhã à noite?

— Você se importa? — Ela pergunta enquanto morde o lábio inferior com preocupação.

— Depois de mergulhar e te foder aqui fora, eu ficaria feliz em nos levar para a Califórnia amanhã, se você me pedisse.

— Obrigada, mesmo que isso fosse impossível, — ela responde com um beijo nos meus lábios. Quando ela se afasta, seu dedo desce pelo meu peito e sob a água, onde os arranhões de Willy estão começando a se curar debaixo do meu colar de corrente. — Então, ah, o que exatamente aconteceu aqui? Noite selvagem de sexo?

— Não, definitivamente não, — resmungo. — Você se lembra daquele gato que eu falei?

— Eu a conheci.

— Ela? Eu pensei que fosse um ele. De qualquer forma, Willy pode ficar meio nervoso quando ouve barulhos estranhos à noite, — explico.

— Ela dorme em cima de você?

— Não importa quantas vezes eu o espante, — eu respondo. — Ou ela.

— Uma gata que sabe o que quer. Só espero que ela não me ataque quando eu me juntar a você na cama.

— Não se preocupe. Não deixarei isso acontecer — prometo. — Você está pronta para voltar? — Eu pergunto.

— Eu acho. Estou exausta — responde Isobel com um suspiro.

— Você é bem-vinda, — brinco.


CAPÍTULO SETE

Isobel

— Por que não é tão fácil assim? — Pergunto a Sax enquanto nos acomodamos em sua cama deitados de lado, encarando um ao outro debaixo dos lençóis, com a lâmpada da cabeceira acesa. Tudo o que estou vestindo é uma de suas camisas e ele só usa uma cueca boxer cinza. Antes de sua cabeça bater no travesseiro, sua gata caolha veio correndo de um lado para o outro, onde não perdeu tempo caindo em cima de seu dono, como se o reivindicasse, caso eu estivesse tendo alguma ideia sobre a última rodada de sexo. Eu juro que o rosto dela parece presunçoso enquanto seus lábios se enrolam e ela fecha o olho.

Mensagem recebida, gatinha, penso comigo mesma quando a alcanço para arranhá-la atrás das orelhas.

— O que você quer dizer? O que não é fácil? — Sax responde. Seus dedos deslizam sob a barra da minha camisa; mas em vez de me tocarem de maneira malcriada, eles descansam no meu osso do quadril, onde a ponta do seu polegar começa a esfregar círculos.

— Quando eu disse que você deveria viajar pelo mundo em seu barco, você disse que não era tão fácil. Por que não?

— Oh, — ele murmura. — Bem, o MC é basicamente um compromisso ao longo da vida. E como sou oficial, não posso ir e vir quando quiser.

— Isso parece deprimente, — digo a ele.

— Não é tão ruim, — responde Sax, seu polegar ainda acariciando meu quadril. — Eu sabia no que estava me metendo quando ganhei meu patch. E os caras são ótimos. Eles se arriscaram por mim, então o mínimo que posso fazer é ajudá-los o máximo que puder.

— Você diz isso como se acha que lhes deve sua vida.

— De certa forma eu faço, — diz ele. — E o lado comercial das coisas é bom. Ganho um dinheiro decente que não poderia ganhar em nenhum outro lugar com meio diploma de bacharel em arqueologia.

— Você abandonou a escola?

— No meu segundo ano, sim, — diz ele.

— Por quê?

— Porque a garota que eu esperava casar um dia, morreu de overdose de drogas.

— Oh, uau, Sax, — eu suspiro surpresa. — Isso deve ter sido muito difícil para você.

— Foi, — diz ele. — April estava vendo outras pessoas na época, mas eu era jovem, tolo e apaixonado por ela. Eu tinha certeza de que ela voltaria para mim depois que terminasse o último ano do ensino médio, então estaríamos fazendo a coisa de longa distância, — ele me diz. — Eu me culpei. Inferno, eu ainda me culpo por não estar lá para cuidar dela.

— Você não deveria. Todo mundo toma suas próprias decisões. Mesmo se você estivesse lá, provavelmente não seria capaz de ajudá-la — digo a ele.

Meus olhos descem para a corrente pendurada em seu pescoço que eu notei pela primeira vez na água quando ele estava nu, e mais especificamente o delicado anel de ouro branco com um coração de safira cercado por pequenos diamantes pendurados nele, que obviamente pertenciam a uma mulher.

— Isso era dela? — Pergunto, tocando no anel com a unha.

— Ah, sim, foi, — responde Sax, removendo a mão do meu quadril para envolver os dedos em torno dele. — Como é que eu te conheci horas atrás e você já está desbloqueando todos os meus segredos profundos e sombrios? — Ele brinca com um sorriso que não alcança seus olhos. — E está ficando tarde. O sol nascerá em breve, então provavelmente devemos dormir um pouco. Temos uma longa viagem até Raleigh amanhã.

— Ok, Capitão, — concordo, mesmo que eu queira saber mais sobre ele e seu passado. Tenho a sensação de que Sax acabou de perceber, que ele me contou muito mais sobre si mesmo, do que queria. Mas eu gosto de como ele está se abrindo para mim, me dizendo coisas que acho que poucas pessoas, se houver, sabem sobre ele. Conversar com ele é tão fácil e natural, como se nos conhecêssemos há anos, não apenas horas. Adoraria passar mais tempo com ele, para conhecê-lo melhor, mas tenho que seguir em frente. Pelo menos, teremos mais um dia juntos antes de voltar à estrada. Além disso, qualquer homem que ainda usa a joia de outra mulher claramente ainda não a superou.

— Estou feliz por te conhecer hoje à noite, — diz Sax, em seguida, passa os lábios na minha bochecha.

— Eu também, — concordo. — Boa noite, Sax.

— Noite, — ele responde, depois estende a mão para desligar a lâmpada. A gatinha apenas se agacha ao seu lado enquanto seu dono se move, recusando-se a abandonar sua posição. E não posso dizer que a culpo.


CAPÍTULO OITO

Sax

— Você não mencionou que sua família era podre de rica, — digo a Isobel por cima do ombro, depois de desligar o motor da minha moto em frente à mansão de três andares. Durante todo o passeio minha mente correu solta, tentando encontrar uma maneira de mantê-la por perto.

— Há, ah, uma outra coisa que eu provavelmente deveria ter mencionado também, — diz Isobel enquanto desce da traseira da minha Harley.

— Oh, sim? O que é isso? — Pergunto, apesar de ter uma ideia muito boa.

Os dedos dela mexem com a alça da bolsa da bolsa. — Esta não é realmente minha casa. Na verdade, é a mansão do governador. O que quero dizer é que meu pai é, ah, o atual governador.

— Não brinca? — Pergunto, removendo meu capacete para não precisar olhar para ela e mentir direto em seu rosto sobre o fato de eu já saber disso. — Lawrence Washington é seu pai?

— Ele é, — ela responde. — E ele é um grande idiota com mais poder do que qualquer homem deveria ter.

— Eu deveria estar preocupado com ele me jogando numa masmorra e jogando fora a chave apenas por dormir com sua filha? — Estou brincando.

— Não, ele não é tão louco. Eu acho, — ela responde. — Vamos lá, vamos acabar com isso.

Quando saio da moto, penduro o capacete no guidão e Isobel pega minha mão, me levando pela passagem para as escadas na frente da casa. A porta se abre antes de alcançá-la, revelando o babaca do bar.

— Ei, é você! — Digo. Ele começa a fechar a porta na nossa cara antes de eu estender a mão para detê-lo.

— Stu ainda não esqueceu sua faca, — Isobel sussurra no momento em que seu pai, vestido com calças escuras e uma camisa branca, empurra seu lacaio de lado.

— Isobel! — Ele diz em cumprimento, um sorriso iluminando seu rosto antes de dizer: — Você realmente veio! E você está vestindo couro. Seu cabelo é azul?

— É turquesa com reflexos roxos, — ela o corrige enquanto eles se abraçam e se encaram sem jeito. — Ninguém jamais suspeitaria que sou a filha do governador nesse disfarce, não é? — Ela pergunta, depois aponta um dedo para o centro do peito e diz: — E eu disse para você parar de enviar pessoas para me buscar por você como se eu fosse criança ou cachorro.

— Eu não pensei que você viria de outra maneira, e eu senti sua falta, — diz o pai dela antes de seu olhar finalmente pousar em mim e ele dar uma olhada dupla. — Mas estou feliz que você esteja aqui e que trouxe um convidado.

— Pai, esse é Sax. Sax, este é meu pai, Lawrence Washington.

— E, aí? — Digo, pegando a mão de Isobel na minha mão direita para evitar apertar a mão do canalha.

— Eu gostaria que soubéssemos que você estava trazendo seu... amigo para jantar, — diz seu pai, os olhos baixos e estreitos na minha mão na dela.

— Sax é meu namorado. Estamos apaixonados e, quem sabe, podemos fugir e nos casar um dia, — ela mente para ele.

— Eu duvido disso, — seu pai murmura.

Pena que ele sabe que ela está mentindo, porque ele me coagiu a mentir para ela antes de nos conhecermos. Deus, eu continuo afundando cada vez mais nessa merda. Lembrar quantas vidas dependem de mim, ajuda a acalmar minha consciência por ferrar uma garota legal como Isobel, pelo menos temporariamente.

— Bem, eu acho, — diz o pai dela. Depois que Isobel e eu passamos a porta, ele deve encontrar minha motocicleta na frente. — Você trouxe minha filha aqui nessa armadilha da morte? — Ele exclama.

— Minha moto é uma das muitas coisas que ela ama em mim, não é mesmo, bebê? — Pergunto a Isobel cuja mão ainda está na minha.

— Oh, sim. Harleys são tão gostosas — ela responde. — Ainda não acredito que elas sejam tão rápidas! Parecia que estávamos voando!

A cor escorre do rosto de seu pai enquanto ele digere a mentira. Eu não estaria correndo por aí, dirigindo como um maníaco com Isobel na traseira da minha moto. Mas não me importo em deixá-lo pensar que sou tão descuidado. A culpa é dele por colocá-la nessa posição comigo, onde eu poderia facilmente colocar sua vida em risco.

— Se algo acontecer com ela, eu vou te caçar, — ele me adverte baixinho.

— Pai, pare, — diz Isobel. — Isso não é maneira de falar com nosso convidado e seu futuro genro.

Suspirando pesadamente com exasperação, ele diz: — O jantar está sobre a mesa, na sala de jantar. Por que não vamos para lá? A menos que vocês dois precisem se limpar primeiro? — ele pergunta, basicamente implicando que eu sou uma pilha suja de lixo que está abaixo dele. Ele sabia o que eu era antes de insistir que eu conhecesse a filha dele.

— Eu provavelmente deveria me lavar, — concordo. Piscando para o governador, digo: — Você nem quer conhecer todos os lugares ruins que minhas mãos estiveram.

Ele rosna uma maldição indecifrável antes de Isobel me arrastar pelo corredor e se afastar dele. Ela me puxa para um banheiro chique com renda nas toalhas de mão e até um lustre pendurado no teto. Que maneira de gastar os dólares dos contribuintes.

— Caramba, ele já te odeia, — Isobel sussurra alegremente com um sorriso largo enquanto ela pressiona as costas contra a porta. Então, suas mãos estão agarrando a frente do meu jeans, me puxando para mais perto e mexendo no botão e no zíper.

— O que você está fazendo? — Pergunto a ela, mesmo que pareça bastante óbvio.

— Eu quero que você foda minha boca nesta casa pretensiosa, — diz ela enquanto empurra meus jeans desfeitos e cueca boxer em minhas coxas. — Além disso, eu ainda lhe devo um orgasmo para fazer as coisas iguais entre nós.

Porra, eu quero a boca dela, mas não quero que seja a nossa última vez. Não posso deixar que seja a última vez, já que sexo incrível é tudo o que tenho na manga para convencê-la a ficar depois do jantar.

— Eu não sei se agora é realmente a hora ou o lugar, Iz, — sussurro, minha cabeça tão fodida que meu pau ficou completamente flácido até que seus dedos o envolveram. Todo o sangue do meu corpo corre para o sul tão rápido que balanço do súbito início de tontura.

— Vou fazer valer a pena, Capitão. Prometo, — diz Isobel, como se eu tivesse alguma dúvida sobre suas habilidades antes que ela se ajoelhe. Mantendo os olhos levantados para o meu rosto o tempo todo, ela guia a cabeça do meu eixo por seus lábios entreabertos.

— Oh, merda, mulher, — suspiro quando sua língua molhada lambe minha fenda e depois reveste a parte de baixo do meu pau. Eu bato a palma da mão direita na porta acima dela, para me segurar, quando meus joelhos ficam fracos. Depois de me preparar, meus quadris começam a bombear involuntariamente, empurrando meu pau mais fundo em sua boca até que seu nariz finalmente está pressionado contra a minha pélvis.

— Porra, isso é bom, — eu gemo enquanto minha mão esquerda segura a parte de trás de sua cabeça para segurá-la imóvel, para que eu possa foder sua boca como ela queria.

É tão incrível que eu nunca quero que ela pare de chupar meu pau, especialmente porque essa pode ser a última vez que brincamos. Mas só posso durar pouco antes de irromper em sua garganta. Ela pega tudo o que eu dou a ela também, sem sequer um grunhido de reclamação.

Assim que ela solta meu pau da boca para limpar os cantos dos lábios, agarro seus ombros para puxá-la de pé. Segurando seu rosto entre minhas mãos, eu cubro seus lábios com os meus, não me importando de me provar nela. — Obrigado por isso, — digo a ela enquanto abaixo minhas mãos pelos lados e em torno de suas nádegas sob o vestido de couro. Na esperança de que ela tenha se excitado me chupando, digo, — Deixe-me cuidar de você também.

— Não, tudo bem, — diz Isobel, dando um passo para trás e removendo minhas mãos do corpo dela. — É melhor voltarmos lá. Se demorarmos muito, ele pode arrombar a porta para entrar aqui.

— Ok, mas você vai ficar comigo novamente esta noite, certo? — pergunto enquanto puxo minhas calças. Assim que a pergunta sai da minha boca, percebo pelo olhar surpreso em seu rosto que ela não tinha planejado ficar comigo no meu barco novamente. — Pensei que nos divertimos ontem à noite, — digo para tentar convencê-la a voltar para casa comigo, não apenas como um trabalho para o pai, mas porque a quero de volta em minha cama, mais do que qualquer outra mulher desde a que perdi há doze anos.

— Sim, ontem à noite foi divertido, mas você conhece minha regra da lista de desejos.

— Nós não estivemos juntos três vezes ainda, — eu a lembro.

— Três orgasmos é o limite, não o requisito mínimo, — diz ela sem encontrar meus olhos. Foda-se, eu já a estou perdendo e nem faz vinte e quatro horas. Tem que haver algo que eu possa fazer para convencê-la a ficar por aqui.

— Eu conheço um tatuador, — deixo escapar quando de repente me lembro de ver a entrada em sua lista de desejos. — Gabriel Cross é um artista incrível que pode desenhar o que quiser, e ele é um Savage King. Se eu ligar para ele, ele provavelmente poderá atender você amanhã de manhã.

— Vamos ver, — diz ela antes de se virar e sair do banheiro. Sua resposta não é um não, mas parece que eu vou ter que trabalhar para que se torne um sim.

Meus ombros já estão caídos quando me lavo e vou procurar a sala de jantar. Estou me decepcionando mesmo depois do boquete incrível que ela me deu, porque Isobel está pronta para me deixar. Mas ver os braços de outro cara ao redor dela envia um soco de adrenalina através do meu sistema.

— Quem diabos é ele? — Pergunto, sem perder o sorriso no rosto de seu pai, de onde ele está sentado à cabeceira de uma mesa comprida que acomoda cerca de dezesseis pessoas.

— Oh, Sax, este é meu amigo Daniel, sobre quem eu falei. Daniel, este é meu... namorado Sax, — diz Isobel quando ela sai de seus braços.

O filho da puta com sua camisa xadrez enfiada em sua calça branca apertada me dá um olhar que diz que está me avaliando. — Bem, Izzy, essa é uma maneira de irritar seu pai, — ele murmura.

Acabei de conhecê-lo e já o odeio, principalmente porque ele estava com as mãos em Isobel, mas também porque ele está certo. Eu nunca poderia merecer uma boa garota como ela, e ela nunca me traria aqui para outra coisa senão um grande — foda-se — para o pai dela.

E por que esse ciúme cheio de raiva tenta sair da minha garganta quando não estamos realmente juntos? Eu não deveria dar a mínima para quem toca em Isobel desde que ela fique na cidade e faça as pazes com o pai. Mas eu me importo.

— Você ainda não disse a ele que ainda estamos fugindo? — Pergunto a Isobel quando ela se aproxima do outro lado da mesa onde estou.

— Não, Danny, hum, acabou de chegar aqui, — diz ela, dando um beijo na minha bochecha.

— De jeito nenhum Izzy se casaria e não me convidaria, — o pau diz com um sorriso. — Além do mais, acho que vocês dois acabaram de se conhecer desde que você me enviou a foto da carteira de motorista dele, ontem à noite.

Sem responder a essa afirmação que a chamou de blefe, Isobel diz: — Vamos todos nos sentar e comer. —

Ela puxa a cadeira mais perto do final da mesa, perto do pai, então eu pego a outra ao lado dela. No lado oposto, Daniel se senta numa cadeira. Acho que ele vai jantar conosco.

Silenciosamente, Isobel me passa uma tigela cheia de salada, enquanto outros pratos passam pela mesa. Parece realmente bom, então pego meu garfo e apunhalo uma cenoura. Assim que está na minha boca, o idiota Daniel diz: — Não devemos dizer a graça antes de comermos?

— Por todos os meios, — concordo com a boca cheia antes de mastigar.

Ele abaixa a cabeça e fecha os olhos, com Isobel e o pai dela seguindo o exemplo.

— Pai Celestial, agradecemos pelo alimento nutritivo que você colocou em nossa mesa e por nos abençoar com sua glória ao celebrarmos o aniversário de Lawrence hoje à noite. Ajude-nos a voltar pelo caminho da justiça, mesmo quando fazemos uma curva errada. Em seu nome, oramos. Amém.

Por que sinto que ele está se referindo a mim como a — curva errada — de Isobel?

— Amém, — diz o pai. — Obrigado, Daniel. Estou tão feliz que você pode se juntar a nós para comemorar meu aniversário.

— Eu também, — Isobel concorda com um sorriso.

— Então, onde você esteve ultimamente, Izzy? Não vejo seu Instagram há alguns meses para acompanhar todas as suas realizações recentes na lista de desejos.

Ok, certo. Ele tem perseguidor-cibernético escrito em todo o rosto.

E não é preciso ser um gênio para ver que o governador adoraria que sua filha terminasse com alguém como Daniel, que obviamente é de uma família rica. Eu acho que Isobel disse que seu pai é chefe de polícia, então essa conexão seria benéfica para ele também. Mas acho que ele não era o homem para ela e não lhe deu um motivo para ficar por aqui.

— Bem, — Isobel começa, seu rosto se iluminando quando ela começa a marcar itens nos dedos. — Finalmente subi na Estátua da Liberdade, fui fazer rafting no Grand Canyon. Vi a cidade secreta de Machu Picchu, no Peru, mergulhei de snorkel com tartarugas marinhas em extinção em Barbados, caminhei ao longo da Grande Muralha da China, visitei as pirâmides de Gizé, bebi uma taça de vinho sob a Torre Eiffel e fui num safari africano!

— Uau, isso é impressionante, — diz Daniel, ecoando meus pensamentos. Ela não estava brincando sobre querer ver o mundo. — Eu adoraria ir junto. Onde você o conheceu? No topo de uma montanha? — Ele pergunta maliciosamente, acenando em minha direção.

— Ah, não. Sax e eu só nos conhecemos recentemente, — ela responde, olhando para mim e deixando de fora a parte sobre o bar. — Amor à primeira vista e tudo isso.

— Certo. Sim, — Daniel diz, parecendo não convencido.

— Então, ele vai acompanhá-la a partir de agora? — O pai dela pergunta.

— Ah, bem, ainda não decidimos o que vamos fazer a seguir, — diz Isobel, claramente não querendo ir direto e mentir para o pai com todo mundo na mesa, mesmo que ela não tenha nenhum problema em fingir estar apaixonada por mim. Ou será que ela não quer mentir para mim, sabendo que não estarei por perto em sua próxima grande aventura?

— Estamos felizes em tomar um dia de cada vez, não estamos? — Digo, cobrindo a mão de Isobel com a minha.

— A impulsividade é muitas vezes um sintoma... — Daniel começa, fazendo Isobel olhar para ele. Ele está sugerindo que ela teria que ser louca para querer um cara como eu? Ele provavelmente está certo.

— Eu não estou sendo impulsiva. Estou apenas vivendo minha vida ao máximo, — ela responde com os dentes cerrados.

O pai dela limpa a garganta entre mordidas e depois pergunta: — Então, o que exatamente você faz da vida... Sax?

— Sou oficial de um MC, um clube de motoqueiros, dono de muitos negócios lucrativos. Cada membro recebe um corte a cada trimestre, — explico, mesmo que ele já saiba.

— Negócios legais? — Daniel pergunta.

— Claro, principalmente, — respondo com um sorriso.

Debaixo da mesa, Isobel aperta minha coxa e diz: — O pai de Daniel é o chefe de polícia de Cary, — como se estivesse preocupada que eu diga algo que possa me meter em problemas. Ela não faz a menor ideia de quantos problemas estou enfrentando. E não é como se eu pudesse simplesmente dizer a ela, que eu e a maioria dos outros caras do MC, fomos pegos matando vinte homens por seu pai e então perguntar se ela poderia voltar a ser uma boa menina por mais alguns meses, para nos ajudar a evitar sentenças de prisão perpétua.

— O que seus negócios envolvem? — Danny-garoto pergunta.

— Um hotel, clube de strip, estúdio de tatuagem e bar, todos em Emerald Isle. O turismo na costa está sempre crescendo, — digo a ele. — Então, o que você faz, Daniel? — Pergunto.

— Isobel não contou a você? — Ele responde, dando um sorriso idiota brilhante na direção dela. — Eu tenho minha própria clínica pediátrica.

Ótimo, ele é um maldito médico. Se eu tivesse que adivinhar, aposto que Isobel era uma enfermeira em suas instalações. É apenas uma combinação feita no céu, mas Isobel não deve se importar com ele se tem viajado o mundo sozinha. Entendi. Ele é muito... conservador para uma garota que diz que ama a espontaneidade. Qualquer coisa que não seja missionário no quarto provavelmente é mais do que o idiota rico pode suportar.

Então não, não tenho ciúmes da relação que Danny tem com Isobel. Só não sou fã do jeito que ele olha para ela, como se ela fosse a única que fugiu e ele não perdeu a esperança de recuperá-la.

Minha teoria sobre como ele se sente sobre ela é confirmada quando Daniel continua dizendo, — Uma criança podia estar gritando com toda força dos pulmões porque estava com medo ou sofrendo, e tudo o que Isobel precisava fazer era cantar ‘Walking on Sunshine’ para ele e ele se acalmaria instantaneamente. As crianças simplesmente a adoravam e seus pais também.

— Nem todos os pais, — Isobel murmura baixinho.

— Oh, não são apenas crianças. Isobel tem esse efeito em todos, — digo honestamente enquanto deslizo meu braço em volta das costas dela. — Comecei a me apaixonar por ela na primeira vez que a ouvi cantar também.

Toma essa, idiota.


CAPÍTULO NOVE

Isobel

— O que você está fazendo com esse perdedor, Izzy? — Daniel sussurra quando Sax pede licença depois do jantar e sai para fazer uma ligação.

— Ele não é um perdedor, — eu me irrito quando começo a limpar a mesa. Meu pai foi o primeiro a sair, desaparecendo para cuidar dos negócios, é claro. Esqueça que é o aniversário dele ou que eu raramente visito. Ele tem um estado para administrar e decisões a tomar.

— Se você diz, — Daniel murmura, recolhendo os copos.

— Caramba, Danny, só porque alguém não é rico ou não frequentou a faculdade de medicina como você não significa que eles têm menos valor como ser humano, — digo enquanto vou para a cozinha com Daniel me seguindo.

— Ei, agora, é ele quem se chama 'Savage King', não eu. A palavra selvagem diz tudo, você não acha? Esses caras são violentos e cruéis.

— Posso não conhecer Sax há muito tempo, mas ele não é nada disso, — respondo enquanto coloco a louça na pia e pego os copos das mãos de Daniel. — Tudo o que sei é que gosto dele. Ele é... divertido.

— Você pode fazer melhor, Izzy. Você merece melhor. O cara corre com um grupo ruim.

— Agradeço sua preocupação, mas é desnecessária, — digo a ele. — Você parece o meu pai, a propósito. Vocês dois estão passando muito tempo juntos.

Colocando a mão no meu braço, Daniel diz: — Só estamos preocupados com você. Nós dois pensamos que você precisava de algumas semanas para aceitar tudo, mas já faz um ano. Quando você vai parar com essa loucura?

— Você, entre todas as pessoas, deve saber que só tenho alguns anos bons. Não pretendo desperdiçá-los, — o lembro.

— Então, abandone o motoqueiro e deixe-me ir com você, — Daniel implora.

— Você tem uma clínica a executar, — aponto, em vez de lhe dizer a verdade – que não quero que ele me acompanhe, relatando tudo ao meu pai.

— Meus associados podem me cobrir, — diz ele.

— Daniel, me desculpe, mas você deve ficar aqui.

— Você não deveria estar sozinha, Izzy, especialmente quando você não sabe quando seus sintomas podem piorar! E se você estiver dirigindo e tiver um acidente? Você precisa de alguém cuidando de você.

— Entregarei minha licença antes que fique tão ruim, — asseguro a ele. — E tenho Sax, — minto, já que hoje será a última vez que vejo o motoqueiro antes de pegar a estrada.

— E quem vai cuidar de você com ele? — Daniel resmunga por entre os dentes cerrados.

— Pare de se preocupar comigo. Não sou criança, apesar de você e meu pai ainda me tratarem como uma.

— Nós nos preocupamos com você e não queremos que você acabe morta na beira da estrada em algum lugar, — ele responde

— Talvez seja com isso que você se preocupa. Meu pai está preocupado apenas que a mídia me pegue fazendo algo que ele não gosta e que isso prejudicará seus números nas urnas.

— Você sabe que há mais nele do que isso, — diz Daniel.

— Eu não tenho tanta certeza.

— Apenas, me prometa que você será cuidadosa, — diz ele. — E se você precisar de alguma coisa, me ligue. Eu irei até você, mesmo que você esteja no meio do mundo.

— Eu sei que você faria, — respondo com um pequeno sorriso. — Obrigada, Danny, — digo quando dou um abraço nele.

— Você está pronta para pegar a estrada? — Sax pergunta da porta da cozinha, sua voz mais profunda e mais imponente do que eu já ouvi.

— Sim, apenas dizendo adeus, — digo enquanto me afasto de Daniel.

— Cuide-se, — diz ele, beijando minha bochecha antes de me deixar ir.

E, pela primeira vez desde a noite passada, quando nos encontramos no estacionamento, vejo uma inclinação para a violência no rosto bonito e normalmente alegre de Sax. Não que ele pareça que me machucaria, mas Daniel provavelmente nunca deveria ficar sozinho com ele por qualquer período de tempo.

— Tudo certo? — Pergunto a Sax quando pego sua mão para puxá-lo em direção à porta da frente da mansão. Não há razão para procurar meu pai, que provavelmente está ocupado com negócios. Além disso, já nos despedimos depois do jantar.

— Você sabe que ele quer você, certo? — Sax resmunga quando estamos de frente um para o outro, ao lado de sua motocicleta na escuridão, apenas as luzes interiores da casa proporcionando um brilho suave no quintal.

— Por que você se importa? — Pergunto. Então, subindo na ponta dos pés para sussurrar em seu ouvido, agarro a frente de seu corte com os dois punhos para equilibrar-me, digo, — Você está apenas fingindo ser meu namorado, lembra?

— E se pararmos de fingir? — Sax pergunta, colocando as mãos nos meus quadris. — Você poderia ficar aqui...

— Oh, Deus, — gemo, e divertidamente pressiono minhas mãos no peito para empurrá-lo para longe. — Agora você está começando a soar como aqueles dois! — digo enquanto aponto meu dedo indicador de volta para casa. — Não vou ficar em lugar nenhum até cruzar todos os itens da minha lista de desejos.

— Isso pode levar anos, — diz ele.

— Você pode começar a trabalhar em sua própria lista, — sugiro. — Viajar pelo mundo também vai demorar um pouco.

— Eu não posso, — diz Sax com um suspiro.

— Isso é muito ruim, — murmuro. — Você deve seguir seu coração e fazer o que quiser antes que seja tarde demais. Mas de qualquer forma, acho que nosso tempo juntos está chegando ao fim.

— Ainda não. Tenho algo planejado, algo que você pode fazer hoje à noite antes de fazer sua tatuagem amanhã.

— Vou pensar sobre isso na volta, — digo a ele.

— Você faz isso, — diz ele, pegando o capacete e colocando-o na minha cabeça para prender a tira do queixo. — E vou pensar em como ainda não vou levá-la de volta para o seu carro, — diz Sax com um sorriso antes de jogar uma perna sobre sua motocicleta. E tenho que admitir que ele parece muito bem montado na Harley. Suas mãos segurando o guidão fazem com que os músculos de seus braços grossos se flexionem no brilho da casa. — Você vai ficar com seu pai ou se arriscar comigo? — Ele pergunta quando eu fico lá olhando para ele. Ele acha que eu estou sendo indecisa quando, na verdade, estava apenas olhando para ele.

Subindo atrás dele, minhas coxas abraçam seus quadris enquanto coloco meus pés nos pinos e depois passo meus braços em volta da cintura de Sax para segurar firme.

— Acho que sou sua prisioneira, — brinco com um sorriso enquanto ele puxa o capacete.

— Oh, você não tem ideia, — ele responde com uma risada antes de dar a partida no motor.


***


Na viagem de duas horas e meia de volta à costa, tento decidir se vou ficar com Sax hoje à noite depois do que ele planejou, ou se devo entrar no meu carro e pegar a estrada, subindo até minha próxima parada, que é Charlotte, para um show no bar depois de amanhã, antes de pegar um voo para o Reino Unido para chegar a Bristol, antes do International Balloon Fiesta.

Parte de mim não quer nada além de se juntar a Sax em seu barco novamente, navegar para o oceano e esquecer que o resto do mundo existe por um tempo.

E essa é a parte que mais me assusta, porque não posso me apegar tanto a ele que sair amanhã se torne impossível.

Por outro lado, ele me prometeu uma tatuagem de um artista incrível...

Claro, eu poderia encontrar outra pessoa para pintar minhas flores de cerejeira, mas como eu saberia se outro tatuador é realmente bom? Sax tem um monstro de tatuagem nas costas, o logotipo de caveira do rei e as palavras Savage King MC, por isso confio em seu julgamento sobre essas coisas.

Estou começando a perceber que confio nele mais do que deveria para um homem que não conheço há muito tempo. Droga, essas endorfinas do orgasmo!

Devo dizer que, depois de confiar nele, o último lugar que esperava que ele me levasse quando voltássemos para a costa é o Departamento do Xerife do Condado de Carteret.

Assim que Sax desliga o motor, nós dois descemos e tiramos nossos capacetes, ansiosos para recuperar a sensação em nossas pernas. Então, eu me viro para ele e pergunto: — Você está parando aqui para pedir instruções?

— Não, exatamente, — ele responde e então seus lábios estão nos meus e suas mãos estão me puxando para mais perto, explorando minhas curvas. Movendo a boca pelo meu pescoço para lamber e sugar, roubando meu fôlego, ele me diz, — Você não tem ideia de quantas vezes eu quase parei para entrar em você. Ter suas pernas em volta de mim por tanto tempo, embora não ser capaz de tocar em você foi uma tortura.

— Desculpe? — Suspiro quando suas mãos deslizam para fora das minhas coxas, indo sob o meu vestido para apertar minhas bochechas da bunda. Estou tão distraída que não percebo ninguém se aproximando de nós.

Pelo menos até que a voz de uma mulher diga atrás de mim, — Saxon Cole e Isobel Washington, vocês dois estão presos por, eh, exposição indecente.

Sax ergue a boca do meu pescoço e diz à mulher desconhecida, — Se você acha que isso é indecente, deveria estar lá quando estávamos pelados mergulhando no oceano na noite passada.

— Vou ter que aceitar sua palavra para isso, — diz ela num suspiro.

Removendo as palmas das mãos debaixo da minha saia, Sax se abaixa para pegar minhas mãos e colocá-las na parte de baixo das minhas costas. — Algeme-a, xerife. Já a revistei pra você.

Meus olhos se arregalam e meu queixo cai quando o metal se fecha firmemente sobre cada um dos meus pulsos. — Isso foi o que você planejou? — Pergunto a Sax.

— Você é a mulher louca que quer passar uma noite na cadeia em sua lista de desejos, — diz ele com uma risada.

Girando para encarar a mulher que está conduzindo minha prisão falsa, digo a ela, — Não pegue leve comigo.

— Tudo o que você disser, — a jovem e bonita morena bufa. — Você vai para a cela com ela? — Ela pergunta a Sax.

— Sim, — ele responde.

— Venha, então. Se isso é algum fetiche estranho, eu nem quero saber, — ela nos diz com uma risada.

— Como se você e seu marido nunca quebraram as algemas no quarto, — diz Sax, e juro que as bochechas da xerife ficam vermelhas.


CAPÍTULO DEZ

Sax

Ficar trancado com Isobel é muito mais divertido do que quando o pai dela me trancou sozinho.

— Então, estar presa é como você pensou que seria? — Pergunto enquanto a puxo para o meu colo, sentando-a de lado desde que estou usando a única cadeira de metal. Há duas camas, mas o chão parece mais confortável.

— Cheira pior do que eu imaginava, — diz ela com o nariz enrugado adoravelmente.

— Não brinca, — concordo com um grunhido.

— E é tão alto, — acrescenta ela, obviamente se referindo ao homem que cantava — Give me freedom, or give me death!5 — repetidamente, as palavras ecoando nas paredes de concreto. Segurando a frente do meu corte, ela passa os lábios nos meus e diz, — Mas estou feliz que você esteja aqui comigo. Duvido que seja tão divertido sozinha.

— Qualquer coisa para mantê-la por mais um tempo, — digo sinceramente. Ela parece tão decidida a me deixar, e percebi que não quero que ela fique por causa do pai. Eu realmente adoro essa mulher.

— Bem, eu estive pensando nessa tatuagem amanhã, — ela responde enquanto morde o lábio inferior.

— Oh, sim? — Pergunto surpreso. Eu meio que esperava que ela me desse o mesmo discurso sobre ter que continuar andando, assim que formos libertados de nossa cela pela manhã.

— Se seu amigo artista estiver disponível, eu gostaria que ele me tatuasse.

— Alguma ideia sobre o que você deseja que Gabe crie e onde colocá-lo? — Pergunto, aliviado e animado por ela ficar na cidade um pouco mais. Agora só preciso descobrir um motivo para convencê-la a ficar mais tempo – como em meses – e voltar à enfermagem.

— Estava pensando em uma flor de cerejeira que começa aqui, — diz Isobel, apontando para o local logo abaixo do osso do quadril. — E termina por aqui, com uma borboleta realista sobre ela. — Seu dedo desce pela parte superior da coxa e eu posso imaginar as flores rosas pintadas ao lado de sua doce e pequena vagina. Não sou um grande fã de ter outro homem fazendo o trabalho, no entanto. Se tiver que ser alguém, pelo menos será Gabe. Eu confio completamente nele não apenas para fazer um desenho matador, mas para manter seus olhos e mãos para si mesmo. Não dói saber sobre suas visitas conjugais secretas com Ian...

— O que você acha? — Isobel pergunta, olhando por cima do ombro para ver minha reação.

— Eu aposto que vai parecer incrível, — digo a ela sinceramente antes de agarrar seu rosto e virá-lo para mim, para que eu possa beijar seus lábios.

— Agora, como você se sentiria em adicionar sexo em uma cela à sua lista de desejos? — Sugiro.

— Parece bom para mim, — ela sussurra.

— Pelo que ouvi, pode ficar bem sujo, — eu a aviso.

— Eu posso aguentar.

— Você pode? — Pergunto.

— Oh, sim, — ela concorda. — Mas, então, é isso. Não há mais sexo para nós. Chega de orgasmos.

— Eu acho que é melhor fazer valer a pena, — digo a ela antes de agarrar a parte de trás de seu pescoço para incliná-la para trás e beijá-la. Isobel agarra meus ombros com força, como se estivesse com medo que eu a deixasse cair. Ela está certa em não confiar em mim, mas eu a tenho agora. Ela não vai a lugar nenhum, a menos que eu queira.

— Eu tenho você, — digo contra seus lábios antes de aprofundar nosso beijo. Sinto o momento em que seu corpo relaxa, se entregando a mim. Eu poderia lhe fazer o que quisesse e ela me deixaria. É errado tirar vantagem dela, mas não consigo resistir a colocar minhas mãos nela, beijá-la e estar dentro dela.

E embora ela possa alegar que esta será a última vez que estamos juntos, acho que ela abrirá uma exceção à regra de três orgasmos por homem. Ela tem que fazer isso. Tudo depende de mim, convencendo-a a ficar e voltar a ser a filha perfeita de seu pai novamente.

Por enquanto, tudo que eu quero é adorar seu corpo. Felizmente, darei a ela tão bem que ela continuará querendo mais.


***


Isobel

Estar com sax é perigoso. Ele me faz sentir demais quando devo manter as coisas entre nós físicas, sem emoções.

Mas ele me olha como se eu fosse mais do que um caso prolongado de uma noite. E quando ele me beija, eu não posso evitar, eu derreto.

O suficiente com seus beijos profundos e comoventes. Será difícil manter a boca um no outro se eu estiver montando nele. Quando tiro meus lábios dos dele, Sax me puxa de volta e sou capaz de jogar minha perna sobre a dele para montá-lo.

— Mmm, — digo enquanto olho para baixo entre minhas pernas e vejo a protuberância em seu jeans. — Você já está bem duro.

— Acho que apenas te ver é o suficiente para fazer meu pau inchar, — responde Sax. — Agora tire-o da minha calça e monte-o.

— Com prazer, — ronrono enquanto abro o zíper de sua calça. Uma vez que ela está desfeita, eu a empurro e sua boxer com cuidado até seus joelhos, depois pego seu pau na minha mão, acariciando-o com força algumas vezes.

— Droga, isso é tão bom, — Sax grunhe antes que seus dedos trabalhem, abrindo meu vestido de couro sem mangas até o centro, até que esteja completamente aberto e caia no chão, deixando-me em nada além de minha calcinha.

Só é preciso o dedo de Sax enganchando na lateral da virilha rendada para puxá-la para o lado e então ele observa meu rosto, esperando que eu me abaixe sobre ele. Eu o levo para dentro de mim lentamente, saboreando cada centímetro, sabendo que esta será a última vez que ficaremos juntos assim.

Meus olhos se fecham quando meu corpo se estica e ele me enche tão profundamente que mal consigo respirar.

Finalmente, quando estou totalmente sentada nele, pisco os olhos para olhar o rosto de Sax quando começo a montá-lo. Pouco antes de começar a me mover, algo fora das barras chama minha atenção. Há um jovem xerife uniformizado parado no corredor nos observando.

Inclinando meus lábios em frente ao ouvido de Sax, sussurro, — Temos um observador.

— Oh, sim? — ele pergunta, sem parecer surpreso, já que estamos numa cela com apenas barras de prisão nos separando do resto da sala. — Quer que eu o mande embora? — Ele pergunta enquanto as duas mãos chegam para segurar meus seios nus e apertá-los, me fazendo ofegar e minhas paredes internas apertam em torno de seu pau ainda totalmente coberto.

— Não, — eu respondo. — Ter alguém assistindo está tornando isso ainda mais quente.

— Então vamos dar a ele um bom show de merda, — diz Sax, liberando um dos meus seios para dar um tapa alto e ardente na minha bunda. — Foda-me até você gozar tão duro e forte, que ele faça uma bagunça quente em suas calças.

— Sim, senhor, — concordo enquanto seguro os ombros firmes de Sax por apoio. Eu levanto meus quadris até que seu pau quase desliza para fora de mim antes de bater de volta nele novamente com tanta força que eu grito.

— Mais. Foda-se, sim. — Sax rosna entre dentes enquanto eu deslizo para cima e para baixo em seu pênis cada vez mais rápido.

Nenhum de nós é capaz de palavras depois disso, apenas grunhidos e gemidos enquanto corremos em direção à linha de chegada, porque nos sentimos muito bem juntos. Sax observa meu rosto com os olhos pesados enquanto suas mãos percorrem urgentemente meus seios, meus lados e minha bunda como se ele não pudesse decidir que parte de mim ele gosta mais.

De vez em quando, dou uma espiada em nosso voyeur e quase gozo quando o vejo desabotoar sua calça marrom uniforme e enfiar a mão dentro. Ele está tão excitado nos observando que foi forçado a se aliviar. Deus, há algo incrivelmente excitante em assistir um cara atraente, um delegado do xerife, cumpridor da lei, se masturbando enquanto Sax está enterrado dentro de mim. Só de nos ver o deixa com tanto tesão que não consegue se conter. Se nós três gozarmos, isso conta como um ménage à trois? Está perto o suficiente para quem sabe sair da minha lista de desejos mais tarde.

— Nós dois estamos prestes a fazer você gozar, não estamos? — Sax pergunta enquanto olha por cima do ombro para o guarda e depois de volta para mim. Ele não parece ciumento. Não, é mais como se ele estivesse intrigado e também excitado com a ideia.

— Sim, — eu respondo.

— Deus, você é perfeita, — diz Sax antes de sua boca se inclinar para frente e seus dentes se fecharem ao redor do meu mamilo, me fazendo soltar um grito assim que minha boceta começa a apertar em torno de seu pau grosso. Ele chupa meu peito durante todo o meu orgasmo, arrastando-o por mais tempo do que qualquer outro antes.

Então, quando meu corpo fica mole contra o dele, Sax agarra meus quadris com força e empurra seu eixo para cima o mais fundo possível. Enquanto ele rosna meu nome, sinto os pulsos quentes de seu clímax me enchendo, tão quentes e grossos que quase gozo. Mas é isso, eu já aproveitei o último orgasmo que esse homem pode me dar. Três vezes com Sax pode ter sido demais, porque é quase impossível conseguir liberar o aperto que tenho em seus ombros.

Ouvindo um som de grunhido sufocado, olho e observo enquanto o guarda coloca a mão livre na parede e depois atira sua porra na pintura.

— Ele está fazendo uma bagunça... na parede, — sussurro para Sax.

— Bom para ele, — diz ele com uma risada antes de suas mãos tocarem minhas bochechas, apertando-as com força enquanto sua boca encontra a minha por um beijo quente e sensual.

Quando ele finalmente se afasta alguns minutos depois, Sax diz, — Se assistir não estava na sua lista de desejos, deveria estar.

— Não brinca, — concordo com um sorriso que ele beija rapidamente.

— Agora, o que vamos fazer pelas sete horas restantes, eu disse a Jade para nos manter aqui? — Ele pergunta.

— Nós provavelmente devemos limpar, — sugiro. — E então podemos nos aconchegar na cama minúscula e parecida com uma rocha para absorver toda a felicidade que podemos dessas endorfinas suadas.

— De acordo, — Sax concorda com um sorriso pateta que é adorável e preocupante. Só pode ser sexo entre nós, nada mais.

Mas tenho a sensação de que esse homem é diferente, e talvez nunca o esqueça quando sair amanhã.


CAPÍTULO ONZE

Sax

Eu não estou tão preocupado quando Gabe não atende o celular ou o telefone da loja na primeira vez que eu o tento. É cedo, antes que ele deva abrir, então ele provavelmente está fora.

Mas começo a me preocupar meia hora depois, quando ele ainda não está atendendo.

— O que há de errado? — Isobel pergunta quando ela aparece no convés do barco, vestindo apenas uma de minhas camisetas depois do banho conjunto após nossa curta passagem pela cadeia. Imaginá-la me deixando hoje mais tarde e nunca mais voltando é insuportável, não apenas porque todo mundo com quem eu me importo acabará passando o resto de suas vidas na prisão, mas porque eu realmente estou começando a me importar com ela.

— Gabe não está atendendo ao telefone, o que é incomum, — digo a Isobel quando envolvo meu braço em volta da cintura dela para puxá-la para o meu colo.

— Por que isso é incomum? A maioria das pessoas não envia mensagens de texto hoje em dia? — Ela brinca com um sorriso.

— Talvez, mas o Savage Kings tem tefones que usamos apenas para emergências ou o que seja. E ele não está respondendo na loja onde também mora.

— Tenho certeza que ele retornará em breve.

— Sim, — concordo. — Vamos seguir em frente, — sugiro, já que meu instinto diz que algo está errado. Se chegarmos à loja e Gabriel não estiver lá ou não me ligar de volta, tentarei entrar em contato com seu irmão Abe para ver se ele sabe para onde foi.


***


— Este é o lugar? — Isobel pergunta quando paramos no estacionamento vazio da Savage Ink e eu desligo o motor da minha moto.

— É, mas a motocicleta de Gabe não está aqui. Ele ainda deve estar fora, — digo a ela. — A loja abre oficialmente em cinco minutos, então ele deve voltar a qualquer minuto.

Primeiro desço da motocicleta, estendendo a palma da mão para ajudar Isobel a descer. Sua mão ainda está na minha quando sinto alguns de seus dedos se contorcerem.

— Você está bem? — Pergunto a ela com preocupação.

— Sim, sim, — ela responde rapidamente, afastando a mão da minha para puxar a bainha do vestido. — Estou um pouco nervosa com a agulha, acho.

— Não há nada nisso, — asseguro a ela. — Embora seu quadril possa ser um pouco mais sensível que minhas costas. — Quando ela permanece quieta, com os olhos abatidos, encarando a calçada, perdida em seus próprios pensamentos, pergunto: — Você ainda tem certeza de que quer fazer isso? Você não precisa.

— Não, estou pronta, — diz ela, levantando o rosto para o meu com um sorriso agora curvando seus lábios. — Eu estava pensando que ficarei feliz em voltar para o meu carro depois para trocar de roupa.

— Eu pessoalmente amo o vestido de couro, — digo a ela, passando meu braço em volta da cintura para arrastar seu corpo contra o meu.

— Prefiro jeans e uma camiseta, — diz Isobel.

— Aposto que você é sexy como o inferno também. — Eu apenas pressionei meus lábios na lateral do pescoço dela quando o som de um motor acelerado interrompe. — Provavelmente é Gabe, — digo a ela antes que sua Harley esteja à vista. Um segundo depois, ele a joga no estacionamento, com pressa, já que está quase atrasado para abrir. Nos vendo, ele levanta uma mão para acenar.

— Que embaraçoso, — Isobel se inclina para sussurrar no meu ouvido enquanto Gabe estaciona ao lado da minha moto. — Vocês dois estão vestindo exatamente a mesma roupa.

Sorrindo, digo brincando: — Então, acho que vou ter que insistir para que ele mude para outra coisa.

— Ei, cara, eu não sabia que você estava me esperando, — Gabe nos diz enquanto desce da moto e rapidamente remove o capacete. Colocando-o debaixo do braço, ele recupera o telefone do zíper interno do seu corte. — Perdi suas chamadas enquanto eu estava na estrada também, — diz ele, segurando o dispositivo com as notificações na tela.

— Desculpe vir assim sem aviso prévio, Gabe, — começo. — Mas Isobel aqui estava esperando que você talvez pudesse tatuá-la hoje.

— Claro, — ele diz enquanto seus olhos escuros se voltam para a garota em meus braços. — Eu tenho mais ou menos uma hora esta manhã. De que tamanho estamos falando? — Ele pergunta, guardando o telefone para tirar as chaves do bolso da calça, enquanto nós três começamos a caminhar em direção à porta da frente.

Nem Isobel, nem eu, temos a chance de responder, antes que o BOOM, que faz a terra tremer, irromper atrás de nós.

— Oh, merda, — Gabriel murmura enquanto todos giramos ao redor do som e vemos a fumaça negra subindo no ar cerca de 800 metros abaixo da faixa. — Isso foi... — ele começa. — Você acha que foi Avalon?

— Deus, espero que não, — murmuro. — Vamos descobrir, — digo, envolvendo meu braço em volta dos ombros de Isobel e guiando-a para a motocicleta, assim como uma força invisível atrás de nós nos derruba no chão. Leva apenas alguns segundos para perceber a causa disso e então estou mergulhando em cima de Isobel, cobrindo-a enquanto uma explosão de calor passa sobre nós e objetos desconhecidos caem sobre minhas costas e minha cabeça. Acho que são cacos de vidro das janelas, além de pedaços de tijolos que antes eram as paredes do estúdio de tatuagem de Gabe.

— Sax? — Isobel grita de medo debaixo de mim.

— Você está bem? — Pergunto a ela.

— S-sim, eu acho que sim, — ela gagueja, sua voz trêmula. Pelo menos, acho que é o que ela diz. Meus ouvidos estão cheios de um barulho estridente, que felizmente começa a desaparecer depois de alguns momentos.

— Apenas fique mais um pouco. Eu vou nos tirar daqui em breve, — prometo a ela.

Uma vez que o pior dos destroços parece ter caído sobre nós, levanto minha cabeça para olhar e verificar Gabe.

Ele está deitado de bruços no chão, braços cobrindo a parte de trás da cabeça para protegê-la enquanto grita uma série de palavrões.

— Você ainda está inteiro? — Pergunto-lhe.

— Sim, você? — Ele responde enquanto abaixa as mãos na calçada para se sentar.

— Acho que sim, — respondo, levantando meu peso de Isobel para que ela possa respirar.

— Desculpe se eu te machuquei, — digo a ela quando me levanto e ofereço uma mão para Isobel. — Você está bem?

— Não. Não, eu estou bem, — ela diz enquanto tira pequenos pedaços de cascalho de seus joelhos, que estão crus e arranhados.

— O que diabos aconteceu? — Gabe exclama enquanto coloca o telefone no ouvido. — Merda, — ele murmura. — Coop não está respondendo

— Vou tentar Torin, — digo, já que o clube fica do outro lado da rua em frente a Avalon. Se ele estiver lá, será o mais próximo que pode ajudar. — Você precisa ligar para Abe agora e deixá-lo saber que você está seguro antes que ele ouça sobre o estúdio de outra pessoa e entre em pânico, — digo a Gabriel.

— Sim, tudo bem, — ele murmura. — Droga, agora não consigo me lembrar do número dele. Oh, certo.

Tento remover meu próprio telefone do meu corte, mas foda-se se minhas mãos ainda não estão tremendo da adrenalina. Eu sei, sem dúvida, que se Gabe não estivesse atrasado, nós três estaríamos lá dentro, e todos nós estaríamos seriamente fodidos, se não mortos. Isobel poderia ter morrido, e teria sido minha culpa por trazê-la aqui.

— Você tem certeza que está bem? — Pergunto a ela enquanto ela fica congelada, encarando as chamas saindo da loja.

— Isso... é por isso que você precisa de uma lista de desejos, — diz ela, os olhos arregalados e o rosto atordoado. — Nós quase... poderíamos ter...

— Deus, eu sinto muito que isso tenha acontecido, — digo a ela enquanto enrolo meu braço esquerdo em torno dela, segurando meu telefone na mão direita enquanto a seguro para mim.

— Por quê? Quem faria algo assim? — Ela levanta o rosto para o meu e pergunta, seus olhos azuis esverdeados tristes, assustados e confusos.

E assim, um nome vem à mente.

O pai dela não é tão louco que ele viria atrás dos negócios do Savage King que acabei de lhe contar ontem à noite, não é?

Preciso descobrir se Avalon também foi atingido; porque nesse caso, os edifícios dos outros Kings poderiam estar em risco.

— O quê? — Isobel pergunta. — O que é essa expressão? Você sabe quem fez isso?

— Não, — respondo, pois ainda não tenho cem por cento de certeza. — Estou apenas preocupado com os outros Kings. — Mantendo um braço em volta dela, abro meu telefone e tento ligar para Torin, e depois seu irmão, Chase, nosso vice-presidente, quando ele não responde. Ambas as chamadas vão direto para o correio de voz.

— Eu não posso acreditar, — Gabe sussurra em nossa frente, andando com o telefone no ouvido enquanto vê o que resta de sua loja de tatuagens queimando no chão. — Não posso acreditar, porra! Tudo o que possuo apenas POOF se foi— ele resmunga antes que seu irmão atenda. — Abe, merda, mano, você não vai acreditar no que aconteceu! Estou bem, mas minha loja com certeza não está. Apenas explodiu! Tinha que ser uma bomba ou alguma merda em um ataque planejado, porque achamos que Avalon pode ter sido atingido também.

Minha próxima ligação é para Reece, nosso onisciente especialista em TI.

— Não posso realmente falar agora, Sax, — diz Reece quando, felizmente, atende o telefone depois de vários toques. — Avalon acabou de explodir em chamas!

— Todo mundo está inteiro? Cooper está bem? Ele estava lá? — Pergunto a ele rapidamente.

— Coop está muito fodido, — diz ele. — Torin e Cedric apenas o tiraram dos escombros e o carregaram na van, — diz ele. — Torin não quer levá-lo ao hospital até descobrirmos quem diabos fez isso, então vamos levá-lo ao esconderijo em Sandy Creek. Ele precisa de um médico. Ele está divagando e alucinando, com muita dor. Há uma tonelada de estilhaços nos braços e no peito que teremos que tirar.

— Merda, — murmuro, entendendo a preocupação de Torin, mesmo que seja péssima. Não podemos proteger Cooper se ele estiver em público, onde qualquer um pode perguntar e encontrar seu quarto para terminar o trabalho. Mas ele precisa de algum tipo de atenção médica. A mão de Isobel esfrega círculos suaves nas costas do meu corte, como se ela soubesse que eu preciso do conforto. Foi quando me ocorreu que ela poderia ajudar Coop. É perfeito, na verdade. Quase perfeito demais...

Sem outro pensamento, digo a Reece, — Estou com uma enfermeira agora no Gabe. A loja dele também explodiu, mas estávamos todos do lado de fora quando aconteceu. Nos encontraremos no esconderijo em meia hora.

— Você está com uma enfermeira? Porra, isso é sorte. Até mais, cara, — diz Reece quando termina a ligação.

Assim que a mão de Isobel congela e ela dá um passo para trás nos meus braços, eu sei que estraguei tudo.

— Como... como você soube que sou enfermeira? — Ela pergunta baixinho, olhos arregalados de surpresa.

— Você não é a única que toma precauções com os amantes, — digo. — Procurei você na internet, vi aquela foto sua com um monte de crianças na África ou o que quer que esteja recebendo vacinas.

— Oh, — ela murmura, sua voz me dizendo que ela ainda não está convencida.

— Não foi difícil descobrir seu sobrenome, já que você é filha do governador, — indico. — Você é uma enfermeira, certo? — Pergunto, finalmente me deixando olhar para o rosto dela.

— Sim, eu sou. Eu era, — ela responde rapidamente, balançando a cabeça.

— Por que você desistiu?

— Longa história, — diz Isobel com um aceno de mão. — Por que você não me conta o que aconteceu e para onde estamos indo?

— Um de nossos irmãos, Cooper, administra o Avalon, um clube de strip que o Savage Kings MC possui logo abaixo da estrada onde ocorreu a primeira explosão. Ele estava dentro do clube quando essa merda aconteceu, — digo, acenando com a mão na direção da fumaça ao longe.

— Quão gravemente ele está ferido? Por que eles não o estão levando para o hospital? — Ela pergunta.

— Estilhaços é tudo o que Reece disse; e até sabermos quem nos atacou, não é seguro para nenhum de nós estar em público. Isso poderia fazer de um hospital um alvo.

— Sou enfermeira pediátrica. E se eu não puder ajudá-lo? — Ela pergunta.

— Se você achar que ele precisa ir ao hospital, então o levaremos para um fora do estado, ou o que for necessário, — digo a ela. — Ok?

— Ok, — ela concorda.

— Gabe! — Grito para chamar sua atenção, pois ele ainda está no telefone, provavelmente com o irmão fazendo um milhão de perguntas. — Precisamos chegar ao esconderijo em Sandy Creek, na rodovia setenta e quatro, — digo enquanto Isobel e eu colocamos nossos capacetes. — Diga a Abe para nos encontrar lá também.

Depois que ele concorda, corremos para a minha moto e partimos.


***


Como prometido, estamos estacionando no esconderijo em menos de trinta minutos. Desço a entrada da garagem e vou até a parte de trás da casa para estacionar minha moto com a fileira de outras Harleys escondidas da vista.

— Você não estava pegando leve comigo antes, — diz Isobel quando ela desce da traseira da motocicleta e tropeça. Eu pulo rapidamente e agarro seu braço para segurá-la.

— Nós não estávamos com pressa antes, — respondo, removendo o capacete e colocando-o no banco para pegar a mão dela. — Vamos lá, — digo a ela, levando-a para a porta dos fundos.

Que abre antes de chegarmos lá. Então, Torin está parado lá, a pistola já na mão.

— Quem porra é ela? — Nosso presidente pergunta com um aceno de cabeça para Isobel. Reece não deve tê-lo informado. Ele até coloca a mão livre na moldura da porta para nos manter fora.

— Eu sou a porra da enfermeira, — responde Isobel antes que eu possa abrir minha boca. Ela solta minha mão e se abaixa, deslizando por baixo do braço de Torin.

Seu queixo fica boquiaberto quando ele se vira e a observa desaparecer dentro de casa. Poucas pessoas pensariam em enfrentar nosso presidente. Endireitando-se, Torin me olha de novo enquanto coloca a pistola no coldre. Cruzando os braços sobre o peito, seus olhos verdes se estreitam e sua bochecha bate com irritação antes de dizer: — Explique quem diabos é essa.

— O nome dela é Isobel. Eu a conheci há alguns dias e ela é uma enfermeira pediátrica. Ou pelo menos ela costumava ser, mas está em um hiato.

— Ela não se parece com nenhuma enfermeira que eu já vi, — ele murmura.

— Eu acho que esse é o objetivo dela, — digo a ele, lembrando-me de seu comentário sobre sua aparência atual ser uma fantasia. — Mas se ela puder ajudar Cooper...

— Sim, — ele responde com um suspiro, colocando os braços de volta para os lados. — Desculpe. Estou no limite, já que não temos a menor ideia de quem diabos explodiu Avalon.

— Eu sei, entendi, — digo a ele. — Reece contou sobre a loja de Gabe?

— O que tem a loja de Gabe? — Torin pergunta.

— Savage Ink explodiu enquanto Isobel, Gabe e eu estávamos do lado de fora. Não nos machucamos, mas a loja está destruida.

— Maldição! — Ele exclama antes de se virar e bater com o punho na lateral.

— Está fodido; mas se alguém pode descobrir alguma coisa, é Reece, — lhe asseguro.

— Eu esperava que Avalon tivesse explodido por causa de uma tubulação de gás ou alguma coisa assim. Acho que isso foi ingênuo de minha parte. — Torin resmunga enquanto enrolava suas juntas agora sangrentas.

— Como está o Coop? — Pergunto.

— Ele teve sorte, — responde Torin. — Do outro lado da rua, não pensávamos que alguém pudesse sobreviver e esperávamos que ele não tivesse entrado no trabalho ainda. Mas então vimos sua moto e lá estava ele sob uma pilha de escombros na parte de trás do que restava do prédio.

— Foda-se, — resmungo enquanto deslizo o suor da minha testa.

— Peyton disse a Dalton que o ATF já está em cima dessa merda, querendo que respondamos perguntas, para dizer a eles quem poderia estar por trás disso.

Suspiro enquanto me encolho interiormente quando penso em quem pode ser o culpado, digo: — E não podemos exatamente sentar e entregar uma lista de nossos inimigos sem nos envolver numa tonelada de crimes.

— Exatamente, — responde Torin. — A maioria dos caras está dentro. As mulheres e crianças estão voltando para o esconderijo na Carolina do Sul, o que eu absolutamente odeio, porque não podemos protegê-los lá. Mas Cooper estava com muita dor para chegar à Carolina do Sul. E simplesmente não há espaço suficiente aqui. Além disso, não podemos correr o risco de qualquer um de nós liderar quem está por trás deste desastre para casa.

— Certo, sim, — concordo depois que ele termina seu discurso retórico. — Merda! — Grito quando me lembro de repente que não fiz o meu trabalho. — Preciso enviar uma mensagem para as outras frotas.

— Você não fez isso ainda? — Ele pergunta incrédulo. — Ainda bem que todas as mulheres tinham os números de telefone uma da outra!

— Desculpe. Eu farei certo neste segundo. — Digo a ele enquanto corro para pegar meu telefone em minhas mãos, rezando para que não tenha havido nenhum ataque em nenhuma outra cidade com os capítulos do Savage Kings. — O que devemos dizer? — Pergunto. — Apenas diga a eles que Avalon foi explodido e para aumentar a segurança em todos os estabelecimentos do Savage Kings até novo aviso?

— É tudo o que podemos dizer agora, — ele concorda com um aceno de cabeça. — Você deve pedir que nos avisem caso haja outros ataques em sua área e talvez mencione que um irmão foi ferido, mas deve se recuperar totalmente para que não entrem em pânico, pensando que fomos aniquilados.

— Ok, — digo enquanto digito tudo rapidamente num email e depois o envio para toda a lista do Savage King, que chega a cerca de dois mil membros em todo o país. — Pronto. Feito.


CAPÍTULO DOZE

Isobel

Não preciso perguntar onde está o Savage King ferido. A multidão reunida no corredor no primeiro quarto é o sinal óbvio.

— Com licença, — digo para o homem de cabelos escuros coberto de tatuagens. — Estou passando.

— Desculpe, — ele resmunga quando se vira e estamos cara a cara. Franzindo a testa para mim, ele diz, — Espere. Quem diabos é você?

— Eita, onde você vai com toda essa educação? — Murmuro. — Estou com Sax e sou enfermeira, então você quer que eu veja se posso ajudar seu amigo ou não?

— Desculpe, — ele murmura novamente. Ele não apenas se afasta, mas também grita, — Tirem suas bundas do caminho! Enfermeira chegando!

O resto dos caras com coletes de couro o escutam, fazendo um caminho para eu entrar no quarto, onde um homem sem camisa e de jeans rasgado está deitado no centro de uma cama queen-size. Ele está sangrando pelos vários cortes no rosto, braços e torso. Quando estou ao seu lado, seus olhos vidrados, azuis pálidos encontram os meus. — J-jenna? — Ele resmunga baixinho.

— Ah, não. Sou Isobel e sou enfermeira. Você pode dizer onde dói mais? — Digo devagar e claramente antes de erguer seu pulso para tomar sua pulsação. Só quando as palavras saem da minha boca percebo que estou falando com ele como uma criança.

— Não! — Ele exclama, afastando a mão do meu aperto. — Jenna! Ajude Jenna primeiro!

Eu me viro para olhar os rostos dos homens que estão ao nosso redor para ver se Jenna está aqui, e se eu preciso verificá-la primeiro. Um dos caras com barba loiro-avermelhada e olhos verdes tristes balança a cabeça levemente. Então, eles ainda não a encontraram ou ele está delirando.

Bem, isso é realmente péssimo. E não quero incomodar o cara ainda mais.

Agarrando sua mão novamente, digo a ele, — Jenna está preocupada com você, — minto. — Deixe-me ver como você está, para que eu possa dizer-lhe.

Seus olhos confusos observam meus lábios e então ele grita, — O quê? O que está acontecendo? Eu não consigo te ouvir! Cadê a Jenna?

— Ele está assim desde que o encontramos, — fala o homem de barba ruiva. — Continuamos dizendo a ele o que aconteceu, uma e outra vez, e ele continua nos perguntando e querendo saber sobre alguém chamado Jenna, — diz ele.

— Alguém tem uma lanterna? — Pergunto quando percebo qual poderia ser o problema. Então, lembro que meu telefone está na minha bolsa pendurada na frente do meu corpo e rapidamente o puxo para fora. Ligando o aplicativo leve, eu o mantenho na orelha direita do homem ferido e depois me inclino sobre ele para olhar para a esquerda. — Seus ouvidos estão sangrando, — digo aos amigos. — Acho que os tímpanos dele podem ter explodido, o que explica porque ele está gritando e não é capaz de entender o que estamos dizendo. Ele não pode nos ouvir.

— Foda-se, — diz um cara bonitão com a cabeça raspada que parece ex-militar. — É permanente?

— Não tenho certeza. Às vezes, após um trauma, há melhora em alguns dias e em alguns, se não todos, a audição retorna ao normal. Às vezes, pode haver uma perda significativa. Nós apenas teremos que esperar e ver.

— Quais suprimentos você precisa? — O militar me pergunta.

— Uma solução antisséptica para começar a limpar os cortes seria bom. Gaze e ataduras para cobri-los, um termômetro e, ah, um sedativo intravenoso ou analgésico, se você o tiver?

— Vou ver o que Eddie tem e mandar tudo aqui, — o homem me diz antes de sair e abrir espaço para Sax entrar.

— Jesus, — Sax murmura quando vê seu amigo. — Alguém viu quem fez isso?

— Ainda não, — responde o Barba Vermelha. — Reece disse que é um fantasma, pelo que sabemos. Apenas um homem com um capuz preto que entrou no clube ontem à noite, mas nunca mostra o rosto nas câmeras. Nenhum veículo, então também, não há placas.

— Oh, merda, — Gabe, o tatuador murmura quando se junta a nós no quarto. — Um cara com um capuz preto, vestindo uma mochila, entrou na loja ontem à noite, — diz ele ao grupo. — Ele pediu para usar o banheiro, e eu estava no meio de uma tatuagem nas costas, então eu apenas disse a ele para ter isso. Eu nem sequer dei uma boa olhada nele.

— Maldição, — alguém geme.

— Ele deve ter colocado uma bomba nas saídas de ar ou algo assim, — opina outra pessoa.

— Até o momento, não ouvimos nenhum termo sobre ataques semelhantes, — diz Sax quando todos ficam quietos. — Então, pelo menos, há isso.

— O que significa que é pessoal, — diz o cara grande e zangado da porta dos fundos quando entra na sala. A atenção de todos se volta para ele, como se ele fosse o responsável, um homem que eles admiram. — Alguém veio atrás do nosso negócio e precisamos descobrir quem eles são e como detê-los. No momento, Jade tem agentes do xerife estacionados fora do clube, hotel e pátio de salvamento. Mas não há uniformes suficientes para vigiar todas as nossas casas. Tudo o que podemos fazer é esperar que essa seja toda a destruição que eles planejaram para nós. — Diante de mim, ele diz: — Obrigado por cuidar de Cooper. Eu realmente espero que possamos confiar em você.

— Você pode, — diz Sax antes que eu possa tranquilizá-lo. E mesmo com tudo acontecendo, posso dizer que há algo que ele não está nos dizendo. Sax tem uma ideia de quem fez isso, mas não me contou.

E eu teria que ser uma idiota para não ter um bom palpite sobre quem foi.

Meu pai se arriscaria a matar pessoas só porque ele não gosta do homem por quem eu menti e disse a ele que estou apaixonada?

Agora, eu gostaria de nunca ter pedido a Sax que aceitasse uma ideia tão estúpida com a única intenção de irritar meu pai, porque pode ter saído pela culatra seriamente.


CAPÍTULO TREZE

Sax

— A enfermeira é uma protetora, — diz War quando todos nós vamos ao quintal esperar Abe, nosso último membro, para que possamos conversar sobre merda como um grupo.

— Você acha? — Pergunto, mesmo sabendo quem Isobel é. Meu problema não é querer mantê-la, mas convencê-la a parar de correr.

— Sim, ela se parece com uma mulher que pode dar um soco. E seria bom ter uma enfermeira por volta de vinte e quatro por sete.

— Não brinca, — bufo. — Mas Isobel é um espírito livre. Não tenho certeza se ela é do tipo que se acalma.

Batendo a mão no meu ombro, ele diz, — Cara, se Dalton pode fazer isso, qualquer um pode.

— Talvez, sim, — eu concordo, já que nosso irmão era o maior jogador do planeta até conhecer Peyton.

O rugido de sua moto mal segue Abe quando ele se dirige para o quintal, obviamente tendo acelerado todo o caminho até aqui. Ele saiu da moto um segundo depois, passando os braços em volta do irmão antes mesmo de tirar o capacete.

Foi por um triz, então eu sei que ele está feliz que o garoto não foi ferido.

— Quem diabos fez isso? — Abe ruge quando solta Gabe. — Quem diabos tentou machucar meu irmãozinho? Vou arrancar a cabeça deles com as próprias mãos!

— Relaxe, cara. Ainda não sabemos, — diz Chase quando se aproxima para acalmar seu melhor amigo.

— Vamos nos reunir! — Torin diz. — Esta é uma conversa que não precisa ser ouvida.

Todos nos reunimos num círculo fechado, como um time de futebol se amontoando. — Acho que é óbvio que todos estamos pensando a mesma coisa sobre quem poderia estar por trás dessa merda hoje.

— Russos, — Miles resmunga, fazendo-me soltar um suspiro reprimido de alívio.

Os fodidos russos! Por que eu não pensei neles? Eles têm mais motivos para nos machucar do que um governador irado.

— Sabíamos que a retaliação era uma possibilidade, já que não podíamos eliminá-los sem voar para o outro lado do mundo, — responde Torin. — Mas, honestamente, pensei que eles teriam que ser loucos para vir atrás de nós com um ataque dessa magnitude. Eles estão tentando nos aleijar, nos bater nos bolsos.

— Eu vou matar todos esses mafiosos russos! — Abe declara. — Como está o Cooper?

— Ele parece estável o suficiente para ficar aqui. Com a enfermeira de Sax, é mais seguro do que todos nós reunidos num hospital, — declara Torin.

— Até sabermos exatamente quem fez isso, não podemos nem persegui-los, — diz Reece. — Se são os russos que sobraram, eles estão sendo cuidadosos, enviando um homem com capuz para fazer o trabalho sujo, o que significa que nossas mãos estão fodidamente atadas.

— Droga, — Abe resmunga.

— Conversei com Ivan e ele disse que não teve problemas, então parece que somos o único foco, pelo menos por enquanto, — informa Torin. — Espero que possamos entender as coisas e derrubá-las antes que elas causem mais danos. Até que saibamos mais, ninguém sai daqui sozinho.

— E as mulheres? — Miles pergunta.

— Todos os Savage Kings em Myrtle Beach as vigiará. Poderíamos trazer outros caras de Wilmington; mas quanto mais homens colocamos neles, mais atenção atraímos.

— MB tem o que, dez membros? — Chase pergunta.

— Doze patches e quatro prospectos, — digo a ele, já que acompanho as estatísticas de todas as filiais.

— Se dezesseis homens armados não podem manter nosso pessoal seguro, então estamos todos fodidos de qualquer maneira, — responde Chase.

— Por que não podemos ser os únicos lá, os protegendo? — Miles pergunta.

— Claro, Miles, — diz War. — Por que todos nós não dirigimos direto para o esconderijo com um alvo em cada uma de nossas costas e levamos esses filhos da puta diretamente para nossas old ladies e crianças.

— Eu não gosto de Kira estar longe de mim, especialmente quando sua barriga está ficando maior a cada dia, — Miles bufa.

— Kira vai ficar bem. As mulheres vão cuidar dela, e ela ainda tem meses para ganhar, cara, — Chase diz. — Nenhum de nós gosta de ter nossas mulheres em outro estado, mas não podemos deixar de ser muito cuidadosos. — Virando-se para mim, ele então pergunta, — Quanto você confia nesta sua enfermeira?

— Ela é a que está em perigo aqui desde que quase explodiu na casa de Gabe, — aponto defensivamente. — Mas já que é apenas uma questão de tempo até Reece cavar e você descobrir de qualquer maneira, Isobel tem laços com o governador.

Todo mundo fica em silêncio, até os grilos.

— O governador da Carolina do Norte atualmente eleito? — Maddox pergunta.

— Sim.

— Quão perto de laços estamos falando? — Reece sussurra.

— Ah, bem, ele é o pai dela, — respondo.

— Filho da puta.

— Filho da puta.

— Você está falando sério, porra?

Várias maldições vêm da boca de todo irmão. — Eles não estão perto. Longe disso, — asseguro-lhes. — Eles estão basicamente afastados. Nós podemos confiar nela.

Quando eles continuam a reclamar, digo, — Ei! Pelo menos ela não é agente federal, repórter ou uma assistente social do caralho!

Dalton, Chase e War todos me encaram com raiva por me referir às suas mulheres.

— Foda-se, — diz Torin enquanto esfrega as mãos sobre o rosto. — Vocês com certeza sabem como escolhê-las.

— Diz o homem que se casou com a filha do nosso inimigo, — eu jogo de volta para ele. — Olha, nós podemos confiar em Isobel, e será bom tê-la por perto para ficar de olho em Cooper, certo?

Sim, isso é perfeito, na verdade. Eu posso pedir para ela ficar vigiando Cooper até que ele se recupere. Será uma ótima desculpa para ela ficar comigo, e é do interesse do nosso garoto também.

— Tudo bem, — Torin grita. — Mas você tem que tirar o telefone dela e ter certeza que ela nunca fale uma palavra a ninguém sobre o que ela vê ou ouve enquanto ela está conosco.

— Isso não deve ser um problema, — digo a ele no momento em que Eddie estaciona em seu caminhão de reboque, esperançosamente com os suprimentos que Isobel pediu.


***


Isobel

— Como ele está? — Sax pergunta depois que eu terminei de limpar e enfaixar o último corte, e estou puxando os lençóis sobre Cooper.

— Ele está finalmente descansando, — digo a ele, graças aos remédios para dor que Eddie, o senhor mais velho, me trouxe. — Nenhuma das feridas é muito profunda, mas estão feias e inflamadas, então ainda existe o risco de infecção. — Levantando-me, tiro minhas luvas de látex e as jogo na lata de lixo que um dos caras trouxe para a sala. Virando-me para Sax, apoio as mãos nos quadris para dar a ele um resumo dos cuidados futuros. — Alguém precisará trocar o curativo em todas as doze lacerações e aplicar mais pomada antibiótica duas vezes ao dia, além de monitorar sua temperatura a cada poucas horas para em busca de febre. Então, quando ele melhorar o suficiente para viajar, precisará consultar um especialista sobre sua perda de audição.

— Eu conheço apenas a pessoa certa para o trabalho, — diz Sax com um sorriso. — Ela é incrível e bonita, com formação médica.

— Bem, ah, bom, — digo com apenas uma pitada de ciúmes da mulher que ele acha incrível e bonita. O que me importa quando vou embora hoje? — Eu posso falar com ela antes de sair, se você quiser.

— Eu estava me referindo a você, Isobel, — ele responde, deslizando as mãos na frente da calça jeans e parecendo bom demais para ser verdade, sexy com apenas o suficiente da imagem de bad boy graças ao couro.

— Desculpe, Sax, mas você sabe que eu não posso ficar. — Tenho que recusar, apesar de quão bom ele parece.

— Você não pode adiar sua jornada por apenas alguns dias? — Ele pergunta, me dando grandes olhos azuis de cachorrinho. — Por favor?

— Ele vai ficar bem, — asseguro, olhando para seu amigo adormecido.

— Eu me sentiria muito melhor se você estivesse aqui para ter certeza, — diz Sax. — Os outros caras também. E assim que Gabe substituir sua pistola de tatuagem e suprimentos, ele poderá lhe dar a flor de cerejeira e a borboleta que você quer, bem aqui em casa.

— Eu não posso, Sax, — digo num suspiro. — Estou programada para cantar num bar em Charlotte amanhã e depois pegar um voo para o Reino Unido para o International Balloon Fiesta.

— Você não pode ou não quer ficar? — Pergunta Sax. — Tenho certeza que você pode reagendar com o bar.

— Não gosto de voltar atrás na minha palavra quando concordo em fazer alguma coisa, — digo a ele.

— Não está voltando atrás, apenas adiando por alguns dias, — diz ele. — E aposto que você ainda nem reservou um voo para o Reino Unido, não é?

— O evento está apenas a uma semana e não posso perder. Hoje foi assustador e me lembrou como a vida é curta, — declaro, recusando-me a me mexer.

— Então, você pode ficar por, o que, cinco dias e ainda fazer o voo a tempo? — pergunta Sax. — Às vezes, ser espontâneo é quebrar regras, certo? Até as suas.

Sentando-me lentamente na beira da cama para evitar empurrar Cooper, suspiro enquanto encaro o homem mais sexy que já conheci. Eu preciso seguir em frente, colocar quilômetros entre mim e Sax antes de me tornar ainda mais apegada a ele. Mas, por qualquer motivo, eu me pego cedendo. — Meu carro provavelmente já foi rebocado pelo bar agora. Eu preciso pegá-lo para que eu possa finalmente trocar de roupa.

— Feito, — diz Sax, seu rosto se iluminando com partes iguais de alívio e alegria. Estendendo a mão, palma para cima, ele diz: — Me dê suas chaves, e eu vou buscá-lo agora.

— Agora mesmo? — Repito.

— Sim. Você pode ficar aqui para ficar de olho em Cooper, e eu terei o prespecto me dando uma carona na van.

— Ok, — digo enquanto vou pegar minha bolsa, que pendurei na porta do armário e puxo o chaveiro. — Obrigada, — digo a Sax quando o coloco na mão estendida.

— Não, linda. Obrigado por concordar em ficar, — ele diz antes de se virar para sair.

— Apenas por cinco dias, — eu o lembro. — Menos, se ele estiver pronto antes disso.

— Eu sei, — diz Sax quando faz uma pausa para me olhar por cima do ombro. — Não importa quanto tempo você esteja aqui, eu vou aproveitar cada maldito segundo.

Ele então se vira e sai da sala. Apenas o som da porta dos fundos se abrindo e fechando faz meu peito apertar. Eu já sinto falta dele e ele ainda nem saiu da propriedade.

Isto é mau.

Eu já estou caindo por Sax e concordei em passar mais tempo com ele.

— O que diabos está errado comigo? — Pergunto em voz alta para mim mesma antes de cair no pé da cama novamente. — Você precisa melhorar rápido, amigo, — digo ao homem adormecido.

A verdade é que, se eu fosse embora e acontecesse algo a Cooper, me sentiria horrível e me culparia por deixá-lo sem vigilância. Esses homens teimosos deveriam tê-lo levado ao hospital, mas eu entendo a relutância deles depois de estarem a poucos metros de uma explosão. Eles estão nervosos, preocupados com o que mais pode acontecer com eles, sem ter ideia de quem os estão machucando.

E talvez, parte de mim quer ficar perto dos Savage Kings até que eles descartem o envolvimento do meu pai. Eu nunca poderia me perdoar se ele for o responsável por quase matar um dos amigos de Sax.


***


Cerca de meia hora depois que Sax sai, estou colocando minha mão na testa e no peito de Cooper novamente para verificar se há calor indicando febre, quando ouço a voz alterada de um homem na sala de estar. O resto dos caras saiu do quarto para que Cooper pudesse descansar, mas eles obviamente não foram longe.

— Há alguma advogada na sede do clube, perguntando onde Cooper está. Jade disse que está muita nervosa e se recusa a sair até conseguir uma resposta, — diz uma voz profunda para os outros.

— Ela é pequena e peituda? Loira? Liz ou alguma coisa parecida? — Outra voz pergunta, e o primeiro cara repete essa informação como se estivesse falando ao telefone com alguém.

— Sim, ela é. Você conhece ela?

Curiosa e entediada, já que Cooper ainda está frio, eu deslizo pelo corredor para ouvir a conversa deles.

— Sim, — diz o cara com tatuagens nos braços, cabeça e pescoço. — Ela é legal. Ela e Cooper são amigos de foda.

— Alguma objeção a lhe dar este endereço? — o Barba Vermelha pergunta aos caras da sala com o telefone no ouvido.

— Sim, — diz o homem rabugento no comando que originalmente tentou me manter fora de casa. — Alguém poderia segui-la do clube até aqui.

— Se ela é advogada, acho que ela é esperta o suficiente para perceber se está sendo seguida ou não, — diz o garoto da tatuagem. — E pode ser bom para Coop se ela estiver aqui, tendo um rosto amigável e tudo.

— Qual é o nome dela mesmo? — O cara no telefone pergunta. — Elizabeth Townsend? Então por que diabos Coop fica perguntando sobre uma Jenna?

— Ela é uma das novas dançarinas? — O homem rabugento pergunta.

— Oh, porra. Jade, os bombeiros encontraram mais alguém no prédio? — O homem ao telefone pergunta. — Era muito cedo para qualquer dançarina estar lá, certo?

Quando seu rosto fica pálido ao redor dos pelos faciais avermelhados, é seguro adivinhar que ele acabou de receber más notícias.

— Jenna Higgins foi encontrada morta em Avalon, — informa ao grupo. — O médico legista disse a Jade que ela estava com o pescoço e a coluna quebrados e provavelmente morreu instantaneamente quando uma viga do teto caiu sobre ela. Deve ser por isso que Coop continua pedindo por ela.

— Oh, não, — suspiro enquanto cubro minha boca. Só depois que todos os homens se voltam para mim, percebo que devo ter dito isso em voz alta. — Desculpe.

Ignorando-me, o cara no telefone diz, — Então, o que vai ser, Torin?

— Diga à advogada para estacionar duas ruas na esquina da Sea Trail Road e Bishop. Vou encontrá-la lá a pé e acompanhá-la até aqui, — diz Torin, agora eu sei o nome dele.


***


— Jesus, Cooper, — diz a loira de terninho preto quando congela na porta do quarto. Um segundo depois, ela está ao lado dele, afastando os cabelos ondulados do queixo e do rosto, os olhos examinando todos os curativos. — Ele está... ele está com muita dor? — Ela me pergunta.

— Acho que não. Ele está apenas dormindo. Dei-lhe um pouco de morfina para aliviar o desconforto e deixá-lo mais confortável para que ele pudesse descansar.

— Então, ele vai ficar bem? — Ela pergunta.

— Sim, acredito que sim. A maioria dos cortes é superficial. A maior preocupação é sua audição.

— A audição dele? — Ela repete, seu rosto desmoronando ainda mais.

— Parece que seus dois tímpanos foram rompidos na explosão. Ele não parecia ouvir o que estávamos dizendo-lhe e ele continuava fazendo as mesmas perguntas repetidamente.

— Oh, não, — ela diz enquanto se ajoelha ao lado da cama e aperta a mão dele na dela.

— A perda auditiva pode ser temporária, — digo-lhe e ela assente silenciosamente. Seu rosto está escondido pela cortina de seu cabelo loiro, elegante, na altura dos ombros, mas não preciso vê-lo para saber que ela está chorando.

— Vou sair e te dar um tempo sozinha, — digo, subitamente me sentindo uma intrusa.

Como a casa está bem cheia, pego meu telefone da bolsa e saio pela porta dos fundos para me sentar nos degraus do convés, esperando ansiosamente que Sax volte. Antes que eu esqueça, envio uma mensagem ao proprietário do bar em Charlotte para adiar, desculpando-me profusamente.

Ainda não consigo acreditar que concordei em ficar com Sax, ou que estou feliz por ter um motivo para ficar mais tempo. Pela primeira vez desde que comecei essa minha jornada, estava com medo de partir.

A porta atrás de mim finalmente se abre, e então a advogada está saindo e caindo no degrau ao meu lado. Acho que um dos caras disse que o nome dela é Liz.

Ela não diz uma palavra, então espero pacientemente até que ela esteja pronta para conversar, se ela decidir. Seus fungados ocasionais são de partir o coração.

— Eles sabem quem fez isso? — Ela sussurra.

— Ainda não, acho que não.

— Espero que eles os façam pagar quando descobrirem, — ela murmura. A menção de retaliação vinda de uma mulher de negócios com aparência tão elegante é um tanto chocante. — Uau, não acredito que disse isso, — acrescenta Liz imediatamente, passando a palma da mão sobre a boca. — Você deve achar que sou uma pessoa horrível. Acho que estou dormindo com um fora da lei há tanto tempo que ele está me influenciando de várias maneiras.

— Lamento que ele se machucou, — digo a ela.

— Eu também, ele é um bom homem, — ela concorda com um suspiro. — E eu gostaria de saber quem era Jenna. Depois que você saiu do quarto, Cooper meio que, hum, gemeu o nome dela.

— Eu ouvi os caras dizerem que ela era uma das dançarinas de Avalon, — eu a informo.

— Oh. — Depois de alguns segundos, ela pergunta, — Você acha... quero dizer, parece óbvio que ele provavelmente estava dormindo com ela, certo?

— Olha, eu não tenho ideia, — digo. — Tudo o que sei é que ela estava no prédio quando explodiu. E ela não conseguiu.

— Oh, Deus, — diz Liz num suspiro. — Agora me sinto uma vadia por não gostar dela automaticamente.

— Então você e Cooper estão... se vendo? — Pergunto.

— Apenas casualmente, sabe? Nada sério. Como você pode estar falando sério com um homem que administra um clube de strip e fica perto de mulheres nuas perfeitas o dia todo? — Ela pergunta. — E quero dizer, por que mais Jenna estaria no clube sozinha com Cooper antes do meio dia, quando eles nem abrem até as quatro?

— Ah, não faço ideia, — digo honestamente. — Só porque é uma possibilidade que ele estava dormindo com ela não significa que ele estava. Existem muitas outras razões pelas quais ela poderia estar com ele.

— Como o quê? — Ela pergunta.

— Hum, bem, talvez ela estivesse praticando sua rotina.

O olhar de lado que Liz me dá é altamente cético.

— Poderia ter sido dia de pagamento? — Pergunto. — Ou talvez ela tenha deixado o telefone lá na noite anterior e foi buscá-lo. Quem sabe? Não fique louca pensando o pior até ter certeza.

— Obrigada por me tirar do penhasco, — diz Liz com um tapinha no meu antebraço. — O problema é que nem importa se Cooper estava dormindo com ela ou com todas as meninas. Ele poderia ter morrido hoje, e não consigo imaginar nunca mais vê-lo.

— Ele terá uma recuperação difícil pela frente, especialmente quando perceber que sua audição ficou comprometida por muito tempo e ele descobrir sobre Jenna, — digo a ela. — Tenho certeza que ele gostaria de ter você por perto para ajudá-lo a passar por isso.

— Obrigada, — diz ela com um suspiro pesado. — Acabei de perceber que nem sei seu nome. Eu sou Elizabeth, a propósito, — ela diz, me oferecendo a palma da mão que eu pego.

— Sou Isobel, amiga de Sax, — respondo. — E em outra vida, eu era enfermeira. Foi isso que me trouxe aqui.

— Os Savage Kings não queriam Cooper num hospital onde os policiais gostariam de fazer perguntas, — diz ela com um aceno de entendimento.

— Isso e todos estão vulneráveis até pegar a pessoa responsável. Se alguém os quisesse todos mortos, não seria difícil atingir o hospital. Não acho que estejam apenas cuidando de si mesmos.

— Sim, — Liz concorda. — Isso faz sentido de uma maneira horrível, eu acho.


CAPÍTULO QUATORZE

Sax

Assim que estou sozinho no Lexus de Isobel, que felizmente ainda estava estacionado no bar em Myrtle Beach, ligo para o número que o pai dela enviou a mensagem.

— É melhor que seja importante, — retruca o governador Washington quando responde.

— Sua filha quase morreu hoje, então sim, eu consideraria importante, — digo a ele. Ele fica calado, e não sei dizer se é porque ele não sabe das explosões ou se está chutando a bunda por não considerar que Isobel poderia estar dentro de um dos edifícios que explodiu.

— O que aconteceu? — Ele finalmente pergunta.

— Avalon e Savage Ink foram levados ao inferno hoje. Você fez isso? — Pergunto a ele entre dentes.

— Não, — ele responde. — Isobel foi ferida?

— Estávamos fora do estúdio de tatuagem quando aconteceu, então não, — respondo e ouço sua audível exalação de alívio. Então seu coração não está completamente frio e murcho.

— Por que você acha que eu sou responsável? — Ele pergunta. — Estou tentando ser reeleito, o que é altamente improvável se eu explodir as coisas, até mesmo bares de motoqueiros de merda. Houve fatalidades?

— Não. Até onde eu sei, apenas um King ficou ferido, — digo desde que Avalon ainda estava fechado quando aconteceu. Embora, poderia ser por isso que Coop continuava perguntando sobre alguém chamado Jenna.

— Vou investigar, — diz ele. — Se alguém quase machuca minha filha, vou garantir que eles sejam pegos e paguem pelo erro.

A julgar pela sua oferta de analisar e pelo seu tom, acredito que ele possa estar realmente dizendo a verdade. Ele pode odiar que Isobel e eu estamos juntos, mas foi ele quem o montou. Não há uma boa razão para ele explodir nossos negócios. Acho que os russos estão no topo da nossa lista de suspeitos.

— Poderia ser uma retaliação russa? — O governador pergunta, pensando a mesma coisa.

— Possivelmente. Acabamos com a maioria dos membros importantes do sindicato de Kozlov, embora seja possível que eles estejam se reagrupando.

— Vou ver o que posso descobrir e informá-lo, — diz ele. — Como as coisas estão indo do outro lado? — Ele pergunta. — Isobel está fingindo que você é o namorado dela e realmente veio para casa, então você deve ter causado uma boa impressão.

— Suas habilidades de enfermagem estão sendo úteis hoje. Estou fazendo o melhor que posso, mas ela deve chegar ao Reino Unido dentro de uma semana.

— Então é melhor você apresentar um plano para detê-la. Preciso que ela comece a fazer algumas aparições na campanha e me apoie com o fundo fiduciário de sua mãe.

— Você me disse que meu trabalho era fazê-la se acalmar e voltar a trabalhar com enfermagem, não trabalhar para você e pagar por sua porra de campanha! — Grito com ele através do telefone.

— É tudo o mesmo. Se Isobel fica, não há razão para ela não apoiar minha reeleição.

É o que ele pensa. Pelo que sei, ela detesta o pai e não quer nada com ele ou com a campanha dele, apesar do fato de eu ter conseguido convencê-la a ir vê-lo no seu aniversário.

— Você é um idiota, sabia disso? — Pergunto a ele, mas sua única resposta é rir e desligar.


***


Isobel

Liz e eu ainda estamos nos degraus, conversando sobre tudo e nada quando a van preta volta, seguida pelo meu carro.

— Isso! — Levanto-me e me animo, não apenas porque isso significa que finalmente posso vestir um par de jeans, mas também fico feliz em ver Sax novamente, quando ele desliga o motor e abre a porta do motorista. O prazer também é acompanhado por uma sacudida de desejo, querendo estar com ele, sentir seu corpo quente e duro em cima do meu.

O que é estúpido, porque ele já me deu orgasmos suficientes para me fazer sentir um apego a ele. Eu culpo esse apego por me convencer a dormir com Sax novamente hoje à noite, mesmo que seja uma má idéia.

Estou me preparando para descer os degraus para cumprimentá-lo e contar a ele minha decisão idiota quando a porta dos fundos se abre, e então meu telefone é subitamente arrancado da minha mão.

— O que você ainda está fazendo com isso? — Torin resmunga. — O que ela ainda está fazendo com isso? — Ele grita com Sax quando se aproxima de nós.

— Desculpe, eu esqueci, — Sax responde com uma careta.

— Esqueceu o quê? — Pergunto enquanto me levanto.

— Precisamos manter seu telefone enquanto você estiver aqui.

— Por quê? — Pergunto.

— Porque alguém pode estar rastreando você, ou você pode estar enviando fotos e merdas para nossos inimigos, — Torin bufa.

— Uau. Muito paranóico? — Pergunto.

— O seu também, — diz Torin quando olha para Liz.

— Não se preocupe, estou indo embora, — diz ela quando se levanta. — Cooper precisa descansar, então vou embora.

— Você tem certeza? — Pergunto, já que sei que ela está preocupada com ele.

— Sim, eu só queria ter certeza de que ele ainda estava inteiro; mas não estamos juntos, e ele pode nem me querer aqui quando acordar.

— Você pode parar amanhã. Talvez ele esteja mais alerta... — sugiro, mas Torin imediatamente abate minha ideia.

— Não, — ele diz. — Eu não quero um monte de pessoas indo e vindo daqui até neutralizarmos a ameaça.

— Entendido, — diz Liz enquanto desliza a terra na parte de trás de sua calça. — Você vai deixar Cooper saber que eu vim e que espero que ele se recupere em breve?

— Claro, — prometo a ela antes que ela corra escada abaixo.

— Cedric, ande com ela até o carro dela na Sea Trail Road, — ordena Torin antes que ele se vire e volte para dentro de casa enquanto Sax chega à varanda.

— Desculpe, — diz ele quando pega minha mão e me puxa para baixo da escada e para a mesa de piquenique no quintal. — Torin está no comando, e ele está um pouco nervoso. —

— Não, eu entendi, — eu respondo. — Sou nova e ele não confia em mim. Ele tem o suficiente para se preocupar com seu amigo ferido e a dançarina morta.

Os olhos azuis de Sax se arregalam. — Que dançarina morta?

— Oh, ah, você ainda não ouviu? — Digo, lembrando que ele estava pegando meu carro quando descobrimos. — Uma mulher chamada Jenna estava no prédio com Cooper quando ele explodiu. Alguém disse aos caras que eles achavam que ela provavelmente morreu instantaneamente.

— Jesus, — murmura Sax. — É por isso que Coop estava perguntando sobre ela. Espera, quem era aquela mulher que estava sentada com você nos degraus?

— Liz. Ela e Cooper estão se vendo.

— Oh. Não sabia que ele estava vendo alguém.

— Sim, os outros caras também não sabiam, apenas aquele com tatuagens no pescoço e na cabeça.

— Miles, — diz Sax. — Esse é Miles. Eu provavelmente deveria apresentá-la a todos, já que você estará por aqui por um tempo.

— Isso seria bom, — digo a ele. — Eu sei o nome de Cooper, Gabe e Torin. Quem é o Barba Vermelha?

— Barba Vermelha? — Repete o Sax. — Oh, esse é Chase, irmão de Torin.

— Entendi, — digo. — Barba Preta?

— Abe, irmão de Gabriel.

— E os caras de aparência militar, um com cabelos pretos e outro quase careca? — Pergunto.

— Quase careca é Reece, e o de cabelos mais escuros é o Warren ou War.

— E o, hum... cara formal?

Gemendo, Sax bufa, — Vá em frente e diga o que você quis dizer. O cara gostoso? Não era isso que você queria dizer?

— Tudo bem, — eu concordo. — O homem loiro incrivelmente bonito que parece ser o seu irmão.

Isso faz Sax sorrir antes de responder. — O nome dele é Dalton, — diz ele. — E você é tão cheia de merda.

— Então, isso apenas deixa os dois rapazes mais jovens que não falaram muito, um dos quais foi com você na van.

— O único com todos os patches no seu corte é Maddox, nosso mais novo membro, — responde Sax. — E o garoto com o corte que só tem o 'prospect' na parte inferior das costas é Cedric.

— Isso é todo mundo, hein? — Digo.

— Todos os irmãos. Depois, há as old ladies e crianças...

— Uau, eu nunca vou me lembrar de todos os nomes deles, — admito.

— Você aprenderá, — diz Sax, confiante, enquanto seu braço gira em volta da minha cintura para me arrastar contra a frente de seu corpo para um rápido beijo nos lábios. — Obrigado por cuidar de Cooper e concordar em ficar. Sinto muito por colocá-la em perigo.

— O perigo ocasional faz você apreciar a vida ainda mais, — respondo. — E situações perigosas como essa me fazem querer procurar o conforto de homens sexys em couro.

— Que tipo de conforto? — Ele pergunta com um sorriso.

— Oh, eu acho que você sabe o tipo, — respondo timidamente.

Sua língua sai para umedecer os lábios e então ele diz, — E a sua regra?

— Acontece que as regras são apenas outro tipo de prisão. Não há razão para deixar que algo me impeça de conseguir o que quero. E eu quero você.

Aparentemente, essa é toda a explicação que Sax precisava, porque a próxima coisa que sei é que ele está me levantando do chão e me jogando por cima do ombro antes de caminhar em direção à casa.

— Você pode me deixar nua, — digo para as costas dele, já que agora estou de cabeça para baixo. — Mas, então, vou tomar um banho e você terá que trazer minhas roupas do meu carro!

— Talvez eu apenas esconda seu vestido e mantenha você nua por alguns dias, — diz ele quando abre a porta dos fundos e nos leva para dentro.

Há uma risada masculina suave da sala quando passamos. — Deus, sinto falta da minha esposa, — alguém diz com um suspiro pesado.

— Apenas um aviso, qualquer grito que os senhores ouçam será de paixão. Vou tentar abaixar, mas não prometo, — digo aos caras enquanto caminhamos pelo corredor.

— Como diabos você vai, — Sax zomba. — Desafio aceito!

— Ótimo. Obrigado pelo maldito lembrete de todos os dias sem sexo à nossa frente, Sax! — Uma voz chama de volta.


CAPÍTULO QUINZE

Sax

Assim que Isobel e eu entramos no quarto, fechei a porta e abaixei os seus pés de volta ao chão.

O que quer que eu estivesse esperando que acontecesse a seguir, não era que ela agarrasse os dois lados do meu corte e me puxasse contra seu corpo para me beijar, mas não posso dizer que sou contra.

Depois que nossos lábios e línguas travam, um frenesi começa. Nós dois tentamos arrancar as roupas do outro, mais rápido que podemos. Eu ganho, já que tudo o que tenho a fazer é deslizar o zíper pelo centro do vestido.

— Nunca mais uso esse vestido, — declara Isobel quando o couro bate no chão.

— Isso seria uma pena, — digo a ela enquanto ela remove meu corte e puxa minha camisa por cima da minha cabeça.

Sem dar tempo para ela de abrir o zíper da calça jeans, ajoelho-me na frente dela e lanço a ponta da minha língua no ápice de suas coxas, tão feliz que ela decidiu jogar sua calcinha no lixo depois da bagunça que fizemos na prisão.

— Sax, oh, meu Deus, — Isobel geme, a porta batendo quando sua cabeça cai para trás e bate nela.

— Você sentiu falta da minha língua aqui? — Pergunto enquanto deslizo meu dedo indicador por suas dobras.

— Sim, — ela suspira quando eu alivio o dedo dentro de sua boceta molhada. — Mais. Por favor, — ela implora, pedindo que eu abaixe minha boca de volta à sua carne. Eu a provoco um pouco mais, adicionando outro dedo que eu mergulho dentro e fora de sua boceta apertada.

— Oh, Deus, por favor! — Ela grita, seus quadris se contorcendo, fodendo meus dedos. Desde que seus gemidos estão começando a parecer desesperados, dou a ela o que ela precisa – um golpe da minha língua em sua fenda e volto novamente, onde deslizo a ponta sobre seu clitóris inchado.

— Sim! Aí! — Ela grita enquanto seus dedos passam pelos meus cabelos e depois apertam os fios, segurando minha cabeça exatamente onde ela precisa, então vou continuar lambendo-a. Como se alguma vez eu pudesse ter o suficiente. A mulher é selvagem, bonita e tão malditamente compassiva. Sem mencionar que ela tem o corpo mais sexy que eu já tive o prazer de ver, tocar e provar.

Quando os quadris de Isobel começam a balançar, eu sei que ela está chegando perto, então eu aumento a velocidade e a força da minha língua até que ela esteja ofegante e seus suspiros se transformam num grito e suas pernas tremem. Lambo cada gota de sua excitação que ela me dá, antes de mergulhar minha língua profundamente em sua boceta para obtê-la agradável e lisa novamente para o meu pau.

Meu pau está tão duro que me sinto tonto quando volto a meus pés. Mas, felizmente, Isobel assume, suas mãos segurando a frente do meu jeans e tremendo enquanto ela aperta o botão e abaixa o zíper. Então, ela está empurrando o jeans para baixo, junto com a minha cueca boxer. Quando eles alcançam meus joelhos, ela se abaixa para guiar o tecido pelo resto do caminho. Depois de ajudar na remoção de meus sapatos e roupas, o punho de Isobel envolve meu pau e, em seguida, seus lábios se fecham em torno da coroa. Ela lambe e me chupa em sua garganta vezes suficientes para me fazer falar uma língua desconhecida.

Finalmente, quando não consigo tirar mais um segundo da boca dela, a puxo do chão. Assim que coloco meus braços em volta de sua bunda para levantar suas pernas, ela as envolve em minha volta, e então nossos corpos estão alinhados perfeitamente. Com as costas apoiadas na porta, empurro para frente, aliviando dentro de sua boceta que está tão quente que me queima da melhor maneira possível.

— Oh, uau, — Isobel engasga quando eu estou totalmente envolto nela e tenho que nos dar um momento para nos ajustarmos. — Melhor decisão de sempre, — diz ela, com os olhos fechados e a cabeça jogada para trás. Ela é tão fodidamente linda, e de alguma forma eu fico com ela.

Recuso-me a pensar em como cheguei a estar com ela agora. Em vez disso, concentro-me em dirigir meus quadris, batendo dentro do corpo incrível de Isobel com tanta força e profundidade que podemos transar pela porta com tamanha força.

— Sim, sim, sim, — Isobel canta enquanto seus braços se apertam ao redor do meu pescoço, me puxando para mais perto, quando sua boceta aperta meu pau quando ela goza. Enterrando meu rosto em seu pescoço, sucumbi à minha própria libertação, empurrando-a lentamente enquanto saboreio cada estremecimento do êxtase que bombeia em minhas veias.

— Puta merda, — Isobel sussurra. — Não tenho certeza... se consigo sentir minhas pernas.

— Não se preocupe. Eu tenho você, — asseguro a ela.

E uma vez que minhas próprias pernas recuperam parte de suas forças, a carrego até a cama e desmorono nela com ela.

— Uau. Valeu a pena quebrar minha regra, — ela diz enquanto nós dois deitamos de costas, olhando para o teto.

— Fico feliz em ouvir isso, — digo.

— Você acha que os caras da sala nos ouviram?

— Todo mundo na rua provavelmente nos ouviu, — digo a ela com uma risada.

— Sim, — ela concorda com um longo suspiro. O silêncio passa entre nós e, em seguida, Isobel diz, — Não leve a mal, Sax, mas é difícil para mim, ver como você se encaixa nos Savage Kings.

— Por que você diz isso? — Pergunto curiosamente enquanto rolo para o meu lado e levanto minha cabeça com o cotovelo para olhar para ela.

Isobel se desloca para que ela esteja do lado dela de frente para mim com a palma da mão sob a bochecha. — Você não discorda de que é uma espécie de pária?

— Não, — respondo. — Você está certa. Eu não me encaixo. Nunca. Como você sabia?

— Então por que você se juntou a eles? — Ela pergunta suavemente sem responder à minha pergunta.

— Você realmente quer saber?

— Sim, — ela responde. — Por favor?

— Eu nunca contei isso a ninguém, mas anos atrás, tudo que eu queria era derrubar todo o MC, — admito.

— Como você passou de querer derrubá-los a se juntar a eles? — Ela pergunta com as sobrancelhas juntas.

— Porque eu estava errado sobre eles. Os Savage Kings não são santos, mas não eram os bandidos que eu pensava que fossem.

— Você até fala sobre eles como se fosse um estranho, não alguém que é um membro, — ressalta ela.

— Talvez seja porque nunca me senti como se pertencesse, na verdade não.

— Mas você sente que deve a eles?

Baixando minha voz, digo, — Sim. Mesmo que April não sentisse o mesmo por mim, eu me importava com ela e fiquei arrasado quando ela morreu. Eu queria que alguém pagasse pela morte dela, então fiz algo estúpido – me tornei informante da DEA para tentar prender as pessoas responsáveis.

— E essas não eram o Savage Kings, — afirma ela.

— Não. Foi um bando de arianos idiotas vendendo as drogas contaminadas que estavam matando pessoas, não os Kings. De fato, os Kings derrubaram as pessoas que estavam negociando, tiraram suas merdas das ruas e provavelmente salvaram vidas. O clube não permite drogas pesadas em sua cidade, então eu estava errado.

— Você contou ao clube uma vez que percebeu seu erro? — Isobel pergunta.

— Não. Eu nunca disse uma palavra para ninguém. — Precisando tocar sua pele, estendo a mão e agarro seu quadril nu, depois esfrego círculos sobre ele com o polegar. — Se eles descobrissem... bem, os ratos nunca são aprovados no MC.

— Não que eu esteja familiarizada com a terminologia, mas não parece que você era um rato, — diz ela quando estica a mão para acariciar a palma da mão sobre o meu braço e depois até o anel de compromisso de April pendurado na minha corrente.

— Eu fui. Eu sou, — digo. — Lealdade é tudo para os Savage Kings. Ainda estou tentando ganhar a confiança que eles depositaram em mim, mesmo que não devessem ter.

— Nada de bom vem da mentira, — ela comenta, e meu polegar em volta do quadril congela porque ela está certa e eu menti para ela desde o início.

— Sei disso, — respondo. — Mas, às vezes, mentir é inevitável para proteger as pessoas de quem você gosta.

— Protegê-las a que custo para si mesmo? — Ela pergunta.

— Eu não me importo de estar vinculado ao clube. O MC é tudo o que tenho agora. Eles são tudo que tenho há dez anos. Não podia voltar para a escola ou conseguir um emprego regular. Meus pais não entenderam minha decisão de abandonar a faculdade e desistir da minha bolsa de futebol, então ficaram chateados comigo e nos separamos. O clube era a distração que eu precisava na época, e foi por isso que decidi continuar com ele.

— E você sentiu que devia isso a eles depois que percebeu sua traição? — Pergunta Isobel.

— Sim, talvez isso tenha sido uma pequena parte do motivo de eu também ter reparado.

Depois dessa declaração, Isobel se aproxima e se aconchega em mim. É bom apenas ficar aqui com ela, segurando-a no silêncio. Sinto-me mais leve depois de dizer a verdade, finalmente tirando do meu peito. Posso lhe dizer a verdade sobre tudo e esperar que ela entenda o que está em jogo?

Antes que eu possa tomar uma decisão, Isobel pergunta, — Que horas são?

Tenho que deixá-la e levantar para pegar meu telefone do meu jeans e verificar. — Quase seis, — digo a ela quando encontro o dispositivo.

— Preciso ir verificar Cooper, — diz ela enquanto corre para a beira da cama. — Oh, mas primeiro eu preciso de um banho rápido e trocar de roupa.

— Vou me vestir e depois trago suas coisas para dentro, — digo a ela quando visto meu jeans.

— Obrigada, — diz ela, me dando um sorriso enquanto me vê colocar minhas roupas com uma apreciação óbvia em seus olhos. O olhar que ela está me dando é quase o suficiente para me deixar duro de novo.

— Você é incrível, sabia disso? — Digo a ela.

— Oh, são apenas as endorfinas conversando, — ela responde.

— As endorfinas não têm nada a ver comigo querendo te beijar um milhão de vezes por ajudar meu amigo.

— Nesse caso, aceito a oferta depois do meu banho e check-up.

— Combinado, — concordo com um sorriso.


***


Depois que trago a bagagem e o estojo do violão de Isobel, ela vai para o banho. Como não há mais nada a fazer no momento, deito-me na cama e espero que ela volte para mim.

Talvez ela esteja interessada nos orgasmos que causam dependência, porque eu já preciso dela novamente.

No começo, quando a vi na outra noite no bar, ela era irresistível. Eu a queria antes que ela falasse uma palavra para mim só porque ela era linda e tinha a voz de um anjo.

Agora, eu só quero estar com ela, conhecê-la melhor, mantê-la. Quanto mais tempo passamos juntos, mais perto chegamos.

Se Isobel descobrisse que nos conhecemos por causa do pai, ela nunca me perdoaria.

Eu odeio tanto aquele idiota, não apenas por me chantagear e aos caras, mas por me forçar a envolvê-la. Não é justo para Isobel. Ela é tão doce e gentil, e aqui estou eu, dormindo com ela e tentando descobrir como mantê-la por tempo suficiente para convencê-la a voltar à enfermagem e fazer as pazes com o pai.

O problema é que ela vê demais. Ela deu uma olhada em mim e no resto dos Savage Kings e sabia que eu não pertencia. Como devo continuar a manipulá-la sem que ela perceba?

De alguma forma, de alguma maneira eu preciso convencê-la a fazer o que seu pai quer.

— Então, eu tive uma ideia! — Isobel diz quando ela volta para o quarto, com os cabelos molhados e completamente vestida, interrompendo minhas reflexões internas.

— Oh, sim? — Pergunto enquanto me sento e jogo minhas pernas ao lado da cama.

— Os caras estão todos irritados e chateados. Eles precisam de comida de conforto; e como Cooper parece estável, apenas dormindo por enquanto, eu posso cozinhar para eles!

— Você vai cozinhar para nós? — Pergunto.

— Sim. Quem mais vai se eu não for? — Pergunta ela.

— Bem, sempre há fast food, — indico. — Somos homens crescidos. Nós podemos cuidar de nós mesmos. Ou mandar Cedric buscar.

Puxando o minúsculo bloco de notas e caneta rosa da bolsa, ela diz, — Estou fazendo uma lista e depois vou à loja. Será um grande impulso moral.

— Tudo bem, mas eu vou com você, — digo a ela.

Infelizmente, alguns minutos depois, quando saímos do quarto, a voz de Torin sai da sala de jantar, pedindo uma reunião.

— Só um segundo, — digo a Isobel, deixando-a na porta dos fundos para poder falar com Torin. — Ei, cara, estava prestes a sair com Isobel para pegar algumas compras, — digo a ele quando todos começam a se reunir.

— Envie Cedric com ela, — diz nosso presidente. — Jade está ligando para nos atualizar, então precisamos de você aqui, caso precisemos votar.

— Eu não sei... — começo.

— O prospecto pode trazê-la de volta, — Torin me garante. Desde que ele já está decidido, duvido que ele se incline sobre isso. Isobel e Cedric provavelmente poderiam ir e voltar enquanto terminamos, então eu aceito.

— Bem. Apenas me dê um segundo, — digo ao nosso presidente antes de pegar a mão de Isobel e puxá-la pelas costas. — Preciso ficar para uma reunião. Você acha que vai ficar bem com Cedric?

— Sim, claro, — diz ela sem hesitar, como eu previ. Isobel é uma garota durona que não se assusta facilmente.

— Ele provavelmente está por aí do lado de fora, — digo. E, exatamente como eu pensava, encontramos o garoto encostado nas costas da van com a cabeça inclinada sobre o telefone na mão.

— Apenas jogando Tetris no meu telefone. Ninguém pode me rastrear, — Cedric me diz às pressas quando nos vê aproximando e se endireita.

— Está tudo bem, — respondo. — Mas preciso que você guarde o telefone e vá com Isobel ao supermercado. Você se importa?

— Não, senhor, — ele responde, deslizando o telefone no bolso largo da calça jeans.

— Bom. Observe-a e à sua volta, — digo a ele. — E tire o seu corte.

— O quê? — Ele pergunta, estendendo a mão para varrer a frente de seus grossos cabelos pretos para trás e para fora dos olhos.

— Tire seu corte e deixe-o aqui antes de ir, — esclareço.

— Espere, isso é um teste? — ele pergunta, olhando entre mim e Isobel.

— Um teste?

— Sim, você sabe, — ele responde. — Como se eu tiro meu corte, eu falho. Mas se eu não fizer o que você me disse para fazer, eu falho... menos?

— Não, idiota. Isso não é um teste— asseguro-lhe. — Há pessoas lá fora, que vão para os estabelecimentos dos Savage Kings. Não quero que você chame atenção para si mesmo agora. Entendeu? — Pergunto. Odeio ficar bravo com a criança, mas isso faz parte de ser um prospecto, aumentar sua confiança e fortalecer sua coluna, para que, quando você ganhar o seu patch, não deixe ninguém falar errado com você novamente.

— Oh, tudo bem, — diz Cedric. Ele ainda hesita mais alguns segundos antes de finalmente tirar os braços do corte e me entregar.

— Bom. Obrigado, — digo-lhe enquanto pego o couro. — Você vai recuperá-lo contanto que você a traga de volta para mim inteira. Se algo acontecer com ela, eu vou descarregar em você cinco vezes. Entendido?

— Sim, senhor, — ele concorda com um aceno de cabeça antes de abrir o lado do motorista da van e entrar.

— Um pouco duro lá, Sax, — Isobel se vira para mim e diz.

— Temos que colocar os prospectos em prática, para ver se eles têm o que é preciso. É tradição, — asseguro a ela. — Eventualmente, ele vai parar de nos deixar tratá-lo como um cachorro e ele receberá seu patch.

— Então, é tudo apenas um teste? — Ela me pergunta com um sorriso.

— Mais ou menos, — concordo com o meu próprio sorriso antes de envolver meu braço em volta de sua cintura para puxá-la para mim e cobrir seus lábios curvos com os meus. — Seja cuidadosa. Mande Cedric me ligar se surgir alguma coisa.

— Nós ficaremos bem, — diz ela. — Agora vá, eles provavelmente estão prontos para começar a reunião ou o que for.

— Tudo bem, — digo enquanto relutantemente faço meus pés voltarem para casa, mesmo que eu prefira ir com Isobel. Não é seguro alguém deixar o grupo até descobrirmos quem está por trás dos ataques, mas ela está certa e uma boa refeição é o que os caras precisam.

A van se afasta e entro de volta e fico no canto da sala de jantar, já que todas as seis cadeiras estão ocupadas.

— Agora que estamos todos aqui, — Torin começa de seu assento na cabeceira da mesa e depois estremece. — Exceto Coop. Vou ligar para Jade e colocá-la no viva-voz.

Ele a coloca na linha e, em seguida, aperta o botão do alto-falante e coloca o telefone no meio da mesa.

— Ei, pessoal. Lamento que estejam lidando com toda essa merda hoje, — diz Jade. — Ainda não tivemos sorte em localizar os membros da família de Jenna Higgins. Nenhuma das outras dançarinas parece saber muito sobre ela. Todas disseram que ela estava em Avalon há algumas semanas. Você pode tentar obter mais informações com Cooper?

— Ah, sim, — responde Torin. — Mas talvez amanhã. Ele teve alguma perda auditiva e ficou bastante fodido. A enfermeira de Sax deu a ele algo para ajudá-lo a relaxar e agora ele está dormindo.

— Ok, bem, apenas me diga se você descobrir mais alguma coisa. Talvez Reece possa cavar um pouco?

— Claro, — Reece concorda. — Você tem uma data de nascimento?

— Sim, é cinco de dezembro de mil novecentos e noventa e nove.

— Vou deixar você saber o que posso encontrar.

— Obrigada, — diz Jade. — Quanto a quem é responsável, ainda não temos respostas para você, o que eu sei que é frustrante. Mas acho que você está fazendo a coisa certa, ficando quieto. Meus policiais não viram ninguém suspeito no clube ou no Jolly Roger, mas vou mantê-los informados por precaução.

— Você pode nos dar alguma atualização sobre os explosivos? — War pergunta.

— O ATF assumiu o controle, como você provavelmente adivinhou, e eles não estão nos dizendo muita coisa além de que as bombas eram caseiras com gatilhos remotos, então provavelmente estamos lidando com um grupo que tem formação militar. A maior parte da merda caseira geralmente nem detona, muito menos funciona com um controle remoto de longa distância.

— Esse é um bom argumento, — diz Torin. — Algo mais?

— A DEA está procurando por vocês, — Jade nos informa. — O agente Wesley está agindo como se ele só quisesse sentar e conversar sobre possíveis suspeitos, mas eu não confio nele. Se você apontá-lo na direção dos suspeitos e os federais os encontrarem primeiro, eles poderiam fornecer provas incriminatórias contra os Kings em troca de um acordo.

— Exatamente, — diz Chase. — Foda-se isso. Estamos quietos e não temos nada a dizer a ninguém.

— Seria esperto você contratar um advogado.

— Ah, sim, nós meio que conhecemos um, — responde Torin.

— A mulher que estava procurando Cooper? — Jade pergunta.

— Sim, contratamos a empresa em que ela trabalha no passado, mas não me lembro se ela trabalhou pessoalmente em algum dos casos. De qualquer maneira, ela parece ter um relacionamento com Coop, para que possa nos ajudar.

— Ou pode ser visto como um conflito, — ressalta Jade. — Talvez você deva pedir que ela encaminhe você para outra pessoa em sua empresa. Dessa forma, ela ainda pode mantê-lo informado, mas isso coloca alguma distância entre ela e o MC.

— Boa ideia, — Torin concorda. — Mais alguma coisa que precisamos saber?

— Amanhã, terei os relatórios de incidentes dos dois edifícios para que você possa levá-los à sua companhia de seguros e eles poderão trabalhar nas indenizações, — conta Jade. — Você planeja reconstruir?

— Vamos votar a partir do momento em que desligarmos, — diz Chase à sua meia-irmã.

— Desculpe. Não é da minha conta. Entrarei em contato quando descobrir mais, — ela diz e termina a ligação.

— Então? — Torin pergunta enquanto pega o telefone e olha ao redor da sala. — O que todos pensam sobre a reconstrução?

— Sim para ambos, — Dalton fala e diz primeiro. — Avalon é o nosso maior produtor de dinheiro e a loja de tatuagens de Gabe é um grande atrativo para os turistas. Todo mundo quer ser coberto por um Savage King.

— Obrigado, cara, — Gabe diz com um aceno de cabeça em sua direção.

— Sim para ambos, — responde Abe. — Você nunca pode errar com um bar de peitinhos e a loja é tudo para o meu irmão mais novo.

— Sim para ambos, — Chase concorda. — Na verdade, Gabe, o que você diz sobre um prédio maior para poder atrair mais alguns artistas?

— Inferno, sim, — responde Gabe. — Adoraria a ajuda e acho que poderíamos triplicar a receita com mais dois artistas participando, já que geralmente estou lotado.

— Essa é uma ótima ideia, — diz Torin. — E se tivermos que reconstruir de qualquer maneira, podemos solicitar que um contratado adicione espaço para mais cadeiras. Todoa a favor? — Ele pergunta e todos respondem de acordo. — Alguém se opõe à reconstrução de Avalon?

— Talvez haja espaço para melhorias na reconstrução de Avalon também, — sugiro.

— Como assim? — Chase pergunta.

— Bem, você teria que conversar com as dançarinas, mas os shows virtuais não são meio quentes agora?

— Shows virtuais? — War repete, sua testa enrugada em confusão.

— Você honestamente nunca vê pornografia online? — Miles pergunta à figura paterna do clube.

— Por que eu preciso de pornografia quando tenho uma mulher linda na minha cama? — War retrocede, fazendo Miles revirar os olhos.

— Enfim, — diz Reece. — Eu acho que o que Sax está se referindo é o tipo de pornografia ao vivo, quando os caras se inscrevem para assistir garotas gostosas tirarem suas roupas e... se tocarem enquanto o público assiste.

— Exatamente, — digo. — Não é muito difícil se despir, certo? Talvez até melhor para as dançarinas, porque elas não precisam lidar com os homens que ficam com mãos bobas nas salas privadas ou o que seja. Aposto que poderíamos construir alguns apartamentos por cima do novo Avalon para produção.

— Isso é muito brilhante, — diz Chase. — E esses sites cobram por associações mensais, certo? Se tivéssemos alguns milhares de assinantes para, digamos, cinco garotas, poderíamos ter uma merda de novos lucros entrando. As únicas despesas seriam pagar as mulheres e montar a tecnologia, o que tenho certeza de que Reece poderia fazer com mãos atadas atrás das costas.

— Facilmente, — responde Reece. — Eu precisaria de uma sala de servidores com alguns firewalls e coisas do tipo. Então estaríamos nos negócios no andar de cima e no andar de baixo.

— Parece que podemos tirar o melhor proveito de uma situação fodida, — conclui Maddox.

— Cortaremos uma porcentagem dos lucros do novo Avalon para a família de Jenna, — diz Torin. — É o mínimo que podemos fazer por eles desde que ela morreu em nosso clube.

— Concordo, — diz Chase, seguido pela aprovação de todos os outros.

— Assim que acertarmos tudo com a companhia de seguros, teremos um contratado para começar a reconstruir, — assegura Torin. — Todos sentiremos o impacto em nosso próximo pagamento trimestral, mas passaremos por isso. Apenas sejam pacientes, não apenas com o lado financeiro, mas também com a vingança. Fizemos o que tínhamos que fazer com os russos, mas se são eles que estão nos acertando, teremos que ter cuidado no futuro. Não quero mais inocentes morrendo no meu turno.

— Amém, irmão. Pelo menos a merda não pode ficar pior do que isso, mas os Kings sempre superam, — murmura War, ecoando o sentimento de todos.

E, quando o clima solene enche a sala, não posso deixar de pensar que eles não têm ideia do quanto as coisas podem piorar para eles, graças às evidências que o governador está segurando sobre minha cabeça.


CAPÍTULO DEZESSEIS

Sax

— Eu comprei uma coisa para você, — Isobel sussurra atrás de mim enquanto termino de lavar a louça na pia da cozinha.

— Você me comprou alguma coisa? Não bastava cozinhar o jantar para todos nós? — Pergunto.

— Não é muito, — diz ela. Envolvendo as duas mãos em volta da minha cintura para passar pela frente da minha camisa, ela diz, — Estarei na cama quando você terminar aqui, — antes que ela se afaste.

Nunca em toda a minha vida lavei a louça tão rápido quanto nessa hora. De fato, amanhã provavelmente vou precisar lavá-la novamente. Nós realmente precisamos colocar uma máquina de lavar louça aqui.

Quando entrei no nosso quarto alguns momentos depois, estou apenas um pouco decepcionado ao encontrar Isobel sentada na cama, ainda vestindo suas roupas.

— Você pensou que eu estaria nua, não é? — Ela pergunta com um sorriso.

— Talvez.

— Eu vou ficar nua em breve, — ela promete, o que é tudo o que preciso para o meu pau começar a inchar na minha perna no jeans.

— Isso é bom saber, — digo a ela quando me deito no colchão de lado, com ela do meu lado.

— Você está pronto para o seu presente? — Ela pergunta animadamente.

— Sim.

Chegando ao lado dela na mesa de cabeceira, ela pega um pequeno caderno azul com caneta combinando que é semelhante ao seu rosa.

— Este é para sua lista de desejos, — diz ela quando a coloca na minha frente na cama. — Agora você tem um para poder começar a anotar todas as coisas que deseja fazer ou ver antes de morrer.

— Obrigado, — digo a ela, sentando-me para dar um beijo em sua bochecha.

Posicionando minhas costas contra a cabeceira da cama, puxo a caneta e abro o caderno para a primeira página em branco.

— Bem, eu queria beijar você, então esse é um que eu posso riscar, — digo enquanto escrevo — Beijar Isobel, — na primeira linha e ponho uma marca de seleção ao lado. — Então fui mergulhar pelado, o que é algo que nunca tinha feito antes, mas sempre quis fazer, — acrescento, verificando também.

— Agora adicione 'viaje ao redor do mundo em seu barco', — instrui Isobel, então eu anoto. — O que mais? — Ela pergunta.

— Vou precisar de algum tempo para pensar sobre isso.

— Deve haver algumas ideias em sua mente, não importa quão forçadas, impossíveis ou tolas. Apenas escreva, Sax. Então encontre uma maneira de arranjar tempo para fazê-las!

— Ok, — respondo com uma expiração pesada antes de escrever o que eu queria fazer desde criança.

Isobel inclina a cabeça para o lado para ler em voz alta. — Encontre um naufrágio. Você quer dizer tesouro pirata? — Ela pergunta com um sorriso.

— Não para tentar encontrar ouro e ficar rico ou o que for, mas apenas para estudá-lo. Eu acho que seria muito legal encontrar um pedaço da história no fundo do oceano.

— Ah, entendi, — diz Isobel. — Você é um idiota da história.

— Não, eu não sou, — zombo indignado, fazendo-a rir. Finalmente, admito a verdade. — Ok, então talvez eu seja um pouco.

— Isso é adorável, — diz ela. — Eu sabia que você não era um Savage King. Você quer ser um pirata selvagem. — Uma risadinha escapa de seus lábios curvos antes de acrescentar, — Você já tem o barco e o gato de um olho só. Oh! Você deveria conseguir um pequeno remendo preto para Willy usar!

— Você se acha hilária, não é? — Provoco logo antes de me lançar para ela, puxando-a de volta no colchão e prendendo-a debaixo de mim enquanto aperto suas laterais, fazendo cócegas nela.

— Pare! Pare! Trégua, Capitão! Por favor! — Isobel se contorce e ri.

— Obrigado, — digo a ela quando finalmente cedi, pairando sobre ela. — Tentarei marcar o maior número possível de itens na minha lista de desejos. E agora eu sei que nunca deixarei ninguém ler, — brinco antes de roubar um beijo em seus lábios. E depois outro até que nós dois estamos nus e nos perdemos no corpo um do outro.


CAPÍTULO DEZESSETE

Isobel

Na manhã seguinte, assim que acordo, deslizo silenciosamente no quarto de Cooper para ver como ele está. A partir do momento em que minha mão toca sua testa, percebo que ele está com febre.

— F-frio, — ele gagueja, porque ele também está tremendo.

— Desculpe, mas não há mais cobertores para você até que sua febre diminua, — digo a ele, mesmo que ele provavelmente não possa me ouvir.

Agarrando o termômetro da parte superior da cômoda, sento-me na beira do colchão e coloco o aparelho embaixo da axila para ver o quão alta está desde a minha última verificação, por volta das quatro da manhã. Naquela hora, tinha sido 37°C, então eu tinha voltado para a cama com Sax.

Cooper mal percebe o que estou fazendo, com os dentes batendo com tanta força e o resto do corpo estremecendo.

Finalmente, o bipe baixo no termômetro me diz que está pronto e eu me encolho com o resultado. Sua temperatura agora é 38° debaixo do braço, que geralmente é um grau mais baixo que a temperatura real.

Corro para o quarto de Sax onde dormimos ontem à noite para lhe contar as más notícias.

— Sax, — digo quando estou ao lado dele e dou uma sacudida em seu ombro nu. — Ei, Sax. Cooper está com febre.

— Merda, — sua voz grogue resmunga antes mesmo de abrir os olhos. — Alta?

— Alta o suficiente, — respondo quando ele me olha com um olho azul. — Podemos tentar dar-lhe um pouco de Tylenol e ver se isso diminui, mas é preocupante de qualquer maneira. O corpo dele está tentando combater uma infecção.

— Sim, vamos torcer para que o Tylenol funcione, — concorda Sax.

— Você pode me ajudar a sentar Cooper, para que ele possa engolir alguns comprimidos? Ele está tremendo e parece bastante infeliz.

— Ah, sim, é claro, — diz Sax enquanto se levanta na cama. — Deixe-me vestir minhas roupas e eu te encontro no quarto dele.

— Vou pegar a garrafa no armário da cozinha, — digo desde que me lembro de ver alguns remédios padrão lá ontem.

Não é fácil manter Cooper alerta o suficiente para tomar as pílulas, mas finalmente conseguimos que ele engulisse dois Tylenol extrafortes, com um gole de água, antes dele desmaiar novamente.

— Por que ele está tão... — Sax pergunta enquanto paramos sobre seu amigo. — Fora de si.

— Seu corpo está tentando se recuperar de um trauma grave. Espero que seja apenas a febre alta deixando-o fraco e com sono, mas, pelo que sabemos, ele pode ter lesões internas. Sem uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética, não há como saber.

— Você acha que precisamos levá-lo ao hospital? — Pergunta Sax.

— Sim, mas eu entendo o motivo pelo qual você não pode, — asseguro a ele. — Por enquanto, podemos atribuir sua condição à febre, mas talvez seja necessário encontrar algo mais forte que o Tylenol, se ela não diminuir logo.

— Sim, tudo bem, — Sax concorda. — O que fazemos agora?

— Esperar, — digo a ele. — Isso é tudo o que podemos fazer. Esperar e deixá-lo descansar e se recuperar. Ele tem sorte de estar vivo. Se ele sobreviveu a um prédio explodindo, poderá superar esses ferimentos.


***


Sax

Enquanto espero para ver se os remédios de Coop funcionam, me junto aos caras na sala para assistir a um jogo de beisebol na televisão. Apesar da deliciosa refeição que Isobel fez ontem para nós, hoje os caras estão pensativos, preocupados com o aumento da temperatura de Cooper e com a falta de suas mulheres. O silêncio e a tensão são tão espessos na sala que você pode cortá-los. Então, quando vejo Isobel saindo pela porta dos fundos com o violão nas mãos, levanto-me e a sigo.

Ela já está sentada num dos degraus, dedilhando sua palheta sobre as cordas quando saio.

— Entediada? — Pergunto a ela quando me sento ao lado dela.

— Não, de jeito nenhum, — ela responde com um sorriso. — Eu gosto do tempo de inatividade. Mas preciso de uma distração para não me preocupar desnecessariamente com a febre de Cooper.

— Você está preocupada com ele? — Pergunto surpreso.

— Bem, sim. Ele é meu paciente, e febre significa infecção, — responde Isobel. — Se o corpo dele não pode lutar contra isso...

— Vamos precisar de algo forte e talvez tenhamos que ceder e levá-lo ao hospital? — Terminei.

— Sim, — ela concorda. — E sei que isso tornaria tudo mais complicado quando os caras já estão tensos o suficiente, preocupados com Cooper e chateados com quem é o responsável.

— Bem, vamos apenas rezar para que a febre diminua, — digo num suspiro.

Os dedos de Isobel se movem sobre as cordas do violão quando ela começa a tocar uma música um tanto familiar.

— Algumas pessoas não acreditam, mas acho que a música é boa para a alma, — ela me diz. — Os estudos até mostram que isso pode ter um efeito positivo nos doentes quando as músicas são relaxantes e familiares.

— Realmente? — Respondo, pois nunca pensei na música como remédio para doenças.

— Claro, — diz Isobel. — A música pode reduzir a ansiedade, ajudar a depressão, diminuir a frequência cardíaca e a pressão arterial. Há uma razão para tantas pessoas gostar de ouvir suas músicas favoritas repetidas vezes. Ouvir música libera dopamina, o que melhora o seu humor. Todo mundo conhece uma música que pode te animar toda vez que você a ouve.

— Oh, sim? — Pergunto. — Como o quê?

Em vez de me dizer o título da música, Isobel toca a melodia no violão até eu entender. — Walking on Sunshine, certo? — Acho, então me lembro do idiota na casa do pai dela mencionando isso. Daniel disse que Isobel cantava para seus pacientes para acalmá-los e sempre funcionava.

— Quem pode ouvir essa música e não se sentir um pouco mais feliz depois que ela acaba? — Ela diz enquanto toca a última corda.

— Isso é verdade, — concordo. — Mesmo que não seja exatamente o meu estilo, ainda é inspiradora.

— Então, qual é o seu estilo? — Isobel pergunta.

— Eu não sei, ouço rock, principalmente. Caras como Tom Petty. Tenho um monte de CDs dele no barco.

Isobel ajusta o aperto no braço do violão e, um momento depois, começa a tocar — American Girl. — Enquanto ela entra no ritmo, ela começa a cantar as letras familiares enquanto eu sento e a encaro, hipnotizado.

— De quem mais você gosta? — Ela sorri para mim enquanto termina a música com um floreio alguns minutos depois.

— Eu... Isobel, isso foi incrível, — digo a ela. — Outro cantor que eu gosto? Cara, eu não sei, talvez Bruce Springsteen? — Gaguejo. Fico sem palavras quando ela imediatamente lança outra música, — Born to Run. — Encaro-a com o queixo frouxo, ainda incapaz de encontrar palavras quando ela termina a música.

— Como você faz isso? — Finalmente consigo perguntar a ela. — Como você conhece os acordes e as letras de cabeça? — Pergunto a ela com total reverência. Eu sabia que ela era talentosa depois de vê-la no palco, mas agora ela está me enlouquecendo.

Erguendo um dos ombros e deixando cair, ela diz, — A música vem tão naturalmente para mim quanto a respiração.

— Então, por que não fazer uma carreira com isso, Iz? — Pergunto.

— Porque ninguém suga a alma da música mais do que gravadoras. Músicos são espremidos por cada centavo para que os idiotas corporativos gananciosos possam ficar mais ricos. Eu quero mais liberdade, não menos, mesmo que eu goste de cantar e tocar.

— Eu, ah, acho que faz sentido, — digo a ela. Isobel se recusa a ser amarrada por algo ou alguém. E aqui estou eu, tentando fazer exatamente isso com ela.

— Toco nos bares que quero e não peço um centavo, — diz ela. — Faço isso porque quero e gosto, não para tentar lucrar com algo que amo.

— Entendo, — digo honestamente. Deslizando minha mão por baixo das costas de sua blusa, me inclino para beijar sua bochecha e depois movo meus lábios até seu pescoço, sobre sua orelha. — Você tocará outra coisa para mim? — Pergunto.

— Alguma solicitação? — Ela pergunta enquanto estremece.

— Escolha da senhora, — respondo, mordiscando seu pescoço com os dentes antes de me afastar.

— Bem, nesse caso, — diz ela enquanto começa a tocar a música. Não é uma música que reconheço imediatamente, embora a letra comece um pouco dura. Quando ela chega ao coro de — Who Will Save Your Soul, — de Jewell, os pelos dos meus braços se arrepiam, e não da mesma maneira que na primeira vez que ouvi Isobel cantando no palco. Não, desta vez, a música é muito acusatória, porque eu menti para ela e me sinto infeliz por isso.

Isobel estava errada. Às vezes, as músicas podem fazer uma pessoa se sentir pior do que já se sente, não melhor.

Estou tão perdido em meus próprios pensamentos, me afogando no meu mar de culpa, que nem percebo que a porta dos fundos está aberta até que haja uma salva de palmas e até alguns assobios quando Isobel para de tocar.

— Ela é uma enfermeira, ela cozinha e canta como um anjo? — Diz Dalton. — É melhor você colocar um anel no dedo dela e trancar essa merda agora, Sax, — acrescenta, estendendo a mão para bater no meu ombro.

— Obrigada, meninos, — diz Isobel quando ela se levanta com o violão ainda pendurado no ombro para se virar e fazer uma reverência.

— Você conhece alguma banda dos anos 90, Alice in Chains ou Pearl Jam? — Abe pergunta.

Sacudindo-me dos meus próprios pensamentos sombrios, digo aos rapazes: — Ela é como uma jukebox humana. Nomeie uma música e ela poderá tocá-la.

— De jeito nenhum, — diz Maddox. — Que tal tocar um pouco de Skynyrd?

Pela próxima hora, Isobel dá aos Savage Kings seu próprio concerto privado. E apenas um olhar para todos os seus rostos e eu posso ver exatamente o que ela quer dizer sobre música relaxando as pessoas. Todo mundo está tenso e nervoso desde os atentados de ontem e enquanto esperamos Cooper melhorar. Então, Isobel trabalhou sua magia neles mais uma vez, desta vez com música em vez de comida, e há uma mudança completa no clima da casa pelo resto da noite.

Ela é tão incrível, praticamente brilhando com calor e bondade. E eu sou um idiota; porque para salvar os Kings, vou ter que apagar um pouco dessa luz.


CAPÍTULO DEZOITO

Sax

De manhã, a temperatura de Cooper é mais alta, não mais baixa, por isso convocamos uma reunião de grupo na cozinha.

— Nós vamos ter que comprar um antibiótico forte ou leva-lo a algum hospital, — diz Isobel. — Uma vacina de tétano também não faria mal, já que não sabemos se ele teve uma nos últimos dez anos. Havia muitos detritos aleatórios alojados em suas feridas.

— Onde conseguimos esse tipo de coisa? Uma farmácia? — Torin pergunta.

— Não podemos obter de uma farmácia sem receita médica ou levá-lo lá para a injeção, — diz Isobel. — Um hospital local é a nossa melhor aposta. Eles estão mais ocupados, com mais funcionários circulando, por isso será mais fácil roubá-los do que uma farmácia.

— Ok, eu vou, — me voluntário.

— Não, Sax, — ela objeta. — Você não saberá onde ou como entrar nas máquinas de remédios. Fiz um estágio no hospital e posso me misturar.

Todos nós a encaramos em silêncio, provavelmente pensando a mesma coisa – ela não vai se misturar.

— Vou pintar meu cabelo de volta ao castanho e usar algumas roupas. Confie em mim, pessoal, eu posso fazer isso.

— Tudo bem, mas eu vou com você, — digo a ela.

— Ok, se você insistir, — ela concorda. — Se alguém conseguir a tinta de cabelo e o jaleco iremos hoje à noite. Os ERs de hospitais são inundados nos fins de semana, quando os consultórios médicos estão fechados, especialmente depois do anoitecer, quando as pessoas começam a beber e a fazer coisas idiotas.

— Eu vou pegar as duas coisas para você agora, — se voluntaria Cedric. Provavelmente porque ele sabe que o enviaremos de qualquer maneira, já que ele é um prospecto.

E com certeza, algumas horas depois, Isobel sai do banheiro parecendo tão... normal. Não posso acreditar o quão diferente ela fica com o cabelo de volta à sua cor natural, ou pelo menos uma cor de cabelo encontrada na natureza. Agora ela é a garota inocente que seu pai quer desesperadamente que ela seja.

— Prefiro o cabelo azul, — digo a ela enquanto pego um fio de seda pendurado ao lado de seu rosto e o deslizo pelos meus dedos.

— Bom, porque estará voltando ao turquesa e roxo assim que terminamos, — promete ela.

Apesar de parecer natural, percebo que essa garota não é a verdadeira Isobel. Uma vez, ela disse ao pai que o cabelo e o vestido de couro eram uma fantasia, uma maneira de esconder o fato de que ela é filha do governador. Agora sei que ela estava mentindo. Seu cabelo selvagem e estilo de vida são quem ela realmente é, quem ela quer ser. E não quero ser o único a pedir que ela mude por seu pai. Mas tenho que tentar. Há muita coisa em jogo.

Além disso, Isobel só precisa voltar à sua vida normal por alguns meses.

Ou então, digo a mim mesmo, antes de me lembrar de algo que o governador me disse no primeiro dia em que nos conhecemos quando ele veio à minha cela.

Ele tem ambições presidenciais.

Ele não precisa de Isobel para se ajustar ao seu molde por alguns meses. Aposto que ele vai tentar forçá-la a ser alguém que ela não é por anos.


CAPÍTULO DEZENOVE

Isobel

— Vou ficar por perto e criar uma distração para o caso de alguém te pegar, — Sax me promete depois que ele desliga o motor de sua motocicleta do lado de fora do estacionamento lotado do pronto-socorro. Primeiro, tivemos que fazer uma parada rápida no barco dele para alimentar seu gato, o que foi muito doce.

— Apenas seja paciente, — digo a ele. — Primeiro, precisarei roubar o cartão de acesso de alguém e depois terei que assistir as enfermeiras abrirem as máquinas aqui algumas vezes antes de tentar.

— Ok, — ele concorda. — Cuidado e boa sorte, — ele acrescenta antes de me dar um beijo rápido nos lábios. — Estarei na sala de espera. Se você tiver problemas, começarei uma confusão enquanto você sai.

Desde esta tarde, quando pintei meu cabelo, Sax tem estado estranho. Dou-lhe mais um beijo rápido e entro rapidamente na entrada principal, perto da sala de emergência. O que quer que esteja incomodando ele terá que esperar, e me forço a tirar isso da cabeça enquanto passo pelo check-in e desço os corredores até as entranhas do hospital.

O truque para fazer algo obscuro, como aprendi por tentativa e erro, é sempre agir com confiança e agir como se você pertencesse. A sala de emergência está selvagem e agitada esta noite, com uma cacofonia de gemidos, gritos e vozes elevadas ecoando pelos corredores enquanto eu vasculho as portas, procurando por uma placa em particular. Médicos de jaleco branco e todos os tipos de enfermeiras, auxiliares e funcionários de uniforme passam por mim enquanto eu perambulo, logo tropeçando num corredor dos fundos com a porta exata que eu precisava.

— Sala de plantão, — sussurro. — Bingo! — Acrescento enquanto me inclino na parede do lado de fora da porta, fazendo o meu melhor para colar uma expressão preocupada no meu rosto. Enquanto o corredor está limpo, tento disfarçadamente abrir a porta, mas está trancada, como eu esperava. Há um pequeno teclado numérico sobre a alça, mas deixo em paz por enquanto. Poucos instantes depois, ouço passos se aproximando, e quando um homem de jaleco branco aparece na esquina lendo um tablet, eu rapidamente passo para interceptá-lo.

— Dr. Nelson! — Chamo enquanto leio seu crachá. — Graças a Deus você veio, — jorro com o meu sorriso mais encantador. — Sou uma nova estagiária, e esta é minha primeira rotação no pronto-socorro, e pela minha vida não me lembro do código do salão. Deixei minha identificação lá mais cedo... — paro com um olhar de olhos arregalados, implorando por sua ajuda.

— Você não é a primeira e não será a última, — o Dr. Nelson sorri para mim, obviamente apaixonado. — Caramba, eu tive que escrever os códigos no meu antebraço por duas semanas para todas as portas deste lugar. — Andando até a porta, ele digita um código no bloco e abre a porta para mim. — Shhh! — Ele segura um dedo nos lábios enquanto usa o pé para abrir a porta. — Não acorde os outros ou haverá um inferno para pagar. Boa sorte, doutora...?

— Wrigley, — ofereço num sussurro. — Muito obrigada, Dr. Nelson. Vejo você mais tarde, tenho certeza! — Entro na sala de plantão e fecho rapidamente a porta atrás de mim, para o caso de meu novo amigo ter alguma ideia de me seguir.

Olhando em volta, vejo várias figuras enroladas nos beliches nas sombras da sala. Os estagiários sempre correm para o chão, então eu respiro um pouco de alívio enquanto me movo mais fundo na sala. Eu sei que todo mundo aqui provavelmente poderia dormir durante o apocalipse, então não estou muito preocupada com alguém me notando. Só preciso de uma volta pela sala para encontrar o que necessito. Uma das estagiárias está deitada de costas, com o braço sobre os olhos, roncando baixinho com a identificação presa perfeitamente no peito de seu avental. Com um movimento hábil, eu o levanto livre, nem mesmo interrompendo sua respiração. Se o resto do meu plano continuar, estarei fora daqui antes que minha vítima acorde.

Saio da sala de plantão com minha identificação recém-descoberta presa nos meus uniformes, depois corro de volta pelos corredores em direção à sala de emergência. Tenho sorte de não precisar roubar nenhum medicamento — pesado, — pois os problemas que Cooper está enfrentando devem exigir apenas antibióticos. Quando estou perto da sala de emergência, localizo rapidamente um armário de suprimentos e uso o crachá de identificação para deslizar para dentro.

Lá dentro, pego um par limpo de bata azul marinho, dobrada e empilhada do lado de dentro da porta, sem sequer olhar para ver qual é o tamanho delas. Não preciso delas para usar, mas para ocultar o resto do meu contrabando. Envolvo rapidamente dois kits de IV, bem como um saco de soro fisiológico e eletrólitos. Depois de prender o pacote debaixo do braço, deixo o armário e vou para as salas de exames dos pacientes do pronto-socorro.

Paro brevemente do lado de fora de cada quarto para escanear os prontuários do paciente, pegando cada um deles e lendo-o descaradamente, como se eu fosse o médico assistente deles. Nenhuma das enfermeiras correndo pelo pronto-socorro se incomoda em olhar para mim; e em apenas alguns minutos, encontrei a sala de que preciso.

— Como vai, Sr. Wilkinson? — Pergunto enquanto entro na sala de um senhor idoso que, de acordo com sua ficha, se apresenta hoje à noite por suspeita de pneumonia.

— Doutora? — Sr. Wilkinson chia. — Pensei que você estivesse aqui há um momento atrás. Eu devo ter cochilado um pouco. Estou aguentando tudo bem, ainda estou esperando por um quarto abrir. Parece que vou ficar alguns dias.

— Bem, nós vamos cuidar muito bem de você, senhor, — o asseguro enquanto verifico os medicamentos no seu soro. Uma bolsa de antibióticos já está fluindo para ele, mas as enfermeiras foram boas o suficiente para preparar uma segunda bolsa de Zithromax e deixá-la em espera no poste. — Tudo parece bom aqui, — acrescento para o paciente, rapidamente adicionando a bolsa secundária ao meu estoque. — Mas se você precisar de alguma coisa, não hesite em ligar para a enfermeira, ok?

— Mais uma vez obrigada, doutora, — diz Wilkinson, passando para uma posição mais confortável na cama. Com um pequeno suspiro de alívio, saio da sala, tentando, sem sucesso, esmagar o pico de culpa que sinto ao roubar o antibiótico daquele pobre velho. Não tenho dúvidas de que isso será atribuído a um erro simples e substituído, mas ainda não consigo deixar de sentir vergonha. Consolando-me com o conhecimento de que estou fazendo isso para ajudar Cooper, me reuno à multidão de pessoas na área de espera da sala de emergência. Vejo Sax imediatamente; e depois que eu aceno com a cabeça, ele se levanta e se move em direção às portas de saída.

Enquanto estou no meio da multidão aglomerada perto da mesa de check-in, largo o cartão de identificação que furtei e depois saio pelas portas deslizantes que parecem estar permanentemente abertas com todas as pessoas aglomeradas dentro.

— Você teve algum problema? — Sax me pergunta assim que estamos a uma distância segura do estacionamento.

— Não, felizmente eles estão tão ocupados que ninguém sequer olhou duas vezes para mim. Deus, isso foi estressante, no entanto. Não roubei nada desde a adolescência e peguei uma barra de chocolate no posto de gasolina. Agora lembro porque nunca adicionei 'roubar' à minha lista de desejos. Eu nunca mais quero fazer isso de novo!

— Me desculpe, tive que pedir para você ajudar com isso, — diz Sax quando alcançamos sua motocicleta. — Não posso te dizer o quanto isso significa para mim e para meu pessoal. Poderíamos colocar muitas pessoas em perigo se Cooper fosse internado. Você fez algo de bom aqui, mesmo que eu saiba que não deve parecer. Não posso acreditar o quão suave você estava lá; você entrou e saiu em menos de trinta minutos.

— Vamos, Capitão, aponte este navio em direção à costa, — brinco enquanto coloco meu capacete e coloco os pacotes em seu alforje. Estou mais satisfeita com o elogio dele do que gostaria de admitir, e posso admitir para mim mesma que é bom estar realmente ajudando alguém de novo. — Vamos ver se valeu a pena, assim que Cooper começar a se recuperar.


CAPÍTULO VINTE

Isobel

Meus passos param quando entro no quarto e encontro Cooper sentado na beira do colchão. — Oh, meu Deus. Você está bem acordado! — Digo surpresa.

— O quê? — Ele grita comigo, obviamente incapaz de ouvir o volume de sua própria voz. Estendendo a mão devagar, como se seus braços estivessem pesados, ele coça a parte de trás da cabeça na cama emaranhada e pergunta, — Quem diabos é você? — Antes que eu possa tentar responder, ele deixa o braço cair de lado e diz, — Na verdade, eu não ligo. Apenas me diga onde eu posso mijar.

Agarrando seu cotovelo, viro o braço e suspiro impotente quando vejo onde ele tirou o IV que inseri na noite passada. — Bem, a boa notícia é que você pelo menos pegou todos os fluidos nas veias antes de arrancar tudo, — digo a ele. Ele não responde, então eu o ajudo a ficar de pé e o guio para fora do quarto até o banheiro no corredor.

Assim que ele se fecha, eu grito, — Gente! Cooper está acordado! — Mesmo que alguns provavelmente ainda estejam dormindo.

Motoqueiros seminus aparecem de todas as portas em segundos, me cercando completamente antes que entrem no quarto em que Cooper está dormindo.

— Onde ele está? — Torin pergunta.

— Banheiro, — respondo com um aceno de cabeça em direção à única porta fechada.

— Como está a temperatura dele hoje? — Pergunta Sax.

— Não sei. Ele estava de pé e fora da cama antes que eu pudesse verificar. Mas toquei seu braço, e ele não estava quente. O fato de ele estar de pé é um bom sinal, e agora pode ser o melhor momento para conseguir caneta e papel para contar-lhe sobre sua audição.

— Boa ideia, — Chase concorda. — Alguém tem papel ou caneta?

— Sim, — digo, e então corro de volta para o nosso quarto para pegar meu caderno da lista de desejos e caneta da minha bolsa. Virando para uma página em branco quando volto para o corredor, pergunto aos rapazes: — Devo começar dizendo a ele que houve uma explosão e seus tímpanos explodiram e que por isso ele não pode nos ouvir?

— Isso funciona, — Torin concorda. — Então, vamos a partir daí.

A descarga do banheiro é acionada, na pia há o som de água e, alguns minutos depois, a porta do banheiro se abre. Cooper se surpreende fisicamente quando vê todos reunidos, porque não nos ouviu conversando no corredor.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Ele pergunta.

— Vamos levá-lo para a cama antes de entrarmos nos detalhes, — sugiro.

— Hã? — Cooper grita quando War e Torin agarram seus cotovelos e o conduzem de volta para o quarto. — O que está acontecendo? — Ele pergunta. — Por que ninguém me responde, porra! — Ele grita depois que cai de volta na cama.

Ofereço-lhe o caderno e aponto para as palavras que escrevi quando estávamos no corredor.

— Sim, eu me lembro da explosão, — diz ele. — Quem fez isso?

Os caras encolhem os ombros no gesto universal para não ter ideia, para que não precise ser anotado.

— Merda, meus tímpanos estão fodidos. É por isso que há barulhos e zumbidos neles? — Cooper pergunta.

Concordo com a cabeça e, em seguida, pego de volta o caderno para anotar que precisamos levá-lo a um fonoaudiólogo agora que ele está se sentindo melhor antes de virar para mostrar a ele.

— Tudo bem, — ele murmura depois de ler. — Qualquer coisa para fazer isso parar – espere, Jenna? — ele pergunta, seus pálidos olhos azul-prateados se arregalando em pânico enquanto olha ao redor da sala.

Para esta resposta, entrego o caderno a Torin, o responsável. Sinto que isso é algo que ele deveria — ouvir— de um de seus irmãos.

Assim que Torin entrega a ele o livro com as palavras que ele escreveu na página, Cooper geme e balança a cabeça quando o caderno cai de suas mãos. — Não! Não, Deus, não! — Ele exclama enquanto suas mãos esfregam seu rosto. — Ela tem um filho... e o filho dela?

— Oh, porra, — alguém murmura, já que nenhum deles aparentemente conhecia essa informação.

— Precisamos obter um nome e endereço da família dela, — diz Torin em voz alta enquanto pega o caderno para provavelmente escrever a mesma coisa.

— Ninguém teve sorte, mas vamos continuar tentando, — oferece Sax.

— Quando os encontrarmos, veja o que eles vão precisam, quanto dinheiro para o funeral e outras despesas. Nós vamos cuidar do filho dela, — diz Torin enquanto puxa a mão de Cooper do rosto para mostrar a escrita na página. Em vez de fazê-lo se sentir melhor, ele desmorona e soluça. — Não foi sua culpa, — diz Torin antes de rabiscar a frase na página e segurá-la na frente do rosto. — Não foi, ok?

— Vamos dar a ele algum tempo para processar tudo isso por conta própria, — sugiro. — Talvez alguém possa localizar um fonoaudiólogo na área e ligar para marcar uma consulta o mais rápido possível, pois não tenho permissão para ter um telefone.

— Eu farei isso, — oferece War.

— Obrigado, cara, — diz Torin. — Vou ficar aqui com ele se todos vocês quiserem nos dar algum tempo...

— Precisamos verificar sua temperatura em breve e mudar suas bandagens, — digo a ele. — Deixe-me saber quando você acha que ele está pronto.

— Obrigado, Iz, — diz Torin, usando meu apelido abreviado como se ele estivesse finalmente me aceitando no grupo.

Foi quando me ocorreu que eu só concordei em ficar até Cooper acordar, o que é... hoje.


***


Sax

— Você descobriu algo sobre a família dela? — Isobel pergunta quando ela se junta a mim do lado de fora no quintal depois que eu fiz algumas ligações.

— Não, — respondo com um suspiro. — Jade falou com algumas das dançarinas, mas nenhuma delas sabia se sua família é local ou não. Ninguém mencionou uma criança, então ela deve ter mantido isso para si mesma. Reece também não teve sorte. Não havia outros Higgins em Durham de onde ela é originalmente. Acabei de ligar para o médico legista e eles disseram que ninguém havia reivindicado seu corpo, então ela não tem família ou ainda não a conhece.

— Jesus, — diz Isobel. — De qualquer forma, é horrível, especialmente porque ela tem um filho.

— Vamos continuar tentando localizá-los, — diz ele. — Você por acaso tem um laptop que possa me emprestar?

— Sim, há um na minha bolsa, só não o usei por medo de que fosse confiscado também.

— Vou tentar recuperar o telefone, — digo a ela. — Torin relaxou e confia mais em você agora que você roubou um hospital para ajudar Coop e ele voltou a se levantar.

— Fisicamente, talvez, — diz ela. — Ele ainda terá que lidar com a questão da audição e a turbulência emocional. Ele está sofrendo muito, Sax.

— Ele se culpa por qualquer razão. Jenna era sua funcionária e agora ele se sente culpado por não poder salvá-la.

— Ele não deveria, — diz Isobel. — Não havia nada que ele pudesse ter feito para parar uma bomba que outra pessoa plantou.

— Talvez não, mas eu entendo, — digo a ela.

— Certo, você se culpou erroneamente quando April morreu, — responde ela.

— Sim, fiquei chateado com ela por festejar, ficar chapada e ver outros caras. Deveria ter feito mais para conseguir ajudá-la, estar mais por perto. Mas fiquei chateado e a afastei depois que descobri que ela dormiu com outra pessoa.

— Não foi sua culpa, Sax. Às vezes, as pessoas fazem coisas estúpidas que sabem que não deveriam e qualquer consequência recai exclusivamente sobre elas.

Concordo com a cabeça, mas não tenho nada a dizer sobre isso. A morte de April foi parcialmente minha culpa, e é sempre assim que eu verei. Isobel nunca conseguirá entender.

— Eu não parei exatamente de ser enfermeira, — ela me diz.

— O que você quer dizer? — Pergunto.

— Fui demitida por aparecer bêbada ou de ressaca por ficar em bares e discotecas tarde demais, — ela começa. — Danny sabia, e ele me deu mais chances do que eu merecia. Sinceramente, aproveitei o fato de sermos amigos e tinha certeza de que ele não me despediria, — explica ela antes de colocar o cabelo ainda castanho atrás da orelha. — Mas um dia, meu pai sentiu o cheiro do álcool no meu hálito e denunciou Danny e eu à junta médica. Eu disse a eles que ele não sabia nada sobre a minha bebida, então eles tiraram minha licença, mas o deixaram ficar com a dele.

— Droga, Iz. Isso é horrível, — eu digo. Não tinha ideia de que foi por isso que ela deixou a enfermagem.

— Acho que, no fundo, queria que eles levassem minha licença o tempo todo, e foi por isso que continuei bebendo em excesso. Eu queria finalmente ser livre para fazer o que quisesse.

— Por que você jogaria fora os anos que levaram para obter seu diploma de enfermagem e tudo, se você realmente não queria? — Pergunto a ela.

— Quando eu era mais jovem, pensava que uma carreira de enfermagem era o que eu queria, para poder ajudar pessoas como minha mãe. E então recebi os resultados dos testes genéticos que fiz por capricho e descobri a verdade.

— A verdade? Sobre o quê?

— Minha mãe nunca teve câncer, como meu pai me disse, — diz Isobel. — Ela tinha a doença de Huntington e ele escondeu de mim.

— O que é Huntington, de novo? Sei que já ouvi isso antes, mas não me lembro dos detalhes, — digo a ela.

— É uma, ah, condição genética rara que quebra os nervos no cérebro de uma pessoa, e é por isso que é sempre fatal, eventualmente.

— Jesus.

— Os filhos dos pacientes de Huntington têm cinquenta por cento de chance de herdá-la, — explica Isobel. — Eu tenho.

— Espere aí. Você tem a doença de Huntington, tipo, agora mesmo? — Pergunto incrédulo e ela assente. Ela parece tão saudável! — Você está bem? O que exatamente isso significa?

— Estou bem agora, mas já comecei a mostrar sintomas – as contrações ocasionais dos dedos, mãos e pés, a falta de jeito e a queda das coisas, o que significa que nos próximos dez a quinze anos os nervos do meu cérebro vão se deteriorar um pouco mais a cada dia até que eu não seja mais capaz de cuidar de mim mesma e a doença finalmente me mate.

— Você não pode estar falando sério, — digo. — Você é perfeitamente saudável. Deve haver algum tipo de erro...

— Não há engano, Sax! Eu só tenho talvez uns dez bons anos restantes. Depois disso, ficarei de cama até não poder mais falar ou comer e depois vou morrer.

— Não. Tem que haver algo que os médicos possam fazer antes que tudo fique ruim.

— Existem remédios para ajudar com os sintomas, mas não há cura, — diz ela balançando a cabeça.

— Ainda não, mas talvez um dia. Você não pode simplesmente perder a esperança, Iz.

— Sax, é uma doença rara. Não são suficientes as pessoas que gastam bilhões de dólares em pesquisas para encontrar uma cura. A única maneira de parar com isso para quem tem, é parar de procriar.

— Uau, — digo, ainda em estado de choque, incapaz de formular outras palavras. É por isso que ela teve suas trompas amarradas, para se certificar de que ela não passará a doença para seus filhos.

— Que irônico, certo? — Ela pergunta. — Queria trabalhar com crianças e depois descobri que não posso ter nenhuma, — diz Isobel com tristeza. — Essa é outra razão pela qual, no fundo, queria sair da pediatria.

— Você poderia... você ainda pode ter filhos, se quiser. Há uma chance deles não herdarem.

— Não estou disposta a arriscar e condenar um pobre garoto a morrer na casa dos quarenta!

— E a adoção, então? — Ofereço.

— Não, — ela diz sem hesitar. — Qualquer criança que eu tenha, minha ou de outra pessoa, estará destinada ao mesmo inferno – cuidar de mim, me ver desmoronar.

— É por isso que você... é por isso que você tem uma lista de desejos, — digo, entendendo.

— O tempo está passando, — responde Isobel. — A cada dia eu chego mais perto do fim, quando não conseguir andar, conversar ou fazer o que quero.

— E seu pai sabe disso? — Pergunto horrorizado. — Ele sabe que você tem Huntington e que sua vida será interrompida?

— Claro, — ela responde. — Ele foi a primeira pessoa que eu disse. Eu o confrontei depois que recebi meus resultados e comecei a investigar a história de minha mãe. Você sabe o que ele fez? — Ela diz.

Balanço a cabeça, incapaz de falar porque estava tentando fazer o que seu pai queria, mantê-la no chão, impedi-la de viver sua vida ao máximo, o que é o mínimo que ela merece.

— Meu pai imprimiu o obituário de minha mãe no jornal quando eu tinha dez anos para me convencer e a todo mundo que ela se fora. Tivemos um serviço memorial para ela!

— Ela não estava morta? — Pergunto.

— Não! Ela não morreu até quase cinco anos depois! Ele a escondeu de mim e do mundo num lar de idosos porque disse que não queria que eu a visse assim – para ver o que eu suportaria em apenas algumas décadas! Eles me testaram quando eu era criança e sabiam o que aconteceria. Ele não queria que eu soubesse que minha vida terminaria antes de eu chegar aos cinquenta.

— Deus, Isobel. Eu estou tão... eu sinto muito, — digo honestamente.

— Você não tem por que se desculpar, — ela responde com um pequeno sorriso. — Estes últimos dias com você foram alguns dos melhores da minha vida. Eu não tinha percebido o quão isolada e sozinha eu estava antes de você aparecer. Mas agora você sabe porque não posso me deixar chegar muito perto de você ou de qualquer outra pessoa.

Eu tenho que limpar a emoção da minha garganta antes que eu possa perguntar, — E por que exatamente é isso?

— Porque ninguém quer ser o homem que precisa alimentar e banhar sua esposa doente por anos antes de perdê-la. Nem mesmo meu próprio pai, que pensei que amava minha mãe, conseguiu. Ele a jogou numa casa para que alguém pudesse cuidar dela enquanto ele fingia que ela estava morta e continuava com sua vida.

Pânico. Tudo o que sinto dentro de mim é um pânico crescente e sufocante quando a sinto escapando de mim para sempre.

— Eu posso te conhecer há alguns dias, Iz, mas eu faria qualquer coisa para passar todos os dias do resto da minha vida com você, — digo honestamente.

— Sax... — Ela começa.

— Estou falando sério, — digo quando agarro a mão dela. — Fique comigo. Ou deixe-me ir com você. Só não quero que isso acabe ainda.

— Você não sabe o que está dizendo. Dez anos, Sax, isso seria o máximo que você ganha comigo antes que eu precise de cuidados 24 horas por dia.

— Então deixe-me ter dez anos com você. Vamos fazê-los contar. Eles serão incríveis, prometo, — digo a ela.

Quando as lágrimas começam a escorrer por suas bochechas, a puxo para perto de mim, e ela inclina a cabeça para me beijar. Seus lábios esmagam os meus, ferozes e apaixonados, mas eu paro antes que ela possa me distrair ainda mais.

— Isso é um sim? — Pergunto a ela com um pequeno sorriso.

Em vez de responder, ela se lança para mim, enroscando as mãos nos meus cabelos. — Leve-me para a cama, — ela exige, seus lábios pressionados diretamente no meu ouvido.

Enquanto ela mói contra mim, percebo que essa é a única resposta que vou receber por agora e, honestamente, é uma que fico feliz em aceitar. Ela não me recusou, e seu corpo está me dizendo tudo o que eu preciso saber.

Bem, tudo o que eu preciso saber para a próxima hora.


CAPÍTULO VINTE E UM

Isobel

Sax e eu ainda estamos enroscados na cama quando um celular apita mais uma vez, tirando-o de um cochilo leve. Torin devolveu meu telefone, finalmente, mas eu sei pelo tom que é de Sax.

— Ugh, desculpe, mas é melhor eu pegar isso, bebê, — ele murmura, então deslizo para fora de seu peito.

— Alguma coisa importante? — Pergunto: — Ou podemos ficar aqui um pouco mais?

— É Gabe, — diz Sax. — Ele e Abe foram buscar um novo kit para ele. Quero dizer suas pistolas e tintas, todas essas coisas. Ele diz que eles estão voltando para o esconderijo e ficaria feliz em fazer sua tatuagem, se você ainda estiver disposta. O que você diz, quer ficar mais um pouco e pegar um pouco de tinta? — Sax pergunta, emoção e esperança aliviando seu tom. — Eu gostaria que você ficasse um pouco enquanto cicatriza, certificar se não precisa de retoques ou qualquer coisa.

— Diga a ele que eu adoraria isso, — confirmo com um sorriso. Embora eu queira que a tatuagem me lembre dele, do que tivemos juntos, sei que ainda preciso moderar as expectativas de Sax. — Será uma ótima maneira de lembrar o tempo que passamos juntos. Você é realmente o melhor, Sax. Estes últimos dias foram... bem, foram alguns dos melhores da minha vida.

— Mas você ainda não vai ficar, vai? — Ele pergunta, sua voz tingida de decepção e amargura.

— Eu sei o quão difícil é entender, — digo a ele quando me levanto e começo a me vestir. — Quero que você acredite nisso, Sax. Se houvesse algum homem que eu considerasse ter perto de mim enquanto esta doença progredisse, qualquer homem em quem eu confiasse para cuidar de mim como uma criança, uma criança inválida... seria você. Mas prometi a mim mesma há muito tempo que nunca colocaria ninguém nisso. Ninguém. Nunca.

— Isobel, escute, — protesta Sax, assim que passos pesados podem ser ouvidos no corredor.

— Vocês estão decentes aí? — Gabe grita do lado de fora da porta. — Enviei esse texto há meia hora atrás. Você está pronta para um pouco de tinta?

— Sim, entre, — grito antes que Sax possa dizer mais alguma coisa. Ainda estou apenas de camiseta e calcinha, mas com a ideia que tenho para a colocação da minha tatuagem, é a coisa mais apropriada para usar.

Gabe abre a porta enquanto Sax está apertando seu jeans, primeiro olhando para ele antes que seu olhar seja atraído para minhas pernas nuas. — Whoa, olá, — Gabe bufa. — Tem certeza que não precisa de um minuto?

— Não, — Sax resmunga quando ele cai numa cadeira. — Ela está pronta para ir.

— Eu queria pegar a flor de cerejeira e algumas borboletas no quadril aqui, — digo a Gabe, apontando a área para ele. — Devo apenas deitar na cama? Você pode fazer isso aqui, você acha?

— Sim, a luz é boa aqui, — confirma Gabe. — Deite-se e eu vou pegar minhas coisas, depois mostro o estêncil que eu criei.

Uma vez que Gabe está preparado e colocou o estêncil no meu quadril, Sax finalmente se levanta e se aproxima para dar uma olhada. Seu rosto severo suaviza instantaneamente quando ele olha para o design. — É lindo, — ele suspira. — Isso significa algo especial para você, Izzie, ou é apenas para a aparência?

Estou tão feliz de ver o humor dele melhorou, que respondo imediatamente, sem perceber que minha resposta pode incomodá-lo. — Eu queria as flores de cerejeira e as borboletas porque ambas são efêmeras e de vida curta. Embora lindas, você precisa apreciá-las ainda mais por serem tão passageiras.

Depois de explicar meu raciocínio, olho para cima do estêncil e vejo o rosto de Sax. Seus olhos estão brilhando como se ele estivesse lutando contra as lágrimas, e seu rosto está apertado com emoções mal controladas. — Você começa a trabalhar, Gabe, — diz ele numa voz grossa. — Eu vou pegar uma bebida. Você quer alguma coisa?

— Água, por favor, — diz Gabe enquanto puxa uma cadeira para perto da cama e se senta.

— Uma para mim também, por favor, — acrescento.

— Chegando logo, — Sax diz com uma fungada, balançando o nariz quando ele sai da sala.

— Ele não era do tipo sentimental, — Gabe bufa enquanto testa sua pistola de tatuagem, o pequeno motor ganhando vida e quase abafando suas palavras.

— Ele enterrou algumas coisas bem profundas, — digo a Gabe. — Mas existem tesouros nessas profundezas que valem a pena explorar.

— Bem, felicidades para você, Isobel, — Gabe sorri. — É sempre bom conhecer alguém com a alma de um artista, especialmente entre esses bárbaros. Agora, apenas relaxe e eu cuidarei bem disso para você.

Sax volta pouco tempo depois com duas garrafas de água, que coloca na mesa de cabeceira. Sem fazer nenhum comentário, ele volta a sentar-se do outro lado da sala, certificando-se de não interromper a concentração de Gabe.

A tatuagem é quase indolor sob seu toque hábil, a única dor que surge quando ele arrasta a agulha pelo meu osso do quadril enquanto grava uma borboleta. Ele leva menos de três horas para concluir todo o projeto, sua mão nunca parece cansar e sua atenção nunca vacila.

— É isso aí, — Gabe me diz enquanto se inclina para trás e usa um pano limpo para limpar a área suavemente mais algumas vezes. — Trouxe para você uma garrafa de loção para esfregar várias vezes ao dia enquanto cicatriza, e você provavelmente deseja mantê-la coberta no primeiro dia, a menos que queira sangrar por toda a roupa. Você tem alguma pergunta para mim?

— Gabe, é linda! — Digo antes de me levantar da cama e ir até o espelho para vê-la melhor. — Muito obrigada por fazer isso por mim!

— Obrigado por tudo que você fez pelos meus meninos, Cooper e Sax, ambos, — responde Gabe. — Você melhorou os dois, eu acho. Eu vou sair daqui; mas se você tiver algum problema, Sax sabe como me alcançar, ok?

— Obrigado, irmão, — diz Sax quando ele finalmente se levanta e abre a porta do quarto. Ele dá um tapa no ombro de Gabe quando ele sai, depois fecha a porta atrás de si.

Eu me viro para Sax, incapaz de esconder minha alegria com a qualidade das cores. Eu rapidamente puxo a camiseta que eu estava vestindo sobre a minha cabeça, de modo que estou de pé ao lado do espelho, apenas na minha calcinha. — Diga-me o que pensa, Capitão. Você aprova? Pessoalmente, adoro!

— Não achei que fosse possível você ser ainda mais bonita, — diz Sax enquanto cruza a sala em minha direção. — Dói muito para você...

Sax nunca termina a pergunta quando eu o encontro na cama, nossos corpos se chocando enquanto nossos lábios se encontram. Eu me atrapalho com seu cinto enquanto ele estica gentilmente a cintura da minha calcinha para limpar meu quadril recém-coberto. — Vai ficar tudo bem, — consigo ofegar. — Apenas deixe-me estar no topo.

Eu posso sentir Sax concordar enquanto o empurro para a cama, então puxo seu jeans e jogo no chão. Ele me puxa para cima dele, e juntos fazemos qualquer desconforto persistente que eu possa ter imediatamente desaparecer.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

Sax

Enquanto Isobel ainda está dormindo, parecendo o anjo que ela é, saio da cama, me visto e saio para fazer uma ligação. Eu nunca deveria ter aceitado o acordo do pai dela, mas não achei que tivesse escolha. Agora, independentemente das consequências para os Kings, não posso pedir a Isobel que desista de sua jornada para nos ajudar quando ela tem apenas alguns anos de um estilo de vida independente. Os Kings podem contratar os melhores advogados que o dinheiro pode comprar para tentar tirá-los das acusações. E eu... bem, estou pronto para lhes contar a verdade sobre tudo, independentemente dos custos.

Encontrando o número do pai dela no meu telefone, pressiono o botão para ligar para ele e coloco o telefone no meu ouvido.

— O quê? — Ele responde.

— Como você pôde? — Dou um fora.

— Desculpe? — O governador pergunta em seu tom mais santo.

— Como você pôde me pedir para fazer isso com Isobel quando você sabe o quanto é importante para ela viver sua vida, sua vida limitada do jeito que ela quer.

— Então ela contou sobre o Huntington? — Ele pergunta como se fosse uma escolha de vida e não uma doença fatal.

— Sim, ela finalmente me disse, então você e eu terminamos. Faça o que você tem que fazer, mas eu não farei mais parte do seu plano, seu idiota egoísta!

— Então é melhor avisar seus amigos para se despedirem de suas famílias e arrumarem suas finanças antes que os federais os guardem para a vida toda.

Fechando os olhos com a dor que isso vai causar a eles, eu grito, — Foda-se! — Antes de terminar a ligação.

Quando me viro para voltar para dentro, Isobel está parada atrás numa das minhas camisetas e nada mais, com os braços em volta de si mesma. A parte inferior de sua nova tatuagem de flor de cerejeira na parte superior da coxa se destaca, deixando-a ainda mais sexy do que antes.

— Com quem você estava falando? — Ela pergunta baixinho, sua voz ainda rouca de sono.

— Ninguém, — respondo automaticamente.

— Você estava gritando com ele, então deve ter sido alguém que você conhece. O que está acontecendo?

— Nada, é apenas besteira de clube, — respondo.

— Sax, por favor, não minta para mim, — ela implora, o olhar em seus olhos castanhos tão triste que fisicamente machuca meu peito. — Se não era ninguém, deixe-me ver seu telefone, — diz ela, estendendo a palma da mão para o dispositivo.

— Isobel, — começo.

— Sax, apenas me dê seu telefone.

— Eu não posso, — digo a ela. — Ouça, Iz, eu odeio mentir para você.

— Então, me diga! — Ela se encaixa.

— Por favor, prometa que vai me ouvir, — imploro. — Me dê uma chance de explicar.

— Bem.

Não estou completamente convencido, mas ainda começo a dar a verdade. — Seu pai me chantageou e ao MC. Ele ameaçou nos mandar para a prisão por assassinato.

— Você realmente fez isso? O assassinato? — Ela pergunta calmamente.

— Sim, e ele tinha provas, — respondo.

— Deus, Sax! — Ela exclama, e espero sua raiva chover sobre mim. Em vez disso, ela diz, — Sinto muito, meu pai fez isso. Ele realmente é um idiota. Ele provavelmente está chateado porque eu menti e disse a ele que você e eu estávamos juntos.

— Não, Iz, não é nada disso. Você não fez nada de errado, — asseguro a ela, porque vejo como ela se sente culpada e não é justo que ela se culpe.

— Então por quê? Por que ele chantageou você? — Ela pergunta.

— Ele nos chantageou, por que... porque ele queria que eu a convencesse a parar de correr, voltar à enfermagem e fazer as pazes com ele para, ah, ajudar na sua reeleição.

Seu suspiro de surpresa e descrença é tão intenso que eu tenho certeza que ela suga todo o ar dos meus pulmões.

— Como... — ela finalmente pergunta. — Como você pôde?

— Eu terminei, ok? — Asseguro a ela. — Não sabia sobre o Huntington ou nunca teria concordado! Eu disse a ele que não faria isso; eu não vou te atrasar. Não sabia que você estava correndo contra o relógio! Apenas pensei que ele estava preocupado com a imprensa vendo você no palco ou bebendo, que ele estava tentando controlar sua vida.

— Uau, — ela zomba com um aceno de cabeça antes de começar a voltar para dentro de casa. Agarro seu braço para tentar detê-la.

— Deixe-me ir, — ela retruca.

— Não. Nunca, — digo honestamente. — Estou me apaixonando por você, Isobel. Então vá para onde diabos você quiser. Só, por favor, estou te implorando para me deixar ir com você.

Ela balança a cabeça o tempo todo que estou falando enquanto lágrimas escorrem pelo rosto.

— Por favor, Isobel, — imploro. — Me dê outra chance.

Ela se afasta de mim e volta para dentro de casa sem palavras. Eu sigo atrás, fechando a porta do quarto enquanto imploro para ela não sair sem mim. Apesar do meu pedido, ela nunca para quando se veste e joga suas coisas de volta na bagagem.

— Farei qualquer coisa, — digo a ela. — Qualquer coisa para compensar isso com você!

Finalmente, ela para de fazer as malas por tempo suficiente para chegar até mim... e enfia o telefone no meu peito.

— Aqui! — Ela grita, e o telefone cai no chão quando ela solta. Minhas mãos estão dormentes, e eu não poderia ter pego se tivesse tentado.

— O que você está fazendo? — Pergunto. — Quero que você se sente e fale comigo, não me dê a porra do seu telefone!

— Pegue, — diz ela. — Há fotos lá, fotos do obituário falso e do atestado de óbito de minha mãe com sua data real de morte. Devem ser suficientes para chantageá-lo de volta. Ele ficaria arruinado se a imprensa descobrisse o que ele fez. Você pode tê-los, apenas me prometa que terminamos. Eu nunca mais quero te ver.

— Isobel, não, — digo enquanto alcanço seu rosto, mas ela dá um passo para trás.

— Não, você não pode mais me tocar! — Ela grita enquanto joga a bolsa no ombro. — E se você tentar me seguir, eu vou... vou contar ao MC tudo o que você me disse! — Ela ameaça antes de pegar sua bagagem e estojo de violão e avança para a porta do quarto.

— Por favor, não me deixe. Eu te amo! — Chamo, e ela faz uma pausa na porta por um segundo, com os ombros caídos. Por um único momento, acho que cheguei até ela. Mas então ela abre a porta e War e Torin estão do outro lado.

— Está tudo bem aqui? — Torin pergunta, olhando entre nós.

— Saia do meu caminho, — diz ela antes de passar por suas coisas. — Certifique-se de que ele não me siga!

— Porra! — Exclamo ao teto porque sei que a perdi para sempre.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Isobel

Minha cabeça está tão confusa que tenho que encostar na beira da estrada, a poucos quilômetros da casa. Não tenho a menor ideia do que estou fazendo ou para onde estou indo.

De alguma forma, isso me irrita mais do que a traição de Sax.

Sim, estou com raiva dele por mentir para mim e não ter me contado a verdade sobre a chantagem de meu pai desde o início. Mas, principalmente, estou perturbada porque tinha um plano. Um bom plano! Um onde eu fiz o que quis, quando quis.

Agora, eu não tenho a primeira pista de como retomar e continuar minha jornada sozinha, a que eu estava tão empolgada.

Sax tomou essa alegria de mim e eu quero de volta!

Como diabos eu recupero isso?

As lágrimas continuam escorrendo pelo meu rosto por vários minutos e eu as deixo, esperando que, assim que secarem, as coisas ficarão mais claras.

Eu estava errada.

Posso ter parado de chorar, mas ainda não sei o que fazer ou para onde ir a partir daqui. Preciso de uma bebida ou dez para tentar esquecer onde estive e com quem estive.

Então me lembro do bar em Charlotte.

É melhor do que ficar sentada no carro chorando sozinha, então conecto o endereço ao meu GPS e sigo as instruções passo a passo da voz robótica.

Eu ainda tenho três estados para cantar, e a Carolina do Norte, meu estado natal, é ironicamente um deles. Por que eu não fiz isso antes? Suponho que não queria ser reconhecida como a filha do governador.

Agora, embora? Eu realmente não dou a mínima. Espero que alguém me veja com o cabelo novamente normal e depois que meu pai seja incomodado por um tempo. Seria bom para ele, já que ele não parece se importar com a minha vida.


***


Várias horas e três drinques depois, estou me sentindo um pouco melhor enquanto canto minhas tristezas no palco.

Muito acima e até — I Hate Myself for Loving You.

Deus, a letra nunca foi tão verdadeira quanto agora.

Não odeio Sax pelo que ele fez. Eu me odeio por confiar nele, por me apaixonar por sua boa aparência e charme.

Não consigo nem encontrar forças para cantar — Angel of the Morning, — para a pequena multidão do almoço, então agradeço a eles por me deixarem desabafar meus sentimentos através da música e depois saio do palco.

Talvez eu precise sair deste estado, fora do país.

Eu ainda poderia chegar ao Balloon Fiesta se houver um voo...

Mas a ideia de partir simplesmente não parece certa. Nem mesmo a emoção de marcar um item na minha lista de desejos me faz sentir melhor. Na verdade, parece vazio, ao contrário de antes de conhecer Sax quando me sentia eufórica.

Eu nunca me senti mais sozinha do que agora, e é tudo culpa de Sax.

Deus, eu gostaria de nunca ter conhecido ele. Exceto, eu não desejo isso. Na verdade não. Maldito seja ele e sua capacidade de me dar tantos orgasmos, ele fez um curto-circuito no meu cérebro e me fez apaixonar por ele!

Eu também odeio o pensamento de Sax passar o resto da vida na prisão por causa do meu pai. Então, o que eu decido fazer?

Talvez a coisa mais estúpida de todas.

Vou para casa para garantir que Sax e os Savage Kings não sofram com a mão de meu pai.

Não que eu realmente tenha mais uma casa, mas volto a Raleigh da mesma forma.

A mansão está trancada quando chego lá, então bato na porta até que ela se abra. Mesmo depois de quase quatro anos, meu querido pai nunca me deu uma chave, o idiota.

Imagine minha surpresa quando ele abre a porta para mim e não um dos seus servos.

— O que você queria? — Pergunto-lhe. — Pintar meu cabelo de volta? Feito. Voltar para a enfermagem? Vou tentar. Ir às reuniões da prefeitura com você? Tudo bem, vou fazer cinco e não mais. E finalmente, acho que você queria um pouco do dinheiro da mãe. — Puxando uma caneta e meu talão de cheques da bolsa com as mãos trêmulas, pergunto a ele, — Quanto? Vou escrever um cheque pra você. Mas se eu fizer isso, você nunca irá atrás de Sax ou de seus amigos.

— Ok, — ele concorda, quase com muita facilidade enquanto pisca para mim.

— Jure para mim. Jure no túmulo da mãe! — Grito com ele.

— Eu juro.

Meus dedos tremem quando preencho todos os pequenos espaços em branco no cheque. E fico realmente chateada quando até deixo cair a maldita caneta. Duas vezes. Mas eu faço isso eventualmente. Rasgando o pedaço de papel, dobro ao meio e enfio na frente do bolso da camisa.

— Eu te odeio mais do que as palavras poderiam expressar, — digo sinceramente antes de me virar para sair.

— Onde você vai? — Ele chama.

— Danny, — respondo. — Você pode enviar todas as mensagens e datas das aparições através dele. Não quero mais ver ou falar com você.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Sax

Não tenho notícias de Isobel desde o dia em que ela partiu, mas realmente não esperava. Ela tem todo o direito de estar chateada comigo. O que fiz foi a pior traição que se possa imaginar, porque envolvia o pai, que mentira sobre a mãe e a própria saúde. Ainda assim, não vou desistir.

Primeiro, só preciso cuidar dos negócios com os Kings e, se ainda estiver vivo depois de lhes contar a verdade, não pararei até encontrar Isobel ou ser preso pelo governador.

E enquanto eu tenho as fotos que Isobel me deu, que moldam o governador como um ser humano horrível que mentiu sobre a morte de sua esposa, ainda não tenho certeza se é suficiente para impedi-lo de ir atrás dos Kings. Quando lhe enviei capturas de tela das fotos do meu telefone, dizendo que as enviaria para a mídia se ele fizesse um movimento contra qualquer um dos Savage Kings, sua única resposta foi — Nós somos bons.

Nós somos. Bons.

Eu sou qualquer coisa, menos fodidamente bom, sentindo a falta de Isobel como o inferno nos últimos dias, e me odiando por machucá-la. Mas espero que isso signifique que ele está realmente se afastando. Ainda assim, preciso avisar os caras, e é por isso que convoco uma reunião assim que Cooper estiver pronto. Ele não recebeu as melhores notícias do fonoaudiólogo hoje e ainda estamos procurando quem é o responsável pelas bombas.

— Alguma atualização sobre os suspeitos? — Torin pergunta a Reece primeiro, antes do início da reunião.

— Na verdade, acabamos de receber uma, — diz o militar solenemente. — Isso foi pintado com spray de vermelho na lateral do Savage Asylum na noite passada. O delegado mandou o artista sair antes que eles pudessem terminar. Eu estava apenas esperando os pais de Kira traduzirem o que foi escrito para nós.

— Era em russo. Então, temos certeza de que os russos estão vindo atrás de nós para se vingarem? — Torin pergunta a ele.

— Parece que é uma aposta segura. — O telefone de Reece toca na frente dele em cima da mesa. Ele pega e lê a tela antes de compartilhar conosco. — Os Savage Kings serão todos pobres camponeses mortos quando eu terminar – e isso é tudo o que ele teve tempo de escrever.

— Uau, — murmuro para mim mesmo enquanto todo mundo reage.

— Eles disseram eu, isso significa que é apenas uma pessoa? — Maddox pergunta.

— Essa é uma possibilidade, — Reece concorda. — Um russo zangado pode ser mais perigoso do que vinte, porque é mais fácil para ele se esconder.

— Droga, — Torin resmunga. — Como o encontramos?

— Estou procurando amigos íntimos e familiares dos homens que matamos. Se eu tivesse que apostar, colocaria dinheiro numa conexão próxima.

— Continue assim e deixe-nos saber se você descobrir mais alguma coisa, — diz Torin.

— Alguém poderia escrever toda essa merda para mim? — Cooper grita, não apenas porque sua audição ainda está estragada, mas também porque ele está com raiva por deixá-lo de fora.

— Eu faço, — diz Dalton, já que está sentado ao lado de Coop. — Alguém pegou papel e caneta? — Ele pergunta, o que obviamente me lembra Isobel e sua lista de desejos que ela sempre tinha à mão.

— Ah, aqui, — digo quando pego o minúsculo bloco de notas e caneta que ela me deu do bolso de trás e o jogo na frente de Dalton.

— Você mantém seus profundos segredos sombrios aqui ou o quê? — Ele pergunta. — Rabiscar o nome de Isobel em corações, talvez?

Meu olhar diz a ele que não estou com vontade de brincar. Mas segue para a discussão que precisamos ter agora, apesar de tudo o que estamos acontecendo.

— Há algo que todos vocês precisam saber e isso tem a ver com Isobel, — começo. Quando tenho a atenção deles, dou a verdade fria e dura. — O governador tem um vídeo de drone de Escapades na noite em que matamos os russos. Você pode nos ver entrando e saindo com clareza suficiente para identificar todos na mesa que estavam lá.

— Puta merda, — alguém murmura, seguido por mais palavrões.

— Fica pior, — os aviso. — O vídeo também mostra os caras de Ivan jogando o lixo num caminhão de comida. E Washington mandou seguir o caminhão de alimentos todo o caminho até o depósito onde confiscaram alguns dos sacos de partes do corpo.

Quando termino de falar, a sala fica em silêncio enquanto todos tentam digerir o quão fodidos estamos.

Eventualmente, Miles bufa e levanta as mãos dizendo: — Eu sabia que foi fácil demais!

— Mas, espere, — diz Chase enquanto esfrega os dedos sobre a barba. — Se o governador tem essa merda sobre nós, por que estamos sentados aqui em vez de na prisão agora?

— Por causa de Isobel, — digo simplesmente.

— Ela o convenceu a não fazer isso? — Torin pergunta.

— Não, Lawrence, o governador, me fez um acordo. Se eu pudesse controlar sua filha selvagem, convencê-la a voltar à sua antiga vida e fazer as pazes com ele para que ela pudesse ajudar em sua campanha, então ele nos deixaria em paz. Ele disse que realmente lhe fizemos um favor, retirando o lixo do comércio de heroína.

— É isso que você e Isobel estavam gritando? — War pergunta.

— Sim, eu contei pra ela logo depois de contar ao pai que acabei de manipulá-la para ele

— Que porra é essa? — Torin se altera. — Como você pôde fazer isso quando isso significa que estamos todos ferrados?

— Porque ela tem uma doença genética fatal, a mesma doença que matou sua mãe quando ela era criança. Na melhor das hipóteses, ela tem dez anos bons antes de terminar numa cadeira de rodas, incapaz de cuidar de si mesma. Não posso fazê-la desistir de sua lista de desejos para salvar nossas bundas!

— Merda. Então, o que diabos vamos fazer? — Abe pergunta.

— Espero que as fotos que ela me deu sejam chantagem suficiente para o governador, para que ele mantenha sua chantagem em segredo. Sinto muito. Acho que acabou, mas não posso garantir nada. Ele poderia vir atrás de nós novamente, querendo outra coisa. Precisamos enfrentar o fato de estarmos fodidos.

— Não brinca, — Torin resmunga.

— E, ah, há outra coisa que finalmente preciso tirar do meu peito, — digo a eles. — Eu realmente nunca senti que pertencia a vocês, aos Savage Kings. Quando comecei como prospecto, eu estava trabalhando para a DEA. Se eu tivesse visto alguma coisa sobre os Kings lidando com drogas pesadas, eu os teria ajudado a derrubar o MC.

— Por que diabos você faria isso? — Torin pergunta enquanto ele e os outros caras olham para mim.

— Porque a garota que eu amei morreu no seu bar por uma overdose de drogas! Pensei que os Kings estavam negociando e eram responsáveis. Depois de passar algum tempo com vocês, descobri que estava errado. Foram os arianos.

— April Neil, — diz Reece.

— Sim. Como você se lembra do nome dela? — Pergunto-lhe.

— Apenas faço. Um garoto que Chase conhecia, a trouxe para o bar quando ela começou a ter convulsões, mas era tarde demais; ela se foi. Fizemos o único responsável pagar.

— Sei disso agora, — digo a ele. — Não fiz até começar a prospectar. Até tentei entregar meu corte a Deacon quando descobri que os Kings não estavam envolvidos, mas ele não aceitou. Ele me disse que o MC precisava de mim; 'um norte verdadeiro para guiar o clube na direção certa' ou alguma bobagem.

— Você ou Deacon sabiam que ele estava trabalhando para a DEA? — Chase pergunta a Reece enquanto aponta o dedo para mim.

— Se ele sabia, nunca me disse. Esta é a primeira vez que ouvi falar disso, — responde Reece.

— Bem, agora todos vocês sabem toda a verdade. Sou uma fraude, — admito.

Deslizando meus braços para fora do meu corte, digo a eles, — Não mereço usar o patch do Savage King e nunca mereci. — Dobrando o couro e colocando-o sobre a mesa, olho para Gabe e digo: — Vou cobrir a tinta nas minhas costas assim que Gabe puder apagá-la; então, todos vocês podem decidir sobre minha punição.

— Não, — Torin diz.

— Não? — Repito antes de me entender. — Não, acho que não preciso me preocupar em encobrir a tinta. Eu sou um homem morto, então ninguém nunca mais verá isso. Você precisa votar? — Pergunto.

— Eu quis dizer não, não cubra a tatuagem porque você é um Savage King tanto quanto qualquer um de nós. Você foi além do que pedimos a você, — responde Torin, que é a última coisa que eu esperava. — Não que eu fale por todos, — acrescenta. — O que vocês dizem?

— Eu sigo Torin, — diz Chase.

— Três, — responde War.

— Alguém se opõe a Sax manter seu cargo e corte? — Torin pergunta, e há um completo silêncio além dos rabiscos de Dalton no minúsculo bloco de notas.

— Então, está feito.

— Você está falando sério? — Digo com descrença.

— Você nunca machucou o MC, não é? — Torin pergunta.

— Não, eu disse à DEA que estava errado, que as drogas que mataram April vieram dos arianos.

— Então, nenhum dano, nenhuma falta, — ele responde. — E o que você fez com Isobel, para tentar proteger a todos nós, isso exigiu coragem, cara. Aconteça o que acontecer, nós lidaremos com isso como um grupo.

— Uau, eu não sei o que dizer, — murmuro, minha língua se sentindo muito grossa para falar.

— Diga que você vai colocar a porra do seu corte, — Chase me diz.

— Sim, ah, tudo bem, — respondo antes de ter que limpar minha garganta. — Aprecio todos vocês serem tão legais sobre tudo isso, realmente, eu gosto. Mas, ainda posso me demitir da minha função e, ah, perguntar se posso me transferir para os nômades.

— Por quê? — Abe pergunta.

— Isobel? — Chase pergunta.

— Sim, — eu respondo. — Ela não vai se acalmar, e eu não quero que ela faça. Só quero ir aonde ela for, antes que seu tempo acabe. Ou seja, se ela algum dia me perdoar.

— Todos a favor de Saxon Cole transferir sua filiação para nômade, se ele assim decidir? — Torin pergunta.

— Sim, — todo mundo diz, e então Torin bate com o martelo. — Apenas diga a palavra e começarei a papelada para designá-lo como nômade, se você decidir que é isso que você quer. Mesmo se você o fizer, sempre será um membro desta frota, e sempre teremos um assento à nossa mesa se você mudar de ideia. Ou se Isobel mudar a dela.

— Obrigado, pessoal, — digo, piscando de volta a umidade nos meus olhos. Mesmo depois de todos esses anos, nunca me senti como se pertencesse à mesa com esses homens até agora.

— Bem, — Chase começa. — Não sei vocês, filhos da puta, mas preciso ver minha mulher. Digo que nos enfiemos na van e levarmos nossas bundas para a Carolina do Sul. Sem motos; apenas nós e nossas famílias.

— Concordo, — diz Torin junto com os outros.

— Acho que vou me arriscar lá fora e tentar recuperar minha garota, — digo a eles.

Dalton rabisca nossos planos para Cooper, que diz sombriamente: — Preciso encontrar o filho de Jenna. Mas vocês se divirtam. E boa sorte, cara.

Ele me oferece um soco na mesa que eu bato.

— Você vai ficar bem? — Pergunto.

— Sim, — diz ele. — Estou melhorando a leitura labial. Embora eu provavelmente deva conseguir um daqueles quadro de escrita.

— Tome cuidado, e entrarei em contato com você quando voltar, — digo a ele, e ele concorda com a cabeça.

Tenho a sensação de que ele poderia aproveitar algum tempo sozinho. E eu provavelmente estarei ocupado depois que eu descobrir em qual país Isobel está distribuindo o seu charme.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

Isobel

— Então, qual é o seu plano agora, Izzy? — Danny pergunta enquanto ficamos do lado de fora em seu quintal, enquanto ele grelha os bifes que vamos comer no jantar.

— Eu odeio fazer isso porque meu pai vai acreditar que é tudo ideia dele, mas acho que gostaria de tentar recuperar minha licença. Isso é apenas um sonho maluco? — pergunto-lhe.

— Deus, não, — diz ele enquanto vira os bifes. — Posso dizer uma boa palavra para você com Doug Hannagan no Conselho. E sei que eles devolveriam a você se Lawrence pedisse...

— Não, eu quero fazer isso sem a ajuda dele. — Digo. — Se não puder, tentarei ser um CNA ou qualquer outra coisa na área médica. Eu só quero ajudar as pessoas. Sinto falta disso, sabia?

— Sim, eu pensei que você sentiria, afinal, — ele responde com um sorriso enquanto coloca a espátula para me encarar.

— Fui egoísta tentando concluir minha lista inteira de desejos, apenas pensando em mim mesma. Poderia fazer as duas coisas, certo? — Pergunto-lhe. — Quero dizer, nas férias, eu poderia riscar os itens da lista de desejos enquanto ainda posso retribuir.

— Estou realmente feliz por você ter voltado para a enfermagem novamente. É aí que você pertence, Izzy — Danny diz antes de se inclinar e beijar minha bochecha. Quando seus lábios cobrem os meus, eu imediatamente me afasto.

— Não, Danny. Isso... não, — digo a ele. — Nós somos amigos. Isso é tudo. Eu pensei que você soubesse disso.

— Nós poderíamos tentar ser mais. Pode ser incrível, — diz ele.

— Eu amo Sax, — deixo escapar sem sequer pensar nisso.

— Besteira, você estava apenas fingindo que estava com ele para irritar seu pai. Eu te conheço, Izzy, melhor do que ninguém, — ele responde.

— Sax estava trabalhando para meu pai, na verdade, — admito enquanto olho para minhas mãos inquietas e levemente trêmulas. — Não que eu soubesse disso na época, mas ele estava chantageando-o para me manipular. Você sabia? — Pergunto com curiosidade, já que Daniel e meu pai estão próximos.

— O quê? Não, claro que não! Eu lhe diria se soubesse, — ele declara, e realmente acredito nele. Ele nunca mentiu para mim antes.

— Bem, agora não importa mais, — digo com um suspiro pesado. — Sax e eu terminamos, e eu cedi. Meu pai vai conseguir o que queria e deixar Sax em paz.

— Ele estava chantageando-o? Alguma coisa séria? — Danny pergunta.

— Sim?

— O que foi isso?

— Não importa agora, — digo novamente. Nunca contarei a ninguém sobre o assassinato. — Eu cuidei disso. — Apesar do que sei, tenho certeza de que Sax e os caras devem ter tido um bom motivo para se arriscarem assim. E eu não podia deixar esses caras caírem só porque meu pai é um idiota manipulador.

— Então você está de volta aqui porque ama Sax e quer protegê-lo? — Danny pergunta.

— Sim, infelizmente. Mas, também preciso de mais na minha vida para ser feliz, mais do que uma lista egoísta de desejos. Eu quero fazer algo de bom, algo que vale a pena também. Eu percebo isso agora.

— Você receberá sua licença de volta e poderá trabalhar novamente para mim, — diz ele, confiante. — As crianças amam você e eu também, — ele começa, e eu sei que ele tentará me convencer de que poderíamos ser mais, quando sei em meu coração que Danny e eu só seremos amigos.

— Não tenho certeza se trabalhar para você é uma boa ideia ou se devo ficar aqui com você, — digo honestamente. — Não quero induzir você, e realmente gostaria de sentir o mesmo por você que sinto por um fora da lei.

— Gostaria que você ficasse, mas acho que você está certa. Talvez seja melhor, — ele concorda.

— Além disso, acho que não quero voltar a trabalhar com crianças. É muito difícil, — comento. — Descobrirei para onde ir se a diretoria me permitir.

Deus sabe que eu poderia usar a distração de me manter ocupada com a enfermagem se eles me restabelecerem. Qualquer coisa para tirar minha mente do Sax.


***


Sax

— Onde está Isobel? — Pergunto quando caminho até a porta da frente do governador e espero impacientemente que ele venha falar comigo.

— Ela está se estabelecendo, fazendo o que eu queria que ela fizesse, graças a você, — diz ele.

— Espera. Que diabos você está falando? — Pergunto com as mãos apoiadas nos quadris. Eu tinha assumido que ela estava na Europa ou alguma merda assim e eu estaria no próximo voo para lá.

— Ela obviamente se importa com você e sua gangue, pois estava disposta a ficar por perto e concordou em fazer alguns eventos comigo. Ela até me deu alguns milhões para a minha campanha.

— Por que ela faria isso? — Pergunto. — Você é um idiota. —

— Você realmente é estúpido, — diz ele numa expiração. — Acabei de te dizer! Ela se importa com você e quer protegê-lo.

— Ela não deveria, — digo a ele. — Tenho as fotos que ela me deu para segurar sua cabeça.

— Eu deveria saber que ela estava por trás disso.

— Foda-se sua reeleição. Ela é sua filha. Sua única filha! Você precisa deixá-la ir – deixá-la viver a vida enquanto ela ainda pode nos seus próprios termos, — digo ao idiota.

— Acho que Isobel finalmente descobriu o que eu sempre soube – a única coisa pela qual vale a pena viver é proteger aqueles que você ama. Eu tentei proteger a mãe dela da doença; e quando, é claro, falhei, tentei proteger minha filha de testemunhar seu futuro terrível. Observar Lily se afastar um pouco mais a cada dia era angustiante.

— Você a viu, mesmo depois de jogá-la na casa de repouso? — Pergunto.

— Todos os dias, — ele responde. — Normalmente, enquanto Isobel estava na escola ou com as amigas ou a babá nos fins de semana. Não pude resistir em ver Lily, apesar de quase ter me matado no final, quando ela não podia falar comigo ou parar de tremer. Quando ela podia conversar, ela me dizia para parar de ir vê-la, seguir em frente, encontrar outra pessoa, uma mãe 'real' para Isobel. Ela não entendeu que eu nunca mais poderia amar outra pessoa.

— Sinto muito, — digo a ele sinceramente. Não consigo imaginar o quão difícil seria perder a mulher que você ama tão lenta e dolorosamente. — Você fez o que achou melhor para Isobel, para ajudá-la a ter uma vida normal?

— Isso é tudo que eu sempre quis para ela. Eu não quero vê-la sofrer, nunca. Talvez um dos seus amigos motoqueiros possa me matar quando ela tiver que ser hospitalizada.

— Isso provavelmente pode ser arranjado, — concordo. — Além disso, ela não vai precisar de você lá para cuidar dela então. Esse será o meu trabalho. Eu espero. —

— Você é teimoso, — diz ele. — Bom. Minha filha não merece nada menos e merece mais do que gente como você.

— Eu a amo, — admito para ele.

— Você é um assassino.

— Não, tecnicamente, — respondo. — Não há sangue diretamente em minhas mãos, mas fiquei parado e assisti acontecer. Eu faria de novo também.

— Você não se arrepende dos russos? — Pergunta.

— Não. Eles vieram atrás de um dos meus irmãos e estavam extorquindo dinheiro de seus sogros. Eles tiveram que ser tratados.

Estreitando os olhos para mim, ele diz, — Farei um acordo. Se precisar retirar mais lixo, você será meu lixeiro.

— Enquanto eles merecerem, provavelmente poderíamos ajudar, — concordo. — Os caras teriam que votar nele para aprová-lo.

— Então, lhe dou permissão para namorar minha filha. Se é isso que ela quer, — ele concorda.

— Eu não preciso da sua permissão, mas acho que isso facilitará as coisas, — respondo. — Agora, me diga onde ela está. Como a encontro?

— A última vez que a vi, Isobel me disse que estava indo para o Danny, — diz ele, o que afunda a faca no meu coração um pouco mais fundo.

— Qual é o endereço dele? — Peço num suspiro, porque não me importo se ela está dormindo com ele ou não, ainda quero estar com ela, se ela puder me perdoar. Na verdade, eu mereço cada segundo da dor.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

Sax

— Eu preciso falar com Isobel, — digo ao imbecil através dos dentes cerrados, quando ele entra em seu escritório, vestindo jaleco com carros ou alguma merda neles. O pai dela me deu o endereço da casa dele, mas era um dia da semana e ninguém estava lá. Ou, se Isobel estava lá, ela não abriu a porta. Então, decidi fazer uma visita pessoal ao bom médico no trabalho.

— Ela não está mais ficando comigo, — diz ele.

Agarrando sua garganta, eu o prendo na parede. — Se você estiver mentindo para mim, vou te matar.

— Ela não está, — Danny chia.

— Onde posso encontrá-la? — Pergunto, liberando meu aperto em sua garganta.

— Ela disse que estava conseguindo seu próprio lugar, mas eu não sei o endereço, — diz ele enquanto esfrega as laterais do pescoço, o que é decepcionante. — Mas, agora sei onde ela está. Ela está se reunindo com o Conselho para tentar recuperar sua licença de enfermagem.

— Sério? — Pergunto. — Ela quer voltar para a enfermagem? Por que ela não está viajando pelo mundo ou o que quer?

— Ela disse que percebeu que sentia falta de ajudar os outros. Acho que viajar por conta própria não era mais divertido.

— Eu não entendo...

— Ela ama você.

— Ela me ama? Ela disse isso? — Pergunto.

— Infelizmente, — ele murmura. — Então, é melhor você arrumar as coisas com ela. Olha, eu não vou mentir para você. Eu amo Isobel e já contei a ela.

Vendo meu rosto escurecer de raiva, ele levanta as mãos em sinal de rendição antes que eu exploda. — Nós crescemos juntos; nós trabalhamos juntos. Ela me vê como um irmão. Eu respeito isso e não sou como o pai dela. Não vou empurrar algo que ela não quer.

Afundo numa das cadeiras próximas enquanto Danny faz essa confissão, minha raiva lentamente desaparecendo. — Sinto muito, — digo a ele. — Tinha a ideia de que você era um abutre, circulando a carcaça do nosso relacionamento apenas esperando poder descer para um banquete. Depois de conhecer o pai dela e ver o quanto ele gostava de você, nunca me ocorreu que você poderia realmente ser um bom amigo dela.

— Não se sinta mal, — Danny bufa enquanto se move em torno de sua mesa. Ele se senta e puxa um bloco de notas de uma gaveta para começar a rabiscar algumas notas. — Também não tenho a sua mais alta estima, você sabe. Você parecia uma aventura bêbada, ou pior ainda, apenas uma ferramenta para enfurecer o pai dela. Ela falou muito sobre você desde que voltou, e agora eu sei que nada disso é verdade. Você a faz feliz, e isso é o suficiente para mim. Aqui, — acrescenta, arrancando um pedaço de papel do bloco de notas e deslizando-o sobre a mesa. — Este é o endereço do departamento de saúde onde está localizado o conselho de licenciamento de enfermagem. Ela deveria encontrá-los às duas horas.

— Obrigado, cara, — suspiro quando me levanto. — O que você diz de recomeçarmos da próxima vez que nos encontramos e deixarmos tudo isso para trás? — Pergunto a ele enquanto pego o papel da mesa e o coloco no meu corte.

— Você trata Isobel bem, e você e eu nunca teremos problemas, — diz Danny. Levantando-se, ele caminha até a porta do escritório, segurando-a aberta para mim em convite. — Vá cuidar dela, Sax. Mais tarde, enviarei uma mensagem para perguntar como as coisas correram com a diretoria e para garantir que ela saiba que você está na cidade.

Faço que sim com a cabeça e saio do escritório. Eu tenho que suprimir o desejo de correr e me forçar a andar calmamente até minha moto lá fora, mesmo que pareça que a ansiedade esteja esmagando meu coração. Mesmo que ela me ame, ela pode me perdoar pela traição que seu pai nos impôs?

Antes de ligar minha moto, procuro o endereço que Danny me deu através do meu telefone pessoal, olhando para as instruções no meu aplicativo. O departamento de saúde fica a apenas alguns quarteirões de distância, então eu recito os nomes das ruas na minha cabeça para acalmar meus nervos enquanto eu corro pela cidade. Ainda não é uma hora, quando entro no enorme estacionamento, que leva ao prédio de pedra de três andares que abriga o departamento de saúde, mas ainda atravesso cada corredor do estacionamento, procurando o Lexus branco de Isobel.

Quando não encontro imediatamente o carro dela, vou até a entrada da frente do prédio e encontro um lugar para estacionar minha moto. Percebo enquanto tiro o capacete que quase uma dúzia de pessoas está do lado de fora me encarando depois do meu passeio pelo estacionamento, e até há rostos nas janelas olhando para mim. Antes de desligar o motor da minha Harley, giro o acelerador enquanto sento em ponto morto, o rugido dos meus canos retos feitos sob medida, quase danificando o vidro dos carros ao meu redor.

Com um sorriso e um aceno para todos que assistem, desligo o motor e, em seguida, caminho até a entrada principal, preparado para vigiá-la o resto do dia, se necessário. Felizmente, depois de apenas meia hora vendo as pessoas irem e virem, vejo um Lexus branco e imaculado entrando no estacionamento. São apenas uma e meia, então espero que ela tenha tempo de falar comigo antes de ter que correr para dentro. Vou ficar bem no meio da calçada, certificando-me de não pegá-la de surpresa.

Infelizmente, apesar das minhas tentativas de me tornar óbvio, Isobel se aproxima de mim enquanto olha para uma pasta em suas mãos e não reconhece minha presença até que quase esbarra em mim. Levantando os olhos brevemente, ela murmura, — Com licença, — antes de começar a pisar ao meu redor.

— Isobel, — chamo seu nome baixinho, fazendo-a parar abruptamente. Ela se vira lentamente para mim, fechando a pasta e endireitando os ombros enquanto seu olhar se eleva para o meu.

— Sax, — ela exala meu nome em um sussurro. — O que você está... como você sabia que eu estaria aqui?

— Eu tive que vir para você, — dou de ombros. — Conversei com seu pai e depois com Danny no escritório dele. Eles resistiram um pouco no começo, mas ambos acabaram me abençoando e disseram que eu poderia encontrar você aqui.

— Eles te deram a bênção deles? — Isobel zomba. — O que isso significa, Sax? O que você achou que aconteceria se você viesse aqui? Que eu desmaiaria com seu grande gesto e o perdoaria pelo que aconteceu? Que eu correria de volta para a costa com você e seria sua... como seus amigos chamam, sua 'old lady'?

— Não, Isobel, por favor, não é assim, — protesto. Posso sentir as pessoas parando para nos olhar, mas continuo, sem me importar com quem me ouve ou o que eles pensam. — Quando dirigi até aqui, não conseguia nem pensar. Não tinha ideia do que faria ou diria. Só sabia que não conseguia respirar, não conseguia descansar, não podia fazer nada sem te ver novamente. Fui à casa do seu pai, porque era o único lugar que eu sabia para começar. Estava preparado para espancá-lo até a morte para descobrir onde você estava, e pelo que ele fez com você... conosco. — Faço uma pausa para respirar e vejo a mais leve sugestão de um sorriso nos lábios de Isobel.

— Eu disse-lhe que sabia sobre o seu Huntington e o que ele havia feito com sua mãe. Ele me disse algumas coisas, questões que ele precisa falar com você sobre si mesmo; mas, finalmente, eu disse-lhe... disse-lhe que quero ser seu, Izzie. Quero ser a pessoa em quem você pode confiar, a pessoa que fica ao seu lado todos os dias da sua vida e a ajuda no que vier. Quero que ele guarde todas as suas besteiras para si mesmo, e apenas deixe você e eu ter uma chance real. Foi para isso que ele abençoou.

— Você realmente acha que a bênção do meu pai é o tipo de apoio que vai me impressionar? — Isobel me provoca, o pequeno sorriso ainda brilha em seus lábios. Seus olhos se estreitam e seu rosto fica severo enquanto ela continua: — Além disso, Sax, o que você está esperando? Que eu fuja com você, pule no seu barco e navegue para o pôr do sol? Eu terminei de correr. Vou tentar recuperar minha licença de enfermagem. Vou usar o tempo que resta para tentar ajudar as pessoas, dar algo em troca.

— O que a fez mudar de ideia? — Pergunto, sem saber o que dizer.

— Muitas coisas. Como ajudar Cooper, ter alguém que depende de mim. Como ele está, afinal?

— Ele está bem, — começo adiar com um aceno da minha mão, mas abruptamente me paro com um suspiro. — Ele não está bem. Só não queria mudar de assunto, — admito. — Ele ainda está surdo, e está decidido a encontrar a família da menina Jenna, especialmente seu filho. Ele se sente pessoalmente responsável pelo que aconteceu, e isso o está despedaçando.

— Entendo o sentimento, — diz Isobel. — Essa é outra razão pela qual quero voltar a fazer algo que importa, em vez de apenas seguir meus próprios caprichos egoístas. O que meu pai fez com você, com seus amigos, isso foi parcialmente sobre mim e as decisões que eu tomei. Tentei consertar isso, pelo menos.

— Se é isso que você realmente quer, você sabe que eu vou apoiá-la por todo o caminho, — digo a ela enquanto me aproximo. Ela não se afasta, então, timidamente, estendo minha mão e a coloco em seu braço. — Quero estar aqui para você, o que você decidir e onde quer que a vida a leve.

— Sax... — Isobel respira fundo, depois pisca para mim, obviamente lutando contra as lágrimas. — Quero acreditar em você, mas como você faria isso funcionar? Você tem sua família, os Savage Kings. Você tem algum terrorista bomba louco atrás de você e disse que os trabalhos que você faz o mantêm fora do barco a maior parte do tempo. Eles precisam de você e não quero afastá-lo da sua vida.

— Quero que você seja minha vida, — digo a ela, sem sequer pensar em como devo parecer extravagante. — Quero dizer. Olha, — acrescento, virando-lhe as costas para que ela possa ver meu corte.

— Quero dizer, é uma boa bunda, Sax, mas não tenho certeza... oh, seus patches são diferentes! — Isobel percebe. — Você mudou o de baixo. Por que diz Nomad? Isso significa algo na linguagem dos motoqueiros?

Solto uma risada triste quando me viro para encará-la. — Sim, acho que significa que estou desempregado. — Quando Isobel apenas me olha sem piscar, tento explicar com mais detalhes. — Isso significa que ainda sou membro do clube, mas me demiti da minha carta oficial, meu 'grupo' em Emerald Isle. Posso trabalhar para qualquer frota, mas sou pago apenas pelo trabalho, não uma porcentagem dos ganhos. Isso significa que eu estou livre para ir aonde quiser e fazer o que quiser. Significa que nada está me impedindo de segui-la em qualquer lugar, em toda parte, desde que você me permita.

Isobel me olha em silêncio antes de tremer de repente, quebrando o contato visual. — Tenho que entrar para a minha entrevista, — diz ela enquanto se afasta.

— Isobel, por favor! — Chamo, começando a segui-la até o prédio.

— Se você realmente quer dizer isso, — diz ela por cima do ombro enquanto abre a porta do departamento de saúde. — Então, fique aqui enquanto falo com o Conselho. Quando terminar... se você vai me seguir de qualquer maneira, suponho que eu devo lhe mostrar o hotel que ficarei até conseguir um apartamento.

— Estarei aqui, — prometo a ela roubando um beijo rápido que ela aprofunda, me dizendo que estou realmente fazendo algum progresso. Quando finalmente me afasto, porque sei que ela precisa chegar ao seu compromisso, digo a ela, — Enquanto você me quiser, sempre estarei aqui.


EPÍLOGO

Sax

Sax

Seis meses depois...

Assim que saio do elevador no andar pediátrico do hospital, ouço Isobel tocando uma música no violão. Sigo a melodia pelo corredor, passando pelo posto de enfermagem, parando por um momento para esconder o presente que trouxe para ela antes de ir para a sala da comunidade. Toda a área é decorada com cordas de luzes coloridas e enfeites, escondendo as paredes normalmente estéreis do hospital e enchendo o chão com alegria de Natal.

Quando entro na sala, uma dúzia de crianças está reunida em torno do amor da minha vida, sentada ao lado de uma pequena árvore. Seu cabelo voltou ao mesmo tom turquesa e roxo de quando nos conhecemos, o que eu amo, embora ela goste de mudar para várias cores brilhantes todas as semanas para surpreender as crianças.

— Tudo bem, pessoal, — diz Isobel às crianças quando me vê e coloca o violão de volta no estojo. — Está quase na hora de eu ir, então preciso de todos os meus bons meninos e meninas para voltar aos seus quartos!

Um coro de gemidos de boa índole cumprimenta seu anúncio, mas as crianças todas se levantam e começam a passar por mim. — Oi, Sax! — Alguns me cumprimentam por trás das máscaras cirúrgicas que estão usando. Inclino-me e pego uma das pequenas formas, Sara, de cinco anos, que começa a rir imediatamente.

— Sem cócegas, Sax! — Ela consegue gritar antes que eu dê um beijo em cima do lenço rosa e branco que ela usa para manter o couro cabeludo quente. Coloco-a no chão, e ainda rindo, ela corre pelo corredor.

— Não há cócegas para mim também, por favor, — Isobel sorri enquanto pega seu estojo do violão e se aproxima de mim. — Darei o beijo, no entanto, — acrescenta ela, inclinando-se para escovar seus lábios com os meus. — Preciso fazer algumas notas, e então eu estarei pronta para ir!

— Não há pressa. Estou com seu carro todo arrumado, — digo. Durante as duas semanas de férias de Natal, vamos fazer um cruzeiro para as Ilhas Lofoten, na Noruega, para ver a aurora boreal, outro item a ser retirado de sua lista de desejos. — Nós apenas temos que ir buscar Willy no apartamento, e então podemos sair.

— Você não a trouxe com você? — Isobel pergunta.

— Inferno, não, — começo, antes que uma carranca amigável de Isobel me lembre de observar minha linguagem em torno das crianças. — Você sabe que eu não consigo colocar esse demônio peludo na transportadora sem você!

Com uma risada, Isobel se senta no terminal do computador. — Ainda não entendo como seu gato pode ser tão difícil para você lidar. Ela é uma amada absoluta quando eu a pego.

— Você já viu o que acontece quando eu tento! — Protesto. — Ela não é 'minha' gata. Ela começou a andar pelo meu barco porque eu deixava comida para ela e um dia acordei com ela dormindo em mim! Acho que não tive uma noite tranquila desde que ela decidiu que eu era seu travesseiro favorito.

— Eu não sabia o quão ruim era até a trazermos para cá, — sorri Isobel. — Ela é insistente em relação à hora de dormir, se você e eu gastamos muito tempo... ahem, — ela limpa a garganta e olha ao redor do posto de enfermagem para seus colegas de trabalho. — Bem, você pode dizer que ela é do tipo ciumenta.

Outra enfermeira se senta ao lado de Isobel com um prontuário e depois olha para nós dois. — Ei, pessoal, como vão as coisas? — Ela nos pergunta. — Você ainda gosta de pediatria, Izzie?

— Eu amo isso, — Isobel fala com sua colega de trabalho. — Quero dizer, de várias maneiras, este foi o lugar mais desolador e devastador que já trabalhei. Mas, ver essas crianças lutarem, sua bravura e seus triunfos... é difícil de explicar, mas eu amo isso aqui.

— Você nasceu para isso, — diz a enfermeira. — Há dias que quase o quebram, mas você está certa, tudo se resume aos triunfos. Você sempre tenha isso em mente e ficará bem. Aproveite suas férias, vocês dois! — Ela acrescenta quando se levanta e caminha pelo corredor.

— Essas crianças ajudam você tanto quanto você as ajuda, não é? — Pergunto a ela.

— Elas fazem, — Isobel concorda. — Ver como elas lutam quando são tão jovens, como lidam com tudo, isso realmente me dá uma perspectiva, sabe? Isso me faz perceber o quão abençoada sou por ter esses bons anos.

— Oh, haverá muitos bons anos, — asseguro-a. — Ei, antes de partirmos, você acha que podemos reunir as crianças por alguns minutos? Queria chegar aqui um pouco mais cedo e ouvi-la tocar.

— Sax, você sabe que a mudança de turno está ocupada... — Isobel começa a protestar, parando quando vê outra colega de trabalho trazendo as crianças de volta à sala da comunidade. — Marie, você está fazendo algo com as crianças? — Isobel pergunta à enfermeira.

— Seu homem ligou um pouco mais cedo e nos perguntou se poderíamos reuni-las para algumas músicas aqui no saguão, — responde Marie, balançando um dedo para mim. — Ele disse que tinha uma surpresa para você!

— Sax, o que você está fazendo? — Isobel se vira para mim para perguntar quando chego atrás do armário para mostrar o presente que escondi antes.

— Ta-Da! — Sorrio quando mostro-lhe o estojo de violão que eu trouxe comigo. — Comprei uma coisa para você.

Isobel olha para seu próprio estojo de violão e depois me encara em choque. — Você me comprou um violão? Sax, isso é loucura, você sabe o quanto eu amo o meu!

— Acho que devo dizer que comprei um presente para nós. Comprei um violão para que você possa me ensinar a tocar. Sei o quanto você se preocupa com suas mãos, e o que pode acontecer um dia se, você sabe...

— Você quer que eu te ensine a tocar, por isso, se meus tremores ficarem muito ruins, você poderá fazer isso por mim, — ela sussurra.

— Você será capaz de cantar, — digo-lhe quando me abro para lhe dar um abraço de um braço. — E eu posso ser suas mãos. Cantarei junto, é claro, contanto que não assuste as crianças.

— Você não vai, — ela ri. — Você tem cascalho6 na garganta, juro.

— Você vai fazer isso? — Pergunto a ela. — Ensinar-me, deixar-me fazer parte da sua música?

— Claro que vou, — diz Isobel e se inclina para beijar minha bochecha. — Vai levar muito tempo para você ser tão bom quanto eu, mas...

— Temos tempo, bebê, — asseguro-a. — Estarei com você a cada passo do caminho. Vamos, vamos mostrar para as crianças, e talvez possamos escolher uma música simples juntos.

— Ok, — ela concorda enquanto pega seu próprio violão. — Vamos dar uma olhada nessa coisa e ver se você foi enganado ou não, — ela ri enquanto entra no saguão e se senta dentro do círculo de crianças. Permaneço atrás por um momento, enviando sorrateiramente uma mensagem do meu telefone, antes de entrar e me sentar ao lado dela, colocando minha caixa de violão na frente dela.

— Abra e dê uma olhada, — digo-lhe.

Isobel se inclina para abrir os fechos do novo estojo de violão. Quando ela abre, no entanto, seu corpo congela antes que ela levante a mão lentamente, segurando a pequena caixa que eu havia colocado dentro do estojo.

— Abra e dê uma olhada, — repito com um sorriso, enquanto as crianças ofegam e algumas começam a bater palmas.

Isobel abre a caixa de joias para revelar o anel de diamante brilhante que eu fiz especialmente para ela. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, me agacho de joelhos em sua frente. — Queria trazê-los para cima e fazer isso com todos os seus amigos, — digo-lhe quando me viro para piscar para as crianças reunidas ao nosso redor. — Isobel Washington, conhecê-la foi a maior alegria da minha vida. A única coisa que poderia superar isso seria viver com você para sempre como minha esposa. Você quer se casar comigo?

As bochechas de Isobel ficam vermelhas quando ela olha para o anel, e quando ela estende a mão para abraçar meu pescoço, mal consigo ouvi-la dizer — Sim! — Sobre os aplausos das crianças.

— Sim, sim, — ela ri e me beija e depois me solta para que eu possa pegar o anel e colocá-lo em seu dedo. Quando me levanto abruptamente, ela pergunta, — Espere, aonde você está indo?

— Tenho mais uma surpresa para você e todos os nossos melhores amigos, — digo a ela enquanto abro meus braços em direção a todas as crianças. — Não tenho certeza, mas acho que ouvi grandes renas roncarem lá fora!

Tinha cronometrado quase perfeitamente, e um momento depois o barulho de botas pesadas enche o corredor, onde todas as enfermeiras estão reunidas. Uma figura corpulenta e de terno vermelho que reconheci como meu irmão, War, entra no saguão, largando gentilmente uma enorme sacola no chão.

— HO-HO-HO! — War grita com as mãos nos quadris, enquanto o resto dos Savage Kings de Emerald Isle se reúne no corredor atrás dele. Eles sorriem e acenam quando as crianças se levantam, correndo para se juntar ao gigante motoqueiro Papai Noel.

— Acalme-se lá, Papai Noel, — chamo War. — Não se preocupem, crianças, conversei com ele e garanti que ele trouxesse tudo o que vocês desejavam!

Voltando a Isobel, ofereço uma mão e a puxo para seus pés. — Feliz Natal, bebê! — digo-lhe enquanto a envolvo em meus braços e a beijo.

— Sax, esse... esse é o melhor presente que você poderia me dar. Obrigada, muito obrigada! — Isobel diz enquanto me aperta.

— Esqueci de te contar? — Pergunto inocentemente. — Os Savage Kings fazem uma corrida de brinquedo todos os anos. War espera especialmente por isso. Ele usaria esse traje de Papai Noel em todos os lugares, se pudesse.

— Mas, fazer isso pelas nossas crianças aqui, e fazer com que sua equipe viesse até aqui... — Isobel diz antes que eu a pare com outro beijo.

— Quando contei aos caras sobre o trabalho que você faz e sobre essas crianças, eles mal podiam esperar para chegar aqui. A verdade é que eu os amo quase tanto quanto você. Estou feliz que você decidiu vir aqui. Estou feliz por estar aqui. Coisas assim realmente fazem a vida valer a pena.

— Pessoas como você fazem essa vida valer a pena, — Isobel me corrige. — Mal posso esperar para passar a minha com você, Saxon Cole.

— Bem, futura Sra. Isobel Cole, vamos ajudar nossos amiguinhos a abrir seus presentes, e então você e eu podemos sair. Adicionei algumas coisas ao meu caderninho que mal posso esperar para lhe mostrar.

— Você ainda está trabalhando na sua lista de desejos? — Ela me pergunta surpresa.

— Não, bebê, isso não é uma lista de desejos. Esta é a minha lista Isobel, cheia de coisas que só posso fazer com você. Para você. Por enquanto, no entanto, mal posso esperar para apresentar a todos minha noiva.

 

 

                                                   Lane Hart E D. B. West         

 

 

 

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