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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


THE RENEGADE HUNTER / Lynsay Sands
THE RENEGADE HUNTER / Lynsay Sands

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Nicholas Argeneau foi uma vez um caçador de sucesso que ia atrás de vampiros renegados que infringiam a lei imortal. Exceto que ninguém mencionou seu nome nos últimos cinquenta anos, desde que ele se transformou em um renegado. Mas uma vez um caçador, sempre um caçador. Quando Nicholas vê um idiota sanguinário aterrorizando uma mulher, é uma segunda natureza para ele vir em seu socorro. Ele não tinha idéia de que ele também gostaria de beijá-la sem sentido.
Em um minuto Josephine Willan está tomando em um pouco de ar fresco e no minuto seguinte presas afiadas estão indo direto para seu pescoço! Felizmente um estranho lindo salva sua vida e fica preso por suas angústias. Pode um homem que beija tão amorosa e apaixonadamente realmente ter cometido o crime do qual ele é acusado?
Jo não está tão certa e ela está determinada a provar que por este caçador renegado vale a pena lutar.

 


 


Capítulo 1

Nicholas chegou à beira do pequeno arvoredo do bosque e amaldiçoou em voz baixa.

De algum jeito tinha perdido o renegado, devia ter passado direto. A idéia lhe fez girar e olhar para trás por onde tinha vindo, mas Nicholas estava seguro de que não havia maneira de que o tivesse deixado para trás. O caminho que bordeava o bosque tinha só dez metros e o tinha percorrido lentamente, procurando com o olhar as árvores que passava. Não podia ter ficado para trás, mas era a única coisa que tinha sentido.

Nicholas agarrou o receptor de sinal em seu bolso e olhou a tela. O carro do renegado ainda estava exatamente onde tinha estado antes. O homem não o tinha levado. Meteu o aparelho no bolso e se virou para olhar o meio-fio diante dele. Não havia forma de que o renegado tivesse chegado ali a pé, tinha certeza. Era a entrada à nova casa dos executores. O equivalente a uma delegacia de polícia de caçadores de vampiros, era melhor no quesito segurança que uma prisão mortal pelo que ele podia ver. O portão que bloqueava o caminho de entrada era de dez metros de altura e feita de ferro fundido maciço. Havia uma parede de tijolos igualmente alta que desaparecia entre as árvores em ambos os lados da porta. Na parte superior do muro havia suportes de metal que seguravam três fileiras de arame farpado percorrendo a parte superior como elemento de dissuasão para qualquer um que tentasse subir por ela. Um letreiro bem visível advertia que a cerca estava eletrificada. Se isso não fosse suficiente segurança, parecia haver um segundo portão de uns cinco metros dentro da primeira cerca eslétrica, também com arame farpado eletrificado. Ele negou com a cabeça ligeiramente. Isto era algo que Nicholas nunca pensou que ia ver. Os executores antes viviam de outra forma sem tantas medidas de segurança estavam acostumados a ficar na casa de Lucian Argeneau. Entretanto, parecia que seu tio tinha decidido fazer tudo mais oficial e organizado. Já era hora, Nicholas supôs. Isto deveria ter sido feito há séculos.


Seu olhar se deslizou da porta para o bosque, do lado contrário onde se encontrava.

Era difícil acreditar que o canalha que estava seguindo escapou através desse espaço aberto diante dos narizes dos guardas. Além disso, havia um poste diante da porta com uma câmara e um sistema de intercomunicação. O renegado não teria se arriscado a cruzar a zona aberta e ser filmado por essa câmara. Entretanto, o renegado podia ter se arriscado a penetrar ou Nicholas tinha passado pelo homem sem vê-lo. Nicholas olhou por cima do ombro ao bosque que estava a suas costas.

Enquanto sua mente lhe dizia que não poderia ter passado pelo renegado sem perceber, estava começando a se preocupar de que talvez seus instintos não fossem mais tão bons como estavam acostumados a ser. O som de um motor lhe chamou a atenção e Nicholas voltou-se para o meio-fio bem a tempo de ver uma caminhonete de buffet. Ele observou em silêncio enquanto ela parava em frente ao portão.

-Sim? -uma voz metálica perguntou pelo intercomunicador.

-Buffet Cally-anunciou o condutor da caminhonete. -Estou aqui para recolher nosso material e os pratos.

-Vamos, entre.

O primeiro portão se abriu. Nicholas esperou até que o veículo parasse antes do segundo portão e observou. Saiu um guarda da pequena guarita, a porta da caminhonete se abriu. O guarda falou brevemente com o condutor e logo foi para a porta traseira da caminhonete, a abriu e revistou o interior. Por estar observando o guarda, Nicholas quase perde o detalhe de um homem que de repente saiu debaixo da lateral da caminhonete, estava rastejando, levantou-se e correu para o bosque de atrás da guarita de vigilância. Quando o viu, esteve a ponto de advertir o guarda, mas Nicholas se conteve e procurou o telefone. Era o condenado vadio, é obvio. O filho da puta deve ter esperado ao lado da estrada até que um veículo se aproximasse, tomado o controle do condutor para que o deixasse subir e logo descer da caminhonete pela lateral em um momento de distração.

Um pouco pouco inteligente, pensou Nicholas, franzindo o cenho enquanto continuava a busca de seu telefone móvel. Tinha que advertir às pessoas do interior da casa, alertar aos executores e então procurar o renegado pelo imóvel. Ele lhes diria que procurassem nos veículos também. Faria-o se ele pudesse encontrar seu maldito telefone, pensou Nicholas com frustração enquanto o procurava.

Que demônios tinha feito com ele? Tinha ouvido o sinal de advertência de que a bateria estava baixa antes de que chegasse a noite e o tinha ligado no acendedor do carro com seu adaptador especial para carregá-lo e… “maldição”, murmurou Nicholas, olhando para o caminho pelo que tinha vindo. Tinha deixado a maldita coisa no carro. Considerou brevemente correr para pegá-lo, mas enquanto o fazia o renegado podia invadir o imóvel. Nicholas tinha estacionado no bosque, perto da propriedade, ao lado, para evitar ser descoberto. O homem, Ernie Brubaker, era um dos filhos do Leonius e Nicholas esperava que se lhe seguisse tempo suficiente, Ernie o levaria ao esconderijo de Leo.

Leonius Livio era um canalha repugnante que tinha que ser apanhado e Nicholas se impôs a tarefa de fazer precisamente isso. Entretanto, deu-se conta que o carro estava bastante longe… … e se fosse pegar o telefone para ligar, Ernie podia agarrar uma das garotas e fugiria de novo. Essa foi a única razão que podia pensar para o homem estar aqui. Ao menos isso é o que Nicholas supôs quando seguiu o homem até a casa dos executores.

Nicholas suspirou e se girou de novo para o portão pelo caminho. O guarda já tinha retornado a seu posto da guarita e a caminhonete tinha desaparecido de vista. Sem dúvida, nesse mesmo instante o renegado estava correndo entre as árvores até a casa.

Tinha que adverti-los, mas a única maneira de fazê-lo sem seu telefone era ir até o portão e dizer ao guarda… e que, mais ou menos, significava que estaria oferecendo sua cabeça. Reconheceu Nicholas. Infelizmente, não havia muita escolha.

Nicholas se distraiu de seus pensamentos pela chegada de outro veículo. Voltou a cabeça para observar o portão e sentiu como seus lábios mostravam um sorriso triste quando leu o nome do serviço de limpeza na lateral do veículo que parou junto ao portão. Não via a câmera nem o intercomunicador… então deu-se conta da oportunidade. Sem parar para pensar em quão arriscado era para ele, Nicholas saiu das árvores e correu para a parte posterior da caminhonete. Uma vez ali, agarrou a fechadura da porta de atrás e pôs um pé no pára-choque traseiro, tendo cuidado de não causar um movimento desnecessário no veículo por seu peso. Arriscava sua vida nisso, esperou que o condutor explicasse ao guarda entre outras que estava ali para limpar depois da festa. O guarda repetiu seu convite ” vá em frente” e depois de uma breve pausa o portão exterior se abriu, a caminhonete começou a avançar com Nicholas agarrado na parte traseira como uma má imitação do Homem-Aranha.

Estavam passando pela câmara do poste antes de que ele se lembrasse dela , mas para então já era muito tarde. Dizendo a si mesmo que o guarda não estava dentro da guarita e assim não podia vê-lo subindo na caminhonete mas sabia que iria revistar a porta traseira e então o descobriria.

Nicholas permaneceu quieto, com a porta aberta durante uns segundos. Em seguida, saltou e se escondeu nos arbustos ao lado da guarita de vigilância como tinha feito o renegado. Nicholas rezou todo o caminho para que o guarda tivesse seguido sua rotina. Se fosse assim, a caminhonete bloquearia sua visão e assim não veria sua louca corrida pelas árvores. Se não, era provável que uma bala lhe atravessasse as costas. Nicholas não recuperou o fôlego até que esteve nos arbustos detrás da guarita de segurança sem que ninguém gritasse ou atirasse dele. Continuando, expirou e aspirou uma baforada de ar fresco, mas logo desacelerou seu passo enquanto seguia o rastro que suspeitava que o renegado tinha tomado, dirigindo-se diretamente para a casa da colina.

-OH irmã-Murmurou Jo.

-O que? -Perguntou Alex, baixando seu copo e levantando uma sobrancelha.

-Mais convidados-Jo girou a cabeça para a porta, onde sua irmã, Sam e seu noivo, Mortimer, saudavam um recém-chegado. Era outro alto, bem formado, vestido de couro. Todos os homens daqui pareciam se vestir com couro de algum tipo. Com calças de couro, uma jaqueta de couro, um colete de couro ou mistura do couro com outros tecidos. Era como uma convenção de motoqueiros mas sem as tatuagens. Isso era a única coisa que Jo se deu conta, enquanto todos os homens olhavam de forma brusca e vários inclusive, tinham o cabelo comprido, nenhum tinha uma só tatuagem ou um piercing de qualquer tipo. Eles eram os mais recatados motoqueiros que tinha visto. Se é que eram motoqueiros, pensou. Talvez fossem todos de uma banda de rock como Mortimer e seus amigos Bricker e Decker. Se fosse esse o caso, então não eram como a maioria dos roqueiros que tinha visto.

-Vamos, não é tão mau -disse Alex divertida.

-Não é?- Perguntou-lhe Jo secamente.

-Não -assegurou-lhe Alex. -Refiro ao que se vê ao redor. No momento estamos em uma casa cheia de homens muito bonitos. Não vi estas delícias em um só lugar em um longo, longo tempo.

-Olhar ao redor?- perguntou Jo.

-Sim, a essas delícias. Olhe a seu redor, Jo, todos os caras bons estão aqui. Todos eles têm peito musculoso e cintura fina.

Ela sacudiu a cabeça, seus olhos maravilhados se deslizaram sobre os homens reunidos em pequenos grupos que se espalhavam por toda a sala. -Não têm barriga, nem dente tortos ou uma prótese de perna.

-Sim e se não nos tratassem como leprosas seria melhor -disse Jo.

-Não nos tratam como leprosas -disse Alex com um sorriso.

-Está brincando? Não estamos em sua onda ou simplesmente não prestam atenção em nós?- perguntou Jo com assombro.

-Alex, veja só, Sam e Mortimer comprimentam os convidados e um grupo fala com eles, e então nos apresentam, e todos os homens, cada um deles, passa e nos olha com essa olhar estranho e intenso durante um minuto e depois absolutamente nada.

Então olham ao Mortimer e meneiam a cabeça. Alguns inclusive dão a volta e se vão imediatamente. O resto fica aí falando uns com os outros e fazendo caso omisso de nós-assinalou ela e logo perguntou: - E não acha que isto é estranho?

-Bom, se olhar dessa maneira-disse Alex com ironia e se encolheu de ombros. -É um pouco estranho.

-Sim, é -disse Jo com firmeza. -E não é a única coisa estranha aqui. O que acontece com a segurança neste lugar? É um pouco exagerada, não acha?

-Sim, mas Sam me explicou que Mortimer e os rapazes estão tendo problemas com um fã perseguidor-recordou-lhe Alex .

-Correto-soprou Jo. -Um fã perseguidor de uma banda da que nem sequer me lembro o nome.

-Eu pensava que era Morty e os Muppets-disse Alex com o cenho franzido.

-Alex-disse Jo. -Inclusive se tivessem um nome e um perseguidor de alguma cidade do Podunk onde já tocaram.De onde demônios tiram o dinheiro para este lugar e toda sua segurança? Pelo amor de Deus, são como um ditador do terceiro mundo ou se dedicam ao tráfico de drogas. Duvido que inclusive o presidente dos EUA ou o Primeiro-ministro do Canadá tenha seis metros de arame farpado entre eles e o mundo.

Alex sorriu e disse: -Tenho uma teoria sobre isso.

-Ah, sim?-Perguntou Jo. -E qual é?

-Que Mortimer não está realmente em uma banda. Que a história é somente para ocultar o fato de que ele é realmente um cara muito rico. Igual a Bill Gates, talvez.

Jo levantou as sobrancelhas. -Gates é um tipo franzino, mais velho, com óculos e cabelo grisalho. Mortimer não é Bill Gates.

-Bom, seu filho ou filho de algum outro cara rico então -disse Alex com exasperação.

-O ponto é que só pretende aparentar ser um idiota pobre de uma banda para que Sam não se apaixone por seu dinheiro em vez dele.

-Pode ser -disse Jo em dúvida, embora, em realidade, tinha mais sentido que Mortimer, Decker e Bricker pertencessem a alguma banda e tivessem problemas com um fã perseguidor. Supõe-se que Sam provavelmente sabia a verdade da situação mas por agora não entregava o jogo. Enquanto isso, Sam e Mortimer tinham terminado com o último convidado e agora estavam se ocupando com o buffet e com o serviço de limpeza que se moviam desenvolvendo seu trabalho ao redor dos hóspedes. Voltou-se e entregou a Alex sua bebida.

- Segure isto. Tenho que ir ao banheiro.

Alex aceitou a bebida, mas entreabriu os olhos. -Será melhor que realmente tenha que ir. Não sei se me aproximarei para conhecer todos estes homens por mim mesma.

Jo deixou escapar uma risada irônica. -Até onde eu sei, não há nada que tentar, todos estão mais interessados em si mesmos que em nós. Provavelmente são todos homossexuais.

-Acha mesmo? - Perguntou Alex com os olhos muito abertos e alarmados. Jo simplesmente os olhou um momento antes de Sam, Mortimer, e o Sr. Atrasado para festa se aproximassem delas. Ela tinha que perguntar sobre isso. Todos olharam ao cara perfeito. Não só perfeito, era como um modelo magnífico.

Apesar das palavras de Alex, havia alguns homens não eram para tanto. Alguns não eram tão altos, alguns brancos, outros de pele mais escura, um tinha um nariz um pouco grande, outro tinha os olhos entreabrertos e assim sucessivamente, mas estavam todos nas versões perfeitas de si mesmos, pele perfeita, um cabelo saudável e corpos atléticos. A primeira vista não tinham defeitos. Era suficiente para que uma garota se sentisse um pouco inferior. A maioria dos homens que conhecia tinham algum defeito, não eram perfeitos … a menos que fossem gays. Talvez ela não tivesse muita esperança, pensava Jo enquanto se aproximava.

Olhou para trás enquanto entrava na sala em que Sam, Alex e Mortimer estavam com outro homem, olhavam-na de maneira estranha e intensa, era como se na testa de Alex houvesse uma marca enorme no centro. Sacudindo a cabeça, Jo se apressou pelo corredor. Passou pelo banheiro e em vez de entrar foi em direção à cozinha. Para seu alívio, o lugar estava vazio. Jo se moveu rapidamente através da cozinha escura e vazia, havia uma porta de vidro de correr.

Um suspiro de alívio escapou de seus lábios quando conseguiu sair sem ser descoberta ou detida. Jo empurrou a porta e a fechou atrás dela, e logo parou para dar uma olhada ao redor. Ela e Alex tinham chegado mais cedo, quando ainda havia luz do dia. O pátio era grande e tranquilo e tinha uma grama bem cuidada e era rodeado de árvores balançando-se brandamente com uma brisa ligeira. Mas parecia mais horripilante agora, pensou Jo com uma careta. A bucólica cena do primeiro momento se converteu em uma massa irreconhecível de formas pela escuridão e se ouvia a brisa da noite aprazível. Era suficiente para fazer que seu olhar fosse cauteloso e considerou retornar para dentro, mas não o fez. Em vez disso, Jo tomou ar e começou andar. Ela queria caminhar e respirar ar fresco antes de voltar a sofrer mais dentro dos encontros estranhos que estavam ocorrendo. Realmente gostaria de ir direto para seu apartamento para relaxar-se e pôr os pés para cima, mas tinha vindo com Alex e se esparava que deviam passar a noite. Agora Jo estava considerando partir. Se ela fosse antes do tempo, Sam sem dúvida se zangaria com ela, lhe perguntando o que acontecia e por que não queria estar na festa. Jo não queria ferir os sentimentos de sua irmã mais velha, lhe dizendo que era a festa mais frívola que já tinha visto.

Trabalhando no Heck Bar, quase todas as noites eram mais divertidas que este grupo, pensou Jo ironicamente. As únicas pessoas daqui que tinham falado realmente com ela e Alex eram Sam e Mortimer e seus supostos companheiros de banda Bricker e Decker, assim como a noiva do Decker, Dani e sua irmã menor, Stephanie. Todos eles eram bastante agradáveis, mas Decker, Dani e Stephanie tinham desaparecido rapidamente depois de comprimentá-las, tinham ficado Jo, Alex e Sam, eram de todos os presentes as únicas mulheres. Esse fato, somado ao fato de que todos e cada um dos homens da festa as haviam evitado e depois de seu comportamento estranho, não foram falar com elas … Bom, parecia estar na borda do precipício.

Um pouco de ar fresco e tranqüilidade era o que necessitava e se ela ia dar um passeio de noite, este era o momento para fazê-lo. Embora parecesse fantasmagórico, mas com toda a segurança, estava definitivamente mais segura aqui que em qualquer outro lugar, Jo pensou que ela começaria pelo jardim. Tinha andado só uns passos quando lhe ocorreu que Bricker estava trabalhando esta noite na portaria. Ele havia dito que se ofereceu para o trabalho já que ele sabia que ela e Alex vinham. Jo tinha encontrado esse comentário um pouco desconcertante. Sam havia dito que a festa era para lhes apresentar aos amigos de Mortimer e era verdade que já tinha conhecido ao Bricker, mas ainda assim … Talvez fosse dar uma volta até a guarita no portão da frente para ver se se aborrecia ou se Bricker queria algo, pensou, girando os pés para o final da casa.

Jo gostava de Bricker. Não de uma maneira me beije e fico louca. Ele era lindo, mas era óbvio que não havia verdadeira faísca entre eles. Era mais como o irmão mais jovem brincalhão do que um amigo tolerante, divertido, mas não era do tipo namorado. Isso estava muito bem, entretanto. Jo não estava procurando um namorado.

Trabalhando no Heck Bar, não tinha tempo para um. Entre o trabalho em tempo integral no balcão e as aulas do curso de biologia marinha que estava fazendo na universidade, havia pouco tempo para os amigos e muito menos para o amor. Talvez Bricker pudesse lhe dizer algo sobre os homens na festa, Jo pensou enquanto dobrava a esquina da casa. Ele saberia se eram homossexuais ou não.

Jo então tinha começado a caminhar pela lateral da casa passando pelo pátio da frente quando viu um movimento pela extremidade do olho que captou sua atenção.

Deu a volta e um grito de surpresa escapou de seus lábios quando viu um homem loiro de olhar penetrante, o grito se converteu em dor quando se chocou contra ela, suas costas bateram contra a parede da casa. Sua cabeça acertou a parede de tijolos com tanta força que viu estrelas detrás de seus olhos e através de sua agonia, ficou sem fôlego. O homem estava dizendo algo. Jo podia ouvir o estrondo de sua voz e o odor de seu bafo, mas suas palavras não estavam entrando em seu cérebro aturdido e logo se foi de repente. Sem seu corpo a sujeitando contra a parede, Jo imediatamente caiu no chão, gemendo quando o joelho aterrissou em um piso muito duro que lhe provocou mais dor.

Levou um momento para Jo olhar para onde tinha ido seu agressor, mas depois a dor pouco a pouco começou a ceder e se deu conta de que perto se ouviam grunhidos e maldições. Abriu os olhos, levantou a cabeça e viu dois homens lutando a vários metros de distância. Jo não reconhecia nenhum dos dois, não os tinha visto na festa e estava certa de que se tivessem estado na festa os teria visto. O loiro que a tinha atacado tinha um olhar selvagem em seu rosto e seu cabelo era comprido e murcho.

Quanto à roupa, era escura mas descuidada, com várias manchas que pareciam sangue seco. O outro homem tinha o cabelo escuro não muito comprido, não tanto como o loiro . Também estava um pouco descuidado, mas seu jeans estava limpo e usava uma camiseta escura. Os dois homens estavam lutando e dando voltas, cada um tentava dominar o outro. Também pareciam estar brincando, Jo se deu conta quando viu que o loiro tinha suas mãos na garganta de seu competidor e estava tentando estrangulá-lo. No momento seguinte, os homens caíram no chão e rodaram.

Jo decidiu que tinha que conseguir ajuda e começou a ficar de pé, mas seu joelho golpeou contra a rocha que tinha aterrisado antes, outra respiração sibilante saiu de sua boca e olhou para baixo.

Viu uma pequena pedra e instintivamente a recolheu. Agarrou a pedra com força, apoiou-se na parede com a outra mão, cravou os dedos na superfície de tijolo desigual e começou a fazer força para levantar-se. Uma vez em pé, Jo descobriu que se sentia um pouco instável e o escuro pátio parecia que estava começando a girar.

Tentaria voltar para interior da casa e assim conseguir ajuda mas não parecia uma idéia muito viável.

No momento em que chegasse ali, a briga teria terminado e Jo não estava muito segura de quem seria o ganhador. Tinha que ajudar. Respirou profundamente, apoiou-se na parede e cambaleou para os homens pelo caminho pavimentado. Ela estava só a uns passos quando o homem de cabelo escuro conseguiu empurrar o loiro. No momento seguinte estava de pé, tinha agarrado o loiro pelo pescoço e o arrastou a seus pés e depois os dois estavam lutando de novo. Jo seguia de pé, piscando e movendo a cabeça, estava um pouco aturdida. A velocidade com que o homem se movia era muito rápida. Era como ver um filme com velocidade adiantada, em um minuto no chão e logo depois de pé e então a vários metros de distância de seu agressor e no momento seguinte a seu lado . Obviamente ela bateu a cabeça contra a parede mais forte do que tinha imaginado, pensou Jo, mas seguiu em frente, levantou a pedra quando viu o homem de cabelo negro pegando o loiro e colocando de costas para ela. Aferrou à pedra com ambas as mãos, levantou-a sobre sua cabeça e a deixou cair sobre o loiro com todas suas forças. Muito forte, talvez, Jo pensou preocupada para ouvir o rangido que produziu. Houve um momento ruim no que temia que poderia ter machucado muito, talvez até ter dado um golpe mortal, mas se deu conta de que não era o caso absolutamente. Tudo o que tinha feito era chamar a atenção do loiro … e lhe chateado, viu que de repente voltou a cabeça para lhe grunhir como um cão, mostrando suas presas, também como um cão. Jo abriu os olhos com incredulidade e viu de repente seus olhos dourados brilhando com fúria.

Ela deu um passo atrás nervosa, mas antes de fazer um movimento, o homem de cabelo escuro lhe deu um murro. Pelo menos ela pensou que lhe deu um murro. Ela viu o braço de seu salvador, mudança de ombro e ouviu o ruído surdo. Tudo o que ela tinha feito foi suficiente para distrair o loiro. Ele se voltou para o homem que o tinha golpeado e começou a golpeá-lo em vingança, mas antes de que pudesse terminar, o homem de cabelo escuro golpeou de novo. Desta vez, um barulho pequeno saiu dos lábios do loiro e ele começou a cambalear.

Capítulo 2

-Você está bem?- perguntou Nicholas passando por cima do renegado que estava no chão, movendo-se para a mulher que estava a só uns metros dali.

Estava em shock, com o rosto pálido, e podia cheirar o sangue no ar. Franzindo o cenho com preocupação, agarrou à mulher pelos ombros e a volteou para examinar a parte posterior de sua cabeça, amaldiçoando a si mesmo em silêncio por não ser o suficientemente rápido para impedir que a levassem.

Acabava de chegar aos bosques perto da borda da casa quando viu Ernie passando através da clareira rumo ao edifício. Não tinha visto a mulher que se dirigia para o renegado que estava escondido até que o homem estava quase sobre ela. Então devia ter atirado nele, supôs Nicholas. Isso teria salvado à mulher do golpe na cabeça, mas estava mais preocupado pelo ruído que causaria e que atrairia Mortimer e os outros para ele. Preferiu se encarregar do patife e escapar do que sacrificar-se diretamente, mas o teria feito se tivesse sido necessário. Não é que tivesse muito a considerar no futuro de todos os modos, mas o suicídio não estava em sua natureza, por isso manteve sua arma guardada e utilizou a força bruta em seu lugar, arrastando o homem longe dela e brigando contra ele de mãos limpas.

Infelizmente, Ernie era um pequeno bastardo robusto e brigou sujo. Além do mais, Nicholas estava distraído tentando ver se a mulher se encontrava bem. Quando se levantou para ajudá-lo, golpeando com uma pedra sobre a cabeça de Ernie, Nicholas decidiu que era hora de deixar de brincadeiras. Era óbvio que a mulher não era o suficientemente esperta para pedir ajuda, mas permaneceria ali e se tornaria um alvo para Ernie, fazendo-o pensar que era seu dia de sorte e Nicholas um incapacitado.

Assim recorreu a sua faca, apunhalando o homem no peito mas, na primeira vez falhou em acertar o coração. Então voltou a esfaquear, atravessando o coração com o segundo golpe. De outra maneira, o homem em poucos minutos se curaria e estaria causando problemas outra vez. O pensamento o fez soltar à mulher para enfocar-se em Ernie, mas um grito fez Nicholas voltear para trás e ver que tinha liberado de maneira abrupta à mulher, que perdeu o equilíbrio e agora estava caindo no chão.

Nicholas se aproximou e rapidamente a tomou pelos braços antes de que caísse no chão.

Colocou-a de novo de pé, fazendo uma careta com seus lábios. -Você está bem?-

perguntou-lhe, sustentando-a até estar seguro de que ela estava estável sobre seus pés.

-Sim-suspirou. –Obrigada. Nicholas a soltou cuidadosamente desta vez, e então olhou para Ernie. -Está morto?- A pergunta da mulher atraiu seu olhar para ela e percebeu que estava toda inclinada para ver o homem que estava no chão.

-Não, por agora está somente incapacitado-respondeu sombríamente Nicholas.

-Deve ter golpeado bastante forte para nocauteá-lo-murmurou ela, começando a rodeá-lo para aproximar-se do corpo. -Nunca tinha visto alguém nocauteado por um golpe no peito e tenho visto muitas brigas de bar.

Nicholas a pegou pelo braço impedindo que se aproximasse mais de Ernie e levantou uma sobrancelha interrogante quando se voltou para olhá-lo. -Sério?

-Riscos de trabalho-explicou, e então acrescentou, -Dirijo o bar que fica junto à Universidade. As brigas ocorrem regularmente. Não dentro do bar-acrescentou rapidamente. -Temos guardas para prevenir isso, mas às vezes ocorrem do lado de fora.

Nicholas se limitou a assentir e se moveu para lhe bloquear a vista de Ernie. Era óbvio que não tinha notado a faca que me sobressaía do peito do renegado, mas era de noite e ela era mortal, sem a visão noturna da qual gozava.

Suspeitou que seria chato para ela não vê-lo, mas então se moveu de lado de novo quando ela tentou olhar ao redor dele.

-Deveria ir para dentro, é mais seguro-disse tranqüilamente.

-Sim, mas e ele?- perguntou, tentando olhar ao redor dele uma vez mais.

Nicholas simplesmente se moveu de lugar para bloqueá-la de novo. -Eu me ocuparei dele.

-OH, bom…- ela franziu o cenho, olhando para a casa com incerteza, e Nicholas a girou nessa direção e lhe deu um empurrão físico e mental. -Vá em frente. No que a ele se referia isso seria suficiente para mandá-la por sua conta e para esquecer-se dela, então Nicholas se voltou para ajoelhar ao lado de Ernie.

Tinha que se assegurar de que a faca estava no coração do homem e de que não ia se levantar e voltar a ser um estorvo. Então ele poderia sair da propriedade, retornar a seu veículo e chamar Mortimer para lhe dizer que tinha deixado um pequeno presentinho.

-Qual é seu nome?- Nicholas ficou rígido e olhou por cima de seu ombro com surpresa. A mulher deveria estar agora a meio caminho para a casa; ele tinha empurrado o pensamento nela para que retornasse para dentro. Em lugar disso, estava parada justo detrás dele, tentando ver Ernie por cima de seu ombro.

Viu-a franzir o cenho e entrecerrar os olhos para ver melhor e então perguntou, - O

que é isso que ele tem no peito?

Amaldiçoando, Nicholas se levantou e a agarrou pelo braço urgindo-a para que voltasse para a casa. Esta vez tentou entrar em seus pensamentos e enviar o impulso simplesmente. Entretanto, parou abruptamente seus passos quando se topou com uma parede em branco em sua mente.

-O que acontece?- perguntou, olhando-o com curiosidade.

-Não posso ler você-admitiu Nicholas desconcertado.

-Me ler?- perguntou com confusão. Nicholas então agitou a cabeça e tentou penetrar em seus pensamentos de novo, mas de novo topou com uma parede branca… o que só podia significar uma coisa: Era sua companheira de vida. Era uma revelação impactante. Alguns imortais só conheciam um companheiro de vida em toda sua vida. Alguns encontravam e perdiam uma e então esperavam séculos, inclusive milênios para conhecer outra. Nicholas tinha encontrado sua primeira companheira de vida fazia 50 anos e a perdeu uns meses mais tarde. Para falar a verdade, nunca tinha pensado que encontraria outra. Tinha pensado que não viveria tanto.

-OH por Deus! Não, você também.

Afastando seus pensamentos, Nicholas piscou e arqueou uma sobrancelha interrogante. - Não eu também, o que?

-O olhar de pênis-murmurou.

-Olhar de pênis?- perguntou completamente confundido. Era um termo que nunca tinha ouvido falar.

Ela se moveu impacientemente, mas lhe explicou, -Sam está dando uma festa esta noite para apresentar a minha irmã Alex e a mim a uns amigos de Mortimer. Todos são homens, e cada vez que nos apresentam a um deles, param e nos olham à testa como se tivéssemos um pênis crescendo aí.

-Ah-murmurou Nicholas, e teve que esconder um sorriso que queria cruzar por sua cara. O desejo de sorrir morreu quando se deu conta que em realidade já estava sorrindo. Nicholas não teve nada pelo sorrir em muito tempo. Esclarecendo a garganta, perguntou, -E o que acontece depois que eles olham suas testas?

Encolheu-se de ombros, vendo-se mais irritada. -Caminham sem dizer nada e falam entre eles. Neste momento há provavelmente uns doze homens muito bonitos na casa, todos falando entre eles, enquanto Alex está sozinha lá parada ou falando com Sam e Mortimer. Ela franziu os lábios brevemente e logo admitiu: -Acho que são gays.

Nicholas levantou sua outra sobrancelha. -Sam e Mortimer?

-O que?- perguntou com assombro e então estalou impacientemente a língua. - Não.

Sam é minha irmã, Samantha. Ela e Mortimer são um casal.

-Entendi-murmurou Nicholas, e então disse, -Minhas desculpas por te dar o olhar de pênis.

-Hmm-murmurou, e começou a girar para o Ernie.

-Qual é o seu nome?- Perguntou Nicholas, chamando novamente sua atenção para ele.

Ela deu a volta, arqueou uma sobrancelha e assinalou, -Perguntei para você a mesma coisa há vários minutos e ainda não me respondeu.

-Nicholas Argeneau-disse em voz baixa, e esperou que um grito de horror, ou desgosto entrasse por seus olhos. Em vez disso, estendeu-lhe a mão.

-Prazer em conhecê-lo Nicholas Argeneau. Sou Jo Willan.

-Jo-murmurou -Apelido de Josephine?

Enrugou o nariz, mas assentiu com a cabeça. -Odeio esse nome.

-Eu gosto-disse, e adicionou, -Mas Jo fica melhor. Ela riu disso.

-Acabou de me conhecer. Como pode saber o que fica melhor ou não?

-Eu sei-disse solenemente.

Olhou-o por um momento em silêncio, logo sacudiu sua cabeça e deu uma olhada ao redor murmurando, -Acredito que bati a cabeça mais forte do que pensei.


-Por que diz isso?- perguntou Nicholas, entrecerrando os olhos. -Sente dor? Vê em dobro?

-Não-disse rapidamente Jo, fez uma careta e admitiu, -Bom, minha visão esta estranha. Poderia jurar que esse cara tinha os olhos brilhando como se fossem de ouro e que tinha presas um minuto atrás, e agora seus olhos me olham com um brilho prateado.

Nicholas se relaxou. Não havia nada mau com sua visão, mas sua falta de reação lhe disse que não tinha idéia de quem era ele, este comentário mostrou que não sabia nada de sua gente que se encontrava visitando a casa. Era uma mortal não iniciada, completamente ignorante do fato de que os imortais caminham entre eles.

Recordando que tinha mencionado que havia uma festa esta noite, perguntou-lhe, -Por que está nesta festa?

Jo se encolheu de ombros e sorriu ironicamente, -Porque minha irmã Sam tiria me esfolado viva se tentasse escapar dela.

-Sua irmã Sam?- perguntou-lhe. -Disse que era amiga de Mortimer?

-Sua noiva-corrigiu-o, e acrescentou, -São muito unidos. Estou pensando que vão anunciar a data de seu casamento a qualquer momento.

-Ah-Assentiu Nicholas. Mortimer tinha encontrado a sua companheira de vida. Bom para ele. Sempre tinha gostado do homem. Sem dúvida, Sam estava tentando encontrar companheiros de vida para suas irmãs para evitar abandoná-las no futuro.

Não era uma reação incomum de um novo companheiro de vida, e às vezes funcionava, mas era estranho o evento. Simplesmente pensou que o destino em ocasiões brincava com a vida das pessoas e queria fazê-la sua. Sam a irmã de Jo certamente não ficaria feliz se soubesse quem era ele, e Jo sendo sua companheira de vida tampouco lhes traria alegria já que Nicholas não podia reclamá-la. Bom, poderia, mas não o faria. Isto significaria submetê-la a uma vida de fugitivo como ele; sempre perseguido e caçando sempre.

-Suponho que deveria te agradecer por me salvar.

Nicholas se inclinou e olhou sua cara solene. Seus olhos abertos eram de um café formoso que provavelmente se tornariam ouro quando se convertesse. Seu nariz arrebitado e adorável, e seus lábios cheios, inchados como se lhe tivesse picado uma abelha. Eram lábios do tipo beijável, doces e suaves, e sem dar-se tempo para pensá-

lo melhor, estirou a mão para agarrá-la pelos braços, levantando-a um pouco ao mesmo tempo que se inclinava para reclamar seus lábios.

Pretendia que fosse um beijo rápido, era tudo o que se permitiria. Entretanto, no momento em que seus lábios se encontraram, uma explosão ocorreu dentro de seu corpo. Era como se pequenos vaga-lumes estivessem em um baile frenético por toda sua corrente sangüínea e ela não estava golpeando-o ou empurrando-o. Nicholas não pôde resistir a aprofundar o beijo. Deslizando a ponta de sua língua, insistiu para que separasse seus lábios para prová-la completamente… e se perdeu. Era tão doce como ele teria desejado, sua boca abrindo-se para ele completamente, levando em seu fôlego um toque de lima e tequila.

Ela era uma bebedora de margaritas, pensou. Nicholas tinha provado a bebida há cinquenta anos quando estava comendo e bebendo e nunca esqueceu o sabor. Tinha desfrutado da acidez doce da bebida. Também o desfrutava agora que beijava Jo. Seu gemido foi o que trouxe Nicholas de volta a seus sentidos. Estava em meio de território inimigo com um renegado temporariamnte inconsciente a uns metros de distância e uma festa cheia de executores dentro do edifício acontecia bem atrás dele… e estava parando para beijar a sua companheira de vida que nunca poderia reclamar.

Nicholas nunca se deu conta de que era um masoquista. Isto era como provar a cobertura de um bolo que não podia comer, pensou tristemente, diminuiu lentamente e então rompeu o beijo. Quando levantou a cabeça, os olhos de Jo ainda estavam fechados e seus lábios úmidos e ligeiramente separados de seu beijo. Ele resistiu para não beijá-la de novo e quando abriu os olhos, grunhiu, -Considero que já me agradeceu.

Um pequeno sorriso curvou seus lábios e logo Jo estendeu a mão para lhe acariciar a bochecha, dizendo, -Certamente que salvar minha vida vale mais que um pequeno beijo.

Os olhos de Nicholas se abriram ao convite, e não resistiu quando ela arrastou sua cabeça para baixo e apertou seus lábios contra os dele uma vez mais. Desta vez Jo respondia mais em seus braços, agora ela era a agressora, pressionando seu corpo contra o seu enquanto o urgia a separar os lábios com a língua. Nicholas conseguiu não responder por meio segundo, mas depois cedeu ante o que desejava e não ante o que era mais inteligente e desatou uma explosão de paixão em seu interior.

Suas mãos de deslizaram ao redor dela, umas em suas costas aproximando-a mais, a outra deslizando-se por seu traseiro, tomando-a e levantando-a brandamente. Esta vez, quando Jo se queixou, não terminou o beijo, mas sim o aprofundou mais, tentando devorá-la com sua boca. Ela respondeu com a mesma intensidade, seus braços deslizando-se por seus ombros, seus dedos explorando por sua pele enquanto lhe devolvia o beijo.

Jo tinha uma grande paixão dentro de si, uma fome que coincidia com a dele, e Nicholas estava considerando levá-la com ele depois de tudo e provar totalmente sua paixão quando de repente uma luz cegante golpeou seus olhos. Tinha o mesmo efeito que um balde de água fria, então Nicholas e Jo se separaram imediatamente. Voltou-se bruscamente para o primeiro raio de luz, mas antes de que pudesse considerar a possibilidade de fugir, um segundo raio de luz brilhou a sua esquerda e outro a sua direita. De repente as pessoas apareceram a suas costas e estava completamente cercado. -Nicholas.

-Mortimer?- disse Jo insegura. Sentindo o golpe em seu braço, Nicholas olhou para baixo para ver que ela tinha levantado sua mão para proteger os olhos da luz e instintivamente se aproximou mais dele.

Franziu o cenho e grunhiu, -Já deixou claro seu ponto. Estou cercado. Agora apague as malditas luzes. Não precisa delas para ver e esta cegando Jo. As luzes não se apagaram como solicitou, mas quatro deles baixaram o foco para o chão.

-Você está bem, Jo?- perguntou Mortimer, movendo-se suficientemente perto para agarrá-la pelo braço e colocar uma distância entre Nicholas e ela.

-Sim, é obvio. Dói um pouco a cabeça, mas Nicholas me salvou antes que algo realmente ruim acontecesse.

-Nicholas te salvou?- perguntou Bricker, e Nicholas fez uma careta pela surpresa na voz do homem.

-Sim, daquele homem loiro. Jo fez um gesto para trás de Nicholas e todas as lanternas e olhares se dirigiram para onde Ernie Brubaker deveria estar, mas a única coisa que encontraram foi uma faca ensangüentada no chão vazio.

-Deus-murmurou Nicholas com desgosto. Sabia que deveria ter conferido para estar seguro que tinha acertado o coração. Em vez disso… Nicholas se conteve, sacudiu-se e empurrou todas as suas auto-recriminações, e mudou seus pensamentos ao que era importante agora. Seus olhos de deslizaram sobre os quatro homens que o rodeavam: Mortimer, Bricker, Anders e Decker.

Seu olhar se deteve em Decker. -Seu nome é Ernie, veio pegar sua mulher e sua irmã.

Provavelmente fugiu, mas é melhor que entre e fique perto delas até que esteja seguro.

Decker assentiu e se afastou imediatamente, mas Mortimer o deteve dizendo, - Leve Jo com você.

-Mas não quero deixar Nic…- A abrupta interrupção nas palavras e a expressão em seu rosto disse a Nicholas que um dos homens, provavelmente Decker, tinha tomado o controle. Compreendeu a necessidade, mas ainda lhe incomodava que o fizesse.

Nicholas não fez nenhum comentário, simplesmente observou em silêncio como Decker guiava para longe Jo Willian, sabendo que provavelmente seria a última vez que a veria. Era uma realidade triste de reconhecer e se sentiu cansado e arrasado quando a viu desaparecer ao dobrar a esquina com o Decker.

Sentindo cada um de seus quinhentos e sessenta anos, Nicholas dirigiu seu olhar a Mortimer. -Precisa cortar as árvores ao menos uns seis metros ao longo do caminho de fora do portão e dentro. Precisa parar os automóveis entre os dois portões fechados para inspeção em vez de na frente de cada portão, e precisa verificar debaixo e ao redor dos veículos em lugar de somente o interior antes de deixá-los passar pelo segundo portão. O renegado entrou na parte de abaixo da caminhonete, deslizou-se, e correu para as árvores enquanto Bricker estava falando com o chofer.

Mortimer não gostou de suas observações, mas perguntou simplesmente, -E você?

-Tive que improvisar quando vi que Ernie conseguiu entrar. Ernie Bribaker-adicionou.

-É um dos filhos imortais de Leo. Estive seguindo-o com a esperança de encontrar o esconderijo de Leo e o segui até aqui.

-E como entrou?- voltou a perguntar Mortimer.

Nicholas se encolheu de ombros. -Felizmente, o caminhão de limpeza parou justo depois que ele entrou. Fui no pára-choque traseiro da caminhonete e me deslizei para o interior do bosque enquanto Bricker verificava o motorista.

Bricker olhou para Mortimer e se voltou para o Nicholas e lhe perguntou, -Por que?


-Por que, o que?- perguntou Nicholas em voz baixa.

-Por que se arriscou a vir aqui?- explicou.

-Ernie-disse Nicholas simplesmente. -Sabia que não estavam conscientes de que ele estava aqui e pensei que seria melhor persegui-lo por terra antes de que chegasse a uma ou ambas as garotas.

-Esperas que nós acreditemos que se arriscou a vir aqui para… .

-Acredite no que quiser-interrompeu Nicholas sombríamente.

-Por que não ligou?- perguntou Mortimer.

-Não trouxe meu telefone-admitiu com gravidade e logo olhou para a casa quando um pequeno exército de executores chegou correndo dobrando a esquina. Levantou as sobrancelhas, e perguntou secamente, -Jesus, há alguém na rua esta noite?

Mortimer o ignorou e se moveu para reunir-se com os homens.

Começou a dar ordens. Em uns momentos os executores se disseminaram em todas direções, alguns retornando à casa para montar guarda, o resto foi iniciar a busca em terra. Mortimer se girou e se dirigiu para onde se encontrava Nicholas esperando com o Anders e Bricker.

-Será nosso convidado esta noite, é obvio-anunciou Mortimer e logo sorriu ligeiramente e acrescentou, -Não vamos aceitar um não por resposta.

-Ok, Ok-murmurou Nicholas amargamente.

Mortimer abandonou qualquer intento de humor, sua expressão voltando-se solene enquanto acrescentava, -Chamarei Lucian uma vez que lhe tenhamos encaecerado.

-Aqui tem um lugar para encarcerar ladrões?- perguntou Nicholas com interesse.

Mortimer fez um gesto para o edifício na parte traseira da propriedade. Era uma estrutura grande com metal corrugado, observou Nicholas quando Mortimer disse, -Costumava ser um hangar para aviões. Agora guarda nossas caminhonetes, e construímos um escritório e três celas também. Estará o suficientemente cômodo.

-Genial-murmurou Nicholas, avançando quando Mortimer fez um gesto com sua arma para que o fizesse.

-Pusemos uma parede de tijolos e grades também-disse Bricker conduzindo-o quando passaram ao longo da casa.

-E mobiliaram o lugar. Tiveram um verão muito ocupado-Grunhiu Nicholas simplesmente. Sabia que não era a primeira casa que os executores habitavam. Eles tinham estado em outra fazia apenas umas semanas quando tiveram problemas com o pai de Ernie, Leonius, fizeram suas malas e se mudaram para uma locação nova. Isso o fez se perguntar se decidiriam mudar-se de novo agora que uns dos filhos de Leonius sabia da nova localização. Embora duvidasse.

Eles não poderiam manter a localização em segredo por muito tempo, e não poderiam mudar-se cada vez que fossem descobertos. Supôs que por isso era tão difícil para eles a questão da segurança… e se escutaram os conselhos que lhes deu momentos atrás, eles deveriam estar aqui o suficientemente seguros. Não é que lhe importasse, supôs. Uma vez que chamassem Lucian, era um homem morto.

Jo fechou a porta detrás dela e cruzou a habitação, dirigindo-se à cama. Estava muito cansada e com vontade de se meter sob os lençóis e dormir. Essa era a idéia que tinha dando voltas por sua cabeça ao passar pela janela e ver os homens no jardim.

Detendo-se, aproximou-se da janela e olhou, reconhecendo Mortimer e Bricker, mas não ao terceiro homem com eles. Estavam bastante longe, mas o estranho parecia ser um homem de aparência agradável. Entretanto, não recordava havê-lo conhecido na festa. Curiosa, moveu-se para a porta da sacada e a abriu para sair.

As vozes dos homens lhe chegaram em um murmúrio com a brisa da noite, e Jo franziu o cenho com a cadência e o ritmo da voz do estranho. Soava vagamente familiar, mas estava segura de que não se conheciam. Viu-os caminhar para a construção de trás da propriedade, escutando-os falar e tentando lembrar onde tinha escutado essa voz antes.

Inclusive depois que desapareceram no interior da construção, a pergunta de aonde conhecia aquele homem persistia irritantemente. Jo sentia que era importante, mas não conseguia lembrar. Seguia inquieta sobre o assunto quando o som de uma porta fechando-se chamou sua atenção.

Mortimer e Bricker tinham saído da construção onde sua irmã Sam disse que ele guardava sua coleção de automóveis, e caminhavam para a casa. Jo os observou por um momento, mas se voltou e se deslizou dentro da casa antes que pudessem vê-la.

Estava realmente cansada e com vontade de meter-se sob os lençóis e dormir.

Infelizmente, agora tinha uma terrível dor de cabeça.

Franzindo o cenho, levantou uma de suas mãos para a parte posterior de seu crânio enquanto se dirigia à cama uma vez mais, mas se deteve quando sentiu ali um vulto.

Que diabos? Fazendo uma careta de dor deslizou seus dedos sobre o inchaço, Jo trocou de direção, dirigindo-se para o banho em vez da cama.

Entrou no pequeno cômodo, acendeu a luz brilhante do teto e então se moveu para o espelho, girando a cabeça para um lado em um esforço de ver o galo que tinha. Isso não funcionou, é obvio. Fazendo uma careta, começou a abrir as gavetas e portas dos armários em busca de um espelho de mão ou algo que pudesse usar para ver a parte posterior de sua cabeça, mas havia muito poucas coisas no armário e nas gavetas, só toalhas, batas e vários sabões.

Jo fechou a última porta e se endireitou com um suspiro. Não só não encontrou um espelho, mas ali também não havia nenhuma aspirina ou um analgésico de qualquer tipo neste banheiro de hóspedes. Ao que parece, mesmo cansada com vontade de meter-se na cama e dormir como estava, primeiro teria que ir no andar de baixo e encontrar algum tipo de analgésico para aliviar a dor.

Não havia maneira de que pudesse dormir com sua cabeça palpitando como estava.

Talvez pudesse averiguar o que tinha acontecido com sua cabeça quando se encontrasse ali, pensou.

Jo não tinha nenhuma lembrança de ter golpeado a cabeça nem nada, mas certamente deveria ter acontecido isto, considerando o golpe que deve ter levado para causar o inchaço que tinha. De fato, não entendia porque não recordava o que aconteceu e começou se preocupar de que algo poderia ter caído em sua bebida esta noite, uma dessas drogas para te violentar em um encontro ou algo assim. O pensamento a preocupou tanto que Jo de repente já não se sentia mais cansada e com vontade de meter-se na cama e dormir.

De fato, estava muito acordada e alarmada assim que deslizou pelo corredor. Jo estava na metade das escadas quando escutou a porta da frente abrir-se. Passos pesados entraram na casa, e logo o som de um salto alto correndo pelo corredor.

-OH, Mortimer-escutou dizer Sam ansiosamente. -O que está acontencendo? Decker trouxe Jo toda pálida e não quis me dizer o que tinha acontecido. Levou Jo para cima, a enviou a seu quarto e depois foi checar Dani e Stephanie e não retornou.

Estava controlando Jo, não é?

-Sim, querida, teve que fazê-lo.

Jo se congelou na parte superior do corredor pelas palavras de Mortimer. Decker a tinha controlado? Teve que fazer isso? O que…

-Por que?- perguntou Sam. -O que aconteceu?

-Um renegado entrou na propriedade-explicou Mortimer. -Um dos filhos de Leo.

Atacou Jo, mas está tudo bem-acrescentou quando Sam ofegou com consternação.

-Ela está bem. Nicholas estava seguindo ao renegado e a salvou antes que fizesse pouco mais que assustá-la.

-Nicholas?- perguntou Sam inclusive quando Jo repetiu seu nome em sua cabeça. De repente teve uma lembrança do homem que tinha visto com o Mortimer e Bricker no jardim. Estavam de pé na escuridão e ele olhava seu rosto, lhe dizendo qual era seu nome.

-Nicholas Argeneau?- Sam disse o nome atravessado na mente do Jo e logo adicionou, -O renegado Nicholas Argeneau. Estava aqui também?

-Sim. Ao que parece, viu sair o filho de Leo e o seguiu até a propriedade para se certificar que não causasse problemas. Viu-o atacando Jo e o deteve.

Um momento de silêncio caiu sobre eles e Jo se adiantou, movendo-se suficientemente perto do corrimão para poder ver a parte superior da cabeça de Sam e Mortimer, mas nada mais. Não tinha desejos de que a apanhassem. Jo suspeitou que deixariam de falar se soubessem que estava alí.

-Então este Nicholas Argeneau-disse Sam sombríamente -o renegado Nicholas Argeneau… ajudou a salvar Dani e Stephanie no princípio do verão e agora de novo, arriscando-se a ser apanhado, salvou a minha irmã?- perguntou Sam lentamente no que Jo considerava a voz de advogada de sua irmã. -Isso tem algum sentido para você?

-Não. Mortimer parecia cansado, e sua mão ficou à vista enquanto passava os dedos pelo cabelo. -Mas isso foi o que aconteceu.

-Por que faria isso?- perguntou Sam, e logo, com voz mais séria disse, -Tem certeza de que é um traidor, Mortimer? Um homem que se arrisca para salvar a completos desconhecidos não soa como um… .

-É um renegado, Sam-interrompeu com firmeza Mortimer. -E não sei por que fez o que fez esta noite. Talvez esteja tentando compensar o que fez no passado. Só se alegre de que o fez e que Jo está segura.

Sam soltou um pequeno suspiro, e sua cabeça assentiu enquanto se movia. -Deveria ir ver Jo.

-Deixa-a, querida-disse Mortimer, e Jo se aproximou um pouco mais do corrimão para ver que ele segurou o braço de Sam quando se dirigia às escadas.

-Decker apagou sua memória e pôs em sua cabeça que estava cansada e queria dormir. Deixa-a até manhã. Pode ser que mescle alguns de suas lembranças se falar com ela esta noite. Provavelmente se apagarão se a deixar quieta até a manhã.

-Tem certeza?- pergunto Sam, com tom preocupado.

-Enquanto não ver Nicholas ou o filho de Leo de novo, essas lembranças permanecerão enterradas-assegurou-lhe Mortimer. -Agora vamos. Tenho que chamar Lucian e prefiro não estar muito longe de você até que estejamos seguros de que o filho de Leo não está rondando a propriedade.

-Existe a possibilidade de que esteja?- perguntou Sam com consternação.

-Acreditam que fugiu. A porta estava aberta quando os homens foram procurar.

Pensamos que fugiu através do bosque enquanto Nicholas e Jo se beijavam e saiu pelo portão quando Bricker deixou seu posto para investigar os ruídos que escutou.

-Nicholas e Jo estavam se beijando?- perguntou Sam como se Mortimer houvesse dito que tinham feito sexo sobre a mesa de café na sala de estar em frente a todos na festa. Jo entendeu, entretanto, estava surpreendida pela notícia sobre ela. Tinha estado beijando a um homem que não conhecia, mas que a tinha salvo de outro cara que a tinha atacado?

-Explicarei-lhe isso em um minuto-prometeu Mortimer. -Realmente tenho que falar com Lucian. Vamos.

-Mas por que estavam se beijando?- Jo escutou Sam perguntar a Mortimer enquanto a dirigia para dentro da biblioteca. Para o pesar de Jo, a porta se fechou antes que Mortimer respondesse. Tiria gostado de escutar a resposta ela mesma. Jo ficou onde estava outro momento, sua mente girando um pouco. A maioria do que se havia dito não tinha sentido para ela.

Decker tinha apagado sua memória e posto em sua cabeça que estava cansada? Tinha sido atacada por um renegado, o que quer que fosse isso, e um cara chamado Nicholas, também um renegado, a tinha salvo… aparentemente arriscando-se também de alguma forma ao fazê-lo? E tinha estado beijando ele?

O que mais lhe incomodava era que lhe tinham apagado a memória. O que significava isso? E como o puderam ter feito? Por estranho que parecesse, entretanto, enquanto se perguntava sobre isso, Jo também teve estranhas lembranças em sua cabeça, pequenos detalhes sem sentido. Sobre tudo, continuava vendo a cara do homem de cabelo escuro. Levantando uma mão para sua cabeça, Jo fechou os olhos enquanto a dor de cabeça que tinha se multiplicava por dez.

Forçando-se a respirar profundamente e não pensar em nada, esperou que a intensa dor diminuisse. Tinha diminuído a um nível suportável quando escutou a porta da frente se abrir de novo. Jo ficou rígida onde estava quando escutou passos semelhantes a um pequeno exército entrar na casa.

Escutou como a porta da biblioteca se abriu e Mortimer perguntou, -E então?

-Tudo limpo, definitivamente escapou, - respondeu alguém.

-De acordo. Quero dois homens no portão de agora em diante. Pararemos os veículos entre os portões para fazer uma busca exaustiva, dentro, fora, abaixo e acima antes de deixá-los passar pelo segundo portão de agora em diante. Não quero que isto volte a acontecer de novo, Entendido? Houve vários murmúrios de estar de acordo e Mortimer suspirou.

-Nicholas está trancado, mas não consegui contatar Lucian. Deixei-lhe uma mensagem, mas ele e Leigh estiveram viajando muito desde que ela perdeu o bebê e pode ser que em algumas horas retorne. Então, enquanto isso, quero que você…

Jo não pôde ouvir o resto do que disse. Sua voz se tornou um sussurrou, como se tivesse voltado para a biblioteca, e o som de pés arrastando-se pelo piso para sair pela entrada silenciou completamente o resto das palavras. Supôs que eram os homens que o seguiram à biblioteca, olhou com cautela por cima do corrimão quando escutou uma porta fechar-se seguida por um total silêncio. Efetivamente, a entrada estava vazia.

Jo ficou olhando a porta fechada da biblioteca durante vários minutos, e logo começou a descer as escadas na ponta dos pés. Ela não sabia que diabos estava acontecendo, mas suspeitava que a única maneira de saber era falando com o homem que estava preso.

Em qualquer outro momento, teria descido e confrontado Mortimer e Sam, mas algo sobre Decker apagar sua memória assim como as estranhas lembranças que surgiram em sua memória há uns momentos se combinaram para fazê-la desistir de fazê-lo. E

Mortimer havia dito que quanto menos visse o homem mais as lembranças seriam eliminadas.

Se realmente se meteram com sua mente, Jo não lhes daria outra oportunidade para fazê-lo de novo. Preferia ir falar com este homem, Nicholas, que se arriscou para salvá-la, e então recuperar essas lembranças e mantê-las. Eram delas, maldição, e ninguém as tiraria.

Capítulo 3

Jo conseguiu sair da casa sem ser vista. Fez uma pausa fora das portas corrediças de cristal da cozinha para olhar o pátio escuro. Estava bastante segura de que todo mundo estava na casa agora mesmo, mas tendo em conta os acontecimentos da noite, sem dúvida não faria mal ser cautelosa.

Consciente de que quanto mais tempo demorasse, maiores seriam as possibilidades de ser capturada, Jo deixou sua posição junto à porta e pôs-se a correr diretamente para o edifício da parte de atrás. Em realidade, estava muito impressionada com sua velocidade enquanto voava sobre a grama. Nunca tinha sido boa em atividades atléticas, preferia coisas como escalar e mergulhar como atividade física.

Um suspiro de alívio escapou de seus lábios quando chegou à porta do edifício e a encontrou destrancada. Tranquilizou-se em silêncio e logo se deslizou no interior com um olhar nervoso para o pátio vazio. Uma vez que fechou a porta de forma segura detrás dela, Jo fez uma pausa para poder se orientar. Estava de pé em uma sala iluminada por pequenas janelas de vidro ao longo de cada lado. As janelas a sua direita revelavam uma garagem ampla e bem iluminada, com vários veículos em seu interior. Cada um deles era uma caminhonete SUV.

Não se via como uma coleção de carros para ela. Todos os SUVs pareciam ser novos e de marca recente. Estava se tornando claro que Sam não tinha sido completamente honesta com ela sobre estas coisas.

Decidindo que era algo que definitivamente precisava esclarecer, ia ter com sua irmã uma conversa mais tarde, Jo deslizou seu olhar para as janelas a sua esquerda e se encontrou olhando um escuro escritório. Havia uma mesa, arquivos, cadeiras,… Seus olhos se detiveram em uma grande forma quadrada e a estudou um momento, tentando saber o que era. Quando isso não ajudou, Jo se moveu lentamente para a porta do escritório aberto. Ela colocou a mão e apalpou ao longo da parede à esquerda e logo a da direita, aliviada quando encontrou o interruptor da luz. No momento em que o apertou, a luz explodiu sobre sua cabeça. O que a fez pestanejar brevemente, mas logo foi capaz de ver que a forma quadrada era um grande refrigerador médico com o frente de vidro que revelava filas e filas de bolsas de sangue.

Jo ficou boquiaberta ao ver o refregerador, o desconcerto rodando através dela enquanto tratava de ordenar o que podia estar acontecendo. Mortimer era um hemofílico ou algo assim? A interrogação se deslizou através de sua mente quando deu uma rápida olhada sobre o resto do escritório e então apagou a luz de novo.

Havia uma pequena janela no local e não queria alertar qualquer pessoa na casa de sua presença por ter as luzes acesas em janelas onde não deveriam existir.

Ao menos não até que ela soubesse o que estava acontecendo, Jo pensou enquanto se separava da porta do escritório e olhava ao redor. Um corredor saía da parte esquerda da pequena sala em que agora se encontrava, estava bem iluminado e tinha três portas que conduziam para fora, duas ao longo da parede de em frente, e outra no mesmo lado do escritório. Não eram realmente saídas mas sim celas, Jo percebeu quando passou pela primeira e viu que era feita de barras como alguém esperaria encontrar em uma prisão. Na primeira cela viu uma cama pequena, um lavabo, um vaso e nada mais. Estava vazia, e Jo continuou seu caminho, muito segura de que se encontraria com o homem chamado Nicholas, em uma das outras duas.

Ela tinha razão. A cela da esquerda também estava vazia, mas na direita viu um homem. Estava convexo sobre as costas na estreita cama de armar, as mãos sob a cabeça e as pernas cruzadas nos tornozelos de uma forma completamente relaxada.

Também tinha os olhos fechados quando o viu pela primeira vez, mas seja por ter feito um ruído sem dar-se conta ou simplesmente porque ele percebeu sua presença, seus olhos se abriram de repente e levantou a cabeça em sua direção.

-Jo. - Pronunciou seu nome em voz baixa, mas foi suficiente. A visão de seu rosto e o som de sua voz ativaram juntos uma avalanche de lembranças em sua mente.

Imagens e sensações piscavam através de seu cérebro uma atrás de outra. Todas elas estavam fora de ordem e desarticuladas, um caleidoscopio de cenas confusas, luzes de alerta uma depois da outra, e foram acompanhadas por uma dor aguda, o que sentiu como se uma tocha se chocasse contra a parte superior de seu crânio.

Gritando, Jo agarrou a parte superior da cabeça quando as pernas se dobraram. Isso pode ter durado segundos, minutos ou horas, não estava consciente de nada, somente da dor. Então começou a ceder e pouco a pouco voltou a si novamente.

A primeira coisa que Jo se deu conta foi que estava deitada no piso de cimento frio.

Ela estava de lado, em posição fetal com as mãos sobre a cabeça. Felizmente, sua cabeça não estava sangrando. A dor tinha vindo de dentro de sua cabeça, não foi uma tocha que se incrustou em seu crânio, percvebeu e logo, pouco a pouco, notou que alguém lhe falava com urgência na voz quando dizia seu nome uma e outra vez.

-Jo. Está bem? Jo, fala comigo. Jo?

Nicholas, recordou ela. O homem que se pôs em perigo para salvá-la e estava preso devido a isso. Jo fechou os olhos brevemente, tomando um momento para que a dor diminuisse um pouco, mas ele continuou chamando-a por seu nome, com o que parecia uma crescente agitação. Queria dizer algo para lhe tranqüilizar, tinha toda a intenção disso, mas a dor lhe tinha deixado ofegante e sem fôlego, e tudo o que podia fazer era elevar um pouco da cabeça e movê-la fracamente para lhe fazer saber que estava bem.

No momento em que o fez, sentiu algo escovando as pontas de seus dedos.

Surpreendida, abriu os olhos, inclinou a cabeça o suficiente para ver que Nicholas estava atirado no piso de sua cela, seu braço se estendia através das barras para poder alcançá-la, o suficiente para lhe tocar as pontas dos dedos com os seus.

Dando um pequeno suspiro, Jo estendeu seu braço um pouco até que pôde agarrar sua mão. Nicholas ficou em silêncio então, mas sua expressão ainda era de preocupação. Jo estava ainda muito aturdida para lhe tranquilizar, por isso simplesmente ficou quieta e se permitiu fechar os olhos brevemente enquanto tratava de ordenar a coleção de lembranças que acabavam de bombardeá-la. Todos estavam ali agora, a festa, o passeio, o ataque… Nicholas. Beijaram-se e lhe devolveu o beijo e tinha sido…

Jo fechou os olhos. Os dois beijos tinham sido maravilhosos, como nada que jamais tinha experimentado, e o homem a tinha salvo desse outro cara. Se o que tinha ouvido Sam dizer fosse verdade, também tinha ajudado a salvar a duas mulheres no início do verão… Então por que estava preso nesta cela?

- Jo?

Elevou a cabeça de novo e olhou para Nicholas.

-Está bem?- perguntou.

Jo assentiu lentamente, e quando a ação não provocou mais dor, deixou sua outra mão escapar de sua cabeça.

-Suponho que limparam suas lembranças e acaba de recuperá-las de novo? -

perguntou em voz baixa.

Isso fez que abrisse os olhos em questão. - Como?

- Já vi isto antes-disse secamente.

Jo só o olhou fixamente durante um momento e depois tirou a mão livre para se sentar.

Nicholas fez o mesmo, recolhendo à mãos e joelhos, e logo manobrando para sentar-se com as pernas cruzadas no outro lado das barras.

Olharam-se por um momento e logo Jo perguntou: - Que diabos está acontecendo?

Nicholas sorriu com ironia. - Sente-se melhor, eu suponho?

Uma pequena risada cansada lhe escapou dos lábios, e colocou uma mecha de cabelo que tinha escapado de seu rabo-de-cavalo, por detrás da orelha. -Dói a cabeça.

-Será só por um tempo-disse - Além do golpe que levou anteriormente, as células do cérebro estão um pouco confusas neste momento.

Jo assentiu. Ela podia acreditar. -Ouvi Mortimer dizer a Sam que Decker tinha apagado minha memória.

-Sim. Suspeitei que ele faria isso quando tomou seu controle para te levar para casa-reconheceu Nicholas, e logo inclinou a cabeça com curiosidade. -Foi o que comentou Mortimer que fez com que as lembranças começassem a voltar?

Jo examinou a pergunta, logo moveu a cabeça com cuidado. -Não. Foi quando te vi cruzando a grama com Bricker e Mortimer da janela de meu dormitório. Parecia-me familiar mas não podia me lembrar de você e minha cabeça começou a doer.

Nicholas assentiu com a cabeça como se tivesse sentido e a seguir explicou: -Ver o sujeito das lembranças que foram limpas pode trazer de volta as memórias.

Ela franziu o cenho. -O que quer dizer com limpas?

-É uma espécie de nome inapropriado. As lembranças não são realmente apagadas mas sim escondidas…- Franziu o cenho, obviamente inseguro de como lhe explicar o que lhe tinham feito. -As lembranças ainda estavam ali, caso contrário não poderia trazê-las de volta, mas estavam enterradas no subconsciente, e se não fossem liberadas ficariam lá.

-Como ele fez isso? - perguntou Jo, horrorizada ante a idéia de que alguém tivesse a capacidade para enterrar suas lembranças. -Há alguma máquina ou algo assim?

Ela esperou, quando uma luta teve lugar no rosto do Nicholas. Recordou suas palavras lhe dizendo que tinha suspeitado que Decker tinha apagado suas lembranças quando tomou seu controle para levar para casa. Agora que pensava nisso, Jo não recordava ter voltado para a casa e subido para seu quarto. As lembranças que tinha retornaram até que os homens os tinham rodeado no pátio enquanto se beijavam e logo começaram de novo com ela no quarto de hóspedes mais tarde. Nem sequer estava segura de quanto tempo havia trascorrido entre todas as lembranças desaparecidas.

Franzindo o cenho ante essa realidade, perguntou-lhe: -E como pode Decker me controlar? O que está acontecendo aqui?

-Não lhe posso explicar isso Jo-disse Nicholas finalmente. -Se pudesse te reclamar, seria outra coisa, mas não posso… e limpariam suas lembranças novamente, mais tarde.

Reclamar não tinha sentido, assim que se concentrou na última parte do que havia dito, e assinalou secamente: -Bom, se forem apagar minha memória de qualquer jeito, então não deveria haver nenhum problema em me dizer isso.

-Não posso te explicar isso-repetiu com firmeza, sacudindo a cabeça. -E não deveria estar aqui. Mortimer provavelmente voltará logo para me interrogar depois de chamar Lucian, e se vir que está aqui te controlará outra vez e limpará suas lembranças.

Jo lhe olhou em silêncio durante um minuto, e logo se levantou. Quando Nicholas ficou tenso, dirigiu-se às grades e o olhou. -Sam disse que só foi capturado porque se arriscou a me salvar. Disse também que se arriscou no início do verão para salvar à noiva do Decker, Dani e a sua irmã pequena. É verdade?

Nicholas só assentiu.

Estudou-o brevemente e logo perguntou: -É necessário que me preocupe com o Sam?

Ela ama Mortimer. É…?

-É um bom homem-disse Nicholas com firmeza. -Sua irmã está perfeitamente segura com Mortimer. Nunca se afastará, nunca lhe fará mal, dará sua vida por ela, e sempre a manterá a salvo. Não precisa preocupar-se por seu futuro. Por favor, confie em mim nisso…

Jo o considerou em silêncio, debatendo se devia confiar nele e concluiu que no fundo de seu coração o fazia. Se dizia que Mortimer não era uma ameaça para Sam, ela acreditava.

-E eu? - perguntou-. É uma ameaça para mim?

-Ele nunca te faria mal-disse Nicholas solenemente.

-Bem. -Jo deu a volta e ficou em marcha, dizendo: -Não estou segura do que está acontecendo aqui e não posso fazer com que me diga isso, mas estes caras não são policiais e só está preso porque me salvou daquele loiro. Não vou te deixar preso aqui. Vou ao escritório e ver se as chaves de sua cela estão lá.

-Espere, Jo. Eu…

-Vou ser rápida-prometeu Jo, ao virar no corredor de entrada antes que ele pudesse protestar de novo. Não é que lhe tivesse escutado de todos os modos. Estava decidida a deixá-lo livre. Tinha muito sentido para Jo. Nicholas nunca teria estado nesta confusão se não tivesse tentado salvá-la do loiro com mau hálito. Além disso, o que ela havia dito era certo, Nicholas poderia estar preso em uma cela, mas isto não era uma delegacia de polícia, e Mortimer e Bricker não eram policiais. Enquanto ela recordava claramente a Mortimer dizendo a Sam que Nicholas era um rebelde, pelo que Jo sabia isso era somente um macho mulherengo. Tendo em conta quão bem beijava, não estava surpresa pela revelação. Seus lábios haviam sentido um formigamento desde que tinha recuperado suas lembranças dos dois beijos que lhe tinha dado. O homem mostrou uma grande habilidade ali, mas não era razão suficiente para ser preso como um criminoso. Estava pensando em libertá-lo.

Jo olhou pela janela do escritório antes de fazer qualquer outra coisa, comprovando para assegurar-se que ninguém estava a caminho do edifício. Encontrou o pátio vazio, logo se voltou para a sala às escuras e começou a mover-se com cautela em torno da superfície da mesa e logo abriu e verificou o conteúdo das gavetas com a esperança de encontrar a chave da cela em que Nicholas estava preso. Quando isso não deu resultado, Jo verificou de novo a janela, com a intenção de acender as luzes por uns momentos se não houvesse ninguém ao redor. Entretanto, a visão de dois homens que cruzavam a grama para o edifício fez que seu coração saltasse até sua garganta.

O pânico de repente bombardeou através dela, Jo olhou grosseiramente ao redor da sala em penumbras, e então seus olhos aterrissaram no buraco negro que era o espaço sob a mesa. Sem parar para considerar os méritos do esconderijo, rapidamente caiu de joelhos e se meteu nele. Jo acabava de meter-se no espaço e apertava seus olhos fechados, como se isso pudesse ajudar a fazê-la invisível, quando ouviu a porta exterior abrir-se e o murmúrio de vozes masculinas.

-Não sei não, Mortimer-estava dizendo Bricker.- Nicholas continua arriscando-se para salvar mulheres. Talvez não seja o criminoso que pensamos que é.

-Sam me disse o mesmo-admitiu Mortimer, e os olhos de Jo se abriram com alarme quando a voz de repente se fez próxima e forte e a luz do escritório brilhou sobre sua cabeça. OH Cristo, vêm para cá. Estou morta, pensou com horror quando Mortimer continuou, -Mas sabe o que fez e eu também sei, e…

-Aonde vai? -interrompeu-lhe Bricker.

-Pegar as chaves das celas-respondeu Mortimer, e o coração de Jo deixou de pulsar quando suas pernas ficaram à vista entre a cadeira da mesa e o espaço para as pernas onde ela se agachou.

Por favor, não se sente, por favor, não se sente, começou a rezar, segura de que a acertaria com suas pernas se ela se sentasse, e então a descobriria. Jo poderia ter estalado de frustração quando os joelhos começaram a dobrar-se já que começava a sentar-se.

-Ainda estou com as chaves - disse Bricker, e Mortimer se deteve e se endireitou outra vez. Quando as pernas se moveram fora de vista, Bricker perguntou, -por que acha que segue correndo o risco de ser apanhado, então?

-Não sei-murmurou Mortimer quando apagou as luzes do escritório e voltou a sair.

-Talvez tenha desejo de morrer.

-Você acha? -perguntou Bricker, com surpresa, sua voz cada vez mais fraca quando os homens saíram do escritório. -Eu nunca o imaginei do tipo suicida.

-Não disse suicida, disse desejo de morrer. Há uma diferença.

Jo ficou onde estava, quando as vozes se moveram mais longe, sem atrever-se a respirar e muito menos mover-se até que a profunda e retumbante voz de Nicholas se uniu a eles. Não podia ouvir o que estavam dizendo agora, mas por isso sabia que Mortimer e Bricker, tinham chegado à cela do fundo e era relativamente seguro sair.

Certamente era mais seguro mover-se e partir do escritório do que esperar ali sua volta. Jo não acreditava que tivesse a sorte de evitá-los pela segunda vez se ficasse onde estava. Tinha que sair do escritório antes de que terminassem de falar com Nicholas e voltassem.

Arrastando-se do espaço sob a mesa, Jo se agachou detrás da mesa e olhou nervosamente por cima dela para a porta para estar segura, mas quando não viu ninguém nem perto da porta, nem das janelas, rapidamente se levantou e saiu nas pontas dos pés do escritório, só para deter-se e ouvir as vozes pelo corredor.

-Nada que dizer? - era Mortimer perguntando.

-Ele estava falando antes-comentou Bricker, e pôde ouvir o cenho franzido em sua voz.

-Bom, então suponho que só esperaremos pelo Lucian. Descobrirá tudo o que precisamos saber-decidiu Mortimer e Jo se deu conta de que o melhor seria que movesse seu traseiro. Olhou a seu redor brevemente, e foi em direção à saída, logo passou pela garagem onde os SUV estavam estacionados em fila, silenciosos, esperando. Sairia pela garagem. Parecia que era a opção mais inteligente para ela. Jo não acreditava que Mortimer e Bricker não fechassem a porta do edifício quando saíssem esta vez, e ela poderia não ser capaz de voltar. Além disso, obviamente não tinha sentido procurar as chaves no escritório já que Bricker estava com elas. Mas possivelmente pudesse encontrar algo na garagem para cortar as barras ou forçar a fechadura ou algo assim.

-Lucian poderia vir esta noite e te tirar de sua miséria, mas provavelmente já será amanhã quando ele conseguir chegar aqui-dizia Mortimer quando Jo chegou à porta da garagem. -Pode ser que também queira ficar a vontade. Quer algo?

A resposta de Nicholas era só um rumor de som quando Jo cuidadosamente abriu a porta da garagem e saiu através dela. Enquanto a abria, ouviu Mortimer dizer: -Então, vamos te deixar com seus pensamentos.

Jo se apressou ao primeiro SUV na garagem, para agachar-se do outro lado. Esperou ali durante um batimento de coração, mas então não pôde resistir a olhar pelas janelas da caminhonete, bem a tempo de ver Bricker e Mortimer aparecerem no pequeno corredor de entrada e ir para o escritório.

Como tinha temido, Mortimer sentou na cadeira do escritório e estirou suas pernas debaixo da mesa enquanto se recostava no assento. Se tivesse ficado alí, definitivamente teria sido capturada, Jo pensou enquanto observava Bricker acomodar-se no canto da mesa. Os dois homens se olharam como se preparando para um largo bate-papo, e suspirou para si mesma, desejando sair dali. Queria poder ouvir o que diziam. Jo, inclusive, considerou brevemente tentar chegar furtivamente à porta e entreabri-la para escutar, mas o risco de ser descoberta foi suficiente para pôr essa idéia na categoria “não muito inteligente”, por isso ficou onde estava.

Falaram só um momento antes que Bricker se levantasse e fosse ao refrigerador médico que tinha notado antes. Enquanto olhava, abriu a porta frontal de cristal para agarrar um par de bolsas.

Jo franziu o cenho, perguntando-se que diabos ia fazer com elas. Sua confusão aumentou quando lançou uma das bolsas a Mortimer, e se elevou um pouco mais para ver melhor, só para baixar rapidamente fora de vista quando Bricker, de repente, olhou em sua direção.

Mordendo os lábios, Jo esperou, segura de que a tinham visto e que Bricker entraria na garagem a qualquer momento. Mas passou um momento e depois vários mais, sem o som repentino da porta da garagem abrindo-se. Entretanto, esperou outro momento e então se levantou apenas o suficiente para ver através das janelas outra vez. O que viu foi Bricker jogar fora o que parecia ser uma bolsa de sangue, agora vazia, enquanto seguia Mortimer para fora do escritório.

Jo se agachou e esperou até que ouviu o som da porta exterior. Logo se levantou até olhar através das janelas da caminhonete de novo. O escritório estava vazio, Mortimer e Bricker tinham ido embora. Hesitou e logo ficou de pé e se dirigiu à porta grande da garagem em frente da caminhonete da qual tinha estado escondida.

Levantando-se nas pontas dos pés, conseguiu para olhar pela janela e viu Mortimer e Bricker afastando-se pela grama para a casa. Observou, esperou até que entrassem pela porta corrediça de vidro, e logo se voltou para garagem.

Diferentemente do escritório, as luzes da garagem tinham estado acesas quando tinha entrado no edifício e continuavam assim. Jo não tinha idéia do por que, a menos que alguns dos convidados da festa tivessem chegado em alguns dos SUVs que estavam aqui. O que significava que iriam pegar seus veículos quando fossem embora. Tinha que começar a se mover.

Jo se moveu rapidamente junto à mesa de trabalho ao longo da parede traseira da garagem, seus olhos escaneavam as ferramentas que estavam penduradas em ganchos na parede. Tinha de tudo, de chaves de fenda até moto serras nesses ganchos.

Rapidamente Jo examinou o caminho mais fácil, pegando a serra poderia cortar as barras, ou se não funcionasse, porque ela não estava completamente certa se uma serra elétrica pudesse com as barras de metal, simplesmente cortaria as paredes de gesso. Como sempre, as serras elétricas eram muito barulhentas e o som poderia chegar à casa ou à porta de entrada e trazer para alguém correndo, o que significava que tinha que fazer da maneira difícil. Teria que forçar a fechadura. Não era uma tarefa impossível, mas estava enferrujada e poderia levar um pouco de tempo.

Esperava que os homens não retornassem por um tempo enquanto recolhia várias ferramentas que pareciam úteis.

Movendo-se rapidamente, Jo saiu correndo da garagem, mas em lugar de ir diretamente à cela de Nicholas, fez uma breve parada no escritório para dar uma olhada pela janela. Tranquilizou-se ao encontrar o pátio vazio e silencioso, e saiu com passo decidido.

Capítulo 4

O destino é uma cadela caprichosa com senso de humor muito ruim, pensou Nicholas, deitado na cama em sua cela e olhando para o teto. Ali estava ele, preso e a ponto de se encontrar com o Criador, e a Madame Fatalidade resolve aparecer com sua companheira de vida só apimentar a situação. Quão doente e retorcido era isso?

Fez uma careta ao teto, seus ouvidos atentos para escutar os sons de movimento no edifício. Mortimer e Bricker tinham chegado não muito depois que Jo foi em busca das chaves. Visto que não tinha havido nenhum escândalo ou sons de movimento depois de que o tinha deixado, parecia óbvio que sua presença não tinha sido descoberta. Devia estar escondida, supôs, e se perguntou por que ele não tinha avisado aos homens de sua presença.

Isso é o que devia fazer, Nicholas sabia. Ela estar aqui e o fato de que tinha recuperado as lembranças que Decker tinha apagado podia causar problemas.

Entretanto, Nicholas não estava disposto a renunciar à oportunidade de falar com ela de novo, talvez até roubar outro beijo, e por que não, possivelmente escapar. Gostaria de levá-la com ele, mas não tinha nada que oferecer, salvo uma vida de fugas, e essa não era uma vida para uma mulher como Jo. Já sabia que era do tipo de espírito livre e não poderia ser um espírito livre enquanto estivesse fugindo. Tinham que ser precavidos e cuidadosos a respeito de cada pequena coisa que fizessem.

Claro, não tinha muito que oferecer de todas maneiras, reconheceu Nicholas.

Tinha tido muitas oportunidades e também tinha assumido muitos riscos. Por isso estava preso agora e quase o tinham capturado no início do verão. Mas não lamentava o que tinha feito em nenhum dos casos. Inclusive se morresse amanhã, Nicholas não se arrependeria de ter salvo Jo de Ernie.

O renegado a teria matado ou ferido gravemente, e depois teria ido atrás de Dani e sua irmã, ou simplesmente teria enviado Jo de volta a Leo. Nenhuma dessas conclusões era aceitável para ele. Poderia não ser capaz de reclamar Jo como sua companheira de vida, mas Nicholas faria o possível para mantê-la a salvo enquanto pudesse.

Infelizmente, isso significava que não podia lhe explicar a situação. Não, Nicholas não poderia lhe dizer a verdade de qualquer maneira. Não tinha nenhum desejo de ver o horror e o asco entrar em seus olhos quando soubesse o que ele tinha feito há cinqüenta anos.

Ainda que acreditasse no que ele contasse e em vez de simplesmente concluir que estava drogado ou simplesmente louco. Depois de tudo, não parecia que podia ter estado por aí há cinqüenta anos e explicar é que sou um pouco vampiro, não era provável que ela fosse acreditar.

Nicholas sorriu levemente ante a idéia de sua expressão, se tentasse lhe explicar ISSO. Na verdade sou um vampiro, mas um vampiro bom … à exceção de uma vez em que assassinei uma inocente.

Fez uma careta. Sim, à exceção do mal inexplicável que cometeu enquanto estava na agonia da perda, era um moço muito bom.

Ouvindo o golpe da porta exterior Nicholas abriu os olhos e esforçou-se por escutar outros sons na construção, mas o zumbido constante de Mortimer e a voz de Bricker no escritório se foram. O silêncio absoluto parecia ressonar do corredor. Esperou um momento, mas não havia nenhum ruído agora à exceção de sua própria respiração.

Nicholas estava começando a preocupar-se de que sua companheira de vida tivesse decidido deixá-lo a sua sorte e tivesse voltado para a segurança da casa quando ouviu o suave sussurro de ar que se movia com uma porta aberta. Foi seguido pelo ruído de alguém caminhando rapidamente e Nicholas sorriu para si mesmo. Estava seguro de que era Jo e que ainda estava aqui. Podia ser egoísta, mas estava contente.

Podia falar com ela um pouco e possivelmente aprender algo a respeito desta mulher que poderia ter sido sua salvação se não tivesse cometido um estúpido e irreconciliável engano tantos anos atrás.

Ele ficou de pé e moveu-se até as barras para olhar para fora. Ela apareceu e um momento depois chegou até ele, a expressão inquieta e olhos nervosos enquanto se apressava pelo corredor para ele.

- Não pude conseguir as chaves, Bricker está com elas-balbuciou Jo enquanto se aproximava.

- Mas encontrei isto e acredito que posso abrir a fechadura.

- Abri-la?- perguntou Nicholas hesitante.

-Sim. Trabalhei como assistente de um chaveiro no verão, desde a escola secundária até a universidade. Ensinou-me alguns truques. Posso fazer isto-assegurou-lhe, caindo de joelhos diante da porta de sua cela.

Examinou a fechadura brevemente e logo fez uma careta. – Talvez leve um pouco de tempo, mas posso fazê-lo… e se não conseguir, volto por esse caminho e trago o maçarico para cortar através da parede.

Nicholas se encontrou sorrindo sem nenhuma razão. Em realidade, a mulher era adorável, pensou, e lhe perguntou: - Já trabalhou com um chaveiro e agora dirige um bar? Que mais tem feito em sua curta vida?

Jo fez uma pausa e levantou as sobrancelhas olhando-o nos olhos - Minha curta vida? Faz parecer como se eu fosse uma menina e você um velho… Tem… o que?

Talvez uns vinte e sete?

- Algo assim-murmurou, acrescentando mentalmente, mais ou menos quinhentos e trinta e três anos. - Então, o que tem feito?

Jo se encolheu de ombros, sua atenção na fechadura, cravando suas ferramentas e trabalhando com o mecanismo interno. Sua voz era ausente quando disse, - Um montão de coisas. E você?

- Um montão de coisas-Nicholas se ecoou com ironia, e suspeitava que tinha trabalhado até no inferno pelos muitos empregos que tinha tido.

- É casado?

Essa pergunta surpreendeu Nicholas, e desviou o olhar quando a pontada habitual de dor o atravessou com o pensamento de sua finada alma gêmea. Curiosamente, pela primeira vez em cinquenta anos, a dor não foi esmagante. As lembranças de sua Annie e sua perda, sentiu dor, mas não com a brutalidade a que estava acostumado.

Seu olhar se deslocou de novo para o Jo. Ela estava concentrada na fechadura, mas fez uma pausa para levantar uma sobrancelha suspeita em sua direção.

- É? -perguntou ela.

Nicholas sacudiu a cabeça, mas logo admitiu, - Viúvo.

A surpresa cruzou seu rosto, e logo voltou o olhar para a fechadura, murmurando: -

Minhas condolências.

- Foi há muito tempo-disse em voz baixa, e pela primeira vez sentia-se como se fosse certo. Tinham passado cinquenta anos desde que Nicholas tinha perdido a sua Annie, mas a maior parte desses cinquenta anos de perda foram sentidos tão fortemente como se fosse ontem. Ainda agora… Seu olhar se deslizou para o Jo e franziu o cenho, a sensação de culpabilidade se retorcia em suas vísceras ante o conhecimento de que finalmente deixaria ir sua dor e seguiria adiante com sua vida.

- Deviam ser crianças quando se casaram já que ela morreu a muito tempo-murmurou Jo, entrecerrando os olhos na fechadura, concentrada em suas ferramentas de trabalho.

Ele não fez nenhum comentário a isso, mas sim perguntou: - Tem namorado ou…?

-Não-interrompeu ela. - Não há tempo. Estando na escola em tempo integral e no trabalho em tempo parcial me deixa pouco tempo para garotos. Além disso, vejo o pior a respeito dos homens no trabalho.

Nicholas elevou as sobrancelhas ante o comentário. Tinha pensado que ser um caçador renegado lhe mostrava o pior da humanidade, mas soava bastante segura.

-Como é isso?

Jo se encolheu de ombros. -Tendo suficiente álcool, inclusive o melhor homem se converte em um asno. Veja, chegam com suas namoradas, brigam com elas, e quando elas partem nervosas, eles arrumam outra garota. Então reaparecem na semana seguinte com a namorada original de novo, que provavelmente é completamente ignorante de onde ele estava passeando na semana anterior. Ou…- fez uma pausa para acrescentar com uma careta de asco antes de terminar, - não há briga e todos eles são “Amorzinho Te amo“, mas no momento em que suas namoradas vão ao banheiro, eles estão de olho em outras garotas.

- Hmm-Nicholas murmurou, pensando que histórias como esta o faziam feliz de ser um imortal e que os imortais tendiam a ser monógamos.

- E as mulheres são tão más-Jo continuou. - Sempre pensei que as confusões eram só de garotos, mas agora penso diferente. As garotas são mais inteligentes a respeito.

Mais cautelosas e discretas, não tão fortes ou tão evidentes já que não são realmente conscientes de que estão paquerando, mas então desaparecem no banheiro para um retoque na maquiagem e voltam arrumando suas roupas e um homem aparece sorrindo e ajeitando suas calças.

- As mesmas mulheres cujos homens estão paquerando a outras mulheres enquanto elas estão fora?- Perguntou Nicholas com curiosidade, pensando que talvez isso explicasse o comportamento dos homens. Talvez houvesse algum tipo de acordo, pensou, mas Jo sacudiu a cabeça.

- Isso é o estranho. Pelo que posso dizer, as traidoras raramente se conectam com os traidores. É como se pudessem se reconhecer entre eles e se evitassem, porque Deus sabe que um traidor não quer ser enganado-disse com ironia. - Parece que um sempre é fiel e o outro lhe põe chifres… Embora, ocasionalmente, os dois deixam o lugar com outra pessoa. Prefiro ver isso. Imagino que eles se merecem.

- Parece que…- Nicholas vacilou. Soava como se seu trabalho no bar lhe tivesse dado uma visão muito escura dos homens e das mulheres.

- Consegui!- exclamou Jo.

Nicholas tinha ouvido o estalo antes de seu anúncio triunfal e agora observou com assombro quando retirou suas ferramentas e puxou a porta aberta. Fez uma pequena mesura, agitando a mão e lhe indicando que saísse. O que lhe fez sorrir, mas em vez de sair e mover-se mais à frente, parou frente a ela e esperou que ela olhasse para cima antes alcançá-la, dizendo: - Parece que agora te devo um obrigado.

Jo piscou surpreendida. Tinha esperado que Nicholas saísse correndo e fugisse tão rapidamente como seus pés lhe levassem no momento em que abrisse a porta da cela, entretanto, pegou-a pelos braços e a atraiu para ele, sua cabeça descendendo para ela.

Ela não resistiu. Os agradecimentos eram lindos… ao menos com o Nicholas. Sabia que não era adversa a desfrutar os mais apaixonados agradecimentos com ele, pensou, e logo sua boca cobriu a dela e se sentiu afligida pela paixão mais incrível que jamais tinha experimentado.

Maldição, era um bom beijador, definitivamente digno do título de rebelde, pensou Jo, deixando que as ferramentas caíssem de seus dedos para que pudesse deslizar as mãos por suas costas. Então ouviu o ressoar das ferramentas ao golpear o duro concreto. Sua mente estava consumida pelas ondas construídas pela paixão e rodando através dela, cada uma golpeando contra seu cérebro com mais força enquanto sua boca devorava a dela. Não era consciente de que Nicholas se movia, mas de repente sentiu o frio metal das barras nas costas e abriu brevemente seus olhos para ver que a tinha apoiado contra a porta da cela de frente a ele, e logo com os olhos fechados gemeu de novo, quando a pressionou ali com seu corpo e moeu seus quadris contra ela.

Quando suas mãos acariciaram seus peitos através de sua camiseta, Jo arqueou as costas, pressionando-se contra ele ante o toque. Suas mãos se moveram até cobrir as dele, e as apertava alentadoramente antes de chegar a pôr suas próprias mãos sobre seu peito, desejou que ele não usasse camisa e poder tocar sua pele nua. Foi um pensamento surpreendente para Jo. Ela não era uma dissimulada ou uma virgem, mas nem conhecia este homem direito. De fato, além de seu nome, o fato de que era viúvo e que se arriscou para ajudá-la, não sabia nada dele. Entretanto, seu corpo estava atuando como se o conhecesse muito bem, ou o quisesse. Queria. Queria conhecer até o último centímetro nu dele. Queria… Os pensamentos do Jo morreram em um grito afogado quando Nicholas de repente puxou sua camiseta para cima, deixando ao descoberto seus peitos. Ela não necessitava de sutiãns.

Sutiãns tinham tiras, aros e todo tipo de coisas desagradáveis que se cravavam em seu corpo. Com excessão do local de trabbalho, ela normalmente os evitava e não tinha usado um esta noite. Jo estava muito contente por isso, não soube em que momento Nicholas cobriu um seio nu com a mão e logo rompeu o beijo para inclinar a cabeça e reclamar o outro com a boca.

- OH Deus-ofegou Jo, enredando os dedos no cabelo da parte posterior de sua cabeça. Isto era… Isto era… Renunciou a pensar no que era quando os dentes e a língua entraram em ação, os dentes agarraram o mamilo e a língua raspou o nó sensível.

Maldição, era bom, pensou Jo, e se deu conta que nunca tinha tido um encontro de uma só noite em sua vida, decidiu que tinham que mover-se a uma das celas e fazer um bom uso da cama de armar. Agora, pensou, de repente sua perna se deslizou entre as suas, esfregando-se contra ela e levando sua paixão a um nível completamente novo. Grunhindo de necessidade, Jo puxou seu cabelo, lhe exigindo que deixasse de fazer o que estava fazendo e a beijasse de maneira absoluta.

Nicholas tirou o mamilo de sua boca e levantou a cabeça para reclamar seus lábios, mas seu beijo foi mais lento, calmante. O impulso de sua língua na boca era a imitação do que estava começando a desejar desesperadamente continuar na cama de armar, e sua mão substituiu a sua boca no peito, o polegar e o indicador beliscando brandamente e depois esfregando para tranqüilizá-la.

- Nicholas-Jo ficou sem fôlego quando rompeu o beijo para que sua boca seguisse ao longo de seu a bochecha até seu ouvido. - Necessito… ohh-gemeu quando a esfregou contra sua perna mais forte. -Sim… Eu… o que é isso?

Pararam de repente e viraram a cabeça para o final da sala, onde vozes apagadas se ouviam…

- Cristo-murmurou Nicholas, e rompeu o abraço, ambos endireitando-se rapidamente a roupa.

Jo começou a entrar na cela vazia ao lado deles, seu único pensamento era ocultar-se.

Mas Nicholas tomou sua mão e sacudiu a cabeça puxando ela para detrás dele quando começou caminhar no corredor, dizendo: - Estão na garagem.

- O que está fazendo?- assobiou Jo com alarme quando se deu conta de que estavam avançando para as vozes.

Nicholas simplesmente olhou para trás e se colocou o dedo sobre os lábios silenciando-a e logo seguiu adiante, perto da parede.

Jo fechou os olhos um instante, pensando que o homem devia estar louco, mas o seguiu em silêncio. Chegaram quase até o final do corredor antes que pudessem ver os homens em outra parte do edifício. Duas das seis portas da garagem estavam abertas, a mais próxima e a mais longínqua. Três homens estavam falando junto a porta aberta agora detrás de um dos SUVs. Jo reconheceu Bricker e dois dos homens que lhe tinham sido apresentados na festa esta noite.

- O que…?- Começou, mas Nicholas apertou um dedo em seus lábios.

- Espera aqui-sussurrou, e logo desapareceu.

Jo olhou a seu redor e sua confusão só cresceu quando o viu desaparecer no escritório, ainda agachado. O homem se moveu com rapidez. Apenas havia se virado, preocupada, de novo para a garagem quando ele estava súbitamente junto a ela de novo, deslizando algo no bolso.

- Meu receptor, explicou. -O levaram quando me prenderam.

- O que é um receptor?- perguntou Jo confusa e logo sacudiu a cabeça.

Isso na verdade não importava nesse momento. Estava mais preocupada que os apanhassem e sussurrou em voz baixa, - Bricker poderia vir aqui. Temos que nos esconder.

Nicholas sacudiu a cabeça. -Tenho que ir.

- O que? Mas…- começou Jo com alarme, e logo soltou uma exclamação de surpresa, quando Nicholas se agachou, arrastando-a junto com ele para ocultar-se.

- Esta é a única maneira para eu sair daqui-disse brandamente, levantando uma mão para acariciá-la com os dedos ligeiramente ao longo da bochecha.

Jo franziu o cenho. – Mas…

Desta vez a fez se calar beijando-a rapidamente, e foi rápido, só um pequeno roce dos lábios sobre os dela. Nicholas então se virou para trás e lhe sussurrou: -

Obrigado por me liberar.

Jo tentou falar, mas moveu seu dedo polegar para cobrir seus lábios e acrescentou: -

Provavelmente limpem suas lembranças sobre mim quando se derem conta de que ainda as tem, mas quero que saiba que nunca me esquecerei… e se alguma vez precisar de mim, estarei ali para você.

Nicholas a beijou de novo, um suave roce dos lábios, e Jo fechou seus olhos deixando-os à deriva. Quando os abriu, ele já tinha ido, deslizando-se através da porta da garagem agachado.

- Merda-sussurrou Jo com consternação, e esperou o grito inevitável quando fosse descoberto. Quando não houve nenhum, vacilou e logo se moveu rapidamente para a porta meio agachada. Ela tomou um profundo fôlego e começou a abri-la, congelou-se quando a porta estava só um pouco aberta e viu Nicholas no chão junto ao primeiro SUV, passando por debaixo do veículo. Ela observou até que desapareceu e logo começou a levantar-se, mas pensou melhor e em lugar de abrir a porta, fechou-a de novo e se moveu até o escritório. Uma vez na segurança das sombras se levantou para olhar através das janelas à garagem.

Jo olhou bem a tempo para ver os homens terminarem a conversa e se separar.

Bricker imediatamente se dirigiu à garagem e fora da vista, mas um dos dois homens restantes se dirigiu à SUV detrás da qual tinham estado, enquanto o outro cruzou a garagem para o veículo sob o qual tinha visto desaparecer Nicholas.

Jo viu como o primeiro veículo desaparecia de vista, mas quando o veículo mais próximo o fez também e as duas portas começaram a fechar, Jo se apressou a olhar à janela que dava ao pátio traseiro.

Nesse momento o primeiro SUV já tinha dado a volta e se afastava rua acima, mas teve tempo para ver o segundo SUV fazer o mesmo, e Jo mordeu os lábios, olhando a parte inferior do veículo em busca de qualquer sinal de Nicholas, mas estava escuro e, se estava ali, não podia vê-lo.

Esse pensamento a fez sair correndo do escritório para a porta da garagem. Jo a abriu e viu o lugar vazio onde o primeiro SUV tinha estado, depois correu ao longo dos veículos somente para se assegurar, mas Nicholas não estava ali. Fez uma pausa no final da garagem, inclinou-se fracamente contra a parede por um momento, não podia acreditar que ele se foi. Mas então rapidamente se endireitou e empreendeu a volta para sair da garagem, dizendo a si mesma que não deveria surpreender-se de que saísse de maneira tão abrupta, era como tinha entrado em sua vida. Além disso, o que tinha esperado? Declarações de amor eterno? Porque o tinha posto em liberdade e a beijou um par de vezes? Uma proposta de casamento? Um felizes para sempre?

Precisava se acalmar, Jo pensou com auto-desgosto. O cara era uma uva sem semente. Era provável que beijasse garotas todo o tempo… a um montão delas… e um montão de beijos em cada uma. O car era certamente bom, e não conseguiria fazê-lo tão bem sem muita prática, tinha certeza.

Com um suspiro, dirigiu-se à porta com a intenção de ir embora, mas logo decidiu que seria melhor esperar. Se a vissem sair do edifício, provavelmente iriam verificar as celas e descobririam que Nicholas tinha desaparecido, e então deteriam os veículos e seria apanhado uma vez mais. Se isso acontecesse, Jo definitivamente não pensava que lhe seria permitido estar em qualquer lugar perto da garagem de novo.

Se se lembrasse de Nicholas, pensou Jo com o cenho franzido ao recordar que lhe dizia que uma vez que soubessem que ele fugiu, perceberiam que tinha suas lembranças intactas e, provavelmente, apagariam-nas de novo. Não gostava dessa idéia absolutamente. Apagar sua memória… Como tinham feito isso? Jo não duvidou nem por um minuto que tinham a forma de fazê-lo, mas a forma em que o tinham feito era o que lhe incomodava.

Deve ser algum tipo de máquina, pensou, e se virou para olhar pela primeiro ao escritório e depois para a garagem, perguntando-se se devia procurar uma máquina que pudessem utilizar para isso. Isto lhe ajudaria a matar o tempo enquanto esperava para dar a Nicholas a oportunidade de escapar… e então se ela a encontrasse, Jo pensou sobriamente, teria que destrui-la e manter sua maldita memória, muito obrigada.

Jo começou no escritório, caminhando através do local como uma mulher cega em uma busca de ovos de Páscoa. Foi um grande alívio terminar ali e ir para às zonas mais iluminadas da construção. Partiu para a garagem ao lembrar das ferramentas que tinha deixado fora da cela. Jo voltou nessa direção e correu pelo corredor para recolhê-las. Em seguida, levou-as até a garagem e rapidamente as colocou onde as tinha encontrado antes de começar uma busca na garagem.

Jo foi mais rápida nesta busca. A luz na garagem tornou, de fato, mais fácil mas também esteva trabalhando mais rápido. Estava certa de que Nicholas se encontrava provavelmente fora da propriedade agora. A única coisa que a detinha era a possibilidade de encontrar a máquina que utilizavam para limpar as memórias, mas o fato era que Jo na verdade não tinha idéia do que estava procurando. Não tinha idéia de como se parecia, ou inclusive quão grande era. Pelo que sabia, poderia ser uma droga que se injetava nas pessoas para que fossem mais suscetíveis à sugestão e em seguida faziam uma sugestão para que esquecesse certas coisas.

Quando chegou ao final da garagem sem encontrar nada, Jo decidiu que teria que renunciar a ela e dirigir-se para a casa.

Ela se dirigiu para a porta mais próxima da oficina e ficou nas pontas dos pés para olhar a garagem.

Quando encontrou que o local estava vazio, Jo correu rapidamente para a porta, abriu-a o suficiente para sair, e depois conferiu para ver se estava fechada, voltando rapidamente através do pátio para chegar até a casa.

O que Jo queria fazer era caminhar pela casa, entrar em seu carro e sair dali como um alma que foge do diabo, antes que descobrissem que Nicholas tinha figido, mas não podia. Ela tinha viajado com Alex. Tudo estava bem entretanto, assegurou a si mesma. Nicholas havia dito que Mortimer nunca faria mal a ela ou a Sam.

Então ela ficaria tal como estava previsto, esperando que a ausência de Nicholas fosse descoberta, e se comportaria como um adulto.

Embora, Jo pensou, realmente deveria sair dali.

Mesmo que Mortimer não fosse lhe machucar, definitivamente não ia estar contente de que tivesse deixado Nicholas fugir, não estaria protegida de sua ira quando se desse conta de que tinha sido ela que tinha ajudado a Nicholas.

Fez uma careta ante esta rajada súbita de covardia que corria através dela, Jo sacudiu a cabeça e se deslizou dentro a casa. Podia ouvir vozes que vinham de algum lugar na frente da casa. Soava como Sam e Mortimer falando, e Jo encontrou a si mesma olhando o relógio da cozinha enquanto se movia pela local. Abriu os olhos um pouco quando viu que eram quase a três da manhã. Sua surpresa não foi porque era tão tarde, mas sim devido a que fosse tão cedo. Embora tivesse sido depois da meia-noite quando ela tinha saído para dar um passeio, tanta coisa tinha acontecido depois, que Jo não se surpreenderia se fosse quase o amanhecer. Sentia-se como se tivesse vivido toda uma vida nas últimas horas.

Movia-se em silêncio pelo corredor em direção à escada, com os batimentos do coração acelerados, e se sentiu aliviada quando subiu pelas escadas sem encontrar ninguém. Jo estava pensando que ia chegar em seu quarto e ser capaz de evitar todo este assunto até pela manhã, quando a porta se abriu de repente detrás dela.

Congelou-se no degrau superior. Jo se voltou e olhou para baixo, à porta, uma repentina onda de desconfiança a rodeou, quando viu entrar outro homem. Alto, loiro e sombrio como a morte. Tinha-o visto antes de que pusesse um pé na soleira, e ele a olhava com a mesma intensidade com a que o tinha feito durante toda a noite quando Sam o tinham apresentado aos homens na festa.

Jo se moveu incômoda com seu olhar penetrante, seus olhos se deslizaram para a porta de seu quarto e o refúgio que oferecia, mas antes de que pudesse mover-se, o loiro disse: - Venha para baixo, Josephine. Preciso decidir o que fazer com você.

Jo piscou surpreendida, assombrada de que o desconhecido soubesse seu nome, e então seu olhar de repente se deslizou à porta da sala de estar quando Mortimer apareceu ali.

- Lucian?- disse com surpresa e logo olhou para Jo na parte superior da escadas.

Franziu o cenho quando a viu. -Jo? Deveria estar dormindo. O que está fazendo aqui?

- Ela acaba de chegar das celas, depois de liberar Nicholas-anunciou o homem que Mortimer tinha chamado de Lucian.

A mandíbula do Jo caiu ante essas palavras, e então seus olhos passaram a Mortimer quando ele amaldiçoou e foi pelo corredor para a parte traseira da casa.

- Não se incomode-grunhiu Lucian, fazendo com que se detivesse. – Já faz tempo.

Mortimer virou as costas e se dirigiu rapidamente até a porta da sala quando Sam apareceu ali, seu olhar preocupado procurou o de Jo.

- Josephine Leia Willan. O que você fez?- Perguntou Sam com alarme, e Jo fez uma careta ante o uso de seu nome completo. Ela sabia que estava em problemas quando Sam tirava a artilharia pesada, e utilizar o nome completo sempre tinha sido considerado uma grande arma de fogo em sua casa durante seu crescimento.

- Coloquei-o em liberdade-disse Jo desafiante. - E por que não deveria fazê-lo? Eu não sei que diabos está acontecendo aqui, mas Mortimer não tinha direito a prender Nicholas como se fosse um criminoso. Não é um policial nem algo do tipo, e Nicholas não fez nada de mau.

- OH, Jo!- suspirou Sam, e logo se inclinou para o Mortimer, que deslizou um braço ao redor de sua cintura. Jo não podia deixar de notar, entretanto, o olhar preocupado de sua irmã sobre Lucian, como se sua preocupação principal fosse o que ele podia fazer.

Mortimer também olhava ao homem, parecendo à espera de algo, Jo precebeu, e a contra gosto lhe deu seu próprio olhar. Ao que parece, este Lucian era o chefe. É uma pena, decidiu. Parecia extremamente mal-humorado e seu olhar tornava muito difícil para ela aferrar-se a seu desafio e não mover-se nervosa como uma adolescente apanhada retornando depois do toque de recolher.

- Ela é a companheira de vida de Nicholas-disse Lucian de repente.

Mortimer amaldiçoou e Sam murmurou: - OH merda!- mas Jo franziu o cenho ao homem e lhe perguntou: -O que é um companheiro de vida? Tinha ouvido o termo antes de Mortimer e Bricker, mas tinha sido em referência a Sam.

Ela só assumiu que era o mesmo que uma noiva e definitivamente não sentia que pudesse chamar a si mesma de noiva de Nicholas. Alguns beijos não a faziam uma noiva.

Para seu desgosto o homem permanecia em silêncio, seu olhar solene e intenso, e Jo se encontrou chiando os dentes com frustração. Em realidade, Mortimer lhe tinha parecido legal no norte, na casa de campo, mas estava começando a repensar sua opinião sobre ele. Se uma pessoa era julgada por seus amigos, ele devia ser um inseto estranho porque seus amigos eram certamente estranhos.

Um bufo de repentina risada saiu de Lucian e se deteve olhando fixamente para Sam.

– Eu gosto dela. É como minha Leigh. Digam a ela que pode ir para cama.

Sam abriu os olhos e olhou com incerteza de Lucian ao Mortimer.

Quando Mortimer assentiu alentador, esclareceu a garganta e olhou ao Jo. - Umm…

Jo?

- Sim, sim, para a cama-murmurou Jo, e se dirigiu a seu quarto. Entretanto, uma vez que esteve fora da vista do corrimão, deteve-se para escutar. Por muito que se sentisse aliviada de estar longe do olhar penetrante do homem, ela queria ouvir o que ia dizer a seguir.

- É realmente a companheira de vida de Nicholas?- ouviu o Sam perguntar, e franziu o cenho com a preocupação em sua voz.

- Sim-disse Luziam. -O que trabalha a nosso favor.

- Como?- perguntou Mortimer em voz baixa.

- Não vai ser capaz de manter-se afastado dela.

Jo abriu os olhos ante essa proclamação. Sentia emoção ante a perspectiva de ver Nicholas de novo, mas foi rapidamente arrastada e substituída pelo alarme quando Lucian acrescentou: - Terá que colocar dois homens com ela quando sair daqui amanhã, Mortimer. Ele vai aparecer com o tempo.

- Quer usar a minha irmã como isca?- Perguntou Sam com uma voz que de repente se acirrou pela ira. Jo estava realmente contente de ouvir isso. Sam lhe tinha parecido um pouco alarmada e incerta durante os últimos minutos, o que era incomum para ela. Era normalmente a “mais eficiente e fria-como o gelo advogada”. A incerta e ansiosa Sam tinha sido bastante preocupante para o Jo, e teria dado a sua irmã cinco aplausos se pudesse, quando Sam disse: - Eu não o faria.

- Prefere que limpe sua memória e que negue a te permitir vê-la?

Lucian perguntou, a isto incomodou Jo de novo. Quem diabos era este cara?

Ninguém ia impedí-la de ver sua irmã.

Jo ouviu Sam amaldiçoando e Luzin disse: -Vamos mudar esta conversa à biblioteca.

Jo já ouviu mais que suficiente.

Suas sobrancelhas voaram com essas palavras e não pôde resistir a dar uma olhada dentro da sala. Três pares dos olhos estavam olhando para trás.


- Vá para cama-disse Luzian com firmeza. - Está muito cansada.

E de repente, Jo estava cansada, e a cama parecia o melhor lugar do mundo.

Diligentemente se dirigiu do corredor até a porta de seu quarto de hóspedes e entrou.

Estava nua e na cama antes que lhe ocorresse perguntar como pôde ter passado de estar tensa como um cabo de vassoura em um momento e no seguinte relaxada e esgotada. Jo dormiu antes que pudesse preocupar-se muito.

Capítulo 5


O sol brilhava luminoso e alegre quando Jo despertou. O que a fez gemer e cobrir os olhos na esperança de aliviar a dor de cabeça. Maldição, tinha a mãe de todas as ressacas. Pena que não tivesse tido o tempo suficiente para ganhar essa ressaca pois não tinha tido muito o que beber na noite anterior, o que significava que a dor de cabeça era provavelmente graças a um golpe na cabeça… ou o resultado de recuperar sua memória, supôs. Recordando a agonia que experimentou através de seu crânio quando as lembranças voltaram para sua mente.

Com um suspiro, Jo retirou a mão e se obrigou a abrir os olhos, fazendo caretas e respirando profundamente, até que o primeiro golpe de dor diminuiu.

Jo sabia uma coisa de sua irmã, pensou quando trocou de posição e depois se levantou da cama. Sam certamente organizava festas memoráveis. Embora não necessariamente memoráveis no bom sentido.

Suspeitava que esta dor de cabeça ia acompanhar o resto do dia. Aí residia a esperança de que suas lembranças ficassem com ela também. Fez uma careta ante a idéia e logo se dirigiu ao banheiro. Precisava tomar banho, vestir-se e sair desta casa.

Não confiava em que Lucian não tentasse “limpar” suas lembranças. A idéia de qualquer um brincando com sua cabeça era bem alarmante. Precisava de seu cérebro como todo mundo, e a idéia de partes de algum jeito “escondidas”, como Nicholas havia dito, era só um temor a considerar.

Jo abriu a torneira da água e tomou uma ducha rápida, fazendo uma careta de dor enquanto entrava. Esperava que uma ducha aliviasse sua dor de cabeça, mas o som da água correndo parecia piorar as coisas. Alegrou-se ao terminar e sair, embora foi menos feliz quando teve que se secar com uma toalha de banho em lugar da toalha de praia muito maior que gostava de usar em casa.

A idéia de casa a fez suspirar. Jo desejava estar em seu pequeno apartamento agora mesmo. Ia fechar as persianas, colocar um pano frio na cabeça e dormir até que sua cabeça melhorasse. Ansiosa para poder fazer isso, saiu do banho logo depois que tinha entrado. Vestiu-se em tempo recorde, guardou o suéter volumoso que usava para dormir e a roupa que usou na noite anterior em sua mochila, e depois a colocou por cima do ombro, saindo imediatamente do quarto.

A sala estava vazia e correu pela escada. Jo trotava por elas, mas fez uma pausa quando o som das vozes chegou da cozinha. Hesitou, movendo os olhos com nostalgia à porta, mas sabia que não havia nada para ela. Alex a tinha conduzido até ali e ela necessitava de Alex para levá-la para casa.

Murmurando em voz baixa, pôs a mochila no piso frente à porta e se dirigiu para o corredor. Quanto mais perto chegou da cozinha, mais claro ouviu as vozes.

- Ainda não entendo por que não podemos explicar tudo a ela-estava dizendo Sam.

-Outros sabem de você. Por todos os deuses, Bricker diz que há todo um povoado a duas horas daqui que sabe de vocês.

- Sabe o que a respeito de vocês?- perguntou Jo quando entrou na cozinha.

Um silêncio de morte foi sua resposta quando Sam e Mortimer se voltaram para olhá-

la de onde se sentavam na mesa da cozinha. Sam se alarmou, quando percebeu, mas Mortimer só parecia irritado.

- Aqui está.

Jo se voltou para encontrar Bricker entrando na cozinha atrás dela. Seu olhar procurava o de Mortimer quando disse, - Sinto muito, só fui ao banheiro e ela tinha saido quando voltei para seu quarto.

- Tenho um guarda?- perguntou Jo com incredulidade. Franziu o cenho para o Bricker e perguntou, - E como sabe que tinha deixado meu quarto? Entrou lá?

- Não, só escutei atrás da porta quando não pude te ouvir roncar mais.

- Eu não ronco-Jo retrucou.

Bricker, sorriu e se encolheu de ombros. - Está bem, escutava atrás da porta quando eu não pude mais escutar seu bufo forte, respirando e ofegando enquanto dormia.

- Ok, ok-murmurou Jo.

- Quer um café? -Perguntou Sam, levantando-se para pegar um copo para ela do armário.

-Sim, por favor, mas eu mesma vou fazer um-murmurou, movendo-se a seu encontro na cafeteira. Murmurou um obrigado quando pegou o copo com Sam. -Onde está Alex? Não se levantou?

- OH, sim. Estava acordada e fora daqui cedo-disse Sam, voltando para a mesa.

- O que?- Jo se voltou para olhá-la boquiaberta com horror. -Pensei que me levaria para casa.

- Sei, mas lhe disse que eu o faria-disse Sam com doçura. Jo franziu o cenho e se apoiou na mesa, seus olhos em movimento olhando com receio de Bricker para Mortimer quando levantou o copo para tomar um gole. Bricker ficou tenso quando de repente se aproximou dela, mas se limitou a abrir a porta do armário junto a ela e pegar uma pequena garrafa no armário.

- O que é isso?- Jo perguntou quando a ofereceu a ela.

- As pílulas que Sam me fez comprar a última vez que teve uma dor de cabeça-disse Bricker abrindo sua palma para que lesse a etiqueta.

Jo aceitou as pastilhas hesitante, seus olhos entrecerrados procurando seu rosto.


- Como sabe?

- Tem o mesmo olhar de olhos vesgos que Sam quando tem dor de cabeça-disse com diversão.

- Meu deus, está encantador esta manhã, não é?- disse secamente Jo, fazendo um esforço para eliminar ‘o olhar vesgo’ de seu rosto. - Não lembro que me insultasse quando nos conhecemos.

Bricker sorriu. - Sim, mas agora é virtualmente da família. Pelo menos da família de Sam, e ela o é agora.

- Grandioso-murmurou Jo, depositando seu café na mesa para abrir o franco das pastilhas. Quando teve problemas com a tarefa, Bricker arrancou a garrafa e a abriu para ela, obrigando-a a murmurar outro Obrigada, quando sacudiu um par de pastilhas e as entregou. Pegou seu café e tomou as pastilhas quando Bricker fechou a garrafa e a guardou.

Então, deu uma olhada à mesa para ver que Sam e Mortimer não deixavam de olhá-

la.

Sam se mordia os lábios como se houvesse algo que quisesse dizer, mas Mortimer parecia um pouco cauteloso.

- Quer tomar o café da manhã?- perguntou Sam finalmente.

Jo sacudiu a cabeça, e logo a ação fez com que fizesse uma careta pela dor que se disparou através de seu crânio. Devia ter golpeado a cabeça na noite anterior, Jo pensava com desgosto.

Sem dúvida, sentia-se perfeita esta manhã.

- Não… Obrigada-disse. -Realmente preferiria só ir para casa.

-Vou procurar minhas chaves-disse Sam, levantando-se.

- Por que incomodar-se?- perguntou Jo. - Por que não deixa que os rapazes que devem me vigiar me levem para casa. Podem vigiar de perto então.

Houve um momento de silêncio quando Sam olhou para Mortimer. Olhou a Jo com os olhos entreabertos por um minuto, mas então Jo deu de ombros e disse a Sam, -Economizará uma viagem e dessa maneira não vou ter que me preocupar com você.

Antes que Sam pudesse comentar, olhou para Bricker e disse: - Anders está na garagem tomando um café.

- Vou pegar ele e um dos carros e lhe recolhemos na frente-disse Bricker a Jo e se dirigiu para a porta que conduzia ao pátio traseiro.

-Vou procurar minha bolsa-disse Jo, e deixou o copo com alívio. Ela estaria fora logo… e com sua memória intacta pelo que podia perceber.

- Jo?- disse Sam, de pé para segui-la enquanto se dirigia fora da cozinha.

Jo desacelerou, mas não parou, indo pelo corredor para pegar a mochila que tinha deixado na porta principal. - Sim?

Sam se aproximou para ficar de frente com ela, tomando sua mão ao chegar à parte dianteira da entrada e atraindo-a. Jo voltou seu olhar para a sala para ver com alívio que Mortimer não a tinha seguido. Mudando o olhar para sua irmã, levantou a sobrancelha.

Sam hesitou e lhe perguntou: - Está bem?

Jo levantou a outra sobrancelha agora. - Por que não estaria?

Sam enrugou o nariz e suspirou. -Sei que isto é provavelmente muito estranho e incompreensível para você, e para ser franca estou surpresa de que não esteja fazendo um montão de perguntas sobre o que aconteceu ontem à noite, e…

- Você me responderia sobre isso?- interrompeu Jo em voz baixa, e quando Sam a olhou sem compreender, explicou, -Se te perguntasse sobre ontem à noite, você me responderia?

Sam franziu um pouco os lábios, mas logo baixou o olhar com incerteza, algo que era estranho vindo dela e admitiu sem rodeios: - Não.

- Isso é o que eu pensava-disse secamente. Além disso, Jo suspeitava que fazendo perguntas sobre isto só a conduziria à perda das lembranças que tinha conseguido recuperar. Não estava segura de porque pensou que seria assim, mas decidiu seguir seus instintos, manter suas perguntas para si mesma, e sair dali.

- Sempre tão prática-disse Sam com um sorriso irônico na curva de seus lábios.

Jo lhe deu um sorriso forçado em resposta e logo disse solenemente. -Entretanto vou te fazer uma pergunta.

A cautela imediatamente se desenhou no rosto do Sam. - E essa pergunta é?

-Você é feliz?- perguntou Jo, e logo levantou sua mão para detê-la quando Sam abriu a boca para responder de uma vez. -Pense a respeito. Falo sério. É feliz? É que tudo há aconteceu tão rápido. Renunciou a sua posição na empresa, mudou para cá com Mortimer, e começou toda uma nova vida, e pelo que posso dizer, muito estranha vida. Está segura de que isto é o que quer? Está segura de que não se arrependerá de nada disto mais tarde? Há alguma razão em tudo isto pela qual devo estar preocupada com você?

Sam parecia estar seriamente fazendo o que Jo tinha solicitado e pensando nisso.

Logo soltou o fôlego que havia aparentemente conteúdo.

- Sou muito feliz-assegurou Sam solenemente. - Tudo foi muito rápido, mas estou segura de que não me arrependerei de qualquer das decisões que tomei. Eu adoro Mortimer e realmente me ama, Jo. Eu sei que não entende muito do que está ocorrendo, mas…- Suas palavras morreram bruscamente quando Jo a abraçou. Seus olhos aumentados interrogantes, quando Jo deu um passo atrás.

- Isso é tudo o que queria escutar-assegurou Jo em voz baixa. - É suficiente. Não vou fazer perguntas que você não pode responder… por agora, acrescentou em voz baixa.

Sam sorriu com malícia e de acordo, - Por agora.

- Isso está decidido então-disse Jo com alegria fingida, quando se virou para recolher sua mochila. Olhou através da janela para a calçada. Viu o SUV arrancar, Jo deu a Sam um sorriso quando abriu a porta. - Agora vou cama em minha casa. Minha cabeça me está matando.

- Faça com que Bricker pare para que compre algo de café da manhã para você a caminho de casa-Sam disse com firmeza, seguindo-a pela porta.

- Ouvi isso-anunciou Bricker, saindo do assento do passageiro dianteiro para abrir a porta de trás para Jo. Pegou a mochila dela e disse: - Tome seu café da manhã. Faça isso.


-Vai ser uma boa mãe, não lhe parece?- Jo disse secamente, quando se deslizou no assento de atrás.

- Será com certeza-a voz de Bricker era solene quando pôs a mochila no piso a seus pés.

Ao fechar a porta, Jo olhou para Sam, um gesto reclamando seus lábios que se viram afetados pelo olhar no rosto de sua irmã.

Ao que parece, Sam não tinha conectado o amor e o fato de ter regularmente relações sexuais, com possíveis futuros bebês. Jo sinceramente não acreditava que Sam se esquecesse do controle da natalidade. Se houvesse esquecido… bem, um bebê seria um algo interessante, supunha. Não lhe incomodava a idéia de ser uma tia.

- Vamos.

Jo voltou o olhar para frente para ver que Bricker tinha saltado de novo na frente do assento e fechava a porta. No momento em que a porta se fechou, o homem de pele escura que estava atrás do volante pôs o veículo em movimento.

Jo se deslocou para diante no assento de atrás e olhou para o condutor mais de perto.

Ela não o tinha conhecido na festa. Como todos outros, era uma versão perfeita de si mesmo, com brilhante cabelo negro e curto, perfeitos poros e brilhantes dentes brancos.

- Deve ser Anders-comentou Jo, recordando o que Mortimer disse ao citar seu companheiro.

- O cinto de segurança-grunhiu em resposta.

Jo levantou uma sobrancelha e olhou para Bricker.

- Anders é um homem de poucas palavras-disse, quase desculpando-se.

- Já percebi-comentou secamente.

- Cinto de segurança ou vou parar o veículo-disse Anders com firmeza.

Jo soprou. - Muito poucas palavras, se nem sequer se incomoda com palavras como ‘por favor’.

-Ponha o cinto de segurança, por favor, ou o veículo vai parar-disse Bricker, utilizando as poucas palavras que Anders usou.

Jo riu de sua imitação do profundo grunhido do outro, e se acomodou para colocar o cinto de segurança. Ela não deixou passar o fato de que Anders suspirou ante as brincadeiras de Bricker, entretanto, fez-lhe sorrir. Viu o bom humor na cara de Bricker e disse a Anders: - Então, como é que não esteve na festa ontem à noite?

Anders ficou em silêncio durante um minuto e logo olhou para Bricker. - Está falando comigo?

Um bufo de diversão se deslizou por Bricker, mas assentiu. - Sim, Anders. Suponho que sim.

Voltou-se de novo para a estrada, e Jo pensou que não ia responder a sua pergunta quando disse: - Estava trabalhando.

- Serio? -perguntou com interesse, inclinando-se para diante o mais que o cinto de segurança lhe permitia. - Trabalhando em uma noite de sábado? O que estava fazendo?

Houve uma pausa e logo disse simplesmente, - Caçando.

Jo elevou as sobrancelhas arrastando as palavras dúbia, -Cooorrecto.

Fez-se silêncio no veículo quando chegaram aos portões do final do caminho.

Hoje tinham colocado dois homens no corpo de guarda. Alguém se apressou a abrir o primeiro portão para eles, enquanto o segundo se manteve na cabine e os viu passar.

Perguntou-se brevemente se a segurança adicional era por causa da visita dos rapazes ontem à noite, e então foram subindo pela estrada.

-Assim… Anders-murmurou Jo, sentando-se. -O que é essa entonação em seu sotaque?

Seus olhos se encontraram com os dela no espelho retrovisor. E se reduziram no momento a um negro formoso com bolinhas de ouro, em seguida, seus olhos retornaram à estrada. - Eu não tenho sotaque. Você tem.

- Perdão-disse secamente. - Isto aqui é o Canadá e tenho um sotaque canadense, o que significa que não tenho sotaque aqui. Há apenas uma entonação, mas parece…-

Jo fez uma pausa, tendo em conta as poucas palavras que havia dito até agora e a seguir adivinhou, - Russo?

Seus olhos se encontraram com ela no espelho de novo. Desta vez houve uma piscada que poderia ter sido algo como admiração em seus olhos, quando assentiu.

- Então Anders é nome ou sobrenome?

- Sobrenome.

Jo franziu os lábios. - Anders não soa muito russo.

- Originalmente era Andronnikov-admitiu. - Cansei-me de que os norte-americanos destroçassem o nome.

- Hmm-disse Jo. - Rússia. Temos que nos dar muito bem então.

- Por que?- perguntou, e ela não pôde deixar de observar que seu tom era duvidoso quando se reuniu com seu olhar no espelho de novo.

A confusão também estava em sua cara. Suspeitou que duvidava de que se dessem bem alguma vez.

Jo o olhou, sorriu docemente e lhe disse: - Bom, só aparências, não? Sou uma garçonete e você é um ‘russo negro’(nome de uma bebida). É uma combinação perfeita.

Bricker, começou a rir, mas Anders, percebeu ela, parecia menos impressionado, e Jo se perguntou se seria porque a considerava racista. Não tinha pensado assim. Em realidade, não tinha pensado em nada antes de falar. Maldição, realmente precisava aprender a pensar antes de falar.

- Não foi racista-disse Anders secamente. - Foi um trocadilho ruim com o nome de uma bebida alcoólica, mas não racista.

Jo o olhou fixamente. - Como sabia que estava preocupada por isso?

Hesitou, mas logo mudou seu olhar para a estrada e disse: - Tem jeito culpado que a pessoas brancas mostram quando estão preocupadas por terem se expressado mau.

Anders a olhou pelo espelho e levantou uma sobrancelha quando perguntou: - Ou é racista te chamar branca? Talvez devesse dizer Caucasiana.

Jo soprou e logo se encontrou balbuciando, - O inferno se eu sei. Pode me chamar de branca se desejar. Embora em realidade não sei se me chamar branca é o certo, quero dizer que não somos realmente brancos. Bom, suponho que podemos ser quando estamos pálidos, mas somos do tipo bronzeados no verão e rosados como porcos no inverno.

- Devo te chamar porco então? -perguntou com doçura.

Os olhos do Jo se afiaram em seu rosto no espelho retrovisor, mas viu o tremor de seus lábios e lhe perguntou: - Isso foi uma tentativa de brincadeira?

- Foi melhor que a sua-disse, e de fato esboçou um sorriso.

- Hmm-murmurou Jo.

- Correto-comentou Bricker, divertido. -Então agora que vocês dois quebraram o gelo e mudaram diretamente para lançar uma onda de insultos, aonde vamos para o café da manhã?

- Não olhe para mim-disse Anders secamente. – Eu não como… o café da manhã-

acrescentou Bricker, quando lhe olhou fixamente.

- Deveria-disse Jo com solenidade fingida. - É a comida mais importante do dia, você sabe.

- É?- perguntou Anders. - E o que come geralmente no café da manhã?

- Pizza seca do dia anterior ou qualquer outra coisa que possa filar-admitiu com ironia.

- Por que não me surpreende?- disse Anders em tom seco.

Jo franziu o cenho ante sua expressão de sabichão. - São meus poros, não? Dão a impressão de que tenho maus hábitos.

Seus olhos afiados estavam nos dela através do espelho, o desconcerto se mostrava em suas formosas profundidades. - Seus poros?

-Sim. Tenho grandes poros que revelam meus vícios, enquanto que vocês têm os poros como o traseiro de um bebê.

- Poros como o traseiro de um bebê?- perguntou Bricker, incrédulo.

- Suave e sem buracos, como no traseiro de um bebê-explicou com ironia.

- Jesus-murmurou Anders, subindo sua mão para esfregar sua bochecha e seus olhos examinando sua pele no espelho retrovisor.

- Os olhos na estrada, grandão-ordenou Jo. - Pode olhar sua cara mais tarde.

Anders olhou o espelho brevemente e logo olhou ao Bricker e murmurou: - É uma pena que possa lê-la. É uma mulher interessante.

- Sei disso. Estive lamentando durante todo o verão-disse Bricker, com um suspiro e logo acrescentou: - É realmente quente.

Jo não estava certa de que demônios estavam falando sobre isso de ‘leitura’, mas estava relativamente segura de que que restante era sobre ela. Alegrou-se e lhe fez sorrir. Jo sorriu um pouco mais quando se deu conta de que sua dor de cabeça estava melhorando. Comer alguma coisa e beber um pouco de suco e café poderiam ajudá-la a erradicar por completo essa dor, pensou. - Há um lugar não muito longe de meu apartamento que serve cafés da manhã todos os dias.

- Endereço?- perguntou Anders, voltando a ser o homem de poucas palavras.

Jo disse o endereço e depois inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, com a esperança de que ao relaxar um pouco enquanto conduziam, ajudaria a aliviar a dor de cabeça um pouco mais.

Quando a van de Ernie parou no posto de gasolina, Nicholas escaneou a rua, viu uma vaga de estacionamento livre e conseguiu manobrar no espaço apertado. Em seguida, olhou para o posto de gasolina. Ernie obviamente, não tinha parado ali em busca de gasolina. Tinha estacionado próximo à rua e agora olhava ao restaurante do outro lado da rua.

Embora tivesse se proposto a vigiar Ernie, Nicholas não podia resistir a olhar para o restaurante ele mesmo.

Foi recompensado com uma vista perfeita de Jo, Bricker e Anders saindo da caminhonete que lhes tinha levado ali e dirigindo-se ao restaurante. Eles desapareceram pela porta de entrada, só para reaparecer um momento mais adiante em uma grande janela frontal, em uma mesa que estava vazia.

Quando Nicholas olhou de novo para Ernie, viu que o renegado tinha desligado seu veículo e parecia se preparar para uma espera. Parecia que já não podia negar o fato evidente, enquanto estava seguindo Ernie, Ernie por alguma razão desconhecida, estava seguindo a Jo, Bricker e Anders. Apertou a boca, Nicholas desligou seu próprio motor e se sentou para esperar também, mas não passou muito tempo antes de que se movesse incomodamente em seu assento e desejasse ter a almofada de espuma que gostava de pôr em suas costas. Infelizmente, a almofada ainda estava em sua caminhonete velha, que suspeitava estar agora em mãos de um executor. Pelo menos a maldita coisa já tinha simido no momento em que Jo o tinha tirado da cela e ele se pendurou no chassi da caminhonete que saiu da garagem. Deixou-se cair ao chão, quando chegou ao lugar onde tinha deixado a caminhonete, movendo-se tão rápido como pôde, só para ver que seu veículo tinha desaparecido.

Não era preciso ser um gênio para perceber que Mortimer tinha enviado aos homens para encontrar seu veículo depois que tinha sido capturado.

Não tinha nem idéia de onde o tinham levado. Não trouxeram de novo à garagem dos executores antes que ele a tivesse deixado, por isso supunha que tinham levado a algum outro lugar. Talvez para as Empresas Argeneau onde a ciência de Bastien Argeneau poderia passar um pente fino.

Tinha sido uma grande decepção para o Nicholas não encontrar seu veículo.


Além do fato de que ficaram com seus poucos pertences, significava um passeio bastante longo para ele. Conseguiu um carro com alguns adolecentes ligeiramente bêbados retornando de uma festa ou teria sido obrigado a correr todo o caminho de volta à cidade. Felizmente, logo que tinha começado seu caminho à cidade foi surpreendido por um rugido de carro vindo pela estrada em sua direção. Nicholas imediatamente tomou o controle do condutor e o veículo parou, desta forma tinha conseguido uma viagem à cidade.

Nicholas se escondeu em um motel até a manhã e logo foi comprar algumas coisas como roupa de segunda mão de um armazém, ferramentas e armas, assim como a nova caminhonete. Bom, nova para ele, na verdade era usada, mas teve que pagar em dinheiro vivo e não tinha precisamente acesso a sua riqueza anterior. Usada ou não, tinha quatro rodas e funcionava. Funcionaria por um tempo, pensou, vendo como Jo ria de algo que Bricker havia dito.

A vista era bastante incômoda para ele. Nicholas não gostava que Bricker a fizesse rir, demorou um momento para peceber que estava experimentando o ciúmes. Queria estar sentado ali com ela, fazendo-a rir… e era somente culpa dela que não pudesse ser.

Suspirando com tristeza, Nicholas se moveu no assento do motorista. Ele não podia reclamar Jo como sua companheira de vida. Não havia maneira de obrigá-la a viver fugindo, mas o destino não lhe ajudava a manter-se longe dela. Depois de comprar a caminhonete, seu primeiro instinto tinha sido ir procurar onde vivia Jo e esperar ali por ela, mas estava convencido que era a idéia menos sensata, assim em vez disso tinha seguido Ernie com o rastreador que tinha posto sob a caminhonete do homem há vários dias.

Nicholas tinha sido surpreendido quando tentava fazer o correto, em vez de fazer o que ele queria, tinha sido levado diretamente à casa dos executores. Ou ao menos à casa vizinha. Tinha visto o veículo de Ernie estacionado entre as árvores e ele conversando com alguém no banco do motorista.

Com a certeza de que suas próprias janelas estavam escurecidas e que Ernie não seria capaz de dizer que era ele na caminhonete, Nicholas tinha estacionado na entrada de uma casa no lado oposto da estrada, por volta do meio-dia, quando tinha desligado o motor para esperar e ver o que acontecia.

Não teve que esperar muito tempo antes de que a caminhonete de Ernie, a quem seguia neste momento, fosse colocada em movimento. Nicholas tinha visto Jo no assento de trás quando o veículo em que ela estava passou, e seu coração se acelerou só por vê-la.

O coração acelerou de novo quando o veículo de Ernie começou a seguir a SUV.

Nicholas havia imediatamente posto em marcha seu veículo e o tinha seguido com preocupação todo o caminho até a cidade. A única coisa que podia pensar era que Ernie tinha decidido que ir atrás de Dani e Stephanie era muito perigoso, e assim decidiu seguir Jo. Talvez esperasse castigar Nicholas por intervir na noite passada, tomando-a dele.

Ernie provavelmente tinha ouvido ele murmurar que não podia lê-la quando tentou na noite anterior.

Era uma idéia preocupante para Nicholas, algo que não tinha a intenção de permitir que acontecesse. Estava sentado pensando em maneiras de proteger Jo enquanto observava o trio no restaurante falar com a garçonete, receber suas ordens, comer e logo receber a conta. Quando Bricker jogou um pouco de dinheiro sobre a mesa e o trio ficou de pé para sair do restaurante, Nicholas se sentou e ligou o motor da caminhonete, preparando-se para seguí-la. Sua prioridade tinha mudado. Se Ernie tinha posto seu interesse em Jo, então Nicholas não ia deixá-la fora de sua vista nem por um minuto.

Capítulo 6

-Obrigado pelo café da manhã, meninos. Divirtam-se vigiando meu edifício. Vou para cama-disse Jo alegremente quando Anders parou o carro em frente da grande casa vitoriana em que ficava seu pequeno apartamento de um só quarto. A casa tinha sido dividida em cinco apartamentos há anos atrás. O seu era pequeno e o edifício estava um pouco deteriorado, mas também era barato e ficava perto do trabalho e da escola, razões que eram importantes para a auto manutenção de uma estudante universitária.

-Sim, claro, jogue isso na minha cara-disse Bricker secamente. Ela levantou a vista quando tirou o cinto de segurança e viu que ele já tinha saído do carro e estava abrindo a porta para que ela saísse. O homem era encantador, isso dizia muito dele, Jo tinha percebido no princípio do verão. Ele, Decker e Mortimer, todos eram encantadores.

Inclusive Anders, que era seco como pó e falava pouco, tinha bons maneiras.

Jo aceitou a mão que Bricker lhe ofereceu e saiu do veículo. Quando ela ficou de pé na calçada, sugeriu-lhes: -Sempre podem ir parta casa e dizer a Mortimer que me perderam.

-OH, sim, como se ele fosse acreditar-riu Bricker, fechando a porta atrás dela.

Jo sorriu e se encolheu de ombros enquanto se afastava. -Passem bem.

Quase esperava que a seguisse até em casa e lhe abrisse a porta da entrada, mas quando Jo chegou ali, ainda estava de pé junto ao carro, olhando-a. Abriu a porta e entrou, sorrindo quando o som surdo da música reggae chego a seus ouvidos. J.J.

estava em casa. O tipo era branco como um lírio, mas se acreditava a reencarnação de um jamaicano, usava a roupa sport típica do Caribe. Fumava maconha, o mau cheiro frequentemente atingia o corredor e em geral utilizava desodorante de ambiente para tentar mascarar o cheiro. Jo frequentemente se perguntava o que era exatamente que ele estava estudando na universidade, mas ainda não tinha chegado a lhe perguntar.

Sempre estava um pouco alto e era difícil manter uma conversa com ele.

Sacudindo a cabeça, Jo passou pela porta de seu apartamento e subiu as escadas até o segundo piso, onde ficava seu apartamento. No primeiro piso havia dois apartamentos de dois quartos, no segundo piso havia três apartamentos de um quarto e o seu era o do meio. Passou na frente do apartamento da Gina e, como sempre, a porta estava aberta e via-se o interior, paredes amarelo brilhantes e Gina vestida com uma camiseta grande. Estava deitada em um sofá em sua sala de estar e tinha um livro na mão. Gina estudava psicologia. O livro de hoje era de psicologia patológica, uma disciplina que Jo tinha pego como facultativa e tinha gostado bastante.

O ruído de seus passos aproximando-se da porta fez com que Gina levantasse a cabeça.

A loira sorriu ao vê-la e a chamou, -Ei!

-Ei-respondeu Jo, parando na porta. -Que tal o encontro de ontem à noite?

-Don finalmente tentou te levar para cama?

-Não. Gina fechou o livro com desgosto e se levantou para ir até a porta. -Tivemos um agradável jantar, vimos um grande filme e houve muitos beijos, inclusive beijos apaixonados, mas isso foi tudo. Ela parou para recolher as chaves reservas de Jo do gancho. -Estivemos saindo durante ano e meio, pelo amor de Deus, que problema tem? Pensei que era doce e encantador, que não estava me pressionando no princípio, mas agora estou começando a pensar que algo está errado com ele… ou comigo.

-Não pode ser você-disse Jo com certeza, seu olhar percorreu Gina, que tinha uma figura curvilínea. A mulher era alta, com as pernas longuíssimas. Também era bonita.

-Você é linda, Gina. Não é você.

-Então, o que está acontecendo? -chorou Gina com frustração. -Ele diz que me ama, então, por que não quer fazer o amor comigo? É um fato natural e vital para uma relação saudável.

Jo a olhou com simpatia e lhe acariciou o braço, quando sugeriu: -Talvez ele seja gay e não saiu do armário.

-OH Deus!-Exclamou Gina com horror. -Você acha?

Jo franziu o lábio. -Bom, poderia ser disfunção erétil ou outra coisa. Mas, se esse for o caso, deve falar com ele em vez de se permitir pensar que há algo errado com você.

-Não sei. Ele gosta de ir às compras e essas coisas e os garotos em geral odeiam fazer isso. Talvez seja homossexual-disse Gina com horror. -O que posso fazer?

-Hmm. Jo se moveu incômoda e logo suspirou, -Gina, doçura, sou a última pessoa no mundo a quem deve pedir conselhos sobre as relações. Eu não tenho nenhuma. Não ultimamente. Entre o trabalho e estudar, simplesmente não tenho tempo para os homens.

-Sim, suponho que esteja certa-suspirou Gina e logo lhe entregou as chaves de reserva. -Dei comida a Charlie ontem à noite e esta manhã, também o levei para dar um passeio. Se portou muito bem, não latiu nem destroçou nada em casa, enquanto estava fora. Qunado fui vê-lo mais cedo estava dormindo aos pés da cama.

-Obrigada-disse Jo, agarrando as chaves. -Te devo uma.

-Nah-sorriu Gina. -Eu adoro esse cão. É um encanto.

-Sim, ele é-disse Jo sorrindo e estando de acordo. Quando começou a afastar-se Gina a agarrou pelo braço.

-Me esqueci de perguntar, como foi a festa de sua irmã?

-OH - Jo enrugou o nariz. -Estavam Sam, Alex e uma dúzia de garotos bonitos e foi aborrecida como um velório, já pode imaginar.

-Não me diga -Disse Gina com assombro.

-Sim-disse Jo secamente. -Acredito que todos eles eram gays… ou quase todos -acrescentou, pensando que Nicholas definitivamente não era gay.

-Eles não são gays-exclamou de repente Bricker, das escadas. -Meu deus, mulher, que rumores escandalosos está espalhando?

Jo sorriu por sua expressão de horror. -Não é um rumor se for verdade. O que você está…?OH - Murmurou quando ele levantou a mochila.

-Deixou isso no carro -disse ele.

-Obrigada-disse Jo agarrando a mochila e olhou para Gina, -Esta é minha vizinha, Gina. Gina, este é Justin Bricker, um amigo do noivo de minha irmã. Ele e seu amigo me trouxeram para casa.

-Olá-sorriu Gina e lhe estendeu a mão. Jo notou que ela estava comendo Bricker vivo com o olhar e pensou que se Don não tomasse jeito e fizesse um movimento mais audacioso para a garota, ia perdê-la para uma parte mais interessada. Para sorte para Don, Bricker olhava Gina apreciativamente por sua escassa vestimenta, seu sorriso era amável e – felizmente - não lhe estava dando o olhar sexual que Gina lhe tinha dado antes sobre ele e que todos os homens na festa de ontem à noite tinham estado provando.

Esse sorriso era o que tinham tido os homens na festa de ontem.

-Então-disse ele, afastando-se de Gina para olhar a Jo. -Vai para casa e eu para o carro e se Nicholas aparecer nos chamará, certo?

-Sonhe acordado, amigo - disse Jo sorrindo enquanto pendurava a mochila em seu ombro. Dando uma olhada em Gina disse: -Até mais tarde G.

-Até mais tarde Jo-Respondeu Gina distraídamente, ainda examinando Bricker minuciosamente.

-OH, vamos!- disse Bricker, atrás de Jo pelo corredor. -Somos amigos. Virtualmente da família e você só conheceu Nicholas agora.

-Certo-disse Jo estando de acordo quando fez uma pausa para abrir a porta. -Mas não o deixei partir ontem à noite só para que ele venha aqui e eu os ajude a apanhá-lo de novo. Além disso… - acrescentou e logo fez uma pausa quando começou a abrir a porta.

-Além disso, o que?-Disse Bricker.

-Além disso, nunca me beijaram como ele fez ontem à noite -admitiu sorrindo quando abriu a porta o suficiente para entrar. Virou-se para ele pela estreita abertura e logo adicionou, -De fato, ninguém me beijou. Me diga a verdade, todos os que andam com Mortimer na verdade são homossexuais, não é?

Bricker deixou cair a mandíbula e Jo sorriu e fechou a porta, dizendo:-Adeus Bricker, feliz vigilância.

-Espere um momento. Abra a porta. Ouça, eu não sou gay!- gritou, batendo na porta.

-Abra a porta e vou te beijar para demonstrá-lo. Vamos, Jo.

-Sinto muito, não estou interessada -disse com uma gargalhada e começou a afastar-se da porta, só para dar um grito de surpresa quando uma forma escura se precipitou sobre ela, quase fazendo com que caísse sobre seu traseiro.

-Jo!-Chamo Bricker , soando preocupado e agitando a porta. -Você está bem?

-Estou bem-disse ela enquanto tentava manter o equilíbrio, e começou a acariciar ao pastor alemão que a tinha saudado tão efusivamente. - É meu cão, Charlie. Agora vá embora, Bricker.

Charlie ladrava como se estivesse de acordo. Sua cauda se balançava freneticamente e tentava lhe lamber a cara.

Rindo, Jo acariciava Charlie com uma mão e tentava empurrar sua cabeça para evitar que lhe lambesse.

-Sentiu falta da mamãe? -perguntou em um sussurro. -Hmm? Sente-se sozinho?

Charlie latiu, movendo a cauda cada vez mais frenéticamente e Jo pôs-se a rir e baixou o cão, -Vamos, vou dar um prêmio por ser tão bom durante minha ausência!

Charlie ficou nas quatro patas e se precipitou para a cozinha. Sorrindo, Jo se encolheu de ombros e deixou cair a mochila perto da porta. Em seguida, olhou pelo olho mágico para ver que o corredor estava vazio.

Bricker tinha desistido e se foi. Bom. Deu a volta e foi à cozinha para dar o prêmio a Charlie. Deixou-o comendo um osso cheesestuffed de cão, Jo entrou na sala de estar e se jogou no sofá.

Uma velha e desmantelada televisão estava em uma mesa sozinha e poeirenta. Jo raras vezes tinha tempo para ver televisão, mas agora que tinha comido estava acordada e o cochilo que tinha planejado já não lhe parecia tão necessário.

Entretanto, ela não queria arriscar-se a ter uma dor de cabeça de novo por ler ou estudar. Por isso agarrou o controle remoto e ligou a TV.

Jo passava os canais até que reconheceu as cenas do filme Alien. Então deixou cair o controle remoto, deitou com as pernas no sofá, agarrou um travesseiro para ficar mais confortável e relaxou para assitir o filme. Charlie se juntou a ela vários minutos mais tarde, sentando-se no chão a seus pés e olhando-a com olhos esperançados.

Sorrindo com ironia, Jo moveu as pernas do sofá e deu uns tapinhas na almofada a seu lado.

-Muito bem, só um momento, mas sabemos que isto não vai ser uma coisa habitual.

Ainda tem que se manter fora dos móveis a maior parte do tempo-advertiu ao cão quando ele saltou sobre o sofá e se deitou a seu lado, com a cabeça apoiada em seu colo. Sorrindo fracamente, Jo acariciou o cão e olhou para a tela de televisão.

O filme estava quase terminando quando de repente Charlie ficou rígido a seu lado e levantou a cabeça. Jo olhou a Sigourney Weaver enquanto tremia e subia lentamente e com precaução em um traje espacial pela parede da nave, onde acabava de descobrir o extraterrestre que estava a bordo. Jo olhou para Charlie com curiosidade e depois para a porta onde sua atenção parecia estar.

-O que foi? -perguntou, acariciando brandamente o cão. Ao dar-se conta de que lhe tinha sussurrado a pergunta, Jo fez uma careta, mas então ficou quieta quando Charlie começou a grunhir profundamente em sua garganta um quase silencioso som de advertência. Franzindo o cenho, retirou a cabeça de Charlie de seu colo e se levantou. Entre o filme e a estranha reação de Charlie, estava um pouco assustada, reconheceu Jo, e sua preocupação aumentou quando Charlie se levantou do sofá para ficar de pé diante dela. Agora estava bloqueando seu caminho, olhando a porta e grunhindo baixo em alerta.

-Jo?

Seus olhos passaram do cão à porta. Era Gina, mas sua voz estava diferente e rígida, estranha para a garota exuberante. Franzindo o cenho, puxou Charlie para trás e se dirigiu à porta, mas parou quando o cão grunhiu mais forte e lhe mordeu na perna da calça para detê-la.

-O que foi?- perguntou Jo ao cão com desconcerto e depois quase saltou fora de sua pele com o grito repentino do filme na televisão. Ela tinha que deixar de ver estes filmes de terror, pensou Jo, envergonhada por sua própria reação.

-Jo?-Disse Gina de novo um pouco mais forte.

Sentindo-se tola, Jo sacudiu a cabeça e apartou Charlie para que lhe soltasse os jeans.

-Vamos, é só Gina.

Começou a caminhar de novo, mas Charlie ficou diante para detê-la.


-O que é o que está acontecendo com você? -perguntou com irritação. -Sabe que é Gina.

-Jo -Abra a porta, Jo.

Deteve-se. Não eram as palavras, mas o fato de que definitivamente soavam secas e eram muito diferentes às de Gina.

Combinado com o comportamento de Charlie, foi o suficiente para que lhe arrepiassem os cabelos do pescoço. Jo tragou saliva e ficou olhando a porta, sem saber o que fazer. Charlie lançou outro grunhido, esta vez um forte, zangado, seguido por uma choramingação. O coração do Jo palpitou. Algo estava muito errado, definitivamente.

Olhou ao cão, depois à porta e em seguida à janela. Jo pensou em saltar pela janela e sair correndo. Mas algo estava errado e Gina estava alí fora, possivelmente em problemas, e não podia deixá-la sozinha.

-Merda-murmurou Jo entre dentes e logo deu uns tapinhas tranquilizadores em Charlie e foi para a porta nas pontas dos pés.

Aparentemente satisfeito de que agora ela entendia que algo estava errado, Charlie não tentou detê-la desta vez, mas não se afastou de seu lado enquanto ela ficou nas pontas dos pés para olhar pelo olho mágico.

O que Jo viu não era muito alarmante. Gina estava parada no corredor de camiseta, com um homem a seu lado. De fato, a não fosse pelo fato de que ela estava branca, parecia hipnotizada e de que Jo reconheceu ao homem, simplesmente teria aberto a porta.

Mas Jo o reconheceu, era o senhor mau hálito de ontem.

Jo se endireitou e olhou fixamente a porta, sua mente trabalhava freneticamente.

Não tinha idéia do que o cara com bafo de onça queria, mas não podia ser bom e definitivamente não era bom que estivesse com Gina.

-Jo, abra a porta ou ele irá me machucar. As palavras foram pronunciadas no mesmo tom morto, nenhuma emoção absolutamente e era mais atemorizante do que se Gina tivesse gritado de medo.

Jo tragou saliva e agarrou a fechadura, então hesitou, olhou de novo para a janela.

Podia sair e chamar Bricker e Anders e…

-Abra a maldita porta, sua puta, ou lhe arranco a garganta agora mesmo-disse bruscamente o cara com bafo de onça, ao que parece sua paciência tinha chegado ao fim.

Amaldiçoando, Jo olhou para Charlie, e então rapidamente abriu a porta. Charlie já estava do lado fora da apartamento mesmo antes que tivesse aberto a porta totalmente. O cão começou a morder o homem que estava ao lado de Gina. Pegou-o de surpresa e o derrubou, mordendo-o na garganta. Jo custou a mover-se e agarrar Gina que estava pálida e confunsa pelo caos a seu redor.

-O que está acontecendo?-Perguntou Gina com assombro quando Jo agarrou seu braço.

-Corra! -Gritou Jo, empurrando-a e passando ao lado do homem e do cão, para o vestíbulo.

-Corra para fora e grite com todas suas forças, Bricker virá ajudar.

-Mas…-Começou Gina com incerteza, estirando o pescoço para olhar para Charlie e ao homem com bafo de onça.

-Corra!- Gritou Jo. Empurrou Gina para as escadas e depois se virou para voltar rapidamente até o corredor e ajudar Charlie.

Mas o homem com bafo de onça se recuperou de sua surpresa e tirou o cão de cima dele. Jo gritou quando viu Charlie voar pelos ares para a porta do apartamento. O cão uivou de dor depois do golpe que se ouviu e isso foi suficiente para que lhe doesse o coração. Sentia muito pânico agora, Jo passou por diante do homem com bafo de onça. O homem se sentou com uma mão apertando a ferida que tinha no pescoço.

Charlie tinha ido direto em sua garganta.

Bom cão, pensou ela. Charlie vivia com Jo há um ano e meio. Apesar de seu tamanho, na verdade ainda era um cachorrinho, mas já estava em seu coração. Deixá-

lo sozinho para se salvar era uma opção que nem sequer cogitava.

-Charlie?

Correu para seu apartamento para encontrar seu corpo ainda sobre os restos da mesa do corredor próximo da porta. Jo se ajoelhou ao lado do cão, o alívio rugiu através dela quando Charlie abriu os olhos atendendo a seu chamado. Parecia aturdido, mas estava vivo, quando olhou além dela, ficou rígido e grunhiu.

Jo olhou para o corredor e apertou a boca de raiva quando viu que o homem com bafo de onça tinha deixado de colocar a mão no pescoço e ficou de pé. O cão se levantou e ficou de guarda. Tendo em conta que o homem na realidade não tinha feito nada ameaçador, era como se Charlie tivesse percebido que o homem não queria nada bom e por esse motivo atacou sua garganta. A ferida parecia grave, entretanto não parecia estar o suficientemente mal. O homem não só estava de pé mas também se aproximava deles, disposto a continuar a batalha.

Jo se lançou para frente para bater a porta do apartamento e a fechou. Conseguiu bloqueá-la uns nanosegundos antes que ele se chocasse com a porta do outro lado com um rugido de fúria. A porta estremeceu sob seu forte peso e Jo não acreditava que durasse muito tempo.

Voltou-se para o Charlie e engoliu em seco quando viu que o pastor alemão tentava ficar em pé, ele caiu no chão e desistiu, com o meio corpo no tapete da sala. Jo apertou os dentes e se ajoelhou junto a ele outra vez.

-Está bem, amigo. Estou com você. Apenas descanse-murmurou, agarrando a borda do tapete e arrastando-o pelo corredor enquanto o homem com bafo de onça batia na porta. Ela tinha pego Charlie na sala e o arrastava para a porta que dava para a sacada sobre a garagem, quando o terceiro golpe foi ouvido. Desta vez foi acompanhado por um rangido que a deixou com o coração na garganta. Estavam ficando sem tempo.

Onde diabos estava Bricker? Gina, médio nua, tinha ido pedir ajuda.

Jo quase tinha chegado à porta da sacada, quando esta de repente se abriu atrás dela.

Soltou o tapete e se voltou com incredulidade quando viu Nicholas ali. Antes que pudesse dizer algo, o homem com bafo de onça golpeou a porta e desta vez conseguiu abri-la, caindo no chão com um ruído surdo. Por um segundo, todo mundo ficou quieto olhando-se uns aos outros. Um grito do corredor, que Jo reconheceu como sendo a voz de Bricker, fez que todos se movessem de novo. O homem com bafo de onça grunhiu e entrou no apartamento.

Nicholas a agarrou pela mão e a arrastou para a porta, Jo agarrou o tapete em que estava Charlie e puxou para ela.

-Nicholas, espere, Charlie está ferido -Gritou enquanto a tirava pela porta.

Deteve-se e olhou o homem com bafo de onça, a seguir ao pastor alemão. Antes que pudesse sequer piscar agarrou Charlie.

-Mova-se!- rugiu ele e Jo se moveu, correndo para a sacada que dava para as escadas de serviço que levavam para o piso superior. Ouviu a porta pater atrás deles e olhou para ver que Nicholas levava Charlie nos braços e tinha posto uma cadeira de madeira na porta para frear a perseguição do homem. Então ele apontou para o pátio interno e disse: -Terá que chegar até a caminhonete.


Jo olhou nessa direção e viu a caminhonete estacionada sobre a grama do pátio traseiro, bem atrás da garagem. Ela caminhou pelo teto plano da garagem para chegar até lá. O revestimento do teto estava pegajoso devido aoo calor do verão, por isso seus vizinhos e ela raramente o utilizavam durante o dia. A posição da caminhonete era estratégica. Não havia escadas na sacada que levassem para o chão, mas poderia subir no corrimão, descer para a caminhonete e depois ao chão, isso reduzia ao mínimo as possibilidades de torcer um tornozelo, era mais lento mas seguro.

Jo decidiu que era uma boa idéia quando de repente a porta da sacada se abriu em uma explosão atrás deles quando chegavam ao corrimão. A cadeira fez um ruído terrível quando saiu voando através da sacada.

-Vai - insistiu Nicholas quando ela parou no corrimão. -Estou logo atrás de você.

Jo não duvidou, virtualmente se jogou por cima do corrimão deteriorado que rodeava a sacada. Aterrissou na caminhonete com um golpe e um gritou afogado quando seus pés escorregaram da caminhonete e caiu com força, sobre seu traseiro, perto do edifício. Nicholas imediatamente saltou o corrimão como um esportista olímpico e caiu no teto da caminhonete com Charlie seguro em seus braços.

-Vamos-gritou ele, trocando Charlie de posição sob seu braço, e com isso pôde empurrar Jo para a parte dianteira da caminhonete com sua outra mão. Sem pensar, ela se levantou e Nicholas estava ali junto a ela, estabilizando-a com sua mão livre.

Antes mesmo que conseguisse recuperar o equilíbrio, já a empurrava para a porta do passageiro. Carregando tanto a ela como a seu cão.

-A porta.

Jo abriu a porta e subiu sem lhe consultar. No momento em seu traseiro golpeou o assento, ela tinha a seu cão no colo. Fechou a porta de repente e instintivamente procurou o cinto de segurança, mas se sobressaltou quando a porta do motorista se abriu antes que Nicholas pudesse ter chegado a ela. Sua boca se abriu pela surpresa quando viu que se tratava efetivamente dele.

-O cinto de segurança -Gritou-lhe, enquanto ligava o motor.

Jo colocou o cinto, antes da caminhonete estremecer quando algo pesado a golpeou.

Nicholas deu a ré. Jo agarrava desesperadamente ao Charlie com uma mão e com a outra tinha um aperto de morte sobre o cinto de segurança desabotoado, e isso foi a única coisa que evitou que os dois caíssem no chão.

Um golpe no teto fez com que girasse a cabeça no mesmo momento em que o homem com bafo de onça caía contra o pára-brisa, depois no capô e finalmente ao chão. Nicholas se afastou dele. Haviam quase chegado à parte traseira do pátio e Jo viu Bricker e Anders correndo pelo teto da garagem e ao homem com bafo de onça ficando de pé. Então Nicholas de repente girou a caminhonete para atravessar a grama. Então parou a caminhonete e depois acelerou enquanto girava o volante em sentido contrário e se dirigia para o beco.

Golpeando contra o assento, Jo viu Bricker e depois Anders saltarem o corrimão da sacada como Nicholas fez, com o mesmo esforço que teriam feito para saltar um meio-fio. Caíram atrás do homem com bafo de onça. Enquanto caíam, ele corria para frente tirando uma pistola. Ao que parece, Nicholas também viu.

-Abaixe-se- gritou Nicholas agarrando-a pelo ombro e obrigando-a a deitar no chão da caminhonete quando o vidro traseiro da caminhonete estourou pelo impacto de uma bala.

Jo simplesmente apertou os dentes e fez todo o possível para evitar esmagar Charlie quando a seu redor começaram a ouvir-se os disparos. Tinha certeza de que não era só o homem com bafo de onça que disparava. Os disparos eram muitos e de repente pararam. Transcorreu outro minuto, entretanto, antes que Nicholas dissesse: -Já pode se levantar.

Jo hesitou, baixando o olhar para Charlie. O pobre cão estava imóvel em seus braços, tinha os olhos abertos, mas sem se mover de forma nenhuma, o que era bem preocupante. Odiava estar de costas, provavelmente era a reação instintiva de um cão. Suas barrigas eram vulneráveis aos depredadores quando estavam de costas e portanto o evitavam.

-Está tudo bem, bebê -sussurrou Jo, quando tentou sentar-se no assento com Charlie, levantou o cão e o pôs sobre o assento para que pudesse lhe dar uma olhada. Jo rapidamente passou as mãos pelo animal, mas não viu nenhuma ferida. Não choramingava ou mostrava dor de modo algum, exceto quando lhe tocou brandamente a cabeça, então ele queixou-se e tentou evitar seu contato. Franzindo o cenho, olhou-o nos olhos, vendo que estavam ligeiramente dilatados.

-Nicholas -disse Jo preocupada. -Acho que precisamos de um veterinário.

Capítulo 7


Nicholas deixou de olhar a estrada para olhar ao pastor alemão deitado em silêncio no assento do passageiro.

Os olhos do cão estavam abertos, mas parecia bastante aturdido.

-O que lhe aconteceu?

-O homem com bafo de onça o jogou uns dez ou quinze metros contra uma parede.

Acho que bateu contra a parede, não tenho certeza. Tudo que sei é que caiu em uma mesa com força suficiente para destroçá-la. Jo franziu o cenho e se aproximou para acariciar ao cão, lhe tranqüilizando. -Charlie parecia inconsciente quando cheguei a ele, mas logo abriu os olhos. Ele não pôde se manter em pé quando tentou fazê-lo.

-Suponho que quer dizer Ernie?-perguntou Nicholas. -O loiro que estava disparando em nós e que Bricker e Anders estavam disparando?

-Esse é seu nome? -perguntou com desgosto. -Tem nome de esquisito e é um imbecil total. Acho que Shakespeare tinha razão, independente do nome que tenha um homem, um idiota sempre é um idiota.

Nicholas sorriu levemente por sua referência a Shakespeare, mas logo disse: -Charlie pode ter uma concussão cerebral.

Jo se mostrou surpreendida. -Você acha? Não sabia que os cães podiam ter concussões cerebrais.

Nicholas se encolheu de ombros. -Eles têm cérebro, não tem?

-Bem-murmurou e Nicholas a olhou outra vez e vendo a preocupação dela pelo cão.

O pastor alemão tinha os olhos fechados e parecia estar dormindo. Não se surpreendeu quando lhe perguntou: -Devo deixar que durma? Acredito que me lembro de ter escutado em algum lugar que não se deve dormir com uma ferida na cabeça.

Nicholas hesitou, olhou paara a estrada. Não estava seguro se isso era certo ou não.

Jo começou a levantar-se e Nicholas viu como se acomodava na poltrona e punha o cão em seus braços, sobre seu colo. Suspeitou que fazia para despertar o cão e não para sua própria comodidade. Acariciava à besta como se fosse um bebê que estivesse ferido mortalmente. Era evidente que amava o animal.

Com um suspiro, Nicholas se esclareceu garganta e lhe perguntou: -Onde podemos encontrar a um veterinário?

Jo tomou um momento para dar uma olhada a seu redor. Não estavam muito longe de seu apartamento e o alívio se mostrou em sua face pelo fato de que sabia onde estava e disse: -O veterinário de Charlie fica duas ruas acima, virando à direita.

Nicholas assentiu. Levaria a ela e o cão ao veterinário, mas este era um exemplo perfeito que mostrava que ele não podia reclamá-la.

Paradas como esta eram perigosas, sobre tudo tão perto do apartamento.

Ernie e os outros estavam procurando poe eles, se andassem pelo bairro poderiam ver a caminhonete. Esperava que houvesse um lugar onde estacionar e de onde não se visse muito a caminhonete.

-Obrigada-Murmurou Jo no momento em que entrou na rua em que estava a clínica.

-Por que? -perguntou com surpresa.

-Por tudo-disse secamente. -Tirou-nos dali e agora me leva ao veterinário. Obrigada.

Nicholas não disse nada, mas suspeitava que não teria sido necessário salvar Jo se não fosse por ele. Nunca deveria tê-la beijado com um renegado por perto. Tinha que ter se assegurado primeiro de que estava fora de combate… e ver que não podia lê-la tinha sido um lapso estúpido que Ernie certamente tinha ouvido. Era provavelmente a única razão pela qual o renegado perseguia Jo.

Além disso, Nicholas tinha sido muito ingênuo em contar com Bricker e Anders para mantê-la a salvo quando tinha visto Ernie estacionar seu carro e entrar por uma janela do primeiro piso do edifício. Tinha querido correr até o edifício e então se encarregaria destes dois depois. Preocupava-se em chegar muito tarde porque Jo estava em perigo. Tinha perdido tempo levando a caminhonete à parte posterior do edifício e depois subido pelo teto da garagem que dava para o balcão pelo qual entrou. Então ele tinha que ter certeza de que o vissem caso ele não fosse suficiente para manter Jo longe das garras de Ernie. Ouviu os golpes vindos de dentro do apartamento e então correu através do teto da garagem para a sacada do apartamento.

-Não deveria ter vindo-disse Jo de repente, olhando-o assombrada.

-Por que não?

-Porque Bricker e Anders estavam lá fora-disse em voz baixa. -Lucian disse que não seria capaz de se manter distante e foram enviados para te pegar.

-Já suspeitava-admitiu em um suspiro. -Mas eu estava seguindo Ernie e ele seguiu aos rapazes a sua casa.

-Deveria ser capaz de se manter afastado de mim-murmurou Jo e logo acrescentou: -Não sei por que demoraram tanto. Eu esperava que viessem correndo quando vissem Gina sair correndo e gritando.

Nicholas a olhou com incerteza. -Gina?

Suas sobrancelhas se levantaram por sua confusão, e lhe perguntou: A loira…meio vestida…gritando?

Nicholas sacudiu a cabeça. -Não a vi. Sabia que Ernie estava ali porque o vi entrar e a única razão pela qual Bricker e Anders chegaram correndo foi porque me assegurei de que me vissem subir no teto da garagem para chegar à sacada.

Jo franziu o cenho. -Pergunto-me onde diabos se meteu Gina.

-Se estava meio nua, provavelmente foi para sua casa em vez de sair para rua-sugeriu em voz baixa. -Seu primeiro instinto seria ir a um lugar seguro e, provavelmente, chamar à polícia.

-Provavelmente-Jo esteve de acordo com um suspiro. -Deveria ser a primeira sugestão a dizer a ela.

Nicholas se limitou a grunhir. A polícia mortal não teria sido de grande utilidade contra Ernie. Tiria sido muito pior se tivessem pego Jo antes de que pudesse chegar.

Entretanto, perguntou-lhe por curiosidade: -Por que não chamou à polícia?

Jo ficou calada durante um momento e logo respondeu: -Foi muito impressionante a forma com que saltou por cima do corrimão da sacada sobre a caminhonete.

-Estava acostumado a ser bastante bom em salto no instituto-mentiu Nicholas de maneira suave.

-E suponho que Ernie, Bricker e Anders também.

Nicholas fez uma careta e simplesmente disse: -Não sei.

-De acordo -disse arrastando as palavras com secura. -Ernie conseguiu derrubar as duas portas de meu apartamento com pouco esforço. Não conheço ninguém que pudesse ter feito isso.

-É um edifício antigo-disse Nicholas com um encolhimento de ombros.

-Sim, é-ela esteve de acordo, mas logo adicionou: -Entretanto, não eram portas fracas ou velhas. Assegurei-me de que fossem de carvalho maciço e as fechaduras foram colocadas quando me mudei. Ernie não deveria ter sido capaz rompê-las como o fez, e certamente não deveria ter sido capaz de lançar a cadeira dequela maneira tampouco.

Nicholas apertou a boca, mas não fez nenhum comentário. Entraram no estacionamento da clínica veterinária e estacionou a caminhonete em um ponto marcado como ” reservado” entre duas caminhonetes da clínica, com a esperança de que assim pudesse ocultar o veículo. Desligou o motor, abriu a porta e disse: - Fique sentada, abrirei pelo outro lado e pegarei Charlie.

Captou a surpresa na expressão de Jo quando olhou a seu redor e imediatamente seu rosto se iluminou quando viu onde estavam.

-Como sabia que esta era a clínica? -perguntou-lhe no momento em que abriu sua porta e olhou a forma em que agarrava a seu cão, quando tentou pegar Charlie.

Nicholas levantou uma sobrancelha e assinalou: -Disse que ficava nesta rua.

-Sim, mas…

-E o grande letreiro do jardim dianteiro que diz : Hillsdale Clínica Veterinária é uma grande ajuda, -interrompeu-lhe secamente. -Suponho que é aqui ou há mais clínicas nesta rua?

-Não -Admitiu com um suspiro e se relaxou.

Nicholas se inclinou para pegar o cão e desta vez ela deixou. Em seguida esperou que ela descesse da caminhonete e fechasse a porta antes de se dirigir para a entrada da clínica. Caminhava rapidamente, ela não andava, quase corria, o suficiente para que lhe faltasse o fôlego e não tivesse tempo para fazer mais perguntas. Quando chegou à porta, trocou o cão de braço para poder abri-la e entrar, só para fazer uma pausa e dar uma olhada à sala de espera.

A cacofonia de latidos de cães, miados dos gatos, grasnidos dos pássaros e das pessoas falando caiu sobre eles ao entrar, e Charlie pareceu voltar para a vida.

Ladrou com emoção, retorceu o corpo e esperneou para que o pusessem no chão, mas Nicholas o ignorou, apertou os dentes e se dirigiu diretamente para o balcão, olhou fixamente para a maior das duas mulheres que estavam na recepção. Nesse momento a mulher de branco os indicou como os primeiros.

-O que lhe disse?- Perguntou Jo em um sussurro de surpresa quando seguiam à mulher a uma sala de exame.

Nicholas se sentia culpado pelos que estavam esperando com seus mascotes, mas não sentia por ter controlado à mulher para que tudo fosse mais rápido. Tinham um renegado e dois agentes atrás deles e quanto mais tempo estivessem aqui, mais possibilidades de que os encontrassem. Fazia o que tinha que fazer. Em vez de responder a sua pergunta, deixou Charlie na mesa de exame e logo disse: -Tenho que fazer uma ligação. E saiu da sala.

Pela preocupação que tinha demonstrado por seu mascote, Nicholas tinha esperado que Jo ficasse com o vira-lata. Tiria sido normal. Tinha a esperança de ligar para casa dos executores e dizer a Bricker e Anders que a recolhessem aqui e então vigiar o edifício de uma distância segura para se certificar que Ernie não chegasse primeiro.

Infelizmente, Jo era um doce muito inteligente. Foi atrás dele e o agarrou pelo cotovelo quando estava partindo.

-Vai nos deixar aqui-disse Jo lhe acusando.

Nicholas evitou seu olhar e mentiu -É obvio que não. Já te disse, tenho que fazer uma ligação.

Seus olhos se entreabriram e lhe estendeu a mão.

-Então me dê as chaves da caminhonete.

-O que? -Perguntou com assombro.

-Se vai somente fazer uma ligação, não precisa das chaves - disse Jo com uma lógica indiscutível. -Então me dê as chaves e vai fazer a ligação ou vou gritar que me agrediu e digo a todos que foi você quem feriu Charlie e enquanto lutava contra meu amoroso cãozinho, e ninguém vai a parte nenhuma.

-Jesus, que mulher - murmurou Nicholas com assombro.

-Farei isso-advertiu.

Nicholas abriu a boca e depois suspirou e disse: -Jo, vou chamar Bricker e Anders para que venham buscá-los. Não irei até que saiba que está a salvo. Você estará melhor com eles. Na casa de Mortimer. Ele e outros podem te manter a salvo.

-Ah, sim, porque fizeram um grande trabalho na casa ontem à noite e depois em meu apartamento-disse secamente.

-Isso foi…- Nicholas se deteve quando ela arqueou uma sobrancelha. Em realidade não tinham feito um trabalho tão bom para mantê-la segura até o momento, reconheceu. -Entretanto…

-Quero respostas, Argeneau-disse com gravidade. -Estou muito preocupada com minha irmã, meu cão está ferido e um cara louco me persegue. Quero saber que diabos está acontecendo.

-Mortimer…-começou.

-Mortimer e esses caras não vão me dar respostas-disse Jo com impaciência. -Pelo que me disse é mais provável que limpem minhas lembranças e depois o que? Não ficarei presa na casa até que esse louco deixe de atuar.

Nicholas fez uma careta de culpabilidade, isso era exatamente o que fariam. Com um suspiro, passou a mão por seu cabelo despenteado e então perguntou: - O que te faz pensar que conseguiria alguma resposta de mim?

-Porque não vou parar até que me explique isso-disse sem rodeios. -Agora, me dê as chaves ou devo começar a gritar?

Nicholas a olhou em silêncio, um sorriso ameaçou curvar seus lábios. Incomodava-lhe não poder lê-la nem controlá-la… mas sem dúvida fazia que a vida fosse interessante, decidiu. Tirou as chaves do bolso e as entregou.

-Não irei. Agora volte para Charlie.

Seus olhos se estreitaram com receio. -O que vai fazer?

-Já te disse, tenho que fazer uma ligação-disse solenemente. -Se terminar antes de você te esperarei no estacionamento.

Jo vacilou, obviamente suspeitava que tramava algo, mas então aparentemente decidiu confiar nele e se foi para a sala de exame.

Nicholas a viu partir com admiração. Não duvidou nem por um minuto que teria começado a gritar se tivesse tentado ir, mas não sabia por que lhe tinha dado as chaves. Tinha feito porque Josephine Willan era uma mulher interessante: valente, atenta, forte, decidida e sexy. Ele não queria deixá-la ali e não pôde resistir a tentação de estar com ela, pelo menos um pouco mais.

Deveria ser a decisão mais estúpida que jamais tinha tomado em sua vida. Nicholas tinha tomado um montão delas em seus quinhentos e sessenta anos e se não tivesse aprendido nada nesse momento se lamentaria pela perda de tempo… e que tinha perdido cinquenta anos de emoção.

A porta da entrada se fechou e deixou de ver Jo. Nicholas suspirou e começou a sair do edifício, mas se deteve quando uma das portas de outra sala de exame se abriu.

Um senhor mias velho apareceu, sua cara não era diferente da de um bulldog que levava em uma coleira. Quando o homem se aproximou do balcão com o cão, Nicholas rapidamente se deslizou nos pensamentos dele.

Depois de descobrir que o homem tinha um celular e para onde ia, Nicholas saiu e esperou. Usaria o telefone do homem para chamar à casa dos executores e verificar se Ernie tinha sido capturado sem correr o risco de que a chamada fosse rastreada e o encontrassem.

Jo saiu da clínica e parou para olhar rapidamente o estacionamento. A caminhonete ainda estava ali, é obvio, ela tinha as chaves. Tinha se preocupado de que Nicholas partisse com a caminhonete caso tivesse outro jogo de chaves, ou que tivesse ido a pé.

Esse não era o caso, a caminhonete estava ali e Nicholas estava dentro. No momento em que o viu, estava abrindo a porta e se aproximou rapidamente deles.

-Se me disser que veículo é, senhorita, posso levar Charlie até ele.

-OH, sinto muito-disse Jo voltando-se para o assistente do veterinário com um sorriso de desculpa. Estava lutando para manter Charlie quieto. Não queria que o cão andasse pela sala de espera sem coleira. Felizmente, o veterinário tinha gostado da idéia e tinha enviado um de seus assistentes para levá-lo até o carro.

O Pastor alemão era pesado e não estava muito feliz porque o levavam nos braços.

No momento em que o veterinário apareceu, Charlie tinha recuperado súbitamente seu espírito. Durante o exame, tinha movido a cauda alegremente, ladrou e tentou lamber o médico para saudá-lo, basicamente indicando que não havia nada com que se preocupar com ele.

Jo não se surpreendeu em nada quando o veterinário anunciou finalmente que não havia dúvidas, era uma concussão cerebral leve, tal como suspeitava, mas Charlie se recuperaria rapidamente. Disse que teria que observá-lo e se Charlie começasse a vomitar ou demonstrasse qualquer outro comportamento incomum, teria que trazê-lo de volta, mas que aogora podia ir para casa.

-Posso lidar com ele, obrigada-disse Jo. -Charlie não escapará. Somente não queria que estivesse solto na sala de espera com os outros animais.

-OH, está tudo bem, senhorita Willan-disse o assistente, sorrindo apesar do cão continuar se retorcendo. -Estou encantado em lhe ajudar. Vou levá-lo até seu carro para você. Não queremos que um dos proprietários de outro animal, que saia da clínica, cruze com ele…

Calou-se pela surpresa que levou quando Nicholas chegou e pegou Charlie de seus braços.

Jo subiu as sobrancelhas, não pela forma em que pegou o cão dos braços do jovem, mas sim pela forma em que lhe falou.

-Ela não precisa de sua ajuda. Ela tem a mim-grunhiu.

O assistente disse: -Bem. Bom… eu só…

-Obrigada-disse Jo quando o jovem se virou e correu de volta ao edifício. No momento em que a porta se fechou atrás dele, lançou um olhar a Nicholas.

-Isso foi grosseiro. Ele estava tentando me ajudar.

-Você não pensaria que eu fui grosseiro se soubesse os pensamentos lascivos que estava tendo -Disse Nicholas, caminhando para a caminhonete.

-Lascivos?- disse Jo correndo atrás de Nicholas. -O que quer dizer com ‘se tivesse ouvido seus pensamentos lascivos’? Você não pode ouvir seus pensamentos… não é?

-Abra a porta.- Ordenou Nicholas em resposta.

Jo franziu o cenho, mas abriu a porta de trás.

-Há uma manta xadrex ali, na parte superior. Estenda-a para ele.

Jo olhou à meia dúzia de caixas na parte traseira da caminhonete, viu uma manta na parte superior da mais próxima. Agarrou-a e se surpreendeu ao ver que era incrivelmente suave, em vez do trapo de lã que tinha esperado. Era boa e estendeu na caminhonete para colocar Charlie. No momento em que terminou, saiu para o lado, Nicholas se inclinou e deixou Charlie sobre a manta. Jo lhe ofereceu então o osso de cãozinho que a enfermeira lhe tinha dado.

Aceitou-o e começou a mastigar .

-Tem apetite, é um bom sinal -murmurou Nicholas, endireitando-se.

-O que te disse o veterinário?

-Que teve uma concussão cerebral leve e que se começar a vomitar ou fizer algo estranho que o traga de volta-admitiu Jo em um suspiro. -É obvio, Charlie ficou muito contente no minuto em que o veterinário entrou na sala. O Dr. Hillsdale provavelmente pensou que era uma tola por me preocupar tanto.

-Ou uma proprietária carinhosa -disse Nicholas, fechando a porta. Em seguida, abriu a porta dianteira do passageiro para ela antes se mover para o lado do motorista.

Jo subiu e fechou a porta. Estava colocando o cinto de segurança quando Nicholas subiu pelo outro lado e lhe estendeu a mão. -As chaves?

Ela as tirou de forma automática, mas logo se deteve e o olhou.

-Quero saber algumas coisas…

-Quando chegarmos a um lugar seguro-interrompeu Nicholas com firmeza. -Não podemos ficar aqui. É muito perto de seu apartamento. Eles estarão percorrendo as ruas nos buscando. Temos que sair desta região, rápido.

Jo suspirou e lhe deu as chaves. Acomodou-se no assento e fechou os olhos, um pequeno ciclone de pensamentos rodaram através de sua cabeça. As lembranças de ontem à noite e hoje corriam juntas mostrando as raridades do que tinha ocorrido…

Tudo era estranho, é obvio. Sua vida tinha sido relativamente normal até a festa na casa de Sam e Mortimer na última noite e agora sua vida parecia ter mudado de rumo. Tinha sido atacada duas vezes, seu cão tinha sido ferido e estava rodeada de homens que pareciam um pouco diferentes dos homens comuns.

Jo não acreditava que ninguém pudesse ter saltado do corrimão da sacada com a facilidade que o fizeram Nicholas, Bricker, Anders e inclusive Ernie. E certamente Mortimer era a única pessoa que sabia que havia três celas em sua garagem, sem falar do refrigerador cheio de bolsas de sangue.

E então havia a paixão dos beijos de Nicholas. Talvez fose pela temporada de seca que tinha tido. Jo não tinha saído com ninguém há alguns meses, mas o homem lhe tinha emocionado e arrepiado os cabelos com seus beijos. Não duvidou nem por um minuto de que se não os tivessem interrompido, teria tido relações sexuais com ele ali mesmo na garagem e agora teria marcas das grades nas costas.

O silêncio repentino do motor chamou a atenção de Jo e deixou seus pensamentos para outro momento. Estavam em um estacionamento.

-Onde estamos? -perguntou, olhando a Nicholas.

-Em um hotel -disse em voz baixa, abrindo a porta para que saísse. -Podemos falar e preciso dormir um pouco.

Jo olhou para Charlie. O pastor alemão se manteve tranquilo e silencioso durante a viagem, mas agora estava de pé, sua cauda se moveu e tinha os olhos brilhantes.

Feliz ao vê-lo muito melhor, Jo sorriu e lhe acariciou a cabeça, olhando a seu redor, abriu a porta traseira.

Nicholas estava procurando uma bolsa de lona. Observou-o brevemente, então abriu a porta e saiu. Charlie a seguiu imediatamente e Jo murmurou: -Bom cão-quando fechou a porta, logo franziu o cenho ao lembrar que Nicholas havia dito que estavam em um hotel.

-Admitem cães? -Perguntou ela, caminhando para a parte traseira da caminhonete.

-Admitirão Charlie -Assegurou-lhe, golpeando a porta traseira para fechá-la.

-Vamos.

Nicholas a pegou pelo braço para levá-la do estacionamento até a entrada.

Jo se acariciou a perna, uma ordem silenciosa a Charlie para que a seguisse, embora não fosse necessário que se incomodasse. Nunca se separava de seu lado quando estavam fora de casa. Raras vezes o deixava no apartamento. Charlie era definitivamente seu cão.

Era o meio da tarde e o vestíbulo do hotel estava cheio, a maioria das pessoas iam e vinham.

Só havia uma pessoa na recepção, um homem com um traje de alfaiate que terminou seu bate-papo e se afastou quando se aproximavam.

-Sou o senhor Smith e precisamos de um quarto - disse Nicholas, soltando seu braço.

-Pagarei em dinheiro.

-Precisamos uma identificação para registrar o quarto, senhor e não permitimos cães, senhor-disse o homem interrompendo-se para dizer de repente: -Muito bem, senhor.

Jo olhou surpreendida ao empregado. A sua voz estava sem emoção e seu rosto estava sem expressão quando lhe entregou o cartão do quarto.

-Obrigado. -Nicholas agarrou o cartão do quarto e deu várias notas de dinheiro ao recepcionista, e depois empurrou levemente Jo para que se fossem.

-O que fez? -Perguntou com o cenho franzido.

-Nada-disse. -Você estava ali.

-Sim, eu estava e ele estava cortesmente nos negando um quarto quando de repente mudou de idéia e suspeito que não foi por vontade própria. De algum jeito você o fez…

-Senhor, receio que cães não são permitidos neste hotel.

Nicholas se girou lentamente, Jo também se girou e viu um empregado do hotel que se aproximava.

-O recepcionista teria que lhes ter dito, sinto muito-o homem continuou e de repente se deteve só a um metro deles, sorriu inexpresivamente e lhe disse -Desfrute de sua estadia, senhor.

Nicholas grunhiu e puxou Jo de novo para que se movesse, caminhando para os elevadores com Charlie a seu lado. O cão observou tudo com atenção mas não se separou de sua proprietária, estava tão perto que seu corpo tocava sua perna. Chegou o elevador e subiram juntamente com um casal de hóspedes.

Sorriram-se cortesmente uns aos outros, mas o sorriso da mulher era um pouco nervoso quando olhou para Charlie.

-Ele não morde -assegurou Jo em voz baixa e a mulher sorriu um pouco mais mas continuava olhando para Charlie com os olhos muito abertos como se fosse dar um salto e lhe manchar de barro a saia ou mordê-la em seu braço a qualquer momento.

Foi um alívio quando o elevador parou e o outro casal desceu. O elevador continuou e Jo olhou a luz dos números. Foram até o piso superior.

Nicholas saiu primeiro do elevador, parou brevemente antes de virar à direita.

Ele a levou por um corredor comprido, passaram ao lado de um carro do serviço de quarto. Jo olhou o quarto ao passar e viu uma empregada fazendo a cama e imediatamente caminhou mais rápido para que não visse Charlie.

Nicholas foi até a última porta e introduziu o cartão. Quando a luz verde da porta piscou, empurrou-a e a manteve aberta para que Jo e Charlie entrassem.

Jo passou junto a ele, olhando com admiração o quarto confortável, já que era… fez todo o possível para ignorar o fato de que só havia uma cama de casal.

-Sinto muito -Murmurou Nicholas, olhando a seu redor ao entrar atrás dela. - Deveria ter pedido duas camas. Posso descer e…

-Está tudo bem-Jo o interrompeu. -A cama é enorme. Pode-se virtualmente nadar nela.

Assentiu com a cabeça, lançou a bolsa de lona sobre a cama e se voltou para a porta.

-Preciso comer algo. Fique a vontade, não demorarei muito tempo.

Jo se virou com surpresa ao ver como fechava a porta atrás dele.

Amaldiçoando, cruzou o quarto em um ritmo rápido e abriu a porta, mas quando saiu ao corredor, ele já havia ido. A unica coisa que havia ali era o carrinho da empregada que tinha visto antes, do contrário o corredor estaria completamente vazio. Jo olhou para os elevadores com assombro. Era como se houvesse simplesmente desaparecido.

Sentiu um golpe na perna e olhou para baixo para ver Charlie olhando para ela preocupado. O cão sempre a olhava assim quando estava incomodada. Parecia que captava sua emoção. Jo se obrigou a relaxar e se agachou para acariciá-lo, puxando-o para que entrasse.

-Vamos, amigo. Suspeito que vão tirar você do hotel se Nicholas não estiver perto, entre no quarto.

Charlie se virou na porta e retornou ao quarto e Jo o seguiu, deixando que a porta se fechasse atrás dela. Em seguida examinou o quarto. Havia uma pequena mesa de café ao lado de um armário de grande tamanho, suspeitou que dentro haveria uma televisão. Jo abriu as portas de folha dupla e viu que tinha razão. Agarrou o controel remoto e apertou o botão de ligar e se deixou cair sobre a cama. Era isso ou o aborrecimento, pensou Jo. Olhou para Charlie que estava sentado no chão junto à cama, olhando-a. Ela deu uns tapinhas no colchão a seu lado.

-Vamos, pode subir. Teve um dia ruim.

Charlie saltou à cama rapidamente, colocou-se a seu lado. Jo o acariciou ausentemente quando passou os canais e descobriu que havia muito poucas notícias às quatro e meia. Era domingo a tarde e passava um filme da Disney. Parou neste canal, iria ver este. Jo pôs o controle remoto na mesinha de noite, reorganizou os travesseiros e se dispôs a ver a televisão, percebeu o quão tensa estava quando todos seus músculos lentamente começaram a relaxar-se.

Charlie não era o único que tinha tido um dia ruim-reconheceu Jo, afogando um bocejo.


Capitulo 8

Nicholas retraiu seus dentes do pescoço da garçonete e a liberou.

Depois a girou para colocá-la de frente para o banheiro da suíte onde a tinha encontrado fazendo seu trabalho e deu um passo atrás, quando se retirou de sua mente. Uma vez livre de seu controle, a mulher parou um momento e então caminhou para continuar o trabalho que tinha interrompido, sem a memória de sua chegada ou de ter deixado seu trabalho.

Então Nicholas se afastou ao sair tão silenciosamente como tinha entrado e foi para os elevadores. Enquanto esperava que chegassem, considerou o que fazer para levar comida para Jo. Ter que comprar uma nova caminhonete e outros gastos realmente lhe tinham consumido seus recursos, e ainda pagar o hotel quase o tinha deixado sem nada. Tinha menos de cinquenta dólares no bolso. Sem dúvida era suficiente para comprar algo bom para o jantar. E amanhã pela manhã, teria que ir diretamente ao banco para pegar dinheiro de seu cofre de segurança para alimentá-la em seu café da manhã.

O elevador chegou e Nicholas entrou nele, ausentemente esfregando o estômago, como quando se foi. A empregada foi a primeira alimentação que teve desde a manhã anterior. Em sua maneira cautelosa de costume, tinha tomado só um pouco de sangue, e embora tivesse ajudado, não era muito. As cãibras que o tinham estado atacando desde a manhã tinham passado de quase insuportáveis a só dolorosas.

Outro bocado e estaria em forma antes de voltar para Jo. Do contrário, corria o risco de mordê-la sem querer. Nicholas não tinha idéia de onde teria que obter a próxima comida, mas não tinha nenhuma dúvida, uma oportunidade apareceria antes que voltasse para o quarto. Era muito bom na alimentação direto da fonte. Sabia que a maioria dos imortais na América do Norte agora se alimentavam de sangue em bolsas, mas para um rebelde, ordenar a entrega de sangue do banco de sangue Argeneau estava fora de questão.

Nicholas deixou o hotel a pé, os olhos exploraram a rua em frente. Todos os demais estabelecimentos pareciam ser um restaurante de comida rápida de algum tipo, e ele não tinha idéia do que era bom e do que era ruim. Não tinham tido esta variedade quando tinha comido pela última vez. Parecia haver muitas mudanças no quesito cozinha depois disso. Nicholas lembrava vagamente na periferia de sua consciência, mas não tinha comido um bocado de comida desde a morte de Annie e não tinha prestado muita atenção às mudanças na indústria alimentícia. Ser confrontado com isso agora era frustrante. Devia ter perguntado a Jo o que ela queria antes de sair, mas tinha se preocupado de que ela insistisse em vir com ele, e que não fosse capaz de se alimentar.

Esse pensamento fez Nicholas decidir alimentar-se primeiro e se preocupar com o que obteria para Jo depois. Talvez fosse capaz de pensar mais claramente se não estivesse tão distraído pelas cãibras em seu corpo. Seu olhar mudou dos estabelecimentos comerciais às pessoas nas calçadas. A maioria delas em grupos de dois ou três, mas viu uma mulher sozinha caminhando a toda pressa. De meia idade, com as bochechas rosadas e um pouco de carne sobre os ossos, estava correndo pela rua, com as mãos cheias de bolsas.

Nicholas se centrou nela, caindo em sua mente para assegurar-se que não estava doente ou com algum problema. Era pouco recomendável ingerir o sangue de uma pessoa doente; sangue ruim teria que ser removido de seu sistema, utilizando até o pouco sangue que atualmente tinha para fazê-lo. Ela estava bem no entanto, saudável e robusta.

Nicholas manteve sua distância em um primeiro momento para evitar chamar sua atenção e assustá-la. Seguiu-a durante um quarteirão até que ela virou em uma rua lateral. Pouco depois disso, ela começou a caminhar para um edifício de apartamentos. Então começou a diminuir a distância entre eles e estava quase em seus calcanhares quando entrou no vestíbulo do prédio.

A porta principal não estava fechada, mas havia um porteiro. Nicholas se meteu nos pensamentos do homem, assegurando-se de que não o visse ou detivesse quando Nicholas arrastasse a mulher até o elevador. O elevador chegou e dele desceu um grupo misto de pessoas na faixa dos vinte anos. Nicholas seguiu à mulher para detro do elevador uma vez que todos tinham descido e lhe ofereceu um sorriso amável enquanto esperava que apertasse o botão para fechar as portas. No momento em que fez isso, ele entrou em sua mente e ela olhou para ele. Deu um passo adiante com a intenção de tomá-la em seus braços e se alimentar dela, mas parou quando um fragrante aroma o envolveu. Nicholas tinha sido vagamente consciente da essência quando a tinha seguido, mas tinha sido suave.

Agora que estavam trancados no pequeno elevador, era impossível de ignorar, olhou a sua redor com curiosidade. Recordou-lhe algo de quando comia. Algo… Nicholas rastreou o aroma até uma bolsa que ela levava e olhou em seu interior. Tudo o que viu foi uma caixa. Alcançou-a para abri-la e imediatamente foi golpeado com um forte aroma. Frango frito, Nicholas percebeu, sorrindo. Annie costumava fazê-lo aos domingos. Tinha sido seu favorito.

Isso é o que prepararia para o Jo, Nicholas decidiu fechando a caixa e olhando a bolsa. KFC. Recordou que passou por um restaurante com esse logotipo.

-O que está fazendo com meu frango?

Nicholas olhou à mulher com surpresa. Tinha estado tão distraído por seu achado que tinha deixado seu controle sobre ela e agora estava olhando-o com confusão.

Colocou a bolsa no chão, deslizou-se em seus pensamentos e a controlou de novo.

Nicholas rapidamente tomou em seus braços e afundou seus dentes em seu pescoço, com mais velocidade que delicadeza.

Sua distração tinha diminuído o tempo que tinha para esta tarefa. Felizmente, ainda tinha tempo para fazer o que tinha que fazer. Tinha terminado a alimentação e só liberou à mulher quando o elevador soou, anunciando sua chegada a seu piso.

Nicholas agarrou a bolsa de frango e deu a ela, depois a enviou à frente do elevador antes de liberar sua mente.

Sentia-se muito melhor agora, as cãibras se reduziram grandemente. Uma mordida mais e deveria estar bem para conseguir o frango e retornar ao hotel, pensou Nicholas ao apertar o botão para voltar ao térreo.

O elevador tinha descido só dois andares antes de parar de novo para permitir que um jovem entrasse. O homem estava sozinho, e uma rápida comprovação de seus pensamentos demonstrou que estava são como um cavalo, um homem realmente saudável, comia frutos secos, de fato, mantimentos naturais e algo que se chamava chá verde. Nicholas sorriu para si mesmo enquanto a porta se fechava.

Parece que o destino estava de seu lado para uma mudança.

Estaria de volta no hotel em um momento… então ele tinha que pensar em alguma explicação para dar a Jo por tudo o que estava acontecendo.

Ou lhe dizer a verdade, pensou Nicholas quando se deslizou nos pensamentos do jovem e se inclinou para lhe morder o pescoço. Sua preferência era dizer a Jo a verdade, mas duvidava que lhe fosse permitido manter em suas lembranças esta verdade, uma vez que se encontrasse na casa dos executores… e no final teria que levá-la para lá. Por outro lado, não tinham apagado suas lembranças depois da primeira vez. É verdade que ela não sabia muito, mas ainda assim…

O elevador soou. Nicholas terminou de se alimentar e se separou do jovem doador, reorganizando seus pensamentos e fazendo que se movesse para as portas que se abriam. Manteve o controle dele até que estavam fora do edifício, e então deixando seus pensamentos, voltou a fazer seu caminho de volta à rua cheia de gente onde pela primeira vez tinha visto a senhora com o frango.

Vinte minutos depois Nicholas entrou de novo no quarto do hotel, com os braços carregados com uma bolsa grande marcada com o logotipo KFC. Deixou que a porta se fechasse atrás dele e entrou no quarto, abriu a boca para falar, mas voltou a fechá-

la quando viu Jo profundamente adormecida na cama. Ele a olhou sem compreender e então viu Charlie. O cão estava a seu lado, mas a cabeça levantada e os olhos abertos e em alerta.

Suspirando, Nicholas deixou a bolsa na mesinha da janela. Nesse momento Charlie saiu da cama e ficou a seu lado, balançando a cauda freneticamente.

-Olá amigo-sussurrou, lhe acariciando.

Charlie se levantou rapidamente, descansando os pés na perna de Nicholas para que pudesse ficar mais perto dele, e então voltou o nariz para a bolsa de frango com curiosidade.

-Tem fome, não é?- perguntou Nicholas em voz baixa. -Para sua sorte pensei que poderia foem e trouxe uma caixa para você. Mas terá que esperar até desfie a carne para você. Não estou certo de que possa mastigar ossos de frango.

Charlie desceu e sentou-se com paciência, e Nicholas sorriu ironicamente ao abrir a bolsa para pegar a vasilha de mantimentos e pratos de papel em seu interior. Sentou-se em uma das duas cadeiras da mesa e começou a trabalhar, selecionou três peças de carne de frango empanado e depois, com um dos garfos de plástico, desfiou a carne e a colocou no prato.

Logo que tinha começado o serviço com o primeiro pedaço de carne, não pôde resistir e experimentou um pouco.

O sabor explodiu em sua língua, lhe fazendo gemer em voz baixa. Charlie se queixou em reclamação.

-Sinto muito-murmurou Nicholas, resistindo à tentação, até que teve a carne das três peças que tinha selecionado, desfiadas e postas no prato. Em seguida, pôs o prato sobre o tapete para Charlie, assistiu-lhe começando a trabalhar sobre a comida, e então se virou e pegou um pedaço para si mesmo. Nicholas não tinha vontade de comer desde a morte de Annie fazia cinquenta anos, mas agora tinha que perguntar-se por que. O frango estava incrível e ia pegar uma segunda peça antes mesmo de terminar a primeira.

Só pegarei mais uma e depois me recostarei e irei dormir antes que Jo desperte e comece a exigir respostas, disse-se Nicholas a si mesmo ao terminar a segunda peça.

Não tinha dormido desde o dia anterior e realmente lhe viriam muito bem algumas horas para fechar os olhos antes de tentar explicar as coisas que, sem dúvida, seriam impossíveis e incômodas. A cama era o suficientemente grande que ela nem sequer saberia que ele estava ali.

Jo estava sonhando. Sabia que era um sonho, porque estava de volta na festa de Sam e Mortimer, mas o sonho era um pouco diferente do que em realidade tinha sido. O

barulho dos convidados, a conversa era muito forte mas ao mesmo tempo apagada, por isso não podia entender o que diziam… e a luz era um pouco apagada, vacilante e quase chorosa. Jo estava sozinha, caminhando perto do grupo de homens, cada um deles deu a volta e lhe deu o estranho olhar silencioso com que todos saudaram a ela e Alex na noite anterior. Seus olhos se centraram brevemente em sua testa como se tivesse um pênis crescendo ali e logo se afastavam com indiferença.

Embora soubesse que era uma tolice, cada vez que um deles dava a volta, sentia como se fosse um rechaço, e se sentiu aliviada quando o sonho a levou para fora.

Mas as coisas ali também eram um pouco apagadas. Os sons das criaturas da noite e o vento nas folhas se magnificaram, e a carícia da brisa fresca em sua pele era como o escovar de mãos sobre sua pele, fazendo com que formigasse e lhe arrepiasse os pêlos. Sem dar importância, Jo seguiu dando a volta no lado da casa, completamente surpreendida quando homem com bafo de onça, Ernie, chegou lançando-se atrvés da escuridão em sua direção. Desta vez não havia medo nela pelo ataque repentino, e não houve dor quando bateu contra a parede. No sonho, seus olhos estavam abertos e viu de repente Nicholas aparecer e arrastar o homem para longe dela.

Jo se apoiou contra a parede, olhando como os homens lutavam em uma lenta e estranha dança violenta e então se inclinou e pegou a mesma pedra da noite anterior e avançou para golpear o homem loiro na cabeça. Ernie girou a cabeça toda de uma vez, os olhos brilhantes de ouro e os dentes mostrando compridas e bicudas presas.

Jo olhou com confusão, já que de repente o sentiu mais como uma memória que como um sonho. O som magnificado e a sensação aquosa de repente ausente, deixou tudo nítido e claro. Mas logo o som voltou com força e tudo começou a fraquejar de novo quando os dois homens continuaram a luta.

Jo simplesmente ficou no sonho, viu até que Ernie caiu no chão e Nicholas passou por cima dele para chegar a ela.

-Não posso te ler-disse-lhe claramente, agarrando os braços, e depois baixou a cabeça, fechou a boca sobre a sua e pressionou seu corpo contra o seu e sua língua se deslizou provando-a e invadindo-a.

Jo se esqueceu desse momento de claridade e caiu nas sensações que rodaram sobre ela. A sensação e o gosto dele a obrigaram a esquecer-se de tudo e o desejo que tinha experimentado ontem à noite cobrou vida com ímpeto como um fogo que tivesse sido armazenado, e então deixou a boca e tirou sua camiseta e Jo ofegou quando seus lábios se fecharam sobre um mamilo.

Tão repentino como isto, o sonho mudou. Estavam na garagem agora, as luzes fluorescentes duras queimavam seus olhos, e as gradess de uma cela se pressionavam contra suas costas quando ele dirigiu suas mãos sobre seu corpo e seus lábios se atraíram na poeirenta parte que tinha reclamado. Fechou os olhos outra vez, correndo uma mão sobre seu braço e ombro, a outra em um punho no cabelo em sua cabeça, quando os dentes e a língua raspavam sobre o mamilo excitado.

-Sim-respirava Jo, e logo ficou sem fôlego de novo quando uma de suas mãos se deslizou entre suas pernas, pressionando contra seu núcleo através de suas calças jeans. Foi suficiente para fazer que desejasse não os estar usando, poder sentir seu tato sem sua presença inibindo-o, e de repente as calças se foram, como se foi sua camiseta. As grades da cela eram frias contra suas costas, um forte contraste com a boca quente e os dedos quando a acariciou mais intimamente.

Jo gemeu enquanto seus dedos se deslizavam por sua carne escorregadia, mas quando deslizou um dedo dentro dela, não pôde suportar mais o assalto e puxou seu cabelo violentamente, o que lhe obrigou a liberar o mamilo e levantar a cabeça. No momento em que seus lábios estiveram a seu alcance, Jo lhe deu um beijo, sugando freneticamente ante o impulso de sua língua na boca, e logo envio sua própria língua a brigar com a dele quando às cegas encontrou a parte dianteira de suas calças. Jo encontrou o vulto de sua excitação e o apertou brevemente através do tecido grosso, a seguir começou a lutar com o cinto antes de lembrar quão bem sua roupa tinha desaparecido quando ela o desejava.

Imediatamente se deteve, seu desejo se foi também, e de repente estava tocando a pele nua. Jo deu um suspiro de alívio e imediatamente o estreitou firmemente em sua mão.

Nicholas rompeu seu beijo em uma risada profunda.

-Impaciente-sussurrou em seu ouvido quando se deteve a mordiscá-la brevemente.

-Tão ansiosa.

-Sim-disse ela. –Preciso de você.

As palavras lhe fizeram rir de novo, mas morreu em um suspiro enquanto apertou os dedos ao redor dele e os deixou deslizarem em sua longitude. Um grunhido seguiu, e logo tomou a mão e a levantou, pressionando-a contra as barras sobre sua cabeça enquanto a beijava de novo. Quando tentou alcançá-lo com a outra mão, ele a capturou e também a levantou, então pressionou a si mesmo contra ela enquanto a beijava. Jo dava tão bem como recebia, seus próprios beijos eram exigentes, tinha trabalhado tão bem com a roupa que em silêncio desejava que se empurrasse dentro dela, mas o Nicholas de seu sonho não era tão complacente como a roupa de seu sonho. Em lugar de levantá-la pelos quadris e empurrar-se dentro dela, rompeu o beijo para grunhir, -Ainda não-, e começou a arrastar a boca por sua garganta até a clavícula.

Frustrada, Jo elevou os quadris, esfregando-se contra ele, e logo ficou sem fôlego quando sua boca baixou a um seio para brincar brevemente com seu mamilo de novo.

Ainda sustentava suas mãos acima de sua cabeça, mas as levou para baixo com ele quando se deixou cair de joelhos ante ela, sua boca arrastava beijos através de seu estômago. Jo cravou as unhas em sua palma pelo entusiasmo quando seus lábios se perderam mais abaixo mordiscando um quadril.

-Nicholas-gemia ela desesperadamente, e logo ficou sem fôlego e conseguiu agarrar-se a uma barra da grade por cima de sua cabeça para não cair quando de repente ele lançou uma de suas mãos para agarrar sua perna e levantá-la mais até seu ombro. Era uma posição aberta para ele, e Nicholas a aproveitou, inclinando-se a pressionar sua boca na carne que seu dedo tinha excitado tanto.

Jo gritou e se agarrou às barras com a outra mão enquanto ele liberou isto também, precisando manter-se em posição vertical. Suas pernas de repente tinham perdido toda a força, e não acreditava que pudesse ter se mantido erguida se ele não tivesse elevado suas mãos para sustentar sua parte inferior e mantê-la em seu lugar enquanto conduzia seus selvagens dentes e língua.

-Por favor-ofegou Jo com desespero, liberando o aperto que ela tinha nas barras para agarrar seu cabelo de forma exigente. A pressão se construiu a um ponto de ruptura, e lhe queria dentro de qualquer jeito. Queria senti-lo enchendo-a, seus corpos unidos, suas respirações mescladas.

Para seu alívio, Nicholas deixou sua tortura e de repente levantou a vista. Seus olhos prateados ferozmente brilhantes sem nenhum rastro do azul que eram em realidade, e depois foram para cima, recuperando sua boca. Jo envolveu suas pernas ao redor de seus quadris enquanto a deslocava e levantava, golpeando suas costas contra as barras, e então abriu os olhos quando um ruído surdo despertou.

Piscando confusa, Jo olhou o teto no quarto escuro, e depois olhou para a janela, quando outro estrondo e o murmúrio de vozes chegavam a seus ouvidos. Seus olhos se abriram ligeiramente quando viu os limpadores de janela moverem-se para cima pela janela em seu andaime mecanizado. Bem a tempo para ver seus joelhos e seus pés saírem de sua vista, e supunha que chamavam a isto de dia.

Jo deixou sair seu fôlego em um suspiro, e então olhou para um lado para ver que Charlie não estava na cama junto a ela como tinha estado quando adormeceu, mas Nicholas sim. Estava do outro lado da cama, a uns bons metros de distância, mas seus olhos prateados estavam abertos e pareciam brilhantes no quarto em penumbras quando a olhou… como tinham sido no sonho, e então de repente ele saiu da cama e se dirigiu para o banheiro.

-Nicholas. Levantou-se rapidamente, mas ele entraria no banheiro e fecharia a porta antes de que o alcançasse. Quando Jo instintivamente colocou o pé na porta para evitar que ele a fechasse, deteve-se abruptamente.

Sua voz era um grunhido quando disse: -Se não quiser se encontrar nua na cama fazendo exatamente o que estávamos a ponto de fazer no sonho, sugiro que retire seu pé.

Jo abriu os olhos com incredulidade nas palavras. -Como sabe o que eu estava sonhando…?

-Jo-Nicholas grunhiu a palavra. -Tem um segundo para liberar a porta. Do contrário, não serei responsável pelo que acontecer.

Fechou a boca e o olhou. Uma parte de sua mente realmente queria saber como podia saber o que tinha estado sonhando. Outra parte muito maior de sua mente, por não falar de seu corpo, estava interessada na imagem que tinha posto em sua cabeça: Os dois nus na cama terminando o que tinha começado no sonho. Seu corpo estava ainda cantarolando com entusiasmo pelo interlúdio interrompido, os mamilos continuavam duros e doíam e o calor líquido que se agrupou abaixo em seu ventre não se dissipou.

Jo lhe queria desesperadamente. Se Nicholas tinha a intenção de afugentá-la com a ameaça, tinha usado a tática equivocada. Para ela, tinha divulgado como um desafio, e não havia nada que gostasse mais que um desafio. Consciente de que vários segundos deviam ter passado e não tinha levado a cabo sua ameaça, Jo se apoiou na ponta de seu pé e apertou a boca sobre a sua.

Quando a resposta veio, a sua foi a mais gratificante. Seus lábios apenas o roçaram quando a porta estava aberta e de repente Nicholas estava pegando ela em seus braços. Passando a porta aberta, pressionou seu corpo contra o dela até que cada polegada deles se tocou quando colocou a língua em sua boca.

Parecia estar tentando castigá-la com o beijo, sua língua a açoitou como um látego, mas se era um castigo, era um que ela desfrutava. Como o tinha feito em seu sonho, Jo deu tanto como recebeu, sua língua lutou e seus dedos rasparam ao longo de seu couro cabeludo.

Ela tinha uma vaga idéia do som de tecido rasgado, e logo suas mãos estavam entre seus corpos e sobre seus nus seios. Nicholas grunhiu do fundo de sua garganta, o som vibrou seu caminho até sua boca, lhe acrescentando excitação.

Ela queria encontrar sua ereção como o tinha feito no sonho, mas seus braços estavam sobre ele, bloqueados pelos ombros e braços, por isso Jo teve que contentar-se arqueando os quadris para esfregar-se com entusiasmo contra ele.

Nicholas respondeu imediatamente liberando seus peitos e empurrando-a o suficiente para alcançar o botão de suas calças jeans. Liberou Jo para alcançar o dele, e conseguiu soltar o cinto e abrir o botão superior, mas tinha baixado o zíper só até a metade quando Nicholas de repente se ajoelhou para retirar os jeans de seu corpo.

Jo saiu das calças quando chegou aos tornozelos, e logo ele as atirou a um lado e percorreu com as mãos as pernas que tinha descoberto. Nicholas apoiou a boca pressionando um beijo bem por cima do joelho e logo na parte interna da coxa, e então, de repente, levantou a perna como tinha feito no sonho e apertou a boca no centro dela. Todo o corpo de Jo estremeceu quando a língua repentinamente raspou sobre a sua carne excitada e se agarrou à maçaneta da porta do quarto em posição vertical, aliviada ao não continuar com o tortura, mas de repente se levantou para reclamar seus lábios de novo.

Nicholas lhe deu um beijo com fome, com as mãos trabalhando na liberação de si mesmo de suas calças jeans, e logo murmurou em tom de desculpa, -Não posso esperar.

-Eu tampouco-respirou, e logo ficou sem fôlego quando elevou-a em seus braços e a levou a cama. Jo ficou sem fôlego de novo quando a deixou no colchão. Recuperou-se e logo se sentou e se olhou a si mesma. Em sua impaciência, Nicholas tinha arrancado sua camiseta na parte dianteira. Ela se encolheu de ombros com rapidez, terminando a tempo para ver Nicholas tirar de sua própria camiseta sobre sua cabeça, os músculos ondulavam no peito quando o fez. Desfez-se da peça lançando-a através do quarto onde aterrissou no abajur de escritório, e imediatamente depois saiu de seus sapatos e empurrou suas calças jeans fora de seus quadris. Suas ações foram rápidas e eficazes e Jo não teve muita oportunidade de desfrutar da vista. No momento em que ele se despiu, Nicholas se equilibrou sobre ela.

Jo voltou a cair com um grunhido de surpresa e logo deslizou seus braços ao redor dele quando tomou seus lábios uma vez mais. Não se empurrou dentro dela imediatamente como tinha esperado, mas em vez disso alcançou-o entre eles para começar a acariciá-la de novo. Jo vacilou brevemente, insegura se sua própria paixão teria minguado quando ele se despiu, ou se ele pensava que a sua o tinha feito, mas quando sentiu sua dura longitude contra seu quadril, decidiu que ele pensava que precisava avivar mais o fogo. Ela não necessitava. O sonho tinha tido todas as carícias que seu corpo podia suportar, e tudo o que queria agora era sentir seu membro duro em seu interior.

Sem romper o beijo, Jo o empurrou no peito. Conseguiu apanhá-lo de surpresa e lhe enviou a cair sobre ela na cama. Jo rodou com ele, sua boca ainda pega a ele, e os quadris escarranchado sobre as dele. Incorporou-se e desceu de novo, introduzindo-o nela em uma ação rápida. Congelou-se então, gemendo junto com ele enquanto a enchia. Nicholas entrava como uma luva, acolhedor e perfeito, e rompeu o beijo para olhar seu rosto.

Abriu os olhos, e viu que a prata fundida era pura agora.

Eram formosos, e como nada que tivesse visto antes. Jo simplesmente se sentou ali, cravada nele e olhando-o até que ele levantou uma mão para acariciar sua bochecha e logo depois de volta até a parte posterior de sua cabeça para puxar o seu cabelo.

Nicholas enterrou seus dedos nos fios largos e os puxou para reclamar seus lábios uma vez mais. Quando sua boca cobriu a dela, sentou-se, seu peito roçando seus seios, e Logo colocou as mãos debaixo de seu traseiro conduzindo-a a levantar-se e logo depois descer.

Jo gemia com a sensação que se disparou através dela, e então assumiu o movimento ela mesma. Onda atrás de onda de prazer aumentando e rodando em seu cérebro e a conduziu a continuar, Nicholas empurrou seus quadris para cobrir seus peitos em seu lugar, apertando os círculos redondos e brincando com seus mamilos.

Jo rompeu seu beijo com um grito afogado quando ele os beliscou, sua cabeça caía para trás, o cabelo lhe caiu para trás e lhe fizeram cócegas nas costas quando Nicholas a mordeu no fundo da garganta. Sentiu um beliscão de dor quando seus dentes rasparam a pele exposta, mas foi seguido pelo prazer insuportável que se uniu às sensações que já a agrediam e lhe fez gritar quando o tsunami de todos os orgasmos explodiu dentro dela. Jo era vagamente consciente de Nicholas puxando sua cabeça e gritando um batimento de coração mais tarde, mas logo caiu a noite e ela se desabou contra ele.

A primeira coisa que Jo viu quando abriu os olhos foi o brilho do relógio digital no quarto escuro. Eram sete e trinta e dois. Estava tombada na cama, o corpo quente de Nicholas a suas costas, o peso de seu braço dobrado a seu redor e escondido debaixo a seu lado. Jo ficou quieta por um momento, não desejava despertar Nicholas, mas sua bexiga se queixava e finalmente teve que mover-se. Ia devagar e com cuidado, tentava liberar-se por debaixo do braço de Nicholas sem despertá-lo, mas nem tinha começado quando de repente apertou o braço ao redor dela, atraindo suas costas contra seu peito.

-Aonde vai?- perguntou com voz áspera pelo sono.

Antes que Jo pudesse responder, sua mão encontrou um peito e o cobriu para espremê-lo ligeiramente e começou a acariciá-la com a boca no pescoço.

Ela tomou fôlego, e moveu seu traseiro contra ele quando o desejo se moveu dentro dela.

-Mmm-murmurou Nicholas, conduzindo seus próprios quadris mais contra ela para que sentisse sua ereção, mesmo enquanto crescia entre os dois. Então deixou seu peito e alcançou seu rosto, capturando-a pela mandíbula para lhe girar a cabeça para que pudesse inclinar-se sobre ela e reclamar seus lábios.

Jo se voltou quando a beijou, rodando sobre as costas e deslizando o braço livre a seu redor. Apanhado entre seus corpos, passou os dedos pelo que poderia alcançar de seu peito enquanto o beijava.

-Muito bom-murmurou Nicholas contra sua boca, sua mão liberou seu rosto para ir à deriva por seu corpo.

-Eu, OH…,- gemeu Jo quando sua mão se deteve e a palma de sua mão apertou seu peito. Logo se apartou para acariciar seu estômago antes de ir até o quadril, e ela gemeu de novo, já que fazia cócegas sobre o osso do quadril. Mas então mudou de novo, percorrendo ao redor de sua parte inferior para aproximá-la mais a seu lado e apertar seus quadris com a dele.

-Necessito-te de novo-grunhiu, inundando a mão sob seu traseiro e a pôs entre suas pernas para encontrar o centro de seu entusiasmo em uma rota indireta.

-Necessito… OH.- Jo se deteve ofegando quando tinha deixado as carícias para deslizar um dedo em seu interior. Quando recuperou o fôlego de novo, terminou, -

fazer pipí.

Nicholas calou e logo se inclinou para trás para olhá-la.

-Sinto muito-murmurou com ironia, e logo se separou dele para sentar-se.

-A natureza chama.

Nicholas voltou a cair na cama com um gemido e depois se sentou para vê-la brincar de correr nua pela habitação até a porta do banheiro e grunhiu: -não demore.


Sua resposta foi uma risada quando desapareceu no banheiro e fechou a porta.

Suspirando, Nicholas se deixou cair na cama de novo, um sorriso curvando seus lábios. Jo era… Bom, era um pedacinho de céu, era o que era; bonita, elegante, jovial… A mulher perfeita para ele.

Era uma maldita lástima que não pudesse mantê-la, Nicholas pensou com amargura, e fechou os olhos quando os brandos e quentes sentimentos de fazer o amor se afastaram para permitir que a realidade interviesse.

Nunca deveria ter feito amor com ela. Foi culpa do sonho, é obvio. Ali estava um dos vários sinais de que se reuniu com uma companheira de vida; não ser capaz de lê-la ou de controlá-la era só um desses sinais. Outro sinal de um companheiro de vida era compartilhar sonhos, em geral os eróticos, e Nicholas sabia que não tinha estado sozinho no sonho que tinha tido de seu interlúdio nas celas da casa dos executores.

Tinha despertado com uma raivosa necessidade e tinha tentado salvar a ambos da dor do coração, por isso tinha fugido para o banheiro para tomar uma ducha fria, mas Jo não tinha deixado. Nicholas não a culpou. Não tinha idéia do que estava acontecendo aqui e não tinha nenhuma dúvida como tinha despertado pelo sonho com ele, mas ceder a ela tinha sido um grave engano.

Isso só faria mais difícil renunciar a ela quando chegasse o momento, e ia ser muito em breve. Não podia mantê-la com ele. De fato, seu plano de fazer o amor outra vez era incrivelmente estúpido agora que estava pensando claramente. Simplesmente seria fazer as coisas ainda mais difíceis.

Rodando pela cama, Nicholas ficou de pé, os olhos aterrissaram no pastor alemão dormido na poltrona acolchoada do escritório.

Esqueceu-se de tudo sobre o cão e suspeitava que não ia dormir nos móveis, mas lembrou que Charlie estava dormindo na cama com Jo quando tinha entrado e não o incomodou. Em vez disso, moveu-se pela sala recolhendo sua roupa e depois a pôs na cama e se sentou para esperar quando ouviu a ducha dentro do banheiro.

Deveria entrar no banheiro no momento em que saísse, para uma ducha de água fria para esfriar as paixões furiosas, que a só idéia de Jo lhe causava, e então sentar-se para explicar a situação antes que as coisas fossem muito longe. Nicholas não tinha nenhuma dúvida no momento em que Jo ouvisse o que tinha que lhe dizer, que estaria mais do que feliz de deixar que a levasse de retorno à casa dos executores e tirá-lo de sua vida.

Capítulo 9


Jo tomou uma ducha rápida. Como era de costume.

Estava a ponto de sair do banheiro depois de terminar seus assuntos, mas quando viu o matagal que era seu cabelo no espelho do banheiro, voltou-se para ligar a ducha.

Lavou o cabelo de forma rápida, ensaboou e enxaguou seu corpo, fechou as torneiras, e quase se matou em sua pressa de sair da banheira, tropeçando na borda e só se salvando ao segurar o suporte de toalhas.

Fazendo caretas a si mesma pelo que fez, Jo se levantou e pegou uma toalha. Secou rapidamente o corpo no mais superficial dos trabalhos e depois envolveu a toalha ao redor de si mesma ao estilo de uma toga, então se dirigiu para o dormitório com toda a intenção de saltar sobre Nicholas e o ter de novo a sua maneira.

Em vez disso, nem acabou de sair do banheiro quando ele se deslizou junto a ela, com as calças jeans na mão, dizendo, — Minha vez.

Jo se virou para a porta do banheiro bem a tempo de vê-la fechar. Um sorriso curvou seus lábios e deu um passo, pensando em quão divertido seria reunir-se a ele, só para parar quando ouviu a tranca fechar. Levantou suas sobrancelhas ligeiramente ante o som, mas depois olhou a seu redor para o sussurro que vinha do canto do quarto.

Voltou-se para ver Charlie bocejando quando se sentou na cadeira, ao que parece, tinha dormido nela. A vista imediatamente lhe fez franzir o cenho.

— Mutio bom — murmurou Jo, mas não podia estar tão zangada. Tinha-o deixado ficar nos móveis todo o dia. Além disso, não teria querido dormir no tapete tampouco. Entretanto, a leve admoestação foi suficiente, Charlie saltou da cadeira e foi se sentar-se em frente a Jo. Em seus olhos aparecia uma quase desculpa quando a olhou.

Jo sorriu com ironia e se agachou para acariciá-lo, perguntando-se o que tinha estado fazendo enquanto ela e Nicholas tinham estado “ocupados”. Se esqueceu do pobre, e tola como parecia, estava esperando que dormisse. Simplesmente, parecia horripilante pensar nele sentado observando durante esses momentos de paixão.

Encolhendo-se ante a idéia, Jo se endireitou. Viu seu jeans estendidos fora da porta do banheiro, mas os deixou e se dirigiu à cama com a intenção de deitar-se, só para fazer uma pausa quando Charlie se queixou e se moveu à porta do quarto do hotel, retrocedeu outra vez, e depois foi outra vez à porta. Retroceder era o sinal de que precisava dar um passeio, Jo suspirou e então foi procurar os jeans depois de tudo.

Pôs sua calcinha e a calça jeans antes de começar a busca de sua camiseta.

Encontrou-a do outro lado da cama, mas no momento em que a pegou, Jo lembrou que Nicholas a tinha destroçado.

Enrugando o nariz, deixou-a em uma cadeira e debateu sobre o que fazer quando viu a camiseta de Nicholas em cima da cama. Como lembrou, tinha sido jogada no abajur do escritório na noite. Devia tê-la recolhido para entrar no banheiro, mas a deixou em sua pressa.

Jo encolheu de ombros e a pegou. Sua perda era seu ganho. Não podia caminhar de topless. Jo a colocou sobre a cabeça, sorrindo quando foi imediatamente envolta em seu aroma. Fez uma pausa para respirar profundamente enquanto a vestia a camiseta grande em suas calças jeans. Em seguida, deu uma olhada à porta do banheiro, considerando a possibilidade de dizer a Nicholas onde ia. Jo suspeitava de que se o fizesse Charlie protestaria, assim era provavelmente melhor levá-lo enquanto ele estava na ducha, decidiu. Seria uma sorte se pudesse chegar antes que ele terminasse de tomar banho, e não precisasse saber.

Jo se dirigiu à mesa para recolher a sacola do KFC que estava ali. Seu olhar se focou na caixa, que notou com um pequeno e divertido sorriso, que estava vazia. Nicholas tinha aparentemente sentido fome. Voltou com a comida quando ela estava dormindo. Viu um pedaço de papel gasto e limpo sobre o tapete e supôs que Charlie não estava dormindo. Jo sacudiu a cabeça, agarrou a bolsa, um garfo de plástico, guardanapos, e um dos cartões chave que estavam na mesa e se aproximou da porta onde Charlie esperava, gemendo quase sem parar agora. Parecia que em realidade tinha que sair, e Jo supôs que só se alegrava de que não tivesse tido um ‘acidente’ no quarto enquanto dormiam.

Com medo de encontrar-se com problemas no elevador, Jo levou Charlie à porta da escada. Ele a seguiu com entusiasmo quando abriu a porta e então desceu, percorrendo rapidamente as escadas a uma velocidade que a obrigou a correr para acompanhá-lo. Tudo o que Jo podia pensar era que o melhor seria deixá-lo correr enquanto estivessem fora, porque não havia forma de que estivesse correndo todo o caminho de volta.

Conseguiu escapar do edifício sem encontrar ninguém, mas lhe levou um pouco de tempo para Jo encontrar um parque. Uma vez que o fez, esperou Charlie pacientemente pois tinha estado gemendo com a necessidade de forma completa, passou um bom tempo farejando cada árvore antes de levantar a perna. Em seguida, teve que encontrar outro lugar digno de fazer o número dois. Jo limpou a sujeira utilizando a sacola do KFC, e então se desfez do pacote no lixo antes de voltar.

Estavam passando na frente de uma pizzaria na metade do caminho quando a porta se abriu e uma rajada que vinha da cozinha trouxe o aroma de pepperoni e molho de tomate para assaltar seu nariz e seu estômago começou a grunhir. Detendo-se, Jo olhou pela janela, ficou com a boca cheia de água enquanto observava do lado de dentro um trabalhador tirando uma pizza recém assada do forno.

Justo quando estava se decidindo a entrar e comprar uma para levar ao hotel, Charlie emitiu um estranho grunhido da mesma forma que tinha feito no apartamento quando o homem com bafo de onça estava do lado de fora da porta.

Ao olhar para baixo, viu que estava rígido e imóvel, as orelhas para trás e mostrando os dentes, grunhindo a algo a sua direita. Jo olhou nessa direção, mas não podia ver o que era. Entretanto, era o suficiente para lhe recordar que o homem com bafo de onça, ou Ernie, como Nicholas lhe tinha chamado, estava ainda em alguma parte, possivelmente a sua procura, e Bricker e Anders também estavam. Agora não havia tempo para estar vagando pelas ruas desnecessariamente. Precisava averiguar por que esse tal de Ernie estava atrás dela… e por que Bricker e Anders estavam atrás de Nicholas. Quando o tirou da cela tinha pensado que tudo era uma grande brincadeira, mas o incidente em seu apartamento a tinha convencido de que era sério.

Charlie lançou outro grunhido, e Jo lançou outro olhar ao redor, mas ainda não viu nada. De repente, nervosa, afastou-se da pizzaria, ansiosa por voltar ao hotel.

Tinha pedido uma pizza quando voltou para o quarto, Jo se assegurou que tinha seguido seu caminho, golpeando sua perna como de costume, para que Charlie viesse. Como era normal, o pastor alemão não se foi de seu lado desde que saiu do quarto.

Estava aproximando-se do hotel, quando Jo passou por uma linda loira que lembrou um pouco a Gina. A preocupação por sua vizinha passou à vanguarda de sua mente.

Suspeitava que Gina tinha ido até a casa de J.J. ou algo parecido, tal como lhe tinha indicado, sentiria-se melhor se estivesse segura.

Franzindo ainda mais o cenho, Jo levou Charlie pela mesma porta de saída de incêndio que tinham utilizado anteriormente. Retirou a pedra que havia posto ali para evitar que a porta se fechasse e conduziu Charlie para dentro. O pastor alemão subiu imediatamente a escadas, mas Jo o seguiu mais devagar, fazendo uma careta aos lances de escada ante ela.

Estava respirando agitadamente no momento em que chegaram a seu andar. Charlie ainda se movia muito alegre, esperando com impaciência que abrisse a porta. No momento em que o fez, lançou-se à porta de seu quarto no hotel com um infalível sentido da orientação que sempre a assombrou. Jo abriu a porta e esperou até que le eentrasse para depois seguí-lo.

A ducha continuava aberta no banheiro, mas não acreditava ter ido há mais de dez minutos, possivelmente, quinze. Estava passando a porta quando a água de repente parou, só para voltar a começar no instante seguinte.

Elevando as sobrancelhas, Jo se deteve junto à porta e gritou, — Nicholas? Está tudo bem aí?

— Tudo bem — foi a resposta apagada. — Só mudei para água quente.

— Ok — Jo assinalou a palavra tentando resolver o que queria dizer mudar para água quente. Perguntou-se, com um pouco de confusão, se teria sido uma ducha fria antes disto. Apartando a preocupação, cruzou a sala para ir ao telefone e fazer as ligações para a pizzaria e para Gina. Ligou para Gina primeiro, aliviada quando sua amiga respondeu soando perfeitamente normal, estupenda.

— Gina? Está bem? — Perguntou Jo de todo modo.

— Jo? — Perguntou Gina, e disse, — Sim, claro que estou. Por que não estaria?

Como foi a festa?

Jo piscou ante a pergunta e logo lhe perguntou vacilante, — A festa?

— Sim, a festa na casa de sua irmã — explicou, e acrescentou, — Dei comida ao Charlie esta manhã e o levei para caminhar, mas vai querer mais comida logo. Posso ir lhe dar comida de novo agora se não for estar em casa durante um tempo, mas sem dúvidas a festa terminou?

— Gina — disse Jo lentamente, tentando entender o que estava ouvindo. Gina parecia não lembrar de sua volta para casa antes. Esclareceu a garganta e disse, — Charlie está aqui comigo. Não se lembra que retornei para casa antes?

— O que você fez, passou por minha porta enquanto estava no banheiro? — Perguntou Gina com uma risada. — Deveria te parado e me deixar saber que estava de volta.

Jo franziu o cenho. — Não lembra de ter me visto antes?

— Do que está falando? — Perguntou Gina, e houve um gesto em seu tom agora. — Não te vi desde que foi ontem para casa de Sam.

Jo se afundou ao sentar-se na cadeira do escritório ao telefone, com a cabeça palpitante. Gina não recordava nada do que tinha ocorrido no edifício aquela tarde…

fazia só umas horas, de fato.

— OH, espere, há alguém na porta — disse Gina de repente, e Jo ouviu um forte ruído através do telefone como se o tivesse apertado contra seu peito. A alegre voz de Gina estava apagada, e logo um prolongado silêncio antes de que Gina voltasse de novo e dissesse, — De todos os modos, onde está?

— Quem está na porta? — Perguntou Jo com receio.

— O garoto do andar de baixo — respondeu Gina. — Agora, onde está? Seu amigo Justin veio para te buscar de novo.

— Justin? — Jo se ecoou ao compreender. — É bonito, cabelo escuro e quente em roupa de couro.

Gina fez uma breve pausa e logo acrescentou, — Sim e estava com um cara alto, negro e muito quente com ele.

— Bricker? — Respirou Jo. Todo mundo o chamava Bricker por isso tinha esquecido seu primeiro nome.

— Sim, Justin Bricker, é esse — disse Gina. — Issa é minha garota. Ele quer que lhe chame, se você vier para casa. Virá logo para casa, Jo? Porque ele é quente e quero a desculpa para chamá-lo.

— Sim — murmurou Jo. — Me alegro de que esteja bem, Gina. Tenho que ir agora.

Desligou antes que Gina pudesse lhe pedir algo mais, e então simplesmente se sentou ali. Gina não parecia lembrar nada sobre o incidente da tarde. Jo recordou o olhar em branco que tinha estado na cara da outra mulher quando tinha aberto a porta e a encontrado pela primeira vez no corredor junto com o homem com bafo de onça segurando seu braço.

A lembrança lhe fez franzir o cenho. Era o mesmo aspecto que tinha tido o rosto do recepcionista de antes, quando tinham se registrado no hotel. Como se não houvesse ninguém em casa e estivessem sendo controlados, pensou.

O que era uma loucura pensar, disse Jo a si mesma em silêncio. Nicholas provavelmente tinha deslizado um pouco de dinheiro sem que ela visse e o fez mais suscetível, e Gina provavelmente tinha sido drogada para tranquilizá-la. A droga provavelmente tinha afetado a sua memória, assegurou-se Jo, e logo olhou para Charlie quando ele de repente apoiou sua cabeça em seu colo.

Jo sorriu e lhe acariciou, seu olhar se deslizou para a caixa de frango vazia na mesa.

A visão lhe fez recordar que tinha fome e tinha planejado pedir uma pizza.

Com um suspiro, tirou a caderneta de telefones e rapidamente procurou o telefone da pizza. Jo pediu dois grandes dois-por-um especiais só no caso de que Nicholas e Charlie estivessem famintos na hora que chegasse. Então tirou sua carteira do bolso traseiro. Uma olhada rápida lhe mostrou que era necessário uma ida um caixa automático. A ducha estava aberta ainda e com certeza ia ser longa, por isso Jo pegou o cartão chave do quarto de novo, deu uns tapinhas tranquilizadores em Charlie, e saiu do quarto. Desta vez pegou o elevador e estava feliz de poder fazê-lo. Suas pernas ainda doíam um pouco da caminhada de ida e volta.

Havia uma pequena loja no térreo do hotel com caixas marcados com BANCO 24

HORAS na lateral, Jo foi até um deles, fez uma retirada e depois comprou dois refrigerantes antes de voltar ao quarto.

A ducha por fim estava desligada no banheiro quando voltou a entrar no quarto. Jo passou a porta, deixou os refrigerantes e pegou a caixa de gelo quando a porta do banheiro se abriu e Nicholas saiu.

— Finalmente, estava começando a pensar que tinha se afogado na banheira — brincou enquanto pegava a saco de plástico transparente da caixa e o abriu para colocá-lo dentro. Logo se dirigiu à porta. — Volto já.

Nicholas a pegou pelo braço enquanto passava, a preocupação em seu rosto.

— Aonde vai?

— Pegar gelo — disse ela, levantando a caixa ligeiramente.

— Eu pegarei. Pegou a caixa e seu cartão chave, mas quando se voltou para a porta foi a vez dele segurá-lo pelo braço.

— É possível que deseje cobrir esse magnífico peito antes de sair, estúpido. Não quer que as criadas desmaiem pela emoção e o gosto de te ver.

Nicholas se olhou, sorrindo ironicamente, quando viu que tinha um bom argumento já que estava só de calças jeans. Olhou-a, levantando as sobrancelhas quando percebeu que de fato ela usava sua camisa.

— Voce rasgou a minha — recordou-lhe Jo com um encolhimento de ombros e então segurou a barra da camisa, como se fosse tirar e perguntou, — Quer de volta?

— Não! — Nicholas capturou suas mãos, detendo-a, e então deu uns tapinhas no braço e passou junto a ela no quarto murmurando, — Tenho outra.

Jo se apoiou na porta do banheiro, sorrindo com diversão enquanto observava que ele se dirigia para a bolsa de lona que havia trazido da caminhonete. Nicholas parecia um pouco agitado quando a abriu rapidamente para recuperar uma camiseta limpa.

Sem dúvida estava evitando olhá-la, e ela suspeitava que definitivamente lhe tinha envergonhado com suas brincadeiras.

— Lamento sobre sua camisa — murmurou, colocando a nova camiseta. — Pode ficar com a minha é óbvio.

— Obrigada — murmurou Jo, comendo-lhe com os olhos quando ele se voltou e se dirigiu para a porta.

Nicholas se deteve quando chegou até ela, e por um momento Jo pensou que ia beijá-la. Mas depois de hesitar um momento, seu olhar nos lábios, voltou seu rosto e continuou para a porta, dizendo, — Há uma escova em minha bolsa se você quiser.

As sobrancelhas do Jo voaram por seu comentário quando saiu do quarto e então foi ao banheiro e chiou quando viu sua silhueta no vapor. O espelho estava embaçado com o vapor da prolongada ducha de Nicholas, mas podia ver a si mesma o suficiente para notar que seu cabelo era um desastre encaracolado na cabeça. Só então recordou que secou o cabelo com uma toalha e saiu correndo do banheiro para encontrar Nicholas de um salto, contudo tinha saído correndo do banheiro e não tinha olhado no espelho para ver como estava antes se apressar para que Charlie pudesse cuidar de seus assuntos.

Meu Deus!, levou Charlie para dar um passeio no parque com esse aspecto, pensou Jo com consternação pegando uma toalha e rapidamente começou a limpar o espelho.

Era provável que depois da ducha não estivesse tão ruim como agora, então se tranquilizou. Infelizmente, Jo tinha herdado de sua mãe seu cabelo naturalmente encaracolado, e se o deixava solto ele tendia a imitar a massa selvagem do Ronald McDonald’S. Por isso estava acostumada a recolher seu cabelo em um rabo-de-cavalo.

Jo terminou de limpar o espelho e suspirou enquanto olhava melhor a si mesma.

Comprovado, era uma Femme Fatale, pensou ironicamente. Não era estranho que Nicholas não a beijasse antes de sair, teria sorte se alguma vez tentasse beijá-la de novo depois de vê-la assim.

Murmurando entre dentes, Jo saiu do banheiro e foi até a bolsa de lona para encontrar a escova mencionada. Em seguida, procurou na cama até que encontrou o prendedor com o qual tinha recolhido seu cabelo anteriormente e retornou ao banheiro para prender seu cabelo. Foi uma pequena luta. Seu cabelo estava emaranhado como nenhum outro. Na verdade, era uma das poucas coisas que odiava de si mesma. Considerava-se suficientemente inteligente, tinha uma boa presença e era bastante bonita, embora sua boca era um pouco grande e seu nariz um pouco empinado. Mas seu cabelo era uma miséria para ela.

Jo acabava de desembaraçar os nós e estava dando ao cabelo um escovação final para ter certeza de que não se perdeu, quando ouviu a porta principal abrir.

— Uma caixa de gelo — anunciou Nicholas quando entrou no quarto.

Jo olhou o reflexo da porta atrás dela quando Nicholas se dirigiu para ela com uma caixa de gelo da loja de comidas na mão.

— Obrigada — disse, e começou a recolher o cabelo para trás, reunindo-o em seu rabo-de-cavalo habitual. — Há refrigerante no escritório se você quiser.

— Quer que te sirva um? — ofereceu Nicholas, e então o cenho franzido entrou em sua voz ao perguntar, — De onde vieram os refrigerantes?

Jo não ouviu bem a pergunta, seus braços levantados, apartando com suas mãos o cabelo da cara e os olhos fixos em seu agora revelado pescoço. Franzindo o cenho, olhou as marcas durante um momento, e depois de terminar de colocar o prededor se inclinou para frente e arqueou o pescoço para ver mais de perto os dois pequenos furos. Isso eram marcas de prefurações. Curioso, pensou Jo. Não tinha nem idéia de onde tinham saído. Deveria ter sentido algo assim. Sam teve duas picadas de mosca negra no norte, que se pareciam similares, mas não havia moscas negras no centro de Toronto.

— Jo? De onde vieram os refrigerantes? — Nicholas apareceu de repente atrás dela, com uma lata de soda na mão. — Não deixou o quarto, não é?

A questão morreu quando viu o que estava fazendo. Seu olhar se deslizou sobre as feridas agudas, e logo se voltou e saiu de vista. Jo ficou no lugar onde tinha estado durante um momento, e então olhou mais uma vez as marcas de punção, olhou de novo à porta vazia, e depois se virou e o seguiu para o quarto.

Nicholas estava de pé junto à mesa colocando refrigerante sobre o gelo em dois copos.

— Venha, sente-se — disse sem voltar-se. — Suponho que agora é quando chegamos às explicações que queria.

Jo vacilou. Algo a respeito da forma em que disse a fez suspeitar que estava a ponto de aprender algo que não queria, mas quando lhe deslizou um copo na parte dianteira do assento ao outro lado de onde ele estava e depois se instalou na cadeira em frente, Jo renunciou a sua posição e cruzou o quarto para instalar-se na cadeira. Olhou-o com receio, continuando, agarrou sua taça e disse, — Estou escutando. Que diabos está acontecendo?

— Bem… bom… Sinto muito. Mordi você. Sou um vampiro — começou Nicholas, e a seguir, ela tossiu quando sua bebida foi pelo caminho errado e começou a engasgar.

— Tudo bem? — Perguntou-lhe, preocupado, seus golpes chegavam a seu fim junto com sua tosse e um ofego lento.

Jo assentiu com a cabeça, secando a cara e respirando profundamente, esperando que a coceira no nariz e nos pulmões parasse. Afogada com refrigerante, decidiu, seria uma experiência terrivelmente dolorosa. Sacudindo a cabeça com o pensamento completamente confuso, Jo recolheu seu copo de novo, tomou um gole para esclarecer a garganta, e depois colocou o copo cuidadosamente para baixo e se voltou para olhar onde ele ainda estava a seu lado. — Por que tipo de idiota me toma? Sou um vampiro? Se essa for sua idéia de uma explicação, trata-se da mais ridícula, pouco ortodoxa de merda que escutei em muito tempo. Tive melhores explicações dos peritos por computador na universidade. Um lixo…— Jo se interrompeu quando Nicholas de repente abriu sua boca e viu dois dentes muito afiados, presas de aspecto malvado, como os de um cão. Jo estava o suficientemente perto para ver que não era nenhum truque. Esses eram seus dentes crescendo realmente e mudando, percebeu, e de repente houve um brilho de seu sonho com o homem do bafo de onça. Ernie, olhos brilhantes e presas, grunhindo como um cão raivoso. Só que não tinha tido a sensação do resto do sonho, bom ou não. Nesse momento se sentia como um lembrança que de algum jeito tinha conseguido ficar velada antes, quando o resto tinha voltado para ela.

— Merda! — Repetiu Jo com mais força, e saltou de sua cadeira e longe de Nicholas.

— Jo, espere um minuto — disse rapidamente, agarrando seu braço enquanto tentava correr para porta.

— Não me toque — ofegou, perdendo o controle e frente a ele retrocedendo para a porta.

— Muito bem — disse Nicholas com tom conciliador, levantou as mãos, as palmas abertas na tradicional maneira para tranquilizar. — Está bem. Não te tocarei. Se acalme. Está a salvo. Sou um vampiro bom — acrescentou, e logo fez uma careta, como se não pudesse acreditar que tivesse pronunciado essas palavras. Suspirando, Nicholas tentou uma tática diferente, dizendo, — Protegi você, lembra? Do Ernie?

Duas vezes?

Jo estava apoiada no vestíbulo da pequena entrada, mas Charlie estava deitado no tapete sob a mesa. O pastor alemão olhava com incerteza dela para Nicholas como se não estivesse seguro do que estavam fazendo esse dois. Não parecia especialmente preocupado. Entretanto, talvez estivesse um pouco curioso, como se perguntando qual era seu problema.

Jo desacelerou até parar e perceber que não poderia deixar o cão para atrás, e depois, lentamente, considerou as palavras de Nicholas.

Tinha lhe salvado duas vezes, reconheceu, olhava-o com receio, e se tivesse querido lhe machucar… Olhou sua mão e a pôs no pescoço, percorrendo brandamente as feridas agudos ali. Não doía e tinha uma vaga lembrança de sentir um beliscão leve enquanto… bem, antes na cama, não lhe tinha feito mal, tampouco. Entretanto… — Mordeu-me?

Nicholas fez uma careta. — Sinto muito. Não queria. Estava muito excitado e… — encolheu-se de ombros com tristeza. — Sinto muito, Jo.

Relaxou-se um pouco, e logo moveu a cabeça e disse com incredulidade, — Um vampiro bom?

— Esta talvez não foi a melhor maneira de começar — reconheceu ele em um suspiro.

— Você acha? — Perguntou ela sarcasticamente.

— Sim — disse Nicholas com ironia, e acrescentou, — E não sou um vampiro de todos os modos, é como os outros gostam de nos chamar.

Jo apoiou as mãos nos quadris. — Correto. Claro. Diz que é um vampiro, mostra suas presas para prová-lo e depois me diz que não é um vampiro? Vi as presas e a dentada, Nicholas. Quero dizer, OH, espere…!— Jo se interrompeu de repente. — Corria sob o sol hoje quando me tirou do apartamento. Os vampiros não podem sair à luz do sol. — Jo franziu o cenho. — Qual é a armadilha aqui? São falsos esses dentes? Mordeu-me com algum tipo estranho de dentadura postiça, um truque gótico?

— Não — assegurou-lhe Nicholas solenemente. Logo vacilou e sugeriu, — por que não se sentar de novo e eu te explico tudo?

Jo olhou a mesa, e depois para Charlie. O pastor alemão parecia aborrecido com seu drama e apoiou a cabeça para baixo, com os olhos fechados. Seu olhar se deslizou para Nicholas.

— Está totalmente segura comigo — prometeu Nicholas, e logo assinalou, — ia te deixar na clínica e esperar que Bricker e Anders te recolhessem para te manter a salvo. Agora não te faria mal.

Jo sentiu que relaxava um pouco. Esqueceu-se que a primeira vez que se encontraram ele a tinha salvo do homem com bafo de onça-Ernie. Hoje tinha sido da mesma maneira. Por que Nicholas a salvaria, só para feri-la de novo?

— Bem, — disse Jo, por fim, e fez um gesto à mesa. — Sente-se e eu unirei a você.

Nicholas olhava dela à porta, e logo à mesa, sem dúvida, preocupado de que fugisse do quarto quando ele desse a volta para pegar sua cadeira. Entretanto, ele assentiu solenemente e assim o fez.

Capítulo 10


Jo esperou até que Nicholas fosse a toda pressa para sua cadeira e observou sua maneira de atravessar a porta e como pouco a pouco cruzou o quarto para sentar-se.

Olhou para ele em silêncio e depois simplesmente elevou as sobrancelhas com interrogação.

—E? É um vampiro, ou não?

Nicholas vacilou. —Não no sentido tradicional.

—Droga e como funciona isso? —Perguntou Jo secamente. —Isso é como se uma mulher grávida dissesse que não está grávida no sentido tradicional. Ou está grávida ou não está e ou é um vampiro ou não o é. Entende?

Nicholas franziu o cenho e levantou seu copo para tomar um gole. Com expressão reflexiva, bebeu, colocou o copo na mesa e disse, —Olhe me expliquei mau, comecei pela bunda do cavalo e não pela cabeça. —Jo simplesmente arqueou uma sobrancelha. — Nosso vampirismo tem uma base científica. —Jo levantou a outra sobrancelha. —Um de meus ancestrais era cientista—começou, —estava experimentando nanos e bioengenharia, tentando encontrar uma forma de reparar lesões e curar enfermidades do interior do corpo sem necessidade de cirurgia. Esses nanos seriam injetados na pessoa para que fizessem seu trabalho… Algo assim como… Viu aquele filme onde escolhem a um grupo de pessoas e lhes injetam uma em um pequeno na vio para curar uma doença?

—Sei de que filme está falando, —reconheceu Jo lentamente, com curiosidade. — Não recordo o título, mas sei que filme é.

—Então, sabe do que falo.

—E o conseguiu?— Perguntou Jo com interesse.

—Não, morreu —disse Nicholas com uma careta. —Quero dizer que sim, morreu antes de aperfeiçoar o trabalho. Outros o retomaram onde ele parou, e finalmente tiveram êxito… mais ou menos. Não foi tão bem-sucedido como tinham esperado. — Ele fez uma pausa para tomar outro gole antes de adicionar, —Ou talvez tiveram mais êxito do que se esperavam.

Jo elevou as sobrancelhas outra vez. —O que? Foi bem-sucedido ou não?

—Sim e não —disse. —O resultado final funcionou, mas… Estes bio-nanos destroem as enfermidades do corpo e reparam as lesões, mas uma vez feito isso se supunha que se desintegrariam e o corpo os expulsaria… só que não aconteceu assim.

—Não se desintegram? —Perguntou ela.

—Bom —disse Nicholas com gravidade e então explicou, —Olhe, seu programa era geral e não específico. Não era como se tivessem criado um grupo de nanos para os diferentes tipos de câncer ou reparar os ossos de uma determinada parte do corpo ou a pele, etc. Era um tipo de nano com um campo mais amplo e geral, para reparar o corpo e devolvê-lo à condição ótima e evitar, basicamente, a autodestruição, mas o corpo está em constante necessidade de reparação. Cada vez que respiramos absorvemos contaminação, o sol sempre ataca a pele. Só o simples passar do tempo faz que se desgastem as células, ossos e músculos. O corpo está em constante necessidade de reparação.

—Então os nanos não se desintegram, estão continuamente reparando.—Jo acertou e ele assentiu com a cabeça, sorrindo levemente.

—Exato.

Jo o considerou e sacudiu a cabeça. —Não vejo que seja um problema. Acredito que seria bom ter algo assim no sistema humano que lutasse contra as enfermidades e curasse as feridas.

—Sim —disse Nicholas solenemente. —Mas tem um preço.

—Qual? —Perguntou com o cenho franzido.

—Os nanos não só vêem o câncer ou os resfriados ou uma terrível queimadura como algo que necessita reparação. Estão programados para reparar todos os danos e manter a seu anfitrião em sua condição ótima… e vêem os efeitos de envelhecimento como algo que precisa ser reparado. Reparam-no e arrumam tudo.

Jo entreabriu os olhos enquanto lhe perguntava, —Está dizendo que as pessoas com estes nanos não envelhece?

Nicholas assentiu. —Quem tinha vinte e cinco ou trinta anos quando obteve os nanos seguirá aparentando essa idade embora passe o tempo.

Seus olhos se abriram. —É como beber um gole da fonte da juventude? Se estiver doente ou velho, são curados e ficam jovens de novo? —quando ele assentiu, sorriu com ironia e disse, — Me perdoe, talvez tenha perdido alguma coisa, mas ainda não me respondeu. Qual é o preço que mencionou?

Nicholas fez uma careta. —Os nanos usam sangue para realizar suas funções, assim como para regenerar a si mesmos.

—Isso é interessante— disse Jo, com os olhos cada vez mais abertos. —Nossos corpos criam sangue.

—Mas não o suficiente para alimentar aos nanos —disse em voz baixa. —Eles usam mais sangue do que o corpo pode criar por sua conta.

—Entendo.— Suspirando, Jo entendeu o problema e o que significava não ser um vampiro no sentido tradicional. —Então os nanos lhe deram presas para que possa conseguir sangue, mas não parece estar morto, pode te expor ao sol e suponho que…

os ícones religiosos e outros símbolos que afetam aos vampiros não podem afetar a você?

—Não— disse Nicholas, estando de acordo.

Guardou silêncio durante um minuto, voltando seu olhar a seu copo quando ela se apoiou na mesa, sua mente de repente se encheu de perguntas. Começou com, — E

você tem esses nanos?

—Sim.

Jo assentiu. Não era mais do que esperado. Perguntou-lhe, —Há quanto tempo você tem eles?

—Não acreditaria se eu dissesse— acrescentou pensativo. —Estou seguro de que seria uma manchete se… Em realidade, é mais do que parece —murmurou.

Jo o olhou fixamente quando outra pergunta lhe veio à cabeça. —Que idade tem?

Refiro-me a que parece ter mais ou menos vinte e sete, mas se com os nanos aparenta menos anos… —Fez uma pausa. Evitando seu olhar incômodo, Jo teve a clara impressão de que a pergunta não era algo que queria responder e começou a suspeitar que era muito mais velho do que parecia.

Provavelmente da idade de seu pai ou quase. Sem dúvida, deram-lhe os nanos devido a uma enfermidade do coração ou outra enfermidade relacionada com a velhice. A idéia lhe fez suspirar com tristeza. Nunca tinha estado com homens mais velhos. Ao menos, não homens tão velhos assim. Seus pais tinham morrido em um acidente de carro quando era mais jovem, mas embora seu pai estivesse morto, não estava procurando um pai substituto. Cinco anos era em geral seu limite de diferença de idade com os homens. Por outro lado, o homem não aparentava sua idade. E não se comportava como um ancião.

—E? —Insistiu. —Que idade tem?

Nicholas a olhou sério e logo admitiu, —Nasci em 1449.

Jo dixou cair o copo ficando boquiaberta. —O que? Acredito que entendi mau. O que acaba de dizer? Em que ano nasceu?

—1449. —Repetiu sério.

—Isso não é possível —disse finalmente. —Não podia existir esse tipo de tecnologia nessa época.

—Meus antepassados a tinham — assegurou Nicholas em voz baixa.

—Seus antepassados de onde eram? Vênus? Saturno? Marte, talvez?

Nicholas sorriu levemente, mas sacudiu a cabeça. —Não, eram mortais de um lugar chamado Atlântida, que desapareceu antes da chegada de Cristo.

—A Atlântida?—Perguntou Jo com os olhos muito abertos. Tinha ouvido falar do lugar, é obvio. Tinha ouvido falar da Atlântida e de seus mitos. Inclusive de que se duvidava se tinha existido o lugar alguma vez.

Ao que parece, existiu… e Deus, não era uma brincadeira que eram tecnologicamente avançados se tinham feito experiências com nanos!

Atlântida, pensou em um suspiro. Não era igual a ela, em um país cheio de canadenses se apaixonou por inseto estranho. A Atlântida? Esse pensamento lhe recordava um espetáculo antigo, que estava acostumada a ver em reprises quando era menina, o homem da Atlântida. Olhou suas mãos perfeitamente formadas e se inclinou para olhar seus pés apoiados nos pés da mesa. Endireitando-se lhe perguntou, —Tem aletas como o Homem da Atlântida?

—Não. — Espetou Nicholas com desgosto. —Por Deus, mulher, viu-me nu!

—Não é que me fixasse muito em seus pés — disse Jo secamente e então seus olhos se abriram mais quando o homem se ruborizou.

Preparando-se para uma reprimenda suspirou e disse, —Este espetáculo foi um montão de tolices. Estávamos falando de vampiros, não de peixes.

—Mas não dos vampiros tradicionais, e sim de vampiros da Atlântida, — disse Jo burlando-se um pouco.

Nicholas sorriu a contra gosto. —Preferem que lhes chamem de imortais e não de vampiros, mas vampiros é mais conveniente na hora de explicar as coisas.

—Suponho que sim — disse Jo estando de acordo. Olhou-lhe em silêncio durante um momento, mas depois perguntou, —Então Mortimer e os rapazes que vão com ele caçam vampiros de Atlântida? Suponho que por isso têm sangue no escritório. Ele, Bricker e os outros sabem de sua existência e por isso andam atrás de você.

Nicholas vacilou, logo suspirou e disse, —Mortimer, Bricker, Decker, Anders e todos os outros também são parte da Atlântida… Refiro-me a que são imortais — disse fazendo uma careta.

Jo abriu muito os olhos. —Mortimer? O noivo de minha irmã, Mortimer, é um vampiro também? —Ele assentiu com a cabeça. Jo se sentou no assento com o cenho franzido. —Então o do sangue da garagem…

—Sua alimentação —disse Nicholas.— O sangue agora bebemos de bolsas. Vai contra nossas leis beber de outra maneira.

Jo arqueou as sobrancelhas e se tocou a ferida de sua garganta, fez uma careta e adicionou, —Há exceções à regra. Está permitido em casos de emergência em que não há bolsas de sangue a nosso alcance… ou entre amantes.

Jo quase sorriu. Amantes. Apenas o conhecia. Mas amantes era um termo muito melhor que alguns que tinha ouvido. Olhou-o em silêncio um momento e depois perguntou. — Então Mortimer é um também e bebe o sangue na garagem.— Enrugou o nariz e sacudiu a cabeça. —Deus, tenho que dizer a Sam. Tem que sabê-

lo…

—Ela sabe —assegurou-lhe Nicholas. —É sua companheira de vida. Ira se converter com o tempo.

—Mudará?— Perguntou Jo bruscamente. —Quer dizer que ela também pode fazer isso?

—Estamos autorizados a fazê-lo uma vez —admitiu.

—Certo —disse Jo, sem saber como se sentia a respeito. Supunha que eram boas notícias de algum jeito. Não teria que se preocupar de que Sam ficasse doente ou morresse… mas… um vampiro…

—De fato, não se decidiu ainda, pelos rumores que há na rua, negou-se, por agora, porque isso significaria deixar de ver você e a sua outra irmã depois de dez anos.

—Seriamente? —Perguntou Jo —por que dez anos?

—Mas não só a vocês. Deve se separar de todo mundo que a conhece. É para evitar que alguém perceba que não envelhece—explicou. — Não teríamos sobrevivido tanto tempo se não tivéssemos mantido nossa existência em segredo.

Jo assentiu. —Claro poderiam ser perseguidos e usados para experimentos e não poderiam se alimentar.

—Esse é o ponto —reconheceu Nicholas. —Embora até os últimos séculos, era mais uma preocupação de ser perseguidos e assassinados.

Jo fez uma careta, mas disse, —Disse que Sam é sua companheira de vida. Bricker disse uma ou duas vezes também. Só pensei que era um termo estranho para uma noiva da Califórnia, mas…

—Uma companheira de vida é muito mais que uma noiva ou uma esposa— disse Nicholas interrompendo-a. —Ela ou ele, é pouco frequente e maravilhoso. São as únicas pessoas em todo mundo com as que um imortal pode se relaxar e ser ele ou ela mesma.

—Por que?— Perguntou Jo. —O que os faz tão especiais?

—Ah… bom…— Nicholas franziu o cenho, olhou para trás e disse, —Para explicar isso tenho que te contar algumas coisas.

—Adiante.

Ele assentiu com a cabeça, a seguir tomou ar e começou, —Os nanos nos dão algo mais que presas.

—Falando disso, entendo por que os nanos lhe proporcionaram presas, mas como o fizeram? Certamente os nanos não foram programados para modificar fisicamente dessa maneira.

—Não. Estavam programados para nos manter sãs e perfeitos. Em Atlântida, as presas não eram necessárias. Aqueles que tinham sido injetados com nanos recebiam transfusões para compensar o problema de não produzir suficiente sangue para manter os nanos. Mas então Atlântida desapareceu e não houve mais transfusões.

Atlântida era isolada pelo oceano e por um grupo de montanhas. Quando desapareceu, afundou-se no oceano e os sobreviventes, em sua maioria imortais, não tinha mais remédio que cruzar as montanhas e reunir-se com o resto da sociedade, mas o resto do mundo não estava ao mesmo nível tecnológico de Atlântida. As pessoas eram muito atrasadas, ainda primitiva. Não houve mais transfusões.

—Suponho que era um problema —disse Jo secamente.

—Definitivamente— Nicholas esteve de acordo. —Então os nanos alteraram seus anfitriões, dando que o necessitavam para sobreviver no novo terreno. Deram-lhes presas, fez-os mais rápidos, mais fortes e lhes deu uma melhor visão noturna como os predadores noturnos.

—por que a visão noturna? —Perguntou ela. —Disse que podiam sair à luz do dia.

—Podemos, mas é algo que tentamos evitar —disse e explicou, —Pelo dano ocasionado pelo sol necessitamos de mais sangue já que os nanos o necessitam para reparar esses danos e se necessitarmos de mais sangue, precisamos morder mais pessoas. Naquele tempo nos alimentávamos de outras pessoas.

Nicholas se encolheu de ombros como se desculpando.

Jo suspirou e disse, —Assim que o fato de não sair à luz solar é para evitar danos e assim reduzir a quantidade de sangue que necessitam.

Ele assentiu com a cabeça.

—Que sensíveis —murmurou, depois esclareceu a garganta e disse, —Utilizavam as pessoas para se alimentarem, mas agora só consomem sangue de bancos de sangue?

Nicholas se manteve em silêncio durante um momento e então esclareceu a garganta e disse, —Vai contra nossas leis morder os mortais agora.

Jo entrecerrou os olhos. Ela percebeu que ele estava evitando olhá-la nos olhos quando respondeu mas não tinha dissipado suas dúvidas, só lhe tinha contado que tinha mordido gente no passado. Ela deixou passar por agora e disse, —Que mais pode fazer?

Nicholas a olhou cauteloso. —O que quer dizer?

—O menino da recepção do hotel nos disse que não se admitiam cães no hotel, ficou olhando-o e então ele mudou de opinião. Recordou-lhe secamente e Nicholas fez uma careta.

—OH, sim. —Suspirou. —Bom, os nanos também nos fazem capazes de ler a mente e controlar às pessoas. É mais fácil caçar dessa maneira, fazemos para que não sintam a dor da mordida. Podemos lhes dar prazer em vez de dor. Também podemos saber se estão saudáveis.

—Ok— disse Jo secamente, agora se perguntou mentalmente que quando se encontrou com o Mortimer, Bricker e Decker, no norte podiam ter estado brincando com sua mente ou mais preocupante ainda, tinha sido controlada.

—A capacidade não é só com os mortais — continuou Nicholas rapidamente, provavelmente percebendo seu mal-estar. —Podemos ler outros imortais se não protegerem seus pensamentos e eles podem fazer o mesmo conosco. Tenho feito isto às vezes. Com outros imortais ao redor estamos constantemente em guarda, sempre nos recordando de manter um muro mental para manter nossos pensamentos e sentimentos ocultos… exceto com um companheiro de vida—acrescentou solenemente. —São pessoas muito estranhas que não se pode ler ou controlar. Estar com eles é como encontrar um oásis no deserto. Pode ser você mesmo sem necessidade de guardar seus pensamentos todo o tempo. São companheiros de vida, uma vida muito longa em que é muito solitária se não tiver um.

Jo guardou silêncio durante um minuto e depois disse, —Então não ser capaz de ler ou de controlar a alguém faz dessa pessoa um companheiro de vida?

Ele assentiu com a cabeça. —É a forma em que os reconhece. Isso e despertar o apetite depois de uma idade avançada.

—Não entendo, o que quer dizer com despertar o apetite?

Nicholas sorriu com ironia. —depois de alguns de séculos, a maioria das coisas se tornam aborrecidas. Lugares, postos de trabalho e assim sucessivamente. Temos que nos mudar a cada dez anos ou menos para evitar que alguém perceba que não envelhecemos, o que ajuda pouco e a maioria dos imortais trocam de carreira a cada cinquenta ou cem anos, alguns inclusive com mais freqüência. Mas algumas das coisas que estamos acostumados a fazer, incomodam-nos e depois de que passam o primeiro par de séculos deixamos de fazer.

—Como o que?— Perguntou Jo com curiosidade.

—A comida.

—A comida? —Perguntou com surpresa.

Nicholas assentiu. —A comida se converte em um incômodo e tendemos a perder o gosto por ela ao redor dos cento e cinqüenta anos.

Jo levantou as sobrancelhas. Havia noites em que estava tentando averiguar o que fazer no jantar para ela e lhe parecia um grande incômodo. Suspeitava que depois de cem anos, seriam ao redor de trinta e seis mil e quinhentas jantares e muitos almoços e cafés da manhã. Por que incomodar-se?

— Mas… — Seu olhar se deslizou para a caixa de frango vazia entre eles. Se Nicholas tinha nascido realmente em 1449 tinha passado há muito tempo os cento e cinquenta anos, entretanto, estava comendo. Jo não acreditava nem por um minuto que Charlie comeu todo o frango antes de deitar-se.

—E o sexo —disse Nicholas de repente, atraindo sua atenção de novo.

Jo não podia acreditar no que dizia.—O sexo? Pode se cansar disso?

Encolheu-se de ombros e disse quase desculpando-se, —Se não for com um companheiro de vida, com outros começa a parecer-se muito com masturbação depois de um tempo.

—OH, bom, pode controlar e fazer que lhe façam o que quiser— precebeu e franziu o cenho, perguntou-se se o tinha feito com ela. Sua paixão tinha sido real? Sem dúvida parecia real. Tinha sofrido por ele com todas as partes de seu corpo.

—Então, o que fizemos…

—Era real —interrompeu-a Nicholas com firmeza. —Não te controlei nem pus pensamentos ou sentimentos em sua mente. Nunca fiz com qualquer mulher, pelo menos não intencionadamente.

Relaxou-se ao saber que não a tinha controlado e lhe acreditou quando o disse.

Poderia ser tola, o conhecia há pouco tempo, mas quando se tratava de fé no final de contas, Nicholas tinha a confiança de Jo desde o começo. Assim como Charlie.

—Então o sexo pode ser aborrecido— Comentou Jo, lhe resultando difícil de entender.

—Temo que sim— disse Nicholas sério. —A melhor maneira de explicar é que se converte em uma função repetitiva e aborrecida. Não há nenhum sentimento real para a outra pessoa quando sabe que pode lê-la e controlá-la e uma vez que chega ao clímax, não é mais interessante. O franziu o cenho e logo olhou para baixo e murmurou, — Até que encontra a sua companheira de vida.

—E o que se sente com um companheiro da vida? —Perguntou em voz baixa.

Nicholas suspirou e pareceu triste quando admitiu,—Então tudo é maravilhoso, novo, incrível, apaixonado, tudo o consome e é excitante. Não pode obter o suficiente ao princípio. Estar no mesmo ambiente com ela faz com que seu corpo vibre. O aroma é como um afrodisíaco, seu sorriso faz que deseje rasgar sua roupa, seu toque provoca o desejo de se enterrar nela e ficar ali para sempre.

Jo engoliu em seco. O homem tinha levantado o olhar para ela na metade de suas palavras e viu os olhos chamejantes em prata que tinha notado anteriormente.

Supunha-se que devia ter algo a ver com os nanos e a visão noturna, mas não perguntou. A cara de fome em seus olhos a fazia retorcer-se em seu assento e lhe arrepiou a pele. Jo estava muito segura de que seus mamilos estariam eretos muito em breve, como um cão salivando à vista de comida, o corpo estava respondendo em busca só do dele.

—Não pode me ler —disse bruscamente.

Nicholas ficou imóvel, os olhos perderam parte de seu brilho prateado e se tornaram cautelosos. —O que te faz pensar isso?

—OH, não sei—disse Jo arrastando as palavras. —Talvez o fato de que disse: não posso te ler. Ontem à noite me disse em tom de pergunta depois de tentar me enviar de volta para casa.

—Tinha a esperança de que não tivesse ouvido isso —murmurou, deixando-se cair em sua cadeira.

Jo piscou. —Me deixe esclarecer isto. Não pode me ler e por seu gosto pela comida, eu diria…—adicionou secamente, —O sexo tornou a te interessar?

—Sim, mas…

—E, segundo você, estes são sinais de um companheiro de vida. Certo?

—Sim, mas…

—Estou de acordo contigo —continuou, —Os companheiros de vida são estranhos e maravilhosos como um oásis no deserto?

—Sim, mas…

—Mas não me quer— terminou Jo por ele amargamente e depois perguntou, — O

que? É gay? Porque tenho que dizer, que se for gay, fez uma excelente imitação de um homem heterossexual antes.

—Não sou gay. Assegurou-lhe Nicholas com um suspiro.

—E entretanto, não quer que eu… eu, seja sua companheira de vida, —disse com fingido bom humor. —Curioso, não?

—Não é que não queira, Jo— disse e então amaldiçoou a frustração e admitiu, — Deus, tudo o que posso fazer é pensar em você. Quase me provoquei uma hipotermia por me dar uma ducha fria esta tarde, então, quase me escaldei depois por me dar uma ducha quente e ainda não posso pensar em nada mais que você. Nua, meio nua ou até não nua, em uma saiaa curta que levanto para poder me inundar em você.

Jo piscou quando pensou na imagem. Normalmente não usava saias, mas tinha uma ou duas para ocasiões especiais e tinha uma de couro negro que seria perfeita para o que sugeriu. Se a tivesse usado na noite anterior, Jo suspeitou que Nicholas a teria arrancado e que teria feito mais que beijá-la antes de que tivessem sido interrompidos pelos ruídos dos homens na garagem.

Maldição, Jo percebeu com consternação que com apenas um par de palavras tinha conseguido pô-la quente outra vez. Com um suspiro, disse, — Qual é o problema?

Quer-me, eu quero que… —Jo fez uma pausa, franziu o cenho e logo disse, —É

obvio, não estou falando de matrimônio nem nada disso. Temos que chegar a nos conhecer melhor e estou muito ocupada. Mas não me oporia a que ocasionalmente jantássemos e logo tivéssemos sexo muito quente.

—Jo —disse Nicholas, inclinando-se sobre a mesa. Pôs sua mão na dela e sentiu um calafrio de emoção até o braço e que depois se estendeu através de seu corpo quando seus dedos se fecharam sobre os seus. Poxa, ele deixava isso difícil, reconheceu Jo e tomou nota da forma rígida em que Nicholas fechou os olhos e suspeitou que estava tendo uma reação similar. Ambos estavam muito mal e realmente tinham falado muito, deviam levar a discussão à cama e falar com seus corpos, pensou fracamente, percorrendo brandamente o polegar sobre o dorso da mão. Nicholas a soltou e se sentou.

—Quero —admitiu com gravidade e seus olhos brilharam prateados de novo.

Jo suspeitava que era uma forma de expressar-se. Como uma ilusão, quando o olhou de novo aos olhos azul céu, estava sereno. Quando brilhavam em prata significava que estava quente e brincalhão. Que estava muito bem com ela, sentia-se também quente e molhada.

—Mas não posso te reclamar —disse Nicholas com firmeza.

—Me reclamar? —Repetiu ela sem compreender e então pôs-se a rir. —Fala como se eu fosse uma mala perdida, Nicholas. Ninguém pode me reclamar. Sou livre.

Quando Nicholas a olhou parecia triste, muito triste, só moveu a cabeça, Jo analisou seus olhos. Supunha-se que era um vampiro torturado, não o entendia, mas não estava de humor para isso, seu corpo estava ainda formigando com apenas o toque de sua mão, por não falar das lembranças do que tinham feito anteriormente.

De pé, Jo se moveu ao redor da mesa e se deixou cair em seu colo. Deslizou os braços ao redor de seus ombros e disse, —Felizmente para você, sou livre e me faço voluntária.

—Jo —disse com tristeza, mas ela não queria escutá-lo e cobriu sua boca com a sua.

Nicholas manteve a boca fechada e agarrou seus braços, presumivelmente para apartar-se dela, mas no momento em que ela deslizou a língua por seus lábios, ficou paralisado.

Jo sorriu, e depois passou de seus lábios a sua orelha e mordiscou brevemente antes de sussurrar, —Estou doída por você.

Nicholas respirou profundamente e então foi como se algo se rompesse.

De repente, sua cabeça se voltou bruscamente para que seus lábios pudessem reclamá-la como dela e ficou de pé com ela em seus braços. Em um passo rápido estava tombando-a sobre a cama, quando soou o telefone.

—Não responda— grunhiu Nicholas, inclinando-se para lhe tirar sua camiseta e seu jeans e a levantou para revelar seus peitos.

Jo ficou sem fôlego quando inclinou a cabeça para sugar o mamilo e a seguir, franziu o cenho com irritação quando o telefone voltou a soar. Nunca tinha sido capaz de ignorar uma chamada telefônica. Poderia ser algo importante. Amaldiçoando agarrou o telefone, o pôs em seu ouvido, ofegando, — Olá?

Quando Nicholas beijou o mamilo, a excitação se disparou através dela.

—Sra. Smith? É da recepção. Há uma entrega de pizza para você.

—OH… um… sim — Gemeu Jo quando Nicholas levou sua mão entre as pernas.

Sacudindo a cabeça, agachou-se para empurrar a mão, e esclareceu a garganta antes de murmurar, —Está bem. Envie-a… —Fez uma pausa em um suspiro quando Nicholas tocou ligeiramente o mamilo. Felizmente, a mulher ao outro extremo entendeu a frase.

—Sinto muito, senhora. Não se permite a ninguém que não seja hóspede passar no vestíbulo de noite.

—O que?— Perguntou Jo sem compreender, agarrando a mão de Nicholas quando começou a desfazer-se dos jeans. Parou e se levantou da cama para tirar sua camiseta.

Jo o olhou, o comia com os olhos ao ver seu imponente tórax, quando a recepcionista explicou, —É por segurança, senhora. Tivemos alguns problemas de noite com as pessoas nos quartos, roubavam os clientes enquanto estavam ausentes, por isso não se permite que ninguém que não seja hóspede passe além da recepção a menos que venham para buscá-los.

—De acordo — suspirou, quando a camiseta saiu voando e Nicholas começou com o cinturão.

—O menino está aqui esperando com a entrega.

—De acordo — repetiu Jo e desligou às cegas, medindo o gancho do telefone em vez de olhar. Estava muito ocupada vendo como Nicholas estava tirando o jeans e atirando ao chão. Levantou-se quando os tirou, saiu correndo da cama, cobriu-se com seu corpo.

Ele grunhiu, —Sua vez. Se dispa.

Jo pensava que tinha líquido quente no ventre, quando viu o olhar quente em seus olhos, mas negou com a cabeça. —Quando eu voltar.

—O que?— Nicholas se sentou pela surpresa. Ela se dirigiu à porta. Estava a seu lado e a segurou pelo braço antes que pudesse abrir a porta totalmente. — Aonde vai? Quem chamou?

Os olhos do Jo vagavam com picardia por seu corpo. O homem era magnífico nu e cheirava bem, o suficiente para comer-lhe. Brevemente estudou a possibilidade de abandonar-se e fazer exatamente isso ou pelo menos lamber e mordiscar um pouco, mas logo seu estômago rugiu, lhe recordando que a comida esperava lá em baixo e que tinha fome.

—Era a recepcionista —explicou. —A pizza que pedi está aqui.

—Pediu pizza? —Perguntou Nicholas com horror.

—Devido ao fato de que comeu todo o frango que tão amavelmente tinha comprado, presumivelmente para nós dois — assinalou Jo secamente.

—OH, certo— murmurou Nicholas com desgosto e olhou de novo culpado para a caixa vazia na mesa, mas logo franziu o cenho e se voltou. —por que não vêm entregá-la aqui?

—Por segurança. Não deixam que ninguém que não seja hóspede passe do vestíbulo.

Ela disse que tiveram quartos invadidos e roubadas enquanto os clientes estavam fora, mas suspeito que é para dissuadir os clientes de trazer prostitutas. Tenho uma amiga que trabalha em um destes hotéis do centro e me disse que têm um problema terrível com as prostitutas fazendo ofertas aos hóspedes no hotel. Suponho que a segurança daqui tem a esperança de que seja menos provável que um homem desça para recolher uma prostituta na recepção do hotel.

Nicholas grunhiu, mas logo perguntou, —Que nome lhes deu?

—Smith —disse com paciência. —É o nome com que nos registramos… e paguei em dinheiro.

Relaxou-se, mas franziu o cenho. —Não sei se tenho dinheiro suficiente comigo neste momento…

—Eu sim. —Jo tirou sua carteira de seu bolso traseiro e a agitou ante ele. —Quando não levo bolsa, minha carteira está sempre em meu bolso traseiro. Ajuda muito nas ocasiões em que está fugindo e com fome, não é?— Sorriu Jo, logo se inclinou e lhe beijou na bochecha, com uma mão colocou a carteira em seu bolso, com a outra tocou, brevemente, sua firme ereção.

—Mmm, ainda excitado e duro. Bom a pizza fria ainda é boa. Podemos continuar onde paramos quando eu voltar.

Nicholas grunhiu e tratou de tirá-la de seus braços, rapidamente se separou dele e saiu pela porta. —Quando eu voltar.

Jo suspirou um momento antes de fechar a porta e sorriu quando correu pelo corredor até o elevador.

Capítulo 11

Jo reparou o entregador de pizzas no momento em que entrou no hall. Estava de pé próximo à recepção e foi difícil não ver a jaqueta vermelha e chapéu vermelho com o logotipo da pizzaria que ficava em frente ao hotel. Pagou-lhe rapidamente, dando uma boa gorjeta por ter ficado esperando, e depois se dirigiu aos elevadores, só para decidir que poderiam precisar de mais refrigerante. Antes tinha comprado só duas latas; já estavam abertas e sem dúvida, aquosas com o gelo derretido e provavelmente seriam completamente desagradáveis com a pizza.

A idéia do que viria antes da pizza a fez sorrir quando se desviou para a pequena loja.

Entrou, lançando automaticamente um sorriso de saudação ao caixa, mas o homem estava de costas colocando as caixas de cigarros no armário de atrás do balcão.

Encolhendo-se de ombros, seguiu seu caminho aos refrigeradores do fundo.

Uma vez ali, Jo trocou a pizza de mão para pô-la como uma bandeja e com a outra abriu a porta de vidro. Segurou a porta com um joelho para poder pegar duas das latas quando alguém disse: -Aqui Jo pagou em dinheiro.

Jo ficou rígida, reconhecendo a voz de Bricker. Também reconheceu ao Mortimer quando disse: -Isso foi faz quase uma hora. Já não estará aqui agora.

-Não. Desta vez era a voz do Anders. -Mas provavelmente permaneçam neste hotel.


-E o caixa pode recordar dela-sugeriu Decker. -Ele pode nos dizer se falou em ficar aqui ou não.

-Hmm.

Jo virou a cabeça para olhar com cautela para a parte dianteira da loja de onde vinham as vozes, mas as filas de prateleiras estavam no meio e não podia ver a parte dianteira da loja. Isso significava que não poderiam vê-la, ótimo, decidiu Jo quando tirou a mão das latas da geladeira e brandamente fechou a porta.

-Estamos procurando uma mulher que estava aqui faz uma hora. Usou o caixa automático e pode ter comprado algo. Mede 1,65m de altura, bonita, com cabelo castanho escuro e usa um rabo-de-cavalo…

Jo fechou os olhos, o homem estava a ponto de admitir que tinha estado ali, mas em vez disso ouviu: -Sinto muito, hoje não houve ninguém que coincida com essa descrição e foi um dia tranqüilo. Lembraria-me.

Os olhos do Jo piscaram abertos e por um momento pensou que o tipo a estava encobrindo, e então recordou a massa selvagem de cabelo que usava quando se viu no espelho depois de retornar com a bebidas. Definitivamente, não se parecia à descrição. Era provável que também parecesse alguns centímetros mais alta devido ao cabelo.

-Talvez tenha tingido o cabelo-sugeriu Bricker em voz baixa. – Ou pode ser que Nicholas tenha utilizado seu cartão.

Mortimer amaldiçoou. -Vamos ter que procurar no hotel. Vou ver no hall e nos elevadores, enquanto chamo todos os executores locais. Decker e Anders, quero a cada um de vocês nas saídas das escadas. Bricker, vá para a porta do estacionamento.

Uma vez que tenhamos um pouco mais de gente aqui, vamos andar por andar.

Nicholas não escapará desta vez e definitivamente não levará Jo com ele.

As palavras se tornaram mais distantes, Mortimer tinha falado e depois seguiu o silêncio, sugerindo que tinham deixado a loja, mas Jo ficou esperando por um minuto, não querendo correr riscos com eles. Tinha trocado a pizza de lugar, agarrando-a com ambas as mãos e estava de pé ali debatendo o que devia fazer quando o caixa disse, -Senhorita? Há algo em que possa ajudá-la?

Jo olhou para frente, mas a única coisa que viu foi a fila de batatas fritas empilhadas na primeira estante junto à música pop. Em seguida, olhou para cima e ao redor, vendo o homem em um espelho de segurança arredondado no canto da loja. Que maldita boa sorte que Mortimer e os rapazes não tivessem olhado o espelho enquanto que estavam aqui, pensou Jo quando se reuniu com o caixa com o olhar. Um olhar lhe disse que se foram, entretanto, e começou a andar para a parte dianteira da loja.

-Hey, há uns rapazes que estiveram aqui faz um minuto e se ajusta à descrição da garota que estão procurando-disse o caixa quando saiu de entre os corredores.

-Sim, obrigada, vou buscá-los-mentiu Jo alegremente e saiu da loja, só para fazer uma pausa na porta, sem saber que caminho tomar. Não podia voltar para o hall para pegar o elevador, Mortimer ia fazer suas ligações de lá e a veria. Não podia ir pelas escadas porque tinha enviado Decker e Anders para vigiá-las. Jo estava pensando em procurar um telefone e chamar no quarto para contar a Nicholas o que acontecia, quando alguém a agarrou pelo braço.

-Jo? Olá garota, como vai?

-Beth? -perguntou com surpresa, olhando a morena que se aproximou dela. -Olá.

Sustentou a caixa da pizza com uma mão e abraçou à garota com a outra. -Sabia que trabalhava em um dos hotéis do centro, mas não sabia que era neste.

-Sim. Beth fez uma careta. -E fiquei com um turno tarde esta noite. Não se dedica à entrega de pizza agora, não é? O que aconteceu com seu trabalho no bar?

-OH…- Jo olhou a caixa de pizza que sustentava. -Não, ainda trabalho no bar. Isto é para mim e um amigo. Temos um quarto lá em cima.

-Ah, sim?- Beth sorriu e lhe deu uma cotovelada. -Um homem em sua vida, hein?

nunca me disse nada.

Jo sorriu nervosa e olhou com receio para a parte dianteira do hotel. A parte do hall era visível, mas não podia ver Mortimer.

-É bom saber no entanto-adicionou solenemente Beth. -Tudo o que faz é trabalhar.

Ter uma vida social também é bom.

-Sim, claro, como se seu estivesse melhor. Trabalha pelo menos tanto como eu-murmurou Jo, voltando-se para ela. E lhe perguntou: -Beth, há um elevador de serviço neste lugar?

Beth levantou as sobrancelhas. -Sim. por que?

Jo hesitou e decidiu então que uma mentira era realmente a única maneira de subir.

Não podia balbuciar sobre vampiros e tal e esperar que Beth pensasse que estava louca, por isso disse, -Há alguém a quem quero evitar no hall. É um cliente que esteve me perseguindo e esteve no bar, todo o tempo.

-Falou-me dele há algumas semanas-disse Beth com o cenho franzido, e Jo forçou um sorriso, contente de que o recordasse. O cliente se foi ultimamente, mas era uma boa cobertura.

-Sim, bem, ele está aqui e…

-Não diga mais nada-Interrompeu-a Beth, acariciando seu braço. -Vamos, me siga.

Jo olhou para o hall de novo, mas depois seguiu Beth por um estreito corredor à esquerda. No final havia várias portas e um elevador.

-Em que andar está?- Perguntou Beth, colocando pelo painel do elevador uma chave digital.

-No último andar-murmurou Jo quando as portas se fecharam. Durante a viagem Beth conversava descontraída sobre a aula de biologia que tinham feito juntas na universidade. Jo tentou continuar com a conversa, mas estava um pouco distraída com suas preocupações de como ela e Nicholas iam sair dali. Teria pedido a Beth que esperasse e rapidamente agarraria Nicholas e desceriam no elevador de serviço, mas Mortimer, Bricker e Anders estavam cobrindo todas as saídas. Basicamente estavam ferrados, pensou com pena, mas com um sorriso forçado disse, -Obrigada por isso, Beth. Te devo uma.

-Não, não me deve nada-assegurou. -Você sempre está me dando bebidas grátis no bar. Mas vou querer escutar tudo a respeito deste cara novo na aula de amanhã a noite.

Jo sorriu levemente, mas sua mente estava correndo, procurando uma forma de sair do hotel sem necessidade de utilizar o hall ou as escadas. Talvez pudesse pegar o andaime dos limpadores de janelas para descer.

-Jo?

Piscou e olhou a Beth, que a olhava com o cenho franzido.

-Sinto muito. Disse algo?

Beth sorriu com ironia. -Perguntava se estavam aqui só por uma noite ou…

-Nem sequer uma noite, acredito-disse Jo com uma careta. -Vamos provavelmente deixar o hotel imediatamente, agora que… E… meu perseguidor está aqui.

-Mas leva uma pizza-Beth protestou.-E pagou pelo quarto.

-Sim, bom, vamos ter que comer a pizza em outro lugar. Não estou a vontade aqui. Jo se encolheu de ombros e fez uma careta, incomodada por ser incapaz de explicar algo para Beth. Não estava acostumada a ter que ficar com rodeios com seus amigos.

Suspirando, sacudiu a cabeça e disse: -O quarto já está pago. Vamos sair daqui e…-

Ela agitou a mão vagamente.

-Tem que chamar à polícia se este cara está te incomodando-disse Beth com preocupação. –Já era ruim quando simplesmente te incomodava por rondar todo o tempo pela bar, mas agora está realmente te perseguindo, Jo. Isto não está bem.

-Já sei-murmurou Jo. -Mas por agora só temos que sair daqui sem que nos veja e nos siga.

-Eu posso te ajudar com isso-ofereceu-se Beth. -Se pegar seu amigo rapidamente do quarto, posso lhes levar de volta para baixo no elevador de serviço e depois passar pela cozinha. Há uma porta na garagem para as entregas; dessa maneira pode evitar o hall e não pode lhes seguir.

-OH, Beth!, seria incrível. É uma salva-vidas. Jo trocou a pizza de mão e abraçou Beth com a outra. -Obrigada.

-Não tem de que. Beth a abraçou de volta e logo deu uma olhada no painel de números por cima da porta quando o elevador chegou. –Lá vamos nós. Me dê a pizza. Espero você aqui para segurar o elevador enquanto vai pegar seu amigo.

-Obrigada, vou ser rápida-disse Jo, entregando-lhe a pizza.

-Ok. Estou esperando.

Assentindo, Jo saiu do elevador assim que se abriram as portas e correu até o quarto, tirando a chave de cartão de seu bolso traseiro. Estava configurada e pronta para colocá-la na fechadura quando se deslizou até parar diante da porta, mas nunca teve a oportunidade de usá-la. Antes que pudesse, a porta abriu-se e Nicholas estava ali, agarrando sua mão e arrastando-a para o quarto.

-Por fim-grunhiu, fechando a porta e girando para pegá-la em seus braços. - Estava muito preocupado.

-Eu…- começou Jo, mas não chegou mais longe antes de que sua boca estivesse de repente na dele. Jo se queixou, mas alcançou seus ombros, só para agarrar-se a eles quando de repente a inclinou para trás. Com uma mão na parte posterior de sua cabeça, sustentando-a, e a outra em seu traseiro, impulsionou seus quadris para que ela sentisse sua ereção à medida que avançavam em um estranho baile erótico através do quarto até que a parte posterior de suas pernas se chocou contra a cama.

-Necessito de você-grunhiu Nicholas contra seus lábios enquanto puxava a camiseta para cima, apertando seus seios com as palmas das mãos.

-OH Deus-disse Jo sem fôlego, chegando a tocar suas mãos. Tinha a intenção de puxá-las e lhe explicar que tinham que se mover, mas ele a estava apertando e amassando, e quando abriu a boca para falar, sua língua se deslizou dentro e Jo se encontrou sustentando em suas mãos, as apertando quando ele as apertou. Depois Nicholas a afastou, atirando-a na cama enquanto ele permanecia de pé.

Jo piscou com os olhos abertos quando caiu na cama, e então ficou sem fôlego quando a agarrou pela parte de atrás das pernas e a levou para frente até que seu traseiro estava na borda da cama, pressionando seu centro coberto pelos jeans e as coxas a ambos os lado de seus quadris. Seus olhos eram de prata fundida, sua ereção ficou mais firme enquanto se inclinava para abrir o botão e o zíper de suas calças jeans.

Jo tomou fôlego, sacudiu a cabeça, e logo se cobriu com as mãos e exclamou, -Mortimer está aqui.

Nicholas se congelou, ficou rígido brevemente e logo elevou a cabeça, apunhalando-a com os olhos, de repente mais azul que prata. -O que?

Jo suspirou e explicou: -Fui à loja a comprar refrigerante depois de pegar a pizza e Mortimer, Bricker, Anders e Decker chegaram enquanto eu estava ali.

-Viram-lhe?- perguntou com preocupação.

Jo sacudiu a cabeça. -Estava na parte traseira da loja. Não podiam ver, mas lhes ouvi falar. Mortimer tem homens vigiando cada saída e pediu mais homens para que possam procurar andar por andar.

-Jesus-murmurou Nicholas, passando a mão livre por seu cabelo.- Temos que sair daqui. Vamos utilizar as escadas e….

-Estão lá em baixo vigiando o hall e as escadas até que cheguem mais homens. Tem que se vestir rápido. Tenho uma maneira de sair daqui.

Nicholas saiu de entre suas pernas, e Jo se deixou cair sobre a cama com um suspiro, consciente de que seu corpo tinha palpitações e lhe doía com a necessidade do breve mas muito quente interlúdio.

Menino, quando Nicholas estava assim, era… Deus!, pensou Jo débil, e logo se deu uma sacudida e se sentou.

Nicholas já tinha suas calças jeans e estava puxando para cima. Ela se moveu da cama e se levantou para entrar no banheiro para comprovar e ver se havia algo ali.

Tudo o que encontrou seu era um pincel. Jo o tirou e o meteu em sua bolsa, colocou a camisa, e então olhou a sua redor no quarto, mas não tinha levado nada com ela, a não ser Charlie, e as coisas de Nicholas estavam em sua bolsa.

Estava amarrando os sapatos, e o olhar de Jo se deslizou para o pastor alemão, enquanto rapidamente fechava o zíper da bolsa. Tinha estado dormindo todo o momento, mas agora estava acordado, olhando com interesse.

-Vamos, menino, temos que ir-disse, e o cão ficou em pé e foi a seu lado.

-Pronto-disse Nicholas, agarrando a bolsa dela quando começou a recolhê-la. -Me mostre o caminho.

Assentindo, Jo se voltou e saiu correndo do quarto para o corredor. Quando passaram os elevadores, Nicholas se limitou a seguir, ao que parece, confiava nela. Suas sobrancelhas se elevaram, entretanto, quando chegaram ao elevador de serviço e viu Beth ali de pé com a pizza na mão.

-Beth, este é Nicholas-Jo os apresentou quando entraram no elevador, a seu lado estava Charlie. -Nicholas, esta é Beth. Temos uma aula de biologia juntas as segundas-feiras de noite.

-Nossa, é um bombom-disse Beth com os olhos em Nicholas quando deu um passo para o elevador.

Jo sorriu pelo desconforto de Nicholas e logo disse, - Beth vai nos ajudar a passar pela cozinha para que possamos evitar o perseguidor.

-Sobre isso-disse de repente Beth, deixou os olhos de Nicholas e olhou para baixo a Charlie. -Não estou certa de que possa levar um cão…- Deteve-se abruptamente, seu rosto em branco quando disse, -Está tudo bem-e se voltou para operar o elevador.

Jo franziu o cenho e logo olhou para Nicholas para ver a concentração em seu rosto.

Era o homem que tinha arrumado tudo uma vez mais, só que desta vez sabia o que estava acontecendo. Nicholas estava controlando Beth.

-Pare com isso-disse entre dentes.

-Não-disse Nicholas com firmeza. -Temos que sair daqui e ela estava a ponto de não nos levar através da cozinha por causa do Charlie.

Jo franziu o cenho, seu olhar se deslizou para o cão e depois a Beth. -Então teremos que encontrar outra saída. Eu não quero chegar a colocá-la em problemas.

-Não vai estar em problemas-disse com doçura. -Ninguém vai ver o cão.

-Ok, como vai fazer isso?

-Da mesma maneira que estou dirigindo Beth-disse Nicholas com calma. -Agora simplesmente relaxe. Já chegamos.

Jo olhou a seu redor quando o elevador parou. Tinham chegado ao térreo.

Esperou com nervosismo a que as portas se abrissem, aliviada quando não viu ninguém no corredor, e então conduziu rapidamente Charlie para fora até a pequena sala que tinha passado antes.

-Por aqui-disse Beth, soava como se o dissesse a si mesma enquanto se andava pelo caminho. De algum, não parecia tão inexpressiva, observou Jo, e olhou para Nicholas interrogante. Ele simplesmente moveu a cabeça e lhe fez um gesto de seguir.

Com um suspiro, Jo caminhou atrás de seu amiga, deixando Charlie e Nicholas atrás dela. Beth se dirigiu para uma porta perto do final do corredor. Quando a abriu, os sons de pratos metálicos, água e vozes gritando passou sobre eles. Jo se mordeu os lábios e olhou nervosamente ao redor, esperando que alguém visse Charlie, mas nada aconteceu, nem sequer um olhar. Desconcertada, olhou de novo a Nicholas para ver que seus olhos se moviam rapidamente ao redor da sala, parando brevemente em um trabalhador atrás de outro antes de passar ao seguinte enquanto caminhavam. Não tinha idéia do que estava fazendo, mas sabia que estava fazendo algo para assegurar-se de que não percebessem nada e os detivessem ou interferissem.

A cozinha era luminosa, quente e úmida, e Jo se sentiu aliviada quando Beth empurrou uma porta, levando-os a um lugar fresco, a área era mais escura e a reconheceu como sendo o estacionamento.

-Já chegamos-disse Beth. -Estão estacionados aqui ou tomarão o metrô?

-Nicholas estacionou por aqui-disse Jo, aceitando a pizza que Beth lhe estendia, abraçou-a rápido quando sussurrou: -Obrigada, Beth.

- De nada-disse Beth, lhe devolvendo o abraço. -Lamento se sua noite ficou arruinada. Me prometa que chamará a polícia e conseguirá uma ordem de afastamento ou algo parecido contra seu perseguidor. Foi além do horripilante.

-Farei isso-assegurou Jo dando um passo atrás. Olhou para o lado com surpresa quando Nicholas tomou a mão de Beth.

-Obrigado-disse solenemente, concentrando-se brevemente em seu rosto. Em seguida, a soltou e deu um passo atrás e olhou para Jo. Pegou a pizza e lhe disse: -Temos que ir. Levarei Charlie à caminhonete.

Jo assentiu com a cabeça e olhou de novo para Beth ao vê-la olhando-os com os olhos abertos.

-Ele é muito quente.

Ela sorriu com ironia. -Sim, é.

-Desfrute do resto da noite-disse Beth com um sorriso e se voltou para a porta.

-Tenho que voltar para trabalho.

-Muito bem, obrigada Beth. Nos Vemos na aula-acrescentou Jo quando se voltou para ir atrás de Nicholas. Alcançou-o rapidamente e lhe perguntou com um suspiro.

-O que você fez?

-Só eliminei a presença de Charlie de sua memória para que não fique com problemas-disse em voz baixa.

-E os trabalhadores na cozinha? -perguntou ela.

-Só lhes dava uma sugestão psíquica para que não percebessem nossa presença-murmurou. -Beth não terá problemas e nós sairemos sem ser vistos. Está tudo bem.

Jo piscou ante as palavras. Simplesmente soava estranho ouvir nos dias de hoje um comentário como “Está tudo bem”. Deu-se conta de que normalmente soava um pouco formal e até um pouco antiquado.

Sua idade, supôs, e então olhou a seu redor bruscamente quando de repente a pegou pelo braço e a parou.

-O que foi?- perguntou-lhe com preocupação. Não estavam longe da caminhonete.

No máximo a quatro veículos de distância, mas tinham que passar a entrada da garagem dos clientes para chegar até ela, percebeu Jo, e reconheceu imediatamente o problema. A entrada de clientes tinha um jogo de portas de vidro a cada lado dela, e podia ver o Bricker. Estava de costas para eles nesse momento enquanto olhava o hotel, mas se virasse um pouco para a direita…

-O que vamos fazer?- Perguntou Jo com preocupação.

Nicholas não respondeu em um primeiro momento, seus olhos se deslizaram ao redor do estacionamento, e então, de repente, a fez passar entre os dois veículos junto a eles. Quando ele agachou, ela fez o mesmo e o olhou interrogante, acariciando Charlie automaticamente quando deslizou seu corpo peludo entre ela e o carro a sua direita.

-Espere aqui-ordenou Nicholas. -Vou pegar a caminhonete e venho te buscar.

-Como vai…?- começou Jo, mas ele já tinha ido. Ocorreu tão rápido que deixou de piscar pelo assombro, e Jo se levantou um pouco para olhar ao redor. Ela o viu desaparecer ao redor de sua caminhonete e sacudiu a cabeça ante sua velocidade quando olhou para a porta onde estava Bricker. Nunca poderia ter se movido com tanta rapidez, mas ao que parece ele tinha conseguido sem ser percebido.

Um profundo grunhido da garganta de Charlie fez que Jo agachasse novamente com preocupação ao lado de seu companheiro.

-O que foi, garoto?- Perguntou Jo quando viu que tinha deixado seu lado para passar à parte dianteira do veículo a sua esquerda e estava grunhindo na direção da que tinham vindo. Ela escutou a caminhonete em marcha e se aproximou de Charlie ainda agachada. Detendo-se junto a ele, ainda entre os carros, Jo apoiou a cabeça um pouco, mas tudo o que podia ver era o interior da garagem escura e as fileiras de veículos.

Jo passou a mão pelas costas rígida de Charlie, com o cenho franzido quando se deu conta do grunhido estranho de novo. Era o mesmo que havia feito quando o homem com bafo de onça tinha estado fora da porta de seu apartamento, e Jo engoliu em seco ao sentir os cabelos da nuca se arrepiarem. Isto não era bom.

Para seu alívio a caminhonete apareceu diante deles, parada bem atrás do veículo a sua esquerda. Jo imediatamente se levantou e correu para frente. Começou com a intenção dar a volta na caminhonete até a porta do passageiro, mas uma detalhe atraiu a atenção sobre o fato de que Bricker os tinha descoberto e estava indo através da porta do hotel. Sabendo como rápido podiam se mover os imortais, Jo parou abruptamente na parte traseira da caminhonete, abriu a porta, e se virou para ver Charlie que seguia de pé na parte dianteira do carro em que se estiveram ocultando.

A pele de suas costas se arrepiou e suas orelhas se levantaram quando grunhiu de verdade.

-Charlie venha-gritou-lhe, olhando nervosamente para Bricker. Ele se movia mais rápido do que tinha pensado que era humanamente possível.

-Entre-rugiu Nicholas, e Jo se lançou à parte traseira da caminhonete, segurando a porta aberta quando Nicholas imediatamente acelerou em disparada.

-Charlie venha! -Gritou Jo, mantendo a porta aberta para que ele pudesse entrar quando a caminhonete avançou. O pastor alemão seguia de pé, grunhindo, mas se voltou por sua chamada e se lançou para a caminhonete. Charlie correu atrás do veículo e quando estava a ponto de entrar Bricker o agarrou no meio do salto.

-Saia daí, Jo!- Gritou Bricker, agarrando seu cão. -Saia daí!

Jo o olhou em silêncio, vendo Charlie que lutava por sair de seus braços.

Bricker, não machucaria o pastor alemão, mas não ia deixá-lo livre. Chiando os dentes, fechou a porta quando Bricker, gritou: -Maldição, Jo, ele é um renegado. Saia daí!


A porta se fechou e Jo inclinou a cabeça brevemente, com os olhos fechados. Sabia que Charlie estaria a salvo com Bricker. Era provável que o levasse de volta para casa e Sam cuidaria dele, mas sentia como se tivesse abandonado a um menino pequeno. Também questionou sua decisão de permanecer com Nicholas. Tinha estado seguindo seus instintos, mas as palavras de Bricker ressonaram em seus ouvidos fazendo-a perguntar se não deveria ter obedecido a ele. Jo, é um renegado.

Saia daí! A preocupação e o mal-estar na cara de Bricker quando tinha gritado, tinham dado às palavras mais peso do que gostava e de repente tinha dúvidas que anteriormente não tinha.

-Se agarre em algo, Jo-ordenou Nicholas, olhou brevemente a seu redor e então simplesmente se jogou no chão quando a caminhonete de repente virou na esquina.

Jo deslizou juntamente com as caixas na parte traseira da caminhonete, golpeando contra um pneu.

Tentou segurar e aguentar, mas era liso, sem nada em que agarrar, e no momento seguinte estava rodando e deslizando para baixo para golpear a porta de trás enquanto o veículo se endireitava na rua.

-Você está bem?- chamou-a Nicholas com preocupação.

Jo fez uma careta, levantou a vista para vê-lo olhando atrás, preocupado.

-Olhe para estrada-murmurou, e se arrastou sobre suas mãos e joelhos para ir à parte dianteira da caminhonete. Dúvidas ou não, estava ali agora. Além disso, e apesar de tudo, por alguma razão confiava no homem.

-Charlie vai estar bem. Cuidarão dele-disse Nicholas em voz baixa, quando acomodou a caixa de pizza no assento do passageiro.

-Eu sei-disse Jo com voz cansada, colocando o cinto de segurança. Fechou os olhos um instante e se afundou em seu assento. -Bricker, disse que é um renegado.

-Sim.

Abriu os olhos e o olhou, mas seu rosto era tão inexpressivo como sua voz tinha sido. -O que significa isso exatamente?

Nicholas hesitou e então suspirou. -Talvez deva te levar para a casa dos executores.

Estará com o Charlie e lhe podem explicar isso tudo.

-Seriamente acredita que vão me dizer alguma coisa? Pelo que sei, o mais provável é que limpem minha memória, não é?

Nicholas ficou em silêncio durante um minuto e logo suspirou e disse: -Talvez isso seja o melhor.

-O que?-perguntou com assombro, e depois cada vez mais zangada lhe perguntou: -É

esta a versão imortal de obrigado por tudo mas estou te deixando? Mostra-me o melhor sexo que alguma vez existiu e depois me paga me levando para seus amigos de modo que possam apagar tudo de minha memória?

-Eles não são meus amigos… nunca mais-acrescentou cansado. -Nunca deveria ter…

- Nicholas cortou e disse: -Não tenho nada para te oferecer, a não ser uma vida de fuga, Jo. Não posso nem sequer alugar um quarto de motel barato esta noite. Gastei o último dinheiro quer tinha na mão para pagra o hotel e o frango. Não tenho nenhum lugar para te levar e eu não posso…

-Tenho um lugar que podemos ir-interrompeu-lhe Jo em voz baixa. -A casa de Sam.

Quando a olhou, encolheu-se de ombros e disse: -É seu velho apartamento. Sam foi viver com Mortimer, mas não podia rescindir seu contrato de aluguel. Está completamente mobiliado e continuo dizendo a Sam que deve sublocá-lo, mas ela não o fez ainda… vai muito bem. Tenho uma chave. É grátis e temos a pizza-assinalou Jo. -Podemos ficar esta noite e conversar. Você pode me explicar o que é um renegado e porque é um deles e então vou decidir se te permito que me deixe na casa dos executores ou não.

Nicholas ficou em silêncio durante um momento, tendo em conta a sugestão, e então perguntou, -Qual é o endereço?

Capítulo 12


-Pensei que havia dito que tinha a chave-exclamou Nicholas contrariado, enquanto seu olhar se deslizava cuidadosamente pelas portas fechadas em frente ao apartamento de Sam.

-Tenho-Jo nem sequer levantou o olhar da fechadura frente à que se ajoelhou. -Estão em casa. A única coisa que tinha no bolso quando saímos tão rápido era minha carteira. Mas não se preocupe, tenho tudo sob controle.

Nicholas sacudiu a cabeça e continuou olhando as outras portas, pensando que deveria tê-la deixado no hotel para que Bricker a recolhesse, ou ele mesmo deveria tê-la levado diretamente à casa dos executores. -É uma boa coisa que houvesse ferramentas na caminhonete, e falando nisso, para que as usa?- perguntou-lhe enquanto operava na fechadura.

-Coisas-murmurou, e ela parou para olhá-lo com uma sobrancelha levantada.

Nicholas se encolheu de ombros. Poderia ter dito que não as tinha utilizado para nada. Todas eram novas, compradas pela manhã para substituir as ferramentas que tinha perdido com sua velha caminhonete, mas para que incomodar-se em esclarecê-

lo?

-Coisas, é?- perguntou Jo em tom áspero, e logo voltou para o que estava fazendo.

-Devem ser coisas muito técnicas para que tenha que utilizar estes chaves de fenda pequenas e… consegui.- interrompeu-se feliz quando soou um clique.

Tirou da fechadura a ferramenta emprestada, endireitou-se e abriu a porta.

Nicholas a seguiu para dentro com alívio, olhando a seu redor enquanto ela encontrava um interruptor na parede e um estalo sobre suas cabeças trouxe a luz à vida. Seus olhos aumentaram quando viu que o apartamento estava ainda plenamente mobiliado. Sam ainda não tinha tirado nada; até mesmo os adornos e as fotografias ainda decoravam o lugar. A decoração era moderna, as cores neutras e tranquilas.

-A pizza provavelmente estará fria agora-disse Jo, indo a uma sala que dava para outro cômodo. -Sam tem um microondas, entretanto.

Nicholas grunhiu e a seguiu no que resultou ser uma cozinha. Seu olhar se deslizou por sobre os armários brancos e limpos, e os eletrodomésticos de aço inoxidável, então seguiu Jo enquanto ela atravessava o recinto.

-Olhe, até temos vinho-disse alegremente, e ele seguiu seu gesto até uma prateleira de vinhos no balcão onde havia meia dúzia de garrafas, e Jo acrescentou: -A pizza vai melhor com o vinho tinto, mas os mendigos não podem ser seletivos, não é?

Nicholas olhou de novo para Jo enquanto ela abria uma porta do armário e tirava um par de pratos. Parecia ansiosa, seu bom ânimo parecia ser forçado. Ele cruzou a sala, pôs a pizza no balcão, e então deslizou seus braços ao redor dela por trás. Jo ficou rígida imediatamente, deu um beijo em sua bochecha e começou a retirar suas mãos, dizendo com tristeza: -Agora tem medo de mim?

-Não-Jo deixou os pratos que tinha começado a tirar e agarrou as mãos dele para que permanecessem onde estavam. Então hesitou, mas finalmente suspirou e lhe assegurou solenemente: -Não tenho medo de você, Nicholas. Tenho mais medo do que tem a me dizer.

Ficou quieto por um momento enquanto era atravessado pelo remorso. Tinha todo o direito de temer o que tinha para lhe dizer. Uma vez que Jo soubesse o que tinha feito, não só o temeria, já não haveria dúvida de que o detestaria só de vê-lo. A sensação era dolorosa só de pensar e Nicholas intensificou seu abraço brevemente, deleitando-se nela, enquanto ainda podia.

Estava a ponto de fazê-la girar em seus braços e beijá-la, quando um aroma que chegou até seu nariz lhe fez franzir o cenho e cheirar com delicadeza.

-O que é?- perguntou Jo, e inclinou a cabeça para trás para olhá-lo.

Nicholas levantou a cabeça, fazendo uma pausa quando observou o brilho em seu cabelo.

Retirou um braço de sua cintura, passou-lhe a mão sobre a trança firmemente apertada e seus dedos ficaram gordurentos. Levantou a mão, farejou o líquido oleoso, e logo olhou atentamente seu rosto, levantou as sobrancelhas quando viu que também tinha algo na bochecha.

-O que é?- perguntou Jo de novo com o cenho franzido ao ver o líquido que ele tinha retirado de seu cabelo.

-É óleo de motor-disse Nicholas com ironia. -Deve ter se sujado com isso quando estava rodando na parte traseira da caminhonete. É velha, assim comprei uma garrafa de óleo no caso de…- Suas palavras se extinguiram quando Jo se separou dele e levantou suas mãos para tocar seu cabelo. O olhar dele se deixou cair sobre o resto dela, e fez uma careta. Tinha óleo por todos lados. A garrafa devia ter-se aberto.

A parte traseira da caminhonete provavelmente também estava agora coberta de óleo e parecia que ela tinha rodado por cima.

-Eca-murmurou Jo quando olhou para baixo e viu o que ele tinha visto.

Com um suspiro, deixou cair as mãos de seu cabelo e passou junto a ele. -Vou tomar uma ducha e procurar algo menos ao estilo mecânico de carros para vestir. Vou ser rápida. Esquenta a pizza e abra o vinho, volto logo.

Nicholas se voltou para vê-la afastando-se e se disse melhor que se acostume com isso. Ele suspeitava que logo ela iria e não voltaria. Quando Jo desapareceu de vista, Nicholas se voltou para agarrar dois pratos e um par de taças de vinho. Pôs no balcão e então se dirigiu à prateleira dos vinhos para escolher um quando ouviu que se fechava uma porta em algum lugar no interior da moradia. Foi seguido pelo som surdo da água caindo, isso soava ao longe e Nicholas se perguntou onde era o banheiro, e então franziu o cenho ao perceber que não tinha visto nada do apartamento além da cozinha.

Nicholas decidiu que era melhor revisar o resto do lugar e todas as saídas em caso de problemas, e se separou da prateleira dos vinhos para fazer uma exploração rápida.

Saiu para a sala e depois caminhou pela sala de estar, observando os móveis cromados de couro negro e o estado dos aparelhos eletrônicos antes de continuar por um corredor que tinha três portas. Uma porta estava fechada, o som da corrente de água provinha dali.

Obviamente é o banheiro, pensou Nicholas distraídamente e se obrigou a afastar a repentina imagem em sua mente de Jo despojando-se de sua roupa e dançando entre o vapor. Não foi uma tarefa fácil, sobre tudo porque estava desfrutando da visão. É

claro, teria preferido que fosse real, mas isso definitivamente estava fora de questão.

Jo tomaria a ducha, ele deixaria que comesse e logo lhe diria o que tinha feito para se tornar um renegado e a levaria rapidamente à casa dos executores quando o pedisse.

Nicholas não tinha nenhuma dúvida de que o faria.

Desprezando esse pensamento tão firmemente como o tinha feito com a imagem de Jo na ducha, Nicholas olhou a primeira porta que estava aberta, e depois ligou o interruptor da luz. O lugar tinha sido preparado como um escritório, com uma mesa, uma cadeira de couro cara e muitas prateleiras com livros, a maioria deles de assuntos jurídicos. Apagou a luz e foi até o quarto ao lado. A luz já estava acesa e as portas do armário abertas, revelando os primeiros sinais de que Sam verdadeiramente se mudou. O armário só tinha uns poucos objetos de vestir, que supôs que ela tinha descartado as deixando para trás quando tinha levado o resto de sua roupa. Esperava que Jo pudesse encontrar algo entre elas para substituir sua roupa manchada de óleo de motor.

Seu olhar se deslizou à cama junto ao armário, tinha um voluptuoso edredom de cetim vermelho e vários almofadões. Por um momento Nicholas imaginou Jo deitada na cama, seu corpo nu e pálido contra todo esse vermelho profundo e intenso, e então se obrigou a olhar para outro lado e saiu do quarto para voltar para a cozinha.

Nicholas estava junto à prateleira dos vinhos quando o som da ducha cessou. Olhou para a porta, mas logo obrigou seus olhos a retornar aos vinhos para considerar a seleção, suas sobrancelhas se elevaram quando viu umas garrafas que tinham pinguins azuis.

Por alguma razão isso lhe fez sorrir. Seu olhar se deslizou sobre as outras garrafas, mas logo retornou às dos pinguins, e pegou uma delas. Tinham passado cinquenta anos desde que tinha bebido vinho e não tinha nem idéia do que se considerava bom, mas três de cada seis garrafas tinham pinguins e isso sugeria que era o favorito da casa.

Pegando a garrafa, foi de novo até o balcão, encontrou um saca-rolhas e rapidamente a abriu, colocou-a a um lado para que respirasse, e enquanto isso abriu a caixa de pizza.

Nicholas pôs duas fatias em um prato para o forno de microondas, ou o que fosse, e estava servindo o vinho nas taças quando Jo retornou à cozinha. Deixando a garrafa, deu uma olhada por cima do ombro e depois se virou e simplesmente olhou para Jo enquanto ela cruzava a cozinha em sua direção. Seus pés estavam descalços, seu cabelo úmido e seu rosto sem nenhuma maquiagem.

Teria parecido que tinha uns doze anos se não fosse por essa elegante bata de seda vermelha que se aferrava nos lugares onde ela ainda estava úmida quando a pôs, assinalando que sua figura era a de uma mulher.

-É a única coisa que Sam deixou que me serviu-disse Jo em forma irônica quando se aproximou do balcão. -É tão magra como um trilho. Então joguei a roupa na máquina de lavar e terei que me arrumar com isso até que esteja seca.

-É bonito-disse Nicholas, franzindo o cenho quando notou como sua voz enrouquecia. Esclareceu a garganta, pegou uma das taças de vinho e a ofereceu.

-Mmm, Little Penguin- disse, olhando a garrafa sobre o balcão, quando aceitou o copo. -É meu favorito entre os vinhos que não são ridiculamente caros. Também o de Sam.

-Então isso explica as três garrafas-disse Nicholas divertido.

Jo sorriu e tomou um gole enquanto se movia ao redor dele para ir ao microondas.

Abriu a porta, pegou o prato de pizza, e o colocou em seu interior.

Nicholas viu que ela começava a apertar botões, mas sabia que nunca seria capaz de reproduzir a ação por si mesmo. Ao que parece, se ia comer de novo, tinha que aprender algumas coisas. Embora fosse possível que seu desejo de comer desaparecesse uma vez que Jo estivesse fora de sua vida; assim como aconteceu quando Annie, sua primeira companheira de vida, tinha morrido.

Nicholas tragou esse pensamento doloroso, deu a volta e pegou a outra taça de vinho para tomar um gole. A perda de Annie tinha sido dura, mas sabia que perder Jo seria mais difícil. Ela não estaria morta, simplesmente estaria além de seu alcance. Sempre seria o moço pobre e faminto olhando a deliciosa torta na janela da loja, poderia ver a torta que estava mais à frente, mas nunca poderia tocá-la ou saboreá-la.

-Alguns minutos mais e poderemos comer-anunciou Jo, voltando-se para ele quando o microondas começou a funcionar. Quer comer na mesa ou na sala?

Nicholas a olhou em silêncio, enquanto bebia de sua taça. Quando ela baixou a taça, tinha os lábios úmidos e uma gota de líquido vermelho se manteve em seu lábio inferior, só era uma gota de vinho, tremendo ali, mas lhe fascinava.

Nicholas não parecia poder apartar os olhos, e então ela começou a rodar sua língua para apanhá-la e ele grunhiu: -Na mesa.

-Está bem-murmurou Jo. -Bom…

O que ela tinha estado a ponto de dizer morreu e seus olhos se abriram com surpresa quando de repente ele pegou sua taça de vinho e se virou para colocá-la sobre o balcão junto com a sua. Nicholas se virou de novo, agarrou-a e a levou até a mesa.

Os olhos dela estavam muito abertos e interrogantes quando a sentou ali.

-O que estamos fazendo?- perguntou Jo de forma vacilante, mas sabia que tinha uma boa idéia do que estava fazendo. Ele podia cheirar a excitação que emanava dela e podia ver que seus mamilos começavam a inchar-se e a endurecer-se contra a seda de sua bata.

Nicholas aproximou uma mão devagar e acariciou ligeiramente seu mamilo com um dedo através da seda e grunhiu: -Tenho fome.

-OH-suspirou ela.

Nicholas sorriu e levantou o dedo para deslizá-lo por cima dos lábios, sentindo o suaves que eram. A seguir lhe percorreu a garganta, e finalmente, seguiu até o pescoço da bata. Jo estremeceu quando o dedo deslizou pelo pescoço até o topo da curva de seu peito, e depois, de repente, mudou de direção para passar a um lado empurrando o tecido antes de deixar seu peito exposto.

A respiração de Jo se tornou baixa e rápida, mas se deteve por completo quando ele fez uma pausa para percorrer brandamente com o dedo ao redor do mamilo que tinha exposto. Sabia que ela estava excitada, sua resposta também o golpeava, e sentiu que se disparava para cima enquanto o dedo continuava fazendo círculos ao redor da auréola de cor rosa pálido, acariciando ligeiramente o bordo do mamilo escuro à medida que avançava.

-Nicholas-ela suspirava e gemia ao mesmo tempo.

Sorrindo, inclinou a cabeça para raspar com sua língua a ponta ereta. O calafrio que causou nela rodou por suas próprias costas de igual modo e lhe fez fechar os lábios sobre o mamilo e o sugou brandamente, e logo com mais urgência, quando a excitação mútua cresceu e explodiu entre eles. Esta era outra amostra prazeirosa do que compartilhavam os companheiros de vida, os sentimentos dela nele e viceversa.

A primeira vez que a tinha tomado no hotel, Nicholas não tinha tido a oportunidade de desfrutar disto. Quase no limite do clímax enquanto estavam em um sonho compartilhado, a primeira vez tinha estado empanada pela necessidade e a urgência que os perseguia, mas desta vez decidiu que tinha a intenção de desfrutar deste aspecto de sua relação e se afastou abruptamente de seu peito e se endireitou.

Jo piscou com os olhos muito abertos e ficou sem fôlego quando de repente puxou sua bata, abrindo-a completamente e revelando todo seu corpo para ele.

Nicholas encontrou seu olhar e a observou enquanto abraçava seus joelhos e os separava para poder ficar entre suas pernas. Então colocou as mãos em suas costas, levantou-a e a obrigou a arquear-se para cima para poder inclinar um pouco a cabeça e lambeu primeiro um mamilo e depois girou a cabeça para fazer o mesmo com o outro. Jo se segurou aos ombros, sua cabeça caiu para trás quando lançou um gemido enquanto ele lambia, mordiscava e chupava, enviando uma onda de desejo atrás de outra e a excitação os atravessava.

-Nicholas, por favor-gemeu ela, envolvendo suas pernas a seu redor enquanto o empurrava contra ela, mas sabia que esta poderia ser sua última oportunidade para estar com ela e queria que durasse. Ele queria que fosse algo que pudesse recordar em todas essas longas noites de solidão que tinha por diante.

Nicholas se inclinou, agarrou as mãos dela entre as suas e as afastou de seus ombros enquanto a deitava de costas na mesa empurrando-a com seu próprio corpo.

Manteve-a segura ali em baixo e depois soltou o mamilo de sua boca e levou sua boca para baixo, sobre seu estômago, fazendo uma pausa para colocar a língua em seu umbigo. Cheirava a laranjas. Obviamente isso se devia ao sabão que tinha utilizado na ducha, mas Nicholas não pôde resistir a lamber e mordiscar sua pele sensível, o que a fez saltar e tremer quando continuou movendo-se e percorrendo-a com a boca com o passar do osso do quadril.

Agora Jo estava ofegando e gemendo, seu corpo tremia e suas unhas se cravavam dolorosamente nas mãos dele que seguiam agarrando as suas. Mas Nicholas não sentiu a pressão das unhas, seu próprio corpo estava alagado com a mesma onda de excitação que ela estava experimentando… mas não era suficiente. Enganchou com o pé a cadeira mais próxima, pôs atrás dele e se sentou sobre ela. Nicholas lhe soltou as mãos, abriu-lhe as pernas e a puxou para frente para fazer uma comida dela.

Jo gritou, seus quadris se sacudiam sobre a mesa quando Nicholas afundou o rosto entre suas pernas como se ela fosse uma fatia de melão.

Ela sentiu o roce da língua em seu núcleo sensível, e logo fechou os olhos e ficou sem fôlego enquanto continuava lambendo-a até enlouquecê-la. Seu corpo repentinamente ficou tenso como uma corda de arco, com os músculos em tensão ante a satisfação prometida, e seu cérebro foi golpeado com uma onda que logo ricocheteou em outras ondas de prazer que pareciam ampliar-se com cada ataque e depois se converteram em quase insuportáveis.

Ela também devia encontrar satisfação ou ia explodir em um milhão de pedaços, pensava Jo aturdida, agarrando-se nas bordas da mesa e apertando até que lhe doeu.

Justo quando pensava que seria a segunda opção e que sua mente se faria em pedacinhos sob a pressão, Nicholas repentinamente se levantou de entre suas pernas.

Ela piscou abrindo seus olhos ao ver que embora ainda estava completamente vestido, as calças estavam abertas. Fechou os olhos gemendo de novo quando a agarrou pelos quadris, levou-a para frente, e finalmente se introduziu nela.

Então Nicholas se congelou, e Jo se obrigou a abrir os olhos e viu que os dele estavam fechados. Sua cara era um retrato do que parecia ser o prazer e a dor. Jo esperou um segundo e logo cruzou as pernas ao redor dele e se sentou na mesa para tocar sua bochecha.

Quando abriu os olhos piscando surpreso, Jo sussurrou, -Tenho fome também-e então lhe deu um beijo, pressionando seus quadris contra ele, demandando por mais.

Um suspiro se deslizou da boca dele a dela e depois Nicholas começou a beijá-la, envolveu-a entre seus braços e seus quadris começaram a mover-se, retiravam-se e depois se cravavam de novo e de novo até que o mundo se cambaleou a seu redor e caíram na doce escuridão que lhes esperava.

Jo despertou para encontrar-se aberta sobre a mesa como uma espécie de sacrifício humano. Seu corpo estava satisfeito mas um pouco frio, suas pernas penduravam no ar fora da mesa, e Nicholas não estava à vista. Franzindo o cenho, sentou-se e à medida que o fazia colocou a bata ao redor de seu corpo, começou a deslizar-se fora da mesa, e quase pisou em Nicholas. Deteve-se abruptamente e, cambaleando, foi até a borda da mesa e ficou assombrada ao ver o homem que estava caído no piso a seus pés.

-Nicholas? - exclamou alarmada e conseguiu baixar à laje fria do chão sem pisá-lo.

Jo se ajoelhou a seu lado e procurou sua cara. No momento em que a palma de sua mão lhe tocou a bochecha, Nicholas virou com os olhos abertos.

-OH, olá -murmurou sonolento enquanto pegava seu rosto e o aproximava para baixo como se fosse beijá-la, mas Jo resistiu.

Pressionando contra seu peito, ela examinou seus olhos e sua cor, tentando averiguar o que era o que tinha acontecido para pô-lo no chão.

-O que aconteceu? Está bem?

Nicholas riu de sua preocupação e se sentou. Deu-lhe um beijo rápido nos lábios antes de ficar de pé e depois puxá-la para levantá-la.

-Talvez não devesse se levantar-disse Jo nervosamente à medida que se endireitava.

-Parece que perdeu a consciência ou algo assim e…

-Estou bem-interrompeu ele em tom conciliador. -Só desmaiei.

-Desmaiou?- perguntou consternada sustentando suas mãos. Baixou a pressão sanguínea ou algo do tipo? Precisa se alimentar? Podemos…

-Jo, está tudo bem. É perfeitamente normal. Estou bem-repetiu Nicholas.

-Normal? -repetiu ela com incredulidade. -Não é normal estar a ponto de desmaiar, Nicholas. Não é…

-Isso acontece quando os companheiros de vida fazem amor-disse ele pacientemente e Jo ficou imóvel.

Ela o olhou sem compreender por um minuto, logo olhou a mesa onde tinha despertado e se deu conta de que desmaiou depois de…

-OH-disse ela com voz compreensiva, mas o olhou de novo com incerteza. -Por que?

Nicholas hesitou, e logo disse: -Explicarei isso enquanto comemos.

Jo abriu a boca para insistir que explicasse agora, mas o ruído de seu estômago lhe fez mudar de idéia. Assentiu com a cabeça, foi até o forno de microondas e verificou a pizza que estava dentro. Já tinha passado muito tempo desde que se esquentou e se esfriou de novo. Estalou sua língua, voltou a programar o forno para um minuto e depois recolheu as taças de vinho e olhou a mesa. O só olhar essa maldita coisa lhe trouxe lembranças do que tinham feito ali e sentiu que seu corpo respondia a essas lembranças.

-Talvez devêssemos comer na sala-murmurou ela.

-Como quiser-murmurou Nicholas, seus olhos estavam prateados e brilhantes enquanto pegava as taças de vinho por ela.

Jo se ruborizou ante o brilho travesso de seus olhos, seu corpo sentiu um comichão ao recordar o prazer, e quando se inclinou para posar um beijo em seus lábios, ela os abriu e começou a levantar os braços para deslizá-los ao redor de seu pescoço.

-Primeiro a comida-grunhiu ele, apartando-se rapidamente de seu alcance. -Primeiro a comida e depois falamos.

Jo o viu sair da cozinha e um suspiro débil escapou de seus lábios.

Nesse momento não lhe importava se alguma vez voltasse a comer. Só queria sentir o corpo de Nicholas contra o seu de novo. Queria…

O microondas soou anunciando que tinha terminado, e Jo sacudiu sua cabeça e se virou pensando que Nicholas era como uma droga. Parecia que não tinha suficiente dele. Com um suspiro, tirou as porções de pizza do forno de microondas, colocou-as em dois pratos, e os levou à sala de estar.

Nicholas tinha posto as taças de vinho na mesa de centro e se sentou no sofá que tinha ante si. Jo se sentou junto a ele, e a seguir lhe entregou um dos pratos e se sentaram para comer. Embora ela estivesse estado feliz em evitar a comida fazia uns momentos na cozinha, agora que o aroma da pizza estava flutuando em seu nariz estava mais desejosa de alimentar-se… primeiro. Tinha passado bastante tempo desde que tinha tomado o café da manhã com Bricker e Anders, e estava realmente faminta.

Pode ser que Jo tivesse fome, mas Nicholas estava absolutamente voraz. Ele quase parecia que aspirava a porção de pizza e tinha terminado de comê-la antes que ela terminasse sequer a metade da sua. Com um pouco de orientação, ele colocou para esquentar as seguintes duas porções e as levou a sala, justo quando ela terminou sua primeira porção.

Jo comeu três pedaços antes de parar. Nicholas estava no sexto pedaço quando ela pôs seu prato na mesa e se voltou para ele com espectativa.

-E? Me explique por que desmaiar é normal?- perguntou-lhe logo que ele mastigou e engoliu seu último pedaço.

Nicholas olhou seu prato que agora estava vazio e olhou para a cozinha como se estivesse considerando pegar outro pedaço, mas a seguir, deixou o prato na mesa e explicou: -O prazer combinado é muito para que a mente assimile em um primeiro momento, e em resposta o cérebro sofre uma espécie de sobrecarga e se desliga quando o orgasmo o pressiona. É perfeitamente normal durante o primeiro ano em que se unem os companheiros de vida.

-O que é isso de prazer combinado? - Perguntou-lhe ela a sua vez.

-Eu sinto seu prazer e você sente o meu-disse simplesmente.

-Assim quando estava…- Jo fez uma pausa e se mordeu o lábio, tentando pensar uma maneira de descrever o que tinha estado fazendo sem ter que usar um termo forte que degradasse a beleza disso.

-Cada vez que te beijo, acaricio, ou te toco, experimento seu prazer como se fosse o meu-disse Nicholas muito sério, resolvendo o problema por ela.

-Experimentou prazer e se mesclou com o meu, e depois voltou para você, mesclando-se com o seu de novo e ricocheteando ainda mais forte, e assim sucessivamente até que nenhum dos dois pôde suportar mais.

O que explicava o enorme prazer que ela tinha experimentado, supôs Jo, e então perguntou: -Então este prazer combinado só ocorre entre companheiros de vida?

Nicholas assentiu solenemente, e logo perguntou: -Por que sorri?

-Porque tem mais de quinhentos anos, e provavelmente uma cama carregada de mulheres e me alegro até as gônadas de que não experimentou isto com elas.

-Alegra-te até as gônadas?- perguntou Nicholas, fazendo uma careta pela expressão.

Sacudindo a cabeça, sorriu a contra gosto, mas logo admitiu em voz baixa: -Experimentei-o uma vez antes, Jo.

-Sua esposa-recordou Jo.

Ele assentiu sério.

Jo observou sua expressão quase culpado e se encolheu de ombros brandamente.

-Suponho que posso viver com isso. Ainda sou a única viva com a que pode desfrutar, pelo que… - Ela subiu em seu colo e deslizou seus braços ao redor de seu pescoço ao comentar: -Imagino que isso faz menos provável a infidelidade.

-Somos um povo monógamo por uma razão-murmurou Nicholas, unindo seus próprios braços aos dela. -Uma vez que encontra uma companheira de vida, nenhuma outra mulher pode se comparar. É como tentar eliminar a dor com aspirina depois de anos de morfina.

-Isso parece uma descrição acertada-assegurou-lhe Jo em voz baixa. -Porque me parece que você é como uma droga da qual não posso ter o suficiente. Já te quero de novo.

Ela levantou seus olhos para encontrar que o azul dos olhos dele se desvanecia, e de novo era substituído por prata.

-Então-sussurrou Jo movendo-se para frente de modo que seus lábios quase se tocavam. –Se te beijar, acariciar e montar, experimentarei seu prazer, não é?

Nicholas assentiu com a cabeça muito levemente.

-Isso é um intercâmbio bastante interessante-murmurou, alcançando a frente de suas calças. Estava duro e crescia mais ante seu tato, e se estremeceu ante as sensações que se disparavam através dela.

Maldição, pensou Jo, ele tinha razão. Tinha estado tão consumida pela corrente de paixão que a tinha afligido antes, quando ele tinha atuado, que Jo não tinha entendido o que estava acontecendo, mas agora…

Apertou-o brandamente e fechou os olhos quando outra quebra de onda de prazer se deslizou através dela. A seguir se deslizou de seu colo e se sentou no chão entre suas pernas e começou a desabotoar o botão de suas calças.

-Jo, espere, temos que falar-disse Nicholas tentando detê-la.

-Mais tarde-disse em voz baixa. -É minha vez agora.

Nicholas se encontrou com seu olhar por um breve momento enquanto um conflito se desenvolvia em seu rosto, e então se levantou, puxando sua mão para ajudá-la a se levantar.

-O que…?- começou a perguntar Jo com incerteza.

-O quarto-grunhiu Nicholas puxando ela enquanto caminhavam ao redor da mesa e foram para o quarto. -Parece que desta vez despertar em uma cama é melhor que caído no sofá ou no tapete da sala.

Jo sorriu e brincou, -Onde está seu sentido de aventura?

Nicholas parou bruscamente e se voltou para pegá-la em seus braços. Sua boca estava lhe exigindo mais, suas mãos se deslizavam apartando a bata de seu peito, aproximou-a contra o seu e depois a segurou contra a parede, empurrando-a com seu corpo, e lhe colocou a língua na boca enquanto tirava os sapatos.

Gemendo pelo prazer que corria através dela, Jo agarrou seu traseiro e o apertou brevemente, e depois conseguiu colocar as mãos entre seus corpos para desabotoar o botão e baixar o zíper de suas calças.

Ambos gemiam de prazer quando ela colocou a mão dentro das calças e o encontrou e, em seguida, Nicholas rompeu o beijo deu um passo atrás e tirou sua roupa. Sua camiseta foi devorada para cima e esteve fora em um só passo, e depois tirou suas calças jeans, em seguida a agarrou pela parte superior de suas coxas e a levou contra seus quadris para esfregar sua ereção contra ela mas sem penetrá-la.

Jo se agarrou a seus ombros, beijando-o freneticamente enquanto a esmagava contra a parede e ambos enlouqueciam, logo ela apartou a boca rompendo em um grito quando de repente notou seu impulso ao penetrá-la.

Então Nicholas se deteve. Respirando com dificuldade, descansou brevemente sua testa contra seu pescoço, e depois levantou a cabeça o suficiente para lhe lamber o pescoço, beijá-lo e mordiscá-lo todo o caminho até a orelha.

Jo gemeu quando se apartou e a penetrou de novo, apertando-a com a parede.

-É suficiente aventura para você? -grunhiu, e depois pôs-se a rir quase sem fôlego quando assentiu com a cabeça. -Bom-murmurou Nicholas, e a seguir capturou seus lábios em um tenro beijo antes de empurrar-se quase violentamente dentro dela.

Novamente interrompeu o beijo e acrescentou, -A verdadeira aventura é ver se podemos fazê-lo em uma superfície suave antes que termine.

Jo piscou abrindo os olhos e o olhou. -Como…?

Sua pergunta morreu em um grito de assombro, quando de repente retrocedeu um passo, levando-a consigo, e deu a volta dirigindo-se para o final da sala. Jo apertou instintivamente as pernas a seu redor, mas não precisava preocupar-se por isso, suas mãos a agarravam pelo traseiro e a sustentavam em seu lugar, enquanto começava a ficar em marcha para sair da sala, -Vamos ver quantos passos são necessários para fazer voar nossas mentes-disse Nicholas com os dentes apertados, enquanto caminhava e seus corpos se esfregavam um contra o outro com cada passo.

-OH Deus-ofegava Jo escondendo o rosto em seu pescoço e fechando os olhos, enquanto onda atrás de onda de prazer a percorriam, suspeitou que não chegariam à cama e só esperava que o chão sob o tapete de Sam fosse suave.

Capítulo 13


-Esse é um assunto muito sério.

Nicholas baixou seu olhar para Jo. Ela estava recostada pela metade sobre seu peito, levantou sua cabeça e o olhou em forma interrogante. Finalmente estavam na cama.

No primeiro intento tinham chegado só até a metade da sala antes que a paixão os afligisse.

Ele tinha feito todo o possível para proteger Jo enquanto perdiam a consciência e supôs que tinha funcionado. Ela parecia estar bem quando despertou. Não é que ele teve a oportunidade de perguntar a ela, ela despertou antes que ele e imediatamente decidiu terminar o que tinha tentado iniciar na sala. Nicholas despertou e se encontrou completamente ereto e com a boca dela sobre ele, e ambos a meio caminho de explodir de novo.

Jo também tinha despertado antes dessa vez, mas então já tinham chegado à porta do quarto. Tinha-lhes levado duas tentativas mais para chegar à cama. A última vez, tinham despertado quase ao mesmo tempo e tinham chegado à cama antes que sua mútua necessidade os afligisse. Desta vez, Nicholas foi o primeiro a despertar, o que era uma lástima, porque lhe tinha dado a oportunidade de pensar.

-O que te aflige? - Perguntou-lhe ela, a preocupação escurecia seu rosto.

Nicholas duvidou, mas logo disse: -Nada. Estava pensando.

Jo ficou em silêncio durante um minuto, e logo perguntou: -Nicholas?

-Sim?

-Me fale de sua esposa-disse ela em voz baixa.

Nicholas permaneceu uns segundos imóvel, sua mente de repente estava em branco.

Não tinha nem idéia do que devia dizer.

-Você disse que se casaram e ela também foi uma companheira de vida?- perguntou-lhe Jo.

Nicholas soltou o fôlego que não se deu conta que tinha estado retendo e assentiu.

-Sim.

-Quanto tempo faz que você e ela…?

-Nos conhecemos, casamos e ela morreu em 1959. Foi o melhor e o pior ano de minha vida… até agora-adicionou Nicholas solenemente, e sabia que era absolutamente certo. Tinha tido a sorte de encontrar outra companheira de vida, o que ocorria muito raras vezes, e ia ter que renunciar a ela. Definitivamente o melhor e o pior.

-Você não a converteu?- perguntou Jo franzindo o cenho.

Nicholas sacudiu a cabeça. -Ela nasceu imortal.

-Mas…- A confusão reinou no rosto dela por um momento e logo sacudiu a cabeça.

-Mas então, como morreu? Se era imortal, não deveria haver…

-Imortal não é realmente a palavra correta para nós-disse Nicholas suspirando.

-Podemos morrer, só que é mais difícil nos matar que a um mortal. A enfermidade não o fará, e um disparo só nos incapacitaria até que as balas fossem forçadas a sair, mas a decapitação ou extirpar nosso coração pode nos matar.

-E Annie sofreu uma dessas coisas?- perguntou Jo com o cenho franzido.

-Annie foi decapitada em um acidente de carro-disse Nicholas em voz baixa.

-Ela e o menino que levava, nosso filho, morreram.

-OH-murmurou Jo. -Sinto muito.

Nicholas permaneceu em silêncio, mas se inclinou e lhe beijou a nuca.

-Era nela no que estava pensando quando despertei?- perguntou ela em voz baixa.

-Não-assegurou ele, e logo suspirando admitiu, -Estava me perguntando de que forma nos encontraram no hotel.

Jo fechou os olhos um instante e suspirou. Depois mudou de posição e se moveu para puxar os lençóis e as mantas e colocá-los sobre ambos antes de sentar-se e apoiar-se no travesseiro na parte superior da cama. -Isso foi minha culpa. Ao que parece, foram capazes de rastrear minhas atividades bancárias e descobriram que tinha retirado dinheiro de um caixa automático junto à loja do hotel.

-Você retirou dinheiro de…?- começou a dizer Nicholas horrorizado e se sentou junto a ela, mas esta o interrompeu.

-Sinto muito. Não tinha idéia de que podiam rastrear esse tipo de coisas-disse em tom de desculpa. -Quero dizer, Deus!, quem teria pensado que Mortimer e esses caras poderiam fazer algo assim?

Ele deveria havê-lo feito, pensou Nicholas, mas não o fez. Ela não sabia e não lhe havia dito nada pelo que podia culpá-la pelo engano. A boa notícia era que isso significava que não tinham posto alguma espécie de transmissor nela ou em outra coisa e não iam cair sobre eles aqui.

-Sinto muito, Nicholas. Não vou usar meu cartão de débito de novo. Nunca pensei…

quero dizer, nunca me ocorreu que pudessem fazer algo como isso. Comprovar a atividade bancária é como um truque da polícia ou algo assim.

Nicholas permaneceu em silêncio durante um minuto, mas então decidiu que era chegado o momento de falar a sério com ela. -Jo… Mortimer e esses caras são policiais. São executores, caçadores de renegados, são o equivalente à polícia vampiro. Têm acesso a qualquer tecnologia da polícia, a qualquer tecnologia se o desejarem. Caçam imortais renegados.

Jo permaneceu em silêncio durante um minuto e logo disse: -Bricker disse que você é um renegado.

-Sim-disse ele muito sério.

Ela ficou quieta por um momento, sem olhá-lo enquanto digeria a informação e então perguntou cautelosamente: -O que é um imortal renegado exatamente?

Jo não se moveu, mas Nicholas podia sentir que ela se retirava, pondo certa distância emocional entre eles. Ele podia sentir seu pranto emocional quando começou a formar um muro de amparo a seu redor e isso lhe causou dor em seu coração.

Obrigando-se a respirar profundamente, esperou que a dor passasse e então disse: -Um renegado é um ser imortal que quebra nossas leis.

-Vocês têm leis? - perguntou surpreendida.

Nicholas esboçou um sorriso. -É óbvio. Não existe sociedade sem leis.

-É óbvio-murmurou Jo, então suspirou e lhe perguntou. -Me diga quais são suas leis.


Nicholas hesitou e então disse: -Podemos converter só a um mortal em toda uma vida. Ela assentiu.

- Aos casais só é permitido ter um filho cada cem anos.

-Um filho?- perguntou Jo surpreendida. -Como sabem? Quero dizer, o que fazem se uma de suas mulheres descobre que está grávida antes dos cem anos?

Nicholas se encolheu de ombros. -É fácil de resolver. Na verdade, a gravidez e levá-

la ao fim em geral foram problemas no passado.

-Os nanos? - perguntou ela.

Nicholas assentiu com a cabeça e lhe recordou: -Servem para manter à hospedeira saudável o máximo possível. Eles vêem um bebê como um parasita que utiliza o sangue e os nutrientes da hospedeira. Para que uma de nossas mulheres fique grávida, tem que duplicar a quantidade de sangue para manter aos nanos ocupados e seguir assim até que nasça o bebê. Do contrário os nanos da hospedeira abortarão o feto.

-Entendi-murmurou ela franzindo o cenho. -Isso é o que aconteceu à esposa de Lucian?

-Lucian?- perguntou Nicholas surpreso.

-Ouvi que Mortimer dizia que Lucian e Leigh tinham estado viajando muito desde que perderam seu bebê-explicou-lhe Jo, e então adicionou: -Suponho que ambos devem ser imortais também?

-Sim-disse Nicholas em silêncio. Não tinha percebido que a companheira de vida de seu tio ia ter um menino. O homem deve ter estado na lua por causa disso, e provavelmente deve ter caído da mesma altura quando perdeu o menino.

-Então ela perdeu o bebê por não alimentá-lo suficiente?- perguntou Jo.

Nicholas sacudiu a cabeça com segurança. -Não, tenho certeza de que não é isso o que aconteceu. Lucian teria se assegurado de que se alimentasse o suficiente.

-Então, como pôde ter perdido o bebê?- perguntou Jo confusa. -Os nanos deveriam ter…

-Os nanos reparam enfermidades e lesões, mas não solucionam os problemas genéticos, por isso imagino que era um defeito genético e ela teve um aborto involuntário de forma natural-disse, e então pensou que provavelmente isso explicava a razão pela qual as bodas triplas de Lucian e Leigh, e outros dois casais, atrasou-se uma vez mais. Pode ser que estivesse fugindo e fosse um renegado, mas Nicholas ainda conseguia se manter em dia com os assuntos de sua família. Embora tivesse que evitar outros imortais, havia mortais que trabalhavam para a companhia de seu primo, as Empresas Argeneau, e de vez em quando olhava um ou outro e lia suas mentes, depois limpava suas memórias para que esquecessem sua presença.

Foi desta maneira que Nicholas se inteirou das bodas triplas. Tudo tinha começado como uma só boda, a de sua primo Bastien e sua companheira de vida, Terri. Mas Lucian tinha encontrado Leigh e os dois casais decidiram ter uma dupla cerimônia. E

depois seu tio Victor e Elvi se acrescentaram à lista e iam ser bodas triplas.

Entretanto, a data original tinha sido mudada e as bodas atrasaram quando sua tia Marguerite desapareceu, e então soube que recentemente se atrasou de novo, mas a secretária cuja mente tinha lido não sabia a razão. Nicholas suspeitava que era porque Leigh tinha perdido o bebê e se perguntou se as bodas triplas alguma vez se concretizariam se seguisse esse ritmo.

-Então…- disse Jo, tirando-o de seus pensamentos. -Pode-se converter a uma só pessoa, pode-se ter um filho só cada cem anos… - Ela elevou as sobrancelhas. - Que mais?

-Não nos é permitido morder ou matar mortais-disse Nicholas.

-E que mais?- perguntou ela.

Nicholas se encolheu de ombros. -Isso é tudo, além de que se supõe que devemos fazer tudo o que seja possível para que nossa presença não seja revelada aos mortais.

Jo assentiu em silêncio durante um momento e logo perguntou: -Então você mordeu e matou um mortal, ou fez algo que poderia revelar a presença dos imortais?

Nicholas olhou longe e se obrigou a dizer. -Sim, acho que matei um mortal.

Houve um longo silêncio desta vez, e Nicholas queria olhá-la e ver sua expressão, mas não tinha a coragem para fazê-lo. Quando Jo falou, não se surpreendeu ao escutar a irritação em sua voz.

-Como que ‘acha’ que o fez?- perguntou ela finalmente. -O que quer dizer com que ‘acha’? Matou ou não?

-Ao que parece, matei-admitiu ele em um suspiro e finalmente girou sua cabeça para olhá-la. Ela estava piscando e sacudindo a cabeça.

-Nicholas, esta é uma dessas perguntas que responde com um sim ou um não. Parece que tem um problema com elas. Matou ou não um mortal?

Nicholas franziu o cenho e moveu a cabeça com irritação. -Sim, acho que matei um mortal.

Jo soprou com exasperação e a deixou cair na cabeceira. -Não, não matou.

-Sim, parece que matei-disse ele de uma vez.

-Ah, sim?- soprou ela. -Nem sequer pode dizer isso de forma contundente. Suponho que sim, parecer que matei…- Jo sacudiu a cabeça. -Você não pode ter feito isso.

Nem sequer pode dizer isso.

Nicholas franziu o cenho com irritação. Tinha estado aborrecendo fazer esta confissão, temendo ver o medo e o ódio no rosto do Jo ao saber o que ele tinha feito.

Entretanto, ele nunca imaginou que sua reação seria a incredulidade. Apertou sua boca e disse com firmeza: -Jo, matei uma mulher, uma mulher grávida. Rasguei sua garganta e me alimentei dela.

- Certo-disse Jo com incredulidade, e logo sugeriu: -Me fale disso.

-O que?- perguntou ele assombrado.

-Me diga o que aconteceu-insistiu ela.

-Eu não vou …

-Porque não matou a ninguém-interrompeu-o Jo com uma certeza quase desafiante.

Nicholas a olhou assombrado. Na verdade, ela era especial; bonita, divertida, doce, sexy, surpreendente… e insistente como o inferno. Lançou um suspiro e disse, -Jo, eu também gostaria que não fosse verdade, mas…

-É simples, Nicholas. Se o fez, me conte a respeito-insistiu. -Quem era a mulher?

-Não sei-admitiu ele incômodo. Nicholas tinha fugido da zona de Toronto e do Canadá, naquele fatídico dia cinquenta anos atrás e não tinha retornado… ao menos até o começo deste verão, quando se sentiu miserável depois de eliminar um ninho particularmente repugnante de renegados nos estados do norte e subiu pelos caminhos do Canadá até a cabana no condado de Ontario. Nicholas nunca tinha tido a oportunidade de averiguar quem era a mulher. Suspeitava que isso devia ser algo bom. Seu rosto aparecia em seus pesadelos e saber seu nome só pioraria as coisas.

-Não sabe?- perguntou Jo com tom áspero. -Bom, está bem, então como foi que se encontrou com esta mulher que não conhecia, mas que por alguma razão matou?


Nicholas fez uma careta sarcástica, apoiou a cabeça contra a cabeceira e fechou os olhos. -Foi depois que Annie morreu. Eu estava… Não aceitei bem. Isolei-me da família e dos amigos e, basicamente, estava me afundando em minha dor-admitiu aborrecido consigo mesmo.

-Acredito que provavelmente isso é natural-disse Jo em voz baixa.

-Sim, bom…- Ele se passou a língua pelos lábios e abriu os olhos para olhar o teto sobre sua cabeça enquanto os acontecimentos corriam por sua mente. -Esse dia encontrei um presente de aniversário que Annie tinha comprado para uma amiga do trabalho. Tinha-o comprado e embrulhado com antecipação e o tinha deixado em sua mesa de artesanatos.

-Mesa de artesanatos-murmurou Jo com voz incrédula, e quando ele a olhou, ela se ruborizou e se encolheu de ombros e murmurou: -Parece estranho pensar em uma vampiresa fazendo artesanatos. Isso é tão… mundano-concluiu por fim.

-Somos só pessoas, Jo-disse ele em voz baixa.

-Sim, suponho. Pessoas com presas, que bebem sangue, vivem muito tempo e ao que parece, fazem artesanatos. E sacudiu a cabeça.

Nicholas sorriu levemente, mas reclinou a cabeça para trás de novo e continuou. -Eu provavelmente não teria levado o presente de Carol se…

-Carol?- perguntou Jo interrompendo-o.

-A amiga de Annie no hospital-explicou ele. -Elas trabalhavam no turno da noite juntas.

-O que fazia Annie no hospital?- perguntou Jo com curiosidade.

-Ela era enfermeira na UTI-disse ele esboçando um sorriso ao recordar. -Annie… Ela era especial. Gostava de ajudar as pessoas e…- Nicholas parou abruptamente quando se deu conta de que provavelmente não era uma boa coisa continuar falando a respeito das maravilhas de uma companheira de vida passada a uma companheira de vida atual… mesmo que não pudesse reclamá-la.

-De todos os modos-murmurou ele - como disse, provavelmente não lhe teria levado o presente a Carol, mas queria lhe perguntar se sabia o que Annie…

Nicholas parou quando percebeu que tinha omitido algo. -Devo te dizer que a noite antes de que Annie morresse, ligou de Detroit e me disse…

-O que estava fazendo em Detroit?- interrompeu-o Jo.

-Estava procurando um renegado-respondeu-lhe. -Ia ser meu último caso. Annie estava quase por dar a luz e eu não gostava de estar for a e longe dela quando estava nesta situação.

-Estava procurando um renegado?,- perguntou-lhe Jo lentamente e, em seguida, -Também foi uma caçadora de renegados?

-Na verdade, nos chamam de Executores. Porque é o que eles são. Nicholas se corrigiu com o cenho franzido.

-Mas você foi um?- insistiu ela.

-Sim-admitiu ele.

-Melhora a cada momento -murmurou Jo. -Annie ligou de Detroit e te disse…?

-Ela disse que tinha algo para me dizer quando chegasse. Estava emocionada e eu tinha curiosidade, mas não me disse o que era por telefone. Ela disse que queria ver meu rosto quando me dissesse isso.

-Mas morreu-exclamou Jo.

-Sim. Morreu e me esqueci disso por um tempo.

-Mas então viu o presente e pensou que poderia entregar-lhe como uma desculpa para perguntar a Carol se sabia o que Annie ia dizer te quando retornasse para casa.


Nicholas assentiu com a cabeça e deixou sair o ar lentamente. Jo estava facilitando as coisas para ele tudo o que podia. Também era muito rápida para conectar tudo.

-Esta amiga, Carol, sabia?- perguntou Jo com curiosidade.

Nicholas sacudiu a cabeça. -Nunca me inteirei. Pus o presente no carro e o levei ao hospital, mas quando estava cruzando o estacionamento para entrar saiu uma mulher.

Era pequena e loira como minha Annie. Inclusive se parecia um pouco a ela… e estava muito grávida.

-Igual a Annie-sugeriu Jo.

-Sim-disse ele em tom cansado e fechando os olhos. -Lembro que estava muito zangado, inclusive furioso porque essa mulher mortal vivia enquanto que minha Annie, uma imortal que deveria ter vivido durante séculos, havia…

-Isso também é normal, Nicholas-disse Jo em voz baixa, pondo sua mão na dele e apertando-a brandamente. Quando ele a olhou com evidente incredulidade, ela assentiu gravemente. -Pouco depois da morte de meus pais, fui com meus amigos para almoçar em um restaurante onde havia um casal de anciões sentados em uma mesa frente a nós. Eram velhos. Tinham o cabelo branco, rugas, deviam estar em seus oitenta ou noventa anos… . Fez uma pausa e sacudiu a cabeça. -Eu não sei o que foi o que me passou com eles. Talvez foi a forma em que se sorriram, ou a forma em que compartilhavam sua comida, mas por alguma razão me fizeram pensar em meus pais, e por um momento estive absolutamente furiosa porque estes dois velhos estavam vivos e felizes, enquanto que meus pais, muito mais jovens, estavam mortos.

Jo suspirou tristemente ante a lembrança e logo se encolheu de ombros. -Acredito que provavelmente é uma parte natural da perda.

-Pegou o casal de anciões e os massacrou?- perguntou-lhe Nicholas muito sério.

O olhar do Jo trocou e se encontrou com o dele, forte e agudo. -Foi isso o que fez?

Nicholas apartou o olhar e se encolheu de ombros. -Aparentemente.

-Aí está essa palavra de novo-disse ela em tom seco. -Não quero ouvir aparentemente de novo. Me diga o que aconteceu. Viu-a e estava zangado e…

Nicholas franziu o cenho enquanto atravessava o véu que cobria suas lembranças tentando encontrar o que aconteceu depois. Por último, só disse: - Finalmente lhe rasguei a garganta e me alimentei dela.

-Ali no estacionamento?- perguntou Jo sobressaltada.

-Eu… não…- Ele estendeu a mão para acariciá-la na testa com tristeza. -Em minha casa. Em meu porão.

Jo permaneceu em silêncio durante um longo tempo de novo, e quando ele finalmente a olhou, ela o estava olhando como se estivesse ordenando um quebra-cabeças. Finalmente, sacudiu a cabeça e ela disse: -Como chegou até ali? O que aconteceu?

-Não sei-espetou ele com frustração. -Só me lembro de olhá-la, e estar realmente zangado. Quão seguinte soube é que Decker estava gritando meu nome e abri os olhos para que ver que estava sentado no chão de meu porão com a mulher grávida, morta em meus braços. Havia sangue por toda parte, incluindo minha boca. Eu a matei, Jo.

Para seu assombro, de repente Jo sorriu e se recostou na cabeceira. Sua voz se mostrou satisfeita quando disse: -Você não a matou.

Por alguma razão, sua certeza e calma o enfureciam. -Maldição, Jo, eu matei!

-Então, por que não se lembra? - perguntou ela com calma.

-Devo ter estado imerso em uma fúria cega-disse ele de uma vez. Era a única explicação a que tinha sido capaz de chegar depois de todos esses anos. Não é que ele tivesse pensado nisso frequentemente. Tinha estado tão horrorizado pelo que tinha feito que Nicholas tinha tentado não pensar nisso até a noite em que tinha conhecido Jo. Após, isso estava constantemente no fundo de sua mente, o que tinha feito, porque o tinha feito, como tinha arruinado suas possibilidades de estar com ela.

-Não, você não estava cego pela fúria-disse Jo com certeza, fazendo que ele voltasse sua atenção para ela com descrença.

-Bom, é seguro como a merda que não a teria matado se não estivesse cego pela raiva-grunhiu ele.

-Nicholas-disse ela pacientemente, movendo-se até ajoelhar-se junto a ele na cama.

-Pense no que está dizendo. Viu-a e se zangou porque se parecia com Annie, estava grávida como sua Annie, mas estava viva e sua Annie não estava. Sua irritação era natural, e se me dissesse que a golpeou ali mesmo no estacionamento e que de um só golpe a tinha matado, poderia ter acreditado que a matou em meio de uma fúria cega.

Mas isso não é o que aconteceu. Supostamente, nessa raiva cega, levou-a a seu carro, colocou-a dentro, levou-a a sua casa, e a levou ao porão de sua casa e a matou… sem ter que sair de sua raiva cega. Sem recordar nada a respeito até que abriu os olhos e olhou para baixo para encontrá-la morta em seu colo?

Ele negou com a cabeça. -Não. Não ocorreu dessa maneira.

Nicholas simplesmente ficou olhando Jo em branco, e de repente, esta se sentou, olhou-o em forma pensativa, e logo lhe perguntou: -Você disse que Decker estava gritando seu nome? Isso foi o que despertou?

-Eu..Sim-disse ele suspirando.

-Então ele fez isso-decidiu ela com calma, e quando Nicholas começou a negar com a cabeça, disse: -Sim, fez, controlou vocês dois, levou-os até sua casa e matou à mulher, colocou-a em seu colo, e depois te liberou de seu controle.

Nicholas fechou os olhos com cansaço. -Decker não fez isso, Jo. Decker não mataria um mortal. Ele é um caçador de renegados, que protege imortais e mortais por igual.

Não mataria outra coisa mais que a renegados.

-Entretanto poderia-disse-lhe ela em tom áspero, e assinalou: -Você também foi um executor.

-Sim, mas eu estava de luto, minha cabeça não funcionava corretamente. Me…

-Controlaram-disse Jo com tom firme.

Nicholas desejava poder estar de acordo com ela e dizer que era isso o que tinha ocorrido, mas sacudiu a cabeça. -Os imortais não podem ser controlados.

-Você disse que podem ler pensamentos uns dos outros, assim como dos mortais-disse Jo ao mesmo tempo. -Talvez um imortal mais velho pode também controlar a um mais jovem. Decker provavelmente…

-Decker é mais jovem que eu-interrompeu-a. -E sim, os imortais podem ler a mente entre si, mas só um recém convertido pode ser controlado. Eu tinha séculos de antiguidade.

-Tem certeza disto?- perguntou ela, com os olhos entrecerrados.

Nicholas passou uma mão pelo cabelo e assentiu solenemente. -Sim. Seria necessário um Três em Um para limpar minhas lembranças e para me controlar, teriam que trabalhar três imortais mais velhos juntos para poder fazê-lo. No momento em que se tenta apagar ou enterrar as lembranças de um ser imortal, os nanos estarão tentando trazê-las de novo à superfície. Têm que ser sepultados e enterrados de novo uma e outra vez. Isso acontece em questão de dias, e Decker chegou essa mesma noite. Eu não estava controlado e não tinha minhas lembranças apagadas-assegurou ele a seu pesar.

-Então, estava drogado-decidiu ela imediatamente.

-Jo-disse ele com tom cansado.

-Deixa de brigar e me ajude-espetou ela. -Está se afogando em sua suposta culpa.

Pare com isso e use os seus miolos. Simplesmente isto não tem sentido, Nicholas.

Pelo visto, você correu o risco de ser capturado e morto no princípio do verão para ajudar Dani e Stephanie, e depois, na outra noite, simplesmente o fez de novo para me salvar. E eu era uma completa estranha e suponho que Dani e Stephanie provavelmente também o eram, mas correu o risco de perder sua própria vida para nos salvar. Isso não soa como um homem que mataria a uma mulher só porque se parecia com sua companheira de vida. Fez uma pausa para aspirar uma baforada de ar e depois disse: -Sinceramente, seria mais factível que tivesse controlado à mulher para brincar de casinha com ela e fingir que sua Annie ainda estava viva.

Nicholas franziu o cenho ante suas palavras. -Mas ela estava em meu colo.

-Mas não lembra como chegou ali-disse Jo de uma vez. -Isso te parece razoável?

Como chegou até ali? O que aconteceu ao presente da Carol? Ela te disse algo para que te incomodasse assim? Ela chorou e rogou por sua vida? Tomou o controle de sua mente e a manteve sobre esse controle enquanto a levava a sua casa? E por que no porão?

Nicholas a olhou sem compreender enquanto suas perguntas choviam sobre ele.

Quando ela pôs as coisas dessa maneira, realmente não pareciam ser corretas.

Certamente ela tinha razão e se ele tivesse perdido sua mente, teria matado à mulher ali mesmo no estacionamento, ou ao menos recordaria algo a respeito de como chegou a sua casa, mas…

-As drogas não funcionam em nós.

Jo fez uma pausa e levantou sua cabeça. -Nenhuma droga? Absolutamente nenhuma?

-Bom…- ele hesitou e depois admitiu -as drogas mais fracas seriam eliminadas pelos nanos antes de que pudessem fazer efeito, e as mais fortes não teriam um efeito tão forte ou não funcionariam durante mais de vinte minutos ou meia hora.

-Quanto tempo leva para dirigir do hospital até sua casa?- perguntou ela de uma vez.

-Dez minutos-disse ele em voz baixa. -Eu não queria que Annie tivesse que dirigir muito longe para ir trabalhar.

Jo arqueou uma sobrancelha. -Então poderiam ter te drogado, levado até sua casa, assassinado à mulher e a colocado em seu colo antes que despertasse.

-Seu sangue estava em minha boca-recordou ele e ela pôs os olhos em branco e de repente saltou da cama e saiu correndo do quarto. Nicholas ficou olhando surpreso, e depois jogou os lençóis e a mantas de lado para segui-la. Encontrou-a na sala, inclinada e recolhendo algo da mesa. Seus olhos se deslizaram sobre seu traseiro nu com um interesse totalmente inadequado dada a conversa que tinham estado tendo e fazendo uma careta para si mesmo, disse: -O que…?

Isso foi tudo o que pôde dizer. Ante o som de sua voz, de repente Jo se endireitou, se virou e lhe jogou uma taça de vinho na cara.

Nicholas ofegou, fechou instintivamente seus olhos quando o líquido salpicou sobre ele, golpeando contra sua cara e a parte superior do peito.

-OH, olhe, tem vinho na boca. Bebeu? - perguntou ela com sarcasmo.

Nicholas abriu os olhos lentamente para olhá-la.

-Acorde, Nicholas-exclamou Jo deixando a taça. -Este é seu futuro. Deixe de aceitar simplesmente que matou à mulher e começe a considerar outras possibilidades, porque a história que me contou não tem absolutamente nenhum sentido, mas todo mundo acredita nela e isso pode fazer que o matem.

Ela se virou bruscamente e se dirigiu à cozinha. Nicholas simplesmente ficou ali, olhando seu traseiro enquanto ela se afastava. Uma vez que ela desapareceu, ele olhou a si mesmo, advertindo que o vinho estava correndo por seu corpo e gotejando sobre o tapete. Estava a ponto de ir procurar uma toalha ou algo para limpar, quando Jo reapareceu da cozinha com um pano de cozinha em uma mão e uma fatia de pizza fria na outra. Lhe atirou a toalha, depois se sentou no sofá e mordeu um pedaço da pizza enquanto o olhava todo o tempo.

Nicholas fez uma careta e começou a se secar sob seu olhar, mas logo seus lábios começaram a tremer. A mulher lhe tinha jogado uma taça de vinho e agora estava olhando-o como se fosse ele que tinha feito algo errado. Annie jamais teria feito isso.

Annie tinha sido como um bálsamo, um anjo doce. Jo ao contrário, era um explosivo.

Entretanto, ambas eram suas companheiras de vida e poderia ter vivido feliz com qualquer delas, mas suspeitava que a vida perto de Jo não seria um lugar de descanso. Ou talvez não teria sido assim se tivesse podido reclamá-la… e se o que ela sugeria era certo, poderia ser capaz de reclamá-la algum dia.

-Bem-disse ele de repente. Logo depois de terminar de usar a toalha, Nicholas a jogou sobre a mesa de café e se deixou cair no sofá junto a ela. -Vamos fazer isto.

O olhar colérico de Jo desapareceu imediatamente. Colocou a desagradável pizza fria em um dos pratos na mesa, virou-se no sofá para enfrentar seu rosto e disse: -Viu a mulher grávida que se parecia com o Annie no estacionamento… E depois o que…?.


Nicholas procurou suas lembranças, mas simplesmente não estavam lá, o que realmente era bastante estranho. Por último, disse, -E logo estávamos em meu porão e ela tinha morrido.

-Como chegou até ali?- Jo disparou a pergunta como uma bala.

-Devo ter conduzido o automóvel-disse ele inseguro.

-Em uma fúria cega? -perguntou ela com secura, e logo exclamou: -O que aconteceu com o presente de Carol?

-Eu… não sei-admitiu Nicholas com o cenho franzido.

-Está bem, vamos voltar ao que lembra. Saiu do carro e começou a caminhar pelo estacionamento. Viu a mulher que recordou a Annie… Ela te disse algo? Olá ou boa noite?

-Eu não lembro que tenha dito nada-murmurou ele, procurando em sua memória.

-Eu acho que ela sorriu e… -.Nicholas franziu o cenho.

-O que?- perguntou Jo com ansiedade. -Está recordando algo, O que é?

-Não é muito-disse ele com tom cansado. -Eu só… Ela estava caminhando para mim, levantou seu olhar e se encontrou com o meu e sorriu, e então seus olhos se moveram para outro lugar, junto a mim.

-Provavelmente, para quem te drogou,- disse Jo com certeza e nesse momento Nicholas soube que a amava. Estava tão segura de sua inocência e acreditava nele, ainda quando ele não o fazia.

Decker, seu primo e melhor amigo, não tinha duvidado de sua culpabilidade quando o tinha visto ali no porão. Todos os de sua família tinham aceito sua culpabilidade sem duvidá-lo. Inclusive ele mesmo não tinha duvidado nestes cinquenta anos, mas Jo, a quem tinha conhecido fazia somente dois dias, não tinha acreditado que era culpado nem por um segundo… e a amava por isso, por isso e por seu espírito de aventura, coragem, inteligência e caráter alegre. Ele amava esta mulher.

-Lembra-se de sentir algum tipo de espetada ou algo assim?- perguntou-lhe Jo, enquanto ele se perdeu em seus pensamentos. -Talvez uma dor súbita e aguda no pescoço ou no braço que pudesse ter sido uma agulha? Ou…OH!.- Ela se interrompeu de repente e abriu os olhos.- Pode ter sido uma arma de tranquilizantes.

Aposto que um calmante para elefantes teria te nocauteado durante uma meia hora.

-Pode ter acontecido assim-aceitou Nicholas com voz calma.

De repente Jo parou e começou a caminhar ao redor da mesa de café e a passear pelo tapete com os braços cruzados debaixo dos peitos, o que fazia que fossem empurrados para cima. A mulher estava totalmente nua e ao que parece, totalmente inconsciente disso enquanto murmurava: -Realmente não é importante como fez.

Refiro-me a que podemos supor como é que aconteceu. Provavelmente foi drogado e a mulher provavelmente foi controlada. Foram levados até sua casa, mataram-na e a colocaram em seu colo, salpicaram seu sangue sobre seu corpo e em sua boca, e tudo bem a tempo para que Decker aparecesse e fosse testemunha disso. Mas nada disso realmente ajuda. Agora não podemos prová-lo. Temos que averiguar por que o fizeram.

Nicholas assentiu com a cabeça, seus olhos foram de seus peitos a seu traseiro enquanto ela girava ao caminhar. Maldição, ela tinha uma figura mortal. Duvidava que os nanos tivessem muito trabalho para melhorar esse corpo quando ele a convertesse. A idéia o deixou atônito e Nicholas tragou um nó repentino que sentiu na garganta. Era a primeira vez em cinquenta anos que tinha esperanças no futuro.

Mas era uma falsa esperança se não pudessem solucionar isto.

-Tinha algum inimigo?- perguntou Jo girando de repente para olhá-lo.

Nicholas negou com a cabeça. -Não, não que eu saiba.

Ela estalou a língua com desgosto. -Foi uma caçador de renegados, Nicholas.

Provavelmente havia um montão de renegados que não estavam felizes porque os capturou.

Ele fez uma careta, mas logo suspirou e explicou: -A maioria dos renegados não vivem para chegar a estar descontentes. Em sua maioria são estacados e incinerados depois de que os capturamos.

-Estacados e assados? - perguntou ela.

-Estacados para incinerar no sol durante todo o dia-explicou ele. -Depois de séculos de evitar o sol somos muito sensíveis a seus raios. Fazem muito dano para nós. Os nanos reparam tanto como podem, mas ficam sem o sangue para trabalhar e começam a atacar os órgãos em busca de mais. É muito doloroso-admitiu Nicholas com um careta, quase envergonhado.

-Isso é bastante draconiano-disse Jo secamente.

-Sim-reconheceu ele. -Supõe-se que isso deveria dissuadir a outros para que não queiram ser renegados e se arrisquem a que isso lhes aconteça.

Nicholas esclareceu a garganta e adicionou: -Acredito que eles abandonaram essa prática no último par de anos, embora não esteja seguro.

-Hmm-murmurou Jo. -Mas o faziam quando ainda era um executor?

Nicholas assentiu, incômodo. -Mas não por minha mão. Os executores só os trazem para julgamento. Não temos que matá-los. Eles têm um julgamento justo como aconteceria com um mortal, e então o Conselho os julga e os sentencia à incineração e decapitação.

- Lindo-disse ela suspirando. -Então nenhum dos que apanhou pode ter estado por detrás disto.

Nicholas estava assentindo com a cabeça quando ela acrescentou: -Mas poderiam ser seus familiares, alguém que tinha um parente renegado e te culpou por capturá-lo.

Ele novamente negou com a cabeça e baixou o olhar para suas mãos, quando disse: -Os parentes tendem a fugir dos renegados. Estão incomodados e se envergonham deles e frequentemente até negam sua existência ou sua relação com eles.

-Isso foi o que aconteceu com você?- perguntou Jo em voz baixa.

Nicholas simplesmente se encolheu de ombros, mas era o que tinha acontecido.

Através de controlar aos empregados mortais de sua família sabia que seu irmão e irmã nunca mais falaram dele, e que Jeanne Louise, sua irmã pequena que lhe adorava e que era uma praga lhe visitando todo o tempo e flagrando com freqüência a Annie e a ele em momentos inoportunos, agora negava sua existência. No que a ela dizia respeito, ele nunca tinha nascido.

-Sinto muito-disse Jo em voz baixa, e ele olhou para cima para ver que se moveu ao redor da mesa de café, e agora estava frente a ele em toda sua glória nua. Só a visão de seus alegres peitos lhe olhando na cara foi suficiente para animá-lo um pouco, mas quando Nicholas se aproximou, ela saltou por entre suas pernas e a mesa de café e foi para a área aberta onde estava o tapete, ficando fora de seu alcance. -Correto, provavelmente não foi porque fosse um executor. Temos que pensar sobre isto.


Nicholas se afundou no sofá com um suspiro enquanto ela continuava passeando.

-Assim… - murmurou ela. -Annie te ligou e disse que tinha algo para te dizer, mas morreu antes de poder dizer o que era… em um acidente de carro que a decapitou. Jo fez uma careta, deixou de caminhar, deu a volta e lhe perguntou: - Como aconteceu o acidente. Quer dizer, eu diria que a decapitação em um acidente de carro é bastante estranha. Ela bateu e ficou debaixo de um caminhão ou algo parecido?

-Não-disse ele em voz baixa. -Ela saiu da estrada no caminho de casa para o trabalho. Deve ter estado cansada ou talvez estava desviando de um animal na estrada. Saiu da estrada e bateu contra uma árvore. Os cintos de segurança não eram obrigatórios na época e ela foi jogada através do pára-brisa.

Jo o olhou confundida. -Como foi que isso a decapitou?

-O pára-brisa o fez-disse Nicholas em um suspiro. -O volante prendeu seu corpo e a manteve no carro, mas sua cabeça atingida pela janela que não se quebrou como deveria ter feito. O fundo ficou intacto e sua cabeça saiu e caiu. Ele se encolheu de ombros com tristeza. -Foi um acidente estranho. Um em um milhão, disseram.

Jo começou a caminhar de novo, murmurando: -Um acidente, um em um milhão.


Nicholas assentiu com a cabeça, recordando seu horror quando lhe tinham dado a notícia, e a seguir, Jo disse: -Deve ser isso.

Levantou a cabeça para olhá-la. -O que?

-Não vê? -perguntou ela voltando-se para olhá-lo com olhos faiscantes. -Annie ia dizer algo para você quando você retornasse, mas morreu em um acidente de carro totalmente incomum que a decapitou… um dos poucos modos de matar a um imortal.

E então se dirigia para ver sua amiga Carol para lhe dar o presente que Annie lhe tinha comprado antes de sua morte e para lhe perguntar a respeito do que Annie tinha estado a ponto de te dizer, mas termina no porão com uma mulher morta em seus braços e fugindo durante cinquenta anos, se esquecendo por completo de tudo sobre o assunto que queria perguntar.

Jo fez uma pausa para olhar para ele. -O que teria acontecido se não te tivesse escapado?

-Provavelmente teria sido executado imediatamente-disse ele lentamente.

-Sem julgamento?- perguntou ela.

-Bom, talvez um arremedo de julgamento. Duvido que tivessem posto muito esforço nisso. Decker me viu, eu pensei que tinha feito…- Ele se encolheu de ombros.

-Não importa-assegurou Jo. -De qualquer maneira não teria andado por aí perguntando a respeito do que Annie queria te dizer.

Nicholas abriu os olhos com incredulidade ante suas palavras. Ela simplesmente estava dizendo o que tinha ocorrido, coisas que ele já sabia, mas que tinham uma conotação totalmente diferente quando ela dizia. Ele nunca tinha conectado os dois eventos, nunca, nem sequer tinha considerado que poderiam estar conectados. Mas naquele tempo ele tinha assumido, como todos outros, que tinha matado à mulher encontrada morta em seus braços. Todo mundo o tinha feito… menos Jo.

-Acredito que temos que encontrar esta amiga, Carol, e averiguar se ela sabia o que Annie queria te dizer-disse Jo solenemente.


Capitulo 14

-Nicholas? - Perguntou Jo em voz baixa, movendo-se ao redor da mesa de café para olhá-lo. Sentia-se tranquila, de repente, e inclinou a cabeça. Parando na frente dele, inclinou-se para lhe acariciar a bochecha com os dedos.

-O que foi?

Levantou a cabeça, e sentiu a preocupação quando a olhou, então esclareceu a garganta e perguntou: -Por que acredita em mim?

Jo se surpreendeu pela pergunta.

-O que quer dizer?

Nicholas agarrou sua mão e disse solenemente: -Jo, você me conhece há pouco tempo. Quando nos vimos ontem pela manhã e te disse que tinha matado uma mulher, você não acreditou que eu o tivesse feito nem por um minuto. Toda minha família, a maioria dos quais me conheceram durante séculos, não tiveram dúvidas de que eu o fiz. Jeanne Louise e Thomas, minha própria irmã e irmão, não duvidaram e agora nem sequer reconhecem minha existência. Fez uma pausa e desviou o olhar, mas não antes de ver a dor em seu rosto. Nicholas se virou e seu rosto era inexpressivo quando lhe perguntou: -Por que acredita que sou inocente quando não eu mesmo não tenho certeza?

Jo o olhou fixamente, sem saber que sabia a resposta por si mesmo. Talvez simplesmente não queria acreditar, mas do momento em que Nicholas havia dito que tinha mordido e matado uma mulher, seu coração tinha rechaçado a idéia.

Talvez fosse uma fé cega em princípio e um desejo de pensar que não era possível que alguém que vinha cuidando dela podia fazer algo assim. Talvez se lhe tivesse contado minuto a minuto de como e porque o tinha feito, ela tivesse acreditado, mas no momento que seu cérebro tinha superado o choque da declaração e Jo tinha ouvido suas conjeturas, a apatia, e logo a falta completa de cor por detrás da ação…

Jo estava muito segura que este homem não tinha matado a nenhuma inocente mulher grávida há tantos anos.

OH, não tinha dúvidas de que pudesse matar se as circunstâncias o requeressem, mas estava bastante certa de que Nicholas, só o faria se tivesse que salvar alguém ou deter um renegado. Jo nem sequer pensava que pudesse matar em um ataque de fúria cega, não de propósito e ela não duvidava que uma fúria cega não duraria pelo tempo necessário para colocar a uma mulher em seu carro, levá-la para casa, arrastá-la ao porão e lhe rasgar . Simplesmente não era lógico e Jo se imaginava como uma pessoa lógica.

É obvio, os sentimentos que tinha por Nicholas na verdade não eram nada lógicos.

Embora estivesse agradecida que lhe salvasse duas vezes, os sentimentos que estava experimentando por este homem estavam longe de ser simples gratidão. Jo gostava de Nicholas. Mais que isso, confiava nele e o desejava. Mesmo agora, ansiava estar com ele e não queria nada mais que subir em seu colo e voltar a experimentar o incrível sexo que só ele podia lhe dar. A única coisa que a impedia de fazer isso era que se não se inteirasse do que ocorreu naquele dia e demonstrasse que ele era inocente, perderia-o para sempre. A só idéia lhe dava muito medo. Jo não estava disposta a reconhecer que ela podia desejar um futuro com este homem, mas Jo estava condenadamente segura de que faria tudo o que pudesse para se assegurar de que teria a oportunidade.

-Não sei -disse Jo, finalmente, e sorriu com ironia quando acrescentou: -Talvez seus nanos estejam falando comigo.

Nicholas sorriu levemente. -Não acredito que sejam capazes de fazer isso. Desejaria que pudessem-adicionou com ironia. -Se pudessem, provavelmente nos diriam o que aconteceu naquele dia, mas também poderiam fazer o mesmo as paredes de minha casa, o piso, o…- ele suspirou.

-Mas não podem.

-Entretanto, Carol poderia ser capaz de nos ajudar a resolver isso-disse ela para animá-lo.

-Vamos ver onde está agora e falar com ela. Qual é seu sobrenome? Ligaremos para informações de lista telefônica e pegaremos seu número de telefone. Podemos ligar para ela agora e, possivelmente, solucionar isto.

Nicholas estava em silêncio, desviou o olhar, de repente emocionado e depois moveu a cabeça. -Está quase amanhecendo, muito tarde para fazer alguma coisa.

Jo seguiu seu olhar para a janela onde os primeiros raios de sol visíveis atravessavam as cortinas de gaze de Sam.

-Bom, está bem-disse. -Carol dormirá em casa. Os imortais normalmente dormem durante o dia, certo?

-Certo -murmurou Nicholas e depois se voltou para ela e adicionou: -Mas não têm telefones nos quartos para que possam dormir sem interrupções. Muitas chamadas de tele-marketing -adicionou secamente, lhe agarrando a mão e puxando ela em sua direção.

Jo ofegou quando aterrissou em seu colo, exatamente onde queria estar, mas tinha estado lutando contra si mesma. Ainda resistia um pouco empurrando seu peito quando sua boca começou a descer para a sua.

-Mas poderíamos tentar.

-Mais tarde. Quando anoitecer-disse sério aproximando sua boca à sua.

-Mas…- Jo virou a cabeça. -Nicholas, isto é importante. Realmente temos que…

-É importante-interrompeu-a Nicholas, em voz baixa, capturando sua boca. -Você é o mais importante no mundo para mim, Jo. Quero você. Me deixe este momento.

Olhou-o nos olhos, em silêncio, atônita por sua declaração e não segura do que devia responder. Jo não estava disposta a lhe dizer que seus sentimentos de amor tinham crescido tão rapidamente. Felizmente, não parecia esperar por isso. Não parecia que esperasse que dissesse nada absolutamente. Sua boca baixou para cobrir a dela e a abraçou para aproximá-la mais quando a beijou.

Jo não respondeu no primeiro momento sobre seu colo, mas quando sentiu sua boca e sua língua tentando deslizar-se entre seus lábios entreabertos, foi suficiente para que reagisse. Com um suspiro, cedeu e deslizou seus braços ao redor de seu pescoço, abriu mais a boca quando de repente ele se levantou, agarrando-a em seus braços.

Esperar algumas horas não afetaria nada, disse Jo a si mesma quando ele começou a levá-la para o quarto.

Ligariam para a amiga de Annie, Carol, quando fosse de noite.

Nicholas terminou de se vestir e olhou para Jo, que estava de barriga para baixo sobre a cama. Estava dormindo profundamente. Seu corpo estava trabalhando em substituir o sangue que ele tinha tomado enquanto faziam amor. Desta vez não tinha sido um acidente, nem tinha sido produzido pela excitação. Tinha-a mordido deliberadamente e tinha tomado, deliberadamente, mais sangue do que o normal antes de que ambos tivessem desmaiado de prazer. Isso lhe garantia que ela dormiria profundamente e assim teria a oportunidade de partir.

Ao que parece, seu plano tinha funcionado perfeitamente.

Jo estava totalmente inconsciente e a Nicholas pareceu estranho que fazer isso lhe entristecesse em vez de satisfazê-lo. Supunha que, embora soubesse que isso era o melhor que podia fazer por ela, não significava que tivesse que sentir-se satisfeito por ter que fazê-lo. Suspirando, inclinou-se para lhe retirar o cabelo da bochecha. Ela sorria enquanto dormia, não estava surpreso. Tinha-lhe feito pensar que tudo iria ficar bem e que quando despertasse, encontrariam Carol e lhe perguntariam a respeito do que Annie tinha querido lhe dizer. Jo estava com esperança de que saberiam a verdade do que aconteceu há tantos anos e, com sorte, encontrariam o culpado… Mas isso era só porque não lhe tinha contado tudo.

Devido a Annie e Carol serem amigas, Jo tinha assumido que Carol era uma imortal.

Mas não era. Era uma colega de trabalho e tinham sido amigas, Nicholas duvidava que sua falecida esposa houvesse dito algo à mulher sobre os imortais. O que significava que Carol provavelmente não sabia nada, porque se tivesse sido drogado e alguém tivesse assassinado à mulher grávida faz anos, tinha que havê-lo feito um imortal.

Entretanto, era provável que Annie lhe tivesse contado algo. O problema era que tinham acontecido há cinquenta anos e Carol teria uns noventa anos… se ainda estavivesse viva.

Nicholas não tinha muitas esperanças. Suspeitava que teria que tentar averiguar o que Annie tinha querido lhe dizer então… e Nicholas não tinha a intenção de levar Jo enquanto que fazia averiguações. Tinha familiares, amigos, escola, seu trabalho, uma vida que viver e não tinha nada que lhe oferecer, só clandestinidade e os perigos que entranhava. Bancar o investigador ia ser muito mais arriscado que sua tranquila vida.

Tinha passado os últimos cinquenta e tantos anos sempre em movimento, sem permanecer em um só lugar por muito tempo. Mas para tentar averiguar o que Annie tinha tentado lhe dizer teria que ficar em Toronto e não seria capaz de evitar deixar um rastro que Mortimer e seus homens pudessem seguir.

Seu maior temor era que Jo fosse ferida ou morta tentando salvá-lo das forças da ordem de captura.

Não queria correr esse risco.

Nicholas se levantou com um suspiro e se afastou da cama. É melhor desta maneira, disse a si mesmo quando saiu do quarto. Fez uma pausa na sala para comprovar o telefone, mas estava morto. Quando Sam tinha deixado o apartamento, ao que parece, tinha cancelado o telefone e a TV a cabo. A água e a eletricidade estavam incluídas no aluguel, já que ambos ainda funcionavam.

Pôs o telefone no gancho e saiu do apartamento para as escadas do hall do andar térreo. Estava vazia quando Nicholas entrou, mas só teve que esperar um momento antes de que uma moça entrasse e se dirigisse para os elevadores da entrada.

Nicholas se meteu nos pensamentos da mulher e ela parou. Levou-lhe um momento procurar em seus pensamentos e estar seguro de que tinha um telefone, logo se voltou para ele e se aproximou.

Nicholas a recebeu e sentou-a em um assento no hall, pegou o telefone e discou rapidamente o número da casa dos executores. Deixou o telefone em seu ouvido e fez uma careta quando a voz de uma mulher respondeu.

-Sam? -perguntou a contra gosto. Era a mesma mulher que tinha respondido ao telefone quando tinha chamado de fora da clínica veterinária e sabia que a irmã de Jo vivia na casa com Mortimer.

Quando ela respondeu que sim com voz surpreendida, esclareceu a garganta e disse: -Preciso falar com Mortimer.

Houve uma pausa e logo lhe perguntou cortesmente: -Quem lhe digo que chama, por favor?

-Só faça com que Mortimer atenda, Sam -disse em voz baixa.

-Nicholas? -perguntou bruscamente. -Reconheço sua voz pela última vez que ligou.

Mortimer me disse quem foi depois de que desligou.

Genial, pensou Nicholas secamente.

-Onde está minha irmã? -Perguntou com voz sombria.

-Se passar o telefone para Mortimer direi onde está e poderá vir pegá-la-disse pacientemente.

-Ela está bem?-perguntou preocupada, e Nicholas levantou os olhos, desejando que outra pessoa tivesse atendido o telefone.

-Ela está bem, Sam. Está dormindo. Me passe para o Mortimer.

-Mortimer disse que é sua companheira de vida-ela não perguntou isso, simplesmente afirmou.

-Sim, Sam. Jo é minha companheira de vida-disse Nicholas desculpando-se e não se surpreendeu absolutamente quando amaldiçoou. Suspirou e disse: -Sei que não é exatamente o que esperava para sua irmã.

-Tem toda a razão, não é-disse Sam zangada. -É um renegado.

-Sim, bom, ninguém é perfeito-murmurou entre dentes.

-Certo, certo -disse com frieza.

-Lhe diga que atenda, Sam -disse, cada vez mais impaciente. -Estou tentando pô-la a salvo. Quando falar com Mortimer lhe direi onde está e pode enviar Bricker e Anders para pegá-la. Assim lhe passe o maldito telefone e…

-Nicholas?

Deteve-se abruptamente para ouvir a voz masculina. -Mortimer?

-Sim. Quem é M. Johansen?

-Quem? -Perguntou com desconcerto.

-O nome do identificador de chamadas-explicou Mortimer. -M. Johansen.

-Ah. -Nicholas fez uma careta, olhando à Sra. Johansen, que estava sentada no sofá, diante dele.

-Só uma amável visita de um ex-vizinho de Sam, foi quem me emprestou seu telefone. Jo está no antigo apartamento de Sam. Venha pegá-la e a mantenha a salvo.


Jo despertou. Sentou-se e saiu da cama. Surpreendida, piscou com os olhos abertos e com um olhar selvagem olhou a seu redor, estava confusa.

Depois de um momento percebeu que estava no quarto do antigo apartamento de Sam. Levou-lhe um momento reconhecer o homem que estava de pé na porta do dormitório e ao que parece a estava controlando, Jo se deu conta de que seu corpo se endireitava junto à cama.

O homem do bafo de onça, Ernie.

-Não é minha culpa, -exclamou, com uma mescla de irritação e petulância ao mesmo tempo. -É por causa do sangue. Temos que tomá-lo, mas nos dá mau hálito.

Jo percebeu que estava em sua mente e tinha escutado o apelido.

Ao que parece, tinha ferido seu ego. Sabia que ainda estava meio sonolenta quando seu único pensamento foi que era uma desculpa já que Nicholas não tinha mau hálito; talvez Ernie devesse considerar a possibilidade de escovar os dentes.

-Sim, é isso, sou o homem do bafo de onça-grunhiu Ernie sendo desagradável e depois acrescentou: -E por que não escova os dentes?

- Os nanos me liberam da cárie.

Bom, isso esclarecia tudo, supôs Jo e se surpreendeu quando foi capaz de perguntar: -Onde está Nicholas?

Ela não estava completamente sob seu controle, deu-se conta, enquanto esperava sua resposta e começou a tentar se mover. Jo foi capaz de enrugar o nariz, levantar e baixar as sobrancelhas e mover a boca. Mas isso foi tudo. Tudo, do pescoço para baixo parecia estar sob seu controle. Não era uma sensação agradável. De fato, a fez se sentir terrivelmente vulnerável.

-Vocês são vulneráveis -disse Ernie de repente, para que se desse conta de que estava ainda em sua cabeça. -Ao menos você sabe. A maioria dos mortais caminham completamente alheios ao feito de que os seres superiores caminham pela terra e que podem fazer tudo o que desejarem a qualquer momento.

Jo sentiu desprezo quando escutou essas palavras. -Superior? Isso é o que acha porque estou nua? Parece mais um pervertido que um superior para mim.

Soltou uma gargalhada cínica. -Não se iluda. Sou bastante velho, o sexo não tem nenhum interesse para mim. Você não é mais que uma bolsa de sangue andante.

Um tremor de medo percorreu Jo depois dessas palavras. Enquanto que Nicholas a tinha mordido duas vezes, agora ela suspeitava que sua mordida e a deste homem seriam duas coisas completamente diferentes e estava quase segura de que não gozaria com a do homem do bafo de onça.

-Não respondeu a minha pergunta-disse Jo, tentando mudar a direção de seus pensamentos. -Onde está Nicholas? O que fez com ele?

Ernie a olhou ressentidamente um momento e depois foi para fora de sua linha de visão e disse -Eu não fiz nada. Ele se foi.

-Foi? Ela lançou um grito de incredulidade, tentando ver o que ele estava fazendo. Jo ouvia como se movia, mas não podia mover a cabeça para ver o que estava fazendo.

-Sim -disse Ernie com irritação. -Me acredite, não estou contente. Tinha a intenção de surpreendê-los enquanto dormiam e capturar os dois. Nicholas mandou esse plano para a merda. Quando estava a ponto de sair da escada, vi-o fora do apartamento.

Felizmente, pegou a escada do extremo oposto. Segui-o. Ernie retornou à cama e a sua linha de visão, com seus olhos explorando o quarto. -Pensei que se dirigia à caminhonete, mas foi à recepção, pegou emprestado um telefone de uma mulher e ligou para Mortimer para que viesse e a pegasse. Depois se dirigiu à garagem e se foi daqui.

-Está mentindo-espetou-lhe Jo, mas temia que estivesse dizendo a verdade. Era estúpido, o tipo de coisas que um grande idiota estava acostumado a fazer. Ligou para Mortimer para que a pegasse pensando que estaria mais segura na casa dos executores. Os homens eram idiotas às vezes, pensou com desgosto e a seguir se deu conta da estranha maneira em que Ernie a estava olhando e supôs que continuava lendo seus pensamentos e que tinha ouvido tudo. Não sabia o que ia fazer com ela.

Então Ernie simplesmente disse: - Decidi que era muito arriscado saltar sobre ele e decidi capturar você. Não é tão bom como se pegasse os dois, mas acredito que meu pai ficará encantado.

-Seu pai -disse Jo com o cenho franzido. -O que quer seu pai de mim?

-É a companheira de vida de Nicholas -disse Ernie ressentido.

-E Nicholas é a razão de que cinco de meus irmãos fossem assassinados. Meu pai o considerará um presente digno. E então perceberá que sou tão bom como meus irmãos-disse Ernie sombrio e foi para fora de sua linha de visão enquanto se gabava.

-Nenhum deles foi capaz de localizar a nova casa dos executores. Nenhum deles inclusive tentou até que Basha o convenceu. Sou o único que sabe onde fica a companheira de vida de Nicholas Argeneau, perceberá que só porque sou imortal em em vez de um Sem presas não significa que sou inferior.

Jo olhou para Ernie enquanto ele ficava em frente a ela, podia vê-lo outra vez. Não era feio, ou não seria se tomasse banho, mas o homem parecia fazer todo possível para parecer tão mau como fosse possível. Nada tinha nenhum sentido para ela. Não tinha nem idéia de quem era essa Basha ou o que queria dizer quando disse que era imortal, em vez de um Sem Presas. Que demônios era um Sem presas?

Tudo o que tinha entendido desse pequeno discurso era que Ernie parecia estar com ciúmes de seus irmãos e seu pai não apreciava muito, por isso tentava obter sua aprovação. Coitado, pensou com tristeza.

-Onde está sua roupa? -perguntou Ernie, de repente irritado. -Temos que sair daqui antes que Mortimer chegue, mas não encontro sua maldita roupa para que se vista.


-Está na máquina de lavar roupa-respondeu Jo. Não se opunha à idéia de vestir-se.

-Na máquina de lavar roupa? -perguntou e parecia realmente surpreso. Como não se deu conta, a lavagem de roupa, obviamente, não era algo com o que se incomodasse com freqüência. É provável que usasse a roupa até que caísse. Sua parte superior estava coberta com manchas, não duvidava que fosse um comilão desordenado. Ela tinha tido um amigo que sempre parecia levar a comida do dia em sua roupa como um menu andante. Estava segura de que todas as manchas eram de sangue.

-Se estiver na máquina de lavar roupa, vai estar molhada -disse Ernie com irritação.

-Sim, bom, esse é meu problema, não é? -disse Jo secamente.

Ernie suspirou com exasperação e assinalou com uma mão para a porta.

-Não posso te levar até meu pai do jeito que você está. Não estou interessado em sexo, mas nem todos os meus irmãos passaram dessa fase e assim seria uma provocação, fariam-lhe em pedaços antes que pudesse dizer a meu pai quem você é.

Jo conseguiu ocultar uma careta de dor por suas palavras e simplesmente disse: -Tem que me liberar se quiser que lhe… . Sua voz morreu quando lhe fraquejaram os joelhos e esteve a ponto de cair no tapete do quarto. Tinha sido posta em liberdade.

Suspirou e se dirigiu à porta do quarto.

Jo considerou correr um minuto antes de que chegasse à porta, mas mal tinha pensado nisso quando Ernie de repente ficou diante dela, contra a porta.

-Não perca tempo com tentativas de fuga. Estou dentro de sua mente, leio seus pensamentos logo que os tem. Se planejar algo saberei no mesmo momento em que o tentar. Seja boazinha e não encha minha paciência.

Jo o olhou com os olhos abertos, sabendo que tudo o que havia dito era verdade.

Simplesmente era impossível escapar dele. Estava a par de cada pensamento que tinha e embora a oportunidade de escapar de repente surgisse, ele tomaria o controle antes que desse um passo e fracassaria.

-Bom. Agora que compreende a situação, temos que pegar sua roupa ou posso te levar como está e deixar que meus irmãos façam o que quiserem.

Quando Jo engoliu em seco e assentiu com a cabeça, saiu de seu caminho.

Imediatamente foi procurar a roupa. Abriu a máquina de lavar roupa, estava vazia.

Ele abriu a porta da máquina de lavar roupa e foi para a secadora no momento em que Jo abriu a porta da secadora, sua camiseta emprestada caiu.

-Está seca,- assinalou e percebeu que Nicholas devia ter posto a roupa na secadora para que a tivesse seca quando se levantasse, provavelmente antes de que se vestisse para sair. Surpreendeu-se inclusive de que tivesse pensado nisso, e a consideração que mostrava, rapidamente colocou a camiseta, pegou os jeans e a calcinha. Assim como a camiseta, a calcinha estava seca, entretanto, os jeans ainda estavam um pouco úmidos. Mas então Jo pensou que neste momento jeans úmidos eram a menor de suas preocupações e ela o colocou sem vacilar.

-Bom -disse Ernie. -Agora vamos. Não quero estar aqui quando Mortimer chegar.

Jo se voltou com resignação e começou a andar, fazendo um grande esforço para não pensar em nada. Não só na forma de escapar, mas em nada de nada. Era terrivelmente incômodo saber que alguém podia escutar cada pensamento e não tinha nenhum desejo de compartilhar pensamentos com este homem.

Desceram pelas escadas em vez do elevador, Jo ia na frente. No térreo, a fez tomar a saída lateral e então a acompanhou até um carro no estacionamento de visitantes. Jo olhou a seu redor quando cruzaram a curta distância, com a esperança de ver Nicholas ou Mortimer ou qualquer outro, mas era muito cedo e não havia ninguém.

-Como nos encontrou? -Perguntou ela, uma vez que ambos estavam no carro.

-Estava na garagem do estacionamento no hotel quando saíram. Seu cão me sentiu-disse Ernie sobriamente quando ligou o motor. -Felizmente, tinha terminadoo de me alimentar de um hóspede e me encontrava no carro quando os dois saíram.

Simplesmente os segui. Nicholas foi a procura da caminhonete e não se fixou no carro.

-Como sabia que estávamos no hotel?- perguntou Jo em voz baixa enquanto conduzia para fora do estacionamento. Era bom saber que não tinha sido por seu cartão bancário como Mortimer e os outros.

-Gina-respondeu Ernie, lhe enviando um calafrio pelas costas. -Eu era o que estava na porta enquanto estava falando contigo. Li sua mente, vi que estava falando contigo e lhe dava instruções para que te perguntasse onde estava.

-Mas eu não disse para ela onde estava -disse Jo.

-Não, eu sei. Assim tive usar a re-chamada quando desligou e atenderam da recepção do hotel.


-E Gina? -perguntou em voz baixa.

-Segura e tranquila em seu apartamento. -Ernie a olhou brevemente, quando acrescentou: -Tinha fome, mas queria chegar ao hotel, então simplesmente limpei sua mente e fui. É por isso que me alimentei no estacionamento.

Jo suspirou e se afundou em seu assento. Ao que parecer, quando se tratava de fugir ela era um fracasso. Tinha conduzido às forças da ordem para eles utilizando seu cartão bancário e tinha dirigido Ernie para eles ao ligar para Gina. A situação em que estava atualmente era culpa dela. Estava contente de que Nicholas a tivesse deixado e Ernie não o tivesse capturado enquanto estavam desmaiados depois de uma de suas sessões de sexo ou estaria sentada sentindo-se culpada e não só aterrada de medo.

Pensou em Nicholas e Jo esperava que ele não encarasse sua morte muito mal, mas se preocupava de que ele se culpasse por deixá-la ali sozinha. Em realidade não lhe parecia justo. Tinha passado cinquenta anos com sentimentos de culpa por um assassinato que estava certa de que não tinha cometido e suspeitava que agora se flagelaria por sua morte, embora não fosse culpa dele. Oxalá pudesse falar com ele e dizer-lhe isso.

Jo desejava poder dizer a Nicholas o que significava para ela também. Lhe havia dito que a amava e simplesmente lhe olhou como a um manequim. Queria ter esse momento de novo para lhe dizer o que sentia. Esse momento em que lhe diria que o amava muito, porque Jo estava bastante segura de que o amava. É curioso saber que quando a morte se aproxima se podem esclarecer coisas. Amava a suas irmãs e tinha muitos amigos, mas se lhe desse a oportunidade de passar mais de dez minutos ou inclusive um minuto com alguém no mundo antes de morrer, Jo sabia que ia escolher Nicholas. Só para estar perto dele e aspirar seu aroma e sentir seus braços ao redor uma vez mais, isso lhe faria mais fácil aceitar sua morte. Jo supôs que deveria estar agradecida de que o tinha chegado a conhecer e desfrutou conhecendo-o antes de morrer, mas queria mais.

-Oh meu Deus se for ficar sensível e chorosa, vou colocá-la para dormir e assim não terei que escutar essa merda todo o caminho.

-Então dormirei -disse Jo entre dentes e foi a última palavra que tinha saiu de seus lábios quando sentiu a escuridão cair sobre ela.


Capitulo 15

Jo se moveu antes de despertar. Era uma maneira horrível de despertar, desorientação e medo, decidiu enquanto abria os olhos para encontrar a si mesma cruzando o que parecia ser o estacionamento de um motel. Olhou rapidamente tudo, conferindo o caminho, plantas penduradas, um toldo que percorria a lateral do motel e o número seis na porta, aproximava-se. Quando uma mão diante dela abriu a porta, os olhos de Jo viram um braço, um ombro, um pescoço e logo o rosto de Ernie.

Parecia que tinham chegado. Jo conteve o fôlego quando a porta se abriu, tentando preparar-se para o que ia ver e logo seu corpo se moveu para diante. Tinha a boca seca e seu coração pulsava pelo medo enquanto olhava um pouco frenética para o quarto em que estava entrando. Estava procurando o pai de Ernie, o homem que, sem dúvida, a mataria para vingar-se porque Nicholas tinha interferido na captura de seus filhos. Não havia nenhum homem, entretanto, havia somente uma moça adormecida em uma das duas camas do quarto.

Jo ouviu fechar a porta, seu corpo se deteve diante da cama ocupada, mas não podia vê-la bem, assim se fixou no que podia ver. A mulher parecia ter uns vinte anos, como Jo, mas era a única coisa parecida que tinham. Tinha o cabelo negro, curto e espetado, parecia uma drogada, era magra, tinha uma pequena tatuagem de um morcego no lado esquerdo perto dos olhos, múltiplos piercings nas orelhas, um na sobrancelha, e outro no nariz. Usava um Top apertado sobre um sutiã negro e calças de couro negro. Era… interessante.

-Onde está seu pai?- Perguntou Jo em voz baixa, quando Ernie se aproximou da cama.

-Ao sul, a vários dias daqui -disse e depois adicionou: -Vamos descansar um pouco.

Estive vigiando durante dois dias o apartamento. Estou muito cansado para iniciar uma longa viajem agora.

-Dois dias?-perguntou Jo com assombro. Tinha pensado que tinha sido só uma noite, mas então recordou quantas vezes Nicholas e ela tinham feito o amor e que desmaiou e dormiu, percebeu que poderiam ter sido dois dias.

Não era de estranhar que tivesse tanta fome. Tinha estado comendo restos de pizza e alguma sopa enlatada.

Sim, definitivamente poderiam ter sido dois dias. Perguntou-se porque Ernie lhe tinha respondido à defensiva. Era como se pensasse que tinha que existir uma desculpa melhor para não sair imediatamente e que poderia achá-lo fraco por ter que dormir. Não tinha idéia de porque se preocupou a respeito do que ela pensava.

-Não me importa-espetou-lhe e a seguir deitou-se sobre a cama violentamente. Jo supôs que o tinha feito para despertar à garota, ela se queixou mas não despertou.

-Maldição, Dee, acorde-grunhiu Ernie, inclinando-se sobre a cama para lhe dar uma violenta bofetada na cara. O som no quarto foi o suficientemente forte para que Jo fizesse uma careta de antipatia, mas funcionou. A garota despertou. Parecia um pouco lenta e fora de si. Jo se perguntou se sua falta de peso era em realidade uma consequência do vício em heroína. A mulher que tinha chamado de Dee gemeu um protesto e abriu os olhos, o gemido morreu quando viu o homem inclinado sobre ela.

-Ernie?- Dee se incorporou lentamente, com alívio em seu rosto. -Você saiu há três dias, pensei que me tinha deixado.

-Disse que voltaria-grunhiu ele com desgosto. Ernie havia dito que não tinha nenhum interesse no sexo, se era verdade, não era sua amante.

Jo se perguntou o que Dee era para ele.

-Ela é o jantar… e minha serva -Disse Ernie , obviamente, tinha lido a pergunta em sua mente. Olhou para Dee. -Não é mesmo?

-Sim, Ernie-respondeu ela quase ausente, com os olhos cheios de ressentimento quando olhou para Jo. Sua voz era amarga quando lhe perguntou: -Quem é ela?

Minha substituta?

-É para meu pai-disse Ernie brevemente. -Se levante e se arrume. Comeu algo desde que saí?

-Sim. Três comidas ao dia como me ordenou -disse rapidamente, deslizando seus pés fora da cama para levantar-se. -E estive tomando sangue também. Uma bolsa ao dia apesar de que não estava aqui.

-Bom, tome algo mais agora, vou ter fome quando despertar e não poderá dirigir logo se estiver muito fraca.

Dee assentiu com a cabeça, pegou o telefone e discou um número… Jo percebeu que deviam estar aqui há algum tempo já que a garota sabia de cor os números dos locais de comida rápida, também poderia haver outras coisas em sua mente.

Lhe perguntou com curiosidade: -Por que manda ela fazer transfusões e depois se alimenta dela? Por que não bebe o sangue em bolsas e a deixa em paz?

-Eu não gosto da comida fria-disse, olhando-a. -Fique contente porque não quero me alimentar de você.

-Por que não?

-Daria um presente defeituoso a seu pai? -perguntou-lhe secamente.

Jo fez uma careta. Pensou que deveria estar agradecida, mas era difícil que estivesse agradecida, não ia machucá-la antes de entregá-la a seu pai para que ele pudesse fazer o que quisesse com ela.

Ernie olhou para Dee enquanto ela fazia o pedido. Franziu o cenho enquanto pedia um Calzone com salada e depois disse: -Se assegure de que seja suficiente para as duas. A garota a olhou com os olhos entreabridos. -Já fiz o pedido, espero que ela não coma muito.

Jo lhe olhou com surpresa pelo comentário. Não esperava que se incomodasse.

-Até mesmo um prisioneiro condenado recebe uma última refeição-Murmurou ele.

-Não sou um ogro.

-Me perdoe-murmurou secamente Jo para Dee quando esta desligou o telefone. -Mas já que tem a esperança de me dar a ele para comprar os afetos de seu pai como um cliente compra os favores de uma prostituta… sabendo que me vai matar. Assumo que é um bastardo.

Ernie a olhou com um grunhido na garganta e depois, de repente Dee se virou e a agarrou pelo cabelo da nuca, jogou a cabeça para trás e afundou seus dentes na garganta com uma violência que fez que Dee gritasse de dor.

Jo tentou lutar com a culpa, sabendo o sofrimento desnecessário da mulher, era por sua culpa que Ernie se zangou, mas ele tinha tomado o controle de seu corpo de novo e ela não podia mover-se. Seus olhos não se fecharam embora tivesse tentado. Ele queria que visse e o fez com resignação, sabendo que era pouco comparado com o que merecia, devido ao fato de que o tinha feito se zangar. Ao que parece, já que não queria danificar o presente de seu pai, Dee iria pagar por seu aborrecimento.

Ernie retirou os dentes e se virou para olhar Jo. -Desta vez -exclamou, com o sangue em seus dentes-ela pagou pelo que você fez, mas tenha em conta que meu pai não sabe nada a respeito de seu presente e eu sempre posso te drenar até te deixar seca e depois ir atrás de Nicholas ou qualquer uma das outras garotas e levar a meu pai, caso me obrigue a ir muito longe.

Jo olhou para Dee. Ernie ainda a tinha presa pelo cabelo, parecia doloroso. Viu a ferida e Jo engoliu em seco ao ver a mordida. Devido a sua ira lhe tinha esmigalhado algo no pescoço e sangrava.

Ernie olhou para o Dee e a soltou bruscamente. -Cuide de seu pescoço.

Dee tropeçou quando ia para o banheiro. Entrou e fechou a porta. Ernie se voltou para o Jo e se encontrou caminhando para a mesa com duas cadeiras que estava junto à cama. Ouviu como abria uma gaveta perto dela e quando se sentou na cadeira viu Ernie aproximando-se dela, com uma corda na mão.

-Para que não tenha ilusões a respeito de tratar de escapar enquanto durmo-comentou movendo-se atrás da cadeira. Sentiu dor quando lhe atou os pulsos. -Temo que se tentar escapar, Dee provavelmente te golpeará na cabeça até te matar. Não te tem nenhum juízo. - Confessou com diversão.

Jo não tinha que perguntar como sabia. Supunha que tinha lido os pensamentos de Dee, e disse entre dentes: -Ela não me conhece.

-Está com ciúmes-disse divertido quando puxou a corda de seus pulsos. -Quer a mim te vê como uma ameaça.

- E se perceber que não sou uma ameaça?- Sugeriu Jo quando estava lhe atando os tornozelos.

-Por que? -perguntou Ernie verdadeiramente surpreso ante a sugestão. - Eu sou seu professor. Eu faço o que quero e ela tem que aceitar gostando ou não. Igual a você.

-Terminou com os tornozelos e a olhou com desagrado.

-Nicholas deveria ter dito seu status. É inferior. Nos alimentamos de vocês, como se ordenham as vacas. Podemos controlá-los, isso nos permite fazer o que quisermos.

Somos mais rápidos, mais inteligentes, mais fortes… somos superiores.

-Se é tão superior, por que anda com o cabelo gorduroso e a roupa suja? - Perguntou secamente.

-Porque posso, -disse friamente. -Faço o que quero.

Jo o olhou fixamente, lhe passou pela cabeça a idéia de que estava nas mãos de um mucoso malcriado, petulante e muito perigoso. Supôs que não deveria ter se surpreendido ao ver de repente a fúria em seu rosto. Mas depois de uma vida onde seus pensamentos sempre tinham sido próprios e privados, era difícil lembrar que isto já não era certo e que podia ler sua mente. Quando viu que levantava um punho, Jo se armou de coragem para o golpe que estava a ponto de chegar, perguntando-se se chegaria a ver o pai do Ernie ou morreria neste quarto. Passou um momento, mas não sentiu o golpe e Jo abriu os olhos com cautela para encontrar a mão de novo a seu lado e relaxada. O homem estava sorrindo.

-Não te vou matar -disse com calma. -Deixo isso para meu pai.

Jo tentou relaxar e o olhou, pensando que realmente não havia diferença. Aqui agora, ou mais tarde nas mãos de seu pai. Tudo dava no mesmo. Morta era estar morta.

-OH, não, não é o mesmo-assegurou Ernie solenemente respondendo a seus pensamentos. -Te matar seria uma misericórdia. Meu pai te cortará em pedaços lenta e dolorosamente. É um Sem presas.

-Diz isso como se eu soubesse o que é-disse com falsa indiferença.

-Não? -Perguntou com surpresa.

Jo sacudiu a cabeça.

Ernie franziu o cenho e então aparentemente decidiu que ela não sentiria suficiente medo se não soubesse o que estava enfrentando, por isso decidiu lhe explicar. Os Sem presas são imortais, sem presas, uma consequência dos primeiros testes com nanos. Um de cada três não sobreviveram e os que o fizeram…

Bem-sorriu cruelmente. -A metade deles são uns loucos insensíveis. Vêem os mortais como gado e os usam quando querem comida.

-E seu pai é um? - perguntou Jo lentamente.

-OH, sim. Ele é o mais antigo Sem presas que se saiba que está vivo. -Disse Ernie orgulhoso e depois acrescentou: -E os mais velhos são mais poderosos e cruéis.

Jo o considerou, inclinou a cabeça e perguntou: -Mas você não é um Sem presas?

-Não-Murmurou, com um pouco de tristeza.

-Por que não? -perguntou ela. -Se seu pai for um Sem presas, certamente…

-Minha mãe era imortal.

-Então se a mãe é imortal e o pai é Sem presas, o bebê pode ser imortal ou Sem presas? -perguntou com curiosidade.

-O bebê sempre vai sair como a mãe -disse com asco. -O pai somente passa o esperma. O sangue faz o bebê. Se a mãe for imortal, o bebê é imortal, se a mãe for Sem presas, o bebê é Sem presas. Minha mãe era imortal - murmurou.

-Não parece muito contente com isso -Assinalou em voz baixa.

Ernie se encolheu de ombros, mas depois franziu o cenho e disse: -Por que deveria estar? A maioria dos imortais são débeis e bondosos como Lucian e sua turma.

Protegem os mortais em lugar de tratá-los como gado como deveria ser. Eles dão a todos uma má reputação-adicionou com desgosto.

A porta do banheiro se abriu e Dee saiu. Jo tentou girar em seu assento para vê-la, não olhou para Ernie, ele simplesmente girou sobre seus calcanhares e se deitou na cama.

-Vá ver se a comida chegou-disse ao deitar-se.

-E se assegure de ficar de olho nela. Levantarei quando ficar de noite.

Ernie fechou os olhos e ficou completamente imóvel, parecia dormir e Dee foi até Jo.

A garota estava olhando para Ernie, vendo como sua respiração se fazia lenta e constante, mas Jo estava olhando a garganta da garota. Tudo o que conseguia ver era uma grande curativo limpa cobrindo a ferida de seu pescoço, então a garota se voltou para olhá-la. Ernie havia dito que Dee não gostava dela e o olhar que lançou para Jo confirmou o que ele disse. Os olhos de Dee eram como lasers de ódio.

-Ele é meu -sussurrou Dee, olhando-a.

-Foi ele que me trouxe -disse Jo séria, em voz baixa. -De fato, se quiser me soltar, irei daqui com prazer.

Dee vacilou e Jo sentiu esperança por um momento e então Dee olhou para Ernie.

Jo também olhou em seguida, e seu coração se afundou quando viu que ele tinha os olhos abertos e as olhava.

-Se escapar, mato você Dee -disse com calma e depois fechou os olhos outra vez.

Dee suspirou e franziu o cenho para Jo, depois foi para a cômoda, abriu a gaveta superior e pegou algo. Não foi até que se virou e se dirigiu à mesa que Jo viu se tratar de uma arma de fogo. A mulher se sentou em frente a ela e pôs a arma sobre a mesa. Jo olhou o que lhe parecia ser um enorme canhão de pistola apontando em sua direção e então olhou para Dee e perguntou: -Onde arrumou isso?

-É minha agora-disse Dee desafiante, e a pegou para examinar brevemente quando disse: -A tirei de um policial no Texas, que nos parou por excesso de velocidade.

-Não parece do Texas -disse Jo em voz baixa.

-Não sou. Sou daqui-deixou a arma de novo. -Estávamos de passagem no Texas de caminho ao Canadá.

-E tirou a pistola da polícia?- perguntou Jo.

-Ele não precisa mais dela-disse Dee, com um encolhimento de ombros e logo acrescentou desafiante: -De todos os modos era um tipo arrogante. Não deveria ter insultado Ernie.

-Certo -disse Jo em um suspiro, tentando não imaginar ao pobre oficial de polícia que parou o veículo em uma estrada solitária, de noite, sem saber que seria o último carro que pararia. Tentou não pensar nisso quando perguntou: -Como é que estava no Texas com o Ernie se você é daqui?

-Seu pai me levou para o sul-murmurou.

Jo ficou tensa. O pai do Ernie era quem lhe tinha levado, seria inteligente inteirar-se de todo o possível. -Por que te levou para o sul?

-É uma loucura -disse Dee em voz baixa, começando a girar a arma lentamente sobre a mesa. -Ele e alguns de seus filhos chegaram a nossa fazenda no princípios do verão.

Jo piscou surpreendida, não pela notícia de que o pai do Ernie e seus irmãos tinham estado na fazenda de Dee, mas sim porque ela vinha de uma fazenda. Com seus piercings e sua maneira de vestir, Jo tinha pensado que era uma garota de cidade.

-Chegaram no meio da noite, mataram meu pai e se alimentaram de minha mãe, de minhas irmãs e de mim durante alguns dias, depois mataram a minha mãe e duas de minhas irmãs. Levaram a mim e a minha irmã menor paa o sul. Alimentaram-se de nós durante a viagem, às vezes também agarravam outras pessoas para alimentar-se.

Normalmente garotas.

-Parece que preferem às garotas, mas então, provavelmente devido ao fato de que nem sempre encontravam, usavam a nós . O pai de Ernie não nos incomodava quase nada, mas seus irmãos… -Engoliu e seco e se estremeceu. -Gostavam de fazer outras coisas também.

Jo não precisava imaginar quais eram essas outras coisas. Ernie havia dito que alguns de seus irmãos não tinham ultrapassado a etapa do sexo. Podia entender isso. -Sinto muito -disse em voz baixa. -Deve ter sido terrível.

-Foi -disse com uma voz vulnerável que a fazia parecer muito mais jovem do que Jo tinha pensado no início e depois de repente se endireitou e soava muito mais forte quando disse: -Mas então chegamos onde estava Ernie.

-Onde foi isso?- perguntou, Jo mas Dee se encolheu de ombros.

-Estava muito fraca na última etapa da viagem. Dormia muito quando não era incomodada. Tudo o que sei é que estou bastante segura de que não era a América quando paramos. Fazia calor, a gente falava outro idioma e os sinais estavam em espanhol ou algo parecido.

-América do Sul, provavelmente-murmurou Jo. Sim, é onde o pai de Ernie vive por isso terá que fazer uma longa viagem para chegar ali. Vários dias. Poderia ter a oportunidade de escapar, pensou, e logo olhou a Dee para que continuasse.

-Ernie era agradável. Quando as sobrancelhas Jo subiram pela surpresa, Dee franziu o cenho e disse: -Era. Mordia-nos, mas não nos usava para essas outras coisas.

O medo da garota fez que se zangasse e se calasse, Jo assentiu com a cabeça rapidamente.

Dee se relaxou um pouco e continuou, com voz sombria. -Quando disse que ia sair de viagem, seu pai me entregou a ele. Acredito que pensou que Ernie só se alimentaria de mim e assim não teria que procurar outros, mas Ernie não se alimentou de mim. Deu-me de comer e me pôs saudável outra vez. Cuidou de mim e se alimentava de outros como do policial e quando me viu forte foi quando começou a se alimentar de mim. Ocupa-se de meu bem-estar.

-E sua irmã? - perguntou Jo em voz baixa.

-Morreu antes de eu sair -disse Dee.

-Sinto muito-disse Jo suspirando. Ficou calada um momento, analisando a informação que tinha obtido e então perguntou: -Então Ernie é o único irmão que tinha presas?

Dee assentiu. -O resto deles nos cortavam… exceto Basha.- Algo na voz de Dee lhe chamo a atenção.

-Basha?

-Ela é como Ernie, tem presas-disse Dee, com admiração. -Não está louca como o resto deles. É bonita, com o cabelo loiro comprido e sedoso. Seus olhos são como um iceberg… e é poderosa, muito fria e forte… Nenhum dos homens se mete com ela. No segundo dia que estávamos ali, um deles lhe disse algo que a enfureceu e ela o golpeou tão forte que atravessou uma parede.

Jo franziu o cenho, quando se deu conta que era uma heroína para ela.

-O que lhe disse?

-Não tenho certeza. Estavam no quarto ao lado e de repente atravessou a parede e caiu a meus pés, depois passou através do buraco e olhou para baixo e lhe disse: “Lembre de guardar sua língua com você ou se não, além de não ter presas, não terá língua”. E então saiu correndo. Dee suspirou com admiração e logo acrescentou: -Até mesmo o pai de Ernie a escuta. É a que lhe convenceu de passar despercebido durante um tempo e permanecer fora do Canadá até que a situação passasse. O pai de Ernie realmente é um bastardo cruel-disse Dee, quase sentindo pena de Jo. -Vai te fazer mal quando Ernie entreguar você.

Jo a olhou em silêncio e então se acomodou na cadeira, ignorando a dor de seus braços quando disse com um pouco de desespero: -Poderia me ajudar a escapar.

Poderíamos ir. Eu conheço pessoas que poderiam nos manter a salvo.

-Igual a mantinham quando Ernie pegou? -perguntou com secura e sacudiu a cabeça.

-OH, não. Sou sua… Não vou traí-lo e lhe dar uma razão para me matar. Quero ser forte e poderosa como Basha. Quero que me transforme e se for leal o fará. Disse ela com certeza.

Jo se sentou cansada e sacudiu a cabeça. -Não te vai transformar, Dee. Vê-nos como gado. Usará você durante o tempo que lhe agradar e então te atirará na sarjeta, como seu pai espera.

-Não-disse de uma vez, quase com desespero. -Cuidou de mim quando fomos de onde seu pai está. Preocupa-se comigo.

-Sim, fazendo com que enfaixe a garganta e pela forma em que te tratou desde que cheguei aqui mostra uma grande quantidade de cuidado-disse Jo tensa.

-Estava furioso. Foi por sua culpa-disse Dee de uma vez.

Jo a olhou em silêncio, perguntando-se por que Ernie teria se incomodado em curar à garota. Não pensou nem um segundo que era porque lhe importava, mas… - Quem foi que dirigiu até aqui?

-Ele o fez no princípio, mas depois dos primeiros dias quando me senti melhor, eu dirigi, ele dormia durante o dia e eu durante a noite-disse com orgulho.- Confia em mim.

-Precisava…-corrigiu Jo com firmeza. -Te alimentar com um alguma comida e não te violentar para você é suficiente para estar agradecida e te deixou conduzir de dia assim ele podia dormir.

Dee simplesmente a olhou.

-Por que não vieram de avião?- perguntou Jo de sopetão.

-O que?-pPerguntou Dee com confusão.

-Por que dirigir todo caminho até aqui em vez de voar? Podiam ter economizado um monte de tempo -assinalou.

-Ele não gosta de voar -disse Dee friamente e então adicionou quase a contra gosto -Seu pai e seus irmãos se divertiam às custas dele a respeito disso, diziam-lhe que era outra sinal de sua inferioridade, que um Sem presas não teria medo de voar. Mas eles são os que são inferiores. Não têm presas e têm que cortar às pessoas e Basha tem presas e é mais inteligente e mais forte que todos eles.

Jo ficou em silêncio durante um minuto. A garota tinha definitivamente uma admiração por essa mulher, Basha. Com um suspiro, inclinou-se para frente e tentou de novo raciocinar com ela. -Está enganando a si mesma se pensa que te vai transformar, Dee. Não vai ser como Basha. Matarão tanto você como a mim. Uma vez que esteja ali, não será necessário que dirija mais e a entregará a seus irmãos para que terminem o que começaram na primeira viagem para o sul.

-Cale a boca-espetou Dee, sua mão apertou a pistola. Bateram na porta.

-A comida chegou-murmurou Jo, olhando com receio para Dee. A garota era obviamente instável, depois de tudo o que tinha passado, era de se esperar.

Infelizmente, Jo não acreditava que fosse ser capaz de convencê-la de que não havia futuro para ela com Ernie. Pelo menos, não antes que fosse muito tarde. Dee parecia estar tão agradecida de que a deixasse viver e que não a estivesse violentando, que o tratamento cruel para ela era como uma espécie de proteção… e ia matá-la. A questão era se Jo estaria ali com ela quando ocorresse… ou se morreria aqui neste quarto, pensou enquanto olhava para Dee, tinha a pistola no peito, um pouco tremente.

-A comida-disse Jo uma vez mais, seu estômago começava a se revolver pela tensão de que sua morte parecia iminente, depois de tudo.

Dee amaldiçoou em voz baixa e se levantou, deslizando a pistola para a parte posterior de suas calças de couro, quando caminhou para a porta.

Logo tpegou um maço de notas de seu bolso de atrás com uma mão enquanto abria a porta com a outra. No momento em que Dee começou a abri-la, a porta se abriu, golpeando-a e atirando-a para trás.

Jo agarrou ar rápido quando Dee caiu contra a cadeira, sentiu um grande alívio ao ver o Nicholas entrar no quarto. Usava a roupa com que lhe tinha visto da última vez, mas agora também usava uma jaqueta longa. Entendeu a razão da jaqueta longa quando tirou uma balestra de debaixo dela enquanto estudava o quarto. Olhou-a, piscou com alívio, depois olhou para Dee sentada no chão junto à mesa, olhando-o sem compreender e finalmente para Ernie que estava na cama. Apontou para Ernie e disparou.

Jo nunca viu a flecha que golpeou Ernie, seu olhar estava em Dee quando lançou um grito de dor como o dos animais e tirou a arma que tinha escondida em suas calças.

Jo não duvidou nem um momento, limitou-se a reagir. Seus tornozelos estavam atados, os pulsoss atados à costas, por isso fez a única coisa que podia fazer.

Gritou: -Não!- fez sua melhor imitação de um golfinho saltando fora da água e se jogou para Dee, caindo contra a mulher e a arma… quando o sentiu.

O impacto da bala foi como um murro, Jo sentiu falta de ar, que de repente parecia ausente. Era vagamente consciente que Nicholas estava gritando seu nome e então estava ali, longe de ajudar Dee. Agarrou-a em seus braços, seu rosto refletia pânico.

-Jo. Deus, o que fez-murmurou, de pé levando-a para a cama.

-Dee -ofegou com ansiedade, com medo de que a garota lhe disparasse pelas costas.

Nicholas se deteve para olhar para trás, bem a tempo para que os dois vissem a garota fugir do quarto. Nicholas grunhiu do fundo de sua garganta, quando desapareceu pela porta ainda aberta, mas não tentou detê-la. Em vez disso, voltou-se para a cama.

-A arma-Jo respirava com dificuldade quando a deixou junto a Ernie-Ela pode voltar.

-Está descarregada-grunhiu Nicholas e supôs que tinha lido isso na mente de Dee.

Jo o olhou quando levantou sua camisa para dar uma olhada em sua ferida e lançou uma maldição. Era ruim. Ela não era médica, mas estava muito mal. O buraco não parecia muito grande, mas o sangue estava saindo dela como uma mangueira de água a meia pressão. Isso não parecia estar bem.

-Tem fome? -perguntou com um sorriso forçado.

Se o olhar que Nicholas lhe jogou matasse, estaria morta.

-Sinto muito-murmurou Jo e então fechou os olhos, ele deu meia volta e se precipitou para o banheiro. Pensou que tinha sido uma pobre tentativa de humor, mas na verdade não se sentia bem. Em realidade, isso era uma espécie de eufemismo.

Sentia-se horrível.

Tinha dificuldade de respirar e estava cada vez mais fraca.

-Fique comigo, Jo.

Obrigou-se a abrir os olhos, viu Nicholas agarrando uma toalha de banho e colocando-a no peito. Jo o observava, pensando que provavelmente deveria doer, mas não foi assim. Não era bom tampouco. Pensou isso vagamente e lhe olhou no rosto. Parecia frenético, seus olhos brilhavam prateados como quando faziam amor e murmurou: -Seus olhos estão como quando está excitado.

-O que?- Ele a olhou com confusão e logo franziu o cenho ante o que via ali.

Levantou uma mão de seu peito, tocou seu rosto, seus olhos se cravaram nela, quando lhe tocou a bochecha e disse com firmeza: -Tem que ficar comigo, Jo.

-Estou aqui-murmurou Jo e logo abriu os olhos e disse: -Amo você.

Ela não sabia de onde tinha saído. Não tinha previsto dizê-lo, mas sabia que era verdade. Amava-o. Ele era bonito e inteligente… e tinha mais honra em seu dedo mindinho que a maioria dos homens tinham em todo o corpo.

Nicholas tinha nascido para ajudar às pessoas, para salvá-las, como a tinha salvo uma e outra vez. Jo estava segura disso. Também era certo que não ia ajudar a ele, era uma vergonha, porque realmente queria poder fazê-lo.

Jo queria um montão de coisas, poderia lhe ajudar a resolver o mistério do passado para que pudesse deixar de fugir e assim estabelecer-se e desfrutar da vida, preferentemente com ela. Desejou poder ter uma vida juntos cheia de amor e brigas e… quem sabe pudesse ter seus bebês e…

Jo fechou os olhos com cansaço, mas tentou abri-los de novo para obter um olhar a mais dele, porque quando a escuridão se deslizou aos lados de sua visão, soube que não queria saber nada do que ela queria.

-Jo?- disse Nicholas com ansiedade quando fechou os olhos. Chegou até lhe esbofetear a cara ligeiramente e logo tentou despertá-la, mas não funcionava.

Amaldiçoando, olhou ao redor grosseiramente e logo olhou a ferida do peito. Tinha estado tentando deter o sangramento, mas ainda se filtrava ao redor dos dedos e amaldiçoou pela frustração, desejando que fosse imortal. Os nanos seriam capazes de deter a hemorragia se os tivesse, pensou, e logo se congelou quando sua mente de repente se limpou.

Tinha que recorrer a eles. Simples assim. No momento em que o pensamento golpeou seu cérebro, Nicholas levou o pulso à boca, rasgando a pele, e então obrigou Jo a abrir a boca e colocou seu pulso em sua boca. Observou em silêncio como seu sangue corria por seus lábios, instintivamente levantou a cabeça com seu outro braço para que o sangue corresse por sua garganta. Quando o sangramento do pulso diminuiu e depois parou, relaxou deitando-se na cama e rasgou outra vez a pele do mesmo braço. Deixou que sangrasse até que também diminuiu e depois parou.

Nicholas a olhou no rosto então, contendo a respiração enquanto esperava algum sinal de que não tinha sido muito tarde. Sabia que devia tê-lo feito antes em vez de tentar deter a hemorragia, mas não havia precisamente pensado com claridade. Na verdade, não tinha pensando com claridade do momento em que a tinha visto Ernie passar em um carro e se deu conta de que era Jo que estava no assento do passageiro a seu lado.

Nicholas olhou para Ernie. O homem estava tão quieto como se estivesse morto, a flecha se sobressaía de seu coração para garantir que não se levantasse de novo. Ao menos não até que lhe retirassem a flecha. É obvio, a mulher que tinha escapado era um problema que teria que ser tratado mais adiante… preferencialmente por outra pessoa. Se fosse ele, Nicholas provavelmente torceria o pescoço da cadela por disparar em Jo e não lhe importava se tinha sido efetivamente destinada a ele e Jo se jogou na frente da arma.

Jo gemeu e Nicholas se apoiou com entusiasmo mais perto, olhou seu rosto.

Ouviu um segundo gemido de Jo e ela virou a cabeça fracamente. Fechou os olhos e sussurrou: -Obrigado, Deus -disse quando se deu conta que estava se transformando e que não o tinha feito muito tarde.

Seus olhos se abriram de novo com o terceiro lamento, entretanto, Nicholas franziu o cenho com uma nova preocupação. A transformação era insuportável tanto para o corpo como para a mente. Sabia que se tinham pesadelos e alucinações tão horríveis que alguns enlouqueciam. Nicholas não estava disposto a correr o risco. Havia drogas e truques para ajudar com a transformação e ele ia se assegurar de que receberia o cuidado necessário.

Bruscamente ficou de pé, olhou a seu redor, depois para Jo e finalmente para Ernie.

Queria deixar o renegado, mas não podia se arriscar a que a garota mortal que tinha disparado em Jo voltasse e tirasse a flecha que incapacitava a Ernie, e assim lhe ajudar a escapar. Virou-se e saiu do quarto sem fechar a porta totalmente.

Foi para seu carro, entrou e o estacionou próximo da porta do quarto.

Dentro do quarto, levou um momento para colocar a camiseta em Jo e desamarrá-la, depois amarrar Ernie com as cordas e se assegurar que a flecha estava firmemente cravada em seu peito. Nicholas colocou Ernie na caminhonete, o jogou dentro, satisfeito com o golpe que seu corpo deu contra o chão de metal e se apressou para pegar Jo. Quando começou a levantá-la, parou e observou a mancha de sangue de sua camiseta, causada pela ferida de bala. Tinha pensado em sentá-la no assento dianteiro mas chamaria muito a atenção.

Nicholas olhou a seu redor e pegou uma jaqueta de couro que havia sobre uma das cadeiras do quarto. Viu que era de mulher quando o pegou. Pôs em Jo e depois a pegou e levou até a porta.

Nicholas saiu do quarto bem a tempo para ver como Dee se metia na parte traseira da caminhonete. Tomou o controle dela, fez com que parasse e que se sentasse enquanto ele subia.

Nicholas pôs Jo no assento do passageiro, colocou o cinto de segurança, depois foi ao volante e ligou o motor antes de procurar seu telefone. Olhou nos bolsos antes de lembrar que não tinha.

Amaldiçoando, Nicholas fechou os olhos um instante e depois os abriu quando alguém golpeou a janela do motorista. Virou a cabeça e viu um homem forte, de uns cinquenta anos. Nicholas baixou o vidro.

-Tudo bem, amigo? Sua senhora não parece estar bem. Necessita ajuda?- Perguntou o homem com uma voz cheia de preocupação e desconfiança.

Nicholas olhou para Jo, observando seu rosto pálido, inconsciente, mas com a jaqueta ainda em seu lugar, ocultando a mancha de sangue do peito, graças ao cinto de segurança. Voltou-se para olhar o homem, seu olhar ia dele para Jo e viceversa, parecia ansioso.

Deve tê-los visto enquanto Nicholas punha o cinto de segurança em Jo, pensou Nicholas e depois olhou ao homem na janela.

-Você tem um telefone? -perguntou.

O homem piscou. -O que?

Muito impaciente para ser cortês, Nicholas se meteu em sua mente e tomou o controle.

O homem imediatamente colocou a mão no bolso e entregou um telefone.

-Obrigado -murmurou Nicholas e rapidamente discou o número da casa dos executores. Para seu alívio, Mortimer atendeu desta vez. Nicholas foi direto ao assunto.

-Estou levando Jo até aí.

-Vai trazê-la?- disse Mortimer com incredulidade.

-Sim. Ela iniciou a mudança. Terá que ajudá-la.

-Sabe que não podemos te deixar partir -advertiu-lhe Mortimer em voz baixa.

-Sei -disse com gravidade, olhou ao homem do janela e viu que sua mulher se aproximava para ver o que acontecia. Ela não podia ver a cara de seu marido, mas ao parecer suspeitava que algo estava errado.

Voltou sua atenção ao telefone e disse: -Peço te só um favor. Dois, na verdade.

-O que? -perguntou Mortimer.

-Fico com ela até que termine a mudança.

-Está bem -Mortimer esteve de acordo.

-E tenho que falar com ela uma vez que esteja acordada antes de que me levem a julgamento-disse Nicholas e franziu o cenho e acrescentou: -Quero uma noite com ela antes de chamar Lucian.

Houve silêncio durante um minuto e depois Mortimer disse: -Está bem. Estou de acordo.

-Chegaremos em uns vinte minutos -disse Nicholas.

Em seguida, desligou e o devolveu o telefone ao homem, tomou um momento para reorganizar seus pensamentos antes de controlar à esposa do homem também.

Nicholas subiu seu vidro enquanto o casal se dirigia à porta de seu quarto no motel e então tirou a caminhonete do estacionamento. Jo se queixou pela quarta vez enquanto saíam à rua. Desta vez ele não parou.

Capítulo 16


Nicholas pressionou sua mão na buzina no momento em que pôde ver o bosque na borda da propriedade dos executores. Ele não tirou sua mão até que entrou no caminho de entrada para o portão.

Tal como esperava, os executores que vigiavam a porta souberam de sua chegada pela buzina e quando ele virou tinham o portão exterior aberto. Tinham mantido o portão interior fechado como medida de precaução, mas um dos homens que estava ali, no momento em que reconheceu Nicholas no volante, agarrou o portão e começou a abri-lo enquanto corria.

Nicholas passou rugindo através dos dois portões e acelerou pelo caminho, tomando o desvio para a frente da casa. Freou violentamente na porta principal enquanto esta se abria e conseguiu ver Mortimer que saía correndo, seguido por Bricker e Anders, mas então levou a caminhonete ao estacionamento e saltou a toda pressa do veículo, rodeando-o em direção à porta do passageiro.

Mortimer tinha chegado à caminhonete e estava agarrando maçaneta da porta quando Nicholas chegou e lhe apartou a mão de um golpe lançando um grunhido, para abri-la ele mesmo. Jo era dele. Ninguém mais a tocaria.

-Ernie e uma mulher mortal chamada Dee estão na parte traseira da caminhonete-replicou Nicholas enquanto abria a porta.

-Está ferida?- Mortimer perguntou com voz preocupada enquanto tentava dar uma olhada em Jo por cima do ombro de Nicholas.

-Não-disse ele friamente, soltando o cinto de segurança que tinha preso ao redor do Jo.

Isso tinha servido para mantê-la em seu assento quando tinha começado a mudar mas fracassou quando a dor que ela sofria aumentava. Quando o cinto de segurança se desprendeu, Nicholas recolheu Jo em seus braços e acrescentou com amargura, -Ela deve estar ferida, mas eu não tive tempo. Eu queria trazer para Jo para cá antes que a trasformação chegasse muito longe.

Ele girou com ela em seus braços e vendo que Mortimer tinha as sobrancelhas levantadas lhe disse, -Sua mente está quebrada, está do lado de Ernie e disparou em Jo.

-O que?

Esse chiado agudo levou seu olhar em torno de uma magra mulher de cabelo escuro nos degraus da entrada e supôs que era Sam, a irmã de Jo. Havia uma semelhança definida, embora a mulher era uma versão gasta de Jo, seus braços eram magros e das calças curtas que usava apareciam umas pernas ossudas. Embora com um pouco de carne nela, seria quase tão bonita como Jo, pensou Nicholas, mas logo a tirou de seus pensamentos e se virou para advertir a Mortimer. -Estive controlando a mortal todo o caminho até aqui, mas a liberei quando saí da caminhonete. Neste momento, ela provavelmente está tirando a flecha do coração do Ernie.

Mortimer assentiu em forma sombria. -Bricker, Anders, levem-nos às celas. Nos ocuparemos deles mais tarde.

-Estamos nisso-disse Bricker, enquanto se movia para abrir a porta da caminhonete junto a eles. Uma vez que esteve aberta, olhou e sacudiu a cabeça. -Nicholas disse que provavelmente estaria fazendo isso, garota travessa e brincalhona-murmurou, e depois subiu na parte de trás da caminhonete e fechou a porta enquanto Anders se situava na parte dianteira.

-Sam, querida-disse Mortimer, puxando ela para a afastar de Nicholas, enquanto tentava dar uma olhada em Jo. -Vamos dentro para instalá-la em seu quarto, de acordo?

-Sim, é obvio-murmurou Sam, e retrocedeu para a casa para lhes mostrar o caminho.

-Depois de você-disse Mortimer com voz firme, mas Nicholas já estava seguindo à mulher.

-Conseguiu o que ela precisa?- perguntou-lhe enquanto seguia Sam pelos degraus para dentro.

-Estão a caminho-assegurou-lhe Mortimer, e depois elevou a voz para fazer-se ouvir por cima de Jo enquanto esta se sacudia e o volume de seus gemidos se incrementava.

-Deveriam ter chegado aqui antes que você, mas suspeito que acelerou um pouco.

-Sim-murmurou, pressionando um pouco mais Jo contra ele e olhando preocupado seu rosto que agora era uma máscara de dor e começava a retorcer-se em seus braços.

Tinha quebrado um montão de leis de trânsito em sua determinação por chegar rápido e acelerou a caminhonete tudo o que pôde, passando os semáforos no vermelho, os sinais de ‘Pare’ e um ou dois policiais que teve que controlar quando o perseguiram.

-Estarão aqui logo-disse Mortimer tranquilizador, enquanto Sam os guiava até um quarto. -Enquanto isso, pedi a Bricker que trouxesse uma corda para que possamos amarrá-la.

-Amarrá-la?- perguntou Sam horrorizada, detendo-se bruscamente.

Nicholas a esquivou com impaciência indo para a cama enquanto Mortimer lhe dizia com doçura: -É para seu próprio bem, querida. Para que não se machuque.

-Sim, mas…

-Onde está a corda?- replicou Nicholas quando começou a tirar os jeans de Jo. Sua preocupação era com Jo. Mortimer poderia acalmar Sam depois que se ocupassem de Jo.

Para seu grande alívio, Mortimer esteve do outro lado da cama sustentando a corda quase ao mesmo tempo. Nicholas apartou as calças jeans, mas no momento deixou a camiseta e a jaqueta que lhe cobriam o peito, e tomou a corda que Mortimer lhe estendia. Trabalharam juntos, cada um tomou um pulso que amarraram a um extremo da corda e depois fixaram o outro extremo ao pés da cama de metal, antes de fazer o mesmo com seus tornozelos. No momento em que se encontravam na parte inferior da cama e fora do caminho, Sam se colocou junto a Jo, e apartou para um lado a jaqueta de couro que lhe cobria o peito. Nicholas não se surpreendeu por seu grito de horror ao ver o buraco na camisa de Jo e a mancha de sangue, mas a ignorou até que terminou o que estava fazendo.

-O que aconteceu?- perguntou ela consternada, puxando a camisa de Jo para cima.

-Já disse. Ela recebeu um tiro-grunhiu Nicholas, endireitando-se e retornando à cabeceira. Ele nem sequer olhou à mulher no lado oposto do colchão, tinha os olhos postos na ferida do peito de Jo. Já não sangrava e se via um pouco menor, supôs que os nanos tinham começado a repará-la antes de fazer qualquer outra coisa. Isso queria dizer que utilizariam o pouco sangue que ela tinha e que atacariam os órgãos em busca de mais.

-Ela precisa de sangue-disse Mortimer, seus pensamentos se moveram na mesma direção que os de Nicholas. -Vou pegar.

O imortal esteva fora do quarto antes que a última palavra saísse de sua boca, movendo-se a grande velocidade. Um ruído surdo um segundo mais tarde, disse a Nicholas que Mortimer provavelmente tinha passado por cima as escadas e que para economizar tempo tinha saltado o corrimão para a sala do térreo. Nicholas sabia que retornaria com a mesma rapidez e olhou para Sam que se sobressaltou ao ver desaparecer Mortimer pela porta. Ele a olhou interrogante quando lhe devolveu o olhar.

-Sempre me surpreende ver que se move tão rápido-murmurou ela em modo de explicação e depois franziu o cenho quando ela baixou o olhar para Jo. -O que lhe oconteceu?

-Já disse isso, dispararam-lhe- disse ele com tom áspero pela terceira vez. A mulher obviamente estava em estado de comoção, porque não podia compreender o conceito.

-Sim, mas como?- perguntou ela com frustração. -Por que essa garota lhe disparou?

Nicholas se colocou junto à cama, com os olhos fixos no rosto pálido de Jo, seu próprio rosto se contorcia enquanto tentava ordenar seus pensamentos.

-Aqui.

Levantou a vista e se surpreendeu ao ver Mortimer a seu lado, tinha várias bolsas de sangue entre seu braço e seu peito, e tinha outra na mão que estendia para Nicholas.

-Começe com esta, mas só deve lhe dar uma. Vamos lhe dar os medicamentos e colocar uma intravenosa depois que eles cheguarem com os fornecimentos.

Nicholas assentiu com a cabeça e murmurou: -Abra a boca dela.

Levantou a bolsa de sangue e mordeu um dos cantos enquanto Sam imediatamente se inclinou sobre Jo do outro lado para fazer o que lhe pediu e começou a verter o líquido espesso de cor vermelha em seu interior.

Nicholas se inclinou para trás uma vez que terminou. Jo tinha se acalmado um pouco, o volume dos gemidos diminuiu, mas não pararam por completo. Ele supôs que os nanos tinham abandonado os órgãos e estavam recolhendo o sangue que ela acabava de ingerir para fazer sua tarefa. Mas ele sabia que a calma não duraria muito tempo. Utilizariam o sangue para gerar mais nanos que começariam a disseminar-se por seu corpo para cobrir as áreas mais importantes como o cérebro e o coração, e então iriam trabalhar e ela estaria em uma agonia até que terminassem. Ou pelo menos, até que o pior de tudo tivesse passado.

-O que aconteceu?- perguntou Mortimer, fazendo eco à pergunta que Sam fez antes.

-Você me ligou e disse que fosse procurar na casa de Sam, mas quando os homens chegaram lá, ela não estava.

Nicholas suspirou tristemente e passou uma mão pelo cabelo enquanto espremia a bolsa de sangue vazia na outra mão. Parecia que tinham passado meses para ele, mas só tinham sido algumas horas.

-Liguei do hall, depois fui para casa-respondeu-lhe, suas palavras e o tom não denotava nenhuma emoção. -Então fui ocultar a caminhonete para que seus homens não a encontrassem. Estava retornando para vigiar o edifício até que seus homens chegassem ali quando Ernie passou com Jo no assento do passageiro. Voltei correndo, peguei a caminhonete e os segui até um motel. Parei na borda do estacionamento, enquanto a levava para dentro e depois me arrastei até a janela para escutar e ver o que estava acontecendo. Se Leonius ou qualquer outra pessoa estivesse dentro, planejava te chamar, mas não levou muito tempo para saber que junto com Jo só estavam Ernie e uma mulher mortal, e decidi que resolveria por minha conta.


Nicholas apertou a boca e se repreendeu em silêncio por essa decisão. Deveria ter chamado Mortimer e conseguido um pouco de ajuda, assim possivelmente Jo não tivesse recebido um tiro.

-O que aconteceu?- repetiu Mortimer.

Fazendo uma careta, Nicholas se aproximou para roçar a bochecha de Jo com um dedo.

-Queria entrar ali, mas Ernie disse à mulher que pedisse comida para ela e para Jo, e depois disse que ia dormir. Pensei que seria melhor esperar. Ernie estaria dormido e a mulher pensaria que era o entregador de comida e poderia surpreendê-los e salvar o dia-disse com amargura, e depois apertou os dentes e continuou: -Esperei, chamei, e depois que a mulher começou a abrir a porta, empurrei-a e entrei. A mulher estava no chão, Jo estava amarrada em uma cadeira e Ernie se levantou da cama. Disparei em Ernie um tiro no coração com minha balestra, escutei o grito de Jo, dei a volta e consegui ver….

Nicholas fez uma pausa e respirou, pressionando para baixo o nó que se formou em sua garganta ao recordar esse momento.

-Ela estava amarrada-disse, com o que até mesmo ele reconheceu como desconcerto.

-Seus pulsos estavam atados à costas, os tornozelos estavam atados juntos, mas ela se jogou sobre a mortal. A mulher estava levantando uma pistola para apontar pra mim, e Jo… ela estava tentando me salvar, pelo amo de Deus, como se uma pequena bala me fizesse mal.

Mortimer pôs uma mão sobre seu ombro e lhe deu um apertão em sinal de simpatia, e Nicholas concluiu -A arma disparou quando caiu sobre a mortal.

-Então recebeu uma bala por você?- perguntou-lhe Sam, e acrescentou: -Por que essa mulher tentou disparar em você? Não percebeu que estava ali para salvá-las?

-Não queria ser salva-disse Nicholas sombrio. -Está quebrada. É seu mascote.

-Ia dizer lhes que está quebrada-disse Bricker sombrio, chamando a atenção sobre o fato de que Anders e ele tinham chegado e estavam cruzando o quarto. -É um desastre, Mortimer. Viu toda sua família ser assassinada pelo Leonius e seus filhos. O

pai estava pendurado pelos calcanhares nas vigas do celeiro na noite que chegaram na fazenda. Degolaram-no sobre uma caixa e depois passaram o cubo entre eles, bebendo seu conteúdo, enquanto sua família observava.

-E isso foi o mais amável que fizeram à família-murmurou Anders.

-Cristo-disse Mortimer suspirando, e pôs seu braço em torno de Sam que estava horrorizada e a levou contra seu peito.

-Tinha uma mãe e várias irmãs também-murmurou Bricker. -Só ela e uma irmã menor sobreviveram ao acontecido na fazenda. Foram violentadas e se alimentaram delas por turnos até que a irmã pequena morreu. Seu nome é Dee-acrescentou, detendo-se junto à cama para olhar para Jo. -Estava muito perto da morte quando Leonius a entregou a Ernie, como lanche de viagem. Ele a alimentou, não a violentou, e a morde de vez em quando, em vez de cortá-la, por isso para ela, ele se converteu em seu herói.

Bricker olhou ao Mortimer, e acrescentou: -Vai precisar de um três em um.

-Três em um é quando três imortais limpam a mente de um mortal ao mesmo tempo, não é?- perguntou Sam em voz baixa.

Mortimer assentiu, mas Bricker disse: -Isso poderia destruir sua mente.

-Há muito pouco de sua mente que não esteja destruído-disse Anders secamente. -O

três em um pode ser sua única oportunidade de ter um pouco parecido a uma vida normal. Limparão-na por completo e farão que recomece de novo se é que há algo para começar de novo.

-Vou sugerir isso a Lucian-murmurou Mortimer, e depois olhou para Nicholas.

-Suponho que converteu Jo depois que lhe dispararam?

Ele assentiu com a cabeça.

-Ela deu seu consentimento?- perguntou Mortimer.

-Não. Estava inconsciente… e morrendo. Tomei a decisão por ela.

Mortimer assentiu com a cabeça, mas olhou para Sam. Nicholas suspeitava que o outro imortal estava desejando que lhe tivessem dado a oportunidade de fazer isso com ela também. Sam deveria ser imortal agora, isso seria algo mais seguro para ela, tendo em conta o trabalho que fazia Mortimer. O fato de que Ernie tinha entrado na propriedade e atacado Jo, tinha-lhe feito pensar na fragilidade de sua companheira de vida que se recusava à mudança. Deve ser uma espécie de inferno para o homem, pensou Nicholas. Não podia imaginar sofrer toda essa preocupação que Mortimer tinha atravessado todos esses meses. Depois de ter passado só dois dias preocupando-se com Jo até adoecer, era um grande alívio saber que agora ela ia ser uma imortal… Mesmo se não fosse estar com ela, pelo menos Nicholas ia morrer sabendo que estaria bem… salvo um acidente ou um assassinato, pensou de forma sombria, e logo olhou o telefone da cama quando este começou a soar.

Mortimer respondeu, escutou e depois desligou. -As drogas e a intravenosa chegaram. Acabam de passar pelo portão.

A primeira coisa que pensou Jo ao despertar e abrir os olhos foi que se sentia como se tivesse sido atropelada por um caminhão. A seguinte coisa foi perguntar-se sobre quem estava dirigindo o caminhão.

-Jo.

Seu nome soou como um leve suspiro de alívio, e ela voltou a cabeça e esboçou um sorriso quando se encontrou olhando para Nicholas. Tinha permanecido sentado em uma cadeira junto à cama, mas agora estava inclinado sobre ela e parecia que não dormia há dias. Seu rosto estava cinza com grandes bolsas sob seus olhos e parecia uns dez anos mais velho, o que era algo alentador, decidiu Jo. Parecia que depois de tudo, estes imortais nem sempre eram pessoas bonitas. Eles também podiam parecer com o inferno.

-Olá bonitão-murmurou, e franziu o cenho quando as palavras saíram como um grasnido seco que lhe raspava a garganta.

-Aqui. Nicholas pegou um copo do criado mudo, sentou-se na cama e passou um braço por suas costas. Levantou-a e apoiou o copo nos lábios. -Beba.

Jo obedeceu a ordem em silêncio e bebeu a água que verteu em sua boca. Deu só um gole e depois baixou o copo e lhe perguntou: -Quer mais?

Quando engoliu em seco e assentiu, Nicholas inclinou de novo o copo.

-Melhor?- perguntou ele, baixando o copo quando ela fez gestos de que tinha tomado o suficiente.

-Sim. Obrigada-murmurou Jo lançando um pequeno suspiro. Ele se girou um pouco para deixar o copo no criado mudo outra vez, quando se voltou, lhe perguntou: - O

que aconteceu?

Um gesto de preocupação apareceu imediatamente em seus lábios, mas lhe perguntou: -O que você se lembra?

Jo baixou a vista, olhando para baixo enquanto procurava rapidamente em sua memória. Fez uma careta quando recordou o acontecido.

-Dee disparou em mim-disse desgostosa, e depois adicionou: -Ou talvez fosse mais justo dizer que eu consegui que ela disparasse em mim. Estava apontando para você.

Jo sorriu divertida de forma irônica, mas Nicholas não estava lhe devolvendo o sorriso. Sua expressão era séria quando assentiu com a cabeça. Sua voz também era séria quando lhe disse, -Aprecio o que estava tentando fazer, Jo, mas foi um risco tolo. Poderia ter recebido uma bala ou duas sem muitos problemas, mas…- sacudiu a cabeça e fechou os olhos brevemente ao terminar, -Poderia ter morrido e esteve a ponto de fazer isso.

-Isso explica por que me sinto como uma merda-murmurou, e depois voltou seu rosto para o peito dele para acariciá-lo e adicionou: -Mas não morri, e ambos estamos sãos e salvos, e não precisa me deixar com Mortimer e seus homens enquanto estou me curando, assim tudo está bem.

Quando não disse nada, Jo levantou a cabeça e o olhou séria, enquanto lhe dizia, -Sei que estava tentando me manter a salvo ao me deixar no apartamento, mas as coisas más acontecem quando você não está perto. Talvez seja um sinal de que devemos permanecer juntos.

-Ernie já não será um problema-disse Nicholas em voz baixa.

-E Dee?

-Mortimer está se encarregando dos dois-assegurou-lhe.

Ela pensou no que disse e então perguntou: -O que vão fazer com o Dee?

-Provavelmente limpem sua memória e levem para ser encontrada em algum lugar público. As autoridades mortais acreditarão que sua falta de cor se deve ao trauma que sofreu quando foi sequestrada pelas pessoas que mataram sua família. Eles a ajudarão a começar uma nova vida. Vai estar bem.

-Bom-decidiu Jo. A jovem provavelmente tinha vivido de forma perfeitamente normal durante dezenove ou vinte anos, antes que a família de Ernie caísse sobre eles e os submetessem a inumeráveis horrores. Esperava que sem as lembranças desse período, Dee pudesse ter um pouco parecido a uma vida feliz. Jo não se incomodou em lhe perguntar o que Mortimer ia fazer com o Ernie. Ela já sabia qual era o castigo para os renegados. Sem dúvida seria executado, com ou sem estaca e assado, dependendo se eles ainda faziam assim ou não. E embora Jo não queria pensar nisso, saber que Ernie já não seria um problema de novo, entrando em sua vida e tentando levá-la para seu horrível pai, foi um alívio. Além disso, isso significava que só tinham um problema para se preocupar agora, pensou, e disse: -Então podemos nos concentrar em descobrir quem matou realmente a mulher há tantos anos.

Nicholas hesitou, mas então lhe disse: -Jo, machucou-se muito.

-Sim, sei-murmurou. Recordando quando viu brotar seu próprio sangue do buraco entre seus peitos, Jo olhou com curiosidade para baixo, a seu peito coberto por uma manta. -Não me dói nada. Dói-me tudo, mas meu peito não dói mais que o resto de meu corpo. É estranho, não é?

-Não. Na verdade, é de se esperar que isso aconteça-murmurou, e depois tomou-a entre seus braços. Uma vez que se acomodou melhor na cama com ela em seu colo, Nicholas disse: -Jo, querida, foi uma ferida mortal.

Jo inclinou a cabeça para trás para olhá-lo fixamente, o cabelo de sua nuca se arrepiava à medida que percebia o modo em que ele evitava olhá-la, e assinalou: -Mas estou viva.

Nicholas baixou seu olhar até encontrar o dela e assentiu com a cabeça muito sério.

-Porque te converti.

Jo levantou as sobrancelhas e o olhou por um momento e depois lhe perguntou, -Converteu-me? Quer dizer que me deu nanos e agora sou como você?

Nicholas assentiu sombrio, e depois exclamou: -Sinto muito, Jo. Sei que deveria ter te perguntado primeiro, mas estava inconsciente e morrendo, e eu não podia…-

interrompeu-se de repente, quando Jo começou a lutar entre seus braços. Nicholas a soltou imediatamente, murmurando, -Odeia-me agora. Sabia que ficaria chateada porque não teve escolha, mas não podia ver você morrer.

No momento em que ficou livre, Jo se levantou e puxou a manta com que a tinha coberto. Estava completamente nua e baixou o olhar a seu peito, observando com certo assombro que a ferida de bala agora era uma cicatriz que parecia ser antiga. Jo olhou para Nicholas. Ele tinha uma expressão de desculpa, e lhe disse: -Sinto muito.

-Está brincando?, exclamou Jo e se arrastou escarranchado sobre os quadris dele.

Uma vez ali, inclinou-se para trás e estendeu os braços. -Olhe. Já não existe esse buraco desagradável em meu peito do qual brotava sangue.

Agora Nicholas tinha uma expressão de incerteza, deslizou o olhar por seu corpo, mas depois voltou seus olhos para ela e lhe perguntou: -Não está zangada?

-Deve estar brincando-disse ela com tom seco. -Estou viva, Nicholas. E sou uma imortal como você. Isto é genial!

Rindo, lhe jogou os braços ao redor de sua cabeça e o abraçou contra seu peito, e depois, com a mesma rapidez o soltou e se sentou sobre suas pernas. -Vamos fazer amor para ver se sente diferença agora que também sou imortal.

-Jo, não-disse Nicholas em silêncio, agarrando suas mãos quando estavam na fivela de seu cinto. -Querida, temos que conversar.

-Mais tarde-disse ela, lhe agarrando a camiseta e puxando-a para cima até deixar seu peito descoberto. -Chega de falar por agora. Sou imortal e quero celebrar.

-Mas…

-Nada de ‘mas’- disse ela com firmeza, fazendo uma pausa para olhá-lo no rosto.

-Pensei que morreria Nicholas. Pensei que tinha perdido a oportunidade de estar com você e que ia ao encontro de meu criador. Mas estou viva. Ainda temos uma oportunidade. Celebre comigo. Faça o amor comigo e me faça sentir viva. Mais tarde poderemos falar de todos os nossos problemas e do que devemos fazer. Mas agora, faça amor comigo… por favor.

-Deus, Jo. Não sabe quanto eu gostaria-disse ele com tristeza. Fechou os olhos, inclinou sua cabeça para descansar sua testa contra seu peito. -Não sabe o muito que desejo, mas…

-Mas?- perguntou ela com o cenho franzido, e então ficou rígida ante o som de uma porta abrindo-se atrás dela. Retorcendo-se em seu colo, olhou por cima do ombro, com os olhos cada vez mais abertos pela comoção ao ver Sam na porta aberta.

-Está acordada-disse Sam aliviada.

Jo arrancou seu olhar de sua irmã para olhar finalmente o quarto em que se encontravam. Seus olhos se abriram horrorizados ao reconhecer o quarto de hóspedes.

-Estamos na casa dos executores-disse ela fracamente, voltando-se para o Nicholas.

-O que estamos fazendo aqui?

Nicholas levantou a cabeça e engoliu em seco. -Estava se transformando. Sem os medicamentos que lhe ajudassem a atravessar isso, podia ser perigoso. Outros enlouqueceram ou morreram por isso. E para piorar as coisas, tinha sofrido uma ferida de bala. Não sabia se isso te causaria problemas ou te debilitaria o suficiente para que a conversão terminasse o que a bala tinha começado. Tinha que te conseguir ajuda.

Jo o olhou fixamente, e depois perguntou: -Mas por que está aqui? Por que não deixou que Mortimer e seus homens viessem me pegar? Você…

-Não sabia quanto tempo tinha para te dar as drogas antes que a conversão te fizesse mal, Jo. Além disso-acrescentou com um suspiro-como você disse, acontecem coisas más cada vez que te deixo sozinha. Não podia me arriscar que Leonius tivesse seguido Ernie do norte e te apanhasse, ou acontecesse alguma outra maldita coisa.

Tinha que te trazer até aqui e ver por mim mesmo sua transformação até estar seguro de que estaria bem.

-Leonius está se escondendo na América do Sul-disse ela com fúria. -E como diabos vou estar bem agora?. Eles lhe têm aqui. Vão julgá-lo e executá-lo e vou ficar sozinha.

-Jo-disse Sam brandamente, aproximando-se da cama. -Ele fez o que pensou que era melhor.

Jo se voltou para ela bruscamente. -Sam, tem que me ajudar a sair daqui. Ele não fez aquilo. Não matou essa mulher. Temos que…

-Ela não pode te ajudar a sair daqui. Há guardas na porta e no sacada da janela.

Jo olhou à porta onde estava Mortimer, e depois olhou para baixo enquanto Nicholas pegava o lençol e a cobria.

-Sinto muito, Jo-continuou Mortimer, entrando no quarto. -Mas não há modo de tirá-

lo daqui. Vamos revistar cada veículo que saia da casa e os homens têm ordens de ligar para casa e alguém irá verificar aqui para se assegurar de que Nicholas está presente antes que permitam sair a qualquer veículo. Não sairá daqui.

-Não vivo-disse ela com amargura, e depois desceu de Nicholas, arrastando o lençol com ela, enquanto o pisoteava e se bamboleava antes de olhar fixamente para Mortimer. -Ele não matou a essa mulher. Se o matar, será um assassinato.

-Acabo de pegar os renegados-disse Mortimer com voz firme. -O Conselho o julgará. Se for inocente, eles o averiguarão.

-Me perdoe se não ponho minha fé neles-espetou-lhe, e depois perguntou. -Quanto tempo?

-Quanto tempo?- perguntou Mortimer de forma vacilante.

-Quanto tempo até que os julguem e executem?- perguntou ela com impaciência.

-OH-Mortimer fez uma careta. -Prometi-lhe que poderia cuidar de você durante a transformação e ter uma noite contigo antes de chamar Lucian.

Jo olhou pela janela e viu que a luz do sol ainda brilhava. Tinha tempo até manhã pela manhã. Menos de vinte e quatro horas, pensou, e se voltou para olhar Sam.

-Onde está minha roupa?

-Jo?- Nicholas ficou de pé e se aproximou dela para tomá-la nos braços. -Volte para a cama. Precisa descansar.

-Não tenho tempo para descansar-murmurou ela, sacudindo sua mão e olhando a seu redor. -Salvou-me a vida, agora tenho que salvar a sua. Vou encontrar Carol, e averiguar o que Annie queria te dizer e demonstrar que não matou essa mulher.

Viu que sua calça estava enrugada junto à cama e foi pegá-la.

-Jo-disse ele com tom cansado. -Carol era mortal. Tinha uns quarenta anos. Deve estar morta, não pode nos ajudar.

Jo se deteve abruptamente e se voltou para olhá-lo. -O que?

Suspirando, ele sacudiu a cabeça. -É verdade. Estava tão esperançosa de que pudéssemos chegar ao fundo do assunto, que não quis lhe dizer isso no apartamento, mas Carol deve estar morta há muito tempo. Não há maneira de saber o que Annie queria me dizer.

Jo o olhou em silêncio por um momento e depois endireitou as costas e se voltou para seguir recolhendo os jeans. -Então vou ter que perguntar a outros que tenham estado em suas vidas nesse momento. Ela deve ter falado com alguém mais. Vou averiguar do que se tratava.

-Maldição, Jo! Vá para cama. Você… Que diabos!- amaldiçoou Nicholas e agarrou o lençol que ela tinha deixado cair para colocar suas calças jeans. Levantou-o rapidamente para impedir que Mortimer a visse e lhe espetou: -Tire isso e se coloque na cama. Continua atravessando a mudança.

-Sinto-me bem-assegurou ela, puxando as calças jeans e colocando antes de olhar a seu redor procurando sua camiseta. Quando a viu no chão, do outro lado do quarto, Jo começou a mover-se ao redor da cama, mas se deteve quando Nicholas lhe bloqueou o caminho. Franzindo o cenho, pôs suas mãos nos quadris e exclamou, -Mova-se.

-Não. Amo você, Jo.

O rosto de Jo se abrandou e estendeu a mão para lhe tocar a bochecha. -E eu te amo.

É por isso que tenho que fazer isto-acrescentou ela, e depois girou e subiu na cama para caminhar por cima dela.

Amaldiçoando, Nicholas se apressou a segui-la sustentando o lençol, tentando bloquear a vista de Mortimer.

-Maldição, Mortimer. Fora daqui!- disse ele com frustração enquanto Jo saltava do outro lado da cama, ficando diante do lençol com o qual estava tentando desesperadamente ocultá-la.

-Está brincando, certo? Não perderia isto por nada-disse Mortimer divertido, e depois lançou um grunhido.

Jo se voltou para vê-lo dobrar-se em dois, agarrando o estômago enquanto Sam o olhava e se esfregava o punho.

Fazendo uma careta enquanto se endireitava, Mortimer murmurou: -Refiro-me à discussão. Não a ver nua ao Jo, querida.

-OH-Sam se mordeu os lábios e se aproximou, sua expressão se converteu em uma de desculpa. -Sinto muito, querido. Está bem?

-Sim, estou bem, embora tenha um bom golpe, meu amor.

-Só está sendo amável-murmurou Sam, inclinando-se para beijá-lo. -É provável que nem sequer o sentiu.

Jo se inclinou para recolher a camiseta enquanto sacudia a cabeça. Fez uma careta quando viu o sangue no objeto, mas era tudo o que tinha, assim a colocou.

-Jo, por favor-disse Nicholas com voz firme, movendo o lençol de lado enquanto ela colocava a camiseta debaixo de seu jeans. Tomando-a pelo braço, voltou-a para ele e apertou seu rosto entre suas mãos. -Por favor, só volte para a cama… Não desperdice estas horas preciosas longe de mim. Troquei minha vida para me assegurar que estaria bem e pela promessa de uma última noite com você.

Jo olhou seu rosto atormentado. Parecia tão triste e desesperado que poderia ter chorado, e ela quase afrouxou, mas depois se inclinou para beijá-lo brandamente e antes de que ele pudesse aprofundar o beijo, afastou-se.

-Estou bem-assegurou ela, depois caminhou a seu redor e dirigindo-se à porta, adicionou, -E estou trocando esta noite por tempo de vida.

Capítulo 17

—Jo, espere.

Jo olhou por cima de seu ombro para ver se Sam a perseguia, mas o corredor estava vazio à exceção dos dois homens que vigiavam a porta. Surpreendeu-se de que Nicholas não tentasse detê-la, mas também se alegrou. Foi duro como o inferno afastar-se dele. Jo não estava segura de poder fazê-lo de novo.

—Onde vai? —perguntou Sam, aproximando-se e caminhando a seu lado quando Jo começou a descer as escadas.

—Tenho que falar com os que conheceram Annie.

— Quem é Annie? —perguntou-lhe Sam.

—A primeira esposa de Nicholas. Acredito que tudo isto tem a ver com ela.

— O que? —Inquiriu Sam — Com a mulher que ele assassinou há cinquenta anos?

—Ele não a matou —espetou furiosa Jo, detendo-se na metade do caminho pelas escadas.

—De acordo. —Sam elevou as mãos docilmente. —Não me morda e arranque a cabeça. Só me explique o que está acontecendo e farei o que puder para te ajudar.


—Nunca te morderei —Jo lhe assegurou em voz baixa, mas estava frente a sua garganta consciente da veia tão visível, ela virou a cabeça de lado. Franzindo o cenho, disse: —Acho que posso ouvir seu sangue correndo por suas veias.

Os olhos do Sam se abriram e desconfiada sugeriu: —Talvez deva beber um pouco de sangue enquanto me explica as coisas. Mortimer disse que ira precisar de sangue durante bastante tempo.

Jo afastou o olhar da garganta de Sam, obrigando-se a olhá-la nos olhos quando admitiu: —Não sei como… quero dizer, que não estou certa de poder bebê-lo.

—Está bem—Sam lhe deu uns tapinhas no ombro e a conduziu a seguir caminhando pelas escadas. —Vamos fazer isto lentamente.

—Não tenho tempo para ir devagar —disse Jo sentindo-se miserável. —Se não descobrir o que aconteceu há tantos anos eles vão enterrar uma estaca em Nicholas e o queimarão… Mas estou segura de que ele não matou essa mulher, Sam.

—Está bem. Vamos resolver isto então —assegurou-lhe Sam baixando as escadas.

-Mas primeiro o sangue.

Jo permaneceu em silêncio enquanto Sam a levava para a cozinha, mas seus olhos se abriram quando Sam abriu a porta do refrigerador revelando que estava dividido, uma metade estava cheia de comida e a outra de bolsas de sangue.

—Isso não estava aqui na noite da festa.

—Não. Mortimer a mudou daqui para a garagem na noite em que se hospedaram conosco. Mas não quero que Alex enlouqueça se abrir o refrigerador procurando suco de laranja e descobrir isto - Sam irônicamente admitiu enquanto pegava uma bolsa.

—Teremos que tirá-las daqui amanhã.

—Hmm —murmurou Jo quando Sam fechou a porta voltando-se para ela. Quando lhe ofereceu a bolsa, Jo hesitou, depois disse: — Tem um copo por aí?

—Não sei —disse Sam com uma careta. — Os homens só as encaixam em suas presas.

Jo imediatamente passou sua língua ao redor de sua boca fazendo uma careta. —Nem mesmo tenho presas. Talvez precise de alguns dias para que saiam. Nicholas disse que ainda estavam se formando.

—Não ficam aí todo o tempo —disse Sam com um débil sorriso.

Jo negou com a cabeça. Nicholas nem sempre tinha presas. De fato, ela só os tinha visto uma vez, quando ele os mostrou para a convencer de que era um vampiro.

Suspirando, perguntou: —Bom, como o farei então?

—O aroma do sangue os fará aparecer se tiver fome suficiente —anunciou Bricker, o que fez que elas prestassem atenção ao fato de que as seguiu e de que agora estava de pé na porta.

Endireitando-se quando ela o olhou, levou-se um dedo à boca enquanto cruzava a habitação. Jo pensava que estava mordendo uma unha ou algo assim, mas quando chegou até ela, retirou a mão de sua boca e ela viu o brilho de suas presas. Depois olhou para a ponta do dedo que sustentava, e com os olhos muito abertos viu a gota de sangue na ponta.

Bricker tinha mordido o próprio dedo, Jo percebeu que ele estava aproximando-se um pouco mais. O suave aroma do sangue chegou a seu nariz, ela não podia deixar de respirar profundamente. Para sua enorme surpresa, imediatamente houve uma mudança em sua boca. Alcançando-a, Jo tocou seus dentes com os dedos e com a língua, seus olhos estavam muito abertos quando sentiu as bicudas presas se sobressaindo de sua mandíbula superior.

—Aí está —Disse Bricker com satisfação tomando a bolsa de sangue de Sam.

—Abra.

Jo abriu a boca e ele colocou a bolsa entre seus dentes, agarrando-a pela nuca para evitar que instintivamente se sacudisse afastando-se. Uma vez que se relaxou e segurou a bolsa, soltou-a e afastando-se lhe disse: — Agora relaxe e deixe que suas presas façam todo o trabalho.

Jo se relaxou, surpreendendo-se por quão rápido esvaziou a bolsa, mas imediatamente Bricker lhe arrancou a bolsa vazia e lhe deu outra.

—Seu corpo continua mudando —explicou-lhe quando pegou a bolsa a contra gosto.

— Vai precisar ingerir uma grande quantidade de sangue nos próximos dias. Do contrário, não vai reconhecer os sintomas da fome e poderia terminar mordendo o mortal que esteja mais perto.

—E essa seria eu —murmuro Sam.

—Sim —Bricker lhe sorriu, logo se voltou para Jo e lhe disse: —Eu gostaria de recomendar que ingerisse quatro bolsas agora, depois outras três antes do amanhecer.

Jo suspirou, mas aproximou a bolsa de suas presas ainda estendidas. Na verdade se sentia um pouco melhor depois de beber a primeira bolsa. Tinha estado sentindo-se seca e um pouco lenta em seus pensamentos, mas a bolsa de sangue tinha arrumado um pouco isso. Jo precisava de todas as suas faculdades, se queria salvar Nicholas.

O telefone soou enquanto Jo esvaziava a segunda bolsa.

Sam foi até o telefone para atendê-lo, mas parou quando este deixou de tocar antes que chegasse até ele.

—Mortimer certamente o atendeu —disse encolhendo-se de ombros e retornando.

—Aqui tem.

Jo olhou a seu redor quando Bricker estendeu uma terceira bolsa, depois olhou surpreendida que sua segunda bolsa estivesse vazia. Atirou-a no lixo e pegou a bolsa com sangue fresco, perfurando-a com seus dentes. Parecia ir tão rápido como foi com as outras duas, e Jo já a estava trocando pela quarta bolsa quando ouviram a porta se abrir.

Bricker foi até a porta da cozinha para ir à sala e pôde ver como a surpresa cruzava sua cara.

—Thomas —disse, e desapareceu de sua vista enquanto se encaminhava à sala, mas o escutou dizer: — O que faz aqui?

Também escutou a resposta de alguém, —Bastien disse que Nicholas está de volta no radar, e queria saber como será e quão perto estão de capturá-lo. Mas Bastien não me respondeu nenhuma pergunta e disse que teria que sair e perguntar a Mortimer eu mesmo.

Era Thomas. O irmão de Nicholas, Jo percebeu e sem pensar arrancou de seus dentes a bolsa meio vazia, logo amaldiçoou quando o sangue jorrou por toda parte. Lançou a bolsa na pia, mas não se incomodou pela bagunça que tinha feito e se apressou pelo corredor para reunir-se com os dois homens na entrada.

Ao que parece, Sam não estava muito preocupada com o desastre, porque caminhou rápido para lhe acompanhar.

—Pensei que estava na Inglaterra com sua companheira de vida—dizia Bricker com o cenho franzido pela preocupação.

—Nós podemos viajar de ida e volta no jato da companhia. São só sete horas — respondeu Thomas, olhando com curiosidade para Jo e Sam quando pararam atrás de Bricker. E levantando as sobrancelhas, disse: — Olá?

— Você é o irmão de Nicholas, Thomas? —perguntou Jo muito séria, o que fez que suas sobrancelhas se levantassem ainda mais. Mas se enfureceu quando ela acrescentou: — O irmão que não tem nenhuma dúvida de que ele é culpado de assassinato e que não reconhece sua existência?

Voltando-se para o Bricker, Thomas perguntou: — Quem diabos é ela?

—Ninguém —disse Bricker por sua vez, e tomando-a pelo braço, empurrou-a para a porta. —Em realidade não deveria estar aqui. Thomas vamos tentar…

—Eu não vou a nenhuma parte até que saiba que diabos está acontecendo com Nicholas —disse sombrio Thomas sacudindo a mão.

— OH, por que se importa! —disse Jo desgostosa —Você e todos outros que se supõe que o amavam deram as costas a Nicholas há cinquenta anos.

Thomas a olhou assombrado, logo se voltou de novo para o Bricker.

— Quem é ela? E por que diabos me ladra como um chihuahua nervoso?

—Mais como um pastor alemão, diria eu, e sua mordida é pior que seu latido — disse Nicholas cansado. Todos se voltaram para vê-lo de pé na parte superior da escada, olhando abaixo para Jo carinhosamente. Depois, franzindo o cenho disse: — Falando nisso, onde está Charlie?

Jo abriu os olhos incrédula quando se deu conta de que não tinha pensado em perguntar ela mesma. Voltou-se para Sam.

—Está na casa de Anders —murmurou Sam.

Os olhos de Jo se abriram ainda mais pela notícia, mas antes que pudesse perguntar por que, Thomas se aproximou dela para chegar à parte inferior das escadas e com voz surpreendida perguntou: — Nicholas? Capturaram-lhe?

Jo franziu o cenho ante a sugestão. —É obvio que não. Ele é muito inteligente para isso. Nicholas se entregou… para me salvar —acrescentou com amargura, e quando Thomas a olhou atônito lhe perguntou: — Parecem as ações de um homem que assassinou uma mulher completamente inocente, que ele não sabia que estava grávida?

Thomas franziu o cenho, —Não, mas nunca acreditei que ele fez isso.

—Então, por que negou sua existência todos estes anos? —espetou-lhe.

—Não o fiz —disse Thomas por sua vez, logo franziu o cenho, — Quem é você?

—Minha companheira de vida, Jo Willan —anunciou Nicholas, baixando as escadas com Mortimer e Anders em seus calcanhares.

Thomas se voltou para o Jo assombrado, —É a companheira de vida de meu irmão.

Jo lhe fez uma careta, logo olhou a Nicholas quando chegou à parte inferior das escadas. Ele deslizou seu braço a seu redor e a beijou no nariz. E com um sorriso triste, voltou-se para seu irmão e lhe explicou.

— Disseram-me que não falava sobre mim. Pensei que isso significava que também acreditava que era culpado.

—Não falo de você porque isso altera às mulheres —disse Thomas secamente. — Isso faz com que tia Marguerite e Lissiana se entristessam, e você sabe quão próxima era Jeanne Louise de Annie. Ela chora cada vez que seu nome ou o de Annie são mencionados depois do ocorrido. Era mais fácil não o mencionar na frente delas, e então foi mais fácil não ter que lhes explicar aos outros toda a confusão. Mas nunca acreditei que tinha assassinado essa mulher… ao menos não sem uma boa razão. Não importava quão perdido estivesse depois da morte de Annie, eu sabia que não o faria.

Mas não estava aí para te perguntar e…

—Espere um minuto —disse Jo, interrompendo-o. — Jeanne Louise era muito próxima do Annie?

—Sim. —Thomas a olhou curioso. —Ela sempre a visitava.

—Sempre estava aí nos incomodando, quer dizer —disse Nicholas com irônico afeto. —E em geral em todos os piores momentos possíveis. Sempre queria tirá-la dalí.

Thomas sorriu fracamente. —Jeanne Louise estava ali todo o tempo, até mesmo quando estava fora caçando. Ela e Annie iam às compras juntas e essas coisas.

Inclusive ficava para dormir quando estava fora por dias, assim Annie não ficava sozinha. Eram como irmãs siamesas quando não estava presente.

— Elas eram? —Nicholas perguntou com surpresa.

— Ela sabia o que Annie queria te dizer então —disse Jo, voltando-se para Nicholas emocionada. —Temos que falar com ela.

Nicholas hesitou, depois franziu o cenho e sacudiu a cabeça. —Se ela soubesse algo teria me dito.

—Não, se ela não soubesse que era importante —assinalou Jo, depois se dirigiu a Thomas. — Onde posso encontrar ao Jeanne Louise?

—Ela está na casa de tia Marguerite, com minha esposa Inez —disse Thomas. —As senhoras queriam um dia só de garotas com o Inez, assim saí para ver Bastien, que — adicionou secamente, olhando atrás a Nicholas — trouxe a baila o fato de que Nicholas tinha reaparecido. Então ele não respondeu nenhuma de minhas perguntas, só me disse que se queria saber algo devia vir até aqui e falar com Mortimer.

—Estava tentando manter sua promessa sem cumprir sua promessa —disse Mortimer secamente, baixando as escadas, passando ao lado de Sam.

— Que promessa é essa? —perguntou-lhe Nicholas.

—Tive que lhe dar uma pista do que estava acontecendo quando o chamei para que enviasse a intravenosa e os medicamentos para a transformação de Jo, mas o fiz me prometer que não falaria de sua estadia aqui.

— Por que? —perguntou Thomas surpreso.

—Porque eu prometi a Nicholas que se trouxesse Jo, poderia ficar com ela durante a transformação e passar uma noite a seu lado antes de chamar Lucian. E não queria faltar com minha palavra antes de cumprir com minha promessa.

—Obrigado, Mortimer —murmurou Jo, agradecida que ele cumprisse sua palavra.

Do contrário, teria despertado com a notícia de que Nicholas já tinha sido julgado e executado, e que já não tinha a esperança de salvá-lo.

Dando tapinhas em seu braço, lhe sorriu, depois se dirigiu a Thomas. — Preciso que me leve a sua irmã.

—Ele tem que nos levar aos dois para ver Jeanne Louise —Nicholas a corrigiu severamente, depois assinalou: —Não tem idéia do que estava acontecendo nesse momento. Posso saber mais dela.

—Tem razão —ela estava de acordo e olhou a Thomas. —É preciso que nos leve imediatamente a Jeanne Louise.

—Um momento —murmurou Mortimer, movendo-se entre eles, colocando uma mão sobre o Nicholas como se suspeitasse que pudesse escapar em qualquer momento. — Nicholas não vai a nenhuma parte.

—Você acaba de dizer que podia passar uma noite comigo —disse Jo em tom acusador.

—Bom, sim, mas neste caso —disse a sua vez —não significa passear pela cidade.

Jo arqueou uma sobrancelha olhando a Nicholas. — Houve alguma menção de que tipo de noite seria?

—Não. Só uma noite contigo —disse Nicholas com um sorriso.

Assentindo com a cabeça, Jo se voltou para Mortimer. — É um homem de palavra ou não? Você lhe prometeu uma noite comigo. Quero ir até a tia Marguerite. Portanto ele tem que ir comigo.

—Por Deus —murmurou Bricker. —Parece com Sam quando mostra que é advogada.

Mortimer franziu o cenho e com voz dura disse: —O acordo foi que podia ter uma noite contigo. Também lhe disse que se viesse até aqui, não o deixaria partir. O

acordo sobre a noite em questão tem implícito que estariam aqui. Se escolher passar a noite com ele aqui ou não, não é meu problema, mas não estou evitando que o façam. Vou ter que me defender rápido, se Lucian souber que deixei que a visse durante a transformação e que passassem a noite aqui, assim não force à sorte.

— Por que quer falar com Jeanne Louise? —Sam perguntou em voz baixa, unindo-se agora a seu pequeno círculo. — O que esperam que ela possa dizer?

Jo suspirou e depois lhe explicou. —Tudo se remonta à morte de Annie. Na noite antes do acidente ela ligou para Nicholas de Detroit, ele era um caçador de renegados então, como Mortimer —fez uma pausa para acrescentar caso Sam não soubesse. — De todos os modos, lhe disse que tinha algo para lhe dizer quando retornasse. Mas nessa noite morreu no acidente de automóvel que a decapitou, uma das poucas maneiras em que um imortal pode morrer. E a decapitação com o pára-brisa foi um acidente —disse com gravidade. —Um em milhão conforme disse Nicholas quando voltou para casa. Ela arqueou a sobrancelha de forma significativa, satisfeita quando Sam começou a estreitar seus olhos.

—Enfim, depois de algumas semanas mais tarde Nicholas encontrou um presente que Annie tinha comprado para seu amiga do trabalho, uma garota mortal chamada Carol. Assim pegou o presente e foi ver Carol, pensando em lhe perguntar se sabia o que Annie queria lhe contar. Ele se lembra de que conduziu até lá, depois cruzou o estacionamento, no qual viu esta mulher, que estava grávida e que se parecia com sua companheira de vida morta. O que se lembra depois é Decker chamando-o por seu nome, quando abriu os olhos e encontrou à mulher morta entre seus braços e coberta de seu sangue.

—Nunca conectou estes eventos, mas acredito que é muito estranho que ela morresse antes de poder lhe dizer algo que a alterava tanto, e que de repente ele se encontre acusado de assassinato no caminho antes de poder falar com essa Carol sobre o que era.

Jo fez uma pausa e o silêncio reinou por um instante, depois veio a impaciência. — Não entendem? Nicholas não tem nenhuma memória absolutamente de ter assassinado à mulher. Ele não recorda nada do acontecido entre vê-la no estacionamento e o momento em que a acharam morta em seu colo. É possível que ele a assassinasse? Por seus nanos, as lembranças deveriam estar aí, não? Acredito que o drogaram, depois o puseram de volta no lugar, colocando em seu colo a mulher assassinada para que Decker o encontrasse. Acredito que tudo isso foi para que não se inteirasse do que Annie tinha para lhe dizer —anunciou triunfante.

— Por que não assassiná-lo então? —Bricker perguntou vacilante. — Por que matar a mortal?

Jo franziu o cenho ante a pergunta. Não a tinha considerado. Fez-o agora, mas foi Thomas que disse, — devido ao fato de que não morremos facilmente ou com frequência.

Annie e Nicholas morrem um depois do outro teria levantado a suspeita de todos nós.

Entretanto, ao ser executado por assassinar a um mortal em meio a sua dor, teria feito que todos quiséssemos esquecer e não pensar nisso.

Jo olhou ao homem surpreendida: —Muito bem, obrigada.

Ele sorriu levemente, assentindo com a cabeça.

—Suspeitava que Decker estava por trás de tudo —anunciou Jo —foi muito conveniente a forma em que se apresentou como fez, mas Nicholas está seguro de que ele não teria feito algo assim.

— Mortimer? —Sam perguntou olhando-o. —É possível que Jo tenha razão. Nada do que tem feito Nicholas me diz que ele é um assassino. Em repetidas ocasiões se arriscou para salvar a outros, e inclusive se entregou para salvar Jo. E se ela estiver certa e Nicholas não assassinou à mulher?

Como ele permaneceu em silêncio com uma careta na cara, Thomas disse em voz baixa, —As lembranças deveriam estar aí, Mortimer. É estranho que não o estejam.

—Talvez estejam aí e ele está mentindo —assinalou Mortimer a contra gosto. — Não saberemos até que Lucian chegue e o leia.

—Não tem que esperar que Lucian chegue —assinalou Bricker brandamente. —Se ele for como você e Decker, sua mente deve ser um livro aberto agora que conheceu a sua companheira de vida. Leia seus pensamentos.

Quando Mortimer olhou para Nicholas, este assentiu com a cabeça. —Vá em frente.

Não vou lutar contra vocês. Quero que me leiam.

Jo olhou Mortimer observando a repentina concentração em seu rosto, depois olhou a seu redor para Bricker, Anders e Thomas, todos tinham a mesma expressão em seu rosto, assim suspeitou que os quatro o estavam lendo.

—Salta-se de ver a mulher no estacionamento a vê-la morta em seu rcolo — murmurou Thomas de repente.

—Estava zangado quando viu a mulher, entretanto… —assinalo Mortimer com uma careta.

—Entretanto, os conteúdos de sua memória entre vê-la, abrir os olhos, e vê-la de novo mas morta em seu colo, são como discos de aço. Jo poderia estar certa — assinalo Bricker no final, depois murmurou, —Por Deus, Nicholas tente manter suas lembranças dessa noite. Não preciso dos brilhos de um nu de Jo em minha cabeça.

—Sinto muito —murmurou Nicholas, ruborizando-se. —Foi você quem mencionou Jo. Minha mente só reagiu.

Jo girou os olhos. Imaginou. Mencionam meu nome e pode ver uma imagem inteligente ou divertida dela em sua mente? Não. Imediatamente pensa nela nua.

Homens.

—Muito bem —disse Mortimer suspirando com o rosto cansado, —Concordo que precisamos investigar mais. Mas não vou te permitir sair daqui.

Jo era a imagem da pressão quando ele adicionou, —vamos ligar e pedir a Jeanne Louise que venha aqui para lhe perguntar.

—Vou ligar para ela —ofereceu-se Thomas e Jo se relaxou.

—Vamos ter que encontrar uma forma de trazê-la até aqui sem mencionar Nicholas —Mortimer lhe advertiu. —Do contrário teremos Lucian respirando em minha nuca.

Thomas assentiu, olhando a seu redor. — O telefone?

—Em meu escritório —disse Mortimer por sua vez, e se uniu para levá-lo, lhe dizendo: — Ligue para Jeanne Louise, depois vá à porta de entrada para esperá-la.

Bricker manterá Nicholas vigiado.

Jo os viu partir, depois olhou para Nicholas que franzia o cenho ao dar-se conta de quão pálida estava. — Sente-se bem? —perguntou-lhe com inquietação.

—Estou bem. Só tenho que me alimentar.

—Vamos — disse Bricker. —Há um montão de sangue no refrigerador. Viria-me bem e Jo tem outra bolsa para consumir, acredito.

—E uma bagunça para limpar — disse Jo secamente e seguiu adiante quando Anders e Bricker se colocaram um de cada lado de Nicholas. Fez uma careta quando entrou na cozinha e viu que uma boa quantidade de sangue saiu da bolsa antes de que ela lançasse o objeto na pia, logo suspirou e se dirigiu para o cilindro de toalhas de papel pendurado debaixo do balcão.

—Então, por que meu cão está na casa de Anders? —Jo perguntou enquanto arrancava várias folhas do cilindro de papel e começava a limpar a desordem que tinha feito na cozinha.

—Ele me seguiu até em casa —disse Anders secamente, passando até o refrigerador para pegar várias bolsas de sangue.

—Sim, claro —ela murmurou, limpando o sangue do chão.

—Em realidade o fez —disse Sam em voz baixa, enquanto Nicholas pegava mais folhas de toalha de papel e se inclinava para ajudá-la a limpar a desordem.

—Ele estava muito perto de Anders depois que retornaram do hotel, então o seguiu até seu automóvel e se meteu nele quando voltava para casa. Pensamos que já que Charlie gostava e que Anders não se importava, poderia manter Charlie em sua casa até que você retornasse.

Jo franziu o cenho ante a notícia. Charlie sempre tinha sido seu bebê, preferindo sua companhia sobre a de qualquer outro. Não estava segura de que gostasse da idéia de que ele se uniu a Anders em sua ausência. Entretanto, ela não estava lá e ele tinha cuidado de seu amado mascote, por isso Jo murmurou reticente. — Obrigada por cuidar dele.

—O prazer é meu —disse Anders enquanto a observava limpar os últimos restos de sangue. —Embora deva dizer que me parece difícil acreditar que você o treinou.

Charlie faz o que lhe dizem e é muito mais tranquilo que você. Diverti-me muito em sua companhia.

Jo olhou fixamente para Anders enquanto Nicholas a ajudava se levantar, e a faísca de humor em seus olhos lhe chamou sua atenção, sorriu-lhe com reserva. —Sim, bem, dizem que se deve confiar nos instintos dos cães e das crianças, assim acho que não pode ser tão mau como faz parecer.

A resposta de Anders foi pôr em sua mão uma bolsa de sangue e outra em sua boca abrindo-a com suas presas.

—Têm uma boa organização aqui —comentou Nicholas enquanto pegava as toalhas de papel de Jo e de Sam e as jogava no lixo. —Está muito mais organizado agora que quando eu era um caçador.

—Ainda é um caçador pelo que posso dizer —disse Bicker secamente, —Um caçador renegado talvez, mas um caçador de qualquer modo.

Nicholas riu entre dentes. —Sim, esse sou eu, o renegado.

Bricker sorriu e disse: —Mas tem razão. Está muito mais organizado agora. Temos que sê-lo. Já perdemos alguns caçadores nos últimos tempos e há poucos jogadores.

Isso faz as coisas um pouco mais difíceis.

— Como os perderam? —Nicholas perguntou com curiosidade.

—Bom, Decker renunciou. Ele não quis deixar Dani sozinha até que Leonius seja apanhado. Não é que fosse bom de qualquer jeito. Vocês são bastante inúteis para o trabalho assim que conhecem suas companheiras de vida.

— Onde estão Dani e Decker? —Jo perguntou curiosa. — Pensei que estavam alojados aqui com vocês?

—A coisa toda sobre Ernie o assustou. Assim pegou Dani e Stephanie e saíram de viagem até que as coisas se acalmassem —explicou Sam em voz baixa.

Jo franziu o cenho ante esta notícia e estava a ponto de dizer que aqui era bastante seguro, que Ernie tinha sido o único que descobriu onde estava a casa e que por sinal mentiu a Leonius para que passasse um tempo em algum lugar da América do Sul, mas antes de que pudesse fazê-lo, Bricker continuou.

—Então estão fora da foto por agora, depois perdemos mais dois quando Lucian fez com que Victor e DJ ficassem em Port Henry.

Nicholas levantou uma sobrancelha. — Port Henry?

—É um pequeno povoado ao sul daqui —explicou. —Toda a cidade sabe que os vampiros existem.

— O que? —Nicholas perguntou assombrado.

Bricker assentiu com a cabeça. —Eles não sabem a respeito dos nanos ou de nada mais, só pensam que são vampiros tradicionais. Entretanto, isso é mais do que deveriam saber.

—Isso vai ser um problema —disse Nicholas sombriamente.

—Sim. —Bricker suspirou. —Lucian diz o mesmo. Ao que parece, uma grande parte das pessoas acredita que tudo é uma brincadeira, mas muitos pensam o contrário.

Lucian pensa que isto vai explodir com o tempo por isso Victor e DJ estão ali para ocupar-se disso quando acontecer.

—Hmm —murmurou Nicholas, aceitando a bolsa de sangue que Bricker lhe estendeu.

—Bom, talvez Nicholas e eu pudéssemos tomar seu lugar e ajudar depois de ter resolvido tudo isto. —sugeriu Jo.

Nicholas estava a ponto de abrir a bolsa de sangue em sua boca, mas se deteve abruptamente e se voltou com uma expressão de horror muito a sua maneira.

— O que?

—Bom —disse de maneira razoável, —já estamos aqui, eu gostaria de ser uma grande caçadora agora que sou um ser imortal também.

Anders inalou e murmurou a Bricker, —Sim, claro. Seria algo assim como -Eu amo Lucy se reúne com a Drácula.

— O que é -Eu amo Lucy? —Jo perguntou confunsa. Lembrou que podia ter escutado falar de um velho programa de TV que se chamava assim, mas não tinha nem idéia do que se tratava.

—Não importa —murmurou Nicholas, depois olhou para a porta quando Mortimer chegou com Thomas.

—Jeanne Louise está chegando —anunciou Thomas enquanto Mortimer ia ao refrigerador para pegar uma bolsa de sangue.

Levantou-a e a ofereceu a Thomas, quando o irmão de Nicholas pegou, procurou uma para si mesmo.

—Bom —disse Jo com um sorriso de alívio. —Então, tudo isto poderia terminar logo.

—Jo —disse Sam preocupada.

— O que?

Sam hesitou, depois lhe fez um gesto para que a seguisse e saiu da cozinha.

Jo levantou as sobrancelhas, mas seguiu Sam para fora da cozinha, passando pelo corredor até a sala de estar. Quando sua irmã se acomodou no sofá, Jo foi se sentar a seu lado e lhe perguntou: — O que foi?

Sam mordeu o lábio, mas depois suspirou e disse em voz baixa: —Sei que espera que Jeanne Louise tenha a informação que possa te ajudar. Entretanto, mesmo se ela souber o que Annie queria dizer a Nicholas essa noite, talvez não seja o suficiente para inocentá-lo.

—Tem que ser —disse Jo em voz baixa. —Nicholas não assassinou essa mulher. Sei disso.

—Sei que acredita nisso, e estou de acordo com você. É verdade que ele não se comporta como alguém que poderia matar essa mulher, mas… —fez uma pausa e sacudiu a cabeça. —Simplesmente não quero que se iluda e depois fique deprimida se as coisas não funcionarem.

—A esperança é a única coisa que tenho agora, Sam. Não sei o que vou fazer se não pudermos provar que Nicholas não assassinou essa mulher.

Jo se levantou, depois disse: —Amo-o, Sam. Mais que tudo no mundo. E não vou vê-lo morrer. Não posso.

Sam fechou os olhos e sacudiu a cabeça. —Sinto muito.

—Por que? —perguntou Jo em voz baixa.

—Por tudo. Tudo isto é minha culpa. Não quis me transformar deixe você e Alex para trás depois de dez anos, com a esperança de que pudessem ser companheiras de vida de algum imortal.

—Já sou —assinalou-lhe Jo em voz baixa. —E vamos encontrar a alguém também para o Alex.

— Mas e se Nicholas for executado? —Sam perguntou preocupada.

Jo ficou em silêncio, mas logo negou com a cabeça e se levantou. —Não posso pensar nisso. Não vou pensar nisso. Nicholas é inocente e vou encontrar uma forma de provar… Ou vou encontrar uma maneira de sair daqui e viver fugindo com ele.

Não vou perdê-lo agora. Não posso.

—Jo— Sam começou preocupada, mas ela negou com a cabeça.

—Pare Sam —disse Jo. —Não vou falar com vicê sobre ser razoável. Não sou como você.

— O que significa isso? —perguntou-lhe com o cenho franzido.

Jo desviou o olhar, mas então se voltou e disse: —Só quero dizer que é muito cautelosa. Que pensa mais com a cabeça que com o coração. O que é bom em muitos aspectos, mas isso significa que toma a rota mais segura todo o tempo. Não importa como se sinta. Averigua e mede todos os pró e contra, e então apóia suas decisões no que é menos arriscado e não no que diz seu coração. —ela suspirou acrescentando: —É por isso que ficou com seu ex portanto tempo mesmo depois de que ele se foi e pelo que não deixou Moritmer estar com você ainda.

—Não deixei que Mortimer estivesse comigo ainda porque isso significaria deixar de lado a você e Alex depois de dez anos. —respondeu-lhe Sam.

—Merda —alegou Jo.

— O que? — Sam lhe perguntou surpreendida.

—Disse, merda —repetiu Jo sombriamente: —Não permite que ele a tenha porque tem medo de que ele seja igual a seu ex, que de repente deixe de te amar e comece a encontrar defeitos. Isso foi o que aconteceu com o estúpido do Tom, e essas experiências lhe dizem que poderia acontecer o mesmo com Mortimer. Não continue usando a mim e Alex como desculpa.

—Eu não…

—Podia ter se convertido, e depois tentar encontrar companheiros de vida para Alex e para mim. —Jo lhe assinalou. — Teria dez anos para encontrá-los, mas não aceitou esse caminho… porque sabia que era sem volta. Fez uma pausa e depois acrescentou, —Já me transformei agora. Que desculpa utilizará agora para encontrar um companheiro de vida para Alex também?

Sam baixou a cabeça admitindo em voz baixa. —Não sei como ele pode me amar Jo.

Ele me vê através de umas lentes cor de rosa neste momento, mas quanto tempo vai durar? Um dia acordara e notará que não tenho busto, que meus joelhos são ossudos, e…

—Sam, ele já sabe —disse Jo em voz baixa, depois olhou à porta quando o telefone tocou na outra sala. Tocou duas vezes, depois parou, ela olhou de novo a sua irmã e suspirou.

—Sam, Mortimer te ama como você é. E pelo que entendo, isso não muda entre os companheiros da vida.

Sam a olhou com expressão rasgada lhe dizendo: —Mas Tom disse que me amava.

Jo se sentou a seu lado outra vez, tomando suas mãos entre as suas. Esperou até que sua irmã a olhasse nos olhos, depois disse em voz baixa, —Sam, o problema não é que ele se apaixone por você, mas sim que você nunca aprendeu a amar a si mesma.

—deixou que se afundasse, depois esboçou um sorriso forçado e disse brandamente: —Além disso os nanos a põem no ponto, certo? Assim possivelmente porão um pouco de carne em seus ossos. Ela apertou a mão de Sam entre brincadeiras e disse, —Pode ser que até lhe dêem um par de seios e finalmente possa deixar os sutiãs com enchimento.

—Que bom —murmurou Sam secamente.

Jo riu entre dentes, depois olhou para a porta quando escutou passos aproximando-se.


Suas sobrancelhas se levantaram quando viu Bricker aparecer na porta.

Ele as olhou com curiosidade, depois disse, —Mortimer me enviou para te dizer que Jeanne Louise está a caminho daqui.


Capitulo 18

- Acredito que deveria fazer café então-murmurou Sam parando-se. Quando Jo a olhou com surpresa, ela explicou, - Jeanne Louise, pelo que sei, ainda é suficientemente jovem, então ainda come e bebe.

- OH-murmurou Jo.

- Não há necessidade de que se mova, Sam-assegurou-lhe Bricker. -Mortimer estava preparando o café quando vim, e os rapazes estavam ajudando a montar uma bandeja de bolachas também. De fato, tenho que voltar para ajudá-los. Vocês simplesmente sentem-se e relaxem.

Jo e Sam o viram sair, e depois se olharam.

- Mortimer é caseiro?- perguntou Jo com surpresa.

- Mortimer faz o que for preciso fazer-disse Sam em voz baixa. - Ele é bom nisso.

Jo assentiu com a cabeça e se perguntou se Nicholas também era assim. Ele tinha ajudado a esquentar a pizza no apartamento de Sam, e tinha ajudado a limpar sua desordem na cozinha há uns momentos, mas ela não tinha idéia de como era ele no dia a dia. Pensou que ainda tinham muito que aprender um do outro, e só esperava ter a oportunidade.

O som da porta dianteira abrindo-se as fez olharem para a entrada.

Ansiosa por conhecer e interrogar a irmã de Nicholas, Jo correu para a porta, consciente de que Sam estava seguindo-a. Deteve-se bruscamente na porta quando viu a mulher entrar no vestíbulo. Alta, bem proporcionada e bonita, a morena estava incrível com um vestido de verão de cor vermelha brilhante. Também tinha um ar de mando que não parecia ajustar-se a uma jovem imortal, ao menos não na mente de Jo.

- Jeanne Louise?- disse com incerteza enquanto a mulher se voltou e a viu.

- Não, querida. Sou sua tia Marguerite-respondeu a mulher, olhando-a com vivo interesse.

- Eu sou Jeanne Louise-anunciou outra mulher enquanto parava na entrada.

Esta mulher era mais o que tinha esperado, pensou Jo enquanto olhava à irmã de seu amante. Ela era alta, mas esbelta, seu cabelo negro meia-noite estava recolhido em um coque. Estava vestida também muito mais conservadoramente que sua tia, com calças escuras e uma blusa branca.

- E esta é sua outra tia e minha cunhada Leigh-anunciou Marguerite quando uma morena baixa entrou atrás de Jeanne Louise. - E esta é a cunhada de Jeanne Louise, Inez.

Jo olhou à mulher com o cabelo escuro e encaracolado, e uma tez mais escura, e depois à seguinte mulher que entrou, uma réplica loira de Marguerite que levava um menino pequeno em seus braços enquanto Marguerite continuou com as apresentações, - Minha filha Lissianna e sua querida menina Lucy.

Marguerite se voltou e sorriu enquanto admitia, - Thomas foi muito misterioso no telefone e todas estávamos curiosas, então decidimos vir com o Jeanne Louise.

- Maldição-suspirou Sam atrás dela, e Jo só pôde concordar em silêncio. A menos que houvesse duas Leigh na família, então tinham à esposa de Lucian na casa.

Genial. Não havia maneira de que conseguissem manter em segredo a presença de Nicholas para Lucian agora.

- Tia Marguerite!

Jo olhou para esse grito alarmado para ver Thomas liderando os homens para a sala, cada um deles levando um prato de bolachas, copos, ou uma bandeja com manteiga e açúcar nela. Pelo menos ele estava encaminhando-os para o salão, mas se deteve abruptamente e se voltou agora para começar a empurrá-los de novo para a cozinha.

- OH, não te incomode, Thomas-disse Marguerite com divertida exasperação. - Já li a estas duas jovens encantadoras e sei quem são e que Nicholas está aqui.


- Nicholas?- ofegou Jeanne Louise. Jo a olhou para ver que havia ficado pálida enquanto olhava à multidão de homens, procurando com os olhos se os presentes escondiam Nicholas.

- Venham-disse Margarite de repente. - Vamos para a sala.

Ela começou a conduzir às mulheres para o Jo e Sam e depois disse, - Sam, poderia por gentileza mostrar a Lissianna algum lugar onde pudesse deitar Lucy para dormir?

Adormeceu no carro no caminho e não precisa ouvir isto de todos os modos.

- É óbvio-murmurou Sam, e se pôs em movimento passando por Jo para levar Lissianna até o andar de cima.

-Vamos Jo, vamos nos instalar na sala de estar, vamos-insistiu Marguerite, voltando-a para a sala com uma mão sobre seu braço. Dando uma olhada à sala, adicionou, - E

vocês, rapazes tragam as guloseimas… assim como a Nicholas. Não tem sentido ocultá-lo agora.

Jo se dirigiu a contra gosto à sala de estar, só para parar na cadeira mais próxima e olhar para a porta até Nicholas.

- Thomas, você e Inez sentem-se no sofá com o Jeanne Louise-ordenou Marguerite com suavidade. - Ela está um pouco inquieta. Nicholas…- voltou-se para a porta quando ele entrou atrás dos outros homens. - Venha, me dê um beijo.

Nicholas se moveu para sua tia e ela imediatamente o atraiu em um abraço, murmurando, - Sentimos sua falta.

- Obrigado-disse em voz baixa enquanto ela o beijava e o abraçava.

Ela sorriu e lhe aplaudiu a bochecha e depois ordenou, - Pegue a última cadeira ali com Jo. Conseguiremos ter tudo solucionado.

Assentindo com a cabeça, Nicholas se soltou e foi sentar-se com o Jo parada ao lado, e então pegou sua mão e puxou, insistindo para que se sentasse em seu colo, mas ela negou com a cabeça.

-Quero um café. Quer um?- perguntou-lhe.

- Sim, por favor-disse ele em voz baixa.

Ela se dirigiu à mesa do café onde os homens tinham colocado as bandejas e pratos e rapidamente serviu a si mesma e a Nicholas um copo. Depois entregou a Nicholas o seu antes de sentar-se cuidadosamente em seu colo. Jo bebeu o líquido amargo enquanto observava os outros dando voltas para conseguir eles mesmos cafés e pegar bolachas, mas depois todos começaram a estabelecer-se nos assentos.

- Podemos ajeitar um lugar no sofá, tia Marguerite-disse Thomas, quando as cadeiras começaram a encher-se.

- Bom, então Lissianna ou Leigh podem sentar-se aí. Acredito que tomarei a cadeira de balanço desde que agora sou uma avó. Todo mundo encontrou um assento onde possa se sentar.

- Vou trazer algumas cadeiras da cozinha-murmurou Bricker, saindo da sala com Anders em seus calcanhares, mas Jo apenas o notou. Seu olhar surpreendido estava em Marguerite enquanto a mulher se acomodava em sua cadeira de balanço. Não parecia nem de longe o suficientemente velha para ser avó.

- Tenho mais de 700 anos de idade, querida. Idade suficiente para ser uma tatara-tatara-tatara-tatara-tatara avó ou mais se o destino tivesse sido mais complacente-disse Marguerite com um suspiro quando Lissianna e Sam voltaram com Bricker e Anders atrás delas. Cada um dos homens levava duas cadeiras.

- Bom, aqui estamos então-disse Marguerite, uma vez que todo mundo estava sentado. Deu um olhar ao redor do grupo, detendo-se em Jo. - Assim acha que nosso Nicholas é inocente do assassinato dessa mortal e espera que Jeanne Louise saiba algo que ajudará a prová-lo.

Jo piscou confusa, e depois fez uma careta ao perceber que a mulher a devia ter lido.

Por Deus, realmente precisava aprender a guardar seus pensamentos, Jo se decidiu, e se inclinou para frente para colocar seu copo sobre a mesa.

- Nicholas não é inocente-disse Jeanne Louise em voz baixa e zangada. - Ele matou a essa mulher.

Jo a olhou, a ira enrolada dentro dela, até que viu o olhar triste e atormentado no rosto da mulher. Parecia a ponto de chorar e estava incômoda, obviamente, ao pensar que seu irmão poderia ter feito uma coisa assim. Obrigando sua ira a baixar, Jo perguntou em voz baixa, - De verdade acredita nisso?

Jeanne Louise olhou a Nicholas com incerteza, mas depois disse, - Decker o viu fazer.

- Decker o viu com um corpo- corrigiu Jo brandamente.

- Disse que havia muito sangue sobre ele-argumentou com voz firme, e Jo se sentou com exasperação.

- Para você ver-é-acreditar!

- Jo-disse Nicholas em tom de advertência quando se inclinou para diante para pegar o café.

- Só vou bebê-lo-murmurou, e começou a fazê-lo. Enquanto Jo baixou o copo, olhou à irmã dele e lhe perguntou, - Mas se eu tivesse jogado isto sobre você, Jeanne Louise, e estivesse coberta com café, significaria que o bebeu? Ou até que o derramou?

Quando Jeanne Louise ficou olhando, os olhos abrindo-se lentamente, Jo disse com firmeza, -Nicholas não matou essa mulher. Não tem memória entre a primeira vez que viu a mulher no estacionamento e quando abriu os olhos no porão de sua casa para encontrá-la morta em seus braços. Alguém lhe preparou uma armadilha. E se não foi Decker, então foram super afortunados de que aparecesse quando o fez, ou aposto que de algum jeito providenciaram para que aparecesse.

- Mas, como puderam conseguir isso?- perguntou Jeanne Louise em voz baixa. -

Como chegou Nicholas até ali com a mulher morta em seus braços?

- As drogas seriam minha conjetura-disse Jo, e quando Jeanne Louise simplesmente se mordeu os lábios e pareceu indecisa, ela se moveu impacientemente. - Olhe, não importa se acredita em sua inocência, eu acredito. Então nos diga se souber o que Annie poderia ter querido dizer a ele.

Jeanne Louise suspirou, mas negou com a cabeça. - Não sei.

Jo se afundou derrotada, certamente que a garota não estava nem sequer tentando porque não acreditava.

- Jeanne Louise-disse Marguerite em voz baixa, sugerindo que ela pensava o mesmo.

- Não sei-insistiu Jeanne Louise. - Falamos de um montão de coisas. Seu trabalho, meu trabalho, família, compras, filmes, homens…- Ela se encolheu de ombros sem poder fazer nada. - Tudo.

- Não houve algo do que falasse mais que de outras coisas?- perguntou-lhe Jo suplicante.

- Sinto muito, não. Não que eu recorde-disse Jeanne Louise infelizmente.

Jo suspirou e olhou a seu redor. - Bom, então talvez tenha dito algo a um de vocês?

Quando seu olhar se posou esperançosamente sobre Marguerite, o olhar da mulher se voltou em desculpa e ela negou com a cabeça. - Sinto muito, querida. Tenho muita vontade de ajudar, mas só nos reunimos três vezes. A primeira vez foi quando ela e Nicholas se reuniram pela primeira vez, e ela estava tranquila e tímida então. A segunda vez foi nas bodas, e não tivemos a oportunidade de falar muito absolutamente, e depois a última vez foi algumas semanas antes de morrer. Ela e Jeanne Louise chegaram para uma visita, enquanto Nicholas não estava, e se mal me lembro…- Fez uma pausa e franziu o cenho. - Acredito que sobre tudo me perguntou a respeito de Armand.

- Armand?- perguntou Jo.

- Meu pai-disse-lhe Nicholas.

- Ela estava naturalmente curiosa a respeito dele-murmurou Marguerite.

- Por que naturalmente?- perguntou-lhe Jo com o cenho franzido.

- Porque ela não o tinha conhecido.

Jo olhou a Nicholas e de retorno a Marguerite confunsa. - Sem dúvida ele assistiu à bodas?

- Não-disse Marguerite em voz baixa. - Ele não pôde assistir.

- Não deixou sua fazenda desde que sua última esposa morreu-disse Thomas em voz baixa. -Converteu-se em um recluso total.

- Sua última esposa?- perguntou Jo com brutalidade. - Quantas teve?

- Três. Cada uma morreu em alguns anos depois de seu matrimônio-disse Thomas e depois adicionou, - Minha mãe durou quatro anos ou algo assim. Ela foi a mais longiva.

- Teve três companheiras de vida?- perguntou Jo com assombro.

- Não-disse Marguerite de uma vez. - Só uma era uma companheira de vida. A mãe de Nicholas. Armand a converteu. A segunda esposa, a mãe de Tomas, era uma imortal. Ela era um pouco selvagem, converteu-se em sua amante e ficou grávida.

Obviamente, ela queria ou não teria estado bebendo sangue suficiente para começar sequer com a gravidez, sem falar em mantê-la o tempo suficiente para saber que estava grávida-adicionou secamente, e se encolheu de ombros. - Disse isso para Armand, e, é obvio, casou-se com ela. Era o século dezoito-adicionou. - E nesse tempo, uma mulher solteira, simplesmente não tinha um filho por sua conta.

Ninguém na comunidade imortal teria estado muito angustiado, mas todos estávamos tentando nos passar como mortais. Casaram-se por conveniência, mas de acordo que só duraria até que a um ou o outro encontrasse seu companheiro de vida. -Marguerite fez uma careta. - Em troca, ela morreu.

- A última esposa, a mãe de Jeanne Louise, também era imortal-anunciou Nicholas.

-Meu pai estava sozinho, e acredito que ela sentia pena dele. Ela também queria um filho próprio e assim chegaram a um acordo, um matrimônio temporário por companhia até que um ou o outro encontrasse seu companheiro de vida.

- Mas ela morreu também-murmurou Jo.

- Sim-disse Marguerite com um suspiro. - Armand não teve absolutamente nenhuma sorte com as mulheres.

Jo levantou as sobrancelhas. - Está brincando, não é?

Marguerite levantou suas próprias sobrancelhas. - Acha que perder três esposas é boa sorte?

- Acredito que um imortal perdendo três esposas imortais uma atrás da outra é completamente improvável-respondeu ela com gravidade. -Me deixe adivinhar, todas elas morreram em acidentes estranhos?

- Bom, sim-admitiu ela com surpresa. - A mãe de Nicholas morreu em um incêndio, e…-

- Não me disse que o fogo te pode matar?- disse Jo, volteando-se para Nicholas em tom acusador.

- Em geral, não pode-disse em voz baixa. - Podemos receber um monte de dano e ainda assim seguir adiante e sair do fogo e então nos reparar. Mas minha mãe estava presa e…- Fez uma careta e se encolheu de ombros.

Jo sacudiu a cabeça e olhou aos que a rodeavam. - Vocês são imortais, difíceis de matar. Quais são as possibilidades de que um de vocês perca três esposas seguidas?

Não acreditam que isso é estranho?

- Isso é o que disse Annie-murmurou Jeanne Louise quase pensativa.

- Ela o fez?- Jo se voltou para ela com rapidez.

Jeanne Louise assentiu com a cabeça. -Tinha-me esquecido disso. Tinha curiosidade de por que papai não tinha assistido à bodas, e quando lhe falei de suas desgraças com as esposas, pensou que era muito estranho e começou a fazer todas estas perguntas…

- Ela estava muito interessada na forma em que morreram nesse dia em que ambas chegaram para tomar chá-murmurou Marguerite.

- Ela me perguntou pelo tio Armand e suas esposas também-disse Lissianna. - Não pensei nada disso no momento.

- Falou muito sobre isso-disse Jeanne Louise, girando os olhos para Jo. - Acha que tem algo a ver com o que ela ia dizer a Nicholas?

- É possível-disse ela, pensativa. - Sem dúvida me teria parecido estranho e teria sentido curiosidade por isso… E se ela começou a investigar isto e se inteirou de algo que sugeria que inclusive uma das mortes não foi acidental…

- Nesse caso seria uma muito boa razão para que alguém quisesse vê-la morta antes que pudesse dizer a Nicholas o que tinha averiguado-disse Thomas sombrio.

- Sim-murmurou Jo, sem notar o repentino silêncio na sala, até que Bricker o rompeu ficando de pé.

- Preciso me alimentar-anunciou, em direção à porta. - Alguém mais quer algo?

Ouviram-se murmúrios de várias pessoas, mas Jo estava distraída considerando o que era que Annie poderia ter averiguado… e como tinha averiguado o que sabia. A morte tinha ocorrido faz tanto tempo, era difícil imaginar que tinha averiguado algo.

- Acredito que ouvi Lucy enquanto cruzava o corredor.

Jo levantou o olhar ante o comentário de Bricker para ver que tinha retornado e estava distribuindo bolsas de sangue.

- Acredito que será melhor que a busque. Ela precisará se alimentar-disse Lissianna, e se levantou para sair da sala.

- OH, esqueceu sua bolsa-disse Leigh, parando-se para segui-la.

Jo as viu partir e depois olhou de novo ao grupo e disse, - Parece que temos que falar com o Armand. Poderia ser capaz de ajudar a esclarecer coisas. Ao menos, deveríamos ter uma idéia de para onde olhar ou que passo tomar a seguir.

- Não estou segura-murmurou Marguerite. - Se Armand soubesse de algo acredito que já teria dito nesse momento.

- Não pode fazer mal comprovar. Ele pode saber algo sem perceber-murmurou Nicholas e depois olhou a Thomas. - Está ainda na fazenda?

Thomas negou com a cabeça. - Ele tem uma nova agora. Bem, comprou várias desde que se foi e se rodizia nelas; dez anos em uma, depois dez em outra, enquanto os capatazes dirigem as demais.

- Ele nunca as deixa-disse Jeanne Louise tranquilamente. - E já não permite mais visitantes para nada. Nem a mim ele permite ir até lá-acrescentou ela com amargura.

Thomas lhe esfregou as costas com simpatia enquanto tirava seu telefone. - Bastien saberá onde está agora e o número. Ainda entregam sangue para ele.

- Sabe, me ocorre que poderíamos aprender algo útil de Armand, depois de tudo-disse Marguerite de repente, e quando todos se voltaram para ela, disse, - Sempre assumi que se encerrou e cortou contato com a família e amigos porque estava amargurado pela perda de suas esposas, mas se a morte de Annie está conectada a isso dá um aspecto diferente às coisas.

- Entendo-disse Jo lentamente. - Talvez suspeite que as mortes de suas esposas não foram todas acidentes tampouco. Talvez esteja tentando manter a todos fora da linha de fogo.

- Acredita nisso?- perguntou Jeanne, abrindo os olhos com esperança.

Quando Marguerite assentiu com a cabeça, Nicholas sorriu e deslizou seu braço ao redor de Jo. - Ela é muito inteligente, não é?

- Muito-concordou Marguerite solenemente. - Os nanos estavam certos, como de costume. Ela é exatamente o que precisávamos. -Ela olhou para Thomas. - Ligue para Bastien. Quanto antes falarmos com o Armand, mais cedo poderemos ser capazes de solucionar tudo isto.

Assentindo com a cabeça, começou a apertar botões em seu celular, mas se deteve e olhou para a porta junto com os outros quando escutaram a porta exterior abrindo-se e o som de alguém entrando na casa.

Mortimer ficou de pé com o cenho franzido e começou a cruzar a sala, mas parou quando um homem alto e loiro encheu a porta. Havia um homem jovem, de cabelo escuro atrás dele, olhando sobre seu ombro para a sala. Jo não tinha idéia de quem era o homem de cabelo escuro, mas reconheceu Lucian da noite da festa. Foi puro instinto o que teve de parar e se mover para bloquear a visão de Nicholas. Ela sabia que tinha sido a decisão correta quando Marguerite, Thomas e Jeanne Louise de repente se levantaram e se posicionaram ao redor dela, ajudando a esconder Nicholas.

- Que encantado ver você, Lucian. O que está fazendo aqui?- perguntou Marguerite, soando completamente tranquila e até acolhedora.

A mulher era um professora em ocultar suas emoções, Jo decidiu. A forma em que se moveu rapidamente para parare a seu lado e ajudar a ocultar Nicholas demonstrou que não estava exatamente contente de lhe ver.

- Quando Greg e eu chegamos à casa para recolher a nossas esposas, disseram-nos que tinham vindo todas aqui, assim viemos para pegá-las-disse o loiro, com os olhos entrecerrados.

- Pegá-las?- perguntou-lhe Marguerite com surpresa e deu uma olhada em seu relógio de pulso, estalando a língua enquanto dizia, - Não tinha percebido que era tão tarde.

-Pensei que os homens tinham que chamar se alguém chegasse-disse Mortimer, aproveitando o olhar concentrado de Lucian em Marguerite.

- Sim, li isso de Xavier, quando parou o carro-disse Lucian secamente.

- Leu um de seus próprios homens?- perguntou-lhe Thomas com assombro.

- Parecia muito nervoso quando percebeu que estava no carro com o Greg-disse Lucian com gravidade, e Jo supunha que era sua idéia de explicar a si mesmo. - Eu lhe convenci de que chamar antes era totalmente desnecessário e que não faria mais que me incomodar.

Mortimer fez uma careta e a sala ficou em silêncio, enquanto Lucian olhou de uma pessoa a outra. Jo franziu o cenho quando ela reconheceu a concentração em seu rosto. Tinha-a visto antes. Era o olhar de pinto. Maldição. Estava lendo às pessoas, percebeu com espanto e tinha provado suas suspeitas quando Jeanne Louise sussurrou em estado de pânico, - Está me lendo.

- Pense em uma canção de ninar e bloqueie-o- sussurrou Thomas.

- Estou tentando, mas ele é…

- Ninguém me vai apresentar?- disse Jo rapidamente com a esperança de conseguir afastar a atenção de Lucian do pânico do Jeanne Louise. Funcionou… muito bem, o olhar atento do Lucian se deslizou de Jeanne Louise para ela em seu lugar. Sentindo imediatamente que estava revolvendo em sua mente ela assumiu que devia estar tentando ler seus pensamentos, começou a balbuciar um pouco histérica, - Quero dizer, tivemos uma espécie de encontro antes, na noite da festa, mas ninguém nos apresentou corretamente, Sam?

Em resposta a seu grito de pânico, Sam correu a seu lado, adicionando seu próprio corpo à parede humana bloqueando a vista de Lucian de Nicholas. Ela tomou sua mão e disse, - Sim, é obvio. Jo, querida, este é Lucian Argeneau. Ele é… bom, ele é o chefe de Mortimer.

- E nosso tio-anunciou Thomas. Jo suspeitava que estava tentando chamar a atenção de Lucian fora dela. Suspeitava que era também o que Marguerite estava fazendo quando acrescentou, - E meu cunhado… embora, legalmente, talvez já não seja mais meu cunhado agora que Jean Claude está morto e me voltei a me casar.

Os esforços de Marguerite tiveram mais êxito. Lucian imediatamente arrancou sua atenção de Jo. Seus olhos brilhando saltaram à tia de Nicholas e grunhiu, - Sempre serei seu cunhado, Marguerite. Fomos família por 700 anos e seguiremos sendo família, não importa com quem esteja casada.

Jo estava lançando um suspiro de alívio pelo fato de que estivesse livre dos esforços do homem para ler seus pensamentos, quando de repente seus olhos se dispararam de novo a ela e a revoada começou de novo.

- Pense em uma canção de ninar-murmurou Thomas a seu lado. - Recite em voz alta se for necessário, mas se concentre nas palavras como se fossem a coisa mais importante no mundo.

Jo assentiu com a cabeça e começou a recitar: - Havia uma vez uma garota do Nantucket…

- OH, pelo amor de Deus-replicou Nicholas, e de repente estava empurrando-se além dela, até situar-se na parte dianteira do grupo que tinha estado tentando ocultá-lo.

- Nicholas-gritou Jo com uma combinação de alarme e fúria. Ela se moveu rapidamente ao redor para parar diante dele, ficando entre ele e seu tio.

- Jo, querida, o fato de que todos estavam tentando não deixá-lo que te lesse simplesmente o teria feito mais decidido a averiguar o que estavam escondendo-assinalou com gravidade, e logo sacudiu a cabeça e acrescentou, - E Havia uma vez uma garota do Nantucket? Essa é a única rima em que pôde pensar?

- Trabalho em um bar-assinalou ela com secura. - Confie em mim, não quereria escutar a versão do Little Bo Peep que aprendi ali.

- Sim, bom, vamos ter que… er…- Nicholas franziu o cenho. - já considerou uma mudança de carreira? Talvez um bar não seja o melhor…

- Cuidado, sobrinho-grunhiu Lucian.

- A tia Leigh é proprietária e administradora de um bar-explicou Thomas em voz baixa, movendo-se um pouco mais perto.

Jo não pôde deixar de notar que ele não era o único. Marguerite, Sam e Jeanne Louise, todos, apertaram-se protetoramente mais perto, e outros na sala estavam gravitando lentamente para eles. Enquanto ela não tinha visto nenhum deles se mover, estavam mais perto do que tinham estado. Animada por esta amostra de solidariedade, levantou as sobrancelhas a Nicholas em pergunta. - Então, o que fazemos agora?

- Há muito poucas coisas que podemos fazer agora-disse Nicholas em voz baixa.

Jo lhe mostrou seu assombro ficando boquiaberta. - Como? Por favor, me diga que não está pensando em só se entregar a este ditador sacana para ser fatiado e talhado em cubos ou agitado e assado ou o quer que seja que vocês o chamam.

- Ditador sacana?- Thomas se ecoou, com surpreendida diversão em sua cara.

- Bom, ele é-murmurou, lançando um olhar ressentido ao homem que estava do outro lado da sala, com cara de pedra enquanto escutava. - E não posso deixá-lo agitar e assar Nicholas.

Thomas pôs os olhos em branco. - É estacado e assado, Jo. Não somos chuletas de porco.

- O que seja-disse com completo desinteresse e logo se voltou para Nicholas. - O

ponto, é que deveria ter ficado onde estava e nos deixar dirigir isto. Agora vamos ter que amarrar seu tio e colocá-lo em uma das celas ou algo assim até que ordenemos tudo e possamos demonstrar sua inocência.

O silêncio que seguiu a suas palavras foi um sinal de exclamação ao horror surpreso que de repente estava nos rostos que a rodeavam. Até Nicholas estava olhando para ela como se estivesse completamente louca.

Com o cenho franzido, Jo olhou de cara em cara e perguntou, - O que? Certamente estão de acordo comigo? Sei que nenhum de vocês está agora tão seguro de que Nicholas matou essa garota. Acredito que a maioria de vocês até está de acordo comigo em que é provável que não o fez. Mas até mesmo se só tiverem alguma dúvida de que Nicholas é culpado, não podem deixar que o Mandão daí o execute.

- O mandão?- Thomas se ecoou com incredulidade.

Nicholas o olhou, depois pegou as duas mãos de Jo e lhe disse, - Querida, temo que não têm muita opção. Se Lucian decidir…

- É obvio que têm uma opção-interrompeu ela com desgosto. - Ele é somente um vampiro.

- Ele é um vampiro muito antigo e poderoso-disse Nicholas em voz baixa.

- Todos vocês são velhos-assinalou ela com secura. -Você tem quinhentos e alguma coisa. Marguerite setecentos e tanto. É todo o malditamente antigo.

- Diz isso como se fosse uma coisa má-disse Thomas com diversão.

- Bom, é uma coisa má se estiver tão metido em seus planos e utiliza às Calças Amarguradas aí para dirigir as coisas, que acaba deixando que massacre a um homem inocente-espetou-lhe ela.

- Senhor Calças Amarguradas! Deus, eu adoro ela, Nicholas-alardeou Thomas.

Quando se deu conta de que nem Nicholas nem Inez pareciam impressionados pelas palavras, adicionou rapidamente, - Em um tipo de forma estritamente de cunhada, é claro.

Nicholas e Inez grunhiram juntos e depois Nicholas se dirigiu a Jo e lhe disse, -Querida, você não entende. Lucian é muito velho. Está também no Conselho. Ele tem uma grande quantidade de poder. Ele…

- Não me importa quão velho e poderoso ele é-interrompeu Jo com impaciência.

-Amo-te e não vou deixar que lhe mate sem brigar.

Jo puxou as mãos de Nicholas, e depois voltou um olhar determinado para a cabeça do clã Argeneau enquanto começava a atravessar a sala, dizendo, - Nicholas não matou essa mulher. Ele não tem memória de matá-la. Acredito que alguém o drogou e o preparou para o impedir de descobrir algo que Annie tinha averiguado sobre a morte das esposas de Armand. Temos que averiguar o que era.

Parou na frente de Lucian Argeneau, engoliu em seco e acrescentou, - Eu o amo. Não sei o que faria sem ele. Do que serve viver centenas de anos, se o afastar de mim?

Por favor, não o fará?

Lucian apontou seu nariz para ela desapaixonadamente. - Estava indo muito bem com seus argumentos até que começou com o lixo caramelado. E a mediocredade, ao final esteve exatamente por cima.

Jo olhou à cara fria de Lucian Argeneau e sentiu uma fúria levantar-se nela como jamais tinha experimentado. O homem tinha a vida do homem que amava em suas mãos. Todo seu futuro repousava em suas mãos e ele detendo-os com ar de suficiência criticando seu intento de salvar aos dois? Todos os seus medos e frustrações formaram redemoinhos em uma explosão de raiva, e antes que Jo soubesse muito bem o que estava fazendo, estava esbofeteando o filho de puta insensível na cara.

- Jo-ladrou Nicholas com alarme e rapidamente a arrastou detrás dele, ficando firme entre ela e seu tio, enquanto dizia, - Ela está chateada.

- Já percebi-disse Lucian sombrio.

Jo franziu o cenho e empurrou Nicholas para um lado. - Não se desculpe por mim, não especialmente com o Capitão Mal-humorado aqui que planeja te matar.

- Está tudo bem, querida-murmurou Marguerite, passando ao lado do Jo para correr a mão com doçura por seu braço, - O Capitão Zangado não matará Nicholas.

- Marguerite!- Lucian espetou.

- Bom, não o fará-disse ela com firmeza. - Certamente tem lido a todos na sala agora e sabe que é necessária uma maior investigação antes que se possa tomar decisões sobre o futuro de Nicholas, correto?

Lucian franziu o cenho à mulher por um momento, mas logo suspirou e admitiu, -Sim.

Jo se moveu diante de Nicholas de novo para perguntar com incerteza, - Não vai executá-lo?

- Não-disse Lucian secamente.

- Sério?- perguntou ela, quase com medo de acreditar.

- Sim, realmente, não tenho nenhuma intenção de matar Nicholas.

- OH!- Com a alegria explodindo através dela, Jo se lançou impulsivamente para o homem para abraçá-lo em sinal de gratidão, dizendo, - Talvez não seja um cara mau depois de tudo, Lucian.

- Ainda.

Jo se congelou enquanto a palavra chegava a seus ouvidos, e depois se esticou para franzir o cenho a ele. - O que quer dizer com ‘ainda’?

Por alguma razão isso fez que seus lábios se torcessem com o que ela suspeitou que era diversão. Depois olhou para Nicholas e disse, - Ela é muito tempestuosa, não?

Impetuosa também. É bom que decidisse que não era seguro mantê-la contigo na fuga. Teria morrido em uma semana… ou teria te matado. Fez uma pausa e acrescentou, -Embora ela pode ter feito isso de todos os modos já que se entregou para salvá-la. Teremos que ver.

A boca do Jo se fechou e seus olhos se estreitaram nele com moléstia. - Eu não gosto de você.

Lucian arqueou uma sobrancelha. - Isso é uma vergonha. Eu gosto muito de você.

- Poderia ter me enganado-murmurou Jo com incredulidade.

- Frequentemente faço isso-concordou Lucian. -Enganar às pessoas, quero dizer.

- Ele faz mesmo-assegurou Leigh, voltando a entrar na sala com a Lissianna a seguindo.

Jo olhou à mulher, perguntando-se que diabos tinha visto em Lucian Argeneau, mas logo sacudiu a cabeça e perguntou, - O que quer dizer com que não vai executá-lo ainda? Vai ou não vai?

Lucian voltou seu olhar para Nicholas. - Não vou te executar agora porque não estou certo de sua culpabilidade. Tenho lido a situação na mente de todos, incluída a sua.

Não há memória de você matando à mulher. De fato, há um espaço suspeitamente em branco onde essa lembrança deveria estar.

- Eu dissee isso-disse Jo triunfante.

- É, você disse-concordou Lucian secamente com um assentimento em sua direção.

Depois se voltou para Nicholas para continuar, - Tenho a intenção de chegar ao fundo disto e saber o que aconteceu nesse dia. Se a matou e de algum jeito bloqueou isso de sua memória, será executado. Se não…. . Ele se encolheu de ombros e disse, -Provavelmente Jo com o tempo conseguirá te matar com sua impetuosidade de qualquer forma.

Jo se sentiu ficar rígida com suas palavras, mas depois notou um brilho suspeito em seus olhos que lhe fez pensar que a estava provocando e ela só murmurou, - Certo, certo.

- Certo, certo, na verdade-disse Lucian secamente, e depois se voltou para Mortimer.

-Agora, vamos conseguir que Dee e Ernie entrem no transporte para que possa preparar a cela de Nicholas.

- Cela?- perguntou Jo com indignação. - Vai prendê-lo?

- Sim-disse com calma. - E eu vou ter que te prender também.

- O que? Agora Nicholas parecia furioso. Seus olhos eram de prata fria enquanto se aproximou de seu tio, os punhos apertados e grunhiu, - Me prender é uma coisa, tio, mas Jo não fez nada para merecer ser tratada como uma criminosa.

- Ela já está tramando maneiras de te ajudar a escapar caso de que não possa chegar ao fundo disto-disse ele em voz baixa.

Nicholas se voltou para Jo com surpresa e ela sentiu um arrebatamento de culpabilidade. Em realidade tinha começado a pensar sobre as maneiras de tirá-lo dali. Parecia que estava ainda muito legível.

- Parece que está-reconheceu a contra gosto Nicholas enquanto se voltava para seu tio. - Mas, ainda assim, ela não fez nada mau ainda. Não pode prendê-la por algo que poderia tentar fazer. Além disso, falarei com ela. Eu…

- Prendê-la com você lhe impedirá de conseguir se matar ou a qualquer outra pessoa com seus esforços malucos para te soltar-interrompeu com firmeza Lucian.

- Malucos?- chiou Jo. - Eu o tirei, não foi. Abri a maldita fechadura e o coloquei em liberdade.

- Muito impressionante-assegurou Lucian e depois se voltou para o Mortimer para dizer, - Se assegure de que só lhes dêem utensílios de plástico e não lhes permitam nada suficientemente pequeno para usar para abrir o ferrolho desta vez.

- Merda-murmurou Jo, irritada, desejando ter parado para pensar antes de falar. Seus olhos se estreitaram em Lucian, enquanto lhe pareceu ver sua boca contrair-se, e depois se dirigiu a ele se voltou para o Nicholas e continuou.

- Terei a Ernie e Dee transportados ao Conselho para o julgamento. Mortimer eliminará a cama de solteiro de uma das celas e terão uma cama de casal em seu lugar para substitui-la. Voltou-se para Jo e Nicholas e disse, - Vamos lhes dar luz de velas e rosas, e colocar uma cortina na cela para que os dois possam entreter um ao outro de forma segura e em privado, enquanto eu examino o assunto de Annie e a mortal.

- Não seria mais fácil simplesmente mantê-los presos em um dos quartos da casa?-

perguntou Sam com o cenho franzido. - Seria muito mais confortável e…

- E só significa que quatro homens teriam que montar guarda nas portas do quarto e da sacada-interrompeu secamente Lucian, e logo sacudiu a cabeça. - Já estamos com pouca gente. Vão para as celas.

Sam não parecia contente, mas assentiu não muito feliz. Entretanto, também perguntou, - Podem ter livros ou uma televisão ou algo do tipo para que não se aborreçam?

Jo pensou que a preocupação de sua irmã era muito doce e desnecessária. Era difícil para ela se imaginar ficando aborrecida com o Nicholas ao redor. A julgar pela sobrancelha arqueada que Lucian voltou para Sam, pensou o mesmo.

- São novos companheiros de vida, Samantha-disse secamente. - Como você ainda o é. Acha realmente que uma televisão é necessária, ou que inclusive seria ligada?

- OH, está bem-murmurou Sam, ruborizando-se enquanto Mortimer sorriu e deslizou o braço por sua cintura.

- Na verdade…- disse Lucian secamente. Logo olhou ao grupo e elevou a outra sobrancelha. - Bom, O que estamos esperando? Vamos fazer isto assim estes apaixonados podem desfrutar da suspensão de pena de Nicholas.

- Exato-Mortimer se voltou para o grupo. -Bricker e Anders, vocês estão com o Nicholas e Jo até que os ponhamos na cela. Conseguirei alguns dos homens de fora para que me ajude com o Ernie e Dee. Sam, querida-disse, sua voz suavizando-se notavelmente quando a olhou. - Talvez pudesse fazer uma lista do que pensa que Jo e Nicholas necessitarão na cela e começar a organizá-la; roupa, lençóis, qual cama será levada, e assim sucessivamente?

- É claro-murmurou.

Assentindo com a cabeça, Mortimer a beijou rapidamente e depois se voltou para sair da casa, Lucian atrás dele. No momento em que a porta se fechou atrás deles, a tia de Nicholas, Marguerite, ficou de pé. Jo olhou à mulher, ainda surpreendida de que ela pudesse ter setecentos anos de idade, mas sua voz tinha o timbre de autoridade quando disse, - As garotas e eu podemos te ajudar com a lista e a coleta das coisas, Sam. E talvez Thomas e Greg possam ajudar a trocar a cama da cela e colocar uma cama de casal?

- É claro-murmuraram Thomas e Greg juntos.

Para o assombro de Jo, a sala se esvaziou rapidamente, todo mundo em movimento para levar a cabo suas tarefas. Todo mundo exceto ela, Nicholas, Bricker e Anders, que ficaram.

Todos se olharam por um momento e depois Nicholas disse, - Eu gostaria de um momento a sós com o Jo. Quando Bricker olhou para Anders lhe perguntando, ele considerou o assunto e se encolheu de ombros e disse, - Os homens ainda estão na sacada do quarto de hóspedes e nós podemos proteger a porta do quarto. Deve estar tudo bem.

Bricker assentiu com a cabeça. - De acordo.

Nicholas conduziu Jo parar sair da sala. O murmúrio das vozes vinha da cozinha enquanto abriam caminho para as escadas, e Jo supôs que as mulheres estavam ali fazendo sua lista. Estavam subindo as escadas para o andar de acima, quando Thomas e Greg saíram do quarto no que Jo tinha acordado, eles estavam levando um colchão e o restante da cama Box. Nicholas conduziu Jo para se aproximar da parede para deixá-los passar e depois a levou para o quarto.

Anders entrou e cruzou o quarto para comprovar e assegurar-se de que os homens ainda estavam na sacada. Abriu a porta e olhou para falar com eles e depois fechou a porta, assentiu com a cabeça a Nicholas e Jo, e então saiu do quarto, puxando a porta para fechá-la.

- Bom-murmurou Nicholas, olhando a armação da cama e a cabeceira que ainda permaneciam no quarto. Depois a levou até duas poltronas dispostas em uma pequena mesa redonda no lado oposto do quarto. Acomodou-se em uma e a trouxe para seu colo.

- Sinto muito por tudo isto, Jo-disse finalmente, passando suas mãos com doçura por suas costas e a coxa.

- Tem que parar de me pedir desculpas, Nicholas-disse Jo em voz baixa, apoiada em seu ombro. - Nada disto é sua culpa. É uma vítima aqui também.

- Talvez, mas não estaria a ponto de ser presa em uma cela comigo, se não fosse por minha escapada. Se tivesse me encontrado há cinquenta anos, talvez tudo isto teria se resolvido há muito tempo.

- Ou talvez tivesse sido executado ou assassinado, ou talvez não teria perseguido Ernie essa noite e ele poderia ter me agarrado e eu seria outra Dee ou estaria morta-assinalou ela. - Além disso, eu posso pensar em coisas piores que ser presa com o homem que amo por um tempo… em uma cela com uma cama de casal.

- E com rosas-recordou ele com ironia.

- Hmm-murmurou Jo, mas negou com a cabeça. - Suspeito que Lucian estava brincando sobre isso. Seu tio não parece do tipo romântico.

- Provavelmente tem razão, isso era possivelmente sarcasmo-concordou Nicholas com um sorriso. - Mas eu aposto dez mil beijos que tia Marguerite vai insistir que Sam ponha isso na lista de qualquer maneira.

- Pode ter os dez mil beijos sem aposta-assegurou Jo com um sorriso e depois pôs a mão em sua bochecha e disse solenemente, - Amo você Nicholas, e se for em uma cela ou neste quarto ou em um motel barato, não há lugar que não queira estar com você.

- Espero que se sinta da mesma maneira se isto se prolongar durante dez ou vinte anos-disse com um suspiro.

- Sinto-me dessa forma agora, e me sentirei dessa maneira para sempre-assegurou a ele solenemente, e depois franziu o cenho. -Certamente eles podem resolver isso mais rápido que em dez ou vinte anos, não é?

- Espero que sim, mas…

- Mas?- perguntou-lhe.

Nicholas fez uma careta, e depois assinalou, - passaram cinquenta anos e não temos muito para seguir adiante. E embora não acredito que o Conselho me execute sem ter a certeza de que o fiz, poderiam ser resistentes em me deixar livre sem a mesma certeza de que não o fiz.

- Então… o que?- perguntou Jo com alarme. - Ele só o manteriam preso aqui para sempre?

- Não, não para sempre-disse ele lentamente, refletindo, e depois disse em voz baixa, - Mas poderiam me manter preso por toda uma vida se fosse acusado de fazê-lo.


- Quer dizer cinquenta ou sessenta anos?- perguntou Jo com consternação.

- Talvez oitenta ou noventa anos já que houve um bebê envolvido-disse Nicholas em voz baixa, e quando ela o olhou com os olhos abertos pelo horror, apressou-se a dizer, -Eu poderia estar enganado. Só estou adivinhando com base nas diferentes decisões que tem sido tomadas durante séculos.

- Isto ocorreu antes?- perguntou Jo, e pensou que poderia estar agora hiperventilando. Oitenta ou noventa anos? Querido Deus, pensou ela, muito para a escola… e seu trabalho estaria definitivamente liquidado se não se apresentasse durante tanto tempo. Embora, supunha-se que a biologia marinha não era uma carreira muito prática para um vampiro, e administrar o bar só tinha sido um trabalho temporário enquanto ela ia à escola.

Com um suspiro, Jo se obrigou a acalmar-se. Tudo ia dar certo. Tinha que dar. E se não o fizesse e eles terminassem passando oitenta ou noventa anos em uma cela juntos… bom, pelo que ela entendia, depois teriam séculos juntos, e talvez o Conselho rebaixasse a sentença de Nicholas por bom comportamento, assim como também havendo já tido que viver fugindo durante cinquenta anos. E talvez lhe diminuíssem o tempo pela metade por ela estar compartilhando-o com ele.

- Jo.

- Hmm?- perguntou distraidamente, enquanto sua mente considerava pedir a Sam que os representasse perante o Conselho, ou a alguém que em realidade fosse imortal e conhecesse todas as suas leis e como tal poderia ser uma melhor opção.

- Pode ser que eles lhe permitam sair e não ter que ficar presa se prometer não tentar de me soltar e cumprir a promessa-disse Nicholas em voz baixa, e quando Jo se voltou para ele bruscamente, adicionou, -Ao menos dessa maneira teria uma vida enquanto espera por mim.

- Sonhe com isso, amigo-disse ela secamente. - Não vai se desfazer de mim tão facilmente. Eu fico com você.

- Mas…

Jo agarrou seu rosto e o beijou em silêncio, e depois levantou a cabeça e disse, - Você me converteu, está amarrado comigo agora.

- Estou, não é?- perguntou ele com diversão.

- Sim. Está. Agora e para sempre, amigo. Assim aprenda a gostar.

Rindo, Nicholas a levou contra seu peito e a abraçou com força. - Deus, mulher, amo você.

- Bom, isso é um começo-disse ela rapidamente.

- Um começo?- perguntou-lhe com um sorriso.

- Bom, este é o tipo de acordo para sempre, Nicholas. Tem que me amar e tenho que gostar de aguentá-lo durante o tempo em que vamos estar juntos.

- Estamos bem então, porque eu gosto de você desde o começo-assegurou ele.

Jo sorriu, feliz, e depois murmurou, - Amo você também.

- O que deveríamos fazer a respeito?- perguntou Nicholas em voz baixa, as mãos que tinham sido suaves, há um momento, mudaram deslizando sobre seu corpo com uma intenção decididamente diferente agora.

Jo lançou um pequeno suspiro e se fundiu contra seu peito. - OH, não sei. Posso pensar em uma coisa ou duas.

- Eu também posso-grunhiu ele, reclamando seus lábios.

Jo suspirou de novo enquanto a beijava, e depois gemeu quando sua mão deslizou ao redor para começar a subir. Ela gemeu de novo por uma razão completamente diferente, quando um golpe soou na porta.

- Precisamos pegar o restante da cama-chamou Thomas, enquanto eles se afastavam para dar uma olhada para a porta.

- E Mortimer acaba de chegar e disse que podemos levá-los à cela-adicionou Bricker através da porta, enquanto Nicholas abria a boca e Jo suspeitava que fosse dizer a Thomas que desaparecesse.

Suspirando, Nicholas apoiou a testa contra a dela. - Parece que o para sempre começa agora.

- Parece-concordou ela, e depois com um sorriso forçado se deslizou de seu colo.

Pegando sua mão, deu-lhe um puxão. -Vamos. Podemos terminar com o sonho de que temos relações sexuais nas celas, mas desta vez de verdade.

- Você sempre encontra o lado positivo das coisas-disse ele com um pequeno sorriso.

- Bom, como acha que te encontrei?- perguntou enquanto se levantava.

Quando ele a olhou com incerteza, Jo explicou, - Seus olhos ficam prateados quando está excitado.

- Eles devem ser prateados durante todo tempo quando você está por perto então-disse Nicholas secamente enquanto ela o levava para a porta.

- Bom, então sempre serei capaz de encontrar o lado positivo, não é?- perguntou, decidida a manter seu ânimo até que isto se acabasse. Jo só esperava que ela pudesse manter o seu próprio também.

Epílogo

-Toc, toc.

Jo piscou, abriu seus olhos e franziu o cenho quando moveu sua cabeça sobre o peito de Nicholas para olhar fixamente para a porta de sua cela com cortinas.

- Acho que é sua irmã - murmurou Nicholas com voz sonolenta, acariciando com a mão suas costas.

-Toc, toc-disse Sam outra vez do outro lado da porta da cela.

- Vamos entrar, então fiquem decentes ou sofrerão as conseqüências.

Jo fez uma careta e pegou os lençóis e mantas, puxando-as até cobrir ela e Nicholas quando a cortina se moveu e Mortimer apareceu abrindo a porta da cela.

- Ah bem, estão acordados - disse Sam brilhantemente, quando entrou na cela com uma bandeja em suas mãos.

Jo entreabriu os olhos com expressão divertida. – Não estávamos, mas sem dúvida agora estamos.

-Ah bem, já era hora de despertarem. Estiveram dormindo ou não dormindo-adicionou secamente - durante duas semanas.

-Dormimos um pouco-assegurou Nicholas, levantando até sentar-se. Recostou contra a cabeceira e arrastou Jo até apoiá-la contra seu peito.

- Além disso, não é que tenhamos nada melhor que fazer - disse Jo tranquilamente.

-É isto ou nos preocupar.

- Não estava criticando-disse Sam com suavidade. -Mortimer e eu fomos iguais no princípio. Bom, não tão mau, talvez. Tivemos que sair para tomar ar ocasionalmente, mas nós não vivíamos com a possibilidade de que um de nós pudesse ser executado.


Jo engoliu em seco e se aproximou mais perto de Nicholas, esfregando seu nariz contra seu peito. Tinha estado fazendo todo o possível para não pensar sobre isso durante essas duas semanas. Ambos tinham feito isso. Inundaram-se neles mesmos, o um no outro, fazendo pouco mais que fazer amor e dormir e outra vez amor, fazendo pausas para comer quando lhes traziam mantimentos, alimentavam-nos quando era necessário, ou eram escoltados até a casa para um banho rápido. De fato, exceto pelo pequeno detalhe de que não podiam deixar a cela quando queriam e não podiam tomar banho juntos, as duas semanas tinham sido bastante magníficas, pensou, olhando ao redor da cela que tinham ocupado durante duas semanas.

Já não se parecia muito a uma cela. Sam, Marguerite e as outras mulheres tinham feito magia na cela no pouco tempo que tinham tido, colocando uma tela ao redor do vaso sanitário para ter intimidade, instalando uma cafeteira, flores, criados mudos, um tapete, e até livros. Jo quase podia fingir que se encontravam em umas encantadoras férias em um hotel, se não fosse pelo fato de saber que estes poderiam ser os últimos dias com Nicholas, esse pensamento sempre estava em um canto de sua mente…. Assim como acontecia com Nicholas.

Tinha visto esse conhecimento em seus olhos muitas vezes, e a tristeza que isto havia trazido para seus olhos quase a tinha esmagado.

- De todos os modos - disse Sam, soando incrivelmente alegre. – Sei que é muito cedo para o café da manhã esta manhã, mas não podia esperar. Portanto, aqui está.

- Por que não podia esperar? – perguntou Jo com curiosidade enquanto Nicholas dizia: - Obrigado Sam.

Sam ignorou a pergunta de Jo enquanto sorria a Nicholas e deixava a bandeja.

- De nada - disse, e sorriu enquanto se endireitava. Depois se voltou para dirigir-se para a porta, dizendo, - Ah, Anders trouxe Charlie de volta.

- Sério?- perguntou Jo com surpresa, e depois baixou seu olhar quando Mortimer abriu a porta da cela de novo e Charlie entrou correndo e foi diretamente para a cama. Jo se sentou rapidamente, segurando o lençol. Acariciou o colchão. Era o convite que Charlie precisava; saltou para ela imediatamente e se deitou em seu colo como se fosse um cachorrinho, em vez do grande pastor alemão que era.

- Olá Charlie. Olá bebê!, Anders foi agradável com você?– perguntou Jo, acariciando-o carinhosamente. –Senti falta de você, garoto.

Sam esperou até que o cão se instalou e logo sorriu e assentiu com a cabeça.

- Anders disse que Charlie é um bom cão e que teria que conseguir um para ele, porque agora que tudo se resolveu provavelmente o quer de volta.

- O que? - Jo ficou rígida e olhou de novo para ela. - O que está resolvido?

-Ela se esqueceu de te dizer? - perguntou Mortimer, entrando na cela.

- Ah, suponho que me esqueci-disse Sam com inocência, e depois deslizou seu braço ao redor do homem e disse: - Vá en frente, você pegou a mensagem.

Mortimer deu uma olhada para Jo e Nicholas. - Lucian chamou. Estará aqui em uma hora.

-E? - perguntou Nicholas com tensão.

Mortimer hesitou, e depois olhou para Sam. –Vá em frente.

Sorrindo amplamente ela disse. - É inocente, Nicholas. Você não matou aquela mulher. Não explicou os detalhes por telefone, quer fazer isto em pessoa, mas pediu que lhe disséssemos que está livre.

- Graças a Deus - Jo respirou quando Nicholas a apertou contra seu peito.

-Então os dois têm uma hora para tomar o café da manhã, tomar banho, vestir-se e se apresentar na casa. Toda a família Argeneau está a caminho para inteirar-se disto.

Felicidades aos dois-disse Sam com um sorriso, depois se deu uma palmada na perna.

- Vamos Charlie.

O pastor alemão hesitou, mas desceu a contra gosto da cama e foi para a porta.

- Estará esperando na casa-assegurou Sam. – Todos nós estaremos.

Jo os observou sair e depois girou para Nicholas, levantou uma mão e acariciou sua bochecha. - Está livre.

- E inocente - disse Nicholas com solenidade.

- Eu sempre soube - sussurrou ela.

- Mas eu não-admitiu. E isto foi uma mancha em meu coração durante décadas. Jo riu brandamente. – É um bom homem, Nicholas Argeneau.

- E você é uma boa mulher-disse ele, girando sua cabeça para beijar seus dedos.

Voltou-se e riu. -Você gostaria de ser uma boa esposa?

Jo piscou surpreendida ante suas palavras depois franziu o cenho e lhe perguntou com incredulidade, - Está brincando? Depois de tudo o que vivemos, essa é sua idéia de uma proposta?

Os olhos do Nicholas se abriram amplamente.

- Eu…

- Porque se for-Jo avançou lentamente sobre seu colo, sentando-se escarranchada sobre ele. Agarrou seu rosto entre suas mãos, franziu o cenho brevemente, então deixou cair seu falso cenho, sorriu e sussurrou, - Então a resposta é sim.

- Maldição, Jo - suspirou. - Se fosse mortal, estaria morto de enfarte.

- Que bom que não é mortal então, não é? - perguntou com um sorriso, pressionando um beijo em um lado de sua boca, depois do outro lado, depois no nariz, nos olhos…

- Amo você Nicholas Argeneau.

-E eu te amo, logo vai ser a senhora Argeneau. Agora e para sempre.

- Agora e para sempre - concordou quando a puxou para ele.

 

 

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