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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


SPECIAL OBSESSION / A. M . Hargrove
SPECIAL OBSESSION / A. M . Hargrove

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

A MENSAGEM ME FEZ correr para chegar a Los Angeles. Eu não tinha certeza do que encontraria quando chegasse, mas ela era minha melhor amiga desde a primeira série, e juramos estar sempre lá uma para a outra, não importa o que aconteça. Eu sabia que ela tinha passado por todas as vias para domar seus vícios, mas o demônio do abuso de drogas invadiu sua alma como o diabo que era. Nenhuma das intervenções funcionou e, dois anos atrás, quando eu finalmente me afastei, estava decidida a ficar fora de sua vida bagunçada de viciada. Isso quebrou meu coração mais do que qualquer coisa, mas o amor é difícil, ou é o que dizem.
Exceto que a vida nem sempre é o que parece. O velho ditado sobre caminhar uma milha em meus sapatos me acertou no estômago quando fui pega de surpresa pela ligação dela algumas semanas atrás.

— Estou com problemas, Spesh.

Isso não era novidade para Sasha. As drogas lhe causaram todo tipo de problemas desde que éramos adolescentes.

— Que tipo?

— O tipo muito ruim. — Sua voz tremia, e isso me assustou ferozmente.

— Sasha, você está falando do tipo em que precisa obter ajuda novamente? Do tipo que precisa de hospital? Porque você sabe que não tenho dinheiro sobrando desde que abri o bar.

— Eu gostaria que fosse. Eu não preciso do seu dinheiro. É muito pior do que você pensa. Fiz algo realmente estúpido desta vez. — Ela limpou a garganta. Sua voz tinha uma vibração que eu nunca tinha ouvido antes.

Eu me afastei para que ninguém pudesse ouvir e perguntei: — O que está acontecendo?

— Eu... eu... — Houve uma batida alta no fundo. — Eu tenho que ir.

— Sasha, espere. — Era tarde demais. Ela desligou na minha cara. Suspirando, olhei para o meu telefone por um minuto inteiro antes de voltar ao trabalho, mas não consegui tirá-la da cabeça. Algo estava acontecendo, e me questionei se deveria ligar para os pais dela. Então me lembrei do que aconteceu na última vez que fiz isso. Eles me disseram para nunca mais mencionar o nome dela. Rejeitei essa ideia. Então resolvi jogar o jogo da espera. Um dia se transformou em dois, com, pelo menos, uma dúzia de textos sem resposta.

Finalmente, depois de cinco dias, ela ligou novamente. — Eu não sei o que fazer.

 

 

 

 

 

 

— Sasha, eu não posso ajudá-la se você não me disser o que está acontecendo.

— Se eu te disser, pode te colocar em um lugar ruim também.

Que diabos isso significa? Soltei um suspiro frustrado. — Você quer que eu vá aí e te leve para casa?

— Eu estou assustada. Acho que vou morrer.

— Sash, não diga isso.

— Não, não, me escute. Sei que você provavelmente está pensando que estou exagerando, Spesh, mas juro que não estou. Eu preciso que você faça algo por mim. Existe isso, essa coisa... se algo acontecer comigo. — O pânico atou sua voz.

— Você tá falando besteira agora. — Tentei acalmá-la, mas ela continuou insistindo que algo terrível aconteceria. Só que ela não me deu nenhuma informação e depois desligou.

Outra semana se passou antes de eu receber uma mensagem com tom urgente.

“Eu preciso que você venha aqui. Por favor! Há algumas coisas que você precisa saber. Meu apartamento. Assim que puder. Depressa!”

E foi isso. Tentei ligar, mas o telefone dela foi direto para o correio de voz. Quase liguei para a polícia, mas algo me avisou para não fazer. Foi assim que me vi correndo pelo aeroporto em direção ao aluguel de carros. Tinha que ir até a minha melhor amiga – a garota que eu conhecia desde que me lembro – para ver o que havia dado tão errado.

Quando finalmente estacionei no seu complexo de apartamentos, verifiquei meu telefone. Eu queria ter certeza de que era aqui. O GPS me direcionou para cá, e mesmo que não tenha me surpreendido ver como estava deteriorado, esfreguei meus braços enquanto minha pele pinicava de medo. Meu coração batia numa batida forte que chegava às minhas bochechas e quase me fazia tremer os dentes. O sol já havia se posto há muito tempo, e era mais do que um pouco assustador subir os degraus de metal enferrujado que levavam ao seu apartamento no segundo andar. Ela não tinha medo de morar aqui? Eu com certeza teria.

Quando cheguei à porta dela, levantei meu punho para bater, mas um toque empurrou a porta. Estava escuro como breu lá dentro, então tateei a parede ao lado da porta, procurando por um interruptor de luz. Quando liguei, a visão me congelou de medo. O apartamento dela estava completamente destruído. Não fui mais longe do que a porta, mas tudo em sua pequena área de estar estava em ruínas. Móveis quebrados jaziam em pilhas espalhadas, e seu sofá estava rasgado e o estofamento arrancado. A cena era tão assustadora que voltei direto para o carro.

— Sasha, em que diabos você se meteu? — Eu murmurei.

Em uma escala de zero a dez, meu nível de ansiedade estava em cem.

Uns meses atrás, Sasha me enviou um número para ligar, no caso de algo ter acontecido com ela. Na época, eu pensei que ela estava exagerando; agora eu não tinha tanta certeza. A pessoa que respondeu me deu instruções explícitas. Eu deveria ir diretamente para a casa desse indivíduo e não parar ou falar com ninguém. Era imperativo que eu fizesse exatamente como ela disse. Eu deveria monitorar meu espelho retrovisor para garantir que ninguém estivesse me seguindo. Se eu pensasse que estava sendo seguida, continuaria dirigindo até chegar a um ponto de segurança. Quando finalmente cheguei ao destino com segurança, nunca poderia imaginar em um milhão de anos no que estava entrando. Sasha nunca poderia ter me preparado para isso, para o que me esperava, ou para o que eu ganharia no processo. Eu não sabia se deveria gritar ou pular de alegria. Mas uma coisa eu sabia. Minha vida nunca mais seria a mesma.


01

SPECIAL
Três anos depois

Jeb se inclina e pergunta: — Special, o que vamos fazer com esse? — Ele aponta para a mesa do canto, que contém a figura imponente de um homem extremamente embriagado. Sua cabeça está apoiada na mesa, a testa firmemente no lugar, e é óbvio que ele não vai a lugar algum, tão cedo.

— Ah, porra. Quem continuou servindo a ele? — Eu pergunto.

— Josie. Eu acho que ela estava esperando... você sabe. — Ele balança as sobrancelhas grossas.

— Droga. Vou conversar com ela. Ela continua esperando com todo cara que anda neste bar. Aqui não é um maldito puteiro.

Jeb ri. — Sim, é melhor você falar com ela bem rápido, porque o traje dela tem se inclinado mais para prostituta do que para garçonete ultimamente.

Passando a mão pelos meus cabelos suados, balanço a cabeça com nojo. — Inferno. Estou tão ocupada que sinceramente não percebi. Tão ruim assim?

— Spesh, eu não sei como ela trabalha naqueles malditos sapatos. Você pensaria que ela está trabalhando como strip em Las Vegas.

— Oh, Deus. — O gemido que soltei dura um minuto. Estou frustrada porque é difícil conseguir um bom funcionário hoje em dia e estou me esforçando bastante para manter esse bar funcionando. Não que eu esteja com problemas financeiros. É o contrário. Os negócios têm sido fantásticos, e esse é o problema. Preciso de uma equipe boa e confiável, não do tipo que está aqui para buscar homens.

— Talvez você deva reduzir as horas em que serve comida, — sugere Jeb.

— Você sabe que é onde eu ganho uma tonelada. É uma vaca leiteira. Quando os clientes bebem demais e precisam de comida para absorver o álcool, recorrem ao cardápio noturno.

— Sim, mas você está se sobrecarregando.

— Não, merda. É porque não consigo encontrar ajuda sólida além de você. — Eu verifico a hora; são duas e quarenta e cinco da manhã. — Deixe-me terminar de limpar lá atrás — faço um gesto em direção à cozinha — E então talvez esse idiota desperte o suficiente para que possamos pedir um Uber para ele ou algo assim.

— Tudo bem. Vou cuidar do bar.

Quando terminei de fazer o aço inoxidável na cozinha brilhar, dou um pulo lá na frente. Jeb está parado ao lado da mesa onde o cara está desmaiado.

— Alguma sorte? — Eu pergunto, limpando minhas mãos no avental.

— Não. Mas ele não é um pobre filho da puta qualquer, posso lhe dizer isso.

— O que te faz dizer isso?

Jeb ri. — Confira o relógio dele.

Uma breve inspeção não me dá nenhuma dica. — Ok. E daí?

— É um Patek Philippe.

— Além do fato de eu não conseguir pronunciar, é tipo um Rolex ou algo assim?

Ele ri de novo. — Digamos que você provavelmente possa comprar uma dúzia de Rolex pelo preço que pagou por esse.

Dou uma olhada em Jeb. — E como você saberia? Você nem usa relógio.

Ele encolhe os ombros. — Eu sempre tive um fascínio por eles, e a razão pela qual não uso um é porque não posso pagar pelos que quero possuir.

Jeb é mais velho, talvez com quarenta e tantos anos, embora eu nunca tenha perguntado. Quando abri este lugar, há alguns anos, ele veio procurar um emprego e disse que seria meu funcionário mais leal. Ele está comigo desde então e cumpriu sua promessa. Eu aprendi um pouco sobre ele, não muito, mas talvez em algum lugar no passado ele tivesse dinheiro. Ele não tem muito agora, ou, pelo menos, acho que não. Jeb é uma riqueza de conhecimentos, de curiosidades a como mudar as fechaduras das portas, e ele cuida de mim. Ainda não consigo acreditar na minha sorte em encontrá-lo.

Ele interrompe minha reflexão e diz: — Mas essa não é a única razão.

— O que mais?

Ele segura algo entre o indicador e o polegar. — Bem, merda. Sabe o que é isso? É um American Express preto. Está impresso Weston M.C. Wyndham V. Sim, esse cara é definitivamente o Sr. Ricaço. Você viu o nome dele?

— Então, o que ele está fazendo em um lugar como este? Não que meu bar seja uma espelunca ou algo assim.

— E não é, mas também não é o que você chamaria de clube de alta classe.

— Quem sabe? Talvez ele tenha decidido dar uma olhada em algo diferente.

— Ok, concordo. Mas a maioria das pessoas toma uma bebida ou duas. Eles não ficam completamente engessados e desmaiam na mesa.

— Verdade. Então o que deveríamos fazer?

— Você checou a carteira dele ou carteira de motorista?

— Sim, nada, exceto o AMEX, um chaveiro e uma grande quantia em dinheiro — diz ele.

Soltando um suspiro exausto, tomo uma decisão. — Leve-o para minha casa.

Ele balança a cabeça. — Spesh, você não pode fazer isso. Ele não é um gato de rua.

— Certo, mas minha casa é a mais próxima. — No prédio ao lado, na verdade. — E quais são as nossas outras opções?

— Não é seguro — Jeb insiste.

— Oh, como se ele fosse me atacar neste estado? — Aponto para a pilha de embriaguez.

Jeb ri. — Sim, quando você coloca dessa maneira.

— Além disso, tenho o American Express preto e o relógio como garantia. Eu sei como me cuidar.

Ele olha o cara por um minuto. — Ah? Como é isso? Você vai usar suas vastas habilidades em artes marciais nele?

— Ok. Não adianta ser sarcástico. Vou pegar minha maior faca de cozinha e ameaçar matá-lo.

Jeb inclina a cabeça. — Sério? E se ele virar a faca contra você?

Eu não tinha pensado nisso, mas não vou deixar Jeb saber. — Vamos. Ele não é um assassino. Ele está bêbado.

— Só para constar, não sou grande fã dessa ideia. Conhecendo você como eu, não vou convencê-la disso.

— Ahh, ele ficará bem no meu sofá.

— Nós poderíamos simplesmente deixá-lo aqui — diz Jeb.

— Sem chance. Com a minha sorte, o cara bêbado vai acordar e tentar sair daqui. Então terei essa despesa e bagunça em minhas mãos.

— Faça-o pagar.

— Essa não é a questão. Quem vai arrumar em um domingo?

— Sim, eu não pensei nisso. O seu senhorio também ficaria furioso. E se ele acordar e enlouquecer com você no seu apartamento?

— Vou me trancar no quarto e ligar para o 911. Vamos. Me ajude a arrastar seu traseiro morto para minha casa. Estou cansada e preciso dormir um pouco.

— Tudo bem, mas se tudo der errado, você liga para o 911, ouviu?

— Farei pior que isso. Vou usar o karatê e cortar as bolas do filho da puta.

Jeb balança a cabeça. — Uma comediante.

Não é fácil erguer um homem alto, pelo menos um metro e oitenta, bêbado e muito sólido, com quase nenhuma ajuda dele. Ele anda, mas suas pernas continuam cedendo e temos que cutucá-lo o tempo todo como se estivéssemos levando gado. Quando o colocamos no meu sofá, estou exausta.

— Jesus, esse foi o treino mais difícil que eu já fiz. — Eu limpo minha testa suada com um braço.

— Somos dois — diz Jeb. — Ele tem que pesar uns cem quilos. Sólido como uma rocha.

— Me ajuda a tirar as botas e você pode ir. — Nós puxamos e puxamos até que finalmente seus pés de meia espiam no final de seu jeans. Eu choro com o esforço. É estranho que ele use botas de trabalho, mas não menciono isso a Jeb. — Obrigada pela ajuda. Você precisa chegar em casa. Vejo você na segunda-feira.

Jeb sai com um aviso nos olhos e eu aceno. — Não se preocupe. Vou trancar a porta do meu quarto e ligar para o 911, se for preciso. — Deslizo a trava atrás dele e vou para o chuveiro. A cama está gritando meu nome. Assim que termino, jogo um cobertor em Weston M.C. Wyndham V, e vou para a cama. Como o bar está fechado no domingo, eu normalmente durmo até tarde. Não me mexo novamente até que o sol esteja alto no céu e meu quarto esteja brilhante.


02

SPECIAL

Empurrando as cobertas para trás, levanto e me alongo. Eu rolo meus ombros algumas vezes, trabalhando com força. Então visto meu jeans velho favorito e um moletom por cima da camiseta. Estamos em meados de outubro, e um pouco de frio está no ar hoje. Meus pés preguiçosos e o resto do meu corpo não está exatamente feliz por estar fora da cama, mas eu me arrasto para a cozinha para preparar um bule de café.

Impaciente demais para esperar o processo de ebulição terminar, pego a panela e despejo em uma xícara. Com o café na mão, vou na ponta dos pés até a sala para verificar meu convidado. Eu estava tão exausta ontem à noite, que não prestei muita atenção a ele depois que o jogamos no sofá. Isso foi um erro, porque o homem é impressionante.

Seu rosto está coberto por barba e seu cabelo está completamente desarrumado. Sou imediatamente atraída por várias coisas. Lábios cheios e beijáveis estão levemente separados para criar uma pequena abertura onde uma dica de dentes brancos pode ser vista. Um braço está esticado sobre a cabeça, fazendo com que sua camisa suba, me dando uma visão parcial de seu abdômen. O início de duas linhas profundas que se inclinam abaixo da cintura de sua calça jeans indica que há mais nesse V do que cumprimenta os olhos. Há também parte de uma tatuagem aparecendo na sua lateral – possivelmente uma grande, e quase me deixa tonta. Quero cair de joelhos e inspecioná-lo, porque esse é o meu vício. Estou coberta de tinta. Minhas costas é uma tela e meus braços também. É a minha maneira de expressar emoções. Eu ouço pessoas sussurrando sobre isso, mas isso é quem eu sou. Às vezes dói saber que eles não entendem, mesmo que eu tente não os deixar ver.

Na verdade, estou gostando da vista do Sr. Wyndham. Infelizmente, ele precisa ir embora. Eu tenho um dia agitado pela frente, sem mencionar que ele é um estranho dormindo no meu sofá. Usando meu joelho, o cutuco no quadril — Ei, acorde. — Sem resposta. Faço outra tentativa e ainda nada. Merda. E se ele estiver morto? Toco seu pescoço para ver se ele tem um pulso. Ele está quente, então isso é um alívio. Sob meus dedos há uma batida forte e constante. Sua pele é lisa e seu cabelo escuro roça o topo da minha mão. A vontade de passar meus dedos pelos cabelos dele é forte. Espere, o que diabos eu estou pensando? Afasto minha mão.

Recuando, permito que meus olhos se demorem nele por mais um minuto antes de sacudir seu ombro e gritar com ele em voz mais alta. Ainda sem resposta. Porra, o cara foi martelado, com certeza. Já passa das dez e eu não quero um cara estranho dormindo aqui o dia todo. Embora pareça extremo, encho um copo com água e despejo um fluxo lento e constante em seu rosto.

— O quê? Ei! Que porra é essa?! — Ele geme, sentando e limpando a água. Ele tem uma voz profunda e rouca. Não sei se é porque ele acabou de acordar, mas é sexy como o inferno.

Ele limpa a água dos olhos, depois se concentra em mim. Íris cinza claras olham para mim em confusão.

— Bom dia.

— Quem é você? — Ele pergunta.

— Sou a dona do bar que você desmaiou ontem à noite, Sr. Wyndham. Deveria ser mais responsável sobre o quanto bebe quando sai.

Sua mandíbula aperta e ele aperta os olhos. Sem dizer uma palavra, ele cai de volta no sofá e rola como se estivesse voltando a dormir.

— O que você pensa que está fazendo?

— Indo dormir. Agora seja uma linda garotinha e fique quieta. Estou cansado e minha cabeça está latejando como um bumbo.

Sério? — O que você acha que é isso? O Holiday Inn?

— Não. O Holiday Inn me daria uma cama.

Minha boca se abre. De todas as... — Ei, se não fosse por mim e este sofá, sua bunda estaria dormindo na rua.

— Tanto faz. Agora, fique quieta.

— Eu não vou. Você precisa sair. Eu tenho coisas para fazer.

— Bem. — Ele se levanta lentamente e eu olho para cima. Ele é alto. Muito, muito mais alto do que eu pensava na noite passada. Provavelmente porque ele estava todo inclinado e mal podia andar. Enquanto eu o encaro, ele se move ao meu redor e eu acho que ele está indo ao banheiro. Garoto, eu estou errada. O homem mal abre os olhos enquanto caminha pelo corredor, encontra meu quarto, tira a calça, revelando a bunda nua mais perfeita que já vi, e sobe na minha cama. Mas que audácia! Agora que diabos eu devo fazer?

Isto é ridículo. Tenho tarefas para executar, coisas para fazer. É domingo – o dia em que visito minha Mimi. Ela cozinha o jantar de domingo e eu passo a tarde com ela e... merda. Lavanderia... eu preciso lavar roupas. Todas as minhas calcinhas estão sujas e meu cesto de roupa suja está no armário do meu quarto. Foda-se. Eu vou entrar de qualquer maneira.

Pisando no meu quarto – meu quarto – vou para o armário e pego meu cesto, certificando-me de recolher todas as roupas sujas. Então eu o arrasto para fora, intencionalmente fazendo o máximo de barulho possível.

— Você pode, por favor, fazer silêncio? Minha cabeça está rasgando, porra.

— Sinto muito por você ter decidido beber um caminhão cheio de bebida ontem à noite. E não, eu não consigo me conter. Tenho trabalho a fazer. Vá para casa e durma lá, se quiser silêncio.

Ele geme uma resposta que eu não consigo entender e não me incomodo em pedir que ele repita. Que tipo de pessoa faz esse tipo de coisa? Depois de catar um monte de roupas sujas, corro até o bar para verificar o inventário do meu restaurante, procurando o representante do serviço de alimentação que estará passando pela manhã. Mas faço um trabalho meio porco porque não quero deixar o idiota lá em cima sozinho, embora não saiba o que ele roubaria. Um cara com um relógio como aquele e um American Express preto não iria querer nenhuma porcaria que possuo.

Quando volto para casa, a lavadora está desligada, então movo a carga para a secadora e começo a próxima. Então eu pego tudo para um pequeno café da manhã. Antes de ligar o fogão, pego meu laptop surrado e dou uma olhada no relógio dele. Quando tento olhar o preço, só encontro os usados e eles custam até cinquenta mil. Que diabos esse cara faz para viver? Rouba bancos? Quem gasta cinquenta mil em um relógio, quando você pode comprar um Timex por cinquenta dólares? E esse nem era novo. Talvez ele tenha roubado. Talvez ele seja um ladrão profissional. Ou um daqueles ladrões de arte, como naquele filme em que o cara rouba todas as peças originais e as substitui por falsificações. E se ele matou alguém e o roubou?

Acalme-se, Spesh. Você está apenas agindo como louca agora. Ele não pode ter um AMEX preto se não for um cara rico de boa-fé. Depois de algumas respirações profundas e calmantes, começo a me sentir um pouco melhor. Hora de cozinhar alguns ovos.

Está tudo pronto – manteiga chiando na panela e ovos batidos – quando meu convidado entra na cozinha.

— Oh, bom, você está fazendo café da manhã. Estou faminto. — Ele estica os braços no ar e depois esfrega o estômago como uma criança. Fico feliz em notar que ele está vestindo as calças novamente.

— Desculpe?

— Sim. Três ovos, torradas com manteiga, sem geleia, e eu vou comer salsicha. Sem nada, o hambúrguer de salsicha. E aveia. Com manteiga e sal. Sem pimenta. — Ele senta em uma cadeira na minha pequena mesa de bistrô para dois. — Ei, você pode me trazer uma xícara de café? — Ele aponta para a cafeteira no balcão. — E um pouco de água gelada. Estou morrendo de sede. Você não teria, por acaso, nenhum Gatorade, teria?

Nada de por favor, obrigado, beije minha bunda, nada.

Segurando o batedor na mão, penso em jogar nele, em vez da pia onde estou colocando. Volto para o fogão, pego a espátula, respiro fundo e digo: — Sinto muito. Este não é um restaurante, não sou sua garçonete nem sua empregada. Se você quer café ou água, levante-se e pegue você mesmo. Ah, e para sua informação, nada de Gatorade.

O homem parece horrorizado. — Eu só pensei desde que...

— Eu sei o que você pensou.

— O que eu devo comer?

Inclinando minha cabeça, aponto a espátula para ele. — Cozinhe os ovos, as salsichas, as torradas com manteiga e sua maldita aveia. Olha, senhor, há algo que você continua esquecendo. Você desmaiou no meu bar. Nós carregamos você para o meu apartamento. Você dormiu no meu sofá. Mas, caramba, não vou seguir suas ordens. Não sei quem diabos você pensa que é, mas acredito que é hora de você sair.

Ele olha e não diz nada por um longo momento. Então ele estende a mão. — Eu sou Weston, e você é?

Oh, irmão, aqui vamos nós. Prepare-se para o jogo do nome. Não acredito que vou fazer isso. Estendendo a mão, digo: — Sou Special.

Lá vão as sobrancelhas, direto para a linha do cabelo, e então ele solta uma risada rouca. — Bem, eu gosto de uma mulher honesta. Você com certeza tem uma opinião alta de si mesmo.

Eu deveria ter esperado isso. — Não exatamente. Special é o meu nome.

— É isso mesmo? Qual é a brincadeira precisamente? — Ele pisca.

Eu suspiro um pulmão cheio de exasperação. — Não, você não entendeu. Esse é o nome legal que me deram no nascimento.

Com as sobrancelhas juntas, ele pergunta: — Quem diabos chama o filho de Special?

— Uma garota de dezessete anos que não tinha nada que ter um filho em primeiro lugar. É quem faz isso.

Ele fecha a boca e posso ver sua língua cutucando o interior de sua bochecha.

— Hmm. Ok, Special. Você tem um sobrenome?

— O'Malley.

— Special O'Malley — ele repete o meu nome, e por algum motivo eu gosto do jeito que soa rolando da sua língua. Essa é a primeira vez. O ensino médio foi uma vadia para alguém com um nome como Special. As meninas eram desagradáveis e não se incomodavam em fazer os comentários maliciosos nas minhas costas. Elas faziam isso direto na minha cara. Os caras, por outro lado, eram um pouco menos óbvios, mas apenas porque queriam algo de mim. Mas a imbecil aqui não entendia até que fosse tarde demais.

— Está certo. — Minhas mãos descansam nos meus quadris, um desafio não verbal para ele fazer algum comentário espertinho. Ele não faz. Ele inclina a cabeça e olha. Não tenho certeza do que está passando por sua mente rica, mas ele está me deixando desconfortável. Eu olho de volta para ele. Seu cabelo está ajeitado. De alguma forma, ele prendeu a parte superior em um rabo de cavalo, assim a lateral, que é cortada super curta, está à vista. Infelizmente, estou muito atraída por esse homem. Por que ele tem que ser tão malditamente quente? Ele é uma contradição com o que eu sempre presumi que um cara rico seria. Ele não tem aquele olhar pesado e engomado. Na verdade, ele parece ser exatamente o oposto, quase rebelde, o que me atrai. Eu sempre me identifiquei com isso, nunca me conformando ou me encaixando no convencional. Partes dele gritam riqueza, mas outras são difíceis e desafiadoras. É o tipo de olhar que me atrai. Ele finalmente mergulha a cabeça em um único aceno de cabeça e os cantos da boca levantam. Porra. Isso não deve ser permitido. Meus joelhos querem se dobrar pela pura beleza disso, mas eu permaneço forte.

— Então, Special O'Malley, que tal fazer um acordo? Pagarei se você me preparar o café da manhã. Eu não sou exigente. Apenas morrendo de fome e com muita sede.

— Não vai ser barato.

Ele ainda sorri e diz: — Tenho certeza de que posso pagar.

— Ok, mas só para você saber, eu não tenho hambúrguer de salsicha. Apenas bacon.

— Eu amo bacon.

— Tudo bem então — eu digo e volto para o fogão.

Uma vez que estou fazendo as coisas, digo que ele deve tomar banho.

— Você acha que eu preciso de um? — Ele pergunta.

— Você cheira como se tivesse nadado em um barril de Jack.

Ele levanta o braço e respira fundo. — Já volto.

— As toalhas estão embaixo da pia — grito para sua forma em retirada.

Jesus, esse cara. Eu deveria ir para a Mimi a qualquer momento, em vez de preparar o café da manhã. Como eu fiquei presa nisso? Porque eu sou uma idiota que está babando sobre ele, foi assim. A comida está quase pronta quando ele sai do banho. Ele está com um cheiro fresco, vestindo jeans preto e botas, sem camisa. Não só ele tem o que eu espiei antes, mas várias obras de arte gravadas em sua pele castanha. A saliva quase escorre pelo meu queixo, mas limpo a boca com as costas da mão antes que tenha uma chance.

— Eu peguei emprestada sua escova de dentes.

Ele diz isso tão despreocupadamente, como se fosse algo que ele faz todos os dias. Minha espátula para no ar.

— Você o quê?

— Eu precisava escovar os dentes, então pensei: tudo bem. Você sabe – boa higiene dental e tudo. Além disso, você disse que eu cheirava mal.

Minha mão voa no ar, quase derrubando a panela do queimador. — Você é louco? Essa é a minha escova de dentes!

— Calma aí, Spike1. É apenas o que, três dólares em plástico? Vou deixar para você muito mais do que isso em gorjeta, se você for muito gentil comigo. — Ele sorri para mim. Se eu não estivesse tão chateada, teria passado mais tempo olhando o quão perfeito são os dentes dele.

Spike?

— Essa não é a questão. Você deveria ter perguntado primeiro.

Ele lança um olhar azedo na minha direção. — Certo. Estou feliz por não ter. Porque não é como se você tivesse dito que estava tudo bem. Além disso, eu precisava escovar os dentes.

— Então, o que eu vou usar?

— Ei, não é como se eu tivesse doenças contagiosas ou algo assim. Eu não sou um caminhante. — Então ele começa a agir como um zumbi.

— Pare com isso. Você é sempre tão irritante?

Ele para e pensa por um momento. — Não, eu sou pior. Ou meus pais parecem pensar assim.

— Não posso dizer que eu os culpo. Não acredito que você usou minha escova de dentes.

— Cristo, se você não calar a boca, eu realmente vou me arrepender.

— Você deveria. Isso é nojento.

— Por quê? Não é diferente de se nos beijarmos.

— Mas não nos beijamos e não vamos fazer isso no próximo século.

— Você tem certeza disso?

De repente, seu braço gira em volta da minha cintura, ele me gira, e eu estou olhando nos olhos cinza esfumaçados, a apenas centímetros dos meus. Antes que eu possa empurrá-lo para longe de mim, seus deliciosos lábios encontram os meus e ele me beija. Sua língua empurra meus lábios, e ele faz uma exploração preguiçosa de todos os lugares secretos dentro. Ele conhece o caminho pela boca de uma garota. Este não é um beijo desleixado. Quando ele me solta, estou ofegando por ar enquanto sinto o cheiro do começo do café da manhã queimando.

— Isso não foi tão ruim, foi? — Ele pergunta.

Eu o empurrei de cima de mim, dizendo: — Foi horrível. Absolutamente o pior. — Eu me concentro no bacon, ovos e aveia para que ele não veja o rubor que aqueceu meu pescoço e bochechas. — Só para você saber, aquela escova de dentes que você usou? Não é minha escova de dentes comum. Eu mantenho essa no armário de remédios. A que você usou, esfrego os ladrilhos do chuveiro.


03

WESTON

Quem diabos esfrega os ladrilhos do chuveiro? E com uma escova de dentes? Pego minha xícara e tomo o café que resta nela. Eu nem tenho certeza do que dizer para ela. Tudo o que sei é que ela é gostosa, mas de uma maneira muito diferente das mulheres com as quais estou acostumado. Eu gosto de sua personalidade não convencional. O nome dela – Special – é hilário. Estranhamente, isso se encaixa nela. Não que ela seja convencionalmente atraente, mas ela é linda à sua maneira única. A sensação de dureza que ela tenta retratar é engraçada, mas eu vejo através dela. Uma dose gigantesca de açúcar está embaixo da superfície dura que ela tentou criar.

Ela coloca um prato na minha frente e cheira fantástico. Eu começo a comer. Sua língua azeda interrompe meu progresso no meio da mordida.

— De onde eu venho, é indelicado não agradecer ao chef ou ao cozinheiro, quem quer que seja. Também é rude não esperar que todos estejam sentados antes de comer.

Sua advertência me fez largar o garfo. — Obrigado por isso. É muito gentil da sua parte, e eu realmente aprecio. Perdoe minhas maneiras terríveis.

— Elas são. — ela resmunga. — Você age como se eu fosse sua serva.

Fico envergonhado, ela está certa. Eu agi assim. Isso não me cai bem. — Peço desculpas. Isso foi errado da minha parte.

Ela me ataca com aquelas incríveis íris chocolate escuro e não fala uma palavra. Meu estômago ronca até que ela diz: — Coma antes que esfrie. — Ela não precisa me dizer duas vezes. Meu prato é polido e limpo em um instante vergonhosamente curto. Enquanto eu comia, tudo o que ela fez foi me assistir.

Eventualmente, ela se levanta para dobrar as roupas. O apartamento dela é pequeno. Um quarto, um banheiro, uma área de estar e cozinha com uma lavanderia logo em seguida, mas acho que ela acha que está tudo bem. Eu teria uma vida claustrofóbica aqui, embora hoje não esteja me sentindo preso. Na verdade, estou bastante confortável.

— Você está lavando mais roupa? — Eu pergunto.

Com um olhar estreitado, ela pergunta: — Por quê?

— Eu estava pensando se você poderia lavar minha camisa. Normalmente não uso as coisas dois dias seguidos.

— Você não está falando sério.

— Sim. É uma coisa minha sabe? Eu gosto de vestir uma camisa limpa quando saio do banho.

— Você é uma porra de diva. Não, eu não lavarei sua camisa. Agora, vista-se e vá embora. Eu esperava que você saísse daqui assim que acordasse.

— Eu não sou diva. Só porque eu gosto de estar limpo não constitui ser uma diva. Você está sempre de mau humor de manhã?

— Não! Não estou de mau humor. Eu te hospedei ontem à noite, salvei sua vida, te dei um lugar seguro para dormir, e agora você quer que eu lave suas malditas roupas? Isso e café da manhã não foram suficientes? — Ela fica lá com uma mão no quadril, depois murmura: — Inacreditável.

— Não, eu perguntei. Eu não exigi. E você não salvou minha vida.

Ela está injustificadamente zangada por algo tão pequeno.

— Sim, eu salvei e é uma imposição. Estranhos não pedem para que lavem suas roupas. Ninguém te ensinou boas maneiras e etiqueta?

— Sim. Eu fui para a escola de etiqueta. — Agora estou quase gritando com ela.

— Você deve estar brincando. Você foi para uma escola de etiqueta? Isso realmente existe? — Os olhos dela estão tão abertos que eu tenho medo de que rolem direto da cabeça dela.

— Sim, isso existe. E o que há de errado nisso? Todo mundo vai para a escola de etiqueta. Eles me ensinaram todos os tipos de coisas, como maneiras adequadas e como dançar! — eu grito.

— Oh, meu Deus. Você também foi à escola de dança? — Ela ri tanto que ronca.

— Não foi o que eu disse. Eu disse que fui para a escola de etiqueta, onde aprendi a dançar. Você devia trabalhar na mídia. Você com certeza sabe distorcer as coisas.

— Eu não distorci nada. Eu apenas repeti o que você disse.

— Sim, distorcendo. Não importa a camisa. Esqueça que eu perguntei.

— Eu já esqueci. — Suas narinas se abrem quando ela está com raiva. É muito sexy quando penso nisso. — O quê? — Ela pergunta.

— O que, o que?

— Você tinha um sorriso de merda no rosto.

— Não, eu não tinha.

— Sim, você tinha sim.

Cansado da briga, eu a agarro e a beijo, dizendo a mim mesmo que é para calá-la. Só que essa não é a verdadeira razão. A razão é que, com toda sua raiva, ela fica magnífica. Seu cabelo preto e bagunçado balança com seus gestos raivosos, enquanto seus olhos quase negros cospem faíscas prateadas. Ela é uma mulher de temperamento ardente, e aposto que é explosiva na cama. Eu seguro a bunda dela, puxando-a para perto de mim, aprofundando o beijo. Quando a resistência dela diminui, ouço gemidos suaves. Estou pronto para entrar na matança, embora duvide que ela caia nessa. Esta mulher não é do meu tipo habitual, então uma queda na cama para uma foda rápida provavelmente está fora de questão. Meu pau gosta da ideia; está montando uma barraca dentro do meu jeans.

Levantando a blusa dela, deslizo minha mão por baixo com o objetivo de deslizá-la pela calça dela. Isso a faz agir.

Com as duas mãos no peito, ela me afasta e pergunta: — Que diabos você pensa que está fazendo?

— Beijando você.

— Você estava colocando as mãos na minha calça.

— E?

— Isso não é beijar. Isso é apalpar.

— Apalpar? — Minha voz sobe alguns decibéis. — Eu não tenho apalpado uma garota desde antes do ensino médio.

— Pense de novo, cara, porque você acabou de apalpar minha bunda.

— Tudo bem, Spike, relaxe. Isso foi uma carícia, e é óbvio que você não pode dizer a diferença entre os dois.

Ela aponta o dedo para mim. — Você não sabe o que diabos está fazendo. Eu trabalho em um bar, lembra? Recebo apalpadas diariamente. Eu deveria saber como é ser apalpada.

O ciúme levanta a cabeça. Por que diabos eu me sinto assim de repente? O pensamento das mãos de outro homem na bunda dela me enche de raiva. — Eu não posso acreditar que você permite que esses homens ponham suas mãos em você!

— O quê? Não é como se eu pedisse. — Ela balança a cabeça e me olha como se eu fosse um louco do caralho. — Olha, acho que você perdeu a cabeça. Você deve ter intoxicação por álcool ou algo assim. Já ouvi falar disso. É quando as pessoas bebem tanto que suas células cerebrais morrem. Você com certeza não está funcionando corretamente.

— Que porra! — Os meus neurônios estão funcionando muito bem, obrigado.

— Eu acho que você precisa sair. Além disso, eu preciso estar em outro lugar — diz ela, olhando para o relógio na parede.

— Onde você precisa estar? O seu bar não fecha aos domingos?

Ela está lavando a louça do café da manhã enquanto eu estou olhando para sua bunda. — Isso não é da sua conta.

— Então, você não quer passar o dia junto comigo? — Seu corpo gira tão rápido que ela pinga água e espuma por toda parte.

— O que lhe deu essa ideia insana? — Seus lábios estão curvados da maneira mais incomum. Eu acho que ela não tem interesse em sair comigo.

— Eu estava pensando que talvez você queira ir para minha casa ou algo assim.

Mil emoções voam por seu rosto até que finalmente se instala em uma: aversão. Sua boca se torce em um franzir cômico, e eu não consigo parar a risada que sai de mim.

— Acho que não, então.

— Por que diabos eu iria querer fazer isso? — Ela pergunta, sua voz subindo.

Dando de ombros, digo: — Oh, eu não sei. Talvez possamos nos conhecer melhor. Nos tornar amigos ou algo assim.

Jogando a esponja na pia, ela limpa as mãos em uma toalha e responde: — Preciso esclarecer uma coisa. Eu deixei você passar a noite aqui porque desmaiou. Você não tinha identificação, assim não podíamos ligar para um táxi ou Uber porque não sabíamos onde você morava. Então, tivemos que arrastar seu traseiro morto até aqui do bar, e confie em mim, não foi fácil. Eu esperava que você acordasse e saísse daqui, porque a maioria das pessoas que conheço não se orgulharia do fato de terem enchido a cara e desmaiado em um bar. E agora você quer que passemos o dia juntos. — Ela olha para mim como se eu estivesse louco. Talvez eu esteja.

— Posso te perguntar uma coisa?

Ela assente uma vez.

— Você já cometeu algum erro?

As mãos dela pousam nos quadris. — Isso é ridículo. Claro que já. — Ela acena uma mão como se estivesse golpeando uma mosca. Seus gestos me fazem querer rir, mas não me atrevo. Ela provavelmente iria me matar.

— Foi o que aconteceu ontem à noite. Algo aconteceu mais cedo, e acabei no seu bar. Foi lamentável, mas antes que eu percebesse, tive mais do que deveria. Eu não sabia o que estava fazendo, só que queria beber com a dor, por assim dizer. Desculpe, você teve que testemunhar esse lado da minha vida.

As sobrancelhas dela se erguem. — Você faz muito isso?

— Não! Quero dizer, me desculpe por você ter me visto nesse estado. Eu não faço muito isso. — Esfrego a parte de trás do meu pescoço. Estou parecendo totalmente um cuzão, então vou dizer obrigado, me desculpar por me impor, e eu vou sair do seu caminho. — Coloco a mão no bolso, lhe dou cinco notas de cem dólares para cobrir minha estada, bem como os problemas que causei, e vou embora.

— Você pode precisar disso. — Ela aponta para a minha camisa suja que está na cadeira.

— Obrigado. — Eu coloco.

— Você pode precisar disso também. — Ela enfia a mão no bolso e pega meu relógio e meu cartão American Express.

— Que diabos?!

— Eu os tomei como garantia. Você sabe, caso tentasse alguma coisa.

Agarrando os itens, balanço minha cabeça.

— Eu te disse que salvei sua vida. Se tivéssemos deixado você lá fora, você teria sido roubado com certeza. — Diz ela.

É difícil discutir com ela. Aceno com a cabeça bruscamente, arrasto meus pés para a porta. Eu realmente não quero ir embora, porque mesmo que ela seja exasperante, eu gosto dela. Quando abro a porta, à minha direita há uma escada que leva à rua. — Hum, onde estou exatamente?

— Atlanta. Virginia Highlands para ser específica.

Ah. Isso faz sentido. Eu estava jantando com meus pais aqui perto, quando tivemos uma discussão. Foi assim que acabei no bar dela.

Olhando para ela, penso novamente como ela é singularmente bonita. — Qual é mesmo o nome do seu bar?

— Você passará por ele quando sair.

É uma pergunta que odeio perguntar, mas preciso. — Você por acaso saberia onde meu carro está estacionado?

Ela murmura algo, que tenho certeza que não é muito elogioso, e acrescenta: — Como diabos eu saberia disso? Eu estava trabalhando quando Jeb chamou minha atenção para você.

— Quem é Jeb? — Não sei se gosto do som de Jeb, quem quer que seja.

— Jeb é um dos meus funcionários, não que seja da sua conta.

— Hmm. Bem, posso pedir outro favor a você?

— Claro, por que não? — Ela joga as mãos no ar.

— Você pode me ajudar a procurar meu carro?

Ela começa a murmurar, e ouço uma porra e uma merda, algo sobre ser meu Uber pessoal. Então ela pega suas chaves e se aproxima de mim. — Vamos. — Ela tranca a porta atrás de nós e vamos para a rua. O sol está brilhando, fazendo minha cabeça pulsar novamente.

— Porra, isso dói. — eu gemo.

— Você deveria ter pensado nisso antes de se embebedar.

— Sim, bem, se você tivesse passado pelo que eu passei, teria feito a mesma coisa.

— Como você pode ter tanta certeza? — Ela pergunta enquanto caminha.

— Confie em mim.

Ela para abruptamente e eu praticamente a atropelo. — Ajudaria se eu soubesse que tipo de carro estarei procurando. — ela bufa.

— Sim, eu acho que sim.

— Jesus, você é irritante. Onde estão suas chaves?

— No meu bolso. Por quê?

— Porque, idiota, você pode pressionar aquele pequeno botão que faz o seu carro emitir um sinal sonoro. — Até agora, ela deve estar convencida de que tenho algum problema mental.

— Por que não pensei nisso? — Cavando no meu bolso, puxo o chaveiro para pressionar o alarme. Nada. — Devemos estar muito longe.

Ela coça a têmpora. — Eu preciso ir buscar uma jaqueta.

— Por quê? — Está um pouco fresco, mas não frio.

— Porque não podemos andar pelas ruas para sempre procurando seu carro. Vamos.

Voltamos para a casa dela, onde ela troca de calçado e veste um casaco. Depois, caminhamos por uma rua estreita ao lado do prédio dela e vamos para a parte traseira do apartamento, onde fica uma Vespa vermelha. Ela coloca um capacete, enfia a mão em um compartimento traseiro e puxa outro. — Aqui, coloque isso.

— Você quer que eu monte nisso com você?

— Cale a boca e coloque-o para que possamos ir. Não tenho o dia todo e, se você quiser que eu o ajude a encontrar seu carro, coloque aqui para que possamos seguir em frente.

Olhando de novo para a coisa, tenho sérias dúvidas de que ambos nos encaixaremos. Não passa de uma maldita scooter. Rezo para que ninguém me veja nessa coisa estúpida.

— Você está vindo ou não? — Ela pergunta, impaciência afiando sua voz.

— Sim, sim. — Colocando o capacete na minha cabeça, subo atrás dela. — Você sabe como dirigir essa coisa?

- Não, eu não sei. Eu nunca dirigi uma única vez. - Ela liga e volta a dizer: — Não lute comigo nas curvas. — Então partimos. Estou surpreso com a rapidez com que a coisinha se move. Ela entra no trânsito e eu quero gritar como uma garota, mas não grito.

— Que cor é seu carro? — Ela se vira e grita.

— Jesus! Olha para onde está indo!

— Cala a boca! Eu sei o que estou fazendo. Além disso, eu não sou seu táxi pessoal. Que cor?

— Preto. Um carro esporte. Apenas dirija e tenha cuidado pelo amor de Deus! Deixe-me procurar.

Seu capacete torce de um lado para o outro. Só posso imaginar o que ela está murmurando agora. Ela sobe e desce as ruas laterais até eu localizar meu carro a cerca de um quarto de milha de distância. — Lá está, à direita. — Ela diminui e para, para que eu possa descer da Vespa.

— Carro chique em. De que tipo é?

— Ferrari. — Então me bate. Eu nunca vi o bar dela. — Ei, qual é o nome do seu bar? Eu esqueci de checar.

Ela ainda está olhando para o meu carro. — Você tem muito dinheiro, não é? Tipo um monte.

— Isso é discutível. Minha família tem dinheiro. Seu bar? O nome?

— Oh. Chama-se A Special Place.

— Apropriado.

Eu nunca tenho a chance de agradecê-la pela carona ou dizer qualquer outra coisa antes que ela me dê essa pequena saudação engraçada e vá embora, me deixando de pé e olhando para ela. Eu não considero um problema, porque agora que eu sei onde está a Special, não será um problema encontrá-la novamente.


04
SPECIAL

Minha Vespa entra na garagem da antiga fazenda. Um cachorro late, correndo até mim com o rabo abanando. Na verdade, sua bunda inteira balança. — Ei, Mokey, o que está acontecendo, garota? — Eu coço atrás das orelhas dela, seu lugar favorito. Seu focinho cinza esfrega minha coxa e eu calculo mentalmente sua idade. Quinze. Eu tinha oito anos quando a pegamos. Ela é velha para um cachorro, mas, embora se mova um pouco devagar, ainda está forte.

Mokey me segue até a varanda da frente e entra em casa.

— Spesh, você deixou aquele velho cão fedorento entrar? — É como se minha avó tivesse um sexto sentido quando se trata desse cachorro.

— Ela é velha, Mimi, e precisa descansar aqui dentro.

— Mokey não pode dizer a diferença entre a casa e o celeiro. Ela é uma velha burra.

— Talvez, mas ela é minha cachorra velha e burra.

— Não, ela não é. Ela é minha. — Grita uma voz estridente nos fundos da casa.

— Cody! Como está indo, meu homem?

— Bem, mas Mokey me disse que ela era minha cachorra agora. — Meu coração aperta com o som da sua pequena voz. Inclino-me para lhe dar um abraço apertado, e seus cachos escuros e macios fazem cócegas na minha bochecha. Cody está com seis anos e o mundo pertence a ele, ou assim ele pensa. Toda vez que olho para seus olhos caramelo, minhas costelas quase quebram sob o peso do meu coração dolorido, enquanto experimento a perda de sua mãe novamente. Sasha ficaria tão orgulhosa dele.

— Ela disse, hein?

Sua cabecinha balança para cima e para baixo. — Sim. Outro dia no celeiro. Eu quero que ela durma comigo também. Então os monstros não podem me pegar.

— Não há monstros aqui, mas Mokey dormindo com você é uma boa ideia.

— Spesh, não se atreva a colocar essas ideias na cabeça dele, — Mimi grita da cozinha. — Não diga a ele que está tudo bem Mokey dormir aqui dentro.

Cody olha para mim e nós batemos com o punho. Então eu digo: — Ei, grandão, por que você não corre e brinca um pouco? Mas não vá longe. OK?

Ele corre pela porta da frente e eu vou direto para a cozinha.

Mimi está no fogão, como sempre. Eu me aproximo para um abraço e um beijo. Não há nada melhor do que um abraço de Mimi, na minha opinião.

— Você está atrasada, Honey Bear2. — Esse é o apelido dela para mim, porque ela disse que eu era doce como mel. Eu costumava voltar para casa da escola chorando, quando eu era pequena, porque era provocada sem piedade pelo meu nome. Minha mãe idiota nunca pensou nas ramificações que eu enfrentaria ao ser chamada de Special. Na escola, era ‘Special T” ou “Special do dia” ou você realmente pensa que é “Special, não é?”.

Em seguida, eles acrescentavam: — Oh, está certo, você é! Então as gargalhadas começariam.

Mimi implorou para minha mãe mudar, mas ela recusou, dizendo que eu era a coisa mais especial que ela já tinha visto. Que idiota, é tudo o que tenho a dizer sobre isso.

Finalmente, quando eu era mais velha, ela concordou, só que ela nunca estava por perto o suficiente para fazer algo sobre isso. Quando completei dezoito anos, eu disse foda-se tudo. Do jeito que eu vejo, sou especial por ter sobrevivido a toda a merda que foi jogada em mim. Foi assim que comecei a me tatutar. Minha primeira tatuagem aconteceu no meu aniversário de dezoito anos e dizia: “Eu sou Speshial,” na fonte mais linda no centro das minhas costas. Eu soletrei dessa maneira, porque aqueles que estão mais próximos de mim me chamam de Spesh e é assim que Sasha escrevia nos bilhetes que trocamos na escola. Mimi não estava muito feliz com isso no começo, mas entendeu o porquê. Quando continuei com as tatuagens, pude ver decepção nos olhos dela. Depois que expliquei como a arte era minha expressão de emoções, ela finalmente aceitou. Agora ela pergunta sobre elas e é mais curiosa do que qualquer coisa.

— Sim, desculpe por me atrasar. Eu tive um pequeno problema que precisava ser resolvido.

— Problema? — Mimi pergunta.

Acenando com a mão, digo: — Não foi nada.

Ela olha para mim e diz: — Foi mais do que nada.

A mulher é psíquica, eu juro. Então eu conto a ela sobre Weston bêbado. Ela dá um tapa na perna e uiva. — Oh, nossa. Eu posso ver seu rosto quando ele pediu para você lavar a camisa dele.

— Eu sei. Quem faz isso?

— Garotos ricos fazem. Honey Bear, ele provavelmente foi atendido por toda a sua vida.

— Você acha? Ele agiu como se fosse o dono do lugar. Eu juro, Mimi, os homens são ridículos.

Ela ri. — Não seja tão dura. Alguns deles são bons, mas muitos são bons apenas para uma coisa, e às vezes nem são bons para isso.

— Mimi!

— É verdade, Honey Bear. Seu avô era um homem maravilhoso, exceto nas raras ocasiões em que ele bebia demais e não podia... bem, você sabe. Cuidado com um homem que gosta do seu licor. Pode ser bom quando ele é jovem, mas quando ele envelhece um pouco, com certeza deixa ele...

Segurando minha palma, eu digo: — Chega. Não quero mais ouvir. Uma garota só pode aguentar um tanto.

— Vamos. Você é uma mulher adulta. Pare de agir como uma criança de doze anos. Esta não é a primeira vez que você ouve.

— Mas você é minha avó!

— O quê? Você não acha que eu fiz esse tipo de coisa? — Ela ri. — Como você acha que sua mãe veio a este mundo?

Cobrindo meus ouvidos, digo: — Vou sair com Cody, onde é seguro. — Quando saio pela porta dos fundos, posso ouvir suas risadas ecoando nos meus ouvidos. Ela é uma senhora atrevida, com certeza. Na verdade, ela não é tão velha para uma avó. Mas, novamente, minha mãe era muito jovem quando me teve, praticamente uma criança.

É estranho. Você nunca pensa em seus pais ou avós fazendo sexo. Um arrepio me percorre. Ugh, o pensamento. E minha mãe... Me pergunto em que número de namorado ela está agora. Perdi a conta depois de vinte e dois. Ainda bem que ela teve suas trompas cortadas há muito tempo ou já teria uma dúzia de filhos agora.

— Cody? Onde você está? — Examinando o jardim e o quintal, eu ando em direção ao celeiro, um lugar que ele gosta de brincar, mas tem ordens para não ir por causa das ferramentas perigosas lá dentro. Espero que ele não tenha nos desobedecido. Quando abro a porta rangente, está quieto como um rato lá dentro. — Cody, meu homem, você está aqui? — Sem resposta. Voltando para fora, olho para a linha das árvores que faz fronteira com a propriedade. Ele sabe que não pode ir lá. Ele não conhece o caminho e pode se perder. Mas eu não o vejo em lugar nenhum. Droga.

Colocando minhas mãos perto da minha boca, eu grito o mais alto que posso. — Cody? — Repito isso várias vezes. Isso deve soar um alarme porque Mimi aparece.

— Onde ele está?

— Eu não sei e não gosto disso. — Meu olhar percorre o quintal e a longa estrada, procurando as coisas, procurando um veículo estranho ou um sinal de que alguém esteve aqui.

— Droga, eu não deveria ter deixado ele vir aqui sozinho. — A ansiedade ataca meu tom.

— Não se culpe — diz Mimi. — Ele te desobedeceu. Além disso, ele está sendo curioso. É o que as crianças fazem. Tenho certeza que ele está perto. Ele brinca sozinho aqui fora o tempo todo.

— Não podemos permitir que ele fique curioso. Estou indo para a floresta para verificar as coisas. Tenho uma sensação estranha de que foi para lá. — Eu saio correndo, gritando o nome dele.

Quando chego à linha das árvores, inspeciono a folhagem, vendo se consigo dizer onde ele pode ter entrado. Não há trilhas verdadeiras por aqui, embora existam áreas menos densas, permitindo uma passagem mais fácil.

— Cody! Onde você está? — Eu chamo seu nome mais algumas vezes antes de ouvi-lo gritar. Porra. Eu corro na direção de sua voz, empurrando galhos para fora do caminho. — Cody! Diga-me onde você está. Estou chegando.

O silêncio me cumprimenta. Eu grito o nome dele repetidamente enquanto avanço. Algo me diz que estou perto. Há um riacho à frente em que eu costumava brincar, e tenho um palpite de que é onde ele está. Quando chego lá, ele está sentado perto da água. Eu chamo o nome dele, mas ele não se mexe. Ao me aproximar, entendo o porquê. Há uma cobra por perto, e isso o assusta.

Quando me aproximo, seus gemidos quase me matam. O minúsculo rosto cheio de lágrimas que olha para mim me lembra tanto Sasha, que me pego prendendo a respiração. Mas então um movimento à sua direita chama minha atenção. Agora que vejo melhor a cobra, percebo que é uma boca de algodão ou um mocassim de água. Elas podem ser muito agressivas, e está muito perto para o conforto.

— Fique muito calmo, meu homem, e não se mexa — eu sussurro. As bocas de algodão são venenosas, mas não tão mortais quanto a cascavél. Se não forem perturbadas, normalmente não te incomodam. No entanto, não tenho certeza do que aconteceu antes da minha chegada e não vou demorar para descobrir. Meu objetivo é pegá-lo e colocar o máximo de distância possível entre a serpente e nós.

— Cody. — Eu sussurro. — Eu vou te carregar e correr. Quando eu fizer, você se apega a mim com tudo o que tem. Ok?

Ele concorda. Mentalmente conto até três e decolo como um mustang selvagem. Ramos rasgam meu rosto e nossos braços. Os dedos de Cody apertam minha camiseta e um pedaço do meu cabelo comprido, parece que ele vai arrancá-lo pelas raízes. Quando entramos na clareira, meu pulso bate como se fosse romper a pele do meu pescoço.

— Honey Bear, a cobra ainda está nos perseguindo? — Sua voz rompe o silêncio.

Olhando em volta, fica certo de que estamos seguros. Abrandando meus passos para caminhar, digo: — Não, acho que deixamos aquela velha cobra no riacho. Ela não te pegou, não é?

— De jeito nenhum, mas eu pensei que ela iria. Você me salvou.

— O que aconteceu com vocês dois? — Mimi pergunta quando chegamos perto da casa, torcendo as mãos.

Quando explico, ela começa com: — E é por isso que dizemos para você não sair do quintal, rapaz.

Cody, que decidiu andar sozinho, abaixa a cabeça. — Eu só queria brincar como os meninos grandes.

— Que meninos grandes? — Eu pergunto.

— Os da escola.

— Não seja um seguidor, cara. Seja um líder. E quando você está na floresta, precisa manter os olhos e os ouvidos abertos para perigos ocultos.

— Sim, senhora Mimi, quando o almoço estará pronto? Toda a fuga da cobra me deixou com fome.

Mimi e eu nos entreolhamos por um segundo, depois digo: — Ei, espere um minuto. Pelo que me lembro, foi eu quem fez toda a corrida.

— Sim, Honey Bear, mas meus dedos estão muito cansados, porque eles tiveram que trabalhar duro para se agarrar a você. — Ele ainda está assustado. Eu ouço isso no leve tremor de sua voz.

— Ahh, entendi. Você está com fome porque seus dedos trabalharam muito. — digo.

Sua cabeça balança para cima e para baixo tão rápido que me deixa tonta só de olhar.

— Eu preciso de algumas batatas da Mimi para recarregar.

— Mimi? Você fez batatas hoje? — Eu pergunto.

— Você sabe que sim. Vamos comer.

O resto do dia é passado em paz e sossego. Nós assistimos O Rei Leão e depois dou banho no garoto e o coloco na cama antes de ir para casa.

Quando saio, lembro Mimi do nosso plano. — Você sabe o que fazer se acontecer alguma coisa.

— Ligo para o 911 primeiro. Então para você. Então entro no celeiro.

— Sim, e acione o alarme da casa e o da unidade que leva à casa depois que eu sair.

— Eu sempre faço. Você se preocupa muito. Faz três anos. Algo já teria acontecido agora.

— Nós não sabemos disso. Tudo o que sabemos é o que custou a ela, e não quero que ele também pague.

Quando saio pela porta da frente, Mimi diz: — Gostaria que você pegasse um carro. Essa coisa que você monta me preocupa até a morte. É perigoso.

— É rápido e seguro e me leva onde eu preciso ir. Te amo, Mimi. Vou mandar uma mensagem quando chegar em casa. — Mandando um beijo para ela, pulo na Vespa e vou embora. Várias vezes durante a viagem para casa, sinto que estou sendo seguida, mas não há faróis acessos. Provavelmente é minha imaginação hiperativa. Manter Cody em segurança é um trabalho de período integral que se transformou em uma preocupação. Mas farei isso para protegê-lo e pela memória de Sasha.


05

WESTON

Segunda parece durar uma semana. Cabelos pretos acetinados que emolduram um rosto inesquecível ocupam o espaço do meu cérebro, sem mencionar lábios mais doces que o chá do sul. É irritante como o inferno por duas razões. Um, ela não me daria uma hora do dia se eu implorasse a ela, e dois, porque eu deveria estar defendendo minha posição com meu pai em algum momento hoje. Inconscientemente, as pontas dos meus dedos se esfregam, imaginando como seria esse cabelo deslizar entre elas. Espero que as plantas que me olham dos meus monitores duplos acalmem a porra do meu tesão. Tudo bem se eu estivesse usando uma calça jeans, mas não usar calça social no trabalho não é apropriado, especialmente quando tenho uma reunião com meu pai imbecil.

Balançando a cabeça, foco no momento. Conhecendo o pai será uma enorme perda de tempo. Eu nem sei por que estou me incomodando. O diabo no meu ombro está dizendo foda-se, foda-se, enquanto minha consciência está me dizendo para fazer a coisa certa. E esse é o meu problema. No que lhe diz respeito, eu sempre faço o que é certo, e a única coisa que recebo é um chute na bunda. Mas ele não é apenas meu pai. Ele é Weston Wyndham o quarto, e sempre consegue o que quer. Suas exigências são que eu siga seus passos – para preencher os papéis e fazer negócios da mesma maneira que ele faz há anos. Mas isso não é coisa minha. Por dois anos, eu tentei, e simplesmente não é o que eu quero da vida. Para ser franco, isso simplesmente não deixa meu pau duro. Estagiei no ramo durante o ensino médio e superior. Eu mesmo acelerei um programa de dupla graduação de seis anos que levou a um Bacharelado em Engenharia de Arquitetura e um Mestrado em Arquitetura em apenas cinco anos. Eu também me dei mal por isso. Mas tudo o que papai disse foi: — Agora você finalmente começa a trabalhar, filho. — Como se o que eu estava fazendo nos últimos cinco anos não passasse de diversão e jogos.

Estudando projetos e esquemas para um edifício em que estamos trabalhando, verifico duas vezes para ter certeza de que tudo coincide antes de iniciar as verificações estruturais. O edifício é um centro residencial comercial multiuso, que será construído no centro da cidade. Se eu aprovar esses planos e conseguir que o restante da equipe de engenharia dê sua aprovação, podemos começar o processo de aquisição.

Não é que eu não goste. Eu gosto. Quando começo a trabalhar, me perco no processo. O que eu não gosto é trabalhar neste ambiente. Essa percepção veio quando me voluntariei, durante a faculdade, na Habitat for Humanity3 e aprendi carpintaria. Surpreendentemente, eu tinha um talento especial para isso. Logo se transformou em um hobby e depois em uma paixão. Mas o que eu mais amo é ajudar as pessoas. Isso não vai acontecer trabalhando para Wyndham e Sons.

— Quinn, o que você achou desses planos? — Papai me pergunta, usando meu apelido.

Aviso meu pai que estou ocupado levantando um dedo, indicando que estarei com ele em um minuto. Quando concluo a verificação final da quarta planta, respondo a ele. — Até agora tudo bem, pai. Mas estou apenas no número quatro.

— Posso ter os quatro primeiros?

— Sim, espere. — Terminando o trabalho, dou meu carimbo de aprovação no programa CAD e as imprimo para meu pai. Suas mãos estão grudadas nelas antes que eu mal tenha chance de dar a ele.

Sem outra palavra, ele se foi. Estou focado no trabalho quando minha secretária, Leslie, coloca um sanduíche na minha mesa e sai. Ele permanece intocado quando estou imerso em verificar essas plantas. Estou no prazo final para o papai e, se não cumprir, ele estará na minha bunda. Seis andares depois, verifico a hora e noto que já passa das cinco. Fico de pé, me estico e decido me livrar da gravata que está sufocando meu pescoço. Apenas mais um lembrete das regras do escritório de papai. Volto ao trabalho, esperando revisar e aprovar mais dois andares antes do final do dia. Quando termino, são cerca de seis e meia, bem a tempo de ouvir o clique constante dos calcanhares de meu pai no chão de mármore se aproximando do meu escritório. Sem nunca respeitar minha privacidade, ele entra e pede um relatório de progresso.

— Mais seis. Aqui. — Entrego-as a ele quando saem da impressora.

Ele não pega. Em vez disso, seus olhos se estreitam. — Onde está sua gravata? — Seu tom é cortante.

— Já é tarde. — Aponto para minha cadeira, onde a maldita coisa está pendurada.

— Você conhece as regras sobre vestuário no escritório.

— Eu conheço. Mas como eu disse, já passou do expediente.

— Filho, eu não dou a mínima para que horas são do dia. Quando você entra nesse escritório, usa uma gravata. Eu não quero ter que lhe dizer novamente. Fui claro?

— Sim, senhor. — Meus molares moem quando pego a gravata e a coloco de volta. Não só tenho que usar gravata aqui, mas também quando visito um local de trabalho, o que é ridiculamente perigoso. Eu argumentei esse ponto, mas ele não cedeu.

Depois que ele vê que eu estou bem vestido, sai sem outra palavra. Encerro meu trabalho, desligo o computador e vou para o escritório dele. É enorme. Ao contrário dele, tenho que pedir para entrar com uma batida. A porta está aberta. Ele está no telefone e acena com a mão. Então ele aponta para uma cadeira em frente à sua mesa. É uma daquelas chique com encosto de couro. Os outros escritórios são modernos e contemporâneos, com linhas limpas e elegantes e muito vidro. Não o do papai. Ele é antiquado. Ele gosta de madeira escura e couro. É pesado como o inferno. O couro da cadeira range de modo irritante quando me sento e isso irrita meus nervos. Se não estivesse no escritório de papai, eu provavelmente não pensaria duas vezes, mas tudo nesta sala faz minha pele formigar, como quando fiz minha última tatuagem. Exceto que a experiência me deu um prazer imensurável. A tatuagem é uma série de três pássaros voando livremente. É como eu imagino minha vida um dia, quando me soltar dos malditos grilhões familiares em que estou preso.

Papai desliga o telefone e faz uma careta. Pela primeira vez eu gostaria de ver um sorriso em seu rosto. Melhoraria sua aparência. Não que ele seja um cara pouco atraente, mas a carranca sempre presente, a boca virada para baixo e o choque de cabelos brancos o envelhecem, pelo menos, uma dúzia ou mais anos, fazendo-o aparecer na casa dos sessenta. Ele tem apenas cinquenta anos. Os pais dos meus amigos são todos mais velhos que ele e ainda parecem ser seus irmãos mais velhos. Triste, se você me perguntar. Espero não parecer assim quando completar 50 anos.

— O que foi? — Ele pergunta.

— Você deu uma olhada neles?

— Sim. Mandei para os engenheiros. — É isso aí. Não é um bom trabalho, gostei do seu trabalho, você está no lugar certo ou é péssimo. Nada.

— Bom. Eles ficaram satisfeitos?

— Se não estivessem, você saberia. Vejo você de manhã — ele me dispensa antes de voltar para uma pilha de papéis na frente dele. Mas eu não me mexo. Ele finalmente levanta a cabeça. — Há algo mais? — Ele sabe muito bem que há algo mais.

— De fato, existe. Você disse que discutiríamos minha proposta hoje.

Ele sacode a mão, dizendo: — Oh, isso. Você não pode estar falando sério, Quinn. — Ele sempre me chama assim. Acho que é mais fácil, já que sou o quinto Weston Michael Clayton Wyndham.

— Eu estou. Muito mesmo.

Recostando-se em sua cadeira monstruosa, a que eu nunca tive permissão de sentar quando criança, ele tira os óculos e olha para mim. — Eu não entendo você.

Isto vem como nenhuma surpresa. Ele nunca se incomodou em me conhecer.

— Tenho certeza que não.

Sua cabeça balança, provavelmente com nojo, como indica seu desdém. — Você tem o mundo da arquitetura literalmente na ponta dos dedos aqui na Wyndham and Sons. Você é um engenheiro de arquitetura brilhante.

Uau. Esse é o primeiro elogio que ele já me fez em toda a minha vida. Estou surpreso.

— Por que você quer jogar fora porra? — Ele cospe a palavra porra. O meu pai xinga, mas porra raramente faz parte de seu vocabulário. Ele está super irritado, mais do que o estado habitual de irritação em que sobrevive.

— Eu não estou olhando para isso da mesma maneira que você. — Eu digo.

— Você não está usando o cérebro que Deus lhe deu. Esclareça-me. — Uma veia lateja em sua têmpora. Espero que o homem não tenha um derrame. E isso não é uma piada. Seu rosto vermelho me diz que sua pressão arterial deve estar no céu.

— Ainda posso trabalhar aqui, mas três dias por semana. Nos outros dois dias, eu gostaria de fazer carpintaria para o Habitat for Humanity. Construindo casas. Eles precisam de alguém com minhas habilidades de arquitetura e carpintaria nos locais de trabalho.

O bater das palmas das mãos na mesa quase me faz pular da cadeira. — Paguei esse diploma duplo para que você pudesse o quê? Tornar-se algum maldito voluntário em um lugar qualquer?

— Eu posso pagar de volta pelos três anos, se você quiser, senhor.

— Com juros? — Ele rosna.

— Se quiser.

— Quem é você? — Ele pergunta.

A pergunta me descarrila. — Eu não tenho certeza do que você quer dizer.

Ele varre o braço em um gesto amplo. — Olhe para você. Esse cabelo e essas... essas tatuagens que você tem. O que aconteceu com você? — Desdém e desgosto sangram com suas palavras, mas eu me recuso a permitir que ele me faça sentir indigno de seu respeito por mais tempo.

Quero dizer a ele, que de alguma forma, ao longo do caminho, me tornei um ser humano humanitário e não um cuzão ditador assustador, mas me abstenho, mantendo a calma.

Olhando de volta para ele, de homem para homem, eu respondo: — Na verdade, como parte da minha graduação, meu estágio incluía trabalhar na Habitat. Acabei sendo voluntário após o término do estágio. Fiquei viciado e foi aí que aprendi carpintaria. Meu tutor me ensinou todos os truques do ofício e disse que eu tinha um talento real para isso. Alivia meu estresse.

Ele fica boquiaberto para mim. Talvez eu devesse ter dito a ele que aliens se mudaram para a porta ao lado. Ele provavelmente teria tido mais facilidade em acreditar nisso.

— Então deixe-me ver se entendi. Você se voluntariou na Habitat, aprendeu a usar uma serra e, por isso, decidiu que só quer trabalhar meio período aqui, para poder continuar seus esforços voluntários lá.

— Não exatamente, mas vou aceitar isso. — Respondo.

— Bem, jovem, eu não aceito nada disso. Em absoluto. Mas é melhor você aceitar isso. Você pode trabalhar meio período aqui, se quiser. Mas se o fizer, será como um funcionário que ganha um salário mínimo. E se eu fosse você, repensaria. Porque esse seu fundo fiduciário pode mudar a qualquer momento. Aquela Ferrari que você ama e seu condomínio chique? Sem o seu salário mensal, duvido muito que você possa se dar ao luxo de se acostumar. Coloque isso no seu cachimbo e fume-o. Pensando bem. Talvez esse seja o seu problema. Fique longe da maconha, Quinn. Está nublando seu julgamento. Agora, se isso é tudo por hoje, tenho trabalho a fazer.

Sua dispensa me fez ficar de pé. Faço uma saudação com dois dedos, mas prefiro dar o dedo médio. Nenhuma outra palavra é trocada. Eu sei melhor do que discutir com ele. Isso só vai me aprofundar no seu poço do inferno. Está na hora de eu ir para casa. Quando chego à garagem e deslizo na minha Ferrari, as sinapses do meu cérebro começam a se conectar. Meus avós criaram o fundo fiduciário e meu avô faleceu. Se eu apostasse, esse fundo é irrevogável, o que significa que meu pai não pode mudar. A menos que ele possa, de alguma forma, mudar a idade em que o fundo é distribuído, caso em que eu poderia estar fodido. Ele está preso com meu estilo de vida caro. Não penso no custo das coisas, cortesia da minha educação. Parece que estou trancado neste mundo em um futuro próximo.

Com um rugido do motor e um guincho dos pneus, deixo este lugar. Meu destino? Um armazém que apenas algumas pessoas conhecem. Eu chamo de meu salão de massagens pessoal, porque é o único lugar onde minha tensão é aliviada.

Entro no estacionamento enquanto o sol de outubro está se pondo. Para alguns, o antigo prédio de tijolos marrom escuro pode parecer sombrio e pouco convidativo. Para mim, é tudo menos isso. Abro a porta, ligo o interruptor da luz e todo o lugar ganha vida. O cheiro de madeira invade minha cabeça como uma droga. Este é o meu nirvana. Mesas de vários tamanhos são montadas com diferentes tipos de serras. Todo o tipo de madeira é empilhado para o lado – novo, velho, recuperado. Eu poderia passar semanas aqui e nunca me cansar deste lugar.

Na parte de trás do prédio há um espaço separado que eu instalei para noites como essa. Ele contém uma cozinha, banheiro, quarto e uma pequena sala. Nada extravagante, apenas prático. Eu mantenho a geladeira abastecida com alguns itens essenciais, então vou pegar uma água e os ingredientes para fazer um sanduíche. Depois de comer, vou trabalhar. Horas depois, percebo que já passa das dez. Hora de sair. Nunca é uma boa ideia operar uma serra quando estiver cansado. Pegando as roupas que eu troquei quando cheguei aqui, tranco e vou para o meu apartamento, que não é muito longe. Quando chego em casa, a garota de cabelos escuros e olhos de café nubla meus pensamentos novamente.

Aqui está a coisa. As mulheres são uma moeda de dez centavos. Eu aprendi há muito tempo, depois que alguém me rasgou de proa à popa, elas não valem a pena o problema. Elas queriam muito tempo ou estão mais interessadas no meu dinheiro do que em mim. Posso passar muito tempo com elas, mas não penso muito nelas. Até Special. Enquanto estou deitado na cama, tudo o que posso ver são seus lábios e rosto, e meus dedos continuam esfregando juntos, coçando para sentir seus cabelos sedosos.


06

SPECIAL

Porra, esta foi uma semana longa. Os negócios são ótimos, mas estou me matando. Jeb e eu entrevistamos quatro garçonetes em potencial, mas nenhuma deu certo. Ninguém quer trabalhar. Elas dizem que sim e precisam do dinheiro. Mas você faz perguntas importantes, principalmente sobre o horário de final de semana e, sem exceção, ninguém quer trabalhar às sextas e sábados. Este é um maldito bar. O que elas esperam? Esses são os nossos dias mais movimentados. Falando nisso, é melhor eu seguir em frente. Tenho três pedidos para atender e, como é sexta-feira, o local está se enchendo rapidamente.

Josie, a caçadora de homens, entra na cozinha e diz: — Tem alguém na frente perguntando por você. — Conversei com ela sobre suas roupas de prostituta. Ela diminuiu o tom, mas ainda gosta de usar saltos estiletos. Ela mexe os quadris naqueles sapatos idiotas de arranha-céu que ela usa. Essa garota precisará de novos pés antes dos quarenta.

— Manda ele embora. Eu não tenho tempo. — Balançando a cabeça para as ordens penduradas atrás de mim, continuo fazendo hambúrgueres. Faço um hambúrguer médio. Então pulo para a fritadeira e jogo algumas batatas recém-cortadas – nada de congeladas aqui.

— Eu disse a ele que você estava ocupada. Ele disse que vai ficar o tempo que for preciso.

Arrastando minha manga pela testa, digo a ela: — Então diga a ele que ele estará esperando até depois da uma.

Em voz baixa, ela diz: — É ele.

— Hã? — Não consigo ouvi-la sobre o barulho da chapa e da fritadeira.

— Ele. Aquele cara da outra noite.

Erguendo as palmas das mãos, estendi minhas mãos, dizendo: — Isso não significa nada para mim. Recebemos todos os tipos deles aqui, Josie. — Ela dá em cima de todo cara que tem entre 22 e 40 anos.

— Você não se lembra? Ele desmaiou na mesa do canto no último sábado.

Merda. Sim, eu lembro. Como eu poderia esquecer? E ele voltou perguntando por mim.

— Oh, certo. Ele. Diga a ele que estou ocupada. — Mas a verdade é que eu pensei nele. Muito. Mais do que eu pensei sobre qualquer homem. É a contradição dele que me intriga. De certa forma, somos parecidos. Ásperos nas bordas, tatuados e selvagens. Mas ele também é refinado e um pirralho rico – duas pessoas se misturam em uma, e isso não faz sentido para mim. Eu fiquei boa em ler as pessoas. Tornou-se um requisito, não apenas como proprietária de uma empresa, mas por causa de Cody. Mas Weston Wyndham é um mistério. Intrigante com certeza e quente demais, mas isso o torna perigoso e fora dos limites.

— Então, ele é um jogo justo?

Josie e suas malditas conquistas.

— Vá em frente.

Ela praticamente pula para fora da cozinha, se alguém pode pular usando esses tipos de sapatos.

A noite voa enquanto as ordens continuam chegando e o barulho do bar indica que a multidão é densa. Jeb aparece uma ou duas vezes para me dar um sinal de positivo na frente. — Tudo está bom, Spesh. Mas olhe para você aqui atrás, parece que Josie e os outros não são os únicos que precisam de uma mão.

— Você está pregando para o coro. — Recuando, engulo a garrafa de água que ele me entrega.

— Acho que conheço alguém da cozinha. E ela é confiável.

— Que diabos, Jeb. Por que você está esperando?

Ele estende as mãos, rindo. — Uau, aí. Ela acabou de deixar um emprego porque o local estava fechando, então não era como se ela estivesse disponível.

— Eu vou te deixar sair dessa. — Eu pisco para ele.

— Se você quiser, eu terei ela na segunda-feira.

— Se eu quiser? Você é louco?

Ele ri enquanto sai. Esta poderia ser a folga que eu estava procurando. Isso me ajudaria tanto, eu realmente me sinto tonta. Até Jeb voltar e dizer: — Esqueci de mencionar. Aquele cara da outra noite está aqui.

Depois de colocar alguns pedaços de frango para fritar, digo: — Sim, dei a Josie permissão para ir atrás dele.

Jeb balança a cabeça. — Ele não deve ter se interessado porque está sentado no bar. Sozinho. Bebendo água.

— Isso é verdade? — Tento agir desinteressada, mas tenho que dizer que estou.

— Sim. Eu disse a ele que você não estaria livre até uma ou mais tarde.

— E?

— Ele disse que esperaria.

— Ótimo. E o que diabos eu faço com isso?

Jeb ri. — Ei, você poderia fazer muito pior, você sabe. O cara é rico.

— Como você sabe? E se ele roubou o relógio e o AMEX preto?

— Ah, vamos lá, Spesh. Você sabe que se ele roubou, ele não usaria.

Ele tem razão. E pelas coisas que ele disse, eu sei que ele vem de dinheiro. Eu soltei uma risada calorosa.

— O que é tão engraçado? — Jeb pergunta.

— Esse cara foi para a escola de etiqueta e teve aulas de dança.

— Sem dúvida. Você sabe quem ele é?

— Sim, um cara chamado Weston qualquer coisa.

— Spesh, você realmente precisa prestar mais atenção ao que está acontecendo nesta cidade. Você já ouviu falar de Wyndham and Sons?

— Não posso dizer que sim.

— Você conhece todos aqueles edifícios chiques no centro da cidade, os hotéis e os arranha-céus?

— Sim, quem não conhece?

Jeb age satisfeito consigo mesmo, como se tivesse resolvido o mistério de Stonehenge. — Todos esses edifícios têm uma coisa em comum. Eles foram projetados e construídos pela Wyndham and Sons, a maior empresa de arquitetura e construção do mundo. Seu amigo que está sentado no bar é o quinto na fila da família Wyndham e o segundo na fila da fortuna de Wyndham. — Ele fica ali com um sorriso presunçoso por poder transmitir essa informação.

— E como diabos você sabe disso?

— Quando deixei você no último sábado, fui para casa e procurei no Google. Ele está por toda a internet. Procure você mesma.

— Isso explicaria a Ferrari então.

— Ele dirige uma Ferrari? — Jeb pergunta, instantaneamente salivando.

— Uh-huh — eu respondo distraidamente, servindo um hambúrguer e algumas batatas fritas. O que um cara assim quer com uma garota como eu? Ele poderia ter qualquer uma no mundo com esse tipo de dinheiro.

— Por que a carranca? E acho que sinto o cheiro de algo queimando.

— Oh, merda — eu grito, correndo para a chapa. Com certeza, meu frango está carbonizado. — Caralho.

Jeb tem um olhar envergonhado. — Desculpe. Vou deixar você em paz para que não estrague mais nada. Spesh, esse cara não vai a lugar nenhum. Confie em mim.

Ele me deixa com minha comida e pensamentos, o que não ajuda muito. Sanduíche de frango à la queijo pimento com um pouco de Weston Wyndham misturado parece muito saboroso para mim. Eu lambo meus lábios com o pensamento porque o homem dá água na minha boca. Talvez eu deva mudar o nome disso no menu para WestonChickWych em sua homenagem. Eu meio que gosto do som disso.

Depois que a cozinha fecha, eu começo a limpar. Tudo está terminado, com a exceção de limpar as superfícies. Elas podem ser limpas antes de eu sair, então vou até onde ele está esperando.

A figura sombria de um homem está sentado sozinho no bar, exatamente como Jeb disse. Uma garrafa de água vazia está na frente dele. Ele olha para mim enquanto eu atravesso a porta. Um sorriso preguiçoso se espalha por seu rosto, e sem intenção, os cantos da minha boca aparecem em resposta. Ele está vestindo jeans escuro e camiseta preta novamente. A parte superior do cabelo é puxada para um rabo de cavalo, expondo um lado raspado. Ele se veste bem ousado. Em um pulso está o relógio caro, mas, no outro, um amplo bracelete de couro preto – uma dicotomia que me intriga. Quando chego perto, ele se levanta.

— Oi. — Diz ele, estendendo a mão.

Isso é estranho, mas eu ofereço a ele a minha e ele aceita. — Oi, para você. Está esperando há muito tempo. Sua cabeça está melhor? — Depois de um longo minuto, ele solta minha mão e sinto falta do calor dele.

— Sim, ela está. — Ele dá um sorriso cheio de dentes e quase dobra meus joelhos. — Você tem um lugar bem movimentado aqui. — Sua voz é de veludo enrolada em uma lixa. Combina com o resto dele, refinado, mas com um toque de grosseria que o torna perfeito. Quero que ele continue falando só para continuar ouvindo.

— Não é chique, mas é meu.

— Eu acho ótimo. Para ser sincero, não me lembro muito da minha primeira visita.

— Sério? Gostaria de saber o porquê.

Ele esfrega o queixo. — Sim. — Então ele pega a garrafa vazia e diz: — Mas estou perfeitamente sóbrio hoje à noite.

— Eu posso ver isso. — Eu fecho minhas mãos atrás das costas. Isso está ficando estranho. É aqui que devo dizer algo bonito e espirituoso? Eu sou péssima nesse tipo de coisa. Não sou uma paqueradora nem namoro. Caras estão muito longe da minha grade e minhas paredes são altas. Isso não quer dizer que eu goste de garotas. Só não tenho tempo e, por causa da situação com Cody, o risco é grande demais.

Mesmo assim, suas íris cor de aço não vão deixar as minhas irem. Os feixes prateados irradiando de suas pupilas me fazem quase dar um passo mais perto. — Começamos mal. Eu praticamente agi como uma criança mimada, então pensei em vir e tentar fazer as pazes. Fiquei me perguntando se você gostaria de sair algum dia.

— Oh. Não, não posso. — Brincando com meu avental, eu continuo. — Estou realmente ocupada. Eu trabalho todo dia. O único dia que tenho livre é domingo e sempre o passo com minha avó.

— E o domingo à noite, então?

Olhando ao redor do salão, verifico se alguém está ouvindo. O único que conhece Cody é Jeb. Ele sabe que não deve dar uma palavra a ninguém. — Não, isso não vai funcionar.

— Será bom fazer uma pausa na sua rotina.

Sim, mas meu tempo é bastante limitado e você seria uma grande distração. Eu não sou seu tipo típico de garota do caralho. E há outras questões em jogo.

— Não é possível.

— Posso ter seu número pelo menos? Seu celular e não o número do bar. — Ele parece inofensivo o suficiente. Com uma família como a dele, quão perigoso ele poderia ser? Além disso, ele já sabe onde eu moro. Se ele quisesse me machucar ou me matar, ele já teria feito isso.

— Só se você me der o seu em troca. — No caso do que exatamente?

— Claro, me passe seu telefone.

Eu faço e ele manda uma mensagem do meu telefone. Então ele diz: — Estamos bem.

— Eu realmente deveria voltar ao trabalho. Eu preciso limpar lá atrás. — Faço um gesto em direção à cozinha com o polegar.

Seu sorriso ilumina o interior escuro do bar e meus ossos quase derretem. O que diabos está errado comigo?

— Não trabalhe demais, Spike. — Abro a boca para formar algum tipo de resposta espertinha, mas ele se vira e se afasta, me dando uma dose saudável de sua bunda naquele jeans. Meus retornos sarcásticos habituais voam para longe, e tudo o que quero é agarrá-lo, apertá-lo e mordê-lo.

— Feche sua boca, Spesh. Um inseto vai entrar se você não o fizer. — A risada de Jeb soa no meu ouvido enquanto ele passa.

Minhas mandíbulas batem juntas. Ele também cheirava bem. Picante. Ah, porra. Em troca, tenho certeza de que ele não sentiu nada além de um forte cheiro de peixe, batatas fritas e picles. Foda-se a minha vida.

Enfrento a cozinha com vingança, tirando minhas frustrações na forma de limpeza. Quando chego em casa, são três horas da manhã. Um banho rápido lava os cheiros da fritadeira. Fico me perguntando por que diabos ele gostaria de sair com uma garota como eu. A exaustão vence e a próxima coisa que sei é que o sol está atravessando minhas cortinas. É quase meio dia. Porra, é tarde.

Meu telefone zumbindo como uma maldita colmeia me acorda. Não pode ser Mimi. Ela sabe que não deve me incomodar, a menos que... oh, merda!

Agarrando meu celular, eu respondo: — Mimi, está tudo bem?

Uma voz áspera me cumprimenta. — Bom dia, Special. Desculpe, não é Mimi. É Weston.

Oh, graças a Deus não é Mimi.

— Special, você está aí? — Sua voz rouca envia uma série de arrepios correndo pela minha espinha. O que é isso?

— Hum, sim, desculpe.

— Eu acordei você?

Um suspiro de alívio sai de mim. — Sim, mas está tudo bem. Eu costumo dormir até tarde aos domingos, já que o bar fica aberto até tão tarde às sextas e sábados.

— Oh, desculpe. Eu deveria deixar você ir então.

— Não. — Eu digo rapidamente. — Eu estou acordada agora. — Não digo a ele que é porque ele me assustou. — Normalmente, eu acordo ao meio dia. Estou surpresa por ter dormido até tarde. — E eu estou.

— Eu estava pensando. Eu sei que você passa o dia com sua avó. Talvez ela queira ir almoçar em algum lugar?

— Oh, eu, bem, ela é do tipo do campo. É muito atencioso da sua parte, mas acho que não funcionaria.

— Hmm. Então, que tal nos encontrarmos hoje à noite para jantar?

Eita, ele não desiste facilmente.

Antes que eu possa responder, ele acrescenta: — Eu realmente não sou um cara mau. Eu prometo. Sei que nosso primeiro encontro não deixou uma boa impressão, mas não estou bêbado.

— Você é mimado.

— Admito que fui criado com as coisas boas da vida, e posso parecer mimado para você, mas na verdade não sou.

— Me responda uma coisa. E isso é importante para mim.

— Pergunte à vontade.

— Por que eu?

— Boa pergunta. Depois que deixei você no domingo passado, comecei a pensar. Você não sabia nada de mim, além de eu ter um cartão American Express preto e usar um relógio caro. Eu nem tinha minha carteira de motorista comigo. Estava no meu carro, o que era estúpido, eu sei. Você fez algo admirável para mim que a maioria das pessoas não faria. E eu não me comportei muito bem. Gostaria de mostrar meu apreço, mas também gostaria de começar de novo. Você vai me dar isso?


07

SPECIAL

Quando ele coloca assim, estou respondendo — Sim — antes que eu perceba. Acabei de quebrar a regra número um: não deixe ninguém entrar. Merda. Minhas paredes estão lá por uma razão e o que diabos eu fiz?

— Então, hoje à noite? — Ele pergunta.

— Uau. Só porque eu disse que sim, não significa que você tem que ir como um cavalo de corrida em cima de mim e disparar para fora do portão.

— Então quando? Eu posso ser um cara paciente.

— Claro que não soa assim.

— Ok. Você tinha uma pergunta para mim. Posso pedir uma em troca, Special?

— Uh, claro. — Estou em terreno instável aqui, mas o que mais posso dizer? Não? Então eu soaria como uma cadela.

— O que você gosta de fazer por diversão?

— Ha! — Eu deixo escapar antes de pensar. Massageando a base do meu crânio, onde um nó do tamanho de um ovo está se formando, acrescento: — Diversão não faz parte da minha vida. Não tenho tempo para isso.

— Talvez eu possa ajudar a mudar isso.

Como? Eu quero perguntar. Só que eu sei o que ele está pensando. Uma rolada rápida na cama e ele imagina que serei uma mulher feliz novamente. Isso não vai acontecer.

— Se você acha que vai fazer de mim outro entalhe no seu cinto, talvez seja melhor......

Uma risada rouca me impede de dizer mais alguma coisa.

— Outro entalhe no meu cinto? Em que década você vive? — Ele ainda está rindo de mim. Ele tem razão. Essa é uma frase que Mimi usa o tempo todo. Eita, eu pareço minha avó. Além do trabalho, não saio muito. Há uma boa razão para isso e o nome dele é Cody. Então penso em Sasha e desde então... ela era minha única amiga íntima. Minha melhor amiga. Bem, eu tenho Jeb, mas mais ninguém. E ele não é uma garota. Ele é mais como o pai que eu nunca tive.

Depois de ficar quieta por muito tempo, ele diz: — Ei, eu estava apenas brincando com você.

— Oh, desculpe. Minha mente vagou um pouco.

— Se isso faz você se sentir melhor, não estou procurando outro entalhe no meu cinto.

— Sim, eu tenho certeza que você já tem muitos. — murmuro. Com a aparência que ele tem, as mulheres provavelmente o seguem como groupies. Seus entalhes provavelmente percorrem a cintura duas vezes. O que novamente me faz pensar no que ele quer comigo.

— Eu vou ignorar esse comentário. Então, de volta à minha declaração original. Eu quero mudar isso. Acho que poderíamos nos divertir juntos, fora do quarto, se você me der uma oportunidade.

— Você é muito persistente, mas eu já disse que sim.

— Então, hoje à noite?

— Hum, não hoje à noite, mas talvez em breve.

— Tudo bem. Mas não me faça esperar muito.

Depois que terminamos a ligação, olho para o telefone por muito mais tempo do que o necessário, ainda ouvindo sua voz sexy. Depois de arrastar minha bunda preguiçosa da cama, ponho uma carga de roupa suja na máquina e bato no chuveiro. Então eu limpo o apartamento e vou para Mimi.

Sou capaz de adiar Weston por algumas semanas, mesmo que ele me ligue e me mande uma mensagem o tempo todo. Ele não é chato, mas realmente muito atencioso. Discutimos uma ampla variedade de tópicos, incluindo coisas que temos em comum, como comida e filmes. Às vezes, ele entrega sushi no bar com uma nota bonitinha dizendo: “Isto é para variedade.” Eu tenho que admitir, estou intrigada. E se eu for honesta, estou começando a gostar dele e sinto que já o conheço muito bem.

— Você deveria sair com ele. — diz Jeb.

— Eu não sei. Tiraria um domingo de Cody. Eu não posso fazer isso. Além do mais, e se ele descobrir sobre Cody?

— O que tem isso? Você não pode mantê-lo em segredo para sempre. Saia à noite. Você merece uma vida, Spesh.

— Mas isso expõe demais, Jeb.

— Você se preocupa muito.

No domingo seguinte, por volta das onze, estou me preparando para ir para a Mimi quando Weston liga.

— Você já mudou de ideia?

— Talvez no próximo domingo.

— Special, está chegando perto do Dia de Ação de Graças. Em breve será véspera de Ano Novo, e precisarei de uma acompanhante. Devemos configurar isso agora?

Eu tenho que rir

— Isso pode ser uma má ideia. Escute, eu preciso pegar a estrada ou minha avó vai me deixar de castigo.

— Ok. Eu te ligo mais tarde.

Quando saio da Vespa, Cody quase me derruba quando me vê. Esse garoto está ficando forte.

— Honey Bear, — eu senti sua falta diz ele. Olhos castanhos dourados derretem meu coração. A forma amendoada deles me lembra muito a mãe dele, mas a cor deve ser do pai porque os de Sasha eram azul gelo. Seu cabelo encaracolado escuro e pele clara de mocha também devem ser herdados de seu pai, já que Sasha era loira e pálida, mesmo no coração de um verão na Geórgia. Mas o sorriso dele é todo Sasha. Cody é um menino lindo. Ele definitivamente conseguiu o melhor dos dois pais.

— Eu também senti sua falta, homenzinho.

— Eu sou um homem grande. — ele insiste. Ele tem razão; ele está ficando maior a cada semana. Eu odeio que minhas visitas sejam restritas apenas aos domingos.

— Sim você está. Onde está Mimi?

— Na cozinha, onde mais? — Ela grita do referido cômodo. Cody se inclina e sussurra: — Acho que ela está fazendo purê de batatas.

— Você acha? Por que você pensa isso?

— Porque eles são os meus favoritos e eu pedi a ela e é domingo. — Suas sobrancelhas estão juntas, e ele usa uma expressão séria.

— Ah, entendo. Bem, garoto, acho que é isso que ela está fazendo. Mas que tal irmos dar uma olhada?

Ele desliza sua mão na minha, e seguimos para a terra dos aromas celestiais. Mimi fica na frente do fogão, mexendo panelas e criando sua famosa refeição de domingo. Meu estômago ronca em antecipação.

— Honey Bear, como está minha garota favorita?

— Bem. Mas estamos aqui para verificar se você está fazendo purê de batatas.

— Você sabe que eu não desisto de nenhum segredo. — diz ela com uma piscadela. De repente, o alarme dispara. É o que nos permite saber que alguém acabou de entrar na longa entrada que leva à casa.

— Merda.

— Honey Bear, você disse uma palavra ruim. — Cody aponta um dedo para mim.

O pânico queima um caminho da minha barriga até a garganta. — Mimi, — digo com a voz mais calma que posso reunir — desligue o fogão e leve Cody ao celeiro. Você conhece o plano. Você tem o seu telefone, certo?

— No meu bolso.

Empurrando-os em direção à porta dos fundos, digo: — Rápido agora. Eu vou lidar com as coisas aqui. E, Cody, feche os lábios. Lembra?

Ele faz um movimento de zíper nos lábios e eu dou o polegar para cima. Observo até que estejam perto do celeiro, depois corro para a mesa de cabeceira de Mimi, onde ela guarda a arma. Carrego o velho revólver calibre 22 e espero que a maldita coisa funcione. Jeb disse que deveríamos comprar um novo, mas na época Mimi recusou. Agora eu me pergunto se deveríamos ter ouvido ele. Pego a arma e fico no corredor do lado de fora da sala de estar. Desse ponto de vista, posso ver a janela e a porta da frente.

Um caminhão preto chique para em frente à casa. Não conheço ninguém que possua algo assim. Um homem sai, mas não consigo ver como ele é. O cabelo na altura do queixo obscurece seu rosto. Merda. Pelo menos há apenas um. Eu corro por cenários na minha cabeça. Talvez este seja um alarme falso. Porra, espero que sim.

Passos largos são rápidos para atravessar as pranchas de madeira da varanda da frente. Uma batida forte na porta me fez pular da minha pele. Outra batida, mais forte desta vez, sacode a frágil porta de tela e meus pulmões explodem com a respiração que tenho prendido. Quando não há resposta, a porta da tela se abre. Merda, por que não fechei a porta grande? — Olá, alguém aqui? — Quando eu não respondo, ele chama de novo.

Que porra é essa! Por que ele não vai embora? Meu maior medo se aproxima de mim. Ele veio por Cody. Ou talvez por mim. O terror quase me cega. Minha mão segurando a arma treme como se eu estivesse segurando uma britadeira. Eu a ajudo com a outra, como na TV, mas não funciona muito bem. Agora as duas tremem e eu pareço ter uma convulsão. O suor escorre pelas minhas têmporas e pescoço. O desejo de gritar é esmagador.

Eu tenho alguns problemas. O primeiro problema é que eu não posso entrar em campo aberto, porque ele provavelmente vai me matar. Mas o segundo é que não consigo ter uma imagem clara dele da minha perspectiva. Receio que, se eu chamar atenção e me entregar, sou uma mulher morta.

Passos pesados andam pela sala, mas sua postura firme é mais de propriedade do que de curiosidade. Quando ele vem em direção ao corredor onde estou, não tenho escolha a não ser chamá-lo.

— Pare ou eu atiro. — Minha voz está rouca, nada assertiva. Eu tenho que engolir o nó de medo que incha dentro dele.

— Atirar? Por que você atiraria? Estou procurando por...

— Pare onde você está. Eu sei o que você está procurando e este é seu último aviso.

— Aguarde um minuto. Não é desse jeito. — Ele se vira para o lado e, em vez de arriscar, eu atiro. É um tiro selvagem. Não tenho certeza se é porque minha mão está tremendo tanto ou se é porque a arma é muito antiga. Ele ainda está girando enquanto eu atiro, então a bala o pega em algum lugar abaixo da cintura.

— Merda! Você me deu um tiro na bunda! — Ele brada. E então o reconhecimento de voz clica e eu quase grito. Não pode ser ele. Como eu não o reconheci até agora?

— Mas que caralho?! — Eu corro para a sala e começo a estapear e socar seu braço e peito.

— Pare com isso! Que diabos está fazendo? — Ele grita de volta. — Você é louca? — Ele agarra meu braço, sacode e a arma cai no chão com um barulho. — Pare com isso! Pare de me bater. Jesus Cristo, mulher. Acalme-se. Você quase me matou!

A capacidade de falar foge. Eu só posso olhar para ele. O cabelo dele está solto, em vez do rabo de cavalo, e é por isso que eu não o reconheci. Então meu olhar cai no chão onde está a arma e a gravidade da situação bate em mim.

Quando não digo nada, ele pergunta: — Você sempre atira nas pessoas que passam para uma visita? — Finalmente me viro para ele e o vejo me encarando como se eu estivesse passando um dia de um asilo. — Quem faz esse tipo de merda atira na bunda das pessoas? — Sua mão cobre sua bunda onde a bala deve ter atingido ele. — Porra, isso dói. — Ele aponta o dedo para mim e acrescenta: — Você é uma ameaça com essa coisa. Você poderia ter me matado.

Isso me estimula a falar. — V-você não parou por aqui. Você invadiu a casa da minha avó. A propósito, isso é crime, arrombar e entrar. Por que você faria isso? Você nem a conhece. — Eu grito. Pânico e culpa me dominam. Eu poderia ter matado ele. Graças a Deus eu sou uma péssima atiradora.

— Jesus, porra. — Ele segura sua bunda e faz uma manobra boba. — Eu não invadi. Essa porta estava aberta. — Ele aponta para a referida porta. — Vi sua Vespa e entrei. Eu estava procurando por você. Se soubesse que estava levando minha vida em minhas mãos, não teria sido estúpido o suficiente para vir. — Então eu noto as flores caídas no chão.

— Normalmente, não atiro nas pessoas, apenas quando elas invadem e eu não sei quem elas são. Você deveria ter ligado primeiro. — Minhas emoções estão por toda parte. Estou com raiva de mim mesma por machucá-lo, mas ele me assustou muito. Eu pensei que ele ia matar Cody ou eu.

Seus olhos disparam para mim. — Eu queria te surpreender. Foda-se tudo! Foda-se minha bunda. Não, eu retiro isso. Conhecendo você, você aceitaria minha palavra.

De repente, o alarme dispara novamente. O que diabos está acontecendo hoje?

— O que é isso? — Weston pergunta.

— O sistema de alarme. Há outro intruso chegando pela estrada. Foi o que aconteceu quando você dirigiu por ela.

— Eu não sou um intruso. Eu sou seu amigo. Ou eu pensei que era. Você tem esse lugar montado como o maldito Pentágono.

— Nós precisamos nos esconder. Vamos.

— Esconder? Que diabos é esse lugar, afinal? Uma casa segura da CIA?

— Apenas fique quieto e me siga. — Eu o puxo para o quarto de Mimi e o empurro para dentro do armário. — Agora, fique quieto e não derrame sangue nas roupas da minha avó.

— Eu não acredito nisso.

— Fique quieto. — Fechei a porta e voltei na ponta dos pés para o meu ponto de vista.

Quando o carro aparece, vejo que é o caminhão azul mais velho de Jeb. O que diabos ele está fazendo aqui? Ele não deveria vir neste fim de semana. Mas estou realmente agradecido por ele. Não tenho certeza se meu coração aguenta mais surtos de adrenalina hoje. Além disso, posso precisar da ajuda de Jeb para arrumar essa bagunça em que estou. Puxo Weston fora do armário. — É seguro. Você pode sair.

Sua mão ainda aperta sua bunda e eu vejo sangue. Eu odeio a visão de sangue. — Oh, merda, eu realmente estraguei tudo.

Weston faz uma careta. — Bem, isso é um alívio. Não há mais tiroteios no O.K. Corral4? — Não posso culpá-lo por seu comentário sarcástico. Eu não ficaria muito feliz se ele tivesse me dado um tiro na bunda. — Talvez seu novo visitante possa me levar ao hospital. Quem é, afinal?

— É Jeb, você sabe do bar.

— Espero que ele seja mais saudável do que você.

Jeb entra antes que eu possa responder e pergunta: — O que está acontecendo? — Seus olhos visam Weston e depois passam para a mão sangrenta de Weston e, finalmente, para mim.

— Eu atirei em Weston, na bunda. — Eu me encolho quando olho para o traseiro dele novamente.

— Você atirou? Por que você fez isso? Jesus, Spesh. Ele te irritou ou algo assim? — Sua boca dobra como se estivesse tentando não rir.

— Não! Ele invadiu a casa.

— Pela última vez, eu não invadi. Você vai me ouvir pela primeira vez? — Weston parece uma criança prestes a bater o pé, e eu mal posso culpá-lo.

— Você fez. — Eu digo.

— Não fiz.

— Eu odeio terminar essa luta de boxe, mas você está bem, jovem? — Jeb pergunta.

— Não! Há uma bala na minha bunda. Eu preciso ir ao pronto-socorro.

Jeb lança um olhar cheio de todos os tipos de perguntas que não posso responder agora. Imagino que um deles tenha a ver com como Weston chegou aqui. Ele sabe que eu nunca convido pessoas para irem à Mimi. — Por que você não me deixa dar uma olhada nisso?

Minha mão voa para a minha boca porque sei que vou desmaiar se vir sangue. — Ugh. — Um arrepio de repulsa ondula através de mim.

— Spesh, onde está Mimi?

— Ah, Merda! — Sem pensar duas vezes em Weston e sua bunda furada pela bala, corro para o celeiro para dizer a ela que estou bem. Quando abro a porta do porão, ela está andando e apertando as mãos.

— O que aconteceu? Pensei ter ouvido uma arma disparar. — Ela sobe os degraus mais rápido do que eu já a vi se mover. — Você está bem? Você se machucou? — Ela agarra meus braços em um aperto da morte e eu estremeço.

— Não, não, eu estou bem. Eu atirei no traseiro de Weston. — Eu explico o que aconteceu.

— Ele está bem?

— Sim, eu tenho certeza que ele está.

No começo, ela começa a rir e depois a gargalhar.

— Oh, meu Deus, você tem que parar. Jeb está aqui e eu tenho que ajudá-lo a consertar a bunda de Weston.

— Vamos. Vamos. — Mimi se vira para Cody, mas ele fica para trás. — O que é isso, Cody? — Ela pergunta.

— Eu estou assustado. Há um perigoso estranho lá. — Ele aponta para a casa e depois enfia o polegar na boca. Ele não chupa o dedo desde os quatro anos.

Pregamos a coisa de perigo desconhecido para ele quase diariamente, principalmente o que fazer se alguém vier à casa. Talvez tenhamos feito um trabalho muito bom. Ajoelho-me e digo: — Tudo bem, porque conheço Weston, então é seguro entrar. Jeb também está lá.

Quando entramos, Cody permanece na cozinha com Mimi enquanto eu procuro suprimentos de primeiros socorros para Jeb.

— Spesh, você não precisa assistir, você sabe. — diz Jeb. Ele sabe como sou sensível na presença das coisas vermelhas.

Weston acrescenta: — Talvez eu precise de pontos. Ou da bala ser removida. — A essa altura, suas calças estão ao redor dos joelhos e o ferimento da bala é esquecido porque sua bunda é espetacular. Estou admirada.

— Parece que acabou sendo de raspão. — diz Jeb. — Não parece muito profundo, então não acho que você precise de pontos. Por que você não se deita no sofá e eu vou deixar você como novo?

— Você tem certeza, porque dói como o inferno.

Jeb tem que me dar uma cotovelada para chamar minha atenção. Entrego a ele o peróxido, álcool, pomada antibiótica e ataduras que ele precisa para limpar a ferida e fazer o tratamento.

— Sim, ficará dolorido por alguns dias. Pode ser um pouco difícil de se sentar, mas não deve causar muitos problemas. Apenas certifique-se de manter um pouco de pomada antibiótica e mantê-lo coberto.

Weston olha inexpressivo para Jeb e depois pergunta: — Como você sabe tanto sobre isso? Medicando ferimentos de bala?

— Eu era médico no exército.

— Bom saber. Da próxima vez que levar um tiro. — Ele me perfura com seus olhos condenadores. — Vou saber para quem ligar. É uma coisa boa que você passou por aqui. Você tem sorte de não ter levado um tiro na bunda também.

— Sim, a Special está um pouco paranoica com a segurança aqui. Ela se preocupa demais. — Jeb me dá um olhar aguçado.

Isso traz uma pergunta à mente. — A propósito, Jeb, por que você não ligou primeiro? — Eu pergunto. — Eu não pensei que você estava vindo hoje.

— Oh, sobre isso. Eu estava voltando para casa, visitando minha tia em Conyers, e decidi arriscar. Eu teria ligado, mas meu telefone está morto. Esqueci de carregar ontem à noite quando cheguei em casa.

— Eu não sabia que você tinha uma tia em Conyers — eu digo.

— Não falo muito sobre ela. Ela está no lar de idosos há muito tempo. Alzheimer. — ele diz com um leve encolher de ombros. — Ela não conhece ninguém e não faz muito tempo. Eu tento ir vê-la a cada dois meses ou mais, sabe como é. De qualquer forma, eu esperava poder chegar aqui a tempo do almoço de Mimi, mas vejo que você tem companhia, por isso vou embora.

Agarrando seu braço, eu digo: — Espere. Você sabe que Mimi sempre cozinha o suficiente para um exército. E se você for embora sem falar com ela, ela nunca mais o convidará.

Weston nos estuda como se estivesse assistindo uma partida de pingue-pongue, mas seus olhos se arregalam com a menção de comida. Agora meu foco não está mais em Jeb.

— Weston, você também pode ficar. Você acha que pode sentar tempo suficiente para comer?

— Acho que consigo — diz ele. — Mas eu não vim aqui para pedir uma refeição. Trouxe uma coisa para você. — Ele aponta para o buquê abandonado no chão.

— Certo. — Eu dou a ele um olhar envergonhado. — Deixe-me colocá-lasna água. Ah, e obrigado por isso. — Eu grito meus agradecimentos. As flores estão espalhadas pelo chão. Pego o enorme buquê e peço a Jeb que cuide da arma quando ele terminar de consertar Weston.

Quando chego à cozinha com a monstruosidade, Mimi não consegue acreditar.

— Ora, Honey Bear, essas não são as flores comuns. Existem orquídeas, lírios e tudo mais. Aquele homem provavelmente teve que subornar alguma loja de flores sofisticada para você, já que é domingo. Elas não estão abertas hoje.

— Sim, e eu atirei nele por causa disso. Caramba, Mimi, eu me sinto terrível. Que diabos eu estava pensando? Por que não prestei mais atenção em quem ele era?

— Não. Você não sabia quem estava entrando nesta casa. Além disso, eu compensarei ele com este almoço. — Eu acho que minha avó está gostando desse cenário.

— Graças a Deus eu sou uma atiradora terrível. Eu poderia ter matado o homem. Apenas o pensamento disso me deixa doente.

— Não, você não estava mirando alto o suficiente para isso. Mas você poderia desativá-lo permanentemente na capacidade de criação de bebês.

— Mimi!

— Bem, é verdade, não é?

Deus, e se eu tivesse atirado nele no peito? Quão terrível isso teria sido? Cubro meus olhos com o pensamento.

— Oh, pare com isso, Honey B. Você não fez. Agora, vá flertar com o homem. Ele deve realmente ser algo para caçá-la até aqui.

Não preciso ir muito longe, porque Jeb e Weston entram na cozinha. Jeb envolve Mimi em um grande abraço enquanto Weston aperta a mão dela. Educado não chega nem perto de como ele é gentil e doce com ela. Então ele percebe Cody e seus olhos piram quando o absorve. Eles passam de Cody para mim e de volta novamente. Eu sei exatamente o que ele está pensando. Sim, nós dois temos cabelos e olhos escuros, então ele está assumindo que Cody é meu filho, o que é legal. Eu gosto de pensar em Cody como meu. Se eu não trabalhasse horas loucas e pudesse pagar uma babá, Cody estaria morando comigo. Mas é mais seguro aqui com Mimi e ele recebe sua atenção total. Nada é melhor do que ser amado por essa mulher. Eu deveria saber porque ela me criou.

— Cody, este é o Sr. Weston. Você pode dizer olá para ele? — Eu pergunto.

— Olá.

— Olá, garoto.

— Honey Bear atirou na sua bunda?

— Honey Bear? — Cody ergue o dedo indicador e aponta para mim.

— Eu sou Honey Bear. — Eu digo.

— Você é, hein? — Weston pergunta.

— Um apelido de infância de Mimi. — Mimi olha por cima do ombro e sorri como louca.

— Bem, ela fez? — Cody pergunta.

— Desculpe? — Diz Weston.

— Ela atirou em sua bunda? — Cody se repete.

— Oh, sim, ela certamente fez — responde Weston.

Cody vai até Weston e o circula. Então ele diz: — Senhor, você tem um buraco nas calças. — Uma risadinha borbulhante sai de Cody e é contagiosa. É difícil não rir junto com ele.

— Bem, Cody, uma bala fará isso com você. Então, minha sugestão é não mexer com sua mãe.

— Minha mãe?

— Sim, Special. Sua mãe — diz Weston.

Cody une as sobrancelhas. — Honey Bear não é minha mãe. Minha mãe era Sasha. Ela está morta.


08

WESTON

Se minha bunda já não doesse tanto, eu chutaria o mais forte possível. Este é o exemplo perfeito de por que você nunca deve assumir nada. Os enormes e lindos olhos do pobre Cody me encaram, esperando que eu diga alguma coisa, mas as palavras são fumaça. Elas se afastam antes que eu possa agarrá-las.

Special limpa a garganta e diz: — Cody veio morar conosco alguns anos atrás. A mãe dele era minha melhor amiga desde a infância.

— Bem, Cody, acho que você veio ao lugar certo. Parece que a Sra. O'Malley aqui é uma mulher incrível, e eu sei que Special é. Quero dizer, quem mais poderia cuidar tão bem de você, certo?

— Por que você gosta tanto de Special se ela atirou na sua bunda?

Estou me fazendo a mesma porra de pergunta.

— Esta é uma boa pergunta. Mas acredito que o motivo pelo qual ela atirou em mim foi que estava protegendo você e não queria que eu viesse te machucar.

— Posso ver?

— Cody, eu não acho que seja uma boa ideia. — Special interrompe o pequeno interrogatório de Cody. — O senhor Jeb colocou um curativo grande para curar.

— Oh. — Cody realmente parece decepcionado. Talvez o garoto seja médico quando crescer. — É um band-aid do super-homem?

— Não, é um extra grande e simples. — diz ela.

Mimi bate palmas. — Tudo bem, pessoal, desde que fui interrompida durante meu cozimento hoje, vamos apenas servir nossos pratos do fogão. Weston, você está bem em servir a si mesmo ou precisa de ajuda?

— Não, senhora, eu estou bem.

— É a bunda dele, Mimi, não os braços — Special praticamente bufa para a avó.

— Honey B., ele ainda pode precisar de uma ajudinha. — Pelo menos alguém tem simpatia por mim.

Todo mundo carrega seus pratos com frango frito, purê de batatas, molho de carne, abóbora cozida e pãezinhos caseiros com manteiga. Special ajuda Cody com o dele, e todos nós nos reunimos à mesa da sala de jantar. A Sra. O'Malley serviu chá gelado e água para todos. Fico em pé até que todos estejam sentados, empurrando a cadeira da Sra. O'Malley para ela.

Ela sorri para mim. Talvez isso gere alguns pontos de brownie. Espero que sim, embora não tenha certeza de que é seguro passar um tempo com alguém que me deu um tiro na bunda. Meu cérebro ainda está tentando processar essa coisa toda de arma.

Depois que encerramos nossa ligação mais cedo, tive um pressentimento de que, se deixasse para Special, ela nunca se comprometeria com nada. Desde que ela mencionou algo sobre ir à casa da avó, eu sabia que não demoraria muito tempo para descobrir onde ela morava. Com alguns cliques do mouse na internet, consegui encontrar os endereços anteriores de Special, que incluíam apenas um. O que mais me chamou a atenção foi que, embora estivesse fora de Atlanta, não estava muito longe de onde o bar está localizado. Quando eu estacionei a longa estrada e vi a Vespa vermelha parada ali, eu meio que esperava que ela ficasse animada em me ver – mas não ao ponto de atirar em mim. Quando ela ouviu minha voz, achei que ela reconheceria que era eu e recuaria com a coisa da arma. Porra, eu estava errado.

Troco de marcha mental e foco a comida na minha frente. Seus aromas deliciosos me lembram que não comi hoje. Isso porque depois que decidi ver o Special, corri por Buckhead até encontrar uma loja de flores que estava disposta a criar um buquê de flores frescas. Custou-me um centavo bonito, porque nenhuma delas estava aberta, então eu basicamente tive que subornar o proprietário. Tirando um pouco do peso do lado direito da minha bunda dolorida, me inclino para que eu possa comer com algum tipo de conforto e não sentir que tenho um atiçador em brasa na minha bunda. Levanto uma garfada de batatas à boca. Foda-se, isso é bom. Elas têm um sabor melhor do que o da mulher que cozinha para minha família há anos, mas eu nunca vou dizer isso a ela. Isso machucaria seus sentimentos.

— Sra. O'Malley, isso é delicioso. Obrigado por me convidar para almoçar com você.

— Weston, você deve me chamar de Mimi. Todo mundo faz. Sra. O'Malley é formal demais para essa garota do interior.

— Sim, senhora.

Tenho certeza de que Special apenas rosnou, mas sua avó sorri docemente e assente. — Estou feliz que você esteja aqui, Weston. Minha Honey Bear precisa de companhia e trabalha demais. Outro dia, eu estava dizendo a ela que o que ela precisa é de um bom rapaz! — De repente, ela olha para Special e elas têm algum tipo de discussão silenciosa, o que tenho certeza que tem a ver comigo. Um sorriso presunçoso se espalha pelo meu rosto e Special olha feio para Mimi. Ela também não se incomoda em esconder.

Minhas sobrancelhas se levantam questionando, mas a carranca dela está presa ao rosto. Ela volta a apunhalar o frango como se a coisa ainda estivesse viva. Tenho que me certificar que ela não venha atrás de mim com um garfo e faca assim. Eu prefiro minha bala. Então ela diz: — Estou feliz que a ferida não tenha afetado seu apetite.

— Não, é delicioso demais para isso. — Dou o meu melhor sorriso para a Sra. O'Malley. Ela dá um tapinha na minha mão.

— Então, Weston, o que você faz? — A senhora O'Malley pergunta.

Limpando a boca com o guardanapo, digo: — Sou engenheiro de arquitetura.

— Você pode dirigir um trem? — Cody pergunta com interesse.

Special falha em segurar sua risada quando digo: — Essa é uma boa pergunta porque os engenheiros operam trens. Mas eu sou um tipo diferente de engenheiro. Eu desenho e construo grandes edifícios.

— Oh — diz Cody e volta a pegar seu purê de batatas.

— Em quais edifícios você trabalhou? — Mimi quer saber.

Eu começo os detalhes chatos do meu trabalho, e ela ouve como se eu estivesse contando a história mais fascinante do mundo.

De repente, Cody explode: — Senhor Wister, você é inteligente?

Ninguém diz uma palavra por um longo momento e depois Special diz: — Cody, o nome dele é Weston. Sr. Weston.

— Oh. Você é inteligente, Sr. Western?

Eu rio por um segundo com o meu novo nome. — Não tão inteligente quanto a Special aqui.

— Por que você diz isso? — Ele pergunta.

— Porque ela é inteligente o suficiente para iniciar seu próprio negócio de sucesso, enquanto eu tenho que trabalhar para o meu pai. — E essa é a verdade feia.

— Mas você não gosta de trabalhar para o seu pai?

— Você sabe o quê? Alguns dias são divertidos e outros não são tão divertidos.

— Eu não tenho papai. Minha mãe disse que ele foi embora quando eu era pequeno.

— Tenho certeza que ele sente sua falta, onde quer que esteja — eu digo.

— Mamãe disse que ele provavelmente foi para o céu. Você acha que é onde ele está?

Ah, porra. O pobre garoto não tem ninguém, exceto Special e sua avó. Graças a Deus por elas. — Sim, eu tenho certeza disso, se foi o que sua mãe disse. Aposto que se ele pudesse vê-lo agora, ficaria muito orgulhoso de você.

Se não estou equivocado, acho ter visto a boca de Special se levantar um pouco. Finalmente – um buquê que me custou uma fortuna e uma bala na bunda não me trouxe nada. Mas algumas palavras para uma criança bonitinha e – bônus! Não que eu não quis dizer isso. Esse garoto é esperto. Seu pai, o que quer que tenha acontecido com ele, ficaria orgulhoso dele.

Cody sorri e eu quero rir do dente que faltava na frente. Eu mordo o interior da minha bochecha.

Mimi diz: — Cody, engula sua comida antes de nos dar esse sorriso cheio, querido. Não queremos ver frango meio mastigado e purê de batatas.

— Opa. — Ele ri e depois acrescenta: — Sim, senhora.

— E sem falar com a boca cheia também.

Ele engole e diz: — Sim, senhora — com um sorriso largo. — Assim é melhor? — Ele pergunta.

— Muito — diz Mimi.

Que diferença entre minha família e essa. Meu pai teria tido um chilique. Nenhuma risada nesse cenário. O punho dele teria batido na mesa e teríamos sido enviados para nossos quartos com fome. Não tínhamos permissão para conversar na mesa de jantar sob nenhuma circunstância e Deus nos livre de rir.

Jeb, que ficou quieto o tempo todo, pergunta: — Então, Cody, quanto esse dente trouxe da fada dos dentes?

— Vinte e cinco centavos! — Cody diz. — Estou economizando para o Six Flags5.

— Bom negócio, grandalhão — diz Jeb.

A Fada dos Dentes. Eu nunca experimentei isso. Garoto de sorte.

— Six Flags, hein? — Eu pergunto.

— Sim. Honey Bear diz que vai me levar quando eu tiver sete anos.

— Então, quantos anos você tem agora? — Eu pergunto.

— Vou fazer seis anos em março — diz ele com orgulho.

Merda, o garoto tem que esperar mais de um ano para ir ao Six Flags!

Tentando encobrir meu choque, eu digo: — Uau! Você está chegando lá, não está? Você está o que? Na primeira série?

— Jardim de infância. — Ele sorri.

Special abaixa a cabeça para que ele não possa vê-la rindo.

— Eu estarei na primeira série ano que vem. — A maneira como ele diz é como se eu não tivesse absolutamente nenhuma ideia de como o sistema educacional funciona. É bonitinho e me dá vontade de abraçá-lo, mesmo que eu não seja muito carinhoso. Não admira. Eu nunca tive abraços quando tinha a idade dele.

— Weston, posso pegar mais para você comer? — Mimi pergunta.

— Ora, eu adoraria um pouco mais. Isso é, se houver bastante. Mas eu mesmo posso pegar. — Eu me movo para me levantar.

— Não se atreva a sair desse lugar, jovem. Apenas descanse, er, seu traseiro — ela diz.

Cody ri e depois acrescenta: — Ele não é jovem. Ele é velho.

— Neste momento, me sinto assim. Mas, Mimi, você tem certeza de que há o suficiente para repetições?

— Weston, não se preocupe. Mimi cozinha o suficiente para um exército, — diz Special.

Olho pela sala pela primeira vez e tomo nota da decoração simples. É uma decoração fora do comum – cortinas com babados que passaram por dias melhores, piso de madeira desgastado na maior parte e coberto por um tapete surrado e uma grande mesa rustica que provavelmente foi feita à mão pelos bisavôs de Mimi. Esfrego as palmas das mãos contra o tampo liso que foi envelhecido pelo tempo e uso. Meu pai viraria o nariz para esta sala, mas o sentimento hospitaleiro aqui me conforta. Eu nunca tive esse sentimento em qualquer lugar da casa dos meus pais. Talvez eles devessem tirar uma lição de Mimi.

Um prato cheio de comida aparece na minha frente e Mimi anuncia: — Deixe espaço para a sobremesa. Fiz torta de maçã e você não quer perder.

Ela está certa sobre isso. Quando a sobremesa é servida, é a melhor que já comi. O pedaço quente fica embaixo de uma bola de sorvete de baunilha e estou mais contente do que nunca.

— Mimi, eu não sei quando tive uma refeição tão boa. — eu digo honestamente. — Estava delicioso.

— Sua barriga vai explodir? — Cody pergunta.

— É uma possibilidade — eu respondo, rindo.

— A minha também — diz ele enquanto esfrega um círculo nela.

Special se levanta para limpar a mesa e Cody ajuda carregando um prato de cada vez nas mãos em miniatura. Minhas tentativas de ajudar são rapidamente derrubadas por Mimi.

— Weston, relaxe. Você merece isso depois do que a Honey Bear fez com que você passasse.

Um estrondo profundo sai de Jeb normalmente quieto. — Sim, ela fez uma marca em você.

Inclinando-me para a frente nos cotovelos, digo baixinho: — Estou feliz que ela seja uma atiradora terrível. O que diabos ela estava fazendo portando uma arma, afinal?

Mimi e Jeb se entreolham, mas não dizem nada. Ela encolhe os ombros dizendo: — Essa garota tem muita imaginação. Ela está sempre preocupada comigo. — Então uma risada forçada a atinge. Eu me pergunto o que é isso tudo.

— Se você me perguntar, precisa manter a arma longe dela. Da próxima vez que ela pode matar alguém.

Um silêncio sinistro engrossa o ar, mas Cody saltando de volta para a sala quebra a tensão.

— Alguém quer brincar de pega-pega comigo?

Seus traços brilham com esperança, mas esse brilho acaba rapidamente quando digo: — Adoraria, mas não tenho certeza se poderia fazer muito com isso. — Eu aponto em direção a minha bunda.

Jeb se levanta da cadeira, dizendo: — Eu vou brincar com você, grandalhão. — A excitação de Cody retorna quando ele corre pela cozinha com Jeb nos calcanhares.

— O garoto está ficando velho demais para eu brincar com ele. Ele segue meu ritmo, mas tem muita energia e precisa de mais atividade.

— Gostaria de saber se ele gostaria de futebol. Existem muitas ligas nas quais ele poderia se juntar — menciono casualmente. — Mas não tenho certeza se ele tem idade suficiente.

— Acho que ele prefere futebol americano, mas de qualquer maneira, aqui eles não têm um time de cinco anos. Special só quer que ele faça atividades escolares, mas é inteligente e fica entediado com facilidade.

Pensando bem, nunca tive tempo de me cansar. Minha vida foi estruturalmente programada a cada instante. Minhas babás nem sequer passavam muito tempo comigo. Elas estavam sempre me deixando ou me pegando de algum lugar.

— Existem crianças da escola com quem ele pode brincar?

— Ainda não. O jardim de infância é um pouco cedo para isso — ela diz. — Talvez no próximo ano, quando ele chegar à primeira série. — Então ela se inclina para perto de mim, enquanto eu estou sentado à sua direita, e diz: — Eu honestamente acho que ele precisa de uma influência masculina. Jeb é ótimo, mas ele não aparece o suficiente.

O que isso deveria significar? Ela quer que eu assuma o controle? Uma risada estranha sai de mim e eu mudo de assunto. — Você sempre morou aqui?

— Eu nasci nesta casa.

— Realmente? Isso é especial.

Special se junta a nós e declara que a cozinha está limpa.

Mimi aponta um dedo para ela, dizendo: — Você limpa cozinhas suficientes. Você deveria ter me deixado fazer isso.

— Ah, vamos lá, Mimi. Não foi nada. Além disso, Jeb acha que tem alguém que pode ser a solução perfeita para mim.

Mimi diz: — Conte-me sobre ele.

— É ela. — Special descreve essa pessoa como alguém que poderia ajudá-la na cozinha e atender no bar, se necessário também. Pelo som das coisas, Special trabalha demais e parece que não consegue encontrar pessoas de qualidade para contratar. Agora entendo por que ela nunca tem tempo para si mesma. Essa é mais uma razão para fazê-la sair comigo.

Perdido em minhas reflexões, perco a pergunta dela. Sento e fico olhando aqui como um tolo. — Então? — Ela pede.

— Eu sinto muito. O que você disse? — Não posso fingir saber o que ela perguntou. Eu pareceria um idiota maior do que eu sou.

— Você quer sentar na sala de estar? — Ambas as mulheres olham para mim.

— Isso seria bom. — Quando estou de pé, uma dor intensa afunda meu joelho. Aquela bala não é brincadeira. Agarrando a mesa em busca de apoio, eu me firmo.

— Você está bem? — Pergunta Special.

— Oh, fantástico. Apenas uma pequena ferida de bala, mas eu vou ficar bem. — Eu sorrio docemente. Talvez ela sinta pena de mim e me conceda um encontro de misericórdia, ou esse é o meu plano de qualquer maneira.


09

SPECIAL

Toda vez que penso em como poderia tê-lo matado, a bile sobe para o fundo da minha garganta e tenho que empurrá-la de volta. O jantar foi um fracasso. Eu mal podia comer e acabei empurrando minha comida no prato, fazendo desenhos com redemoinho com meu purê de batatas. Felizmente, Mimi está tão apaixonada por Weston que nem percebeu. Ela quase lambe o homem, salivando sobre ele como Mokey faz antes de lhe darmos um hambúrguer. Toda essa situação me faz ranger os dentes de frustração. Mimi está fazendo o possível para brincar de casamenteira, pois ainda estou processando tudo o que aconteceu. Minhas emoções são erráticas e estão por toda parte.

Eu não vou mentir, estou babando sobre o homem e checando ele também. Só que está sob a cobertura segura dos meus cílios e guardanapo. Meu olhar constantemente se afasta da barba áspera dele e me lembro de como me senti quando ele me beijou. Eu espio quando sua mandíbula quadrada mastiga sua comida, como seus lábios envolvem o garfo e minha garganta se contrai, quase me sufocando. Sorte de Mimi, ela não precisa esconder essa porcaria. Ela é mais velha e não se importa mais. Quanto a Mokey, vou deixar essa cachorra do lado de fora na próxima vez que vier aqui. Talvez o latido dela o tivesse assustado se ela estivesse na varanda e não estivesse dormindo na cama de Cody.

Jeb entra cerca de uma hora depois, alegando que precisa voltar para a cidade. É hora de ir também.

— Honey Bear, você não pode voltar antes do próximo domingo? — Cody pergunta. Esta é a parte que eu mais odeio. Isso me faz ouvir a voz de Sasha e meu estômago se contrai de dor.

— Eu gostaria de poder, grandalhão. Você sabe que eu não suporto ficar longe de você nem por um minuto. — Caio sobre um joelho e coloco meus braços em volta do seu corpinho compacto. Ele é pequeno, mas atarracado.

— Vou sentir sua falta, vou sim. — Seus braços me apertam com força.

— Vou sentir mais sua falta.

Ele dá um beijo estalado na minha bochecha e eu digo: — Bem, agora eu não vou poder me lavar por uma semana inteira, porque foi algum tipo de açúcar especial que você acabou de me dar.

— Isso não foi açúcar. Isso foi um beijo.

— É tudo o mesmo para mim. — Aperto suavemente o nariz dele. — Agora, seja um homenzinho bom para Mimi e estude muito na escola. — Segurando meu punho, espero que o pequeno dele bata no meu. Ele bate o dele contra os meus dedos e nós compartilhamos uma risada.

Depois de agradecer a Mimi pela maravilhosa refeição de domingo, Weston me segue e me leva até a Vespa.

— Então, quais são seus planos? — Ele pergunta.

Quais são meus planos? Não tenho outro senão ir para casa e terminar minhas tarefas.

— Vá em frente e me pergunte — eu digo. Não adianta bater no mato.

— Posso passar por lá? Eu acho que você me deve. Afinal, metade da minha bunda está desaparecida.

— Eu nunca vou sobreviver a isso, não é?

— Nunca.

— Me siga. — Ele fica dentro do meu espelho retrovisor até a minha casa. Depois de dirigir pela parte de trás do prédio para estacionar, ando na frente e o encontro esperando por mim.

— Onde você estacionou? — Eu pergunto.

— Lá. — Ele aponta e vejo sua caminhonete gigante abraçando o meio-fio a cerca de meio quarteirão de distância.

— Onde está o seu elegante carro esporte preto?

— Em casa. Eu dirijo a caminhonete com mais frequência. — Ele aponta para A Special Place e pergunta: — Você se importaria se eu viesse jantar alguma noite?

— Bem, como é um restaurante, eu realmente não consigo parar você. — Eu tento jogar com uma cara séria e, por um momento, acho que vou me safar quando ele me responde com:

— Você sempre pode atirar em mim de novo. — Seus olhos dançam de alegria e aquela bolha de riso que eu estava segurando jorra. — Talvez eu devesse investir em alguns coletes de Kevlar — acrescenta ele.

Enquanto estamos lá, ainda rindo da piada dele, nós dois ouvimos uma voz feminina gritar: — Weston? Weston Wyndham? Imagine encontrar você aqui.

Eu espio por cima do ombro dele, enquanto ele gira para ver quem é. Eu espio uma mulher alta e bonita de cabelos loiros, talvez com cerca de vinte anos e muito mais sofisticada do que eu.

— Weston, onde você esteve? Eu não te vejo há anos. — ela declara.

— Sim, eu fiquei ocupado.

Ela se inclina para ter um vislumbre de mim e diz: — Eu posso ver isso. — Sua voz carrega uma ponta de desprezo quando ela me examina da cabeça aos pés. Sem dúvida, estou abaixo do salário dela. De fato, a maneira como ela torce o nariz levaria alguém a acreditar que eu poderia precisar tomar banho.

Voltando o foco para Weston, ela pergunta: — Imagino que você irá ao evento na semana que vem.

— Arrecadação de fundos? — Ele pergunta.

— Certamente você não esqueceu?

Ele esfrega a têmpora e diz: — Eu, ah... — depois estala os dedos. — Porra, não consigo lembrar.

Uma risada estridente que me lembra os sinos da igreja me atinge e a Srta. Socialite diz: — Oh, Weston, não deixe seu pai ouvir você dizer coisas assim. Depois de todo o dinheiro que sua empresa doou, ele teria um derrame.

— Sim, bem, eu não tenho certeza se ele não terá um de qualquer maneira.

— O que isso deveria significar? — Ela pergunta.

— Nada. Acho que te vejo semana que vem, Kelsey.

Ela se inclina, pressiona seu corpo de seda contra o dele e beija sua bochecha. — Você pode contar com isso. — Então ela vai embora.

Eu seria uma grande mentirosa se não dissesse que não estava nem um pouco ciumenta.

— Ela com certeza é bonita. — eu digo. — Aquela é sua namorada?

— Quem? Kelsey? Minha namorada? Você está falando sério?

— Sim, eu estou.

— Essa mulher me mastigaria e me cuspiria se eu desse a ela uma chance. Mary Kelsey Thornwell tem garras de quinze centímetros de comprimento e adoraria nada mais do que afundá-las em qualquer homem com dinheiro. Não, ela não é, nem nunca será minha namorada. Eu mal posso tolerar a mulher.

Isso é um alívio. — Você não agiu dessa maneira.

— Claro que não. Você nunca dá a mulheres assim a impressão de que as despreza. Elas arruinariam sua vida para sempre. A única maneira de ela me deixar em paz permanentemente é quando me casar com outra pessoa. E que seja alguém não dá a mínima para o meu dinheiro ou para onde ele pode levá-la na sociedade.

— Então, casar com uma cavadora de ouro não faz parte da sua lista. — Eu nunca entendi como uma mulher só podia se casar com um homem por causa de seu dinheiro.

— Exatamente. Recuso-me a casar com alguém só porque pertenço a uma das famílias mais influentes de Atlanta.

— Eu nem saberia quem são as famílias mais influentes de Atlanta. E para ser sincera, também não me importo.

— São algumas das famílias mais ricas e mais antigas do sul. Os que possuem quase tudo, imóveis, política, esse tipo de coisa. Infelizmente, é o mundo em que cresci.

Eu dou de ombros. Sem saber mais o que dizer, pergunto: — Você vem? Até a minha casa?

Ele assente e me segue. Quando entramos, ele pergunta: — Você realmente não se importa, não é?

— Sobre os ricos?

— Sim, sobre a maneira como eles operam e manipulam.

Tiro minha jaqueta e coloco minha mochila no chão. Quando o encaro, digo: — Você viu onde eu cresci. Eu sou uma garota do campo. Eu me mudei para cá para comprar o bar e depois o expandi para o restaurante porque gosto de cozinhar. Eu me saí muito bem, de acordo com meus padrões, bom o suficiente para ajudar Mimi e apoiar Cody, além de economizar uma boa quantia de dinheiro. Eu até comecei um fundo de faculdade para Cody. Não sou financeiramente experiente, mas Jeb me ajuda e eu leio muito. Eu também sou modesta. Como com este apartamento. É tudo que eu preciso. Você entende? Então, para responder, eu não conheço nem me importo com essas pessoas. Eu nunca serei muito rica, então não preciso me preocupar com isso.

— Eu invejo sua liberdade. — Seus olhos examinam o lugar e eu detecto desejo neles.

— Por quê?

— Porque estou preso e não sei como escapar.

— Eu não entendo. — Para mim, ele tem o mundo na ponta dos dedos, mas enquanto eu o examino, especialmente seus olhos, não encontro felicidade lá. Em vez disso, vejo o oposto, um homem que está tentando se libertar de alguma coisa.


10

WESTON

Olhos escuros enredam os meus, e as palavras que eu compartilhei apenas com alguns aparecem, uma a uma.

— Quero trabalhar para a Habitat for Humanity. Quero passar parte do meu tempo construindo casas para os necessitados e ensinando carpintaria a pessoas. Com minhas habilidades de arquitetura e engenharia, eu seria um grande trunfo. Tal como está, não preciso do dinheiro porque tenho um fundo.

— Faça isso então. — Ela se inclina para mim e seu perfume fresco me lembra a casa de campo que deixei para trás – quente e aconchegante, coberta de muito amor.

— Esse é o problema. Meu pai mudará meu fundo fiduciário. Ou melhor, ele terá a distribuição alterada, de modo que não posso acessá-lo até que eu fique mais velho.

Ela encolhe os ombros. — E daí?

Special é ingênua neste assunto. — Eu teria zero fundos para viver.

— Sim, você teria. Você poderia ganhar dinheiro como carpinteiro. E você não tem nada salvo?

É aqui que a ingenuidade dela entra. — Na verdade não. Minhas economias estão todas ligadas ao fundo. É investido para obter um retorno máximo. Special, estamos falando de muito dinheiro.

— Aprenda a viver sem isso.

Ela diz isso tão despreocupadamente que eu quero rir. — Eu tenho obrigações de dívida. Se eu for embora, perderia muito.

— Você resolveria isso. E se você iniciar seu próprio negócio de meio período e trabalhar para o Habitat em meio período? E depois venda tudo o que você não precisa.

Inclinando-me no balcão, esfrego os olhos. — Eu não sei.

Ela pega dois copos do armário. Então ela pega duas cervejas da geladeira e serve para nós. Depois de me entregar uma, ela me leva até seu sofá e nos sentamos. Todo esse tempo eu estive pensando sobre o que ela disse. Talvez eu pudesse vender o apartamento e morar no armazém por um tempo. Eu poderia viver sem a Ferrari. Foi uma compra por impulso e eu não a uso muito.

— Que tipos de coisas você possui e que não usa muito? — Ela pergunta. — Você pode se livrar daquele seu carro chique. De qualquer maneira, é muito feminino.

Eu me ajeito no sofá, tirando peso da minha nádega ferida e me viro para ela. — Você é uma leitora de mentes? Eu só estava pensando nisso. E o que você quer dizer com muito feminino? Aquele carro é puro músculo.

— Não pela minha definição. Aquela caminhonete que você está dirigindo é um músculo para mim. Livre-se dessa coisa frufru. Isso poderia economizar uma tonelada. Aposto que o seguro dessa coisa é insano.

— Você não tem ideia. — E ela também não tem ideia da potência do motor por trás da minha Ferrari. O que ela não sabe é que a coisa frufru fornece 660 cavalos de potência para correr de zero a sessenta em três segundos.

Eu sorrio para mim mesmo. Somente Special amaria minha caminhonete mais do que a Ferrari. Deus, eu amo isso nela.

— De qualquer forma. Você quer assistir a um filme? Eu tenho Netflix. — Ela diz que é a coisa mais valiosa do mundo.

— Certo. Você quer jantar comigo?

— Tipo agora? — Uma infinidade de emoções percorre suas feições. Surpresa é uma delas.

— Não, agora não. Mas logo. Próximo fim de semana? Existe alguém que possa te cobrir no trabalho, talvez?

— Não exatamente. Possivelmente estou contratando alguém amanhã, mas não tenho certeza se ela está preparada. — Ela não olha para mim, quase como se estivesse com medo.

— Eu assusto você?

— Porque pergunta isso? Eu atirei em você. Isso deve responder à sua pergunta — ela responde. Sua fachada de bravata não me engana.

Estendo a mão para a mão dela, mas assim que a toco, ela recua.

— É por isso que pergunto. Você age como um coelho assustado ao meu redor. Por quê?

Ela me dá um soco de brincadeira no braço. — Eu não. Só não gosto muito quando as pessoas me tocam.

— Besteira.

Sua cabeça gira tão rápido que estou surpreso que ainda esteja presa ao pescoço. — O que você disse?

— Eu falei, besteira. Você está com medo de mim. Você acha que eu sou sexy. Eu assisti você checando minha bunda. Eu sei como as mulheres pensam.

Seu rosto se transforma de um coelho assustado em uma mulher sexy e confiante que eu conheci no primeiro dia em que acordei em seu apartamento.

— Então é isso que você pensa, não é? Que eu estava checando sua bunda?

— Você pode negar?

— Claro, eu posso negar. Por que eu iria querer dar uma olhada? Eu já vi bundas muito melhores que a sua. Tudo o que tenho que fazer é ir trabalhar. Asnos abundam no bar. Meu Deus, você não acreditaria em todos os idiotas que vão lá. É um bufê. — Sua brincadeira não está perdida para mim, e é difícil não amar sua expressão presunçosa.

— Não duvido de você. Quero dizer, não é com isso que os bares geralmente são preenchidos? Um monte de bundas? Por que o seu seria uma exceção?

— Bem, meu bar atende a bundas superiores que estão acima e além do especial.

— Seu nome tem algo a ver com isso?

Agora eu atingi um nervo. Ela pega um punhado da minha camisa e me puxa para perto. Entre dentes cerrados, ela ameaça: — Nunca mais traga meu nome a nada. Eu lidei com essa porcaria a minha vida inteira e não preciso que você pule neste trem também. Estamos entendidos?

Eu me inclino para mais perto e respiro — Perfeitamente — logo antes de plantar um beijo suave em seus lábios. Eu não deveria ter feito isso, porque uma vez que eu os toquei, paixão e luxúria ardem dentro de mim. Eu sou viciado em Special. Esqueça a heroína, eu anseio por seus beijos mais do que jamais poderia desejar qualquer droga. Desse ponto em diante, ela consumirá todos os meus pensamentos. Pena que ela não vai me deixar entrar. Eu sou a gota de óleo em seu balde de água. Sim, ela está atraída por mim, mas está fazendo o possível para ficar longe.

Eu a solto e ela desvia o olhar. Em voz baixa, ela pergunta: — Você quer o que todos eles querem, não é?

— E o que seria isso?

— Você veio aqui para me fazer dormir com você, não é? — Ela levanta a cabeça e, foda-se se seus olhos não perfuram os meus. Eles quase me fazem me contorcer.

— Não. Isso não é verdade. — Eu nem pareço convincente para mim mesmo. Meu fator de credibilidade é zero.

— Estou acostumada, acredite em mim. É o que todos os caras do ensino médio queriam. — O sorriso dela está vazio. — Eu fui estúpida o suficiente para me apaixonar por suas mentiras. Mas não sou mais ingênua, Weston. Talvez seja melhor você ir embora.

— Não. Não até você me ouvir.

A cabeça dela se inclina enquanto ela espera. O que diabos eu vou dizer? Que ela é irresistível e eu sou fraco? Que ela é tão tentadora que eu não conseguia tirar minha boca da dela? Isso vai conquistá-la totalmente.

— Então? E não diga que foi porque eu atirei em você na bunda e lhe devo uma.

— Era exatamente o que eu ia dizer. O mínimo que você poderia fazer era me pagar de volta com um beijo. Você não deveria beijar o lugar que está machucado? — Estou chocado que ela não me bata.

— Você está me zoando.

— Na verdade não, então eu beijei seus lábios. Você deveria estar agradecida. Além disso, só porque eu te beijei, não significa que eu quero dormir com você. — É impossível segurar o sorriso.

— Você é inacreditável.

— Na verdade não. Quantos caras você atirou na bunda?

— Nenhum. — ela bufa.

— Então acho que você deve se considerar sortuda por eu não apresentar queixa.

— Fazendo ameaças? — Ela pula e aponta o dedo indicador para mim. — Você invadiu a casa da minha avó! — Então sua mão se bate no peito. — Sou eu que deveria apresentar queixa.

— Que tal um pouco de amor e carinho? — Ela realmente não sabe levar uma piada. Eu preciso injetar um pouco de diversão em sua vida. Quem eu quero enganar? Eu preciso me divertir tanto quanto ela. Pelo menos ela tem um emprego que gosta e não tem o Adolf Hitler como chefe.

Sua pele fica um tom manchado de roxo. — Você é o homem mais irritante que eu já conheci. Não acredito como você é mimado.

— Agora espere um minuto. Posso ser muitas coisas, mas não sou mimado. — Eu provavelmente sou, de acordo com os padrões dela, mas ela não precisa saber disso.

— Ah, sim, você é. Amor e carinho, minha bunda.

— Não, minha bunda. Você já esqueceu?

Ela engasga, tentando formular um bom retorno, mas falha. Seus braços voam no ar e ela diz: — Você venceu. Desisto.

— Então, isso significa que você vai me dar uma massagem nas costas? Talvez até um final feliz? — Eu rio para suavizar esse golpe. Eu não quero que ela me esfaqueie. Pelos dardos que ela está atirando em mim, eu lhe daria essa oportunidade.

— Senhor, você está seriamente empurrando sua sorte. — Ela olha para a parede onde um relógio está pendurado. — Você tem até as dez e depois tem que sair.

— Não acho que seja uma boa ideia ficar sozinho esta noite, vendo que levei um tiro e tudo. E se eu precisar de ajuda durante a noite ou algo assim?

— Você realmente está levando isso a um nível doentio. Você sabe disso, certo?

Dando de ombros, digo: — Pelo contrário, estou fazendo isso por causa da minha saúde.

Com um bufo, ela pega o controle remoto e liga sua pequena TV. A única coisa que aparece é a Netflix.

— Sem cabo ou satélite?

— Não. Não tenho tempo para isso. — ela retruca.

Pensando nas horas em que trabalha, acho que ela não está muito por aqui para assistir TV. Ela percorre os filmes, mas é fácil vê-la me olhando pelo canto dos olhos. Sem dúvida, há algo na manga dela, e eu sei o que é quando ela clica em Monstros S.A.

— Você realmente quer assistir isso?

— É um dos meus favoritos. — Ela não é muito convincente, vendo que ela ainda está chateada como o inferno.

Eu não digo outra palavra. Eu nem reclamo da minha bunda latejante, que de repente começou a pulsar como se meu coração estivesse localizado no meio dela.

Enquanto o filme é exibido, seu humor se suaviza, mas meu desconforto torna cada vez mais difícil me concentrar nos monstros. Pelo pouco que presto atenção, devo admitir que o filme é cômico. Devido à dor, minha expressão é severa, mas um sorriso consegue puxar os cantos da minha boca.

Algumas vezes ela me cutuca com o cotovelo enquanto emite uma risada calorosa. O som da risada dela – levemente rouca para torná-la sexy – arranha em lugares que não me permitirei reconhecer.

Depois da quinquagésima vez que mudei de posição, ela pergunta: — Você pode, por favor, ficar parado?

De pé, passo a mão pelos cabelos e pergunto: — Você tem algum Advil?

Isso me chama toda a atenção. — Você está bem?

— Na verdade, minha bunda está me matando.

Em alguns minutos, ela me entrega quatro Advil e um copo de água. — Isso deve ajudar.

— Quatro? Isso não é muito?

— Não, o médico me disse para tomar tudo isso quando machuquei minhas costas. — explica ela.

Abrindo a boca, jogo as pílulas dentro e engulo a água. Espero que funcionem rápido, porque essa dor não é divertida.

— Você tem uma baixa tolerância à dor?

— Que tipo de pergunta é essa? — Eu pergunto.

— Eu só estava pensando.

— Cristo. — Essa mulher supera tudo. — Talvez você deva tentar levar um tiro na bunda e depois se perguntar.

Sua expressão trava. — Você está certo. Isso foi completamente insensível da minha parte. Peço desculpas.

— Desculpas aceitas. Você se importaria se eu me deitasse em sua cama até que este Advil entre em ação?

— Não, tudo bem.

Ela me leva para o quarto e eu praticamente caio de cara na cama. Espero não apresentar alguma coisa, porque é incomum não me sentir bem. Não sei por que estou tão cansado, mas adormeço instantaneamente assim que bato no travesseiro.


11

SPECIAL

Talvez ele não tenha dormido muito ontem à noite porque me lembra Cody quando tira uma soneca. Espero que quando ele acordar, sua dor tenha melhorado. A última coisa que quero é vê-lo sofrendo. Quando perguntei se ele tinha uma baixa tolerância à dor, eu estava tentando descobrir se ele estava pior do que pensávamos. Mas o fato é que, embora eu tenha tentado encobrir, a culpa por atirar nele me sufoca e eu estou preocupada com ele.

Até o filme não ajuda muito, e esse sempre me faz rir das minhas preocupações. Minha angústia em relação a Weston é forte, e não tenho certeza de como lidar com isso. Às dez horas, o filme termina e ainda não há um pio do quarto. Quando enfio a cabeça pela porta doa quarto, tudo que ouço são roncos suaves. Ele ainda está apagado. Meus olhos permanecem por um momento em sua bunda, mas não é para a perfeição que eles são atraídos para este momento. É o buraco na calça jeans da bala em que estou hiper focada. Eu preciso parar ou eu vou ficar louca. Decido me arrumar para dormir, pois tenho uma entrega antecipada e minha nova funcionária em potencial deve me encontrar às oito da manhã.

Depois de escovar os dentes e lavar o rosto, eu subo na cama, mas Weston está no topo das cobertas e é impossível ficar debaixo delas. Em vez disso, procuro um cobertor para nos embrulhar. Quando estou satisfeita que não vamos congelar, apago a luz e adormeço com seus roncos suaves. Por volta das quatro, a inquietação de Weston me acorda. Ele murmura enquanto dorme e minhas tentativas de acalmá-lo falham. Ligo o abajur e noto que o rosto dele está vermelho. Quando eu afasto seu cabelo, sua pele está quente como fogo.

Eu pulo da cama e corro para o lado dele. — Weston, acorde. — Olhos vidrados me cumprimentam. — Você está com febre — digo a ele.

— Minha cabeça dói.

Eu corro para o banheiro para pegar um pouco de água e depois ligo para Jeb.

— Spesh, o que houve? — Sua voz está grogue.

— Weston está quente demais.

— Leve-o para o hospital. Imediatamente. Ele deve estar com uma infecção por causa do tiro. Encontro você lá.

— Ok.

Quando volto para o quarto, Weston adormeceu. Acordá-lo não é fácil. Levá-lo ao hospital também não será.

— Onde está a chave da sua caminhonete? Não posso levá-lo na Vespa.

Ele pisca, longo e lento, várias vezes como se não me entendesse. Eu tomo o assunto em minhas próprias mãos e verifico os bolsos de seu jeans. Ela não está lá. Talvez ele a tenha colocado na mesa ou no balcão. Faço uma rápida varredura no apartamento e encontro-a no bolso da jaqueta. Então eu rapidamente troco para calça jeans e um moletom. Estou feliz que Weston não se despiu antes de deitar porque ele está quase delirando. Sua estrutura de um metro e oitenta e dois e a minha de um metro e oitenta quase nos leva a cair da escada. A única coisa que nos salva é o corrimão. Se a bunda dele não tivesse esse maldito ferimento, eu o sentaria e o faria descer. Nós finalmente conseguimos e cambaleamos até a caminhonete.

O hospital mais próximo não está longe, então vou direto para lá. Minhas mãos suadas tremem enquanto eu dirijo e rezo para que ele fique bem. Ele está tão quente – eu nunca senti alguém tão quente antes. A entrada de emergência está bem à frente, então eu paro e corro para dentro, gritando. Alguém sai com uma maca para pegá-lo.

— Ele não pode andar. Ele está doente e não pode andar. — continuo repetindo.

— Senhorita, você pode estacionar sua caminhonete. — a mulher aponta para uma vaga do outro lado da rua — e nos encontrar de volta aqui.

— Sim, tudo bem. — eu digo. Minha boca se tornou o Saara e meu coração martela tão alto que mal consigo ouvir qualquer coisa. Quando volto para a entrada, Jeb aparece. — Oh, graças a Deus você está aqui. — Eu caio em seus braços.

— Você está bem?

— Eu não sei. Não. Ele está tão doente, Jeb.

— Spesh, ouça. Você não pode dizer a eles que atirou nele.

— Por que não? Foi um acidente.

— Eu sei, mas eles terão que denunciá-la e a polícia irá à casa de Mimi para pegar a arma. Vai ser uma grande bagunça. Apenas diga que ele apareceu assim, e você não sabe o que aconteceu. Ele é um amigo e se machucou.

Ele está certo e sem a arma Mimi não terá proteção. E conhecendo ela, ela nunca iria comprar outra. — Mas eles não suspeitarão de algo?

— Talvez sim. Talvez não. Eu o limpei muito bem.

— Não deve ter sido bem o suficiente. Se algo acontecer com ele...

— Special, nem vá lá. Ele vai ficar bem.

— Você não o viu, Jeb. — Torço minhas mãos e ele as agarra.

— Ele é jovem e saudável. Ele ficará bem. Você vai ver.

— Eu espero que você esteja certo.

— Eu estou. Vamos. Vamos ver o que está acontecendo lá dentro. — Ele pega meu braço e me guia pelas portas automáticas. Elas fazem um som estridente e meu coração bate forte de novo. Caminhamos até a recepção onde pergunto sobre Weston.

— Você quem o trouxe?

— Sim.

— Bom. Precisamos obter algumas informações suas. Vem por aqui. — Sigo a recepcionista para outro cubículo, onde ela faz perguntas sobre o seguro de Weston.

— Eu não tenho nenhuma ideia sobre isso. Tudo o que eu quero saber é que ele ficará bem?

Ela bufa e murmura algo ininteligível. Então ela me leva para a área de espera novamente. Quando ela se vai, eu me inclino para Jeb e digo: — Ela não falou nada. Tudo o que eles queriam era suas informações de seguro.

— Eles só querem dinheiro. Talvez você devesse ter mencionado que ele tem um AMEX preto. Ele não precisa de seguro. Ele poderia pagar em dinheiro.

— Você não sabe disso.

— Sei sim.

Apertando os olhos para ele, pergunto: — Por que você cavou tanto sobre ele?

— Quando ele apareceu na Mimi hoje, eu tive que me perguntar por quê. Qual é o motivo dele? Eu tenho que admitir, isso me preocupou mais do que apenas um pouco.

— E?

— Não foi possível encontrar uma única coisa negativa. O cara é tão limpo que grita. Além disso, ele é rico. Estou falando do tipo podre de rico. Special, ele é bom. Eu tenho um bom pressentimento sobre ele.

Isso é algo que eu realmente não dou a mínima agora. Saltando, vou até a recepção e pergunto à mulher: — Quanto tempo antes que eu possa ver o Sr. Wyndham?

— Você é da família? — Ela pergunta.

— Eu o trouxe.

Ela me olha por seus meio óculos. — Sim, mas você é da família?

— Não tenho relação de sangue com ele.

— Então, por favor, senhorita, sente-se.

Franzindo a testa, digo: — Então, tudo bem quando você pensou que eu poderia ter as informações de seguro dele, mas agora que você sabe que eu não posso fornecer, não sou ninguém para você. Isso está certo?

— Nós a chamaremos quando tivermos informações sobre a condição dele.

É isso aí. Ele pode estar morrendo lá, e essa é toda a compaixão que recebo? Não, eu não vou embora. Inclinando-me sobre a mesa, olho para ela e digo: — Você pode estar tendo uma noite terrível, e por isso sinto muito. Mas estou realmente preocupada com meu amigo. Ele pode estar morrendo pelo que sei, e eu gostaria de descobrir o que está acontecendo com ele. — Eu calo a boca e a encaro.

Minha pausa grave tem o efeito que eu esperava. Ela solta um suspiro pesado, lembrando-me do escapamento de um ônibus velho e cansado, e diz: — Muito bem. Deixa-me ver o que posso fazer.

Não ousando me sentar, pois temo que ela volte atrás e me esqueça, espero, espero e espero pelo que parece uma eternidade. Quando ela volta, dá um tapinha na minha mão e diz que eles fizeram exames de sangue para determinar por que ele está com febre.

— É a ferida na bunda dele.

— Sim, querida, mas eles querem ser mais específicos do que isso. Eles começaram com antibióticos. Alguém estará aqui em breve para lhe dar mais informações.

— Ele vai ficar bem?

— Sim, eu tenho certeza que ele vai.

— Obrigada. — Grandes lágrimas feias rasgam de meus olhos, fazendo-me parecer uma idiota chorona. Jeb aparece e a senhora me entrega uma caixa de lenços de papel quando eu desmorono em seus braços. Ele me apoia quando perco a cabeça com isso, o que é completamente diferente de mim. Quando o rio está seco, soluço as palavras: — Sinto muito.

— Está bem. Você está preocupada.

Meu rosto ainda está esmagado em seu peito quando digo: — Eu só não queria ser a responsável por sua morte.

Jeb me arrasta para o assento mais próximo e me empurra para uma cadeira. Ele se agacha na minha frente e com uma voz severa diz: — Ouça. É a última vez que quero ouvi-la reclamando disso. Foi um acidente. Você entendeu? E ninguém, quero dizer ninguém, pode ouvir você dizer esse tipo de merda. Além disso, ele não vai morrer.

— Mas...

Ele não me deixa terminar. — Eu disse pare, e eu falo sério. Já falamos sobre isso. Weston não culpa você. Se o fizesse, ele teria insistido em chamar a polícia. Mas ele não fez. Ele entrou na sua casa ilegalmente. Você estava com medo. Pela última vez, esqueça. Ele está recebendo os cuidados adequados de que precisa e ficará bem.

— Ok. Ok. Deixa comigo.

Ele bate no lado do meu nariz. — Agora limpe essa bolha de ranho. É bem nojento.

Pego os lenços e cuido dos negócios. — Obrigado por me fazer sentir bem comigo mesma. — Eu o cutuquei no ombro.

— Bem, alguém precisa — diz ele, piscando. — Eu não quero que você se dê uma má reputação.

Pouco depois, uma enfermeira sai e chama a família do Sr. Wyndham. Eu corro até ela.

— Eu o trouxe, mas sou uma amiga, não um parente.

— Venha comigo.

Parando a enfermeira com a minha mão, pergunto se está tudo bem se Jeb me acompanhar. Ela diz que está bem. Então eu vou e agarro ele.

— Você tem certeza? — Ele quer saber.

— Sim!

Nós seguimos a enfermeira através do Departamento de Emergência. É muito maior do que eu pensava. A princípio, há camas separadas por cortinas, mas ela nos leva a outra área em que cada cama fica em um quarto individual, onde Weston está. Ela nos mostra a porta e depois sai. Há duas cadeiras, então nós dois sentamos. Ele está dormindo, mas está ligado a todos os tipos de monitores. Logo depois, uma médica entra e se apresenta.

— Olá, sou a Dra. Santiago, especialista em doenças infecciosas. Entendo que você trouxe o Sr. Wyndham?

— Sim. Ele é um amigo meu. Ele esteve acordado?

— Ele está acordando e dormindo. A febre dele estava muito alta, mas está caindo agora. Nós o iniciamos com antibióticos para a infecção, e ele está recebendo fluidos através do IV. Ele deve ficar bem em alguns dias. O que você pode nos dizer sobre o ferimento dele? Ele disse que estava em um canteiro de obras hoje cedo e foi perfurado por uma haste de metal.

— Uh, sim, foi o que ele disse. Deve ter sido mais sério do que ele pensava. — digo.

— Deveria ter sido tratado quando aconteceu. — responde Dra. Santiago.

— Eu não sabia que a infecção poderia ocorrer tão rápido.

— Uma ferida profunda é sempre um risco alto. E essa fechou. Se tivesse ficado aberta e sido limpa adequadamente, poderia não ter sido. Ele tem muita sorte que você o trouxe tão rapidamente. Na verdade, ainda havia um fragmento de metal nele. Um dos médicos o removeu. Você sabe mais alguma coisa sobre o incidente?

— Não. Foi tudo o que ele disse. — Olho para Jeb e ele assente levemente. Não acredito que ele tenha estado lúcido o suficiente para inventar algo assim. — Você sabe quanto tempo ele vai dormir?

— Provavelmente por um tempo. A febre fará isso. Você pode querer correr para a cafeteria. — ela olha para o relógio, — em cerca de quinze minutos quando eles abrem e tomar um café da manhã.

— Obrigada. Quanto tempo você acha que ele ficará no hospital?

— Dois, talvez três dias. Quero esperar e ver como ele responde. Queremos saber exatamente com o que estamos lidando no que diz respeito à infecção.

— Ok. Obrigada.

Assim que ela se foi, Jeb diz: — Ele nos cobriu, Spesh.

— Sim. Não acredito que Weston tenha estado consciente o suficiente para dizer isso a ela. Mas como eles não sabiam que era uma bala?

— Eu não sei. Aquela arma de Mimi é tão antiga que talvez a bala tenha partido quando foi disparada. Já vi isso acontecer antes, quando munição antiga é usada. Você me disse que Mimi tinha essas coisas desde sempre. Eu deveria ter testado essa coisa há muito tempo. — Jeb assente enquanto fala.

Enquanto sento e olho para Weston, noto novamente a perfeição de seus traços. Olhos grandes em forma de amêndoa são cobertos e delineados com cílios suaves que se espalham pelas maçãs do rosto esculpidas. Abaixo deles, encontra-se um rosto coberto por uma densa barba. Mas a boca dele é o que mais me atrai. Lábios fartos que trazem lembranças do seu sorriso me aquecem até a medula dos meus ossos.

— Por que você está sorrindo assim? — A pergunta de Jeb rompe minha linha de pensamento.

— Eu não estou sorrindo. — Mas minhas fracas tentativas de negar a verdade não passam por Jeb.

— Sério? Você não pode enganar um homem velho, Spesh. Você gosta dele, não é?

— O quê? Não! — Ele atinge algo que realmente não quero admitir, nem para ele nem para mim.

— Vamos. Este sou eu, Jeb, com quem você está falando. Você não precisa guardar segredos de mim.

— Estou apenas aliviada, se você quer a verdade. — Jeb sabe quase tudo o que há para saber sobre mim.

— Se você quer a verdade de mim, precisa de um jovem simpático na sua vida.

Minha cabeça sacode na direção dele. — Aperte os freios, Jeb. Eu não preciso de um homem agora.

— Discordo.

— Essa é sua prerrogativa.

Ele se inclina para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e unindo as mãos. — Me escute. Você é jovem, jovem demais para passar a vida sozinha. Esse cara parece ser um bom homem. Você deveria dar uma chance a ele.

— Uma chance de quê? E quando? Trabalho seis dias por semana e aos domingos tenho Cody e Mimi. Em algum momento, eu gostaria que Cody fosse morar comigo. Talvez contrate uma babá ou algo assim. Eu sei que ele está sendo demais para Mimi. Então, quando você espera que eu o encaixe, — eu aponto minha cabeça em direção a Weston, — em tudo isso? — Além disso, tenho paredes de três metros de espessura e ninguém as derrubará, mas não menciono isso.

— Essa é a questão. Você precisa contratar alguém para o bar para ter mais tempo de folga. Você está trabalhando por toda sua vida. O lugar está indo bem, e você sabe disso. Você está preocupada em guardar seu dinheiro quando precisa viver a vida.

Eu levanto e ando. Jeb e eu tivemos essa discussão antes. Ele sabe onde eu estou. — O dinheiro, como você diz, é para a educação de Cody. Preciso fazer isso agora, porque não tenho ideia se o bar continuará a funcionar da maneira que funciona.

— Spesh, vai. Está em uma localização privilegiada, e você ajustará de acordo. Você mudará com os tempos como achar melhor. Você tem uma ótima cabeça em seus ombros para esse tipo de coisa.

Franzindo a testa, pergunto: — Por que de repente você está interessado na minha vida amorosa?

— Você sabe que eu me importo com você. Quero que você seja feliz e isso inclue uma vida com alguém.

— Jesus, Jeb, eu mal conheço o cara. Você está falando como se quisesse que eu casasse com ele.

Uma risada profunda ronca dele. — Você não pode vencer o tipo de captura que ele é. Quero dizer, olhe para ele, Spesh. Não negue. Eu vi você checando ele. Ele é um jovem bonito. E ele tem boas maneiras. Mimi estava caindo sobre ele. Até me deixou um pouco ciumento. Mas o dinheiro. Meu Deus, você nunca mais precisaria se preocupar com nada.

— Eu não dou a mínima para o dinheiro, e você sabe disso.

— Isso não foi o que eu quis dizer. Está é a cereja no topo do bolo.

— Isso é ridículo. Você me casou com o homem e eu acabei de conhecê-lo. A propósito, você já pensou se ele gosta ou não de mim?

— Vamos, Spesh. Você não viu o jeito que o cara olha para você?

— Na verdade, eu não vi. — É verdade. Eu tenho estado muito ocupada tentando olhar furtivamente para ele. — De qualquer forma, isso não vai funcionar entre nós. Nós viemos de dois mundos totalmente diferentes.

Jeb encolhe os ombros. — E daí? Como isso nunca aconteceu antes.

— Ok, já chega. Eu vou pegar um café. Então eu vou checá-lo mais uma vez antes de voltar para casa. Eu tenho que conhecer essa garota esta manhã.

— Você quer dizer Delores?

— Sim.

Ele me segue até o refeitório e tenta me dizer que eu a amarei, então a entrevista é uma perda de tempo. Ele quase nunca está errado nessas situações, mas quero ter certeza de que estou fazendo a coisa certa.

— E se ela não gostar de mim?

Ele ri. — Okay, certo. E o sol nunca se põe em Atlanta.


12

WESTON

O sinal sonoro que me despertou irrita meu último nervo até meus olhos pousarem na fonte. Ah, porra. Estou no hospital. Lembro vagamente de Special me trazendo aqui e conversando com o médico. Minha cabeça parece que é do tamanho de uma abóbora gigantesca se preparando para abrir. E minha bunda, merda, queima e lateja, como se alguém espetasse um atiçador em brasa profundamente nela. Então me bate. Preciso sair daqui para poder aparecer no trabalho. Mas quando tento me mover, é evidente que sou como um filhote acorrentado a uma cerca, exceto que tenho mais de uma trela – há um IV no meu braço e todos os tipos de fios presos a mim. O que diabos está acontecendo? Erguendo o lençol, sufoco um grito quando vejo o tubo saindo do meu pau. Que porra é essa! Jesus, essa merda me assusta mais do que tudo. O que diabos aconteceu com o meu pau? Lutando, encontro o botão de chamada da enfermeira e começo a dar um soco nela.

— Posso ajudar? — Uma voz vem através da pequena caixa de chamadas.

— Sim, você, com certeza, pode! — O bipe das máquinas está ficando louco.

— Qual é o problema, senhor? Está tudo bem?

O que eu devo falar? Meu pau está caindo? — Hum, alguém pode vir aqui, por favor?

— Em um minuto, senhor.

Porra, meu pau pode não ter um minuto! — Ok, rápido.

A porta se abre e eu estou prestes a pular da minha pele, quando olho e vejo que é Special e Jeb. Merda.

— Ei, olha quem está acordado — diz Special, sorrindo. Normalmente, eu ficaria feliz em ver ela e meu pau ainda mais, mas agora estou muito preocupado com ele ficando azul ou algo igualmente hediondo, então apenas mexo meus dedos. — Você está se sentindo melhor? — Ela pergunta alegremente.

— Hum, na verdade não. — Minha voz soa alta e trêmula. É assim que soa a voz de um cara cujo pau está prestes a cair? Jesus, onde está aquela enfermeira? Quero dar uma olhada no meu pau para ver se ficou um tom feio, mas não posso com a Special no quarto.

— Você está bem? Você parece ansioso. — Ela me lança um olhar curioso.

Porra, sim, estou ansioso, quero dizer, mas aperto meus lábios em vez disso e apenas balanço a cabeça.

— Oh, meu Deus, você precisa de analgésicos? Posso arranjar uma enfermeira para você. — diz Special, correndo para o meu lado.

Nesse momento, a enfermeira entra no quarto e pergunta: — Sr. Wyndham, o que posso fazer por você? — Ela imediatamente verifica os monitores e vê minha pressão sanguínea subir.

Meus olhos se transformam em duas bolas de golfe e eu gaguejo: — Hum, bem, eu, uh.

— Weston, você está com dor? — Pergunta Special.

— Sim, mas. — Olho para Jeb e sacudo a cabeça, indicando para ele tirar Special daqui, porra. Graças a Deus ele entende.

— Er, Special, acho que eles precisam de um pouco de privacidade. — diz Jeb enquanto aceno freneticamente.

— Ah, claro. — Jeb pega o braço dela e a leva para fora da sala enquanto ela me olha por cima do ombro.

A enfermeira fica lá e pergunta: — O que posso fazer por você?

Afastando o lençol, eu deixo escapar: — O que há de errado com meu pau? — O pânico limita minha voz.

— Perdão?

— Meu pau. O que é isso...? — Aponto para o tubo transparente que empala o pobre sujeito sem vida.

Ela leva um segundo antes de responder, como se estivesse escolhendo suas palavras com cuidado. Ou talvez ela esteja tentando não rir. Eu não sei e não me importo. — Sr. Wyndham, isso é um cateter. Remove a urina da bexiga. Você tem uma infecção e o médico não sabia onde a infecção se originou ou se afetou seus rins. É prática comum inserir um cateter em um paciente delirante. Posso garantir que seu pênis está bem e não cairá.

— Oh. — Eu caio contra o colchão. Eu me sinto com quatro anos. — Ok então. — eu digo em voz baixa.

— Você precisa de algum medicamento para dor? — Ela pergunta.

— Isso seria legal. Espere, e se eu tiver que fazer xixi? Como deixo ir?

— Ele escorrerá do seu cateter para a bolsa à qual está conectado. Você ficará bem, Sr. Wyndham.

— Oh, tudo bem. E você tem certeza, porque não quero que nada aconteça com o meu...

— Sim, eu sei e tenho certeza de que você não sofrerá nenhum dano ao seu pênis. Inserimos cateteres em pacientes todos os dias.

Engolindo o nó enorme na minha garganta, finalmente sinto alívio tomar conta de mim. — Graças a Deus. Por um minuto, pensei... bem, não importa. — Cubro meu pau de aparência miserável com o lençol, dando tapinhas no coitado, sentindo pena do carinha encolhido. Quão humilhante é isso?

— Existe mais alguma coisa além da medicação para a dor? — Ela pergunta.

— Não. Bem, sim. Sim, existe. Eu sou o único que já pensou que seu pau estava caindo?

Ela dá um tapinha na minha mão em um gesto gentil e diz: — Sr. Wyndham, volto já com a sua medicação. — Tenho certeza que ela acabou de me dar minha resposta.

Ela sai e Special e Jeb retornam. Special pergunta: — Está tudo bem?

— Sim bem. Está tudo bem. — Solto um sopro de ar e acrescento: — Obrigado por cuidar de mim e me trazer aqui. — Eu sorrio, mas meu desconforto está atrapalhando meu bom humor. — A enfermeira está voltando com algo para a dor.

— Isso é bom. Parece que você poderia obter alguns. Weston, acho que vamos sair e deixar você descansar um pouco. — Ela me entrega meu telefone celular, juntamente com a chave da minha caminhonete. — Vou enviar uma mensagem de texto para você sobre o local onde sua caminhonete está estacionada, para que você o tenha no telefone.

— Muito obrigado. E quero dizer isso, Special.

— De nada. Eu vou te ligar. E voltarei a visitá-lo o mais rápido possível. — Com um aceno, ela se foi.

Jeb fica para trás. — Resolveu tudo aí em baixo? — Ele pergunta.

— Sim. Bom como novo. Bem, quase. Talvez. Oh, inferno, eu realmente não sei.

Ele assente lentamente. — Escute, eu só queria que você soubesse que você a assustou de verdade. Eu só a vi assim uma vez antes, e foi quando ela ficou frenética com Cody. Ela é gente boa. Não bagunce com ela. Você sabe o que eu estou dizendo?

— Sim, eu entendo você. E só para você saber, não precisa se preocupar.

Seus olhos se fixam nos meus e eu recebo outro aceno lento antes de ele sair pela porta. A enfermeira retorna e coloca algo no meu IV, o que me deixa zonzo, mas também ajuda com a dor. Então me bate. Eu tenho que fazer a ligação temida para o meu pai. O que diabos eu vou dizer a ele? Oh, ei, não posso trabalhar hoje porque levei um tiro na bunda e estou no hospital com um tubo de plástico preso ao meu pau. Hum, não, obrigado.

Verificando a hora, vejo que são depois das sete. Ele já estará no escritório, então eu decido acabar com isso.

— Quinn, por que você está me ligando?

— Oi pai. Eu não vou ir hoje. E provavelmente amanhã também não.

— Por que isso? — Ele pergunta secamente.

— Estou no hospital. Fiquei com algum tipo de febre e estou tomando antibióticos intravenosos. Disseram que eu ficaria aqui por alguns dias.

Silêncio mortal.

— Pai? Você está aí?

— Estou aqui. Tipo de febre? Você pode ser um pouco mais específico?

— Sim, bem, comecei a ficar com febre muito alta e não tenho certeza do quão alta porque fiquei delirante.

— Delirante? Filho, em que hospital você está?

Merda! Olho em volta e tento encontrar o nome do hospital em que estou. Nunca me preocupei em perguntar a Special. — Não tenho certeza.

— Quinn, você está mentindo para mim?

— Não, senhor, não estou. Se você esperar um pouco, vou ligar para o posto de enfermagem e perguntar.

— Sim, faça isso. — Sua resposta é fria.

Quando a enfermeira chega, eu pergunto a ela. Há um momento de silêncio antes de ela me dizer. Estou rindo por dentro.

Este não será o meu dia.

Ou semana.

Agradeço a ela e volto a telefonar para meu pai. Depois que eu digo a ele qual hospital, ele fica em silêncio. Não tenho certeza se ele acredita em mim, mas a última coisa que preciso é que ele faça uma visita aqui.

— Você tem febre? — A dúvida ataca sua pergunta.

— Sim, senhor.

— Em que quarto você está?

De todas as... — Eu não sei, pai.

— Olha, Quinn, eu só estou tentando processar isso... essa sua história. Vejo você na sexta-feira e você está bem, e agora você liga para me dizer que está no hospital com algum tipo de febre. Que diabos devo pensar? — Ele pergunta, sua voz irradiando raiva.

Ele está certo até certo ponto. Isso soa um pouco fraudulento. — Eu sei, pai. Mas não sei mais o que dizer? Eu estou doente. Voltarei assim que puder.

— Eu devo aceitar isso e não ir ver por mim mesmo?

— Não, você pode vir. Você terá que verificar na recepção o número do meu quarto.

— Eu vou, estarei aí no almoço. — ele retruca.

— Vejo você então — eu digo e terminamos a ligação. Porra, inferno. Vou ter que inventar algo para contar a ele.

A porta se abre e uma mulher vestindo um jaleco comprido entra.

— Olá, Sr. Wyndham. Eu sou a Dra. Santiago. Não sei se você se lembra de mim mais cedo nesta manhã.

— Na verdade, não.

— Você está parecendo muito melhor.

Ela clica no iPad e toca algumas vezes. — Parece que sua febre baixou.

— Ah?

— Sim. Temos você em vários antibióticos. Essa sua ferida deve ter uma boa reviravolta. Ainda bem que recuperamos o pedaço de metal que foi deixado para trás. Você precisa ter mais cuidado nos canteiros de obras.

Canteiros de obras? Foi isso que eu disse a eles?

— Doutora, você pode explicar o que fez de novo? Não me lembro.

— Sim, encontramos um pedaço de metal da haste que o perfurou. Você não sabia que havia algo em sua nádega, mas foi o que causou a infecção quando sua ferida foi fechada. Pena que eles não fazem calças de segurança. — Ela ri. Quando ela percebe que eu não estou rindo, ela diz: — Desculpe. Isso foi de mau gosto.

— Não, foi engraçado. Mas acabei de tomar um remédio para dor, então estou um pouco lento. Meu pai estará aparecendo aqui e provavelmente estará fazendo todos os tipos de perguntas. Prefiro que ele não saiba os detalhes sobre isso.

— Senhor. Wyndham, de acordo com as leis da HIPPA, não podemos compartilhar nenhuma informação de sua saúde com ninguém, a menos que você nos dê permissão por escrito.

— Perfeito.

— Informe as enfermeiras se precisar de alguma coisa. Tenho remédio para dor disponível, se você precisar. Você deveria tentar descansar enquanto estiver aqui.

— Obrigado. Ah, eu tenho uma pergunta.

— Sim?

— Esse cateter? Quanto tempo eu preciso disso? — Eu dou um tapinha no lençol cobrindo meu pobre pau.

— Oh, sim. Podemos removê-lo ainda hoje. Desculpe, tivemos que fazer isso com você, mas com infecções como essas, queríamos garantir que seus rins estivessem funcionando bem, que sua produção de urina estava boa e... — Ela se abaixa para verificar a bolsa na qual o tubo está conectado, — parece estar bem. Se todos os seus exames voltarem bons do laboratório hoje em relação à sua função renal, solicitarei a remoção no final da tarde.

— Obrigado.

— Não é um fã, hein?

— Para ser sincero, isso me assustou quando o vi.

Ela solta uma risada. — Preocupado com suas partes masculinas?

— Um pouco.

— Elas vão ficar bem.

É fácil para ela dizer. Ela não tem pênis. Depois que ela se foi, tento dormir, mas o lugar é muito barulhento e brilhante. Então a enfermeira volta para medir minha temperatura e conecta outro saco de líquido ao meu IV e mais antibióticos.

— Este lugar é como um circo. — eu digo.

— É o que todo mundo diz. É muito louco para dormir. — Ela sorri.

— Você pensou que eu era um pouco maluco antes, não é? — Eu pergunto.

Ela coloca as mãos nos quadris e ri. Ela é uma mulher mais velha, talvez com cinquenta e poucos anos e cabelos grisalhos, e quando sorri, ela ilumina os olhos. — Bem, Sr. Wyndham, devo admitir, nunca tive um paciente que estava preocupado com a queda de seu soldado.

— Ok, talvez eu tenha levado longe demais, mas quando dei uma boa olhada naquele tubo gigante, isso me assustou. Você tem que admitir, é um pouco assustador.

— Eu posso imaginar que seria, vendo pela primeira vez. — Ela ri de novo. — Mas também é conveniente, não é? Pense. Você não precisa se levantar para usar o banheiro.

— Bem, eu não tinha pensado dessa maneira.

— Há mais alguma coisa que eu possa conseguir enquanto estiver aqui? — Ela trouxe água gelada, então eu estou bem e a informo.

— Oh, há uma coisa. No almoço, meu pai estará aparecendo. Esteja preparada. Ele provavelmente fará de si um idiota. Só queria te avisar. Ele acha que é o dono do lugar.

— Um tipo, hein?

— Sim.

— Não se preocupe. Vou encantá-lo até a morte. — Ela pisca novamente. — Ou vou mandá-lo por aí. Eu posso ser bem mandona, sabia?

— Eu aposto que você pode. — Na verdade, eu gostaria de vê-la afugentá-lo.

O quarto está finalmente quieto e eu devo ter cochilado quando ouço uma comoção do lado de fora, uma indicação certa de que meu velho está tentando abrir caminho. Ele está gritando sobre querer saber o que exatamente está errado comigo. Minha enfermeira responde que ela não tem permissão para fornecer essas informações. Papai grita que ele é meu pai. Ela calmamente, mas firmemente, afirma que é a lei e ela não pode dar essa informação. Ele não está satisfeito. Seus passos soam cada vez mais perto até que a porta quase se abre.

— Quinn, o que diabos há de errado com você? — Ele brada. A enfermeira está atrás dele, dizendo para ele manter a voz baixa.

— Senhor, temos pacientes doentes aqui tentando descansar. Se você não conseguir manter a voz baixa, terei que pedir para você sair.

Ele gira e pergunta: — Você sabe quem eu sou?

— Você é o Sr. Wyndham. E se você não se acalmar, eu estou chamando segurança.

— Pai, entre e feche a porta.

Ele entra no quarto e a enfermeira fecha a porta.

— Você não pode abrir caminho...

— Que diabos está errado com você? — Ele late.

— Pai, você pode por favor abaixar sua voz? Eu te disse, estou com febre. Olha — eu indico com a mão todas as coisas às quais estou ligado, — isso não lhe diz algo?

— Isso não me diz nada.

Soprando um monte de ar, digo: — Fui ao novo local no centro ontem de manhã para verificar o progresso do último andar. Eu pensei em dar uma adiantada nas coisas. Enquanto eu checava alguns planos, fui me sentar, mas não notei o vergalhão saindo. Ele roçou minha nádega quando rasgou meu jeans, mas eu pensei que era isso. Aparentemente, isso me perfurou muito bem. A ferida se fechou, só que eu não sabia, e é por isso que eles acham que estou com infecção. Isso e um pedacinho dele que se enfiou em mim. Eles tiveram que tirá-lo. Estou bem agora.

— Cristo. Você não pode perambular lá em cima. — Sua boca se aperta em aborrecimento.

— Eu não estava. Foi um acidente e estou bem.

— Sim, e agora você está fora por alguns dias, o que não posso me dar ao luxo. Tudo porque você não prestou atenção ao seu entorno.

— Ok, pai, você está certo.

Ele olha para mim como se eu fosse criança. Ele certamente me faz sentir como uma. — O que é aquela coisa pendurada ali na sua cama?

— É uma bolsa para o meu cateter.

— Eles enfiaram um tubo no seu pau também?

— Sim, agora você pode voltar ao trabalho e contar a todos.

Ele zomba. — Uma febre, um buraco na sua bunda, e eles foderam com seu pau. Você é brilhante, Quinn. — Nenhuma menção de espero que você se sinta melhor em breve. — Volte ao trabalho assim que puder. E eu quero dizer isso. — Então ele se foi. Pelo menos não preciso falar com ele por alguns dias. Felicidade.


13

SPECIAL

Delores é uma joia que vai dar muito certo, exatamente como Jeb disse. Ela entra como se estivesse trabalhando aqui desde sempre. É um alívio ver que ela sabe andar pela cozinha. Em muitos aspectos, ela me lembra Mimi, a maneira como ela salta e assume – de uma maneira positiva. Não haverá nenhum treinamento tedioso envolvido, e agora posso descansar um pouco de vez em quando. Ela me garantiu que as longas horas serão bem-vindas porque ela precisa do dinheiro, e trabalhar até tarde não será um problema. Quase parece bom demais para ser verdade.

Meu telefone vibra no bolso e, quando o verifico, sorrio.


Weston: Obrigado novamente por salvar minha vida.

Eu: Eu não salvei sua vida. Eu só te levei para o hospital. Os médicos salvaram sua vida.

Weston: Então, em certo sentido, você salvou minha vida.

Eu: Mas se eu não tivesse causado o problema em primeiro lugar, não haveria necessidade de levá-lo.

Weston: Nisso você me pegou.

Eu: Está se sentindo melhor?

Weston: Minha bunda ainda dói. Ha-ha.

Eu: Não é engraçado.

Weston: Você está me dizendo. É a minha bunda.

Eu: Como está sua febre?

Weston: Muito melhor. Eu poderia receber uma visita.


Verifico a hora e me pergunto se posso escapar. É segunda-feira e não estamos super ocupados.


Eu: Deixe-me ver se consigo fugir.

Weston: Sério?

Eu: Sim.


Jeb está no bar, e noto que o lugar não está muito cheio.

— Ei, você acha que Delores e o resto da equipe podem lidar com as coisas se eu fizer uma viagem rápida para verificar Weston?

— Eu posso cuidar da frente, mas ela precisa cuidar da cozinha. É melhor verificar com ela sobre isso.

Ele fica me encarando com um sorriso de merda no rosto.

— O quê? — Eu pergunto.

— Nada.

— Oh não, você não vai escapar. Fala logo.

— Pensei que você não dava a mínima para ele.

Olhando para o teto, imploro por paciência e autocontrole. — Claro que me importo. Eu praticamente matei o cara.

Ele se inclina no bar e me dá um dos seus sins, seu olhar direto. — Spesh, esse é um cara durão. Vai levar muito mais do que um pequeno arranhão para matá-lo.

— Você sabe o que eu quero dizer. — eu xingo. — Eu tenho que ir. — Eu corro de volta para a cozinha. — Ei, Delores, você pode lidar com as coisas aqui por um tempo?

— Claro, querida. Eu estou bem. — Ela joga um cesto de frango frito sobre as toalhas de papel que eu insisto em usar para absorver a gordura. — Pode ir. Eu vou ficar bem aqui. Não se preocupe com nada.

Eu penduro meu avental em um gancho, lavo minhas mãos e vou para a entrada dos fundos, onde está minha jaqueta. Logo estou dirigindo minha Vespa para o hospital. Uma curta viagem depois e eu vou de elevador até o andar dele.

Ando na ponta dos pés até o quarto até perceber que ele está assistindo TV.

— O que você está fazendo? — Ele pergunta.

— Eu não queria te acordar se você estivesse dormindo. Eu esqueci de mandar uma mensagem. — Vou até a cadeira e tiro minha jaqueta quando percebo que seus olhos se arregalam ao ponto em que acho que ele está tendo um ataque cardíaco. — O que há de errado? Você está bem? — Corro para o lado dele, mas ele agarra minha mão e puxa meu braço, inspecionando minha tatuagem.

— Merda, Special, eu não sabia que você tinha tudo isso.

Na pressa de chegar ao hospital, esqueci de puxar as mangas da camisa. Embora eu ame minha tatuagem, não é algo que exponho regularmente a pessoas que não conheço muito bem. Eu tento arrancar minha mão de seu aperto, mas ele segura firme, recusando-se a me libertar.

— Espere. Me dê uma chance de apreciar sua arte. — Ele examina isso. Quero dizer, examina totalmente minha tatuagem. Eu puxo minha mão novamente, mas ele levanta o olhar, nossos olhos se conectando. — Eu não estou julgando, se é com isso que você está preocupada. Estou admirando e invejando. — Seus olhos não deixam os meus por um longo minuto. Minha respiração prende em algum lugar entre meus pulmões e garganta e se transforma em um tijolo de concreto. É grosso, tão grosso que não consigo respirar. — É espetacular. Eu vi um pouco disso antes, mas nunca soube que você tinha tudo isso.

— Sim, — a palavra sai como um sussurro, — eu costumo usar mangas compridas, a menos que esteja trabalhando.

— Por quê?

— Nem todo mundo é fã. — Eu levanto um ombro.

— Sim, eu sei o que você quer dizer. Você tem tatuagem em outro lugar?

— Sim. Em toda parte. É uma espécie de minha paixão.

Ele inclina a cabeça e sorri. — Talvez você me mostre algum dia. Como pagamento.

— Como pagamento?

— Você sabe.

Apertando os olhos, balanço minha cabeça.

— Por me dar um tiro na bunda.

— Ah, sim. Parece apenas adequado, não é? Embora isso vá contra a minha natureza. — Flerto de volta com ele e minhas bochechas batem mil graus.

— Special está corando.

— Não, ela não está.

Eu ainda estou inclinada na cama com Weston segurando meu braço quando a porta se abre e uma mulher entra. Ela o abraça, dizendo: — Oh, Deus, Quinn, eu estava tão preocupada. Blakely ligou para me dizer que você estava no hospital.

Puxando meu braço para trás, vejo a ruiva se endireitar. É fácil ver que ela tem dinheiro. Ela está praticamente encharcada – dos pés envoltos em botas de grife, ao jeans sofisticado que usa, aos pulsos, dedos, pescoço e orelhas que brilham em joias caras. Quantas mulheres estão atrás dele?

— Evelyn, o que você está fazendo aqui? — Sua voz não mostra entusiasmo em vê-la.

Ela parece atordoada por ele perguntar isso a ela.

— Como eu disse, eu estava preocupada, então vim verificar você. Blakely disse que você estava doente, um acidente no canteiro de obras ou algo assim. — Ela joga o cabelo para trás elegantemente.

— Sim, mas estou surpreso em vê-la aqui. — ele responde.

— Quinn, eu tive que vir te verificar para ver se você estava bem. Blakely disse que estava chegando também. — Ela vai até ele, colocando os lençóis em volta do queixo como se ele fosse uma criança. Então seu olhar azul gelo me mira quando ela diz: — Estou surpresa que ela não esteja aqui agora.

Quem diabos é Quinn? Eu pensei que o nome dele é Weston? O que está acontecendo aqui? Talvez eu deva sair.

— Obrigado por estar tão preocupada, Evelyn. — Detecto uma corrente de insinceridade? Ele certamente parece desconfortável. Talvez ele não queira que ela me veja.

Ela sorri, mas não alcança seu olhar gelado. Sua atenção oscila entre nós. Ela me avalia com um olhar altivo, como se quisesse me dispensar. A mão dela se estende sobre a cama e ela diz: — Já que Quinn está sendo tão negligente, vou tomar a liberdade de me apresentar. Eu sou Evelyn Blackwood. E você é?

— Eu sou o Special O'Malley. Prazer em conhecê-la. — Estendo minha mão para apertar a dela enquanto observo seu rosto esperando por uma reação.

— Olá, Shelly. — Ela pega minha mão, mas apenas as pontas dos dedos, me liberando rapidamente como se a queimassem.

— É Special. — eu a corrijo.

Seus lábios vermelho brilhante me lembra uma guppy enquanto ela olha abertamente para mim. — Special... — ela repete lentamente.

— Isso mesmo. Special O'Malley.

Então ela se anima, porque nenhuma senhora do sul bem-educada jamais deixaria alguém vê-la agir com grosseria. Ou assim eu pensei. Quando seus olhos caem nas minhas tatuagens, percebo o quanto estou errada.

— Bem, Special, eu posso ver que você certamente deve ser isso. — Seu comentário é afiado com maldade. É exatamente por isso que escondo minhas tatuagens. Reações como a dela me fazem querer me enrolar e me esconder. Por que eu fico assim? Por que deixo esse tipo de gente vil me fazer sentir assim? Ela não é melhor do que eu. Esperando algum tipo de interferência de Weston, fico decepcionada quando nada acontece.

Dispensando-me como se eu não fosse mais relevante, ela pergunta a Weston: — Então, quanto tempo você vai ficar aqui?

— Eles não me disseram ainda. — Ele não olha para ela, só para mim. Mas assim que nossos olhares se conectam, eu abaixo meu olhar para minhas mãos. Tensa e desconfortável não chega nem perto de como eu me sinto.

A atenção de Evelyn volta para mim. — E, Special, exatamente por que você está aqui? — Seu tom esnobe ecoa no pequeno quarto.

— Eu estou...

— Ela é uma amiga minha, Evelyn. Então, quando você falou com Blakely?

— Não muito tempo atrás. Ela ligou porque sabia o quanto eu ficaria preocupada. Oh, Quinn, você precisa ter mais cuidado lá fora. — Seus cílios com super rímel se agitam tão rápido que fico tonta ao vê-los. — Eu não posso nem imaginar o que teria acontecido se...

— Evelyn, está tudo bem. Estou bem. Foi um acidente. Vou sair daqui em alguns dias.

— Mas e a festa dos Kennerly? Você ainda vai? — Ela lamenta. Ela quase parece que vai chorar se ele disser não.

— Eu nunca tive nenhuma intenção de ir.

Ela engasga. — Como você pode pensar em perder isso? É o maior evento de outono do ano!

Weston coloca o braço sobre os olhos, bloqueando tudo.

— Quinn?

— Evelyn, não é minha coisa, ok?

Sua cabeça balança dele para mim, e então seus olhos se estreitam. Eu posso dizer que ela me culpa, o que é ridículo.

Seu tom assume uma borda cruel. — Então, Special, qual é exatamente o seu passado?

Já tive o suficiente de toda essa farsa. Meu passado? O que é ela? Uma investigadora particular?

— Bem, Evelyn, eu costumava ser uma dançarina de pole dance. Ganhei bastante dinheiro no Clube da Srta. Kitty Kat. Você conhece o lugar, tenho certeza. — Eu dou um tapinha na mão dela. — É um clube de cavalheiros na curva do bosque. Mas depois que tive alguns filhos, decidi desistir. — Eu circulo minha mão no ar. — Você sabe, para que eu pudesse passar mais tempo em casa com as crianças. E meus papais não me queriam mais fazendo danças no colo e shows. Afinal, eu sou uma mãe agora. Enfim, acabei rompendo meu ligamento posterior cruzado quando fazia uma manobra de cabeça para baixo. Enrolei minha perna em volta do poste, mas de alguma forma durante a minha rotação, perdi o controle. Às vezes essas coisas simplesmente acontecem. — Eu torço o rosto. — Foi horrível na época. Eles tiveram que me tirar do palco. Meu fio-dental rasgou e tudo estava de fora, se é que você me entende. — Dou-lhe uma piscadela exagerada. — De qualquer forma, depois dessa bagunça, decidi abrir uma loja em Las Vegas, onde administro um lugar chamado Esquadrão Special de Strip, e você não acreditaria em como é bem-sucedido. — Bato palmas como se estivesse tonta de alegria. — Quero dizer, se você quiser obter algumas dicas para abrir uma, basta ligar para mim. Também fazemos tatuagens e piercings. Então, se você quiser que seus mamilos ou clitóris sejam perfurados, me avise. Eu conheço exatamente a pessoa que pode fazer isso. — Eu me inclino para mais perto dela e sussurro: — Você não acreditaria no aprimoramento do seu prazer orgástico que o piercing no clitóris dá. — Depois, finjo verificar a hora e dizer: — Ah, nossa, o tempo escapou de mim. Eu realmente tenho que ir. Você sabe a diferença horária em Las Vegas? Bem, eu tenho essa teleconferência em trinta minutos. Estamos revendo alguns novos movimentos para as meninas. — Olho para Weston e ele está tão chocado quanto Evelyn. Aperto os dedos dos pés depois de pegar minha jaqueta e dizer: — Entrarei em contato, querido. — Dou um beijo nele e saio correndo do quarto.

Não tenho ideia de onde tudo isso veio, mas sei uma coisa. Weston e eu somos de duas extremidades opostas do espectro. Isso nunca vai funcionar entre nós. Sou apenas uma garota da classe trabalhadora e nunca poderia se encaixar no mundo dele.


14

WESTON

O que diabos foi isso? Não posso começar a processar o que aconteceu. Então, um olhar para Evelyn e as peças caem no lugar. Porra, por um minuto, Special até me levou. Suprimir minha risada leva tudo em mim. É muito mais difícil do que se poderia pensar. Esquadrão Special de Strip? E o pensamento de Evelyn recebendo seus mamilos ou clitóris perfurados quase me empurra para o limite.

— Quem é essa mulher, Quinn?

— Ela é uma amiga minha. — Uma pequena risada passa pelos meus lábios.

— Meu Deus, com quem você está saindo hoje em dia? Strippers e dançarinas cobertas com aquelas tatuagens horríveis. — Ela estremece.

— Cuidado, Evelyn.

Meu tom carrega uma borda gelada, e seus olhos brilham com raiva.

— O que diabos você está fazendo com alguém como ela?

— O que eu malditamente quiser.

Evelyn responde: — Oh? E o que é isso? Andando com a ralé da cidade?

— Ela não é ralé. Ela é uma pessoa genuinamente gentil, diferente de muitas pessoas que conheço. Pare de ser tão cruel.

Blakely escolhe aquele momento para entrar na sala.

— Olá, irmãozinho. — Ela pressiona seus lábios frios na minha bochecha. Estou começando a pensar que fui adotado. Exceto quando olho para minha irmã, é difícil negar que compartilhamos o mesmo DNA. Seus cabelos escuros e olhos cinzentos são muito parecidos com os meus para negar que estamos intimamente relacionados.

A tensão é espessa e Blakely é astuta o suficiente para perceber isso. — Eu interrompi alguma coisa?

Evelyn não perde a oportunidade de cavar. — Não, se você não contar a saída da amiga ex-stripper tatuada de Quinn.

— O quê? — Blakely pergunta, me olhando com desconfiança.

Evelyn não se preocupa em poupar nenhum detalhe. Ela fala tão rápido que não consigo falar nada. Quando ela termina, minha irmã parece que acabou de ser atropelada por um trem, menos sangue e tripas, é claro.

— Que diabos, Quinn?

Agora que Evelyn terminou, eu explico. Special estava soprando fumaça na bunda dela. — Ela não é uma ex-stripper. Ela é dona de um restaurante e bar em Virginia Highlands.

Blakely levanta o nariz. — Ah, e quanta melhoria é essa? De stripper a barman.

Talvez se eu fechar meus olhos, as duas desaparecerão. Eu tento, mas quando os reabro, elas ainda estão aqui. Foda-se.

— Jesus. Você sempre foi tão esnobe? Nem todo mundo teve a sorte de ter nascido com uma colher de prata na boca, irmã.

— Blá blá blá. — Ela solta um suspiro. — Isso não significa que você tem que socializar com ela. — Seu olhar altivo não está se mexendo.

Evelyn usa uma expressão presunçosa. O que há com isso? Ela está atrás de mim nos últimos anos, e eu não tenho ideia do que será necessário para atravessar aquele crânio espesso dela que eu não estou interessado em nada que ela tenha a oferecer.

Eu faço uma sugestão. — Vamos fazer isso. Você decide quem você quer ser amigo, e eu decidirei o mesmo.

Evelyn decide mudar de tática, indicada pelo beicinho. Quero dizer a ela que também não vai funcionar, mas minha boca permanece fechada. Estou cansado de discutir com essas duas. Evelyn pega sua monstruosa bolsa Prada e pega algumas revistas e um pacote gigante de M&M’s de amendoim. — Eu trouxe esses para você. — Ela as arruma na minha cama como uma espécie de vitrine.

— Obrigado.

Então ela me oferece um sorriso doentio e doce. — Eu sei o quanto você ama M&M’s de amendoim. — Ela passa o dedo sobre o pacote enquanto fica lá, sorrindo.

— Uh, sim. Obrigado. — O que ela quer que eu faça? Beije-a? É um momento estranho. Até Blakely lhe dá um olhar irritado.

— Então, Quinn, papai disse que você fez isso em um canteiro de obras.

— Sim, foi um erro estúpido. Eu não estava prestando atenção como deveria.

— Oh, Quinn, você não deveria ir lá sozinho — Evelyn diz. — Algo sério poderia ter acontecido.

Minhas sobrancelhas se erguem.

Blakely balança a cabeça e diz: — Se toca, Evelyn. Seu trabalho envolve visitar locais de construção. Ele faz isso o tempo todo.

Graças a Deus. Evelyn realmente parece castigada. Blakely pode ser a única que a intimida.

— Então, quanto tempo você vai ficar aqui? — Minha irmã pergunta.

— Suponho até que eles determinem que a infecção está sob controle.

— Hmm. Bem, talvez você possa sair daqui em breve. Esses lugares são deprimentes.

— Não é tão ruim. As enfermeiras são legais.

Ela olha para mim como se eu tivesse enlouquecido. Pelos padrões dela, eu provavelmente enlouqueci.

— Mas a comida do hospital é péssima. É nojento. Depois que Loralee nasceu, eu praticamente corri do hospital. — Ela está se referindo à minha sobrinha.

— Eu não sou muito exigente. Gosto de quase tudo. Não acho nada ruim.

Blakely torce o nariz e Evelyn segue o exemplo. Ela age como o clone da minha irmã, imitando quase tudo o que faz.

— Mamãe mandou cumprimentos.

— Eu acho que ela não quer fazer isso pessoalmente.

— Você conhece a mamãe. — Blakely dá de ombros.

— Tudo muito bem. — Minha mãe é uma puta louca. Ela não atravessaria a rua para dar um gole de água a um homem morrendo de sede. Como tive sorte e acabei com pais como os meus? — Ela estava sobrecarregada com trabalho ou algo assim? — Eu estou sendo sarcástico. Minha mãe nunca trabalhou um dia em sua vida. Tínhamos babás, então ela nem criou seus próprios filhos. Ela provavelmente nunca trocou uma fralda. Gostaria de saber se Blakely muda as fraldas de Loralee.

— Quinn, seja legal.

— Estou sendo legal. Eu também estou sendo honesto.

Blakely permanece calada.

Evelyn fala: — Adoro sua mãe. Quando eu trabalhava no Children’s Cancer Charity, sua mãe doou o maior cheque. Ela foi ótima.

É fácil colocar uma caneta no talão de cheques. Mas ela colocou algum trabalho nisso? Ela ofereceu alguma hora de voluntariado? Inclinando a cabeça, olho para as placas do teto e começo a contar os pontinhos neles. Talvez isso me acalme. Evelyn e Blakely discutem algo, mas eu as ignoro. Minha mente está em outras coisas – como na época em que eu queria que minha mãe me ajudasse com um desenho quando eu era criança. Sempre gostei de desenhar, principalmente prédios e casas. Um dia, eu estava desenhando nossa casa e queria que minha mãe me ajudasse. Em vez disso, ela empurrou meu desenho e eu de lado para que ela pudesse se concentrar em outra coisa. Não me lembro o que era, mas quando ela afastou meu desenho, ela rasgou. Peguei-o para que não ficasse completamente arruinado antes de levá-lo de volta à sala de jogos e colar. Olhando para trás, posso ver que era minha maneira de tentar consertar meu coração partido. Mesmo sendo muito jovem, sabia que minha mãe não me amava. Ela nunca se importou ou mostrou interesse em qualquer coisa que eu fiz. E ela não mudou nada ao longo dos anos. Ainda a mesma mulher egoísta que ela era quando eu era criança. Duvido que minha mãe aparecesse no hospital se eu estivesse no meu leito de morte.

— Quinn? Terra para Quinn. — Blakely chama.

— Oh, desculpe. Eu acho que a medicação para dor que eles me deram entrou em ação. — Eu bocejo para dar efeito.

— Você quer que a gente saia? — Blakely pergunta.

— Você sabe, você parece um pouco mal. — Evelyn coloca a mão na minha testa. — Mas você não está com febre, graças a Deus.

— Acho que devemos ir para que você possa descansar. — diz minha irmã.

— Você provavelmente está certa. Obrigado pela visita e obrigado pelos presentes, Evelyn.

— Qualquer coisa para você, Quinn. — ela suspira. Por favor, tire sua bunda daqui.

Elas saem e a tira de ferro em volta do meu peito desaparece. É terrível se sentir assim com as pessoas que você conheceu a vida toda, principalmente quando uma delas é sua irmã. Blakely sabe que mamãe é louca. Já falamos sobre isso antes. Mas ela ainda a defende porque está trancada nesse mundo. Talvez ela esteja lá. O marido dela também é um deles. Eu odeio dizer isso, mas não passei tempo suficiente com ele para saber se ele é ou não um tolo sem sentido ou se ele realmente tem um cérebro. Me envolver com a minha família me deixa nervoso porque sei que eles não ligam para o homem que me tornei, então evito o máximo possível.

Então me lembro de Special e o que ela disse a Evelyn. Uma risada calorosa sai de mim quando penso na história da dançarina de pole. Eu não tinha ideia de que ela tinha tanta imaginação. Eu ligo para ela e, quando ela não responde, deixo uma mensagem.

— Sim, estou tentando falar com a dona do Esquadrão Special de Strip. Eu gostaria de marcar um horário para uma dança de colo. — Manter o meu riso distante é impossível, e acabo rugindo em meu telefone. A gravação me interrompe antes que eu possa adicionar mais alguma coisa. Eu ainda estou rindo quando a enfermeira entra para medir minha temperatura e pressão arterial. Eles finalmente me soltaram da máquina que monitora meu coração e emite um sinal sonoro o tempo todo.

— Parece que alguém está se divertindo muito hoje à noite.

— Não exatamente. — eu respondo. — Mas algo engraçado aconteceu.

— Quer compartilhar? — Ela pergunta.

— Talvez outra hora.

Meu telefone toca com um texto e, quando o leio, dou uma risada novamente. É da Special.


Desculpe, a dança está fora por hora. No entanto, temos um poste quebrado que pode ser usado. Recomenda-se cautela. Rompimento do ligamento posterior cruzado, músculos da virilha e um possível pênis lesionado podem ocorrer.

Eu a mando de volta: Me ligue daqui a dez minutos.

Eu recebo um rápido OK em resposta.

Quando o telefone toca um pouco mais tarde, respondo: — Então, minha amiga te tirou daqui, hein?

— Ela estava um pouco exagerada para mim.

Eu rio, respondendo: — Hum, acho que você tem isso ao contrário. A história que você contou fez a cabeça dela girar. Ela não sabia o que pensar de você.

— Sou uma boa contadora de histórias. O que posso dizer? — Special ri.

— De onde você tirou isso?

— A verdade é que não tenho absolutamente ideia. — Nós dois compartilhamos uma risada.

Depois de alguns segundos, acrescento: — Você perdeu a minha irmã. Você poderia ter tido um golpe duplo.

— Hum, não, obrigada. Uma foi o suficiente.

Então nós dois ficamos quietos até ela dizer: — Olha, é melhor eu ir. Ainda estou no trabalho.

— Certo. Eu preciso dormir também depois das coisas que eles me deram.

— Entendi.

— Special?

— Sim.

— Amanhã, tenho uma história minha para você.

— Ok.

Terminamos a ligação, mas as vibrações que estou recebendo não são boas. Elas dão uma sensação de fim.


15

SPECIAL

— Por que a cara triste? — Jeb pergunta.

Eu levanto e abaixo um ombro enquanto nos limpamos. Delores deixou a cozinha impecável e voltou para casa cerca de trinta minutos atrás. Weston ligou e mandou vinte e três mensagens de ontem para hoje. Não respondi e decidi que não vou. Nós não pertencemos ao mesmo quarto.

— Você está carrancuda. — diz Jeb.

— Eu não estou.

Ele se recosta e me estuda por um segundo. — Spesh, tenho quarenta e oito anos. Embora isso possa parecer velho para você, ainda tenho minha visão.

Os cantos da minha boca se enrolam. — Ok, eu estava carrancuda.

— Gostaria de compartilhar o porquê?

— Não. — Esfrego o tampo do bar como uma maníaca.

— Cuidado aí. Você vai tirar o verniz se não relaxar.

— Merda. — Eu paro para limpar minha testa. Jogando o pano na pia, pego o balde e o esfregão para poder limpar o chão. Quando me viro, Jeb agarra meu braço e diz: — Sente-se. — Ele aponta para uma das banquetas. Eu dou-lhe o meu olhar sério? E ele assente. Sento apenas para acalmá-lo. Bem, isso e se eu não o fizer, ele estará na minha bunda para sempre.

— Você vai me dizer o que está te incomodando? Eu sei que tem algo a ver com aquele jovem. Você entrou aqui na outra noite como se sua bunda estivesse pegando fogo. O que diabos aconteceu? Ele fez alguma coisa?

— Não.

— Então o quê?

— Temos que conversar sobre isso?

Jeb se curva como se estivesse prestes a bater em alguém. — Ele tocou em você? Tipo, você sabe?

— Não! Oh, meu Deus. Essa é a coisa mais ridícula de todas. Você pode parar? Não é nada disso.

Ele balança a cabeça algumas vezes antes de mudar de posição. — Ok, então o que é isso?

— O mundo dele é muito diferente do meu. Eu nunca vou me encaixar.

— Oh, isso. — Ele diz que é tão insignificante que não significa nada.

— Isso. Uma garota foi ao hospital. Uma namorada ou sei lá. Ela me fez sentir como se eu fosse lixo. Não foi bonito.

— Hmm. — Ele esfrega o queixo por um momento. — Ela te tratou como lixo, ou você permitiu que ela te tratasse como lixo?

— Qual é a diferença?

— Uma enorme, é o que é. Spesh, as pessoas podem fazer o que quiserem, mas é como você reage que lhes dá poder. Se você se senta e aceita, entrega diretamente a eles. Mas se você se defender, existe a diferença. Você entende? No final, ela coloca a calça em uma perna de cada vez, da mesma maneira que você faz todos os dias.

— Sim, mas é mais fácil quando você diz. A realidade é...

— O que você faz. — Seus olhos me encararam. — Somente você pode decidir como aceitará a maneira como deseja ser tratada. Se você tolerar ser insultada, as pessoas continuarão insultando você. Se você os impedir, eles não o farão.

Estamos no fim do bar mais próximo da entrada quando um barulho horrível me faz girar a cabeça e depois me esquivar. Um carro bate na frente do prédio, causando a explosão das janelas, cobrindo-nos com fragmentos de vidro. Jeb empurra o banquinho em que estou com tanta força que voo e aterrisso de bunda no chão, machucando o inferno. Não tenho ideia de onde ele foi parar. Tudo o que sei é que um carro está enfiado no prédio e alguém tem que estar ferido.

— Jeb? Você está bem?

— Sim. — ele geme.

— Onde você está?

— Por aqui. — Eu posso ouvir vidro e metal triturando.

— Não se mexa. — eu digo.

— Por quê? Você quer que eu fique sob esses escombros? — Ele diz, sentando-se. Ele se sacode quando pego meu telefone e ligo para o 911.

Então vou na ponta dos pés para o carro, porque a verdade é que sou medrosa e tenho medo do que vou ver lá dentro. Mas quando ouço o gemido, corro para abrir a porta. Só que está presa.

— Jeb, você pode me ajudar?

— Acho que não. — Olhando para ele, ele está segurando seu braço, que está dobrado em um ângulo estranho.

— Ah, merda.

— Estou bem. Nada sério. — diz ele.

— Sim, certo — murmuro. Parece que ele vai precisar de grande ajuda com isso. Pouco tempo depois, o local está repleto de policiais, bombeiros e paramédicos. Os paramédicos lidam com Jeb, colocando-o em uma maca e cuidando de seus ferimentos. Uma de suas pernas está cortada e seu braço está definitivamente quebrado. Ao me empurrar para fora do caminho, ele levou o peso de tudo. E graças a Deus ele o fez porque o carro acabou bem perto de onde eu estava sentada.

Acontece que o motorista estava embriagado. Na verdade, ele ainda está tão embriagado que não faz ideia de onde está. Seus ferimentos são mínimos, arranhões e contusões, mas ele teve muita sorte. Alguém poderia ter sido morto.

Quando olho para os danos do prédio, quero chorar, mas o fato de Jeb e eu estarmos bem ajuda.

Os paramédicos insistem que eu faça check-out no hospital por causa da maneira como cai no chão. Se eu não o fizer e tiver problemas no futuro, não terei nenhum recurso ou algo nesse sentido. Jeb concorda, então eu vou para o hospital com eles.

As notícias são boas – como eu suspeitava – meu quadril estava apenas machucado. Jeb, por outro lado, precisa fazer uma cirurgia no braço. Ele me irrita e me diz para ir para casa. Mas eu não vou deixá-lo. Eu me preocuparia até a morte. Então, espero várias horas na sala de espera da cirurgia até que o procedimento termine e ele seja transferido para uma sala. Delores já telefonou, em pânico, porque, quando apareceu para o trabalho, viu toda a fita amarela da polícia e a bagunça na frente. Depois da minha explicação, ela se acalma um pouco e pergunta o que ela pode fazer.

— Nada realmente. Entrei em contato com o proprietário e o senhorio ontem à noite enquanto a polícia estava lá. Mas preciso ligar para os funcionários para que saibam que estaremos fechados até novo aviso.

— Eu posso cuidar disso para você. Então você pode acompanhar mais tarde hoje ou amanhã.

— Isso seria bom. Seus nomes e números estão na parede da cozinha, perto da prateleira. E Delores, você pode colocar uma placa Temporariamente Fechado na porta?

— Sim, claro.

— Muito obrigada.

Estou sentada no quarto de Jeb olhando pela janela quando ouço um comentário espertinho. — Se você ficar sentada aqui o dia todo, criará raízes.

— Bem-vindo de volta, dorminhoco.

— Sim, você também seria uma se sentisse que foi atingida na cabeça por um martelo. Merda, essas drogas que eles dão.

— Mas você não está feliz por eles terem te dado? — Eu pergunto.

— Não sei. Retira a energia de você. Ei, antes que eu esqueça, preciso de alguém para deixar meu cachorro sair.

— Merda. Vou precisar das suas chaves. Onde elas estão?

Ele balança a cabeça. — Você não. Apenas me dê meu telefone e cuidarei disso. Eu tenho pessoas.

— Ha. Você tem pessoas, não é?

Sua mão boa se levanta. — Oh, Special, tenho muitas e muitas pessoas.

— Bom. Ligue para eles, porque precisaremos deles para trabalhar. A Special Place precisa ser consertado.

Sua mão voa para frente e para trás no ar. Você pensaria que ele estava golpeando mosquitos. — Não tem problema. Eu cuido disso.

— Caramba. O que eles te deram? Crack?

— Não sei, mas é uma merda boa. — Então ele estala os dedos. — Você pode entregar meu telefone?

A enfermeira do pronto-socorro me deu um grande saco plástico com as coisas dele, então eu vasculhei até encontrar o celular. — Aqui está.

Ele olha para o celular, aperta os olhos e depois toca em algo. — Sim, sou eu. Estou no hospital. Quebrei meu braço. — Pausa. — Você pode conferir Jasper? Ele precisa sair. — Pausa. — Ótimo. Obrigado. Um carro bateu na janela da frente do A Special Place. — Pausa. — Não brinca. É por isso que estou com o braço quebrado. — Pausa. — Eu sei. Muito sortudo. — Pausa. — Obrigado, cara.

Jeb olha para mim e diz: — Ele vai levar Jasper para a casa dele.

— Isso é excelente. Quem é ele?

— Meu amigo, Marvin.

— Bom saber. Não tenho absolutamente nenhuma ideia de quem é Marvin.

Ele faz uma careta. — Não? Eu pensei que todos vocês haviam se conhecido. Você tem certeza?

— Positivo. Mas tudo bem, desde que Jasper esteja, o que, a propósito, eu não fazia ideia de que você tinha um cachorro. — Eu empurro a cadeira para mais perto de sua cama enquanto ele me observa. — O que me leva a outra coisa. Agora que penso nisso, sei muito pouco sobre você, Jeb Hutchinson, enquanto você sabe quase tudo sobre mim. Por que isso?

Ele encolhe os ombros com o braço bom. — Nenhuma ideia. Você gosta de conversar muito e eu não? — Sim, isso não poderia estar mais longe da verdade.

— Hmm, não penso assim. Mas diga-me, agora que estamos no assunto. Eu quero saber um pouco mais sobre você. O que você fazia antes de me conhecer.

— Ah, isso é fácil. Eu estava aposentado.

— Aposentado? De que? Você é jovem demais para se aposentar. — Ele tem apenas quarenta e oito anos.

— Do Exército.

— Está certo. Eu sabia que você foi militar. Forças Armadas, certo?

— Sim, eu era um Night Stalker.

— Que diabo é isso? A versão militar de um vampiro? — Suas pálpebras estão a meio mastro, então duvido que receba uma resposta direta dele.

Ele pisca tão lentamente que parece câmera lenta. Minha boca se curva.

— Não, querida, na verdade é o apelido de SOAR. — Seu discurso é lento também.

— SOAR. Eu deveria saber o que é isso?

A testa dele se enruga. — Provavelmente não, agora que você mencionou. Significa Regimento de Aviação de Operações Especiais.

— Oh. — Eu não tenho ideia do que isso significa. Ele fica lá com um sorriso satisfeito, como se tivesse compartilhado o maior segredo do mundo. — Posso te perguntar uma coisa?

— Qualquer coisa.

— O que é o Regimento de Aviação de Operações Especiais? É alguma sociedade super secreta que trabalha em aviões ou algo assim?

Jeb aponta o dedo para mim e ri. — Você é bem engraçada, sabia disso?

Eu? Engraçada? Bem, talvez de vez em quando. Atualmente, não estou tentando ser.

— Não mesmo. Estou tentando descobrir essa coisa de SOAR. Vocês todos se esgueiraram pela base à noite e trabalharam nos motores? Você era um técnico ninja?

— Ha-ha! — Ele dá um tapa na perna. — Mal posso esperar para contar a Marvin que você disse isso. — Então ele agita um dedo para mim, apontando para eu me aproximar ainda mais da cama. Aproximo minha cadeira um pouco. Se eu chegar mais perto, eu também estarei deitada na cama. Ele se inclina para mim e sussurra: — Eu era operações especiais.

Minha boca fica aberta quando os pedaços se encaixam. Regimento de Aviação de Operações Especiais – também conhecido como Night Stalker. Bem, eu vou ser amaldiçoada. Jeb era o verdadeiro negócio. Ele era um cara militar das Operações Especiais, do tipo que você vê nos filmes. Não é à toa que ele conhece todo tipo de merda.

Esse dedo dele vem para mim novamente. — Você está me entendendo agora, não está, docinho?

— Eu estou. Mas de onde veio essa porcaria de docinho?

Ele faz beicinho. — Você não gosta que eu te chame de docinho?

— Não, eu não gosto que você me chame de docinho. Você nunca me chamou de docinho. Nunca. Até hoje.

— Oh. Eu estava pensando que meio que gostei desse nome para você. Você age com firmeza e tudo, mas é realmente muito gentil. E tipo. — Ele agita o dedo para mim pela terceira vez. — Você precisa dar uma chance àquele garoto Wyndham. Ele é um bom garoto, Spesh.

Empurrando minha cadeira um pouco para trás, pergunto: — E como você saberia disso?

— Eu só sei. Ok?

Ele provavelmente fez mais do que um pouco de pesquisa na Internet sobre Weston do que ele disse. Sabendo o que sei agora, ele provavelmente pediu a um amigo para fazer uma verificação de antecedentes ou algo assim. Deus, espero que não.

— Tanto faz. Nós somos muito diferentes. De qualquer forma, não vamos falar sobre isso agora. Você precisa dormir, e eu preciso falar com o proprietário novamente, para que eu possa descobrir o que fazer com o bar. Deixamos as coisas penduradas ontem à noite.

Sentando, ele se aproxima e agarra meu braço. — Você não dormiu a noite toda. Vá para casa e descanse um pouco, Spesh. O bar estará lá amanhã. Um dia não vai te matar.

— Eu sei. — Nós trancamos o olhar por um segundo e acrescento: — Jeb, estou muito feliz que você vai ficar bem. Obrigado por me empurrar para fora do caminho. Você me salvou, você sabe.

Ele encolhe os ombros como se tudo fizesse parte da rotina. Eu me inclino e beijo sua bochecha. — Eu te ligo mais tarde.

— Descanse um pouco, docinho.

Eu o encaro enquanto saio.


16

WESTON

Special não atende o telefone e nem respondeu qualquer um dos meus textos. Não sei quantas vezes liguei, mas provavelmente é embaraçoso. A decepção cresce dentro de mim. Pela primeira vez, depois de não sei quanto tempo, encontrei alguém com quem realmente gosto de estar por perto – alguém que não se concentra apenas em quem eu sou ou quanto minha conta bancária possui. E agora ela não vai me dar nem uma hora do dia.

A médica faz uma visita e me avisa que poderei sair amanhã.

— Mas absolutamente nenhum trabalho pelo resto da semana. Você pode retomar suas atividades normais na próxima semana. E, normalmente, quero dizer oito horas de trabalho por dia. Estou sendo clara?

— Sim, doutora. — eu digo como uma criança obediente.

Ela sorri. — Você teve muita sorte. Se você tivesse atrasado sua chegada no hospital por mais tempo, poderia ter sido muito pior. Como está sua dor hoje?

— Melhor.

— Bom. Vou mudar para um analgésico oral. Vamos ver como você responde, e se você se sair bem, mandarei você para casa.

— Parece bom. — eu digo.

— Estarei aqui de manhã para verificar você antes de assinar suas ordens de saída.

— Obrigado.

O dia se arrasta e meu pai aparece por volta das sete. É uma maravilha que ele tenha se incomodado. Mas assim que ele abre a boca, a realidade afunda. — Quinn, quando você volta ao trabalho? Há várias coisas esperando por você, e dois projetos estão parados enquanto você está por aqui.

Tanto por preocupação paternal. A maioria das pessoas se machucaria com suas palavras severas, mas estou além dessas emoções.

— A médica veio aqui antes. Parece que eu vou ser liberado amanhã, se ela achar que eu estou melhor. Mas ela disse que para não trabalhar até segunda-feira.

— Sim, bem, eu dificilmente duvido que você ir e sentar sua bunda na cadeira seja considerado trabalho.

Não é que eu me importe em ir trabalhar. O que eu me importo é o seu desprezo insensível por mim. — Devo lembrá-lo que foi por causa dessa bunda que acabei aqui em primeiro lugar?

Olhos cinzentos tempestuosos encontram os meus. — E devo lembrá-lo de que seu descuido foi o que fez com que a dita bunda se machucasse e te colocasse aqui, me forçando a adiar alguns prazos importantes? Suas ações imprudentes estão agora resultando em alguns clientes insatisfeitos.

Esses pontinhos nos azulejos do teto estão se tornando muito familiares para mim. — Pai, eu não vejo como uma semana vai...

— E essa é uma das suas sérias desvantagens, Quinn. Você não tem perspicácia para olhar adiante o suficiente para ver qualquer coisa.

Este é um argumento sem vitória. Estou surpreso que ele não tenha meu computador entregue aqui até agora. — Irei assim que puder sair daqui.

— Boa resposta. — Ele sai pela porta e é um alívio vê-lo sair. Não sei quanto tempo mais posso trabalhar para o homem. Quantas vezes me perguntei por que ele e minha mãe – duas das pessoas mais indiferentes do mundo – haviam procriado?

Soltando um suspiro, acho que seria bom eliminar toda a toxicidade da minha vida. Infelizmente, não é possível. Enquanto meu cérebro gira, meu telefone vibra. Quase o ignoro, mas depois lembro que não conversei com a Special.

— Special?

— Weston? Você não parece muito bem. Você está bem? — Pergunta Special.

— Já estive melhor. — eu respondo, pensando em meu pai.

— Sua febre voltou?

— Não, não é isso. É... deixa pra lá. Ei, eu tentei ligar para você.

— Sim, algo aconteceu ontem à noite.

Eu me sento na cama porque a voz dela soa estranha.

— Está tudo bem?

— Sim, está tudo bem. Jeb está no hospital. Na verdade, estou me preparando para seguir esse caminho agora. Vou aí depois de vê-lo.

— O que aconteceu?

Eu ouço um longo suspiro antes que ela diga: — Eu vou explicar quando chegar aí.

— Ok. Vejo você mais tarde.

Mais tarde acaba sendo muito mais tarde. Como em várias horas. Quando ela bate e entra, parece que está prestes a cair. — Cristo, você parece uma merda.

— E aqui estava eu para lhe dizer o quão melhor você parece.

Depois de pressionar o botão liga/desliga no controle remoto da TV, agradeço a ela. — Tenho certeza que ainda pareço o inferno.

Ela olha de soslaio e diz: — Não, honestamente, sua coloração está ótima. Você parece muito melhor.

— A médica disse que se eu responder bem aos remédios, serei liberado amanhã.

Os olhos de Special se iluminam. — Essas são excelentes notícias!

— Suponho que sim. Mas me conte o que aconteceu com Jeb.

A luz desaparece de seus olhos. — Oh, foi realmente uma coisa louca. Estávamos limpando o bar e já era tarde. De repente, o vidro em frente ao prédio explodiu. — Então ela continua a explicar como esse motorista bêbado enfiou o carro no local.

— Jesus, vocês dois poderiam ter sido mortos. Você deveria processar esse cara. Ele é uma ameaça para a sociedade. É para isso que servem Uber e táxis.

— Ele não quis fazer isso — diz ela.

— Special! E se Cody estivesse ao seu lado e não saísse do caminho a tempo? Esse cara nunca deveria estar atrás do volante.

Ela está sentada na cadeira ao lado da cama e deixa a cabeça cair nas mãos. — Oh, Deus, não diga isso. É horrível como é. Eles o levaram para a cadeia. Ele só teve alguns arranhões.

— Processe ele, Special. Ele precisa aprender uma lição séria. — Eu sou inflexível sobre isso. — Quando ela levanta a cabeça, suas bochechas brilham. — Não, não chore. Eu não quis aborrecê-la.

Ela fecha os punhos e esfrega os olhos. — Estou tão cansada. E eu não estava chorando. — Sua atitude defensiva me faz querer rir, mas o tom sério me impede.

— Sim, você estava. Suas bochechas estavam molhadas. Chorar não é uma coisa ruim. Você não precisa esconder isso.

Duas linhas se formam entre os olhos e ela aponta o dedo indicador para mim. — Acho que eu saberia se estou chorando ou não. Meus olhos estão ardendo porque estou exausta. Eles estão úmidos. Não sou uma mulher fraca e chorosa, seja qual for o nome daquela que estava aqui para visitá-lo. Ela provavelmente chora com a queda de um chapéu.

Eu levanto uma mão. — Uau, desculpe. Não foi um insulto. E, só para você saber, você está certa, Evelyn é chorona. E ela é uma grande dor na minha bunda. — Eu esperava que meu comentário sobre Evelyn pudesse fazê-la rir, mas isso não acontece. Ela apenas esfrega a testa como se estivesse com dor de cabeça.

— Todos os seus amigos são como ela? — Ela pergunta.

Levo um tempo para responder, porque eu tenho que pensar sobre isso. — Não, na verdade, eu não me associo muito com as pessoas que cresci. Meu pai não gosta, mas não vou deixar que ele dite o que eu faço fora do trabalho.

Ela puxa o lábio inferior enquanto me estuda.

— Você não acredita em mim? — Eu pergunto.

— Eu não disse isso.

— Mas você não confia exatamente em mim, não é?

Ela faz uma careta. — Vamos apenas dizer que minha experiência com o seu tipo não foi a melhor.

— Meu tipo?

O ar explode de seu peito. — Pessoas ricas e mimadas que tratam os outros como merda.

— Okayyy. Podemos dar um passo atrás por um segundo? Eu disse algo para te ofender?

Olhos grandes que me lembram uma corça assustada olham de volta para mim. Então ela suspira como se a carga de um milhão de pessoas estivesse sobre seus ombros. — Isso foi completamente injusto da minha parte. Peço desculpas. Este não foi um dia muito bom, e aqui estou reclamando enquanto você ainda está doente no hospital.

— Estou bem. Só um pouco cansado. Mas você deveria ir para casa e descansar.

Ela esfrega os olhos novamente. — Existe alguma coisa que você precisa enquanto estou aqui?

— Há sim. Eu preciso que você vá para casa e durma. Quando foi a última vez que você dormiu?

Ela encolhe os ombros. — Nenhuma ideia. Eu perdi a noção.

— Vá. Me mande uma mensagem quando acordar.

Ela luta para se levantar, e é aí que eu a noto mancando no seu lado esquerdo.

— O que aconteceu? Você está mancando.

— Oh, não é nada. Jeb me empurrou para longe, como eu te disse, e caí no meu quadril esquerdo. Eu fui examinada e está tudo bem. Apenas um machucado.

Satisfeito por ela não estar ferida, eu digo: — Ponha um pouco de gelo quando for para a cama.

Ela me dá um aceno de cabeça e acena quando sai.

— Ei, Special.

— Sim?

— Tenha cuidado lá fora, sim?

— Certo.

Fico aqui deitado na cama, me sentindo impotente. Se ao menos houvesse algo que eu pudesse fazer para ajudá-la. Mas amanhã meu pai estará na minha bunda como cola, tentando espremer cada minuto de trabalho que puder. É melhor dormir um pouco, porque não há como dizer quando voltarei a dormir oito horas novamente.


17

SPECIAL

Manter os olhos abertos é o meu foco principal. Eu nunca experimentei esse tipo de exaustão antes, e isso está me assustando. Ao subir na Vespa, estou um pouco nervosa em chegar em casa com segurança. Meu apartamento não é tão longe do hospital, mas, ainda assim, é preocupante. Minhas mãos tremem enquanto eu seguro, e minhas mãos ficam úmidas. Seria minha sorte estar chuviscando também. Estou dirigindo como Mimi, percorrendo 24 quilômetros por hora, só para ter cuidado. Mas não é seguro, porque os carros tocam a buzina e, mesmo a essa hora, motoristas furiosos tentam me tirar da pista.

É com muito alívio quando chego à minha rua. Meu corpo afunda quando faço a curva para a estreita rua lateral ao lado do meu prédio. Quando paro, fico sentada por alguns minutos antes de poder me mover. Pernas de borracha fazem subir os degraus parecer uma escalada ao monte Everest. Quando abro a porta, nunca fiquei tão agradecida por entrar neste apartamento antes.

Indo para o meu quarto, descarto minhas roupas úmidas no caminho e visto algo quente. A próxima coisa que faço é descobrir o que comer. Tento me lembrar da última vez que comi uma refeição e fico em branco. As opções são escassas desde que eu não vou no supermercado há dias, então acabo com um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia com um copo de leite. Eu o como e vou para a cama depois de escovar os dentes.

Meu telefone explodindo com mensagens de texto e zumbindo como um louco me acorda. Quero jogá-lo pela janela porque estava dormindo como um morto, mas sempre me preocupo com Mimi e Cody. Quando vejo que é Jeb, fico com medo.

— Ei.

— O que está acontecendo, Spesh?

— Nada. Você está bem?

— Bem. Por quê?

Caindo na cama, eu gemo: — Porque você me deu um ataque cardíaco.

— Eu? Por quê?

— Porque é de manhã cedo e você me acordou. Você nunca me liga de manhã.

— Spesh, é meio-dia e meia.

— O QUÊ? — Eu nunca durmo tão tarde.

— Você me ouviu. Espere, você está na cama?

— Ugh. Sim. Você não me ouviu dizer que me acordou? — Abrindo os olhos novamente, olho para a janela. As cortinas estão bem fechadas, então não sei dizer o quanto está brilhante.

— Isso é bom. Você precisava dormir.

— Não até tarde.

Jeb ri. — Sim, eu tenho certeza que você precisava ou então você não teria feito isso.

— Jesus, eu deveria me encontrar com o proprietário.

— Não se preocupe com isso. Tenho certeza que ele fez uma rápida inspeção do local. Apenas ligue para ele. Ei, acho que vou sair daqui hoje.

— De jeito nenhum. Você acabou de fazer uma cirurgia. Isso é louco.

— Spesh, não é 1925. Eles não mantêm as pessoas no hospital por muito tempo hoje em dia. Geralmente esse material é ambulatorial.

Ele tem razão. Ou foi isso que eles lhe disseram.

— Diga-me a que horas e eu irei buscá-lo.

Sua risada rouca bate no meu ouvido. — Na sua scooter vermelha? De jeito nenhum.

— Eu poderia pegar um Uber ou algo assim.

— Obrigado docinho, mas Marvin vem me buscar.

— Não me chame de docinho.

— Ah, vamos lá. Dê um tempo para um velho.

— Você não é velho. E eu tenho que ir. Eu sou uma garota trabalhadora, lembra? — Toco no botão Terminar e a linha fica muda.

Porra, rastejar para fora da cama é uma merda. Jeb estava certo. Esse sono extra, com certeza, foi ótimo. Depois que tomo banho e me visto, prometi ligar para Weston. Não está no topo da minha lista, porque realmente não deveríamos estar nos vendo, mas preciso fazer a ligação de qualquer maneira. Primeiro ligo para o senhorio e ele confirma o que Jeb disse. Eles precisam esperar a resposta do seguro antes que qualquer coisa possa ser feita. Em seguida ligo para Weston.

— Olá. — ele diz, todo animado.

— O mesmo para você.

— Como foi seu sono?

— Bom. Muito bom. Acabei de me levantar faz pouco tempo.

— Você precisava disso. Eu me preocupei com você chegar em casa com segurança ontem à noite.

— Bem, eu consegui.

— Ei, eu queria falar com você sobre uma coisa. Tenho a sensação de que você não quer estar perto de mim por causa de... bem, porque minha família tem dinheiro ou o que quer que seja. Mas eu não sou como eles, então por que não podemos ser amigos? Eu gosto de sair e tudo.

Uau. Isso surgiu do nada. Talvez seja hora da verdade. — Então, sim, eu estive pensando sobre isso. E honestamente, talvez devêssemos parar.

— Parar? Parar o quê?

— De vermos um ao outro.

Ele limpa a garganta. — Special, realmente não existe um nós. Quero dizer, vamos lá. Você atirou em mim. E nós mal nos beijamos. Como eu disse antes, vejo nosso relacionamento como amizade. Então, por que não podemos ser amigos?

Eu mexo na bainha da minha camisa. É estranho discutir isso porque me sinto uma hipócrita reversa e sei que ele vai me chamar por isso. Respirando fundo, eu mergulho direto. — Nós somos de mundos completamente diferentes.

— E?

— É difícil vê-lo com seus... amigos.

— Eu já expliquei isso para você. Ela não é minha amiga. Além disso, o que você está dizendo é que somos diferentes, não se encaixa no seu molde. Isso está certo?

— Não exatamente. Eu não me encaixo no seu molde ou mundo, para ser específica. Para ser sincera, me sinto inadequada ao seu redor e ao mundo de onde você veio.

Eu ouço farfalhar como se ele estivesse mexendo nas cobertas. — Special, eu não tenho mundo. Não me encaixo no mundo em que nasci. Então você está errada. E você não acha que está sendo julgadora?

— Só sei que sua família nunca me aceitaria como sua amiga.

Uma risada amarga me atinge. — Minha família nem me aceita como eu sou, então é claro que eles nunca aceitarão ninguém de quem eu seja amigo.

Aí. Isso deve doer como um louco. Estou feliz que Mimi não seja assim. Ou até Jeb. Isso me lembra como eram os pais de Sasha. Frios e sem coração. Não é à toa que ela se voltou para as drogas. Sempre tentando entorpecer a dor.

— Eu sempre serei uma pessoa de fora.

— Alguém já lhe disse que você não escuta muito bem?

— Não. Por quê?

Ele solta um suspiro pesado. — Porque você está ignorando tudo o que estou lhe dizendo. Eu sou uma pessoa de fora da minha família, então que diabos isso significa?

— Você parece não entender. Você diz que não se importa com sua família, mas trabalha com seu pai todos os dias. Como isso afetaria seu relacionamento com ele? Além disso, eu também sou uma estranha no seu mundo, Weston, ou seja lá qual for o seu nome.

— Ok, estou tentando explicar que não dou a mínima para tudo isso. Você é a primeira pessoa com quem eu realmente gostei de sair por um longo tempo. Quanto ao meu pai, nada que eu faça irá agradá-lo, então o que isso importa?

— É importante porque pode piorar as coisas para você.

— Não pode ficar pior. E por que você disse isso sobre o meu nome?

— Porque aquela garota te chamou de outra coisa além de Weston.

Ele fica quieto por um momento, depois ri. — Ela me chamou de Quinn. É um apelido. Weston é um nome de família. Para evitar confusão, meu pai responde por Wes, meu avô respondia por Clayton e meu bisavô respondia por Michael. Sou Quinn porque sou o quinto Weston. Weston Michael Clayton Wyndham quinto. Mas quando fui para o colégio interno, decidi largar Quinn e começar a usar meu nome. Eu prefiro Weston. As únicas pessoas que me chamam de Quinn são a família e os amigos dos meus pais.

É verdade que me sinto um pouco tola. — Bem, isso é uma explicação. É um nome muito mais digno do que Special.

— Mas Special é único. De fato, aposto que existem mais Westons do que Speciais.

— Ok, você me pegou nessa. — Minha boca se curva para cima.

— Então, amigos?

— Eu acho.

— Ei, não pareça tão animada com isso.

— Não é isso, apenas estou um pouco, bem, nervosa, se você quer a verdade.

— Não fique. Escute, como seu bar ficará fechado por alguns dias, quero lhe mostrar uma coisa neste fim de semana. Estarei trabalhando duro o resto da semana, mas no sábado eu deveria estar de folga.

— Isso é sábio? Trabalhar tanto agora?

— Sábio não tem nada a ver com isso. É o meu pai. Ele está na minha bunda.

— Uau. Isso é um pouco... imprudente.

— Tudo nele é imprudente. Então, você topa?

— Eu posso deixar você saber? Não tenho certeza do que está acontecendo com o prédio. Temos que esperar o pessoal do seguro. E não sei o que o proprietário fará.

— Hmm. Você não é a dona do prédio?

— Não. Eu nunca poderia pagar isso. Só espero que, com todos esses reparos, eles não aumentem meu aluguel. Estou em negociações de arrendamento agora.

— Por que você não usa suas conexões para os reparos?

— Conexões? — O que diabos ele está falando?

— Sim, como eu. Sou engenheiro de arquitetura ou você se esqueceu? Trabalho para a maior empresa de arquitetura e construção em Atlanta. Eu poderia dar uma olhada nas coisas, elaborar alguns planos e apresentá-los ao proprietário do prédio. Eu posso garantir entrar abaixo de todos os outros.

Minha bunda cai de volta na cama. Devo admitir que ele despertou minha curiosidade. Ah? — Como você faria isso?

— Primeiro, eu cobraria apenas o proprietário – ou quem pagaria a conta, o que o seguro cobre. Essa é uma economia bastante grande. Segundo, minha família está neste negócio há três gerações. Isso significa que temos os melhores contratados e podemos garantir o melhor preço.

Ele faz um bom argumento. Há apenas um problema. — Eu não quero tirar vantagem da nossa amizade.

— Você não estaria. Eu estou oferecendo.

— Sim, mas você pode sentir que precisa. Você sabe, com essa coisa de amizade.

— Por que eu faria isso?

Penso em como dizer o que quero dizer para não o ofender. Fico em silêncio por um momento. — É assim, se você fizer isso, eu me sentirei obrigada a passar mais tempo com você. — Porcaria. Isso não saiu como eu queria.

— Bem, foda-se, Special. Você acha que estou tentando subornar você ou algo assim?

Merda!

— Não, não foi isso que eu quis dizer.

— Então me explique, por favor.

Seu tom é quase irritado. Eu nunca o ouvi soar assim antes.

— É como eu já te disse. Você e eu somos diferentes, Weston. Você viu a casa em que cresci. Você viu as coisas que eu tinha. Eu não sou chique. Você tinha as melhores e mais finas coisas que o dinheiro poderia comprar. Para ser honesta, isso me deixa desconfortável. Nós não misturamos. Eu pertenço ao meu mundo, e você pertence ao seu. Não estou tentando te ofender. Eu só estou sendo honesta.

— Bem, eu estou insultado. Não apenas por suas palavras, mas por suas ações. Você está mantendo meu status na vida contra mim. E isso não é justo. Não posso ser culpado por quem são meus pais, da mesma forma que você não pode pelos seus. Quando você limpar toda essa merda que você conjurou em sua cabeça, me ligue.

A linha fica morta.

À medida que as palavras dele afundam, registra como são verdadeiras. Eu sou uma idiota.


18

WESTON

A enfermeira entra com meus documentos de liberação e, depois que os assino, vou direto para casa. Agora, aqui estou, tentando descobrir onde errei com a Special. Só que desta vez não foi o que fiz – foi ela. Ela está indecisa sobre minha riqueza, e não há nada que eu possa fazer sobre isso. É chato também, porque pela primeira vez em séculos, encontrei alguém com quem gosto de estar e que não é cheio de merda. Eu retiro isso — ela é cheia de merda. Ela não pode superar essa besteira de seu mundo e meu mundo. Ela pode ter me afastado, mas eu sei muito bem que há uma conexão entre nós. Tenho muitos problemas para tentar resolver esse dilema. É melhor cortar os laços e seguir em frente antes que algo aconteça. Special é o tipo que eu posso imaginar me apaixonando. A última coisa de que preciso é me envolver quando esses sentimentos não retornam, principalmente com toda a porcaria que meu pai me entrega diariamente.

A exaustão me prega, então eu bato na cama e tiro uma soneca. Meu pai estará na minha bunda se eu não aparecer no trabalho, mas não posso continuar a me sentir assim. Quando acordo mais tarde, está escuro lá fora. Foda-se. Eu esperava dormir apenas uma hora mais ou menos - não seis! Depois de um breve banho, vou para o escritório.

Quando saio do elevador, o lugar está escuro, silencioso e vazio. Estar aqui depois do expediente significa que vou fazer mais trabalho sem interrupções. Quando acendo as luzes, a visão da minha mesa me faz querer virar e ir para casa. Pilhas de pastas me cumprimentam. Isso vai demorar muito mais do que eu pensava.

Ligando meus monitores, abro a primeira pasta e procuro as especificações correspondentes. Um por um, começo o tedioso processo de aprovação de cada um depois de fazer as correções necessárias. Quando finalmente verifico o relógio, é quase meia-noite. Se eu tivesse trazido uma muda de roupa, eu poderia ter passado a noite aqui no sofá. Desligo tudo, vou para casa.

O amanhecer chega muito cedo para o meu gosto. Parece que apertei o botão de repetição instantânea no DVR. Pouco depois de acender as luzes e me sentar à minha mesa, papai aparece.

— Você deveria estar aqui ontem. Onde você estava? — Papai pergunta enquanto me lança um olhar abrasador.

— Vim mais tarde ontem à noite.

— Oh. — Ele parece desapontado por eu ter conseguido. — Acho que nos desencontramos — diz ele. Ele não se incomoda em perguntar sobre minha saúde.

— De fato. — eu digo e continuo indo em direção ao meu escritório.

— Bem, comece. Você está muito atrasado. — ele retruca.

Eu não me incomodo em responder. Não há razão para isso. Leslie, minha secretária, deixa um sanduíche para o almoço e me mantém abastecido com café e água durante todo o dia. Às seis da tarde, minha pilha finalmente diminuiu. Meus olhos estão vermelhos e nublados de cansaço. Felizmente, é hora de encerrar o dia. Enquanto estou caminhando para o elevador, papai me interrompe.

— Você terminou de aprovar os arquivos?

— Nem todos eles, mas fiz um enorme avanço. Estou indo para casa para descansar um pouco.

— Desculpe? Passamos os principais prazos. Volte lá e termine seu trabalho.

— Desculpe, pai, estou terminando o dia.

— Quinn, você ouviu o que eu disse? Temos prazos críticos.

— Eu te ouvi. Mas se eu não descansar, cometerei erros críticos e como isso afetará a construção? Eu nem deveria estar trabalhando. Minha médica disse para descansar por, pelo menos, uma semana. Mas por sua insistência, eu estou aqui. Dediquei doze horas hoje e cinco ontem. Isso é tudo que você terá até amanhã. Desculpe, mas eu preciso dormir. — Até agora, uma plateia já se reuniu. Embora, neste momento, eu esteja exausto demais para dar a mínima. Ele estende a mão para me parar, mas eu atravesso as portas do elevador, aperto o botão e observo sua expressão de raiva quando as portas se fecham. Tenho certeza de que pagarei amanhã, mas vou lidar com isso então.

Quando chego em casa, nem me preocupo em comer. Caio na cama e não acordo até de manhã. Percebo que dormi demais e gargalho. Meu pai vai surtar. Mas estou no modo que eu não dou a mínima. Depois de tomar banho, pegar uma refeição rápida e tomar um café, vou para o trabalho. Quando chego lá, todos estão ocupados trabalhando. O rosto do papai registra desgosto quando entro. Aceno, sorrio e continuo no meu escritório. O som de passos me segue.

— Você pensa que é realmente especial, não é? — Ele pergunta da porta.

— De modo nenhum. — Sento-me, ligo meus monitores e pego os arquivos que preciso.

— Oh, sim, você acha, com aquela pequena exibição no corredor na noite passada. — Sua boca se aperta em uma linha obstinada.

— Isso foi obra sua, não minha.

— E a sua chegada tardia hoje de manhã? Você vai me culpar por isso também?

— Eu... você sabe o quê? Eu vou. Dormi demais por causa das longas horas que você me forçou a trabalhar, mesmo depois que minha médica disse que eu não deveria estar trabalhando. Então é sua culpa que eu dormi demais. E não sinto muito. — Até eu me choco que essas palavras saíram da minha boca.

Sua pele quase fica roxa e a veia em sua têmpora incha. Oh, inferno, essa veia maldita sempre me assusta. Se ele vai sofrer um derrame, não quero que seja por minha conta.

— Insolência não combina com você, Quinn. — Seu olhar abrasador deveria me impedir de falar, mas não o faz.

— Ser um idiota não combina com você, pai, embora você pareça pensar que sim. Agora, se você me dá licença, tenho trabalho a fazer. — Ele fica lá por um momento, seu peito bombeando a cada respiração, depois sai. Cristo. Não acredito que disse isso. Talvez eu precise enfrentá-lo com mais frequência. Na verdade, foi bom pra caralho.

No almoço, já terminei três quartos. Minha esperança é terminar tudo hoje, mesmo que eu fique aqui até meia-noite. Mas por volta das cinco, meu celular toca. É um número que não reconheço.

— Weston Wyndham.

— Sim, aqui é Jeb, amigo de Special.

— Jeb, como você está? Eu ouvi sobre o acidente. Sinto muito, cara. Special disse que você fez uma cirurgia no braço.

— O braço vai ficar bem, mas obrigado por perguntar. Espero que você esteja melhor também.

— Tudo bem por aqui. Estou feliz por estar fora do hospital.

— O mesmo aqui. Não consigo dormir naqueles lugares. Mas, na verdade, estou ligando por outro motivo.

— Ah? Com o que posso ajudar?

— É sobre A Special Place.

— O que tem isso?

— Então você sabe sobre os destroços. Bem, o contrato da Special estava prestes a expirar e ela está negociando sua renovação. Mas após o incidente, o proprietário acha que o prédio é um perigo. Eles querem vender, sair completamente. Estão preocupado com uma ação judicial e todo esse tipo de merda.

— Você está me dizendo que ela será forçada a fechar?

— Possivelmente, a menos que possamos encontrar um comprador rapidamente. É por isso que estou ligando para você. Você é o único que conheço que carrega capital suficiente para comprar o prédio.

— Deixe-me ver se entendi. Você quer que eu compre o bar?

— Não. Eu quero que você compre o prédio. Então você pode renovar o contrato, mas ficar de fora dos negócios dela até o limite.

O mercado imobiliário em Virginia Highlands é um bom investimento. Eu nunca prestei muita atenção ao prédio da Special porque possuí-lo nunca passou pela minha cabeça. Não falei uma palavra enquanto pensava e Jeb toma meu silêncio como algo negativo.

— Olha, eu sei que isso pode parecer uma péssima ideia para você, mas esse é o meio de vida da Special. É tudo para ela, e ela é ótima no que faz. Se o bar fechar e ela for forçada a procurar outro espaço para alugar, bem, isso poderia colocá-la abaixo. Mas você pode salvá-la. Você seria o salvador dela, sem mencionar todos que trabalham para ela.

— Nós praticamente nos separamos.

— Ela me disse e eu a chamei de tola. Ela é muito sensível sobre algumas coisas. Não me pergunte por que, mas ela é. Mas isso é uma questão separada desse empreendimento imobiliário. Na realidade, possuir esse prédio é um bom investimento. — Ele me dá os números e o que a Special paga em aluguel. Aparentemente, também há espaço no apartamento acima do bar que não foi afetado pelo acidente e mais espaço de varejo ao lado. — Não sei ao certo o que a loja ao lado paga, mas é uma loja especializada em vinhos e queijos, e eles parecem ter um ótimo negócio.

— Hmm.

— Eu posso fornecer todas as informações necessárias e até entrar em contato com o proprietário, se você quiser. O proprietário disse que a companhia de seguros do motorista iria cobrir o custo dos reparos no prédio.

— Jeb, você trabalha rápido.

— Escute, eu serei seu gerente de propriedade, se você quiser.

— Você também faz uma barganha difícil, mas caramba, eu tenho o suficiente no meu prato.

— Compreendo. Se você mudar de ideia, me ligue, certo?

— Certo.

Empurrando tudo o que ele disse no fundo da minha mente, dou toda a minha atenção à pilha de arquivos na minha frente. Quando finalmente chego ao fundo, levanto e me alongo. São apenas nove e meia. Estou surpreso com o quão cedo eu terminei. Hora de ir para casa e relaxar.

No caminho, penso na proposta de Jeb. É uma boa ideia. E se eu me separar do meu pai, pelo menos eu teria isso pago e uma fonte de renda. Talvez eu deva comprar algumas propriedades lucrativas e começar a trazer algum capital. Fazê-lo agora enquanto tenho acesso ao meu fundo é uma boa ideia. Dessa maneira, papai só pensaria que estou investindo meu dinheiro com sabedoria. Quanto mais eu digito os números na minha cabeça, melhor soa.

Quando chego em casa, tiro a tampa da cerveja e tomo um longo gole antes de fazer a ligação para Jeb.

— Weston, isso é uma surpresa.

— Diga-me tudo o que você sabe. — eu digo.


19

SPECIAL

As piores notícias vieram do meu senhorio hoje, quando ele me disse que o proprietário decidiu vender. Isso foi devastador. Isso significa que A Special Place pode não ser capaz de reabrir por um tempo ou nem abrir. Ele não quer lidar com os reparos, o que significa que todos os meus funcionários podem procurar trabalho em outro lugar, e eu não terei renda.

— Ele tem que fazer os reparos para poder vender.

— Sim, mas ele não precisa renovar meu contrato. Acaba em menos de dois meses.

— Compre o prédio. — oferece Jeb.

— Eu não posso pagar. Tenho dinheiro economizado, mas não esse tipo de dinheiro.

— Vá ao banco e pegue um empréstimo. Ou, pelo menos, tente.

Estamos sentados no meu apartamento à minha mesinha de bistrô. Meu intestino está retorcido com a ideia de ter que fechar. Eu nunca pensei que isso poderia acontecer. Fora de todos os cenários que rolam na minha cabeça, perder meu local de trabalho por causa de um acidente estúpido nunca foi um deles.

— Eu não sei, Jeb. Esse edifício vale muito. Muito mais do que posso garantir com o que tenho.

— E a fazenda de Mimi? Você poderia usar isso como garantia? Ela tem fiador?

— Não. Eu nunca pediria que ela colocasse a fazenda da família em risco. E se algo acontecesse?

— Special, pela maneira como você trabalha? Você não deixaria nada acontecer.

— Eu não poderia fazer isso.

— Conhece algum investidor?

— Ha-ha. Isso é bem engraçado.

— Nós vamos chegar a alguma coisa.

— Espero que você tenha um milagre no seu bolso, porque é disso que vamos precisar. — digo.

Jeb me dá um tapinha nas costas e sai. Decido visitar Mimi e Cody pelos próximos dias. Talvez ficar com eles vá clarear minha cabeça e conversar com Mimi me dê algumas ideias.

Minha chegada coincide com o retorno de Cody da escola. Eu digo a Mimi que o encontrarei na estrada para salvá-la da viagem.

— Honey Bear! — Ele grita enquanto corre em minha direção com os braços esticados. Sua pequena mochila está cheia de Deus sabe o quê, mas eu envolvo os meus braços ao redor dele e instantaneamente todas as minhas preocupações desaparecem. Sentir seu corpinho contra mim e seus cachos macios roçando minha bochecha sempre coloca um sorriso no meu rosto. Não tenho ideia do que vou fazer quando ele ficar velho demais para não querer mais meus abraços.

Ele se afasta e me dá um sorriso torto.

— Bem, meu Deus. O que você fez consigo mesmo? — Eu pergunto.

— O que você quer dizer?

— Você não está perdendo alguma coisa?

— Acho que não. — Sua testa enruga enquanto ele pensa sobre isso.

— Bem, eu não sei como você é capaz de mastigar sua comida com outro dente faltando.

Então sua boca se abre e ele ri. — Eu esqueci! Perdi outro dente de cima e a fada dos dentes me deixou mais vinte e cinco centavos.

— Eu acho que você está ficando rico com esses dentes.

Suas risadas me enchem de alegria. Esse garoto tem como transformar um dia escuro em um dia ensolarado. — O que você está fazendo aqui? Não é domingo e não temos purê de batatas.

— E se eu te disser que vim aqui para dizer a Mimi que precisamos de purê de batatas na quinta-feira?

Seus grandes olhos se arregalam e combinam com o formato da boca, que forma um círculo. Então ele pergunta: — Sério? Como você vai fazer isso?

Dobro meu dedo indicador e faço sinal para ele me seguir. — Vamos. Vamos pegar a scooter vermelha e você descobrirá. — Depois de uma dolorosamente lenta viagem até a casa, porque eu sempre tomo muito cuidado com Cody na traseira, ele puxa o capacete de grandes dimensões. O que me lembra, eu preciso encontrar um que se encaixe nele corretamente.

— Depressa! — Ele brada.

Corremos pela varanda da frente e atravessamos a casa até chegarmos à cozinha, onde Mimi está sentada à mesa. Quando ela nos vê, bate palmas. — Bem, olha quem está aqui!

— Sim, não é domingo, mas podemos ter purê de batatas? — Cody deixa escapar.

— Hmm, eu não sei. — Mimi finge pensar bastante.

— Por favor, Mimi. Vou limpar meu quarto muito bem. — ele implora com as mãos pequenas juntas. Eu tenho que cobrir minha boca para impedir que a risada se espalhe. Não tenho certeza de como Mimi mantém uma cara séria.

— Tudo bem. Mas só porque você tem sido muito bom ultimamente.

Ele pula no ar e quase derruba a cadeira dela. Esse garoto e purê de batatas. Ele prefere comer isso a doces. Ele gira tão rápido que quase bate em mim. — Você ouviu isso, Spesh? Vamos ter purê de batatas e nem é domingo. — Então ele sai da cozinha em busca de um destino desconhecido. Mimi e eu podemos apenas olhar.

— Esse garoto é uma força. Ele é como uma bola de boliche com braços e pernas quando bate em você. — ela diz.

Cody é forte e robusto. Ele também não tem um grama de gordura. Ele é tão fácil de agradar e calmo – muito parecido com sua mãe. — Se apenas o purê de batatas pudesse colocar um sorriso no meu rosto assim. — eu digo.

Mimi dá um tapinha no meu braço. — Eu gostaria que pudesse. — ela acrescenta sombriamente. — Você já tomou alguma decisão?

— Não. E os próximos feriados tornam tudo ainda pior. Essas pessoas estão contando com seus empregos. — Sento-me em uma cadeira na mesa da cozinha.

— Special, deixe-me emprestar o dinheiro para comprar o lugar. Eu vou arrendar toda a terra de qualquer maneira. Não adianta adiar os últimos acres. O Sr. Hughes veio atrás de mim para alugá-lo para o gado. Tenho certeza de que ele também levaria o celeiro.

— Mimi, nós já passamos por isso. Não é uma opção.

— Você não está pensando claramente.

Carrancuda, eu digo: — Você é quem não está pensando claramente.

— Tenho dinheiro reservado e você pode pegar emprestado. Eu cobraria juros, então seria uma coisa boa para mim também.

Passo o dedo pelo tecido gasto da toalha de mesa. O padrão é quase transparente em certos pontos.

— E se o bar falhar? Ou os outros inquilinos se mudarem e eu não puder pagar a hipoteca?

— O bar não falhará. Só cresceu em popularidade. E você disse que a loja ao lado da sua faz bons negócios. Não posso dizer nada no que diz respeito aos apartamentos, mas se eles são mantidos bem, não consigo imaginar por que não seria um aluguel excelente. Seu bar não tem uma banda ao vivo, então a música não é alta.

Ela faz alguns bons pontos. Mas receber dinheiro da minha avó idosa não é uma opção. Preciso encontrar o dinheiro em outro lugar, mas esse é o problema – não há outro lugar.

— Eu não posso fazer isso, Mimi. Eu simplesmente não posso, então, por favor, não ofereça mais.

— Jeb encontrará uma solução. Ele sempre encontra.

— Eu não tenho certeza se ele vai desta vez. — eu digo.

Cody voa de volta para a cozinha. — Special, podemos sair e brincar de pega-pega?

— Ok. Mas, e o quarto que você prometeu limpar, amigo?

— Não está muito sujo.

Desta vez, não há como parar de rir.

— O que é tão engraçado?

— Você.

Ele me dá aquele sorriso bobo e desdentado novamente. — Eu? Por quê?

— Só você. Vamos lá, ou não teremos muito tempo para brincar.

É tudo o que é preciso e ele sai correndo pela porta dos fundos. Ele já tem uma bola de futebol nas mãos quando eu chego lá e ele me instrui a “ir mais pra trás”. Escondo minha risada dele. Recuando um pouco, espero a bola. O garoto tem um braço ótimo, para não mencionar um braço preciso por ser tão jovem.

— Quem te ensinou a jogar tão bem?

— Sr. Jeb.

Vou ter que agradecer a ele. Eu sabia que eles jogavam quando Jeb aparecia aqui, mas nunca prestei muita atenção.

— Ei, você é muito bom nisso.

— Jeb disse isso. Ele diz que eu tenho um braço muito bom.

Jogamos a bola até a luz diminuir. Então eu digo a ele que é hora de entrar. — Só mais um. — diz ele. Quando finalmente terminamos e voltamos para casa, ele diz: — Honey Bear, você não é uma boa jogadora de futebol. Não queria magoar seus sentimentos lá fora.

— Obrigada, Cody. — Mimi está no fogão, como sempre, e vejo o corpo dela tremendo. — Talvez você possa me ensinar como fazê-lo da próxima vez.

— Ok, isso seria legal.

— Agora limpe seu quarto antes do jantar.

— Sim, senhora.

Quando termina, ele me chama em seu quarto para que eu possa verificar. — Ótimo trabalho, garoto! — Batemos os punhos.

Logo Mimi nos chama para comer. Depois do jantar, sentamos e assistimos TV, e pergunto a Cody se ele sabe o que acontecerá na próxima semana.

— Você quer dizer Ação de Graças?

— Sim. E o que vem depois disso?

— Natal. — Ele bate palmas. — Preciso escrever minha carta para o Papai Noel em breve.

— Sim, você precisa. Você sabe o que vai pedir a ele para lhe trazer este ano?

— Sim. Quero um trenó e um pouco de neve.

Ah, Merda. Como vou gerenciar isso?

— Er, às vezes o Papai Noel não pode necessariamente ajudar com o clima. — eu digo.

— Por que não? Ele mora no Polo Norte. Ele poderia apenas trazer um pouco da neve com ele.

— Mas, veja bem, ele tem muita área para cobrir e, quando chegar aqui, a neve poderá estar derretida.

As sobrancelhas de Cody se enrugam, mas então seus olhos brilham. — Mas, Honey Bear, é o Papai Noel. Ele pode voar em seu trenó. Eu acho que ele pode resolver isso.

— Hmm. Você pode estar certo. Bem, há mais alguma coisa em que você está pensando?

— Sim. Eu realmente quero ir ao Six Flags e ir em todos os brinquedos.

Oh, merda de novo. Eu odeio os brinquedos. Eles me deixam doente. Eu vou ter que engolir.

— Isso seria tão legal! — Digo isso com o maior entusiasmo possível. — Algo mais?

— Eu quero ir a um jogo dos Braves e um jogo dos Falcons. E eu quero ir morar com você.

Ele diz isso da maneira mais inocente. Ele não vê a dor nos olhos de Mimi, mas eu vejo, mesmo que ele não pretendesse dessa maneira.

— Então, grandalhão, eu adoraria que você morasse comigo, mas trabalho até tarde da noite e você não pode ficar sozinho.

— Eu sei. É por isso que Mimi também precisa morar com você. Eu não quero viver sem ela. Eu quero morar com vocês duas.

Olhando para Mimi, eu a noto sorrindo agora. Mas ele tem um bom argumento. Meu cérebro se agita com ideias de como isso pode dar certo. Só mais uma coisa a acrescentar à minha lista sempre em expansão.

Depois do banho de Cody, eu o coloquei na cama. Ele se ajoelha para fazer suas orações e pede a Deus – não ao Papai Noel – que lhe traga todos os presentes de Natal. O que ele mais quer é que todos moremos juntos, porque ele diz que sente muita falta de mim e só me vê aos domingos. Meu coração se parte em pedaços quando ele termina e o envolvo em meus braços.

— Cody, mesmo que eu só te veja aos domingos, espero que você saiba que eu te amo com todas as partes de mim. Você é meu mundo.

— Eu também te amo, Spesh.

Ele sobe na cama com seu edredom com tema de futebol, e eu sento lá e olho para essa linda criança. Eu quero bater minha cabeça contra a parede por várias razões. A primeira é por não ir para a faculdade e ficar presa nesse meu estilo de vida. Se eu tivesse me formado, talvez não fosse tão dependente de possuir um bar. Em vez disso, hoje eu poderia ter uma carreira diferente que incluiria um salário decente. Cody e eu poderíamos morar juntos e não ficaria tão estressada no momento. Depois, há aquele estúpido bêbado fodido que está arruinando a vida de todos. Se ele tivesse sido responsável ao beber, nenhum de nós estaria nessa posição.

Então me bate. Weston estava certo sobre o motorista bêbado. Eu preciso processar esse cara. Se ele não tivesse colidido com o bar, todos estaríamos trabalhando e eu não estaria lidando com essa merda agora.


20

WESTON

Estou na minha mesa, trabalhando em um novo design quando o telefone toca. Estou mais do que um pouco surpreso ao ver quem é. Esta é a quarta vez que ela telefona e eu perdi a conta de quantas vezes ela mandou uma mensagem. Eu ignorei as ligações dela e só enviei uma resposta concisa. Estou fazendo o possível para permanecer firme, mas ela é persistente e, reconhecidamente, está me desgastando.

Meu olhar para o telefone é inútil. — Special, então agora você quer conversar? — Acho que ignorar suas ligações não a afastará como eu esperava.

Ela limpa a garganta, dizendo: — É preciso mais do que isso para me manter longe. Primeiro, quero me desculpar.

— Você disse isso no seu texto.

— Eu realmente sinto muito.

— Foi o que seu texto disse.

Sua respiração chocalha no telefone. — Eu fui uma idiota.

— Eu não poderia concordar mais com você.

— Eu não sei mais o que dizer.

— Por que você não me diz por que realmente está ligando? Eu sei que não é só pedir desculpas.

— Eu tenho um favor para pedir. Lembra quando você me disse para processar o motorista bêbado que bateu no meu bar? Decidi que quero fazer isso, mas não conheço advogados. Eu imaginei que você tinha conexões, então eu estava pensando... — a voz dela diminui.

Minha resistência se desfaz e eu digo: — Na verdade, acho que é uma ótima ideia. Não apenas para ajudá-lo, mas para impedir que ele faça novamente. Vou ajudar com uma condição.

— E o que é?

— Vá jantar comigo.

Depois de um breve silêncio, ela diz: — Eu irei, desde que não seja para um daqueles lugares chiques que usa vinte peças de prata.

Eu solto uma risada. — Não, definitivamente não vamos a um desses lugares. Eu prometo.

— E tem que ser em algum lugar onde eu possa usar jeans.

— Mais alguma coisa, princesa?

— Eu pensei que você me chamava de Spike.

— Eu costumava antes de você se tornar tão exigente.

De alguma forma eu posso senti-la sorrindo através do telefone. — É melhor você se acostumar com isso, se quiser sair comigo.

— Acho que posso lidar com isso, Princesa Spike.

Uma gargalhada alta atinge meus ouvidos.

— Princesa Spike. Não sei se devo ficar impressionada ou insultada.

— Definitivamente impressionada. Ninguém mais no mundo poderia ter um título tão digno.

— Hmm. Não tenho tanta certeza disso, mas aceito sua palavra. Então, você vai ajudar?

— Eu não disse isso? E jantaremos hoje à noite?

— Esta noite está bem. Oh, maldição. Estou ficando na casa da Mimi.

— Isso não é um problema. Eu posso buscá-la lá.

— Você não se importa?

— De modo nenhum. Seis e meia, está bem?

— Isso é bom.

Depois que desligamos, eu me pergunto como passamos de não falar para ter um encontro hoje à noite. Então lembro que preciso entrar em contato com um advogado para ela. Ligo para um amigo meu que trabalha em litígios e lhe dou os detalhes. Ele me garante que vai lidar com isso e que deve ser causa ganha, dado que o homem estava bêbado. Quando digo que ele ainda pode estar preso, ele fica meio desconfiado.

— O que há de errado?

— Isso pode ser uma indicação de que ele não poderia pagar uma fiança, o que também pode indicar que ele tem uma cobertura de seguro de merda para isso, o que significa que sua amiga não recuperará muito. Tudo vai depender do tipo de apólice que ele tem, mas não se preocupe. Vou verificar e informar você.

— Obrigado. Deixe-me saber o que você obter. Ah, e eu vou cobrir todas as despesas. — digo a ele.

Saio do trabalho às cinco e meia. Isso é um pouco cedo para mim, mas foda-se. Eu não paro no escritório do meu pai na saída. Não é da conta dele. O caminho de casa não é ruim para uma tarde de sexta-feira. Depois de uma rápida troca de roupa, vou para a casa da Mimi. Estou alguns minutos atrasado devido à hora do rush, mas Cody corre para cumprimentar a Ferrari quando eu chego. Mokey também late seu olá.

— Ei, Sr. Western. — diz Cody enquanto abre a porta do meu carro. — Que tipo de carro chique é esse?

— É uma Ferrari. Você gostou? Talvez possamos dar uma volta em algum momento.

— Eu achei legal. Eu gosto mais de caminhonetes. — diz ele.

— Eu também tenho uma caminhonete.

— Posso dirigir?

— Minha caminhonete?

— Sim. O Sr. Jeb me deixa dirigir a caminhonete dele.

Special abre a porta da frente e grita: — Cody, volte para dentro. Vocês dois vão congelar.

— Eu disse ao Sr. Western que o Sr. Jeb me deixa dirigir a caminhonete dele.

Ele nunca vai entender meu nome e eu rio. Special diz: — Uh-huh. Termine de dizer a ele lá dentro. Você nem está de casaco.

Eu sorrio para Cody quando ele sobe os degraus até meus olhos pousarem em Special. Ela usa jeans apertado e um suéter preto de mangas compridas que fica pendurado em um ombro, expondo uma blusa de renda preta e um pouco de tatuagem. Ela parece extraordinária. Muito extraordinária. Eu pisco lentamente enquanto a observo. Merda! Meu pau tenta estender a mão para cumprimentá-la. No momento, aceitaria apertar minha própria mão. Puta merda, eu preciso de um ajuste. Seu cabelo preto brilha e desce pelas costas em uma parede sólida acetinada. Meus dedos tremem, ansiosos para tocá-lo. Que pena que eles não podem. Inclino-me, pressionando meus lábios em sua bochecha e capto uma pitada de lavanda. Meu pau deve ter cheirado também porque dança na minha calça.

— Você está linda. — eu sussurro. Eu tenho que morder minha língua para evitar lamber seu pescoço. O que diabos está errado comigo?

— Obrigada. — Ela sorri. — Nada mal para a Princesa Spike, hein?

— Oh, Deus não. Nada mal. Muito bom, Princesa.

Ela olha para mim estranhamente. Não admirada. Estou gaguejando e salivando. — Estou o mais longe possível de uma Princesa.

— Discordo. Você está longe de ser uma diva, sim, mas uma princesa... — Acabei de tagarelar?

Então Mimi fala quando entra na sala: — Bem, olha quem está aqui.

Deus abençoe essa mulher. Ela deve gostar muito de mim porque me dá o abraço mais caloroso. Dobro desajeitadamente minha cintura para que meu pau com tesão não esfregue acidentalmente contra ela. Ugh, eu sou nojento. Ela dá um passo atrás e me inspeciona. Porra, espero que ela não note meu maldito pau.

— Acredito que você esteja melhor do que nunca. — ela anuncia. — Espero que você esteja se sentindo melhor também. — Dobro as mãos na frente da calça.

— Sim, senhora. Muito melhor, obrigado. — Eu tusso.

Ela cruza os braços e olha. — Você tem certeza de que deve sair tão logo depois de ficar doente?

— Eu estou bem, sério, Mimi. — Eu puxo minha gola. Está um pouco quente aqui.

— Bem, se você não estiver bem o suficiente para trazer a Special de volta aqui esta noite, não se preocupe. Você precisa se cuidar melhor.

— Sim, senhora. — Nota para si mesmo: me masturbar antes do meu próximo encontro com Special.

— Vocês, crianças, saiam daqui e tenham um bom jantar.

— Obrigado, Mimi. — eu digo.

Special olha para mim e vamos para o carro. Quando ela vê a Ferrari, ela diz: — Ah, você trouxe a chique.

— Sim, eu não dirijo com muita frequência, então pensei, por que não?

Quando chegamos ao restaurante, meu tesão se foi. Graças a Deus. Talvez agora eu possa agir normalmente.

Eu escolhi este lugar porque é um restaurante eclético que tem algo para todos. É casual com um toque legal, e quando entramos, Special parece feliz quando somos levados à nossa mesa. Na verdade, é uma cabine, o que eu prefiro, para que possamos ter mais privacidade do que em área aberta.

— Olha, apenas três peças de prata, — eu digo. Ela sorri.

Depois que pedimos nossa comida e bebida, digo a ela o que meu advogado me contou.

— Isso não é muito encorajador. Se ele não tem cobertura de seguro, isso significa que não podemos obter nada?

— Deixe-me explicar. Ele tem cobertura de seguro. Você o processará por danos, porque não conseguiu trabalhar. Portanto, se a apólice dele for insuficiente para lidar com isso, a menos que ele tenha uma conta bancária considerável ou possua muitas propriedades, você não poderá cobrar muito. Meu amigo está preocupado porque ele pensa que, se tivesse dinheiro, alguém pagaria uma fiança por ele. Você disse que ele ainda estava preso, certo?

Ela pega um garfo e o gira nos dedos. Eu gostaria que aqueles dedos brincassem com meu pau assim. Porra! Pare essa linha de pensamento e preste atenção.

Special diz: — Eu não sei. Estou preocupada em perder todos os funcionários porque eles não podem ficar sem trabalho. Não os culpo porque a temporada de feriados está chegando. — Ela suspira como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros, e suponho que esteja.

— Talvez ele tenha pagado a fiança, afinal

Ela aperta a ponta do nariz. — Não sei se isso importa. Mesmo que ele tenha dinheiro, não sei se seria suficiente para comprar o prédio, porque é isso que vou fazer para salvar o bar. Conversei com os proprietários da loja de vinhos e queijos ao lado e conversamos sobre a compra do prédio juntos. Eles estão no mesmo barco que eu. O contrato deles também estava acabando, mas eles também não podem comprar o imóvel.

— E se alguém comprar o prédio e quiser ficar com os inquilinos? Você nem pensou nisso. Quando imóveis comerciais vão para o mercado, essa é uma das coisas que eles usam como ponto de venda. Um potencial comprador examinará as empresas existentes para ver se elas são lucrativas ou produtivas. Ninguém quer comprar algo em uma área que não está prosperando. E as concessões que você assinou são juridicamente vinculativas. Seu senhorio tem que mantê-lo como o novo proprietário.

Special se anima e estou bastante surpreso que ela ainda não tenha pensado nisso. — Não me diga que isso não passou pela sua cabeça.

— Não, passou. Na verdade, estou em negociações agora. Meu contrato expira em dois meses e estávamos discutindo meus novos termos. Mas e se alguém comprar o prédio e quiser usá-lo para algo totalmente diferente? Como transformá-lo em uma loja gigantesca, em vez das butiques que você costuma ver onde estamos. Com meu contrato expirando, eu poderia estar fora. — Ela tem um bom argumento.

— Você honestamente acha que isso aconteceria? — Eu pergunto.

— Alguém pensou que o Wal-Mart aconteceria?

Ela está certa. — Ponto levado. No entanto, para uma mudança tão drástica, teria que ser reformulada e isso leva muito mais do que a maioria das pessoas deseja lidar. Você pediu ajuda à Mimi? Ela tem toda essa terra como garantia.

— Você e Jeb. Ela ofereceu, mas nunca vou levar um centavo dela. Ela estava sobrecarregada em me criar, e agora me ajudando com Cody. Não vou acrescentar, colocando-a com uma hipoteca. Não quero que ela arrisque um centavo do seu dinheiro.

Enquanto discutimos o dilema dela, o garçom nos traz a comida.

— Uma coisa que você deve considerar é que a companhia de seguros do motorista precisa pagar pelo menos pelos reparos no prédio. Então, quem acabar sendo dono do prédio terá essa parcela paga. — Ela contempla o que eu disse.

— Verdade. Mas os novos proprietários podem não querer um bar lá.

Ela está certa. — Isso é algo em que pensar.

Enquanto conversamos, somos interrompidos por uma voz estridente. — Bem, veja quem está aqui. — Nós dois nos viramos para ver Evelyn, a amiga da minha irmã, parada a alguns metros da nossa mesa. Oh, isso vai ser muito doloroso.

— Olá, Evelyn. Como você está? — Eu pergunto.

— Eu estou bem. Você parece melhor do que a última vez que nos vimos. — Então ela se vira para Special e sua expressão é azeda. — Sharon, como você está? Você parece um pouco...

Eu interrompi, dizendo: — Absolutamente linda, não é? E é Special, Evelyn, não Sharon. — Pego a mão dela. Special vira um lindo tom de rosa enquanto ela tenta puxar a mão, mas eu não permito.

A boca de Evelyn aperta ainda mais, se isso é possível. — Oh. Eu imagino que você estará na tradicional festa de Ação de Graças de sua família na quarta-feira à noite, não é? Blakely me convidou, então pretendo ir.

Ah, porra. Eu tinha esquecido que na próxima semana é dia de Ação de Graças e preciso ir a essa coisa. Não apenas aparecer, mas meus pais também esperam que eu leve um encontro. Conhecendo Evelyn, ela está ciente disso e, sem dúvida, está planejando como conseguir um encontro comigo. Este ano, meus planos são diferentes.

— Sim, Special e eu estaremos lá. — eu digo, apertando a mão de Special.

Evelyn engasga. — Você não pode levá-la. Ora, isso não seria certo.

— Por quê? — Eu espero pelo insulto. Desta vez, estou preparado para revidar.

— P-porque... seu pai.

— O que tem ele?

— Ele-ele não vai gostar. Isso é tudo. — ela gagueja. Evelyn está certa. Ele não vai, mas eu não dou a mínima. Ele nunca gostou de nada que eu fiz, então que diferença isso faz? Eu gostarei e é isso que importa.

— Evelyn, meu pai não tem escolha no que eu faço ou não. Sou um homem crescido e tomo minhas próprias decisões.

Evelyn levanta os ombros, os endireita e diz: — Espero que você aproveite o resto do seu jantar. — Então ela se afasta. Boa viagem.

Special limpa a garganta. — Ahem. Para sua informação, não irei a nenhum coquetel com você se Evelyn, ou alguém como ela, estiver lá.

— Sim, achei que você diria isso. Mas e se eu dissesse que preciso de você lá?

— O que você quer dizer?

Aproximando-me um pouco mais, explico: — Detesto ir a essas festas tanto quanto você pensa que faria. Por favor, venha me resgatar. — Eu cruzo minhas mãos em oração e dou a ela um dos meus sorrisos mais devastadores.

— Mas é o seu mundo. Esse é o seu povo.

— Eles não são. Eles são o povo dos meus pais, o povo da minha irmã, não o meu. Meus pais me odeiam. Meu pai é um idiota. Minha mãe só se importa consigo mesma. Eu poderia te contar histórias que... ah, esqueça. — Dou de ombros e agito minha mão. — Você está certa. Eu estaria trazendo você para um ninho de vespas. Testaria sua força de caráter para ter certeza.

Não estou brincando nem um pouco. Então eu recebo o choque da minha vida.

— Eu vou fazer isso.

— O quê? — Eu olho para ela como se ela estivesse louca.

— Você me ouviu. — disse ela.

— Você se colocaria voluntariamente nessa posição? Com pessoas de quem você não gosta, ou, pelo menos, usando suas palavras “com as quais se sente inadequada”?

Ela corta cuidadosamente outro pedaço de bife e o coloca na boca. Depois de mastigar e engolir lentamente, ela diz: — Sim, só porque estarei com você.

— Espere um segundo. Só para esclarecer, você concordou, sem coação, em ir comigo à casa dos meus pais para participar do coquetel anual do Dia de Ação de Graças, onde todos os esnobes ricos de Atlanta irão.

— Sim, eu concordei. Parece loucura agora que ouvi você dizer isso.

— Você está absolutamente certa disso, porque eu quero que você não tenha dúvidas, sobre sua decisão?

— Tenho certeza.

Coloquei meus talheres na mesa e me inclinei de volta na cabine. Eu rio. — Você me faria um grande favor?

— O que seria?

— Vista algo sem mangas.

— Oh, eu não...

— Por favor, Special.

— Weston, conhecê-los já é ruim o suficiente. Quando ouvirem meu nome, rirão na minha cara. Mas minhas tatuagens. Deus, imagine. De bom grado transmitirei esse tipo de atenção indesejada.

Entendo o que ela disse, mas quero que eles vejam um pouco. Ela é linda e suas tatuagens também. É uma pena que seja escondido.

— Que tal um acordo? Usar mangas até aqui? — Eu indico nos meus antebraços de onde estou falando.

— Possivelmente, mas somente se eu tiver algo apropriado. Como é elegante, não tenho muitas opções.

— Um vestido preto funcionaria. Eu vou estar de terno e gravata.

— Eu posso ver algo.

Eu olho para ela apreciativamente. — Eu não posso acreditar que você está fazendo isso.

— Nem eu. Tenho certeza de que minha mente saiu de férias.

Terminamos o jantar conversando sobre o prédio. Então ela pergunta: — Você quer ver?

É difícil para mim não dizer a ela que já vi. Desde que eu considerei comprar o lugar, um corretor de imóveis me mostrou no almoço hoje. Nós não entramos no bar desde que eu estive antes, mas a loja de vinhos e queijos estava a todo vapor quando passei por aqui. Os dois apartamentos no andar de cima são espaçosos e fiquei satisfeito ao ver que eles foram reformados recentemente. No geral, é uma propriedade excelente e fiquei aliviado ao ver que a integridade estrutural do edifício é sólida. O acidente envolveu apenas o vidro frontal e a parte inferior.

— Certo. Eu não vi o dano.

Dirigimos até lá e, quando entro, é perturbador ver quanta destruição há. — Jesus, Special, você e Jeb poderiam ter morridos

— É exatamente o que meu senhorio disse.

Verifico a frente do prédio e os reforços. A maioria dos prédios não possui uma estrutura que possa impedir a batida de um carro, mas é possível adicioná-la. Como a reconstrução ocorrerá em um futuro próximo, seria um excelente recurso de segurança a ser adicionado.

Este edifício representa muita renda para deixar passar. Eu decido fazer uma oferta. Meu dilema é se devo informar a Special ou não? Eu preciso perguntar para Jeb, ele poderá me aconselhar.

— O que você está olhando? — Ela pergunta.

— Seria uma boa ideia para a construtora adicionar alguns reforços aqui. Pode impedir que isso aconteça novamente.

— Duvido que eles façam qualquer coisa até que um comprador seja encontrado.

— Você provavelmente está certa. Não acredito como isso é ruim e o quão perto você foi de ser atropelada.

— Sim, bem, Jeb foi atropelado.

— Uau, vocês dois tiveram muita sorte.

Estamos tão perto que nos esbarramos. É meio estranho porque ela tropeça para trás. Estendo meu braço para segurá-la, e ao mesmo tempo sua mão me agarra para impedi-la de cair. Ficamos ali, olhando um para o outro, nenhum de nós querendo mover ou interromper a conexão. Nós somos pegos no momento, olhos fixos um no outro. Tento desviar o olhar da boca dela, do jeito que os lábios dela se separam, do marrom chocolate escuro da íris e do cabelo preto brilhante, mas é impossível.

Então, antes que eu possa pensar, ela fica na ponta dos pés e se inclina para pressionar a boca na minha. Foda-me, estou morto.

Não há como eu deixá-la ir agora. É isso que eu queria. Tudo o que eu queria, mas eu não queria agir muito rápido porque ela esteve tão nervosa antes. Então eu deixei ela liderar, só que não é fácil. De fato, é a coisa mais difícil que já fiz. Quando ela sussurra meu nome nos meus lábios, quero jogá-la por cima do ombro como um homem das cavernas e levá-la para a noite. Mas, novamente, aperto meu controle e ajo como cavalheiro.

— Me beije de volta.

— Special, você não sabe o que está pedindo. Se eu começar, talvez não consiga parar.

— Sim, você vai, porque eu vou fazer você parar.

— Ah, minha Princesa Spike está de volta.

— Mmmhmm.

Eu a afasto de mim e sua expressão registra choque. — Nós somos amigos? — Eu pergunto.

— O que você quer dizer?

— Você me disse que não poderíamos ser amigos. Você disse que éramos muito diferentes e toda essa porcaria. — eu a lembro.

Ela me oferece um sorriso tímido, o que é estranho vindo dela. — Sim, podemos ser amigos.

— Então vamos levar essa coisa entre nós devagar.

O sorriso dela cresce. — Você é um cara muito bom, Weston.

— Espero que você pense assim.


21

SPECIAL

Verificando de perto todos os pequenos detalhes em busca de falhas, inspeciono meu reflexo no espelho. Eles estão lá, apenas estão disfarçados. O vestido é velho, as rendas desgastadas em várias áreas. Se olharmos de perto, os pequenos pontos usados para repará-lo podem ser vistos. Espero que as luzes sejam esmaecidas, para que ninguém perceba. Quem estou querendo enganar? Essas pessoas vão me atacar como um míssil que procura calor. Não estou usando roupas de grife, por isso tenho certeza de que alguém fará um comentário malicioso, mas, pelo menos, estarei preparada para isso. Espere até verem meus sapatos. Evelyn vai amá-los. Sapatos vermelho foda-me. Talvez eu deva mencionar que eram eles que eu usava quando rasguei meu ligamento posterior cruzado.

A campainha do meu apartamento toca. Quando abro a porta, Weston fica lá, lindo. Ele veste um terno azul-marinho, camisa azul clara e uma gravata estampada com azul-marinho, azul-claro e verde. Parece que ele saiu das páginas de uma revista.

— Uau. Você está ótimo. — eu digo.

— Você também. Amei esses sapatos. — Eu assisto seu pescoço enquanto ele engole. O que há com homens e estiletos?

— Sim, você deveria me ver usando eles quando estou no poste.

Ele não fala, apesar de levantar uma única sobrancelha.

— O poste, hein?

— Sim. Os saltos são um enorme sucesso.

— Tenho certeza. Você está pronta para enfrentar os lobos?

— Você quer dizer as víboras? Eu estou. Você não pode ver minha armadura?

Ele me oferece seu braço e lá vamos nós. Seus pais residem em uma das mansões imponentes pelas quais Buckhead é conhecido. Quando chegamos, há atendentes de estacionamento com manobrista esperando.

— Legal. — comento.

— Nada além do melhor para os Wyndhams. — ele responde secamente. Ele para o carro e olha para mim. — Você tem certeza disso?

— Tenho certeza. — Na verdade, estou tremendo até os dedos dos pés em meus fodidos sapatos vermelhos. Eu me pergunto que se bater três vezes com meus calcanhares e dizer “Não há lugar como o lar”, magicamente voltarei ao meu apartamento. O pensamento me faz rir.

— O que há de tão engraçado, Spike?

— O quê? Sem o Princesa?

— Não essa noite. Hoje à noite, você é minha pequena Spike. Erga os punhos e mantenha-os firme. Você vai precisar deles lá, confie em mim.

— Nenhum aviso necessário. — Ele sai do carro enquanto um manobrista abre minha porta. Weston está lá para me escoltar para dentro de casa – er, mansão. — Então, aqui é onde você cresceu?

— Eu não chamaria exatamente isso de crescer aqui. Eu sobrevivi. Você verá o que quero dizer quando conhecer a Rainha do Gelo e o Sr. Simpatia. Eu cresci quando cheguei ao colégio interno e conheci meus amigos, Prescott e Harrison. Vou contar sobre eles outra hora.

— Mal posso esperar para conhecer todos aqui. — eu digo com excitação exagerada. Weston ri.

Quando entramos, alguém pega meu casaco, enquanto um garçom fica por perto com uma bandeja de champanhe.

— Champanhe é seu veneno? Se assim for, vá em frente. Meus pais garantem que seja o melhor.

— Eu vou passar. — eu digo. Prefiro não ter a dor de cabeça que isso traz.

— Então vamos pegar uma bebida de verdade.

Ele me leva por um corredor em direção a outra sala. Esta casa é enorme. Mas também é fria e pouco convidativa. Tudo é rígido e parece tão caro que me dá medo de tocar. Encontramos o bar, onde ele pega um uísque de malte e eu peço um chardonnay.

— Vamos nos misturar. — diz ele.

Muitas pessoas o param quando ele fala e me apresenta. Eles nivelam seus olhares de granito, mas eu não recuo. Não é fácil, mas aperto minha coluna, ficando rígida com os ombros eretos, exatamente como pratiquei. Antes que eu perceba, Evelyn está diante de nós com outra mulher que deve ser irmã de Weston. A semelhança é notável.

— Blakely. — diz ele.

— Quinn. — Ela não o poupou nem por um breve olhar. Seus olhos me examinam, me dissecando como um sapo na aula de biologia.

— Blakely, eu gostaria que você conhecesse a Special. Special, esta é minha irmã, Blakely.

Estendo minha mão, dizendo: — Prazer em...

— Desculpe, mas você disse Special? — Seu tom pode ser melhor descrito como desdenhoso com uma pitada de sarcasmo.

E então começou. — Isso mesmo — eu ronrono. — Special é o meu nome. Special O'Malley.

Ela ri, sem se preocupar em segurar.

— Sim, é um pouco engraçado, mas acredito que sou especial. — Eu rio junto com ela, mas ela de repente para. Os olhos dela não são nada gentis. Eles são cruéis.

— Eu não riria se fosse você. Eu mudaria o nome.

— Ainda bem que você não é eu, porque amo meu nome e não o mudaria por nada. Honestamente, quem pode dizer que são especiais e realmente ser verdade? Você não pode agora, pode? — A boca dela se abre. Nem um pio sai disso.

Weston intervém e diz: — Recolha as garras, Blakely. Este não é o momento nem o lugar. — Sua boca se abre ainda mais. — E você pode fechar a boca, ou as empregadas a usarão como lixeira.

— Cale a boca, Quinn. Você não deveria deixar a ralé entrar em casa. Papai vai romper uma veia quando vê-la. — Então ela sai com Evelyn seguindo-a.

— Isso foi agradável. — eu digo em um tom alegre.

— Ela é inofensiva, realmente.

— Eu tenho outra palavra que eu usaria para descrevê-la, mas vou guardar para mim. — Weston ri do meu comentário.

— Vamos esquecê-la. Que tal um pouco de comida? Você não quer perder as delícias que eles servem aqui.

Começamos a avançar na direção da comida, mas há alguém querendo conversar sobre negócios com Weston a cada momento. Quando finalmente chegamos lá, estou atordoada. Há mesas e mesas carregadas com todos os tipos de frutos do mar, carne, porco, legumes, queijos, praticamente tudo o que você poderia querer.

— Quantas pessoas eles estão esperando?

Weston diz: — É o mesmo todos os anos. Eu acho que eles convidam várias centenas.

— Isso não é uma festa. É uma recepção de casamento.

Ele balança a cabeça. — Tudo o que eles fazem é completamente exagerado. Quando crianças, não podíamos comparecer. Tínhamos que ficar em nossos quartos com as babás.

— Babás, como no plural?

— Sim. Tínhamos várias para nos divertir. Vamos. Vamos comer.

Nós circundamos a sala, enchendo nossos pratos e encontramos dois assentos à mesa. Weston é constantemente interrompido sobre os negócios. Eu não me importo. As pessoas me encaram com grosseria, mas não têm interesse em conversar. Não quero perder tempo conversando com alguém que não se importa comigo e pensa que estou abaixo deles. Quando terminamos, Weston diz que é hora de caçar seus pais. Não é difícil encontrar a mãe dele. Ela está na sessão de sobremesas.

A senhora Wyndham é uma mulher alta e angular, tão magra que quero dizer que ela deveria comer alguma coisa. Uma brisa suave provavelmente a derrubaria de bunda no chão. Suas clavículas se destacam, e a pele envolvida em torno delas me lembra papel de seda. O colar de diamantes que ela usa repousa pesadamente sobre esses ossos, e eu me pergunto se ela está tendo problemas para ficar de pé sob o peso das joias. Ela sorri, o que parece mais uma careta, mas seus olhos não mudam. Ela provavelmente é o botox porque a metade superior do rosto não se move quase nada. Observo seu olhar em Weston quando nos aproximamos. Então ela me vê. O desdém reveste instantaneamente suas feições – bem, a metade inferior de qualquer maneira – enquanto sua careta se torna ainda mais pronunciada. É óbvio que ela não está satisfeita com a escolha de acompanhante de Weston.

— Olá Quinn. Como você está? — Você pode dizer pelo tom de sua voz que ela realmente não se importa.

— Estou maravilhoso mãe, e você?

— Não poderia ser melhor.

— Mãe, eu gostaria que você conhecesse uma amiga minha. O nome dela é Special O'Malley. Special, esta é minha mãe, Caroline.

Uma garra óssea se estende e apenas as pontas dos dedos tocam as minhas, como se ela estivesse com medo de que eu a infectasse com alguma coisa. Isso me lembra o cumprimento de Evelyn. Elas devem estar em algum tipo de clube não toque Special. Então Caroline diz: — Um prazer, Sandra. — Eu quase rio na cara dela quando ela fala, porque nada sobre sua expressão transmite prazer, enquanto sua boca se aperta, me fazendo pensar se ela está com dor. Neste ponto, eu não me incomodo em corrigir meu nome. Esta família é rude e má.

— O prazer é todo meu, senhora. — Eu pisco para ela. Quero que ela perceba que não sou tão tola quanto ela possa pensar.

Com um leve aceno de cabeça, ela se afasta. Que mãe faz isso? Bem, a minha faria. Mas a minha é uma idiota e uma cabeça de vento; a mãe de Weston é cruel e indiferente.

— Cristo.

— Também acho. — eu digo. Bebo mais coragem líquida e acrescento: — Como você terminou normal?

Uma risada amarga escapa dele. — Eles finalmente me mandaram para o colégio interno, onde conheci meus dois melhores amigos, Prescott e Harrison. Eles me deram algum sentido. Eu estava entrando em uma tonelada de brigas, mas eles revidaram e foram os dois que finalmente me fizeram perceber que eu valia a pena. Compartilhei meus segredos sujos de família com eles e finalmente reconheci por que tinha tanta vontade de me rebelar. Foi por causa dos meus pais frios, sem emoção e sem amor. Os que rasgavam meu coração, deixando-o em uma pilha sangrenta e mutilada toda vez que eu pensava neles. Eu estava atacando eles da única maneira que sabia. Depois que Harrison descobriu sobre meus pais, ele me convidou para ir para casa com ele quando tínhamos intervalos da escola. Ele tinha uma família incrível e eu passei o máximo de tempo possível com eles. Eu ainda tenho contato com os pais dele.

— Deus abençoe seu coração e sua alma. — Quero dizer enquanto aperto seu braço. — Graças a Deus por seus amigos.

Continuamos a passear pelos aposentos da mansão, cumprimentando as pessoas, conversando e rindo. Eventualmente, encontramos o pai dele. Não há dúvida de que Weston e seu pai estão relacionados. Eles são muito parecidos, mas é aí que as semelhanças terminam. Weston, o quarto, é frio e calculista. Não há um pingo de calor em seus olhos.

— Quinn. — Ele acena com a cabeça. Seu olhar gelado me diz que prefere cortar os pulsos do que estar aqui com o filho.

— Pai. Esta é a Special O'Malley. Ela é minha amiga.

— Special. Nome interessante. — ele estala.

— Sim, é, não é? — Weston concorda.

Seu pai murmura, mas não responde. Então ele volta sua atenção indesejada para mim, seus olhos me percorrem da cabeça aos pés. Quando eles chegam nas minhas tatuagens, se estreitam quando ele faz uma careta. — Que desperdício.

— Gosto não se discute. — eu digo.

— Então, Special, o que exatamente você faz?

— Eu possuo um restaurante. — Eu sorrio, enquanto meu peito incha de orgulho.

— É isso mesmo? Que tipo de estabelecimento é esse? Você é capacitada profissionalmente?

— Não, senhor. Chama-se A Special Place e serve comida de bar.

— Entendi. Comida de bar. — Ele enuncia as palavras como se fossem veneno. Ele balança a cabeça de um lado para o outro enquanto ri e olha para Weston. — Você com certeza sabe escolher, filho. — Ele zomba. Embora eu esperasse isso, suas palavras ainda ardem.

— Senhor, tenho orgulho do meu restaurante. Abri com dinheiro que havia economizado e o transformei em um negócio próspero. Eu não nasci com o tipo de riqueza que você nasceu, então não tinha renda disponível na ponta dos dedos. Eu ralei e poupei e fiz tudo sozinha, algo que aposto que você não é capaz de dizer. Então, sim, pode se sentir bem olhando para mim de cima, mas me pergunto o quão bem-sucedido você seria se tivesse começado com nada. Onde você estaria neste exato momento se tudo o que você tivesse fosse alguns milhares de dólares no banco, nenhum pai rico e nenhum diploma universitário? — Eu vou embora, deixando os dois para trás.

Weston me chama, mas eu continuo. Eu preciso encontrar um banheiro. Essas pessoas são horríveis. Quem gostaria de passar tempo com elas?

Eu localizo um lavabo, dou um tapinha com água fria nas bochechas em chamas e respiro fundo uma tonelada. Quando saio, volto para o bar para pegar uma taça de vinho. Enquanto ando por aí, procurando Weston para ver como ele se saiu com seu pai malvado, o Weston mais velho interrompe meu caminho. Antes que eu possa pensar, ele me força a entrar em um quarto e me bate contra uma parede com a mão no meu peito. Estou tão chocada com isso que mal consigo respirar.

Leva um momento para encontrar minha voz. — O que você está fazendo? Me deixe ir!

Ele me mantém no lugar enquanto rosna: — O que exatamente você quer com meu filho?

— O que você quer dizer? — Ele me assusta, mas eu me recuso a permitir que ele veja.

— Eu acho que fui bem claro.

Eu tento me libertar, mas ele me empurra novamente. — Não foi. Não sei do que você está falando. Seu filho é um bom homem e um grande amigo.

O rosto dele está agora a centímetros do meu. — Então deixe-me soletrar. Quanto? — Com uma mão, ele puxa um talão de cheques do bolso do casaco. A outra ainda me mantém prisioneira contra a parede.

— Só pode estar de brincadeira comigo. Você acha que eu estou saindo com Weston porque quero que você me pague? — Estou chocada e insultada. Usando as duas mãos, eu o empurro para longe de mim.

— Por que mais você estaria aqui?

Meu peito se agita. — Eu vim aqui porque sou amiga de Weston. Nenhuma outra razão além disso. Vocês se chamam alta sociedade, mas este é o grupo de pessoas mais insultuoso, desagradável e mal-educado que já conheci. Eu posso ter sido criada no campo, mas, pelo menos, tenho boas maneiras. Minha avó tem um termo para pessoas como você, mal criado.

— Você acha que pode entrar aqui e me insultar assim?

Uma risada desafiadora emerge de mim. — Não fui eu quem começou. Você me insultou tentando me pagar.

— Deixe-me dizer uma coisa, sua putinha. Meu filho traz o sabor da semana por aqui o tempo todo. Olhe para você com essa porcaria nojenta que cobre seus braços. Não vou fazer você desfilar por aqui pensando que pode afundar suas garras na riqueza dele. Saia daqui, sua filha da puta, porque você não está recebendo um centavo do dinheiro dele. — A essa altura, o cuspe está voando pela boca. Lágrimas se acumulam atrás dos meus olhos. Não tenho certeza se é porque ele me machucou com suas palavras cruéis ou se é porque estou com raiva. De qualquer maneira, eu não fico para descobrir. Girando nos meus saltos altos, saio da presença daquele homem horrível.

As pessoas ficam boquiabertas quando eu corro para fora de casa. Não sei para onde diabos estou indo. Não peguei meu casaco e está frio lá fora, mas qualquer coisa é preferível a ficar naquele nono anel do inferno. Weston não estava brincando. Como ele tolerou crescer nesta casa sem amor? Meu coração dói por ele só de pensar nisso.

Sopros de vapor sobem da minha boca enquanto eu ofego. Quanto mais eu penso sobre o que seu pai idiota disse, mais irritada fico. Como ele pode julgar tão facilmente? Que babaca! Sua irmã e mãe não são melhores. Do jeito que as pessoas me encaravam, você pensaria que eu tinha hanseníase, em vez de arte nos braços. Bem, é isso, eu terminei. Nunca mais deixarei alguém me fazer sentir inferior. E isso começa agora.

Agarrando as mangas desgastadas do meu vestido, começo a puxar. As costuras nos ombros cedem com facilidade, arrancando depois de vários solavancos. Agora minhas tatuagens estão expostas para todo mundo ver. As tatuagens bonita em meus braços me deixa orgulhosa.

Um momento depois, questiono minha lógica quando estou de pé no tempo frio, usando um vestido sem mangas. Uma explosão histérica de risada explode em mim, o que captura a atenção dos atendentes do estacionamento. Eles me olham como se eu tivesse escapado da ala mental local. Isso é ruim pra caralho.

— Vocês acham que eu sou louca, não é? — Eu grito. — Vocês deveriam ver aquele monte de idiotas ali. — Aponto meu polegar por cima do ombro. Um deles começa a rir, mas o outro lhe dá uma cotovelada e ele imediatamente se cala.

A porta da frente se abre e Weston sai correndo.

— Cristo, você deve estar congelando.

— Só um pouco. — Uma risada meio histérica sai de mim quando esfrego meus braços para cima e para baixo com as mãos.

Então ele olha mais de perto e pergunta: — O que diabos aconteceu com o seu vestido?

— Rasguei as mangas.

— Por que você fez isso?

— Estou fazendo uma declaração.

Seus lábios pressionam em uma linha fina. — O que ele disse para você?

— Nada.

Ele inclina a cabeça e sua boca ainda está apertada. — Special. — Ele diz meu nome com um aviso atrás dele.

— Não foi nada, Weston.

— Vamos sair daqui. — diz ele, mal disfarçando sua raiva.

— Boa ideia.

Ele fala com o manobrista. Alguns minutos depois, seu carro chega. Entramos e apertamos o cinto, então ele olha para mim.

— Então agora você sabe.

— O quê? Que você foi criado no nono anel do inferno?

Ele solta a risada mais alta que eu já ouvi na minha vida. Mesmo depois de tudo o que seu pai vil me disse, eu me pego rindo junto com ele.

22

WESTON

Olhando para ela brevemente enquanto dirijo, não apenas vejo, mas posso sentir a tensão irradiando dela. O imbecil deve ter dito coisas terríveis para ela. Eu só posso imaginar o que.

— Então, quanto ele te ofereceu? — Eu pergunto.

Ela vira a cabeça tão rápido que é assustador. — O que você quer dizer?

— Eu o conheço bem. Ele é meu pai.

— Eu tenho que dizer, você tem minha simpatia. Ele é um bastardo malvado.

Então eu tenho uma ideia. — Ei, você quer ir a algum lugar? Algum lugar que significa muito para mim?

Ela olha para mim novamente e responde suavemente: — Sim, eu gostaria muito disso.

Entro em uma loja de vinhos e pego uma garrafa de chardonnay para ela. Eu já tenho cerveja e uísque para mim. Também pego queijo e bolachas salgadas, caso fiquemos com fome. Então partimos.

Quando chegamos ao armazém, ela olha o estacionamento com curiosidade.

— O que é este lugar?

Desligando o motor, eu digo: — Você verá.

Ajudo-a a sair do carro e caminhamos para a entrada. Digitando o código da entrada eletrônica, desarmo o sistema de alarme. Quando entramos, eu a ouço ofegar.

— Uau.

Nós avançamos mais para dentro do edifício. Ao longo do caminho, ela para inspecionar cada móvel, armário e mesa que eu construí.

— Weston, isso é incrível. Você fez tudo isso?

— Sim. É a minha paixão. — Aponto para a metade direita do armazém. — Este lado todos são de madeira nova e esse são todos com madeira recuperada.

— Você quer dizer coisas velhas?

Com um sorriso, eu digo: — Sim. Eu procuro por prédios antigos, casas e até celeiros que foram demolidos, desmontados, o que você tiver. Madeira velha é realmente algo. É a minha paixão, Special. Construir qualquer coisa em madeira também. Eu amo isso. É a minha forma de desestressar.

Ela toca em tudo, passa os dedos ao longo do grão da madeira lisa e examina cada peça exatamente como eu faria.

— Essas portas. — ela aponta para um conjunto que terminei recentemente — você as construiu ou foram recuperadas?

— Elas foram recuperadas. Mas elas estavam em péssimas condições. Eu as trouxe de volta à vida. Eu amo portas velhas.

São enormes, portas de cerejeiras com três metros de altura. Encontrei-as em uma antiga casa que estavam demolindo no Tennessee. Elas tinham dez ou mais demãos de tinta, então tive trabalho com elas. No final, elas ficaram lindas.

— Alguém pagará muito dinheiro por isso.

— Oh, elas não estão à venda. Vou colocá-las em minha casa um dia. Quando eu construir. Quem sabe quando terei tempo para isso?

— Oh, — ela sorri, batendo palmas, — isso é maravilhoso.

— Mas isso, — faço um gesto em direção aos itens mais recentes — é tudo para as casas da Habitat.

— Habitat em Atlanta?

— Sim. É o que eu gostaria de fazer em tempo parcial, como estava dizendo.

Ela sorri e é como se o sol tivesse iluminado a sala. — Eu lembro. — Sua beleza me deixa em chamas. Por que a fiz prometer amizade quando quero muito mais? O mesmo acontece com o meu pau. Lá vai ele de novo, tentando enfiar a cabeça no meu maldito zíper.

— Posso servir um copo de vinho para você?

— Você tem copos aqui?

— Eu tenho uma cozinha, um quarto e uma pequena área de estar. Algumas noites eu chego aqui e estou cansado demais para ir para casa. Para ser sincero, provavelmente eu poderia morar aqui.

— Posso ver?

— Claro, venha.

Ela me segue pelo armazém até chegarmos a uma porta onde estão os meus aposentos.

— Ei, é bem legal aqui atrás.

— Necessidades básicas.

— Oh, vamos lá. Ninguém tem bancadas em granito como uma necessidade básica.

Na verdade, são quartzo, mas não digo a ela. Ela vagueia e ouço suas pequenas exclamações de “Oh, meu Deus” e “Isso é incrível”. Quando ela ressurge, ela diz: — Eu amo seu banheiro. Aquele chuveiro é tão legal.

— Na verdade, eu fiz o trabalho de azulejo lá.

— Como você sabe fazer isso?

— Estou em vários locais de trabalho e tenho algumas conexões. Eles me ensinaram. É bem fácil, na verdade.

Entregando-lhe uma taça de vinho, tomo um uísque e nos sentamos no sofá.

— Com que frequência você vem aqui? — Ela pergunta.

— Quase todas as noites, quando posso. Não vim muito ultimamente porquê... — gesticulo em direção ao meu traseiro.

— Sim, eu sei. — Um lindo rubor rosado floresce sobre suas bochechas. — Sinto muito por ter cortado um dos seus prazeres.

— Nada para se preocupar. Vou ter tempo de sobra para trabalhar nessas coisas.

— Mas ainda assim, foi realmente estúpido da minha parte atirar em você na bunda.

Tomo uma bebida e giro o uísque na minha boca. — Posso te perguntar uma coisa?

— Sim.

— Por que todos os alarmes na casa da sua avó. Parece um lugar bastante seguro lá.

Seu olhar imediatamente quebra o contato com o meu enquanto ela mexe no vestido, mexendo no tecido fino. Não é preciso ser um gênio para descobrir que esse é um assunto tabu.

— Sou um grande confidente. Se você me disser algo, eu levo para o meu túmulo. Eu juro por Deus. — Eu levanto três dedos, dando a ela o Juramento dos Escoteiros.

Ela olha para mim e depois se afasta novamente. — Tem a ver com o pai do Cody. Não temos certeza se ele tentará levá-lo.

— Eu pensei que ele estava permanentemente fora de cena, tipo falecido.

— É exatamente isso. Não sabemos exatamente ao certo. Eu não quero receber um telefonema de Mimi e ela me dizendo: “adivinhe, o pai de Cody veio e o levou embora”.

— Você tem custódia legal?

Ela estica as bochechas. — Claro. Mas isso não impede que as pessoas sequestrem seus próprios filhos.

Ela faz um bom argumento.

— Nós não sabemos quem é o pai dele. Sasha nunca me disse. Pode ser você, pelo que sei. O que eu sei é que a mãe de Cody era mais branca que o Gasparzinho no meio do verão e tinha os olhos azuis mais pálidos que você já viu. A pele de Cody é mais escura que a minha e eu sou morena. Seus olhos são castanhos escuros e ele tem cabelos para combinar. E o que isso nos diz?

— Que eu tenho olhos cinzentos e não posso ser o pai dele?

— Cara engraçado, você é. — Ela me dá um soco no ombro.

— Você era próxima da mãe dele, então?

Sua garganta palpita quando ela engole e morde o lábio inferior. Ela não responde imediatamente, então eu não a empurro.

— Nós éramos como irmãs. Super próximas. Desde que estávamos no jardim de infância, como diria Cody. — Uma risada suave sai dela. Seus dedos tocam um pedaço imaginário de fiapo, depois ela fica quieta por um minuto. Estou me preparando para mudar de assunto quando ela começa a compartilhar sua história emocionalmente carregada.

— Sasha e eu éramos como você e eu, de extremos opostos do espectro financeiro. Sua família tinha muito, muito dinheiro, ainda tem. Você conhece a área onde Mimi mora? Todas as outras terras ao seu redor foram vendidas e transformadas em extravagantes mansões. Foi assim que acabei crescendo com Sasha.

Eu sei exatamente do que ela está falando. Eu me perguntei como sua avó havia retido suas propriedades, ou melhor, por que ela optou por não vender quando provavelmente poderia ter conseguido um centavo bonito por aquilo.

— Nos conhecemos quando crianças e foi uma amizade instantânea, mas os pais dela não ficaram muito satisfeitos com isso porque eu não era boa o suficiente. De alguma forma, encontramos maneiras de contornar isso. Como se viu, Sasha não era boa o suficiente para eles também. Nada do que ela fez os agradou. Ela acabou usando drogas. Eu acho que para entorpecer os sentimentos de rejeição. Nada que Mimi ou eu pudéssemos ajudar. Você não pode colocar um curativo em uma ferida aberta, jorrando sangue.

O ar que estou segurando nos pulmões começa a doer, então eu sopro. Eu não tinha percebido que tinha parado de respirar. Eu não esperava que ela se abrisse assim, mas estou feliz que ela finalmente confie em mim o suficiente para fazê-lo. É uma loucura porque Special acabou de descrever minha vida. Exceto que eu tive a benção de ser mandado para o internato.

Gentilmente, coloquei minha mão sobre a dela. — Você fez tudo o que pôde por ela.

Ela balança a cabeça, quase estremecendo.

— O que aconteceu com ela? — Eu pergunto.

Ela levanta a cabeça e os olhos cor de chocolate marcados com dor roubam meu fôlego. Há algo mais escondido em suas profundezas. Medo? Terror? Não tenho certeza.

Ela solta um suspiro e suas próximas palavras são intrigantes. — Eu não sei.

— Você não sabe?

— Não, eu... — Ela pula e anda, para e depois joga as mãos para cima. — É uma loucura, eu sei, mas não sabemos o que aconteceu com ela.

— Você quer dizer que ela desapareceu?

— Não, não isso. Ela está definitivamente morta. Foi uma explosão em um armazém. — Ela olha para longe, imagino pensando em sua amiga em um armazém como ela está agora.

— Não se preocupe. Não há explosivos aqui. E é equipado com um extenso sistema de alarme de incêndio e sistema de aspersão. Eu tenho o melhor instalado, tenha certeza. — Eu relaxo a mente dela, porque já posso ver as rodas girando. — De volta à sua amiga, eles sabem, com certeza, que era ela?

— Definitivamente. Ela foi identificada pelos registros dentários.

— E foi assim que você acabou com Cody?

— Sim. Os pais de Sasha não queriam nada com ele. Ela sabia disso com antecedência e, em seu testamento, ela me designou como sua tutora legal se algo acontecesse com ela.

— Por que os pais dela não o queriam?

Ela faz uma careta e diz: — Pela mesma razão que seus pais não o querem.

— Os pais dela também são idiotas?

— Sim. Idiotas estúpidos e ridículos. Ela não era casada ou ele não era rico o suficiente. Tanto faz. — Ela respira e pressiona a mão sobre o peito. — Esse garoto é o meu coração.

— Ele tem sorte de ter você.

— Oh, você está tão errado sobre isso. Eu sou a sortuda.

Minha boca se curva para cima em resposta. — Eu acredito que também tenho sorte.

— Por que?

— Eu escolhi o bar certo para desmaiar naquela noite. Você não apenas acabou salvando minha vida, como também consegui uma boa amiga no processo.


23

SPECIAL

Weston me pega de surpresa quando pergunta sobre Sasha. Mas eu confio nele. A honestidade em seus olhos me diz que está tudo bem. Não conto tudo a ele, porque preciso discutir isso com Mimi e Jeb primeiro. Se Weston quisesse matar Cody ou eu, ele teria feito isso naquele dia em que foi à fazenda. Ele também poderia ter apresentado queixa depois que atirei nele, mas ele também não fez. Eu tenho todos os motivos para confiar nele.

Quanto mais eu aprendo sobre ele, mais eu gosto dele. Ele não é nada como sua família. Como na Terra ele sobreviveu àquele ambiente horrível e se tornou sua própria pessoa? Esse é outro testemunho de sua força de caráter. O fato de ele trabalhar para a Habitat é realmente especial e eu o admiro por isso.

— Special, onde você foi?

Tirando-me do meu devaneio, respondo: — Tenho sorte de tê-lo como meu amigo também, Weston.

Quando o homem sorri, ele faz meus joelhos enlouquecerem. Jesus, me ajude.

— Ei, você gosta de dançar? — Ele pergunta.

— Não, eu não sou muito boa.

— Eu posso liderar. Tive aulas de dança, lembra? — Ele faz uma cara de idiota.

Um bufo muito desagradável arranca de mim e eu cubro minha boca com a mão. — Desculpe.

— Continue. Ria. Mas quando você me ver movimentar, vai apreciar essas lições.

— Vamos lá, baby. Estou pronta para ficar impressionada.

Aquela boca sexy se curva em um sorriso ainda mais sexy. — Prepare-se então. — Ele tira o paletó e a gravata e fica parado com os braços estendidos, esperando que eu entre no abraço deles.

Como posso recusar ele? — Tudo bem, mas estou avisando. Seus dedos estão em terrível perigo comigo por perto.

— Não, eles não estão. Primeira coisa, olhos aqui em cima. — Ele usa dois dedos para chamar minha atenção até seus olhos.

— Como eu posso fazer isso? Eu preciso cuidar dos seus pés.

— Não, você não precisa. Vou guiá-la a cada passo.

Então eu rio. — Você não está esquecendo alguma coisa?

— O que?

— Música.

Ele pega o telefone, seleciona uma música e “Save the Last Dance for Me”, de Michael Bublé, começa a tocar pelos alto-falantes. Ele envolve um braço em volta da minha cintura enquanto eu coloco a minha no ombro dele. Minha mão repousa na dele enquanto nos movemos pelo chão como um só. Ele não estava brincando. O homem sabe dançar. Dançar de verdade. Pela primeira vez na minha vida, eu realmente me sinto uma princesa.

“Na ponta dos pés” e “Não olhe para os pés” são as únicas coisas que ele diz. Planamos como se estivéssemos no gelo. Seus braços me direcionam, sem empurrar ou puxar. É como se eu nascesse para dançar. Quando a música termina, eu estou tonta.

— Outra. — eu imploro.

Ele diminui a velocidade desta vez com “You Don’t Know Me”. A letra afunda quando ele se vira, mergulha e me puxa para perto de seus braços. Quando ele o faz, entendo o verdadeiro significado de romance. Meu coração bate contra as minhas costelas, enquanto minha coluna lateja onde sua mão me toca. Quando Michael Bublé termina a música com “Você nunca conhecerá quem te ama tanto, bem, você não me conhece” ele para e sua boca procura a minha.

Eu não resisto, não poderia se tentasse. A verdade é que eu derreto em seus braços quando o calor dispara profundamente dentro do meu núcleo. É algo novo para mim. Antes que eu perceba, estou puxando-o para mais perto e nosso beijo se transforma em algo diferente. Algo inesperado.

Ele interrompe, me surpreendendo.

— Eu sinto muito. Eu não quis que isso acontecesse. — Ele dá um passo para trás, mas nossos olhares ainda estão trancados.

Franzindo a testa, eu me pergunto se eu forcei demais. Talvez o assustei com a minha reação. Inferno, isso me assustou um pouco. Ok, muito. Eu pressiono minha mão na boca.

— Você não vai usar isso contra mim, vai?

— Espere, você acha que eu estou zangada porque nos beijamos? — Eu pergunto.

As pálpebras dele estão quase fechadas. — Não foi nisso que concordamos? Que seríamos apenas amigos?

Suspirando de alívio, eu digo: — Sim, mas você não notou que eu te beijei de volta?

— Sim, mas eu não quero que você se sinta pressionada.

Uma pequena onda de riso escapa de mim, que rapidamente se transforma em uma gargalhada total. Eu não consigo parar

— Oh, meu Deus. — Eu bato no meu joelho.

— Quer compartilhar? — Ele pergunta.

— Eu estava preocupada. — digo entre bufos — que tivesse assustado você.

— O quê? — E ele ri também.

— É tão estúpido.

Nós dois nos sentamos no sofá e acabamos rindo de nossa falta de comunicação boba.

— Uma coisa que você precisa saber sobre mim, Weston, é que nunca faço nada que não queira.

— Ponto entendido.

Nosso riso termina e nos sentamos por um momento em silêncio. De repente, ele me puxa e me beija novamente.

— Sinto muito, mas estou morrendo de vontade de fazer isso há séculos.

— O mesmo aqui, mas eu pensei que éramos amigos.

— Amigos não podem beijar? — Ele pergunta, decepção entrelaçando seu tom.

— Isso não atravessa a barreira dos amigos e passa para a categoria dos amantes?

Ele pega minha mão e enlaça seus dedos nos meus. — Por que amigos não podem ser amantes?

No começo, acho que ele está brincando, mas sua expressão não dá nenhum sinal de provocação.

— Você está falando sério?

— Completamente.

— E se nós acabarmos como inimigos, e depois lá se vai nossa amizade? — Eu já posso ver isso na minha cabeça. Mas se eu for honesta, ele é o primeiro homem que eu quero há muito tempo.

— Special, como você sabe disso? E se o contrário acontecer?

— O contrário?

— E se nos apaixonarmos?

— Apaixonarmos?

— Você está com problemas de audição? — Ele pergunta.

— Por que você pergunta?

— Porque você está repetindo tudo o que eu digo.

— Provavelmente porque estou me perguntando por que um cara como você consideraria se apaixonar por uma garota como eu.

Ele passa a mão pelo lado da cabeça. — O que isso deveria significar? — Ele pergunta.

— Nós somos tão diferentes. Eu apenas pensei... eu não sei.

— Mas não somos diferentes. Somos muito parecidos. E você... você é linda.

Eu engulo. Linda? Eu? Eu sempre pensei que era estranha e simples.

— Quando perguntei sobre ser amante, eu não quis dizer... bem, eu quis dizer... — Ele esfrega a parte de trás do pescoço. — Honestamente, eu quero que isso funcione, entende? Você provavelmente não entende porque não estou fazendo nenhum sentido. O que quero dizer é que realmente gosto de você e quero, realmente quero, que as coisas funcionem entre nós.

— Eu também gostaria disso. Mas estou mais do que um pouco assustada com isso. — Precisando de uma mudança de tópico, pergunto: — Ei, o que você vai fazer no jantar de Ação de Graças amanhã? — É difícil imaginá-lo comendo com sua família podre.

Tudo na sala muda, quase como se uma nuvem escura se instalasse. Sua postura afunda e ele esvazia. — Eu tenho deveres.

— Nenhuma explicação necessária.

— Mas eles terminam por volta das duas.

Eu me animei e ele percebeu.

— Por quê? — Ele pergunta.

— Nós comemos por volta das quatro. Quer se juntar a nós? Jeb também estará lá.

Ele agarra meu braço e me puxa para mais perto, então estou ao lado dele. — Você acabou de me salvar de um dia miserável. Conte comigo.


24

SPECIAL

Ontem à noite, depois que Weston me trouxe para casa, ainda era bastante cedo, então decidi ir até a Mimi. Mas primeiro liguei para ter certeza de que ela ainda estava acordada. Não havia sentido em assustar a mulher até a morte. Ela fez o possível para me convencer disso, mas como eu disse a ela, preferia acordar lá para poder ajudá-la na preparação da comida.

É assim que acabo enchendo o peru e descascando batatas esta manhã. Mimi e eu conversamos enquanto Cody assiste o desfile na TV. De vez em quando ele grita para que vejamos alguma criatura gigante que ele acha super legal.

Do nada, Mimi diz: — Special, você precisa se casar com aquele garoto.

— O quê?

— Weston. Ele precisa do seu amor.

Jesus. Onde diabos sua mente foi?

— Você andou escondendo bourbon? Mimi, eu não posso me levantar e me casar com alguém ao cair do chapéu. Há algo chamado amor que tem que vir primeiro, você sabe.

— Claro que eu sei. Mas você vai se apaixonar por ele.

Ponho o descascador de batatas para baixo e limpo as mãos no avental. — Como você sabe? Você espiou sua bola de cristal ou algo assim?

Ela pega o descascador e termina a tarefa. — Eu tenho meus caminhos. Mas nenhuma criança deve ser tratada pelos pais assim. Isso me faz querer amar ele com tudo o que tenho.

O mesmo aqui, só que não digo em voz alta.

— Ele é um homem crescido, Mimi. Você não pode estar amando ele. Além disso, essa não é uma razão para eu me casar com ele.

— Agora não, mas talvez mais tarde.

Indo para a geladeira, caço as batatas-doces que ela assou ontem à noite. Quando encontro, faço a caçarola e penso no que ela disse.

— Pare de tentar brincar de casamenteira. Só causará problemas.

— Honey B., não vai. Eu posso ver como vocês se olham. Você dá uma espiada nele quando acha que ninguém está olhando, e ele nem se incomoda em esconder quando olha para você. Ele está apaixonado por você pura e simplesmente.

— Ok, e daí se você estiver certa? Paixão e amor são duas coisas diferentes. — Levanto-me para pegar o resto dos ingredientes da caçarola.

— Quando você é adulto, isso pode levar rapidamente ao amor. — ela argumenta. Ela vai até a pia para colocar água na panela para as batatas e as coloca no fogão. Então ela me encara, enquanto o dedo indicador cutuca o ar. — Você precisa prestar atenção aos sinais que ele está emitindo.

— Sinais?

— Oh, garoto. Eu falhei quando te criei.

— Não, você não falhou. — Eu estava muito ocupada sendo enganada por garotos ricos que encheram minha cabeça de mentiras porque não me queriam. Eles só queriam sexo. Aprendi da maneira mais difícil, depois de sofrer momentos difíceis de partir o coração, e desde então jurei que não queria mais os garotos. — Estou muito ocupada para meninos, Mimi.

— Este é um homem, não um menino, e você deve reservar um tempo para ele. Ele não partirá seu coração.

Não é o que ela diz, mas como ela diz. — Como você sabe?

— Ele é sólido como seu avô. Eu posso dizer pelos seus maneirismos. Ele não é um daqueles mentirosos, Honey Bear.

Minhas sobrancelhas disparam para o teto. Eu nunca ouvi Mimi usar uma palavra estranha na minha vida. — Você realmente gosta dele, não é?

— É mais do que gostar. Ele é confiável, o tipo de homem que não vai decepcioná-la.

— E você conseguiu tudo isso em uma tarde? — Eu pergunto ceticamente.

— Sim. Sou uma mulher idosa, Honey B. Demorou muito tempo para encher essa cabeça com sabedoria, mas há muito por aqui. — Ela bate um dedo na têmpora. — Apenas me escute. Lembra o que eu te disse sobre Sasha? Eu sabia que aquela criança acabaria em um problema muito ruim. E veja o que aconteceu.

— Oh, Mimi. Mas posso confiar nele com Cody? — Só de pensar em Sasha me faz chorar.

Ela estica a mão e agarra meu pulso. — Sinto muito, querida. Não foi culpa dela. Eram aqueles malditos pais dela. Eles deveriam ter vergonha de si mesmos. Mas eu sei bem aqui, — ela bate no peito, — que seu homem é bom como ouro. — Ele não é meu homem, mas eu não me incomodo em corrigi-la. — Sim, você pode confiar nele.

Decidindo jogar uma bola curva para ela, pergunto: — Você sentiria o mesmo se ele não tivesse dinheiro?

— Ora, você sabe que eu não me importo com isso. Se me importasse, teria vendido esse lugar anos atrás.

Ela está certa. Eles lhe ofereceram alguns milhões e ela recusou, dizendo que a terra tinha muito valor sentimental para ela vender.

— Quer saber mais alguma coisa? — Ela pergunta.

— O que seria?

— Weston vai fazer você tão feliz quanto Cody.

Ela e Jeb precisam de camisetas com o nome Team Weston. Porra, eles estão torcendo por ele.

Mimi e eu continuamos a preparar tudo e a colocar no forno no momento apropriado.

Jeb chega em torno de uma hora e brinca com Cody. Eles fazem todo tipo de coisa, de jogar a andar de quadriciclo.

Weston chega um pouco depois das três. Estou surpresa que ele chegue aqui tão cedo.

Mimi sorri e lhe dá o maior abraço. Quando ele sorri para ela, meus joelhos ficam fracos. Merda! E ele também está vestido com uma camisa branca, calça azul-marinho e paletó. Ele não está de gravata, mas aposto que ele estava com uma na casa dos pais. Ele provavelmente tirou quando chegou aqui. Quando ele se abaixa para beijar minha bochecha, sinto o cheiro de sua colônia ou gel de banho. Cheira viril, meio picante.

— Eu não esperava você até mais perto das quatro — eu digo.

— Eu saí de lá o mais rápido que pude. Não queria demorar, se é que você me entende.

— Oh, eu sei o que você quer dizer. — Se eu fosse ele, eu correria de lá como se minha bunda estivesse pegando fogo.

Olhando para Mimi, que ainda está sorrindo para ele, ele diz: — Cheira maravilhoso aqui, senhora.

— Agora, Weston, você me chama de Mimi. Nada disso de “senhora”.

— Sim, senhora, eu quero dizer Mimi. — Mimi está no céu.

Weston pega minha mão e diz: — Princesa, você está linda.

Estou vestindo jeans desbotado com uma camisa de flanela e as mangas arregaçadas até a metade. Por cima, tenho o meu avental favorito. Um peru gigantesco cobre a frente com as penas da cauda disparando de um lado e o bico e a crista do outro. — Você com certeza sabe como fazer o avental de uma garota pegar fogo.

— Não, sério... — Mas ele percebe que eu estava sendo esperta e me agarra para um beijo, na frente da Mimi!

Eu não sou de fazer demonstração pública de afeto, mas minha boca se abre em choque e ele entra para a matança. Assim que ele faz, minha coluna rígida se transforma em mingau. Sem uso. Minha determinação desaparece no vento e minhas mãos rastejam em torno de seus bíceps grossos enquanto eu o beijo de volta.

— Honey Bear está beijando o Sr. Western! — Cody grita no topo de seus pulmões.

Puta merda! Eu me afasto e meu rosto está quente como carvão em brasa.

— Honey Bear está com o rosto vermelho. — diz Cody enquanto gira em torno de Weston e eu.

— Quem colocou o foguete na sua bunda, grandão? — Pergunto-lhe. Ele para, olha e depois me dá aquele sorriso bobo.

— Você fez quando beijou o Sr. Western. — Ele me dá um soco na perna.

— Ow! Só por isso, eu vou pegar você! — Eu corro atrás dele. Ele sai de casa, rindo, comigo nos calcanhares. Eu o alcanço no quintal, o domino e começo um ataque de cócegas.

— Pareeeee! Honey B., por favor, paaareeeeee! — Suas pernas voam chutando quando eu puxo sua camisa e faço um barulho de pum na sua barriga. Mokey está latindo como louca. Quando finalmente paramos, porque nossas bochechas doem de tanto rir, caímos de costas para encontrar Weston e Jeb como nosso público.

Weston pergunta a Jeb: — Isso acontece muito?

— Oh, geralmente todo domingo que eu saiba.

— Hmm. Parece divertido. Estamos autorizados a participar?

Jeb olha para Weston e diz: — Você provavelmente poderia se safar.

Do nada, Cody diz: — Ei, Spesh, você me conta uma história sobre minha mãe?

Todo o ar sai de mim. Vejo Jeb fazer um gesto para Weston, para eles nos deixarem, e o fazem. Cody e eu deitamos na grama fria e começo a conversar sobre minha melhor amiga. Aquela com quem eu compartilhei tudo, de menstruações a sexo – a pessoa de quem ainda sinto falta todos os dias.

— Sua mãe era incrível, grandão. Ela era a melhor. A melhor amiga do mundo. Mas o que ela não era, uma boa atleta. Ela não podia jogar uma bola para nada.

— Por quê?

— Não sei. Ela não podia nem correr sem cair de cara no chão.

Os olhos de Cody se arregalam quando ele começa a rir. — Ela não teria feito bem no futebol então, hein?

— Não, de jeito nenhum. Uma vez, decidimos experimentar uma competição de corrida. Sasha nunca conseguiu passar do primeiro dia. Ela tropeçou, caiu, esfolou os joelhos e estava uma bagunça sangrenta mesmo antes do início do treino.

Cody ri de novo.

— Grandão, você deveria ter visto ela. Ela estava coberta de Band-Aids dos joelhos aos cotovelos.

— Eles eram os do Batman?

— Não, acho que eles eram os do Super-Homem. Mas era como se seus pés fossem virados para trás. Esportes e Sasha não eram amigos.

— Você fez parte do time?

— Sim, eu fiz. E odiava porque minha melhor amiga não estava nele. Mas Mimi não me deixou sair. Ela disse: “O'Malleys não são desistentes”. E você precisa se lembrar disso, cara.

— Eu não sou um desistente.

— Não, você não é, e sua mãe também não era. Ela nunca desistiu de tentar. — Mesmo que ela não fosse boa em esportes, ela não tinha medo de tentar.

— Eu não tenho medo. — Ele se senta e usa um olhar determinado, que me lembra sua mãe. — Eu nunca vou ter medo de nada.

— É assim mesmo? E o cocô de cachorro na sua lancheira? — Faço cócegas enormes quando ele berra.

Quando voltamos para dentro, Mimi já está com a mesa posta. Ela encurralou Weston e Jeb para ajudá-la, e posso dizer que ela ama a atenção.

— Nós estamos prontos? — Cody pergunta.

— Acho que sim, mas vocês dois precisam lavar as mãos. — diz Mimi.

Cody e eu vamos ao banheiro para esfregar nossas mãos rapidamente. Quando voltarmos, estamos prontos para comer uma comida deliciosa.

Mimi fica em pé na mesa e pergunta: — Quem gostaria de cortar o peru? — Ela olha fixamente para Weston.

Ele cora, fica ali sem jeito, então ele admite que nunca fatiou um antes.

— Bem, que tal eu te mostrar como então? — Mimi pergunta.

Estou ao lado de Weston, então pego a mão dele e digo: — Mimi é a melhor fatiadora de perus da Geórgia. Se você quer aprender, é ela quem lhe mostrará como.

— Eu gostaria muito disso. — Ele se move ao lado dela e ela o instrui como ele faz as honras.

— Oh, Mimi, eu posso sentir o cheiro aqui. — eu digo.

— Eu também. — diz Jeb.

— Eu, três. — Cody fala. Então ele bate palmas e diz: — Vamos dar as Graças? E quem é Graça, afinal?

Mimi responde dizendo: — Cody, não é quem, mas o quê. Estamos agradecendo a Deus por todas as nossas bênçãos.

— Oh.

Depois que o peru é cortado, sentamos e juntamos as mãos para a bênção. Mimi faz a honra e, no final, Cody nos dá um alto amém. Esse garoto. Eu gostaria de poder engarrafá-lo e carregá-lo em todos os lugares.

O jantar está delicioso. Enquanto estamos comendo, Cody grita: — Não coma demais ou você não terá espaço para a forta de abrubra!

Weston termina de engolir e pergunta: — O que é isso?

— Eu não sei, mas é isso que teremos. — responde Cody.

Weston olha para mim e tenho que morder os lábios para não rir. Forta de abrubra é a tradução de Cody para torta de abóbora. Não tenho ideia de como ele conseguiu isso, mas não vou corrigi-lo.

Então Cody pergunta: — Mimi, posso comer mais purê de batatas?

Weston me entrega a tigela e eu pego outra porção para ele. — Cody, um dia eu vou entrar no seu quarto para acordá-lo, e quando eu puxar os lençóis, vou encontrar uma batata na sua cama em vez de um menino.

Ele fica intrigado por um segundo, mas depois solta uma risada calorosa. Eu tenho de lembrá-lo gentilmente para não rir com a boca cheia de comida.

— Desculpe.

Depois do jantar, todos decidimos esperar até mais tarde a nossa sobremesa e acabamos assistindo ao filme Férias de Natal. Cody ri, mas os adultos acham mais engraçado. Temos um intervalo para a sobremesa, e Jeb decola logo quando o filme termina.

Cody está quase dormindo, então Mimi o coloca na cama. Ele diz boa noite para nós dois enquanto arrasta os pés para o quarto. Weston e eu ficamos sentados conversando. Quando Mimi volta, ela nos diz que vai dormir. Mas suas próximas palavras me fazem perder a cabeça. — Weston, acho que você deveria passar a noite aqui. Você pode dormir no quarto de Special, e ela pode dormir com Cody. Dessa forma, você não precisa voltar para a cidade hoje à noite. Bem, boa noite, vocês dois. — Ela desaparece, deixando nós dois olhando um para o outro.


25

WESTON

Special e eu nos entreolhamos após a sugestão de sua avó. É um pouco mais do que estranho e bastante óbvio Mimi está tentando jogar de casamenteira.

— Provavelmente é melhor se eu sair agora.

— É isso que você quer?

Fale sobre uma pergunta carregada. Claro, não é isso que eu quero. — Não. Eu quero passar mais tempo com você.

— Então por que você iria embora?

Depois de um encolher de ombros de modo exagerado, eu respondo a ela. — Tenho a sensação de que você quer que eu vá.

— Você quer?

— Você não? — Eu pergunto.

Ela ri. — De modo algum.

É preciso tudo em mim para não tocar em seus cabelos sedosos ou na pele macia em sua bochecha.

— Ei, você trouxe outras roupas?

Ela deve ser capaz de dizer pela minha expressão facial que acho uma pergunta estranha.

Ela me dá uma cotovelada, dizendo: — Há uma razão para minha pergunta.

— Na verdade, eu trouxe. Costumo levar uma muda de roupa quando vou à casa dos meus pais. Eles me estressam tanto que acabo no armazém depois, tentando me acalmar.

Ela gira no sofá e descansa os braços nas coxas. — Eu tenho uma ideia. Ou seja, se você não se importa de ficar com um pouco de frio. Como a temperatura provavelmente já caiu, você trouxe uma jaqueta?

Segurando meu dedo no ar, eu digo: — Também peguei uma. Eu dirigi a caminhonete e tenho todo o tipo de coisas.

— Perfeito. Vá pegar suas coisas. Vou vestir um moletom, botas e pegar meu casaco.

Quando volto para dentro, ela está esperando na sala de estar. Ela me mostra seu quarto, onde eu posso me trocar e me diz que posso deixar todas as minhas coisas lá. Não demoro muito tempo para vestir um jeans, blusa e botas de trabalho. Agarrando minha jaqueta, eu a encontro de volta na sala de estar. Ela agarra minha mão, entrelaçando nossos dedos. É impossível não perceber o quanto a minha é maior que a dela.

— Eu quero te mostrar algo. É um dos meus lugares favoritos aqui.

— Gostaria disso. — Não digo a ela que gostaria de aprender sobre todos os seus lugares favoritos. Nós precisamos ir devagar.

Ela me leva através do celeiro e sobe uma escada para o palheiro. Uma vez lá, ela abre um conjunto de portas usadas para jogar fardos de feno e nos sentamos com as pernas penduradas na beirada. Há uma velha manta lá em cima que ela nos cobre. É uma noite sem nuvens, e centenas e centenas de estrelas cintilantes iluminando o céu escuro.

— Uau, isso é um presente e tanto. — eu digo.

- Não é? Você não pode ver isso na cidade. Sasha e eu costumávamos vir aqui o tempo todo. Nós éramos muito parecidas. No começo eu a invejava porque ela tinha um pai e uma mãe. E eu não. Minha mãe é um floco. Ela chega aqui periodicamente quando o desejo ocorre. Ela apareceu quando eu era criança e depois partiu. Eu costumava chorar como uma louca quando ela saía. Agora que tenho Cody, não consigo imaginar como ela fez isso. Me mata deixá-lo a semana toda. Como ela pôde fazer isso repetidamente?

— Sasha e eu costumávamos dizer que preferíamos morar na casa uma da outra. Quando ficamos mais velhas, finalmente entendi porque ela queria trocar de lugar. Nada era bom o suficiente para seus pais. Ela não era alta o suficiente ou bonita o suficiente. Eles eram muito críticos. Vi o problema surgindo antes de começar. Eu até fiz Mimi ligar para a mãe e o pai dela. Quer saber o que eles disseram?

Não digo isso, mas posso imaginar quão rudes devem ter sido. — Conte-me.

— Eles disseram: “Cuide da sua vida, velha”. Eu nunca esquecerei isso. Tudo o que ela estava tentando fazer era ajudar. Nós duas estávamos preocupadas que Sasha fosse se suicidar um dia. — Ela descansa a cabeça no meu ombro. — Mas eu nunca imaginei.

— Eu sei que perguntei antes, mas como você descobriu? Sobre Sasha?

Ela morde a unha por um segundo e depois as palavras saem dela como água da torneira.

— Recebi uma ligação, depois uma mensagem, implorando que eu fosse para L.A. É onde ela estava morando. — Ela para, relembrando por um momento. — Sasha tinha esse tipo de beleza etérea que você raramente vê. Pele pálida, olhos azuis gelo, cabelos loiros naturais. Nós éramos opostos completos. Ela era a luz da minha escuridão. Ela disse que estava indo para Los Angeles para desfilar ou atuar. Mas eu sabia melhor. Era para escapar dos pais dela. Eu implorei que ela ficasse, onde eu poderia vigiá-la se ela se enrolasse. Mas ela já estava usando drogas até então. Ela não quis ouvir.

— E? — Eu a cutuco.

— E ela saiu e nunca mais voltou.

— Mas você deve ter falado com ela.

Ela limpa a garganta. Isso deve ser brutal para ela contar. — Sim eu falei. Ela teve problemas com as pessoas erradas. — Seus dedos remexem na colcha. — Você sabe, eu não estive aqui desde... — Ela para de repente e eu olho para ela. Está claro que as memórias a perturbaram.

Coloquei meu braço em volta dela para lhe oferecer conforto e digo: — Você não precisa dizer mais nada. — Não percebo que ela está chorando até seu corpo tremer da força de seus soluços.

Ela esfrega as bochechas com as costas dos nós dos dedos. — Mas é só isso. Eu nunca falo sobre Sasha com ninguém além de Mimi. Você é a única pessoa que eu já trouxe aqui. — Ela chora um pouco mais e depois se controla um pouco. — Hoje, Cody queria que eu lhe contasse uma história sobre ela. — Ela ri através das lágrimas. — Eu disse a ele sobre o tempo que ela tentou fazer cross-country e que desastre foi.

— Cody precisa ouvir essas coisas. Manter a memória da mãe viva é importante.

— Weston, sinto muita falta dela. Quando Cody me pergunta sobre ela, é tão difícil não desmoronar na frente dele.

— Por que você não deixa se emocionar às vezes? Por que ele não pode ver o quanto ela significava para você e como você ainda sente falta dela?

— Porque eu não quero que ele me veja chorar.

— Por quê? Chorar não te deixa fraca. Isso mostra que você a amava e se importava com ela. — Eu puxo sua mão na minha e aperto-a para que ela saiba que estou aqui por ela.

— Deus, eu só queria que isso parasse de doer tanto. Todo dia eu acho que talvez o grande corte no meu coração finalmente se feche. Mas ainda está lá depois de todos esses anos. Não tenho certeza de que haja pontos suficientes em todos os hospitais de Atlanta para costurar meu coração novamente.

Jesus, ela realmente passou pelo inferno. — Quanto tempo faz?

— Três anos. Mas parece que foi ontem. Este celeiro me faz sentir muita falta dela. Por isso parei de vir aqui. Eu pensei que estar com você tornaria mais fácil.

— Talvez você esteja errada em não aparecer. Estar aqui a aproxima mais dela, então talvez você deva fazê-lo com mais frequência. Algumas pessoas acreditam que você pode sentir a presença de um ente querido em lugares especiais para eles.

Usando a mão livre, ela limpa o rosto novamente. — Eu acredito. Quero criar Cody e tentar criar alguma felicidade em sua vida. Não quero que ele seja um garoto problemático como sua mãe. Farei tudo o que puder para garantir que sua vida seja a melhor possível, mesmo que sua mãe não esteja aqui para isso. Eu sei que é isso que ela quer.

— Posso te dizer uma coisa? — Eu pergunto.

— Qualquer coisa.

— Cody é um garoto de sorte. Eu daria tudo para ter sido criado por duas mulheres como você e Mimi. Vocês são as pessoas mais amorosas e maravilhosas que eu já conheci. E a maneira como esse garoto olha para você. Bem, o sol nasce e se põe em você, Special. Ele te adora. Acho que você não tem nada com que se preocupar.

Special olha para mim e, mesmo na noite escura, seus olhos brilham. Seja pelo brilho de suas lágrimas ou pelo reflexo da lua brilhante, não posso dizer.

— É uma coisa doce de se dizer. E eu concordo com você sobre Mimi. Eu sei em primeira mão porque ela me criou. Mas Cody é jovem, e quem sabe o que vai acontecer quando ele atingir a adolescência.

— Você fará o melhor que puder. Tenho a sensação de que você não vai tolerar nenhuma porcaria e continuará a amá-lo com tudo o que tem. — Quanto mais conversamos, mais percebo o grande coração que a Special tem.

— Sim, eu imagino que vou. Aquele garoto já me envolveu em seu dedo mindinho, mesmo que ele não saiba.

Enquanto a ouço, me pergunto por que ela escolhe viver separada de Cody. Parece uma solução simples movê-lo para a cidade. Então eu pergunto: — Por que você não leva Cody para morar com você?

— Adoraria, mas com minhas longas horas no bar, teria que contratar uma babá.

— Parece-me que você já tem uma.

Ela olha para mim de lado. — E quem poderia ser?

— Mimi. Mova-a junto com Cody.

Special levanta a mão para esfregar o pescoço. — Você poderia desistir do seu armazém?

— Ok, eu vejo onde você está indo com isso, e Mimi não desistiria da fazenda. Mas talvez se você explicasse a ela. Dizer a ela o quanto você sente falta dele e como isso facilitaria a vida de todos.

Special não está comprando. Ela cruza os braços enquanto as sobrancelhas se arqueiam. — Você não conhece Mimi e sua história com a terra.

— Mimi mencionou para mim que Cody precisa de mais amigos e que ela estava com medo de estar ficando velha demais para lidar com ele. Ela disse que ele precisa de mais atividades, como esportes. Ele conseguiria isso na cidade.

Ela assente. — Me diga mais.

— Ele podia se inscrito em esportes de clubes – futebol, futebol americano e até basquete. Há muito por onde escolher. As pessoas no trabalho falam sobre isso o tempo todo.

— Ele não é um pouco jovem para isso? Ele está apenas no jardim de infância.

— Você está certa. Mas se você se mudar dentro do próximo ano, isso lhe daria a chance de se estabelecer antes de ingressar em uma equipe.

— Ele adora esportes. — diz ela. — Ele está sempre implorando para jogar bola. E Mimi não pode levá-lo da fazenda para participar durante a semana.

— E é fácil ver o quanto você o ama. Só posso imaginar o quanto vocês sentem falta um do outro.

Seu braço varre na frente dela. — Mas tudo isso teria acabado. Eu nunca seria capaz de ver essas estrelas novamente.

— Não é verdade. Você poderia pegar um cobertor e levar Cody ao parque. E você teria Cody todos os dias. Isso não vale o preço?

— Vale cada estrela lá em cima. — Sua mão aponta para o céu.

— Eu posso falar com Mimi, se você quiser. Talvez eu possa influenciá-la. — digo.

— Talvez Jeb possa falar com ela também.

O silêncio da noite nos envolve, e penso em como estou satisfeito aqui sentado com ela ao meu lado.

— Ei, obrigado por ouvir esta noite. — Sua mão dá um aperto suave na minha coxa através da colcha. Olhando para ela, nossos olhos se encontram e se travam. Seu rosto está virado e eu sei que devo parar, mas não posso. Meus lábios começam a descer. Enquanto olhamos um para o outro, o luar refletido na íris dela. Quando minha boca toca a dela, ouço a respiração suave. Com grande restrição, eu recuo, apenas para voltar novamente com toques suaves sobre cada parte de seus lábios. É somente quando esses lábios se separam que eu me permito beijar, realmente beijar. Meu cérebro grita para eu parar, mas eu ignoro. Special é o bálsamo para minhas feridas, para minha alma que foi machucada. Ela é o ar para os meus pulmões privados de oxigênio, a água para o meu corpo ressecado. Mas ela também é minha amiga, e se eu não acabar com isso, destruirei o que construímos.

— Sinto muito. — eu digo, liberando-a.

Ela coloca a mão nos lábios, mas não fala.

— Eu não quis dizer...

Não tenho chance de dizer outra palavra antes que ela se levante e desça a escada. Eu assisto como sua figura sombria corre pelo campo.

A mágica do momento se foi. O que resta é um buraco oco no fundo do meu estômago.


26
SPECIAL

Meu cérebro me diz para continuar correndo, então meus pés me carregam através do pasto direto para a floresta que faz fronteira com a propriedade de Mimi. Não paro até chegar ao riacho. Ainda está escuro, mas o som da água ondulando sobre as rochas me permite saber onde estou. Quando meus olhos se ajustam ao ambiente, paro onde a faixa cinza da água serpenteia através do denso crescimento das árvores. Isso me lembra Sasha.

Eu nos vejo quando jovens, mergulhando no calor do verão, esfriando no riacho. Adorávamos vir aqui. Mimi nos repreendia quando chegávamos em casa, molhadas e rindo. Então, à medida que envelhecíamos, passávamos horas aqui, nossos pés na margem arenosa, dedos imersos na água fria, enquanto conversávamos sobre os garotos que gostávamos. Finalmente, era aqui que Sasha vinha quando não tinha mais para onde ir. Eu a encontraria estressada e a arrastaria para casa. Mimi e eu tentamos convencê-la a ir para a reabilitação. Nosso último esforço fracassou e foi então que ela foi para Los Angeles.

Tudo o que consigo pensar é como ela está perdendo a beleza de ver seu filho crescer. Isso parte meu coração porque ela teria encontrado tanta alegria no garoto. Uma nova onda de lágrimas me prega. Eu levanto minhas mãos para limpar meus olhos antes de tocar meus lábios. Ainda sinto Weston lá. Por que eu corri? E que coisa é essa de amigos? Estamos apenas nos enganando pensando que podemos fazer isso? O que acontece quando não podemos?

Não adianta mentir para mim mesma – eu adoraria ter mais com ele. Só que ele me assusta. Posso confiar nele com meu coração? Eu sou capaz de estar em um relacionamento? E se as expectativas dele forem demais para mim?

Depois que eu corri, ele provavelmente acha que eu sou louca.

Meus pensamentos estão confusos e não estou nem perto de resolver meu dilema. Eu refaço meus passos, mas desta vez eu ando. Ao me aproximar do celeiro, vejo que ele ainda está lá, encostado nas portas, com as mãos enfiadas nos bolsos. Ele está esperando minha volta. Como eu não fiz o homem fugir até agora está além de mim.

— Você está bem? — Ele pergunta.

— Eu acho. Embora eu tenha certeza que você pensa que sou louca.

— De modo algum. Não quero que as coisas sejam estranhas entre nós.

A afirmação me parece engraçada, então eu rio. — Weston, as coisas não poderiam ser mais embaraçosas. Eu já esperava que você estivesse na metade do caminho de Atlanta agora.

Ele agarra meu braço e me puxa contra a parede sólida de seu peito. — Você não sabe o quanto eu quero que sejamos amigos. Não, mais que amigos. Sinto essa conexão... quando estou com você, as coisas estão melhores do que nunca. Não encontro isso com ninguém há muito tempo. Você e eu... somos parecidos.

— Talvez você esteja certo. Mas tenho problemas de confiança e você sabe como eu sou. Existem obstáculos.

— Nós vamos resolver isso. Sou um homem otimista. — Sua mão esfrega um círculo nas minhas costas. Não tenho certeza de como responder a isso.

— Tudo me assusta. — eu digo.

— Não deixe.

— Sua família... eu não posso estar com eles.

Ele se recosta e sorri um pouco. — Você acha que eu quero estar com eles?

Estendendo a mão, coloco minha mão em sua bochecha. Ele cobre a minha com a sua. — Podemos continuar tentando como amigos por mais algum tempo? — Eu pergunto.

— Qualquer coisa que você quiser. — diz ele.

Eu o abraço e digo: — Bom. Eu preciso entrar agora porque estou com frio. — Andamos juntos, de mãos dadas.

De manhã, o aroma do café da manhã me desperta. Depois de escovar os dentes e lavar o rosto, cambaleio para a cozinha. Três pares de olhos pousam em mim quando Cody pergunta: — O que há de errado com seu pé, Honey B.?

— É meu quadril, não meu pé. E acho que um certo alguém está treinando para ser um placekicker6 enquanto dorme.

Minha piada está perdida em Cody, então Weston tem que explicar o que é um placekicker.

— Ele te atingiu no seu quadril? — Mimi pergunta.

— Oh, sim. Cerca de uma dúzia de vezes. Foi o que machuquei no acidente do bar. — Cody costuma agitar as pernas enquanto dorme. Talvez ele pense que está fugindo. Quem sabe?

Cody faz uma careta e diz: — Desculpe.

Weston acrescenta: — Eu deveria ter dormido com ele.

Acenando com a mão, digo: — Não, não é tão ruim. Eu estou apenas um pouco rígida. O que você está cozinhando, Mimi?

Cody não lhe dá a chance de responder antes que ele me diga: — Bacon, rabanada, ovos e aveia.

— Parece gostoso. — Esfrego o estômago e Cody faz o mesmo. Então eu digo a ele: — Você deve estar com muita fome com todo o exercício que fez enquanto dormia.

— Sim. Provavelmente é por isso que acordo com fome todos os dias.

— O que está na agenda de todos hoje? — Eu pergunto.

Weston diz: — Infelizmente tenho que trabalhar. Depois do café da manhã, estou a caminho. Ou seja, se você não se importa de eu tomar banho.

Mimi pula e diz: — Ora, de jeito nenhum. Toalhas estão no armário. Fique à vontade. O café da manhã não estará pronto por mais vinte minutos, se você quiser ir agora.

— Parece uma boa ideia. — Ele desaparece no corredor.

— Eu não sabia que o Sr. Western ia passar a noite com você, Honey B.

Ah Merda! — Uh, bem, Cody. Era tarde, então era mais seguro se ele não voltasse para casa ontem à noite. E Mimi achou que era melhor também.

Isso parece satisfazê-lo. Então ele diz: — Talvez eu possa passar a noite em algum momento.

— Acho que quando você envelhecer pode ser arranjado. Já que você não tem aula hoje, o que você quer fazer, grandalhão?

— Podemos ir ao cinema?

— Com certeza. — Não tenho tanta certeza de que Cody ame o cinema tanto quanto ele ama pipoca e doces.

Weston surge depois do banho, vestido de novo com camisa e gravata da noite passada.

— Você sempre se veste tão formalmente para o trabalho?

— Sim. É um dos requisitos do meu pai.

— O que formalmente significa? — Cody pergunta.

Eu explico como Weston está vestido e o que a palavra significa. Cody declara que não é uma regra muito boa.

— Eu não poderia concordar mais com você. — diz Weston.

Mimi nos avisa que o café da manhã está pronto e nós enchemos nossos pratos e comemos. Cody é como um aspirador de pó, polindo seu prato. Quando ele termina, pergunta se pode sair e brincar. Lembro-o de ficar no quintal, e ele sai pela porta depois de vestir o casaco.

Weston agradece a Mimi por sua hospitalidade, mas diz que precisa ir para o trabalho. Ele reúne suas coisas e eu o acompanho até sua caminhonete.

— Que tal um encontro hoje à noite? — Ele pergunta.

— Podemos fazer isso amanhã? Eu quero passar algum tempo com Cody.

— Isso vai funcionar. Eu vou te ligar. E Special?

— Sim.

— Eu tive um grande momento. — Ele me beija na bochecha e entra em sua caminhonete. Vou até a varanda e o vejo ir embora.

De volta à casa, Mimi é toda sobre Weston. Weston isso e Weston aquilo. Você pensaria que ele tinha pendurado a lua. Eu tenho que admitir, ele é muito doce. E muito fácil para os olhos. Aquele traseiro, aqueles lábios e boca. Eu poderia continuar beijando-o por horas.

— Então, um encontro amanhã, certo? — Mimi pergunta, esfregando as mãos juntas.

— Sim. Eu sei que você está emocionada, mas eu não sei.

— O que você não sabe?

— A família dele é horrível. Você não pode começar a entender como eles são terríveis.

— Você não pode descontar nele e não vai se casar com a família dele. — diz ela, parada ali com os braços cruzados.

— Ok, primeiro, não vamos nos casar. E segundo, você está errada sobre isso. Quando você se casa com alguém, você se casa com sua família. Como você pode dizer que não?

— Normalmente, eu concordo com você. No entanto, no caso de Weston, não acredito que seja verdade. Ele claramente não se importa com eles e detesta passar tempo com eles. A menos que eles mudem completamente, acho que não serão um problema.

— Mimi, pare de tentar me convencer. Isso é pura tolice. — Eu levanto minha mão, impedindo-a de dizer mais alguma coisa. — Você sabe que é. Famílias são sangue. Eles nunca vão embora.

— Vou parar essa conversa, mas um dia você verá que estou certa.

Teremos que concordar em discordar disso.

— Eu preciso verificar Cody. — Lá fora, ele está correndo sem se importar com o mundo.

— Ei, grandão, eu vou tomar banho e depois podemos decidir sobre o filme. Não saia deste quintal. Cadê a Mokey?

— Lá. — Ele aponta para o celeiro. Ela está deitada ao sol, onde está quente.

— Ok. Você fica aqui com ela então.

Quando termino meu banho e me visto, encontro Cody e Mimi trabalhando em um quebra-cabeça. Me junto a eles até que Cody me lembre do filme. Nós convencemos Mimi a se juntar a nós e acabamos vendo um filme sobre a filha de um antigo chefe polinésio que precisa procurar um semideus para quebrar uma terrível maldição. Mimi e eu amamos isso tanto quanto Cody.

No caminho para casa, meu telefone toca. Mimi está dirigindo seu carro velho, então eu atendo. Estou surpresa ao ouvir a voz do meu senhorio.

— Special, tenho ótimas notícias para você.

— O que é? — Eu pergunto.

— Temos um comprador para o edifício.

Estou atordoada. — Eu não sei o que dizer.

— Diga que você está feliz. Esse indivíduo deseja manter as coisas funcionando como antes e renovará o contrato que você e eu estávamos negociando. Ele enfatizou que quer que seu lugar seja aberto e funcione o mais rápido possível. Ele nem está esperando o pagamento do seguro. Essas foram as palavras dele.

— Uau. Eu... te agradeço. Este é o melhor presente de Natal antecipado de todos os tempos.

— Eu pensei que você gostaria de saber. Por enquanto, ele está me mantendo como gerente de propriedade. Tenho a sensação de que ele pode ser mais um tipo de pessoa prática.

— Ah? Isso é bom ou ruim?

Ele ri. — Vai ficar tudo bem. Eu tenho minhas mãos cheias, para que eu possa largar essa propriedade, se for preciso. Eu acho que você ficará satisfeita com o novo proprietário.

— Você não tem ideia do quanto isso significa para mim e meus funcionários. Muito obrigada!

— De nada. Entrarei em contato quando tiver uma data de conclusão para você.

Toco no botão Terminar e suspiro. Mas desta vez é de felicidade.

— Bem? — Mimi pergunta.

— Uma pessoa maravilhosa comprou o prédio. A Special Place está salvo, Mimi! Não preciso me preocupar agora.

— Isso não é maravilhoso?

— Sim, é. — Vou contar a ela o restante das boas novas. Então me bato na testa. — Eu preciso avisar Jeb. E se este não for um ótimo momento para ele? Isso dará ao braço a chance de curar. Conhecendo-o, ele estaria lá tentando acertar as coisas.

— Você está certa, Honey B. O homem nunca para.

Quando eu digo a ele, ele praticamente diz, eu te disse.

— Spesh, seu bar vai ficar melhor do que nunca. Podemos até ter uma grande reabertura.

— Oh, meu Deus! É uma ótima ideia, Jeb.

— Vamos fazer isso. Por que você e Mimi não criam algumas adições ao menu, e pensarei em uma nova bebida que podemos acrescentar, e você tem dinheiro suficiente para adicionar algumas mesas e cadeiras novas?

— Sim! Eu posso lidar com isso agora. — Modernizar o local. Torná-lo mais brilhante e contemporâneo.

Quando digo a Mimi, ela fica animada. Então Cody grita do banco de trás: — Talvez você deva pendurar algumas bolas de futebol e outras coisas.

No começo, rio, mas quando penso nisso, o esporte gera uma tonelada de lucro. Talvez eu precise de algumas telas planas enormes para colocar em todas as paredes, realmente sair e enrolar na multidão de esportes. Minha comida atende a eles como ela é. Por que não envolver todo o caminho?

Girando, digo: — Cara, essa é uma ideia super legal! Poderíamos fazer futebol americano, basquete, beisebol, hóquei, futebol, é só dizer. Vamos torná-lo um bar de esportes!

— Yay — ele grita por trás, saltando no assento.

Minha empolgação é tão grande que mal posso esperar para chegar em casa e entrar na internet para começar minha busca por itens esportivos.

Quando chegamos em casa, ligo para Jeb novamente e digo a ele a ideia de Cody. Ele ama isso. — Isso é algo que pensei há algum tempo, mas não achei que você fosse a favor.

Estou sentada na mesa da cozinha e abro meu laptop. — Eu provavelmente não teria na época, mas com tudo o que aconteceu, o momento não poderia ser melhor. Estou tão empolgada com isso, Jeb. Estou me preparando para verificar as coisas on-line. De que tamanho de TV precisamos?

Ele me dá uma lista de tudo, de telas planas a novos bancos de bar, e quando desligo a ligação, estou armada e perigosa. Dentro de algumas horas, parece que minha conta bancária está sendo afetada.

Gemendo, deito minha cabeça no meu laptop fechado.

— O que há de errado? — Mimi pergunta.

— Isso vai custar muito mais do que eu pensava.

— Você tem que gastar para conseguir. Investimentos são sempre um risco. Olhe para as empresas ao seu redor. Existe algum bar esportivo nas proximidades com o qual você estaria competindo?

— Hmm. Essa é uma pergunta muito boa.

De volta à internet, eu pesquiso todos os restaurantes e bares em um raio de cinco quilômetros de A Special Place e fico chocada ao descobrir que não existem bares esportivos. Levo esse pedacinho de informação para Jeb, junto com a quantia que custará para transformar o local em algo que atrairá o tipo de multidão que queremos.

Jeb está mais animado do que nunca. — Você precisa pular nisto. Não é como se você estivesse mudando muito. As pessoas viriam buscar comida e bebida. Você ainda oferecerá isso, além de algo mais. Você terá boa comida, além dos benefícios das telonas. A multidão se agitará, comerá, beberá e será animada. É um ganha-ganha, Special. Você não pode dar errado com esse tipo de investimento.

Minha mão bate na mesa. — Eu estou indo fazer isso.

— Ótima decisão. Vou ligar para o proprietário e avisá-lo para que ele possa transmitir isso ao novo proprietário. Em seguida, eles podem se coordenar com o empreiteiro para pendurar suportes de parede para as novas TVs.

Eu nem tinha pensado nisso. — O que eu faria sem você? — Eu pergunto a Jeb.

Ele ri. — Você descobriria. Você é um biscoito esperto.

Discutimos quantas TVs e para onde elas precisam ir. — Spesh, pegue as que eu mencionei para você. Eu odeio ir a bares de esportes e ver aquelas TVs pequenas. Elas me irritam demais.

— Ok, chefe. Vou mergulhar na crise financeira.

— Cale a boca — diz ele antes de desligar.

Oito telas planas e sistemas de som gigantescos, além de móveis novos completam o visual. Bolas de futebol do caralho. Se isso não der certo, tenho Cody para culpar. Então eu rio enquanto saio da cozinha em busca do rapaz. É hora da tortura por cócegas para ele.


27

WESTON

Não dizer a Special que sou o novo proprietário do edifício pode ser a coisa errada a fazer, mas meu instinto me diz para não o fazer. Depois de discutir com Jeb, ele concordou, então espero que ela não fique chateada quando descobrir.

Estou no escritório no sábado de manhã trabalhando na construção de planos quando meu telefone toca. É o senhorio. Ele quer falar sobre A Special Place. Assim que terminamos nossa conversa, Jeb liga.

— Jeb, o que posso fazer por você?

— Eu tenho algumas notícias sobre A Special Place.

— E?

— A Special quer transformá-lo em um bar de esportes. Na verdade, foi ideia de Cody.

Isso me faz rir. — Conte-me sobre isso.

Quando ele termina, eu estou mais do que impressionado. — Não há outros bares esportivos na área?

— Ela pesquisou e também ficamos surpresos. Eu acho que a área não é voltada para esse tipo de lugar. Está mais para moda.

— Você acha que isso poderia ser prejudicial? — Eu pergunto.

— Na verdade não. Todo bairro precisa de um bar de esportes. Esta área não possui um. Cite alguém que você conhece, alguém que não gosta de esportes, especialmente homens. Outra coisa que eu descobri. O maior grupo crescente de fãs do esporte profissional são mulheres.

— Interessante. Eu diria que a maioria das mulheres não se importa com esportes.

— Eu teria concordado com você ao mesmo tempo, mas vou desafiá-lo a entrar em um bar de esportes e conferir a multidão.

Ele me tem lá. Eu provavelmente deveria fazer isso.

— A Special tem ótimos planos, Weston. Ela está animada, embora também esteja nervosa por gastar tanto dinheiro nele, mas acho que vai dar certo.

Tocando meus dedos na mesa, imagino quantas semanas estamos em construção. — Deixe-me verificar com os caras quanto tempo até terminarmos. Eu estava conversando com o proprietário quando você ligou.

— Outra coisa. Ela vai precisar de suportes nas paredes para TVs e um especialista em sistemas de som.

— Isso não é um problema. E internet, cabo ou satélite. Ela vai precisar de todos os pacotes esportivos.

— Ela está ciente. — Ele ri. — Ela está gastando tanto dinheiro, acho que as íris dela se transformaram em cifrões, como aqueles emojis.

Isso coloca uma imagem dela em minha mente, e eu não consigo imaginar nada no lugar de seus lindos olhos. — Você pode culpá-la? Ela está sempre preocupada com dinheiro para Cody.

— Sim, eu sei. Isso pode transformar A Special Place em uma franquia ou algo assim.

— Jeb, você acredita honestamente nisso?

— Eu acredito. Isso tem um toque que o outro lugar não tinha. Agora ela tem um tema.

— Mmm. Você pode estar certo.

— Eu estou. Espere e veja. — Jeb parece convencido.

— Eu volto a ligar para você sobre os empreiteiros e o tempo.

Entro em contato com os caras no trabalho e peço uma linha de tempo. Eles têm as plantas. Eu mesmo as projetei. Os reforços serão adicionados para que, mesmo que outro carro batesse, ele não conseguiria penetrar na viga de aço que corre dos dois lados. Sim, aumentou significativamente a despesa, mas valerá a pena a longo prazo.

Terminando meu trabalho, vou para A Special Place. Os caras estão trabalhando sete dias por semana em turnos rotativos. Estou satisfeito com o progresso que eles fizeram. O exterior está quase completo e, uma vez feito isso, o interior irá rapidamente. Jeb e eu tínhamos decidido anteriormente manter o bar onde está. Ele já marcou onde as TVs deveriam ser penduradas.

Quando saio, certifico-me de que a barra está limpa, porque não quero que Special me veja indo ou vindo. Estacionei na esquina, então corro para a minha caminhonete e vou para casa. No caminho até lá, eu ligo para ela. Ela ainda está na Mimi.

— Você está interessada em ir jantar hoje à noite?

— Isso seria legal. — Ela parece feliz e só posso assumir que é por causa do bar.

— Ótimo. Vou buscá-la por volta das sete. Tudo bem?

— Perfeito. Eu estarei na casa da Mimi.

— Isso é o que eu imaginei.

— Você não se importa, não é? Eu sempre posso ir para casa. — ela pergunta.

Eu xingo: — Special, eu não me importo nem um pouco. E você sabe que eu amo ver Mimi e Cody.

Ela bufa. — Você só quer que Mimi te bajule por todo lado.

— Isso também. — Termino a ligação antes que ela possa dizer mais alguma coisa sobre isso.

Assim que termino a ligação, meu amigo advogado entra em cena. Quando eu respondo, ele me diz que tem boas notícias.

— O pagamento do seguro do nosso cliente está chegando, e eu também estou buscando danos máximos no caso da Special. Deve haver pelo menos algumas centenas de dólares.

— Isso é ótimo. Vou avisar a Special. Quando isso vai a julgamento?

— Não haverá julgamento. Eles vão resolver. Assim que souberam que ela estava processando, começaram a se mexer. Eles estão se estabelecendo com a companhia de seguros que cobre o prédio, e Jeb também. Avisarei assim que descobrir mais detalhes.

Quando saio para a fazenda, está escuro e uma fina névoa de chuva está caindo. Estou dirigindo a caminhonete porque tenho todas as minhas coisas aqui. Felizmente, Special não é o tipo de garota que se importa de andar em uma picape. Também verifiquei que tudo sobre o bar está no meu apartamento, e não na caminhonete. Eu quero manter isso em segredo.

Cody abre a porta para mim e aperta minha mão. — Olá, Sr. Western. Como você está hoje?

— Eu estou bem, e você?

— Ótimo. E Honey Bear também. Ela vai colocar bolas de futebol em seu bar.

— Bolas de futebol?

— Cody. — diz Special quando ela aparece do corredor. Ela parece espetacular em jeans preto, botas pretas e um suéter cinza.

— Oi. — Eu beijo sua bochecha. O que eu quero fazer é derrubá-la e transar com ela estupidamente. Porra, ela cheira bem. Eu tenho certeza que meu pau choramingou.

— Olá, Weston. Você parece bem esta noite.

— Obrigado, Mimi. Você também.

Mimi dá um tapinha no meu braço e me oferece um chá doce.

— Não, obrigado. Temos reservas às sete e meia, então é melhor sairmos. Talvez da próxima vez. — eu digo. Depois escolto Special para a caminhonete.

Enquanto dirigimos, Special diz: — Mimi tem uma queda por você.

— Ela é a melhor. Você não sabe a sorte que tem.

— Não, eu sei. Ela é muito especial. Era assim que o nome dela deveria ter sido. Não o meu.

— Discordo. Você é tão especial quanto ela. — Pego a mão dela. — Você está linda, a propósito.

Ela aperta minha mão.

— Eu tenho ótimas notícias. Parece que o bêbado que colidiu contra seu bar tem seguro suficiente para você receber uma boa quantia. Meu amigo disse que nem vai a tribunal. Aparentemente, estão pagando indenizações a Jeb e contas médicas, junto com as do seu senhorio. Ao todo, você provavelmente receberá uns cem mil.

— De jeito nenhum!

— Sim. Ele nos informará se precisar de algo de você.

Durante o jantar, ela me conta sobre seus planos para A Special Place.

— Estou enlouquecendo. Mais do que um pouco.

— Mas você fez sua pesquisa, certo?

— Sim. Mas não gastei esse tipo de dinheiro desde que abri o local.

— E veja o que aconteceu. Além disso, você estará recebendo dinheiro do seguro.

Ela pousa os talheres e pergunta: — Por que você tem toda essa fé em mim?

Depois de limpar a boca com o guardanapo, digo: — Você tem uma ética de trabalho incrível; seus funcionários, de todas as formas, amam você, sua comida é ótima e sua localização não poderia ser melhor. Você criou uma fórmula para o sucesso. O que mais eu poderia querer ou precisar para ter fé nos seus negócios?

Sua mão toca a minha e ela diz: — Obrigada. Significa muito saber que você acredita em mim.

— Eu nunca quero que você duvide disso.

O jantar termina e pergunto se ela está interessada em ver meu apartamento.

— Gostaria disso.

— É muito diferente do armazém, só para você saber.

— Eu espero que seja. Você é um garoto rico e mimado, não é? — Ela pisca para mim.

Dirigimos os vinte minutos necessários para chegar ao meu prédio e estacionar na garagem do subsolo. Quando eu chego ao meu local designado, ela diz: — Ah, aqui está o carro chique.

— Sim, exatamente no seu lugar habitual, sozinho.

Ela ri. — Você age como se tivesse sentimentos.

— Você quer dizer que não?

Ela dá um soco no meu braço enquanto caminhamos para o elevador. — Isso não é tão ruim. Eu sempre pensei que viver em um lugar desses seria uma dor no traseiro. Você sabe, ir ao supermercado se você tiver muitas sacolas para carregar.

Ela olha para mim e minhas bochechas esquentam. Eu não saberia porque tenho pessoas que fazem todas as tarefas por mim.

— Oh, meu Deus. Você nunca foi às compras, não é?

Minhas mãos levantam no ar. — Eu admito, culpado da acusação. Eu tenho duas pessoas que cuidam das coisas por aqui para mim.

— Duas? Não uma, mas duas?

— Uh, sim — eu digo, abaixando minha cabeça. — Tenho Alma, que cozinha e lava roupas, e depois Leona faz a limpeza e outras coisas, como compras de supermercado.

— Jesus, eu não posso acreditar em você. Uma não é suficiente?

— Não é isso. Nenhuma delas queria trabalhar em período integral, então eu as fiz dividir as coisas.

— Okay, certo. — Ela me cutuca nas costelas com o cotovelo.

Saímos do elevador e caminhamos até meu apartamento. Quando a deixo entrar, me preocupo com o que ela vai pensar, mas ela precisa ver como eu vivo.

A primeira coisa que ela faz é ir às janelas de vidro com vista para a cidade. É fenomenal.

— Uau. Isto é fantástico.

— Sim, é por isso que moro aqui. Sinta-se livre para olhar em volta.

Ela sai da sala de estar para a cozinha, que é livre e aberta. A cozinha é moderna e tem o melhor e o mais recente de tudo.

— Mimi ficaria louca aqui.

— Você deveria trazê-la algum dia. Cody também.

Ela se vira para mim com um olhar pensativo. — Eu não estou pronta para isso ainda.

Ela arrasta o dedo pela bancada de pedra e se move da cozinha para a sala de jantar. Eu tenho uma mesa grande com capacidade para doze. - Não faço ideia do porquê, porque nunca me diverti aqui, além de levar os caras para jantar. Fora da cozinha, há um corredor que leva aos quartos. Existem três, todos eles suítes. Ela entra primeiro nas duas suítes simples e, finalmente, na master. Uma parede é inteiramente de vidro, assim como as salas de estar e de jantar.

— Estou sem palavras. Eu nunca vi nada assim. — Ela se move pela porta, que leva ao armário. Foi construído como dele e dela. Como não existe ela, metade está vazio.

— Este armário é maior que o meu apartamento.

— Você exagera.

- Não, eu não. É enorme. Eu nunca vi um armário que contenha tantas cômodas e gavetas. E sapateiras.

Ela me faz sorrir, mas, ao mesmo tempo, espero que não a assuste.

Quando ela sai, ela pergunta: — Não tem banheiro?

— É por lá. — Eu aponto.

— Não sei como eu perdi. — Ela se dirige para a porta e eu sei que ela ficará surpresa.

— Puta merda, sua banheira é como uma piscina. — Seu dedo aponta e ela diz: — Olhe. Apenas olhe para isso.

— Estou olhando. E não é uma piscina. É uma banheira.

— E tem jatos. — ela murmura ansiosamente.

— Special, fique à vontade para usá-la, se você quiser.

— Oh, eu... talvez outra hora. — Então ela se muda para o chuveiro e seu queixo cai. — Você usa essa coisa todos os dias?

— Só se eu quiser tomar banho. — Eu ri.

— Isso não é um banheiro. É uma sala. Tem duas coisinhas de banho. Quem precisa de dois desses?

— Eu preciso quando estou super sujo.

Ela estreita os olhos e diz: — Eu posso imaginar. — Então sua língua cutuca o interior de sua bochecha. — Quantas mulheres você trouxe aqui?

A pergunta me pega desprevenido. Eu trouxe mulheres aqui em cima, mas muito poucas. E nenhuma delas esteve neste banheiro.

— Então, você acha que eu uso este lugar para colocar os entalhes no meu cinto? — Não consigo tirar o sorriso do meu rosto.

— Bem, certamente as impressionaria.

— Isso impressiona você? Porque você é a única que me interessa impressionar.

— Sim, mas me desculpe. Isso não foi uma coisa muito agradável de se perguntar, foi?

— Special, você pode me perguntar o que quiser. Eu não vou ficar ofendido. Mas você tem que me permitir o mesmo em troca. Podemos levar essa conversa para a sala, para que possamos sentar e conversar?

No caminho para nossos assentos, paramos na cozinha e eu sirvo um copo de vinho para cada um. Sentamos um perto do outro, mas nos situamos para podermos ver o rosto um do outro.

— Eu sei que você pensa que sou jogador, e não tenho certeza de como mudar de ideia sobre isso. Embora eu admita que minha reputação não era a melhor no passado, eu não sou mais esse cara. É verdade que as mulheres me perseguem, mas não é de mim que elas estão atrás. É a minha conta bancária.

— Como você pode dizer isso? Por que elas não estão atrás de você?

— Olhe para mim, Special. Você e eu somos cortados do mesmo pano. Não me encaixo no molde do herdeiro típico. Olhe para o meu cabelo, minhas tatuagens, o jeito que prefiro me vestir, a caminhonete que dirijo.

— Mas tem seu carro chique.

— Comprei por capricho.

— Seu relógio.

— Foi um presente. Normalmente, só o coloco para trabalhar ou quando sei que vou ver minha família. Eu prefiro pulseiras e botas de couro. Você honestamente acha que alguém como Evelyn realmente me quer?

Special não diz uma palavra, apenas me encara com olhos suaves.

— Ela prefere alguém que usa Gucci ou Armani, tem o cabelo artisticamente estilizado com produtos, faz a barba todos os dias e fica confortável de terno e gravata. Uso-os porque preciso, não porque me sinto confortável neles.

Ela se aproxima de mim e diz: — Eu acho que você é perfeito do jeito que é.

A mão dela está próxima, então eu a pego e pressiono meus lábios na parte interna de seu pulso. — E por acaso penso o mesmo de você. Agora, me diga por que é tão difícil confiar em alguém.


28

SPECIAL

Ele teve que ir lá. A pergunta surge diante de mim e não há como evitar responder.

— Não é o que você pensa.

— O que exatamente eu penso? — Ele pergunta.

Olho para longe e depois de volta. Não é possível impedir que a dor nuble minha expressão.

— Não tenho certeza. Mas não é você, sou eu.

Ele ri sem humor. — Uma frase original, se é que houve alguma.

— Não, realmente, é verdade. — eu digo, agarrando sua mão.

— Então me diga, Special, porque a leitura da mente não é minha área de especialização.

A história é difícil de contar. As palavras não querem se formar na minha língua. Degustação amarga e desagradável, elas feriram meu coração enquanto eu entrava em detalhes sobre meus anos de ensino médio. — Eu tinha dezesseis anos quando um garoto chamado Joseph Carmichael começou a flertar comigo na cafeteria. Ele me perguntou por que eu estava comendo um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia, e não as refeições sofisticadas que eles serviam no almoço. Menti, é claro, dizendo que não ligava para o que eles estavam servindo naquele dia. A verdade é que não podíamos pagar. Mimi guardou e economizou para me enviar para uma escola particular, pensando que estava fazendo o que era melhor. Ela queria uma educação de primeira para mim, para que eu pudesse ir para a faculdade. Mas tudo o que fiz foi mergulhar em um ambiente em que não me encaixava. Joseph começou a aparecer todos os dias e encheu minha cabeça com todo tipo de coisa, como eu era bonita e que ele estava se apaixonando por mim há meses. Finalmente concordei em sair com ele e as coisas progrediram rapidamente. Na primavera, eu estava apaixonada por ele. Ele fez e disse todas as coisas certas, me disse que eu era bonita, doce, que tinha os olhos mais bonitos. Ele até deu a entender que queria que eu fosse seu par no baile de formatura, mas nunca me perguntou. Então, cerca de um mês antes do baile, saímos, e ele me levou para uma cabana velha em ruínas. Ele chamou de seu lugar secreto. Foi lá que ele me convenceu a entregar meu cartão V. Eu não chamaria isso de estelar, mas não foi ruim. Cerca de uma semana depois, ele me levou lá novamente. Eu pensei que era aqui que ele me pedia para ser seu par no baile de formatura. No começo foi legal. Ele me deu uma cerveja e eu não pensei muito nisso. Uma cerveja, certo? Mas logo minha cabeça ficou estranha e a sala girou.

“— A próxima coisa que soube foi que não conseguia me mexer. Quando tentei falar, não consegui. Nada saiu. Eu estava apavorada. Eu pensei que estava paralisada. Nunca me ocorreu que ele me drogou. Então ouvi outras vozes, mas não sabia dizer quantas. Eu estava tão sonolenta. Eu sabia que precisava ficar acordada porque algo ruim estava acontecendo, mas não podia.

“— Quando acordei, minha cabeça doía e eu estava enjoada. Havia três outros caras lá, todos os caras com quem Joseph andava. Eu estava tão confusa. Inicialmente, eu não sabia onde estava. Por que eu estava com todos eles? Eles estavam conversando, rindo, fazendo piadas sobre foder uma garota. Por que eles fariam isso?

“— Eu devo ter gemido porque um deles disse algo sobre eu estar acordada. Foi quando notei que estava nua. Então tudo se encaixou. Eu era a garota. Eu não conseguia lembrar os detalhes, mas na época eu estava agradecida por isso. Joseph me levou para casa mais tarde e, quando me deixou, ele disse que se eu mencionasse uma palavra do que aconteceu com alguém, todos eles negariam. Ele também explicou que não haveria evidência da droga no meu sistema porque ela entrava e saía super rápido. Quando cheguei em casa, fiz uma pesquisa na internet e descobri a verdade sobre ser indetectável. Ele era um filho da puta calculista. Sasha foi a única que eu já contei, e agora você. Ela me levou a uma clínica para ser examinada. Eles aparentemente usaram camisinha porque eu estava bem até o momento. Eu tive medo de denunciá-lo porque ele me ameaçou e eu já tinha feito sexo com ele antes do estupro.

“— Na segunda-feira seguinte, eu me tornei a vagabunda da escola. Joseph contou a todos o que aconteceu e como eu deixei ele e seus amigos transarem comigo. Ele nunca pretendeu me levar ao baile. Eu descobri que ele tinha uma namorada o tempo todo que ele estava fingindo namorar comigo. Por que ela ainda saía com ele depois que ele disse a todos que tinha me fodido, eu não sei.

“— Foi quando realmente começou. Eu tinha meninos me ligando constantemente, me implorando por encontros. Eles não me deixaram em paz. Garotas escreviam coisas desagradáveis no meu armário. Os meninos me seguiram, implorando para eu chupá-los depois da escola. Eles até se ofereceram para me pagar. Eu ganhei bastante reputação, tudo por causa de Joseph. Quando finalmente encontrei um garoto na escola em que acreditava e podia confiar, ele acabou sendo uma fraude como todo o resto. Ele também fingiu que se importava. Acabou que ele se importava. Preocupado em entrar nas minhas calças. Todos aqueles meninos ricos pensavam que eram intocáveis porque podiam comprar todo mundo. Foi quando eu decidi que não haveria mais. Eu terminei com os bastardos ricos.

“— Esperei vários anos e acabei conhecendo alguém. Imaginei que havia passado tempo suficiente e eu deveria tentar outra vez. Exceto que ele acabou sendo um idiota também. Acho que caras normais podem ser tão terríveis quanto os ricos. Era isso, até agora. Você é a primeira pessoa com quem me arrisquei. Você deveria estar orgulhoso de ter chegado tão longe. Você conseguiu atravessar as paredes. — Quando termino, minhas mãos torceram minha blusa e Weston me dá um lenço de papel. Eu não tinha percebido que estava chorando. Limpo o rosto e digo: — É por isso que não falo sobre isso. Ainda me perturba. Em alguns aspectos, sou grata por não me lembrar do estupro, mas em outros não sei. É como se eles tivessem tirado uma parte da minha vida.”

Ele agarra meu queixo com o polegar e o indicador, forçando-me a olhá-lo. — Eu não sou como eles, Special. Esses meninos deveriam ter sido processados por estupro. Eu nunca... nunca vou usá-la ou machucá-la de qualquer maneira.

— Mas você pode me quebrar de novo, e depois o quê?

— Eu acho que há um risco maior de você me quebrar. Você não percebeu que eu sou o mais frágil aqui?

De repente, estou no colo dele, dobrada contra a parede quente do seu peito. Parece tão certo estar aqui que não consigo reunir energia para me afastar.

— Special, isso aconteceu há muito tempo por meninos cruéis. Foi errado, terrivelmente errado. Não deixe que isso a defina pelo resto da vida. Você é uma mulher incrível, com tanto amor em seu coração. Por favor, não deixe o que um monte de idiotas faça você arruinar sua felicidade. Se você fizer isso, você os deixará ganhar. Eu sei que não é isso que você quer.

Eu levanto minha cabeça, nossas bocas a meros centímetros uma da outra. Talvez não seja a coisa certa a fazer, mas eu quero seus lábios nos meus. Quero que eles apaguem a memória do que acabei de compartilhar.

— Se nos beijarmos, não tenho certeza se vou conseguir parar. — diz ele.

— Então não pare.

— Você tem certeza? Porque a última coisa que quero é que você se arrependa disso.

— Não vou me arrepender de nada.

Sua mão desliza no meu cabelo e agarra minha cabeça. — Prometa-me uma coisa.

Sua boca está a menos de um centímetro da minha e sua respiração quente se espalha pela minha bochecha. — O que seria? — Eu pergunto.

— Não vamos deixar que o que quer que aconteça entre nós torne as coisas estranhas ou embaraçosas. E que sempre seremos amigos.

— Promessa. — Antes que eu tire a palavra completamente da minha boca, ele toma posse dos meus lábios. Este não é um beijo doce. Este é um que indica propriedade, um que me reivindica como dele. Por um momento, isso me assusta, mas depois estou perdida, totalmente perdida em tudo sobre ele.

A paixão se enfurece dentro de mim enquanto minhas mãos cavam profundamente em seus cabelos. Adoro o cabelo dele – do jeito que ele é cortado lateralmente e comprido em cima. Hoje à noite, ele tem a parte superior trançada, e meus dedos a desfazem até que eu possa enrolar os fios grossos em volta da minha mão.

Usando uma mão contra o meu peito, ele gentilmente me empurra de volta até eu estar deitada no sofá. Ele paira sobre mim e beija minha testa, olhos, têmporas, bochechas, cantos da boca e depois o pescoço. Seus lábios me fazem contorcer, então envolvo minha outra mão em torno dos músculos grossos de seu braço, lembrando como ele ficava sem camisa.

Uma das pernas dele está entre as minhas, esfregando o ápice das minhas coxas. Eu não sabia que poderia sentir assim. Minhas mãos se movem para os botões de sua camisa. Eu sinto vontade de sentir sua pele e os planos de seus músculos sob meus dedos.

Antes que eu possa fazer qualquer coisa, ele me puxa para uma posição sentada e desabotoa sua camisa. O homem é perfeito em todos os sentidos da palavra. Eu automaticamente estendo a mão para tocar sua tatuagem, para traçar o contorno dela. Mas ele me para enquanto pega a barra do meu suéter e o puxa rapidamente sobre a minha cabeça.

— Levante-se.

Seu comando rouco me dá uma pausa, mas ele pega minha mão e me ajuda a ficar de pé. Seus lábios acariciam meus braços enquanto eles beijam minha arte, murmurando: — Tão bonito, tão incrível.

Então ele me vira e eu o ouço rosnar. — Eu nunca vi nada assim. — Ele cai de joelhos e, pela primeira vez na minha vida, sinto como é ser adorada. Ele me lembra um cego lendo braile, a maneira como ele passa os dedos por cada centímetro quadrado da minha pele tatuada. — Esta é a paisagem mais impressionante que eu já vi e desenhada como arte nas telas mais impressionantes. — Eu nem sequer recuo quando ele abre meu sutiã e me vira de volta para encará-lo.

Ainda de joelhos, ele abre o zíper das minhas botas e calça jeans e depois me ajuda a tirar tudo. Fico na frente dele com apenas uma tanga e, pela primeira vez, não tenho medo de mostrar minha tatuagem.

— Sua mãe sabia exatamente o que estava fazendo quando a nomeou. Nada mais lhe faria justiça. — Pela primeira vez na minha vida, estou verdadeiramente orgulhosa do meu nome, em vez de envergonhada ou constrangida. Quando ele se levanta, quero sorrir com a diferença de nossa altura. Só que não penso nisso por muito tempo, porque ele chega por baixo das coxas, me pega e me leva para o quarto dele. Quando atravessamos o limiar do quarto, ele pergunta: — Você tem certeza?

— Você quer dizer que me deixou nua e agora pergunta? — Deslizo meu dedo sobre o lábio inferior.

— Você não está nua. Você ainda está usando sua calcinha. — Ele meio que sorri.

— Você é engraçado. E acredito que você é quem não está nu.

— Eu vou remediar isso agora.

Ele me coloca na cama e tira o jeans. Oh, valeu a pena esperar por este homem. Ele tem uma barriga plana enfatizada por um pacote de seis – ou talvez até um pacote de oito – e um V profundo que chama minha atenção exatamente onde é necessário. Ele está duro e pronto, e foda-se, eu também estou pronta. Faz tanto tempo que estou começando a me perguntar se sou virgem novamente.

— Por que você está sorrindo?

— O homem com o corpo perfeito quer saber por que estou sorrindo.

Ele desliza os dentes sobre o lábio inferior e sorri. — Você acha que eu tenho um corpo perfeito?

— Você se olhou no espelho ultimamente?

— Não presto atenção ao meu corpo. Mas eu verifiquei minha bunda.

— Deus. Sua bunda. Deixe-me ver.

Ele me mostra e eu estou tão absorta em admirá-lo que não percebo seu ferimento.

— Bem?

— Bem o quê? — Eu pergunto.

— Meu buraco de bala.

— Seu buraco de bunda?

— Eu não disse buraco de bunda. Eu disse buraco de bala. Tire sua mente da sarjeta. — ele diz.

Merda. — Oh, parece muito bem. Quero dizer, parece que está indo bem. — eu ronrono.

— Você tem uma mente pequena e suja.

— Eu não. — Ele ataca antes que eu possa discutir o meu argumento.

— Discordo. E pretendo descobrir exatamente como ela pode ficar suja.

— Eu deveria estar assustada?

— Eu não sei. Acho que talvez eu deva ter medo.

— Por que você? — Eu pergunto, curiosa.

O pequeno sorriso que brilha em seus lábios desaparece e suas sobrancelhas se franzem. — Porque você é exatamente o tipo de mulher que eu estava esperando, e eu tenho um sentimento forte quando finalmente derrubar aquele muro que você estava se escondendo, você vai me possuir.

Sua boca pega a minha em um beijo alucinante, deixando meus pulmões implorando por ar; mas, mesmo assim, não quero que ele pare.

— Special, — ele geme e mói seu comprimento contra mim.

Parece que um cano de chumbo está aninhado entre as minhas coxas e eu inclino minha pélvis contra ele, tentando obter o máximo de atrito.

— Espero que você tenha camisinha. — eu sussurro. — Eu não estou tomando nada.

— Não se preocupe. Você estará protegida. Mas ainda não vamos para lá.

— Não?

— Não.

Meus músculos do estômago se contraem quando sua boca viaja sobre o meu peito até meus mamilos. Um de cada vez, ele chupa e agita, enquanto a dor dentro de mim cresce. Faz tanto tempo desde que estive com alguém, mas sei que nunca me senti assim antes. Eu me dissolvo em suas mãos quando elas amassam meus seios e se movem mais baixo entre minhas coxas. Quando ele gentilmente toca meu clitóris e circula lentamente, eu me ouço gemer. Minha pele formiga como se pequenas faíscas estivessem dançando sobre ela. Então sua boca se fecha em mim, minhas costas arqueiam contra ele, e eu brevemente me pergunto se é possível chegar ao clímax instantaneamente. Ele é lento, muito lento, pois sua língua percorre toda a extensão da minha fenda. Dedos gradualmente empurram para dentro enquanto a ponta da língua provoca meu clitóris.

Minhas coxas apertam contra sua cabeça quando um orgasmo bate e eu grito de prazer. Eu nunca experimentei algo assim. Quando finalmente respiro, abro os olhos para ver minhas pernas pressionadas contra suas bochechas enquanto ele me observa.

— Você tem alguma ideia de quantas vezes eu já pensei nisso?

Engulo o nó na minha garganta porque a ideia de ele fazer isso cria uma fúria turbulenta de emoções dentro de mim. Luxúria, desejo e necessidade são algumas, mas outras que não posso nomear parecem me cutucar de algum lugar atrás das costelas. Meu coração bate forte e toco sua bochecha.

— Espero não ter decepcionado.

— Você nunca poderia fazer isso.

Ele rasteja sobre mim e beija meus lábios. Enquanto ele faz isso, ele abre uma gaveta e pega um preservativo. Então ele se senta e rasga-o com os dentes. É uma coisa sexy vê-lo fazer, mas vê-lo enrolando é ainda melhor.

Estendendo a mão, deslizo sobre sua espessura. Ele cobre a minha com a dele.

— Se você fizer isso, eu não vou durar o tempo que quero, e estou esperando por você por muito tempo para que isso aconteça.

Uma urgência em senti-lo em cima de mim bate e eu aperto seus ombros. Só que ele me para com um beijo. Então ele se senta novamente e pega seu pau na mão. Colocando a ponta na minha abertura, ele circula e gira, deslizando para cima e para baixo, esfregando-a em volta do meu clitóris. Eu ainda estou sensível do meu orgasmo, e as sensações são incríveis. Ele me circunda mais uma vez antes de avançar para mim, puxando meus quadris para mais perto dele.

— Pronta? — Ele pergunta.

— Sim.

— Você tem certeza? Não quero que isso seja desconfortável.

— Eu vou te dizer se for.

Ele continua até estar totalmente enterrado e eu estou tão esticada quanto possível. Não é doloroso, mas vai demorar um pouco para me acostumar. Tomando cuidado para não se apressar, ele se move lentamente, entrando e saindo, até que finalmente estou me pressionando contra ele.

— Eu preciso de mais. — Eu quero o máximo que ele pode dar. Minhas mãos seguram sua bunda, com força.

— Você pode ir com calma nisso? Ainda está um pouco sensível.

— Desculpe, eu esqueci. — Eu imediatamente tiro minha mão do lado ferido e ele retoma o passo. Logo ele está entrando e saindo com uma necessidade primordial, e eu estou aceitando tudo o que ele tem para dar.

— Quero que você faça com força, Weston. Com muita força.

— Não diga coisas que você não quer dizer.

— Quero dizer. Eu quero isso profundo.

E ele empurra.

— Sim, aí.

Ele puxa um braço sobre a minha cabeça e liga os dedos aos meus. Ele me fode como se eu nunca tivesse sido fodida. Sua boca quente e molhada toma conta da minha, e sua língua mantém um ritmo com seu pau, empurrando, empurrando, empurrando. Minha mão livre percorre a extensão de suas costas, unhas arranhando sua pele quando eu gozo. Meu corpo palpita em torno de seu pau em uma onda, e justamente quando penso que terminamos, ele se afasta de mim e diz: — Dobre-se na beira da cama.

Não tenho certeza se posso suportar. Meu pulso bate forte e meus joelhos estão fracos, mas faço o que ele pede. Ele amplia minha postura com a perna e seus dedos pressionam a carne macia dos meus quadris enquanto ele desliza para dentro de mim. Então um braço me envolve e ele se abaixa para sussurrar: — Você ainda quer isso forte?

— Oh, sim.

E eu quero. Minhas costelas reverberam com o bater do meu coração quando o primeiro mergulho acontece. Weston agarra um pedaço do meu cabelo, puxando minha cabeça para trás enquanto ele continua a empurrar dentro de mim. Oh, isso é bom? A outra mão me mantém firme agora, enquanto ele continua a me foder. Ele me fode com tanta força que nossos corpos batem um contra o outro, e momentos depois essa sensação avassaladora atinge, e eu irrompo em outro orgasmo enquanto ele geme. Nós dois caímos em uma pilha curvada sobre a cama, o braço dele apertado em volta de mim. Ele me puxa até estarmos totalmente deitados nos lençóis.

Nós dois estamos em silêncio. Não tenho certeza do que está acontecendo na cabeça dele, mas na minha... droga. Eu começo a rir.

— O que é engraçado agora?

— Não é engraçado, apenas feliz. Isso foi espetacular. Não acredito que você estava escondendo isso de mim.

Ele levanta um cotovelo e sorri. — O que diabos você quer dizer? Estou tentando levar isso adiante por quanto tempo agora? Você demorou uma eternidade para concordar em sair comigo. Graças a Deus sua avó gostou de mim. Não sei o que teria feito se ela não tivesse. — Isso me faz rir. — Você era a mais teimosa... — ele bufa. Ele está fazendo o possível para agir exasperado, mas não está conseguindo.

— Como eu poderia querer namorar alguém que frequentou uma escola de beleza? Quero dizer, vamos lá. — Eu dou uma risadinha, colocando um travesseiro no meu rosto.

— Ei, era a escola de etiqueta e essa escola me ensinou a dançar. Se bem me lembro, você adorou.

Espreitando em volta do travesseiro, eu digo: — Tem isso. Você é um ótimo dançarino, Sr. Wyndham, sem mencionar a foda. — Depois que digo, penso. — Isso não saiu exatamente certo.

Ele paira sobre mim, sua boca quase tocando a minha e diz: — Oh, eu tenho certeza que saiu muito bem. — Então ele me dá uma chuva de beijos. — Você é uma bagunça, Special O'Malley, uma bagunça maravilhosa.

29

WESTON
O Natal estará aqui em dez dias e A Special Place está quase terminando. Special vai adorar. Eu espero. Eu nunca quis tanto agradar alguém. Todos os anos que tentei com meus pais, passaram despercebidos e não foram apreciados. Mesmo que Special não saiba que sou eu quem está por trás de tudo isso, saber como ela ficará feliz faz com que tudo valha a pena.

A transformação é perfeita. Os pisos agora são de ardósia, em vez de vinil de baixa qualidade. O longo bar é revestido de pedra que combina com o piso. As paredes são pintadas de cinza e os móveis que ela selecionou parecem excelentes. As TVs estão instaladas, o cabo e o sistema de som estão prontos para serem usados. A cozinha estava bem, então permaneceu a mesma. Estamos aguardando a inspeção final, que está acontecendo esta tarde.

A Special deve estar aqui em cerca de uma hora, então eu preciso sair. Jeb está encontrando ela e o gerente da propriedade para a inspeção.

Quando volto ao escritório, meu pai está esperando.

— Onde você esteve? Eu tenho tentado encontrar você — ele rosna.

Verificando meu telefone celular, não tenho chamadas perdidas. — Quando você ligou? Não há nada aqui.

— Toda a manhã. Você está constantemente fora dos locais de trabalho ultimamente.

— Você está errado. Fiz algumas tarefas, mas estava na cidade mais cedo. Eu verifiquei o edifício Peachtree e depois o projeto em Virginia Highlands. Está tudo dentro do cronograma.

— Eu preciso de dois conjuntos de planos aprovados. Eles estão na sua mesa desde as nove.

— Eu vou cuidar deles imediatamente.

Eu vou para o meu escritório com ele na minha bunda como um cão de caça. Porra.

— Você está trabalhando nessas coisas da Habitat durante o horário da empresa?

— Não senhor, não estou. Eu tenho trabalhado em Virginia Highlands. Além disso, trabalho mais do que o número necessário de horas aqui. Você tira meu sangue e sabe disso.

Sua carranca se aprofunda. — Eu quero aqueles papeis em minhas mãos o mais rápido possível. — Ele sai e bate à porta.

Nota para si mesmo: entre nesse empreendimento imobiliário. O agente que me ajudou no lugar de Special mencionou Brookhaven como outra área para investir. Eu preciso acompanhar isso. A bunda grosseira do meu pai é mais do que eu posso aguentar. Como gosto de reformas, talvez eu possa abrir minha própria empresa. Ele não cagaria se eu fizesse isso? E como sou família, nunca assinei um contrato quando fui contratado, então ele não pode lançar uma cláusula de rompimento na minha cara.

Rapidamente reviso os planos e os levo até meu pai. Quando chego lá, ele aponta para uma cadeira. — Sente-se.

Isso é inesperado, mas eu sento como ele instrui.

— E aí?

— Vou te contar o que se passa. Tudo sobre você.

— O que eu fiz agora que você não aprova?

Ele sustenta os planos que acabei de entregar a ele. — Fora isso, nada. Não há nada que você faça que eu aprove, Quinn. Em outras palavras, você é um grande estrago. Olhe para você. Você tem uma maldita trança no cabelo depois que eu lhe disse para cortar essa merda.

— Eu não vejo por que meu cabelo...

— É exatamente isso. Você não vê nada, exceto o que deseja ver. Nada importa para você. Você deveria ser um representante desta corporação, da família Wyndham. E olhe para você. Cristo. Você tem essa merda na pele, esse cabelo com metade raspado.

Aqui vamos nós novamente sobre o meu cabelo. É sempre o cabelo e minhas tatuagens. — Não está raspado. Está cortado...

Ele aponta o dedo para mim e apunhala o ar. — Cale a boca até que eu termine de falar. — Saliva voa no ar.

Ele está com o rosto vermelho e essa veia lateja em sua têmpora. Ele está chateado, o que não é nada fora do comum. Ele vive em um estado de irritação. Não sei como ele aguenta.

— As pessoas com quem você se associa estão abaixo de você. Aquela prostituta desprezível...

Cada músculo do meu corpo pula e eu enrolo minhas mãos em bolas de raiva quando ele se refere a Special dessa maneira. Quero bater com o punho direto naquele rosto presunçoso dele. — Pai...

— Eu disse, mantenha sua boca fechada até que eu termine. Onde diabos você está gastando seu tempo hoje em dia? As pessoas falam, Quinn. Os clientes conversam. Clientes em potencial falam. Os funcionários falam.

É brutal sentar na frente dele, como uma criança repreendida, quieta como um rato, mas eu faço isso porque ele me disse para manter minha boca fechada.

— Bem, você não vai dizer nada? Não fique aqui sentado como um idiota.

Meus dentes estão cerrados quando digo: — Special não é uma prostituta desprezível. Você não sabe nada sobre ela. Nada mesmo. E o que exatamente dizem os clientes e funcionários, pai?

— Porra, pare de fazer perguntas tolas.

— Essa não foi uma pergunta tola. Estou genuinamente interessado no que nossos clientes e funcionários têm a dizer.

Sem resposta, apenas um olhar duro e frio.

— Que tal isso então? Meu trabalho está de acordo com seus padrões?

— Sim.

— Algum dos engenheiros reclama do que eu faço?

— Não.

— Algum dos funcionários?

— Não.

— Você já teve alguma reclamação do RH?

— Não.

Eu jogo minhas mãos no ar. — O verdadeiro problema é que eu não pareço nem ajo como você. É isso aí, não é? Porque se eu apostasse, nossos clientes estão satisfeitos com o meu trabalho.

Eu posso ouvir seus molares rangerem.

— Sinto muito, pai, mas simplesmente não nos vemos de igual para igual. Você não gosta do meu cabelo. Entendi. Bem, eu também não gosto do seu. Nunca gostei. Então, que tal concordarmos em nos dar bem sem gostar do cabelo um do outro? Porque quando tudo está dito e feito, toda essa coisa de cabelo é idiota, mas você insultando Special não. Eu nunca mais quero ouvir outra palavra depreciativa sobre ela sair da sua boca novamente.

Seu lábio se curva em desgosto e ele rosna. — Saia do meu escritório antes que eu jogue você para fora.

Minha cabeça balança para cima e para baixo uma vez quando me levanto para sair. Ele não precisa me pedir duas vezes para sair de sua presença desagradável. O fato é que ele não pode me suportar, e quanto mais velho fico, mais claro fica. De alguma forma, quando saio, tenho coragem de perguntar isso a ele. — Eu tenho uma pergunta para você. Por que diabos você e mamãe tiveram filhos? — Eu saio pela porta antes que ele possa responder.

Quando volto ao meu escritório, percebo que minhas mãos estão tremendo. É raiva, ou o fato de eu finalmente ter enfrentado a verdade de que meu pai me despreza? O pai dele também o odiava? É uma tradição familiar para os Wyndhams odiarem seus filhos? Se assim for, estou quebrando essa prática. Se eu tiver a sorte de ter meus próprios filhos, vou tratá-los da maneira que Mimi trata Special e Special trata Cody. Eu quero que meu filho se sinta amado todos os dias que ele respira ar nos pulmões, porque é uma merda crescer sem ele.

Minha mente dispara para Special. Eu me pergunto como ela ficaria grávida do meu filho, sua barriga inchada e oscilando como uma bola de praia com braços e pernas. Aposto que ela seria sexy mesmo então. E nosso filho, se ele puxasse a mãe, que beleza seria esse bebê. Espere, o que diabos eu estou pensando? Nós dormimos juntos apenas algumas vezes. Junte suas coisas, cara.

Eu volto para meus computadores e começo a trabalhar. Papai provavelmente já passou pelo escritório uma dúzia de vezes. Não preciso mais dessa merda dele esta tarde. Minha caixa de entrada não está tão cheia, então eu reviso tudo e percebo que não demoro muito para recuperar o atraso. Um dos outros engenheiros de arquitetura me pediu para encontrá-lo esta tarde, então eu mando uma mensagem para ver se ele está disponível.

Sugiro a sala de descanso, mas ele diz que prefere se encontrar no café do outro lado da rua. Então vamos lá.

— Weston, obrigado por me encontrar.

Pegamos café e uma mesa, e então ele joga uma bomba em mim.

— Espere. O quê?

— Sim, fui designado como porta-voz. Todos temos muito respeito por você. Seu pai é outra história. Se algo não mudar, haverá uma saída em massa. Essas pessoas estão recebendo ofertas de todos os lugares. Menos horas e melhores salários. Sem mencionar, um ambiente de trabalho menos hostil. Sinto muito por lhe dar essa notícia, mas é seu pai. Tenho certeza de que não preciso explicar o quão difícil é trabalhar para ele.

— Não, você não precisa. — Eu massageio a tensão na parte de trás do meu pescoço.

— Você pode ir ao conselho e ver se eles podem atender às nossas ofertas? Nos recusamos a ir até seu pai.

— Você já considerou RH?

— Temos medo de retaliação.

— Sim eu entendo. Eu sei que isso não deveria acontecer, mas acontece. E eu conheço meu pai.

— Olha, eu não tenho certeza do que aconteceu com seu pai, mas nunca mude e se transforme nele.

Eu ri disso. — Não vejo isso acontecendo.

Ele me dá um tapinha nas costas e me deseja sorte antes de nos separarmos. Agora o que eu devo fazer? A maioria das pessoas no quadro é amiga do meu pai. Eles provavelmente pensam que estou fazendo isso porque não nos damos bem. Ou, pelo menos, é o que papai dirá.

Quando chego em casa, ligo para o presidente. Quando explico a situação, ele me diz que o conselho precisará disso por escrito.

— Não tenho certeza de que eles façam isso. Eu recomendei ir ao RH, e eles não querem seguir esse caminho. — Eu explico o porquê e ele começa a fazer perguntas sobre o pai. Por isso, mantenho-o profissional, dizendo a ele como é o ambiente de trabalho e o que é esperado dos funcionários.

— Estou surpreso que o RH ainda não tenha entrado.

— Sim, mas acho que, como a empresa é um nome tão grande na comunidade de arquitetura, todo mundo quer trabalhar lá, você sabe, para estabelecer suas raízes. No entanto, a nova geração de funcionários quer um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, que não atendem às demandas do pai.

— E você, Quinn?

— Prefiro não responder. Eu não acho que seja nenhum segredo que meu pai e eu não vemos olho no olho em muitas coisas.

Ele suspira no telefone. — Então isso responde minha próxima pergunta. Eu posso assumir que ele não sabe nada sobre isso.

— Absolutamente nada. — eu digo.

Ele cita alguns outros membros do conselho com quem deseja discutir isso e diz que retorna para mim.

— Não demore. Se essas pessoas realmente partirem, isso paralisará a empresa.

— Você está certo.

Antes de encerrarmos a ligação, pergunto uma coisa. — Você conheceu bem meu avô, não é?

— Sim.

— Ele era como meu pai?

— Ele era um homem de negócios muito perspicaz, mas muito mais gentil. Não tenho certeza se essa é a resposta que você estava procurando.

— Sim. Obrigado.

A conversa me faz pensar. Eu me pergunto o que fez papai do jeito que ele é. Se meu avô não era assim, por que ele é?

O zumbido do meu telefone interrompe meus pensamentos. Eu sorrio quando vejo quem é.

— Special, o que houve?

Excitação amarra sua voz. — Você não acreditaria no bar. É lindo, absolutamente, lindo, louco. Eu nem consigo. Você pode vir agora? Estou aqui. Fizemos a inspeção e estou aqui sentada, olhando para tudo. Jeb acha que eu sou louca.

Eu não perderia isso por nada no mundo, então pego minhas chaves e sigo em sua direção. Eu pagaria um bom dinheiro para estar com ela quando ela viu o lugar pela primeira vez, mas vai ser divertido fazer o tour com ela.

A casa de queijos e vinhos ainda está aberta e eles estão ocupados com o Natal chegando, então eu tenho que estacionar a vários quarteirões de distância. Quando chego no A Special Place, vejo sua nova fachada. É mais contemporânea do que a antiga, usando uma fonte com script moderna em vez de letras em bloco. A frente do local também está arrumada; assim, quando o tempo estiver bom, ela também pode colocar algumas mesas lá fora.

Ela me vê inspecionando tudo e corre para abrir a porta.

— Eu amo a nova fachada.

— Eu também! Acabou muito melhor do que eu imaginava. — Ela fica na ponta dos pés para me dar um beijo. — Deixe-me te levar para um tour. — Ela pega minha mão e me puxa pela porta. Algo aperta meu peito enquanto a vejo entrar no salão. Então ela se vira e sorri. Ela sorri para mim. E é um soco no estômago e uma mega verificação da realidade. Isso me lembra toda a merda – o dinheiro e a porcaria materialista com a qual eu cresci, coisas com as quais meu pai mergulha e o que ele considera mais importante que seus próprios filhos – e tudo se instala na minha alma. Para a Special, basta algumas pequenas mudanças e algumas melhorias e ela é como a criança que comprou uma bicicleta nova no aniversário dela.

— O que foi? — Ela pergunta, franzindo a testa.

Não querendo chover em seu desfile, eu digo: — Eu estava apenas apreciando sua felicidade, sua alegria.

Instantaneamente, seu sorriso radiante retorna. — Por um minuto, pensei que algo terrível tivesse acontecido.

Sim. Eu nasci na porra da família errada.

— Não, está tudo ótimo. Especialmente agora que estou aqui. — Eu a puxo em meus braços e digo: — Senti sua falta.

— Quanto?

— Mais do que eu deveria.

— Por que isso?

Usando as duas palmas, eu agarro sua bunda e a pressiono contra mim, para que não haja dúvida do meu pau inchado. Eu me pergunto como ela se sentiria se ele colocasse a cabeça para fora e se apresentasse.

— Essa é uma resposta boa o suficiente para você?

— E aqui eu pensei que você era um cara legal que não me queria apenas por sexo.

Pelo sorriso que ela usa, vejo que ela está apenas brincando. Então eu me abaixo e beijo sua boca sexy. — É melhor você saber agora que você é muito mais do que apenas sexo. Embora eu não possa negar que essa é uma ótima cobertura do melhor bolo que eu já comi.

Ela joga a cabeça para trás e ri a tal ponto que quase consigo ver todos os dentes perfeitamente retos. Quando ela para, eu olho para seus lábios carnudos, para as pequenas linhas que marcam a pele, e ouço sua respiração entrando e saindo de seus pulmões. Eu toco seu lábio inferior com o polegar. Enquanto seus dentes afundam na base, deslizo minha outra mão para baixo para me mover sob seu vestido. Ela está usando meia-calça e botas e parece boa o suficiente para comer. Agarrando a parte de trás suas coxas, eu a levanto.

— A porta da frente está trancada?

— Sim, por quê?

— Você está esperando mais alguém?

— Não.

Então eu a levo até a cozinha.

— Para onde você está me levando?

— Você vai ver. — Eu finjo não saber onde fica o interruptor, então ela tem que me dizer. Assim que ela os liga, o brilho nos faz piscar. Então eu a coloco em uma das estações de trabalho de aço inoxidável.

Sua mandíbula se abre e ela diz: — Nós não podemos. É aqui que eu preparo a comida.

— Você tem material de limpeza, não é?

— Bem, sim.

Minhas mãos sobem pelas coxas dela até a cintura da meia calça que ela veste e começo a puxá-la. Ela não oferece resistência. Quando está baixo o suficiente para eu fazer o que preciso, faço o mesmo com a boxer feminina. É fofa pra caralho nela. Claro, ela se pareceria com uma deusa do sexo, mesmo que usasse estopa.

Abrindo suas coxas o mais largo possível, enterro minha língua em seu sexo. Seus dedos afundam no meu cabelo enquanto ela geme e me puxa para mais perto. Não tenho certeza se isso é possível, mas sua boceta apertada trava a minha língua. Eu uso meu polegar em seu clitóris. Ela está molhada, escorregadia para mim.

Special fala sobre seu prazer. Ela geme e gosta de dizer que sim, mais forte, não se mexa e muito mais. Quando ela goza, ela bate contra mim, arqueando em seu clímax. Terminando seu orgasmo com um redemoinho da minha língua em torno de seu clitóris, eu olho para sua pele corada. Estou dolorido por vê-la nua, então pego a bainha do vestido em minhas mãos e o tiro rapidamente sobre a cabeça. Sem desperdiçar um segundo, me livro do sutiã e volto para admirar a vista.

— Tão gostosa.

Estou pegando uma camisinha enquanto digo as palavras, mas largo minha maldita carteira e tenho que me curvar para recuperá-la. Pego uma, deixando a carteira no chão e rasgo a embalagem como um louco. Meu pau está prestes a arruinar minha maldita calça. Tudo o que consigo pensar é mergulhar em sua doce e apertada boceta. Minhas mãos tremem quando eu abro o zíper e rolo a camisinha. Quando ela se fecha ao meu redor, eu gemo.

— Merda, Special. — E com isso, libero a tensão reprimida do meu pau mergulhando nela. Esse instinto primitivo, o que eu nunca soube que tinha até ela, anula todas as emoções e eu a fodo sem restrições. Ela choraminga quando eu a golpeio impiedosamente, mas não consigo me conter. Eu deveria perguntar se ela está bem, mas tenho certeza que ela me diria. Suas mãos seguram meus braços e ela combina com o meu ritmo, sincronizando enquanto nós habilmente fodemos. Ela goza novamente, a cabeça jogada para trás, gritando meu nome, sua boceta me apertando, fazendo-me disparar em jorros pulsantes.

Demora alguns minutos para nos reagrupar e recuperar o juízo.

— Uau, isso foi realmente algo, certo? — Ela pergunta, me alcançando.

— Muito mais que alguma coisa. — Eu tomo sua boca em um beijo doce e passo meus polegares sobre seus mamilos duros. — Eu amo te foder. É tão cru e erótico. Olhar para você com sua boceta apertada agarrando meu pau. Não há uma visão melhor do mundo.

Seu pescoço fica rosa e viaja até as bochechas.

— Você fica constrangida quando eu falo assim?

Ela lambe os lábios e depois engole. — Não me envergonha. Isso me deixa ligada.

— Bom. Porque pretendo falar muito com você assim. É difícil não fazer isso quando você parece tão malditamente sexy. E linda. Eu não consigo parar de tocar seus mamilos. — Eu belisco-os e ela geme. — Infelizmente, só tenho um preservativo. — Eu saio e ela geme. Minha mão se abaixa e corre sobre sua boceta. Ela tenta subir a perna, mas as meias e as botas as prendem. Inclino a cabeça e vou atrás do clitóris com a língua novamente. Circulando, circulando, circulando, até eu adicionar um dedo e depois dois dentro dela. Logo ela está me apertando em outro clímax. Quando termino, deixo um rastro de beijos até a boca dela.

— Você é magnífica, — digo a ela. — Ver você gozar é melhor do que qualquer coisa que eu já fiz.

— Ter você me fazendo gozar é melhor do que... tudo bem, eu tenho que lhe dizer. Você é muito melhor que o meu vibrador.

— Não tenho certeza se já recebi um elogio como esse antes. — digo. Então eu rio.

— É a única maneira que eu já tive orgasmo antes. — diz ela em voz baixa.

E foda-se se isso não me faz sentir com três metros de altura. Eu estufo meu peito e enfio as duas mãos em seus cabelos. — Prometo que você sempre terá orgasmo quando estivermos juntos, e será sempre melhor do que o seu vibrador. — Então eu dou-lhe um beijo forte.

Isso a faz rir, que era minha intenção.

Eu olho ao nosso redor. — Aposto que na próxima vez que você estiver aqui cozinhando, você estará pensando em orgasmos e no meu pau enquanto coloca batatas na fritadeira.

Sua boca se abre e nós dois rimos. Realmente alto.

Então acrescento: — Espero que você não faça a todos esse tipo de tour.

Ela funga de brincadeira. — Apenas meus clientes favoritos.

Depois de reorganizarmos nossas roupas, ela me dá o tour completo. O orgulho brilha através de seus olhos, e isso me deixa tão feliz quanto ela.

— A melhor parte de tudo isso é que meu novo proprietário não está aumentando o aluguel.

— Isso é ótimo. Estou feliz que tudo deu certo. Então, quando é a sua grande reabertura?

— Na segunda-feira. Estamos fazendo um especial de futebol na noite de segunda-feira com bebidas e comida. Queríamos fazer o mais rápido possível, porque dezembro é um mês especial para o futebol, não apenas para os profissionais, mas também para os playoffs da faculdade e jogos de boliche.

A Special não faz nada sem pensar muito nisso.

— Você já conectou o cabo? — Eu pergunto.

— Sim. Eles fizeram isso hoje. Está tudo conectado e pronto para começar. Jeb sabe como funciona tudo e prometeu me mostrar. Espero poder aprender porque há muitos controles remotos.

— Tenho certeza que você pode lidar com isso.

— Ei, você já comeu?

Quando digo que não, decidimos sair e fazer um lanche rápido. Depois, pergunto se ela está voltando para Mimi.

— Não, eu vou ficar no meu apartamento.

— Fique comigo esta noite.

— Você pode ficar aqui? Estou longe há muito tempo desde que estou na casa da Mimi.

— Eu posso fazer isso.

Caminhamos até o seu pequeno apartamento e ela diz: — Você se sente apertado aqui?

— De modo nenhum. Além disso, é em você que estou interessado, não no seu apartamento.


30

SPECIAL

A reabertura é um enorme sucesso. Todas as noites estávamos lotados, não apenas nos finais de semana como antes, mas também durante a semana, sempre que há um jogo. A melhor coisa é que posso fechar mais cedo, mesmo às sextas e sábados, e meus lucros ainda mais que triplicaram.

— Essa foi a melhor ideia. — comenta Jeb uma noite.

— Só espero que continue assim.

Ele me dá um de seus olhares – aquele que me avisa que preciso ter mais fé em mim mesma. — Ok, você estava certo.

— Special, ouça. Este lugar é exatamente o que era necessário aqui. Você parou para olhar para seus clientes?

Eu já o fiz. Eles estão deixando gorjetas melhores e pedindo bebidas mais sofisticadas.

— Sua equipe de garçons também é mais confiável.

Ele tem razão. Os anúncios que eu publiquei para contratar mais ajuda trouxeram uma resposta esmagadora. Consegui contratar funcionários experientes da cozinha, além de garçons e garçonetes. Quanto à cozinha, agora temos uma equipe completa lá atrás.

— Jeb, posso te perguntar uma coisa?

— Claro.

— Você acha que eu preciso melhorar o cardápio? Como, adicionar alguns outros itens que são um pouco mais sofisticados?

— Ainda não. Vamos ver como vão as coisas. Poderíamos fazer algumas promoções e ver como elas funcionam.

Eu estalo meus dedos. — Essa é uma ótima ideia. Talvez noite de ostras à vontade. Ou descasque e coma camarão por meio quilo.

Jeb assente. — Eu gosto disso. Deveríamos começar isso imediatamente.

Faço uma anotação para ligar para o meu distribuidor de alimentos pela manhã. Depois de amanhã é véspera de Natal, então eu preciso aproveitar isso, especialmente porque estamos no coração da estação das ostras.

Mais tarde naquela noite, Weston aparece. Seu sorriso habitual é substituído por uma carranca. Quando pergunto o que há de errado, ele encolhe os ombros como se fosse nada. Mas eu sei que ele está escondendo algo de mim. Eu deixo para depois.

— Você está com fome? — Eu pergunto.

— Faminto. Eu pulei o almoço.

Verificando o relógio, são quase oito horas. — Quando foi a última vez que você comeu?

— Ontem. — diz ele.

— Me siga.

Ele me segue até a cozinha e eu o tenho sentado em um banquinho que está escondido embaixo de um balcão junto ao telefone. — Você pode puxar isso aqui, se quiser. — Ele o arrasta para mais perto da estação de trabalho, para que possamos conversar enquanto eu o preparo seu sanduíche favorito, um club de bacon e frango com queijo cheddar em um pouco de pretzel. Há algumas batatas fritas quentes e frescas prontas também. Eu preparo e coloco na frente dele. — Deixe-me pegar algo para você beber. O que você prefere?

— Qualquer tipo de cerveja. Surpreenda-me.

Jeb me entrega sua bebida favorita e eu a levo de volta a Weston em um copo gelado. — Aqui está.

Ele engole em seco e diz: — Você me mima.

— Gostaria de me dizer por que você passou um dia inteiro sem comer?

A tela do computador montada sobre a estação de trabalho toca com um pedido, então eu verifico e começo a preparar o hambúrguer.

Weston diz: — Eu digo depois que eu terminar de comer. Não quero estragar essa ótima refeição.

— Pfft. É apenas um sanduíche.

— Um malditamente bom.

Enquanto ele come, várias outras ordens entram e eu entro no modo de preparação. Ele assiste e ri. — Você parece uma linha de montagem humana.

— Sinto-me como uma, mas nosso sistema funciona muito bem.

Um dos outros trabalhadores entra e pega alguns pratos. A cozinha é uma colmeia movimentada e barulhenta, com panelas batendo e os sons crepitantes da comida cozinhando.

Weston limpa o prato, limpa a boca com o guardanapo e diz: — Mimi precisa aprender com você.

Eu ri. — Não diga isso a ela. Se você quiser ficar do seu lado bom, diga a ela que nunca chegarei perto de cozinhar como ela.

Ele se levanta e se move atrás de mim para poder assistir. — Você quer ser meu cozinheiro algum dia? — Eu pergunto.

— Você está de brincadeira? Este lugar fecha em um dia.

Olho por cima do ombro e pergunto: — Então, o que aconteceu que destruiu seu apetite sem fim?

— Meu pai amoroso.

Ele não diz mais nada e eu não pressiono por mais. Eu o deixo observar e nos acomodamos em um silêncio confortável. Eu gostaria de me apoiar nele enquanto trabalho, mas provavelmente cortaria meu dedo. Ele não atrapalha meu progresso, mesmo estando no meu espaço. É estranho se eu pensar sobre isso.

Quando chega um momento, saio para verificar meus clientes. É algo que eu faço desde o início, para garantir que eles estejam satisfeitos com a qualidade da comida e do serviço. Weston me segue e se senta no bar.

Um homem na segunda mesa em que me aproximo me paquera. Ele é muito descarado. Isso não é novidade, e eu resolvo isso rapidamente, passando para o próximo grupo de clientes. Quando termino, Weston me agarra enquanto passo.

— Você está bem? — Ele pergunta.

— Sim. Precisa de alguma coisa?

Ele aperta os lábios. — Aquele cara te incomodou? Porque eu posso dizer alguma coisa.

Eu quase tinha esquecido isso. — Quem? — E então eu lembro. — Oh, ele? — Eu dou de ombros. — Eu recebo isso ocasionalmente. Ele está bem. Não é nada.

— Eu o vi. Parecia que ele queria te comer, Special. — Weston não está olhando para mim. Ele está olhando para a nuca do homem.

— Não, ele não fez. Ele flertou comigo e me convidou para sair. Eu disse não.

Suas mandíbulas estalam juntas. Eu provavelmente não deveria ter dito isso, mas não tinha ideia de que ele reagiria dessa maneira.

— Escute, os caras vêm aqui o tempo todo e me convidam para sair. Eu não estou interessada neles, e nunca estive. Pergunte a Jeb.

— Eu não preciso perguntar a Jeb. Estou preocupado com a sua segurança.

— Não fique. Eu tenho Jeb aqui, e agora você. Você está agindo como um cão de guarda. — Dou-lhe um sorriso torto e acrescento: — Woof, woof.

— Não é engraçado, Special.

Agarrando seu ombro, eu dou um aperto firme. — É um pouco. Sério, você não pode se preocupar comigo. Pense nisso. Você veio aqui e esperou quanto tempo para falar comigo?

— Não é o mesmo.

Ele está com ciúmes. Oh, meu Deus! Ele é totalmente ciumento. Eu digo para ele. — O monstro verde te mordeu na bunda, não foi?

— Não mesmo.

Inclino-me e sussurro em seu ouvido: — Weston está com ciúmes.

Mas então ele faz algo inesperado. Ele vira, prendendo minha boca em um beijo ardente que me aquece dos lábios até os dedos dos pés. Quando ele termina, ele diz: — Isso é meu. Agora todo mundo aqui está ciente. É melhor você voltar ao trabalho. — Eu não percebi que sua mão se mudou para minha bunda quando ele me beijou. Quando ele me solta, ainda sinto a pressão dos dedos dele e a queimação dos lábios dele. Não quero voltar ao trabalho. O que eu quero é marchar com ele para o meu apartamento e transar.

Pelo resto da noite, estou de péssimo humor, graças a Weston. Tudo o que consigo pensar é o que me espera quando o bar fecha. Depois que a cozinha para de servir comida, que é muito mais cedo do que costumava ser, eu limpo e me junto a ele no bar. O lugar ainda está ocupado e Jeb está atendendo pedidos de bebida, mesmo com o braço no suporte. Ele insiste que está bem, e o médico me deu uma carta dizendo que ele pode trabalhar. Eu estou bem com isso, desde que o médico dele esteja. Jeb diz que não pode ficar em casa, e levantar copos não é exatamente um trabalho árduo. A maioria das coisas pesadas é deixada para os outros funcionários, que fico feliz em dizer que são confiáveis e estão aparecendo no prazo.

— Ei, Jeb, você está bem em fechar esta noite?

— Claro. A cozinha está cuidada?

Eu não respondo, a não ser lhe atirar um dos meus rostos sorridentes.

— Ok, essa foi uma pergunta estúpida. — ele admite.

Agarro o braço de Weston e digo a Jeb: — Vejo você amanhã.

Na sua maneira inteligente, Jeb diz: — Porra, alguém está com pressa de transar.

Atiro a ele uma saudação com um dedo enquanto saio pela porta, arrastando Weston atrás de mim.

— Alguém com pressa? — Weston pergunta, sua voz rouca.

— Sim, graças a você.

Nós praticamente quebramos a porta da minha casa tentando entrar antes que Weston a feche atrás de nós.

— Parece que não sou a única que está com pressa.

— Oh, Spike, você não tem ideia.

Então ele esmaga meus lábios em um beijo contundente. Este é um lado dele que eu não vi e que envia emoções correndo pela minha espinha. Suas mãos se movem entre nós e acho que ele vai desabotoar minha camisa. Então ouço o tecido rasgar quando ele abre os dois lados com as mãos, enviando os botões perolados por toda parte. Eles caem no chão de azulejos quando ele me empurra contra a porta. Eu não ficaria chocada ao encontrar lascas de madeira nos meus ombros mais tarde.

— Eu pensei que nunca sairíamos de lá. — diz ele, puxando minha camisa o resto do caminho. Dou de ombros e alcanço seu pescoço para que eu possa puxá-lo para mais perto, mas ele resiste.

— Ainda não. — Seus dedos traçam o contorno do meu sutiã. — Seus mamilos estão tão duros, exatamente como meu pau. Eles estão prestes a fazer buracos no seu sutiã. — Seus dedos mergulham por dentro, puxando meu sutiã para baixo para libertar meus seios. Ele pega cada um, beliscando meus mamilos. — Assim como granito. — Nossos olhos se encontram antes que ele incline a cabeça para passar a língua de um lado para o outro em cada pico. É divino e se eu não soubesse melhor, diria que havia uma poça no chão como prova da minha luxúria debaixo de mim. Enquanto ele trabalha nos meus seios, suas mãos trabalham para se livrar da minha calça. Quando estou nua, trocamos de lugar e agora ele fica de costas para a porta.

Ele me afasta dele e abre as calças. Eu aprendi que Weston não gosta de roupas íntimas. Hoje à noite, ele não usa nenhuma. Ele deixa o jeans cair e pega seu pau inchado. Passando a mão de baixo para cima, é difícil não perder a gota brilhante de líquido que se forma na ponta.

— De joelhos. Agora. Há apenas uma coisa que eu quero, e é essa sua boca firmemente em volta do meu pau. Você vai me chupar.

Não me ocorre recusar. A visão dele se tocando me faz querer ainda mais. O pensamento de prová-lo deixa minha boca com água.

Eu caio, segurando o pau dele. Colocando meus lábios em volta da cabeça, lambo a parte de baixo como meu picolé de cereja favorito. Ele empurra fundo e eu quase engasgo. Acho que não sou muito boa nisso.

— Relaxe, — diz ele, esfregando minha garganta. — Assim é melhor.

Eu engulo e ele geme. Ele se move novamente e eu também. Para cima e para baixo, tão devagar. Então eu ganho um pouco de velocidade, chupando e deslizando meu punho. Usando minha outra mão, aperto suas bolas. Ele empurra fundo na minha garganta, eu engasgo novamente, e ele puxa para fora. Eu me concentro em relaxar e me abrir, levando-o para dentro e lambendo a ponta. Olhando para ele, sua cabeça está jogada contra a porta e ele está me olhando. O homem é tão malditamente sexy. Seus abdominais apertam enquanto eu continuo movimentando.

— Foda-se, foda-se, — ele geme. — Eu vou gozar. — Ele tenta sair primeiro, mas eu aperto. Ele agarra os lados da minha cabeça e bombeia dentro de mim. Jatos quentes de esperma jorram na minha garganta e seus gemidos me estimulam. Quando seu pau finalmente está parado, eu o solto e olho para cima.

— Porra, é quente ver meu esperma pingando pelo canto da sua boca. Um dia eu quero vê-lo pingar da sua boceta. — Com um polegar, ele esfrega meu lábio. Olhando para baixo, seu pau ainda se estica em minha direção, rosa e brilhante. Eu passo para lamber e ele me para, dizendo: — Oh não, você não. Minha vez.

Ele sai da calça jeans e finalmente chegamos ao sofá. Mais ou menos. Ele se senta no chão e encosta a cabeça contra ele. — Joelhos no sofá. Monte na minha cara, Special. Vou comer sua boceta como se fosse o jantar de Natal.


31

WESTON

Ver Special com meu pau apertado em sua garganta foi melhor do que dizer ao meu pai para se foder. Foi melhor que... porra, foi melhor que o maldito nirvana. No começo, pensei que ela iria recusar com o jeito que eu mandei, mas ela estava toda dentro. E ela bebeu cada gota que eu jorrei nela.

Agora, ela senta no meu rosto. Ela pareceu chocada no começo, mas eu queria sua boceta, cada pedaço. E eu vou transar com ela até que ela grite meu nome e goze até que ela veja estrelas. Eu tenho seus lábios abertos e meus dedos esfregam sua umidade sobre seu clitóris. Ela está gemendo como nunca a ouvi antes.

Ela mói seus quadris em mim, e eu sei que ela está perto. Ela está tão pronta, e eu mal posso esperar para fodê-la. Com força.

— Sim, não pare. Aí.

Suas mãos estão por todo o meu cabelo, puxando-o enquanto ela se senta em mim. Então ela bate quando seus músculos internos se apertam na minha língua e suas costas arqueiam quando ela se movimenta.

Quando ela relaxa, eu a levanto e digo para ela se curvar sobre o braço do sofá. Eu procuro minha calça descartada para procurar minha carteira e pegar uma camisinha. Ela me olha por cima do ombro, sem falar. Quando estou pronto, corro meus dedos sobre e por cima do sexo dela.

Não lhe dando tempo para pensar no que está por vir, eu bato nela com força. Ela geme.

— Novamente?

— Sim.

Repito, uma e outra vez, até que ela está me implorando para fazê-la gozar. Mas eu não desisto. Desta vez eu vou fazê-la trabalhar para isso... estique e faça durar. Eu puxo todo o caminho e massageio as bochechas de sua bunda linda, provocando-a enquanto ela geme.

— Esta é a minha aventura, não a sua. Você não dá as ordens aqui. — Eu a giro e a beijo brutalmente. Nem um pouquinho da boca é deixado intocado. Ela me beija de volta com tudo o que tem. Special quer isso tanto quanto eu. Ela tenta pegar meu pau, mas eu afasto a mão dela.

— Não. Este é o meu jogo agora. — Ela tem um olhar dolorido nos olhos, mas eu corro minha língua ao longo do lado de seu pescoço e chupo, tirando sua mente dela. Ajustando seus mamilos, depois beliscando-os com meus dentes, ela choramingou novamente.

— Por favor, Weston. Eu preciso... eu preciso gozar. — Ela cruza as pernas e se contorce.

— Você irá. Com a sua mão. Agora.

Sua cabeça imediatamente mergulha quando ela olha para mim, de boca aberta. — O que?

Eu aponto para o chão. — Ali. Agora. Deite-se e abra bem as pernas. Mostre-me como se faz.

Sua cabeça se move de mim para o chão e depois de volta para mim. — Não.

— Sim. Agora. Mova-se. — Minha voz é severa. Eu sei imediatamente quando ela cede. Ela deita e se abre para mim. Uma mão tenta entre as coxas. — Special, eu não posso te ver muito bem. Espalhe-se mais. Quero ver sua linda boceta rosa, ver a umidade escorrendo de você.

Depois de um bufo alto, ela faz o que eu peço.

— Feche seus olhos.

— Por quê? — Ela pergunta.

— Porque eu disse.

Ela obedece e isso facilita para ela. E dificulta para mim, porque com ela exposta a mim dessa maneira, tudo o que quero fazer é transar com ela. Ela gira sua mão, e eu decido surpreendê-la com algo. Entro na cozinha e pego um cubo de gelo no freezer. Ela está tão distraída que não ouve, mas quando eu corro ao longo de sua fenda, para frente e para trás, ela grita.

— Continue tocando seu clitóris. Eu quero ver você gozar.

Eu continuo esfregando o cubo de gelo para frente e para trás até sentir seu orgasmo iminente, então deslizo o que resta do gelo em forma de meia-lua dentro dela e sigo com meu pau. Ela mói contra mim, agarrando-me com as duas mãos. Eu posso sentir seus músculos gelados ritmicamente apertando meu pau enquanto eu bombeio dentro e fora. Logo o frio é rapidamente substituído pelo fogo criado pelo nosso atrito. Não demorou muito tempo para ter a minha própria libertação.

Mais tarde naquela noite no chuveiro, tomo-a novamente e depois mais uma vez na cama. Eu nunca vou me cansar dela. Na manhã seguinte, acordo com os cabelos em volta da minha mão e uma perna jogada sobre o quadril. Meu pau está duro como se não tivéssemos fodido milhares de maneiras até domingo algumas horas atrás.

Uma mão quente aperta em torno do referido e eu a ouço rir.

— Alguém certamente estava com tesão ontem à noite.

Encontrando a conjuntura de suas coxas, deslizo minha mão entre elas, dizendo: — Sim, alguém estava. Você quase derrubou a porta do seu apartamento para me trazer aqui.

Ela se apoia em um cotovelo e diz: — Você arruinou minha camisa de trabalho favorita. — Então ela puxa as cobertas para trás para revelar sua mão no meu pau, trabalhando em uma bela câmera lenta. Ela rasteja até ele e leva tudo na boca. Deus, ela é o antídoto perfeito para a ereção da manhã.

— Você não precisa engolir, você sabe.

— Mmmhmm — eu ouço. Ela continua me chupando. Eu tento ir devagar com ela, não forçando meu pau na garganta, mas caramba, é difícil não fazer quando ela me tem nessa posição. Inclino meus quadris para cima e para baixo, balançando em seu paraíso quente e úmido, cada vez mais rápido. Ela continua pegando até eu dizer que estou prestes a gozar. Então ela para e eu quase lamento como um maldito bebê.

— Você está limpo? — Ela pergunta do nada.

Esfregando uma mão no meu rosto, eu digo: — Sim. Eu nunca fiz sexo sem proteção.

— Você é a primeira pessoa com quem eu estive desde o colegial. Onde estão seus preservativos?

— Eu coloquei alguns na sua mesa de cabeceira.

Ela pega um, depois me monta. Estou prestes a estourá-la assistindo-a rolar a coisa. Então ela se senta ao máximo.

— Oh. Me. Foda.

— Esse é o plano

E ela o faz. Ela me monta duro e é glorioso. Eu deito e assisto como ela aperta meus mamilos e seus quadris me trabalham. Então ela para. Acho que sei o que ela está fazendo, mas estou errado.

— Você vai me dizer por que estava tão triste ontem à noite?

Ela se recosta e passa o dedo pelas minhas bolas. Porra. Ah! Estou ofegando com a necessidade. — Podemos conversar sobre isso mais tarde?

— Não. Agora.

— É o meu pai.

Ela aumenta seu aperto nas minhas bolas e depois aperta sua boceta no meu pau. — Eu sei disso. Mas o que houve?

Meus dedos afundam na carne macia de seus quadris e tento movê-la para cima e para baixo, mas ela tira minhas mãos. — Huh-uh. Me responda.

— Eu disse para ele se foder.

Ela meio que para. — Aposto que tudo acabou bem. O que o fez fazer isso? — Ela desliza para cima e para baixo muito lentamente com um brilho perverso nos olhos.

— Uma saída em massa em potencial de arquitetos e engenheiros da empresa.

O brilho desaparece e é substituído por uma preocupação genuína. Uma palma da mão alcança minha bochecha e ela diz: — Oh, não.

— Agora podemos terminar?

Ela se move de novo, mais rápido e aperta o mamilo novamente. Estamos de volta à merda de verdade, e estou quase gozando quando ela diz: — Não goze ainda. Eu tenho um plano para você.

— O quê? É melhor você se apressar então.

Ela desliza para fora de mim e tira a camisinha. Que porra ela está fazendo?

Merda, porra, droga! Pego meu pau para controlar os danos. Muito tarde. É uma maldita catástrofe. Mas ela não se importa. Ela ri. Porra. Ela ri. Fico com uma bagunça escorregadia por toda minha mão e o lençol. Eu não me importo se ela não se importa, mas caramba, ela deveria ter me dito antes da hora.

— Eu queria ver você gozar.

Eu pergunto: — Por que isso foi tão engraçado? E um pouco mais de aviso teria sido legal.

— Você parecia um adolescente pego.

— Eu queria contê-lo.

— Não é grande coisa.

— Me beija. Você é tão perfeita. E você pode tomar a pílula ou algo assim? Cristo, foder você sem camisinha seria como mágica. Você tem, oh, eu não sei, pó de fada na sua boceta?

Ela cai na cama em um acesso de risadinhas. Adoro ouvir essa mulher rir.

— Pó de fada? De onde diabos isso veio?

— Sua boceta é mágica. Faz coisas para mim que nunca deveriam ser permitidas.

Eu rolo sobre ela e belisco seus lábios com os dentes. — Sério. Você me lançou um feitiço. Você é mágica. E especial. Mas eu já te disse isso. Eu preciso parar antes que sua cabeça inche e comece a se parecer com meu pau.

O olhar no rosto dela não tem preço. Ela deixa cair a testa no meu peito e eu a ouço bufar. Então ela diz: — Geralmente é o cara que é chamado de idiota.

Ficamos em silêncio quando nossos olhos se encontram. Cílios longos sombreiam suas íris escuras de cacau. Elas são acolhedoras e convidativas, exatamente como a bebida.

Seus dedos enfiam no meu cabelo. — Eu amo seu cabelo. Nunca corte.

Eu soltei uma risada irônica. — Sim, você precisa deixar meu velho ouvir isso. Espere. Deixa para lá. Ele não pensa muito bem de você.

— Eu não sei. Mas eu realmente não me importo com ele. Só você.

Eu sorrio com suas palavras, porque ela se importa. Meu coração dá uma pequena cutucada dentro do peito e aquece meu corpo. Quero que esse sentimento dure para sempre. Quero me banhar, me envolver e me cercar. Quando você nunca teve, e de repente está lá, você nunca quer deixar para lá. Cheio de emoção, não falo por um momento. Por mais que eu queira dizer que odeio meus pais, não os quero na minha vida, não é verdade. Eu imploraria de joelhos para eles me abraçarem do jeito que ela faz. Só eu sei que é infrutífero... ridículo até pensar assim. Eu preciso cortar meus laços, mas é mais fácil falar do que fazer.

Eu corro um dedo sobre a pele aveludada de sua bochecha, parando no pequeno vinco que se forma ao lado de sua boca quando ela sorri. — Há tantas coisas na vida que as pessoas se preocupam, se agitam e ficam estressadas. Mas há tão poucas coisas que realmente importam. Você importa, Special. Minha família... eles nunca deram a mínima para mim. Depois que me deram a vida, eles basicamente se afastaram, lavaram as mãos sobre mim. No pouco tempo em que te conheci, você se preocupou mais comigo do que eles nos meus vinte e seis anos. Isso é patético. Mas você sabe uma coisa? Não é quanto tempo você conhece alguém. É o cuidado que eles demonstram que conta. Você importa, Special.

— Você também importa, Weston.

Quando seus braços circundam meu pescoço, parece que estou em casa, como é aqui que devo estar.

Limpando a garganta, digo: — Você queria saber o que aconteceu. Por que eu estava agindo de forma estranha. Aqui está a história toda. — Uma a uma, as palavras saem até que ela conhece toda a história suja.

— Então o presidente do conselho telefonou para meu pai e disse a ele. E por sua vez, papai me ligou. Ele ficou furioso por alguns motivos. Um, porque eu não fui até ele primeiro. E dois, ele pensou que eu orquestrara tudo. Tentei lhe dizer que não fazia ideia de nada disso até tomar um café com um dos arquitetos, mas ele me chamou de mentiroso.

A mão de Special cobre sua boca. — Oh, Deus! O que você vai fazer?

— Nada. Está feito. O que eu poderia fazer?

— O que vai acontecer com seu pai?

— Provavelmente nada. Tenho certeza de que todas as demissões serão responsabilizadas a mim. Que eu os incitei ou algo assim. Meu pai precisava de um bode expiatório e serei eu.

Ela agarra meu braço, dizendo: — Mas isso é loucura.

— Não importa. Eu tomei uma decisão de qualquer maneira.

— Uma decisão?

— Eu não posso mais trabalhar com o meu pai, então vou sair. Começar minha própria empresa.

Ela se senta na cama. — Você disse que está começando sua própria empresa?

— Eu disse. Foi o que aconteceu ontem. Eu odeio que terminou do jeito que aconteceu. Tive reuniões com meu advogado e corretor de investimentos para verificar meu status do fundo. Papai não pode mudar muito. Ele pode mudar um pouco, mas a maior parte está trancada desde que eu tenho mais de vinte e cinco anos. Então, mudei tudo para uma conta diferente para proteger meus ativos. Papai só tem acesso a dez por cento das minhas propriedades agora.

Ela segura minhas bochechas e me beija. Então seus braços estão ao meu redor, me abraçando. — Você tem certeza de sair? E a sua mãe?

Recostando-me para poder olhar para o rosto dela, digo: — Você conheceu a Rainha do Gelo. Ela parecia que se importa um pouco comigo? Eu juro que ela não se importa, de jeito nenhum. Nunca.

— Oh, Weston, desculpe-me por ter chegado a isso. Talvez com o tempo as coisas se resolvam. De qualquer forma, tenho certeza de que seus negócios vão prosperar.

— Obrigado pelo voto de confiança, mas não estou preocupado. Eu tenho muitas conexões e minha reputação é sólida. Além disso, agora também posso trabalhar na Habitat. — Eu estava exagerando o quão fácil seria, mas não queria que ela se preocupasse com o novo bar já pesando sobre ela.

— Venha para a Mimi no Natal. Eu sei que ela vai querer você lá e Cody também.

— Eu adoraria. E como minha família não dá a mínima para mim, eles nem notarão que eu não estou lá.

A verdade é que eu tinha sido deserdado e não era mais convidado para o Natal da minha própria família. Não que isso importasse, porque eu odiava ir lá de qualquer maneira, mas não mencionei isso para ela. O encontro com papai acabou comigo, sendo expulso do escritório, e não foi sem testemunhas. Mesmo assim, eu estava preocupado com os negócios dele. Ele estava perdendo metade do seu pessoal – os que faziam as coisas funcionarem. Não haveria maneira de a empresa funcionar sem eles. Quando ele me disse para limpar meu escritório, foi com raiva e fúria na frente de uma dúzia ou mais funcionários. Eu tentei acalmá-lo, mas quanto mais eu tentava, mais agitado ele ficava. Ele até tentou me bater. Finalmente, eu perdi e minha boca grande disse para ele se foder, o que foi estúpido da minha parte. Eu deveria ter pegado a estrada, deveria ter ido embora, de cabeça erguida. Em vez disso, gritei e saí com minhas coisas em uma caixa.

De lá, fui direto para o meu corretor e depois para o meu advogado. Eu fui rápido demais para o papai. Ele deve ter assumido que eu iria rastejar para casa para lamber minhas feridas. Mas ele me subestimou. Tudo estava sólido, gravado em pedra, desde que eu fiz 25 anos, e não havia nada que ele pudesse fazer. Tenho certeza que ele estava furioso quando descobriu o que foi feito. Tudo o que eu continuava pensando era onde eu errei? A única coisa que eu já fiz foi tentar agradá-lo. Eu nunca fui contra ele em nada, exceto no meu cabelo e tatuagem. Bem, isso e as brigas que eu entrei quando era adolescente. Mas os conselheiros da escola sempre disseram que era um pedido de atenção. Chegou a hora de deixar passar e reconhecer, não importa o que eu faça, nunca serei a pessoa que eles querem que eu seja. Finalmente percebi que são eles que são incapazes de amar, não eu.


32

SPECIAL

Se eu pudesse marchar até a casa dos pais de Weston e envolver meus dedos em volta do pescoço deles, eu faria. Mas então eu iria para a cadeia, e Cody seria deixado sozinho com Mimi. Aqueles idiotas não merecem um filho como ele. Honestamente Deus, o que há de errado com as pessoas?

Quando ele saiu, tudo que eu queria fazer era segurá-lo e não o deixar ir. A dor e emoção em sua voz quando ele me contou o que aconteceu arrasou comigo. Eu não posso nem chegar perto de entender como ele deve ter se sentido. Pelo menos agora ele não será submetido a abuso mental no Natal. Liguei para Mimi e disse a ela que ele passaria a véspera de Natal e o dia conosco.

— Ele vai?

— Sim, então faça sua melhor refeição, porque ele tem um apetite enorme.

Eu rio quando penso nisso. Mimi adora alimentar as pessoas. Meu telefone toca e eu verifico a identificação de chamadas.

— Ei, Jeb, o que houve?

— Cody tem uma daquelas coisas de vídeo sofisticadas?

— Sim, por quê?

— Quero pegar alguns jogos para ele no Natal. Quais ele quer?

Deois de lhe dizer quais contei a ele sobre Weston se juntar a nós.

— Essas são ótimas notícias. Vocês dois estão ficando aconchegantes.

— Ele teve um grande desentendimento com sua família, e é por isso que ele vem. — Espero não estar ultrapassando nenhum limite de confidencialidade contando a Jeb.

— Sinto muito por ouvir isso. — Ele ri.

— Não é engraçado, Jeb. — Não acredito como ele está sendo insensível.

— Oh, eu não estou rindo disso. Eu estava pensando em como Mimi ficará animada quando ouvir as notícias.

Agora ele me fez rir. — Ela age como uma adolescente idiota ao seu redor. É um pouco ridículo.

— Você tem que dar um tempo para ela. Ela acha que ele é fofo.

— Fofo? Eu não chamaria exatamente Weston de fofo.

— Como você o chamaria, Special?

Quente. Sexy pra caralho. Encharca minha calcinha. — Eu o chamaria atraente.

O grito de riso de Jeb quase quebra meu tímpano. — Certo. Eu vi o jeito que você olha para o homem, principalmente quando o traseiro dele está de frente para você. Esses seus olhos estão colados ao glúteo máximo. Atraente, minha bunda.

— Ha-ha. Você não é engraçado?

— Não, não engraçado. Apenas honesto.

— Você pode pegar sua honestidade e colocar sabe onde.

— Seria no meu glúteo máximo? — Jeb ri de novo.

— Estou desligando agora.

A próxima semana é agitada. O trabalho é muito ocupado. Estamos reservados com pessoas, festas de oito, dez e doze, todos comemorando as férias. Espero que não seja temporário e não desapareça depois que o novo fim de semana acabar. Jeb fica me dizendo que esse lugar vai durar. É melhor ele estar certo.

Minhas compras de Natal estão feitas. Cody queria ingressos para um jogo de Falcons e Braves, além de uma viagem ao Six Flags. Consegui ingressos para o jogo dos Braves, mas não será até março. Eu descartei os Falcons. Eles já estão nos playoffs pós-temporada, e isso simplesmente não estava acontecendo. Teremos que esperar até a próxima temporada. O Six Flags não abre até março, então, para uma substituição, comprei ingressos para o aquário. Também visitaremos Legoland. Espero que ele não fique desapontado. Papai Noel vai deixar um bilhete para ele, explicando a situação.

Quanto a Weston, ele é um homem difícil de presentear. Felizmente, eu sei que ele gosta muito de madeira recuperada, então penteei a Internet em busca de portas velhas e localizei algumas. Jeb as pegou para mim e eu as guardei no celeiro. Espero que ele as ame.

Mimi foi fácil, como de costume. Comprei para ela alguns suéteres novos e comprei para Jeb um moletom dos Falcons e um boné de beisebol. Ele é um grande fã, e foi assim que Cody acabou se tornando um também.

Na manhã da véspera de Natal, Weston me pega e vamos para Mimi. Jeb me convenceu a fechar A Special Place. Eu não queria, porque havia muitos jogos de futebol sendo disputados, mas ele me convenceu de que deveria ser hora da família, e os funcionários gostariam que eu lhes desse o dia de folga. Então eu concordei. Além disso, o dinheiro que receberei do processo, que foi resolvido super rápido, graças ao amigo advogado de Weston, chegará no início do ano novo. Aliviou algumas das minhas preocupações financeiras.

Quando chegamos, Cody já está pulando nas paredes com emoção, e nem é hora do almoço. Como ele estará no jantar? Weston o leva para esgotar parte dessa energia. Eles jogam futebol e chutam uma velha bola que Weston trouxe com ele. Então eles entram para assistir a um filme e jogar videogame enquanto Mimi e eu cozinhamos. Jeb deve chegar por volta das cinco. O jantar é às seis e meia.

Cody sai para tirar uma soneca às quatro. Weston o leva para o quarto e todos rimos.

— Estamos tão felizes que você está aqui para gastar um pouco da energia dele, — diz Mimi. Bom Deus, ela quase se aconchega ao homem. Pego Weston pelo canto do olho e ele está adorando. Depois de ouvir a história dele sobre o pai, entendi totalmente. Ele se delicia com carinho. Detesto pensar nisso, mas me pergunto se essa coisa entre nós é porque ele está faminto por atenção. Eu sou simplesmente uma conveniência?

— Spike? Você está bem?

— Uh, o quê? — Eu digo, olhando para ele.

— Estou falando com você, e você está em transe.

— Desculpe. Apenas empolgada por Cody receber seus presentes. Isso é tudo.

Ele deixa cair as batatas que estava fazendo malabarismos, provavelmente se exibindo para Mimi, e caminha até mim. Estou de pé ao lado do fogão com uma caçarola tentando descobrir como vai caber no forno. O grande peru gordo já está ocupando a maior parte do espaço. Movendo as coisas, coloco dentro e fecho a porta do forno com um sorriso satisfeito.

Tomando minhas mãos, Weston as coloca em seus ombros, depois se inclina e, sem vergonha ou embaraço, me beija como se fossemos as únicas duas pessoas na cozinha. Mesmo que eu não possa vê-la, eu sei que Mimi está se gabando disso.

Quando ele interrompe esse beijo, ele pergunta: — Agora, o que você está pensando?

A merda. Eu vou matá-lo.

— Pena que eu não posso te dizer. — Minha mão dá um tapinha em sua bochecha e lambo meus lábios – os mesmos que ele acabou de beijar e agora está implorando por mais. Todos os pensamentos inseguros sobre ele se foram, porque agora estão focados em quanto eu quero que ele me foda. Só que nós não podemos. Minha avó está a menos de um metro e meio de nós, e não acho que ela apreciaria muito.

Então, para meu choque total, Mimi diz: — Se vocês dois quiserem ir furtivamente para o celeiro, agora seria um bom momento. — E ela volta para os vegetais em que está trabalhando.

Weston me lança um olhar que grita SIM. Estou surpresa que o punho dele não esteja bombeando no ar. Nem tenho tempo de tirar o avental antes que ele me arraste pela porta e entre no celeiro. Está muito frio, mas ele sabe exatamente para onde está indo. Até o palheiro.

— Você é um diabo, você sabe. — eu digo.

— O pior tipo. Meus chifres estão aqui. Ele descansa os polegares no topo da cabeça e abre os dedos indicadores no ar.

— Bastardo com tesão.

A essa altura, subimos as escadas. Ele pega meu avental e puxa com força, então eu desmorono na parede do seu peito. — Diga-me que sua calcinha não está nem um pouco úmida.

— Eu não posso. Eu seria uma mentirosa.

— Bom. Tire sua calcinha. Quero transformar o úmido em encharcado.

Seus olhos nunca me deixam enquanto eu tiro a roupa. Os arrepios surgem por toda a minha carne, e não tanto porque estou com frio, mas principalmente em antecipação do que está por vir. E pretendo gozar. Mais de uma vez de fato.

Ele cai de joelhos e enterra o rosto no meu sexo, colocando uma coxa por cima do ombro. Então seus polegares me espalham enquanto a ponta de sua língua se concentra no meu clitóris, provocando-o. Dois dedos deslizam para dentro e não sei por quanto tempo posso ficar apoiada em um pé. Não preciso me preocupar muito, porque meu clímax cai sobre mim mais rápido do que um trem em alta velocidade.

Ele pega a colcha velha que está em alguns fardos empilhados de feno e me coloca em cima dela. Abrindo sua calça, seu pau salta, inchado e duro. Empurrando-me para trás e colocando minhas pernas sobre seus ombros, ele empurra dentro de mim e encontramos um ritmo. Isso terá que ser rápido, porque precisamos voltar para dentro antes que Cody acorde. Weston pressiona o polegar no meu clitóris e logo me leva a outro clímax. Ele me segue logo depois. Depois, ele cai em cima de mim, pegando minha boca em um beijo duro.

— Eu já disse como estou feliz por você estar tomado pílula? — Ele pergunta.

— Sim, eu também.

Então ele desliza para fora e levanta um pouco para deslizar a mão sob o meu avental e camisa.

— Frio? — Ele pergunta.

— Não. Você?

— Não. Seus mamilos estão tão duros.

— Não é do frio.

— É bom saber.

Ele rola para o lado e vejo que ele ainda está ereto. — Você... você ainda está...

— Você não precisa ter vergonha disso. — Ele ri. — Vá em frente e fale que esta duro ou pau duro. Ou até de pênis.

Eu lambo meus lábios. — Estou tentando me acostumar com isso.

— Meu pau

— Sim.

— Eu pensei que você já estava, — diz ele, passando os dedos pelo meu sexo.

— Bem, essa parte de mim está. Eu quis dizer falar sobre isso. É um pouco estranho para mim.

— Por quê?

Eu dou de ombros o melhor que posso. — Eu não sei. Apenas é.

Ele pega minha mão e me puxa para cima. — Deixe-me apresentá-lo para você. Special, este é o meu pau. Pau, essa é Special. Vocês dois vão ficar muito confortáveis um com o outro. Como eu sou com sua boceta. E não diga que isso também é estranho, porque eu tenho uma paixão seriamente gigantesca por sua boceta. Na verdade, eu tenho uma confissão. Eu tenho um problema quando se trata da sua boceta. Eu sou um idiota e vou falar uma tonelada de merda.

O jeito que ele diz me faz rir.

— Você deve procurar aconselhamento para esta aflição? — Eu pergunto.

— Nah, apenas mais fodas serão suficientes.

Eu rio ainda mais.

Então ele estende a mão. — Vamos, Princesa Spike. Hora de se vestir. E não se esqueça de agradecer a Mimi. Ela nos fez um favor.


33

SPECIAL

Saímos do celeiro quando Jeb chegou.

— Ei, vocês dois. O que você tem feito? — Ele sabe muito bem o que estávamos fazendo.

— Oh, apenas andando por aqui. — eu digo.

— Isso é verdade?

— Sim. — acrescenta Weston.

Jeb cutuca a língua dentro da bochecha. — Spesh, venha aqui um segundo.

Eu ando até ele e ele puxa algo do meu cabelo.

— Pensei que talvez você queira se arrumar antes de entrar. — Então ele me entrega um pedaço de feno.

Olho para Weston por um segundo e digo: — Obrigada. E Jeb?

— Hmm?

— Feliz Natal.

— Sim. Eu quase esqueci. — Ele me dá um abraço e aperta a mão de Weston. — Que bom que você está aqui conosco para comemorar, grandalhão.

— Obrigado, cara. Eu também acho.

Entramos na cozinha. Nossos narizes imediatamente dizem aos nossos estômagos que logo serão felizes como o inferno. Cody corre para a cozinha, gritando: — Papai Noel está vindo hoje à noite! Papai Noel está vindo hoje à noite! E vai nevar!

Jeb o pega e diz: — Uau, campeão. De onde você tirou o relatório de neve?

Cody se mexe para descer, mas Jeb faz cócegas nele.

Durante suas risadas, Cody diz: — Eu sei porque pedi para ele me trazer um pouco. Você sabe, na minha carta.

Jeb olha para mim por cima da cabeça de Cody. — Cara, isso é uma tarefa difícil. Papai Noel pode fazer muitas coisas, mas neve? Agora você está falando de um jogo diferente.

— Nuh-uh. Ele pode carregá-lo diretamente do Polo Norte. Eles têm muito por lá.

Eu digo as palavras “Eu te disse” para Jeb. Eu também vou colocar isso na carta. Não há espaço no trenó para toda a neve, Cody.

Mimi e eu empurramos os caras para fora da cozinha para que possamos terminar de cozinhar. Ela me cutuca com o cotovelo.

— Você se divertiu no celeiro? — Ela pisca para mim!

— Mimi, eu não posso acreditar em você.

— Você deveria estar me agradecendo. Eu vi o jeito que ele olhou para você depois que te beijou. Special, esse garoto está a-m-a-n-d-o você.

— Ele não está. Nós estamos apenas nos divertindo.

Ela se recosta, colocando as mãos nos quadris. — Algum tipo de diversão também. É melhor você abrir os olhos, garota. Ele é louco por você, e você é uma mulher cega, se não vê. Os olhos dele nunca te deixam quando você está por perto.

— Mimi, espero que ele não esteja me usando.

— Do que você está falando? — Não há como encobrir como ela está horrorizada com o meu comentário.

— É que ele nunca recebeu um carinho genuíno antes, e eu tenho que me perguntar se ele pode estar um pouco apaixonado por mim por causa disso.

— Pfft. Ele é velho e maduro demais para isso. Na verdade, acho que ele evitaria a paixão. Ele apenas baixou a guarda para a coisa real.

— Você provavelmente está certa.

Mimi pega minha mão e me leva para a pequena mesa da cozinha onde nós duas nos sentamos. — Eu sei que você teve um momento terrível no ensino médio. Eu pensei que estava fazendo a coisa certa, enviando você para lá, mas não estava. Aquelas crianças eram horríveis para você. Você pensou que escondeu todas aquelas lágrimas de mim, mas eu sabia melhor. Você e Sasha saindo furtivamente à noite, subindo no palheiro. Esse era o seu lugar para compartilhar seus segredos, mas eu sabia mais do que você pensava. Eu também sabia que você encontraria uma maneira de lidar com sua dor. O que eu não sabia era que você se fecharia para os homens. Eu me preocupei muito com você. Quando você conheceu Weston, fiquei emocionada. Ele foi o primeiro homem em quem você demonstrou interesse. Ele é um homem bom, Special. Siga seu coração. Não tenha medo desta vez. Ele não fará mal a você. Eu sinto aqui. — Ela faz um punho e coloca sobre seu próprio coração.

Eu me jogo nela. É por isso que eu a amo tanto. Ela sempre sabia quando se abrir, quando amar, mas também quando me deixar em paz. — Obrigada, Mimi. Eu te amo.

— Eu também te amo.

Terminamos de cozinhar e chamamos todos na sala de jantar para comer. Cody está quase, não exatamente, mas quase empolgado demais para comer. A única vez que ele fala por segundos é quando termina o purê de batatas.

— Honey B., em vez de biscoitos e leite, podemos colocar um purê de batatas para o Papai Noel? — Cody pergunta.

Todo mundo morde os lábios e espera pela minha resposta.

— Bem, Cody, é uma ótima ideia. Mas veja, o fato é que não sabemos exatamente a que horas o Papai Noel está descendo pela chaminé. Então, se deixarmos o purê de batatas fora, provavelmente ele estará frio quando ele chegar aqui.

Cody mexe a boca, pensando. — Mas nós temos um micro-ondas.

— É verdade, mas o Papai Noel estará com pressa. Ele teria que parar para esquentar. Se deixarmos biscoitos e leite, ele não precisaria fazer isso.

— Oh, sim.

Ele parece satisfeito, mas então deixa escapar: — Que tal uma dessas coisas quentes que Mimi me dá para levar o almoço para a escola às vezes?

Weston responde: — Eu tenho uma ideia. Por que não deixamos os dois e deixamos o Papai Noel escolher?

Os olhos de Cody brilham e sua cabeça balança para cima e para baixo. Ele grita: — Sim! E cenouras para as renas, porque elas trabalham tanto.

Depois do jantar, nos acomodamos em um filme de Natal. Jeb sai com a promessa de voltar mais cedo para o café da manhã de Natal. Mimi e eu já preparamos duas caçarolas de café da manhã para acompanhar os tradicionais ovos, bacon e aveias.

Cody dorme e Weston o leva para a cama. Mimi vai logo depois.

Vou até a mesa que fica no canto da sala e pego alguns pedaços de papel e uma caneta. — É hora de escrever as cartas e, como Cody nunca viu sua letra, acho que você deveria fazer as honras. — Entrego-lhe o papel e a caneta.

— Estou honrado. Isso tudo é novo para mim, então você terá que ditar.

Ele vai para o chão para poder usar a mesa de café para escrever.

Falando baixinho, eu começo. — Caro Cody, obrigado por ser um menino muito bom este ano. Espero que você ame seus presentes. Infelizmente, é difícil trazer neve para o trenó porque o vento sopra. No momento em que eu chegasse aqui, tudo estaria acabado. Sinto muito, amigo. Feliz Natal e até o ano que vem. Obrigado pelos biscoitos e purê de batatas. Dei uma mordida nas batatas, mas tive que deixar o resto porque estava com pressa. Ah, e as renas apreciaram as cenouras. Elas comeram cada uma delas. Obrigado por ser tão atencioso. Muito amor, Papai Noel.

Quando ele termina, pergunto: — Ficou bom a parte da neve?

— Ficou ótimo. Fiquei imaginando o que você ia dizer a ele.

— Ele ficará desapontado com algumas coisas. Ele queria ingressos para os Falcons, mas a temporada acabou. Bem, a temporada regular de qualquer maneira. Eu peguei alguns ingressos do Braves para março, no entanto. E todos nós, e isso significa você também, estamos indo ao aquário e à Legoland.

— Sério? Eu nunca fui. — Weston parece tão animado quanto Cody antes.

— Eu também não. Eu também o levarei ao Six Flags quando ele estiver aberto. Eu realmente desprezo os brinquedos. Eles me fazem vomitar. — Eu tremo só de pensar.

— Eu amo os brinquedos. Eu vou com ele.

Eu dou um tapinha no ombro dele e digo: — Você é um cara legal, Weston.

Decido que agora é uma boa hora para dar a ele seu presente de Natal. Eu não quero fazer isso amanhã na frente de todo mundo.

Levantando-me, eu estendo minha mão. — Venha comigo.

— Onde?

— É uma surpresa. Mas primeiro, temos que esconder essa carta para o caso de Cody acordar. Coloco na gaveta com o papel. Então eu pego a mão dele novamente e ele me segue até o celeiro. Tenho certeza que ele está pensando que estamos indo para outro rolo no feno – literalmente. Isso me faz rir.

— O que é tão engraçado?

— Eu te conto depois.

Chegamos ao celeiro e acendo a luz. É uma daquelas cordas que você puxa que fica pendurada na lâmpada.

Weston automaticamente se dirige para a escada, mas eu o paro. — Para onde você vai?

— Para o nosso pequeno palácio da foda.

Juro por Deus, pelas coisas que o homem diz. — Palácio da foda?

— Sim. Vamos, Spike.

— Espere um segundo. Não foi para isso que eu trouxe você aqui. Eu tenho uma surpresa.

— Uma surpresa?

A expressão que ele usa está entre perplexidade e decepção.

— Não se preocupe. Chegaremos àquele palácio da foda em breve. Agora feche os olhos.

Quando seus olhos estão fechados, eu pego a mão dele e o acompanho até o lado do celeiro. — Espere um pouco. — Então eu descubro as portas velhas e digo que ele pode olhar. — Feliz Natal.

Por um momento ele não entende. Então a lâmpada acende e você pode achar que eu acabei de entregar o mundo a ele. — Puta merda. — Ele caminha até elas e inspeciona de perto o grão. — Special, onde você as encontrou?

— Por aí. Elas são boas?

— Elas são melhores que boas. Elas são absolutamente perfeitas. Você sabe o que é uma Wormy Chestnut?

— Nenhuma ideia.

— As castanheiras foram destruídas por causa de uma praga que ocorreu no início dos anos 1900. A Wormy Chestnut é madeira que foi retirada das árvores que foram colhidas após serem infectadas. Possui os pequenos orifícios característicos que a praga perfurou na madeira. Existe apenas uma quantidade limitada de Wormy Chestnut por aí. Não é fácil de encontrar e é valorizado por sua aparência rústica. Essas portas são de Wormy Chestnut.

Ele desliza a mão sobre cada porta, apreciando a superfície envelhecida.

— Obrigado por isso. Você sabe o quanto eu amo madeira recuperada. Isso é incrível. Este é o maior presente que já recebi.

Sua gratidão me toca mais do que posso dizer. A fala está perdida quando eu estou engasgada com a espessura da minha garganta. Abro meus braços e ele entra neles, passando os braços em volta de mim em resposta.

Ele acaricia meu pescoço com o nariz e depois sussurra: — Você me deu pau. E eu vou lhe dar outro em troca. — Solto uma risada e posso ouvi-lo ronronar também.

— Você está pronto para ir para o palácio da foda agora? — Eu pergunto.

Subimos a escada correndo e depois de outro giro rápido e úmido no feno, nos deitamos nos braços um do outro conversando. Ele se abre mais sobre sua infância e como seus pais o enviaram para o internato.

— Eles não queriam lidar comigo, suponho. Então eles deixaram alguém fazer isso. No começo, eu estava tão chateado e as brigas aumentaram. Mas então eu conheci meus amigos.

— Prescott e Harrison?

— Sim. O problema é que eu não gostava tanto de meus pais até então, eu teria me rebelado em qualquer lugar. Eu queria atenção, qualquer tipo, boa ou ruim. Eventualmente, lutei com o garoto certo, Prescott Beckham. Mesmo que ele tenha arrebentado minha bunda e eu achado meu par, acabou sendo a melhor coisa para mim.

Aparentemente, Weston e Prescott se envolveram muito nisso. Prescott entregou o traseiro de Weston em uma bandeja de prata mais de uma vez, e foi assim que a amizade começou entre os três.

— Após a recente provação com meu pai, tive uma ligação de três vias com eles. Eles sabem como ele chega até mim. Mas eles concordaram que eu lidei com a única maneira possível. Prescott, o mais grosseiro dos dois, disse para dar uma surra no filho da puta. Harrison, que é um pouco mais refinado, disse que era hora de cortar os laços com eles. Ambos concordaram que o pai tinha uma vagina em vez de um pênis e ele nunca agiu como um homem. Enfim, está feito.

Eu estou brincando com uma mecha do cabelo dele enquanto ele fala. Eu digo: — Eles parecem ótimos, mais como irmãos.

— Sim, eles são ótimos amigos, mas nem sempre foram a melhor influência. No começo, éramos apenas um monte de merdas, nos incentivando, mas à medida que envelhecemos, as coisas mudaram. Harrison era provavelmente o melhor de nós, apesar de ter feito algumas travessuras. Eu não posso dar desculpas para nenhum de nós, além de sermos fodidos quando éramos jovens. Fico feliz de esses dias terem passado. — Ele balança a cabeça e acrescenta: — Eles eram especialmente ruins quando se tratava de meninas. Você os odiaria.

— Eles fizeram coisas como Joseph Carmichael fez comigo?

— Oh infernos não! Eles usavam meninas, mas não eram criminosos. Eles eram namorados terríveis. Garotas usadas para sexo, trabalhos de casa e outras coisas típicas de adolescentes. Eles não eram do tipo beijar e contar e sempre foram explícitos. As meninas sabiam no que estavam se metendo. O mesmo comigo. Eu nunca fiz promessas falsas a ninguém. Prescott foi o pior, no entanto. Ele tinha uma vida em casa, como eu.

— O ensino médio é uma câmara de tortura gigante, onde alguns sobrevivem e outros não. — Pensando bem, estremeço.

— Sim. Eu gostaria de colocar meus punhos em Carmichael.

Eu pego a mão dele, apertando-a. — Ele não vale a pena. Então, o que fez você parar de lutar?

— Harrison e Prescott se juntaram a mim um dia. Eles me deram uma surra. — Quando vou interrompê-lo, ele me para com a mão. — Eu mereci. Mesmo sendo idiotas, não eram eles que provocavam as brigas. Era eu. Eles me sentaram e começamos a conversar. As coisas começaram a sair da minha boca.

— Você era tão ruim assim? — Ele não parece do tipo.

— Eu estava procurando atenção em todos os lugares errados.

— Estou feliz por conhecê-lo nesta fase da sua vida.

— Se eu tivesse te conhecido então, eu teria mudado. Eu teria reconhecido algo em você, mesmo assim.

— Oh, porque eu sou “especial”, hein? — Trago meus dedos para as aspas no ar.

— Definitivamente.

Conversamos muito durante a noite e, algum tempo depois, acordo em seus braços. Estamos enrolados na colcha, enroscados, a frente dele nas minhas costas, e o grosso de sua ereção pressiona a bochecha da minha bunda. Ele balança contra mim e eu levo meus joelhos o mais longe possível do meu peito, alcançando entre minhas pernas para deslizá-lo para dentro.

Sua respiração aquece a parte de trás do meu pescoço enquanto seu braço se aproxima para me puxar para mais perto dele. Seus quadris assumem o ritmo, balançando dentro e fora, enquanto seus dedos procuram meu clitóris.

Ele pressiona beijos no meu pescoço enquanto a plenitude dentro de mim aumenta, e então ele murmura: — Aperte seus mamilos por mim, Special. Eu quero sentir você se contorcer. Puxe-os com força.

Seu polegar, ou indicador, não tenho certeza qual, faz em um pequeno movimento circular no meu clitóris, e a combinação esmagadora de todas as sensações me joga para fora do limite enquanto eu clamo seu nome. Seu calor pulsa dentro de mim quando ele goza.

Ele abre a mão na minha barriga e diz: — Adoro ter você sem camisinha.

Viro minha cabeça para beijá-lo. — Você sabe que horas são?

Ele olha para o relógio e diz: — Sim, são seis e meia.

— O quê?! Oh, foda-se, foda-se, foda-se. Cody já está de pé. Foda-me de lado.

— Eu fiz isso, querida.

— Não, eu tenho que ir.

Saltando, corro para a escada, mas depois paro e corro de volta. Vestindo minhas roupas aleatoriamente, eu digo: — Eu pareço bem? Algum feno no meu cabelo?

Ele se senta e diz: — Você está bem.

Então eu vou sair, mas volto. — O que você está fazendo? Levante-se! Temos de ir!

Ele se levanta, mas em ritmo lento.

Pego a mão dele e a puxo. — Vamos.

— Spike, eles já descobriram a gente. Não faz sentido sair correndo agora.

— Você não conhece Cody. Ele pode estar aqui a qualquer momento, e o que direi se ele o encontrar nu?

Weston se levanta e, meu Deus, eu só quero atacar o homem. Mas não há tempo. Ele se veste e eu o acompanho o tempo.

No momento em que entramos, Cody está se aproximando e, quando ele nos vê, diz: — Onde você esteve? Papai Noel esteve aqui e nem me deixou uma carta, Honey B.


34

WESTON

Porra, se eu não me sinto o maior merda que anda na Terra. Como deixei isso acontecer? E é tudo culpa minha – eu e o meu maldito monstro de um olho.

Special lança um olhar para que eu distraia Cody. Eu sei exatamente o que ela vai fazer.

— Ei garoto. Sabe de uma coisa? Eu nunca vi seu quarto, e a Honey B. me disse que é incrível. Por que você não me mostra agora?

— Ok. — Seus braços se estendem, à moda de um avião, e ele voa pela sala e pelo corredor que leva ao seu quarto.

Special é melhor você se mover rápido. Eu o mantenho em seu quarto o máximo de tempo possível, perguntando coisas bobas sobre as bolas de futebol em seu cobertor, qual é seu time favorito e assim por diante. Quando não há mais nada que possa distraí-lo, as asas do avião saem novamente e ele voa.

Quando ele chega à sala, mergulha para aterrissar e se ajoelha, parando com todos os presentes debaixo da árvore.

— Honey B., Mimi, está na hora? Está na hora?

— Está na hora, — diz Special, entrando na sala. Mimi segue. Depois, Special acrescenta: — Tem certeza de que não há uma carta? Você já conferiu todos os lugares?

Ele a encara por um segundo e diz: — Ele sempre coloca ali, — apontando para a mesa onde estão os pratos com biscoitos e batatas, que não conseguimos comer.

— Talvez ele quisesse colocar em outro lugar este ano — diz Mimi.

Então Cody se mexe no chão, caçando. E então ele olha para a árvore e seus olhos se iluminam. — Aí está! — Há o pedaço de papel dobrado preso nos galhos. Special puxa para fora e lê. Ela acrescentou um P.S., dizendo que o Papai Noel estava tão cheio de toda a comida que ele já havia comido que não tinha espaço para outra mordida. Cody já descobriu que não haveria neve, mas quando ele ouve o porquê, ele sorri. Fico feliz que a carta de Special o satisfaça. Quando ela termina, Cody grita que ele quer seus presentes.

Um a um, ela os entrega a ele, e ver os olhos dele brilharem é um presente em si. Meus pais nos davam coisas, mas nunca tivemos uma manhã de Natal. Nossa babá nos levaria para o andar de baixo, reuniríamos nossos presentes e os levaríamos para a sala de jogos. Mamãe e papai não estavam à vista. O Natal não tinha nenhum significado familiar.

Quando ela lhe dá o presente do Six Flags, seus braços batem tão rápido que eu me preocupo que ele vá voar como um pássaro.

— Six Flags! Eu vou ao Six Flags. Você acha que eu posso andar no Thunder River e no Superman Tower of Power?

— Nós iremos quando estiver quente o suficiente. — Ela me explica que são passeios aquáticos e não queremos nos molhar quando ainda está frio lá fora. Bom ponto. Embora vê-la com os mamilos duros não seria uma coisa tão ruim.

— Eu sei o que você está pensando. — ela murmura no meu ouvido.

— Mmhmm.

— Mais presentes! — exige Cody.

— Cody O'Malley, onde estão suas maneiras? — Special o repreende. O pobre garoto murcha.

E então me pergunto sobre o sobrenome dele. Special deve ter adotado Cody quando ela ganhou a custódia dele. Vou ter que perguntar a ela sobre isso.

Cody se acalma, então Special entrega outro presente a ele. É uma camiseta dos Falcons. Ele quer colocá-la, e pede para que ela o ajude. Finalmente, Mimi lhe dá seu presente. É a inscrição para um time de futebol que começa em janeiro. Se os olhos desse garoto se abrissem mais, eles rolariam pelo tapete.

O próximo presente, que só poderia ser dado depois do de Mimi, é uma caixa enorme que contém tudo o que ele precisa para o futebol – chuteiras, caneleiras, bermudas, camisas, meias e uma nota. Diz que há uma bola nova e um gol já montado no celeiro esperando por ele.

— Sim! — Ele pula para cima e para baixo, erguendo os punhos pequenos no ar.

— Você precisa agradecer ao Sr. Jeb por montar tudo para você.

— Sim, senhora, eu irei. Posso sair e brincar?

— Ainda não. Mimi tem presentes para abrir, assim como o Sr. Weston, — diz Special.

O rosto de Cody se abre em um sorriso largo e vejo um dos dentes da frente nascendo. Parece como um chiclete pendurado. — Eu esqueci. Posso dar o presente ao Sr. Western?

— Sim, você pode. — responde Special.

Ele corre para a árvore e pega um pacote que obviamente ele embrulhou. O papel está amassado e nenhuma fita foi poupada. Seja o que for, é cerca de três centímetros de altura e de forma estranha.

— Vá em frente, Sr. Western. Abra.

Rasgar toda a fita é mais fácil falar do que fazer. Quando finalmente chego, descubro uma pequena estatueta de plástico de um jogador de futebol do Atlanta Falcon. Cody sorri enquanto o seguro na minha mão.

— Obrigado, Cody. Isso é incrível. Eu amei. — Ele se aproxima e me abraça. Por alguma razão, sentir aqueles bracinhos me abraçando coloca um grande nó na minha garganta, e meu coração parece dobrar de tamanho. — Vou colocá-lo na mesa de trabalho para que eu possa vê-lo todos os dias.

Ele olha para mim e pergunta: — Você quer dizer que não vai brincar com isso? Eu tenho toda a equipe e isso é só para você começar.

Eu não sabia que esse era o plano, mas estalo os dedos e digo: — Essa é uma ótima ideia. Não tenho uma equipe inteira há muito tempo. Talvez você possa me ajudar a comprar o resto.

Seu rosto feliz desaparece instantaneamente. — Mas eu só tinha dinheiro suficiente para um.

— Não, eu pago por eles. Eu só quero que você venha comigo e ajude a escolher.

Claramente, demonstro o quanto sou um idiota quando se trata de brinquedos infantis. — Por que você precisaria da minha ajuda? Tudo o que você precisa fazer, Sr. Western, é acessar o Target on-line e comprar o conjunto. Não pude fazer isso porque não tinha dinheiro suficiente.

Levantando meus olhos para Special, ela está tendo um momento muito difícil contendo sua risada.

— Ok, que tal isso? Talvez mais tarde, você possa me mostrar como pedir online.

— Certo. — Cody me olha como o idiota que eu sou. Estendo minha mão e ele a dá um tapa.

— Negócio fechado, amigo.

Antes que eu possa me recuperar, Mimi coloca uma caixa perfeitamente embrulhada em minhas mãos.

— Mimi, você não precisava fazer isso.

Ela diz: — Claro que não, mas eu queria. Feliz Natal, Weston.

Abro o pacote e dentro há uma camisa de cambraia muito bonita. Parece ter o tamanho certo também. Special deve ter ajudado ela com isso.

— Obrigado. Eu amei. É exatamente o tipo de camisa que visto e o tamanho certo também.

Mimi sorri. Que gentileza dela fazer isso. — De nada. Eu pensei que ficaria muito bonita com esses seus lindos olhos cinzentos. — Eu levanto e ando para abraçá-la. Por que sinto mais amor por essa mulher que mal conheço do que jamais senti por minha própria mãe? Ela devolve meu abraço, e espero que ela entenda o quanto isso significa para mim. Quando ela me libera, me dá um tapinha na bochecha e assente.

Agora é minha vez. — Eu estarei de volta em um minuto. — Eu corro para a caminhonete. Leva algumas viagens para eu trazer minhas coisas. Primeiro, entrego o presente a Cody.

Ele rasga e sua boca se abre. Puxando os três ingressos do envelope que eu coloquei na caixa embrulhada, ele começa a gritar. São ingressos para os playoffs dos Falcons que eu consegui pegar através de uma conexão comercial.

— Sr. Western me comprou ingressos para os Falcons.

— Hum, como você conseguiu isso? — Pergunta Special.

— Conexões. — eu respondo.

— Evidentemente. — É tudo o que ela diz enquanto sorri para Cody.

— Existem três, — eu digo a Special. — Então olho para Mimi e acrescento: — Eu não pensei que você estaria interessada em ir, Mimi.

— Você estava certo, jovem.

— Cody, aqui está outra coisa. — Entrego-lhe uma sacola de presente. Ele enfia a mão dentro e tira uma camisa dos Falcons com o número do quarterback. Ele deve ter molas nos pés com a maneira como pula.

— Obrigado, obrigado, obrigado! — Ele grita.

Em seguida, dou o presente a Mimi. Estou mais do que um pouco nervoso. Entregando a caixa para ela, agacho diante dela e assisto. Ela abre um novo conjunto de facas de cozinha muito caras.

— Bem, meu Deus. Isso é demais, Weston. Eu não preciso disso.

— Sim, você precisa. Você passa todo esse tempo na cozinha cortando e preparando a comida. Você deveria ter o melhor. — Falo.

— Eu não sei o que dizer. — diz ela, chorando.

— Você já disse isso. Você me fez sentir bem-vindo em sua casa, e isso é mais do que eu poderia pedir. Feliz Natal.

— Obrigada. — Ela coloca a caixa no chão e se inclina para me abraçar.

Depois que ela me solta, digo a Special: — Sinto muito. Temos que esperar Jeb chegar aqui para o seu.

Ela encolhe os ombros e diz: — Tudo bem. Isso me dá a chance de começar o café da manhã.

Seguindo-a até a cozinha, eu a ajudo. Mimi também vem ajudar. Pouco depois, Jeb chega. Todos nos sentamos para saborear ovos, bacon, aveia, biscoitos caseiros, algumas caçarolas feitas por Special e até hambúrgueres de salsicha, que, com certeza, vou comentar.

Quando tudo está limpo, Jeb me ajuda a trazer o presente de Special. Cody garante que ela está sentada no sofá com os olhos fechados quando entramos.

— Ok, pode abrir. — eu digo.

Ela pisca, uma vez, duas vezes, e então seus dedos cobrem a boca enquanto ela olha.

— Você gostou, Honey B.? — Cody pergunta.

Ela fica sem palavras enquanto olha para a pintura gigante de A Special Place. Mas este é único, porque a cena superior é “Antes” e a parte inferior é “Depois”. Jeb me ajudou a encontrar uma imagem adequada do “Antes”, porque eu não tinha uma. Então eu tive que subornar o artista pesadamente para que ele fosse concluído a tempo. Ele quase não fez. Eu quase tive que ameaçá-lo – não de verdade, mas eu queria.

— Isso é incrível. — ela finalmente diz. — Eu nunca vi nada parecido.

— Foi encomendado e é exclusivamente seu.

Ela fica na ponta dos pés e me abraça. — Obrigada. Eu amei.

— É melhor você abraçar Jeb também. Ele desenterrou a foto antiga. Eu não tinha uma. E eu queria fotos com você nelas.

Cody e Jeb desaparecem no celeiro para que Cody possa ver sua rede de futebol. Special está admirando a pintura dela quando meu telefone toca. Eu automaticamente assumo que é meu pai, mas estou errado. É meu amigo, Prescott.

— Feliz Natal. — eu respondo.

— Cara, o que você está fazendo?

— Estou com a Special. — Ele sabe tudo sobre ela desde que falei com ele na semana passada.

— Legal. Estou nas ilhas onde o vento sopra quente e a bebida flui livremente. Exatamente como eu gosto da minha boceta.

— Você é um bastardo doente, sabia?

— Oh, sim. Mas é preciso ser um para conhecer um.

— Por que você está me ligando das ilhas?

— Um homem não pode desejar a um de seus amigos um Feliz Natal? — Prescott diz. Mas eu sei melhor. Algo não está legal. Deve haver problemas no paraíso. Então eu saio para a varanda.

— Ei, cara, tudo de bom?

Ele solta um suspiro no telefone, mas depois se recupera. — Sim. Sim. Está tudo bem. A razão pela qual estou ligando é para que você saiba que estarei no seu pescoço para o Ano Novo. Não tem problema em ficar com você, tem?

— Sério? Você tem que perguntar?

Eu tenho uma imagem dele esfregando a parte de trás do pescoço. — Sim, de repente eu desenvolvi algumas maneiras. Parece que sua nova dama me deu uma consciência. Eu não sabia se você tinha planos ou não. Acho que estarei lá, mas não sei a que horas. Eu devo pousar às três, mas você conhece o trânsito.

— Cara, é véspera de Ano Novo. Eu não acho que será um impasse. Quer que eu te pegue?

— Nah, o serviço de carro vai me levar. — Então ele ri. — Vou conhecer sua senhora especial?

Meu tom muda imediatamente. — Pare com isso, Prescott. Não vou tomar nenhuma merda de você, e tenho certeza que posso chutar sua bunda hoje em dia.

— Acalme-se, filho da puta. Eu não quis dizer nada com isso.

— É melhor que não, ou você não terá uma bunda para sentar, porque eu vou entregá-lo com meu punho.

— Cristo, Weston, relaxe. Eu não vou te envergonhar. Juro por Deus.

Dou alguns segundos antes de dizer: — Tudo bem. Vejo você no sábado. Paz, irmão. — A linha fica muda – por minha causa, não por ele. Então eu imediatamente analiso a conversa. Algo está acontecendo, mas ele não disse. Prescott nunca liga quando está de férias. Mas vou fazê-lo se abrir quando vê-lo, mesmo que eu precise arrastá-lo para fora dele.


35

SPECIAL

Quando não consigo encontrar Weston, saio pela porta da frente e o encontro na varanda olhando para o campo.

— E aí, como vai? Tudo certo?

Sua cabeça balança quando ele diz: — Não tenho certeza. Prescott acabou de ligar. Algo está acontecendo, mas ele não disse o quê. A propósito, ele está vindo para a cidade na véspera de Ano Novo.

— Oh, isso é ótimo. Estou ansiosa para conhecê-lo.

Ele aperta a ponta do nariz.

— Eu não estou certo que eu estou ansioso para você conhecer ele, no entanto. Ele é como meu irmão, mas pode ser um idiota.

— Vai ficar tudo bem, — eu o tranquilizo. — Eu queria lhe dizer que a pintura é demais. Eu nunca tive um presente tão extravagante. É extraordinário, Weston. Obrigada por ser tão atencioso. Não apenas para mim, mas também para Cody e Mimi. — Eu pressiono meus lábios em sua bochecha. — Você realmente fez o Natal deles incrível.

Ele desliza a mão no meu cabelo e diz: — Você tem alguma ideia do quanto este Natal significa para mim? Eu nunca experimentei algo assim. Pela primeira vez, entendi qual é o significado de família. Você tem muita sorte de ter isso com Cody e Mimi todos os dias da sua vida. Special, você não sabe como é não o ter. Vale tudo.

Entro em seu espaço e o abraço. Eu posso sentir seu cheiro picante e, infelizmente, acho que meu sexo também pode. Como posso querer tanto esse homem? Nós fizemos sexo quantas vezes durante a noite? Eita!

— Ei, existe alguma possibilidade de fugir para uma rapidinha? — Ele pergunta. Sua mente corre na mesma direção que a minha.

— Sem chance, a menos que você queira ser pego. — eu digo.

— Não, não quero isso.

— Que bom que disse isso porque eu teria batido em você de outra forma. — Eu não estou brincando. Cody não precisa ser exposto a isso.

— Você é feroz, não é?

— Na verdade não sou, mas fiz um bom show. — Quando se trata do meu filho, eu sou.

Ele passa os dedos pelos meus cabelos enquanto falamos. — Cody praticamente pensou que eu era um idiota, não é?

Eu ri tanto, que descansei minha testa em seu peito e um bufo alto e pouco atraente sai de mim. — Eu admito. Ele pensou. — Eu dou um tapinha no peito dele com a palma da mão.

— Eu tive essa visão de Cody e eu comprando pequenas figuras de futebol e ele estragou tudo.

Voltando um pouco para trás, dou um tapinha na bochecha dele. — Aww, eu vou com você no lugar dele, se isso vai fazer você se sentir melhor.

— Espertinha. — Ele me belisca na bunda para dar ênfase. Eu grito e ele me belisca uma segunda vez.

— Pare! Ou eu vou te apertar de volta e você vai se arrepender.

— Não, não vou. Eu amo ser beliscado nos lugares certos.

— Eu tenho certeza que sim. — eu digo, beliscando seu mamilo e depois descendo os degraus da varanda em direção ao celeiro, onde estou a salvo de novos ataques.

Quando ele me alcança, estou assistindo Cody manobrar a bola de futebol na rede. Jeb lhe dá algumas instruções a cada chute.

— Você já jogou futebol, Weston? — Jeb chama.

— Um pouco, quando eu estava na escola.

— Você tem alguma indicação para o esporte aqui?

Weston e Jeb o treinam juntos, então eu volto e me junto a Mimi na cozinha. Ela está admirando suas novas facas.

— Você gosta delas?

— Oh, Honey Bear, estas são muito caras para uma cozinheira velha e simples como eu.

— Cala a boca, Mimi. Ele queria fazer algo de bom e te dar um presente que você realmente pudesse usar. Eu que sugeri.

— Mas por que gastar tanto dinheiro?

— Por que não?

Sentando, eu pego a mão dela. — Ele não tem uma família que se importe. Ele nunca teve um Natal como este. Era importante, e você deveria ter ouvido como ele estava feliz. Significou muito para ele fazer parte disso. Ele queria que você tivesse isso tanto quanto você adoraria usá-las.

Ela sorri. — Bem, eu poderia usá-las e começar a preparar o jantar.

Enquanto corta vegetais, fica maravilhada com a diferença entre suas novas facas e as antigas. Weston comprou um prêmio com este presente.

Na hora do jantar, Cody mal consegue manter os olhos abertos com todo o futebol que ele jogou hoje. É a primeira vez em séculos que ele não pede segundos e implora para ir para a cama depois do jantar.

Jeb não fica muito mais tempo, e Mimi vai para a cama cedo. Quando somos apenas nós dois, Weston me arrasta para o nosso palácio da foda para uma noite intensa de... bem, foda.

Pouco antes do amanhecer, Weston diz que sente que suas férias estão prestes a terminar.

— O que você quer dizer?

— Os últimos dias foram perfeitos e amanhã voltamos à realidade. Eu realmente não quero ir.

Eu também não. Mas nós precisamos. — O bom é que criamos ótimas lembranças.

— Quero a realidade todos os dias e não que a memória me sustente.

— Eu também.

— Você pensou mais em mudar para o apartamento vazio acima do bar? E ter Mimi e Cody morando com você?

— Eu não sabia que o apartamento estava vazio.

Sua expressão muda e ele rapidamente diz: — Jeb mencionou isso para mim. O gerente da propriedade deve ter contado a ele. Talvez você deva pensar sobre isso.

Seria tão bom ter Cody e Mimi comigo o tempo todo, mas tirar Mimi do campo seria como tentar tirar o país dela. Ela ficaria tão sufocada na cidade que não tenho certeza se sobreviveria.

— Mimi odiaria.

— Virginia Highlands não é a cidade grande. É um bairro. Ela poderia caminhar até as lojas locais e levar Cody ao parque.

Mas isso levanta outra questão que não compartilhei com Weston. Aquela sobre Cody. Ele conseguiu atravessar a maioria das minhas paredes, então talvez seja hora de deixá-lo entrar por todo o caminho.

Eu fecho meus punhos e esfrego meus olhos. Estou com sono e ele sente que não quero discutir mais.

— Deixe-me colocá-la na cama. O sol vai nascer em breve.

Ele não recebe nenhum argumento de mim. Quando chegamos à porta dos fundos, ele me vira e diz: — Um dia não precisaremos dormir em camas separadas. — Não me dando tempo para questionar essa afirmação, estou enfiada na minha cama antes que eu perceba. Quando tento me opor, ele balança a cabeça e fecha a porta enquanto se afasta do quarto. Minhas pálpebras se fecham e o sono me reivindica antes que eu possa pensar no que ele disse na porta dos fundos.

De manhã, o sol me acorda, junto com a voz de Cody. Ele está fazendo perguntas a Weston sobre futebol. Weston explica o valor de ter dois pés. Cody pergunta o que é isso, e Weston diz que é quando um jogador é capaz de jogar a bola com os dois pés. Deito e ouço Weston enquanto ele diz a Cody como usar o pé esquerdo pode facilmente enganar o oponente.

Eles murmuram um pouco mais, então Cody ri. O cheiro de bacon fritando faz cócegas no meu nariz e meu estômago ronca. Hora de levantar. Estou usando meu pijama de Natal Charlie Brown enquanto caminho para a cozinha.

— Café pronto? — Eu pergunto a Mimi.

— O que você acha, ossos preguiçosos? — Ela ri de mim. — Fico feliz em ver que você foi capaz de dormir com os meninos fazendo toda essa barulheira.

— Estou feliz que eles estejam se divertindo.

— Eles estão aumentando o apetite. O café da manhã estará pronto em breve.

Weston entra e me dá um abraço de bom dia. No café da manhã, Cody me ensina tudo o que aprendeu sobre futebol.

Enquanto limpamos a cozinha, lembro do que Weston disse sobre o apartamento. — Mimi, você consideraria se mudar para Virginia Highlands se eu encontrasse o lugar certo para todos nós?

Ela pousa a toalha e olha para mim. — Honey Bear, você sabe que já passamos por isso antes. Este é o meu lar. É onde eu pertenço.

— Você pertence a mim e Cody. — Coloquei minhas mãos em seus ombros. — Não quero nada além de ficarmos os três juntos. E Cody poderia ter muito mais na cidade, amigos e esportes, e todos nós poderíamos estar juntos todos os dias.

— E esse lugar?

— Nós poderíamos arrendar a terra e o celeiro. Talvez alguém queira alugar a casa. Não estou pedindo para você tomar uma decisão agora, Mimi. Apenas para pensar sobre isso.

Ela concorda, mas não tenho certeza de que ela esteja falando sério. Tirá-la desta fazenda não levará nada menos que um milagre.

Cody fica triste quando Weston e eu saímos. É algo que aponto para Mimi enquanto estou saindo pela porta. — É disso que estou falando. Eu odeio ir, mas há muitos jogos nesta semana, então o bar ficará super ocupado.

— Compreendo. Eu prometo pensar sobre isso.

Nós nos abraçamos e Weston e eu entramos na caminhonete. A pintura está lá porque vamos pendurá-la no bar. Eu já escolhi a parede perfeita para isso.

Quando chegamos à cidade, eu o ajudo a levar a pintura. Ele ri. — Você acha que eu sou fraco ou algo assim?

— Não, mas é enorme e complicado. — Tem vários metros de comprimento e largura. Vou buscar a caixa de ferramentas.

— Você tem um nível? — Ele pergunta.

— Não tenho certeza.

— Eu tenho um na caminhonete. Eu volto já.

Ele volta com um nível e alguns ganchos de parede.

— Eu também trouxe um localizador de cacete. — diz ele.

— Eu poderia ter lhe dito onde um estava.

Ele olha para cima de cavar na caixa de ferramentas. — Sério?

— Uh-huh. Parado bem na minha frente.

— Você é tão engraçada.

Quando a pintura é pendurada, parece tão perfeita que eu só posso ficar olhando para ela. — Não acredito nisso. É tão bonito. Obrigada de novo. — Eu o abraço.

— De nada. Fico feliz que acabou tão bem.

No dia seguinte, todos comentam a nova obra de arte. Alguns clientes ainda querem saber quem é o artista. Acabo tendo que dizer o nome de Weston porque é difícil distinguir da pintura.

No início da noite, estou conversando com Jeb no bar quando Weston aparece. Jeb e eu estávamos conversando sobre Mimi e Cody se mudarem.

Weston pergunta: — Então, você contou a Mimi sobre o apartamento?

— Não, eu pedi que ela considerasse se eu pudesse encontrar um lugar para nós. — eu digo.

Jeb sorri. Então ele diz a Weston: — Então, você disse a Special?

— Me disse o quê?

Quando olho para Weston, ele está balançando a cabeça. Olho para Jeb e ele rapidamente se concentra no copo que está limpando.

— O que está acontecendo?

— Nada. — diz Weston.

— Sim, tem.

Então um dos garçons me chama. Tivemos um problema com um dos suportes de TV e um contratado que veio para consertá-lo está se preparando para sair. Vou agradecer, mas ele grita: — Ei, Weston, eu não sabia que você estaria aqui. Consertamos a montagem da TV como você solicitou, para que tudo esteja em ordem agora. Espero que esteja gostando de ser o novo proprietário deste edifício.

Estou completamente confusa. Como esse cara conhece Weston e o que ele quis dizer com novo proprietário? Quando olho para Weston, ele está agradecendo o cara e conduzindo-o pela porta da frente. Então eu olho para Jeb e ele se muda para o outro extremo do bar, ocupando-se em arrumar as garrafas de bebidas. O que diabos está acontecendo?

Eu sei uma coisa. Eu pretendo descobrir. Perseguindo Weston e o homem desconhecido, eu grito: — Ei, espere. Não tive a chance de agradecer.


36

SPECIAL

Weston claramente se sente desconfortável ao passar de um pé para o outro. O homem, que não tem ideia de que algo está acontecendo, sorri para mim.

— Ei, eu sou Special. Obrigada por vir tão tarde para consertar isso. — Eu balanço minha cabeça na direção do suporte da TV.

— Prazer em conhecê-la. Eu sou Charlie e não foi um problema. Weston me pediu para passar depois que terminasse meu dia. — Então ele se vira para Weston e diz: — Ah, a propósito, os funcionários hoje estavam dizendo que o Sr. Wyndham tem sido um idiota maior do que o habitual no trabalho. Ele está louco desde que você saiu.

— Só posso imaginar. — diz Weston. E agora todas as peças do quebra-cabeça se encaixam.

— Mais uma vez obrigado, Charlie. Agradeço sua visita. Você estaria interessado em jantar? — Eu pergunto.

— Oh, isso é muito gentil da sua parte, mas minha esposa tem um jantar esperando por mim.

Estendendo minha mão para apertar a dele, digo: — Bem, traga-a uma noite para uma refeição por conta da casa.

— Obrigado. Vou aceitar isso.

— Eu tenho que voltar. — Levanto o polegar e aponto por cima do ombro, depois vou para dentro.

Jeb olha para mim e eu faço uma careta de volta. Quando me aproximo dele, digo apenas: — Você sabia o tempo todo. — Não paro e continuo marchando direto para a cozinha.

Como esperado, Weston me segue até lá.

— Você está brava.

— Você acha?

Não há resposta, pois me ocupo com pedidos. Eu realmente não tenho que trabalhar porque há outras pessoas trabalhando na cozinha hoje à noite. Eu tive que contratar muito desde que o negócio decolou. Temos uma lista de espera para as mesas todas as noites no restaurante, e o bar fica lotado por volta das quatro até a meia-noite. Nossa multidão no almoço é espessa e, às vezes, também temos uma espera por mesas.

— Eu sinto muito.

Termino de montar o sanduíche no qual estou trabalhando, vou até a parede e penduro o avental. Então eu estou fora pela porta dos fundos. Ele segue.

— Por quê? Por que você não me contou?

— Porque eu tinha medo da sua reação.

Eu considero como eu teria respondido, e ele está parcialmente certo.

— Ok, você me pegou nisso. Eu não teria gostado, mas, pelo menos, eu saberia. — Eu o encaro.

— Eu não fiz isso só por sua causa. Eu não sou tão altruísta.

— Explique para mim.

Ele passa a mão pelo lado curto do cabelo. — Você se lembra quando eu disse que precisava me afastar do meu pai? Que eu queria inventar algo para ganhar dinheiro além de trabalhar para ele?

— Sim.

— Jeb veio até mim e me disse que o proprietário estava vendendo. Ele fez um bom discurso, então liguei para o corretor de imóveis e verifiquei. A loja de vinhos ao lado é um sucesso, os apartamentos acima são ótimos imóveis para aluguel, e seu bar é ótimo. Foi realmente uma vitória para mim. Na verdade, estou me preparando para fazer uma oferta em outro imóvel em Brookhaven.

Parece um ótimo investimento para ele. — Eu entendo tudo isso. Mas então por que esconder isso de mim?

— Eu tinha medo que você se recusasse. Tentasse me afastar. E essa é a última coisa que eu queria.

— Por que mentir sobre isso, então?

— Tecnicamente, eu não menti.

— Sim, você fez. Por omissão. É igualmente ruim.

Ele torce os dedos e pressiona-os na testa. — Não era para ser.

— Mas foi. Dói que você sentiu que tinha que manter isso em segredo também. Isso me faz sentir como se tivesse dez anos. E que você não confia em mim o suficiente para me dizer.

— Isso é ridículo. Não te contei por causa da maneira como você está agindo agora. — Frustração estraga seus traços.

— Suponho que estamos em um impasse.

Ele solta um suspiro, criando um sopro de vapor no ar frio entre nós. — Tudo que eu queria era que você fosse feliz. Você tem que admitir, até agora funcionou.

— Sim, e veja onde isso nos levou. Fiquei feliz e agora estou triste... e com raiva. — Eu vou embora, deixando-o parado lá. Quando chego ao meu apartamento, envio uma mensagem para Jeb, dizendo que o bar é dele esta noite e não voltarei mais.

Estou exagerando? Provavelmente. Eu deveria estar tão brava? Mais provável que não. Mas estou magoada por ele não achar que poderia vir até mim e discutir isso. A verdade é que tenho cem por cento de certeza de que teria recusado a ideia dele. No entanto, após sua explicação, faz todo o sentido. Eu sei no meu coração que eu teria concordado com isso. Eu ficaria feliz e, mais do que tudo, agradecida.

Agora? Não muito. Fico com a queimadura de um disfarce e a picada de sua incapacidade de confiar em mim.

Como esperado, há uma batida na minha porta.

— Vá embora.

— É Jeb. Me deixar entrar.

Jeb não vai embora. Ele provavelmente iria dormir no corredor. Eu abro a porta um pouco e pergunto o que ele quer.

— Deixe-me explicar.

— Eu ouvi o suficiente por uma noite.

— Vamos lá, Spesh.

Eu me afasto, permitindo que ele entre por conta própria.

— Dê uma chance ao cara. Ele foi muito além de você. Você nem sabe a metade disso.

— Ah, mas...

— Ouça-me, caramba.

— Não, você me escuta. Eu não tenho dez anos. Tenho vinte e seis anos e passei por mais porcarias do que a maioria das pessoas na minha idade. Ele esconder isso de mim me faz sentir uma merda. Eu não gosto disso nem um pouco.

Jeb estende as mãos, dizendo: — Acalme-se, querida. Você não sabe o quanto ele trabalhou, é tudo o que estou dizendo. Se outra pessoa tivesse reformado o bar ele não seria reaberto até o dia dos namorados. Ele tinha equipes aqui sem parar.

— Como se ele não estivesse se beneficiando disso? — Eu pergunto.

— Ele não precisa do dinheiro. Você sabe muito bem que isso é verdade. — diz Jeb.

Jeb tem razão.

— Não se esqueça, ele também tem outro trabalho para manter. — acrescenta Jeb.

— Não mais.

— O quê? — Surpresa tinge a voz de Jeb.

— Ele teve uma briga com o pai e deixou a empresa. — Talvez eu devesse ter ficado de boca fechada sobre essa informação, mas Jeb é um cofre quando se trata de coisas assim. Ele nunca pronunciaria uma palavra. — Mas não diga nada.

— Você acha que ele passando todo esse tempo aqui tem algo a ver com isso?

Eu nunca pensei sobre isso, mas na época eu não sabia disso. — Ele e seu pai nunca estiveram de acordo.

— Isso é ruim.

— Você não diria isso se conhecesse o pai dele. É um grande imbecil.

A testa de Jeb está franzida. — Hmm. Isso é uma vergonha. Weston é um cara tão legal.

— Sim, ele é.

Um sorriso se abre no rosto de Jeb. Seu dedo indicador me cutuca. — Veja, eu sabia que você iria perceber.

— Isso não significa que não estou chateada com ele. Ou machucada.

— Mas você ainda gosta dele.

— Cale a boca. — Eu o empurro. — Quando você está tirando esse suporte do seu braço?

— Espero parar de usá-lo amanhã. Tenho uma consulta. Pelo menos eu não tenho mais o gesso. Isso é péssimo.

— Bom, agora saia daqui, por favor. Você não deveria estar trabalhando?

Ele ri. — Sim, mas minha chefe é uma idiota e eu tive que acalmá-la.

Eu atiro o dedo do meio para ele.

Ele sai e, como presumi, Weston bate em seguida.

— Está aberto.

— Ei. — ele diz.

— Ei. Eu não quero falar sobre isso hoje à noite. Eu preciso resolver isso na minha cabeça.

— Mas você vai falar comigo, certo?

— Sim. Mas me diga uma coisa. As coisas que aconteceram entre você e seu pai. Tem algo a ver com você comprando este edifício?

Seus lábios pressionam uma linha fina e ele não responde. Só tenho certeza que ele acabou de dizer sim.


37

WESTON

Special diz: — Então eu acho que a culpa é minha.

— Não! Isso não é verdade a longo prazo. A resposta não é assim tão simples.

— Então me diga.

Ela sabe tudo, mas repito a história, condensando-a. — Nós entramos nisso um dia depois que eu estava aqui checando as coisas. Ele me acusou de trabalhar no Habitat durante o horário comercial. Eu neguei, é claro. Meu tempo aqui era limitado a horas de almoço e depois do trabalho. Não escondi o fato de ter assumido esse projeto. Então, um dia, esse engenheiro me abordou sobre todos os funcionários que estavam saindo. Fui ao presidente e você sabe o resto. Honestamente, isso pode ter me dado o ímpeto de sair, mas de nenhuma maneira foi a causa absoluta.

Seus olhos penetram nos meus, procurando a verdade. Está lá, claro como o dia, porque nunca menti para ela e não vou.

— Essa é a verdade de como aconteceu. E estou feliz que sim. Se eu não tivesse comprado este lugar, acho que teria ficado lá, preso e infeliz, sem esperança de sair.

— Eu acredito em você.

De repente, meu peito está mil kilos mais leve. Puxando-a em meus braços, eu digo: — Sinto muito. Nunca mais farei algo assim.

— Eu sei que você não vai. Eu confio em você.

— Ocorreu-me nos últimos dias que há algo que preciso lhe dizer... algo que nunca pensei que diria a alguém.

Seus olhos quentes e escuros de chocolate olham para os meus e o calor se espalha em mim, profundamente em minha alma.

— Desde o começo você conseguiu consertar cada pedaço quebrado de mim. Eu nunca fui aquele cara que sempre foi feliz, aquele que tinha o mundo na palma da mão. Provavelmente é porque eu sempre carreguei uma merda de miséria desde o momento em que me lembro. A mágoa não afeta apenas o coração, afeta todos os ossos do corpo. Todo dia que passo com você, essas emoções afiadas, aquelas que o abrem e o deixam sangrando, continuam desaparecendo, uma por uma. E agora estou descobrindo que elas não existem mais. Eu costumava pensar que faria qualquer coisa para fazer meus pais me amarem ou prestar algum tipo de atenção em mim. Então aconteceu uma coisa engraçada. Não me importo mais com eles. Só com você, porque você é quem fez toda essa merda ir embora. Agora, em vez de sentir a dor usual, estou cheio de calor e luz do sol. Faíscas e energia. O que estou tentando dizer é: eu te amo, Special. Eu estou obcecado por você. Cada maldito pedaço de você.

Seu lábio inferior treme, e não, inferno, não, ela não vai chorar. Esmago esses lábios perfeitos em um beijo ardente que, com sorte, tira a mente de qualquer lágrima. Quando ela geme na minha boca, eu sei que consegui. Exceto que eu também consegui meu pau duro como pedra. O filho da puta também é impaciente. Eu não preciso me preocupar, porque a mão dela abre o zíper e puxa o bastardo para fora.

Enquanto isso, estou trabalhando para tirá-la de suas roupas. Estamos meio despidos, o suficiente para realizar a ação suja, então eu a pego, testo as águas para garantir que ela esteja pronta e a deslizo pelo comprimento do meu pau duro como uma rocha. Colocando-a de volta contra a parede para usar como alavanca, eu faço isso como um idiota descontrolado. Você pensaria que eu era um maldito coelho, do jeito que estou entrando e saindo.

Depois do clímax, Special toca meus lábios e diz: — Eu também te amo. Embora fosse definitivamente luxúria, não amor à primeira vista. Você foi um burro insistente.

— Sim, eu fui.

— Então, por que você ficou tão bêbado naquela noite?

Pensar naquele dia faz meu pau encolher mais rápido do que jogar um balde de gelo nele. Avisos especiais. — Tão ruim, hein?

Caminhando para o sofá ainda a segurando, sento-me com ela no meu colo. — Foi um jantar em família com os Pickfords.

— Quem são eles?

Eu zombei. — A família da minha mãe. Caroline Pickford Wyndham. Eu acho que você não sabia disso. Se você pode acreditar, eles são mais esnobes que os Wyndhams e têm ainda mais dinheiro.

— Mais dinheiro?

— Papai se casou bem.

— De que tipo de dinheiro você está falando? Eu não estou sendo curiosa. Eu sou apenas sem noção aqui.

— Centenas e centenas de milhões.

— Não é à toa que você teve aulas de dança. — Ela pisca para mim. Isto é o que eu amo nela. Os cifrões que acompanham meu nome não importam para ela.

— Aulas de etiqueta.

Ela dá um tapinha na minha bochecha, dizendo: — Tanto faz.

— Naquela noite, consegui de todos os ângulos imagináveis. A irmã da mamãe começou falando do meu cabelo. Então o marido dela se juntou, batendo na tatuagem na parte de trás do meu pescoço. — Eu aponto para ela. — Foi uma coisa após a outra. A noite inteira foi sobre esmagar Weston. Eles até encontraram falhas no meu trabalho na empresa e não sabem nada sobre o que faço. Papai falou do Habitat, e ficou ainda pior. Parei de ouvir e comecei a beber. Pesado.

Então eu refleti sobre o que o pai de Harrison me disse uma vez. — Foi um dia especialmente difícil. Eu recebi uma carta dura do meu pai dizendo que um A- não iria me ajudar a entrar na faculdade. Não importava que todas as minhas outras notas fossem do tipo A ou A+. Ele nunca disse nada de positivo sobre isso. Ele apenas apontou a nota mais baixa. Minha raiva disparou para fora da grade. Mais tarde naquele dia, vi um garoto brigando com outro garoto. Aquele que estava sendo espancado era uma coisa insignificante e não tinha chance. Então entrei e tirei minha raiva do valentão. Fui eu quem foi pego e com problemas. Tentei mentir, dizendo que não estava envolvido, mas não funcionou. Foi estúpido porque eu estava defendendo aquele garoto e deveria ter dito a verdade.

“— Depois, tive uma longa conversa sobre controle da raiva com o pai de Harrison. Ele sabia que eu tinha entrado em problemas e me perguntou o que havia acontecido. Então eu disse a ele. Seu conselho era sempre ser honesto e, se eu fosse uma estrela, seria a mais brilhante do céu. Ele disse que pegar a estrada principal não era muito mais difícil do que a estrada ao lado, mas certamente levaria a lugares melhores. Então, naquela noite no jantar com a família de minha mãe, fechei a boca e peguei a estrada. Depois, tropecei na A Special Place. Acredito que um poder superior me levou até você.”

Ela sorri durante a história. — Fico feliz por nunca conhecer os Pickfords. Eles parecem pessoas desagradáveis.

— Eles são os piores. Você sabia que quando me formei na faculdade, meus pais nunca compareceram à cerimônia de formatura? Normalmente são seis anos, mas eu acelerei e fiz em cinco.

— Ninguém foi ver você receber seu diploma? — Ela cobre a boca e os olhos se enchem de lágrimas não derramadas.

Pego a mão dela e digo: — Não. Mas então eu já estava acostumado. Também estagiei na empresa durante o ensino médio. Eu odiava voltar para casa, mas adorei o que fiz. Eu era um funcionário de alto nível para o meu pai. Então, quando eles começaram a ofender meu trabalho, foi muito difícil manter minha boca fechada.

— Sinto muito que você tenha passado por isso.

— Não fique. Acabou, e agora eu sei como são bondade, compaixão e consideração.

— Eu me importo muito com você. E como você, nunca pensei, bem, presumi que ficaria sozinha, pelo menos até Cody ir para a faculdade.

Essa ideia me confunde. Eu entendo que ela trabalha duro e o tempo é um fator, mas... — Por que você se cortaria dessa maneira? Entendo que você está sobrecarregada pelo tempo.

Abruptamente, ela se levanta e pergunta: — Você gostaria de uma bebida? Eu vou trocar de roupa.

— Vou pegar a bebida enquanto você troca.

Ela volta vestindo aquelas calças elásticas que ama e um moletom enorme, abraçando um grande envelope de papel pardo no peito.

— Aqui. — Entrego um copo de chardonnay e ela me agradece. — O que você tem aí?

Depois de tomar um grande gole, ela pousa o copo e roí a unha. Seus olhos estão fixos nos meus. Ela está ansiosa e super nervosa com alguma coisa.

— O que há de errado? — Eu pergunto. Seu braço ainda abraça o envelope, então eu pergunto: — Tem algo a ver com o que você está segurando aí?

No tom mais solene e inabalável que já ouvi dela, ela diz: — Weston, eu confio em você. Eu confio. Mas você tem que me jurar diante de Deus que nunca revelará o que estou prestes a compartilhar com você para ninguém. Isso significa seus amigos mais próximos. Você pode fazer isso?

— Jesus. O que é isso?

— Se você não fizer esse juramento, não posso lhe contar.

— Eu juro. Se isso é importante, nunca direi a uma alma. Eu prometo. — O que quer que esteja naquele maldito envelope deve ser assustador como o inferno, e eu não tenho certeza se quero saber. Mas essa é Special, e eu andaria sobre vidro quebrado por ela.

Ela toma cuidado quando abre o envelope e desliza algo para fora. Quando ela me entrega, eu sorrio. É uma certidão de nascimento. No começo eu acho que é dela. Mas quando olho para o nome, fico confuso. Michael Connor Berenson.

— Quem é?

— Cody. É o nome de nascimento dele.

— Eu não entendo.

Então ela me entrega um documento legal, que são os documentos de custódia. Nomeia Special O'Malley como guardiã legal de Michael Connor Berenson e nele estão as assinaturas de Special e Sasha. Está tudo acima do normal. Já vi documentos legais suficientes para conhecer e entender isso.

Então ela me entrega outro documento legal que a mostra como a mãe adotiva de Michael Connor Berenson, agora conhecido como Michael Cody O'Malley. É aqui que eu fico super confuso. Se Sasha morreu, por que Special mudaria o nome de Cody?

Ela sabe o que está acontecendo na minha mente. — Eu precisava, e você verá o porquê depois de ler a carta.

Pegando os documentos de volta, ela forma uma pilha arrumada na mesa de café.

— Portanto, há outra razão pela qual Cody está na fazenda com Mimi. É um fator de segurança. Três anos atrás, quando recebi a ligação de Sasha, achei que ela estava viciada. E ela estava, pelo que eu deduzi. Ela se envolveu com as pessoas erradas. Um tempo antes disso, ela me disse se algo desse errado, ou se eu não soubesse dela há algum tempo, eu ligaria para o número que ela me deu. Então eu fiz e uma mulher respondeu. Fui ao apartamento dela e lá estava Cody, junto com os documentos de custódia e esta carta.

A mão dela treme quando ela pega a carta.

— Special, isso pode esperar.

— Não, chegamos até aqui. Está na hora de você conhecer o resto da história.

As páginas estão um pouco gastas e há lugares onde a tinta foi borrada por gotículas de água ou talvez lágrimas. Levantando a cabeça, vejo que os olhos de Special não estão exatamente secos.

— Sinto muito que isso perturba você.

Ela pisca longa e devagar, então eu vou em frente e leio.

 

Spesh,

Suponho que eu esteja morta se esta carta estiver em suas mãos. Fiz algo tão estúpido, que odeio te contar. Mas são fatos que você precisa saber para tirar Connor daqui. Ele não está seguro. Eu arranjei uma custódia legal dele para você. Não haverá batalha judicial porque nunca nomeei seu pai na certidão de nascimento. Cuidado, seu pai é um homem extremamente perigoso, e se ele souber de Connor, ele não vai parar por nada até pegá-lo. Connor acha que ele está morto. Essa é a história que contei a ele. Era mais seguro assim.

Agora sobre mim. Você sempre soube que vir para LA não era uma boa ideia. Eu deveria ter ouvido você e Mimi. Eu estava usando muito e pensei que ficar com o revendedor era inteligente, mas depois subi de nível e fiquei com o fornecedor do revendedor – o grande homem. Ele não gostou muito quando percebeu que eu estava mergulhando em seu esconderijo. Havia tanto que não achei que fosse pega. Eu sempre fiquei um passo à frente e, sendo a garota do chefe, achei que estava tudo bem. Não foi assim. O chefe estava mais irritado do que você pode imaginar.

Minha única preocupação agora é Connor. Você precisa levá-lo para casa. Bem longe daqui. Crie-o com amor, como eu sei que você fará. Mas mantenha-o seguro. Se eles suspeitarem que ele é de Rodrigo, VOCÊ não sobreviverá, e não tenho certeza se Connor também. Tome todas as precauções que puder. Sempre, Spesh, e quero dizer, sempre cuide de você. Mude seu nome e adote-o legalmente. Eu o chamo de Cody Bear – eu meio que copiei o nome que Mimi deu para você.

Senti sua falta como uma louca e sei que você será a melhor mãe do mundo, muito melhor do que eu já fui.

Te amo para sempre,

Sash

 

Estou atordoado.

— Se você não sabia sobre ele, como assinou isso? — Eu pergunto.

— Eu não disse, mas nunca admitiria. Foi por isso que atirei em você naquele dia. Pensei que você tivesse vindo buscar Cody.

— Cristo. Você temia por sua vida e a vida de Cody esse tempo todo.

— Mimi e Jeb parecem pensar que estamos seguros, pois todos esses anos se passaram e nada.

— Jeb sabe?

— Sim. — diz ela.

— Você confia nele?

Ela ri. — Eu confio. Ele é como um pai para mim.

— Eu tenho esse sentimento dele. Ele cuida de você como um falcão.

— Jeb foi quem sugeriu o sistema de alarme na estrada.

Eu coço minha cabeça. — Sim, aquele dia foi maluco. Fiquei me perguntando por que você me empurrou no armário depois de me atingir.

Ela se aproxima e diz: — Levei uma eternidade para superar a culpa de disparar a arma contra você.

Eu seguro suas mãos nas minhas. — Prometo que, se Mimi e Cody se mudarem para o apartamento, colocarei o que há de mais novo em segurança lá em cima.

— Toda vez que penso em Sasha, me pergunto o que diabos ela estava pensando.

— Ei, Special, ela era viciada. Viciados não pensam como nós. Eles estão doentes e tudo o que sabem é que precisam aliviar a dor para se sentirem melhor. É isso que as drogas fazem. Ela tentou se sentir melhor da única maneira que sabia.

Ela fecha os olhos e faz uma careta. A dor da morte de Sasha nunca desaparecerá para ela. Cody é um lembrete diário disso, e a ausência de Sasha é uma ferida irregular que nunca se curará.

— Isso é difícil, eu sei, mas você tem Cody e está fazendo um ótimo trabalho com ele. Pense em onde ele estaria sem você.

Agarrando minha mão, ela entrelaça nossos dedos. — Toda vez que penso nisso, culpo os pais de Sasha.

— Sim, eu posso ver o porquê. Mas isso não resolve nada. Não a trará de volta. Deixe para lá e se concentre em amar seu filho. — Eu a puxo pelo meu colo e a seguro. A proximidade parece acalmá-la, e nos sentamos por um tempo.

— Obrigada. Eu nunca contei isso a ninguém além de Mimi e Jeb. Não que eu tenha um grande grupo de amigos ou algo assim. — Ela ri um pouco.

— Eu sou seu amigo.

O braço dela circunda meu pescoço. — Você costumava ser, mas não é mais. Você é muito mais que um amigo.


38

WESTON

É véspera de Ano Novo e a Special está celebrando uma grande festa no A Special Place por causa do jogo de futebol que está sendo disputado. Ela oferece todos os tipos de promoções de bebidas na véspera de Ano Novo e até organizou acordos de transporte para pessoas que compraram ingressos antecipados. Prescott deve chegar hoje à tarde. Estou esperando por ele, e depois vamos para A Special Place.

Após nossa conversa sobre Cody, liguei para Jeb no dia seguinte.

— Então ela finalmente te contou. — ele disse.

— Sim. Estou tentando convencê-la a se mudar para o apartamento. Você acha que Cody está seguro agora?

Jeb não respondeu imediatamente, mas depois disse: — Acho que ficará bem. Mas ela vai ter dificuldade em convencer Mimi a se mudar.

— Isso é o que ela disse. Prometi a ela que acrescentaria segurança extra ao local.

— Boa ideia.

Estou tão perdido em meus pensamentos, pensando na minha conversa com Jeb, que quase não ouço o meu telefone tocando. É Prescott.

— Ei, estou a caminho. Devo estar aí dentro de quinze minutos.

— Ótimo. Apenas deixe que eles saibam quem você é na recepção. Eu já dei o seu nome.

E cerca de quinze minutos depois, ele está batendo na minha porta.

Quando abro, ele entra e me dá um de seus abraços, me batendo nas costas com os punhos.

— Você se transformou em um gorila ou algo assim?

Dou uma boa olhada nele quando ele dá um passo para trás e diz: — Droga, você parece um inferno.

— E você também não está ótimo, Wyndham.

— Não mesmo. Que diabos está acontecendo com você? Quando foi a última vez que dormiu oito horas?

Depois de tirar o casaco, ele cai no sofá e estica as pernas longas. Então ele passa as mãos pelos cabelos grossos e diz: — Não faço ideia. Um tempo.

— O que está acontecendo?

Ele aponta seus olhos com aros dourados para mim e pergunta: — O que você acha? Merda de família, como sempre. Papai quer me deserdar. — As costas da mão dele deslizam sobre a boca.

— Não brinca? — A família de Prescott tem mais dinheiro que Fort Knox. — O que você vai fazer?

Ele solta uma risada amarga. — Estou protegido porque era o dinheiro da minha mãe, idiota de merda. Ele não pode fazer nada. Mas isso me irrita. Papai se casou novamente e sua esposa é uma cadela. — Ele enfia a mão no bolso e pega um frasco de uma só dose e um frasco de maconha com alguns brotos. Então ele começa a arrumar o cachimbo. Prescott sempre gostou de fumar.

— Você ainda está fazendo essa merda?

— Você não está?

— Não, desisti depois que meu pai encontrou na minha mesa no trabalho e ameaçou ligar para a polícia.

— Foda-se isso. É legal em muitos estados agora. — Ele levanta o frasco, sacode e joga para mim. A coisa maldita parece totalmente legítima. Ele levanta o cachimbo, oferecendo-me um pouco, mas eu recuso.

— Ainda bem que você tem seu próprio avião, — eu digo, — ou você não estaria voando com isso.

Ele levanta uma sobrancelha. — Essa quantidade? É apenas uma contravenção. Eu me arriscaria no comercial e verificaria. Então, onde está a Special? Eu pensei que ela estaria aqui.

— Ela está trabalhando. Nós vamos para o lugar dela daqui a pouco.

— O lugar dela?

— Lembra? Eu disse que ela era dona de um bar e restaurante esportivo? Está aberto hoje à noite, então vamos lá para nos divertir.

— Entendi. Ela tem alguma amiga gostosa que eu possa foder enquanto estou aqui? Você sabe, iniciar o ano novo com uma boceta da Geórgia?

— Não, e mesmo se tivesse, eu não falaria sobre elas.

— Ei, eu sou seu melhor amigo. Por que diabos não? Você deveria cuidar de mim.

— Não quando você as fode e as joga do jeito que faz.

Suas sobrancelhas disparam para o céu. — Meu Deus. É Weston Wyndham falando? Ex-monstro de merda da faculdade?

— Esses dias já se foram. Só fiz isso porque não queria uma namorada estável. Eu nunca tive tempo porque estava trabalhando duro.

Os olhos de Prescott agora têm um leve brilho neles. — Sim, história provável. Você adorou todas essas bocetas e não queria se contentar com uma.

Não adianta discutir com ele. E para ser sincero, ele está parcialmente certo. Eu adorava brincar. As mulheres eram fáceis de evitar naquela época. Eu poderia me misturar enquanto estava na faculdade. Em Atlanta, porém, é outra história. Todo mundo sabe quem eu sou, e elas querem afundar suas garras no meu dinheiro.

— Então, garoto Scotty, o que você vai fazer agora? — Eu pergunto.

— Não posso ficar com meu velho. Aquela sua esposa disse que eu estava tentando foder com ela.

— Como é?

— Sim. Mas os detalhes dela estavam um pouco distorcidos.

Ele dá outro trago no cachimbo e solta um longo e fino fluxo de fumaça.

— Veja, ela é a pessoa que estava se movendo em mim.

— Puta merda. Isso é péssimo de todos os ângulos.

— Não é? — Ele aponta o cachimbo para mim e diz: — Sabe, eu sempre fui um idiota, mas desta vez tentei o meu melhor para ser legal com a vadia. E saiu pela culatra. Tenho certeza de que ela está tentando convencer meu pai a me deixar fora de seu testamento. — Ele solta uma risada desagradável. — A vadia estúpida não sabe que meu dinheiro não é dele e ele não pode fazer nada com isso. Está selado em concreto.

— Cara, sinto muito por você estar passando por isso. Isso é péssimo. Você já falou com seus avós?

— Ah, sim, e eles a desprezam também. Eles não acreditam em uma palavra que ela diz. Todos acham que meu pai vai mudar. Tudo o que posso dizer é que ela deve chupar pau como uma campeã.

— Sim, mas se isso é verdade, por que ela foi atrás de você também?

— Você não estava ouvindo? Ela é uma vadia. Ela provavelmente está transando com o garoto da piscina. Quem diabos sabe? Chega de merda. O que está acontecendo com você?

Verificando a hora, digo: — Precisamos sair em cerca de uma hora. Você quer tirar uma soneca ou tomar um banho?

— Ambos. Mas e o seu novo empreendimento?

— Sim, eu vou avançar com isso. Isso também dará um golpe no meu pai. Ele está perdendo mais de cinquenta por cento de seus arquitetos e engenheiros. Não tenho certeza se a empresa vai aguentar. Ele pode ser processado por quebra de contrato, o que me traria mais negócios. Eu também entrei no mercado imobiliário comercial.

— Droga, você se ramificou como uma árvore, não é?

— Assim que tive essa briga, assegurei que meu fundo fosse investido com segurança em outra conta. Fui ao meu advogado e tranquei as coisas. Tudo legal.

Ele levanta o punho e nós batemos no ar. — Você sempre foi um filho da puta inteligente.

— Não, eu sempre tive que me defender, graças à minha família de merda.

— Sim, eu posso entender.

— Pelo menos você tem avós firmes. — eu o lembro.

— Que costumavam pensar que eu era uma criança de merda.

Eu levanto um ombro, depois abaixo. — Eles não sabiam o que estava acontecendo na sua casa. Os pais do meu pai estavam mortos. E os pais de mamãe eram... diabos, você conheceu minha mãe. São exatamente como ela é... lajes frias de mármore revestidas com veneno.

Ele zomba. — E como está a doce Caroline?

— Simplesmente elegante. Hoje pesa cerca de trinta e seis quilos.

— Ahh, eu vejo que ela engordou um pouco. — Prescott bufa com seu soco.

— Levei a Special à famosa festa de Ação de Graças.

Ele engasga com a bebida. — Você fez o quê?

— Sim. Espere, você a encontrará, e então me diga o que acha que aconteceu.

— Você estava tentando prejudicar a pobre mulher?

Eu me fiz essa mesma pergunta dezenas de vezes. — Eu a avisei e era egoísta da minha parte, mas não queria enfrentá-los sozinho este ano. E sim, foi um grande erro. Curiosamente, Special não me culpou. Ela chamou a casa deles de o nono anel do inferno.

Prescott dá um tapa na perna e uma gargalhada ressoa pela sala. — Ela está exatamente certa! Como sua irmã reagiu?

— Como você esperaria que Blakely fizesse. Oh, inferno, espere você vai ouvir isso. — Partilho a história de como Special disse a Evelyn que ela era uma stripper de dança de pole dance quando eu estava no hospital. Eu não sei se é porque Prescott está chapado, ou se é porque a história é mais engraçada que o inferno, mas ele tem lágrimas rolando pelo rosto quando eu termino. — O ruim é que eu estava tomando analgésicos e por um minuto pensei que ela estava dizendo a verdade!

— Ah, Jesus, eu gostaria de ter sido uma mosca na parede. Esquadrão Special de Strip.

Não me atrevo a contar a verdade sobre como acabei no hospital. Como todo mundo, ele acha que foi um acidente no canteiro de obras.

Ele se levanta e diz que vai tirar uma soneca e tomar banho.

— Bem. Eu irei avisar quando for a hora de sair. Eu disse a ela que estaríamos lá por volta das seis e meia ou sete.

Quando é hora de ir, nós vamos até lá de Uber. Eu sei que muitas bebidas serão consumidas, então não há razão para dirigir.

Quando chegamos à porta, há um segurança, um segurança de uniforme e uma anfitriã para conferir a reserva. O segurança, que eu já conheci antes, acena para nós. Special o contratou de acordo com a recomendação de Jeb após a reabertura. Jeb achou que era uma boa ideia ter alguns desses caras à noite por motivos de segurança. O cara uniformizado é apenas para esta noite. Ele também ajuda a garantir que as pessoas voltem para casa.

Prescott me segue e eu o apresento a Jeb.

— Os negócios estão acontecendo hoje à noite. — eu digo.

Jeb sorri. — Vai ficar louco quando o jogo começar. — Ele olha para Prescott e pergunta: — Você gosta de futebol americano universitário?

— Eu gosto de qualquer coisa de futebol.

— Você pode ter que ficar de pé para este. — diz Jeb.

— Desde que eu coma e beba bem, você não receberá queixas de mim. — diz Prescott.

— Falando em comer, a Princesa Spike está na cozinha?

— Sim, enterrada até os cotovelos em hambúrgueres, tenho certeza.

Cutucando Prescott com um cotovelo, eu digo: — Vamos encontrá-la.

Quando chegamos lá, quero tirar minha jaqueta e ajudá-la. — Ei, Spike, precisa de uma mão?

Ela olha para cima e sorri. — Tem uma extra?

Levantando minhas mãos, eu digo: — Duas.

Ela está usando um boné de beisebol virado para trás e parece fofa como o inferno. Ela tem aquelas luvas de plástico e um avental com todos os tipos de manchas, mas não quero nada além de lhe dar um beijo.

— Prescott, conheça Special.

— Então você foi quem deixou esse cara louco como o inferno.

— Prazer em conhecê-lo, Prescott, e eu me declaro inocente. — Ela enfia a língua entre os dentes e sorri.

— Parece que você vendeu uma tonelada de ingressos. — eu digo.

Os funcionários da cozinha estão correndo e os garçons estão entrando e saindo, carregando ordens com eles.

— Eu preciso de batatas fritas. — alguém grita.

— Sério, você precisa de ajuda?

— Sim. Volte lá e coloque um avental. Estou colocando você para trabalhar.

Olhando para Prescott, eu grito com ele para encontrar Jeb e sair da frente. — Eu vou ficar amarrado aqui até pelo menos dez.

Prescott sai e eu vou trabalhar. É fácil fazer o trabalho pesado. Eu mantenho as coisas em movimento para a Special. Quando pratos sujos entram, eu ajudo a limpá-los. Se forem necessárias mais batatas fritas, despejo um lote na fritadeira depois de cortar as batatas. Quando alguém exige uma mão extra em algum lugar, eu a forneço. É uma questão de usar meu cérebro e ver para onde as coisas estão indo.

As coisas diminuem por volta das dez, e é nessa hora que a cozinha principal para de servir. Os aperitivos serão servidos até as onze, por isso continuamos com eles. Até então, eu estou cansado de comer.

Special tira o boné, limpa a testa com as costas da mão e coloca o coloca de volta na cabeça.

Um pouco mais tarde, alguém grita: — Hora da limpeza.

Saem os baldes, esfregões, panos de limpeza, sprays e desengordurantes.

— E os pratos? — Eu pergunto.

— Primeiro limpamos as estações de preparação, as placas de cozinha e assim por diante. A louça pode ser lavada mais tarde. — responde um garçom.

Hoje já lavamos mais pratos do que posso contar. Eu limpo o piso de trás enquanto Special limpa sua estação de preparação. Outra pessoa cuida dos fogões e dos grelhadores. Em pouco tempo, a cozinha está brilhando.

Cinco minutos antes da meia-noite, alguém entra e nos diz para nos juntarmos aos outros para a contagem do ano novo. Nós chegamos a tempo.

Quando o ano vira, eu agarro minha garota, a pego para nos encaramos e digo: — Feliz Ano Novo para a garota mais bonita do mundo. — Então eu planto meus lábios nos dela, e caramba, se não é o beijo mais doce de todos os tempos.

— Feliz Ano Novo pra você. Não sei o que teria feito sem a sua ajuda esta noite. — Ela me beija de novo e eu penso comigo: é disso que se trata. Vida, amor e felicidade.

— Eu amo você, Weston Wyndham.

— Mmm, também te amo, Spike.

Prescott tropeça em nossa direção, mais do que um pouco martelado, envolve seus braços grossos em torno de nós dois e nos diz Feliz Ano Novo. Então ele segue com: — Eu te amo, cara. Eu te amo muito. — Ele sempre se emociona quando bebe demais. — Você é minha pessoa, você sabe. Você e Harrison. — Então ele olha para Special e acrescenta: — Você também pode ser minha pessoa. Desde que meu homem aqui está apaixonado por você. — Então ele se inclina e diz: — E você deve ser realmente alguma coisa, porque esse cara costumava ser um jogador apaixonado por bocetas.

— Ok, cara. — Eu dou um soco nas costas dele. — É o bastante.

— Não, Prescott, me conte mais. — Special salta naquele comboio mais rápido do que posso piscar.

— Nosso cara aqui não era de deixar passar um rabo quente.

— Prescott. — eu aviso.

— Isto é fato? Por que você não me conta a melhor história que tem?

— Ei, — ele olha em volta — podemos sentar em algum lugar?

— Boa ideia. — Special sai dos meus braços e nos leva ao bar onde ela pede uma rodada de bebidas, não que Prescott precise mais. — Então, Prescott, continue, — ela cutuca.

— No ensino médio, havia dois filhotes. Um adorava esse cara e o outro estava em cima de mim.

— Você era uma merda para ela. — eu digo. — E ela fez tudo por você, exceto a porra da sua lição de casa. Ah, está certo. Você pagou a outra pobre garota para fazer isso.

Prescott abaixa a cabeça e diz: — Sim, eu fiz. Eu não prestava naquela época. Mas você estava sendo chupado, todos os dias, se bem me lembro.

— Você vai calar a boca?

— Special, esse cara provavelmente conseguiu polir mais a vara...

— Tudo bem, isso é o suficiente. — Levanto e pego a mão de Special. — Eu não posso mais ouvir isso. — Ela ri. — Você acha engraçado?

— Ele é um cara cheio de merda. — diz ela.

— E se eu estivesse ouvindo Sasha dizer essas coisas sobre você?

O sorriso dela cai e o brilho desaparece dos olhos. Agora, por que fui dizer algo tão estúpido como isso?

— Eu sinto muito. Isso foi desnecessário e ridículo também. — digo.

— Não, você está certo. Foi embaraçoso você ter que ouvir, e eu deveria ter sido mais sensível. — Seus braços vão em volta da minha cintura e ela me abraça. — Estamos bem?

— Nós sempre estamos bem. Algumas palavras não farão nada para arruinar o que há entre nós.

O bar está esvaziando e Prescott balança um pouco em seu assento. — Você está pronta para sair daqui? — Eu pergunto a Special.

— Sim. Deixe-me terminar na cozinha. Eu vou sair em quinze.

Quando ela sai, eu dou a Prescott o inferno.

— Desculpe, cara. Eu não pensei.

— Não brinca.

Quando a Special sai, nos despedimos e entramos no Uber que nos espera. Ela ficará comigo esta noite. No caminho para casa, Prescott a elogia pelo restaurante. Ele ficou impressionado com tudo.

— Então, de onde você é? — Ela pergunta para ele.

— Da cidade de Nova York, mas minha família passa muito tempo em West Palm Beach.

A viagem não é longa e chegamos ao meu prédio em pouco tempo. Quando entramos na minha casa, Special quer tomar banho. — Eu me sinto como um pé de galinha.

Prescott, como seu estilo usual, diz: — Mas você tem gosto de um?

Ela dá um tapa no braço dele, de uma maneira bem-humorada, e vai para o banheiro. Porra, eu gostaria de poder me juntar a ela.

Como se estivesse lendo minha mente, Prescott diz: — Por que você ainda está aqui? Você não vai dar uma rapidinha?

— Vá se foder. — eu digo, saindo da sala.

— Não, vá você foder com ela.

Eu estou rindo até o chuveiro espaçoso, onde Special já está ensaboada. Ela praticamente pula no teto quando eu coloco minhas mãos em seus quadris.

— Inferno! Você me assustou!

— Desculpe. Eu não queria que você tomasse banho sozinha. — Então eu começo a lavar o cabelo dela. Depois que ela é lavada e condicionada, tomo banho rapidamente e lavo o meu.

Sua mão, quente e lisa com sabão, envolve meu pau e bombeia para cima e para baixo.

— Seu amigo Prescott é um fofoqueiro.

— Sim. Chega da sua mão. — Eu a pego e empalo e capturo sua boca em um beijo quente e úmido.

Eu a pressiono contra os ladrilhos de mármore enquanto a empurro impiedosamente várias vezes até que ela grita seu orgasmo. Seus calcanhares cravam na minha bunda, e quando seus músculos internos apertam ao redor do meu pau, eu não aguento mais e derramo minha liberação nela.

— Me desculpe, eu tive que fazer isso rápido. Prescott está lá fora.

— Eu sei, mas estou feliz que você se juntou a mim. Rápido é melhor que nada. — Ela me beija novamente antes que eu me retire dela.

Depois de enxaguar, envolvo-a em uma toalha macia e nos secamos.

Quando nos juntamos a Prescott, ele está assistindo o especial de Ano Novo na TV. Ele sorri e levanta o copo. Eu nem tenho certeza do que ele está bebendo. O cachimbo dele está sobre a mesa de café. Ele aponta e pergunta a Special se ela gostaria de um trago.

— Não, obrigada. Eu não uso. Minha amiga morreu de dependência de drogas, então eu não uso. Bebo apenas um pouco.

— Você sabe que o álcool é a pior das drogas viciantes, não é?

— Sim, eu sei. Ainda assim, não, obrigada pela erva.

Ele abaixa a cabeça em reconhecimento. Então Special empurra as mangas para cima e Prescott grita: — Puta merda. Olha para isso! — Ele agarra um dos braços dela e começa a examiná-lo. — Uau. Eu nunca vi nada tão detalhado antes. São melhores que os seus, Westie.

— Westie? — Pergunta Special, arqueando a sobrancelha.

— Sim. Ele é Scotty, eu sou Westie, e Harrison é Harry.

— Eu aposto que vocês três eram tão fofos, não eram? — Ela brinca, mas Prescott erra.

— Você não teria acreditado. Nós até enganamos os professores. Nós éramos muito ruins. — Prescott se envaidece como um maldito pavão.

Special revira os olhos.

— Eu fui terrível. — admito.

— Westie — diz ela em tom brincalhão, — por favor, não me diga que você era malvado e usou as meninas.

— Oh, veio com o território. — diz Prescott antes que eu possa dizer qualquer coisa.

— Não como você foi tratada, no entanto. Como eu disse, nunca fiz nada assim. — Eu nunca fui tão ruim e rezo para que ela entenda.

— Espero que não, porque se você fizesse, eu chicotearia sua bunda, mas seria bom e encontraria outra maneira de deixá-lo infeliz.

— Oooh. Gosta de chicotear. Ela tem um chicote? — Prescott se inclina para trás e sorri para ela.

— Não exatamente. — eu digo, rindo.

Estamos sentados conversando quando o telefone de Special toca. Olho o relógio e são quase uma e meia. Meu primeiro pensamento é que algo está acontecendo no restaurante. Ela pega o telefone e, assim que vejo a cor sumir do rosto, sei que algo está terrivelmente errado.


39

SPECIAL

A voz sussurrada de Mimi chega até mim por telefone. Eu mal posso ouvi-la. — Honey B., eles estão aqui. Eles vieram. Acabei de ligar para o 911. Venha rápido. — A linha fica morta.

— Temos que ir à fazenda. Agora! — grito, pulando e correndo para o quarto de Weston para pegar meu casaco e sapatos. Minha mente dispara e não consigo pensar direito. Que porra está acontecendo lá? Não posso ligar para Mimi de volta. E se o telefone dela não estiver mudo? Alguém pode ouvir, e isso pode revelar seu esconderijo.

Weston está atrás de mim e estamos do lado de fora, dizendo a Prescott que ligaremos mais tarde para que ele saiba o que está acontecendo.

Seus olhos são enormes quando ele nos vê sair. É um momento sóbrio para ele, suponho, nos ver se mover tão rápido.

Subindo no elevador até a garagem, Weston pergunta: — O que está acontecendo?

— Recebi uma ligação de Mimi. — E então explico como montamos nosso plano de emergência. — Ela também ligou para o 911, então eu sei que algo ruim está acontecendo.

— Porra. — É tudo o que ele diz.

— Apenas nos leve lá o mais rápido possível. — Então ligo para Jeb da caminhonete. Ele responde e ouço barulho do bar ao fundo.

— Recebi uma ligação de Mimi. — digo.

— Eles estão bem?

— Ela disse que eles vieram. — Minha voz tremula.

— Estou a caminho.

— Jeb, é melhor você levar sua arma.

— Planejando isso. — Ele desliga.

— Você tem uma arma aqui? — Eu pergunto a Weston.

— Gostaria que eu tivesse.

— Você tem algo que possamos usar como armas? — Eu pergunto.

— Martelos?

Porra. — Eles terão que servir.

Ligo de volta para Jeb e digo que estamos desarmados.

— Não vá de carro pela estrada, Spesh. Você os alertará e piorará as coisas.

— Merda, você está certo. Ok, vamos continuar na caminhada.

— Apenas fique fora da vista e deixe-me lidar com as coisas. Eu sei como cuidar desse tipo de coisa. Lembre-se, eu era Operações Especiais. Não corra em direção a tiros se ouvir algum. Fique fora do caminho. Você entendeu?

— Sim, ok.

— O que ele disse? — Eu retransmito a informação. Quando chegamos, digo a ele onde estacionar. É uma noite sem lua, escura como tinta. Depois que saímos da caminhonete, esperamos um minuto, permitindo que nossos olhos se ajustem.

— Devemos pegar uma lanterna? — Weston pergunta.

— Não. Isso chamará a atenção para nós e, sem uma arma, seríamos o alvo perfeito, sem meios de nos defendermos.

Escolhemos o caminho entre as árvores e os arbustos que ladeavam a estrada e a garagem e seguimos em direção à casa. Quando nos aproximamos, digo a Weston para ficar o mais quieto possível.

Quando nos aproximamos da varanda, não detecto nenhum som, nem há outro carro além do de Mimi estacionado em frente. Tudo dentro está escuro, mas a porta da frente está aberta. Como a varanda constuma ranger, eu escolho não subir lá. Caminhando para o lado, tenho o cuidado de ficar perto da casa e das sombras. Quando chego ao quarto de Cody, espio pelas janelas, mas as persianas estão fechadas assim não posso ver nada. É o mesmo para o resto das janelas, então nos movemos para os fundos da casa. É quando vejo que a porta da cozinha está aberta.

Olhando para Weston, noto que ele aponta para o campo. Figuras sombrias se movem em nossa direção, na direção da floresta. Olho para a outra direção e vejo o mesmo.

— Merda. — murmuro. Eu preciso encontrar Cody e Mimi antes que eles achem. Mas quem são eles, e se Mimi viu alguém quando ligou, onde ela está agora? Tomo uma decisão rápida e gesticulo para Weston.

— Me siga. — Eu corro em direção ao celeiro o mais rápido que posso, mas chego a um ponto estridente quando chego lá.

— Eu não sei nada sobre isso. Eu te disse. — ouço Mimi dizer. Recuando e avançando para o lado, permanecemos nas sombras.

— Você está mentindo. Você está escondendo alguma coisa. — No meio do celeiro, dois homens estão de frente para Mimi, de costas para mim. — Vou perguntar uma vez mais, e se você não responder, reviraremos este lugar, mas será depois que você morrer.

Sabendo que não posso deixar isso acontecer, me aproximo. Segurando o martelo, deixei a coisa voar, rezando para que ela atingisse um deles.

O modo como os olhos de Mimi se arregalam deve alertá-los, porque os dois se viram ao mesmo tempo. O martelo atinge um no ombro, mas além disso não causa muito dano. Weston joga o dele e os dois disparam suas armas. Ao mesmo tempo, são disparados tiros atrás de nós. Eu bati no chão, mas não tenho certeza para onde Weston vai. Tudo o que sei são passos à minha volta. Então alguém me pergunta se eu fui atingida.

— Não, eu estou bem. É seguro?

— Sim, você pode se levantar agora.

Quando levanto a cabeça, os dois homens estão no chão, mas não tenho certeza se estão vivos ou mortos. Weston está bem. Ele tem um olhar selvagem nos olhos. Jeb corre e vai direto para o porão. Um momento depois, ele volta carregando um Cody trêmulo.

Cody olha para mim e corre direto para meus braços, soluçando. Então eu vejo Jeb na minha frente. Só aí eu dou uma segunda olhada. Ele está vestindo uma jaqueta do FBI.

— Por que você está vestido assim?

Ele tem uma expressão tímida. — Sim, sobre isso. Sou agente do FBI, Spesh.

— Do que você está falando? Você estava mergulhando no Jack hoje à noite? — Eu rio e murmuro: — Agente do FBI. — Então olho em volta e noto que há um número de homens e mulheres por aqui vestindo jaquetas com o logotipo do FBI nelas.

Apertando os olhos para Jeb, pergunto: — Você não está me empurrando merda, está? — Weston pega minha mão e eu olho para ele. — Você sabia sobre isso?

— Não, mas estou muito feliz que ele seja.

— Você quer dizer que durante todo esse tempo que nos conhecemos, você foi um agente do FBI?

Jeb pergunta: — Podemos entrar e conversar antes que a polícia chegue aqui?

— Por que eles já não estão aqui se Mimi os chamou?

— Interceptamos a ligação porque precisávamos chegar primeiro. — Ele aponta para os caras no chão. — É por isso que preciso falar com você.

— Oh, Deus! Mimi! — Eu corro até ela e a abraço. — Você está bem? — Ela está sentada embrulhada em um cobertor.

— Sim, eu estou bem. Apenas um pouco abalada, mas vou ficar bem.

— Por que você não se escondeu com Cody?

— Não havia tempo suficiente. Eu sabia que poderia mandá-lo para baixo e segurá-los, mas nós dois não conseguiríamos chegar lá. Eles não chegaram de carro. Não tenho certeza de como eles chegaram aqui, mas quando começaram a mexer na porta da frente, enviei Cody pelos fundos. Mokey nos alertou quando começou a choramingar. Eu a deixei ficar lá dentro por causa do frio.

— Onde está Mokey agora?

— Provavelmente dormindo. Fechei a porta do quarto para que eles não atirassem nela.

Eu caio de alívio. — Graças a Deus eles não atiraram em você. Você foi incrível! — Eu a abraço novamente.

Aproximando-me, pergunto-lhe: — Você sabia que Jeb estava com o FBI?

— Não. — E ela sorri.

— Eu tenho que ir falar com ele antes que a polícia chegue aqui.

Jeb, Weston e eu vamos para a cozinha e sentamos. No caminho, lembro a Weston para ligar para Prescott. Ele diz que já o fez, mas deve ter dormido porque não respondeu. — Nós o encontraremos de manhã. — diz Weston.

Entramos na cozinha e sentamos à mesa. Então Jeb começa a nos contar seu lado da história. Ele está disfarçado o tempo todo que eu o conheço. Ele não entrou no meu bar acidentalmente procurando trabalho. Tudo foi preparado para proteger Cody e eu. O FBI tem nos vigiado todo esse tempo. Finalmente estou entendendo o resto da história. Sasha não estava apenas saindo com o chefe. Ela estava roubando grandes quantidades de cocaína de seu traficante e revendendo-a. Ela imaginou que ele não se importaria tanto, já que era ela quem roubava. Quando descobriram quem era o ladrão, a fizeram pagar por isso com a vida. Eles a encontraram, a levaram para aquele armazém, amarraram-na a um barril carregado de gasolina e a incendiaram depois de ameaçá-la. Mas ela nunca disse a eles onde escondia as drogas. O FBI imaginou que o pai de Cody, o traficante, procuraria as drogas que Sasha roubou. Mas eles não sabiam se ele tinha procurado por Cody.

— No começo, não estava claro se ele sabia sobre Cody. Mas então achamos que ele finalmente descobriu que ela tinha um filho e onde quer que o garoto estivesse, encontraria as drogas lá. Nós devemos estar certos. Mudar o nome de Cody foi a coisa mais inteligente que você poderia ter feito. — diz Jeb.

Um dos agentes entra e diz a Jeb que tudo foi limpo.

— Obrigado, Marvin, e bom trabalho.

Esse nome soa uma campainha. — Ei, espera. É o cara que você ligou do hospital para deixar seu cachorro sair? — Eu pergunto a Jeb. Ele parece envergonhado.

— Sim, sobre Jasper. Era a sua palavra de código. Eu não tenho cachorro. Era para checar as coisas aqui. Eu não tinha certeza se esse motorista tinha você como alvo, ou se ele era apenas um bêbado estúpido. Era também por isso que eu estava prestes a surtar quando você queria deixar Weston passar a noite. Liguei para Marvin do caminhão, e ele o checou antes de eu sair naquela noite.

— Droga. Eu não sei o que dizer. — Olho para Marvin e dou-lhe um sorriso torto. — Como você chegou aqui tão rápido hoje?

— Marvin esteve aqui a noite toda. Lá em cima no sótão. O celeiro e a casa foram grampeados, por precaução. Esses caras caçando suas drogas fizeram alguns testes recentemente e sabíamos que eles atacariam novamente. Nós simplesmente não sabíamos quando. Acho que eles imaginaram que a véspera de Ano Novo seria uma boa noite com todos ocupados e comemorando e você com a grande festa no bar. — Ele ficou com um belo tom de rosa e, a princípio, não sei por que, mas então me bate. Ah Merda! Eles tiveram este lugar grampeado! O palácio da foda! Um olhar para Weston me diz que ele está na mesma página. Mas Jeb nunca deixa transparecer. — Sempre tivemos pelo menos um agente aqui. Naquele dia em que você atirou em Weston, eu não estava a caminho de ver minha tia. Eu estava estacionado na floresta, onde nossa equipe está vigiando você. Há uma casa velha lá atrás que assumimos.

— Devo-lhe um grande obrigado, Jeb. Nós poderíamos ter sido mortos sem você. Cody, Mimi... não consigo imaginar.

— Sobre isso. De quem foi a ideia de usar os martelos como armas?

— Minha. Weston não tinha uma arma.

— Jesus, Spesh. Marvin cagou nas calças quando você jogou aquela coisa. — E então ele diz a Weston: — Nunca mais siga a liderança dela se algo assim acontecer no futuro. Esse foi o pior plano que eu já vi na minha vida. Usar esses martelos de merda?

— Desculpe! — exclamo, — mas pensei que eles iam atirar em Mimi.

— Marvin teria tirado eles. Você não sabia, mas ele estava esperando que eles se incriminassem.

— Então, um desses caras é o pai de Cody?

Os olhos de Jeb perfuram através de mim, mas ele não responde. — Vamos apenas dizer que o pai de Cody não é mais um problema para você se preocupar. — Ele nunca pisca enquanto responde.

— Que diabos isso significa?

— Isso significa que ele não está mais por perto para lhe causar problemas, e vamos deixar por isso mesmo.

Eu penso no que ele diz. Estou feliz que Cody agora possa estar livre para morar na cidade comigo. Não preciso mais me preocupar com a segurança dele. Então bato minha mão na mesa. — Agora eu entendi!

Jeb pergunta: — Entendeu o quê?

— Não é de admirar que você tenha insistido para eu namorar Weston. Você sabia que ele era um cara legal. Você executou verificações de antecedentes em todos, até meus funcionários.

Jeb coloca as mãos no ar. — Culpado da acusação. Eu tinha que ter certeza que vocês três estavam seguros. Mas você não está feliz por eu estar certo sobre este? — Ele acena com a cabeça em direção a Weston.

— Oh, sim. — Pego a mão de Weston.

— Bom Deus, apenas não atire nele novamente! — Diz Jeb.

Weston estala os dedos. — Agora faz sentido que você soubesse como lidar com um ferimento de bala.

— Bem, isso e eu era um Night Stalker. Operações Especiais.

— Não brinca? — Weston pergunta.

— Sim. Special sabia, mas acho que ela nunca te contou. Quando saí, entrei para o FBI. Ah, não diga uma palavra a nenhum funcionário do trabalho sobre isso. Ninguém pode saber que eu sou do FBI.

Estamos nos preparando para ficar de pé quando uma agente entra e diz que a polícia está aqui, junto com os paramédicos. Eles foram chamados para verificar Mimi.

— Delores?

— Ei, Special. — Ela sorri para mim.

— Você também?

— Sim. Ele me trouxe quando descobriu que eu tinha experiência na cozinha desde quando estava na Marinha.

Eu jogo minhas mãos no ar. — Agora o que eu vou fazer? Estou perdendo meus dois melhores funcionários!

— Não, eu vou ficar por aqui até você conseguir um substituto. — diz Jeb.

Honestamente, sinto vontade de chorar. Substituir Delores é uma coisa, mas Jeb? Ele é o pai que eu nunca tive. Lágrimas enchem meus olhos enquanto eu voo em seus braços. Ele me dá um tapinha nas costas por um tempo e depois diz: — Ei, onde está meu pequeno foguete?

— Ela ainda está aqui. Ela está pensando em como vai sentir falta de um de seus melhores amigos. — Weston coloca a mão em mim, deixando-me saber que ele está lá para me apoiar.

— Você tem um bom homem aí. Tenho certeza que ele vai proteger e ainda estou aqui. Não é como se eu estivesse me afastando ou algo assim.

— Jeb, como as drogas não estão aqui, você já as encontrou?

— Não. Nós nunca encontramos. Não sabemos o que Sasha fez. Quando você trouxe Cody de volta, ele tinha algo com ele além de roupas?

— Apenas algumas de suas roupas de bebê e pequenos brinquedos em um baú velho. Está no sótão. — Eu disse a mim mesma que iria passar por isso um dia e doar algumas dessas coisas, mas nunca o fiz.

— Quão grande era?

— Grande. — Eu uso meu braço para demonstrar. — E foi super pesado. A senhora que mantinha Cody teve que me ajudar a levá-lo para o carro.

— Podemos abri-lo? — Jeb pergunta.

Vejo luzes piscando quando a ambulância para. — Podemos fazer isso depois que eles verificarem Mimi?

— Claro. Você deveria estar com ela agora.

Weston e eu saímos e ficamos com ela enquanto a examinam. Quando terminam, decidem que ela está bem e pode ficar em casa. Peço a eles que deem uma olhada em Cody também enquanto estão aqui. Ele esteve lá fora com um dos agentes porque acha que eles são tão legais quanto Batman.

Depois que os paramédicos dão a ele uma olhada e ele brinca com os estetoscópios para ouvir seu coração, eles me dão um sinal de positivo. Weston ajuda Mimi a entrar, embora eu ache que ela só queira a atenção dele. Uma vez lá dentro, pergunto se ela quer uma dose de bourbon. Ela solta uma risadinha e depois diz: — Acho que quero, obrigada.

Aponto para o gabinete onde está e Weston cuida de Mimi enquanto Jeb me segue até o sótão. Quando chegamos lá em cima, digo: — Se houver drogas nisso, quero que você tire daqui sem Mimi ou Cody saberem.

— Vou fazer.

Localizando o baú, abrimos. No topo estão roupas de bebê e alguns pequenos itens, como mordedores e chocalhos. Jeb passa por baixo de tudo, depois olha para onde sua mão está no fundo do baú.

— Há um fundo falso aqui.

Nós puxamos tudo para fora e ele levanta o fundo. Dentro há tijolos de cocaína. A coisa toda está atolada, recheada com eles.

— Ah, merda. Quanto você acha que tem aí dentro?

— Várias dezenas de quilos, pelo menos. Eu suspeito que isso é apenas uma dica do que ela pegou. Quem sabe o que ela fez com o resto.

— Jeb, você precisa tirar isso daqui.

— Sim. Você tem uma mochila velha ou algo em que eu possa usar? Talvez Weston possa manter Mimi e Cody ocupados enquanto eu cuido disso.

Olho em volta e vejo algumas malas velhas.

— E aquelas?

— Não tenho certeza de que sejam grandes o suficiente, — diz ele.

Então eu vejo uma mochila de lona velha. Parece algo que meu avô teve quando estava no exército. — Que tal?

— Isso pode servir.

Colocamos os tijolos de cocaína dentro e descemos para ver se a barra está limpa. Weston ainda está na cozinha com Mimi e Cody. Eu olho para ele por um segundo e ele entende a necessidade de mantê-los distraídos por mais um tempo. Então eu silenciosamente fecho a porta da cozinha. Jeb desliza para fora para explicar a situação a Marvin. Marvin dirige um SUV para a frente, enquanto Jeb carrega a bolsa pesada pela porta da frente. Quando está carregada no veículo deles, finalmente respiro normalmente novamente.

Merda! — Droga, Jeb, eu dirigi todo o caminho da Califórnia com essas coisas.

— Ei, você está bem agora. Pegamos os bandidos.

— Mas você pegou o bandido?

— Sim, Spesh, nós pegamos. Por isso esses dois acabaram aqui. Eles eram os membros restantes do cartel que quebramos. Quando a operação em L.A. foi limpa, eles não tinham mais nada lá. Nós sabíamos que haveria dois ou três que seguiriam Sasha, mas não sabíamos quando.

— Por que você acha que eles levaram esse tempo todo?

— Enquanto a operação deles estava em andamento, eles não precisavam disso. Assim que o desligamos, eles ficaram desesperados. Foi quando apertamos as coisas aqui em cima.

— Sinceramente, não sei o que dizer. Por todos esses anos, pensei que você fosse meu empregado. Eu não tinha ideia de que você estava trabalhando nos bastidores, impedindo que esses caras chegassem até nós. Obrigada, Jeb, por nos manter a salvo. Ainda não sei o que vamos fazer sem você. Você faz parte desta família.

— Espero que eu sempre faça parte dela.

— Sempre. — eu digo. Então eu o abraço.

 


Na semana seguinte, Weston e eu fazemos uma visita matinal a Mimi, dizendo que ele queria levar o café da manhã para ela. Mimi está muito empolgada com isso. Enquanto ele tenta ao máximo convencê-la a se mudar para o apartamento em cima do bar, eu sento e ouço.

Mimi inventa todos os tipos de desculpas, mas para tudo Weston tem um ótimo retorno. Ela finalmente promete fazer uma lista de prós e contras. Lembro a ela que Cody ainda está com medo de estar na fazenda, já que ele ainda está brincando no quintal e continua tendo pesadelos. Eles podem até trazer Mokey porque eu tenho um relacionamento especial com o dono do prédio que deu a aprovação a um cachorro. Weston e eu partimos com uma promessa de Mimi de que ela nos informará dentro de uma semana.

Naquela noite, ela me liga no trabalho e diz que sim. Eu pulo e grito. Todos no bar ficam olhando. Jeb quer saber qual é o acordo.

— Ela disse sim! — Eu grito.

— Com quem você está se casando? — Alguém pergunta.

A vontade de revirar os olhos é forte, mas eu rio. Estou tão animada que eles finalmente estão se mudando e eu vou ver Cody todos os dias.

Exatamente um mês depois, Mimi e Cody se mudam para sua nova casa. Eu sigo o exemplo no próximo fim de semana. Decidimos arrendar as terras de Mimi para um fazendeiro que possui gado. É uma vitória para todos. Cody está empolgado em começar sua nova escola de jardim de infância. Ele também vai jogar futebol. Weston concorda em ajudá-lo a praticar se Mimi não puder ou se eu estiver inundada no trabalho. Quando penso nos últimos meses, sei que finalmente cheguei à felicidade.

No final da primavera, depois de uma das partidas de futebol de Cody, ele está no topo do mundo porque marcou um gol com o pé esquerdo, Weston deixa Mimi e Cody em casa. Ele me diz que há algo que ele quer que eu veja. Eu acho que ele vai me mostrar uma de suas casas do Habitat. Ele está gostando de trabalhar com eles, e eu adoro ver quanta alegria ele ganha com isso. Em vez disso, dirigimos para Virginia Highlands, onde as casas são grandes e encantadoras. Sempre admirei esta parte do bairro e invejei as pessoas que moram aqui.

Weston entra na entrada de uma casa bonita e eu pergunto o que ele está fazendo aqui.

— Você vai ver.

Ele tira uma chave do bolso quando chegamos à varanda da frente e destranca a porta. Minhas suspeitas aumentam.

— É isso que eu acho que é?

— Isso depende do que você acha. — diz ele, sorrindo.

Entramos em um grande hall de entrada. Diretamente à direita está um escritório. Mais abaixo é uma escada. À esquerda, há uma grande área de estar que se abre para uma cozinha incrível, que leva a uma sala de jantar. Esta casa é magnífica. Tudo é feito em tons de cinza suaves acentuados em toques de joias mais brilhantes. Está completamente mobiliada e quem mora aqui tem um excelente bom gosto. Ele me conduz pelo nível principal e depois até o segundo andar. É onde estão todos os quartos. Tem uma suíte máster incrível, ainda melhor que a de seu condomínio. A banheira é grande o suficiente para quatro pessoas e o banheiro de vidro tem quatro chuveiros. Não sei por que, talvez o designer estivesse pensando em uma festa no chuveiro. Quem sabe? O que eu mais gosto é que o chuveiro e a banheira estão em uma sala separada das pias, que também são separadas do vaso sanitário. Os outros quartos também têm banheiros conectados, e eles parecem muito bonitos.

Ele me leva de volta para o térreo e me mostra algo que eu perdi. Há um adorável quarto, banheiro e cozinha compacta anexados à casa.

— Isso é para a babá.

— Uau, eles pensaram em tudo, não é?

— Sim, mas eu pensei que Mimi gostaria do seu próprio espaço separado.

Parando de morrer, digo: — Repita isso.

Ele me pega nos braços e diz: — Espero que você goste da nossa nova casa.

— Nossa nova casa?

— Sim, achei que poderíamos precisar de uma em breve.

— Oh?

Então ele se ajoelha e diz: — Special O'Malley, desde o primeiro dia em que acordei no seu sofá, você possuía quase todos os pensamentos na minha cabeça. Meu coração e alma pertencem a você, e quero que minha vida seja sua também. Você vai me fazer o homem mais feliz do mundo e dizer que se casa comigo?


40

WESTON

— Ela disse sim! — Grito no telefone para Jeb e Mimi. Assim que deixei Mimi e Cody, eles foram ao bar e esperaram lá com Jeb. Todos eles sabiam quais eram meus planos. Eu posso ouvir Jeb gritando para todos no bar: — Ela disse que sim! — E uma alegria irrompe em segundo plano.

Cody pula no telefone e pergunta: — Você vai ser meu pai agora, Sr. Western? — Eu tenho o telefone no viva voz, então olho para Special. Ela estende as duas mãos, palmas voltadas para cima, indicando que depende de mim.

— Você quer que eu seja seu pai, Cody?

— Sim!

— Então vamos fazer isso acontecer, grandão.

— Ebaa! — Ele grita no telefone.

— Mas você precisa fazer algo por mim primeiro.

— O quê? — Cody pergunta.

— Você tem que estar em nosso casamento e vestir um terno.

— Eu preciso?

— Uh-huh, porque vamos tirar fotos para podermos lembrar quando ficarmos velhos.

— Oh, tudo bem então.

Special segura a mão sobre a boca para silenciar a risada.

— Sr. Western, posso usar minhas chuteiras?

— Veremos.

— Ok.

Eu pego Special olhando para a mão dela, e caramba, isso me faz sentir como um milhão de dólares. Quando ela pulou nos meus braços e concordou em se tornar minha esposa, eu quase fiz um movimento de mulherzinha e chorei. Ok, meus olhos lacrimejaram um pouco, mas eu não chorei. E acho que me saí muito bem no ringue. Eu sabia que ela nunca iria procurar algo ostensivo, então escolhi um diamante simples de um quarto de quilate da Tiffany. E ela adorou. Seus dedos são tão pequenos que qualquer coisa maior pareceria ridícula para ela de qualquer maneira.

Após a ligação, ela me encara por um segundo. — Não acredito que você conseguiu isso. Como você comprou esta casa sem que eu soubesse?

— Você tem estado um pouco ocupada ultimamente, e comigo não trabalhando mais para o demônio, foi fácil. — Possuir minha própria empresa me deu tempo livre. Admito que algumas dessas tardes em que eu disse que estava no armazém ou no Habitat, eu poderia estar caçando casas.

A Special Place está agora no processo de se tornar uma franquia e ela administra esse negócio enquanto eu administro a empresa de arquitetura e construção. Meu pai acabou perdendo muitos clientes. Comecei a contratá-los e contratei dez engenheiros de arquitetura para lidar com o excesso. Meus funcionários estão satisfeitos com o excelente equilíbrio entre vida profissional e pessoal, porque as horas que estabeleci não são tão exigentes quanto a antiga empresa. Não posso dizer o mesmo sobre o meu pai. Todo ramo de oliveira que eu estendo fica intocado. Estou bastante certo de que nosso relacionamento está irreparavelmente danificado.

Depois que ela para de rir, ela pergunta: — Então, quando você vai se mudar?

— Sim, sobre isso. Eu já me mudei. Todo esse mobiliário é nosso.

— O quê? Você está falando sério? — Sua expressão me racha.

— Spike, acalme-se um pouco ou terei que enfiar os olhos nas órbitas. Contratei um decorador e mandei mobiliar este lugar antes de me mudar. Meu condomínio está no mercado, totalmente mobiliado.

— Não brinca!

Eu a agarro, a pego e a carrego de volta para a varanda da frente. — Então vamos fazer isso de novo. — Andando sobre a soleira com ela nos braços, digo: — Agora é oficial. A propósito, eu coloquei seu nome na ação, mesmo que você não estivesse no fechamento do contrato.

— Como você fez isso?

— Eu não sei. Meu advogado fez isso. Você pode perguntar a ele. Você provavelmente tem alguns papéis para assinar em algum lugar.

Ler Special não é difícil e, em um instante, os vincos na testa me informam que algo não está certo. — E aí?

— Mimi. Ela não vai fazer isso. Ela não vai querer ser uma intrusão.

— Agora é aí que você está errada. Mimi é que estava procurando casas comigo. Foi ela quem me ajudou a decidir sobre esta.

— Mas onde estão as coisas dela?

— Essa é a parte engraçada. Quando iniciei o processo de mudança e perguntei o que ela queria trazer, ela não disse nada. Ela queria uma vida totalmente nova quando nos mudarmos para cá. No que diz respeito ao quarto de Cody, eu não coloquei as coisas dele porque teria sido uma oferta inaceitável para você.

As mãos de Special cobrem seu rosto por um momento. — Não acredito que tudo isso está acontecendo. Estou tão feliz.

— Princesa, este é apenas o começo.

Ela se move para a gaiola dos meus braços e olha para mim. — Eu nunca pensei que seria tão feliz. Não achei que fosse possível. Não preciso mais sonhar, porque minha realidade é muito melhor do que qualquer coisa que eu possa ter imaginado.

Então ela fica na ponta dos pés para pressionar seus doces lábios nos meus, e minha vida nunca foi tão completa.

Enrosco uma mão no cabelo dela. Isso é algo que eu nunca vou me cansar. — Você consertou cada parte quebrada de mim, mesmo as peças que eu não sabia que precisavam ser consertadas. Da maneira mais estranha, eu tenho que agradecer à minha família fodida. Se não fosse por aquele jantar horrível, eu nunca teria entrado no seu bar naquela noite... ou no seu sofá naquela manhã, ou acordado com seu rosto bonito, sua boca atrevida, seus olhos sensuais, ou nunca teria a chance de experimentar minha obsessão especial. Isso é exatamente o que você é. Meu profundo amor por você vai além de qualquer coisa que eu possa descrever.

 


A primavera passa para o verão e o verão para o outono. É em uma dessas tardes perfeitas de outono, quando as folhas de outono estão no auge, que damos nossos votos. A cerimônia acontece ao ar livre e a recepção dentro de um celeiro rústico, ao lado de onde dizemos nossos votos. Special se apaixonou pelo lugar quando fomos conferir. Isso a lembrou do celeiro em Mimi e eu concordei. Nós dois sentimos que era o lugar ideal para selar nossos votos de casamento.

Não há um grande número de pessoas presentes, talvez setenta e cinco, mais ou menos. Dois meses antes do casamento, Special achou que eu deveria tentar consertar as coisas com minha família. Embora eu tivesse uma boa noção de qual seria o resultado, fomos à casa dos meus pais para ver como seria.

Quando eles souberam que estávamos nos casando, não houve comentários de congratulações, como eu suspeitava. Papai não disse uma palavra sobre a empresa. Quando perguntei, ele me disse que não era da minha conta. Ouvi dizer que eles haviam perdido vários clientes porque não podiam cumprir suas obrigações contratuais. Os processos estavam pendentes como resultado.

— Pai, eu gostaria de ajudar. — eu disse.

— Você já causou problemas suficientes. É por sua causa que tudo isso aconteceu.

— Isso não é verdade, e você sabe disso. — eu disse.

Special entrou entre nós e disse: — Viemos aqui porque queríamos que você soubesse que estávamos nos casando, não para discutir sobre negócios. Queremos que você venha ao nosso casamento.

— Então, você finalmente conseguiu isso, não foi? — Papai perguntou a ela. — Você finalmente conseguiu o dinheiro dele, como sempre pretendeu.

— Não preciso e nem quero um centavo disso. Eu tenho algo muito mais valioso, algo que você não sabe nada. Eu tenho o amor dele, e é uma pena que você não saiba o significado da palavra.

— Saia daqui e não volte.

Então partimos, e foi isso. Minha irmã nunca retornou nenhuma das minhas ligações. Mesmo não sendo do mesmo sangue, acho que minhas conexões com a família de Special são mais sólidas e significativas do que qualquer coisa que já senti com as pessoas com quem compartilho meu DNA.

Depois, há a mãe de Special. Ela aparece com seu último homem do dia e já está insinuando que, com certeza, poderia usar alguma ajuda financeira. Special e eu a ignoramos. Não consigo descobrir como ela pode estar relacionada à Mimi. Eu acho que é o mesmo que eu estar relacionado aos meus pais. A diferença é que a mãe de Special não é má. Ela é simplesmente avoada.

Hoje é perfeito. E se eu pudesse escolher uma palavra para descrever minha esposa, seria angelical. Quando a vejo andando pelo corredor no braço de Jeb, sei que ela é um anjo. Com um vestido simples de seda e renda, ela tira o meu fôlego. Harrison quase tem que me apoiar. Depois, quando ela se vira, toda tatuagem exposta. A parte de trás do vestido passa por sua cintura e eu instantaneamente sorrio. O sorriso sexy que ela me deu me levou para o banheiro privado após a cerimônia. De jeito nenhum posso esperar até depois da recepção para reivindicar minha esposa.

Mal chegamos à pista de dança a tempo da primeira dança. Mas eu não desapontei Special quando a girei e a inclinei, mostrando minha elegância. Ela ri e sua alegria é tão evidente quanto a minha.

Mais tarde, enquanto olho pelo salão, assisto Special e Cody dançando. Ele está usando chuteiras de futebol agora. Dissemos que ele tinha que usar sapatos sociais para a cerimônia, mas que poderia mudar para a recepção se prometesse não chutar a Honey B. nas canelas enquanto dançavam.

Quando ele soube que tinha que dançar, foi hilário. — Eu tenho que dançar com ela? — Sua expressão chocada foi tão cômica que eu teria pago um bom dinheiro por uma foto.

— Claro, você tem que dançar com ela. Ela é sua quase mãe. — Eu disse a ele.

E então ele sorriu. Seus dentes da frente nasceram e são enormes, e eu quero dizer enormes, em seu pequeno rosto. Eles me matam toda vez que olho para o gatinho bonitinho. — Ei, quando o Sr. Western me adotar e eu o chamar de pai, posso começar a chamá-la de mãe? — Ele perguntou a Special.

Jesus, me ajude, todos começamos a chorar. Bem, eu chorei, mas Mimi e Special, você pensaria que a Represa Hoover estava aberta. Ela o puxou nos braços e quase lhe tirou o fôlego.

Ele gritou: — Honey B., você pode me deixar ir agora?

Foi um momento para nunca ser esquecido.

— O que colocou esse sorriso maldito em seu rosto?

Olho para ver Prescott e Harrison em pé ao meu lado.

— Que diabos você acha? Olhe para eles. Você não estaria sorrindo se eles fossem seus?

Harrison, o mais sábio dos dois, diz: — Sim, eu iria.

Prescott, o espertinho, diz: — Não. Você acabou de assinar permanentemente seu pau com ela.

— Você é um idiota estúpido, sabia? — Eu pergunto.

— Sim, é por isso que estou sempre uma bagunça.

Nós rimos. Então Prescott levanta o copo e diz: — Para Westie. Que você viva muito tempo com sua dama, ame-a com força e transe com ela até que seu pau caia.

Balançando a cabeça, toco meu copo com o deles e o inclino até ficar vazio. — Essa é a coisa mais profunda que você poderia inventar?

— Eu pensei que era muito bom. — diz Prescott.

Harrison diz: — Westie, esquece. Scottie nunca fez sua própria lição de casa. Ele nunca leu nenhum dos clássicos da literatura. O homem tem merda no cérebro quando se trata de ser criativo e gentil.

Prescott olha para Harrison e diz: — Tudo bem, espertinho, me dê um presente então.

— Esperem, pessoal. Eu tenho um copo vazio aqui. — eu digo.

Harrison chama um garçom e me pega outra bebida. Então ele diz: — Que suas vidas sejam longas e cheias de saúde e alegria; que seu portfólio coloque sorrisos em seus rostos; que o tamborilar dos pés e o som do riso tilintante preencham esses quartos extras em sua casa; mas acima de tudo, que suas noites sejam preenchidas nos braços de sua amada esposa, agradando-se mutuamente de todas as formas. — Então ele levanta o dedo indicador e acrescenta: — E espero que vocês se amem mais em trinta anos do que hoje.

Tocamos os copos e eu digo: — Agora é um brinde com o qual vou beber de bom grado. E é muito melhor do que querer que meu pau caia. — Isso me lembra quando eu usava o cateter e ri muito. — Por falar em pau, eu já contei toda a história de quando eu estava no hospital?

Aparentemente, não o fiz, então retransmiti todo o incidente do cateter. Quando terminei, Prescott está curvado, apoiando-se nos joelhos, rindo tanto que temo que ele tenha um ataque cardíaco. Todo mundo está olhando para ele.

— Scottie, acalme-se, cara. — diz Harrison. — Você está fazendo um espetáculo de si mesmo.

— Oh, merda, isso foi engraçado. — diz ele.

— Ei, eu estava usando morfina, então não foi completamente minha culpa.

— É verdade, mas caramba, eu gostaria de ter estado lá com você enlouquecendo e tudo mais.

Agora Harrison começa a rir, então Special se aproxima. — Ei, o que é tão engraçado?

Merda! — Oh, é algo que eu nunca te falei.

— Você nunca disse a ela? — Prescott praticamente grita.

— Abaixe sua voz, Scottie. Você está perto de gritar.

— Oh, Special, você precisa ouvir isso. — diz Prescott.

— O quê? — Pergunta Special, olhando diretamente para mim.

— Ok, eu ia te contar quando saísse, mas depois eu esqueci. Foi quando tive aquele acidente no canteiro de obras e estava no hospital.

As sobrancelhas dela se erguem. — Sim?

— Bem, lembra como eu estava tomando toda aquela medicação para dor, a morfina ou o que quer que fosse?

— Uh-huh. — diz ela.

Eu conto a ela. Prescott ri de novo, Harrison solta uma boa risada de doer a barriga e Special bufa. Alto. Realmente alto. Então ela se inclina e pergunta: — Você realmente pensou que seu pau ia cair?

— Sim! Lembra quando você e Jeb entraram no quarto e depois a enfermeira? E vocês tiveram que sair por um momento? Foi quando eu estava enlouquecendo.

— Ah, Merda. Temos que contar a Jeb.

— Cristo. Posso também pegar um microfone e contar a todos na recepção.

Prescott e Harrison apenas riem. Special me dá um tapinha no braço e diz: — Não é nada para se envergonhar. É uma coisa perfeitamente normal de se confundir quando você está cheio de morfina e nunca teve um cateter. — E então ela bufa de novo. E guincha. Ela está mordendo os lábios, tentando não rir. — Ok, eu não vou mencionar isso para Jeb. Não hoje à noite, de qualquer maneira. — Ela fica na ponta dos pés e pergunta: — Você quer que eu diga a esses caras que posso atestar o fato de que seu pau está totalmente funcional?

— Não! Bem, talvez.

— Weston tem um pau excepcional. De fato, é mágico. — Ela olha para mim e pisca, e depois diz: — Acho que foi polvilhado com pó de fada. Você não acreditaria no poder que esse pau tem. — Ela se afasta, deixando-os, especialmente Prescott, olhando para ela com o queixo caído. Agora é a minha vez de rir. Homens. Bando de cara de pau.


EPÍLOGO

A primavera seguinte – Special

Foi ideia de Weston, mas eu estava a bordo cem por cento. Eu pensei que seria apropriado, não apenas para ela, mas para Cody. Mesmo que não houvesse um corpo, pelo menos poderíamos ter um memorial, algo para homenageá-la.

Na semana anterior ao serviço planejado, fui à casa dos pais de Sasha, junto com Weston. Eles concordaram em falar comigo quando eu lhes disse que tinha informações sobre a filha deles, o que me surpreendeu. Eles não eram o que eu chamaria de super amigáveis, mas eles aceitaram a notícia mesmo assim. Quando expliquei como ela morreu, os olhos de sua mãe se encheram de lágrimas. Foi a primeira vez que a vi demonstrar emoção. Então eu disse a eles que Cody, seu filho, estava morando conosco. Ele era nosso filho adotivo. Como não havia como contestar a decisão de Weston de adotar, ela passou rapidamente pelos tribunais. Eu os deixei saber que eram bem-vindos para visitá-lo a qualquer momento. Eu mostrei a eles várias fotos dele.

— Vamos realizar um serviço memorial para Sasha na próxima semana. Eu pensei que deveriam saber se quisessem participar. Mesmo que não haja um corpo, ela era minha melhor amiga e eu quero homenageá-la. — Eu disse a eles quando e onde. Eles nunca disseram se viriam ou não.

No dia do culto, está quente e ensolarado, como Sasha teria adorado. Não há muitas pessoas – Weston, Cody, Mimi, Jeb, alguns amigos de Sasha da escola e o pregador. A pedra de granito que Weston comprou é perfeita – simples, com uma borda destacando o seguinte:


Sasha Grace Berenson: 1990 a 2014

Filha amorosa, amiga e

Mãe

Retirada de nós muito cedo


Cody segura minha mão e eu seguro a de Weston. Nos reunimos em torno da pedra e o pregador começa a orar quando o Sr. e a Sra. Berenson se juntam a nós. Weston aperta minha mão. Eu sorrio e aceno para eles. Após a oração e as bênçãos, todos planejamos voltar o A Special Place.

— Sr. Berenson, Sra. Berenson, gostaria que vocês conhecessem Cody. Cody, esses são o pai e a mãe de Sasha.

Estou tão orgulhosa de Cody neste momento, porque ele estende a mão como um cavalheiro e diz: — É um prazer conhecê-los, senhor, senhora.

Suas bocas se curvam um pouquinho. — Bem, é um prazer conhecê-lo também, jovem. — diz o Sr. Berenson.

— Vocês vem para A Special Place conosco? — Cody pergunta. — Tem a melhor comida da cidade.

Não posso deixar de rir de sua tentativa de propaganda.

— Acho que podemos parar por um ou dois minutos.

— Bem, isso nem dará tempo ao cozinheiro para cortar uma batata, — diz Cody. — Ele corta as batatas frescas com essa coisa, — ele demonstra com a mão — e elas são as melhores da cidade.

— Então acho que teremos que ficar o tempo suficiente para experimentar as batatas fritas.

Cody lhes dá um sorriso largo, e os dentes da frente os fazem sorrir em troca. O garoto é encantador.

— Então eu acho que devemos ir, não devemos, grandão? — Eu pergunto.

— Sim.

Weston diz aos Berensons onde fica o bar e lá vamos nós. Quando entramos no carro, Cody pergunta: — Essas pessoas são minha avó e meu avô?

— Bem, Cody, sim, eles são. — É um pouco estranho.

— Por que é que eles não vão aos meus jogos de futebol, como Mimi?

— É difícil de explicar, mas talvez agora eles irão.

— Talvez eu possa mostrar a eles como posso chutar com os dois pés.

Weston, Mimi e eu concordamos enquanto usamos nossas expressões sérias. Quando chegamos ao bar, garantimos que haja uma mesa reservada para acomodar todos. Então começamos a contar histórias de Sasha enquanto esperamos a comida. Cody adora isso. Ele ama aquela dos dois pés esquerdos de Sasha.

— Pena que eu não poderei ensiná-la a chutar uma bola de futebol. — diz ele.

A sra. Berenson diz: — Receio que ela teria quebrado alguma coisa, querido.

— Sim, o nariz dela. — acrescento.

Cody ri tanto que é impossível não rir também.

Depois que comemos, todos saem, mas não antes de nos agradecer por convidá-los.

Os Berensons também nos agradecem. Então, o pai de Sasha diz: — Gostaríamos de ver Cody algum dia, se estiver tudo bem.

— Nós adoraríamos que você viesse. Na verdade, Cody quer que você vá a um de seus jogos de futebol. Não tenho certeza se é isso que você prefere, mas ele adoraria.

— Acho que iremos. — diz o Sr. Berenson.

Weston pega o número deles e diz que ligará para eles com a agenda de Cody. Quando eles se foram, ficamos surpresos que eles realmente querem um papel na vida de Cody.

Mimi diz: — Eu acho maravilhoso. Talvez eles finalmente percebam o quanto perderam com Sasha e não querem cometer esse erro com Cody.

— Talvez. Seria bom que Cody os conhecesse, mas se eles agirem em relação a ele da maneira que fizeram com Sasha, não tenho tanta certeza.

Weston diz que devemos ligar para conversar mais com eles. É uma experiência esclarecedora. Depois que Sasha desapareceu, eles foram ao aconselhamento e perceberam como eram terríveis. Eles sabem que nunca podem compensar os erros que cometeram com Sasha e se culpam pelo que aconteceu com ela, mas gostariam de ter a chance de conhecer Cody. Eles disseram que entenderiam se não os quiséssemos perto dele, mas conhecê-lo os fez perceber quanto mais trabalho eles precisam fazer.

— Gostaria que Cody tivesse um relacionamento com vocês, mas, neste momento, quero que seja supervisionado. Espero que vocês entendam mal. — eu digo.

— Nós estamos bem com isso. Tudo o que queremos fazer é passar algum tempo com ele. Iremos aos jogos, à sua casa, ou se você quiser se encontrar para jantar, tudo bem também.

Por isso, organizamos um encontro a cada duas semanas para o jantar e avisamos quando são os jogos dele. Nós sentimos que começar devagar é o melhor. Se as coisas progredirem bem, talvez possamos convidá-los mais.

Cody parece animado quando contamos a ele, e eu sei no meu coração que é o que Sasha iria querer. Ela sempre quis consertar as coisas com os pais. É um conforto saber que por mais que ela se foi, pelo menos Cody terá a chance de se conectar a ela de outra maneira além de mim.

Naquela noite, quando Weston e eu estamos sozinhos na cama, eu digo: — Sasha está feliz. O que fizemos hoje foi a coisa certa a fazer. Obrigada por me encorajar a iniciar a conversa com eles. — Eu pressiono meus lábios nos dele. — Todos os dias com você, tenho que me beliscar apenas para me lembrar de que não estou sonhando.

Sua boca pressiona contra a minha. — Você é muito melhor do que qualquer sonho.

Ele rola em cima de mim e encontra meu sexo com os dedos. Então sua boca procura a minha e é um beijo lento e quente que deixa meu coração disparado. É uma coisa boa que não dormimos com roupas porque isso simplifica muito o nosso tempo sexy.

Enganchando minha perna sobre seu braço, ele me abre bem quando sua cabeça grossa e inchada encontra o caminho de casa. Avançando, depois recuando de novo, ele me provoca até eu implorar por tudo.

— O quanto você quer isto?

Estou gemendo tanto que nem consigo responder.

Ele finalmente me dá o que eu quero, e com um impulso final ele me deixa segurando os lençóis, quase os rasgando. Eu gozo com um punho na minha boca quando ele puxa e me vira, então eu estou montando nele.

— Há muito mais de onde isso veio, meu coelhinho.

Beliscando seu mamilo, envolvo minha mão em torno de seu pau e me sento nele. — Oh, sim, — eu ofego — bem, eu tenho mais para você também, Westie.

Ele inclina a pélvis e encontramos o nosso ritmo, aquele em que ele aperta todos os meus botões certos.

— Deus, você é magnífica. Seus peitos, sua boceta, seu corpo, tudo.

Minhas mãos pressionam seus quadris, usando-o como alavanca quando eu levanto e abaixo, e ele sobe a cada movimento. Sua mão se move entre as minhas coxas, onde ele encontra meu clitóris, e sempre, sempre, aplica a quantidade exata de pressão para que eu possa marcar outro orgasmo.

— Adoro quando você se move no meu pau, apertando-o com tanta força. — Ele geme em seu próprio clímax. É quando eu caio na parede do seu peito. Eu amo estar aqui – onde me sinto protegida por ele. — Você é a mulher mais perfeita, tão bonita.

Ele gosta de olhar minhas costas com todas as tatuagens.

— É melhor você apreciar esse corpo enquanto pode.

— Oh, eu pretendo.

Levanto e ele pergunta para onde estou indo.

— No banheiro.

— Não demore.

Eu tenho algo que ele precisa ver. Quando eu volto, ele olha para cima. Eu sei exatamente o que ele vai dizer, porque ele diz isso o tempo todo.

— Traga esse seu belo corpo aqui.

— Espero que você ame esse corpo quando não for tão bonito.

Ele beija minha mão. — Você sempre será linda.

Inalando, digo: — Oh, não tenho tanta certeza disso. — Eu tiro a foto das minhas costas. — Quando este pequeno bicho chegar a cerca de sete ou oito meses, vou parecer uma melancia. — Entrego a ele a foto do ultrassom.

— Hã? — Ele está claramente confuso.

— Você sabe o que é isso?

— Uh...

— É um ultrassom do nosso cajuzinho. Nós vamos ter um bebê. — Nós dois decidimos que não queríamos esperar, principalmente porque Cody já tinha sete anos. Então eu parei de tomar a pílula após o primeiro dia do ano.

— Você está falando sério?

Eu rio e caio de cara no peito dele. — Sim, estou falando sério. Estamos grávidos, baby.

— Oh, Deus, estamos grávidos. Deite-se. Acabamos de fazer sexo. Sexo violento e apaixonado.

— Está tudo bem. É isso que os casais grávidos fazem. Eles fodem, Weston.

— E nada acontece?

— Sim, acontece. Como nós fizemos. Então eles dormem e acordam às duas ou três da manhã e fodem novamente. Ou talvez a esposa acorde e encontre o marido comendo sua boceta.

— Eles fazem isso?

Eu dou um soco no braço dele. — Eu vou comprar alguns livros para você. Ou procure na internet se não acredita em mim.

— Sim, sim, é isso que eu vou fazer.

— Por que você não me disse que seria um idiota tão neurótico por isso? Eu teria escondido isso de você até entrar em trabalho de parto.

Ele aponta o dedo indicador para mim e diz: — Você não é tão engraçada. Sabe, fiquei me perguntando por que você não bebeu nos últimos dias.

— Eu suspeitava.

— Estamos tendo um bebê! — A expressão mais idiota aparece em seu rosto. Não posso deixar de beijar sua testa.

— Eu tenho um pedido. — eu digo. — Não podemos, sob nenhuma circunstância, nomear esse garoto como Special.

 


Sete meses depois

Estou sentada na cama do hospital, segurando nossa filha enquanto Weston observa. — Você tem certeza? — Eu pergunto.

— Sim, tenho certeza. Nós conversamos sobre isso, e o nome verdadeiro de Mimi é Elizabeth. Eu acho que é um nome bonito. E Sasha teria adorado.

— Elizabeth Sasha Wyndham. Obrigada. Eu amei.

— Eu também. Quantos mais você quer?

— Caramba, por que você está me perguntando isso agora? — Então eu olho para seu rosto pálido e dou risada. Aparentemente, Weston caiu como se alguém apagasse as luzes durante a entrega. Quando o médico me disse para empurrar e o bebê coroou, Weston caiu. — Da próxima vez, talvez Jeb precise vir comigo.

— Isso foi brutal. Eu pensei que você estava morrendo. Quando a coisa da cabeça saiu, foi...

— Essa coisa da cabeça era sua filha. — Balanço a cabeça.

— Eu não sabia que ela seria tão... cinza e pegajosa.

— Weston, o que você esperava? Um bebê perfeitamente rosa?

— Sim, como ela está agora, exceto por quanto tempo ela ficará assim enrugada?

Não consigo parar a risada que explode. — Você tem que lembrar que ela está no líquido amniótico há quase quarenta semanas.

Ele balança a cabeça. — Não consigo pensar nisso. É muito nojento.

— Agora tudo faz sentido.

— O quê?

— Você e as coisas médicas não se dão bem. Não é à toa que você pensou que seu pau estava caindo.

— Você provavelmente está certa. Então, quando posso segurá-la?

Dou uma olhada nele e pergunto: — Você está bem? Quero dizer, realmente bem? Não quero que desmaie de novo.

— Não, eu estou bem. Se eu me sentar bem aqui, ficarei bem.

Ele estica a mão e tira o bebê dos meus braços. Então ele se senta na cadeira e dá uma boa olhada no que ele segura. — Posso puxar os braços dela para fora deste curativo?

— Não é um curativo. Eles a envolveram em um cobertor. E sim, você pode. Apenas afrouxe o cobertor, chegue lá e pegue delicadamente um braço.

Ele afrouxa o cobertor para revelar um membro minúsculo.

— Ai Jesus. Oh, Deus. Eu sou pai. Somos pais, Spike. Você acredita que fizemos isso? Olhe para seus dedos minúsculos. E olha. Ela até tem unhas pequenas para acompanhá-los.

Estou mordendo meus lábios para não rir, mas é a coisa mais doce que eu já vi.

Então ele olha para mim e tem a expressão mais séria no rosto. — Juro diante de você, Deus e de todos no mundo, prometo ser o melhor pai possível. Para essa criança nunca faltará a nada, principalmente amor e carinho de mim. Eu nunca vou decepcioná-la, ou você. — Suas bochechas brilham de lágrimas, e eu sei que ele está pensando em como foi criado.

— Eu sei que você não vai, Weston. Eu sei que você não vai.

Uma vez ele me disse que eu era sua obsessão especial, mas tenho certeza que ele também é a minha.

 

                                                                                                    A. M. Hargrove

 

 

 

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