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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


WRAY / M. K. Eidem
WRAY / M. K. Eidem

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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O Imperador Wray Vasteri era o governante do Império Torniano. Sua Casa governou o Império desde a grande infecção, que atingiu há mais de quinhentos anos e temia que ele fosse o último. O número de fêmeas compatíveis estava diminuindo mais rápido do que qualquer um sabia. E se não conseguissem encontrar fêmeas compatíveis em breve, sua civilização inteira deixaria de existir. Foi o motivo pelo qual concordou em se encontrar com Liron, o Imperador do Império Kalisziano no espaço Kalisziano. Era a única razão pela qual encontraram as naves Gânglians deixando o espaço Torniano e era a única razão pela qual a pequena fêmea foi descoberta. Ela poderia ser o que eles estavam procurando?
Wray encontrou-se atraído pela pequena mulher que encontrou espancada e abusada no navio Ganglian. Ela se parecia com uma fêmea Torniana, mas era muito menor. Poderia ser o que ele estava procurando?
Kim Teel teve uma vida difícil, pelo menos pensou que sim, até que seus pais foram de repente mortos e então sua irmã e cunhado desapareceram. Aos dezenove anos, percebeu que foi protegida de todas as dificuldades da vida. Foi cuidada e amada por toda sua vida. Era terrivelmente mimada. Determinada a mudar, Kim foi procurar por sua irmã, apenas para ser capturada pelos Ganglians e foi então que descobriu o que acontecia com as fêmeas desprotegidas do universo.
Wray e Kim estão fazendo o mesmo, tentando sobreviver. Mas o que eles acham, é que existem coisas mais importantes do que apenas a sobrevivência. E uma vez que descobirem isso, o universo mudará para sempre.

 

 

 


 

 

 


PRÓLOGO

O sol de Tornian brilhava, se refletindo nos jardins exuberantes da casa Tornian. Uma brisa suave passava, carregando a fragrância de flores que floresceram recentemente com ele. Os pássaros circulavam e cantavam para as fêmeas no pátio.

Kim não percebeu nada disso. Sua atenção foi capturada por sua filha amamentando em seu peito dela. Faziam quase três meses que ela deu a luz a Destiny e Kim ainda estava maravilhada com o fato de que essa preciosa criatura veio dela.

Ela é tão bonita... Kim pensou, passando o dedo ao longo da pele suave da bochecha gordinha de Destiny. Ela herdou a linda pele bronzeada de seu manno1, junto com seus grossos cabelos pretos. Somente quando o sol a tocava, que viam as mechas vermelhas que herdou de sua mãe.

Destiny era quase totalmente Vasteri... até que abria os olhos e olhava para a mãe com os mesmos olhos de Kim. Wray ficou com êxtase quando seus olhos mudaram do cinza Vasteri que tinha em sua apresentação para os olhos verdes de Kim.

No início, Kim ficou com medo de Wray sentir-se irritado, mas deveria saber melhor. A pequena filha de Wray tinha o Imperador de todos os Universos Civilizados envolvido ao redor de seu pequeno dedo. Quando ela sorria para seu manno, seu peito inchava duas vezes seu tamanho normal, mas quando ela chorava... ele fixava os olhos em pânico em Kim e chamava o Curandeiro.

Todo homem que entrou em contato com ela reagiu do mesmo jeito, não que Wray tenha permitido muitos perto de sua filha. Ele já era super protetor e Kim não podia imaginar como seria quando fosse uma adolescente.

Sorrindo suavemente para a filha, Kim deixou seus pensamentos voltarem para quando ela era uma adolescente... e como sua vida mudou.


CAPÍTULO UM

Kim ficou imóvel no chão frio do armário onde o bastardo fedido a jogou, a escuridão pressionada contra ela. Como sua vida chegou a isso? Claro, ela fez algumas coisas estúpidas em sua vida, brigou com sua irmã mais velha, não apreciou seus pais até que eles se foram, mas realmente, isso significava que merecia isso? Com a fumaça penetrando profundamente em seus ossos, ela estava pronta para desistir e pensou em sua curta vida.

Ela foi uma criança típica, exigente, egoísta, dando por certo todas as coisas que seus pais providenciaram. O carro, o celular, a cama, a comida, o calor. Oh Deus! O que ela não daria para se aquecer apenas mais uma vez.

Um motorista bêbado, em um dia de verão perfeito, tirou tudo. Seus pais morreram e ele saiu andando sem um arranhão. Dezesseis anos e uma órfã. Sua irmã mais velha, Jennifer, tentou preencher o vazio, mas Kim não queria nada daquilo. Jennifer sempre foi a boa filha, a criança perfeita.

Por que você não pode ser mais como Jennifer? Sua mãe dizia.

Jennifer nunca teria feito isso. Seu pai falava.

Não que foi negligenciada ou abusada. Oh, ela pensou que sim, quando eles tinham tiraram seu celular ou não deram sua mesada. Sabia melhor agora, na verdade, soube disso por um bom tempo, mas isso não levaria a nenhum lugar.

Os tribunais a obrigaram a ficar com Jennifer e seu marido, Todd, até completar os dezoito anos e ela fez o inferno para todos. Então, no décimo oitavo aniversário, Kim deixou escapar toda sua raiva e dor, vomitando palavras tão dolorosas em sua irmã que mesmo ali, naquele lugar, mesmo com tudo o que aconteceu com ela, isso a envergonhava.

Levou quase seis meses de vida por conta própria, de acreditar que era uma adulta, para finalmente perceber que realmente era a malcriada e egoísta pirralha que seu cunhado a chamou. Não foi a única a perder os pais. Jennifer também perdeu, mas Jen não se quebrou. Em vez disso, tentou ajudar Kim.

Foi nesse dia que Kim cresceu e endireitou. A vida não era justa. Não foi fácil, mas não era tão ruim quanto acreditava ser. Como acreditou, ser. Sua mãe sempre disse isso ela, mas simplesmente não acreditou. Ainda tinha Jennifer e Todd, faria fazer tudo em seu poder para fazê-los acreditar que mudou.

Ela correu para seu apartamento querendo se desculpar, implorar seu perdão, mas estava vazio. Um vizinho finalmente disse a ela que eles saíram para um retiro de guerras dos guerreiros de fim de semana com um grupo de velhos amigos da faculdade de Todd e não voltariam até segunda-feira. Kim não queria esperar tanto tempo, então ela ligou para o celular de Jen, mas foi direto a caixa postal.

Kim se desculpou. Implorou a Jen para ligar, dizendo-lhe que a amava e não queria perder a única família que deixou... Jennifer nunca ligou de volta. Não foi até que alguém do grupo do guerreiro de fim de semana não foi trabalhar na segunda-feira que alguém se preocupou.

Uma verificação foi feita na área onde deveriam estar, mas a única coisa que encontraram foi o celular de Jennifer, com a mensagem de voz de Kim ainda assim, sem ser ouvida.

Como é que duzentas pessoas somem de uma vez?

Seis meses depois, frustrada com a falta de resultados, Kim percorreu aquela montanha abandonada, até o local onde encontraram o telefone de Jen. Por que alguém iria voluntariamente lá, Kim não fazia ideia. Ela era uma garota da cidade e selvagem significava o zoológico ou usar um banheiro químico em um festival de música ao ar livre.

Um flash passou pelas árvores e a assustou no início. O que era aquilo? Quem era? Um esquilo? Ela não tinha ideia. Depois, houve o estranho som e finalmente, o mau cheiro. Horrível! Ewww! Quando recuou lentamente, o fedor apenas ficou mais forte, fazendo-a virar... Pé Grande? Não, não alto o suficiente... esse foi seu último pensamento antes que a criatura erguesse o punho peludo e a nocauteasse.

Kim acordou em um quarto frio e mal iluminado e não tinha ideia de onde estava. Quando a porta se abriu e a mesma coisa peluda entrou, não sabia o que queria, não conseguia entender o que estava sibilando para ela. Descobriu com bastante rapidez, porém, quando a jogou no chão de metal, usando suas garras para destruir suas roupas e a estuprou.

Lutou, oh Deus, como lutou, mas esses vídeos estúpidos de kickboxing/dança/exercícios não fizeram bem. Apenas irritou o bastardo sibilante quando finalmente conseguiu golpeá-lo no nariz. Ele cravou suas garras com profundidade e pareceu sorrir quando ela gritou de dor.

O bastardo fedido continuou machucando-a. Ele a estuprou tantas vezes que perdeu a conta, às vezes deixava que outros alienígenas peludos observassem, mas nunca eram autorizados a tocar. Um tentou uma vez e o bastardo fedido o estripou na frente dela.

Não demorou muito para perceber que estava em algum tipo de nave alienígena e que agora estava sozinha. Ninguém da Terra a procuraria. Ninguém se importaria com o que aconteceu com ela. Seu corpo estava todo negro, azul e sangrento, não podia suportar mais. Era hora de desistir.

Um rosnado de repente cobriu o silvo e chamou sua atenção por um momento. Rosnados, isso agora era algo novo. Fez com que se lembrasse de seu cão, Warrior. Seus pais prometiam que lhe dariam um todo ano, finalmente em seu décimo aniversário, ela os fez cumprir sua promessa.

Eles foram a um abrigo público que ficava em um moinho antigo. Não gostou de nenhum cão que viu. Mas foi outro, um cão maciço, escondido nas jaulas de trás, que chamou sua atenção.

Ele foi descoberto no mesmo moinho e ninguém sabia o que fazer com ele. Parecia que os proprietários criavam cachorros de luta junto com os Shih Tzu e usaram Warrior nas lutas. Ele era cento e vinte quilos de músculo sólidos coberto de pelo escuro, seu rosnado era vicioso e tinha uma boca cheia de dentes afiados. Todos estavam aterrorizados com ele, todos, exceto Kim. Talvez fosse porque nunca sofreu ferimentos na vida, talvez fosse por causa da idade, mas por algum motivo, ela sabia que nunca a machucaria. Antes que alguém pudesse impedi-la, abriu a jaula, entrou e sentou-se, esperando que ele fosse até ela.

Os trabalhadores e seus pais ficaram loucos. Tinham certeza de que ele iria atacá-la e matá-la. Em vez disso, ele rosnou e grunhiu, estalando os dentes. Deu dois passos em sua direção e rapidamente se afastou, seu corpo enorme tremendo. Quando ela estendeu a mão, ele se curvou, como se esperasse que o golpeasse, quando não o fez, se aproximou um pouco mais, cheirando sua mão.

Kim olhou nos olhos escuros e cinzentos vendo a verdade. Ele estava assustado. Este cão enorme estava com medo dela, com medo dela machucá-lo. Prometeu-lhe então que estaria seguro com ela. Prometeu que nunca mais seria machucado. Ele lambeu sua mão em resposta. Quando o acariciou, ele rolou em suas costas, implorando-lhe silenciosamente para coçar sua barriga e foi quando percebeu que era tudo o que ele queria... alguém cuidar dele, vê-lo, amá-lo, e Kim o faria.

Seus pais não sabiam o que fazer. Warrior não era o cão que planejaram. Ele era... bem... enorme, mas não podiam discutir com o que viram, por algum motivo Kim deveria ter esse cachorro. Ela não percebeu até agora o quanto seus pais deveriam amá-la para permitir que levasse Warrior para casa.

Nos próximos quatro anos, Warrior nunca deixou seu lado. Dormiu em sua cama. Ficava de pé na mesa de jantar e sentava-se nos degraus da frente, todos os dias, com chuva ou sol, esperando que ela voltasse da escola. Foi como a salvou. Foi por isso que ele morreu.

Uma das crianças mais velhas do bairro estava mostrando seu novo carro e não viu o sinal da parada do ônibus escolar. Warrior saltou a cerca e a empurrou para fora do caminho de um carro acelerado. Ele morreu em seus braços. Ela foi a última coisa que viu.

Era um guerreiro que ouvia? Gostava disso. Seu Guerreiro, vindo para salvá-la uma última vez. Cegamente, estendeu a mão e fracamente bateu na parede, deixando-o saber onde ela estava.

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Wray jogou o mapa em sua mesa, então se recostou em sua cadeira com as mãos cansadas sobre o rosto. Que viagem desperdiçada. Esperava que o encontro com Liron, o Imperador do Império Kalisziano, produzisse melhores resultados. Os Kaliszianos estiveram em guerra com Ratak há mais de três anos. Os Ratak estavam tentando reivindicar vários planetas de Kaliszian perto de sua fronteira. Esses planetas eram ricos em recursos minerais que os Kaliszianos precisavam desesperadamente para apoiar sua civilização.

Desde a grande infecção, muitas espécies estavam à beira da extinção, incluindo as civilizações Tornianas e Kaliszianas, mas por diferentes motivos. Para os Kaliszianos, a infecção atingiu sua capacidade de produzir comida suficiente para sustentar seu povo. A maioria de suas plantas portadoras de alimentos morreram e nenhuma vegetação sobreviveu. Por isso, os Kaliszianos dependiam do Império Torniano para alimentar seu povo, trocando o vasto suprimento de minerais por comida.

Para os Tornianos, afetou suas fêmeas, fazendo com que produzissem mais e mais machos. Foi comemorado no início, pois eram uma raça guerreira, mas rapidamente se tornou evidente que havia um problema. Agora, os machos superavam em número as fêmeas, duzentas para uma e se fêmeas compatíveis não fosse encontrada em breve, todos morreriam.

Foi por isso que tinha esperanças para esta reunião. O Império Ratak estava no lado oposto do Império Kalisziano e havia rumores de que encontraram uma nova espécie, que poderia procriar com sucesso com um guerreiro Torniano. Wray esperava que por causa da guerra, Liron soubesse se esses rumores eram verdadeiros. Liron insinuou tanto quanto insistiu que ele e Wray pessoalmente verificassem juntos a situação de grande importância. Foi a única razão pela qual Wray viajou tão longe do seu Império.

Depois de uma grande quantidade de tempo perdida, Liron finalmente admitiu que não sabia se os rumores eram verdadeiros, que queria se reunir com Wray para discutir as dificuldades que tinha com Lorde Reeve na manutenção de um fluxo constante de alimentos para seu povo. Wray mal controlou sua raiva ao perceber o engano de Liron, mesmo que entendesse. Queria chamar a atenção de Wray sem alertar Lorde Reeve.

Bem, ele conseguiu e Lorde Reeve também. Wray pessoalmente deixaria Reeve saber do descontentamento com o tratamento dos Kaliszianos. Um suprimento constante de comida era vital para ambos os impérios, pois sem ele, os Kaliszianos sofreriam e em troca, iriam parar as remessas dos cristais de poder que os Tornianos precisavam junto com as jóias que suas fêmeas exigiam.

O toque de seu comunicador tirou Wray de seus pensamentos escuros.

— Sim? — Ele exigiu.

— Majestade, detectamos um cargueiro Ganglian saindo do espaço de Tornian.

— Ainda estamos no espaço Kalisziano?

— Quase saindo.

— Interceptar, Capitão. — Wray ordenou e dirigiu-se para o centro de comando.

— Sim, senhor.

Wray odiava os Ganglians. Eles se tornaram uma espécie viciosa sem lealdade ou honra. Viviam da dor dos outros. Prosperaram nisso. Capturavam espécies menores e mais fracas, escravizam e torturaram. Os machos que sobreviveram foram vendidos para trabalhar nas minas e as fêmeas... bem, as poucas que sobreviveram foram vendidas para casas de prazer ou colecionadores particulares.

Enfurecia Wray a maneira como maltratavam as fêmeas. As fêmeas eram o recurso mais valioso em todos os universos conhecidos. Mesmo que não conseguissem salvar sua raça, poderiam salvar outra, pois mais do que apenas os Tornianos procuravam mulheres compatíveis.

— Majestade, eles se recusam a parar, afirmando que não temos autoridade.

— Mostre-lhes a nossa autoridade, Capitão. — Wray ordenou ao entrar na sala de comando.

— Com prazer, Majestade. — O Capitão Veron sorriu para o Imperador. Ele estava sempre pronto para uma boa luta, não que os Ganglians lhes dariam uma. Eram covardes. Dirigindo-se aos motores dos Ganglians, Veron mirou e viu o cargueiro estremecer antes de parar.

— Autoridade mostrada, Senhor. Suporte de vida intacto. Estamos preparando um ônibus para embarcar.

— Muito bem, Veron. — Wray sorriu para o amigo e Capitão de longa data.

— Obrigado, senhor.

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Wray seguiu seus homens quando eles saíram do ônibus. O fedor o atingiu primeiro. Ele esqueceu o quanto os Ganglians cheiravam mal. Ao ar livre, eram apenas toleráveis, em uma nave fechada, eram esmagadores.

A explosão de um atordoador fez com que todos ficassem em choque. Os Ganglians estavam resistindo? Ganglians nunca resistiam. Especialmente não com os Tornianos, pois os Tornianos eram os guerreiros mais temidos em todos os universos conhecidos e por uma boa razão. Não apenas o tamanho deles intimidava, já que a maioria tinha um metro e noventa de altura, com músculos sólidos, mas também a reputação deles. Eram conhecidos por serem mortais e brutais quando se tratava da batalha.

— Algo não está certo, Veron. — Disse Wray.

— Concordo. Você precisa retornar ao Searcher, Majestade. — Veron assentiu para dois dos guerreiros com eles.

— Não. — Wray disse com raiva, ele sabia que Veron estava apenas fazendo seu trabalho, protegendo seu Imperador, mas não iria se afastar ao primeiro sinal de problemas. Ele era o Imperador Wray Vasteri e não fugia de ninguém.

— Imperador.

— Basta, Capitão! Descobriremos o que eles estão escondendo.

Suspirando forte, Veron assentiu. — Sim, majestade, fique perto. Grim terá minha cabeça, se algo acontecer com você.

Wray sorriu com a referência de Veron a seu irmão. Ele estava correto. Grim teria a cabeça de Veron se Wray morresse. Grim não tinha absolutamente nenhum desejo de se tornar Imperador. Tudo o que queria era ficar sozinho em Luda para poder treinar seus guerreiros.

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A batalha não foi longa ou brutal, decepcionante em tudo. Os Ganglian atiraram e correram, dispararam e correram até que aqueles que permaneceram ficaram encurralados no centro de comando da nave. Uma vez dentro, encontraram apenas cinco Ganglians restantes, incluindo um que usava o colar do Capitão.

— O que você encontrou? — Wray exigiu de Veron.

— Há escravos no setor de carga, todos machos de Jerboaian. — Veron informou-o.

— A escravidão é ilegal, Ganglians. — Os olhos de Wray eram duros, enquanto olhava para o homem menor.

— Você não tem autoridade aqui, Tornian. — O Capitão sibilou. — Este é o espaço Kalisziano. Você morrerá por este insulto.

— Eu não morrerei, escória Ganglian. Eu sou o imperador Wray Vasteri e você passou pelo meu espaço com escravos. E se carregasse fêmeas, seria punido com a morte. Em vez disso, sua carga será liberada. Sua nave será levada e você pagará seus crimes na mineração em Kalisziano. — Wray se inclinou, agarrando o Capitão pela garganta, levantando-o de seus pés. — Diga-me Ganglian, por que você resistiu? Por que tantos optaram por morrer?

— Nenhum escolheu morrer. — O Capitão sibilou para ele, agarrando a mão de Wray. — Você os assassinou, escória Tornian. Sabe que atacou sem motivo. — Um baque fraco fez com que o Capitão soltasse um grito agudo, o equivalente a uma expressão de palidez.

Os olhos de Wray se estreitaram na reação e deixou cair o macho, seus olhos escaneando a área. Eles estavam no centro de comando da nave Ganglian. Continha apenas controles, comunicações e consoles de navegação. E de onde poderia surgir esse som?

— Você deve deixar minha nave! — O Capitão Ganglian começou a exigir, o punho de Wray o atingiu na garganta, silenciando-o. Avançando mais perto do console de comunicação, ele o ouviu novamente, mas mais fraco desta vez. Inclinando-se, abriu a tampa de uma escotilha de acesso e rugiu.

Todos os homens da sala saltaram ao som da raiva do Imperador, pois ele era o mais controlado da Casa Vasteri e ouvi-lo irritado era algo que raramente acontecia.

— Majestade. — Veron rapidamente foi para o lado dele.

— Traga um Curandeiro! Agora! — Ordenou Wray enquanto cuidadosamente tirava o que encontrou.

Wray cuidadosamente colocou a pequena fêmea no convés, seus olhos rapidamente avaliando seus ferimentos. Ela estava maltratada e ferida, suas roupas inexistentes. Era óbvio que foi abusada, o forte ferimento e a pele rasgada em suas coxas era um testemunho disso.

Seus olhos foram para o Capitão Ganglian, que se afastou, vendo sua própria morte. Levantando-se, Wray tirou a espada.

— Você fez isso! Para uma fêmea! — Antes que o Capitão pudesse até gritar, a espada de Wray abriu seu abdômen. — Sofra e morra! — Wray ordenou antes de se mover para o próximo Ganglian. Um gemido fraco o impediu, atraindo sua atenção para a fêmea. — Conclua isso. — Ele ordenou a Veron.

Voltando para mulher, Wray caiu de joelhos, cuidadosamente afastando o cabelo grosso e úmido que cobria seu rosto para revelar a dor nos olhos cor de esmeralda. Ele ficou surpreso quando, em vez de se encolher de seu toque, ergueu os dedos sangrentos e rasgados em sua bochecha e sussurrou algo que ele não conseguia entender. Foi então que o horror total do que aconteceu com ela penetrou em sua mente. Não apenas ela foi abusada, foi negada o programa de aprendizagem. Ela sequer entendia seus captores. A luz em seus olhos começou a desaparecer e a mão dela caiu, deixando um rastro de sangue em seu lugar.

— Traga a unidade de reparo portátil! Agora! E um educador! — Ele pediu.

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Kim olhou para a bela criatura que rugia acima dela.

— Guerreiro. — Ela sussurrou, estendendo a mão para tocá-lo. Então, assim era como Warrior se pareceria se fosse humano, forte, poderoso e comandando. Seu cabelo longo e grosso afastou-se de um rosto angular. Deus o deixou manter os belos olhos cinza escuro, ela amava e os músculos maciços que a protegiam, cobrindo todos eles em uma linda pele de bronze. Sentindo o último de sua força desaparecendo, ela deixou cair a mão. Pelo menos não estava sozinha. Warrior estava com ela.

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Wray rugiu quando a fêmea fechou os olhos.

— Rápido com a unidade de reparo! — Ele pediu.

— Majestade, não sabemos de qual espécie ela é. Poderia matá-la.

— Não terá importância já que ela morrerá sem ela.

Wray esperou vários minutos cheios de tensão enquanto a unidade a escaneava. Esta unidade era para batalha. Rapidamente curava as feridas mais ameaçadoras que um guerreiro recebia até que pudesse chegar a uma unidade de reparo normal. Nunca foi feito para uma tão pequena. Caso se recusasse a tratá-la... a unidade correu para cima e para baixo em seu corpo várias vezes antes de ativar e começou a se concentrar em sua metade inferior, revelando onde o mais grave de seus ferimentos estavam.

— Majestade. — Veron se ajoelhou ao lado dele segurando o educador. — É programado apenas com linguagem.

— Será suficiente por enquanto. — Pegando o dispositivo, Wray colocou-o cuidadosamente sobre os olhos da fêmea, depois ativou-o. Com isso apenas considerando a linguagem, não demoraria muito. — Entre no sistema de navegação, Veron. Quero saber de onde ela veio.

— Sim, Senhor. — Com um último olhar para pequena fêmea, Veron levantou-se.

Ao ver um arrepio atravessar seu pequeno corpo, Wray percebeu que a frieza de seu toque não era normal para ela. Ganglians com sua pele grossa mantinham as naves frescas. Isso não incomodava os Tornians, mas aparentemente, o dela não podia lidar. Movendo-se, Wray tirou a camisa, dando-lhe calor enquanto escondia seu corpo dos olhares curiosos de seus guerreiros.

Depois de mais alguns minutos da unidade movendo-se para cima e para baixo na fêmea, ela desligou, sinalizando que fez tudo o que podia. Mais alguma cura precisaria ser feita no Searcher. Removendo o educador, Wray cuidadosamente levantou a fêmea inconsciente em seus braços com medo de machucá-la. Em vez disso, ela se pressionou contra ele, com sua pele nua, buscando instintivamente seu calor. Olhando-a, Wray sentiu algo apertar dentro do peito.

As fêmeas Tornianas não buscavam conforto em um macho, não se pressionavam contra eles. Não, a menos que fosse durante uma união ou até mesmo, era apenas para buscar seu próprio alívio. Por isso, até mesmo sem saber, chamava todo instinto protetor em Wray.

— Majestade. Eles apagaram seu histórico de navegação. — O comentário de Veron afastou o olhar de Wray da fêmea.

— O quê? — Perguntou Wray.

— Eles iniciaram uma exclusão de seu histórico de navegação assim que embarcamos. — Veron disse a ele.

— Você pode parar?

— Já terminei, Senhor, mas a maior parte desapareceu.

— Por que eles fariam isso? — Perguntou Wray, franzindo a testa. — O que mais estão escondendo?

— Eu farei uma verificação completa de todos seus sistemas, colocarei seus machos no porão para serem questionados a respeito do que sabem. — Veron fez uma pausa. — Eles também enviaram uma transmissão para outra nave Ganglian quando perceberam que foram detectados.

Ambos sabiam que este era um comportamento extremamente incomum para os Ganglians. Eles não pediam ajuda um aos outros, não a menos que fossem pagos antecipadamente e mesmo assim, não era garantia. A respiração acariciando seu peito lembrou-lhe que tinha algo mais importante para cuidar também.

— Descubra o que está acontecendo, Veron. Eu a levarei ao Searcher.

— Sim, Senhor. — Veron viu seu Imperador levar a pequena mulher para longe. Ele duvidava que ela pudesse sobreviver, apenas o mais forte poderia ser exposto aos Ganglians e ela não parecia forte. Esquecendo-a, voltou-se para tarefa que lhe foi atribuída.

Abotoando a camisa, os dedos de Wray pararam quando roçaram a curva de um seio suave e cheio. Os seios femininos das Tornianas não eram tão suaves ou grandes, estes encheriam suas mãos. Wray balançou a cabeça. Ele não deveria ter esses pensamentos. Não sobre uma fêmea que foi tão severamente abusada. Era provável que ela nunca se recuperasse do abuso, nunca permitisse que um homem a tocasse novamente. Rapidamente terminou a tarefa e assegurou-a no assento.

— Vá. — Ele ordenou o piloto.

Sentando-se, Wray encontrou seus olhos voltando para fêmea. Já o preto e o azul de seu abuso estavam desaparecendo, deixando para trás uma cor marrom acinzentada que o fez pensar ser sua cor natural. Tornianos tinham muitas cores, cada um com a designação de sua linhagem. O próprio Wray era um bronze profundo, representando Casa Vasteri. Ele e sua primeira descendência masculina, Tora, como eram os únicos a representar sua Casa. Seu mais novo, Van, morreu quase cinco anos atrás em um acidente de transporte. Ele deveria ser o segundo de Tora, o futuro rei de Luda, assim como seu irmão Grim era o de Wray. Van seria o único macho em que Tora sempre poderia confiar. Agora, Tora não teria ninguém, pois depois da morte de sua Imperatriz Adana, Wray decidiu não tomar uma nova mulher.

Muitas mulheres se aproximaram dele após a morte de Adana, pois a Imperatriz era a mulher mais poderosa do Império. Mesmo Risa, nem mesmo completou dezoito anos, se aproximou dele. Ele recusou todas elas, algo que apenas um Imperador poderia fazer, já que nenhum macho recusava a oferta de uma fêmea para se unir, pois precisava da prole que ela lhe proporcionaria.

Era o costume de Tornian há séculos. Um macho atraía uma fêmea pelo que ele poderia fornecer. Em troca, ela lhe fornecia descendência, de preferência feminina, pois isso aumentava a posição e o status do homem. Os descendentes masculinos apenas o mantinham, pois tinham machos suficientes. Uma vez que ela fizesse isso, poderia procurar outro macho, levando tudo o que lhe foi dado, deixando para trás sua prole.

Era o costume de todas as fêmeas Tornianas, todas menos a Imperatriz, pois ela seria apenas do Imperador, fornecendo filhos para ele, garantindo a linhagem Imperial. Adana deu a Wray dois machos fortes e dignos, após sua morte, sentiu que outros mereciam a chance de continuar suas linhagens. Agora se perguntava se fez o que era certo.

Desde que tomou essa decisão e Grim foi considerado impróprio pela Assembleia depois do ataque de um grupo de guerreiro. Enquanto nenhum deles sobreviveu, Grim ficou gravemente ferido, deixando cicatrizes em seu rosto e corpo. Por isso, nenhuma mulher Torniana se uniu a ele, acreditando que seria incapaz de protegê-la. Fêmeas estúpidas. Seu irmão era o guerreiro mais forte e feroz de todo o Império. Nenhuma mulher sob sua proteção jamais seria prejudicada. Ainda assim, sem sequer querer dar-lhe filhos, Grim não conseguiria manter sua posição e não havia nada que Wray pudesse fazer sobre isso.

Então, Van morreu...

Wray saiu de seus pensamentos escuros quando o ônibus de repente se moveu de lado, suas luzes cintilando quando os alarmes de impacto soavam.

— O que está acontecendo? — Ele exigiu entrando na cabine do piloto.

— Uma nave desconhecida está disparando, Majestade! — O guerreiro trabalhou freneticamente os controles danificados, tentando estabilizar o ônibus. — O Searcher está devolvendo o fogo, mas... — Suas palavras foram cortadas quando o ônibus levou outro golpe, lançando Wray para fora da cabine.

Lutando para recuperar o equilíbrio, os olhos de Wray imediatamente procuraram a fêmea e a encontrou ainda inconsciente e protegida com segurança em seu assento. Agarrando os apoios aéreos, Wray voltou para a cabine. Dentro, ele encontrou o guerreiro morto e o ônibus caindo impotente em direção a um pequeno planeta.

Deslizando para o segundo banco do piloto, Wray tentou recuperar o controle do ônibus, mas quase todos os controles foram destruídos. Com o planeta que se aproximava, ele fez o único que restava. Apontando o nariz do ônibus para o planeta, rezou para que a deusa pudesse retardá-lo o suficiente para pousar sem matá-los.


CAPÍTULO DOIS

Wray recostou-se contra a parede e fechou os olhos. Passaram dois dias desde que eles caíram em Pontus, um antigo planeta mineiro no Império Kalisziano e a mulher ainda não acordou.

Ele quase não os tirou do ônibus antes de explodir. Seu plano original era ficar perto dos destroços, tornando mais fácil para Veron recuperá-los, mas uma tempestade estava se aproximando no horizonte e ele mal conseguiu chegar a essa caverna antes dela os atingir.

Em primeiro lugar, não sabia como cuidar da mulher, nunca fez isso antes. E se Adana precisasse de cuidados, ela ia ao Curandeiro, não para ele. Percebendo rapidamente que precisava fazer algo ou que ela morreria, a levantou no colo e cuidadosamente envolveu seus braços ao redor dela, compartilhando seu calor. Ela imediatamente respondeu ao seu contato, aproximando-se, assim como fez na nave Ganglian.

Quando a manhã chegou, a tempestade ainda estava furiosa e a fêmea ainda inconsciente. Sabendo que ele precisava alimentar a si mesmo e a ela, abriu o pacote de sobrevivência que conseguiu agarrar ao sair do ônibus e ficou chocado ao descobrir que continha apenas dois pacotes de nutrição líquida. Deveria haver cinco, juntamente com uma unidade de reparo portátil. Ele assumiu a ausência da unidade porque a usaram na nave Ganglian os sacos eram outra história. Deveriam estar lá, deveriam sustentar um guerreiro gravemente ferido até que a ajuda chegasse.

Sabendo que não podia fazer nada sobre isso, lentamente tentou alimentá-la com o primeiro pacote, mas em vez de engolir, o fluido saiu de sua boca. Ele rosnou sua frustração e ela respondeu engolindo. Rapidamente descobriu que quanto mais ele conversasse, mais ela lhe permitia cuidar dela.

Então, Wray falou... e falou... até que ficou quase rouco. Ele falou sobre a infecção que mudou seu mundo. Sobre como estavam pesquisando todos os Universos conhecidos atrás de fêmeas compatíveis. Disse a ela como furioso estava com o que os Ganglians fizeram a ela. Disse-lhe que se ela fosse dele, nunca teria acontecido, seria protegida, apreciada.

Wray ficou espantado com a sensação de liberdade que encontrou ao contar-lhe essas coisas, coisas que não contou a nenhuma outra criatura viva, nem mesmo Grim. Não importava que ela não se lembrasse do que ele disse, apenas importava que lhe dissesse. Disse a ela sobre a culpa que sempre sentiu sabendo que cada fêmea Tornian queria se juntar a ele, tudo por causa de uma chance de nascimento quando havia outros, como seu irmão, que eram tão dignos. Contou a ela como lhe corroía por dentro não poder dar a seu irmão a justiça que ele merecia após seu ataque. Como realmente precisaria retirar seu título se nenhuma mulher lhe desse uma descendência.

Ele admitiu que essa foi a verdadeira razão pela qual se recusava a ter outra Imperatriz. Esperava que uma escolhesse Grim em vez disso. Contou a ela como temia não conseguir salvar seu povo. Eles estavam morrendo mais rápido do que as pessoas realmente sabiam e se preocupava com o que aconteceria quando descobrissem. Será que sacrificariam sua honra pela sobrevivência, como os Ganglians fizeram? Apesar de tudo, ela permaneceu em silêncio, sua única resposta era aconchegar-se mais quando a temperaturas caía.

Quando Wray lhe deu toda a água que o pacote continha, ele foi forçado a envolvê-la no manto de sobrevivência fino e colocou-a no chão duro, para se recuperar mais. Seguindo as luciferinas que se apegavam às paredes, ele se aprofundou na caverna, usando a luz para encontrar a água que tinha que estar lá para apoiá-los. Ficou surpreso quando não encontrou uma, mas duas piscinas, uma com vapor subindo suavemente e uma que corria clara e fresca. Explicava a multidão de luciferinas que florescia ali.

Quando ele voltou, descobriu que, apesar do cobertor de sobrevivência, ela estava enrolada em uma bola, tremendo e chorando. Wray ergueu-a em seus braços e ela imediatamente se acalmou.

Foi então que ele descobriu sua verdadeira cor. Suas lágrimas deixaram caminhos brancos escorrendo pelo rosto. Wray imediatamente a levou de volta a piscina de água aquecida e limpou-a.

O que a água revelou o chocou. Sua pele era tão pálida como as pétalas da Moonflower e tão frágil que temia que seu toque a machucasse. Sua mão tremia quando ele esfregou cuidadosamente a areia fina da piscina em sua pele, removendo a sujeira de seus seios suaves e cheios, onde demorou mais do que deveria, mas eles eram tão macios. Enchiam sua mão como nunca teve antes, seus mamilos ficavam duros ao seu toque implorando-lhe que os chupasse. Sua cabeça realmente abaixou antes que ele conseguisse afastar o cabelo escuro para o lado e tomar o que queria. Forçando-se, ele continuou a limpá-la.

Sua cintura... suas mãos facilmente a circulavam, ela era tão pequena. As coxas curadas pela unidade de reparo, eram longas e firmes, mas ainda suaves. Adana era mais alta, muito mais firme, não havia dúvida de que ele a achava mais atraente. Ele se perguntou o que sentiria se ficasse entre elas, dentro dela. Será que ela seria macia e caberia?

Ele se forçou a não se demorar quando limpou entre as pernas da mulher, não se deixando acariciar ou esfregar. Queria apenas ver se inchava com a necessidade. Ela se moveu em seus braços, então, como se o seu simples toque a excitasse, o que era impossível, nenhuma mulher era despertada apenas pelo toque masculino.

Ele não conseguiu parar de testar a abertura de sua mulher, porém, apenas para descobrir quão pequena e apertada ela realmente era. Apenas permitiu que a ponta de seu dedo menor entrasse nela, mas foi o suficiente. Ela era suave e quente, tão pequena e apertada. Como sobreviveu aos Ganglians? Com esse pensamento, Wray ficou tenso, sua raiva voltando e como se estivesse sentindo, ela gemeu. Imediatamente ele recuperou seu controle.

Limpando os cabelos, ele observou com espanto quando o marrom maçante e sem vida se afastou, revelando o cabelo da cor do fogo vivo. Foi por isso que os Ganglians a levaram? Por sua cor? Ele nunca viu cabelo como este antes. Leu sobre isso nas histórias dos antigos, mas sempre acreditou que fosse um mito.

Todas as espécies conhecidas tinham alguma característica que revelava suas espécies. Para os Tornianos, era a cor do cabelo, pois enquanto o tom da pele podia variar, seus cabelos eram sempre negros. Os Ganglians estavam sempre completamente cobertos de pelos e tinham um odor ofensivo. Enquanto os Kaliszianos eram semelhantes aos Tornianos, apenas tinham uma espessa faixa de cabelo ao longo do centro de suas cabeças. Sua posição na sociedade era exibida pelas contas que prendiam neles. Era o mesmo para sua espécie, todos tinham cabelo de fogo e olhos de verde ou alguma outra coisa os unia?

Depois de certificar-se de que seu cabelo estava limpo, removeu todas as partículas de sujeira Ganglian. Wray saiu da piscina de água quente, de forma rápida secando-a e cobrindo-a novamente com a camisa antes que fizesse algo imperdoável.

Voltando para a sala externa, sentou-se segurando-a em seu colo e tentou ignorar a pulsação de seu eixo querendo se unir a ela, liberar-se dentro dela e fazê-la gozar.

Seria possível? Ela seria compatível a ele? Seu tamanho dizia que não, mas não descobriu nada verdadeiramente diferente entre ela e as mulheres Tornianas quando a limpou. E de fato, se sua sobrevivência fosse uma indicação, ela era mais resistente que uma fêmea Torniana. Pode ser o que salvasse seu povo ou seria o que finalmente os quebrassem?

Irritado consigo mesmo, Wray deixou a cabeça cair de volta, batendo contra a parede. Deusa, ele era um bastardo egoísta. Não há dois dias atrás, essa fêmea estava sendo abusada pelos Ganglians e ali estava se perguntando se ela poderia se unir com um dos seus guerreiros... não... não com um de seus guerreiros, mas com ele! Realmente era egoísta, porque tinha filhos, outros precisavam mais dela.

Wray se forçou a relaxar quando começou a gemer. Como ela parecia sentir quando ele estava irritado não sabia. Talvez fosse a tensão de seus músculos ou o grunhido baixo, ele não era capaz de conter, talvez fosse apenas algo de sua espécie. Ele desejou que poder falar com ela e descobrir.

Fale com ela... Wray balançou a cabeça com incredulidade. Os machos Tornianos não falaram com sua mulher, nem com os machos. Eles conversaram com uma fêmea. Ela contava ao macho o que ela queria e o macho daria. Isso era o mais longe que ia.

Sim, ele e Adana conversaram, mas era apenas porque ela era sua Imperatriz e nunca o deixaria. Algo lhe dizia que essa mulher exigiria mais. Desta vez, quando Wray inclinou a cabeça para trás, foi para descansar, enquanto se certificava de que a fêmea estava segura em seus braços.

888

Kim não queria ir embora. Não sabia onde ela estava, mas sabia que era melhor do que antes. Esta escuridão era diferente... calorosa e reconfortante, se sentia segura ali. O outro era... não... ela não voltaria lá. Ficaria ali, onde cada toque era gentil, cada palavra suave e todo som era... um ronco?

Franzindo o cenho, ela tentou ignorar o som, mas continuava ficando mais alto. O que era aquilo? Por que não parava? Ele a tirou da segurança da escuridão, despertando a mente e os sentidos, então percebeu que estava deitada em algo que, ainda que duro, estava quente. Movia-se, vibrava, cheirava... bom, nada fedorento... Kim instantaneamente acordou e congelou quando tudo voltou para ela. Não queria que o bastardo fedido soubesse que estava acordada. Porque se soubesse, ele a machucaria novamente. E de repente, percebeu que não era um bastardo fedido segurando-a, ele nunca a segurava, apenas a estuprava.

Com cuidado, ela levantou a cabeça e viu... o que... quem... era esse... o ruído estranho que a acordou estava vindo de um enorme peito coberto de tantos músculos que se moviam mesmo ele dormindo. Olhando para mais perto, ela encontrou ombros largos e braços densamente musculosos que estavam ao redor dela, segurando-a com segurança no colo.

Tentando não entrar em pânico, seus olhos continuaram sua jornada para cima e descobriram as feições incomuns de um homem. Sua cabeça estava contra a parede, seus olhos estavam fechados e sua boca levemente aberta, revelando longos dentes brancos e ele estava roncando.

Ele parecia familiar para ela por algum motivo. Por quê? Ignorando a impossibilidade, ela se afastou cada vez mais dele, ele levemente a apertou em seus braços e instantaneamente o ronco se transformou em um grunhido baixo.

Ela gritou.

888

Wray acordou ouvindo o grito da mulher. O que estava errado? Seus braços imediatamente se apertaram protegendo-a enquanto ele ficava de pé, seus olhos voando pela caverna, procurando a ameaça. E de repente, foi como se estivesse segurando uma fúria selvagem em seus braços quando ela chutou, puxou-o e arranhou-o.

Atordoado por seu ataque, Wray instantaneamente liberou-a, então encolheu-se quando ela caiu de bunda, com dificuldade. Tentando ajudá-la, ela gritou novamente e rastejou para trás dele, seus olhos nunca o deixando. Ela não parou até encontrar uma parede onde rapidamente se levantou.

— Calma, pequena. — Ele disse suavemente e ergueu as mãos de forma não ameaçadora enquanto orava à Deusa para o educador ter trabalhado.

— Fique longe de mim! — A mulher ordenou.

— Quero dizer que você não será prejudicada. — Ele disse a ela, grato que pudesse entendê-lo.

— Okay, certo. — Ela disse sarcasticamente, seus olhos se movendo rapidamente pela caverna, procurando por mais ameaças.

— Eu lhe digo a verdade. — Wray franziu a testa quando não acreditou nele. — Estamos sozinhos aqui, ninguém irá machucá-la. — Ele viu seus olhos se moverem mais uma vez para a abertura da caverna, depois de volta para ele, quando ficou tensa, ele soube exatamente o que faria.

— Não! — Ele gritou se movendo para interceptá-la.


888

Os olhos de Kim nunca deixaram o grande homem enquanto ela se arrastara para longe. Quando encontrou uma parede, ficou de pé, sentindo freneticamente os arredores. Parecia estar em algum tipo de caverna.

Como diabos ela chegou ali? Se perguntou enquanto seus olhos voavam de volta para o homem que a encarava. À sua direita, parecia haver uma entrada. Ela não sabia o que estava lá fora, mas sabia que precisava sair, precisava fugir, era a única maneira de sobreviver e queria. O bastardo fedido poderia ser maior e mais forte do que ela, mas esse homem... esse homem fazia um maldito bastardo parecer cruel... ela nunca sobreviveria a ele estuprando-a. Fugir era sua única esperança. Decisão tomada, ela correu para liberdade.

888

Wray ficou surpreso com sua velocidade e a pegou a poucos metros da entrada, puxando-a firmemente contra seu peito.

— Não! — Ele gritou novamente. — Você morrerá se sair.

— Deixe-me ir! — Ela gritou, lutando contra seu aperto, mas encontrou seus braços presos dos lados para que ela não pudesse arranhá-lo e com as costas contra seu peito, ela não podia mordê-lo.

— Não! Eu não permitirei que você se machuque. — Quando ela continuou a lutar, ele a sacudiu levemente. — Acalme-se! Olhe! — Ele se virou para poder ver a abertura.

Kim se acalmou, seus olhos se alargaram com o que viu. Lá fora, havia uma luz castanha amarelada e estranha, que parecia ser preenchida com o que parecia soprar poeira que brilhava.

— É uma tempestade no terreno de Pontus. — Ele falou suavemente, sua voz profunda divertida contra suas costas. — Aqui em Pontus há alme. Pode ser mortal se muito for inalado. Está em fúria por dois dias.

— Dois dias? — Kim sussurrou, olhando para ele.

— Sim. Quase não conseguiu vir até aqui sem cair. — Wray encontrou-se preso em seu olhar verde.

— É apenas nós?

— Sim. — Ele a viu olhar para tempestade e se perguntou o que estava pensando.

Kim viu o sopro de pó por mais alguns momentos, tentando decidir se poderia acreditar nele. Não parecia tão ruim, mas não havia muito disso. Depois, havia aquelas peças maiores que voavam de vez em quando, que realmente causariam ferimentos se a atingissem e ela pudesse ver como a respiração poderia ser um problema. Ele estava certo. Ela não sobreviveria por muito tempo.

— Você pode me soltar. — Ela disse calmamente, contorcendo em seus braços.

Wray franziu o cenho para ela. Ele não queria deixá-la ir. Gostava de como ela se sentia em seus braços, contra seu corpo. Não queria que ela tentasse fugir novamente, se o fizesse, seria prejudicada e ele não poderia permitir isso. Virando-se para que ele ficasse entre ela e a entrada, a deixou deslizar lentamente por seu corpo, soltando-a apenas quando estava firme em seus pés.

Kim rapidamente deu vários passos de distância e descobriu que ela imediatamente sentia falta de calor. Virando-se, observou-o de perto e percebeu que estava fazendo o mesmo com ela. Também podia ver que ele estava preocupado que ela fugisse para a tempestade. Por quê?

— Quem é você? Onde estou? E como porra cheguei aqui? — Kim começou a fazer perguntas nele.

— Eu sou Wray. Você está em Pontus e eu trouxe você para esta caverna depois que caímos.

A boca de Kim se abriu e fechou enquanto tentava processar o que ele dizia. Finalmente, resolveu a única coisa que ela imediatamente entendeu. — Nós caímos?

— Sim. Nosso ônibus foi atacado enquanto a transportávamos da nave Ganglian para o Searcher.

— Nós! Você disse que era apenas nós dois! — Seus olhos imediatamente voaram atrás dela, preparando-se para um ataque.

— Ele não está aqui. Meu guerreiro foi morto no ataque.

— Ele está morto?

— Sim. Eu precisei deixá-lo no ônibus.

Kim olhou para ele por vários momentos e ficou chocada ao perceber que acreditava nele. Alguém que ele conheceu morreu enquanto a estava salvando.

— Eu sinto muito.

Wray ficou chocado porque ela se preocupava com a morte de um guerreiro. Os machos eram dispensáveis. As fêmeas não.

— Ele morreu de forma honrosa. — Ele informou. — Protegendo uma fêmea. A Deusa o receberá em seus amorosos braços.

— Você disse que estava me transportando.

— Sim, nossa unidade de reparo portátil foi capaz de curar a maioria de seus ferimentos, mas queria me certificar, então a estava levando para a unidade de reparo no Searcher.

— Quem é você? — Ela perguntou novamente.

— Eu sou Wray Vasteri. Sou um Guerreiro Torniano. — Ele não lhe disse que também era o Imperador. Isso facilitaria as coisas se o fizesse, mas por algum motivo ele queria ver como ela reagiria a Wray, não ao Imperador.

— Tornian...

— Sim. O que você é? — Wray finalmente conseguiu fazer a pergunta que queria desde que a viu pela primeira vez.

— Eu... geralmente nos chamamos seres humanos.

— Humanos? — Wray nunca ouviu falar deles. — O que você quer dizer geralmente?

— E... bem, somos todos humanos, mas como vivemos em diferentes países, geralmente nos identificamos com isso.

Wray apenas olhou para ela, enquanto entendeu que o que estava dizendo. Sim, eles descreveriam a área específica de onde eram, mas em primeiro lugar, eram Tornianos.

— Você se chama Wray?

— Sim e você é? — Ele fez a próxima pergunta que queria saber.

— Meu nome é Kim, Kim Teel.

— Kimkimteel. — Ele repetiu.

— Não! — A força de sua negação o surpreendeu. — Ouça. Meu nome, o primeiro nome é Kim, como o seu é Wray. Meu sobrenome é Teel, como o seu, é Vasteri. Compreende?

Wray não apreciava que ela falasse com ele como se fosse um guerreiro destreinado e grunhiu seu desagrado.

— Não rosne comigo! — Kim bateu o pé. — Não foi minha culpa que você falou errado!

Wray olhou para ela em estado de choque. Ninguém falava com o Imperador assim... mas espere, ela não sabia que ele era o Imperador. Não era isso que queria? Para descobrir como ela o veria?

— Sinto muito... Kim. — O nome estrangeiro sentia-se bem em seus lábios. — Eu não queria incomodá-la. Nunca conheci um... humano antes.

— Não? — Ela perguntou, sem saber se deveria ficar feliz ou triste com isso.

— Não. Qual planeta você reivindica?

— Reivindico? — Demorou um momento para perceber o que ele estava perguntando. — Terra. Nós chamamos planeta Terra.

— Terra... — Wray pensou sobre o nome, procurou em sua mente e não conseguiu encontrar nada que estivesse perto. Estava prestes a interrogá-la ainda mais quando uma rajada de vento especialmente forte entrou na câmara. — Precisamos voltar para onde estávamos. Nos protegerá da tempestade. — Ele caminhou em direção a ela, gesticulando para onde estavam.

Kim rapidamente recuou, mantendo sua distância e tentou decidir o que deveria fazer. Acreditava nele? Confiava nele?

— Por favor, Kim. — Wray ficou surpreso com o quanto doía vê-la afastar-se dele e não estava acima de implorar para mantê-la segura. — Foi por isso que escolhi esse ponto. Pode nos proteger do pior da tempestade. Eu nunca a machucaria.

Lentamente, Kim percebeu que não tinha outra escolha senão confiar nele... pelo menos por enquanto e voltou para outra câmara.

— Há comida na bolsa ao lado da rocha. — A voz profunda de Wray interrompeu seus pensamentos.

— Comida? — Os olhos de Kim imediatamente voaram para o saco avidamente. Não se lembrava da última vez que comeu, nem o estômago dela, já que roncou alto.

— Sim, são apenas barras de nutrientes, mas é algo. — Wray ouviu seu estômago rugir e sabia que estava morrendo de fome.

Observando-o de perto, Kim lentamente se moveu para a bolsa, ainda insegura até que ponto poderia confiar nele. A dor em seu estômago a levou rapidamente para a bolsa, tirando uma embalagem embrulhada.

— Sente-se, Kim. — Wray gesticulou para a rocha e observou como a barra escorregava de sua mão quando deu um passo em direção a ela. — Eu não vou machucá-la. — Ele tentou tranquilizá-la. — Por favor, sente-se, você ainda está se recuperando do ataque Ganglian, está fraca de fome. — Lentamente, ele pegou a barra, entregou-a de volta para ela, em seguida, deu vários passos para trás.

— Ganglian? — Ela questionou, mas lentamente se sentou, seus dedos brancos ao redor da barra. — Você disse essa palavra antes.

— Sim, são as espécies com as quais a encontramos. Rasgue em cima. — Wray fez um gesto para a barra, ela manteve o aperto tão forte, observou silenciosamente enquanto lutava com ela. — Deixa-me ajudar. — Ele disse suavemente e estendeu a mão, mas não se aproximou, sabendo que precisava ir até ele.

Kim olhou para ele, sua mente correndo. Ele iria devolver? Ele o fez antes. Ela realmente não o conhecia. Mas confiava nele.

Por quê?

Wray observou cada pensamento enquanto passava por seu rosto. Deusa, ela tinha um rosto tão expressivo. Podia dizer que estava com medo, sabia que estava confusa, mas não se quebrou. Isso o fez querer se aproximar, fez com que ele desejasse confortá-la e protegê-la ainda mais, mas sabia que não podia, ainda não.

— Tudo bem, Kim. — Ele disse suavemente. — Prometo devolver e enquanto você come, eu direi o que sei. — Ele viu quando ela chegou a sua decisão e sempre devagar, ela colocou a barra em sua mão estendida antes de puxar a dela de volta.

— Isso pode ser complicado às vezes. — Ele disse, tentando aliviar seu medo enquanto escondia o alívio dela permitir que ele a ajudasse. Rapidamente, abriu o invólucro e o cheiro fez seu estômago revoltar, lembrando-lhe que não comeu desde que eles caíram. Ignorando isso, ele entregou a barra de volta para ela. Ele era do sexo masculino. Suas necessidades sempre vinham depois de uma fêmea.

Kim observou silenciosamente quando ele facilmente abria o pacote, ouviu seu estômago roncar antes de devolvê-lo. Lentamente, ela pegou a barra agora desembrulhada .

— Quando você comeu pela última vez? — Ela se viu perguntando.

— Isso não tem importância. — Wray disse com desdém. — Coma. — Ele gesticulou para a barra, mas para seu choque, em vez de fazer o que ordenou, ela quebrou a barra em duas, segurando metade para ele. Por que ela faria isso? — Isso é para você. — Ele falou bruscamente.

— Nós vamos compartilhar. — Ela disse e pela primeira vez Wray vislumbrou o que a ajudou a sobreviver aos Ganglians... teimosia. Lentamente, certificando-se de não a assustar, ele pegou a barra.

— Obrigado.

Acenando com a cabeça, Kim se forçou a morder sua metade, ignorando o desejo de comer tudo ao mesmo tempo. Estava um pouco seco, um pouco salgado, mas também um pouco doce com um leve gosto de bacon. Nada parecia tão bom.

— Ganglian é o nome das espécies com as quais você encontrou. — Disse a ela enquanto eles comiam.

— Aqueles bastardos fedidos e peludos se chamam Ganglians? — Kim perguntou depois que engoliu em seco, uma regra que sua mãe tinha era não falar com a boca cheia.

— Sim. — Wray não pode deixar de sorrir da descrição exata dos Ganglians. Desapareceu rapidamente quando se lembrou por que ela era tão precisa. — Há água no recipiente ao seu lado. — Ele gesticulou para o outro lado da rocha e a bolsa que recarregou. Wray observou-a de perto enquanto comia, preocupado em não ser capaz de tolerar a comida Tornian. As barras de nutrientes não eram conhecidas por seu sabor, eram destinadas a sobrevivência de um guerreiro em condições extremas. Ele nunca ouviu falar de uma fêmea comendo uma.

Olhos verdes olharam para ele até o recipiente no chão antes de se inclinar para pegá-lo. Isso lembrou a ela aqueles corpos de água recarregáveis usados na Terra.

Ele estava prestes a dizer-lhe como abri-lo quando ela imaginou sozinha e tomou um gole de forma cautelosa. Depois de vários pequenos goles, ela o entregou.

— Você quer comer mais? — Ele perguntou depois que bebeu, entregando-o de volta para ela.

— Há o suficiente? — Perguntou esperançosamente e viu Wray hesitar.

— Para você, sim.. — Ele disse a ela.

Kim lhe deu um olhar considerável. — Por que apenas para mim?

— Você é do sexo feminino. Eu sou um macho. — Ele declarou como se isso explicasse tudo.

— Quantos tem lá? — Ela perguntou, gesticulando para a bolsa que com as barras.

— Seis.

Kim olhou para a bolsa e contou cinco barras restantes. — Você disse que estamos aqui há dois dias.

— Está correto.

— Você não comeu desde que chegamos?

— Você precisaria da nutrição quando acordasse.

— Mas você também.

Wray lhe deu um olhar confuso. — Você é uma fêmea, você vem primeiro.

— Mas...

— Coma outra. — Ele ordenou.

— Somente se você o fizer. — Kim respondeu.

— Não. — Ele balançou a cabeça. — Você precisa mais disso.

— Quanto tempo mais ficaremos aqui?

Wray olhou para entrada da caverna e enquanto não conseguia ver a tempestade, podia ouvi-la e franziu a testa.

— As tempestades assim duram até uma semana.

— Mas alguém virá?

— Sim. — Ele assentiu com confiança. — O meu povo virá por nós.

Kim olhou para as barras e pensou no que ele disse. Em outra vida, ela a teria comido e não se preocuparia com o futuro, nem com ele, mas isso foi antes de perder a família, antes dos Ganglians.

Eles poderiam ficar ali por mais cinco dias e apenas restavam cinco barras. Seu olhar foi para Wray. Ele a deixaria comer todas se quisesse, sem tomar nada para si. Por quê? Era tão importante quanto ela. Na verdade, ele era mais importante porque não tinha ideia de como sobreviver ali.

— Eu posso esperar.

— Kim...

— Você disse que me diria o que sabia.

Wray viu a teimosia voltar a seus olhos e suspirou forte, de alguma forma sabendo que ela não desistiria.

— Nós estávamos deixando o espaço Kalisziano quando interceptamos uma nave Ganglian deixando o espaço Torniano. Quando embarcamos, eles resistiram. — Ele viu sua confusão. — Ganglians nunca resistem. São covardes sem honra. Eles prosperam com a dor dos outros.

— Sim, eu percebi isso. — Kim disse baixinho, lembrando-se de como o bastardo fedido parecia silvar felizmente quando ela gritava. Ignorando a lembrança, ela puxou os joelhos para o peito e envolveu seus braços ao redor deles.

— Você está bem? — Perguntou Wray, sem perder o arrepio.

— Apenas... por favor, continue falando.

Wray assentiu. — Eles não foram sempre assim, os Ganglians. — Ele a viu olhar para ele com surpresa. — Eles já foram uma raça orgulhosa e honrada, comprometida em proteger aqueles mais fracos que eles mesmos. Eram bons amigos dos Tornianos.

— O que os mudou? — Kim não conseguiu evitar a pergunta.

— A grande infecção afetou suas mentes, deturpando-as até o ponto de que tudo o que uma vez desprezaram tornou-se o que mais desejava. Começaram a se procriar com as espécies mais fracas do universo, capturando-as para que pudessem desfrutar da dor que infligiram até que as vendessem. É por isso que suas naves são proibidas no Império Torniano.

— Eles iriam me vender? Fazer-me uma escrava?

— Sim. É assim que sobrevivem agora. Eles vendem os machos que capturam para as minas e as fêmeas para casas de prazer.

— Casas de prazer... — Ela sussurrou.

— Sim. Eles sabiam que seria uma sentença de morte automática se achássemos você. Por isso a esconderam.

— Por que eu? — Kim perguntou, seus olhos se encheram do horror lembrando ao que sobreviveu enquanto olhava para Wray. — Por que eles me levaram?

— Porque você é linda. — Wray disse antes que ele pudesse evitar.

— Linda? — Kim balançou a cabeça em negação, ela não era linda, talvez bonita... não. Jen era a beleza da família. Ela tinha a pele de seu pai, o cabelo loiro branco da mãe e os deslumbrantes olhos azuis. Kim recebeu o cabelo vermelho indisciplinado do pai, os olhos verdes e o corpo compacto da mãe. Não, ela nunca seria considerada bonita, especialmente não depois do dano causado pelos Ganglians.

— Sim. — Disse Wray com firmeza. — Linda e rara, com o cabelo da cor do fogo... — Sua voz se apagou quando seus olhos foram para eles.

— É apenas vermelho. — Kim sussurrou em negação.

— Está vivo como fogo. Sua pele é tão pálida e macia como a Moonflower e seus olhos... — Wray olhou profundamente para eles e viu o choque de suas palavras. — Seus olhos são a cor das joias mais raras. Você seria um ótimo negócio em um leilão de escravos.

— Eu não teria vivido tanto tempo. — Ela sussurrou.

As palavras mal pronunciadas de Kim levaram Wray a ficar em silencio. Não, ela não teria, teria morrido naquela nave Ganglian apavorante e ele nunca teria conhecido uma criatura tão linda como ela. Ele se levantou, grunhindo.

Kim gritou, caindo da rocha enquanto Wray se levantava, rosnando ferozmente ao perceber que ela esteve prestes a morrer. Não havia como se defender contra ele.

Wray congelou quando Kim gritou e a viu cair da rocha, seus olhos cheios de terror. Oh Deusa, o que ele fez? Onde foi seu controle lendário? Ele nunca revelava suas emoções, nunca permitia que os outros soubessem quando estava irritado, mas com essa fêmea... desde o momento em que a descobriu naquele compartimento, não conseguia controlar suas emoções. Respirando fundo, tentou tranquilizá-la.

— Sinto muito, Kim. — Infelizmente a voz dele saiu áspera e ainda cheia de raiva. — Por favor, não tenha medo de mim. Eu tiraria minha própria vida antes de machucá-la.

— Você... você... — Ela gaguejou, tentando afundar na parede, ignorando as rochas que a batiam nas costas.

— Estou com raiva. Não de você. — Ele rapidamente disse. — Dos Ganglians, pelo que fizeram com você. Nunca deveria ter sido permitido. — Wray se forçou a dar um passo para trás, dando-lhe o espaço que precisava quando tudo o que queria fazer era aproximá-la.

— Eles podem nos encontrar aqui? — Kim perguntou achando que poderia respirar mais fácil uma vez que ele recuou. — Antes de seu povo?

— Quem? Os Ganglians? — Wray franziu a testa e viu seu balançar de cabeça. — Kim... — Sua voz finalmente suavizou quando sua raiva o deixou, substituído pelo desgosto, por ele mesmo, por não explicar melhor as coisas para ela. — Os Ganglians que o capturaram estão mortos. Eles nunca irão machucá-la novamente.

— M-Mortos?

— Sim. Eu deveria ter explicado isso melhor para você.

— Mas nós caímos... você disse que fomos atacados.

— Nós fomos, não sei por quem ainda, mas não foram os Ganglians que a levaram, você tem meu voto. Não tem nada a temer deles. Eu a protegerei.

— Mas... — Kim estremeceu quando uma pedra a cutucou nas costas novamente.

— Você está ferida? — Wray caminhou em direção a ela. — Minhas ações a prejudicaram?

— Não, eu fiz isso.

— Por minha causa. Por favor Kim, deixe-me ajudá-la. Eu não tenho uma unidade de reparo portátil aqui, mas talvez haja algo que possa fazer.

— É apenas um hematoma, eu tenho muitos deles. — Olhando para as mãos que ela sabia que estavam danificadas afastando o Ganglian, ficou chocada por descobri-las curadas, as contusões e os cortes mal visíveis. — O quê? — Ela olhou para Wray confusa.

— A unidade de reparo portátil foi capaz de curar o pior dos seus ferimentos. — Wray disse novamente a ela.

— Unidade de reparação portátil... você me disse que antes, simplesmente não percebi... — Ela olhou para as mãos dela e silenciosamente olhou para o corpo. A dor terrível sentiu desde o primeiro ataque desapareceu. Ela não percebeu quando estava tentando escapar ou quando estava comendo, quase sentia... normal. Isso era realmente possível?

Levando-se de joelhos, ela lentamente ergueu a barra da camisa que estava vestindo, apoiando-se pelo dano que encontraria nas coxas. Em vez disso, ela encontrou uma pele pálida com apenas a mais fraca rede de cicatrizes revelando o trauma que sofreu.

— Isso é incrível... — Ela parou, franzindo o cenho para o tecido preto na mão, então olhou para Wray, que estava vestido apenas com calça e botas, logo percebeu que estava usando sua camisa. Ele literalmente lhe deu sua camisa. Ele a salvou dos Ganglians. Impediu que corresse para a tempestade. Curou seus ferimentos, compartilhou sua comida e o que ela fez em troca? Ela fugiu dele, atacou-o e gritou. — Sinto muito... — Ela sussurrou, lágrimas enchendo seus olhos.

— Pelo o quê? — Wray perguntou. Ele mal conseguiu evitar seu gemido ao ver suas luxuriosas coxas pálidas, mas a visão de suas lágrimas fez sua garganta apertar. — Você não tem nada para se desculpar, pequena. Eu sou o único que causou isso.

— Você me deu sua camisa.

— Você não tinha roupas quando a encontrei, estava gelada. — Ele viu outro arrepio percorrer seu pequeno corpo e cautelosamente se aproximou. — Você está com frio novamente. Por favor, Kim. — Ele estendeu a mão e rezou para a Deusa que ela a aceitasse. — Eu não quero que você fique doente.

Kim olhou para os olhos cinzas de Wray que a lembrava tanto de Warrior. Eles estavam implorando com ela para confiar nele, para aceitar sua mão. Ela poderia?

Foi isso que Warrior sentiu quando ela estendeu a mão? Foi por isso que levou tanto tempo para ir para ela? Para confiar nela? Não entendeu quanta coragem ele precisou para se aproximar, para confiar que realmente não a machucaria. Ela poderia ser tão corajosa?

— Por favor, Kim. — Wray sussurrou tão suavemente que ela teve que esforçar-se para ouvi-lo, mas o fez e com aquelas palavras calmas, ouviu sua preocupação, sua preocupação e seu desespero... ele a achava linda... levantando sua mão segurou a dele.

Wray nunca se sentiu tão aliviado quanto quando ela segurou sua mão. Lentamente, ele estendeu a outra e esperou. Quando ela também a segurou, ele a puxou para cima.

— Você se machucou? Quando caiu? — Ele perguntou calmamente.

— Não. Foi apenas duro. — Seus olhos nunca deixaram o dele.

— E você é suave.

— Obrigada pela camisa. — Ela sussurrou.

— Eu lhe daria tudo o que tenho, Kim. — Wray prometeu e viu seus olhos se ampliarem. — Mas primeiro, preciso esquentá-la. Você vai me deixar segurá-la novamente? — Ele perguntou e prendeu a respiração, sem saber até que ponto sua confiança se estenderia.

Kim franziu a testa um pouco quando uma lembrança nebulosa surgiu do escuro. Sentiu-se tão segura quando estava lá, sabia que nada poderia prejudicá-la. Agora percebeu que era porque Wray a estava segurando, mantendo-a quente e segura enquanto dormia.

— Eu gostaria muito disso. — Ela disse suavemente e se aproximou de seu calor.

Lentamente, Wray se moveu para trás, mantendo as mãos nas dele enquanto se sentava. Kim se moveu para o lado dele e depois hesitou.

— Kim? — Ele perguntou

— Eu... — Sua pele pálida começou a ficar rosada. — Eu nunca me sentei no colo de um homem antes, não tenho certeza de como... — Sua voz se apagou.

Wray fechou os olhos, aliviado por ouvi-la dizer que não sabia o que fazer. Ele se recusava a permitir a pensar em quão confortável ela parecia em seus braços, como se estivesse acostumada a ser mantida por um homem. O pensamento de outro homem a abraçando o incomodou profundamente por algum motivo, mas saber que ele era o único... lentamente, certificando-se de não a assustar, deslizou as mãos em sua cintura e a acomodou em suas coxas enquanto seus braços a envolviam.

Kim imediatamente sentiu como se estivesse em casa enquanto seus braços a rodeavam com calor e ela se abaixou mais profundamente em seu peito.

— Você vai me contar mais?

— O que você gostaria de saber? — Ele perguntou suavemente, olhando para ela.

— Eu não sei. — Bocejando, ela descobriu que de repente estava exausta e pousou a cabeça no peito dele, ouvindo a batida forte de seu coração, por algum motivo isto a consolou. — Como você pode entender todos aqueles sibilos e sons que os Ganglians fazem?

— Eu conheço a linguagem de todas as espécies nos Universos conhecidos. Você também, agora que coloquei o educador em você.

— Você fez o quê? — Kim perguntou, levantando olhos cansados para o dele.

— Enquanto a unidade de reparo a curava, coloquei o que chamamos de educador sobre seus olhos. Isso não causa nenhum dano. — Ele rapidamente a tranquilizou. — Apenas ensina a linguagem para que possa entender e falar com outras espécies.

— Falar com eles?

— Sim, agora você está falando Tornian, mas se estivesse falando com um Ganglian, você falaria Ganglian.

— Eu... — A voz de Kim se apagou quando percebeu que o que estava saindo de sua boca eram grunhidos, não palavras.

— É comumente feito em todo o universo e permite que diferentes espécies se comuniquem.

— Mas você disse que aprendeu as línguas.

— Eu aprendi muitas delas, mas ainda há algumas para as quais eu precisava do educador. — Wray não lhe disse que ele apenas o usou uma vez, pois os educadores podiam ser corrompidos, fazendo com que a pessoa que os usasse fizesse coisas que nunca fariam de outra forma. Era contra a lei de Tornian, mas isso não significava que não houvesse aqueles que tentariam. Era por isso que Wray confiava apenas em Grim para programar o seu quando era necessário. Sabia que Grim nunca iria prejudicá-lo.

— Mas... — Antes que ela pudesse fazer a próxima pergunta, outro bocejo a pegou desprevenida.

— Descanse, Kim. — Wray disse calmamente. — Falaremos mais uma vez que você descansar.

Assentindo com sono, Kim fechou os olhos.


CAPÍTULO TRÊS

Wray deixou seus olhos percorrerem as feições delicadas de Kim enquanto ela dormia. Era a mais bela criatura que já viu, no entanto, pareceu surpresa quando ele lhe falou. Sempre achou Adana linda e foi da maneira Torniana. Era alta, quase em seus ombros, com longos cabelos pretos afastados de seu rosto, revelando a força de seus traços e largura de seu quadril. Era algo que os homens de Tornian apreciavam, porque significava que a fêmea conseguia resistir a uma união com o homem maior.

Kim não era grande, era maior do que um jovem do sexo masculino, pouco antes de começar seu treinamento de guerreiro, no entanto, sobreviveu a um ataque Ganglian, algo que poucas pessoas poderiam fazer, incluindo as fêmeas Tornianas. Por quanto tempo os Ganglians a manteve? Sua mente afirmou que não poderia ter sido mais do que um dia, mas em seu coração... ela estava tão gravemente machucada, tão danificada... o planeta mais próximo de onde encontraram a nave Ganglian estava a dois dias de Pontus e este planeta que ela chamou Terra, ele nunca ouviu falar, o que significava que não estava em uma galáxia conhecida.

Ela estava preocupada com seu bem-estar, um macho, quando sua única preocupação deveria ser consigo mesma. Ela compartilhou sua comida. Recusou-se a comer a menos que fizesse. Por que faria isso? Ela não percebia que as fêmeas eram mais importantes do que os machos? Não era assim na Terra?

Kim... um nome tão incomum, uma fêmea tão incomum. Sua palavra foi suficiente para ela quando ele disse que os Ganglians estavam mortos, a palavra de Wray e não a do Imperador. Wray balançou a cabeça, não a entendia... ela era tão diferente de qualquer mulher que conheceu e não apenas em tamanho e cor, mas em espírito. Ela lutou contra ele quando acordou pela primeira vez, defendendo-se. Teria feito o mesmo contra os Ganglians? Foi por isso que suas lesões eram tão graves? Também não teria conseguido impedir um Gangliano ou um Torniano, pois ambos eram mais fortes e maiores do que ela, mas ele podia imaginá-la tentando, poderia vê-la recusando-se a se submeter. Isso teria feito com que o Ganglianos atacasse ainda mais brutalmente, apenas para ver a quantidade de dor que poderiam infligir antes de gritar.

Com cuidado, para que não a perturbasse, afundou os dedos nos cachos suaves que emoldavam seu rosto, sentindo a forma como se apegavam a ele. Eles fizeram isso quando ele tirou o excesso de água deles depois que a limpou. Eles se envolveram sensualmente ao redor de seus dedos como se gostassem do seu toque.

Depois de colocar um longo cacho para baixo, ele encontrou sua mão delicada, descansando confiante em seu peito e levantou-a até sua bochecha. Ela tocou-o de boa vontade com essa mão, acariciando sua bochecha quando estava mais fraca, como se o contato a acalmasse. Inclinando a cabeça levemente, ele fechou os olhos, deixando-a tocá-lo.

Ele nunca teve alguém de bom grado tocando-o assim antes. Um toque que significava que ele importava, não como um Imperador, mas como macho. Adana nunca o tocou desse jeito. Ela apenas o tocou durante as uniões e apenas quando se beneficiou de seu prazer. Quando terminavam, ela retornava para sua câmara. Nunca teria permitido que ele a abraçasse assim.

Os pensamentos de Wray saíram das lembranças de Adana quando o polegar de Kim se moveu levemente, acariciando sua bochecha, abrindo os olhos, ele encontrou os olhos verdes sonolentos fixos nele...

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Kim acordou quando Wray pegou sua mão. Ela observou em um silêncio atordoado quando a colocou contra sua bochecha. Seus olhos estavam cheios de anseio e necessidade antes que se fechassem, como se ninguém o tivesse tocado dessa maneira antes, o que não fazia sentido. Ele era lindo, alienígena ou não e não podia pensar em nenhuma mulher que não quisesse tocá-lo. Que não gostaria de ser tocada por ele.

Suavemente, ela passou o polegar ao longo de sua bochecha, querendo aliviar seu incomodo. Quando seus olhos se abriram lentamente, em vez de anseio, viu... arrependimento.

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— Eu não quis acordá-la. — Wray disse, sua voz cheia de emoção. Apenas precisava de seu toque. Quando seu polegar se moveu para acariciar seu lábio inferior, seu corpo lembrou instantaneamente o que sentiu enquanto a limpava. Ele sabia que se ela continuasse, a reação do corpo a faria temê-lo novamente e não queria isso. Com cuidado, ele afastou a mão dela. — Sinto muito.

Kim olhou para ele confusa por vários segundos. Pensou que estivesse gostando de seu toque, afinal, foi ele quem colocou a mão em sua bochecha. Por que de repente a afastou? Seus olhos se arregalaram quando a verdade de repente a atingiu. Oh Deus! Claro! Rapidamente, desviou o olhar, piscando desesperadamente as lágrimas que enchiam seus olhos.

O bastardo fedido... ele sabia o que maldito bastardo fez com ela... sabia que ele... não, ela não iria lá. Ele disse que ficou furioso quando a encontrou e que mataram os Ganglians por causa do que fizeram com ela, logo prometeu que não voltaria a acontecer, mas isso não significava que desejava seu toque. Por que o faria? Por que iria querê-la depois do que aconteceu com ela. O que ela viu foi um anseio que nunca realmente esteve ali. Ele era um bom homem... merecia alguém melhor que ela .

— Não. — Ela disse, sua voz cheia de lágrimas não derramadas. — É minha culpa. — Com cuidado, ela saiu de seus braços e se moveu para entrada entre as cavernas. Queria sair dali, queria fugir, como sempre fazia, mas não podia. Não o faria. Disse a Jen naquele telefonema que amadureceu e mudou, agora era hora de provar isso. Wray não fez nada além de cuidá-la desde que acordou. Ele a salvou dos Ganglians. Ele a salvou quando caíram. Não podia pagar essa bondade esperando que a visse como algo mais do que era. Uma vítima. Não podia mudar o que aconteceu com ela, mas seria condenada se deixasse que a quebrasse. Respirando fundo virou-se para Wray.

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Os olhos de Wray seguiu Kim enquanto se afastava dele. Viu as lágrimas que ela tentava esconder enquanto saia de seus braços. Por que ele fez isso? Será que realmente tornou-se tão egoísta, tão mimado como Imperador a ponto de colocar seus desejos e necessidades acima dos de uma fêmea? E não apenas qualquer fêmea, mas Kim?

Bem, de alguma forma, em muito pouco tempo, ela se tornou preciosa para ele. Sua força e coragem, combinada com sua gentileza e carinho, entraram em seu coração de uma maneira que ninguém mais conseguiu.

— Por favor, Kim. Sinto muito. — Ele disse, estendendo os braços. — Eu não a tocarei novamente. Por favor, não quero que você fique gelada, não precisa sentir frio.

— Estou bem, não precisa fazer isso. — Ainda assim, ela não podia se mover em direção a ele. — Mas entendo o que dizendo. Eu não gostaria de me tocar se fosse você.

Wray franziu o cenho para as palavras dela. Claro, ele queria tocá-la, era linda e macia e... por que ela pensaria que ele não queria?

— Eu não entendo.

O pequeno sorriso que ela lhe deu era triste. — Eu entendo, então está tudo bem. — Ela olhou ao redor da caverna e percebeu que era maior do que pensava. — Você disse que estamos em Pontus?

— Sim. — Wray deixou que seus braços caíssem lentamente dos lados, observando-a atentamente enquanto olhava para qualquer lugar além de ele. — É um pequeno planeta mineiro na fronteira do Império Kalisziano. Diga-me o que quis dizer sobre eu não querer tocá-la.

— Kaliszianos... são eles como os Ganglians? — Ela perguntou ao invés de responder.

— Não. — Wray levantou-se e lentamente e se moveu em direção a ela. — Agora responda minha pergunta.

— Então, o que eles são? — Kim perguntou, dando um passo atrás antes de parar. Ela apenas se afastou.

Lentamente, Wray avançou para ela, não parando até que seus corpos estivessem quase se tocando. Seus olhos procuraram seu rosto virado para cima pelo menor incômodo de medo. Em vez disso, ela levantou o queixo em desafio, o que quase o fez sorrir. Ela era corajosa.

— Quero que explique o quis dizer comigo não querendo tocá-la. — Ele exigiu novamente em um tom que todos os guerreiros obedeciam.

Kim apenas o olhou. Ela não queria explicar. Não queria ouvi-lo dizer que apenas tolerava tocá-la e era algo que teria feito por qualquer um. Wray significava muito para ela, apesar de tudo o que aconteceu, pensou que ele gostasse de seu toque. Ela precisava disso. Ele a fez sentir novamente, segura e se tirasse isso dela... poderia finalmente rompê-la.

— Por favor, Kim. — A voz de Wray caiu enquanto seus olhos procuravam os dela.

Foi o por favor que fez isso. Porque de alguma forma, Kim sabia que ele não dizia isso muitas vezes e porque o fez neste momento, descobriu que não podia negar-lhe nada.

— Eu sei que você não gostaria de me tocar. Depois do que os Ganglians... — Kim nunca conseguiu terminar a frase quando foi puxada contra seu peito.

Wray não podia acreditar na raiva que o encheu quando percebeu que pensava que não queria tocá-la... achava que não queria que ela o tocasse... tudo pelo que os Ganglians fizeram. Puxando-a de seus pés, resmungando com raiva.

— Você acha que não desejo seu toque! — Ele abaixou o rosto para que ficassem nariz a nariz. — Que não acolheria nada que você quisesse me dar?

— Mas você disse... — Ela começou.

— Que sentia muito, eu a acordei quando você precisava descansar. — Ele explicou. — Sentia muito porque deixei o meu desejo de tocá-la, sentir seu toque em mim, interferir com o que você precisava.

Kim procurou em seus olhos cinzas como tempestade, tentando decidir se poderia acreditar nele, mas encontrou sua resposta em uma parte diferente do corpo quando sua coxa roçou a protuberância entre suas pernas. Pressionando contra ele levemente, sentiu que crescia.

— Kim... — Grunhiu Wray advertindo.

— Eu... realmente o incomoda que...

— É claro que me incomoda! — Grunhiu Wray, seus olhos brilhando. — Incomoda-me que seu macho não a tenha protegido, que você foi ferida, mas isso não afeta meu desejo por você.

— Eu... não tenho um macho. — Ela admitiu e lentamente passou os dedos pelos ombros largos observando quando o calor em seus olhos se transformou em brasas fumegantes. — Você realmente não se importa com meu toque. — Sussurrou com espanto.

— Vontade... — Wray queria rugir sua satisfação de que nenhum homem a reivindicou. Em vez disso, um baixo grunhido vibrou através de seu peito quando ele lhe disse a verdade. — Eu desejo seu toque.

Encorajada por suas palavras, Kim passou suas mãos lentamente através de seu peito, descobrindo cada protuberância, cada fenda, descobrindo que sua pele não era apenas quente, mas também lisa e sedosa.

— Kim... — Wray gemeu.

— Sim, Wray? — Perguntou, olhando-o através de seus cílios.

— Você deve parar... você é ...

— Eu sou o quê?

— Você está testando meu controle e não deve fazer isso.

— Por quê? — Os olhos verdes inocentes encontraram o dele.

O olhar de Wray ficou feroz enquanto ele a puxava contra seu corpo.

— Porque não quero mais nada neste momento do que me unir a você, mas ainda está se recuperando. Não quero machucá-la.

— Unir... — Kim procurou em sua mente tentando entender seu significado. Quando finalmente o fez, ela endureceu, seus olhos se arregalaram de medo e ela começou a tremer. Não podia... ela...

Wray viu seu medo. Como não poderia senti-lo depois do que suportou?

— Calma, pequena. — Ele disse gentilmente: — Eu nunca a obrigaria.

— Eu... — Kim fechou os olhos, engolindo com dificuldade. — Eu sei disso. Eu... — Mas sua voz ainda estava trêmula.

— Shh... — Wray aproximou-se dela, esperando que a confortasse. — Tudo bem, Kim.

— Sinto muito. — Ela disse enquanto as lágrimas enchiam seus olhos novamente. — Não consigo parar de chorar.

— Você não tem nada para se arrepender, pequena. — Wray cuidadosamente se moveu, colocando-a em seus braços. — Você é forte e sobreviveu a muito, mas agora precisa descansar e se curar. — Ele a colocou sobre o colo mais uma vez. — Descanse, pequena, e saiba que nenhum dano virá a você.

Kim colocou a cabeça contra o peito de Wray e tentou dormir, mas sua mente não se acomodava, havia muitos pensamentos passando por ela, muitas perguntas para as quais não tinha as respostas e quanto mais tentava relaxar mais tensa ficava.

— Kim... — Wray podia sentir os músculos tensos, mas não sabia como ajudar.

— Converse comigo, Wray. — Ela implorou, seus braços envoltos em seus bíceps maciços como uma videira apertada, segurando a única coisa sólida em sua vida. — Preciso ouvir sua voz.

— Sobre o que quer que eu fale?

— Eu não sei. Qualquer coisa. Tudo. Conte-me sobre seu mundo.

— Meu mundo... — Wray pensou no Império Torniano, sempre soube tudo a respeito dele, amava todas as partes, mas como poderia descrevê-lo?

— Wray?

Suplicantes olhos o encararam e as palavras apenas saíram. — O Império Torniano contém doze planetas principais, cada um governado por um Lorde, que se reporta ao Imperador, todos exceto Luda.

— Luda? — Ela perguntou, seus olhos nunca deixando o dele.

— Sim, Luda é governado por um Rei. Ele é sempre um parente do sangue do Imperador e está próximo da linha de sucessão, caso o Imperador morra sem descendentes masculinos. — Ele sentiu a tensão lentamente começar a deixar seu corpo enquanto ele falava sobre seu mundo. — Juntos, eles formam a Assembleia dos Lordes e governam o Império.

— Todos os planetas são iguais?

— Não. Cada um é especial por direito. Temos Vesta, é governado por Lorde Reeve, suas terras são ricas e férteis e ali pode-se cultivar quase todos os alimentos imagináveis. Grande parte disso é trocada com o Império Kalisziano por cristais de poder e pedras preciosas. — Ele olhou para baixo e enquanto seus olhos ainda estavam abertos, apesar de começarem a se fechar. — Betelgeuse é governado por Lorde Oryon, é muito arborizado, com uma grande abundância de vida selvagem. Muitos guerreiros viajam para aprimorar suas habilidades de caça.

— O planeta em que vivo é chamado Tornian e tem todas essas coisas, mas também possui vastos recursos minerais que suportam a tecnologia Torniana. Lorde Bertos é o Lorde que supervisiona essas coisas.

— Lorde Bertos? — Kim perguntou suavemente e descobriu que não conseguia manter os olhos abertos. — Eu pensei que o Imperador governasse seu próprio planeta.

Wray endureceu, então percebeu que não estava questionando sua habilidade.

— Ele o faz, mas deixa as preocupações do dia a dia com Lorde Bertos para que ele possa lidar com todo o Império.

— Hmm... isso faz sentido, eu acho. É bonito? — Ela perguntou esfregando a bochecha contra seu peito enquanto se aconchegava mais em seu abraço.

— Acho que é o lugar mais bonito em todos os universos conhecidos. O céu é lindo e limpo, a água é pura. Há montanhas, desertos e algumas terras que são tão planas que você jura poder ver para sempre. Suporta tanta vida... — Wray percebeu que sua garganta se apertava enquanto falava sobre sua casa. Ele nunca tentou expressar esses sentimentos antes. Embaraçado com estas emoções, olhou para Kim preocupado, com medo dela pensar menos dele por ter pensamentos tão suaves. O que encontrou foi que suas palavras colocaram um sorriso suave nos lábios e a fizeram dormir. Inclinando-se para trás, ele descansou.

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Os olhos de Kim lentamente se abriram e ela não conseguiu acreditar no que via. Tudo era tão brilhante, tão claro e nítido. Toda cor era demais, cada som puro, olhando para cima, viu... tudo.

— Incrível, não é?

Kim virou-se para a voz melódica e descobriu a mulher mais linda que já viu a alguns metros de distância.

— Obrigada. — Ela disse curvando levemente a cabeça.

— Eu não disse nada. — Kim disse, franzindo a testa um pouco.

— Mas você pensou.

— Você pode ler meus pensamentos?

— Claro. Eu sou a Deusa.

— Deusa?

— Eu esqueci, você não me conhece.

— A Deusa não deve ser sempre lembrada? — Kim perguntou e imediatamente desejou ter mantido a boca fechada quando os olhos da mulher se fixaram nela. Abaixando o olhar, curvou a cabeça.

— Muito bom. Você está descobrindo.

— Descobrindo o quê? — Kim perguntou enquanto olhava com cautela.

— Por que a salvei.

— Não foi Wray quem fez isso? — Ela rapidamente abaixou os olhos novamente e perdeu o sorriso da Deusa.

Sim, ele o fez. — Ela pensou. — Ele fez porque o permiti. Eu dei-lhe algo para aguentar até que pudesse encontrá-la.

— Warrior. — Kim sussurrou, lembrando os grunhidos que ouviu.

— Warrior. — A Deusa concordou com a cabeça. — Ele a amava e protegia, morreu a protegendo e soube que estava pensando que a salvaria novamente, então a deixei pensar assim até que meu Guerreiro a encontrasse.

— E se sabia tudo isso, por que não o salvou?

— Ele cumpriu seu propósito. — Disse ela com desdém.

— Seu propósito! — Kim sibilou com raiva enquanto se levantava. Ela nem sabia que estava sentada. — Ele não era um propósito! Era uma criatura viva e merecia seu respeito! — Kim esqueceu que ela estava enfrentando uma Deusa.

— Você me desafiaria por ele? — A Deusa perguntou suavemente e não fez mais do que levantar a sobrancelha, Kim curvou as costas.

— Sim. — Kim imediatamente ficou de pé, com as mãos apertadas.

— Por sua dignidade? — Ela perguntou.

— Sim.

— Mesmo que isso significasse sua própria morte?

Kim apenas fez uma pausa por um momento antes de responder. — Sim!

A Deusa sorriu e o universo cantou. — Você o fará. — Ela disse a ela.

— Farei? O quê?

— Você será meu recomeço. Por sua causa, meus guerreiros Tornianos finalmente perceberão por que não lhes dei minha benção por tanto tempo. Você é o recomeço.

— O recomeço do quê?

— De um mundo novo para todos. — Ela disse de forma enigmática enquanto desaparecia.


CAPÍTULO QUATRO

Acordando, Kim descobriu que não estava mais nos braços de Wray. Em vez disso, estava deitada no duro chão da caverna, envolta em uma fina manta metálica, sozinha. Assustada, sentou-se. Onde estava Wray?

— Wray? — Ela gritou suavemente, mas não recebeu resposta. Lentamente, olhou ao redor da caverna, observando os detalhes que estava distraída demais para perceber antes.

A caverna era diferente de alguma que já viu na Terra. Com certeza, ela apenas as viu em imagens ou na televisão, mas essas cavernas sempre apareciam tão escuras e frias, com pequenas coisas assustadoras. Apenas pensar nisso fez com que a pele se arrepiasse. Esta caverna estava quente e tinha uma luz. E de onde vinha a luz?

Ficando de pé, ela se moveu cautelosamente para uma das paredes. Havia algo nelas que parecia refletir a luz. Levantando a mão para tocá-las, sentiu que o que pareciam plumas se curvava diminuindo a luz.

— Eles se chamam luciferinas.

Olhando por cima do ombro dela, Kim encontrou Wray aproximando-se dela do fundo da caverna.

— Luciferinas?

— Sim, prosperam nas cavernas de Pontus. Vivem dos restos dos cristais de energia que uma vez estiveram aqui. Ao fazê-lo, eles brilham.

— São lindas.

Wray inclinou a cabeça levemente e olhou para as luciferinas. Ele nunca considerou isso antes, mas sim, eram agradáveis de olhar.

— São perigosas para tocar? — Kim perguntou.

— Não, mas pode danificá-las.

— Ah. — Kim olhou de volta para eles, então percebeu que lembravam os recifes de coral da Terra. Belos e vivos, mas se não tratados com cuidado, facilmente se quebravam, embora desejasse tocar um, abaixou a mão. Não prejudicaria conscientemente algo que a estava beneficiando.

— Sinto muito, não voltei antes que acordasse. — Wray disse, aproximando-se, seus olhos se movendo sobre ela, procurando por quaisquer sinais de danos.

— Onde você estava? — Ela perguntou, virando-se para encará-lo.

— Acordei e precisava me aliviar.

— Ah. — Kim ruborizou um pouco e então percebeu que também precisava alivia-se. — Humm, onde?

— Siga as luciferinas, há várias câmaras pequenas, usei a primeira à esquerda.

Inclinando a cabeça, ela começou a se mover. — Há algo com o que deveria me preocupar?

— Preocupar? — Wray franziu a testa para a pergunta.

— Animais, pequenos filhotes assustadores? — Kim fez movimentos de aranha com os dedos.

— Não. — Wray descobriu que precisava ocultar seu sorriso ao pensar que ela poderia ter medo de um pequeno inseto. — Você não tem nada com que se preocupar. Há pouca vida em Pontus desde a grande infecção.

— Por quê?

— Porque pouco cresce aqui.

— Eu... — Kim ergueu o dedo. — Segure esse pensamento. — Ela disse e rapidamente se aproximou da caverna. Ao selecionar a segunda câmara, ela entrou e descobriu que Wray estava certo, não havia um único bicho à vista. Cuidando rapidamente de suas necessidades, ela voltou para Wray.

Quando voltou, descobriu que ele abriu o cobertor prateado e colocou uma barra e a bolsa de água no centro.

— Isso é um cobertor de sobrevivência? — Perguntou ela.

— É o que os guerreiros usam para sobreviver em condições difíceis.

— Isso é o que nós os usamos na Terra também. — Movendo-se, ela se sentou em frente a ele e estremeceu. — Não é muito grosso.

— É feito para armazenar na menor quantidade de espaço, mas irá mantê-lo aquecido ou fresco, dependendo das condições.

— Sim. — Ao levantar um canto, ela jogou a pedra do lado esquerdo, antes de se estabelecer novamente. — Mas não é muito grosso. — Ela disse, dando um pequeno sorriso.

— Beba, Kim. — Ele sorriu de volta, gesticulando para o centro do cobertor. — Coma.

E de repente, Kim percebeu que estava com sede e pegou a bolsa de água, mas era tão leve que ela parou.

— O que há de errado, Kim? — Perguntou Wray, franzindo a testa.

— Não há muita água, não devemos esperar?

As sobrancelhas de Wray se ergueram, ele observou que mais uma vez ela considerava suas necessidades futuras em vez dos presentes. Ela era tão diferente das fêmeas Tornianas.

— Há muita água, Kim. Beba.

Kim olhou-o com desconfiança. Estava apenas dizendo isso para que ela bebesse?

— Está quase vazio. — Ela o informou.

— Há mais água na câmara traseira. É a outra razão pela qual as luciferinas prosperam aqui.

Kim apenas olhou para ele. — Isto é verdade? — Ela finalmente perguntou e observou como seu rosto bonito escureceu e seus enormes ombros se enrijeceram. A suavidade deixou seus olhos cinza. E de repente, ela percebeu que o insultou. — Wray...

— Você acha que minto? — Ele exigiu com firmeza, sua respiração ficando ofegante. Nunca em toda sua vida foi acusado de tal coisa.

— Eu... eu não sei. Quer dizer, realmente não o conheço tão bem e enquanto gostaria de pensar que não mentiria, poderia esticar a verdade se achasse que isso me beneficiaria.

Wray apenas a olhou, chocado com a observação, porque era verdade. Ele teria dito a ela que havia muita água se isso significasse que fosse cuidada. E de alguma forma, em um curto período de tempo, ela o conhecia muito bem.

— Eu teria feito isso. — Ele finalmente admitiu, relaxando lentamente. — Mas estou falando a verdade. É por isso que as luciferinas escolheram essas cavernas para viver. Pois não apenas há cristais de energia aqui, mas há água suficiente para atender suas necessidades. Você precisa que mostre essa verdade? — Wray esperou, imaginando se ela confiava em sua palavra.

— Não, não preciso ver. Acredito em você. — Ao levantar a bolsa, ela tomou vários goles profundos, então entregou-a para ele. Quando ele pegou, ela pegou a barra. Desta vez, não teve nenhum problema em abri-la. Partindo a metade, entregou a Wray sua parte. — Então, essa é a única água em Pontus? — Ela perguntou, mordendo a barra, mastigando lentamente, esperou por sua resposta.

— Não. Há muita água em Pontus.

— Mas você disse que pouco crescia aqui. Por que nada cresce se há muita água? O solo está ruim?

Wray ficou surpreso com sua pergunta e seu interesse. Suas fêmeas apenas se preocupavam em serem atendidas, não como era fornecido.

— Não. Pontus tem um solo muito fértil. Já era um paraíso cheio de vida e plantas. Agora, há apenas uma área muito pequena que ainda cultiva vida.

— A grande infecção mudou isso? Como mudou os Ganglians?

— Sim, fez com que a maioria da vida do planeta aqui e em todo planeta Kalisziano morresse. Plantas de outros mundos foram trazidas, mas nenhuma sobreviveu.

— Mas por quê?

— Porque a Deusa não o permite. É a maneira dela de reter a bênção da vida dos Kaliszianos.

— A Deusa... bênção... — Kim sussurrou, franzindo a testa enquanto sua mente voltava a seus sonhos. Foi um sonho... certo?

— Sim, ela é a Deusa de toda a vida e está infeliz conosco.

— Você quer dizer com os Ganglians e os Kaliszianos.

— E com os Tornianos. — Wray admitiu.

— Eu não entendo. Porque se ela é a Deusa de toda a vida, por que não evitou isso?

— Por causa de algo que aconteceu há mais de quinhentos anos.

— O que aconteceu? —, Ela perguntou com curiosidade.

Suspirando forte, Wray olhou para ela. Ele não queria contar. Especialmente depois do que aconteceu com ela nas mãos dos Ganglians, mas não mentiria para ela.

— Termine de comer Kim e contarei.

Olhando para baixo, Kim ficou chocada ao descobrir que apenas deu uma mordida. Rapidamente terminou, então acenou com a cabeça quando Wray lhe entregou a água. Olhando para ele, esperou que Wray começasse.

— As lendas antigas contam como os Guerreiros Tornianos salvaram a Deusa de ser obrigada a se unir com o deus Daco quando ele a roubou de seu companheiro. Para agradecer aos guerreiros, prometeu-lhes que para cada guerreiro nascido, haveria uma fêmea especial criada especificamente para ele, uma companheira. Que ela se uniria apenas a ele e somente a ele, completando o guerreiro como ele a completava. Juntos, descobririam o que era realmente importante e o teriam pelo resto de suas vidas.

— Isso parece casamento na Terra.

— Casamento?

— É o que chamamos quando duas pessoas se apaixonam e decidem passar o resto de suas vidas juntas.

— Foi o que a Deusa prometeu uma vez.

Kim inclinou levemente a cabeça com as palavras de Wray. — Você faz parecer que ela não mais concede isso.

— Não o faz. Não desde o Imperador Lucan.

— O que ele fez?

Wray apenas olhou para seus olhos verdes claros que, pela primeira vez, não tinham medo, nem dor, nem cautela. Isso mudaria uma vez que ela soubesse o que um dos seus fez.

— Wray? — Kim olhou para ele e viu sua hesitação. O que um homem fez há tantos anos, que ainda afetava tantos?

— Desde o início do tempo gravado, a Casa Berto governou Tornian e o Império Torniano. Seus guerreiros foram os primeiros a responder ao pedido de ajuda da Deusa.

— E?

— Há mais de quinhentos anos, Lucan Berto era Imperador e ele... — Wray percebeu sua garganta apertada.

— Ele o que, Wray? — Kim sussurrou e encontrou sua mão de repente em seu braço, tentando tranquilizá-lo. Os olhos que a olhavam de repente a deixaram insegura, queria saber.

— Ele estuprou suas jovens fêmeas, Kim.

Kim ofegou e afastou a mão como se estivesse queimada.

— Ele... — Ela descobriu que não podia falar enquanto sua garganta se fechava e seus olhos se enchiam de lágrimas. O que aconteceu com ela foi terrível... mas ter um pai fazendo isso. Era a pior forma de traição, a destruição da confiança mais básica. Um pai sempre protegia seus filhos, ele cuidava deles, nunca os feria.

— Por seus crimes, o Imperador foi executado e sua família despojada de seu direito de governar o Império Torniano novamente. A Assembleia dos Lordes foi convocava e Wyck Vasteri da Casa Vasteri foi escolhido como Imperador.

— Diga-me que o fizeram sofrer. — A fúria do tom de Kim surpreendeu Wray, assim como a dureza em seus olhos molhados. — O Imperador Lucan, diga-me que sua morte foi lenta e dolorosa, que o fizeram sofrer tanto quanto suas fêmeas.

— Eles o fizeram. — Wray assegurou-lhe e viu um novo lado de Kim, um que era mais guerreiro do que feminino. Ela puniria o próprio Lucan se ele estivesse ali.

— Bom. — Kim assentiu. — Não foi o suficiente. Nunca poderia ser o suficiente.

— Não, não poderia ser. — Wray concordou e ficou em silêncio por vários minutos antes de continuar. — Acreditava-se que nossa punição apaziguaria a deusa... estávamos errados. — Ele disse com cansaço.

— O que ela fez com os Tornianos? — Kim assentiu-se mal ao vê-lo tão desanimado.

— Ela fez com que mais machos nascessem. — Ele falou calmamente.

Kim olhou para ele, tentando entender por que isso era uma coisa ruim. Um macho... na Terra sempre um homem parecia querer ter um filho.

— Os machos agora são mais numerosos que as fêmeas, duzentos para uma.

— O quê? — Kim rapidamente fez a matemática, em duzentos para uma, ela seria uma das únicas mulheres na faculdade.

— A Deusa decidiu que uma vez que não apreciamos seu dom de vida, ela removeria o que a apresentava. Fez isso lentamente. Então, sofreríamos como as fêmeas do Imperador.

— A grande infecção.

— Sim. — Wray acenou com a cabeça. — E espalhou-se por todo o universo conhecido, afetando cada espécie de forma diferente, mas seus efeitos devastaram os Tornianos, Ganglians e Kaliszianos.

— Por que eles?

— Um dos amigos mais próximos do Imperador era um pandangi. Ele guardou a porta e observou enquanto as fêmeas eram abusadas. Então, a deusa castigou todos, permitindo que pudessem encontrar sua libertação enquanto infligiam uma grande dor. — Wray imediatamente quis retirar suas palavras. Ele não tinha a intenção de lembrá-la do que aconteceu com ela contando sua história, mas percebeu que o fez assim.

— Sim, eu descobri isso. — Kim abraçou os joelhos contra o peito e colocou o queixo sobre para tentar bloquear a dor que os Ganglians causaram.

— Sinto muito Kim, eu nunca quis...

— Continue. — Ela exigiu com voz rouca, fechando os olhos.

Wray diminuiu a distância entre eles, mas parou antes de tocá-la. Ele odiou que suas palavras descuidadas lhe causaram dor. Tudo isso era de conhecimento comum para um Torniano, mas ele esqueceu que não era para ela.

— Um Kalisziano descobriu o que estava acontecendo, mas em vez de interrompê-lo, usou esse conhecimento para elaborar um novo tratado de comércio com o Imperador, trocando seus excessos de comida por seu silêncio. É por isso que quase todas as plantas portadoras de alimentos no seu Universo se tornaram extintas. Agora devem contar com o Império Torniano para alimentar seu povo.

— Por que os ajudam? Por que não os tratam como vocês fazem os Ganglians? — Kim sussurrou.

Wray esforçou-se para ouvir suas palavras e sentiu vergonha do motivo.

— Porque precisamos de seus cristais de energia e das joias que nossas fêmeas exigem para se unirem.

Abrindo os olhos, Kim descobriu que Wray moveu o cobertor para o lado dela, com os olhos cheios de preocupação e arrependimento. Ela podia sentir o quanto ele doía por ela e de alguma forma, ajudou a reduzir o pior da dor. Virando a cabeça para o lado, ela tentou entender tudo o que ele contou.

Há séculos, um homem estuprou suas filhas. Ele foi punido e morreu por seus crimes, mas as repercussões ainda eram sentidas por seu povo e por ela, porque ele era a razão pela qual ela foi estuprada. Queria ser forte sobre isso, queria passar sobre o que aconteceu, mas não podia e suas lágrimas começaram a fluir. Era demais, muito cedo, muito fresco... talvez fosse para sempre.

Wray observou impotente enquanto as lágrimas que Kim lutava tão bravamente para segurar, transbordou seus belos olhos verdes e pode sentir sua dor como se fosse dele.

— Kim... — Foi tudo o que ele disse e abriu os braços.

Kim encontrou-se mergulhando no conforto e segurança que Wray oferecia. Sentia que estava se quebrando em um milhão de pedaços e não sabia como parar. Não sabia como se reconciliar.

— Sinto muito. — Ela sussurrou contra seu peito.

— Você não tem nada para se arrepender Kim. Tem todo o direito de chorar. — Ele incentivou sem saber de onde suas palavras vieram. Quando Adana se aborrecia, ele agradecia por ficar dentro de seus aposentos. Mas não com Kim, com ela, queria estar lá, queria confortá-la, segurá-la e fazer tudo certo. — Estou aqui, Kim, chore tudo o que quiser. Eu tenho você e está segura. — Ele prometeu enquanto a balançava suavemente.

Wray não sabia por quanto tempo se sentou lá, balançando-a, absorvendo sua dor enquanto suas lágrimas escorriam pelo peito. Tudo o que sabia era que pareceu uma vida antes que seus soluços diminuíssem e as lágrimas cessassem. Quando sentiu que ela estava relaxada em seus braços, olhou para baixo e descobriu que ela caiu em um sono exausto.


CAPÍTULO CINCO

Kim apenas balançou a cabeça enquanto seus pais vagavam pela cozinha com a música favorita de Neil Diamond. Isso sempre acontecia, não importava onde estivessem, não importava o que estivessem fazendo, quando ouviam essa música, dançaram. Seus pais eram tão bons.

— Porque está sorrindo, Kimmy? — Perguntou seu pai enquanto fazia uma virada com sua mãe.

— Vocês dois. — Ela disse, sentada em um banquinho junto ao balcão. — Há quantos anos são assim?

— Perto de trinta anos. — Ele respondeu: — Foi a primeira música que sua mãe e eu dançamos.

— No baile de outono, em novembro. — Sua mãe disse, sorrindo para seu pai. — Você me tirou de Jerry Thomas.

— Correto, aquele cara tinha dois pés esquerdos. Eu precisava salvar seus pés bonitos.

— Meu herói. — Ela disse enquanto ele a girava.

— Sempre, querida.

A imagem se fundiu em Jen e Todd dançando no casamento. Eles pareciam tão felizes, tão apaixonados, ela com seu vestido branco de sereia e Todd em seu smoking branco. Logo seus pais se juntaram a eles na pista de dança.

Kim se moveu para se juntar a eles, seu par seguindo logo atrás, mas quando se virou, não era John quem segurava sua mão. Era o bastardo fedido.

— Não! — Ela gritou soltando a mão dele, mas ele apenas sibilou para ela, rindo enquanto suas garras raspavam seu vestido e a jogava no chão. Voltando-se para a ajuda de sua família, encontrou-os substituídos por duas meninas com os olhos tristes.

— Ninguém nunca a ajudará. — A mais velha disse.

— Eles apenas mentem e usam você — A mais nova continuou.

— Você não pode confiar em nenhum deles — Elas disseram juntas.

— Não! — Kim gritou novamente. Ela se recusava a passar por isso novamente. Matava bastardo fedido ou ele a matava. Ao aproximar-se, apontou seus olhos.

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— Kim! — Wray tirou as mãos do rosto dele, sem sentir a picada das unhas rasgando sua bochecha, todo seu ser focado nela. — Kim! Pare! — Ele disse, prendendo as mãos em seu peito. — Acorde! — Disse, dando uma sacudida. — Acorde agora, Kim! — Ele ordenou.

Os olhos que se abriram a seu comando eram selvagens, sem ver, nem medo. Isso fez com que o coração apertasse.

— Estou aqui, Kim. — Ele sussurrou para ela. — Sou eu. Wray. Apenas eu. Volte para mim, pequena. — Ele implorou e observou enquanto piscava e seus olhos lentamente começaram a se concentrar.

— Wray? — Ela perguntou instintivamente olhando para ele.

— Sim, pequena. Sou eu. Você está segura. Eu prometo. — Ele disse isso quando envolvia seus braços ao redor dela e a puxava contra seu peito, balançando-a. Deusa, ela o assustou.

— O que aconteceu? — Ela murmurou em seu peito.

— Você teve um pesadelo, pequena.

— Um pesadelo? — Ela franziu o cenho para ele, então tudo voltou e começou a tremer. — Estava sonhando com o casamento da minha irmã... todos estavam dançando, minha mãe e meu pai, Jen e Todd. Iria me juntar a eles, mas quando virei, não era John ao meu lado, era aquele bastardo fedido.

— Ele está morto, Kim. Não pode machucá-la mais. — Ele disse a ela passando uma mão reconfortante para cima e para baixo em suas costas.

— Ele riu de mim, Wray. — Lágrimas encheram seus olhos quando olhou para ele. — Enquanto ele arrancava meu vestido, ele riu e não havia ninguém lá para impedi-lo.

— Não era real, Kim.

— Elas disseram que ninguém nunca me ajudaria. Que eles apenas mentem e nos usam. Que eu não podia confiar em ninguém.

— Quem disse isso? — Ele exigiu com raiva. Ninguém diria mentiras para Kim.

— As filhas de Lucan. Elas estavam ali. — Seus olhos imploravam para ajudá-la a entender. — Observando. Disseram que ninguém nunca me ajudaria.

— Elas estavam erradas, Kim. — Ele negou, percebendo instantaneamente que algum mal tentou envenenar sua mente. Ele não sabia como ou por que e não se importava. Não permitiria isso. — Estou aqui. Eu a ajudarei.

— Eu... — Ela tremia quando olhou para ele, tentando ignorar o medo que a agarrou. Ela conhecia esse homem, sabia que nunca iria machucá-la. Como? Não tinha certeza, mas sabia como soube que Warrior não a machucaria. Algumas coisas eram conhecidas. Algo não queria que ela acreditasse nele, não queria que ela confiasse nele. Por quê?

— Você precisa descansar, Kim. — Wray disse a ela.

— Eu não quero dormir. Eu... oh meu Deus, o que aconteceu com seu rosto? — Ela perguntou, finalmente vendo as marcas vermelhas e irritadas que corriam por uma bochecha.

— Não é nada, pequena. — Ele a puxou mais firmemente em seu abraço. — Pode descansar. Estarei aqui.

— Pare com isso. — Ela disse e estendeu a mão para segurar seu queixo. Forçando o rosto para o lado, inspecionou as marcas e depois ofegou quando percebeu que combinavam perfeitamente com suas unhas.

— Está tudo bem, Kim. — Wray disse suavemente, afastando o queixo.

— Eu fiz isso com você... — Ela sussurrou, seus olhos se enchendo de lágrimas novamente.

— Você estava sonhando. Não queria, eu sei disso, pequena. — Wray precisava que ela soubesse que não a culpava, que estava bem. Ele também queria tirar aquele olhar devastado de seu rosto. — Você é muito forte quando está irritada pequena. — Ele se encontrou tentando provocar um sorriso dela. — Eu terei que me lembrar disso no futuro.

— Não é engraçado, Wray. — Seus olhos foram para os dele, belos e cinzentos. — Estava tentando arranhar os olhos do bastardo fedido.

— E teria conseguido. Mas eu não sou ele. — Ele disse a ela que queria ter certeza que soubesse que não iria prejudicá-la assim.

— Eu sei disso. — Kim perguntou. — Você não é nada como aquele bastardo fedido. Você também não é como Lucan.

— Realmente acredita nisso? — Ele perguntou suavemente, um estranho sentimento começando a crescer em seu peito.

— Eu sei. — Ela o olhou e queria que ele soubesse. — Confio em você, Wray.

— Você confia em mim... — O sentimento se expandiu. Ela confiava nele. Kim confiava nele. Wray. Por causa de suas ações, não por causa de seu título.

— Eu confio. — Ela olhou para seus olhos incríveis e deu-lhe um leve sorriso. — Agora, o que você tem aqui que possa usar em seu rosto?

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— Você tem água fria e quente? — Kim não tentou ocultar seu choque enquanto olhava para Wray.

Wray apenas assentiu enquanto a conduzia mais para dentro da câmara. Ela se recusou a ouvi-lo quando lhe assegurou que estava bem. Em vez disso, ela se levantou e procurou a bolsa, jogando aleatoriamente tudo para fora, incluindo o farol do localizador. Quando não achou nada que seria útil, exceto uma toalha selada, ao invés ficou irritada, exigindo saber qual o idiota arrumou a bolsa de emergência sem ataduras ou desinfetantes.

Wray se perguntou o mesmo, pois, enquanto a unidade de reparo portátil teria reparado facilmente sua bochecha, ainda deveria haver outros suprimentos médicos no caso de ter sido danificado. Algo estava muito errado com este pacote e uma vez que retornassem ao Searcher, ele planejava que todos fossem inspecionados.

Quando ela foi molhar a toalha e percebeu que estava selada, ela resmungou de frustração. Este foi o som mais excitante que Wray já ouviu.

— É muito profundo? — Perguntou Kim, voltando sua atenção para ele. — Eu poderia tomar banho e lavar... — Kim perguntou enquanto abrandava sua rápida aproximação à piscina e olhava para as mãos dela. Suas mãos pálidas, curadas e limpas. Não havia sujeira debaixo das unhas, sem sangue e sabia que estiveram sangrentas antes. Respirando fundo, ela percebeu que também não fedia.

Como pode ter perdido algo assim?

Lentamente, ela se virou para Wray, que de repente parecia desconfortável.

— Essa unidade de reparo sua... ela também limpa uma pessoa? — Ela perguntou, esperando que estivesse errada.

— Não. — Wray disse a ela com honestidade e observou seus olhos escureceram antes de voltar para piscina.

— Então, como fiquei limpa? — Ela sussurrou.

— Eu limpei você... — Wray respondeu calmamente. — Na piscina.

— Você... enquanto eu estava... — Ela gemeu.

— Eu não poderia deixa-la assim, Kim. Uma vez que descobri qual era seu tom de pele natural, precisei limpá-la. Eu não queria... — Ele parou.

— Não queria o quê?

— Que acordasse e ainda estivesse coberta de sujeira Ganglian.

— Então me limpou.

— Sim.

Caminhando até a piscina, Kim colocou cuidadosamente o dedo, testando a temperatura, depois entrou até os tornozelos. Wray deu-lhe um banho. Ele tirou a camisa, levou-a para dentro da água e a tocou... em todos os lugares. Wray a tocou e sequer sabia disso. Ele removeu todas as evidências de seu ataque. Ela olhou para as fracas cicatrizes que ainda estavam em seus dedos, pelo menos tanto quanto podia.

Ela deveria ficar irritada com ele, furiosa. Ele não tinha o direito de tocá-la assim. Não sem sua permissão. Ninguém tinha.

Inclinando a cabeça para trás, ela deixou seu olhar viajar sobre as luciferinas que se apegavam ao teto. Eram tão bonitas e ainda frágeis. Sobreviviam em condições difíceis usando o que lhe foi dado e afastando a escuridão. Realmente eram incríveis. Ao pensar, pareceram brilhar por um momento.

Ela poderia ser assim? Poderia sobreviver ao que aconteceu com ela e não permitir que a derrotasse? Poderia aceitar o que lhe foi dado e prosperar nisso? Ela realmente pensou no que Wray fez e comparou com o que teria acontecido com ela na Terra.

E se fosse descoberta inconsciente, seria tratada rapidamente e iria para um hospital para um tratamento mais aprofundado. Assim como Wray cuidou dela enquanto permanecia inconsciente por dias, uma enfermeira a teria banhado. Não a teria incomodado, seria considerado normal.

Mas nada disto era normal. Foi Wray. Alguém que cuidou dela, que lhe deu banho e descobriu que o que a incomodava não era isso, mas por não ter contado a ela que o fez.

— Por que você não me disse? — Perguntou, olhando por cima do ombro para ele.

— Como deveria dizer-lhe que a toquei sem sua permissão? — Wray perguntou com voz rouca, sabendo que qualquer confiança que começaram a construir desapareceu.

— E se estivesse acordada, não o teria me deixado tocar. — Enquanto Wray não se movia, parecia como se o tivesse atingido. — Eu não permitiria que ninguém me tocasse. — Ela continuou, virando-se para encará-lo. — Mas era algo que precisava ser feito.

Os olhos de Wray se arregalaram em suas palavras. — Kim...

— Eu não terminei. — Ela o interrompeu e viu sua boca se fechar, mas ele assentiu. — O que mais me incomoda é que você não me disse. O que mais não contou, Wray? Estou completamente à sua mercê aqui, assim como estava com os Ganglians. Não, você não é o mesmo. — Kim disse rapidamente, vendo seus olhos piscar. — Mas isso não muda o fato de que apenas está me dizendo o que você quer que eu saiba e isso não está certo.

— Não, não é e sinto muito, Kim. — Wray respirou fundo e fez algo que nunca fez antes. Tentou explicar suas ações a uma fêmea. — Quando descobri que sua cor natural não era o cinza que a cobria, precisava removê-lo. O pensamento de qualquer coisa Ganglian permanecer em você... era inaceitável para mim. Sabia que era errado fazê-lo sem sua permissão, mas não queria nada para lembrá-la do seu abuso quando acordasse. Não percebi o quão forte é.

— Eu não sou forte, Wray. — Ela negou.

— Você é Kim, sobreviveu a algo que poucas fêmeas fazem, nem mesmo as Tornianas. Não sei onde está sua Terra, mas sei que deve estar a mais de dois dias de onde a encontramos.

— Como?

— Nenhuma mulher se recuperou de mais de dois dias nas mãos dos Ganglians. É por isso que são proibidos em quase todos os universos conhecidos.

— Eu não sei quanto tempo eles me mantiveram. — Disse Kim, inclinando-se para molhar a toalha ainda na mão. — Parece que foi uma vida.

— Sinto muito, Kim.

— Não foi culpa sua, Wray. — Não querendo falar sobre isso mais, ela se virou e apontou para uma pedra ao lado da piscina. — Sente-se, preciso limpar estes arranhões.

— Você não está irritada comigo? — Wray perguntou, movendo-se para onde ela apontava.

— Não. Precisava ser feito e você o fez. — Ela descobriu que podia olhá-los nos olhos quando ele se sentou. — É preciso alguém muito forte para fazer isso, Wray. Para fazer o que precisa ser feito, mesmo sabendo que irá irritar outra pessoa. Então, obrigada por cuidar de mim. — Ela deu um leve sorriso. — Agora deixe-me cuidar de você. — Ela disse, estendendo a mão para limpar o pior dos arranhões.

Wray permaneceu absolutamente imóvel enquanto Kim cuidava dele. Ela ficou sem medo entre suas pernas, o rosto dela uma máscara de concentração, enquanto limpava meticulosamente cada arranhão. As próprias feridas eram insignificantes para Wray, mas sua resposta a elas não era. Nunca uma mulher se importou com ele, não assim. Nunca se preocupou com seu bem-estar e saúde, nem Adana, nem sua própria mãe.

O toque gentil de Kim o fazia se sentir querido... necessário... mesmo valorizado... algo que um macho nunca era. O sentimento estranho que começou a crescer, agora enchia todas as fibras de seu ser e ele percebeu que ela era dele. Ela o completava de uma maneira que não entendia. Este poderia ser o presente que a Deusa prometeu uma vez? E se fosse, como faria com que se Kim sentisse da mesma maneira?

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— Tudo pronto. — Kim disse, recostando-se para inspecionar sua bochecha, certificando-se que não perdeu nada. Ela ainda não podia acreditar que fez isso com ele. Precisava descobrir uma maneira de lidar com o que aconteceu com ela. Não seria como as filhas de Lucan. Ela superaria isso. Não permitiria que isso controlasse o restante de sua vida.

— Obrigado. — Wray respondeu bruscamente colocando uma mão no quadril quando ela se afastava dele. — Kim?

— Sim? — Ela franziu a testa para a hesitação na voz de Wray. — O que está errado?

— Nada está errado. — Ele rapidamente a tranquilizou. — Estou apenas experimentando muitos sentimentos novos e incomuns, não tenho certeza de como expressá-los.

— Ah. — Kim franziu a testa um pouco. Expressar seus sentimentos nunca foi um problema para ela. E se estivesse louca, todos saberiam disso. Perturbada, fique atento. Sua mãe costumava dizer-lhe que precisava aprender a se segurar ou algum dia diria algo que não poderia pegar de volta e tinha razão. Ela nunca poderia pegar de volta suas últimas palavras para Jen. — Bem, enquanto você estiver bem.

— Você não deseja conhecer meus sentimentos? — Talvez ela fosse mais como uma fêmea Torniana do que pensava e por algum motivo isso perturbava Wray.

— Eu não disse isso. — Ela negou.

— Então você quer saber o que estou sentindo. — Ele perguntou.

— Apenas se você quiser me contar.

— Preciso que você entenda, Kim, no meu mundo, um macho morreria para proteger uma fêmea, mas ele não tem sentimentos por ela e sequer os expressa.

— Por que não?

— Porque um macho aprende desde uma idade adiantada que nenhuma fêmea cuidará dele, nem mesmo sua própria mãe. Ela apenas se importa com o que um macho pode lhe dar.

— Dar?

— Sim, para atrair uma fêmea, um macho não apenas deve ser apto e digno, mas também deve fornecer-lhe as coisas que ela deseja. Jóias, metais preciosos e tecidos raros. Sem eles, ela nunca permitirá uma união.

— Ela se une a um homem por causa do que ele lhe dá?

— Sim e ele deve poder continuar providenciando até que ela escolha seu próximo macho.

— O que você quer dizer com o próximo macho?

— Uma vez que ela dá ao macho uma descendência apta, então leva tudo o que ele deu e escolhe outro.

— Ela o deixa ele e a seu filho? — Kim não conseguia esconder seu choque.

— Claro, é a única razão pela qual ela se une a um macho. — Wray viu a boca de Kim se abrir e percebeu que a chocou. — Não é assim na Terra?

— Não. Um homem e uma mulher se unem porque se amam e querem passar o resto de suas vidas juntos.

— Amor... — Wray reconhecia aquela palavra antiga, mas não tinha certeza de saber o significado. Era isso o que ele estava sentindo? — Isso é mesmo possível? — Perguntou Wray, sem perceber que falou alto.

— Sim, é um sentimento... — Kim olhou para ele e tentou descobrir como explicar o amor. — Não sei se posso explicar isso.

— Por favor, Kim, tente.

— Eu... bem entre um homem e uma mulher na Terra... macho e fêmea. — Ela corrigiu. — É quando sentem algo um pelo outro que não sentem por mais ninguém. Algo especial e forte. — Kim pensou no casamento de seus pais e tentou descrevê-lo. — Minha mãe e meu pai, eles se casaram e ficaram juntos por mais de vinte e cinco anos, mas realmente se encontram quatro anos antes, em uma dança escolar. Mamãe sempre disse que papai era seu herói porque a salvou de Jerry Thomas.

— Seu manno salvou sua mãe de um ataque?

— Não foi um ataque, foi uma dança ruim. — Com seu olhar confuso, ela prosseguiu. — Jerry Thomas era um terrível dançarino e continuava pisando nos dedos dos pés da minha mãe. Papai a salvou.

— Eu não entendo... o que é dança?

Kim apenas olhou para ele, então deu um passo para trás e estendeu as mãos. — Deixe-me mostrar.

Wray olhou para Kim, não sabia do que queria, mas sabia que daria a ela se ela precisasse mostrar-lhe essa dança. Confiando nela, colocou as mãos nas dela e levantou-se.

Quando Wray colocou as mãos na dela, Kim imediatamente o puxou para perto.

— Você coloca suas mãos aqui. — Disse ela, movendo-os para cintura dela. — E as minhas vão aqui. — Ela colocou a dela em seus ombros. — Então movemos os pés. — Ela moveu seus pés com cuidado e se inclinou de um lado a outro, mostrando-lhe como se mover. Não era como seus pais dançavam, mas a dança lenta ainda funcionava. — Jerry Thomas faria isso. — Ela disse a ele e pisou em seus pés.

— E isso ofendeu sua mãe? — Wray perguntou, franzindo a testa, parecia insignificante para ele.

— Agora você pise no meu. — Ela falou calmamente.

— Eu nunca faria isso. — Wray ficou chocado por ela mesmo sugeri-lo. — Isso a machucaria. — E de repente ele entendeu o que estava dizendo. — Este Jerry Thomas machucou sua mãe desse jeito e seu manno o impediu.

— Sim.

— E isso fez com que sua mãe sentisse... amor por seu manno.

— Bem, foi aí que começou e quando se conheceram, cresceu até que decidiram que queriam... se unir e passar o resto de suas vidas juntos.

— Ela nunca escolheu outro macho depois de lhe dar filhos? — Wray achava isso difícil de acreditar.

— Claro que não. Ela queria ficar com meu pai, o homem que escolheu e com seus filhos... descendentes.

— Crianças... — Ele suavemente questionou. — Sua mãe apresentou mais do que apenas você para o seu manno?

— Sim, eu tenho uma irmã mais velha, Jennifer.

— E ainda ficou com o seu manno... — Wray não podia acreditar nisso... ter duas proles femininas ...

— Sim, ela o amava. Por que você acha que nos ter mudaria isso?

— Nós temos poucas fêmeas. — Ele começou.

— Você me disse isso, Wray. — Ela o interrompeu com impaciência. Em seu olhar franzido, ela deu um sorriso tímido. — Sinto muito, continue.

— Então, quando uma fêmea apresenta uma prole feminina, ela se torna ainda mais desejável para outros machos. Eles lhe oferecem muito para atrai-la, para que deixe o macho atual na esperança de apresentá-los com uma fêmea.

— Mas isso não significa...

— Ela sempre sai, Kim. — Ele falou suavemente. — Exceto pela Imperatriz, ela deve permanecer com o Imperador, garantindo sua linhagem.

— Até mesmo uma mãe?

— Sim.

— Porque ela não tem sentimentos pelo macho ou sua prole. — Kim respondeu, entendendo de repente o que Wray estava tentando dizer e seu coração doeu por ele. Por nunca ter conhecido o toque amoroso de uma mãe, não podia imaginar. Mesmo quando ela foi horrível, sempre sabia que sua mãe a amava e estaria lá por ela.

— Sim. — Wray assentiu.

— Sinto muito, Wray. — Aproximando-se, ela segurou sua bochecha na mão. — Não deveria ser assim. Duas pessoas devem se juntar, porque se amam. Devem cuidar um do outro. Devem ser leais e honestos, passar o resto de suas vidas juntos, não procurar por outra pessoa. A prole deve ser uma extensão natural desse amor, não o motivo dele.

— E isso é o que seu manno e sua mãe tinham?

— Sim. — Os olhos de Kim ficaram um pouco tristes quando ela lembrou. — Sempre foram felizes juntos, apenas em estar juntos. Brigavam às vezes, discordavam, mas nunca dormiam com raiva um do outro. — Ao olhar dele, ela corrigiu. — Descansavam. Eles nunca descansaram juntos com raiva.

— Eles descansaram juntos? Na mesma cama. À noite?

— Sim. Você não? — Ela franziu a testa, pensando em como a segurou enquanto ela descansava.

— Não. Uma vez que um macho e uma fêmea terminam, de se unir, a fêmea volta para a câmara até chegar a hora de se unir novamente.

— Por que não descansam juntos?

— Porque uma fêmea prefere a segurança de seu quarto. Isso a faz sentir segura e protegida. Ela nunca se arriscaria em descansar com um homem.

— Por que sentem medo de vocês? — Kim não entendeu isso. Wray não foi nada além de carinhosa e gentil com ela.

— Por causa do Imperador Lucan.

— Mas isso foi mais de quinhentos anos atrás, Wray! Você não é ele!

— Nós não somos. — Wray ficou aliviada de que ela de todas as pessoas entendesse isso. — Nós morreríamos para protegê-las, Kim, mas ainda assim elas nos temem. Nunca se consideraria as necessidades do macho antes de uma fêmea, nem mesmo a da própria prole. Nunca se pensaria em minha fome. Ela nunca pensaria em cuidar da minha bochecha como você fez. Eu nunca teria sido permitido mantê-la assim. — Ele disse a ela, apertando seus braços ao redor de Kim, aproximando seu corpo do dele enquanto continuavam se movendo.

Quando Wray falou, Kim começou a perceber o que a traição de Lucan realmente fez aos Tornianos. Destruiu mais do que a vida de duas jovens inocentes. Destruiu a confiança básica que deveria existir entre um macho e uma fêmea para que realmente se amassem e por isso, o povo Torniano estava morrendo.

Você será meu recomeço...

A voz melódica sussurrou pela mente de Kim, surpreendendo-a tanto que pulou. Não FOI um sonho!

— O que há de errado, Kim? — Wray perguntou.

— Nada. — Como contava a alguém que ouviu uma Deusa em sua cabeça? O que significava ela ser o recomeço? O recomeço do quê? Enquanto pensava nisso, de repente percebeu algo mais importante... eles estavam dançando! Enquanto conversavam, Wray assumiu e lentamente os moveu pela câmara.

— Estamos dançando! — Ela exclamou olhando-o enquanto seus braços se apertavam ao redor de seu pescoço.

— É isso que estamos fazendo? — Wray perguntou bruscamente enquanto seus seios cheios roçavam seu peito.

— Sim, geralmente há música, mas sim, sim... mamãe e papai costumavam dançar o tempo todo. Costumava me envergonhar, mas agora...

— Mas agora? — Perguntou Wray, abaixando a cabeça para chamar sua atenção.

— Agora entendo por que eles gostavam tanto. Ser mantido assim por alguém... — Kim encontrou-se tentando novamente.

— Diga-me, Kim. — Wray ordenou suavemente, abrandando os pés até que eles mal se mexiam.

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Kim olhou para Wray, ele a olhava tão atentamente e ali estava um homem em quem ela podia confiar. Quando era criança, disse a sua mãe que quando crescesse, se casaria com alguém como seu pai e ele seria seu herói perfeito. Sua mãe riu por um momento, então ficou séria dizendo-lhe que ninguém era perfeito, nem mesmo seu pai e que se ela esperasse perfeição, deveria se preparar para se decepcionar. Kim não entendeu então, mas agora fazia sentido.

Wray não era perfeito. Ele às vezes era grosso e arrogante, parecia muito acostumado a ter sua vontade satisfeita. Ainda assim, era gentil e compreensivo com ela. Ele a cuidava, alguém que não conhecia, o melhor que podia em circunstâncias difíceis. Ele não era o herói perfeito que disse a sua mãe que queria, mas percebeu que Wray era perfeito para ela, com as falhas e tudo. Agora, apenas precisava ser tão corajosa quanto o guerreiro e dizer a ele.

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— Por alguém que eu poderia amar. — Ela falou suavemente.

Wray sentiu todo seu ser ainda nas palavras suavemente faladas de Kim. Ela sentia fortes sentimentos por ele... pensava que poderia amá-lo. Amor, era algo que um macho nunca recebia. E de repente, seu universo estava cheio de canção e o peso que carregou durante tanto tempo se foi.

— Eu sinto o mesmo, Kim. — Ele falou, abaixando a testa para a dela. — Eu não sei o que faria sem você agora que a encontrei.

— Bem, não tenho planos de ir a lugar algum sem você, então não tem nada com que se preocupar. — Kim disse a ele afundando os dedos em seus cabelos, acariciando seu couro cabeludo.

— Deusa, Kim, isso se sente bem. — Wray gemeu apreciando a sensação de suas unhas raspar levemente seu couro cabeludo até que de repente se acalmaram. — O que há de errado? — Ele perguntou, afastando-se um pouco e ficou chocado ao ver medo em seus olhos. — Kim?

— Eu não serei separada, irei? — Perguntou enquanto o pensamento terrível de repente a atingiu. — Quando voltarmos para sua nave, não serei forçada a ir a outro lugar sem você, serei? Eles podem me tirar de você?

— Não! — Wray imediatamente negou e levantou-a até que ficaram olho a olho, para que ela pudesse ver a verdade. — Ninguém poderá tirá-la de mim sem sua permissão, Kim. É sempre a escolha da fêmea com quem ela se juntará.

— Tudo bem. — Ela disse, balançando a cabeça aliviada por saber que não seriam separados.

— Nossa união não será como outras, Kim. — Wray a observou com cuidado, certificando-se de que não a perturbasse. Como Imperatriz, ela nunca teria permissão para deixá-lo, mas ele estava falando com ela como Wray, um macho, não o Imperador.

— Não será? — Seus olhos procuraram os dele.

— Não. Nossa união será para sempre.

— Oh, Wray... — Kim sussurrou, envolvendo seus braços ao redor de sua cabeça, ela o beijou para que soubesse que ela concordava.

Wray ficou absolutamente imóvel enquanto Kim apertava seus lábios contra os dele. O que era aquilo? — Kim? — Ele questionou seus lábios mal se mexendo contra os dela.

Kim se afastou e olhou para Wray, vendo a confusão em seu olhar novamente.

— Beijar não é algo que os Tornianos fazem, hein?

— Beijar...

— Sim, o que acabei de fazer, colocar meus lábios nos seus.

— Isso é algo que você faz na Terra?

— Sim, muitas vezes na verdade.

— Por quê?

— Porque é outra maneira de expressar seus sentimentos. — Disse ela, dando-lhe um sorriso divertido. — E porque também se sente muito bem.

— Mostre-me. — Wray ordenou, abaixando os lábios de volta para os dela, mas antes que pudessem tocar um alto som de bip o fez abaixar a cabeça.

— O que é isso? — Ela perguntou, olhando ao redor da câmara.

— É o farol do localizador. Acionei assim que chegamos à caverna.

— Para que serve?

— Isso permite que meu povo saiba onde estamos e que estamos bem. Preciso responder a ele, Kim.

— Oh. — Decepcionada, Kim afrouxou o aperto quando Wray a abaixou no chão, mas em vez de soltá-la, ele a puxou para perto e a levou de volta para a câmara externa.


CAPÍTULO SEIS

Kim observou silenciosamente a rocha, enquanto Wray empurrava uma série de botões na fina caixa de forma retangular que ela desprezou descuidadamente em busca de suprimentos médicos.

— Eu a danifiquei? — Ela perguntou, mordendo o lábio inferior.

— Não, pequena. — Wray ergueu os olhos do localizador e viu sua preocupação, logo colocou uma mão calmante pela bochecha. — Estou apenas informando que ainda estamos bem. — Ele disse a ela, entrando no último código para contar a Veron apenas isso e o deixou de lado.

— Eles virão para nós agora? — Ela perguntou, ainda mordendo o lábio.

— Não, pequena. Eles não serão capazes de chegar até a tempestade cessar.

— Bom.

— Bom? — Wray lhe deu um olhar confuso. Não fazia sentido para ele. Uma vez que Veron os encontrasse, ele poderia levá-la ao Searcher, onde Yakar poderia examiná-la e certificar-se que estava realmente curada. Poderia descansar em uma cama confortável, ter muito para comer. Por que não queria que eles viessem?

— Sim... — Kim sentiu suas bochechas começarem a aquecer com seu olhar confuso.

— Kim? — Wray se ajoelhou ao lado dela. — Por que você não quer que as pessoas venham para nós?

— Não é que não queira nunca que venham, apenas... — Ela parou e achou que não poderia mais olhar para ele, então olhou para suas mãos.

— Sim, Kim? — Segurando o lado de seu rosto, Wray trouxe seu olhar de volta para ele. — Conte-me.

Kim olhou para os olhos cinzas de Wray por vários momentos e finalmente admitiu.

— Apenas não tenho certeza que estou pronta para lidar com outras pessoas ainda. Gosto daqui... com você me sinto segura. Eu sei que provavelmente pensa que é bobo, mas ainda não estou prona para lidar com o mundo exterior.

Wray tirou-a das rochas e a tomou em seus braços.

— Eu não acho isso bobo, Kim. Você sobreviveu a muito. Mostrou grande força. Precisar de tempo antes de lidar com mais pessoas não é bobo.

— Eu sinto muito. Sei que você provavelmente quer voltar.

— Não. — Ele negou rapidamente, inclinando seu rosto para o dele. — O que gostaria é que você me mostrasse mais beijos.

— Realmente? — Ela perguntou esperançosa.

— Sim, pequena. Mostre-me como é um beijo. — As mãos de Wray foram para sua cintura e a levantaram, então a colocou em seu colo, então a levantou e ficaram cara a cara e de peito a peito.

— Wray! — Kim soltou um grito assustado rindo enquanto ele a carregava. Ela agarrou seus ombros enquanto se estabilizava.

— Esta é a posição adequada? — Ele perguntou, seus olhos se movendo por seu rosto, observando seus olhos cintilantes antes de descerem para seus lábios.

— Sim. — Ela sussurrou suavemente, então se inclinou lentamente, beijando levemente primeiro canto da boca, depois o outro.

— Kim... — Ele rosnou com sua provocação.

— Shhh. — Ela o silenciou umedecendo os lábios antes de pressioná-los firmemente contra Wray. Quando seus lábios se separaram, ela colocou a língua em sua boca e ofegou quando o sabor único de Wray explodiu em sua língua. Ele era picante e ousado, justo o que queria. Gemendo, seus dedos cravaram em seus ombros enquanto sua língua procurava a dele.

Kim não podia acreditar em quão bom o gosto de Wray era. O único outro rapaz que beijou foi John e Wray não era um rapaz. Ali em seus braços, ela sabia que estava segura. Sabia que era cuidada e protegida. Isso lhe dava a coragem que precisava para que seus sentimentos a guiassem.

Lentamente, ela esfregou os seios contra o peito dele e sentiu-se tensa com o prazer. Seus quadris se moveram contra seu abdômen inferior e sentiu seu eixo crescer entre suas pernas. Isso deveria tê-la assustado, mas era Wray. Movendo-se em seus braços, ela aprofundou o beijo.

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Wray se ordenou a continuar absolutamente imóvel enquanto Kim apertava seus lábios contra os dele. Ele a deixaria levá-lo nessa coisa chamada beijos. Não tinha certeza do que era esperado, então, quando seus lábios se separaram, tinha intenção de fechá-los, mas então sua língua entrou e seu universo explodiu.

Wray se viu perdido no céu, que era a boca de Kim. Ele era o Imperador, o governante do seu povo. Como era possível que não soubesse que tal prazer existia? Ela era mais doce do que a baga endémica selvagem que ele amava, mas tão selvagem e tão rara. Ela era forte e frágil, feroz e sua! Quando se moveu em seus braços, esfregando os seios exuberantes contra seu peito, ele sentiu seu eixo inchar desconfortavelmente dentro da calça.

Sentindo a mudança, ele segurou seu cabelo em uma mão, inclinou sua cabeça para trás e reivindicou sua boca como dele. O Serai nunca treinou um homem para sentir uma fêmea desse jeito, no entanto, sabia que ele estava desfrutando de Kim.

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Kim segurou a cabeça de Wray enquanto ele tomava o controle do beijo. Para um homem que afirmou nunca ter beijado antes era um aprendiz rápido. Ela gemeu quando sua língua invadiu sua boca para reivindicar cada parte dela antes de tocar sua língua para chupá-la.

Ela sentia como se estivesse viva pela primeira vez, cada extremidade nervosa formigava, cada músculo apertava. Afastando a boca, ela gritou seu nome enquanto respirava fundo.

— Wray! — Ela gritou, incapaz de impedir que seus quadris se movessem contra ele. Era muito bom.

— Estou aqui, pequena. — Wray tranquilizou-a com a voz rouca, olhando para ela. Seus lábios estavam inchados de seus beijos, suas bochechas coradas de desejo e seus olhos estavam levemente vidrados. Ele nunca viu nada tão bonito. Suas mãos se moveram para baixo, sob sua camisa, agarrando a pele nua de seu traseiro quando ela começou a se mover.

— Wray... o que está acontecendo comigo?

— Você está encontrando seu prazer, pequena. — Suas mãos ajudaram a se mover contra seu eixo grosso, gemendo quando seu calor e sua umidade penetraram no tecido. — Deusa, pequena, você se sente tão bem.

— Wray... eu não sei... — As palavras de Kim foram perdidas quando Wray empurrou contra ela.

— Pegue o que quiser, pequena. O que precisa. Deixe-me ver seu prazer. Nada mais acontecerá, a menos que você queira. Eu juro.

— Eu... não tenho certeza de como... — Sussurrou. Kim não era ingênua, leu sobre orgasmos, ouviu outras garotas falando sobre eles, mas era ela, ela e Wray e nada a preparou para esse sentimento. — Ajude-me, Wray. — Implorou.

O coração de Wray acelerou ao pedido de Kim, pois ele nunca levou uma mulher a sentir prazer assim. Uma fêmea Torniana sempre ficava deitada com o macho entre suas pernas. Ele apenas usava seus polegares para revelar seu nó para que sua boca pudesse levá-la ao seu lançamento. Apenas então que seu canal inundaria com a umidade necessária para ela tomar um macho, mas ele sabia que não era o que Kim estava pedindo a ele.

Inclinando os quadris, ele a abriu mais completamente para que seus polegares pudessem deslizar sobre seu nó, acariciando-a cuidadosamente enquanto ela subia e abaixava sobre seu eixo coberto.

— É isso que você precisa, pequena? — Ele perguntou, seus olhos fixos nos dela.

— Sim. Oh Deus, Wray, não pare. Por favor, não pare.

A cabeça de Kim se inclinou para trás, enquanto os polegares de Wray continuavam esfregando seu clitóris. Ele moveu o dedo em círculos progressivamente mais fortes, alternando entre suave e firme, lento e rápido, enquanto seus quadris se moviam contra ele. Ela podia sentir algo aumentando a cada toque, cada golpe, algo novo e brilhante, maravilhoso e tudo o que tinha que fazer era alcançá-lo, mas permanecia longe do alcance e queria gritar sua frustração.

Wray olhou Kim atentamente enquanto a acariciava com os polegares. Ele nunca viu uma fêmea reagir dessa maneira a um simples toque. Ele nunca pode ver a expressão de uma fêmea, e vê-la buscar seu prazer era bonito. Kim era linda. Ela não escondia nada dele, deixava que visse sua necessidade, que ouvisse seu prazer e isso o fazia se sentir poderoso, como se não houvesse nada que não pudesse fazer e por isso, sabia exatamente o que precisava. Enquanto seu polegar continuava tocando seu nó, ele lentamente moveu um de seus dedos para aquele canal bem apertado que quase não explorou antes e descobriu que ela já estava lisa com seus próprios sucos, mas seu canal ficou tenso com sua intrusão.

Com medo de tê-la assustado, ele se afastou apenas para congelar quando ela gemeu em negação. Procurando os amplos olhos verdes, ele não encontrou medo, apenas necessidade. Lentamente, ele entrou novamente em seu canal, torcendo um pouco o dedo e sentindo-a convulsionar ao seu redor.

Kim ofegou quando o dedo de Wray deslizou dentro dela, seu corpo ficou tenso com a intrusão, mas não doeu, não a assustou, realmente se sentia incrível. Quando ele começou a se afastar, ela gemeu em negação. O queria de volta, o queria mais profundo, precisava dele mais fundo. Olhando fixamente nos olhos dele, ela implorou-lhe silenciosamente que não a deixasse, para ajudá-la. E de alguma forma, ele ouviu sua súplica e voltou para lhe dar o que queria e mais. Logo ela não conseguiu mais lidar com a sensação e gritou enquanto segurava a única coisa em que confiava quando seu mundo explodiu.

— Wray!

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Wray envolveu seus braços ao redor do corpo trêmulo de Kim quando ela desabou contra seu peito. Ele nunca recebeu uma benção maior do que o que Kim acabou de lhe dar, permitindo que ele fosse o primeiro a lhe dar prazer. Não importava que não tivesse alcançado seu próprio lançamento. Era tudo o que importava. Sabia que ela ainda tinha medo depois do que os Ganglians fizeram e do que o futuro poderia trazer. No entanto, ela superou a todos, confiou nele e isso valia a pena qualquer desconforto.

Kim colapsou contra o peito de Wray tentando recuperar o fôlego quando seu mundo lentamente começou a retornar. Nada em sua vida a preparou para os sentimentos que acabou experimentar com Wray. Não nas histórias que ouviu de outras garotas sobre suas façanhas. Não naquelas histórias de romance tolas que secretamente lia. Aquelas empalideceram em comparação com a realidade com Wray.

Para que pudesse experimentar algo tão incrível, tão lindo depois de toda a feiura... Wray mostrou a ela que poderia superar seus medos. Acariciando seu peito, ela se recostou e olhou para seus belos olhos cinza.

— Obrigada. — Ela sussurrou.

— Nunca me agradeça, pequena. Foi uma honra. — Wray disse a ela, tomando seus lábios em um beijo duro.

— Eu nunca soube que poderia ser assim. — Ela disse enquanto seus lábios ainda estavam nos dele. — Foi fantástico.

— Eu também não. — Wray admitiu.

— Não? — Kim afastou-se, franzindo a testa um pouco. — Mas eu pensei...

— Pensou em que, pequena?

— Bem... quer dizer... você é lindo. Eu não posso ser a primeira mulher que você... — Kim parou de repente percebendo que não queria pensar em Wray com outra fêmea.

— Satisfez? Não, pequena, mas você é a primeira. — Ele tocou suavemente sua bochecha para evitar que ela olhasse para longe. — Com quem fiz de tal maneira. O Serai nunca nos ensinou isso.

— Serai?

— O Serai são criaturas animadas feitas a partir das areias de Creata. — Wray disse a ela. — Elas simulam as fêmeas Tornianas e costumam treinar machos sobre como satisfazê-las. Uma vez que isso é feito, o macho pode encontrar seu lançamento.

— Seu lançamento... — Kim franziu a testa, então de repente percebeu que o eixo de Wray ainda estava duro entre eles. — Oh Deus, Wray! Você não... — Como ela não percebeu?

— Tudo bem, Kim. — Ele a tranquilizou.

— Não, não está. Eu... você precisa de mim para...

— Eu preciso que você descanse. — Ele impediu as mãos que se moviam pelo peito. — Ficarei bem.

— Mas Wray...

— Não Kim, apesar de não haver nada que prefira fazer a não ser entrar em você, é muito cedo. Quando estiver pronta, o faremos e acontecerá tão naturalmente como este momento. — Wray moveu-a nos braços, embalando-a em seu colo. — Agora quero que descanse.

— Você sempre é tão mandão? — Ela perguntou, sentindo seu abraço, surpresa ao descobrir que estava cansada.

— Eu... sim, acho que sim.

— Bem, isso terá que mudar. — Ela disse a ele, depois esfregou a bochecha contra seu peito e adormeceu.


CAPÍTULO SETE

Kim nadou na piscina, em seu casulo de água quente. Parecia maravilhoso, especialmente depois de pensar que nunca mais ficaria quente novamente. Ela acordou quando as luciferinas apenas começando a iluminar, sinalizando o início de outro dia. Wray estava dormindo tão profundamente que não queria acordá-lo. Sabia que estava cansado, embora ele negasse. Também sobreviveu ao acidente de ônibus e precisou cuidar dela. Que não ficou ferido foi um milagre.

Com cuidado, ela saiu de seus braços e foi aliviar-se, mas em vez de retornar, a água a chamou. Sempre foi assim com ela e a água. Adorava o quão livre sentia nela, amava como a abraçava. Todo verão praticamente passava em uma piscina até que finalmente seus pais instalaram uma no quintal, para que ela ficasse em casa.

Warrior também adorava. Ele ficava ao seu lado, observando-a nadar até ficar muito quente, então ele pulava para se refrescar. Deixava seu pai louco quando encontrava Warrior na piscina, porque logo que o cachorro o via, saia e agitava-se para secar ao lado dele. Tornou-se um jogo entre os dois. Papai voltava para casa do trabalho e tentava entrar na casa antes que o Warrior o visse. Ele nunca conseguiu. Kim sorriu com a lembrança.

Houve tantos bons momentos e lembranças felizes. Como poderia ter esquecido deles? Ficou tão devastada depois que Warrior morreu que bloqueou tudo o que foi bom e quando as coisas começaram a melhorar, seus pais morreram...

Suspirando forte, Kim rolou sobre suas costas e fechou os olhos, sabendo que enquanto flutuasse na água se manteria acordada. Desejava poder voltar e reviver aqueles dias. Teria feito tantas coisas de maneira diferente.

— Kim.

Ouvindo seu nome, Kim rolou e encontrou Wray de pé na beirada da piscina, com as mãos nos quadris. Ele não parecia feliz.

— Oi. — Ela disse sorrindo para ele.

— O que você está fazendo? — Wray perguntou através dos dentes apertados. Quando ele acordou e não a encontrou, entrou em pânico, pensando que de alguma forma ela foi tirada dele. Razão rapidamente assumiu o controle, mas não havia acalmado seu frenético coração ainda. Ele precisava encontrá-la. Precisava tranquilizar-se de que estava segura. Encontrou-a inocentemente flutuando na piscina, seus cabelos espalhados e seus seios altos, fizeram seu corpo respondendo instantaneamente.

— Estou nadando. — Ela disse, ficando de pé na água.

— Eu posso ver isso. — Ele podia ver tudo graças à água cristalina. — Por quê? — Ele perguntou, forçando os olhos a voltar para o rosto dela.

— Um... porque eu queria? — Disse Kim, levantando uma sobrancelha questionadora para ele.

— Por que você não me acordou?

— Você estava dormindo. — Ela disse como se isso explicasse tudo.

— Isso não importa. — Ele disse com os dentes apertados. — Você deveria ter me acordado. Algo poderia ter acontecido com você!

— Nadando? — O tom de Kim o deixou saber que achava que seu comentário era ridículo. — Não nesta vida. — Ela disse e desapareceu sob a superfície nadando ao longo do fundo até que seus pulmões a forçaram a subir por ar.

Esperando que Wray ainda estivesse na beirada da piscina, ficou chocada quando foi arrancada da água e puxada contra um peito.

— Wray! — Ela exclamou. Não podia acreditar que ele entrou na piscina totalmente vestido, mas olhando para seu rosto pálido, soube que estava realmente irritado. — Wray... — Ela repetiu suavemente, seus olhos procurando os dele. — O que está errado?

— Você poderia ter se afogado! — Ele rosnou para ela, invadindo a piscina.

— Eu sou uma boa nadadora, Wray. — Ela disse, tentando tranquilizá-lo.

— Isso não importa. — Ele negou irracionalmente até chegar à rocha onde ela deixou a camisa. — Você poderia ter ficado presa.

Kim franziu a testa para ele enquanto a colocava sobre os pés, mas não a soltava. Não como ela fica presa na piscina, não havia nada para atrapalhá-la. Então, do que Wray estava falando? E de quem ele estava falando?

— Wray... eu estou bem. — Ela disse, colocando uma mão reconfortante em seu peito. — Estou bem.

— Você não entrará naquela água novamente sem mim! — Ele ordenou com uma voz dura e fria que ela nunca ouviu antes. — Você me entendeu? — Quando ela simplesmente olhou para ele, soltou uma forte vibração. — Não perderei mais ninguém, Kim!

— Quem você perdeu, Wray? — Kim perguntou calmamente e de repente percebeu que era por isso que ele agia daquela forma. Alguém com quem Wray se importava morreu... na água.

— Van... — Wray disse lentamente abaixando-a em seus pés. — Minha prole.

— Filho... — Kim disse. Wray tinha filhos... como era possível? Ele teria que ter uma mulher para ter filhos... isso significava que... Wray tinha uma mulher.

Chocada, Kim saiu de seus braços e afastou-se dele. Oh Deus, ela beijou um homem casado. Deixou um homem casado tocá-la. E de repente, percebeu que estava molhada e nua. Nua diante de um homem casado. Agarrando a camisa, ela girou e puxou-a.

— Kim... — Wray a viu pálida antes que se afastasse dele. Ele sabia que foi duro com ela, mas vê-la debaixo d'água trouxe de volta lembranças dolorosas.

Kim manteve de costas para ele enquanto seus dedos fechavam os botões de sua camisa. Puxando o cabelo escorrendo por debaixo da camisa, ela torceu a água, sem notar a forma como as luciferinas diminuíram levemente em resposta à sua angústia.

— Sua prole se afogou. — Ela forçou as palavras a passar pelos lábios rígidos.

— Quatro anos atrás. — Wray reconheceu lembrando aquele dia terrível. — O transporte que o levava caiu de uma ponte durante uma tempestade. Ele se afogou antes que pudessem levá-lo para fora. — Ele não disse a ela que Tora estava no mesmo transporte. Não lhe disse que os guardas atribuídos a eles escolheram resgatar Tora primeiro desde que ele era o sucessor de Wray, deixando seu irmão mais novo para se defender até que pudessem retornar. Eles não voltaram a tempo.

— Sinto muito, Wray. — Kim encontrou-se virando-se para ele e a tristeza em seus olhos fez com que seu coração doesse. Ele realmente amava seu filho. — Quantos anos ele tinha?

— Dez.

— Sua mãe deve ter ficado com o coração partido. — Kim sabia o que Wray lhe contou sobre as fêmeas Tornianas, mas ainda achava difícil acreditar que não tinham sentimento por sua prole.

— Adana morreu pouco depois do parto de Van. — Wray disse a ela, pensando na Imperatriz. Será que ela sentiria o coração partido com a morte de Van como Kim parecia pensar ou isso não importaria desde que seu dever foi cumprido? Olhando para Kim, podia ver que ela estava realmente chateada por ter perdido sua prole. Van importava para ela, embora ela nunca o conheceu. E se Van fosse dela, ela teria seu coração partido.

— Eu... — Kim não sabia o que dizer, não sabia como se sentia. Por um lado, lamentava que Adana tivesse morrido. Wray parecia se importar com ela. Por outro lado, ficou aliviada por ela não estar mais em sua vida. Lágrimas de vergonha encheram os olhos de Kim com seus pensamentos egoístas. Wray perdeu uma mulher, perdeu uma criança e tudo em que ela podia pensar era em como a afetava. Ela não mudou em tudo.

Wray desejava que pudesse pegar de volta suas palavras e ações. Ele não tinha a intenção de falar com ela tão duramente, não tinha a intenção de contar sobre Van. Não falava sobre ele. Nem com Grim. Nem mesmo para Tora.

Sentiu-se orgulhoso quando Adana o escolheu como seu macho, mas também sabia que tinha mais a ver com ele ser Imperador do que ser um homem digno. Kim o via como um homem digno, mas suas ações não eram as de um. Ela o perdoaria?

— Sinto muito, Kim. — Ele disse, movendo-se cautelosamente para ela. — Eu não deveria ter agido assim. Não deveria ter falado assim com você.

— Você estava com medo de me afogar.

— Sim, mas isso ainda não é uma desculpa para o que eu fiz.

— O que você fez, Wray?

— Eu a toquei com raiva. Eu a aborreci. — Wray sentiu sua vergonha aumentar. — Não deveria ficar irritado.

— Não é por isso que estou chateada, Wray.

— Não é?

— Não, estou chateada porque você perdeu sua prole, porque perdeu sua mulher... e porque estou aliviada.

— O que você quer dizer? — Wray olhou para ela chocado.

— Sinto muito por ter perdido seu filho, Wray. Não consigo imaginar quão terrível foi. É algo que nunca quero experimentar, mas também estou chorando porque estou aliviada por não ter que competir com uma das suas fêmeas... e isso me envergonha. Porque se verdadeiramente o amasse, gostaria que fosse feliz mesmo que não estivesse comigo.

Wray não sabia o que dizer. Nunca uma mulher se expressou assim. Que ela gostaria que ele fosse feliz... sem importar com quem estivesse? Não era apenas chocante, mas também inédito. Uma fêmea sempre esperava ser o centro da vida de um macho, mesmo que ela não permanecesse nela. Esperava que ele fosse gentil com ela em todos os momentos. Ele nunca poderia levantar a voz, especialmente com raiva ou ela ficaria chateada e se isolaria, mas essas coisas não irritavam Kim. O que incomodava era que ela a comparava com Adana.

— Kim... — Wray envolveu seus braços ao redor dela, puxando-a novamente. — Você significa muito mais para mim do que Adana nunca foi. Não sabe disso? — Dobrando os joelhos para que pudesse olhar em seus olhos, ele continuou. — Eu falhei com você, não a fazendo entender o quão importante é para mim? Quanto você significa para mim? E se não o fiz, a vergonha é minha, não sua.

— Eu sei o que você me disse, Wray é apenas...

— Apenas o que, pequena?

— Seu mundo é tão diferente do meu que às vezes acho difícil acreditar, como uma mãe que abandona seu filho. Não é que isso não aconteça na Terra e não é como se não houvesse fêmeas com um macho por causa do que ele pode dar, mas não é a norma e não é como cresci. Mesmo quando era terrível com meus pais, eles nunca me deixaram, nunca pararam de me amar. Sempre soube que estariam lá para mim que me manteriam seguros... e então eles se foram embora.

— O que aconteceu com eles, Kim? — Perguntou Wray e sentiu a tensão em seus braços.

— Eles morreram. — Ela sussurrou. — Em um acidente de carro... um acidente de transporte. — Ela corrigiu. — Eles foram para o fim de semana e no caminho de volta outro transporte atingiu-os e eles morreram instantaneamente.

— Sinto muito, Kim.

— Eu também... as coisas tinham melhorado novamente, acabava de perder Warrior e então eles foram embora.

— Warrior? — Wray questionou, tenso pelo carinho que ouviu em sua voz por outro homem. — Você disse que não tinha um macho.

— Eu não tenho. Não tive. — Kim franziu o cenho para ele. —Warrior era meu cão, Wray.

— Cão? — Ele questionou.

— Sim. Um animal de estimação. — Quando ele ainda olhou para ela confuso, ela tentou novamente. — Um animal que morava comigo?

— Um haiwan? — Wray perguntou e Kim procurou sua mente e descobriu que era a palavra Tornian para o animal de estimação.

— Sim, um haiwan. Eu o peguei em meu décimo aniversário e o nomeei Warrior porque ele sobreviveu a muita coisa.

— Eu não entendo. — Wray pensou nos haiwans que conhecia. A maioria era muito pequeno e tímido, apenas sobrevivia quando muito bem cuidados. Eles não eram como Warrior.

— Quem teve Warrior antes de mim, o usava como um cão de luta.

— Cão de luta...

— Sim. Eles o faziam lutar contra outros cães, para que pudessem apostar em qual venceria. Warrior sempre ganhou. Então, também o usaram como um reprodutor, esperando que sua prole fizesse o mesmo.

— Nós também temos estes animais, mas nunca seriam usados como haiwan, eles são muito grandes e mortais.

— Assim era Warrior. Ele era enorme, forte e mortal, é tudo que alguém via quando o olhavam o que estava por fora. Eu vi o que estava por dentro, vi quão gentil ele poderia ser, como se importaria. Tudo o que ele queria era para alguém amar e aceitá-lo por quem era e o fiz.

— Seu manno permitiu uma criatura assim perto de você? — Wray não conseguiu esconder seu choque.

— Ele realmente não teve escolha. Eu sabia que Warrior seria meu no momento em que o vi e não desisti. — Ela deu um leve sorriso. — Posso ser teimosa às vezes.

— Realmente? — Wray encontrou-se sorrindo para ela. — Eu não tinha percebido isso.

— Sim, certo, de qualquer forma, Warrior foi conosco e a vida foi ótima... — O sorriso deixou seus lábios enquanto ela continuava. — Até morrer.

— Sinto muito, Kim.

— Eu também. Ele morreu em meus braços... depois que salvou minha vida. — Olhos devastados olharam para ele quando lembrava aquele dia. — Estava atravessando a rua, quase em casa quando um... transporte rápido demais veio pela rua. Congelei. Fiquei parada ali no meio da rua, observando e então Warrior estava lá. — Ela podia ver tudo acontecendo de novo em sua mente. — Ele me deixou fora do caminho e o transporte bateu nele em vez de mim. A força do golpe o derrubou no meio do quarteirão. Ainda posso ouvi-lo. O som que fez quando foi atingido... eu me arrastei para ele nas minhas mãos e joelhos, gritando todo o tempo. Quando me aproximei... ele apenas olhou para mim, seus olhos cheios de tanto amor, mesmo que seu corpo estivesse quebrado e lambeu meu rosto. Ele lambeu minhas lágrimas como se não pudesse suportar vê-las... então morreu.

Wray suavemente limpou as lágrimas que caíam das bochechas de Kim enquanto ela falava sobre seu animal de estimação e sabia que teria gostado de Warrior. Ela nunca deveria ficar triste, nunca deveria sofrer perda e ele tornaria sua missão ter certeza de que nunca mais acontecesse.

— Ele era verdadeiramente digno do título. Warrior. — Ele disse a ela.

— Sim. Ele era. — Ela sussurrou e mergulhou no conforto do abraço de Wray.


CAPÍTULO OITO

Os dedos de Wray estavam brancos quando agarrou o topo da entrada da caverna, olhando para a tempestade furiosa. Depois que voltaram para a câmara, eles comeram e Kim adormeceu em seus braços, emocionalmente exausta. Ele não gostava da facilidade com que ela se cansava e esperava que a tempestade diminuísse. Em vez disso, parecia ganhar força. Ele disse a ela que tempestades como estas poderiam irromper até uma semana, mas na verdade, ele nunca viu uma também. Disse antes de conhecê-la, dizendo-lhe o que ele teria dito a uma fêmea Torniana, então ela ficaria calma pelo tempo que ficassem ali. Agora pensava que poderia estar errado.

Ele sabia que Kim estava preocupada com o que enfrentaria uma vez que saíssem dali, as preocupações ele entendia, mas queria colocá-la no Searcher. Queria levá-la a uma unidade de reparo para que pudesse ter certeza que estivesse realmente curada. Queria poder alimentá-la até que ficasse cheia. Queria que ela descanse em uma cama e não em um cobertor de sobrevivência fino, no chão frio.

Queria vê-la em sua casa, cercada por sua beleza e conforto. Queria vê-la usando a cor de sua casa e saber que estava segura e protegida. Queria se unir a ela... torná-la sua... para sempre. Queria fazer todas essas coisas, mas não podia fazer nada até a tempestade passar.

Mãos suaves deslizando em sua cintura levaram sua mente ao presente. Eles viajavam pelo peito enquanto beijos quentes eram pressionados contra suas costas.

— Por que você não está descansando? — Ele perguntou, cobrindo uma das suas mãos com a dele.

— Eu senti sua falta. — Ela murmurou contra suas costas.

Levando um braço para trás, ele a puxou para o lado dele. — Eu não saí há muito tempo. — Ele disse, beijando o topo de sua cabeça.

— Ainda assim senti sua falta. — Ela olhou para tempestade — Por que está olhando para tempestade? Algo está errado?

— Não. Estava apenas pensando em quão bonita você ficará em minha casa.

— Sua casa? — Ela questionou, olhando para ele.

— Sim, no planeta Tornian.

— Eu não sabia... — Kim franziu a testa um pouco. Por que ela não adivinhou?

— Onde você achou que viveríamos? — Ele perguntou com frustração.

— Eu pensei que viveríamos no Searcher. — Ela falou com honestidade. — Acho que deveria saber que você teria que uma casa em algum lugar desde que teve Adana e Van.

— Eu tenho, é chamada Torino, Casa Torino e acho que você ficará muito feliz lá. Há salas cheias de coisas bonitas para você desfrutar. Tem jardins onde pode caminhar...

— Você quer dizer nós. Jardins nos quais poderemos caminhar.

— Bem, se for isso que quiser. — Wray sorriu, gostando do pensamento de caminhar nos jardins com ela, especialmente à noite, com a luz da lua de Tornian brilhando sobre ela. Ficaria linda sob ela. — Eu gostaria muito disso. — Inclinando-se, ele tomou sua boca em um beijo duro.

— Conte-me mais sobre sua casa. — Kim encorajou a aproximar-se de seu lado.

— Nossa casa. — Wray corrigiu e recebeu um sorriso brilhante em troca.

— Nossa casa. — Ela concordou. Gostaria disso. Gostaria de voltar para casa. O sorriso de Kim hesitou um pouco enquanto pensava em casa.

— Sinto muito por não saber onde está sua Terra, Kim. — Wray disse a ela, virando-se para que bloqueasse uma súbita rajada de vento. — Você. — Ele se viu perguntando enquanto os afastava da entrada. — Retornaria para lá se você pudesse?

— Não. — Ela respondeu imediatamente. — Não há mais ninguém para mim lá.

— E a sua irmã? Jen?

— Ela e Todd desapareceram há mais de seis meses, por isso os Ganglians me encontraram.

— O que você quer dizer?

Kim suspirou forte enquanto esfregava as mãos sobre o peito, sentindo conforto em sua presença sólida. Ela sabia que precisava contar-lhe o que aconteceu. Como chegou ali. Precisavam ser honestos um com o outro se fossem fazer isso funcionar.

— Tinha acabado de completar dezesseis anos quando mamãe e papai morreram. Na Terra, você não é considerado um adulto até os dezoito anos. Eu não tinha permissão para viver sozinha, precisava de um guardião. Mamãe e pai já haviam providenciado que, se alguma coisa acontecesse com eles, Jen seria minha guardiã. Todd não ficou feliz com isso.

— Este Todd, foi quem se uniu a sua irmã? Aquele sobre quem falou antes?

— Sim. Ele era o marido de Jen.

— Por que ficou infeliz quando ela assumiu sua responsabilidade? É uma honra para um macho ser convidado a cuidar de uma jovem feminina. É uma medida do seu valor.

— Talvez em Tornian, mas não na Terra. Todd e Jen tinham planos... sonhos... Jen ser formou na escola de culinária e passaram os últimos dois anos trabalhando para outras pessoas. Ela e Todd pouparam para que pudessem viajar pelo mundo e experimentar diferentes culturas e alimentos. A morte de meus pais mudou isso.

— Não foi sua culpa, Kim.

— Não, mas minha atitude foi. Veja, Todd e eu nunca tivemos um bom relacionamento. Sempre pensei que ele era um idiota arrogante e ele pensava que eu era uma pirralha mimada. — Kim encolheu os ombros. — Acontece que estávamos todos certos.

— Não, Kim... — Wray imediatamente negou.

— Sim, Wray. Todd estava certo sobre mim. Eu era mimada. Não queria morar com eles e me assegurei que soubessem disso. Ele não me queria lá e se certificou de que eu soubesse disso. Nós brigamos o tempo todo e a pobre Jen era a pacificadora entre o homem que ela amava e a irmã pela qual se sentia responsável. — Kim se viu perdida no passado enquanto pensava no que a irmã aguentou.

— Kim...

A preocupação de Wray trouxe-a de volta ao presente.

— Sinto muito. Então, no meu décimo oitavo aniversário, Todd e eu brigamos novamente e Jen tentou acalmar as coisas, mas desta vez não precisava ouvir. Tinha dezoito anos e sabia mais do que ela e foi exatamente o que disse, mas não fui muito boa sobre isso. — Kim sentiu a vergonha de suas ações preenchê-la novamente. — No momento em que terminei, Jen estava chorando e acabei me afastando.

— Levou quase seis meses para finalmente admitir que eu estava errada. — Kim olhou para Wray, mas em vez de decepção, viu compreensão. — Fui ao apartamento deles para lhe dizer o quanto estava triste, mas eles não estavam lá. Um vizinho finalmente me disse que viajaram e voltariam em alguns dias. Eu não queria esperar, então tentei ligar para Jen. Ela nunca atendeu e eles nunca voltaram.

— O que aconteceu com eles?

— Ninguém sabe. Centenas de pessoas saíram procurando por eles e as outras dez pessoas que estavam juntos, mas nunca os encontraram. Depois de seis meses, não aguentei mais, então fui buscá-los. Foi assim que aquele bastardo fedido me encontrou. Estava procurando por Jen.

— Você foi procurar por eles sozinha? — Wray não tentou esconder sua raiva.

— Ela era minha irmã. — Kim olhou para ele desafiadoramente. — Eu não sei se você pode entender o que isso significa, mas já perdi meus pais, não a perderia, não sem uma briga. — Saindo de seus braços, Kim caminhou e olhou para tempestade. Era tão selvagemente... estava tão fora de controle... isso lembrou sua vida. O caos alguma vez terminaria?

Wray abriu a boca para discutir com ela, depois fechou-a porque entendia. Porque se fosse Grim desaparecido, nada no universo o teria impedido de procurar seu irmão. Ele poderia culpar Kim por ser tão leal a sua irmã?

— Eu sei que eles estão mortos. — Sem saber para onde o pensamento de Wray foi, Kim finalmente expressou a verdade que não queria enfrentar. — Eles estão... é a única maneira de Jen ter me deixado.

— Sinto muito, Kim. — Wray lentamente puxou-a para dentro de seus braços, dando-lhe uma chance de protestar se quisesse. — Eu entendo. — Ele disse a ela. — Eu ficaria perdido sem meu irmão, Grim.

Kim olhou para ele, surpresa. — Você tem um irmão? Eu pensei que as fêmeas sempre iam embora.

— Ela o fazem, mas às vezes a fêmea permanece o suficiente para apresentar uma segunda prole antes de ser atraída por outro macho. — Isso não foi o que aconteceu com a mãe de Wray, mas ele não estava pronto para confessar isso a ela, ainda não.

— Então você entende porque fui buscá-la.

— Sim, eu entendo Kim, mas isso não muda o fato de que você não deveria ter ido sozinha. Quase morreu por causa disso.

— Bem, não é como se eu soubesse que havia alienígenas pavorosos e peludos lá que gostavam de sequestrar mulheres e torturá-las! O pior que pensei que poderia acontecer era arruinar meus sapatos.

— O quê? — Wray lhe deu um olhar confuso, não entendendo suas palavras.

— Eu sou uma garota da cidade, Wray. Isso... — Ela moveu a mão ao redor da caverna. — Não é o que eu estou acostumada.

— Garota da cidade...

— Garota da cidade. Cresci em um lugar que tinha muitas e muitas pessoas vivendo nele. Nós os chamamos de cidades. É com o que estou acostumada, não isso. — Ela gesticulou ao redor da caverna.

— Isso é estranho para você? — Wray não conseguiu esconder seu choque.

— Claro que é.

— Mas você não se queixou... nem uma vez.

— Faria alguma diferença? — Perguntou ela.

— Não mas...

— Suponho que uma fêmea Torniana se queixaria.

— Sim. — Ele concordou. — Sobre a falta de comida, a falta de privacidade. Sobre não poder partir.

— Mas não é culpa sua. Você nos trouxe aqui vivos.

— Isso não importaria para uma fêmea Torniana. Ela esperaria que o macho preenchesse todas suas necessidades, não importando o quão irracional, onde quer que estivessem, sempre que a exigiria. E se não o fizesse, o consideraria impróprio e o deixaria.

— Isso é louco, Wray. Para não mencionar errado! Mesmo eu não sou tão egoísta ou teimosa.

— Você não é, Kim. Todd pode ter pensado assim, mas estava errado. Ele deveria ter colocado suas necessidades antes das dele. Parece-me que ele era egoísta.


CAPÍTULO NOVE

— Wray? — Kim perguntou suavemente, olhando o teto enquanto seus dedos vagavam por seu peito, acariciando cada músculo duro, explorando cada fenda profunda. Juntos, estavam deitados na manta de sobrevivência nos braços um do outro enquanto a escuridão se instalava.

— O que, minha Kim? — As palavras de Wray retumbaram em seu ouvido.

— Como as luciferinas sabem escurecer quando o sol se põe?

Wray franziu a testa para a pergunta.

— Eu não sei. —Ele disse a ela olhando as plantas. — Eu nunca ouvi falar delas fazendo isso. Luciferinas são únicas em Pontus, mas mesmo aqui, são raras.

— Oh. — Ela disse, seus dedos invertendo a jornada enquanto falava. — É triste que algo tão bonito apenas possa ser visto por tão poucos. Sentirei falta quando saímos.

— Eu as levaria conosco se pudesse, Kim.

— Obrigada. — Ela inclinou a cabeça para dar um sorriso gentil. — Mas se puder tirar uma coisa desse lugar, então prefiro levá-lo.

— Deusa, Kim. — Murmurou Wray, seus dedos afundando em seus cabelos enquanto a puxava para um beijo gentil. Como sobreviveu sem dela?

— Hmm, isso é bom. — Ela disse sorrindo para ele apenas para ser pega de surpresa quando bocejou. — Eu não entendo como ainda posso estar cansada. Tudo o que faço é dormir.

— Isso é porque você passou por uma provação, Kim. Seu corpo está fazendo o que precisa fazer para se curar. Deve descansar.

— Não deve demorar tanto tempo e não depois que você me curou. Disse que os Ganglians não me tiveram por mais de dois dias. Nós ficamos aqui por mais tempo do que isso, então não deveria continuar me sentindo assim. — Ela disse com uma expressão grosseira.

— Eu não disse isso, Kim. — Wray disse e ergueu-a para que ficassem peito no peito, suas pernas entre as dele enquanto seus braços se envolviam ao redor dela, atraindo-a em seu calor. — Eu disse que nenhuma fêmea Torniana se recuperou após dois dias nas mãos dos Ganglians. Não sei quanto tempo você ficou lá porque não sei onde é a Terra. Os Ganglians excluíram seu histórico de navegação assim que os interceptámos.

— Por que fariam isso? — Kim apoiou-se em seu peito e olhou para ele.

— Não sei e nenhum dos outros prisioneiros eram da Terra.

— Outros prisioneiros... oh Deus, havia outros? — Kim sussurrou, horrorizada com o pensamento de outra pessoa passar pelo que ela passou.

— Machos, Kim. Todos eram machos. — Ele rapidamente disse, sabendo o que estava pensando.

— Oh. — Ela sussurrou. — Bom. Isso é bom, acho.

— É e não é. Eles eram Jerboaianos e não sei onde os Ganglians os capturaram. Porque se soubesse, poderia ter uma ideia de onde a Terra é e por que os Ganglians querem manter sua localização em segredo.

— Eu queria poder ajudar, mas não sei onde a Terra está... tudo o que sei é que existem nove planetas em nosso sistema solar, que a Terra é a terceira a partir do sol e que é chamada de planeta azul. Não sei quanto tempo fiquei naquela maldita nave. O bastardo fedido não era muito falante, pelo menos não que pudesse entender. Ele entrava quando queria me estuprar, caso contrário, era deixada sozinha.

— Não pense nisso Kim. — Os braços de Wray se apertaram ao redor dela, não queria que ela voltasse a pensar nessa época. Terminou e ela sobreviveu. A localização da Terra não era tão importante para ele quanto a felicidade de Kim.

Em breve, ela estaria totalmente recuperada e poderiam se unir. Wray tentou controlar a resposta de seu corpo ao pensar em se unir a ela. Sabia que seria incrível, sabia que suas respostas o levariam a precisar de mais de uma versão...

Mais de uma versão... o corpo de Wray ficou rígido quando um pensamento de repente lhe ocorreu. Oh querida Deusa, como ele poderia pensar em perguntar a ela? O que ela teria que lembrar ...

Kim estava quase adormecida, a batida constante do coração de Wray, assegurando-lhe que estava segura. Quando essa batida constante mudou para um golpe rápido, ela a acordou. Levantando a cabeça, encontrou uma expressão ilegível no rosto de Wray.

— O que há de errado, Wray?

— Eu... — Wray descobriu que não podia falar. Não queria perguntar, não queria saber.

— O quê? — Quando Wray ainda não falou, Kim se levantou, descansando os antebraços no peito para olhar para ele. — Diga-me, Wray. — Os olhos dele imploraram com ele.

Wray não queria dizer a ela o que sabia. Era sua responsabilidade como um macho para protegê-la, era sua honra cuidar dela e nunca quis fazer mais isso do que com ela. Percebeu que foi por isso que a Deusa o criou, para cuidar dessa fêmea, mas poderia se continuasse escondendo coisas dela?

— Pode haver uma maneira de você saber quanto tempo os Ganglians a tiveram. — Ele finalmente disse a ela.

Kim franziu o cenho para ele, podia ver a dor e o arrependimento em seus olhos, mas não entendia. E se havia uma maneira de saber quanto tempo os Ganglians a tiveram porque não queria falar?

— Não gostarei disso, verdade? — Percebeu ela de repente.

— Eu... não importa, Kim. — Ele disse a ela, seus braços a apertando. — Você precisa descansar. — Ele tentou puxá-la de volta para baixo, mas em vez disso ela afastou-se de ele, de joelhos entre as pernas.

— Pare com isso! Eu não preciso descansar. Preciso saber a verdade.

— Kim.

— É algo que um Tornian saberia? Um Kalisziano? — Exigiu.

— Sim. — Ele admitiu com relutância. Ele envolveu seus braços ao redor dela, mantendo-a perto.

Kim podia dizer que ela realmente não gostaria disso... podia dizer por quão tenso estava Wray e por quão forte ele estava tentando protegê-la. Respirando fundo, ela reuniu sua coragem e falou.

— Conte-me.

Os olhos de Wray nunca a deixaram quando viu Kim tomar sua decisão. Ele viu seu medo, viu sua dúvida e finalmente, sua determinação. Deusa, ele nunca soube que uma mulher poderia ser tão forte e sabia que precisava ser tão forte se ele fosse ajudá-la através disso.

— Os machos Ganglianos apenas podem encontrar sua liberação uma vez por dia. — Ele se forçou a dizer, depois empalideceu quando se lembrou de quantos machos estavam a bordo daquela nave. E se todos eles...

— Foi apenas um. — Kim disse a ele, de alguma forma, sabendo onde sua mente foi. — Aquele com o colarinho branco. Às vezes, ele deixava os outros assistir, mas nunca tinham permissão para me tocar.

— O Capitão. — Wray rosnou e fechou os olhos silenciosamente agradecendo a Deusa pelo que ela não sofreu enquanto amaldiçoava o Capitão pelo que sofreu.

— Bem, se você diz. — Ela disse e senti a tensão dentro dela novamente enquanto era sugada de volta para aqueles momentos com bastardo fedido. — Ele foi o que me encontrou quando fui procurar Jen. — Ela sussurrou. — E depois...

— Não pense nisso, Kim. — Wray rosnou, puxando-a para perto, não gostou de como ela ficou mais distante. Era como se não estivesse mais com ele. — Isso nunca mais acontecerá com você. Eu prometo.

— Eu perdi a contagem depois de dez. — Ela continuou como se ele não tivesse falado, seus olhos fixos em seus dedos no peito dele. — O bastardo fedido mordia um dedo diferente toda vez que ele... — Ela parou distraidamente olhando para as cicatrizes que quase não eram visíveis sobre eles, sem perceber como os músculos de Wray ficavam ainda mais tensos. — Quando ele ficou sem dedos, ele me mordeu... em outros lugares... acho que apenas mais algumas vezes, mas não tenho certeza. Até então, estava doendo tanto que não me importaria, queria que acabasse.

— Kim...

— E se não fosse por Warrior, eu teria desistido. — Ela admitiu na mesma voz sem emoção.

— Warrior? — Wray franziu o cenho para ela, não gostando de como ficou pálida, como ficou gelada e agora não fazia sentido.

— Eu o ouvi. — Ela sussurrou. — Depois que o bastardo fedido me empurrou naquele armário. Estava tão escuro lá e tão frio. Estava muito ferida e então o ouvi... o ouvi grunhir. — Kim não percebeu que a vida retornou à sua voz enquanto falava sobre seu animal de estimação, como estava cheia de amor, mas Wray notou. — Foi o grunhido que assustou todos, todos menos eu, porque sabia que era assim com ele. Ele estava irritado e frustrado, mas não iria me machucar, nunca me machucaria, ele me salvaria... me levaria para casa e eu queria ir.

— Kim... — Foi tudo o que Wray pode dizer quando a puxou contra seu peito. Podia dizer que suas lembranças estavam puxando-a, sugando-a, arrancando-a e ele não sabia como trazê-la de volta.

— E então vi você... — A forte batida do coração de Wray fez o olhar de Kim levantar-se para o dele. Isso fez com que ela o visse. — Você era tão feroz, tão bonito. Rosnou para mim... — Kim encontrou um sorriso curvando sua boca com a lembrança. — Olhei para você e sabia que estava segura, sabia que estava em casa... você me salvou, Wray, você, não Warrior.

As palavras de Kim prenderam a alma de Wray quando ele se lembrou de como a encontrou, presa em um minúsculo armário, seu corpo tão danificado e abusado, ainda assim ela estendeu a mão e tocou sua bochecha. Ela se curvou confiantemente em seus braços. Ele não entendeu então, mas o fazia agora. Silenciosamente, ele agradeceu a Warrior por permitir que a salvasse, pois sua vida não teria sentido sem ela.

— Eu amo você, Kim. — Wray encontrou-se falando as palavras antigas que sempre pensou ser um mito. Agora percebia que elas eram verdadeiras, apenas precisava de certa fêmea para que um macho as sentisse.

— Eu também te amo, Wray. — Ela disse a ele e sentiu o calor de seu amor enchendo-a, afastando o frio. — Eu posso sobreviver ao que aconteceu comigo enquanto você estiver comigo.

— Eu estarei, Kim. — Wray respondeu bruscamente. — Sempre. — Inclinando-se, ele tomou seus lábios em um beijo gentil, selando seu voto.

Kim aprofundou o beijo, deixando o conhecimento de seu amor a cercar. Ela sabia que ainda haveria obstáculos que precisavam superar. Haveriam mal entendimentos que teriam que trabalhar, mas enquanto estiveram juntos, sabia que poderiam fazê-lo. Talvez a Deusa estivesse certa, talvez este fosse um recomeço... para ambos e ela sabia exatamente como queria começar.

— Wray? — Ela sussurrou contra seus lábios, relutante em romper o contato.

— O que, minha Kim? — Ele perguntou, mordiscando os lábios.

— Mostre-me como você gosta de uma mulher Torniana.

— O quê? — Wray se afastou dela, chocado com o que ela perguntou.

— Quero que você me mostre como você gosta de uma mulher Torniana. Quero que me mostre como posso agradá-lo.

— Não, Kim. — Ele imediatamente recusou. — É muito cedo.

— Não, não é. Não quando é você e eu. — Ela disse a ele, ficando de joelhos. — Eu preciso saber se posso ser uma fêmea no sentido mais verdadeiro da palavra, que o bastardo fedido não destruiu isso, porque se o fez, então ele ganha e eu não o deixarei fazer isso. Não o deixarei controlar minha vida ou meu futuro. Ele não conseguirá o melhor de Kim Teel.

— Kim... — Wray colocou uma mão suave, mas firme em sua bochecha, mantendo-a firme enquanto olhava profundamente em seus olhos. Ele precisava saber que ela realmente queria isso. Que entendia o que isso significaria.

— Por favor, Wray, eu quero isso, quero você. Quero criar lembranças maravilhosas de nós... juntos.

Sabendo que ele não poderia negar nada, especialmente não quando era algo que ele também desejava, disse a ela.

— Uma fêmea entra na câmara de repouso de um macho usando apenas uma cobertura solta que lhe permite ver sua forma. — Ele a observou enquanto seguia um dedo ao longo da borda de sua camisa, deixando-o descer por seus seios.

— Ela faz? — Kim sussurrou suavemente.

— Ela faz e então permite que ele o abra. — Seus olhos nunca deixaram os dela enquanto seus dedos abriam habilmente os botões de sua camisa.

— O que acontece depois?

— Então, se a fêmea ainda estiver bem, a cobertura é removida. — Tão devagar, então ela poderia impedi-lo se quisesse, ele tirou a camisa por seus ombros e abaixou os braços, deixando-a ficar ao redor de suas pernas. — Deusa, você é linda, Kim. — Ele sussurrou reverentemente, seus olhos percorrendo sua forma exuberante.

Sua mão tremia enquanto o dedo roçava o pesado lado de baixo de um peito pálido. Colocando todo o peso em sua mão, ele fechou os dedos, apertando levemente enquanto tocava seu mamilo e observava-o ficar duro em resposta.

— Wray! — Kim ofegou quando o prazer explodiu através dela.

— Você gosta disso, pequena? — Ele perguntou, já sabendo a resposta.

— Deus, sim. Por favor, Wray, o outro.

Wray de bom grado deu a seu outro seio a mesma atenção. Sua resposta foi de tirar o fôlego. Ela se inclinou para trás, expondo as graciosas linhas de seu longo pescoço. Sua respiração estava ofegante enquanto ele a agradava. Inclinando-se para frente, colocou um beijo sobre o coração que batia rapidamente.

— Ela então se abre e se apresenta ao macho para ter prazer. — Ele disse e sentiu seu coração perder uma batida.

Lentamente, Kim levantou o rosto para olhar para ele, com os olhos escuros de desejo. — Ela faz? — Ela sussurrou.

— Sim. — Wray respondeu, seus olhos nunca deixando os dela. Isso dependeria dela se fossem levar adiante. Sempre seria sua escolha.

Os olhos de Kim procuraram em Wray, imaginando se seria corajosa o suficiente para fazer o que ele estava sugerindo. Seria capaz? Nunca esteve com um homem, mesmo antes do bastardo fedido e ele não contava. Nunca quis. Sabia que seus amigos achavam que isso era estranho, mas ela nunca passou do estágio de amassos pesados e agora sabia o porquê. Estava esperando por Wray.

Em seus braços, sabia que estava segura, sabia que se quisesse parar, Wray não a forçaria, entenderia. Ele a amava. Este enorme homem maravilhoso, que poderia ter qualquer mulher que quisesse, a amava, mesmo sabendo o que aconteceu com ela, mesmo com todas suas falhas... era tudo o que precisava saber para se deixar recuar, confiar nele para mantê-la segura.

888

Wray se acalmou enquanto esperava que Kim decidisse se continuariam ou não. Ela já permitiu que ele a tocasse de maneiras que nenhuma outra mulher o fez. Ela já ensinou muito a ele... deu-lhe tanto com seus toques gentis e beijos que poderia aguardar o tempo que fosse para ela se sentir confortável em se unir a ele.

Quando ela parecia estar se afastando dele, suas mãos imediatamente se moveram para suas costas. Quando ela continuou inclinando-se para trás, seus olhos se arregalaram ao perceber o que isso significava.

— Kim...

— Mostre-me, Wray. — Ela sussurrou.

Movendo-se rapidamente, Wray puxou a camisa entre eles e jogou-a atrás dela. Levando-se de joelhos, ele terminou de abaixá-la até a cama improvisada.

Descansando um cotovelo de cada lado dela, deixou seu olhar percorrer seu corpo e segurou a respiração. Ela era uma Deusa. Sua chama de cabelos vermelhos se espalhava ao redor dela, a folha perfeita para sua forma pálida e exuberante, enquanto os olhos verdes sonolentos o encaravam. Nada em todos os universos conhecidos era tão bonito quanto Kim.

Inclinando-se para beijá-la, Wray descobriu pela primeira vez o que sentia ter uma fêmea disposta e suave sob ele e se acalmou. Ao fechar os olhos, saboreou a sensação de ser verdadeiramente confiável para uma fêmea, não apenas tolerado e sentiu seus olhos cheios de lágrimas.

Quando sentiu o toque gentil de Kim, lentamente abriu os olhos e a encontrou observando-o preocupada. Inclinando-se para que seu peito pressionasse firmemente contra o dela, ele tomou seus lábios com fome, sabia que ela entenderia.

Levou todo o controle de Wray para acabar com o beijo. Ficou viciado em beijá-la, mas agora não era momento de ter seu prazer, era tudo sobre ela. Movendo os lábios ao longo da mandíbula, seguiu a curva do pescoço e sentiu a batida rápida de seu pulso. Ela era tão suave, tão vulnerável, mas sabia que era o desejo que fazia seu pulso correr e não o medo.

Continuando sua exploração, ele se moveu mais para baixo para que sua boca pudesse explorar seus seios generosos. Lentamente, foi até o generoso declive de um seio fazendo uma pausa antes de chegar ao topo.

— Kim...

— Por favor, Wray. — Foi todo o encorajamento que ele precisava para completar sua jornada, reivindicando a ponta, chupando-a profundamente.

Deusa, quão maravilhoso era sentir que ela respondia dessa maneira, saber que ela não apenas gostava do que estava fazendo, mas queria mais. Lambendo e beijando seus seios, Wray certificou-se de não perder um único centímetro antes de ir até o outro seio, dando-lhe a mesma atenção.

Silenciosamente prometendo retornar, Wray finalmente conseguiu a forçar deixar esta área recém-descoberta e viajar para o mais familiar.

Beijando seu estômago trêmulo, seus braços levantaram lentamente uma perna longa e pálida sobre cada ombro, abrindo-a para ele.

Esta não era a maneira como ele adorou Adana. Adana se apresentava no limite da cama, abrindo-se para ele de tal forma que a tocasse o mínimo possível.

Isso não é o que ele queria com Kim. Queria que ela descobrisse todas as partes dele. Precisava disso. Ansiava seu toque, queria em cada parte de seu corpo, enquanto tocava cada parte dela.

Com cuidado, seus polegares se moveram através dos pelos sedosos que escondiam seus segredos femininos e ficou chocado ao descobrir que já estavam molhados com seus sucos. Separando-os, encontrou seu nó feminino e seu canal, implorando-o para prová-lo. Confiante em sua habilidade de atraí-la desse jeito, abaixou a boca apenas para ouvi-la gemer com o toque desconhecido.

— Calma, pequena. — Ele sussurrou suavemente, sua respiração quente tocando a área sensível enquanto ele a olhava. — Não mais do que você está disposta a dar, eu juro. — Sentindo que ela relaxava lentamente, sua boca voltou e descobriu o que podia provar o céu. Era doce e suculenta... linda e corajosa... era Kim.

Enquanto sua língua girava ao redor de seu nub2, ele lentamente afundou um dedo grosso em seu canal quente. Quando ela gemeu e ergueu seus quadris silenciosamente implorando por mais, ele colocou um segundo dedo e imediatamente sentiu seu canal apertado ao redor deles, aceitando a intrusão.

Lentamente, empurrou os dedos para dentro e fora de seu canal liso descobrindo e explorando todos aqueles lugares secretos que lhe davam prazer. Sua boca e língua lambia e chupava seu nó até que ficou cheio e duro, pronto para explodir.

— Wray... — Kim gritou enquanto seus dedos esfregavam aquele lugar especial que ela não sabia que tinha.

Levantando a cabeça, Wray podia ver o quão perto estava de encontrar seu prazer.

— Solte, Kim. — Ele ordenou bruscamente enquanto seus dedos esfregavam aquele ponto especial novamente e beliscavam levemente seu nó. — Mostre-me o quanto você gosta disso.

— Wray! — Kim gritou quando cada parte de seu corpo respondeu ao comando dele e explodiu.

Kim ficou deitada de costas, ofegante enquanto olhava para as estrelas. Meu Deus, ele me fez ver as estrelas. - Pensou. Lentamente, começou a perceber que não eram estrelas que estava vendo, eram as luciferinas, brilhando quando o orgasmo percorreu seu corpo.

Ela temia que não pudesse fazê-lo, abrir-se completamente para um homem. Ela se abriu para Wray e com ele achava que poderia fazer qualquer coisa. Ele era sua força. A fazia se sentir bonita. Com ele era como se nada de ruim a tocasse e nunca o faria novamente. Ele era tão gentil e ainda tão forte. Sempre foi honesto com ela, deixando-a saber o quanto a queria, mas que nunca a forçaria.

Quando ele a deitou e a cercou com seu corpo maciço, deveria se sentir aterrorizada, mas ela não foi assim. Em vez disso, sentia-se segura e protegida. Em seus braços, sabia que nenhum dano jamais chegaria a ela.

Wray lentamente ficou sobre o corpo de Kim, adorando sentir o quão suave e flexível ficou com seu lançamento, enquanto desfrutava do fato de que ele foi o macho que deu isso a ela. Ela era tudo o que esperava em uma fêmea, mas nunca soube que era possível. Ficando sobre ela, sabia que agora ele iria torná-la completamente...

A respiração de Kim acelerou quando percebeu Wray subindo por seu corpo. Sua pele nua se sentia tão bem roçando e esfregando contra a dela. Tudo nele se sentia bem. Quando sentiu um empurrão entre suas coxas abertas, ela endureceu. Quando pressionou mais, ela se viu chorando.

— Kim... — A voz de Wray fez seus olhos procurarem os dele. — Está tudo bem, minha Kim. — Ele disse e sentiu a pressão aliviada quando rapidamente se moveu para o lado, certificando-se de que não a tocasse.

— Wray? — Ela olhou confusa, então de repente percebeu o que aconteceu. Como pode ser tão estúpida! — Oh Deus! Sinto muito, Wray!

— Você não tem nada para se desculpar, Kim. — Disse Wray. Ele se recusava a deixá-la saber o quanto estava desapontado por ela não estar pronta para se unir a ele, o quanto foi difícil para ele se afastar.

— Eu sei. — Ela disse sentada. — Eu não sei por que agi assim. Sabia que você esperava...

— Nada. Eu não esperava nada. — Ele disse a ela, afastando-se levemente. — Eu disse-lhe que não tomaria nada que não estivesse disposta a dar e quis dizer isso. Você ainda não está totalmente recuperada. Foi errado pressioná-la.

— Você não me pressionou, Wray. Eu fui a única que o pressionou. Realmente pensei que estivesse pronta, que poderia lidar com isso. — Kim não podia acreditar que fez isso com ele e então ela levantou a mão para que pudesse virá-lo.

— Não! — Ele disse com dureza, afastando-se dela. — Eu não tenho controle total de mim mesmo.

— Eu... — A voz de Kim ficou mais baixa, incapaz de esconder a dor que a rejeição dele causou, mas depois de um momento o olhou, realmente o olhou. Ele se afastou dela, estava com a cabeça baixa, os ombros curvados. Suas costas estavam suadas e suas mãos estavam apertadas nas coxas. Seu corpo inteiro tremia... e tão chocante como tudo isso era, não podia dizer uma palavra. O que chamou sua atenção foi o tamanho de seu pau enquanto sua respiração saia rapidamente.

Indiferente a sua nudez, Kim se moveu, então ficou de frente para ele, seus joelhos tocando os dele esperando que a olhasse. Quando ele não o fez, ela colocou uma mão gentil sobre seu peito.

— Eu sinto muito.

— Você não tem nada para se desculpar, pequena. — Ele disse com os dentes apertados.

— Sim eu quero. Eu...

— Era muito cedo, Kim e eu sabia disso. É minha responsabilidade cuidar de você e não o fiz.

— Eu não diria isso. — Ela abaixou a cabeça, tentando chamar sua atenção. — Eu diria que você cuidou bem de mim. E de fato, adorei a forma como o fez. Irá me deixar cuidar de você agora?

— O quê? — As palavras de Kim fizeram Wray a olhar. — Você ficou assustada...

— Sim. — Ela concordou. — Mas há outras maneiras, Wray. — Seus olhos se moveram para seu eixo ainda duro.

— O que você quer dizer, Kim? — Ele perguntou, franzindo a testa. Que outra forma, além de se unir, havia para uma fêmea ajudar seu macho a receber sua liberação?

— Deixe-me mostrar-lhe. — Ela disse e lentamente estendeu a mão, mal tocando a ponta escura de seu eixo enquanto movia os dedos pela base antes de deslizar para baixo e voltar. Ela ficou chocada ao descobrir quão suave ele era. Esperava que sua pele fosse tão áspera e dura como parecia, em vez disso era como tocar um veludo quente.

— Está tudo bem, Wray? — Ela perguntou, sua voz ficando rouca enquanto seu polegar circulava lentamente a cabeça larga de seu eixo, tocando várias gotas de pré-sêmen. Ela observou seus olhos se ampliarem enquanto levava o polegar para boca, sentindo sua essência pela primeira vez.

Kim fechou os olhos e viu-se gemendo quando seu sabor tocou sua língua. Ele era como as trufas de mel de chocolate escuro que sua mãe sempre fazia nas férias, levemente forte, levemente doce, um pouco amargo, mas sedoso na língua.

— Você vai me ajudar?

Com seu toque tentativo inicial, o ser inteiro de Wray se acalmou. Ela realmente iria tocá-lo da maneira que um macho fazia para se aliviar? As fêmeas Tornianas nunca tocaram um macho dessa maneira. Agradecia a Deusa por ela não ser Torniana.

Suas mãos eram tão suaves, se sentiam tão maravilhosas, tão diferentes das suas, enquanto deslizavam sobre seu eixo latejante e duro fazendo-o chorar de prazer. Ao observá-la mover a mão lentamente, achou que precisaria invocar o treinamento de guerreiro para não tomar controle de sua mão e mostrar a ela como lhe dar prazer. Mas quando ela levou sua semente até a boca, saboreou-a e pediu-lhe para ajudá-la a satisfazê-lo, sabia que não seria possível.

Erguendo-se com a respiração ofegante, cuidadosamente fechou sua grande mão calosa ao redor da dela muito menor, mais suave, mostrando-lhe como agradá-lo enquanto a movia para cima e para baixo em seu eixo. Ele mostrou-lhe onde era sensível, onde gostava mais áspero. Sabia que não iria durar muito tempo. Seu toque já fazia a pressão em suas bolas aumentar para um nível quase insuportável. Aumentando a velocidade dos movimentos, seus quadris empurraram desesperadamente em sua mão.

— Kim! — Gritou quando a pressão finalmente rompeu seu controle e ele explodiu.


CAPÍTULO DEZ

Os olhos de Kim percorreram Wray quando ele voltou de verificar a tempestade, observando a forma como seus músculos impressionantes se flexionaram com cada passo confiante que dava. Porra, o homem era fortemente construído.

Os últimos dias foram surpreendentes no que dizia respeito a Kim. Claro, o sabor das barras de nutrientes estava enjoando, mas realmente a satisfaziam, algo que sabia que não estava fazendo por Wray. Uma barra era destinada a sustentar um guerreiro por um dia, não meia barra, mas ele ainda a fazia uma barra todos os dias.

Durante o dia eles conversavam, bem, Kim conversava. Wray ficava ali sentado, prestando atenção, como se cada palavra que ela dissesse fosse preciosa. Nunca conheceu um homem que realmente a ouvisse antes, nem mesmo seu pai. Wray queria conhecer seus pensamentos e sentimentos. Parecia absorvê-los como se estivesse morto de fome por sua atenção.

Quando ela disse a ele como Warrior molhava seu pai, ele riu, uma risada profunda que a fazia sorrir. Era algo que não achava que fizesse com frequência e decidiu que faria o possível para que isso acontecesse.

Durante as noites, Wray a abraçava, cercando-a com o calor e proteção. Quando os pesadelos vinham, ele beijava suas lágrimas, dizia que a amava e jurava que estava segura.

Ela não podia acreditar em quão protetor ele era especialmente ali onde não havia ameaças. A menos que precisasse aliviar-se, ele estava sempre perto dela, quer segurando-a no colo ou tocando-a de alguma maneira, especialmente seus cabelos. Ele gostava de brincar com seus cachos enquanto conversavam. Era algo que no passado a teria irritado. Agora, a fazia se sentir amada.

— Finalmente está parando. — Wray disse, movendo-se para ela. — Você comeu?

— Estava esperando por você. — Ela disse e abriu a última barra entregando a metade.

Wray acenou. — Você come. — Ele ordenou.

Kim deu um olhar exasperado e deixou cair as duas metades no saco.

— O que você está fazendo? — Wray exigiu com raiva, alcançando a bolsa para puxar as barras de volta. — Você precisa comer!

— E você também! — Kim respondeu.

— Não vai demorar muito. — Ele disse a ela, segurando as duas metades para ela.

— Então, não há motivo para que você também não coma!

— Deusa, Kim! — Wray fechou os olhos grunhindo sua frustração. — Você não entende? Eu preciso que você coma. Preciso, pelo menos, tentar cuidar de você. — Estava matando-o que ela não tivesse comida o suficiente, que ele não estava fornecendo o suficiente. Não que ela se queixasse, mas sabia que deveria estar com fome. Não importava quantas vezes tentasse, não importava quantos argumentos válidos pontuasse, ela se recusava a comer, a menos que ele o fizesse. No dia anterior ela até se recusou a morder até que ele fizesse. Sua Kim era teimosa.

— Você está cuidando de mim. — Kim disse apertando suavemente um bíceps tenso. — Eu sou menor que você, Wray. Não preciso de muita comida. Meia barra é mais do que suficiente para mim. — Ela sabia que ele estava lutando com o que via como o fracasso em providenciar comida, mas estava errado. — E eu também preciso cuidar de você. Você é tão importante quanto eu, Wray.

— Eu já lhe disse que você é uma fêmea teimosa, minha Kim? — Ele perguntou quando cobriu sua mão com a dele e sentiu o calor de suas palavras espalharem pelo peito.

— Ummm... deixe-me pensar... — Ela tocou um dedo no queixo dele. — Cerca de uma dúzia de vezes por dia.

— Precisarei aumentar esse número. — Ele disse a ela, apenas uma meia provocação mantendo sua parte da barra antes de entregar o restante para ela.

— Sinto muito por ter feito isso mais difícil para você, Wray. — Kim disse calmamente, abaixando a barra sem dar uma mordida. Ela descobriu que precisava lutar contra as lágrimas que de repente encheram seus olhos. Estava apenas sendo teimosa? Como costumava ser, sem uma boa razão? Tudo o que sabia era causar danos ao pensar que poderia ter evitado isso?

Wray franziu o cenho para as palavras de Kim e abaixou a barra sem morder.

— Você não fez isso, pequena. — Ele disse a ela que se aproximou mais. Colocando uma mão suave em sua bochecha, ergueu os olhos para os dele. — Você tem me ajudado muito, pequena. — Em seu olhar surpreso, ele continuou. — Não reclamou, Kim. Nenhuma uma vez. Não exigiu coisas que eu não poderia dar.

— Que bem isso teria feito? — Ela perguntou.

— É o que uma fêmea Torniana faria. — Ele gesticulou para a barra em sua mão. — Coma, Kim. Por favor. — Ele implorou. — Eu me sentirei melhor se a vir comer.

Kim suspirou, sabia que ele estava usando seus sentimentos para fazer com que fizesse o que queria, mas ainda assim comeu.

Wray observou Kim enquanto comia, certificando-se que ela terminasse a barra. Ele estava lutando com mais do que não ser capaz de providenciar comida adequadamente. Estava lutando com o fato de que ela parecia se importar tanto com ele a ponto de se arriscar. Fez o mesmo por sua irmã e ainda o enfurecia. Nunca deveriam ter permitido isso.

Ela não parecia entender que importava mais do que ele e não porque era uma fêmea, mas porque era sua fêmea. Queria que ela ficasse segura, protegida e suprida em todos os momentos. Queria que ela visse seu sorriso, queria ouvi-la rir e ver seus olhos cheios de felicidade, não com o medo que seus pesadelos traziam. Queria todas essas coisas para Kim. Mas poderia lhe dar tudo isso?

Seu tempo juntos ali estava chegando rapidamente ao fim e ainda havia tantas coisas que precisava contar para ela. Kim foi completamente aberta e honesta com ele, respondendo a cada pergunta que fazia. Ele não fez o mesmo. A distraia ou não contava a verdade quando fazia uma pergunta. Ainda não sabia que ele era o Imperador.

Como reagiria, uma vez que soubesse que escondeu isso dela? Ficou com raiva quando não lhe disse que a limpou. Isso a perturbaria também?

Então, havia a questão de como seu povo reagiria se não pudesse apresentar uma prole. Um macho que se unia a uma fêmea que não era capaz de apresentar descendência ou que apresentasse descendentes impróprios era forçado a perder sua posição, pois não haveria nenhum macho para substituí-lo. Wray nunca entendeu por que um macho faria voluntariamente isso, pois terminava sua linhagem, mas depois de encontrar Kim, entendeu o porque, mesmo que não tivesse Tora, Wray ainda teria escolhido Kim.

Havia também a questão de onde ela veio. Por que os Ganglians excluíram todo o histórico de navegação de seu planeta? Era uma pergunta que a Assembleia dos Lordes faria.

Ele precisava começar a preparar Kim para tudo isso e precisava começar por admitir a ela quem ele realmente era.

— Kim... — Ele começou apenas para ser cortado quando o localizador começou a piscar, movendo-se para ele, pressionou vários botões e foi recompensado com estática.

— Por que ele está fazendo isso? — Kim perguntou, movendo-se para olhar o localizador.

— É Veron tentando me comunicar comigo.

— Você pode falar com essa coisa? Pensei que apenas enviasse um sinal.

— Ele faz as duas coisas. — Wray disse a ela franzindo a testa para o dispositivo. — A tempestade tornou impossível para nós nos comunicarmos com o Searcher, mas agora que diminuindo, poderemos ouvi-los. — Movendo-se para entrada da caverna, Wray percebeu que a tempestade se dissipou completamente e apertou vários botões.

— Veron. Onde, em nome da Deusa, você está! — Ele exigiu.

— Maj... de... — O corte na voz de Veron fez Wray perceber que a tempestade não era a única coisa a interferir com a recepção do localizador. Os penhascos irregulares que cercavam a caverna e os restantes cristais de energia também o faziam. Ele precisava se afastar deles, virando-se, descobriu que Kim o seguiu para fora e agora olhava para a paisagem estéril diante dela.

— Uau. — Ela disse com cuidado, avançando enquanto seus olhos percorriam a paisagem alienígena que não era realmente tão estranha. A caverna para a qual Wray a levou estava situada dentro de um estreito Canyon com lados íngremes e um V afiado em sua abertura. Além disso, havia um vale marrom. Não era uma terra rica que se via em uma fazenda bem cultivada, mas o marrom de uma terra que ficou adormecida no final do outono como toda a vida que continha, com apenas esperança de sobreviver até a primavera.

— Como eu disse, não há mais vida em Pontus.

Kim pisou com cuidado sobre o terreno rochoso, preocupada por cortar os pés descalços, mas em vez disso, achou que a tempestade alisou suas bordas. À beira do cânion, ficou chocada ao ver a subida íngreme ao fundo do vale.

— Como você conseguiu me carregar por aqui? — Ela perguntou, voltando para Wray.

— Não foi tão difícil, Kim. Você não é pesada.

— Não sou pesada? — Kim não podia acreditar que ele disse isso. Claro, ela não era muito grande, tinha um metro e sessenta e cinco com sessenta e três quilos, ela também não era exatamente uma pena, especialmente não naquela inclinação íngreme.

— Não, você não é. — Os olhos de Wray escaneavam o vale abaixo deles. — Veron deve ter pousado até agora, mas não vejo provas disso. Preciso chegar a um terreno mais alto, Kim. Essas paredes e os cristais estão interferindo com a possibilidade de me comunicar com Veron. — Ele se moveu para uma parede e agarrou uma pedra testando que iria segurar seu peso.

Kim olhou da parede para ele com incredulidade. — Você vai escalar a parede?

— É o caminho mais rápido. — Ele disse ainda olhando para cima.

— Bem, se quiser quebrar o pescoço.

Caminhando até ela envolveu seus braços ao redor de sua cintura.

— Eu ficarei bem, Kim. — Ele disse a ela. — Quero que você volte para a caverna e me espere.

— Como se isso acontecesse. — Ela disse a ele.

— Kim...

— Eu não voltarei para aquela caverna enquanto você estiver subindo neste penhasco. Ficarei louca imaginando se você caiu.

— Eu não cairei. — Ele disse a ela insultado por pensar tal coisa. — Agora ordeno...

— Ordena... quem você acha que é? O maldito Imperador? Eu posso amá-lo, mas isso não significa que mandará em mim, Wray.

— Eu... — A estática o impediu de dizer isso, sim, ele era o Imperador. — Eu preciso chegar a um lugar onde possa me comunicar com Veron, Kim. — Ele disse a ela, frustrado. — Prometo a você que nada acontecerá comigo, agora volte para caverna.

— Não. — Ela disse a ele e ergueu um dedo para impedir que ele falasse. — Assim que você chegar ao topo.

— Kim...

— Eu preciso saber que você conseguiu, Wray. Ficarei louca se não souber.

Suspirando forte, Wray aproximou-se para segurar seu rosto nas mãos.

— Você vai esperar na caverna até que eu volte? — Ele perguntou, seus olhos procurando a dela.

— Sim, se você quiser.

— Eu quero. Preciso saber que você também está segura, minha Kim.

— Tudo bem, assim que chegar ao topo, entrarei e o esperarei.

— Eu não vou demorar. — Ele disse a ela e com um beijo forte se moveu para parede.

Kim esperou com uma respiração forte enquanto Wray escalava as paredes do penhasco fazendo com que parecesse fácil. Uma vez que estava sobre a borda, ficou de pé e olhou para trás com um sorriso arrogante.

— Exibido. — Kim murmurou para si mesma, mas ela deu um sorriso e depois voltou para a caverna.

Wray se viu sorrindo quando viu Kim entrar na caverna. O penhasco não foi uma escalada difícil, com menos de doze metros, no entanto, Kim estava preocupada com ele. O pensamento o encheu de calor, para que alguém se preocupasse com ele... teria que tomar medidas para que isso não acontecesse novamente. Ele não queria que Kim se preocupasse com mais nada.

Seu sorriso desapareceu quando olhou para o vale e viu onde o ônibus caiu. Poderia tê-la perdido naquele acidente, um acidente ao qual pensou que realmente não sobreviveriam. A Deusa com certeza estava cuidando deles.

— Majestade!

Girando Wray encontrou Veron se aproximando por trás dele com rapidez. — O que em nome da Deusa você está fazendo aqui, Capitão? — Perguntou Wray com raiva. — O ônibus é para lá! — Ele apontou na direção oposta.

— Sim, Majestade. — Veron imediatamente respondeu. — Mas o farol do localizador indicou que você estava em algum lugar nesta área, então nós implantamos a equipe de resgate aqui.

— Envie uma equipe de recuperação para o ônibus.

— Recuperação, Majestade?

— Sim, o guerreiro Damir está agora nas mãos da Deusa.

— Eu entendo, senhor. Enviarei uma equipe imediatamente. E a fêmea? — Veron sentia que deveria perguntar. Quando o transporte de Wray caiu, pensou no momento que o tinham perdido. Pensou que o Imperador e amigo desapareceu. Quando o localizador apitou com o código do Imperador declarando que sobreviveram ao acidente, ele agradeceu a Deusa por sua misericórdia, mas a tempestade se recusava a terminar e sua preocupação aumentou novamente.

Dois machos confinados com uma mulher abusada por Ganglians... ele estremeceu ao pensar no que estavam passando, mas para descobrir agora que foi apenas o Imperador... Deusa, ele não podia pensar em um pior castigo, então ficou surpreso com as próximas palavras do Imperador.

— Kim está bem, ela está na caverna. Precisamos recuperá-la para que eu possa colocá-la no Searcher e na unidade de reparo.

— Kim? — Veron franziu a testa ao ouvir o nome estranho.

— É o nome dela. Kim Teel e ela é minha ! — Wray rosnou para ele.

— Sua? — Veron não pode esconder seu choque. Wray afirmou que nunca aceitaria outra fêmea após a morte de sua Imperatriz, mas agora estava reivindicando essa fêmea, uma mulher de uma espécie desconhecida e uma que foi abusada. Por quê?

— Você se uniu a ela? — Ele perguntou calmamente.

— Não! — Wray viu o choque e a incredulidade de seu amigo, enquanto entendia, não gostava disso. — Ela ainda está se recuperando da estada com os Ganglians, mas não tenha dúvida, Veron, ela é minha! Agora precisamos chegar até ela, está sozinha.

— Neste momento, a outra equipe deve ter chegado à caverna.

— O quê? — Wray começou a se afastar, se virou fazendo Veron tropeçar em surpresa.

— Nós sabíamos que havia apenas duas cavernas nesta área onde você poderia ter se hospedado. Quando o localizador não conseguiu identificar sua localização exata, dividimos em duas equipes. Um acima. Um abaixo. Nós somos a equipe acima.

— Contate-os! Agora! — Ordenou Wray. — Informe-os, eles não devem entrar na caverna!

— Sim, senhor. — Mas Veron falava para o espaço vazio onde Wray esteve ao lado do penhasco.

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Kim dobrou a manta de sobrevivência e colocou-a de volta no saco agora vazio. Em pé, ela olhou ao redor da caverna. Descobriu que não queria ir embora. Queria ficar ali. Com Wray. Não queria enfrentar o que estava lá fora, não queria lidar com os olhares que sabia que receberia. Todo mundo saberia o aconteceu com ela, o que os Ganglians fizeram... como iria lidar com isso?

Lentamente, ela se sentou no que considerava como sua pedra e pensou sobre isso. Será que realmente era importante para ela? O que as pessoas pensariam dela? Não é como se o que aconteceu foi culpa dela, mas ainda... ainda tinha pesadelos, ainda não dormiu com Wray. Poderia realmente superar isso? Poderia realmente seguir em frente e viver uma vida plena e rica com Wray? Poderia se tornar uma mulher inteira e completa? Uma que Wray pudesse amar e se orgulhar? Não a vítima que encontrou. Ela não tinha certeza. Seria tão difícil ...

A vida nem sempre é fácil, Kimberly. Ela podia ouvir a voz doce de sua mãe dizendo. — Mas é tão ruim quanto você deixa ser, como acredita que é. Não deixe algo ruim tirar todo o bem em sua vida, se fizer isso, então o mal ganha.

Kim não podia deixar isso acontecer. O bastardo fedido tirou o suficiente da sua. Ela não o deixaria levar Wray também. Superaria o que aconteceu. Levaria um tempo e nunca mais seria a pessoa de antes, mas isso não era tudo ruim. Tomaria o que aconteceu com ela e aprenderia com isso. Wray acreditava nela e ela acreditava nele, juntos poderiam fazer qualquer coisa.

E se não pudessem ter filhos juntos? O que aconteceria então? Ele disse a ela o quão importante era isso, mas já perdeu Van. Queria mesmo mais filhos? Por que ela não fez essas perguntas antes?

— Bem, o que temos aqui?

Os olhos de Kim se levantaram para encontrar dois machos muito grandes entrando na câmara e nenhum deles era Wray.

— Quem é você? — Kim perguntou, enquanto olhava de um macho vermelho para o outro. Eles eram obviamente Torniano. Wray disse a dela como Tornianos tinha muitas cores, mas que todos tinham o mesmo longo cabelo preto. Esses dois não eram tão grandes quanto Wray, mas isso não os tornava pequenos por qualquer meio. Por que estavam ali? Onde estava Wray?

— Sou o Guerreiro Gyula. — O maior dos dois falou, indicando a si mesmo — Ele o Guerreiro Fala. — Ele apontou para o menor. — Estamos aqui para o Imperador.

— O Imperador? — Kim olhou-o confusa. — O Imperador não está aqui. — Por que eles pensariam que estava?

— Mas você é... — Gyula rosnou e deu um passo em direção a ela.

Kim imediatamente se afastou. Ela não gostava da maneira como ele estava olhando-a.

— E você não tem nenhum macho a protegendo. — Fala disse enquanto seus olhos percorriam suas pernas nuas.

— Sim eu tenho. Tenho Wray. — Kim afirmou, tentando manter a calma. Estes eram guerreiros Tornianos. Eles protegiam as fêmeas. Não as machucavam.

— Suas mentiras cheiram tão mal quanto você. — Gyula cuspiu movendo-se para o lado dela. — O Imperador jurou que nunca tomaria outra fêmea e mesmo que o fizesse, nunca consideraria se unir a uma fêmea como você! — Kim podia facilmente ouvir o desgosto em sua voz.

— Fêmeas como você apenas são boas para servir um macho quando fêmeas dignas não estão disponíveis. — Fala disse ficando do outro lado.

— Fêmeas como eu? — Perguntou Kim, afastando-se e com o coração acelerado. O que estava acontecendo ali? Onde estava Wray?

— Uma que não pode ir além de um Guerreiro Torniano de baixa linhagem. — Gyula disse, olhando para ela como se fosse estúpida. — A Deusa apenas criou você para que seus guerreiros mais abençoados usassem à sua vontade e a usarei agora! — Ele declarou quando foi em direção a Kim.

Kim tentou saltar para o lado, mas Gyula foi mais rápido do que parecia e seu aperto machucava seu braço quando ele a jogou no chão.

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— Eu a terei primeiro! — Disse Fala, empurrando Gyula de lado antes de cair sobre ela.

— Wray! — Kim gritou antes que a respiração fosse tirada dela. Não podia passar por isso novamente. Não podia!

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Wray pulou os últimos três metros pousando em seus pés, suas mãos e peito cortando e sangrando de sua descida imprudente pelas paredes do penhasco. Sua mente correu todo o caminho para baixo. Ele nunca deveria ter escalado esse penhasco, nunca deveria ter deixado Kim sozinha. Deveria ter esperado apenas que Veron o encontrasse, mas queria ter Kim no Searcher, para que pudesse cuidar bem dela. O que estava pensando deixando-a desprotegida? Ainda havia muito que ele não explicou, tanto que ela não sabia. E se seus guerreiros a encontraram, não havia como dizer o que poderiam fazer. Ouvir o grito apavorado, o fez entrar correndo na caverna para defender Kim.

— Não! — Kim tentou gritar, mas nenhum som saiu enquanto lutava contra o peso opressivo que a apoiava, estendendo a mão, passou as unhas pelo rosto de Fala. Imediatamente ele se afastou, afugentado pela dor e a surpresa.

— Você se atreve... — Ele acusou e levantou o punho para golpeá-la quando outro rugido encheu a câmara.

Ambos os homens ficaram de pé e puxaram suas espadas quando se viraram para enfrentar a ameaça desconhecida.

Wray entrou na câmara, seus olhos procurando freneticamente por Kim. Ao encontrá-la deitada de costas, os olhos cheios de medo, enfureceu-o. Seu olhar voltou-se para os dois guerreiros que estavam sobre ela, suas espadas desembainhadas. Wray avançou sobre eles.

Kim correu para longe dos machos quando se viraram e puxaram suas espadas. Ela não sabia o que os fez soltá-la, mas não esperaria para descobrir. Ficando de pé, ela manteve os olhos fixos nas costas deles enquanto se preparava para correr ao redor. E se pudesse sair da caverna, poderia encontrar Wray e ele a protegeria.

Enquanto seus olhos se moviam para sua rota de fuga, seu coração parou. Wray avançava em direção aos dois machos, seu enorme peito coberto de suor e sangue, os olhos negros de raiva. Ela nunca viu uma visão mais bonita em sua vida ou assustadora, porque suas mãos estavam vazias. Oh Deus, Wray morreria!

Então, para seu choque, assim que os guerreiros viram Wray, eles deixaram cair as espadas e ficaram de joelhos, abaixando a cabeça.

— Majestade! — Eles disseram em uníssono.

Majestade? Kim estava chocada. Por que porra estavam chamando Wray assim?

— O que, em nome da Deusa, acham que estão fazendo! — Wray rugiu, empurrando os dois machos para chegar a Kim. Seus olhos imediatamente foram para os dela cheios de medo, os novos arranhões em suas pernas, os hematomas se formando em seus braços, como a camisa dela estava parcialmente rasgada, o sangue escorrendo de seus dedos.

— Você está ferida, pequena? — Ele sussurrou bruscamente, parando a poucos centímetros dela. Queria puxá-la para seus braços, mas não tinha certeza se ela o deixaria.

— Não. Você chegou aqui a tempo. — Ela sussurrou tremendo e Wray sentiu um peso se levantar de seu peito.

— Venha aqui, pequena. — Ele disse e abriu os braços, agradecendo a Deusa quando ela entrou neles.

— Senhor! Nossas desculpas! — Disse Fala tirando a atenção de Wray de Kim. — Nós sabemos que não deveríamos ter parado de procurar por você, mas quando tropeçamos com essa fêmea... ela nos distraiu com sua óbvia vontade de se unir a nós.

— O quê? — Kim não conseguiu evitar seu suspiro de choque quando se afastou dos braços de Wray para olhar o macho ainda de joelhos.

Wray ignorou o suspiro de Kim, sem tirar os olhos dos homens.

— Você culpa uma mulher pelo seu fracasso em cumprir seu dever? — Ele exigiu.

— Senhor! Tem sido...

— Silêncio!

— Majestade!

Wray girou para enfrentar a nova ameaça e encontrou Veron e vários outros guerreiros dentro da câmara.

Veron rapidamente avaliou a situação. A fêmea que ele pensava não ter sobrevivido, estava nos braços do Imperador e os dois guerreiros que ele enviou para encontrar a entrada da caverna inferior estavam ajoelhados diante de um Imperador furioso.

— Majestade, que queixas ocorreram que o Guerreiro Fala e Gyula estão sob sua ira?

— Eles atacaram minha fêmea. — Wray rosnou, seus olhos estavam nos arranhões profundos que escorriam pelas bochechas de Fala, os arranhões que ele sabia ser feito por Kim se defendendo.

— Sua fêmea? — A cor de Gyula desapareceu em um rosa enquanto levantava os olhos cautelosos para Wray. — Mas senhor, ela não tem seu cheiro!

— Senhor. — Veron respirou profundamente e sentiu o que seus guerreiros sentiam. Ganglian. — Você ainda não se uniu a esta mulher. Fala e Gyula não romperam nenhuma lei com suas... atenções em relação a ela.

Os olhos de Kim voltaram para Wray. O que esse homem disse? Como não romperam uma lei? Ela sabia que Wray corrigiria o macho pelo a forma como seu corpo começou a tremer... então Wray se acalmou.

— Você está correto, Capitão. — Wray disse, sua voz tão bem controlada quanto seu corpo. Ele não gostou do que seu Capitão disse, mas falava a verdade. Não havia como Fala e Gyula saberem que Kim era dele. Ainda precisava se unir a ela para que tivesse seu cheiro e sem isso, Kim estava desprotegida.

— O que ele quer dizer que nenhuma lei foi rompida? — Ela perguntou, dando um passo para atrás enquanto olhava nos olhos de Wray. — Eles me atacaram. Teriam me estuprado se você não os tivesse parado. Como isso não quebra uma lei? — Silêncio absoluto encontrou sua pergunta sem que nenhum macho quisesse responder. — Responda-me, porra! — Kim ordenou, seu tom tão real quanto o de uma Imperatriz.

— Somente as fêmeas Tornianas são protegidas de não serem abusadas por machos Tornianos. — Uma voz profunda finalmente respondeu à pergunta de Kim e seus olhos foram para o homem que falou. — Todas as outras estão em risco.

Dentro da entrada da caverna havia um homem diferente de qualquer um que Kim já viu. Ele não era tão alto quanto Wray, mas não era muito mais baixo. Era tão musculoso quanto Wray, mas com um tom de pele mais perto de Kim do que um Torniano. Poderia tê-lo confundido com um humano se não fosse por seus olhos incandescentes e a ampla faixa de cabelo preto que escorria do centro de sua cabeça com cordas de contas passando por ele. Ele deveria ser um Kalisziano.

— O que você quer dizer com em risco? — Exigiu.

— As fêmeas desprotegidas, não-Tornianas, são consideradas disponíveis para qualquer Guerreiro Torniano sob a Lei Torniana.

— O quê? — Os olhos de Kim foram para Wray sabendo que o homem estava errado, mas ela viu a verdade em seus olhos. — Vocês permitem que eles estuprem quem quiser e não os pune? — Kim não tentou esconder seu choque ou sua dor de Wray.

— Eu nunca abusei de uma fêmea! — Fala rosnou para Kim.

— Realmente! — Kim sentiu sua raiva começar aumentar quando olhou para Fala. — É exatamente o que você chama o que você faria comigo! — Ela exigiu.

— Você não é Torniana, portanto, não é mais do que uma nave que a Deusa criou para seus guerreiros abençoados usarem até que uma fêmea compatível se apresentar. Não é abuso usar uma embarcação.

A boca de Kim abriu-se e fechou-se com a fala do guerreiro. Ela não tinha certeza do que a chocava mais, que ele realmente parecia acreditar no que estava dizendo ou o fato de ninguém o corrigir.

— Você não pode concordar com ele. — Kim disse olhando para Wray.

— Não é algo com o que você deveria se preocupar Kim. — Wray olhou para Fala. — Uma vez que estivermos no Searcher, explicarei tudo e você entenderá.

— Entenderei? O que há para entender, Majestade? — Kim perguntou, deixando-o saber que descobriu que ele mentiu para ela. — Seus guerreiros são apenas estupradores, não melhores que os Ganglians.

— Como você ousa me insultar, sua mulher sem valor! — Fala levantou-se, furioso. Não apenas está mulher feriu seu rosto, o colocou de joelhos diante de seu Imperador, agora insultava seu valor dizendo que ele era igual a um Gangliano! Isso ele não toleraria e se moveu em direção a ela.

— A menos que você deseje se juntar à Deusa neste dia, Fala, eu não me moveria. — As palavras baixas de Wray congelaram Fala, pois estavam cheias de uma raiva mal controlada que fazia com que todos os homens se esticassem, esperando por ele explodir. — Saiam! Vocês dois! Agora! — Ordenou Wray.

Kim observou como os machos rapidamente se afastavam para entrada da caverna à ordem do Imperador, mas não antes de darem uma olhada que disseram que a fariam pagar por isso.

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Kim olhou para o homem de pele clara por vários minutos, avaliando-o. Ele foi o único disposto a dizer-lhe o que estava acontecendo. O único disposto a dizer a ela a verdade.

— Quem é você? — Ela perguntou.

— Sou o General Treyvon Rayner.

— Você é Kalisziano.

— Sim. — Ele assentiu.

O olhar desiludido de Kim voltou para Wray, que a observava atentamente enquanto conversava com Rayner. Ela ainda não podia acreditar que ele apenas deixaria aqueles machos sairem impune depois do que fizeram com ela, depois do que disseram a ela.

Ele disse que os homens Tornianos tinham honra, que eram dignos. Era a favor do que Fala e Gyula fizeram? Desde o momento em que acordou, começou a sentir o coração a se curar. Começou a se curar de todo o dano causado pelos Ganglians com sua atenção, com seu cuidado e com sua compreensão. Agora percebeu que tudo era uma mentira.

Ele a levou a acreditar que era apenas um homem, um guerreiro como qualquer outro, nada de especial, pelo menos não além do que sentia por ele, mas ele era mais, era o Imperador. Sua paciência e cuidado tocaram algo nela que pensou que os Ganglians mataram... seus sonhos. Seu sonho de que alguém a amasse mesmo com todas as suas falhas e erros, Wray parecia capaz de fazer isso. Quando ela duvidou, ele lhe deu sua crença. Quando sua força falhou, ele lhe deu a dele. Quando ela chorou, ele a segurou.

Então, o que deveria fazer agora que ele apoiava tudo o que tentou destruí-la?

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Wray observou Kim atentamente enquanto todos seus pensamentos passavam por seu rosto. Sabia que estava chateada com ele, sabia que não entendia por que não matou Fala e Gyula por atacá-la. Havia tanto que deveria ter contado antes de Veron chegar, mas não o fez, não queria que nada interferisse em seu tempo juntos.

Ela sempre lhe fez muito bem. Mais do que percebeu com seu cuidado, com seu toque suave e com seus beijos. Ele nunca experimentou nenhum deles antes e não queria que parassem. Agora podia ver que foi um erro.

Kim confiou nele para dizer o que ela precisava saber para sobreviver em seu universo e ele falhou. Ela contou a ele como se sentia quando ele não disse que a tinha limpado e ele não ouviu.

— Kim.

— Nosso tempo juntos foi uma mentira. — Kim sussurrou, seus olhos cheios de traição e dor. — Do início ao fim. Cada toque... cada palavra... eu sou tão tola. Acreditei quando você disse que seus homens tinham honra porque você me disse que tinham. Onde está a honra no que aconteceu aqui hoje, Wray? — Ela gesticulou para as marcas na terra deixada por sua luta com Fala e Gyula. — Onde está a honra em mentir sobre quem você é, Majestade?

— Kim... — Wray deu um passo em direção a ela.

— Não! — Kim disse com dificuldade, dando um passo para trás. — Você trata as mulheres do mesmo jeito que os Tornianos fazem? — Ela perguntou se virando para Rayner.

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Os olhos do General Rayner percorreram a pequena fêmea que não apenas estava ao lado do Imperador, mas ousou desafiá-lo. Ele nunca viu uma como ela, não na cor de sua pele ou seus cabelos. Era óbvio que ela não era Torniana, especialmente depois que os guerreiros a atacaram, mas o que ela era?

— Não. — Ele percebeu que ainda tinha que responder sua pergunta quando levantou uma sobrancelha. Como era possível? Ela estava diante dele, uma coisa pequena vestindo roupas que não eram dela, coberta de terra com os cabelos em desordem e ainda assim ela conseguia parecer da realiza. — Os Kaliszianos têm mais do que fêmeas suficientes para satisfazer nossos machos. Não precisamos forçar nossas atenções em uma.

— No entanto, você permite os Tornianos, em seu próprio espaço.

Rayner endureceu seu insulto implícito. — Bem, se eu tivesse chegado primeiro, não teria permitido isso. Ofereço meu arrependimento em nome do Imperador Liron.

— Que é este?

— Ele é o Imperador do Império Kalisziano. Quando fomos informados de que o Seacher foi atacado e que o ônibus que transportava o Imperador Vasteri caiu Pontus, ele me enviou aqui para ajudar na busca.

— Vasteri... — Kim percebeu que Wray disse que ele era o Imperador, se ela estivesse ouvindo. Ele anunciou que era Wray Vasteri e mais tarde disse a ela que A Casa Vasteri era a Casa do Imperador. Ela simplesmente não juntou os dois.

— E você tem meus agradecimentos. — Wray assentiu com a cabeça para o homem. — Agora precisamos levar Kim para o Searcher.

— Imperador Vasteri. — O homem acenou com a cabeça.

— Não. — Kim disse olhando para trás para Wray. — Eu não vou com você.

— O quê? — Os olhos de Wray se fixaram em Kim e seu coração se apertou quando os olhos que encontraram o dele não tinham calor, não tinham nenhum dos cuidados que sempre estiveram lá.

— Eu ficarei aqui. Onde não sou considerada uma nave para ser usada por capricho masculino. Onde não sou algo considerada indigna de proteger. — Kim disse e viu Wray pálido quando suas palavras o atingiram.

— Bem, se este for seu desejo, tem a proteção do Império Kalisziano, este é meu voto. — Rayner respondeu.

— Obrigada. — Kim disse, afastando os olhos de Wray, mesmo quando seu coração protestava. Ela tentou sorrir para Rayner, mas descobriu que não tinha força nela.

— Não! — Wray rugiu. As palavras de Kim o congelou no lugar com uma dor diferente da que já sentiu antes. Ela realmente não acreditava que ele pensava que ela era indigna de proteger, que não a protegeria com sua vida, mas a pronta aceitação do voto de outro homem lhe dizia que sim. Ele perdeu sua confiança. Seu amor. Isso não permitiria. Não poderia permitir e sobreviver. Ela era dele e faria tudo para mantê-la. — Você não concederá santuário, General. Porque se o fizer seu povo pagará o preço.

A cabeça de Kim se virou com a crueldade fria na voz Wray e encontrou seus olhos duros e frios. Ali não estava o homem gentil e atencioso que conheceu, mas sim o Imperador implacável.

— Você me ameaça? — O General grunhiu.

— É uma promessa. — Wray disse a ele com uma voz mortal e baixa. — Porque se conceder santuário de Kim, cortarei todos os transportes de alimento para o Império Kalisziano.

Um silêncio atordoado encheu a câmara com a declaração do Imperador e até mesmo as luciferinas pareceram ficar ainda chocadas.

— Você não pode fazer isso! — Rayner negou horrorizado.

— Eu sou Wray Vasteri, Imperador do Império Torniano, protetor dos planetas civilizados. Eu controlo o que sai do meu Império. Eu controlo quem apoiamos.

— Meu povo morrerá de fome...

— É sua escolha.

Kim viu Rayner olhar de Wray para ela. Seus olhos estavam cheios de raiva e arrependimento e ela sabia o que ele diria.

— Sinto muito, mas não posso oferecer-lhe um santuário. Não posso colocá-la antes das necessidades do meu próprio povo.

Olhando nos olhos do General, Kim pode ver que ele realmente sentia muito por recusá-la, mas também viu sua determinação. Ele não a salvaria.

— Eu vejo por que a Deusa continua retendo suas bênçãos aos Kaliszianos. Você não é diferente do seu antepassado, colocando suas próprias necessidades antes de um inocente. — As palavras baixas de Kim o deixaram irritado, pois sua verdade cortava mais do que qualquer lâmina Torniana.

— Vamos, Kim. — Wray disse, movendo-se para pegar seu braço.

— Não me toque! — Kim sacudiu o braço, passando por ele. — Nunca mais! Você, Imperador Wray Vasteri, merece tudo o que a Deusa fez ao seu povo! — Virando, ela passou por ele.

O maxilar de Wray flexionou com o insulto e todos os homens esperavam que ele fosse até ela e a punisse, em vez disso, ele passou na sua frente, fazendo com que ela olhasse para ele com surpresa.

— Talvez nós sim, mas não a perderei, Kim. — Ele falou em voz baixa, tão cheia de dor que Kim sentiu em sua alma. — Você significa muito para mim. — Lentamente ele se aproximou e permitiu que ela passasse por ele.

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Rayner ficou tenso quando o Imperador pisou na frente da pequena fêmea, parando-a. Ele sabia que suas palavras cortaram o Imperador tão profundamente como fizeram com ele, pois eram a verdade. A verdade era algo que nenhum macho podia negar, mas para ela dizer a ele era uma coisa, para dizer para o Imperador... ela tinha um desejo de morte? No entanto, não demonstrou medo quando enfrentou o macho mais poderoso dos universos conhecidos, sua única reação foram seus brilhantes olhos verdes escurecerem antes que o Imperador a deixasse passar. Rayner descobriu que não podia deixá-la partir. Assim não.

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Wray virou-se e seguiu Kim porque, não importava o que ela dissesse, não importava o quanto ele merecesse seu desdém, ela era dele e garantiria que ficasse protegida. Quando Rayner passou na frente dela, fazendo com que ela tropeçasse, ele imediatamente a estabilizou.

— Eu não posso deixá-la ir. — Rayner declarou, sua mão se movendo para a lâmina embainhada em seu antebraço, ignorando o baixo grunhido do Imperador. — Não antes de ter feito o que posso para protegê-la. — Seus dedos rapidamente removeram a bainha e apresentou a ela. — Não é muito, mas com isso você pode se proteger. — Rayner achava difícil manter contato visual com ela enquanto ela apenas olhava para ele.

Para sua surpresa, em vez de alcançar a lâmina, levantou lentamente o braço e segurou-a para ele. Com cuidado, ele anexou a bainha ao braço, achando que precisava envolver as tiras ao redor de seus braços várias vezes antes de encaixar.

— Eu gostaria de poder fazer mais.

Kim olhou Rayner. Ele era o primeiro homem, além de Wray, que realmente tentava ajudá-la. Ele não precisava. Não sabia nada sobre ela. Não precisava, nem queria nada dela. Ele não era como seu antepassado e envergonhava-a por dizer que era.

— Obrigada. — Ela disse suavemente. — Rezarei à Deusa para abençoar você e seu povo.


CAPÍTULO ONZE

Kim parou na base dos penhascos enquanto olhava através do vale para o que supunha ser um ônibus espacial. Junto a isso estavam os destroços emaranhados de outra nave, enegrecidos e parcialmente cobertos por areia e sujeira. Como Wray conseguiu tirá-la daquilo? Olhando por cima do ombro, encontrou Wray diretamente atrás dela, seus olhos nela e não nos destroços.

— Deixe-me levá-la, Kim. — Wray pediu novamente, seus olhos suplicando aos dela.

Em vez de responder, ela se virou e começou a caminhar para as naves. Murmurando sua frustração, Wray a seguiu, observando impotente enquanto ela caminhava cuidadosamente pelo vale.

Quando se aproximaram, Wray ficou ao seu lado, ignorando seu olhar irritado. Queria que seus guerreiros soubessem que estava sob sua proteção, não haveria mais machos pensando que estava disponível.

Kim ficou rígida ao lado de Wray, de repente, todos os homens se viraram para olhá-la. Sua mão se contraiu e queria agarrar a lâmina em seu braço, mas se recusava a deixar que esses homens percebessem que a intimidavam. Virando os olhos, ela viu choque em alguns e curiosidade em outros, aparentemente não estavam de acordo com uma mulher que os olhava nos olhos.

Wray observou seus guerreiros com cuidado enquanto Kim ficava parada diante deles. Uma fêmea Torniana teria se movido atrás de seu macho, escondendo-se de tantos olhares... a menos que tentasse atrair um novo macho para se unir. Wray franziu a testa ao pensar. Enquanto ele sabia que não era o que Kim estava fazendo, seus guerreiros não sabiam.

— Esta é Kim Teel. — Ele anunciou alto. — Ela não está tentando atrair um de vocês. — Ele ignorou o suspiro surpreso de Kim e continuou. — Ela está sob minha proteção e será tratada como tal ou o ofensor receberá meu julgamento. — O olhar de Wray viajou pelo grupo, certificando-se de que entendessem. — Venha, Kim. — Ele colocou uma mão na parte inferior das costas. — Vamos levá-lo ao ônibus.

Kim endureceu ao toque de Wray. Queria se afastar dele, mas de alguma forma sabia que se fizesse isso, o envergonharia aos olhos de seus machos e mesmo depois de todas suas mentiras, não podia fazer isso com ele. Quando avançaram, os machos se separaram, cada um colocando uma mão em seu peito em algum tipo de saudação ao passarem.

Perto da entrada do ônibus, Kim viu quatro machos de pé ao lado, cada um segurando o canto de uma bolsa preta retangular. Kim parou quando de repente percebeu o que ... não, quem eles estavam carregando.

Wray franziu a testa para Kim quando de repente parou, perguntando-se o que estava errado. Quando seus olhos seguiram para onde seu olhar estava, ele se amaldiçoou silenciosamente. Ela não deveria ver isso.

— Kim...

— Esse é o seu guerreiro que morreu. — Ela disse suavemente.

— Sim, Guerreiro Damir. — Ele a informou. — Venha, Kim. — Ele disse, tentando guiá-la. — Você não precisa se preocupar... — Ele parou quando Kim se afastou dele, mas em vez de entrar no ônibus, caminhou em direção aos guerreiros que levavam o corpo do Guerreiro Damir.

Kim lentamente se aproximou dos quatro homens, mas seus olhos permaneceram no corpo do Guerreiro Damir. Ali estavam os restos de um homem que deu a vida para salvar a dela. E se quisesse ou não, não importava, ele morreu e merecia seu respeito. Colocando uma mão reverente no saco, Kim abaixou a cabeça e fez uma oração silenciosa para o guerreiro caído.

— Obrigada. — Ela sussurrou suavemente.

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Os quatro machos olharam um do outro para o Imperador, sem saber como responder quando a mulher se aproximou deles. O Imperador acabou de dizer que ela olhando-os, não queria dizer que os atraia para que se unissem seu olhar não estava sobre eles, mas ela ainda se aproximava. Por quê?

Então, para seu choque e o choque de todos os machos, ela parou e colocou uma mão na bolsa carregando os restos de seu amigo guerreiro e inclinou a cabeça.

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Wray se moveu com Kim enquanto se aproximava dos guerreiros. Ele viu sua confusão quando olharam para ele por orientação, seu movimento de cabeça mal discernível lhes disse para permanecerem onde estavam.

Wray conhecia Kim. Ele sabia que ela era uma fêmea atenciosa, mas mesmo ele ficou chocado quando colocou a mão no corpo de Damir e inclinou a cabeça reconhecendo o sacrifício dele. Para uma fêmea fazer tal coisa era inaudita. Ela estava reconhecendo o valor de Damir, para que todos vissem, seu nome agora viveria, mesmo que sua linhagem não, nas histórias que seriam contadas sobre esse dia. Tudo por causa dela.

— Kim. — Wray forçou sua garganta de repente apertada. — Vamos embarcar.

— Depois do Guerreiro Damir. — Ela disse, virando-se para Wray e ele viu sua determinação. Ela entendia a honra adicional que ela estava dando a Damir? Um homem que nunca conheceu. — Ele morreu nos salvando, Wray. — Ela disse calmamente. — Ele merece nosso respeito.

Wray apenas olhou para os solenes olhos verdes de Kim, não porque não concordasse com ela, mas porque era a primeira vez que deixaram a caverna que estavam fixos nele. Não estavam cheios de raiva ou traição e ele queria mantê-los assim.

— Ele o fez. — Wray finalmente concordou e com um aceno de cabeça para os guerreiros, colocou uma mão em sua cintura, puxando suas costas contra ele e permitiu que Damir entrasse antes do Imperador e a Imperatriz.


Wray guiou Kim através do ônibus e parou com uma mão suave na cintura dela quando os guerreiros que carregavam Damir entraram na parte traseira do ônibus.

— Eles terão certeza de que ele seja tratado com respeito e a honra que ele merece Kim. — Ele disse a ela que tinha a atenção na direção oposta.

Kim hesitou quando o corredor se abriu em uma área de estar vazia. Não era tão grande, isso lembrava a seção de primeira classe dos aviões que ela e sua família usavam quando faziam uma viagem. Sempre se perguntou como se sentiria sentar naqueles assentos largos. A suave pressão da mão de Wray em suas costas a fez se mover, guiando-a até a primeira fila.

— Sente-se, Kim e vou mostrar-lhe como trabalhar o arnês.

Voltando a olhar para o dispositivo que era basicamente um cinto de segurança, Kim estava prestes a dizer-lhe que poderia lidar com isso quando um grupo de machos entrou na sala da cabine, incluindo Fala e Gyula. Ela imediatamente endureceu.

Wray franziu o cenho quando Kim endureceu. Ela finalmente começou a suavizar-se para ele. Estava o deixando tocá-la novamente. O que mudou isso? Virando a cabeça, encontrou Fala e Gyula se movendo para se sentarem atrás deles.

— Saiam! — Ele rugiu.

A ordem do Imperador junto com o rugido fez cada macho congelar. O que estava acontecendo? Com quem ele estava falando?

— Majestade... — Veron começou, apenas para encontrar-se afastado quando Wray avançou em Gyula e Fala.

— Vocês devem sair. E se os encontrar perto da Imperatriz novamente, acabarei com suas vidas. Com lei ou nenhuma lei. Entenderam?

— Mas Majestade, somos parte de sua Guarda! — Fala estupidamente protestou.

— Você não faz. Apenas machos dignos servem ao Imperador. Machos adequados e dignos não atacam uma fêmea, Torniana ou não! Vocês serão escoltados do Searcher no minuto em que chegar a Vesta. Lorde Reeve pode decidir como lidar com vocês. Agora saiam antes que eu acabe com vocês!

O grunhido ameaçador do Imperador fez Fala e Gyula tropeçarem um no outro quando saíram da cabine. Não havia dúvidas de que o Imperador acabaria com suas vidas se tivessem hesitado.

Wray esperou até que os machos saíssem antes de voltar para Kim. Colocando uma mão gentil em sua bochecha, ele inclinou o rosto para o dele. — Eles nunca irão feri-la novamente, Kim, eu juro.

Kim lentamente assentiu, incapaz de falar. Não podia acreditar no que Wray acabou de fazer. Não entendia. Por que ele os puniria por perturbá-la, mas não por atacá-la?

— Venha Kim. Sente-se. — Ele disse a ela e ajudou-a a sentar-se, então segurou seu cinto quando viu seus dedos tremendo. — Diga ao piloto que estamos prontos, Capitão. — Wray ordenou que Veron se sentasse.

— Sim, Majestade. — Veron respondeu. Ele notificou o piloto e sentou-se ao lado de seu Imperador. Não podia acreditar no que acabou de testemunhar. O Imperador acabou de despedir dois de seus guardas porque sua presença chateava uma fêmea. Com certeza, suas ações anteriores contribuíram para isso, mas para ele declarar que os considerava impróprios e indignos de suas posições, em frente à outro Guarda... para devolvê-los à sua Casa em desgraça... viveriam para sempre com vergonha e nenhuma fêmea iria querer se unir a eles por causa disso.

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Kim fechou os olhos e apertou os dedos ao redor dos braços enquanto os motores do ônibus rugiam. Não era tão diferente de decolar em um avião, exceto que ali você ia direto antes de explodir. Ela se viu querendo segurar a mão de Wray. Sabia que seu toque a confortava, sempre fazia e ela quase se aproximou dele antes que se lembrasse que estava com raiva dele... que ele mentiu para ela.

O que isso significava? Que ela esqueceu que estava irritada com ele. Ele mentiu para ela. Não puniu Fala e Gyula por atacá-la, mas os mandou embora. Ela estava tão confusa e de repente, tão cansada, inclinando a cabeça para trás, fechou os olhos.

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Wray sabia que Veron queria falar com ele, mas o ignorou enquanto observava Kim fechar os olhos e inclinar a cabeça para trás. Sabia que nunca esteve em um ônibus antes, pelo menos não consciente e estava com medo, mas não se voltou para ele. Ela não o procurou para o conforto como fez na caverna. O que começou como um engano inocente, destruiu sua crença nele? Era algo que não considerou antes. Ele se enganou em acreditar que ficaria tão emocionada em ser a Imperatriz que não questionaria o engano. Uma fêmea Torniana não... Kim não era Torniana.

— Majestade. — Veron tentou pela terceira vez tirar a atenção do Imperador da fêmea. Que tipo de controle ela tinha sobre ele que o fazia ignorar seu Capitão? — Majestade!

— O que é, Capitão? — Wray perguntou com seus olhos ainda em Kim.

— Pensei que você gostaria de saber quem nos atacou e o que descobrimos na nave Ganglian.

Sabendo que ele precisava saber o que aconteceu se quisesse proteger Kim, Wray tirou os olhos dela.

— Diga-me. — Ele exigiu.

— A segunda nave era Zaludiana.

— Zaludiana? Por que, em nome da Deusa, eles viriam em auxílio dos Ganglianos?

— Eu não sei Majestade, mas o fizeram. Atacaram a nave Ganglian e o Searcher. O Searcher conseguiu se defender contra ambos, enquanto danificava a nave Zaludiana. Uma vez que isso aconteceu, os Zaludianos interromperam o ataque e fugiram. Nós não os seguimos.

— Por que não? — Perguntou Wray com raiva.

— Por sua causa. — Veron respondeu honestamente. — Pensei que a recuperação do Imperador fosse mais importante do que os Zaludianos. Enviei uma mensagem para o Imperador Liron solicitando sua ajuda na localização deles enquanto nos concentrávamos em recuperá-lo. A nave do General Rayner foi um dos dois que respondeu ao nosso chamado. Ele veio nos ajudar enquanto a outra seguia os Zaludianos.

— Eles os encontraram?

— Sim Senhor, mas eles resistiram e a nave foi destruído.

— Não houve sobreviventes?

— Não, Senhor.

Wray ficou em silêncio por alguns minutos pensando sobre o que Veron lhe disse. Os Zaludianos eram uma raça de catadores que viajavam pelos universos conhecidos à procura de recursos descartados que poderiam usar e vender. Eles não ajudavam ninguém.

— Houve algum dano no Searcher?

— Teve danos pequenos, Senhor. A única perda de vida foi o Guerreiro Damir. — Veron fez uma pausa antes de continuar. — Os Zaludianos pareciam visar o ônibus.

— Isso não faz sentido. Eles não poderiam saber que eu estava nele e mesmo que o fizessem, não temos nenhuma queixa com eles.

— Não, Senhor.

— Você conseguiu algo do sistema de navegação Ganglian?

— Somente nos últimos dias. Parece que eles apenas entraram no espaço de Tornian porque interceptaram uma chamada de socorro enviada por uma nave Jerboaian. Parece que seus motores superaqueceram. Os Ganglians bloquearam o sinal, capturaram a tripulação e destruíram a nave. Os machos declararam ter estado no navio menos de dois dias.

— Onde foram interceptados?

— Ao longo da borda externa do Império, não muito longe de Luda.

— Quantos?

— Menos de uma dúzia, Senhor.

Wray franziu o cenho. Os Jerboaianos eram uma espécie pequena e tímida que normalmente morava em comunidades de malha subterrâneas. Apenas viajaram quando eram contratados por planetas com depósitos minerais inexplorados para cavar túneis e em troca, eram autorizados a construir suas comunidades nos túneis deixados para trás.

— Você entrou em contato com Grim? — Quando Veron não respondeu imediatamente, Wray lhe deu um olhar afiado. — Capitão.

— Não imediatamente, Senhor.

— Por que não? — Exigiu Wray.

— Senhor... eu sabia que uma vez que ele fosse contatado, ficaria mais preocupado com você do que com a nave Jerboaian e exigiria respostas que não conseguiria dar. Quando ficou claro que a tempestade não se dissiparia rapidamente, eu o notifiquei.

— E sua resposta?

— Ele ficou furioso... comigo... por colocá-lo em perigo. — Veron disse com raiva e Wray se viu sorrindo.

— Ele o amaldiçoou, não foi?

— Sim. Ele disse que espera que eu encontre uma fêmea tão despreocupada com a proteção dela quanto eu com o Imperador. — Veron disse, balançando a cabeça com desgosto.

— Sim, posso vê-lo fazendo isso. — Wray disse, rindo e pensando em Kim. Ela era uma fêmea de várias maneiras. O que achava que deveria ter medo de que não o fizesse e com o que ela temia ter direito. Seu sorriso desapareceu ao pensar nesses medos. Era sua responsabilidade ter certeza de que não tivesse nenhum e não podia fazer isso se não confiasse nele.

Adana confiava nele para protegê-la porque ele era o Imperador, mas mesmo ele não pode protegê-la de um pássaro que deixou cair uma baga venenosa em seu prato enquanto estava fora. Kim confiava nele porque ele era Wray e a perda dessa confiança pesava forte sobre ele.

Olhando para ela, ele encontrou seus olhos nele enquanto ouvia atentamente a conversa dele e de Veron. O ônibus sacudiu levemente quando disparou seus propulsores para pousar no Searcher do e olhos de Kim se alargaram.

— Está tudo bem, Kim. — Ele disse colocando uma mão gentil em seu braço. — Estamos apenas aterrando.

— Aterrando? — Ela perguntou suavemente, então endureceu e afastou o braço quando percebeu que todos os machos do ônibus estavam olhando para ela.

— No Seacher. — Wray disse a ela olhando para seus guerreiros que abaixaram rapidamente os olhos. — Uma vez que entrarmos, a levarei para a ala médica para que o curandeiro Yakar possa examiná-la.

— Estou bem. — Ela disse a ele.

— Você precisa da unidade de reparação, Kim. Quero garantir que se curou corretamente.

— O que você quer realmente não importa, Majestade. — Kim disse rigidamente e encontrou-se querendo hesitar com a dor que viu nos olhos de Wray antes que eles ficassem em branco.

— Você verá Yakar, Kim. — Ele ordenou soltando o arnês e ficando de pé, sua voz tão dura e rígida quanto seu corpo. — Mesmo que eu tenha que carregá-la até lá chutando e gritando.

Kim rapidamente se esqueceu dos outros machos e desabotoou seu próprio arnês para ficar de pé e pressionar um dedo no peito de Wray.

— Você não se atreveria. — Ela sibilou.

— Teste-me. — Wray rosnou abaixando a cabeça para poder ver a determinação em seus olhos.

Os olhos de Kim se arregalaram quando percebeu que Wray realmente a levaria para fora dali se ela não fosse de bom grado. O que aconteceu com o seu gentil guerreiro?

O que aconteceu com sua fêmea atenciosa? As palavras silenciosas sussurraram através da mente de Kim.

— Tudo bem. — Ela disse calmamente. — Mas ele não me toca.

— Ninguém irá tocá-la, Kim. — Ele assegurou, certificando-se de que todo macho o ouvisse e recuasse, permitindo que ela passasse. — Ninguém além de mim. — Ele disse apenas para seus ouvidos.


CAPÍTULO DOZE

Kim não gostava de Yakar. Não gostava dele em nada. Estava na forma como a encarava, como se fosse um inseto que gostaria de dissecar antes de voltar sua atenção para Wray.

— Majestade, você está ferido. — Os olhos de Yakar percorreram os riscos que ainda cobriam sua bochecha.

— Eu estou bem. A Imperatriz Kim precisa da unidade de reparação.

— Kim? — Yakar olhou para ele interrogativamente.

— Sim. — Wray gesticulou para ela. — Esta é minha Imperatriz.

— Ela parece bem para mim, Senhor. — Yakar disse com desdém. — Você, por outro lado, precisa de tratamento ou pode ser considerado indigno como seu irmão.

— O que você acabou de dizer? — Perguntou Wray em uma voz enganosamente baixa.

— Eu... minhas desculpas, Senhor. — Yakar empalideceu com a raiva no rosto do Imperador. — Eu não quis desrespeitar o Rei Grim. Também não quero que você fique com uma cicatriz.

Kim olhou de Wray para Yakar e mais do que Wray lhe disse na caverna fez sentido.

Grim. O irmão de Wray.

Rei Grim. O Rei de Luda.

Sempre um parente de sangue do Imperador.

Wray disse a verdade. Mas apenas algumas partes dela.

— O que há de errado com seu irmão? — Perguntou Kim.

— Não há nada de errado com Grim. — Wray rosnou tão irritado que Yakar se encolheu. Kim não o fez.

— Então, por que ele... — Ela gesticulou para Yakar. — Considera-o indigno? — Ela disse ignorando o suspiro de Yakar. — Você disse que Fala e Gyula eram indignos. Seu irmão é como eles? — Kim se recusou a parar de fazer perguntas, mesmo quando o rosto de Wray escurecia com cada uma.

— Grim não é nada como Fala e Gyula! — Wray disse com os dentes apertados. — Ele é o macho mais apto, mais forte e digno que eu conheço! Ele nunca atacaria nem abusaria de uma mulher.

— Então, por que ele é considerado impróprio? — Exigiu Kim. Ela não iria deixar isso. Não podia simplesmente aceitar a palavra de Wray, não depois de tudo o que ele escondeu.

— Porque ele tem uma cicatriz. — Wray disse e esperou que Kim dissesse agora entendia e concordava com Yakar, em vez disso ela franziu a testa.

— Então? — Ela perguntou.

— As fêmeas Tornianas acreditam que, porque tem uma cicatriz, ele será incapaz de protegê-las e se recusam a considerá-lo para uma união.

— O que significa que ele não terá prole.

— Sim.

— Suas fêmeas estão gravemente enganadas, Wray.

— Eu não posso discutir com isso, Kim. — Wray disse e descobriu que sua raiva deixava sua fácil aceitação de Grim.

— Por que ele tem uma cicatriz? — Perguntou Kim, olhando para seus dedos.

— Ele foi atacado no caminho para encontrar uma fêmea. Os atacantes morreram e ele ficou gravemente ferido.

— Mas se ele... — Kim assentiu com a cabeça para o curandeiro. — Pode curar o que eu fiz com você, por que Grim tem cicatrizes?

— Você fez isso! — Exclamou Yakar, mas Wray o ignorou.

— Estas. — Wray gesticulou para seu rosto. — E estas. — Disse ele, pegando suas mãos. — São facilmente tratadas pela unidade de reparação. Os ferimentos de Grim foram causados por uma lâmina Torniana. Ela deixa um resíduo que as unidades de reparo não podem remover, portanto, cicatrizes.

— Ah.

— Vamos levá-la para a unidade de reparo, Kim. — Wray disse suavemente.

— Depois que seu rosto estiver curado.

— Kim...

— Eu fiz isso com você, Wray e quero que seja curado. Não entrarei na unidade de reparo até que termine.

— O Imperador não precisa da unidade de reparação. — Yakar disse a ela com uma voz fria que dizia que achava que ela era estúpida. — Uma unidade de mão reparará o dano que você causou.

— Então faça. — Kim lançou-lhe um olhar irritado, sua voz tão fria como a dele.

— Pegue a unidade, Yakar. — Ordenou Wray. — Eu o farei para que Kim possa ser tratada.

— Sim, Majestade.

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Kim observou enquanto Yakar movia lentamente um dispositivo estranho sobre os arranhões no rosto de Wray por vários minutos e eles desapareceram.

— Feito, Majestade. — Yakar disse e colocou o dispositivo de lado antes de se voltar para Kim, com os olhos gelados sobre ela. — Retire suas roupas. — Ele ordenou.

— Isso não acontecerá assim. — Kim disse e deu um rápido passo atrás quando ele a alcançou.

— Não toque nela, Yakar. — A baixa ordem de Wray fez o curandeiro imediatamente congelar.

— Mas senhor, preciso examiná-la fisicamente. Embora pareça ser semelhante às nossas fêmeas, não sabemos disso com certeza. Um exame físico é a única maneira de saber se ela pode se reproduzir com sucesso com um dos nossos machos.

— Com certeza um elogio... — Sibilou Kim.

— Isso não importa, Yakar e você não a tocará! — Disse Wray, agarrando o curandeiro quando ele tentou se aproximar de Kim novamente.

— Mas... Senhor!

— Prepare a unidade de reparação, então saia. — Wray ordenou.

— Mas Majestade...

— Agora, Yakar!

— Sim, Senhor.

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Wray observou silenciosamente Kim enquanto Yakar preparava a unidade de reparo, depois saiu. Ele sabia que as palavras do curandeiro a incomodou. Sabia que ela teria perguntas, perguntas que precisaria responder com honestidade, se ele não quisesse perdê-la.

— Não é necessário que você fique nua para a unidade de reparação funcionar, Kim.

— Então, por que Yakar o exigiu?

— Você é uma espécie que ele nunca encontrou antes. Desejava inspecionar visualmente.

— Ele pode levar o seu inspecionar-me visualmente e empurrá-lo onde o sol não brilha! — Kim disse com raiva.

— Sinto muito, Kim. Eu deveria ter percebido que ele consideraria necessário.

— Não acontecerá.

— Não, não acontecerá. Eu serei o único a ver a beleza de seu corpo nu.

Kim ficou em silêncio por alguns segundos, chocada com suas palavras, então, balançou a cabeça.

— Eu não entendo você, Wray... — Kim deu vários passos distantes dele antes de voltar para encará-lo. — Você permite que Fala e Gyula me ataquem, mas se recusa a deixar que um curandeiro me veja.

— Eu não permiti aquilo! — Wray negou veementemente.

— Você os deixou ir! — Kim acusou. — Você disse que não fizeram nada de errado!

— E não fizeram! Eu disse que não quebraram nenhuma lei! Sou o Imperador! Eu mais do que qualquer outro, devo seguir a lei!

— Como pode ser lei que seus machos tenham autorização para estuprar qualquer mulher que querem! Como isso é diferente do que Lucan fez?

— É uma lei antiga que foi corrompida até o ponto em que agora é uma farsa do que era uma vez.

— Então, por que você não se livrou disso?

— Porque até agora não percebi que estava sendo usada dessa maneira. — Wray disse passando uma mão desanimada pelo cabelo. — Por qualquer macho Torniano, muito menos os da Guarda, para pensar que eles têm o direito de abusar de uma fêmea... qualquer fêmea é inaceitável.

— O que é essa lei, Wray?

— Ocorreu antes do reinado de Lucan, quando as fêmeas eram abundantes e nossos machos podiam ter prole com qualquer espécie. Começou como uma lei que protegia uma fêmea e sua prole. Isso fazia com que um macho assumisse a responsabilidade por qualquer fêmea com quem se unisse e apresentasse uma prole.

— Isso parece ser bom, um macho deve ser responsável por sua prole e a fêmea que deu a ele.

— Sim, foi uma boa lei, mas depois da grande infecção, as fêmeas não-Tornianas não conseguiram apresentar proles aptas e a lei foi alterada.

— O que faz a prole não ser apta? — Kim perguntou.

— Quase todos os descendentes apresentados por fêmeas não-Tornianas nascem sem vida e aqueles que vivem são mais frequentemente considerados impróprios porque não conseguem funcionar em nossa sociedade. Eles são... — Wray olhou para o teto procurando as palavras. — Eu não posso expressá-lo corretamente, Kim, não de uma maneira que você entenda, mas um macho deve ter uma prole apta para continuar sua linhagem. Um que pode ser produtivo de alguma forma. E se sua prole não pode fazer isso, ele é considerado impróprio.

— E a maioria dos filhos não-Tornianos não conseguem fazer isso.

— Não, eles não conseguem.

— O que mudou a lei, Wray?

— Foi mudado para que um macho Torniano fosse responsável apenas por uma fêmea Torniana e sua prole.

— Por que fariam isso?

— Porque precisávamos de filhos aptos. Nunca foi destinada a permitir que um macho abusasse de fêmeas não Tornianas. Isso apenas o tornava responsável pelas crias impróprias, permitindo que ele ainda se unisse a uma fêmea Torniana.

— Mas sim, permitiu.

— Sim e eu trabalharei na correção da lei uma vez que voltarmos para Tornian. — Ele colocou um dedo gentil em seus lábios quando ela abriu a boca. — Eu não posso simplesmente mudar uma lei, Kim. Não funciona assim. Deve ser perante a Assembleia dos Lordes e deve ser em uma votação. Eu não sei se você está acostumada com isso...

— É assim na Terra, nenhuma pessoa pode simplesmente mudar uma lei.

— Então você entende. Agora, deixará a unidade de reparação tratá-la? Prometo que não causará nenhum mal.

— Eu me sinto bem.

— Por favor, Kim... — Implorou Wray. — Eu quero ter certeza. A unidade de reparo portátil que usei na nave Ganglian não pode fazer muito. E se alguma coisa acontecer com você agora que a encontrei, não sei o que eu faria.

Kim silenciosamente olhou para Wray por alguns segundos, depois assentiu.

— Tudo bem. — Ela viu o alívio instantâneo no rosto de Wray antes de levá-la ao que parecia uma cama alta.

— Esta é a unidade de reparação, Kim. — Wray gesticulou para cama. — Tudo o que você precisa fazer é deitar- se e o topo fechará.

— Ele fecha? — E de repente, Kim não estava certa de querer entrar nela.

— Sim, mas não o tempo todo. — Wray rapidamente a tranquilizou. — Você poderá me ver através da tampa se desejar e pode falar. Vai me deixar ajudá-la?

— Eu... sim. — Kim assentiu e as mãos de Wray rapidamente cercaram sua cintura e a levantou para cama.

— Tudo que você precisa fazer é deitar-se, Kim. A unidade fará o resto.

— Você ficará comigo? — Os olhos dela silenciosamente imploraram com ele.

— Claro. — Disse Wray. — Eu não a deixarei, Kim.

Inclinando a cabeça, ela recuou.


Kim entrou na unidade, olhando da tampa de vidro para Wray, que, fiel a sua palavra, não saiu de seu lado. A unidade rangia suavemente e podia ver diferentes luzes coloridas se movendo para cima e para baixo, mas não sentia nada.

— Está funcionando? — Perguntou ela.

— Sim, Kim. — Wray disse, seus olhos se movendo para algo que ela não podia ver.

— Mas eu não sinto nada.

— Confie em mim, está funcionando. — Ele disse a ela.

— Posso? — Ela perguntou suavemente e viu seus olhos irem para ela em confusão. — Você mentiu para mim, Wray. Repetidamente. Como deveria confiar em você agora?

O coração de Wray se apertou com as palavras de Kim. Ele sabia que danificou sua confiança ao não lhe dizer que era o Imperador e novamente, por não punir Fala e Gyula, mas ele a perdeu completamente?

— Você pode Kim, me perguntar qualquer coisa e responderei honestamente.

— Como deveria saber o que lhe perguntar, Wray? Não conheço seu mundo. Eu não sei sobre o que você mentiu. Acreditei estupidamente em tudo o que me disse.

— Você não é estúpida, Kim. — Wray imediatamente negou. — Já estava lidando com a tomada pelos Ganglians e não sabia nada sobre o mundo para o qual foi empurrada. Aproveitei disso, dizendo-lhe apenas o que eu queria que você conhecesse. Nunca farei isso novamente.

— Você vai me dizer a verdade, mesmo que isso o faça parecer ruim?

— Sim.

— Adana está realmente morta? — Kim fez a pergunta que mais a incomodava. Seu instinto inicial estava correto?

— Claro! — Wray não podia acreditar que ela pensaria que mentiria sobre isso! — Deusa, Kim! Eu não mentiria para você sobre isso! Adana morreu quase catorze anos atrás. Ela estava em uma excursão e ingeriu uma baga Skua. Elas são venenosas. — Wray disse a ela antes que pudesse perguntar. — Ela morreu em poucos minutos.

— E Van? — Ela se forçou a perguntar, recusando-se a deixar sua dor óbvia detê-la. Deixou que ele a distraísse antes e não fez as perguntas que deveria.

— Também é verdade... mas não toda a verdade. — Ele admitiu.

— Qual é a verdade inteira?

— Van não estava sozinho quando seu transporte caiu da ponte. Seu irmão mais velho, Tora, estava com ele.

— Você tinha dois descendentes masculinos... ambos de Adana? — Kim sussurrou.

— Sim. Tora era quase três anos mais velho do que Van. Eles estavam retornando da região de Etruria quando o acidente ocorreu. A Guarda que viajava com eles escolheu salvar Tora primeiro, mesmo que Tora protestasse e voltasse para Van. O transporte caiu antes que eles pudessem voltar para ele.

— Tora testemunhou isso?

— Sim e ele se culpa pela morte de seu irmão.

— Por quê? Não havia nada que pudesse fazer para evitar.

— Ele se culpa porque é meu primeiro, o que significa que ele é o futuro Imperador do Império Torniano. Por isso que o Guardião o resgatou primeiro, apesar dele ter protestado. Tora sempre foi um nadador mais forte do que Van e acredita que poderia ter sobrevivido se Van fosse levado primeiro.

— Ele teria?

— Não. Foram necessários três machos Tornian adulto para colocar Tora em segurança, aos treze Tora nunca teria sobrevivido.

— E ele não quer acreditar nisso.

— Não.

Kim estava prestes a fazer outra pergunta quando a tampa da unidade começou a subir, indicando que a unidade estava concluída. Sentada, ela olhou para as mãos, as leves cicatrizes desapareceram, substituídas por uma pele perfeitamente lisa e pálida.

— Uau.

— A unidade não encontrou nenhum outro dano, Kim. — Wray disse a ela, aliviado com as descobertas. — Venha, deixe-me levá-la para os aposentos para que você possa se limpar e comer. Nós podemos conversar mais lá. — Com seu aceno lento, Wray a tirou da cama.


CAPÍTULO TREZE

Kim inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, deixando a água da unidade de limpeza fluir pelas costas e nos cabelos. Wray mostrou a ela como operá-lo, depois saiu para poder pedir uma refeição.

Ficou surpresa com a câmara de Wray. A sala de estar principal, o que ele chamava de área comum, continha um grande sofá, várias cadeiras e uma mesa cheia de papéis. Não tinha cor, não tinha tapetes ou travesseiros para suavizar as bordas afiadas. Não tinha nenhum luxo que ela esperava que a câmara de um Imperador tivesse e a câmara de repouso não era diferente, contendo apenas uma cama grande e uma única cadeira.

Então, quando Wray a levou para a câmara de limpeza, estava preparada para o quão austera era, mas a água estava quente e havia bastante, por enquanto, era tudo o que lhe importava. Precisava de tempo para digerir tudo o que aconteceu.

Sua confiança em Wray foi severamente abalada, algo que ela não achou possível, assim como ele cuidou dela, depois de quão gentil e compreensivo foi. Mas ele mentiu sobre quem realmente era e se podia mentir para ela sobre algo tão básico sobre o que mais mentiria...

A menos que você seja perfeita, Kimmy você não pode esperar que outra pessoa seja. Ela lembrou o que sua mãe disse uma vez que uma amiga não conseguiu cumprir uma promessa. Pode haver uma razão pela qual Sarah não poderia vir. Sua mãe disse e houve, Sarah caiu de sua bicicleta e quebrou o braço. Wray poderia ter uma razão tão válida para não lhe dizer que era o Imperador?

Havia apenas uma maneira de descobrir. Saindo da unidade de limpeza, ela congelou, seus olhos viajando para o balcão onde estava uma camisa limpa e de cor-real. Seus olhos foram para a porta fechada. Wray pensou em vesti-la com uma camisa limpa, sabendo que não gostaria de usar aquela com a qual foi atacada. Ela disse algumas coisas muito dolorosas para ele naquela caverna, coisas que ambos sabiam ser falsas e ainda assim ele certificou-se de que fosse cuidada.

Isso deveria significar alg ... não er ... ela precisava descobrir.

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Wray sentou na mesa. Havia várias bandejas de comida diante dele. Ordenou um pouco de tudo, sem saber o que Kim gostaria e esperava. Ele não podia perdê-la, não podia. Seu tempo na caverna mostrou a ele o quão diferente era sua vida quando amava a fêmea com quem ele iria se unir, quando ela o amava. Nas condições difíceis daquela caverna, descobriu uma felicidade que nunca soube ser possível. Aprendeu que algo tão simples como um toque poderia transmitir tanto se era por mão ou lábios e ele sabia que não queria viver sem isso agora.

Kim era uma criatura tão maravilhosa. Foi terrivelmente abusada, mas não se deixou quebrar ou destruir, como faria uma fêmea Torniana. Ela lutou contra os Ganglianos, lutou contra seus medos e até lutou contra ele quando achou que estava errado e ele estava errado. Deveria ter imediatamente dito a ela quem era quando ela acordou. Deveria ter admitido seu engano quando ficou chateada com ele não lhe dizendo que a limpou, mas não o fez.

Ele enganou a si mesmo crendo que não importaria para ela... sua mentira... porque não queria parecer menos em seus olhos. Agora ele parecia pior. Agora ela questionava tudo o que dizia.

Precisava corrigir isso. Ele corrigiria isso! Mesmo que demorasse o resto de sua vida.

O som da abertura da porta da sala de limpeza fez Wray ficar de pé. Ele começou a se mover para o lado dela, mas a visão dela usando a cor de sua casa o fez parar. Deusa, ele nunca viu nada mais bonito do que Kim. Ela usava a cor de sua casa como se tivesse nascido para isso.

Kim deixou seus olhos percorrerem Wray enquanto se movia para ela. Ele trocou de roupa enquanto estava na unidade de limpeza. Agora usava uma calça preta limpa, botas brilhantes e uma camisa da mesma cor que a dela, mas estava esticada em seus ombros maciços e mal conseguiu cobrir parte de seu belo peito.

— Kim... — Ele começou a dizer o quão bonita quando a porta externa se abriu e Veron entrou. Kim deu um passo assustado para trás.

— Majestade, tenho notícias... — Veron começou.

— Eu lhe dei permissão para entrar, Capitão? — Wray perguntou, odiando o jeito como Kim recuou com medo.

— Eu... — Veron deu a Wray um olhar surpreso. Ele nunca antes precisou de permissão para entrar nos aposentos do Imperador. E de repente, viu a pequena fêmea pela qual o Imperador parecia tão apaixonado se encolher de medo. — Minhas desculpas, Majestade, não percebi que a fêmea estava com você.

— Kim. — Wray rosnou para Veron. — Ela não é uma fêmea, Capitão, ela é sua Imperatriz e você irá tratá-la como tal ou sofrerá minha ira.

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Kim silenciosamente se amaldiçoou por deixar o medo fazer ela dar um passo atrás. Merda! Ela não iria ter medo a cada maldito momento em que um homem entrou na sala. Não sentiu quando estava na Terra e enquanto sabia que o que aconteceu com ela a mudaria para sempre, não iria deixá-lo governa-la. Ela não era as filhas de Lucan.

Ao avançar, as palavras de Wray a pararam e ela deu-lhe um olhar chocado. Ele disse isso antes... que ela era sua Imperatriz... mas realmente não acreditou nele. Ele não podia seriamente fazer dela sua Imperatriz... poderia? Ela era apenas Kim Teel... uma garota da Terra. Aquela que, até algumas semanas atrás, sequer sabia que havia vida em outros planetas. Quem nunca ouviu falar de um povo chamado Tornian e agora ele queria que ela ficasse ao seu lado e ajudasse a governá- los? Ele perdeu a cabeça

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Veron ficou chocado. Wray não poderia realmente querer tomar uma não-Torniana como sua Imperatriz... poderia?

E se ela não pudesse apresentar descendência?

E se a prole não fosse adequada?

O que aconteceria com Tora, se ela apresentasse um macho apropriado?

Já fazia centenas de anos que um Imperador tomou uma segunda Imperatriz e apenas porque a primeira morreu antes de lhe dar machos. E se esta fêmea pudesse apresentar machos aptos, poderia separar a Casa Vasteri.

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Wray observou a incredulidade no rosto de seu amigo. Ele sabia o que estava pensando. Com o que estava preocupado, mas faria isso funcionar, porque não desistiria de Kim. Ele nomearia Tora Imperador primeiro.

— Kim. — Wray virou-se para ela, estendeu a mão e esperou.

Kim apenas olhou para ele por um longo momento, então de repente percebeu o que queria. Ele estava perguntando a ela, segurando aquela mão, para reconhecer que ela era sua Imperatriz.

Ela poderia?

Poderia tomar essa mão quando ainda havia tantas perguntas sem resposta entre eles? Não poderia e não conseguia enxergá-lo na frente de um de seus guerreiros?

Ela sabia que nunca poderia fazer isso com Wray. Não importava o que ainda estivesse entre eles, lentamente ela colocou a mão na dele.

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Wray queria rugir quando Kim colocou a mão na dele. Queria ignorar Veron e puxar Kim em seus braços. Sabia o que tomou para que ela colocasse sua mão na dele. A coragem que precisou, especialmente com tanto ainda não resolvido entre eles, mas ela o fez e isso lhe dava esperança. Esperava que ela ainda pudesse perdoá-lo e aceitá-lo como seu macho.

— Kim. — Wray aproximou-a quando se virou para Veron. — Este é o Capitão Veron. Ele não é apenas um dos meus Capitães, mas também é um conselheiro e amigo confiável.

— Capitão. — Kim reconheceu o macho, dando-lhe um leve aceno de cabeça. Ela não percebeu quão real ela parecia para ele, ali parada com a camisa do Imperador. Ela era uma Imperatriz.

— Veron, eu apresento-lhe minha Imperatriz, Kim Teel. Ela é a única fêmea que já amei e a única da qual nunca desistirei.

— M... Majestade. — Veron gaguejou, tentando esconder seu choque. Os machos nunca eram autorizados a abordar diretamente a fêmea de outro macho, nem mesmo a Imperatriz. Para Wray permitir que o fizesse, era uma grande honra. Colocando um braço em seu peito, ele se curvou.

— Você disse que tinha notícias. — Disse Wray, tirando a atenção de Veron para ele.

— Sim, Senhor. — Veron imediatamente voltou sua atenção. — O General Rayner encontrou evidências de que os Zaludianos estão minando ilegalmente em Pontus.

— O que explicaria por que queriam os Jerboaianos.

— Sim Senhor, e por que ajudariam os Ganglians, se os estivessem abastecendo os mineiros.

— Rayner ficará para investigar?

— Sim, Majestade.

— Bom, avise-o que quero manter-me informado. Este é agora um assunto pessoal que diz respeito ao Imperador.

— Sim, Majestade.

Wray estava prestes a continuar quando o estômago de Kim grunhiu suavemente lembrando-lhe que ele ainda tinha que alimentá-la.

— Isso é tudo por enquanto, Capitão. Defina um curso para Vesta.

— Sim, Majestade. — Com um braço em seu peito, Veron curvou-se e saiu da sala.

Seguindo Veron, Wray pressionou vários botões no painel de controle ao lado da porta e voltou-se para ela.

— A porta agora está selada, Kim, ninguém poderá entrar sem permissão.

— Obrigada. — Ela disse suavemente.

— Não há necessidade de me agradecer. É minha maior honra protegê-la. Venha. — Disse ele, levando-a para mesa. — Eu trouxe comida para você.

Kim sentou-se na cadeira que Wray puxou para ela e olhou para os pratos de comida que se transbordavam antes dela. Nada parecia familiar e ela começou a desejar ter uma barra de nutrientes, pelo menos então saberia o gosto. Respirando fundo, ela alcançou o que poderia ser uma tira de bacon.

— Isso é um rashtar. — Ele disse a ela, observando quando ela tomou uma pequena mordida e mastigou.

— Não é ruim. — Ela disse. — Tem gosto de bacon na Terra.

— Isso é bom? — Perguntou Wray.

— Sim. Eu gosto de bacon. O que é isso? — Ela perguntou, apontando para uma pequena coisa roxa redonda com manchas pretas. Isso a lembrou uma ameixa, bem uma ameixa de aparência estranha.

— Isso se chama mansikka, é doce e suculento.

Com uma pequena mordida, Kim zumbiu em diversão, surpresa por achar parecida com morango, sua fruta favorita.

— Você gosta do mansikka. — Wray disse, afirmando o óbvio.

— Muito. — Ela disse, colocando o resto em sua boca.

— Garantirei que você sempre a tenha.

Sentada, Kim o observou silenciosamente por vários segundos e descobriu que queria respostas mais do que comida.

— Por que mentiu, Wray? — Perguntou em voz baixa.

Wray respirou fundo. Ela o surpreendeu. Esperava que ele tivesse mais tempo para descobrir a melhor maneira de explicar isso. Deveria saber melhor. Sua Kim enfrentava as coisas de frente. Ela era forte e corajosa e precisava ser tão corajoso para lhe dizer a verdade.

— Eu menti para você porque queria saber como reagiria a mim. — Ele disse observando sua expressão de perto.

— Eu não entendo. — Kim disse, franzindo a testa um pouco.

— Eu disse-lhe como os machos Tornian atraem uma fêmea, Kim.

— Pelo que eles podem dar a elas.

— Sim. Existem machos aptos e dignos que trabalham toda sua vida e nunca atraem uma mulher.

— Como seu irmão, Grim.

— Sim, como Grim. Eu nunca tive que fazê-lo. — Wray teve que se forçar a não se afastar quando admitiu sua vergonha.

— O quê? — O olhar franzido de Kim se ampliou. — Eu não entendo. Nunca teve que fazer o quê?

— Tentar atrair uma fêmea. — Ele falou rapidamente. — Eu nunca tive que me preocupar com isso. Nunca tive que me preocupar que minha linhagem pudesse terminar... porque sou o Imperador. Poderia estar gravemente marcado como Grim e uma fêmea ainda iria se unir a mim... porque eu sou o Imperador.

— Você é tratado de maneira diferente. — Kim finalmente entendeu. — Por sua posição.

— Sim. — Ele admitiu com relutância: — Todos sempre souberam quem eu era... o que eu era... você não... e eu queria saber...

— O que sentiria ser tratado como qualquer outro macho. — Ela terminou suavemente.

— Sim. — Wray assentiu. — Então aproveitei sua ignorância e menti. Sinto muito, Kim.

Kim levantou-se da mesa e começou a andar, pensando no que Wray disse. Durante toda vida, ela sentiu como se vivesse na sombra da irmã. Sim, seus pais a amaram, mas tudo o que fazia era comparado com Jen, nunca aceitou isso. Agora, Wray estava lhe dizendo que sentia o mesmo apenas a sombra em que ele vivia era a do Imperador, uma posição, não uma pessoa.

Qual era pior? Nunca viver de acordo com uma pessoa ideal ou o ideal? Virando, ela olhou para Wray. Poderia realmente culpá-lo por querer, apenas por uma vez, ser tratado como todos os outros?

— Então, como se sentiu, Wray? — Ela perguntou suavemente, sentada na borda do sofá.

— Maravilhoso... terrível... incrível... frustrante... — Ele explicou.

— Realmente. — Kim encontrou seus lábios se contorcendo. — Tudo isso.

— Sim. — Wray levantou-se e lentamente se moveu em direção a ela. — Você conversou comigo, Kim. Comigo, não com o Imperador e isso me confundiu. Você gritou várias vezes. — Ela viu o espanto cruzar seu rosto. — Ninguém nunca gritou comigo antes e enquanto isso me frustrou, pensei que você gostava. Você me tratou como se eu importasse, como se fosse um macho digno porque era Wray... e isso foi incrível.

— Você é digno, Wray. — Kim não gostava dele duvidando disso. — Você me salvou dos Ganglians. Você! Não o Imperador. Imperador é apenas um título. Isso não significa nada se o macho que o mantém não é adequado e digno... e você é, Wray.

— Você realmente acredita nisso, Kim? — Perguntou Wray sentindo-se hesitante ao lado dela. — Mesmo depois de mentir para você.

— Sim, mas... — Ela disse, parando-o antes que pudesse puxá-la em seus braços. — Isso não significa que você está fora do gancho.

— Fora do gancho... — Wray franziu a testa, sem entender suas palavras.

— Isso significa que ainda estou chateada com você. Teve mais do que tempo suficiente na caverna para me dizer a verdade.

— Eu sei. — Ele admitiu, inclinando a cabeça levemente. — Estava prestes a contar quando o localizador apitou.

— Isso é tudo, Wray? — Kim perguntou olhando-o duro. — Há algo mais sobre o que mentiu?

— Não, Kim, eu juro. E se pudesse voltar, eu mudaria tudo. Eu sei agora que não teria importado para você, mas não fiz isso.

Kim o observou em silêncio por vários minutos.

— Nunca mais, Wray. Não sobreviverei se você fizer isso. Preciso poder confiar em você, acreditar em você, se não puder...

— Você pode, Kim. — Ele levantou uma mão gentil para cobrir sua bochecha. — Eu juro. Nunca mais mentirei para você.

Os olhos de Kim continuaram fixos nos dele e viram a verdade em seus olhos.

— Certo. — Ela disse e cobriu sua mão com a dela, dando-lhe um aperto reconfortante.

Wray agradeceu a Deusa por suas bênçãos quando levantou Kim em seus braços e colocou-a em seu colo.

— Eu juro que sempre direi a verdade, Kim. Eu te amo. Não consigo imaginar passar um momento da minha vida sem você. — Ele sussurrou em seus cabelos.

— Eu também te amo. — Ela respondeu em seus braços, o único lugar onde ela sempre se sentia segura. — Wray?

— O que, minha Kim?

— Você não teria realmente feito isso, verdade? — Perguntou, inclinando a cabeça para olhá-lo.

— Fazer o quê? — Wray perguntou seus lábios tocando sua têmpora.

— Recusar-se a enviar alimento para os Kaliszianos.

— Sim, eu teria. — Ele disse a ela sem rodeios.

— Wray! — Kim empurrou contra seu peito, mas apenas conseguiu voltar para o lado que ele permitiu, seus braços apertaram a mão para mantê-la no lugar.

— Estou lhe dizendo a verdade, Kim. — Ele disse, seus olhos se recusando a deixá-la desviar o olhar. — Assim como eu prometi a verdade. Não permitirei que nada nos separe. Não deixarei ninguém tirá-la de mim. Isso me destruirá.

Kim abriu a boca para argumentar, depois fechou-a descobrindo que não podia. Ele fez o que ela pediu. Disse a verdade, que ela não gostava não era o ponto.

— Eu... tudo bem, mas acho que você estava sendo um pouco extremo, mas não permitirei que ninguém ou qualquer pessoa nos separe também. — Esfregando as mãos sobre a camisa, ela se viu novamente franzindo a testa.

— O que há de errado, Kim? — Wray perguntou, preocupado.

— Nada, apenas acho que gosto mais quando sou a única usando uma camisa. — Seus olhos se moveram para o dele enquanto suas mãos se moviam sob o tecido para tocar sua pele. — Eu gosto de tocá-lo.

— Deusa, Kim. — Grunhindo, Wray afundou os dedos nos cabelos dela e inclinou seu rosto para que seus lábios pudessem tomar os dela.

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Os dedos de Kim agarraram os ombros de Wray enquanto ela aprofundava o beijo, deixando seu abraço aliviar todas as mágoas e mal-entendidos do dia. Isso era o que importava. Ela e Wray. O resto eles descobririam... juntos...

— Eu quero você, Wray. — Kim sussurrou contra seus lábios. — Quero me unir a você. — Olhando nos olhos dele, viu-os acender com desejo e necessidade.

— Você tem certeza, minha Kim? — Ele perguntou bruscamente, sabendo que não seria capaz de parar desta vez. Ele a queria muito.

— Sim, mas há uma coisa que preciso fazer primeiro. — Ela disse e se virou para ficar com as pernas abertas dos lados de seus quadris, montando-o.

— O que você precisar fazer? — Wray questionou, gemendo com a sensação de seu calor contra o seu eixo em crescimento.

— Preciso me desculpar, Wray. — Ela disse a ele, sentindo a rigidez de seu eixo.

— O quê? — Wray afastou-se levemente. Nada do que ela poderia ter dito o teria chocado mais. As fêmeas não se desculpavam, pelo menos as fêmeas Tornianas não o faziam.

— Eu disse terríveis coisas na caverna, coisas que não eram verdadeiras. Costumo fazer isso quando estou irritada. Falo sem pensar. Fiz isso com Jen e novamente com você, dizendo que merecia o que a Deusa fez com você e seu povo.

— Nós merecemos, Kim.

— Não, você não. Especialmente você Wray, não é nada como Lucan. — Segurando seu rosto com as mãos, ela se recusou a deixá-lo se afastar dela. — Eu sei quem você é, Wray. Lucan escolheu abusar de suas fêmeas. Ele sabia que isso feria a lei e não se importou, pensando que não se aplicava a ele. Os Ganglians e os Kaliszianos escolheram ignorar o que fez. Eles escolheram ignorar a lei. — Kim precisou respirar fundo para continuar.

— Você não ignorou a lei, Wray. Poderia ter matado Fala e Gyula por me atacar. Ninguém o teria impedido. Eu queria que você fizesse isso... — Kim tinha vergonha de admitir isso. — Mas seria errado porque, enquanto o que eles fizeram foi errado, eles não violaram a lei e você sabia disso.

— Kim...

— Deixe-me terminar. — Ela esperou até que ele assentiu para continuar. — Eu sei que você vai revisar a lei, Wray. Não por minha causa, mas porque você é um macho bom e digno que não quer que nenhuma mulher sofra como as fêmeas de Lucan sofreram. Talvez nem sempre goste de suas decisões, Wray, mas alguém precisa fazer as escolhas difíceis e tenho orgulho de saber que você será essa pessoa, porque acredito em você. Realmente se importa e quer fazer coisas boas para o seu povo.

— Deusa, Kim. — Wray colocou a cabeça no pescoço dela, dominado por sua crença nele. — O que fiz para merecê-la?

Kim levantou a cabeça do ombro, certificando-se de que visse a verdade em seus olhos. — Você existe Wray, e isso é mais do que suficiente.

Wray sentiu os olhos encher de umidade com as palavras de Kim. Deusa, um macho já foi amado assim? Como se sua mera existência fosse o suficiente para merecer amor? Ele não sabia, mas sabia que nunca faria nada para perder isso.

— Eu existo para você, Kim. Você me faz merecer. Apenas você. — Abraçando sua cintura, Wray levantou-se e levou-a para a câmara de repouso.

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Kim olhou para Wray enquanto ele lentamente a deitava na cama, seus braços e pernas o envolveram enquanto a carregava, mantendo-o perto. Seus lábios deixavam beijos sobre seu peito. Ela o queria perto, precisava senti-lo contra ela e viu que ele sentia o mesmo. Que este homem incrivelmente forte pudesse precisar da humilde Kim era incrível.

O peito de Wray pressionou os seios de Kim enquanto ele a deitava suavemente na cama, seus cotovelos de cada lado dela o impediam de esmagá-la. Seu longo e lindo cabelo tocava sua pele pálida como um manto de fogo escuro. Seus olhos esmeralda estavam cheios de vontade e necessidade. Inclinando-se, ele tomou seus lábios exuberantes atendendo a esta necessidade.

Como pode se unir a uma fêmea antes sem beijar? Ele pensou.

Beijar tornou-se uma extensão natural de seus sentimentos por Kim agora, assim como tocá-la. Isso levava seu desejo mais alto. E fazia com que sentisse ser mais importante do que alcançar o seu prazer, querendo dar tudo a ela.

Tocando sua língua com a dela, ele chupou e provou a doce fruta mansikka que acabou de comer. Sabia que nunca mais iria comê-la e não lembrar deste momento.

Ignorando seu protesto, ele se forçou a afastar-se de sua boca saborosa e deixou uma de beijos trilha ao longo do pescoço, beliscando o pulso que encontrou na base antes de afastar a pequena dor com a língua.

— Wray... — Kim colocou os dedos nos cabelos dele tentando levar sua boca para a dela. Ela queria seus beijos, queria tudo e moveu seus quadris contra o dele, implorando por isso. — Por favor.

— Calma, pequena. — Ele disse a ela e apoiou os quadris contra a cama, usando seus abdominais para separar seus corpos. — Eu quero ver toda você. — Suas mãos foram para a camisa dela. — Quero sentir todas as partes, então iremos nos unir. — Ele disse a ela e agarrou as mãos que o alcançaram e colocou-as em ambos os lados da cabeça. — Elas ficam aqui. — Ele ordenou que seus olhos se recusassem a deixar os dela até que ela finalmente concordou com a cabeça.

Deusa, não havia nada mais bonito do que o Kim! Ele pensou enquanto seus olhos percorriam a generosidade revelada ao abrir sua camisa.

Reverentemente, suas grandes mãos ásperas tomaram seus seios, apertando-os para que seus mamilos ficassem duros e implorando por seus lábios. Tomando um, chupou-o profundamente e a ouviu ofegante enquanto se arqueava, oferecendo-lhe ainda mais. Mordendo gentilmente, ele acariciou com a língua o mamilo e foi recompensado com um gemido. Soltando-o com um pop, ele deixou o mamilo agora duro e molhado para dar ao outro o mesmo prazer.

As costas de Kim se arquearam, suas mãos cruzadas ao lado de sua cabeça enquanto Wray devorava seus seios. Ela queria afastar a boca, o prazer era tão intenso que quase não conseguia suportar, mesmo que quisesse aproximá-lo e oferecer-lhe mais. Cada puxão de sua boca ia direto para seu ventre, fazendo com que se apertasse e convulsionasse, querendo que algo o preenchesse.

— Wray... — Ela implorou.

— Shh... — Wray disse suavemente, sua respiração quente tocando o mamilo úmido, fazendo com que ficasse ainda mais duro. Um sorriso de satisfação absoluta cruzou o rosto de Wray antes de escorregar mais por seu corpo, forçando as pernas a soltar seus quadris para que ele pudesse pagar tributo como ao restante de seu corpo incrível.

Seus dentes beliscaram sua delicada pele enquanto suas mãos acariciavam a generosa curva de sua cintura. Lentamente, ele passou a língua em seu abdômen, sentindo-a tremer, parando apenas para mergulhar na curva de seu ombro. Com cada carícia, os sons de prazer de Kim aumentavam, mas suas mãos permaneciam onde ele as colocou.

Escorregando para que seus joelhos tocassem o chão, Wray encontrou-se em um território familiar e inexplorado. Nesta área, ele foi ensinado a satisfazer uma fêmea, a proporcionar o máximo de prazer na menor quantidade de tempo, permitindo-lhe então encontrar seu próprio lançamento, mas isso não era o que queria com Kim...

Não se tratava de satisfazer uma necessidade ou procriar. Isso era sobre eles... ele e Kim... se unindo. Tratava-se de se tornar um no verdadeiro sentido da palavra. A forma como a Deusa sempre pretendeu e não poderia ser apressado.

Nisso, ele não permitiria que Kim o apressasse. Nesse sentido, ele seria o professor, assim como ela ensinou-o a beijar, ele a ensinaria o quão bonito poderia ser a união, em seguida juntos, descobririam o paraíso.

Levantando a primeira perna, depois a outra, ele as colocou sobre seus ombros, abrindo a beleza para sua visão apreensiva. Deusa, ela já estava reluzente e inchada, seu nó feminino aparecia entre os pelos suaves.

Usando seus polegares, ele separou cuidadosamente os pelos, revelando uma luxuriosa cor rosa escura que implorava por sua boca. Abaixando, ele pressionou a língua contra a abertura de sua fêmea, deslizando-a de um lado para o outro provocando-a e sentindo sua pressão em resposta antes de soltar seu néctar doce.

— Wray... — Kim gritou, seus quadris se movendo contra sua boca.

Ignorando suas súplicas, Wray bebeu seus sucos, incapaz de resistir por mais tempo, moveu até seu clitóris pulsante. Lentamente, sua língua circundou a joia preciosa, provocando-a antes de chupar.

— Wray! — Kim gritou. — Por favor, Wray.

Sabendo o que ela precisava, Wray lentamente deslizou um dedo grosso dentro de seu corpo e sentiu os músculos apertá-lo. Deusa, ela estava tão apertada, tão quente e macia que seu eixo parecia a ponto de explodir dentro da calça. Lentamente, ele começou a retirar o dedo e ouviu seu gemido de negação.

Enquanto sua boca continuava trabalhando no clitóris, Wray ergueu os olhos e descobriu que ela se levantou nos cotovelos para olhá-lo atentamente. Sem romper o contato com os olhos, ele colocou um segundo dedo dentro do canal apertado e observou seus olhos escurecerem. O peito dela se erguia e caia em respirações ofegantes quando ele estendeu os dedos, esticando-a enquanto esfregava aquele lugar especial que descobriu antes.

Ele sentiu os calcanhares cravados em suas costas quando seus músculos começaram a tremer e ele chupou mais forte seu clitóris, fazendo com que seus quadris se movessem contra sua boca. Envolvendo um braço ao redor dos quadris selvagens, Wray segurou-a, depois deslizou um terceiro dedo grosso dentro dela enquanto mordiscava levemente seu clitóris. A combinação fez com que ela deitasse novamente na cama e seu lançamento explodiu através dela enquanto ela gritava.

— Wray!


CAPÍTULO QUATORZE

Kim desabou de costas na cama, seu peito tremendo enquanto tentava recuperar o fôlego. Deusa, as coisas que seu homem podia fazer com ela, nunca se cansaria disso. Sempre que Wray a tocava, onde quer que a tocasse, ele se deleitava, a fazia se sentir especial.

Todo seu ser ainda latejava, mas queria mais. Ela queria Wray, todo ele. Toda vez que estavam juntos, Wray se certificava que ela sentisse prazer, mas se recusava a se unir, mas não desta vez, desta vez ela saberia o que realmente sentia ser uma mulher.

Abrindo os olhos, se ergueu nos cotovelos para falar com Wray e descobriu que ele estava nu entre as pernas ainda abertas. Seu eixo estava duro entre as pernas, seus olhos eram quase negros de desejo, sua mandíbula flexionada com a necessidade restritiva. Levando as pernas, envolveu-as ao redor de seus quadris, aproximando-o.

— Você tem certeza, minha Kim? — Ele perguntou uma última vez, sua voz tão baixa que dificilmente era discernível.

— Sim, Wray. Una-se a mim. Faça-me sua.

As palavras de Kim fizeram com que Wray rosnasse, enquanto ele deslizava seu eixo ao longo de sua abertura, cobrindo-o com seus sucos e seu pré-sêmen, agarrando seus quadris, levantou-os alinhando seu eixo com a abertura.

— Você é minha, Kim. — Ele afirmou e com um impulso, encaixou a cabeça de seu eixo dentro da suavidade de Kim.

— Sim, Wray! — Kim gritou suas pernas o apertando e tentando aproximá-lo.

— Não! — Wray ordenou ficando sobre seu corpo, prendendo-a na cama. — Você não vai me apressar nisso, Kim. Esperei muito por você. — Inclinando-se, ele tomou sua boca, colocando a língua dentro em um beijo profundo enquanto entrava alguns centímetros a mais e sentia sua sedosa aceitação. Afastando-se, ele pressionou uma e outra vez até que ela aceitou tudo. — Deusa, Kim! — Ele exclamou afastando sua boca dela. Nunca na sua vida alguma coisa se sentiu tão bom quanto sentir Kim ao redor de seu eixo latejante.

— Mais Wray... por favor... — Kim implorou movendo os quadris contra ele e o controle de Wray se rompeu.

Ficando sobre os cotovelos, Wray quase saiu totalmente do canal quente de Kim antes de voltar, ajustando-se a um ritmo rápido e duro que ela aceitou prontamente.

— Sim, Wray! — Kim gritou com as novas sensações que Wray estava criando dentro dela, empurrando os quadris para encontrar o dele. Ela sentiu seus músculos internos apertarem novamente à medida que a pressão aumentava novamente.

O ser inteiro de Wray estava focado no prazer que Kim estava lhe dando, pelo modo como suas respostas estavam levando seu próprio prazer mais alto, fazendo-o avançar mais profundamente. Seu canal apertou seu eixo, agarrando-o como se ela nunca quisesse deixá-lo ir. Sabia que não duraria muito mais, enquanto a pressão em suas bolas aumentava a um nível insuportável.

— Wray!

O grito de Kim foi o único aviso de Wray quando seu canal se comprimiu ferozmente sobre ele, seus quadris subiram e suas pernas o cercaram, forçando-o de forma incrivelmente mais fundo. Era demais para seu controle.

— Minha! — Wray rugiu, seu lançamento explodindo por ele e a enchendo de sua semente.

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Kim deitou-se na cama, seus braços ao redor do pescoço de Wray enquanto ele pousava sua testa sobre a dela. Ela nunca soube que poderia ser assim, esse sentimento de unidade que experimentou com Wray. Tudo fazia sentido agora. Todos aqueles olhares, os toques entre seus pais. Sempre pareceu ter um segredo e tinham. Eles tiveram isso. Esse incrível sentimento entre eles, essa unidade, saber que ficariam juntos.

Ela finalmente entendeu o que Jen tentou explicar a ela naquela noite de seu décimo oitavo aniversário. Jen disse que foi melhor para seus pais que eles tivessem morrido juntos... Kim não concordou... mas entendia agora. Teria destruído um ficar sem o outro.

888

Wray ficou nos cotovelos para evitar esmagar Kim enquanto pousava sua testa sobre a dela. O que acabou de acontecer? Ele nunca experimentou uma liberação tão forte, foi como se todo o seu ser tentasse se fundir com o dela. Deusa, foi incrível. Mas o que aconteceu quando estava dentro de Kim? Será que ela realmente encontrou sua liberação pela segunda vez?

— Kim? — Ele ergueu a cabeça e a olhou, percebendo seus lábios inchados de seus beijos e o olhar satisfeito nos olhos que se abriram para ele.

— Hmm?

— O que acabou de acontecer?

— O que você quer dizer?

— Você encontrou a liberação novamente?

— Oh, sim. — Ela disse sorrindo.

— Isso é normal para uma fêmea humana? — Ele perguntou hesitante. — Liberar quando um homem está dentro dela?

— Eu... — Kim franziu o cenho para ele. — Uh... bem, sim... ou assim me disseram... quer dizer, eu realmente não saberia pessoalmente, mas é o que as pessoas dizem. O que eu li. Não são assim as fêmeas Tornianas?

— Não. — Wray observou como suas palavras faziam a satisfação deixar seus olhos. — Elas apenas encontram sua libertação quando um macho usa a boca.

— Oh. — E de repente desconfortável, Kim se moveu sob ele e desviou o olhar. — Sinto muito. — Ela disse. — Eu não percebi que estava errada.

— Não, Kim! Deusa, não! — Segurando seu queixo, Wray a forçou a olhar para ele. — Não foi errado! Achei incrível. Mais do que surpreendente. Apenas me surpreendeu, é isso. Saber que você pode encontrar sua libertação enquanto estou dentro de você... senti-la me apertar. Ouvir o quanto você gostou de ter-me dentro. — Apenas ao pensar nisso, o eixo de Wray endureceu novamente. — Deusa, Kim, nunca tive uma experiência tão incrível.

— Realmente? — Ela perguntou, hesitante moveu seus quadris enquanto sentia seu eixo endurecendo novamente dentro dela.

— Mesmo. Agora fique quieta. — Ele disse bruscamente.

— Por quê?

— Porque quando você faz isso, me faz querer liberar dentro de você novamente.

— E isso é ruim porque...

Wray olhou para ela com choque. — Você permitiria? Não me faria esperar até depois de descansar?

— Isso é o que uma fêmea Torniana faz, não é? O que Adana fez você fazer? — Kim encontrou-se empurrando contra o peito de Wray, tentando se mover. Ela não era Torniana, maldição! Ela era Kim e estava cansada de ser comparada com elas!

— Eu sei quem você é, Kim. — Wray disse e ela percebeu que falou em voz alta. — E estou grato por você não ser Torniana.

— Está?

— Sim.

— Então me beije, Wray. Ame a mim, Kim. — Ela sussurrou, movendo seus quadris sugestivamente contra o dele.

— Você tem certeza, minha Kim? — Perguntou Wray mesmo quando seus quadris começaram lentamente a empurrar.

— Sim... tão bom, Wray, isso é tão bom... não pare.

— Nunca, Kim. Eu nunca pararei. — E com isso, Wray mostrou a Kim como planejava amá-la, pelo resto de suas vidas.

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As luzes baixas da câmara de repouso acariciavam suavemente a pele de Kim, especialmente o braço e a perna que ela jogou sobre Wray enquanto dormia. Cuidadosamente, Wray jogou uma grossa manta ao redor deles, cobrindo a pele brilhante. Precisaria aumentar a temperatura dos aposentos para ela. Não queria que ela ficasse gelada.

Passando um dedo gentil por sua bochecha, Wray encontrou-se impressionado com o fato de que essa bela criatura o amava. Ela era tudo o que não sabia que uma mulher deveria ser. Podia ser tão forte e ainda gentil e amorosa. Podia ser exigente, mas não egoísta, não da maneira como eram suas fêmeas. E ela era a fêmea mais teimosa que já conheceu quando acreditava estar certa e ela acreditava nele.

Ele não a decepcionaria.

Em dois dias, chegariam a Vesta, lá teria que lidar com Lorde Reeve e a bagunça que causou com os Kaliszianos e então a levaria para casa. Lar dos Tornian. Não podia esperar para vê-la em sua casa, não podia esperar para vê-la cercada por sua beleza e conforto. Não seria mais obrigada a vestir apenas suas camisas. Ele queria vê-la em belos revestimentos, queria vê-la andar em seus jardins, queria vê-la deitada em sua cama nua. Deusa, ele nunca a deixaria sair dela.

Ele a levaria ante a Câmara dos Lordes e a proclamaria como Torniana. Algo que raramente era feito. Nunca pensou ser necessário. Como sua Imperatriz, Kim deveria ter toda a proteção necessária, mas as palavras de Fala e Gyula o fizeram repensar isso. Poderiam haver outros pensando como eles e Wray não se arriscaria. Não com Kim. Proclamá-la Torniana lhe daria todos os direitos e proteções que qualquer outra fêmea Torniana teria.

Os braços de Wray a apertaram o mero pensamento dela em risco, fazendo Kim gemer suavemente em seu sono. Forçando-se a relaxar, Wray se permitiu dormir.


CAPÍTULO QUINZE

— Você vai me deixar? — Kim não conseguiu esconder seu choque ou medo quando olhou para Wray. Nos últimos dois dias, ele mal a deixou sair da vista e mal a deixava entrar na sala de limpeza sozinha para se aliviar. Eles se beijavam e tocavam, riam e se amavam. Sentiu-se como uma princesa mimada, sem esperar... uma Imperatriz.

Wray a alimentava com uma incrível variedade de alimentos estranhos, cada um mais diferente do que antes. A maioria ela gostou, mas alguns, muito para diversão de Wray, cuspia e fazia caretas engraçadas.

Agora queria deixá-la.

— É apenas por um momento, Kim. Preciso ir à superfície e lidar com Lorde Reeve. Uma vez for resolvido, podemos continuar em direção a Tornian.

Wray lhe disse por que eles precisavam parar em Vesta. Explicou a ela que a única razão pela qual estava retornando do Império Kalisziano era que o Imperador Liron queria se encontrar com ele para discutir o fracasso de Lorde Reeve em manter o fluxo constante de alimentos que eram tão vitais para os Kaliszianos. Ele também admitiu que não foi a razão que Liron lhe deu para a reunião e se soubesse, enviaria Veron para lidar com a queixa, mas que a possibilidade de informações sobre fêmeas compatíveis fez Wray se encontrar com ele pessoalmente.

Ele não entendeu por que os olhos de Kim escureceram quando ele lhe contou. Por que ela ficou extremamente tranquila. Quando perguntou, ela se recusou a dizer. Deveria ter pressionado mais, mas em vez disso, disse que iria à superfície e isso a perturbou mais.

— Você vai me deixar. — Ela disse novamente e se afastou dele para envolver seus braços ao redor de sua cintura. Deusa, ela não podia acreditar que estava se sentindo assim, como se estivesse sendo abandonada, mas estava. Wray tornou-se sua rocha. Ele a fazia rir, ele a segurava quando os pesadelos vinham e beijava suas lágrimas. Ele era a única coisa em todos os universos em que confiava completamente. Sem ele, estava perdida.

— Por menos de um dia, Kim. Voltarei antes de você se deitar para descansar durante a noite. — Wray não gostou da maneira como ela se afastou dele, não gostou de como seus braços se apertaram ao redor dela. — Você viajar comigo não seria...

— Normal para uma fêmea Torniana. — Ela terminou por ele. — Claro que não. — Kim disse passando uma mão por seus cabelos e de repente o cansaço que ela não conseguiu esconder apareceu novamente. — Acho que vou me deitar. Vejo você quando você voltar.

Wray observou Kim se afastar dele e seu coração doeu. Ele viu o medo em seus olhos quando ela se afastou. Ela não sabia que nunca a deixaria desprotegida? Planejou que Veron ficasse para protegê-la, muito para o descontentamento do Capitão.

Não havia como levá-la para Vesta com ele. O que ela faria lá? Atualmente, não havia uma Lady na Casa Reeve, então não haveria uma fêmea para ela conversar e por isso, precisaria ficar com ele. Seria uma distração para os machos da casa de Lorde Reeve.

Lá terá um comerciante de coberturas. As palavras sussurraram através de sua mente.

Franzindo o cenho, um novo pensamento veio a ele.

E se levasse Kim com ele, poderiam ficar na Casa Reeve por vários dias. Ela poderia descansar em um ambiente mais confortável que o Seacher fornecia e então poderia chegar em Tornian descansada e com as vestes de uma Imperatriz em vez de em uma de suas camisas. Sabia que isso a incomodava, especialmente quando outros machos estavam presentes. Era óbvio na forma como ela puxava a barra sempre que um guerreiro entrava em sua câmara para discutir algo com ele. Ela encontrava um motivo para fazer algo e saia rapidamente.

O que ele estava considerando nunca foi feito antes. Um macho raramente permitia que sua fêmea viajasse com ele e nunca para uma casa sem outra fêmea. Isso daria a outros machos a chance de atraí-la.

Era permitido que viajasse para uma Casa onde uma fêmea estava presente para que as fêmeas se misturassem e todas viajassem para Tornian quando a Assembleia fosse convocada, mesmo que ele não tivesse Imperatriz.

Afinal não era ele o Imperador?

Não poderia mudar as regras?

Kim não queria ficar sozinha.

Ele não queria deixá-la sozinha.

Ela iria se beneficiar com novas coberturas e isso era tudo o que importava para Wray.

Lorde Reeve teria que ajustar sua Casa às necessidades do Imperador e da Imperatriz.

Movendo-se para o comunicador, Wray notificou a Veron sobre a mudança de planos e disse-lhe para informar Lorde Reeve. Virando-se, ele foi informar Kim.

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Kim estava na cama com as costas para porta e tentou dormir, mas não conseguia. Ela entendia porque Wray a deixava para trás, assim como entendia que ele não a deixava realmente para trás. Haveria momentos em que ficariam separados. Ela sabia disso. Wray era um homem importante com um trabalho importante e grandes responsabilidades. Precisava entender isso... simplesmente não se sentia segura ali... não sem Wray. Talvez fosse estúpido, afinal, ela estava cercada pelos guerreiros de Wray, guerreiros que afirmava serem aptos e dignos, mas não conseguia evitar. Não estava pronta para confiar neles, não estava pronta para se separar de Wray, talvez nunca estivesse.

Com exceção de Fala e Gyula, todo homem que viu a tratou com respeito. Na verdade, depois de um rápido olhar em sua direção, eles a ignoravam como se ela não estivesse lá e enquanto apreciava isso, porque apenas usava a camisa de grande tamanho de Wray, também a incomodava. Aqueles olhares rápidos eram avaliadores... e agora entendia o porquê. Todos se perguntavam se ela era compatível com Wray.

Ouvindo a porta da câmara se abrir, ela parou de tentar dormir e rolou para ver Wray caminhar em sua direção.

Entrando em sua câmara de repouso, Wray de repente percebeu que, se não fosse pela incompetência de Reeve, o Searcher nunca estaria lá para interceptar a nave Ganglian. Ele nunca teria encontrado Kim. Estava realmente na dívida com Lorde Reeve e por isso, o castigo não seria tão severo quanto Wray pretendia originalmente. Mas haveria consequências porque, não importava o que Wray dissesse, os Kaliszianos e os Tornianos precisavam um do outro para sobreviver à grande infecção.

Sentando na cama ao lado de Kim, ele passou a parte de trás de sua mão ao longo de sua bochecha.

— Sinto muito por deixá-la chateada, Kim.

— Não é sua culpa. Ainda estou muito confusa com o que os Ganglians fizeram comigo e às vezes, as coisas me perturbaram.

— Você não deveria ficar chateada quando não posso estar com você?

— Não assim. Eu sei que há coisas que você precisa fazer, Wray. Deveres que precisa executar. Este é um deles. Não precisa de mim lá.

— Tenho muitos deveres, Kim.

— Eu sei. — Ao se sentar, ela colocou a mão contra a dele. — Eu sei que importo para você, Wray e ficarei aqui sozinha. Preciso me acostumar com isso.

— Acostumar com o quê? — Perguntou Wray, franzindo o cenho para ela.

— Ficar sozinha.

— Por que acha que ficará sozinha, minha Kim?

Kim sorriu levemente quando ouviu o carinho de Wray, ele dizia isso cada vez mais e gostava, gostava de saber que era dele.

— Como eu disse Wray, você tem tarefas que precisa executar, lugares você precisa ir. Há guerreiros com os quais precisa se encontrar. Eu não posso estar com você quando fizer essas coisas. Não é algo que suas fêmeas fazem e isso apenas causará problemas se permitir. Então vou passar muito tempo em nossas câmaras... sozinha.

— Quais problemas você acha que poderia causar, Kim?

— Eu não sou Torniana, Wray, e isso é importante. Você terá machos me olhando exatamente da mesma maneira que Fala e Gyula fizeram.

O rosnado de raiva de Wray fez com que ela apertasse o braço com tranquilidade.

— Será assim até que você mude a lei, mas isso não mudará o que as pessoas acreditam e depois há outra coisa...

— O que mais? — Wray exigiu, sem gostar de como seus olhos escureciam.

— Essa coisa sobre você procurar fêmeas compatíveis. Pelo que me disse, as chances são escassas de poder ter uma prole. O que acontece se eu não puder? Você será forçado a me mandar embora?

Os olhos de Wray se arregalaram horrorizados com as palavras de Kim, no que suas palavras a levaram a acreditar.

— Não! Deusa, não, Kim! — Puxando-a para seu colo, ele a apertou. — Você é minha! Nada nos separará. Os descendentes não importam. Somos compatíveis. Você e eu. — Respirando fundo, ele se forçou a acalmar para que pudesse explicar o que não fez antes.

— Eu vou dizer a verdade, Kim. Normalmente, quando um macho permanece com uma fêmea que não consegue apresentar descendentes aptos, ele é forçado a desistir de sua posição. Não.... — Wray cortou-a rapidamente. — Porque ele é visto como impróprio, mas porque, sem descendentes aptos, a linha de sangue termina. Isso não se aplica a mim porque tenho Tora e ele é apto. Ele será o futuro Imperador, então não importa se tivermos descendência. Quanto a não ser Torniana... você será uma vez que a apresentar à Assembleia de Lordes.

— O quê? — Kim questionou dando-lhe um olhar confuso.

— Faz parte dos poderes do Imperador declarar qualquer um que ele julgue digno Torniano.

— Você pode fazer isso?

— Sim, minha Kim. — Ele disse a ela que lhe deu um sorriso gentil. — Isso lhe dará a proteção da lei de Tornian. Nenhum macho se atreveria a prejudicá-la, pois significaria a morte. Isso lhe daria a liberdade de ir onde quer que desejasse dentro de Torino e se sentir segura.

— Você não ficaria chateado se não pudesse lhe dar filhos?

— Não. Tudo o que quero é você, Kim. E se deusa escolher nos abençoar com descendentes masculinos, eu os amaria tanto quanto eu te amo.

— E se ela nos abençoar com uma fêmea? — Kim fez a pergunta como uma provocação, mas o olhar de Wray a fez se arrepender. — Wray...

— A Deusa não permitiu que uma fêmea nascesse de um Imperador desde Lucan.

— O quê?

— Ela não nos considera mais dignos de cuidar de uma.

— Ela está errada, Wray. — Kim negou com veemência. — Você é.

— Nem, se for, é apenas por você, minha Kim. Agora. — Wray forçou seus pensamentos escuros a sairem. — Gostaria de ir comigo para Vesta ?

— O quê? — Kim não tentou esconder seu choque.

— Eu não quero deixá-la, Kim. Existe um comerciante de coberturas em Vesta que pode fazer cobertura feminina. — Ele disse deslizando a mão pela coxa sob a camisa. — Não que os prefira, mas eu sei que você sim.

— O que são coberturas femininas, Wray? — Perguntou Kim, se movendo para dar mais acesso a sua mão.

— Pano que cobre quase todo o corpo. — Ele disse sua mão se movendo para o meio de suas coxas.

— Realmente? — Kim questionou suavemente abrindo-se para ele. — Você quer que me cubra?

— Perto dos outros... sim. — Ele rosnou colocando um dedo dentro dela enquanto o polegar circulava seu nub. — Perto de mim... nunca.

Virando-se, Wray a pressionou de volta para cama, sua boca cobrindo a dela. E de alguma forma, em alguns momentos, Wray tinha a ambos nus.

Kim ansiosamente envolveu as pernas ao redor da cintura de Wray, seus calcanhares pressionando as costas e puxaram-no mais fundo. Deusa, nada se sentia tão bom quanto Wray a amando. Com cada toque, ele mostrava o quão especial ela era para ele, o quão importante. Sempre se certificava que encontrasse prazer em suas uniões, nunca cuidando do seu antes dela.

Sabendo disso, Kim ergueu os quadris, se movendo e torcendo como descobriu que deixou Wray louco e foi instantaneamente recompensada por um grunhido baixo enquanto ele se aproximava mais dela.

Kim abriu-se para Wray, dando-lhe tudo o que era porque ele era tudo para ela. Ele aceitou-a mesmo depois do que os Ganglians fizeram, aceitou suas falhas e até o fato de talvez nunca poder lhe dar descendência. Ela importava para ele. Ela e queria dar-lhe tudo o que precisava.

Todo seu ser começou a apertar enquanto a libertação se aproximava junto com um estranho formigamento em seu útero. Ela precisava de Wray, precisava dele agora.

— Wray! — Ela gritou, levantando-se enquanto seu orgasmo explodia através dela. Seus músculos vaginais apertaram fortemente o eixo de Wray enquanto ela se convulsionava ao redor dele.

— Kim! — Wray rugiu quando ela o abraçou. Ela estava exigindo tudo dele e ele deu a ela. Com um último impulso profundo, a encheu com seu coração, sua alma e sua semente.


CAPÍTULO DEZESSEIS

Kim pressionou a testa contra a janela do ônibus, tentando ver melhor a paisagem abaixo dela. Vesta era incrível. Nunca soube que havia tantos tons diferentes de cores, verdes, roxos, vermelhos e castanhos. Wray explicou a ela que os marrons eram terras recentemente colhidas que estavam sendo permitidas descansar e recuperar enquanto as outras cores eram culturas em diferentes estágios de crescimento. Isso lembrou a linda colcha de retalhos que cobria sua cama em casa. Aquele que sua avó fez.

— É lindo, Wray. — Ela disse, virando-se para ele.

— Sim. — Ele concordou, mas estava olhando Kim, não a paisagem. Seus olhos estavam claros e brilhavam com emoção e felicidade. Ele estava com medo dela ficar assustada, viajando para outro novo lugar estranho, cercado por machos que mal conhecia, mas ela parecia aceitar bem.

Antes de deixarem o Searcher, convocou os guerreiros que viajariam com eles e apresentou sua nova Imperatriz. Tradicionalmente, nunca teria sido feito, uma fêmea, mesmo a Imperatriz, não tinha contato direto com nenhum outro macho além daquele com quem estava unida. E se um macho estivesse lá para protegê-la, significava que ainda não adquiriu os meios necessários para atraí-la, portanto, não falaria nada para ela.

Kim já demonstrou através de suas ações com Damir que não seria assim e a palavra se espalhou pelo Searcher sobre o respeito que ela concedeu a um macho que não conhecia. Ela inconscientemente, ganhou seu respeito e por isso, ele não tinha dúvidas de que a protegeriam, Torniana ou não. Foi por isso que ele os convocou, sabendo que não seriam como Fala e Gyula.

Embora ele soubesse que ela estava desconfortável, ficou com orgulho ao seu lado e reconheceu cada guerreiro com um aceno de cabeça enquanto os apresentava. Era outra ação que uma fêmea Torniana nunca teria feito, consolidando seu compromisso com ela. Ele viu isso nos olhos de cada guerreiro.

— Vamos desembarcar logo? — A pergunta suave de Kim trouxe seus pensamentos de volta para ela.

— Sim. — Ele disse sorrindo. — Vamos pousar dentro dos terrenos da Casa Vestoria e depois entrar diretamente. E de lá, seremos escoltados para nossas câmaras. Uma vez que estiver segura, eu me encontrarei com Lorde Reeve.

— Eu não vou encontrá-lo? — Ela perguntou.

— Você quer? — Wray franziu a testa. Por que ela queria conhecer o macho? As fêmeas apenas pediram para se encontrar com um Lorde se estivesse interessada em se unir a ele. Ele sabia que Kim não estava, mas ainda...

— Não é esperado? — Kim franziu o cenho para ele. — Quer dizer, se sou sua Imperatriz, não deveria conhecer os Lordes? — Isso era algo que eles não discutiram. Quais seus deveres reais como Imperatriz.

— É assim na Terra?

— Sim, pelo menos pelo que vi. Ainda temos alguns Reis, Lordes e até um Imperador, mas apenas governam um país, não um mundo ou universo. Sua esposa... — O olhar de Wray lhe disse que não entendia a palavra. — A fêmea com quem eles se unem. — Ela disse e esperou seu aceno de cabeça. — Ela normalmente viaja com seu macho, está com ele quando são recebidos por seus anfitriões. Algumas os acompanham em reuniões.

— Não tem nada a ver com ela estar interessada no outro macho?

— Não! — Kim imediatamente negou. — Por que ela estaria interessada no outro macho? Ela está lá para ajudar e apoiar o seu macho... a não ser que seja ela a responsável.

— O quê? — Wray não era o único macho que a olhava em choque. — As fêmeas governam?

— Em vários países, sim. E se ela for escolhida, governa. Você nunca teve isso no Império Torniano ?

— Somente na antiguidade. — Wray admitiu baixinho.

— Você tem muitas fêmeas em seu planeta? — Uma voz atordoada atrás dela fez Kim girar em seu assento para encontrar doze conjuntos de olhos fazendo a mesma pergunta que o guerreiro de pele verde fez.

— É Jaqua, não? — Ela perguntou e viu seu choque por se lembrar.

— Sim... sim, Imperatriz. — Jaqua não podia acreditar que ela se lembrasse de seu nome.

— A resposta para sua pergunta é sim. — Kim disse, respondendo. — Na Terra há muitas fêmeas.

Wray virou-se e grunhiu para Jaqua que ousar falar diretamente com Kim. Jaqua abaixou rapidamente os olhos.

— Por que você está grunhindo com Jaqua, Wray? — Kim deu um olhar confuso.

Wray foi salvo de responder quando o ônibus de repente fez uma curva, fazendo com que Kim ofegasse e ficasse pálida.

— Está tudo bem, Kim. — Wray pegou sua mão com tranquilidade. — Estamos apenas virando.

— Nós não estamos caindo? — Os olhos que momentos atrás eram claros e brilhantes agora estavam nublados de medo.

— Não! Verdade, Kim. Isto é normal.

Kim fechou os olhos por um momento e forçou seu coração a acalmar-se. Wray disse que isso era normal. Ele não estava preocupado. Os guerreiros com eles não pareciam preocupados. Apertando a mão, ela abriu os olhos e deixou-o ver que se acalmou.

— Tudo bem. — Ela disse calmamente e deu-lhe um pequeno sorriso.

888

Quando a escotilha abriu, o cheiro fez Kim parar. Era o doce cheiro de grama cortada fresca que sempre perdurava no ar depois que seu pai cortara a grama. Era tão familiar que sentiu que seus olhos se encheram de lágrimas.

— Kim? — Wray olhou para ela preocupado quando congelou na escotilha do ônibus. Seus guerreiros saíram primeiro formando uma frente protetora ao redor da escotilha do ônibus. Wray seguiu, então se virou para ajudá-la apenas para ficar chocado quando as lágrimas encheram seus olhos.

— Cheira a casa. — Ela sussurrou.

— Você viveu onde as coisas cresceram?

— Apenas grama. — Ela sussurrou. — E não assim. — Seus olhos percorreram a vasta extensão de um verde tão escuro que era quase roxo a sua frente. Apenas por cima, ela podia ver o que parecia ser um castelo grande e atrás disso, montanhas. — Mas cheira o mesmo.

— Você deseja retornar ao Searcher? — Perguntou Wray. Não era o que ele queria, mas se isso fosse demais para ela...

— Não. — Kim imediatamente negou, seus olhos encontraram o dele e ela respirou calmamente. — Não. Quero ficar com você. Apenas me surpreendeu. Eu simplesmente não percebi que poderia sentir o mesmo. — Ela levantou a mão para ele, sabendo que Wray iria pegá-la.

— Imperador Wray! — Um grito fez com que ambos se virassem.

Os olhos de Kim se moveram para o grupo de homens que se aproximavam do ônibus, um homem alto e vermelho em frente aos outros. Ele tinha cabelo preto como Wray, mas era aí que as semelhanças terminavam. Esse macho era menor do que Wray, seus músculos não eram definidos e claro, ele não era o lindo bronze de Wray.

— Lorde Reeve. — Wray respondeu e seus guerreiros se separaram levemente, permitindo que Reeve visse o Imperador.

— Senhor, a que devo essa inesperada honra? — Reeve perguntou.

— Você não foi informado que eu chegaria? — Os olhos de Wray observaram Reeve, sabendo que Veron o contatou mais de uma vez.

— Sim. Claro que sim, Senhor, mas não fui informado sobre o porquê. — Os olhos de Reeve foram para Veron, seu descontentamento fácil de ouvir. — Eu não sabia que você deixou Tornian.

— E quem o manteria ciente de tais coisas, Lorde Reeve?

— Ninguém, Senhor! — Reeve engoliu percebendo o que sugeriu. — É apenas...

— Sim, o que Lorde Reeve?

— É apenas que se soubesse dos seus planos, teria certeza que Tora estivesse disponível para recebê-lo.

— Enquanto planejo ficar aqui por vários dias, você poderá organizar isso.

— Eu... sim, senhor.

— O comerciante de coberturas? — Exigiu Wray.

— Está aguardando sua convocação, Senhor. — Reeve disse a ele.

— Bom. Agora desejo que a Imperatriz se estabeleça em nossas câmaras. Depois disso, vamos discutir o que me trouxe aqui.

— Imperatriz... — A voz de Reeve se apagou quando os guerreiros do Imperador se separaram, revelando a pequena fêmea do lado do Imperador. Reeve franziu a testa, sua confusão facilmente vista, enquanto seus olhos percorriam a fêmea estranha diante dele.

Era pequena, com cabelos coloridos e pele pálida. Ela obviamente não era Torniana, tornando impossível que fosse a Imperatriz, o que significava que ela era utilizável. Tão pequena quanto era, seria capaz de tomar um macho Torniano? Com certeza descobriria.

— Sim, esta é sua Imperatriz. Imperatriz Kim. — As palavras de Wray puxaram os pensamentos de Reeve para o presente.

— Mas...

— Mas o que, Lorde Reeve? — Wray perguntou, sua voz baixa.

— Eu... — Reeve não era um Lorde por tantos anos sem aprender quando manter silêncio. — Nada, Senhor.

— Então mostre seu respeito à sua Imperatriz. — Wray ordenou.

— Sim, Senhor. — Com uma mão em seu peito, Reeve curvou-se levemente para a Imperatriz, os machos atrás dele seguindo o exemplo.

— Agora você nos leve às câmaras que preparou. — Pediu Wray.

— Eu? — A voz de Reeve aumentou de tom à demanda do Imperador. Ele queria que ele... um Lorde... agisse como um macho de uma linhagem insignificante e o escoltasse?

— Sim, Lorde Reeve. Você. — Wray sabia que ele insultou Reeve e não se importava. Viu como o olhar de Reeve percorreu Kim. Fala e Gyula a olharam do mesmo jeito. Wray não toleraria isso. Pode ser que não foi capaz de puni-los de acordo com a lei, mas poderia mostrar seu desagrado a Lorde Reeve.

Kim endureceu, seus dedos cravando no braço de Wray enquanto ela observava silenciosamente a pele de Lorde Reeve escurecer e ficar quase prateada. Sabia que ele não queria se curvar-se a ela, respeitá-la, como Wray disse. Seus olhos não esconderam nada dela, não sua incredulidade com as palavras de Wray ou a luxúria com que a percorreu. Tinha o mesmo olhar que Fala e Gyula. Ela agora sabia de onde eles aprenderam.

Wray sentiu os dedos de Kim enquanto cravavam em seu braço. Ele sabia que a resposta de Reeve a perturbou e apenas deixou isso acontecer.

— Reeve! — Wray rugiu, sua mão esquerda se movendo para sua espada.

— Sim, Senhor! Vamos. — Girando em seu calcanhar Reeve empurrou os guerreiros atrás dele de lado, liderando rapidamente o caminho.

Kim viu as longas pernas de Lorde Reeve rapidamente percorrerem a distância do ônibus e a Casa Reeve e sabia que teria que correr para acompanhá-lo.

— Não, Kim. — Wray disse calmamente, levantando os olhos, viu que sabia o que estava pensando. — Não temos pressa. É um dia caloroso. Deixe-nos apreciá-lo.

— É bom sair. — Kim disse, sorrindo para ele, grata por ele entender. — Nunca pensei em ver o sol novamente. Sentir seu calor. — Inclinando o rosto para cima, empurrou-o. — É maravilhoso.

— Então vamos tomar o tempo que quiser.

— Mas Lorde Reeve está esperando você. — Ela disse e olhou para onde Reeve parou impaciente.

— Ele é apenas um Lorde. Você é a Imperatriz. Seus desejos vêm antes dos dele. — Cobrindo a mão com a dele, lentamente a levou para Reeve.

888

Reeve ficou na entrada de sua casa e enfureceu-se em silêncio enquanto observava o Imperador e a fêmea lentamente caminharem em direção a ele. Pareciam conversar! O que ele poderia dizer a ela? Por que ele agia como se estivesse interessado em qualquer coisa que ela tivesse a dizer? Fêmeas como ela eram boas apenas por uma coisa e era aliviar um macho. As fêmeas Tornianas não eram muito melhores, mas pelo menos podiam fornecer descendentes. Esta...

Quando o Capitão Veron entrou em contato com ele ontem para informá-lo de que o Imperador chegaria, ficou irritado. Enquanto ele não tinha alguém em Tornian para mantê-lo informado sobre os movimentos do Imperador, Lorde Bertos sim e mantinha Reeve informado.

Ele o contatou novamente há menos de uma hora e informou-o que o Imperador planejava permanecer em Vesta por um longo período. O Capitão Veron ordenou que providenciasse câmaras e que um comerciante de cobertura estivesse disponível a pedido do Imperador. Ele não disse nada sobre uma fêmea.

Wray afirmou que era sua Imperatriz.

Impossível!

Apenas uma fêmea Torniana poderia ser Imperatriz. Uma capaz de apresentar descendentes aptos... Reeve endureceu quando um pensamento lhe ocorreu.

Não...

Não era possível...

Seus olhos se estreitaram, enquanto olhava para fêmea com uma luz diferente. E se o Imperador finalmente descobriu uma espécie com a qual poderiam se reproduzir com sucesso, isso arruinaria todos planos de Reeve e Bertos.

Ele precisava descobrir...

Precisava informar Bertos.


CAPÍTULO DEZESSETE

Lorde Reeve encontrou-se diante do Imperador e se forçou a não deslocar o peso de pé a pé sob a intensidade do olhar. Não desde que governava, se sentiu tão impotente em sua própria casa. Reeve estava passeando pela câmara da casa a qual governava Vesta.

Assim que deixou o Imperador, Reeve tentou entrar em contato com Bertos em Tornian, mas foi informado que não estava disponível. Furioso, deixou uma mensagem para Bertos entrar em contato com ele imediatamente, então começou a acelerar.

E se essa mulher fosse verdadeiramente compatível, não teria chance de remover Wray de sua posição. Substituindo-o por aquele que era o verdadeiro Imperador. Aquele que descendia diretamente de Lucan. Bertos. E Reeve estaria ao seu lado.

Agora o Imperador estava ali... poderia ser que ele descobriu seu enredo para removê-lo? Ele já descartou Bertos? Era por isso que estava indisponível?

Reeve ainda estava ponderando a possibilidade, quando o Imperador abriu de repente as portas da câmara e entrou como se fosse seu dono. Sem olhar para a direção de Reeve, Wray atravessou a câmara e sentou-se no local reservado para aqueles que governavam Vesta.

— Estou pronto para ouvir sua explicação, Lorde Reeve.

— Minha explicação... — Reeve perguntou lentamente, tentando manter a calma. — Para o que, Senhor?

— Sobre por que estou aqui.

— Eu... mas Senhor ... não tenho ideia por que você está aqui.

— Você não... — Wray ergueu uma sobrancelha questionadora para ele.

— Não, Senhor.

— Como estão as colheitas, Lorde Reeve? — Perguntou Wray.

— As colheitas? — Reeve franziu a testa, totalmente confuso. — Estão bem, Senhor. Não há problemas.

— Você tem certeza, Lorde Reeve? — Perguntou Wray.

— Claro que tenho certeza! — Reeve respondeu imediatamente e sentiu o seu temperamento aumentando ao ser questionado. Ele sabia como administrar o planeta. — E se houvesse um problema, eu teria informado a Assembleia dos Lordes como a Lei exige.

— Então explique-me, Lorde Reeve. — Disse Wray em uma voz enganosamente calma. — Por que precisei entrar pessoalmente no Império Kalisziano e me encontrar com o Imperador Liron para descobrir que um dos meus Lordes estava falhando em sua obrigação. Uma obrigação que eu pessoalmente prometi nunca seria quebrada. — A voz de Wray se elevou, a raiva enchendo o lugar. — Você... Lorde Reeve... está falhando em manter alimentos constante para o povo Kalisziano e não conseguiram comunicar-se consigo.

— Eu... — Reeve agora sabia que estava em sérios problemas. Vários meses atrás, sua fêmea partiu para se unir a outro macho levando consigo uma grande quantidade de recursos. Deixando para trás apenas uma prole masculina que duvidava sobreviver. Ele precisava atrair outra fêmea rapidamente e a única maneira de fazer isso era restaurar os recursos de sua casa.

Para fazer isso, estava desviando alimentos que deveriam ser enviados aos Kaliszianos e vendendo para aqueles que estavam desesperados o suficiente para pagar seu preço exorbitante. Ele nunca esperava que Liron percebesse. A ponto de contatar pessoalmente Wray.

— Eu não sei de problemas com as entregas aos Kaliszianos, Majestade. — Reeve disse com os dentes apertados.

— Mesmo? Você está dizendo que não sabe o que está acontecendo em seu próprio planeta?

— Não! Claro que sei o que está acontecendo aqui! O que estou dizendo é que não fui informado de que houve algum problema com qualquer um dos envios... até agora.

— Você não é o responsável por garantir que essas remessas sejam enviadas?

— Claro! Eu sou! O problema deve estar na recepção Kalisziano.

— Você está acusando o Imperador Liron de matar de fome seu próprio povo? Que ele mentiu para mim?

— Não Majestade, mas há muito a ganhar se alguém estiver desviando os embarques para seus próprios fins.

— Explique. — Wray ordenou.

— Senhor, pelo que me disseram, existem problemas dentro do Império Kalisziano com a distribuição justa dos alimentos. Há aqueles que sentem que não estão recebendo sua participação. Ele criou um ambiente onde alguns estão dispostos a roubar alimentos para que possam ser vendidos por montantes extremos.

— Quem está dizendo isso, Lorde Reeve?

— Ninguém Majestade, como eu disse, apenas ouvi rumores. E se tivesse alguma prova o teria informado.

— Então você está afirmando, que as remessas que deixaram Vesta estão cheias.

— Sim Senhor! Todas as remessas são inspecionadas por um dos meus Capitães antes de sair da Vesta conforme exigido pela Lei Tornian. Está documentado.

— E seus Capitães atestarão isso.

— Sim, Senhor.

— Eu quero vê-los, Lorde Reeve.

— Meus Capitães?

— Sim. Chame-os imediatamente.

— Sim, Majestade. — Reeve respondeu e com um leve arco e rapidamente saiu.

888

Kim ficou de olho em uma grande janela, observando as sombras se alongarem com a descida do sol. Wray saiu por várias horas e ela passou esse tempo explorando seus quartos. Todos os doze deles. Na verdade, receberam uma ala inteira de três andares, uma ala que surpreendentemente estava na maior parte vazia, seus quartos eram escuros e frios.

Onde estavam os móveis? Os tapetes para cobrir os pisos de pedra áspera? A caverna tinha uma sensação mais quente e amigável do que esses quartos.

Pelo menos a câmara de repouso estava quente e confortável. Não era luxuosa como pensou que um Imperador na Terra teria, mas tinha grandes tapetes cobrindo os pisos frios e no centro a maior cama que já viu, cheia de travesseiros e cobertores grossos.

Um fogo foi iniciado na lareira, aquecendo as pedras para dar calor extra ao quarto enquanto o sol descia. Virando, sentou-se no sofá grandes em frente ao fogo.

Tudo bem. Pensou ela. Está tudo bem se viu sorrindo. Parecia que tudo neste novo mundo estranho era grande. Sabia que ela acabaria se ajustando a tudo isso, mas agora estava cansada. Puxando as pernas para cima, a enrolou debaixo dela e inclinou a cabeça para trás.

888

— Você está se ajustando bem, pequena. — A voz melódica fez Kim se virar para encontrar-se novamente na presença da Deusa.

— Realmente não tinha muita escolha. — Ela respondeu, de frente para Deusa.

— Todos têm uma escolha. Você poderia ter respondido de forma diferente ao que ocorreu com você.

— Ocorreu-me... uma maneira tão agradável de colocá-lo.

— Você prefere entrar em detalhes? Descrever cada segundo do seu tempo com os Ganglians?

— Não! — Kim negou, empalidecendo com o pensamento de reviver isso.

— Bom, porque não quero revivê-lo mais do que você.

— Por que reviveria?

— Pensa que porque eu sou uma Deusa não sinto o que as outras fêmeas sentem? Que também não o experimentei? — O mundo ao seu redor escureceu com a raiva e a dor da Deusa. Encontrando com os da Deusa. — Wray disse que os guerreiros da Casa Berto não a salvaram antes que você fosse forçada a se unir a ele.

A Deusa não disse nada.

Seus olhos diziam tudo.

Kim instintivamente estendeu a mão, colocando uma mão de entendimento no braço da Deusa, percebendo de repente que ela e essa incrível criatura tinham algo em comum.

— E se eles não chegaram a você no tempo, por que os abençoou? — Ela perguntou suavemente.

— Porque não foi sua culpa. — Disse a Deusa, cobrindo a mão de Kim com uma das suas. — Eles fizeram o que puderam. Assim como seu macho fez. Há aqueles em todas as espécies que destruirão o que não podem ter e há aqueles que tentam evitá-lo. Aqueles que merecem todas as bênçãos que posso dar a eles.

— Mas você a retirou. — Kim lembrou. — É por isso que fui estuprada, porque você os fez aproveitar.

— Sim. — O arrependimento encheu os olhos da Deusa. — Estava com raiva... estava... apressada em minha retribuição.

Kim abriu a boca para concordar, culpar a Deusa. Lentamente, ela a fechou. Quantas vezes falou sem pensar? Quantas feriu por suas ações? Ela não tinha o poder de afetar uma espécie inteira, mas afetou as pessoas que amava e que para ela, era o pior. As pessoas que ela amava eram as que nunca demonstrou por palavras ou ações.

— Então corrija. — Kim sussurrou.

— Eu não posso.

— Por quê?

— Porque foi causado por como o Imperador tratou suas fêmeas. Apenas pode ser corrigido por como o Imperador trata sua fêmea agora. Como Wray trata você.

— Mas...

888

— Kim... — Wray sentou ao lado dela no sofá e esfregou suavemente a perna. — Kim. — Ele disse, tentando novamente acordá-la. Ele não gostou que não acordasse. Ela nunca dormiu assim.

Ele estava confiante quando deixou que seus guerreiros a protegessem... de qualquer coisa. Assegurou que ela estaria segura. Agora...

— Wray? O que há de errado? — Perguntou Kim sonolenta.

Sua voz doce fez seus olhos voltarem para os dela, achando-os preocupados.

— Você está bem? — Ele perguntou bruscamente.

— Claro que sim. — Movendo-se ela se sentou. — Por que não estaria? Você deixou quase todos seus guerreiros para me protegerem.

— Você não acordava. — Levando-a em seu colo, ele envolveu seus braços ao redor dela, puxando-a perto. — Estava preocupado. — Admitiu colocando o rosto no pescoço dela.

— Sinto muito. — Ela disse, seus dedos tocando seus cabelos. — Eu estava apenas pensando no dia e acabei dormindo.

— Você precisa descansar mais, minha Kim. — Ele se afastou para colocar uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. — Deveria ter trazido Yakar conosco para que pudesse monitorá-la.

— Não! — Kim imediatamente endureceu. — Eu não quero esse homem em qualquer lugar perto de mim!

— Kim...

— Não, Wray! Eu não gosto dele...

— Ele nunca a machucaria, Kim. Ele é um curandeiro e você sua Imperatriz.

— Eu não me importo. Não quero que ele me toque. Não posso explicar o porquê. É assim que me sinto.

Wray a observou silenciosamente por vários minutos, depois lentamente assentiu.

— E se é assim que você sente, minha Kim, então é assim que será... enquanto estiver bem.

— Estou, Wray. Juro. — Kim esperou seu aceno de cabeça antes de se aconchegar em seus braços. — Então me diga o que descobriu sobre os envios de alimentos.

— Reeve diz que estavam cheios quando deixaram Vesta. — Wray ficou surpreso com o quão natural era compartilhar isso com ela.

— E estavam?

— É o que seus Capitães afirmam.

— Isso não significa que seja verdade.

Wray olhou para ela surpreso por ter percebido isso.

— Não, mas juram. Reeve está recebendo a documentação. Ele sugeriu, que os próprios Kaliszianos estão roubando os suprimentos para obter lucro.

— Isso é possível? — Kim pensou no General Rayner e não podia vê-lo fazendo tal coisa.

— Tudo é possível.

— Então o que você fará?

— Eu ainda não sei. Tenho Veron investigando mais.

Kim silenciosamente olhou para o fogo por vários minutos pensando na próxima pergunta. — Wray?

— Sim, minha Kim?

— Reeve disse que Tora está em Vesta.

— Ele está. — Wray respondeu sua pergunta não solicitada. — Quando um macho chega a uma certa idade, seu manno o envia para um guerreiro que provou ser apto e digno de ser treinado. Uma vez que completa esse treinamento, servirá então esse guerreiro e seu Senhor por cinco anos. Depois disso, ele é livre para oferecer seus serviços a qualquer pessoa que desejar. Todo macho faz isso. Os machos, exceto o futuro Imperador.

— Ele é tratado de maneira diferente.

— Sim. Ele viaja e treina por um tempo em cada uma das doze Casas do Império Torniano. Isso lhe dá uma melhor compreensão das pessoas e dos lugares que um dia governará. Seu último ano de treinamento será em Luda e é o Rei de Luda que ele servirá até o vigésimo quinto ano ou até, como eu, ele for coroado Imperador.

— Você se tornou Imperador antes de completar vinte e cinco anos? — Kim afastou-se para olhá-lo surpresa.

— Sim. Meu manno foi morto enquanto caçava em Betelgeuse.

— Sinto muito, Wray.

— Foi... inesperado. O irmão do sangue do meu manno, o rei Rask de Luda, ajudou a guiar-me até a morte dele. Então meu irmão de sangue, Grim, tomou seu lugar.

— Você se importa muito com seu irmão.

— Sim.

— E com seu filho, seu primogênito, Tora.

— Claro.

— Eu vou encontrá-lo?

— Você quer? — Wray deu a ela um olhar surpreso.

— Por que não iria? — Disse Kim, confusa.

— Ele é minha primeira prole masculina... de outra fêmea.

— Eu sei.

— A maioria das fêmeas evitam a prole de outras fêmeas.

— Mas não sou a maioria das fêmeas, Wray.

— Não Kim, você não é e sou grato por isso. — Inclinando-se, ele lhe deu um beijo duro. — Quando Tora chegar, gostaria muito de apresentá-los.


CAPÍTULO DEZOITO

Os olhos de Kim se arregalaram de surpresa quando o fabricante de coberturas entrou em sua câmara. Não foi sua aparência que a surpreendeu. Embora deveria. Não era todos os dias que via um homem com a pele colorida onyx, olhos azuis e cabelos como o arco-íris que fluíam sobre seus ombros.

Não.

O que a surpreendeu foi que uma fêmea seguia o macho alto. A primeira que Kim via desde que foi tirada da Terra e era tão impressionante quanto o macho, exceto que tinha longas tranças finas em todas as cores. Isso deveria parecer ridículo... mas nela, parecia... certo.

— Você precisa de coberturas, Majestade? — O macho perguntou com uma voz tão profunda como o arco que fez a Wray. A fêmea continuou em silêncio.

— Sim, para a Imperatriz. — Wray disse, apontando para que o macho se levantasse.

— A Imperatriz? — O macho não conseguiu esconder o choque e seus olhos imediatamente foram para Kim e ela viu a desaprovação. Certamente, o Imperador não queria dizer que aquela pequena e estranha fêmea ao lado dele...

— Sim. — Wray rosnou ameaçadoramente. Ele não gostou da maneira como o macho olhava para Kim. Ele não gostava de como todos os machos olhavam para Kim, como se fosse uma fêmea qualquer. Ela era sua e ela teria seu respeito. — Esta é a Imperatriz Kim, sua Imperatriz. — Os olhos de Wray estavam tão frios como sua voz. — Ela precisa de coberturas e você os produzirá. Que materiais você trouxe?

— Eu trouxe tudo o que estava disponível dentro da Casa Reeve, Majestade. — Os olhos do macho foram rapidamente para Wray e percebeu que irritou o Imperador, algo que ninguém queria fazer, especialmente um Auyangian. — Mas não tenho certeza de que isso seja adequado para uma Imperatriz, Senhor.

— Por que não? — Wray questionou.

— Porque a fêmea de Lorde Reeve deixou muito pouco material adequado para as necessidades de uma fêmea.

— Por que Lorde Reeve não o substituiu? — Exigiu Wray.

— Eu não sei, Majestade.

— Wray. — Kim colocou uma mão calmante em seu braço. — Tenho certeza de que tudo o que ele tem ficará bem. Deve ser melhor do que o que eu tenho, o que não é nada.

— Você é a Imperatriz. — Wray rosnou. — Merece o melhor que o Império tem para oferecer.

— E tenho. — Ela disse apertando o braço dele. — Eu tenho você.

A boca do macho se abriu ao ouvir as palavras de Kim. Ele ouviu corretamente? Ele o fez? Não era impossível. Nenhuma fêmea Torniana pensava que seu macho era o melhor que o Império tinha para oferecer, nem mesmo o Imperador.

Wray sentiu sua garganta apertar as palavras de Kim. Ela sempre expressasse seu sentimento por ele, mas sempre em privado. Para fazê-lo agora, mesmo que fosse apenas diante de um comerciante de coberturas Auyangian...

— Há um material que pode fazer justiça. — Uma voz feminina suave falou. — Acredito que Lady Estee deixou atrás por engano. — Três conjuntos de olhos foram para fêmea.

— Caitir! — O macho reprovou a fêmea menor.

— O que é o material? — Perguntou Kim, dando um passo à frente, parando o argumento antes de começar, entre o macho e a fêmea.

— É Himroo, Majestade. — Caitir disse, inclinando-se para ela. — Posso? — Ela gesticulou para trás e esperou a permissão para se mover.

— Por favor. — Kim disse e seguiu-a enquanto se movia para a mesa na câmara externa que estava cheia de tecidos e materiais. — Conte-me mais sobre o material.

— Himroo é feito à mão em Aurangabad, Majestade. — Caitir disse, alcançando o que ela queria. — É preciso um artesão qualificado para tecer, tornando-o muito procurado.

— Então, o que faz você pensar que Lady Estee deixou isso por engano? — Kim perguntou, viu Caitir hesitar e olhar por cima do ombro para o homem. — Por favor, Caitir... pode me dizer?

Lentamente Caitir assentiu.

— Como eu disse, Imperatriz, o tecido de Himroo, especialmente nesta cor, é mais procurado, mas nenhuma fêmea, nem mesmo Lady Estee, poderia ter qualquer coisa feita com isso. Ela teria guardado secretamente... esperando...

Os olhos de Kim se arregalaram, quando Caitir se virou para revelar um tecido azul incrível, parou de falar e Kim olhou para ela.

— Esperando por quê?

— Eu... um... — Os olhos de Caitir foram para o Imperador.

— É a cor de Casa Vasteri, Kim. — Wray ficou ao lado dela olhando o tecido. Como Reeve conseguiu adquirir isso? A casa Vasteri sempre teve a primeira escolha deste tecido, especialmente nesta cor. Enquanto Wray não tinha nenhuma fêmea para usá-lo, ele garantia seu abastecimento para a futura fêmea de Tora.

— E isso significa? — Kim olhou para Wray interrogativamente.

— Que apenas a Imperatriz tem permissão para usá-lo. — Wray disse a ela.

— Então ela estava guardando isso com a esperança de se unir a você. — Kim olhou de forma dura.

— Sim. — Wray disse, balançando a cabeça.

— Então foi bom deixá-lo para trás, porque ela nunca o fará.

— Isso é verdade, minha Kim. — Wray disse, então olhou de volta para o tecido. — Você o deixará lindo.

— Você quer dizer que isso me deixará bonita.

— Não, minha Kim. — Wray colocou uma mão firme sob seu queixo, certificando-se que olhasse para ele. — Nada em todos os universos conhecidos poderia melhorar sua beleza. Você aumenta a beleza de tudo o mais.

— Wray... — Kim encontrou seus olhos ao ouvir as palavras sinceras.

— Eu falo apenas a verdade, Kim. — Seus olhos se suavizaram quando seu polegar suavemente limpou a lágrima que escapou. — Agora vamos fazer suas coberturas.

888

Kim ficou surpresa com quanto tempo levou para Caitir e seu tio tirar suas medidas com uma ferramenta de mão. Ela pensou que teria que tirar a camisa, mas Wray rapidamente explicou que o dispositivo via embaixo dela para obter as medidas adequadas. Ele também precisou explicar por que Caitir deixou de escaneá-la depois que alcançou seus quadris.

— Suas coberturas daqui irão até o chão. — Ele disse suavemente tocando seus quadris.

— Mas e os jeans?

— Jeans? — Wray franziu a testa para ela. — O que são jeans?

— Eles são como sua calça. — Kim gesticulou para suas pernas. — Feito de um tecido como esse. — Ela passou a mão ao longo do tecido.

— Você quer usar calças? — Wray não tentou esconder sua confusão. — Como um macho?

— Não como um macho, como uma mulher. — Kim não entendeu por que isso o perturbou. — O que há de errado com uma mulher vestindo calça? Eu costumava usá-las o tempo todo em casa. São confortáveis.

— Isso irá expor sua forma... — Começou Wray.

— E isso não? — Kim perguntou apontando para a camisa e pernas nuas. — Uma calça cobriria completamente minhas pernas.

— Também suas novas coberturas.

— Você espera que use roupas longas o tempo todo?

— É o que todas as fêmeas usam. — Wray disse a ela, gesticulando para Caitir.

O olhar de Kim foi de Caitir para o tecido, finalmente voltou para Wray e percebeu que suas bochechas escureciam.

— Isso realmente o incomoda, o pensando de usar calças.

— Eu... sim. — Wray finalmente admitiu.

Kim levou uma mão para o tecido que estava causando tanta disputa. Ela precisava lembrar que não estava mais na Terra e as mulheres ali se vestiam de forma diferente. Ela precisava se adaptar.

— Tudo bem. — A mão de Kim se afastou do tecido e ela deu a Wray um pequeno sorriso antes de se virar para Caitir. — Quando você acha que você terá a cobertura pronta?

— Eu... — Caitir gaguejou, ficou chocada com o que acabou de testemunhar entre o Imperador e a Imperatriz. Por que essa fêmea não se desanimou quando o Imperador não cedeu às suas exigências? Por que ela aceitou?

— Caitir! — Jael disse.

— Nós podemos voltar amanhã após a refeição do meio-dia para os acessórios finais, Majestade. — Disse Caitir.

— Realmente? — Kim não tentou esconder seu choque. — Rápido assim?

— Sim Majestade, revestimentos como esses, sem enfeites não levarão muito tempo.

— O que você quer dizer sem enfeites? — Perguntou Kim, franzindo a testa para ela.

— Eu... bem... — Caitir se viu gaguejando novamente.

— As fêmeas recebem joias de suas uniões juntas em suas coberturas, exibindo assim seu valor para todos verem.

— Seu valor... como sua capacidade de apresentar descendentes aptos.

— Sim.

888

— O que está incomodando-a, minha Kim? — Perguntou Wray mais tarde naquela noite. Ficou muito quieta desde que Caitir e Jael partiram. A última refeição foi servida e ela comeu apenas porque ele se certificou disso.

Ele achou que perdeu seus divertidos comentários e observações sobre coisas que considerava certo. Tinha tantos pensamentos e ideias estranhas.

Beijar era uma daquelas coisas estranhas e agora não podia ver sua vida sem isso.

A ideia de mulheres vestindo calças era tão estranha, mas era algo que deveria reconsiderar? Ficou tão excitada quando falou sobre elas... até ver o quão irritado ele ficou.

Ela considerou seus sentimentos e decidiu que eram mais importantes do que os seus. Por que ele não fazia o mesmo?

Agora, ela estava em seus braços enquanto se sentavam no sofá antes de descansar. Seus dedos se moviam distraidamente em seu abdômen enquanto olhava para o fogo.

— Hmm? O quê? — Ela perguntou, olhando para ele.

— Algo está incomodando você. Conte-me.

— Não é nada, Wray. — Estendendo-se, ela beijou seu queixo, então se recostou para olhar para o fogo.

— Não é nada, minha Kim. — Wray não estava de acordo. — Você está muito calma... não quis comer... é por causa do jeans. — Ele se viu com a procura da palavra que ela usava.

— Não. — Colocando uma mão sobre o estômago, ela se afastou um pouco para poder ver a verdade em seus olhos. — Não é importante, Wray.

— Para você, é.

— Somente porque me lembram a terra e minha casa, mas a Terra já não está em casa. Minha casa é onde você estiver.

— Deusa, Kim. — Wray ofegou enquanto se inclinava para tomar seus lábios em um beijo duro. Um macho já foi tão amado?

Kim aproveitou o beijo, sua língua tocando a dele deixando as sensações afastar suas dúvidas e medos. Wray tinha razão, algo a incomodava, mas não era nada que pudesse mudar, pelo menos ainda não e não deixaria isso afetar seu tempo com ele. Sem romper o beijo, Kim o empurrou quando seus dedos começaram a trabalhar na camisa. Rapidamente, ela a abriu, permitindo que suas mãos tivessem acesso total à pele quente do peito. Lentamente, passou os dedos para cima em cada músculo impressionante até chegar aos discos planos escuros no peito. Suavemente, passou as unhas sobre eles descobrindo que ele gostava e sentiu todo o seu corpo tremer.

E de repente, sua boca ficou com ciúmes de suas mãos e Kim abandonou a boca para colocar beijos quentes e de boca aberta ao longo da mandíbula e descer o pescoço até chegar ao seu enorme peito. Com cada movimento de sua língua, ela sentia seu sabor único até que finalmente alcançou o local onde seus dedos tocavam.

A cabeça de Wray se inclinou quando a boca de Kim se aproximou dele. Ele nunca se cansaria de sua boca nele. Como suas mãos se moviam sobre seu corpo, como se não houvesse nada que ela quisesse tocar mais do que ele. Movendo as mãos ao longo da pele lisa das coxas dela, ele tocou a carne macia e exuberante de sua bunda e puxou-a para cima de seu eixo latejante.

Deusa, ele precisava entrar nela.

— Kim... — Ele gemeu e finalmente soltou seu outro mamilo para olhar para ele com os olhos cheios de desejo.

Inclinando-se para trás, Kim o observou enquanto as mãos se moviam entre eles, acariciando a carne dura dentro de sua calça antes de abri-la para tocá-lo da raiz a ponta. Ela sabia que nunca se cansaria disso. Tocar Wray assim. Ele era tão maciço, tão poderoso. Não levaria nenhum esforço para ele machucá-la, mas em vez disso tremia em suas mãos como se ela fosse a poderosa.

Ficando de joelhos, Kim colocou-o em sua entrada já molhada de necessidade e levou-o profundamente no seu corpo, deixando-o encher todos os lugares vazios dentro dela, levando-o para casa.

— Kim! — Wray rugiu em protesto, mesmo quando seus quadris se ergueram, entrando ainda mais fundo. Ele ainda não a agradou. Ainda não lhe deu seu lançamento.

Ignorando o protesto dele, Kim agarrou seus ombros e colocou-se contra ele. Ela precisava disso, precisava dele. Algo no fundo dela estava crescendo, enchendo-a com a força e confiança que não tinha antes. O amor e a paciência de Wray deram a ela, permitindo que se curasse e se tornasse a mulher que ela deveria ser. A mulher que precisava que ser. Uma Imperatriz. Tudo o que teria que fazer era aceitar... tomar o que sempre foi seu... Wray.

— Wray! — Kim protestou quando seus dedos apertaram seus quadris, acalmando seus movimentos.

— Ainda não lhe dei prazer, Kim.

— Nós vamos encontrá-lo, juntos, Wray. Toque-me. Toque-me como quiser.

Os olhos de Wray se fixaram nos dela, procurando e descobrindo o que queria. Lentamente, seus polegares abriram suas dobras sedosas ainda mais, apertando suavemente o nó ereto e inchado, ele observou sua cabeça se inclinar quando suas paredes se fecharam ao redor de seu eixo em resposta.

— Sim, Wray... — Ela gemeu. — Mais... — Ela implorou.

Respondendo a sua súplica, os quadris de Wray se moveram, seus polegares continuaram acariciando o seu nó já inchado. Ele se inclinou para colocar um mamilo na boca, sua língua tocando-o enquanto ele continuava acariciando seu nó.

Kim ficou ofegante com todas as sensações que Wray estava criando dentro dela. Seus dedos cravaram profundamente em seus cabelos quando suas costas se arquearam, encorajando-o a tomar mais e ele o fez. Ele tomou tudo o que tinha que dar...

O coração dela

Seu corpo...

Sua alma...

Então deu-lhe o dele.

— Wray! — Ela gritou enquanto cada fibra de seu corpo se apertava, então explodiu enquanto seu orgasmo engoliu os dois.

— Kim! — O rugido de Wray seguiu Kim enquanto ele mergulhava uma última vez nela, seu lançamento explodindo através dele e banhando seu ventre com sua semente.

888

Reeve agarrou seu comunicador no instante em que começou a tocar.

— Reeve.

— O que é tão importante? — Exigiu Bertos.

— Você sabe onde o Imperador está? — Reeve exigiu.

— O que você quer dizer? — Perguntou Bertos. — Ele está em Luda, encontrando-se com Grim.

— Não. Ele. Não. Está. — Reeve respondeu. — Ele está aqui! Em Vesta!

— O quê? — Bertos não conseguiu esconder sua surpresa.

— O Imperador está em Vesta! — Um silêncio profundo cumprimentou a declaração de Reeve. — Tem mais.

— O quê? — Exigiu Bertos.

— Tem uma fêmea com ele. Uma, que ele está chamando sua Imperatriz.

— O quê? — Gritou Bertos. — Impossível! Eu saberia!

— Eu a conheci e Bertos... ela não é Torniana.

— Você idiota! — A ira de Bertos era evidente. Reeve realmente o preocupou por um minuto. — Ela não pode ser Imperatriz, a menos que seja Torniana.

— A menos que ela seja compatível...

— Impossível... — No entanto, Bertos havia não tinha certeza.

— Mas se ela estiver com descendência, isso arruinará todos os nossos planos.

— Não! — A ira de Bertos explodiu através do comunicador. Isso não pode acontecer! Não quando estamos tão perto! Como não sabia que o Imperador não estava em Luda! Espere... por que ele está em Vesta? Por que o Imperador está em Vesta? — Bertos exigiu em uma voz enganosamente suave.

Um silêncio desconfortável cumprimentou sua pergunta.

— Reeve! — Bertos exigiu impaciente. — Por que o Imperador está em Vesta?

A mente de Reeve estava correndo enquanto ele tentava descobrir como contaria a Bertos sobre o desvio de alimentos para os Kaliszianos. Ele sabia que seria para enriquecê-lo e Bertos furioso, poderia ser mortal. E de repente, ele percebeu que não precisava contar a ele a verdade e ainda podia culpar Bertos.

— Ele está aqui, em vez de estar em Luda como você pensou, porque estava no Império Kalisziano com o Imperador Liron.

— O quê?

— Parece que há Kaliszianos roubando os alimentos que estamos enviando. Eles estão me culpando. O Imperador veio investigar.

— E você está? — Perguntou Bertos.

— Estou o quê? — Reeve questionou defensivamente.

— Roubando os suprimentos?

— Claro que não! Porque eu faria isso! Chamaria a atenção para nós que não precisamos agora.

— Isso está correto, então se eu descobrir que você está, ficarei muito descontente.

Todos sabiam que desagradar Bertos nunca era uma coisa boa.

— Como eu disse, está no extremo Kalisziano. — Reeve ficou contente porque Bertos não conseguia ver o suor escorrer pelo pescoço dele. — O que quero saber é por que você não sabia que ele estava fora do Império! — Reeve disse, tentando desviar a atenção de Bertos. — Porque se soubéssemos, poderíamos tê-lo matado.

— Não! — Bertos negou imediatamente. — Ainda não é hora. Ainda não temos apoio suficiente na Assembleia.

— Como não! É um descendente direto do Imperador original.

— Sim, alguns ainda duvidam de mim. Preciso provar para eles que posso dar o que eles precisam.

— Como você fará isso?

— Eu tenho um plano. Agora, é isso que quero que você faça sobre a fêmea.


CAPÍTULO DEZENOVE

Kim voltou lentamente a sentir o vestido fluindo ao redor dela enquanto entrava na câmara externa. Caitir e Jael chegaram pouco depois da refeição do meio-dia, como prometido, carregado com vários vestidos.

— É adorável, Caitir. — Kim disse para ela, então, olhou para Wray por sua opinião e ficou surpreso com a tempestade de emoção ardendo em seus olhos. — Wray?

Wray se moveu em direção a ela, seus olhos lentamente a percorrendo agora totalmente coberta pela cor azul da casa Vasteri. Ela prendeu o cabelo para cima em algum tipo de torção enquanto ela e Caitir estavam na câmara de repouso colocando a cobertura. Isso a fazia parecer real, mas achou que sentia falta de sua visão fluir por muito tempo e livre. Ele também perdeu a beleza de suas pernas nuas.

— Você está bonita, minha Kim. — Ele disse a ela gentilmente agarrando sua bochecha. — Mais bonita do que qualquer Imperatriz que já existiu.

A sinceridade na voz de Wray fez os olhos de Kim encherem de lágrimas. Ela podia não estar totalmente à vontade com o novo papel e o novo mundo para o qual foi empurrada, mas sabia que quando Wray a olhava assim, encontraria uma maneira de se sentir confortável.

— Obrigada. — Ela sussurrou, beijando sua palma.

— Estou lhe dizendo a verdade, minha Kim. — Lembrando que eles não estão sozinhos, Wray deixou sua mão cair e se virou para Jael. — Agradeço por fazê-lo tão rápido.

— Foi uma honra fazer coberturas para sua Imperatriz, Senhor e agora que estamos confiantes com o ajuste final e o comprimento, podemos terminar o resto.

— Gostaria que este acabasse imediatamente. A Imperatriz encontrará meu primogênito mais tarde hoje e precisará de algo adequado.

— Claro Majestade, a barra é tudo o que resta sobre essa cobertura. Não demorará muito.

— Majestade. — Veron entrou e esperou que o Imperador o reconhecesse.

— O que é, Capitão? — Wray perguntou.

— Lorde Reeve e... — Ele fez uma pausa, olhando para Kim. — E os outros estão esperando por você na câmara do governo.

— Estarei lá em breve. — Wray disse calmamente.

— Sim, Majestade. — Veron virou para esquerda.

— Pode terminar aqui? — Kim perguntou e caminhou em direção a Jael. Ela entendeu que Wray estava acostumado a tomar controle de... bem, tudo e que as fêmeas Tornianas não se dirigiam diretamente a um macho, mas essas eram suas coberturas e ela teria alguma opinião no que aconteceria ali hoje. Isso também a envolvia.

— Eu... — Os olhos de Jael se arregalaram quando ela caminhou em direção a ele. Não podia ficar aqui com ela sozinho.

— Kim... — Começou Wray.

— O quê? — Ela perguntou.

— Jael não pode ficar aqui com você, Kim. — Wray passou uma mão frustrada por seus cabelos. — E eu preciso sair.

— Mas Caitir pode. Certo? — Kim olhou para Caitir e viu que chocou a outra fêmea. — Você sabe como terminar o vestido, não é, Caitir?

— Eu... — Os olhos de Caitir foram para Jael por orientação.

— Ela pode, Imperatriz. — Jael admitiu com cuidado. — Mas...

— Mas o quê? — Kim franziu a testa, olhando de Jael para Caitir, quando não falou, ela deu a Wray um olhar frustrado.

— Kim, fêmeas Auyangian... — Wray lutou com o que dizer.

— Fêmeas Auyangian o quê? — Exigiu Kim.

— São consideradas disponíveis quando não na presença de seu protetor. — Caitir finalmente respondeu-lhe com voz tranquila.

— Disponível... — Kim franziu a testa para Caitir, esperando que ela tivesse entendido mal o que Caitir estava dizendo, mas o olhar em seus olhos lhe disse que não. — Bem, isso não será um problema aqui. Será Wray? — Exigiu Kim, virando olhos para Wray. — Porque seus guerreiros são aptos e dignos. Seus guerreiros protegem as fêmeas. Eles nunca abusam delas.

— Eles são, minha Kim. — Wray tranquilizou-a então olhou para Jael. — Jael, nenhum dano virá para Caitir se ela ficar com minha Imperatriz, eu juro.

— Eu acredito, Senhor. — Jael disse nervoso e se forçou a olhar o Imperador nos olhos. — Mas a escolha deve ser de Caitir.

Wray olhou para o macho Auyangian e descobriu que ele admirava sua coragem. Poucos lhe falariam assim. Eles especialmente não dariam uma escolha a fêmea.

— É claro. — Wray disse e olhou para Caitir.

Caitir não podia acreditar no que estava ocorrendo. A Imperatriz queria que ela permanecesse? O Imperador prometeu que ela seria protegida? Uma Auyangian?

— Caitir? — Jael perguntou calmamente, quando não falou.

— Eu ficarei. — Caitir respondeu rapidamente, olhando de Wray para Jael. — Você voltará para mim quando chegar a hora?

— Claro. — Jael respondeu imediatamente.

— Maravilhoso. — Kim disse, sorrindo. — Quando Tora chegará?

— Pouco antes da última refeição. — Wray a informou.

— Ele comerá conosco? — Perguntou Kim.

— Bem, se isso foi o que quer.

— Bem, acho que também depende do que você e Tora querem.

— Eu ficaria emocionado por ele compartilhar a última refeição conosco, Kim. Tenho certeza de que Tora sentirá o mesmo.

— Você tem certeza? — Ela perguntou e Wray ouviu sua dúvida.

— Eu tenho, Kim. — Wray passou ma mão reconfortante pela bochecha.

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Caitir estava diante da Imperatriz, insegura do que deveria fazer. Jael e o Imperador saíram momentos atrás e agora ela estava sozinha com essa pequena e estranha fêmea. Ela nunca viu uma Tornian como ela antes.

— Isso é porque eu não sou uma. — Kim disse e Caitir empalideceu quando percebeu que expressou seus pensamentos.

— Imperatriz... minhas mais profundas desculpas. — Caitir caiu de joelhos, inclinou a cabeça e rezou a Deusa que a Imperatriz não retirasse sua proteção.

— Pelo o quê? — Kim perguntou e ficou chocada quando Caitir ficou de joelhos. — O que você está fazendo?

— Por favor, Imperatriz... eu não quis ofender.

— É claro que você não o fez e não me senti. Ofendida, claro. Eu não sou Tornian. — Kim estendeu a mão. — Por favor, Caitir. Por favor, levante-se.

Caitir levantou os olhos para a Imperatriz e não encontrou raiva, apenas uma confusão honesta e olhou para a mão estendida. Lentamente, ela estendeu a mão e a pegou.

Kim sorriu enquanto ajudava Caitir. Ela não tinha certeza do que acontecia, não tinha certeza de por que aconteceu, mas se certificaria que não acontecesse novamente.

— Você não é Torniana? — Caitir perguntou hesitante.

— Não. Eu sou de um planeta chamado Terra. Acho que você me chamaria de uma Terráquea.

— Terráquea... nunca ouvi falar deles antes.

— Eu sei. Ninguém o fez. Por que achou que suas palavras me perturbariam?

— Não fui respeitosa. Fêmeas... as fêmeas Tornianas nunca permitiriam que eu falasse sobre ela como fiz. Ela ficaria chateada e me puniria... ou pior.

— Pior? — Kim franziu a testa.

— Ela exigiria que eu partisse... sozinha... sem proteção.

— Entendo. — Kim se afastou de Caitir, sua raiva por fêmeas Tornianas aumentando. Que fizessem tal coisa, sabendo o que aconteceria, a deixava doente. — Isso já aconteceu com você antes? Aqui em Vesta? Com Lady Estee?

— Não, Jael nunca me deixaria sozinha com Lady Estee. Ela nunca teria permitido isso. Lorde Reeve ficou conosco o tempo todo. Para ela mesmo falar comigo seria considerado um insulto. Isso a teria incomodado. E isso acontecesse...

— Entendo. — Kim cortou-a e virou-se para encará-la. — Quero que você compreenda algo, Caitir. Isso nunca acontecerá comigo. Eu não sou Torniana e me recuso a me comportar como elas. Agradeço muito que você seja sincera comigo. Ainda há muito deste mundo que eu não sei. — Kim viu que ela não acreditava nela. — Você não acredita em mim.

— Eu... claro que sim, Imperatriz.

— Não, você não acredita, mas acho que posso entender isso. — Kim deu um leve sorriso. — Você não me conhece e não a conheço. Tudo o que sei é que o seu nome é Caitir, que é tão bonito quanto você. É Auyangian, o que deveria significar algo para mim e que o nome do seu tio é Jael. Ah e você tem mãos muito talentosas.

— Eu... você nunca ouviu falar de Auyangianas? — Caitir não conseguiu esconder seu choque.

— Não. — Kim sentou-se em uma cadeira e gesticulou para Caitir para fazer o mesmo. — Assim como você nunca ouviu falar de terráqueos, nunca ouvi falar de Auyangianos. Então me diga o que todos pensam que eu deveria saber.

— Eu... — Caitir lentamente se sentou tentando decidir o que dizer.

— Por favor, Caitir, a verdade. — Kim disse e Caitir lentamente assentiu.

Esta estranha fêmea parecia honestamente intrigada com o motivo pelo qual as fêmeas Auyangian eram tão pouco cuidadas. Ela era a Imperatriz, mas a considerava bela... e talentosa... será que os universos estavam se destruindo?

— Auyang é um lugar muito hostil. — Caitir começou. — Onde a vida é dura e para muitos curta. Para sobreviver, grandes sacrifícios devem ser feitos... principalmente por fêmeas. — Quando a Imperatriz não falou nada, apenas ouviu atentamente, Caitir continuou.

— Famílias com múltiplas fêmeas muitas vezes vendem as extras para casas de prazer para que o resto da família possa sobreviver.

— Extras! — Kim estava feliz por estar sentada, caso contrário os joelhos dele derrubaram.

— Sim, é uma prática comum, especialmente se uma fêmea for fraca ou doente. São vendidas, diminuindo assim a pressão sobre os recursos da família.

— Você foi vendida?

— Não, embora teria sido se não fosse pelo meu tio. Minha mãe não sobreviveu ao meu parto e eu estava muito doente. O meu pai julgou que seria um desperdício de recursos preciosos continuar me apoiando.

— Quantos anos você tinha? — Perguntou Kim, horrorizada.

— Oito. — Caitir disse simplesmente.

— Oito! Seu pai iria vendê-la com oito anos para uma casa de prazer?

— Sim, mas meu tio comprou-me antes que pudesse.

— Seu tio a comprou...

— Era a única maneira de me proteger. — Caitir disse, franzindo a testa para Kim. — Jael era o irmão da minha mãe. Ele deixou Auyang em uma idade muito jovem, mas prometeu que voltaria para ela. Como não conseguiu salvá-la, decidiu me salvar. Ele me comprou do meu manno e me ensinou a fazer coberturas.

— Ele a tratou como se fosse seu pai.

— Não, ele me tratou melhor do que isso. Ele me tratou como se eu importasse.

— É claro que você importa! — Kim se inclinou e apertou a mão de Caitir: — Todo mundo importa Caitir. Não importa se são do sexo masculino ou feminino. Não importa que cor são ou de onde são. O que importa é ter dignidade e se encaixar na vida da qual podem se orgulhar.

— Isso é o que você faz?

— Estou tentando. Não sou perfeita. Cometi muitos erros, mas estou tentando aprender com eles, então não os cometo novamente. Era bastante difícil na Terra, onde eu conhecia as regras. Aqui... — A voz de Kim parou quando pensou em todos os erros que cometeu até agora.

— Eu ouvi falar de... erros... Majestade.

— A maneira como você diz me faz pensar que você ouviu algo.

— Eu...

— Por favor, Caitir. — Os olhos de Kim imploraram com ela.

— Falamos sobre a grande honra que você deu ao Guerreiro Damir em Pontus.

— Grande honra? Não sei do que você está falando, Caitir. — Kim franziu o cenho. O que ela fez?

— Você colocou sua mão em seu corpo. Inclinou sua cabeça para ele. Seguiu seu corpo no ônibus. — Com cada frase, o tom de Caitir tornou-se mais intenso.

— Bem sim, mas alguém teria feito isso.

— Não uma fêmea Torniana. — Caitir insistiu. — Uma fêmea Torniana nunca teria tocado Damir. Ela nunca teria curvado a cabeça, reconhecendo seu sacrifício. Ela sentiria que estava por baixo dela. Uma fêmea Torniana nunca teria permitido que o corpo de Damir fosse transportado no mesmo ônibus que ela. Teria exigido que ele fosse deixado para trás. — Caitir observou os olhos da Imperatriz se alargarem enquanto falava. — Suas ações fez todos os machos se perguntarem sobre a fêmea que o Imperador reivindicou. Perguntando e esperando a mesma honra.

— Eles querem morrer em um acidente de transporte?

— Eles querem ser considerados tão dignos por uma fêmea a ponto dela mostrar isso na frente de outros machos.

— Oh. — Kim disse calmamente, ainda estava tendo dificuldade em acreditar em como as fêmeas Tornianas tratavam seus machos e como a maioria dos machos tratava suas fêmeas.

— É algo que não é feito, nem mesmo entre um macho e fêmea que se unem.

— Não deve ser assim.

— Você poderia mudar isso.

Você é o recomeço.

As palavras da Deusa passaram por sua mente e Kim finalmente estava começando a acreditar.

— Talvez você esteja certa.

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— Você fez o quê? — Reeve exigiu.

— Ela não é Torniana. Não havia macho lá protegendo-a. Ainda podia sentir o cheiro da união dela com o Ganglians. Então agimos com base nisso. Não havia nenhuma razão para acreditarmos que ela estava sob sua proteção. Deixou-a sozinha. — Fala sorriu achando graça.

— E por isso, o Imperador tirou você de sua Guarda? — Reeve não podia acreditar. Fala e Gyula não fizeram nada de errado.

— Sim, meu Senhor. — Disse Fala.

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O humor da câmara dominante de Vesta estava tenso quando Wray entrou. Fala e Gyula estavam diante de um irritado Lorde Reeve, que estava sentado na cadeira do Senhor. Ele se levantou quando Wray e sua Guarda entraram na sala, relutantemente, afastando-se para que o Imperador pudesse assumir o controle da sala.

Veron moveu-se para ficar de pé no lado do Imperador, com a mão no punho da espada enquanto seus olhos examinavam a sala procurando por possíveis ameaças. Ele sabia que a palavra se espalhou de que o Imperador os tirou de sua guarda e estavam irritados com o insulto à sua casa. Não encontrando nenhuma ameaça imediata dos guardas que o encaravam, os olhos de Veron recuaram sobre o motivo dessa reunião.

Fala e Gyula.

— Majestade, estou confuso. — Reeve falou primeiro.

— O que o confunde, Lorde Reeve? — Perguntou Wray friamente.

— Eu falei com o Guerreiro Fala e o Guerreiro Gyula e não posso encontrar nenhum motivo, das declarações que deram, para que você os remova não apenas de sua Guarda, mas devolvê-los à Vesta em desgraça.

— Você sente que você, Lorde Reeve, têm uma palavra a dizer em quem eu escolho para minha guarda?

— Claro que não, Majestade, mas para que sejam removidos de tal forma, refletem mal na minha casa.

— Eu não me importo com o que reflete em sua casa, Lorde Reeve. Eu não terei nenhum guerreiro servindo a Casa Vasteri que eu considero impróprio e indigno!

— Impróprio? — Reeve não conseguiu esconder seu choque. — Indigno? Senhor! O que poderia ter causado você acreditar em uma mentira tão flagrante sobre dois dos melhores guerreiros já treinados em Vesta?

Os peitos de Fala e Gyula incharam com o elogio de seu Senhor.

— Bem, se estes dois são os melhores, Lorde Reeve, então talvez eu tenha colocado o macho errado governando Vesta!

A boca de Reeve ficou aberta contra a ameaça implícita do Imperador. O Imperador não poderia tê-lo removido sem o pleno acordo da Assembleia e Bertos nunca permitiria que isso acontecesse, mas para ele falar sobre isso... ali... em frente à própria Guarda de Reeve. Poderia lançar dúvidas na mente de cada guerreiro, se eles deveriam servi-lo.

Wray sabia o efeito que suas palavras teriam nos guerreiros de Reeve. Vesta era um planeta importante, rico em recursos. Era um lugar onde um Guerreiro que serviu bem a seu Senhor, poderia adquirir os meios para atrair uma fêmea. Para o Imperador ameaçar remover o Lorde, eles também seriam removidos.

— Dois guerreiros que treinaram aqui. Por você. Atacaram uma fêmea que estava sob minha proteção. — Wray deixou essa afirmação pendurar no ar e viu todos os machos na sala se endurecerem, seus olhos indo para Fala e Gyula.

— O quê? — Reeve girou furioso para Fala e Gyula não o informaram sobre isso.

— Meu Senhor! — Fala deu um passo à frente para implorar seu caso diante de seu Senhor. — Ela não era Torniana! Não nos informamos que estava sob a proteção do Imperador!

— Diga-me, Fala. — Disse Wray em uma voz equivocadamente uniforme. — Que ordens você recebeu que colocou em Pontus?

— Nós deveríamos buscá-lo depois que seu ônibus caiu.

— Apenas eu?

— Você, o Guerreiro Damir e a fêmea que encontrou na nave Ganglian. — Fala respondeu.

— E por que eu a levava para lá?

— Para tratamento posterior.

— Então resgatei uma fêmea, estava pessoalmente levando de volta ao Searcher para tratamento e isso não era suficiente para você saber que ela estava sob minha proteção?

— Não, Majestade. — Fala admitiu.

— Você é idiota então? — Wray perguntou, então olhou para Reeve. — A ignorância e a falta de pensamento em processar algo básico é algo que você ensina aqui em Vesta, Lorde Reeve? — Wray ignorou o rubor escuro que atravessava as bochechas de Reeve em seu insulto. — Todas as fêmeas que viajam com qualquer macho estão sob sua proteção!

— Mas ela não tinha um macho com ela! — Protestou Gyula.

— Você está dizendo que mesmo que soubesse que ela estava viajando comigo, que, porque eu não estava bem ao seu lado, isso lhe dava o direito de abusar dela?

— Sire, ela não é Torniana. A Lei declara claramente que que um macho pode satisfazer suas necessidades com qualquer fêmea não-Torniana sem consequências. — Reeve falou, defendendo seus guerreiros.

— A Lei declara que o macho não é responsável pela prole que vem da união consensual com uma fêmea não-Torniana! Não lhe dá permissão para abusar de uma fêmea!

— Senhor, a Lei foi interpretada dessa maneira por anos. — Reeve respondeu com raiva.

— O que acabei de descobrir. Para qualquer macho. — Wray se levantou, seus olhos percorrendo a sala, certificando-se de que todo ouvissem. — Usar uma Lei que se destinava a proteger, de tal forma vai contra tudo o que o Império Tornian representa e não serão tolerados. Isso será corrigido quando eu voltar para Tornian.

— Sim, Majestade. — Reeve falou, recusando-se a recuar. Ele queria que este insulto fosse removido de sua casa. — O Guerreiro Fala e Guerreiro Gyula não cometeram nenhum crime sob o entendimento atual da Lei, portanto, não devem ser removidos de sua Guarda, especialmente por causa de uma fêmea não-Torniana.

— Uma cujo cheiro revelou que estava disposta a se unir com qualquer macho. — Gyula sorriu.

— O quê? — Wray rosnou furioso.

— Ela tinha o fedor de Ganglians. — Gyula olhou para o Lorde e o viu acenando com a cabeça que entendeu o que ele queria dizer. — Não havia nenhum motivo para que não a usássemos, um que não nos permitisse tocá-la.

— Permitir! — Wray avançou e segurou Gyula pela garganta antes que alguém soubesse o que estava acontecendo.

— Ela foi capturada pelos Ganglians! — Wray apertou a garganta de Gyula até que seus olhos começaram a aumentar.

— Ela sobreviveu a abusos duros! — Wray levantou-o de seus pés.

— Ela é minha Imperatriz escolhida e você lhe dará seu respeito ou morrerá! — Wray rugiu e jogou Gyula pela sala.

— Qualquer macho. — Wray declarou seu peito estufado. — Que não a respeite sofrerá minha ira!

Um silêncio absoluto reinou na câmara após a declaração do Imperador. A guarda de Lorde Reeve estava olhando um para o outro com confusão chocada. O Imperador mataria realmente um macho Torniano por causa do tratamento de uma fêmea não-Torniana?

A guarda do Imperador não compartilhou sua confusão. Eles testemunharam a compaixão de sua nova Imperatriz e sua atenção por um deles. Testemunharam como ela realmente interagia com o Imperador. O Imperador declarou-lhe sua Imperatriz e isso era suficiente para eles defendê-la, que Fala e Gyula não entendessem apenas provaram que o Imperador estava correto removendo-os de sua guarda.

— Majestade! — Reeve começou.

— Silêncio, Lorde Reeve! Fala e Gyula apenas vivem porque a lei os protegeu, mas não terei nenhum macho perto de mim ou o Império, que prove por suas palavras e atos que não valorizam uma fêmea! Não importa qual espécies ela seja! Não importa se ela pode apresentar descendentes aptos! As fêmeas são o presente mais precioso que a Deusa poderia nos dar e nós as trataremos como tais!

Quando o Imperador terminou, não havia um macho ali que duvidasse de sua raiva. Ou do que aconteceria com o próximo macho que se comportasse como Fala e Gyula. Nervosos, observaram o Imperador sair da sala.


CAPÍTULO VINTE

Caitir imediatamente se levantou e inclinou a cabeça quando Wray entrou na sala. Ela não tinha certeza do que o irritou, mas não queria fazer nada para aumentá-la. Encontrando-a não apenas sentada com sua Imperatriz, mas conversando com ela poderia enfurecê-lo ainda mais.

Kim franziu a testa para Caitir. Por que ela de repente se levantou? Elas estavam falando sobre suas coberturas. Caitir a informava sobre os muitos tecidos diferentes que estariam disponíveis para ela uma vez que chegasse a Tornian, explicando quais deles se adequariam melhor a ela. A chegada de Wray de repente acabou com a conversa.

— Wray? — Levantando-se Kim foi ao seu lado e colocou uma mão em seu braço. — Alguma coisa errada?

— Não, minha Kim. — Wray disse, respirando fundo para se acalmar. Ele não permitiria que sua raiva por Reeve, Fala e Gyula tocassem a coisa mais preciosa em sua vida. — Apenas um desacordo durante uma reunião.

— Oh. É algo que posso ajudar? — Ela perguntou.

— Acredito que tenho isso sob controle, mas obrigado. — Wray levantou a mão em seus lábios e beijou. — Agora me diga o que você tem feito enquanto estava fora.

— Oh, Wray. — Kim sorriu para ele, seus olhos cheios de excitação. — Caitir e eu conversamos muito sobre coberturas enquanto ela arrumava esta. — Ela recuou para que ele pudesse ver que não mais arrastava ao longo do chão. — E estava apenas me contando sobre todos os materiais maravilhosos que estarão disponíveis para mim no Tornian, quais serão os melhores para cada temporada.

Wray olhou para a fêmea Auyangian que estava silenciosamente diante dele, a cabeça inclinada e Wray teve uma percepção surpreendente e não lisonjeira. Que se não fosse por Kim e pela maneira como Fala e Gyula a trataram, ele nunca teria entendido o medo de Caitir de ficar longe de Jael. Com toda honestidade, ele não a teria considerado porque não era Torniana. Parecia que os guerreiros de Reeve não eram os únicos que precisavam reajustar a forma como viam as fêmeas que não eram Tornianas.

— Agradeço-lhe, Caitir, por ficar com a Imperatriz e ajudá-la a entender o que precisará. — Uma ideia de repente o atingiu que o fez levantar a cabeça para o lado. — Você e Jael atualmente estão servindo fêmeas aqui em Vesta, Caitir?

A cabeça de Caitir levantou-se e seus olhos foram para o Imperador não apenas porque ele a agradeceu, o que era inédito, mas por causa de sua pergunta.

— Eu... não Senhor... desde que lady Estee partiu. Nós apenas trabalhamos com revestimentos masculinos agora.

— Você gostaria de se tornar a estilista da Imperatriz?

— O quê? — Caitir deu um passo atrás, incapaz de esconder seu choque.

— Junto com Jael, é claro. — Wray rapidamente a tranquilizou. — Vocês são talentosos com coberturas... — Wray olhou para o rosto radiante de Kim e sabia que estava fazendo a escolha certa. — Minha Kim gosta de passar tempo com você. Sua espécie é muito sociável e sei o quão difícil foi para ela não ter fêmeas para conversar.

— Eu... — Caitir não podia acreditar. Tudo o que ela achava que perturbaria o Imperador, ela falando com a Imperatriz, sentada ao lado dela e conversando, e o que ele queria que ela fizesse?

— Senhor. — Veron entrou. — O comerciante de tecidos Jael voltou para Caitir.

— Traga-o, Capitão. — Wray ordenou.

— Sim, Majestade. — Curvando-se Veron afastou-se da sala.

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Jael tentou esconder sua preocupação quando não encontrou Caitir na câmara externa. Onde ela poderia estar? Por que não estava ali?

— O Imperador deseja que você se junte a ele na câmara de descanso. — Veron informou Jael, sua expressão não revelava nada.

Assentindo, Jael seguiu o Capitão do Imperador na câmara de repouso preocupado com o que estava prestes a encontrar.

— Comerciante Jael, por favor, entre. — O Imperador gesticulou para uma cadeira ao entrar, mas os olhos de Jael foram imediatamente para Caitir, que estava sentada no sofá ao lado da Imperatriz. — Sente-se. — O Imperador ordenou.

Lentamente, Jael fez o que o Imperador disse, mas seus olhos permaneceram em Caitir procurando o menor sinal de que ela sofreu algo. O que o deixou confuso. Os olhos de Caitir estavam cheios de lágrimas... mas brilhando...

— Comerciante Jael, eu gostaria que você e... — Wray fez uma pausa, imaginando como deveria chamar Caitir.

— Lady Caitir. — Kim disse a ele.

— O quê? — Wray virou os olhos chocados para ela.

— Na Terra, uma fêmea que serve uma Rainha é chamada de Dama de Companhia.

— Kim, aqui, uma dama é sempre a fêmea de união de um Senhor. — Wray informou-a.

— E quem pode dizer que Caitir não será um dia? — Kim respondeu.

— Isso nunca aconteceria, Imperatriz, pois nenhum macho digno se uniria a mim. — Caitir disse calmamente.

— Então eles são tolos, Caitir. — Kim falou. — Porque você é mais do que digna.

— Você não entende Majestade... — Caitir começou.

— Sim, eu entendo, Lady Caitir e a capacidade de uma fêmea produzir descendentes nunca deveria ser o fator decisivo em sua dignidade. Deveria, Wray? — Kim perguntou, virando os olhos para ele.

— Não, minha Kim, nunca deveria ser. — Ele concordou chocando os outros dois machos na sala. — Então, Comerciante Jael. — Os olhos de Wray voltaram para Jael e o assunto em questão. — Você e Lady Caitir estarão dispostos a viajar para Tornian como estilista pessoal da Imperatriz?

— Eu... Majestade, eu estaria em dívida com você! — Jael tinha sua mente girando. Para ser o estilista da Imperatriz! Tal honra nunca foi dada a um Auyangian antes.

— Não, Jael, sou eu que estou em dívida. — Wray olhou o macho nos olhos e Jael viu que ele falava a verdade. — A Imperatriz Kim é a coisa mais importante do universo para mim, mas é nova em nossos caminhos e qualquer pessoa que possa ajudá-la com essa transição terá minha gratidão. Lady Caitir já mostrou sua habilidade em fazer isso e espero que você também.

— Seria uma honra servir todos vocês, Majestade.

— Bom. Veron. — Wray olhou para o Capitão que não deu nenhuma sugestão da surpresa que seu Imperador acabara de jogar. — Faça os arranjos.

— Claro, Majestade. — Veron respondeu, curvando um pouco.

— Isso é tão maravilhoso! — Kim não tentou conter sua excitação enquanto se inclinava para abraçar Caitir. Ela teria alguém com quem falar, uma mulher, alguém que a ajudaria a entender a vida Torniana como apenas uma mulher poderia.

Caitir encontrou-se abraçando a Imperatriz de volta. Como no universo, tudo tão drasticamente mudou e em tão pouco tempo? Tudo por causa de uma pequena mulher?


888

— Obrigada, Wray. — Descansando as mãos em seu peito, Kim se esticou os dedos dos pés para beijá-lo.

— Pelo o que, minha Kim? — Perguntou Wray, segurando sua cintura para manter seus lábios contra o dele.

— Por entender. — Ela disse, movendo as mãos ao redor de seu pescoço enquanto ela o beijava novamente.

— O que eu entendi, Kim? — Wray passou as mãos por seus lados para agarrar seu traseiro e levantá-la contra seu eixo crescente.

— Isso... — Kim perdeu seu pensamento quando a língua de Wray se movia ao longo do lábio inferior. Gemendo, ela envolveu seus lábios ao redor e chupou-a.

Os dedos de Wray se afundaram no exuberante traseiro de Kim, levantando-a do chão e a boca tomando a dela. Deusa, ela era tão macia. Murmurando, Wray se moveu em direção a sua cama para satisfazer as suas necessidades.

— Manno!

Wray congelou ao som da voz de Tora ecoando pela porta aberta de sua câmara de repouso. Ele esqueceu que Tora se juntaria a eles para uma última refeição e Kim endureceu em seus braços, pois ela aparentemente também esqueceu.

— Wray... — Ela sussurrou, horrorizada com o pensamento de Tora vendo-os e enterrou o rosto no peito dele. Como poderia ter esquecido que Tora estava chegando?

— Nós sairemos em um minuto, Tora! — Wray gritou quando abaixou lentamente os pés de Kim para o chão. — Tudo bem, minha Kim. — Ele disse passando um dedo reconfortante ao longo de sua bochecha.

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— Nós? — Tora pensou parando na câmara externa confuso. Ele estava no outro lado de Vesta quando recebeu a notícia de que o manno chegou e queria vê-lo. Ele imediatamente embarcou em um ônibus, porque quando o Imperador o convocava, você iria, manno ou não. Agora ele o fez esperar na câmara externa. Por quê? Nunca fez isso antes. Especialmente não quando eram apenas eles... mas ele disse nós. Poderia ser Veron? Em caso afirmativo, por que não podia se juntar a eles?

Ele caminhou em direção à janela e olhou para a escuridão da Casa Reeve. Estava ali há apenas três meses, mas sabia, por causa da importância de Vesta, que precisaria ficar mais tempo do que com os outros Senhores. Não estava feliz com isso. Não gostava dali. Não gostava da maneira como os Guerreiros de Reeve tratavam aqueles que não eram guerreiros, mas não era seu lugar para corrigi-lo. Ainda não. Seu propósito ali era aprender e estava descobrindo o que não queria ser.

Ele esperava que, depois que seu ano de treinamento fosse concluído ali, poderia viajar para Luda e completar seu treinamento com Grim. Ele sabia que ali, o irmão de sangue de seu manno não faria concessões por quem ele era e nem seus guerreiros.

Grim exigiria que treinasse mais do que qualquer outro macho e Tora queria isso, pois apenas em Betelgeuse com Lorde Oryon da Casa Rigel não recebeu nenhum tratamento especial. Lorde Oryon o fez ganhar cada palavra de louvor que recebeu. Ele não queria sair dali.

— Tora!

A voz de seu manno fez Tora virar-se, um sorriso cruzou seu rosto quando sue manno se moveu para ele, dando-lhe um rápido abraço.

— Manno. — Tora respondeu abraçando-o de volta.

— Você está bem, Tora? — Os olhos de Wray examinaram sua prole. Ele lembrou o que era ser enviado às Casas, ser tratado de forma diferente, sem nunca ser visto como um deles. Como um verdadeiro Guerreiro Torniano.

— Estou bem, manno. — Disse Tora, recusando-se a compartilhar seus problemas. Ele seria um dia Imperador e isso significava que precisaria lidar sozinho com seus problemas, pois ser Imperador era estar sozinho, especialmente para ele, já que Van não estava ali mais.

— Você parece assim. — Os olhos de Wray continuaram a avaliá-lo. Passaram quase seis meses desde que ele viu Tora. Já estava em Betelgeuse e parecia mais... feliz lá. — Você me diria se houvesse problemas?

— Claro, manno. — Tora facilmente mentiu para ele, sabendo que qualquer interferência de seu manno o faria parecer fraco e muitos já o consideravam assim. Graças à sua falta ao salvar Van.

— Bom. Seu treinamento está indo bem então? — Wray questionou.

— Estou aprendendo muito aqui em Vesta. — Tora disse evasivamente.

— Bom.

— Posso perguntar algo, manno? Por que você está aqui?

— Parece que há algum problema com os alimentos que deixam Vesta para o Império Kalisziano.

— O quê? — Tora não conseguiu esconder seu choque. Esses suprimentos eram vitais para os Kaliszianos.

— Você já viu algo incomum?

— Não, mas não participei do carregamento de embarques. Apenas supervisionei as colheitas.

— Lorde Reeve afirma que os suprimentos desapareceram depois que as naves Kaliszianos deixaram Vesta.

— É possível, mas por que seus Guerreiros fariam isso?

— Reeve afirma que eles poderiam revender os créditos extremos.

— Nenhum macho apto faria tal coisa!

— Eles não seriam machos aptos se o fizessem? — Perguntou Wray, levantando uma sobrancelha.

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— Wray? — A pergunta hesitante fez com que ele se virasse para encontrar Kim observando-os com um sorriso nervoso em seus lábios.

— Kim... sinto muito. — Wray rapidamente foi para o lado dela.

— Não há nada para se desculpar, Wray. Você estava falando com seu filho... descendência. — Kim lhe deu um sorriso. — Algum dia conseguirei falar corretamente.

— Você está indo bem, minha Kim. — Wray disse a ela, esfregando as mãos reconfortantes para cima e para baixo em seus braços. — Meu mundo é estranho para você e já aprendeu muito em um curto espaço de tempo.

— Eu sei que sim, simplesmente odeio ser estúpida.

— Não diga isso! — Wray a sacudiu levemente irritado. — Você não é estúpida e não tolerarei ninguém dizendo que é. Nem mesmo você.

Kim ergueu a mão e colocou uma mão calmante em sua bochecha.

— Não é exatamente assim, Wray. Apenas quis dizer que, às vezes, cometo erros e sinto que não deveria fazer.

— Não são erros, minha Kim, são apenas as palavras do seu mundo. Significam o mesmo e as considero mais calorosas, mais carinhosas do que nossas palavras.

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Tora ficou parado em estado de choque enquanto seu manno conversava com a fêmea pequena e estranha. E de onde ela veio? Por que estava ali? Mais importante ainda, por que ele a tocava com tanta familiaridade? Por que ela permitia isso?

Ele ficou ainda mais chocado quando os olhos verdes de repente se viraram e olharam diretamente para ele. Houve um calor neles que nunca viu antes nos olhos femininos.

— Você me apresentará sua prole? — Ela perguntou, olhando para seu manno.

— Claro. — Wray disse, virando-se para que ambos enfrentassem Tora. — Kim, apresento a minha primeira descendência masculina e futuro Imperador, Tora Vasteri.

— Muito prazer finalmente conhecê-lo, Tora. — Kim disse ainda sorrindo.

— Tora, esta é Kim Teel, do planeta Terra. Ela é sua Imperatriz.

— O quê? — As palavras explodiram de Tora enquanto seus olhos voavam para seu manno. — O que você disse?

— Propus a Kim ser minha Imperatriz e ela aceitou. — Wray disse, ignorando o pequeno resmungo de Kim e continuou olhando para Tora, com os olhos duros. — Mostrará seu respeito.

O sorriso de Kim começou a desaparecer nas palavras de Wray e no contínuo silêncio de Tora.

— Wray... — Começou Kim.

— Tora! — Wray rugiu.

Finalmente, Tora colocou um braço em seu peito e curvou-se.

— Imperatriz. — Disse ele rigidamente.

Kim não perdeu a forma como Tora a chamou sua Imperatriz quando o chamou de Tora. Aparentemente, ele não queria ser amigo. Ela poderia realmente culpá-lo? Isso teve que vir como um choque.

Wray também percebeu porque seu peito começou a rugir.

Uma batida na porta exterior impediu qualquer coisa de entrar em erupção.

— Entre! — Ordenou Wray, seus olhos ainda em Tora.

Em seu pedido, as portas se abriram e Veron escoltou vários criados para o quarto carregando bandejas de comida.

— Na mesa ali, por favor. — Kim ordenou, gesticulando para a grande mesa enquanto Wray e Tora continuavam olhando um para o outro.

— Sim, Majestade. — Veron fez um gesto para os criados, mas seus olhos se moveram de seu Imperador para seu príncipe. Veron nunca os viu se encararem assim.

— Isso é tudo, Capitão. — Kim disse, ignorando seu olhar surpreso quando o dispensou.

— Faça o que sua Imperatriz ordena, Capitão. — Wray disse a ele, seus olhos ainda em Tora.

— Sim, Majestade. — Veron respondeu rapidamente e com um arco profundo, rapidamente seguiu os criados fora, fechando as portas.


CAPÍTULO VINTE E UM

— Tudo bem rapazes, isso é o suficiente. — Kim disse enquanto Wray e Tora continuavam se olhando. Ninguém jamais duvidaria que eles eram manno e descendente. Pareciam muito, franziam a testa do mesmo jeito, flexionavam o maxilar do mesmo jeito teimoso. Cruzavam os braços sobre o tórax da mesma forma. A única diferença entre eles era que Wray era maior, seu peito mais maciço do que o de Tora, mas não achava que seria assim por muito tempo. Especialmente quando dois conjuntos de olhos se voltaram para ela com a mesma incredulidade neles.

— Não me dê esse olhar. — Ela disse a eles. — A comida está ficando fria e eu estou com fome. — Virando as costas para eles, Kim caminhou até a mesa e sentou-se. Não era assim que ela queria que seu primeiro encontro com Tora fosse, mas algo aconteceu da forma como queria desde a morte de seus pais?

Olhando para os pratos transbordantes, percebeu que estavam mais uma vez cheios de alimentos que não reconheceu. Parando o suspiro pesado que queria escapar, ela buscou o que parecia ser uma massa cheia de carne.

— Você não gostará disso, minha Kim. — Disse Wray, parando sua mão enquanto se sentava ao lado dela. — A carne é fortemente temperada com uma erva forte.

— Então, por que está no prato? — Ela perguntou, franzindo a testa.

— Porque o cozinheiro de Lorde Reeve sabe que eu gosto. — Tora respondeu lentamente sentando-se em frente a ela.

— Entendo. — Kim disse olhando os outros itens no prato. — Então, isso significa que são todos os seus favoritos — Ela disse, apontando o dedo para todos os itens no prato.

— Sim. — Tora concordou.

— Então, vá, divirta-se. — Kim deslizou o prato para ele, depois olhou para o segundo prato, também estava cheio de misturas estranhas e deslizou para Wray. — Então estes devem ser seus favoritos. E isso... — Ela alcançou o terceiro prato que continha uma simples variedade de frutas, vegetais e alguma carne. As mesmas coisas que lhes foram servidas na noite anterior. — Deve ser para a estranha fêmea do Imperador.

Kim não sabia por que estava de repente tão chateada, mas estava. Sabia que isso não seria fácil. Deveria estar mais preparada para que Tora não a aceitasse imediatamente. Estaria também se a situação fosse invertida, mas esperava que fosse diferente. Ela estava cansada de todo mundo olhando-a como se tivesse duas cabeças e esperava secretamente que Tora fosse mais como Wray do que os outros machos que conheceu. Ela estava errada.

— Você não é estranha, minha Kim. — Wray imediatamente negou e gentilmente segurou seu rosto para que ela o olhasse.

— No seu mundo, eu sou. — Ela sussurrou, piscando rapidamente as lágrimas que enchiam seus olhos.

— Então é o meu mundo que tem a culpa Kim, pois você é absolutamente perfeita.

— Ninguém é perfeito, Wray. — Ela argumentou gentilmente.

— Você é. — Ele argumentou de volta defendendo-a contra si mesma. — Você é perfeita para mim.

— Então, ficaremos estranhos juntos? — Ela perguntou, um pequeno sorriso curvando seus lábios.

— Sim, porque é o que somos, Kim. Juntos. Meu voto mais solene. Não permitirei nada e ninguém nos separe. — Inclinando-se, tomou seus lábios, selando suas palavras.

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Tora olhou para o seu manno com incredulidade. O que ele estava dizendo? Que tipo de poder essa fêmea tinha sobre ele para lhe dar seu voto mais solene? Esse voto reservado para apenas as ocasiões mais terríveis ou importantes. Isso significava que o Imperador faria o que fosse necessário para mantê-la, até mesmo perder sua própria vida, se necessário. Nunca foi dado a uma fêmea. Especialmente não uma mulher não-Torniana. E por que ele não estava pressionando sua boca contra a fêmea assim?

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Kim mergulhou no beijo de Wray e deixou aliviar a dor que Tora causou inconscientemente... Tora... virando, seu olhar foi para a prole de Wray e viu um jovem muito confuso... olhando para eles.

Wray não gostou que Kim se afastasse dele. Especialmente não gostou do jeito que seu olhar imediatamente foi para Tora. Ele sabia que não era porque ela estava interessada em sua prole, mas Tora não.

— Tora... — Ele começou, apenas para ser cortado por uma batida na porta. — Entre! — Ele ordenou com impaciência.

— Sinto muito interromper, Majestade, mas o Rei Grim está no comunicador pedindo para falar com você.

— Diga-lhe que o contatarei mais tarde. — Wray disse a Veron.

— Ele diz que é urgente, Senhor. — Veron insistiu.

— Manno... é urgente. — Tora não conseguiu esconder sua incredulidade de seu manno não iria imediatamente ver o que Grim queria. E se Grim pensasse que era urgente, então deveria ser.

— Wray. — Kim colocou a mão no braço de Wray. — É seu irmão. Deve ser importante para ele dizer que é urgente. — Ela deu ao braço um aperto reconfortante. — Vá. Descubra o que ele precisa. Eu ficarei aqui com Tora. — Ela virou o olhar para o homem mais novo, cujo choque era evidente. — Certo, Tora— Ela desafiou.

— Eu... — Tora gaguejou, seus olhos indo para seu manno por orientação. Ele nunca foi autorizado a ficar com uma fêmea sozinha. — Sim, é claro, mas...

— Você irá protegê-la com sua vida, Tora. — Wray ordenou, levantando-se da cadeira. — Ela é sua Imperatriz!

— Sim, manno. — Tora respondeu imediatamente. Claro que ele protegeria a fêmea. Todos os machos dignos protegiam as fêmeas.

Com um aceno firme para Tora, Wray passou um dedo gentil pela bochecha dela e então se forçou a seguir Veron.

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Os olhos de Kim seguiram Wray quando ele saiu e sabia que era algo com o qual ela teria que se acostumar. Wray voltaria. Com um suspiro pesado, voltou a atenção para o prato na frente dela e achou que o apetite a deixou com Wray. Ela estava realmente sentindo um pouco enjoada por todos os odores estranhos. Empurrando a bandeja, ela fechou os olhos e recostou-se na cadeira.

— Meu manno quer que você coma. — A voz hesitante de Tora a fez abrir os olhos.

— E de repente não estou com fome. — Ela disse gesticulando para o prato. — Vá em frente e coma o seu.

Tora fez uma careta levemente e empurrou a bandeja também. — Embora seja verdade que eu gosto de carne temperada, o cozinheiro de Lorde Reeve ainda não descobriu as quantidades adequadas para usar.

— Que ruim, hein? — Kim encontrou seu humor retornando.

— Sim.

— E as outras coisas? — Ela gesticulou para os outros itens em seu prato.

— Mais uma vez, quase não comestível.

— No entanto, você me deixaria comê-lo.

— Sim. — Tora foi forçado a admitir e então tentou justificar. — Para você, pode provar bem.

— Porque sou estranha para você.

— Sim. — Tora disse, balançando a cabeça.

— Talvez Wray esteja certo e não sou eu. Isso é estranho, mas você é também.

— Duvidoso. — Tora disse, cruzando os braços sobre o peito e recostou-se na cadeira.

— Por que você diz isso?

— Porque eu sou Torniano. — Ele disse como se isso explicasse tudo.

— Assim?

— Assim? — As sobrancelhas de Tora se ergueram. — O que você quer dizer... então?

— Apenas o que eu disse. O que faz você pensar que ser Torniano faz você ser tão especial, que não sejam os únicos que são estranhos? No meu mundo, você definitivamente seria estranho, não temos guerreiros que tratam fêmeas como se fossem coisas. No meu mundo, as fêmeas não ficam escondidas. Podemos ir onde queremos, quando queremos e conversamos com quem quisermos. Nossas vidas não giram ao redor da nossa capacidade de produzir descendentes e todas as mulheres são igualmente importantes. — Kim encontrou sua voz se erguendo enquanto falava. — Então, talvez seja sua sociedade estranha, Tora, estranha e errada.

Tora encontrou-se chocado, não apenas por suas palavras, mas também por sua crença absoluta nelas. O que ela dizia não era possível. Não havia um mundo como aquele que ela descreveu em todos os universos conhecidos. Verdade, nem todas as espécies mantinham suas fêmeas tão isoladas como Tornians, mas todas protegiam suas fêmeas. Nunca eram autorizados a ir aonde queriam. Sempre que quisessem. Elas eram muito importantes para sua sobrevivência.

— E de que mundo você reivindica vir? — Ele perguntou.

— Eu não reivindico nada. — Kim respondeu com raiva: — Eu venho de um planeta chamado Terra.

— Eu nunca ouvi sobre isso.

— O quê? — Kim perguntou sarcasticamente. — Alguém tão grande e importante como você. Um Torniano, não ouviu falar da Terra?

— Conheço todo planeta nos universos conhecidos. — Declarou Tora.

— Realmente... então, o que isso lhe diz, Tora? — Perguntou Kim.

Tora ficou em silêncio por vários segundos antes de suas sobrancelhas se levantarem. — Isso não é possível.

— Não me deixe incomodá-lo. — Kim disse percebendo que ela não era razoável. — Wray nunca ouviu falar também. Aparentemente, apenas os Ganglians o fizeram.

— Os Ganglians... — Tora rosnou, sua aversão por eles ouvida facilmente.

— Sim, eles me sequestraram da Terra. Wray me encontrou em uma de suas naves depois que o Searcher os interceptou. — Ela observou Tora ficar pálido quando ele percebeu o que isso significava para ela e sua atitude em relação a ele começou a suavizar.

— Eles... — Tora descobriu que precisou limpar a garganta.

— Sim. — A voz de Kim abaixou, mas ela se forçou a continuar. — Eles abusaram de mim ao ponto em que teria morrido se Wray não tivesse me encontrado a tempo.

— Ele os matou? — Perguntou Tora.

— Sim.

— Bom! Os Ganglians são escória. Abusarão de qualquer mulher que encontrarem. O universo seria um lugar melhor sem eles.

— Você não discutirá isso comigo, mas eles não são os únicos que abusam das fêmeas.

— O que você quer dizer?

— Dois machos Tornianos me atacaram em Pontus. — Kim disse a ele e observou a incredulidade em seu rosto. — Eles abusariam de mim se Wray não os tivesse parado. Tudo porque não sou Torniana.

— Isso não é possível! Somente Guerreiros viajam com o Imperador e ele escolhe apenas o mais apto e mais digno de servi-lo. Eles nunca abusariam de uma fêmea. Meu manno não aceitaria isso.

— E ele não o fez. É por isso que não são mais membros de sua guarda.

— Ele os descartou em vez de matá-los? — Tora não conseguiu esconder seu choque.

— Ele não poderia matá-los porque sua lei afirma que não cometeu nenhum crime.

— Impossível! Nossa lei estabelece claramente que nenhum macho pode prejudicar ou abusar de uma fêmea. E se o fizer podemos acabar com sua vida.

— Somente se ele abusar de uma fêmea Torniana, Tora. É o que sua Lei diz. Todas as outras fêmeas estão em risco de abuso. Fêmeas como eu.

— Essa não foi a verdadeira intenção da Lei.

— Isso não importa. O que importa é o que ela diz e por isso Wray não pode matar Fala ou Gyula.

— Os Guerreiros Fala e Gyula? Foram eles?

— Sim.

— Mas eles foram treinados aqui. Em Vesta. Por Lorde Reeve.

— Sim.

Os olhos de Tora se arregalou em choque. Ele não ouviu nada disso. Fala e Gyula eram considerados no mais alto respeito em Vesta. Eram oferecidos como exemplos para jovens do sexo masculino na esperança de se tornarem Guerreiros como dois dos melhores em Vesta. Para que eles retornem em desgraça...

— Você os conhece. — Kim observou as emoções cruzando o rosto de Tora.

— Sou amigo deles. — Tora confessou.

— Entendo.

— Acho difícil acreditar que eles fariam tal coisa.

— Acredite. — Kim disse e se levantou para olhar pela janela envolvendo seus braços em sua cintura enquanto olhava para noite. Parecia ter uma tempestade nas montanhas se esses flashes de luz significavam algo. — Eles até se justificaram dizendo que, já que podiam sentir o cheiro dos Ganglians em mim, eu estava disposta a me unir a qualquer macho. Não era importante que fui forçada. Não importou que estivesse com Wray por quase uma semana. Tudo o que lhes interessava era que eu não era Torniana e que Wray não estava perto.

— Meu manno a deixou desprotegida? — Wray não podia acreditar.

— Wray escalou um penhasco para que pudesse entrar em contato com Veron. Ele se foi, talvez quinze minutos, quando chegaram... procurando por nós. — Ela se virou para olhá-lo.

— Eles sabiam que você estava com o Imperador e ainda a atacaram?

— Sim.

Tora refletiu sobre o que ela disse. Todo guerreiro sabia que qualquer fêmea que viajava com o Imperador estava sob sua proteção, Torniana ou não. O que Fala e Gyula fizeram foi imperdoável.

— Meu manno deveria tê-los matado de qualquer maneira.

— Exatamente meu pensamento. — Kim concordou. — Mas como Imperador, Wray, de todas as pessoas, precisa defender a Lei. Certo ou errado. E se ele concorda ou não, de acordo com sua lei, eles não cometeram nenhum crime. É a única razão pela qual estão vivos.

— Ele ainda deveria tê-los matado pela desonra que trouxeram para todos os machos Tornianos.

— Um Imperador não pode pensar assim, Tora. Ele não tem o luxo de fazer o que quiser. Suas decisões afetam milhões. Você precisa entender isso porque algum dia você será Imperador e o que quer fazer não é importante, sempre será o que você precisa fazer.

Tora ergueu-se da cadeira para encará-la com incredulidade. Ela, uma fêmea, estava falando sobre o que um dia seriam suas responsabilidades. Tratando-o como se ele fosse jovem? As fêmeas raramente falavam com um macho. Eles nunca conversavam e ela não achava isso estranho.

— E agora? — Perguntou Kim, exasperada.

— Você sente que está em posição de me dar uma palestra?

— Bem, aparentemente, alguém precisa. Todos os outros apenas o poupam ao invés de lhe contar a verdade dura e fria.

— Eu... — Tora estava cansado desta fêmea o surpreender, de fazê-lo questionar coisas que nunca questionou antes. Como um Guerreiro Torniano abusando de uma fêmea. — Você está certa, mas você é uma fêmea. Por que está preocupada com essas coisas?

— Por que eu não estaria? — Kim inclinou a cabeça para o lado. — Eu terei que viver neste mundo agora. Por que não estaria preocupada?

— As fêmeas não se preocupam...

— Fêmeas Tornianas! — Kim o interrompeu. — Nunca me confunda com uma delas, Tora. Eu sei que posso ser uma puta, mas nunca fui como elas. Eu me uni a um macho porque eu o amo. Não por causa das coisas que ele me dá. Há uma palavra para fêmeas assim na Terra e não sou uma delas.

— Você nunca será permitida se unir a nenhum outro macho, nem mesmo se você o ama. — Tora disse, usando a palavra antiga. — Você é agora a Imperatriz. Sua responsabilidade é com o Imperador.

— É claro que sim! É de quem eu estava falando. Wray. Ele é o único macho com quem quero me unir.

— Sua prole nunca me substituirá. — Tora informou-a, seus olhos aborrecidos na dela.

— Claro que não. — Kim franziu o cenho para ele. — Por que você pensaria que sim? Você é o primogênito de Wray.

— Quando uma fêmea se une ao Imperador, ela espera que sua prole governe um dia o Império Torniano.

— Olhe, Tora. — Kim disse passando uma mão cansada através do cabelo dela. — Eu nem tenho a certeza de seu manno e eu podemos ter descendentes juntos e mesmo que possamos, isso não significa que eles iriam substituí-lo.

— E se você não puder produzir descendência, por que meu manno escolheria se unir a você?

— Porque eu a amo. — Wray respondeu, entrando.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

A cabeça de Kim foi em direção ao som da voz de Wray, seus olhos procurando-o. Ao encontrá-lo, a tensão que ela não percebeu estava construindo desde que ele partiu, desapareceu.

— Você está de volta. — Ela sussurrou, suas palavras fazendo com que seus lábios tremessem de emoção.

— Claro que sim. — Ele assegurou, se movendo diretamente para ela, envolvendo-a na segurança de seus braços. — Eu lhe disse que voltaria.

— Eu sei. — Ela disse enquanto enterrava o rosto em seu peito, seus braços cercando sua cintura. — Apenas senti sua falta.

— Você está bem? — Ele perguntou, seus olhos indo para Tora. Tora a prejudicou?

— Estou bem. — Ela disse, apoiando o queixo no peito para olhar para ele. — Tora foi um cavalheiro perfeito. Nós estávamos conversando.

— Sobre o quê? — Perguntou Wray.

— Sobre você. Eu. O que acontece agora. Tora está preocupado que se tivermos descendentes, você o substituiria por seu primogênito.

— O quê? — Os olhos de Wray foram para Tora com incredulidade, mas ele pode ver que Kim falava verdade pelo olhar nos olhos de Tora.

— Eu disse a ele que era ridículo, mas acho que ele precisa ouvir isso de você. — Kim disse suavemente.

— Tora, você sempre será meu primogênito e um dia Imperador. Por que pensaria tal coisa? — Perguntou Wray, confuso.

O silêncio foi a única resposta de Tora.

— Eu acho que isso tem algo a ver com o que aconteceu com Van. — Kim disse calmamente.

— O quê? — Wray olhou para ela com choque. — Por que isso teria algo a ver com Tora pensando que eu iria substituí-lo como meu primogênito?

— Porque é minha culpa que Van morreu. — Tora respondeu: — Eu falhei com ele... e você.

— Você não fez tal coisa! — Wray imediatamente negou.

— Ele apenas estava lá por minha causa. Ele era minha responsabilidade. Minha! Um irmão apto e digno nunca permitiria que ele fosse prejudicado... nunca permitiria que fosse deixado para trás... para morrer.

Wray lentamente soltou Kim e foi até Tora, agarrando um dos ombros com uma mão firme para que ele não pudesse se afastar dele.

— A culpa sempre foi minha, Tora. Não sua. — Ele podia dizer que Tora não acreditava nele e não sabia como convencê-lo.

— Wray me disse que os guerreiros que estavam com você, ignoraram seus protestos. — Kim disse baixinho, ficando ao lado de Wray.

— Eu poderia ter ordenado que eles me deixassem. — Disse Tora.

— Eles nunca teriam seguido seu pedido, Tora. — Wray informou-o, apertando seu ombro. — Você é meu primogênito. O futuro Imperador. Sua sobrevivência é sempre a prioridade. Foi assim desde o início do Império.

— Então eu deveria ter voltado para ele. — Tora argumentou de volta com raiva, sua voz quebrando.

— Então, vocês dois morreriam. —. Kim disse calmamente.

— Não me importo! — Tora atacou-a, afastando-se do aperto de Manno. — Pelo menos, seria uma morte honrosa e não teria que viver com essa vergonha.

E de repente, Kim entendeu... era culpa... Tora estava cheio de culpa pelo que aconteceu.

O que ele fez.

O que ele não fez.

Kim entendia perfeitamente.

— Tora ... — Wray começou apenas a ter Kim cortá-lo.

— Você é realmente tão egoísta, Tora? — Kim perguntou, pisando na frente de Wray. — É realmente tudo sobre você?

— Como você ousa! — Tora deu um passo ameaçador em direção a ela, esperando que ela voltasse para se esconder atrás de seu manno. Todas as fêmeas fugiam diante de um macho irritado, em vez disso, ela se manteve ali com o pequeno queixo no alto.

— Eu ouso porque é a verdade. — Kim respondeu. — Você era um jovem macho, preso em circunstâncias fora do seu controle e precisa viver com as decisões tomadas pelos outros. Pode ficar parado e com raiva porque não gosta, mas... isso é muito ruim, tão triste... e a vida nem sempre é justa. — Kim parou e inclinou levemente a cabeça para o lado. — Sabe, você não foi o único que perdeu Van... Wray também o fez e ele era seu manno. Alguma vez, uma vez você parou para pensar sobre como ele se sentiu? O que teria feito a ele se perdesse os dois?

— Ele teria tomado outra Imperatriz e nos substituiria. Assim como está fazendo agora! — Tora disse a ela.

— Sabe, Tora. — Kim se inclinou para ele. — Você é um idiota! Eu queria gostar de você porque é descendente de Wray, mas não acho que vou. Nunca tive descendência, mas mesmo eu sei que eles não são substituíveis. Cada um é especial a seu modo. Você já pensou sobre a dor que causou o seu manno perder Van? Você? — Ela exigiu e viu seus olhos se arregalarem. — Eu vejo a dor nos olhos de Wray quando ele fala sobre a perda de Van, sobre como quase perdeu você. É tão forte como no dia em que aconteceu. Ainda o assombra que ele não estava lá para proteger tanto Van como você.

— Kim está correta, Tora. — Wray disse calmamente, seus olhos em Tora. — O fracasso sempre foi meu. A vergonha. Nunca você.

Tora olhou para o seu manno e pela primeira vez, viu sua dor. Nunca conversaram sobre Van e Tora pensou que era porque o culpava. Agora ele via que era porque ele se culpava.

— Eu entendo o que é perder um irmão, Tora. — Kim disse suavemente e Tora afastou os olhos de seu manno para Kim e viu em seus olhos toda a dor que sentia. — Sentir como a culpa é sua... eu perdi minha irmã mais velha, Jen, não há muito tempo. Nós tivemos uma briga. A culpa foi minha e então ela se foi. Eu nunca tive a oportunidade de pegar de volta as palavras ofensivas que lhe disse. Nunca consegui dizer-lhe o quanto a amava. O único que posso fazer agora é tentar honrar sua lembrança ao não cometer estes erros novamente. — A voz de Kim quebrou e ela sentiu a suave mão de Wray em seu braço, dando-lhe silenciosamente seu apoio.

— Você não pode voltar, Tora. — Ela se forçou a prosseguir. — Não importa o quanto queira também. Não pode mudar o que aconteceu naquele rio. Apenas pode avançar, pois Van iria querer que vivesse a melhor vida que pudesse. Você o desonra questionando o sacrifício que ele fez. Ele deu sua vida pelo seu futuro Imperador... pelo seu irmão. Somente o mais verdadeiro e mais apto dos guerreiros pode fazer isso. Honre-o, Tora, porque se a situação fosse o contrário, não seria assim o que você desejaria que ele fizesse.

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Ambos os machos ficaram sem palavras após o apaixonado discurso de Kim, mas por diferentes motivos.

Wray silenciosamente agradeceu a Deusa por trazer essa incrível fêmea para sua vida, porque ela o entendia como ninguém mais. Ninguém entendeu que ainda estava triste por Van, que ainda o incomodava. Os machos não deveriam sofrer por aqueles que perderam... lembre-se deles... sim... mas lamentar... era para as fêmeas... não que ele já tivesse visto uma fazer isso.

Ele gostaria de acreditar que Adana sofreria por Van, mas não podia ter certeza. Uma vez que ela pariu, não se interessou por ele. Mas Van abriu caminho no coração de Wray com as pequenas brincadeiras que gostava de jogar com os Guerreiros de Wray, especialmente com Veron. Ele sempre esperava até que o Guerreiro entrasse no centro de comando de Wray. Ainda se lembrava do momento em que Veron tocou e bolso e tirou um bebê Kele. Veron agiu como se soubesse que estava lá o tempo todo, mas Wray sabia melhor.

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Tora ficou em silêncio porque... bem, sentia-se atordoado. Esta fêmea... ela parecia entender a perda e a dor. Como era possível? Ela era do sexo feminino. Nunca eram prejudicadas. Nunca precisavam se sacrificar. E se um macho de alguma forma falhasse, elas apenas escolhiam outro para substituí-lo. No entanto, Kim ficou ao lado de seu manno, mesmo depois que seus próprios guerreiros a atacaram.

Ela entendia sua dor, mesmo depois que os Ganglians fizeram... quando ele mal lhe mostrou o respeito que ela merecia. Ele sentiu sua vergonha aumentar e não tinha nada a ver com Van.

Wray observou as emoções no rosto de Tora e entendeu cada uma delas. Tora nunca soube que uma fêmea poderia ser atenciosa ou compreensiva. Wray também não, não até Kim.

Ela estava mostrando a todos que seu mundo poderia ser diferente. Deveria ser diferente. Levaria algum tempo, mas sabia que juntos podiam superar qualquer coisa.

Wray puxou Kim perto, envolvendo-a em seus braços. Ele nunca sentiu tanto orgulho antes. Essa fêmea... ela era incrível. Ela o amava, com falhas e tudo. Ela se importava com sua prole.

Wray sabia que Tora sentia-se culpado pela morte de Van, mas nunca soube que era assim. Nunca soube o quanto Tora se culpava. Ele tinha apenas doze anos na época. A culpa nunca foi dele. Kim o fez ver isso e ambos eram melhores por isso.

Mas custou-lhe, ele podia vê-lo... fez com que ela se lembrasse das coisas que não podia mudar, as coisas que aconteceram com sua irmã. Ele precisava aliviar sua dor agora, assim como ela fez com a dele.

— Venha, minha Kim. Você precisa descansar. — Wray disse a ela.

— Ela precisa comer primeiro. — Tora informou-o calmamente, seus olhos ainda estavam em Kim.

— O quê? — Wray olhou para os pratos e viu que ainda estavam cheios. — Você deveria comer enquanto eu estava fora. — Ele virou os olhos preocupados para Kim. — Por que você não comeu, minha Kim?

— Eu não estava com fome e então Tora e eu começamos a falar. Você sabe, não demorou tanto, Wray. — Ela podia ver que sua resposta não o satisfazia. — O que seu irmão queria? — Ela perguntou, tentando distraí-lo.

— Eu direi depois de comer. — Disse Wray, colocando uma mão na cintura dela, guiando-a até a mesa. — Contarei aos dois.

— Wray... — Kim tentou protestar. Ela ainda não tinha certeza de que seu estômago aguentaria.

— Não, Kim. — Ele disse com raiva. — Não consegui fazer que não fosse devidamente cuidada em Pontus. Mas agora irei!

Suspirando forte, Kim deixou que ele a conduzisse de volta à mesa. Ela entendia sua raiva, sabia que ainda o frustrava que tinha muito pouco para comer em Pontus. Ela precisava deixá-lo cuidar dela agora.

— Bem. Tudo bem, mas ambos comerão também.

Kim ficou surpresa com o quão bem a refeição ficou depois disso. Wray e Tora conversavam. Ela ouviu. Ela riu algumas vezes com algumas das histórias que Wray contou.

Ela tentou um pouco de cada prato, concordando que o cozinheiro de Reeve temperou a carne e que não gostou, embora a massa fosse boa. Achou que gostava muito dos itens do prato de Wray. Era como a comida que Jen teria feito. Simples, mas saborosa. O pensamento a fez parar, enquanto uma sensação de nostalgia a dominava.

— O que há de errado, Kim? —Perguntou Wray, sabendo que algo a aborreceu.

— Eu estava apenas pensando em Jen. — Kim disse e seus olhos se encheram de lágrimas quando olhou para ele. — Sobre como ela teria preparado isso. Ela teria feito isso incrivelmente bom.

— Seu manno realmente teve duas fêmeas? — Tora perguntou tentativamente.

— Sim. — Disse Kim, forçando as lágrimas para responder a Tora. — Não é tão incomum na Terra. — Kim perdeu o olhar chocado que Tora enviou a seu manno. — Ela era mais velha que eu por cinco anos. Era uma cozinheira treinada, adorava pegar alimentos crus como estes. — Kim gesticulou para o prato dela. — E transformá-los em coisas maravilhosas. Ela ia abrir um restaurante com o marido, e depois meus pais morreram teve que cuidar de mim em vez disso. Quando desapareceram, fiquei devastada.

— O que aconteceu com eles? — Perguntou Tora.

— Eu não sei. Apenas sei que eles estão mortos.

— Você não sabe disso com certeza, Kim. — Wray disse a ela colocando-a no colo como sempre fazia quando estavam na caverna. Sabendo que ela precisava ser mantida tanto quanto ele precisava segurá-la. Era uma coisa incrível o... toque. Ele nunca percebeu o quão importante era até Kim. Nunca entendeu o quão reconfortante poderia ser. Agora não podia viver sem isso. — Eles poderiam ter sido encontrados até agora.

— Não, Wray, obrigada por dizer isso, mas não. — Kim colocou a cabeça em seu peito, deixando a batida constante de seu coração aliviar sua dor. — Jen nunca teria me abandonado assim, não importa o quanto eu merecia.

— Você não mereceu, Kim. Nada disso. — Wray disse a ela enquanto se inclinava, pressionando sua bochecha contra o topo de sua cabeça.

— Talvez... apenas queria saber o que aconteceu. Sinto falta dela. — Kim sussurrou, abraçando-se mais perto.

— Eu sei Kim e se pudesse, a traria de volta para você.

— Eu sei que você o faria Wray, assim como eu traria de volta Van para você e Tora se eu pudesse. — Kim olhou Tora, que estava sentado silenciosamente olhando para eles.

— O que Grim precisa? — Perguntou Tora.

— Eles encontraram os destroços da nave Jerboaian. — Antes que Tora pudesse perguntar, Wray rapidamente contou sobre como encontraram machos Jerboaian na nave Ganglian.

— Isso era tão urgente? — Tora não conseguiu evitar a incredulidade na voz e Wray franziu o cenho para ele, depois olhou para Kim.

— Você não quer falar sobre isso na minha frente. — Kim não precisava olhar para Wray para saber que estava certa. Pressionando contra o peito, ela se afastou de seus braços.

— Kim...

— Está tudo bem, Wray. — Kim disse, inclinando-se para beijá-lo levemente nos lábios. — Estou cansada, então eu vou para cama. Você e Tora podem ficar acordados e falar sobre todas essas coisas que os machos falam que não querem que as fêmeas ouçam. — Ela deu um leve sorriso, então olhou para Tora. — Foi muito bom conhecê-lo Tora. Pelo menos para mim. Tenho certeza de que você não se sente assim, mas... — Kim apenas encolheu os ombros.

— Kim, tenho certeza de que Tora ficou feliz em conhecê-la. Não é verdade, Tora?

— Wray pare. — Kim colocou os dedos nos lábios. — Você não pode dizer a Tora que me aceite e que seja verdade. Vai demorar tempo. Tempo que dará a ambos e espero que possamos chegar ao ponto em que podemos pelo menos ser amigos. — Colocando os dedos com os lábios dela, ela lhe deu um último beijo. — Acorde-me quando for para cama. — Ela sussurrou, depois deixou-os sozinhos.

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Tora viu Kim se afastar com o cenho franzido no rosto. Ela realmente disse que gostaria de ser amigos? Como era possível? Os machos e as fêmeas nunca eram amigos.

— Ela não é nada como nossas fêmeas, Tora. — Wray disse a sua prole em voz baixa. — Ela é mais. Mais amorosa. Mais compreensiva. É tudo o que eu sempre quis, mas não sabia que era possível. Ela me faz... inteiro.

Tora não podia acreditar que falasse assim. Ele não podia acreditar que nenhum macho falasse assim. Sim, toda fêmea merecia ser tratada com respeito, Tornian ou não, mas para torná-lo inteiro? Como era possível?

— Eu sei que você não entende. — Wray ergueu-se da cadeira para caminhar até a janela, tentando organizar seus pensamentos enquanto observava os flashes de iluminação na distância. — E se um macho tivesse vindo até mim dizendo o que acabei de dizer, também não entenderia. Não poderia, porque não conhecia Kim. Apenas posso esperar que a Deusa encontre alguém que capaz de abençoá-lo com uma fêmea como minha Kim.

— Mesmo que ela não lhe dê descendência? — Tora não pode deixar de perguntar.

— Mesmo assim. Ela importa mais para mim. — Wray disse, virando-se para enfrentar Tora.

Tora sentou-se silenciosamente olhando seu manno por alguns minutos. Finalmente, ele falou sua verdade.

— A Assembleia nunca a aceitará como sua Imperatriz. Ela não é Torniana.

— Ela será Torniana uma vez que a declarar assim.

— O quê? — A cadeira de Tora bateu no chão enquanto ele ficava de pé. — Mas...

— Está dentro do meu poder como Imperador declarar qualquer um Torniano que considerar digno. — Wray disse a ele.

— Sim, mas não foi feito nos séculos e nunca com uma fêmea. — Tora argumentou.

— Nada o impede. — Wray disse-lhe com firmeza: — Ela será minha Imperatriz.

Tora reconheceu aquele olhar no rosto de seu manno. Isso significava que ele tomou sua decisão e o tempo de discussão acabou. Isso também significava que Tora teria que decidir se iria apoiá-lo.

Poderia ele?

Não poderia?

Este era o seu manno e ele nunca conheceu um macho mais apto ou mais digno. Ele nunca decidiu nada por um capricho. Sempre governou de maneira justa e com o melhor interesse de seu povo no coração. Ele não tomou uma nova Imperatriz depois que a mãe de Tora morreu para que outros pudessem ter descendência. Agora encontrou uma fêmea que dizia que o fazia inteiro.

Unir-se a ela não tirava a chance de nenhum outro macho ter descendentes adequados e se ela tivesse descendência, nunca ocuparia seu lugar.

Era seu direito negar?

— E se esta for sua decisão, então irei apoiá-lo. — Disse Tora. — Então, foi apenas a nave que Grim encontrou? — Perguntou Tora, mudando o assunto.

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Wray viu a luta de Tora no rosto dele. Observou-o cuidadosamente e naquele momento viu o macho apto e digno que sua prole estava se tornando. Ele estava questionando... não apenas aceitando... mesmo com seu manno. Era o que ele precisava fazer, para se tornar um bom Imperador.

— Não. — Disse Wray, afastando-se da janela, batendo as palmas de mão em reconhecimento do ombro de Tora antes de se sentar. — Ele encontrou evidências de que esta não era a primeira nave que os Ganglians destruíram. Aparentemente eles estão nisso por algum tempo.

— Por quê? Que razão poderiam ter para tirar machos e fêmeas de Jerboaian e de um planeta desconhecido?

— Eu não sei, mas Grim notificou o General Rayner sobre o que encontrou e Rayner planeja investigar isso ainda mais no lado Kalisziano, enquanto Grim planeja monitorar a área que os Ganglians parecem estar usando mais de perto.

— E você não queria que a fe...— Tora parou quando viu os olhos de seu manno escureceram. E se realmente aceitasse a decisão de seu manno, precisava começar agora e dar a Kim o respeito de uma Imperatriz. — Kim saiba disso?

— Não. Eu não sei se ela já considerou, mas é possível que os Ganglians tenham capturado sua irmã também. Kim foi tirada da mesma área que sua irmã desapareceu.

— Por que não dizer suas suspeitas? — Tora perguntou.

— Kim mal estava viva quando a encontrei, Tora, o melhor que podemos dizer, os Ganglians a tiveram por quase duas semanas. — Wray viu Tora pálido quando finalmente percebeu a quantidade de abuso a qual Kim sobreviveu. — Jen está desaparecida há mais de seis meses. As chances dela estar viva...

— São zero, ninguém sobrevive há tanto tempo com os Ganglians.

— Não e não quero que Kim imagine o abuso que sua irmã precisou sofrer. Ela se culpará.

— Por quê? Não havia nada que ela pudesse ter feito para evitar isso.

— Isso o impediu? Com Van? — Wray perguntou.

— Não. — Tora sussurrou. Finalmente, o que Kim estava tentando dizer a ele afundou e um pouco da culpa que ele carregou desapareceu.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

— Você quer que a levemos e a vendamos para uma casa de prazer? — Gyula perguntou, franzindo o cenho para Lorde Reeve. Eles foram convocados para suas câmaras privadas e agora ele estava sentado e de frente para ele e Fala.

Reeve estava pensando nisso desde que ele falou com Bertos. Bertos queria a morte da fêmea. Ele queria que Reeve fizesse parecer como se tivesse tirado sua própria vida por causa do que os Ganglians fizeram, mas Bertos nunca a viu. Uma casa de prazer pagaria um preço exorbitante por ela e Reeve precisava disso. Ela poderia morrer lá, Reeve lucraria e ninguém mais ficaria sabendo.

— Sim. Não podemos permitir que uma fêmea como ela use o título de Imperatriz até por um momento.

— O Imperador nos matará! — Fala exclamou, o esperto dos dois.

— Ele nunca saberá que foi você. Eu vou fazer como se fosse Veron, seu mais confiável Capitão, tomou-a e você o perseguirá, provando ao Imperador que você é, ambos os guerreiros são adequados e dignos.

— O que ganharemos? — Fala exigiu.

Os olhos de Reeve endureceu enquanto olhava para Fala. — Não é suficiente que volte para a guarda do Imperador? Que todos saberão que são machos dignos e honrados?

— Não. — Fala disse.

— Fala... — Gyula olhou preocupado de Reeve para seu amigo.

— Estamos aproveitando todas as chances Gyula. Nós somos os que morrerão se formos pegos. — Fala disse e o maxilar de Gyula flexionou, seus olhos voltando para Reeve.

— O que você quer? — Reeve exigiu.

— Primeiro, metade do que a casa de prazer pagar.

— O quê? — Reeve saiu de sua cadeira furioso. Ele precisava de tudo o que ela rendesse.

— Metade! — Fala gritou de volta não intimidado por seu Senhor, ele nunca se sentiu. Reeve nunca teria sobrevivido se não fosse descendente de um Lorde.

Reeve lentamente se recostou. — Feito.

— Em segundo lugar. — Fala continuou sabendo que ele o tinha agora. — Cada um de nós terá sua vez com ela.

— Enquanto você não a danificar, não me importo. E se reduzir o seu valor, sairá da sua metade.

— Feito.

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Wray ficou ao lado da cama olhando Kim enquanto ela descansava. Deusa, a única maneira que essa visão poderia ficar mais bonita era se ela estivesse em sua cama, em suas câmaras em Tornian. Quando de repente se abalou e gritou, ele estava instantaneamente ao seu lado.

— Kim. — Ele disse, inclinando-se para esfregar suavemente o braço dela. — Kim. Acorde. — Ele envolveu seus braços ao redor dela enquanto ela de repente gritava. Os pesadelos vinham todas as noites e ele não esperava que esta noite não viesse, especialmente depois da conversa com Tora.... Esperava que algum dia a Deusa os tirasse.

— Estou aqui Kim. Estou aqui. — Ele sussurrou em seu ouvido enquanto ele a puxava para dentro de seus braços.

— Wray? — O medo e insegura em sua voz partiu o coração de Wray.

— Estou aqui Kim. Você está segura.

— Eu estava sonhando... sobre Jen... — Kim ergueu os olhos úmidos para ele. — Ela estava gritando por mim para ajudá-la e virei minhas costas.

— Você nunca faria isso, minha Kim. — Wray a tranquilizou. — E nem eu. É apenas Daco jogando com seus medos.

— Daco? Quem é Daco? — Ela perguntou, com a respiração ofegante enquanto tentava soltar o medo deixado pelo pesadelo. Ela sabia que estava segura. Estava com Wray.

— Daco é o Deus mais baixo que roubou a Deusa de seu companheiro. Lembra?

— Ah, sim, os Guerreiros da Casa Berto a salvaram antes que ela fosse forçada a se unir a ele.

— Sim. Ele é o Deus da destruição e da dor. Gosta de usar seus medos e inseguranças contra eles.

— O problema dos pesadelos.

— Sim. Ele não gostaria de nada além de destruir você, Kim. Seu objetivo é levar tudo o que é bom e brilhante e torná-lo escuro e terrível.

— Como fez com o Imperador Lucan. — Ela disse aconchegando suavemente no peito dele.

— O quê? — Perguntou Wray, olhando para ela bruscamente. — Por que você pensa isso?

— Eu não sei, parece lógico você não acha? A linhagem de Lucan interrompeu Daco de abusar da Deusa. Que melhor maneira de extrair sua vingança do que fazer com que seu guerreiro mais favorecido cometesse o mesmo crime?

— Eu... — Wray olhou para ela com choque. Ele nunca considerou isso antes. Poderia o que ela pensava ser verdade? Isso explicaria muito. Houve um tempo em que o Imperador Lucan foi considerado um grande Imperador. Ele acabou com muitas guerras, aproximou todas as espécies, mas tudo foi esquecido quando seus crimes foram revelados. — Nunca pensei nisso.

— Hmm. — Kim colocou a para cima escorregando sob a camisa de Wray para esfregar seu peito. — Então, você e Tora terminaram de discutir o que eu não deveria saber? — Ela perguntou, tocando seu mamilo.

— Sim. — A voz de Wray estava leve. — Então, será assim, não é? — Ele perguntou, virando para que ficasse deitado sob ela na cama. Bem, se ela quisesse jogar, ele a deixaria jogar. Qualquer coisa para afastar a escuridão em seus olhos quando ele a acordou de seu pesadelo.

— Será exatamente assim. — Kim disse a ele enquanto empurrava seus quadris, puxando a camisa por seus braços, sabendo que ele estava permitindo que ela o fizesse. — Senti sua falta o dia todo. — Ela disse, inclinando-se para beijar seu peito. — Eu queria tocá-lo... beijá-lo... amar... — Sua voz ficou baixa enquanto sua língua seguia de seu peito para seus abdominais.

— Então, faça, Kim. — Wray disse, gemendo enquanto beliscava seus abdominais.

— Eu vou. — Ela disse a ele. — Esta noite tomarei o que quero. O que sempre irei querer. Você, Wray. — Ela afastou a boca tentadora de sua pele para deixá-lo ver a verdade em seus olhos. Ele era o que importava para ela. Apenas ele.

Soltando sua camisa, suas mãos foram até a calça, acariciando seu já duro eixo várias vezes antes que finalmente a abrisse, tocando-o.

Kim sabia que ela nunca se cansaria disso... de tocar Wray assim, especialmente esta noite. E de alguma forma, ele sabia que precisava estar no controle, precisava sentir como se houvesse algo em sua nova vida que pudesse controlar e ele a deixou.

Apenas um macho confiante como ele era, que confiasse na fêmea sobre ele, poderia fazer tal coisa. Kim nunca teria motivos para se arrepender.

— Levante seus quadris, meu amor. — Ela sussurrou, sua respiração quente tocando seu eixo com seu calor úmido. Quando ele o fez, ela rapidamente puxou a calças para baixo, raspando levemente as unhas sobre a pele enquanto o fazia tremer.

— Kim... — Grunhiu Wray advertindo.

— O que, Wray? — Ela perguntou, sua boca perto da ponta de seu eixo duro.

— Beije-me. — Ele implorou.

— Você quer dizer assim? — Perguntou, inclinando-se para beijar a ponta do eixo antes de abrir a boca para levá-lo para dentro.

— Deusa, Kim! — Wray gritou, seus quadris se movendo, sufocando-a antes de envolver as duas mãos ao redor da base de seu eixo, para que pudesse controlar a profundidade de seus impulsos.

No controle, ela girou sua língua ao redor de seu eixo, como se ele fosse um cone de sorvete, um que não queria perder uma gota. E ela não o fez. Ele tinha um gosto muito bom. Finalmente, voltando para a ponta, lambeu o pré-sêmen que estava começando a vazar.

— Não mais, Kim! — Exigiu Wray. Finalmente, soltando as mãos da camisa, sentou-se. Agarrando sua cobertura noturna, ele a puxou, afastando a boca dela. — Eu preciso estar dentro de você! — Ele disse, segurando seus quadris, ele a levantou e colocou sua abertura sobre a cabeça latejante de seu eixo, com os braços tremendo.

Os olhos de Wray foram para os dela e Kim sabia que ele estava esperando sua permissão. Que dissesse que estava certo para ele assumir o controle e ao fazê-lo, ele devolveu a ela.

— Eu preciso de você dentro de mim, Wray. — Ela disse, apoiando as mãos em seu peito enquanto ele lentamente a abaixava, empalando-a sobre seu eixo. — Sim. — Ela gemeu sua cabeça caindo para trás com as sensações enchendo-a.

Wray sabia que ele nunca veria nada tão bonito quanto Kim encontrando seu prazer. Pegando-o, dele. O toque de um seio exuberante contra sua bochecha o fez chupar o mamilo duro com força.

— Wray! — Kim gritou, seu canal se contraindo ao redor dele enquanto devorava seu seio, enquanto movia-a para cima e para baixo em seu eixo, atingindo esse ponto doce novamente e novamente. — Mais, Wray! Deusa, mais! — Ela gritou quando envolveu seus braços na cabeça, puxando-a para o outro seio que estava implorando por sua atenção.

Wray imediatamente devorou o que ela ofereceu. Festejando como se fosse sua última refeição e não soubesse que a Deusa lhe daria mais. Agarrando seus quadris, ele a segurou, acalmando seus movimentos, sabendo que estava muito perto de perder o controle e se recusava a ir sem ela.

Deslizando seus polegares para baixo, ele moveu-os ao longo da fenda, onde se juntavam, adorando a sensação e encontrando seu nó apertado. Tocando essa joia preciosa de uma maneira que sabia que a deixava louca, ele a puxou para baixo quando empurrou uma última vez, pressionando seu eixo diretamente naquele lugar e explodiu, enviando-os ao paraíso.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

— Tora! — O som de seu nome sendo chamado fez Tora abrandar seus passos enquanto cruzava os terrenos na manhã seguinte. Virando, ele encontrou Thangavelu vir em sua direção. Thangavelu era um dos poucos Guerreiros de Vesta que tratava Tora como qualquer outro macho em treinamento e Tora apreciava isso.

— Guerreiro Thangavelu. — Tora reconheceu.

— Eu não sabia que você retornou das colheitas.

— O Imperador pediu minha presença. — Tora disse a ele.

— Ahhh... então você já ouviu.

— Ouvi? — Tora questionou.

— Sobre o Imperador erroneamente remover Fala e Gyula de sua Guarda.

— O Imperador raramente está errado. — Tora disse não gostando do assunto.

— Nisso ele está. Não havia motivo para removê-los.

— Ele precisa de causa? — Tora questionou.

— Wray sim. Ele é um Imperador justo. Não faz nada por capricho, nada que rompa a Lei.

— Então, está é sua resposta e a razão pela qual Fala e Gyula estão vivos. — Tora disse a ele.

Thangavelu ficou em silêncio por vários minutos franzindo a testa para Tora. Ele gostava desse jovem macho. Era apto e digno, como sua linhagem. Um dia seria um Imperador do qual Thangavelu ficaria orgulhoso de servir. Thangavelu gostava de pensar que teve um pequeno papel nisso.

Thangavelu não era um dos guerreiros preferidos de Lorde Reeve. Nunca estava disposto a jogar o jogo, como tantas pessoas, para ganhar o favor de seu Senhor. Thangavelu achava que seu trabalho e habilidade deveriam falar por si mesmo. A única razão pela qual ainda estava ali era porque Lorde Reeve precisava de sua habilidade em ensinar a suar a espada para jovens do sexo masculino e Tora era um dos melhores alunos. No entanto, sabia que seu tempo ali estava terminando. Todos em Vesta sabiam que Lorde Reeve precisava de fundos para atrair outra fêmea e o serviço de Thangavelu chegou a um preço alto, um que Reeve não podia mais pagar. Portanto, Thangavelu logo procuraria um novo Senhor.

— Você está dizendo que o Imperador teve razão...

— Você acabou de dizer que ele não fez nada sem razão, então o que você pensa?

— Bem, se isso for verdade, então precisa informar seu manno para ser mais vigilante com essa fêmea.

— Ela é a Imperatriz e você se dirigirá a ela como tal! — Disse Tora e Thangavelu de repente percebeu que Tora era mais alto do que ele. Poderia argumentar que nenhuma não-Torniana já foi Imperatriz, mas ele podia ver nos olhos do Príncipe que não seria bem recebido.

— Eu não quis ofender, mas ele precisa entender... — Thangavelu olhou ao redor deles, certificando-se de que estivessem sozinhos e ainda abaixou a voz antes de continuar. — Que aqui em Vesta, ela corre muito risco. Fala e Gyula são muito bem vistos e ela é a causa de sua desgraç...

— Eles causaram sua própria desgraça. — Tora disse. — Com suas próprias ações.

— Eles não veem assim, nem muitos outros. Ela precisa ser mantida próxima.

— Transmitirei suas preocupações para meu manno. — Tora virou-se, em seguida, parou olhando para trás por cima do ombro. — Obrigado Thangavelu, isso não será esquecido. — Ele caminhando rapidamente.


888

Kim fez uma pausa para olhar para o sol, deixando seu calor aquecer seu rosto. Sorrindo, ela olhou para os dedos dos pés. Os dedos nus, que apareciam através da grama de cor violeta. Ela estava do lado de fora... sentindo o sol e era maravilhoso.

Virando, encontrou Caitir silenciosamente olhando-a, uma expressão intrigada no rosto.

— Parece que faz tempo desde que estive ao ar livre. — Ela disse a ela encolhendo os ombros.

— Você não gosta de viagens espaciais? — Caitir perguntou suavemente.

— Não. Na verdade, não. — Kim disse, balançando a cabeça.

— Entendo. — Caitir olhou para os três guardas que as seguiam. Eles mantinham distância, mas seus olhos estavam constantemente procurando por ameaças. Ela sabia que a Imperatriz e o Imperador discutiram sobre eles as acompanhando nesta caminhada. O Imperador planejava acompanhar a Imperatriz, mas recebeu um pedido de Lorde Reeve no último minuto e queria que ela esperasse. A Imperatriz não quis fazê-lo. Ela insistiu que precisava sair da Casa Reeve por um tempo. Finalmente, o Imperador concordou, mas apenas depois de concordar em ter Caitir e três de seus guerreiros acompanhá-los.

Caitir não conseguia realmente entender por que a Imperatriz precisava sair. Em Auyang, as condições externas eram tão duras que a maioria apenas se arriscava quando era absolutamente necessário. Era um hábito que Caitir ainda tinha que romper, mesmo em um lugar como Vesta, ela se sentia mais segura dentro das paredes do que do lado de fora. Aparentemente, isso não era verdade para Imperatriz.

— Isso parece bobo para você. — As palavras de Kim fizeram os olhos de Caitir se voltar para ela.

— Incomum. — Caitir corrigiu. — Para uma Imperatriz nunca é bobo.

— É claro que pode ser. Você simplesmente não diz que é. — O sorriso de Kim fez Caitir sorrindo suavemente. — Apenas precisava sair de dentro da casa. — Kim gesticulou para Casa Reeve. — Por um tempo. Desde que saí da Terra, fiquei presa. Primeiro pelos Ganglians, então em Pontus pela tempestade, no Searcher e agora nossas câmaras aqui em Vesta. Apenas preciso de espaço para mover e sentir...

— Sentir... — Caitir repetiu.

— Como se pudesse respirar. — Finalmente admitiu. — Como não sou uma prisioneira. Estou acostumada a poder ir e vir como quiser e agora não posso. Precisarei me acostumar a isso.

— Mesmo em Tornian você não poderá... — Ela procurou as palavras que a Imperatriz disse. — Ir e vir como quiser.

— Eu sei, mas Wray disse que há jardins seguros lá onde posso caminhar sem ser seguida. — Kim olhou impaciente para os guardas atrás delas.

— Eles seguem ordens. — Caitir gesticulou para a área em que estavam. — Não querem constrangê-la. — Caitir pegou o olhar que Kim deu aos guardas. — Eles estão aqui para protegê-la.

— Eu sei. — Kim disse e começou a andar de novo.

— Ele faz isso porque cuida de você. — Caitir disse calmamente. — Muito.

— Eu também sei disso.

— É incomum.

— O quê? — Kim perguntou, entrelaçando seu braço com o de Caitir enquanto caminhavam.

— Um macho realmente se importar com uma fêmea. Mesmo o Imperador.

Kim levantou uma sobrancelha para ela.

— Realmente não há uma fêmea Torniana que ficou com apenas um macho? — Kim viu Caitir hesitar. — Caitir? — Ela insistiu.

— Eu ouvi falar de uma, mas é uma anomalia.

— Por quê?

— Porque seu macho não teve que tirá-la de seu planeta e de todos os seus recursos para que ela ficasse com ele. Ela lhe deu quatro descendentes masculinos. Todos bons e dignos.

— E você acha isso estranho. — Disse Kim.

— Sim. Como eu disse, ela é uma anomalia.

— Na Terra, ela não seria.

— O que você quer dizer? — Caitir perguntou.

— Quero dizer que na Terra é comum, até mesmo esperado, que uma fêmea fique com o macho com quem ela tem descendentes.

— Sempre?

— Não. Não é sempre, mas a maioria do tempo o fazem. Nós temos fêmeas que são como fêmeas Tornianas, mas não são comuns. A maioria delas quer ficar com sua prole. Querem ficar com o macho o qual... — Kim procurou a palavra. — ... se uniram. Meus pais foram assim.

— Seus... pais... esses são os que a produziram?

— Sim. Minha mãe e meu pai... manno. Eles estavam juntos quase vinte e cinco anos antes de morrerem... juntos.

— Lorde Oryon e Lady Isis estão juntos quase este tempo.

— Então, os machos Tornianos podem se preocupar com uma fêmea e vice-versa.

— Como eu disse, é raro.

— E os machos de Auyangian? — Perguntou Kim quando entraram em uma parte mais arborizada do jardim.

— O que tem eles? — Caitir perguntou, olhando cautelosamente as árvores. Nunca se sabia o que havia nelas.

— Eles têm sentimentos por suas fêmeas?

— Não. — Caitir disse bruscamente.

Olhando para a nova amiga, Kim percebeu que a pergunta a feriu.

— Sinto muito Caitir, eu não deveria ter perguntado.

Caitir suspirou forte. — Sou eu que preciso me desculpar. Esqueci que você não está familiarizada com nossos muitos mundos e está apenas perguntando para que possa entender melhor e não ser prejudicial.

— Por que alguém iria querer machucá-la?

— Porque sou Auyangian. — Ela disse simplesmente.

— Mas você é do sexo feminino. Tornians precisa de fêmeas.

— Eles precisam de fêmeas que possam apresentar descendentes aptos. A maioria das fêmeas Auyangian que apresentam descendentes machos não-Auyangian, estes não sobrevivem. É assim desde o imperador Lucan.

— Sinto muito. — Kim disse suavemente.

— Não é sua culpa. É a vontade da Deusa.

— Talvez ela esteja tentando mudar isso.

— Duvido.

— Por que diz isso Caitir?

— Porque o que aconteceu nunca pode ser mudado.

— Não, você não pode mudar o passado, mas também não pode viver nele. Não pode punir a criança pelos pecados dos pais.

— A maioria faz.

— Então eles estão errados.

888

Um grunhido seguido pelo som de algo batendo no chão fez Kim se virar para ver um dos guardas no chão enquanto os outros dois estavam segurando seus pescoços antes de cair lentamente.

O ofego de Caitir fez os olhos de Kim voltarem para a amiga para ver um pequeno dardo saindo de seu pescoço, a mão desesperadamente tentando arrancá-lo, antes que seus olhos se fechassem e ela desmaiasse.

Kim a alcançou exatamente quando sentiu uma picada em seu braço, olhando para baixo, encontrou um dardo e sentiu os joelhos cedendo à medida que sua visão escurecia.

— Wray... — Ela tentou gritar, mas ficou apenas em sua mente.

888

— Esta é a informação vital que achou que precisava imediatamente da minha atenção Lorde Reeve? — Wray exigiu soltando o relatório.

— É vital Senhor! — Reeve disse com os dentes apertados, seus olhos percorrendo os relatórios que ele passou a noite na fabricando, sobre os envios de alimentos. — Isso prova que as naves estavam cheias quando deixaram Vesta. Que são os Kaliszianos que estão causando problemas.

— Seus registros não concordam com estes relatórios Lorde Reeve.

— Eles não fariam se estivessem mentindo Majestade.

— Vocês estão dizendo que o Imperador Liron traria algo a minha atenção sobre o qual estava mentindo? Por quê!

— Eu não estou dizendo isso Majestade. Não tenho conhecimento de que o Imperador Liron faria tal coisa, mas talvez alguém abaixo dele esteja. Alguém em quem ele confia e nunca consideraria. Talvez um membro da família.

— Há alguém que você suspeita? — Perguntou Wray, não revelando nenhum dos seus pensamentos.

— Ouvi dizer que o General Rayner tomou um interesse especial nos alimentos, apesar de não serem parte de seus deveres.

— General Rayner... — O tom de Wray era incrédulo. — Você acusa o primo do Imperador, o General encarregado de proteger as defesas do Império?

— Eu não acuso ninguém Majestade. Estou apenas dizendo o que ouvi. — Reeve respondeu.

— Entendo.

— Majestade. — A voz de Veron fez os olhos duros de Wray deixarem Reeve para olhar para o Capitão entrando na sala. Ambos não olharam para Reeve.

— Capitão. — Disse Wray.

— Eu tenho a informação que você solicitou dos pacotes de sobrevivência. — Veron disse a ele.

— Pacotes de sobrevivência? — Reeve perguntou, franzindo a testa, sem entender a mudança de assunto.

Wray ignorou Reeve e falou com Veron. — Prossiga, Capitão.

— Depois de uma inspeção minuciosa de todos os pacotes de sobrevivência a bordo do Searcher, descobriu-se que quase todas as embalagens estão de alguma forma deficientes.

— Todos? — Wray rosnou com raiva.

— Sim, Majestade. Nenhuma estava tão incompleta quanto o pacote que você tinha no Pontus, mas nenhuma tinha todos os suprimentos necessários. Falta metade das unidades de reparo portáteis.

— O quê? — Wray levantou-se furioso. Essas unidades eram absolutamente essenciais para a sobrevivência de um guerreiro ferido! — Assumi que os do meu pacote faltavam porque usei para tratar Kim na nave Ganglian. — Wray disse a ele.

— Não Majestade, aquela saiu de um pacote diferente, na verdade, essa bolsa foi levada para a sala de controle dos Ganglian.

Wray rosnou seu desagrado. A unidade deveria ter estado lá. E se Kim ou ele ficassem feridos no acidente... na superfície... poderia tê-la perdido.

— Quem é responsável por inspecionar os pacotes, Capitão? — Wray rosnou. Ele teria a cabeça deles.

— Foram os guerreiros Fala e Gyula, Majestade. — Veron disse a ele e viu a boca de Reeve se abrir em estado de choque.

— Fala e Gyula... — A voz de Wray aprofundou quando seus olhos fixaram em Reeve. — Dois guerreiros treinados por você Lorde Reeve. O que exatamente os está treinando para fazer?

— Majestade! — Reeve gemeu. O que aqueles dois idiotas fizeram agora? Ele já colocou seus planos em movimento, agora a Imperatriz deveria estar em suas mãos e a caminho da casa do prazer. Precisava de Fala e Gyula de volta à Guarda do Imperador para que soubessem onde o Imperador estava em todos os momentos. Era aparente que o macho de Bertos era incompetente. E se estivessem roubando suprimentos de sobrevivência e foram estúpidos o suficiente para serem pegos, Wray nunca os levaria de volta.

— Onde está a prova do Capitão Veron? — Reeve exigiu.

— Você questiona a honra do meu Capitão? — Perguntou Wray calmamente.

— Não Majestade, mas ele está questionando a honra de dois dos meus.

— Uma honra que eles já mostraram que não possuem. — Wray rosnou para Reeve. — Quero que você os encontre e traga para mim antes de mim para responder a estas acusações.

— Eu... sim, Majestade. — Reeve disse, mas ele não se moveu. Precisava pensar em uma maneira de dar mais tempo a Fala e Gyula, tirar Veron do Imperador se seu plano funcionasse.

— Agora Lorde Reeve! — O rugido de Wray ecoou nas paredes.

— Sim, Majestade! — Reeve corou sabendo que seus guerreiros ouviram o Imperador falar com ele assim e com um arco rígido, rapidamente saiu da sala.

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Os olhos de Tora examinaram cuidadosamente a área, procurando ameaças, antes de se inclinar sobre o guerreiro caído. Ficou chocado ao ver as insígnias do Imperador em seus peitos. Seus olhos rapidamente foram para os outros dois e os reconheceu. Esses guerreiros eram da Guarda do Imperador!

O que estava acontecendo?

Onde estava seu manno?

Alcançando seu comunicador, ele rapidamente contatou Veron.

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Veron franziu a testa quando o comunicador tocou. Ele estabeleceu que apenas as chamadas de maior prioridade entrassem e da família real.

— Veron. — Ele respondeu com impaciência.

— Onde está o Imperador?

A demanda de Tora fez Veron franzir a testa.

— Bem na minha frente na câmara dirigente de Lorde Reeve. — Veron sabia que Tora não perguntava sem razão e de repente, todo seu instinto ficou em alerta. — Por quê?

— Três dos guardas do Imperador estão caídos no jardim. — Tora informou-o.

— O jardim? — Os olhos de Veron foram instantaneamente para Wray, que ouviu todas as palavras.

Wray pegou o comunicador de Veron.

— A Imperatriz está no jardim Tora! Encontre-a! Estou indo! — Wray deixou cair o comunicador e olhou para o Capitão. — Chame todos os guerreiros no planeta! — Wray ordenou correr para porta.

— Sim, Senhor! — Veron respondeu instantaneamente.

— Ative todas as defesas planetárias! — Wray rugiu para Reeve, que estava voltando para a sala, empurrando-o para o lado oposto. — Nenhuma nave deixa a superfície! A Imperatriz será encontrada!

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Tora ficou parado ao ouvir as palavras de seu manno. Kim estava ali fora? Sozinha? Era com isso que Thangavelu estava preocupado? Por que Kim tinha autorização para sair? Seus olhos voltaram para os guerreiros caídos. Não, não permitiria... inclinando-se, tirou um dos dardos e cheirou.

Veneno Skua. O mesmo veneno que matou sua mãe. Era de ação rápida e mortal. Estes guerreiros estavam agora nas mãos da Deusa.

E Kim?

Levantando-se, seus olhos procuraram o chão por pistas. Lorde Oryon ensinou-lhe bem e o que aconteceu foi facilmente visto.

Foi ali que a Imperatriz e outra fêmea caíram.

Havia as pegadas de dois machos e as marcas que deixaram para trás quando as levaram do chão. Por quê? Por que as levar se estavam mortas?

Elas não estavam.

E se quisessem a Imperatriz morta, teriam lançado o veneno skua e a deixariam.

Eles a levaram... por quê?

Tora pensou na possibilidade. Rapidamente puxou a espada e seguiu a trilha.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

Kim acordou devagar e encontrou-se deitada em uma pilha, no chão frio e úmido, com dor no braço e a cabeça latejando. Estava prestes a chamar quando ouviu vozes... vozes masculinas.

— Por que você trouxe a outra? — Perguntou o primeiro.

— Ela é Auyangian. — Disse o segundo. — Você sabe o quanto as casas de prazer pagarão por ela? Especialmente uma intocada.

— E ela está intocada?

— Não por nós. — O sorriso sarcástico podia ser ouvido em sua voz. — As fêmeas Auyangian são conhecidas por sua capacidade de tomar dois machos ao mesmo tempo. Acho que devemos mostrar esse talento para a Imperatriz, então entenderá exatamente o que faremos com ela, especialmente depois do que aconteceu na caverna.

Kim sentiu-se fria quando percebeu que era Fala e Gyula que ouvia e de repente, tudo voltou. Estava caminhando no jardim com Caitir... Caitir... eles estavam falando sobre estuprar Caitir.

— Imperatriz minha bunda. — Gyula disse. — Não há nenhuma maneira de permitir que essa cadela se torne minha Imperatriz.

— Concordo. — Fala respondeu. — Mas primeiro precisamos encontrar um lugar para atravessar o rio. A tempestade da noite passada nas montanhas tornou o ponto original muito profundo e perigoso. Então, vamos levá-las para a nave que está esperando e assim que decolarmos, podemos nos divertir. Kim podia ouvir a luxúria na voz de Fala. — Você observa o rio e voltarei para me certificar que nossa trilha esteja coberta, não que alguém venha buscá-las, ainda não.

Quando as vozes desapareceram, Kim se forçou a ficar perfeitamente imóvel. Quando tinha certeza de que foram embora, ela abriu os olhos.

Ela estava em algum lugar da floresta. Podia ouvir a água correndo à distância, mas não tinha ideia de onde estava. Movendo-se para sentar-se, encontrou as mãos e os pés presos, rolando, encontrou Caitir ao lado dela, acordada, os olhos cheios de terror.

— Tudo ficará bem Caitir. — Kim sussurrou e esperava falar a verdade.

— Estamos perdidas. — Caitir sussurrou de volta, seus olhos se enchendo de lágrimas. — Ninguém chegará a tempo. Estamos muito longe dos guardas.

— Então devemos dar-lhes o tempo. — Kim recusava-se a ceder ao medo. Chegou muito longe, sobreviveu demais para desistir agora. — Você pode se sentar?

— Sim, mas que bem isso fará?

— Apenas faça Caitir. — Kim ordenou enquanto lutava sozinha. — Silenciosamente.

Caitir fez quando foi ordenada.

— Agora coloque a mão na minha manga.

— O quê? — Caitir lhe deu um olhar confuso.

— Eu tenho uma faca Caitir. — Kim sussurrou com impaciência. — Está presa ao meu braço. Pegue-a.

Caitir não podia acreditar. Uma fêmea carregando uma faca?

— Depressa. Antes que voltem.

As palavras de Kim fizeram Caitir se mover. Quando ela agarrou a faca, um galho se quebrou e ela deixou cair a faca perto do pé nu da Imperatriz. Ambas as mulheres congelaram e ouviram atentamente. Ouvindo nada mais, Kim agarrou a faca e começou a cortar as cordas nos tornozelos de Caitir.

— O que você está fazendo? — Caitir olhou para ela com choque.

— Ouça-me Caitir. — Kim disse enquanto continuava trabalhando nas cordas. — Você sabe onde estamos?

Caitir olhou em volta, observando o lugar. — Sim... sim. — Ela sussurrou.

— E você conhece o caminho de volta para Casa Reeve, de volta para Wray?

— Sim.

— Bom. — Soltando os tornozelos de Caitir, Kim começou a tocar as cordas ao redor de seus pulsos. — Agora, uma vez que a soltar, quero que você procure ajuda.

— O quê? — Caitir mal se lembrou de manter a voz baixa.

— Eu não sei onde estamos Caitir. — Kim disse com impaciência. — Não sei onde está a ajuda. Você sim. — Os olhos de Kim fixaram-se em Caitir. — Você deve procurar Wray e dizer-lhe o que aconteceu. Onde estou. É a única maneira.

— Não! Eles a matarão.

— Não imediatamente, eles não o farão. — Kim disse, recusando-se a mostrar a Caitir como ela estava assustada. — Fala e Gyula querem se divertir primeiro. Isso nos dá tempo, tempo para você escapar e conseguir ajuda.

— Não, não deixarei você se sacrificar.

— Não tenho planos de me sacrificar. — Kim disse para ela quando finalmente soltou as mãos de Caitir e começou a cordas a cordas de seus próprios tornozelos. — Eu planejo fugir. Agora, para qual lado foram os guardas?

— Bem... aquele lado. — Caitir gaguejou, gesticulando atrás dela.

— Então vou para o outro. — Kim gesticulou para esquerda, na direção oposta, mas afastou-se do caminho que Caitir tomaria. — Eu gritarei bem algo, então Fala e Gyula me seguirão. Quero que você espere até que saiba que é seguro, em seguida, corra para pedir ajuda.

— Mas...

— Não questione Caitir. Porque se eles a pegarem, estamos mortas. Você sabe disso.

— Mas se eles a pegarem...

— Eles não o farão. — Kim esperava falar a verdade. Soltando seus pés, Kim se levantou e estava prestes a entregar a faca de volta a Caitir para soltar as mãos quando sons inconfundíveis de passos pesados foram ouvidos movendo-se em direção a elas.

— Vá. — Kim ordenou e agarrou a faca, logo começou a correr, fazendo tanto barulho quanto podia enquanto gritava. — Wray!

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Fala congelou com o grito da fêmea, seus olhos pegando um flash de roxo movendo-se rapidamente pela floresta à sua direita. Não! Não era possível! Como a puta ficou livre!

Ele imediatamente mudou de direção e foi atrás dela.

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Caitir ficou agachada e observou o grande guerreiro correndo atrás da Imperatriz. O que ela faria...

Durante toda a vida, ela precisou ficar escondida, tinha medo de seu pai e outros machos. Somente seu tio a tratou com bondade, como se ela importasse, mas sabia que era apenas por causa de sua mãe.

Até a Imperatriz. Ela olhou para Caitir e viu alguém que importava, alguém que tinha valor por si mesma. Via Caitir como uma igual, mesmo alguém por quem arriscar sua vida. Como se esconder iria pagar tudo isso?

Não! Ela faria como sua Imperatriz e amiga lhe disse e encontraria o Imperador. Levando a saia Caitir correu.


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Tora congelou ao ouvir grito da fêmea, sua cabeça inclinada para o som, seus olhos se estreitando quando observava a área. De onde veio? Sentindo o último som, ele se moveu rapidamente, mas silenciosamente, através da grama. O som de alguém atravessando o lugar veio em direção a ele e o fez levantar a espada, pronto para atacar.

Caitir parou, caindo no traseiro, na frente da espada levantada pelo guerreiro, seu coração quase parando de tão acelerado.

— Onde está a Imperatriz? — Tora exigiu. — Quem é você?!!

— Eu... eu sou Caitir. A costureira da Imperatriz. — Caitir gaguejou. — Ela correu para aquele lado. — Caitir apontou um dedo trêmulo em direção ao rio.

— Por que você não está com ela? — Exigiu Tora.

— Ela me enviou para buscar ajuda. Sabia que se eles nos pegassem, ambas morreríamos.

— Quem? — Tora exigiu.

— Ela os chamou de Fa... Fala e Gyula.

Tora endureceu ao ouvir os nomes. Eles eram os mesmos que a atacaram mais antes.

— Vá! — Tora ordenou empurrando-a pelo caminho que ele veio. — Encontre o Imperador e conte-lhe o que você me disse.

— Você irá atrás deles? — Caitir perguntou esperançosamente.

— Sim.

— Por favor! Por favor, salve a Imperatriz! — Caitir implorou. — Ela é uma boa fêmea e ele planejam usá-la como usariam uma Auyangian.

Tora empalideceu, depois ruborizou de raiva, entendendo o que ela queria dizer.

— Vá! — Ele ordenou, então correu para Imperatriz.

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Kim correu cegamente pela floresta. O que estava pensando? Perguntou a si mesma, enquanto outro espinho perfurava seu pé. Ela não sabia nada sobre tentar evadir guerreiros. Ela uma garota da cidade. Tudo o que sabia era que queria sobreviver. Queria estar com Wray.

— Onde você acha que vai? — Gyula exigiu, saindo de trás de uma árvore para agarrá-la pela cintura, batendo suas costas contra seu peito.

— Não! — Kim gritou, a faca caindo no chão.

— Sim! — Gyula disse e envolveu uma mão grande ao redor de seu pescoço, apertando. — Você pagará pelo que nos fez.

— O que eu fiz? — Kim perguntou, recusando-se a recuar, mesmo quando agarrou sua mão tentando aliviar a pressão. — Eu não fiz nada! Vocês são os que me atacaram!

— Você é do sexo feminino! Não-Torniana! Nós a honraremos usando seu corpo!

— Honra minha bunda! — Kim disse de volta para ele. — Você não é melhor do que os Ganglians!

— Como se atreve! — Gyula rugiu apertando tão forte que estava perto de quebrar.

— Solte-a! —Ordenou Tora, saindo de entre as árvores, sua espada levantada.

— Um passo mais perto e quebrarei seu pescoço. — Gyula disse a ele, certificando-se de manter Kim entre ele e a espada de Tora.

— Solte-a agora e lhe darei uma morte rápida. — Ordenou Tora.

— Acho que não jovem príncipe. — Gyula disse a ele, então sorriu.

— Tora! Atrás de você! — Kim gritou quando viu Fala levantando sua espada.

Tora girou, mal bloqueando a espada de Fala a tempo, mas era maior e mais forte que o príncipe, então fez com que ele tropeçasse para trás.

— Hoje é um dia histórico. — Disse Fala , balançando a espada na mão, fazendo círculos arrogantes. — Um príncipe e uma Imperatriz estão prestes a morrer e a Casa Vasteri cairá. — Mais uma vez, Fala balançou e seus anos de treinamento fez Tora tropeçar novamente.

— Apenas faça Fala! — Gritou Gyula. — Pare de brincar com ele.

— Mas quero brincar com ele. — Fala disse e Gyula com o olhou irritado. — Ele acha que é mais digno que nós porque ele é Vasteri. Hoje ele descobrirá que não é diferente de qualquer outro macho.

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Kim não podia acreditar no que estava vendo. Tora a estava defendendo! Pelo menos estava tentando, mas Fala era um homem totalmente maduro onde Tora ainda estava crescendo. Ela não podia deixá-lo se sacrificar por ela. Wray ficaria devastado se o perdesse. Precisava fazer alguma coisa... mas o quê? Talvez?

Ficando flexível nos braços de Gyula, Kim sentiu seu aperto afrouxar, pensando que desmaiou. Sabendo que apenas teria uma chance, ela deixou seu queixo cair no peito dele, depois levantou com todas suas forças e sentiu o ranger satisfatório do nariz de Gyula.

— Argggg! — Gyula gritou e deixou cair Kim para agarrar seu nariz.

O grito de Gyula fez os olhos de Fala se moverem em direção a seu amigo por um momento e isso foi tudo o que Tora precisou. Ao levantar a espada, Tora atacou o macho maior e mais forte, deixando seu tamanho e rapidez menores funcionarem em sua vantagem. Cortou o braço da espada de Fala primeiro, depois atravessou seu peito, pegando Fala de surpresa.

Fala tropeçou para trás, olhando para o peito em choque. Como um macho que ainda não tinha dezoito anos conseguiu fazer isso? Agarrando sua espada com mais força, Fala respondeu, mas encontrou começou a escorregar sob a escuridão de seu sangue cobrindo o punho de sua espada.

Tora mostrou ao macho tanta misericórdia como teria mostrado a Kim, golpeando como seu manno e tio o ensinaram. Cada golpe de sua lâmina cortando mais fundo, tirando mais e mais sangue até que Fala lutou para ficar de pé. Um corte especialmente profundo na parte de trás de uma perna levou Fala a um joelho.

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Gyula ignorou o sangue do nariz e observou com fascinação atordoada quando Tora levou Fala para baixo. Como era possível? Fala era um guerreiro astuto. Ninguém o derrotava, no entanto, Tora o fez.

Gyula precisava se salvar. Seus olhos brilharam para a fêmea que era a causa de todos os seus problemas e a encontraram afastando-se dele. Seus olhos estavam na batalha diante deles.

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Kim ignorou o impacto de seu traseiro atingindo o chão e cravou os calcanhares ali, afastando-se de Gyula o melhor que pode, com as mãos ainda presas. Seus olhos se moviam de Gyula para a batalha entre Tora e Fala.

Após os golpes iniciais de Fala, Tora agora estava forte, lutando contra o homem maior e sabia que ela estava vislumbrando o guerreiro que um dia se tornaria. O guerreiro, que seu manno atualmente era.

E de repente, sentiu o peso do olhar de Gyula e percebeu que cometeu um erro caro. Deveria ter corrido enquanto Gyula estava ocupado com a luta, agora seu foco estava de volta nela.

Virando, seus dedos cravaram na terra úmida enquanto lutava para se levantar e sentiu sua faca. Rezando à Deusa pela segurança de Tora, ela saiu correndo.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

A mente de Wray estava em tumulto, seu coração acelerado, enquanto corria pelos jardins da Casa Reeve, sua Guarda dificilmente conseguia segui-lo. Como isso pode acontecer? Por que ele a deixou sair sozinha? Ela era seu universo e não conseguiu protegê-la... novamente. E se ela...

Não! Ele se recusava a pensar nisso. A Deusa não podia ser tão cruel... não quando acabou de encontrá-la. Em vez disso, deixou sua raiva preenchê-lo, deixou fortalecer seus músculos e aumentar seus sentidos.

Hoje ele não era o Imperador.

Hoje ele era um Guerreiro Torniano, protegendo sua fêmea e nada ficaria entre eles, destruiria quem estava tentando prejudicá-la.

Vendo os guardas que ele enviou para proteger Kim, fez uma pausa apenas tempo suficiente para recuperar uma de suas espadas e seguiu a trilha deixada por aqueles que levaram Kim. À beira da área arborizada, ergueu a espada e ouviu alguém correr para ele. Quando Caitir tropeçou de repente, abaixou a espada, apenas a pegou quando caiu no chão. Seu vestido estava esfarrapado e rasgado, sua respiração errática. Arranhões danificavam a pele escura e seus olhos estavam arregalados de medo.

— Imperador! — Caitir ofegou.

— Onde está a Imperatriz? — Wray exigiu, apenas lembrando de manter seu aperto gentil.

— Nós nos separamos para que eles não pudessem nos pegar. — Caitir disse. — Ela correu para o rio.

— Quem são eles? — Perguntou Wray.

— Fala e Gyula. — Ela disse a ele. — Eles nos drogaram e estavam planejando nos levar para uma nave do outro lado do rio. Outro guerreiro... — Caitir teve que fazer uma pausa para recuperar o fôlego.

— O quê? Outro guerreiro, o quê? — Wray deu uma pequena sacudida.

— Mais um guerreiro veio. Ele... ele me enviou para encontrá-lo... para lhe dizer o que aconteceu enquanto ele seguia a Imperatriz.

— Tora...

— Sim, Majestade.

— Leve-a às câmaras. Proteja-a como se ela fosse sua. — Os olhos de Wray eram duros quando ele encarou o Guerreiro vestido com as cores de Reeve. — E se algum dano for causado a esta fêmea, será tomada sua vida e a vida de todos que você conhece. Entendeu?

— Sim, Majestade! — O macho imediatamente disse, seus olhos indo para Caitir.

— Venha. — O macho estendeu a mão para ajudá-la. — Eu juro, nenhum mal virá a você.

Um grito fraco deixou todos os machos tensos, tentando localizar de onde vinha. Wray não teve esse problema, deixou que seus instintos o guiassem, sabendo que nunca falhariam, não quando se tratava de Kim. Correndo pela floresta, ele foi encontrar sua Imperatriz.

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Kim abaixou-se em outro galho mais baixo, esperando que ele diminuísse a velocidade de Gyula, em vez disso, o ouviu atravessá-lo apenas como fez com todos os outros que ela colocou no caminho. Ele estava se aproximando e com toda rapidez, ela estava ficando sem espaço e tempo. Quando as árvores de repente deram lugar às margens do rio, soube que acabou.

Girando para enfrentar Gyula, ergueu a faca que o General Rayner lhe deu em Pontus e apontou para Gyula.

— Você realmente acha que essa pequena coisa vai me parar? — Gyula exigiu, puxando sua espada muito maior e mais longa.

— Eu o parei antes. — Ela gesticulou para o nariz ainda sangrando. — E o farei novamente. — Ela disse com tanta bravura quanto conseguiu reunir.

— Você teve sorte! — Gyula negou com raiva.

— Certo. Sorte como Tora? — Kim perguntou, esperando comprar tempo suficiente para que alguém a ajudasse. — Talvez eu seja melhor do que você, Gyula. Mais habilidosa.

O rio seria seu último recurso. Rapidamente, olhou por cima do ombro. Ela não mentiu para Wray. Era uma excelente nadadora, mas a corrente deste rio parecia rápida e nunca nadou com um vestido longo antes... ou com as mãos amarradas... não estava ansiosa para isso, mas se recusava a deixar que Gyula abusasse dela. Desta vez, sabia que não tinha chance de sobreviver.

— Nós veremos quem é o sortudo agora, verdade? — Gyula zombou enquanto levantava a espada, dando um passo na direção dela.

Kim sabia que não tinha força para bloquear o golpe de Gyula. Ela sabia que apenas restava um lugar para ir, mas enquanto se preparava para saltar no rio, pegou o flash de movimento nas árvores.

E de repente, Wray estava lá. Bloqueando a espada de Gyula.

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Os olhos de Gyula se arregalaram quando sua lâmina foi desviada. Girando, encontrou-se confrontando... o Imperador!

Tropeçando para trás, Gyula rapidamente reavaliou sua posição. O duro e frio olhar nos olhos do Imperador lhe dizia que não receberia piedade dele. Olhando para trás, Gyula viu mais guerreiros do Imperador preenchendo a área e sabia que não teria ajuda. Decidindo que se hoje fosse o dia em que encontraria a Deusa, levaria o Imperador com ele.

Levantando os ombros, Gyula atacou.

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Wray observou primeiro com surpresa, então aceitação, em seguida, resolução mortal finalmente caiu sobre o rosto de Gyula e aceitou. Ele queria essa batalha. Queria infligir tanta dor quanto possível ao macho que ousou prejudicar sua Kim. Apenas se permitiu os mais pequenos olhares em sua direção antes de concentrar toda sua atenção em Gyula, mas foi o suficiente para ver seus arranhões, suas contusões e medo. Gyula sofreria por todos e cada um.

— Proteja a Imperatriz! — Ele ordenou e pisou na frente de Kim, atacando.

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Todo guerreiro entrando na área obedeceu à ordem do Imperador e pisou na frente da Imperatriz, colocando-se entre ela e a batalha prestes a acontecer. Ninguém nunca viu o Imperador assim antes e não podiam tirar os olhos dele.

Sim, sabiam que o Imperador era um guerreiro feroz. Você não poderia ser da Casa Vasteri e não ser. Estava enraizado neles.

Sim, sabiam que ele treinava todos os dias para manter suas habilidades, mas fazia décadas desde que realmente foi a uma batalha e isso os faziam pensar que suas habilidades falhariam em uma batalha real.

Eles estavam errados.

Gyula, enquanto um dos guerreiros mais fortes do Império, não tinha a mente nítida necessária para se tornar um grande guerreiro. Fala sim. Foi por isso que eles formaram um par tão perigoso. O que um não tinha, o outro tinha.

O Imperador tinha a força e a inteligência combinada com sua habilidade, além de sua raiva, então nunca haveria uma arma mais letal do que Wray Vasteri.

Muito cedo, Gyula caiu sob o ataque do Imperador e de repente percebeu que encontraria a Deusa sozinho.

— A Deusa nunca irá aceita-lo, Gyula! — Wray disse friamente. — Ela apenas honra aqueles que são dignos e você não é! Não, hoje você encontrará Daco, como ele, tem uma alma negra e nenhum conceito de honra. — A lâmina de Wray cortou profundamente, movendo-se através do abdômen inferior de Gyula, derramando seus órgãos internos.

Com um grito, Gyula caiu de joelhos, contorcendo-se de dor.

— Misericórdia! — Ele implorou ao Imperador que queria matar. — Mate-me.

— Sofra Gyula! — Wray respondeu quando colocou um pé no ombro de Gyula, empurrando-o para que caísse no chão. — Isso lhe dará algo para falar quando se encontrar com o Imperador Lucan! — Virando as costas para Gyula, os olhos de Wray procuraram por Kim e não a encontraram.

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— Isso não pode ser! — Fala gritou, enquanto outro dos golpes de Tora o atingiu, cortando o braço da espada.

— Pode ser. — Tora respondeu novamente. — Hoje você encontrará Daco, o único Deus, depravado o suficiente para aceitá-lo.

— Não! — Fala negou. — Eu vou para Deusa.

— Nunca! — Tora prometeu. — Você apodrecerá com Lucan e todos os outros machos que trouxeram essa praga sobre nós! — Com essa declaração final, Tora cortou a cabeça de Fala e observou como saltou pelo chão, parecendo querer chegar tão longe de Fala como Tora queria.

O som de passos que se aproximando atrás dele fez Tora levantar sua espada pingando, preparado para se defender novamente. Esperava encontrar Gyula, em vez disso, encontrou Veron e vários outros guerreiros entrando na área.

— Por que você está aqui? — Ele perguntou. — Deve procurar pela Imperatriz.

— Estávamos seguindo o Imperador. Ele não passou aqui?

— Não. — O som de espadas se chocando fez com que todos corressem para o rio.

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Kim observou com horror Wray lutando com Gyula. Isso era o que ela queria na caverna, mas agora... vendo a maneira brutal que Wray atacava Gyula, ela desejava que não estivesse acontecendo. Não quando colocava Wray em risco. O próprio pensamento dele ser prejudicado a aterrorizava.

Guerreiros pisaram na frente dela bloqueando sua visão da carnificina acontecendo. Kim não tinha certeza se estava agradecida ou não. Podia ouvir as espadas entrando em choque, os grunhidos provenientes de Wray e Gyula, então sua imaginação estava preenchendo os espaços em branco. O som de passos apressados por trás fez Kim girar, pronta para defender as costas de Wray, se necessário.

Encontrando Tora e Veron correndo para ela, relaxou e respirou fundo dando um passo para trás. E de repente, o chão cedeu e antes que pudesse mesmo gritar, ela estava debaixo d'água.

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Tora correu para a área, sem saber o que encontraria. Vendo que Kim estava ilesa, a preocupação de que chegou tarde desapareceu, mas assim como o fez, também desapareceu Kim.

— Não! — Ele gritou quando caiu na água que se movia rapidamente. Deixando cair a espada, Tora mergulhou imediatamente atrás dela.

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Kim se moveu freneticamente para superfície, querendo sair da escuridão que a cercava. Subindo à superfície, ela tentou afastar o cabelo do rosto. Chutando, então girou na água, tentou não entrar em pânico quando percebeu o quão longe da margem estava.

A corrente era mais forte e mais rápida do que pensava. Sabia que se lutasse contra ela, nunca sobreviveria. Em vez disso, precisava trabalhar a favor, deixando-a levá-la para mais perto da margem.

Rolando para seu lado, Kim deu um impulso contra a corrente, avançando para a margem do rio. Estendeu as mãos ainda presas na frente e puxou, tentando fazer um agarre com uma mão, enquanto mantinha a cabeça acima da água. Não era como ensinaram, mas teria que servir.

Também era mais difícil do que esperava. Seu vestido molhado continuava envolvendo suas pernas, tentando puxá-la para baixo. Muito cedo, seu corpo começou a esfriar e se cansar. Os efeitos da droga, sua desesperada corrida pela floresta, para não mencionar o medo de Wray se ferir, cobrou seu preço sobre suas forças. Uma força que ela apenas começou a recuperar desde o ataque Ganglian.

E de repente, sentiu como se alguém ou alguma coisa a atingisse por trás. Ele se segurou em seu vestido e puxou-a para baixo.

Girando e girando debaixo d'água, Kim tentou seguir, tentou descobrir o que estava acontecendo e não entrar em pânico. Mas estava tão escuro... tão frio... podia sentir-se sendo puxada para dentro nas profundidades turbulentas do rio. Suas mãos estavam de repente livres e seus dedos entorpecidos desesperadamente arranhavam a superfície, mas não servia de nada, então tão repentinamente como foi puxada, estava livre, mas o que deveria fazer? Ela não sabia dizer.

Não podia ver. Seus pulmões estavam queimando. Estava mais fria do que antes, mesmo naquela maldita nave Ganglian. Podia sentir sua vida escorregar e não havia nada que pudesse fazer sobre isso.

Wray, ela gritou silenciosamente.


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Wray afastou os guerreiros, seus olhos à procura de Kim. Onde ela poderia ter ido? Por que então conseguiu encontrá-la?

— Majestade! — O grito de Veron fez com que Wray percebesse seu Capitão correndo pela margem do rio. — Ela caiu!

O coração de Wray parou nas palavras de Veron.

Não!

Não o rio! Ele não podia perder mais ninguém para seu aperto mortal.

Correndo até a borda, seus olhos freneticamente procuraram pela superfície, procurando por seu amor. Finalmente, um lampejo vermelho na água enlameada chamou sua atenção e ele a viu, lutando para manter a cabeça acima da água.

Não muito atrás dele, viu outra cabeça, esta uma pele tão escura como sua própria.

Tora!

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Os olhos de Tora nunca deixaram Kim enquanto ele nadava em sua direção com fortes e poderosos golpes. Ele deixou que a força da corrente o ajudasse. Estava perto dela quando de repente desapareceu sob a água escura como se algo a tivesse puxado para baixo. Recusando perder sua presa Tora foi atrás dela.

Ele mergulhou cada vez mais nas profundidades turbulentas do rio procurando-a freneticamente. Não falharia novamente. Não permitiria que outro membro de sua família morresse em um rio. Seus pulmões começaram a queimar, mas se recusava a abandonar sua busca, finalmente, quando pensou ter falhado, sentiu o roce do cabelo contra sua mão. Seguindo, ele encontrou parte da cobertura de Kim. Agarrando-a, ele subiu à superfície assim que sua visão começou a diminuir.

Cortando a superfície, os pulmões de Tora sugavam a vida dando ar antes de virar Kim sem resposta nas costas. Colocando um braço com força ao redor dela, ele nadou em direção a margem.

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Wray não podia fazer nada além de assistir com horror, tanto Kim quanto Tora desaparecerem sob a superfície do rio. A dor que o encheu quase o derrubou no chão.

Tora! Seu primeiro descendente!

Kim! Seu amor!

Ele sentiu seu coração parar e soube que não poderia sobreviver sem ela agora.

Quando eles romperam a superfície, seu alívio não conheceu limites, mas foi de curta duração quando percebeu que Kim não estava se movendo.

Saltando pela borda, Wray deslizou pelo barranco, ignorando os gritos assustados de seus guerreiros e entrou no rio. Chegou até eles quando Tora começou a falhar e tirou Kim dele. Veron estava instantaneamente apoiou Tora, certificando-se de que ele também chegasse a margem.

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Wray cuidadosamente pegou Kim e enquanto ele aceitou a ajuda de seus guerreiros em subir, se recusou a deixar que alguém a tirasse dele. Ela era dele!

Apertando as mãos contra seu peito, ele forçou a água de seus pulmões e orou para Deusa.

— Por favor, gloriosa! Por favor! Não tire essa fêmea de mim. Eu preciso dela. Farei qualquer coisa... qualquer coisa que me pedir. — Ele implorou.

— Qualquer coisa, imperador? — Enquanto a pergunta que enchia sua cabeça o chocou, ele não permitiu que o impedisse de bombear no peito de Kim.

— Qualquer coisa! — Ele respondeu.

— Promete amá-la e protegê-la mesmo se não lhe der descentes?

— Sim! — Wray gritou em resposta.

— Que assim seja, mas sabia, Imperador... se você falhar, minha ira não conhecerá limites.

— E se eu falhar com Kim, nada do que você fizer será importante.

A resposta dele deu uma pausa à Deusa. — Boa resposta, Imperador.

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Kim estava à deriva. Ainda na escuridão, não sentia dor, nem frio, nem medo. Não havia nada.

Nada era bom.

— Sim? — Uma voz perguntou.

— Sim. — Sua resposta foi instantânea e sabia que desagradou a voz.

— E o seu Guerreiro? — Ela perguntou.

— Guerreiro? — Kim franziu a testa lutando para entender a pergunta. — Que guerreiro?

— Você o esqueceu tão facilmente? Talvez não seja a fêmea certa para o recomeço.

Recomeço... algo disparou na mente de Kim. A escuridão que estava tentando mantê-la começou a desaparecer e em seu lugar apareceram lembranças... sentimentos. Os bons... os maus... os feios...

— Sim. — E de alguma forma, Kim sabia que a Deusa estava falando com ela. — Você deve se lembrar de tudo. Aceite tudo. Antes que possa voltar... para ele.

— Ele? — E de repente, Kim foi empurrada para a luz e tudo voltou imediatamente.

— Wray! — Sua mente gritou.

— Sim. Mas não tenho certeza de que ele é para você.

— Ele é meu. — Kim ousou gritar para a Deusa aparecendo diante dela.

— Você acha que é digna de um dos meus melhores? Dele?

— Não. — A resposta de Kim foi instantânea e sincera, seus olhos escurecendo, mas ela se recusou a recuar. — Eu não sou e nunca serei, mas nenhuma outra mulher jamais o amará tanto quanto eu. Nenhuma outra jamais a entenderá como eu. Nenhuma mulher Torniana jamais o colocará em primeiro, como eu o farei.

— Elas têm seus motivos.

— Não com Wray, elas não têm! — Kim respondeu.

— Nisto, você está correta. — A Deusa fez uma pausa e poderia ter durado um momento ou um milênio enquanto seus olhos se fixavam em Kim. — Você está pronta para ser meu recomeço? Aceitar o que deve ser. Não importa o que seja?

— Posso aceitar qualquer coisa desde que tenha Wray.

Lentamente, a Deusa inclinou-se para frente, tocando uma mão no peito de Kim. Kim sentiu instantaneamente a vida fluir através dela.

A vida que ela não percebeu que estava faltando.

— Então, viva e viva bem, criança.


CAPÍTULO VINTE E SETE

Veron, juntamente com todos os outros guerreiros, observou silenciosamente como o Imperador tentou freneticamente forçar a água dos pulmões da Imperatriz, tentando fazê-la respirar novamente, mas poucos acreditavam que era possível.

Ela era uma pequena fêmea frágil, o rio era poderoso e perigoso. Havia guerreiros que não podiam sobreviver, não depois da tempestade da noite anterior, não quando puxou alguns para baixo em suas profundidades sombrias.

Foi sussurrado que, depois de uma tempestade, o deus Daco conseguiu se levantar daqueles fundos negros, conseguiu puxá-los, roubando suas vidas e forçando-os a atendê-lo... para sempre.

Tora pode tirá-la do alcance de Daco, mas não havia nenhuma maneira de sobreviver.

Veron estava prestes a dar um passo adiante, prestes a forçar seu Imperador e amigo a enfrentar a verdade desagradável... sua Imperatriz estava agora nas mãos da Deusa. Quando ele deu aquele passo, as costas da Imperatriz arquearam-se do chão e ela respirou fundo.

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Wray rapidamente deslizou atrás de Kim, apoiando-a enquanto a inclinava para frente para que ela pudesse expulsar a água entupindo seus pulmões. Finalmente, depois de vários minutos de tosse áspera, ela se colapsou contra ele, pálida e exausta.

— Kim. — Ele sussurrou, passando um dedo gentil sob seu queixo para inclinar o rosto para o dele e ver seus olhos se abriram.

— Wray... — Ela sussurrou, sua mão se levantando para tocar sua bochecha, então sua mão caiu, seus olhos se fecharam e ela ficou mole em seus braços.

— Tragam um curandeiro! — Wray rugiu pegando Kim em seus braços, voltando para a Casa Reeve. — Agora!

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Caitir saltou quando a porta da câmara do Imperador subitamente bateu na parede, o Imperador entrando com a Imperatriz contra o peito.

— Oh não. — Ela gritou a mão cobrindo a boca enquanto seus olhos rapidamente viam a pele pálida da Imperatriz coberta de sujeira e água.

O rio...

Caitir moveu-se rapidamente, mas ainda não conseguiu abrir a porta da câmara de repouso antes que o Imperador passasse. Ele se moveu diretamente para cama e pousou cuidadosamente a Imperatriz.

— Onde está Yakar? — Ele rugiu para os machos que o seguiam.

— Ele estava sendo transportado para a superfície quando chamamos, Senhor. — Veron disse a ele.

Wray grunhiu seu desagrado antes de dar a Kim toda sua atenção.

Enquanto o Imperador falava, Caitir movia-se cautelosamente para Imperatriz. Ela não gostava do quão azul estava a pele da Imperatriz. Levantando a mão para tocá-la, Caitir encontrou seu pulso de repente capturado pelo forte aperto do Imperador.

— Eu... eu quero saber se está ferida. — Ela gaguejou. — Apenas iria sentir a temperatura dela. Parece muito fria.

— O rio a puxou para suas águas profundas. — Wray admitiu com uma voz torturada e lentamente soltou o pulso de Caitir.

— As águas profundas... — Os olhos de Caitir se arregalaram de medo por entender o que isso significava. Colocando uma mão cuidadosa sobre o braço de Kim, Caitir não conseguiu acreditar o quanto estava fria. — Ela precisa ser aquecida! Imediatamente! — Caitir declarou. — Essas coberturas precisam ser removidas! — Suas mãos imediatamente foram para os laços que seguravam o vestido.

— Afaste-se! — Ordenou Wray com firmeza.

— Mas majestade... — Caitir começou, então saltou para trás, enquanto o Imperador tirou uma espada da cintura.

Mas em vez de atacá-la, como Caitir achou que fazia, o Imperador cortou a capa da Imperatriz fazendo um longo corte de cima para baixo.

— Saiam! — Wray rugiu por cima do ombro para os Guerreiros de pé assistindo. Ele não permitiria que nenhum outro macho visse a beleza que era sua Kim. — Caitir. — Ele disse enquanto as mãos iam para sua camisa. — Vá ligar a unidade de limpeza. — Ela imediatamente correu para atendê-lo.

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Dentro da câmara de limpeza, Caitir imediatamente ligou a unidade e o vapor começou a preencher o espaço. Então encontrou panos e sabonetes para a Imperatriz e depois algo para secá-la. Virando, ela foi ajudar o Imperador apenas para congelar quando ele entrou na câmara, completamente nu, com a Imperatriz em seus braços. Sequer a olhou enquanto caminhava.

— Deixe-nos! — Ordenou Wray, entrando na unidade, dando a Caitir uma visão completa e desobstruída de sua parte traseira deslumbrante.

— Abençoada seja a Deusa. — Caitir sussurrou, então corando apressada saiu da sala.


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Entrando na câmara de repouso, Caitir viu a condição imunda da cama, a cobertura arruinada e imediatamente foi trabalhar para se livrar delas. A Imperatriz precisaria de lençóis limpos e muitos outros cobertores quando o Imperador acabasse de limpá-la.

Com os lençóis sujos, ela saiu da sala e empurrou-os para os braços do macho mais próximo.

Aconteceu de ser Veron.

— Estes precisam ser removidos. São necessários vestimentas limpas, juntamente com cobertores pesados. — Ela ordenou.

— Você acha que pode me dar ordens fêmea? — Veron rosnou para ela.

Algum outro dia, Caitir teria se encolhido de medo enquanto o grande macho rosnava para ela.

Hoje não.

Hoje, ela não se encolheria diante de ninguém. Sua Imperatriz estava em necessidade e cuidaria disso.

— Sim! — Ela rosnou para trás, sem romper contato visual com o macho que conhecia como o Capitão do Imperador. — A Imperatriz precisará de uma cama limpa quando o Imperador acabar de limpá-la. Ela precisará de cobertores para mantê-la quente. Você negará estas coisas? — Perguntou ela, levantando uma sobrancelha. — Devo voltar lá e dizer ao Imperador que você se recusou, Capitão?

Veron não podia acreditar! Esta fêmea, essa fêmea Auyangian ousava dar ordens a ele. Ele! Como poderia ser isso? No entanto, também sabia que ela falava a verdade. O Imperador ficaria furioso se essas coisas não estivessem devidamente preparadas para sua Imperatriz.

Para o choque de todos os machos lá, em vez de Veron rasgar a fêmea, ele se virou e empurrou os lençóis sujos para os braços de um dos guerreiros de Lorde Reeve.

— Pegue estes! — Ordenou Veron. — Elimine-os e traga os limpos aqui nos próximos cinco minutos ou você verá o final da minha lâmina!

O guerreiro empalideceu com as palavras de Veron, depois saiu para a tarefa que lhe foi atribuída. Este não era o trabalho de um guerreiro de uma Casa tão digna.

Ainda assim, ele girou e correu fora da sala, pois sabia que o Capitão do Imperador não fazia ameaças vãs.

— Há algo mais que a Imperatriz precisará? — Veron exigiu, voltando-se para Caitir.

— Um curandeiro e a bênção da Deusa. — Caitir disse a ele, seus olhos cheios de preocupação quando olhou de volta para a câmara de descanso.

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Wray agarrou Kim de forma segura quando entrava na unidade de limpeza, sem querer a menor chance dela ser prejudicada. Não percebeu o quanto estava realmente frio, até Caitir apontar isso. Ele lembrou-se de como estava fria quando a encontrou na nave Ganglian. Lembrou-se de como adorou o calor da piscina em Pontus.

Virando, ele deixou escorrer a água através de seus cabelos e abaixou suas costas, aquecendo-a enquanto alcançava o pano e lentamente começava a limpá-la.

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Kim lentamente acordou com o som da água corrente e a sensação das mãos de Wray se movendo sobre seu corpo...

— Hmm... não falamos sobre você me limpando quando não estou acordada? — Ela quis dizer suas palavras de forma brincalhona, em vez disso, pareciam mais como um coaxar. Por quê?

— Kim?

A incerteza na voz de Wray a fez abrir os olhos. Por alguma razão, estavam na unidade de limpeza e os olhos de Wray estavam preocupados. Por quê?

— Por que você está me limpando? — Ela sussurrou, uma sensação de medo de enchê-la.

— Você não se lembra? — Perguntou Wray cuidadosamente.

— Lembrar? Lembra-se do quê? — E apenas assim, de repente, tudo voltou para ela. Fala. Gyula. O ataque. Tora lutando contra Fala. Wray lutando contra Gyula. Caindo no rio, o escuro, frio... não, ela não pensaria nisso. Em vez disso, empurrou contra o peito de Wray, recostando-se para que seus olhos pudessem examiná-lo, procurando a menor lesão.

— Você está ferido? — Perguntou ela.

— Estou bem Kim. — Ele a tranquilizou.

— Tora... — Ela perguntou. — Tora está bem? Ele estava lutando contra Fala.

— Ele também está bem Kim.

— E Caitir? — Ela continuou.

— Ela está na sala externa. Segura. — Wray assegurou-a e puxou-a para si novamente.

— Os Guardas? — Ela perguntou, começando a relaxar. Quando Wray permaneceu em silêncio, ela o olhou. — Wray?

— Eles estão nas mãos da Deusa, minha Kim. — Ele disse a ela, instantaneamente arrependendo de sua honestidade quando ela empalideceu.

— O quê? — Ela sussurrou fracamente. — Todos eles?

— Sim. Os dardos usados neles tinham veneno Skua. Eles estavam mortos antes de chegarem ao chão. — Wray disse a ela, em silêncio, agradecendo à Deusa por não usarem o dardo nela.

— Por quê? — Kim sentiu os olhos cheios de lágrimas. — Por que Fala e Gyula fariam tal coisa? Eles eram seus amigos dos guerreiros.

Wray não sabia o que dizer a ela porque não sabia. Portanto, a puxou para perto e a deixou chorar. Chorar pelos guerreiros que perderam a vida. Deusa, não havia outra fêmea como ela em todos os universos e era dele!

E de agora em diante, seria sua missão na vida ter certeza de que ela nunca fosse prejudicada novamente, nem por palavras nem por ação. Nunca mais falharia contra ela.

— Não foi culpa sua, Wray. —. Kim sussurrou, sua cabeça ainda descansando em seu peito. Ela podia sentir a tensão nele e sabia que estava se culpando.

— Sim, foi! — Ele declarou. — Porque você é minha! Confiada a mim pela Deusa e não consegui protegê-la

— Você o fez. — Kim negou, afastando-se para olhar para ele através do vapor. — Estar aqui é prova disso.

— Você caiu no rio Kim e sequer percebi!

— Você estava em uma luta com Gyula na hora. — Ela lembrou.

— O que não teria acontecido se eu o tivesse matado em Pontus como você queria. — Ele falou com raiva.

— Não. — Ela disse com firmeza. — Isso seria errado.

— Não importa, não se isso significa que você fique segura.

— Não diga isso. Nunca diga isso Wray, porque não importa. — Kim segurou seu rosto, fazendo-o olhar para ela e em seus olhos, viu a dor e culpa que carregava sobre o que não foi capaz de prevenir. — E se o tivesse feito, você não seria diferente de Fala e Gyula, que usou uma Lei por algo para o qual nunca foi concebida. Isso o faria parecer com Lucan, que pensava estar acima da Lei apenas porque era o Imperador. Isso não é quem você é! Você é Wray, um macho honrado, verdadeiramente apto e porque tem o título de Imperador, significa algo bom. É uma das razões pelas quais eu te amo.

— Você ainda... — Wray descobriu que não poderia continuar.

— Se eu ainda te amo? — Kim terminou a pergunta para ele e deu-lhe um olhar bastante irado. — Claro que sim! Não há nada em todos os universos conhecidos que jamais poderia mudar isso! Certamente não uma pequena queda no rio.

— Não foi uma pequena queda Kim. Nunca brinque com isso! — Wray rosnou se recusando a deixá-la brincar com o que aconteceu com ela apenas para aliviar sua culpa.

— Eu sei Wray. — Ela admitiu. — Mas não muda o fato de que eu te amo e sempre o farei. Você faz com que seja suportável passar por tudo, enquanto estiver comigo Wray. Eu nunca teria sobrevivido, não teria se não fosse por você.

— Deusa Kim... — Wray rosnou e tomou seus lábios em um beijo profundo. Suas palavras... ele nunca se cansaria delas... mesmo quando não concordava com elas... mas estas... estas, ele seguraria seu coração para sempre.

Kim mergulhou no beijo. Precisava disso, precisava sentir Wray contra ela, afastando o frio e o escuro, como fez com os Ganglians. Como fez quando teve um pesadelo. Wray era o único que podia fazer isso. Suas mãos percorreram o peito e ficaram entre eles quando ele se afastou, parando-a.

— Wray...

— Não Kim. Agora não. Passou por muito e agora preciso cuidar de você.

Kim abriu a boca para argumentar, mas suas palavras a impediram, assim como a fadiga que de repente voltou e relutantemente concordou.

— Mais tarde?

— Com certeza. — Ele prometeu.

Wray manteve Kim na unidade de limpeza até que seu cabelo brilhasse e todas as manchas do rio foram removidas de seu corpo. Ele inspecionou cuidadosamente todos os arranhões, todas as contusões e silenciosamente amaldiçoou ter deixado Gyula morrer facilmente.

Apenas após repetidas garantias de Kim de que estava finalmente quente, Wray a permitiu sair da unidade. Ele então começou a secá-la com os panos grossos até que sua pele ficou rosada e seu cabelo seco. Finalmente, envolvendo-a em um, a levou para a câmara de repouso.


CAPÍTULO VINTE E OITO

— Não. — Kim disse, olhando com raiva para Wray.

— Kim. — Wray estava no final de sua paciência. Quando a levou de volta para a câmara de repouso, ela quase estava dormindo, esgotada por sua provação. Ele a deitou, cobriu-a com cobertores e ela lhe deu o sorriso mais amoroso enquanto deixava sua cabeça afundar nos travesseiros, então viu Yakar... eles estavam agora em um impasse.

— Sem mas, Wray! — Kim sentou-se, lembrando apenas no último minuto que estava nua sob o cobertor e agarrou-a. — Ele não me toca. Não olha para mim. Ele não me verifica. Nada! — Seu braço se levantou para enfatizar o não, enquanto seus olhos iam com raiva para o Curandeiro. Não esqueceu como a tratou antes. Como ele a olhou ou suas palavras. Seria condenada se o deixasse perto dela agora.

— Majestade, tenho algo que a acalmará. — Yakar disse naquela voz superior dele. — Posso examiná-la então.

— Você não ouviu o que eu disse a Yakar! — Exigiu Kim, sua voz agitada enquanto sua raiva aumentava. — Você não me tocará! E não fale sobre mim como se eu nem estivesse na maldita sala! Não preciso me acalmar! — Ela gritou, sua voz cada vez mais alto. — Experimente e será você quem precisará da unidade de reparo!

Yakar deu-lhe um olhar chocado, então seus olhos se endureceram e ele alcançou sua bolsa.

— Wray! — Seus olhos foram para ele.

— Não, Yakar. — Wray ordenou, seus olhos nunca deixassem Kim.

— Senhor?

— Eu disse... não! A Imperatriz não deseja ser tratada por você, então não será tratada. Caitir encontre coberturas para ela.

— Mas Senhor, sou o Curandeiro imperial.

— Não para Imperatriz.

— Mas Senhor... ela precisa ser tratada. Pode estar gravemente danificada.

— Eu o deixarei gravemente danificado, se você continuar falando sobre mim assim. — Kim disse, fazendo sua melhor imitação de um grunhido de Wray e foi bastante assustador para Yakar quase pular.

— Imperador... — Yakar tentou novamente.

— Há outro Curandeiro. — A voz hesitante fez as três cabeças se virarem para encontrar Caitir de pé, parada na porta.

— Como Caitir? — Kim perguntou, sua voz tranquila enquanto olhava para a amiga.

— Há outro curandeiro que você pode achar aceitável para uma Imperatriz. — Caitir disse, seus olhos se movendo rapidamente dos olhos duros de Yakar para o questionador de Kim.

— Impossível! — Afirmou Yakar. — Eu saberia. Conheço todos os curandeiros!

Os olhos de Caitir se moveram de forma incômoda para Yakar.

— Ignore-o Caitir. — Kim disse, dando ao curandeiro um olhar irritado e então gesticulou para ela se aproximar. — Fale comigo.

Mantendo um olhar atento sobre Yakar, Caitir aproximou-se da cama e Imperatriz.

— O nome dele é Healer, Imperatriz. Ele é antigo...

— Curandeiro! — Yakar não tentou esconder seu desgosto. — Ele não é um curandeiro ativo desde que eu estava no meu treinamento! — Yakar virou-se para o Imperador. — Senhor, você não pode considerar isso.

— Silêncio! — Wray ordenou, dando a Yakar um olhar duro fazendo-o se calar.

— Caitir? — Kim deu-lhe um olhar encorajador.

— Ele é um velho, Imperatriz, mas ele é.... Ele mora apenas fora das muralhas e trata aquilo que o Curandeiro Imperial se recusa a tratar.

— O que você quer dizer com... recusa. — Kim perguntou e viu os olhos de Caitir irem para Wray.

— Responda sua Imperatriz, Caitir. — Wray ordenou franzindo a testa.

— Sim, Imperador. — Caitir olhou de volta para Kim. — O curandeiro de Lorde Reeve apenas trata os membros da Casa Reeve. Aqueles que não são membros, ele se recusa.

— Aqueles como você e Jael. — Kim completou.

— Sim, Majestade. — Caitir disse, abaixando os olhos.

— Ele a tratou? — Perguntou Kim.

— Sim. — Caitir disse, levantando os olhos para Kim, mas com essa simples palavra, Kim sabia que ele era bom. Ela ouviu a confiança e crença de Caitir neste homem. Algo que Kim nunca pensou ser possível. E se Caitir podia confiar nele, Kim sabia também poderia.

— Traga-o para mim. — Kim disse olhando para Wray.

— Você o deixará examiná-la? — Wray perguntou sem tentar esconder sua esperança ou sua surpresa.

— Enquanto você ficar aqui comigo, sim. — Kim disse a ele.

— Eu não estaria em outro lugar. — Ele disse a ela.

— Imperador! — Yakar começou, mas com um olhar, Wray o silenciou.

— Veron! — O rugido de Wray fez Capitão entrar correndo. — Existe um curandeiro chamado Healer. Ele mora fora das muralhas. Encontre-o. Traga-o aqui. Ele tratará a Imperatriz.

— Sim, Majestade. — Veron respondeu e saiu imediatamente para cumprir a ordem do Imperador.

— Senhor! — Yakar tentou novamente, precisava fazê-lo entender. — Ele não é um curandeiro qualificado para tratar um membro da Casa Reeve muito menos, Casa Torino!

— Essa não é sua decisão, Yakar. A Imperatriz decide quem a trata e você não será esta pessoa.

— Mas Senhor... ela é uma fêmea. — Yakar quase cuspiu a palavra como se fosse uma doença que poderia pegar.

— Deixe-nos Yakar! — Ordenou Wray com raiva, cansado da atitude do macho em relação a Kim. — Enquanto ainda pode.

Yakar empalideceu com a ameaça do Imperador e com um olhar irritado para Caitir e Kim, saiu.

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Healer caminhava com raiva pelos corredores da Casa Reeve escoltados por quatro, quatro guerreiros, como se ele fosse um macho indigno! E ainda não sabia por que foi convocado.

Não havia respeito entre ele e Lorde Reeve. Healer achava que ele era uma praga no que uma vez foi uma casa honrada, mas logo, também o foi o manno de Lorde Reeve. Portanto, não era uma surpresa.

Healer foi um confidente e amigo para o manno do manno de Lorde Reeve, Lorde Shan e seu curandeiro de confiança. Shan era um macho apto e digno, mas seu primeiro descendente... ele era tão idiota que deu a seu primeiro descendente o nome de sua casa, Lorde Reeve. Reeve. Idiota!

— Por aqui. — Um dos guerreiros disse, gesticulando para as câmaras de hóspedes em vez das câmaras de Lorde Reeve.

O curandeiro já teve o suficiente e parou no meio do corredor.

— Onde você está me levando? — Ele exigiu e deu ao guerreiro um olhar desgostoso.

— Não importa. — Começou um dos guerreiros de Lorde Reeve, olhando com raiva para o velho macho.

— O Imperador exige sua presença. — Veron interrompeu e o curandeiro finalmente deu uma boa olhada na insígnia no peito do macho. Era a insígnia do Imperador!

— O Imperador está aqui? Em Vesta? Ele precisa de um curandeiro? — Healer estava chocado. Como não ouviu isso?

— Sim e ele está esperando. — Veron disse a ele.

— Então, saia da frente! — O curandeiro ordenou empurrando os guerreiros à sua frente. — O que você está esperando?

Veron não podia acreditar no atrevimento desse curandeiro idoso, mas não disse nada. Aquele que viveu tanto tempo merecia respeito. Mesmo que Veron não tivesse certeza dele merecer isso. O Imperador estava certo de que queria que esse macho tratasse a Imperatriz?

Healer ignorou os guerreiros de pé na câmara externa e se moveu diretamente para porta fechada da câmara de repouso. Seu passo, não mostrando sua idade quando abriu a porta.

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Kim ficou chocada com a aparência do curandeiro Healer. Caitir disse que ele era velho, enquanto a pele vermelha parecia estar um pouco desbotada e seu rosto fosse uma massa de rugas, ele ainda era alto e orgulhoso, seu cabelo ainda preto, embora parecesse estar diminuindo.

— Você precisa de meu serviço, Senhor? — O curandeiro perguntou, curvando-se levemente e em sua voz, Kim finalmente ouviu sua idade. Era rude e retumbou como se tivesse caído sobre pedras ásperas e finalmente esgotado.

— Não eu. — Wray corrigiu. — Minha Imperatriz precisa ser tratada.

— Imperatriz? — O curandeiro também não ouviu isso e seus olhos foram para as duas fêmeas na sala. A que estava de pé, ele reconheceu como Caitir, obviamente, não era a Imperatriz, então pousou seus olhos na fêmea na cama e sequer tento esconder seu choque.

— Olá. — Kim disse baixinho e enquanto sentia os olhos do curandeiro sobre ela, observando-a e ela não se sentiu insulta, como com Yakar.

— Olá. — O curandeiro respondeu sem pensar.

— Ela precisa ser tratada, curandeiro. — Wray disse sua paciência no fim. — Agora! — Ele ordenou.

À ordem do Imperador, Healer imediatamente caminhou em direção à cama, retirando sua unidade de reparo, então fez uma pausa para realmente olhar para fêmea. No começo, ele pensou que ela fosse uma jovem Torniana e por um momento, pensou que Wray seguia o caminho do Imperador Lucan, mas agora podia ver que ela não era Torniana.

— Você não é de Tornian. — Ele disse chocado. Ela não podia ser a Imperatriz, a menos que fosse Torniana.

— Não. — Kim disse suavemente, encontrando seu olhar diretamente. — Eu não sou.

— Que espécie você é? — Ele exigiu, ignorando o protocolo que dizia que deveria dirigir sua pergunta ao Imperador. Era muito velho para se preocupar com o protocolo.

— Humana. — Kim disse a ele.

— Eu nunca ouvi falar do seu tipo antes. — Ele disse bruscamente, então seus olhos se arregalaram e foram para o Imperador. — Você encontrou fêmeas compatíveis... — Ele sussurrou, sabendo que poderia ser a única razão pela qual ele a tomou como Imperatriz.

— Isso não importa! — Wray rosnou. — Trate-a!

— Mas, Senhor! Eu não sei se tal tratamento iria prejudicá-la ou a prole que ela carrega.

— Eu não estou grávida. — Kim disse calmamente.

— O quê? — A cabeça do curandeiro voltou para Kim. — Gráv... o que é isso.

— Com descendentes. — Kim disse a ele. — Na Terra, dizemos que a mulher está grávida. Eu não estou e é duvidoso que esteja um dia. — Kim deu a Wray um olhar arrependido.

— Eu lhe disse que não importa Kim. — Wray disse, movendo-se para sentar ao lado dela na cama, gentilmente segurando sua bochecha. — Apenas quero você. — Voltando os olhos para o curandeiro, ele continuou. — Kim foi tirada do seu mundo natal pelos Ganglians. Ela foi tratada com a unidade de reparação profunda. Isso não causou nenhum mal. Agora, trate-a!

— Os Ganglians! — O curandeiro quase cuspiu a palavra, depois virou os olhos aturdidos para perceber o que isso significava. Entendeu o que o Imperador não estava dizendo. Como alguém tão pequeno e tão frágil pode ter sobrevivido a isso?

— Eu sou mais forte do que aparento. — Kim disse a ele, vendo o horror que encheu os olhos do curandeiro e a simpatia. Ela não viu isso em Yakar.

— Você teria que ser. — O curandeiro disse, começando a sentir respeito por essa pequena fêmea. Levantando sua unidade de reparação, ele começou. — Então, como posso ajudá-la, Imperatriz?

— Ela caiu no rio. — Wray falou por ela. — Não respirou por vários minutos.

— O quê? — O curandeiro quase deixou cair a unidade de reparação.

— Eu não respirei? — Perguntou Kim, olhando para Wray com surpresa. — Você não me disse isso.

— Não gosto de pensar a respeito. — Wray disse passando o dedo suave ao longo de sua bochecha.

— Por que ela estava perto do rio após a tempestade da noite passada? — O curandeiro exigiu, seus olhos cheios de condenação. Todas as fêmeas deveriam ser protegidas contra danos. Torniana ou não. Que esta não foi protegida era um insulto para todos os machos.

— Eu fui sequestrada e levada até lá. — Kim falou tentando impedir a batalha que viu se formar entre os dois machos.

— Sequestrada? — Os olhos confusos do curandeiro voltaram para ela. — Sequestrada por quem?

— Fala e Gyula.

— Fala e Gyula! — Curador disse, sua expressão se endureceu. — Dois machos mais indignos que você jamais conhecerá.

— E se você se sentia assim sobre eles, por que não informou quando se aplicaram à minha guarda! — Wray exigiu.

— Quem teria prestado atenção à opinião de um antigo curandeiro que o próprio Imperador sequer reconhece? — O curandeiro respondeu recusando-se a recuar. — Você apenas considera a opinião do Senhor. Ele não dirá a verdade. Quer que sua casa seja representada em Tornian.

Wray ficou em silêncio e considerou o que curandeiro disse. Ele não estava errado. Wray confiava em seus Senhores para dizer-lhe quem era o mais digno. Ele sabia que alguns exagerariam na qualificação de um guerreiro... mas para mentir completamente... isso nunca considerou. — Talvez você esteja certo, mas isso não importa, já que não são mais uma ameaça.

— Você os enviou para Daco?

— Sim.

— Bom. — O curandeiro voltou sua atenção para Kim, que estava acompanhando a conversa com os olhos arregalados e sua expressão suavizada. — Então, onde está doendo em você, jovem?

Kim deu-lhe um pequeno sorriso, gostando de como ele enfrentava com Wray, mas ainda era respeitoso e percebeu por que Caitir gostava tanto dele.

— Minha garganta está um pouco dolorida. — Ela disse a ele.

— Hmm. — O curandeiro a olhou bruscamente enquanto dirigia a unidade na área e percebeu que a garganta era muito pequena e estava ferida. — Veremos se eu não posso consertar isso.

Apenas demorou alguns segundos para a ferida na garganta de Kim desaparecer e sorriu para o curandeiro.

— Está muito melhor. Obrigada. — Ela disse com sua voz de volta ao normal.

— Você é muito bem-vinda, Imperatriz. — O curandeiro disse, dando-lhe um olhar constante. — Você teve muita sorte de que a água estava fria.

Kim assentiu, entendendo o que ele estava dizendo. A frieza da água diminuiu a necessidade de oxigênio do corpo e permitiu que ela vivesse.

O curandeiro seguiu em frente, falando enquanto trabalhava.

— Agora verificarei o restante de você para ter certeza de que não há mais nada.

Kim segurou a mão de Wray, observando silenciosamente o curandeiro enquanto a olhava. E de vez em quando, ele fazia um som e ajustava a unidade de reparação. Ele estava começando a lembrá-la de um urso de pelúcia grande, grosso e velho.

— Alguma prole sua é curandeiro? — Kim perguntou em voz baixa e os olhos do homem se elevaram para ela.

— O quê? — Ele perguntou.

— Sua prole. Eles também são curandeiros?

— Eu não tenho prole. — O curandeiro respondeu bruscamente.

— Eu... mas por quê?

— Porque nunca consegui atrair uma fêmea. — O curandeiro respondeu rapidamente, seus olhos se endureceram antes de retornarem à unidade, mas não antes que Kim visse o flash da dor que ele tentou esconder.

Não queria machucá-lo. Ela estava tentando elogiar. Ele era um homem tão caloroso e atencioso sob seu exterior rude. Nunca teria considerado que uma mulher não o escolhesse. Levantando a mão, segurou seu pulso suavemente.

— Sinto muito. — Ela disse, esperando que ele acreditasse nela. — Eu sou nova neste mundo e ainda tenho muito para aprender. Eu não quis dizer... você foi muito gentil comigo e eu simplesmente assumi ...

O curandeiro olhou para a fêmea e viu o arrependimento sincero nela. Ela não tentou maliciosamente insultá-lo, como faria uma fêmea Torniana. Ela não estava questionando seu valor. Realmente acreditava que ele era digno e se encaixava o suficiente para ter descendência. Sentiu sua garganta se apertar ao pensar nisso.

— Foi o melhor. — Ele forçou as palavras em seus lábios. Era o que sempre dizia a si mesmo. — Eu duvido que seria um bom manno.

— Eu não acho isso. — A resposta de Kim foi imediata. — E se você pode cuidar assim de alguém que não conhece, então você seria maravilhoso com sua própria prole.

— Eu... obrigado, Imperatriz. — O curandeiro disse e sentiu sua pele escurecendo enquanto olhava para a unidade de reparo.

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Wray observou silenciosamente a conversa entre Kim e o curandeiro, logo percebeu que Kim surpreendeu e encantou o velho macho com sua honestidade e cuidado. Assim como fez com seus guerreiros ao honrar Damir. Nenhum deles estava acostumado a uma fêmea agindo dessa maneira, mas sentia-se certo.

— Você está com fome, Kim? — Wray perguntou de repente percebendo o quão passado da hora era.

— Um pouco. — Ela disse a ele

— Caitir. — Wray olhou para Caitir, que ainda estava silenciosamente parada ao lado da cama. — Você poderia informar a Veron para trazer comida para Imperatriz?

— Apenas líquidos. — Healer o cortou. — Sopas de sicin seria o melhor. Não muito quente e várias fatias de pão em conservas mansikka. — Ele ordenou franzindo a testa para a unidade de reparação.

Caitir olhou para o Imperador que apenas assentiu antes de responder.

— Sim, agora mesmo. — Ela disse e começou a sair quando a voz do Imperador a parou.

— Encontre uma cobertura para ela primeiro. — Ele disse. Porque se Kim iria comer, ele queria que ela estivesse devidamente coberta.

Caitir rapidamente fez o que o Imperador pediu e ajudou a Imperatriz na cobertura da noite, logo se afastou da sala.

— Você disse que a Imperatriz foi verificada antes e tratada? — Os olhos do curandeiro para Wray.

— Sim.

— E não houve nada de incomum nos exames? — Ele perguntou.

— Não. Yakar teria mencionado se houvesse. Por quê? — Wray exigiu.

— Posso vê-los? — O curandeiro perguntou em vez de responder.

Wray olhou para o curandeiro por vários minutos, imaginando o que ele não estava dizendo.

— Por favor, Senhor, seria muito útil.

— Alguma coisa errada? — Perguntou Kim.

— Não Imperatriz. Gostaria apenas de fazer uma comparação para ter certeza. — Ele falou com delicadeza.

— Yakar. — Wray disse conversando em seu comunicador. — Venha aqui e traga sua unidade de reparo.

Em segundos, Yakar atravessava a porta com um olhar feio no rosto.

— Eu sabia que o Senhor recuperaria a razão.

Header observou a Imperatriz endurecer quando Yakar se aproximou. Ela sequer escondeu sua aversão pelo macho.

— Dê a Healer sua unidade de reparação. — Wray ordenou.

— O quê? — Yakar olhou para ele atordoado.

— Você é surdo? — O curandeiro perguntou enquanto girava pegando a unidade da mão de Yakar. Depois de apertar alguns botões, ele a devolveu. — Agora saia. Eu não o deixarei incomodar a Imperatriz. — Healer disse a ele, então voltou sua atenção para sua própria unidade.

— Eu... o que... você... — Yakar ficou atordoado, não apenas ainda não tratava a Imperatriz, mas isso... o macho achava que ele poderia ordená-lo.

— Sim, Yakar, pode ir. — Kim ecoou nem tentando esconder o quanto ela estava gostando da maneira como o curandeiro lidava com ele.

Yakar olhou para a Imperatriz e viu seu sorriso. Um sorriso malicioso! Ela estava sorrindo para ele? Ele! Sentiu sua raiva aumentar. Quem essa pequena fêmea não Torniana pensava que era. Ele era o curandeiro imperial.

Wray observou a troca entre Kim e Yakar e sabia que algo precisava mudar ali. Kim nunca aceitaria Yakar, então outro Curandeiro precisaria ser encontrado. Ele não a teria em risco. Viu Kim sorrir para o curandeiro percebeu que a decisão já foi tomada.

— Imperador. — A voz de Yakar trouxe os olhos de Wray de volta para ele.

— Você pode sair Yakar.

— Mas...

— Saia! — Wray rugiu. Ele não queria mais lidar com este macho.

— Sim, Senhor.

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Os olhos do curandeiro passaram do Imperador para a Imperatriz, incapaz de acreditar no que a unidade de reparo lhe dizia.

— O que é Healer? — Perguntou Kim, apertando a mão de Wray. — O que está errado?

— Você disse que Yakar discutiu essas verificações com você? — O curandeiro dirigiu sua pergunta a Wray. — Que ele não encontrou nada incomum?

— Sim. — Disse-lhe Wray.

— Algum dano causado pelos Ganglians foi reparado?

— Sim. — Wray respondeu novamente.

— E não havia provas de que procriaram? — O curandeiro encolheu com cuidado suas palavras e ouviu o suspiro de Kim. — Perdão pelas palavras. — Ele disse olhando para ela.

— Eu... — Os olhos chocados de Kim foram para Wray. — Nunca pensei... nunca pensei em... — Seus olhos se encheram de lágrimas. — Você está dizendo que...

— Não! — O curandeiro imediatamente negou, percebendo o que pensava. — Não isso! Claro que não! Simplesmente o contrário.

— Então, por que você perguntou? — Wray exigiu por não gostar de quão pálida ficou Kim.

— Porque eu queria me certificar de que Yakar lhe contou tudo. — O curandeiro virou os olhos gentis e atenciosos para Kim. — Em todos os meus anos, nunca encontrei outra espécie tão semelhante à nossa. Os Kaliszianos estão muito próximos e ainda não conseguimos nos unir a eles com sucesso.

— Isso não é verdade. — Kim respondeu com uma voz trêmula. — Você pode se unir com sucesso, Healer. Simplesmente não podem ter descendência.

Healer ergueu uma sobrancelha para ela, percebendo que estava correta. Para Tornianos, uma união bem-sucedida significava a apresentação bem-sucedida de descendentes aptos e dignos. Não era necessariamente o mesmo.

— Você está correta, Imperatriz, e olhando as verificações que Yakar fez, ele deveria ter percebido que as chances eram altas de que você e o Imperador poderiam ter descendência.

— Assim como podemos com os Kaliszianos, curandeiro? — Wray disse com raiva. Não gostando de como ele estava colocando esperanças em Kim. — Isso não significa que iremos ou que nos importe. Tudo o que eu quero é Kim.

— Eu entendo Imperador, mas as coisas mudaram.

— O que você quer dizer? — Perguntou Wray.

— Bem, de acordo com a varredura que acabei de fazer, a Imperatriz está com prole. Sua prole.

As palavras de Healer encontraram absoluto silêncio, tanto de Kim como Wray apenas o olhavam. O curandeiro não pode deixar de rir das expressões atordoadas em seus rostos.

— Parabéns. — Ele disse.

— Não há dúvida de que... — Kim virou os olhos com medo para o curandeiro, preocupada com o que disse anteriormente.

— Não há, Imperatriz. Mil perdões que pude por um instante lhe fazer duvidar disso. Estava tentando tranquilizá-la de que não era possível. Você não está com a prole há muito, uma semana no máximo.

— Wray? — Kim olhou para ele e encontrou seus olhos fixos nela.

Wray não podia acreditar. Sua Kim estava com prole? Ele queria rugir para as estrelas, mas depois surgiu outro pensamento.

— Ela está em risco? — Wray perguntou ao curandeiro, seus olhos nunca deixando Kim.

— Há sempre um risco Senhor. — O curandeiro disse a ele, franzindo a testa. — Especialmente porque esta é a primeira cria entre um Torniano e um ser humano. — O curandeiro agora entendia a preocupação do Imperador, não era porque ele não se importava, era porque se importava muito. — Ela precisará ser monitorada de perto, pois é muito menor do que nossas fêmeas, mas de outro modo, não vejo nenhuma razão para ela e a prole não esteja em forma.

— Você irá nos acompanhar para Tornian. — Wray declarou, sem se preocupar em perguntar. — Será o curandeiro pessoal da Imperatriz.

— Seria uma honra Imperador. — O curandeiro disse, dando-lhe uma pequena reverência. — Mas e quanto ao curandeiro Yakar?

— A Imperatriz não se importa com ele. — Disse Wray olhando para Kim. — Então ele não irá tratá-la.

— Obrigada, Wray. — Kim disse, inclinando-se para beijá-lo, chocando o curandeiro.

— Você não precisa me agradecer por cuidar de você, minha Kim. Sua felicidade é tudo o que importa.

— Ele não aceitará isso bem. — O curandeiro advertiu calmamente.

— Ele terá que se ajustar. — Wray disse com desdém.

— Sim, Senhor. — O curandeiro disse e encontrou um sorriso em seu rosto. — Esta notícia será celebrada em todo o Império.

— Wray... — Kim disse, seus olhos incertos.

— O que há de errado, minha Kim? — Perguntou Wray, franzindo a testa. — Você está se sentindo doente? — Ele levou os olhos preocupados para o curandeiro.

— Não. Eu apenas...

— O que minha Kim? — Wray se aproximou mais e tocou seu rosto. — Você pode me dizer qualquer coisa. Sabe disso.

Respirando fundo, Kim apenas disse.

— Eu não quero que ninguém saiba que concebi. Ainda não.

— O quê? — Wray lhe deu um olhar confuso. — Por quê?

— Eu... — Kim olhou para ele, sem saber como explicar. — Eu apenas quero ter algo que é nosso... pelo menos por um tempo. Já houve tantas questões, tantos olhares estranhos. Quando isso sair ... nós nem sabemos se será saudável...

— Minha varredura mostra que a prole não possui defeitos Imperatriz.

— Você pode dizer isso? Já? — Kim perguntou, seus olhos arregalados.

— Sim, Imperatriz. — O curandeiro disse, sorrindo indulgentemente.

— Você ainda não quer que ninguém saiba. — Os olhos de Wray nunca deixaram Kim e ele poderia dizer que estava certo. — Você quer tempo para se ajustar.

— Sim. Está bem? — Ela o olhou com suplica. — Estou pedindo demais? Eu sei o que isso significa para você... para seu povo.

— Para o nosso povo e não, você não está pedindo demais minha Kim. Nunca é demais se é o que a faz feliz.

O curandeiro olhou para o casal na cama em estado de choque. Eles realmente queriam manter isso em segredo? Precisavam encontrar o mundo de origem da Imperatriz. Precisava ver se havia mais fêmeas disponíveis, porque não tinha dúvidas de que esta era o primeiro de muitas uniões bem-sucedidas.

No entanto, olhando para eles, viu algo que nunca viu entre um macho e uma fêmea antes... verdadeiro afeto e carinho... eles conversavam um com o outro não para o outro. Discutiram coisas e eles... se tocavam. Ele nunca viu isso antes e vendo agora, percebeu que não era seu lugar para questionar sua decisão. Seu lugar era garantir que a Imperatriz e sua prole permanecessem saudáveis.


CAPÍTULO VINTE E NOVE

Reeve caminhou ao redor do corpo de Gyula, seu rosto inexpressivo, sem revelar a fúria que sentia. Como isso foi possível? Dois de seus melhores guerreiros estavam mortos. Gyula estava a seus pés, derrubado pelo Imperador. Ele chegou exatamente quando Gyula implorou ao Imperador que terminasse, envergonhando cada guerreiro na Casa Reeve... machos aptos e dignos nunca imploravam.

Os guerreiros do Imperador imediatamente o seguiram após o chamado de Tora de que havia guerreiros traidores. Reeve segurou suas costas. Ele viu agora que foi um erro. Porque se seus guerreiros estivessem no jogo, eles poderiam ter ajudado, se não Gyula, então Fala.

Como Tora conseguiu derrotar Fala, Reeve nunca saberia. Outros eram mais habilidosos com a espada do que Fala, mas Fala nunca lutou justo e era por isso que nunca foi derrotado. Tora ainda não tinha dezoito anos, não havia como ter conseguido derrotá-lo, não fazia sentido.

Afastando-se, viu Tora se aproximando. Franzindo o cenho, Reeve se moveu para ele, deixando Gyula ali.

— Tora, está tudo bem? — Ele perguntou, forçando apenas a quantidade certa de preocupação em sua voz.

— Claro, Lorde Reeve. — Tora respondeu e Reeve o viu colocar algo no bolso. — A Imperatriz está segura e aqueles... — Ele olhou para Gyula. — Indignos de serem chamados Guerreiro não são mais uma ameaça.

— Sim. — Reeve disse com os dentes apertados.

— Espero que o Imperador exija um relatório completo sobre como sua segurança não conseguiu proteger a Imperatriz.

— O quê? — Reeve perguntou, atordoado.

— Ele irá querer saber como machos que ele considerou inaptos foram capazes de ganhar acesso ao recinto da Casa Reeve quando a Imperatriz estava presente. Como foi possível que uma nave conseguisse atracar sem ser detectada no outro lado do rio? Tenho certeza de que você já tem guerreiros dignos investigando isso, sabendo que, assim que a Imperatriz estiver segura e calma, o Imperador exigirá respostas.

— Sim, claro. — Reeve disse, sua mente correndo. — Eu tenho o meu melhor já está trabalhando nisso.

— Pensei que este era um dos melhores. — Disse Tora, gesticulando para Gyula.

— Ele pode ter sido. Eu não sei o que poderia fazer com que agisse assim. — Reeve facilmente mentiu.

— Nem eu, Lorde Reeve. — Tora disse, seus olhos não revelando nenhum dos seus pensamentos. — Qualquer macho que atue como estes ou aqueles que os toleram, não têm lugar neste Império. — Tora disse e fez uma ameaça quase velada ao passar por Reeve e dirigir-se para o seu manno.

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Atravessando os terrenos abertos de Casa Reeve, Tora encontrou os guerreiros carregando os três guardas caídos.

— Eles estão sendo levados para o ônibus? — Tora questionou, inclinando-se para ajudar com um.

— Sim, Príncipe Tora. — O guerreiro disse.

— Eles devem receber o máximo respeito. — Disse Tora.

— Claro, defenderam nossa Imperatriz. Ela não iria querer de outra maneira. — O guerreiro olhou para Tora.

— Bom. — Tora disse, escondendo sua surpresa. Ele não percebeu que Kim já causou esse tipo de impressão nos guerreiros de seu manno. Uma vez que os machos estavam prontos para o transporte, Tora prosseguiu para as câmaras do seu Senhor.

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Veron ergueu uma sobrancelha para Tora quando ele finalmente entrou nas câmaras de seu manno. Veron assumiu que ele foi se limpar, mas estava tão sujo quanto como o deixou no rio, um pouco mais seco, mas ainda sujo.

— Onde você esteve? — Ele questionou.

Tora ergueu a sobrancelha para pergunta. — Eu precisava ver algumas coisas. — Ele contou a Veron. — A Imperatriz? — Ele perguntou, seus olhos se movendo para porta fechada.

— Atualmente está sendo tratada.

Tora franziu a testa. Ele literalmente colidiu com Yakar fora da ala. O curandeiro estava murmurando para si mesmo, sem reconhecer Tora enquanto continuava em frente.

— Por quem?

— O curandeiro Healer. — Veron informou-o. — A Imperatriz não gosta de Yakar e se recusou a permitir que ele a tratasse.

— O quê?

— Ela foi bastante... comunicativa... em expressar o que faria se ele a tocasse.

Tora encontrou-se sorrindo para isso. Ele estava no final da recepção das palavras de Kim apenas ontem à noite e entendeu o que Veron dizia tão delicadamente.

— Você ainda não recebeu nenhuma palavra? — Ele perguntou, seus olhos se movendo para porta fechada.

— Não.

Enquanto eles conversavam, abriu-se a porta da câmara de descanso e Caitir saiu fechando-a atrás dela. Ao ver a sala cheia de guerreiros do Imperador, ela fez uma pausa.

— O que é, Lady Caitir? — Veron perguntou, ignorando os olhares chocados no rosto de Tora e de todos os outros guerreiros. — É o que a Imperatriz exigiu que a chamemos. — Ele disse se certificando de que todos ouvissem.

— Preciso ir à cozinha para buscar uma refeição especial preparada para a Imperatriz. — Ela disse a ele.

—Guerreiro Acton. Guerreiro Dov. Acompanhem Lady Caitir até a cozinha. Certifiquem-se de que ela não tenha problemas para obter o que a Imperatriz exige.

— Sim, Capitão. — Os dois responderam imediatamente e olhando para Caitir, assentiram com a cabeça antes de segui-la pela porta.

— Ela realmente lhe deu o título? — Tora perguntou depois que a porta se fechou.

— Sim. Lady Caitir e seu tio, Jael, agora são os estilistas oficiais da Imperatriz. Eles nos acompanharão para Tornian.

— A Casa Torino já tem um costureiro.

— E ele continuará fazendo coberturas para o Imperador, mas a Imperatriz gosta muito de Lady Caitir.

Tora deu-lhe um olhar confuso. Uma fêmea que gosta de outra? Isso era mesmo possível? Então ele percebeu que com Kim tudo era possível.

Ela sobreviveu aos Ganglians mais do que qualquer outra fêmea.

Sobreviveu a um acidente em Pontus.

Sobreviveu a repetidos ataques de Fala e Gyula. Lutou de verdade.

E sobreviveu ao rio.

Sim, era perfeitamente possível que ela pudesse gostar de outra fêmea.

Tora olhou para porta fechada da câmara de repouso. Normalmente, ele nunca pensaria em entrar quando a Imperatriz estivesse ali, mas a Imperatriz nunca esteve na câmara de repouso do Imperador. Havia coisas que precisava contar a seu manno e ainda tinha algo para devolver à Imperatriz. Tomando a decisão, Tora se moveu para a porta e bateu.

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Wray olhou impaciente para porta. Quem se atreveria a bater na porta de sua câmara de repouso?

— Entre. — A doce voz de Kim fez sua cabeça girar para ela. — O quê? — Ela perguntou com um olhar questionador.

— Você precisa descansar, não precisa...

— Tora! — O tom excitado de Kim fez sua cabeça virar na outra direção para ver seu primogênito entrar.

— Imperatriz. — Tora disse, curvando-se para ela.

Kim sentiu seus olhos se encherem de lágrimas enquanto percorriam Tora, observando sua aparência desgrenhada. Wray lhe disse que estava bem, mas queria ver por si mesma, por isso ainda estava preocupada. Ela nunca poderia se perdoar caso Fala o tivesse prejudicado enquanto ela fugira.

— Sinto muito. — A voz de Kim se rompeu quando ela falou e os olhos de todos os três machos foram para ela.

Por que pedia desculpas?

— Kim... — Wray começou antes que Tora o interrompesse.

— Por que Imperatriz? — Tora perguntou, confuso.

— Eu deixei você... eu fugi... — Kim não podia acreditar que fez isso. — Você é o primeiro descendente de Wray e o abandonei.

Os três machos a olharam em choque. O que ela estava dizendo? Pensava que deveria ter ficado e defendido Tora? Uma fêmea? Não era seu lugar.

— Você fez o que era preciso. — Wray disse com raiva. Como ela poderia considerar que deveria ter ficado?

— Você não o fez, Imperatriz. — Tora interrompeu entrando e fechando a porta. — Eu não saberia que Fala estava atacando se você não tivesse me avisado. — Tora deu a ela um olhar embaraçado. — Então você o distraiu atacando Gyula... isso me deu a vantagem.

— Eu corri... — Kim sussurrou.

— Como deveria ter feito. Que bom teria feito eu acabar com Fala se Gyula acabasse com você?

— Kim... — O tom torturado de Wray a fez olhar para ele. — Tora está correto. Você fez exatamente o que é certo.

— Realmente? — Ela olhou para ele para ter certeza de que ele não estava irritado com ela por ter deixado Tora.

— Realmente. — Ele disse enquanto se aproximava.

Kim aconchegou-se ao abraço de Wray. Ela não percebeu que isso a estava incomodando até ver Tora. Não percebeu a profundidade de sua vergonha. Os machos Tornianos viviam suas vidas com a crença de que deveriam ser aptos e dignos... para terem honra. Kim podia entender isso. Apenas pensava que as fêmeas deveriam ter as mesmas qualidades. Deveriam ver suas falhas... seus olhos finalmente voltaram para Tora, observando o estado do seu uniforme

— O que aconteceu com você? — Ela perguntou, franzindo a testa.

— O que você quer dizer? — Respondeu Tora, olhando para o uniforme sujo.

— Você está uma bagunça. Isso não foi causado por Fala.

— Não... — Tora deu olhou confuso. — O rio causou isso.

— O rio?

— Kim. — Wray colocou uma suave mão sob seu queixo, inclinando o rosto para o dele. — Tora a viu cair no rio. Ele entrou atrás de você.

— O quê? — Kim virou os olhos chocados de volta para Tora — Você entrou no rio? Atrás de mim?

— Claro. — Tora disse, mas começou a ruborizar com vergonha. — Você é a Imperatriz.

— E você é o futuro Imperador! — Ela exclamou, afastando-se dos braços de Wray. — O que pensou que estava fazendo? Arriscando-se assim! E de todos os estúpidos...

— Você está me castigando por salvá-la? — Tora não podia acreditar.

— Eu... — Kim não sabia o que dizer.

— Tora fez o que deveria, Kim. — Wray disse calmamente. — Você é uma Imperatriz. É o que qualquer macho teria feito se tivesse testemunhado o que aconteceu.

— Mas Wray... ele é sua prole... arriscar-se... por mim.

— Eu não consegui salvar meu irmão... — Tora disse sentindo a garganta apertando enquanto falava. — Ele era um irmão incrível, nunca ficou chateado por ser o segundo. Sempre esteve lá para me apoiar. — Tora manteve o olhar fixo. — Eu esqueci disso. Ele teria gostado muito de você, teria visto você como uma parceira em suas pequenas brincadeiras.

— Ele fazia brincadeiras? — Perguntou Kim, olhando para Wray.

— Sim. — Wray disse a ela. — Mesmo comigo. — Ele viu Kim sorrir e se perguntou se deveria ficar preocupado.

— Você me lembrou disso, de como era, o que ele acreditava, não como morreu. Por isso, eu sei que me perdoa por ser incapaz de salvá-lo porque ele sabia que não podia, mas não me perdoaria por não a salvar quando pude.

— Tora... — Kim encontrou seus olhos se enchendo de lágrimas novamente.

— Ele está certo, minha Kim. — Wray disse, aproximando-a. — Tora fez o que um macho apto e digno faria por sua Imperatriz. Aceite isso.

— Tudo bem. — Kim disse suavemente antes de virar os olhos para curandeiro que ficou em silêncio durante toda a conversa. — Mas somente depois que o curandeiro o verificar para garantir que nenhum mal foi feito.

— Eu estou bem! — Tora começou a protestar, mas o olhar de seu manno o fez fechar a boca. — Claro, Majestade. — Ele disse rigidamente.

— Sabe. — Disse Kim, incapaz de evitar o sorriso que cruzava seus lábios. — Acho que eu poderia me acostumar com esse negócio de Imperatriz.

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Reeve não prestou atenção aos guerreiros do Imperador enquanto passavam por ele com os corpos dos guerreiros que Fala e Gyula derrubaram. Morreram com o veneno que Reeve lhes deu. Ele tinha coisas mais importantes para se preocupar, coisas como explicar tudo isso não apenas ao Imperador, mas a Bertos.

Virando um corredor, ele colidiu com Yakar.

— Veja para onde você está indo! — Reeve ordenou empurrando o curandeiro de lado.

— Veja para onde você está indo! — Yakar respondeu. Ele teve o suficiente daqueles que pensavam que eram melhores do que ele. Era um curandeiro.

Reeve estava prestes a repreender o macho mais um pouco quando percebeu quem estava tão irritado.

— O que você está fazendo aqui? Por que não está com o Imperador? Ela morreu? — Reeve perguntou, mal conseguindo manter a esperança fora de sua voz. Isso resolveria todos seus problemas.

— Não! — Yakar respondeu. — A fêmea se recusou a deixar-me tratá-la. Eu! O mais procurado curandeiro em todo o Império!

— Então, quem a está tratando?

— Healer! — Ele disse.

— Healer! Como ela soube sobre ele? — Reeve exigiu.

— Essa fêmea Auyangian disse a ela. Disse que era gentil. — Yakar zombou. — Como se as fêmeas precisassem de bondade. Apenas precisavam se acalmar e permanecer naquela condição.

Os olhos de Reeve voltaram a avaliar Yakar, enquanto continuava olhando para o curandeiro Imperial. Ele nunca percebeu que suas opiniões sobre fêmeas eram tão parecidas. Ele se perguntou...

— No entanto, uma vez que você retornar a Tornian, ela será sua para cuidar.

— Não. — Yakar disse enquanto sua raiva aumentava. — Ouvi o Imperador dizer a Healer que ele seria o curandeiro pessoal da Imperatriz.

— O quê? Ele não pode levá-lo de Vesta sem minha aprovação!

— Como se você recusasse. Ele é o Imperador e isso é o que a Imperatriz quer. Eles também estão levando os dois Auyangian.

— Não! — Reeve virou-se e passou uma mão frustrada pelo cabelo. Precisaria daqueles dois se ele fosse atrair outra fêmea. Lady Estee ficou entusiasmada com a habilidade da fêmea e a palavra se espalhou. Ele ainda não conseguiu experimentá-la.

— Essa fêmea é uma ameaça. — Afirmou Yakar. — Ela será a morte do nosso modo de vida.

— Eu concordo. — Reeve disse, olhando para Yakar sob uma nova luz. — Venha curandeiro Yakar. Vamos para as câmaras privadas. Temos muito a discutir.

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— Ele está bem, Imperatriz. Alguns golpes e hematomas já tratei. Não há danos permanentes e uma vez limpos, removendo o mau cheiro do rio, ele voltará ao normal.

— Você acabou de dizer que estou fedendo? — Tora perguntou ofendido.

— Sim. — O curandeiro sorrindo para ele. — O quê? Um príncipe não pode feder?

Tora olhou para seu manno, mas viu seus lábios se contorcendo. Sorrindo! Ele achou isso engraçado

— Eu estava me perguntando de onde esse cheiro vinha. — Wray finalmente disse.

— Poderia vir de Kim. — Tora disse sem perceber que a chamou pelo nome dela.

— Eu tomei banho. — Kim falou com suavidade e depois sorriu. — É tudo você, Tora.

— Então os livrarei da minha ofensiva presença. — Tora disse ainda incapaz de acreditar que alguém teve a ousadia de dizer que ele estava fedendo. Quando se virou, sentiu o peso do item no bolso e fez uma pausa. Voltando, ele retirou-o.

— Acho que isso pertence a você. — Ele disse e estendeu a lâmina para ela, primeiro o punho de joia.

— Minha faca! — Exclamou Kim, esperando ansiosamente pegá-la. — Obrigada Tora. Pensei que a tinha perdido no rio.

— Ficou na margem por onde subiu. — Ele disse a ela e sentiu suas bochechas escurecendo por seus sinceros agradecimentos. — Como conseguiu uma lâmina da família real Kaliszian?

— O General Rayner deu-me em Pontus. — Kim franziu a testa. — Ele é membro da família real Kaliszian? — Perguntou, olhando para Wray.

— Primo do Imperador. Eles são tão íntimos quanto irmãos. — Wray disse a ela e percebeu que devia a Rayner algo que nunca poderia pagar. Porque se não tivesse dado a Kim aquela lâmina, ela não teria conseguido se libertar. Sim, ele tinha uma dívida.

— Oh. Então insultei o irmão do Imperador Liron.

— Sim. — Wray disse simplesmente.

— Você insultou o General Rayner e ele deu-lhe uma lâmina! — Tora olhou de Kim ao seu manno e soube que havia uma história ali, mas viu nos olhos de seu manno que ele teria que esperar.

— Sim. E agora terei que me desculpar. — Kim disse olhando para Wray.

— Não Kim. Você estava correta no que disse e a culpa foi minha, foi por isso que Rayner lhe deu a lâmina. Agora eu quero que você descanse até Caitir retornar com sua refeição.

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Kim estava prestes a arranca os cabelos.

— Estou bem! — Disse pela enésima vez. Nos últimos dois dias, Wray se recusou a deixá-la sair da cama, alegando que precisava descansar de sua provação. E o curandeiro não ajudou.

Aparentemente, as fêmeas Tornianas isolavam-se uma vez que concebiam e não permitiram nenhum macho perto dela até depois de apresentar a prole. Wray informou-lhe que o macho faria homenagens a outra fêmea, geralmente aquela que ajudava sua fêmea e outras fêmeas durante o processo.

Kim não podia acreditar. Ela rapidamente informou a Wray que não faria nada daquilo. Não iria se isolar. Ficaria bem ao seu lado e na cama.

O alívio em seu rosto a surpreendeu. Ele realmente pensou que não o deixaria perto dela? Que se recusaria a se unir até que este bebê nascesse? Rapidamente dissipou essa possibilidade na noite anterior, mas ele ainda se recusava a deixá-la sair da cama.

— Você está com descendência, Kim. — Wray disse, já que eram apenas os três na sala. — Precisa descansar.

— Estou grávida! Não doente! Não há absolutamente nenhuma razão para eu ficar na cama.

— Mas...

— Eu não sou uma fêmea Torniana, Wray. Eu não agirei como uma agora. — Afastando os cobertores, ela saiu da cama.

— Curandeiro! — Wray olhou para o curandeiro para pedir ajuda.

— Senhor, eu a verifiquei todos os dias, não houve nada para indicar que precisa permanecer na cama.

— Deusa! — Disse Wray, afastando-se. Ele queria sacudir o curandeiro.

— Bom. — Disse Kim. — Está resolvido. — Caminhando até Wray, ela passou uma mão calmante ao longo de suas costas. — Wray. — Ela esperou por ele olhá-la. — Juro que estou bem. No instante em que achar que há algo errado, eu direi.

— Não no minuto. No segundo. — Wray exigiu, sua voz rouca. — Não posso perdê-la, minha Kim.

— No segundo. — Ela concordou.

Finalmente balançando a cabeça, Wray envolveu seus braços ao redor do seu futuro.

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— É hora Kim. — Wray disse a ela na manhã seguinte. Ele terminou todas as suas reuniões com Reeve, obteve suas respostas, não satisfatórias, mas descobriu, no entanto, sobre como Fala e Gyula puderam sequestrar a Imperatriz.

Ele agora queria que Kim se estabelecesse na Casa Tornio, queria apresenta-la à Assembleia dos Lordes e que ela fosse declarada Torniana. Ela carregava sua prole e queria que tivesse toda proteção sob a Lei.

— Estou pronta. — Kim disse, aproximando-se dele. Sabia que ele estava preocupado com a segurança dela e tinha que admitir que não gostava muito de Vesta, Lorde Reeve ou seus guerreiros. Ela os evitava tanto quanto possível e agradeceu quando Wray trouxe mais de seus guerreiros do Searcher para protegê-la. Entrando na câmara externa, Kim encontrou Tora esperando.

— Imperatriz. — Disse Tora, cruzando um braço sobre o peito dele e curvando-se para ela.

— Kim, Tora. — Ela disse a ele. — Meu nome é Kim. Por favor, diga.

Tora olhou para seu manno, que apenas encolheu os ombros, dizendo a Tora que era sua decisão.

— Em particular, então... Kim.

— Por que apenas em particular? — Kim perguntou, franzindo o cenho para ele. — Bem, se seremos uma família por que o título?

— Os machos não têm permissão para se dirigir diretamente a fêmea de outro macho Kim. — Wray disse a ela. — Não diretamente e eles nunca são autorizados a se familiarizar o suficiente para usar apenas seu nome.

— Mas eu falo com machos o tempo todo. — Kim disse olhando de Wray para Tora.

— Sim. — Tora falou antes de seu manno. — Mas você é... única. — Ele disse, tentando impedir que seus lábios se curvassem.

— Você simplesmente me chamou de estranha, Tora?

— Eu? — Tora perguntou inocentemente. — Eu nunca faria tal coisa... Kim.

Wray gostou da brincadeira entre Tora e Kim. Parecia certo, suas provocações. Eles ainda tinham que contar a Tora sobre a condição de Kim e se perguntou se deveriam.

— Depende de você. — A declaração de Kim fez com que Wray a observasse. Ela se virou de Tora e colocou uma mão sobre o lugar onde sua prole descansava dizendo que sabia o que estava pensando.

— Você ficaria... confortável com Tora sabendo?

— Ele de todas as pessoas tem o direito de saber. — Kim disse suavemente.

— Saber o quê? — Perguntou Tora, olhando de seu manno para Kim.

— Quando o curandeiro a examinou, descobriu que Kim está carregando uma prole. — Wray disse a Tora levantando o braço e aproximando-a, enquanto observava a reação de Tora.

— O quê? — Os olhos de Tora se afastaram, depois foram para a mão de Kim que ainda descansava protetoramente sobre seu estômago.

— Terei descendência. — Kim disse a ele.

— Mas... eu pensei que não seria possível...

— Parece que estávamos errados e que a Deusa decidiu nos abençoar.

— Há quanto tempo?

— Como eu disse, foi o curandeiro que descobriu quando ele verificou Kim.

— Yakar não percebeu isso no Searcher? — Tora achava difícil acreditar.

— Eu não estava com descendência, então. — Kim disse calmamente e sentiu suas bochechas começar a corar. — Seu manno e eu ainda não tínhamos nos unido.

— Então é...

— É minha prole! — Disse Wray com uma voz dura. Ele não teria ninguém duvidando disso, especialmente não seu próprio descendente.

— Será saudável? — Tora fez a pergunta que Kim sabia que todos fariam quando descobrissem.

— O curandeiro não encontrou nenhum problema indicando que não seria.

— Ele precisará do seu apoio e de Tora. — Kim disse calmamente e sentiu seus olhos se encherem de lágrimas como pensamento sobre o que seu filho teria que passar. — Ainda mais do que fez Van.

— O que você quer dizer? — Exigiu Tora. Por que sua prole precisaria de seu apoio?

— Eu sei, pelo que foi dito, que se você não tivesse tomado outra Imperatriz... uma fêmea Torniana, que haveria um conflito entre você e sua prole.

Tora não disse nada, apenas assentiu com firmeza.

— Conflito, porque alguns podem querer apoia-lo como Imperador em vez de você, mesmo que seja o primeiro descendente de Wray.

— Ele também seria seu primeiro, apenas de outra fêmea.

— Sim... mas ninguém fará isso com está criança. — Kim disse com tristeza. — Porque eu não sou Torniana, portanto, ele não será. Muitos irão evitá-lo, é por isso que digo que ele precisará do apoio e aceitação de seu irmão mais velho, o futuro Imperador, se ele quiser sobreviver.

— Ele será Torniano! — Wray negou com raiva. — É minha prole!

— Wray. — Kim colocou uma mão em seu peito. — Ele será meio Torniano e meio humano. Isso o tornará diferente. Seu povo não parece tolerar isso muito bem. As pessoas são diferentes.

— O que você quer dizer? Cada casa é diferente e nós toleramos a todos.

— E de todas as casas Tornian, Wray. Eu vi como até seus guerreiros olham para Caitir e Jael porque não são Tornianos. Eles me olhariam da mesma forma se não fosse por você. Os Kaliszianos são seus aliados, mas há aqueles que os veem como menos, porque precisam confiar em você por alimentos.

Wray abriu a boca e depois fechou-a. Ela não estava errada e ele não gostava.

— Nossa descendência será vista da mesma maneira... por minha causa. Eles pensarão que ele é pequeno e fraco... por minha causa. Você e eu não poderemos fazer nada sobre isso... porque apenas Tora poderá.

— O quê? — Tora olhou para ela atordoado. — Eu? O que posso fazer que meu manno não possa?

— Você pode aceitá-lo como seu verdadeiro irmão, assim como fez com Van. — Kim disse a ele. — Isso mostrará aos outros que ele realmente é apto e digno de ser um Vasteri.

— E se ele não for? — Tora não conseguiu impedir as palavras e imediatamente se arrependeu com o olhar devastado no rosto de Kim antes de se afastar e enterrá-lo no peito de seu marido.

— Ele será! — Wray rosnou contra Tora e abaixou a cabeça para repetir no ouvido de Kim. — Ele será, Kim. O curandeiro não encontrou problemas e a Deusa não permitiria isso. Não, afinal, você já passou por muito.

— Nós passamos por muito Wray. — Kim levantou os olhos tristes e determinantes para ele. — Nós passamos e você está certo. — Ela se voltou para Tora.

— A decisão, é claro, será sua. — Ela disse friamente. — Ninguém pode forçá-lo a aceitá-lo. Eu sei disso melhor do que qualquer outra pessoa.

Tora descobriu que não gostava desse tom enquanto ela falava com ele. Antes, mesmo quando ele não merecia, sua voz estava cheia de calor e carinho. Suas palavras irrefletidas causaram isso e ele precisava corrigi-lo.

— Sinto muito, Kim. Eu não queria faltar com respeito a você com relação a aptidão de sua prole. Eu apenas fiquei... surpreso. Depois de toda a força e coragem que você mostrou, não posso acreditar que nenhuma prole apresentada por você, não seja apta e digna, especialmente quando combinada com a Casa Vasteri. Ele mudará nosso universo.

— Ele será um novo recomeço. — Kim se viu repetindo as palavras da Deusa. — Mas seu irmão mais velho lhe dará seu apoio?

Tora sabia sobre o que ela falava, e sua decisão afetaria toda sua vida. Ele de todos os machos sabia o que era ser tratado de forma diferente, tudo por causa de um acidente de nascimento. No entanto, Kim estava correta, a maneira que tratasse este macho, daria seu tratamento suave. Ele poderia virar as costas para ele? Sentiu peito apertado ao pensar. Seria como virar as costas para Van. Fugir...

Van poderia ver tudo isso como uma experiência nova. Alguém novo para brincar. Ele o teria recebido facilmente na casa Vasteri e teria protegido com sua vida, se necessário, como fez com Tora. Tora poderia fazer menos?

— Ele terá meu apoio. — Disse Tora. — Não porque ele é sua prole, mas porque ele será meu irmão. O meu segundo. Todos saberão disso. Eu juro. — Tora declarou, então novamente cruzou o peito e inclinou-se para ela.

Wray ouviu quando seu primeiro falou e sentiu o orgulho aumentar. Tora estava se tornando um bom jovem, mostrando todos os traços que um dia o ajudariam a liderar seu povo.

— Obrigada, Tora. — Kim disse, sua voz mais uma vez cheia de calor, apesar das lágrimas.

— Não é preciso agradecer. — Tora olhou para seu manno. — Você sabe que isso causará grandes especulações quando anunciarem para Assembleia.

— Ainda não o anunciamos. — Disse-lhe Wray. — Neste momento, apenas Kim, eu, você e o curandeiro sabem.

— O quê? Por quê?

— Kim deseja algum tempo para se ajustar. Para se sentir confortável em nossa casa e com o nosso povo antes contar.

— Pode irritar alguns. Você está impedindo que os machos saibam que fêmeas compatíveis foram encontradas.

— Sim, mas isso será tratado quando chegar a hora. Agora, tudo o que importa é garantir que Kim esteja segura e feliz.

— Isso causará problemas para você, Wray? — Kim lhe deu um olhar preocupado. — Não quero esconder que estou grávida se for assim.

— Não Kim. — Wray olhou para Tora dizendo para ele ficar calado e o viu acenar com a cabeça. — Não irá.

— Você tem certeza?

— Sim.

— Tora? — Kim virou os olhos para ele procurando confirmação.

— É decisão do Imperador quando ele anuncia que a Imperatriz concebeu. — Tora disse a ela, simplesmente não acrescentou que nenhum Imperador esperava antes para anunciar tal evento.

— Está bem, então.


Kim sentou-se no ônibus, feliz por finalmente deixar Vesta. Lorde Reeve continuava dizendo o quanto estava triste com o que aconteceu com ela ali. Sobre como rezou para que ela sobrevivesse ao o que Fala e Gyula fizeram, sozinhos, contra sua Casa.

Kim não acreditou uma palavra do que ele falou. Suas palavras nunca combinavam com o olhar em seus olhos. Seus olhos diziam que achava que ela era responsável por tudo o que aconteceu.

Virando, sorriu para Caitir e Jael, que estavam sentados várias filas atrás dela. Ambos os olhos estavam cheios de excitação e um pouco de medo. Kim podia entender. Ambos estavam indo para um novo lugar estranho. Ao ver o assento vazio ao lado deles, ela franziu a testa. Onde estava o curandeiro?

Olhando de volta para a escotilha do ônibus, ela viu Wray dar a Veron um olhar afiado antes que seus olhos a encontraram. Veron puxou Wray de lado, quando entraram no ônibus, Kim entrou para se sentar, mas agora se perguntava se deveria tê-lo feito.

— Diga ao piloto para decolar. — Wray disse a Veron que se aproximava e sentou-se ao lado de Kim.

— Wray? — Ela perguntou, franzindo a testa quando ele conectou seu cinto de segurança.

— Sim? — Ele perguntou.

— Nós não podemos deixar o curandeiro aqui. — Os olhos que encontraram o dela deixou seu estômago apertando.

— O curandeiro não viajará para Tornian. — Ele disse a ela.

— O quê? O que você quer dizer? Eu preciso dele, Wray.

— Kim. — Wray segurou seu rosto com as mãos, firme. Ele sabia o quanto ela gostava do curandeiro idoso e sabia que isso iria devastá-la. — O curandeiro está agora nas mãos da Deusa.

— O quê?

— Quando ele não chegou no momento certo, Veron foi buscá-lo. Ele o encontrou em sua câmara de repouso. Ele foi até a Deusa durante seu descanso.

— Eu... o que...

— Sinto muito, Kim.

— Veron tem certeza? — Kim perguntou, seus olhos começando a lacrimejar.

— Sim, minha Kim.

— Eu...

— Senhor, acabei de saber sobre o curandeiro. — Yakar aproximou-se de Wray, seus olhos percorrendo Kim. — Você gostaria que eu acalmasse a Imperatriz?

Wray sentiu Kim endurecer instantaneamente enquanto se afastava dele.

— Afaste-se de mim! — Ela disse para Yakar.

— Não, Yakar. — Wray imediatamente disse. — A Imperatriz não precisa ser acalmada.

— Com todo o respeito Imperador, parece que sim.

— Você se atreve a me questionar? — Wray se levantou, então se inclinou sobre o curandeiro. — Atreve-se a me dizer como lidar com a minha Imperatriz!

— Senhor, como seu curandeiro é meu dever garantir que ela esteja bem cuidada.

— Você nunca será meu curandeiro, Yakar! — Kim desabotoou o cinto de segurança e levantou-se para enfrentar o macho. — Nunca! Agora, saia da minha vista! — Todo os machos presentes ficaram rígidos com a ordem da Imperatriz, seus olhos se movendo para Yakar, imaginando se obedeceria, imaginando se o Imperador a apoiaria.

— A Imperatriz lhe deu uma ordem, Yakar. — Wray rosnou, seus olhos duros. — Obedeça ou morra na minha lâmina — Wray segurou o punho da espada que carregava desde o sequestro de Kim.

— Eu... sim, Majestade. — Yakar gaguejou, afastando-se. Isso não estava acontecendo como eles planejaram.

Wray esperou até Yakar ter saído do ônibus, sabendo que estaria no próximo, antes de voltar para Kim.

— Sente-se Kim. — Ele disse, ajudando-a a preparar o cinto quando ela o fez.

— Ele não chegará perto de mim, Wray. Não confio nele.

— Eu entendo, Kim. Encontraremos outro Curandeiro.

— Prometa-me Wray. Prometa, ele não me tocará.

— Prometo, Kim. — Ele disse a ela, seus olhos se acalmaram. — Ele não irá tocá-la.

— Tudo bem. — Ela disse finalmente relaxando de volta em seu assento. — Precisamos ficar? Para ver o curandeiro? — Ela perguntou, seus pensamentos voltando para o velho curandeiro. — Ele não tinha família para cuidar dele.

Wray sentiu seu coração se contrair e seu orgulho pela Imperatriz se expandiu ainda mais. Para ela se preocupar com o curandeiro assim, se importar com o cuidado dele na morte, dizia muito sobre o tipo de Imperatriz que seria. E todo os machos presentes perceberam isso.

— Os guerreiros de Lorde Reeve cuidarão de tudo.

— Será que eles farão o suficiente?

— Os machos que ele tratou irão cuidá-lo, Imperatriz. — A voz lírica de Caitir fez sua cabeça girar em sua direção. — Healer ajudou muitos quando outros não, eles lhes darão a honra que ele merece.

— Tudo bem. — Kim disse, balançando a cabeça para Caitir antes de olhar para trás para Wray.

— Vamos para casa. — Ela disse e pegou sua mão, virada para frente, sabendo que poderia enfrentar os desafios que se seguiriam enquanto Wray estivesse com ela.


EPÍLOGO

Os pensamentos de Kim retornaram ao presente enquanto Destiny soltava seu peito. Olhando para baixo, ela encontrou sua filha adormecida com uma pequena gota de leite escorrendo pelo queixo.

— Finalmente conseguiu se saciar pequena? — Kim sussurrou, inclinando-se para acariciar o topo de sua cabeça enquanto arrumava seu vestido. Pegando a toalha em seu ombro, ela limpou o queixo de Destiny.

— Ela está dormindo? — A voz profunda a fez levantar a cabeça para encontrar Wray entrando no pátio.

— Sim. — Ela disse, inclinando o rosto para cima enquanto ele se inclinava para beijá-la.

— Eu esperava chegar antes dela dormir.

— Então ela nunca teria dormido. — Kim disse para ele sorrindo. — Ela é a garota do manno.

— Ela é, não é? — Wray disse e Kim, que apenas revirou os olhos enquanto um enorme sorriso passava por seu rosto.

— Como se houvesse alguma dúvida, a forma como a mima.

— Ela é minha. Claro, que irei mimá-la.

— Lembre-se disso quando ela ficar adolescente e começar a olhar para jovens do sexo masculino.

— Isso nunca acontecerá! — Wray rugiu e sua negação fez Destiny se mover nos braços de Kim, seus pequenos lábios se curvando quando se aconchegou mais, na segurança dos braços da mãe e voltava a dormir.

— Você tem alguns anos para se preparar, estou apenas avisando, se tudo que ela tem a fazer é chorar para que dê tudo o que ela quer, não aprenderá a esperar.

— Não há nada que ela possa querer que eu não lhe dê.

Kim apenas balançou a cabeça.

— Não diga que não avisei. — Ela mudou o assunto. — Então, o que Callen tem para lhe dizer? — Seu olhar foi para ele quando em vez de responder Wray sentou-se ao lado dela. — Wray.

— Eu não quero incomodá-la, mas eu sei que iria querer saber.

— Saber o quê?

— Lorde Callen e Tora estão trabalhando na resolução de todos os problemas em Vesta causados por Reeve.

— Sim. O que eles encontraram? — Kim sabia que Callen estava examinando cuidadosamente os guerreiros que Reeve deixou para trás quando chegou a Tornian para a Cerimônia de União das fêmeas da Terra. Diversos, Callen considerou indigno da sua nova casa, Casa Nizer.

— Healer. — Wray disse, observando-a atentamente.

— Healer? — Kim franziu o cenho para ele, depois olhou para Destiny. Ela ainda sentia falta do homem, embora apenas o conheceu por alguns dias. Sabia que sua gravidez teria sido menos estressante para ambos se ele estivesse com ela e ele teria amado Destiny.

— Depois de comentários feitos por vários guerreiros que Callen considerou dignos, começou a duvidar que o curandeiro morreu naturalmente em seu sono como Reeve nos informou.

— O quê? — Kim sussurrou.

Wray observou silenciosamente sua Kim processar o que estava dizendo. O que isso significava e diante de seus olhos, ela se transformou da fêmea suave e atenciosa que conhecia, para a Imperatriz que queria respostas.

Desde a chegada das outras fêmeas, Kim encontrou seu lugar. Tendo o apoio dessas fêmeas, podendo interagir com elas, isso lhe deu a confiança que precisava para ser a Imperatriz.

— Diga-me! — Ela exigiu.

— Vários machos fizeram comentários sobre como ouviram Reeve e Yakar falando sobre como não podiam permitir que Healer fosse seu curandeiro.

— Eles o mataram por minha causa. — Kim sussurrou.

— Não, Kim. — Wray inclinou-se para frente, pegando sua mão. — Eles o mataram porque não eram dignos.

— Mas...

— Não! — Wray recusava-se a deixá-la pensar disso. — O curandeiro nunca iria querer que pensasse nisso. Ele era um macho verdadeiramente apto e digno. Um curandeiro que marcou muitas vidas. Vamos honrar isso e garantir que todos os outros também o conheçam.

— Ele teria amado Destiny... — Ela disse, voltando à fêmea suave e atenciosa que conhecia.

— Sim, teria e vamos falar sobre ele.

— Sim. — Kim sussurrou, olhando para a filha, viu que estava acordada. — Bem, olá, minha linda garota. — Ela disse sorrindo.

Destiny murmurou para ela, em seguida, seus olhos foram para seu manno e ela começou a mexer nos braços de Kim, estendendo a mão para ele.

Wray imediatamente se inclinou, respondendo a demanda da filha para elevá-la acima de sua cabeça. Ele gentilmente fez cócegas em sua barriga e foi recompensado com risadas borbulhantes.

— Lembre-se do que aconteceu na última vez que você fez isso depois que ela acabou de comer. — Kim avisou, sorrindo.

Wray lembrou e rapidamente abaixou Destiny. Ele não tinha vontade de encontrar seu rosto coberto com a refeição da filha novamente.

— Você não faria isso com seu manno agora, certo Destiny? — Ele perguntou a ela.

Destiny respondeu-lhe com um feliz arroto de bebê cheio de bolhas e Wray percebeu que acabou de perder uma repetição do ocorrido anteriormente. Pegando a toalha de Kim, ele limpou a boca de Destiny.

— Você precisa voltar em breve? — Kim perguntou, observando-o cuidar de sua filha.

— Não. O General Rayner chegará após a última refeição, lembra-se? Até então, eu sou todo seu.

— Realmente? — Os olhos de Kim começaram a refletir sobre o que eles poderiam fazer com aquele tempo.

— Realmente. — Wray disse com seus olhos cheios de promessa.

Rindo, Kim estendeu a mão.

— Vamos levar nossa filha para passear nos jardins. — Disse ela. — Depois disso, ela estará pronta para uma soneca e nós também podemos tirar uma.

Olhando para Kim, Wray sabia que, ao contrário de Destiny, sua soneca envolveria pouco ou nenhum sono. Rindo, ele colocou firmemente Destiny em um braço, envolveu o outro ao redor de Kim e os levou para o jardim.

Muito acima, a Deusa observava o Imperador e a Imperatriz sorrindo. Ela escolheu bem. Logo a grande maldição não existirá mais e seu erro será corrigido.

— Venha...

Olhando para longe da cena, abaixo, a Deusa se voltou para seu companheiro, o único ser que ela sempre amou.

— Vamos. — Ele disse novamente segurando a mão dele. — Vamos sonhar também.

Os lábios da Deusa se contraíram com a promessa nos olhos de seu amado quando segurou sua mão. Ela realmente iria gostar desta soneca.

 

 

                                                   M. K. Eidem         

 

 

 

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