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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


UNDENIABLE / C. A. Harms
UNDENIABLE / C. A. Harms

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Às vezes, você é forçado a fazer coisas que pode não concordar.
Família significava tudo para Jude Calvert.
Ele faria o que fosse preciso para mantê-los seguros e prover para eles, não importa o que fosse preciso fazer para isso acontecer.
Ainda que isso significasse colocar sua própria segurança em risco, ele não tinha outra escolha.
Callie Raine sempre sentiu uma forte atração por Jude.
Ele era fascinante.
Ele era perfeito.
Ela sabia que havia muito mais dele do que ele permitiu que qualquer um visse. Mas ela era uma mulher teimosa e sentir-se fraca era algo que ela não permitiria.
Exceto quando se tratava de Jude.
No entanto, quando Jude é atingido com o inesperado e é forçado a depender dos outros, Callie percebe que ele não aceita a fragilidade facilmente.
Ele fica ainda mais retraído.
Mais irritado.
Será que ele vai finalmente ceder e aprender a se apoiar naqueles que se preocupam com ele?
Ou vai afastá-los para além do ponto de não retorno e ser deixado para novamente enfrentar seus obstáculos sozinho?


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Após parar no estacionamento do Mason, o bar em que lutei muitas vezes, peguei minha bolsa do assento do passageiro, fazendo com que a sacola de compra que guardava a boneca novinha em folha de Zoey caísse no assoalho do carro. Eu saí cedo, após colocar todos na cama, então eu teria tempo suficiente para comprar outra. Matthew arruinara mais de uma das bonecas dela; aquele garoto tinha um lado destrutivo.

Zoey sabia que eu fazia tudo por ela. Isso era óbvio. Tudo o que ela precisava fazer era derramar algumas lágrimas e eu instantaneamente fazia o que fosse preciso para trazer de volta o sorriso desdentado. Isso era realmente como eu me sentia sobre ambos; eles derramaram lágrimas suficientes em suas vidas curtas. Agarrei a alça da sacola do Walmart e a coloquei no meio do banco, sorrindo como um tolo quando me permiti imaginar seus gritos de alegria amanhã enquanto ela abrisse a boneca nova.

Mas o meu telefone tocando no carro escuro me trouxe de volta à realidade e ao fato de que eu tinha uma luta para participar.

Abrindo a porta do meu velho e batido Impala, eu comecei a pensar no jogo. Não poderia mais pensar em bonecas e em minha doce sobrinha de cinco anos de idade, ou o quão fofo Matty era quando fingia ser um super-herói. Era hora de me tornar feroz e intocável, e era hora de vencer.

Andando até o beco escuro, eu guardei meu telefone na bolsa e puxei a alça firmemente sobre a minha cabeça para colocá-la no ombro. A única iluminação era de uma rua distante que foi engolida pelo edifício mais alto de cada lado do estabelecimento de Mason.

A porta de trás do edifício parecia tão degradada como sempre pareceu quando me aproximei. Quando estendi a mão para abri-la, algo duro atingiu minha nuca. Cambaleei para o lado e caí contra a porta quando flashes brancos explodiram pela minha cabeça e minha visão ficou turva. Uma onda de tontura me bateu. Esforçando-me para me orientar, deixei o suporte da porta e me virei para o meu agressor.

Drake sorriu para mim, satisfeito. Eu sempre soube que o filho da puta jogava sujo, e este ataque realmente confirmou isso. Raiva passou por mim quando me lancei para ele, apenas para levar mais um duro golpe no lado esquerdo da minha cabeça. O impacto me fez tropeçar novamente.

Quando ouvi o riso arrogante, eu percebi que Drake não estava sozinho. Havia pelo menos três idiotas com ele, talvez mais. Drake era um filho da puta doente. Ele não se importava em ser considerado o vencedor de uma luta, apenas a emoção de estar no controle. Ele se alimentava das fraquezas dos outros.

— Qual o problema, Jude? Pensei que você fosse melhor do que isto. — Drake riu, e os outros se juntaram a ele.

— Melhor do que você, — rosnou. — Desculpa de pedaço de merda. Pena que você precisa de um exército de filhos da puta idiotas para me derrubar. — Eu blefava um pouco aqui. Ainda estava tonto dos golpes, e estava difícil lutar contra as náuseas.

Antes que eu pudesse me preparar, eles vieram para mim de todas as direções. Eu tentei lutar, mas eles estavam em maior número. Os golpes vieram fortes e rápidos, mal me dando tempo para me preparar para o impacto ou afastar os socos. Tudo o que eu podia fazer era esperar que acabasse.

A última coisa que eu lembrei era da minha bochecha batendo no pavimento duro antes de receber mais um chute na cabeça. Então tudo escureceu.


Capítulo 01

 

CALLIE


Eu estava na porta do quarto do hospital olhando para Jude. Sua aparência fez o meu estômago doer. O resto dos nossos amigos sussurrava ao redor, mas eu não podia me concentrar nas palavras deles. Tudo o que eu podia ver era ele.

Ataduras brancas foram enroladas em volta da cabeça, e os hematomas cobrindo seu rosto eram de partir o coração. Ele parecia tão fraco, e eu sabia que se ele estivesse alerta o suficiente, ficar tão vulnerável só o irritaria. Jude precisava ter o controle. Qualquer um que o conhecia entendia isso, e todos nós aprendemos a parar de questionar por que ele vivia dessa maneira, porque ele nunca compartilhou suas razões.

Um braço forte envolveu meus ombros e me puxou contra um corpo forte. Virei a cabeça e encontrei Jett olhando para mim com preocupação. — Como você está, Cal?

— Estou bem, — eu disse, voltando a olhar para a cama de hospital.

— Quinn e Harper vão para a casa de Jude. Avery precisa terminar seu turno aqui, então ela não pode ir com elas, — ele explicou, e fechei os olhos com força para lutar contra as lágrimas quando imagens daquelas doces criancinhas encheram minha mente. Até duas horas atrás, eu não tinha ideia de que elas existiam ou que ele tinha uma irmã que dependia tanto dele. Eles estavam sozinhos agora. — Você quer ir até lá? Ou prefere ficar aqui?

Eu estava dividida entre minha cabeça e meu coração. Por um lado, o meu coração precisava saber que ele estava bem. Mas eu sabia que ele ficaria com raiva pelo seu estado atual quando acordasse, e as palavras que ele escolheria poderiam me machucar. Por outro lado, eu poderia ir a casa dele e ajudar a cuidar das pessoas que significavam tanto para ele.

Virei para encarar Jett. — Acho que vou com as meninas, mas você ligará para me atualizar, certo? — Ele balançou a cabeça, e forcei um sorriso. — E quanto ao restaurante?

— Eu cuido disso, — ele me assegurou. — Já chamei Marco, e tenho algumas garotas extras chegando para cobrir você. Não se preocupe com o restaurante. Jude é família, e se isso significa que temos que fechar, nós o faremos.

Olhei por cima do ombro de Jett e encontrei Harper e Quinn atrás, esperando por mim. Jett deu um passo para o meu lado.

— Ele ficará bem, — disse enquanto eu passava por ele. Fiz uma pausa e olhei para ele enquanto meu lábio inferior tremia incontrolavelmente. — E nós dois sabemos que ele lutará contra todos nós sobre isso. Ele não é do tipo de aceita ajuda sem uma batalha. Ele dirá coisas ofensivas que não quer dizer de verdade, fora o constrangimento e a raiva, mas Callie, você sabe que ele se preocupa com você, certo?

Balancei a cabeça e tentei me afastar, apenas para ser parada novamente por Jett prendendo meu antebraço. — Há muita merda acontecendo na vida dele. Posso saber um pouco, mas não sei tudo. Porém, eu posso te garantir que ele tem sentimentos por você. Não sei por que ele luta contra eles. Não entendo isso. Mas vi o jeito como ele olha para você.

— Jett, — sussurrei enquanto abaixava minha cabeça.

— Ficará realmente difícil antes de melhorar. Basta se lembrar disso. — Eu entendia exatamente o que ele estava dizendo. Jude não aceitaria nossa ajuda sem resistência. Para ele, aceitar ajuda o tornava fraco. E fraco era algo que Jude nunca se permitiria ser.


***


A ida até a casa de Jude foi tranquila, e eu olhava através da janela do Land Rover de Quinn. Quando viramos no beco sem saída e paramos em frente do prédio que Jude vivia, eu senti como se tivesse levado um soco no estômago. Era um complexo de apartamentos na parte menos rica da cidade. Havia um total de seis unidades, e cada uma tinha a sua própria varanda. As grades estavam caindo de algumas delas, e os chãos eram tortos e estavam se rompendo. O edifício e a paisagem pareciam não receber cuidados há anos.

Saímos do carro e olhamos para frente, e eu sabia que estávamos pensando a mesma coisa – nos preocupando com Jude e sua família vivendo aqui, e culpa por não sabermos. Uma sensação de mal-estar correu pelas minhas veias ao pensar em ontem à noite, quando paguei cerca de quinhentos dólares em sapatos e uma bolsa nova combinando. Engoli o nó na minha garganta, e minha visão ficou turva com lágrimas não derramadas.

— Callie, não faça isso com você. — Quinn estendeu a mão e esfregou meu ombro. — Nós não sabíamos. Ele escondeu as coisas tão bem. Mas agora ele não pode esconder por mais tempo. Não vamos deixar.

Tudo o que eu podia fazer era acenar a cabeça, porque a queimadura em minha garganta tornou impossível dizer as palavras no momento. Segui atrás de Quinn e Harper, cada passo tornando mais difícil segurar as lágrimas.

Aproximamo-nos do último apartamento – Jett disse que era o de número cinco – e Quinn bateu na porta levemente. Era logo depois das oito da manhã, e o som do riso atrás da porta fechada me fez sorrir. Ainda assim, eu odiava a ideia de que estávamos prestes a trazer más notícias para eles.

A porta se abriu, e uma mulher mais velha olhou para nós e sorriu agradavelmente. — Posso ajudá-las, meninas?

— Sim, senhora. Nós somos amigas de Jude. Estávamos à procura de Katelynn, — disse Quinn.

— Bem, se vocês são amigas de Jude, talvez pudessem me dizer onde ele está. — A mulher mais velha colocou a mão no quadril quando irritação atravessou suas feições.

— Bem, com todo o respeito, minha senhora, o paradeiro de Jude deve ser dito diretamente para a irmã dele, — Harper entrou na conversa, me fazendo estremecer. Ela tinha um verdadeiro problema com adoçar algo. Os olhos da mulher se arregalaram, mas Harper continuou, antes que ela pudesse responder. — Então, se não se importa, gostaríamos de falar com Katelynn. Mas posso te assegurar que Jude não está desmaiado no sofá de alguém depois de uma noite de festa. Eu acho que nós duas sabemos que se ele não está aqui cuidando das três pessoas que mais necessitam dele, ele tem uma maldita boa razão para isso.

Apertei as mãos e rezei para a mulher não bater a porta na nossa cara ou começar a gritar com Harper.

— Bem, você é determinada, — disse a mulher mais velha com uma risada. Deixei escapar uma respiração calmante quando olhei para cima e vi sua expressão bem-humorada. — Mas você está certa, — ela disse enquanto andava para o lado. — Venham, senhoritas.

Quando entramos, o sentimento nauseante me acertou de novo. O apartamento era pequeno, e todo o equipamento médico lá dentro só o fez parecer menor. As lágrimas rolaram sobre o meu rosto, e achei difícil combatê-las. Jude sempre aparentou ser um homem forte, confiante, que dominava uma sala no momento em que entrava. Pensei nos tempos em que eu o achava o maior idiota que já conheci, mas na realidade, ele era um homem abnegado, lutando diariamente e sem reclamar para prover o que fosse para aqueles que amava. Eu estava sempre com raiva dele por pensar que ele era bom demais para namorar comigo, e agora eu me sentia uma cadela. Nenhum de nós teve tempo para realmente ver o que estava acontecendo, e isso fez mal ao meu estômago.

— O meu irmão está bem? — Um sussurro doce e suave chamou minha atenção.

Eu me virei para ver Quinn se aproximar de uma mulher frágil em uma cadeira de rodas, sentada apenas três metros de distância, escondida no centro de todos os móveis e equipamentos. Ela parecia tanto com Jude que era óbvio que eles eram parentes. Ela tinha que ser a irmã dele.

Quinn sentou na cadeira ao lado de Katelynn, e ela olhou para Quinn com medo nos olhos. — Por favor, me diga que ele está bem. — Seus olhos se encheram de lágrimas, e precisei olhar para baixo, porque ver sua dor era demais.

Sons de gritos vieram do corredor quando duas crianças pequenas saíram correndo do quarto e se dirigiram em nossa direção. O garoto veio primeiro, vestindo apenas um par de cuecas e uma capa vermelha fluindo atrás dele. A menina atrás dele, que parecia estar em torno de cinco ou seis anos, gritava algo sobre a Barbie dela. O sorriso malicioso me disse que ele tinha um pouco de diabo nele. Lutei contra o meu próprio sorriso iminente quando ela o abordou no chão. Ela montou seu corpo minúsculo, estendendo os braços para os lados e olhando para ele com toda a diva que pôde reunir.

— Ok, vocês dois, — a mulher mais velha disse enquanto os separava. — Sua mãe tem companhia, então vamos voltar para o quarto e lidar com isso.

Foi quando eles perceberam que tinha audiência. A menina se levantou e ajeitou o vestido. Colocando as mãos nos quadris, ela olhou para nós e estreitou os olhos. — Ele arrancou a cabeça da Barbie, — ela disse enquanto seus olhos se arregalavam com irritação.

— E Warrior a comeu, — o menino anunciou com orgulho enquanto dançava ao redor, acenando com as mãos acima da cabeça. — Devorar-Devorar, yum, — ele disse em sua melhor imitação de uma voz profunda seguida por um rugido alto.

— Matthew. — Ficamos todas surpresas com o tom na voz de Katelynn. Era severo e atado com irritação. — Não me diga que você deu descarga na cabeça da Barbie de Zoey no vaso sanitário.

Harper riu e rapidamente cobriu a boca para esconder, sacudindo a cabeça. Lancei um olhar de aborrecimento para ela, que por sua vez só a fez rir ainda mais forte. Ela estava desesperada. Quando ela e Easton finalmente tiverem filhos, eu sabia que Easton teria de ser o punidor. Eu também estava mais do que certa que ele distribuiria punição para Harper tanto quanto a seus filhos. Ela era uma encrenqueira.


Capítulo 02

JUDE


Acordei com uma enfermeira pairando sobre mim, pressionando algo frio contra o meu peito. Levantei minha mão e a coloquei sobre a dela, e seus olhos se arregalaram quando levantaram para encontrar os meus.

— O que estou fazendo aqui? — Eu disse; minha garganta ardendo com secura enquanto eu falava. Eu tossi e soltei a mão dela.

— Porra, cara, devagar. Beba algo. — Olhei para minha esquerda, ainda tossindo. Jett olhava para mim com um sorriso no rosto.

— Aqui está, — a enfermeira sussurrou enquanto estendia um copo com um canudo.

Eu me inclinei e tomei um gole pequeno, não querendo aceitar a ajuda dela, mas não vi como contorná-la. Eu precisava molhar minha garganta. Após sentir que eu poderia falar de novo sem cair em mais um acesso de tosse, me virei para Jett.

— Como diabos eu cheguei aqui? Preciso chegar em casa, cara. — Agora que minha garganta havia parado de doer, o pânico se apresentava. Eu não tinha ideia de que horas eram ou quanto tempo fiquei aqui. Eu só sabia que precisava chegar em casa e cuidar das crianças. Elas precisavam ser alimentadas e Matt precisava ser trocado. Katelynn precisava da terapia dela. Não havia como eles lidarem com as coisas sem mim.

Tentei me mover, mas a dor atravessou o meu lado, e me curvei, me agarrando. — Porra, — gemi.

— Fique quieto, imbecil, — Jett disse enquanto se levantava da cadeira e se aproximava da cama. — Você não vai a lugar nenhum. Você tem um colapso pulmonar{1} e um inferno de uma concussão. Para não mencionar uma tonelada de merda de contusões. Já cuidamos de tudo.

Levantei o lado da minha roupa e notei o tubo no meu lado. Um sentimento de raiva tomou conta de mim quando me lembrei de Drake e suas cadelas me atacando. Em seguida, as palavras de Jett me atingiram.

— O que quer dizer com nós cuidamos de tudo? Quem diabos é nós?

Não gosto da ideia de alguém no meu negócio, e mal tolero Jett, Kade e Easton conhecendo alguns dos detalhes. Katelynn e as crianças eram minha responsabilidade. Não precisamos de mais ninguém, porque todo mundo apenas fodia nosso ritmo. Nossas desculpas arrependidas de parentes e pais, o ex-marido dela, todos eram inúteis. Tinham pressa em agir como heróis apenas para nos deixar fodidos quando havia uma merda de verdade.

— As meninas estão com Katelynn e as crianças, — Jett disse e cruzou os braços sobre o peito, como se me atrevesse a discutir. — Você pode estar tão fodidamente chateado quanto quiser, cara. Não mudará o fato de que elas queriam estar lá.

Tentei manter meu controle. Eu sabia que Katelynn e as crianças precisavam de alguém agora. Mas a combinação de mais pessoas conhecendo o nosso problema, e o fato de que eu não poderia estar lá para eles, estava fodendo com a minha cabeça.

— Não preciso de pena, Jett. Katelynn poderia pedir ajuda para a Sra. Reames até eu sair dessa prisão. Com certeza não é de sua responsabilidade ou da delas.

— Ela poderia, sim. — Jett assentiu. — Mas não há necessidade de pagar uma vizinha para tomar conta de crianças quando você tem amigos que se preocupam com você e querem ajudar.

— Não pedi ajuda. — Tentei não falar tão chateado, mas não pude evitar. Deixar as meninas entrar na minha vida fora do restaurante me deixava vulnerável, e eu odiava.

— Sim, eu sei que você não pediu. — Ele abaixou as mãos e fez uma careta para mim. Jett era feroz quando precisava ser. — E isso, exatamente aí, é onde você fodeu. Você não apenas trabalha para mim, cara. Você é como a porra de um irmão para mim. É para todos nós. Você não pedir ajuda é algo que eu acho que nunca vou entender. Mas posso te garantir que agora você tem isso. Nós estamos lá, você querendo ou não. Então abandone toda essa merda de luta em você e nos deixe ajudar. Você não tem escolha.

Esta foi a mesma merda que ele cuspiu em mim na noite em que os caras apareceram na minha casa quando recebi um telefonema da minha vizinha. O ex de Katelynn havia aparecido exigindo que minha irmã lhe desse dinheiro, dizendo que ela lhe devia por todas as besteiras que ele aturou dela. Saí do trabalho sem aviso prévio e voei para minha casa, apenas para descobrir que ele já havia ido embora, deixando para trás dois filhos chorando e Katelynn, que caíra da cadeira de rodas tentando fazê-lo sair, e ainda estava deitada no chão da sala.

Precisou de Jett, Kade e até mesmo Easton, para me segurar. Tudo o que eu queria era rastrear aquele pedaço de merda e fazê-lo pagar por todo o lixo que ele fizera sua família enfrentar. Uma transa sem valor era tudo que ele sempre foi.

Não preciso dizer que confiar nas pessoas e suas intenções não eram uma coisa fácil para mim.

Ninguém de nossa família veio nos oferecer qualquer ajuda após o acidente de carro de Katelynn. Ou sequer quando ela descobriu que o câncer de mama, com o qual ela lutara durante anos, havia se espalhado para os nódulos linfáticos, pulmões, e agora o fígado. Não, eles simplesmente nos viraram as costas e fingiram que não existíamos. Nossos problemas eram aparentemente muito pouco para eles lidarem. Assim, a felicidade e a segurança de Katelynn, Zoey e Matthew eram minha responsabilidade, e eu faria qualquer coisa para protegê-los de qualquer outra decepção. Eles já sofreram o suficiente.

— Quem está com eles? — Tive um pressentimento que meu palpite estava certo, mas precisava perguntar de qualquer maneira.

— Quinn, Harper e Callie. Elas foram para lá um pouco depois das oito da manhã. Harper deixou seu apartamento depois de algumas horas, e Quinn acabou de voltar para nossa casa uma hora atrás.

Olhei para Jett, esperando ele continuar, mas ele apenas olhou para mim, aparentemente esperando pela minha resposta. — Callie?

— Ainda não, — ele disse, e meu estômago se apertou. — Ela ficou lá o dia todo. Ela não quer deixá-los.

Respirei fundo, porque senti que tinha um elefante sentado no meu peito. Callie tinha um coração enorme, mas a minha família e os meus problemas não eram dela. — Eu posso chamar a Sra. Reames. Tenho certeza que ela ficará com eles. Então Callie pode correr e voltar para a própria vida, — eu disse, procurando ao redor em busca de um telefone.

— Você sabe que ela não sairá, certo? — Disse. — Todo mundo já se ofereceu para aliviá-la durante todo o dia, mas ela não tem intenções de ir a qualquer lugar. Avery passou com Kade depois do turno dela. Eles iam ficar e levar as crianças para a cama, mas Callie insistiu que estava tudo bem. Eles disseram que ela alimentou as crianças, deu banho, e estavam prontas para dormir. Aparentemente, todos se preparavam para assistir um filme na Netflix.

— Não tenho Netflix.

Ele riu. — Não, mas Callie fez Harper levar o laptop dela, e elas o ligaram na sua televisão.

Fiquei em silêncio, olhando para uma mancha escura na parede. Eu não sabia o que dizer. Callie era doce demais para ser distorcida pela minha vida fodida. Essa foi a maior razão pela qual eu sempre mantive uma distância segura dela. Ela precisava de um cara que pudesse dar a ela todo o seu tempo, e eu mal tinha tempo sobrando no meu dia para respirar.

— Faça-me um favor, — eu disse sem olhar para ele. — Tire-a de lá.

— Jude...

— Você me ouviu. Se eu tenho que ficar nessa porra de hospital, então eu vou ter que lidar com isso. Mas certamente não vou sentar e deixar que as pessoas venham em meu socorro porque elas sentem pena de mim.

— Você sabe muito bem que não é por isso que ela está lá.

— Não, ela está lá porque todo esse tempo ela tem esperado por mais de mim. — Eu estava sendo um idiota, mas era melhor Jett ouvir minhas palavras duras do que Callie. — Ela acha que ficar e oferecer ajuda a minha irmã e seus filhos quando eu não posso a trará para perto de mim. Essa merda não vai acontecer. A bunda dela precisa sair e seguir em frente.

Ignorei os gemidos irritados de Jett e ele dizendo que eu era um merda teimoso. O fato era que isso não mudou, merda. Callie merecia mais do que o que eu poderia oferecer a ela. A última coisa que eu precisava era dela se aproximando demais de Katelynn e das crianças. O que apenas tornaria mais difícil fazer com que ela entendesse que ela e eu nunca ficaríamos juntos.


Capítulo 03

CALLIE


Uma lufada de ar soprava sobre meu rosto, e abri meus olhos apenas o suficiente para espreitar.

— Você acha que ela ficará para sempre? — Matthew sussurrou, trazendo seu rosto tão perto do meu que nossos narizes quase se tocavam.

Eu podia ver através da fenda do meu olho aberto que as crianças estavam ao meu lado, olhando para mim como se eu fosse algum tipo de epifania.

— Não sei, — Zoey sussurrou. — Mamãe disse que o tio Jude voltará logo. Eu me pergunto se ela ficará mesmo quando ele chegar em casa.

Meu estômago se apertou quando pensei no que poderia acontecer quando Jude voltasse. Nos últimos cinco dias, eu fiquei muito ligada aos três. Nós desenvolvemos um padrão, e as crianças foram tão doces. Seus sorrisos se tornaram uma parte do meu dia, algo que eu realmente aprendi a amar. A ideia de não ser capaz de estar perto deles todos os dias quebrou meu coração.

— Espero que nós possamos mantê-la para sempre, — Matthew sussurrou. Lutei contra o riso borbulhando no meu peito. Eles falando sobre mim como se eu fosse uma possessão foi a coisa mais fofa que eu já ouvi. — Ela cheira melhor do que o tio Jude, — acrescentou, e aí realmente levou tudo dentro de mim para não cair na gargalhada.

— Eu sei que se eu chorar, ele nos deixará ficar com ela, — Zoey respondeu, e agora eu estava intrigada. — Tio Jude odeia choro e diz que fará de tudo para tirar a minha tristeza. Então se ele disser que ela não pode ficar, eu vou chorar.

— Sim, eu também, — Matthew sussurrou. Então, aparentemente eles decidiram. Eles me queriam por perto, e eu queria o mesmo que eles.

Decidi fingir estar acordando então, e felicidade me encheu quando vi seus doces sorrisos.

— Bom dia, — sussurrei. — Que horas são?

Quando olhei para o relógio, Matthew anunciou a hora de sua própria maneira. — São 7 e 31.

— Sim, isso mesmo, amigo. — Ofereci um sorriso brilhante. — Vocês estão com fome?

— Sim, você vai comer com a gente? — Zoey perguntou com felicidade. Jurei naquele momento que, independente do que Jude tivesse a dizer, eu não iria simplesmente desaparecer da vida deles. Eu não poderia perder o vínculo que criei ao longo dos últimos dias. Significou muito para mim para apenas largar tão facilmente.


***


— Callie, — Quinn disse ao abrir a porta do apartamento de Jude. — Você ainda está aqui. — Ela se atrapalhou com a bolsa enquanto se apressava para fechar a porta rapidamente.

— Sim, — eu disse do sofá, arqueando uma sobrancelha em confusão. — Por que não estaria?

— Mandei uma mensagem para você há duas horas. Jett me disse para te dar uma folga. A Sra. Reames deveria vir até que eu chegasse aqui, — ela disse, colocando a bolsa e as chaves sobre a mesa, e se virou para mim novamente. Ela parecia nervosa enquanto olhava para o relógio na parede.

— Ela veio, e eu disse que as coisas estavam bem. As crianças almoçaram e Katelynn e eu acabamos de terminar a terapia da manhã. — Dei de ombros, porque não tinha ideia do porquê ela agia como louca. — Qual o problema?

Quinn pareceu desconfortável e mordeu o lábio.

— Basta dizer, Quinn.

Ela caminhou ao redor da borda do sofá e falou em voz baixa para que não interrompesse as crianças, que assistiam desenhos animados. — Jude está a caminho de casa. Ele saiu do hospital hoje.

Meu coração começou a martelar no meu peito. Eu estava feliz e nervosa, tudo embrulhado em um pacote melhorado de adrenalina. — Bem, isso é bom, certo?

— Sim, mas... ele, uh... — ela não olhava nos meus olhos, e isso deixou meu estômago tenso de preocupação. — Ouça, Cal, — ela começou novamente. — Jude não estava feliz com a gente estar aqui. Todos sabemos que ele não gosta de pedir ajuda. Jett assegurou a ele que limparia o apartamento. — Ela encolheu os ombros, e seus olhos finalmente encontraram os meus.

De repente, tudo ficou claro. Jude estava bem com Quinn estar aqui, mas ele queria que eu fosse embora. Eu me levantei e caminhei até o quarto de Jude, Quinn logo atrás.

— Callie, — ela disse. Sua voz atada com preocupação.

— Estou bem, Quinn. Só preciso pegar minhas coisas. Irei embora em cinco minutos, — assegurei a ela sem me virar para encará-la. A ideia de deixar Zoey e Matthew, ou mesmo Katelynn, me deixou sentindo vazia. Juntei rapidamente os poucos itens que eu tinha ao redor do quarto e os empurrei em minha mochila. O silêncio era enervante. Eu sabia que Quinn estava tão desconfortável com a situação atual quanto eu, mas não conseguia pensar em uma maneira de aliviar a tensão.

— Se serve de consolo, na verdade ele não me quer aqui também. — Quinn tentava aliviar minha dor de cabeça, mas não ajudou.

— Eu estou bem, Quinn.

Havia acabado de colocar o último par de jeans na minha mochila quando ouvi as crianças gritando de emoção. Olhei para Quinn, e nós duas sabíamos que eu não escapara rápido o suficiente. Jude já estava em casa.

— Devo apenas rastejar pela janela? — Eu disse, apontando para a pequena janela ao lado da cama. Estava meio que brincando, embora o pensamento de enfrentar Jude me desse náuseas. Mas ir embora sem dizer adeus me fez sentir como se alguém estivesse apertando o meu coração.

— Você não sairá pela janela. Ele apenas terá de encarar o fato de que você se importa. — Quinn bateu o ombro contra o meu e me ofereceu um sorriso.

Após alguns momentos para construir minha coragem, eu levantei minha mochila e coloquei a alça por cima do meu ombro. Respirando fundo, segui Quinn para a sala.

— Nós sentimos sua falta, — Zoey disse enquanto envolvia seus bracinhos em torno das pernas de Jude. Matthew segurava a mão dele, olhando para ele com admiração.

— Eu senti sua falta também, querida, — Jude respondeu.

O som da voz rouca dele me arrepiou, e tentei esconder. Recusei-me a olhar para cima. Eu não poderia encará-lo quando sabia que ele queria que eu tivesse ido embora antes que ele chegasse em casa. Em vez disso, me mantive focada nas duas pessoinhas que tão obviamente o amavam.

— Não que eu esteja infeliz de vê-lo, Jude, mas espero que isso signifique que Callie ainda virá nos visitar.

Olhei para Katelynn, que estava sentada na poltrona ao lado da cama de hospital. Seus olhos estavam focados em mim, e ela me deu um sorriso doce. — Adorei ter outra mulher por perto para conversar. E as crianças adoram você, Callie.

— Agora vamos, Kate, — Jude disse antes que eu pudesse responder, — Nós temos muita coisa para conversar.

Katelynn olhou automaticamente para ele, e deixei o meu olhar seguir o dela. O que eu não esperava era encontrar Jude olhando diretamente para mim em vez de sua irmã, sua expressão ilegível.


Capítulo 04

JUDE


Eu não esperava que Callie ainda estivesse lá. Na verdade, Jett me garantiu que ela teria partido. Então vê-la sair do meu quarto vestindo o que parecia ser uma calça de pijama folgada e uma camiseta apertada, fez meu coração bater forte. Ela carregava uma mochila sobre o ombro quando entrou na sala de estar, e eu fiquei ali olhando para ela, mal percebendo Zoey e Matthew pulando ao meu lado.

Callie fez questão de evitar o contato visual enquanto as crianças, e até mesmo minha irmã, continuaram elogiando-a. Ela fez todo o possível para se manter de costas ou de lado, até que aproveitei a oportunidade e interrompi o momento de intimidade que ela e minha irmã compartilhavam. No segundo em que seus olhos encontraram os meus, meu estômago se apertou. Ela estava bonita para caralho, mas eu não podia permitir que ela visse o efeito que ela tinha sobre mim. Eu queria manter minha vida e problemas isolados de todos, especialmente dela. A ideia de Callie ver este lado meu me fez sentir fraco, e isso era algo que eu não podia permitir.

— Você precisa de ajuda para levar suas coisas, Cal? — Jett ofereceu, quebrando a tensão na sala.

Quando olhei novamente para Callie, ela estava mais uma vez desviando os olhos. — Não, eu, uh... — ela limpou a garganta. — Tenho apenas a mochila.

— Você vai embora? — A tristeza na voz de Zoey me bateu forte. — Mas você disse que teríamos uma noite de cinema.

Assisti Callie abaixar a mochila e se ajoelhar na frente da minha sobrinha. — Prometo que um dia nós vamos ter uma noite de cinema. Mas o seu tio está em casa agora, e é hora de eu voltar para casa também.

— Mas pensei que você gostava de ficar aqui com a gente. — O lábio inferior de Zoey tremeu, e foda-se se não senti como se tivesse acabado de levar um soco no estômago. Este era um dos principais motivos para que eu não quisesse ninguém interligado em nossas vidas. Essas crianças perderam o suficiente, e agora eles se ligaram a Callie, e isso só podia acabar mal.

— Callie, por que você não deixa o seu número comigo? Então podemos marcar alguma coisa, — Kate disse, e olhei para ela como se ela tivesse enlouquecido.

— Eu tenho o número dela, — eu disse, e quando Kate olhou para mim, eu sabia que devia ter soado como um idiota.

— Bem, isso é ótimo. Agora ambos teremos o número dela. — Ela arqueou uma sobrancelha, me desafiando a discutir.

Apanhando movimento com o canto do meu olho, eu olhei mais uma vez na direção de Callie. Seus olhos estavam presos nos meus, e ela apenas olhava para mim, sem expressão. Matthew apareceu ao meu lado e puxou a perna da minha calça, quebrando a prisão que seus olhos tinham em mim.

— O que é, companheiro? — Perguntei.

— Por que você não gosta da nossa Callie?

Minha garganta pareceu se fechar e meu estômago caiu no chão. Todos os olhos estavam em mim agora, e eu podia sentir a tensão na sala.

Antes que eu pudesse discutir ou mesmo tentar convencê-lo de outra forma, Quinn correu e passou um pedaço de papel para Kate. — Aqui está o número de Callie. Tenho certeza que ela adoraria ver você e as crianças a qualquer hora. — Ela virou e se abaixou para pegar a mochila de Callie sem olhar para mim.

As duas mulheres caminharam em direção à porta enquanto Jett a mantinha aberta. — Obrigado por ficar com eles, — eu disse a Callie quando ela passou por mim. Ela apenas balançou a cabeça e continuou saindo. Eu não gostava que ela agora soubesse o tipo de vida que eu levava fora do restaurante de Jett, mas não podia fazer nada sobre isso agora.

— Se você precisar de alguma coisa, qualquer um de vocês, você chamará, certo? — Jett disse, dando um aperto leve em meu ombro.

— Sim, — eu disse. — Vou ligar.

Como se não bastasse me sentir um merda por como as coisas acabaram de se desenrolar com Callie, quando me virei para enfrentar Katelynn, eu sabia que a dor que eu sentia não era nada comparada ao que ela estava prestes a infligir em mim.

Fechei a porta e caminhei em direção ao sofá, ainda me sentindo machucado e exausto. Assim que sentei diante dela, eu me preparei para o sermão que eu sabia que estava por vir. — Esqueça isso.

Ela olhou para mim, e eu apenas sorri. — Zoey, você pode levar Matthew para o seu quarto e entretê-lo?

— Mas mamãe, — Zoey lamentou. — Ele é tão mau, e ele destrói minhas coisas.

Isso me lembrou da boneca que eu comprei para ela. — Ei, querida, olha na minha bolsa perto da porta. Há algo lá para você.

Seus olhos se iluminaram com entusiasmo, e ela saiu correndo. Poucos segundos depois, um grito alto e estridente a rasgou, e ela voltou correndo para mim e me abraçou. — Obrigada.

— Para substituir a que perdeu a batalha com o marcador permanente, — disse a ela. — Desculpe por não te entregar mais cedo.

— Tudo bem, mas agora temos que substituir a Barbie. Matthew deu a cabeça dela para Warrior, — ela disse, olhando para o irmãozinho. Ele deu de ombros, como se não tivesse ideia ao que ela se referia.

— Rapaz, o que te falei sobre dar descarga nas coisas? — Não sei quantas malditas vezes eu precisei retirar as coisas por causa dele. Em uma ocasião, tivemos que remover a privada para tirar as coisas que ele jogou lá.

— Mas eu gosto de ouvi-lo rosnar, — ele disse, seguindo com sua melhor imitação do vaso sanitário.

— Quarto, — eu disse, e ele correu, seguido por uma Zoey muito feliz. Maldição, aquele sorriso sempre poderia fazer eu me sentir melhor. Isso foi até que eu virei para encarar minha irmã.

— O quê? — Perguntei.

— Você é um idiota, — ela declarou com firmeza. — Eu não acredito no quão ingrato você é.

— Eu sou ingrato? — Eu ri. — Importa-se de explicar?

— A maneira como você acabou de agir com Callie. Foi desnecessário. Que tipo de agradecimento foi esse por cuidar de sua família enquanto você estava acamado no hospital? — Seu olhar era absolutamente detestável. — Ela ficou aqui noite e dia. Mesmo quando os outros tentavam aliviá-la, ela se recusava a sair. Ela cozinhava, limpava e nunca fez nada disso sem um grande sorriso no rosto.

— Mas...

Kate ergueu a mão. — Não terminei. — Ela a abaixou quando continuou, — Ela fez terapia comigo todos os dias, duas vezes por dia. A princípio, ela não sabia como fazer, mas a cada dia ela ficava ainda melhor. Durante esta última semana, eu me senti incrível. Sei que minha saúde só vai piorar, mas tê-la por perto... Deus, pela primeira vez em muito tempo, as coisas apenas pareciam leves e alegres. E então você entra aqui e age como o maior idiota.

— Não gosto de pessoas se metendo nos meus problemas, Katelynn. Você sabe disso.

— Bem, eu não dou a mínima. Eu tenho uma palavra a dizer sobre quem está na vida dos meus filhos. Não é que eu não aprecie tudo o que você fez por nós, Jude. Sem você, eu não sei o que teria acontecido. Você sacrificou tanto para nós três, e serei eternamente grata. Mas, porra, você tem que parar de afastar as pessoas por medo de nos machucarmos.

Seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas. — Você só prejudica a si mesmo no final. Essa menina se preocupa com você. Qualquer um pode ver isso. Então abra os olhos e dê uma chance a vida. Se não fizer isso, um dia você vai acordar e imaginar onde todo o seu tempo passou, por que deixou todas aquelas chances passarem por você. Mas então será tarde demais, porque a vida continua, Jude, ainda que você não queira, e aquelas oportunidades que você teve serão perdidas para sempre.

Eu sabia que ela não falava apenas de mim aqui, mas dela mesma. Todos nós sabíamos do seu prognóstico. Ela só ficaria mais fraca a cada dia, e sua última rodada de radiação não fez nada, além de deixá-la ainda mais fraca.

— Vou pedir desculpas a ela, — disse, passando meus dedos sobre os dela.

— Será preciso muito mais que um simples sinto muito, — ela sussurrou.

Eu sabia que ela estava certa.

Após colocar Katelynn na cama para o cochilo da tarde, eu caminhei pelo corredor até meu quarto. Quando minha cama ficou à vista, eu senti meu corpo relaxar. Hospitais deveriam ser o lugar onde você se recupera, mas não havia nada como sua própria cama. Baixei meu corpo exausto no colchão, recostei contra os travesseiros, e respirei fundo. Quando o perfume floral de Callie me envolveu, eu gemi, frustrado. Tive o pressentimento de que eu não dormiria muito esta noite.


Capítulo 05

CALLIE


— Olá, — eu gritei enquanto caminhava pela porta da frente da casa dos meus pais. — Alguém em casa?

— Aqui, querida, — minha mãe disse.

Eu podia sentir o cheiro de gostosura enquanto caminhava em direção à cozinha. Minha mãe era uma cozinheira maravilhosa. Sempre achei que ela e Jude seriam imparáveis caso se unissem na cozinha no restaurante, mas minha mãe nunca consideraria cozinhar um trabalho. Ela diz que ama cozinhar por alegria e sorrisos, e para ajudar as pessoas. Na verdade, ela passa noventa por cento de seu tempo voluntariando em abrigos e hospitais.

— Algo cheira bem, — eu disse quando coloquei minha bolsa em uma banqueta e caminhei ao redor do balcão. Parando ao lado dela, eu esbarrei quadris com ela, e ela sorriu brilhantemente. — Você tem um milhão de coisas acontecendo aqui. Precisa de alguma ajuda?

— Bem, eu preciso colocar cobertura nos bolinhos e colocá-los nesses recipientes ali. E quero colocar as panelas de lasanha no forno. — Ela tinha cinco pratos expostos ao longo do balcão, e acrescentava o sexto enquanto conversávamos.

— Para onde vai toda essa comida? — Perguntei, vendo os três grandes potes de biscoitos na mesa da cozinha.

— Três lugares diferentes. — Ela começou a contá-los. — Tem a Sra. Henry descendo a rua. Ela fez uma cirurgia de quadril, e sei que ela não pode se locomover bem. Então eu estou fazendo o jantar dela. Além disso, eu tenho que deixar três destas porções na Hope and Dreams. — Hope and Dreams é o abrigo de mulheres que minha mãe alimenta regularmente. — E fiz aquela panela grande ali, mais um recipiente de cookies e cupcakes para você levar para casa do seu amigo. Ah sim, e há também uma salada feita recentemente com dois tipos diferentes de molhos na geladeira.

Meu coração começou a martelar no peito. — Mãe... — balancei a cabeça, e ela me parou com apenas um olhar. Minha mãe sempre foi mais uma melhor amiga do que uma mãe, e compartilhei meus sentimentos por Jude com ela em mais de uma ocasião. Ela também sabia quão difícil e intimidante Jude Calvert era.

— Callie, eu espero que você entregue este alimento para aquelas crianças e Katelynn. Você desenvolveu um vínculo com eles e não deve deixá-lo quebrar. Não é justo para as crianças. — Ela secou as mãos e agora estava diante de mim. — Há muito mais naquele homem do que ele permite que qualquer pessoa veja. Eu acho que todos vocês já descobriram isso. Mas você não acha que talvez ele afaste as pessoas para longe porque sente como se ninguém lutasse por eles, ou por ele? — Ela inclinou meu queixo para cima e me encarou. — Querida, eu não estou dizendo para permitir que ele seja mesquinho ou grosseiro com você. Porque isso não seria justo com você. Mas o que estou dizendo é para não desistir tão facilmente. Algo me diz que ele só precisa de um empurrãozinho. Ele precisa saber que alguém se importa o suficiente para ficar.

— Eu me importo. Só não sei como mostrar a ele, — sussurrei, lutando contra a avalanche de emoções correndo em mim.

— Só não desista tão facilmente, — ela reiterou. — Você tem essa força em você, e sei que só precisa fazê-lo ver isso também.


***


Sentada no meu carro, na frente do apartamento de Jude, eu continuo tentando vencer meus nervos. Estive à beira de um ataque de pânico e lutando contra o desejo de ir embora mais do que duas vezes.

Fazia três dias que saí me sentindo uma idiota por pensar que Jude e eu poderíamos ter um relacionamento. Agora aqui estava eu com um carro cheio de comida que minha mãe insistiu que eu trouxesse. Seria apenas a minha sorte se ele batesse a porta na minha cara no momento em que me visse.

Meu celular vibrou, e vasculhei minha bolsa para pegá-lo. Levantando-o, eu pude ver que a mensagem era da minha insistente e ainda amorosa mãe.


Mãe: Pare de enrolar e bata na porta dele.


Às vezes era quase bizarro o quão bem ela entendia como minha mente funcionava.

Após digitar uma resposta rápida, eu joguei o telefone na bolsa, saí do carro e abri a porta traseira. Coloquei a sacola com a salada e molhos sobre o meu ombro antes de pegar os outros potes do assento.

Estava feliz por ter decidido usar sapatilhas, porque saltos nesta calçada irregular não teria sido a minha melhor escolha, especialmente quando eu estava sobrecarregada com comida o suficiente para alimentar um pequeno exército. Alcançando a porta, equilibrei os recipientes em um braço e toquei a campainha ao lado da porta com meu dedo. O grande Rubbermaid{2} segurando os cupcakes vacilou no topo da pilha, e me encolhi quando os imaginei caindo.

A porta da frente se abriu logo quando eles deslizaram para frente, e apertei meus olhos bem fechados, esperando o som do recipiente quando ele colidisse com o chão.

— Salvei-os. Você já pode olhar. — A voz rouca de Jude fez meus olhos abrirem. Lá estava ele, sem camisa, segurando o recipiente na mão.

Calor subiu em meu pescoço e se estabeleceu em minhas bochechas. — Obrigada, — ofereci com um sorriso tímido.

— O que é tudo isso? — Ele perguntou, examinando os pratos que eu ainda equilibrava em minhas mãos.

— Jantar. — Dei de ombros. — Minha mãe fez o suficiente para alimentar metade da vizinhança, e queria que eu trouxesse tudo isso para você e sua família. Ela fez cupcakes para as crianças, oh, e biscoitos. — Eu sabia que estava divagando, mas meus nervos estavam realmente no limite.

Ele olhou para mim com um olhar indecifrável, e eu podia sentir os cabelos da minha nuca de pé. Por que diabos ele me fazia sentir tão pequena era algo que eu nunca saberia. Querer impressionar tanto alguém ainda sentindo que isso era impossível não era um sentimento divertido.

— Aqui, — eu disse, empurrando nervosamente a pilha de comida em seus braços. Então estendi a sacola para ele segurar também. O olhar especulativo que ele me dava só deixou meus nervos piores. Olhei em direção ao peito dele, pensando que talvez eu pudesse abrandar meu coração disparado. Então vi que foi um erro. Não costumo ter a chance de ver Jude sem camisa, então quando fiz uma varredura sobre seus músculos e abdômen talhado, um novo conjunto de sentimentos desnecessários tomou conta de mim.

— Não precisamos da caridade de ninguém. Posso alimentar minha família, — ele disse, e foi como um jarro de água fria no meu corpo aquecido. Levantei minha cabeça, e nossos olhos se encontraram novamente.

Eu geralmente era calma e capaz de me segurar, mas as palavras dele acabaram com qualquer possibilidade de essa ser uma boa noite.

— Você está falando sério agora? — Perguntei, irritada pela forma como ele fez o gesto da minha mãe parecer sujo. — Você realmente é um idiota. Isto não é caridade, seu imbecil. Se não quiser, não coma. Mas pelo menos, você poderia dar para as três belas pessoas aí dentro. Porque eles são as únicas razões pelas quais eu tolero a porra da sua atitude. Se não fosse por eles, você não comeria essa lasanha agora.

Virei e saí em direção ao meu carro. Lágrimas queimavam meus olhos, e a última coisa que eu queria era que esse babaca soubesse que ele me afetava. Ele não merecia essa satisfação.

— Callie, espere, — ele me chamou, o que só me enfureceu mais.

— Vá para o inferno, Jude. — Abri a porta do carro e entrei antes que as lágrimas caíssem. Quando me afastei, ele ainda estava de pé na porta de seu apartamento segurando os pratos. Só que agora Matthew e Zoey estavam ao lado dele, e vê-los só fez meu coração quebrar ainda mais enquanto eu me afastava.


Capítulo 06

JUDE


Eu: Sinto muito.


Enviei a mensagem há três dias e não recebi resposta ainda. Eu soube que fodi tudo no minuto em que as palavras caíram da minha boca, mas já era tarde demais para pegá-las de volta. Apenas pensar no olhar ferido no rosto dela me deixou mal do estômago.

Eu acabei de desligar o telefone com Jett, que me informou que ele havia me dado um aumento. Agora eu ganhava quase o dobro do que ganhava antes. O que era útil, considerando que os policiais acabaram com as brigas na Mason após meu ataque. Ele também disse que pagaria o tempo que estive afastado do trabalho nas duas últimas semanas. Então recebi um telefonema do meu senhorio, dizendo que meu aluguel foi pago pelos próximos três meses por uma pessoa desconhecida. Me irritava ainda mais porque eu sabia que essa pessoa desconhecida também era o idiota do meu chefe.

Aceitar ajuda não era fácil para mim.

Abrir a porta para encontrar Callie em pé na minha varanda com uma merda de tonelada de alimentos foi a última gota. Jogar tudo em cima dela foi errado da minha parte. Eu sabia que Cal não era o tipo de pessoa que esperava algo em troca de seus gestos amáveis. Inferno, em mais de uma ocasião, eu a vi tirar dinheiro do próprio bolso para cobrir uma conta no restaurante para um cliente que estava com pouco dinheiro. Ela era assim, e eu mais uma vez fizera um movimento completamente idiota ao atirar sua bondade em seu rosto.

Tive a minha bunda mastigada por Katelynn e precisei acalmar uma Zoey chorando, que estava ainda mais irritada comigo do que minha irmã. Ouvir minha sobrinha dizer que eu era um mandão por fazer Callie ir embora foi como um soco no estômago. Eu sabia que ela estava certa, mas agora eu sequer poderia ter Callie respondendo às minhas desculpas. Já tentei ligar pelo menos três vezes, e a mensagem era o último recurso.

Jett também insistiu que eu tirasse uma ou duas semanas de folga, mas eu tinha uma novidade para ele – e iria amanhã. Este jogo de espera não era para mim, e eu precisava sair do apartamento antes que eu enlouquecesse.

Deixei meu telefone no colchão e me levantei, esticando os braços acima da minha cabeça. A dor em meus músculos parecia boa, e virei de lado a lado. Quando saí do quarto, Matthew veio derrapando até parar aos meus pés. Ele segurava algo atrás das costas, e um olhar de pura maldade cobria as pequenas feições.

— O que você está escondendo? — Perguntei, olhando-o severamente. — E antes de responder, lembre-se de que não mentimos nesta casa. Fale a verdade, garoto.

— Eu estava apenas segurando para ela, — ele disse enquanto seu rosto mudava para pura inocência. O garoto teria todas as mulheres penduradas em cada palavra sua quando ficasse mais velho. Eu podia ver agora. Ele sabia como jogar com qualquer um com aquele sorriso encantador e os grandes olhos castanhos de cachorrinho. Ele ficava melhor nisso diariamente.

Estendi minha mão e mexi os dedos. Ele lentamente tirou a mão das costas e colocou o item na minha palma. — Ela me chamou de moleque, — afirmou, como se isso por si só fosse razão suficiente para o seu plano mestre.

— Bem, amigo, te chamar de moleque não foi bom. Mas isso não é motivo suficiente para pegar a pulseira dela. E tenho certeza que eu sei o que você pretende fazer com ela, e nós tivemos essa conversa antes, não é?

Ele balançou a cabeça enquanto seus olhos permaneciam presos nos meus.

— E o que eu te disse? — Perguntei.

— Que não posso dar descarga nas coisas.

— É isso mesmo, — eu disse. — Agora vá se vestir. A Sra. Reames está vindo, e ficar correndo com a cueca do Batman não é apropriado.

Esperei ele correr antes de caminhar em direção ao quarto que os dois compartilhavam. Zoey estava de costas para a porta, mas eu podia ver que ela estava mexendo com uma caixinha que ela havia tirado de debaixo da cama. — O que você tem aí, Zoe?

Seu corpinho saltou de surpresa, e ela se virou com os olhos arregalados. — Nada. — Ela correu para cobrir os itens da caixa com as mãos.

— Bem, você sabe que eu não caio nessa, certo? — Entrei no quarto, e ela empurrou a caixa para debaixo da cama, virando novamente. Com as costas pressionadas contra a cama, ela olhou para mim com o mesmo olhar de inocência que seu irmão acabou de tentar usar.

Foi então que notei que seus lábios pareciam brilhantes, como se ela estivesse usando batom. Suas bochechas estavam um pouco rosadas, e havia uma leve sombra rosa brilhante acima de seus olhos. — Zoey, você está usando maquiagem?

— Sim. — Ela nem tentou esconder.

— Onde você conseguiu maquiagem? — Eu nunca comprei.

— Hum... — ela olhou para o lado. Zoey não podia mentir ao olhar nos olhos. Ela era tão fácil de ler. — Eu tenho há muito tempo. Encontrei quando Matthew e eu fomos brincar lá fora.

— Você encontrou lá fora?

— Sim. — Ela ainda não olhava para mim.

— Deixe-me vê-la. — Ela parecia nervosa. — Vamos lá, mostre para mim. — Eu sabia que a história era uma merda, e tinha a sensação de que o que havia naquela caixa confirmaria isso. Ela também sabia.

Permaneci com meus braços cruzados, não mostrando sinais de recuar. Zoey se ajoelhou e virou para a cama, puxando lentamente a caixa de debaixo dela.

No centro da caixa havia uma nécessaire de maquiagem azul-elétrica com a palavra Callie bordado no topo.

Minha garganta ficou apertada. — Onde você encontrou isso, querida?

— No seu banheiro. Ela deixou aqui, — ela disse com tristeza nos olhos. — Não quero que você jogue fora.

Passei por Zoey e sentei na beira da cama enquanto estendia minha mão para ela. — Venha aqui, — sussurrei.

Ela levantou, e a puxei para o meu colo. — Você sente falta de Callie? — Perguntei, e ela balançou a cabeça. Seu lábio inferior tremeu, e foda-se se isso não fez meu estômago doer com tristeza. — O que você acha de ir vê-la?

— Sério? — Seus olhos brilharam instantaneamente.

— Sim, — eu disse com um sorriso. — A Sra. Reames está vindo para ficar com sua mãe um pouco, e eu preciso pegar os remédios e comprar algumas coisas no supermercado. Eu planejava deixar seus filhos ficarem aqui e brincar, mas estou repensando essa ideia. Estou pensando que talvez, você, Matthew e eu poderíamos almoçar no restaurante.

Ela franziu o nariz. — Ele tem que ir?

Eu ri e a abracei. — Sim, menina doce, ele tem.

Ela soltou um suspiro profundo, o que só me fez rir ainda mais. Nossa pequena diva.


Capítulo 07

CALLIE


— Jett, ela tem que sair. Recebi quatro queixas nas últimas duas horas, — eu disse quando entrei no escritório dele, interrompendo a reunião que ele e Easton estavam tendo. — Precisei cobrir metade da seção dela porque ela é tão malditamente lenta, e ela continua entregando os pedidos errados para as pessoas.

Ambos apenas olharam para mim enquanto eu continuava exalando minha irritação com Geórgia, a garçonete do inferno. — Eu disse para ela cuspir o chiclete pelo menos quatro vezes, porque a peguei soprando bolhas enquanto pegava os pedidos. Ela despejou um refrigerante no colo de algum pobre rapaz e então começou a revistá-lo, enquanto a noiva parecia prestes a matá-la. Ela deu o número dela para outro cara porque disse, e cito, Ele tem mãos que eu tenho certeza que se seriam ótimas agarrando minha bunda.

Easton engasgou com a água, e os olhos de Jett quase saltaram da cabeça.

— Sim, eu sei, — eu disse em um tom horrorizado. — Então podemos demiti-la agora?

Easton irrompeu em gargalhadas, e Jett lhe lançou um olhar. — Sinto muito, mas essa merda é engraçada. — Ele deu de ombros e voltou a beber sua água, esforçando-se para controlar o riso.

— Sim, diga a ela que eu preciso falar com ela. Eu sei que você está cobrindo a área, mas pode fazê-lo por mais algumas horas? Rita vem as três.

— Sim, eu cubro, — assegurei a ele enquanto me virava para encontrá-la.

— Obrigado, Cal, — Jett gritou, e apenas acenei para ele sobre o meu ombro. Qualquer coisa era melhor do que lidar com Geórgia. Eu mal me aguentava. Ela precisava sair.

Rodeei o bar e vi Geórgia, mas parei abruptamente quando vi com quem ela conversava. Jude estava sentado à mesa com Matthew e Zoey diante dele. Não gosto do sentimento que eu tenho enquanto ela flerta abertamente com Jude. Mas quando ela estendeu a mão e tocou o rosto de Matthew, um sentimento de possessividade me atravessou, e desejei estapear sua bunda vadia. Eu sabia que eles não eram minha família, mas porra se eu a deixaria manchá-los.

Forcei meus pés a se moverem e fechei a distância quando Jude olhou para cima para encontrar meu olhar, e o lado de sua boca se inclinou para cima em um sorriso arrogante. Rapidamente desviei meu olhar.

Zoey virou então, e quando me viu, ela pulou da cadeira e correu em minha direção. Me abaixei de joelhos bem a tempo de pegá-la quando ela colocou os braços ao redor do meu pescoço. — Callie, — ela gritou.

— Ei, querida, — eu disse, abraçando-a, sufocando-a. — Senti sua falta. — Não sabia o quanto até que a vi.

— Nós sentimos sua falta também. É por isso que o tio Jude nos trouxe aqui, — ela disse, soltando o meu pescoço.

Dizer que fiquei chocada por ele voluntariamente levá-los para me ver foi um eufemismo. — Bem, eu estou feliz por você estar aqui. — Não pude deixar de sorrir quando olhei mais atentamente para o rosto dela. Eu sabia que havia deixado minha bolsa de maquiagem na casa de Jude, mas não podia criar coragem suficiente para voltar para pegá-la. Lembrei de como Zoey me observou espantada quando me encontrou no banheiro aplicando a sombra de olho.

— Minha maquiagem fica bem em você, — eu disse. Suas bochechas avermelharam, e ela olhou para baixo, como se estivesse envergonhada. — Você pode ficar com ela.

— Sério? — Ela perguntou, levantando a cabeça, e aquele sorriso que eu adorava retornou. Balancei a cabeça, e ela me abraçou novamente.

Olhando por cima do ombro, eu encontrei Georgia olhando para mim como se eu tivesse acabado de interromper algum momento íntimo que ela estava tendo com Jude e as crianças.

— Jett precisa vê-la no escritório dele, — eu disse a ela, e ela estreitou os olhos para mim. — Agora.

— Mas tenho mesas para cuidar.

Fechei os olhos com força, saboreando o abraço de Zoey antes de precisar enfrentar a feiura novamente. Liberei Zoey, e ela voltou para a mesa enquanto eu me aproximava de Geórgia. Eu me esforçava para manter nossa conversa a mais silenciosa possível. Os clientes não precisavam ver ou ouvir isso. — Você e eu sabemos que eu servi mais da metade dos seus clientes desde que você chegou aqui hoje. Então você se afastar para ir ao escritório de Jett não importa. Eu cuido disso.

Georgia bufou com frustração e passou esbarrando por mim. Desejei arrancar o cabelo dela enquanto eu tropeçava, mas respirei fundo em vez disso.

— Dia difícil? — Jude perguntou. Ele me ouviu reclamando sobre a preguiça e falta de jeito da garçonete em mais de uma ocasião.

Eu me virei para olhar para ele e balancei a cabeça. Ainda estava chateada com ele e não tinha a intenção de abandonar minha raiva tão facilmente. Embora tivesse trazido duas pessoas muito especiais para me ver, isso não compensava totalmente o quão rude ele foi quando eu estava apenas sendo generosa.

— O que vocês acham de fazer seus próprios shakes de chocolate? — Perguntei, olhando diretamente para Matthew e Zoey. — Com chantilly e granulado.

Seus olhos se iluminaram, e meu coração acelerou no meu peito. Este dia começara sendo uma merda, mas acabara de se tornar um dos melhores que eu tive em quase uma semana.

Peguei as mãos das crianças e as conduzi para a pequena área de bar ao lado da cozinha, onde havia todas as ferramentas para fazer shakes perfeitos. Olhei por cima do meu ombro e encontrei Jude nos observando com um olhar que nunca vi antes. Ele parecia quase feliz.

Um de cada vez, eu coloquei Zoey e Matthew sobre um tamborete no balcão. Assim que eu tive certeza de que eles estavam sentados com segurança, eu fui para trás do balcão e coloquei dois copos de shake do tamanho de crianças na frente deles.

— Chocolate, baunilha ou morango? — Perguntei.

— Chocolate, — Matthew disse com entusiasmo. Seus pezinhos estavam pendurados sobre a borda do banco, e ele estava enjaulado pelos braços da cadeira. Uma sensação desconfortável agitou dentro do meu estômago com o pensamento dele derrubar a cadeira e saltar.

— Ok, mas sem balançar. Sente-se muito quieto nessa cadeira. Ok? — Ele balançou a cabeça, ainda com o maior sorriso que eu já vi nele.

Virei para Zoey. — E você?

— Baunilha com granulado arco-íris. — Seus olhos se arregalaram, e não pude deixar de rir.

— Ok, um chocolate e um baunilha. Com granulado de arco-íris, — eu disse antes de virar para preparar.

— E um de morango também.

Meu corpo congelou e meu coração balançou quando a voz profunda de Jude provocou calafrios sobre minhas costas e braços. Não esperava que ele se juntasse a nós, mas estava secretamente emocionada por ele fazê-lo. Eu não diria isso para ele, no entanto. Respirei profundamente enquanto assentia sem me virar para encará-lo. Precisava de apenas mais alguns minutos para me acalmar e fazer minhas mãos pararem de tremer. Fiquei com as minhas costas para eles enquanto misturava lentamente cada shake e só virei o tempo suficiente para pegar os copos para derramar as misturas.

Assim que cada um tinha o seu shake, eu agarrei o chantilly e granulado sortido e virei para encará-los totalmente. Eu podia sentir os olhos de Jude em mim, mas me concentrei nas crianças ao invés disso. Inclinei a lata de chantilly, pressionei o bico e cobri o copo. Zoey naturalmente teve os granulados arco-íris como pediu, e Matthew e Jude foram com os flocos de chocolate. Assisti Matthew imitar cada movimento de Jude enquanto seu tio balançava o granulado uniformemente sobre seu shake. Logo que eles tinham adicionado os granulados, as crianças beberam.

Jude segurava a colher sobre a parte superior de seu shake e virou entre seus dedos. À medida que os segundos passavam, eu ficava cada vez mais nervosa.

— Realmente sinto muito pela maneira como te tratei, — ele disse em um tom baixo. As crianças estavam tão consumidas com suas guloseimas que estavam completamente alheias a qualquer outra coisa. — Sou grato pelo que você fez para a minha família. Eu sei que você não precisava. — Ele ergueu os olhos para encontrar os meus.

Seu olhar sempre fez coisas para os meus sentidos. Tentei engolir para passar a secura na garganta.

— Você não precisava parar sua vida para cuidar deles, — disse.

— Eu queria. — Dei de ombros e olhei para Matthew e Zoey. — Nada do que fiz enquanto você estava no hospital, ou mesmo depois que você saiu, foi porque eu senti pena de vocês. Não foi caridade. Foi porque eu me importo.

Muitas emoções estavam me atingindo, todas de uma vez, e eu precisava de algum espaço. — Preciso ver minhas mesas, — eu disse apressadamente, e não fiquei tempo suficiente para esperar pela resposta dele.


Capítulo 08

JUDE


Apareci para trabalhar depois de apenas três dias afastado. Jett estava tramando algo, e me irritava ele não compartilhar o que estava acontecendo. Mas essa não era a única coisa estranha acontecendo. Durante dois dias, eu vi empreiteiros andarem ao redor do prédio, e quando perguntei o que estavam fazendo, eles disseram que a propriedade foi comprada por novos proprietários e eles seriam remodelados e renovados.

No terceiro dia, quando eu estava prestes a virar a merda, eu olhei através da minha porta da frente e encontrei Easton ao lado de dois homens, apontando para cima e acenando com as mãos.

Abri a porta e atravessei o gramado da frente, sem me importar de estar vestindo apenas um moletom.

— O que diabos está acontecendo, Easton? — Lati. Eu estava cheio com o comportamento evasivo de todos, e queria algumas malditas respostas.

— Bem, bom dia para você também, raio de sol, — ele disse com um sorriso, e se eu soubesse que isso não voltaria contra mim, eu teria limpado a porra do sorriso do rosto dele. Em vez disso, eu arqueei uma sobrancelha e esperei que ele explicasse. — Bem, eu acabei de comprar este lugar, e agora...

— Você o que? — Eu lati, dando mais um passo em direção a ele.

— Você me ouviu.

— Inacreditável pra caralho. — Passei a mão pelo meu cabelo com irritação e me virei para voltar para o meu apartamento. Eu estava a dois segundos de explodir, e precisei parar antes que eu fizesse algo que nunca poderia ter de volta. Lá dentro, eu bati minha porta da frente e baixei a cabeça.

— Que diabos, Jude? Minha cabeça está me matando, — Katelynn gemeu da cama no centro da sala de estar. Ela parecia tão cansada. Hoje seria um dia ruim porque visitaríamos o médico. Cada vez que íamos, seu prognóstico só ficava mais difícil de absorver. Você poderia dizer que alguém tem apenas tanto tempo sobrando. Você pode ouvir isso um milhão de vezes, mas nada jamais te prepara para o dia em que realmente acontece. Eu sabia que esse dia estava chegando, e também sabia que iria destruir eu e as crianças.

Caminhei até ela e a abracei. — Sinto muito, Kate, — sussurrei, e ela bateu no meu braço. — Eu vou terminar de me arrumar, então vamos sair.

Depois que eu estava vestido e as crianças estavam prontas, levei-as para a Sra. Reames. Easton ainda estava lá quando empurrei Katelynn para fora e comecei a carregá-la para o carro. Ele dobrou a cadeira de rodas e colocou no porta-malas antes de caminhar ao redor para me encontrar na porta do motorista.

— Não estou arrependido de comprar este lugar. E não vou me desculpar por querer torná-lo habitável. Também não vou pedir desculpas por acrescentar o apartamento na extremidade oposta e dobrar o tamanho. — Quando olhei para ele, ele sequer pestanejou.

— E quando eu lhe entregar as chaves desse apartamento, não vou pedir desculpas também. Assim, você pode brigar comigo por isso, latir e gemer como se fosse fazer diferença, mas isso não significará merda. Faço o que eu quero, quando eu quero e porque eu quero, porra. Não por qualquer outra razão. Você pode tentar rotular o que estou fazendo aqui, mas no final, eu fiz isso porque eu fodidamente posso.

Ele bateu a mão no meu ombro e deu um aperto firme antes de caminhar em direção ao seu próprio veículo para ir embora.


***


— A última rodada de testes mostrou que o tratamento com radiação não foi como esperávamos, — Dr. Jess começou. — Na verdade, os resultados mostram que o câncer tem so...

—... Somente piorado, — concluiu Kate. Não era uma pergunta. Foi uma declaração.

Ele assentiu. — Temo que sim. Poderíamos fazer outra rodada.

— Não, — Katelynn respondeu sem hesitação.

— Katelynn, — eu disse, virando para encará-la. Ela não podia estar falando sério. Quero dizer, nós precisávamos pelo menos tentar.

— Não posso fazer isso de novo, Jude. Fiquei tão doente, você se lembra, você estava lá. Não posso fazer isso com as crianças novamente, não mais. Não quero que as últimas lembranças que eles têm de mim sejam eu estar tão doente que não possa nem levantar a cabeça.

— Então você está desistindo? — Minhas palavras saíram num sussurro.

— Não, — respondeu. — Estou escolhendo viver. Seja qual for o tempo que me restar, eu prefiro criar memórias que meus filhos terão para sempre, do que estar tão doente que eu durma cada minuto de cada dia.

Eu não podia aceitar. Me recusava a isso. Permaneci na cadeira ao lado dela enquanto o médico nos dava o prognóstico. Ouvi-lo falar sobre como o câncer progrediu ao longo dos últimos anos só fez o caroço no meu peito crescer. Eu sabia que o tempo dela era limitado, e me sentia cada vez mais tenso e agitado a cada momento que passava.

Quando saímos do consultório médico, voltamos para casa em silêncio. Eu estava com medo de falar. Podia me sentir quebrar e sabia que quando estourasse, eu precisava estar sozinho.

Quando paramos no apartamento, eu corri para levá-la lá dentro, enquanto ela me observava em silêncio.

Assim que a coloquei na cadeira e o controle estava ao seu alcance, eu rapidamente me desculpei para sair.

A Sra. Reames abriu a porta, e seu sorriso caiu imediatamente. — O que foi? — Quando seus olhos se encheram de lágrimas, foi mais do que eu poderia aguentar.

— Preciso de algum tempo. — Minha garganta queimava conforme eu piscava as lágrimas. — Você pode manter um olho neles? Só preciso de um pouco de ar.

— Claro. — Ela assentiu com a cabeça, e não perdi tempo antes de me virar e sair correndo.

Quanto mais eu corria, mais o meu peito queimava. Limpei a primeira lágrima com raiva quando ela caiu. Mas quando elas começaram a vir mais e mais rápido, eu não tentei detê-las, caindo de joelhos na grama. Estava longe o suficiente do apartamento, então sabia que tinha privacidade, e cedi para a mágoa, contra a qual eu vinha lutando desde que ouvi o médico dizer que deveríamos começar a nos preparar para o fim.

O fim. Como diabos você se prepara para algo assim?


Capítulo 09

CALLIE


Naquele fim de semana, uma Avery muito grávida e eu nos juntamos a Quinn na casa de Harper para um dia de sol. Eu acabara de colocar meus pés na piscina quando Harper gritou atrás de mim.

— Seu telefone está tocando. — Ela passou para mim sobre meu ombro.

A tela mostrou que era um número desconhecido. Pensei em deixá-lo cair na caixa postal, mas no último segundo eu bati aceitar. — Olá?

— Callie, — uma mulher disse com um sussurro suave.

— Sim, é a Callie.

— É Katelynn.

A fraqueza na voz dela deixou meu estômago tenso. — Está tudo bem? — Perguntei, começando a me levantar. Todas as meninas olharam para mim com preocupação.

— Hum, você tem um minuto? — Ela perguntou.

— Sim, é claro que eu tenho. — Meu coração estava disparado.

— Jude levou as crianças para o supermercado, e eu queria falar com você antes que ele voltasse. — Encontrei-me acenando com a cabeça como se ela pudesse me ver. — Fui ao médico há alguns dias. A notícia que nos foi dada não foi a melhor.

Meus olhos se encheram de lágrimas instantaneamente. — O que posso fazer? — Eu senti como se meu coração estivesse sendo arrancado do meu peito, embora ainda não tivesse ideia do que estava realmente acontecendo. Eu sabia que ela tinha câncer, mas também sabia que ela foi submetida a radiação e as coisas ficariam bem. Ou pelo menos é o que eu pensava.

— Eu estava torcendo para que talvez você pudesse vir e ter aquela noite de filme que falamos. Este lugar poderia precisar um pouco de sua presença — Esqueça tentar conter as lágrimas, não havia esperança para isso. — Não quero tristeza. Eu sei que é uma coisa difícil de pedir, mas quero que o tempo que eu tenho sobrando seja preenchido com bondade. Pode me ajudar a dar isso a meus filhos?

— Sim, — sussurrei enquanto as lágrimas rolavam sobre as minhas bochechas. — Qualquer coisa que você precise.

— Sem lágrimas, — ela disse.

— Tarde demais, — eu disse antes de respirar fundo. — Mas prometo que vou controlá-las antes de chegar aí.

— Ok, ótimo. — Eu podia ouvir o sorriso em suas palavras.

— A que horas devo estar aí? — Perguntei.

— Por volta das seis. Pode ser?

— Sim, e informe o seu irmão que eu levarei jantar e muita besteira para comer, e ele pode esquecer sobre a reclamação, porque não vai me impedir.

Ela riu, e fechei os olhos, enviando sua felicidade para a minha memória. Era algo que eu gostaria de ter.

— Ok, eu direi a ele, — ela respondeu. — Veremos você hoje à noite.

Quando a ligação foi terminada, as lágrimas caíram fortes.Eu podia não conhecê-la há muito tempo, mas o tempo que passei com ela causou um impacto tremendo na minha vida. Ela era uma daquelas pessoas que você não podia evitar de amar. Ela passou por tanta coisa e ainda tinha muito mais a enfrentar, mas ela lutava. Ela era uma inspiração.

As meninas me abraçaram e me permitiram apenas chorar.


***


Tensão familiar me encheu quando levantei a minha mão para a campainha, lembrando-me da última vez que apareci aqui com comida na mão. Desta vez, escolhi pizza e muitas outras besteiras.Já que não tinha ideia do que todo mundo preferia, eu escolhi quatro tipos diferentes e esperava pelo melhor. Minha bolsa estava pendurada no ombro, e minhas mãos tremiam com os nervos. Isso podia acontecer de duas maneiras – uma repetição do último encontro que tive nesta mesma porta, ou eu seria bem-vinda sem hesitação.

A porta se abriu, e fui cumprimentada por duas crianças pulando de empolgação.

— Callie, — Zoey gritou, e Matthew abraçou minhas pernas.

— Oi, gente, — eu disse enquanto tentava equilibrar a pizza e as minhas sacolas.

— Deixe-me levar esses, — Jude disse.

Olhei para cima e ele piscou, o que me pegou completamente desprevenida. Não me preparei absolutamente para esse tipo de reação. — Obrigada, — eu disse quando ele puxou a pizza da minha mão e pegou a sacola que continha batatas fritas e uma caixa de pipoca de micro-ondas.

Ele baixou o saco e deu a Matthew. — Leve isso para a cozinha, amigo, — ele disse antes de estender a mão e pegar a mais pesada, que segurava garrafas de diversos refrigerantes. — Você não estava brincando quando disse que traria besteiras para comer não é?

Balancei a cabeça e sorri. — De modo algum.

Jude riu antes de pisar de lado e me permitir entrar. Katelynn estava na poltrona, e quanto fiquei à vista, ela sorriu para mim. Eu tinha a sensação de que ela pegara seu irmão de surpresa com estes planos, e estava mais do que certa que ela tinha alguns outros cozinhando em sua mente.

Olhei para o chão em frente ao sofá e notei uma pilha de cobertores e travesseiros. — O que é tudo isso?

Zoey pegou minha mão e me levou para os cobertores. — Nós estamos acampando na sala de estar, — ela disse enquanto se sentava no meio. — Tio Jude disse isso.

— Uau, — eu disse, deixando meus olhos vagarem em direção à cozinha. Jude ficou ao lado da pequena mesa olhando para nós. O olhar tenso que ele sempre tinha não estava mais lá. Em seu lugar estava uma tristeza que eu não estava acostumada a ver nele.

— Ok, Zoe, vamos comer estas pizzas antes que esfrie, — ele disse. — Então vamos escolher um filme.

A observei sair correndo, e então me virei para encarar Katelynn. — Ele soube que eu seria convidada antes da ligação, ou depois?

Ela sorriu para mim. — Eu disse a ele... — ela encolheu os ombros, espelhando a inocência que seus filhos usavam quando sabiam que fizeram algo impertinente. —... Trinta minutos atrás.

Minha boca se abriu em choque, e ela riu. — Você é má, — sussurrei, e ela apenas riu ainda mais.

— O que vocês estão falando aqui? — Jude perguntou, se abaixando e levantando Katelynn da poltrona. Observei como ela a levou para a cadeira de rodas e a sentou com cuidado.

— Apenas explicando quão feliz estamos por Callie decidir aceitar nosso convite para uma festa do pijama. — Ela olhou para seu irmão inocentemente, e uma risada incontrolável explodiu dos meus lábios. Cobri minha boca com a mão, mas já era tarde demais para esconder.

Katelynn olhou para mim sorrindo alegremente, e tudo que Jude podia fazer era sacudir a cabeça. Eu sabia que ele não me queria aqui no início, mas tinha a sensação de que ele não era totalmente contra isso agora.


Capítulo 10

JUDE


O filme estava passando a menos de uma hora e Katelynn já havia cochilado. Ela estava dormindo com mais frequência, mas quando estava acordada, ela realmente dava tudo dela. Tentei não focar muito nas mudanças, mas eu via diariamente.

Sentei no sofá, e Callie estava deitada no chão com uma criança em cada lado. Ocasionalmente, eu podia ouvir um deles sussurrar ou rir, e me atingiu profundamente no peito todas as vezes. Ver o quanto eles a amavam era algo que eu realmente não entendi no início. Sim, eu sabia que eles gostavam dela e ela gostara de ficar perto, mas agora eu podia ver que os seus sentimentos eram muito mais intensos.

O foco de Callie era unicamente neles enquanto eles olhavam para a televisão conforme o filme da Disney, Enrolados, passava. Quando os personagens começaram a cantar e todos os três cantaram junto em voz baixa, eu não consegui tirar os olhos deles. Eles tiveram o cuidado de não acordar Katelynn, mas não conseguiram esconder a alegria. A forma animada como eles balançavam as mãos com cada nota era bonito de ver.

Eles assistiram filme após filme, e quando todos os três finalmente adormeceram, eu deixei a televisão no mudo, mas a mantive ligada. Eu queria que a luz da tela continuasse destacando-os para que eu pudesse simplesmente ficar olhando para eles. Quando olhei para Katelynn e depois voltei para Callie, finalmente percebi. Callie ajudara a animar Zoey e Matthew, assim como Katelynn havia dito. Callie não os deixou se debruçarem sobre o fim iminente. Em vez disso, ela deu-lhes os sorrisos e a força que precisavam para encontrar o bom em uma situação ruim.

Não sei quanto tempo fiquei sentado na escuridão observando-os, mas quando olhei para cima e vi os créditos rolando sobre a tela, eu soube que era mais do que eu havia pensado. Estava feliz por já ter mudado Katelynn para a cama e não precisava acordar nenhum deles. Todos pareciam tão pacíficos.

Eu me inclinei e fiquei um pouco mais perto de Matthew antes de dar um beijo em sua testa, então fiz o mesmo para Zoey. Afastando-me com toda a intenção de levantar, eu me assustei com Callie. Seus olhos estavam abertos, e ela olhava para mim.

— Você está confortável no chão? Ou prefere dormir no sofá? — Perguntei.

— Estou bem aqui, — ela sussurrou, olhando para cada lado, sorrindo para as crianças. — Eles são superaconchegantes.

— Por que você está aqui, Callie? — Eu perguntei antes que pudesse me parar. O sorriso dela caiu e ela desviou o olhar imediatamente. — Não falo isso de um jeito ruim. De modo nenhum. Por favor, não leve dessa forma.

Ela voltou o olhar para mim, e me abaixei no chão para que pudéssemos conversar sem nos preocuparmos em acordar as crianças.

— Eu só quero dizer que nada disso é responsabilidade sua. Você não nos deve nada, — tentei explicar. — Você é jovem, bonita, e não têm nada te prendendo. Por que você voluntariamente escolhe passar o tempo aqui com a gente?

Vi sua garganta mexer enquanto ela engolia em seco. Seus olhos se encheram de lágrimas, e foda-se se não têm o mesmo efeito em mim como quando Zoey faz isso.

— Estou aqui porque não há outro lugar que eu preferia estar. Você sempre afastou qualquer chance de eu conhecer você, e entendo isso. Eu entendo. Mas no dia que entrei aqui e conheci os três, Deus, Jude. — Ela respirou estremecendo, e senti meus próprios olhos arderem. — Eu me apaixonei por cada um deles. Eles são incríveis, e agora não consigo me imaginar me afastando deles. Aceitarei o que eu posso ter. E se isso é uma festa do pijama com você sendo surpreendido trinta minutos antes que eu apareça, então eu aceitarei. Porque para mim significa que eu posso ter um pouco de tempo com eles. E isso compensa todas as vibrações que recebo de você dizendo que não sou bem-vinda.

Baixei meus lábios nos dela, e ela se acalmou contra mim. Mas eu não queria deixar sua resistência e surpresa me parar. Não havia nada de sexual no beijo que lhe dei. Quando a senti devolvê-lo, eu também relaxei. Eu me afastei e descansei minha testa contra a dela. — Você é sempre bem-vinda aqui, e sinto muito por ter feito você se sentir de outra forma.

Silêncio caiu enquanto levávamos um momento para apenas respirar. A aura de paz que nos rodeava era algo que eu não me permiti sentir a muito tempo.

— Você se importa se eu me juntar a vocês? — Eu perguntei quando me afastei apenas o suficiente para ver seu rosto. — Meu quarto parecerá extremamente solitário quando as quatro pessoas que eu mais prezo estão dormindo aqui fora.

Ela me olhou com surpresa enquanto balançava a cabeça. Eu não podia culpá-la por essa reação; até eu estava me surpreendendo.

Puxei o cobertor extra do sofá, enrolei ao lado de Matthew e envolvi meu braço em volta da cintura dele. Meus dedos deslizaram sobre a mão de Callie, e imediatamente parei, incapaz de retroceder. Eu queria senti-la e saber que ela estava lá quando eu fechasse os olhos e começasse a adormecer.


***


Acordei por volta 05:00 com Katelynn gemendo enquanto dormia. Com cuidado para não perturbar ninguém, eu me levantei e caminhei até a cama dela. — Kate, você está bem?

Seus olhos se abriram, e ela olhou para mim. — Apenas uma dor de cabeça.

— Deixe-me ver uma coisa.

Corri em direção à cozinha, onde peguei o Tylenol do armário acima da geladeira. Era o lugar onde eu guardava toda a medicação dela para que as crianças não pudessem alcançar. Assim que peguei os comprimidos e um copo de água, calmamente voltei para a cama dela. Depois que ela tomou os remédios, seus olhos se fecharam e ela adormeceu novamente.

As crianças e Callie não se moveram um centímetro. Eles estavam confortavelmente abraçados debaixo de cada manta que tínhamos no lugar. Tudo que você podia ver de Zoey era seus cachos escuros que espreitavam de debaixo dos cobertores. Matthew estava completamente escondido, exceto por um pé que saía, e Callie tinha a mão debaixo do rosto e estava virada para Matthew.

Já que eu estava de pé, não havia realmente nenhuma razão para voltar para a cama. Eu sabia que as crianças estariam acordadas em algumas horas, porque eles eram madrugadores. Em vez disso, eu decidi que era o momento perfeito para tomar um banho rápido e preparar algo para o café da manhã.

Quando a água quente pulverizou sobre o meu corpo, eu deixei minha cabeça cair para trás, dando um passo mais perto, para que assim pulverizasse o meu rosto. Minha mente continuava voltando ao fato de que eu beijei Callie. Eu dei esse passo, não ela. Sim, eu sabia que Callie tinha sentimentos por mim, mas eu havia escondido os meus por ela. Trabalhar lado a lado no restaurante do Jett e ter o mesmo grupo de amigos significava que era difícil evitar estar perto dela. Posso ter atuado bem quando se tratava de manter a distância e esconder o meu desejo por ela, mas só foi ficando mais difícil.

Callie agora estava entrelaçada na minha vida, e quanto mais tempo ela fica por perto, mais eu me deixo imaginar ela estar aqui para sempre.


Capítulo 11

CALLIE


Uma batida ao lado do meu rosto me assustou e eu acordei. Levantei minha mão para me proteger de qualquer outro ataque e espiei por entre meus dedos. A mão de Matthew estava apenas centímetros do meu rosto. Abaixando seu braço, eu vi que ele desapareceu debaixo das cobertas. Me afastei apenas o suficiente para olhar por cima do meu ombro e descobrir que Zoey ainda estava dormindo também.

Comecei a me mexer para levantar, me retirando cuidadosamente do sanduíche de pequenas pessoas. Ambos permaneceram tão perto de mim a noite toda que fiquei surpresa por ter espaço para respirar. Após ver que o local onde Jude havia adormecido estava vazio, olhei em volta procurando por ele, mas ele não estava à vista. Andei nas pontas dos pés pelo corredor em direção ao banheiro, notando que a porta do quarto estava fechada. Acho que o chão não era tão confortável quanto ele esperava.

Dentro do banheiro, eu rapidamente fiz minhas necessidades e tentei o meu melhor para obter algum tipo de controle do meu cabelo. Estava uma bagunça. Após me esforçar para prendê-lo em um coque, peguei o enxaguante bucal na parte de trás da pia e decidi que precisava de uma escovação rápida. Então, dando uma última olhada no espelho, eu revirei os olhos e estendi a mão para a maçaneta da porta. Estava deixando um simples beijo de Jude me transformar numa pilha de nervos. Apaguei a luz e saí do banheiro, só para parar completamente.

Jude estava vindo de seu quarto, vestindo nada além de calça de moletom pendurada muito baixo em sua cintura. Tentei não olhar, ou babar, mas não mostrar minha emoção era uma tortura.

— Bom dia, — ele disse; sua voz ainda rouca de sono. Ele sorriu para mim, e afastei meu olhar para me concentrar em um quadro na parede acima de seu ombro esquerdo. Quando ele deu um passo em minha direção, meu coração começou a correr. No entanto, no momento em que tocou o lado do meu rosto, eu quis me lançar sobre ele.

— Você dormiu bem? — Ele perguntou, e assenti. — Callie, — ele sussurrou. Olhei para ele, e aquele aperto louco no meu estômago voltou. — Por que você está se esforçando para não olhar para mim?

— Não sei, — eu disse, e ele tocou meu queixo com o polegar antes de passá-lo ao longo do meu lábio inferior.

— Eu acho que sabe. — Ele não me permitia desviar o olhar do dele enquanto esperava pela minha resposta.

— Você apenas me deixa nervosa, — confessei; só para me sentir tola por falar essas palavras.

Jude agarrou meu quadril e me virou para que minhas costas estivessem de frente para a parede externa do banheiro. Dando um passo em minha direção, ele me pressionou contra a parede e me enjaulou. — Não quero deixá-la nervosa, — ele disse enquanto se inclinava e roçava meus lábios com os dele. — Eu só quero fazer seu coração acelerar do jeito que você faz com o meu.

Oh meu Deus, era sério agora? Meu maldito coração corria tão rápido que eu estava com medo de desmaiar a qualquer momento.

— Sempre soube que você era incrível, Callie. Eu era muito teimoso e imbecil para deixá-la entrar. — Ele deu um beijo suave no canto da minha boca. — Estou pronto para deixá-la entrar, querida, se você ainda tiver espaço em seu coração para mim.

Fiquei chocada. Nunca esperei nada disso de Jude. Ele não era esse tipo de cara, ou pelo menos eu não achava que fosse, até agora.

Sua boca pairou sobre a minha enquanto ele olhava nos meus olhos. Sem falar uma palavra, eu me levantei na ponta dos pés e trouxe a minha boca para a dele. Isso só lhe fez pressionar com mais força contra mim e assumir o comando. O que começou como um simples beijo para que ele soubesse que eu o queria também, virou algo mais rapidamente. Eu gemi, e ele sorriu contra a minha boca antes de passar a língua pelo meu lábio inferior, e meus joelhos enfraquecerem. O moletom que ele usava não escondia sua excitação. Sua dureza pressionada contra o meu estômago me disse que ele me queria também.

— Droga, — ele gemeu, empurrando seus quadris e balançando contra mim.

— Eca.

A voz de Zoey nos fez saltar e separar como se estivéssemos em chamas. Jude, é claro, imediatamente se virou para esconder sua ereção, e eu ri com a visão.

— Sim, muito engraçado. — Jude estreitou os olhos para mim.

— Pensei que você não gostasse de Callie? — Zoey perguntou.

De repente, me senti estúpida enquanto eu me lembrava de quão grosso Jude foi comigo no começo e desviei o olhar. Mas antes que eu pudesse me permitir pensar nisso, a mão de Jude estava na minha cintura e me colocou contra ele.

— Eu nunca disse que não gostava de Callie, querida, — ele disse antes de beijar minha testa. — Na verdade, eu sempre gostei dela. — Ele fez uma pausa, e eu olhei para ele. — Muito, — acrescentou, e colocou seus lábios contra os meus brevemente. Ele então olhou para Zoey novamente, e segui seu olhar. — O que você acha de Callie e eu namorando? Isso significa que Matthew e você teriam que compartilhá-la comigo.

Nunca me senti tão feliz e surpresa ao mesmo tempo. Durante anos eu nutri sentimentos por Jude, mas ele nunca permitiu que eu entrasse – ou qualquer outra pessoa, aliás. Mas aqui estávamos, de pé em seu corredor enquanto ele basicamente anunciava que estava pronto para mudar tudo. E eu não poderia estar mais feliz.

— Acho que nós podemos compartilhá-la, — Zoey disse com uma expressão muito séria. — Mas você não pode ser controlador, tio Jude. Você não compartilha muito bem.

Eu ri, e Jude me puxou mais apertado contra ele. — Vou compartilhar, prometo. Mas quando for a minha vez com Callie, precisamos estabelecer limites.

— Que tipo de limites? — Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Oh meu Deus, eles eram tão bonitinhos que era doentio. Zoey era uma pequena diva, e Jude a tratava como se ela fosse adulta, e ainda assim criança.

— Significa que eu permito que ela fique durante um tempo com você e Matt. Sem interrupções, sem interferência. Vocês a tem completamente. — Zoey acenou com a cabeça, aceitando essa parte. — Então, quando chegar a minha vez, eu espero o mesmo. Sem reclamação de que não é justo ou, Tio Jude, eu preciso isto e aquilo.

Virei em seus braços e olhei para ele. — O quê? — Cruzei os braços sobre o peito. — Se eles precisam de algo, não devem ficar esperando.

— Oh, querida, você não tem ideia de como eles fizeram uma lavagem cerebral em você. — Ele balançou a cabeça e sorriu. — Estes dois parecem anjos do lado de fora. Parecem tão inocentes e puros. Mas me deixe te dizer, eles sabem como jogar um bom jogo. Você vai aprender.

Estreitei os olhos para Jude antes de olhar entre ele e Zoey.

— Não tenho ideia do que ele está falando, — Zoey disse com pura inocência.

Jude apontou para ela. — Vê o que eu quero dizer? — Zoey sorriu brilhantemente e dei de ombros. — Oh, baby, eu tenho muito para lhe ensinar sobre os truques destes dois.

Quando o carinho deixou seus lábios, meu estômago se contraiu com emoção.

Ele estendeu a mão em direção a Zoey. — Temos um acordo? — Ele esperou que ela apertasse a dele, e eu estava um pouco surpresa que eles ainda estivessem negociando tempo comigo. Toda a situação era louca, mas tão malditamente adorável.

— Tudo bem, — ela disse, colocando sua mãozinha na dele. — Mas como eu disse antes, não monopolize.

Ela passou por nós e entrou no banheiro, fechando a porta.

— O que aconteceu? — Perguntei.

— Bem, querida, eu apenas aleguei você como minha, com apenas uma estipulação. — Ele me virou novamente e começou a me apoiar contra a parede.

— Oh yeah, — sussurrei sem fôlego. — E o que seria isso?

— Preciso compartilhar você com a minha família, mas de modo algum estou disposto a compartilhar você com mais alguém. — Calafrios cobriram meus braços e pescoço. — Você está bem com isso? — Balancei a cabeça, porque eu seria louca de fazer outra coisa senão concordar. — Bom, porque eu fui um idiota por tempo demais.

Sua boca cobriu a minha, e mais uma vez nos perdemos no beijo.

— Tão nojento, — Zoey choramingou em desgosto. — Isso significa que haverá um monte de beijo envolvido agora?

Enterrei minha cabeça contra o peito de Jude e ri o mais discretamente possível. Meu corpo tremia com o esforço, assim como o dele enquanto tentava esconder a sua própria risada.

— Muito beijo, Z, então é melhor você se acostumar com isso, — Jude zombou, estendendo a mão e fazendo cócegas na barriga dela.

— Blah. — Ela mostrou a língua para ele e fingiu um calafrio. — Não, eu vou apenas mandar os dois para o quarto, porque não quero ver isso, — ela gritou por cima do ombro enquanto voltava para a sala de estar.

— Terei que me lembrar disso. Se eu precisar de você, eu te beijo. Então seremos mandados para um castigo no meu quarto, e aquela porta tranca. — Ele balançou as sobrancelhas enquanto recuava e pegava a minha mão, me levando para a cozinha.


Capítulo 12

JUDE


Fazia três dias que eu baixei a guarda. Três dias com muitos beijos e até banhos mais frios. Aparentemente, Zoey decidiu mudar a punição original caso me pegasse beijando Callie, e descobriu que funcionava melhor se ela levasse Callie para o seu quarto para brincar. Katelynn estava amando cada minuto também, e Callie achava que era a coisa mais fofa. Eu, no entanto, ainda esperava que ela visse o mal atrás de tudo.

Jett finalmente parou de lutar contra eu voltar ao trabalho, e hoje era o meu segundo dia. Callie estava de folga, e eu voltei ao meu jeito irritadiço habitual na cozinha. Descobri que gostava mais quando ela estava aqui também, embora eu nunca tivesse admitido isso até agora.

Eu voltava da minha pausa de quinze minutos quando Quinn virou a esquina em pânico e colidiu comigo. Estendi a mão para firmá-la. — Ei, você está bem?

— Não. — Ela parou para respirar fundo. — Jett e Easton acabaram de sair. Eles levaram o meu carro para trocar os pneus, e preciso chegar ao hospital. — Ela passou por mim, e a segui. — Kade ligou. Avery está em trabalho de parto. Ele disse que a levou para uma cesárea de emergência por que a frequência cardíaca do bebê estava caindo. Eu estou enlouquecendo, e Jett não atende o telefone. Não consigo encontrar as chaves do carro em lugar nenhum.

— Você não vai dirigir assim, Quinn, — eu disse, e só ganhei um maldito olhar feio. — Eu te levo. Apenas me deixe dizer a Marco.

Não dei a ela uma chance de discutir e corri para a cozinha, avisando Marco sobre estava acontecendo. Terças-feiras eram lentas, então eu sabia que as coisas estariam bem sem mim. Elas estiveram bem por semanas, de qualquer maneira, então mais um dia não importaria.

Quinn estava uma pilha de nervos, e suas mãos tremiam em seu colo enquanto seguíamos para o hospital em silêncio.

— Ei, tudo vai ficar bem, — assegurei.

— Espero que sim, — ela sussurrou.

Após estacionar o carro, nós corremos até as portas da frente. Os números dentro do elevador pareciam acender em câmera lenta, e me encontrei ficando mais agitado a cada segundo.

Quando as portas se abriram, Quinn praticamente correu para a sala de espera. Corri atrás dela e parei ao ver Kade atravessar as grandes portas azuis com um vestido sobre sua roupa e uma máscara cobrindo a boca. Seus olhos estavam vermelhos, e as lágrimas em seu rosto fizeram meu estômago bater na porra do chão.

Quinn cobriu a boca com a mão, e um soluço escapou dela. Dei um passo atrás dela e coloquei minhas mãos em seus ombros, oferecendo apoio.

— Ela é perfeita, — Kade sussurrou, e uma enorme onda de alívio me inundou.

Quinn avançou e abraçou Kade. — As duas estão bem? — Ela perguntou.

— Sim, — Kade respondeu. — Avery foi incrível, e nossa filha... porra, Quinn, ela se parece com ela, a mamãe.

Comecei a engasgar com a notícia e me assustei quando alguém tocou minhas costas. Virei e fiquei cara-a-cara com Callie. Instantaneamente, eu a puxei contra mim e a abracei.

— Elas estão bem? — Ela perguntou com a voz abafada contra meu peito.

Solto apenas o suficiente para que ela pudesse olhar para mim e sorrio para a minha menina bonita. — Elas estão bem, as duas, — eu disse antes de beijá-la, não dando a mínima para quem presenciava.

— Bem, acho que os bebês unem a todos, — Jett disse, dando um passo atrás de Callie. — Já estava na hora de perceber quão boa ela é para você, — ele se inclinou e sussurrou apenas para que Callie e eu pudéssemos ouvir antes de passar por nós para se juntar à esposa.

Em minutos, a sala de espera estava cheia de familiares e amigos. Nós fomos autorizados a voltar em grupos de dois para felicitar Avery e conhecer sua filha, Willow. Assistir Kade e ver o amor que ele tinha por suas duas meninas me deixou mais esperançoso do que eu já estive, de que um dia eu pudesse ser tão feliz como estava hoje. Ele se iluminou quando observou Avery segurar sua filha, e não havia um olho seco no quarto quando Kade a tomou nos braços. Eu mal podia acreditar que um ano atrás ele estava em um lugar pior do que eu estava. Ele nunca teria se permitido ser feliz. Foi preciso que Avery o fizesse tirar a cabeça da bunda, e agora eles eram incríveis juntos.

O estado de exaustão de Avery era um sinal certo de que ela precisava desesperadamente de descanso. Então, depois de algumas despedidas, peguei a mão de Callie e a levei para o elevador, e o resto do grupo nos seguiu, todos com sorrisos correspondentes. Uma tarde tensa levou a uma noite mágica.


***


— Eu sinto que tudo o que fazemos é ficar na minha casa. Devo-lhe uma noite fora ou algo assim, — confessei enquanto me aproximava da minha porta da frente, estando com os braços em volta da cintura de Callie, abraçando-a.

— Estar aqui me faz feliz, Jude. Adoro passar o tempo com Kate e as crianças. É perfeito para mim, sério, — Callie disse, passando a mão suavemente sobre as minhas costas. Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim com um sorriso no rosto. — Todos vocês me fazem muito feliz.

— Mas e se eu estiver cansado de dividir você? — Fiz beicinho, e ela riu, passando a mão por cima do meu abdômen, e até meu peito. — Por que você está rindo? Eu não estava brincando.

Todas as noites ela vinha para a minha casa, ficava tão consumida pelas crianças que mal tinha tempo para compartilhar algumas palavras com ela. Deus, eu amo os dois, mas Zoey e Matthew estavam monopolizando Callie, não eu.

— O que você acha que devemos fazer em relação a isso? — Ela perguntou. O humor em sua voz de alguns segundos atrás havia desaparecido.

— Eu digo que eu te escondo e você passa a noite comigo esta noite, — eu disse, deslizando minha mão para segurar a bunda dela. — Podemos entrar e ficar por um tempo. Mas depois que eles estiverem cansados e prontos para a cama, você e eu podemos ter a nossa própria pequena festa do pijama.

Ela mordeu o lábio e concordou gentilmente.

Curvando meu pescoço apenas o suficiente para os meus lábios encontrarem os dela, eu a beijei.

O som da risada do outro lado da porta chamou a nossa atenção, e ela sorriu contra meus lábios. — Acho que é melhor entrar e aliviar a Sra. Reames. Tenho certeza que eles a cansaram.


Capítulo 13

CALLIE


— Você vai trançar meu cabelo? — Zoey se sentou na beirada da cama de Katelynn, olhando para sua mãe.

Kate parecia exausta e mal parecia capaz de manter os olhos abertos, mas ela sorriu para a menina e acenou com a cabeça.

Jude havia levado Matthew para dar-lhe um banho, e eu me sentei no sofá, assistindo a troca entre mãe e filha. Um pequeno nódulo se formava no meu estômago enquanto pensava no fato de que daqui a um ano, Zoey pode não ser capaz de ter mais momentos como este com sua mãe. Nenhum de nós sabia exatamente quanto tempo sobrava para Katelynn. Apenas sabíamos que precisávamos valorizar os dias que tínhamos.

Ela terminava a trança de Zoey quando Matthew entrou correndo na sala com uma toalha presa à cintura. Jude estava logo atrás, tentando pegar o pequeno corredor nu. Matt tinha um sorriso diabólico no rosto enquanto Jude se aproximava, segurando a cueca dele. Assistir Jude tentar pegá-lo e forçá-lo a se vestir foi uma das coisas mais engraçadas que eu já vi. Zoey cobriu os olhos, e Katelynn riu abertamente quando Matthew se lançou para esquerda enquanto Jude ia para direita. Escondi meu próprio riso atrás da minha mão. Coisas que normalmente colocavam as crianças de castigo não significavam muito mais. Todos nós tínhamos coisas muito mais importantes para nos preocupar agora.

A risada de Matthew encheu a sala quando Jude o pegou e o atirou por cima do ombro. Sua pequena bunda pelada mexeu quando ele tentou se libertar. Jude voltou pelo corredor, dizendo a Matthew o quanto era importante manter seu tesouro escondido. A conversa deixou um grande sorriso no meu rosto.

— Ele é tão bom com ele, — Katelynn disse, e virei para encará-la. Zoey ainda estava sentada ao lado dela, concentrada em Valente, que estava passando na televisão. — Com os dois, na verdade. Esse pensamento simplesmente me ajuda a enfrentar o inevitável. Eu sei que com ele os meus filhos estarão sempre seguros.

Eu sabia o que ela queria dizer, mas ainda fez meu estômago doer com tristeza. Ela nunca conseguiria ver seus filhos crescerem, se tornar adultos. Havia tantas coisas que ela nunca testemunharia. Ela havia confiado que Jude faria com que se tornassem pessoas carinhosas e amorosas, o que ela esperava que eles fossem. E Jude levou essa responsabilidade muito a sério. Isso só fez meus sentimentos por ele ficarem mais profundos. Ele era um homem maravilhoso, e agora que estava me permitindo entrar, ele se firmou no meu coração um pouco mais profundamente.

— Estou tão feliz que ele finalmente encarou os sentimentos dele por você, — Katelynn disse com um sorriso. — Você não tem ideia de quantas noites eu fiquei sentada neste mesmo lugar enquanto ele falava e falava sobre a garota no trabalho.

Suas palavras despertaram minha curiosidade. — Sério?

— Sim, — ela continuou. — Ele falou de você muitas vezes, mas sempre que eu o pressionava sobre como ele se sentia sobre você, ele sempre agia como se não o afetasse, mas eu sabia que era diferente. Eu podia ver o desejo nos olhos dele. A irritação dele veio da necessidade de controle. Acho que ele pensou que se cedesse a essa tentação, ele se afastaria de nós. Ele estava tão errado sobre isso. Estar com você só o tornou uma pessoa melhor. Eu odiava ele ficar sem o que realmente queria por tanto tempo por causa de tudo o que as crianças e eu trouxemos para a vida dele.

Eu sabia o que ela queria dizer. Ao longo das últimas semanas, eu notei Jude relaxar lentamente. Ele sorria mais, e cada vez que ouvi sua risada, eu não podia evitar, mas tinha uma sensação quente dentro de mim. Sua felicidade era algo que nós raramente tivemos um vislumbre no passado, e foi há muito tempo.

O sorriso de Kate aumentou antes de uma mão forte agarrar meu ombro e dar-lhe um aperto suave. Inclinei a cabeça para trás e olhei para Jude.

— O que vocês estão falando aqui? — Ele perguntou com um brilho curioso nos olhos.

— Nós nunca vamos dizer, — eu disse enquanto ele abaixava a cabeça e beijava a ponta do meu nariz. O movimento era tão diferente dele, mas me deu uma sensação de paz.

— Callie, você vai ler para nós? — Zoey perguntou, e me desloquei no sofá para ficar de frente para ela. Ela estendeu um livro quando Matthew se aproximou dela, os dois olhando para mim com esperança ansiosa.

Peguei o livro dela e inclinei para que eu pudesse ver o título. — Lorax, — eu disse, olhando seus rostos bonitinhos. — Nunca li isso. É bom?

Matthew assentiu antes de sua boca esticar em um grande bocejo.

— É um dos nossos favoritos. Tio Jude o lê para nós, — Zoey disse orgulhosamente, olhando por cima do meu ombro para o homem que ainda estava atrás de mim.

— Vocês dois querem dar boa noite para a mãe de vocês para irem para o quarto? Assim que vocês estiverem cobertos, eu vou começar a história.

Eles não perderam tempo. Sentei no sofá assistindo a troca de abraços e beijos que eles compartilharam com a mãe deles. Trouxe lágrimas aos meus olhos imediatamente. Por que a vida tem que ser tão injusta às vezes? E por que optar por afastar tal mulher incrível de seus lindos filhos? Eu podia sentir um caroço se formando no fundo da minha garganta, e me esforcei para esconder o efeito que a troca deles estava tendo em mim. Quando se viraram para mim, eu forcei um sorriso. — Vocês estão prontos? — Perguntei, e minha voz falhou com a emoção. Ambos assentiram com entusiasmo, e me levantei, caminhando ao redor do sofá. Os dois correram na minha frente, e Jude segurou minha cintura com o braço enquanto eu tentava passar por ele.

— Você está bem? — Ele perguntou, me observando atentamente. Balancei a cabeça, porque, sinceramente, eu estava com medo de falar. Estava fazendo tudo que podia para domar a forte mágoa no meu peito. — Você ainda planeja ficar?

Fechei os olhos com força para ganhar algum controle. Quando os abri novamente, ele ainda me olhava intensamente. — Sim, — sussurrei. — Nós temos uma festa do pijama planejada.

O canto da boca dele inclinou para cima, e não pude deixar de sorrir. — Vou acomodar Kate, e então eu vou até você. — Ele não esperou pela minha resposta ou sequer assentiu antes de baixar os lábios nos meus em um beijo suave, sem se importar que Katelynn estivesse vendo toda a nossa troca.

Dei um passo atrás e caminhei pelo corredor estreito em direção ao quarto das crianças. Essa noite se transformara em um turbilhão de emoções, e esses sentimentos ainda necessitavam se estabelecer em mim. Jude estava dificultando. Sim, a doçura dele me deu borboletas, mas eu já estava crua da troca de Katelynn com as crianças. Eu oscilava à beira da sobrecarga emocional.


Capítulo 14

JUDE


Kate adormeceu quase imediatamente depois que eu a coloquei na cama. Ela estava exausta e já passava da sua hora habitual de dormir. Eu notei que ela começava a parecer mais frágil a cada dia. Eu também sabia que teria que contratar alguém para vir e ajudar com suas necessidades, porque o que eu poderia oferecer não era mais suficiente.

Caminhando em direção ao quarto das crianças, eu podia ouvir a doçura da voz de Callie. Fiz uma pausa do lado de fora da porta, ouvindo-a ler e alterar sua voz para cada personagem. As crianças riam quando ela fazia isso, e assistir os três compartilharem este momento provocou alguma coisa em mim. No mesmo instante, a realidade da minha vida me bateu forte e meu peito encheu de amor intenso.

Quando alcancei a porta, Callie levantou a cabeça e sorriu para mim antes de apontar para que eu entrasse. Os olhos de Matthew estavam flácidos enquanto ele lutava para ficar acordado, e Zoey estava exclusivamente centrada no livro que Callie segurava.

Enquanto eu me sentava no lugar vazio ao lado de Zoey, eu estendi a mão e enrolei o braço em volta da cintura dela. Era bom tê-la em meus braços. Lutei contra a minha vontade de tê-la por mais tempo do que deveria, e agora que cedi, eu não tinha intenção de me conter por mais tempo. A vida era muito curta para perder mais tempo.

Sentei ao lado dela enquanto ela continuava lendo a história, sorrindo conforme seu rosto contorcia a cada frase para espelhar o que cada personagem sentia. Callie franzindo o nariz e estreitando os olhos quando balançava a cabeça era uma das coisas mais bonitas de se ver.

Quando a história terminou, ela olhou por cima do ombro, e segui seu olhar. Logo atrás dela, escondida de forma segura sob seu grande edredom roxo estava Zoey, roncando levemente. Na cama diante dela estava um bracinho saindo debaixo de um cobertor azul, indicando que Matthew estava em algum lugar.

— Ambos dormiram, — eu disse, me inclinando mais perto do ouvido dela. Afastando-me apenas o suficiente para ela olhar para mim, ela mordeu o lábio e concordou com a cabeça. Libertei o lábio com o polegar antes de colocar meus lábios contra os dela. Um suave gemido escapou dela enquanto eu passava a minha língua sobre a sua boca. Esse gemido só fez o meu pau contrair em antecipação.

— Você está pronta para a cama, doce menina? — Perguntei, com os meus lábios somente a centímetros dos dela.

— Sim, — ela confessou, e não perdi mais tempo. Levantando do chão, eu estendi minha mão para ela.


***


Callie era linda. Eu já sabia disso. Mas vê-la deitada na minha cama, vestindo apenas uma calcinha branca de cetim foi a confirmação. Ela olhou para mim com os lábios quase separados, e continuei absorvendo sua beleza. Ela era perfeita para caralho, e depois desta noite, não haveria dúvida de que ela era minha. E eu cuido do que é meu.

— Por que não está aqui? — Ela perguntou com um pouco de beicinho.

Colocando um joelho na cama, eu comecei a engatinhar em direção a ela. — Estava apenas te observando completamente, — eu disse a ela enquanto abria suas pernas com a minha e me estabelecia entre elas. — Você é linda, baby, — sussurrei logo antes de abaixar meus lábios nos dela.

Ela enrolou as pernas em volta da minha cintura e me puxou mais apertado contra ela. O calor de seu corpo irradiou diretamente através de minhas boxers me deixando selvagem. Empurrando meus quadris, eu pressionei minha dureza contra ela, e ela choramingou.

Callie teceu a mão pelo meu cabelo e puxou-os agressivamente. A dor era sedutora, e dirigiu minha inegável necessidade para ela.

— Quis você por tanto tempo, é como se eu não pudesse controlar isso, — ela confessou, e eu sabia exatamente o que ela queria dizer, porque eu sentia o mesmo.

— Eu tenho você, — assegurei. — E cuidarei de você.

Quando comecei a beijar o pescoço dela, ela se arqueou e pressionou os seios contra mim. No momento que passei meus lábios ao redor do mamilo e suguei, ela gemeu alto. Levantando minha cabeça, eu olhei para ela enquanto ela ofegava. — Você tem que manter a calma, Cal, — eu disse a ela, e ela balançou a cabeça. Testando-a, eu lancei minha língua sobre o pico endurecido, e ela engasgou. Eu ri com a reação dela e rapidamente continuei meu caminho até seu estômago.

Ela estava necessitada e mostrou seu entusiasmo quando levantou seus quadris. — Está com pressa? — Perguntei, e ela balançou a cabeça novamente.

— Eu quero tanto, — ela sussurrou.

Deslizei meus dedos ao longo de seus quadris, enganchando-os debaixo de sua calcinha e comecei a baixá-la. O material branco deslizou por suas coxas e sobre os joelhos. Quando ela levantou as pernas para chutá-la pelo resto do caminho fora, eu lutei contra meu riso. Ela falava sério sobre querer muito.

Quando ela estabeleceu suas mãos na minha cintura, apressadamente empurrou minhas boxers para baixo. Quando elas estavam no chão junto com a calcinha, ela me agarrou e tentou me puxar para mais perto. Meu pau deslizou contra a sua excitação, provocando calafrios em mim enquanto eu lutava contra o impulso de enchê-la.

— Preciso colocar um preservativo, — eu disse, mas ela balançou a cabeça.

— Estou limpa, e tomo a pílula religiosamente, na mesma hora todos os dias. Por favor, — ela implorou.

— Você confia em mim? — Perguntei.

Ela já sabia que eu estava limpo. Inferno, já faz um longo tempo desde que eu estive com uma mulher. Mal tinha tempo para as minhas responsabilidades.

— Sim, eu confio, — ela respondeu e estendeu a mão entre nós. Quando ela colocou os dedos em volta do meu pau e acariciou delicadamente, eu fechei os olhos, absorvendo seu toque.

Quando a senti com meu pau, eu não perdi mais tempo. Sua mão caiu e um gemido alto a rasgou quando dirigi dentro dela. Cobri sua boca com a minha para abafar o prazer quando ela levantou os quadris para me levar apenas um pouco mais profundo. Rodei meus quadris, esfregando contra seu ponto doce. Callie mordeu meu lábio inferior e eu gemi, afastando-me apenas o suficiente para olhar para ela. Ela estava fodidamente louca de necessidade e parecia incrível, mas se não quiséssemos ser interrompido por uma das crianças, precisávamos manter isso sob controle.

— Shh, baby. Temos que ser silenciosos, — eu disse a ela. — Você pode fazer isso por mim?

Ela assentiu com a cabeça e mordeu o lábio, tendo respirações lentas e profundas através do nariz.

Vi seus olhos quando me retirei e, em seguida, deslizei dentro do calor dela novamente com facilidade. Seus grandes olhos verdes reviraram de prazer, e naquele momento eu quase enlouqueci. Porra, foi incrível quando sua boceta me apertou. — É tão bom, Callie. Inacreditável.

Ela colocou os braços em volta dos meus ombros e me puxou para mais perto. — Vou ficar quieta, eu prometo, — ela sussurrou. — Apenas se mova, Jude. Por favor, eu preciso tanto de você. — Mordendo os lábios novamente, ela trancou seus olhos com os meus. Meu coração inchou em meu peito enquanto eu começava a me mover em um ritmo constante. Seu corpo me aceitou, alimentando-se do que eu dava a ela. Eu soube naquele momento que eu nunca mais seria o mesmo.

Callie estava mudando algo dentro de mim. Ela me dava algo que eu precisava, mas não tinha ideia do quanto até então. Ela me deu esperança de que, mesmo em toda a escuridão iminente da minha vida, ainda era bom. Callie era a minha luz.


Capítulo 15

CALLIE


Estiquei meus braços acima da minha cabeça e sorri para a dor que senti em todo o meu corpo. Após uma noite de sexo incrível, era uma dor bem-vinda. Eu sempre soube que Jude seria incrível na cama – o homem tinha um corpo pecaminoso – mas nunca imaginei que possuiria habilidades como essa. Um sorriso cobriu meus lábios quando me lembrei de como me tomou por trás enquanto eu abafava meus gritos no travesseiro.

— Por que você está sorrindo tanto, baby?

Meus olhos se abriram, e olhei para minha esquerda, vendo seu peito nu e ombros largos. — Memórias, — eu disse, permitindo que meus olhos errantes finalmente encontrassem os seus.

Ele riu. — Você vai me matar.

Eu ri quando ele agarrou minha cintura e puxou meu corpo em cima do seu. Minhas pernas se separaram, e o montei, com seu pênis descansando entre nós. Eu balançava contra ele e ele gemeu.

— Acho que criei um monstro, — ele disse com um sorriso.

— Também acho, — concordei, levantando apenas o suficiente para colocar sua dureza contra mim. Comecei a baixar o meu corpo sobre o dele, e ele agarrou meus quadris antes de empurrar para cima e me encher.

Era como se compartilhássemos nossos corpos um com o outro durante anos quando começamos a nos mover em sincronia, e em um momento, ambos chegamos ao ponto de êxtase.


***


— Alguém tem um grande sorriso no rosto, — Harper disse com um sorriso maroto. Quinn e Harper se jogaram sobre mim no momento em que entrei no Allure para o nosso habitual dia de spa, menos Avery, desta vez. Ela ainda estava se recuperando, e ela e Kade estavam se acomodando na paternidade.

Quinn e Harper olhavam para mim, seu radar de fofocas sintonizado em capacidade máxima, necessitando de alguns detalhes sujos.

— Não tenho ideia do que você está falando, — eu disse quando coloquei a minha bolsa no balcão e puxei o grampo do meu cabelo. Correndo os dedos através dos nós, evitei contato visual.

— Você é uma mentirosa, — Quinn gritou. — Conta. Ninguém anda por aí com esse tipo de sorriso sem uma razão.

— Sim, uma razão muito grande e mágica , — acrescentou Harper. Olhei para ela e soube que ela não havia terminado ainda. Seu filtro nunca esteve no lugar. Ela era pior do que qualquer homem que já conheci. — Jude me parece o tipo de homem que deixa uma mulher muito satisfeita. Ele pode não mostrar, mas aposto que é uma porra de máquina.

— Oh meu Deus, Harper. — Quinn abaixou a cabeça e riu.

— O que? Só digo o óbvio. Callie está brilhando, e isso é um sinal certo de que ela acabara de sair de um maldito passeio. — Harper encolheu os ombros antes de olhar para mim com um sorriso. — E pelo olhar no rosto dela agora, eu sei que estou certa. Jude finalmente deu a Callie uma farra dura e boa.

— Você é horrível, — eu disse, e me deixei cair na cadeira ao lado de Quinn, um sorriso puxando meus lábios. — E você está totalmente correta, — confessei.

— Deus, eu sabia disso. Ele é todo dominador e obstinado, mas em portas fechadas, cuidado. — Harper fingiu um arrepio de excitação.

— Hum, porque você está ficando toda animada? Tenho certeza que Easton tem algumas habilidades, — respondi.

— Porra sim, ele com certeza tem, — ela disse. — Mas ele está em Miami a três dias, e juro que estou passando por uma abstinência. Estou meio tentada a dirigir até lá apenas para uma rapidinha. Tenho uma coceira que um vibrador não satisfaz. Preciso da coisa real.

Harper fez beicinho, e isso era algo que ela raramente fazia. Quinn e eu compartilhamos um olhar antes de começarmos a rir de sua irritação.

— Estou contente que as coisas finalmente mudaram para vocês, — Quinn disse com um sorriso. — Jett disse que nunca viu Jude sorrir tanto.

A imagem de Jude sorrindo encheu minha mente. Ele era lindo, não importava qual humor estava, mas quando sorria, realmente enfraquecia meus joelhos e fazia coisas malucas para o meu coração.

— Então, como Katelynn está? — Quinn perguntou, mas eu podia sentir a hesitação dela. Kate era um assunto delicado para qualquer um que sabia o resultado iminente de sua doença.

— Ela faz uma cara muito corajosa na frente das crianças, caramba, mesmo na frente de Jude, mas às vezes é impossível esconder. Ela está cansada mais frequentemente do que não, e ultimamente está ficando enjoada no meio da noite. — Lágrimas encheram meus olhos. — Zoey está percebendo, mas Matt ainda está alheio. É difícil assistir. Me sinto impotente.

O silêncio se instalou, e Quinn apertou meu ombro para conforto.

— É assustador e imprevisível. Eu só gostaria que houvesse algo que eu pudesse oferecer. — Dei de ombros.

— Você tem, — Quinn disse. Olhei e encontrei o olhar dela. — Você está lá para eles. As crianças a adoram, e Jude. — Ela sorriu. — Aquele homem te ama, e você estar lá ajuda mais do que você acha.

Eu temia o que perder Katelynn faria com todos nós. Afeiçoei-me tanto a ela, e perdê-la não só quebraria as crianças e Jude, me quebraria também.

Quando Harper arrumou o espaço para a nossa massagem, um pensamento me ocorreu, e limpei a lágrima que escapara e rolara pela minha bochecha. Mudei-me na cadeira e olhei para ela.

— Ei, Harp, — eu disse, e o tom na minha voz imediatamente chamou a atenção dela.

— Sim? — Seu foco total estava agora em mim.

— O que você acha de mudar o dia de spa para o apartamento de Jude? Quero dizer, ele é pequeno, e nós provavelmente não poderíamos colocar uma mesa de massagem lá, mas eu estaria disposta a desistir da minha se eu pudesse ver um sorriso genuíno de Katelynn. — As lágrimas que eu tentava segurar caíram forte, e já não tentei segurá-las. — Acho que um pouco de mimos para Katelynn pode dar-lhe aquele sorriso. Não posso pensar em alguém que mereça mais do que ela.

Harper raramente ficava emotiva, mas naquele momento ela também lutava contra as lágrimas. — Eu não poderia concordar mais.

Assim, foi resolvido. Nosso dia de spa mudara de localização, e a perda da minha massagem e tratamento facial não me irritou nem um pouco. Eu abriria mão de uma vida de mimos se isso significasse que eu poderia dar a Katelynn a alegria que ela merecia.

Peguei meu telefone e liguei rapidamente para Jude. Eu queria que ele soubesse dos nossos planos.


Capítulo 16

JUDE


— Mas eu queria ficar em casa. Eu estava brincando com meus caminhões, — Matthew fez beicinho do banco traseiro. Seus bracinhos estavam cruzados desafiadoramente sobre o peito, e seus lábios pressionados firmemente juntos em uma careta. — As meninas são más.

Esse comentário me fez rir. Um dia ele mudaria de ideia.

Dizer que fiquei chocado quando Callie ligou seria um eufemismo, e quando ela começou a explicar seus planos, me senti ainda mais apaixonado pela mulher que eu sabia que já amava. Ela era tão altruísta. Ela explicou que ela, Quinn e Harper estavam levando o dia de spa quinzenal para a minha casa. Zoey ficou igualmente animada com a ideia de passar um dia com as meninas e sorriu quase tão brilhantemente quanto Katelynn quando Harper e as outras começaram a descarregar as maletas e coisas de cabelo.

Joguei um Matthew mal-humorado sobre o meu ombro e dei uma piscadela para Callie antes de deixá-las desfrutar o dia delas.

Primeiro pensei que poderia domesticar a pequena besta oferecendo sorvete, mas isso durou apenas cerca de dez minutos antes de ele começar a reclamar novamente. Então tentei levá-lo ao parque, mas ele ficou aborrecido quando não havia ninguém lá para brincar. Meu corpo grande não caberia no trepa-trepa, por isso a minha ideia de ser o amigo de jogo dele caiu rapidamente.

Paramos no Jett por aproximadamente uma hora, onde Jett e eu o trancamos no escritório conosco e o deixamos correr solto. Quando ele encontrou o banheiro escondido no canto de trás, eu deveria ter sabido que era um desastre em formação, mas me distraí conversando com Jett. Quando os olhos de Jett se arregalaram em diversão enquanto olhava por cima do ombro, eu sabia que não poderia ser um bom sinal.

Lentamente me virei na cadeira e vi meu sobrinho, que agora estava encharcado do pescoço até os joelhos. Ele deu de ombros para mim como se não houvesse absolutamente nada fora do comum. — O quê? — Ele perguntou com a sobrancelha arqueada em questionamento. O garoto era um adolescente arrogante preso no corpo de uma criança.

Jett riu, e eu olhei por cima do meu ombro para ele. — Por que diabos você está rindo? — Perguntei. — Se ele está assim, eu odiaria imaginar como está o seu banheiro. — A risada de Jett parou, e seu rosto se transformou em um olhar horrorizado, o que por sua vez só me fez rir. — Isso, quem está rindo agora?


***


Após desperdiçar a maior parte de três horas, peguei Matt, e seguimos para casa. Parando, eu deixei meu olhar vagar em direção ao último apartamento. Ainda não tinha ideia do que diabos Easton planejava com ele, mas sabia que era algo que eu provavelmente não ficaria muito feliz. Este apartamento particular estava vago e estivera assim por mais de seis meses. Ele agora foi demolido. As janelas e portas estavam sendo substituídas por outras, e o telhado foi convertido em outro andar. Parecia que eles estavam adicionando um andar de cima.

Easton se recusou a compartilhar qualquer informação comigo, me dizendo que estava apenas melhorando o edifício. Mas eu sabia que era muito mais do que isso.

Abri a porta traseira e ajudei Matthew a sair do assento, e ele imediatamente correu para a nossa porta da frente. Um dia com o tio Jude já não era bom o suficiente. Fui trocado por Callie. Ele a adorava, e embora ele fingisse pensar que meninas eram más, eu sabia que Callie foi excluída dessa queixa. Ela estava lá em cima, bem ao lado da mãe dele agora, e isso me aqueceu intensamente.

Ele abriu a porta da frente, e corri para apanhá-lo. Quando entrei no apartamento, eu congelei na porta e vi a cena diante de mim. Meu peito apertou, e minha garganta queimou instantaneamente.

Katelynn estava em sua cadeira com um sorriso enorme no rosto. O longo cabelo loiro foi cortado mais curto, de um jeito que mal tocava os ombros, e enrolado para fazer seu cabelo fino parecer mais grosso.

— O que você acha? — Ela perguntou, virando a cabeça de um lado para o outro.

Balancei a cabeça e minhas narinas queimaram quando me esforcei para esconder minhas emoções. — Lindo, — eu disse. — Já volto. — Prendi meu queixo ao meu peito e caminhei pelo corredor. Logo que eu estava dentro do meu quarto, eu coloquei minhas mãos na borda da cômoda e tomei um momento para apenas respirar.

— Nós fizemos algo errado? — O sussurro suave de Callie veio atrás de mim e me fez fechar os olhos com força. — Ela disse que o queria mais curto. Nós apenas pensamos que com tudo...

Não lhe dei tempo para terminar, mas me virei e fechei a distância entre nós. Os olhos dela se arregalaram de surpresa quando agarrei sua nuca e a puxei contra mim. Cobrindo sua boca com a minha, eu a beijei forte e a apoiei na parede ao lado da porta aberta do quarto. Callie apertou minha camisa e cedeu ao beijo.

Eu tinha tantas emoções correndo por mim, e não tinha ideia de como controlá-las. Meu coração doía, literalmente, ao pensar no que ela havia oferecido a Katelynn hoje. Eu me afastei, e quando ela abriu os olhos, eu cedi para os sentimentos dentro de mim. — Eu amo você, Callie, — sussurrei, e uma lágrima correu pela minha bochecha. Seu olhar deslocou-se para ela antes de encontrar o meu novamente.

— Você é incrível, e o que você deu a Katelynn hoje significa muito. Você faz parte de mim, — eu disse a ela, segurando a mão dela e colocando-as sobre o meu coração. Olhando diretamente em seus olhos, tentei transmitir apenas uma pequena quantidade de que eu sentia. — Você se tornou uma parte tão importante da minha vida, uma parte das vidas deles, e realmente te amo muito por tudo o que nos deu ao longo destas semanas. Eu nunca a deixarei ir. Preciso que você saiba disso.

Ela assentiu com a cabeça enquanto olhava para mim com os olhos brilhantes. — Eu te amei por um longo tempo, — ela confessou, e fechei os olhos com força, permitindo que suas palavras se afundassem e aliviassem um pouco da dor que eu sentia. — E mesmo se você tentasse me deixar, eu não o deixaria. Porque acho que eu não poderia viver sem todos vocês na minha vida.

E com essas palavras, as lágrimas caíram. Descansei minha cabeça contra a dela, pois levamos um momento para apenas sentir a presença um do outro. Foi calmante saber que ela sentia o que eu estava sentindo.

Eu sabia que meu futuro só aguardava mais dores, mas Callie me ajudaria a enfrentar. Eu tinha certeza disso, porque era o que me segurava agora.


Capítulo 17

CALLIE


— Tem certeza que você está pronta para isso? — Perguntei a Katelynn quando Jude a baixou em sua cadeira de rodas.

Ela abriu um grande sorriso e acenou com a cabeça. — Sim, uma noite fora com os adultos soa incrível. Eu posso me sentir adulta e vibrante por algumas horas. — Ela piscou quando Jude virou os pinos de pé.

Inclinei-me para agarrar a perna esquerda e coloquei seu pé no pedal. — Tudo bem então, vamos ter um pouco de tempo adulto, — eu disse, me posicionando ao lado e deixando Jude empurrá-la em direção a porta da frente da casa de Easton e Harper. Eles convidaram todos para uma celebração. Aparentemente, Avery e Kade fizeram uma visita surpresa ao cartório há dois dias, e pensaram que todos simplesmente deixariam isso passar. Harper e Quinn decidiram agir as escondidas e organizaram uma recepção, e dar a Katelynn uma chance de sair de casa foi a primeira coisa que pensei quando Quinn ligou com o convite.

Jett abriu a porta quando nos aproximamos e deu um passo para o lado, permitindo-nos entrar. A casa foi decorada numa verdadeira moda Harper, chamativa e exagerada. Avery estava do outro lado da sala, segurando sua filha pequena nos braços enquanto seu agora marido, Kade, pairava sobre ela com um olhar de puro amor incondicional enchendo seu rosto. Eu ainda sentia uma inveja quando os via juntos. Eles superaram alguns obstáculos difíceis para chegar onde estavam, e não poderiam ser mais perfeitos para o outro.

Um beijo suave contra o meu pescoço trouxe calafrios em meus braços, e virei apenas o suficiente para espreitar Jude. Ele sorriu para mim. — Você pode parar de admirar o amor deles, baby. — Ele me beijou mais uma vez antes de andar e empurrar Katelynn pela sala.

Não tinha ideia de que ele já havia notado meu desejo de ter o que eles tinham. Acho que não fui muito discreta sobre isso. Caminhei até Avery e me ajoelhei diante dela, admirando o doce anjinho em seus braços. Willow era uma réplica exata de sua mãe, até o lábio superior em forma de coração.

— Ela é tão bonita, — eu disse enquanto traçava o contorno do rosto de Willow com o dedo. Seu olho se contraiu com o meu toque, e Avery riu.

— Ela é muito perfeita, não é?

— Sim, — eu disse, e permanecemos ali, observando cada polegada de seu rosto doce.


***


— As coisas aparentemente estão indo muito bem para você e Jude. — Eu me virei para o som da voz de Kade enquanto dava um passo para o lado.

Estive observando quietamente o grupo do pátio. Todos se aproximaram da piscina e eu usara a desculpa de precisar usar o banheiro para ficar para trás. Queria apenas alguns momentos para absorver tudo.

— Sim, estão. — Eu conhecia Kade há anos, inclusive durante algumas de suas épocas mais sombrias, por isso o fato dele encontrar a felicidade significava o mundo para mim. Ele merecia alegria depois de todos os seus anos de dor e insegurança. Kade tinha tanto amor para dar, e receber esse amor seria um inferno de uma aventura para Avery.

— Então, por que a cara triste, Cal? — Ele perguntou

Kade me conhecia bem.

— Estou com medo, — sussurrei, e as lágrimas que eu tentava esconder reuniram nos meus olhos.

Ele colocou seu braço em volta dos meus ombros e me puxou para perto. Eu cedi para o conforto e descansei minha cabeça em seu ombro. — Fale comigo.

Levei um momento para acalmar a dor em meu peito. — O que acontece quando ela se for? — Sussurrei, e aquele ardor em meus olhos que eu domara voltou de repente, como uma vingança. — Porque, Kade, isso vai acontecer. E quando acontecer, vai esmagá-lo. E se eu o perder? E se a felicidade que encontramos desaparecer? E não é só isso. Perder Katelynn me mudará também, e não sei como nossos corações poderão permanecer inteiros após perderem alguém tão incrível como ela.

Kade me segurou ao seu lado enquanto me permitia ceder um pouco. Senti-me bem para deixar isso sair. — Vocês terão um ao outro. Vocês precisarão um do outro, — ele sussurrou. — Vê aquele cara ali?

Olhei para Kade e encontrei-o olhando para o quintal. Seguindo seu olhar, eu encontrei Jude olhando diretamente para nós com um olhar confuso. Ele se inclinou e cochichou alguma coisa no ouvido de Katelynn. Ela acenou para ele e continuou conversando com Avery e Quinn, não afetada por nada do que ele disse.

Meu coração disparou enquanto ele caminhava para Kade e eu. — Ele te ama, Callie. Você precisa dividir seus medos com ele. Porque guardar essa merda nunca ajuda, querida. Isso é algo que eu posso garantir para você.

No momento em que Jude deu um passo na nossa frente, Kade me soltou. — Sua menina precisa de você, — ele disse antes de me empurrar para os braços de Jude e se afastar.

Jude colocou a mão debaixo do meu queixo e inclinou minha cabeça para olhar em meus olhos. — O que está acontecendo, Callie?

Ele parecia preocupado, e eu odiava colocar essa preocupação lá. — Me desculpe. Eu não deveria fazer isso agora. Não é o lugar ou a hora. Apenas fui pega no momento e me senti um pouco sobrecarregada. Podemos falar sobre isso mais tarde.

— Não. — Seus olhos enrugaram com a determinação. — Vamos falar sobre isso agora.

Tentei ignorar o fato de que a voz dele estava atada com irritação. Eu o pegara de surpresa com lágrimas, e tenho certeza que me encontrar nos braços de Kade não ajudou. A única coisa que ele sabia é que nós estávamos tendo uma grande noite e eu acabara de sair para usar o banheiro.

— Você se importaria de me dizer o que está acontecendo?

— Acabei de perceber — eu disse.

— O que você percebeu? — Ele me soltou, e imediatamente olhei para o chão. — É demais, não é? Minha vida e toda a bagagem.

Mexendo-me, olhei para cima, encontrando seu maxilar rígido e um olhar de mágoa cobrindo suas feições. — Não, — eu disse, e minha voz falhou. — Nunca pense isso, Jude. Eu te amo. Eu amo todos vocês. Você, Kate, e as crianças são parte da minha vida, e eu nunca mudaria isso.

Seu rosto suavizou quando ele estendeu a mão e pegou a minha. — Então o que é? — Ele entrelaçou os dedos com os meus e me puxou para mais perto, descansando nossas mãos agora unidas sobre seu coração. — Porque estou um pouco assustado no momento.

— Estou com medo, — confessei. — Sei que não posso impedir que isso aconteça, mas eu daria qualquer coisa para garantir que Kate estivesse aqui para sempre. E vê-la tão feliz esta noite... — deixei meu olhar vagar em direção a Katelynn. Ela sorria para as meninas, e pela primeira vez, ela parecia tão viva e cheia de emoção.

— Também estou com medo. — A resposta de Jude fez meu peito apertar ainda mais com a ansiedade. — Eu precisarei de você. As crianças precisarão de você também. — A voz dele vibrava de emoção. — Diga para mim que a teremos. Agora que a deixei entrar, eu não sei se posso te deixar ir.

Retirei minha mão da dele e o abracei. — Eu não vou a lugar nenhum. Vocês me têm. Mas eu precisarei de você também, Jude.

Ele apertou seus lábios contra a minha testa, e relaxei contra seu peito. O calor do seu abraço começou a aliviar a dor dentro de mim apenas o suficiente para que eu pudesse me permitir ganhar algum controle.

— Posso te pedir um favor? — Jude sussurrou junto ao meu ouvido.

— Qualquer coisa, — assegurei a ele, instintivamente esfregando a parte inferior das suas costas com a palma da minha mão.

— A partir de agora, traga seus medos para mim. — Imediatamente me afastei para olhar para ele. — Cabe a mim corrigir essas preocupações, e não Kade.

— Jude, — sussurrei, e essas malditas lágrimas se juntaram mais uma vez.

Ele colocou uma mão em cada lado do meu rosto antes de baixar seus lábios nos meus. A doçura de seu beijo era tão diferente dele, e ele se afastou completamente rápido demais. — Apenas me diga que a partir de agora você virá a mim com o que pode estar te incomodando. Não importa se acha que vai me perturbar ou prejudicar, você traz esses medos para mim, querida.

Balancei a cabeça.

— Porque não gosto que qualquer outro homem, seja seu amigo ou não, cuidando de coisas que eu deveria cuidar. Você é minha garota, Cal, — afirmou com convicção. — Minha.

— Sua, — respondi, e ganhei um sorrisinho antes de ele colocar seus lábios nos meus mais uma vez.


Capítulo 18

CALLIE


— Então. — Harper encolheu os ombros e se virou de costas para nós, começando a vascular seu armário. — Estou grávida.

Um grito muito alto de excitação escapou de Avery, e a boca de Quinn caiu aberta em estado de choque. Pisquei algumas vezes, me perguntando se ouvira corretamente.

— E vamos marcar uma data para o casamento, — acrescentou, com as costas ainda para nós.

— Quando? — Perguntei.

Harper virou então, e seu sorriso era enorme. Dava para sentir a emoção fluindo dela em ondas. — Estou com cerca de sete semanas, e o casamento é em novembro. — Ela finalmente se sentou na extremidade da cama, ao lado de Avery.

Levantei da cadeira e atravessei o quarto para me juntar a elas. Quinn ainda estava de costas, encostada no batente da porta do banheiro, acompanhando Harper atentamente. Ela tinha um sorriso nos lábios. Eu tinha certeza que ninguém havia notado ainda. Alguma coisa estava acontecendo, e ela estava calmamente à espera de sua chance de revelar.

— Novembro é um pouco mais de um mês. Como no inferno vamos fazer um casamento nesse curto período de tempo? — Avery perguntou.

— Eu cuido disso, — Harper garantiu a ela.

— O que você quer dizer com isso? — Perguntei.

— Easton já falou com Jett sobre o local do casamento e a recepção. Nós não faremos nada grande ou chamativo, apenas pequeno e intimista. Tudo que eu preciso é a minha família e nossos amigos próximos. Portanto, há muito pouco para planejar. — Harper deu de ombros novamente, como se isso fosse tudo. Ela olhou para cima e encontrou Quinn ainda encostada no batente da porta do banheiro. — Por que diabos você está aí me olhando desse jeito?

Quinn sorriu, e uma pequena risada caiu de seus lábios. — Bem, eu estou tentando decidir se eu deveria contar minhas notícias ou esperar alguns dias agora.

Elas compartilharam alguma pequena conversa usando apenas seus olhos. Foi muito engraçado ver seus rostos franzirem e depois se transformar de repente em choque. Estava prestes a perguntar o que diabos estava acontecendo quando Harper quebrou o silêncio.

— Não, você não está. — Ela pulou da cama e seu sorriso cresceu ainda mais. — De quanto?

— Quase dez semanas. — Quinn sorriu amplamente.

— Você está grávida também? — Avery perguntou e se levantou da cama, caminhando em direção a Quinn.

— Sim, nós íamos esperar até passarmos o primeiro trimestre para revelar nossas novidades. Mas eu disse a Jett ontem à noite que o segredo estava me corroendo, por isso concordamos em contar a todos. Tenho certeza que Easton e ele estão falando sobre isso enquanto conversamos. — Ela encolheu os ombros.

— Bem, Kade vai aproveitar a oportunidade para assustá-los tremendamente, contando todos os tipos de histórias de horror de bebês. Tenho certeza que eles voltarão pálidos e apavorados para casa. — Avery riu ao pensar nisso e voltou para a cama, sentando na borda.

Quinn e Harper olharam entre Avery e elas antes de romper em gargalhadas.

— Oh, será tão divertido torturá-los, — Harper disse enquanto seus olhos brilhavam com as possibilidades, e de repente me senti um pouco mal por Jett e Easton. Eles realmente não tinham ideia do que os próximos meses reservavam para eles.


***


Mandei uma mensagem para Jude cerca de uma hora atrás, e ele ainda não respondeu. Meu dia com as meninas demorou mais do que inicialmente previmos, mas quando todas nós nos juntamos isso tendia a acontecer.

Parei no supermercado para pegar os ingredientes para assar cupcakes, porque prometi a Zoey que os faria esta noite. Estava em meu próprio mundinho, cantando junto com o rádio estourando, me sentindo feliz e despreocupada após um grande dia com as minhas melhores amigas.

Quando virei à esquerda para o beco sem saída onde ficava o complexo de apartamentos de Jude, meu coração tremeu no meu peito. Luzes piscando em vermelho e azul iluminavam a frente do apartamento. Lágrimas brotaram dentro dos meus olhos enquanto eu parava bruscamente logo à esquerda do carro de Jude.

Fiquei congelada no lugar, observando os paramédicos tirarem Kate do apartamento, Jude seguindo ao lado dela. Eu sabia que deveria ir para ele, mas o medo do que estava acontecendo assumiu e eu não conseguia me mover. No entanto, quando vi Zoey sair correndo do apartamento chorando, abri minha porta e corri pelo gramado da frente até ela. Caindo de joelhos na frente dela, eu a envolvi em meus braços e olhei para cima para encontrar Jude olhando para nós com lágrimas nos olhos.

— Eu fico com ela, — assegurei a ele, e ele acenou com a cabeça antes de entrar na ambulância.

Zoey soluçou, estendendo os braços em direção a ela quando os paramédicos fecharam as portas. Eu podia ver Jude pela janela e ele parecia tão perdido, dividido entre estar com Katelynn e cuidar de Zoey.

Levantei e a levantei em meus braços. — Estou com você, querida, — sussurrei, e a levei para o apartamento. A Sra. Reames estava na porta, suas próprias bochechas coradas com lágrimas frescas, um Matthew aterrorizado agarrado a suas pernas.

— Ela começou a tossir e não conseguia parar, — ela sussurrou. — Então o sangue... Ela engasgou. Não sabia mais o que fazer, além de ligar para o 911.

— Ela ficará bem, — eu disse. Não sabia se eu acreditava em minhas próprias palavras, mas eu precisava ser forte. Zoey e Matt estavam aterrorizados, e precisei segurá-la juntos a eles.


Capítulo 19

JUDE


A enfermeira que estivera ao lado da minha irmã a noite toda colocou a mão no meu ombro. — Como você está? — Ela sussurrou.

Ela era jovem, talvez em seus vinte e tantos anos. Seu sorriso era genuíno, e tinha os olhos mais verdes que eu já vi. Ela insistiu que eu a chamasse de Nora.

— Estou bem, — eu disse.

É claro que ela viu através da mentira que eu acabara de alimentá-la. — Precisa de alguma coisa? Café, talvez?

— Claro. — Forcei um sorriso. — Obrigado.

Deixei minha cabeça descansar contra a cadeira, fechando os olhos mais uma vez. Quase não dormi uma hora inteira ao longo de toda a noite.

Kate tinha pneumonia, e para um paciente já lutando contra o câncer metastático, isso só deixava a batalha mais difícil. Se eu tivesse prestado mais atenção em Kate, poderia ter visto os sinais. Mas estava tão envolvido com minha própria vida que perdi as mudanças. Não notei os calafrios e o suor intenso. Perdi o aumento do cansaço que ela vinha apresentando. Não consegui fazer o que eu disse que sempre faria – cuidar dela.

— Pare com isso, — um sussurro rouco encheu a sala silenciosa.

Abri os olhos e olhei para a cama de hospital para encontrar Kate olhando para mim com desaprovação.

— Parar com o quê? — Perguntei. Eu já sabia que ela havia me descoberto. Ela desenvolvera a capacidade de me ler como um livro.

— Isso não é culpa sua. Ignorei os sintomas, Jude. Não lhe disse como eu estava sentindo. Achei que era apenas parte do processo. O médico disse que eu teria dias bons e ruins. Então, eu só ignorei os meus dias ruins. — Ela tomou uma respiração profunda enquanto seus olhos caíam de exaustão. — Vá para casa e cheque meus bebês. E pare de jogar o jogo da culpa.

— Eu não vou embora, — eu disse sem hesitar.

— Sim, vai, porque não posso dormir com você pairando sobre mim. É perturbador. — Um sorriso puxou seus lábios. Essa era Kate. Mesmo em seus piores momentos, ela ainda me repreendia. — Além disso, você precisa de um banho.

— Espertinha. — Minha brincadeira foi forçada, mas eu sabia que ela tentava tirar o melhor da nossa situação atual. As palavras de seus oncologistas esta manhã continuavam tocando mais e mais na minha cabeça. — Seu sistema imunológico não é o mesmo de antes. A pneumonia se instalou em seu pulmão esquerdo, e é muito agressiva. — Desde então, ela teve rodadas de fortes antibióticos de forma contínua. Eles também lhe deram esteroides, em uma tentativa de reforçar seu pulmão. Era um tiro no escuro, mas neste momento nós tentaríamos qualquer coisa para ajudar.

Uma das coisas mais difíceis que eu já tive que fazer foi ficar ao lado dela, incapaz de oferecer qualquer tipo de ajuda. Passei tantos anos cuidando de Katelynn, Matthew e Zoey, mas agora chegara a um ponto onde eu não poderia consertar as coisas. Eu não podia mais ser o herói que Katelynn precisava em tempos difíceis. Esse fato estava acabando comigo, e eu sabia que nunca seria capaz de aceitá-lo.

— Você precisa aceitar isso, Jude. — O sussurro fraco de Katelynn me trouxe de volta ao presente. Meus olhos encontraram os dela, e meu peito imediatamente queimou com a sobrecarga emocional. Katelynn olhou para mim enquanto lutava para permanecer acordada. — Vai acontecer. Nós temos que enfrentar.

— Chega, — forcei após o nó na minha garganta.

— Jude, — Katelynn sussurrou.

— Kate, eu não posso fazer isso. — Eu me inclinei e coloquei a cabeça entre as mãos. — Agora não, por favor. Não me faça ter essa conversa. O que eu farei sem você? Como serei tudo o que Matt e Zoey precisam, Katie? — Meu peito vibrou com o soluço que me escapou. — Estou com medo de um mundo sem você.

Olhei para cima quando ela não respondeu e fiquei surpreso ao descobrir que ela havia adormecido. Permaneci ao lado da cama, e o som de sua respiração difícil só deixou a realidade do nosso futuro mais clara.


***


Eu cochilei e fui novamente despertado pelo som de alguém entrando no quarto de hospital. Esperava que fosse uma enfermeira ou um membro da equipe do hospital, então não abri meus olhos.

Isso foi até o rico aroma de baunilha que aprendi a amar encher a área em torno de mim. Não tinha ideia se era a falta de sono ou a minha necessidade de conforto, mas me virei na cadeira assim que Callie deu um passo ao meu lado. Passei meus braços em torno de sua cintura e enterrei minha cabeça contra seu estômago, minha garganta queimando enquanto lutava contra as lágrimas.

Quando Callie passou os dedos pelo meu cabelo, a esperança que eu tinha de manter minhas emoções controladas vacilou. Meu corpo tremia quando as permitir sair de mim.

— Não sei se sou forte o suficiente para fazer isso, Callie, — confessei.

Ela me soltou e se ajoelhou na minha frente, colocando uma mão em cada bochecha. — Você é, — ela disse. Seus olhos estavam cheios de lágrimas que se soltaram e lentamente rolaram pelo seu rosto. — Você é tão forte, Jude.

— Sinto que estou falhando. Como se a minha força estivesse escorregando e eu estivesse caindo rapidamente. Acho que não posso me segurar. — Olhei para ela, não me importando se eu parecia ser fraco.

— Então caia, — ela sussurrou. — Caia, e me deixe pegá-lo. Às vezes, na vida você só precisa soltar e permitir-se ser aquele recebendo o apoio. Basta soltar, Jude. Por favor, apenas solte.

Continuei respirando profundamente, recusando-me a ceder à dor. Eu precisava ficar forte para Kate, Zoey e Matthew. Eles precisavam disso de mim. Mas quanto mais eu olhava nos olhos de Callie, mais difícil era segurar. Ela estava me dando uma saída, a chance de sentir totalmente, sem julgamento. E saber disso tornou mais fácil soltar a minha última pequena determinação.


Capítulo 20

CALLIE


Entre meus turnos no Jett e o meu tempo no apartamento de Jude, junto com visitas ao hospital e preparação para o casamento de Harper e Easton, os dias começavam a se misturar. Enquanto isso, Katelynn ainda lutava contra a pneumonia interminável. Era como se uma nuvem negra pairasse sobre todos nós, mas continuamos tentando manter uma cara feliz para as crianças.

Jude passou a maior parte dos dias, e até as noites, no hospital ao lado de Katelynn. Ele achava quase impossível deixá-la. Mas entre Jett, Quinn, e o resto dos nossos amigos, tivemos uma incrível equipe disposta a oferecer toda e qualquer ajuda que podiam. Eles pegaram turnos para sentarem ao lado de Jude, oferecendo-lhe apoio e confiança.

Zoey e Matthew também ficaram próximos dos meus pais. Quando precisei trabalhar, minha mãe os levava sob sua asa e os mimava, e eles a adoravam. O sentimento no que concernia aos meus pais era mútuo.

Eu havia acabado de terminar o meu turno no restaurante e decidi que iria ver Jude e Katelynn antes de ir à casa dos meus pais para pegar as crianças. Quando saí do elevador e caminhei em direção ao quarto de Katelyn, eu podia ouvir vozes saindo da porta parcialmente aberta.

— Não posso aceitar isso, Easton. Não parece certo. — Jude tentava dizer de forma austera e simples, mas sua falta de descanso só o fez soar derrotado.

— Não estou perguntando se está tudo bem. Estou te comunicando que será simplesmente assim. — Easton riu, e eu só podia imaginar que era devido ao olhar que Jude sempre dava a alguém quando não concorda com algo que disseram ou fizeram. — Eu já coloquei o edifício em seu nome, e não há absolutamente nada que você possa fazer quanto a isso. As reformas terminarão em mais algumas semanas, e então vocês podem se mudar para o apartamento maior. Depois disso, os contratantes continuarão se movimentando por todo o edifício, atualizando e limpando as coisas.

— Não sou um caso de caridade, cara. Não preciso de você mergulhando e bancando o herói. Eu posso cuidar disso sozinho. — Mas a resposta de Jude parecia triste, como se estivesse questionando suas próprias palavras.

— Nunca olhei para isso como caridade. Você é meu amigo, Jude, e amigos ajudam um ao outro. Meu pai passou a vida construindo seu império. Não, pode ser que ele nem sempre fizera as coisas da maneira certa, mas ele garantiu que meu futuro estivesse seguro. Agora, tudo que eu quero fazer é passar isso para alguém que eu sei que merece uma pausa. Porra, você tem dado duro por anos, Jude. Além disso, dentro de alguns anos, eu terei o dinheiro de volta e mais rendimentos.

— O que você quer dizer? — Jude perguntou.

— Nós dividiremos o terreno dos outros dois edifícios na próxima semana. A propriedade do outro lado do estacionamento terá dois edifícios como o seu. Ficarei com os dois.

Um silêncio se instalou, e eu me perguntava o que estava acontecendo.

— Então eu terei que lidar com ainda mais vizinhos? — A voz de Jude parecia menos atormentada.

— Bem, não agora, mas acho que logo que você e Callie se casarem e começarem a ter filhos, provavelmente vocês andarão pelo complexo. — As palavras de Easton me surpreenderam. Jude e eu não estávamos nem perto desse estágio ainda.

Outro silêncio desconfortável se estabeleceu, e eu estava prestes a virar e recuar em direção ao elevador quando as palavras de Jude me fizeram congelar.

— Fui um idiota por sempre pensar que eu poderia ficar longe dela. Ela é tão especial e você está certo. — Jude fez uma pausa, e meu coração acelerou no meu peito. — Posso me ver passando o resto da minha vida com Callie.

— Bem, é hora de você admitir que teve uma queda por ela durante anos. Todos nós podíamos ver isso todas as vezes que vocês estavam juntos no mesmo cômodo, — Easton disse.

— Eu te pagarei de alguma forma, — Jude disse.

Easton riu novamente, e lentamente comecei a recuar do quarto. — Você pode me pagar dando a essas duas crianças a melhor vida possível e amando Callie do jeito que ela merece ser amada.

Meu peito se apertou com as palavras de Easton. Ele realmente era um homem doce, e Harper havia encontrado uma joia quando o agarrou.

Caminhei em direção a máquina de venda ao virar da esquina para esperar por alguns momentos. Eu queria que os caras terminassem a conversa, ainda que eu tivesse escutado a parte principal. Comprei uma garrafa de água e estava colocando a minha carteira na bolsa quando meu celular vibrou. Quando o peguei, eu encontrei uma mensagem de Jude que me fez sorrir.


Jude: Sinto sua falta. Adoraria ver seu sorriso agora. Vem me ver.


Sem enviar uma resposta, eu coloquei o telefone na bolsa e caminhei em direção ao quarto de Katelynn.

Quando abri a porta, ele se virou para mim.

— Oi, — ofereci com um sorriso. — Eu já estava no caminho de ver você. — Dei de ombros e dei mais um passo para o quarto, fechando a porta.

Sem falar uma palavra, ele fez sinal para eu ir até ele, e me movi sem hesitação. Jude passou os braços em volta da minha cintura e me puxou para o seu colo. Nós ficamos em silêncio enquanto ele me segurava perto, seu rosto enterrado na dobra do meu pescoço. O silêncio no quarto foi pacífico, e eu realmente senti falta de estar nos braços dele.


Capítulo 21

 

JUDE


Os dias foram longos e desgastantes, mas quando vi o rosto de Callie, a esperança despertou dentro de mim. Passei tanto tempo fingindo que ela não tinha efeito sobre mim, mas já não tentava segurar meus sentimentos. Passei alguns momentos apenas respirando seu aroma reconfortante de baunilha, então me afastei um pouco e coloquei meus lábios contra o espaço logo abaixo da orelha. Beijei-a suavemente, e arrastei meu nariz ao longo de sua mandíbula. — Eu senti sua falta, querida. — Arqueei meu pescoço, olhando para ela.

— Eu senti sua falta também, — ela sussurrou. — Como ela está hoje?

— O mesmo.

Nós dois olhamos para a cama onde Katelynn estava. Ela foi de mal a bem, então piorou em questão de dias. Os médicos esperavam que os antibióticos estivessem funcionando até que fizeram outra tomografia computadorizada há três dias. Então descobriram que a pneumonia não só piorou, mas agora havia atingido seu pulmão direito. Com seu sistema imunológico enfraquecido, seu corpo simplesmente não estava lutando. Eles administraram uma rodada de antibióticos mais fortes, mas as coisas ainda pareciam sombrias, e nos disseram que era realmente apenas uma questão de tempo.

— Eu acho que talvez seja preciso trazer as crianças para uma visita, — eu disse sem afastar meu olhar de Katelynn. — Sei que eu tenho impedido, esperando que as coisas mudassem, mas não posso continuar fazendo isso. Eu acho que todos nós sabemos que era apenas uma ilusão da minha parte.

Callie me apertou um pouco mais. Ela foi incrível nestas últimas semanas. Inferno, ela foi incrível desde o momento em que conheceu Katelynn e as crianças. Ela os amou e cuidou deles como se fossem membros de sua própria família. Sua abnegação só me fez amá-la mais. Sim, amar. Eu estava apaixonado por Callie. Acho que sempre estive. Mas até que baixei a minha guarda e realmente a deixei entrar, eu tentei me convencer de que eu poderia viver sem ela. Agora eu sabia que não era mais uma possibilidade.

— Você quer que eu vá buscá-los? — Ela perguntou.

— Acho que eu deveria buscá-los. Talvez conversar com eles e explicar um pouco antes de virem, — eu disse. — Você se importa de ficar aqui com Kate por um tempo?

— Sim, claro. Eles estão com a minha mãe.

Balancei a cabeça enquanto olhava para a forma adormecida de Katelynn.

— Posso pedir para ela te encontrar lá embaixo com eles, ou até mesmo no seu apartamento. O que você precisar.

Virei para encará-la, e ela me observava atentamente, tentando pesar minhas reações. — Eu amo você, Cal. Eu só quero que você saiba disso. — Seus olhos se arregalaram com o choque, mas continuei, sem permitir que ela respondesse. Eu precisava que ela soubesse o quanto ela realmente significava para mim. Quanto suas ações significavam para mim. — Você poderia estar lá fora, namorando um cara sem a bagagem que eu tenho. Você poderia passar seus dias na praia e as suas noites com os amigos, sem toda essa preocupação e tristeza. Mas em vez disso você está aqui. Você está sempre aqui, e sequer tenho que pedir. Isso significa mais para mim do que você jamais saberá. — Coloquei minha mão na sua nuca e a puxei para mim. — Eu te amo, baby. Obrigado.

Seu lábio inferior tremeu quando coloquei meus lábios nos dela e tentei deixá-la sentir o amor que eu tinha por ela. Eu precisava que ela entendesse quão importante ela se tornou para mim e para minha família.


***


— Tio Jude, — Zoey gritou quando rastejou para fora do Ford Escape da mãe de Callie que estava estacionado em frente à entrada do hospital. Ela deve ter ficado esperando do lado de fora até eu descer. Ela usava uma calça azul brilhante e uma camisa amarela que eu nunca vi antes. Seguindo de perto estava a mãe de Callie e Matthew, que segurava com força a mão dela.

Abaixei-me logo que Zoey se jogou para mim, envolvendo os braços em volta do meu pescoço.

— Ei, querida. — Eu a engolfei nos braços e beijei sua testa. — Você foi uma boa menina? — Perguntei e olhei para a mãe de Callie, que agora estava diante de mim. Conhecê-la sob essas circunstâncias nunca foi o que eu planejei, mas esta mulher era como a filha dela. Ela abriu sua casa para Zoey e Matthew ao longo das últimas semanas, sem pensar duas vezes.

— Ambos foram perfeitos, — ela disse, olhando entre a minha sobrinha e sobrinho.

— Obrigado, Sra. Raine. Eu realmente aprecio você tê-los aceitado assim. Isso significa muito. — Levantei e lhe ofereci um sorriso.

— Me chame de Mallory, e não precisa agradecer. Estes dois são as crianças mais doces. Adoro tê-los por perto, — ela me garantiu com um sorriso combinando.

— Parece que eles estão vestindo roupas novas, — eu disse quando olhei para Matthew, que usava uma camisa de super-herói que nunca vi antes. — Deixe-me pagar-lhe o que você gastou.

Enfiei a mão no bolso de trás e tirei minha carteira. Quando a peguei e comecei a tatear por ela, ela colocou a mão sobre a minha. — Você não me deve nada. Eu sempre quis netos. Callie me fez esperar muito tempo para ter pequenos para estragar. Acho que eu gostei mais do que eles. Por favor, Jude. — Ela abriu um grande sorriso, e naquele momento eu vi um toque de Callie dentro de seus olhos. — Não tire o prazer que eu sinto quando vejo os olhos deles se iluminarem. Só sei que significa o mundo para mim você ter permitido que eu fosse uma parte de suas vidas.

Antes que eu pudesse responder, a mãe de Callie se abaixou e abraçou tanto Zoey quanto Matthew. — Verei ambos mais tarde. Lembrem-se... — ela se afastou, e seu rosto agora tinha um olhar de excitação. —... Amanhã vamos decorar aqueles cookies que fizemos hoje.

Zoey e Matthew se iluminaram com emoção, e não pude conter meu próprio sorriso. Era óbvio que Mallory agora tinha um lugar especial em seus corações. E então me bateu que quanto mais pessoas eu permitia em seus mundos, mais feliz eles estariam. Passei anos mantendo-os para mim mesmo, garantindo que eles estivessem seguros e nunca mais tendo de lidar com a rejeição após o pai os deixarem. Mas na realidade, eu os protegi do amor que eles agora abraçavam.

Jurei naquele momento que nunca mais afastaria aqueles que importavam para nós, mas agarraria firme e nunca os deixaria ir.

— Se precisar de alguma coisa, ligue. Não hesite, Jude. Calvin e eu estamos aqui sempre que precisar de nós. — Mallory inclinou-se e deu um beijo na minha bochecha. — Não seja teimoso. Estenda a mão.

Balancei a cabeça enquanto ela se afastava e me dava um sorriso maroto. Callie, obviamente, falara com sua mãe sobre mim. — Ok, obrigado novamente.

— A qualquer hora. — Ela fez cócegas no lado de Matthew e bateu na ponta do nariz de Zoey antes de se afastar e caminhar em direção ao SUV.

— Podemos ver a mamãe agora? — Zoey perguntou. Olhei para eles e encontrei os dois olhando para mim esperançosos.

— Claro, mas, hum, podemos dar um pequeno passeio primeiro? — Eu queria prepará-los, na esperança de tornar as coisas um pouco mais fáceis. Encontrei um banco a cerca de três metros de distância da entrada do hospital e coloquei uma criança em cada lado.

— Qual o problema? A mamãe está bem? — A voz triste e preocupada de Zoey puxou algo profundo em meu peito. Qual era a melhor maneira de explicar a duas crianças pequenas que a sua mamãe não melhoraria? Mas a última coisa que eu queria era que eles subissem e ficassem com medo ao verem a condição de Katelynn. Eu precisava ajudá-los a entender o que estavam prestes a ver.

— Sua mãe ainda está muito doente, querida, — comecei, segurando-os perto. — Você se lembra de Charlie, o gato que a Sra. Reames teve?

Eles concordaram, e continuei, pesando cuidadosamente as minhas palavras. — Lembra quando ele ficou doente e tivemos que levá-lo ao veterinário?

— Sim, — Zoey sussurrou. Ela olhou para mim com um olhar de medo, e eu odiava fodidamente que tínhamos de ter essa conversa.

— Você se lembra o que o médico disse?

— Charlie estava doente, e a doença que ele tinha era muito ruim.

Descansei minha mão no ombro de Zoey. Ela era a menina mais doce e, por vezes, a mais tola. No entanto, agora, ela parecia muito mais velha do que cinco anos.

— Você está certa. — Beijei o topo de sua cabeça e respirei fundo. — Eu levarei ambos no andar superior para visitar sua mãe, mas preciso que vocês saibam que ela está muito doente. A última vez que vocês vieram visitá-la, ela estava acordada e conversando, mas desta vez as coisas estão diferentes.

— A mamãe vai morrer? Como Charlie? —Matthew perguntou tão inocentemente.

Uma bola enorme se formou na base da minha garganta, e senti meu peito apertar.

— Charlie foi para o céu. É para lá que a mamãe está indo? — Outra pergunta inocente de Matthew que só fez o meu já dolorido peito doer ainda mais.

— Sim, amigo, — sussurrei, fechando os olhos com força enquanto Zoey começava a chorar. Levantei-a em meu colo e a abracei ao meu peito.

Matthew continuou brincando com o brinquedo em sua mão, ignorando o que as minhas palavras significavam. Ele ainda era jovem demais para perceber o que ir para o céu realmente significava. Mas Zoey compreendia. A ideia de Katelynn nos deixando significava que ela não seria mais capaz de ouvir a risada de sua mãe ou testemunhar seu sorriso despreocupado.

A vida era tão injusta às vezes; quebrava meu coração e me irritava ao mesmo tempo. Uma criança nunca deveria ter que enfrentar a perda de um pai em uma idade tão jovem.


Capítulo 22

CALLIE


Eu me sentia oca dentro. Minha garganta estava crua com emoção, mas lutei com tudo o que eu tinha para me segurar, apesar de ficar mais difícil a cada momento.

No segundo que Zoey entrou no quarto do hospital, ela se arrastou até a cama ao lado de Katelynn e envolveu seu bracinho sobre a cintura dela. Descansando a cabeça no peito de Kate, Zoey fechou os olhos e permaneceu em silêncio, como se estivesse focada nas respirações profundas e esfarrapadas de sua mãe.

Matthew estava tão intrigado com as máquinas e os seus bipes que mal notou a forma fraca de Kate. Ocasionalmente, ele olhava na direção dela e parecia estar prestes a dizer algo, mas então, redirecionava sua atenção para outra coisa.

Quando o meu olhar caiu sobre Jude, meu coração pareceu rachar dentro de mim. Ele se sentou próximo da extremidade da cama de Katelynn, largado contra a cadeira, com a perna esquerda cruzada sobre sua direita no tornozelo. Sua mão cobria parcialmente a boca, e ele olhava para frente, seu foco em Zoey e Katelynn. Seus olhos estavam brilhantes com lágrimas não derramadas, e eu não queria nada mais do que segurá-lo e dizer a ele que não importava o que acontecesse, tudo ficaria bem, mas eu sabia que as coisas nunca estariam verdadeiramente bem. Estávamos perdendo Katelynn, e o caminho para a cura seria uma viagem longa e devastadora.

O clique da pesada porta de madeira ao abrir chamou minha atenção, e olhei para cima assim que Jett, Quinn, Kade e Avery entraram. Nem um dia se passou desde que Katelynn foi admitida, sem pelo menos um deles passar para uma visita. O apoio contínuo deles para Jude era realmente incrível.

— Ei, cara, — Jett disse quando se aproximou e colocou a mão no ombro de Jude. Ele deu-lhe um aperto suave, depois olhou na minha direção. — Há algo que eu possa fazer por você?

Balancei a cabeça. — Não, eu estou bem, obrigada.

Matthew correu em direção a Jett e passou os braços em volta de suas pernas. Quase instantaneamente, Jett abaixou e o levantou nos braços. O rosto de Quinn se iluminou quando ela olhou para o marido, que agora fazia cócegas na barriga de Matt. — E você, pequeninho? Está com fome?

— Sim, — Matthew anunciou.

Jett olhou para Zoey, que ainda estava enrolada ao lado da mãe. — Por que vocês quatro não dão um passeio? Talvez ir até a lanchonete e comprar algo para comer?

Eu sabia que era a maneira de Jett de nos dar uma folga. Também pensei que Jude poderia precisar de um tempo, mas era quase impossível fazer com que ele se afastasse por qualquer período de tempo. Eu me concentrei em Jude, à espera de sua decisão, mas ele continuou olhando em frente com uma expressão vazia.

— Jude? — Sussurrei, e minha garganta queimou quando seu olhar encontrou o meu. Seus olhos estavam vermelhos e tão tristes. — Vamos pegar algo para as crianças comerem, — empurrei, esperando mais do que qualquer coisa que ele cedesse e viesse comigo.

Ele fechou os olhos com força, e por um momento eu pensei que ele estava ficando com raiva. Quando ele assentiu com a cabeça, uma enorme sensação de alívio tomou conta de mim, e a tensão deixou meu corpo. Jude levantou e caminhou até o lado da cama, pegando Zoey em seus braços. Ela protestou até que ele sussurrou algo no ouvido dela, o que a fez agarrar o pescoço dele de forma segura. Quando ele passou por Avery e Quinn, eu percebi que elas estavam enxugando as lágrimas. Respirei profundamente e peguei a mãozinha de Matthew.

— Vamos lá, amigo, vamos alimentar sua barriga.

Meu lábio inferior vibrou quando segui Jude, sentindo como se o chão estivesse caindo debaixo de mim. Eu queria gritar a plenos pulmões e cair de joelhos chorando. Queria esmagar alguma coisa, dividi-lo em pedacinhos, e depois quebrá-lo um pouco mais, mas eu sabia que seria inútil. Nada tiraria essa dor dentro de mim.


***


Deixei o hospital duas horas depois. Com a ajuda de Jett, pude colocar Zoey e Matthew em suas cadeirinhas no carro e seguir para casa com segurança. Eu não poderia deixá-los, por isso, quando voltamos para o apartamento, todos nós nos arrastamos para a cama de Jude e nos abraçamos. As crianças dormiram imediatamente, mas eu custei a adormecer, permanecendo deitada na escuridão ouvindo suas respirações com ronco suave.

Não sei que horas eram quando finalmente adormeci, mas acordei quando ouvi o clique da porta da frente. Havia apenas duas pessoas que tinham uma chave do apartamento, além de mim – Jude e Sra. Reames.

Eu me desembaracei das duas crianças, escorreguei cuidadosamente da cama, e caminhei em direção à sala de estar. Quando dobrei a esquina, eu esperava encontrar a Sra. Reames, mas fiquei chocada ao ver Jude em pé no balcão, de costas para mim.

— Ei, você, — eu disse, pisando atrás dele e colocando minha mão em suas costas. E nesse momento, eu soube.

Seu corpo tremia enquanto soluçava e se inclinava sobre o balcão, descansando a cabeça entre as mãos, um som agonizante caiu de seus lábios. Calafrios me cobriram, e meu estômago sentiu como se tivesse atingido o chão.

Esfreguei minha mão ao longo de seu ombro enquanto ele continuava tremendo sob meus dedos. Era como se o tempo tivesse parado.

O contínuo movimento da lâmina do ventilador de teto sobre nossas cabeças e o tick tick tick do relógio na parede encheram o silêncio.

— Ela se foi, — ele sussurrou tão baixo que quase perdi suas palavras. Meu coração já doendo apenas doeu mais. — É como se ela se deixasse ir assim que todos saíram. Como se só estivesse aguentando para dar as crianças um último momento com ela. — Ele fez uma pausa quando se levantou e se virou para mim. Novas lágrimas cobriam seu rosto enquanto seus olhos estavam fixos nos meus. — Fiquei ao lado dela, segurando sua mão, enquanto ela lentamente ia embora. — Ele balançou a cabeça, como se para limpar a imagem. — E quando tudo acabou... — ele fechou os olhos com força e baixou a cabeça.

Esperei que ele continuasse.

— Há muito tempo que ela não parecia tão em paz. Como se toda a dor e sofrimento que atravessara durante os anos finalmente acabassem, e ela estava livre novamente. — Ele ainda sussurrava num lento tom arrastado. — Eu sentirei tanta falta dela, Callie, mas ela pode finalmente ser livre.

Jude levantou a cabeça e abriu os olhos, finalmente olhando para mim. As últimas semanas pesaram sobre ele, e os círculos escuros sob seus olhos eram a prova. Ele deu um passo à frente e passou os braços em volta dos meus ombros enquanto me puxava para perto. Descansando a cabeça contra a minha testa, ele sussurrou, — Estou tão cansado.

Me afastei, inclinei meu queixo para cima, e encontrei seus olhos. — As crianças estão em sua cama. Vá enrolar-se com eles.

— Só se você vir também, — ele esperava.

Eu só balancei a cabeça, porque eu quase não conseguia segurar minhas emoções.

Ele me beijou suavemente e depois entrelaçou os dedos com os meus enquanto me conduzia pelo corredor em direção ao quarto.

Haveria muito o que fazer nos próximos dias, tantas coisas para finalizar, mas agora eu sabia que Jude precisava de um momento calmo para refletir.


Capítulo 23

JUDE


Já faz duas semanas que coloquei minha irmã para descansar. Duas semanas que eu segurei Zoey e Matthew em meus braços enquanto dizíamos adeus a mãe deles. Duas semanas que a minha melhor amiga finalmente foi capaz de ser livre.

Estive em um torpor nos primeiros dias, e tudo passou como um borrão. Fiz tudo que podia para me segurar e ser forte para as crianças, mas no terceiro dia eu quebrei. Eu ainda sentia muito por isso.

Callie testemunhou o meu desabafo, quando finalmente não pude mais segurar a dor e soquei a parede, o que levou a chutar a estante no corredor e derrubar os livros no chão. Quando vi o olhar horrorizado nos olhos dela, eu congelei. Sabia que nunca queria vê-la olhando com tanto medo novamente. Graças a Deus as crianças estavam com Mallory e Calvin naquele dia, porque não precisavam da minha merda mais do que Callie precisava. Embora ela dissesse que entendia, isso não significava que minhas ações deviam ser facilmente perdoadas. Eu ainda estava chateado comigo mesmo, especialmente agora que ela ainda ficava hesitante perto de mim.

Ao longo das últimas duas semanas, todos foram tão úteis, se oferecendo para olhar as crianças e preencher os seus dias com coisas que ajudariam a manter suas pequenas mentes ocupadas. Não, nada poderia fazê-los esquecer da mãe deles, mas pelo menos eles poderiam começar a se curar.

Hoje à noite, eu decidi que era hora de Callie e eu começarmos a curar. Eu sabia que ela estava segurando a sua própria dor para o benefício das crianças e o meu. Ela e Kate se aproximaram tanto, e eu sabia que a amizade de Callie significara o mundo para a minha irmã.

Jett insistiu que eu tirasse algumas semanas de folga do restaurante, e não importa o quanto eu protestasse, ele não cedia. Eu planejava voltar na próxima semana, mas Callie voltou três dias depois do funeral, justamente um dia depois da minha onda de raiva. Tentei não acreditar que era porque ela estava tentando me evitar.

Marquei um encontro para as crianças brincarem com Mallory, porque ela realmente era como uma criança grande quando se aproximava deles. Agora eu só esperava pacientemente que o relógio chegasse as cinco para que pudesse ver Callie. Eu já tinha as chaves do apartamento recém-reformado e ampliado que Easton insistiu que eu aceitasse. Ainda não havia entrado, porque, honestamente, eu ainda me sentia culpado por Katelynn não estar aqui para vê-lo comigo, e lamentei por não ter me esforçado para dar-lhe mais enquanto ela estava conosco. Mas eu sabia que precisava abandonar esses sentimentos agora.

Eu gostava de pensar que ela estava olhando para nós sorrindo, sabendo que cada criança tem seu próprio quarto. Eu sabia que ela gostaria disso mais do que qualquer coisa que eu poderia ter dado a ela.

Quando o relógio bateu cinco horas, enviei a mensagem que eu já havia digitado no meu telefone.


Eu: Venha, eu tenho algo que eu quero compartilhar com você.


À medida que os minutos passavam, minha ansiedade aumentava, querendo saber se ela estava me ignorando propositalmente ou se ainda estava presa no trabalho. Estava prestes a ligar quando ouvi uma leve batida na porta.

Corri em direção a porta e não perdi tempo olhando pelo olho mágico antes de abri-la e sair. Colocando uma mão em cada lado de seu rosto, beijei-a, e ela gemeu baixinho, descansando suas mãos em meus braços. Eu me afastei e descansei minha testa contra a dela, respirando fundo. Seu aroma de baunilha acalmou os meus nervos quase imediatamente.

— Você está bem? — Ela perguntou, e eu assenti sem abrir os olhos.

— Estava preocupado quando você não respondeu, e pensei que talvez você estivesse me evitando, — confessei, finalmente abrindo os olhos e olhando para ela. Dei de ombros quando ela olhou para mim interrogativamente.

— Eu já estava a caminho daqui, — ela disse. — Não li sua mensagem até que eu parei, mas não vi motivo em responder quando estava a apenas nove metros de distância. — Seus olhos enrugaram nos cantos em preocupação conforme ela continuava olhando para mim. — Por que eu evitaria você?

— Porque não tenho sido tão acolhedor recentemente. Na verdade, tenho sido meio que um idiota, — eu disse, arrastando meu polegar pela borda de sua mandíbula.

— Eu entendo o seu humor, — ela me assegurou, mas isso não importava.

— Eu esperava que você fosse olhar o apartamento comigo, — eu disse, puxando a chave do meu bolso de trás e a balancei ao meu lado. — Está pronto.

Ela sorriu e balançou a cabeça, tentando se afastar. Em vez de soltá-la, eu enrolei meu braço em volta da sua cintura e a puxei perto. — Estou pronto para seguir em frente com você ao meu lado, — eu disse com naturalidade. — Eu amo você, Callie. Preciso que você entenda isso. Você tem sido minha rocha através desta coisa toda, e sem você eu não sei se teria encarado isso. — Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto seu lábio tremia. — Você é o que eu quero, — sussurrei, e ela piscou quando uma lágrima rolou por sua bochecha.

— Eu também te amo, — ela disse, e o enorme peso no meu peito se ergueu. Suas palavras acalmaram toda a dúvida dentro de mim e levaram a minha tensão.

— Vamos dar uma olhada naquele lugar. — Eu pisquei e me afastei um passo antes de conduzi-la até o final do prédio para dar uma olhada no apartamento que eu a convenceria a compartilhar comigo e com as crianças. Quando estávamos nos degraus, seguindo até a porta da frente, eu dei a chave para ela. Ela abriu um grande sorriso quando a pegou e a colocou na fechadura. Assim que girou a maçaneta e abriu a porta, estendeu a mão e acendeu a luz. O aroma fresco de pintura encheu meus sentidos conforme eu fazia a varredura da sala. Tudo estava limpo e novo. As paredes eram de cor creme, e o piso da entrada era de mármore.

Olhei para Callie, que parecia hipnotizada. Coloquei minha mão em seu quadril e a cutuquei para seguir em frente, e nós entramos.

A cozinha tinha armários novos, luminárias, eletrodomésticos, e uma grande ilha embutida que separava a sala de estar aberta. O lugar era enorme, e todo o andar inferior era um espaço completamente aberto. Você poderia estar em qualquer lugar e olhar para o quintal através das janelas da sala de estar.

Callie caminhou pelo lugar e arrastou a mão ao longo da bancada enquanto absorvia tudo com um sorriso brilhante. Eu sabia apenas pelo olhar em seu rosto que não seria difícil convencê-la a ficar.

— Então, o que você acha? — Perguntei.

Ela olhou por cima do ombro e sorriu. — É incrível. Sequer sinto que estamos no mesmo edifício que o outro apartamento.

Eu sabia exatamente o que ela queria dizer. Apontei para a escada logo à esquerda da entrada. — Vamos verificar o andar de cima.

Seu rosto se iluminou ainda mais e ela se lançou naquela direção.

Logo no topo das escadas estava um pequeno patamar com uma porta à esquerda e outra à direita. Elas levavam a dois quartos, um para Zoey e outro para Matthew, ambos iguais em tamanho. Eu sabia que eles adorariam ter seu próprio espaço, e de repente eu estava animado com a ideia de compartilhar este lugar com eles também. Havia também um pequeno banheiro com uma banheira à esquerda e um armário à frente.

Apenas uma porta permanecia na nossa frente, e imediatamente eu soube que era o quarto que eu esperava compartilhar com Callie. Caminhei na frente dela e empurrei a porta, e à luz de fora encheu o quarto. O quarto era a metade do tamanho do nível inferior, mas a parede de trás estava forrada com enormes janelas, fazendo parecer ainda maior. Uma porta em arco à esquerda levava a um banheiro principal, com banheira grande o suficiente para dois.

Imediatamente, minha mente estava cheia de imagens de Callie sentada ali na minha frente, de costas nuas, descansando contra o meu peito enquanto nossos corpos brilhavam com a água.

— Isso é incrível, — ela disse, passando por mim e olhando ao redor do quarto.

— Estou feliz por você pensar assim, porque eu esperava que você viesse morar aqui com a gente. — Planejei perguntar de uma maneira diferente, mas honestamente, o momento parecia certo.

Ela olhou para mim com uma expressão vazia. — O quê?

Agarrei a mão dela e a puxei para mais perto, e ela olhou para mim, confusa.

— Você passa a maioria das noites na minha casa, de qualquer maneira. Seu apartamento é pequeno, e honestamente, é inútil pagar o aluguel quando eu penso em mantê-la comigo. Apenas faz sentido. — Dei de ombros.

Balançando a cabeça, ela tentou dar um passo atrás, mas eu me recusei a soltá-la. — Jude, é muito cedo.

— Por quê?

Ela levantou a mão para colocar o cabelo atrás da orelha. — Porque não tenho certeza de que seja realmente o que você quer. Você ainda não pensou nisso. Sei que estamos juntos na maioria das noites, mas não todas as noites. Você vai se arrepender de me ter em seu espaço a cada minuto. — Ela respirou fundo. — E nós trabalhamos juntos, o que significa que você não terá para onde fugir. Estarei com você em toda parte, e você ficará louco após uma semana.

Balancei a cabeça e ri, o que só fez seus olhos se arregalarem em surpresa. — Por que você está rindo de mim? — Ela estava totalmente séria, o que só me fez rir ainda mais.

— Baby... — tentei controlar meu riso. —... Simplesmente não vejo como qualquer coisa que você acabou de dizer seja realmente ruim. Eu amo ter você por perto. De fato... — estendi a mão e a puxei contra mim. —... Quanto mais perto você estiver, melhor me sinto.

— Falo sério aqui. Não quero fazer você se arrepender do seu convite. E a última coisa que eu quero é você se livrar de mim porque o deixo louco e você não consegue lidar com estar tanto comigo.

— Não vai acontecer, então pare com as desculpas, querida. O que você quer? O que você sente? — Eu poderia dizer imediatamente que ela estava pensando muito nisso. — Não pense demais, apenas me diga o que você sente.

— Morar com você, Zoey, e Matthew me faria tão feliz. Eu adoraria acordar com você todos os dias e colocá-los na cama todas as noites, — ela respondeu.

— Então vamos fazer isso. Porque não há nada que me faria mais feliz do que ser capaz de segurá-la cada noite e compartilhar as crianças com você. Eles te amam, baby, — assegurei.

— E eu os amo também, — ela respondeu, sem um momento de hesitação.

— Então se mude para cá com a gente.

Olhei para Callie enquanto ela rolava a ideia em sua cabeça. Ela abriu a boca algumas vezes como se fosse responder, mas a fechou rapidamente antes de voltar a pensar.

Abaixando meus lábios nos dela, eu fui para a matança. Enfiando cuidadosamente meus dedos em seu cabelo, eu trouxe a minha mão para descansar na base de seu pescoço enquanto suavemente passava a minha língua sobre seus lábios. Ela abriu a boca, me dando boas-vindas. Minha mente e meu corpo estiveram tão distantes da realidade ultimamente que me esqueci de quão incrível ela se sentia em meus braços e como apenas beijá-la podia me excitar e enviar meus hormônios para o espaço.

Passei tanto tempo me privando do gosto de Callie que esta pequena amostra apenas me lembrava como ela era viciante. — Não há realmente nada que eu queira mais do que ter você na minha cama, em meus braços, todas as noites. Você me faz sentir tão vivo, querida, e não quero nunca perder esse sentimento. — Eu sei que estava exagerando, mas a merda se eu queria dar-lhe um segundo para questionar essa escolha. — Passei muito tempo negando minha atração por você. Eu quero você, Callie. Eu quero todos vocês. Não apenas hoje ou amanhã, mas para sempre. Você é minha para sempre.

Nosso beijo rapidamente cresceu em intensidade quando ela chupou minha língua suavemente e senti em meu pau. Parecia uma eternidade desde que eu a tive tão perto, tão quente. Mas, com tudo o que estava acontecendo, eu sabia que essa era a última coisa em nossas mentes.

— Diga que sim, — sussurrei enquanto arrastava minha mão pelo seu quadril e agarrei a sua bunda. — More com a gente.

— Mmhm, — ela cantarolou contra os meus lábios.

— Isso é um sim, Callie? — Perguntei, e ela balançou a cabeça, continuando a rolar a língua ao longo da minha. — Essa é minha garota.

Segurei a parte posterior de suas coxas e a levantei, então, cuidadosamente abaixei nós dois até o chão, descansando meu corpo sobre o dela. Posicionando-me entre suas coxas, eu pressionei minha dureza contra ela e balancei meus quadris. Um gemido deixou seus lábios e foi engolido imediatamente pelo nosso beijo. Seu toque me fez sentir vivo. Como se eu estivesse pegando fogo de dentro para fora, e me senti fodidamente incrível.


Capítulo 24

CALLIE


Você poderia pensar que fazer sexo no meio de um quarto vazio seria simples. O carpete do chão queimava a pele nas minhas costas com cada impulso dos quadris dele, e a fina camada de suor cobrindo sua pele tornou difícil segurá-lo. Mas foi um dos momentos mais eróticos e agradáveis da minha vida. Senti-me alta, como se cada nervo dentro de mim gritasse por mais.

Os últimos dois meses foram tão difíceis para todos nós. Assistir Katelynn piorar, e depois perdê-la lentamente, foi terrível e devastador. Sentiremos falta dela eternamente, porque o mundo nunca mais seria o mesmo sem ela. Mas agora, neste momento, eu acreditava que Jude finalmente começava a se curar. Estávamos dando um passo em frente juntos.

Enquanto ele se movia dentro de mim, seus toques suaves e os beijos doces que ele colocou contra a minha pele me disse que ele estava realmente comigo agora, não mais distante e destruído. Ele estava reconstruindo sua vida, e juntos encontraríamos uma maneira de seguir em frente.

Jude ergueu a parte superior do corpo, se firmando no chão ao meu lado. Quando olhei para ele, ele estava me observando com um olhar tão terno em seus olhos. Ele diminuiu seus movimentos enquanto continuava olhando para mim. — Você é perfeita, — ele sussurrou, e meu coração tremeu com as suas palavras. — Eu te amo tanto, baby.

— Eu... — fechei os olhos com força quando ele empurrou profundamente dentro de mim e virou para atingir aquele ponto doce. Quando consegui me controlar, eu abri meus olhos novamente para encontrá-lo olhando para mim, mordendo o lábio e os olhos cheios de luxúria e desejo. Coloquei minha mão em seu rosto e acariciei sua bochecha com o polegar. — Eu também te amo, — eu disse quando ele abaixou a boca para a minha. Ele começou a se mover dentro de mim novamente, acariciando aquele lugar dentro de mim que fazia minhas pernas tremerem e meu estômago apertar. Levantei minhas pernas ainda mais e enganchei-as sobre seus quadris, permitindo-lhe um melhor acesso. Em pouco tempo, meu corpo ficou tenso com o meu orgasmo iminente, e arqueei minhas costas enquanto ele assumia.

— É isso aí, — Jude sussurrou no vinco do meu pescoço. — Bem aí, tão bom.

Seu ritmo aumentou à medida que ele empurrou seus quadris, chegando em seu próprio orgasmo. — Callie. — Meu nome caiu de seus lábios em um sussurro enquanto seu corpo tremia contra o meu.

Apenas o som das nossas respirações irregulares enchia o quarto agora. Mantivemo-nos nos braços um do outro, no centro do quarto que logo chamaríamos de nosso. E nesse momento uma paz caiu sobre mim.

Eu havia perdido um pouco de Jude depois da morte de Katelynn, e temia não poder trazê-lo de volta conforme ele ficava mais irritado e distante. Lembrei das palavras de Jett quando finalmente quebrei em seu escritório no dia seguinte ao que Jude socou a parede.

— Ele tem passado por tanta coisa, Cal. Sei que não será fácil, mas você precisa dar um passo atrás e dar-lhe espaço. Ele precisa de tempo para se curar. Ele pode dizer coisas e fazer coisas que a magoaram profundamente, mas sei que ele está sofrendo, e todo mundo lida com a dor de forma diferente. Basta estar lá para ele quando ele estiver pronto para voltar para você.

E eu estava. Estava lá quando ele chorou, estava lá quando ele se dispersou e ficou em silêncio, e estava esperando que ele voltasse para mim.

— Senti falta disso, — confessei.

Ele mexeu apenas o suficiente para beijar suavemente o meu ombro. — Nós vamos ficar bem, — ele sussurrou, e meu corpo relaxou com suas palavras.

Não sei quanto tempo ficamos lá deitados no meio do chão do quarto. O sol se pôs enquanto nós dois compensávamos as noites agitadas das últimas duas semanas. Não nos importávamos de estarmos nus, apenas encontrávamos conforto no calor um do outro.


***

— Acho que sua cama ficaria muito bonita aqui. Então, quando acordar, você teria uma vista para o quintal. — Minha mãe ficou no meio do novo quarto de Zoey com Zoey ao lado dela. — E nós poderíamos colocar sua casa de bonecas contra essa parede e o baú de roupas poderia ficar ao pé da cama.

— Mas, Nana. — Zoey olhou para ela com confusão. Minha mãe insistiu que eles a chamassem de Nana, e realmente era a coisa mais doce.

— O que, querida? — Ela perguntou.

— Não tenho uma casa de bonecas, — Zoey afirmou com seu nariz franzido. — Ou um baú de roupas.

— Não tem? — Minha mãe perguntou com seus próprios olhos enrugados em confusão. — Então como você explica aquilo no caminhão do Papa Calvin?

Assisti, espantada, os olhos de Zoey se arregalarem com emoção quando ela olhou para a minha mãe, e fiquei maravilhada. Sempre soube que meus pais eram pessoas incríveis. Ambos tinham corações de ouro e me criaram com esses mesmos valores. Mas agora eu não tive nenhuma dúvida em minha mente que eles eram as melhores pessoas no mundo. Eles tratavam Zoey e Matthew como se fossem verdadeiramente meus, e verdadeiramente seus netos, e os amava com carinho pela abnegação deles.

— É melhor você ir vê-lo, — mamãe incentivou Zoey, e isso foi o suficiente. Ela saiu correndo do quarto com a meta de encontrar Papa Calvin.

— Obrigada, mãe, — eu disse, indo até ela e inclinando minha cabeça em seu ombro.

— Não precisa agradecer, querida. Eu amo essas crianças. Eles merecem toda a felicidade do mundo. E se o seu pai e eu podemos dar a eles pelo menos um pouco dessa felicidade, é melhor você apostar que vamos fazer isso. — Ela deu um beijo na minha testa.

Matthew começou a gritar de emoção em seu quarto, e levantei minha cabeça, olhando para minha mãe. — Vá olhar. — Ela inclinou a cabeça para o quarto do outro lado do corredor.

Rapidamente me movi na direção de sua risada. Assim que alcancei a porta do quarto que seria de Matthew, eu parei abruptamente. Lá no centro do piso estava uma pista de corrida para seus carros Matchbox. Ele e Jude estavam com um controle nas mãos enquanto observavam os carros de corrida passar por eles, apenas para repetir o caminho mais uma vez.

Calmamente observei a bonita cena. Jude estava adorando quase tanto quanto Matt.

— Estou ganhando, — Matthew gritou, saltando para cima e para baixo. O sorriso em seu rosto era enorme. Lágrimas rolaram dos meus olhos enquanto eu continuava assistindo. Eu sabia que Katelynn estava sorrindo também, porque tudo o que ela sempre quis foi que seus bebês fossem felizes. Eu nunca poderia substituir a mãe deles, e nunca tentaria. Meu objetivo era garantir que Zoey e Matthew nunca se esquecessem dela. Eu queria que eles soubessem o quanto a mãe deles os amava e adorava.

Matthew jogou as mãos no ar e começou a saltar ao redor em círculos. — Eu ganhei, eu ganhei, — ele gritou ao me ver na porta.

— Bom trabalho, amigo, — eu disse antes de olhar para o belo homem que ainda estava sentado no chão ao lado dele. Um grande sorriso cobriu o rosto dele enquanto observava Matt, então seu olhar vagou para o meu, e ele piscou enquanto seu sorriso ficava mais amplo. Eu soube naquele momento que Jude era para mim. Ele e estas crianças foram feitos para ser o meu futuro. E não havia nada no mundo que alguma vez pudesse ocupar o lugar deles no meu coração. Eles eram minha família.


Capítulo 25

JUDE


Nós nos sentamos em nosso próprio canto isolado, as costas de Callie apertadas contra o meu peito e eu a segurando em meus braços enquanto Harper e Easton compartilhavam sua primeira dança como marido e mulher. Quando disseram que só queriam um casamento pequeno e intimista, eles não estavam mentindo. As únicas pessoas convidadas eram da família e amigos muito próximos.

As crianças foram deixadas em segurança com os pais de Callie, e a noite era nossa. Callie e eu estávamos vivendo juntos há duas semanas, mas parecia que ela estava ao meu lado há anos. Tudo com ela parecia tão natural que era louco, porque passei tanto tempo lutando contra os meus sentimentos.

Agora eu faria qualquer coisa para garantir que ela fosse minha para sempre.

Deixo meu olhar vagar ao redor do lugar, observando nossos amigos e sendo extremamente grato por todos e cada um deles. Eles não desistiram de mim, não importa quão duro eu tenha lutado com eles, e ficaram comigo a cada passo do caminho.

Callie virou a cabeça para o lado, e olhou para mim. — O que você está pensando?

Beijei-a e arrastei meu nariz com o seu. — Estou feliz, — eu disse a ela. — E sei que Katelynn iria querer isso para mim.

Dizer o nome da minha irmã havia ficado mais fácil. Havia dias, é claro, quando até mesmo pensar trazia lágrimas aos meus olhos e dor excruciante que irradiava pelo meu peito. Mas, quanto mais o tempo passava, eu fazia as pazes com a morte dela. A dor que ela teve de suportar durante anos finalmente acabou, e Callie insiste que Katelynn está olhando por nós todos os dias, sorrindo junto com seus filhos à medida que crescem. Antes de encontrar Callie, eu nunca teria acreditado nessa merda, mas era difícil não ceder à ideia. E isso me ajudou a curar também.

— Ela queria, — Callie sussurrou, e a beijei novamente.

A música mudou, e recuei do nosso beijo. — Dança comigo?

Ela assentiu com a cabeça e começou a se levantar, mas agarrei seus quadris e a puxei para mim. — Eu amo você, Callie, — sussurrei. — Estou feliz por você ter esperado que eu parasse de ser tão idiota.

— Não diria que você foi um idiota, — ela respondeu. — Teimoso e cabeça-dura, sim, mas não idiota. — Ela arqueou o pescoço e beijou meu queixo. — Agora, venha dançar comigo. — Ela deslizou e levantou, e se virando para mim, estendeu sua mão.

— Sou um filho da puta de sorte, — eu disse a ela quando me levantei e a peguei.

— Isso você é, Sr. Calvert, — ela disse com uma piscadela enquanto unia nossos dedos e me arrastava para a pista de dança.


***


O restaurante estava extremamente agitado para um domingo à tarde. Eu tinha muitos pedidos e estava com um homem a menos. Rick ligara dizendo estar doente, mas eu sabia que era uma ressaca. Ele acabara de completar vinte e um anos, e isto se tornou uma coisa recorrente. Fiz uma nota para falar com Jett sobre suas ausências contínuas quando conseguisse uma pausa. Mas com os pedidos chegando, eu sabia que demoraria a acontecer.

— Preciso de outro ensopado e uma sopa de tomate, — Rachel disse enquanto pendurava um bilhete no único clip vazio na janela.

— Saindo, — Marco gritou quando pegou duas tigelas e começou a enchê-las.

Voltei para o grande prato de camarão, um dos três pedidos em que eu estava trabalhando, e comecei a posicioná-los. Enquanto dava os toques finais em todos os pratos, eu ignorei meu telefone vibrando no bolso de trás. Eu teria que ligar de volta. Coloquei os pratos sobre o balcão na janela de captação, assim que Diana, outra garçonete, se aproximou.

— Obrigada. — Ela deu uma piscadela para mim quando os colocou em sua bandeja e correu para entregar a comida.

Finalmente, os pedidos foram diminuindo e as coisas se tornaram mais lentas. Eu pegara mais dois bilhetes, ambos pedindo a nossa sopa especial do dia, quando a porta da cozinha se abriu. Olhei para cima e encontrei Jett ali com um olhar vazio no rosto.

— O que te arrastou até aqui? — Eu disse, olhando para os bilhetes novamente.

— Preciso que você dê uma pausa, — ele disse.

— Sim, isso não é possível no momento. Tenho pedidos para entregar, — eu disse sem olhar para cima.

— Passe para Marco. — A voz dele estava cortada, e quando olhei para cima novamente, sua boca estava pressionada em uma linha apertada, e eu podia dizer pelo olhar em seus olhos que algo não estava bem.

Estalei meus dedos para chamar a atenção de Marco e gesticulei para os pratos diante de mim.

— Eu fico com eles, — ele me assegurou, e me afastei do balcão para seguir Jett para fora da cozinha.

— O que está acontecendo? — Perguntei assim que estávamos sozinhos. A vibração que eu recebia de Jett estava me deixando inquieto.

— Não quero que você entre em pânico.

— Tarde demais, porra. O que aconteceu? — Perguntei.

— Callie está no hospital, — ele disse, e não precisei de mais nada. Passei correndo por ele. Quando Jett agarrou meu ombro, eu me afastei. Ele levantou as mãos em sinal de rendição. — Deixe-me levá-lo.

Eu estava pirando, porra, e tudo o que consegui foi acenar a cabeça. Uma vez que eu estava no banco do passageiro do carro de Jett e tomei alguns momentos para me acalmar, eu percebi que ainda não tinha ideia do que diabos havia acontecido. Eu sabia que ela estava passando o dia com as meninas. Elas foram fazer compras e planejaram almoçar juntas. Virando-me para Jett, eu finalmente perguntei, — O que aconteceu com ela?

— Quinn disse que elas estavam saindo do shopping e o salto de Callie ficou preso no ralo, bem na borda da calçada. Ela abaixou-se para soltá-lo, e algum imbecil correu até ela. Ela tropeçou, e antes que pudesse recuperar o equilíbrio, ela caiu nas escadas que levam a uma entrada lateral para o shopping. Foi apenas cerca de seis degraus, mas, quando ela caiu, ela bateu forte.

Baixei a cabeça e tentei afastar da minha mente a imagem que ele havia acabado de descrever.

— Ela apagou por cerca de 20 minutos e acordou apenas quando a ambulância a estava carregando.

Não, não foi assim tão mau como eu pensara originalmente, mas era ruim o suficiente. Eu odiava a ideia de Callie se machucar de alguma forma.

— Quinn me ligou antes que a ambulância sequer tivesse se afastado. Ela sabia que Callie iria querer você.

E Quinn estava certa, porque no momento em que corri para seu quarto no hospital, Callie olhou para mim e começou a chorar.

Sequer esperei Jett estacionar. Insisti que ele me deixasse na entrada, onde saltei do carro e entrei correndo, exigindo saber onde Callie estava. Agora eu estava ao lado dela, segurando sua mão enquanto o médico a examinava.

— Bem, Sra. Raine, parece que você pode ter quebrado o pulso. — O jovem médico colocou cuidadosamente a mão que estava segurando no colo dela. — Mas vamos fazer um raio-X para ter certeza. Para o galo na sua cabeça, você precisará de alguns pontos.

O médico levantou da cadeira e olhou para mim. — Sua esposa tem muita sorte de não ter uma grande concussão. Ela, de fato, tem um pulso quebrado e precisa de alguns pontos, no entanto.

Balancei a cabeça, nem mesmo perdendo tempo em corrigir o deslize. De alguma forma, o comentário sobre Callie ser minha esposa não me incomodava. E pelo olhar no rosto dela, ela não parecia afetada, tampouco.

Depois que o médico saiu da sala, eu sorri para Callie. — O que eu farei com você? — Perguntei, e ela olhou para mim, constrangida. — Preciso esconder todos os seus saltos altos e forçá-la a usar apenas tênis? — Brinquei.

— Você não faria isso, — ela disse com os olhos arregalados.

— Esta coisa toda de viagem à sala de emergência de ambulância me assustou tremendamente, Cal, — confessei quando me sentei na beira da cama. — Passei muito tempo aqui vendo pessoas que eu amo sofrerem.

— Sinto muito, — ela sussurrou. Antes que pudéssemos falar mais, a porta se abriu e o técnico que a levaria para fazer um raio-X entrou na sala.

— Estarei aqui quando você voltar, — eu disse antes de beijá-la suavemente e recuar quando eles a empurraram.


Capítulo 26

CALLIE


— Eu pego isso, — Jude disse logo antes de tomar a tigela de massas da minha mão boa. Meu pulso esquerdo estava coberto com um gesso rosa brilhante cheio de decorações que as crianças já fizeram em toda a superfície. Tive uma leve concussão, mas considerando que eu havia tropeçado e caído em um conjunto de degraus de concreto, eu sabia que realmente poderia ter sido pior. Mas pela maneira como Jude e as crianças agiam, você pensaria que eu estava em um estado tão terrível que precisava de assistência nas tarefas mais simples. Eles não me deixavam fazer nada, e eu estava entediada.

Jude disse, não, solicitou a Jett que eu ficaria afastada do trabalho por pelo menos uma semana. Quando me disse o que fizera, nossa conversa ficou feia rapidamente e foi a primeira briga real que tivemos desde que fui morar com ele.

Mas esta noite, quatro dias depois da minha queda, eu decidi fazer o jantar. Queria fazer uma surpresa para Jude e ter tudo arrumado antes que ele tivesse a chance de me parar, mas eu falhara. Ele entrou e me encontrou colocando as travessas para servir na mesa e correu para o meu auxílio.

— Você sabe que eu sou perfeitamente capaz de pôr a mesa, — eu disse quando cruzei os braços sobre o peito.

— Você poderia, mas acho que não precisa, — ele disse enquanto colocava a pasta sobre a mesa e voltava para o balcão a fim de pegar os pratos restantes. — Eu lhe disse para não se preocupar com esta merda. Deixa comigo. Você precisa descansar. — Ele passou por mim e colocou os vegetais e molho sobre a mesa.

— Você é tão teimoso, — gemi e virei para a escada, com a intenção de me retirar para o nosso quarto. Sua atitude arrogante de pegar a responsabilidade era irritante, e não quero brigar por isso.

— Oh, eu sou teimoso? — Ele disse a minhas costas enquanto eu me afastava. Escolhi ignorá-lo. Logo que cheguei ao topo da escada, eu levei um momento para espreitar as crianças antes de caminhar em direção ao meu próprio quarto.

Eu podia ouvir as botas de Jude batendo a cada passo enquanto seguia logo atrás. Em vez de deixar a porta aberta para ele, fechei e fui direto para a nossa cama. Lá, eu rastejei sobre o edredom e me enrolei em meu lado assim que a porta do quarto se abriu.

— Então você vai ficar com raiva de mim porque não quero que você exagere? — Perguntou.

Quando não respondi, ele soltou um rosnado irritado. — Sério, Callie, eu não vim para casa para brigar com você. Eu só quero que você se cure, querida.

— Estive presa neste apartamento por quatro dias. Estou arranhando as paredes para ter algo para fazer e você continua insistindo que eu descanse. — Sentei e me virei para ele quando ele se sentou ao meu lado na cama. — Você não me deixa fazer nem o jantar, Jude. Essa é uma tarefa simples.

Sua mandíbula tremeu, e nós permanecemos lá em silêncio.

— É realmente ruim eu querer cuidar de você? — Sua pergunta me desestabilizou porque eu esperava que ele ainda estivesse irritado. Agora sua voz estava atada só com tristeza, e quebrou meu coração. — Você é tão independente, e raramente tenho a chance para mimá-la. Isto era eu levando vantagem de ser capaz de fazer exatamente isso. Desculpe se eu exagerei. — Ele olhou para mim e encolheu os ombros.

E imediatamente eu me senti uma merda.

Virei para ele e rastejei sobre seu colo, e ele passou os braços em volta da minha cintura. — Você quer me mimar? — Perguntei, na esperança de aliviar um pouco da tensão que se construíra ao longo de algo tão pequeno.

Jude balançou a cabeça, e um sorriso repuxou sua boca. — Muito, — ele sussurrou.

— Eu sou teimosa, hein? — Perguntei.

— Nós dois somos. — Ele riu quando se inclinou e beijou a ponta do meu nariz. — Apenas passei tantos anos cuidando das crianças e Katelynn que estou acostumado com isso, — confessou. — É a minha natureza, e acho que eu quero fazer o mesmo por você.

Montei seu colo e deslizei mais perto, colocando uma mão em cada lado do rosto dele. — Vou parar de ser tão teimosa se você fizer algo para mim, — negociei.

— O que seria isso?

Me inclinei e beijei suavemente seus lábios antes de me afastar apenas o suficiente para responder. — Deixe-me cuidar de você também.

Ele olhou para mim, seus olhos me digitalizando lentamente enquanto corria as palmas das mãos ao longo das minhas coxas antes de descansá-las em meus quadris. — Ok, — ele concordou, antes de pegar minha boca com a sua.


***


— Gêmeos, — Harper disse com um olhar de puro horror. — Não um, mas dois pequenos Eastons crescendo dentro de mim.

Avery, Quinn, e eu sentamos ao redor da mesa no café local quando Harper ganhou a atenção de todos os clientes com sua notícia exasperada e estridente. Ela e Easton foram apenas para um check-up com seu obstetra duas horas atrás, e neste momento ela estava extremamente animada e sobrecarregada com a notícia. Na verdade, eu não poderia imaginar quão surpresa que ela deve ficado no momento em que o médico colocou tudo para fora. Eu não podia deixar de me sentir um pouco triste por Easton.

— Isso significa dois de tudo, — ela disse com os olhos arregalados. — Então, sim, as roupas e sapatos combinando podem ser legais, mas as outras coisas são o que está me assustando. Isso é o dobro das mamadas e duas vezes a merda.

Olhei ao redor do lugar quando ela praticamente gritou a palavra merda, mas apenas alguns clientes arriscaram um olhar em nossa direção.

— Serei enterrada em fraldas sujas e vômito. Posso ver isso agora. Eu gerando a desova de Easton, e tudo o que ele faz é rir. — Ela se sentou na cadeira e cruzou os braços. — Bem, ele pode continuar pensando que isso será fácil, mas espere até que eu dizer a ele que ele está me aliviando três dias por semana por horas ilimitadas para eu que eu tenha uma pausa. Então vamos ver quão feliz ele estará depois de um dia de merda e vômito.

Avery riu, e Quinn cobriu o rosto de vergonha. Eu só encarava esta pessoa, perguntando como eu poderia sair ilesa. Ela estava possuída, e em qualquer minuto eu tinha certeza que ela começaria a espumar pela boca e crescer malditos chifres.

— Como você sabe que eles serão como Easton? — Avery perguntou. — Eles podem ser como você, ao invés disso.

Harper sorriu para aquelas palavras, e Quinn levantou a cabeça. O olhar em seu rosto só poderia ser explicado como horror quando ela imaginava não uma, mas três Harpers correndo e torturando todos que cruzarem seu caminho.

Todas nós viramos a nossa atenção para Avery quando ela bufou com risadas. Agarrando seu estômago, ela riu ainda mais. — Oh meu Deus, — ela engasgou. Outro bufo foi seguido por uma profunda ingestão exagerada de respiração. — Pobre Easton, — ela disse enquanto enxugava as lágrimas que agora começaram a rolar pelo seu rosto.

Agora já era impossível. Toda a equipe e os poucos clientes que ainda ficaram estavam voltados para as quatro mulheres loucas no canto. Nosso dia tranquilo de meninas no café agora se transformou em Girls Gone Wild{3}. Nós quatro ficamos lá, sendo o centro das atenções enquanto ríamos até chorar. Eu era grata pelo amor destas meninas. A amizade delas me levou a alguns momentos difíceis, e certamente continuaria por um longo tempo.


Capítulo 27

JUDE


Estendido no sofá, eu liguei a televisão e comecei a passar através dos canais. Estive esperando impacientemente que Callie chegasse em casa e havia acabado com coisas para ocupar meu tempo. Era um pouco depois das dez, e eu começava a me perguntar se deveria ligar, mas eu sabia onde ela estava. Ela estava trabalhando até tarde hoje para cobrir o turno de outra pessoa e passaria por seus pais depois. Sempre que Calvin e Mallory começavam a falar, pode levar algum tempo para fugir.

Meu problema era que eu odiava estar em casa à noite sem ela. Sempre que estava, minha mente vagava ao longo dos anos de culpa e arrependimento. Nunca paguei para jogar o jogo da culpa, mas me vi fazendo isso muitas vezes.

Callie era minha razão; ela era o meu equilíbrio. Sempre que ela estava perto, as coisas pareciam estar como deveriam ser. As crianças a amavam e eu a amava. Olhando para trás agora, não posso acreditar que eu realmente pensei que poderia ignorar meus sentimentos por ela. Graças a Deus que Katelynn tinha outras ideias.

O som das chaves tilintando na fechadura enviou uma onda de excitação por mim. Da minha posição no sofá, eu tinha a visão perfeita da porta. Então, em vez de me mover, eu fiquei ali descansando com o controle remoto na mão. Apesar de que tudo o que estava passando na televisão não me interessasse nem um pouco, eu fingi estar completamente absorto. Quando a porta se abriu, eu peguei o movimento com o canto do meu olho e lentamente olhei em sua direção. Callie estava congelada, olhando para mim com um sorriso nos lábios.

— O quê? — Perguntei, olhando para mim mesmo. As crianças estavam dormindo, então usar minhas cuecas boxer não deve ser um problema.

Vi quando ela baixou a bolsa para a mesa logo à esquerda da porta e colocou as chaves lá também. Deslizando seu suéter de seus ombros, ela começou a caminhar em direção ao sofá, mordendo o lábio. Eu não poderia parar o sorriso que se espalhou pelo meu rosto. Seu humor mudara instantaneamente e eu podia ler em seus olhos. Ela tinha planos.

— Existe uma razão para você decidir esperar no sofá de cueca? — Ela perguntou quando descansou o joelho no espaço ao lado do meu quadril.

Me recusei a estender a mão e agarrá-la, embora minhas mãos estivessem coçando para fazer exatamente isso. Era como uma atração magnética, e minhas mãos formigavam. — Não, — eu disse, tentando manter minha merda junta. — Estava apenas assistindo um pouco de televisão. — Jogar esse ato desinteressado era mais difícil do que eu pensava. Inferno, eu ouvi a dúvida em minha própria voz. No momento em que seu sorriso aumentou, eu sabia que ela me pegara e já não havia um motivo para discutir. Ela montou meus quadris e pressionou seu corpo contra o meu. A sensação de formigamento que uma vez estivera confinada as minhas palmas agora se espalhara para outras partes do meu corpo. Meu pau se contraiu enquanto ela balançava suavemente seus quadris contra mim, e seu calor me deixou saber que ela sentia isso também.

— Não aja como se não sentisse a minha falta, — ela sussurrou, trazendo seus lábios dentro de centímetros do meu.

— Oh, eu nunca disse que não sinto sua falta. — Agarrei seus quadris e empurrei o meu para cima, permitindo-lhe sentir que eu estava preparado para levar esse pequeno encontro para o próximo nível. Ela já estava ofegante do atrito que nós dois estávamos criando. Quando seus quadris balançaram no tempo com o meu, eu decidi que era hora de eliminar as barreiras entre nós. Enrolei minha mão em torno do seu pescoço, a puxei para mim, e assumi sua boca com a minha. Provar a dela era como jogar combustível no fogo. Enquanto sua língua se enroscava com a minha, eu cuidadosamente soltei meu domínio sobre seus quadris e comecei a levantar sua camisa, expondo sua perfeição. Seu corpo era incrível para caralho, e se eu pudesse passar todos os dias da minha vida tocando e degustando cada polegada, seria o maior presente.

— Senti sua falta, — sussurrei, e ela sorriu contra meus lábios enquanto continuávamos nos beijando e devorando um ao outro. — Eu sempre sinto sua falta, baby, a partir do segundo em que você está fora do meu alcance.

Ela levantou apenas o suficiente para me permitir a tirar sua camisa. Aproveitei a oportunidade para estender a mão atrás de sua cabeça e soltar seu cabelo do grampo. Ele cascateou imediatamente sobre os ombros e caiu sobre meu peito. A visão fez meu coração disparar, e desejo passou por mim, me enviando para o espaço.

Sentei rapidamente e a levei comigo. Girando a uma velocidade impressionante, eu a coloquei no sofá, cobrindo seu corpo com o meu, e prendi seus braços acima da cabeça. — Você é tão linda, para caralho, — eu disse enquanto beijava seu pescoço e peito. Ainda prendendo seus pulsos com uma mão, eu usei a outra para liberar o gancho dianteiro de seu sutiã. Quando ele caiu, eu não perdi tempo em me inclinar e chupar o mamilo em minha boca.

— Jude, — Callie gemeu quando arqueou as costas, empurrando o peito para cima.

— Shh, — eu disse antes de lançar minha língua sobre o mamilo. Ela gemeu e mordeu o lábio para controlar seus gemidos. Soltei suas mãos e ela começou a baixá-las. Quando balancei a cabeça, ela olhou para mim em confusão. — Mantenha as mãos acima da cabeça.

Baixei a cabeça de novo e comecei a beijar seu estômago enquanto trabalhava em desabotoar sua calça. Olhei para cima sem tirar minha mão e descobri que ela me observava atentamente, sua respiração profunda enquanto ela tremia. Quando tive as calças abertas, comecei a baixá-las junto com a calcinha, e ela levantou os quadris, tornando mais fácil.

Callie se estendia diante de mim, bonita para caralho, e literalmente fez o meu peito doer. E pensar que eu fui quase muito teimoso e orgulhoso para admitir que ela me pegara, mas agora eu sabia que Callie era minha para sempre.

No momento em que escovei meu polegar sobre seu clitóris, suas pernas abriram mais. Eu deslizei para fora do sofá e fiquei de joelhos no chão enquanto virava seu corpo diante de mim. Espalhando ainda mais as suas pernas, com as mãos pressionadas em suas coxas, eu abaixei minha boca para sua boceta. Ela levantou seus quadris enquanto eu lançava minha língua sobre seu clitóris.

Com a combinação de seus movimentos e os meus, eu sabia que ela estava chegando lá. Deslizar o dedo dentro dela só aumentou seu prazer e ela começou a foder a minha mão. Observei-a enquanto continuava meus movimentos, e seus olhos estavam fechados com força enquanto apertava a almofada ao seu lado.

Quando ela apertou em torno do meu dedo, meu pau estava tão duro que doía. O momento em que ela arqueou as costas e gemeu sua libertação, eu levantei minha cabeça e assisti espantado. Assistir Callie desmoronar era nada menos do intoxicante. Nunca na minha vida eu testemunhei nada mais sexy. Quando ela relaxou contra o sofá, eu não perdi mais tempo, mas agarrei o cós da minha boxer e a abaixei pelas minhas coxas. Segurei meu pau e arrastei a cabeça através de sua umidade, me revestindo. Quando o fiz, ela abriu os olhos e separou os lábios em antecipação.

— O que você quer, Callie? — Eu perguntei enquanto continuava a provocá-la com a cabeça do meu pau. Eu começava a pensar que o meu jogo de provocação sairia pela culatra, porque minhas pernas tremiam com a necessidade.

— Você, — ela disse. — Quero você dentro de mim.

Eu bati nela, e um pequeno suspiro escapou quando ela começou a mover os quadris novamente.

A ânsia de Callie levou a minha necessidade de tê-la. Ela era tão sensível, e eu amava o que eu poderia fazer para ela com apenas um pequeno toque. Era como se nossos corpos estivessem tão em sintonia um com o outro que nem sequer precisavam de palavras. Nós sempre parecíamos saber com um olhar o que o outro precisava.

— Você é incrível, — ela sussurrou enquanto eu deslizava dentro dela uma e outra vez, a minha própria libertação chegando rapidamente. Corri apreciativamente minhas mãos sobre o corpo dela e belisquei seus mamilos entre os dedos antes de descer para agarrar seus quadris. Tomando seus movimentos, eu comecei a empurrar com mais força, puxando seu corpo contra o meu mais e mais.

— Estou tão perto, — ela gemia. — Oh meu Deus, Jude.

Eu estava pendurado na borda e sabia que estava prestes a explodir. Soltei o lado esquerdo do seu quadril, trazendo a minha mão ao ápice de suas coxas, e pressionei meu polegar contra o seu clitóris. Quando comecei a movê-lo em um movimento circular, ela ficou tensa e gemeu sua liberação, empurrando seus quadris mais e mais rápidos.

Permitindo que o meu próprio prazer assumisse, eu bati nela, gozando mais forte do que alguma vez já fiz. Meus dedos cravaram em seus quadris enquanto a segurava contra mim, me esvaziando inteiramente.


Capítulo 28

CALLIE


— Podemos ficar com ele? — Zoey perguntou enquanto afagava o cachorrinho.

Minha determinação lentamente desapareceu quando ambas olharam para mim com entusiasmo e esperança em seus olhos. Entrar no pet shop não foi uma boa ideia. Não sei o que eu estava pensando quando concordei.

— Não sei, gente, talvez devêssemos perguntar para o tio Jude, — eu disse, olhando para o adolescente que trabalhava atrás do balcão. Ele deu de ombros e eu sabia que ele não seria de nenhuma ajuda.

— Ele dirá não, — Matthew disse com um beicinho triste. — Mas se nós já o tivermos em casa, então ele terá de ficar com ele. Podemos chamá-lo de Warrior. — Seu sorriso brilhante retornou novamente quando ele se inclinou para mais perto do filhote de cachorro preto e permitiu que ele lambesse em seu rosto.

— Eca, — Zoey gemeu. Eu tinha certeza que ela se referia ao cachorro babando quando ele continuou lambendo as mãos e a cara de Matthew. Mas quando Zoey continuou gemendo, eu fechei os olhos com força, como se para me distanciar do argumento que eu sabia que eles estavam prestes a fazer.

— Nós não o chamaremos de Warrior. Devemos chamá-lo de Charlie, ou talvez Buddy, — ela insistiu.

— Mas o tio Jude me chama de buddy{4}, de modo que é o meu nome, — ele disparou, e o rosto de Zoey se contorceu na expressão que a fazia parecer uma adolescente.

— Por favor, pare de choramingar. Isso me deixa louca. — Zoey revirou os olhos para seu irmão mais novo. Pisquei, assistindo. Olhando para o garoto atrás do balcão, eu levantei uma sobrancelha como se dissesse, Viu o que você fez? Afinal de contas, foi ele quem apontou os filhotes para Zoey e Matthew, em primeiro lugar.

— Por favor, Callie, — Zoey implorou, trazendo a minha atenção de volta para ela. — Nós nunca tivemos um cachorrinho, e eu sempre quis ter um. Tio Jude sempre disse que com a mamãe doente não podíamos pegar um.

Culpa instantaneamente me inundou, e eu sabia que estava desabando. A doença de Katelynn era sempre tão imprevisível, então é claro que eles tiveram que ficar sem um monte de coisas.

— Quão grande ele fica? — Acabei perguntando ao funcionário enquanto continuava assistindo ao salto feliz do filhote de cachorro com as crianças regando atenção.

— Ele é um labrador preto, então ele pode realmente crescer a uma média de vinte e sete a trinta e seis quilos.

Ele agiu como se o que tivesse dito não fosse nada. Olhei para ele, e eu sabia que meus olhos estavam enormes enquanto tentava visualizar quão grande era. Por que não podia ter mostrado um cão que ficaria pequeno? Talvez eu fosse capaz de convencer Jude a adotar um cão menor, mas se nós levássemos um enorme monstro para casa, eu tinha certeza que ele me mataria.

Bufei o riso enquanto me lembrava do olhar de terror no rosto dele quando viu o enorme cão de Harper. Seus olhos se arregalaram enquanto recuava, e estendia as mãos. Nunca esperei que alguma coisa o assustasse tanto assim, e depois eu decidi que Jude provavelmente não era uma pessoa de cão.

Quando olhei para as crianças, elas olhavam para mim com seus grandes, olhos suplicantes, e lentamente minhas reservas foram desaparecendo. Inferno, até o cachorro fez uma pausa e se sentou sobre as patas traseiras, balançando o rabo alegremente.

Eu realmente não tinha nenhuma esperança de sair deste lugar sem este filhote de cachorro a reboque. Eu sabia disso, e então decidi parar de lutar.

— Nós não vamos brigar pelo nome, — eu disse, e Zoey e Matthew sorriram brilhantemente. — Cada um colocará um nome em um chapéu, e aquele que tirarmos é como vamos chamá-lo. Podemos concordar com isso?

Eles concordaram, e me virei para o garoto atrás do balcão. — Preciso que você me ajude a pegar tudo o que precisa para este filhote. — O sorriso dele só aumentou. — E pare de sorrir tão brilhantemente, — eu disse, estreitando os olhos para ele. — Você fez isso comigo, e se o meu namorado enlouquecer, eu darei o seu nome para ele. — Olhei para seu crachá antes de encontrar seu olhar novamente. — Dylan.

Ele balançou a cabeça e se afastou, tentando esconder sua risada. Eu segui quando ele começou a jogar coisas em um carrinho de compras, e tudo que eu podia fazer era balançar a cabeça. Eu acabara de ser vencida por duas crianças, um adolescente à procura de uma comissão, e um filhote de cachorro preto. Eu era tão tola.


***


— Olá.

Eu congelei quando a voz de Jude foi levada pela escada, em seguida, pulei da minha posição no chão em nosso quarto e fui para a porta. Antes de abri-la, me virei para encarar as crianças, que brincavam de cabo-de-guerra com o cachorro sem nome. — Fique aqui.

Ambos assentiram com a cabeça, e escorreguei para fora do quarto, fechando a porta.

Jude acabara de chegar ao topo da escada, e olhou para cima com um sorriso. — Onde estão as crianças?

— Estão brincando em nosso quarto, — eu disse quando me aproximei dele.

— Qual o problema? — Perguntou.

— Nada, — assegurei a ele enquanto eu continuava andando. Ele levantou uma sobrancelha para mim, e meu estômago caiu. Ele estava vendo através de mim. Eu era uma péssima mentirosa.

— As crianças estão ocupadas. Quer se esgueirar no piso térreo e ter uma rapidinha? — Balancei as sobrancelhas, mas sua expressão facial não mudou nem um pouco.

— Agora eu sei que você está cheia de merda. Você está realmente tentando me distrair com sexo, — ele disse com um sorriso.

Eu estava prestes a discutir quando o cachorro latiu.

— O que foi isso? — Perguntou.

— Uh... — meu estômago se lançava ao redor ansiosamente, e sequer cheguei a descobrir uma maneira de dar a notícia antes de tudo se soltar. A porta do quarto se abriu, e ouvi as patas do cachorro batendo contra o chão de madeira enquanto Zoey e Matthew seguiam. Guinchos e risos encheram o corredor enquanto eu permanecia presa no local. Evitei olhar para Jude. Na verdade, eu olhava para o chão, em vez disso.

— Aquela é minha cueca? — Jude perguntou, e olhei para cima. Ele apontava para o cachorro, que estava sentado olhando para Jude. Pendurada em sua boca estava a boxer vermelha da Calvin Klein de Jude que eu acabara de comprar na semana passada.

— Warrior gosta de brincar de cabo-de-guerra com ela, — Matthew anunciou, puxando a outra ponta do material vermelho. — Veja, você apenas coloca a mão nesta alça, e ele puxa para trás. — Matthew enfiou a mãozinha através da abertura frontal na boxer.

— O nome dele não é Warrior, — Zoey argumentou. — Nós ainda temos que sortear o nome, lembra? Callie disse isso.

Eu podia sentir os olhos de Jude presos em mim. Eu sabia que ele estava esperando que eu olhasse para cima, mas eu estava evitando o contato visual.

— Como você acha que devemos chamá-lo, tio Jude? — Matthew perguntou. — Eu gosto de Warrior, mas Zoey disse Buddy ou Charlie. Não gosto deles.

As crianças começaram a discutir sobre o nome do nosso novo cachorro, e é claro que eu continuava mantendo minha cabeça abaixada enquanto o meu coração disparava com a ideia de que Jude podia estar com raiva.

— Callie, — Jude disse, e meu estômago embrulhou. Ele não parecia chateado, mas não parecia feliz também. O silêncio se instalou, e eu sabia que todos os olhos estavam em mim.

Respirei profundamente e fechei os olhos com força. — Eu nunca deveria tê-los deixado me convencerem a ir à loja de animais, mas antes que eu soubesse o que me atingiu, eles estavam rindo e brincando com este pequeno indivíduo bonito. — Eu olhei para cima e encontrei Jude olhando para mim, uma expressão ilegível no rosto. — Eles me encurralaram, e me deram aquele olhar. Você sabe qual.

Foi então que notei o sorriso puxando seus lábios. — Você nunca será capaz de dizer não para eles? — Jude perguntou, andando ao redor do filhote.

Balancei a cabeça. Eu sabia que no momento em que se viravam para mim e davam aqueles grandes, os olhos tristes, eu era pudim nas mãos deles. Eu era incapaz de decepcioná-los.

— Então nós temos um cão agora, — ele sussurrou enquanto enganchava seu dedo no cós da minha calça e me puxava contra ele.

Eu concordei e ele deslizou a outra mão na minha cintura.

— Eu amo que você quer fazê-los felizes, — ele disse. Eu olhei para cima, e os nossos olhos se conectaram imediatamente. — Vivemos juntos, nós criamos Zoey e Matthew juntos. — Ele fez uma pausa conforme abaixava a boca perto da minha. — E agora temos um filhote de cachorro. Isso é uma prática antes do próximo passo?

Meu coração acelerou e parecia que bateria diretamente para fora do meu peito.

— Eu acho que nós provavelmente devemos tornar as coisas mais oficiais, já que a nossa família está crescendo agora. — Seus lábios pairaram sobre o meu. — Apenas uma ideia, eu acho que ambos precisamos olhar um pouco mais além. — Ele me beijou antes de recuar e ajoelhar para conhecer formalmente o nosso mais novo membro da família.

— Não sei, Zoe, eu acho que eu meio que gosto de Warrior também, — Jude disse enquanto puxava a boxer que o cachorro ainda detinha na boca.

Zoey olhou para ele e franziu o nariz. Ela cruzou os braços sobre o peito e se sentou sobre os pés.

— Basta pensar, se Matt estiver focado neste Warrior, — ele disse, apontando para o cachorro, — Ele não tentará dar suas Barbies como alimento ao banheiro.

— Não, ele somente alimentará o cão com elas, em vez disso. — Ela fez beicinho.


Epílogo

JUDE


— Está tudo acertado? — Segurei o meu telefone firmemente contra meu ouvido quando meu coração disparou.

— Está pronto. Ela não suspeitará de nada, — Jett me assegurou. — Ela está ocupada com uma pilha de papéis que eu dei a ela para trabalhar. — Ele riu profundamente. — Está na sala de descanso, enterrada atrás de uma tonelada de merda que eu já fiz há dias. Ela está chateada com isso.

Eu sorri enquanto pensava na insolência que Callie agira com Jett após ele a colocá-la no quarto sujo e sem janelas.

— Quinn e as meninas estão à espera no meu escritório com todos os caras. Os pais de Callie chegaram aqui há alguns minutos, mas estão esperando na frente.

— Tudo bem, dê alguns minutos e vá buscá-la. Alimente-a com alguma merda sobre a máquina de shake estar quebrada ou algo assim. — Respirei fundo. — Eu entrarei exatamente às sete horas. As crianças estão comigo.

— Deixa comigo, não se preocupe, — ele me assegurou, e eu acreditei nele.

Planejei esta noite durante semanas. Quando fui para casa naquela noite, há dois meses, e descobri que Callie havia comprado um cão as crianças, eu sabia que queria tornar as coisas mais permanentes entre nós. Eu estava pronto até então para perguntar a Callie se ela queria casar comigo.

Então, depois de uma longa conversa com os pais dela, Mallory foi comigo para ajudar a escolher o anel de sua filha. Recrutei Quinn, Harper e Avery para planejar o cenário, e esta noite era a noite. As crianças e eu nos vestimos com o nosso melhor, e em menos de dez minutos, eu atravessaria as portas do restaurante do Jett para pedir Callie em casamento. Na frente de nossa família e amigos, eu iria confessar que ela era a cola que me segurou enquanto tudo ao meu redor caía aos pedaços.

— Preciso fazer xixi, — Matthew disse do banco de trás, e não pude deixar de rir.

— Pode esperar apenas alguns minutos, cara? Eu quero que você e sua irmã fiquem comigo quando eu falar com Callie. — Eu havia explicado o que esta noite era antes de sair de casa. Ambos estavam animadas com a ideia de Callie ser minha esposa e um dia ter um bebê que todos nós poderíamos amar.

Quando o relógio no carro mudou para 06:59, eu virei a chave e a retirei da ignição. Até a hora em que chegamos na parte de trás do restaurante, eu sabia que seria hora de entrar.

Meu coração estava acelerado, e eu não conseguia me lembrar de nunca me sentir tão nervoso.

Segurando as mãozinhas de Matthew e Zoey, entramos pela entrada dos fundos. Eu havia dito a eles quão importante era que ambos permanecessem o mais silenciosamente possível. Eu não queria que Callie soubesse que estávamos lá ainda. Tudo deveria ser uma surpresa.

Ao dobrar a esquina, a área de jantar veio à vista, e imediatamente localizei Callie, que Jett estava ocupando perto do bar. Sabendo que todos estavam no escritório de Jett e poderia nos ver através da parede de vidro, eu não perdi mais tempo.

Soltei as mãos das crianças e dei alguns passos mais perto, ajoelhei e estendi a mão. Alguns dos clientes ficaram calados quando me notaram.

Respirando fundo, eu prossegui.

— Callie. — Minha voz estava trêmula com a energia nervosa fluindo através de mim.

Ela virou rapidamente, e no momento que ela me viu, sua mão cobriu sua boca. Observando seu olhar sobre meu ombro, eu sabia que ela viu Zoey e Matthew também. E assumi, pela forma em que seus olhos digitalizaram da esquerda para a direita em um amplo arco, que todos do escritório de Jett agora se juntaram a nós para testemunhar a próxima etapa em nossas vidas.

— Ei, linda, — eu disse, e seus olhos caíram em mim.

— Oi, — ela sussurrou, abaixando a mão ao peito. — O que você está fazendo?

— Bem, as crianças e eu decidimos que queremos mantê-la para sempre, — respondi, e ela sorriu brilhantemente enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Você torna tudo mais brilhante, Cal, e nossa vida não seria tão maravilhosa como é se você não fosse uma parte dela. Nós amamos você, baby.

— E eu também te amo, todos vocês, tanto, — ela confessou, dando um passo em minha direção.

Olhei à minha esquerda, e então à minha direita, apontando para que Zoey e Matthew se aproximassem. Uma vez que estavam ao meu lado, eles olharam para Callie.

— Estou aqui na frente de todos os nossos amigos e família, junto com um monte de estranhos, para que todos saibam o quanto você significa para nós. Quanto você tem tornado a nossa vida melhor. Sem a sua força, eu não sei como teríamos atravessado os últimos meses. — Respirei fundo, me firmando. — Aprendi que quando eu quero algo, eu preciso ir para isso. E, Callie, eu quero você. Nós queremos você, para sempre. — Levantei minha mão para ela, trazendo o foco para o anel que eu segurava entre meus dedos. — Callie Raine, você me dará a honra de se tornar minha para sempre? Você se casará com a gente?


***

CALLIE


Nunca suspeitei de nada. Não tive aviso, nenhum sinal de que Jude havia planejado isso. Mas os sentimentos fluindo por mim eram nada menos do que amor extremo sem fim.

— Sim, — eu disse através das lágrimas que se formaram e agora nublavam a minha visão. — Sim, eu vou casar com vocês. — Eu ri através das minhas lágrimas tanto quanto Zoey e Matthew pularam com entusiasmo.

Jude pegou minha mão, um enorme sorriso nos lábios. Minha mão tremia incontrolavelmente enquanto ele a erguia e colocava o anel mais lindo que eu já vi no meu dedo. Uma vez que estava no lugar, ele se levantou e se aproximou de mim, em seguida, puxou meu corpo contra o dele. Quando ele enfiou a mão em minha nuca, eu olhei para ele com adoração. — E justo quando eu pensei que não poderia ficar mais feliz, você vai e me faz sentir todos os tipos de emoções, — ele sussurrou. — Você me dá tanta esperança, querida, e com você do meu lado, eu sei que tudo que Katelynn sempre quis para mim e para as crianças é atingível. Você faz tudo isso possível, baby, sem sequer perceber quão perfeita você é. Eu amo você, Callie.

Antes que eu pudesse responder, ele baixou seus lábios nos meus e selou o nosso futuro. Gritos de emoção e aplausos irromperam ao nosso redor, e sorri contra seus lábios.

Por muitos anos, eu persegui um sonho e esperava que um dia Jude percebesse a felicidade muito merecida. Um soluço sacudiu em meu peito.

Jude se afastou do nosso beijo e olhou para mim com preocupação. — O que há de errado, baby?

Respirei profundamente e sorri para ele. — Nada está errado. Tudo está tão certo. Eu desejei por isso, por você. Obrigada por tornar meus sonhos uma realidade.

— E pretendo passar o resto de nossas vidas fazendo com que todos os seus sonhos se tornem realidade, — ele disse antes de me beijar novamente.


Quinn & Jett

 

QUINN


— Oh meu Deus, — gritei do banco do passageiro. Inspirando e expirando profundamente, agarrei o painel, inclinando para frente.

— Você está indo bem, baby. Estamos quase lá, — Jett disse, mas isso não ajudou.

— Quase não é bom o suficiente, Jett, por favor, corra, — implorei. Eu não me importava se eu parecia um bebê. Eu precisava de algo para ajudar com essa dor.

Eram três da manhã, e fui acordada por uma dor em meu abdômen.

Quando fui para a cama, notei que minhas costas doíam, mas ultimamente era comum. Eu estava com trinta e sete semanas de gravidez e me expandia além dos meus sonhos. Juro que eu estava o dobro do meu tamanho original. Ok, talvez não, mas certamente eu me sentia como se estivesse tão grande quanto uma casa.

Pneus guincharam quando o carro parou abruptamente. Olhei para Jett e estreitei os olhos.

— Desculpe, — ele disse antes de abrir a porta e correr pela frente, apontando para um técnico parado em frente à entrada de emergência.

Minha porta se abriu, e tentei rastejar para fora, assim que outra contração bateu. — Argh, — gemi e agarrei meu estômago, curvando.

— Respire, — Jett disse, e eu queria gritar com ele. Homens não tinham ideia de quão difícil era essa merda. Sério, eles deveriam ter que passar por toda essa dor e nos deixar ficar ao lado deles dizendo para respirarem.

Quando a contração começou a desacelerar, de repente eu me senti mal por estar irritada com Jett. Oferecendo um sorriso tranquilizador, eu estendi minha mão para ele, e ele me ajudou a sair do carro. — Obrigada, — sussurrei enquanto ele me guiava em direção a cadeira de rodas.

— Estamos prestes a conhecer o nosso filho. Não posso acreditar que é hora. — A alegria estampada no rosto dele aqueceu minha alma e fez lágrimas acumularem nos meus olhos. Este grande, forte, arrogante e teimoso homem estava prestes a ser colocado de joelhos pelo nascimento de seu filho.

— Vamos fazer isso, — sussurrei.

Ele se inclinou e me deu um beijo doce. — Eu te amo, baby.

— E eu te amo.

***

JETT


Eu estava do lado de fora da sala de parto, apenas tomando um respiro. Chamei o pai de Quinn e meus pais antes, e todos chegaram. Quinn descansava agora que ela havia recebido uma epidural, o que por sua vez me deu um momento para apenas me sentar. Ela estava com sete centímetros de dilatação, e a única coisa a fazer agora era esperar. Mas saber que eu logo encontraria meu filho me fez sentir como se estivesse na porra do topo do mundo.

— Não me toque.

Fechei os olhos com força, porque eu conhecia essa voz.

— Isso é culpa sua. Você fez isso comigo.

Levantando minha cabeça, eu assisti uma cadeira de rodas ser empurrada por uma enfermeira sorrindo, se aproximar, carregando minha irmã muito irritada. Harper parecia que ia explodir a qualquer momento, em mais de uma maneira. Quinn pensara que ela havia ganhado muito peso, mas ela não tinha nada se comparado a Harper. Acho que o fato dela carregar não um, mas dois bebês, teve muito a ver com isso também.

Arrastando alguns metros atrás dela, estava um Easton parecendo derrotado. Ele seriamente parecia ter sido espancado e deixado para morrer.

Harper estreitou os olhos e juro que a ouvi rosnar quando eles a empurraram, passando por mim. Ofereci um sorriso, e ela me mostrou o dedo. O suspiro da enfermeira me fez rir.

Easton parou bem na minha frente, respirando fundo. — Como Quinn está? — Perguntou.

— Dormindo, — respondi, e seus olhos se enrugaram em confusão. No estado em que Harper estava, eu podia ver como ele encontraria esta uma tarefa impossível durante o parto.

— Deram-lhe a epidural e ela adormeceu. Ela ainda tem um pequeno caminho antes de chegar lá, — expliquei.

Ele balançou a cabeça e olhou em direção à porta, apenas três portas conduziam a Harper. — Diaba, — ele sussurrou, e não conseguia parar de rir. — Porra, cara, eu não estou brincando. Ela me acordou com um soco no estômago. — Realmente não havia como eu aguentar isso. Eu poderia imaginar Harp fazendo exatamente isso. — Só espero que ela receba um pouco desse suco que eles deram a Quinn. Acho que não passarei a noite de outra forma. — Ele balançou a cabeça. — Teríamos ligado para que você soubesse que nós estávamos vindo, mas quando liguei para sua mãe, ela disse que já estava a caminho daqui por causa de Quinn. — Ele deu de ombros.

— Não é um problema. Ela ia ligar para vocês de qualquer maneira, assim que Quinn ganhasse o bebê. Apenas não achamos necessário acordá-los, já que ainda tínhamos tempo. — Harper é má e teimosa em um dia normal. Mas adicionar estar grávida de gêmeos à mistura, a sua irritabilidade e teimosia subia dez vezes. Dormir era a única vez que Easton estava livre da tortura que ela lhe dava, então a última coisa que eu queria fazer era estragar seu consolo.

— Easton. — Nós dois viramos a cabeça na direção do grunhido de raiva de Harper. — Traga sua bunda aqui. Você vai sofrer bem junto comigo.

Ele olhou para mim, os olhos arregalados de horror. Eu ri novamente, e ele estreitou os olhos para mim. — Foi você quem se apaixonou por ela, se casou com ela, e a engravidou. Isso é tudo culpa sua.

Ele finalmente sorriu e concordou com a cabeça. — É isso mesmo, — ele disse. — E a merda que eu tive que enfrentar valeu a pena.

— Se você diz, cara, — eu disse, me virando e voltando para o quarto em que estava a minha esposa e filho. Era muito mais pacífico do que onde Easton estava indo.

Ao me sentar ao lado da cama de Quinn, seus olhos se abriram. — Ei, você, — ela sussurrou.

Levantando, me inclinei e a beijei suavemente. — Como se sente? — Eu perguntei quando olhei para o monitor que rastreava suas contrações.

— Posso sentir quando tenho contrações, mas só porque meu estômago aperta. A dor é tolerável. Eu não queria não sentir nada. Queria apenas ser capaz de desfrutar desta experiência com você. — Ela encolheu os ombros. — Em vez de planejar o seu desaparecimento durante todo o evento.

Ela sorriu docemente, e eu combinava o dela com o meu. — Bem, sim, isso soa muito melhor do que o que Easton está passando agora.

Seus olhos se arregalaram. — Harper está em trabalho de parto? — Balancei a cabeça, e ela mordeu o lábio para abafar o próprio riso. — Alguém precisa dar uma medalha para Easton, ou, pelo menos, oferecer para ele uma noite de celebração depois disso. Ele vai precisar, e se alguém merece, será ele. Ela vai matá-lo.

Quinn e eu balançamos a cabeça, porque Easton realmente tinha uma noite e um dia traiçoeiro à frente.


Harper & Easton

 

HARPER


Segurei os lados da cama e me concentrei no teto. Havia uma mancha escura na pintura que parecia como se tivessem pintado de um profundo tom de azul. Era um grande ponto focal agora. Era isso ou matar meu marido.

— Quase acabou, — disse uma jovem enfermeira alegre do meu lado. Ela realmente não tinha ideia no que estava se metendo. E se ela não acabasse com sua atitude feliz, eu seria forçada a fazer isso por ela. — Respire, — ela disse, e rosnei. Sim, eu rosnei, porra, porque ela estava testando minha contenção. Eu estava respirando, porra. Também estava com dor além do meu sonho mais selvagem, e minhas costas pareciam se dividir em duas.

— Respire, Harper, — ela disse no que imaginei que deveria ser a voz severa, e minha xícara de tolerância transbordou.

— Estou respirando. Estou com dor como uma cadela, e sua alegria está me deixando louca. Pare com isso. — Eu me virei para encará-la quando a contração começou a desvanecer.

Ela tinha cabelos loiros na altura dos ombros, e juro que ela tinha pouco mais de um metro e vinte de altura e não poderia ser muito mais jovem do que eu. Seus lábios estavam pressionados firmemente juntos, e ela parecia incerta se devia tentar falar novamente.

Eu me mexi na cama o suficiente para ter uma melhor visão dela. — Realmente não quero ser uma cadela, mas acho que você e eu precisamos ter uma conversinha.

Ela assentiu com um pequeno sussurro de ok.

— Preciso que você saiba que não sou uma pessoa má. Eu sou apenas uma mulher grávida mal-humorada. Pergunte ao meu marido o quão horrível eu sou. Ele viveu no inferno desde o primeiro momento em que comecei a vomitar devido a estes dois pequenos intrusos. É provavelmente uma coisa boa termos gêmeos, porque eu sei que nunca, e quero dizer, nunca mais, passarei por isso novamente. Não fui feita para a gravidez, mas sei que o resultado valerá a pena.

Arrisquei uma olhada em Easton. Ele ficou ali sentado em silêncio, e pude ver um pequeno arremedo de um sorriso puxando seus lábios. O homem me conhecia bem.

Voltando a enfrentar a enfermeira, continuei, — Eu gosto simples, direto ao ponto. Não aja com doçura, porque agora, no meu estado atual, não posso tolerar doçura. Assim, se você precisa que eu me mova ou empurre, então apenas diga isso. Não continue com, você vai muito bem ou, lá vai você, mamãe. E, por favor, somente pegue algo para esta dor antes que eu mate alguém. — Não tirei os olhos dela.

A enfermeira se mexeu e deu um passo para longe de mim. — Ok, sem doçura, ou comentários felizes motivacionais. Você, hum, — ela gaguejou, — Quer algo para a dor?

— Sim, — eu disse, assistindo-a se afastar, balançando a cabeça.

Depois que ela saiu do quarto, Easton riu. Virando para encará-lo, eu olhei para baixo. — Que diabos é tão engraçado?

— Você assustou demais aquela garota, você sabe disso, certo? — Ele disse, ainda rindo.

— Diga que ela não estava te irritando também, — o desafiei.

— Bem, honestamente, eu acho que ela estava apenas...

Levantei minha mão para pará-lo. — Sequer termine a frase. — Eu podia sentir uma contração se aproximando e agarrei o trilho lateral da cama mais uma vez. — Droga, — eu disse, com os dentes cerrados. — Vou assassinar você, — eu disse a ele quando ele se levantou e se inclinou sobre mim, esfregando minhas costas. A contração estava no auge, meu coração acelerou e meu peito doía. — Falo sério, Easton, — assegurei a ele, mas não poderia seguir com a raiva. Doía muito.

— Não dou a mínima se você me bata, me chute, ou me xingue. Estou aqui, bem ao seu lado, você querendo ou não. Lide com isso. — Fechei os olhos com força. — Nós fizemos estas duas pessoinhas juntos, e vamos trazê-los a este mundo juntos.

Não sou de chorar. Nunca me permiti cair a estes níveis, pelo menos não quando qualquer um podia ver. Mas a dor era tão extrema, a esperança de segurar era impossível.

O monitor à esquerda começou a gritar quando gritei de dor. Em seguida, o mundo desabou. Olhei através dos meus olhos cheios de lágrimas e vi uma debandada de atividade. Minha enfermeira alegre veio correndo para o quarto, seguida por um médico e mais duas enfermeiras.

Olhei para Easton, e seu rosto estava cheio de preocupação. De repente, eu me senti tonta, como se visse por um túnel. Tudo ficou escuro, e os meus braços e pernas começaram a formigar. Minhas bochechas ficaram dormentes, e meus olhos estavam pesados.

— Harper, — ele disse, agarrando meu rosto. — Baby, fale comigo.

— Não me sinto bem, — sussurrei pouco antes de tudo escurecer.


***

EASTON


— O que diabos está acontecendo? O que há de errado com ela? — Pânico me atingiu quando Harper ficou mole.

— Nós precisamos que você se afaste, senhor. — A enfermeira com o cabelo curto e loiro fez um gesto para o espaço vazio atrás dela. Ela tinha que estar brincando comigo, porra.

— O que está acontecendo? — Perguntei de novo, dando um passo para trás, e vi os médicos analisando as leituras das máquinas e os monitores. O corpo de Harper começou a tremer, e corri para pegar a mão dela.

— Ela está em convulsão, — o médico disse quando uma onda de atividade começou. — Chame o OR{5}. Diga que a levaremos para a operação.

— O que? — Perguntei, mas ninguém escutava. Ninguém me dizia o que diabos estava acontecendo. Meu estômago se apertou quando o corpo de Harper ficou mole, e sua cabeça caiu para o lado, uma pequena quantidade de baba brilhando no queixo.

Quando puxaram as cobertas para movê-la e o sangue nos lençóis debaixo dela apareceu, eu afundei. Todo o meu mundo desmoronou ao meu redor enquanto as lágrimas começavam a cair.

Não sei quanto tempo fiquei sentado ali. Quanto tempo eu chorei em minhas mãos enquanto eles se distanciavam com a minha esposa. Mas uma mão no meu ombro me surpreendeu, e meu corpo estremeceu em reação.

Olhei nos olhos preocupados de Jett e perdi o controle de novo. Meu corpo tremia quando ele se ajoelhou diante de mim e fechou os olhos comigo.

— Ficará tudo bem, — ele disse.

Balancei a cabeça, porque eu não sabia disso. Não tinha ideia do que estava acontecendo, porque ninguém me dizia.

— Sim, ficará, — afirmou com certeza. — Vamos lá, — ele disse, tentando me ajudar a levantar.

— Não, eu não posso ir. — Comecei a entrar em pânico novamente.

— Nós não vamos embora, — Jett disse quando me puxou para ficar de pé. Notei então que os pais de Harper e a enfermeira de mais cedo estavam na porta, todos com ar preocupado. — Nós vamos até a sala de espera. Tudo ficará bem.

Concordei e passei por Jett, caminhando em direção à porta. Eu estava atordoado. Não conseguia parar de ver o olhar nos olhos de Harper exatamente antes dela desmaiar. Ela parecia tão assustada, e eu prometi protegê-la sempre. Jurei que nunca teria medo novamente. Não conseguia deixar de sentir como se eu tivesse falhado com ela.


***


Sentei com a cabeça em minhas mãos apenas a três metros de distância da porta da sala de operações, com os pais de Harper sentados ao meu lado em silêncio. A tensão era espessa. Jett voltara para o lado de Quinn quando o bebê estava nascendo. Eu podia ver que ele estava dividido. Ele sabia que ele precisava estar lá para o nascimento de seu filho, mas ele não queria ir sem saber o que estava acontecendo com Harper.

Quando o som da porta sendo aberta encheu o silêncio da sala de espera, os nossos olhos se voltaram para o médico que se aproximava.

— Sr. Black? — Disse.

— Sim? — Levantei e dei dois passos, fechando a distância entre nós.

Era como se o tempo parasse, até que um sorriso cobriu seus lábios. Imediatamente, eu senti como se mil toneladas fossem tiradas do meu peito.

— Sua família está indo muito bem, todas as três.

Meus joelhos enfraqueceram enquanto os pais de Harper choravam de alívio. — Gostaria de conhecer as suas filhas?

— Sim, — eu disse apressadamente. — Mais do que tudo.

Acompanhei o médico conforme ele me levava pelas portas e por um longo corredor. O som dos nossos sapatos no chão era tudo que eu podia ouvir.

Quando o médico fez uma pausa logo do lado de fora de outro conjunto de portas, ele se virou para olhar para mim. — Sua esposa está muito grogue, e isso tem muito a ver com a medicação que tivemos que administrar. Por insistência de Harper, precisou ser administrado muito rapidamente, a fim de garantir a segurança dela e a de suas filhas.

— O que exatamente aconteceu? — Perguntei.

— Embolia amniótica. É muito incomum. Tivemos que colocar um cateter arterial para monitorar a pressão arterial, e fazer uma transfusão. Mas com a medicação e alguns dias de monitoramento, eu acredito que ela ficará bem. Feliz, saudável e perfeitamente capaz de amar aquelas doces meninas da maneira que elas precisam ser amadas.

Concordei e permiti que meus olhos vagassem em direção à porta onde estavam minha esposa e filhas. Saber que algo poderia ter acontecido com qualquer uma delas fez meu peito doer incontrolavelmente.

O médico abriu a porta, e elas imediatamente vieram à tona. Respirei fundo e caminhei em direção à mulher que segurava o meu coração nas mãos. Ela sorriu para mim e estendeu a mão, os olhos vibrando.

Inclinando, eu coloquei meus lábios nos dela e levei um momento para apenas senti-la contra mim. Eu precisava da garantia de que ela estava realmente aqui.

— Você me assustou, baby, — sussurrei, e ela me beijou antes de se afastar para olhar para mim novamente.

— Me desculpe. Prometo nunca fazer isso de novo. — Ela piscou. — Você as viu?

Um grito suave encheu o quarto, e meu coração disparou de emoção. Eu levantei, observando quando duas enfermeiras empacotaram cada uma das minhas filhas e começaram a caminhar em nossa direção.

Elas se aproximaram da direção de Harper e colocaram uma em cada um dos seus braços. Sentei ao lado dela e coloquei uma mão em cada uma das suas costas, segurando-as de forma segura.

Eu daria a minha vida para Harper. Ela era o meu mundo. Mas naquele momento, eu me apaixonei de novo. Não só me apaixonei por Harper mais uma vez, mas me apaixonei pelas duas mini versões dela. Elas eram bonitas. E em menos de cinco segundos as conhecendo, eu sabia que eu faria qualquer coisa para protegê-las e dar tudo o que elas poderiam sonhar.

— Então, o que você acha, papai? Passamos por tantas opções de nome, mas nunca conseguimos decidir, — Harper perguntou, me observando atentamente.

— Isso é porque você nunca gostou das minhas sugestões, — eu disse com uma sobrancelha levantada.

Ela sorriu ainda mais. — Eu gostava delas, mas precisava ser difícil. Você me conhece. — Isso eu sabia. Não seria certo se ela não me desse um momento difícil. — Apenas não queria decidir até que as víssemos, porque eu sabia que no momento em que estivéssemos aqui, apenas saberíamos.

E ela estava certa. Ver seus doces rostinhos deixou claro. — Faith e Hope, — sussurrei, e Harper concordou com a cabeça.

E assim, minha esposa teimosa havia cedido e permitiu que eu nomeasse as nossas filhas.


Avery & Kade

 

AVERY


— Você verificou Willow? — Kade perguntou quando se sentou na cadeira ao meu lado.

Tomei o café que ele estendeu e trouxe-o aos meus lábios antes de beber a bondade açucarada. Ele riu enquanto eu abaixava a xícara para o meu colo.

— Sim, mamãe disse que ela acabou de comer e está adormecida no balanço.

Ele sorriu para mim e pareceu vagar mentalmente por um segundo, imaginando nossa doce menina fazendo exatamente isso. Willow fazia seu pai fazer tudo, e era realmente a melhor coisa que já testemunhei.

Kade entrelaçou os dedos com os meus e levou as mãos à boca, onde beijou meus dedos levemente.

Nós recebemos um telefonema por volta das cinco desta manhã, de que eles precisaram fazer uma cesárea de emergência em Harper. Jett estava uma bagunça, dividido entre Harper e Quinn, que estavam em trabalho de parto.

Agora era apenas um jogo de espera. Todos nós nos sentamos na área à espera de notícias sobre o estado de Harper, mas Quinn ia muito bem.

Jett saiu menos de uma hora atrás para dizer a todos nós que ele era o pai orgulhoso de um bebê de três quilos e duzentas gramas chamado Tucker Jett Jameson. Usar o nome de solteira de Quinn como o primeiro nome de seu filho foi uma ótima ideia.

A tensão era espessa enquanto todos nós nos sentávamos à espera de qualquer notícia sobre Harper e as gêmeas. Ninguém tinha quaisquer respostas, e todos estavam ficando impacientes. Callie estava a apenas um metro de distância, com as pernas pulando nervosamente. Jude colocou a mão sobre sua coxa, e ela imediatamente olhou para ele. Ele piscou, e desviei o olhar, sentindo como se estivesse espionando algum momento íntimo entre eles.

O clique de sapatos como se alguém se aproximasse pelo longo corredor chamou nossa atenção. Nós olhamos para cima para ver a irmã de Jett e Harper, Alex, correndo em nossa direção.

— Alguém sabe de alguma coisa? — Ela perguntou. Ela parecia perdida e derrotada, como se estivesse correndo no vazio. Seu marido, Cole, andava atrás dela, segurando seu filho nos braços, e logo ao seu lado estava sua filha, Maddi.

— Nada ainda, — Callie disse.

Alex fechou os olhos com força, como se lutando contra as lágrimas. Cole veio para o lado dela e passou os braços ao redor de seus ombros, puxando-a para perto. — Tudo ficará bem, querida. — Aquela voz rouca do Sul me deu calafrios.

— Você já falou com Jett? — Kade perguntou, e ela balançou a cabeça. — Bem, você tem um sobrinho. Quinn e Tucker, ambos estão muito bem.

— Tucker, — ela repetiu. — Eles usaram o nome de solteira de Quinn.

— Alexis. — Todos nós nos viramos para encontrar a Sra. Jameson na porta, com o Sr. Jameson apenas ao lado dela. Ela e Alex correram em direção uma a outra e compartilharam um abraço.

— Como elas estão, mamãe? Já ouvimos alguma coisa? — Alex perguntou.

— Elas estão bem, todas as três, — a Sra. Jameson disse enquanto enxugava as lágrimas dos olhos. — Não sabemos a situação exata ainda, mas o médico nos garantiu que as três são fortes e saudáveis. Easton entrou, e nós viemos aqui para dizer a todos.

A notícia fez com que todos nós suspirássemos de alívio.

Kade apertou minha mão, e me virei para encará-lo. — Elas estão bem, — sussurrei, e ele acenou com a cabeça antes de me beijar suavemente.


***

KADE


Depois de horas de preocupação, tudo caiu no lugar.

Jett agora entendia a atração que Willow tinha sobre mim, porque também era um pai. Ele agora sabia qual era a sensação de ter uma pessoinha que confia em você para tudo e que você faria qualquer coisa para fazê-los sorrir.

Minha vida havia mudado tanto, e eu tinha Avery para agradecer por isso. Sim, a gravidez não foi planejada, mas eu não mudaria nada. Me acordou e me deu a força para enfrentar o meu passado.

Avery e Willow eram minhas meninas. Elas são a melhor parte de mim, e amá-las mais seria impossível, considerando a profundidade que o meu amor já atingira. Eu sabia que sem as duas o meu mundo seria vazio.

Enquanto caminhávamos para o berçário para ver as gêmeas e Tucker, eu segurei sua mão firmemente. Quando nos aproximamos da grande janela de vidro, eu agarrei seus quadris e a puxei na minha frente. Inclinando sobre ela, eu beijei a pele exposta de seu ombro e passei meus braços em torno de sua cintura, enquanto esperávamos.

Um por um, as enfermeiras trouxeram os bebês para mais perto para que todos nós víssemos, e fui imediatamente levado de volta ao dia em que Willow chegou. A alegria que senti quando a enfermeira colocou minha filha em meus braços é algo que nunca poderia explicar. Realmente não há palavras para expressar a felicidade e amor que fluiu por mim como uma onda. Eu estava imóvel e completamente sem palavras enquanto olhava seus pequenos e doces rostinhos.

— Quero mais, — sussurrei antes que pudesse me parar. Avery olhou para mim com confusão. — Bebês. Eu quero mais.

— Oh, você quer, não é? — Ela disse com um sorriso. Balancei a cabeça, e ela apenas balançou a dela. — Vamos pelo menos passar pelo primeiro ano de Willow antes de falarmos sobre mais, — ela disse, se virando para olhar para os bebês.

Nós falaríamos sobre isso mais tarde, porque eu queria uma casa cheia de pequenos Averys e Kades. Agora, eu só precisava convencer a minha esposa que ela queria isso também.


Capítulo Bônus

Natal, dois anos depois

 

CALLIE


Enquanto eu gingava pelo caminho em direção a porta da frente de Harper, eu juro que sentia falta dos meus pés. Não me lembro da última vez que fui capaz de pintar minhas unhas dos pés. Matthew e Zoey estavam à minha frente, com pressa para entrar.

Quando pisei no primeiro degrau, Jude agarrou minha cintura. — Peguei você, baby, — sua voz dominadora me assegurou. — Não quero que você ou o meu filho se machuquem ao cair.

Eu estava grávida de oito meses, com o nosso primeiro – um menino. Sim, Jude estava muito orgulhoso disso. Zoey e eu esperávamos por uma garota, mas decidimos que apenas recrutaríamos este pequeno para fazer parte da nossa equipe. Enquanto isso, Matthew havia crescido em uma versão em miniatura de Jude, e ver os dois juntos era uma viagem. Eles eram os homens da casa, e eram arrogantes e às vezes um pouquinho convencidos.

— Obrigada, — eu disse, permitindo que ele me ajudasse a subir os três degraus da porta da frente. No momento em que cheguei à porta, Harper estava esperando com ela aberta.

— Ei, mamãe, como se sente? — Ela perguntou.

— Gorda e alegre. Tudo que preciso é um terno vermelho para o papel.

— Oh, querida, você não está gorda. Você está sexy, — Jude disse, e revirei os olhos. Até Harper olhou para ele como se dissesse, Sério?

Estar grávida do bebê de Jude era como carregar um segundo eu. Juro que esse rapaz deveria pesar uma quantidade absurda.

Jude me guiou em direção à sala de estar, e encontrei um local confortável na cadeira ao lado da lareira. Zoey e Matthew fugiram para brincar com as crianças do outro lado da sala de estar. Diesel, o grande mastiff de Harper, estava no centro deles, não afetado pelos guinchos e os brinquedos que voavam ao redor. Viver com Faith e Hope, as meninas gêmeas de Harper e Easton, obviamente o treinara para o caos.

Willow veio correndo para a sala com sua bunda vestida de fralda em exposição. Kade arrastava atrás dela, segurando suas meias no ar. — Mamãe, nós precisamos de você. — Olhei para Avery, que segurava seu filho de seis semanas, Drake. — Vou levar o meu menino, e você pode enfrentar a diva.

Kade trocou Drake pelo par de meias e sentou no sofá. Avery riu enquanto rastreava Willow, e sem resistência de sua filha de quase três anos de idade, deslizou suas meias com facilidade.

— Imaginei, — Kade resmungou, e todos riram. Willow estava sempre testando seu pai.

— Como você se sente, Callie? — Jett perguntou quando se aproximou da ponta do sofá com uma cerveja na mão.

— Inchada e irritadiça, — respondi, esticando as pernas.

— Mas você está sempre irritadiça. A parte inchada é uma cadela, no entanto, — Jett brincou, e Kade e Easton riram.

Logo que todas as crianças estavam estabelecidas no centro da sala, Jett começou a distribuir um presente de cada vez, e meu coração deslocou imediatamente para pura alegria esmagadora. Zoey e Matthew se tornaram uma parte tão importante da vida de todos. Eles foram cercados por tias e tios que eles adoravam e pelos primos que os admiravam. Eles se encaixam bem.

Os adultos observavam como cada criança gritava de emoção conforme abriam presente atrás de presente. Jett se transformara em nossa própria versão do Papai Noel depois que ele e Quinn tiveram Tucker. Ele exagerava a cada ano, e ainda que todos nós lhe disséssemos que não, ele ignorava as nossas preocupações.

Jude sentou ao meu lado no sofá e colocou a mão sobre o meu abdômen. — Não posso esperar para ter o nosso rapazinho aqui para compartilhar momentos assim com a gente.

Aconcheguei ao lado dele. — Eu também.


***

JUDE


Quando pensei na minha vida anos atrás, eu nunca imaginei que se revelaria assim. Eu tinha uma esposa que eu adorava e faria qualquer coisa só para ver seu lindo sorriso. Tinha crianças surpreendentes com as quais eu fui abençoado. Elas eram tão amorosas, atenciosas e felizes, e eu precisava agradecer a Callie por parte da alegria deles. Ela tratava Zoey e Matthew como se fossem dela, e diariamente garantia que eles soubessem o quanto eram amados.

E agora, em menos de um mês, eu encontraria o nosso filho. Uma parte de Callie e uma parte minha, criado do amor.

— Olhe, tio Jude, — Matthew gritou de emoção. — Ganhei um Xbox.

Minha cabeça virou, e encontrei Matthew sorrindo brilhantemente. Ele estendeu uma caixa que tinha uma foto de um guerreiro na frente. Quando olhei por cima do meu ombro, Jett estava evitando o meu olhar. O babaca ainda tinha um problema com exagerar. Como se estragar seu único filho não fosse suficiente, ele fazia questão de estragar todas as outras crianças também.

— Deixe. Você sabe que discutir só fará com que ele queira fazer isso ainda mais. — Callie cutucou meu lado, e eu sabia que ela estava certa. Entre Easton e Jett, era difícil determinar qual dos dois era uma dor maior na minha bunda. Eu precisava da ajuda deles, de qualquer maneira, durante o próximo mês, de modo que irritá-los não me beneficiaria.

Hoje à noite eu planejei dar a Callie um dos presentes que eu conseguira para ela. Com a nossa crescente família, havíamos superado o apartamento, e era hora de seguir em frente.

Easton tinha um inferno de um olho para lugares que só precisavam de um pouco de reforma, e ele me ajudou a encontrar o lar perfeito para a minha família. Assim, nos últimos três meses, sua equipe estivera eviscerando e retocando cada polegada de uma casa beira-mar de quatro quartos. Ela tinha a vista mais incrível, e um grande espaço. Com a ajuda dos rapazes, eu estava pronto para me mudar. Manter todo este plano oculto era muito mais difícil do que eu havia contabilizado, mas em poucos minutos eu compartilharia a notícia da nossa nova casa com a mulher que fez a minha vida completa.

Todo mundo estava tão interessado no que as crianças estavam fazendo que foi fácil para mim pegar a caixinha do meu bolso de trás, nem Callie percebeu meus movimentos.

Olhei para cima quando um sorriso se espalhou pelo rosto de Easton, e eu poderia dizer que ele sabia o que estava por vir.

Callie deslocou ao meu lado e voltou sua atenção para mim. — O que é isso? — Ela perguntou, olhando para a caixinha na minha mão.

— É para você, — eu disse, entregando a ela.

— Estávamos esperando até amanhã para trocar presentes. — Seu olhar se desviou para o meu quando um olhar de pânico cobriu seu rosto. — Não trouxe seus presentes.

— Isso é mais para a família inteira, mas eu queria compartilhar com vocês esta noite. Pensei que Easton, Kade e Jett deviam ver o olhar no seu rosto quando você abrir. Eles ajudaram a tornar isso possível.

Ela olhou ao redor da sala e notei que todos os adultos olhavam para nós. — O que você fez?

Eu ri e empurrei a caixinha em direção a suas mãos. — Basta abrir, querida.

Callie me observou quando pegou a caixinha. Ela respirou fundo, e seu olhar se desviou para suas mãos, e começou a rasgar as bordas do papel.

Meu estômago estava em nós e revirando com entusiasmo. O tempo parecia ter abrandado, e lutei contra a vontade de estender a mão e rasgar a tampa.

— Uma chave? — Callie murmurou quando levantou a tampa e olhou para mim.

— Sim, — respondi. — Para a nossa nova casa.

As lágrimas começaram a rolar ao longo de seu rosto enquanto ela retirava a chave da caixa. — Só quando eu acho que você não poderia me dar mais do que já deu, você prova que estou errada. — Ela se inclinou e me beijou suavemente. — Eu te amo tanto, — ela disse em meus lábios antes de me beijar mais uma vez.

— Eu também te amo, baby. — Usando meu polegar, eu limpei as lágrimas. E o sorriso que se espalhou pelos seus lábios era uma das coisas pelas quais eu vivia. Callie tornou tudo mais brilhante. Ela deu suavidade ao meu mundo, o sentimento de alegria que Katelynn sempre disse que Callie trazia com ela quando estava perto. Minha irmã descobriu esse brilho ao estar poucos minutos na presença de Callie, e eu conseguiria passar o resto da minha vida com esse doce sentimento.

 

 

 


{1} O colapso pulmonar, também chamado pneumotórax, ocorre quando o ar que normalmente circula nos pulmões escapa para o espaço entre o pulmão e a parede do tórax, empurrando o pulmão para baixo ou causando seu colapso. Isso faz com que a parte afetada do pulmão se feche.

{2} Aqueles potes no estilo dos da tupperware

{3} Garotas descontroladas

{4} Amigo

{5} Sala de operação

 

 

 

                                                                                                    C. A. Harms

 

 

 

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